- Tchau, mãe. Tchau, pai. Amo vocês.
- Tchau, filha, boa aula!
Mais uma segunda-feira começa, o que pra muitos é um saco, mas pra mim não, por mais que as aulas e os professores sejam cansativos eu dependo disso, dependo de notas boas, dependo muito da escola a não ser que meus pais me sustentem até a morte, coisa que não vai acontecer, disso tenho certeza.
-
- Oi, Let – saibam que o abraço da sua melhor amiga é simplesmente a melhor coisa do mundo - Então como anda os preparativos para o baile de formatura?
- Ah, estão indo bem – afirmei sorrindo.
- Oi, .
- Oi, Let.
- Oi, Mel.
- Então hoje depois da aula ainda está de pé?
- É, acho que sim – confirmamos eu e Let juntas.
Como sempre, as primeiras aulas correram como o previsto, monótonas, vocês não têm ideia do quão chata são essas aulas, pois ninguém, absolutamente ninguém, presta atenção. Ah, claro, eu sou uma exceção, sabe por quê? Estou tentando passar na Universidade de Oxford em medicina, bom, primeiro conseguir minha bolsa e ser aceita.
- Então o Josh já te convidou pro baile, ? – perguntou Mel enquanto retocava sua maquiagem no espelho do banheiro.
- Ainda não, mas eu acho que ele vai convidar – dei de ombros – se bem que ainda é início do ano... Temos tempo.
- Se ele não convidar, é porque é gay, amiga – Let falou e nós três rimos.
- Vamos esperar e ver – falei e saímos, pois o sinal do fim do intervalo soou.
A nossa próxima aula era Educação Física, a aula que eu menos gostava, porque tudo se resumia a shorts e tops promíscuos, dando em cima do Josh e eu me mordendo de raiva. Como vocês já devem ter imaginado, eu e o Josh não temos nada, ele é somente um carinha que eu sou apaixonada desde 8ª série, e olha que já estamos no 3º ano do Ensino Médio, e a sabe muito bem disso e faz questão de se jogar pra cima dele enquanto estou por perto.
A aula estava indo bem, até o momento que a vadia que se faz de santa da acertou a bola no meu rosto.
- Ops desculpa, zinha – preciso falar que odeio que me chamem de zinha? E ainda mais em tom de deboche, mas essa vadia não perde por esperar.
- Não tem problema, queridinha – é, ela odeia que chamem ela no diminutivo.
- Você está debochando da minha cara, ? Só porque o Josh gosta mais de mim do que de você? – doeu, mas ninguém precisa saber, não é?
- Prefiro que ele goste de mim pelo que sou, do que ter que me vestir como uma vadia para ele me notar.
- Do que você me chamou, sua vagabunda?
- Vagabunda é a tua mãe – já citei que não levo desaforo pra casa?
No momento que ela partiu pra cima de mim, eu grudei um tapa naquela cara ridícula dela. E, quando ela foi tentar revidar, o professor chegou.
- O que está acontecendo aqui?
- Essa doida, professor, ela veio me atacando, me acertou até um tapa – Ok, tenho que confirmar que boa atriz ela é, e como o Sr. Hans é tarado e deve estar doido para transar com ela, pra quem você acha que sobrou? Quem levou a culpa? Euzinha aqui.
- Olha, veja se não é a toda certinha na diretoria, o que você fez? Colocou seu vestido de princesinha e veio para a escola, e daí um monte de coelhinhos te seguiram?
- , fica quieto, por favor, está bem?
- Claro – ergueu as mãos em sinal de inocência.
, o “bad boy” da escola, sempre aprontando e matando aula, idiota, egocêntrico, machista e lindo, não vou negar ele é um pedaço de mal caminho, mas ainda continua sendo um idiota.
- O que rolou lá dentro? – Mel perguntou assim que sai da diretoria
- Nada de importante, só um aviso que da próxima vez vão chamar meus pais – dei de ombros – Ter fama de santinha é bom às vezes, sabe? – rimos.
- Então rumo á minha casa, meninas – Let falou e eu e Mel assentimos, seguindo-a.
