Era uma noite quente e quase sufocante. Eu não conseguia fechar meus olhos sem que a imagem dele penetrasse por minhas pálpebras, e isso já havia se tornado uma rotina.
Já fazia meses desde que ele partira e deixara em meu coração uma ferida incapaz de ser cicatrizada. Eu sabia que não fora culpa dele, mas teria sido muito melhor se eu tivesse ido em seu lugar ou até mesmo que eu tivesse ido junto. Ele me salvara naquele dia, me salvara e perdera sua própria chance de viver.
Eu me sentia como uma assassina. Sim. Mesmo que não fosse minha vontade, eu tirei a vida do meu bem mais precioso.
Meus dias se resumiam a ficar na janela esperando por sua volta, que não chegaria nunca. Mas em meu coração a esperança ainda se fazia presente.
As horas desse dia entediante, como todos os outros, foram passando, e mais uma vez eu não conseguira dormir. Suas roupas ainda estavam em meu armário e eu apertava sua jaqueta contra meu peito. Seu cheiro ainda estava nele. Aquele cheiro que era uma combinação de menta e rosas que só ele tinha. Fechei meus olhos e me perdi em lembranças. Foi quase possível te ouvir sussurrando em meu ouvido...
- Eu estou aqui...
Sorri ao ser capaz de projetar sua voz tão nitidamente e lágrimas já ameaçavam cair quando, assustada, senti uma mão enxugá-las. Sua mão. Seu cheiro. Sua voz. É isso. O sono já pregava peças em minha mente, que já não se encontrava plena.
-Meu amor, eu estou aqui.
Abri meus olhos. Não era possível. É ele. Parado diante de mim com seus orbes escuros e apertados, seus lábios encurvados em um pequeno sorriso e... Seus braços envoltos em minha cintura, apertando-me contra seu corpo.
- Não aguentei te ver tão triste... Você devia viver... Não chorar todos os dias.
- Como quer que eu viva se a minha própria vida me abandonou?
Abracei-o com toda minha força, não iria deixá-lo escapar de mim desta vez.
- Não te abandonei nunca. Você sabe que eu nunca seria capaz de te deixar de verdade. Eu sempre vou estar aqui - ele apontou para meu peito –, em seu coração. Mas não poderei descansar até você estar bem, até você estar vivendo.
- Danny...
Não pude falar. Daniel beijou-me. Não do jeito selvagem e desesperado de sempre, mas de forma calma e carinhosa.
- Só saiba que nunca te deixarei... Sempre serei seu monkey metido e orgulhoso, que fazia burradas e tentava consertar te mandando flores, ou sendo ciumento e tendo que te ver fazendo greves de sexo, ou até tentando ser romântico e estragando nosso jantar... Sempre serei seu... Mas agora de um modo diferente... Serei seu nas lembranças, nas fotos, nos vídeos, em você.
Beijou-me mais uma vez.
- Eu te amo, para sempre.
- Eu te amo, Daniel, para sempre.
- Senti tanto sua falta, minha pequena.
Afagou meus cabelos e senti o sono se apossar de meu corpo.
Acordei com o despertador chato tocando. O cheiro dele ainda estava impregnado em meu quarto. Tão forte quanto as lembranças de sua visita.
Hoje faz dois anos desde o acidente.
Dois anos que o McFLY perdeu um de seus integrantes. Dois anos que eu perdi minha razão de viver. Claro, segui com o que ele pediu... Eu vivi. Pela metade, mas vivi.
Esforcei-me ao máximo. Fiquei de joelhos próximo a lapide dele...
|DANIEL ALAN DAVID JONES - AMADO AMIGO - 1986/2010|
Eu já não tinha lágrimas para chorar... Apenas meus soluços descontrolados eram escutados. Senti alguém tocar em meu ombro. Eu não precisava olhar para saber quem era.
- Também sentimos falta dele... Muita. - Dougie falou com a voz embargada.
- Vamos, vamos para casa.
Ele segurou minha mão e seguimos para o carro onde Harry nos esperava.
FIM
Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avisem por e-mail caso encontrem algum.