CAPÍTULOS: [1] [2] [3] [EPÍLOGO]









CAPÍTULO 1 - Flashbacks


“Narciso se olhou no espelho, se apaixonou, eu senti a mesma coisa quando te olhei, porém não me vi, vi o que faltava em mim...”
’s POV

Eu já estava irritada sem que aquele idiota trombasse em mim.
O fantasma do professor de História da Magia não precisava ter visto o que estava acontecendo, mesmo com o monte de risadas e gritos. E não me culpe; qualquer um fica entediado nessa aula, principalmente com esse professor. Então, como eu estava quase dormindo de tanto tédio e o calção do gordinho sentado na minha frente estava um pouco caído demais, não pude deixar de fazer alguma coisa.
Era o terceiro ano, então é claro que o rato que cojurei para dentro das calças dele desapareceu depois de uns segundos. De qualquer forma, ele deu um pulo na cadeira e começou a tatear o traseiro à procura do roedor. A sala inteira explodiu em gargalhadas, especialmente eu.
Isso até o professor Binns resolver ficar nervoso. Ele guinchou um “Menos 50 pontos para a Corvinal!” que calou todo mundo. E também os fez dirigir um olhar a mim que me fez ficar quase arrependida. Quase.
O gordinho do rosto vermelho se acalmou depois. Para falar a verdade, eu não me lembrava do nome dele. Sou boa em me lembrar da matéria da prova, não nome de pessoas com quem não vou falar. Fiquei o resto da aula fuzilando o professor, mas não acho que ele percebeu, porque saiu pelo quadro negro sem nenhum comentário.
Assim que essa aula acabou – que por sinal, era a última –, demorei arrumando minhas coisas até que todos saíssem após lançar um último olhar rancoroso para mim. Aquele pessoal da Corvinal levava a sério essa coisa de regras e pontuação das Casas.
Joguei a mochila por cima dos ombros, carreguei o resto dos livros nos braços e caminhei até a torre da Corvinal, resmungando de raiva e olhando para o chão, porém, tive meu caminho interrompido pelo Malfoy, andando a passos largos e decididos com aqueles Crabbe e Goyle. E foi aí que nós trombamos estupidamente, com tanta força que caímos um para cada lado, e meus livros se esparramaram.
- Olhe por onde anda, trouxa – disse Malfoy, levantando-se e espanando as vestes. – Não quer infectar os bruxos de verdade como eu com essa sua imundice.
- Você não precisa esbarrar em alguém pra ficar sujo, já é naturalmente – eu respondi, pegando meus livros e me levantando também.
Ele torceu o rosto e só agora percebi que o nariz dele estava meio vermelho, como se tivesse levado um soco. Eu pagaria para ter visto. Malfoy e eu não tínhamos a melhor das amizades. Esse imbecil parecia arranjar confusão com qualquer pessoa que não fosse da Sonserina ou que, e principalmente, tivesse os pais trouxas, como eu. Tínhamos algumas aulas juntos e ele obviamente nunca foi com a minha cara.
- Agora vai lá, conta pro seu papaizinho – completei. Eu estava suficientemente furiosa para não falar mais nada. Ele ia responder, mas virei as costas e continuei meu caminho.

Narrador

Era o começo do primeiro semestre do quarto ano. estava com os novos livros em mãos, dirigindo-se à biblioteca. Seus passos ecoavam nos pisos de pedra dos corredores, apressados para iniciar os estudos. Havia ficado até o fim no Grande Salão para comer um pouco de cada comida – e não era pouca coisa. Agora, portanto, os corredores estavam praticamente vazios, pois todos estavam nas salas comunais ou dormindo.
Uma escada antes da biblioteca escutou risadas debochadas em algum lugar à esquerda. Ela parou, pois era uma pessoa curiosa, e aquela risada em particular lhe era familiar. Deu uns passos em frente e descobriu o motivo das risadas.
Luna Lovegood, a garota loira do ano mais novo que o de , estava cercada por Malfoy e seus dois cãezinhos. Ela usava os brincos de rabanetes engraçados que muita gente questionava. Draco tirava sarro dela.
- Pra que servem esses rabanetes? Não tem dinheiro para comprar brincos reais?
- É! – Crabbe e Goyle fizeram coro, rindo.
sabia que Luna ia responder, ela sempre respondia, mas Draco Malfoy merecia a resposta que tinha nos lábios. Andou até eles.
- Por que você não mexe com alguém do seu nível? Como um sapo, talvez?
Draco girou nos calcanhares para fitá-la, e seu semblante transformou-se em desdém.
- Porque você não estava aqui – retrucou.
- Você fica implicando com a Luna, mas pelo menos ela não se esconde na sombra do pai.
Draco abriu a boca para responder “Meu pai vai saber disso!”, mas continuou:
- Ao invés de implicar com ela, implique com esses balofos aí do seu lado. – Indicou com a cabeça Crabbe e Goyle.
- Ei! – ambos protestaram juntos.
- Olhe como fala dos meus amigos, – disse Draco. - Eles podem não ser as pessoas mais inteligentes do mundo, mas ficam do meu lado.
- NÃO. ME. CHAME. DE. . – cerrou os punhos.
- Prefere que eu te chame de sangue-ruim?
As mãos dos dois voaram até as varinhas nos bolsos internos das vestes, a de Draco um segundo depois da de , mas antes que pudessem usá-las de fato, uma voz interrompeu:
- Abaixem isso agora se não quiserem perder pontos. – A professora McGonagall apareceu no fim do corredor, com sua expressão severa costumeira.
e Draco abaixaram as varinhas, relutantes, e ainda olhando um nos olhos do outro.
- Voltem a seus dormitórios. E rápido. – McGonagall lhes lançou outro olhar e em seguida foi embora. Draco, Crabbe e Goyle a seguiram. Assim que Draco passou ao seu lado, deixou claro:
- Só para a sua informação, eu teria te derrotado. – e então saiu andando sem ouvir a resposta de Draco.
- Obrigada – disse Luna. – Zonzóbulos são fáceis de achar aqui.
- É claro que são – concordou, e as duas voltaram até a torre da Corvinal.

Draco’s POV

O castelo já estava vazio. A escola inteira estava nas arquibancadas construídas no campo de quadribol para assistir à Primeira Tarefa do Torneio Tribruxo. Eu tinha voltado para pegar minha varinha; não podia deixar de fazer apostas logo agora.
Corri naquela direção até sair do saguão e ir para os jardins, mas parei no meio do caminho até as arquibancadas quando passei em frente a um arco e vi uma cena que me chocou por um motivo que eu não soube qual era. Blásio e estavam se agarrando encostados na pedra, as mãos dele passeando pelo corpo dela.
- Cara, o que é que você está fazendo com essa garota? – exclamei. Não sei dizer exatamente por que me intrometi, mas as palavras saíram de um todo.
Eles se separaram.
- Nós...
- Ela deve ter herpes! – Informei Blásio rapidamente.
- O que disse? – perguntou, incrédula.
- Como é que você sabe? – perguntou Blásio.
- É, como é que você sabe? - repetiu. Eu não respondi, pois não encontrei nenhuma resposta boa o suficiente para ela. Nada nunca era bom o suficiente para ela. deu de ombros com um sorriso irônico. – Foi o que eu pensei. – E voltou a colar os lábios nos de Blásio.
- Largue essa sangue-ruim. Ela só está com você porque é interesseira – falei novamente, fazendo-os parar.
- Por que você não me deixa em paz?! – gritou ao invés de devolver a discussão. – Desde que entramos em Hogwarts você insiste em me perseguir, já pensou em procurar outra pessoa?
Enquanto falava, ela se aproximou de mim.
- Você é que mais tem graça em irritar.
- Quer dar risada? Se olha no espelho, normalmente idiotas são engraçados. – bateu a palma da mão em meu peito, o que me fez dar um passo para trás. – E você está parecendo um idiota agora, como pareceu quando Harry Potter pôs o nome no Cálice de Fogo e você não conseguiu pôr. Foi tão óbvio. Você é um incompetente até nisso, não é? Fazer um feitiço. Quem é o sangue-ruim agora?
Minha raiva subiu. Eu não comandei o feitiço, mas faíscas saíram de minha varinha, que eu ainda segurava na mão direita, e a atingiram. recuou com o impacto, tropeçou e caiu de costas no chão.
Blásio gritou alguma coisa para mim, mas eu não entendi. Arrependi-me no mesmo momento em que aconteceu de ter atacado , mas antes que eu pudesse sequer pensar em me desculpar, ela se apoiou nos cotovelos e me encarou, com mais ódio do que eu acharia ser possível. Eu hesitei.
- Eu vou te matar, Draco. – procurou sua varinha, mas a encontrou sob os meus pés. Eu pisava com força quase como se quisesse quebrá-la. Apenas chutei a varinha mais longe. Era visível o ódio nos olhos de . - Eu odeio você, Malfoy – pronunciou cada palavra carregada e devagar, e ficou de pé.
- O sentimento é recíproco, .
Ela me fuzilou. Pegou sua varinha e correu de volta para o castelo, recusando ajuda de Blásio, que se virou para mim.
- Não acredito que estragou o meu momento! É a .
- Eu sei quem ela é e acredite, te fiz um favor. – respondi, retomando a caminhada até a arquibancada da primeira tarefa. – Estamos atrasados.
- Quem é que liga para isso numa hora dessas? – Blásio disse, mas me seguiu campo abaixo. E é claro que não fez o favor de calar a boca. – Draco, ela beija muito bem. Acho que beija melhor do que todas as outras meninas. E os olhos dela, cara, você já reparou? De perto são ainda mais lindos. E também...
Continuou falando de cada detalhe sórdido sobre como era beijar a . Fechei meus ouvidos para aquilo, não precisava saber. Eu já tinha consciência de como os olhos dela eram da cor do céu. Senti um aperto na boca do estômago, que interpretei como sendo fome, mesmo tendo acabado de comprar doces.
- Ela é mesmo linda, não é? – falava Blásio quando chegamos aos dois lugares reservados ao lado de Crabbe e Pansy. – E ainda é inteligente. E engraçada. Acho que vou chamá-la para sair de novo.
- É, já entendi como ela é fascinante – falei. Assim que me sentei, Pansy agarrou meu braço e me puxou para mais perto dela.
- Quem, Draquinho?
Eu quis vomitar.
- Ninguém importante.

’s POV

Após aquele encontro desastroso, perdi toda a vontade de assistir a tarefa do Torneio Tribruxo. Draco me tirava a vontade de fazer qualquer coisa. Entretanto, de onde eu estava, a caminho da sala comunal, podia ouvir os alunos berrando de animação lá no terreno.
Discutir com alguém era uma coisa. Lançar um feitiço nesse alguém era outra completamente diferente. Se eu tivesse minha varinha, também a teria usado no Malfoy, mas muito infelizmente eu não a tinha. Ele não tinha nenhum motivo para se meter no meio de mim e Blásio. Pelo menos, um dos melhores amigos dele não era tão estúpido.
Mas o olhar que Draco fez logo depois de me derrubar ainda estava na minha mente. Ele pareceu quase arrependido. Se bem que eu achava que arrependimento não tinha significado para ele. A última coisa que eu lhe dissera fora impulsiva. Não seria da próxima vez. E eu sabia que haveria próxima.

Draco’s POV

Baile de Inverno. Só não era mais vergonhoso porque eu estava lá, vestido com umas das minhas roupas de gala mais chiques. Até Pansy estava bonita, para falar a verdade. Eu a tinha convidado depois de ser perseguido e agarrado por todo o mês por ela.
Adentramos o Grande Salão e ficamos esperando a professora Minerva dar o aviso de que podíamos entrar. Enquanto aguardava, vi Blásio indo até quem ele disse que convidaria: .
Ela estava... linda. Usava um vestido dourado longo de uma manga só, e seus cabelos presos e jogados para o lado cobriam seu ombro nu. Seus olhos claros estavam ainda mais vibrantes por causa da maquiagem.
- Draco, hora de entrar – Pansy me chamou, com uma expressão carrancuda, dando um puxão na minha manga e me guiando até o interior do salão. Meu pescoço ainda ficou um tempo virado para trás, demorando-se naquela corvinal insolente.
Os quatro campeões foram os que deram início à valsa. Isso me lembrou do que disse sobre Potter. Aquilo não ficaria barato. Eu iria revidar, e já sabia como. Crabbe e Goyle também sabiam. Seriam eles quem me ajudariam.
Os outros casais entraram, e eu e Pansy dançamos ao lado de Blásio e . Ouvi ele a elogiando e jogando cantadas do tipo “Gata, você não é um Basilisco, mas olhar pra você é perigoso”. Ela riu.
Horas se passaram. No fim do baile, avistei sentada em uma cadeira, sozinha. Blásio não estava ao redor. Achei que ele tivesse ido pegar bebidas, mas depois o vi dançando no meio de um grupinho. Pansy tinha me deixado em paz quando não conseguiu me arrastar para um canto. Eu estava ocupado demais para prestar atenção a isso.
Meu plano começaria. Era bom que Crabbe e Goyle estivessem atentos.
Fui até e estiquei a mão direita. A banda estava tocando uma das últimas valsas, poucos professores ainda permaneciam.
- Quer dançar?
Ela ergueu os olhos.
- Por que você iria querer dançar comigo? Não sou mais sangue-ruim? – Ela não disse aquilo como uma coitada, mas sim com arrogância e ironia.
- Você está aqui sozinha, é a última música... Estou levantando minha bandeira branca essa noite. Vamos esquecer por um tempo nossas velhas intrigas e aproveitar. – Tentei enrolar.
considerou, desconfiada.
- Essa historinha está difícil de engolir. – murmurou, aceitando minha mão e se levantando. – Mas é melhor não tentar nenhuma gracinha, porque eu vou revidar cinco vezes pior, Malfoy.
- Não se preocupe, – respondi.
- Não me chame de . – ela revirou os olhos.
Sorri. Fomos para a lateral da pista. Demos as mãos e eu abracei sua cintura. tinha um cheiro bom. A essa altura, Crabbe e Goyle já tinham visto o que acontecia e se aproximavam.
- Está muito bonita hoje – elogiei.
Ela franziu as sobrancelhas.
- Hã, obrigada, acho.
As pessoas em volta nos olhavam, sabendo que não nos dávamos bem.
- Você também.
- O quê? – perguntei.
- Você também... está bonito hoje.
- Ah. É.
Ficamos em silêncio.
- Isso é muito estranho – observou ela.
- Estranho bom ou estranho ruim?
- Estranho diferente.
Pela primeira vez, achei que estava gostando dessa dança. Considerei não fazer o que tinha planejado.
- Até que você dança bem, Malfoy – disse .
- Seu olho fica brilhando nessa luz – soltei sem querer.
Ela estranhou. Eu não parava de olhar por cima de seus ombros para ver Crabbe e Goyle.
- Foi legal da sua parte me chamar para dançar. Acho que o Blásio se esqueceu de mim – ela riu.
E foi nessa hora que eu decidi que não podia fazer aquilo com ela. Arregalei os olhos para Crabbe e Goyle para indicar que deviam parar, mas os imbecis eram muito lentos para entender e já era tarde. e eu estávamos perto da mesa das comidas e bebidas. Goyle sacudiu a varinha e as pernas de se colaram. Eu já havia soltado suas mãos, e ela se desequilibrou. Ela tentou pular para se manter em pé, mas bamboleou e caiu por cima da vasilha de ponche.
Os alunos que ainda restavam explodiram em gargalhadas. Eu rapidamente desfiz o feitiço de suas pernas, mas viu a varinha comigo e entendeu errado.
- Você sempre dá um jeito de estragar tudo! - esbravejou
- Não, , dessa vez eu não...
- Só que se você quer guerra, Malfoy, é guerra que você vai ter. – E saiu a passos decididos do salão, deixando-me sozinho no meio das risadas.

