Escrita por: Andrade e Rosilaine L.
Betada por: Adriele Cavalcante


CAPÍTULOS: [parte I] [parte II] [parte III] [parte IV] [epílogo]



Parte I


Haviam se passado duas horas desde que chegara à academia. O suor escorria pelo seu rosto corado, a garota estava exausta. Enxugou a face com as costas da mão. “Calma, só faltam as abdominais.”, analisou e um sorriso satisfeito se formou em seus lábios secos. Olhou-se no gigante espelho que contornava toda a parede e reparou em seu corpo. “Até que está dando resultado”, pensou. Seu inconsciente fez com que olhasse de soslaio para o garoto que agora conversava com um dos amigos enquanto se dirigia ao bebedouro. A camisa branca estava colada ao seu corpo claramente definido. Os braços fortes e um sorriso devastador fizeram com que a garota suspirasse. Mesmo com a chuva torrencial que caia lá fora, estava com um imenso calor. Agora não só pela malhação pesada, e sim por Liam estar andando em sua direção.
- Cansada? – o garoto perguntou e afirmou com um meneio de cabeça. Ele esboçou um sorriso. – Melhor guardar forças para mais tarde. – ele disse e se retirou.
ficou sem entender ao que ele se referia, mas deu de ombros mesmo assim.

A chuva se estendeu por mais tempo do que imaginara. Parada embaixo da cobertura da academia, a garota esperava, impaciente e quase congelando, que as gotas de água cessassem. Bufou mais uma vez e apertou os braços em volta do corpo. “Que bom que venho direto do trabalho para academia. Imagina se estivesse usando uma calça de ginástica colada ao meu corpo igual piche e uma regata suada?”, a garota pensava consigo mesma. Pegou o espelho dentro de sua mochila para olhar o seu estado. “Meu cabelo deve estar uma droga!”, a mulher pressupôs e passou a mão pelos fios para tentar abaixar um possível volume. Enquanto via sua imagem refletida no espelho, um carro preto estacionou em sua frente, e ela, receosa, deu alguns passos para trás e enfiou o pequeno espelho no bolso de sua calça jeans. O vidro do carro se abaixou revelando a figura de Liam atrás de um volante, altamente charmoso.
- Onde você mora? - o garoto perguntou, e ela se aproximou do veículo parado a sua frente.
- Sete quadras daqui. – ela disse e sorriu de canto, afinal o garoto de seus sonhos mais impuros estava lhe oferecendo uma carona.
- Entra aí. – ele disse e com um meneio de cabeça indicou o lado do passageiro. A garota comemorou internamente e fez o que ele disse.
- Obrigada. – a mulher agradeceu, sentando-se.
- Por nada. Ainda parece cansada. – o garoto avaliou o estado em que se encontrava. Ela sorriu desconcertada. – Bebida? – disse e apontou a garrafa no banco de trás do carro. A garota afirmou e se curvou para pegá-la.
- Obrigada. Você realmente me salvou esta noite. – ela agradeceu e tomou o primeiro gole.
Continuou tomando até que sua sede se saciasse por completo. O homem ao seu lado sorriu. começou a se sentir tonta, mas considerou o fato de ter aumentado o peso nos exercícios de sua série. Então, uma pontada forte em sua cabeça fez com que ela desmaiasse. Liam riu com escárnio, uma risada quase psicopata. Finalmente, deu partida no carro e dirigiu pela cidade escura. Era realmente irônico o fato de ela considerá-lo seu herói enquanto ele era o seu pior pesadelo.

XxxxX


abriu os olhos lentamente. Seu corpo pesava e a garota sentiu uma extrema vontade de gritar. A cabeça latejou e ela percebeu o corte que havia ali, bem em cima de sua sobrancelha. “Que droga!”, pensou. A última coisa de que lembrava era de uma pancada forte na cabeça antes de cair desmaiada no chão. Era incrível como era capaz de recordar a sensação do líquido vermelho e quente escorrendo por sua bochecha mesmo estando inconsciente na ocasião. Agora a mulher se encontrava amarrada a uma cadeira dentro de uma sala escura. “Que diabo está acontecendo?”, a garota se contestava enquanto tentava enxergar alguma coisa ao seu redor. Quase gritou ao sentir a superfície da pele de outra pessoa. Ela certamente não estava sozinha.
- Quem está aí? - a mulher perguntou com medo. Sentiu o ser ao seu lado se mover e então percebeu que suas mãos estavam presas. “Ótimo.”, riu da própria desgraça.
- Socorro! – percebeu que se tratava de outra garota presa ao seu lado, histérica por sinal.
- Calma. Vai ficar tudo bem. – “Bem.”, a garota fixou a palavra em seu cérebro como um mantra.
- Afinal, o que estamos fazendo aqui? – Essa era uma ótima pergunta. Neste momento as luzes se acenderam e fechou os olhos devido à claridade repentina.
- O que está ocorrendo aqui? – outra voz feminina se pronunciou e abriu os olhos, curiosa. Olhou para cima e viu uma garota pendurada em uma jaula. Aquilo definitivamente era mais do que uma brincadeira de mau gosto.
Novamente segurou um berro, já poderia entrar em pânico. Ela viu então três garotas ao seu lado, todas perplexas. De fato, nenhuma delas parecia saber responder a pergunta que havia sido feita.
- Vejam! As belas adormecidas acordaram. Confortáveis, garotas? – Niall perguntou ao adentrar o cômodo acompanhado de seus parceiros de crime. Todos com sorrisos sarcásticos nos rostos.
Os olhos das garotas só faltavam saltar. Estavam incrédulas e extremamente assustadas.
- Liam? – a mulher que se encontrava na jaula chamou pelo nome do garoto, boquiaberta.
- Olá, ! Menos cansada agora? – ele cumprimentou se aproximando mais. A garota nada disse e o homem de olhos castanhos prosseguiu. – Veja que reservei um local especial para você. – sorrindo maléfico, o garoto direcionou seus olhos amargurados para ela.
- Odeio ser a excluída. – a mulher respondeu, engolindo toda angustia e decepção.
- É uma pena. Preparei tudo com extremo carinho. Quem sabe da próxima vez eu não acerto? Ops, não haverá próxima vez.
- O que você quer dizer com isso? – a garota que se encontrava calada até então se prontificou a falar.
- Quer dizer, querida , que você não viverá para ter segunda vez. Está claro ou terei que desenhar? – Zayn questionou e apontou o caderno de desenho em suas mãos. A garota segurou as lágrimas, estava em choque.
Malik então começou a criar traços no papel, admirando com um olhar quase faminto a garota que se encontrava a sua frente.
- E você, , não vai falar nada? – Louis perguntou rindo debochado da garota que se encontrava amordaçada e que tentava murmurar alguma coisa em meio ao pano preto que tampava sua boca. Sem sucesso.
- Retire a mordaça dela, então! – gritou enraivecida.
- Não. Ela sempre fala o que não deve. – Louis retrucou e mirou , o olhar triste, porém forte, atingiu a garota que se encontrava impossibilitada de falar.
- Bem, senhoritas, imagino que estejam se perguntando o que estão fazendo aqui, certo? – Harry finalmente se pronunciou.
- Não realmente. – ironizou. O olhar tão duro quanto o do homem que a encarava. Não acreditava que o garoto por quem já foi perdidamente apaixonada havia feito isso com ela.
- Cuidado com as palavras, . Daqui a pouco pode acabar igual a sua amiguinha aí. – Styles indicou , e riu com escárnio. – Você quer isso, docinho?
- Você não tem mais o direito de me chamar assim.
- Eu posso fazer o que quiser com você, garota insolente! Ainda não notou que está nas minhas mãos? Você depende de mim agora, e eu decreto se você vive ou morre, ou melhor, até quando você vive. – ele disse se aproximando dela e tocando seu rosto com delicadeza, apesar das palavras grossas. A garota virou o rosto com nojo, mas se calou.
- Que indelicadeza da nossa parte! Nem foram apresentadas umas às outras! Mas não se preocupem, nós mesmos iremos fazer as honras. Louis, pode começar. – Horan disse e os garotos concordaram. Harry voltou ao seu lugar de origem.
- A amordaçada é conhecida como . – Tomlinson indicou a garota e lhe lançou uma piscadela.
- Esta é a minha adorável . – Niall fez um gesto em sua direção e lhe sorriu de um modo infantil, fazendo com que rolasse os olhos, indignada.
- A enjaulada é a estonteante . Aliás, a academia lhe fez muito bem, meu amor. – Liam gritou.
- Se estivesse aí embaixo cuspiria em você, imbecil! – respondeu voraz.
- Então vejo que está no lugar certo. – Liam concluiu e ela se calou.
- A inconveniente é – Harry apontou em direção à garota, que mordeu a língua para não dar uma resposta atravessada.
- E esta, minhas caras, é a minha doce . – Zayn mostrou finalmente o desenho em que tanto trabalhava, onde constava uma mulher com os olhos amedrontados e amarrada a uma cadeira de madeira. A garota suspirou sentindo o coração quase parar.
- Agora, senhoritas, já que estão devidamente apresentadas... – Styles foi cortado abruptamente por Payne.
- Que comecem os jogos!
E então as luzes se apagaram.
E nada mais pode ser visto.

