“Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer que não existe razão?” Eduardo e Mônica – Legião Urbana.
Verão, férias e muita azaração. Era isso o que tinha em mente ao entrar naquele ônibus com direção a uma agitada praia do litoral gaúcho. Apressado, acabou comprando passagem para se sentar no banco referente ao “corredor”. Após brigar com o cobrador do ônibus, dirigiu-se ao lugar marcado no bilhete.
De longe, em silêncio, ela o observava. , uma jovem menina que acabara de passar para o último ano do ensino médio, silenciosamente via aquele “menino-reclamação” se aproximar!
– Opa! – ele disse ao se sentar ao lado dela.
– Oi – ela sorriu sem jeito.
– Vem sempre aqui? – ele falou rindo ao pensar “que garota linda”.
– Raramente – a garota riu da pergunta.
– É, eu também. Viu aquele cara? Eu disse que queria me sentar ao lado de uma velhinha para ajudá-la. Ele falou para mim que não podia, porque você queria que me sentasse ao seu lado. É verdade?
– Eu o quê? – a menina falou assustada.
– Ué, queria minha companhia – disse o menino, sorrindo.
apenas sorriu. Era lenta e tímida demais para uma resposta, mas insistiu e acabou descobrindo que a garota tem medo de baratas, odeia rosa, acha as meninas de sua atual cidade metidas, é fã de e acha lindos meninos de touca como ele...
O garoto acabou contando para que sabia tocar violão, baixo e guitarra, que havia passado na Federal e faria faculdade de Medicina e que seu sonho era ser médico de emergência. Gosto estranho, segundo a garota, que no meio da viagem decidiu dormir um pouco e acabou sendo surpreendida com a cabeça dele em seu colo ao acordar.
– Ei, chegamos! – ela disse, tentando acordá-lo.
– Ah, não! – reclama. Afinal, o colo dera era confortável...
– Você é muito folgado. Sabia?
– Você ainda não viu nada, baby – ele disse e após isso beijou a bochecha dela, saindo do ônibus.
Por um momento, ficou parada, tentando entender por que seu coração bateu tão forte quando aquele menino, que pouco ela sabia sobre, colava seus lábios quentes em sua bochecha. Desceu do ônibus e não o viu mais. Pelo menos durante aquele dia.
foi para a casa de sua família, junto de alguns amigos que já estavam à sua espera. Chegado lá, passaram o dia conversando e fazendo festa. Afinal, estavam de férias. Porém, uma coisa estava o intrigando: por que não conseguia parar de pensar naquela menina?
A cidade estava movimentada. No outro dia, teria um importante campeonato de surf, mas um único pensamento tomava conta de e : “Será que ele/a vai estar lá”?
A menina foi cedo para a praia. Estava linda junto de mais duas amigas! O tempo todo cuidando ver quem chegava e saía de lá. Queria muito ver aquele menino novamente.
Ele acordava tarde todos os dias e aquele não foi diferente. Foi para a praia junto de outros tantos amigos, chegando lá logo avistou a garota e sozinho foi falar com ela.
– Oi, . Tudo bem? Opa, beleza? – disse pra ela e suas amigas, que logo arrumaram algo para fazer, deixando o casal sozinho.
– Tudo bem e você? – falou, dando um beijo em sua bochecha.
– Com saudade!
– Saudade?
– É, saudade. Do seu sorriso, do brilho dos seus olhos.
Ela sorriu e, antes que pudesse falar alguma coisa, ele já estava abraçado nela, dando o primeiro beijo, que foi intenso, calmo e duradouro. sentia o coração bater mais forte. Parecia que todas as borboletas da Terra foram parar em seu estômago.
– Você é tão linda – ele disse, encantado ao final do beijo.
– Não mais que você – respondeu ela, ainda sob efeito de ter dado o melhor beijo da sua vida.
– Venha. Quero lhe apresentar umas pessoas – pegou a mão dela e a levou até seus amigos. A menina sem jeito foi com ele, sendo apresentada aos amigos dele como uma “amiga especial”. Logo saíram de lá, ficando sozinhos, indo olhar a praia do alto de umas pedras.
– É lindo aqui.
– É, sim. Quando criança, eu ficava imaginado o que tinha depois desse mundo de água.
– Também já me perguntei muito isso.
– Você sempre passa o verão aqui?