Narrador

Pelo resto do quarto ano e até a primeira metade do quinto, cumpriu sua promessa, e Draco não deixou nada barato. Os dois discutiam, brigavam, gritavam, lutavam tanto e faziam tantas pegadinhas um com o outro que praticamente a escola inteira sabia do que acontecia. O ódio crescia cada vez mais, e as risadas dos que estavam ao redor para ver aumentava a disputa de quem sairia vencedor.
O episódio do ponche foi só o começo. Draco, de alguma forma, descobriu um dos medos de : palhaços. No ano dos N.O.M’s, enquanto ela estudava, ele se vestiu de palhaço e fez alguns feitiços de transfiguração para parecer mais maligno e real. ainda tinha pesadelos.
Para revidar, num dos treinos de Quadribol da Sonserina que assistiu, a vassoura de Draco acidentalmente bateu contra um dos suportes das arquibancadas e ele teve que ficar na ala hospitalar por uns dias para os ossos curarem. Não foi nada indolor, e gostou do resultado. Também usou aquilo como uma resposta a ele participar da brigada de Umbridge.
As coisas andaram nesse ritmo até o passeio a Hogsmeade.
visitou com e as lojas de doces, principalmente a Dedos de Mel, mas a doceria estava tão cheia que decidiram só caminhar pelo vilarejo. Draco obviamente foi com Crabbe e Goyle. e as amigas foram se afastando cada vez mais, sem notar que estavam sendo seguidas. Elas riam e conversavam, e só pararam quando perceberam onde tinham ido parar: a cerca da Casa dos Gritos.
- Melhor a gente voltar – disse . – Vai demorar pra achar a escola com essa neve.
- É, vamos – concordou .
- Acho que não – Draco foi andando até elas.
ergueu uma sobrancelha.
- O que vai ser agora? Não cansou de ser humilhado?
- Quanta ironia vinda da boca de quem deu um chilique por causa de um palhaço – observou ele. Crabbe e Goyle riram. – Não, . Proponho que a gente acabe de uma vez com essa criancice. É ano dos N.O.M’s, certo?
gargalhou.
- Acha que vou cair nessa de novo?
- Devia. Ainda não ouviu minha proposta.
Ela suspirou.
- É melhor ser rápido.
- Vê a Casa dos Gritos logo ali? Vamos entrar lá, só eu e você...
- Isso pode ser levado para o mau caminho, você sabe – interrompeu.
- ... e ficamos lá o tempo que levar. Lembra do que dizem, assombração e tudo o mais. Quem sair primeiro da casa, perde e tem que aceitar publicamente que o outro é melhor e então paramos com as provocações.
pensou.
- Se eu não te conhecesse, Malfoy, diria que quer fazer isso só para passar mais tempo comigo.
- Só nos seus melhores sonhos, . Temos um acordo ou não?
- Se me lembro bem, você morreu de medo quando “alguém invisível” quase te jogou para o outro lado da cerca – ela sussurrou para e . – Essa vai ser fácil de ganhar. – Riram e em seguida aceitou o acordo. – Sim, temos um acordo. – apertou a mão dele. – Me chame de de novo e vai se arrepender mais. , arranje uma desculpa pros professores se eu não voltar hoje. O Draco com certeza vai desistir primeiro.
- É o que vamos ver.
e Draco passaram por debaixo da cerca que dava aos fundos da Casa dos Gritos. Ambos calçavam luvas, cachecóis, botas e roupas de lã grossas, portanto a neve não fez muita diferença. Já estavam acostumados.
Caminharam em silêncio até a mansão antiga.
- Por onde entramos? – perguntou .
- Que tal a porta da frente? – Draco disse com tom óbvio da voz.
Draco empurrou a madeira, e esta se quebrou, deixando uma rajada de vento entrar na casa. A maior parte dos móveis e tábuas das paredes estava quebradas e caídas, o que dificultava a passagem. Quando entraram, Draco colocou outro pedaço de madeira para fechar a entrada.
- Está com a varinha?
- É claro que sim.
- Ótimo. Vamos até o segundo andar.
Draco pôs-se a subir as escadas. foi atrás, pois não tinha o que fazer. Ele atravessou um corredor com marcas de garras e foi a um cômodo, um dos poucos cuja porta ainda estava inteira. Espiou lá dentro e deu um passo, seguido de .
A porta se fechou com um baque. Draco e se entreolharam. Ele tentou a fechadura.
- Merda.
- Alohomora! puxou a maçaneta. Nada.
- Reducto! – A porta não se mexeu.
- Grande ideia entrar aqui, gênio – disse . – Sério, meus parabéns.
Ela se sentou no chão. No quarto em que estavam não havia praticamente nada, somente uma estante e uma mesa se desgastada por conta dos anos. Draco bateu com a cabeça na parede.
- Não acredito que estamos presos.
- A culpa disso é sua. Quem teve a brilhante ideia de vir aqui foi você, então é melhor dar um jeito de nos tirar daqui, e logo, porque alguém ou alguma coisa nos trancou.
- Você poderia tentar ajudar em vez de ficar sentada aí. Não é da Corvinal?
- E o que é que você acha que a gente pode fazer? – perguntou . – Se nenhum feitiço funciona, talvez a gente possa gritar até ouvirem ou pular pela janela. O que acha disso?
Draco não respondeu.
- Na verdade, tenho algo melhor – continuou ela. – Conte ao seu papaizinho, quem sabe ele não processa a casa.
- Pelo menos, eu tenho um pai – respondeu Draco, frio.
parou, os olhos no chão. Seu pai tinha morrido quando ainda era criança, e ela fora criada apenas pela mãe. Draco sabia. Ela se levantou, querendo ficar o mais longe possível dele quanto o espaço permitia, e foi até as almofadas empoeiradas abaixo da janela. Ficou olhando para o branco lá fora.
O que Draco disse a machucou de verdade. A perda do pai foi uma grande mudança em sua vida, ninguém tocava no assunto.
Ele a analisou, medindo as palavras. Percebeu que tinha ido longe demais e se agachou ao lado dela.
- Sinto muito por seu pai. Como aconteceu?
- Um Comensal da Morte o matou – disse , deixando uma lágrima escorrer pelo rosto. – Pouco tempo depois de Você-Sabe-Quem ter sido morto, estavam matando trouxas, e meu pai estava fora de casa.
- Ah. Posso imaginar o que você teve que passar – disse Draco, sincero.
- Não imagina, não. Por que você se importa? – ela perguntou elevando um pouco o tom da voz. Seus rostos estavam tão próximos que Draco podia sentir seu hálito. – Você tem tudo o que quer, dinheiro, mãe e pai.
- Eu não me importo – contestou ele.
- Se importa sim. Acabou de falar que sente muito e que pode imaginar.
- Foi uma questão de educação.
- E desde quando você tem educação?
- Qual o problema de eu me importar? Qual o problema se eu me importar? Tem algo contra?
- Compaixão não combina com você – devolveu no mesmo tom alto, perto de gritar.
- O que combina comigo, então? – Draco desafiou.
- Arrogância, sarcasmo, o jeito convencido e sua idiotice natural. – disse com seu sorriso de escárnio no final.
- Ora, ora, somos duas partes do mesmo espelho então.
- Cala a boca! – exclamou. – Não somos parecidos! Você não sabe nada sobre mim!
- E você acha que me conhece bem demais!
- Você é muito previsível.
- Tem certeza? – perguntou Draco. Então, seu impulso falou mais alto novamente, e, sem saber se era só para provar a que não era o que ela pensava ou porque realmente sentia alguma coisa, segurou o rosto dela com ambas as mãos e a beijou, de uma forma que ela não conseguiu fugir.
Involuntariamente, retribuiu. Levou a mão ao pescoço dele e a outra se apoiou no chão para não cair. Quando Draco partiu o beijo, sussurrou:
- Previu isso?
- Eu te odeio, Malfoy.
- O sentimento é recíproco, .
o trouxe até ela pela gola do casaco e voltou a beijá-lo.
- Não me chame de – avisou por entre os beijos.
sentiu Draco sorrir sob seus lábios. Ela sentiu uma mão atrás de sua nuca, o que a fez desmoronar em seus braços. Draco segurou com firmeza em sua cintura e com a outra mão alisou suas pernas, deixando-a arrepiada. O beijo se aprofundou mais e teria continuado se não tivessem ouvido o barulho da porta se abrindo.
- É melhor irmos agora – disse .
- Antes que nos tranquem de novo – completou Draco.
Ela assentiu e os dois se levantaram ofegantes. Tinha começado a nevar. Colocaram os capuzes e saíram da casa, indo em direção à grade pela qual passaram. Os alunos não estavam mais em Hogsmeade. O vilarejo estava vazio. Os dois cogitaram voltar a pé até Hogwarts, mas não tinham a mínima ideia do caminho. Felizmente, uma carruagem apareceu por uma das ruas principais e parou na frente deles. Snape e Flitwick desceram.
- Onde é que vocês estavam? – questionou Flitwick. – Ficamos desesperados.
- 50 pontos a menos para cada Casa pelo atraso – disse Snape. – É bom que isso não se repita.
- Desculpe, professores – pediu . Draco pareceu aborrecido, mas subiram na carruagem de volta a Hogwarts.

Durante uma semana, Draco e ficaram se encontrando pelos corredores do castelo, em cantos mais vazios. Mantinham aquilo em segredo e tinham parado com pegadinhas.
- Não dá mais, a qualquer momento podemos ser pegos e expulsos. – disse após quase serem pegos em um dos corredores em que Umbridge estava passando. Draco fazia parte de sua Brigada Inquisitorial, era ainda mais perigoso para ele.
- E o que você quer fazer? Quer parar com isso, quer dizer, com isso que nós temos?! – Draco se confundiu.
- É claro que não. Por mais que a gente se odeie eu... meio que gosto de “ficar” com você – ela disse, corando, e pela primeira vez disse isso em voz alta e constatou que era realmente verdade. – E por mais que eu adore o perigo e essa sensação de quase sermos pegos, não podemos dar tanta bandeira.
- Então temos que achar um novo lugar. – Draco pensou por um momento. – Venha. – Ele agarrou o braço de e a levou para fora da escola, indo em direção à floresta negra.
- Você ficou louco, Malfoy? A floresta? Você que é um covarde não aguenta nem uma hora aí.
- Se eu não me engano tinha uma cabana por aqui, a Pansy me mostrou uma vez para que pudéssemos, hmmm... – ele deixou a frase no ar, mas tinha entendido muito bem. – Enfim, uma vez fomos pegos voltando para a escola e a Pansy nunca mais voltou para esse lugar.
- Não sei não, não estou muito a fim de acabar dando de cara com aquela vaca. – cuspiu a palavra. Draco não pôde deixar de rir do comentário.
- Relaxa, você confia em mim?
- Na verdade, não.
- Você aprende. – fez uma careta. – Tá legal, pensa que se você for pega, eu também sou e qualquer coisa meu pai... – ele não continuou a frase.
- Eu não vou mesmo ser mais uma que quando está em uma enrascada pede a ajuda do “papai Malfoy”. Eu não sou interesseira como todas as garotas que você se encontrava nos cantos da escola. Se formos pegos, arcaremos com as consequências. – Draco abriu a boca para contestar, mas a fechou tão rápido quanto abriu.
- Se é assim que você quer. Vamos!
- E só para constar, “isso” que você mencionou que nós temos não existe, você sabe, não é?! “Isso” é apenas diversão.
- Claro – disse Draco com um leve tom de desapontamento na voz.
A cabana era bem antiga, isso era evidente em sua estrutura. Bem camuflada por fazer parte de um tronco de árvore, uma pessoa sozinha que não conhecia o caminho não a encontraria. Por dentro não estava em um péssimo estado, mas também não estava completamente limpo.
- Eu venho aqui às vezes, quando preciso pensar. Como a Pansy nunca vem mais aqui, esse lugar se tornou meu. É bem confortável até – disse Draco enquanto acendia algumas velas, clareando o lugar.
- Você já mostrou para mais alguém? Alguma das garotas que você namorava?
- Sem ser a Pansy, não.
- E por que você está mostrando para mim? Eu posso muito bem ir contar para qualquer professor.
- Você não vai. – arqueou as sobrancelhas em desafio. – Por mais que nós já tenhamos nos odiado, depois daquela vez em que ficamos presos, algo mudou e você sabe disso.
- Draco, para de ser viado!
- Você, , em especial, sabe que eu não sou viado. Já te mostrei várias vezes do que sou capaz. Agora, será que podemos terminar o que começamos naquele corredor? Não gosto de deixar as coisas inacabadas. – Draco sorriu com um sorriso maroto.
- Ainda odeio você, Malfoy – disse sorrindo e se aproximando dele, envolvendo o pescoço dele com seus braços.
- O sentimento ainda é recíproco, . Pelo menos isso nós ainda temos.
- Cala a boca e me beija.
Eles voltaram a se beijar do momento onde pararam, mas dessa vez aprofundando ainda mais.
Depois de acordarem nus no chão, um nos braços do outro, voltaram para Hogwarts a tempo do jantar.


Quando as aulas do sexto ano começaram, as coisas mudaram para Draco e . Eles se encontravam sempre que podiam na cabana da Floresta Negra pelo resto do quinto ano, e agora estavam indo até lá pela primeira vez desde então, no segundo dia de aula por volta das 9 da noite.
chegou depois dele na cabana. Draco parecia abatido, tinha olheiras e seus ombros estavam curvados. Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto quando viu entrando.
se aproximou e o beijou. Draco retribuiu, mas não como sempre fazia.
- Será que a gente pode só ficar aqui juntos, conversando ou qualquer coisa? – disse Draco com uma voz cansada.
- Claro.
- Se você não quiser, pode ir embora, podemos nos divertir outro dia, eu só preciso respirar um pouco e pensar.
- Eu fico com você, não me importo. Por mais que no começo tenha sido só diversão, agora, mesmo que lá no fundo, somos amigos – ou mais que isso, os dois pensaram. – Eu me preocupo com você e você não parece bem, se ficar sozinho, pode acabar fazendo alguma besteira.
Draco sorriu de leve.
- Obrigada.
Os dois se sentaram no sofá-cama que Draco havia posto lá no quinto ano. Houve um momento de silêncio entre os dois, até que o quebrou.
- Draco, o que está acontecendo? Você sabe que pode me contar tudo.
- Nada, .
instantaneamente fez uma careta por causa do nome.
- Não sei por que você me chama de , todo mundo me chama de , qual o problema?
- Eu não sou todo mundo e eu sei que você não gosta. – Ela fez outra careta. – E eu gosto de . Gosto da exclusividade, só eu te chamo de . - Ele sorriu docemente, fazendo corar.
- Sim, mas não fuja do assunto, Malfoy, o que está acontecendo? Por que chegou tão abalado aqui? E não diga que é nada porque eu sei que não é!
Draco instantaneamente recolheu os braços em um gesto defensivo. agarrou seu braço esquerdo ouvindo, logo em seguida, um uivo de dor vindo do garoto ao seu lado.
- O que foi? Eu te machuquei? Sinto muito, eu...
Draco segurou o braço que queimava por causa da Marca Negra.
- Não tem problema, não é nada. – olhou incisivamente para ele com a preocupação exposta em seus olhos . – Eu só não posso falar nada agora, uma hora você vai entender, eu prometo. Eu só não quero falar disso. – Ela assentiu. – Melhor a gente dormir.
- Tá. Como vamos entrar no castelo? Você sabe que eles aumentaram a segurança.
- Talvez possamos passar a noite aqui, além do mais, está chovendo, voltamos amanhã bem cedo e caso alguém pergunte, estávamos procurando o Hagrid porque tinha algum bicho gigante na torre da Corvinal.
assentiu mais uma vez.
- Hmm, eu durmo no chão, pode ficar aí, senhor riquinho.
Dessa vez foi a vez de Draco fazer uma careta.
- Tem espaço para dois aqui. – Ele bateu a mão no sofá que realmente não era tão pequeno assim. – Qual é, ? Eu já até te vi nua, e que bela visão. – Draco sorriu maliciosamente. lhe jogou uma almofada e olhou-o com censura.
- Safado.
- Mas é verdade, já dormimos juntos várias vezes.
considerou a hipótese de recusar, mas ele estava certo, só iam dormir juntos, nada comparado a tantas outras coisas que já fizeram nessa cabana, nesse sofá. Ela se aproximou e deitou na frente dele, de forma que suas costas estivessem aninhadas com o peito de Draco. Decidiu que descobriria o que estava acontecendo com ele. Draco acariciou seus cabelos até que dormisse. E depois de refletir sobre os acontecimentos e pensar em seu possível futuro, tinha medo do que poderia acontecer com . Talvez fosse melhor para os dois que tudo acabasse, assim ela estaria segura e, afinal, as dores do coração não seriam tão grandes ao ponto de que apenas ele a amava, e ele sabia que a amava, só não tinha dito para si mesmo ainda. Logo o sono se aproximou, beijou a cabeça de e finalizou a noite dizendo, de modo que só ele escutasse já que estava dormindo há tempos, apenas:
- Boa noite, minha .
Quando voltaram ao castelo, Pansy os viu, sorridentes. Não era a primeira vez que os via voltando sabe-se lá de onde juntos e sorrindo. Deu as costas e foi embora claramente irritada por estar sendo “trocada”.

