"Às vezes penso que a vida pode ser comparada a uma praia. Sorri ao lembrar no quanto Ronan amava praias... A nossa havia sido uma bagunça, como o mar em dias de tempestades: furioso! Mas agora, agora eu sinto que finalmente tudo está se acalmando. Sinto que tudo está entrando nos eixos, e o que resta é essa calmaria... Ondas pequenas que nos fazem pensar que, no fundo, tudo tem um propósito. Tudo vale a pena."
chegou em casa desolado. Colocou delicadamente o bebê-conforto no chão e encarou o panfleto de adoção. Não sabia o que fazer, não sabia se conseguiria encarar tudo sozinho, se sentia perdido.
-Você disse que não faria isso – uma voz conhecida quebrou aquele silêncio que era entrecortado pelos soluços de – Você disse que criaria ele.
-Sai daqui, Lauren– respondeu com dificuldade devido ao nó na garganta.
-Eu to tentando te ajudar, eu…
-EU SEI! VAI EMBORA – gritou. A mulher se assustou e resolveu deixá-lo sozinho.
Ainda perdido, ele caminhou e se sentou ao lado do bebê que dormia serenamente, encarou aquela criança tão pequena, tão dependente dele.
-É carinha, somos só nós dois – ele disse triste, o som da sua voz despertou a criança que abriu os olhinhos com dificuldade – desculpa, não queria te acordar – sorriu sem jeito – Isso tudo aqui é culpa sua – a criança ainda o encarava – Você levou amor da minha vida, ela se sacrificou pra que você existisse... E pra piorar, você ainda vem com os olhos dela – ele abaixou a cabeça por alguns instantes e voltou a olhar para seu filho – E o pior de tudo é que eu não consigo te odiar nem por um segundo.
O pequeno torceu o nariz como se anunciasse que choraria a qualquer momento e se desesperou, não sabia o que fazer quando o inevitável aconteceu, aquele choro agudo invadiu a sala, por inexperiência se irritou, deu um murro na parede e voltou a chorar.
-Como eu queria você aqui – encarou a foto do dia do seu casamento e sorriu de leve, voltou a olhar seu filho pegando-o todo desajeitado – LAUREN– gritou da janela da sala e ouviu a resposta imediatamente – Preciso de você.
Lauren logo apareceu na sala, a encarou como se pedisse desculpas e ela sorriu de leve, pegou a criança no colo e passou o dia ensinando a ele tudo que precisaria. Todos sabiam que não seria fácil, mas insistiu que queria fazer tudo sozinho.
- Pronto – ela encarou o bebê que dormia calmamente no berço. Já era noite e ela passara o dia todo ajudando – Banho tomado, fralda trocada, tudo certo. Ele deve resmungar pra mamar, mas não dê nada, só daqui a umas duas ou três horas. Tem que ter horário certo, ele já está grandinho – olhou de novo para o bebê – Então, já decidiu o nome? Ele já tem três meses e ainda não foi registrado – apertou os lábios lembrando os meses em que o bebê passara no hospital se recuperando depois de seu arriscado nascimento.
-Já – respondeu encarando o filho – Irei registrá-lo amanhã, pode deixar.
-Tudo bem então – sorriu de leve – Me deixa ir preparar o jantar para o seu irmão e para a sua querida sobrinha, qualquer coisa grita.
-Pode deixar – eles se abraçaram – Avisa o Nick que assim que eu puder eu vou voltar para o batente.
-Não se preocupe com isso, . Ele se vira bem na oficina, você tem outra prioridade agora – olhou mais uma vez para o berço – Boa noite.
Eles se abraçaram rapidamente mais uma vez e ela saiu. sabia que poderia contar com Lauren para ajudá-lo. Ela era casada com seu irmão mais novo, Nicholas, eles tinham uma oficina mecânica que fora herdada do pai. Morava nos fundos da oficina no mesmo quintal, em uma casa, Nick, Lauren e a pequena Ally em outra.
-Como ele está? – Nick perguntou recebendo a esposa com um selinho.
-Bem, um pouco assustado, mas bem – torceu o nariz vendo que Nick segurava a filha com o macacão sujo.
-Acha que ele vai conseguir se virar? – perguntou colocando Ally no cercadinho e desabotoando o uniforme.
-Acho que sim – Lauren sorriu – Vai tomar banho enquanto eu faço o jantar – ordenou, pois odiava quando Nick deixava o macacão na sala – E para de deixar a sua filha com fedor de graxa!
-Você eu posso – puxou-a pela cintura e beijou seu pescoço.
-Sai que você tá fedendo – Lauren sorriu.
-Ah, você não gosta, é? – Nick provocou e a puxou pra mais perto enquanto fazia cócegas em sua barriga, até Ally ria alto de seus pais.
-Eu te prometo que seremos felizes – disse baixo para seu filho ouvindo as risadas que vinham da casa de seu irmão – Eu prometo, Ronan.
A família tinha o costume de almoçar junta aos domingos, e naquele ensolarado domingo não seria diferente. Lauren preparava o almoço com a ajuda de Betty e Danielle, enquanto Nick e Leo conversavam animadamente sobre esportes e coisas do tipo.
-JAKE, OLHA A ALLY AÍ – Betty gritou vendo que seu filho mais novo pedalava rapidamente pelo quintal e sua neta estava perseguindo-o.
-Ela é chata demais – o menino torceu o nariz – Não me deixa sozinho, fica andando atrás de mim.
-Ela quer brincar com você, Jake – Dani sorriu e pegou Ally no colo – ela é pequenininha ainda, quer um amigo.
Jake bufou e voltou a correr com sua bicicleta enquanto Dani voltava para perto de Lauren e Betty com a bebê no colo.
-Falando em um amigo para Ally, onde está ?
-Ele saiu na sexta feira para registrar o menino, foi até a cidade vizinha, mas a chuva o impediu de voltar ontem. Já deve estar chegando por aí – Lauren explicou sem tirar o olho da receita que preparava.
teria que resolver assuntos na cidade ao lado da deles e aproveitou para registrar o filho lá. Porém no fim da tarde e durante todo o sábado caiu um temporal que interditou a estrada, obrigando-o a vir apenas no domingo de manhã.
-Acho que o chegou – Jake gritou animado, ele era o único que não conhecia seu sobrinho.
-Família – sorriu, abraçou os irmãos, falou com todos e colocou o bebê conforto na mesa.
-Agora meu neto existe legalmente? – Betty brincou.
-Diz pra eles, filho – sorriu – Ronan – não conseguiu conter uma lágrima.
- – Betty alertou triste.
-É o primeiro domingo que a gente almoça junto e ela não está mãe – ele começou a chorar – Eu não sei se... – não conseguiu terminar a frase, se virou e foi pra casa.
-Eu vou falar com ele – Nick disse e correu atrás do irmão – – chamou – , espera aí.
-Nick, eu não quero conversar com ninguém.
-Eu sei que você quer – Nick travou a porta com o pé no momento que tentou fechá-la – Não faz bem ficar guardando isso, cara, eu sou seu irmão e to aqui pra te ajudar, nem que seja só pra te ver chorar como uma garotinha.
não pode deixar de sorrir, ele e Nick brigavam quando pequenos, mas desde que seu pai morreu e eles tiveram que assumir a oficina, se aproximaram. Fora que apresentara Lauren a seu irmão, ela era sua melhor amiga na escola e ele sempre soube que Nick se casaria com ela.
-Eu não vou conseguir sem ela – chorava. Estava sentado no sofá com os cotovelos apoiados no lho, escondia o rosto nas mãos. Nick estava ao seu lado encarando o vazio, ouvindo atentamente – Eu sei que já vai fazer quatro meses, mas eu sinto como se não fizesse sentido sem ela aqui. Eu perdi meu porto seguro, eu perdi a dona do meu sorriso, Nick. Eu perdi meu coração! Quando o médico disse que estava tudo bem com ele foi um alívio, mas quando ele completou dizendo que ela não tinha resistido ao parto foi como se eu também tivesse morrido, eu sei que Ronan precisa de mim, mas eu tenho medo de não dar conta, porque, cara, ela me faz muita falta.
-Você é um pai incrível, – Nick respondeu sereno – Você sabe que consegue, não só por você ou por Ronan, mas por ela também, tenho certeza de que a estaria muito orgulhosa se visse o quanto você está se empenhando. E mais, seu filho se orgulhará de ter você como pai – ele respirou fundo – Você sabe que pode contar com a gente, é difícil, mas não se sinta sozinho, estaremos sempre aqui por você.
-Eu sei – levantou o olhar e encarou uma foto de , foi tirada no dia em que ela descobriu a gravidez, ela estava radiante na foto, sorria como nunca. Nick acompanhou o olhar do irmão e sorriu também.
-É assim que devemos nos lembrar dela – disse – Uma guerreira que deu a vida para seu príncipe nascer – Nick ficou sério – Lembra quando o papai morreu e você foi me consolar dizendo que pra tudo tinha um propósito? – afirmou com a cabeça e Nick continuou – Então, pode ter certeza que ela é o anjo mais lindo do céu agora, e isso tudo aconteceu por um motivo, Deus sabe o que faz, não duvide dele nunca.
Eles se abraçaram e sussurrou um agradecimento, depois de se recompor eles voltaram juntos para o quintal onde a grande mesa já estava posta, Lauren dava comida para Ally enquanto Betty e Dani tentavam acalmar Ronan.
-Tá tudo bem? – Betty perguntou assim que viu os filhos entrando no quintal.
-Sim – sorriu fraco – Tá na hora dele mamar, né?!
-Ele já está impaciente.
-Vou pegar a mamadeira, só um segundo.
entregou a mamadeira para sua mãe e aproveitou para almoçar. O dia passou rápido, no final da tarde Leo, Dani, Jake e Betty foram para casa. Lauren e Nick arrumavam o quintal enquanto brincava com Ally.
-Acho que sua filha é superdotada – disse enquanto observava a bebê brincar com bloquinhos de montar – Ela acabou de fazer um ano e acho que o que ela tá fazendo ali faz algum sentido.
-É quase uma obra de arte empilhar esses bloquinhos – Lauren debochou – Ela tá fazendo o que crianças da idade dela costumam fazer, é natural.
-Ele já está agindo como pai coruja – Nick debochou – Vai aumentar tudo que o Ronan fizer, eu tenho certeza.
-Vocês são muito chatos, se merecem – implicou – Eu vou pra casa descansar.
-Fica pra jantar com a gente, sobrou muita coisa – Lauren convidou.
-Vou aceitar porque to com muita preguiça de cozinhar hoje – ele se levantou e pegou o bebê conforto de cima da mesa e eles entraram para jantar.
-Só vou esquentar a comida, um minuto – Lauren disse e foi para a cozinha deixando Nick, , Ally e Ronan assistindo TV.
-Odeio quando isso acontece – Nick resmungou se sentando com a filha no colo – Ligo a TV e está em canal de fofoca de celebridade e reality shows de casais em crise – debochou e começou a procurar o controle para mudar de canal.
“A pop star acaba de confirmar uma turnê de verão com sua amiga, a também cantora Leah Stevens, as duas afirmaram que planejam isso há anos e que esse é um excelente momento em suas carreiras…”
-Essa é gata – Nick disse olhando o guia de programação.
-Eu ouvi isso, Nicholas – Lauren gritou da cozinha.
-Não tem porque se preocupar meu amor, não com a , eu prefiro a Leah – Nick zombou.
-É mesmo? – Lauren perguntou em tom provocativo entrando na sala – Eu também prefiro o namoradinho dela, o Louis.
-Sério? Achei que você gostasse de homens de verdade – Nick forçou o braço mostrando os músculos.
-É, entre você e ele, eu prefiro você – Lauren mordeu o lábio inferior – Mas não prometo se tiver que escolher entre você e aquele australiano, alto e musculoso que faz aquele filme que assistimos ontem.
-Ah é, Lauren? Vai me trocar por um loirinho qualquer?
-Ele não é um qualquer – ela riu.
-Vocês são irritantes demais – riu.
“Queremos percorrer o país todo, cada cantinho” explicava. “Queremos conhecer a fundo nossos fãs”, Leah completou.
-Eu não conhecia essas duas aí – disse – Mas a tal da é mais gata, cara, você não sabe escolher mulher.
-Vai se ferrar , foi você que me apresentou a ele, “melhor amigo” – Lauren debochou tacando o pano de prato nele – Já esquentei a comida, podem vir jantar.
Mais tarde se despediu de sua família e foi para a casa, ainda não estava totalmente acostumado com isso, mas sabia que seria assim dali para frente.
-Eu e você, garoto – ele disse baixo colocando seu filho no berço – Pra sempre.
estava envolvido em seu sono naquela cinzenta manhã de quarta-feira. Dormia pesadamente e chegava a roncar às vezes. Já estava claro lá fora, mas as pesadas cortinas não permitiam que a luz entrasse. Estava com apenas uma bermuda, de bruços e por incrível que pareça sentia calor, mesmo que estivesse um pouco nublado.
Aos poucos, foi sentindo um peso sobre si, sendo obrigado a acordar lentamente, resmungando e se virando de barriga para cima. Abriu os olhos e meio sonolento encontrou um par de olhos enormes o encarando.
-Bom dia, papai. – Ronan sorriu gentilmente – To com fome. – fez uma careta e coçou os olhos em um gesto infantil, não pôde deixar de sorrir, abriu os braços e o pequeno se aconchegou neles, se cobrindo logo em seguida.
-Por que você acorda tão cedo, hein, carinha? – zombou.
-Não tá cedo, papai, já tem sol lá fora – respondeu Ronan, com certa dificuldade, ainda se embolava em algumas palavras, mas a esperteza que tinha de falar sobre qualquer assunto como se fosse um adulto, encantava a todos.
-Sol? – perguntou – Hoje está fazendo sol?
-Não muito. – Ronan respondeu cabisbaixo – Ainda vou ter que esperar mais para você me levar na praia.
-Mas pelo menos o tempo está melhorando, né. – beijou o topo da cabeça do filho. Cabelos e olhos iguais aos dela... Ele olhava para Ronan e se lembrava de , era inevitável – Iremos à praia mais rápido do que você perceba. – o pequeno sorriu ao mesmo tempo em que sua barriga roncou – Agora vamos comer – levantou.
Eles foram juntos para cozinha, Ronan ainda usava seu pijama azul marinho de guitarra, elas brilhavam no escuro, ele simplesmente amava aquele pijama, as mangas estavam um pouco grandes, mas o menino se recusava a usar qualquer outro, era apenas aquele, e sua pantufa do Relâmpago McQueen que o fazia andar de forma engraçada.
-Misto quente ou panqueca? – perguntou.
-Misto quente – o menino respondeu trocando um pouco as sílabas devido a pouca idade, falando “tente”.
-Quente, filho. – repetiu algumas vezes o fonema “ke”.
-“Tente” – Ronan respondeu inocentemente e riu.
Voltou a preparar os sanduíches enquanto o pequeno sentou na cadeira e apoiou a cabeça no braço,se distraindo com os dedos como se fossem bonecos, depois de alguns minutos os dois já estavam satisfeitos.
-Agora vamos tomar um banho. – pegou o pequeno no colo, mas alguém bateu na porta – Entra – ele gritou e Nick entrou correndo.
-Serviço grande e complicado na oficina – disse – Sei que seu turno hoje é só a tarde, mas eu preciso de você.
-To indo, só vou tomar banho e dar banho no Ronan.
Nick concordou com a cabeça e saiu. tomou um banho rápido e deu banho em Ronan logo em seguida, arrumou-o com uma calça de moletom cinza, uma sandália e um casaco também de moletom azul marinho. Ele vestiu uma regata branca bem colada ao corpo e uma calça jeans, colocaria o macacão de trabalho por cima. Pegou o menino no colo e foi para a oficina.
-Chamei a Lauren pra ficar com o Ronan, mas ela não atendeu. – ele disse assim que entrou na loja.
-Ela foi à padaria, já está voltando. – Nick respondeu enquanto encarava algumas ferramentas, escolhendo a melhor para ser usada.
-Qual é o grande serviço? – perguntou e nesse momento vozes femininas invadiram o lugar.
-Nem celular pega nesse fim de mundo, que raiva. – a primeira menina disse irritada.
-Calma, amiga, respira. Vai dar tudo certo – a segunda respondeu.
-Tudo certo? Foi sua ideia de visitar cada cantinho do país. – a primeira voltou a falar com um tom debochado – Agora a droga do ônibus quebra no pior lugar do mundo.
-Nem é tão ruim. - disse sorrindo – Temos uma lanchonete muito boa do outro lado da rua.
-Já vimos. – a menina mais magrinha e de cabelos escuros respondeu secamente enquanto sua amiga olhava intensamente para .
-Que homem! – a menina mais baixinha falou, em tom baixo – Qual é o seu nome?
- – ele respondeu e estendeu a mão para cumprimenta-las, mas elas o encararam com nojo – Eu acabei de tomar banho e ainda não to fedendo a graxa, aproveitem.
-Percebi. – a baixinha cochichou enquanto encarava o cabelo molhado e levemente bagunçado do rapaz, sexy, pensou , estendeu a mão e apertou ainda ressabiada – E quem é a gracinha no seu colo?
-Meu filho, Ronan – ele respondeu.
-Olá, lindinho – a morena disse sorrindo, amava crianças.
-Eu conheço vocês – Ronan disse.
-Tonheço? – a menina torceu o nariz.
-Ele tem uma pequena dificuldade na fala. – explicou – Conhece de onde, filho?
-Da TV, pai. – ele respondeu com toda sua inocência infantil – Hoje mais cedo passou uma reportagem sobre elas.
encarou as duas meninas a sua frente, elas estavam extremamente bem vestidas e eram lindas, a morena trazia um rosto quase infantil, tinha traços simples e encantadores, parecia uma criança. Mas a outra, a baixinha, fazia a linha mulherão, tinha um corpo que ele não pode deixar de olhar discretamente, o sorriso era lindo, sem dúvida o que mais chamava a atenção nela, a deixava ainda mais sensual. Ele balançou a cabeça negativamente tentando espantar os pensamentos e se lembrar de onde as conhecia.
“A pop star acaba de confirmar uma turnê de verão com sua melhor amiga, a também cantora Leah Stevens, as duas afirmaram que planejam isso há anos e que esse é um excelente momento em suas carreiras…”
-Essa é gata – Nick disse olhando o guia de programação. A lembrança veio como um flash em sua cabeça, embora ele tenha visto essa reportagem há dois anos e meio. Ele lembrou-se rapidamente.
-Claro, eu me lembro – disse – Leah Stevens e – fez uma pausa tentando lembrar – Hm, ? Ou algo parecido, não?
- – ela respondeu meio ofendida por ele não ter se lembrado – pra você.
-Claro. – ele respondeu sério – Vocês ainda estão em turnê?
-Sim. – Leah respondeu – Tivemos que adiá-la por um ano, mas estamos na estrada já tem um bom tempo.
sorriu em resposta, não tinha muito que falar... Vozes romperam a oficina mais uma vez.
-Você é muito linda, Ally – um rapaz dizia – Muito mesmo.
Eles puderam ver a pequena se esconder no pescoço da mãe.
-Ela é meio tímida assim mesmo, mas depois se solta. – Lauren respondeu e Leah olhou a cena enciumada.
-Finalmente, Louis! – Leah disse, tentando chamar a atenção. Lauren apenas a encarou e foi até Nick depositando um selinho meigo nele e mostrando que não estava interessada em Louis. e riram da cena.
-A lanchonete do outro lado da rua é bem boa. Não tinha ninguém, só tive que tirar foto com a garçonete. – ele levantou as sacolas – Trouxe nosso café e almoço.
-Almoço? – perguntou – Espero estar bem longe daqui antes de meio dia.
-Sinto lhe informar, Senhorita. – Nick clareou a garganta com um pigarro – Mas o problema do seu ônibus não é tão simples assim.
-Não. – soltou irritada – Quanto tempo?
-Uma semana ou mais – ele respondeu e ela quase fez um escândalo. Não acreditava que ficaria presa naquela cidade por tanto tempo. Rolou os olhos e respirou fundo, nada mais podia ser feito.
-Onde tem um hotel por aqui? – Leah perguntou um pouco irritada.
-Não temos hotel na cidade, apenas uma pensão. – Nick respondeu, já que estava pondo seu macacão – Terão que ir à cidade vizinha.
-Fica muito longe? – Louis perguntou abraçando Leah por trás.
-Não muito, uma hora ou duas mais ou menos – Nick respondeu.
-E qual é o hotel? – Leah perguntou.
Nick, Lauren e riram baixo.
-Nem pensa nisso, não é nenhum internacionalmente conhecido. É o hotel do Seu Luiz, simples, mas limpinho. – Nick fez uma pausa – Não posso dizer o mesmo da pensão, se vocês optarem por ela, terão que dividir a cama com baratas e alguns possíveis ratos.
torceu o nariz instantaneamente, rolou os olhos e encarou Louis e Leah.
-O que a gente faz?
-Vamos para o hotel, melhor que nada. – Louis disse.
-Na cidade vizinha? Como nós vamos, gênio? – debochou.
-Táxi? – Louis respondeu como se fosse óbvio.
-Não temos táxi aqui. Terão que ligar para algum ponto de lá para vir buscar vocês. – Lauren disse – Mas devido ao temporal de segunda-feira, as linhas de telefone estão mudas, falaram que irão arrumar amanhã.
-Isso só pode ser um pesadelo. – rolou os olhos e apoiou no ônibus – Onde já se viu, uma oficina mecânica em uma cidade que nem tem carros direito.
-Se a mocinha não reparou – disse com ar de superior – Não há outro caminho para ir para as principais cidades do sul do país que não seja passando por aqui, por isso ganhamos dinheiro. – se aproximou dela – Se não fosse por nós, seu ônibus não seria consertado, gracinha. Então pare de reclamar.
-Não me chame de gracinha. – ela se irritou.
-Perdão. – ele se afastou e sorriu – Eu poderia levar vocês.
-SÉRIO? – se levantou.
-Não você, gracinha. – ele voltou a sorrir triunfante – Você se vira.
-! – Lauren chamou sua atenção rindo.
-Cara, quebra essa, vai. – Louis pediu – A é assim mesmo, ignora, eu te pago se você levar a gente. Dou o dinheiro que você quiser.
-Não quero seu dinheiro, mauricinho. – se irritou um pouco – E eu estava brincando, não posso levar vocês porque a estrada também está interditada.
-Mas que merda, hein. – voltou a se sentar e olhou desesperada para seus amigos – O que a gente faz?
-Eu tenho uma sugestão. – Lauren sorriu, ela estava olhando Ally e Ronan enquanto brincavam com algumas ferramentas que não eram perigosas – tem um quarto de hóspedes lá em casa. – encarou Nick, o quarto era de Betty e Paul, mas depois que ele morreu e Betty foi morar com Leo, ficou desocupado – Tem uma cama de casal, vocês podem passar a noite lá, se quiserem. E amanhã a gente dá um jeito de entrar em contato com alguém da equipe, não sei.
-Uma cama de casal? – perguntou – E eu?
-A gente arruma um colchão no chão. – Lauren disse despreocupadamente – Ou no sofá, não sei.
-QUE? – perguntou incrédula e Leah soltou uma gargalhada – Cala a boca, Stevens. – voltou a encarar Lauren – Eu não posso dormir no chão. Louis, você dorme no chão.
-Nem pensar. – ele respondeu – Vou ficar com a minha linda na cama, você fica no chão, .
-Louis, para de pensar em sexo e se concentra. – ela disse.
-Já estou concentrado em dormir com a Leah na cama de casal, você se vira. – respondeu.
-Você pode dormir na minha cama, se quiser. – disse e todos o encararam, se tocou do que tinha dito e levantou os braços como se não tivesse culpa – Eu durmo no sofá ou com o Ronan – completou e respirou fundo.
-Acho que é a minha melhor oferta. – ela disse irritada.
-Você o achou gostoso desde o início. – Leah disse e Lauren soltou uma gargalhada.
-LEAH! – se irritou – Eu posso ficar no ônibus? É de turnê, tem tudo aqui dentro.
-Se ninguém tiver usado o banheiro ultimamente, sim. – Nick disse – Iremos mexer na instalação central e isso pode subir o cheiro do banheiro.
-Louis... – rolou os olhos.
-Que? – ele disse – Eu falei que comida japonesa não fazia bem.
-Vocês podem ir comigo agora se quiserem. – Lauren sorriu, pegou Ronan no colo e deu a mão para Ally – Acho que é isso ou nada.
revirou os olhos e acompanhou Lauren, mesmo contrariada. Leah e Louis a seguiam, mas não estavam assim tão desagradados com a situação.
-Ê, gostosão. – Nick implicou enquanto ia para baixo do ônibus.
-Não enche, cara. – ele respondeu rindo – Eles não tem motorista não?
-Parece que o almofadinha que dirige. – Nick respondeu se referindo a Louis e foi pra dentro do ônibus abrir uma portinha que dava para a parte elétrica – Elas gostam de privacidade.
-Elas são mimadas demais, isso sim. – disse zombeteiro.
-Mas a te achou gostoso. – Nick zoou mais uma vez.
-Cara, não enche – disse, se levantou e entrou no caminhão.
-Você nunca teve ninguém depois dela. – Nick falou sério – Você é homem, cara, e uma mulher daquela vai dormir no seu quarto hoje e te acha gostoso.
-Não insiste nisso. – alertou.
-, isso não é pecado, isso…
-EU AMO A , CARA – ele estourou – É, eu sou homem e tenho minhas – fez uma pausa – necessidades, mas a mulher da minha vida está morta, e só ela me completa, essa , sei lá, essa garota pode ser linda, sim, ela é linda e atraente pra caramba, mas eu acho que vai além disso, eu não conseguiria.
-Desculpa, irmão. – Nick disse e abraçou que chorava um pouco – Só acho que você tem que se dar uma chance de ser feliz, você é novo ainda, tem que aproveitar. Não to falando que é só sexo. – Nick disse – Mas se rolar alguma coisa, se permita arriscar.
-Não vai rolar nada, cara. Ela é uma patricinha, rica e mimada, uma pop star.
-! – Nick soltou o ar pelo nariz – Só deixa rolar, ok? Você merece ser feliz.
-Ok – se rendeu mesmo sabendo que nada aconteceria. Ele se virou e ambos voltaram ao trabalho.
No final da tarde eles fecharam tudo e foram à lanchonete comprar coisas para o café, como de costume, chegaram em casa e a mesa já estava arrumada. Louis e Leah estavam sentados no sofá assistindo TV e brincava com Ronan e Ally.
-Sentada no chão e rodeada de crianças, quem diria, hein, . – zombou.
-Não sou o monstro que você imagina, .
-Que bom saber disso. – ele zombou e piscou pra ela. Sem saber o porquê, esse gesto, mesmo que tenha sido totalmente natural, a fez ficar tonta. Mexeu com ela de um modo assustador, ela corou e abaixou o olhar imediatamente pra que ninguém percebesse.
-Já que vocês já chegaram, vamos tomar café. – Lauren sorriu – To morrendo de fome.
Eles se sentaram. Como sempre ficou com Ronan no colo, ele contava animadamente como tinha sido o dia, as brincadeiras com Ally e tudo mais. prestava atenção em cada palavra, interagia com o filho e se mostrava interessado. olhava aquilo discretamente e estava fascinada com a postura dele como pai, se perguntava onde estava a mãe de Ronan.
-Ele deu trabalho, Lo? – perguntou, todos já haviam terminado de comer e Ronan corria pela casa com Eleanor.
-Claro que não, você sabe que ele é uma criança adorável. – Lauren sorriu – E a me ajudou com ele, eles se deram bem.
-Nem pensa nisso. – disse ao perceber o tom de voz da amiga – Vou pra casa, vamos, Ronan?
-Uhum – ele levantou e correu até seu pai que o pegou no colo.
-Já decidiu onde vai ficar? Eu to indo agora pra casa e não volto aqui. – disse para .
-Nossa, que autoritário. – ela rolou os olhos – Não quebrem a cama. – ela olhou para Louis e Leah.
-Eles não vão. – Nick se enfureceu com a ideia de ter isso na sua casa.
-Relaxa, cara – Louis disse e riu. Foi a ultima coisa que ela ouviu antes de fechar a porta e sair com e Ronan. Odiava essa proximidade com ele, apenas o cheiro dele a deixava nas nuvens, e ela não sabia explicar o porquê.
-Ou, banho. – disse para Ronan que correu para o sofá – Depois desenho. Já combinamos isso.
-Pai – ele reclamou.
-Ron. – disse sereno – Se você gastar um tempinho agora para o banho, depois vai ter mais tempo para os desenhos, se assistir antes, depois vai jantar e vai dormir fedido.
O menino pareceu pensar no que acabara de ouvir, se levantou contrariado e foi para o banheiro.
-Eu vou dar banho nele, depois te mostro o quarto. Se importa de esperar?
-Não. – suspirou, estava um pouco desconfortável – Tudo bem.
deu um banho rápido em Ronan, colocou o pijama de guitarra e penteou o cabelo dele, mandou o filho ir para a sala e aproveitou para tomar um banho e tirar aquele cheiro do trabalho. Saiu do banheiro sem camisa, com uma bermuda larga e um pouco molhado ainda, encontrou seu filho e rindo juntos de um desenho qualquer, a cena mexeu com ele, não pode deixar de pensar em ... Afastou os pensamentos e entrou na sala.
-Ou, falta uma parte, mocinho. – pegou o secador de cabelo – Você não pode dormir com esse cabelo molhado, só um segundo, , já te mostro o quarto.
Ele ligou o secador na tomada e Ronan ficou de pé no sofá com um sorriso sapeca, colocava o vento na barriga do menino, no rosto, fazendo-o rir, eles gargalhavam juntos e admirava a cena.
-Agora você, pai. – Ronan disse empolgado.
-Eu? O meu seca depois. – ele respondeu.
-Não. Eu fui, agora você, né, ? – o pequeno perguntou.
estava meio em transe com a cena e com o corpo de que ela não pode deixar de notar, piscou rapidamente e sorriu.
-Acho justo, Ronan.
sorriu e voltou a ligar o secador secando o seu próprio cabelo, Ronan se pendurou no braço do pai e o vento foi todo para seu rosto, eles voltaram a rir e soltou uma gargalhada involuntária que chamou a atenção deles, pai e filho se entreolharam e os dois avançaram com o vento no rosto de .
-MINHA FRANJA, , PARA. – ela gritava e ria ao mesmo tempo – EU FICO HORAS PRA ARRUMA-LA, PARA, POR FAVOR.
Depois de alguns minutos ele se afastou demais e o secador saiu da tomada, ambos pararam e se encararam intensamente. não sabia o porquê, mas se sentia atraída por , atraída demais. Desceu o olhar para seu abdômen e corou, voltou a olha-lo quando a risada de Ronan rompeu o súbito silencio.
-Olha o cabelo dela, pai. – ele disse divertido com uma risada infantil.
Ela se apressou em arrumar o cabelo e pegou uma camiseta qualquer que estava pendurada no sofá e vestiu, suspirou derrotada, pois pretendia observar por mais um tempo aquela “escultura” tão perfeita pra ela.
-Acho que dei uma melhorada nesse cabelo. – ele disse para implicar e ela bufou – Vem, vou te levar até o quarto.
Pensamentos inundaram a cabeça dela, será que ele não sentiu nada do que ela sentiu enquanto eles se encaravam? As pernas bambas, o nó na garganta, o coração acelerado... Nada? Respirou fundo enquanto o seguia pelo corredor, tinha que ir embora dali, não sabia como, mas pretendia estar longe ao amanhecer.
-É bem simples. – ele disse abrindo a porta do quarto – Mas é tudo que eu posso te oferecer, e é limpinho.
Ela encarou o lugar, uma cama de casal bem espaçosa, uma cômoda com uma TV não muito grande e alguns porta-retratos. Um armário com desenhos de Ronan e Ally colados na porta, isso a fez sorrir de leve.
-Ali é o banheiro. – ele apontou para uma porta no canto do quarto ao lado do armário – Você pode ficar a vontade, pode ligar a TV e tudo mais, a roupa de cama está limpinha, sei que não é como você está acostumada, mas é tudo bem arrumadinho.
-Tá tudo ótimo, , obrigada pela gentileza. – ela sorriu e ele se surpreendeu com a resposta – Eu esqueci minha mala no ônibus.
-Eu busco pra você. – ele disse prestativo.
-Não precisa. – ela encarou a janela e viu que chovia lá fora – Você vai se molhar.
-Posso procurar alguma coisa pra você. – ele se virou e abriu o armário, abriu algumas gavetas e achou uma roupa razoável – Acho que só tenho isso.
Ela encarou a calça de moletom preta e uma camiseta larga de banda, sorriu de leve.
-Bem parecido com o que eu costumo usar em casa.
-Não acredito em você. – ele disse saindo do quarto – Jantamos as oito e meia, não se atrase, aqui não tem serviço de quarto.
suspirou irritada, tava bom demais pra ser verdade, pensou. Mal sabia ela que ele estava se punindo por sentir o mesmo que ela, por cada parte do seu corpo gritar por ela, por sua imaginação ser fértil demais em pensar que a estava tomando banho no seu banheiro bem agora.
-Ah, . – ele disse pra si mesmo e foi até a sala, se sentando ao lado de Ronan.
Passaram o jantar em silencio, a não ser pelas conversas repentinas de Ronan, depois que colocou o filho para dormir, ele se aconchegou no sofá e ligou a TV.
-Passei para dar boa noite e – disse baixo e a encarou, ele estava sem camisa novamente, só conseguia dormir assim – agradecer.
-Tudo bem. – ele voltou a olhar para a TV – Boa noite, .
Ela rolou os olhos e foi para o quarto, encarava as fotos de espalhadas pelos quatro cantos, sabia que ela era a mãe de Ronan e sabia também que ainda a amava, mas o que tinha acontecido? Depois de longos minutos, ela pegou no sono.
-EU REALMENTE NÃO ENTENDO – gritava – UMA HORA VOCÊ ME TRATA BEM E UM SEGUNDO DEPOIS VOCÊ ME IGNORA, VOCÊ NÃO PERCEBE, , EU GOSTO DE VOCÊ.
-MAS EU NÃO GOSTO DE VOCÊ, , NÃO GOSTO DE VOCÊ – ele respondeu alterado.
Nesse momento sumiu inexplicavelmente e uma garota apareceu como num passe de mágica, ela sorria encantadoramente, tinha um olhar infantil idêntico ao de Ronan, até os cabelos e o formato do rosto eram iguais aos de Ronan. Ela se aproximou lentamente e tocou o rosto de .
-Você é a única que pode cuidar dele, , faça-o feliz e avise a ele que eu estou bem.
levantou da cama assustada, ela suava e respirava fora do compasso, seu coração parecia que iria explodir, resolveu ir beber um copo d’água, encarou a calça de moletom que havia tirado para dormir e imaginou que já estava apagado há essa hora, passou pela sala e não pode deixar de observa-lo, ele dormia feito um anjo, se agachou e fez um carinho de leve em seu rosto, mal sabia ela que ele estava acordado, sentindo cada toque dela.
-Por que você mexe comigo assim, hein, mecânico? – disse baixo e se arrependeu, levantou-se num pulo e foi beber água, ao voltar da cozinha viu que estava sentado no sofá chorando, seu coração parou por alguns segundos depois voltou a bater de uma forma inacreditavelmente rápida – Aconteceu alguma coisa?