– Não. Esse é o primeiro ano. Antigamente, eu vinha com meus pais, mas, bem, eles faleceram esse ano. Como moro com minha avó agora e ela passa o verão todo aqui, tive que vir com ela.
– Poxa, lamento – disse ele sem jeito.
– Tudo bem – a menina falou triste.
– Sempre venho. Vou lhe mostrar os melhores lugares daqui – o menino disse abraçado a ela, tentando tirar aquele olhar triste dos olhos da garota.
– Hum, quero conhecer.
– Promete confiar em mim?
– Prometo – a menina disse, sorrindo fofa.
– Então você vai ter o melhor verão da sua vida.
– Espero que sim – a garota disse sorrindo. Logo após, beijaram-se novamente.
As horas pareciam voar pelo simples fato de estarem juntos. Nenhum dos dois conseguia entender o que era esse imã que fazia não apenas os corpos, mas a alma dos dois necessitarem tanto um do outro.
Os dias foram passando e, todos os dias, ele dava um jeito de encontrá-la. Até que...
Manhã de terça-feira. Não que isso importasse muito. Afinal, nas férias todo dia é dia de se divertir. Ele a esperava na praia. Haviam combinado de sair cedo para uma trilha. Seria o dia perfeito – isso nos planos dele. Era o dia do pedido oficial de namoro.
Oito horas da manhã: com sono sentado na praia, esperando a “sua menina”.
Nove horas da manhã: “Como meninas podem demorar tanto para se arrumarem? Deve estar atrasada”, pensava ele.
Dez horas da manhã: “Eu marquei com ela às oito. Será que ela entendeu a hora errada?”.
Onze horas da manhã: “Cadê a minha menina? Será que alguma coisa aconteceu?”.
Meio-dia e não havia aparecido. Ele ligava e ela simplesmente não atendia. O que havia acontecido com a sua menina? Onde foi parar a garota que ele tinha escolhido para chamar de sua?
À uma hora, um SMS dela: “, desculpe. Minha avó passou muito mal à noite. Estou no hospital. Beijos, .”
Ele, sem pensar duas vezes, foi até o único hospital da cidade e logo a encontrou sentada em um banco, tomando uma lata de Coca-Cola, aparentemente triste.
– Ei, tudo bem? – disse, sentando-se ao lado dela.
– ! – ela sorriu ao vê-lo.
– Por que você não me avisou antes? O que aconteceu? – falou preocupado.
– Foi de repente. Vim para o hospital com ela e acabei me esquecendo de tudo. Desculpe.
– Tudo bem. Mas você... Você está bem?
– É, estou...
“Como tirar esse olhar triste dela?”, pensou ele.
– O que aconteceu, ?
– A pressão ficou muito alta. Ela sentiu dor no peito e a gente trouxe para o hospital. Meu tio disse que o médico falou que trouxemos na hora exata. Se não, poderia ter algo mais grave.
– Hum, e você está sozinha?
– Sim. Vou passar o dia e a noite aqui com a vó. Acho que ela tem alta amanhã cedo.
– Sozinha você não fica. Ouvi dizer que uma “alemoa” linda chamou um menino muito forte para ficar com ela – o rapaz disse incomodando, pois sabia que a menina ODIAVA ser chamada de “alemoa”.
– Não sei quem é essa “alemoa” aí – falou bravinha.
– Uma aí que fica me encarando com esse olhar pedindo beijo – ele roubou a Coca-Cola dela.
– Hum... – ela disse, olhando para o lado contrário ao dele.
– , olhe isso.
– O quê? – virou, encarnado-o.
– Isso – o menino disse, aproximando-se e dando um beijo calmo nela. Com saudade.
– , estamos no hospital – falou tímida.
– E eu estou com saudade, ué.
– Aquiete-se, guri.
– Só se ganhar mais beijos.
– Não vou dar.
– Então faço isso, ó – o garoto a beijou mais uma vez. – Roubo! – sorriu marrento e convencido.
– Você não tem jeito mesmo, né?
– Não – sorriu debochado.
Antes que ela pudesse responder, a enfermeira a chamou para ver sua avó que havia melhorado, mas ainda não sairia do hospital. teria que passar o resto do dia lá, mas pelo menos não estava mais sozinha. Se isso era bom ou não, quem poderá saber?
