Todos têm segredos, todos precisam esconder algo. Nem sempre as pessoas aceitam opiniões diferentes das delas. Sempre acham que somente elas estão certas. E então o segredo é a melhor opção.
Evansville. Cidade pequena, todos sabem da vida dos outros e lá não era diferente. O lugar estava parado. A pequena Emma acabara de morrer. O que dizer de uma criança de sete anos que fora morta devido a uma doença? , seu irmão, estava acabado. Apesar de não ser tão próximo da pequena, adorava os momentos que passavam juntos, adorava quando ela lhe pedia para contar histórias ou até mesmo levá-la aos campos de dentes-de-leão. A menina fazia uma enorme falta e vê-la dentro daquele caixão pequeno cor-de-rosa era uma dor tão grande.
Toda a cidade havia ido ao cemitério dar o último adeus a Emma. A família estava aos prantos. Oras, acabaram de perder a caçula da família. Helena, mãe de Emma, chorava e gritava perto do caixão da filha. “NÃO! POR FAVOR, VOLTE, EMMA! VOLTE! MAMÃE A AMA! VAMOS! LEVANTE-SE!”. não aguentava ver sua mãe assim. Estava sendo forte por ela, mas ele estava tão quebrado, tão cansado. Havia dias que Emma dera entrada no hospital, havia dias que Emma não apresentara nenhuma melhora, havia dias que todos da cidade sabiam que a pequena estava mal, mas ninguém realmente acreditava que a morte a visitaria em breve.
Anne, amiga de Helena, estava ali para tentar consolar a amiga, porém nada que dizia conseguia diminuir a dor de perder um filho. , filha de Anne, foi junto, mas, quando essa chegou ao cemitério, todos a olharam de cima a baixo e começaram a cochichar. Lá estava ela, com suas famosas meias 7/8, uma saia curta clara e a blusa preta. Sempre foi assim quando aparecia. Sempre os murmúrios e pessoas comentando algo de sua vida. Na maior parte não era verdade, mas quem se importava?
Cansada de todos falando de si, subiu em cima de um banco e simplesmente falou o mais alto que podia, em respeito aos mortos dali. “Pelo amor de Deus, vocês estão em um enterro. Parem de falar da minha vida pelo menos um instante. A atenção daqui é a Emma, mesmo ela não estando mais viva. Respeitem-na”. Aquela atitude simplesmente deixou todos de queixo caído. se preocupa com alguém além dela mesma?
– Muito bem, filha – disse Anne, parabenizando a filha pelo seu comportamento. Ela sabia que sua filha não era muito querida na cidade, mas não se importava. Era sua filha, poxa. sempre teve um comportamento nada educado da parte de muitos, não se importava muito com as pessoas. Queria mais era viver sua vida. Mexia com coisas que nem todos aceitavam, porém era a sua vida e não a dos outros.
, ao ver sentado num canto totalmente isolado, lembrou-se de quando eram crianças e brincavam juntos. Helena e Anne sempre foram amigas, desde a época da escola. Era normal que seus filhos se tornassem amigos, certo? Mas eles não eram. Quando cresceram, passou a andar com pessoas que todos julgavam errados, porém a garota mesmo assim não se importava. Eles foram os únicos que não a julgaram por não ter um pai, eram os únicos que não a julgavam estar sempre com roupas curtas e escuras, não a julgavam por sempre estar com suas amadas meias 7/8, não a julgavam por sempre estar com os olhos de lápis, delineador e os cílios cobertos com camadas e mais camadas de máscara para cílios. Quando menor, ela e passavam muito tempo juntos. Os mais velhos até faziam piadinhas que eles namorariam, mas, ao crescerem, se distanciaram completamente. Os amigos de não gostavam de , assim como o grupo de detestavam os amigos de .
Ao ver o garoto sentado sozinho no canto, rolava aquela batalha interna entre ir ou não falar com ele. “Ah, que se foda”, pensou e caminhou em direção ao rapaz. No início, ele não percebeu a aproximação, até ela se sentar ao seu lado e entrelaçar as suas mãos com a dele. hesitou antes de entrelaçar completamente os dedos da menina junto aos seus.
– Ei, ela está num lugar melhor do que a gente – disse, fazendo carinhos na palma de sua mão com o polegar.
– Eu sei, mas é que ver a minha mãe desse jeito é horrível – disse o menino, arrepiando-se com os carinhos de . Há anos que eles não se falavam. Por que ele estava daquele jeito? Todo inseguro. Porra, o menino não era assim com as garotas. E a garota? Era só mais uma “puta”. recebeu esse apelido devido a todos os seus envolvimentos, mas a verdade é que ela não era a “puta”, “vadia”.
Flashback on
Era festa de dezesseis anos de Brittany. Todos na Bankery High School foram convidados. Seria uma super festa. também fora convidada e a menina achou isso estranho. Desde os catorze anos, ninguém exceto Candance e Harry falava com ela ali. Porém, resolveram que iam. Afinal, bebidas de graça e pegação à vontade... Quem não quer?
estava linda. Maravilhosa como sempre. Ninguém nunca pôde negar que, mesmo com toda sua ignorância e pose de rebelde, ela era linda. Sonho de consumos de vários ali e todos que pensavam que tinham uma chance com a garota levaram respostas à altura. Respostas pelas quais os amigos ainda zoavam os outros que tiveram a coragem de chegar a ela para pedir pelo menos um beijo. Com seu vestido preto justo ao corpo e suas famosas meias 7/8 pretas e um salto alto preto, entrou no salão de festa, fazendo a festa toda parar para olhar. Todos a queriam, mas a maioria tinha medo de chegar a ela.
Brittany queria ser o centro das atenções. Afinal, é para isso que serve uma festa de dezesseis anos. Quando percebeu entrar e todos no salão a olharem, sentiu raiva. A fúria tomava conta de si. Andou em passos pesados até Sebastian. Entregou uma nota de vinte libras e deu instruções.
– Olhe, não me importa o que vai fazer, mas pegue esse dinheiro e faça a ter um dos piores dias da vida dela. Ok? Faça com que ela se sinta o lixo que é.
– Ei, calma aí, gostosinha – Brittany sabia que Sebastian não prestava. Era apenas mais um verme que bebia tanto, fazia as coisas e no dia seguinte nem se lembrava das consequências. Ele era, sim, muito lindo. Todas as garotas o queriam, contudo era o maior quebrador de corações. Apenas queria sexo. – Para que tanto ódio no coração, hein, Brittany? Não suporta não ser o centro das atenções, né? Mas tudo bem. Já estava doido para dar uns pegas na – dito isso, Sebastian virou o copo de uísque todo e de uma vez. Pegou o dinheiro e foi até . – Fale, gatinha. Quer fazer alguma coisa mais legal? Essa festa está tão para baixo – Sebastian disse, já se agarrando ao corpo da menina.
– Hum, e você gostaria de fazer o quê? – disse, virando seu corpo e passando os braços ao redor do pescoço do garoto.
– Isso – Sebastian colou seus lábios e começou a beijá-la com certa força.
Depois de minutos se beijando, quando se separaram, seus lábios estavam inchados e vermelhos. aproveitou o tempo para respirar, enquanto Sebastian passava as mãos pelo corpo da garota, porém ela não queria isso. Não estava pronta para tal e, francamente, perder a virgindade numa festa... Que coisa mais careta.
– Hum, Sebastian, pare, por favor – dizia, já com a voz voltando ao normal.
– Não, gatinha. Quero lhe dar o máximo de prazer.
– Mas eu não quero receber esse prazer. Você poderia parar? – dito isso, Sebastian se enfezou. Virou a mão no rosto da menina, prendeu seus braços e a levou para um depósito que ficava ao fundo. Chegando lá, tirou o vestido dela e começou a passar as mãos de forma possessivamente sobre o corpo de , que já chorava e não queria que isso acontecesse.
– CALE A BOCA! ESTÁ ME OUVINDO?! CALE A BOCA! VOU FAZER TUDO O QUE EU QUISER E VOCÊ VAI FICAR CALADINHA, DANDO-ME PRAZER! ESTÁ BEM?! – Sebastian abaixou suas calças e tirou seu membro para fora. Pegou a mão da garota e colocou lá. Forçava-a fazer os movimentos de vai-e-vem. – Isso... Está aprendendo direitinho... Hummm... Mais rápido... Isso – pegou a menina no colo e a colocou por cima de vários panos que ficavam ali guardados. Retirou sua calcinha e começou a passar as mãos em sua intimidade. – Shhh. Não vai doer nada. Está bem? Vou fazer direitinho e você vai gostar – mal terminou de dizer e enfiou seu membro todo nela.
No começo, era difícil pelo fato de ainda ser virgem. Depois do hímen rompido, ele começou movimentos com mais força e estava machucando a garota, que chorava e pedia para ele parar, mas nada ajudava. Quando o garoto finalmente gozou, retirou seu membro de dentro dela, colocou sua roupa e se levantou para ir embora.
acabara de ser estuprada.
– Quem diria? A rebelde da ainda era virgem. Posso dizer para todo mundo que esse seu cabaço fui eu, EU que tirei, sua vadiazinha – o garoto a levantou e colocou seu vestido. Porém, quando ela ia pegar sua calcinha, ele a impediu, colocando o braço na frente e parando. – Não. Isso aqui fica comigo. Quero mostrar para todo mundo que você foi minha – e fim. Saiu do depósito, deixando a garota desolada ali dentro sem saber o que fazer, sentindo-se suja. Ela tinha nojo de si. Queria morrer.
faltou às aulas durante uma semana, alegando à sua mãe que estava doente. Contudo, depois não tinha mais escolha. Tinha que ir para a escola. Como, meu Deus, ela ia enfrentá-lo? Aquele cara a usou, fez a menina se sentir o pior lixo do mundo.
Chegando à escola, todos a olhavam com um sorrisinho no rosto. Ficavam cochichando, mas ela ainda não sabia que falavam dela. Achava que era apenas mais uma fofoca, até que chegou o intervalo. Quando entrou no refeitório, sua calcinha estava presa em uma das lâmpadas e Sebastian, com seus amigos rindo e se vangloriando. Ao que ele fitou a garota, aumentou seu tom de voz e disse:
– Vejam só se não é . Sabiam que ela faz um sexo gostoso? – Sebastian ria com seus amigos e a moça só sentia vontade de chorar, correr para fora daquilo tudo e morrer. – Ela implorou tanto para a gente fazer sexo e eu, como um bom cavalheiro, não pude negar, né? – aquilo foi a gota d’água para a menina, porém o que podia fazer? Só conseguia ficar parada, engolindo o choro no meio do refeitório. E os cochichos só aumentaram.
Sem pensar duas vezes, subiu em cima de uma das mesas, esticou-se, pegou sua calcinha e gritou:
– TRANSEI COM ELE MESMO! MAS SABEM DE UMA COISA?! O CARA NÃO É TÃO BOM O QUANTO VOCÊS PENSAM! O GAROTO NÃO CONSEGUIU ME DAR PRAZER E ACABOU GOZANDO RAPIDINHO! É, meu queridinho. Sou boa demais para você – essa última parte ela falou baixo, mas todos ainda podiam ouvi-la pelo silêncio absoluto que estava. – E VOCÊS, QUE CUIDAM DA MINHA VIDA, VÃO ARRUMAR UMA COISA PARA FAZEREM! SE DOU OU DEIXO DE DAR PARA ALGUÉM, NÃO TEM A VER COM NENHUM DE VOCÊS! VOCÊS NÃO TÊM NADA A VER COM A MINHA VIDA!
Depois de deixar todos de boca aberta, apenas se retirou e foi correndo para o banheiro chorar. Desde aí, as pessoas acham que ela é uma puta que sai por aí fazendo sexo com todos os garotos [N/A: Flashback meio grandinho, né? Haha].
Flashback off
ficou ali no cemitério, de mãos dadas e a cabeça encostada ao ombro de , até a hora de enterrarem a pequena Emma. Todos foram juntos até o túmulo e, enquanto o caixão descia, Helena se desesperava, abraçada ao marido e com as mãos dadas para Anne. Ela chorava e se lamentava. Todos que estavam ali choravam vendo a cena.
Depois de toda terra jogada por cima do caixão, depois da salva de palmas para Emma, depois das flores colocadas por cima, todos foram embora. Anne tentava acalmar a amiga. Foram para sua casa juntas e ali ela lhe fez um chá.
não conseguia se mover. Ficara parado ali. E ? Ali também, junto com ele e com suas mãos entrelaçadas. Depois de que todos já haviam ido embora, se permitiu chorar. Chorou muito até soluçar. continuava com os carinhos em sua mão. Quando percebeu que o garoto parara de chorar, virou-o de frente e secou as suas lágrimas com um beijo, um em cada lágrima do garoto. Depois soprou seus lábios, deu-lhe um selinho e o abraçou. Aquilo foi mágico. Não precisavam de palavras. Ela apenas queria que ele ficasse bem. Era estranho os dois ali.
Depois de vários minutos sem se falarem, apenas abraçados, ela que começou a falar, mas com certo receio, não sabia como ele podia reagir a tudo isso.
– Hum, ?
– Sim? – a voz dele ainda estava tremida e rouca por causa do choro.
– Você quer ir embora? Sabe, a gente está há muito tempo nesse cemitério – gostaria de poder ficar ali muito mais tempo. Há quanto tempo não se sentia segura em um abraço?
– É... Vamos, sim. Não quero mais ficar aqui – ele disse, terminando de enxugar as lágrimas. Não sabia como reagir. Será que tinha que deveria voltar a entrelaçar suas mãos às da garota? O rapaz queria as mãos dela na sua de novo. Foi confortante todo o momento que ficaram juntos com suas mão juntas. Era como se ela tivesse pegado parte das suas dores.
Estavam na saída do cemitério quando sentiu a menina se aproximando e juntando suas mão novamente, causando certo choque que fez os dois se arrepiarem. abaixou o rosto e deu um sorrisinho ao perceber que a garota também havia se arrepiado.
Foram o caminho todo em silêncio até a porta da casa do garoto, mas ficaram parados ali um tempo, apenas olhando a entrada fechada. Convidava ou não a garota para entrar? A mãe dela deveria estar ali mesmo. Porém, ele não queria entrar. Queria continuar pensando. Todavia, ao mesmo tempo, não queria ficar sozinho. Queria a garota. Agora seus pensamentos estavam todos embaralhados. Contudo, como se lesse seus pensamentos, disse o que parecia ser a solução.
