Love at Midnight


Escrita por: Barbara Rufino
Betada por: Ebonny


Love at Midnight


"Então, talvez eu seja uma masoquista, eu tento correr mas não quero nunca partir. Até as paredes estão subindo, na fumaça, com todas as nossas memórias."

- Love The Way You Lie II

A noite aparentava estar calma, do meu ponto de vista, mas na verdade era uma das noites mais agitadas do ano. Era véspera de natal, exatamente meia-hora antes de dar meia-noite e todo mundo se abraçar. Mas mesmo com todo esse clima de natal, preferia ficar sozinha com meus pensamentos. Eu estaria do lado de fora, observando os fogos brilharem no céu e o calor dominar o meu corpo, enquanto tentava esquecer um passado impossível de retirar da cabeça.
De tantos idiotas ignorantes, mulherengos, otários, estúpidos, eu consegui escolher o pior. Que me deixou mais de uma vez, e todas as vezes justo no momento em que os ponteiros se encontravam e o escuro coloria o céu. Sim, o relógio sempre marcava meia-noite. Coincidência? Eu nem sei mais. Só sei que daqui 20 e alguns minutos será meia-noite, e eu não terei meu coração partido novamente. Porque mais do que já está, eu acho difícil. Tinha decidido seguir em frente e deixá-lo apenas como uma simples lembrança. Aliás, ele não estava mais aqui para me dizer adeus.
Dei alguns passos à frente e contemplei a vista, com todos aqueles piscas-piscas coloridos enfeitando a noite. Essa era para ser uma noite feliz, mas eu me sentia como uma peça perdida.
, da última vez, apenas me disse que queria um tempo e deu meia-volta. Mais nenhuma palavra, nenhum esclarecimento, nenhum porque, além da merda que já tinha feito. Apenas disse que estava em dúvida, com relação a tudo e desapareceu da minha vista. Todas as noites depois dessa, eu tento imaginar o que ele está sentindo com relação a nós, se ele sente saudades assim como eu sinto. Acabo fazendo papel de tola, acreditando em fantasias. nunca sentiria saudades, não de mim. Mas eu sou muito tola, imagino que ele sente o mesmo que eu e acredito em minha mente. Isto é um defeito. Minha família apenas disse para eu esquecer, seguir em frente, e tratá-lo como alguém normal, como se ele nunca tivesse partido meu coração ao meio. Disseram-me para esquecer de tudo e ir viver o mundo. Mas como eu farei se ele se tornou meu mundo?