Draco’s POV

A Marca Negra ainda doía. já estava de novo com seus amigos da Corvinal e eu me dirigia à masmorra da Sonserina. Estava a três passos quando a voz de Snape me parou:
- Eu perguntaria onde esteve, Draco, se não tivesse visto.
- O quê? – Eu me virei.
- Você tem uma missão a fazer, e ela não inclui se encontrar com uma garota – Snape continuou.
- Eu estou pensando – falei. Senti um frio na espinha ao me lembrar mais uma vez de que tinha de matar Dumbledore. – Vou dar um jeito logo.
- É melhor dar um jeito em outra coisa antes. – Snape se aproximou. Não havia ninguém mais no corredor. – O Lorde das Trevas sabe que você está com aquela Corvinal. Ele quer uma prova de sua lealdade.
Eu congelei. Sabia o que viria a seguir.
- Você deve matá-la.
- Não – rosnei. – Nunca. A não tem nada a ver com isso. Ela não fez nada a ninguém e não sabe o que eu tenho que fazer. Deixe-a em paz.
- Eu não vou tocar nela, Draco – disse Snape. – Você vai. Se não quer fazer isso, por que não conversa com seu próprio mestre sobre o assunto? – Ele me segurou contra a parede. – Eu jurei protegê-lo com Dumbledore, não tenho o que fazer a respeito disso.
- Eu posso fazer qualquer outra coisa, não isso – pedi. – Eu me afasto dela, mas não vou matá-la.
Snape se afastou.
- Cuidado com suas decisões, Draco.

Era o passeio a Hogsmeade e eu tinha meu plano. Meus dois planos. Não era algo bom. Eu não queria com todas as minhas forças fazer mal a , mas se não fosse eu, seria alguém pior. Tentei me manter afastado dela, o que não adiantou. Eu sabia que ela estava preocupada comigo. Eu também estava. Achava que enlouqueceria uma hora ou outra. O primeiro passo a caminho da loucura foi desabafar com a Murta-Que-Geme. Pior do que desabafar, era chorar. Eu nunca chorava. Eu estava mais desesperado do que imaginava. Talvez mais desesperado do que minha mãe quando me tornei Comensal da Morte para substituir meu pai. No começo, achei que era uma honra servir a Você-Sabe-Quem, mas agora era um pesadelo.
A única coisa que me mantinha são era . A única coisa que me impedia de enlouquecer completamente, eu estava prestes a matar.

O colar já estava enfeitiçado e no banheiro do Três Vassouras. Tinha marcado de me encontrar com ali no pub. Sentei-me numa das poucas mesas desocupadas e ela chegou depois de uns minutos. As bebidas já estavam nas minhas mãos.
- Oi – ela disse, se sentando. Eu olhava ao redor, como no dia do Baile de Inverno. - Draco – me chamou. – O que foi? Faz meses que você está estranho.
- N-nada – respondi. – Nada, . Aqui – estiquei-lhe o copo envenenado. – Vamos tomar alguma coisa.
pegou a taça e olhou lá dentro. Temi que ela pudesse ter descoberto o que tinha misturado.
- Tem certeza de que não aconteceu nada?
Apenas assenti. Ela levou o copo a boca, porém, quando o líquido estava quase tocando seus lábios, eu me arrependi também como no Baile de Inverno, mas dessa vez pude pará-la. Estendi o braço esquerdo por cima da mesa, já que o direito segurava meu próprio copo, e tirei a taça de perto dela. A bebida espirrou.
- Eu sabia – disse . Na pressa de tirar o copo dela, a manga do meu casaco tinha subido e a parte de baixo da Marca Negra ficara visível. – Onde você estava com a cabeça pra fazer isso? Ia me matar?
- Fale baixo, , as pessoas vão ouvir!
- Eu não estou nem aí! O que é que você... – ela gritou.
- Cala a boca! – levantei-me em um salto e a agarrei pelo braço, tampando sua boca.
- Vem comigo.
Arrastei-a até o fundo, no lado de fora, perto da estrada.
- Alguma explicação? – perguntou , cruzando os braços.
- Não tenho o que explicar, . – revirou os olhos. Deixar ela irritada me dava forças de falar o que tinha que falar.
- Na verdade, tem sim. Marca Negra? Você está falando sério? Meu pai foi morto por causa dessa marca idiota. Olha, você não precisa fazer isso, se alguém está te forçando ou...
- Não tem ninguém me forçando, eu escolhi por minha própria conta e risco. Você sempre soube que eu era da Sonserina, sempre existiu a possibilidade, ainda mais que meu pai também era.
- Era?
- Era, assumi o lugar dele.
- Tinha esperanças que você não fosse como ele. Eu te conheço, Draco. – disse, desesperada para que eu desistisse de toda essa loucura e era o que eu queria.
- , você só esqueceu de uma coisa. Eu nunca fui o mocinho, sempre fui o bad boy, não espere que eu faça coisas boas porque isso não é do meu feitio. Se você esperava encontrar coisas boas em mim, estava completamente enganada. Falando nisso, acho melhor a gente terminar o que temos, na verdade, acabar com esses encontros ridículos às escuras, que coisa infantil – disse com uma segurança na voz que eu sabia que não era minha, tudo era mentira, mas ela precisava acreditar.
- Como é? – disse, surpresa. Percebi em sua voz que ela estava a ponto de desmoronar.
- Eu nunca me importei com você, se era isso que você estava achando. Você era só uma diversãozinha para tirar o tédio e me distrair da escola. Você mesma disse isso, nós concordamos com isso, apenas diversão. Só que agora eu tenho outras diversões. E você devia ir embora agora.
Eu não poderia expressar o quanto aquilo me machucava por dentro. Algumas lágrimas rolaram pelo rosto de , que não disse nada. Eu mesmo tive que segurar as minhas lágrimas por estar fazendo isso com ela, a única pessoa que, se alguém machucasse, eu mataria. E essa pessoa era eu a machucá-la. Como o mundo é irônico. Ela passou a mão para limpar as lágrimas, se aproximou de mim, encostando seus lábios em meu ouvido e sussurrando:
- Você não tem ideia de como eu te odeio, Draco Malfoy. – Aquelas palavras me atingiram como nunca tinham feito antes. Eu realmente pude sentir o ódio dela e realmente doía.
Ela se virou para ir embora, mas antes de dar o primeiro passo, virou-se novamente para mim e com olhos completamente vermelhos, estapeou meu rosto.
- Espero que tenha um lugar horrível guardado para você no inferno.
Deu meia volta e me deixou. Isso acabou comigo, mas eu precisava me manter inteiro, tinha que deixá-la ir, era necessário, quanto mais ela me odiasse, melhor.

Narrador

Malfoy se desvencilhou do aperto de Filch, furioso.
- Está bem, não fui convidado – disse, com raiva. – Eu estava tentando penetrar na festa, satisfeito?
- Não, não estou! – retrucou Filch, uma afirmação em total desacordo com a alegria em seu rosto. – Você está encrencado, ora se está! O diretor não avisou que não queria ninguém nos corredores à noite, a não ser que a pessoa tivesse permissão, não avisou?
- Tudo bem, Argo, tudo bem – disse Slughorn, com um aceno de mão. – Hoje é Natal, e não é crime ter vontade de ir a uma festa. Só desta vez, vamos esquecer o castigo; você pode ficar, Draco.
Filch deu as costas e se afastou, arrastando os pés, resmungando baixinho. Draco conseguiu produzir um sorriso e agradeceu a Slughorn por sua generosidade.
- De nada, de nada – disse Slughorn, dispensando os agradecimentos. – Afinal, eu conheci o seu avô...
- Ele sempre o elogiou muito, senhor – apressou-se em dizer Malfoy. – Dizia que o senhor era o melhor preparador de poções que ele tinha conhecido...
encarava a cena, mais especificamente Draco. Não era o puxa-saquismo que a intrigava; vira-o fazer isso com Snape durante anos. Era o fato de que Malfoy parecia doente. Era a primeira vez que o via bem de perto depois daquele dia em Hogsmeade e notava que apresentava olheiras escuras sob os olhos e um nítido tom acinzentado na pele.
- Gostaria de dar uma palavra com você, Draco – disse Snape subitamente.
- Ora, vamos, Severo – falou Slughorn. – É Natal, não seja tão duro...
- Sou o diretor da Casa dele e cabe a mim decidir se devo ou não ser duro – retrucou rispidamente. – Venha comigo, Draco.
Os dois se retiraram, Snape à frente. Malfoy parecia ressentido. Não dirigira sequer um olhar a , que fora à festa de Natal de Slughorn sozinha. Rapidamente, ela tomou a decisão de ir atrás dos dois, nem que fosse para ouvir a conversa.
Draco e Snape entraram numa sala no fim do corredor. A primeira coisa que o professor fez foi reclamar que ainda estava viva e então começou a verdadeira bronca:
-... não pode se dar ao luxo de errar, Draco, porque se você for expulso...
- Não tive nada a ver com isso, está bem?
- Espero que esteja dizendo a verdade, porque foi malfeito e tolo. Já suspeitam que você tenha um dedo no incidente.
- Quem é que suspeita de mim? – perguntou Draco com raiva. – Pela última vez, não fui eu, entende? Aquela garota, Bell, deve ter um inimigo que ninguém conhece... não me olhe assim! Sei o que você está fazendo. Não sou burro, mas não vai funcionar. Posso impedi-lo.
Houve uma pausa, e então Snape disse baixinho:
- Ah... tia Bellatriz tem lhe ensinado Oclumência, entendo. Que pensamentos você está tentando esconder do seu senhor, Draco?
- Não estou tentando esconder nada dele, só não quero que você entre na minha mente.
- Então é por isso que você tem me evitado este trimestre? Tem medo da minha interferência? Você percebe que se outro aluno não fosse à minha sala quando eu mandasse, e mais uma vez, Draco...
- Então me dê uma detenção! Dê queixa de mim ao Dumbledore – caçoou Draco.
Houve outra pausa. Então Snape falou:
- Você sabe perfeitamente que não quero fazer nenhuma das duas coisas.
- Então é melhor parar de me mandar ir à sua sala!
- Escute aqui – disse Snape, a voz tão baixa que Draco teve de apurar os ouvidos. – Estou tentando ajudá-lo. Jurei a sua mãe que o protegeria. Fiz um Voto Perpétuo...
- Pois parece que vai ter de quebrá-lo, porque não preciso da sua proteção! A tarefa é minha, eu a recebi dele e estou cumprindo-a. Tenho um plano que vai dar resultado, só está levando um pouco mais de tempo do que pensei.
- Qual é o seu plano?
- Não é da sua conta.
- Se me contar o que está fazendo, posso ajudá-lo...
- Tenho toda a ajuda de que preciso, obrigado, não estou sozinho.
- Mas certamente estava hoje à noite, no que foi extremamente tolo, andar pelos corredores sem vigias nem coberturas. São erros elementares.
- Eu teria Crabbe e Goyle comigo, se você não tivesse detido os dois.
- Fale baixo! – disse Snape com violência, porque Draco alterara a voz, agitado. – Se os seus amigos Crabbe e Goyle pretendem passar no N.OM. de Defesa Contra as Artes das Trevas desta vez, terão de se esforçar mais do que estão fazendo no momen...
- Que diferença faz isso? – interrompeu-o Draco. – Defesa Contra as Artes das Trevas é uma piada, não é, uma encenação? Como se algum de nós precisasse se proteger contra as Artes das Trevas...
- É uma encenação decisiva para o sucesso, Draco! – lembrou Snape. – Onde é que você pensa que eu estaria todos esses anos se eu não soubesse como representar? Agora me escute! Você está sendo imprudente, andando pela escola à noite e sendo apanhado, e se está confiando na ajuda de Crabbe e Goyle...
- Eles não são os únicos. Tenho mais gente do meu lado, gente melhor.
- Então por que não confiar em mim? Posso...
- Sei o que está pretendendo! Você quer roubar a minha glória!
Snape disse com frieza:
- Você está falando como uma criança. Compreendo que a captura e a prisão do seu pai o tenham deixado perturbado, mas...
Draco não lhe deu tempo para terminar. Virou as costas e afastou-se a passos largos pelo corredor.
- E a garota, Draco? – Snape perguntou.
- Eu sei que você estava observando, então sabe muito bem que já cuidei dela.
- Ótimo, ela era um empecilho na conclusão de sua missão. É bom que eu não o veja mais com ela, senão quem vai cuidar dela serei eu.
- Eu já disse que cuidei da garota. – Draco estava de costas para Snape e vê-lo falando de assim lhe fazia querer matá-lo. Antes que Snape continuasse a conversa, Draco passou pela porta aberta da sala de Slughorn e contornou um canto distante.
Pansy Parkinson, como que surgida do nada, agarrou-o pelo braço e o fez parar.
- Draco.
- Pansy – disse ele com tédio e querendo sair logo dali. O dia fora um desperdício completo.
- Você está bem? – a sonserina perguntou. – Snape te deu uma bronca muito grande? Ele e o Filch são dois idiotas por fazerem isso...
- É, Pansy, tudo bem – Draco a cortou. – Eu quero voltar para a masmorra, será que a gente não pode conversar amanhã?
- Você tem estado distante há um bom tempo – ela disse em uma voz chorosa. - Eu pensei que poderíamos passar um tempo juntos...
- Agora não. Estou mesmo cansado.
Pansy abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas Draco passou reto. A sala comunal da Sonserina, nas masmorras, ficava para o outro lado, mas Draco não pareceu se lembrar disso. Ele tinha acabado de virar outro corredor quando uma pessoa melhor – ou pior – o parou novamente.
- O que aconteceu? – perguntou numa voz autoritária.
O coração de Draco disparou por um momento ao vê-la ali, estonteante no vestido de festa.
- Nada que seja da sua conta. – Quase adicionou um “sangue-ruim” ao final da frase, mas não teve coragem.
entrou na frente para impedir seu caminho.
- Olha aqui – começou, encarando-o com aqueles olhos claros. – Eu não estou nem aí para o que você me disse em Hogsmeade. Eu sei que eu deveria ter esquecido, mas eu não vou. Tem alguma coisa de errada com você; você anda estranho, Draco, parece doente, falta na maioria das aulas e fica andando sozinho. Eu quero te ajudar!
- Eu não quero a sua ajuda! – Draco elevou a voz. – Eu não preciso de ajuda. De ninguém. Estou bem do jeito que estou. Vá embora, , volta pra festa, eu já disse que não temos mais nada.
- E eu já disse que não me importo com o quanto você me evite, eu vou continuar do seu lado até você me contar exatamente o que está acontecendo!
Draco agarrou-a pelos dois ombros e bateu suas costas na parede. quase não piscou. Já esperava aquilo dele.
- Me deixa em paz – ele rosnou. – Não há nada para contar.
- Nem por que agora é um Comensal da Morte? Nem o que você está planejando às escondidas no castelo?
O fato de saber da Marca Negra desde o episódio em Hogsmeade ainda o deixava acordado à noite. Não parecia que ela tinha dito a alguém, mas o perigo estava sempre ali. E ela era curiosa demais para deixar de perguntar o que estava acontecendo.
- Eu disse para ficar afastada – Draco disse numa voz morta. – Disse que eu não queria mais nada com você.
- Bem, neste caso, Malfoy, o sentimento não é mútuo – respondeu. – Se era só por isso que me queria longe, pode ficar tranquilo. Eu já te julguei o suficiente por seis anos.
Draco não soube o que falar por alguns instantes.
- Você não entende o que isso significa, – disse baixo.
- Então já passou da hora de me explicar.
- Não posso. Pelo menos, não agora.
Então fez algo que o surpreendeu mais do que se tivesse ido embora. Ela o abraçou, um abraço de conforto, e Draco teve de retribuir. Ela era dois palmos mais baixa que ele, portanto ele apoiou o queixo em sua cabeça. Partiu o abraço por um instante depois de uns momentos, na necessidade de se explicar.
- Sinto muito por ter dito aquelas coisas em Hogsmeade, eu não quis realmente...
- O Snape estava vendo, não estava?
Draco assentiu.
- Eu sabia. – Ela deu um meio sorriso e voltou a abraçá-lo.
No fim do corredor, a poucos metros dali, Pansy ouviu tudo. E o que ficou martelando sua mente, quando já estava voltando para o quarto minutos depois, foi que Draco a tinha rejeitado. Draco a tinha rejeitado por uma sangue-ruim. Por uma corvinal. Por .
Pansy não deixaria barato. Não daquela vez, não se tratando de Draco Malfoy.

