Escrita por: Bruna Kubik
Betada por: Bruna Kubik







Norfolk, Virgínia
30 de dezembro de 2014


desceu do carro e tremeu instantaneamente, encolhendo-se dentro do pesado casaco que usava. Quem diria que Norfolk estaria tão fria? Tão diferente de Montgomery, no Misouri. Ela esticou os braços e arqueou as costas, sentindo os ossos estalarem após quatorze horas de viagem. Ela havia feito algumas paradas em uns restaurantes de estrada, tanto para abastecer o carro quanto para abastecer a si própria. Porém decidira seguir direto, sem paradas, nas últimas quatro horas e meia. E como se arrependia daquilo. Seu corpo inteiro estava dolorido, o pescoço e os braços completamente tensos. Ela precisava de uma massagem, ou de uma cama muito confortável e macia.
O folheto anunciando o evento que ocorreria durante as duas últimas semanas do ano grudou em sua perna, levado pelo vento. o pegou, e analisou. O endereço não era muito longe de onde ela havia parado. Ela olhou na direção de onde o evento estaria ocorrendo. Eram quase dez horas da noite, mas o folheto prometia dias e noites inteiros de diversão e atrações natalinas. mordeu o lábio inferior e olhou para o folheto, depois seguindo para a discreta e aconchegante pousada a sua frente. Foi o ombro dolorido de quando ela puxou a mochila de dentro do carro que lhe fez decidir que um banho quente e uma cama confortabilíssima seriam os vencedores da noite.
Ela fechou o carro após pegar a mala de rodinha no banco traseiro. Seguiu pelo caminho de pedras e subiu os três degraus que a levariam até a porta de entrada da pousada. A placa dizia que deveria bater à porta para ser atendida, e assim o fez. Não demorou muito e uma jovem apareceu. Tinha os cabelos loiros e longos presos em duas tranças, uma de cada lado do rosto, os olhos castanhos eram bondosos.
- Boa noite e bem vinda! – Ela disse a . – Sou a Lexi. Entre, está congelando ai fora. - Boa noite, sou . – A garota disse, entrando na pousada. O calor no interior do local fez seu corpo amolecer e ela fechou os olhos, sentindo que se houvesse um mísero sofá a sua frente, ela se jogaria ali mesmo e dormiria.
Lexi a acompanhou até a recepção e fez seu registro. Enquanto ia digitando os dados de ou realizando o pagamento adiantado pelo quarto, Lexi ia contando sobre as atrações natalinas que a cidade estava oferecendo naqueles dias.
- Está tudo tão lindo, você precisa ver. – Lexi disse. se perguntou se a garota era assim sempre. – Você é de onde?
- Montgomery. – disse.
- É bem longe. Veio sozinha?
- Sim... Dirigi de lá até aqui. – disse.
- Corajosa... – Lexi disse. – Seu registro está pronto, a chave do seu quarto é essa e eu te acompanharei até lá. Deseja alguma coisa para comer?
- Eu... – mordeu o lábio inferior, talvez devesse comer algo, estava há tanto tempo sem se alimentar, seu estômago mostrava leves sinais de fome. – Talvez um lanche e um chocolate quente.
- Foi o que imaginei. – Lexi disse, parecendo aliviada. – Fiz o pedido enquanto fazia seu registro, em breve Louis deve levar para seu quarto. Mas você precisa ir até lá primeiro.

O quarto era aconchegante, obviamente prevalecia o conforto ao luxo. E o amou por sua simplicidade. A cama de casal lhe era convidativa, mas ela se esforçou a esperar pelo lanche e chocolate quente antes de se deixar levar nos braços de Morfeu. A comida, apesar de ser apenas um lanche, não fugiu do esperado. devorou o lanche de presunto, queijo e salada, junto do chocolate quente coberto com creme de chantily. Com o estômago acalmado, ela não se sentiu tão tentada a dormir mais. Porém o corpo gritava por descanso, assim ela procurou pelo pijama dentro da mala, tirou as roupas da viagem e vestiu a calça de moletom e a regata de algodão; escovou os dentes e jogou-se na cama, sentindo-se ser abraçada pelo colchão.
Seus olhos fecharam-se, mas ao invés de ser jogada em algum sonho, ela reviveu os últimos acontecimentos, aqueles que anteciparam sua saída de Montgomery. A última discussão com o ex-namorado e sua família, descontente com a filha que não conseguia entender o quanto aquele relacionamento era importante para eles e o futuro do império comercial que haviam construído em Montgomery. Eles a haviam forçado a fazer as malas de qualquer jeito, entrar no carro e ir para o primeiro local que seus dedos apontaram no mapa. Não deu explicações e satisfações. Não atendeu as inúmeras chamadas em seu celular. Não olhou para trás e lembrou que havia prometido sempre passar a virada do ano com a família. A promessa havia sido feita para ela mesma, então não haveria ninguém além dela própria para se decepcionar com a quebra da mesma.
Ela abriu os olhos, suspirando frustrada por não conseguir apagar da memória a discussão. A insistência de , seu ex-namorado, a tentar manter um relacionamento que ela não tinha vontade alguma de levar adiante. Aliás, nenhum dos dois tinha, porém ele era muito preocupado com a estabilidade social e financeira da família para perceber. Já sempre fora a rebelde de Montgomery. Apenas seu relacionamento de quase cinco anos com fez com que as pessoas tivessem esperanças para uma salvação da garota. Mas quando ela negou o pedido de casamento feito por ele na festa de Halloween que reuniu a cidade inteira, todos voltaram a se lembrar da adolescente que respondia aos outros e usava piercings e tatuagens falsas, sem falar no cabelo colorido.
Virou-se para o lado e voltou a fechar os olhos, mas as lágrimas da mãe e a voz da mulher dizendo que ela era uma decepção para a família voltou a sua mente e ela se viu obrigada a abri-los novamente. Você podia sair de Montgomery, mas a cidade pacata e seus dramas excessivos não saiam de você, de sua memória. sentou-se na cama e olhou para a porta que levava ao banheiro. Tomaria um banho, vestiria a roupa mais quente e sairia para aproveitar as vinte e quatro horas de diversão que o evento natalino ofereceria. Esperava encontrar alguma bebida também, pois só com álcool ela conseguiria esquecer tudo e dormir.

