Começaram a dançar de forma lenta, os olhos ainda sem desviarem um do outro. Um Natal que tinha tudo para ser desastroso para ambos os lados tornou-se um dos momentos mais especiais e sublimes que eles poderiam querer.
Tudo começava a fazer sentido ali, enquanto se encaravam.
Uma energia especial girava em torno deles, aproximando-os lentamente, imperceptível para nenhum dos dois. Mas mesmo que percebessem, Harry e deixariam acontecer.
Eles queriam sentir de novo. Sentir aquela explosão, aquele calor e aquela paixão que se lembravam dos tempos de adolescência. Queriam estar nos braços um do outro mais uma vez, com os lábios unidos como se fossem um só, sem se importarem com os problemas do mundo ou os seus próprios.
Eles só queriam se afogar no conforto de braços conhecidos e esquecer.
Capítulo 1
24 de Dezembro de 2016
O barman fez uma careta quando Harry pediu outra rodada. Ele já estava bebendo há horas e ainda assim não se sentia anestesiado como deveria. A bebida parecia não fazer efeito em seu corpo, já que ele ainda não se sentia bêbado, mas aquilo não impedia Joe de se preocupar.
- Judd, cara, você já bebeu quase duas garrafas. - Joe entregou outra dose ao amigo, que apenas deu de ombros. Bebeu um gole considerável, mas ainda não sentiu nenhum efeito do álcool. - Que merda tá rolando pra você estar aqui se embebedando na véspera de Natal?
- Se te faz feliz saber, eu tô me embebedando desde ontem no meu aniversário, mas eu escolhi entrar em coma alcoólico aqui no 'Met This Joe'. - Harry percebeu ao falar que sua voz estava um pouco embolada. Quase sorriu. Pelo menos havia um sinal de que a bebida estava em seu sangue. Talvez com mais algumas doses ele se embebedasse de vez e desmaiasse no balcão.
- Hey, Joe! Me dá uma dose aí, da mais forte que você tiver! - Joe olhou para uma das mesas e sorriu largamente. Harry franziu a testa. “Conheço essa voz.” pensou. Ao olhar para o lugar de onde tinha vindo a voz, Harry levou um susto. Arregalou os olhos e sua boca abriu consideravelmente com a surpresa.
- ? - ele perguntou, chamando a atenção da mulher. Ela, ao vê-lo, teve uma reação parecida com a dele anteriormente, sentindo uma surpresa boa. Logo um grande sorriso se abriu em seus lábios.
- Harry! - ela não tinha dúvidas de quem ele era, mesmo que já fizessem treze anos que não o via pessoalmente. Aquilo nunca a impediu de acompanhá-lo pelos meios de comunicação onde estivesse. Sempre sentira muito orgulho dele.
Harry se levantou do banco e andou até a mesa dela, um sorriso já se espalhando em seu rosto. Ele observou atentamente quando ela se levantou também e quase perdeu o ar ao perceber como ela havia se tornado uma mulher bonita. Seus cabelos loiros estavam mais curtos que da última vez que ele a havia visto, o corpo estava muito mais dotado de curvas, curvas essas que ele viu começarem a desenvolver. Ele perdeu o fôlego ao lembrar-se que havia conhecido muito bem cada uma daquelas curvas.
- Que bom ver você! - ela disse se aproximando e abraçando-o com força. Harry ainda demorou alguns minutos para poder abraçá-la de volta. Agora ele sentia que todas aquelas doses de bebida começavam a fazer efeito em seu corpo e ele ficou ligeiramente tonto. Ele não queria pensar que aquilo era culpa do corpo de estar colado ao seu depois de tantos anos.
- Digo o mesmo! - ele encontrou sua voz e saiu de seu abraço. Seu corpo arrepiou ao perceber quão próximos seus lábios estavam dos dela. Aqueles mesmos lábios que ele não conseguia parar de beijar quando tinha dezesseis anos. - O que você está fazendo aqui? - perguntou para quebrar as lembranças, afastando-se um passo do corpo dela. se sentou, apontando o lugar a sua frente para que ele sentasse.
- Acabei de me mudar pra Londres. - ela deu de ombros com um meio sorriso no rosto.
- É mesmo? Que bom! - Harry respondeu com animação. - Veio por algum motivo em especial? - ele não sabia por que havia perguntado aquilo, e se arrependeu ao ver o olhar no rosto dela.
- Só estou mudando de ares. - ela tentou parecer despreocupada, mas não conseguiu enganar a Harry. Por mais que o tempo tivesse passado, ele ainda a conhecia como ninguém.
- Qual é, Maçã Verde, eu te conheço, tem alguma coisa incomodando você! - perdeu o ar assim que escutou o apelido que Harry havia lhe dado. Apenas ele a chamava daquela maneira.
- Faz treze anos que eu não ouço esse apelido. - ela sussurrou. - Mas você virou Tigrão até depois que a gente se separou. - sorriu de leve. - Engraçado como as fãs adivinharam o apelido que eu tinha te dado. Eu sempre te disse que Tigrão era a sua cara. - Harry sentiu as bochechas arderem, mas não se preocupou de se envergonhar na frente de porque, afinal, ela era a !
- Todos esses anos eu sempre me lembrava de você quando as fãs me chamavam de Tigrão. - os dois sorriram depois da fala dele. - Mas não mude de assunto! O que aconteceu?
- Ah, Harry! - soltou um suspiro pesado e desviou os olhos, fugindo daqueles imensos globos azuis. - Eu fiquei viúva faz um mês. - disse com um sussurro baixo, embargado pelo choro contido.
