Escrita por:Mari Monte
Betada por: Flávia C.




I.

“Eu descobri quando é o dia da aeromoça.” declarou, entrando no próprio quarto, com um copo de leite em uma das mãos e um prato com um enorme sanduíche na outra.
“Isso é o seu jantar, amor?” questionou, da cama onde estava sentada, levantando os olhos de seu tablet e fazendo careta para o lanche do namorado.
“Foi por não ter nada na geladeira que desse para chamar de comida que eu falei pra você passar em um restaurante, antes de vir.” Ele explicou, ocupando o lugar ao lado dela.
“Eu poderia ter trazido alguma coisa pra você, se tivesse me falado. Achei que você só queria que eu demorasse um pouco mais, pra não te esperar muito.” Deu de ombros e voltou a ler o e-book que havia comprado horas antes.
“Você tá mesmo interessada nisso aí, hein? Nem prestou atenção ao que eu disse antes.” Reclamou, tomando um gole de leite.
“Desculpa!” Pediu, colocando de lado o aparelho e mostrando interesse em conversar. “O que foi? Algo sobre uma nova aeromoça?”
“Não.” Ele riu. “Eu descobri quando se comemora o dia dos comissários de bordo. É no próximo dia trinta e um, e eu quero te fazer uma surpresa. Ou melhor, retribuir a surpresa que você me fez, no dia do aviador... Lembra?”
“Vai usar uma lingerie especial, babe?” Brincou, enquanto ele devorava parte do sanduíche.
“Engraçadinha.” Ele apertou a bochecha dela, quando enfim acabou de mastigar. “É uma coisa um pouco... maior, eu diria. Uma viagem. Só pra nós dois.”
“Nossa!” Exclamou, surpresa. “Mas... não dá. Eu to escalada pra um voo e...”
“Você tava.” Ele interrompeu, acariciando o rosto dela, que mostrara tristeza pela constatação de que estaria ocupada. “A topou fazer algumas trocas com você. É só você ligar pra ela e ver os dias em que cada uma trabalharia.” Informou. “A ideia é sairmos daqui na quinta, vinte e nove, e voltarmos no dia primeiro.”
Nenhum dos dois gostava de ficar mudando as datas para as quais eram escalados, pois não queriam chamar a atenção de seus superiores, que poderiam achar que a relação deles estava influenciando em seu comprometimento com o trabalho. No entanto, antes daquela noite, havia quase vinte dias que eles não passavam mais do que meia hora na presença um do outro e por isso julgaram que abrir uma exceção não só não faria mal, como se tornara uma necessidade.
Nos próximos minutos, falou apenas sobre o tipo de roupa que ela deveria levar, mas não deixou escaparem mais detalhes, como para onde iriam ou como. ainda combinou sobre a troca de datas com a amiga de ambos, antes que eles pudessem deixar o assunto de lado e se amar gostosamente. Cada dia em terra era um momento precioso, cujos minutos não podiam ser desperdiçados. No dia seguinte, eles voariam separados, mais uma vez, e só voltariam a se encontrar com as malas prontas para sua aventura romântica.

II.

