Transtorno dissociativo de identidade, você deve conhecer como personalidades múltiplas. Mas vou explicar melhor o que vem a ser isso com ajuda da nossa tia Wikipédia. Transtorno de múltiplas personalidades é uma condição mental onde o indivíduo apresenta várias característica de identidades distintas, cada uma tendo seus pensamentos e maneiras diferentes de agir, também causando perda de memória temporária. Resumindo em poucas palavras é isso.
- Temporary Insanity
Respirei fundo mais uma vez. Fechei os olhos em meio da escuridão tentando me focar em qual seria o enredo de meu próximo livro, mas a imagem de não saia de minha cabeça por nada. A luz da metade da cidade havia acabado, e eu estava deitada em minha cama escutando música em meu iPod. Já era noite, mais ou menos três da manhã, não sei ao certo. Considero a madrugada minha melhor amiga para pensar, geralmente é no meio da noite que tudo começa a fluir e uma explosão de inspiração toma conta de meu corpo, uma euforia sem igual. Queria poder abraçá-lo. Droga, mais uma ver meus pensamentos sendo roubados pelo meu amigo de infância. Já disse a mim mesma que não podia mais acontecer isso, ele estava noivo e se casaria logo com Cleo, o problema é que; essa minha insanidade temporária por ele nunca tem fim! Desde quando éramos pequenos tenho essa paixão obsecada, sempre cuidou de mim, e somos praticamente irmãos. Me sinto uma idiota com isso. Quando estamos perto fico confusa, perco a fala e às vezes não sei nem o que fazer. Não preciso nem mencionar que quando ele sorri, sinto que meu mundo é perfeito. Já cheguei varias vezes ao pondo de confessar e me liberta dessa prisão, mas quando vejo o que pode acontecer, desisto. Ele tem uma namorada linda e uma banda perfeita. Não posso atrapalhar sua carreira e quem sabe uma futura família, em troca de viver uma pequena aventura com sua amiga de infância, que mais parece uma freira. Sim, meu cabelo comprido e sem corte me deixa com cara de pateta, minha pele sem vida e meus olhos sem cor completam a paisagem. Essa sou eu. Uma mulher sem alma, que não viveu nada e mora em seu apartamento com um furão chamado Dylan, todo cinzar claro com os peitos branco, uma gracinha. Minhas roupas não ajudam em absolutamente nada, meus óculos grandes e redondos me dão um ar de nerd, o que não é mentira, sou uma nerd mesmo. Meu celular tocou, me assustando. Estiquei o braço e o peguei na cabeceira, vendo que era o próprio diabo me ligando. O medo de atender me dominou, mas eu necessitava escutar sua voz.
– Oi. – atendi e me sentei na cama.
– ? – perguntou do outro lado da linha. – Te acordei?
– Não, estava apenas deita. – dei um meio sorriso sozinha, ele sempre tão preocupado comigo.
– Está ocupada? Escrevendo ou pensando em algo para virar um grande Best Seller? – atrás de suas brincadeiras, pude sentir que ele estava tenso.
– Não. Diga logo o que quer me falar . Você nunca me liga às três da manhã para perguntar se estou escrevendo. – eu o conhecia muito bem, e sabia que queria contar algo.
– Acabei de escrever uma música e preciso mostrar para alguém. – disse ansioso.
– Cadê a Cleo? – levantei e caminhei até a janela do quarto vendo a cidade apagada e a única coisa que a iluminava eram os faróis dos carros nas ruas.
– Foi para casa dos pais dela, e além do mais, ela nunca presta atenção quando toco. – enquanto ele falava eu fazia desenhos no vidro. – Posso ir ai em seu apartamento? – pediu.
– Claro. Mas, esse lado da cidade está sem luz, quando estiver chegando me ligar para que eu desça e abra o portão para você. – avisei.
– Ok. Até daqui a pouco.
– Até. – encerrei a ligação e escorreguei com o aparelho pela lateral de meu rosto, dando um sorriso besta.
Continuei de pé em frente à janela olhando para o visor de meu celular, até ele se apagar. Era incrível como uma mulher de 22 anos pode se parecer com uma adolescente boba quando recebe uma ligação do carinha que curte. Era uma loucura querê-lo. Algo impossível e errado. Na verdade um verdadeiro pecado cobiçar o homem da próxima. Deveria ser assim? Sim, deveria. Mas o caso é que isso simplesmente não significa nada para mim. Regras são para serem quebradas e lei para serem reescritas. Toda verdadeira historia de romance tem um final feliz, só os ousados chegam ao final e mudam tudo. E essa era a minha historia, na qual irei mudar, onde o mocinho é mal e a vilã é boa. Desde quando comecei a escrever, penso dessa forma. O clichê é para ser mudado e transformando em um conto onde todos vão aclamar por ser bem escrito. Nasci para isso, transformar o errado em certo corre por minhas veias. E mesmo que eu não aparente nada disso, digo. Em cada hora viro uma personagem minha, e até agora vivi a tímida acanhada. Quem sabe amanha, não viro um sado masoquista selvagem? Ainda não consegui em encontrar, sinto a falta do meu par, que não faço questão que seja perfeito, apenas que seja ele. E acho que é isso que me falta. Algo que me complete. Poder respirar fundo, abrir os olhos e encontrar os dele. Ok, estou começando a filosofar, ou talvez tentando. Esse é o problema de você ser escritora, seus pensamentos começar a se tornar estranhos e quando você percebe, está pensando da forma que escreve. É esquisito, mas tudo bem. Meu celular vibrando tomou minha atenção. havia chegado. Nossa, ele veio voando. Corri em meio da escuridão até a cozinha dando topadas nos móveis pelo caminho, para chegar à gaveta de talher e pegar uma vela. Com um pouco de dificuldade, consegui. Acendi a vela com o isqueiro que também tinha na gaveta e sai pela porta da cozinha, descalça e de pijama. Estava verão, então não me incomodei de estar com uma blusa gigante e de calcinha de short. Desci pela escada de emergência, com a mão na frente da chama da vela para que ela não apagasse. Às vezes dou graças a Deus por ter comprado um apartamento no primeiro andar, já que a porcaria do elevador vivia enguiçado. Assim quando cheguei à portaria abri a porta de vidro e com os poucos carros que passavam pela rua, pude ver a silueta de . Corri até o portão, o que vez a porcaria da vela se apagar. Escutei o palhaço rindo por causa da vela. Destranquei o portão, e quando ele passou por mim, o empurrei.
– Hey, por que me empurrou? – perguntou tropeçando nos degraus que davam para a portaria.
– Bem, feito, podia ter caído. – falei rindo. – Você ficou rindo que a vela apagou, agora quero ver como vamos subir as escadas. – passei a frente dele. – Espero que sua música seja realmente boa para ter vindo até aqui depois das três da madrugada.
– E é. Não vai se arrepender. – fomos andando até chegamos às escadas. – Vou pegar meu celular para iluminar.
Fiquei quieta esperando que ele pegasse logo o celular.
– Esqueci no carro. – disse depois de um tempo.
– Só você mesmo, . Ande, me dê sua mão para que eu vá te guiando. – demorou um pouco até que ele finalmente encontrasse minha mão.
Senti um arrepio percorrendo por todo meu corpo quando nos tocamos. Minhas pernas começaram a tremer de leve. Por mais que me concentrasse em meus movimentos, com ele ali tão perto era impossível, e com isso, acabei tropeçando na escada que era de madeira oca e praticamente caindo. O barulho foi enorme, pensei ter acordado o prédio inteiro. Subiu um calor assustador tomar conta de mim, quando as mãos dele seguraram minha cintura por trás me ajudando a ficar de pé. Não faça isso. Meu coração ficou tão acelerado que estava difícil de respirar de tanto que ele esmurrava meus pulmões. Vamos lá, tente contar de um até dez bem devagar.
– Está bem? – fechei os olhos quando escutei sua voz sussurrar em meu ouvido, afirmei com a cabeça, mas me lembrei logo em seguida que ele não deveria estar vendo nada.
– Estou. – respondi com tortura. não podia estar fazendo isso comigo.
Certamente não era de propósito, ele estava apenas preocupado e falando baixo para que não incomodar os vizinhos. Mas eu estava me sentindo provocada. Meu corpo latejava desejando pelo dele. Trinquei a mandíbula e prendi a respiração. A vela que estava em minha mão, acabou quebrando de tão forte que a segurei. A coragem me faltava para que eu me virasse e o beijasse ali mesmo. Em guerra com minhas pernas as forcei continuar subindo as escadas, ainda com as mãos dele segurando minha cintura, e a cada momento mais forte.
– Tire suas mãos daí. – soltei um gruído de agonia.
Minhas forças já eram praticamente nulas. Meus lábios formigavam de desejo. Segurei o corrimão de madeira com a mão livre tentando me manter. Foi uma má ideia ter deixado ele vim até aqui no meio da noite. Travei. Não conseguia mais ir para frente e nem para trás. Engoli em seco quando subiu no mesmo degrau que o meu, fazendo nossos corpos se encostarem. Pare, não chegue tão perto. Ainda não sou uma personagem ninfomaníaca.
– , o que está havendo? – perguntou com a maior inocência, ainda sussurrando. – Você está tremendo. – sim, estou. E meu autocontrole estava no fim.
Eu não podia, ele nem se quer tinha noção dos meus sentimentos, dos meus anseios. veio até aqui para me mostrar a música que tinha acabado de escrever e não com segundas intenções. Seu queixo esbarrou em meu ombro, indicando que seu rosto estava mais próximo do que devia. O que ele estava querendo afinal? Agora em vez das mãos, seus braços que envolviam minha cintura. O cheiro do perfume dele já fazia parte do ambiente. Ele me abraçava, tentando me reconfortar e me acalmar, mas isso não estava dando certo, pelo contrário, estava piorando a situação. Minhas bochechas queimavam.
– Você ainda tem medo do escuro. – concluiu colocando a lateral de seu rosto encostado no meu. Seria mais fácil se o que eu tivesse mesmo fosse medo do escuto. – Não precisa ter medo, estou aqui contigo. – esse sim era o perigo, ele estar ali no escuro comigo.