- Eu sinto muito, . - Harry arrastou sua cadeira para ficar ao lado dela e a abraçou. suspirou em seus braços e se afastou depois de alguns minutos. - Me lembro de minha mãe dizer que você tinha se casado. Ela me disse que você era muito feliz com ele.
- Ele era um homem muito especial. - ela sorriu. - Não sabia que sua mãe andava te atualizando sobre a minha vida. - brincou, batendo seu ombro contra o braço dele, já que Harry era muito mais alto do que ela. Ele gargalhou.
- Tenho certeza de que ela também te atualizava sobre a minha vida. - ele piscou e perdeu o ar por um instante. - Mamãe sempre gostou muito de você. Ela sonhava com o nosso casamento, sabia? - piscou e sorriu, engolindo um suspiro.
Droga, ela parecia ter dezesseis anos novamente!
- Ela me dava algumas indiretas ao longo do nosso namoro. - foram interrompidos por Joe, que trazia o drink de e mais uma dose para o Harry.
- Será que você pode colocar o garotão em um táxi pra casa? – perguntou, dirigindo-se a . - Normalmente eu dou uma de babá, mas preciso ir pra casa pra passar o Natal com a minha família e eu não confio muito nos rapazes pra dar um jeito nesse aí. - Joe apontou os empregados que serviam as poucas outras mesas ocupadas e depois apontou para Harry com o indicador. olhou de Harry para Joe antes de concordar com a cabeça.
- Tudo bem, Joe, eu vou tomar conta do garotão. - ela enfatizou o apelido, arrancando uma careta de Harry. Joe se afastou, desejando um Feliz Natal aos dois. - Eu já contei o meu problema, agora quero saber o seu. Por que você tá querendo beber até morrer no bar do Joe ao invés de estar com a sua esposa?
- A história é muito longa, . - ele disse, dando um longo gole em seu drink. repetiu seu gesto.
- Eu tenho muito tempo. Tava planejando beber até desmaiar no Natal também. - Harry riu, concordando com a cabeça.
- Vou contar tudo, mas depois quero saber tudo sobre você e a sua família também. - ele estendeu a mão, os quatro dedos dobrados, deixando um espaço entre eles e a mão, o polegar estendido para o alto. olhou o movimento e sorriu largamente, feliz por ver que ele ainda se lembrava de coisas que só os dois sabiam e faziam.
- Fechado! - ela imitou o movimento dele com a mão e encaixou seus dedos no espaço vago que ele deixou. Os polegares se espremeram frente a frente, para depois eles puxarem rápido, causando um estralo com o contato. Eles gargalharam alto. - Nós ainda conseguimos fazer isso!
- Ainda somos uma excelente dupla, pelo o que eu vejo. - Harry sorriu de lado, um sorriso que arrancaria o fôlego de qualquer mulher que gostasse de homens. - Então, vamos ao motivo de eu estar bebendo no Natal.
Capítulo 2
- Primeiro, vou te explicar o que aconteceu comigo e minha esposa no último ano. - sinalizou com a cabeça, sinal para que ele continuasse. - No início do ano, Izzy e eu tivemos que visitar um médico especialista nessas coisas de gravidez e tal. Estávamos tentando já há um ano, mais ou menos, engravidar de modo natural. Izzy tinha parado com os remédios e nós estávamos empenhados.
Harry soltou um suspiro pesado e bebeu mais um pouco de sua bebida. se remexeu em sua cadeira, aguardando a continuação.
- Quando vimos que já fazia muito tempo que a gente tentava e ela nunca engravidava, resolvemos ir a esse médico. Ele fez todos os testes e não constou nenhum problema comigo ou com a Izzy, estávamos saudáveis e perfeitos. Então ele explicou que aquele tipo de coisa podia acontecer por causa do tempo que a Izzy tomava os anticoncepcionais e que nós só precisávamos fazer um tratamento para conseguirmos.
A cabeça de Harry latejou e ele resolveu que já estava bêbado demais para continuar bebendo. Depositou o copo na mesa e o afastou dele, visualizando qualquer coisa que não fosse o copo, para não cair na tentação de beber mais.
- Então começamos o bendito tratamento no início do ano. Até os primeiros seis meses, nós estávamos indo bem, mas quanto mais tempo se passava sem a Izzy engravidar, mais ela e eu ficávamos frustrados com a situação. Começamos a brigar muito, por nenhum motivo. Cada dia ficava mais difícil seguir a regra de fazer sexo com ela. Era impossível ter de fazer aquilo sem vontade, com raiva dela e por obrigação, entende?
Ele olhou para , que sinalizou com a cabeça, mostrando que entendera. Ele soltou mais um suspiro pesado, sentindo toda aquela frustração novamente, algo que a bebida não conseguira levar embora.
- Na última semana as coisas explodiram. Nós não conseguíamos nem olhar um para o outro e tudo ficou ainda pior quando o médico deu a entender que talvez fosse melhor nós pensarmos em inseminação artificial ou adoção. Começamos a colocar a culpa de tudo um no outro.
percebeu que Harry começara a chorar, mas não fez nenhum comentário. Sabia que aquilo era muito difícil para ele e ela ainda se lembrava de como ele ficava mais emocional quando estava bêbado.
- Foi aí que ela me deixou, dois dias antes do meu aniversário e no dia do nosso aniversário de casamento. Ela disse que precisava de tempo, que precisava sair antes que fizesse uma loucura. Eu estava tão irritado, tão chateado, que não fiz nada para impedi-la. Na verdade, me senti aliviado por vê-la sair da nossa casa.