XxxxX


acordou repentinamente. Suspirou pesado. Tudo havia sido um pesadelo. Viu-se em uma cama e não havia mais mordaça. Mas ao tentar se mexer, viu que as mãos continuavam amarradas. “Droga!”, a garota pensou. Mais uma vez tentou se livrar das amarras, mas não obteve nenhum sucesso. “Vou roer as cordas então.” Quase riu da solução encontrada. Colocou a corda entre os dentes. Os caninos afiados iriam ajudar em alguma coisa, afinal.
- Não vai adiantar. É mais fácil perder os dentes do que se desamarrar. Desta vez eu fiz tudo direito, querida. Não fui tão estúpido como antes. – Louis saiu da parte escura do quarto e se aproximou de maneira fria da garota. Ela engoliu em seco. Foi quando as lembranças de um passado esquecido a assombraram tão quanto faziam com Tomlinson.

Flashback – 7 anos atrás

Enquanto Louis admirava , ele escrevia com letras bonitas o nome da garota junto ao seu. Criava anagramas e acrônimos com ele e se lembrava de que ela nunca poderia ser dele.
O refeitório estava cheio naquele horário, as pessoas andavam vagarosamente com suas bandejas, rindo de alguma piada ou cochichando uma fofoca. E ele estava lá, em seu canto, afastado, recluso. Limitando-se a observar a uma distância razoável a garota por quem era perdidamente apaixonado.
Contudo, o universo costuma conspirar contra os desfavorecidos. Os amigos de arrancaram a folha de seu caderno, escarnecendo-se dele e alegando que a menina iria adorar ler aquela carta. Ele lutou contra os dois, pulando em direção à folha e suplicando para que eles lhe devolvessem. Nada feito.
Os garotos se encaminharam até que estava rodeada por um grupo seleto de amigas e admiradores e lhe entregaram o papel dobrado. As risadas vazavam de suas bocas enquanto uma multidão entoava para que a carta fosse lida. A garota hesitou e analisou a expressão de puro pânico de Louis.
Ele, então, a imaginou lhe devolvendo a carta, sem nem sequer abri-la e dizendo algo espirituoso como: “Hey, você deixou isto cair”, mas a imagem logo se desfez quando ela começou a ler o manuscrito.
- e Louis para sempre? - ela questionou e não parecia estar gozando dos sentimentos do garoto. Uma esperança preencheu seu ser. – Para sempre é muito tempo e eu não suportaria passar ao seu lado.
O tom debochado o dilacerou.
- Eu, provavelmente, teria feito igual a sua mãe e pularia no primeiro precipício que visse.
E aquele foi o xeque-mate. A lembrança de um garotinho chorando compulsivamente pelo suicídio da mãe o engoliu e ele se viu preso em uma cena caótica. Longas sessões de terapia com sujeitos que alegavam que ele não possuía culpa alguma pela insanidade da mãe, que ela estava consumida pela loucura, e que destruir a própria vida foi a forma menos trágica de ela partir. Ela não fez vítima alguma.
Acontece que todos estavam enganados. A morte da mãe o havia afetado de uma maneira animalesca e, apesar de não se sentir inteiramente responsabilizado, sabia que honrar sua memória era o mínimo de respeito. Portanto, naquele dia, as palavras grosseiras de selaram o seu destino.
Uma morte lenta e dolorosa a aguardava.


Fim do Flashback

O garoto a tocou delicadamente. As mãos dele corriam pela perna da garota e subiam em direção ao seu rosto. Parou quando tocou sua face inexpressiva. “Quer dizer que ela não está com medo?”, o homem quase riu da conclusão. Era óbvio que ela estava com medo. Tanto medo que se encontrava estática.
- Sabe, nunca pensei que ia chegar a isto. Vingar a minha mãe. – ele riu com escárnio. A pele gelada da mulher sob os seus toques psicopatas.
- Então me mate. Acabe logo com isto. – ela disse e virou a face, começando a soluçar. Uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto e o garoto rapidamente a limpou.
- Olha, é verdade que eu mal posso esperar para ver seu rosto se contorcendo de dor, mas não tenha tanta pressa. Vamos relaxar e curtir o momento. – completou acariciando a cabeça da garota doentiamente. – Esperei longos sete anos por este momento. Creio que não se incomodará se tiver que esperar um pouquinho mais para morrer. Será que consegue controlar sua ansiedade?
- Por favor, Louis! Não fiz por mal, eu juro! – ela exclamou desesperada. Como se aquilo fosse adiar a sua morte ou até mesmo impedi-la.
- Pode parar com esse teatro, . Você está apelando para o meu lado sentimental e ele não existe. Dizem que a vingança nunca é plena, mas eu me encontro no meu estado de maior felicidade, me sinto completo pela primeira vez em muito tempo. Obrigado pela oportunidade de vê-la morrer por minhas mãos. Sempre quis ser o responsável por grandes feitos, não era exatamente o que eu tinha em mente, mas vai servir. Como seremos retratados nos jornais? Crime passional, talvez? Ou será que esses jornalistas intrometidos irão fuçar a minha vida também? O mundo em que vivemos está em constante decadência.
A mulher se debulhava em lágrimas perante o discurso do rapaz. Em uma última tentativa de misericórdia, ela declarou:
- Louis, eu te amo!
- E eu me recuso a acreditar nisso. – ele disse e então injetou uma substância na veia da garota. Ela arfou.
- O que você está fazendo? – ela perguntou começando a sentir uma dor incomparável.
- Lembra-se dos remédios que minha mãe tomava? Pois bem, agora estão correndo em suas veias. Mas a dose é maior, óbvio, caso contrário só haveria dor extrema, e o que queremos é uma morte, não é? – ele perguntou e subiu em cima do corpo da garota. Ela estava se debatendo e Louis segurou seus braços rindo do infortúnio alheio. – Dói? Eu sempre me perguntei. Agora você sente o que minha mãe sentia. Ela não era maluca, , apenas incompreendida. Mas não se preocupe eu não deixarei a popular sozinha. Vou ver você agonizar. Verei seu corpo esquentar, suas veias saltarem, e seu coração bombear rapidamente sangue envenenado por todo o seu frágil corpo. Até que este não aguente e caia inerte. Quem sabe na passagem para a eternidade, Deus não seja bondoso e te perdoe? Estou contando com isso também. Mas não me arrependerei desta minha doce vingança. Afinal, toda ação tem uma reação. – o garoto viu então a vida se esvair pelos olhos assustados da garota. Ela havia partido, e ele havia vingado a sua mãe.
Então, pegando outra seringa, injetou em seu braço uma substância parecida com a que havia inserido nas veias da amada. Esta, porém, era indolor. Ele já havia sofrido o suficiente. O coração em pedaços. Mas agora Louis teria descanso e iria se encontrar com as duas mulheres que mais amara em toda a sua existência.
Deitou-se ao lado de e entrelaçou seus dedos aos dela.
- E quem diria que teríamos um final mais trágico que Romeu e Julieta? – ele sussurrou no ouvido da garota ao seu lado, como se seu corpo sem vida fosse compreender.
Então seu coração parou e a dor cessou. Agora Louis Tomlinson finalmente poderia ser feliz.
Por toda a eternidade.

