Vocês conseguiriam, francamente, ficar sem ver — pessoalmente, ao menos — seu melhor amigo por mais ou menos uns... Cinco anos? Porque eu não, mas estou mesmo assim. É, amigos, triste história a minha, não? Ainda mais com a minha recente descoberta de que eu simplesmente estou apaixonada por ele.
Well, meu nome é e esse meu melhor amigo desde sempre se chama .
Ele recebeu uma proposta de emprego em Warwick, na Inglaterra, uma cidade bem tradicional de lá. Linda demais, morro de vontade de conhecer, mas isso não vem ao caso agora.
Bom, eu estou jogada no chão do meu quarto vestindo nada mais que minha calcinha e sutiã pretos, de coque por causa do calor (afinal, eu moro no Rio de Janeiro, né?) e pensando em quando ele voltar. Amanhã…
Peguei meu iPod e fui descendo pelas músicas sem olhar e, quando parei, coloquei para tocar. Quando começou a batida, eu nem acreditei. Comecei a cantarolar baixinho junto com a voz maravilhosa do Jason Mraz na música a qual julguei perfeita e sobre nós dois.
— Do you hear me? I’m talking to you. Across the water, across the deep blue ocean, under the open sky, oh my baby I’m trying... É, ... Eu tô tentando. — cochichei.
Levantei e fui tomar banho, porque o calor já estava insuportável. Quando a água gelada bateu nos meus ombros e na minha cabeça, lembrei-me de um momento em especial...
Flashback
Estávamos os dois em silêncio no Skype — telefone é caro demais para o estrangeiro —, mas só estávamos nos falando. Eu estava deitada, coberta, quase dormindo logada com ele, quando ele chamou a minha atenção:
— ?
— Hmmmm?
— Tá me ouvindo? — ri.
— Óbvio, né, por quê?
— Liga a câmera?
— Pra quê? — fiquei curiosa.
— Eu... Quero te ver.
— Não sei, … Eu tô quase dormindo, toda entocada e você sabe que eu odeio que me vejam assim.
— Tô com saudade. — ele sussurrou ainda mais baixo e, se eu não estivesse prestando tanta atenção, não teria ouvido.
— Tá. — sorri discretamente, sem conseguir recusar.
Liguei a câmera e a luz azul veio direto na minha cara, o que me fez fechar os olhos e franzir a testa, ficando momentaneamente cega, até ouvir sua risada. Abri os olhos e fiquei cara a cara com a luz relativamente forte — para quem estava na escuridão total antes — e esfreguei os olhos. Em seguida, olhei para a tela e o vi sorrindo, um sorriso tão largo e um olhar que refletia tanta felicidade que na hora me deu vontade de estar ao seu lado.
— Eu tô do outro lado do oceano e não consigo parar de te amar um segundo sequer, como isso pode ser possível? — perguntou ele, com um sorriso agora mais discreto, mas parecendo feliz por simplesmente me ver.
— Do mesmo jeito que eu te aguentei nesses oito anos que a gente se conhece, porque olha que não foi fácil, viu? — falei e ele deu uma gargalhada.
— Idiota! — acabei rindo também.
End of Flashback
Não havia saído do banho ainda, mas não faltava muito. Acabei de tirar o sabão do corpo, enrolei-me na toalha e fui para o quarto.
Chegando lá, peguei o travesseiro que estava na cama, taquei no chão, fui até o ar condicionado e liguei-o, voltando para onde estava e deitando no mesmo lugar de antes, onde agora batia um vento gelado por conta do mesmo.
Fechei os olhos e acabei adormecendo.
Flashback 1
— ! Eu quero ver Tartarugas Ninjas! — emburrou depois de eu ter mudado para Bob Esponja.
— Meu Deus, ! — eu gargalhei — Sério? Bob Esponja é TÃO mais educativo!
— 'Cê ficou louca? — ele deu uma gargalhada. — Muda!
— Não! — crispei os lábios para evitar rir de sua expressão injuriada.
— O quê? — ele sentou de lado no sofá onde estávamos, agora me encarando. — Eu vou pegar, nem que seja a força!
— Tenta. — cantarolei.
Quando seu sorriso cresceu diabolicamente, eu sabia que estava ferrada. Sabia que ele ia usar sua pior arma contra mim: suas mãos. Não deu tempo nem de pensar direito ou tomar alguma respiração profunda, e já começou sua maldita cosquinha.
Eu gritava e ria, esperneando, tentando empurrá-lo com pernas e braços; até que consegui acertar um chute em sua barriga, o que o fez voar para o chão, mas, como ele estava grudado em mim como um carrapato, acabou por me levar junto. Dei um berro e caí por cima dele, que não conseguia parar de rir, e ficamos assim por uns minutos. Não sei o que exatamente víamos de engraçado naquela situação, mas tinha.
— … — eu chamei baixinho enquanto estávamos enrolados ainda no chão. Ficamos com preguiça de levantar, então, mesmo de fôlego recuperado, continuamos na mesma posição.
— Oi. — ele sussurrou no meu ouvido e, naquele momento, meus pelos do corpo inteiro se arrepiaram e eu soube que eu nunca me cansaria de sua presença.