Harry agora soluçava, sem conseguir se conter. percebeu que eles estavam atraindo olhares das poucas pessoas presentes no bar do Joe e resolveu que era hora de intervir.
- Shh. Harry. Tudo bem. Está tudo bem. - ela o abraçou e ele enterrou seu rosto na curva do pescoço dela, molhando o local e seus cabelos. afagou os fios do cabelo dele em um carinho que ela sabia que o deixava mais calmo. - Que tal a gente sair daqui? - ela cochichou o e sentiu concordar com um muxoxo baixo. - Eu vou pagar a sua conta.
- Não, tudo bem. Eu sempre pago o Joe depois. - Harry disse ao se afastar do abraço dela, limpando seu rosto de forma desajeitada. - Acho que eu preciso mesmo ir pra casa. Você lembra o que a bebida faz comigo, não é? - deu um meio sorriso, que foi correspondido igualmente por .
- E eu acho que um belo café forte ainda consegue melhorar a sua bebedeira, ou estou errada? - ele soltou uma risada, esfregando a palma da sua mão direita em seu olho.
- Não. Você não está errada. Mesmo depois de tantos anos você não se esqueceu. - os dois se encararam fixadamente, ficando sérios de repente.
- Eu nunca me esqueci. - falou em um sussurro, o coração martelando no peito. Harry sentiu que ela não estava falando apenas do jeito de curar sua bebedeira. Ela se referia a tudo. - Eu vou pagar meu drink no bar. - ela se levantou rapidamente e foi em direção ao bar, com o coração quase saindo pela garganta.
Por que, raios, estava se sentindo daquele jeito? Já fazia treze anos! Treze anos! Ela não podia se sentir assim na presença dele depois de tanto tempo!
Capítulo 3
Os dois não disseram mais nada desde que saíram do bar até a chegada a casa de Judd. pagou o táxi e saiu, andando ao lado de Harry para impedi-lo de cair no chão. Ele já estava meio tonto e não conseguia firmar suas pernas da maneira correta.
se esforçou muito para não rir, mas foi em vão ao ver Harry se embolando todo com as chaves da porta e praticamente brigando com a fechadura. Ela as arrancou da mão dele, soltando uma risada, e tentou todas as chaves até encontrar a certa. Harry fez uma careta em sua direção, o que só fez gargalhar alto enquanto adentravam a casa de Judd.
- Eu conseguiria, você sabe. - Harry deu de ombros, jogando-se no sofá da sala.
- Ah, sim, com certeza! - rebateu com um tom sarcástico. - Onde é a sua cozinha? – perguntou, deixando sua bolsa em cima do sofá e pendurando seu sobretudo no cabideiro.
- Segue por ali. - ele apontou para o que estava nas costas de . - Pode ficar à vontade! - disse com um meio sorriso, encostando sua cabeça no encosto do sofá. - Eu só preciso urgentemente daquele café, Maçã Verde.
- Ok, Tigrão. Um café forte saindo! - seguiu pelo local até encontrar a enorme e impressionante cozinha do Judd.
Fuçou nos armários até encontrar tudo o que precisaria para fazer um café. Ignorou totalmente a cafeteira elétrica. Odiava o café daquelas coisas.
Depois de alguns minutos, o café finalmente ficou pronto. encontrou uma xícara e encheu até o limite. Sabia que Harry precisaria de pelo menos três xícaras para ficar melhor, por isso carregou a garrafa térmica de café com ela.
- Aqui está, Tigrão. - ela depositou a garrafa na pequena mesa no centro da sala e estendeu a xícara de café a Harry. Ele suspirou, abrindo seus olhos e agarrando a xícara com as duas mãos.
- Oh, graças a Deus! - ele murmurou após tomar um gole do líquido quente. - Eu nunca consegui reproduzir o seu café, nem a Izzy, ou as moças que já trabalharam aqui em casa. - se sentiu corar com o olhar de saudade nos globos azuis do Harry.
Os dois voltaram ao silêncio. Harry bebia do café com os olhos ainda observando atentamente. apenas tentava não corar como uma adolescente.
- Ok. Agora é sua vez de me contar sobre sua vida. - Harry cortou o silêncio enquanto enchia mais uma vez sua xícara de café.
soltou um longo suspiro antes de dar um pequeno aceno em concordância. Ponderou por onde começaria e percebeu que era melhor contar tudo desde o início, já que Harry não tivera tantas informações como ela própria pôde ter dele através da mídia.
- Então, eu conheci o George com vinte anos. Ele era neto dos Smiths e tinha acabado de se mudar pra casa dos avós porque ele havia perdido o pai, e a mãe dele resolvera voltar pra nossa cidade.
- Espera! - Harry interrompeu. - Os Smiths, aqueles seus vizinhos? - sorriu ao concordar. – Deus, eles ainda estão vivos? - deixou escapar uma gargalhada estridente.
- Ah, aqueles ali parecem que vão durar muito mais ainda. Nunca vi tanta saúde! - Harry gargalhou também.
- Desculpa, te interrompi. Continua! Continua! - Harry gesticulou com as mãos, indicando para que ela continuasse a falar.
- Certo! - respirou fundo para controlar suas risadas. - Nós começamos a nos encontrar ocasionalmente, até que depois de uns dois meses ele me convidou para sair. Assim começou o nosso namoro que durou três anos. Então o George me pediu em casamento.
fez uma pequena pausa quando as lembranças da época atingiram sua mente. Ela sorriu antes de retornar o seu relato.