Parte II


olhou em volta e se assustou ao ver dezenas de desenhos sádicos colados na parede. Todos retratavam a sua morte. Engoliu em seco. Queimada, enforcada, esfaqueada, baleada, esquartejada, afogada... A diversidade de formas em que a garota morria soava até criativa. Foi então que Zayn Malik desceu a escada e sorriu ao ver que a garota já estava acordada. Naquele momento, a mulher notou que estava no porão. Zayn a observou olhar com aversão para os desenhos. Seu sorriso se alargou.
- Escolhe um. – ele a encorajou e a garota o olhou com repugnância. O garoto gargalhou. – Ah, qual foi, não desenho tão mal assim! – ele brincou e a garota respirou fundo, escolhendo bem as palavras antes de tentar se comunicar. “Uma vírgula mal colocada e você está morta.”, a mulher pensou.
- Você sabe que é um ótimo artista, Malik. – a garota enalteceu o garoto que a olhava, em uma mistura de fascinação e mistério.
- Pena que você nunca valorizou os meus trabalhos.
- Você não sabe o que está dizendo. Eu sempre os elogiei. Eu apenas escondi o que achava deles de você. Não queria que se gabasse. – ela falava o mais tranquila possível. Zayn sorriu sem mostrar os dentes e cruzou os braços a analisando.
- Não foi o que me pareceu naquele dia. – o garoto comentou. Vendo-se submerso em um lapso de memória.

Flashback – 5 anos atrás

Amor platônico. Em doses reguladas pode ser aceitável, mas quando se torna uma obsessão é tido como um grande problema. Se apaixonar pela melhor amiga, então, não é só um erro, é suicídio. Zayn passava por aquela drástica situação.
Toda vez que via com seu namorado cafajeste tinha vontade de entrar em uma luta, mas sabia que provavelmente sairia surrado. O modo grosseiro como ele a tratava o repugnava e não suportava ter que se render ao relacionamento dos dois. Portanto, começou a escrever bilhetes anônimos e a colocar discretamente no armário escolar da amiga para que ela ampliasse seus horizontes e soubesse das atitudes absurdas do namorado.
Contudo, seu plano não dera certo, pois ignorara todo e qualquer indício de traição. Ela confiava cegamente no parceiro e não estava disposta a trocá-lo por meia dúzia de palavras que nem sequer tinham a assinatura do remetente. Zayn sabia que tinha que ser mais enfático.
Cartazes começaram a surgir pela escola com mensagens cada vez mais rudes e imagens alteradas que davam à mulher chifres ou uma aureola para indicar sua inocência patética. E junto com eles começaram a aparecer desenhos graciosos de um admirador secreto que prometia o mundo e coisas mais a ela, caso abandonasse o companheiro acéfalo. , entretanto, ao visualizar mais um dos desenhos o amassou, fazendo o mesmo com Zayn e seu coração, que se apertava. Ela era ingênua demais. Cega demais. Estúpida, burra, imbecil e uma destruidora de corações miserável que não merecia que ele desperdiçasse seu tempo com ela.
Infelizmente, Zayn tinha todo o tempo do mundo.

Fim do Flashback

- Eu adorei o desenho! – afirmou. Porém era inútil essa sua tentativa de tentar persuadir o garoto.
- Você destruiu o meu coração como todos os bilhetes que eu te mandava. Você os ignorou. Ignorou a mim. Mas é óbvio, não é mesmo? Eu nunca fui de relativa importância ou bom o suficiente para você! – o garoto estava surtando.
- Eu tinha um namorado! O que você queria que eu fizesse?
- Você é corna! Sua estúpida, ele te traia com quase todas do seu grupinho particular de vadias! – o homem passou a mão pelo cabelo, estupefato, e desviou os olhos amargurados da garota à sua frente.
Virou em direção a uma mesinha, com vários utensílios, que se encontrava atrás dele. Escolheu entre todos aqueles materiais, um que considerou perfeito para a ocasião: um canivete. Virou-se novamente para . O olhar desumano a invadiu, e a garota sentiu medo. Ele puxou o braço dela e o esticou. Alisou a superfície epitelial suave da mulher. Quase se deixou abater, mas iria seguir em frente com o plano. Não havia feito tudo aquilo à toa. Não havia esperado cinco malditos anos para desistir no meio do caminho. Não podia voltar atrás.
E não ia o fazer.
Pegou o canivete e posicionou a lâmina afiada rente a pele da garota.
- Agora, , eu vou te marcar com o meu nome. Igual você fez comigo, deixando seu nome incrustado para sempre em meu coração. – aquilo não era para soar como uma declaração de amor, mas suspirou. Era impertinente, obviamente.
Zayn Malik era um maníaco e estava tentando marcá-la como gado. Mas apesar de tudo, foi uma forma de ele demonstrar o que sentia. Ele ainda a amava. Deixando os pensamentos afetuosos de lado, fechou os olhos com força ao sentir a ponta do objeto lhe perfurando a carne. Urrou de dor. Sentiu o sangue quente escorrer pelo seu braço.
Zayn parou a barbárie e a encarou. Um sorriso debochado nos lábios.
- Está ficando bom? – o garoto perguntou e amostrou a letra ‘Z’ ensanguentada no braço da mulher. Ela não segurou uma risada.
- Você ainda me ama! – a garota quase saltou da cadeira de tanta euforia. O garoto a olhou descrente. – Pode continuar com seu trabalho sujo, Malik. Marque o seu nome em mim mais uma vez.
- Como assim mais uma vez? – o garoto arqueou uma das sobrancelhas ainda tentando buscar uma resposta coerente para aquela situação inesperada. Estaria a garota jogando com ele? Tudo não passaria de um teatro para tentar sobreviver?
- Acha mesmo que eu não me importava com você? Que eu não dava a mínima para a sua existência? Guardei todos os seus desenhos. Os amassava porque ficava indignada com a falta de uma assinatura. Se soubesse que era você... Eu sempre senti algo inexplicável por você. Mais que amizade, eu tinha certeza. Mas não sabia distinguir se era um sentimento concreto ou apenas uma alucinação. Mas agora tenho certeza de que era real. É real, Malik. –o garoto se ajoelhou em frente à garota amarrada. Os olhos famintos, agora brilhavam. Mas não de um modo sedento, e sim apaixonado. O plano de tentar matá-la havia ido por água a baixo.
- Não minta! – ele esbravejou.
- Eu não minto. – ela lhe garantiu.
- Quer dizer que... – o garoto foi interrompido pela voz suave da garota.
- Quer dizer que eu te amo, Malik.
O homem, então, não esperando mais nada a beijou. Um beijo com urgência. Tanto tempo esperando por fazê-lo e jamais imaginaria que este seria o cenário de seu beijo perfeito. A garota que tanto amava agora estava ali. Em seus braços. Completamente rendida a uma paixão antes improvável.
O garoto a livrou das amarras que a prendiam à cadeira.
- Precisamos sair daqui. –ele disse e beijou novamente a mulher. – Desculpe por isso. – ele sorriu sem jeito ao ver a letra “Z” mais uma vez no braço da garota.
- Não se preocupe. Agora vamos! – ela disse o puxando. – Mas e as outras garotas?
- Não sei se terão a mesma sorte que nós.
então correu para a liberdade agradecendo ao seu dom com as palavras. As pessoas achavam que ela havia parado de mentir, mas ela apenas se tornara melhor nisso.