Narrador

estava andando pelo corredor, passando próxima ao banheiro com e quando ouviu um urro de dor conhecido que a fez arrepiar.
- Podem ir – disse às duas amigas. – Eu preciso fazer uma coisa antes.
- , não vá atrás dele. Nós vimos que você ficou mal naquela época mesmo não demonstrando – disse .
- Eu sei o que estou fazendo. Encontro vocês no jantar.
e assentiram e seguiram na frente. se apoiou no batente da porta de forma que ninguém a visse e ela pôde observar Snape recitando algum feitiço de cura. Draco chorava de dor e isso partia o coração de .
- Potter, fique aqui enquanto levo Draco para a ala hospitalar – ordenou Snape. – Curei uma parte de seus ferimentos, mas ainda não é o suficiente. Você deve ir a ala hospitalar e eu não posso te levar. Dumbledore convocou uma reunião de emergência e eu já estou atrasado.
se escondeu e esperou Snape sair sem vê-la porque, se a visse, suspeitaria e sua pequena “encenação” com Draco não teria valido de nada. O garoto ainda gemia um pouco de dor. Ela se aproximou dele.
- Draco.. Ah meu Deus, venha, vou cuidar de você. – apoiou Draco de forma que o sustentava e o levou a ala hospitalar. - Onde é que você se meteu dessa vez? – ralhou com ele, baixo.
- Foi um acidente. Tinha que ser o Potter – resmungou Draco.
- Madame Pomfrey não está. – disse a Draco. - Parece que ela teve uma emergência com um garoto da Lufa Lufa que passou muito mal. – disse depois de ter verificado onde a mulher estava.
- Quer esperar ou... – Draco gemeu de dor mais uma vez.
- Ok, eu cuido de seus cortes.
foi até a estante e pegou alguns remédios que conhecia. Sua mãe era médica no mundo trouxa, uma das melhores de Londres, na verdade. pegou o algodão e o recipiente com o remédio, estava de costas para Draco.
- Acho melhor tirar sua blusa para eu... – ela se virou e deixou cair o algodão e o recipiente que, por sorte, estava fechado. Draco estava terminando de desabotoar a camisa, expondo seus músculos e o corte do seu peito até o umbigo. começou a gaguejar e piscar involuntariamente. Draco riu da reação que ele causou nela. – Eu.. hmm.. acho melhor.. é.. – ela não conseguia formar frases completas e coerentes, apenas se abaixou para pegar o que havia derrubado.
- É incrível que mesmo depois de tantas noites juntos, ainda te causo esse tipo de reação. – ele riu.
- Na cabana estávamos a luz de velas e aqui, bom... – ela olhou para seu corpo bem definido. – Uau, quer dizer, a luz é melhor. – Após ter pego o algodão e o líquido, foi até ele. – Sinto muito, mas vai doer um pouco. – Draco assentiu. passou o algodão e ouviu Draco rangendo os dentes e segurou em sua mão livre para tentar passar a dor mais rápido. reparou no que havia em seu braço e após ter acabado de limpar o corte, passou a mão em seu antebraço esquerdo.
- Dói? – ela se referiu a marca.
- No começo doía. Agora não é mais constante. – fez o contorno da marca. Logo em seguida saiu de seu transe e foi pegar outro remédio para o corte. Draco fez uma careta vendo o que ela ia passar.
- Não se preocupe. A pior parte já passou. – ela sorriu.
- Como você sabe tanto disso? – ele perguntou.
- Minha mãe é médica. Uma das melhores médicas trouxas em Londres. E eu venho ajudar a enfermeira Pomfrey de vez em quando. Acho bem interessante.
- Você nunca me contou de sua família.
- Você não gosta de trouxas. Não tem motivo para eu te contar. E bom, nem tem tanto a contar.
- Mas eu quero saber. Pensando bem, você conhece quase toda minha árvore genealógica e eu não sei nem o nome da sua mãe.
- Patrícia. Eu era muito próxima dela e foi bem difícil deixá-la lá para vir para Hogwarts. Ela não pode me visitar aqui, e, na maioria das vezes que eu visito ela, ela tem que trabalhar e não tem tanto tempo para mim. Bom, meu pai você já sabe da história.
- Sinto muito mesmo.
- Tudo bem, eu já superei. – houve um momento de silêncio até que Draco o quebrou.
- , me desculpe por ter me afastado e dito todas aquelas coisas para você em Hogsmeade.
- Eu..
- Deixa eu terminar. Eu acho que você merece saber o que está acontecendo, afinal, você é a única pessoa que eu confiaria minha vida. – ela pronunciou um som para encorajá-lo a continuar. – Quando meu pai foi preso, o mundo caiu lá em casa. Minha mãe chorava quase todos os dias. Foram dias difíceis. Minha tia, Bellatriz, disse para ela me oferecer a Você-Sabe-Quem como comensal e em troca, ele tiraria meu pai da cadeia. E assim, contra minha vontade, ela fez. Eu tive que ir, minha mãe sofria demais sem o Lúcio. Eles me marcaram com a Marca Negra e, como prova de minha lealdade, eu devo matar Dumbledore. – ouvia a história atentamente. – E eu vou. Tenho que fazer. Snape deve me proteger e garantir que tudo dê certo.
- Você não pode matá-lo. – disse , nervosa. – Você pode ir para Askaban ou ser morto. Você não pode. Eu vou fugir com você. Podemos.
- , sua tentativa de me salvar é plausível e reconhecível, mas não é tão fácil. Eu não posso abandonar minha mãe. Eu adoraria fugir com você, mas não é tão fácil. Você-Sabe-Quem planeja uma guerra para derrubar Hogwarts, eu temo que ele consiga.
- Eu não vou deixar você ir para esse caminho.
- Eu sempre te disse. Nunca fui o mocinho. E é bem provável que eu acabe morto no final dessa história.
- Tem que ter alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar.
- Você já me ajudou. Você me tornou mais humano, com sentimentos. A única coisa que você poderia fazer é estar ao meu lado até tudo acabar. Eu me sinto horrível por ter que fazer o que vou fazer. Você é meu consolo. Parece que tudo desmoronou.
- Podemos passar as noites na cabana, apenas dormindo juntos até o dia. – Draco assentiu.
- Me desculpe ter que fazer você passar por isso.
- Não se preocupe. – ela aninhou a cabeça de Draco entre seus braços de forma a confortá-lo em sua tristeza e decadência mental.

- Severo... por favor...
- Avada Kedavra!
Dumbledore tombou para trás e caiu da torre.
As coisas pareceram um borrão a Draco depois disso. Durante o momento em que o corpo do diretor caía pela torre, ele não reagiu, só voltou a se mover quando sua tia, Bellatriz, o puxou pelo braço e começou a empurrá-lo escada abaixo para fugir do castelo, com Snape à frente.
Sua visão estava embaçada e foi quando percebeu que estava chorando. Enquanto os três desciam a escada em espiral da Torre de Astronomia, ouviu as palavras de ecoando em seu subconsciente.
Fora há aproximadamente meia hora. Há meia hora Draco perdera a coragem que talvez sequer tivera.
Ele havia acabado de sair da Sala Precisa após verificar uma última vez se o Armário Sumidouro funcionava bem. De alguma forma, o achou enquanto se dirigia à torre e o parou. Draco só entendeu que era ela ao se virar, ou teria lhe lançado uma maldição.
- Draco – ela murmurou. – Ainda não é tarde demais. Você sabe que não é. Não faça isso. Por favor, fique.
- Eu não posso, – ele respondeu. – Eu realmente não posso. Ele vai matar a mim e aos meus pais se eu não fizer isso.
- Nós podemos fugir, agora mesmo, e ele nunca vai te achar.
- Você não o conhece – Draco começou a soltar o braço. – E eu não quero e rezo para não conhecer. Eu já estou perdido, mas não quero que você também esteja. Snape não quer mais saber de nós. Volte para o dormitório.
- Não. Se você continuar com isso, vou ficar ao lado de Hogwarts, daqueles amigos de Harry Potter.
- ...
- Draco, não faz isso – implorou. – Eu te amo.
Foi como se ele tivesse recebido um soco no coração.
- Sinto muito. – Puxou o braço de uma vez e apressou os passos para ir embora, deixando-a sozinha.

Agora, descendo os degraus em direção à Sala Precisa, a última frase dela continuava a reverberar no seu crânio. Tia Bella ia rindo pelos corredores, Snape ia calado, Draco mais calado ainda. Quando chegaram ao corredor da Sala, entretanto, encontraram a batalha: os Comensais da Morte contra os alunos, a maioria de pijamas. Algumas pessoas estavam caídas no chão, inconscientes, talvez mortas.
- Para o outro lado! – Snape bradou a ordem sobre o barulho e deu a volta para outro corredor. Alguns alunos tentaram impedi-los. Draco ouviu Potter berrando para eles.
- Draco!
Ele girou automaticamente. corria até ele, descabelada e com arranhões pelo rosto. Draco voltou a correr antes que ela chegasse perto demais, mas mesmo assim ela o alcançou.
- Aonde você vai?
- Fugir. É isso que eu faço, e você também não deveria estar aqui.
- Você matou o Dumbledore mesmo – ela sussurrou, os olhos mostrando a decepção.
- Não, – ele disse depressa, desesperado, segurando o rosto de em suas mãos. – Não fui eu, eu juro, foi o Snape.
- Você sabe que eu não acredito nisso.
- Acha que eu mentiria?
- Acho. Você já não é mais o Draco que eu conheci. Nenhum dos dois.
- Eu nunca garanti que fosse – Draco disse. – Você me prometeu que ficaria ao meu lado sempre, mas eu entendo. Desculpe te decepcionar, mas não há volta. Eu tenho que ir, agora. Se um dia voltarmos a nos encontrar, vou te recompensar. Apenas se mantenha segura. Adeus.
Draco depositou um beijo nos lábios dela e voltou a correr para acompanhar Snape e Bellatriz.
Narciso se olhou no espelho, se apaixonou. Draco sentiu a mesma coisa há anos quando olhou , porém não se viu, viu o que faltava em si.


CAPÍTULO 2 - Vingança


Narrador

- , , vamos! Temos que proteger nossa escola – disse , chamando suas melhores amigas.
não via Draco há quase um ano quando eles se separaram após a morte de Dumbledore. Ela não podia ter o deixado partir para o “outro lado”. Prometera que o manteria são nem que tivesse de enfrentar o próprio Snape. Mas falhou na missão que poderia salvá-lo, a mais importante.
não sabia o que havia acontecido com Draco durante aquele ano, temia o pior.
ficou responsável por cuidar da Torre de Astronomia, no caminho até lá, alguns comensais apareceram.
- Pode ir, eu cuido desses daqui – disse , preparando a varinha. – Andem logo! – ela gritou para as outras duas.
- Boa sorte - gritou para ela antes de saírem correndo.
e tiveram que parar novamente por conta do bando de aranhas gigantes que apareceram de todos os lados.
- , vai! É pequeno o caminho até lá. Assim que eu e acabarmos, te alcançamos.
- Ok e hmm... boa sorte – disse com verdadeira preocupação com a amiga que tinha fobia de aranhas. – Você consegue! – Então se virou e correu para a torre, dando tempo de ouvir um grito por parte de que começara a atacar as aranhas com agilidade e inteligência.
Ao se aproximar da torre, diminuiu os passos sentindo que já estava acontecendo uma batalha lá. Ouviu uma voz que reconheceria em qualquer lugar. Draco Malfoy. Seu coração parou por alguns milésimos de segundos apenas para observar o garoto de cabelos dourados. O garoto que desafiava ela sobre tudo, que a odiava, o único que alcançou o que nenhum nunca conseguiu alcançar: seu coração. O único que ela realmente se importava. O único que a chamava de , e ela gostava. O garoto que partiu seu coração. E por mais que tentasse negar, ela o amava. Não queria. Queria entrar naquela torre e acabar logo com isso, o matando. Mas isso nunca aconteceria. Pela primeira vez ela estava em uma guerra interna entre a razão e o coração e quem ganhou...
- EXPELLIARMUS! – Draco agitou sua varinha para o garoto a sua frente, porém foi mais rápida.
- PROTEGO! – ela gritou na frente do garoto. A varinha de Draco voou longe. – Malfoy, sua luta agora é comigo – ela disse, confiante. Com um movimento de cabeça mandou o garoto sair de lá. – Deixe comigo. Estou responsável por esta torre.
- Ora, ora. aqui? Você era a última pessoa que imaginava encontrar. – Draco recuperou sua varinha rapidamente e enfim os dois apontavam as varinhas. Draco começou a rir.
- Por que está rindo, Malfoy? – perguntou sem desviar um centímetro a varinha do rosto de Draco.
- Uma vez você disse que queria me matar – ele continuava rindo cínico, se lembrando de um dos nossos confrontos, quando beijara Blásio. – Faça de suas palavras verdadeiras. Prove que você estava certa o tempo todo, como sempre. Prove que você sempre vai ganhar de mim, que você é mais forte que eu. Me impeça – ele disse e ficou indecisa se ele dizia ironicamente ou se realmente implorava para que ela o matasse. – Prove agora o quão melhor do que eu você é. – não se mexeu, não fez movimento nenhum. Ela queria voltar à época em que só existia os dois na cabana, as competições. Onde nada era complicado. – Nada? Achei que você tivesse aprendido. – Draco agitou a varinha – Estupefaça!
- Protego! – disse rapidamente, se protegendo do golpe que levaria. – Eu realmente não quero lutar contra você, Draco.
- Ótimo, assim fica mais fácil para mim. Só achei que você não seria tão covarde. Everte Statum! – Draco gritou e , sendo mais rápida, contra atacou com um feitiço.
- Impedimenta!
Então antes que fosse aos ares, ela recitou o feitiço e quem voou longe foi Draco. andou até o lado de Draco ainda com a varinha apontada para ele, mas ele não se mexia. pensou que ele estivesse desmaiado e abaixou a varinha, mas em questão de segundos, Draco se virou para ela e lançou:
- Expelliarmus! – A varinha de voou longe e seu corpo foi empurrado, batendo, coincidentemente, em uma das quinas da parede da torre que dava para o lado de fora. Ela sabia que ia cair, então fechou os olhos.
De repente, uma mão agarrou seu braço.
- Eu não vou deixar você cair. Não vou – disse o loiro mais para si mesmo do que para . De algum modo, Draco foi afetado pelo seu próprio feitiço e acabou tendo o mesmo destino de . Ele segurava no chão da torre com uma mão e com a outra segurava o braço de . Era fato, os dois estavam no ar e dependiam da força de Draco em segurar na torre. – , segura firme – ele gritava para a garota, mas o nervosismo de estarem prestes a cair e provavelmente morrerem deixava sua mão suada e escorregadia.
- Estou tentando. Draco, você não vai conseguir segurar por muito tempo aí.
- Eu consigo. Eu sei que consigo. – sabia que não, mas não podia deixá-lo mais nervoso. Tentou pensar em algo que poderia salvar ambos.
- Tive uma ideia. Draco?
- O quê?
- Você precisa confiar em mim! – Ele respirou fundo, ponderando se mentia mais uma vez.
- Eu sempre confiei e vou sempre confiar – ele disse por fim. Ela sorriu.
- Onde está sua varinha? Está com você?
- Não, não sei por que, mas ela voou quando lancei o ultimo feitiço, ela não tem estado na mesma sintonia que eu, desde que tentei – ele enfatizou a última palavra e revirou os olhos – matar Dumbledore.
- Minha varinha deve estar muito longe. Tenta pegar a sua, não deve ter voado tão longe quanto a minha. – Draco se impulsionou um pouco para cima para tentar enxergar onde estava sua varinha.
- Não está muito longe, mas não consigo pegar. Posso tentar empurrar ou assoprar para cair, mas você PRECISA pegar. – assentiu. – Me ajuda a pegar impulso. No 3. 1, 2.... 3. – fez força para cima e Draco tentou empurrar a varinha, mas só conseguiu quase derrubar os dois. gritou. Seu coração estava a mil. Eles não caíram, apenas algumas pedras pequenas que estavam no chão caíram neles. – Tudo bem? – assentiu novamente. – Então vamos tentar mais uma vez. 1, 2.. 3! – impulsionou Draco e ele conseguiu empurrar a varinha de alguma forma e ela caiu. quase não pegou, mas conseguiu no último instante com a ponta dos dedos. Os dois respiraram de alívio.
- Draco. – Os dois arfavam.
- Fala, .
Ela respirou fundo.
- Você precisa soltar.
- O QUÊ? Você ficou louca? – Draco disse, incrédulo.
- Eu tenho um plano, você precisa confiar em mim.
- Mas ...
- DRACO, VOCÊ QUER MORRER? – gritou um pouco desesperada, percebendo como as mãos dele estavam ainda mais suadas e escorregadias do que antes.
Draco respirou fundo, olhou profundamente nos olhos azuis de e disse:
- Se você estiver dando uma de Romeu e Julieta e matar nós dois, eu mato você, ! – gritou e então soltou. , a poucos centímetros do chão, gritou:
- Aresto Momentum!
Eles pararam antes de cair no chão e, em seguida, caíram, porém caiu perto da ponta de um morro e rolou abaixo, batendo a cabeça em uma pedra e desmaiando. Draco foi até ela e passou a mão em sua testa, em um pequeno corte causado pela queda. Pegou a garota nos braços e a levou perto do castelo até que se lembrou do que tinha que fazer: impedir que Harry conseguisse as Horcruxes. Draco sabia que precisava fazer isso, afinal, era um Comensal da Morte.
Colocou deitada no chão em um lugar que ele sabia que a achariam. Aproximou-se do rosto dela e disse mesmo sabendo que ela não estava ouvindo:
- Você já provou que consegue se cuidar sozinha – ele sorriu. – É forte o suficiente para se manter viva. Isso é tudo o que eu preciso. – Ele deixou uma lágrima escapar de seu olho azul e cair no rosto da garota. – Minha . – ele sorriu novamente e como em todas as despedidas entre os dois, ele selou os lábios de em um rápido toque entre eles sem saber se eles se veriam novamente.

