Os meus batimentos cardíacos aceleravam conforme eu corria, apenas a luz da lua iluminava a trilha em minha frente, e minha visão não era tão boa assim, fazendo-me tropeçar em alguns galhos de árvores secos jogados na terra. Meu sapato afundava na lama. Agarrei a faca que estava em minha calça e parei, subitamente, na entrada para a pista. Podia ver o piso cinza, e algumas linhas amarelas no meio. De longe, avistei uma luz forte, que conforme eu piscava, pacientemente, chegava mais perto. Os pneus cantaram assim que o indivíduo fez a curva, contei até cinco calmamente como eu sempre fazia...
1... Ele freou.
2... A luz iluminava toda a extensão do local.
4... O vento batia fortemente em meus cabelos.
5... Ele chegou.
Impulsionei meu corpo para frente, com toda a força que tinha, e me joguei em frente ao jipe enorme que vinha em meu caminho. Pude detectar o semblante assustado do homem no volante, sua boca se abrindo num enorme "O" e um grito agudo saindo da boca da mulher ao seu lado. E então, ele parou o carro em cima de mim. Arrastei-me pelo chão até o outro lado, antes mesmo que eles pudessem assimilar o que acabara de acontecer. Via seus pés pisarem lentamente no chão, temendo o que veriam em seguida. Ouvia o sussurrar da doce mulher saindo do carro aos poucos. "Matamos ele?", ela perguntava.
Não, linda moça, eu matei vocês.
Ela pigarrou assim que chegou na parte da frente, semicerrando os olhos ao olhar para o farol ligado, o homem deu passos lentos até ela e colocou as mãos na cintura, confuso.
— Mas ele estava bem aqui. —Ele disse, apontando as mãos para o local, boquiaberto.
Estava na hora...
A lua cheia piscava lá em cima, acompanhada das estrelas. Olhei ao meu redor e estávamos sozinhos, para minha alegria. Deixei que um sorriso malicioso invadisse minha boca e dei meu primeiro passo, com cuidado. Segurei a faca com força em minhas mãos, e despreocupado, andei até o casal estupefato no meio da pista.
Pigarreei.
O homem deu um pulo para trás e se virou subitamente para mim, enquanto eu escondia a faca em minhas costas.
— Garoto... —Ele levou as mãos no peito e suspirou. — Você nos assustou.
Não respondi. Parado, imóvel ali, eles ficaram me encarando esperando uma resposta. A mulher me olhou assustada e se aproximou do homem, agarrando a manga de sua blusa.
— O que está fazendo aqui? —Ele insistiu, se revezando entre olhar para mim e para a moça.
Balancei a cabeça negativamente e sorri, gentil, para o casal.
— Estou praticando meu passa tempo favorito. — Minha voz saiu suave e carinhosa como eu esperava; o homem soltou um riso fraco.
— E qual é?
Tirei minhas mãos de trás das minhas costas, junto da faca, e coloquei a mesma em frente ao meu peito.
— Matar.
Deixe que o local pareça razoável
Espalhei os papéis pela mesa, tumultuando todos; arrancando as pilhas de folhas que se aglomeravam ali, contendo meus mapas, meus pensamentos, minhas contas, meus raciocínios, meus planos. Minha missão. Estava prestes a embarcar numa nova fase de minha carreira; aprofundar meus conhecimentos, emoldurar um novo hobby, caçar novos talentos. Isso era eu. A sala estava escura, apenas a luz do abajur iluminava a extensão do lugar, deixando-me zonzo. Minhas pernas ficaram bambas assim que não pude formular direito minhas ideias, meus punhos se fecharam, e um estrondo forte ecoou por toda a casa assim que minhas mãos esmurraram a mesa com força, fazendo alguns papéis voarem para o chão. Eu não estava paranoico, eu estava ansioso. Ansioso, faminto. Necessitava daquilo para respirar; era o meu oxigênio. Era como um veneno entrando na minha veia, e uma droga no meu nariz. Suspirei, tentando acalmar-me. Não adiantaria fazer tanto esforço naquele momento. Cocei os olhos, marejados, e abri a porta, deixando a luz da sala invadir minha pupila. Meu apartamento, que parecia mais um ninho de rato, se encontrava numa situação deplorável. Era só uma questão de tempo, e nada que um aspirador de pó não resolvesse. Eu faria isso amanhã.