Flashback On

"Estava frio e nem as cobertas ou o calor do corpo de podiam me aquecer. Eu estava em sua casa, em seus braços, com minha cabeça encostada em seu peito. Podia até ouvir seus batimentos. Lou zapeou os canais e deixou em um noticiário. Não tinha nada de interessante na tv.
'Um acontecimento trágico, é só isso que posso dizer. Bala perdida por aqui não é novidade. Mas até onde isso vai? Quando isso vai parar?' - o repórter exclamava, comovido com a situação. Momentos depois, o rosto de um jovem com mais de vinte anos apareceu na tela da tv, enquanto uma voz explicava o acontecido. O tal rapaz, caminhava numa sexta-feira à noite, indo à casa da namorada, para quem faria uma surpresa de aniversário de namoro. Porém no meio do caminho, houve um pequeno tiroteio entre um ladrão e um policial. O jovem tentou se salvar, correndo a extensão da rua que estava, porém, uma bala do revólver do ladrão, atravessou seu peito.
'- Ele não tinha nada a ver com isso. O que eu vou fazer agora? Eu me sinto sem chão. - a namorada do rapaz dizia, entre soluços. - Nós iríamos nos casar. Eu preciso de justiça, porque esse cara tirou o amor da minha vida de mim, e o que eu faço agora? Me fala... - eu não consegui ouvir mais nada, porém minha mente projetou o momento que o cara recebeu o tiro. Imaginei a bala atravessando seu peito e ele caindo de joelhos. O que ele estaria pensando naquele momento? Em sua família? Em sua namorada? Estremeci e senti me abraçar forte, desligando a tv.
- Isso é triste. - Lou sussurrou, enquanto começava a fazer carinhos em meu cabelo. Suspirei, voltando meu olhar ao seu rosto.
- Sim. - murmurei. Comecei a imaginar se fosse no lugar do rapaz. Se fosse eu no lugar da namorada. Tentei imaginar minha vida sem ele. Sem suas risadas, suas brincadeiras ou seu ciúmes. Sem sua companhia, seus carinhos ou seu abraço. Tentei me imaginar sem ele e senti meu coração berrar, reclamando.
- Eu não sei o que eu faria se fosse aquela namorada... - eu disse, baixinho, olhando em seus olhos. Lou se ajeitou, ficando ao meu lado, podendo olhar em meus olhos. Levou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha e sorriu.
- Eu preferiria ser o namorado a ser a garota. - franzi o cenho, e seu sorriso se transformou numa expressão séria, enquanto ele passava seus dedos pelo meu cabelo. - Eu preferia morrer, a viver sabendo que você não está mais por aqui. Porque se eu for embora, eu sei que você ficará bem. E talvez até melhor. Mas se você partir, para sempre, não existe mais razão em nada. Não existe mais sentido no mundo. Não existe mais meu mundo. - senti meu coração bater feliz, como se isso fosse possível. Minha nuca se arrepiou quando sua mão a tocou.
- Como pode dizer que seria melhor? Você é meu mundo. - sorri, fitando seus olhos azuis. Era incrível como eu podia me perder em sua imensidão. Ele sorriu fraco.
- Apenas um palpite. - a insegurança de sempre me intrigou. Não importava o quanto eu dizia que o amava, ele sempre duvidava. Sempre duvidou que eu ficaria ali para ele. Ele se aproximou, ainda de olhos abertos e tocou meus lábios com os dele. Fechei meus olhos e senti minha espinha se arrepiar, com suas mãos em minha nuca e sua boca na minha. Eu não conseguiria viver sem ele. Eu não poderia imaginar outro homem que pudesse fazer eu sentir o que Lou fazia, depois de tanto tempo. Eu simplesmente amava cada traço dele, cada movimento, cada tom de sua voz, cada palavra, cada toque. Ele era meu mundo, e eu poderia sorrir feliz pois ele disse que eu era o mesmo para ele.
- Somos apenas nossos. - sussurrei em seu ouvido quando parti o beijo. Sentia seu cheiro enquanto enterrava meu rosto em seu pescoço. Sentia seu cheiro me entorpecer. Senti ele sorrir e o acompanhei.
- Eu sou apenas seu. - ele disse, baixinho. Sorrimos um para outro, enquanto ele ia para cima de mim, beijando minha nuca e em seguida minha boca. Sentia o calor acertar meu corpo rapidamente, quando eu entrava em contato com . Suas palavras me fizeram felizes naquele momento e ficou marcado em minha mente.
'Não existe mais meu mundo... Meu mundo.', 'Eu sou apenas seu...'. Eu sentia a verdade em suas palavras, e poderia dizer, que eu sentia o mesmo que ele."