’s POV

Acordei assustada, estava na grama perto do castelo. Forcei minha memória e me lembrei de estar caindo depois ter rolado e mais nada. Passei a mão em minha cabeça e quando olhei ela estava com sangue, meu sangue. Provavelmente bati minha cabeça em algum lugar quando caí. Uma imagem, quase como um sonho, surgiu em minha cabeça. Era Draco, ele havia me beijado e partido de novo. Toda a memória de antes da queda voltou a minha cabeça. Eu havia mesmo duelado com Draco.
Já havia escurecido e nada dele por perto. Levantei-me e fui para a frente do castelo. Estava acontecendo uma batalha e havia muitos feridos de nossa parte. Mesmo estando meio zonza, eu precisava ajudar a defender minha escola. Fui correndo até a torre de astronomia e peguei minha varinha, encontrei no caminho, ela tinha derrotado a aranha porém quando passamos onde estava, ela estava caída e desacordada com alguns machucados por causa da luta.
Ela não podia estar morta, mas nunca se sabe. Quando se luta com um comensal, as Maldições Imperdoáveis não são tão proibidas assim. Verifiquei se tinha pulso e ainda tinha. Suspirei de alívio.
- Vamos, , temos que levar ela pra ala hospitalar. – assentiu. Nós pegamos nos ombros e a levamos onde feridos estavam. – , fique aqui, você também está ferida. – Peguei minha varinha. – Eu tenho que ir.
- Aonde vai? Você está com um corte na testa, tem que ficar aqui.
- Não posso. Tenho que lutar. Eu ainda posso e vou! – me conhecia muito bem. Se eu dizia que faria algo, nada no mundo me impediria.
- Boa sorte. E é melhor você não morrer! – ela ordenou.
- Pode deixar – sorri para ela e corri para fora do castelo para ajudar na batalha.
Todos estavam dando tudo de si, eu não iria ficar sentada sem fazer nada, eu iria lutar até não poder mais. Usei todos os feitiços que aprendi, mas a cada golpe que recebia, minha visão ficava mais embaçada. Estava lutando contra um comensal em um lugar mais afastado quando ele lançou:
- Avada Kedavra! – desviei do golpe que bateu em uma parede de pedras atrás de mim que caiu em cima de minha perna, me fazendo cair. Praguejei e agora estava presa porque minha perna sustentava quase o peso da parede toda. Se tivesse que adivinhar, apostaria que a tinha quebrado. O comensal, vendo que eu estava indefesa e com a varinha longe, começou a se aproximar. Eu pensei “Pronto, é agora, vou morrer aqui.” Tentei me esticar ao máximo para pegar minha varinha, mas não me movi nem um centímetro.
Uma voz do nada apareceu vinda do céu. Um anúncio de Voldemort. O comensal virou sua atenção para o céu. Enquanto isso, eu tentava me esticar para pegar a varinha antes que ele se lembrasse de mim. O anúncio acabou.
- Eu devo voltar, mas antes vou acabar com você. Uma presa fácil. – Ele levantou a varinha, agitou-a. Fechei os olhos, esperando o pior.
- Avad...
- Expelliarmus! – Abri os olhos e era Draco de novo. – Você-Sabe-Quem mandou todos voltarem, deixe que eu cuido dessa para você.
- Mas você também é um comensal, tem que voltar. Eu pego essa daqui, acabo com ela em um feitiço.
Eu presenciava a discussão temendo por minha vida.
- Eu não sou um comensal completo, você é. Ouvi dizer que você é um dos preferido do senhor, e você sabe o que aconteceu com o ultimo preferido de Você-Sabe-Quem quando ele se atrasou.
- Não, não sei.
- Exatamente, ninguém sabe. Então é melhor você ir logo. – O comensal pensou e percebeu que Draco tinha razão, e ele foi embora.
- Minhas despedidas dramáticas nunca dão certo com você sempre atrás de mim. Será que vai ser sempre assim? Tenho sempre que te salvar? – Draco perguntou para mim.
- Eu não preciso da sua ajuda – disse, confiante e arrogante.
- Tudo bem, vou embora, então.
Tentei soltar minha perna da parede e estava muito pesado, e como a perna estava fraturada, era impossível mexer.
- Espera! – gritei, esticando a mão para ele. Revirei os olhos. – Eu preciso de ajuda.
Ele abriu um sorriso.
- Eu sei que precisa.
Draco usou o Wingardium Leviosa para tirar as pedras e os tijolos de cima de mim. Tentei me levantar, mas a dor em minha perna fez minha visão escurecer e eu cair de novo.
- Você não espera mesmo que eu faça você ir andando o caminho todo – comentou Draco, e eu pude sentir uma pitada de seu antigo eu de volta. Antes que eu pudesse responder, ele passou um braço por trás dos meus joelhos e o outro ao redor de minha cintura e me ergueu no colo. Instintivamente, abracei o pescoço dele para me equilibrar.
Para quebrar um pouco da proximidade de nossos rostos, eu olhei para minha perna quebrada, que pendia em um ângulo muito bizarro. Felizmente, eu não era uma daquelas pessoas que desmaia por um machucado. Era estranho e até um tanto constrangedor ficar assim, tão perto dele, já fazia tanto tempo.
Draco começou a andar.
- Caminho para onde? – perguntei, o que foi uma reação um pouco atrasada do que ele disse.
- Você vai ver. Eu posso ter um plano, mas agora preciso que não faça barulho.
Eu franzi as sobrancelhas, mas decidi não discutir. Parecia que alguém estava enfiando uma faca na minha perna e eu tinha que me concentrar em alguma coisa que não fosse aquilo. Apoiei a cabeça no ombro de Draco, sem nenhuma outra intenção a não ser a de descansar, é claro.
Tudo bem, quem é que eu estava querendo enganar? Eu sentia tanta falta de Draco que meu coração doía de pensar nele. Mais de um ano sem vê-lo, sem ter notícias dele, sem tocá-lo, sem sentir seu cheiro amadeirado, sem saber como ele estava me deixando mais aflita do que eu admitia a mim mesma. E apesar de tudo o que estava acontecendo no momento, minha perna, a guerra em Hogwarts, nosso lado da batalha, eu estava contente de tê-lo novamente perto de mim desse jeito.
Quando percebi que ele estava se dirigindo em direção à Floresta Negra, eu tive um palpite de para onde estava me levando.
Chegamos à cabana. A cabana que permanecia intocada, mesmo depois de tanto tempo, em que nós nos encontrávamos às escondidas nos tempos bons de escola – que na época eram terríveis, mas em comparação com agora...
Draco me depositou na cama, tomando cuidado para não mexer demais minha perna machucada.
Olhei ao redor, para as paredes mal pintadas, descascando e com algumas manchas de bolor por causa das chuvas que já enfrentaram. E mesmo cheio de defeitinhos, era o lugar que eu mais me sentia em “casa”, que eu podia chamar de lar.
- Esse foi o primeiro lugar em que pensou?
- Pra falar a verdade, foi.
- Obrigada – falei, me referindo a ter me tirado de baixo da parede.
- Não há de quê.
- Então – eu me ajeitei no colchão velho. - Que plano você disse que tinha?
- Ah, sim – Draco juntou as mãos. – , eu preciso que você saia daqui.
- Da cabana?
- Da guerra – ele corrigiu.
- O quê? – eu disse, incrédula. – De jeito nenhum.
- Olhe o que já te aconteceu por você ter vindo lutar – disse Draco. – E aposto que não é o primeiro acidente. , eu não te quero mais machucada se eu posso evitar isso.
- Você não pode evitar que eu me machuque – respondi. – Eu fiquei na escola para ajudar porque quis, não é um problema seu.
- É claro que é! – Draco falou como se fosse óbvio. – Eu quero você a salvo. Viva, respirando. Com o coração batendo.
- E quanto aos outros?
- Eu não me importo com os outros.
- Então você continua o mesmo egoísta de sempre – acusei. Ele não podia me pedir para deixar meus amigos de uma hora para outra.
- Isso não é nenhuma novidade, não é? – Draco não pareceu se importar com a minha ofensa. Deve ter se acostumado. – , por favor. – Para minha surpresa, ele se ajoelhou na minha frente e pegou minhas mãos. – Eu já tive que te deixar uma vez, e não quero fazer isso de novo. Não quero te perder. Você é a única que eu não vou aguentar perder, e essa guerra já fez todos perderem muita gente.
Eu abri a boca para contestar, mas ele continuou:
- Se eu tivesse tido a escolha de não me juntar aos Comensais, eu a teria escolhido. Minha mãe estava desesperada porque Lúcio foi mandado para Azkaban e falhou com Você-Sabe-Quem. Bellatriz nunca viu nenhum de nós como nada além de desonrosos com o resto da família. E o Lorde das Trevas... bem, acho que não preciso comentar. – Draco sorriu torto. – Por incrível que pareça, só você realmente me viu como uma pessoa alguma vez.
- Draco... – comecei.
Ele tocou minha bochecha.
- Eu preciso de você.
Tenho que confessar: naquela hora, eu quis beijá-lo. E realmente aceitar a proposta de ir embora só para tranquilizá-lo. Eu me sentiria da mesma forma se fosse o contrário e quisesse mantê-lo o mais seguro possível dentro da situação. Mas meus amigos... e ainda estavam lá dentro, e os outros com quem eu conversava; até mesmo os professores. Uma aluna a menos não faria tanta diferença, mas quanto mais pessoas para defender o castelo, melhor. Eu nem sabia quantos já estavam mortos.
Então escolhi o meio termo.
- Tudo bem, Draco. Eu vou embora. O que quer que eu faça?
Ele suspirou, aliviado, e apertou minhas mãos.
- Eu tenho que ir me reunir com os outros Comensais agora. Não vai ser por muito tempo, já deve estar no fim. Quando eu voltar, vou trazer uma capa e te tirar escondida através da floresta. Encontramo-nos quando a guerra estiver acabada.
Eu assenti. Draco me beijou rapidamente no canto da boca e fez um movimento ligeiro com a mão que segurava a varinha enquanto se levantava. Senti um aperto no pulso e olhei para baixo. Ele conjurara uma corda para me prender à cama. Olhei-o com descrença.
- Só por garantia, você sabe. Você é a , não me esqueci disso. – Draco deu uma piscadinha e foi para a porta, onde parou e olhou para trás. - Nos vemos daqui a pouco, .
- Idiota. – resmunguei, afinal, ele havia estragado meus planos. Tive a sensação de que precisava falar mais alguma coisa, mas não tinha ideia do quê. Antes que eu pudesse me decidir, Draco já tinha saído.
Eu tinha que agir rápido. Tentei me lembrar de algum feitiço útil para melhorar minha perna, mas não me lembrei de nenhum. Todos esses anos estudando para nada, que ótimo. Eu sim sou uma verdadeira corvinal.
De qualquer modo, teria que ser daquele jeito mesmo. Como eu entraria no castelo e voltaria antes de Draco, era uma questão muito boa para ficar exatamente onde eu estava, mas eu precisava ir. Pelo menos para saber o que estava de fato acontecendo, ou para me despedir. Todos ouvimos o anúncio de Voldemort para entregar Harry Potter.
Ah, Draco. Não devia ter deixado minha outra mão livre. Desfiz o nó – que estava muito bem feito - da corda após uns poucos segundos. Apoiei-me com ambas mãos para me levantar e tentei mexer o mínimo a perna fraturada. Apanhei minha varinha e fui mancando até a porta. Não me lembrava de ela ser tão longe da cama assim, mas eu demorei. Perna estúpida. Tinha que quebrar justo naquela hora. Girei a maçaneta capenga e dei o primeiro passo para fora, os olhos semicerrados de dor.
Não cheguei a andar muito. Umas pessoas vestidas de preto passaram apressadas perto dali – Comensais da Morte, nenhum deles Draco – e achei melhor me manter nas sombras até todas passarem. Quando achei que o caminho já estava livre, apressei o passo. Draco já devia estar retornando se os outros passaram.
- Estupefaça!
A porta explodiu atrás de mim, e graças a Deus eu a deixara aberta. Aparentemente ela interceptara o feitiço que lançaram contra mim. Mas quem? Eu reconhecia aquela voz... O que restou da porta voou por cima da minha cabeça ao me abaixar, e conforme o clarão diminuiu, eu pude ver Pansy Parkinson, da Sonserina, colega de Draco, me encarando com ódio profundo.
- Impedimenta! – ela gritou.
- Protego! – me defendi a tempo. O impacto me fez cambalear e eu me apoiei na parede da cabana para não cair.
- Está fugindo, ? – Pansy provocou. – Por que não me ataca de volta? Eu sabia que você era uma covarde. Draco deve ser cego por não ter percebido isso.
Pansy lançou outro feitiço, dessa vez sem pronunciá-lo, e eu o interceptei.
- E, é claro – eu respondi com ironia -, quando ele percebesse que eu sou uma covarde, iria para você. O problema, Pansy, é que se ele visse isso, também fugiria de você.
Outro feitiço. Outro bloqueio. Minha perna fraquejou, e agora doía mais do que nunca.
- Expelliarmus! – foi o melhor em que pude pensar. Eu estava muito fraca para revidar, e Pansy simplesmente deu um passo para o lado para evitar minha azaração. Sua varinha nem se mexeu.
- Já chega da brincadeira, queridinha – ela disse. – Sabe, eu achei mesmo que Draco não tivesse te trazido aqui, afinal esse era o meu lugar. Nosso lugar. Realmente me surpreendi em encontrar você aqui. Mas chega de papo, não é? Reducto!
Usei o feitiço de proteção novamente, mas não fui ágil o bastante. Protegi meu corpo, mas a parte mais importante no momento não: minha perna. O Reducto de Pansy ricocheteou em meu tornozelo e eu senti como se o estivessem moendo. Caí no chão, gemendo de agonia, e quase não percebi quando Pansy se aproximou mais, chutando minha varinha para longe.
- O Draco deveria sempre ter sido meu. Você não deveria ter se metido no meio.
- Pelo menos serviu para ele ver a diferença entre nós duas – eu grunhi. – Eu não sou uma vadia.
- CALA A BOCA! – Pansy berrou e ergueu a varinha para o meu rosto. – Cala a boca, ou eu vou arrancar essa sua língua nojenta. Sua sangue-ruim.
- Acho melhor não, até porque o Draco gosta muito dela e ficaria chateado. – Ri com um certo tom de superioridade, afinal, quando se falava em Pansy, eu realmente era superior.
Ouvi um som sair da garganta de Pansy, um som que me pareceu raiva. Vai ver ela tinha contraído a doença, pobrezinha. Pansy tomou impulso e pisou com toda sua força na perna, minha perna quebrada. Abri a boca para gritar, mas não consegui produzir um som coerente.
- Silencio! – Pansy ordenou, e eu realmente fiquei muda. Dessa vez era um feitiço. – Você não é nada perto de mim. O que é que você tem? Arrogância, orgulho e um ego maior do que pode suportar. Você é pobre, vem de uma família de trouxas e quase não tem amigos. Sabe o que eu acho? Que você fez uma poção do amor. Vai ser ótimo quando Draco souber disso, por mim, é claro. Sobre como você confessou tudinho enquanto me pedia misericórdia.
Cerrei os dentes, com mais ódio do que alguém podia sentir. Muda, humilhada e no meio de uma floresta. Como era desprezível minha situação. Eu, , nas mãos de uma vadia descabelada. Quem era essa pessoa?
- Sua última chance – finalizou Pansy, com uma voz doce -: Silencio. Suas últimas palavras? Antes que eu só consiga ouvir gemidos de dor. – Era incrível como ela dizia isso com a maior naturalidade e um sorriso doce no rosto.
Eu ainda tinha que ter alguma dignidade.
- Vá em frente – falei. – Faça o que quiser comigo, mas você nunca vai conseguir mudar o fato de que o Draco prefere a mim do que a vadia louca. – completei com o mesmo sorriso.
Os olhos dela flamejaram. Ela apontou a varinha para o meio de minha testa e disse:
- Crucio!

