Autora: Roby e Mah | Beta-Reader: Nanda


Nota da Autora: Coloquem a música Where in the world - Hal Kemp para carregar e deem o play quando nós dissermos.

- Feliz Halloween! – Disse null, com sua fantasia de vampiro, vindo por trás de null, null, null e null, fazendo null dar um pequeno pulo de susto.
- Feliz Halloween. – null disse, abrindo um sorriso e levantando seu tapa olho, acessório essencial da sua fantasia de pirata.
- Tão lindas, hein, meninas! – Falou null, olhando para null, que estava fantasiada de bruxa, depois para null, de chapeuzinho vermelho e logo depois para null, que estava incrivelmente fofa com sua fantasia de Alice.
- Eu também estou super gato, né, null? – Disse null, fazendo voz fina e uma pose que em sua percepção era sexy. Todos riram.
- Está, sim, lindão! – null disse, entrando na brincadeira. – Eu espero que todos vocês estejam com tanta vontade de explorar como estão lindos.
- Como assim? – Perguntou null, confusa.
- Ah, esse ano eu queria fazer uma coisa diferente… – O garoto disse, fazendo null revirar os olhos. Não dá para confiar muito em coisas diferentes vindas de null. – Sabe aquela casa que fica uma velha na janela o tempo todo? Que sempre fica olhando a gente e nunca se mexe? Eu queria saber o que ela tanto faz parada ali. Eu quero entrar na casa.
- QUÊ? – Todas as meninas disseram juntas.
- Af, parem de ser frescas, não vai acontecer nada. O máximo que ela pode fazer é matar a gente. Eu topo! – null disse, apoiando o amigo.
- Então fechou!
- null, não! Para com isso! Não é legal invadir a casa dos outros. Você nem sabe quem mora lá. – null falou, preocupada.
- Sei sim, é uma velha que nunca para de encarar a gente. Vamos logo! – O garoto disse, puxando as meninas e foram todos em direção a casa.
Era uma casa antiga, devia ter uns três andares e milhões de quartos. Não tinha uma pintura descente, era um marrom desbotado e parece que não limpavam aquilo há décadas, porque além do mau cheiro, não havia um canto, uma parede ou uma janela sequer sem estar coberta de teias de aranha. Os amigos abriram aquele portão de ferro completamente enferrujado e começaram a andar por aquele jardim imenso com a grama alta que chegava a encostar nos joelhos. Logo já conseguiram ver a velha, imóvel, olhando para fora da janela com a mesma cara de sempre.
- Gente, para. Sério, isso não é legal. E se tiver alguém lá? Se acontecer alguma coisa com vocês? Vamos voltar, a gente vai para a pracinha assustar as criancinhas. – null disse completamente assustada.
- Agora que a gente já está aqui você quer desistir, null? – Disse null.
- Vamos logo, essas coisas não existem. – Falou null, tentando incentivar a amiga. Sem sucesso.
- Gente, é sério, para!
- A gente não vai desistir mesmo! Eu quero ganhar alguns docinhos daquela velha. – null falou com ar de deboche. - Se você não quer aproveitar o seu Halloween, não aproveita! A gente vai entrar.
- Só depois não digam que eu não avisei.
- Tá bom, mãe, tchau. – O garoto falou, revirando os olhos e virando de costas, junto com os outros amigos e foram em direção à porta de entrada.
- Deve estar trancada… Provavelmente! – null disse atrás de null, segurando o braço do garoto com força
null olhou para a amiga e se aproximou da porta, então simplesmente encostou a palma de sua mão na mesma e a viu abrir lentamente, fazendo um som nada agradável.
- Acho que não, null… – null ri, entrando na casa. – Vamos, venham logo!
null logo segue null para dentro da casa. null começa a andar, mas null o segura pela blusa.
- Que foi, null? – Ele pergunta calmo, sorrindo.
- Eu estou com medo, null, não quero entrar aí! – Ela disse, encarando o chão, suas bochechas coradas por ter que disser aquilo justo a ele.
null ri baixinho e a puxa para perto, fazendo com que a garota abraçasse sua cintura.
- Relaxa, pequena, eu te protejo! – Ele diz, beijando a cabeça da garota e finalmente entrando na casa também.
- Acho que as luzes não estão funcionando. – null comentou, enquanto apertava varias vezes o interruptor, mas nenhuma luz se acendia.
- Já imaginava que isso ia acontecer, por isso eu trouxe… – null começou a dizer, procurando algo em sua capa preta, até finalmente achar a lanterna amarela de seu pai, a acendendo e sorrindo vitorioso. – Isso!
- Uma lanterna, null? Só uma? – Implicou null.
- Para que mais de uma, null? Olha, ela já ilumina tudo aqui, não tinha porque trazer mais de uma, fora que também não iam caber quatro lanternas na minha capa, né? Convenhamos, amorzinho, uma lanterna só está ótimo!
- Nunca mais me chame de amorzinho, ouviu bem, null?! – Ela disse, apontando o dedo indicador na direção do garoto.
- Ok… Amorzinho. – Implicou o garoto.
- Ah, garoto, você me tira do sério! – Gritou null, irritada.
- Relaxa o chapeuzinho, não precisa ficar nervosa!
- Eu não estou nervosa, eu só...
null então foi interrompida por uma música que passou a tocar, uma música que vinha do interior da casa, uma música antiga e, na situação atual dos quatro, assustadora!

[N/A: Play!!]

A porta logo atrás deles se fechou com força, fazendo com que null segurasse null com ainda mais força e com que null desse um belo pulo, null simplesmente riu baixo.
- Olha, não estamos sozinhos pelo jeito. – Disse ele, brincando
- Para, null, que horror! – Disse null, fazendo o sinal da cruz.