- Como assim tudo queimou, não deu pra salvar NADA? – gritei desesperada.
- Senhorita , acalme-se você está falando com um bombeiro e não com seus colegas – falou o bombeiro a minha frente.
Vou contar o que aconteceu, simplesmente pegou fogo no galpão onde eu tinha guardado tudo do baile de formatura, pois desde o ano passado eu já venho programando o baile, é tipo o dia mais importante para qualquer garota e exatamente tudo queimou.
- Mas e agora, diretor? Quem vai me ajudar, porque eu preciso de ajuda – falei desesperada
- vai te ajudar.
- O QUÊ? – gritamos nós dois ao mesmo tempo
- Isso mesmo o Sr. anda aprontando muito e não faz nada de útil então... – deu de ombros.
- Era tudo o que eu precisava – bufei.
- Eu também não queria isso, .
- As duas no ginásio da escola, ok? – informei, virei as costas e saí.
Almocei na escola e depois fui à última aula do dia, isso mesmo, aula de tarde, recuperação pelas aulas perdidas, pois a professora estava de greve, ninguém merece.
Como sempre, matou a última aula, gostaria de saber o que ele faz nesses dias que ele sempre mata aula, deve ficar por aí brigando ou saindo com algumas vadias. Duas horas e nada dele, é, ele me deu um bolo, idiota. Já que ele provavelmente não viria, abri as janelas do ginásio e deixei o ar quente entrar, isso mesmo, o sol em NY deu as caras, tomara que no dia do baile esteja assim porque o baile é no finzinho do verão, o tempo perfeito para que ocorra o baile é exatamente esse, o fim do verão e o início do inverno, pois não está nem quente demais, nem frio demais, portanto se alguém quiser ir de vestido longo não tem problema, o que é a mesma coisa que acontece com quem prefira os vestidos curtos.
- Está atrasado 15 minutos – falei assim que passou pela porta.
- Estou aqui, não estou?
- Você se acha, não é?
- Vai querer discutir sobre mim ou acabar logo com essa bobagem toda? – bufei.
Inacreditável como aquele garoto me tira do sério, mas se ele pensa que vou entrar no joguinho dele, ah, mas ele está muito enganado. Dei todas as ordens a ele e terminei de ajeitar algumas coisas, como a iluminação e afins.
- Por hoje deu, até amanhã – saí sem nem esperar por uma resposta dele.
A volta para casa foi tranqüila, assim como a manhã dos outros dias, hoje já era sexta e ai que eu percebia como a semana passou rápida, o sol não brilhava mais, o céu era de um cinza escuro, iria chover. As horas correram e logo já era duas horas, corri pro ginásio e como suspeitava ele chegaria atrasado novamente.
Às duas e quinze, lá estava ele novamente com a típica jaqueta de couro, jeans de lavagem escura, cabelos bagunçados, e dava para notar que por baixo da camisa branca que ele tinha poucas tatuagens, confesso que acho esse estilo dele sexy, balancei a cabeça para parar de pensar em besteiras e dei outras ordens e voltei ao trabalho.
- Só pra você saber – começou falando e eu parei para olhá-lo – Eu tenho um irmão de 8 anos que está no hospital, é por isso que mato aula e chego aqui atrasado – falou.
- E sua mãe tem que trabalhar, não é? – perguntei e ele afirmou com um aceno de cabeça
Eu conhecia a Sra. , era uma mulher batalhadora que foi largada pelo marido assim que o segundo filho nasceu, Jeremy, dizem que ele é um menino extrovertido, brincalhão, mas nunca vi ele no trabalho da mãe dele.
- Tudo bem, acho que posso tolerar 15 minutos de atraso – falei sorrindo.
-
- , pode me chamar só de .
- Ok, então tem um luau com minha família e eles pediram pra eu levar alguém, como eu sei que ninguém mais vai querer ir comigo porque eu sou um “mau exemplo” queria saber se você gostaria de ir comigo? – perguntou olhando-me fixamente.
- Se as outras não aceitariam ir com você, por qual motivo você acha que eu vou aceitar? – ergui uma sobrancelha.
- Por você não ser igual a elas? – perguntou divertido.