~ * ~


estava entediado. Não aguentava mais ver aquela pista de patinação e as pessoas gritarem cada vez que escorregavam um pouco mais do que deveriam. Especialmente as garotas. Se tinham tanto medo, por que iam? Ele revirou os olhos quando ouviu mais um grupo gritar quando o gelo e a falta de habilidade quase levou uma das meninas ao chão. Por que mesmo havia se candidatado para ser voluntário naquele festival natalino? Já passava das onze da noite e ele poderia estar em casa, dormindo, ou curtindo o festival com seus amigos. Ao contrário, estava ali preso, congelando no frio, tendo que ouvir as risadas das pessoas na tenda há poucos metros dele e ouvindo a música que tocava.
Ele olhou para seu relógio, onde estava o idiota do Jim quando mais precisava? Seu turno na pista de patinação havia acabado há dez minutos. Se o outro rapaz demorasse demais, ele iria abandonar o posto e não se importaria com quem estivesse patinando de um lado para o outro como se fossem grandes profissionais. Não estava recebendo nada mesmo.
- Cheguei, .
- Finalmente! – O garoto disse, vendo o outro chegar correndo.
- Foi mal o atraso, mas a banda na tenda é muito boa.
- Eu sei, dá para ouvir daqui. – O outro respondeu, revirando os olhos. – Até amanhã.
saiu de seu posto, uma pequena casinha que havia ao lado da pista de patinação e deu espaço para o outro entrar. Fechou a porta e começou a afastar-se, sem olhar para onde ia e quem vinha em sua direção. Só percebeu que era tarde demais quando sentiu o impacto e ouviu alguém começar a se desculpar.
- Ah, droga. – A garota disse. – Desculpa, eu não estava olhando e... É isso que dá quando você resolve misturar bebida e chão escorregadio.
- Não, tudo bem, eu também não estava prestando atenção. – disse, olhando para a garota morena que havia chocado contra ele. – Peço desculpas também.
- Bem, somos dois desastrados aparentemente. – A garota disse, sorrindo.
- Ou um desastrado e uma desastrada levemente bêbada. – disse e olhou para a garota. Ela tinha os olhos azuis e cabelo castanho, que estava preso em um coque bem mal feito. Ela sorriu sem graça e olhou para o copo já vazio em sua mão.
- Bem, eu estou cansada, foi uma longa viagem. – A morena disse. – Então, de novo, desculpa. Tchau, a gente se vê.
apenas sorriu e seguiu a moça com o olhar, percebendo que ela parecia perdida pelo local. Em determinado momento, ela parou sua caminhada, olhou para trás e o encontrou facilmente com o olhar. Porém, ao contrário do que acontecia nos filmes, aquele não era o olhar de alguém interessado em flertar com o outro. Era de alguém perdido, como se estivesse bem longe de sua área de segurança, sua zona de conforto. sorriu e acenou, fazendo a garota apenas sorri de leve e voltar a olhar ao seu redor, como se estivesse decidindo para onde iria. De repente estava desperto. Com vontade de ir apreciar as atrações noturnas do festival. E, talvez, agir como um guia. colocou as mãos no bolso da jaqueta e seguiu em direção à garota.
Naquele ano, a cidade de Norfolk havia decido criar um festival natalino, com atrações e culinária típicas da época. Fora um grande trabalho conjunto para que aquele festival se tornasse realidade. havia aproveitado as férias do trabalho para voltar a sua cidade natal, e decidiu que seria uma boa ideia ajudar a realizar o evento. Havia se arrependido após ter passado o dia anterior inteiro naquela pista de patinação, tanto que logo após seu turno terminar, voltou para casa implorando por sua cama.
- Desculpe... – Ele disse, aproximando-se da garota, que o olhou, curiosa. – Você parece um pouco perdida, além de sozinha, então queria perguntar se você se importaria se eu lhe fizesse companhia.
- Eu... ahn, não precisa. Você deve ter algo mais importante para fazer. Alguém mais interessante para fazer companhia...
- Não tenho ninguém, e meu turno na pista de patinação já acabou. – disse. – Sou , aliás. – Mas a garota não parecia interessada nessa informação.
- Você não tem ninguém?
- Para fazer companhia. Minha mãe e minha irmã estão em algum lugar organizando alguma coisa que tenha saído fora do que elas arrumaram. – disse.
- Ah, claro. – A garota disse. – Então você é daqui? De Norfolk, quero dizer.
- Sim. – disse. – Apesar de não morar mais aqui.
- E onde você mora?
- Los Angeles. – respondeu, estava com vontade de rir da garota, mas sentiu que seria muito inapropriado.
- Legal. – Ela disse. Ela olhou ao redor, mordendo o lábio inferior. Depois voltou a olhar para ele. – Sou . , certo?
- Isso. – Ele respondeu, sorrindo. – Você não é daqui, certo?
- O que te entregou? – perguntou, sorrindo também.
- Você parece um pouco perdida.
- É o que acontece quando você faz uma viagem de carro de quatorze horas por impulso. – deu de ombros. – Sou de Montgomery.
- E o que te traz aqui?
- Um ex-namorado sem noção e uma família mais sem noção ainda. – Ela deu de ombros. – Por isso o álcool. – Ela levantou o copo vazio, e depois olhou para o mesmo, a expressão tornando-se triste ao constatar que ele permanecia vazio.
- Acho que eu tenho uma solução para isso. – disse, apontando para o copo vazio. Ele começou a seguir em direção a uma das inúmeras barracas e deu de ombros, seguindo o garoto.
a levou até uma barraca que vendia bebidas e comidas. agradeceu, pois sentia que precisava comer, ou os danos pela bebedeira seriam catastróficos. Ela sempre fora fraca para a bebida, porém sempre gostara de beber. E sempre soubera equilibrar os efeitos do álcool em seu corpo. Mas, às vezes, ela achava necessário extravasar.