No dia seguinte, tudo está prestes a mudar
Vesti minha calça jeans larga, que caía todo o tempo, deixando a mostra minha cueca box preta, não que eu me importasse com isso, e uma blusa casual branca. O sol quente batia na janela enquanto seus raios iluminavam todo o pequeno apartamento. Aquilo, ali, não seria um local adequado para começar os arranjos. Peguei meu celular no criado mudo e disquei o único número que eu já decorei na vida.
–"Fala, ." –Uma voz grave e fria ecoou no outro lado da linha.
–"Já me arranjou o local que eu pedi?"
–"Está pronto." – Ele disse e o ouvi pigarrear. –"É perfeito, tenho certeza de que vai gostar."
–"Obrigado, ." – Falei, deixando um sorriso contente invadir meus lábios. Passei as mãos nos cabelos, arrepiados, impaciente.
–"Você tem certeza? Tem consciência do que está prestes a fazer?" – Ele perguntou, pude detectar a preocupação em sua voz. É impossível não saber quando está nervoso, sua voz trêmula o entrega. Ele era meu melhor amigo, afinal. Era de se esperar.
–"Não se preocupe, não é como se eu nunca tivesse feito algo assim."
–"Matar é uma coisa, sequestrar é outra. Você pode ser pego. Ainda dá tempo de desistir dessa missão. Jared é maluco por ter o deixado fazer isso."–Ele disse e ia continuar, mas algo o fez parar. Acho que foi a voz baixa que gritava em sua cabeça, nada adiantaria. Nada me faria mudar de ideia.
–"Já disse para não se preocupar."
–"Pelo menos pegue uma que não grite tanto, e não esqueça, eles vão cobrar."
–"Mas essa é a melhor parte" –Falei, sorrindo, e mesmo não podendo vê-lo, sabia que ele também tinha um sorriso malicioso nos lábios, não era difícil adivinhar isso. Desliguei o celular e o coloquei no bolso.
Seria um longo dia.
já havia mandado o endereço por mensagem, e eu já tinha o mapa para o lugar. Uma voz perfuradora de tímpanos ecoava, alta, dentro da minha cabeça, me impulsionando a fazer aquilo mais depressa. "Faça, sinta, mate". Era uma tentação e tanto, meu desejo mais profundo era pegar alguém na rua e simplesmente enfiar a faca sobre o peito, enquanto assisto os olhos se afundarem num vazio escuro e eterno. Mas meu coração tinha sede por algo diferente.
Colocada todas as roupas e suprimentos necessários na mala, a fechei com esforço e a coloquei no chão. As armas, os remédios, as facas e tudo que eu pudesse precisar estava ali dentro, menos o boa noite Cinderela, que eu coloquei na minha bolsa de ombro, preta, junto do meu amado lenço. Suspirei aliviado por ter feito tudo rápido, e cerrei os punhos tentando controlar minha ansiedade. Eu tinha de agir com calma, cautela.
As ruas estavam movimentadas, meu corpo esperaria até anoitecer. As vítimas ficam mais assustadas quando andam pelas ruas no escuro, com as poucas luzes iluminando; e as poucas, piscam como se houvesse problemas por perto, fazendo um barulho irritante. Um suspense passa por suas veias e um medo enorme invade seu peito. Cuidado, alguém pode estar por perto, e esse alguém é você mesmo.
A lua já estava no céu quando eu limpei o último armário empoeirado da cozinha, suspirei ao ver a hora marcada no relógio na parede. Nove. Nove horas e eu estava ali limpando a casa. Rolei os olhos e apressei meus passos até minha sala escura, dando os pés na mala sem querer, derrubando-a. Xinguei baixo ao levantá-la novamente e juntei os papéis para os ler novamente. Feito isso, o jogo começaria.