Ele a encarou ainda chorando, o que havia feito despertou nele algo que não sentia há séculos. Podia ser só atração, físico, não fazia ideia do que era, só precisava de ali, agora, a forma com que ela fez o carinho nele, o que ela disse, tudo nela despertava sentimentos adormecidos.
-Seria estranho se eu dissesse que estava esperando por você? – ele perguntou e ela se lembrou do sonho e sorriu.
-Não. – caminhou até ele e ele reparou que ela estava só com a blusa – Não seria.
Quando estava perto o suficiente ele a puxou pela cintura e a beijou de uma forma meio urgente, afinal, estava sem nenhum contato com uma mulher há quase três anos.
-. – ela disse entre o beijo, mas ele não parou, desceu os beijos ate o pescoço de e um gemido ficou preso em sua garganta – ! – chamou de novo e o afastou meio relutante.
-Desculpa! – ele disse envergonhado.
-Não, tudo bem. – ela o encarou – Mas estamos em um sofá. – sorriu amarelo e ele concordou, se levantou com ela em seu colo deixando-a impressionada com a força que ele tinha e a carregou até o seu quarto.
Fechou a porta com os pés e a encurralou na mesma, com uma mão percorreu toda lateral do corpo dela por baixo da camisa e com a outra trancou a porta, sem interromper os beijos a colocou delicadamente na cama, isso encantava . Ele sabia exatamente o que fazer, era um equilíbrio perfeito entre o másculo e o delicado. Preparou-se para se deitar também quando encarou uma foto de na mesinha. Naquele momento suas forças acabaram...
-Desculpa. – ele disse baixo e voltou a chorar – Eu não posso!
suspirou e se jogou na cama encarando o teto, respirou fundo. Os soluços de preencheram o quarto, ele se sentou na beirada da cama e ela no meio, cruzando as pernas.
-Eu não sou broxa, eu juro – ele disse e mesmo a situação não sendo nada engraçada, ela riu.
-Você tem um filho, . – mordeu os lábios – E tem pegada, sei que não é esse o problema. – ela foi até ele e puxou delicadamente seu rosto – Quer conversar?
Ele chorou mais, esse carinho todo só fazia lembrar-se de , de como ela era meiga e perfeitamente linda, de como eles se completavam e do fato dele não conseguir esquecê-la.
-Eu sou casado – ele começou e ficou branca como um papel – Viúvo, na verdade – se corrigiu – Ela morreu no parto – voltou a chorar, nunca mais havia tocado nesse assunto, era como arrancar a casca de uma ferida – Foi uma gravidez arriscada desde o inicio, os médicos diziam para ela abortar porque comprometia a vida dela, mas ela resolveu ir até o fim, pois já amava o filho de forma inexplicável. – fez uma pausa – No começo eu fui contra, disse que tentaríamos depois com médicos melhores, juntaria dinheiro pra isso, mas ela não aceitou, queria ter o bebê mesmo que isso custasse sua própria vida, e foi o que aconteceu.
ouvia a tudo atentamente, fazia um carinho de leve no cabelo dele, não sabia porque, mas amava o cabelo dele. Ele encarava o vazio e as lágrimas não paravam nem por um segundo, o que a deixava preocupada.
-Quando eu recebi a noticia que estava tudo bem com Ronan meu coração disparou porque eu já sabia que ela não tinha sobrevivido. – ele continuou – Eu a amo, . Sei que faz tempo, sei que eu tenho que ir em frente, mas... Eu me lembro dela sempre que aquela criança sorridente vem me acordar com aqueles olhos lindos, que, meu Deus, são iguais aos dela. – ele explicou – Sabe quando uma pessoa é o centro da sua vontade? – ele levantou o olhar pra ela – Como se apenas um sorriso da fosse responsável pra me deixar feliz por toda a minha vida, quando eu olhei a foto dela eu me senti culpado. – soltou um longo suspiro- Não vou dizer que eu me arrependi, você é linda, , extremamente linda. – ele a encarou – Seu cabelo é perfeito e macio, sua voz me deixa meio louco, seus olhos são perfeitos, sua boca, – ele passou a mão pelo rosto dela e ela prendeu a respiração e logo sorriu – esse seu sorriso é uma tentação, e eu nem vou falar do seu corpo. – ela corou nitidamente e agora foi a vez de sorrir – Mas eu não to pronto, não ainda, você foi a primeira desde que... – se auto interrompeu – enfim, eu nunca olhei pra uma mulher como eu te olhei desde que a morreu, mas mesmo assim, eu preciso de um tempo, só não pense que não foi especial.
abaixou a cabeça, pensava em como ele era incrível e sensível a ponto de falar tão bem sobre seus sentimentos, ela não estava acostumada com esse tipo de homem, quer dizer, era homem de verdade, não um moleque que brinca com seus sentimentos ou se aproxima apenas por status, ela não estava chateada nem nada, estava encantada por ele.
-Eu entendo, , isso é lindo da sua parte – ela respondeu – Eu me surpreendo cada vez mais com você. – ele torceu o nariz – Você é um cara de caráter, simples, fiel, humilde, um pai maravilhoso, quero dizer, eu daria tudo pra que meu pai tivesse sido como você, mas ele me abandonou quando eu era uma criança. Você não; você deu amor para o Ronan, você o criou sozinho e criou muito bem, ele simplesmente te idolatra.
sorriu sem jeito.
-Ele é tudo pra mim.
-Eu percebo isso – ela disse ainda fazendo carinho nele – Você é incrível, vai achar alguém que te faça feliz.
Ele tentou argumentar, seu coração gritava “você é essa pessoa”, mas sabia que em uma semana ou duas ela estaria longe dali, sem contar que ela consegue ter o homem que quiser, não iria lembrar da sua “aventura” com um mecânico de beira de estrada.
-Eu espero. – ele suspirou – Vou voltar para a sala, me desculpa.
-Não tem porque se desculpar, . – sorriu – E eu acho que tem espaço o suficiente pra nós dois aqui, se quiser ficar eu não me importo, sei que um pouco de carinho vai te fazer bem.
Ele pensou por um tempo, sorriu e se rendeu. Eles se deitaram de frente um para o outro, a abraçou pela cintura e ela voltou a brincar com o cabelo dele, às vezes descendo a mão até a nuca.
-Não se preocupa, – suspirou ainda se lembrando do sonho, não acreditava nesse tipo de coisa, mas se sentia na obrigação de falar – Onde quer que ela esteja, ela está bem.
Ele sorriu de leve concordando e ambos pegaram no sono, abraçados. Aos poucos ele se sentia menos culpado com tudo isso, mesmo que soubesse que acabaria dali a pouco, ele se permitiu ser feliz como havia prometido a Nick. Mal sabia que cada gesto seu fazia duplamente feliz.
Como de costume, Ronan se levantou cedo coçando os olhos, colocou sua pantufa e saiu andando desengonçado até o quarto. Tentou abrir a porta, mas estava trancada, bateu algumas vezes e nada, nem sinal de . Foi até a varanda, atravessou o quintal e abriu a porta da casa de Lauren.
-Ronan? – ela perguntou assustada – O que você t á fazendo aqui?
-Meu pai tá aqui? – ele perguntou sonolento.
-Não. – Lauren respondeu – Ele não ta na sala?
-Não, – o garoto bocejou – e o quarto tá trancado.
-Ah, não – Lauren disse – NICK – chamou – Nick, vem aqui.
-Oi – ele apareceu com Ally no colo.
-Só me segue – ela disse e pegou Ronan no colo indo para a casa de , eles entraram e encararam o sofá bagunçado e vazio.
-Oh, não – Nick soltou com um sorriso de lado e os dois foram para o quarto.
-Trancada – Lauren sorriu e bateu na porta.
-Ele tem o sono pesado e pelo visto a também – Nick debochou – Ronan, pega o telefone pra mim?
Lauren o colocou no chão e ele foi andando engraçado até a sala, pegou o telefone e entregou para o tio. Nick discou o numero do celular de e o silêncio no quarto foi rompido pelo toque insuportável daquele aparelho.
-Alô – disse sonolento, se levantou junto com a mesma cara e ele riu.
-Quando estiver devidamente vestido venha alimentar seu filho, por favor. – Nick disse do outro lado da linha – Ele vai estar lá em casa, não demore.
-Droga – resmungou – To indo.
Nick e Lauren saíram com as crianças enquanto estava sentado na cama encarando .
-Que foi? – ela perguntou tímida.
-Você é muito linda. – ele respondeu sincero – Muito mesmo.
-Obrigada – ela agradeceu corada – Quem era? – se apressou a mudar de assunto.
-Nick – sorriu – Ronan acordou e não me achou, foi até a casa dele.
-Ou seja, – completou – todos estão cheio de suposições.
-Com certeza. – disse sorrindo e a surpreendeu com um selinho – Você fica realmente perfeita assim, natural, eu gosto.
-Para com isso – ela disse corada.
-Você deve escutar esse tipo de coisa o tempo todo, . – ele sorriu – Você é famosa, todos devem te achar linda, eu sou só mais um.
-Nem todos – ela respondeu triste.
-Algum problema? – ele perguntou vendo que esse assunto a deixava chateada.
-Não – forçou um sorriso – Vamos, estão nos esperando.
Eles se arrumaram e foram para a casa de Lauren e Nick. Entraram como se nada tivesse acontecido, mas foram recebidos por olhares desconfiados.
-Papai, porque você ficou trancado no quarto com a ? – Ronan perguntou e mudou de cor ao mesmo tempo em que a gargalhada de Lauren rompeu o silêncio.
-Por isso que eu amo crianças – Leah apareceu – Conversaremos depois.
-Sim senhora – disse sorrindo e eles se sentaram para tomar café.
-Pronto, hoje a louça é de vocês – Lauren disse rindo e apontou para Nick e .
-Louis também – Nick respondeu.
-Ele é visita, – Lauren retrucou – e famoso, não deve saber fazer essas coisas, vai quebrar a cozinha toda. Só vocês dois, se virem.
-Eu ajudo – sorriu e se levantou recolhendo as xícaras.
-Nem pensar, – Leah puxou a amiga – nós temos que conversar.
-Calma, Leah, depois – ela disse.
-, – se irritou – agora.
revirou os olhos e foi com Lauren e Leah para o quarto. Colocaram Louis para olhar as crianças e os irmãos foram para a cozinha lavar a louça.
-E aí? – Nick perguntou, ele limpava a mesa enquanto lavava a louça.
-Nada, eu não consegui – suspirou.
-Seu broxa.
-Cala a boca, seu gay – riu e tacou água no irmão – Mas ela é incrível, cara, e alguma coisa nela me atrai – coçou a testa – Eu não sei, eu consigo admitir isso facilmente sem me sentir culpado ou algo assim.
-Isso quer dizer que dessa noite não passa – Nick brincou e bateu na perna de com o pano de prato molhado.
-FILHO DA MÃE – gritou irritado – Sei lá, cara, não se trata só de sexo, ela realmente mexe comigo.
havia saído do quarto pra levar um prato que Louis tinha deixado no chão na noite anterior e ouviu quando disse isso, não pode deixar de sorrir, coçou a garganta anunciando que entraria na cozinha e sorriu ao vê-la.
-Prato do Louis – ela levantou e colocou na pia.
-Seu hóspede te dá trabalho, hein, Nick – brincou.
-Ele é folgado – respondeu – Sorte sua que sua hóspede te…
-OU – molhou o irmão – cala a boca.
-Eu vou indo – desconversou corada – antes que a Leah me mate.
Eles trocaram um sorriso tímido e ela saiu dali, sem antes ouvir a frase de Nick.
-Vai com calma, ok, garanhão, ela tá indo embora em uma semana.
Ele levantou os ombros tristes e ela suspirou indo para o quarto, precisava entender aquele turbilhão de sentimentos e o porquê dele deixa-la assim.
-Pronto, queremos detalhes – Leah disse assim que viu a amiga entrar no quarto, ainda atordoada.
-Cadê a Lauren? – perguntou dando falta da menina que estava ali minutos antes.
-Foi ligar para o nosso táxi, vamos embora depois do almoço.
-O QUE? – gritou e colocou a mão na boca assustada por sua própria reação, afinal, era isso que ela queria desde o inicio, não era? Ir logo embora dali?
-Que grito foi esse, gente? – Lauren perguntou entrando no quarto.
-Conseguiu ligar? – Leah perguntou ignorando o surto da amiga.
-Sim, umas duas horas no máximo ele está aqui – Lauren explicou.
-Eu não posso ir – disse, sussurrou, na verdade, sentia seu coração bater forte demais e parecia que aquelas palavras não saiam da boca dela, ela se surpreendia ao se ouvir.
-Como assim? – Leah perguntou – , o que tá acontecendo?
-Eu não posso ir – falou pausadamente de forma mais audível. “Claro que você pode, , você TEM que ir”, pensava, mas seu corpo não parecia responder aos seus comandos, era como se seu coração controlasse tudo agora.
-. – Leah fechou os olhos e respirou fundo – , pelo amor de Deus, o que tá acontecendo?
-Eu não sei, Leah, não sei. – ela encostou-se à parede e deslizou até o chão abraçando as pernas – Eu sinto como se ele precisasse de mim, de alguma maneira – explicou – o precisa de mim, eu não sei o que é isso mas é algo forte.
-, ele foi só um caso, esquece! Se você não for hoje, terá que ir daqui a uma semana, você tá adiando o inevitável.
-Você sabe que eu odeio esse seu tom de autoridade – retrucou – Você não manda em mim.
-Mas eu sempre fui mais racional, você sabe. – a morena rebateu – Foi só uma noite, todo esse drama por um carinha bom de cama, pelo amor de Deus.
-CALA A BOCA, LEAH – gritou enquanto se levantava – Você não entende, não rolou nada, nada mesmo, mas ele precisa de mim! Eu não sei o porquê, mas eu tenho certeza disso, fora que, meu Deus, eu me apeguei tanto ao Ronan... Enfim, eu sei que eu vou embora daqui a uma semana de qualquer jeito, mas eu preciso desse tempo pra apoiar o .
-Apoiar um cara que usa aliança? – Leah rolou os olhos – cresce. Isso foi uma aventura, apenas isso, você pode ter o cara que você quiser enquanto ele está traindo uma idiota qualquer que deve estar viajando por aí e o deixou com o filho. Sabe quantas outras passaram por essa oficina ele já pegou? Com certeza, várias.
-Não fala assim dele, – disse entre dentes – você não o conhece, Leah.
-E você o conhece, por acaso? – rebateu.
-Sinto como se o conhecesse mais do que conheço você – respondeu baixo e saiu do quarto correndo.
-Só pra deixar claro, patricinha – Lauren disse em tom superior – a mãe do Ronan faleceu no parto e a está sendo a única mulher que o se aproximou desde então. Acho que os dois merecem ser feliz, ele por estar sozinho há quase três anos e ela por ter que te aturar por todo esse tempo – e saiu dali deixando Leah atordoada.
-Tia – Ronan chamou, mas passou correndo pela sala – Tia – ele se levantou e foi atrás dela – Tia – chamou mais uma vez e ela se virou respirando fundo.
-Ta frio aqui, querido. É melhor você entrar – disse forçando um sorriso.
-Por que você tá chorando? – ele perguntou preocupado.
-Nada, – ela se abaixou pra ficar da altura dele – problemas de adulto.
-Olha – ele ergueu um papel com alguns rabiscos – meu desenho.
-Que lindo. – ela pegou e encarou, não fazia muito sentido – Quem são?
-Eu – ele apontou – meu pai – dessa vez mostrou algo meio retangular com uns rabiscos pretos para o alto que deduziu ser o cabelo – e você.
Ela gelou, seu mundo pareceu rodar, abaixou a cabeça e balançou negativamente.
-Não gostou? – Ronan perguntou triste – você tá chorando mais, você não gostou – ele fez um biquinho.
-Não, meu amor – ela sorriu – É lindo, é o desenho mais lindo que eu já vi – completou emocionada e ele sorriu satisfeito.
-Fica pra você – ele disse e ela não pensou duas vezes em pegar o papel e guardar no bolso do casaco, enquanto estava distraída fazendo isso ele pulou nela e a abraçou – Eu gosto de você.
-É mesmo? – ela perguntou, se levantou e pegou ele no colo – Por que?
-Por que essa foi a única noite que meu pai não chorou quando me deu boa noite – ele respondeu sincero – Se você morasse com a gente ele não ia chorar mais, eu gosto quando ele não chora.
sorriu e o apertou mais em seu colo, ele passou os braços pelo pescoço dela e deitou em seu ombro brincando com seu cabelo. tratou logo de ir pra dentro de casa devido ao frio e sorriu ao ver aquela cena.
-Ele tá pesado, pode coloca-lo no chão – disse.
-Não, tudo bem, eu aguento – respondeu sorrindo.
- – Leah chamou da porta – a gente pode conversar?
encarou Leah que estava sentada com Ally no chão e afirmou positivamente com a cabeça, então ela colocou Ronan no chão junto com a prima e foi com Leah para o quarto.
-Perdi alguma coisa?- perguntou se sentando no sofá.
-Liga não, elas vivem brigando. – Louis disse despreocupado – Daqui a pouco elas se acertam.
-Fala – disse soltando o ar pelo nariz enquanto Leah fechava a porta.
-Desculpa. – a amiga disse envergonhada – Eu julguei o sem saber de nada, a Lauren me contou, quer dizer, não contou direito, mas enfim, – ela se aproximou – eu to aqui, você sabe, vou te apoiar, se você acha que continuando aqui vai ajuda-lo, eu fico com você. – ela sorriu – Me perdoa?
encarou a amiga séria, mas logo abriu um sorriso e elas se abraçaram.
-Você é a pessoa mais irritante desse mundo, Le – ela disse.
-Mas você me ama.
-Amo – elas se afastaram – Estamos juntas pra sempre, né.
-Sim, pra sempre. – Leah disse – E eu aprovo o .
-Acredite – mordeu os lábios – eu também.
-, sua safada. – Leah deu um tapa na amiga e elas riram – Você disse que não rolou nada.
-E realmente não rolou. – fez uma pausa – Só uns amassos.
-Conte-me.
-Não, – riu e foi saindo do quarto, parou na porta – mas que homem, meu Deus.
-Idiota! – Leah gritou e ela gargalhou chegando à sala.
-Tudo bem? – Lauren perguntou.
-Tudo certo – respondeu sorrindo.
-Vou pra casa preparar o almoço. – disse – Olha ele pra mim?
-Claro – Lauren respondeu.
-Você quer que eu te ajude? – perguntou baixo e todos riram, ela corou.
-Nossa, crianças, cantem agora “ta namorando, ta namorando” – debochou.
-Ta namorando, tá namorando – Nick puxou o coro.
-Cala a boca, idiota. – eles riram – Vamos, ? – fez um sinal com a cabeça e eles saíram dali, juntos.
-Posso te confessar uma coisa? – ela perguntou quando eles entraram na casa de , tinha um sorriso amarelo e um olhar quase infantil – Eu não sei cozinhar.
Ele suspirou e sorriu também.
-Bom saber que você quer estar comigo tanto quanto eu quero estar com você.
Ela sorriu aliviada e eles se abraçaram. Por mais que tentassem negar, algo muito forte os atraia um para o outro, e não tinha como fugir.
-Então vamos lá – disse enquanto encarava o armário.
-Você sabe cozinhar? Tipo, mesmo? – ela perguntou incrédula.
-Eu fui forçado a aprender, né – ele respondeu e pegou alguns ingredientes – Vou fazer um macarrão que a minha mãe me ensinou.
-Fala sério, , macarrão até eu sei fazer – ela riu.
-Esse não é qualquer macarrão, .
-Não me chame de – ela respondeu séria.
-Mas você disse isso quando a gente se conheceu, lembra? “ pra você” – ele imitou a voz e os trejeitos dela, fazendo-a gargalhar.
-Isso foi antes – respondeu corada por ele se lembrar da infantilidade dela.
-Ah, é? Mudou tanto assim? Já? – ele provocou se aproximando.
-Você não faz ideia, – sussurrou olhando-o nos olhos – quer dizer... – balançou a cabeça negativamente.
-Eu sei – ele sorriu e ela esperou que ele a beijasse, mas recebeu apenas um beijo na testa – Vamos ao macarrão.
-Claro – ela sorriu frustrada.
Depois de no máximo uma hora o tal macarrão estava pronto.
-Experimenta – entregou um prato com um pouco de macarrão pra , o queijo estava derretido por cima e tinha cubinhos de presunto.
Ela pegou o garfo, meio receosa, pegou um pouco e colocou na boca arregalando os olhos logo em seguida.
-Meu Deus! – ela sorriu – Acho que nunca comi algo tão bom quanto isso.
-Sério?
-Não – ela sorriu sincera – Brigadeiro é melhor.
-Briga o que? – ele torceu o nariz.
-Brigadeiro, – ela repetiu mais devagar – é um doce que eu experimentei no Brasil.
-Você sabe fazer?
-Não. – ela lamentou – Infelizmente não faço ideia de como se faz aquilo, mas é muito bom.
-Um dia eu descubro como faz –ele sorriu – Preciso saber se é mesmo melhor que meu macarrão de panela de pressão.
-Sim, é – ela falou pra implicar.
-Então você não vai comer – ele sorriu e tirou o prato da mão dela.
-Obrigada pelo favor – ela respondeu sorrindo.
-Hã?
-Nada – ela se apressou em dizer – Vou chamar o Ronan.
Ela saiu correndo e foi até a casa da Lauren, bateu duas vezes na porta e Louis abriu.
-Mas já tá assim, abrindo a porta da casa dos outros? – ela perguntou debochada.
-Nessa casa eu sou uma mistura de mordomo com babá – ele torceu o nariz e riu mais – Queria ir logo embora, mas a Leah disse que vamos ficar essa semana.
-Tudo bem pra você? – ela perguntou corada.
-Relaxa, , nós três estamos juntos – ele deu um sorriso perfeito – Entra.
-Não, não, só vim chamar o Ronan para almoçar.
-Ronan – Louis entrou gritando o menino e riu assim que viu o pequeno correr até ela com os braços esticados.
-Ta com fome? – ela perguntou o pegando no colo.
-Um pouco – “pouto”, ela sorriu.
-Então vamos que seu pai fez um macarrão delicioso – disse – Até mais tarde, Lou.
-Ei, que mania é essa de colo, carinha? – perguntou quando viu Ronan entrar carregado por .
-Deixa ele, – ela disse sorrindo e colocou o menino no chão – Vai lá lavar a mão que eu arrumo o seu prato.
Ele sorriu e foi correndo para o banheiro, ela voltou a se levantar e encontrou a encarando.
-Desculpa – ela sorriu sem jeito – Eu to acostumada a fazer isso com a minha irmã, e, ele é seu filho, desculpa mesmo, eu…
-Tá tudo bem, – ele sorriu e ela se desmanchou por dentro. O que tá acontecendo, ? Foco! Pensou – Vamos almoçar.
Eles se sentaram e ajudava Ronan a comer quando ele se enrolava, embora ele já soubesse se virar bem sozinho como se fosse mais velho, a esperteza dele impressionava a todos.
-Você vai comer só isso? – perguntou.
-Exagerei no café – respondeu sem jeito – Não pense que eu não gostei do macarrão, é uma delicia, mas é que eu não to acostumada a comer tanto.
-Comer tanto? – torceu o nariz – Você quase não comeu, .
-Comi sim, no café, por isso não posso exagerar agora – fez uma pausa e se levantou – Inclusive, terminei, com licença.
achou aquilo muito estranho, mas não falou nada, lavou seu prato e pediu pra tomar banho, ele apenas fez que sim com a cabeça e ela foi para o quarto.
Depois do almoço Ronan tomava uma mamadeira e dormia um pouco a tarde, era sempre assim, ele acabava de almoçar, ia para a sala ver desenho enquanto lavava a louça e preparava a mamadeira do filho.
-Droga – disse ouvindo seu celular tocar – Ronan – chamou, mas ele não ouviu, então saiu da cozinha e foi para o quarto pegar o celular – ? – disse baixo ouvindo soluços no banheiro – , ta tudo bem? – disse um pouco mais alto e ouviu um barulho maior seguido de uma tosse seca – – gritou preocupado e bateu na porta.
-Que é, ? – ela respondeu baixo e ele ouviu o barulho da descarga.
-Abre a porta – ele disse.
-Atende esse celular, toque irritante – ela disse e dessa vez ele ouviu o barulho da torneira.
Ele desligou o celular sem ver quem era e bateu na porta mais forte.
-TO FALANDO PRA ABRIR.
-DROGA, – se irritou, encarou o espelho mais uma vez e abriu a porta contrariada – O que é?
- – saiu como um sussurro, assim que a olhou ele entendeu tudo que estava acontecendo, ela estava pálida e abatida, a boca estava um pouco vermelha e os olhos molhados – , por quê?
-NINGUÉM ENTENDE, , NÃO ENCHE – ela estava nervosa – POSSO TOMAR MEU BANHO AGORA?
-Para de gritar, por favor – ele disse baixo – Vai assustar o Ronan.
-Desculpa – ela respondeu com lágrimas nos olhos – Não conta pra ninguém, por favor.
- – ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, deslizou delicadamente o polegar até o queixo dela e a puxou pela cintura com a mão livre – Eu to aqui, pra tudo, eu sei que você precisa conversar. Conta comigo, confia em mim, por favor.
Ela o encarou por alguns segundos e simplesmente desabou, começou a chorar descontroladamente. a pegou no colo como uma criança e a levou para a cama ninando-a como um bebê, era isso que ela precisava no momento, e era isso que ele faria, mostrar pra ela que ele se importava de verdade, mesmo sem saber o porquê, ele se preocupava.
- – ele sussurrou depois de longos minutos, ela levantou o olhar, ainda chorava um pouco. Ele a abraçou mais forte e encostou-se à cabeceira da cama ainda com ela no colo – Pode falar, vai, coloca tudo pra fora, eu to com você, eu prometo. Isso vai te fazer bem.
- – ela o repreendeu, sua voz era entre cortada por soluços – Por que eu nasci assim? – ela perguntou enquanto brincava com os dedos das mãos – Eu me esforço de verdade pra ser o que eles querem, eu juro, mas eu não consigo.
-Como assim, ?
-Olha pra mim, – ela se levantou irritada e se sentou de frente pra ele – Pelo amor de Deus, eu sou gorda, e definitivamente não estou dentro dos padrões de beleza! Eu me sinto péssima quando eu me olho no espelho, eu sou horrível.
-Quem te disse isso?
-Todos dizem, todos, desde que eu sou pequena.
-E você acredita? – passou a mão no queixo paciente.
-É a verdade – suspirou – Eu não escolhi ess a carreira, ela me escolheu, a música é minha vida, mas não pra alguém como eu, tão…
-OU – ele disse sério – Olha, você quer ajuda?
abaixou o olhar, tudo que ela queria era de alguém que a ajudasse de verdade, que não se aproximasse por interesse, que mostrasse pra ela o quanto ela é linda.
-Quero – ela sussurrou – Eu preciso de ajuda, – o encarou e ele apenas sorriu.
-Olha só – limpou a garganta com um barulho estranho – Eu acho que posso te ajudar, mas você também tem que se ajudar – ele a encarou e ela estreitou os olhos confusa – Simples, apenas quero que você olhe nos meus olhos enquanto eu fizer isso, pra ter certeza de que eu não vou mentir nem por um segundinho sequer. Se não der certo, se você não acreditar em nada, pode me matar e depois por as tripas pra fora naquele banheiro.
- – ela gritou e tacou uma almofada nele.
-Desculpa, , é que comigo é assim, tudo ou nada – ele sorriu.
-Ok, pode tentar – ela fez um gesto com a mão pra ele seguir em frente e ele sorriu de leve e se ajeitou na cama.
-Nunca imaginei que fosse despejar tudo isso de uma vez – ele escondeu o rosto entre as mãos – , olha lá, isso é o tipo de coisa que eu falaria com o Nicholas.
-Eu to ficando com medo – ela sorriu sem jeito e ele se ajeitou na cama.
-Ok, vamos lá – ele a olhou de forma tão sincera que ela estremeceu por dentro – Seu corpo é incrível, tipo, mesmo, você poderia seduzir um cara com uma máscara – ela gargalhou – É sério, olha pra mim – ele franziu a testa e ela o encarou novamente – , suas curvas são as mais lindas que eu já vi. Com certeza qualquer mulher se sente mal do seu lado, quero dizer, é tudo perfeitamente distribuído. Você não é do tipo magricela que parece um esfregão, uma tábua, ou, enfim... Eu me perco olhando pra você e tenho certeza que qualquer homem no mundo gostaria de ter uma chance contigo.
Ela corou, entendia o porquê de ter que olhar pra ele enquanto ele falava, os olhos dele simplesmente brilhavam enquanto ele a descrevia. Depois de alguns minutos ele suspirou aliviado, não estava sendo nada fácil falar isso assim.
-Finalmente, o rosto – ele soltou o ar pelo nariz e ela sorriu também aliviada, mas ao mesmo tempo tensa, acreditava que ele nunca conseguiria mostrar pra ela o quão bonita ela era – Seu cabelo nesse tom, e desse jeito te deixa mais... – ele fez uma pausa – mulher. – completou – O que te torna mais irresistível ainda, mas a franja traz algo infantil, enfim, é um equilíbrio perfeito, como se eu pudesse escolher entre uma frágil e uma forte, sabe? Seu nariz se encaixa perfeitamente no seu rosto, parece que foi feito a mão, seus olhos são pequenos o que te deixa com uma expressão infantil às vezes, é lindo de ver como eles se estreitam quando você sorri – ele se aproximou – Ah, , seu sorriso... – fez um carinho de leve na bochecha dela – Seu sorriso me deixa maluco, ele é encantador demais, e quando você sorri. Cara... enfim, – ele suspirou e segurou o rosto dela – tudo em você é perfeito, e sempre terá alguém pra julgar, não precisa ser perfeito para o mundo, , você tem milhões de fãs, acredite, todos te acham maravilhosa assim, não se prende só no negativo. Você sendo você já vai ser mais do que suficiente, acredita em mim. Você é linda, muito, muito, muito, muito linda.
Ela sorriu de leve, era incrível poder acreditar naquilo porque a sinceridade com que a descreveu era tão forte que ela se convencia aos poucos de que era verdade. Sem pensar ela pulou no colo dele o jogando de costas no colchão e ficando por cima dele, eles se encararam com sorrisos bobos nos lábios, pareciam dois adolescentes, ela se aproximou e passou a ponta do nariz pelo rosto dele que fechou os olhos pra sentir o carinho.
-Obrigada – ela sussurrou de olhos fechados e o beijou logo em seguida.
intensificou o beijo e a empurrou, ficando por cima dela, deslizou uma das mãos até a cintura e a puxou para mais perto, desceu os beijos para seu pescoço enquanto levantava sua camiseta, estava ofegante, sua mão alternava entre a nuca e o ombro dele, às vezes entrelaçava os dedos no cabelo. Quando estavam totalmente envolvidos, um com o outro, ouviram a porta se abrir.
-Pai? – Ronan chamou baixo antes de ir entrando, o que deu tempo pra eles se ajeitarem na cama.
-O-oi, filho – ele gaguejou arrumando o cabelo e pondo a camiseta.
-Quero mamadeira – Ronan disse, ele já estava dentro do quarto agora.
-Claro, a mamadeira, vou fazer – levantou e foi para o banheiro.
-Pai, é na cozinha – o pequeno olhou pra confuso.
-Dá um tempinho pra ele... – mordeu os lábios – fazer xixi. Vamos lá na sala ver desenho – ela se virou para a porta do banheiro rindo – ESTAMOS NA SALA, BOA SORTE AÍ.
-Ri, – ele respondeu ligando o chuveiro – Dê graças a Deus por ter nascido mulher, ok?
estava assistindo TV com Ronan na sala quando passou por eles sem camisa e com o cabelo molhado, estreitou os olhos ao encarar e foi pra cozinha, ela gargalhou.
-Ta bravinho, ?
-Alguém viu o leite? – ele perguntou.
-Quer ajuda?
-Não, , só quero saber onde tá o leite – respondeu seco.
Ela estava levando tudo na brincadeira, se levantou e foi para a cozinha. Não era muito grande, tinha uma mesa de seis lugares com um vaso bem no centro, uma bancada com alguns enfeites e potes com balas, tudo bem simples, mas arrumado. correu e sentou no balcão pegando algumas balas.
-Sério que você não achou o leite ainda? – ela perguntou rindo e ele a olhou sério – Que foi?
-Nada.
-Fala, , você mudou do nada – ela ficou séria – O que houve?
-Não é nada fácil pra mim isso, , desculpa.
-Como assim? – ela tampou o pote de bala e encarou o rapaz à sua frente, sua expressão era séria e fechada – Não to entendendo.
-Você na sala com o Ronan no colo assistindo desenho, vocês se dando bem, você com ele no colo brincando, dando comida pra ele, tratando ele como se fosse... – ele fez uma pausa – Eu acho melhor mesmo você não ficar aqui.
-COMO ASSIM? – ela gritou surpresa.
-, depois da eu não tive ninguém, ninguém mesmo, e não foi por falta de oportunidade – ele fechou a mamadeira e levou na sala, entregou a Ronan e voltou para a cozinha – Você tá mexendo demais comigo e eu tenho medo de que isso vá longe demais.
-Isso já foi longe demais, – ela respondeu ríspida.
-Daqui a uma semana você vai ter que ir embora de qualquer jeito, . – ele disse sério – E você vai se sair bem dessa, você é famosa, linda, rica, pode ter qualquer cara que quiser.
-Espera – ela fechou os olhos e apoiou a mão na bancada – Você acha mesmo que eu faço com qualquer um o que eu fiz com você?
Ele apenas olhou triste pra ela e trincou a mandíbula.
-Na verdade, eu…
-Não precisa explicar, – desceu da bancada e se aproximou dele – É mesmo uma pena que você não me conheça e nem queira conhecer, né, é um direito seu. Se você quer viver nessa covardia, se escondendo nessa auto piedade e sofrendo por ela não estar mais aqui, não posso fazer nada, eu realmente sinto muito, muito mesmo por tudo, porque foi rápido mas você significou muito pra mim. Mas você tem razão, eu não posso dividir espaço com um passado que te ocupa demais, afinal – ela encarou a aliança – você ainda é casado, né.
-, espera, não foi isso que eu quis dizer – ele foi atrás dela enquanto ela arrumava todas suas coisas na mala; não era muita coisa, tudo estava dentro do ônibus ainda.
-Mas foi isso que você disse, – respondeu seca pegando a mala e saindo da casa dele.
-Onde ela vai, pai? – Ronan perguntou sonolento, estava dormindo no sofá e acordou com a discussão.
-Ai meu Deus – pegou Ronan no colo e saiu atrás de , não podia deixar o menino sozinho.
-Louis – disse baixo quando o amigo abriu a porta da casa de Lauren, tentava controlar as lágrimas.
-Relaxa, eu já vou ligar para o táxi – ele disse sorrindo de forma acolhedora e deu espaço pra ela entrar.
-O que aconteceu? – Leah perguntou assustada.
-, , deixa eu explicar – entrou logo em seguida.