- Mas é verdade, tem alguém aqui querendo pregar uma peça de Halloween na gente e eu aposto que é o Cameron da rua de baixo, aquele garoto gosta de implicar comigo! – null disse, andando na direção da musica, mas antes, apontando a lanterna para os outros três amigos. – Vão ficar aí no escuro ou vão comigo? – Ele perguntou, simplesmente, vendo os amigos se entreolharem e logo o seguirem. – Ou também pode ser a velha, né? Vai que ela gosta de assustar as pessoas que entram na casa dela no Halloween?
- null, você não está ajudando! – null diz, apertando ainda mais o braço de null (se é que isso fosse possível!).
- Relaxa, null, estou só brincando! – Ele diz, voltando a caminhar.
Havia um longo corredor à frente deles. As paredes eram próximas, o espaço pequeno, o cheiro de mofo e poeira dominava o ar. Havia vários candelabros de ouro pendurados na parede, todos sem nenhuma vela, a música vinha de trás de uma porta, uma porta logo à frente deles, ela estava entreaberta e uma pouca luz emanava dali. A música ficava cada vez mais alta. null ia abrir a porta, quando alguns rangidos foram ouvidos no andar de cima. null gritou, fazendo a música parar repentinamente, todos se entreolharam e então null abriu a porta lentamente, esperando para ver o que encontraria ali.
Mas a surpresa foi grande quando na verdade não encontraram… Nada!
A sala era escura, iluminada apenas pela luz da lanterna e por um candelabro, de ouro, acesso, que estava ao lado de uma vitrola, todos entraram na sala, olhando em volta, procurando por algo que na realidade nem eles sabiam o quê.
- Nossa… Que merda! – null disse, com uma expressão tediosa.
- Tava esperando o quê, null, um fantasma? – null perguntou, exalando raiva.
- Na verdade, eu tava, sim! – Disse ele, se virando e apontando a lanterna por toda a área da sala.
Não havia nada a mais naquele cômodo, somente o candelabro e a vitrola, ambos no chão. Foi então que algo, no canto do lugar, foi visto por null, um retrato, uma pintura jogada no chão, empoeirada e entrelaçada as varias teias de aranha.
- O que é aquilo? – Ela pergunta, simplesmente, apontando para o quadro.
null anda até o local, sendo iluminada pela lanterna de null. A garota então pegou o quadro e o levou até seus amigos, passando cuidadosamente a mão por cima dele, para tirar um pouco da poeira.
No quadro estava retratada uma garota, longos cabelos caídos levemente por seus ombros, um rosto sério, uma roupa que julgariam ser usado nas décadas de 60, 50, um olhar triste e doloroso.
- Só eu notei algo estranho nessa pintura? – null perguntou, olhando fixamente o quadro.
- O quê? – null perguntou, olhando para a amiga.
- Bem… essa garota no quadro, ela realmente me parece muito… Familiar! – E foi então que a vitrola voltou a tocar. A mesma música, na mesma parte, porém mais alto, fazendo com que todos os quatro se assustassem.
- Droga, o que foi isso agora? – Perguntou null, passando a mão por seus cabelos, claramente nervoso.
Alguns passos foram ouvidos no andar de cima, assustando a todos e, principalmente, a null, que deixou o quadro cair no chão, provocando um barulho ainda maior. – Vamos sair logo daqui. – O garoto falou, puxando null para fora do cômodo, juntos dos outros amigos.
- Espera, gente! Preciso fazer uma coisa. – null falou, voltando e dando um chute forte na vitrola, fazendo-a deslizar alguns centímetros e bater na parede com força. A música finalmente parou e o tão querido silêncio naquele momento se fez presente. Os amigos olharam para ela e viram um pequeno sorriso aparecer em seu rosto.
- Só para garantir… – A garota disse, saindo do lugar junto aos outros.
Os garotos então começaram a andar pela mansão, iluminados apenas pela lanterna de null. No final do imenso corredor, havia uma escada de madeira caracol, velha e quebradiça, eles andaram até ela e ficaram a encarando por um tempo, sem saber o que os esperava no andar de cima.
- Eu não vou subir aí. – null disse, parando finalmente de encarar a escada e observando cada um de seus amigos, que pareciam tão amedrontados quanto ela, ou melhor, todos menos null.
- Para de ser fresca, Chapeuzinho, sobe logo. – null falou, segurando no braço da garota e subindo os primeiros degraus, produzindo altos rangidos da madeira. Os outros amigos o seguiram, até chegarem ao segundo andar e se deparem com outro corredor, ainda maior do que o do andar de baixo, repleto de portas – exatamente 13 portas -, todas fechadas.
- Agora só falta o senhor “não tenho medo de nada” querer abrir porta por porta até achar a porcaria da velha. – Falou null, depois se arrependendo completamente do que falou ao ver um sorriso divertido surgir no rosto de null.
- Eu só ia até o final do corredor e voltar, mas já que você falou…
- Isso é loucura, garoto! – null gritou, indignada.
- Relaxa, se a velha aparecer, a gente corre dela. Velhos não correm rápido.
- Mas e se ela tiver algum poder sobrenatural e correr super-rápido?
- Neste caso, eu só tenho que correr mais rápido do que você. – O garoto sorriu vitorioso, vendo que null não tinha mais o que argumentar.
Os amigos começaram a andar pelo corredor, que parecia sem fim, e chegaram, finalmente, à primeira porta. null então girou a maçaneta com cuidado, a porta foi abrindo-se, barulhenta. O som ecoava pelo corredor, alto e forte, e todas as teias de aranha que emolduravam a grande porta de madeira foram se desfazendo conforme a porta era aberta. Quando a visão total do quarto pode ser obtida pelos quatro, null entrou no cômodo.
Era um quarto com um papel de parede listrado marrom com bege, rasgado e cheio de mofo, quase completamente vazio, caso não fosse pelo pequeno banquinho redondo no fundo.
- É isso? – null perguntou, indignado. – Vamos procurar nos outros quartos, deve ter algum mais interessante, TEM que ter algum mais interessante.