Play!
ou
Start!
Eis a questão.
Como eu imaginava, muitas mulheres saiam das baladas rindo e conversando, com suas roupas curtas e salientes, homens as olhavam famintos, podia perceber a baba caindo pelo canto de suas bocas entreabertas. Dirigia com lentidão a fim de analisar cada pessoa que passava por perto, minha vítima tinha de ser perfeita, e eu saberia qual era na hora certa. Eu simplesmente saberia.
Virei a direta numa rua escura e menos movimentada, uma casa noturna jorrava luzes ali perto, e alguns casais, ou quase isso, se pegavam no meio das calçadas como se ali fosse um quarto de motel. Parei o carro, discretamente, do outro lado da casa, observando as pessoas que saiam dali. Umas perfeitamente sãs, com seus saltos alto se quebrando no chão, outras totalmente bêbadas sendo carregadas por homens grandes e fortes. Uma, solitária, saia cambaleando e sorrindo para si mesma, segurando numa mão uma garrafa de cerveja, e uma bolsa vermelha na outra mão. Suspirei. Meus olhos foram para o outro lado, mas, rapidamente, eles voltaram para ela novamente. Seu vestido vermelho se apertava em seu corpo cheio de curvas; ela parecia perdida no meio de todas aquelas pessoas. Sozinha. Ela estava sozinha e bêbada. Sorri, era ela, simplesmente. Seus cabelos ruivos claros caiam sobre seu peito, cheio de ondas, e suas bochechas avermelhadas se erguiam num sorriso torto. Liguei o carro.
Quando falta de delicadeza
Ela andava sem equilíbrio algum pela calçada já vazia, pedia aos deuses que ela entrasse em alguma rua totalmente vazia, ou em um beco sem saída. Ela andava sem direção, duvidava de que ela sabia para onde estava indo. E se eu não estivesse prestes a sequestrá-la? Onde ela acordaria pela manhã? Dirigia o carro, lentamente, a alguns palmos longe dela para que ela não pudesse notar minha presença ali, e dificilmente notaria. Percebi, então, que a rua estava escura e vazia. Apenas algumas pessoas passavam lá longe, eu tinha de ser rápido. Tirei o lenço da bolsa, juntamente com o boa noite Cinderela e derramei um pouco sobre o pano liso, deixando ao meu lado para que eu pudesse pegar com mais facilidade. Ela estando bêbada só tornaria tudo mais prático.
Leave me out with the waste this is not what I do
It's the wrong kind of place to be thinking of you
It's the wrong time for somebody new
It's a small crime and I got no excuse
And is that alright yeah?
I give my gun away when it's loaded
Liguei o farol, fazendo-a virar o corpo para ver-me, mas ela não conseguiria. Pousou as mãos em cima dos olhos, semicerrando os mesmos, para conseguir enxergar melhor, mas não o faria. Dirigi calmamente até ela, parando ao seu lado na calçada, e desci os vidros, inclinando-me pro lado para que ela pudesse ver meu rosto. Meu semblante se tornou gentil. Pude ver seu rosto mais de perto, e ela era muito bonita. Um sorriso inocente se ergueu em sua boca e ela tirou as mãos do olho.
— A senhorita está perdida? —Perguntei gentilmente e ela negou.
— Estou bem. —Sua voz passou por meus ouvidos, fazendo-me estremecer. Era doce e calma, graciosa. Suspirei.
—Não quer uma carona?
Ela assentiu, totalmente desorientada, e entrou no carro. Ela tinha cara de ser o tipo de mulher que não aceita caronas de estranhos quando está sóbria, mas, naquele caso, tenho certeza que ela não sabia o que estava fazendo. Ela se jogou no banco ao meu lado e bateu a porta, e então abriu um grande sorriso enquanto me olhava. Suas bochechas eram naturalmente rosadas, e seus olhos, claros, marejavam. Sorri do melhor jeito que pude.