-A gente já conversou, , você já tomou sua decisão.
-A gente vai embora? – Leah perguntou.
-Por favor – sussurrou.
-Eu vou ligar para o táxi – Louis disse.
-Não, não, cara, por favor – pediu.
-Liga, Louis, o número está preso no imã na porta da geladeira – Lauren disse e se surpreendeu.
-Lauren, eu…
-Depois, , depois – ela respondeu – Agora vai pra casa, vai.
-Você vai embora, Tia? – Ronan perguntou.
-Vou, meu amor, vou sim.
-Nunca mais vai voltar?
-Não sei, acho que não. – ela estava triste.
Ele saiu do colo de e foi andando ainda meio sonolento pra que estava sentada no sofá, pulou no colo dela e escondeu o rosto na curva do pescoço.
-Vai pra casa, , a gente cuida dele – Lauren disse – Quando eles forem eu levo o Ronan lá.
encarou , mas ela virou o rosto, ele saiu contrariado e foi pra casa.
-Posso conversar com ele? – perguntou apontando pra Ronan.
-Claro, pode ir lá no meu quarto – Lauren sorriu e se levantou com Ronan no colo e foi para o quarto.
-Ei – ela chamou quando eles se sentaram na cama, mas ele ainda estava abraçado nela – Ronan.
-Por que você vai embora? – ele perguntou ainda com o rosto escondido – Por que você não mora aqui com a gente?
-Eu não posso, príncipe – ela empurrou ele delicadamente para olha-lo – Eu tenho que ir porque tem várias pessoas esperando eu e a Tia Le em outras cidades, eu tenho que ir cantar pra eles.
-E quando você terminar você voltar?
Ela suspirou, simplesmente não podia dizer para aqueles olhinhos tão lindos que ela nunca mais voltaria.
-Volto, eu volto pra te ver – disse forçando um sorriso – E sempre que eu sentir saudade eu vou ver o desenho que você me deu.
-E quando eu sentir saudades? – ele perguntou.
-Eu acho que eu tenho uma coisa pra você – ela sorriu – Louis, vem aqui rapidinho.
-Diga.
pediu um favor ao amigo e ele foi correndo buscar o que ela tinha pedido, Ronan esperou impaciente na cama até que sorriu quando viu que Louis tinha chegado.
-Um segundo – ela tampou a caneta – Pronto.
-É você? – ele perguntou fascinado com o que tinha nas mãos.
-Sim, esse é o meu último cd – ela explicou – e DVD – sorriu – Quando você sentir saudades é só pedir pra alguém colocar pra você.
-Assiste comigo agora? – ele pediu.
Ela ainda tinha um tempinho até o táxi chegar então aceitou. Colocou o DVD no aparelho que tinha no quarto e eles se ajeitaram na cama. Juntos assistiram ao show, Ronan perguntava tudo que vinha pela cabeça, o nome dos integrantes da banda, o nome da guitarra, tudo, e ela respondia com muita paciência, ela já o amava e tinha certeza que ele faria muita falta.
-Entra – disse baixo quando ouviu batidas na porta.
-O táxi chegou – Lauren disse ponto a cabeça pra dentro do quarto.
Ronan pulou de novo no colo de e escondeu o rosto como fizera antes.
-Ron, calma.
-Fica, tia, por favor – ele pediu.
-A gente conversou, meu amor, tem outras pessoas me esperando – ela disse segurando o choro pois queria passar confiança para ele – Quando eu acabar eu venho aqui te visitar, eu te prometi, não prometi?
-Uhum – ele fungou.
Ela se levantou com ele no colo e saiu do quarto, todos estavam na sala esperando.
-Não peguei muita roupa – Leah disse – Deixei a maioria no ônibus, é só uma semana mesmo.
-Ta bem – respondeu – Cadê o Louis?
-Ele e o Nick estão pondo as malas no táxi. Vamos, eu vou com vocês até o portão – Lauren explicou pegando a filha no colo e guiando-as até a porta.
De relance pode ver observar tudo da janela, podia vê-la com seu filho no colo e podia ver a dor que ela sentia de ter que se despedir dele assim, do nada. Foram apenas milésimos de segundos quando seus olhares se encontraram, o suficiente pra provocar em ambos sensações completamente desconhecidas.
-Tudo pronto – Louis disse pondo a ultima mala dentro do carro.
-Tchau, Lauren, obrigada por tudo – Leah disse sorrindo gentilmente enquanto elas se abraçavam – E cuida direito do nosso ônibus, Nick – saiu do abraço de Lauren e abraçou Nicholas.
-Pode deixar, vou caprichar no serviço, em uma semana está tudo pronto – ele explicou.
-Acho bom mesmo, cara – Louis interrompeu estendendo a mão para um cumprimento amigável – Lauren – ele sorriu e eles se abraçaram – você faz o melhor arroz do mundo – todos riram – Desculpa aí qualquer coisa.
-Tudo bem – ela sorriu – Ronan – chamou e ele levantou o rosto do pescoço de – A tem que ir agora.
-Vem cá – Nick estendeu o braço e ele foi em silêncio.
-Obrigada – Lauren sussurrou pra e ela sorriu de leve em resposta.
-Eu que agradeço – sussurrou, foi até Ronan e deu um beijo meigo em seu rosto.
Se virou rapidamente antes que desistisse de tudo, não por , mas por Ronan, sabia que mesmo que ele tivesse a Lauren, tinha sido diferente. fora a única que dormiu em sua casa, esteve com ele, assistiu a desenhos, arrumou comida, conversou sobre super heróis, desenhou com ele, enfim, ela sabia que, querendo ou não, ele tinha visto nela a imagem de mãe que ele só tinha presa em fotos espalhadas pela casa.
Entrou no táxi e quando o motorista deu a partida ela desabou tudo que estava segurando, foi chorando em silencio o caminho todo. Leah não disse nada, pois conhecia , sabia que ela não ouviria nada, ela precisava daquele momento, só ela e mais ninguém.
-Qual é o problema do , hein? – Lauren perguntou irritada entrando em casa e pondo um filme qualquer para as crianças assistirem.
-Lauren, era inevitável, uma hora ela tinha que ir – Nick disse paciente.
-Nicholas, não, era diferente, eu sei que era e você sabe que eu não erro essas coisas.
-Você é uma feiticeira do amor agora? – ele perguntou – Para de tratar o como se ele fosse aquele adolescente que a gente conviveu, ele é um homem agora e sabe muito bem o que fazer e como fazer.
-Eu não posso simplesmente deixar isso pra lá sabendo que ele vai se arrepender, Nick – ela foi para a cozinha preparar um lanche qualquer para as crianças – Você sabe que ela foi a única desde que…
-Amor, isso não é problema nosso. – Nick a cortou – Eu sei que ela foi a única e eu também sei que não importa o que eu disser, você vai lá jogar na cara dele o quanto ele foi idiota, – Lauren riu – mas só escolhe as palavras, ok? Ele deve estar muito mal.
-Você sabe que eu não sei escolher palavra, pra mim é tudo muito claro.
-Eu sei, – Nick riu – claro que eu sei, mas tenta.
-O que eu ganho com isso? – Lauren mordeu os lábios.
-Controle-se, mulher, tem crianças na sala – ele riu, pegou um pedaço de queijo e saiu da cozinha – Mais tarde a gente resolve isso.
-Vou cobrar – ela gritou em resposta.
-! – Nick gritou da varanda – Bora, tem serviço demais pra hoje.
-Não to no clima – respondeu da varanda.
-É mesmo? – Nick se virou irônico e depois voltou a andar em direção a porta dos fundos da oficina – Eu também nunca to, não é nada legal feder a graxa, mas se eu fosse pelo meu “clima”, não teria comida na mesa, então…
-Tá, já entendi – respondeu contrariado.
No final do dia parecia tudo dentro da antiga rotina novamente. trabalhou, até se distraiu, foi pra casa, tomou um banho e buscou Ronan para jantarem juntos e coloca-lo pra dormir. Depois de explicar várias vezes o porquê de ter ido embora, o menino finalmente se deixou vencer pelo cansaço. apagou a luz e foi pra sala, pretendia se lotar de cerveja e assistir um jogo qualquer na TV, mas se assustou ao ver Lauren parada na sala.
-Tá maluca?
-Teste para seu coraçãozinho – ela ironizou e se jogou no sofá.
-A vida já fez esse teste algumas vezes por você, não precisa, eu já passei – disse sério.
-Passou? Passou mesmo? – ela riu – Claro, , você supera tudo.
-A culpa não foi minha, Lauren, ela iria embora de qualquer jeito – alterou um pouco o tom de voz.
-Ela se propôs a ficar durante a semana por você, o que te faz pensar que ela não ficaria pra sempre? – Lauren revirou os olhos – Ela estava mesmo mexida com tudo isso, , a vida te deu uma segunda chance de ser feliz, o que houve?
-Você acha mesmo, Lauren, acha que ela aceitaria largar tudo por um cara como eu? – ele fez uma pausa – Olha pra isso, não é uma mansão, não são móveis caríssimos, o sofá tem um buraco remendado e quando você deita uma madeira espeta sua costela. Eu tive que por um tapete horrível no meu quarto pra esconder a parte do piso que soltou e a porta do meu armário cai quando eu abro rápido, você acha que uma mulher como ela viveria aqui?
-É uma pena, – Lauren se levantou – Eu convivi bem menos com ela, mas acho que a conheço mais que você. Ela ficaria pra ser feliz, e não é de coisas materiais que eu estou falando. Ela precisa de alguém tanto quanto você precisa dela, e eu nem vou entrar na questão do Ronan pra não pesar ainda mais sua consciência – caminhou até a porta da sala e abriu, falando antes de sair por completo – O tempo vai te mostrar o quanto ela vai fazer falta, torça pra que ela volte um dia e ainda tenha um espaço pra você.
Quando Lauren foi embora ele se jogou no sofá e xingou mentalmente a madeira que machucou sua costela, ligou a TV mas não conseguia prestar a atenção, no fundo sabia que tinha feito a maior burrada da vida dele, mas de alguma maneira sentia que não conseguiria concertar tão cedo.
-Finalmente – Nick desligou o ônibus e sorriu – Esse bando de tecnologia dá muito trabalho, que parte elétrica complicada.
Já havia se passado quase uma semana desde que fora embora. Todas as noites Ronan pedia para assistir o DVD, no começo apenas colocava e saia de perto, mas depois se rendeu, já chegou a assistir de madrugada sozinho ou até ir dormir ouvindo o CD dela.
-Eu liguei para o Louis e eles vão vir pegar o ônibus hoje – disse segurando o sorriso. Era a chance de ver de novo e tentar conversar com ela.
-Você acha que ela vai te ouvir?
-Não custa nada tentar – ele abaixou a cabeça enquanto limpava a mão em um paninho meio rasgado.
- – seu irmão chamou e ele levantou o olhar para encara-lo – A é uma garota legal, meio fresca, mas ela é legal. – Nick sorriu – Pensa bem em tudo que você vai falar porque ela não merece ser magoada nem iludida, você tem certeza, tem certeza de que é ela?
-Não era pra ser, né, cara – ele jogou o pano no chão e se sentou em um pneu de caminhão – Ela é rica e ta acostumada a viver bem, mas, sei lá, eu sinto que só ela vai me fazer esquecer tudo – ele falou baixo o final, ainda se sentia um pouco culpado de pensar em uma mulher assim.
-Então, vai fundo – Nick sorriu – Eu aprovo, e o Ronan também.
sorriu sem jeito, se levantou e foi fazer outras coisas na oficina enquanto Nick dava os últimos retoques no ônibus, no fim da tarde uma buzina despertou os dois. sorriu e saiu correndo para o portão.
-OU – Nick gritou quando foi empurrado para o lado por ele.
-E aí, Lou – disse empolgado.
-Ei – o menino respondeu fazendo um toque de mãos. Pagou o táxi e liberou o motorista – Ela não quis vir, cara, foi mal.
Ele apenas respirou fundo, todas as suas esperanças tinham acabado. Ele encarou o chão tentando entender o porquê, afinal, ele tinha a mandado ir embora, mas ela fazia falta. Ela fazia muita falta.
-Bom... – Louis disse sem jeito – eu tenho que ir, temos show amanhã, vamos pegar a estrada agora.
-Claro, vou tirar o ônibus pra você e explicar o que aconteceu pra não acontecer de novo – Nick disse e eles entraram na oficina.
permaneceu no portão tentando não chorar, se despediu de Louis, desejou uma boa viagem, mas era como se ele não estivesse ali, foram palavras e ações extremamente mecânicas, como se fosse um robô, foi assim que ele agiu até o final do dia. Seu pensamento estava longe, estava com ela, como podia... Como uma menina conseguia controla-lo desse jeito?
- – Nick gritou.
-Que, cara?
-To te chamando há meia hora aqui. Fecha a loja pra mim que a Lauren me pediu pra comprar umas coisas na cidade, será que você pode fazer isso?
-Que saco, hein – resmungou e foi fechar a oficina, gritou de raiva ao prender o dedo no portão – O que é isso, meu Deus?
Se questionava, afinal, seu amor por era algo sereno, a convivência entre eles era completamente calma, ela entrou na vida dele para organizar tudo. Seu jeito angelical o fazia ama-la cada dia mais. Já , ah, o deixava fora de órbita, o fazia sorrir sem motivo, o deixava com raiva às vezes, mas não por muito tempo, era algo mais forte, até mais carnal, mas não era algo só para uma noite. Ela deixava tudo de pernas para o ar, mas era o que ele mais amava nela, e isso ele não podia negar.
Foi para casa, tomou seu banho, preparou o jantar e pegou Ronan na casa de Lauren, tudo ainda meio no modo automático.
-O tio Lou veio aqui hoje?
-Veio – respondeu enquanto engolia a comida – Como você sabe?
-O tio Nick disse que ele levou o ônibus. – fez uma careta – A tia veio com ele?
-Não – soltou o ar pelo nariz pesadamente – Não veio.
-Eu sinto falta dela. – ele fez um biquinho – Pai – chamou depois de um longo silencio – Assiste o DVD comigo hoje?
-Claro – disse baixo pensando em uma forma de não chorar perto do filho – Liga a TV que eu já vou lá colocar pra gente assistir.
O menino desceu da cadeira e ligou a TV enquanto retirava as coisas da mesa.
-PAI, ELES ESTÃO FALANDO DA TIA – gritou quando viu que uma apresentadora simpática de um talk show qualquer se referia a uma entrevista. correu até a sala e se jogou no sofá.
-A cantora vai conceder uma entrevista exclusiva com a gente por telefone – a mulher se ajeitou na poltrona – , você está me ouvindo?
-Sim, estou ouvindo perfeitamente – ela respondeu e estremeceu no sofá.
-Como está a turnê, saíram noticias de que vocês haviam cancelado por um tempo, mas por quê?
-Nosso ônibus quebrou e infelizmente tivemos que adiar algumas datas, mas estamos de volta à ativa.
-Isso é ótimo – a mulher sorriu – Bom, saiu que você estava interessada no Harry, que pra quem não sabe é integrante da banda One Direction, isso é verdade, ?
Nesse momento prendeu a respiração.
-Ai meu Deus – ele pode perceber pela voz dela que estava sem graça, péssimo sinal – Não, não é verdade, somos apenas bons amigos. Ele é um cara super legal e fofo demais, estamos nos falando frequentemente, mas não passa de amizade. Eu estou solteira e pretendo continuar assim, quero focar na minha carreira agora, tenho muitos projetos pra depois da tour.
-É uma pena, vocês seriam um ótimo casal – a entrevistadora disse sorrindo e soltou uma risada sem graça – Obrigada pela entrevista, , e bom show pra você.
-Eu que agradeço – ela respondeu simpática e desligou.
-Poxa, ela nem apareceu – Ronan reclamou.
-Pois é – levantou – Vamos ver só duas musicas ok? Já ta tarde, você tem que ir dormir.
O menino resmungou, mas aceitou a proposta, eles assistiram juntos as duas primeiras musicas e depois colocou o filho para dormir. Voltou para a sala e terminou de assistir o DVD. Ele sentia falta dela, mas vê-la tão realizada no palco era torturante, não queria acabar com aquilo, mas não podia ir para o mundo dela. Estava muito confuso, mas a única pessoa que poderia resolver essa confusão era ela.
Três meses haviam se passado desde que a vida de tinha sido completamente jogada de pernas para o ar com a passagem do furacão . Ele ainda pensava nela todos os dias, toda hora, achava que o tempo o faria esquecer, mas estava enganado. Tudo o fazia lembrar dela, cada mínimo detalhe do rosto que ele passou a conhecer tão bem, não só da TV ou do DVD, mas dos sonhos que o perseguiam todas as noites.
-Ronan – chamou o filho que ainda dormia profundamente – Ron – chamou de novo dando uma leve balançadinha nele, nada – Ronan, acorda, já é tarde.
O menino resmungou um pouco e virou abrindo os olhos de forma preguiçosa, se remexeu na cama e encarou o pai emburrado.
-Levanta, campeão, to te esperando na cozinha com o café na mesa – saiu do quarto e deixou o menino terminar de acordar, foi até a cozinha e viu Lauren entrando pela porta dos fundos.
-Ei, bom dia, raio de sol – sorriu animada.
-Bom dia – respondeu sem ânimo algum.
-Ai, meu Deus, ainda a ?
-Também – soltou o ar pesadamente – To preocupado com o Ronan, eu não sei, ele anda muito sonolento.
-Claro! – Lauren riu de leve – Você trata esse menino igual a um gato, ele só come e dorme – abriu o armário já que o objetivo da visita era pegar emprestado um pouco de açúcar – Ele já ta na idade de entrar para uma escolinha de futebol, natação, sei lá, alguma coisa assim, . Ele precisa disso.
-Vou conversar com ele sobre isso – fez que sim com a cabeça quando ela ergueu o pacote de açúcar.
-Ok, quando decidir me fala que eu levo a Ally também – abriu a porta – Até mais tarde.
-Até – ele sorriu sem mostrar os dentes e ela saiu – Ei, acordou? – disse quando se virou e viu que Ronan andava meio sonolento e se sentava na cadeira.
-Ainda não. – o menino deitou por cima do braço apoiado na mesa.
-Eu tenho uma coisa pra te animar.
-O que? – perguntou sem nem olhar para o pai.
puxou uma cadeira e sentou de frente para o filho fazendo carinho no cabelo dele.
-Que tal eu te matricular em uma escolinha de futebol?
-Sério? – o menino se animou um pouco, mas logo voltou a ficar cabisbaixo – Depois que a minha dor aqui – apontou para a cintura – parar eu posso começar?
-Dor? – se assustou – Que dor?
-Aqui assim – ele passou a mão pelo local de novo – Dói lá dentro, pai.
-Deixa eu ver se você se machucou – levantou a blusa dele e abaixou um pouco a calça e prendeu a respiração por alguns segundos – Meu Deus, Ronan, dói muito?
-Às vezes só.
-Vem aqui – pegou o menino no colo e as chaves do carro – LAUREN – gritou quando saiu de casa.
-OI – respondeu da varanda.
-Olha isso – colocou o filho no murinho que havia ali e mostrou a ela a grande mancha roxa na altura da coxa.
-O que é isso? – ela perguntou horrorizada.
-Eu não faço ideia, eu to indo para o hospital agora.
-, calma, fica calmo, você não pode dirigir desse jeito – Lauren disse tentando controlar o nervosismo – Ele deve ter batido em algum lugar, não sei.
-Você vem ou não? – ele a cortou com raiva.
-Calma – ela entrou e colocou um casaco qualquer e gritou Nick – Pega a chave que você vai levar o ao hospital.
-Como assim? – ele perguntou confuso.
-No caminho eu te explico, anda logo – ela pegou a bolsa e Ally.
Eles chegaram ao hospital e logo a pediatra que cuidava de Ronan e Ally os atendeu.
-Agora você pode me explicar o que está acontecendo?
-Eu também não sei, Nick – Lauren segurava o choro – Ele apareceu com uma mancha roxa estranha e, eu não sei, to preocupada.
-O Ron ta doente, mãe? – Ally ergueu seus olhos azuis esverdeados para olhar a mãe, seus cachos castanhos caiam perfeitamente pelos ombros, ela parecia um anjinho.
-Não, filha, ele vai ficar bem – Lauren respondeu sorrindo fraco.
-E aí? – Nick perguntou quando viu sair com o filho no colo depois de longos minutos.
-Não sabemos ao certo – ele respondeu triste – Ele está com anemia e vai ficar em observação, terá que fazer outros exames também.
-Anemia? – Lauren perguntou surpresa – Como, , ele se alimenta bem.
-Eu sei, Lo, é que... – nessa hora ele desabou.
-Calma – Nick pegou Ronan no colo – Calma, cara. Lauren cuida dele que eu vou procurar a médica.
-Estou aqui – a doutora apareceu com uma prancheta na mão – Pode trazê-lo pra mim? – apontou pra Ronan e Nick concordou com a cabeça seguindo-a.
não fez nada, apenas se sentou ao lado de Lauren e passou a mão pelo cabelo apoiando o cotovelo na perna, ela começou a fazer carinho nas costas dele.
-Calma, vai dar tudo certo.
-NÃO, LAUREN, NA MINHA VIDA NUNCA VAI DAR TUDO CERTO – ele se irritou e se levantou furioso – MEU PAI MORREU, MINHA MULHER MORREU, EU ME APAIXONEI DE NOVO DEPOIS DE ANOS POR UMA BURGUESINHA QUE FEZ O FAVOR DE ME ESQUECER FACILMENTE, E AGORA... – ele congelou, chorava tanto que parecia que iria se desmanchar bem ali – Eu simplesmente não posso perdê-lo, Lauren, ele é tudo que eu tenho – sussurrou.
-Você não vai perdê-lo, , olha pra mim – ele levantou o rosto devagar – Você é forte, eu sei que é, vai dar tudo certo, confia em mim e confia no Ronan também. Ele já sobreviveu antes, ele vai passar por essa agora. Mas ele precisa de você, ouviu? Você não pode se entregar.
Sem saber o que fazer apenas se rendeu. Talvez aquele fosse o único momento de fraqueza que ele poderia se permitir, então se levantou e se isolou, pondo pra fora tudo... A dor pela falta de , a saudade que sentia de , a vontade de tê-la ali e o medo de perder o bem mais precioso que a vida lhe dera, Ronan.
- – uma voz feminina o chamou, mas ele ainda estava tão envolvido com sua dor que não reconheceu de imediato – Eu to indo pra casa, volto mais tarde – ele se virou já que sua mente parecia lhe pregar uma peça em não identificar a voz, encontrou Lauren com a filha no colo – Sua mãe acabou de chegar e ela vai ficar com você aqui até os resultados saírem, de noite eu venho.
Lá estava o em estado robô mais uma vez, concordou com a cabeça de forma mecânica e voltou a fitar o vazio. Lauren não disse mais nada, não adiantaria, saiu dali ainda preocupada demais para exigir qualquer mudança de comportamento dele.
Depois de muito tempo, tempo esse que ele não fazia ideia de quanto porque estava completamente desligado, alguém voltou a incomoda-lo, ele olhou e sua mãe o encarava de forma doce.
-Vem comigo, filho, saíram os resultados – ela sorriu de leve e ele se levantou completamente atordoado.
-Doutora, como ele tá? – se manifestou de forma racional pela primeira vez desde que chegara ali.
-Eu preciso que você se acalme, – ela disse séria.
-Eu quero vê-lo – ele se exaltou um pouco.
-Ele está dormindo agora, preciso que você me acompanhe – ela manteve a postura profissional e encarou Betty – É melhor a Senhora vir junto.
estremeceu, o tom dela, a seriedade, tudo aquilo pra dar um diagnóstico. Se fosse algo simples ela falaria ali na hora, não é mesmo? De uma vez. Mas não, ela os conduziu até sua sala e sentou em sua cadeira apontando com o queixo para que os dois se sentassem a sua frente.
-Doutora – ele suplicou com a voz baixa, ela o ignorou e clareou a garganta com um barulho mostrando que começaria a falar e não queria ser interrompida.
-Bem, antes de falar o que ele tem, eu preciso de algumas últimas informações pra ter certeza do diagnostico – explicou – Ele tem se sentido cansado e abatido ultimamente?
-Sim, sim, ele só queria saber de dormir esses dias – explicou sem entender o que aquilo interferia.
-Reclamou de dor óssea e enjoo?
-Um dia... – fixou o olhar pra se lembrar – Um dia ele ficou enjoado sim, e ele dizia que sentia uma dor lá dentro – fez aspas – Imagino que não era dor muscular porque ele enfatizava que a dor era bem interna.
-Onde era essa dor?
-Na maioria das vezes na altura da cintura, perto de onde apareceu a mancha.
-Além dessa mancha detectamos também pintinhas avermelhadas pelo corpo dele – ela completou e ficou rígido na cadeira.
-Isso quer dizer? – Betty induziu a médica a falar já que seu filho se contorcia na cadeira por medo do pior.
-Isso quer dizer – a doutora retirou os óculos e respirou fundo – que os exames e o relato do pai apontam pra uma coisa: ele teve uma diminuição na produção de glóbulos brancos e na produção de células normais da medula óssea, isso causa diminuição da produção sanguínea.
-O que isso quer dizer?- Betty perguntou de novo, impaciente.
-Detectamos em Ronan um quadro de – ela fez uma pausa – leucemia.
-O QUE? – perguntou desesperado – Isso não pode ser verdade, isso é impossível, não, isso não pode estar acontecendo – era impossível saber como ele conseguia falar em meio a tantas lágrimas.
-, calma – Betty pediu também chorando.
-Calma, mãe? COMO EU VOU TER CALMA – voltou a gritar – MEU FILHO TÁ COM CÂNCER.
-, ainda está no início, nós podemos…
-O QUE? SALVA-LO? – ele ironizou – SALVA-LO COMO FIZERAM COM A MÃE DELE? NÃO, MUITO OBRIGADO.
-Não está tudo perdido assim, , não seja pessimista – a médica pediu apertando um botão discretamente no telefone – Mas você precisa se acalmar para ajuda-lo, ele irá precisar de você.
-COMO EU VOU ME ACALMAR? – ele gritou mais ainda, andava de um lado para o outro completamente atordoado – Mãe – parou repentinamente e encarou Denise – eu não vou conseguir sobreviver se eu perdê-lo.
-Você não vai perdê-lo, , não vai.
-Promete? – ele perguntou, parecia uma criança frágil e acuada.
-Prometo – ela disse e foi até ele para abraça-lo, nesse instante dois enfermeiros entraram e o doparam, carregando-o para algum quarto no hospital.
-COMO ASSIM LEUCEMIA? – Lauren perguntou ao telefone, Betty ligara pra ela assim que foi dopado.
-Lauren, eu to nervosa, preciso de alguém que o acalme – ela disse embora soubesse que Lauren não era a pessoa certa pra acalmar alguém – E eu não sei porque não é só o Ronan, o já passou por muita coisa, não sei se ele sobrevive a isso.
-Eu acho que sei de alguém que pode ajudar.
-Aquela cantora? - Betty perguntou de forma retória – Lauren, não é o momento, ela pode larga-lo de novo e ai mesmo que tudo vai piorar.
-Ele que mandou ela ir embora, Betty – respondeu entre dentes – E ela viria correndo, pelo Ronan, eles se apaixonaram.
-Tem certeza?
-Absoluta – Lauren sorriu – Eu vou ligar pra ela.
-Parabéns, meninas, show incrível – Louis disse indo dar um selinho em Leah.
-Valeu, Lo – sorriu e se jogou no sofá do camarim – Quanto tempo até os fãs entrarem?
-Trinta minutos – Louis respondeu encarando o relógio e entregando uma garrafa d’água para Leah – Aproveita esse tempo e por favor liga para a Lauren, ela te ligou umas mil vezes.
-E porque você não atendeu?
-Porque o celular não é meu – ele sorriu zombeteiro.
-Imprestável – tacou uma almofada nele e pegou o celular – Nossa! Vinte e duas ligações perdidas, to até preocupada.
-Puf – Leah riu e se jogou no sofá bebendo sua água – Sabe que a Lauren é exagerada, não deve ser nada.
-Espero. – disse baixo porque sentia que tinha algo de errado – Alô.
-! – Lauren exclamou – Finalmente.
-Desculpa, tava no palco – explicou – Aconteceu alguma coisa?
-Você vai estar ocupada por esses dias?
-Na verdade não – piscou um dos olhos pensando – Hoje foi o ultimo show da turnê, vou tirar umas férias agora, descansar, por quê?
-Tem como você vir aqui?
-Lauren, você tá me assustando – ela disse percebendo o tom de voz da amiga.
-O Ronan, ele – Lauren respirou fundo –Ele tá no hospital e…
-COMO ASSIM? – deu um pulo do sofá – O que ele tem?
-É melhor você vir pra cá, .
-Me diz, Lauren, por favor, me diz o que ele tem.
- – Lauren enrolou mais um pouco.
- Me deixa falar com o – ela pediu, sabia que ele falaria a verdade.
-Ele não pode falar agora, ele tá dopado.
-Ai meu Deus – sussurrou – É sério?
-Ainda não sabemos.
-O que é? – já podia sentir as lágrimas em seus olhos, Leah e Louis a encaravam confusos.
- – Lauren sussurrou também chorando – Ele está com leucemia.
prendeu a respiração no mesmo instante, ouvia Lauren chama-la ao telefone, mas não tinha forças pra responder. Seu menino, seu príncipe, estava no hospital com câncer, sem saber de onde, arrumou forças e sussurrou.
-Estou a caminho.
-O que aconteceu, ? – Leah perguntou preocupada com a amiga que estava pálida.
- – Louis chamou – Fala! O que houve?
-O Ronan – sua voz era baixa, um sussurro – ele está com leucemia.
-Não – Leah soltou involuntariamente – mas ele é tão…
-Eu sei, Leah – disse – pequeno, saudável, eu sei disso. Mas a vida tem dessas coisas... NÃO! Eu não vou deixar que ela leve o Ronan.
-Como assim? – Louis perguntou indo se sentar ao lado de .
-Eu vou levá-lo para L.A, vou pagar o melhor tratamento possível. Eu não posso deixá-lo lá naquela cidade sem estrutura, deixaram a mãe dele morrer... não aguentaria mais essa, eu sei – ela chorava mais agora, se levantou e pegou suas coisas.
-, tem certeza? – Leah perguntou segurando a amiga.
-Você sabe que só eu posso fazer isso – ela disse triste – Segura as pontas aí? Depois eu me desculpo no twitter, ou sei lá.
-Tudo bem – elas se abraçaram – Quando chegar lá, me liga.
-Ok – sorriu e saiu pela porta dos fundos.
Era quase noite e estava acordando aos poucos, ficara desacordado durante todo o dia, abriu os olhos devagar e relutante, a realidade era assustadora demais pra ele, olhou para o lado e viu Lauren deitada na poltrona dormindo de mau jeito.
-Lauren – chamou baixo, se sentia meio tonto pra levantar – Lauren – voltou a chamar já que ela nem se mexeu – LAUREN – gritou quando reuniu todas as suas forças.
- – ela gritou em resposta depois de dar um pulo na poltrona – Que susto! – colocou a mão no coração e tentou acalmar a respiração.
-Como ele tá? – perguntou sentindo as lágrimas se formarem.
-Tá bem – ela se levantou e foi até a cama – Tá conversando com o Nick.
-E a minha mãe?
-Foi para casa ficar com Ally, disse que volta amanhã – Lauren explicou.
-A médica disse mais alguma coisa? – perguntou preocupado.
-Não, apenas que ele vai precisar ser transferido.
-Isso eu imaginava – suspirou – Pra onde?
-Provavelmente para uma clínica especializada.
-Não tem nada disso por aqui – ele apertou um botão e a cama o levantou para ele se sentar.
-Calma, a gente dá um jeito – Lauren sorriu e alguém bateu na porta – Um segundo, vou ver quem é.
-Senhorita, seu marido estava te chamando – uma enfermeira simpática disse.
-Ok, um segundo – Lauren colocou a cabeça pra dentro do quarto de novo – Já volto, .
-Mas aí eu vou ficar bom e vou brincar com a Ally na praia? – Lauren ouviu a voz de Ronan ao entrar no quarto.
-Isso mesmo – Nick sorriu e olhou para a porta encontrando sua esposa emocionada.
-Tia – Ronan chamou – o Tio Nick disse que quando eu sair daqui finalmente nós vamos à praia.
-É mesmo? – Lauren se mostrou empolgada – Isso vai ser incrível.
Ronan concordou com a cabeça sorrindo e Nick se levantou puxando Lauren para o canto do quarto.
-Minha mãe ligou, a já ta chegando.
-Já? – Lauren disse alto.
-Também não sei como ela chegou tão rápido, a questão é que ela já ta na cidade.
-E o que a gente faz? – Lauren perguntou – Eu não falei para o que eu liguei pra ela.
-Boa, amor – Nick ironizou.
-Licença – uma voz feminina preencheu o quarto – Como você está? – a jovem enfermeira perguntou para Ronan.
-To com um pouco de fome, mas to bem – ele respondeu sincero – Quero ir pra casa.
-Adivinha só – a mulher sorriu – Você vai poder ir pra casa hoje.
-Mesmo? – Lauren perguntou empolgada.
-Sim – a jovem respondeu sorrindo e anotando algumas coisas nos papéis presos na prancheta – Você pode vir aqui um minuto? – ela perguntou e Lauren concordou com a cabeça saindo do quarto – Ele teve uma melhora com os medicamentos, mas infelizmente é apenas isso que está ao nosso alcance. Ele precisa de tratamento especializado.
-A médica me disse isso.
-Então – a enfermeira continuou – Ele pode ir pra casa hoje, mas em no máximo uma semana é recomendável que ele esteja em uma clínica – pegou um papel e entregou para Lauren – Essa é uma relação das melhores clínicas.
-Todas são bem caras – Lauren observou.
-Vamos encaminhar pedidos com urgência para a prefeitura, vocês vão conseguir tratamento de graça com certeza.
-Mas até lá... – Lauren disse desanimada – Mas vamos dar um jeito, obrigada.
-Por nada – a menina sorriu – Boa sorte.
Lauren foi até o quarto de para ajudá-lo enquanto Nick recolhia as coisas de Ronan. Eles saíram juntos e foram pra casa, estava completamente assustado com o preço das clínicas, não sabia o que fazer pra arrumar tanto dinheiro em tão pouco tempo.
-To com sono – Ronan reclamou quando Nick desligou o carro, o pegou no colo.
-Já chegamos, Ron, um banho rápido e cama – disse descendo do carro – Traz as bolsas pra mim?
Nick afirmou com a cabeça, todos tentavam parecer forte e mostrar para o pequeno Ronan que não estava tudo tão ruim assim. Como tinha dito várias vezes durante o caminho, foi apenas um susto.
-Eles chegaram – Betty disse olhando pela janela.
-Finalmente! – sorriu e saiu correndo. Tudo que ela queria era abraçar Ronan e dizer que tudo ficaria bem.
-O que ela tá fazendo aqui? – perguntou meio feliz e surpreso quando viu correr em direção a eles.
-Surpresa?! – Lauren disse sem graça.
-Ronan – gritou e o menino levantou a cabeça do ombro do pai e sorriu.