Flashback End

Vê-lo partir, foi como ver um crime acontecer na minha frente e eu não pude fazer nada. Em vez disso, eu apenas fiquei parada, enquanto meu coração congelava e eu sentia como se eu sangrasse pelo corpo todo, como se meu coração fosse arrancado por suas mãos.
Dizem que a maior prova de amor é ficar e nunca ir embora. Acho que não ficou sabendo disso, e se soube, resolveu ignorar. Ou então, amor era algo que ele não sentia por mim.
- Muito calor? - senti um arrepio gélido subir pela minha espinha enquanto meus músculos paralisavam e minha respiração esquecia seu papel fundamental. Aquela voz, A voz, ela está me chamando? Me diga que é uma miragem, um simples devaneio, um estúpido sonho.
- Sabe, falta 25 minutos para meia-noite. - sua voz deu uma risada sem a mínima graça e suspirou pesadamente. - Eu senti sua falta, . - eu deveria virar? E se não fosse ninguém? Eu ficaria feliz? - Eu sei que não deveria vir sem avisar, mas me convidaram e resolvi vir. - respirei fundo. Senti falta daquela voz, eu até sorriria ao ouvi-la, se não estivesse paralisada pelo pânico. - Vai me ignorar? - a voz disse calmamente. Como se mexe os músculos mesmo? Resolvi ficar de costas.
- Você voltou? - minha voz saiu trêmula, falha, fraca. Ele estava atrás de mim, eu podia sentir. Ele estava ali, o cara que quebrou meu coração, e que depois de um ano, ainda mantém o mesmo efeito sobre mim. Esse era .
- Achei que já tivesse percebido que eu sempre volto. - ele disse sem nenhuma risadinha. Em sua voz havia uma pitada de mágoa. Isso eu pude perceber. Ele não estava sendo irônico, estava sendo sincero, estava magoado. Como eu iria abrir a boca? Estava trêmula, dos pés à cabeça.
- O que você quer? - tentei firmar minha voz mas não deu certo e eu estava tremendo.
- Voltar pra você. - ele me disse, e eu escutei ele dar um passo à frente. Prendi a respiração. Parece fácil, era só eu me virar, pular em seus braços, dizer que eu senti sua falta e voltarmos para dentro de casa comemorando a mágica noite de natal. Mas, porra, não é assim. Não será assim, eu não quero dar replay nos últimos anos. Acontece que, mesmo eu odiando este fato e lutando contra todos os meus sentimentos, eu o amo e esse é o maior problema. Porque parece que ele não se importa, ele não demonstra, ele não sente, ele não fica. Ele se vai e me deixa como se tudo desaparecesse ao meu redor e restasse apenas eu no meio do escuro, sozinha. Mas, contendo meu nervosismo, eu ri, com sarcasmo.