Isso deveria ser um sonho, ou apenas fantasia de minha cabeça como outra qualquer. Não estava acontecendo de verdade, não podia estar! O pior, é que isso era real. Minha mão direita subiu e alcançou a dele, entrelacei meus dedos com os dele com força, depois fui guiando até a altura de meu peito e a repousei ali para que ele sentisse com meu coração estava acelerado. Umedeci meus lábios com os olhos levemente fechado e puxei uma respiração leve. Me soltei dos braços dele e subi um degrau, virei e fiquei de frente para ele, agora quase da mesma altura. A luz voltou ofuscando um pouco minha visão. Ficamos parados nos olhando, então aproximou seu rosto do meu tão rápido, que nem deu tempo deu pensar, e encostou sua boca na minha com firmeza. O que me pegou de surpresa. Seus lábios macios estavam entre os meus, senti de leve sua língua passar em meu lábio inferior, os molhando e de certa forma pedindo passagem. Eu parecia uma estátua, nem sem quer me mexia. Me afastei e levei minha mão até minha boca, estava apavorada. Meus olhos foram ficando arregalados e quando dei por mim, já tinha acabado de subir as escadas correndo e entrado em meu apartamento. veio atrás de mim correndo e fechou a porta atrás de si, colocando seu violão em cima do sofá. Eu andava de um lado para o outro no meio da sala que nem um rato encurralado. Era isso que eu queria, então porque estava tão assustada dessa forma? Senti o olhar de sobre mim. Foi isso mesmo que aconteceu? Ele tinha acabado mesmo de me beijar? E eu não tinha feito nada?
– Por que fez isso? – perguntei. Precisava saber a resposta.
– Gosto de você. – respondeu e eu não parei de rodar. – Na verdade, não sei. Fico confuso quando estamos juntos.
Existia alguma coisa, na qual ele tinha duvida. Era disso que precisava saber. Minha coragem me possuiu, e minha vergonha ficou fraca. Caminhei até ele e o beijei. Segurei seu rosto entre minhas mãos. Já tinha perdido a conta de quanto tempo ansiava por isso. As mãos de se agarraram em minha cintura com um pouco de duvida do que estava realmente acontecendo. Era até difícil de crer o que tinha acabado de ouvir, ele tinha um sentimento por mim. Mas não, isso não podia acontecer, era meu melhor amigo e tinha uma NOIVA. Era errado. O afastei, senti minhas bochechas arderem mais uma vez. Não tive coragem de encará-lo, apenas fitei o chão com vergonha do que tinha acabado de fazer. Dei um passo para trás, fugindo novamente.
– Não podemos fazer isso. – sussurrei roendo minhas unhas. – É errado. – eu continuava fitando o chão.
– Você tem razão. – ele ficou parado onde estava. – Não deveria ter feito isso, e muito menos ter vindo aqui no meio da madrugada. – senti uma lágrima escorrendo do canto de meu olho, doeu escutar aquilo. – Foi um erro.
– Desculpe. – pedi fechando os olhos com força e querendo me jogar em prantos de joelhos no chão. Estava segurando minha voz de choro ao máximo. – Quer que eu te leve até lá embaixo? – praticamente estava o expulsando da minha casa.
– Não precisa, sei o caminho. – pelo canto dos olhos pude ver pegar seu violão em cima do sofá sair.
Caminhei até a porta e a tranquei. Desliguei a luz e fui para meu quarto enquanto as lágrimas escorriam por meus olhos. Deitei em minha cama e me cobri com meu edredom até a cabeça sem me importar com o calor que fazia. Fiquei chorando o resto da noite e nem me lembro ao certo quando peguei no sono. Acordei com alguém tocando descontroladamente minha capainha, enquanto meu celular e telefone de casa também berravam. Minha cabeça latejava. Me neguei a levantar, mas a pessoa insistia que eu a atendesse, já que começou a bater na porta também. Levantei me sentindo um caco e me arrastei até a porta da sala. Não fiz questão de olhar no olho mágico, acho que já sabia quem era. Assim que abri a porta dei de cara com e sua camisa apertada cor de pêssego, um Ray Ban dourado estava em sua cabeça e as chaves do seu carro pendurado no cós de sua calça skinny jeans clara.
– Agora pode parar de ligar para cá e pro meu celular? – pedi voltando pro meu quarto.
– Menina, olho só para você! Está parecendo uma zumbi. – sua voz fina fazia meus ouvidos doerem, o olhei querendo fuzilá-lo. – Vamos lá, lave esse rostinho lindo que vamos ao shopping. E não acredito que estava dormindo até essa hora. – passou por mim rebolando e abriu as cortinas. – Esse apartamento precisa de uma ventilação, está abafado aqui. – disse se abanando.
– Não tenho nada para fazer no shopping. – rebati e me joguei na cama deitando de bruços.
– A tem sim. Comprar roupas. – puxou meu edredom e o jogando no chão. – ! – gritou com voz grossa. – LEVANTA DESSA CAMA, AGORA. – ele sempre me assustava quando fazia voz de homem.
– Pare com isso. – reclamei tampando minhas orelhas. me olhou irritado. – veio aqui de madrugada. – ele pulou em minha cama.
– Conta tudo! – dei um sorriso sem graça. – Que por final não foi nada legal.
– Ele me beijou, e eu reagi que nem uma criança medrosa. – comecei a chorar novamente. – Fui fraca como sempre. – me abraçou.
– Linda, não fique assim. Você só teve medo do que podia acontecer. – afagou meus braços.
– Estou cansada de ter medo de tudo. – um soluço tomou conta da minha garganta. – Nem mais um livro consigo escrever.
– Olha, eu sei que vou falar uma coisa na qual tenho certeza que você não vai aceitar, mas não custa nada tentar. Que tal irmos para Las Vegas. Só eu e você? – sugeriu. – Lá você pode ter novas experiências e quem sabe consiga até escrever algo novo.
– Ok. – me afastou e ele me encarou sem acreditar na minha resposta. Enxuguei minhas lágrimas e bufei. – Garota patética. – falei comigo mesma. – Então, bicha. Levante essa bunda malhada da minha cama e vamos fazer as malas.
– Hey, espera ai, seu além. Pode ir devolvendo minha amiga. – pulou da cama e colocou as mãos na cintura. – A que eu conheço jamais aceitaria ir para Las Vegas. – lambi meus lábios e dei um sorriso.
– Tem razão. A que VOCÊ conhece é uma garotinha chata que não tem coragem de fazer merda nenhuma. – sorri de lado e encarei aquele pijama grotesco. – Esse troço fede. – o arranquei ficando apenas de calcinha e indo até o armário ver se achava alguma coisa que preste. – Hey, bicha. Me ajude aqui. – falei jogando algumas roupas para fora.
– Não. Espera, isso é uma piada, né? Só pode! – ele pegava as roupas que eu tinha jogado no chão. – Se for brincadeira, não tem graça nenhuma. – estava sério parado ao meu lado. – Você nunca ficou pelada na minha frente, – virou de costas tampando os olhos. – nem fala palavrão e muito menos me chama de bicha. – o encarei dar seu ataque viadesco. Torci os lábios e voltei minha atenção para aquele guarda roupa onde não tinha nada que prestasse. – , estou falando contigo. Dá para pelo menos cobri isso? – apontou para meus peitos com uma só mão tampando os olhos.
– Ah que saco, até parece que você nunca viu um par de tetas. – revirei os olhos e bufei.
Peguei um vestido que ia até as canelas de malha e florido. O joguei em cima da cama e cacei por uma tesoura. Achei em uma das gavetas da escrivaninha.
– Vai ficar me olhando com essa cara de quem está vendo um fantasma? – perguntei enquanto cortava o vestido.
– Você ama esse vestido, não pode cortá-lo! – puxou de minha mão. O olhei e tomei o vestido de volta.
– Ele é meu e eu faço o que quiser. Não vou andar pela rua parecendo que acabei de sair do convento. – reclamei. – Temos que ir mesmo no shopping, não posso viajar levando essas roupas ridículas. – a tesoura não cortava muito, então rasguei o vestido com cuidado até onde queria. Depois o vesti para ver o comprimento. – O que acha?
– Que você está parecendo uma vadia? – o olhei de baixo em cima.
– Legal, e você parece um gay de quinta. – torci os lábios. – A propósito me chamo Rachel. – estendi a mão pra ele. – Se acostuma comigo. – pensei que a bicha ia desmaiar ali mesmo ou se descabelaria.
– , não estou gostando dessa brincadeira. – disse nervoso. Olhei pra janela e fiz um bico de revolta. Esse cara só podia estar de sacanagem com a minha cara.
– Ela nunca te contou, não é? – cruzei os braços e balancei a cabeça negativamente. – Sua amiguinha tem problema de personalidade. E eu sou um das outras personalidades dela.
– O que? – ele se sentou na cama. – A tem personalidade dupla?
– Não querido, ela tem personalidades múltiplas. – falei impaciente, precisava de um sapato de salto. – Onde fica os sapatos?
– Na gaveta do armário. – respondeu impressionado com o que tinha acabado de ouvir. – Ok, seja lá quem for você, devolva minha amiga. Preciso ter uma conversinha urgente com ela. – a voz manhosa dele me irritava.
– Não é assim que a coisa funciona. – expliquei mexendo nas gavetas. – A está no cantinho dela dormindo, agora é a minha vez de tomar a liderança. – senti as mãos do menino segurando meus braços por trás e me virando para que ficasse de frente pra ele. – Me pega com força que eu gosto. – dei uma piscadinha e fiz cara de sapeca, ele me soltou na mesma hora.
– Isso é serio mesmo? – perguntou confuso. – Existe esse negócio de várias personalidades?
– É claro que existe. – acho que eu teria de desenhar para que ele entendesse. – Olha cara, se você quiser, pode fazer suas pesquisar ali. – apontei para o computador. – Fiquei a vontade, é bom que enquanto isso eu acabo de me arrumar. – a bicha foi mesmo para o computador e o ligou. – O que você acha deu pintar meu cabelo de loiro? Ele está tão sem graça. A essa menina é sem graça mesmo, ainda bem que estou aqui agora.