Quando falou em uma viagem só deles, não estava brincando, e esta começou com os dois ocupando, sozinhos, um monomotor de uma escola de pilotos, da qual um amigo dele era sócio, ao invés de um grande avião, cheio de outros passageiros, como era de costume. Não era um daqueles aviões antigos abertos, como o usado pelos personagens de Meryl Streep e Robert Redford no filme Entre Dois Amores, mas o prazer de voar baixo, por sobre lindas plantações, quando já estavam próximos de seu destino, colocou no rosto de o belo sorriso que o namorado queria ver.
Quando chegaram ao Condado de Napa, na Califórnia, havia um chalé reservado para eles em uma das várias vinícolas da região, que, além de comercializarem deliciosos vinhos e espumantes, movimentavam a economia por meio do turismo relacionado à produção da bebida. adorou a surpresa, pois sempre tivera vontade de visitar um vinhedo e sabia disso. Ele realmente parecia ter levado a sério a história de comemorar o dia da aeromoça ou talvez simplesmente tivesse esperado ansiosamente por uma desculpa, uma vez que eles sempre acabavam não viajando a lugar nenhum, a não ser a trabalho.
“Será que é cedo pra uma bebida?” perguntou, vendo que havia uma garrafa de vinho e taças sobre a mesa da saleta do chalé.
“Não. Já são quase seis e, depois do almoço, num lugar como esse, qualquer hora é hora.” Deu de ombros. “Só não exagera, logo de cara, porque a gente tem a noite toda pela frente.”
“Vamos ver o por do sol da varanda, tomando uma taça, então.” Declarou, abrindo a garrafa, enquanto a garota mexia na mala e tirava dela um vestido.
“Vou só colocar algo mais confortável.” Sorriu, indo até o banheiro, e ele apenas tirou a camisa de botão que estava usando, ficando com a de malha que estava por baixo.
Viram o dia dar lugar à noite, com o céu mostrando um dos mais belos espetáculos da natureza. Apreciaram um vinho branco delicioso, sentindo uma brisa gostosa bater no rosto, curtindo um raro silêncio. Depois caminharam juntos até o casarão sede da vinícola, para conhecê-lo melhor, pois tinham apenas passado por lá, para fazer check in e pegar as chaves do chalé. Aproveitaram para jantar e conversar um pouco com outros hóspedes, mas não foram dormir muito tarde, pois as atividades na região começavam bem cedo.
praticamente despertou junto com o sol e, apesar de estar se sentindo bem revigorado, sentiu um pouco de pena de acordar , que dormia como um anjo. Ficou observando a garota por um tempo, com o corpo nu que lhe dera tanto prazer horas antes coberto apenas por lençóis branquinhos, antes de começar a beijar um de seus ombros devagar, a acariciá-lo com os lábios sutilmente. Ouviu um gemidinho encorajador e levou os carinhos ao colo, descendo em direção aos seios.
Antes de sair da cama e ir tomar um daqueles cafés da manhã maravilhosos que somente hotéis sabem servir, deu atenção a cada pedacinho do corpo de , aproveitando aquele raro momento sem horários rigorosos para nada, e levando-a às alturas pela primeira vez naquele dia.

III.

Quando ele a levou às alturas pela segunda vez naquela sexta-feira, foi de maneira literal, e não metafórica. Eles já tinham conhecido outros vinhedos da região, degustado vários tipos de vinho, e aprendido sobre uvas e sobre o processo de produção da bebida, quando arrastou para um grande descampado em uma das propriedades, sem aceitar dizer para onde estavam indo e o que iriam fazer em seu local de destino. Logo, no entanto, ela veria alguns enormes e lindos balões multicoloridos, que até então só conhecia pela televisão, sendo preparados para subir aos céus com grupos de turistas.
“Um passeio de balão?” Questionou.
“É a ideia.” Respondeu . “A não ser que você tenha medo.” Implicou.
“Claro que não!” Fingiu-se de ofendida, mas não conteve um largo sorriso.
“Que bom! Porque eu acho que todo mundo que tá aqui já pagou também e eu ia perder uma boa grana.” Continuou em tom jocoso.
O passeio valeu cada centavo! Mesmo que eles já tivessem visto grande parte da paisagem de dentro do avião, a experiência de estar em uma cesta, sendo carregados pelo vento, quase como se ela estivesse indo para onde bem quisesse, era diferente de qualquer outra. Além disso, puderam apreciar a vista juntos, comentar sobre ela, namorar embalados por ela, sem que estivesse preocupado em pilotar. Os outros balões, próximos ao deles, davam um toque especial ao céu super azul daquela tarde.
Estavam tão integrados à natureza, quando voltaram ao solo, que teve a ideia de alugar bicicletas e pedalar por caminhos desenhados no meio das plantações. Terminaram o passeio em uma parte bem deserta do lugar, trocando carícias ousadas, e fizeram o caminho de volta bem depressa, ávidos por se entregar a prazeres mais clandestinos do que voos ou orgias gastronômicas.
Antes de devolver as bicicletas ao dono, no dia seguinte, foram ver o por do sol naquele mesmo lugar ermo e acabaram se amando escondidos na plantação, depois de participar de várias atividades oferecidas, ao longo do dia, pelos fabricantes de vinho. A mais interessante delas tinha sido, com certeza, uma simulação em que os visitantes tiveram a oportunidade de fazer como os antigos produtores e pisar uvas colocadas em um grande tonel. Se sujar dos pés à cabeça nunca tinha sido tão divertido!