— Posso te fazer uma pergunta? — questionei, já levantando a cabeça e olhando para seu rosto que, coincidentemente, estava perto demais do meu.
No instante que meus olhos encontraram os seus, eu me esqueci do que ia perguntar.
— Pode. — ele soprou — mesmo que sem querer — em minha boca e eu respirei fundo, fechando os olhos e sentindo suas mãos apertarem minha cintura — que era onde elas já estavam —, como se ele estivesse sentindo o mesmo que eu.
— Eu… Posso te beijar? — perguntei, abrindo os olhos. Ei, não me olhem com essa cara! Nem me perguntem o que deu em mim, porque nem eu mesminha consigo responder essa!
Ouvindo a pergunta, ele, de início, ficou meio surpreso, mas depois subiu uma de suas mãos por meu corpo com toda calma, como se tivesse todo tempo do mundo. Eu protestaria, se não estivesse tão hipnotizada por seus grandes olhos azuis. Neles, eu conseguia ver toda sinceramente existente. Eu estava ofegante, respirando em sua boca, enquanto ele respirava na minha. E nós mal havíamos nos tocado!
então embrenhou a mão nos cabelos da minha nuca e mordeu meu lábio inferior, beijando-me calmamente em seguida. No meio do beijo, eu vergonhosamente gemi, o que o fez sorrir e morder meu lábio inferior novamente, consequentemente me fazendo arranhá-lo por cima da blusa. Minhas mãos estavam em seu peito e eu agora já estava sentada em sua barriga. Quando nos separamos, meus lábios estavam formigando e eu ainda estava meio sem fôlego e, ainda de olhos fechados, tudo que fiz foi deitar a cabeça em seu peito.
— Foi bom, bom até demais, mas não devíamos ter feito isso, né? — perguntei, ainda na mesma posição, sem querer sair.
— É, acho que sim... Hmmm... ... Eu tô... Ficando excitado... — senti algo cutucar meu short, eletrizando-me inteira. O provável motivo disso? Eu estava com a mão dentro de sua blusa, passando as unhas em sua barriga e acho que isso... Bem... Animou-o. E me animou, também, claro, porque ninguém é de ferro.
Levantei rápido e fiquei olhando para ele ainda no chão. Olhei para sua feição confusa enquanto passava minha mão pelo cabelo, em sinal de nervosismo, e sussurrei algo como “Vou tomar banho”. Mordi o lábio inferior e parti em disparada.
Na época, tínhamos cerca de 17 e 18 anos, e nunca tocamos no assunto, ou repetimos. Porém, foi assim que prometemos.
Flashback 2 —
4 anos depois
— ! — saldou empolgado ao telefone quando atendi.
— Oi, gatinho. — respondi, tentando ficar tão empolgada quanto ele — Manda, qual o motivo de você estar me ligando a essa hora da manhã? — estranhei, distraindo-me.
— Posso passar aí? Aqui em casa tá muito chato e eu to levando sorvete, chocolate e podemos fazer alguma outra c…
— Que horas você chega? — rimos — Claro que pode, eu hein, pergunta mais besta! Tá vindo agora?
— Aham, já já apareço aí. Beijão!
— Beijo. — desligamos e eu fui então trocar de roupa que, mesmo já sendo lá pelas quatro da tarde, ainda era meu pijama. Não me julguem, havia acabado de entrar de férias da faculdade e tudo o que eu mais queria era fazer isso por um bom tempo.
Coloquei uma baby look roxa — a minha preferida — e um outro short, que mais parecia de dormir de tão curto. Mas não importava, era o .
Quando ele chegou, cerca de uns quinze minutos depois, com todas aquelas sacolas cheias de besteiras, trouxe também… Uma flor? “Pra te recompensar, por estar atrapalhando a sua tarde”, e botou no meu cabelo. Quem entende?
Passamos o resto da tarde vendo besteira, comendo besteira e o principal: falando besteira. Eu dava cada gargalhada que meu Senhor Jesus Cristo! No final, estávamos deitados no sofá um ao lado do outro de lado, olhando-nos. Ele foi chegando mais perto, olhando nos meus olhos e, quando achei que fosse me beijar... Beijou, mas a testa.
— Você é tudo que eu tenho. — falou baixinho, abraçando-me apertado, apenas o suficiente para sentir seu cheiro se espalhar por todo meu olfato. — Meu porto seguro, praticamente a única família que tenho, minha… — sua voz vacilou — Minha melhor amiga.
Quando ele acabou de falar, eu agarrei sua blusa, puxando-o para mais perto e respirando fundo com o nariz grudado em seu peito. Aquilo me passava calma, era o que eu mais amava fazer em todo o mundo.
End of Flashback 2
Antes que pensem que não temos mais família ou algo do gênero, até temos. Porém, sabe aquele tipo de família que pouco se lixa para você? É a minha e a dele. Triste coincidência, não? Acho que foi isso que nos uniu a partir da primeira conversa.