-Tia – fez força pra descer do colo de , mas ele não soltou.
-Ron – sorriu chegando perto e o pegando no colo abraçando-o forte, só ali ela se sentiu aliviada. Ele parecia bem e isso que importava pra ela.
-Bom - Lauren sorriu observando a cena – Acho que você tem ajuda, né?
-Não, Lauren…
-Tchau, . Qualquer coisa grita – Nick disse sorrindo e eles foram pra casa.
-Nossa, mas que sutil – disse sem graça.
-É – respondeu ainda sem acreditar que ela estava ali – Vamos entrar – por instinto passou a mão pela cintura dela guiando-a até em casa.
-Que susto, hein, Ron – disse arrumando o menino na cama. Ela fez questão de dar banho nele e colocá-lo pra dormir, acariciava a bochecha dele enquanto observava a cena da porta.
-Eu to bem – o menino disse e bocejou – Só com sono.
-Eu sei, você é um menino forte – ela sorriu pra ele que respondeu ao sorriso se cobrindo com o edredom azul.
-Boa noite, Tia – ele disse fraco e aquilo partiu o coração de .
-Boa noite, meu amor – ela respirou fundo e se levantou saindo do quarto com lágrimas nos olhos.
foi até o filho e o desejou boa noite depositando um beijo meigo em sua testa, ajeitou o lençol e foi atrás de . Seu coração parecia que ia saltar para fora, batia assustadoramente rápido, era muita coisa para entender, muita coisa para resolver... Não sabia o que falar pra ela, não sabia por onde começar. Estava confuso, preocupado com Ronan, carente e abalado demais com tudo isso, eram muitos sentimentos misturados.
- – chamou baixo. Ela estava sentada abraçando as pernas com o rosto escondido pelos lhos. Parecia uma criança indefesa, ele se aproximou e se sentou ao lado dela – - chamou mais uma vez e ela o encarou com o rosto cheio de lágrimas.
-Era pra eu estar te consolando, né? – riu sem humor – Como a vida pode ser tão injusta, por que não comigo?
-Shi – ele se aproximou mais e enxugou algumas lágrimas – Não fala isso nem brincando – respirou fundo – Eu não posso desmoronar na frente dele, fiz isso no hospital, me doparam e eu fiquei a tarde toda sem apoiá-lo. Ele precisa que estejamos bem, e ao lado dele, a toda hora. Ele não pode ver que estamos desistindo, pra não desistir também.
-Uhum – disse baixo – O que tem que ser feito agora?
-Amanhã cedo eu vou começar a ligar para as clínicas, a doutora fez uma relação das melhores que tem por aqui.
-, eu – ela disse, mas se auto interrompeu com medo da reação dele.
-O que? Pode falar.
Ela respirou fundo e soltou tudo em um fôlego só.
-Eu quero pagar o tratamento dele, quero que ele tenha o melhor. Mesmo que tenhamos que ir pra outro país.
-O que? – ele perguntou incrédulo – Eu não dependo de você, .
-Não estou falando isso, – ela disparou no mesmo tom – Esse orgulho besta vai prejudicar ao Ronan.
-Não é orgulho, , só não preciso de você.
-Eu sei disso – ela voltou a chorar – Sei que você não precisa de mim, e eu não estou aqui por você, estou por ele. Droga, , eu não quero que ele morra.
-Ele não vai morrer – se desesperou com a ideia.
-Ficando aqui? – perguntou – Tem certeza? Eu posso levá-lo pra qualquer lugar do mundo, ele terá o melhor.
-O melhor pra ele é se sentir em casa, comigo e com a família dele.
-Eu desisto, eu desisto de você e desse seu egoísmo – ela disse, tinha uma mágoa no olhar que fez com que ele se desse conta do que fizera – Você não entende, eu to tentando te ajudar. Tudo que eu tenho feito desde o inicio é estar com você e melhorar você porque eu sei como a vida foi dura, como tudo isso aconteceu e ainda vem essa do Ron... Mas eu to vendo que é impossível. Impossível tentar te fazer feliz. Eu já percebi que não sou boa o suficiente pra você, pode parar de jogar isso na minha cara, ok, eu só tentei ajudar.
Ela se virou pra sair dali, mas ele a puxou pelo braço antes que ela abrisse a porta. também chorava, sabia que tudo que ela tinha falado era verdade. Ele era covarde, egoísta e vivia no passado, mas ao mesmo tempo ele sentia falta dela, falta daquele sorriso, e pela primeira vez ele se sentiu a vontade para fala tudo que escondia até então, tudo que ficou pensando por esses meses longe dela.
-Me perdoa – pediu olhando dentro dos olhos dela – Me desculpa, eu sou assim, quer dizer, eu não consigo abandonar tudo, é mais forte que eu. Mas isso não quer dizer que eu não sinta nada por você, pelo contrário, eu senti tanto a sua falta. , você não faz ideia – ela ouvia a tudo atentamente, se desmanchando a cada palavra – Eu perdi a conta de quantas vezes fui dormir ouvindo suas músicas, ou chorei assistindo esse bendito DVD que você deu para o Ronan – ele fez um carinho no rosto dela – A foi uma parte linda da minha vida, mas eu sei que até ela quer que eu seja feliz. E, sinceramente, eu não me vejo feliz se não for com você.
Aquelas palavras fizeram o coração de parar por uma fração de segundos começando a bater desesperadamente logo em seguida. Ela estava feliz demais com cada frase dita, com cada olhar intenso, com aquele carinho que a fazia sentir especial. Ele se aproximou dela querendo matar as saudades e quando seus lábios finalmente se encostaram, ela se afastou subitamente.
- – ele suspirou – Desculpa. Eu não consigo fazer mais do que isso, mas foi totalmente sincero, eu prometo.
-Eu sei – ela disse baixo e se soltou dos braços dele encarando todas aquelas fotos da a sua volta. Voltou a encará-lo com lágrimas nos olhos – Mas eu sei também que palavras iludem demais, e eu passei da idade de ficar esperando por atitudes que nunca virão.
-O que você quer que eu faça? – ele perguntou derrotado.
-Só o fato de me fazer essa pergunta já me prova muita coisa – ela disse e se virou mais uma vez pra sair dali.
- – ele chamou e ela se voltou pra ele mais uma vez já com a mão na maçaneta da porta. Lentamente foi até a aliança e retirou-a do dedo. Ela abriu a boca surpresa – Me ajuda a superar o resto?
sorriu emocionada e foi até ele sem esperar nem um segundo para beijá-lo. Como sentia falta disso, como se sentia bem ali, era incrível como eles se completavam. Ele tinha o que ela precisava e ela tinha pra oferecer o que ele precisava também. Por um segundo tudo ficou bem, o pesadelo acabou porque ambos sentiam que podiam superar tudo, contanto que estivessem juntos.
-Como eu senti falta disso – ele sussurrou abraçando forte e guiando-a até o sofá – Eu to com medo – , que estava no colo dele feito uma criança, escondeu o rosto na dobra do pescoço de .
-Não vai acontecer nada de ruim – ela disse baixo – Me deixa ajudar, , por favor.
Ele suspirou, sabia que seria o melhor para Ronan, apertou o abraço e abaixou a cabeça para olhá-la.
-Tudo bem, mas com uma condição.
-Diga, eu já sabia que teria alguma – brincou.
-Quando esse pesadelo acabar, você vai aceitar que eu te pague, de forma parcelada, claro, mas…
- – ela o interrompeu e se levantou para encará-lo – Não se preocupa com isso agora, ok? Não é um favor, eu to fazendo porque o Ronan é muito importante pra mim.
-Mas, …
-Mas nada – ela o cortou outra vez e segurou o rosto dele – Tá tudo certo, a gente ta junto nessa.
Ele suspirou.
-A gente tem que fazer tudo rápido.
-Eu sei – ela disse – o piloto que me trouxe está de sobreaviso.
-Piloto?
-Eu vim de helicóptero, . Como acha que eu cheguei aqui tão rápido? – ela se ajeitou no colo dele – Ele está esperando a minha decisão, então, podemos ir amanhã de manhã.
-E vamos ficar aonde?
-Na minha casa – ela disse como se fosse óbvio – Se você quiser eu ligo para o meu agente agora e ele vai vendo a melhor clínica.
-Agora? – riu de leve – Deixa ele descansar, .
-Ele é pago pra isso – ela disse com um ar superior e a repreendeu com o olhar fazendo-a rir – To brincando, não sou mesquinha assim – se corrigiu – Ele é meu pai.
-Seu pai? – ele perguntou confuso – Eu me lembro de você dizendo que seu pai te abandonou.
-Sim – ela suspirou, era difícil falar sobre isso – mas minha mãe casou de novo quando eu era pequena, meu padrasto sempre foi um pai pra mim. Eu o amo como se fosse meu pai biológico.
-Na verdade você o escraviza – disse brincando vendo que o assunto não era fácil pra ela.
-Claro – sorriu com a facilidade dele descontrair o ambiente – Posso usar o telefone?
-, ta tarde.
-Eu sei a hora que meu pai vai dormir, ok? – ela disse e se levantou pegando o telefone – Susan?
-! – a irmã gritou, se levantou e a abraçou por trás beijando o pescoço dela.
-Oi – disse tentando se concentrar na conversa.
-ONDE VOCÊ ESTÁ? – Susan perguntou assustada – TEM NOÇÃO QUE JÁ ERA PRA VOCÊ TER CHEGADO AQUI? A MAMÃE TA QUASE TENDO OUTRA FILHA!
-A Leah não falou onde eu to? – perguntou com dificuldade, se divertia com a situação.
-Não – Susan disse como se fosse óbvio – Seu celular fora de área... Droga, , o papai quase colocou o FBI atrás de você.
-Calma, Su – respirou fundo e afastou o telefone – Para, – disse entre dentes.
-Que? Quem é , hein, ? – ela perguntou.
-Um amigo – respondeu rapidamente – Eu preciso falar com o papai, rápido.
-Ok – respondeu ainda desconfiada – Mais tarde você me explica isso direito.
ouviu os passos de Susan levando o telefone até Ed, aproveitou e se virou pra .
-Você tá maluco? – perguntou – Eu vou falar com o meu pai agora – ela parou um instante – Meu p-a-i – repetiu pausadamente – Controle-se.
-Sim senhora – ele riu.
-To falando sério, menino – deu um tapa no braço dele e se soltou andando mais pra frente – Pai.
-! – Edward disse bravo – Onde você tá?
-Eu to na casa de um amigo – ela clareou a garganta e emendou antes que ele brigasse – Confia em mim, pai, ele precisa da minha ajuda.
-Que amigo, ? – Ed perguntou ainda bravo.
-Para de me chamar assim, você sabe que eu não gosto – fez drama sabendo que ele não resistia a isso.
-Ok – suspirou – Quando você vem?
-Se tudo der certo, amanhã de manhã. Mas eu preciso de uma ajuda sua urgentemente.
-Diga.
-Preciso que você procure pra mim a melhor clínica de tratamento para câncer infantil – explicou – Leucemia.
-O que? – Eddie perguntou preocupado – Por que, ?
-O filho desse meu amigo – a voz dela falhou – Pai – pediu sentindo as lágrimas se formarem, foi até ela e voltou a abraçá-la – Por favor.
Edward percebeu o desespero e a urgência na voz da filha, concordou e disse que a buscaria no aeroporto no dia seguinte.
-Pronto – disse mais calma – Tudo certo.
-Vou arrumar as malas.
-Amanhã. Amanhã a gente arruma, eu te ajudo – ela reclamou – Eu preciso de um banho e cama.
-Hm, banho – disse rindo.
-Nem vem – ela riu e saiu correndo.
-Ah, – ele correu atrás dela e ela se trancou no banheiro.
-Onde eu acho uma toalha? – ela gritou do outro lado da porta.
-Não sei, se vira – provocou.
-To falando sério, .
-No armário da pia – ele disse rindo e pode ouvi-la abrindo a porta do armarinho.
-Arruma alguma coisa pra eu dormir, por favor – ela pediu ligando o chuveiro.
-Tem uma blusa branca pendurada ai na porta – ele disse e ela encarou a blusa – E um short azul que eu uso pra jogar futebol em algum lugar, procura aí.
-Ok – ela disse e ligou o chuveiro.
Ele foi para o outro banheiro e tomou um banho rápido. Colocou uma calça de moletom e voltou para o quarto secando o cabelo de qualquer jeito, entrou e encontrou procurando o short.
-Desculpa – ela puxou a blusa pra baixo corada – Eu não achei o short, achei que estivesse por aqui.
-Vou pegar pra você – ele disse abrindo o armário. Parou de procurar e olhou pra ela mais uma vez.
-Vamos dormir, – ela disse rindo dele.
-Eu não falei nada – ele se defendeu e foi até ela beijando-a intensamente.
-Dormir – ela se afastou com dificuldade – Eu estava em um palco pulando como uma louca, vim pra cá no susto. Desculpa, mas não tenho pique nem pra respirar no momento.
-Nossa, você sabe mesmo como acabar com o clima – ele disse fingindo estar bravo.
-Que clima? – ela debochou e se deitou puxando o edredom até a cintura – Boa noite, .
Ele riu sozinho e apagou a luz se aconchegando ao lado dela logo em seguida. Passou os braços pela cintura e a puxou pra perto sussurrando em seu ouvido:
-Boa noite, linda.
Acordaram muito cedo no dia seguinte, teriam que arrumar as malas e tudo mais que era necessário para a viagem, iriam de helicóptero até o aeroporto mais próximo. Um jatinho já estaria esperando-os, não gostava disso, de ter exclusividade em tudo, Mas não podia ser vista com . Não ainda, não saberia como administrar tudo isso e mais boatos de um novo namorado.
-Tudo pronto? – ela perguntou encarando as malas.
-Sim – ele respondeu fechando a ultima bolsa – Não vou levar muita coisa.
-Uhum – ela sorriu de leve – Documentos, tudo?
-Sim senhora – ele foi até ela e deu um selinho – Tudo certo, relaxa.
-Queria que fosse uma viagem pra se distrair – ela deu de ombros – Levá-lo a praia... Ele ama a praia. Disney... Imagina, .
-Shi – ele colocou o dedo indicador sobre os lábios dela – A gente ainda vai ter muito tempo pra ir pra onde você quiser.
Ela sorriu e eles se abraçaram.
-Vou lá acordar o Ron – disse.
-Uhum, eu vou tomar um banho rápido.
Ela foi para o banheiro e quando saiu encontrou Ronan sonolento no colo de , ambos sentados na cama esperando-a.
-Banho rápido – ele debochou.
-Não enche – ela balançou o cabelo de qualquer jeito e fez um coque alto – Bom dia, príncipe.
-Bom dia – Ronan sorriu de leve – Pra onde a gente vai?
-A gente vai passear – disse empolgado – Vamos conhecer a casa da tia .
-É mesmo? – o rosto dele se iluminou em um sorriso infantil.
-Sim – se agachou apoiando as mãos no lho de – Você vai conhecer o meu pai, a minha mãe, minhas irmãs e meus cachorros.
-Sua mãe e – engoliu seco – seu pai?
-Sim – ela reafirmou sem entender.
-Você ainda mora com os seus pais?
-Sim e não – ela sorriu – Eu moro sozinha, mas a minha casa fica no mesmo quintal da casa dos meus pais.
-Igual à gente, pai – Ronan disse como se parecesse óbvio.
-Isso mesmo – se levantou olhando o relógio – Igual a vocês, agora vamos? O piloto já deve estar esperando a gente.
-A Tia Lauren, o Tio Nick e a Ally vão?
-Não agora – disse – Eles vão depois.
Nick iria tirar férias dali a algumas semanas, eles haviam combinado que enviaria as passagens por correio para eles passarem esse tempo em Los Angeles.
-Bom, vamos? – sorriu e pegou algumas malas.
colocou Ronan no chão pegando as outras malas.
-Você mora muito longe? –o pequeno que andava de mãos dadas com perguntou.
-Um pouquinho – ela sorriu ao ver Lauren e Nick no portão esperando por eles – Você já andou de avião?
-Não – ele sorriu empolgado – Vamos de avião, papai.
-É, eu sei – riu – Agora vai lá se despedir dos seus tios.
Ronan se soltou de e foi na frente, ele mancava um pouco, Lauren correu e o pegou no colo abraçando-o com força.
-Vê se não dá trabalho pra , hein – Nick disse abraçando Lauren por trás e depositando um beijo na testa do sobrinho – Nos vemos em algumas semanas.
-Mal posso esperar por isso – Lauren completou beijando Ronan também – Vamos sentir sua falta.
-Vocês também vão de avião? – ele perguntou empolgado.
-Sim – Nick sorriu.
-A Ally também?
-Ela também – continuou sorrindo.
-A gente tem que ir – disse – Ainda vamos passar na casa da mamãe.
-Claro – Lauren respondeu triste – Vai dar tudo certo, .
Ele sorriu em resposta, pegou Ronan no colo e se despediu do casal entrando no táxi, na casa de Betty foi outra despedida dolorosa. No fundo todos temiam o pior, embora fizessem força pra se mostraram otimistas sobre isso.
Depois de longas horas eles chegaram a Los Angeles. Já era fim de tarde e Ronan dormia no colo de enquanto empurrava o carrinho com as malas.
-Olha lá – ela sorriu emocionada – Meus pais – disse sem conseguir conter a saudade.
-Por que você não falou que seus pais viriam buscar a gente?
-Sei lá – ela disse – Relaxa , eu não vou te apresentar como meu namorado – fez uma pausa tentando disfarçar que isso a afetava um pouco. Não que ela quisesse um relacionamento sério agora, mas sabia que ele não tomaria nenhuma posição tão cedo.
Ele concordou também meio incomodado com isso. Sabia que gostava dela, gostava muito, mas ainda não sabia o que era. Mas era fato de que crescia cada vez mais. Sacudiu a cabeça lentamente enquanto se aproximava daquele simpático casal que sorria ainda mais, à medida que eles andavam.
-Filha, que saudade – Andrea disse abraçando – E quem é essa gracinha no seu colo?
-Esse é o Ronan – sorriu – Filho do meu amigo, – puxou pelo braço.
-Olá – ele sorriu fraco – é um prazer, e muito obrigada pela ajuda.
-Que isso, querido – Andrea disse sorrindo – faremos o possível pra ajudar vocês.
Ed sorriu concordando e encarou com olhar suspeito, o que fez com que ele congelasse por alguns instantes. Eles trocaram um aperto de mão e foram para o carro. não sabia o que esperar, imaginava um dia apresentá-lo como algo a mais que um amigo, mas tentava não se preocupar com isso agora. Eles estavam ali por Ronan, apenas ele importava no momento.
-Uau – soltou involuntariamente quando eles entraram na mansão de – É lindo e... – fez uma pausa – Grande.
-Fica a vontade, ok? – ela olhou fixamente nos olhos dele – É a sua casa também – ele sorriu sem jeito e ela corou com medo de estar forçando as coisas – Quero dizer – completou confusa – nesse tempo, quero que vocês se sintam em casa.
-Obrigado – ele agradeceu sincero.
-O quarto de hóspedes fica por aqui – ela voltou a falar enquanto se virava para segui-la, abriu uma grande porta com um estilo antigo.
-Acho que só o quarto de hospedes é do tamanho da minha casa inteira – ele riu e entrou pondo as malas no chão e Ronan na cama.
-Idiota – sorriu – Vem aqui, Ron, tenho uma coisa pra te mostrar – foi até ele e estendeu a mão para que ele descesse da cama.
Eles desceram as escadas e foram para uma espécie de sótão. Havia um corredor e um tapete vermelho levava a duas portas, abriu uma delas e Ronan sorriu encantado.
-Eu posso brincar? – ele perguntou entrando devagar na sala.
-Com o que quiser – ela sorriu observando o brilho no olhar dele – Pode fazer o que quiser aí.
-Não acha que está grandinha demais pra uma sala de jogos não? – a surpreendeu, chegando por trás e sussurrando no ouvido dela, encolheu os ombros por instinto.
-Até você se divertiria aqui dentro – ela sorriu tentando não demonstrar o efeito que ele causava – É mágico.
-Aquilo é um pong? – perguntou empolgado.
-Não – riu dele – É um fliperama normal, só que eu mandei fazer essa “capa” – fez aspas com os dedos – pra imitar um pong¹, infelizmente eu não achei nenhum pra vender.
-Poxa – ele fez um biquinho – Queria saber a sensação de jogar em um desses.
-Bom, eu não tenho um pong original, mas – ela o pegou pela mão e passou por Ronan que jogava algo em um play station – que tal uma partida nesse atari 2600 ²?
-NÃO ACREDITO – ele riu encantado – Eu ganho fácil de você.
-Não mesmo – ela sorriu e ligou o aparelho.
Eles passaram todo o final da tarde ali juntos, Ronan se juntou a eles e ouvia atentamente tudo que ensinava sobre os videogames clássicos que tinha, mostrou jogos antigos com gráficos primários e bobos comparados aos de hoje, mas por incrível que pareça, o pequeno se interessou por esses e brincou por horas. Podendo esquecer por um momento as dores, enjoos e tonturas frequentes, podendo ser criança no meio de toda essa confusão.
-Bom, seria incrível ficar aqui pra todo o sempre, mas eu to com fome – sorriu se levantando da poltrona.
-É, eu também – Ronan disse e o encarou.
-, deixa ele – brigou – a gente não comeu nada desde que chegamos, vamos, a gente vai jantar com a minha família.
não discordou, mas a ideia o assustava um pouco, sabia que ela não estava fazendo por mal nem forçando nada. Mas seria estranho sentar a mesa como um amigo sabendo que ele era mais que isso.
* 1: Pong é o primeiro vídeo-game inventado que deu “certo” e lucro aos seus criadores.
2: atari 2600 é um vídeo-game lançado nos anos 70. Bastante popular, é considerado uma das marcas dos anos 1980.
-! – uma voz infantil a chamou assim que ela abriu a porta da casa dos pais.
-Liza – ela sorriu e abraçou a irmã forte – que saudade.
-Eu também estava.
Elas entraram abraçadas e as seguiu com Ronan no colo.
-BOA NOITE, FAMÍLIA – Susan gritou empolgada – , finalmente – abraçou a irmã – como foi a turnê? A Leah te ligou e…
-Susan, respira – riu.
-Desculpa – disse rindo também – É que você some e eu fico sem ter com quem – ela parou de repente – Quem é esse?
-Sou o – ele sorriu e estendeu a mão pra ela que apertou empolgada – E esse é meu filho Ronan.
-Oi, lindinho – Susan disse rindo.
-Oi – o pequeno respondeu sem graça – Pai, eu to passando mal – reclamou.
-O que você ta sentindo? – perguntou preocupado.
-Põe ele aqui – disse no mesmo tom puxando-o para a sala.
-Eu to – ele começou a dizer, mas desmaiou.
-RON – chamou colocando-o no sofá – Ronan, fala comigo.
-Pai, você viu a clínica? – perguntou tentando manter a calma.
-Eles estão de sobreaviso – Ed explicou e correu pra ligar para o médico.
-Calma, , respira. A ambulância já está vindo – disse segurando as lágrimas.
-, eu – começou a dizer, mas as lágrimas o impediram de continuar. Ela o abraçou forte.
-Calma, calma vai da tudo certo, eu to aqui – segurou o rosto dele para que ele a olhasse – Eu to com vocês, não pensa no pior, calma – se afastou rapidamente dele – Mãe, arruma um calmante. Sei lá, alguma coisa para…
-Não quero ser dopado de novo – ele disse entre dentes.
-Então se acalma – ela respondeu no mesmo tom – Ficando assim não vai adiantar nada – ele abaixou a cabeça e respirou fundo – Eu vou lá em casa pegar algumas roupas pra levarmos pra clínica, já volto.
Ela correu e separou algumas coisas pra levar. Pegou os documentos necessários e voltou, encontrou chorando em silencio no canto da sala e Susan fazendo carinho em Ronan que ainda estava desacordado no sofá.
- – chamou baixo se aproximando devagar, colocou as bolsas no chão e encostou-se ao ombro dele – Eu sei que é difícil, me desculpa, eu não queria gritar com você.
-Não, tudo bem – ele soltou pesadamente o ar pelo nariz e se virou pra ela – Ele precisa de mim, foi necessário que você fizesse isso.
-Eu também tenho medo – ela abaixou a cabeça – Você sabe que ele é muito importante pra mim.
-Eu queria ter a sua força – ele sorriu fraco.
-A vida me obrigou a ser assim – ela disse baixo – e tudo que você passou, você também é forte, eu sei que é.
-Obrigado – ele disse baixo e abriu os braços sentindo-a nele logo em seguida.
-Acho que teremos dois novos membros na família – Susan disse observando a cena.
-Também to achando – Andrea sorriu de leve.
-A ambulância chegou – Ed fez um barulho com a garganta.
-Você vai com ele e eu levo as coisas no meu carro – disse e concordou pegando Ronan no colo.
Em minutos eles estavam estacionando em frente à clínica. Foram super bem atendidos desde a chegada, era tudo incrivelmente limpo e organizado. imaginava o quanto ela estava gastando por aquilo.
Ronan agora estava sedado, no melhor quarto e com um excelente atendimento. se sentou em uma poltrona branca que tinha ali e escondeu o rosto nas mãos respirando fundo.
-E então? – ele perguntou quando abriu a porta do quarto.
-A médica disse que o estado dele ainda não é tão grave – andou até ele, que a puxou pela cintura colocando-a no seu colo – mas ele tem que começar um tratamento urgente, ele tem grandes chances de ser curado porque tá no inicio ainda.
a abraçou mais forte respirando aliviado. Se sentiu mais esperançoso com tudo isso.
-E o que a gente faz agora?
-Ela disse que ele vai ficar desacordado até amanhã – explicou – Se você quiser ficar aqui, tudo bem, mas acho melhor irmos pra casa, descansar. Ele será bem tratado e não há muita coisa que possamos fazer, pelo menos enquanto ele estiver dormindo.
Ele fez que sim com a cabeça, sabia que só ela conseguia acalmá-lo, então concordou que precisava de um bom descanso porque aquela batalha toda começaria agora. Eles se levantaram em silencio e foram pra casa juntos.
-Mãe – chamou abrindo a porta da casa dos pais.
-Oi, filha – Andrea sorriu fraco.
-Eu acho que esqueci meu celular aqui – disse cabisbaixa.
-Ta na bancada da cozinha – Andrea explicou dando espaço pra filha entrar – Cadê o ?
-Ta tomando banho, ele tá arrasado.
-Eu imagino – Andrea foi até a filha – Você também não ta nada bem.
-Eu to tentando fingir que vai da tudo certo, mas eu também to muito mal com isso tudo.
-Ele é importante pra você, né?
-Demais, mãe – suspirou – O Ron e o significam muito pra mim.
-Você está apaixonada por esse ? – Andrea perguntou, mas soou como uma afirmação.
-Sim– respondeu rapidamente – Quer dizer – fechou os olhos e respirou fundo – eu não sei, mãe, é complicado demais.
-Você quer conversar?
-Não agora – ela disse baixo – depois eu te conto tudo.
-Tudo bem – Andrea sorriu e elas se abraçaram – Boa noite, querida.
-Boa noite, mãe.
se virou e quando chegou à porta Andrea a chamou.
-Ele está completamente apaixonado por você.
Ela apenas sorriu de leve e saiu dali correndo. Sabia que sua mãe não errava com essas coisas, mas tinha medo de por esperanças demais nisso tudo. Na verdade, não queria pensar muito nisso porque não era hora, abriu a porta de casa perdida em seus pensamentos e encontrou na cozinha.
-Desculpa – ele disse sem jeito com um pão na mão – Fome da madrugada.
-Tudo bem – ela sorriu e foi pra sala.
-Fiz um pra você – ele disse mostrando dois sanduíches se sentando ao lado dela no sofá.
-To sem fome – ela deu de ombros e voltou a zapear os canais de TV.
-Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou preocupado.
-Nada, só to preocupada – forçou um sorriso.
-Chega uma hora que até os mais fortes desabam – ele completou suspirando.
-Não é só o Ron que me preocupa – ela soltou sem pensar.
-Então é o que?
-Minha carreira e... – ela mentiu.
-Sua carreira? – ele sorriu zombeteiro – Acho que ela nunca esteve tão boa – tomou um pouco de suco e voltou a encará-la – Você não sabe mentir.
-Não é nada pra se preocupar – ela sorriu fraco e se levantou – Vou dormir, vamos cedo pra clinica amanhã, ok?
-Ok – ele resolveu não discutir, se inclinou pra dar um selinho nela, mas ela desviou.
-Boa noite, .
- – ele a puxou pelo braço forçando-a a se sentar de novo – O que houve?
-Nada, , já falei – respondeu meio sem paciência – Só to cansada.
-Cansada demais pra me dar um beijo? – ele perguntou brincando – Eu fiz alguma coisa?
-Não – ela revirou os olhos – não fez nada.
-Então porque você ta me evitando? – ele se aproximou – Pode ser sincera, , confia em mim.
-Eu não to te evitando – ela abaixou a cabeça – Eu só não quero que a gente se engane, ou melhor, eu não quero me enganar.
-Como assim?- perguntou confuso.
-Não acho certo a gente ficar agindo como – ela brincava com os dedos e encarava o chão – como namorados – olhou pra ele triste – Não quero me iludir com o amor, porque eu sempre estrago tudo.
Ele abaixou a cabeça se sentindo culpado, pela primeira vez ela havia falado de amor com ele, e ele sabia que só ele poderia dar o primeiro passo.
-É disso que eu to falando – ela se levantou – Quando eu avanço você recua e eu não sei se vou aguentar por muito tempo.
Ele suspirou sem graça e ela saiu correndo para o quarto.
-Não sei por que eu pensei que seria diferente – disse pra si mesma enquanto se preparava pra tomar banho – QUE? – gritou ouvindo batidas na porta.
-Eu tenho direito de resposta? – perguntou do corredor.
-Eu te dei tempo pra responder – ela disse se enrolando na toalha e fazendo um coque.
-Mas eu não respondi – ele abriu a porta.
-SAI DAQUI – ela gritou puxando a toalha.
-Só depois que você me escutar – ele disse sério.
-Anda logo.
-Eu sei que eu sou idiota e lerdo assim – ele começou – mas eu to confuso com tudo, ao mesmo tempo que eu quero você, eu tenho medo de não sentir o suficiente.
-Enquanto isso a gente se pega – zombou – Claro, .
-, colabora – ele pediu – Enfim, a questão é que eu tomei a minha decisão sobre nós.
-Não tem um nós – retrucou prendendo a franja.
-Pois é – ele suspirou – mas eu to disposto a ver o que rola caso ele exista.
-O que? – ela se desequilibrou um pouco e ele sorriu achando que ela havia gostado – Você acha isso um pedido de namoro? – completou ainda irritada – Que romântico.
- – pediu perdendo um pouco da paciência – O que você quer que eu faça?
-Você sabe o que tem que fazer, enfim, vou tomar um banho.
-Não vai – ele a puxou pelo braço – , você…
-Eu o que? – ela ergueu uma sobrancelha.
-Você acha que é fácil pensar com você desse jeito?
-Eu não estou tentando te seduzir – ela se defendeu – VOCÊ entrou no meu quarto sem bater e na hora errada.
-Com o corpo que você tem você seduz até de burca – ele foi sincero e ela soltou uma gargalhada.
-Por favor, né, .
-To falando que... – ele respirou fundo – que eu não consigo passar nem mais um segundo sem pensar em você, enquanto você esteve longe eu me lembrava do seu sorriso e me sentia bem. Você me fez superar tudo, e só você é capaz de me fazer esquecer o passado e ser feliz daqui pra frente. Você é incrível com seus fãs, sua família, comigo, com o Ronan... Droga, , o jeito que você o trata é tudo que eu sempre procurei em uma mulher, tudo em você é perfeito, perfeito pra mim, portanto – fez uma pausa – qual é o seu nome do meio?
-Eaton – riu emocionada.
-Portanto Eaton – ele se alhou – você aceita ser minha, pra sempre?
-Vou pensar – ela respondeu segurando o riso.
-Ta de brincadeira, né?
-Não – deu de ombros – posso tomar banho agora?
-À vontade – ele levantou frustrado.
- – ela chamou quando ele chegou perto da porta – já pensei – riu sapeca.
-Por que você tem que implicar?
-Eu geralmente faço isso – ela se aproximou e sussurrou nos lábios dele – com quem eu gosto – e o beijou intensamente.
-Isso é um sim? – ele perguntou também sussurrando.
-Só se você me prometer que será pra sempre – respondeu ainda de olhos fechados.
-Eu prometo.
saiu do banho e encontrou olhando seu mural de fotos.
-Gostei dessa – ele apontou para a que estava bem no centro, era uma foto dela com a Leah em uma premiação. As duas faziam a mesma pose de sempre e riam.
-Foi ano passado. – ela disse soltando o cabelo – Eu conheci a Leah bem pequena e nós ensaiávamos essa pose em casa pra fazermos quando fossemos famosas – riu de si mesma – Se você digitar no Google e Leah Stevens irá surgir várias dessas. A mesma pose, em anos e ocasiões diferentes.
-Deve ser meio louco, né? – ele riu ainda encarando as fotos – Vocês andam pelo mundo todo, e tem tudo que querem... As pessoas depositam muita confiança em vocês – se virou pra ela – Acho que eu não aguentaria.
-Eu já pensei em desistir muitas vezes – suspirou – Meus fãs me fizeram continuar. Meu sonho também, claro, cantar, estar em um palco, é muito importante pra mim, eu sinto como se pudesse me conectar com as pessoas com a minha musica, mas realmente é uma pressão absurda.
-Eu gostei dessa também – ele pegou outra foto.
-Essa foto é a minha favorita por vários motivos – ela sorriu emocionada.
-Espero que sejam lágrimas de felicidade – ele estendeu a mão e ela se segurou, indo até a cama. Eles se sentaram juntos.
-É algo da minha vida que você não sabe – se entristeceu – Essa foto foi tirada num jantar de amigas meu e da Leah, – suspirou – dias depois que eu sai da reabilitação.
-Reabilitação? – ele perguntou chocado – Como assim, ?
Ela se enrijeceu. Eles tinham acabado de assumir um relacionamento e ela tinha medo que seus problemas o afastasse. Abaixou a cabeça sem conseguir conter as lágrimas.
-Desculpa – sussurrou.
-Ei – ele a chamou e levantou seu rosto delicadamente – Tá tudo bem, se for algo a mais que seus problemas com alimentação eu vou entender e vou estar com você – ele a olhava bem nos olhos – Não tenha vergonha de dividir nada comigo. Vamos vencer bulimia, leucemia e mais o que vier. Juntos.
Ela sorriu leve em meio as lágrimas e abaixou a cabeça. Precisava dividir com ele tudo que acontecera na sua vida nos meses em que ficou lutando contra seus problemas. Explicou tudo: a turnê, o tratamento, os diagnósticos, que até o dado momento a perseguiam e a assustavam, abriu seu coração como nunca havia feito antes. Não entendia como, mas com ele tudo era mais simples de falar, de expor, essa era a verdadeira , uma mulher tão forte por fora, mas uma menina tão frágil por dentro.
-Meu Deus – suspirou assustado ainda assimilando as informações – Vem aqui – ele abriu os braços e ela se escondeu neles como uma criança – E como você está agora? De verdade?