Ela não viu o que ele pediu, apesar de não dever confiar tanto assim no rapaz, afinal ele poderia dopá-la e estuprá-la. Sempre há essa possibilidade. Aceitou o copo e continuou seguindo o rapaz até um dos inúmeros bancos que havia pelo local. Aquele estava localizado próximo à pista de patinação, mas não tão perto a ponto deles ouvirem os gritos histéricos de quem se arriscava a patinar sem nunca tê-lo feito antes.
- Então, vamos lá, qual é a sua história? – perguntou após ambos darem um gole em suas respectivas bebidas.
- Sério? Achei que fosse época de Natal e Ano Novo, só alegria, sem memórias ruins...
- Você não sabe que para seguir em frente e ter um ótimo ano tem que reviver o que foi ruim e então ver o que deu errado para não repetir o erro no próximo ano?
- Não.
- Eu inventei isso agora. – confessou.
- Quase me convenceu. – disse, rindo em seguida. – Bem, eu te falei, ex-namorado sem noção e família pior ainda.
- Ex-namorado há quanto tempo?
- Quase dois meses. – disse, ela não precisou que fizesse mais perguntas para desatar a contar sobre o relacionamento clichê das cidades pequenas.
Ela e haviam crescido praticamente juntos, ele era apenas dois anos mais velho que ela. Frequentaram a mesma escola. Suas mães eram companheiras do clube do livro, seus pais membros do clube da cidade. Nos eventos da cidade, suas mães estavam sempre por trás da organização, e seus pais na mão de obra. Enquanto eles... Bem, eles brincavam e corriam um atrás do outro. já sentira, logo no começo, atração por , afinal ele era o rapaz mais bonito da cidade, os olhos verdes acompanhados dos cabelos pretos tão escuros quanto à noite. E foi por isso, ela percebia agora, que se deixara convencer a namorá-lo e formar o que seria o casal mais bonito de Montgomery.
Porém, aos vinte e três anos e com sonhos que se estendiam para além do que Montgomery tinha a oferecer, decidiu que oito anos de um relacionamento que funcionava somente a base das aparências era desgastante demais, além de mantê-la presa à cidade que não lhe proporcionava mais o que ela precisava. O anúncio do final do relacionamento veio na noite de Halloween, a mesma noite que finalmente pedira sua mão em casamento, usando o anel que fora de sua tataravó. Enquanto suas mães ainda se recuperavam do pedido, mordia o lábio inferior, olhava para o lindíssimo anel, para as pessoas reunidas ao redor deles e, finalmente, para que esperava por uma resposta. Foi quando ela proferiu o “não, sinto muito”, que ela percebeu o quanto ele a amava, e o quanto ela havia partido o coração do rapaz. E de todos os demais.
Sua mãe dissera que era a vergonha da família, que só lhe trazia desgosto e que por culpa dela, , a mais velha morreria sem netos e os negócios da família nunca prosperariam. tinha que ouvir tudo aquilo em silêncio, não bastasse a mãe criticando cada ato da filha, seu pai a ignorava, como se nunca tivesse tido uma filha, e ... Bem, continuava indo a sua casa todos os dias e insistindo para que ela abrisse a porta do quarto e permitisse sua entrada para que eles pudessem conversar e resolver aquela “crise” pela qual estavam passando.
- Então, no meio da noite, após um jantar catastrófico de Natal, eu decidi que não aguentava mais. Enquanto meus pais dormiam, eu fiz minhas malas, coloquei no carro e cai na estrada, deixando apenas um bilhete dizendo que estava saindo de férias e não voltaria até depois da virada do ano. – disse, aceitando o copo que havia comprado, após o outro acabar.
- E como você veio parar em Norfolk? – perguntou.
- Quando eu entrei na estrada, logo depois que sai de Montgomery, eu abri o mapa, fechei os olhos e coloquei meu dedo em qualquer ponto dos Estados Unidos, caindo aqui. – deu de ombros. – Procurei no celular a melhor rota para cá e... Aqui estou.
- Uau... Isso é corajoso. – disse. – E inteligente... Decidir para onde vai após sair da cidade, assim ninguém mesmo tem como saber onde você está.
- Eles bem que tentaram. Deve ter uma duzentas ligações não atendidas no meu celular. – disse e riu em seguida. – Enfim, eu te contei minha história... Qual é a sua?
- O que te faz pensar que eu tenho uma história? – perguntou.
- Nada, na verdade. – disse. – Mas todos nós temos uma história. – Ela completou. – Então, me diz, quem é você?
- . – Ele disse, como se a resposta em si garantiria uma resposta completa. Mas quando apenas continuou olhando para ele, esperando o resto, ele percebeu que havia ainda, afinal, alguém que não o conhecia. – Sou ator, cresci aqui e me mudei há uns cinco anos, mais ou menos, para Los Angeles.
- Família?
- Meus pais são divorciados e tenho mais dois irmãos. – Ele disse. – Um mais velho e uma mais nova.
- Estão todos aqui?
- Não, só Gracie, minha irmã. – disse. – Tyler veio para o Natal, mas já teve que ir embora no dia seguinte.
- Sempre achei o Natal uma celebração mais família e o ano novo para os amigos. – comentou.
- Concordo. – disse.
- E sua namorada? – perguntou.
- E eu achando que eu era o curioso. – disse, e riu. – Sem namorada.
- Mas existia uma.
- Existia. – respondeu, o sorriso em seu rosto morrendo. – Ela é dançarina e estava em uma turnê.
- Ela te traiu com um dos dançarinos? – perguntou.
- O que te faz pensar que ela é a traidora?
- Sua expressão.
- Sim... Foi ela.
- Quanto tempo faz?
- Desde julho, mais ou menos. Nós tentamos voltar, eu tentei confiar nela de novo, mas foi difícil e não durou um mês. – disse. O silêncio se estendeu por um longo tempo. olhava para sua perna, as linhas da calça jeans que usava, enquanto , um pouco inclinado para frente, olhava para o chão.
- Bem... – disse, levantando a cabeça e a mão que segurava o copo. – Um brinde aos relacionamentos que não eram para ser.
- Um brinde. – disse, sorrindo e fazendo seu copo chocar com o de , ambos bebendo o líquido logo em seguida.
- Então... Já que você conhece tudo por aqui, o que tem para fazer agora?