Foram então à segunda porta, repetindo o mesmo processo e tendo o mesmo resultado, nada além do papel de parede listrado e um banquinho no canto do quarto. Isso se repetiu no terceiro, quarto, quinto e sexto cômodo. Todos sem ninguém, apenas o papel de parede gasto e o banquinho.
Foi então que null abriu o sétimo quarto do corredor, esperando ver a mesma coisa que vira em todos os outros, mas para sua surpresa – e felicidade - neste a visão foi completamente diferente.
Era um quarto completamente limpo e organizado, ao contrario de todo o resto da casa. As paredes brancas pareciam ter sido pintadas há pouco tempo atrás. Uma cama de casal grande estava encostada na parede do fundo, seus lençóis brancos aparentavam estar incrivelmente lavados e passados. No teto, um candelabro de ouro polido, com todas as velas acesas.
- E-eu acho q-que esse é o q-q-quarto d-da ve-velha… – null gaguejou, permitindo que todos dali ouvissem o tom de choro em sua voz.
- Deve m-mesmo – null disse ainda paralisada, observando cada canto do lugar.
null então passou a andar pelo quarto, olhando atentamente cada canto do cômodo, logo se voltando para seus amigos e arqueando uma sobrancelha, enquanto perguntava confuso.
- Mas se esse é o quarto da velha, cadê ela?
As janelas do quarto então se abriram bruscamente e um forte vendo apagou todas as velas do candelabro. A porta se fechou com força e fez escapar um grito de todos, até mesmo de null.
– QUE PORRA É ESSA? – O garoto gritou, indo em direção à porta e fazendo força para abri-la, sem sucesso.
- null… – Chamou null, quase sussurrando. O garoto a ignorou, simplesmente continuando a tentar abrir a porta. – null… – Chamou de novo, agora seus olhos lutavam contra as lágrimas que tanto queriam cair, sua respiração falhava e suas mãos tremiam. null abraçava null, como se quisesse dizer à garota que estava ali e que ela não precisava temer.
null a ignorou novamente, forçando a maçaneta com ainda mais força.
- ! – null gritou, deixando que algumas lágrimas rolassem por seus olhos.
- QUE FOI CASSE- null parou no mesmo instante em que se virou, paralisado.
O lençol fino, que cobria a cama perto deles, passou a se levantar lentamente, como se algo (ou alguém) estivesse se materializando embaixo dele. – Mas que merda é essa? – null perguntou para si mesmo, enquanto levava sua mão para a maçaneta da porta, voltando a forçá-la, mas ainda virado de frente para o lençol, que agora tocava o chão.
Um grito de null pode ser ouvindo quando o lençol passou a se mover para frente, se aproximando cada vez mais dos quatro amigos.
- , ABRE LOGO ESSA PORTA! – Gritou null, enquanto sentia as lágrimas rolarem por seu rosto.
- EU ESTOU TENTANDO, DROGA! – null gritou em seguida, forçando cada vez mais forte a maçaneta da porta.
O lençol já estava quase chegando perto dos quatro, null chorava, null também, null tentava ajudar null a abrir a porta.
- Pelo amor de Deus, PARA! – null gritou com todas as suas forças, vendo as janelas pararem de bater e o lençol cair, levemente, no chão de madeira.
- O que você fez? – null perguntou enquanto observava null, boquiaberto.
- Eu não sei… eu só… eu não sei! – Disse ela, cobrindo seu rosto com as mãos. null correu até à amiga, a abraçando.
null soltou a porta e foi até o lençol, agora caído sobre o chão, o levantando e procurando qualquer coisa que explicasse aquilo que aconteceu há alguns minutos, mas ele não encontrou nada, era simplesmente um lençol comum. Aquilo já estava o irritando, que tipo de piada era aquela? Ele iria descobrir, ah, se ia!
A porta então se abriu, lentamente, fazendo um rangido baixo e atraindo a atenção de todos os quatro.
- Vamos sair dessa casa, agora! – null falou com medo, saindo do quarto.
- Espera, null! E os outros quartos? – Falou null, fazendo seus amigos o olharem indignados.
- Você só pode estar brincando. – null falou, indignada.
- Não. Vamos, agora faltam poucos. A gente precisa terminar de ver isso.
- Tá, mas se acontecer mais alguma coisa, qualquer coisa, a gente sai! – null falou e null fez sinal de sim com a cabeça. Todos voltaram então a andar pelo corredor.
Os quartos seguintes eram iguais aos primeiros, com o mesmo papel de parede e o mesmo banquinho redondo ao fundo. Sem nenhuma novidade, nenhuma janela se abrindo, nenhuma vela acesa se apagando. Nada.
Chegaram então ao décimo terceiro quarto, o último de todos. A última esperança de encontrarem alguma coisa, qualquer coisa, naquela casa. A porta estava entreaberta e uma luz saia de lá, junto com um barulho, causado pelo movimento do balanço da cadeira de rodas no chão velho de madeira.
- Preparados? – null falou, colocando a mão na maçaneta.
- Sim. – Os amigos responderam juntos.
- Espera! – null disse, tirando a mão daquela maçaneta dourada.
- Esperar o quê, null? – null perguntou ansiosa, nervosa, medrosa. Ela simplesmente queria acabar logo com aquilo e ir embora dali.
- Já que a ideia de entrar em todos os quartos foi da senhora inteligência ali, nada mais justo do que ela fazer as honras.
- De jeito nenhum! – null disse, rapidamente.
- Isso não é uma opção. Você entra, fala com a velha e volta. É tipo um desafio. – O garoto falou sério.
- null, eu tenho medo. – A garota disse, vendo o sorriso no rosto de null. Aquilo era tudo que ele queria ouvir.
- Awn, que gracinha! Quem não te conhece até pensa que você é fofa desse jeito. – Disse ele, frio, logo depois pegando um canivete suíço dentro de sua capa de vampiro e entregando a garota. – Toma, caso a velha te ataque, você ataca ela também! Simples assim, agora vai! – Disse ele, empurrando a garota para dentro do quarto e fechando a porta logo em seguida, trancando-a lá dentro.
null ficou somente observando o movimento que a cadeira de balança fazia, logo em seguida, reparando na silhueta da velha, que enquanto balançava, cantarolava a mesma musica que antes havia tocado na vitrola.