— Onde a senhorita mora?
— Meu nome é . – Ela disse, baixinho, e piscou carinhosamente para mim. Me peguei pensando qual seria a sua idade, ela provavelmente não passava dos vinte.
— . – Repeti, pensativo. —Sou .
— Moro a três quadras daqui, perto do Oba.
Assenti, mostrando a ela que eu sabia onde era, mas não tinha intenção alguma de levá-la para lá. Após virar duas quadras, virei-me para o lado para encará-la. Um silêncio constrangedor pairava ali, e logo percebi que ela tinha adormecido. Que beleza, não precisaria usar meu veneno. Sorri, vitorioso, e passei direto pelo Oba, seguindo pela pista da direita. O melhor disso tudo é que não se lembraria de nada quando acordasse. E se lembrasse também, melhor ainda.
Seus olhos me dizem que quero amá-la
Seu corpo pesado jazia em meus braços enquanto eu andava lentamente até a porta da cabana. Uma cabana no meio de uma floresta, levei duas horas e meia até lá. Vez ou outra ela ameaçava acordar, e eu apertava o pano sobre seu nariz novamente. A joguei em cima da cadeira e prendi suas pernas e seus braços na mesma, logo depois, coloquei uma fita em sua boca, mesmo sabendo que se ela gritasse ninguém ouviria. realmente sabia criar lugares do fim do mundo, e aquele definitivamente era o melhor de todos. Busquei minha mala no carro junto com todas as minhas tralhas e levei para dentro. Depois, tranquei todas as janelas e portas. Seria um longo fim de semana.
pov:
Senti minhas pálpebras pesarem por cima de meus olhos, meu cabelo estava molhado de suor e pregava em minhas bochechas. Assim que afastei um dos fios de minha boca, senti uma forte dor tatear meu cérebro, e, aos poucos, tentei abrir meus olhos, tendo uma visão embaçada de um lugar desconhecido. Murmurei, baixinho, tentando soltar algum som pela minha garganta, mas tudo saía abafado demais. Fechei meus olhos com força e pensei em coçá-los, mas minhas mãos não obedeceram aos meus comandos. Senti meu pulso arder conforme eu tentava puxar meu braço para cima, e então percebi, finalmente, que estava presa. Abri meus olhos, arregalando-o, a vista estava meio turva, mas pude ver uma silhueta alta e magra em minha frente. Que merda estava acontecendo? Tentei me levantar, mas minhas pernas também se encontravam amarradas. Aos poucos, o homem foi se tornando mais perceptivo, e então, pude vê-lo nitidamente. Seus olhos escuros e perturbadores me encaravam, um sorriso persuasivo se estendia sobre seus lábios secos, e suas mãos estavam cruzadas sobre sua perna trêmula. Forcei a minha mente a voltar até a noite anterior, mas nada me fazia lembrar como fui parar ali. Eu estava numa festa, não estava? Provavelmente bebi demais e acabei indo parar naquele lugar. Ou não. Que lugar era aquele mesmo? Me vi tentada a perguntar, mas um medo gelado e doloroso se expandiu em meu peito, fazendo-me corar e abaixar a cabeça. O homem sentado em minha frente tinha seus traços detalhados no rosto, seus olhos verdes perfeitamente coloridos me olhavam com intensidade. Era um rosto bonito para alguém mal. Olhei para ele mais uma vez, percebendo que seu semblante havia passado de sínico para gentil, espantou-me assim que se levantou de repente e veio em minha direção. Ele se ajoelhou em minha frente e apoiou suas mãos na minha perna, sorrindo.
. Há algo sobre ela que... Me deixou cansado.