- Ele era quatro anos mais velho do que eu, já tinha uma boa condição financeira por ser engenheiro. Eu não vi nenhum impedimento em ficar noiva aos vinte e três. - ela deu de ombros, vendo Harry acenar com a cabeça, como se concordasse com ela. - Então nós nos casamos no ano seguinte. Se não me engano, foi quando o McFly lançou o Super City.
- Foi sim! - Harry interrompeu mais uma vez. - Me lembro de minha mãe me contar sobre o casamento, e eu vi o convite, mas estava tão atarefado com a banda e tudo o mais que não pude ir. - Harry largou sua xícara de café na mesa de centro, já se sentindo mais sóbrio.
sorriu, negando com a cabeça.
- Eu entendi. Na verdade, eu meio que não esperava você lá, Tigrão, não depois do que aconteceu com a gente. - Harry soltou um suspiro pesado ao se lembrar do que ela estava falando. - Mas não vamos falar sobre isso!
Harry já estava indo questionar, mas resolveu que era melhor não. Só que ele sabia que os dois teriam de conversar sobre o que acontecera em algum momento.
- Voltando. - começou para chamar a atenção de um distraído Harry. - George sempre quis morar aqui em Londres, mas como as coisas com o trabalho dele estavam indo muito bem por lá, a gente adiou a mudança. Depois de alguns anos, quando nós voltamos a conversar sobre nos mudar, eu fiquei grávida.
- Uau, Maçã Verde, eu tinha me esquecido disso! Onde está a sua filha? - Harry perguntou, inclinando-se para frente no sofá, com ar de preocupação.
- Ah, ela tá com minha mãe por enquanto. Eu queria resolver tudo por aqui antes de trazê-la. Estou tentando fazer tudo o mais rápido possível porque eu não gosto de ficar longe dela com tudo isso que aconteceu. Ela ainda não conseguiu entender muito bem porque o pai dela tá demorando tanto para voltar de viagem.
Harry percebeu algumas lágrimas escorrerem pelo rosto de e logo se apressou em se sentar ao lado dela e abraçá-la. respirou fundo algumas vezes para controlar as malditas lágrimas.
- Então, quando a pequena Stella nasceu, nós resolvemos ficar por lá mesmo. George sabia que se nos mudássemos pra Londres um dos dois teria que parar de trabalhar pra cuidar da nossa princesa. Eu tinha horror a babás, na verdade, tenho horror até hoje. - ela soltou uma pequena risada, saindo do abraço do Harry.
Quando olhou em seu rosto, viu que ele também sorria.
- E lá nós tínhamos minha mãe e a mãe dele, sem contar os Smiths, que não queriam ficar longe da bisneta nem por reza brava!- a gargalhada de Harry preencheu todo o local. - Depois de alguns anos, nós estávamos até pensando em ter mais um filho, quando o acidente aconteceu. - a voz de sumiu na última frase. - George saiu para mais uma viagem de negócios com dois de seus amigos engenheiros e nunca mais voltou pra casa.
- É por isso que você tá se mudando pra cá? - Harry cochichou, apertando a mão dela na sua. - Pra fugir das lembranças de seu marido? - não se impressionou ao ver como Harry ainda a conhecia, como ele conseguia desvendar suas atitudes.
- Eu não conseguia mais ficar na nossa casa, na casa dos meus pais ou na casa dos Smiths. Tudo naqueles lugares, naquela maldita cidade, lembravam-me dele. Tive que me lembrar de suportar tudo aquilo pela Stella, mas assim que vi que ela havia parado de chorar a todo segundo, eu resolvi que já era hora de vir pra Londres. Vou começar uma nova vida no lugar que ele sempre quis morar.
Capítulo 4
Harry abraçou com força, ciente de que ela precisava de apoio depois de relembrar tudo aquilo que acontecera com ela. Os dois apenas ficaram assim, abraçados em silêncio.
- Eu sinto muito, . - Harry sussurrou enquanto afagava os cabelos dela.
- Eu também sinto, Harry. - ela respondeu com a voz abafada pelo pescoço dele. Afastou-se um momento depois, enxugando o rosto.
Os dois se encararam com pequenos sorrisos nos lábios, sentindo finalmente um pouco de paz e conforto desde que os acontecimentos terríveis atingiram suas vidas. De maneiras diferentes, mas igualmente dolorosas.
- Que tal comermos alguma coisa? - comentou assim que começou a se sentir sem graça e ruborizada pelo poder do olhar fixador de Harry. Ele abriu um largo sorriso antes de concordar com a cabeça.
- Eu sinto falta da sua macarronada. Na verdade, sinto falta de muitas coisas. - o coração de acelerou e sua respiração ficou presa na garganta. Ela se levantou de supetão, tentando disfarçar sua reação ao que ele dissera.
Abriu um sorriso e concordou com a cabeça.
- Então, vamos fazer macarronada!
Os dois se encaminharam até a cozinha e juntos começaram a procurar os ingredientes necessários para fazer o jantar. Em silêncio, começou a preparar o macarrão e o molho enquanto Harry se ocupava em preparar um suco de laranja.
Se ele não tivesse bebido tanto aquela noite, estaria abrindo uma garrafa de vinho para acompanhar o jantar como era de seu costume, mas preferia mesmo ficar sóbrio. Não iria desperdiçar o primeiro reencontro com .
Ainda mais depois de tanto tempo.
Para preencher o silêncio do local, Harry foi até o aparelho de som e colocou uma música suave para tocar. sorriu para ele assim que o mesmo retornou, voltando sua atenção para a macarronada em seguida.
Depois de alguns minutos, o jantar finalmente ficou pronto e os dois sentaram-se a mesa, um de frente ao outro.