Suspirou fundo e forçou com que as palavras saíssem de sua boca.
- Olá? – Ela disse.
A cadeira então parou de balançar de súbito. A velha também parou de cantar e automaticamente null prendeu a respiração.
- Senhora? – Disse mais uma voz, num fio de voz.
A velha então voltou a cantar, sem mais balançar a cadeira. A música ecoava pelo quarto e null pode jurar que, naquele momento, um sentimento de calma e tranquilidade a dominou. A garota automaticamente passou a caminhar em direção a cadeira, logo se vendo em frente à velha.
Ela cantava e olhava pela janela, como se observasse algo realmente interessante do lado de fora. null a observou com atenção. A velha era magra, pálida, seus cabelos grisalhos, completamente emaranhados, caia sobre seus ombros, enquanto seus olhos de um tom azul safira, brilhavam enquanto ela olhava o céu noturno.
null ajoelhou na frente da velha. Ela não sabia o porquê, mas uma sensação de segurança era o que a garota sentia no peito naquele momento. Era como se quanto mais perto da velha ela ficasse, mais seguro para ela seria.
A velha simplesmente parou de cantar e virou seu rosto lentamente, até que seus olhos encontrassem os de null.
Uma onda de pensamentos dominou a garota. “Saia daí!”, “Não se aproxime mais dela!”, “Corra!” eram alguns dos pensamentos que ecoavam em sua mente, mas seu corpo simplesmente não queria obedecê-la. Ele não se mexia, nenhum único músculo sequer.
A boca da velha então passou a se mexer, como se ela estivesse dizendo algo, mas nenhum som saia. Seus rostos estavam a centímetros um do outro. Os olhos arregalados da velha fixados nos medrosos da garota.
As mãos gélidas da velha tocaram o rosto quente da menina e então, depois de um longo minuto de silêncio, a velha gritou.
Um grito alto, rouco, fino, desesperado. Todo o pânico voltou a dominar null. A garota tirou as mãos da velha de seu corpo, praticamente jogando seu corpo contra a parede, ficando de pé novamente e cambaleante, indo com pressa até à porta, querendo sair dali o mais rápido possível!
- , ABRE ESSA PORTA PELO AMOR DE DEUS, ! – Ela gritava, mas nada acontecia.
Os barulhos da cadeira de balanço voltaram a ecoar pela sala e null, por um breve instante, se virou para ver o que estava acontecendo ali.
Os olhos de null se arregalaram vendo que a cadeira agora balançava sozinha e que a velha estava de pé, caminhando em sua direção, cada segundo mais próxima.
- , ABRE ESSA PORTA PELO AMOR DE DEUS! – null implorava ao garoto, que mesmo assim não fazia nada. null forçava a maçaneta, mas a porta não abria. Virava seu rosto várias vezes para ver se a velha ainda se aproximava e, para seu desespero, ela continuava, sim, se aproximando. – , ABRE ISSO POR FAVOR! – Gritou, sentindo novamente as lágrimas caindo de seus olhos. E logo em seguida, sentindo a mão gelada da velha tocar seu ombro. Num movimento rápido de pânico, null pegou o canivete de null e se virou, cortando com facilidade o pescoço da velha.
Imóvel, a menina não conseguia nem controlar sua respiração descompassada, sua mão tremula e suada, as lágrimas que não queriam parar de cair. Ela havia acabado de matar uma pessoa.
O sangue jorrava pelo pescoço da velha, seus olhos viraram, ficando inteiramente brancos e então, finalmente, o corpo dela caiu no chão, sem vida.
null passou a encarar o corpo da velha e logo depois sua mão que segurava o canivete ensanguentado. A garota jogou o objeto longe, cobrindo seu rosto com as mãos.
Foi quando a porta finalmente se abriu.
- E aí… Conversou com a velha? – null perguntou, em seu tom brincalhão. null não disse nada, para a surpresa do garoto, de null e de null, a garota o abraçou, o abraçou muito forte, chorando em seu peito. – Chapeuzinho? O que aconte...
- Ai, meu Deus, null! – null gritou, colocando as mãos na boca e arregalando os olhos.
- Você a matou? – null perguntou ainda paralisado na porta do quarto.
- Eu gritei… Gritei tanto para que vocês abrissem a porta, eu implorei… Mas vocês não abriram, ela chegou por trás, ela pegou no meu ombro, ela, ela, eu... Eu fiquei desesperada! – null dizia, ainda chorando, apertando a camiseta branca de null, que agora a abraçava também.
- Nós não te ouvimos gritando, juro, se não teria aberto a porta… – Disse ele, suspirando e logo beijando o topo da cabeça da garota – Mas… Tudo bem, null, relaxa, vai ficar tudo bem!
- Vamos logo embora daqui. – null disse, pegando na mão de null e saindo do quarto assim como os outros. Os passos deles eram rápidos e ansiosos para sair daquele lugar. Desceram as escadas e correram pelo corredor até a porta de entrada. Antes que pudessem sair daquela casa, foram interrompidos por null.
- Espera! Meu canivete. Eu preciso pegar.
- Você tá maluco null? Quer mesmo voltar lá? – null perguntou incrédula.
- Aquilo é muito especial. Tem um valor sentimental muito grande!
- Maior do que a sua vida? Porque você sabe que se você subir naquele quarto de novo você pode morrer.