Flashback On

"Era como uma daquelas noites gostosas, de dar vontade de presenciar o amanhecer. A brisa estava fresca e o céu estrelado. caminhava ao meu lado, com sua mão entrelaçada à minha e minha cabeça encostada em seu ombro. Em minha mente, uma música tocava, embalando o momento. Falávamos de algo sem nenhum sentido, compartilhando sorrisos e risadas.
Iríamos à uma festa de amigos nossos. Um vestido curto cobria a minha pele e Lou vestia uma camisa jeans clara por cima de uma blusa branca. Seu cabelo estava perfeitamente bagunçado e eu amava seu sorriso, naquela noite.
Chegamos na casa onde a festa aconteceria e a música tocava alta, junto à gritos e risadas aleatórias. Eu e nos entreolhamos e seguimos até a porta da casa. Lou bateu na porta e nossa amiga nos atendeu.
- Boa noiteeeeeee. - percebi que Anna, a garota que nos recepcionara, estava um pouco alterada, pela forma que falava e o cheiro de seu hálito. - Pessoal, chegou! - gritos vieram de lá de dentro, e nós rimos.
- Como vai? - perguntamos juntos, enquanto Anna nos colocava dentro de sua sala de estar, cheia de adolescentes.
- Por favor, a casa é de vocês. Bebidas na cozinha e quartos privados lá em cima. - ela nos sorriu, com má intenção nos olhos e sorriu da mesma forma para mim.
- Pelo amor de Deus, aqui não. Ok? - ele soltou minha mão e as levantou, como se dissesse "ok".
- Como quiser, meu amor. - seus lábios tocaram os meus, mas antes de qualquer coisa, amigos dele o puxaram para o quintal. Combinamos que nos divertiríamos da forma que queríamos naquela noite. Não intervi, deixei seus amigos o levarem e fui atrás dos meus. Da onde estava, podia ver os cachaceiros na cozinha. Caminhei até o cômodo recheado de bebidas e encontrei e em pé, rindo de alguma coisa, com sentado sob a bancada, participando de tal conversa.
- Pra que tanta bebida? Eu realmente não estou afim de limpar vômito de ninguém ou então cuidar de bêbado. - recebi gritos de felicidade de meus amigos e logo estava com um copo em uma das mãos.
- Amiga, seja jovem. Vai, beba tudo. - Alice me disse, revirei olhos me sentando ao lado de , que dava uma de barman da noite.
- Cadê para ver uma coisa dessas? Se eu fosse ele, não deixaria uma princesa como essa beber. - disse, chegando bem perto de mim, e pude sentir o cheiro de bebida saindo de sua boca. Afastei minha cabeça, fazendo uma careta. e riram.
- Pelo amor de Deus, . Que merda foi essa? - ele arregalou os olhos e sorriu. - Como vocês deixam uma criança dessa beber?
- Será que eu pego alguém com isso? - sua voz saia enrolada e era engraçado vê-lo daquela forma, mas sabia que teríamos que cuidar dele mais tarde.
- Claro, cara. Vai lá e previna-se, hein. - pegou em seu ombro, dizendo sério tais palavras. acreditou nele e saiu, quase tropeçando em seus próprios pés. Dei um tapa na cabeça de , que franziu o cenho.
- Cara, que maldade. Olha como ele está. Vai lá ajudar ele.
- Espera ele levar um tapa na cara e eu vou lá. - riu, bebendo de seu copo.
- Cadê ? - perguntou, e eu bebi de meu copo, sentindo o álcool descer queimando. Fiz uma careta e Ari riu.
- Com os amigos dele. Depois eu vou lá com ele. - afirmei à eles, que sorriam para mim.
- Cara, já parou para pensar que é o nosso último ano de escola? Talvez essa seja nossa última festa juntos! - fez beicinho, enterrando a cara em seu copo. fez cara de afetado, retirando o copo dela.
- Não, não. Ainda tem a minha festa, esqueceram? E , chega disso, está ficando sentimental demais. - esvaziou o copo da minha amiga, que pegou a garrafa que estava ao lado dele.
- Deixem de ser cachaceiros. Credo! - arranquei a garrafa de e virei em minha boca, me arrependendo logo em seguida. Senti o líquido descer rasgando, queimando, cortando, mas o gosto após isso era bom. Porém não faria a mesma coisa novamente para ter certeza de tal coisa. e olharam assustados para mim e eu sorri para eles.
- Estou sendo jovem, ué. - dei de ombros e entreguei a garrafa para . - Mas pode ficar com isso.
- Sentirei falta de vocês. - deixou a garrafa de lado, me abraçando e senti nos abraçando forte. Ficamos ali juntos, sussurrando coisas idiotas e sentindo o bafo de bêbado dos dois. - Falta aqui. - disse, fazendo o abraço se desfazer. Olhamos em direção à sala e vimos ele falando com uma garota. Nos entreolhamos apreensivos e quando voltamos o olhar para ele, sua boca estava em contato com outra. - Ele não é mais problema nosso. - deu de ombros, virando outro gole da garrafa na boca e nós rimos daquilo.
Eu sentiria falta daqueles três. , e foram minha turma durante o ensino médio e esperava que nada mudasse depois que o colégio terminasse. Aprendi a "ser jovem" com eles, que a cada dia tinham um significado diferente para a expressão. Eles foram os responsáveis de muitas coisas estúpidas e divertidas que fiz.