XxxxX


Após Niall remover o saco preto da cabeça de , está finalmente conseguiu ver a luz. O que ela não esperou de fato era encontrar um cenário tão bonito para a sua morte. A garota gelou. A lua, que parecia extremamente grande agora - como se quisesse presenciar de camarote o que aconteceria ali-, as estrelas mais brilhantes do que nunca, e o vento gélido a bater contra seu corpo fraco formavam um conjunto tragicamente harmonioso. Ela estava no telhado com o seu assassino. E não era como em um filme clichê em que depois de uma conversa eles se beijam fervorosamente sob a luz do luar. Infelizmente não.
- Sente-se. – Horan decretou de um modo quase educado. Seu olhar fixo no horizonte distante.
obedeceu, sentando-se ao seu lado.
- Por que me trouxe aqui? – a mulher perguntou em um sussurro.
O homem suspirou e a olhou profundamente. “Os olhos dele ficam ainda mais bonitos aqui”, pensou, mas logo se arrependendo. Estava desenvolvendo a Síndrome de Estocolmo. Assim como a Arlequina, vilã do super-herói Batman e parceira do Coringa, que era psiquiatra antes de se tornar vilã. Ela foi fazer uma consulta ao Coringa no Asilo Arkham e acabou se apaixonando pelo vilão. Depois da consulta, ela o ajudou a escapar do asilo e a partir daí começou sua carreira de crimes ao seu lado. Ou como no clássico da Disney “A Bela e a Fera”, que conta a história de uma garota bonita e inteligente que é vítima de cárcere privado por uma Fera, e por fim desenvolve um relacionamento afetivo e se casa com o monstro. A diferença é que aqui não haveria final feliz, e a princesinha morreria no final.
- Você não se lembra, não é mesmo? – o garoto soltou uma risada embargada por sarcasmo. franziu o cenho e quando estava preste a dizer que realmente não havia entendido o motivo, foi consumida pelas lembranças.

Flashback – 7 anos atrás

Niall se olhava no espelho mais uma vez. A blusa branca de botões estava impecável, assim como o resto de suas roupas. O cabelo bagunçado de forma charmosa. Pegou o violão em cima da cama e desceu as escadas de sua casa apressadamente. Hoje ele iria se declarar para , a garota por quem se derretia desde a 7ª série.

Festa dos Watson’s. estava presente, e ele já havia combinado com Tom o espaço reservado no telhado – o violão inclusive já se encontrava lá. Tudo sairia perfeito, ela seria sua. Encontrou a garota perto da mesa de petiscos. Ela usava um vestido mullet preto que se ajustava perfeitamente em sua forma esguia. Niall tomou coragem e foi até sua amiga. “Por enquanto”, refletiu.
- Hey, ! Está indo para um funeral? – o garoto perguntou enquanto se ocupava com um salgadinho que havia acabado de pegar.
A garota se virou instantaneamente ao ouvir a voz do amigo. Sorriu brincalhona. Era lógico que Horan faria uma piada, e previsivelmente com algo na boca quando a fizesse.
Mas ela não se encontrava diferente da maioria das garotas ali, já que o tema da festa era preto e branco.
- Sou uma ceifadora da morte! – soltou uma gargalhada maléfica, o homem em sua frente riu hipnotizado. – E hoje eu vou levar a sua alma, meu caro Horan! – concluiu levando sua mão ao ombro dele e dando leves tapinhas.
“Já levou muito mais que a minha alma, me levou por inteiro”, Niall respondeu para si mesmo.
- Me encontra no telhado em 10 minutos. – o garoto determinou depois de um breve silêncio.
- Para...?
- Quero te mostrar algo.
- Ok, me espere lá. Vou terminar por aqui – ela disse fazendo referência à mesa de guloseimas. A menina era fanática por doces. – e já te encontro.
Niall concordou com um meneio e se ausentou. Subiu as escadas que davam ao terraço rapidamente. Ele teria pouco tempo para terminar de arrumar tudo. Pegou o buquê de flores amarelas, a cor favorita dela, e o deixou posicionado perto do violão. Forrou uma espécie de pano no chão para que os dois pudessem se sentar enquanto eles estivessem lá. Sentou-se e resolveu repassar a canção que ele mesmo havia composto, e que revelava em seus versos todos os seus sentimentos enquanto sua amada não chegava. Contudo, durante a música, o garoto parou abruptamente, pois havia visualizado sua garota nos braços de outro cara em frente à casa dos Watson’s.
Sentiu seu coração se dilacerar, e então algumas lágrimas começaram a se formar. Não acreditava que ela seria capaz de fazer uma coisa daquelas, não com ele. Amassou as flores amarelas em sua mão. Olhou com verdadeiro desgosto para aquela cena. O que antes lhe causava reviravoltas gostosas no estômago, agora lhe provocava ânsia de vômito. E com desdenho se lembrou da frase que sempre lhe diziam: “Siga seu coração.”. A réplica que pairava na sua cabeça era: “Qual dos pedaços?”.

Fim do Flashback

- Foi horrível. Preparar todo o espetáculo e a plateia não comparecer. Mas eu não deveria ficar chateado, afinal eles estavam comendo a pipoca!
- Niall, você sabe que eu nunca entendi suas metáforas, não é mesmo? Ainda mais envolvendo comida. – disse com uma expressão interrogativa a se formar na sua face. As sobrancelhas arqueadas quase deram um ar cômico à situação.
- A questão é que... – o garoto suspirou pesado – eu iria me declarar, mas você pelo visto estava com fome demais.
- O Jason é a pipoca? – a garota perguntou e o homem assentiu. – Eu verdadeiramente não sabia das suas intenções, Horan.
- Não use sua demência como desculpa. – ele grunhiu e começou a fazer carinhos em seus cabelos loiros para que ele se acalmasse. Ele apoiou a cabeça no colo da mulher.
- Acho engraçado o fato de você conseguir nutrir algum sentimento além de amizade por mim. Sermos amigos naquela época já era algo excepcional! – a garota comentou rindo, mas não escondeu o seu nervosismo. As mãos trêmulas passeando por entre os fios de cabelo do garoto delatavam isso. Niall se aconchegou mais.
- Eu te conheço, . – murmurou o homem apoiado em suas pernas.
- Por isso mesmo deveria manter distância. Eu sou estranha. – ela disse e o homem virou o rosto para encará-la. Os olhos azuis a fitando com um misto de mágoa e paixão. se perguntava como não havia reparado nesses sinais antes. “É tão óbvio”, concluiu o pensamento.
- É por isso que eu te amo. – ele disse e ela perdeu todo o fôlego.
Suspirou com a declaração e quis beijá-lo. “Que ódio! Por que diabos eu não fui naquele encontro? Poderíamos estar comendo fondue perto da lareira e vendo filmes mela-cueca. Mas não, eu tive que correr atrás do Jason naquela maldita festa. Agora estou sofrendo as consequências: dentro de uma casa abandonada, vítima de sequestro e sendo ameaçada de morte pelo cara que eu amo. Que eu amo.”, a mulher deixou um sorriso se formar após esse arremate. Deixou a cabeça se aproximar da de Niall, sem que os olhares se desviassem. Sentiu os lábios do homem tocarem os seus e sorriu entre o beijo. Apesar de ser uma situação como essa o beijo foi lento, como se cada um quisesse guardar cada sensação, cada pedacinho do outro consigo. Niall finalizou o beijo e a olhou com ternura. Levantou-se em seguida e se encaminhou até o beiral do telhado. A garota o seguiu.
- Sou sua princesa agora, meu príncipe. – uma risada soou e estranhou o fato de estar tão amargurada. Aquilo não havia sido uma reconciliação? Niall a enlaçou em seus braços, posicionando-a de modo estratégico a sua frente. Deu-lhe um beijo devagar nos lábios e a soltou, encarando-a.
- E agora princesa... – o garoto hesitou e a mulher sorriu, fechando os olhos com o apelido carinhoso - O príncipe se tornou o vilão. – Horan concluiu e empurrou a garota, que ao desabar dois andares, caiu estatelada no chão. E a última coisa que viu foi aquele par de olhos azuis lhe encararem com desprezo.