- A gente já matou a velha, não tem mais nada nessa casa. Fiquem aqui, eu vou e volto rápido. – O garoto subiu novamente as escadas, sem olhar para trás, correu pelo imenso corredor novamente, passou pelas doze portas até chegar, finalmente, no quarto o qual eles haviam encontrado a velha. Para a surpresa do garoto, o corpo da velha, antes jogado no chão, completamente ensanguentado, não estava mais lá. Parecia que nada havia acontecido ali. – Ah, que legal! Realmente tem algum idiota querendo assustar a gente. O QUE FOI? POR QUE VOCÊ NÃO APARECE E ME ENFRENTA, SEU COVARDE. – null gritou, olhando para todos os lados do quarto, enquanto procurava seu canivete e esperava alguma reação. Nada se moveu nem ninguém apareceu. Tudo continuou perfeitamente em seu lugar. – Eu sabia que nada ia acontecer! Você tem medo de mim!
null avistou seu canivete mais ao fundo do quarto, ao lado de um guarda-roupa de madeira. Virou-se e andou em direção à ele para pegá-lo. Abaixou-se e finalmente pegou o canivete suíço e colocou-o em sua capa. null se virou para sair do quarto e percebeu que a porta estava fechada e havia alguém em frente a ela.
- V-você? – Perguntou o garoto, com o medo em seus olhos.
- Eu!
- Como você entrou aqui?
- Do que você está falando null? Eu sempre estive aqui.
- C-como assim? – Não foi dita mais nenhuma palavra. null pôde ver um sorriso surgindo naquele rosto, que foi se inclinando levemente. A ultima coisa a ser escutada foi seu grito. Um grito muito alto, capaz de ser ouvido por seus amigos no andar de baixo.
- O que foi isso? – null perguntou assustada.
- Foi o null! AI meu Deus! O que aconteceu com ele? – null surtou.
- Calma null! O null passou a noite toda fazendo piadinhas de halloween com a gente, essa não é diferente. A gente vai subir, ele vai aparecer atrás da porta e dar um susto na gente.
- Mas é melhor a gente subir pra saber. – A garota falou e null a olhou, sem acreditar que sua namorada medrosa queria subir de novo no quarto da velha par ver se um menino que só a assusta estava bem. Mesmo assim, os três subiram até o quarto da velha, onde tiveram a mesma surpresa que null, só que agora em dobro. Não viram nem a velha, nem null no quarto. Ambos haviam desaparecido e mais uma vez estava parecendo que nunca houve nada lá.
- ! CHEGA DE BRINCADEIRA! – null gritou.
- Eu não acho que dessa vez seja brincadeira, null. – null falou mais assustada do que nunca. null avistou o guarda-roupa marrom no fundo do quarto e foi em direção a ele, procurar por alguma coisa.
- null, já chega por hoje, né?! Cadê a velha, cadê você? PARA DE SE ESCONDER, NÃO TEM MAIS GRAÇA GAROTO! – null gritava, enquanto caminhava pelo quarto, procurando por algum sinal dele.
Foi então que seus olhos encontraram um grande armário de madeira no fundo do quarto.
- Já que você não quer aparecer, então eu vou te achar. – A garota sorriu, caminhando na direção do armário, logo o abrindo brutalmente.
Seus olhos se arregalaram e de sua boca um grito fino e agudo escapou. O corpo sem vida de null logo caiu em cima de null, a derrubando no chão.
O corpo do garoto estava pálido, quase roxo, suas veias saltadas, seus olhos vermelhos, ele não tinha pulso, não respirava. Ele havia morrido.
Mas quem o havia matado?
Com a morte da velha, não havia ninguém naquela casa a não ser os três amigos. Ou pelo menos era isso que eles pensavam.
null logo empurrou o corpo de null para o lado, cobrindo sua boca com as mãos e sentindo as lágrimas voltando a rolar por seu rosto. A garota logo segurou o rosto de seu amigo, deixando que suas lágrimas molhassem o rosto gélido do garoto no chão.
- null… p-por favor, acorda! – Ela repetia, desesperada, querendo que aquilo que estava ali, logo a sua frente, não fosse real, fosse somente um sonho, ou melhor, um pesadelo.
null passou a chorar, paralisada, não conseguindo se mover.
null a abraçou com força, sentia as lágrimas implorando para caírem, mas ele não deixaria, não podia ser fraco, não naquele momento.
Foi null que se pronunciou, quebrando o silencio.
- Seu idiota… Tinha mesmo que ter voltado só para pegar aquela droga de canivete? – Ela sussurrava, olhando em seus olhos. – Droga, null, porque sempre tão idiota? Tão idiota, mas tão idiota que nunca reparou no que eu sentia por você… – Ela dizia, aproximando seu rosto do dele, para ela, ele ainda estava igual, rosto corado, cheio de vida, com aquele seu olhar provocativo e aquele seu sorriso de lado. – Eu sempre amei você, idiota. – Ela disse finalmente, sorrindo de lado e rindo sem humor. – Sinto muito por ter sido tão estúpida, tão fraca a ponto de só ter te contado isso na hora em que nunca mais poderemos ficar juntos…
- É melhor sairmos daqui antes que alguma coisa aconteça com mais algum de nós. – null falou, segurando a mão de null e finalmente vendo null se levantar e seguir os dois.
A velocidade de seus passos aumentava cada vez mais até que, finalmente, desceram as escadas e correram pelo corredor procurando pela porta da frente o mais rápido possível, até que escutaram uma voz vinda das escadas.
- Mas já estão indo? Ainda está tão cedo. Fiquem mais um pouco, a noite é uma criança… E a de vocês só está começando. - Disse aquela voz, facilmente reconhecível, fazendo null, null e null olharem para trás. Logo um sorriso demoníaco dominou aquele rosto. null deu um passo para trás, ainda não acreditando em quem estava vendo.
- null?
- Não! A velha que vocês mataram! Não está vendo? – A garota disse ironicamente, descendo os últimos degraus da escada no fim do corredor.
- O que você está fazendo aqui? – O garoto perguntou, assustado.
- Todo ano as mesmas perguntas. O que você está fazendo aqui? Por que você está fazendo isso? Blá, blá, blá… Ah, troquem o disco! – null disse, revirando os olhos e se aproximando cada vez mais dos três.
- Todo ano? C-como assim? – null perguntou, agora mais confusa e assustada do que antes.