Enquanto atendiam a sua avó, o menino comprou algo para ela comer. Afinal, pelo que pôde perceber, a garota não havia comido nada o dia todo. Bem, nem ela nem ele, já que passou o dia a esperando.
– Está com fome? – falou, abraçando-a, enquanto a mesma se aproximava dele.
– Como você sabe?
– Ouvi dizer que você está doida para dividir a honra de um delicioso jantar no restaurante desse hospital – falou, rindo.
– Jantar? Que horas são? – falou assustada.
– É tarde já, quase dez horas. Venha. Vamos comer que você deve estar de estômago vazio, né?
– Er, bem...
– Venha, lentinha...
– Você vai ver a lentinha. Vai ver – falou brava.
– Ui, a MINHA “alemoa” ficou bravinha, é?
– Já falei que NÃO SOU “ALEMOA”! Mas espere aí. Quem disse que sou sua?
– Ué, eu que estou dizendo.
– Como você se acha!
– Não me acho. Eu sou – disse convencido.
– Como aturo você, hein?
– Está aí uma resposta sem pergunta.
– Resposta sem pergunta? – falou, rindo muito dele.
“Consegui fazê-la sorrir! Consegui, consegui!”, ele comemorou em pensamento.
– É, bem... Pergunta sem resposta. Ah, mesma coisa, .
– Como você é bobo – falou, enchendo o garoto de selinhos.
Horas se passaram e os dois, o tempo todo juntos, enquanto a avó dela dormia. Ele contava as mais diferentes histórias: de terror e comédia. Afinal, amava ver a sua menina sorrir ou gargalhar às vezes.
Como conseguia tirar um sorriso de seu rosto com tanta facilidade? Nem entendia isso. Se era amor, ela não tinha certeza, porém com certeza o que estava sentindo por ele era algo maior e que ela nunca tinha sentido antes. Havia uma necessidade de sentir o gosto do beijo dele, o perfume dele que ficava em sua roupa após um abraço.
– Sério. Você vai ver. Vou lhe mostrar que sei surfar melhor que o carinha lá que ganhou. Só estava num dia não muito bom – falou, rindo da vaca¹ que tinha levado no dia anterior.
¹ Tombo, queda.
– Aham. Vi bem ontem.
– Bah, mas gosta de me contrariar, né?
– Amo. Você é chato.
– Você me ama?
Antes que ela respondesse, e após ficar muito vermelha, sua avó acordou e chamou a menina.
Os dois ficaram juntos e depois de conhecer a avó da menina, ele começou a frequentar a casa dela. Todos o achavam o casal perfeito. Era incrível ver o jeito que os olhos brilhavam quando um encontrava o outro. sempre engraçado. Amava fazê-la sorrir e, se a via triste, independente do motivo não media esforços para conseguir ver sua menina feliz. E, se o choro viesse e fosse incontrolável, com certeza era no abraço dele, no colo de seu amado que ia procurar consolo.
fez com que ela confiasse nele como nunca havia confiado em ninguém antes. E, por conta dessa confiança toda, ele sabia dos maiores segredos e medos da menina. sempre foi uma menina tímida, de poucos amigos e que pouco contava sobre sua vida, sentimentos? Isso era algo quase impossível de saber sobre ela. Bem impossível para qualquer um que não fosse o seu . Ela tinha certeza de que, com ele, queria passar todos os dias de sua vida, mas por vergonha não iria falar isso ao garoto. Não ainda...
, que sempre se deu bem com garotas, dessa vez não queria olhar para nenhuma que não fosse a sua menina. Ela havia o conquistado de tal maneira que o menino não conseguia pensar em nada além de maneiras de surpreender a amada e de vê-la sorrir. Queria estar com ela o tempo todo e realmente era raro o momento em que não estavam juntos naquelas férias. E mais raro o momento em que não estava pensando nela.
Os dois tinham apenas um objetivo: fazer daquelas férias as melhores de suas vidas e jamais se esquecer ou se separar um do outro.
Um mês se passou e, depois de um pedido formal de namoro, na praia após ganhar um campeonato de surf de lá, em uma bela noite de luar, ele buscou a garota em sua casa para um jantar a dois.
– Como você está LINDA – disse ao ver entrando no carro dele.
– Não mais que você, meu amor – ela disse sorrindo ao beijá-lo.