Deixei e na cozinha e fui procurar . A casa parecia ter mais gente de quando eu havia chegado. A música estava alta e alguma música popular tocava, e corpos batiam contra o meu, enquanto eu tentava ir até o quintal. Eu estava de frente a porta que dava acesso ao lado de fora casa. Avistei Lou e desapertei meus passos. Ele estava sorrindo para uma garota, para Hannah, uma colega de classe. Seguia o caminho livre até ele e vi o espaço entre ele e a garota iam diminuindo. As mãos de Hannah foram até sua nuca, e meus passos foram diminuindo mais ainda. Ela riu para ele, que afastou o rosto e senti meu coração se aliviar, mas logo em seguida ele colou seu rosto ao dela, como se quisesse lhe contar um segredo. Meu mundo foi diminuindo de ritmo, e os sorrisos ao meu redor foram ficando embaçados e os risos abafados. Ela tentou beijá-lo e ele resistiu, mas da segunda vez que ela se aproximou, ele deixou sua boca ir até a dela. Seus beijos se encontraram e eu parei no mesmo momento, e foi como algo me atingir. A dor não veio no mesmo momento. Eu vi a cena e abriu um dos olhos, e seu olhar foi até mim. No mesmo instante, ele separou sua boca da dela, junto de seu corpo. Meus olhos estavam embaçados e eu não conseguia respirar direito.
Pensei rápido e antes que ele pudesse vir até mim, eu me virei e fui contra a massa de pessoas dançando. Com toda a força que ainda tinha, fui tirando corpos da minha frente, sentindo a raiva penetrar minhas veias, junto aos sentimentos que eu não conseguia decifrar. Ouvia meu nome ser chamado, gritado, berrado junto à "vamos conversar". Eu definitivamente não queria conversar.
Comecei a andar pela rua, totalmente sem rumo, sem conseguir andar em uma linha reta. Estava bêbada pelo momento e sentia estar perdendo os sentidos. Senti braços me puxarem e eu virei para o lado contrário, sem esforço algum.
- Por favor, nós precisamos conversar. - me pediu, e seus olhos pareciam assustados demais. Não consegui olhar em seu rosto. Sua respiração estava ofegante e eu sentia minha garganta fechar.
- Eu não quero conversar. - disse, lentamente, pausadamente. Minha voz soava baixa enquanto na minha mente, vozes gritavam. - Me larga. - olhei para ele, que tinha os olhos arregalados. Parecia assustado demais com o momento. Se eu não tivesse visto o que vi, arriscaria dizer que ele queria gritar. O que não sabia era se ele temia por me perder ou por nervoso por saber que fez besteira e não querer uma cena no meio da festa.
- Me perdoa, não foi nada sério. Pelo amor de Deus. - ele tentava passar a mão pelo meu rosto, me segurar pela cintura e eu resistia a cada toque.
- NÃO! Sua boca tocou a dela. VOCÊ SEQUER PENSOU EM MIM NAQUELE MOMENTO. POR FAVOR DEIXA EU IR. - lágrimas desceram meu rosto e meu peito subia e descia rapidamente, enquanto eu cerrava meus dentes. Ele afrouxou suas mãos de mim e eu dei dois passos para longe dele. Fitei seu rosto que continham arrependimento em seus traços mas eu não conseguia enxergar aquilo claramente. Minha raiva e ódio me cegavam, não deixando mais nenhum sentimento penetrar.
- Eu errei, eu sei. Por favor, me desculpa. Mas foi o momento, ela me forçou... Eu só... Por favor... - ele tropeçava em suas próprias palavras, tentando dizer muito falando pouco.
- Você disse que era apenas meu...
- E ainda sou. Eu só... - ele se aproximou, tentando tocar meu braço e eu fugi de seu toque.
- NÃO É. VOCÊ DISSE QUE ERA APENAS MEU E SUA BOCA TOCOU A DELA. - eu gritei, tentando desfazer o nó que aumentava cada vez mais em minha garganta. Eu via ele cerrar os dentes e punhos, como se quisesse fazer algo mas alguma coisa não o deixava. - Eu acreditei em você, . - meus olhos marejavam e lágrimas quentes desciam. Minha respiração começava a ofegar e eu sentia meu perto apertar.
- Mas é você que eu amo. - ele murmurou, baixinho, abaixando seu olhar.
- Será mesmo? - perguntei, engolindo seco. Fitei na minha frente e desejei com todas as minhas forças para que tudo fosse apenas uma miragem, mas tudo tinha mesmo acontecido. Isso rachou nossas vidas juntas e é uma marca que estará sempre ali, me relembrando que ele poderia mudar de ideia a qualquer momento. Eu não quis dizer mais nada. Eu não conseguia dizer mais nada. O sentimento que ele colocado dentro de mim estava me impossibilitando de fazer qualquer coisa.
Dei as costas para ele e comecei a andar, desejando que eu ainda lembrasse o caminho até minha casa. O caminho não seria tão longo, mas eu desejei que fosse e pegaria o trajeto de maior tempo. Não me importava com os perigos daquele lugar. Estar fora de casa era uma desculpa para não ter que me deitar sozinha.
- , eu só... - escutei sua voz começar a dizer, mas eu não virei para trás. Não deixaria ele ver mais lágrimas que já tinha visto.
- Não fode. - disse, continuando a andar entre a noite.
Meu choro me acompanhou, junto a tudo que consegui pensar e todas as minhas dores não-físicas. Meu celular vibrou e eu o peguei, ignorei a chamada de e olhei o horário. O relógio marcava 00h03. Meia-noite e nossa saga andava tranquilamente. Mais uma vez a maldição de tal horário nos deu o ar de sua graça. Torci para que ele viesse atrás e tentasse, realmente, se explicar. Mas nada aconteceu. Olhei para trás e ele não estava mais ali. Ele não se importava, mas eu sabia que hora ou outra tudo voltaria como sempre foi. Senti meu sangue ferver ao pensar tal coisa. Eu sentia tanta raiva. Era sempre assim. dizia que me amava, aprontava alguma, nós terminávamos e ele insistia em voltar. Não fazia sentido, nada disso. Estava cansada de ser jogada no meio da confusão e ter meu coração machucado em todas as vezes. Mais uma vez era meia-noite e mais uma vez eu iria para casa sem ele. A diferença é que essa seria a última vez."