- Ah, é! Vocês nunca se lembram… Deixem-me esclarecer para vocês. Não querem se sentar? – Falou null, abrindo um sorrisinho ironicamente simpático.
- Fala logo, null!
- Ok. Como quiser… – A garota deu alguns passos para trás e se sentou no ultimo degrau da escada. – Bem, tudo começou em 1930. Havia cinco melhores amigos, que viviam juntos, sempre saiam juntos, faziam tudo juntos. Eles confiavam uns nos outros como irmãos, contavam todos os segredos… Quer dizer, quase todos. Uma das meninas escondia um segredo. Ela morava em uma mansão que por muitos era dada como mal assombrada e sua mãe era uma velha que todos diziam demoníaca. Ela tinha vergonha de falar, por medo do que pensariam dela. Mas isso nunca foi problema, até que em um Halloween, daquele mesmo ano, um dos amigos decidiu invadir a casa. A garota, com medo de descobrirem seu segredo, pediu para que os amigos não entrassem lá, mas não adiantou, eles entraram mesmo assim… – null foi interrompida por null.
- Mas o que…
- Cala a boca, chapeuzinho! Ou vai acabar que nem o seu amadinho lá em cima. – null engoliu a seco e ficou quieta – Obrigada! - null disse, sorrindo e então continuou. - A menina não quis entrar na casa, mas ela ficou com medo que fizessem alguma coisa com sua mãe. Ela entrou pelos fundos, escondida e, durante a noite toda, tentou assustar os amigos para que eles fossem embora. Ela ligou uma vitrola, abriu janelas, bateu portas, mas nada adiantava, eles continuavam procurando a velha. A garota então entrou no quarto de sua mãe, antes que eles entrassem e se escondeu no guarda-roupa. Quando uma das meninas entrou no quarto, tudo foi muito rápido, em um momento, tudo estava silencioso, no outro, a garota gritava e sua mãe se encontrava caída no chão, jorrando sangue… Morta. – Os olhos de null encheram-se de lágrimas, mas ela não deixou que nenhum dos três ali visse. - A partir daquele momento, aquela menina não sentiu mais nada além de ódio. Ódio de seus amigos de infância, ódio daqueles que juravam amizade eterna noites atrás. Ela jurou matar todos e foi isso que fez. O primeiro foi um menino que se julgava o mais corajoso, porém eu na realidade o julgo idiota, convenhamos, ele praticamente entregou sua vida de bandeja por causa de um simples objeto! Enquanto os outros amigos se lamentavam por causa do falecido senhor “não tenho medo de nada”. A garota tratou de trancar todas as saídas da casa, assim, prendendo todos ali. Quando os amigos finalmente desceram e a viram, ela os perseguiu e os enforcou, um por um… E quando terminou, enroscou a última corda em seu próprio pescoço e se matou. – null finalmente se levantou e null, apertando o braço de null mais do que antes, reconheceu a história.
- Mas, mas essa história é a…
- Sua! – null a interrompeu. – Minha, - Então apontou para null e logo em seguida para null. – dela, dele e do coitadinho lá em cima. – Disse finalmente.
- Sua idiota! Você mentiu para a gente! – null falou.
- Ai, gente! Agora eu fiquei ofendida! Idiota? Eu? Espera que eu estou entrando em depressão! – null disse, com o tom mais irônico que conseguiu fazer.
- Eu ainda não entendi… Você disse que essa história aconteceu em 1930 e que essa é a nossa historia, mas como isso é possível? Nós nem existíamos.
- É aí que você se engana, lindinha… Foi exatamente naquela época que você existiu, que você viveu, que nós vivemos. Até aquela noite de Halloween, na qual eu matei todos vocês, na qual eu me matei.
- Mentirosa… Isso é loucura! Você é louca! – Disse null.
null riu seca, logo o olhando friamente.
- Eu, louca? Pensem comigo… Vocês, por acaso, se lembram de alguma coisa, qualquer coisa que tenha acontecido com vocês antes de nos encontrarmos na pracinha esta noite? – Ela perguntou sorridente.
Todos começaram a pensar, tentando com todas as forças encontrarem alguma lembrança, mas nada vinha a cabeça, nada além de null desejando “Feliz Halloween” a todos.
- Então… Lembraram-se de algo? – Perguntou null, já sabendo a resposta. – Claro que não, afinal, não tem o que lembrar! E agora? Eu ainda sou tão louca assim?
- null, mas se, por acaso, essa história for real… Se nós, se nós tivermos morrido naquela época, se, se estamos mortos, então como estamos aqui agora? – Perguntou null, confuso.
- É aí que chega a parte engraçada! Eu devo ter sido muito má, porque meio que me amaldiçoaram. Todo ano isso se repete. Todo ano vocês invadem minha casa, matam minha mãe, fazem as mesmas perguntar idiotas, imploram para eu não matar vocês e eu os mato. Sabe qual a parte mais besta de tudo isso? Eu sempre faço de tudo para que isso não tenha que acontecer! Eu peço mil vezes que vocês não entrem nessa casa, depois tento assustá-los de todo jeito, para que saiam daqui antes que achem minha mãe, mas vocês nunca saem, tudo por culpa do senhor coragem cadáver lá em cima.
- Como você faz aquilo? Você fez aquela vitrola voltar a tocar sozinha, o lençol flutuar… – null perguntava ainda paralisada, tentando processar todas aquelas informações.
- Queridinha, pelo amor de Deus, né! Estou morta há mais de 70 anos, presa aqui, somente esperando que a noite de halloween chegue, vocês voltem e o resto vocês sabem, enfim, eu aprendi alguns truquezinhos.
- Porque você se lembra de tudo e nós não? – Perguntou null.
- Eu sei lá… Deve fazer parte da minha maldiçãozinha! Agora, chega de perguntas, Chegou a hora! – Disse null, sorridente.
- Hora de quê? – Perguntou null, desesperada.
null começou a gargalhar com a pergunta.