Ela me olhava com aqueles olhos grandes e arregalados, claros como a luz do dia, suas bochechas estavam coradas mais que o normal. Sorri sincero. Puta merda, ela era bonita. Muito bonita por sinal. Deixei que pensamentos não adequados para a situação passassem por minha cabeça, amaldiçoei-me com toda a força que tinha, eu era aquilo e continuaria sendo, pois era o que meu coração queria. Mas uma parte dele, uma parte bem pequena, doía, e eu sentia pena da garota com os olhos marejados em minha frente. Passei, carinhosamente, minhas mãos por suas pernas, e ela se moveu firmemente para longe, mesmo que não pudesse se mexer muito, entendi seu recado. Ela estava assustada, e me odiava.
—O que vai fazer comigo? — Sua voz era manhosa e infantil, e seus olhos tão enlutados olhavam para meu rosto com desdém.
—Eu... — Por um breve momento, não tive respostas, e briguei mentalmente comigo mesmo, por isso. Abaixei minha cabeça, encarando minhas mãos e suspirei nervoso. Eu jamais havia feito algo daquele jeito, mas jamais pensei que falharia tanto sem nem mesmo antes tentar. — Eu vou te matar, provavelmente...
A menina arregalou os olhos e murmurou medrosa, podia sentir seu corpo esquentando e sua respiração acelerando conforme seu peito se enchia e voltava ao normal. Eu senti uma vontade súbita de sorrir, aquilo enchia meu peito de alegria, por algum motivo. Ver alguém com medo de mim, dá-me segurança e confiança sobre o que penso e faço, e não há força maior que isso. Ela respirou fundo, fechando os olhos, tentando acalmar-se, e nada se passava em minha mente para que eu pudesse dizer a ela.
— Por que eu? — Ela perguntou, ainda de olhos fechados. — O que eu fiz pra você?
— Nada, meu bem, você não fez absolutamente nada.
— Então... — Ela me olhou — Por quê?
— Porque é isso que eu faço, eu mato. — Respondi. E pela primeira vez, após responder isso, senti remorso. Senti raiva de mim mesmo. Pois, em momento algum ela gritou, em momento algum ela brigou, em momento algum ela me xingou, ou recuou, ou tentou se soltar...
— Tudo bem.
Sua voz era simples e calma, como a de uma criança ingênua que pensa que tudo que acontece em volta é brincadeira. Não era uma brincadeira.
— Tudo bem? — Perguntei incrédulo. Não era o que eu esperava. Ela realmente não estava tendo a reação que eu estava esperando que tivesse.
— Se isso vai fazer você se sentir melhor...
— Do que está falando?
— Eu não sei, , me diz você...
Um fogo passou por dentro de meu corpo, esquentando até minhas entranhas, e vindo em direção a minha boca, senti meu estômago revirar. Minhas mãos tremiam conforme eu tentava formular uma resposta, e ela simplesmente deixou escapar uma lágrima rápida, que escorreu apressadamente por sua bochecha rosada.
— Você... você se lembra do meu nome?
— Sim.
— Do que mais você se lembra?
Ela olhou em meus olhos e piscou algumas vezes, atordoada.
— Eu estava numa festa e... depois... depois eu sai para fora, e segui meu caminho por uma calçada escura, que foi iluminada por uma luz forte, a luz do farol. O farol do seu carro. Eu te disse meu nome e você me disse o seu. Não foi isso? — Ela fechava e abria os olhos, tentando se concentrar nas lembranças que aos poucos invadiam sua mente.
— Foi sim, .
Se apaixone pela voz dela, pelo sorriso, pelos olhos, pelo cabelo, e, pelo mais importante de todos, o coração...
— Quantos anos você tem, ? —Ela perguntou enquanto fitava as árvores do lado de fora da vidraça da janela. Ela pedira para que eu a colocasse ali, porque pelo menos ela teria uma vista bonita para olhar e passar o tempo. Assim fiz, era o mínimo que eu podia fazer já que eu a mataria. Eu estava deitado no sofá, remoendo meus pensamentos mais insanos, quando a ouvi pigarrear.
— 26. E você? — Até então, eu não sabia o quão curioso eu estava sobre sua idade. Mas eu esperei ansiosamente que ela me respondesse.
— 20.