– Ei, você quer entrar mesmo ou, sei lá, a gente vai dar uma volta? Pensar, conversar ou apenas ficar calados... Não sei, mas se não quiser tudo bem. Entendo. Acabou de perder a sua irmã – a menina disse, mordendo o lábio inferior, jogando os cabelos para o lado e colocando a outra parte atrás da orelha.
– Não! Quer dizer. É, eu perdi, mas não queria entrar agora. Quero evitar um pouco toda a tristeza daquela casa – ficou feliz com aquilo. Ela podia tentar fazê-lo feliz, né?
– Hum, então vamos? Sabe para onde quer ir? – disse, apertando a mão do garoto de leve.
– Sei, sim. Você me acompanha? – o menino disse com um sorriso no rosto e também apertando de leve a mão suave da garota, como quem dizia que estava feliz por ela estar ali.
Caminharam até uma colina, sempre juntos, um ao lado do outro e de mãos dadas. Quem os visse até pensaria que eram namorados ou algo parecido. Quando chegaram ao topo da colina, havia uma árvore com um banco de madeira embaixo dela. se sentou no banco e puxou para se sentar ao seu lado.
– Não sei se queria vir aqui, mas eu costumava vir com a Emma. Ali embaixo é o campo de dentes-de-leão que ela adorava. Dizia que, se soprássemos e fizéssemos um desejo, ele se realizaria – disse e seus olhos ficaram lacrimejados, lembrando-se da pequena, de seus cabelos escuros com a franja caída nos olhos e o resto preso em maria-chiquinha, e dela correndo pelo campo de flores e sorrindo.
– Eu gostei daqui. É calmo. Trouxe-me paz. E, mesmo estando escuro, é bonito.
– Que bom que gostou daqui. Eu gosto. Além de lembrar a Emma, é bom para pensar. Se um dia quiser, trago-a aqui de dia. É ainda melhor.
– Eu gostaria, sim. Agora vou cobrar, hein?! – os dois sorriram. Mesmo com tempos “separados”, tempos sem se falarem, estavam bem ali.
Ficaram lá muito tempo, até reparar em algo perto ao banco. Quando abaixou, viu que era um dente-de-leão. Então lembrou o que disse sobre fazer um pedido. A menina apenas pensou e soprou. Vários pedacinhos daquela flor pelo ar... Era uma imagem linda. Quando se virou para a garota, tinha vários pedaços de dentes-de-leão à sua volta e ela tinha um sorriso lindo nos lábios. Seus cabelos compridos voavam e, para , aquilo era a coisa mais linda que já tinha visto.
– Espero que o meu pedido se realize – a moça disse, depois de observar que o olhar do garoto não se desviava do seu.
– Ele vai, mas qual era o pedido? – perguntou todo curioso.
– Se eu disser, não se realiza – falou, mordeu seus lábios e colocou uma parte do cabelo para trás da orelha.
Três longos dias se passaram desde a morte de Emma. e não tinham mais se falado desde o campo de dentes-de-leão. E já era hora de voltar para escola. Afinal, não poderia ficar com o luto para sempre.
Assim que chegou à Bankery High School, todos ficaram olhando o garoto com olhares de pena. Alguns murmuravam um “meus pêsames” e “sinto muito”. E isso o fazia ficar sempre perturbado. Porra, eles não precisavam ficar falando daquilo toda hora. Tudo bem que sentiam muito, mas ficar falando só o fazia se lembrar de como foi ruim perder a irmã e de como no dia do enterro se sentiu bem depois de passar o dia praticamente com . Por falar em , como será que a estava?
A manhã passou se arrastando. Nas três primeiras aulas, todos os professores que entraram para dar aula olhavam com aquele olhar de pena e diziam que tudo ia ficar bem. Quando deu a hora do intervalo, o menino olhava para todos os lados à procura de , porém, desde que tinha chegado à escola, ainda não tinha visto a garota. Pegou uma bandeja e foi se servir, mas não sentia fome. Apenas pegou um sanduíche e um suco e foi se sentar com seus amigos. Todos estavam agindo normalmente. Mal notaram que ele estava ali. Contudo, então todos pararam de falar, quando alguém entrou no refeitório acompanhado de seus dois melhores amigos, Candance e Harry. Era ela. estava linda como sempre, com seus short jeans curtos, uma blusa preta que ia até o final do short, suas meias 7/8 e seu All Star branco de cano médio. Com seus cabelos soltos e olhos com o delineador e os litros de máscara para cílios, a garota estava fantástica. “Calma, . Pare de babar”, ele pensou e depois riu sozinho do pensamento.
– Cara, essa é doida, mas a cada dia está mais gostosa. Tenho vontade de fazer coisas com ela nada próprias – disse Tony, um dos amigos de , dando um sorriso malicioso.
– Quem não quer comer a ? Até as mulheres dessa escola são loucas nela – disse um dos garotos que também estava na mesa. Porém, isso só irritava . Porra, ele estava com ciúmes? Claro que não. O rapaz não gostava dela desse jeito. Mas tinham que ter respeito. era linda e legal, e não um pedaço de carne. E aquilo o incomodou, fazendo bufar alto e atrair a atenção de todos que estavam na mesa.
– Ei, cara, sei que sua irmãzinha morreu e, se não gostar desse assunto “mulheres”, pode sair. Mas somos homens, porra. Vamos falar de comer mulher mesmo – Tony acabou entendendo tudo errado e falando demais, como sempre. Essa era uma das características dele. Falava sempre demais e na hora errada. E esse infeliz comentário fez se levantar com pressa e sair do refeitório, esbarrando em uma das líderes de torcida que apenas murmuraram um “Que grosso”.
O garoto foi caminhando até o lado de fora da escola, na área dos jardins, para poder fumar seu Marlboro amado. Aquela área era sempre vazia. Assim que acendeu seu cigarro e deu a primeira tragada, ouviu passos vindos em sua direção e logo pensou em apagar seu fumo. Afinal, era proibido fumar nas dependências da escola, até que ouviu uma voz. A voz dela.
– Tudo bem. Não vou contar para ninguém que você está aqui fumando. Se me oferecer um cigarro, claro – disse, dando um sorriso sapeca.
– Chantagem isso – disse, colocando o cigarro na boca da garota e acendendo com seu isqueiro de prata gravado “”.
– Não é chantagem. É apenas troca de favores – disse, dando uma tragada profunda no cigarro. – A propósito, o que é “”? Seu isqueiro – ela completou rapidamente, vendo a cara de confusão que o menino fazia.
– . Ele é inteiramente meu – disse o garoto, como quem se orgulha muito de uma coisa.
– Sério? ? – estava zoando mesmo com a cara dele?
– Saia para lá que sei que você tem no meio. Ok? Pensa que eu não sei que, quando a tia Anne briga com você, ela não fala “ ”? – o rapaz abriu um sorriso vitorioso no rosto ao ver a cara da menina de rendida.
– Ok. Não está aqui quem falou – disse, levantando as mãos em sinal de rendimento. – Mas então, zito, o que o senhor faz aqui fora, sozinho? Aqui é onde os “rejeitados” dessa escola ficam e, que eu saiba, você não se encaixa nesse ponto – ao ouvir aquilo, engoliu em seco. Sua garganta fechou. “Então era assim que ela se via? Como uma rejeitada? Por isso a menina nunca estava no refeitório”, o garoto logo pensou e se sentiu mal.
– Apenas pensando. Nada demais – foi tudo o que conseguiu responder. E ele ainda pensava por que ela era rejeitada. – Gostaria de fazer companhia para mim?
– Você não se importa de ser vista com a “puta” da escola? – a garota disse, abaixando o tom da voz para falar a última frase. Então se lembrou do episódio da calcinha da menina.
– Não ligo se é uma puta, vadia ou qualquer coisa. Você ficou comigo no enterro da minha irmã – o menino disse, aproveitando e tirando uma mecha de cabelo da garota e colocando atrás da orelha, fazendo-a corar instantaneamente. – E, além do mais, todos naquele refeitório estão doidos para ficarem e fazerem coisas nada puras com você. Eu estando aqui é bom para mim, sabe? – disse, dando uma piscadela para ela e sorrindo. Então se aproximou e sussurrou em seus ouvidos: – Não ligo para o que eles pensam de você. Ok, ? – a garota gargalhou ao ouvir seu nome inteiro sendo pronunciado pelo garoto.
– Tudo bem então, . Tenho um lugar ótimo para a gente ir.
Logo, os dois estavam com as mãos entrelaçadas e correndo pela área de jardins. Depois de um tempo, chegaram a uma parede.
– Er, , acho que não tem para onde a gente correr mais.
– ? – a menina respondeu, abrindo um enorme sorriso. Há quanto tempo ninguém a chamava de ?
– É. Eu a chamava assim quando a gente era pequeno. Lembra? Mas, se não gostou, não chamo mais – disse essa última parte tão rapidamente e embolado que nem sabia se ela tinha entendido.
– Tudo bem, . É que deixaram de me chamar de há muito tempo. Desde que o Sebastian espalhou para a escola que a gente fez sexo. E, mesmo assim, você era o único que me chamava assim com mais frequência. Gosto de – tinha uma cara meio pensativa. – Venha. Ainda não acabou o caminho – a garota disse, puxando uma escada.
– Menina, você está me sequestrando por acaso? – ele disse brincalhão e ela acabou gargalhando.
– Droga. Você me descobriu. Agora vou abusar do seu corpo, gatinho – ao dizer isso, o rapaz fez uma cara espantada, o que fez a menina ter que completar a frase rapidamente com um sorriso nos lábios: – Calma, . Não faço o tipo de garota que sequestra gente por sexo. Só quando duas pessoas querem e então o prazer é maior – ela deu uma piscadela que fez o menino ir à loucura. começou a subir as escadas, dando a visão de sua bunda para . Naquele momento, o cara começou a ter pensamentos nada puros com a menina também.
Depois de terem subido a escada, os dois estavam em um tipo de varanda secreta (?). Ali tinha um colchão, um sofá velho, cobertores e várias garrafas vazias. Estavam no telhado da escola. Tinha uma parte descoberta e uma bem fechada. Havia alguns vasos de plantas mortas e um baú bem perto da cama e do sofá.
– , o que é tudo isso? – perguntou com um pouco de medo. Já começava a achar que a menina ia estuprá-lo ali, mas se bem que não seria de todo ruim assim. A garota era uma gostosa.
– Você já reparou que às vezes sumo das aulas ou simplesmente não apareço? É aqui que venho. A Candy e o Harry vêm aqui de vez em quando também. Por isso colchão e cobertores. E as garrafas, bem... Quem não gosta de um pouco de vodca, não? – a garota disse, jogando-se na cama. – Pode se sentar, . A diva aqui deixa.
– Diva? , você está bem?
– E por que eu não estaria? Você quer? – ela tirou um cigarro de maconha de um pote ao lado do colchão, que ficava em cima do baú que tinha ali. pensou que realmente o que diziam da menina era verdade. Essa não era boa companhia e por isso todos não falavam com ela ou seus pais os proibiam de falar com a garota. Porém, nunca foi de obedecer mesmo.
E ali passaram o resto da manhã. resolveu aceitar o cigarro. Quem diria? Era a primeira vez que ele se drogava e aquilo lhe trazia uma adrenalina enorme. Ficaram ali até a hora de irem embora, apenas conversando. Ela deitada na cama e ele, no sofá.
– Vai fazer alguma coisa de noite? – perguntou, dando um sorriso malicioso. Sabia que o menino a achava meio doida e tarada, mas que mal há nisso? A garota pelo menos pode se aproveitar às vezes de sua fama de “puta”. Conseguia ficar com caras realmente lindos, porém raramente fazia sexo com eles. Ela não era nada do que falavam. Só às vezes. Quando estava na frente dos outros, vestia sua máscara que a população havia lhe colocado.
– Nada, não. Por que a pergunta?
– Quer ir a um lugar comigo? Quer dizer. Vão outras pessoas. A Candy e o Harry vão. Não está a fim de conhecer gente nova? Divertir-se um pouco.
– Ok, eu vou, mas onde é? – disse, ainda indeciso sobre se deveria ou não ir com eles. , Candance e Harry eram as pessoas de que todos tinham certo medo. Eles andavam com pessoas ainda mais estranhas. Deveria ir ou não?
– Ás nove em ponto. Esteja no Holland Park.
– Só isso? Mais nada? Apenas ir para o Holland Park? – ficava cada vez mais confuso.
– É. Só isso. Nós pegamos você lá e o levamos ao melhor lugar de todos – a garota foi se aproximando até estar com sua boca colada no ouvido dele. – Prepare-se, gatinho, para a melhor noite de sua vida – disse com a voz rouca, dando uma piscadela e um sorriso malicioso.
Depois de ficarem matando aula ali a manhã toda, resolveram finalmente ir para casa. , ao entrar em casa, viu sua mãe deitada no sofá com uma caixinha de lenços na mão e os olhos borrados de rímel. Ela estava chorando de novo. Aquilo partia o coração do garoto. Era sua mãe. A mulher estava acabada, não queria fazer mais nada. Apenas ficava o dia todo deitada e chorando. Ele queria sair de casa para não ficar vendo sua mãe definhando.
– Querido, é você? – Helena disse ao filho, com a voz trêmula de tanto chorar.
– Sou eu, sim, mãe. A senhora está bem? Não quer tomar um banho, deitar-se na cama? – indo ao encontro da mãe, a abraçou e deu um beijo na sua testa, ajudando a mulher a se levantar e ir para o quarto.
– Tudo bem, filho. Eu vou. Dona Irene fez o almoço. Está com fome?
– Estou, sim, mãe. Venha. Deixe-me levá-la para o quarto e já vou almoçar. Ok? – a mãe do garoto apenas chorava e balançava a cabeça. Ela ainda não acreditava que a sua pequena havia ido embora.
– , sinto falta dela. Ela era tão nova. Por que precisava morrer?
– Eu sei, mãe, mas acredite: Emma está num lugar melhor que a gente – disse a última frase com um sorriso no rosto, lembrando-se de no dia do enterro.
O menino almoçou, tomou banho e ficou no quarto ouvindo música e pensando em mais tarde. Deveria ir ou não? Será que eles iam fazer alguma coisa para ele? Será que seria apenas uma humilhação em público? Será que seria realmente a melhor noite da vida dele?