~ * ~


Quando acordou no dia seguinte, sua cabeça doía e sua boca estava completamente seca. Ela virou na cama, se enrolando ainda mais no cobertor, e gemeu. Espreguiçou-se e sentiu os ossos estalarem, completamente relaxados após as horas de sono. Havia voltado para a pousada pouco antes das cinco da manhã, acompanhada por , que fez questão de levá-la até a porta do quarto.
- A gente nunca sabe onde pode ter um assassino escondido. – Ele havia argumentado, e no alto da ebriedade ela havia aceitado aquilo como verdade universal e deixado o rapaz acompanhá-la até seu quarto.
Eles haviam andado por todo o espaço das festividades. Haviam visto todas as barracas, mas parado em algumas: nas de comida, principalmente. Haviam ido para o centro onde uma cantora tocava e cantava algumas músicas natalinas e lembrava vagamente de ter dançado uma ou duas músicas, talvez três. Só sabia que havia dado muitas risadas, de chorar, até sua barriga doer. Como nunca havia feito antes.
Abriu os olhos e encarou o pequeno relógio despertador que havia no criado mudo ao lado de sua cama, passava do meio-dia. Ela havia dormido tão bem, e sentia que podia dormir mais. Mas havia prometido a si mesma, em algum breve momento de lucidez enquanto vestia o pijama, que sairia para conhecer um pouco mais da cidade. sentou-se na cama e passou a mão no cabelo, franzindo o cenho ao sentir uma leve pontada na cabeça. Precisava de um banho quente, uma aspirina e comer algo. O banho em si já havia aliviado boa parte da tortura pós-bebida, após se vestir, desceu para a recepção da pousada, onde encontrou .
- Bom dia! – Ele cumprimentou, sorrindo. – Eu estava pedindo para Lexi permitir minha subida, mas ela disse que não podia.
- Bom dia, Lexi. – disse e sorriu para a moça. – Bom dia para você também. – Ela disse para o rapaz. – Eu estava indo comer, depois pensei em andar um pouco pela cidade.
- Por acaso nós combinamos algo? Porque eu vim aqui para te convidar para fazer exatamente isso. – disse, e os dois riram.
- Não que eu me lembre.
, que havia feito planos de comer na pousada, teve que mudar de ideia quando se dirigiu à saída do local. Ele havia ido até a pousada de carro, anunciou a que havia reservado dois lugares que tentaria mostrar a garota.
- Mas você tem que prometer voltar, para eu te mostrar o resto da cidade. – Ele pediu quando partiram no carro.
- Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. – disse. – Só volto aqui se meu dedo mandar.
Eles não falaram mais sobre o assunto das viagens da garota após isso. passou o caminho mostrando alguns locais que conhecia desde sua infância, lugares que tinham algum significado para ele. ouvia tudo atentamente, fascinada mais pela paixão do rapaz em relação à sua cidade natal do que pelas histórias que ele contava. Por fim pararam em frente a um restaurante simples, que parecia fornecer todo o tipo de comida, desde sanduíches e hambúrgueres, até comida chinesa.
- Parece bagunçado, eu sei. – disse quando eles ficaram em pé em frente ao local. – Mas é um dos meus restaurantes favoritos.
não discutiu, seguindo o rapaz para dentro do local. Porém, uma vez lá dentro, se permitiu tomar a decisão de onde sentariam. Ela era fanática pelos pequenos sofás, e no restaurante eles ficavam por toda a extensão da parede de vidro que dava para o exterior do local. seguiu até a última, e ocupou um sofá, não discutiu, ocupando o banco à frente da garota. Logo uma garçonete veio atendê-los, ela sorriu para e entregou os cardápios.
- , não sabia que estava na cidade. – Ela disse, enquanto analisava o cardápio.
- Beth... Vim para o Natal. – Ele disse.
- Ah, sim, imaginei. – A moça disse. – Tyler veio também? – Ela perguntou.
- Sim, mas já foi. Ele tinha uns trabalhos em Nova Iorque, depois ia viajar com uns amigos.
- Ah... Faz um bom tempo que ele não vem aqui. – Beth disse. – Enfim... Já sabem o que irão pedir? – Pela primeira vez ela pareceu reconhecer a presença de . – Você eu não conheço... – Ela olhou para , aquele típico olhar de quem acha que tem mais coisa rolando do que aparenta.
- Sou .
- Ah, sim... – A moça disse, ela abaixou-se então para ficar na altura do ouvido de . – Ela é melhor que a , finalmente vejo esperança para você. – Beth sussurrou, na esperança de que só ele fosse ouvir, mas conseguiu ouvir perfeitamente, e escondeu o rosto atrás do cardápio. – Então... O que irão pedir?
- O de sempre para mim. – disse, olhando para o exterior, recuperando-se do que a Beth havia dito.
- Eu, ahn... – disse, olhando o cardápio. – Vou querer esse aqui – ela apontou para um lanche que tinha um nome complicado. – E milk-shake de morango.
- Uau... Vocês realmente foram feitos um para o outro. – Beth disse, recolhendo os cardápios e saindo antes que os dois pudessem dizer qualquer coisa para contradizê-la. - Desculpe por ela. – disse, atraindo a atenção de , que também havia decidido olhar para as pessoas que passavam pela rua. – Nós crescemos juntos, ela é apaixonada pelo meu irmão desde sempre.
- Tudo bem. – disse.