- Está bem eu vou – falei rindo – quando é?
- Sábado, o que significa amanhã – assenti em compreensão – passo na sua casa as 7 p.m, pode ser?
- Você sabe onde eu moro? – perguntei assustada.
- Não, mas hoje vou te acompanhar até em casa e aí saberei onde é.
- Você não existe, .
- , pode me chamar de – Comentou rindo.
- Então vamos, Sr. , o cavalheiro – debochei – Onde está seu cavalo branco, pois estou sem carro.
- Bom, estou sem meu cavalo branco hoje e sem minha moto preta também, mas podemos ir a pé, o que você acha?
- Sempre soube que deveria fazer exercícios físicos, ótimo jeito de começar, não é? – perguntei sorrindo – Vamos logo.
- Acho que amanhã vai nevar – disse olhando o céu.
- Mas hoje que entramos no inverno, .
- Nunca subestima nossa querida Nova Iorque e o inverno já começa com neve, tem coisa melhor?
- Pode ser que caia neve, porque está esfriando então... – dei de ombros, tirou a jaqueta e colocou sobre meus ombros – Obrigada.
- É melhor irmos rápido, a chuva começou a cair – avisou e começamos a correr o máximo que podíamos.
Deveria ser uma cena hilária de se ver, dois malucos correndo na rua, às 19h, parei pra analisar tudo e comecei a dar risada, foi aí que nós não conseguimos mais correr e nos entregamos as gargalhadas. Paramos um pouco para descansar já que já estávamos encharcados e depois começamos a caminhar novamente.
- HEY – protestei quando chacoalhou uma árvore e a água que ela continha caiu em mim.
Agora sim parecíamos duas crianças, um correndo atrás do outro, se jogando água, o que era idiotice contando o fato que já estávamos encharcados, e rindo, rindo era pouco, nós estávamos era gargalhando no meio da rua.
- Hey, shhhh, shhhh – colocou o dedo na minha boca.
Observei seu rosto, seus cabelos caindo sobre seus olhos, suas bochechas vermelhas de tanto rir, sua boca tão convidativa, nossa proximidade, acho que tudo contribuiu para o próximo ato de , sem esperar mais nem um segundo ele colou nossas bocas, no início somente para nos acostumarmos, mas logo a passagem para sua língua foi concedida e ambos começamos a explorar a boca um do outro. Pode parecer bobeira, mas tudo aquilo de frio na barriga e outras bobeiras sobre beijar a pessoa certa é verdade. tinha uma mão rodeando a minha cintura e a outra nos meus cabelos me proporcionando arrepios constantes, enquanto eu estava com uma mão na sua nuca arranhando-a e a outra na sua bochecha, fazendo carinho. Ficamos por um bom tempo assim, até que diminuímos o ritmo e paramos o beijo com selinhos.
- E o bad boy pegou a nerd santinha – falei rindo pelo nariz com os olhos ainda fechados.
- O problema é que o bad boy está apaixonado pela nerd santinha – falou e roubou um selinho enquanto eu abria os olhos assustada.
- Hã? – perguntei desnorteada
- Você não acredita em mim – falou rindo – mas é verdade, sabe? Sei lá, mesmo você me julgando por ser assim, por chegar às duas e quinze e tudo mais, você acreditou em mim quando eu te contei o motivo.
- Eu conheço tua mãe e sei que você não seria capaz de inventar algo assim e tudo mais – falei – e a propósito acho que devemos continuar nosso caminho – selei-o novamente e puxei seu lábio inferior.
entrelaçou nossas mãos e continuamos o caminho.
- Como vai ser segunda? – perguntou.
- Como assim? – me fiz de desentendida.
- Nós dois, todos sabemos da fama que eu tenho, apesar de 50% ser mentira, e todos sabemos da sua fama, – deu de ombros.
- Hm, acho que nós devemos chegar à escola e um correr pros braços do outro, sabe? Tipo aqueles filmes que os protagonistas estão há tempos separados e se reencontram na praia – falei rindo e ele logo me acompanhou – Brincadeiras à parte, eu acho que ninguém tem nada a ver com nossas vidas, então... – dei de ombros.