Draco’s POV

Eu já estava no meio do trajeto de volta quando ouvi os gritos. Me surpreenderia se alguém não os tivesse ouvido.
Voldemort e minha mãe me fizeram ficar mais um pouco porque tecnicamente eu era considerado do círculo de confiança. Enquanto todos os outros Comensais da Morte recomeçavam o ataque a Hogwarts, eu fingia que ouvia o que conversavam, sem me incluírem em nenhum momento.
Agora, em direção à cabana, meu coração pareceu parar assim que os gritos ecoaram por entre árvores. Eu poderia dizer que, na minha vida, nunca ouvira um som como aquele. Porque eu sabia a quem ele pertencia. Não que eu já tenha a ouvido gritar dessa forma, mas era sua voz. Eu a reconheceria em qualquer circunstância. E não era um grito só de dor. Havia sofrimento e isso é o que eu mais temia.
Correndo naquele solo pedregoso e barrento até os berros, eu só pensava que precisava de mim. Ela estava sofrendo, em perigo. Se eu tivesse ficado com ela, se a tivesse protegido melhor... Como a encontraram? A cabana não só era bem escondida no mato mas também protegida por feitiços. Eu nunca contara a sobre eles por serem contra as regras, mas eles estavam lá por precaução desde sempre. E se ela saíra por livre e espontânea vontade... Por quê? Ela me prometera que não iria.
Idiota, eu me repreendi. É a . Uma corda não a prenderia por muito tempo. O plano dela nunca foi seguir o meu de tirá-la de lá.
Raízes enroscaram nos meus pés, tropecei em troncos, desviei de arbustos até chegar ao local.
- Crucio! – Ouvi uma voz de garota esganiçada ordenar, rindo. A voz de Pansy Parkinson.
A alguns metros, eu já podia ver a cena: Pansy gargalhando enquanto torturava uma ensanguentada e com uma perna quebrada em vários pontos, largada no chão, toda suja.
No intervalo que Pansy levou para pronunciar a Maldição Imperdoável novamente, me avistou, os olhos molhados de lágrimas de dor. Uma cena que eu nunca pensei presenciar em minha vida, ainda mais vinda da pessoa mais forte que já conhecera.
- Draco – ela murmurou. Sua voz quase não saiu, e Pansy parou no meio do movimento com a varinha para se virar e me notar.
Eu não percebi que continuava correndo, mas a distância entre nós parecia infinita. Eu não ia chegar a tempo. Eu não ia conseguir.
Pansy deu a impressão de sorrir, como se fizesse uma coisa boa. Sacudiu a varinha e foi lançada no ar.
- Pansy, não! – berrei o mais alto que pude. Meu contrafeitiço não a alcançaria dali. Só mais alguns passos, implorei.
- AVADA KEDAVRA! – Pansy amaldiçoou. Um clarão verde explodiu da ponta de sua varinha, atingindo o alvo. Foi como se tudo passasse em câmera lenta. olhou profundamente em meus olhos sabendo o que ia acontecer, uma lágrima cristalina caiu e consegui ler seus lábios. Suas últimas palavras: eu te amo. E então parou com um sorriso fraco no rosto.
Eu achei que estava morrendo.
Porque a parte mais importante de mim morreu naquele momento.
- NÃO!
ainda estava de olhos abertos, fixos nos meus. Enquanto ela despencava para o chão, minha visão ficou turva e alguma coisa dentro de mim foi despedaçada. Eu finalmente cheguei até ela, antes de atingir a terra, e caiu em meus braços. Ela estava fria... vazia. Diferente de quem eu conheci.
Meu coração falhou.
- ! – falei, desesperado. Ela parecia tão frágil agora, esparramada. Não podia ser verdade. Aquilo não acontecera. – , por favor, não, por favor... Você não pode me deixar. Eu preciso de você. – Por que ela não me respondia se ainda me olhava com aqueles olhos de diamante? Porque agora ela está morta. – Não, não, não, NÃO! VOCÊ NÃO! – Pansy não parava de falar ao meu lado, eu não conseguia ouvir, não queria. A imagem da sendo morta na minha frente acabou comigo. Assim que voltei a realidade, a voz irritante de Pansy entrou em minha mente sumindo com a voz doce de .
- Foi para o seu próprio bem, Draco – a voz de Pansy, aquela voz horrível, soou no fundo da minha mente conturbada, embebida em desespero e tristeza. – Ela não te merecia e você não merecia ela. Há muitas melhores por aí pra você. Ela era uma sangue-ruim, uma nada. Você é tudo. Eu sou tudo.
Virei o pescoço lentamente na direção dela. Não sabia exatamente quando eu começara a chorar, mas tinha certeza de que meus olhos estavam vermelhos. Eu sentia o rosto molhado. Mas acima de tudo, acima de ter perdido a única coisa que fiz razoavelmente certa na minha vida, eu sentia a raiva. Eu não consegui descrever a fúria que senti. Senti que podia fazer qualquer coisa sem medo das consequências. Não me importava com nada. Eu queria vingança.
- Você – a palavra saiu como um rosnado. Minha varinha ainda estava na minha mão, por baixo do corpo de .
- É melhor assim, Draco – insistiu Pansy, agora já não mais tão segura quanto antes. – Eu te fiz um favor. Essa garota só trouxe miséria para sua vida.
Em silêncio, deixei com delicadeza na grama e me levantei, ficando de frente para a garota que eu pensara que era minha amiga por todos esses anos. Andei a passos lentos mas de forma intimidadora.
- Draco? O que você está fazendo? – Pansy disse, dando alguns passos para trás, receosa. – Draquinho, vamos conversar. Sem aquela sangue-ruim vamos ter mais tempo para nós, meu amor.
Fiquei girando a varinha em minhas mãos, ponderando qual Maldição Imperdoável eu usaria primeiro.
- Você vai se arrepender, Pansy. – Eu olhava para minha varinha e em seguida para Pansy, sempre falando em tom irônico.
- Draquinho, vamos conversar – ela disse, o medo visível em seu rosto.
- Você vai pagar por cada grito – um passo mais próximo – Cada lágrima – outro passo – Cada gota de sangue – mais um – Cada minuto de dor e agonia que ela sofreu. – A imagem de sorridente correndo comigo até a cabana fugindo de Umbrige e logo em seguida a garota com um rosto que suplicava misericórdia apareceram em minha mente e minha raiva só aumentou. – Você vai pagar por TUDO. Sua cadela imunda. Ah, e nunca mais me chame de “Draquinho”, sua vadia.
Voltei meu rosto para ela, eu sentia que ele estava transfigurado de raiva. Apontei a varinha para ela.
Pansy correu.
Eu disparei atrás dela imediatamente, sem ligar mais onde pisava. Brandi a varinha bradando feitiços seguidos, explodindo árvores que impediam o caminho, ateando fogo em outras, errando a Maldição da Morte por milímetros. Pansy gritava de terror, e pelo rumo que seguia, estava indo para Hogwarts pedir reforços. Eu a fiz desviar, fazendo uma fileira de carvalhos cair.
- Crucio!
Pansy caiu, contorcendo-se e gritando. Aproximei-me e baixei a varinha.
- Tá sentindo, minha querida? Porque é só o começo.
- Draco, você tem que entender por que eu fiz aquilo... – ela soluçou. – Era para você ser meu. Foi ela que atrapalhou...
- Vamos, querida, eu sei que você aguenta. – Através da expressão dela pude sentir que estava com uma cara de maníaco. Perfeito, porque era exatamente como eu me sentia. Pisei em sua perna com força.
- Draco – implorou ela.
- Você não queria ouvir a gritar de dor, se deliciando de prazer? Então, por incrível que pareça, nós temos isso em comum. – Pisei mais forte. Pansy gritou. Eu não parei, o rosto contorcido de dor de estava preso em minha memória e isso só me fazia continuar. Pansy gritava como nunca, e pela primeira vez, não me importei de ouvi-la gritar.
- Draco, por favor, não. – Pansy olhou em meus olhos, os seus olhos estavam vermelhos de choro. – Você não se lembra? Eu fui sua amiga. Quando aquela vadia te magoava, era a mim que você procurava.
- Você não devia ter chamado a de vadia. – forcei sua perna até ouvir um “crack”.
- Draco, por favor, você não tem misericórdia?
- Você não teve misericórdia com ela. E eu sempre disse que nunca fui o bonzinho. Crucio!
- Acabe com minha tortura. Me mate.
- Eu não deveria, mas por causa dos nossos anos de amizade, vou fazer isso.
- Te esperarei no inferno, Draquinho. – E essas foram as últimas palavras de Pansy Parkinson.
- Avada Kedavra!
Uma luz verde e Pansy ficou imóvel. Não me surpreendi ao não sentir nada fazendo aquilo. Caminhando de volta à cabana, eu senti. Devastação.
Aninhei o corpo de no meu colo mais uma vez e a abracei. Não consegui chegar a tempo de salvá-la mas consegui chegar a tempo de vê-la morrer. Era sempre assim? E se eu tivesse sido mais rápido? E se eu tivesse dado mais atenção a Pansy? E se não fosse tão teimosa? E se eu tivesse sido mais cuidadoso? E se...
Comecei a soluçar. Não sei por quanto tempo fiquei ali, naquela posição, remoendo todos os meus erros, mas foi um longo período. Eu poderia ter evitado tudo isso. Em uma coisa Pansy estava certa: se não tivesse se envolvido comigo, ainda estaria viva, com muito menos inimigos do que no passado.
Houve um momento em que as lágrimas secaram; aquele momento em que o vazio vai além das lágrimas.
Olhei para mais uma vez e fechei seus olhos.
- Eu te amo, .
Pensando agora, o destino foi cruel. Ela nunca teve a chance de me ouvir dizer que a amo. Em todas as vezes que eu tive coragem suficiente, ela estava dormindo ou desmaiada. Provavelmente essa seria a última vez que eu diria isso para ela. Porém desta ela não estava só dormindo.
Respirei fundo.
- Não vai ficar assim, – prometi. – Vou dar um jeito de trazer você de volta. Ainda não acabou.
CAPÍTULO 3 - Magia Negra


Draco’s POV

Após duas semanas, eu já deveria ter encontrado alguma coisa que me fizesse querer viver, mas não havia absolutamente nada.
Lancei um feitiço de preservação no corpo de para que ela ficasse do mesmo jeito enquanto eu procurava uma solução. Agora, ela estava escondida sob um lençol no porão da Mansão Malfoy. Eu procurava não visitá-la, pois isso só me deixaria pior do que já estava e chamaria atenção para meus pais revistarem o local. Incontáveis noites se passaram em que eu sonhava com ela. Às vezes ela viva e às vezes morta. E muitas das vezes eu acordava gritando e/ou chorando. Às vezes eu olhava para ela e parecia que ela estava apenas dormindo, mas não estava. Eu não consigo descrever ao certo como passei após sua morte. Na maioria das vezes ficava trancado no quarto, algumas vezes uma crise de choro, tristeza e saudade me atingia e depois da quarta noite seguida da crise minha mãe já não me incomodava com meus gritos histéricos de choro e pesadelos. Quando fazia alguma coisa estúpida conseguia ouvir a voz dela me censurando: “Que coisa mais aperreante, e você ainda se diz um Malfoy?” ou “Onde está o papi Malfoy, hein?!” e a risada ecoava em meus ouvidos.
No dia em que morreu, eu a deixei na cabana até a guerra terminar. Voltei para o castelo, lutei, fiquei ao lado de Voldemort, embora meus pensamentos estivessem em outro lugar.
Quando a batalha finalmente acabou, eu já estava longe com meus pais. Lúcio tinha se acovardado no meio do caminho e fugiu nos últimos minutos, levando-me junto. Mas eu voltei. Não havia nenhum feitiço que pudesse desfazer o Avada Kedavra nem nenhum de proteção contra ele. Todo bruxo sabia disso, ou pelo menos ouvia isso. Eu me recusava a acreditar. Se a Pedra da Ressurreição podia existir, era nisso em que eu me agarraria.
Falando na pedra, sim, eu sabia que ela era real. Minha mãe sempre lia Os Contos de Beedle, O Bardo quando eu era criança, e o Conto dos Três Irmãos sempre me fascinara.
Naquele dia, eu fui atrás da última pessoa com quem eu falaria na minha vida, ainda mais para pedir um favor. Mas eu estava mais desesperado do que qualquer um. Hermione Granger estava sentada no Salão Principal destruído de Hogwarts ao lado de Rony Weasley, como se fossem namorados. Engoli o rancor que tinha dela e me aproximei.
- Granger – falei. Ela me olhou, suspeita. – Será que posso falar com você por um segundo?
Hermione se levantou depois de trocar um olhar com Rony, e eu recuei alguns passos para ele não ouvir.
- O que quer falar? – Hermione perguntou.
- Eu preciso de uma ajuda sua – desembuchei.
- Minha? O que Draco Malfoy pode querer de mim?
Olhei ao redor e baixei a voz.
- Você... você conhecia , da Corvinal, mesmo ano que nós?
- ? Sim – disse Hermione. – Por quê?
- Ela... ela... – respirei fundo. – Ela foi... – tive dificuldade em falar a palavra - morta. – engoli em seco. - E eu preciso saber se tem alguma coisa que pode ressuscitá-la, trazê-la de volta. Qualquer coisa, um feitiço, uma poção, um objeto...
- Por que eu te ajudaria? Eu sempre fui a sangue-ruim, se lembra?
- Hermione, por favor, eu sei que te maltratei. Olha, eu já fiz muita coisa ruim na minha vida, está na hora de fazer alguma coisa útil e salvá-la é uma coisa boa, o mundo precisa dela.
- Draco, se você quer fazer algo de bom, respeite a morte e tente não desafiá-la porque você sabe, sempre há consequências.
- Hermione, por favor – implorei. Ela respirou fundo.
- Malfoy, é impossível, você pode até tentar procurar mas não existe. A única coisa que um bruxo não pode driblar é a morte – Hermione falou. – Sinto muito que isso tenha acontecido a ela, mas não existe magia que traga os mortos de volta.
- Voldemort voltou uma vez.
Hermione se arrepiou.
- Uma vez, por magia negra e porque uma parte de sua alma ainda vivia. Mas não há mais nada a fazer.
- Eu sei que você conhece um jeito – insisti. – Se você me falar o que é, por mais perigoso que seja, eu juro não afetar mais nenhum de vocês, vou tomar todos os cuidados. Eu preciso disso.
- Não, Malfoy – disse a Granger de novo. – Lamento pela , mas não posso fazer nada.
Ela se virou para regressar ao lugar, porém segurei seu pulso.
- Eu sei que Potter conseguiu a Pedra. Onde ela está?
- Acho que a conversa deveria parar por aqui – Weasley se meteu, aparecendo ao lado de Hermione.
Eu soltei o pulso dela e os dois foram se sentar. Narcisa, minha mãe, me contara que algo estranho acontecera quando Voldemort tentou matar Potter, e eu presumia que só podia ter a ver com a Pedra da Ressurreição. Portanto, fui à floresta, o único lugar que apareceu em minha mente.
Fiz um percurso diferente para chegar até a clareira em que os comensais e o Lorde das Trevas haviam se reunido, para evitar passar por nossa cabana. Eu não aguentaria passar por lá sem recomeçar a chorar.
Fui olhando para o chão, atento aos mínimos detalhes, como um brilho ou uma pedra que não fosse dali. Nada. Pela segunda vez no mesmo dia, eu me deixei cair de joelhos no chão e a desesperança tomou conta de mim.