IV.

“Sua massa tá boa?” perguntou, pela terceira vez, durante o último jantar do casal na vinícola. Estavam em um espaço privado do restaurante, em uma aconchegante varanda. O rapaz tinha reservado aquela mesa para um momento particularmente romântico.
“Tá ótima, mas eu já te disse isso. Mais de uma vez!” Riu a garota. “Tá tudo bem, amor? Você parece inquieto.”
“Não. Tá... tudo ok.” Tentou disfarçar, comendo um pedaço de sua carne.
Foi então que um conjunto de músicos chegou, tocando, e parou bem debaixo da varanda. Ela olhou bem nos olhos dele, desconfiada, e ele apenas sorriu, pouco antes de os músicos pararem de cantar e um deles anunciar que todas as canções daquela noite estavam sendo dedicadas a pelo seu namorado, , com todo amor.
“Eu lembrei que naquele filme em que a família da garota mora numa vinícola...”
“Caminhando nas Nuvens.” Esclareceu.
“Esse mesmo!” Assentiu. “Eu me lembrei que nele tinha uma serenata e achei que, assim, ia completar a experiência.”
“Uma serenata ao luar me faz sentir mesmo num filme super romântico, MAS...” Disse, fazendo com que ele levantasse a sobrancelha. “Só é uma serenata, pra valer, se o mocinho canta pra mocinha. Se ele não canta, é só um show.” Falou, não querendo desmerecer o gesto dele, mas desejando ter realmente a experiência por inteiro.
“Mas eu não sei cantar, .” Coçou a nuca, sem jeito.
“Por favor! É só pra mim!” Pediu, manhosa. “Você não desafina no chuveiro.” Brincou.
Ele limpou os lábios com o guardanapo que estava em seu colo, beijou a mão dela e desceu as escadas, indo falar com os músicos, que ficaram surpresos, mas adoraram a ideia de acompanhá-lo em uma canção especial. Levaram algum tempo para decidir qual seria, mas não se arrependeu de ter dado a sugestão, pois era dele que ela queria escutar cada palavra de uma canção como a que ouviu a seguir e, a seus olhos e ouvidos, nem mesmo Frank Sinatra faria melhor.
When somebody loves you
It´s no good unless he loves you
All the way
Happy to be near you
When you need someone to cheer you
All the way
(...)
Who knows where the road will lead us
Only a fool would say
But if you let me love you
It's for sure I'm gonna love you
All the way

(Quando alguém te ama
Isso não é bom a menos que ele te ame
De todos os modos
Feliz por ele estar perto de você
Quando você precisa de alguém para te incentivar
De todos os modos
...
Quem sabe onde esta estrada nos levará
Só um tolo diria
Mas se você me deixar te amar
É certo que eu vou te amar
De todos os modos)