-Bem melhor que antes – disse sincera – O tratamento me ajudou muito, diria até que salvou a minha vida, mas às vezes eu não consigo vencer tudo por completo.
-Você já venceu, – ele beijou a testa dela delicadamente – Você já passou por isso tudo, agora eu vou estar do seu lado sempre que algo voltar.
-Eu tenho medo – ela sussurrou – Não desiste de mim porque eu sou louca.
-Você não é louca – ele disse bravo – Eu que seria se desistisse de você – ela sorriu de leve – Confia em mim, eu vou te mostrar que você não merece isso – pegou o braço dela e beijou seu pulso, bem perto de todas as cicatrizes – Você não merece nada disso.
Ela sorriu envergonhada e pegou impulso se levantando e beijando-o intensamente, era como um agradecimento. Ele conseguia fazê-la se sentir bem, feliz e linda, linda como ela realmente era, mas não conseguia enxergar isso.
passou a mão por baixo da blusa dela e pode sentir seu corpo corresponder a cada toque, sem parar de beija-la, eles foram se deitando, ele passou os beijos para o pescoço dela. não sabia como ele conseguia causar todo esse efeito, era como se não houvesse problemas, só eles, ali e agora.
No dia seguinte ele acordou nas nuvens, sorriu ao ver dormindo como um anjo ao seu lado, às vezes ele a via como uma criança, uma menina que teria que cuidar pra sempre. Depositou um beijo de leve nos lábios dela com todo cuidado para não acordá-la e foi para a cozinha.
Pretendia preparar um excelente e reforçado café da manhã para os dois, procurou por uma bandeja por toda a cozinha, quando achou se assustou com uma mulher que aparentava ter uns quarenta anos, o encarando confusa.
-O Senhor quer alguma ajuda? – a mulher perguntou calma enquanto ainda respirava fundo.
-Quem é você?
-Eu sou a Maria – ela sorriu – Cozinheira da família da há vinte anos, e você é?
-Sou o namorado da – ele disse sorrindo, ainda não tinha se acostumado com isso.
-Imaginei – a mulher respondeu simpática – Vai levar café pra ela na cama?
-Pretendo – ele sorriu mais ainda – Patético demais?
-Não – Maria negou com a cabeça – Ela vai amar, eu posso te ajudar se quiser – ele fez que sim – Se importa se eu ligar a TV? Tem um programa de culinária ótimo essa hora.
-À vontade – ele sorriu e colocou a bandeja na bancada.
Ambos começaram a preparar o café da manhã. queria por tudo que visse pela frente na bandeja, mas Maria o alertava constantemente que não comeria nem metade do que estaria lá.
-“A pop star foi vista abastecendo o carro ontem” – uma voz feminina e insuportavelmente fina saiu da TV, e Maria de viraram na hora para acompanhar a notícia.
Era um programa de fofoca que passava pouco antes do programa de culinária que Maria tanto amava, possivelmente estava no ultimo bloco. No cenário tinha uma mesa redonda, duas mulheres e um homem falavam e riam enquanto debatiam os assuntos, tinham fichas nas mãos e estavam bem arrumados.
-“Ela está diferente, não é?” – a mulher loira disse com um tom de deboche – “Quero dizer, essa roupa está horrível”.
-“Ela está em uma nova fase” – o homem completou – “E nós gostamos de guardar o melhor para o final” – riu pensando no que falaria a seguir – “Mas nesse caso foi o pior e maior”
A outra entrevistadora riu da piada e eles se despediram do publico assim que os créditos começaram a subir. Um suspiro ecoou pela cozinha e ele levantou a cabeça relutante, estava parada na entrada, tinha lágrimas nos olhos e mordia o lábio inferior para segurar o choro.
-Shi – se aproximou dela rapidamente a envolvendo em seus braços – Não é verdade, nada disso é verdade.
-Por que eles insistem em falar isso?
-Porque eles são uns idiotas – ele disse tentando controlar a raiva – , olha pra mim.
Ela se afastou contrariada e o encarou, ele levantou a mão limpando uma lágrima solitária com o polegar.
-Você tem que ser boa o suficiente para os seus fãs – ele disse calmo – Apenas eles que importam, e eu tenho certeza que nenhum deles deixaria de te amar se você estivesse gorda, porque você é cantora, e não modelo, não tem a obrigação de ser magra. Tira essa ideia ridícula, se livra disso, você tem o corpo mais incrível que eu já vi – ele sorriu safado e ela deu um tapa nele – Não se cobra quanto a isso.
-Eu sei, mas é difícil – ela parou de falar e respirou fundo – Eu me esforço, , me esforço de verdade, me esforço pra ser perfeita pra todo mundo, mas…
-Mas você é humana – ele a interrompeu – É impossível ser perfeita, . Uns vão te amar pelo que você é e outros vão te odiar pelo mesmo motivo, o que a gente tem que fazer é ignorar e seguir em frente.
Ela sorriu concordando e ele a beijou apaixonadamente, como se quisesse mostrar que estava do lado dela independente de tudo.
-Agora sim, bom dia – ele disse brincando – Volta para o quarto e finge que está dormindo porque eu quero ser romântico hoje.
-…
-Anda – ele a pegou pelos ombros empurrando-a para a escada – Sobe.
Ela gargalhou e voltou para o quarto, aproveitou para tomar um banho rápido e quando saiu viu sentado na cama com uma bandeja do lado sorrindo como nunca, não pode deixar de sorrir também.
-Tudo isso? Vai alimentar um boi? – ela perguntou se sentando ao lado dele.
-Vai reclamar, é? – ele fingiu estar ofendido – Qualquer uma daria tudo pra estar no seu lugar.
-Ah, claro – ela riu – Você é bem disputado.
-Claro que sou, todas me amam.
-Uhum – riu – Que sortuda que eu sou então, né?
-Pois é – ele disse sério – Se eu fosse você, eu começava a dar valor antes que me perca.
-Nossa, amooooooooooor – ela mudou o tom drasticamente – Vamos morrer juntos e felizes com as artérias entupidas de comer tanta fritura de manhã, que romântico.
-Como você é chata, – ele riu e pulou sobre ela – De que você me chamou?
-De amor? – ela estreitou os olhos sem entender onde ele queria chegar.
-Repete? – ele perguntou manhoso e ela soltou uma gargalhada.
-Tenho um namorado carente? É isso mesmo?
-Você prefere que eu seja aquele bruto, frio e sem coração? – ele riu – Que chega em casa e grita “MULHER, CADÊ A COMIDA?”, se é isso, tudo bem – ele tentou se levantar mas ela o puxou.
-Não – riu – Não, amor, meu amor, só meu.
-Bem melhor – ele sussurrou e a beijou.
- – ela disse com dificuldade tentando se afastar – , a gente tem que ir pro hospital ainda.
Ele tombou a cabeça e soltou todo peso sobre ela.
-É verdade, vamos tomar café.
Se levantou rapidamente e eles passaram uma parte da manhã juntos. propôs um jogo de perguntas e respostas pra eles se conhecerem melhor, as perguntas bobas e as respostas mais bobas ainda que ele falava faziam morrer de rir, há muito tempo nenhum dos dois sabiam o que era isso. Estavam sendo eles mesmo, felizes, despreocupados e cada vez mais apaixonados.
Ainda era manhã quando eles chegaram na clinica. usava uma roupa simples: uma camiseta de banda, short jeans rasgado, uma meia calça e um tênis qualquer, estava de óculos escuros e um coque alto com a franja solta, ela desligou o carro e se virou pra ele.
-Não vou poder ficar a tarde aqui.
-Por quê? – ele perguntou.
-Tenho uma entrevista em uma rádio local – deu de ombros – Mas é coisa rápida, eu volto no fim da tarde.
-Tudo bem – ele sorriu – Mas por que você ficou séria do nada? Aconteceu mais alguma coisa?
-Bom, temos que ser sinceros um com o outro agora, né?
-Sempre – ele respondeu. Tinha um tom de preocupação em sua voz, ou até medo, medo dela ter feito algo que a prejudicasse, medo de seus problemas terem aparecido.
-Relaxa, não é nada do que você está pensando – ela riu com a típica frase e ele riu junto – É que eu não namorava há muito tempo e com toda certeza do mundo vão me perguntar hoje nessa entrevista se eu estou solteira, e para o nosso bem eu acho melhor manter isso em segredo por enquanto.
Ela falou meio receosa, tinha medo de que ele pensasse que ela tinha vergonha de assumir ou algo assim, mas ele só respirou fundo tentando entender tudo e perguntou:
-Por quê?
-Porque eu acho que não é o momento – foi sincera – Quando descobrirem, o assédio vai triplicar e vai ser horrível. A gente ta passando por isso junto com o Ronan, e acredite em mim, esses paparazzi invadem até a sua casa se for preciso, e eu não quero forçar vocês dois a conviverem com isso. Não agora.
Ele respirou fundo mais uma vez e encarou o nada.
-Eu concordo – disse – mas acho que não vamos conseguir esconder por muito tempo, quero dizer, esses caras estão sempre atrás de você.
-Me desculpe por isso – ela suspirou e ele a beijou de leve.
-É um preço a se pagar – fez carinho no rosto dela com os dedos, às vezes descia para brincar com as mechas do cabelo – Você é perfeita demais, tinha que ter alguma coisa atrapalhando.
-Perfeita? – ela riu sem humor – , eu…
-Shi, fica quieta – ele riu e colocou o indicador sobre os lábios dela, sabendo dos seus comentários de baixa autoestima – É perfeita pra mim, não me importo com os outros – ele semicerrou os olhos – Ou tem mais alguém que você queira agradar?
-CLARO QUE NÃO – ela respondeu fingindo estar ofendida dando um tapa de leve no braço dele – Obrigada.
-Pelo que? – perguntou meio desconfiado, o perfume dela tomava conta do carro deixando-o meio desnorteado.
-Por me fazer sentir perfeita.
Ele apenas sorriu antes de puxa-la para outro beijo, dessa vez demorado e apaixonante, mas ele se afastou de repente fazendo uma careta.
-Aconteceu alguma coisa? – perguntou assustada.
-Porque o freio de mão existe? – ele riu passando a mão na lateral da barriga que estava apoiada na alavanca do freio de mão, apenas gargalhou da cara dele de insatisfeito.
-Vamos entrar – ela finalmente disse sorrindo de leve. Eles contornaram o carro e entraram separados um do outro pra não levantar suspeitas, embora quase toda equipe da clínica tivesse assinado um termo de sigilo sobre o caso de Ronan e o envolvimento de .
abriu a porta do quarto silenciosamente, não queria acordar Ronan. Mas já era tarde, quando abriu por completo, ele encontrou um par de olhos azuis o encarando, o pequeno sorriu entusiasmado e olhou para a enfermeira.
-Viu, ele que é meu pai.
-Ele é mesmo muito bonito – a simpática enfermeira respondeu, ela tinha um cabelo castanho e repicado até pouco abaixo dos ombros, olhos esverdeados e um corpo esguio.
-Que história é essa? – perguntou sorrindo sem jeito e indo até o filho se deitando ao seu lado.
-Ronan me mostrou um desenho que fez de vocês – a moça sorriu – Ele me disse que você era bonito.
pode sentir uma pontada de sensualidade na forma que ela falou. Mas ficou só na tentativa, não causara nenhum impacto nele, não o que ela esperava, então sorriu e revirou os olhos.
-Agradeço – disse indiferente e se virou pra Ronan – Como você está?
-Bem – ele respondeu, realmente parecia melhor, já estava recuperando o rubor natural nas bochechas e o sorriso já não tinha o aspecto forçado – A tia não veio?
-Veio – sorriu bobo – Ela ta falando no telefone, já vai entrar.
Ronan sorriu mais dessa vez, ele amava , amava a forma que ela o tratava, às vezes imaginava como seria se ela fosse sua mãe. A porta se abriu rapidamente e ela entrou ainda se despedindo de alguém no telefone.
-Sei onde é sim, combinado. Eu que agradeço – sorriu como se a pessoa do outro lado da linha pudesse vê-la – Tchau – desligou o celular e encarou o menino, não pode deixar de sorrir abertamente – Ron – quase gritou, encostou a porta e correu até a cama se sentando perto dele – Como…
-To bem – ele respondeu prevendo a pergunta e revirou os olhos, o que a fez rir – Tia , olha, essa é minha amiga – apontou para a enfermeira que anotava alguns dados em papéis.
A moça levantou o rosto e corou ao ver , abaixou o rosto sorrindo de fora frágil.
-Olá – disse simpática – Que bom que você tem alguém pra fazer companhia.
-Pois é – Ronan respondeu – hoje mais cedo fizemos um desenho juntos – ele pegou o papel – Olha só.
encarou o desenho. Parecia o que ela tinha ganhado, mas no lugar dela estava a enfermeira, ela reconheceu os olhos verdes e o cabelo, e claro, o boneco mais parecia um palito com roupa branca.
-Mas que lindo. – fingiu-se de desentendida – Essa aqui é você?
-É sim – Ronan respondeu antes que a enfermeira pudesse abrir a boca – Ela disse que o papai era muito bonito e perguntou se podia entrar pra família.
-Mas era uma brincadeira – a menina se consertou rapidamente – Eu só disse que poderia me desenhar.
-Não tem porque se justificar – se levantou ficando sentado ao lado de Ronan – Ficou bonito o desenho.
lançou um olhar mortal pra ele e ergueu uma sobrancelha. Encarou de novo a enfermeira que mais parecia um esfregão de tão magra, revirou os olhos e respirou fundo.
-Exatamente – ela sorriu – Não tem o porquê de se justificar – encarou a menina a sua frente mais uma vez – Qual é o seu nome?
-Victoria – ela respondeu baixo.
-Gostei do seu cabelo, Vic – disse divertida – Posso te chamar assim, né? Digo, amiga do Ronan é minha amiga também.
-Claro – ela sorriu vendo que não tinha nada contra ela – Pode sim, eu sou fã da sua música.
-Jura? – respondeu surpresa, e de fato estava – É uma honra pra mim.
Ela sorriu e pediu licença saindo do quarto ainda meio sem graça.
-Parte da família? – perguntou encarando friamente – não tem porque se justificar?- repetiu cruzando os braços – FICOU BONITO O DESENHO – imitou ele gritando – O QUE FOI ISSO?
-Eu queria ser educado – ele ergueu as mãos mostrando que não havia feito de propósito, mas tinha um sorriso besta no rosto.
-Odeio que me provoquem ciúmes, odeio – ela disse entre dentes.
-Eu não provoquei – se defendeu mais uma vez e ela pegou o celular digitando rapidamente um número – O que você vai fazer? Mandar me matar? – ele riu da piada, mas continuou séria.
-Alô – disse de forma sedutora e estremeceu, mesmo sabendo que não tinha sido pra ele, ela tinha esse poder – To ótima, e você? – ela continuou com o tom sensual – Que bom, liguei pra saber se você está na cidade ainda – ela esperou a resposta e sorriu vitoriosa – Ótimo, ótimo, vou adorar te mostrar a cidade…
-Não se paga mal por mal, – ele alertou, mas ela ergueu o dedo mandando-o ficar quieto.
-Ok, Harry, te vejo daqui a pouco então – sorriu – Um beijo, tchau – disse ainda manhosa.
-Harry? Quem é Harry, ? – ele perguntou e soltou uma gargalhada.
-Harry – repetiu pausadamente – Harry Styles, integrante de uma boyband inglesa, One Direction, que está perdida nesse lugar há algumas semanas. Não sei como você nunca ouviu falar neles...
-É mesmo? E o que você tem a ver com isso?
-Eu estou sendo educada – ela retribuiu no mesmo tom que ele havia se referido a Victoria antes – Estou indo, vou encontrar o Harry e vou pra entrevista depois. Venho mais tarde.
-Juízo, – bufou.
-Confia em mim, meu amor – ela disse irônica e ele rolou os olhos.
-Acho melhor você não ir.
-Bem, de qualquer forma eu vou pra entrevista e você vai ficar sozinho aqui com aquele bambu de cutucar estrela – ela despejou tudo em um fôlego só.
-, ta bom, já acabou a infantilidade, pode ligar pra ele desmarcando – pediu enciumado.
-Não posso não. – ela deu um beijo na testa de Ronan e sussurrou algo em seu ouvido – Confia em mim, .
Ele se enfureceu ainda mais quando viu a porta se abrindo e saindo decidida de dentro do quarto, se deitou irritado e colocou o braço sobre o rosto.
-Pai – Ronan se virou pra ele inocente – você e a tia não são só amigos, né?
-Você sabe guardar segredo?- perguntou e ele afirmou com a cabeça – Nós começamos a namorar ontem.
-SÉRIO? – o rosto infantil se iluminou com um sorriso imenso – Eu amo a tia – ele disse assim, simplesmente, direto e sincero como uma criança, o que fez pensar como eles conseguiam ser assim? Pra eles o amor era puro, como deveria ser pra todos.
concordou com a cabeça e abriu os braços para o filho deitar, ele brincava com aqueles frágeis e pequenos dedos.
-É – sorriu meio bobo – Eu acho que também a amo.
estacionou em frente ao hotel em que a banda de Harry estava hospedada, pegou o celular e mandou uma mensagem para ele avisando que estava ali e minutos depois ele apareceu. Usava uma regata branca, calças apertadas, e a bota de sempre (claro). Ajeitou os óculos escuros que o deixavam ainda mais irresistível e sorriu abrindo a porta do carro.
-Ei, , finalmente – ele alargou o sorriso e a cumprimentou com um beijo delicado no rosto.
-Pois é – sorriu também – Topei sair com você por pena, estava ficando chato você falando de mim em todas as entrevistas.
Eles riram juntos e Harry se acomodou no banco maneando negativamente com a cabeça enquanto dava a partida.
-Não posso fazer nada se eu estava certo – olhou-a de lado – Você realmente é a menina mais linda do mundo.
-Eu sei – disse convencida, mas de forma irônica – Sou a menina mais bonita do mundo.
-É mesmo – ele se manteve firme em sua opinião – Não só pra mim, mas pra milhares de outros caras.
concordou com a cabeça e logo eles emendaram em outros assuntos. Almoçaram juntos e ela o deixou na porta do hotel quando estavam voltando, foi perfeito cada segundo, eles riam de tudo e dividiam historias hilárias de infância. Às vezes implicava com o inglês dele e o imitava, o que fazia com que ele se irritasse um pouco.
-Finalmente, não aguentava mais esse sotaque – ela riu desligando o carro.
-Gostou pelo menos da companhia? – ele riu e voltou a falar rápido antes que ela respondesse – sem considerar meu sotaque, por favor.
soltou um riso baixo, abafado e o encarou.
-Foi legal.
-Só isso? – ele se fingiu ofendido.
Ela voltou a rir da cara dele.
-Você é um ótimo amigo, Harry, eu amei cada segundo – sorriu de leve.
-Melhorou – ele torceu o nariz formando uma expressão engraçada – Vou lá que temos passagem de som daqui a pouco.
-E eu uma entrevista – rolou os olhos.
-Boa entrevista – ele sorriu – e obrigado por sentir pena de mim e aceitar sair com um mero fã.
-Valeu a pena o esforço – ela brincou e ele sorriu abrindo a porta do carro.
-Até mais – se debruçou na janela e bateu rapidamente os dedos fazendo um ritmo qualquer.
-Até – engatou a marcha e sorriu abertamente dando partida.
-Pai – Ronan chamou baixo encarando que andava de um lado para o outro – é a sua vez, é a parte que o capitão chega – ele explicou encarando o boneco em sua mão.
-Desculpa, Ron – ele disse sincero. Estava preocupado com , na verdade, preocupado com o que ela faria. Sussurrava para si que precisava confiar nela, encarou o relógio e suspirou aliviado – Hora da entrevista da , vamos ouvir?
Ronan sorriu em resposta e se acomodou na cama enquanto sintonizava a estação no celular, colocou no alto-falante e se deitou ao lado do filho. Ouviram algumas músicas até começar a introdução de uma conhecida, era uma musica da , mas estava apenas o instrumental ao fundo e a voz do locutor se sobressaía apresentando-a.
-Boa tarde, .
-Boa tarde – ela respondeu empolgada e estremeceu, então a tarde havia sido boa.
-É um prazer te ter aqui – o homem disse também empolgado e ouviu um suspiro de que imaginou ser uma risada fraca em agradecimento – Vamos começar – a voz masculina fez uma pausa – Como foi a experiência de sair em turnê com sua melhor amiga?
-Foi incrível – respondeu sem conter o interesse no assunto – quero dizer, quando se está em um ônibus com a sua melhor amiga e o namorado folgado dela, é incrível.
-Tem alguma história engraçada para compartilhar?
-Bem – deu continuidade – todas as noites que não tinham show, eu e Leah fazíamos a nossa “noite das garotas” enquanto forçávamos Louis a ouvir músicas de mulherzinha e conversas bem feministas – disse naturalmente – mas passamos por cidades muito pequenas, e em uma dessas o ônibus quebrou e ficamos hospedados na casa dos donos da oficina mecânica porque na cidade não tinha hotel.
-Está brincando – o homem disse com tom de surpresa incentivando a continuar a história – Como foi ficar lá?
-Passamos pouco tempo lá, logo fomos para a cidade vizinha ficar em um hotel, mas foi uma experiência incrível – pelo tom de voz, sentiu que ela sorria, e ele sorria também – Conheci pessoas que pretendo manter contato, pessoas incríveis, simples e de caráter.
-Isso está em falta hoje em dia – o rapaz comentou – Falando em conhecer gente nova, como anda seu coração?
-Bem, obrigada – respondeu no sentido literal sem querer aprofundar o assunto.
-Que bom – o entrevistador riu sem humor – mas eu quero dizer, você está saindo com alguém no momento? Harry talvez – gelou, por que estavam falando dele? – Sabemos que o Inglês está sempre falando o quão bonita e talentosa você é, muitos fãs torcem por vocês.
Houve um breve silencio, deduziu que ela estivesse escolhendo as palavras certas.
-Bom – começou e respirou fundo, ele sabia que ela estava estreitando as sobrancelhas, sempre fazia isso quando pensava – o Harry é um menino – ela deu ênfase na palavra menino – fantástico, lindo e também muito talentoso – uma pontada aguda de ciúmes bateu em – mas ele é apenas um bom amigo, conversamos muito por skype e fomos almoçar juntos hoje – disse sem se preocupar com o reboliço que isso causaria – mas digo aos meus fãs, nunca haverá um “Harry +” – ela sorriu baixo com o apelidinho bobo – digo, ele será sempre um bom amigo e eu estou muito feliz com a minha condição amorosa agora – sorriu porque ela praticamente soletrou essa ultima frase e ele sabia que ela estava lhe falando isso.
-Isso quer dizer que você está solteira?
-Sim – ela soltou o ar pelo nariz – estou solteira, não tenho um namorado.
-Então, continuem tentando, rapazes – o homem brincou – Vamos falar do seu próximo cd…
Nesse momento Victoria entrou no quarto sorrindo por simpatia e encontrou e Ronan encarando o celular em silencio, vidrados.
-Uhum – limpou a garganta para que pudessem olhá-la, e deu certo, apertou um botão calando a entrevista e se virou pra mulher na porta – Hora dos medicamentos, mocinho.
O pequeno fez uma careta, mas tomou os remédios sem reclamar muito. Horas depois pegou no sono, alguns tinham esse efeito, o deixavam sonolento.
-Posso falar com você um instante? – perguntou.
-Claro. – Victoria sorriu ainda mais – Alguma duvida?
-Gostaria de saber – ele fez uma pausa e levantou as sobrancelhas – de verdade – seu ênfase – como ele tá e como anda o tratamento.
-Ele está bem – ela garantiu – por enquanto estamos observando os efeitos da medicação, para não ter que submetê-lo a algum tratamento mais sério.
-Tipo – engoliu seco – quimioterapia ou algo assim?
-Exatamente – Victoria disse – Começamos com os remédios que servem para bloquear a proteína anormal presente na maioria das células de leucemia, matando-as.
-E está dando certo?
-Ainda não podemos afirmar com certeza, por enquanto o quadro dele continua o mesmo – ela explicou mostrando alguns papéis – mas ele é forte e creio que tudo terminará bem – sorriu gentilmente.
-Espero – sorriu pra ela também – e se os remédios não derem certo, ai vai para…
-, acalme-se – Victoria disse ficando séria – esses tratamentos intensivos são nossas ultimas opções no caso de Ronan – ela explicou – ainda temos as vacinas com antígeno ou até um transplante, mas o caso dele ainda não é tão grave pra isso.
-Ainda – repetiu a palavra, aterrorizado.
-Está tudo no começo ainda, temos que ser positivos – ela completa com calma – mas temos que considerar todas as hipóteses.
Ele concorda com a cabeça em silencio e se vira para encarar o filho, sereno, dormindo como um anjo.
-Eu só queria vê-lo crescer – não conseguiu impedir uma lagrima de se formar – Queria poder assistir enquanto ele realizasse seus sonhos, ele poderá ser o que quiser – ri sem humor – até um dinossauro – ri um pouco mais lembrando de quando seu filho disse que queria ser um dinossauro quando crescesse.
-Ele será – ela estendeu a mão e afagou carinhosamente o braço dele – ele será o menino mais incrível do mundo, crescerá forte e será um belo dinossauro.
soltou uma risada falha e a olhou, agradecendo-a em silencio. Ela entendeu o recado e sorriu sem mostrar os dentes, compreensiva, mas seus olhos denunciavam um outro sentimento: o de pena. Mas não podia deixar transparecer isso, não na frente dele.
-Bom – limpou as lagrimas – era só isso, obrigado pelos esclarecimentos.
-Por nada – ela respondeu se virando – Qualquer coisa, pode chamar, eu só volto no fim da tarde, para dar-lhe banho e trazer o lanche.
-Tudo bem – a acompanha até a porta do quarto – até – ele sorri e ela acena com a cabeça saindo – obrigado de novo – ele diz e Victoria vira de costas concordando com a cabeça, quando volta seu corpo pra dentro do quarto encontra parada no corredor, na direção oposta em que a enfermeira havia saído, de braços cruzados ela o encarava. Com raiva.
-Posso saber o motivo de ter agradecido ao bambu mãe de santo? – perguntou entrando no quarto e colocando a bolsa na poltrona, se sentando logo em seguida. Cruzou as pernas e levantou uma sobrancelha esperando a resposta.
-Por um almoço romântico em um restaurante chique é que não foi – devolveu a resposta ironicamente se referindo ao encontro com Harry enquanto fechava a porta.
-Não foi um almoço romântico, , você sabe disso – respondeu irritada – Achei que fosse um pouco mais esperto.
-Eu sou esperto – ele disse e fez uma pausa – Só que agora eu não to entendendo onde você quer chegar.
-Ouviu a entrevista?
-Uma parte sim – ele disse ainda sem entender muito.
-A parte “eu estou muito feliz com a minha condição amorosa agora” – ela repetiu com a mesma entonação anterior – foi pra você, seu idiota.
-Isso eu percebi – ele observou levantando o dedo indicador – o problema é que você está tendo ciúmes de uma enfermeira que seremos obrigados a conviver por um tempo, e eu nem a chamei pra almoçar.
-Para com essa obsessão pelo Harry, ele é só um amigo, acredita em mim – pediu mais com os olhos do que com as palavras, suspirou – e eu não estou com ciúmes daquela varapau.
-Eu acredito em você – ele se agachou em frente à poltrona – mas pode admitir seus ciúmes, você fica fofa assim, emburradinha.
-Vai te catar, , eu não to com ciúmes – bufou e deu um tapa nele.
-Mas que nervosa – ele ironizou – Eu acredito em você e quero que acredite em mim também – em um movimento rápido ele se aproximou do rosto dela, segurando-o entre as mãos – Eu to com você, você que eu escolhi depois de todos esses anos. Você que me faz bem, feliz, me completa, você e mais ninguém.
Ela sorriu e o puxou pela nuca beijando-o intensamente. Ele se sentou no braço da poltrona e passou a mão pelo cabelo dela, descendo até o ombro, traçando uma linha imaginária com seu carinho, de repente foram interrompidos com o barulho da porta, se separaram rapidamente e encararam Victoria imóvel olhando pra eles tentando disfarçar algumas lágrimas.
-Desculpa – ela gaguejou um pouco – Eu me esqueci de – espremeu os olhos e engoliu seco – anotar algumas coisas, e… – resolveu parar de falar e encarou o casal.
-Tudo bem – disse sem jeito.
Ela caminhou em silencio e anotou algumas coisas nos papeis presos a prancheta, sorriu de leve para os dois como um outro pedido de desculpas e saiu do quarto.
-Algo me diz que ela não pretendia anotar nada – disse fazendo carinho na nuca de .
-Como assim? – ele perguntou confuso.
-Depois diz que é esperto. – ela sorriu, mas logo voltou a ficar séria – Sobre o que vocês conversaram mais cedo?
-Sobre o tratamento do Ron – ele disse ainda sem entender onde ela queria chegar.
-Nada mais “pessoal”? – perguntou fazendo aspas com os dedos.
-Não – ele deu de ombros – apenas comentei o de sempre, perguntei do tratamento e disse que tinha medo de perdê-lo.
-Ela achou que você se abriu com ela – disse convicta.
-De fato – ele curvou a boca pra baixo e deu de ombros – Não chorei horrores e disse tudo da minha vida – suspirou – mas disse que gostaria de vê-lo crescer e tal, e ela tentou me consolar – ele escolheu as palavras com medo de que entendesse errado.
-Relaxa, , não vou te bater por isso – ela riu sem vontade – Só que a Victoria pode ter entendido errado, provavelmente ela voltou aqui pra te convidar pra sair.
-Como você sabe?
-Estava estampado no rosto dela quando ela entrou, digo, suas reais intenções – explicou se ajeitando na poltrona – Ela tinha esperanças de te ver sozinho, ou até comigo, mas como amiga, seu rosto se desmontou como um castelo de cartas.
fez um biquinho, pensativo, encarou .
-Não era minha intenção iludi-la.
-Eu sei que não. – respondeu compreensiva passando os dedos da nuca para a orelha dele, se concentrando ali – mas você precisa conversar com ela.
-Falar o que? – ele perguntou se apavorando por um instante.
-Se ela perguntar algo assuma nosso namoro, é melhor ser franco com ela. Pelo menos com ela.
-E se ela não for de confiança? – perguntou sério – Se ela contar para a imprensa?
-Ela iria à falência com isso – explicou – Eles assinaram um termo de sigilo, toda a equipe médica daqui. Eles não podem comentar nada pessoal entre nós, isso inclui o Ron também.
-Ela vai ficar pobre, mas a sua vida pode virar um inferno – alertou – Se ela for fria o suficiente pra não ligar para as consequências? Quer dizer, seus fãs podem te odiar por mentir.
-Meus verdadeiros fãs não me odiarão porque omiti um relacionamento – explicou – Fiz isso por vocês e principalmente por Ronan, eles entenderão.
-Ok então – suspirou – Aparentemente você sabe bem o que faz – sorriu e deu um selinho rápido nela – e se a Victoria falar ou tentar alguma coisa, eu falo de nós.
sorriu concordando e o puxou pra mais um beijo que foi se intensificando ali, na poltrona mesmo, quando eles ouviram algo que os separou repentinamente.
-Pai?
-Ro..Ron – gaguejou envergonhado.
-Ei, tia, eu te ouvi no rádio – ele virou para sorrindo parecendo nem ligar para a cena que acabara de ver, ela respondeu o sorriso com a mesma intensidade.
-É mesmo? – se levantou e foi até ele – O que achou?
-Sua voz estava diferente – ele torceu o nariz – mas eu gostei.
sorriu e beijou delicadamente a testa do menino que fechou os olhos por instinto, voltando a abri-los preguiçosamente. Se esticou na cama e fez força para se sentar.
-Não adianta ficar me olhando assim – ele continuou em tom divertido – Eu sei que vocês estão namorando.
-Como você é um menino esperto – disse corada e se virou pra que se divertia com a cena – Tá vendo, isso é ser esperto, você não é esperto.
-Ei, não me ofenda, ok? – ergueu as mãos se defendendo.
-Tudo bem pra você, Ron? – se voltou novamente pra ele sorrindo – Eu e seu pai…
-Tudo bem – o menino respondeu sincero – Eu amo a minha mãe, mas ela ta só na foto, vai ser legal ter uma mãe de verdade.
sentiu as pernas fraquejarem de emoção, encarou e tentou dizer algo, mas nada saiu da sua boca. Virou pra Ronan de novo e fez um carinho em sua cabeça, como ela o amava, como o amava como um…filho? Se perguntou, mas logo teve a resposta, porque ele sorriu e ela sentiu o quanto ele era importante pra ela e o quanto ela se sentia ligada a ele.
-Bom saber – ela se abaixou e beijou lentamente seu rosto, se sentou ao seu lado e o encarou, parecia tão frágil e dependente dela – Porque eu já te amo como um filho.
Ele sorriu inocente e, sem saber o porquê, começou a chorar, pulou no colo dela e eles se abraçaram fortemente enquanto assistia a cena, também emocionado. Era disso que ele precisava pra se sentir completo, agora ele sentia que realmente tinha uma família. Uma família ligada pelo sentimento mais forte e puro que poderia existir, o amor.
Alguns meses haviam se passado e o quadro clinico de Ronan não havia melhorado. Na verdade, havia se agravado um pouco. Os médicos decidiram experimentar outros métodos e ele entrou na fila para o transplante de medula. Enquanto Lauren, Nick e Ally estavam a caminho para fazer o teste de compatibilidade. Leo, Danielle e Betty já haviam feito junto com a família de e , estavam à espera dos resultados.
-Toma – jogou um chaveiro para e ele pegou no ar, por reflexo.
-Que isso?
-Aqui nós chamamos de chave, de onde você veio, eu não sei se tem outro nome – ela debochou e ele revirou os olhos.
-Implicante – suspirou rindo – Que chave é essa, ?
-Não vejo nenhuma por aqui – ela sorriu – Tá, sério, é da picape, quero que fique com ela hoje. Vou ao aeroporto buscar a Lauren e o Nick. Você vai para o hospital, mais tarde nos encontramos.
-O QUE? – ele sorriu e pulou feito uma criança – EU VOU DIRIGIR AQUELA PICAPE?
-Ela não anda sozinha ainda, né.
-MEU DEUS – ele correu até o carro e parou admirando-o – MEU DEUS…
-Para de gritar, – riu da cara que ele fez quando tapou a boca inocentemente pedindo desculpas com o olhar.
- – ele riu – eu sou mecânico, eu entendo disso, nem se eu trabalhasse toda a minha vida eu conseguiria ter uma dessas.
-Serio que é isso tudo? – ela revirou os olhos e foi até ele envolvendo-o pela cintura – Sendo assim, pode ficar com ela.
-O QUE? – ele não se conteve em gritar de novo.
-Era do meu pai, mas ele comprou outra e essa ficou ai – deu de ombros – Eu pedi pra mim já que gosto de carros grandes, mas não deu muito certo, não dava altura – riu de si mesma – Está no meu nome, pode ficar, assim que tivermos um tempinho eu passo ela para o seu nome.
-Eu não posso…
-É claro que pode, – ela o beijou de leve.
-Mas eu nunca vou poder te recompensar por isso – ele abaixou a cabeça.