Parte III


se debatia nas costas do brutamonte que a segurava rigidamente e lhe carregava em direção ao segundo andar de uma casa sombria. Liam não falou nenhuma palavra, diferente da mulher que veio lhe xingando durante todo o percurso. O homem abriu a porta de um cômodo, que mesmo com a luz baixa, identificou por ser um quarto. A cama com os lençóis brancos bagunçados e as paredes cobertas por mofo. Misteriosamente, ela não estava com medo, apenas irritada com os maus tratos. Ela era tão sádica quanto Liam. Mas isso não era novidade, já que era fanática por filmes de terror e afins.
Payne a jogou brutalmente na cama. Afrontando-a de forma quase sexy.
- Bem, não era com este enredo que eu esperava te trazer para cama, mas... É o que temos para hoje. – o garoto proferiu e a garota soltou uma risada satírica.
- Nem nos seus sonhos mais selvagens, Liam.
- Apetitoso? – o homem inquiriu recebendo uma expressão de confusão da garota.
- Ham? – foi tudo o que a mulher conseguiu falar.
- Acha que eu não notei você me comendo com os olhos na academia?! – era uma retórica, sabia disso. Mas o pior é que ela não tinha argumentos. Simplesmente abaixou a cabeça e mordeu os lábios como se quisesse dizer: “Estou constrangida demais para admitir isso”. – Quem diria que o gordinho humilhado se tornaria objeto de desejo de ! – e foi nesse instante que memórias de uma infância conturbada a atingiram certeiramente.
Era ele, sempre foi. Liam Payne. O gordinho da escola contra o qual cometia bullying estava ali na sua frente, irreconhecível, e mais gostoso do que nunca.

Flashback - 10 anos atrás

Ensino fundamental: 6ª série. e Liam estudavam na turma avançada do sétimo ano, junto com mais alguns nerds. Apesar do jeito grosseiro, ela era uma garota exemplar quando se tratava de currículo escolar, mas mesmo assim não perdia a oportunidade de sacanear os colegas de classe com mesmo coeficiente de inteligência. E foi em uma dessas zombarias cotidianas que Liam Payne se revoltou.
Aula de Biologia – Professor Jones.
- Hoje iremos falar sobre os órgãos vitais! E também de veias, artérias e até mesmo capilares! – o mestre entrou animado em sala. Divertia-se por dar aula em uma turma de alunos verdadeiramente interessados e, que diferente dos demais, buscavam um futuro.
- O órgão vital do Payne é o estômago! – gritou para que a sala inteira ouvisse. O menino, que estava na primeira fileira, fechou a mão em punho, mas permaneceu em silêncio.
- Brincadeira de mau gosto, . – Matthew Jones advertiu a aluna, uma de suas preferidas.
- O que eu posso fazer professor, a culpa não é minha se o Liam vive para comer, e não o contrário. – a menina deu de ombros. O sangue do garoto começou a ferver com o comentário maldoso, assim como todos os outros que saiam da boca da garota.
-Calada, . – o professor se estressou com a audácia da estudante em provocar outro aluno em sua classe.
-Só calo a minha boca se o Liam fechar a dele.
Payne, que antes suportava calado tudo aquilo, se exaltou. Partiu então em direção à garota impertinente que arregalou os olhos ao notar sua aproximação enfurecida. havia passado dos limites e sabia disso. O menino levantou a mão para estapeá-la e a menina fechou os olhos em um impulso, como se não ver o golpe fosse diminuir a dor. Três segundos se passaram e ela não sentiu nada. Estava viva. Abriu os olhos e viu Jones segurando o pulso de Liam que a encarava com o olhar fumegante, quase assassino.
- Para fora, Payne. Está expulso da minha aula. – Matthew decretou e o menino arrancou a mão do aperto do professor. Antes de sair da sala, trombou bruscamente no braço de e a olhou colérico.

Fim do Flashback

Liam ainda a encarava esperando por uma reação da mulher.
- Então... Como você conheceu os outros psicopatas? Amiguinhos de infância? – mudou totalmente de assunto e Payne riu da tentativa que a garota usou para bloquear as memórias.
- As redes sociais permitem o encontro de pessoas com interesses comuns. – o homem fez uma pausa proposital e subiu em cima da garota a encarando - Até mesmo quando esse interesse...
- É matar. – a garota completou e Liam sorriu satisfeito. continuava rápida no gatilho. Isso era uma das coisas que a tornava tão atraente.
sentiu então, durante aquele contato visual, que havia algo em seu jeans. O seu espelho de bolso ainda estava ali em sua calça. A mulher, então, aproveitando o peso de Liam sobre o seu corpo, fez pressão sobre o objeto que se partiu e, se não fosse à armação do mesmo, a garota estaria com um furo nas nádegas agora.
- Um último pedido? – Liam questionou com a boca perto do ouvido da mulher, ela estremeceu sob o toque de seus lábios em seu lóbulo.
- Um beijo. – ela respondeu e Liam se afastou, encarando-a cético. Mas não fez qualquer objeção quanto a isso. Mesmo após desfazê-lo e humilhá-lo, continuava sendo uma tentação. Aquela era uma proposta tentadora.
Liam se aproximou lentamente da garota e enlaçou sua cintura. Juntou em seguida os seus lábios aos dela, e iniciou-se então o beijo que era uma conquista para ele e uma carta de alforria para ela, que se veria livre daquele cárcere.
A mulher levou a mão ao pescoço do garoto, o tateando. Os batimentos cardíacos acelerados iriam ajudar. O homem aproximou mais os corpos, a puxando instintivamente para cima. E foi nesse instante que viu a brecha perfeita para pegar de seu bolso o caco pontiagudo do espelho e enfiá-lo na artéria carótida de Liam. Ele estava tão extasiado com a ocasião que foi fácil para ela atingir o pescoço do homem sem que ele notasse. No momento em que foi perfurado, Payne jogou a garota na cama com demasiada força, fazendo com que a mulher batesse a cabeça no encosto do leito. Ela urrou de dor enquanto o garoto a sua frente tentava estancar o sangue que jorrava em quantidade significativa. Em vão. Aquela era uma das artérias vitais, sua morte estava decretada. Poucos segundos e ele estaria morto. O lençol antes branco agora estava escarlate. O garoto então se arrastou até a garota, tentando ainda exterminá-la. Por um capricho seu, por uma distração, havia se tornado a vítima. Todo o plano calculista e friamente arquitetado havia ido por água a baixo. Mas ao se aproximar dela e então estar preste a tocá-la, deu seu último suspiro, e caiu em cima de .
Morto.
A garota empurrou o corpo sem vida do garoto e o colocou deitado com as costas no colchão. Ergueu o cobertor que estava no pé da cama e o cobriu. Ajeitou o travesseiro de uma forma cuidadosa como quem se importa. Fechou as pálpebras do homem, e lhe bagunçou os cabelos de forma terna. Deu-lhe um beijo na testa, e desceu da cama. Olhou-se no espelho que havia no quarto. Estava completamente manchada por sangue.
O sangue de Liam Payne.
Olhou o homem que parecia dormir singelo, a não ser pelo lençol ensanguentado que denunciava a ocorrência de um crime. Apagou a luz e se direcionou à porta. A entreabriu e antes de fechar desejou satírica:
-Boa noite, Payne.

As artérias levam o sangue do coração para todas as partes do organismo. Têm paredes resistentes que pulsam com cada batimento cardíaco. Podemos sentir a sua pulsação nos pulsos (artérias radiais), nas virilhas (artérias femorais), na barriga (artéria aorta) e no pescoço (artérias carótidas). Importante: Seu rompimento leva à morte.” – disse Matthew Jones na aula de Biologia da qual Liam Payne havia sido expulso.

XxxxX


quase riu ao notar que estava algemada frente a uma mesa de jantar posta para dois em um belo jardim nos fundos da casa macabra. Pelo menos o seu exterior era iluminado. Cheio de pisca-piscas e luminárias, o local irradiava brilho. Ironia, já que seria panorama de uma tragédia. Observou também que agora usava um vestido azul que ia até metade de suas coxas. Riu do próprio infortúnio. O que haveria Harry de ter feito enquanto a garota se encontrava dopada e totalmente incapaz de se defender de seus ataques? Ela evitava pensar nos detalhes sórdidos. Admirou mais uma vez o vestido, até que era agradável aos olhos. E então por trás da mesa com castiçais e pétalas surgiu um Harry perigosamente sedutor. A gravata borboleta no pescoço, grande sacanagem. A garota mordeu o lábio inferior com tanta força que quase o perfurou. “Safado! Ele sabe que eu gosto quando usa isso”, ela estava sendo testada.
O homem ajeitou mais uma vez o smoking no corpo e sorriu enviesado para a mulher à sua frente. Puxou a cadeira e se sentou.
- Qual é o porquê de tudo isso, Styles? – ela perguntou de supetão, nem dando tempo de Harry tomar fôlego. O garoto riu de sua impaciência.
- Queria nos proporcionar um último encontro. Um decente desta vez. – ele disse e tocou a mão da garota que estava sobre a mesa, fazendo com que ela estremecesse com o toque. odiava o fato de Styles ainda ter poder sobre ela.