Agora, eu decidi procurar nos livros. Nunca me imaginara fazendo aquilo antes, mas lá eu estava, na biblioteca bruxa da cidade onde morava. A de Hogwarts fora destruída e a de casa não tinha nada que eu pudesse usar.
Eu não era iludido, então fui direto para as seções em que os livros se tratavam de magia negra. Se alguém podia ressuscitar um bruxo maligno, eu com certeza poderia ressuscitar . Era só uma questão de tempo até eu achar o feitiço e as instruções corretas. Não seria nenhuma Granger nem nenhum professor que me convenceria de que aquilo era impossível.
Eu estava disposto a pagar qualquer preço para ter novamente. Definitivamente haveria um preço. Quando se tratava de magia das trevas, sempre havia um. Eu aprendera aquilo da pior forma, mas agora pelo menos já estava ciente.
Joguei o livro Bruxos das Trevas do outro lado do corredor. Peguei outro e nada. Ao final do dia havia pilhas e pilhas de livros espalhadas pelo corredor.
Cheguei a ir atrás de magos em magia das trevas, que encontrei uma lista deles entre as coisas de meu pai, mas ninguém acreditava que eu queria saber sobre isso e se sabiam não me contaram. Alguns diziam que era muito perigoso, nenhum bruxo que tentou trazer uma pessoa dos mortos obteve sucesso porque todas as pessoas voltavam diferentes.
- EU NÃO QUERO SABER COMO ELA VAI VOLTAR! – gritei com um dos magos que falava comigo. Passei as mãos em meu cabelo de forma nervosa. – Ela só precisa voltar. Só precisa voltar para mim.
- Garoto, não vá nessa linha tortuosa. Você irá se arrepender.
- Eu não me importo. Só quero ela aqui. Se o senhor não me tem mais nenhuma informação eu vou embora. – Me virei em direção da porta da casa do velho.
- Certa vez ouvi uma história, uns dizem que é lenda, mas um homem trouxe seu irmão de volta sem efeitos colaterais. Voltou como se não tivesse morrido. Porém o preço era extremamente alto. Não sei se um garoto como você teria tanta nobreza de sofrer a consequência de trazer sua amada de volta. Ainda mais um Malfoy.
Me irritei com o velho e sai da casa. Pelo menos já tenho alguma coisa. Sei que existe um encantamento.
Tinha um lugar em que eu ainda não procurara: a Casa dos Riddle. Fazia todo sentido. Voldemort passara uma boa parte de seus dias antes de retornar na casa de seus antigos pais, e Rabicho e Barto Crouch Junior fizeram os planos e preparações lá. Rabicho nunca fora a mais inteligente das criaturas, pode ter deixado alguma anotação para trás.
Peguei minha varinha e saí da biblioteca. O sol quase me cegou. Não ficava em um lugar aberto há tanto tempo, focado em encontrar uma reversão para , que meus olhos levaram um momento para se adaptar à luz. Tinha quase me esquecido como era.
Deixei de lado esses devaneios e me concentrei. Senti um puxão na altura do umbigo quando o mundo começou a rodar. Aparatei em um terreno abandonado, com mato até as coxas, árvores podres e frutos caídos. Em frente, numa colina, estava uma mansão, também no mesmo estado do terreno. Vidros quebrados, tábuas pregadas em portas e janelas na falha tentativa de evitar invasores.
Empurrei a porta para entrar. As dobradiças se soltaram e ela caiu com estrondo. A sala cheirava a mofo e provavelmente o resto da casa também. Olhando dentro de todos os cômodos enquanto andava, passei pelo que parecia ser a cozinha, a sala de jantar, um banheiro e outra sala até chegar a escada que levava ao segundo andar. A madeira rangia sob meus pés a cada passo, um degrau se quebrou e eu tive que pular. Logo em frente a escada, uma porta estava entreaberta, revelando um aposento com uma lareira, uma poltrona e vários pergaminhos espalhados pelo chão no canto esquerdo. Alguns ainda estavam queimados pela metade, jogados perto da lareira.
Adentrei a sala apressado. Amontoei um bolo de pergaminhos nos braços e os levei até a poltrona para ler. Como eu esperava, as anotações eram antigas e tinham instruções para magia das trevas. A maioria dos títulos indicava que se tratava de misturas para trazer alguém dos mortos e as observações finais confirmavam isso.
Mas nenhum daqueles dava alguma certeza. Nenhum dos experimentos dera certo antes e também não era o que Rabicho usara com Voldemort, pois não pediam uma mão (e mais) em troca. Eu não arriscaria enfeitiçar eu e com algo cujo sucesso não era certo.
Levantei-me para pegar os outros pergaminhos. Nos que estavam inteiros, o resultado era o mesmo dos anteriores. Meus olhos já começavam a arder. Já estava quase desistindo quando vi alguns pergaminhos com fuligem e meio queimados perto da lareira.
Me aproximei da lareira e peguei os pergaminhos, estavam bem difíceis de ler e pareciam bem velhos. Tirei um pouco da fuligem preta e consegui identificar algo. Nesse que eu havia pegado não havia nada de interessante, algo sobre as Horcruxes, olhei os outros e nada sobre trazer de volta, tinha um que falava sobre falar com espíritos mas nada sobre ressurreição. Fui ler o último dos pergaminho e finalmente encontrei. A magia das magias, a mais amaldiçoada.

“DAR VIDA AOS MORTOS.
Feitiço de magia negra para trazer mortos de volta a vida sem efeitos colaterais. É necessário fazer uma poção em que as duas partes do feitiço devem tomar e recitar o encantamento.
INGREDIENTES DA POÇÃO
Uma folha de sálvia e uma de cânfora colhidas em uma noite de lua cheia Ditamno
Pele de Arambóia
Sangue de quem está morto e quem fará a poção
Coloque a pele de Arambóia picada no caldeirão e deixe ferver por vinte minutos. Em seguida, adicione cinco gotas de Ditamno e mexa no sentido anti-horário até a mistura ficar verde-escura. Devolva ao fogo e acrescente as ervas, deixando ferver por mais uma hora e ficar com uma cor avermelhada. Acrescente o sangue do que está morto e mexa duas vezes no sentido horário, uma no anti-horário e mais uma no horário. A mistura ficará preta e densa, e deixe esfriar. O sangue do usuário do feitiço deve ser adicionado minutos antes da realização do próprio.
O feitiço deve ser realizado em noite de lua cheia, quando ela estiver em seu ápice.
A poção deve ser tomada em dois cálices distintos, e assim que for tomada TODA a poção o feitiço deve ser recitado apontando a varinha para o céu: Letum Ad Vitam. E então a magia estará completa.


Será que eu devia mesmo? Eu estou mexendo com magia negra. Será que gostaria que eu fizesse isso só para ter ela de volta? Ao considerar isso, percebi o quão egoísta estava sendo. Mas ela não merecia morrer daquele jeito. Pansy foi minha culpa. Ela tinha um futuro brilhante e ainda merece ter.
Decidi que faria mesmo o feitiço. Não só por mim, mas por tudo o que ela era, e merecia.

Demorei cerca de um mês e meio para encontrar todos os ingredientes da poção. Uma das partes mais difíceis foi coletar um pouco do sangue de , mas consegui. Ela continuava com a mesma aparência como se estivesse dormindo.
Esperei até chegar a próxima lua cheia e no dia de 30 de agosto preparei a poção durante a manhã como mandava o pergaminho e à noite peguei minha capa e saí na fria noite, fui até a cabana onde estava. Ao chegar à cabana peguei seu corpo em meus braços e levei-a para o lado de fora. Deitei a garota na grama mais ou menos no mesmo lugar em que ela morreu. Porque tinha que ser um lugar com conexão forte para os dois, e nada melhor do que entre a cabana e o lugar onde ela morreu.
Olhei o relógio e quando deu meia noite e a lua estava em seu ápice comecei o feitiço. Peguei o cálice com a poção que deveria ser tomado pelo que faz a magia e por quem a receberia. Eu tinha que admitir que estava com medo, essa era a pior magia que já existiu. Respirei fundo para acalmar e continuei. O meu sangue deveria ser o último elemento e colocado no cálice durante a lua cheia. Desenfaixei minha mão, que já havia sido cortada para o pergaminho e só reabri o corte com uma faca. Deixei gotas significativas caírem no cálice e mexi um pouco o cálice para misturar todos os ingredientes apropriadamente como dizia nas instruções. Em seguida dividi em outros dois cálices menores, um para mim e um para .
O que faria voltar estava em minhas mãos, a vida dela estava em minhas mãos e de certa forma de um jeito bom. Novamente refleti se deveria mesmo fazer isso. E se houvesse consequências maiores? Bom, eu provavelmente já iria para o inferno, não teria tanta coisa a perder.
Sem pensar mais tomei minha parte da poção. Tinha um gosto horrível, acho que exatamente para que quem quer que estivesse tentando executar o feitiço acabasse desistindo, mas isso não me impediu. Tomei até a última gota. Em seguida levantei um pouco o pescoço de com uma de minhas mãos e com a outra coloquei todo o conteúdo do cálice em seus lábios de forma que ela engolisse. Era extremamente estranho segurar seu corpo e ele estar tão frio, frio como gelo.
Assim que me certifiquei de que tinha tomado todo o líquido amargo me levantei e apontando minha varinha para o céu lancei o feitiço:
- Letum Ad Vitam!
Ouvi um raio vermelho retumbando no céu e descendo, um atingindo e um outro raio me atingindo. Eu não desmaiei, fiquei sentindo a dor da eletricidade até ela acabar. Acho que é por isso que é tão proibido esse feitiço. Assim que a dor passou por incrível que parecesse eu não estava nem um pouco queimado, mas pelo contrário, eu fiquei com calafrios e eles aumentaram. Comecei a sentir uma dor excruciante em todas as partes do meu corpo até que minha visão ficou embaçada e eu cai de joelhos e logo em seguida desmaiei.
Acordei com o sol em meu rosto. Meu corpo ainda doía um pouco, mas estava melhor. Me apoiei nos cotovelos analisando o lugar e flashes do que aconteceu noite passada vieram em minha cabeça. A única coisa que me lembrei com clareza e que me importava no momento. .
A garota estava desacordada ao meu lado. Meu maior temor era que o feitiço tivesse dado errado e ela estivesse morta. Coloquei a mão em sua testa tirando uma mecha de cabelo de seu rosto suado. Suado? Suor, ou seja, quente. Coloquei minha mão firme em sua bochecha quente. Quente! Observei seu corpo subindo e descendo. Respirando! Eu não acreditava. Ela estava mesmo repirando. Eu estava tão feliz que comecei a chorar de alegria. Peguei seu corpo e o abracei. E de acordo com o feitiço voltaria normal, como ela era.
estava fervendo. Em um estado febril. Me levantei e fui até um rio que era próximo dali. Retirei minha capa e mergulhei na água umedecendo o pano. Voltei rapidamente para perto da cabana e coloquei o pano úmido sobre sua testa para tentar baixar sua febre.
Passou cerca de duas horas e sua febre tinha baixado. Coloquei minha orelha em seu peito, onde devia estar seu coração e consegui ouvi-lo bater. Fiquei sentado ao seu lado apenas observando a garota dormir e dessa vez estar realmente só dormindo.
- Se você continuar me encarando tanto assim eu vou acabar petrificada em um museu – ouvi uma voz familiar e de repente olhos me fitaram. Sorri automaticamente com a familiaridade daquelas palavras e do tom debochado.
- . ! Você está viva! Viva. – Abracei a garota. Ela parecia um pouco zonza, mas me abraçou de volta.
- Sim, eu estou. Por que não estaria? – ela perguntou sorrindo.
- Você não se lembra? Aqui, neste lugar. – arqueou as sobrancelhas. – Você morreu há várias semanas
- Morri? – ela fez uma expressão confusa e depois de aceitação. – Eu me lembro, minha perna. – Ela tocou na perna. – Como ela não está mais quebrada?
- Quando você morreu fiz um feitiço de preservação do seu corpo e isso consequentemente curou sua perna.
Ela fez uma cara de dor.
- Sofrimento. Me lembro de estar sofrendo. Por causa da... Pansy! – ela exclamou o nome da garota.
- Está morta.
- Morta? Mas como?
- Não é importante agora.
- Draco, você não...
- Não é importante, – me apressei sabendo o quanto iria ficar brava por eu ter descido no nível de Pansy e tê-la matado.
- Tudo bem. Se eu estava morta como eu estou aqui?
Pigarreei.
- Eu usei um feitiço.
- Draco, não existe feitiço que traz alguém dos mortos. Ou se existe a pessoa não é a mesma.
- Isso não importa. O importante é que você está aqui. Comigo.
- Draco, você usou algum tipo de magia negra.
Uma das maiores qualidades e defeitos da é que ela sempre sabe quando eu estou escondendo alguma coisa. Não havia por que mentir.
- Sim, eu usei. Eu estava desesperado. Eu sinto muito se você não aceita isso. Mas eu precisava de você. Você tinha um futuro brilhante pela frente. E eu... eu te amo. Eu te amo, – desabafei esperando o pior.
sorriu e em seguida me abraçou forte.
- Eu também te amo, Malfoy. – Ela partiu o abraço. – Mas espera, toda magia negra tem uma consequência. Um preço a ser pago. E por ser um feitiço de trazer alguém a vida deve ser um preço muito alto.
- Eu sei. E foi. E é o feitiço mais proibido de todos – concordei me lembrando bem da ultima parte do pergaminho.
“... Lembre-se: para que o feitiço seja duradouro, quem o fará deve oferecer como sacrifício o que lhe é mais valioso. Cada bruxo tem seu próprio objeto de maior valor. Você deve pingar seu sangue na parte branca abaixo e esperar para saber o que o feitiço necessita de você.”
Assim o fiz, peguei uma faca em algum lugar da casa e cortei a palma da minha mão e deixei o sangue pingar. Logo meu sangue foi tomado de movimento próprio e formou letras. E o que eu mais temia aconteceu. Em grandes letras vermelhas estava escrito: "Draco Malfoy – Seu amor." Meu coração parou nesse momento. Meu amor? O que eu tenho que fazer, como vou fazer isso? Logo em seguida outras duas palavras se formaram. “ ". O quê? Eu devo trazê-la de volta e ainda dar meu amor, perder tudo o que eu sinto por ela? E então a ultima frase apareceu. “Você deve deixá-la ir". Esse era o preço que eu devia pagar. Deixar meu amor. Dar meu amor em troca da vida dela. Eu achava que teria que dar minha vida, ja estava até aceitando isso mas me enganei e meu amor por ela é o que eu tenho de mais valioso, mais até que minha própria vida. Esse era o truque do feitiço, é por isso que poucos bruxos o usaram. Ninguém foi capaz de sacrificar a coisa mais valiosa de sua vida.
Mas eu deveria dar. Eu deveria abrir mão dela. Afinal eu não poderia ser egoísta o suficiente a ponto de não deixa-la viver só porque não posso ficar com ela. Ela merecia um futuro depois de tudo o que a fiz passar. Ela merecia ser feliz, ter filhos, netos, um marido bom. Fora a parte final do pergaminho. Quase coberto por inteiro de fuligem.
“Caso o sacrifício não seja executado, acarretará com uma prisão mental de loucura a quem estava morto acabando com a extinção final da vida das duas partes do feitiço.”
Driblar o feitiço não era uma opção.
Essa memória ficou gravada na minha mente. Sempre me lembrando do que eu vou ter que fazer agora.
- O que você teve que fazer, Draco? – me olhou preocupada e um tanto desesperada.
- Teoricamente? Assinei nossos documentos de óbito.
Ela me olhou com um olhar acusador e desesperado.
- No que foi que você se meteu, Malfoy? – ela fez a pergunta retórica balançando a cabeça em decepção. – Bom, não importa o que foi, podemos superar juntos. – Mexi a cabeça em negação. – É lógico que podemos. A não ser que... – ela refletiu por alguns segundos. – Qual foi o preço, Draco Malfoy?
- ...
- Pra você estar me chamando de e não de quer dizer que foi alto.
- , nós não podemos mais ficar juntos. – disse finalmente.
- Como é? É claro que podemos. – ela retirou minhas mãos do meu rosto que tentava esconder. – Eu quero ficar com você. Só você.
- Eu já te perdi uma vez por minha culpa. Não posso deixar isso acontecer de novo.
- Eu estou pouco me lixando se haverão consequências. Eu quero ter minha vida com você. Eu tive uma segunda chance na vida para não cometer mais erros.
- Não, , você não entende.
- Draco, você está chorando? – ela disse completamente perplexa.
- De raiva.
- Mas...
- , eu vou falar só uma vez e você vai ouvir sem me interromper.
- Primeiro me beija. Eu quero estar feliz quando você me beijar porque sei que depois que você me disser o que tem pra dizer, eu não vou estar mais feliz.
Acatei seu pedido. Me aproximei e segurando em sua nuca selamos nossos lábios em um beijo profundo mas urgente e com um toque de selvageria que só nós tínhamos... Como eu senti falta de beijá-la.
- Você não tem ideia do quanto eu senti falta de te beijar. – Ela sorriu e me deu mais um beijo rápido. Decidi contar tudo logo. – , o preço era de... – respirei fundo tentando me acalmar. – O sacrifício era meu amor. Meu amor por você. Em troca de sua vida eu deveria sacrificar meu amor por você.
- Draco. Não... NÃO. Eu não vou deixar você. Você teve todo esse trabalho porque me amava e quando eu volto não podemos ficar juntos?!
- Você merece um futuro mesmo que não seja ao meu lado. Por isso te trouxe de volta.
- Não, está errado – ela gesticulava muito com as mãos.
- Magia negra nunca é boa e muito menos certa.
- Não, você não vai me deixar. Eu vou atrás de você, eu vou te achar e você sabe que não desisto enquanto não consigo o que quero. – Ela estava de pé e gritava para mim, que estava a uns dois metros de distância dela. Eu me virei de costas para não encará-la nos olhos.
- Não, não vai, ... – eu disse voltando meu corpo para o dela e me aproximando dando um outro beijo rápido.
- Por que não? – ela disse mais baixo.
- Eu te amo, .
- Eu também te amo, Malfoy.
- Sinto muito. – Ela demonstrou confusão em seu rosto angelical. Abracei-a e encostando a varinha de leve em sua costas recitei: - Petrificus Totalus. – ficou petrificada e eu a deitei na grama devagar.
- , espero que você encontre alguém que possa te amar assim como eu te amo. Que possa te dar a vida que você merece. Aproveite sua vida porque você é forte e vai morrer só quando estiver muito velhinha, claro a não ser que você consiga enganar a morte, não duvido muito. – Sorri, um sorriso realmente sincero. – Tenha filhos, netos, e até cachorros, você me falou uma vez que sempre quis ter. , você conseguiu me salvar. Quando eu achava que tudo estava perdido eu via você, e você mesmo às vezes não sabendo ao certo o que estava acontecendo, sabia dizer a coisa certa. Você não desistiu de mim. Você era honesta e por mais que no começo a gente se odiasse eu não conseguia ver você com outra pessoa que não fosse eu. O momento que eu nunca me arrependeria foi de te ver na neve aquele dia – Draco riu com a lembrança feliz - e te desafiar na casa dos gritos. Esse dia entrou na lista dos meus melhores dias. Eu tenho que admitir desde a primeira vez que eu te vi no trem no primeiro ano, eu te achei bonita. É obvio que eu não te falei, mas fazer pegadinhas era minha forma de dizer e estar mais perto de você. Eu tenho que te falar, quando eu tinha que completar missões para Voldemort eu achava que ficaria louco e você foi meu ponto de sanidade, minha realidade. Seus olhos sempre conseguiram atingir o mais fundo de mim. A cabana se tornou meu lar, meu porto seguro, onde você estava. Você não me abandonou na época em que eu sofria. Você se tornou o meu patronum e o meu bicho papão; minha ruína e salvaçao. Eu só quero que você saiba que você é e sempre será meu único amor. Eu posso conhecer qualquer mulher, ela não será como você. Eu já não tenho mais como recomeçar minha vida, mas você tem. Tenha uma vida feliz, .
- Draco, não... – ela conseguiu pronunciar fracamente. Era possível ver seus olhos marejados e eu não vou mentir, os meus também estavam. Ressucita-la e logo em seguida deixa-la partir. Não foi uma decisão feliz.
- Obrigado por me salvar. Adeus, . – Beijei sua testa de forma protetora. E sussurrei ainda com os lábios colados apontando a varinha para ela. Fechei os olhos com força. – Obliviate!