A comida estava deliciosa, mas eles não se demoraram demais no restaurante. As atrações que havia separado tinham tempo de visita reduzido nas festividades de fim de ano. Eles logo estavam de volta ao carro, agora contando algumas histórias de sua infância e de como surgiu a vontade de ser ator.
- Meus pais sempre me encorajaram, minha mãe principalmente. – disse. – Mas chega de falar de mim. E você, o que faz ou quer fazer?
- E queria muito estudar História da Arte. – confessou. – Eu me inscrevi para a faculdade de Northwestern, em Chicago.
- Sua família sabe? – perguntou.
- Eles nem sonham com isso. – disse. – Eu fiz a inscrição pouco depois de ter terminado com , mais um impulso.
- Impulsos parecem servir para você. – sorriu.
- Parece que sim. – disse, olhando as ruas.
Ele parou o carro no estacionamento do que parecia ser um clube. não fez perguntas, apenas desceu do veículo e seguiu , colocando as mãos nos bolso da jaqueta ao sentir o vento gelado que por ali soprava. O garoto parecia conhecer muitas pessoas, talvez fosse o garoto de ouro. Ou apenas simpático, como de fato era. Eles seguiram por um caminho de pedras até ficarem próximos a um navio que, deduziu, fosse de guerra.
- Esse é o Wisky. – disse, apontando para o navio. – Ele participou da Segunda Guerra Mundial. Ele é um couraçado, ou encouraçado, navios que são pesadamente blindados e armados com as peças de artilharia de longo alcance e de maior calibre existentes.
- Incrível. – disse, olhando e andando por toda a extensão do navio.
- O nome dele é USS Wisconsin, mas o apelido é Wisky. Foi o segundo navio a ser nomeado em homenagem ao estado de Wisconsin. – continuou a dizer. – Hoje a entrada nele está fechada, mas quando está aberto a visitas, os visitantes podem ver tudo dentro, onde a tripulação comia... E várias outras coisas. – prestava atenção em tudo o que o rapaz dizia, sua sede pela história aguçada. – Eu estava com medo de te trazer aqui, mas depois que você disse que quer estudar História da Arte, fiquei mais aliviado.
- Você também gosta de história? – perguntou, virando-se repentinamente para o garoto, que foi pego de surpresa e só conseguiu parar quando estava bem em cima dela. Num impulso, segurou a cintura de , como se aquilo fosse impedir ambos de caírem. Ela apoiou as mãos no peitoral do garoto, também por impulso. Ele era musculoso, ela percebeu, o peito definido e forte.
Eles se olharam por um momento. Os olhos verdes dele chocando com os azuis dela. Estavam próximos, muito próximos. lembrou-se, como num dejá vu, dos dois durante a madrugada, rindo e dançando e tão próximos quanto naquele momento. Porém, a sobriedade daquele momento parecia intensificar a proximidade. engoliu em seco, piscou e pareceu recobrar os sentidos, soltando a cintura de calmamente.
- Desculpe, eu...
- Não, tudo bem. – Ela disse.
- Enfim... Eu, ahn, gostava muito de vir aqui quando criança. – disse, voltou a olhar para o navio, não conseguindo mais prender sua atenção nele por tanto tempo.
Os dois andaram mais um pouco pela extensão do navio, com contando uma ou duas curiosidades, fatos que ele havia decorado de tanto que havia visitado o local. balançava a cabeça, apenas fingindo prestar atenção. Sua cintura ainda parecia estar entre as mãos de , e ela não sabia por que não conseguia esquecer aquela sensação. E porque se sentia tão... Sentia que queria voltar a repetir a dose.
Terminada a visita ao navio, eles voltaram ao carro, se demorando um pouco mais por parar para agradecer às pessoas que haviam permitido a entrada dos dois no local. Aparentemente a atração era fechada para visitação no final do ano. A próxima parada ficava mais próxima da pousada e do evento natalino da cidade. admitiu ter feito propositalmente as visitas naquela ordem, para que eles pudessem depois se preparar para a festa de fim de ano.
Eles foram ao Jardim Botânico de Norfolk. sorriu, apesar do tempo frio o local era magnífico. Também não estava aberto para visitações, mas deu um jeito e logo os dois andavam pelo extenso local. As árvores não estavam floridas, suas folhas cobriam o chão ao invés dos galhos. e iam andando e o único barulho no local era o que faziam ao amassar as folhas.
- Ele foi primeiramente chamado de Jardim das Azaleias de Norfolk, e foi aberto em 1938. – disse, mais uma vez parecendo ter absorvido a informação devido a grande quantidade de vezes que visitara o local. – Teve uma época que o Jardim possuía 175 acres, mas o aeroporto, aqui do lado, tomou 20 acres para sua expansão. Hoje em dia eles oferecem muitos passeios, meus favoritos são o de barco e o de barco no pôr do sol. Mas esse só é legal no verão, quando conseguimos ver o sol mesmo. – Ele disse, apontando para o céu completamente encoberto por nuvens.
- Você passava mais tempo aqui ou no navio? – perguntou.
- Dependia muito do meu humor, do que eu queria no dia. – confessou. – Mas acho que eu vinha mais aqui. Minha mãe costumava trazer eu e meus irmãos para regarmos as plantas no verão, em épocas que tinha muita seca.
- Soa muito legal. – disse, fechando os olhos e conseguindo imaginar a cena de um menor regando as plantas.
- E era. – disse.
Eles passaram o restinho da tarde andando pelo parque. estava apaixonada pela paisagem, mesmo sendo inverno, e não tendo tanto colorido quanto teria na primavera. Terminado o horário máximo de visita – porque nem mesmo a fama do garantiria uma mordomia tão grande – eles saíram do Jardim, com o rapaz agradecendo aos responsáveis pela permissão de ficarem lá dentro, e seguiram para o carro. A temperatura havia caído ainda mais, tremia de frio quando entrou no carro do rapaz.
- Obrigada por hoje. – Ela disse quando já estava aquecida e eles já haviam partido.
- Gostou?
- Sim, muito. – Ela sorriu.
- Fico feliz em saber disso. – disse, sorrindo também. – Você quer que eu te pegue na pousada para irmos juntos ao festival? – Ele perguntou quando estacionou em frente ao local.
- Não... Lexi disse que ia, vou ver se ela me deixa ir junto. – disse. Ela viu as árvores balançarem devido ao vento forte e mordeu o lábio inferior, o carro estava tão quentinho. Tudo bem que eram só alguns passos que a separavam do aconchego da pousada, mas ainda daria tempo para ser atingida pela baixa temperatura. – Bem... Até mais. – Ela disse, sorrindo para o rapaz e então saindo do carro.