Flashback – 4 anos atrás

“Precisamos conversar”. O ultimato de soava repetidas vezes dentro da cabeça de Harry. O menino tentou imaginar o motivo de a namorada estar tão grossa ao falar com ele através do celular. Sentiu o estômago revirar. Havia demorado tempo demais para conquistar essa garota, não iria perder tudo em um estalar de dedos. Gostava do termo ‘comprometido’. Tentou mais uma vez buscar a razão do nervosismo dela. Olhou a data no visor do celular. Era óbvio: seu aniversário de cinco meses de namoro era amanhã. O drama da garota pelo telefone fora a deixa para ele comprar o seu presente.
No dia seguinte foi até o restaurante favorito da garota e fez uma reserva para dois para aquela mesma noite. Vestiu-se impecavelmente, com direito a gravata borboleta e blazer, e esperou a garota aparecer. Quando deu sete e trinta e cinco, a campainha de sua casa soou estridente e então ele foi atender. usava uma roupa casual, não esperava por um jantar à luz de velas em um dos restaurantes mais românticos da cidade. Sem esperar que ela falasse qualquer coisa, Styles a guiou até seu carro e abriu a porta para que ela entrasse.

- Harry, está tudo muito lindo e eu agradeço de coração pelo seu esforço, mas precisamos conversar. Sério. – a garota tentava buscar as palavras enquanto o menino cordialmente puxava a cadeira estofada para que ela se sentasse.
O restaurante estava lotado.
- A noite é sua. Realizarei todos os seus desejos. – o garoto respondeu todo bobo e a garota sentiu um nó se formar em sua garganta e um aperto no coração a fez quase desistir. Manteve o foco. Precisava fazer isso por ela.
E por John.
- Eu quero terminar. – a garota disse curta e grossa. Harry começou a rir descontroladamente.
- Achei que iríamos conversar sério. – o menino aumentou o tom de voz e então uma música começou a tocar. Ele reconheceu a melodia: “Bubble Wrap - McFly” era a banda favorita da namorada.
- Eu estou falando sério, Styles. – a menina grunhiu segurando a mão do garoto com força sobre a mesa de madeira. Ela estava nervosa.
- Hm...
- Hm? É isso o que você tem para me dizer? – a garota afrontou seca.
- O que você quer que eu faça? Chame-te de vadia, xingue toda a sua árvore genealógica, quebre a mesa, dance feito um macaco e rasgue a camisa para mostrar o quão desesperado eu estou? Não, obrigado. Ainda tenho dignidade. – o casal já estava sendo alvo de curiosos. surtou.
- Bom saber que você está pronto para me deixar ir. Assim fica mais fácil para o Joh... – a mulher se arrependeu de ter começado a falar.
- Está me traindo com o meu melhor amigo? – o menino arregalou os olhos e gritou – VADIA! – ele disse e lhe lançou uma tapa que atingiu o rosto da garota certeiramente.
- Adeus, Harry. – foi tudo o que a menina disse ao levar a mão ao rosto e sair do restaurante.

Fim do Flashback

- Então... Tudo bem com você, Harry Potter? – o garoto brincou com o corte na testa da mulher, e ela revirou os olhos. Ele estava sendo patético.
- Suas piadas continuam péssimas.
- John riu quando eu contei que ia matá-lo. – ele hesitou e a garota abriu a boca espantada – Não era brincadeira.
- Você é um doente! Sentará atrás das grades e cumprirá prisão perpétua! Psicopata! – ela tentava atingi-lo a todo custo, distribuindo socos por todo o tronco do garoto que ria de toda a situação.
- Ok, ok. Vejo que você está extremamente nervosa, então, vamos acabar logo com isso. Antes de levar você para se encontrar com o seu amado John... – o garoto a olhou com asco. – Eu desejo uma última dança.
já estava pronta para dizer um ‘não’, mas a piscina e todas aquelas luminárias a fizeram dizer um ‘sim’. Era sua última chance. A mulher levantou os braços na direção do homem sugerindo que ele abrisse a algema.
- O que me faria te soltar?
- Preciso tocá-lo pela última vez. – ela sabia que estava cutucando o lugar certo. O ego inflado de Harry Styles.
O homem a analisou de cima a baixo, como se certificasse de que ela não lhe ofereceria nenhum risco. Abriu então a algema. “Quem não sabe da história acha que eu sofro de Borderline”, a garota riu ao ver as marcas semelhantes a cortes em seus pulsos. Passou a mão sobre elas.
Styles aproximou os corpos. As mãos dele enlaçaram a cintura dela. Enquanto ela tinha as duas mãos postas sobre os ombros largos do garoto e um sorriso pretensioso nos lábios rosados. A música então começou a tocar e jogou a cabeça para trás com uma risada debochada: era a mesma canção do dia do término.
Harry riu junto com a mulher.
Queria poder embalar meu coração num plástico bolha, em caso de eu cair e ele quebrar.
Os dois dançavam com os olhares interligados. Ninguém queria desfazer o contato visual. O sorriso petulante nos lábios de ambos. Nenhuma palavra sendo dita, mas tudo se esclarecia. A letra da música era tão... Deles.
- Ironia, né? Uma música como essa ser tocada no restaurante mais romântico da cidade. - A garota começou.
- Prefiro crer em destino. Como se ela houvesse previsto o nosso termino. – o garoto retrucou.
Você está em pé sob o luar, mas é escura por dentro.
Harry enrijeceu e virou o rosto. A mulher se sentiu mal por isso.
- Acha mesmo que término de relacionamento é um bom motivo para se matar alguém? – a garota perguntou fazendo com que ele tornasse a voltar a face para ela.
- Como você disse, sou um psicopata. Portanto, não preciso de bons motivos. – o garoto sorriu e a garota engoliu em seco.
Mais um silêncio cortante, até chegar à parte favorita de Harry.
- Eu estou um pouco tonto e confuso, mas a vida é uma vadia assim como você. – Styles cantarolou e gargalhou ao final. A garota arqueou as sobrancelhas e o olhou incrédula.
- Eu não signifiquei nada? Eu fui apenas outro fantasma que esteve em sua cama? – o homem cantarolou novamente e a garota sabia que ele esperava por uma resposta.
- Eu te amei se é isso o que quer saber.
- Isso é pecado.
- O que? Amar? – a mulher estava confusa.
- Não, mentir. – sua voz amargurada vibrou e a garota sentiu o coração apertar.
- Me perdoa? – ela suplicou.
- Você se perdoaria? – o garoto se mantinha frio.
- Não. – a mulher se sentiu culpada.
- Então como quer que eu te perdoe? – Harry contestou.
- Porque você é melhor do que eu.
- Concordamos em alguma coisa, afinal. – ele sorriu.
Ligue o rádio, querida. Porque em cada música triste você conseguirá se relacionar.
O ápice da música foi alcançado e Styles girou a garota, movendo-os para mais perto da piscina. O vestido da mulher rodou com seu giro e depois foi amassado com a união dos corpos. Ele olhou de modo fervoroso para e continuou a rodopiando conforme a melodia se tornava mais agressiva.
E essa foi a deixa.
Ela, em mais uma de suas voltas, empurrou disfarçadamente a extensão onde se encontravam plugados as tomadas dos pisca-piscas e luminárias para dentro da piscina. Alguns pisca-piscas acabaram se desconectando da tomada e se apagaram. A mulher voltou então para os braços de Harry. O homem estranhou o apagão repentino das pequeninas lâmpadas.
- Pisca-pisca vagabundo. – o garoto falou e a ex-namorada riu.
A música voltou ao seu ritmo lento do início, e ela pensou em desistir do que faria a seguir. Lembrou-se de tudo o que ela e o homem à sua frente haviam passado juntos. Mesmo estando com uma raiva imensurável dele, eles tiveram bons momentos. Mas era ele ou ela. E ela optou por salvar a própria vida. Deixou que algumas lágrimas escapassem. Aquela mesma canção estava embalando mais uma vez a despedida dos dois. Esta, porém, era definitiva.
- Quem você acha que é para chorar? – o homem cantarolou outro trecho e soltou-se da garota, ficando de costas para a piscina. Olhou agoniado para a mulher a sua frente.
nada disse. Apenas se aproximou de Harry e acariciou o seu rosto atormentado. E ao som do grito de seu cantor favorito, reuniu todas as suas forças e empurrou o garoto na água eletrizada.
Dez segundos.
Foi o tempo necessário para a carga elétrica chegar ao seu coração e interromper seu ritmo cardíaco. A eletrocussão não o matou como em desenhos animados onde você é frito enquanto seu corpo pisca como fogos de artifício e todos conseguem ver seus ossos. Ela foi... Serena. E nem mesmo as roupas e a sola de borracha do sapato puderam evitar a sua morte, já que a água é um grande condutor de eletricidade.
A garota então, ao olhar o corpo sem vida do garoto boiando, se ajoelhou e cantou o último verso da música, chorando.
- Isso é adeus...