Flashback End

Ele dizia me amar e logo depois fazia eu desacreditar em suas palavras. Vi sua boca em contato com outra apenas uma vez, mas o que os olhos não veem, o coração não sente. Ela não foi a minha procura depois daquela noite, depois de uma longa semana, eu ainda estava ali, esperando por ele.
- Voltar pra mim? Pra quê? Você ficar aqui, deixar tudo bem e depois ir embora? - droga, meus olhos começaram a arder.
- Olha, eu não vou embora dessa vez. - a voz de saiu firme, mais do que eu esperava. Mas eu não sei se deveria acreditar. Ele já havia partido, me deixando sem chão.
- Jura? E se fosse? Essa não seria a primeira vez. - minha voz não transparecia firmeza, ela estava embargada.
- Caralho, eu sei que eu errei. Eu sei, ok? Eu fui embora, mas, por favor, não me interrompa, eu treinei pra dizer isso. Eu fui porque eu estava com medo, medo de você não ser a garota certa, - senti uma pontada no peito, "a garota certa"? - e então eu parti e fui atrás de alguém que eu achei que seria. Mas eu errei. E todas as vezes que eu fui, foi por bobeira. Eu sou novo nisso, eu não sei como isso funciona. Lembra que eu disse que eu não gostava de ficar muito tempo no mesmo lugar? - ele deu uma pequena pausa para respirar, enquanto eu prendia o ar e apenas ouvia suas palavras. - Eu sentia isso, eu nunca dei valor ao que eu tenho. Nunca mesmo, você me conhece. E aí, quando eu percebi que o que eu encontrava não existia, eu resolvi voltar. Me perdoa, mas porra, você nunca cometeu erros?
- Ok, mas isso não justifica, . Porra, você foi embora e depois voltou e quer que eu faça o quê? Beije os seus pés e te vanglorie? - resolvi ficar de frente pra ele. Rodei meus pés pelos tornozelos rapidamente e vi como ele conseguiu mudar em apenas alguns meses. Seu cabelo que antes era um pouco mais comprido, estilo tijelinha, agora estava num corte bagunçado, seus olhos pareciam mais claros e sua face estava totalmente séria.
- Eu só quero que você me beije. - ele me disse sem nenhuma risada, sem nenhuma ironia, sem nenhuma mentira. Seu olhar não o deixava mentir. Mas meu coração ainda oscilava pela insegurança.
- , porra, você mentiu pra mim. Você me enganou. Eu não consigo ignorar isso. - minha voz estava recheada de mágoa, e meu olhar transparecia o mesmo. Acho que ele podia ver.
- Não ignore. - ele suspirou. - Me desculpa? - ele me perguntou enquanto dava um passo à frente. Respirei fundo, eu não queria o perdoar, mas não aguentaria vê-lo ir embora. Ele estava errado, e eu sabia que ele iria fazer eu voltar e que ele iria embora novamente. Estava escrito isso.
- 10 MINUTOS! - ouvimos uma voz exaltada gritar de dentro da casa. 10 minutos para o natal. 10 minutos para meia-noite.
- Você vai embora, eu sei disso. E eu não quero isso. Lou, eu te... - não, eu não vou conseguir proferir a palavra seguinte. A única coisa que eu queria dizer naquele momento era: "Posso te abraçar? Bem forte? Eu sinto que devo cuidar de você." Mas existia a porcaria da ética, do medo e do orgulho, que me impedia de dizer três simples palavrinhas. Mas eu também estava certa, ele estava errado.
- Eu não vou. Eu te amo, . Eu demorei para perceber isso e você sabe que eu não mentiria sobre uma coisa dessas. Eu te amo, sim. Senti sua falta e te quero comigo, agora. - senti todas as partes do meu corpo congelarem, meu coração aqueceu, a esperança me invadiu, e eu prendi minha respiração. Uma coisa que eu tenho certeza sobre Lou é que sobre amor ele não mente e nunca mentiu. Ele me amava. Ele me amava.
- Como eu posso ter certeza disso? - perguntei.
- De quê? De que eu te amo? Eu não mentiria sobre o amor. Na minha vida isso me faltou, e eu não soube o que é isso durante um bom tempo. Então, por que eu diria isso se estivesse mentindo? - engoli seco, um arrepio percorreu minha espinha, e parecia que meu estômago estava em chamas. Uma dúvida me incomodou.
- E como você sabe o que é amor? - ele abriu a boca por alguns segundos, e a fechou em seguida. Torci para ele não ficar sem fala, porque ele estaria mentindo e eu o queria de volta.
- Porque eu nunca senti isso por ninguém. Eu me sinto vivo ao seu lado e é como se eu estivesse num filme, sabe? - ele deu uma risadinha nervosa. - Mas o nosso filme é cheio de idas e vindas, e eu sei que, mesmo assim, terá um final feliz. - sorri.
- Como você sabe disso? – perguntei e ele sorriu.
- Nós iremos construir esse final. - havia muitas perguntas em torno da minha cabeça naquele momento e eu não sabia o que pensar. E se desse errado? Voltaríamos ao zero novamente? Isso não é justo e nunca foi.
- Acontece que não existe solução. - minha voz estava começando a ficar embargada. Eu não queria vê-lo embora pela sexta vez, mas também não queria assumir o risco de vê-lo me dar as costas de novo. Esse era meu maior medo.