“Essa noite vai ser perfeita”, era a única coisa que o garoto conseguia pensar
– Logo chegamos, amor – ele disse, começando a dirigir. Ela apenas concordou com a cabeça e, quieta como sempre fazia, foi olhando pela janela, admirando a bela lua que tinha.
Logo chegaram. O lugar ficava a uns dez minutos da casa dela. Era uma cabana linda e aconchegante que o menino havia preparado especialmente para aquele momento.
– Que lugar lindo! – ela disse ao entrar.
– Fiz pensando em você... – respondeu tímido.
– Você é perfeito! Perfeito!
– Concordo! – falou, fazendo uma careta fofa e ao mesmo tempo a incomodando.
– Seu chato! – disse, fingindo estar bravinha
– Chato nada. Sou perfeito, ué! – falou convencido, tentando não demonstrar o nervosismo!
– Como aturo você, ?
– Nem eu sei, meu amor, mas sei que amo você! – falou fofo.
Ela sorriu, dando um beijo nele.
– Finalmente... Achei que não ganharia beijo hoje e tal.
– Como consegue ser tão chato, hein?
– Como você consegue ser tão linda?
– Pare, – disse tímida.
– Estou sendo sincero. Apenas isso – disse fofo, entrando com ela na cabana iluminada com velas espalhadas cuidadosamente pelo quarto, junto de algumas pétalas de rosas, sem se esquecer do fondue de chocolate em um canto do quarto, coberto de almofadas e com um ambiente romântico envolvendo do lugar!
– Eu amo você! – ela disse um pouco antes de sentir seu abraço quente e suas mãos percorrerem calmamente seu corpo, enquanto ele a beijava.
Sentaram-se nas almofadas, com ele dando pedacinhos de morango cobertos de chocolate para ela. A menina estava em seu colo, dando beijinhos e falando coisas do dia a dia, como o medo que o tinha de lagartixa, pois, segundo a sua avó: “lagartixa come dedo de moleque arteiro”. Não que ele fosse arteiro... Ou falando do pânico que ela tinha de sapos e de não saber diferenciar anfíbios desse tipo. As horas foram passando e os dois ficaram abraçados, esquecendo-se de tudo, esquecendo-se do mundo. Ou melhor, dando importância apenas ao mundo deles, que era o sorriso um do outro.
– Chega, . Eu já comi demais – ela falou rindo do seu amado que tentava fazê-la comer o tempo todo.
– Ah, amor. Mas está tão bom, poxa – ele fez um cara de cachorro sem dono irresistível a um beijo dela.
– Não faça assim, amor...
– Assim como? – ele sorriu, fazendo o coração dela disparar ainda mais forte.
– Assim... Assim... – ela disse, dando selinhos nele.
Selinhos que deram lugar a beijos, beijos calmos que foram ficando intensos e tomando proporções maiores. À medida que ele a beijava, os corpos colados sentiam o arrepio que um causava no outro. O menino com o membro ligeiramente animado a beijava sem pressa, passando as mãos pelo seu corpo, colocando as mãos em sua cintura e levando até as partes íntimas dela, que se deitava sobre as almofadas e as pétalas de rosas, tirando a camiseta dele e tacando em algum lugar do quarto. Ele tirou sua blusa e, passando as mãos pelo corpo da menina, beijava-a cada vez com mais desejo, porém sempre calmo. Ela alisava as costas dele enquanto que, com os pés, descia sua bermuda e boxer preta, deixando transparecer toda a sua excitação.
Ele desceu, beijando seu corpo e tirando o que restava de roupa dela. Após brigar com o sutiã, tratou de juntá-lo às outras peças de roupas espalhadas pelo quarto, passando as mãos no corpo dela. Beijava seus seios enquanto tirava o short e calcinha que a menina vestia, deixando-a completamente nua e entregue a ele. Ele desceu, beijando-a, chegando até a intimidade dela e dando beijos até iniciar com a língua movimentos circulares em seu clitóris. Ela gemia, puxando o cabelo dele, arrepiada com seu toque, e logo teve um orgasmo, fazendo-o sorrir e voltar a beijá-la, subindo os beijos. Enquanto lhe dava um beijo calmo, penetrou lento e com cuidado. Ela o abraçou forte, entregando-se completamente, enquanto ele fazia movimentos lentos pelo fato de essa ser a primeira vez dela. O menino não suportava a ideia de fazê-la sentir dor.