XxxxX


desceu as escadas em disparada. Abriu a porta do casarão medonho e correu até o portão principal. “Droga! Está fechado!”, a mulher notou ao fazer pressão sobre a trinca. Pensou em pular os muros, mas desistiu dessa hipótese ao concluir que mesmo que conseguisse escalar o paredão de concreto, ao ter que pular para o outro lado possivelmente quebraria uma perna. Resolveu então contornar a casa e ver se achava outra saída.
Viu, então, nos fundos da mansão, uma das suas companheiras de xilindró parada na beira da piscina. Ela estava chorando. Aproximou-se mais e percebeu que havia um corpo a boiar na água.
- O que você fez? – ela perguntou boquiaberta.
virou-se assustada.
- A culpa não foi minha, era eu ou ele, e... – a garota estava desesperada. riu do descontrole da mulher.
- Tudo bem. Não acha que fiz o mesmo para estar aqui? – ela encarou a outra.
Após contarem o que havia ocorrido – e como havia ocorrido - brevemente uma à outra, tentaram juntas buscar uma saída.
- Como você consegue não chorar em meio a isso? – a de vestido perguntou abismada.
- Se eu deixar meus olhos bem abertos, talvez saiam lágrimas. – a outra respondeu.
- Precisamos da chave. – concluiu, balançando a cabeça e voltando a raciocinar, e assentiu, roendo a unha do indicador pensativa.
- Acho que devemos ligar para a polícia. – a mulher deixou de roer a unha e acrescentou.
- Com que celular? O Harry tirou todos os meus pertences e não deve estar em um lugar óbvio, como na mesa de centro da sala.
- Certamente. Por isso, eu peguei o do meu defunto. – amostrou o aparelho eletrônico que antes era de Liam e a olhou assustada. “Como ela consegue falar disso com tanta naturalidade?”, se perguntava.
então discou o conhecido número e esperou impaciente que o telefone fosse atendido. Após relatar o acontecido de forma breve, desligou o celular.
- Estão rastreando o aparelho, já que eu não sabia dizer onde estávamos. – a mulher riu aflita. – Em breve chegarão.
- Mesmo assim, é melhor tentarmos achar a chave. E quem sabe encontrar mais uma sobrevivente.
- Ok, eu checo o terreno e você a casa, pode ser? – perguntou e assentiu, levantando-se.
Então as mulheres se separaram.

Parte IV


subiu a escadaria que dava ao segundo andar de forma ruidosa. Balançou a cabeça, consternada. Se separar de fora a decisão mais estúpida que poderia ter tomado, principalmente quando é você que está retornando para dentro de uma casa com assassinos em potencial. “Vai que outro alguém está vivo?!”, a mulher refletiu. Abriu a primeira porta e encontrou um casal dormindo. “ e Louis, eu acho”, a garota tentou lembrar-se das apresentações feitas no galpão.
Foi em direção a eles e encostou uma das mãos na perna da garota. Gelada. Ela se afastou em um pulo da cama, e agora, reparando os detalhes, notou que a pele de ambos estava extremamente pálida e havia manchas de sangue na blusa branca de . Os vasos sanguíneos da mulher haviam estourado. Viu a seringa ao lado do braço dela e concluiu que algo muito forte deveria de estar ali dentro.
Voltou ao seu objetivo inicial e contornou o cômodo em busca da chave.
Nada.
Respirou fundo e saiu do quarto, observando mais uma vez o casal de mãos dadas.
- Pelo menos terminaram juntos.

Dirigiu-se, então, ao quarto que ficava na outra extremidade do corredor. Os passos quase inaudíveis. Tinha que ser cautelosa. Abriu a porta e viu-se no cenário ensanguentado onde ocorrera a morte violenta de Liam. Engoliu em seco. Revistou todo o cômodo e viu em cima da mesa, encostada à parede, uma seringa. “Vou injetar na minha perna para ver o que é.”, a garota rolou os olhos ao ter esse pensamento ridículo. Viu também os instrumentos altamente cortantes que Payne utilizaria na morte de . Ela arregalou os olhos. “Se livrou de uma morte e tanto, .”, refletiu.
Decidiu olhar também na gaveta do criado-mudo que estava do outro lado do quarto. “Psicopatas também cometem erros e podem ser previsíveis.”, pensou. E foi nesse instante, enquanto estava abaixada e revistava a gaveta, que ouviu um tilintar de chaves. Olhou para trás com receio.
- Procurando por isto, docinho? – Horan balançou mais uma vez o chaveiro em sua mão e encarou a mulher que se encontrava estática e apavorada.
respirou fundo e tomou coragem.
- Sim – ela respondeu e se levantou. O garoto riu. – Que tal fazermos uma troca? – a garota sugeriu e o homem pareceu interessado no que ela poderia lhe oferecer – Você me entrega a chave e eu tento por um pouco de sanidade na sua cabeça. – ela sorriu debochada ao se aproximar perigosamente do garoto.
- Está me chamando de maluco? – Niall se irritou.
- Não, imagina! – sua voz estava carregada de sarcasmo – É supernormal você e sua gangue sequestrarem seus amores do passado para matá-las de uma forma psicótica. – ela hesitou, apreciando com grande satisfação a expressão do homem. – Eu mesma já fiz isso com cinco ex-namorados. – ela sorriu irônica, cruzando os braços e dando de ombros.
Horan não se aguentou e segurou a garota com demasiada força, prendendo-a em um aperto de urso.
- Não brinque com isso. – ele sussurrou de forma maligna no ouvido da mulher. – A obsessão leva à loucura. – comentou ao recordar-se do seu caso com .
- Me solta! – tentou se afastar dos braços de Niall, fazendo com que os dois se deslocassem para mais perto da mesa de ferramentas assassinas de Liam. A mulher fincou as unhas na epiderme do garoto. Ele grunhiu.
- Vou pintá-las com ácido sulfúrico. – ele disse e removeu as unhas da mulher de sua pele. - Acha mesmo que pode lutar contra mim? Você nessa carcaça frágil acha mesmo que pode sobreviver aos meus ataques? Diferentemente de Harry, não sinto nada por você e não me sentirei culpado em matá-la. – enquanto Niall se preocupava em jogar na cara dela o quanto era forte e indestrutível, a mulher, sorrateiramente, conseguiu movê-los até a mesa e então pegou a primeira coisa que veio em sua mão. A seringa. “Espero que tenha algo venenoso nesta porra!”, a garota desejou.
Após o discurso egocêntrico do homem, injetou a substância da seringa na coxa do garoto.
- DESGRAÇADA! – o homem, ao sentir a agulha adentrando em sua carne, gritou. Empurrou a mulher contra a parede mais próxima e tratou de tirar a seringa de sua perna com medo de que ali pudesse haver um conteúdo letal.
Esperou alguns segundos e nada aconteceu. Riu debochado para a garota que massageava a cabeça, observando em seguida a mão suja de sangue.
- Estúpida. Acha mesmo que uma agulhinha à toa me faria... – a frase não foi completada. Niall sentiu as pernas se enrijecerem e caiu no chão com um estrondo entre seu corpo e o piso do quarto.
agradeceu a Payne mentalmente por ser tão cruel, e levantou-se com certa dificuldade devido a pancada forte na cabeça e a sua colisão com o chão. Preparou-se para andar, mas seus passos foram interrompidos pela voz debochada de Horan.
- Onde pensa que vai, mocinha? - O garoto apontou a arma que havia acabado de sacar. – Para o chão! – ele ordenou ríspido e a mulher se abaixou com as mãos na cabeça. “É o fim”, concluiu ela.
E com um sorriso de canto Niall questionou:
- Qual é o seu último desejo?