Espantou todos os pensamentos e foi comer alguma coisa. Estava faminto. Nem parecia que tinha almoçado. Quando eram umas oito horas, o rapaz foi tomar banho e se arrumar. Sua mãe já estava dormindo devido à enorme quantidade de remédios que andava tomando, seu pai ainda não havia chegado do trabalho. Seria fácil sair de casa.
Às nove horas em ponto, o garoto já estava sentando em um dos bancos do Holland Park com uma blusa de malha preta, calça jeans escuras, um tênis qualquer e seu cabelo no seu tão normal topete, à espera de . “E se ela não aparecer? E se ela estivesse apenas curtindo com a minha cara?”. Esses eram os pensamentos que não saíam da cabeça de . Afinal, de podia esperar qualquer coisa.
Trinta minutos mais tarde, estava pensando em ir para sua casa e desistir. A menina havia o enganado. No fundo, ele esperava que a garota fosse aparecer. Estava perdido em seus pensamentos, quando um barulho de carro e uma música um tanto alta o fizeram desistir. Um jipe vermelho parou na sua frente e alguém apertava a buzina e parecia não largar. Mas que porra de barulho.
– Ei, gatinho. Entre aí – meio que se levantou para chamar a atenção dele e ele entrou, indo direto para o banco de trás junto com a garota.
A “viagem” até o lugar secreto que iam não demorou muito. Uns cinco minutos mais ou menos. Harry dirigia bem rápido e Candance ficava cantando bastante alto uma música que nem conhecia. E estava ao seu lado, fazendo carinho com suas pernas no joelho do garoto. O mínimo contato fazia querer agarrar ali no banco de trás.
O carro foi diminuindo a velocidade e parou em uma estrada, em frente ao que parecia ser um galpão. A música alta que vinha lá de dentro dava para ser escutada até alguns quilômetros antes. Tinha uma enorme quantidade de carros para um meio de semana. Quando desceu do veículo, pôde olhar e reparar como a menina estava linda. Mais ainda. Ela estava com um short preto e curto com suspensórias, uma blusa azul marinho, um casaco preto aberto na frente que ia até o fim do short. No pé, uma bota de salto baixo e com o cano curto que ia até um pouco acima dos tornozelos e uma meia 7/8 preta. Seus cabelos soltos com algumas ondas e seus olhos marcados.
– Venha. Vamos entrar – a garota disse, puxando o menino pelas mãos para entrar. Harry e Candance mal acabaram de entrar e já estavam em um canto se pegando.
– Eles são rápidos. Venha. Vou lhe mostrar isso aqui – juntos, partiram galpão adentro, deu graças a Deus porque veio com uma roupa discreta. Passaria despercebido pelas pessoas ali. – Venha. Vamos dançar – entrelaçou suas mãos na do garoto e começou a puxá-lo para a pista de dança.
– Não, não, não. Eu não sei dançar.
– Ah, cale a boca, . Olhe só: aqui as pessoas estão muito bêbadas e drogadas. Elas nem o conhecem. Que mal há em dançar com uma menina gostosa? – quando foi dizer “gostosa”, deu uma mordida no lóbulo da orelha dele, que fez o corpo do mesmo arrepiar. Ele se deixou levar, como sabia que no fim faria, e foram juntos para a pista de dança.
[N/A Coloquem para tocar.]
Quando chegaram até quase o meio da pista de dança, começou a tocar Your Body, deu um sorriso malicioso para o garoto, colocou as mãos dele em sua cintura e começou a se mexer no ritmo da música.
I came here tonight to get you out of my mind.
I'm gonna take what I find. Uh, oh, yeah.
So open the box. Don't need no key. I'm unlocked.
And I won't tell you to stop. Uh, oh, yeah.
juntou seus corpos mais ainda, como se fosse fundi-los. Virou de costas para o garoto que desceu a mão até suas coxas, dando leves apertadas ali. E começaram a se mexer como se tivessem ensaiado a sincronização.
Hey, boy.
I don't need to know where you've been.
All I need to know is you
And no need for talking.
Aquilo estava enlouquecedor.
Hey, boy.
So don't even tell me your name.
All I need to know is whose place
And let's get walking.
A garota deu uns passos para frente, separando seus corpos alguns minutos, e foi rebolando até o chão. Olhando por cima do ombro para encarar a cara de abobado de , não conteve o sorriso nada puro que se formara em seus lábios.
All I wanna do is love your body.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
Tonight’s your lucky night. I know you want it.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
voltou a ficar próxima ao garoto, enfiou as mãos nas costas dele e deu uma leve arranhada ali.
All I wanna do is love your body.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
Tonight’s your lucky night. I know you want it.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
deu um gemido baixo e mordeu o lóbulo da garota, que em resposta deu uma mordida nos lábios de como aprovação.
It’s true what you heard. I am a freak, I’m disturbed.
So come on and give me your worst (oh, oh, yeah).
We’re moving faster, then slow. If you don’t know where to go,
I’ll finish all from my own (oh, oh, yeah).
A garota puxou do bolso do short um saquinho com algumas pílulas brancas e se virou para colocá-las na boca do garoto.
Hey, boy!
I don’t need to know where you’ve been.
All I need to know is you and
No need for talking.
– Abra a boca – a garota praticamente gritou em seu ouvido por causa da música alta. , rapidamente abriu a boca, sem saber o que estava acontecendo direito e curioso para saber quais eram os efeitos da pílula.
Hey, boy!
So don’t even tell me your name.
All I need to know is whose place.
And let’s get walking.
Say, say, hey!
Logo após colocar a pílula na boca do menino, o beijou. Um beijo rápido, com fúria.
All I wanna do is love your body.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
Tonight’s your lucky night. I know you want it.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
Era um beijo para valer. A pílula ficava na boca dos dois. Ela dissolvia com a saliva dos dois juntos. Um momento e a droga começou a fazer efeito.
All I wanna do is love your body (your body, yeah!).
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
Tonight’s your lucky night. I know you want it.
Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh.
Pupilas dilatadas, coração batendo de forma acelerado e leves choques pelo corpo. O beijo que antes era rápido se acelerou ainda mais. Mãos passavam livremente pelos corpos. enfiava sua mão dentro da blusa da garota, quase chegando ao seu sutiã. brincava com seus dedos no cós da cueca do menino, dava pequenas puxadas no elástico, e isso só o fazia gemer e apertar seu corpo ainda mais.
– Hum... Venha – puxou pelas mãos. Afinal de contas, ainda estavam no meio da pista de dança. Na verdade, ninguém se importaria, mas ainda assim. Aquilo estava ficando bom. Bom demais.
Foram andando atrapalhados, meio cambaleando, até um canto que continha sofás roxos. Não podiam confiar totalmente em seus olhos, devido à visão que estava começando a ficar turva. Chegando perto o suficiente do sofá, o menino praticamente jogou , fazendo-a desabar meio sentada, meio deitada. Mal deu tempo de a menina se ajeitar e foi subindo nela, dando beijos por todo seu pescoço e leves mordidinhas. Aquilo estava fazendo ir ao delírio, completamente. Passou as unhas, arranhando de leve as costas do garoto que parou para soltar o ar no pescoço da garota.
Quase fizeram sexo ali mesmo no sofá daquele galpão. Quase. Um cara alto, forte e que mais parecia um armário pediu para que eles parassem, que se quisessem continuar teriam que ir embora. Aquilo broxou os dois.
[N/A: Podem parar a música.]
– Se a gente não pode se divertir desse jeito, que tal bebermos? – disse , bufando por ser interrompida. Foram até o bar que estava ali. deu um sorriso provocante para o barman que veio atendê-la rapidinho.
– O que a senhorita deseja?
– TEQUILA! E, hum, o que você vai querer?
– Vodca com energético está bom.
– É para já – o barman disse, passando um limão já cortado, um potinho que tinha sal e enchendo o copo da garota. Logo em seguida, pegou um recipiente maior. Colocou vodca, completou com energético e colocou um corante, fazendo a bebida ficar azul.
– Um brinde? – levantou seu mini-copo e deu uma batidinha no de . Colocou o sal na boca e depois engoliu o conteúdo do copo, sentindo sua garganta queimar e depois vir um calorão. Por fim, deu uma chupada no limão, olhando nos olhos de , fazendo uma cena simples se tornar erótica. Drogas e bebidas. Uma mistura interessante. Os sentidos estavam falhos, a visão, desfocada. Eles não tinham a certeza de se realmente estavam no mesmo galpão de antes Porém, tinham que aproveitar.
Ficaram ali no bar, tomando mais algumas várias bebidas. Quando já estava no quinto copo de vodca com energético, fechou os olhos e virou o liquido todo de uma vez. Depois de virar o copo inteiro, sentiu mãos em sua cintura e, quando abriu os olhos para ver quem era, o olhava com um sorriso que deixava claro que as coisas que ela pensava não eram nada puras.
E mais uma vez ele se beijaram, com a mesma rapidez de antes, com a mesma intensidade. Suas mãos exploravam novamente o corpo do outro, mas pararam quando alguém chegou perto suficiente para fazer os dois ouvirem e um grito cortou o beijo.
– EI, PAREM DE SE COMER E VAMOS PARA CASA, QUE AMANHÃ TEM AULA E PROVA DA MAL COMIDA DA SENHORITA PARKSON! – Harry gritou para a amiga, rindo da cara que ela fez por ele ter interrompido um dos melhores beijos que já tivera.
acordou no dia seguinte com um sorriso no rosto. Sua cabeça ainda doía devido às várias doses de vodca que bebeu na noite passada e a pílula que lhe dera. Afinal, o que foi aquela noite? Alguns flashes vinham à sua mente e nada muito concreto do que ele se lembrara. Lembrava com clareza quando ele e quase fizeram sexo em um dos sofás roxo naquele galpão. Aquilo era loucura. Definitivamente.
Ele não era mais virgem, porém quase fazer sexo na frente de várias pessoas era um pouco insano. Imagine se as pessoas quisessem participar? Ele não suportaria que alguém encostasse a de qualquer jeito. sabia muito bem como enlouquecer um homem. Cenas dela dançando e rebolando vieram à sua mente e aquilo era excitante. Logo, o garoto já estava duro feito pedra.
– Droga – quando viu seu “amiguinho” dobrando de tamanho e latejando. Não tinha escolha. Ele teria de fazer “aquilo”.
Foi até o banheiro, ligou o chuveiro e deixou a água quente correr pelo corpo. Colocou uma das mãos apoiadas na parede e a outra foi ao encontro do seu membro. Logo começou o movimento de vai-e-vem com suas próprias mãos, mas sua mente vagava pelo corpo de . Imaginava as mãos delicadas da garota acariciando seu membro, dando leves apertadas e o masturbando. De início calmo, contudo aumentando a velocidade. Depois de alguns minutos, já havia gozado e aqueles pensamentos não saíam de sua cabeça.
Continuou ali no chuveiro mais uns minutos e depois foi se trocar. Ainda era quarta-feira e ele precisava ir para a escola.
Estava cheio daquelas pessoas, cheio daquela escola. Cheio de todos. Menos de , claro.
Colocou uma blusa branca, um jeans escuro e seu All Star. Olhou-se no espelho e arrumou o seu tão conhecido topete. Seus cabelos combinavam ainda mais com a pele bronzeada do garoto. Passou seu perfume favorito, jogou os cadernos na mochila e foi saindo do quarto. Ao passar pelo quarto da mãe, viu-a deitada na cama e dormindo. Chegou mais perto e ela estava com o rosto vermelho e um pouco inchado. Esteve chorando. Ver sua mãe daquele jeito era horrível. Depois da morte de Emma, Helena nunca mais sorriu. Vivia dormindo ou chorando, ou então um pouco bêbada. Tomava antidepressivos e quase nunca comia. A cada dia ela estava mais magra. Não queria ficar em casa muito tempo, porque ele não sabia o que aconteceria se ficasse ali convivendo com a sua mãe daquela maneira, tão “morta”. Não aguentava ficar em casa com as coisas daquele jeito.
Deu um beijo na testa da mãe, fechou a porta do quarto ao sair e foi para a cozinha para tomar o café. Irene, como sempre, estava com um sorriso no rosto e já tinha a mesa posta, pois seu pai sempre acordava antes do garoto para trabalhar.
– Então, senhor , o que gostaria de comer? – Irene, a empregada da casa, estava com a família há uns três anos. Ela fazia uma comida maravilhosa. nunca recusava, mas hoje ele não estava com tanta fome. Contudo, sabia que, se não pegasse nada para comer, a mulher iria se sentir ofendida e reclamaria, falando que ele não comia nada. Apenas pegou uns cookies com gotas de chocolate e macadâmia que a empregada havia feito de manhã e saiu, alegando que estava com pressa para ir para a escola.
Ao sair de casa, deu uma olhada para a de que era do outro lado da rua, mas as janelas estavam todas fechadas, o que levou o garoto a pensar se ela já havia ido para a escola.
A escola não era muito longe da casa deles. Demorava uns vinte minutos a pé. Todos os dias ele ia sozinho. Seus amigos moravam em outra parte da cidade. Sempre passava em frente ao Holland Park. Porém, dessa vez ao olhar para o parque, lembrou-se da noite anterior e deu um sorrisinho. Ainda era de manhã e o parque deveria estar vazio, mas havia alguém em um dos balanços ali. Lá estava ela, com uma blusa verde petróleo de manga comprida, seus shorts pretos, suas inseparáveis meias 7/8 escuras e um All Star preto. Com seus cabelos balançando por causa do vento. Como se tivesse recebido algum tipo de avisou ou coisa assim, logo que o garoto ia se aproximando ela levantou a cabeça e deu um sorriso largo.
– Oi, gatinho. Estava o esperando para irmos à escola – ela disse, já se levantando e pegando a sua mochila que estava jogada no chão. – Vamos? – estendeu sua mão para ele pegar e foi o que o menino fez. A garota entrelaçou seus dedos e foram caminhando juntos para a escola sem falar nada. Apenas estavam ali, um do lado do outro. Porém, o silêncio não era constrangedor. Era bom. Tinham medo que, se falassem algo, estragariam alguma coisa.
Ao chegarem perto da escola, a garota soltou sua mão e, com um sorriso torto e a cabeça baixa, disse:
– Não quero que fiquem falando por você estar com a puta da escola – a voz da menina estava triste? Era a primeira vez que ele ouviu o tom de voz da mesma daquele jeito, baixo e um pouco trêmula. Ela nunca foi de se importar com que os outros diziam, mas não era isso que a sua voz transmitia. Já era costume todos a chamarem de “vadia”, “piranha” e “puta”. Mas não queria que todos ficassem falando de .