“Nossa, amor! Eu NUNCA vou me esquecer dessa viagem, mesmo que a gente faça muitas outras. Ela foi tipo... épica!” Falou, enfática, enquanto voltavam ao chalé, caminhando de mãos dadas, após o jantar.
“É verdade.” Concordou, sorridente. “E eu criei um problemão pra mim, porque, depois de jantares à luz de velas, um voo de balão e até serenata ao luar, quando eu resolver te pedir em casamento, eu não sei o que eu vou conseguir inventar.”
“Você não precisa.” Assegurou, já subindo o degrau da frente do chalé e aproveitando estar um pouco mais alta, por um momento, para se virar e abraçá-lo pelo pescoço com maior facilidade. “Eu não preciso de um pedido inusitado, assim como não me importo muito em ter uma certidão dizendo que você é meu marido, ou uma grande festa. Eu amo você e ter você assim, pertinho, é que é a melhor coisa do mundo!” Afirmou, aproximando-se mais, colando seus corpos e beijando o pescoço dele. “Se um dia você me pedir mesmo em casamento, eu acho que a melhor parte vai ser ter você dormindo do meu lado toda noite, e poder te apertar assim, quando eu quiser.” Sorriu.
“Você não precisa esperar que eu te faça um pedido pra ter isso, . A gente não precisa!” Disse e ela o olhou, confusa. “Você podia ir logo morar comigo. Logo mesmo! Assim que a gente voltar de viagem. O que você acha?”
“Eu... não sei, . Eu não falei nada disso pra te pressionar...”
“E não me pressionou! Eu QUERO isso.” Garantiu. “Eu tenho mesmo pensado muito em fazer algumas mudanças na minha vida, pra gente ficar mais junto... pra me comprometer ainda mais com você. Vamos entrar, pra eu te contar com calma.” Pediu.
Enquanto tomavam o que ainda restava de uma última garrafa de vinho tinto, ele falou sobre uma proposta que havia recebido, para trabalhar em uma companhia aérea somente com voos domésticos, e sobre sua vontade de aceitar o emprego. Não somente um deles ficaria um número bem menor de horas fora de Nova York, como, estando em empresas diferentes, ambos poderiam tentar manter escalas de trabalho que fizessem a maior parte de suas folgas coincidir, sem que isso chamasse a atenção de seus superiores.
não pode deixar de concordar com as mudanças que o namorado estava propondo e, depois de brindar e comemorar com ele, fazendo amor pela última vez em Napa Valley, foi dormir ainda mais animada, sentindo que aquela viagem tinha dado início a uma nova e promissora etapa de sua vida.

V.

“Bom dia!” beijou o pescoço de , que terminava de fazer sanduíches para o café da manhã dos dois.
“Bom dia, meu amor!” Ela se virou, retribuindo com um beijo nos lábios.
“O cheiro tá demais! Só acho que eu já engordei, desde que você veio morar aqui.” Comentou.
“Engordou onde, ?” Revirou os olhos. “Eu não tô vendo, mas, se você preferir, eu não faço mais nada disso e você volta a tomar só um café preto requentado de manhã.”
“Prefiro engordar.” Riu de si mesmo.
“Deixa eu ver.” Parou o que estava fazendo para finalmente admirar atentamente o namorado em seu novo uniforme. Ajeitou a gravata dele, enquanto ele colocava o quepe para que ela visse a vestimenta completa. “Conseguiu ficar ainda mais lindo que o outro, hein! Uau!” Completou, suspirando.
“E você tá gostosa, como sempre, nessa sainha colada. Eu continuo sentindo um tesão danado quando eu te vejo assim, mesmo já tendo visto tudo que tem aí embaixo, sabia?” Declarou, puxando o corpo dela pelo quadril e colando no dele.
“Acho melhor a gente não ficar se olhando muito, então, ou vamos nos atrasar.” Resolveu, se afastando e dando um dos sanduíches para ele, em um guardanapo. “E você especialmente não pode se atrasar no seu primeiro dia.”
“Não mesmo.” Concordou, dando um beijo de despedida na morena. “Nos vemos daqui a... dezoito horas?” Indagou, conferindo as horas no relógio de pulso.
“Daqui a dezoito horas.” Repetiu ela.
Apesar de ultimamente o tempo dos dois separados ser muito menor do que era antes, ela ainda contaria cada minutinho daquelas horas!

Fim



N/A: Muito obrigada por ler!! Se tiver gostado, comente, ok? Ter retorno dos leitores significa muito pra mim!! De coração!!

Fics da autora:
7.Night changes (Ficstape do álbum Four do 1D)
A bruxa tá solta e Insane Mardi Gras (continuação)
A chave para o coração
Corações em pedaços
Dos tons pastel ao vermelho
Fly me to the moon e Moonlight serenade (continuação)
Herança de Grego
Nem tudo é relativo
Provocadora gratidão
Quando nossos corpos falam
Season of love
Segura, peão
Um (nada) santo remédio e O que não tem remédio (continuação)

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