saiu do banho quente enrolada na toalha. Conseguia ouvir o vento forte lá fora e isso só lhe desanimava ainda mais para sair do conforto do quarto. Mas era véspera de ano novo, e o evento que ocorria em Norfolk prometia uma grande queima de fogos, além de muitas outras atrações. E ela havia prometido a e Lexi que iria. Acima de tudo, havia prometido a si mesma. E essa promessa ela não iria descumprir. Vestiu uma calça jeans e botas por cima, uma blusinha de manga comprida, outra mais grossa por cima, um casaco de lã e ainda vestiria o sobretudo preto. Nas mãos as luvas e o cabelo seria coberto pelo gorro preto com listras rosas e brancas.
Desceu para a recepção, onde encontrou Lexi já pronta e esperando pela hóspede. As duas seguiram para fora, correndo contra o vento para alcançar rapidamente o carro da recepcionista. Novamente, dentro do carro, sentiu-se tentada a ficar ali para sempre de tão quente que estava. O evento não era muito longe, e e Lexi seguiram o caminho conversando amenidades. A moça de Norfolk era simpática e divertida, riu em diversos momentos com piadas e outras histórias verdadeiras que Lexi contava. Talvez as duas viessem a se tornar grandes amigas.
O local estava cheio, o que amenizava o vento frio e causava a conhecida sensação do “calor humano”. Lexi e seguiram lado a lado para o local onde ocorreria a queima dos fogos. Os ponteiros no relógio já se aproximavam da meia-noite, e ainda queria encontrar se possível. Queria dar continuidade a algo que haviam começado no navio de guerra. Havia pensado naquilo o resto do dia, e o pensamento só se intensificara enquanto ela estava no banho e sentia a água quente em contato com sua pele, quente igual às mãos do rapaz. Eles haviam combinado de se encontrar próximo ao local da queima dos fogos, mas aquele lugar estava tão cheio...
A colisão dos corpos parecia ser algo deles. Desde o primeiro momento que se conheceram havia sido assim. E não foi diferente naquele momento. olhava para os lados e para trás de si quando sentiu algo se chocar contra ela. Novamente, igual havia acontecido no navio, as mãos do rapaz foram direto para sua cintura, e ela chegou a escorregar um pouco, e agradeceu pela agilidade da outra pessoa. Seu cabelo voou para seu rosto e ela teve dificuldades para enxergar quem havia colidido contra ela, até que a pessoa falou.
- Temos que parar de nos encontrar assim. – A voz de preencheu o espaço entre eles e sorriu.
- A culpa é sua. – Ela disse, levando uma mão ao rosto para afastar alguns fios. – Eu estava procurando por você.
- Digo o mesmo em relação a você. – Ele respondeu. Os dois riram. As mãos dele continuavam na cintura dela, assim como a mão dela permanecia no braço dele, enquanto a outra ainda tirava os fios de cabelo do rosto.
As pessoas começavam a se aprumar ao redor deles, a meia-noite se aproximando cada vez mais. A excitação para a queima dos fogos crescendo. e permaneceram juntos, mantendo os olhos conectados, como se aquela conexão fosse o suficiente para estabelecer uma comunicação eficiente. Mas sentiu a vontade de falar o que vinha pensando o dia inteiro.
- Tem algo que eu...
- Eu queria... – parecia ter tido a mesma ideia. Os dois riram novamente. – Você primeiro.
- Eu... – As pessoas começavam a contagem regressiva, do vinte até o zero. Ela precisou falar mais alto para se fazer ouvir. – Tem algo que eu quero fazer o dia inteiro.
- Eu também. – disse. – Desde o navio que eu quero fazer isso.
- Eu também. – disse. As pessoas estavam no dez. sempre teve vontade de ter alguém para beijar quanto desse meia-noite. Apesar de ter um namorado por oito anos, ela e nunca estavam juntos durante a virada do ano. Ele sempre estava ou trabalhando ou viajando com a família ou em alguma festa em família. Os segundos se passaram, a meia-noite se aproximava cada vez mais, os dois continuavam se olhando. – Cinco...
- Quatro...
- Três...
- Dois...
As pessoas gritaram o um, mas enquanto faziam a própria contagem, e iam se aproximando, corpos e rostos. Então quando a meia-noite chegou, seus lábios já estavam selados e impossibilitados de gritar “um” ou “feliz ano novo” com o resto das pessoas.
E o beijo de era exatamente como havia imaginado. Calmo, mas muito sensual. Seus lábios se moldaram com perfeição, e os lábios do rapaz eram tão macios, tão convidativos para um beijo infinito. E foi como sentiu que aquele beijo era, infinito. Ouvia vagamente o estourar dos fogos de artifício, mas quem se importava com fogos quando estava beijando um cara como ?
Por um longo tempo após o término do namoro, chegou a considerar que nunca mais encontraria outra pessoa. Ela gostava, afinal de , não chegava a ser amor, mas era algo próximo. E por morar em uma cidade tão pequena, onde praticamente todos a conheciam, a possibilidade de encontrar outra pessoa era quase nula. Mas agora que havia sido forçada a criar a coragem para sair do ninho, seus horizontes haviam se expandido, o desejo de sair de Montgomery e ver o que o mundo tinha mais para lhe oferecer havia voltado com força. E, não podia negar, apesar do contato breve a havia ajudado. Norfolk inteira havia ajudado-a, mesmo sem ela ter conhecido um por cento dos moradores da cidade.
Ele a puxou contra o corpo dele, intensificando o abraço. sorriu ao sentir as mãos enluvadas de acariciarem sua nuca e bagunçarem seu cabelo. Havia pensado no beijo da garota o dia inteiro, como seria, que gosto teria e o que ele sentiria. Pensava que se sentiria culpado por causa do recente término, mas, ao contrário, queria apenas repetir a dose e continuar colado à garota turista até que alguém forçasse a separação dos dois. Ele achou que aquele tipo de sentimento só rolava em filmes e séries – e ele sabia bem o quanto isso acontecia no mundo cinematográfico e televisivo. Mas ali estava ele, sentindo aquela necessidade de passar cada momento possível ao lado daquela garota que havia conhecido no dia anterior.
Os dois só se afastaram porque o ar faltou e alguém, obviamente bêbado, se chocou contra eles. Trocaram sorrisos e, permanecendo abraçados, assistiram ao resto da queima de fogos. finalmente entendia porque tantas pessoas faziam questão de passar a virada do ano beijando alguém, dava uma sensação incrível de que o ano estava começando com o pé direito e só iria melhorar. Ela sentia aquilo, porém, devido a outros motivos também. Sabia que o ano que começava seria diferente porque ela havia mudado, apesar de muitos considerarem que dois dias era um tempo muito curto para causar uma mudança, acreditava que era possível, sim. Aliás, não acreditava, sentia.