– Ei, já disse que não me importo. E você não é puta. Sei que não – a última parte foi falada tão baixo que quase nem ouviu.
– Eu sou. Lembra que eu dei para o Sebastian e que minha calcinha foi parar no teto do refeitório? Não sou uma boa companhia. Eu sou aquela que é bêbada, drogada e que dá para qualquer cara. Lembra?
– Foda-se. Você dá para quem quiser – ele disse, chegando mais perto da garota e colocando suas mãos no cabelo da mesma para puxar sua cabeça para cima e ela encará-lo. – Só espero estar nessa lista, docinho.
– Só espero que você não me decepcione com o tamanho do seu amiguinho. E espero que me satisfaça – a menina foi chegando mais perto e mordendo o lóbulo da orelha de . – Vamos nos atrasar. Venha – apenas o puxou e entraram na escola. Já era de se esperar que todos parassem o que estavam fazendo para olharem os dois.
– Acho que estamos chamando muita atenção – disse no ouvido da garota.
– Você acha? Mas, sabe, gosto de ser o centro das atenções – disse com um sorrisinho nos lábios. – Vamos dar alguma coisa para eles olharem – mal terminou de falar a frase, prensou o garoto em uma das paredes e começou a beijá-lo. O beijo sempre intenso estava deixando os dois com falta de ar já.
– , acho melhor você parar, se não alguém vai ficar animado demais e eu vou ficar constrangido – disse entre os gemidos que dava. Quando parou de beijar o garoto, olhou para baixo. É, alguém estava ficando bem animado.
– Aula de que agora? – simples e reta, perguntou com um sorrisinho malicioso.
– Inglês, eu acho.
– Precisa de nota? – novamente estava com aquele olhar faminto, e não era de fome.
– Hum, pelo visto você tem ideias melhores.
– Sempre tenho. Venha.
E mais uma vez lá foram eles para aquela espécie de varanda/telhado. Subiram as escadas e, assim que colocou os dois pés no chão, sentiu braços em sua nuca e beijos em seu pescoço.
– Wow – foi tudo que o menino conseguiu dizer.
– Antes, vamos esclarecer algumas coisas – disse, já puxando a blusa do garoto para cima. – Nós não temos nada. Nada, nada. Ok? Vamos apenas nos aproveitar. Não me apaixono. Nunca me apaixonei. Então colabore e não se apaixone – a garota foi descendo os lábios pelo abdômen do garoto. Ele tinha um corpo fantástico. Seus dedos já brincavam com o cós da calça que logo foi desabotoada. conseguia apenas gemer. Queria tirar a roupa da menina também, mas ela não deixava. Sua calça foi abaixada junto com sua boxer, ficando nos pés do garoto.
Apenas uma leve empurrada e estava sentada no sofá com o membro do garoto totalmente ereto e enorme à sua frente. Era bem maior que pensava. É, alguém se deu bem. Logo suas mãos foram ao encontro da base do membro do garoto. As sensações que ele imaginara mais cedo no banheiro não eram nada, comparadas as que sentia agora. As mãos da garota eram bem mais macias e ela sabia como fazer. Sem mais enrolar, sua boca já estava em contato com o membro do garoto. Ele não cabia totalmente na boca dela, mas ela enfiou até onde conseguiu. Dava chupadas mais fortes na glande e leves mordidinhas também. Roçava seus dentes pelo membro do garoto. não resistiria muito tempo. Um tempo depois e o menino já estava chegando ao limite.
– , eu vou gozar – ele achou que ela pararia. Afinal, a maioria das garotas não gosta de engolir. Porém, isso só fez a garota dar uma chupada mais forte e sentir logo depois um jato em sua garganta. Pode parecer estranho, mas até o gosto do garoto era bom. Era um sabor viciante.
queria retribuir o “favor” para a garota. Mal terminou de recuperar o fôlego e logo já foi encostando a mesma totalmente ao sofá. O garoto foi descendo beijos pelo pescoço e, quando foi puxar a blusa dela para cima, o impediu.
– Gatinho, seu serviço é aqui embaixo – foi empurrando de leva a cabeça dele para baixo. As mãos de entraram em contato com a barra do short e, desabotoando e abaixando, sua calcinha era preta de renda e fina, o que fazia com que qualquer contato dos dedos frios do garoto em sua intimidade provocasse calafrios gostosos.
Um gemido e os lados da calcinha de foram abaixados. Cada pedaço da sua coxa foi sendo beijada e chupada, de forma que formariam marcas depois. Quando a calcinha já estava fora do corpo de , ele começou a dar mais beijos e chupadinhas no ventre da garota, apertando os seios dela pela blusa mesmo. Então os dedos do garoto entraram em contato completamente com a intimidade ensopada da menina.
Um dedo enfiado. Dois dedos enfiados e a masturbando. Os dedos de eram compridos, o que fazia a garota ir mais à loucura. Ninguém tinha proporcionado tanto prazer que nem estava lhe dando. Os dedos iam ora devagar, ora rápido, ora apenas enfiando, ora dando leves aberturas e até girando. Quando ela achou que estava tendo o máximo de prazer que conseguia, sentiu o toque aveludado da língua do garoto em sua intimidade. A garota estava entrando em combustão. Sua intimidade estava molhada e quente. deu um gemido muito alto, mas por sorte ninguém ouviria por estarem todos em aula. Sua língua fazia movimentos giratórios e às vezes a língua a penetrava. Dando uma chupada um pouco mais forte, logo a garota chegou ao clímax, gozando na boca do garoto.
O gosto de era maravilhoso e, assim como o do garoto, viciante. Eles com toda a certeza repetiriam aquilo.
Os dois estavam sentados no sofá, com as calças abaixadas, apenas descansando. Quando olharam um para a cara do outro, viram suas situações e começaram a rir. Eles estavam deploráveis, suados, cabelos bagunçados e a calça no meio das pernas.
– É, você sabe como deixar um garoto cansado. Imagino como será quando a gente transar – o garoto disse, passando a mão nas coxas de .
– E quem disse que a gente vai transar? – ela disse, passando a mão pela barriga e indo em direção ao membro do garoto.
– A gente vai transar, docinho – mal ele terminou de dizer e já estava beijando os lábios rosados da garota.
E, mais uma vez, eles ficaram sem assistir à aula.
Aula para que, quando se tem uma seção de sexo oral no telhado da escola?
Quando estavam voltando para suas casas, apenas deram um beijo simples de despedida. Se é que com aqueles dois existia um beijo simples.
Entrando em casa, esperava encontrar sua mãe deitada, chorando ou dopada de remédios, mas a cena era estranha. Ela estava sentada na cadeira ao lado da mesinha de telefone, chorando.
– Onde você estava? – a mãe logo foi fazendo perguntas.
– Na escola. Onde mais estaria?
– A escola ligou. Você não apareceu hoje. E ontem, depois do intervalo, não voltou mais. ONDE VOCÊ ESTAVA? – Helena se preocupara com o filho. Ele sempre fora um bom aluno, sempre fora um filho bom e nunca faltava às aulas. Por que isso agora?
– Mas que porra mãe. Eu estava na escola. Se não acredite, pergunte para a .
– ? Aquela drogadinha? AQUELA PUTA? Eu posso ser amiga da mãe dela, mas a menina é uma péssima companhia. Você sabe que não deve andar com ela.
– PORRA, MÃE! A não é nada do que falam. Ok? Gosto de ficar com ela. E você não escolhe as minhas amizades.
– Mas eu sei o que é bom para você filho, e ela NÃO É BOA.
– Pare, mãe. Pare de julgá-la. Olhe, eu vou para o meu quarto tomar banho. Não quero discutir sobre as pessoas com quem converso. Ok?
E saiu marchando, subindo as escadas, pisando forte, e bateu a porta do quarto. Agora sua mãe queria se preocupar com ele? Fale sério. “Continue chorando pela Emma”. Esses eram os pensamentos do garoto.
[N/A: Coloquem para carregar Sex On Fire – Kings Of Leon. Não tem problema se a música acabar antes. Ela é mais importante na hora do stripetease.]
, ao chegar à sua casa, reparou em uma mala no canto da sala. Aquilo era estranho. Será que sua mãe ia viajar? Mas então ouviu as vozes. Não. Não podia ser. Aquilo só podia ser um pesadelo. Andou até a cozinha, meio desconfiada, e, quando chegou lá, seu mundo caiu.
Christian, seu tio, estava lá. Ela simplesmente odiava o tio. Quando seu pai abandonou sua mãe e ela, elas pediram ajuda para o seu tio e o que ele fez? Riu na cara das duas. Disse que eram peso demais para alguém carregar e que ninguém as queria por perto. Elas eram como lixos. Anne então teve que deixar a filha sozinha quase o dia inteiro, trabalhar dobrado para conseguir pagar todas as despesas. Depois de dois anos nessa rotina, o pai de apareceu e resolveu dar uma pensão. O dinheiro era pouco, mas Anne não precisaria mais trabalhar quase vinte e quatro horas por dia.
– Sobrinha querida – o tio disse, indo em direção a , abraçando-a e lhe dando um beijo no rosto. A garota logo limpou as bochechas.
– Não chegue perto de mim. Nem finja que tudo esta bem. Não gosto de você – se virou e foi para o seu quarto. Ali, trancou-se e se lembrou de tudo o que o tio e o pai dela fizeram sua mãe e ela passarem. Passou quase a infância inteira sem a mãe porque o tio não quis ajudar, e sem contar que seu tio enganava e roubava várias pessoas. Muitas vezes, o cara pegava parte do salário de Anne e culpava por isso. Seu pai, quando deixou as duas, levou parte do coração delas. Os filhos de Christian às vezes faziam trocar de roupa na frente deles. achava isso estranho, mas eles falavam que iam bater nela se contasse algo. Só que eles eram dez anos mais velhos que ela. A menina era uma criança, porra.
Quando fez doze anos, nada fazia parar aquela dor. Sem pai, sem amigos na escola, sem ninguém. Todos a chamavam de feia, mal amada, abandonada, ridícula, imunda. Ela começou a acreditar em todas as coisas que lhe falavam. Sentia-se um lixo. Desde então ela se cortava. Cortes leves, mas depois nada daquilo aliviava. Quando fez treze anos, bebeu um vidro inteiro de remédio da mãe. Quando Anne a achou, ela estava desmaiada no quarto. Levou a menina ao hospital o mais rápido que pôde para fazerem uma lavagem. Vinte e quatro horas depois, estava melhor, sem os remédios, mais ainda com efeito de uns. A garota dormia tranquilamente e sua mãe sempre ao seu lado, chorando.
sofria depressão. Sempre se cortava. Foram a um psicólogo e ela ficou um ano sem tentar se matar ou se cortar. Mas as dores um dia voltam e com elas vêm todas as vontades de morrer. Sua mãe achava que a garota havia parado, porém ela estava muito enganada. não gosta de ficar sem blusa de frio por causa dos cortes. Eles eram profundos. Ficariam as marcas para sempre. Eles sempre estariam ali para mostrar o quanto ela não era boa.
Assim que entrou no seu quarto, bateu a porta com força e a trancou. Pegou uma caixinha que tinha guardada dentro do guarda-roupa. De lá tirou uma lâmina, arregaçou as mangas da blusa e... Pronto. Agora o sangue descia pelo braço. Mais um. E outro. E, novamente, ela tinha o braço todo marcado. Quando saísse do quarto, estaria com aquele sorriso que todos acreditam que é verdadeiro. Mas aquelas lembranças ainda doíam e ela acabou fazendo mais vários cortes.
A garota ficou horas no quarto. Só desceu porque sua mãe não parava de bater na porta.
– , eu sei que você não gosta do seu tio, mas ele não vai perturbar a gente. Ok? Só vai ficar aqui até o final de semana e depois vai embora.
– Mas, mãe... Olhe, ele pode ficar, porém não vou ficar em casa. Ok?
– E você acha que vai para onde?
– Eu dou um jeito. Ok? Vou fazer uma mala e saio daqui antes de ele me ver – foi subindo as escadas correndo. Entrou no seu quarto e pegou uma pequena mala. Ali, enfiou roupas, suas meias, escova de dente. Saiu de casa o mais rápido que pôde. Não suportaria nem mais um minuto, sabendo que sei tio estava ali. Deixou um bilhete para a mãe.
Mãe,
Sei que não aprova esse comportamento, mas sabe que eu não aguentaria nem mais um minuto nessa casa com a presença dele aí. Não se preocupe. Estou mais perto que imagina. Peguei alguns biscoitos.
xx
Pegou o celular e mandou uma mensagem para . Precisava espairecer um pouco.
Encontre-me hoje, às sete horas, no Holland Park. xx
andava tranquilamente pela rua. Ao passar pelo Holland Park, parou um pouco. Comprou pipoca que um cara vendia. Sentou-se em uma dos balanços e ficou ali uns segundos. Já sabia para onde ia, mas queria ficar ali um pouco, pensando em tudo que fizera. Seus braços ainda doíam.
Ao terminar de comer toda a pipoca, pegou suas coisas e foi rumo ao colégio. Ficaria naquela varanda/terraço que havia lá. Jogou sua mala e então pulou o muro da escola. Estava tudo quieto e não havia mais ninguém lá, pois a escola não funcionava na parte da tarde. Andou até a parte dos jardins e então subiu a escada. Foi um pouco difícil por causa da mala. Quando finalmente chegou lá em cima, jogou sua bagagem em qualquer canto e logo se atirou no colchão que tinha ali e chorou. Chorou até sua cabeça doer.
Estava quase dando sete horas, então ela se levantou. Pegou uma toalha e foi até vestiário para tomar um banho. Ficou ali um pouco e logo já estava limpa. Voltou para o terraço e se arrumou. Colocou uma blusa cinza escura, uma saia de lavagem escura, sua amada meia 7/8 preta com alguns rasgos e uma bota baixa. Deu uma bagunçada nos cabelos e decidiu dar uma ajeitada ali. Foi guardar a mala dentro do baú e, quando abriu, viu uma caixa com várias camisinhas. Harry ou Candance que deviam ter deixado ali. Mas isso acabou dando uma ideia para a menina. Colocou a caixa em cima do baú, plugou o iPod nas caixinhas de som e foi encontrar .