– O que? Loiro? A detesta loiras. – disse exaltado. – Apesar de que ficaria linda.
– Então vai ser de loiro mesmo que irei pintar. Aqui, bicha, qual é seu nome? Nossas memórias são divididas e tem muitas coisas que eu não faço ideia. – perguntei ainda caçando um par de saltos.
– , mas pode me chamar de . – respondeu, ele ainda não acreditava no que estava acontecendo.
– Legal. combina mais com você, bicha. – finalmente achei um sapato de salto preto, estava sujo de mofo, mas nada que um pano úmido não resolva.
– Para de me chamar de bicha! – se irritou.
– Ué, quer que eu te chame de que? – levantei os braços até a altura de meus peitos fazendo cara de nojo. – Você é uma bicha mesmo. – o olhei de cima em baixo. – E uma bicha gostosa.
– Pare com isso. – estava nervoso. – Quero que me respeite, e só não te largo por ai, porque a ainda está ai, em algum lugar. – sorri. Ele ia ter que me aguentar.
– Ok, bicha, digo, . Nós vamos de que para Las Vegas? – coloquei os sapatos no chão e fui mexer nas gavetas do banheiro, necessitava de uma maquiagem para aquela cara de morta.
– No meu carro, e também não sei se quero te levar para Las Vegas comigo. – admitiu. Coloquei a cabeça para fora do banheiro na mesma hora.
– Nem pensar que você vai viajar e me deixar plantada nesse apartamento de velho. – riu, tinha um sorriso bonito. – Por que você é gay? – eu tenho essa mania de perguntar qualquer coisa que vem a minha cabeça, claro, quando algo passa por ela.
– Porque sim? – aquilo foi uma pergunta? – E também não sou totalmente gay, já peguei mulheres. – dei uma gargalhada com aquilo.
– Só se elas fossem machos. Porque você é muito bicha. – voltei pra dentro do banheiro antes que ele me estapeasse.
Fiquei tentando ajeitas aquele cabelo horroroso, mas não tinha jeito. Joguei eles para frente, amarrei um elástico na ponta dele e cortei. Assim quando soltei ele estava todo repicado de forma irregular. Amei, agora só saltava a tinta loira. Encontrei uma maquiagem velha, que tipo de mulher usa isso? Usei o que deu e depois joguei fora, precisava comprar novas. Escovei os dentes e passei um batom vermelho. Arranjei um pano e limpei o sapato. Joguei os cabelos de lado e sai do banheiro. ficou me olhando e então colocou a mão na boca assustado.
– O que você fez com esse cabelo? – levantou da cadeira e veio em minha direção. – Meu Deus! A vai ter um surto se vir isso.
– Olha, vamos colar umas regras por aqui. Você não fala dessa garota chata e eu não te chamo de bicha, ok? – perguntei séria fechando a cara, aquilo realmente estava me irritando.
– Isso vai demorar um pouco. Estava lendo ali no computador e vi que isso pode ser verdade. E você tem que procurar um médico para se tratar. – ficou preocupado.
– Não preciso de médico, estou ótima. – coloquei a mão em seu ombro. – Estou bem, e não se preocupe, ela vai voltar. – lhe dei um sorriso lhe passando segurança. – Também sou legal.
– Não é essa a questão. Só que isso pode ser grave. – abaixou a cabeça.
– Olhe para mim, . – levantei seu rosto. – Está tudo bem. Eu não sei, mas acho que isso deve passar em breve, quem sabe a volte. – tentei lhe tranquilizar.
Na verdade não tinha a menor ideia do que estava falando. E não sei como isso aconteceu, e nem quero saber, o que eu quero é viver.
– Então, vamos pro shopping. E me fala que eu tenho um cartão de crédito sem limite. – fiz uma cara de pavor.
– A sua sorte é que seus pais têm dinheiro. Anda garota veneno. – ele desligou o computador e saiu me puxando.
– Espera, preciso pegar a bolsa. – voltei até o quarto e peguei a primeira que encontrei.
- Gangnam Style
Acordei com o vento e o sol de fim de tarde batendo em meu rosto. Eu e estávamos a caminho de Las Vegas, e mal posso esperar para chegarmos logo lá. Me espreguicei e sorri. Olhei para a bicha ao meu lado que tinha um Ray Ban dourado enfiado no meio da cara, fiquei o observando. Se não fosse por suas roupas justas e seu jeito mole de falar, eu nunca diria que esse cara era gay. Seus traços eram brutos o dando um ar bem masculino, sua barba por fazer ajudava em muito com isso, assim como suas tatuagens. Ele me encarou e sorriu, que sorriso perfeito tinha, era uma tortura saber que esse homem nunca cairia aos meus encantos. Continuei com minha feição séria o olhando, sem me deixar intimidar, afinal, ele era gay mesmo. Revirei os olhos com essa ideia. Não conseguia me conformar, ele era lindo demais para querer outro homem, nós mulher necessitamos de caras bonitos como ele. voltou a olhar para a pista, então aproveitei para descer meu olhar sua calça apertada. Mordi o canto do lábio inferior, querendo arranhar aquelas cochas malhadas. Me sentei direito no banco e olhei para frente.
– . – uni as sobrancelhas. – Para onde estamos indo? – perguntei sentindo um vento frio em minhas pernas, então percebi que estava com um mini short. – Meu deus, para esse carro! – praticamente gritei e o veiculo parou no acostamento. Olhei meu reflexo no retrovisor e senti o ar me faltar. Eu estava loira e meus cabelos estavam cortados. Não estava conseguindo respirar, estava tendo um ataque de pânico. – O que está acontecendo? – o pavor tomou conta de mim, e lagrimas começaram a escorrer de meus olhos.
– ? – aquilo me pareceu uma pergunta. – Que merda. Fica calma. – ele me abraçou. – Estou aqui contigo. – me soltou para que me desse espaço. – Tenta respirar.
– Para onde estamos indo ? – eu estava desesperada, não lembrava de nada. E estava parecendo uma vadia vestida daquela forma. – Por que eu não consigo me lembrar que pintei o cabelo? – passei as mãos no mesmo e chorando mais ainda. – Eu odeio loiro.
– Eu não deveria ter deixado ela fazer isso. – resmungou.
– Ela? – perguntei olhando para ele. – Ela, quem?!
– Você não sabe, que porra. – eu odiava quando alguém falava palavrão.
– Puta que pariu! – falei irritada. – Essa garota é chorona demais. – balancei a cabeça e sequei o rosto.
– Você vai me deixar louco assim! O que aconteceu? – perguntou nervoso ao meu lado.
– Eu sei lá, essa menina voltou do nada. – revirei os olhos. – Borrou minha maquiagem. – tentei arrumá-la com os dedos. – Como está? – olhei para ele arregalando os olhos.
– A estava apavorada. – olhei pro lado bufando, já que me olhava furioso.
– E tenho culpa disso? Não posso fazer nada, ok? – falei agora olhando para ele. – Não sei como isso acontece.
– Nós temos que voltar, você tem que procurar um médico antes que isso piore. – a corta essa, garoto bundão.
– Não vamos estragar a nossa viagem por causa disso. Não vou mais deixar acontecer até que voltemos para Seatle. Tudo bem? Eu prometo. – na verdade não poderia prometer, mas tentaria.
– Você acabou de dizer que não sabe como isso acontece, como que não vai mais deixar acontecer? – ele estava histérico.
– Confia em mim, ok? – pedi. – Sei que deve ser difícil acreditar em alguém que mal conhece, mas eu peço isso.
– Não, nós vamos voltar. – ele engatou a ré.
– Por favor. – segurei sua mão com delicadeza e fiz cara de coitada. – Se nós fomos para um médico, não vou mais ser a Rachel. – abaixei a cabeça. – Só queria viver um pouco.
– Isso não está certo. É egoísmo da sua parte. A precisa de mim agora e não posso deixar ela na mão. – permaneci com o olhar baixo, quem sabe ele não sedia.
– Eu só queria um final de semana pelo menos. – fiz uma voz de triste.
– Ah! Ok, mas fique sabendo se acontecer mais uma dessas crises nós voltaremos na mesma hora. – ele parecia uma mãe dando sermão no filho.
– Bicha! – pulei em seu pescoço e lhe dei um beijo apertado na bochecha. – Você é demais. – riu.
– Estou vendo que irei ter que me acostumar com esse apelido. – disse soltando o ar e se dando por vencido.
– Ainda bem que sabe. – toquei a ponta de seu nariz com meu indicador. – Agora pisa fundo que quero chegar logo. – ainda faltavam dez horas.
Eu e caminhamos pelas ruas até que passamos na frente de um cassino. O olhei e já dei um sorriso sapeca, então entramos na mesma hora. Lá dentro era mágico. Luzes, música, barulho de máquinas, gente de diferentes lugares. Segurei na mão da bicha e sai puxando ele. Parei na frente de uma mesa de dados, olhei para e sorri, enquanto ele balançava a cabeça em negação.
– Isso não é uma boa ideia. Vamos perder dinheiro nisso. – disse ele.
– Por favor. – juntei as mãos e fiz um biquinho. – Se eu perder faço o que você quiser. – mordi o canto de meu lábio inferior. – Agora se eu ganhar, você vai ter que fazer o que EU quiser. – me olhou desconfiado.
– E o que você iria querer que eu faça? – ergueu uma sobrancelha.
– Vou pensar ainda. – dei um pulinho.
– Tudo bem, você vai perder mesmo. – deu de ombros. – Hey. – chamou a atenção do cara que fazia as apostas. – Nós vamos jogar. – apontou para ele e depois para mim.
– Olha, pra quem disse que seria uma má ideia, também vai jogar. – ergui as sobrancelhas e fiz um biquinho.
– É só para ficar mais difícil pra você. – sorriu. Porque ele tinha que ser tão gato?
– Nada é difícil para mim, bicha. – pisquei.