Os fogos já haviam acabado há muito, as pessoas continuavam a beber e comemorar a entrada do novo ano. e não eram diferentes. Eles haviam visitado todas as barracas de comida e bebida, haviam arriscado alguns jogos de tiro ao alvo e outros, com conseguindo ganhar um boneco de neve de pelúcia que segurava uma plaquinha que dizia “Papai Noel passou por Norfolk”, para que a garota não se esquecesse daqueles dias e, claro, dele. Mas agora a discussão era outra.
- Não, eu não vou. – disse, batendo o pé.
- Claro que vai. – disse. Ele segurava dois pares de patins de patinação no gelo. E o casal estava ao lado da pista de patinação, agora praticamente vazia.
- , eu estou levemente bêbada, não tenho coordenação alguma para patinação... Não vou. – disse. – Eu fico aqui te olhando.
- Não, você vai comigo. Eu te seguro. – disse. – Prometo não deixar nada acontecer com você.
Havia tanta confiança nas palavras dele, que não conseguiu resistir por mais tempo. Eles seguiram até os banquinhos que havia próximo a entrada da pista, tiraram os sapatos e vestiram os patins de patinação. segurou as duas mãos da garota para ajudá-la a ficar em pé e depois seguiu acompanhando-a até a pista. ainda hesitou um pouco para entrar na pista, mas a insistência de não a deixou desistir. Ela escorregou nos primeiros passos, segurando com força os braços de , confiando na força do garoto para impedi-la de cair.
Logo ela pegou o jeito, ainda sentindo as pernas tremerem e segurando com força no rapaz. parecia ter nascido para aquilo, parecia que havia patinado a vida inteira, de tanta facilidade que tinha. Enquanto parecia a maior desastrada do universo, sendo conduzida completamente pelo rapaz, por não sentir confiança. E tal medo tinha motivo, o qual foi apontado logo.
Durante uma das voltas, achou que poderia confiar mais em si mesma, porém sempre que alguém acha que pode confiar mais em si durante a patinação, é quando mais te que se agarrar à pessoa que a conduz. Isso porque deu um passo maior do que devia, tropeçando no pé de e provocando sua queda. Na verdade, a queda dos dois, pois ele foi junto com ela para o chão. Os dois deslizaram por um tempo no gelo, sentindo suas costas congelarem enquanto ia deslizando. havia começado a rir. E queria chorar.
Quando, enfim, pararam, chorava de rir e escondia o rosto no ombro do rapaz. Sua cabeça doía, provavelmente porque ela havia batido levemente quando caiu, e ela não sentia suas costas ou braços de tão gelados que estavam. O frio começava a se espalhar por seu corpo, porque mesmo havia tirado o sobretudo? Ela estava esperando por uma reação de , para que pudessem levantar logo, mas o garoto parecia muito distraído rindo para notar que ela começava a tremer de frio.
- ... – chamou, o garoto diminuiu o volume da risada, afinal, nem era tão engraçado assim. – , eu estou congelando, e minha cabeça está doendo, acho que bati. – Aquilo pareceu ter chamado a atenção dele.
- Tem mais alguma coisa doendo? – Ele perguntou, olhando atentamente para .
- Não. Quero dizer, eu estou congelada demais do pescoço para baixo para sentir alguma coisa. – tentou fazer piada. começou a levantar, ajudando no processo. Não era fácil, mas eles conseguiram.
- Vamos, eu te levo para a pousada. Você precisa de um banho quente. – disse, ajudando a chegar até a saída da pista de patinação. Ele a ajudou até mesmo a colocar as botas, e deu seu casaco para ela colocar em cima do sobretudo.
- Não, você vai ficar com frio.
- Você precisa mais do que eu. – Ela não discutiu, porque ele não deixou, colocando o casaco em cima dela.