- Que tal um brinde? - Harry propôs, erguendo sua taça com suco assim que acabou de servir a . Ela sorriu e repetiu seu gesto. - Um brinde ao nosso reencontro. Ao fato de nós não estarmos mais sozinhos nesta véspera de Natal. - sorriu e bateu sua taça de leve na dele, os dois sem nunca desviarem os olhos um do outro.
- Saúde! - ela disse antes de levar a taça aos lábios e beber um pouco do suco. - Hum... O suco está muito bom, Harry! - ele sorriu antes de dar de ombros.
Começaram a comer em silêncio mais uma vez.
- Eu nem preciso dizer que está delicioso, preciso? - sorriu de lábios fechados enquanto mastigava. Negou com a cabeça de leve antes de beber um gole do suco.
- Cala a boca e come! - brincou, arrancando uma risada do Harry.
Harry terminou o jantar primeiro que . Havia comido duas vezes e se sentia completamente satisfeito. Empurrou seu prato para longe e cruzou os braços na altura do peito, encostando na cadeira de forma que conseguisse ficar de olho em .
Reparou nas mudanças de seu rosto.
Ainda era bela, com as mesmas feições de quando ele se apaixonou por ela na adolescência, agora apenas com um corpo mais maduro, cheio de curvas e uma expressão de seriedade em seu rosto.
Ela não era mais a menina com quem ele namorou.
Mas ainda assim, se não estivesse casado e se esquecesse de tudo o que ocorrera anos antes, poderia facilmente ficar com ela. O que não faltava era química entre eles.
E talvez, lá no fundo, ainda existisse amor. Afinal, ela fora a primeira.
- Tá pensando em quê? - disse, cortando seus pensamentos que voavam para a época em que eles estavam juntos. Harry sorriu vendo que ela já havia acabado seu jantar e estava mais do que na hora de conversarem sobre o que acontecera entre eles no passado.
- Em tudo o que aconteceu entre a gente no passado. - respirou fundo, soltando o ar pela boca entreaberta. - Já tá na hora de falarmos sobre isso, não acha? - ela se limitou a concordar com a cabeça.
Os dois ficaram alguns minutos apenas se encarando. O som tocava ao fundo, mas nem Harry ou escutavam.
- Eu acho que preciso pedir desculpa pela forma que te tratei aquele dia. - Harry começou, a voz baixa e contida. As lembranças daquele último encontro adentraram os pensamentos dos dois com força. negou com a cabeça.
- Eu entendo. Na verdade, nem sei por que eu fui atrás de você. - o interrompeu. - Eu sabia que depois de tudo você não iria querer me ver.
- Quando eu vi você na plateia aquele dia no bar do Joe, eu fiquei primeiramente muito feliz. - os dois sorriram. - Mas enquanto eu tocava, as lembranças da traição me atingiram em cheio, sabe? E aí, quando eu fui até você, eu já estava irado!
- Eu fui lá tentar te explicar tudo, Harry. Eu queria te explicar que foi tudo armação, que eu nunca traí você. - Harry concordou com a cabeça, levantando-se e arrastando sua cadeira para estar ao lado dela.
Ele pegou as mãos dela nas suas e apertou. Um meio sorriso curvava em seus lábios.
- Eu sei. Quer dizer, hoje eu sei que você não me traiu. Na época eu não sabia e mesmo quando me provaram eu custei a acreditar. Só que quando tudo se resolveu já era tarde. Você estava namorando e eu também. - Harry suspirou, fechando seus olhos por um momento. - Até hoje eu me arrependo de não ter dado ouvidos a sua explicação.
Ele abriu os olhos e sua visão se prendeu no rosto de . Ela não conseguia acreditar no que estava escutando. Passou a vida inteira imaginando que o Harry pensava que ela havia o traído, que ele acreditava naquilo. Jamais imaginou que ele soubesse o que de fato aconteceu, e que as coisas poderiam ter sido muito diferentes entre eles.
- Me desculpe por tudo o que eu te disse naquele dia, Maçã Verde. - ela o sentiu apertar sua mão mais uma vez antes de sorrir, aceitando silenciosamente o pedido de desculpas dele.
Flashback On
- Que diabos você pensa que está fazendo aqui? - Harry nem ao menos deu-me oportunidade de dizer nada. Falou com a voz baixa, mas irada, assim que chegou perto de mim. Dei uma olhada ao redor do bar lotado e vi que muitos olhares estavam sobre a gente.
- Eu vim porque preciso te dizer uma coisa. - minha voz saiu fraca demais. Controle-se, !
- Eu não quero escutar nada de você! - ele gritou, fazendo-me encolher ainda mais ao ver a fúria estampada em seu rosto. Esse não é o meu Harry. Não mais. - E quem foi que te disse onde eu estava? - mordi meu lábio para abafar um soluço que se apossava de minha garganta.
Eu não posso chorar, não posso chorar!
- Sua mãe. - falei baixo. Um dos amigos novos dele de banda se aproximou com a sobrancelha arqueada. A curiosidade estava estampada em seu rosto.
Harry olhou para ele e o rapaz afastou um passo. Acho que ele percebeu como é perigoso ficar perto do Harry com esse nível de raiva transbordando por sua pele.
- Tinha que ser! - voltou seu olhar pra mim, expressando-se em relação a minha afirmação anterior. - Olha aqui, Maçã... . - ai! Doeu muito vê-lo relutar em dizer o apelido carinhoso que tinha criado pra mim. Meus olhos se encheram de lágrimas. Não consigo evitar. - Volta pra casa e nunca mais se atreva a me procurar. Você não é mais nada pra mim! Eu deletei você da minha vida a partir do momento que soube que você me traiu. - a voz dele estava carregada de desprezo.