– Quem dera se a tivesse esse seu otimismo todo. – comentou enquanto começava a rodada.
– Ela tem seus motivos para isso. – dei de ombros olhando pra mesa verde.
– Motivos esses que desconheço. – pegou os dados. – Me desejo sorte boneca.
– Tomara que perca. – falei arregalando os olhos e fazendo uma careta pra ele. Dei um tapa em sua bunda, o que o fez pular e soltar os dados.
– Hey. – passou a mão onde eu havia acertado. – Você está trapaceando.
– Estou? – perguntei olhando quanto os dados dele deram. – Nada mal, bicha. Tirou um nove. – agora foi minha vez de pegar os dados.
– Sim, está. – disse com sua voz normal perto de meu ouvido. Os pelos de meus braços se levantaram. – Está com frio? – perguntou vendo o efeito que aquilo surtia em mim.
– Estou. – respondi olhando diretamente nos olhos dele. – Está afim de me esquentar? – fiz de propósito, o que deu certo, pois perdeu completamente a graça da brincadeira. Olhei para seus lábios e ergui uma sobrancelha. – Eu adoraria. – falei com uma voz safada.
– Joga logo esses dados. – desvirou o assunto e eu ri com isso.
A soma dos dados deu dez, mas não foi o suficiente para ganhar a rodada. Quis jogar mais uma, e outra, e mais outra, e só sairia dali se ganhasse algo. Mas conforme foi passando nós só íamos perdendo cada vez mais dinheiro. teve que me arrastar daquela mesa antes que eu apostasse meu corpo, e me obrigou a sair do cassino percebendo meu vicio por jogo. Eu não sou viciada em jogo, apenas em querer ganhar sempre. Mas de qualquer forma, eu tinha ganhado do , o que significa que ele teria que fazer o que eu quisesse.
– Você me deve. – falei e ele me olhou sem entender. – Ganhei de você nos dados.
– Não, a aposta era, se você ganhasse da mesa, não de mim. – colocou as mãos na cintura.
– Não interessa. Ganhei do mesmo jeito e você vai fazer o que eu quiser. – joguei meus cabelos para o lado. – Está vendo aquilo ali. – apontei para o outro lado da rua onde tinha uma casa noturna gay. olhou.
– O que está passando nessa sua cabecinha poluída? – perguntou voltando me olhar.
– Nada demais. Você só vai entrar lá, colocar uma tanga, subir no palco e dançar que nem um gogo boy em uma barra de poledance. – sorri perversa.
– Não vão deixar que eu faça isso. – cruzou os braços.
– É o que vamos ver. – atravessei a rua e comprei duas entradas. – Anda, bicha. – lhe entreguei uma.
Passei pela porta preta de entrada e me deparei com um jogo de luzes vindo direto em meu rosto. Olhei para os lados procurando por alguém que eu pudesse falar. Localizei um segurança e fui até ele deixando pra trás. Pedi uma informação e ele me acompanhou até uma sala que era mais um escritório. Lá dentro tinha uma velha fumando um cigarro. Ela me olhou sem entender o que eu estava fazendo ali.
– Olá. – falei.
– O que quer garota? – perguntou com indiferença.
– Meu amigo queria trabalhar essa noite aqui. – disse caminhando até ela.
– E cadê seu amigo? – olhou para os lados. – Não vejo ninguém. – rolei os olhos, que velha arrogante.
– Está lá fora. – apontei com o polegar pra porta.
– Está esperando o que para mandá-lo entrar? – deu uma tragada em seu cigarro. Sai do escritório e fui em busca de , o encontrei no bar conversando com um homem.
– Licença colega, ele precisa trabalhar agora. – falei puxando o braço da bicha.
– Rachel, eu estava conversando. – me repreendeu.
– Depois você conversa. Agora a Cruella de Vil quer te ver. – passamos entre as pessoas e chegamos ao escritório. – Senhora, esse aqui é meu amigo. – a velha se levantou de sua cadeira de veludo e veio até nós.
– Levante a camisa. – pediu e o fez. – Humm. Você vai servir. Pode ir se trocar. – deu as costas e voltou a se sentar. – Jeff vai lhe acompanhar. – indicou o homem que estava de pé na porta.
não deu uma palavra, apenas me olhava com vontade de me enforcar. Saímos do escritório.
– Você vai me pagar por isso. – reclamou. – Deveria ter perguntado se eu queria!
– A para com isso bicha. Duvido que você não vai gostar de se despir lentamente para esse bofes. – dei um sorrisinho.
– Não em público. – bufou. – Pelo menos vou receber por isso, não vou?
– É claro. Agora ande logo. – dei um tapa em sua bunda.
sumiu com o cara que mais parecia um armário. Fui até o bar e peguei um drink, eu era a única mulher naquele lugar. Encostei no balcão e fiquei vendo aquele Deuses transitar. Era muito desperdício. Observei o DJ e caminhei lentamente até sua mesa de som.
– Oi. – falei dando um gole em meu Contini.
– Oi. – sorriu.
– Posso te pedir um favor? – eu tinha vontade de rir, sem duvida me mataria com isso.
– Diga. – tirou o fone de ouvido.
– Quando certo cara entrar, você pode tocar a música que vou pedir? – perguntei.
– Se você me falar qual cara, quem sabe posso tocar a música. – estendi um sorriso.
– Essa é a primeira noite dele aqui, e você não deve conhecê-lo, mas ele se chama . – falei perto de seu ouvido.
– Vou pedir para me avisarem na hora que ele entrar. Que música que quer que toque? – senti vontade de rir.
– Gangnam Style do PSY. – o homem me olhou, depois deu uma risada.
– Ok. Vai tocar assim quando ele entrar. – voltou a colocar seu fone de ouvido.
– Obrigada. – agradeci e sai.
Dei um gole final em meu Contini e me sentei na frente do palco ao lado de um loiro forte. Fiquei aguardando até que apareceu e a música que pedi começou a tocar. Ele estava com uma cueca super arrochada de zebra, e um gogo boy que já saia, lhe passou um chapéu de cowboy. Quando começou a dançar segurando no ferro, os gays entraram em loucura, e eu tive um ataque de risos. Mas depois que parei, fiquei o observando. Seu corpo era perfeito, assim como ele em si. Qual cara iria aceitar dar uma de gogo boy? Só ele mesmo. Dinheiro era jogado em cima do palco. me olhou e mandou um beijinho e então mandei outro pra ele. Queria provar aqueles lábios. Desejei ser homem só pra poder tê-lo. O cara ao meu lado me esbarrou, quase me jogando no chão e me tirando de meu transe.
– Ai, desculpa, machucou? – perguntou segurando em meu braço.
– Não, tudo bem. – dei um meio sorriso.
– Você é mulher mesmo? – olhou dentro de minha cara.
– Até onde sei, ainda sou. – brinquei.
– Nossa, e te deixaram entrar?
– Sim. Ninguém disse nada. – dei de ombros. – E também não estou aqui pelo show, e sim por causa dele. – apontei pro . – É meu amigo.
– A sim, nossa e que amigo. – o rapaz olhou para e quase o engoliu com os olhos. Soltei o ar em saber que aquele loiro ali tinha mais chances do que eu. – A propósito, me chamo Brian.
– Rachel. – trocamos dois beijinhos.
– Você e seu amigo querem ir em uma boate depois daqui? Lá é super legal e aposto que vai encontrar algo que lhe agrade. – o que me agrada está dançando Gangnam Style em cima daquele palco.
– É claro, adoraria. – sorri contente. – Assim que o descer nós podemos ir?
– A hora que vocês quiserem. – Brian era gentil e tinha olhos verdes esmeralda.
Quando se juntou a nós, expliquei tudo a ele, que topou na hora. Brian tinha uma Ferrari o que facilitou nossa ida até a tal boate. A porta do lugar estava lotada, tivemos que enfrentar uma fila pra entrar, onde já comecei a tomar umas ice’s. Brian e estavam se dando super bem, e eu estava me sentindo de lado já, mas quem se importava, não é? Estava ali para me divertir e curtir o que havia pedido pra , meu final de semana em Las Vegas. Um sujeito estúpido me esbarrou me fazendo cair em cima dos outros.
– Hey cara, não está vendo ela? – perguntou irritado com voz grave, me ajudando a levantar.
– , está tudo bem. – falei, não gostava de arrumar brigas.
– Tudo bem? Ele praticamente te jogou no chão! – disse nervoso.
– Estou. Não vamos estragar a noite por causa disso. – segurei em sua mão.
– O que está pegando, bambi? – o sujeito que me esbarrou voltou, ele tinha cara de mal encarado, isso me dava à impressão que o cara sacaria uma arma ali mesmo e nos daria um tiro.
– Não queremos arranjar briga. – Brian entrou na frente de , que estava pronto pra dar um soco no homem. – Peça apenas desculpa a moça.
– Não vou pedir desculpas pra essa vadia. – fechei os olhos e respirei fundo.
– Vadia? – perguntei. – Que tal você enfiar essa sua língua sua no cu e sair daqui seu porco asqueroso? – apenas sugeri. – E se eu fosse daria o fora daqui, até porque somos três contra um verme inútil. – passei a frente de e Brian. O olhei de cima em baixo.
– A putinha se sentiu ofendida? – cuspi em sua cara e quebrei minha garrafa de ice em seu rosto.
– Rachel! – alguém falou e senti me puxarem pra trás. – Está ficando maluca? – encarei aquele garoto de olhos e dei um sorrisinho. O loiro alto segurou o ogro pra que não partisse para cima de nós.
– Essa não está mais aqui. – estendi um sorriso e peguei o cigarro de uma mulher que estava na fila. – Alicia, prazer. – estendi a mão com o cigarro entre os lábios.
– Chega, vamos embora. – segurou em meu braço e saiu me puxando.
– Hey, me largue! – puxei meu braço de volta. – Você não me manda. – dei uma tragada no cigarro e devolvi pra menina. – Apesar deu não gostar desses tipinhos de lugares. – ele se aproximou, segurou meus dois braços e olhou dentro de meus olhos.