A pousada estava praticamente vazia. já sentia seu corpo, mas sua roupa estava encharcada e gelada, muito gelada, e ela tremia com o frio intenso que ia tomando conta de seu corpo. a acompanhou até seu quarto, e entrou com ela. Sentou-a na cama e a ajudou a tirar as botas, tanto o casaco do rapaz quanto o sobretudo dela foram jogados em cima de uma cadeira que tinha próxima a porta do banheiro. Depois acompanhou até o banheiro, ligando o chuveiro e certificando-se de que a água estava bem quente, enquanto se livrava das inúmeras blusas, agora com as costas completamente encharcadas.
Ele voltou-se para ela, que ainda tremia de frio. O vapor da água quente ainda não havia se espalhado o suficiente pelo banheiro para tomar o corpo dela. fechou a porta, para que o vapor ficasse mais concentrado no cômodo que ocupavam, e foi até , ajudando-a a se despir. A garota não pareceu se importar, levantando os braços para que tirasse a blusinha de manga comprida. Só quando ele atirou a blusinha para longe e abaixou os braços foi que ela percebeu a situação, e como faltava pouco para aquilo não ter mais volta.
Olhos azuis e verdes se chocaram, como seus donos tantas vezes antes. A comunicação novamente estabelecida. Nenhum dos dois saberia dizer quem agiu primeiro, só que em questão de segundos o contato havia sido desfeito para que os olhos se fechassem, e as bocas se chocassem com intensidade e volúpia. Foi a vez de levantar os braços para que retirasse as camadas que cobriam o tronco do rapaz. Os lábios se afastaram o suficiente para que o suéter e a camiseta fossem retirados, mas logo voltaram a se chocar. As mãos ansiosas de ambos seguiram para as calças um do outro. Os dedos frios de , ainda um pouco congelados, tiveram dificuldade para desabotoar a calça de e descer o zíper, enquanto ele tinha mais dificuldade para retirar a peça molhada do corpo da garota. Os dois se afastaram o suficiente para trocarem risos nervosos, e então num acordo mútuo e silencioso, cada um cuidou da própria peça que cobria as pernas.
Quando as mãos de voltaram a tocar o corpo de , agora seminu, a garota se arrepiou com a diferença de temperaturas. Ele decidiu então levá-la para o chuveiro, para que aquela situação se normalizasse. arqueou as costas quanto sentiu as gotas quentes entrarem em contato com sua pele fria, ela se encolheu nos braços de , seu rosto contra o peito definido do rapaz. Decidiu então distribuir beijos pela região, achando aquela uma ótima distração, enquanto ia levando-a pouco a pouco para baixo do chuveiro.
Aos poucos o corpo de foi esquentando, ficando na mesma temperatura do corpo de . E quando isso finalmente ocorreu, ela não sabia mais dizer se era pela água quente, quase escaldante, que caía do chuveiro, ou pelo calor provocado pelo prazer que ele ia provocando nela, e que ia aumentando cada vez mais, até ambos terem dificuldades para se manter em pé, principalmente , que sustentava . E, como nos filmes clichês, enquanto fechavam os olhos para trocarem mais um beijo, fogos de artifício voltaram a estourar e, dessa vez, não era para comemorar a chegada de um novo ano.


THE END!



Nota da autora (31/12/2014): Aloha!

Shortfic bonitinha para o especial do FFOBS! Gostaram? Espero que sim. Sei que não é a melhor coisa do mundo ou que eu já escrevi, mas a acho bem nhom nhom.

Enfim, ela faz parte de um projeto que eu tô criando, então não deixem de entrar no meu grupo de fanfics para saber mais sobre - garanto que as próximas fanfics tendem a ficar melhores.

Não deixem de comentar, por favor, nem que seja para criticar - adoro críticas!

E como esse é um especial de fim de ano, não posso deixar de desejar um ótimo 2015 para vocês, que esse ano seja brilhante e todos seus sonhos se tornem realidade. Mas que, acima de tudo, vocês tenham perseverança e determinação para torná-los realidade.

Grande beijo e até a próxima : )

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