Que merda eu vim fazer aqui? Eu sabia que ele não iria me escutar! Burra, burra, burra!
- Você não é digna nem mesmo do meu ódio! - ele continuou. - Eu me arrependo todos os dias de ter me apaixonado por você. - ele deu as costas e saiu, deixando-me ali, atônita.
Não pude mais segurar as lágrimas. De todas as maneiras que eu imaginei esse reencontro, nunca na minha vida eu pensei que pudesse ser tão doloroso.
End Flashback
Capítulo 5
25 de Dezembro de 2016
O relógio antigo começou a badalar exatamente a meia-noite, mais alto do que a música que saía do aparelho de som. Harry virou seu rosto na direção da sala onde o antigo relógio de seus bisavós estava. Depois da reforma que ele havia mandado fazer no objeto, o relógio que Harry recebeu de presente como herança era uma das relíquias mais bonitas em toda a casa.
- Já é meia-noite! - disse empolgada ao escutar a última badalada que totalizava doze e indicava a hora do dia. - Harry, já é Natal! - os dois voltaram a se encarar com sorrisos alegres.
Harry se levantou imediatamente, sentindo uma energia estranha e especial invadir todo o seu corpo. Via do outro lado da mesa e sentia um inexplicável sentimento de paz apenas por saber que ela estava ali. Era algo engraçado, já que nos últimos anos ele não se lembrou dela muitas vezes, tinha seguido com a sua vida e ela tinha feito o mesmo, mas agora, olhando nos olhos dela, ele sentia que não se passaram treze anos desde a separação.
Não parecia ter passado nenhum segundo desde que ele partira seu coração pela primeira e última vez.
Ele se aproximou dela e a arrastou pela cozinha, até ficarem em cima do tapete da sala escutando uma música instrumental tocar. Harry pegou pela cintura, ainda sem nenhuma palavra, e se colocou em posição de dança.
sorriu, emocionada e também sem nenhuma vontade de falar. Estava feliz. Fazia muito tempo que não se sentia tão feliz assim e ela jamais imaginou que continuaria sentindo aquilo na presença de Harry.
Começaram a dançar de forma lenta, os olhos ainda sem desviarem um do outro. Um Natal que tinha tudo para ser desastroso para ambos os lados, tornou-se um dos momentos mais especiais e sublimes que eles poderiam querer.
Tudo começava a fazer sentido ali, enquanto se encaravam.
Uma energia especial girava em torno deles, aproximando-os lentamente, imperceptível para nenhum dos dois. Mas mesmo que percebessem, Harry e deixariam acontecer.
Eles queriam sentir de novo. Sentir aquela explosão, aquele calor e aquela paixão que se lembravam dos tempos de adolescência. Queriam estar nos braços um do outro mais uma vez, com os lábios unidos como se fossem um só, sem se importarem com os problemas do mundo ou os seus próprios.
Eles só queriam se afogar no conforto de braços conhecidos e esquecer.
E eles fizeram isso. Beijaram-se.
Os lábios compartilharam de um momento de timidez, uns breves segundos onde nenhum dos dois se mexeu. Mas após o reconhecimento, entregaram-se à paixão assim como estavam desejando com uma pequena batalha de lábios, línguas e mãos.
E da mesma forma que iniciou, acabou.
e Harry se separaram de olhos ainda fechados. Os dois estavam tentando entender, enquanto respiravam, o que estavam sentindo. O que aquele beijo tinha causado aos dois. Sabiam que havia algo diferente, uma descoberta importante, que só tiveram certeza quando abriram os olhos e se encararam.
Era estranho.
Isso o que havia mudado.
Eles se sentiram absolutamente confortáveis e cômodos enquanto conversavam. Chegaram até a terem a impressão de que os anos não haviam mudado nada, que treze anos não fizera diferença.
Mas fez. E muito.
Agora eles eram estranhos. E perceberam aquilo no decorrer do beijo.
Harry percebeu que não reconhecia mais o beijo da , o qual ele poderia jurar segundos antes que se encaixava ao dele tão bem, tão familiar. E ele chegou à conclusão que apenas um beijo se encaixava verdadeiramente ao dele, um beijo que, ele percebera naquele instante, sentia tanta falta. O beijo da Izzy.
Já se sentia da mesma maneira. Não eram os lábios de Harry, ou os braços dele, que lhe davam aquele sentimento de ter chegado em casa. Era confortável, bom, mas nunca seria o beijo do seu George. E ela agora tinha certeza que, se não conseguira achar aquele sentimento com Harry, provavelmente não encontraria com mais ninguém.
- Harry... - ela tentou iniciar, afastando-se um passo dele. Os dois estavam tão inertes em suas próprias mentes que não repararam que ainda se encontravam abraçados.
- ... - Harry soltou o nome dela, pois não sabia o que mais poderia dizer. - Isso foi...
- Estranho. - completou com a voz baixa. Ficou aliviada ao ver Harry concordar com a ideia.
- Desculpe por ter beijado você. - ela sorriu ao dar de ombros.
- Não precisa pedir desculpas. Quem deveria pedir era eu, afinal, você que é o casado! - o sorriso de Harry murchou e ele soltou um leve suspiro.
- Deus, eu sinto falta dela! - jogou-se no sofá e usou as mãos para esconder o rosto. mordeu o lábio inferior antes de se sentar ao lado dele.
- Então vá atrás dela, Harry. - ela sussurrou, chamando a atenção dele, que voltou a encará-la. - E não me diz que você não pode! - disse mais uma vez ao vê-lo abrir a boca para falar. Harry ergueu a sobrancelha, indicando que ela havia adivinhado suas palavras.