-Você já recompensou, você realizou meu maior sonho, o sonho de ter uma família, eu, você e o Ron somos uma agora.
sorriu e a pegou pela cintura abraçando-a forte.
-Obrigado – ele sussurrou no ouvido dela, beijando-a ali.
-Eu que agradeço, por tudo – ela respondeu sorrindo de leve e se afastando do abraço – Vamos, estamos atrasados.
ligou o carro sorrindo, deu um selinho em pela janela e saiu. Quando ela se preparava para entrar em seu carro, sua mãe a chamou.
- – Dianna disse se aproximando – Oque ta acontecendo, hein?
-Oi, mãe – sorriu – Como assim “o que está acontecendo?” – imitou a voz da mãe e torceu o nariz, sendo que todos da família já sabiam do namoro.
-Você acabou de dar o seu carro para o seu namoradinho de alguns meses.
-Anda escutando a conversa dos outros agora, é? – respondeu ainda na brincadeira – Isso é feio, Dona Dianna.
-Estava vindo te pedir um pouco de café, que eu me esqueci de por na lista de compras, ouvi por acaso – explicou – Estou preocupada com isso.
-Como assim? Com o que?
-Com esse namoro – Dianna respirou fundo – , minha filha, você tem que ir com calma. Vocês estão juntos há alguns meses e você diz ao rapaz que ele e o filho são sua família? Tudo bem que eu nunca te vi tão feliz assim, ele te faz muito bem e é por isso que todos aqui apoiam esse relacionamento, mas da uma segurada, às vezes é bom, viva cada coisa de uma vez.
-Ok, mãe – suspirou e elas se abraçaram – Eu tenho que ir, eu to atrasada.
Dianna apenas sorriu e observou a filha saindo com o carro, ela tinha medo de que se magoasse, apostasse demais em algo que poderia não ter futuro. Deu de ombros e voltou para casa, já tinha feito o que estava em seu alcance.
- lindaaaaaa! – Lauren gritou assim que a viu parada no saguão.
-Isso, grita mais, pra brotar fã até do chão – ironizou, estava preocupada com o que Denise dissera, não estava com cabeça pra nada no momento.
-LIKE A SKYSCRAPER – Lauren cantarolou sorrindo e não pode deixar de acompanha-la – Saudades – elas se abraçaram.
-Muita – sorriu e encarou Nick enrolado com o carrinho com as malas – Ajuda ai, caipira?
-Nossa, a mocinha da cidade grande vai me ajudar? – brincou e ela foi até ele abraçando-o.
-Sou uma menina educada – ela brincou e pegou o carrinho – Cadê a Ally?
-Ficou com a minha mãe – Nick disse – Queremos uma segunda lua de mel.
-Longe dos meus lençóis – disse rapidamente.
-Ah, claro – Lauren riu com ela.
Eles seguiram rapidamente para a clínica. e não haviam contado do namoro, queriam fazer uma surpresa, fingiriam que estavam brigados. Quando eles chegaram, foram direto para o quarto, Lauren e Nick queriam passar a tarde com Ronan.
-SÃO ELES? – o pequeno quase gritou quando ouviu passos próximos a porta.
-Deve ser – respondeu – Não esquece o trato, hein.
Ronan sorriu, ele era cúmplice na história toda.
-Oi – disse abrindo a porta devagar – Tenho visitas.
-SURPRESA – Lauren pulou para dentro do quarto.
-Lauren, isso é uma clínica, se controla – disse rindo.
-Mas já chega assim, brigando comigo?
-Ele anda irritadinho – ironizou, revirou os olhos e se jogou na poltrona enquanto Lauren e Nick abraçavam Ronan.
-Não começa, – fechou o punho e respirou fundo.
-Ih, o que ta acontecendo? – Lauren perguntou.
-É impossível conviver com essa garota mimada – soltou.
-Você que é um bruto e completamente idiota e orgulhoso – rebateu estreitando os olhos.
-Eu achei que eles estivessem bem – Nick disse e Lauren fez cara que não tava entendendo nada.
-Bruto e orgulhoso? – fingiu não acreditar – Você que acha que eu dependo demais de você, mas não, não dependo.
-Eu não to fazendo nada por você, absolutamente nada. Na verdade, eu nem me importo com você, …
-OK, JÁ CHEGA – Lauren se intrometeu – O que deu em vocês dois?
-Essa garota – rebateu – Essa garota que é completamente – fez uma pausa – linda, talentosa, é a menina mais incrível que eu já conheci.
-Não acredito que isso foi pra tirar com a nossa cara – Nick bufou.
-Estamos namorando – disse e olhou para cara deles – Surpresa – completou sem graça.
-Cachorra – Lauren soltou rindo.
-Espera – interrompeu a todos – Agora eu tenho uma surpresa.
-Que? – perguntou assustada – Como assim?
-Bem – ele respirou fundo e se alhou – Você aceita se casar comigo? – estendeu uma caixinha.
-NÃO! – soltou assustada.
-Não? Não? Como assim? – se desesperou.
-NÃO – ela se consertou – esse não foi de “não acredito”.
-Como não?
-Não de tipo, surpresa – explicou.
-Que confusão, gente – Lauren disse rindo – Responde logo, .
-SIM – ela gritou e ele continuou alhado – Agora foi a resposta mesmo, . Sim, eu aceito, é claro que eu aceito.
Ele riu ainda tentando assimilar tudo e se levantou pondo a aliança no dedo dela. Eles sorriram e se beijaram intensamente ali no meio do quarto. estava pensando nisso há dias, sorriu ao ver que poderia ter em sua vida a mulher que lhe trouxera a felicidade de volta. E dessa vez, para sempre.
-Ok, pode ser – andava de um lado para o outro pelo quarto, pouco mais de um ano havia se passado e o aniversário de Ronan estava se aproximando – Não, estátuas de gelo em Los Angeles? Claro que não – repreendeu a pessoa do outro lado da linha – Sem arranjo de flores também – completou anotando alguma coisa em um bloquinho – Ok, essa parte eu vejo mais tarde, obrigada.
-Problemas? – perguntou se espreguiçando e se apoiando no braço direito enquanto se levantava ainda sonolento.
-Como assim estátuas de gelo nesse calor? – ela riu – E em uma festa infantil, isso não faz sentido.
-Acho que você está exagerando – disse sério e se sentou na cama – É só uma festinha de aniversário, ele nem tem amigos por aqui, acho que devíamos fazer só um bolinho entre a gente.
-Mas ele merece uma festa, , não fizemos nada quando completou três anos.
-Eu sei, eu sei disso, e vamos dar uma super festa quando ele sair de vez da clínica – ele se espreguiçou mais uma vez e se levantou – Só acho que agora não é o momento, ele ainda está muito debilitado pelos novos tratamentos e, além disso, de que adianta uma festa imensa se não terá tantos convidados?
-Eu só queria alegrá-lo – suspirou derrotada e se sentou na beirada da cama – Nunca pensei que tivéssemos que apelar para a quimioterapia.
Duas semanas atrás os médicos perceberam que o câncer de Ronan não regredia com as vacinas e os medicamentos, por isso tiveram que começar os tratamentos mais pesados. Ron estava um pouco mais fraco e debilitado, mas nada comparado a luta que estava por vir, e por isso queria dar a festa, queria que ele se alegrasse de alguma forma, mas estava certo, não havia crianças para convidar, seria algo de adulto.
-Nem eu – suspirou e se deitou ao lado dela, apoiando a cabeça em sua perna – Isso me assusta.
-A mim também, se eu tivesse uma maneira de tirá-lo desse pesadelo por algumas horas e dar a oportunidade de ser criança de novo – fez uma pausa – JÁ SEI – gritou empolgada.
-Que? – perguntou assustado.
-Espera, espera ai.
levantou correndo e pegou o telefone indo para a cozinha, voltou a fazer suas anotações enquanto discava vários números diferentes e mordiscava uma maçã, desceu para perguntar o que ela pretendia fazer, mas viu que estava ocupada demais tagarelando ao telefone, foi até a sala e ligou a TV.
-Fico feliz que tenha gostado da ideia – ela disse depois de vários minutos falando com pessoas diferentes – Até, e pode ficar tranquila, eu vou cuidar de tudo – esperou um pouco até voltar a falar – Ok então, um excelente dia para você também, e obrigada mais uma vez.
-Finalmente – disse rindo, andou até ele e se sentou no seu colo – Posso saber o que você está aprontando?
“Saiba também sobre o suposto noivado da cantora ” um comercial da TV anunciou e ambos viraram na hora para a tela, a ponto de ver uma montagem de fotos de , no mercado, lanchonete, num jantar com a Selena, em todas um círculo vermelho destacava a aliança, ela respirou fundo.
-Eu não posso mais fazer isso – sussurrou.
-O QUE? – perguntou assustado achando que ela desistiria do casamento.
-Isso – ela disse – Mentir para os meus fãs, já faz um ano que eu estou mentindo para eles, sem eles eu não sou nada.
-Você disse que eles entenderiam – ele disse fazendo carinho no rosto dela – Eu estou disposto a pagar o preço por você, pode contar quando quiser.
-Eu acho que eu posso fazer isso agora – ela sorriu e deu um selinho nele pegando o celular.
-O que você vai fazer? – ele perguntou confuso.
-Diga x – sorriu e tirou uma foto dos dois – Vou postar no meu twitter e responder algumas perguntas sobre nós dois, tudo bem pra você?
-Tudo bem – ele disse e a puxou mais pra perto – Quero só ver isso.
-Olha isso – ela riu e mostrou alguns tweets pra ele.
“COMO ASSIM? RT @ acordar do lado do meu noivo lindo, tem coisa melhor?”
-Não acredito que você colocou essa legenda brega na foto – torceu o nariz.
-A gente só fala coisa brega quando ta apaixonada – ela riu – Meu Deus, eles estão loucos.
“ONDE A CONSEGUIU UM HOMEM DESSE? QUERO UM”
“@ que fofos, eu amei a notícia, feliz por você”
“@ obrigada por nos enganar por um ano”
-Eita, acho melhor você falar um pouco sobre nós – disse – Eles vão começar a entender tudo errado.
-Ok – respirou fundo e começou a digitar, mas parou no meio – Tive uma ideia melhor, um vídeo.
-Tem certeza? – perguntou e ela fez que sim com a cabeça ajustando a câmera.
-Oi – começou meio sem graça – Eu sei que nada justifica ter mentido pra vocês, mas eu tive meus motivos – arrumou a franja e sorriu de leve – Eu estou sim noiva, isso faz um ano mais ou menos, mas nós estamos passando por muitas coisas e por isso eu não contei. O nome dele é e eu to muito feliz, muito mesmo, nunca estive tão bem assim – ela o olhou rapidamente – Junto com o amor da minha vida eu ganhei um filho que está quase completando quatro anos, o Ronan é filho do e ele está internado há pouco mais de um ano com leucemia – abaixou a cabeça tentando esconder algumas lágrimas, sempre se emocionava ao falar de Ron – Desde o início o queria que eu contasse tudo, mas eu quis esconder pra proteger o Ronan dessa bagunça toda que a exposição à mídia traz, mas agora não tem mais o porquê de esconder isso; eu estou feliz, muito feliz mesmo, e gostaria que vocês me perdoassem e me apoiassem, e, acima de tudo, que soubessem por mim, não por um programa de fofoca... Então, é isso, muito obrigada, eu amo muito todos vocês, meus amores.
Ela postou o vídeo com a legenda “ficarei esperando para responder alguns de vocês” e em minutos depois as mentions não paravam de chegar, respirou aliviada quando viu que a maioria estava apoiando o relacionamento, atualizou a página e viu que “stay strong, Ronan” havia entrado nos assuntos mais comentados do twitter.
-Meu Deus – disse sorrindo – Eles são incríveis.
-Eu sei – ela riu e escolheu algumas pessoas para responder, eram perguntas de como eles se conheceram, quantos anos ele tinha, quem era a mãe do Ronan e tudo mais, a cada detalhe que dava os fãs se apaixonavam mais por e a história dos dois, pediram mais fotos deles e postou uma que haviam tirado no hospital no dia anterior, eles estavam deitados na cama de Ronan, os três e o pequeno no meio faziam careta e pareciam muito felizes.
-Pronto? – ele perguntou vendo que, depois de quase uma hora, guardava o celular.
-Pronto – sorriu abertamente – Tenho os fãs mais incríveis do mundo.
-Concordo – sorriu – Mas o seu fã numero um está nos esperando lá na clinica, estamos atrasados já.
Ele se levantou do sofá pegando-a no colo em um movimento rápido, tomaram banho correndo e foram para a clinica como de costume, passar a tarde com Ron. As tardes que eles passavam eram sempre animadas, em uma delas organizou um sarau com as outras crianças, todos pediam para tirar fotos com ela e autógrafos para seus familiares.
-Tudo de pé? – a diretora da clínica perguntou à quando a viu entrando de mãos dadas com , alguns paparazzi estavam por ali, mas eles não ligaram.
-Tudo certo – riu.
-O que vocês estão aprontando, hein? – perguntou abraçando pela cintura.
-Nada, meu amor, eu não apronto nada – ela respondeu e eles entraram na clinica.
-Ronan – disse entrando no quarto.
-Não fui eu – Ronan respondeu assustado – Eu acho.
-Larga de ser implicante, – deu um tapa nele – Como você se sente hoje, Ron?
-Bem – ele sorriu – to bem.
-Ta chegando seu aniversário, campeão.
-Eu sei – o pequeno forçou um sorriso – Eu vou poder sair daqui?
-Até pode – se sentou ao lado dele – mas eu tive a ideia de trazer sua festa pra cá.
-SÉRIO? – ele quase gritou.
-Estátuas de gelo em uma clínica, ? – brincou.
-Mas tá chato hoje, hein – ela riu – Palhaços, mágicos, pula-pula, cama elástica e mais o que você quiser.
-Ta brincando?! – os olhos de Ronan brilhavam.
-Não mesmo – riu – E pra fechar – ela fez um suspense – um show beneficente meu, da Leah e do Louis.
-Isso é incrível – disse.
-A entrada será um quilo de alimento não perecível, para doação – explicou.
-E onde vai ser isso? – ele perguntou.
-Aí que tá – ela riu – Você e os outros pais das crianças vão capinar esse terreno baldio aqui de trás da clinica – ela se levantou – Começando depois do almoço, a diretora do hospital já entrou em contato com todos os pais.
-Ah, que ótimo – ele riu irônico.
-Ah, pai, você é forte – Ronan disse empolgado.
-Eu sei – se gabou – Mas, , quando os fãs descobrirem esse show, eles vão lotar isso aqui, não vai caber todo mundo.
-, meu amor, você acha que a sua linda noiva não pensou em tudo? – ela sorriu – Terá uma cota de fãs da Leah, meus e do Louis para entrar, eles conseguirão as pulseiras por meio de promoções, os fãs clubes oficiais já estão organizando, cada um com no máximo três acompanhantes. Fora eles, o público será as crianças daqui e seus familiares, iremos distribuir as pulseiras dois dias antes.
-Então a festa e o show serão no mesmo dia?
-Sim – sorriu orgulhosa de si mesma – Na parte da manhã e inicio da tarde, a festa. A partir das sete da noite, o show.
-Uau, devo admitir que eu estou impressionado – riu – E quem vai desmontar toda a parafernália da festa e montar o palco?
-Terá uma equipe pra isso, vocês terão apenas que capinar – ela disse – O palco já vai ficar montado, e alguns brinquedos ficarão montados também, caso as crianças prefiram ficar lá. Será como um festival, carrocinha de pipoca, algodão doce, tudo.
-Vai ser o melhor dia da minha vida – Ronan sorriu empolgado – A Ally vem?
-Sim – sorriu e olhou pra ela assustado – O que? Já liguei para a sua mãe e ela, Leo, Dani, Jack e Ally chegam depois de amanhã, afinal, o Leo tem que ajudar a capinar também.
-Isso que eu amo em você – se aproximou – Você toma as rédeas da situação e cuida de todos os detalhes.
-Sou eficiente, meu amor – ela jogou o cabelo de forma convencida.
Algumas semanas haviam se passado, e Lauren trabalhavam firme para que tudo desse certo, contavam com a ajuda de Susan que tinha um talento incrível para arrumar eventos, ela não deixava passar nenhum detalhe.
Era uma tarde como outra qualquer, exceto pelo fato de que, naquele dia, não tinha ido a clínica, faltava pouco mais de um mês para a festa e ela estava na correria, não queria que nada desse errado, dias antes ela havia ficado sozinha com Ronan, pois não aguentou ver enquanto raspavam o cabelo dele, mas isso era inevitável, na verdade, tudo isso. A cada dia ele lutava para vencer a doença, mas tudo parecia ir por água abaixo e todos forçavam que tudo estava bem, pensaram em desistir da festa, mas ele estava tão empolgado que simplesmente não puderam adiar.
-? – chamou ao telefone e ela respondeu de prontidão – Você está muito ocupada? – ele estava arrasado, tudo o sugava, agora ele e revisavam as noites no hospital.
-Não, não muito – mentiu, na verdade estava ocupada entre as coisas de sua carreira e a festa – Pode falar.
-Você pode vir – alertou, seria a vez dela de passar a noite com Ronan.
-Claro, claro. – ela fingiu não ter esquecido isso – Eu já to indo, um segundo.
Ela correu, estava saindo de um show, foi para casa pegar algumas coisas e dirigiu o mais rápido que pode até a clínica, estacionou e entrou correndo com uma mochila e toda desajeitada.
-Que pressa é essa? – Ronan perguntou, ele brincava no chão com umas tintas e uns apetrechos pra colagem.
-Seu pai que vive me apressando – ela foi até e deu um selinho carinhoso nele que sorriu pra ela – Que lindo – ela se aproximou de Ronan e se sentou ao seu lado observando o desenho colorido com umas pedrinhas coladas em volta.
-Gostou? – ele riu simpático – Meu pai me ajudou, disse que você adora brilho.
-Seu pai me conhece bem – ela riu.
-Bom, eu vou nessa – se levantou – Qualquer coisa, me liga – disse para . Ambos sabiam o real significado daquilo.
-Não vai acontecer nada – ela sussurrou e se levantou abraçando-o – Vou com você até a porta. Se comporte, Ron.
-Pode deixar – o menino riu e voltou a enfeitar seu desenho com as colagens enquanto e saiam do quarto.
-Eu não to suportando isso – desabou no portão da clinica.
-Temos que ser fortes por ele, , já conversamos sobre isso – ela disse segurando o rosto dele entre as mãos – Ele vai sair dessa.
-Temos que ser realistas, , ele começou com um tratamento simples e agora está careca e frágil, o que você quer que eu pense? Não está tudo bem, é claro que não. – ele se afastou.
- – ela chamou baixo – Deus está no controle de tudo, Ele sabe o que faz, a gente tem que pedir a ele…
-Deus? Deus? – ele se virou pra ela enxugando as lágrimas – Não sei se existe um Deus, , meu filho de quatro anos está morrendo, uma criança, Ele quer me castigar, é isso? Levou a mulher que eu amo e agora ta levando meu filho!
-A mulher que você ama?
- – ele suspirou – Sem cena de ciúmes agora, ok?
-Ok, – ela jogou a chave do carro pra ele e se virou – Até amanhã – e correu para dentro da clínica.
-Aconteceu alguma coisa? – Ronan perguntou quando viu entrar com lágrimas nos olhos.
-Não. – ela mentiu e voltou a se sentar ao lado dele – Sabe do que eu lembrei? Que ainda não escolhemos a foto para colocar no convite da sua festa.
-É verdade – ele parou de desenhar e a encarou.
-Eu pensei nessa – ela pegou o celular e mostrou – O que você acha?
-Eu gosto dessa – ele sorriu – mas eu não to assim, eu to careca – deu de ombros como se isso não fosse nada, aquilo quebrou o coração de .
-Você quer tirar uma foto agora? – ela perguntou.
-Sim, a gente pode? – ele se animou e ela se surpreendeu com o fato dele não ligar em estar careca.
-Claro. – ela sorriu, a cada dia aprendia uma nova lição com Ronan – Tive uma ideia para a foto ficar mais bonita ainda.
-Qual?
-Assim – ela pegou as pedrinhas e colou pelo rosto dele, algumas pela testa, pegou o chapéu que usava e colocou nele – Pronto, está lindo! Agora, sorria para a foto – e ela tirou a foto dele, sorridente como na primeira.
-Deixa eu ver – ele pediu empolgado e ela mostrou a foto – Eu gostei, prefiro essa.
-Eu também – ela riu.
-To com fome, mãe – ele soltou, sem nenhuma cerimônia, olhou pra ele emocionada, ele nunca havia a chamado desse jeito, ela sorriu de forma doce e ele a encarou – Eu posso te chamar assim? – perguntou vendo que ela não falou nada.
-Claro que pode – ela teve que se esforçar para responder já que um nó apertava a sua garganta e a sufocava – Claro que pode, filho – ele sorriu e pulou no colo dela se aconchegando ali – Eu vou buscar alguma coisa pra gente jantar, e depois, cama.
Ele fez um biquinho e ela sorriu se levantando, foi até a recepção e pediu o jantar dos dois, quando voltou deu banho nele e se ambos se arrumaram na cama para assistir um filme qualquer, jantaram juntos e no meio do filme Ronan pegou no sono.
se levantou devagar e com cuidado para não acorda-lo, ajeitou o edredom e se sentou na poltrona. Estava sem sono, sua vida estava de pernas para o ar, era a musica, entrevistas, noivado, a festa e Ronan, tudo ao mesmo tempo, tudo confuso. Ligou o computador querendo se distrair, pretendia montar o convite e mandar por e-mail para uma amiga que iria imprimir pra ela, já que era dona de uma gráfica, passou a foto para o computador e começou o trabalho, já era de madrugada quando se deu conta de que ainda não sentia nem um pingo de sono e se lembrou de que sempre escrevia músicas quando estava com insônia, pegou um caderninho e começou a compor.
Escreveu algumas sobre , outras sobre a sua vida, e até que, sem perceber, começou a escrever uma música sobre Ronan. As palavras fluíam em sua mente e a melodia era simples, era quase uma poesia, ela estava pondo ali tudo que tinha em seu coração sobre o menino que a conquistou de uma forma arrebatadora. Ela olhava para ele, que dormia serenamente, e voltava a escrever a musica, até que chegou a um resultado perfeito. Sem dúvidas, aquela era a música mais linda e sincera de todas que já escrevera, só torcia para nunca ter que canta-la um dia. Odiava despedidas.
acordou com e Ronan a encarando, assim que abriu os olhos pode vê-los trocarem olhares cúmplices, se levantou achando aquilo estranho, bocejou e se sentou na poltrona. Sim, ela tinha dormido ali, sentada, e agora sentia uma imensa dor na altura da nuca, que ótimo, pensou assim que sentiu tudo estalar quando tentava se endireitar.
-Bom dia – riu e ela revirou os olhos, o que estava acontecendo?
-Bom dia – respondeu por pura educação.
-Bom dia – Ronan riu abertamente e dessa vez ela sorriu junto.
-Bom dia, meu amor – abriu os braços e ele pulou no colo dela – Dormiu bem?
-Sim – ele pegou a mão dela brincando com seus dedos – Você não, né?
-Não mesmo – ela riu entrelaçando os dedos nos dele – Já tomaram café?
-Na verdade não – se meteu e ela o olhou com raiva – Estávamos te esperando.
-Só vou no – ela tentou se levantar, mas ele a empurrou na poltrona de novo com Ronan no colo.
-Vamos logo, depois você vai ao banheiro.
bufou e passou a mão pelo cabelo arrumando-o de qualquer jeito, colocou os sapatos e se levantou levando Ronan no colo, Eles caminharam até a cantina da clínica, algumas crianças e seus familiares a olharam, mas ela não ligou, já era pra eles estarem acostumados com a presença dela ali, mas mesmo assim eles olhavam, ela estreitou as sobrancelhas quando Victoria segurou o riso perto dela.
-O que ta acontecendo? – sussurrou para e dessa vez Ronan segurou o riso – O que vocês aprontaram? – voltou a perguntar, mas eles nada disseram. Logo ela ligou os pontos e passou a mão no rosto – Não acredito que você fez isso, .
-Não fiz sozinho – riu e olhou para Ronan.
-Mas a ideia foi dele – o pequeno riu alto apontando para o pai.
-Tá linda, amor – disse ainda rindo.
-Não me chama assim, não sou seu amor – ela estreitou os olhos e se levantou.
-Vocês brigaram?
-Não – suspirou – Quer dizer, eu fiz besteira.
-De novo? – Ronan perguntou inocentemente.
-Ei, meu próprio filho – riu sem humor – De que lado você tá, carinha?
-Do lado da minha mãe – ele riu como se não fosse nada.
congelou no mesmo instante. Como assim “mãe”? Ele ainda não havia percebido que já era tão importante, não que ele não soubesse disso, mas não tinha noção do nível em que as coisas estavam. Finalmente Ronan tinha uma imagem de mãe, alguém que estava realmente ali para abraçá-lo e educá-lo, não só mais uma fotografia em um porta-retrato. Ele suspirou e se perguntou o que estava fazendo com aquela relação, era ela, era ela que completava aquela família, que os tornavam família na verdade, se apoiou na mesa para retomar o fôlego.
-? Está tudo bem? – ele levantou a cabeça ao sentir uma mão sobre seu ombro e encontrou Victoria o encarando, tinha uma marquinha de leve entre as sobrancelhas o que lhe dava um ar de preocupação.
-Sim, está – maneou de leve a cabeça numa tentativa de por as ideias no lugar, estalou os dedos e se ajeitou na cadeira.
-Passei pela no corredor – o tom hostil em sua voz causou repulsa nele, respirou fundo – Ela já está sem nenhuma tinta no rosto – riu sozinha enquanto se esforçava pra prestar a atenção e Ronan observava atentamente – Foi engraçado.
-Foi só uma brincadeira – soltou as palavras rapidamente.
-Eu sei – forçou outra risada fina – Ela parecia brava – Victoria se sentou esticando a mão e passando pelo braço de que estava estendido sobre a mesa segurando uma xícara de café – Aconteceu alguma coisa?
-Já disse que não. – ele respondeu ríspido e tentou tirar o braço mas ela o segurou – O que você quer? – ele soltou o ar pelo nariz.
-Só quero ter certeza de que está tudo bem.
-Eu não sou um de seus pacientes, Victoria – ele disse sério e retraiu o braço com mais força.
-Pai, acho melhor você ir falar com a mamãe – Ronan disse encarando alguém atrás de . Ele se virou e lá estava ela olhando pra ele com mais raiva ainda.
-Mamãe? – Victoria se perguntou e bufou acompanhando o olhar deles.
-Olá, voltei – se aproximou rindo e se sentou no lugar de Ronan pondo ele no colo, já que Victoria ocupava sua cadeira. – Muito engraçadinhos vocês dois, viu, fiquei horas pra tirar aquilo do rosto, mas até que eu gostei do coração na bochecha.
-Foi eu que fiz – Ronan disse orgulhoso. já sabia disso.
-Mesmo? – fingiu estar surpresa – Vou começar a usar nos shows.
-Eu também achei que ficou lindo – disse querendo se enturmar.
deu um sorriso sínico e abraçou Ronan encarando com indiferença.
-Você ficou de ir comigo hoje ver os últimos detalhes da festa – estreitou as sobrancelhas e passou delicadamente a língua pelos lábios – Sua mãe me ligou, disse que já está vindo passar o dia aqui na clínica com o Ron.
-Tudo bem – suspirou e olhou pra Victoria com raiva – Sem querer ser indelicado, mas você não tem nenhum paciente nem nada mais pra fazer?
-Não, na verdade não tenho – ela riu sem se tocar do que ele queria dizer – Eu acabei de fechar meu plantão – sorriu satisfeita.
-Alguma amiga sua te deu o conselho idiota de insistir? – perguntou sem nenhuma vergonha.
-Insistir? Como assim? – Victoria se mostrou confusa.
-No – repetiu com o mesmo tom e pode perceber lhe lançando um olhar assustado, mas ela continuou – Alguma amiga sua te deu o conselho para insistir nele?
-Na verdade – ela passou o dedo pela nuca pensando – , eu…
-Queridinha – sorriu irônica – Você não percebeu que é burrice? – segurou o riso vendo o ciúme dela, mas logo ficou estático quando ela concluiu o pensamento – Às vezes eu penso que é burrice até pra mim.
-, eu – ele tentou dizer.
-Depois, depois conversamos – o interrompeu bruscamente e ajeitou Ronan em seu colo voltando a encarar Victoria – Mas, enfim, você está perdendo o seu tempo.
-Como você está perdendo o seu? – a enfermeira rebateu em tom de superioridade.
respirou, por um momento pensou que não teria resposta pra isso, afinal, era verdade, ela sentia que nunca superaria , mas logo sorriu pra Victoria com todo sarcasmo do mundo e disse:
-Pelo menos eu já consegui o que você ainda está correndo atrás – se levantou colocando Ronan no chão e abaixou para sussurrar no ouvido dela na altura suficiente para escutar também – Mas sabe, nem é grande coisa assim, – olhou pra ele e piscou um dos olhos – se é que me entende – voltou a dar a mão para Ronan – Te espero no carro, sua mãe já está chegando – disse de costas e foi levar o pequeno para o quarto.
-Qual é o seu problema? – perguntou pra Victoria – Eu não quero nada com você.
-Pelo visto, nem com ela – rebateu.
-Você está enganada – ele abaixou a cabeça por um instante voltando a encara-la logo em seguida – Eu a amo, e posso afirmar que eu a amo mais que amei a , porque ela me conquistou, esteve comigo e fez com que eu me apaixonasse por ela – se levantou irritado e terminou pausadamente – Eu não quero nada com você, absolutamente nada.
-? – uma voz familiar o chamou enquanto ele caminhava em passos firmes para o quarto do Ronan – !
-Que? – se virou irritado.
-O que aconteceu? Eu acabei de cruzar com a lá fora e ela estava chorando – Betty explicou.
-Nada, a gente vai se entender – ele disse – Vou me despedir do Ron e vou com ela resolver os últimos detalhes da festa.
Betty apenas sorriu e foi com ele até o quarto. Depois que eles se despediram correu para o carro onde estava sentada no banco do carona, emburrada.
- – ele se apressou em dizer se sentando e fechando a porta – Me desculpa? Eu não quero nada com a Victoria nem com nenhuma outra, eu te amo.
Ele terminou de falar, mas ela nem se moveu. Um silêncio constrangedor pairou e ele pode ouvir uma música bem baixinho, encarou as mãos dela e encontrou o iPod.
-Por que você ainda não ligou o carro? – ela perguntou tirando um dos fones, ele suspirou.
-, me escuta.
-Escutar o que, ? Escutar que eu to me dedicando ao máximo a nós dois e não ta sendo o suficiente? Escutar que você ainda ama a ? É isso que eu tenho que escutar? Não, , muito obrigada, mas eu dispenso essa parte.
-, eu falei por costume, não foi isso que eu quis dizer – ele se explicou desesperado.
-Mas você disse, – ela estourou – E doeu do mesmo jeito. Será que eu não sou o suficiente pra você? Eu to tentando há mais de um ano te fazer feliz e o que eu recebo em troca? Eu faço tudo por nós dois, tudo por você e pelo Ron e o que você faz por mim? Me diz que a sua ex mulher é a mulher da sua vida, fica de conversa com a enfermeira... O que você quer, ? Me diz.
-Eu quero você – ele segurou as mãos dela com força e a encarou intensamente – Eu quero ficar com você, eu quero ter uma família com você. Eu quero isso, a segurança que eu sinto do seu lado, a sensação de família que você me traz. Poxa, , foi só um deslize, digo, em relação ao que eu falei sobre a , porque quanto a Victoria, por favor, nunca vou ter nada com ela, só a voz dela me irrita, ela não causa em mim nem metade do efeito que você causa. entenda isso – ele levantou lentamente a mão passando pelo rosto dela – Eu te amo – sussurrou.
Ela prendeu a respiração por alguns instantes e o encarou na mesma intensidade, eles se olhavam bem nos olhos enquanto as mãos de alternavam entre o rosto e a nuca de .
-Promete? – ela sussurrou – Eu preciso saber se eu sou importante pra você como ela foi…
Antes de ela terminar a puxou pela cintura colocando-a em seu colo com uma perna de cada lado do seu corpo, ela sorriu com o gesto e passou as mãos pelo pescoço dele brincando com seu cabelo.
-Você já é mais – ele a olhou e sussurrou em seus lábios – Já é muito mais pra mim do que ela foi. Não tem como eu esquecê-la, mas você já superou de longe tudo que eu já senti por alguém – sorriu mais ainda com isso – Desculpa não corresponder como deveria, mas é que eu tenho medo, a vida sempre leva quem eu amo e eu não quero que…
-Shi – ela o interrompeu, fechou os olhos e passou o nariz pelo rosto dele que sorriu com o gesto, depositou um beijo meigo na orelha dele e sussurrou – Você não vai me perder, eu prometo.
Voltou a encara-lo por poucos segundos antes de beijá-lo intensamente, desceu a mão da cintura pela perna dela, subindo e descendo lentamente. Cada toque, cada suspiro causava em ambos uma onda de sentimentos, ele parou a mão na coxa de apertando ali enquanto a outra mão invadiu sua blusa de forma urgente quase ao mesmo tempo em que prendeu seus lábios entre os dentes de forma apaixonada.
- – ela o chamou, mas ele voltou a beija-la – – ela falou com dificuldade, se afastando relutante – Acho que a gente tem outros lugares pra isso, né, e mais tempo também – ela riu passando o dedo pelos lábios vermelhos.
-Só estava querendo te provar que é grande coisa sim – ele se defendeu ainda ofegante e ela gargalhou voltando para o seu lugar.
-Eu sei que é – olhou pra ele e piscou sedutoramente – Sabe, eu aprendi a ser bem implicante com você.
Ele revirou os olhos rindo e deu a partida no carro. Sabia que tudo poderia estar desabando, mas se estivesse ao seu lado, eles se ajudariam. Ela era como um porto seguro: era tudo que ele precisava, e somente ao lado dela ele se sentia feliz.
- – chamou carinhosamente – , acorda! A gente ta atrasado.
-Cinco minutos – ele resmungou se virando para o outro lado. revirou os olhos e saiu do quarto.
-Bom dia, casal ternurinha – brincou – Nicholas, para de tomar todo o leite.
-Ué, você disse que poderíamos ficar a vontade – ele riu – Sabe quando eu terei a oportunidade de ficar em uma casa dessas de novo? Nunca.
-Claro que não – riu e se sentou ao lado de Lauren apoiando a cabeça em seu ombro – Vocês serão sempre bem vindos aqui.
-Ele sabe disso – Lauren disse rindo – Cadê o ?
-Dormindo – suspirou – Cadê todo mundo?
-Já foram – Nick respondeu devorando um sanduíche.
-Nick, se controla, a gente ta indo pra uma festa – Lauren riu.
-Eu sei, mas não se preocupa. Meu apetite nunca acaba – piscou. e Lauren tiveram certeza de que tinha duplo sentido na frase.
-Seu idiota – disse rindo – Vou ligar pra Leah, aquela lá se a gente não apressar... só aparece para o show.