A caminhada até o parque foi rápida. Chegando lá, já a esperava. Ele estava normal, porém lindo.
– Ei, docinho. Nossa, está linda. Quem vai conquistar? – chegou mais perto e lhe deu um beijo rápido nos lábios.
– Hum, está cheiroso. Isso tudo é para quem? – estava diferente. Nem parecia que mais cedo havia se cortado e que passara o dia quase todo chorando.
– E aonde nós vamos, docinho? – o garoto foi entrelaçando suas mãos nas de .
– Hoje vai ser a melhor noite das nossas vidas. Tenho o melhor plano. Venha – puxou e foram andando até a escola.
– Escola? Sério? Vamos ter a melhor noite das nossas vidas na escola? – o menino estava totalmente confuso. O que queria fazer lá?
– Não julgue um livro pela capa e sim. Você vai amar. Garanto.
Pularam o muro e entraram na escola. Foram até a escada e subiram até o telhado. foi até as caixinhas de som e ligou. Começou uma música qualquer. estava sentada no colchão e , no sofá. De onde ele estava, dava para ver a calcinha da menina.
– Vermelha? Gostei. E o que a gente vai fazer aqui? – os olhos de não desviavam em nenhum momento da calcinha vermelha da menina. Era como se aquilo tivesse um imã e o atraísse. percebeu os olhares nada puros do garoto para a sua calcinha. Levantou-se, trocou de música e parou na frente dele.
[N/A: Deem play na música.]
Quando os primeiros acordes de “Sex On Fire” começaram a tocar, um sorriso malicioso surgiu nos lábios do garoto. começou a se movimentar no ritmo da música, balançando os quadris de um lado para o outro. A luz no telhado era fraca, o que dava um clima mais sensual para a dança da garota. Ela colocou as mãos na barra da saia, levantando-a um pouco e aparecendo a calcinha vermelha de renda.
Lay where you’re lying.
Don’t make a sound.
I know they’re watching (they’re watching).
All the commotion,
The kiddie-like play,
Has people talking (talking).
A garota se virou de costas e começou a puxar a blusa para a cima. Suas costas foram ficando nuas e sua tatuagem de asa de anjo foi ficando à mostra. Quando a blusa já estava no pescoço, se virou de frente, dando a imagem perfeita de seu sutiã vermelho com renda totalmente à mostra. Jogou a veste longe.
You.
Your sex is on fire.
Continuou movimentando os quadris e então começou a passar as mãos pelo corpo todo. Brincou um pouco com os botões da saia e finalmente a desabotoou, deixando uma parte da calcinha à mostra.
The dark of the alley,
The breaking of the day,
The head, while I’m driving (I’m driving).
Soft lips are open,
Knuckles are pale.
Feels like you’re dying (you’re dying).
Foi chegando perto de . Pegou suas mãos e as colocou em sua cintura. Deu uma rebolada e, com os dedos do garoto, começou a abaixar a sua saia. entendeu o que ela queria. Apenas a aproximou mais e, sozinho, começou a abaixar a saia da garota. Enquanto isso, foi dando mordidinhas embaixo do umbigo de .
You.
Your sex is on fire,
Consumed with what’s to transpire.
Quando a saia já estava em seus pés, deu um passo para o lado e a chutou para longe. E lá estava ela, com suas meias 7/8 e de bota, apenas com a calcinha e o sutiã.
Hot as a fever,
Rattling bones.
I could just taste it (taste it).
If it’s not forever,
If it’s just tonight.
Oh, it still the greatest (the greatest, the greatest).
Sentou-se no colo de , deu uma rebolada ali em cima e percebeu certo volume na calça dele. Começou a beijar seu pescoço e a dar algumas mordidas. Começou a tirar lentamente a blusa dele. Então, grudaram seus lábios em fúria e rapidez.
You.
Your sex is on fire.
A calça de foi desabotoada e a garota teve que se levantar para dar espaço para ela sair. Tênis e as meias do garoto foram chutados com rapidez para a calça sair. Apenas de boxer preta e com um volume enorme dentro delas, sem pensar duas vezes se ajoelhou no chão.
You.
Your sex is on fire,
Consumed with what’s to transpired.
Abaixou completamente a boxer do garoto e a tirou, olhando sempre nos olhos de . Pegou o membro em sua mão e começou a masturbá-lo lentamente. Aquilo era uma tortura. Sem mais demorar, deu um selinho na glande e começou a lamber como se chupasse um picolé. Depois colocou o membro na boca e começou a chupar bem forte. Queria fazer o garoto gozar em sua boca de novo. Depois de vários minutos chupando uma parte e a que não cabia na boca sendo masturbada com as mãos, o garoto já não controlava mais os gemidos. Colocou as mãos no cabelo de para mostrar a velocidade que queria. Uns minutos depois, estava gozando na boca da garota.
You.
Your sex is on fire,
Consumed with what’s to transpire.
Quando olhou para baixo, ainda estava de joelhos. Ela passava as mãos em volta dos lábios para limpar o que tinha sujado ali. Ele puxou a garota pelos cabelos mesmo e, sem se importar se estava machucando ou não, grudou seus lábios com uma força desconhecida por . Logo, ela já estava jogada no colchão com por cima dela. A menina puxava seus cabelos e ele dava beijos pelo pescoço.
Os beijos foram sendo abaixados, indo para o colo e então para os seios ainda cobertos com o sutiã. Levou uma das mãos para as costas da garota e soltou o sutiã, liberando os seios médios e redondos. Passou a língua pelo bico do direito, enquanto o esquerdo era apertado com uma das mãos. Logo, o seio já estava na boca do garoto. Parecia ser feito para ele. Depois de um tempo revezando entre os seios, começou a abaixar os beijos. Ao chegar ao umbigo, enfiou a língua ali e circulou. Desceu novamente, chegando ao ventre e abaixando a calcinha lentamente para provocar. Tirou as botas e foi descendo as meias 7/8, distribuindo beijos por toda a coxa da garota. Ela tinha pernas incríveis e ele estava achando um desperdício a menina ficar com elas sempre tampadas. Foi subindo os beijos de volta à intimidade da garota. Deu um beijo de leve ali e então começou a penetrá-la com a língua. O toque aveludado dela fazia a garota ter calafrios. Um dedo foi adicionado, depois outro. A garota estava quase tendo um orgasmo, então ele tirou os dedos e simplesmente deu uma chupada forte que a fez contrair os músculos internos e finalmente chegar ao clímax.
A garota se esticou, pegou um preservativo que tinha deixado em cima do baú e deu para . Logo a embalagem foi rasgada e colocada corretamente. Sem esperar mais um segundo, ele a penetrou.
Forte e duro. Rápido. Além de ser grande, era também muito grosso. Se ela não estivesse bem lubrificada, provavelmente se machucaria. E continuava metendo com força. Os dois gemiam alto. Às vezes davam beijos para diminuir os gemidos. Depois de um tempo, pegou uma das pernas da garota e a colocou sobre o ombro, fazendo-o ter a maior acessibilidade para tocar em seu ponto “G”. E aquilo foi o fim. A garota gozou sobre o pênis do garoto, lambuzando-o. E, mais algumas estocadas fortes, e ele também havia gozado. Logo, estavam deitado um ao lado do outro, com a respiração cortada.
– Uau – foi tudo o que conseguiu dizer, enquanto sua respiração normalizava.
– Eu sei. Seu amiguinho trabalha bem e você também – ela disse, beijando o pescoço e lábios de . Endireitaram-se na cama. A menina colocou a camisa dele e a calcinha, e ele ficou de boxer. Cobriram-se e ficaram um tempo em silêncio, até se pronunciar.
– Desculpe perguntar, mas por que você está aqui na escola?
– É que meu tio está lá em casa. Não temos um relacionamento muito bom – virou para o outro lado e sentiu o garoto lhe abraçar a cintura. Ele fazia carinho na barriga da garota e depois foi para os braços. Quando chegou onde estavam os cortes, parou.
– , o que é isso?
– Nada – logo, a garota já estava se levantando, tirando a blusa do garoto e colocando a sua de frio.
– Você se corta?
– Quê? Do que você está falando? Não. Isso são só arranhões. Eu caí e machuquei. É só isso – ele estava deixando a garota nervosa e mais. Ela puxava a manga da blusa para baixo e colocava uma mecha de cabelo para trás da orelha.
– , eu sei que não são só arranhões. Mas tudo bem se não quiser contar. Eu respeito. Vou me vestir e já vou embora.
– Não. Fique. Por favor – e ela o abraçou. Ficaram abraçados um tempo e então foram se deitar.
acordou e o dia nem tinha amanhecido ainda. O tempo estava frio. Quando olhou para o lado e viu dormindo, sua mão estava por cima da barriga da garota. Ela conseguia ser linda até dormindo. Mas precisava ir para casa. Pelo menos Irene deveria vê-lo saindo de casa.
Levantou-se com cuidado para não acordar , vestiu suas roupas e, antes de descer, voltou e deu um beijo na testa da garota. Pulou o muro e voltou para a sua casa. Entrou pela árvore que tinha ao lado de sua janela. Tirou a roupa e foi tomar banho. Uns minutos depois, já estava vestido e em frente ao espelho, arrumando seu topete. Desceu as escadas com calma, foi até a cozinha e pegou algumas coisas para levar para . Pegou uma caixa de suco de maracujá, um pedaço de bolo, alguns pacotes de biscoito, uns pãezinhos e um pote de geleia. Esperava que a garota gostasse. Voltou e pegou outra coberta. Queria ficar lá com ela, porém sentir frio não dava.
Caminhou até a escola. Tinha de ser discreto, pois àquela hora já tinha gente no colégio. Subiu as escadas com calma e, quando chegou ao telhado, ainda estava deitada. Primeiro achou que tivesse dormindo, até ela falar.
– Achei que não ia voltar – disse, sentando-se na cama e fazendo uma careta.
– Eu voltei. Trouxe café da manhã. Você quer? – estendeu a sacola com as comidas para a garota, pegou a coberta que havia trazido de casa e jogou por cima das outras.
– Comida... Estava mesmo com fome. Obrigada.
– Desculpe ter saído assim, mas eu precisava ir em casa.
– Tudo bem. Você não me deve desculpas. Não temos nada. Oba. Suco de maracujá – o garoto se sentou na beirada do colchão e estendeu uma de suas mãos para , mas ela fez uma cara de dor.
– O que foi? – foi logo querendo entender o porquê da cara de dor da menina. Será que havia dormido de mau jeito?
– Hum, ér, ... Você pode me ajudar? Afinal de contas, foi você quem me deixou assim com dor.
– Eu? Eu que a deixei assim, ? Oh, Deus. Desculpe. Não era a minha intenção – as palavras foram praticamente cuspidas. O garoto havia investido na noite anterior com muita força.
– Tudo bem, . Não faz mal. Na verdade, hum, foi muito bom – um sorriso tímido apareceu nos lábios da garota, o que deixou feliz.
– É, foi muito bom – o menino se levantou, pegou no colo e a colocou perto dele. Comeram um pouco, beberam o suco. Realmente, estavam famintos. Nada que uma noite de sexo não abra o apetite. – ?
– Que foi, ?
– Eu não sou nenhum experiente nem nada do tipo, mas sei quando uma menina faz muito sexo. E você não é assim. Sua passagem é bem apertada – ao dizer “apertada”, um rubor se espalhou pelo rosto do menino. – Porém, pelo que falam, você faz sexo todos os dias.
– , você não deveria acreditar em tudo que escuta por aí. A maioria do que falam de mim é inventado.
– Sério? Porque sempre duvidei mesmo que você já tinha feito sexo com uma garota – começou a rir. Era cada coisa que inventavam sobre ela. Teve uma vez que disseram que a garota tinha dormido com três caras na mesma noite. Tudo não passava de mentiras.
– Hum, , isso foi quase verdade. A gente nunca chegou a praticar nenhum ato em si, mas ficamos nas preliminares.
– QUÊ?! – engasgou ao ouvir isso. Era insano que a menina tivesse quase feito sexo com uma garota. E mais insano ainda é que ele havia dormido com uma das garotas envolvidas. – Conte-me essa história.
– Fofoqueiro. Mas tudo bem. Foi assim...
Flashback on
Era festa de umas das primas de Harry. fora sem conhecer ninguém, além do próprio Harry e de Candy. Logo, os dois arrumaram coisas melhores para fazer e a garota ficou sozinha e meio isolada na festa. Começou a beber. Afinal, sozinha num canto, beber era a melhor opção... Quando uma garota dos cabelos loiros e com os olhos verdes escuros – a garota era bonita – chegou e conversou com ela.
– Ei, posso saber por que está sozinha? – a menina perguntou.
– Meus amigos devem estar transando loucamente em um desses quartos agora e eu aqui, sozinha.
– Não seja por isso. Eu me chamo Amy. E você?
– .
– Prazer, . Você tem um nome lindo e é bem mais bonita que o seu nome.
– Ér, obrigada?
– Não me agradeça. Quer dançar? – então, as duas foram dançar. Ingeriam todos os tipos malucos de bebidas misturadas, quando Amy foi chegando mais perto e mais perto. Colocou as mãos na cintura de e lhe deu um selinho. Foi estranho para receber um beijo de outra mulher na boca, mas achou bastante convidativo, então agarrou o cabelo de Amy e enfiou sua língua na boca da menina. Elas ficaram um tempo ali, apenas se beijando, até Amy descer as mãos e apertar a bunda de , fazendo-a engasgar. Elas continuaram ali um tempo até Amy tirar uma pílula branca e colocá-la na boca de . O calor ali foi aumentando, as pupilas dilatando, os corações batendo como uma escola de samba.
– Venha aqui – Amy começou a puxar pela casa até entrarem em um banheiro. estava com uma saia jeans, uma blusa preta e sua meia 7/8 com seu All Star. Tudo que facilitaria o trabalho. Amy se ajoelhou no chão, subiu a saia de até a cintura. Pegou uma de suas pernas, passou-a pelo ombro e chegou a calcinha da mesma para o lado. Penetrou-lhe um dedo devagar, fazendo a garota gemer mais alto. Mais tarde, descobriu que Amy era lésbica. Por isso tanta intimidade entre os dedos da garota e sua parte íntima. Por mais gostoso que aquilo tivesse sido, ainda preferia foder com homens.
Flahsback off
– Pronto. Foi assim que eu quase fiz sexo com uma garota – explicava, enquanto colocava um biscoito na boca.
