“Pobre é o amor que pode ser descrito.”
estava sentada em sua frente, olhando-o nos olhos, pôs suas mãos a segurar o rosto de , o mesmo apenas esperava ela começar a falar, já sabendo o que ela tinha a dizer.
- Eu avisei - começou. - Eu sabia que isso ia acontecer, mas você estava cego. Não seja idiota, . Pare de ter pena de si mesmo. Esqueça. Você e eu sabemos que ela não teve motivos para terminar com você e isso foi apenas uma desculpa que ela encontrou para te dar um pé na bunda. - Ele fechou os olhos, cansado. - Não, não feche os olhos, eu preciso que olhe para mim enquanto falo isso. - Ele abriu e pôs-se a ouvi-la atentamente. - Eu te amo. E sempre vou estar aqui para você, como sempre estive... Não esqueça disso, por favor - disse com a voz falha, ele apenas continuava a observá-la surpreso e confuso ao mesmo tempo. - Eu quero muito que você seja feliz, você tem milhões de garotas aos seus pés, pode conhecer alguém melhor... Sem contar, claro, você é muito novo para se apegar a um relacionamento sério desse jeito. Você merece ser feliz. Você faz tantas pessoas felizes... Você me faz feliz. Eu amo seu jeito de menino-homem e não me importo com ele, você sabe disso... Você sempre me faz rir, mesmo quando eu estou com raiva do mundo e suas pessoas... Você é o único que, mesmo sem ter ideia, me fez um bem que ninguém mais conseguiu fazer. E também me magoou algumas vezes, mesmo sem saber. Porque você não é perfeito e assume isso ao mundo, porque, assim como você, ninguém é perfeito. Eu amo isso em você, sua humildade continua, mesmo tendo tudo. Eu amo você, cada traço do seu rosto, cada sorriso e careta, até os sinais que você tem espalhado pelo seu rosto. - Sorriu, e viu que ele também possuía um sorriso torto, quase tímido, no canto do rosto. - Eu te amo como você é, nunca se esqueça disso... - Mal terminara de falar quando sentiu os lábios do garoto nos seus, até ela quebrar o beijo. - Desculpe, mas eu... Não posso.
- Pensei que quisesse também - era a primeira vez que ele falava desde que a garota entrara em seu quarto.
- Sim, mas eu não quero ser segunda opção. Nós dois sabemos que se ela estalar os dedos você volta correndo como um cachorrinho. - Ele desviou o olhar dela, o maxilar travado. - Você não gosta de mim... - Abaixou a cabeça sentindo os olhos arderem.
- É claro que eu gosto. - Pegou no queixo dela fazendo com que ela o olhasse nos olhos. - Muito.
- Mas não me ama. Não assim... - E então sem querer acabou deixando uma lágrima escapar, esta sendo limpa por ele logo em seguida.
- Não ainda. Mas eu posso tentar. - Ela, cansada, encostou sua testa na dele, deu-lhe um beijo no rosto e se afastou querendo ir embora, mas algo a impediu, algo que nem ela sabia, mas esse algo fez com que ela virasse novamente, atacando-o com um beijo. Respirou fundo.
- Eu te amo tanto. Tanto - sussurrou. Ele pôs a segurar o rosto dela em suas mãos.
- Então deixe-me amá-la também. Deixe que eu seja seu hoje, deixe-me amá-la, - sussurrou beijando-a em seguida. A menina nada disse.
Então ele beijou a bochecha esquerda dela, depois a direita, beijou sua testa, depois o queixo e o pescoço, depositando pequenas mordidas no local, fazendo-a se arrepiar. E, por fim, beijou-lhe a boca vagarosamente, se entregando a um turbilhão de sentimentos que nem ele poderia descrever o que eram. Apenas sentiu. Sentiu e gostou.