-Mulheres, por que demoram tanto pra se arrumar? – Nick resmungou enquanto se levantava indo em direção ao telefone.
-Aí é que tá – riu discando o número da amiga – Quem atrasa tudo é o Lou – debochou e pode ouvi-lo do outro lado da linha – Ué, a donzela já está acordada? – brincou antes de pedir pra falar com Leah.
Depois de alguns minutos no telefone e outros brigando com Lauren que insistia em lavar a louça, ela conseguiu fazer com que eles fossem à frente e dispensou a ajuda de Nick para acordar , afinal, ela estava acostumada já, mesmo que o sono dele fosse assustadoramente pesado.
Subiu as escadas assim que se despediu dos amigos a fim de tomar banho. Teria bastante tempo para se arrumar depois, já que esperaria tomar o banho dele.
-, acabou seu tempo – disse entrando no quarto de novo.
-Nãoooo – resmungou.
-, não tem mais nem um segundo, eu vou tomar meu banho e quando eu voltar eu quero te ver sentado nessa cama com a sua toalha na mão esperando para ir tomar o seu, ok? Ok – disse autoritária, pois sabia que ele estava ouvindo cada palavra. Pegou suas coisas e entrou no chuveiro.
tomou um banho demorado e relaxante, seria um dia corrido, só conseguia pensar que já era para ela estar na clínica recebendo os convidados, revirou os olhos e terminou o banho relutante. Saiu apenas com suas roupas íntimas e encontrou na mesma posição, bufou.
-, levanta agora – disse com um pouco de raiva – O Ronan ta esperando a gente – ele não disse nada – Estão todos esperando a gente, já foi todo mundo pra lá – mais uma vez ele nem se mexeu – , EU TO GRÁVIDA.
Nesse momento ele deu um pulo assustado e a encarou.
-Não precisa disso pra me acordar, quase morri – colocou a mão no peito.
-Eu pretendia contar em uma outra ocasião, mas você não colaborou – disse segurando o riso.
-Então is-isso é sério? – ele se levantou pálido.
-Não – ela riu – Vai tomar banho logo.
-Idiota – arfou rindo também e entrou no banheiro.
Quase duas horas depois eles chegaram a clinica, passaram pela parte de trás já que os fãs já tomavam toda a fachada. Tudo estava indo bem, os seguranças faziam um excelente trabalho, já conhecia a maioria deles. Entraram sorrindo para todos. As crianças estavam felizes e ainda se arrumavam em seus quartos para irem até o pátio onde estava tudo montado, os brinquedos, o palco, as carrocinhas com as comidas, tudo como ela planejou, tudo perfeito.
-Bom dia, príncipe – disse sorrindo assim que entrou no quarto de Ronan – Animado?
-MUITO – o menino gritou e deu um pulinho indo até ela – Eu ainda não vi como tá lá fora, a tia Lauren não deixou – fez um biquinho.
-Porque é surpresa – explicou se agachando – E nós temos um presente pra você.
-Espero que goste – sorriu e entregou um embrulho razoavelmente grande para ele.
No mesmo instante o embrulho estava espalhado pelo chão e o menino ria sozinho com o brinquedo em suas mãos, um dinossauro de quase sessenta centímetros, que andava, fazia uns sons estranhos e tudo mais, era um brinquedo incrível que Ronan havia pedido alguns meses atrás. queria ter dado logo, mas disse que ele tem que esperar para ganhar as coisas, que não é assim, tem que ter um motivo para ser presenteado, e então eles resolveram dar no aniversário, já que estava próximo.
-E aí?
-Eu AMEI – ele riu e pulou no colo de – Obrigado, pai.
-De nada, campeão – riu – Vamos? Estão todos lá fora já.
colocou o filho no chão e ele estendeu uma mão para e outra para o pai. À medida que passavam pelos corredores o som da música aumentava, tocavam de tudo. As crianças corriam de um lado para o outro, finalmente estavam se divertindo ali dentro da clínica, lugar que antes parecia uma prisão, mesmo com todas as atividades para distraí-las. Vários pais paravam para agradecer pela oportunidade deles se divertirem daquele jeito mesmo passando por tudo, afinal, cada criança tinha uma história, uma dor, e estava lutando pela vida. Ela encarou Ronan brincando na cama elástica e seus olhos se encheram de lágrimas.
-Ta tudo bem? – perguntou a abraçando.
-Sim – riu – Eu to feliz por eles.
-E eu to orgulhoso de você – ele deu um selinho nela.
- – Betty se aproximou de braços abertos – Deu tudo certo.
-Aparentemente – ela disse desfazendo o abraço.
-Olha pra ele – Betty sorriu – Tão feliz, obrigada, . Sem você isso não teria sido possível.
Ela agradeceu corada.
-Demetria, conquistando a sogra, bem esperto – uma voz familiar a despertou.
-Louis, não enche.
-Também tava com saudades – eles se abraçaram – Você tá gata.
-Eu SOU linda, meu amor – ela debochou.
-Vocês são tão insuportáveis – Leah resmungou indo até – Que saudade, amiga.
-Cadê o presente do meu filho? – disse rindo.
-Tá na caixa de presentes, não é pra isso que ela serve? – debochou Leah.
-Acho bom – riu – Eu vou falar com os outros convidados e – parou de repente olhando atrás de Leah – HARRY – correu até ele e o abraçou.
-O que essa criança ta fazendo aqui? – perguntou furioso.
-Ela não te falou que tinha convidado ele? – Lauren perguntou observando a cena.
-Falou, mas ela disse que ele não iria vir porque estava em turnê.
-Quer um conselho, ? – Leah disse pegando um refrigerante – Não tome muito refrigerante, porque da celulite – bebeu um pouco – Mas o conselho não é esse. É pra você deixar o Harry em paz e deixar a amizade deles em paz também. A te ama e odeia ciúmes sem motivo, então.
-Eu não to com ciúme – bufou.
-Se controla aí, cara, a Leah tem razão – Louis disse estreitando os olhos por conta da claridade daquela manhã ensolarada – A te adora e o Harry é só um amigo, não faz besteira por pouca coisa.
revirou os olhos e pegou um cachorro quente enquanto assistia gesticular animadamente conversando com Harry.
-Que bom que você veio – ela sorriu.
-Um pedido seu, impossível recusar – respondeu Harry em tom sedutor – E cadê o menino?
-Na cama elástica – apontou.
-Ele é lindo – Harry foi sincero – Espero que goste do meu presente.
-Ele vai gostar, tenho certeza – ela riu e o puxou pela mão – Quero que conheça meu noivo.
-, eu acho melhor…
-Anda, Harry – ela riu se aproximando dos outros. – Bom, o Louis e a Leah você já conhece.
-E aí, cara, como tá? – Louis se apressou em dizer estendendo a mão para Harry.
-Tudo bem – o menino riu simpático.
-Ei, Styles – Leah sorriu e eles se abraçaram – Saudades, cadê os meninos?
-Eles estão aproveitando esse tempinho de descanso – explicou – Só dei um pulinho aqui pela , não posso demorar.
-Pela ? – disse tentando esconder a irritação.
-Harry, esse é o…
- – eles deram um aperto de mão que fez questão de apertar forte, mas Harry nem estremeceu, respondeu na mesma intensidade – O noivo dela.
-Sei, ela fala muito em você – respondeu com naturalidade.
Ele riu satisfeito com a resposta e em saber que Harry sabia o lugar que ocupava na vida de , ela revirou os olhos com a cena e encarou Leah pedindo ajuda.
-Bom, Harry, me fala, como tá a carreira?
-Incrível. Melhor impossível – ele respondeu animado e engataram em assuntos sobre isso mantendo o ambiente mais leve e descontraído.
Depois dos parabéns, , Louis e Leah foram se trocar para os shows. Harry, e sua família foram para uma área mais reservada, enquanto os fãs que haviam tido a sorte de ganhar as promoções tomavam o lugar, a maioria das crianças continuaram nos brinquedos e os pais conversando alegremente pelo pátio.
-Ué, você não falou que não podia demorar? – perguntou na cara de pau, não estava nem um pouco a vontade com a presença de Harry.
-Um dos caras da banda ligou dizendo que a entrevista que teríamos foi cancelada – explicou sem perder a paciência – Vou ficar para ver os shows.
-Hm, tem certeza de que é uma boa ideia?
-Por que não seria? – Harry se virou pra ele enquanto bebericava um pouco de energético – Relaxa, cara. Não vou esconder que já tive uma quedinha pela , mas não era amor, era só atração, ela é linda e eu a admiro muito, mas ela te ama. Ela é sua noiva, ela escolheu você, e eu não quero nada além de amizade, para com isso antes que você a afaste... Sabe que toda mulher odeia ciúmes excessivo.
bufou, pois sabia que Harry estava certo, rolou os olhos e pensou na tarde de hoje, em que ele agira como um completo idiota. Pegou Ronan no colo e resolveu ir fazer uma surpresa para antes do show. Entrou no camarim improvisado e a encontrou incrivelmente linda, uma calça jeans preta rasgada, um sutiã de renda preto com uma blusa cortada na lateral “sexy”, ele pensou.
-Ei, o que vocês estão fazendo aqui? – ela riu pegando Ronan do colo de .
-Viemos te desejar um bom show – disse e deu um selinho nela.
-Ta tudo bem? – perguntou desconfiada.
-Desculpa por ter agido como um idiota – ele respondeu sem graça – Eu confio em você.
-Obrigada – ela sorriu o encarando intensamente.
-Quem vai cantar primeiro? – Ronan perguntou retirando os dois do transe.
-A Tia Leah – disse encostando no nariz dele com a ponta do dedo – Depois o Louis e eu vou fechar.
-Por que você é a mais famosa? – perguntou.
-Aham – se gabou – Mentira, tiramos no zerinho ou um.
-Besta – ele riu.
Ela terminou de se maquiar e foi com eles para a área vip assistir aos shows. Quando Leah entrou, muitos fãs gritaram, o repertório havia sido bem reduzido por conta do tempo, nada de efeitos especiais nem troca de figurino, tudo simples, quase um show acústico com pequenos intervalos entre eles. Até que no início da noite, Louis gentilmente anunciou o show da .
-Vou pra lá – ela respondeu.
-Bom show – disse rindo e eles se beijaram.
-Muita merda pra você – Harry riu.
-Hã? – perguntou sem entender.
-Depois te explico – ela sorriu – Obrigada, Styles, break a leg.
Eles sorriram juntos e minutos depois estava no palco, com certeza, não era o maior que já estivera, mas aquele ali, com aquelas pessoas significava muito mais do que um show gigantesco. Ela começou confiante enquanto a plateia interagia a cada segundo, pulavam, dançavam e cantavam junto com ela, sem duvida um publico caloroso como ela preferia. Em momentos oportunos, nas músicas mais românticas, ela olhava para que correspondia ao olhar na mesma intensidade. No final do show ela tirou um tempo para responder alguns deles e se preparou para o meet que teria logo em seguida.
-Você – ela apontou para uma menina que tinha o mesmo corte de cabelo dela – Amei seu cabelo.
-Obrigada – a menina respondeu sorrindo em meio às lágrimas – Eu te amo tanto, é muito bom estar aqui.
-Awn, que linda – sorriu sem jeito.
-Eu queria saber se o e o Ronan podem vir aqui no palco – a menina pediu e logo um coro de gritos e assobios a incentivaram.
-Eu não sei – passou o dedo pelo cabelo e olhou pra onde eles estavam – Vocês podem vir?
-Eu não posso fazer isso – disse assustado.
-Ferrou – Lauren riu.
-O que ta rolando? Por que não? – Harry perguntou.
-Ele tem pavor de público – Lauren respondeu ainda rindo da cara de pânico do .
-Fala sério, cara, vai lá – Nick incentivou.
-Ta maluco, tem muita gente lá.
-Olha pra mim – Harry colocou a mão no ombro de obrigando-o a encara-lo – Tem uma luz bem de frente para o palco, essa luz não vai deixar você ver muito bem as pessoas a partir da quinta fileira – explicou – E outra, fica com o Ronan no colo e se esconde atrás dele, isso pode dar certo. E... Ah, olha por cima da cabeça do público, isso vai fazer parecer que você está olhando pra eles.
-Eu não…
-Você vai – Lauren o interrompeu agarrando-o pelo braço e levando-o até o palco, os fãs foram à loucura quando viram entrando e gritaram ainda mais quando o recebeu com um selinho.
-Bem, esse é o – ela riu sem jeito e ele a abraçou de lado – E o Ron.
O pequeno se divertia com tudo, sorria para as fotos, fazia pose, respondeu até algumas perguntas. No final de tudo e saíram de lá de madrugada, chegaram em casa esgotados, o dia havia sido corrido.
-Nem acredito – ela disse se deitando ao lado de na cama depois do banho.
-Você viu o sorriso dele? – sorriu junto encarando o teto – De todas as crianças, dos pais, familiares…
se virou pra ele apoiando o rosto na mão ficando de lado.
-Você é incrível – continuou – Você é perfeita.
-Eu? O que eu fiz? – perguntou inocente.
-Você tem a sua carreira, sua vida, e mesmo assim arrumou tempo pra pensar nas outras pessoas – ele explicou se virando pra ela – Eu sou o cara mais sortudo do mundo.
-Isso eu concordo – ela se aproximou beijando-o – Mas eu faço isso porque eu amo vocês, muito.
-Eu também te amo – ele sussurrou e se deitou abrindo os braços pra ela se deitar também – Te amo muito – beijou o topo da cabeça dela e minutos depois pode ouvir sua respiração tomar um ritmo calmo e constante. Sorriu, nada se comparava a sensação de tê-la ali, dormindo em seus braços.
acordou com o sol em seu rosto, se revirou na cama tentando encontrar alguma posição melhor, mas estava quente demais para continuar deitada. Se levantou ainda com preguiça e encontrou sentado olhando pra ela.
-Bom dia – disse preguiçosa – Por que você não me acordou?
-Porque eu sabia que o sol faria isso por mim – riu.
-Não, era pra você falar “é que você fica linda dormindo, amor” – debochou – Vamos de novo, por que…
-Deixa de ser chata, – ele riu e se jogou ao lado dela – Você ta sempre linda, sempre.
-Eu sei – sorriu convencida dando um selinho nele – Vou tomar banho. Hoje você fica aqui descansando, eu vou passar o dia com o Ron na clinica.
-Nada disso – ele a segurou delicadamente pela cintura.
-Foi o que combinamos – ela disse confusa.
-Eu sei, . Mas, olha – ele a segurou pela mão entrelaçando seus dedos – quando você não está na clinica, está cuidando da sua carreira, shows, entrevistas, ensaios fotográficos – suspirou – Faz ideia de quanto tempo você não tem um minutinho pra você?
-, eu…
-Calma, me deixa terminar – ele fez um carinho na mão dela – Sei lá, fazer compras, ir ao salão, essas coisas que mulher gosta, você está há séculos sem sair com a Leah, a Lauren veio pra cá e vocês não tiveram nem um segundo juntas. Eu sei que isso é uma necessidade pra você, e eu vou me sentir como se estivesse te prendendo.
-Você não está – respondeu de imediato.
-Eu sei que não, eu sei que você faz isso porque nos ama – ele disse cauteloso – Mas acho que ta na hora de você se amar um pouquinho também, não acha?
-Você não vai me dar escolha, né? – ela afirmou.
-Não – riu – Hoje eu quero que você ligue pra Leah, combine com a Lauren ou com mais quem você quiser, e saia! Se divirta, seja feliz – ele deu um selinho rápido nela – Eu recrutei o Nick e a Ally para ficar na clínica comigo e com o Ron. Vai ficar tudo bem, amor. Se desliga um pouco, por mim – ele fez uma carinha meiga e ela riu.
-Ok, – riu de leve – Vou agitar as coisas com as meninas, a gente se vê de tarde?!
concordou com a cabeça e ela levantou pra se arrumar. saiu com Lauren na hora do almoço, encontraria Leah em um restaurante e as três passariam a tarde juntas, depois de comerem foram ao shopping.
-MEU-DEUS – Leah abriu a boca encantada – Eu preciso daquele vestido.
-Olha aquele sapato – Lauren completou puxando Leah pelo braço e apontando para a vitrine do lado.
-Droga de sinal – resmungou.
-Demetria, para de tentar falar com o .
-Não enche, coisinha.
-Sério, , a Leah tem razão – Lauren se intrometeu – A gente ta aqui pra se divertir, isso não é nenhum pecado e você prometeu que iria se desligar.
-Mas é que…
-Vou ter que tomar seu celular? – Leah perguntou brava e bufou – Ótimo.
-Mas eu não quero nenhum vestido e nem sapato, nem nada, não to no pique pra compras.
-Eu sei uma coisa que você pode comprar – Lauren riu divertida olhando para uma loja atrás de que se virou para ver do que se tratava.
-Nem pensa nisso – completou.
-Por que, ? – Leah riu – Eu acho uma ótima ideia.
-Eu não vou entrar lá – se apressou em dizer.
-, é uma loja como outra qualquer – Lauren sorria.
-Não, não é não – negou com a cabeça – Eu tenho fãs que são crianças.
-Ninguém precisa saber o que você comprou – Leah disse.
-Claro, vão achar que eu entrei em um sex shop pra comprar ursinhos de pelúcia – ironizou.
-Vai que tem, né – Lauren disse e as duas a encararam – O que, gente? Hoje em dia existe de tudo nessa área, uma vez eu comprei um…
-CALA A BOCA, LAUREN– interrompeu assustada.
-Eu só queria compartilhar minha experiência – riu sozinha – E eu acho super justo depois de ter uma tarde divertida com as suas lindas amigas, você dar diversão ao seu marido.
-Noivo.
-Tanto faz – Leah e Lauren disseram juntas.
-Todo mundo sabe que o ta hospedado na sua casa – Leah emendou – E nem vem pagar de santa que você já me ligou umas duas ou três vezes achando que estava grávida.
-Leah, você tirou o dia, né? – se irritou.
-Pra te amar, amiga linda. Tirei o dia para te amar – disse mexendo no cabelo – Tive uma ideia – encarou a mecha em sua mão – Eu e você vamos para o salão e a Lauren Safada , que entende dessas coisas vai para a loja e compra algumas coisinhas para a sua noite hoje.
-Aham, você não entende de nada – Lauren riu – Eu acho uma ótima ideia, encontro vocês daqui a pouco.
-Eu não quero… – tentou dizer, mas Leah a puxou pelo braço enquanto cantarolou um “tchauzinho” para Lauren que riu animada enquanto entrava na loja.
Elas entraram no elevador e foram para o último andar onde tinha um salão incrível que Leah adorava. Entraram e logo conseguiram uma vaguinha, não gostava muito disso, era apenas dizer seu nome que as portas se abriam.
-Eu não acredito que vocês estão fazendo isso – bufou – Não preciso de ajuda com a minha vida sexual.
-Aham – Leah disse distraída encarando as revistas escolhendo o que faria em seu cabelo.
-Sério, isso foi longe demais, esse tipo de coisa não se ajuda.
-Uhum.
-Leah, presta a atenção em mim – bufou irritada e Leah ergueu os olhos para encara-la – Eu não quero…
-Eu sei o que você não quer, Demetria, que coisa chata – ela quem bufou dessa vez – Fica quieta, se você não agradecer, ou melhor, se o não agradecer, você pode fazer o que quiser comigo e com a Lauren.
-O que eu quiser? – ela riu – Tentador.
-É, e tira esse sorriso assustador da cara – Leah disse jogando uma revista na amiga – Jogos Mortais – elas riram juntas.
-E então, o que vai ser? – uma mulher simpática perguntou.
-Eu quero só uma escova – Leah disse – E ela vai ficar morena.
-OI?
-Essa cor aqui – apontou no mostruário de cores.
-Leah – tentou se defender.
-Amiga, imagina que incrível você morena pra essa noite – riu – Tipo a Xena.
-Xena? – gargalhou – Você só pode estar bêbada.
-Vamos, você vai ficar linda – Leah riu junto com ela e elas entraram para fazer o cabelo.
Depois de algumas horas elas estavam prontas e haviam adorado o resultado. Terminaram de pagar e saíram à procura de Lauren.
-Tenho até medo de saber o que ela ta comprando durante todo esse tempo – Leah comentou e estremeceu.
-Avisa ela que nós vamos esperar no carro – disse – Não quero ser vista nem com sacolas dessa loja.
Leah revirou os olhos e mandou uma mensagem pra Lauren, assim que saíram vários paparazzi invadiram o estacionamento enchendo as duas de perguntas. Sempre as mesmas, como estava o namoro, no caso de Leah, o quase casamento, sobre Ronan, sobre os próximos CD’s... Com um pouco de dificuldade elas entraram no carro.
-Ufa – Leah respirou fundo, aliviada – Às vezes isso me faz querer desistir.
-Exatamente – riu sem humor tirando o sapato alto e massageando os pés – Manda outra mensagem apressando a Lauren.
-Ta louca pela noite de hoje, né, – implicou.
-Cara, eu devia ganhar um prêmio por te aguentar – riu – Eu to cansada, só isso.
Leah mandou um beijo pra ela provocando e pegou o celular da bolsa, enquanto digitava sentiu encostando em seu ombro, ergueu a cabeça e viu Lauren conversando com os paparazzi.
-Ah, não – soltou Leah rindo da cena.
-BEIJOS, FÃS – Lauren gritou enquanto corria para o carro – Ah, eles são legais – se sentou no banco de trás e encontrou as duas encarando-a – O que?
-Eles não…
-Eu guardei as bolsas dentro das outras – Lauren se apressou em explicar – Relaxa, não sou tão louca assim.
-Você deu cupcake para eles – Leah disse – Eles são inimigos – riu.
-Acho que vocês são injustas com eles – explicou pondo as bolsas ao seu lado – Eles são legais, é só você dar atenção que esquecem as perguntas chatas e começam a te fotografar.
soltou um riso bobo e revirou os olhos. Lauren era assim, conquistava todo mundo sem fazer muito esforço, seu jeito espontâneo e engraçado cativava com facilidade.
Chegaram em casa e assistiram um filme e devoraram vários doces até que no final da tarde as meninas obrigaram a se arrumar. Ela torcia o nariz pras coisas que Lauren tirava da sacola, aquilo lhe parecia um tanto assustador, mas mesmo assim sabia que poderia descontar nas duas depois, então deixou com que fizessem o que fosse preciso. No final de tudo, vestia um roupão que escondia uma fantasia supersexy que escolheram por votação, já que havia mais umas cinco tão provocantes quanto aquela.
-Pronto – Leah disse sorrindo.
-Acho que até eu te pego agora – Lauren riu.
-Idiota – bufou corada.
-Só falta ele broxar hoje – Leah disse e elas gargalharam.
-Ele não tem esse problema – mordeu os lábios instintivamente.
-Hm, ok – Lauren provocou – Beijo pra você e não precisa agradecer, ok? Ok.
-Beijos, meninas – abraçou cada uma – Obrigada – disse – pela tarde. – completou antes que elas zoassem – Foi tudo incrível.
-A gente merece isso – Leah disse – Vamos fazer mais vezes.
-Com certeza – Lauren completou e elas ouviram o barulho do portão – Hora da festa – disse rindo – Beijos, amiga, amanhã a gente se fala.
sorriu simpática e acompanhou as meninas até a porta, ficando pela sala mesmo esperando entrar.
-Ei, alguém? – ele perguntou entrando e pondo as chaves na mesinha – ?
-To aqui – ela respondeu e ele seguiu a voz dela encontrando-a no sofá.
-NOSSA – soltou involuntariamente – seu cabelo.
-Não gostou? – perguntou triste.
-Eu amei – ele sorriu – Tá muito linda. – fez uma pausa – Meu Deus, , você tá perfeita.
-Obrigada – ela se aproximou dele beijando-o apaixonadamente.
-O que te deu? – ele perguntou ofegante, se afastando a procura de ar.
-Nada, por quê?
-Sei lá, esse fogo todo – ele riu passando a mão pela cintura dela.
-Ta reclamando, é?
-De jeito nenhum – ele disse e ela se aproximou dele sussurrando:
– Você ainda não viu nada – o pegou pela mão e o guiou até o quarto, como havia prometido as meninas, aquela noite seria inesquecível, e seria deles, isso era tudo que importava.
se levantou cuidadosamente, não queria que acordasse. Foi até o banheiro e quando viu seu reflexo no espelho reparou o sorriso bobo que tinha nos lábios, suspirou e lavou o rosto escovando os dentes, logo em seguida colocou uma blusa qualquer e um short e desceu as escadas, faminta.
-Aê, finalmente – Nick a recebeu – Não entendi nada quando a Lauren me puxou portão a fora ontem à noite.
-Onde vocês dormiram? – ela perguntou fuçando a geladeira.
-Na casa da Leah – Lauren entrou na cozinha respondendo – Nunca mais faço isso, a Ally mal dormiu com o ronco do Lou, por isso madrugamos aqui, fiquei com medo da festinha estar rolando até agora.
-Pô, impossível – Nick riu.
-Ou não – brincou e eles arregalaram os olhos.
-Já vi que não vai torturar a mim e a Leah.
-Não mesmo – riu mais ainda.
-Seus fãs sabem desse seu lado, ? – Nick implicou e ela tacou o pano de prato nele.
-Hoje a sua mãe disse que vai levar a Betty pra fazer compras – Lauren mudou de assunto – Eu vou tentar dormir, já que eu não dormi nada essa noite…
-Eu vou pra clínica hoje, relaxa – ela disse pegando algumas coisas na geladeira e indo se sentar a mesa com Nick e Lauren – Já vou acordar o .
-Não precisa – ele riu, estava com os olhos inchados, descabelado e só de bermuda – Bom dia – foi até e deu um selinho demorado nela.
-Ou, mas já? – Lauren riu.
-Bom dia pra você, ciumenta.
-Não é ciúmes, só não quero poluir minha visão, principalmente há essa hora.
-Ou seja: – ele se levantou e a agarrou por trás – ciúmes.
-Vai se ferrar, – Lauren reclamou ao mesmo tempo em que o telefone tocou.
-Eu atendo – disse se levantando – Alô.
Ela esperou um tempo para que a pessoa do outro lado da linha dissesse algo e à medida que ouvia ela ia ficando pálida, seu coração acelerou de tal forma e uma tontura a atingiu em cheio que foi necessário se agarrar a bancada da cozinha para não cair. Piscou duas, três, várias vezes seguidas para por todas aquelas informações no lugar enquanto os outros a encaravam assustados. fez menção em dizer algo, mas ela arrumou forças, sem saber de onde, para levantar a mão impedindo-o, se concentrou no que a pessoa do outro lado da linha dizia e desligou logo depois de sussurrar com extrema dificuldade:
-Estamos chegando.
-O que houve? – Nick perguntou, mas ela não conseguiu dizer nada.
-Calma, senta aqui – disse calmamente e a pegou pelo ombro guiando-a até a cadeira. ainda não tinha se dado conta o quão forte fincou os dedos na bancada, eles agora latejavam, mas ela não tinha tempo pra se preocupar com isso – Lauren, prepara um pouco de água com açúcar, por favor – ordenou de forma firme e se virou pra – O que aconteceu, amor?
Ela abriu a boca algumas vezes, mas nenhum som saia. Estava com o olhar assustado, parecia uma criança perdida, de repente sentiu a boca seca e começou a tremer de forma assustadora encarando com… pena? Ele se perguntou, por que ela estaria sentindo pena dele? Não fazia sentido, mas mesmo assim era só isso que ele conseguia decifrar nos olhos dela, pena e desespero, um imenso desespero, que o deixava ainda mais preocupado.
-Toma, bebe – Lauren disse entregando o copo pra ela, que bebeu tudo de uma vez e aos poucos pode ir recobrando os sentidos. Voltou a encarar a sua frente, intacto, esperando uma explicação pra aquilo tudo, não sabia como dizer a ele o que precisava dizer, apenas se lembrou das vezes em que a vida havia lhe obrigado a ser forte e se prometeu que ali não seria diferente, e como se fosse mágica, aquela forte e decidida se levantou da cadeira.
-A gente tem que ir pra clínica – disse normalmente e subiu as escadas correndo.
-Droga – disse irritado e socou a mesa.
-Alguém me explica? – Nick perguntou, ele e Lauren se olharam confusos.
-Alguma coisa aconteceu com o Ronan, eu sinto – se desesperou e não fez questão de esconder as lágrimas – Ela não vai se deixar abalar, eu sei disso, e isso não vai fazer bem a ela, eu vou ter que segurar tudo sozinho.
-Ela parece tão… – Lauren começou a dizer.
-Forte? – ele a cortou – É, ela se obriga a isso às vezes, mas vai por mim, quando ela não aguentar mais eu tenho até medo do que vai acontecer – ele levou as mãos até o rosto – Eu vou tentar falar com ela depois, mas agora, eu preciso ir pra clínica.
-Relaxa você não está sozinho – Nick se levantou e abraçou o irmão que sorriu em resposta.
entrou no quarto em silêncio, se sentou na cama e esperou pacientemente o banho de terminar. Assim que ela saiu ele entrou para tomar o seu, eles não se olharam por muito tempo, ela estava se controlando pra não desmoronar na frente dele, ela se cobrava isso, pois sabia que ele não aguentaria quando descobrisse o que estava acontecendo.
- – chamou assim que estacionou o carro em frente a clinica – Eu prefiro saber por você.
-Eu acho que não consigo contar – ela disse baixo fitando o nada.
-Tudo bem – ele suspirou e segurou a mão dela obrigando-a a olha-lo – Mas promete que vai estar comigo, por favor.
-Sempre – ela ergueu sua mão livre e fez um carinho no rosto de , puxando-o para um beijo demorado – Vou estar sempre com você.
Eles desceram do carro de mãos dadas e foram recebidos por Victoria com um sorriso forçado.
-Não precisa fingir ser simpática, Victoria – disparou e mudou de cor.
-…
-Cansei de tudo, – caminhou puxando-o pela mão até a bancada onde uma simpática recepcionista digitava algo no computador - Alice – riu, elas haviam feito amizade, na verdade, a comprava com bolinhos, roupas de grife, sapatos e joias toda manhã, só pra ficar de olho em Victoria.
-, querida – na hora a menina se virou simpática – Tudo bem?
-Sim – disse pra si mesma, na verdade – A médica do Ronan disse que gostaria de falar comigo e com o , você pode ver se ela está desocupada agora?
-Claro, um segundo – a menina apertou um botão e chamou a doutora – Ela está na sala dela, vocês sabem onde é, certo? – perguntou e o casal concordou com a cabeça – Está pronta para recebê-los.
-Obrigada – sorriu e apertou a mão de , queria passar confiança a ele, mas isso lhe faltava também, então pareceu mais um ato de desespero e nervosismo. Entraram silenciosamente e a médica os encarou séria. Péssimo sinal.
-Sentem-se – ela disse arrumando os papéis na sua frente.
-Doutora, eu... – tentou dizer enquanto se sentava, mas ela o interrompeu.
-Por favor, Senhor , aguarde até que eu termine – disse e olhou pra ele estendendo a mão, ele a segurou como se sua vida dependesse disso – Sabemos que chegamos ao último estágio do tratamento do Ronan, ele não respondeu aos estímulos e não encontramos nenhum doador compatível…
-Ainda – disse confiante.
-Por favor – a médica continuou – Ontem à noite ele piorou de forma preocupante…
-EU QUERO VÊ-LO AGORA – se levantou tão rápido que deu um pulo ao seu lado.
-Senhor , não me obrigue a tomar medidas piores com você – a médica elevou o tom de voz e o encarou severamente, que voltou a se sentar relutante – Chegamos a um patamar crucial na vida dele e temo que ele não resista.
-Mas ele estava bem – disse e o tom agudo de sua voz entregou seu medo, sua muralha estava caindo aos poucos – Você não falou nada sobre o estado dele – encarou – Isso quer dizer que ele estava bem, não quer?
-Na verdade – disse – ele passou a maior parte do tempo desacordado devido ao tratamento e aquelas manchas roxas – parou de falar repentinamente já que um nó o sufocava.
-Meu Deus, – ela se espantou – Por que você não me falou?
-Eu não tive tempo – disse – Eu cheguei em casa e você... – ele parou de novo – Você sabe.
-Está dizendo que a culpa é minha? – ela abriu a boca incrédula.
-Estou dizendo que nós não estamos focando no que é certo – ele rebateu – Não era hora para aquilo, você sabe.
-Eu não fiz nada sozinha – disse entre dentes.
-E você acha que dava pra resistir? – ele elevou um pouco o tom de voz.
-Acalmem-se, por favor – a médica pediu firme e eles a encararam – Me escutem, não há muito mais o que se fazer – ela sussurrou – Digo, podemos ficar com ele aqui, preso àqueles aparelhos e abatido, ou ir pra casa com vocês, manter os medicamentos e viver um pouco no meio desse caos, estaremos de sobreaviso caso precisem de algo.
-Quer dizer que eu vou ter que conviver com o meu filho sabendo que no segundo seguinte ele pode não estar mais ali? – perguntou, agora não conseguia controlar as lágrimas – Imagina, eu não consigo.
-Ele pode ficar…
-Não – a interrompeu – Nós vamos levá-lo.
-O que? – ele se virou pra ela – , eu não vou conseguir, ele vai estar bem e um segundo depois ele pode estar morto. Entendeu bem, morto?
-PARA – ela gritou começando a chorar também – Você prefere o que? Que ele fique aqui, sozinho, é isso? Que ele não tenha nada de bom antes de... – não conseguiu falar – Droga, . Droga, eu quero fazê-lo feliz, eu quero amenizar tudo isso.
-É IMPOSSÍVEL – ele se levantou de novo – É impossível – parou na porta e a encarou, seus olhos estavam inchados e ele apertava fortemente a própria nuca enquanto mordia os lábios – Eu não consigo sem ele aqui – e saiu transtornado.
-Eu vou atrás dele – disse se levantando.
-, sem querer me meter – a doutora disse se levantando também – Mas ele já é um homem, sabe o que fazer, já o Ronan está esperando por vocês no quarto.
-Mas eu tenho medo que ele faça alguma besteira – disse baixo.
-Ele não vai – pela primeira vez a médica sorriu, mesmo que tenha sido de leve – Ele vai ver que é o melhor a ser feito.
concordou com a cabeça e saiu da sala. Passou no banheiro e lavou o rosto respirando fundo, ligou para Nick e pediu pra ele procurar e quando achou que estava relativamente bem, foi ao encontro de Ronan e por sorte o pegou acordado.
-Oi, meu amor – sorriu abertamente fechando a porta e se sentando na beirada da cama – Como você tá?
-To com sono – ele reclamou.
-Eu tenho uma notícia que eu acho que pode te animar, mas antes eu quero que você me ajude com uma coisinha.
-Pode dizer – Ronan disse. tentou ignorar o tom baixo e cansado de sua voz.
-Quero que você me fale tudo que você sempre quis fazer, os lugares que sempre quis ir, os filmes que quer assistir, tudo. Vou fazer uma lista.
-Eu não quero nada – ele disse baixo e a encarou – Eu só quero ir pra casa.
respirou fundo para não chorar bem ali, bem na frente dele. Se ajeitou na cama e sorriu de forma maternal.
-Mas isso já vai acontecer – disse empolgada.
-Jura? – o pequeno sorriu – Caramba, é mesmo?