- Talvez, se você deixar de ter medo do amor, e das consequências que ele trará, você consiga ver o lado bom de nós. - seu tom já não era mais calmo, eu o conhecia, ele queria vencer a discussão. Seu defeito: orgulho. Talvez ele tivesse razão, eu não sabia.
- Eu só tenho medo do amor por sua causa. Eu não quero errar de novo, eu não quero voltar pra te ver indo embora pela milésima vez. Só de pensar em não ter você aqui, de novo, já me dá uma grande sensação ruim. - desabafei, e vi ele se aproximar.
- Isso se chama saudade.
- É pior que isso. - afirmei.
- Então, me deixe reparar isso e eu prometo que eu fico. E se não der certo, a gente tenta de novo. Eu só quero você de volta. - lembro-me quando conheci . Era verão, eu tinha uns sete anos e estava brincando na sala, quando meu tio entrou e o apresentou, dizendo que ele seria meu novo priminho. Não nos demos bem logo de cara, havia muita diferença entre nós. Porém, na oitava série, uma coisa nova surgiu. Uma amizade forte, que começou a misturar sentimentos e permitir que algo a mais crescesse. Olhando para trás, eu vejo que eu tinha medo de crescer. Eu apreciei aquilo tudo, havia ingenuidade, e hoje é tudo tão complicado, a cada ato de qualquer pessoa, devemos examinar detalhadamente para ver a malícia por trás daquilo. E Lou aprendeu cedo a arte de maliciar a vida.
- Você sabe o que você fez comigo quando foi embora? - perguntei tão baixo, que cheguei a questionar se queria mesmo que ele ouvisse.
- Eu me senti sozinho, e vulnerável ao mundo. Era como se eu pudesse me ferir a qualquer instante, eu não sentia proteção, porque você era ela e você estava muito longe. Senti sua falta no fim da noite e no começo da manhã, na minha cama. Senti falta de te envolver e de você me xingar ou me chamar de gay. Senti falta de tudo. Senti saudades de ter você comigo e meu coração estava despedaçado até eu chegar aqui. E sinto que você sentiu o mesmo. - estava tão perto, que pude sentir seu perfume novamente, e ele me embriagou como toda vez que eu o sentia. Nada havia mudado.
- Lou, eu só... - então ele chegou mais perto, até que nossos lábios estavam quase se tocando. Vi ele fechar os olhos e pousar sua mão em minha nuca e respirar fundo. Até que encostei nossos lábios e senti que eu o tinha de volta. Meu coração martelava minhas costelas e uma sensação de felicidade me envolveu. Era como se todos esses meses tivessem sido recompensados com um simples beijo. O beijo dele.
- Shh, - nossas testas estavam coladas e permanecíamos de olhos fechados. Sua respiração batia na minha boca e eu me sentia infinita. Naquele momento eu havia esquecido dos problemas que poderíamos ter. Era apenas aquele momento, eu e ele. - Eu te amo, e se eu for embora, pode-se declarar que sou um masoquista. - riu baixinho.
- Promete que fica? - meu coração permanecia aquecido, seus braços estavam em volta do meu corpo e eu me sentia protegida novamente. Me perguntei se ele sentia o mesmo.
- Prometo que fico e afirmo que te amo. - sabe quando você sorri e parece que sua face fica paralisada de tanta felicidade?
- Eu te amo, .
- MEIA-NOITE!! FELIZ NATAL!! - uma chuva de fogos iluminou o céu. De dentro da casa ouvia-se gritos de felicidade e por toda vizinhança o clima era o mesmo.
- Meia-noite... Já percebeu que... - eu o interrompi.
- Já.
- Primeira meia-noite que tudo acaba bem. - eu ri, ele me acompanhou. Ainda havia muitas dúvidas e receios. Eu queria perguntar tudo que pudesse naquele momento, porém eu não queria estragar a nossa meia-noite. Conclui que era melhor tê-lo bem perto de mim, mesmo assumindo os erros que poderiam acontecer. Talvez ele tivesse razão, eu deveria esquecer. Abri os olhos e me deparei com um par de olhos azuis me fitando, agora brilhantes e vivos.
- Primeira de muitas? - perguntei, ainda com aquele sorriso nos lábios.
- Feliz Natal, . - ele disse e me abraçou, fazendo com que o calor da época dobrasse de intensidade. O envolvi com meus braços, suspirei e o apertei.
- Feliz Natal, Lou. - eu não sei o que me fez acreditar em novamente. Talvez fosse o calor do momento, o tom da sua voz, o amor que eu cultivava por ele ou eu sou mais tola do que imagino. Ou então, a magia do natal se fez presente pela primeira vez, ou quase isso.
Mas acho que pela primeira vez, eu ganhei o presente de natal que eu sempre pedia, durante toda a minha vida. Eu rezava por felicidade, eu pedia felicidade, e nos últimos anos eu pedia ao bom velhinho este sentimento que andava bem longe de mim. E depois de muita espera, ele a enviou no melhor momento. Eu poderia quebrar meu coração novamente, mas como dizem a vida é feita de momentos, bons e ruins, felizes e tristes. Com , eu estava determinada a acreditar que seria diferente e neste simples fato - ou coincidência - eu ousei a acreditar. O amor faz isso, faz a gente perdoar até demais para poder ter a pessoa amada por perto.
E se você duvidar da existência do bom velhinho, lhe digo que Deus o mandou para mim. Pois meu desejo maior de vida, sempre foi a felicidade. E sempre será.