- Hora do chá, lindinha, hora do chá!
- Para de ser irônica, null! Você enganou a gente! A gente confiava em você!
- É e eu confiava em vocês, mas vocês mataram minha mãe… E agora eu vou matar vocês! – null disse, sorrindo sarcasticamente.
- Vamos embora daqui! – Gritou null, caminhando até à porta, que se fechou automaticamente.
- Opa, não, não, não! Vocês ficam! – Disse null, apontando com a cabeça para uma parede logo ao lado dela. No mesmo segundo, null foi jogada com força contra a parede apontada por null. – E vocês dois, não pensem que vão se safar dessa! – Disse a garota, apontando com a cabeça para outra parede, fazendo então com que null e null fossem praticamente arremessados nela. Os três começaram a se debater, tentando sair dali, mas nada acontecia. Era como se suas costas estivessem presas à parede. – Não adianta lutar, eu já ganhei, entendam isso… Eu sempre ganho! – null disse sorrindo.
O pânico estava óbvio nas expressões de cada um ali. null chorava e null e null gritavam por socorro.
- Ora, parem de gritar! Estão fazendo com que meus ouvidos doam, isso é, se eu ainda sentisse dor. – Disse a garota, rindo em seguida. null seguiu até um baú no canto do cômodo, o abrindo e pegando ali dentro quatro cordas grossas e compridas. – Muito bem, vamos começar! Quem vai ser o primeiro? Algum voluntário? – Perguntou ela, sorrindo divertida.
Ninguém disse nada, ficaram imóveis. O silêncio se fez presente e finalmente foi quebrado por uma risada baixa de null.
- Como eu pensei, terei que escolher… Minha mãe mandou eu escolher esse daqui, mas como eu só teimosa eu escolho esse daqui. – Disse ela, apontando para null, que arregalou os olhos e soltou que um suspiro de desespero. null esticou a mão e fez um sinal para que null se aproximasse com a mão. Como se não controlasse seu próprio corpo, os pés da garota começaram a caminhar, traçando uma linha reta que a levaria direto para sua morte.
- NÃO! Não toca nela, por favor, me mata! Me mata primeiro, mas pelo amor de Deus, não encosta na null! – null gritou. null sorriu de um jeito cruel.
- Parece que temos uma mudança de planos, volta à bruxinha, vem o pirata! – Disse ela, levando seu olhar para null, que logo foi lançada novamente na parede e depois voltou seu olhar a null, fazendo-o caminhar até ela.
- Não, null, por favor, não, não faz isso... – null repetia, chorando.
- Relaxa, princesinha, pensa assim, se essa história for mesmo verdade, mesmo que eu, bem, morra... De novo, ano que vem vamos nos ver de novo de qualquer jeito! - Ele disse, sorrindo falsamente, tentando acalmar sua namorada.
- Isso é ridículo, null! – Disse ela, chorando ainda mais.
- Desculpa, pequena... Parece que eu não sou muito bom com despedidas!
- Muito bem, agora chega de melação! Se despeçam, faz favor! – null disse, pegando a primeira corda e a colocando em volta do pescoço de null.
- Tchau, meninas. Só para constar, eu amo vocês, tá? Principalmente você, minha pequena! – Ele disse, piscando para null. As duas garotas começaram a chorar no mesmo instante.
- Eu também te amo. – null disse num fio de voz.
- Tchau, Tchau, null! – null disse, puxando a corda. – 1, 2, 3, 4... – Ela contava, olhando o rosto do garoto que ficava cada vez mais roxo, seus olhos começaram a virar e o ar passou a faltar em seus pulmões. Ele se debatia, tentando se soltar, mas não adiantava. – 11, 12... 13. – Disse ela finalmente, vendo null parar de se debater e finalmente cair no chão, sem vida.
null gritou, chorando ainda mais, xingando null com todas as suas forças.
A garota, por sua vez, não gostou nada disso. Em menos de um segundo, o corpo de null já estava em frente ao de null, que enlaçava seu pescoço com a segunda corda.
- Acha que pode ficar falando essas coisas de mim? Hein, null? – null perguntava, enquanto puxava o cabelo da garota com força. – Acho bom você pedir desculpas, agora! – Disse ela, séria, olhando nos olhos de null, que se calou. null riu sem humor. – Não vai pedir desculpas? Ótimo então, no próximo Halloween vou te ensinar a respeitar melhor as pessoas! – Disse ela, puxando a corda. Um fino grito escapou da garganta de null, que se debatia e chorava ao mesmo tempo, misturando ódio e tristeza. – 1, 2, 3, 4, 5... – Contava null, observando divertida cada expressão de dor que null adquiria a seu rosto. – 9, 10, 11, 12, 13. – Disse ela, soltando a corda e vendo o corpo da bruxinha cair pesadamente ao lado de seu namorado. – Não é romântico? Até mortos os dois ficam juntinhos assim! – Disse null, rindo logo em seguida e caminhando lentamente em direção à null. – Sabe, chapeuzinho, eu acho que antes de te matar, vou te contar uma historinha, o que acha, hein? - Perguntou ela, em frente a menina. – Não, não precisa responder, eu vou te contar você querendo ou não!
null se sentou em uma cadeira e olhou para null, presa na parede e se contorcendo para sair dali
– Era uma vez, uma linda família. Um pai trabalhador, rico, bonito, uma mãe perfeita, presente na vida da família e uma filha, o sonho de qualquer pai, obediente, estudiosa, linda. Eles eram perfeitos uns para os outros, mas tudo isso mudou quando o pai abandonou a mulher e a filha. Sabe quando você ama tanto uma pessoa e ele não te quer e você entra em depressão? Foi o que aconteceu com a mãe da garotinha. No começo, era apenas uma depressão, mas depois tudo aquilo foi se agravando e se transformou em uma doença séria. A menina então passou a cuidar de sua mãe com toda dedicação, mas tudo estava difícil, já que não havia mais empregados na casa, não havia mais dinheiro para comprar remédio ou sequer comida. Havia apenas as duas naquela casa imensa.