-Sim – riu se levantando – Daqui a pouco a doutora virá aqui e daí é só a gente arrumar as coisas.
Em poucas horas já estava com Ronan em casa, uma enxurrada de recomendações e uma dose de preocupação a mais, porque até agora não havia nem sinal de . Resolveu se desligar disso e passou o dia assistindo a maratona de Bob Esponja. Quando se deu conta já era noite e Ronan dormia calmamente ao seu lado, a primeira coisa que ela fez foi ver se ele respirava, se sentiu aliviada ao constatar que sim. Levantou calmamente para não acordá-lo quando sentiu lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
-Eu te amo tanto, filho – passou a mão pelo rosto dele enquanto sussurrava – Eu te prometo que vai ficar tudo bem – beijou de leve o topo da cabeça dele e ajeitou o cobertor a sua volta. Deu uma última conferida nos comprimidos na mesinha e nos horários a serem tomados, se virou pretendendo chorar em silêncio até não sentir mais esse aperto no peito, mas encontrou parado na porta, encarando a cena, igualmente emocionado.
passou por ele como se ele fosse um objeto, pode ouvi-lo entrar no quarto de Ronan. Ela foi direto para o banho, demorou o máximo que pode lá, apreciava enquanto cada gota de água relaxava seus músculos de forma milagrosa. Fechou os olhos e chorou tudo que havia segurado até agora, pediu a Deus que o barulho do chuveiro abafasse os sons de seus soluços que eram cada vez mais altos, se agachou lentamente até se sentar no chão, o contato com o chão gelado fez com que ela fizesse uma careta, jogou a cabeça para o lado e encarou uma caixinha na prateleira mais alta ao lado do armário.
-Não – se surpreendeu com seu próprio sussurro – Você não pode, você não tem culpa – disse pra si mesma – Você é forte, , muito forte.
Ela encarou mais uma vez a caixinha e voltou a chorar, escondeu o rosto entre os joelhos e abraçou a perna tentando manter um raciocínio lógico, mas tudo que vinha a sua mente eram as palavras de , afinal, ele estava certo, se ela não tivesse sido radical desde o início com toda essa história de ter uma noite romântica, nada disso teria acontecido, certo? Não, não era certo, ela não tinha culpa, mas a situação fazia com que ela se sentisse culpada e isso era demais pra ela. Se levantou sem se preocupar em como estava molhando o chão do banheiro e abriu a caixinha pegando a lâmina que estava dentro, não sabia ao certo como havia chegado ali, nem como havia começado, só se deu conta quando a água ao seu lado tomou um tom avermelhado e seu pulso começou a arder de forma assustadora. Tudo voltou como era antes, ali estava a de sempre, jogada no chão do banheiro quebrando promessas antigas.
Quando a sensação de felicidade, se sentindo justa em se punir daquela forma, passou, o sentimento de culpa a invadiu tão violentamente como um soco e a fez chorar mais uma vez de forma mais assustadora que antes. Jogou a lâmina longe, não viu ao certo onde caiu, e se encolheu de novo, dessa vez, sem se importar com o chão gélido. Encarou o nada pondo a mão na nuca balançando de um lado para o outro, o que acabara de fazer era inadmissível, estava lutando contra isso há anos, não podia simplesmente jogar tudo fora.
Respirou fundo tentando acalmar os pensamentos ruins. Era sempre assim, ela abria uma brecha, por menor que fosse, e todos os outros monstros internos se afloravam de tal forma que ela não conseguia dominar. Negou com a cabeça e a levantou sentindo a água cair sobre seu rosto, pediu a Deus forças e quando abriu lentamente os olhos encarou os dedos já enrugados, há quanto tempo estava ali? Se perguntou. Possivelmente a mais de uma hora.
Levantou-se relutante e desligou o chuveiro quando teve a certeza que o fluxo de sangue em seu pulso havia parado. “Você é forte, ”, lembrou-se da voz de , que sempre a falava isso.
-Forte – encarou o outro pulso enquanto pegava a toalha – Sua força é uma piada – riu sem humor e passou a toalha pelo corpo envolvendo a mesma no cabelo depois que terminou – Você é uma piada, – disse baixo embora houvesse prometido que não se diminuiria mais com essas palavras tão duras.
Colocou um band-aid nos dois cortes piores e ignorou os outros, esses não sangrariam de novo. Vestiu suas roupas íntimas e pensou no que colocaria para dormir, precisava ser algo de manga comprida embora desacreditasse que fosse dormir com ela. Mesmo assim, precisava ser precavida, porém estava calor e todas as blusas que tinha eram pesadas demais para dormir, até que se avistou seu pijama xadrez vermelho e preto atrás da porta do banheiro. Vestiu-o e ficou apenas de calcinha já que ele era bem maior que ela e tinha um tecido bem leve, deixando-a confortável para o calor e para esconder as novas marcas.
Encarou o espelho e viu que estava acabada. Rosto abatido, cansado, os olhos ainda um pouco inchados e olheiras. Suspirou e escovou os dentes rapidamente. Já havia enrolado muito ali dentro, mordeu os lábios, deu uma última conferida pra ver se não tinha nenhum vestígio de sangue nem nada que a entregasse e saiu encontrando sentado na cama olhando pra ela.
Ignorou-o completamente, foi até a penteadeira pegando um dos seus melhores cremes hidratantes, começou a passar na perna quando ouviu pigarrear. Não se virou pra ele, nem se mexeu, continuou fazendo o que estava fazendo.
-Esse é o meu favorito – ele disse se referindo ao hidratante, mas ela continuou ignorando-o – Você não vai falar comigo, né? – fez uma pergunta retórica – Não vai perguntar onde eu fui? O que eu fiz? Com quem eu estava? – frisou a palavra “quem”.
o encarou e suspirou derrotada, desabotoou a blusa e passou o creme pelo pescoço descendo até a barriga em movimentos circulares, arfou mordendo os lábios.
-Não me importo, você já é bem grandinho – terminou e tampou o potinho colocando-o na penteadeira – E outra, com certeza tinham paparazzi atrás de você.
-Então você vai procurar saber?
-Não. – se sentou na cama e ele se ajeitou para olha-la – Eu quero continuar confiando em você, embora ultimamente você não tenha me dado muitos motivos.
Aquelas palavras lhe atingiram de uma forma assustadora. Apesar de tudo, não queria perdê-la, não suportava a ideia de não estar com ela, por um instante se desesperou.
-Desculpa – sussurrou – Depois que eu vi você colocando o Ronan pra dormir eu tive certeza que você tomou a decisão certa, o lugar dele é aqui com a gente… Enquanto for possível – sussurrou o final.
-Tenta não pensar nisso, ok? – ela sorriu de leve e passou a mão no rosto dele – Eu te amo e eu não quero estragar tudo.
-Eu que estou estragando tudo – ele abaixou o olhar rindo da situação – Eu acho que não te mereço.
-Eu também acho que não. – disse sincera e ele a encarou – Mas fazer o que, né, a gente não escolhe quem a gente ama.
-Sua sinceridade sempre me impressiona.
-Quem bom. – ela riu e tombou para o lado dando um beijo demorado nele – Boa noite – disse começando a abotoar a blusa do pijama.
-Ah, não, deixa aberta – reclamou.
-Como é? – ela riu e terminou o último botão – creio que isso não é o certo a se focar agora, né?
-Não podemos pagar mal por mal – repreendeu sorrindo da situação.
-Para de rir, eu não to brincando.
-O que? – ele se assustou com a ideia.
-Isso mesmo, lindinho – se aproximou dele – Greve de sexo – disse pausadamente.
-Tá de brincadeira…
-Você acha que eu ia te perdoar tão facilmente? – riu – Iludido.
-, me desculpa, eu... – começou a atropelar as palavras.
-, calma, você ainda não viu nada – ela aproveitou que ele estava sem camisa e arranhou de leve a barriga dele que se contraiu na hora – Além de não ter nada por um tempo que eu ainda vou determinar – ela se aproximou mais e mordeu os lábios dele, seguindo uma fileira de outros beijinhos de leve até a orelha voltando a sussurrar – eu ainda vou te provocar até você implorar por isso.
-Isso não se faz – ele disse com dificuldade mantendo os olhos fechados, mas não resistiu à proximidade e a pegou pelo braço se virando para ficar por cima, ao mesmo tempo que a ouviu reprimir um grito de dor – Tá tudo bem?
não conseguiu conter a lágrima que rolou lentamente pelo seu rosto, arregalou os olhos desesperado e se afastou procurando onde podia tê-la machucado, quando encarou onde suas mãos estavam se desesperou.
-Me solta – ela disse com dificuldade enquanto uma vergonha a invadia – Me solta, por favor – pediu e sua voz vacilou com o desespero, ele a soltou e na hora ela passou a mão no pulso.
- – sussurrou apavorado, uma coisa era ela ter esse hábito, outra era ela manter, e o pior, por culpa dele. Na hora que se deu conta do que havia acontecido, ele se lembrou das palavras duras que tinha dito na clínica.
-Não fala nada, – ela se levantou – Ninguém entende. Ninguém nunca entende.
-Eu…
-Você diz que não me merece – ela o interrompeu – Mas eu é que não te mereço, na verdade, ninguém me merece – ela suspirou sentindo seu rosto se inundar com as lágrimas – Olha pra mim, sou uma louca que não tem coragem pra enfrentar os problemas e se machuca – parou de falar e o encarou, seu olhar estava carregado de desespero, era como se as palavras mostrassem uma coisa e os olhos mostrassem outra, na verdade, ela só queria ajuda – Sabe o que é pior? Uma menina qualquer me parar na rua e me dizer que eu a fiz forte, que eu a ensinei a passar por cima dos seus problemas. Eu – ela riu sarcástica – Eu, , EU? – começou a gritar do nada – EU SOU UMA MENTIRA, EU NÃO SOU FORTE, EU QUIS ME MATAR DENTRO DAQUELE BANHEIRO E SABE O QUE ME IMPEDIU? – ele engoliu o nó na garganta e encarou a menina frágil a sua frente – Você – sussurrou – Você e o Ronan são o que me prendem aqui.
Ele não sabia o que falar, olhou pra ela tentando entender o que ela queria, realmente não sabia como agir naquela situação. Respirou fundo e fechou os olhos pensando o que ela significava, bipolar ou não, com transtornos alimentares ou automutilação, com qualquer desses problemas ou sem eles ela era a , a sua , a menina que o fez esquecer o passado, a sua pequena, que ele queria cuidar, proteger. Ao mesmo tempo, parecendo frágil, ainda era seu porto seguro, seu ponto de equilíbrio.
Cambaleou até ela ainda meio atordoado e a encarou fixamente deixando transparecer apenas com o olhar que estaria com ela independente de tudo, sorriu de leve lhe passando confiança, beijou sua testa de forma demorada e a envolveu pela cintura, suspirou.
Depois de alguns minutos ele se afastou, pegou-a pelo braço e levantou a manga da blusa, por um instante quis gritar, aquilo não era justo, ela era tão linda, tão perfeita aos seus olhos, vê-la se machucar daquela forma o causava enjoo. Negou com a cabeça voltando a pensar coerentemente e beijou de leve o pulso dela, na hora só conseguiu chorar.
-Eu vou cuidar de você – ele sussurrou levantando o olhar sem deixar de acariciar sua mão – Eu vou estar com você sempre, mesmo que às vezes eu aja como um idiota e diga coisas no calor da discussão. Não se esqueça de que eu te amo e eu estou do seu lado – voltou a segurá-la pela cintura – Esse é o ponto forte do nosso relacionamento, você percebeu? – ele riu sem jeito e entrelaçou os dedos aos dela enquanto a outra mão passeava livremente pela cintura de – Eu preciso de você tanto quanto você precisa de mim, esse apoio mútuo é o que nos une. Eu te amo, , e eu quero te ver feliz pra eu ficar feliz. Eu não consigo suportar a ideia de ter falhado com você e…
-Shi – ela levantou a mão livre e colocou o dedo indicador na boca dele – Eu só preciso do seu abraço agora, de mais nada.
Ele suspirou e a pegou no colo como faria com Ronan, carregou-a até a cama e ambos se ajeitaram. Ela apoiou a cabeça no ombro dele se escondendo no pescoço e foi se acalmando aos poucos. a apertou pela cintura e se arrumou fazendo um desenho na perna dela com o dedo. Descia e subia de forma leve, eles ficaram assim, em silêncio por um longo tempo.
- – ele chamou com a voz rouca e ela se arrepiou.
-Hm – respondeu fraca já que seus olhos pesavam de forma assustadora.
-Achei que estivesse dormindo – ele disse baixo – Sobre a greve…
-Ainda está valendo – ela disse e riu de leve se entregando ao sono que a dominava.
- – chamou baixo a sacudindo de leve – , levanta – começou a trilhar um caminho com beijos delicados indo do ombro até a nuca dela, que se mexeu, arrepiada.
-Me deixa, – resmungou ainda meio inconsciente.
-Já tá tarde e já estão todos esperando, já vamos servir o almoço – ele disse e ela deu um pulo da cama.
-O CHURRASCO – gritou assustada se lembrando do que havia combinado com sua família.
-Exatamente – ele sorriu meigo – Vai se arrumar e não demora pra descer.
concordou ainda meio sonolenta e se levantou para tomar um banho rápido. Ao constatar que o tempo estava um pouco nublado, o que era raridade, se deu conta do por que não ter acordado com a claridade, há tempos não dormia tanto. Abriu o chuveiro e respirou aliviada por estar se sentindo melhor e pelo tempo estar assim, isso facilitaria com as blusas de manga comprida.
Desceu rapidamente com um moletom qualquer que praticamente a engolia e um short jeans, nunca entendera essa mania de , mas achava extremamente sexy o fato dela usar um casaco tão grande que escondia o short, sorriu ao vê-la completamente à vontade e aparentemente bem melhor.
-Desculpem o atraso – ela sorriu sem graça indo falar com todos ali.
-Que nada, querida – Betty sorriu de leve – Estamos terminando aqui.
-Quer ajuda? – ela apontou para as panelas, torcendo pela resposta ser negativa, não sabia cozinhar muito bem, mas não podia ter deixado de se oferecer.
-Não, sua mãe e a Dani estão me ajudando – respondeu – Obrigada.
sorriu e se virou vendo se aproximar com Ronan no colo.
-MÃE – o menino gritou e aquilo pareceu exigir muito de suas forças, sorriu e estendeu o braço pegando-o no colo.
-Oi, meu príncipe – fez um carinho que suspirou deitando a cabeça em seu ombro.
-To com fome – ele disse baixo – E eu não gosto de frio.
soltou um risinho fraco.
-Nem eu – torceu o nariz e se sentou em uma cadeira próxima a piscina ajeitando Ronan no colo, logo engataram um papo qualquer.
-To preocupado – puxou uma cadeira se sentando ao lado de Lauren e Nick que conversavam animadamente sobre qualquer coisa, ele encarava e Ronan – Eu me esforço, mas não consigo agir como se isso não fosse acabar a qualquer momento.
- – Lauren chamou se aproximando dele.
-Não dá, Lauren, não consigo – ele olhou pra ela de forma desesperada – A também não consegue, eu sei que não. – um nó apertou sua garganta quando se lembrou da cena, noites atrás.
-Mas ela tá tentando, cara – Nick disse baixo – Mesmo que essa preocupação toda esteja assustando ela também, ela ta tentando fazê-lo feliz aqui – ele se virou pra encarar e Ronan que agora gargalhavam de algo – Tenta também.
suspirou agoniado e ficou pensando em como sua vida estava uma bagunça. Enterrou o rosto nas mãos e segurou o choro respirando fundo, agradeceu quando Betty e Dani chegaram com travessas de comida e colocaram na mesa, chamando todos para se aproximar. Seu sogro fez uma oração e naquele momento ele não precisou fazer esforço para parecer feliz, todos estavam à vontade, todos sorriam, todos se sentiam bem, e ele pertencia àquele lugar, aquela era sua família.
-Tchau – sorriu para Betty, Leo, Dani e Jake que preferiram ficar hospedados em um hotel.
-Todos já foram? – perguntou encarando que fechava a porta.
-Uhum – ela sorriu pra Ronan que estava deitado no colo do pai vidrado na TV – Vou pegar alguma coisa doce pra eu comer – riu – Quer?
-Eu quero – Ronan levantou o dedo sem tirar o olho da TV.
-Ah, você está me escutando, né – riu – Vou pegar – saiu correndo e quando chegou deu um grito de dor.
-?! – gritou desesperado se levantando e deixando Ronan no sofá.
-Calma, não foi nada – ela tentou rir, mas seu pé sangrava um pouco, se abaixou e pegou o objeto que havia lhe machucado – Malditos dinossauros de plástico, eu sempre me machuco com eles.
-Tá vendo isso aqui? – mostrou uma cicatriz no joelho – Carrinho de polícia.
Eles riram juntos.
-Que foi, mãe? – Ronan apareceu na cozinha com olhar inocente.
-Campeão, você não pode deixar os brinquedos espalhados pela casa – disse pegando o filho no colo e colocando-o sentado na bancada – A mamãe machucou o pé.
-Tá tudo bem, – tentou dizer, mas ele a interrompeu.
-Ele tem que aprender – disse sério, mas de forma suave – Pede desculpas.
-Desculpa, mãe – ele pediu e estendeu os bracinhos pra que ela o abraçasse, e assim fez.
-Ta tudo bem – sorriu com ele no colo.
-Mas esse dinossauro foi o Tio Jake – disse sapeca, e riram.
-Depois ele vem pedir desculpas também – disse abrindo a geladeira e pegando uma barra de chocolate – Filme?
-E depois praia – Ronan levantou os braços, empolgado.
-Praia com esse tempo? – torceu o nariz.
-Poxa, quando tava sol eu tava na clínica – o menino abaixou o olhar – Não precisa entrar na água, só quero pegar conchinhas.
-A gente vai – disse e o garoto sorriu – Tem uma praia aqui perto que não fica muito cheia, ainda mais em dias como esse.
concordou e depois do filme eles se arrumaram pra ir até a praia. mancava um pouco o que o fez perguntar se ela não preferia ficar em casa, claro que não, ela não perderia essa tarde. amava a beleza das pequenas coisas, dos pequenos gestos, e sabia que seria mais feliz naquela tarde do que já fora em toda a sua vida, estaria com a sua família em algo que parecia tão simples, mas devido à situação, começou a agradecer a Deus por cada segundo ao lado do filho.
-Sem correr, Ron – disse observando o filho indo na frente enquanto ele e caminhavam de mãos dadas mais atrás, a praia estava deserta e o vento parecia mais gelado vindo do mar – É estranho, uma hora ele ta bem e outra hora ele…
-Hoje não, . Hoje não – sussurrou.
Depois que Ronan pegou as conchinhas que queria, eles se sentaram na areia pra lanchar. Era fim de tarde e estavam apreciando a vista, estava com o pequeno deitado em seu colo enquanto se apoiava em , ninguém disse nada, não era preciso dizer nada porque o momento falava por si, eles estavam completos ali, os três e não precisavam de mais nada.
-Vamos? – perguntou baixo depois de um longo silêncio, perderam a noção do tempo – Tá ficando tarde e frio.
-Uhum – concordou e ela se desencostou dele para que ele levantasse – Bora, campeão – sorriu e estendeu o braço para Ronan – Ron – chamou de novo e sem saber o porquê sentiu uma pontada aguda no coração – Ronan – quase gritou dessa vez, mas o menino não se mexeu.
encarou em silêncio enquanto lágrimas se formavam de uma maneira que qualquer um acharia humanamente impossível. Ela voltou os olhos para o menino em seu colo e pediu a Deus que ele estivesse sonhando, sonhando com algo muito bom, já que a realidade estava distante disso. sentiu as pernas falharem e se jogou de joelhos bem de frente a eles chorando desesperadamente, encarou mais uma vez e pode ver quando ela sussurrou no ouvido de Ronan:
-Eu te amo – engoliu o choro já que respirar estava ficando cada vez mais difícil – filho.
**
Me arrumei mesmo sem sentir a mínima vontade pra isso, na verdade, não sinto vontade de fazer nada. Eu sabia que isso aconteceria uma hora, todos sabiam na verdade, mas daí realmente acontecer é algo assustadoramente terrível.
Encarei meu pé machucado antes de calçar uma sapatilha preta bem confortável e me olhei no espelho pela última vez, maquiagem seria besteira já que eu ainda não tinha parado de chorar nem por um segundo se quer. Suspirei e peguei meu celular lendo os recados dos meus fãs, a mídia já sabia de tudo e mais uma vez eu encarei aquela tag nos assuntos mais comentados do twitter: Stay Strong .
-Por vocês – sussurrei pra mim mesma e ouvi batidas na porta. Ergui meu olhar e quase desmaiei, ver daquele jeito era demais pra mim. Queria poder tirá-lo de todo esse pesadelo, mas isso seria impossível se eu não soubesse como sair também. Tentei sorrir, mas acho que não deu muito certo.
-Vamos? Tá na hora – ele disse apoiado na porta e eu suspirei concordando, peguei minha bolsa e desci.
Fomos em completo silêncio até a capelinha que escolhemos, era pequena e afastada da cidade. Saí do carro tentando controlar as lágrimas, se apressou para me alcançar e entrelaçou nossos dedos apertando um pouco a minha mão, sabia que, independente de tudo, eu o teria do meu lado para me ajudar, olhei pra ele e mais uma vez tentei sorrir.
Entramos e todos que estavam ali me encararam, eu odeio olhares de pena, odeio mais do que tudo, aquilo fez minhas pernas vacilarem e eu fiz menção de desmaiar. Um enjoo tomou conta de mim e eu pude sentir o pouco que eu ingeri naquelas últimas horas voltando a toda na minha garganta, respirei fundo e engoli seco tentando manter a calma.
- – Leah veio até mim e Louis me abraçou pela cintura, eles me conheciam bem, não precisava de palavras, até porque não tinha o que ser dito. Precisava apenas de apoio, do apoio deles que me conhecem há anos.
-Você sabe que a gente está do seu lado sempre, né? – Louis perguntou no meu ouvido e eu não pude deixar de chorar mais, o abracei com toda força que existia em mim e ele retribuiu de forma fraternal.
Quando Leah me abraçou eu pude jurar que desmaiaria ali, já passamos por tanta coisa juntas e eu não tenho palavras pra dizer o quanto o apoio dela vale pra mim. Depois que todos falaram comigo eu achei que não conseguiria ficar ali dentro mais, me afastei e me sentei em um banquinho que estava no canto da capela, olhei todos ali e procurei por e o encontrei na mesma situação que eu, do outro lado da sala, sentado, isolado.
Eu não consigo conter esse meu instinto de proteção por ele embora ele que me proteja na maioria das vezes, vê-lo ali, tão vulnerável, fez meu estômago revirar, abaixei a cabeça me sentindo um pouco tonta. Levantei alguns minutos depois e voltei a olhar para , mas ele não estava mais sentado lá, rodei meu olhar pelo salão e o encarei onde eu mais temia, no lugar onde eu não queria estar, me levantei vendo que ninguém prestava a atenção em mim ou nele e caminhei lentamente em sua direção. Conforme me aproximava, meu estômago dava outros sinais de que não estava nos seus melhores dias, mas eu ignorava isso. Quando cheguei perto o suficiente me agarrei a sua cintura e juntos nós choramos em silêncio encarando nosso menino ali, deitado, como se estivesse dormindo tão tranquilamente que nada poderia perturbá-lo.
Depois de um tempo seguimos até o cemitério na cidade de , era pequeno e simples e lá outros amigos dele se juntaram a cerimônia, chegamos e todos caminharam lentamente até onde ele seria enterrado. Encarei a todos ali, a família de , a minha família, alguns membros da minha banda que eram bem chegados a mim, Leah e Louis, todos que eu amava. todos, menos o mais importante.
Voltei meu olhar para aquele pequeno caixão e mais uma vez senti como se fosse desmaiar. Olhei em volta e encarei a plaquinha ao lado, “ ” , caminhei até ela e me abaixei.
-Obrigada por ter confiado em mim para cuidar dele – falei baixo e me surpreendi com o som da minha própria voz – Agora é sua vez – sorri fraco e senti uma mão no meu ombro, me virei e chorava ainda mais, me senti culpada por isso então me apressei pra pedir desculpas, mas ele só me abraçou forte. Nos soltamos quando eu ouvi o Pastor da cidade dar início a sua mensagem.
-Amém – ele finalmente disse depois de uma longa oração e pude sentir todos prenderem a respiração para o pior, o adeus definitivo.
-Espera! – disse tentando não parecer tão desesperada – Eu gostaria de mostrar algo a vocês antes – sorri para o Pastor que retribuiu de forma meiga. Chamei Brad, meu guitarrista e grande amigo e ele correu até seu carro voltando com um violão.
-Eu escrevi essa música em uma das minhas madrugadas na clínica – consegui com muito custo conter as lágrimas – Eu posso dizer com toda convicção que, o dia que ele me chamou de mãe, foi o dia mais feliz da minha vida e nada vai se comparar ao amor que eu sinto – me neguei a usar o verbo no passado – por ele – fiz uma pausa e olhei pra Brad que concordou com a cabeça – Ron, eu sei que você pode me ouvir e eu quero que você saiba que eu te amo muito.
Comecei a cantar me surpreendendo com o fato de parecer controlada na maior parte da música, embora todos aqueles sentimentos me corroessem por dentro.
I remember your barefeet down the hallway
(Eu me lembro de seus pés descalços pelo corredor) I remember your little laugh. Race cars on the kitchen floor, plastic dinosaurs. I love you to the moon and back.
(Lembro-me de sua risada delicada. Carros de corrida no chão da cozinha, dinossauros de plástico. Eu te amo daqui até a Lua)
Fechei os olhos e me senti bem, me senti conectada a Ronan de uma forma inexplicável. Senti como se ele (e ) pudessem me ouvir. Sorri ao perceber que, mesmo com tudo, ele estava bem, ele estava com sua mãe e não tinha porque me preocupar.
I remember your blue eyes looking into mine, like we had our own secret club.
(Lembro-me de seus olhos azuis olhando nos meus, como se tivéssemos nosso próprio clube secreto) I remember you dancing before bedtime then jumping on me, waking me up.
(Eu lembro de você dançando antes de dormir e depois pulando em cima de mim, me acordando) I can still feel you hold my hand, little man, and even the moment I knew. You fought it hard like an army guy.
(Eu ainda posso sentir você segurando minha mão, rapazinho, e até no momento eu soube. Você lutou firme como um homem do exército) Remember I leaned in and whispered to you: Come on baby with me, we’re gonna fly away from here. You were my best four years
(Lembro que eu me inclinei e sussurrei para você: Venha comigo, querido, nós vamos voar para longe daqui. Você foi os meus melhores quatro anos.
...
And what if I really thought some miracle would see us through. What if the miracle was even getting one moment with you.
(E se eu realmente achei que um milagre iria nos ajudar. E se o milagre foi ao menos conseguir um momento com você) Come on baby with me, we're gonna fly away from here.
(Venha comigo, querido, nós vamos voar para longe daqui) Come on baby with me, we're gonna fly away from here.
(Venha comigo, querido, nós vamos voar para longe daqui) You were my best four years…
(Você foi os meus melhores quatro anos)
…
Acordei daquele transe quando ouvi as últimas palavras da música saindo pela minha boca. Suspirei e olhei pra que também sorria emocionado e na hora tive a certeza de que ele havia tido a mesma sensação que eu: Ronan estava bem. Então nós também estaríamos. E só isso importa.
***
Quase nove meses haviam se passado e eu ainda não acreditava como eu estava bem, quero dizer, Ronan fazia falta, ele sempre vai fazer, mas era como um anjinho agora. Sabia que ele estava cuidando de mim e de . Sempre nos lembrávamos dele nas nossas orações e sempre sorriamos quando nos deparávamos com uma foto dele no mural do corredor.
-, corre aqui – gritei um pouco desesperada de dentro do banheiro e ele brotou do meu lado com uma rapidez assustadora.
-Não me diz que... – ele começou a dizer e eu soltei o grito de dor que estava preso na minha garganta.
-Pega a bolsa logo – disse entre dentes desesperada.
-Mas…
- EU VOU PARIR DENTRO DO BANHEIRO, PEGA A MERDA DA BOLSA LOGO – gritei com ele porque homem nessas horas só funcionam sob pressão.
Duas semanas depois do enterro, eu descobri que o enjoo que havia sentido não era só pela ocasião. Ficar grávida foi uma das melhores experiências da minha vida, e ter que lidar com nesse período foi uma ótima escola para o nosso futuro casamento.
Não que um papel vá mudar algo, tudo estava como antes, a família de voltou para sua cidade e ele ficou aqui comigo. Estamos bem, mas ele não conseguiu aturar muito bem minhas mudanças assustadoras de humor e meus desejos de madrugada, e agora não é capaz de pegar a bolsa que está dentro do armário enquanto eu urro de dor no banheiro.
-Calma, amor, respira – ele disse pondo a bolsa no ombro e me ajudando a por uma roupa.
-Eu to tentando – eu disse e gritei de novo – Coloca a bolsa no chão, , vai ajudar – disse tentando manter a calma.
-Boa ideia – ele respondeu rindo pelo nervosismo e colocou a bolsa no chão do banheiro me ajudando a colocar o vestido – Vamos – ele me segurou pela mão e agora as contrações já não estavam em seu ápice, o que me possibilitou ir andando até o carro e instruindo .
-Já ligou para a médica? – perguntei enquanto previa mais uma contração chegando, me agarrei no banco.
-Já, já sim – disse dividindo a atenção pra mim e para o trânsito.
-Prefiro que você – parei de falar para gritar – OLHE SÓ PARA O TRÂNSITO.
-É melhor – ele riu.
-Do que você ta rindo, idiota? – perguntei realmente irritada e mordi uma toalhinha que estava na minha mão com o intuito de abafar o grito.
-Você toda nervosinha – ele riu mais – É engraçado.
Me irritei.
-ENGRAÇADO PORQUE NÃO É – parei pra tentar me acalmar – você, seu infeliz.
-Eu não sou infeliz – ele estacionou e eu respirei aliviada por ter chegado. Vi que deu a volta e pegou a bolsa me ajudando a sair do carro logo em seguida – Você me faz o cara mais feliz do mundo.
Não tive resposta para aquilo já que era quase impossível pensar com aquela dor indo e vindo de forma assustadora. Graças a Deus a equipe médica estava preparada pra mim e eu entrei rápido na sala de parto, não sabia ainda se tinha maturidade e estrutura pra ser mãe. Mais uma vez me lembrei de Ronan e sorri, ele tinha me ensinado o significado dessa palavra e na hora uma onda de confiança me invadiu.
-Cadê o ? – perguntei olhando em volta.
-Ele está se vestindo, daqui a pouco está aqui – a médica disse simpática – Já escolheram o nome?
Acho que ela estava tentando me distrair e deu certo, qualquer mãe se esquece do mundo quando o assunto é seu filho.
-Ainda não – sorri – Não sabemos o sexo, preferimos a surpresa.
Ela riu concordando e eu pude ouvir a voz de .
-Diga oi, futura mamãe – ele tinha o olhar marejado e me filmava de perto.
-Para, eu to horrorosa – me defendi.
Depois disso foi como se alguém tivesse avançado a cena de um filme, não liguei pra dor, não liguei pra nada, despertei apenas ao ouvir o som fraco, quase um resmungo, de um bebê, depois ficou mais forte e meu coração acelerou. Pude ouvir que levaram ele pra longe de mim e foi atrás, nesse instante me senti desprotegida, minutos depois eles voltaram e ele colocou aquele pequeno embrulho no meu colo.
-É uma menina. – ele sorriu bobo e fez um carinho no meu rosto beijando a minha testa – Uma menina linda.
-Ei, minha princesa – sorri emocionada encarando aquele bebê tão pequeno.
-E então, diga oi – se afastou pegando a câmera novamente – Primeiro registro da... – parou e me olhou como se concordasse com a ideia que eu tinha tido dias atrás, então suspirei feliz que ele tenha gostado da ideia.
- – dissemos juntos e extremamente felizes.
Às vezes penso que a vida pode ser comparada a uma praia. Sorri ao lembrar no quanto Ronan amava praias… A nossa havia sido uma bagunça, como o mar em dias de tempestades: furioso! Mas agora, agora eu sinto que finalmente tudo está se acalmando. Sinto que tudo está entrando nos eixos, e o que resta é essa calmaria… Ondas pequenas que nos fazem pensar que, no fundo, tudo tem um propósito. Tudo vale a pena.
FIM
Nota da autora (31/03/15): Primeiramente, NÃO ME BATAM! Eu também to triste pelo Ron, mas, como quem conhece um pouquinho sobre a história dele (quem não souber e tiver interesse, dá uma olhadinha no blog da mãe dele – em inglês-) já dava pra ter uma ideia do final da fic. Bom, a fic foi baseada na canção da Taylor Swift ,“Ronan”, como vocês puderam perceber. Preciso dizer que chorei igual criança por causa desse final?
Agora vamos ao “segundamente”: quero MUITO agradecer a cada um de vocês que comentou. Gente, sério, vocês não tem noção de como isso motiva! Agradecer a vocês pela paciência quando alguma atualização demorava demais, pelos comentários carinhosos, pelos “LARISSA, COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO?” haha. Também quero agradecer demais a minha beta, Anny linda, que me ajudou e motivou desde o primeiro e-mail que mandei a ela falando sobre a ideia da fic :)
Me despedir dessa história, e me despedir do Ronan não está sendo nada fácil. Eu me aprofundei bastante na história da família Thompson, da mãe, dos irmãos dele... Amei, amei e amei escrever My Best Four Years, e agradeço do fundo do coração a cada um de vocês que embarcaram nessa comigo. Pode parecer bobo falar assim, mas essa fic tem um valor emocional muito grande pra mim, desde o primeiro minuto que eu ouvi falar sobre a história do pequeno Ronan, já me senti tocada.
Novos projetos de fanfics estão vindo por aí, to cheia de ideias, e espero que vocês gostem! E também espero que agora vocês comentem bastante sobre o que acharam dessa última att, to ansiosa pra saber a opinião de vocês.
Então, é isso, gente. Última nota da autora... Vou chorar. Já to chorando. Espero que vocês tenham amado ler essa fanfic tanto quanto eu amei escrevê-la.
Nota da Beta: Estou jogada! Nem preciso falar que chorei a vida né? Sempre choro pelo Ronan, não dá!
Então, essa é a primeira fic aqui no ffobs que eu peguei desde o começo, acompanhei cada cap e agora estou finalizando, então to um misto de depressão com euforia hahaha Agora me deixa contar uma coisinha pra vocês: O nome do PP de verdade na fic é Joe, e uma vez quando eu fui colocar o script, coloquei o script do Joe na palavra ''joelho'' sem ver, então quando as meninas foram ler a fic, ficou muito engraçado, e quando a Larissa me falou desse errinho eu morri de rir! Enfim, isso foi só uma descontração haha
Só queria dizer: disponha. Foi um prazer betar essa fic, to com uma dor no coração só de saber que não vou mais att ela. Mas meus parabéns, meu amor! A fic ficou muito boa, estou orgulhosa. Uma beta coruja orgulhosa aqui haha
Comentem muitooo, meninas, a fic merece.
xoxo-Anny