– Wow. Isso realmente me excitou – disse, dando um sorrisinho sem graça ao sentir o olhar da menina no volume em sua calça jeans. – , por que você usa essas meias enormes? Tem pernas lindas. Deveria mostrá-las.
– Obrigada, mas ainda tenho várias marcas na perna. E eu gosto delas. Das meias, claro.
– , sei que essas “marcas” são cortes. Conte-me, vai. Por que se corta? – então ele tinha feito a pergunta de dez milhões de libras. apenas balançou a cabeça em negação. Nunca contou para ninguém que se cortava. Muito menos o “porquê”. Não seria hoje, né?! – Tudo bem, mas um dia você vai dizer?
– Um dia quem sabem, gatinho? – se ajoelhou no colchão, tirou as comidas que estavam ali e passou as pernas na cintura de . – Mas tenho planos melhores agora – então ali eles começaram a se beijar. Pela primeira vez, o beijo era calmo, intenso, porém bem calmo.
– Estou gostando desse plano – a excitação do garoto já doía. Ele precisava dela urgente. Foi levando sua mão para entrar na blusa de . Começou a subir devagar e apenas pararam o beijo para a roupa sair. tinha o corpo lindo. ainda não entendia o porquê de ela se cortar. Foi então abaixando os beijos até os seios ainda cobertos pelo sutiã. Levou uma das mãos para as costas da menina e desabotoou. Os seus seios logo estavam livres. Sem enrolar, levou a boca e passou a língua por ali. Mordeu o bico e eles já estavam duros de tanta excitação que ali estava. Por fim, abocanhou um dos seios e fez com que a garota sussurrasse o nome do garoto em seu ouvido. Ouvir seu nome na voz rouca e gostosa da menina foi o fim.
Então segurou a menina pela bunda e a deitou corretamente na cama. Logo, ela estava somente de calcinha e ele, de boxer, mas isso não durou muito tempo, até enfiar uma de suas mãos dentro da boxer e puxar o membro dele para fora. Foi abaixando a cueca devagar. Quando o garoto já estava totalmente nu em sua frente, a garota colocou a mão na própria cintura para tirar a calcinha, mas foi impedida pelo garoto. tirou as mãos da garota da calcinha e foi abaixando, dando beijos pelo corpo todo. Quando parou nas tiras da lingerie, mordeu o lado direito e começou a abaixar. Sua mão ajudando com o lado esquerdo e, pronto. Os dois nus.
– Ande com essa porra logo, – disse com certo desespero na voz.
***
O celular de começou a tocar. Ela teve que se levantar e ir atender. Quando viu o nome de sua mãe na tela, pensou em não atender, mas poderia ser a mulher avisando que o seu tio havia ido embora.
– Alô – atendeu ao telefone com a voz totalmente seca.
– Filha, ai que bom. Quando você volta para casa?
– Mãe, nem tem dois dias que eu saí.
– Eu sei, filha, porém você já pode voltar. Seu tio não está mais aqui. Ele está morando com a nova namorada. Volte, filha.
– Tá, mãe, eu volto. Mais tarde. Ok? Eu preciso dormir agora.
– Mas você tem aula, . O que você anda fazendo? Onde você esta?
– Nada, mãe, e estou em lugar nenhum. Tchau – e desligou o telefone na cara de Anne, antes de ela começar a fazer mais perguntas. Aquilo enchia a porra do saco.
Observou olhar para o seu corpo nu e ficou constrangida. “Mas que porra. Por que estou com vergonha de um filho da puta?”, eram os pensamentos que não saíam de sua mente. Foi até o colchão e se deitou junto ao garoto, que passou os braços pela sua cintura e a trouxe mais perto.
– Eu tenho que voltar para casa – disse bem próxima ao ouvido do garoto.
– Tudo bem. Depois a gente vai. Vamos descansar.
O tempo passou e então se levantaram. ajudou a ir para casa.
Chegando a casa, deixou sua mochila com as coisas no sofá da sala e foi procurar sua mãe. Anne estava na cozinha, sentada em um dos banquinhos.
– Filha, sente-se. Quero conversar com você sobre a nova namorada de seu tio.
– Olhe, mãe, sem querer ser grossa, mas já sendo, pouco me importa quem é a namorada do Christian. Ele vai foder com a vida dela mesmo.
– , olhe o palavreado. Mas talvez tenha a ver com você – pronto. Era tudo o que queria. Seu querido tio namorando alguém que ela conhecia. Não precisava disso.
– Tá, mãe. Quem é a vadia? – para , pouco importava quem era a mulher que seu tio estava comendo. Porém, se ela conhecia a vadia, ops, mulher, queria saber quem era.
– É a senhorita Parkson – a boca da garota abriu. Tentou pronunciar algumas palavras, mas nada saía. Senhorita Parkson era sua professora de Geografia. odiava Geografia. Odiava a senhorita Parkson.
– Não, mãe. A senhora deve estar enganada.
– Não estou, . Por isso a avisei. Sei que não gosta dela nem do seu tio, mas é... Eles estão juntos.
– Porra, mas que caralho. O imundo com a vadia. Tinha que ser.
– , pare de falar do seu tio desse jeito. Suba e vá tomar banho – a garota foi e se trancou no quarto. Odiava com todas as forças senhorita Parkson. Aquela mulher era o demônio. Como alguém podia ter alguma coisa com ela?
Desistiu de ficar se lamentando ali e foi tomar banho. Entrou no box e ligou o chuveiro. A água quente batia em suas costas e a relaxava. estava cansada. Afinal, uma noite e uma manhã de sexo com ... Quem não se cansaria? Desligou o chuveiro e se enrolou na toalha. Foi até o quarto e colocou uma calcinha roxa com um sutiã combinando. Pensou e quis ficar seminua mesmo. Estava em casa e, se não pudesse ter liberdade lá, onde mais teria? Foi mexer no guarda-roupa e caiu um pacotinho com um pó branco.
– Mas... – pegou o pacotinho e ficou observando. Há quanto tempo será que ela tinha aquilo guardado? Há quanto tempo não usava cocaína? Meu Deus, sentia falta do seu nariz arder depois de cheirar as carreiras. Sentia falta de sempre ficar chapada e pouco se fodendo para o mundo.
Não aguentou. Foi até o banheiro e espalhou o pó sobre a pia. Dividiu em três trilhas, enrolou uma nota e cheirou a primeira carreira todinha do pó. O nariz estava com uma leve ardência. O seu corpo ficou com uma leve dormência, foi lá e puxou a segunda carreira. Aquela sensação era uma das melhores. Começou a sorrir do nada e para o nada, então foi o puxou a terceira e última carreira. Ficou anestesiada. Colocou o iPod em uma das caixinhas do som e ligou, deixando o volume bem alto. Começou a dançar sozinha em seu quarto. Aquilo era uma maravilha. Não sentia parte do seu corpo e, depois de um tempo dançando, sentiu-se cansada e apagou. Deitou-se de qualquer jeito sobre a cama e dormiu até o dia seguinte.
Quando acordou na manhã seguinte, estava um pouco perdida. Mas o que tinha acontecido com ela? Alguns flashes apareceram e se lembrava de ter consumido cocaína. Precisava mais daquilo. Foi até o guarda-roupa e procurou se havia mais algum saquinho perdido. Não achou nada. Trocou-se rapidamente, pegou um bolo de dinheiro e saiu de casa apressada, sem dar explicação para a mãe que ficara parada na porta da cozinha sem entender nada. Caminhou até o Holland Park. Atravessou o parque inteiro até entrar em uma viela e encontrar Jimmy com uma mochila preta sentado em um banquinho.
– Fale, gatinha. O que você quer? – Jimmy era um cara novo, mas com efeitos da droga parecia bem mais velho que . Usava uma touca e um casaco bem grande, calças largas e um tênis bem maior.
– Ah, gatinho, você sabe o que eu quero. Só você pode me dar o que quero nessa cidade – dizia com a sua voz manhosa. Jimmy olhou a garota de cima a baixo. vestia um short, suas meias 7/8, um All Star vermelho, uma blusa preta colada e um casaco azul marinho um pouco largo. – Qual o preço, Jimmy?
– Vou fazer um preço camarada, porque você é de casa e anda meio sumida – combinaram o preço. Foi bem mais barato que achou que pagaria. E ainda conseguiu comprar algumas de suas pílulas que tanto amava e, claro, um pouco de maconha. Porque ninguém vive sem um bom baseado.
Saiu daquela viela e foi para o terraço na escola. Subiu lá, espalhou um pouco da droga e fez duas carreiras. Cheirou todas e guardou o resto. Precisava deixar para mais tarde. Ainda faltava meia hora para a aula começar. Ficou pensando no que faria, mas não restaram dúvidas. Então enrolou a maconha numa seda e fumou. Ouviu passos e pensou em apagar cigarro, mas só , Candy e Harry sabiam daquele lugar e nenhum deles se importaria. Depois de um tempo, viu um pedaço do topete de , então relaxou.
– Ei, estava procurando você – disse, terminando de subir as escadinhas.
– Sente-se aqui, gatinho. Quer? – ofereceu um pouco de seu baseado, fazendo ficar indeciso se aceitava ou não. No fim, pegou o cigarro da mão da garota e fumou. Aquilo era maravilhoso. Depois de terminarem o baseado, desceram as escadas e foram para a sala de aula de mãos dadas. Dava para perceber claramente que estava alterada e também. Não tanto quando , mas estava. A primeira aula era de Geografia com senhorita Parkson e os dois a tinham juntos. Era o que valia a pena.
Entraram na aula e a senhorita Parkson estava com um sorriso de orelha a orelha.
– Bom dia, classe – senhorita Parkson era uma mulher não muito velha, porém meio acabada. Seus cabelos crespos claros sempre presos num rabo de cavalo baixo e seus óculos redondos com a armação em vermelho. Sua voz era anasalada e chata. Por que tinham que ter aula com aquela mulher?
Enquanto a professora explicava alguma coisa sobre relevos, e estavam sentados no fundo da sala conversando. colocou a mão na coxa da garota, foi se aproximando de um lugar tão desejado por ela e a menina soltou um suspiro. Ele não ia fazer isso na sala de aula, mas, antes quer pudessem fazer algo, o sinal bateu.
– Você na minha casa hoje. Minha mãe não vai estar – mandou um beijo no ar para o garoto e simplesmente saiu.
O resto da aula correu normalmente, sem nenhuma encrenca da parte dos dois. Foram então direto para a casa de . Sempre de mãos dadas. Quem visse, acharia que eles eram namorados ou que gostavam um do outro. Ilusão. nunca gostara de alguém. Depois do que Sebastian fizera com ela, a garota achava impossível gostar de alguém. Achava que todos a trairiam. Achava um cara legal. Sentia vontade de dizer para ele que na verdade fora estuprada, mas sempre desistia. Sentia nojo de si. Não queria ver o olhar de pena dele sobre ela, então ficava quieta sobre esse assunto.
Ao chegarem à casa da garota, jogaram suas mochilas perto do sofá e foram comer. esquentou uma lasanha para os dois e ali comeram e se empanturraram de comida. Estavam um pouco cansados. Sentaram-se no sofá para ver televisão. Deixaram num canal qualquer e ficaram conversando, até que uma das partes do filme chamou a atenção da garota. Uma menina tentava se masturbar no chuveiro, mas não conseguia. Logo percebeu que o filme era “The Runaways” com a Kristen e a Dakota.
– Sei como se sente, amiga – falou um pouco alto demais e torcia para que não tivesse ouvido.
– Espere. Você não consegue se masturbar? – olhou para a menina um pouco assustado. Ele não acreditava no que estava ouvindo.
– Não. Eu já tentei, mas não senti nada. Nem uma cosquinha.
– Você deve ter feito alguma coisa errada ou é muito ruim com masturbação feminina.
– Ah, claro. Falou o rei da masturbação.
– Eu posso ensiná-la. Se você quiser, claro.
– Você com seus dedinhos em mim é fácil. Não consigo comigo.
– Eu entendi, docinho. Vou ajudar. Vou falando o que você deve fazer. Ok? – pensou. Não sabia se aceitava ou não. Mas, ah, quer saber? Que se foda.
– Tá. Tudo bem. Ajude-me então.
– Ótimo. Agora tire a parte de baixo. Tudo ok? – um pouco cismada, atendeu ao pedido do garoto. Levantou-se e tirou tudo. Voltou a sentar no sofá.
– Tá. O que eu faço agora?
– Sente-se de forma bem relaxada. Estou aqui sentado na sua frente para auxiliá-la. Ok? Agora abra bem as pernas – a garota foi e afastou bem as pernas, deixando a intimidade totalmente à mostra para o garoto. Sentiu respirar fundo ao ver a sua parte exposta. – Agora, passe os seus dedos pelos grandes lábios. Isso, desse jeito. Agora pressione o dedão no clitóris – ouviu um gemido em resposta. – Isso. Agora penetre um dedo. Agora outro. Mexa-os de um lado para o outro. Isso mesmo – e os gemidos de ficavam mais altos. estava ficando duro com os gemidos gostosinhos da menina. – Agora tire e coloque de novo. Mais rápido. Mais força. Agora abra um pouquinho os dedos – não sabia o que era mais excitante. Se eram seus dedos dando lhe dando prazer ou ajudando. – O que você está achando? O que está sentindo?
– Não sei. É bom, mas não está dando tanto prazer assim – era um pouco frustrante.
– Ah, chegue para lá – se levantou e caminhou até a menina. Tirou os dedos dela de dentro de si e os substituiu pelos seus. Sem calma ou carinho, enfiou de uma vez dois dedos bem fortes, fazendo a garota urrar. Começou a dar beijos no pescoço de e a fazer movimentos de vai-e-vem com seus dedos. A única coisa que gostaria de entender era como ele conseguia lhe dar todo esse prazer. foi surpreendido quando a garota o empurrou para se sentar no chão ,mesmo com os dedos dentro dela.
– Mas o que...?
– Sh, gatinho – nem deixou o garoto terminar de falar e logo começaram um beijo violento típico deles. O rapaz mal lembrava que os seus dedos ainda estavam dentro da menina quando essa começou a quicar sobre eles. Enlouquecedor. Mas ele preferia que ela quicasse em outra coisa.