– Cadê a Rachel? – perguntou todo estressadinho.
– Hum, aquela vadia está brigando com a pra ver quem toma conta disso aqui. – apontei pro meu corpo. – Só que elas já brincaram demais, agora é a minha vez.
– Vamos embora, agora!
– Não. Eu quero entrar. – falei. – Droga. O que aconteceu?
– Quantas personalidades afinal você tem? – me perguntou. – E quem está ai agora?
– Três e sou eu, Rachel. A Alicia estava aqui, né? – fiz cara de pena. – Ela é uma idiota arrogante. Desculpa, não deveria ter deixado ela dominar.
– Rachel, temos que voltar pra casa. Isso está saindo do controle. – tinha um olhar de tristeza.
– Não, não está. Estou legal. Isso não vai mais acontecer. Prometo que não. – segurei em suas mãos.
– Você já disse isso antes. Temos que ir. – ele estava preocupado, e isso me matava.
– Não . Só essa noite, então amanhã cedo nós vamos embora. Por favor. – praticamente implorei. – Faço o que você quiser. – suspirou.
– Ainda não sei porquê faço suas vontades. – pulei em seu pescoço e dei um beijo apertado em sua bochecha.
– Essa vai ser a melhor noite da sua vida. – falei o soltando e voltando pra fila onde Brian nos esperava. – Desculpa pela briga.
– Nem precisa se desculpar, aquele cara mereceu. – sorriu. – Ainda bem que os seguranças o tiraram daqui.
Por fim conseguimos entrar na boate. Lá tinha todo o tipo de coisa que podia imaginar, desde mulheres de tope e short, até homens de tanga. Tirando as bebidas e tudo mais. Nós três começamos a noite com um copo de tequila só pra relaxar. Deixei que eles dois ficassem conversando enquanto eu ia dançar até meus pés gritarem. Peguei um copo de vodka e fui pro meio da pista de dança. Levantei os braços e fiquei lá balançando a cabeça de um lado pro outro e rebolando conforme a batida pedia. Vários caras chegaram passando a mão e querendo meu corpo, mas não fiquei com nenhum. Afinal, tinha que ter responsabilidade, eu não era a única dona desse corpinho sexy. A vodka com gelo descia pela minha garganta como se fosse água, assim como minha sanidade. O calor estava tomando conta de mim, então tirei minha camiseta ficando apenas de saia e com meu topo com a estampa dos EUA, ele era torcido, um lado às estrelas e o outro as listras. A camiseta sumiu de minha mão, e nem me importei com isso. Peguei o quepe branco de um homem que passava e coloquei em minha cabeça. Senti a mão de alguém tocar na pele de minha cintura, e a essa altura não queria saber quem era.
– Está se divertindo? – era a voz de em meu ouvido. Fechei os olhos e sorri. Ele tinha perdido totalmente seu jeito mole de falar.
– Você não sabe o quanto. – respondi me virando de frente pra ele e falando em seu ouvido também. O som do lugar tornava impossível de se escutar muita coisa.
Ele sorriu pra mim. Logo Brian apareceu. Era impossível de acreditar que aqueles homens lindos gostavam de homens também. Nós dançávamos juntos. Claro que eu estava no meio daqueles dois gays maravilhosos. A música era contagiante demais e os dois se roçavam em mim. Já tinha perdido a conta de quantos copos e vodka tinha tomado. Via tudo rodando ao meu redor. Meus cabelos soltos balançavam de um lado para o outro e alguns fios se agarravam em minhas costas suadas. A essa altura eu não queria sair dali nunca mais. Ali ninguém ligava para ninguém. Podíamos estar nus que os demais nem se importariam. Pelo jeito, os meninos estavam tão bêbados quanto eu. Fomos andando e dançando até que caímos em um sofá de pele de tigre. Me virei para Brian e o beije como se não houvesse o amanhã, não queria saber se ele era gay ou deixava de ser, o que importa foi que ele retribuiu. estava agarrado em minha cintura beijando meu ombro nu. Com o alto nível de álcool em meu celebro eu estava achando aquilo tudo muito excitante, e nenhum dos meninos estavam mais ligando que boca beijava. Desci minha mão e a coloquei por cima da de , o obrigando a apertar com mais força. Claro que amanhã a dor de cabeça nos impediria de lembrar o que aconteceu. Então vou curtir o agora, porque sei que isso nunca mais vai se repetir. me virou com força de frente pra ele, então encarei aqueles olhos tão . Brian se encaixou trás de mim e começou a beijar meu pescoço, enquanto sua mão deslizava por minha barriga. Senti meu coração se acelerar quando se aproximou, ele passou seus lábios pelo meu queixo, depois desceu até meu pescoço e foi pro mesmo lado que Brian estava. Então eles se beijaram. Minha cara de decepção foi enorme, eu pensei que ele iria me beijar! Que raiva! Mas se não queria, não iria forçá-lo a isso. Acho que eu estava atrapalhando eles, já que estava no meio! Assim quando eles se separaram do nada apareceu uma garrafa de conhaque. Quem sabe ela pode ter vindo do além. Eu estava deitada de costas com a barriga para cima, então virou o liquido com cuidado em minha barriga fazendo um caminho e foi subindo até meus peitos, depois eles veio passando a língua limpando onde tinha a bebida. Pare com isso, está me dando o maior tesão e não posso fazer nada contigo. Prendi a respiração quando ele deu uma pausa em meu tope e depois continuou com sua língua passando entre meus seios, mas ele não parou por ali, as poucos seu corpo foi subindo pra cima do meu e seus lábios se agarram em meu pescoço. Mordi meu lábio inferior para tentar controlar meus gemidos. Ele foi subindo seus chupões e beijos até minha orelha.
– Pode gemer, eu deixo. – sussurrou em meu ouvido depois passou os dentes em meu lóbulo.
– Você vai se arrepender disso depois. – avisei. – Não faça nada que não queira.
– Eu quero você em cima de mim. – mordiscou meu pescoço.
Virei à cabeça de lado e respirei fundo. Vi Brian se agarrando com alguém deitado ao nosso lado. Reuni minhas forçar e inverti nossas posições. meio que se encostou no encosto do sofá e eu coloquei minhas pernas em cada lado de seu corpo sem me importar se estava de saia ou não. Lambi meus lábios. Me baixei na altura de seu rosto, minha pequena mãozinha se deslizou até seu nuca, onde agarrei seus cabelos e puxei com força fazendo sua cabeça ir pra trás. Passei a ponta de minha língua por seu pescoço, enquanto ia subindo mais para cima de seu corpo. As mãos dele passaram por minhas panturrilhas, coxas até chegar em minha bunda, por debaixo de minha saia. Aos poucos fui soltando meus dedos entre seus cabelos e meus lábios se passaram pelo seu queixo até chegar aos deles, mas não o beijei, apenas mordisquei. Era macio e parecia tão gostoso. sorriu de leve, mas um sorriso pervertido. Estreitei os olhos, o que ele estava planejando? Ele puxou meu corpo mais para perto do dele, eu estava ajoelhada com ele entre minhas pernas, agora minha barriga tinha ficado na altura do pescoço rosto dele. mordeu o cós de minha saia, o que me fez arrepiar, o que com certeza percebeu já que olhou para cima me encarando e sorriu. Ele começou a beijar minha barriga, ainda deveria ter gosto de conhaque. Joguei a cabeça levemente para trás relaxando. Os dentes dele agarram um pedaço do meu tope, voltei minha atenção pra ele que me olhou, balancei a cabeça em negação. Isso estava indo além dos limites e iria se arrepender disso mais tarde. Ele afirmou com a cabeça e abaixou um pouco o pedaço de meu tope. Franzi as sobrancelhas, eu precisava de mais álcool. Empurrei ele e sai de cima de si, mas senti sua mão segurar a minha e me puxar de volta. Cai sentada ao seu lado e vi a garrafa de conhaque na mão de Brian. A catei e dei um grande gole. Aquilo desceu queimando em minha garganta. a tomou de minha mão e fez o mesmo, depois me puxou pelo pescoço e me beijou. Ainda tinha um pouco de líquido em sua boca, o que foi passada pra minha. Nossas línguas quentes de entrelaçavam com intensidade. Sua pegada em meu corpo era pesada e com força, enquanto a minha era leve, mas ao mesmo tempo bruta. Ele se afastou rapidamente e deu uma enorme colada na garrafa, pensei que beberia a metade dela, enquanto ele se deliciava com sua garrafa, Brian me puxou para perto e me beijou de novo. Senti me agarrar por trás enquanto apertava minha bunda.
– Você estava louca pra isso, né? – perguntou com uma safada. – Dois homens gostosos só pra você. – sua outra mão apertou meu peito. Minha boca estava ocupada demais para responder. – Mas quero escutar você gemendo no MEU ouvido. – eu já estava mais do que excitada com aquilo, nem era por Brian estar me agarrando, e sim por me assediando.
A mão dele saiu de meu peito e foi descendo por meu corpo até chegar em minha saia, driblar ela e passar por debaixo de minha calcinha. Mordi o lábio inferior de Brian o puxando com um pouco de força quando senti os dedos de encostar em meu clitóris já sensível. Ele começou a fazer movimentos leves enquanto beijava meu pescoço. Brian passou a apertar meu peito ao mesmo tempo em que me beijava. Quando começou a movimentar seus dedos mais rapidamente eu já não conseguia mais me controlar. Meu corpo se mexia querendo por mais e por ele. Algumas memórias passadas começaram a retornar, e senti que poderia voltar, tinha que parar, mas não dava agora, estava tão bom. Imagens invadiam minha cabeça me fazendo perder o foco, imagens essa de quando eu, Alicia e éramos uma só, a causa de nós termos nos separado. Tentei mandar as lembranças embora, mas não estava conseguindo. Tinha que sair dali, AGORA! Empurrei Brian e tirei a mão de de dentro de minha saia. Levantei e sai andando apressada. Precisava de ar. Algumas lágrimas escorriam de meus olhos, eu as enxugava com as duas mãos, mas não estava dando conta. Sai da boate e comecei a andar de um lado para o outro segurando minha cabeça com força.