- ... - começou negando com a cabeça.
- Ah, qual é, Harry?! Você não vai passar o seu Natal inteiro aqui comigo, reclamando sobre o quanto você sente a falta da Izzy! - se levantou mais uma vez, não deixando Harry concluir sua fala. - Você vai levantar desse sofá, vai tomar um banho e vai atrás da sua esposa! - ela começou a puxá-lo pelas mãos, mas não conseguiu levantá-lo. Soltou um resmungo e se afastou, plantando as mãos em seus quadris. – Levante-se agora, Judd!
E lá estava ela, com a postura mandona da qual ele se lembrava tão bem. Começou a rir, pois não conseguiu evitar de se lembrar das várias vezes em que presenciou ela daquela maneira.
Pobre George, deveria ter sofrido em muitos momentos com ela!
- Tá rindo de quê? - perguntou desconfiada. Harry sorriu ainda mais e se levantou.
- Eu senti sua falta, Maça Verde, senti mesmo! - deu um beijo no rosto dela, que estava imóvel com a surpresa de sua declaração, antes de dar meia-volta.
- Espera! Aonde você vai? - perguntou ao vê-lo se aproximar das escadas.
- Tomar um banho, oras! - ele respondeu por sobre o ombro. - Tenho que ficar descente para rever minha esposa. - ela abriu um enorme sorriso de contentamento ao ver que havia conseguido convencê-lo.
Quando terminou de subir o último degrau da escada, Harry sorriu ainda mais, pensando que já estava na hora mesmo dele tomar vergonha na cara e ir atrás da Izzy.
Fora um milagre a ter aparecido para colocar juízo em sua cabeça naquele Natal.
Ele só esperava que ainda houvesse salvação para o seu casamento.
Capítulo 6
O carro diminuiu a velocidade até parar próximo à calçada. Harry então voltou seu olhar para , que sorria.
- Obrigada por me trazer em casa. - ele sorriu antes de negar com a cabeça.
- Obrigado por ter aparecido. Foi muito bom ter passado essa noite conversando com você. - deu de ombros antes de depositar um rápido beijo na bochecha dele.
- Vá lá recuperar a sua esposa, e vê se não estraga tudo! - apontou em sua direção antes de se afastar com um sorriso brincalhão e sair do carro, escutando a gargalhada de Harry atrás de si.
caminhou com cuidado por causa da neve até a frente do prédio onde estava morando há poucos dias. Harry abaixou o vidro do carro, sentindo o ar gelado entrar por ele e anular o efeito do aquecedor.
- Hey, Maçã Verde! - gritou pouco antes de entrar no prédio. - Veja se não some! - ele sorriu e ela sorriu também.
- Claro, Tigrão, digo o mesmo pra você! - trocaram mais um breve sorriso antes de entrar no prédio e Harry dar partida no carro.
Sim. Havia sido uma noite incrível, pensou . Afinal de contas, podia ter perdido o marido, mas agora recuperara um amigo. Talvez a vida dela estivesse finalmente entrando nos eixos desde a morte de George.
Morar em Londres era um excelente recomeço.
#
Harry tocou a campainha da casa da mãe de Izzy, onde ele tinha certeza de que ela estava ficando desde que saíra de casa. Aguardou algum tempo, esfregando suas mãos frias envolvidas pelas luvas umas nas outras. Estava ficando impaciente com a demora para abrirem a porta.
Ficou pensando o que diria quando encontrasse Izzy. Não tinha nada concreto na cabeça ou que fosse bom o suficiente, mas sabia que algo teria que surgir. Resolveu deixar nas mãos de Deus.
Quando finalmente a porta abriu, Harry deu de cara com a mãe de Izzy.
- Harry! Graças a Deus! - ela o abraçou, pegando-o de surpresa. - Eu já estava indo ligar pra você! - quando se separaram, Harry reparou no telefone na mão direita dela.
- Cadê a Izzy? - ele perguntou, sentindo uma sensação estranha em seu peito. O rosto de Gill demonstrava angústia.
- Ela está no hospital. - Harry ficou paralisado. - Ela começou a passar mal e acabou desmaiando aqui, no meio do jantar de Natal. David a levou para o hospital junto do Hupert há alguns minutos. - ela continuou cochichando, apertando o ombro de Harry em sinal de apoio. - Eu estava indo te avisar agora.
Harry acordou.
Foi como se tivesse recebido um choque. Em um minuto estava estático, no outro estava a mil por hora.
- Onde ela está? Já tem notícias dela? - Gill negou com a cabeça.
- Ela está no Royal e eu não tive notícias ainda.
- Vamos! Vamos pra lá agora! - ele puxou a sogra pela a mão e praticamente a arrastou até o carro. Ficou maluco só com o tempo que ela perdeu para fechar a porta de casa.
Ele tinha que ser rápido. Izzy precisava dele e ele simplesmente não conseguiria se perdoar se algo acontecesse a ela.
Ele morreria se alguma coisa acontecesse à Izzy.
Dirigiu como um louco pelas ruas de Londres até chegar ao Royal Hospital. Foi agradecendo a mentalmente por ela ter aparecido naquela noite e o ter salvado de uma noite de bebedeira sem fim. Se não estivesse com ele, Harry provavelmente não teria a mínima condição de estar presente no hospital como estava fazendo naquele momento.
Provavelmente estaria apagado em sua cama, ou até mesmo no bar do Joe.