Então levantou um pouco a garota, retirou seus dedos de dentro dela, desabotoou a calça e desceu a sua cueca vermelha. Quando viu a excitação do garoto, mal terminou de esperá-lo retirar a roupa de baixo e já estava sentada sobre ele, com o membro do garoto dentro de si. Apertou seus músculos internos, fazendo o menino dar um gemido sofrido.
– Quique em mim agora – disse com a voz rouca perto do ouvido de e puxou o lóbulo de sua orelha entre os dentes. Seu pedido foi concedido facilmente. A garota pulava e rebolava sobre o seu membro duro e grosso. A agressividade era tanta e daquele ângulo conseguiu acertar “o ponto” dentro dela, fazendo-a gritar. Literalmente. Então os dois haviam gozado e estavam melados.
Ficaram uns tempos abraçados e, depois de descansados, vestiram sua roupa e voltaram a ver televisão. Às vezes se beijavam, rolava uma mão boba, mas nada muito além disso. Logo, o telefone de começou a tocar. Era sua mãe pedindo para ele voltar para casa. Despediram-se e voltou. Estava cansado e tudo o que queria fazer era descansar. Porém, assim que entrou pela porta, sua mãe o olhava com um olhar assassino.
– Você estava com aquela drogada de merda, né? – Helena não aceitava o fato de que seu filho, agora o único filho, estava se envolvendo com aquelazinha. – Ela vai acabar com a sua vida como acaba com a vida de todos. Não vê que a menina é uma péssima companhia?
– PORRA! Você só sabe falar isso? Só sabe chamá-la de drogada. Não percebe que você também é? Fica aí o dia inteiro tomando esses remédios estúpidos. Isso vai matá-la, caralho – aquilo foi o suficiente para fazer Helena ficar parada olhando o nada. Era verdade que sempre andava meio alta por causa dos inúmeros remédios que tomava. Não queria enfrentar a realidade. Sentia falta da sua filhinha e com os remédios estava quase sempre dormindo.
– Desculpe – Helena viu que ela mesma estava afastando seu filho e seu marido de casa. Os dois quase não ficavam lá. – Eu paro com os remédios e você para de andar com a . Pode ser? – o garoto deu uma risada sarcástica. Não acreditava que sua mãe estava pedindo isso.
– Olhe, mãe, quer saber? Continue com os seus remédios. Não vou deixar de andar com a . Ela foi a única que não me tratou com pena. EU NÃO PRECISO DE PENA! – e saiu, deixando sua mãe parada com cara de pateta.
Brigas e mais brigas. Eram assim que se passavam os dias. Era estranho que e se parecessem tanto e, ao mesmo tempo, fossem diferentes. sempre pouco se fodendo para as coisas ou pessoas, aparentemente, porque sempre que chegava a casa se acabava nas drogas e se cortava. O mundo é cruel. achou em uma garotinha perdida. Uma garota linda que se escondia embaixo de todas as roupas de frio para tentar esconder os cortes. Ele sabia que ela amá-lo era difícil e sabia também que a levava à loucura. Sabia que estava se apaixonando por ela, mas sabia que a menina não retribuiria o sentimento. Então guardou para si e não deixou que mais ninguém o perturbasse.
estava num ciclo vicioso. Chegava a casa da escola, arrumava suas carreiras de cocaína e cheirava. Apagava e só acordava no outro dia. Estava ficando muito magra. sempre a mandava comer, mas ela evitava. Achava-se gorda, feia e ridícula. Sua mãe muitas vezes a obrigava a comer, pois sabia que sua filha estava doente. Sempre que tentavam conversar, a mesma dava um desculpa e se trancava no quarto.
Um dia, ao sair da escola, estava sem . Na verdade, andava estranho com a garota. Sempre ficava a abraçando, beijando a testa, mandando-a comer. cuidava muito dela e isso provocava certo medo nela. Ele não podia gostar dela. Sabia que a menina era louca. Não podia sentir nada, além de desejo por ela.
Estava indo para casa e começou a ouvir barulhos estranhos vindo do outro lado do muro da escola. Foi caminhando até que encontrou seu tio agarrado com a senhorita Parkson. Não precisava ver aquilo. Era demais para uma pessoa. Qualquer pessoa que seja.
– Ótimo dia – bufou alto e foi o mais rápido para casa que pode.
Parou no Holland Park para comprar pipoca. Estava comendo quando percebeu um carro passar devagar por ali. Aquilo era estranho. Então percebeu que seu dia podia muito bem ficar pior do que já estava. Um garoto desceu do carro. Sebastian. O mesmo que havia estuprado a garota há alguns anos. ficara pálida. Não. Ele não podia estar ali. Aquilo era uma miragem, talvez efeito da droga que usara mais cedo. O máximo que conseguiu fazer foi sair correndo dali, derrubando a pipoca no chão.
Entrou em casa o mais rápido que conseguia correr. Entrou no quarto e trancou a porta. Encostou-se sobre a mesma e aos pouco foi escorregando. Aquilo era perturbador. Não podia ser verdade. Então, todas as dores que ela havia conseguido guardar durante muito tempo saíram. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Não conseguia segurar o choro. A essa hora, soluçava. Queria fazer parar de doer, mas essas coisas não se esquecem.
Levantou-se, foi até sua mochila, pegou um pacotinho com cocaína e despejou tudo que tinha. Foda-se se ia morrer. Preferia isso a aguentar olhar para a cara de Sebastian de novo. Arrumou tudo em carreiras. Deve ter dado umas quatro, mais ou menos. E, com a nota, puxou tudo aquilo. Depois, não sentia mais nada. Mal sabia quem era. Então apagou.
Há exata uma semana, vira Sebastian no Holland Park. Depois, ele sumiu. Era como se o rapaz nunca tivesse estado em Evansville de novo. É, talvez esteja usando drogas demais e pirando.
Era dia de escola. Ela tinha que ir para aquela merda. Odiava as pessoas ali, odiava como a olhavam, odiava sempre dar um sorriso sarcástico para ninguém desconfiar de suas dores. Mas a verdade é que doía nela cada olhar de culpa, cada olhar de nojo. se odiava.
Primeira aula era de Matemática. “Ótimo. Uma porra dessas para começar é para foder com a minha vida”, pensou ao olhar para o horário e ir praticamente se arrastando para a sala. tinha aula diferente no primeiro e segundo tempo, então ali teria que ficar sozinha.
Antes de entrar na sala, ela o viu. Sebastian. No final do corredor, encarando-a. O medo foi aumentando. Começou a suar e entrou rapidamente na sala. Vá saber o que ele poderia fazer com ela sozinha no corredor. Se uma coisa a menina sabia, era que não devia ficar sozinha com o rapaz.
Na hora do almoço, estava à procura de . Olhou no refeitório, olhou nos jardins e então sabia que a garota estava na varanda deles. Subiu a escada e estava chorando.
– ?
– Ah, oi, . Tudo bem? – a garota foi logo enxugando as lágrimas. Não queria que ele visse o quão fraca ela era.
– Eu estou, mas você não. Sei que vai fingir que não é nada, mas sei que é. E sei também que estava chorando e vai dizer que era mentira, porém sei que estava chorando. Por isso vou aí me deitar com você e abraçá-la. Nem adianta me impedir – achou que bateria nele, xingaria o garoto de vários nomes. Mas então ela sorriu. Um sorriso lindo com o olhar mais lindo ainda. Mesmo cheio de dores, tinha os mais belos olhos. Então caminhou devagar até a garota. Sentou-se na cama, tirou o tênis, deitou-se e a puxou para se aproximar.
Matar aulas já estava ficando constante para esses dois, mas quem se importava? Os dois juntos eram uma bolha. Eram só eles. Ninguém mais se importava.
***
Mais uma vez, a ida para casa quase fora tranquila. Quase. Antes de chegarem em casa, o viu de novo. Saindo de uma casa. E, antes que pudesse perceber, tinha gritado e já estava chorando.
– NÃO! – e então saiu correndo e se trancou em casa. Ela esperava estar segura ali.
se trancou dentro do banheiro. Não atendia o celular e só chorava. Chorava para colocar todas as suas dores para fora, chorava por ter sido tão afetada, chorava por não aguentar o desespero de ter que ver Sebastian. Mas chorar não alivia muito. Então, como os seus distúrbios sempre aconteciam, ela foi até a mochila e pegou um apontador. Desmontou e fez cortes em sua pele. Cortes que nunca iriam sair, que iriam doer por vários dias. Mas eram cortes pequenos e nem sempre tão profundos. Eram mais um monte de marcas que ninguém entendia, porém que, em situações de desespero e nervosismo, acalmavam. E por ali no chão, depois de sangrar, ela ficou. Adormeceu de tanto chorar.
Depois de acordar no chão do banheiro com marcas, com o sangue seco nos braços, nas pernas e na barriga, se sentiu mal, como sempre se sentia depois de um dos seus surtos. Mas era um novo dia, certo? Hora de recomeçar, de novo. Foi então se arrumar para a escola. Foi preciso de mais de uma camada de maquiagem para cobrir as enormes olheiras e, pela primeira vez em anos, vestiu uma calça jeans escura. Nada de meias 7/8. Uma blusa vermelha de manga comprida e um moletom cinza por cima. O look até parecia um pouco inocente.
A caminhada da escola fora feita sem , tão lentamente e com algumas lágrimas escapando. Sua cabeça estava uma confusão. No ultimo mês, simplesmente consumira mais drogas do que em toda sua vida, ganhara mais cortes e perdeu muito peso. A garota nem se lembrava da última vez que comeu uma refeição decentemente. O que ela estava se tornando?
Quando chegou à escola, foi direto para o seu lugar especial. Precisava cheirar uma de suas carreiras de coca. Chegava a ser espantoso como precisava daquilo. Ela fez duas carreirinhas e, em poucos minutos, não havia mais nada. E a menina se sentia dormente, como gostava e precisava se sentir.
Tem dias que simplesmente não são feitos para sair da cama. Tem dias que tudo parece dar errado e esse foi um desses. Quando estava indo para a sala de aula, viu o Sebastian perto do banheiro. Ele lhe fazia gestos obscenos, então ela apressou o passo até a sala de aula. Mas era aula de Geografia. estava sentado na última carteira e guardava um lugar ao seu lado para a garota. Depois que o sinal tocou, senhorita Parkson entrou com os olhos vermelhos e inchados. Talvez ela tenha andado chorando. A aula foi se passando tranquilamente, até que uma pergunta foi feita.
– Senhorita , pode me dizer qual é o clima predominante na Ásia?
– Hum, er, desculpe, senhorita Parkson, mas eu não sei – respondeu , sem graça e com a voz baixa.
– Não sabe, senhorita ? Não sabe? Esse é o tipo de exemplo que você está dando aos seus colegas de classe? Além de ser uma puta, claro.
– Desculpe?
– É isso o que você ouviu, sua puta. Você é uma puta. Vadia com o “v”¹ que nem tem mais. É só mais uma merda nesse mundo, não presta para nada. querido, por que você fica andando com esse projeto de gente?
– Olhe só, senhorita Parkson... – começou a dizer, mas foi interrompido por que se levantou e começou a ir para a frente da sala.
– Escute aqui, sua mal amada: o seu problema não é comigo. Ok? É com o meu tio. Eu sei que ele lhe deu o fora, como sempre faz com as mulheres. Nem entendo como o cara foi namorar você. Quer me chamar de puta? Então chame. Não fui eu que fui abandonada pelo namorado – um tapa a impediu de dizer outras coisas. Com uma rapidez e tanta, a querida senhorita Parkson dera um tapa no rosto de . Antes de poder gritar ou fazer qualquer coisa, já tinha ido em ajuda de .
– Ei, você está bem? – perguntou, abraçando a garota. – Qual o seu problema? Bateu nela porque o seu namorado terminou com você? Você é louca.
– Eu não. Eu... Ela é uma puta. Você não deveria andar com ela.
– Eu não deveria é ter aulas com você. Na verdade, ninguém deveria. Venha, .
– Você não percebe nada? A menina é um lixo. Eu tenho nojo de respirar o mesmo ar que ela e como você consegue chegar tão perto?
– CALE A BOCA! CALE a porra da boca! Você não a conhece! – e então a tirou da sala de aula e a levou para a enfermaria. E ficou com ela até a garota conseguir melhorar um pouco da dor. Segurou a sua mão e não saiu do lado dela nem por um segundo. É em momentos de ajuda que sabemos quem realmente está com a gente.
Quando se mexeu para ficar melhor deitada, a manga de sua blusa de frio subiu e deixou os seus braços à mostra. Foi quando viu. Viu todas as marcas de cortes, as linhas vermelhas no braço tão pálido da garota. Aquilo machucou, como nunca antes. Ali deitada tão calma, com uma parte do rosto vermelha pelo tapa, a menina simplesmente parecia tão frágil, tão pequena e tão triste. “Eu vou cuidar de você”, sussurrou e deu um pequeno beijo nos braços dela.
Quando acordou, estava totalmente perdida. Só enxergava algo claro e sentia algo quente na sua mão. Ao que conseguiu se situar, percebeu que a coisa quente na sua mão era na verdade a mão do .
– Ei, pequena. Tudo bem? – perguntou, ao perceber que a menina já havia acordado.
– , eu... Hum, oi?
– Tudo bem. Descanse. Daqui a pouco, eu a levo para casa. Ok?
– Mas...
– Shh... Tudo bem. A gente já está indo. Vou ficar com você – tudo que pôde fazer foi balançar a cabeça e concordar. não ia sair de perto dela. Nem agora, nem tão cedo.
Mais tarde naquela noite, enquanto estava deitada em sua cama, tudo que ela queria era esquecer o dia que tivera, aquele dia horrível. Mas tem vezes que simplesmente as coisas não desaparecem, assim como as dores. Tudo o que precisava agora era de alguém que nunca a abandonassem e que cuidasse um pouco dela. E era de certa forma engraçado que fizesse isso. Há alguns anos, eles foram "amigos". Eram na verdade crianças que brincavam no parquinho. Os dois faziam competição de quem balançava mais alto, quem chegava primeiro a determinado local... Aquela coisa básica de criança, a competição. Mas as coisas mudam tanto. Os dois cresceram, seguiram caminhos diferentes e no fundo acabaram se reaproximando. E quem diria, não é? Uma quase rebelde e falsa puta e um garoto que se cansou do mundo, que se cansou de ser como todos esperavam que ele fosse. Uma amizade bem estranha, uma forma de amor não tão convencional.