- Então se eu quiser beijar você na frente da escola toda não haverá problemas? – perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Vai ser legal até. Ver todas aquelas garotas que se esfregam em você com inveja da nerdizinha aqui – falei rindo – Bom, essa é a minha casa – apontei com a cabeça.
- Você não presta – falou rindo pelo meu comentário – amanhã passo aqui para te pegar, ok? – assenti
passou seu número de celular pra mim e me deu um beijo, subi as escadas da minha casa, abri a porta e olhei pra trás sorrindo para ele que ainda esperava até eu entrar em casa, sorriu de volta e eu entrei em casa com um sorriso que atravessava toda a minha face.
- Viu um passarinho verde foi, filha? – minha mãe perguntou quando me avistou ainda encostada a porta.
- Não, vi um passarinho de olhos intensos, cabelo maravilhoso e boca rosada – falei sonhadora.
- Opa, acho que alguém aqui está apaixonadinha – Meu pai falou rindo e eu assenti – e posso saber o nome do meu genro?
- Hmm, deixe- me pensar – falei abraçando os dois – , esse é seu nome – falei ao soltá-los.
- Filho da Hannah ? – minha mãe perguntou e eu assenti – Ele é bonito mesmo, mas você sabe qual é a fama dele. não é? Dizem que ele é bem parecido com o pai dele – minha mãe avisou.
- Quem era o pai dele, mãe? – perguntei sentando no sofá com as pernas cruzadas.
- Lembra aquele homem que sempre estava aqui na casa da vizinha? – meu pai falou.
- Aquele que bateu no John? – falei lembrando do episódio em que o “peguete” da vizinha havia batido no amigo do meu pai.
- Sim, esse mesmo – concordou – o nome dele é James – meu pai falou e eu arregalei os olhos.
- Ele? Vocês têm certeza? - perguntei e ambos assentiram – Nossa – exclamei – Mas não se preocupem, porque o não é igual a ele, eu tenho certeza – falei sorrindo.
- Tudo bem, filha, só queremos que você seja feliz, ok? – falaram, assenti e abracei-os dando boa noite e subindo logo em seguida.
Antes de dormir, fiquei perdida em devaneios, logo o ano estará no fim, por que o ano passa voando quando se tem coisas a fazer, e o que acontecerá comigo e com o ? Será que estaremos juntos ainda? Será que ele seria aceito na mesma universidade que eu? Tudo o que eu podia fazer era esperar o destino se decidir, por isso resolvi fechar os olhos e dormir, pois amanhã seria um dia cheio.
Acordei no outro dia super feliz, fiz tudo o que tinha pra fazer e, quando o relógio marcou 17h, fui me arrumar, pois logo estaria ali. Tomei um banho relaxante, separei minha roupa e fui me vestir para o luau. Como estava frio optei por uma roupa bem quentinha. Exatamente na hora marcada, enviou-me uma sms avisando que havia chegado, desci as escadas de casa e avisei aos meus pais que estava saindo.
- Uau, como você está linda – falou assim que cheguei à frente da moto, onde ele me esperava encostado com suas habituais roupas pretas e justas, resumindo ele tava muito sexy.
- Olha quem fala – disse após ele me fazer dar uma voltinha, parei a sua frente e logo puxou-me pela cintura grudando nossos lábios, a sensação que tive ao encostar meus lábios quentes nos seus gelados foi de puro êxtase, sem falar que novamente senti o friozinho na barriga. Separamo-nos e fomos em direção a sua casa. A casa de era simples, mas quando ele me levou para a parte de trás me apresentando a família dele que estava ali, menos seu irmão, eu fiquei boquiaberta com o espaço que havia ali, havia bancos espalhados, um jardim super bem cuidado, e hoje havia uma fogueira no meio.
Ficamos conversando sobre muitas coisas, me dei super bem com as primas dele que estavam ali, e me dei bem também com a mãe dele, todos foram muito simpáticos comigo, me diverti tanto que nem vi a hora passar.
- , já está tarde – falei em seu ouvido quando me dei conta que já eram 4h da manhã.