Aos poucos, foi deitando-a no sofá onde estavam, ficando por cima, uma mão apertando a cintura da garota, enquanto a outra mão se perdia em seus cabelos. Ela acariciava de leve sua nuca, um carinho bom, pensou. Ele queria aquilo há tempos, ao contrário do que ela pensava, ela nunca iria ser segunda opção, pelo menos não para ele. Ele apenas demorara para enxergar o que era óbvio, tanto que talvez, cego como estava, nunca iria perceber e foi preciso que ela lhe dissesse. Ainda estava confuso, era verdade, mas sabia de uma coisa: Naquele dia, iria amá-la das melhores formas que sabia, iria fazer ela só e unicamente, dele. E iria ser somente dela. E foi pensando nisso que começou a puxar a camisa dela para cima, se livrando dela em seguida, enquanto ele fazia o mesmo com ele. Logo as suas roupas foram jogadas no chão enquanto eles se fundiam em um só. Não se importavam com o que iria acontecer depois, naquele momento era como se apenas eles existissem no mundo. Ele estava amando-a. Amava-a de um jeito que ela acabara se sentindo como a própria Psiquê¹ sendo amada por Eros². A única coisa com que se importavam era em sentir um ao outro. O encaixe perfeito, era o que ambos pensavam em meio aos beijos e carícias.
Psiquê¹ & Eros²: Personagens da lenda grega, Psiquê e Eros. [*ba dum tss*]
“Ontem você me fazia esquecer o mundo; hoje, o mundo não me faz esquecer você.”
A menina tinha as mãos enfaixadas enquanto esmurrava um saco de areia. Andava praticando box a pedido da mãe como uma forma de colocar sua raiva para fora. Era um bom método de liberar toda aquela tensão, pensava. Imaginou o menino no lugar do saco. Por que diabos ele fez isso? O que ele tinha na cabeça?
Teve os pensamentos interrompidos com um barulho, alguém havia entrado, mas ela não se importou e continuou a socar. Adorava socar, especialmente naquele momento.
- Ei, pequena. Eu estava te procurando...
- Vai embora - disse firme sem parar de socar, não queria vê-lo.
O garoto ignorou a resposta.
- Ei, assim você vai se matar, por que não para um pouco de socar esse saco?
- Porque eu estou imaginando você no lugar dele - disse já sem fôlego.
- Por que tanta raiva de mim? Fala comigo - disse se aproximando dela.
- Eu mandei você ir embora. Não quero falar com você.
- Por quê? - E então ela parou de socar, sentindo cada vez mais raiva.
- POR QUÊ? - gritou e se virou, ficando frente a frente com ele. - Por que diabos vocês acha? Você é ridículo. Estúpido. Por que porra você fez isso? Você não dá valor a si mesmo. Você colocou ela acima de sua FAMÍLIA. O que é irônico, já você sempre diz para as pessoas não colocarem nada na frente da família não importa o quê. Você está agindo como um cão adestrado. Ela te treinou bem, não é?
apenas a olhava assustado, confuso e com raiva ao mesmo tempo. Ambos tinham os olhos avermelhados. Ambos estavam odiando aquela discussão.
- Você disse que estaria sempre comigo. Você me prometeu! Por que tudo isso? - gritou ele com raiva.
- Sim, eu disse, mas não significa que eu vá te apoiar em todas as merdas que você fizer. Você é cego, eu não sei mais quem é você - sussurrou - Você é um estúpido - gritou novamente, dessa vez batendo nele. - Idiota, você não escuta ninguém, para você não tem diferença entre as pessoas se preocuparem contigo ou não. Tanto faz, né? - As lágrimas dela já escorriam. O garoto se sentiu mal. Odiava ver sua menina chorar.
- Você disse que me amava - disse com a voz falha.
- E você jogou esse sentimento no lixo. EU FALEI PARA VOCÊ QUE - soco - EU - soco - NÃO - soco - SOU - soco - SEGUNDA - soco - OPÇÃO. - E então ele conseguiu segurá-la, ambos muito próximos, com seus corpos colados, mas, diferente da outra vez, não estavam felizes. – Afinal, é isso que você sempre faz, não é? Você diz que se importa, mas a verdade é que você não liga para nada que as pessoas que te amam fazem por você.
- ...
- Vai embora, por favor - disse desviando o olhar do dele. Olhar para ele doía e ela não queria mais nenhuma dor para enfrentar.
- Pequena... - ele disse com a voz chorosa.
- Me deixa sozinha. Por favor. - Ouvindo isso, ele se afastou dela, deu uma última olhada e se virou indo embora.
Quando estava prestes a sair, ouviu:
- O pior de tudo é que, mesmo com você me magoando muito, eu ainda amo você. Mas ás vezes o amor não é suficiente, não é?
E então ele partiu.
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