, deitada na sua cama, pensou em . Lembrou-se de quando eram crianças. Ela caiu do balanço e machucou o joelho e ele beijou e soprou o machucado, fazendo toda a dor passar. Apesar dos inúmeros beijos, ainda existia aquela dor sufocante. Porém, na presença de , aquilo diminuiu tanto. A menina se lembrava vagamente de estar deitada e de ele dizer que iria cuidar dela, mas francamente não sabia se era um sonho ou uma ilusão. Contudo, a lembrança mais forte foi do dia em que Emma morreu. Ela se recordava estar naquela colina, lembrava-se da conversa e principalmente de fazer um pedido ao dente-de-leão. E ele estava funcionando, mais ou menos. Agora não estava tão sozinha quanto antes. E o sussurro de seu possível sonho voltou: “Eu vou cuidar de você”. E ela não conseguia parar de pensar naquela noite.
Flashback on
“– Sabe para onde quer ir? – a menina disse, apertando a mão do garoto de leve.
– Sei, sim. Você me acompanha? – ele disse com um sorriso no rosto e também apertando de leve a mão suave da garota, como quem dizia que estava feliz por ela estar ali.
Caminharam até uma colina, sempre juntos, um ao lado do outro de mãos dadas. Quem os visse até pensaria que eram namorados ou algo parecido. Quando chegaram ao topo da colina, havia uma árvore com um banco de madeira embaixo dela. se sentou no banco e puxou para se sentar ao seu lado.
– Não sei se queria vir aqui, mas eu costumava vir com a Emma nesse lugar. Ali embaixo é o campo de dentes-de-leão que ela adorava. Dizia que, se nós soprássemos e fizéssemos um desejo, ele se realizaria – disse e os seus olhos ficaram lacrimejados, lembrando-se da pequena e de seus cabelos escuros, com suas franjas caídas aos olhos e o resto dele preso em maria-chiquinha, e dela correndo pelo campo de flores sorrindo.
– Eu gostei daqui. É calmo. Trouxe-me paz. E, mesmo estando escuro, é bonito.
– Que bom que gostou daqui. Gosto daqui. Além de me lembrar da Emma, é bom para pensar. Se um dia quiser, eu a trago aqui de dia. É ainda melhor.
– Eu gostaria, sim. E agora vou cobrar, hein?! – os dois sorriram. Mesmo com tempos “separados”, tempos sem se falarem, eles estavam bem ali.
Ficaram lá muito tempo, até reparar algo perto ao banco. Quando abaixou, viu que era um dente-de-leão. Então lembrou o que disse sobre fazer um pedido. Ela apenas pensou e soprou vários pedacinhos daquela flor pelo ar. Era uma imagem linda. Quando se virou para a garota, tinha vários pedaços de dentes-de-leão à sua volta. Ela tinha um sorriso lindo nos lábios, os seus cabelos compridos voavam e, para , aquilo era a coisa mais linda que já tinha visto.
– Espero que o meu pedido se realize – a garota disse depois de observar que o olhar do garoto não se desviava do seu.
– Ele vai, mas qual era o pedido? – perguntou, todo curioso.
– Se eu disser, ele não se realiza – disse, mordeu seus lábios e colocou uma parte do cabelo para trás da orelha.”
Flashback off
E o pedido, para muitos, poderia ser coisa boba. Tão idiota e pequeno. Mas tudo que ela pedira era para que parasse de doer, para que não desistisse dela nem a abandonasse, como tantas outras pessoas fizeram. E o principal, aquele que foi dito primeiramente, era que melhorasse, que nada lhe acontecesse.
***
não estava conseguindo dormir naquela noite. Mudou de posições tantas vezes que quase se levantou e foi dormir no chão. Não parava de pensar em , em seus poucos sorrisos, nos seus olhos, na forma como o vento bagunçava os seus cabelos. Ah, francamente, a quem ele estava enganando? O garoto estava apaixonado. A-P-A-I-X-O-N-A-D-O. Só um idiota não perceberia, mas, bem, com toda a certeza não estava vendo isso, que estava embaixo do seu nariz. Ele jurou que cuidaria dela e ele cuidaria mesmo. Ela era frágil e em seus olhos podia ver a dor que o sorriso escondia. Ou, em muita das vezes, a cara de brava e de “foda-se” para a vida. O rapaz a vira em diferentes formas: feliz, alegre, confusa, satisfeita e então triste e perdida. E ele odiava vê-la assim. Queria saber como estava. Uma professora dando um tapa nela porque simplesmente não conseguiu segurar um namorado? Absurdo era pouco para definir o que a senhorita Parkson havia feito.
Não aguentou e pegou o iPod. Pelo menos ouvindo música, talvez o sono viesse mais rápido. Depois de umas três canções, sentiu uma “presença”. Sentiu algo. E então ouviu o barulho. Vinha de fora da janela. Quando estava se levantando para ver, viu que era uma pessoa. escalara a árvore e estava quase entrando no quarto do menino.
– ? O que você está fazendo aqui?
– Eu, hum, estou atrapalhando? – estava com a metade do corpo ainda para fora.
– Não, mas é melhor você entrar. Esses vizinhos ficam fuxicando a vida dos outros. E então pode me dizer o que está fazendo aqui a essa hora.
– Eu não conseguia dormir. Queria fazer alguma coisa. Aí pensei que, se não fosse muito incômodo, eu podia vir ver você. Mas se eu estiver atrapalhando, pode falar que vou embora – abaixou a cabeça, fazendo os seus cabelos caírem em seu rosto. Espere. Ela estava corando? Isso é uma coisa bem rara que estava vendo.
– Não. Tudo bem. Eu não conseguia dormir também. Pode se deitar comigo. Eu estava ouvindo música. Quer ouvir?
– Claro – já estava se deitando na cama, ao lado de . – O que você está ouvindo?
– Maroon 5. Conhece? – disse , deitando-se ao lado da garota e lhe dando um dos fones.
– Claro. O Adam é um gostoso.
– , sem falar sobre homens no meu quarto. Muito menos sobre “gostosos” – ao ouvir isso, riu. Uma risada linda e pura.
Dividindo um fone, lá estavam os dois, vestidos e deitados na cama. Com uma música que dizia muito: “She Will Be Loved”. A garota com o sorriso quebrado que seria amada.
– Você está bem? Depois de tudo? – se preocupava muito com . Mais do que ela imaginava. Saber se ela estava bem era o de menos. Ele sabia que a menina estaria mentindo.
– Eu estou – com um olhar acusador de , a garota se sentia um pouco mal pelas mentiras. – É sério, . Ainda está um pouco vermelho o meu rosto... Mas não tem nada de mais.
– Você me deixa ver? – quando lhe mostrou seu rosto, onde a senhorita Parkson deu um tapa, tudo o que conseguia pensar era em como fazer mal para a professora. Ela havia passado de todos os limites. E ali, na frente da garota com uma parte do rosto ainda vermelha, ele queria realmente fazer um mal grande àquela que causou tudo. – , eu... Cara, eu devia ter feito uma coisa para impedir, mas não sabia que ela ia pirar assim.
– , está tudo bem. De verdade. Eu não ligo. Não muito.
– Mas, ...
– Xiii... – e o beijou. A frase foi cortada para dar espaço a um beijo. Naquele momento, eles perderam o controle. Tudo estava ali. Tudo o que queriam demonstravam com um beijo, com essa “conexão” deles. queria que visse o quanto ele a amava. queria isso que tinha com , seja lá o que fosse. Porém, o medo de acabar sendo deixada a impedia de ir muito além. Mas sexo era sexo, certo?
puxou a blusa do corpo e ficou só com um sutiã preto de renda. Sentada no colo de , era um bom lugar para se estar. A garota puxou a blusa de e ambos ficaram nus na parte de cima. Pele com pele se encostando, sentiam-se bem. Na verdade, mais do que bem. E tudo parecia perfeito.
– , eu amo você.
***
– Hum, você o quê? – disse , ainda meio atordoada com a grande frase.
“Ele não poderia ter dito isso. Não mesmo. Ele não pode me amar”.
– Eu disse que amo você.
– , você não pode me amar.
– Claro que posso e eu amo. Não posso simplesmente retirar o que disse. Eu amo você, caralho.
– Tá, ok. Como posso explicar? Eu sou a . Sou o tipo de pessoa por quem ninguém se apaixonaria. Tenho mais problemas que aparento ter, sou uma confusão, chove constantemente dentro de mim e eu não sei quando isso vai parar. Odeio cada minuto dessa vida, mas morrer seria muito fácil. Não seria? Eu estou surtando e não entendo mais nada. Eu... Caralho, eu me odeio. Odeio ter que me levantar todos os dias e estar aqui. Odeio cada pedaço do meu dia. Simplesmente odeio. E nada faz isso parar. E talvez esse seja um dos vários motivos do porquê não posso ser amada. E também porque sou eu. Se eu fosse outra pessoa, também não me apaixonaria por mim – e, com toda a confissão, já estava chorando compulsivamente. Tanta coisa que ela prendeu por tanto tempo. – Olhe, desculpe-me. Eu nunca deveria ter vindo aqui – e então desceu pela janela e foi para casa. Bem deveria ter ido.
Cheia de coisa na cabeça, a garota simplesmente resolveu “andar”. E foi andando para onde seus pés pudessem levá-la. Depois de muito caminhar, ela parou no Holland Park. Engraçado ter ido até lá. Sentou-se em um dos balanços e ficou ali, simplesmente olhando para a cidade à sua volta. Nada ainda fazia muito sentido. Quando resolveu que já estava há tempo demais ali, resolveu ir para casa. Lá teria os alívios por que tanto procurava.
Chegando a casa, foi correndo para o seu quarto. Encostou a porta e foi atrás da sua querida coca. Fez três carreiras e simplesmente puxou tudo. A sensação que tudo aquilo dava a ela era sensacional, mas ainda não era o bastante. Agitada e sem saber como fazer parar, a menina abriu a gaveta, tirou uma lâmina de barbear e começou com os cortes. A cada corte, ela começou a se sentir eufórica com a leve dor e o efeito da droga. Ainda era pouco, depois de marcar os braços, barriga e pernas. E, continuando sem saber como parar toda a dor, ela escolheu usar todo o resto de cocaína que possuía. Aquilo era o ápice.
Foi se cansando e se deitando no chão do banheiro, quando viu uma figura na porta do quarto. Sebastian. Mas que porra ele estava fazendo ali?
A garota começou a gritar e a tentar sair, mas suas pernas viraram gelatinas e, nela, não tinha forças para se levantar. A cada segundo, começou a gritar e a bater na porta para sair.
– SOCORRO! ELE QUER ME PEGAR! , SALVE-ME! ! POR FAVOR! – e as lágrimas não paravam de cair. Desesperada, ela batia com mais força na porta. Sua mão já estava começando a machucar e sangrar da força que utilizava, e então tudo ficou preto.
Quando acordou, tudo era muito claro. Tudo era branco. Aquilo era a morte? Ela não poderia ter morrido. Poderia?
– Senhorita ? Eu sou o doutor Fletcher. Você está na clínica St. Ines. Consegue se lembrar disso?
Clínica? – Então eu não morri?
– Não, você não morreu. Teve uma overdose, seu coração parou por alguns segundos e então precisamos ressuscitar você, mas agora está melhor. Alguns problemas futuros. Nada muito grave. Você vai ficar internada conosco por alguns meses.
Internada? – EU VOU O QUÊ?! – aquilo doía. Foi então que percebeu que estava com um IV ligado no braço e que seus braços e pernas estavam enfaixados.
– Devido, ahn, aos seus problemas de mutilação e uso constante de drogas, sua mãe achou melhor você ficar internada. Por enquanto, temos um contrato de três meses.
– Que saco. Tudo bem. Pelo menos, posso vê-la?
– Isso é outro caso do tratamento. Você não verá ninguém na sua família e amigos durante esse tempo.
– Mas que porra!
Esses seriam os três meses mais longos da vida de qualquer pessoa.
Será que alguém ia vir? Ah, a quem estou tentando enganar? Será que ela vai vir?
Era segunda. Hoje ia ser o primeiro dia em três longos e infernais meses que eu ia ver minha mãe, Candance, Harry, e eu queria muito ver também. Uma enfermeira estranha entrou e me disse que eles já estavam lá. Era hora. Não sei se estou muito bem preparada, mas preciso enfrentar isso. Quando cheguei à porta da sala, só vi um amontado de cabelos me abraçando.
– Oh, minha linda – ah, o amontoado de cabelo era a minha mãe. Ela estava tão cheirosa. Senti falta do cheiro dela. – Eu senti tanta a sua falta, meu bebê.
– É, mãe. Também senti a sua – mais do que eu ia admitir.
Um por um foi me abraçando e, quando olhei ao redor, não o vi. Ele não foi. Ele não estava lá. Argh, agora eu odeio mais do que antes. Mas ouvi uma tosse baixa e fui xingar quem era o filha da puta que estava atrapalhando esse momento, quando o vi. Ele veio. Ele veio. E estava lindo.
– , hum, oi. Será que eu poderia falar a sós com você? – saí da sala com aquela camisola escrota que eles me faziam usar.
– Pode falar o que é?
– Eu quero pedir desculpa.
– Por quê? Você não me ama? Era mentira?
– O quê? Não. Amo você. Eu só não... Ah, sei lá. Só não queria que você tivesse surtado. Caralho, prometi que ia cuidar de você, mas eu não estava lá.
– , , calma. Você cuidou de mim. Sempre cuidou. Eu nunca soube como agradecer. Sabe, nesses três meses aqui, eu finalmente entendi uma coisa.
– Que coisa?
– Eu amo você. E surtei porque nunca pensei que alguém algum dia me amaria e nem que eu fosse capaz de amar alguém. Fodi a sua vida e nem foi da maneira legal ou boa. Fodi meus pensamentos e você e, cara... Eu o amo e, se você puder esperar talvez um mês ou dois, ou sei lá quanto tempo esse médico maluco vai me manter aqui, eu gostaria de ser só sua.
– Ah, . Você já é minha. Você. É. Minha. E vai ser aqui ou fora desse lugar com esse médico maluco – e então ele me beijou. Eu era dele. E ele era meu. E era assim que ia ser.
FIM!
Nota da autora: OLÁ, queridos alecrins leitores. Então, depois de 2364823429 dias, eu finalmente eu terminei. Eeeeee. Não foi nada demais, porém estou feliz e triste que acabou. Só quero agradecer e até a próxima. Mil beijos com amor no pescoço e obrigada. xx