- Ok, vamos indo – falou dando-me um selinho, despedi-me de todos e seguimos para sua moto de mãos dadas.
- Obrigada por hoje – falei sorrindo para ele.
- Obrigada você, sabem minha mãe amou você, ela falou que eu realmente encontrei alguém de verdade, alguém que valha a pena apresentar para a família – falou rindo fazendo-me rir de felicidade por seu comentário. Montamos em sua moto e seguimos o caminho da minha casa, minutos depois parando em frente a mesma.
- Nos vemos segunda? – perguntei ao descer da moto e parar a sua frente.
- Com certeza, meu amor – falou beijando-me.
Despedi-me dele e entrei em casa rumando meu quarto e jogando-me na cama em seguida tendo absoluta certeza que dormi com um sorriso bobo nos lábios.
O resto de domingo passou voando, provavelmente porque eu dormi quase o dia todo e logo estávamos na segunda e eu estava na frente da escola. Adentrei o portão escutando All Time Low e logo fui surpreendida por mãos puxando meus fones e tirando-os dos meus ouvidos para no momento seguinte me virar e grudar seus lábios aos meus. É claro que eu sabia quem era, o perfume era inconfundível. Ficamos nos beijando na frente da escola até o sinal bater e desgrudar nossos lábios.
- Bom dia – falou ainda próximo a mim.
- Dia! – exclamei alegre dando-lhe um selinho.
Seguimos para a sala a baixo de murmurinhos sobre o novo casal, o bad boy e a nerd, mas sinceramente ninguém ia conseguir tirar o meu sorriso de orelha a orelha do rosto, passamos o resto da manhã juntos e depois ainda levou-me para casa, com toda a certeza eu tinha o melhor homem do mundo ao meu lado!
E assim nós passamos um mês inteiro, sob cochichos a nosso respeito, sob brincadeiras de nossos amigos e ainda por cima arrumamos todos os preparativos para o baile novamente e ainda tínhamos muito tempo pela frente. Eu estava muito orgulhosa do , sem brigas, sem raiva, notas baixas ele nunca teve, estava tudo perfeito, nosso namoro ia maravilhosamente bem e a cada dia nós crescíamos mais um pouco juntos.
- ? – falei assim que abri a porta, estranhei ele estar ali, pois hoje ele ia ficar com o irmão e a mãe no hospital.
- , eu...eu preciso falar com você algo sério – falou olhando pra baixo.
- Tudo bem, entra – dei espaço pro mesmo logo fechando a porta – O Jeremy, ele vai ser submetido a um novo tratamento – suspirou e eu sorri – Mas esse tratamento não existe aqui em NY, – olhou-me com os olhos marejados, senti meu sorriso de segundos se esvair e uma imensa vontade de chorar tomou conta de mim, então quer dizer que a pessoa que eu mais amava ia embora da minha vida? – Ele só existe no Japão.
- Quando vocês vão? – falei fungando.
- Amanhã – falou desviando os olhos e eu não segurei mais os soluços que saíam da minha garganta, isso era demais pra mim, eu o amava e tinha certeza disso, mas agora ele iria morar em outro PAÍS, a milhas de distância de mim, eu não conseguia suportar a hipótese de perde-lo pra sempre. Ao ver meu estado, veio me abraçar, era tão bom senti-lo me abraçando, me apoiando, me amando.
- Eu te amo tanto, – falou e eu chorei mais. O porquê? Ele nunca tinha falado isso pra mim e agora que ele vai embora fico sabendo pela sua boca sobre seus sentimentos em relação a mim. Isso é tão confuso, em um momento você está feliz da vida porque tudo está tomando seu rumo, todas as coisas estão no seu devido lugar e em outro momento tudo desaba, você perde a pessoa na qual sem não será feliz completamente, perde seu porto seguro e tenta a todo custo pensar no que se apoiará daqui para frente, mas ao mesmo tempo você tem que saber que não é por escolha que tudo irá mudar é simplesmente pelo destino, destino esse que fez de tudo para juntar nossos corações.
- Eu não queria que fosse assim, mas eu não posso fazer nada, meu amor – ele ainda falava, tentando se desculpar, como se isso fosse realmente culpa de alguém.