– O que você estava fazendo? – perguntou.
– Não sei. – respondi.
– Você é idiota? Não estava vendo que ela ia dar pro seu amigo? – Alicia entrou no meio da conversa.
Quem olhasse pensaria que eu estava falando sozinha no meio da rua. Sentia tudo rodando.
– Rachel, não pensava que você fosse tão corrompida a esse ponto. – me repreendia. – é meu melhor amigo, você tem noção disso?
– Para, por favor. – sentei no meio fio. – Eu quero ele.
– Você quer o que não pode. – Alicia falava debochada. – Acha mesmo que se aquele cara estivesse lúcido ficaria com uma garota vulgar feito você? Na verdade, vocês duas são suas otárias, a bobinha apaixonada pelo amigo de infância que vai se casar e a vadia pelo gay. Vocês me fazem rir. – deu uma gargalhada irônica. – Agora larga de ser fraca e levanta essa bunda daí.
– Chega, tá legal. – falei secando meu rosto. – Eu cansei, quem quiser que leve a diante.
Bufei irritada. Essas duas garotas eram insuportáveis. Levantei limpando aquela saia que parecia um sinto e fui atrás de um taxi, mas antes precisava de um cigarro. Olhei para os lados e vi uma tabacaria logo à frente. Entrei no lugar, comprei um maço de Djarum Black e um isqueiro.
– Viva Las Vegas. – falei com o gordinho do caixa enquanto acendia meu cigarro.
– Viva. – sorriu.
- Young Blood
Estava sentada na poltrona de apenas um lugar que havia arrastado até a frente da televisão, fumando meu cigarro e tomando um café bem forte, apenas esperando que o bêbado do chegasse logo para irmos pra Califórnia. O que teria lá? O show do e eu tinha que conhecer o de qualquer jeito. Escutei um barulho na porta, e apenas direcionei meu olhar pra ela, a maçaneta girou então a porta se abriu lentamente. Fiquei olhando até que entrasse. Ele achava mesmo que eu ainda estaria dormindo às três da tarde? Dei uma tragada em meu cigarro e deixei que a fumaça saísse devagar pelo meu nariz. O quarto estava escuro, as cortinas e janelas fechadas, a única coisa que iluminava era a luz da TV. começou a tossir.
– Está querendo se matar? – perguntou com a voz esganiçada.
– Vejo que a noite foi boa. – comentei apagando meu cigarro no cinzeiro onde estava cheio de guimbas. – Ainda consegue sentar?
– Alicia. – resmungou irritado. – O que aconteceu para a Rachel ter ido embora ontem?
– Você se lembra do que aconteceu? – perguntei dando uma golada no café que já não estava mais tão quente.
– Não, mas quando recuperei um pouco da minha sanidade ela já tinha sumido. – ele foi até a janela e a abriu. – Não sei como está conseguindo respirar aqui dentro.
– Hum. Tanto faz. Anda, vamos logo. Já arrumei nossas malas e estávamos indo para a Califórnia. – só avisei.
– Não, nós vamos voltar para casa, você precisa de um médico. – levantei da poltrona que praticamente tinha a marca perfeita de meu corpo de tanto tempo que tinha passado sentada nela e fui para o banheiro.
– Ok, depois que eu conhecer você pode me levar até pra um manicômio. – falei escovando os dentes. Vi parar atrás de mim atrás do reflexo do espelho. – O que foi?
– Quem é ? – cruzou os braços.
– da . – falei revirando os olhos como se fosse obvio. – Hum. Você vai tomar um banho ou ir assim mesmo?
– Nós não vamos. – ele tinha uma feição tranquila.
– Tudo bem, se você não quer me levar, vou sozinha. Afinal melhor só do que mal acompanhada. – cuspi na pia e enxuguei a boca.
– Acha mesmo que vou te deixar sozinha pra conhecer um cara, que nem sabe que você existe? Só pode ser louca mesmo. Anda, vamos pra casa. – deu as costas.
– , que fique bem claro por aqui, você não me manda, eu não mando em você. Eu faço o que me der na telha, sendo do seu agrado ou não. Então estou apenas comunicando que vou ir ao show do , se quiser me acompanhar bem, se não, o problema é seu. – passei por ele e peguei minha mochila. – Se resolva logo, pois ainda tenho que comprar o ingresso.
Ele respirou fundo e fechou os olhos, depois voltou a abri-los e me encarou já nervoso, mas não me senti amedrontada, apenas ri debochada de sua cara.
– Olha aqui garota. – segurou me braço me puxando pra perto. – Não vou deixar minha amiga solta por ai, então você entra dentro daquele carro por bem ou por mal e voltaremos pra casa.
– Quer mesmo bater de frente comigo, ? – perguntei o olhando com a mesma intensidade de raiva. – Garanto que não ser nada legal. – tentei puxar meu braço de volta, mas ele o segurava com força. – Me larga, está me machucando. – falei entre os dentes.
– É impossível de acreditar que uma coisa feita você faça parte da . – me empurrou em cima da cama com repugnância. Meus cabelos caíram em meu rosto, sentia vontade de bater naquele cara, quem ele pensava que era para falar daquele jeito comigo?
– Não me importo o que você acha de mim. – tirei os cabelos de meu rosto. – Faço o que eu quiser! – ele se curvou em cima de mim e segurou me rosto.
– Devolva minhas meninas. – cuspi em seu rosto e o empurrei.
Sai correndo do quarto, e parei na frente do elevador apertando os botões para que a porta abrisse logo. não me deixaria ver meu , ele me arrastaria de volta pra casa, mas eu tinha que viver esse meu sonho. Sou apenas jovem e preciso viver alguma aventura, passou sua adolescência trancada em seu quarto com medo do mundo enquanto eu lutava para me libertar, agora que consegui, não vou parar, não agora. Preciso viver uma paixão involuntária, dormir olhando as estrelas, comer doces antes de deitar, gritar quanto tiver vontade. A porta do elevador se abriu, entrei nele correndo e apertei o botão para a porta se fechar logo. Vi se aproximar, mas não deu tempo dele impedir que a porta se fechasse. Ri sozinha e balancei a cabeça.
– Você não presta. – disse Rachel irritada.
– Você também não. – respondi. – Agora fique quieta no seu continho choramingando. É a minha vez.
A porta se abriu então sai em disparada com a mochila em meus ombros, saiu pela porta da escada de emergência e gritando para que alguém me segurasse, mas nem uma pessoa fez nada. Quando cheguei à porta do hotel tinha um taxi lá, pulei pra dentro dele e pedi pro taxista me levar pra rodoviária. Olhei pra trás e estava parado na porta do hotel me olhando. Lhe dei um aceno e me sentei reconfortante no banco. Comecei a rir achando aquela minha fuga a coisa mais hilária do mundo. que me aguarde.
Soltei do ônibus respirando o ar da Califórnia. Peguei um taxi eu fui para onde seria o show. Comprei meu ingresso no local e me hospedei em um motel que tinha por perto. Aquele cabelo loiro claro estava me dando nos nervos, então dei uma saída para resolver esse problema antes que ver meu amado. Passei em uma farmácia e comprei uma tinta ruiva. Voltei pro motel e comecei a me produzir.
Assim quando acabei de me arrumar fiquei me olhando no espelho, estava linda e não me resistiria. Meu perfume era tão gostoso que ele nem se quer ousaria em não sentir. Peguei minha bolsinha e coloquei meu ingresso dentro dela, retoquei meu batom rosa e sai. Fui andando já que era próximo. A fila estava enorme, mas não me importei, já que tinha comprado camarote vip. Quando entrei no local mal podia acreditar que estaria a poucos metros de distância. Quando ele subiu no palco gritei tanto que pensei que ficaria sem voz antes do show começar, então ele olhou pra mim, acenou e sorriu. Senti que ia desmaiar só com isso. A música começou a tocar e era , a minha favorita. Nem preciso falar que cantei todas as músicas, cada palavra, cada refrão, cada letra como se fosse a ultima musica que estava escutando em toda a minha vida. As lágrimas desciam de meus olhos de tão feliz que me sentia. A adrenalina daquele momento faziam minhas pernas tremerem. Quando o show acabou tentei chegar até o camarim, assim como outras meninas, mas os seguranças me barraram. Não sei por quanto tempo ficamos esperando até que saiu de lá para tirar fotos. Eu praticamente voei em cima dele e o abracei em prantos. A voz me faltava e eu simplesmente não conseguia falar de tanta emoção. Depois da sessão de fotos um pouco da minha voz voltou.
– . – falei quando ele estava indo embora segurando sua mão. – Toma um café comigo? – pedi.
– Desculpe, não posso, tenho que ir agora. – foi super gentil.
– Não vai demorar muito, só um, por favor. – praticamente implorei.
– Olhe, se eu sair com você daqui para tomar um café, vou ter que fazer isso com todas minhas fãs. – apontou discretamente para as meninas que se entreteriam com suas máquinas fotográficas.
– Saímos escondido, ninguém vai saber. – e lá estava eu chorando novamente.
– Não dá. – ele praticamente teve que arrancar minhas mãos de si para poder ir embora, tentei ir atrás, mas os seguranças me barraram.
– , eu te amo! – gritei em prantos me jogando de joelhos no chão. – Por favor. – mas ele nem se quer olhou pra trás.
– Anda, levante daí. – escutei uma voz familiar, depois duas mãos segurando meus dois braços com delicadeza e segurança.
– Me larga. – falei irritada. – É tudo culpa sua. – tirei as mãos de de mim.
– Minha? Alicia, você acha mesmo que um cara famoso desses ia dar atenção pra uma fã histérica? – se abaixou ao meu lado, parecia que ele estava com pena da fracassada aqui.
– Por que não? O que eu tenho de diferente das outras meninas? E eu não sou histérica! – praticamente berrei e fez uma careta.