Virei de bruços, não aguentando mais de dor nas costas — tempo demais em uma posição só me deixa assim —, fechei os olhos e dormi. Simplesmente apaguei.
xx
Acordei com meu celular tocando em algum lugar do quarto e a primeira coisa que pensei foi: frio. Levantei o mais rápido que uma mente — já lerda naturalmente — permite o corpo se mover e me taquei direto na cama, entrando direto para baixo dos cobertores e atendendo o celular que achei por lá.
— Hmmmmmmm. — sim, isso foi a tentativa.
— ?
— ?
— Eu mesmo, mais lindo e gostoso que nunca. — ri de sua prepotência.
— Que foi? Qual o motivo de você estar me ligando? — perguntei lentamente, quase dormindo de volta.
— Por que você não vai abrir a porta?
— Pra quê? — abri os olhos, agora totalmente desperta.
— É, ué, vai lá.
— Vai ficar na linha?
— Aham, vai falando comigo.
— Tá.
Levantei da cama, passei pelo ar e desliguei-o, passando logo depois pelo banheiro e pegando meu roupão — que mais parecia uma camisola de tão curto — e fui até a porta, destrancando-a e abrindo.
Olhei bem, olhei de novo e, ainda assim, não estava acreditando.
Não dava para acreditar que, ali na minha frente, era ninguém mais ninguém menos que o próprio !
Estiquei a mão direita na direção de seu rosto sorridente — até demais — só para checar que não era um sonho e, assim que toquei sua bochecha, levei a mão esquerda até a boca com um sorriso gigante e lágrimas nos olhos.
Até o momento, não havíamos dirigido uma palavra ao outro ainda e isso não estava de todo ruim. Dei passos largos até ele e minha mão, que estava na boca até então, grudou em sua camisa, puxando seu corpo para mais perto do meu e a outra se espalmou em suas costas, apertando-nos mais juntos. Seus dois braços circundaram minha cintura e me levantaram facilmente, apertando-me ainda mais. Eu não conseguia respirar direito, mas acho que isso se devia mais à euforia de tê-lo colado em mim de novo e da minha risada do que do seu aperto.
Mesmo quando ele me abaixou, eu continuei abraçando-o e ele, em nenhum momento, ousou soltar também. Devemos ter ficado assim por uns bons minutos. Quando nos afastamos, eu olhei em seus olhos, ainda meio sem ar, e o sorriso gigante que não sairia da minha cara nem tão cedo estava exatamente do mesmo jeito que o dele.
Ele olhou em meus olhos e, em seguida, para minha boca. Foi impossível não repetir seu ato e perceber que seus lábios estavam ainda mais convidativos que nunca. Eu não sabia se era certo, nem se o que sentia por ele era recíproco, mas eu sabia exatamente o que precisava naquela hora: beijar .
— ...
— Shhhh — repreendi, colocando o dedo em sua boca, como um pedido para que ele não falasse mais nada. — Eu não sei se você me quer do jeito que eu te quero — comecei, subitamente corajosa —, não sei se isso é certo, mas é o que nós dois queremos nesse momento. Então, por favor, me beija.
— Agora? — ele sussurrou por trás do meu dedo, olhando diretamente para minha boca.
— Agora. — sussurrei de volta, olhando em seus olhos, direcionando agora minha mão aos seus cabelos. Quando nossos lábios se chocaram violentamente, eu senti várias coisas ao mesmo tempo.
Senti como se estivesse recebendo uma carga elétrica por todo o corpo.
Senti seus braços saírem de volta de mim e suas mãos apertarem minha cintura.
Senti seu corpo se colar mais ao meu assim que me atrevi a puxar seu lábio inferior.
Senti sua animação cutucar minha barriga e, dessa vez, surpreendentemente não me importei, até porque eu estava no mesmo estado.
Senti, então, sua mão puxar meu cabelo para olhar em meus olhos.
— Eu correspondo tudo que você disse, desde antes de nos beijarmos pela primeira vez. — ele comentou, com a respiração quase tão entrecortada quanto a minha — Eu te amo, de verdade, não só como melhor amiga e não seria o que sou hoje, sem você. — completou, olhando nos meus olhos e me deixando cada vez mais sem palavras. — Eu te amo, , e quero que você seja minha para sempre. Mas não quero te pressionar, aceito um copo d’água antes, obrigado.
Gargalhei cheia de alegria no peito; era tanta que quase não cabia. Abracei-o e entramos pra dentro do apartamento e, se você está se perguntando se a minha resposta foi a de qualquer pessoa sensata e que sabe o que está fazendo — um bem alto e sonoro SIM —, bem, você está mais do que certo.
FIM?
Nota da autora: E AÍ? O QUE ACHARAM? Comentem! Farão uma autora MUITO feliz! hahahahah Bem, como vocês perceberam, não é que a história tenha ficado sem final; mas eu - particularmente - achei que tinha um pedacinho faltando... Mas o que vocês acham que é? Eu tenho uma continuação já escrita, e pretendo escrever mais uma - assim que acabarem minhas aulas e o sufoco do curso técnico. Ficaria legal? Ou terminar assim é o ideal? Vocês decidem!
Qualquer coisa, chega lá no facebook (/juliabiancap) ou no twitter (@wthjulha), adoraria falar mais com vocês!! Beijinhos.