- – sorri em meio as lágrimas, me afastando um pouco para olhá-lo nos olhos – Isso não é culpa de ninguém, nós dois simplesmente não podemos mudar o que já está predestinado a acontecer e, se tivermos que ficar juntos, nós ficaremos – selou-me delicadamente – Mas eu não posso deixar você preso a alguém que mora a milhas de distância, nós sabemos que isso não irá durar e que isso só servirá para nos machucarmos ainda mais - falei soltando-me do seu abraço fazendo suspirar.
- Eu sei e eu tinha muito medo disso – falou desviando os olhos para não chorar novamente – Mas saiba que quando nos reencontrarmos novamente não importa se você estiver com outro cara, eu farei de tudo para te reconquistar, porque você é e sempre será a minha – prometeu dando-me um beijo na testa e saindo da minha casa, dessa vez para não voltar mais.
9 meses depois
É tão irônico você chegar ao baile que você mesma decorou sozinha? Sim, é irônico e muito, mas essa era a situação em que me encontrava, mas eu não precisava de um par, eu não queria um par, ninguém a não ser ele habitava meus pensamentos e meu coração desde que ele partiu nove meses atrás, não tive notícias suas desde então. Não ligava para os olhares de pena que recaíram sobre mim, somente segui minha vida, pois todos da escola mereciam um baile inesquecível, todas as garotas esperavam por esse dia e como muitas ali eu não me importava se estava sozinha, só queria sentir-me orgulhosa ao ver o sorriso de felicidade estampado nos rostos de meus colegas e amigos. Alguns sorriam vendo a decoração, outros pois estavam acompanhados das pessoas que sempre amaram ou desejaram, mas muitos ali, inclusive eu, sorriam, pois conseguiram passar na faculdade que queriam, eu mal pude esconder minha felicidade quando abri a caixa do correio e dei de cara com a carta da Universidade de Oxford avisando que eu ganhei uma bolsa e agora estudaria lá, um dos meus maiores sonhos estava enfim se realizando!
- Admirando nosso trabalho, ? – gelei ao escutar aquela voz ao pé do meu ouvido causando inúmeros arrepios, virei lentamente e encontrei , o meu , sorrindo na minha frente.
- ?
- Já não me reconhece mais, ?– perguntou rindo e eu joguei-me em seus braços o apertando contra mim em um abraço que eu sentia falta – Você está ainda mais linda do que eu me lembrava – falou após nos soltarmos e após os dois analisarem o outro, meu vestido era ao mesmo tempo lindo e sexy, minha maquiagem fraca deixava-me com um ar menininha, a mistura perfeita pra mim, mas estava absurdamente lindo, com um terno preto e uma gravata azul combinando com meu vestido, sem falar que ele estava mais forte desde a última vez que nos vimos.
- O que você faz aqui? E Jeremy como está? Sua mãe? – disparei a perguntar fazendo ele rir novamente.
- Calma, ele está bem, o tratamento deu certo e agora ele está em casa, minha mãe tá bem, quer te reencontrar – falou sorrindo.
- Hm, quem sabe algum dia eu não apareça lá pelo Japão, uh? – falei meio sarcástica
- Ué, quem sabe vocês não se encontram antes, hein? – falou sorrindo, olhei em seus olhos tão intensos e tive certeza que ele escondia algo.
- O que você está escondendo de mim, ? – perguntei com as mãos na cintura
- Eu tenho uma notícia para você.
- Fala, menino – disse impaciente.
- Eu passei em Direito na Universidade de Oxford, , e isso quer dizer que você não vai se livrar de mim tão cedo – falou sorrindo largo.
Sem pensar duas vezes joguei-me em seus braços sussurrando repetidas vezes “eu te amo, eu te amo” em seu ouvido. Quando nos separamos um pouco, aproximou nossos lábios e sussurrou um “eu também” fazendo com que a cada palavra que saísse de sua boca eles se encontrassem levemente logo os selando e iniciando um beijo cheio de saudade, amor e acima de tudo, mesmo nós dois sendo de mundo diferentes, aquele beijo selou sua promessa de que sempre serei sua .