– Digamos que você talvez não faça o tipo dele, ou sei lá, essas pessoas procuram alguém que seja do mesmo nível deles. – passou à mão em seus cabelos, ele estava tendo toda a calma do mundo comigo. – E você é histérica, sim. Agora vamos embora, porque você está pagando mico. – me forçou a levantar.
Segui para fora encostada com a cabeça no peito de . Ele me guiou até o carro no lado do carona. E vê-lo ali me fez perceber o quanto ele se preocupava com a , pois se fosse qualquer outro cara teria deixado pra lá. Falei onde era o motel que eu tinha me hospedado, parou nele, onde peguei minhas coisas e fechei a conta, logo já estava dentro do carro novamente e seguindo viagem. Não prestei mais muita atenção ao meu redor, não me importava mesmo. tinha ido embora e eu nunca mais o veria, e isso me dava vontade de chorar de novo, nem ao menos um café ele tinha aceitado tomar comigo. Mas esse sentimento que estava dentro de meu peito poderia ser substituído, pois sou jovem ainda e posso muito bem encontrar um cara por ai que goste de mim, mesmo que seja difícil, eu acredito nisso, claro que ele nunca vai chegar aos pés do , mas pode servir. Na verdade acho que uma pessoa como eu não mereça ninguém, mas a e a Rachel merecem. Respirei fundo e olhei para que dirigia atento sem dar nenhuma palavra.
– Desculpa por ser uma estúpida. – falei, mas ele nem me olhou. – Sei que por mais que esteja tentando se manter tranquilo, está nervoso com essa situação. – dei uma pausa. – Não precisa falar comigo, só queria que me escutasse por um momento.
– Não tenho para onde fugir mesmo, irei ter que te escutar querendo ou não, ainda têm muitas horas de viagem pela frente. – deu de ombros e continuou olhando fixo pra pista.
– Então, para começar. Eu, e Rachel éramos uma só, a mesma personalidade. Mas uma coisa nos fez separar. Um trauma, na verdade. – encostei minha cabeça no vidro olhando pro nada me lembrando do motivo para isso tudo ter acontecido. – arrumou um namorado no colégio, na época tinha apenas 15 anos, não sabia nada da vida e achava que todos eram inocentes. Mas não foi bem assim. – soltei o ar com pesar. – Sabe aquela primeira paixão na qual sentimos e achamos que o cara é perfeito, e no qual irá passar o resto da vida juntos? Foi exatamente isso que senti. Então surgiu uma festa na casa de uns amigos. Teve muito álcool, drogas e música alta. Até ai tudo bem, coisa de adolescente. – fechei os olhos com raiva. – Aquele animal imundo me levou pra um quarto, e começou a pegar com força com MEU corpo. – disse com repulsa. – E mesmo que o afastasse, ele me puxava de volta. – travei os dentes. – O cretino forçou uma transa, e eu era virgens, e me lembro de ter doido tanto, tirando o cheiro do suor dele que só de me lembrar sinto vontade de vomitar. – fechei minhas mãos com força. – Ele tocou em cada parte do meu corpo com aquelas mãos sujas e pesadas.
– Está falando serio? – perguntou, mas não abri os olhos para ver sua reação. – Isso é uma coisa muito séria, foi um estupro.
– Hoje eu sei disso, mas naquela época a única reação foi; esperar que ele acabasse com aquela tortura, ir embora e quando chegar em casa tomar um banho chorando debaixo do chuveiro para que ninguém te escutasse. – soltei uma lufada de ar pelo nariz. – E minhas lembranças acabam ai. Depois disso fomos separadas, se trancou no quarto em busca de se proteger do mundo. Por que você acha que ela não sai quase de casa e nem tem um trabalho fora? Acha que ela é escritora porque realmente ama? Na verdade ela gosta, mas ela não sai por medo de que abusem dela novamente. – abri os olhos e o olhei. – Quando o a beijou fez desencadear uma série de coisas, pois ela não tinha mais se relacionado desde aquela época. Mas não foi ele quem nos fez voltar. – continuei o encarando.
– Você está querendo dizer que fui eu quem trouxe os outras personalidades de volta? – me olhou perplexo.
– Se foi você ou não, não sei ao certo. Mas eu e a Rachel víamos tudo o que está acontecendo, mas não podíamos fazer nada. Só que quando você se aproximou da , a Rachel conseguiu, digamos que, se libertar. – expliquei. – Ela gosta de você tanto que conseguiu romper a barreira que a tinha feito para nos separar. – o carro parou. – O que houve? – perguntei achando que o carro tinha dado problema.
– A Rachel gosta de mim? – se sentou de lado no banco. – Você deve estar se divertindo muito brincando com isso. – ri do que ele disse.
– Acha mesmo que estou brincando? – me sentei de lado também no banco. – Só que ela sabe que é impossível de vocês ficarem juntos. – ficou quieto, e voltou a olhar pra frente. – Não quero que você se afaste de nós, a precisa de você. E eu quero de verdade que voltemos a ser uma só, você não tem noção como é horrível querer viver e não poder. E ela vai precisar de alguém para ajudá-la, não faço ideia de qual seja o tratamento pra isso, mas não deve ser nada legal.
– A Rachel gosta de mim? – voltou a perguntar e comecei a achar que todas aquelas informações estava sendo demais pra ele. – Desde quando?
– Não sei, isso só ela pode te falar. E o que aconteceu na boate em Las Vegas não ajudou em nada. – suspirei.
– O que aconteceu na boate? – ele fechou os olhos já sabendo que não vinha coisa boa por ai.
– , essas coisas já não posso te responder. E também já falei o suficiente o que era para a ter te contado, mas ela nunca teve coragem de falar para ninguém. E por ela ter reprimido tudo fez com que isso ficasse desse jeito. Claro, até porque a coragem ficou com a Rachel e a raiva comigo. – dei de ombros e coloquei os pés sobre a poltrona.
– Tem como eu conversar com ela agora? – perguntou me olhando.
– Não. Ela tem que querer estar aqui, isso não depende de mim. – respondi pegando um cigarro em minha bolsa.
não disse mais nada, apenas ligou o carro e fomos embora. Liguei o rádio, aquele silêncio tenso estava me dando nos nervos. Tocava Silhouettes do Avicii, a música era legal, até mesmo contagiante te chamando para dançar. Abri o vidro e deixei que o vento entrasse, joguei aquele cigarro que estava entre meus dedos pela janela e coloquei o rosto para fora junto do braço. Um sorriso saiu de meus lábios e de alguma maneira estava me sentindo livre. estava concentrado demais para prestar atenção no que eu fazia. Me dentei na porta do carro com praticamente quase todo meu corpo para fora e gritei. Senti ele puxar minhas pernas para que eu voltasse para dentro, então fiz o que ele queria.
– Está louca de fazer isso em uma estrada, ainda mais a noite?! É perigoso! – disse nervoso e eu ri. – Está rindo do que?
– De você preocupado com a minha segurança. – ele não tinha mais aquela voz manhosa de bicha. – Por que não está mais afinando a voz? – perguntei o que atraiu total sua atenção.
– Nem percebi. – disse balançando a cabeça de forma negativa. – Já estou falando desse jeito desde quando?
– Sei lá, acho que desde quando começamos a viagem. – forcei minha lembrança. – Na verdade, ao poucos você foi falando normal.
– Hum. Mais o que você reparou? – ergui uma sobrancelha. Onde estava querendo chegar?
Mordi o canto do lábio inferior. Eu deveria ficar quieta, mas minha vontade de falar o que sentia por ele era maior do que qualquer coisa. Não era só um impulso meu.
– Reparei que você esconde algo. – tentei desviar do que realmente queria dizer. – Reparei que debaixo da purpurina existe um homem.
– Você gosta de me ver sem jeito. – sorriu. – Mas suas observações estão certas. Como aconteceu com vocês, coração ferido nos faz mudar. – ri ao saber que estava certa. Sabia que tinha algo de errado.
– Quem fez tal crueldade contigo? – perguntei com um tom divertido.
– Qual seria a sua reação se tivesse sido deixado no altar pela mulher da sua vida? Digo, no seu caso, homem. – os dedos dele batucavam o volante.
– Entraria em depressão? Ia dar à louca? Sei lá o que eu faria. Me jogaria na frente do trem. Nunca mais iria querer ficar com ninguém achando que ia ser deixada novamente. – dei algumas opções.
– No meu caso foi achar que mulher nenhuma servia mais. – me olhou e riu. – Mas acho que me enganei. Porque são as pessoas e não o sexo que diferencia o caráter de cada um. Só que quando percebi isso já tinha virado o que sou agora.
– E por causa de uma vadia que te deixou no altar você achava que todas nós faríamos a mesma coisa? – cruzei os braços. – Interessante, então vou virar lésbica. – brinquei.
– Você é muito boba, não quer dizer que eu fiz isso que é certo. Apenas fiquei desiludido, mas é algo que já passou. – deu de ombros. – A Alicia me falou uma coisa.
– A Alicia é uma mentirosa, não acredite em nada do que ela diz. – avisei sentindo uma tensão tomar conta de meu corpo.
– Mas não me pareceu mentira. – olhei pra fora. – O que aconteceu na boate?
– Se você estava bêbado demais para lembrar não tem importância. – mas era verdade, se ele não se lembrava. Então que diferença faz?
– Eu sempre bebo demais e apago. – riu de si mesmo.
– Quer mesmo saber? – que se dane, se ele queria a verdade, ele teria ela nua e crua.
– Sim. – afirmou também com a cabeça.
– Eu estava dançando numa boa até você e o Brian chegar, começamos a dançar nós três, e os dois a ficar se esfregando em mim. Depois deitamos em um sofá grande e beijei o Brian, enquanto você estava atrás de mim beijando meu ombro. – só de me lembrar da cena me da um tesão enorme. – Ai tá. Boca pra lá boca pra cá. Então você me beijou, tirando as coisas que falava em meu ouvido. E se eu não tivesse ido embora nós três tínhamos transado ali mesmo. – resumi.
– Porque você foi embora? – perguntou tenso.