- null...
- CALA A BOCA! Mas que mania você tem de interromper as pessoas! Se você não quiser adiantar sua morte, cale a boca e me escute. – null engoliu a seco e ficou quieta mais uma vez. – Obrigada, de novo. Bem, voltando, os dias foram se passando e a mãe da garotinha só piorava, ela passava seus dias sentada em uma cadeira, olhando pela janela de seu quarto, esperando que a qualquer instante seu marido voltasse. As pessoas da vizinhança começaram a estranhar. Os vizinhos começaram a achar que a casa era mal assombrada e que aquela velha que sempre olhava pela janela, não era nada mais do que o demônio esperando para comer a alma de alguém. A filha sabia disso, sabia do que todos achavam de sua mãe e de sua casa, ela sabia por que ouvia isso dos próprios amigos. E foi aí que a vergonha e o medo começaram a tomar conta dela. Ela não contou para ninguém que aquela casa era dela e aquela velha era sua mãe, por medo do que pensariam dela e medo de não ter mais amigos. Ela entrava e saia daquela casa por passagens secretas, para que ninguém a visse naquele lugar dado como mal assombrado. Você sabe o que é ter vergonha da própria família, null? Não, não responde. A sua família sempre foi perfeitinha e eu sempre invejei isso de você.
- E-essa hist-tória é s-sua não é? – null perguntou claramente nervosa.
- Sim! Nossa, que gênio você é por ter descoberto isso sozinha, hein, null? – Disse null, ironicamente.
- Por que você tá me contando isso agora?
- Bem, depois de mais de 70 anos sem ter ninguém para conversar, acho que eu simplesmente precisei desabafar! – Respondeu sorridente.
- Aquela menina no quadro... Era você, não era?
- Own, sua fofa! Você me reconheceu! Obrigada! – null disse, segurando a barra de seu vestido de Alice e fazendo cara de meiga. – Mas você sabe que a fofa sempre fui eu e só tem lugar para uma garota fofa nessa casa. Por isso, tá na hora de dizer adeus!
- Por que você tá fazendo isso comigo, null? Por que eu fui a última? Por que você quis me ver sofrendo?
- Porque se entre quatro amigos seus, um deles matasse sua mãe, eu tenho certeza de que você preferiria que ele sofresse mais, certo?
- Me desculpa, por favor! – A garota disse completamente desesperada, com lágrimas nos olhos.
- Pedir desculpas é fácil, não é mesmo? Mas pense bem, null, mesmo que eu te perdoasse você faria a mesma coisa ano que vem.
- Tem que haver um modo dessa maldição acabar.
- Deve sim, mas aí eu não poderia mais me vingar de vocês.
- null!
- Chega de papo furado, vamos logo ao que interessa. – null pegou a penúltima corda e amarrou no pescoço de null. – Tchauzinho, Chapeuzinho, ano que vem tem mais. – null disse, finalmente puxando a corda e enforcando null. – 1, 2, 3... – A garota batia as pernas e se contorcia, procurando uma maneira de sair dali, sem sucesso. – 9, 10, 11, 12... 13. – null finalmente deixou de respirar, seu coração parou de bater e seu corpo caiu ao chão, assim como o de seus outros amigos.
Treze segundos.
Foi o tempo necessário para a morte de cada um deles.
null sorriu satisfeita, mais um ano de trabalho bem feito. Mais um ano de missão cumprida!
A garota, então, cantarolando a mesma musica que antes a vitrola tocava, pegou nos pés de null, o puxando escada a cima, levando ele ao segundo quarto do corredor, fazendo o corpo do garoto ficar sentando no banquinho preto, apoiado na janela para que não caísse. Logo em seguida, do mesmo modo, trouxe null para o quarto quatro, sentando-a no banquinho preto, assim como fez com null, depois trazendo null para o décimo quarto, a deixando do mesmo modo que havia deixado os outros dois. Fechou as três portas, seguindo para o décimo segundo quarto, abrindo a porta e vendo o corpo sem vida de null sentado no banco, assim como seus amigos. Sorriu e fechou a porta, seguindo em direção ao décimo terceiro quarto, abrindo-o e vendo o corpo de sua mãe, agora morta, descansado na cadeira de balanço. null se aproximou da mulher, beijando sua testa e sussurrando logo em seguida:
- Nos veremos de novo em breve, mamãe! – Disse a garota, saindo do quarto e trancando a porta logo em seguida.
null passou a dar rápidos passos até o térreo da casa, pegando a última corda e subindo novamente, caminhando na direção do sétimo quarto, o seu quarto!
A garota entrou, fechou a porta atrás de si e, ainda cantarolando a música, passou a amarrar a corda no candelabro, logo em seguida a arrumando em volta de seu pescoço e subindo em cima de sua cama, respirando fundo e sorrindo fria.
- Até o próximo Halloween! – Disse ela, então pulando, deixando que seu corpo ficasse pendurado pelo pescoço, à morte novamente estava próxima, mas isso não mais a assustava. – 1, 2, 3... – null contava calma, o ar passou a fazer falta, sua respiração completamente descompassada, até que finalmente passou a sentir seu coração começando a parar de bater. – 9, 10, 11, 12...

13.



Nota da autora: Olá lindonas, tudo bem? Primeiramente MUITO obrigada por ter lido essa fic! E se você gostou ou já leu outra fic nossa, agora criamos um grupo no facebook \o/ o link está aqui ( https://www.facebook.com/groups/624756710986861/?fref=ts ) caso vocês queiram participar para conhecer as outras fictions ou mandar dicas e sugestoes <3 Beijos da Roby e da Mah
Nota da autora: Gente, só eu senti um pouquinho de medo? #medrosa Hahaha
Gostaram? Então deixem um recadinho bem bonitinho para as autoras aí na caixinha de comentários! E qualquer erro encontrado aqui, é só me avisar. xx


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