EPÍLOGO


Narrador

Por mais que Draco soubesse que nunca mais poderia ter contato com de novo, ele se manteve perto. Sempre evitou que ela o visse ou fosse falar com ele, mas a observava indo para casa, saindo com os amigos, trabalhando. Só para ter certeza de que ela estava bem e acima de tudo viva.
Havia uma coisa incomodando Draco, e ele sabia o que era. Não parava de remoer a ideia de que, vendo assim, atualmente, ela parecia muito mais leve e feliz do que quando estava com ele, de quando se lembrava. Ela não tinha mais tantas preocupações, não precisava ficar se importando se alguém corria perigo ou não. Então talvez fosse mesmo melhor assim. Talvez Draco sempre tivesse sido o problema em sua vida.
Acima de tudo ela parecia feliz.

Aproximadamente dois anos depois do terrível acidente, Draco viu que estava seguindo em frente. Não havia por quê não seguir, na verdade. Ela não se lembraria dele, nem se quisesse. Draco a trouxera de volta para que ela pudesse ter uma vida feliz e realizasse o que queria. Era bom vê-la daquele jeito, mas ele ainda sentia um aperto no coração por perceber que estava sendo deixado para trás.
Em muitos momentos Draco quis ir até ela, contar tudo e viver o máximo possível até que a maldição alcançasse os dois mas existiam alguns problemas nesse plano. Ele não se importava em se sacrificar mas e ela? Ela teria uma opinião diferente sobre tudo isso? Ao pensar em tudo isso ele desistia de ir falar com ela. Era quase uma segunda consciência que sempre estava lá para avisar a ele sobre os perigos.
tinha uma sensação estranha desde que acordara deitada no chão da floresta negra naquela estranha noite. Ela nunca iria para aquele lugar, era perigoso. Parecia que alguma coisa estava faltando. Ela sentia um vazio inexplicável, como se o que mais lhe importasse não estivesse mais ali. tinha lutado muito por algo, não tinha? Mas o que era?
Às vezes, começava a pensar em uma coisa, uma lembrança, e não se recordava do desfecho, como se tivesse sido apagado. imaginou que durante a batalha de Hogwarts tivesse sido atingida na cabeça, pois andava muito embaralhada e confusa.

Ela havia começado a ir em um psicólogo para ele ajudá-lo com sua perda de memória. E o senhor a mandou voltar seus passos por onde foi encontrada. Ela foi até a floresta negra. E lá sentiu uma energia estranha e o vazio atingiu a garota por completo chegando a fazê-la ficar quase paralisada e agoniada. apertava o coração e não conseguia respirar direito. Ela não conseguia ficar lá por isso nunca mais voltou.
O mais estranho era que durante a vida, via crianças loiras platinada e começava a imaginar que seu filho deveria se parecer com ele. Não entendia ao certo o por quê. Era até estranho.
Outra sensação que ela sentia vez ou outra era de que estava sendo seguida, observada. Parecia que a vida dela não era correta. Ás vezes ela se sentia uma marionete em sua própria vida, muito simples e pacata, era dificil de explicar.
De vez em quando via fotos da época em Hogwarts e se via com duas amigas. e . Ela se lembrava os nomes mas depois de ter acordado na floresta nunca mais as viu. não se lembrava de ter tirado a maioria daquelas fotos.
continuou com a vida normalmente, arranjou um emprego no Hospital St. Mungus para bruxos e bruxas como enfermeira na ala de acidentes com trouxas – muita experiência convivendo com eles durante a infância foi um belo início. E foi lá que encontrou um homem por quem se “apaixonou”, casou e teve filhos. Ela de fato o amava mas era mais como um respeito, não era um amor que a consumia e queimava de dentro para fora como ela sempre fantasiara.

Após alguns anos observando, Draco não aguentou ver se apaixonando por outro. Outro que não era ele. O mais estranho era que esse novo amor dela era loiro de olhos cinzas, coincidência, não? Ou destino?
Draco não conseguia ver aquilo, mesmo tendo sido aquilo que ele desejara para ela. Então decidiu parar de vê-la, pelo menos não todos os dias como fazia. Todo mês, depois a cada ano mandava alguém olhá-la para ele e dizer se ela estava bem. Draco acabou se casando com Astoria Greengrass. Uma mulher muito boa, mas nunca melhor que . Havia guardado apenas uma foto dela. Já estava amassada mas era tudo o que ele tinha. Astoria nunca ficou sabendo de . Ninguem sabia/se lembrava dos dois juntos.
Draco considerou ainda ao longo da vida, diversas vezes, aparecer para ela, mas não queria estragar sua vida com todo esse drama de novo. Se ela se lembrasse do quanto foi torturada, foi morta e depois ressuscitada achava que talvez ela ficaria louca. Mas Draco também não esqueceu do ponto fraco do feitiço. Conforme os anos passam, o feitiço enfraquece, mas não a ponto de voltar ao inicio e fazer a pessoa morrer novamente.
Era engraçado que quase toda noite Draco sonhava com ela, de forma que eles reviviam os momentos desde quando se conheceram se odiando até os momentos mais quentes na cabana, até um futuro que nunca aconteceu. Parecia que era sua mente o castigando.
Alguns sonhos eram tão reais que Draco acordava chorando por ver qual era a verdadeira realidade. Chegou a tentar suicídio mas sua filha o encontrou com a varinha apontada para si e disse:
- Papai, eu sei que você tem sonhado com alguma pessoa que ja morreu. Eu e a mamãe ja vimos você falando enquanto dormia. - Draco engoliu em seco.
- , você não sabe o que eu sou obrigado a passar.
- Ela deve ter sido importante, você tem que viver pensando que ela ainda está aqui. - , o nome que Draco deu a sua filha em homenagem a . O destino não foi gentil. Sua filha era morena dos olhos assim como ela. correu para o pai e o abraçou enquanto chorava. - Assim como você precisava dela eu preciso de você, papai - ela ainda me abraçava molhando minha roupa com suas lagrimas miúdas. - ela não teve escolha mas você teve. - sua filha era muito inteligente mesmo não sabendo de nada e tendo apenas 7 anos, ela sabia o que dizer.
Draco se desarmou e caiu no chão com a filha no colo. Os dois chorando.
- Tudo bem, filha. Eu nunca vou te abandonar.

estranhava que sempre tinha uns sonhos estranhos com um homem que nunca tinha visto. Vivendo em Hogwarts histórias que, para ela, nunca aconteceu. Uma vida que não era dela. Um romance que ela queria que fosse dela mas pertencia á pessoa do sonho. Talvez fosse uma tentativa frustrada de sua mente para viver um romance que a consumisse de verdade ja que não tinha isso com seu marido atual.
De certa forma Draco e estavam conectados. O cálice com o sangue dos dois é prova disso, afinal o feitiço consistia em dar uma parte da vida dele para trazê-la de volta.



Setenta anos depois...
O céu estava completamente limpo de nuvens, o sol brilhava alto, lançando um calor gostoso no lugar, apenas quebrado por uma brisa. Ao longe, podia se ouvir o canto dos pássaros. O dia estava lindo, bem diferente do estado de espírito de .
- Mãe?
- Sim?
- Você está indo visitar o pai? – se perdeu em pensamentos sobre o pai da garota. – Mãe? Acorda – dizia a filha passando a mão na frente dos olhos da mãe, mas nem sequer via. – ! – despertou na hora. Até porque esse seu primeiro nome ela nunca gostara e toda vez que a chamavam de ela sentia algo estranho, um embrulho no estômago.
- Já disse para não me chamar de , Narcisa Castellan – repreendeu a mãe. deu o nome a filha da flor que ela mais gostava: Narcisos
- Então me responde, oras.
- Sim, estou indo visitar o túmulo de Luke.
- Se quiser, posso acompanhar a senhora. Eu chamo o Alex e podemos ir juntos.
– Você já é adulta, tem filhos para cuidar. Deixe que eu me cuido. Nunca precisei da ajuda de ninguém.
Antes de sair de casa foi se trocar, colocou a roupa que o marido mais gostava. Olhou-se no espelho e percebeu que não tinha mais a beleza de antes. Sorriu ao se lembrar de quando estava com seu marido, alto, loiro, dos olhos cinzas e maravilhosamente bonito se olhando no espelho. O quanto eles não brigaram por mais espaço naquele pequeno espelho de corpo inteiro. Agora só havia espaço demais. Seus olhos que eram de céu agora estavam bem claros e profundos, carregavam os anos que passaram. Pegou as flores, narcisos, e seguiu seu caminho para o cemitério a passos curtos e demorados.
Ela caminhava lentamente por entre as lápides, com cuidado para não tropeçar em nenhuma. A idade já não lhe deixara muitas opções; não tinha mais a agilidade de antigamente, se bem que ainda estava melhor do que a maioria.
Hoje era o dia. Todo ano ela voltava para esse mesmo cemitério sempre no mesmo dia há cinco anos. O dia em que seu marido faleceu. Um marido bom, cuidadoso, carinhoso. Tudo o que ela queria. Na época de sua morte uma depressão forte lhe atingira. já não tinha o coração forte como antigamente.
Olhava para a lápide e lembrava dos anos de juventude com o marido. As diversões, os momentos de perigo. adorava estar com o efeito do perigo. Adrenalina.
- É, Luke. Já não estou tão bonita como antes. Estou ficando velha mesmo. Achei que não fosse chegar tão depressa, mas aqui estou eu. – derrubou uma lágrima sobre o túmulo e sorriu triste. – Quem sabe, logo estarei com você novamente. – Ela sorriu no pensamento de paz que a esperava na outra vida.
- É triste como a vida é frágil, não acha? – Um homem se despedia, provavelmente de sua mulher, no túmulo ao lado.
- Concordo. Você nunca sabe quando ela vem. Sua esposa? – ela se referiu ao túmulo ao lado o olhando.
- Sim, ela era boa. Não merecia ter morrido. Eu a amava.
- Meu marido era muito bom também. Posso dizer que tive uma vida feliz.
- A senhora diz como se quisesse morrer.
- Talvez eu queira mesmo. Os anos não foram muito gentis comigo. Estou velha. – se olhou.
- Deveria valorizar mais a vida, nunca se sabe quando ela pode ser tirada de você e você pode não ter uma outra chance. Na verdade, para mim a senhora parece bonita.
Fazia tempos que não recebia um elogio desses e ficou realmente encantada com o homem já idoso.
- Que lisonjeiro. Mas já vivi o que precisava viver. Estou cansada. Obrigada, senhor... – fez menção para que ele continuasse.
- Malfoy. Draco Malfoy. – o senhor loiro sorriu e esticou a mão para apertar a dela. E por um momento, parecia que o vazio não estava mais lá.
- Prazer. Eu sou , mas gosto que me chamem de . Aliás, lindos olhos o senhor tem. – sorriu para o homem de olhos cinzas.
- Obrigado, .
Fim.



Nota da autora: (26.07.2015): Fala, galera! Espero que tenham gostado de My Mirror, embora esse final tenha sido mais triste *u* Foi uma fic curtinha, mas escrita com muito amor e carinho haha. Obrigada a todo mundo que leu até aqui, que deixou um comentário nos dizendo o que achou, que se emocionou junto a nós! Vocês são muito importantes, e fizeram essa história ser especial Mil beijos ^-^

N/A: Paty Neves
Olaaa!! Espero que My Mirror tenha mexido emocionalmente com vocês tanto quanto mexeu com a gente enquanto escrevíamos. Primeiramente me desculpem por esse final foi completamente necessário :) Essa é a ultima parte, então é a ultima vez que vou falar com vocês por aqui. Espero mesmo que tenham gostado. Eu e a Lu adoramos escrever essa ShortFic, foi a nossa primeira de Harry Potter e a primeira finalizada por isso apostamos muito nela. É a nossa xodó <3
Queria agradecer a Raquel novamente por ser essa Beta maravilhosa que aceitou betar nossa Fanfic e agradecer principalmente a vocês que leram até aqui e tiraram esse tempinho para conhecer um pouquinho da história do Draco. Espero que não nos matem por esse final :3 Ao mesmo tempo que adoramos escrevê-lo doeu no nosso coração também hahaha…
Bom, é isso. Comentem o que acharam, criticas, qualquer coisa, eu e a Lu adoramos ler. Quem quiser tirar alguma duvida pode me chamar no twitter: @ThePatyNeves vou adorar conversar com vocês. Ou mesmo no meu email: paty.neves24@hotmail.com
Obrigada de novo quem chegou até aqui..
E espero que My Mirror tenha te emocionado tanto quando a nós
Beijos :3

Nota da beta: Por mais que o final não tenha sido como muita gente talvez tenha esperado, se fosse de outra maneira, provavelmente não se tornaria uma fic tão especial e querida! Eu, particularmente, amei a história, e eu que devo agradecê-las por ter tido o privilégio de ser beta dessa fic. <3 xx

comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa atualização são apenas meus, portanto para avisos e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.