Ela foi se acostumando e deixando a dor dar lugar para o prazer que logo se tornou o único sentimento de ambos. O garoto se movimentava rápido, gemendo em seu ouvido, enquanto ela gemia de prazer – um prazer que jamais pensou existir. Chegando juntos ao ponto máximo de prazer e logo após deitando sobre as almofadas, ela deitada com a cabeça sobre seu peito, abraçados, acabaram adormecendo.
Um novo dia chegou e, com ele, mudanças em suas vidas. Ao chegar a casa, viu seu tio junto da família dele e, sem entender nada, perguntou por sua avó, que dessa vez havia passado mal, mas nada se pôde fazer. Era como se o mundo dela tivesse desmoronado. , junto dela, nada podia fazer se não abraçá-la.
As coisas aconteceram muito rápido e o decidido foi que ela moraria com seus tios nas férias e, durante as aulas, estudaria em uma importante escola nos EUA. aceitou, pois se sentia como uma intrusa na cada de seus tios. Porém, só conseguia pensar em uma coisa: “como viver longe de ?” Menor de idade e sob a guarda de seu tio duas semanas depois do falecimento da avó, embarcou para uma viagem sem data marcada para acabar. Deixou no Brasil seu amado e a insegurança de tocá-lo mais uma vez.
Três dias antes da viagem:
– Promete não me esquecer? – pedia a todo momento para ela, jurando pra si mesmo nunca esquecer a sua menina.
– Como esquecer o amor da minha vida? – a menina respondeu chorando, abraçada nele e olhando o mar que em breve separaria os dois.
– Fique comigo, . Eu... Eu vou estudar, mas trabalho. Consigo sustentar nós dois – o garoto pedia com medo de se ver separado dela.
– Não posso, . Eu... Eu não posso, meu amor – seu coração queria ficar, mas não seria justo talvez estragar um futuro profissional brilhante que ele podia ter. Os pais deles jamais aceitariam.
– , posso fazer outra faculdade. A gente sai daqui. Seu tio não vai ligar. Ele com nada vai gastar. Eu... Eu não quero ficar longe de você.
– Seu sonho. Você vai realizar seu sonho. Vai estudar e eu... Vou estudar, formar-me e, quando fizer dezoito anos, volto para o Brasil. Mas antes disso a gente vai se ver e se falar todos, todos os dias.
Os dois falavam pausadamente. Insegurança era um sentimento comum em ambos. Ela chorando, ele tentando ser forte.
– Eu vou amar você para sempre, . Acredite em mim. Acredite que vou amá-la para sempre. Vou esperá-la para sempre. Acredita?
– Eu o amo, para sempre – ela falou, dando um último beijo nele, antes de seu tio a obrigar a entrar no carro, indo com ele. Todos os dias, desde a morte da avó dela até aquele dia, esteve ao lado da menina, sob ameaças do tio dela que só tinha um pensamento: não ter que se preocupar com a sobrinha, mas administrar o dinheiro que ela era herdeira, obrigando-a a mudar de país com as ameaças de tirar do seu amor a bolsa de estudos que ele havia conseguido para cursar Medicina numa das melhores faculdades do país.
sempre soube que o sonho do era ser médico e, apesar de todo jeito brincalhão dele, o rapaz sempre levou a sério os estudos. Ele foi criado apenas pela mãe. O sonho dela era ver o filho formado e o dele era que ela sentisse orgulho dele. sempre admirou muito isso nele e jamais poderia correr o risco de tirar de seu amado esse sonho. Sabia que o tio não tinha boa índole. Sua avó dizia sempre isso. Achou melhor não discordar. Apenas obedeceu as ordens e foi estudar fora.
No primeiro mês, eles conversavam horas por dia. A saudade aumentava cada vez mais. Com a faculdade e a falta de tempo, as conversas foram se tornando menos frequentes e, após ver fotos dele com outra menina, ela resolveu parar de conversar. Outra menina que, sim, gostava de , mas a quem ele nunca havia cedido às investidas.
começou a ficar mais tempo em off na internet, a parar de esperá-lo entrar e a se contentar em ver apenas fotos do seu amado sorrindo. Não para ela, mas para outras pessoas. Ele não a tratava mais como namorada e ela fazia o mesmo com ele, até que cerca de nove meses depois um não sabia mais nada um do outro.
tentava falar com ela, queria saber como a menina estava, mas a frieza com que ela o tratou nas últimas vezes o fez pensar que sua amada talvez não fosse mais dele. Talvez nem ao menos se lembrava dele.