Perguntaram ao recepcionista, que disse que ainda não podia dar informações sobre a Izzy, apenas indicou o local onde o pai e o irmão dela estavam aguardando. Harry e Gill encontraram Hupert e David na sala de espera com feições apreensivas nos rostos.
- Onde ela está? - Harry perguntou após cumprimentar o sogro, que suspirou.
- Está sendo examinada agora, temos que ficar aqui aguardando.
- Ela acordou pelo menos? - a Gill perguntou. David concordou com a cabeça. – Ah, graças a Deus! - sibilou baixo, aliviada.
Os quatro tiveram que esperar mais alguns minutos antes do médico aparecer. O mesmo que os tranquilizara logo de cara.
- Está tudo bem com a paciente, na verdade, melhor do que bem. - Harry soltou o ar dos seus pulmões. Não havia percebido que estava prendendo. O alívio percorreu o seu corpo. - Vocês podem ir vê-la agora.
- Ela vai ter que ficar internada? - Harry questionou, já se encaminhando para o local onde Izzy estava.
- Só por mais algumas horas, só por segurança. E ainda temos que fazer mais alguns exames. - Chegaram em frente à porta do quarto dela. - Com licença! - o médico se despediu com um sorriso e se afastou pelo corredor.
Capítulo 7
Harry permaneceu no corredor. Sentia-se estranho por estar ali por causa da última briga que tiveram. Não sabia como Izzy reagiria ao vê-lo. Talvez o mandasse embora, talvez não. Harry só tinha medo de ser rejeitado por ela.
Respirou fundo e entrou assim que escutou a voz de Izzy tranquilizando os pais. Quando ela o viu, ficou paralisada, encarando-o. O quarto ficou silencioso, Harry sabia que a família dela estava os observando atentamente, mas ele não olhou para confirmar. Só tinha olhos para a sua esposa.
Ela parecia um pouco pálida, estava recebendo soro por modo intravenoso, mas fora isso, parecia estar bem.
- Harry... - Izzy moveu os lábios formando o nome dele, mas ainda sem dizer nada.
- Acho melhor nós darmos um tempo a eles. - Harry escutou a voz do sogro, mas simplesmente não conseguia olhar para mais ninguém.
Em um segundo, estavam a sós:
- Como você está se sentindo? - ele se aproximou da cama de hospital.
- Muito bem. - ela sorriu, e o seu sorriso encheu de alegria o coração de Harry.
- E o médico disse o que fez você passar mal? - ela concordou com um aceno de cabeça e ainda sorria. - E você vai ficar boa logo?
- Bom, na verdade, eu não sei bem... - ela deu de ombros. - Isso vai depender de como eu vou passar os outros sete meses.
Harry franziu a testa, pensando no que ela disse. Assim que compreendeu, arregalou os olhos e acabou com o espaço que ainda existia entre ele e a esposa, abraçando-a.
- Você está grávida? - perguntou mesmo para ter certeza e quase gritou de alegria quando ela concordou.
- Eu nem ao menos percebi que estava atrasada por causa da nossa briga... - Harry a calou com um beijo. Um beijo que há muito tempo não compartilhavam. Um beijo cheio de sentimento, espontaneidade e desejo.
Pararam de se beijar apenas quando ambos ficaram sem ar. Estavam sorrindo como duas crianças.
- Izzy, me perdoe! Eu fui um idiota! Eu nunca deveria ter deixado você sair por aquela porta! - Harry começou a pedir desculpas, segurando o rosto de Izzy em suas mãos.
- Tudo bem, eu também tenho que te pedir desculpas. Eu deveria ter tentado resolver tudo com você, não ter fugido como uma covarde. - Harry soltou uma risada, negando com a cabeça.
- Somos dois burros! Ficamos sofrendo à toa. - gargalharam, espantando de uma vez aquela sensação horrível que a separação havia deixado.
Harry desviou sua atenção para o ventre de Izzy, depositando suas mãos lá. Os olhos se encheram de lágrimas.
- E como tá o meu garoto? Confortável? - Izzy sorriu.
- É uma menina. - Harry olhou para ela e negou com a cabeça.
- Sei que é um menino! - começaram a discutir, ainda em tom de brincadeira, os motivos para terem certeza de que o bebê seria menino ou menina.
Logo o restante da família de Izzy adentrou o quarto e eles deram a grande notícia.
O melhor presente de Natal que Harry ou Izzy poderiam querer. Estavam juntos e teriam um bebê, assim como deveria ser.
Mais uma vez, o milagre acontecera no Natal. Aquela época mágica que há anos vem sendo diferencial na vida de seus amigos, e agora, na dele própria. Harry sabia em seu interior que apenas o aniversário de nascimento do menino Jesus, poderia proporcionar tantos milagres.
E se alguém pergutasse a ele, ou aos seus outros colegas de banda, se eles acreditavam em Papai Noel, a resposta seria unânime: Sim.
| FIM |
N/A: Hey, pessoas! Como estão? Finalmente, cumpri a minha promessa e fiz a fic para as minhas queridas Judds. Eaí? O que acharam? Legal ser a ex-namorada do Tigrão? E ainda ser chamada de Maçã-Verde que gracinha. Rs
Ok. Quero saber o que vocês acharam nos comentários! E essa é a minha despedida da saga Merry Christmas With McFly. Awn, vou sentir falta de escrevê-la todo fim de ano :)
Amo vocês e não se esqueçam de dar uma lida nas minhas outras fics ok?
Beijos, e Feliz Natal! <3
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Nota de Beta: Se virem algum erro de português/script/HTML, não usem a caixinha de comentários, me avisem por aqui: nellotcher@gmail.com