FIM



Nota da autora: 02.01.2014 -
Aaaaah, o natal! Só eu acho que essa época é mágica? Enfim, essa fanfic foi escrita ano passado porém foi excluída do site e ela é meu amorzinho. Eu revi ela esse ano e resolvi reescrevê-la, alterando algumas coisas. E, claro, a delícia da Gabriela Reis me ajudou e se Love At Midnight esta boa, uma boa parte da culpa é dela. Obrigada, Gabi, de verdade. Ela é demais gente, apenas. Hahaha
Enfim, eu realmente acho que o natal é a época das segundas chances. Meu final de ano não esta sendo muito bom, coisas ruins acontecem com todos... Não é? Mas sinto que o natal leva um pouco do lado ruim da coisa embora. Acredito que no natal o amor pode ser curado, e que sim, podemos nos dar segundas chances. Estou falando demais, mas isso é tão especial para mim por sinto que estou dando uma segunda chance para eu mesma. Então, por favor, pense assim e se renove. Jogue coisas ruins fora e conserve as boas. Ano novo esta aí e segundas chances estão te esperando.
Espero que nessa época ou no ano que estar por vir, você encontre ou reforce o amor. Obrigada por ler esta fanfic e saiba que isso significa muito para mim.
Beijos e obrigada Gabi, de verdade mesmo. Beijo a Jessie, Ray, e a todos haha e a você, leitor. FELIZ NATAL E UM DELICIOSO ANO NOVO! E muito amor ao nosso casal!
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Beijoxxx

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