Hey there now. / Where'd you go? / You left me here so unexpected / You changed my life. / I hope you know / ‘Cause now I'm lost, / So unprotected.” “Oi para você. / Aonde foi? / Você me deixou aqui. Foi tão inesperado. / Você mudou minha vida. / Eu espero que saiba / Porque agora estou perdido, / Tão desprotegido.”
Meses se passaram e, com eles, a dúvida e curiosidade de saber onde ela estava. O garoto não conseguia namorar, não conseguia ficar com uma garota duas vezes seguidas, pois procurava em outras o coração disparado, os sentimentos que só conseguia sentir com ela. Ele tinha certeza de uma coisa: aqueles sentimentos só podiam ser sentindo com seu grande amor e o grande amor da vida dele era ela.
“In a blink of an eye,” “Em um piscar de olhos,”
“I never got to say goodbye.” Eu nunca pude dizer adeus.”
Ele então se dedicou totalmente à faculdade, tentando esquecer a sua menina, mas isso era impossível e todos os dias a sentia por perto. Sentia o perfume dela. Quando queria desistir, conseguia ouvir a voz dela o mandando continuar. A voz dela não deixando desistir, não deixando que barreiras estragassem seu sonho.
“Like a shooting star / Flying across the room, / So fast so far, / You were gone too soon. / You're part of me / And I'll never be / The same here without you. / You were gone too soon”
“Como uma estrela cadente / Atravessando a sala, / Tão rapidamente, / Você se foi muito cedo. / Você foi uma parte de mim / E nunca vou ser / O mesmo aqui sem você. / Você se foi muito cedo.”
À medida que o tempo ia passando, a culpa por não ter corrido atrás tomava ainda mais conta dele. Um ano e meio depois, ele voltou ao lugar do primeiro beijo dos dois, exatamente no dia que ela completava dezoito anos.
“You were always there. / And, like a shining light / On my darkest days, / You were there to guide me. / Oh, I miss you now. / I wish you could see / Just how much your memory / Will always mean to me. / In a blink of an eye, / I never got to say goodbye.” “Você estava sempre lá. / E, como uma luz brilhando / Em meus dias mais escuros, / Você estava lá para me guiar. / Oh, sinto sua falta agora. / Gostaria que você pudesse ver / O quanto sua memória / Será sempre importante para mim. / Num piscar de olhos,
Eu nunca pude dizer adeus.”
Sentado na areia da praia, olhando o mar, ele sentiu alguém se aproximar. Sua visão estava embaçada devido às lágrimas que caíam de seu rosto ao se lembrar de seu amor e da falta que ela fazia, mas ele sentiu o perfume. O perfume dela que ele tanto procurou e sonhou em sentir de novo. Sem dizer nada, olhou para o lado e, chorando com um bebê de nove meses em seu colo, lá estava ela, o seu grande amor. Nenhuma palavra foi dita naquele momento. Apenas lágrimas de saudade se misturaram às de alegria em saber que tanto ele como ela haviam cumprido a promessa e as juras de amor. Amor que se multiplicou e que hoje ele tomava em seus braços pela primeira vez.
Note da autora: Então, o que acharam? Confesso que essa fic teria um final diferente. Na realidade, estava escutando Gone Too Soon do Simple Plan quando tive a idéia. Escrevi essa fic praticamente escutando o tempo todo Gone Too Soon, Summer Paradise, ambas do Simple Plan, e Lembranças de Maio do Gloria. À medida que fui escrevendo, mudei totalmente o roteiro que tinha criado e, sim, ela não teria um final feliz! Acho que vocês devem ter imaginado o “pior” como final, né? Pois é. Não consegui. :x Achei tão linda essa história de amor que não seria justo os dois não ficarem juntos, ainda mais com uma filha linda! Haha. E, para quem não entendeu o nome, enfim ela se chamaria “Gone Too Soon”, mas já existia fics com esse nome no site, então tive que trocar.
Os links pra todas as minhas fics estão no blog: Só Mais Uma Vez Pra Mim. Essa é minha quinta fic aqui no FFOBS! Gostou? Comente e faça uma quase autora feliz! Quem quiser falar comigo, é só seguir: @jeh_fra.