– Porque lembranças nada agradáveis vieram em minha cabeça, trazendo a e Alicia de volta, fazendo que quase nós voltarmos a ser uma só personalidade. – expliquei.
– E você estava gostando? – agora ele estava um pouco mais relaxado.
– Você me pergunta se eu estava gostando? Se ponha em meu lugar, dois homens gostosos te agarrando e fazendo loucuras contigo, e o nível de álcool já alto. Faltou pouco para que eu não tivesse um orgasmo. – revirei os olhos. – Não tem noção do efeito que você causa em mim. – dei um meio sorriso. – Só de lembrar sinto um arrepio.
– Me diga então qual é o efeito que causo em você. – ele fez uma voz de safado, então lhe dei um tapinha no baço. – Ai, eu só fiz uma pergunta, não precisa me bater.
– , eu sou do tipo de garota que não se apaixona, que quando sente as pernas tremerem por causa de um cara, ignora isso e continua agindo normalmente, ou quando o coração acelera apenas por ouvir a voz dele, finge não sentir. Então o efeito que você me causa é esse, mas que eu finjo não esta acontecendo por vários motivos. Não penso, não falo e nem deixo transparecer. Sei que é impossível, então prefiro que continue assim, e espero que quando essa conversa terminar nenhum de nós lembre mais dela. Porque quando saímos desse carro vamos procurar um especialista para a voltar a ser ela, e eu não vou mais existir. – fui direta. E realmente não tinha chances de acontecer.
– Nossa, você tem tantas certezas que fiquei até na duvida se posso sentir algo. – o olhei séria.
– , cale a boca, não me deixa confusa. Você é gay, eu sou mulher, não existe relacionamento amoroso nesse conjunto. – ergui uma sobrancelha. entrou em um posto de gasolina. – A não ser que tenha uma garrafa de conhaque entre nós. E eu quero um chocolate.
– Não significa que o errado tem que ser realmente o errado, às vezes ele pode ser o certo. E pare de falar como se eu não tivesse livre arbítrio. – disse e saiu do carro.
– Eu sei. – sussurrei sozinha. – Você acha que eu falei tudo isso por quê? Ainda tinha esperança que fosse o certo. – caminhou até a loja de conveniência para pagar a gasolina e comprar meu chocolate.
- L'Ultimo Primo Bacio
Cheguei em meu apartamento e fui direto para meu quarto, me joguei na cama, estava com tantas saudades de dormir nela. O final de semana tinha sido louco. Olhei pro teto do quarto e pensei em tudo o que tinha acontecido. E mesmo cansada, levantei da cama peguei meu notebook e comecei a escrever como nunca tinha feito antes. Tudo o que tinha acontecido comigo converti em uma historia. Todos meus problemas, meus sentimentos, meus momentos ruins e bons, os amigos que fiz e paixões que vivi, embora fossem impossíveis. Escrevi sobre minha adolescência escura trancada em meu quarto enquanto chorava. Minha personagem era exatamente igual a eu junto de Rachel e Alicia. Nós três que vivemos isso cada uma de um canto de minha mente sofrendo por algo que foi inevitável, permanecendo sozinhas por tanto tempo e agora unidas novamente. E me pergunto por que nunca fiz isso antes, por que não mostrei ao mundo que essas coisas que acontecessem e que não são para nós nos trancarmos em nosso mundo imaginário onde fadas e príncipes existem. Que temos que enfrentar por mais que fosse ruim e difícil. Que nossos amigos de verdade estarão ao nosso lado por mais que a situação seja estranha e complicada. E digo que aprendi algumas coisas com isso. Que o caráter não vem do sexo, e sim da pessoa. Palavras do meu grande amigo . O amor não tem raça, cor e nem sexo, ele vai existir em qualquer lugar, independente de qualquer coisa, ele nos faz mudar e ver quem realmente somos. E se eu nunca tentei seguir adiante, me arrependo. Deixei muito tempo passar para perceber o que era importante. E se hoje eu tenho 22 anos e estou trancada dentro de casa, é porque o medo não me deixava viver. Alicia me mostrou que mesmo impossível você tem que tentar. Rachel provou que mesmo errado temos que ousar e mostrar que aquilo também pode ser o certo, mas não basta a gente ver isso, as outras pessoas também tem. Ter certeza de tudo não quer dizer que você é um sábio e nem mais inteligente do mundo, apenas que é um tolo que acha que sabe das coisas. Não adianta forçar alguém a gostar de você, ela vai gostar por si própria. Um beijo pode acabar com tudo, mas ele também tem o poder de fazer uma linda historia começar. e não significam nada perto de , no qual foi o único que fez nós três voltarmos a ser apenas uma. E agora eu choro. Sim, choro mesmo. Mas de felicidade por saber que tenho um amigo que me conhece de verdade e que jamais vai me abandonar. Disso que vivi irei levar muitas memória na qual vou guardar como se fosse um ouro valioso. A capainha tocou me tirando a concentração. Quem seria agora? O porteiro não avisou nada que tinha alguém subindo. Levantei da cama e fui ver quem era, abri a porta sem olhar no olho mágico, deveria ser algum vizinho. Me deparei com . Achei estranho, pensei que ele já tinha ido embora. Dei passagem para que entrasse, ele parou no meio da minha sala e ficou me olhando.
– O que houve? – perguntei arrumando meus óculos no rosto.
– ? – perguntou abrindo um sorriso enorme e vindo me abraçar.
Retribui o abraço que for apertado. começou a chorar, apenas afaguei seus cabelos. Deve ser difícil lidar com uma amiga com múltiplas personalidades. Fiquei em silêncio e o único barulho era dele fungando.
– Está tudo bem agora. – nos sentamos no sofá. – Não chore meu amor. – sequei seu rosto.
– Queria poder te ajudar. – disse triste.
– Já ajudou. Vou ficar bem. – sorri. – Se isso te confortar, agora estou sendo eu mesma como sempre deveria ser, e é graças a você. – passei a mão em seu rosto.
– Está falando isso só para que eu me sinta melhor. – ele já parava de chorar.
– Não. É serio. Nós três voltamos a ser uma. – dei um beijo em sua bochecha. – E tenho que te agradecer. , você é o homem da minha vida. – falei olhando nos lindos olhos dele. – E não me importo que você tenha outra pessoa, apenas que esteja sempre ao meu lado já basta. Eu não vou conseguir gostar de outro, porque amamos apenas uma pessoa na vida. E eu te amo. – dei um sorriso singelo. – Mas não quero que você se prenda ou fique com receio de algo por causa do que sinto.
– Queria saber uma coisa. Só uma. – levantou um dedo. – Por que você não apareceu antes na minha vida? – segurei sua mão. – De todo mundo que já conheci, das suas três personalidades, mesmo cada uma tendo seu defeito, eu te acho perfeita. Não perfeita para outro cara, perfeita para mim. – senti minhas bochechas esquentarem um pouco.
– Mas você é gay. – falei e senti os dedos dele se apertarem entre os meus.
– Não, pelo fato deu ter ficado com homens não impede o fato deu gostar de você. Eu gosto das pessoas pelo que elas são. Você sabe disso. – as pontas de seus dedos tocaram meu queixo. – E eu estava lá embaixo no estacionamento dentro do meu carro tomando coragem para vim falar isso contigo. E esse final de semana foi o que serviu para que eu enxergasse o já era mais do obvio há muito tempo pra mim.
– Por que nunca me falou nada? – os dedos dele faziam um carinho gostoso.
– Você vivia falando que gostava do , não queria te fazer achar que tinha obrigação de gostar de mim. – rimos juntos. – Adoro seu sorriso.
– Bobo. – coloquei minha mão em cima da dele. – Você me atrapalhou. – uniu as sobrancelhas.
– Em que? – quis saber.
– Eu estava escrevendo. – olhei pra baixo com vontade de rir.
– Sobre? – perguntou me dando um beijo na bochecha, o que me fez fechar os olhos.
– Comecei meu novo livro, e ele contava sobre tudo isso. – senti os lábios de no canto de minha boca. – Estava criando uma historia... – fui interrompida por seus lábios.
– O nome do principal tem que ser ... – disse dando um beijo leve em meus lábios. – E ele tem que ser lindo. – sorri.
– E ele vai ser tarado. – brinquei e ele riu.
Nos beijamos calmamente. me puxou para mais perto.
– Hum, sinal vermelho. – falei ao sentir a mão dele por de baixo de minha blusa.
– Desculpe. – ele riu entre o beijo.
O tempo se passou feito um janto. Agora eu estava me arrumando para a sessão de autógrafos de meu novo livro, Mente Dividida, mas acabaria ficando atrasada, já que demorava mais do que eu para se arrumar.
– Meu Deus, você vai demorar mais quanto tempo dentro desse banheiro? – perguntei calçando meus sapatos enquanto andava. – Seu cabelo é ótimo do jeito que é!
– Já estou quase acabando. – respondeu e logo depois saiu de lá. – Nossa. – disso ao me olhar. – Você está linda, assim fico com ciúmes. – me puxou selando nossos lábios fazendo com que eu perdesse completamente o foco do que estava fazendo.
– Não seja bobo. Anda vamos. – peguei minha bolsa e saímos.
Fim?
N/A: Meu Deus, o que dizer? Essa foi a fic mais diferente e louca que já escrevi. A ideia era para serem três histórias separadas, mas minha amiga Nanda deu a grande ideia de juntar as três, então se passaram varias coisas em minha cabeça, até que tive a brilhante ideia das personalidades e deu nisso ai. Me inspirei em pelo menos em um pedaço de cada música que foi citada em cada personalidade. A música do Maroon 5 One More Night, não para de tocar aqui e isso me faz ter novas ideias. Então gente, é só. Espero de verdade que tenham gostado. Muitos beijos e até a próxima.
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Fics de minha autoria; Má Companhia [McFly/Andamento]
Guardiãs [Supernatural/Andamento]
You Are My Life [Restritas/Andamento]
Only You [The Vampire Diaries/finalizada]
Impossible [Especial Dia Dos Namorado]
Tarados Anônimos [Especial Dia Do Sexo]
The House [Especial Halloween]
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