XxxxX


terminava de revistar a área da piscina, antes de entrar no galpão que inicialmente estavam. Ligou o interruptor e um déjà vu a atingiu. “Déjà vu que nada! Você realmente viveu isso, ”, a mulher refletiu. Buscou então em todos os lugares do imenso galpão por algum chaveiro.
Absolutamente nada.
Bufou descrente. Apagou as luzes e saiu do local. Viu então, mais distante, um portãozinho. “Esta é a nossa válvula de escape!”, ela se animou indo até a placa de metal. Suspirou cabisbaixa ao notar que estava fechada. “Merda!”, pensou enquanto chutava o portão. Detalhista como sempre, reparou quando um pedaço de cetim preto pousou diante de si. Relembrou-se então da echarpe que usava.
- Que puta! Fugiu e fechou o portão! – ela só faltava xingar os avôs da garota, já que pais, tios e possíveis irmãos já haviam recebido os maldizeres.
Deixando de lado toda a sua frustração, correu para a parte do quintal que ainda não tinha olhado. Ficava no lado oeste da mansão. Deparou-se então com o corpo de esparramado no chão e arregalou os olhos, assustada. Era triste ver que nem todas as garotas haviam tido a mesma sorte que ela, e, agora, .
Resolveu checar o pulso da mulher só para confirmar o falecimento dela e não se sentir culpada por não prestar socorro a um ferido. Mas antes que pudesse fazer isso, ouviu um grito demasiadamente alto vindo de dentro da casa.
- DESGRAÇADA! – a voz grave, provavelmente masculina, estava exaltada.
.
A garota correu desvairadamente se encaminhando à entrada da casa. Pegou o batedor de brasa de ferro, que estava perto da lareira, na sala de estar da casa, e se direcionou até o segundo andar da onde viam os gritos. Subiu em silêncio, apesar de todo o nervosismo que a acompanhava. Sempre sonhara em fazer parte do elenco de algum filme de terror, mas agora que estava vivendo, não acharia mais assustador nada que aparecesse na máquina de ilusões conhecida por televisão.
Ao chegar mais perto do cômodo, percebeu que era o quarto onde tinha matado Liam. Tremeu ao se lembrar do ocorrido ali. Parou junto à porta do quarto e encarou de soslaio o interior do cômodo. Viu Horan apontar uma arma para , com o dedo perigosamente próximo ao gatilho.
- Qual é o seu último desejo? – o garoto perguntou caído no chão.
- Vai para o inferno! – a mulher disse e bateu nas costas do homem, como se estivesse rebatendo uma bola de baseball, com o batedor de brasa fazendo com que ele caísse e batesse a cabeça no chão com o impulso do golpe, desmaiando. O garoto então se desmoronou de vez no piso do quarto. ajudou a outra se levantar e a abraçou instintivamente.
- Mas diz aí, por que o loiro estava parado de uma forma sexy no chão do quarto? – perguntou rindo após afrouxar o abraço e encarar .
- Bem, isso foi mérito do Liam e do fato dele querer te ver agonizar. Tinha algo na seringa que fez com que ele perdesse os movimentos da perna. – indicou a seringa jogada ao pé da cama.
- Paralisado, mas com os sentidos intocados... – estava juntando as peças do quebra cabeça. – A substância foi retirada do fígado de um baiacu do Caribe. – ela afirmou convicta e não duvidou da veracidade de suas palavras. – O estranho é que o efeito deveria atingir todo o corpo e não somente os membros inferiores. – a mulher salientou.
-Talvez a peçonha natural do loirinho tenha reduzido os resultados do veneno. – disse e as duas riram, começando a sentirem-se incomodadas pelo cenário em que se encontravam.
havia se lembrado da aula de venenos e toxinas com o professor Jones e da pergunta capciosa de Payne: “Diga-me algo que paralise, mas que mesmo assim não altere as sensações da pessoa. Em outras palavras, algo que mesmo com ela estática não a impeça de sentir dor.”. A resposta do mestre fora Tetrodotoxina, uma das neurotoxinas mais potentes encontradas na natureza. Sorriu, sua memória era digna de aplausos quando estimulada por uma dose de adrenalina.
Então, a mulher despertou pelas sirenes da polícia. Estavam salvas. Agora bastava que as autoridades acreditassem em sua versão verídica dos fatos macabros que ocorreram naquela mansão abandonada.
De qualquer modo, sairiam vivas daquele lugar, mesmo que as fichas delas ficassem sujas.
As garotas desceram as escadas e, quando abriram a porta, o portão já havia sido arrombado. Vários policiais e investigadores criminais invadiam o lugar.
Enquanto eram interrogadas e recebiam os primeiros socorros em uma ambulância, um grito foi ouvido.
- A MULHER ESTÁ VIVA!
As duas se entreolharam.
havia sobrevivido.

Epílogo


Na noite fria de Londres, as três amigas caminhavam pelas vielas sombrias de um lugar qualquer. Após uma festa de arrebatar em uma grande casa de show, as garotas estavam embriagadas.
e haviam sido indiciadas por homicídio em legítima defesa, e, por conta disso, algumas horas de trabalho comunitário resolveram o problema.
ficou em uma clínica particular por cerca de três meses, para se recuperar de todas as lesões e retornar para sua vida antiga sem nenhuma sequela. A queda havia lhe custado costelas fraturadas, um ombro deslocado, cortes devido aos vergalhões em que esbarrou durante o percurso, mais uma perna e um braço engessados. As marcas, porém, ficariam, e a garota não gostou nada de saber que ficaria com cicatrizes em seu corpo, mas estava viva e era isso o que importava.
e Zayn estavam foragidos.
Liam, Harry, e Louis tiveram seus corpos enterrados no mesmo cemitério, apesar das circunstâncias.
E Niall, bem... Horan, apesar de tudo, havia sobrevivido, graças a uma hidratação venosa potente e um milagre misericordioso, e foi condenado por tentativa de homicídio, formação de quadrilha, sequestro, obstrução da justiça e uma série de razões. Ficaria atrás das grades por tempo suficiente para que ele desenvolvesse um cérebro e recobrasse a sanidade mental, se sequer um dia havia tido.

, a mais sóbria, guiou as mulheres até uma rua sem saída. As garotas estranharam o motivo de seu ato, mas tinham confiança na amiga. E quando ia comunicar que elas estavam indo para o lado errado, a voz debochada de seis meses atrás vibrou atrás delas. Elas se viraram mesmo já sabendo de quem se tratava. E mesmo com o álcool percorrendo o sangue, elas sabiam que haviam sido traídas. cerrou os dentes ao observar dar passos em direção ao garoto e beijá-lo. estava boquiaberta.
- Sentiram saudades, garotas? – Horan perguntou, apontando a arma em direção às garotas embriagadas.
- Você... – murmurou descrente, mas foi interrompida por :
- Voltou.

E a vítima começou a identificar-se com o sequestrador...

Hoje fugiu da cadeia um homem condenado por tentativa de homicídio, formação de quadrilha, sequestro, obstrução da justiça...” - falava o âncora do noticiário da noite ao lado da foto de um garoto com os cabelos loiros desgrenhados e olhos azuis que transmitiam desprezo.




Fim



Nota da autora: 20/02/2015 Esquecer e perdoar. Apesar de ser um bom conselho, não é muito prático. Esperamos que tenha gostado desta história tanto quanto nós adoramos escrevê-la. Então, deixe seu comentário! Ou já está pronta para encarar outra pequena vingança? HAHA Não somos maníacas, a propósito.

comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.