Oh, minha nossa. Ela era jovem, como eu imaginava, mas isso não afetava nem um pouco minha decisão.
— Isso não faz muito sentido, sabe, ?
— Uhm? – Levantei-me para olhá-la, e meus olhos encontram-se com os dela.
— Você, matar pessoas.
— Não faz sentido? Por quê? – Havia muitos motivos, mas eu estava curioso para saber o dela.
— Bom... Não acho que nenhum ser humano tem direito de tirar a vida de outro ser humano. É o que eu acho, apenas.
— E quem deve?
— A vida, . – O modo em que ela pronunciava meu nome em quase todas as frases me deixava frustrado e, ao mesmo tempo, lisonjeado, de alguma forma estranha. — Ela começa e ela acaba, naturalmente. Não precisamos que alguém tire isso de nós. Não estou dizendo isso para mudar o seu ponto de vista e fazer-te desistir de me matar, mas sim porque... Porque não acho justo.
Abaixei minha cabeça e abracei meus joelhos. Ela voltou sua concentração para a janela, se remexendo, desconfortavelmente, na cadeira. Seus braços se moviam lentamente e suas mãos abriam e fechavam dentro da corda. Senti vontade de libertá-la para que seu corpo respirasse, mais ainda não podia confiar em meus instintos.
— Não que seja melhor, mas, já que você se sente bem assim, por que não tira a vida de pessoas que já viveram muito?
— Na verdade, nunca pensei nisso.
Ela sorriu de canto, enquanto olhava para um ponto fixo e distante dentro daquela floresta eterna.
— A vida não é justa, .
Se apaixone pela graciosidade e pela ingenuidade de um corpo são.
Ela estava com os olhos fechados e a boca entreaberta, quando eu sai do pequeno quarto em direção à sala. Sua cabeça caía levemente para o lado e uma expressão de dor inundava sua feição. Caminhei até ela e a tirei das cordas, segurando-a em meus braços e posicionando-a em meu colo. Assim que a soltei no sofá, suas pálpebras se abriram lentamente, suas mãos ficaram trêmulas e seu corpo se remexeu agoniado. Parei, imóvel, com o intuito de mostrar a ela que eu não fazia nada de ruim, mas seus olhos se arregalaram assim que me viu ali ao lado dela, e percebeu que estava no sofá. Olhou em volta atordoada, e rodou seu punho, uma expressão de alívio rondou seu rosto e eu sorri atento.
— Achei que gostaria de descansar um pouco.
— Não tem medo que eu fuja? — Ela perguntou, com um sorriso levado no rosto. Me perguntava qual era o problema com ela.
— Não.
— Não tenho medo de você, . – Ela afirmou, apoiando sua cabeça em sua mão e se virando para mim, ainda deitada. Ajoelhei-me ao seu lado, um pouco tenso por ter ouvido sua grande confissão.
— Ah é?
Ela assentiu.
— Por que não?
— Minha mãe dizia que quando sentimos medo de algo, nos tornamos submissos a esse medo. Eu não sou submissa a você, .
— E onde ela está agora?
— Está morta. Em algum lugar distante daqui... porque todos morrem um dia. – Ela disse aquilo tão naturalmente que quase me convenci de que poderia ser mentira.
— E como ela morreu?
— Ela foi assassinada.
— Uhm...
— Mas ela se vingou de todos que a machucaram. – Ela dizia, enquanto estava alheia fitando um ponto muito mais profundo do que meu rosto. Poderia achar até que tinha alguém atrás de mim. Mas era impossível.
— Como assim?
— Ela voltou e matou todos os homens que abusaram dela e depois a mataram.
— O que?
— Eram nove. Nove homens. Ela cometeu nove crimes em uma só noite. E então ela pôde descansar em paz.
Ela fechou os olhos e se virou para o outro lado, se alinhando confortavelmente no sofá. Respirou fundo antes de cair no sono...
Porque ela chora.
Chora porque ela teme.
Teme porque ela tem.
Tem você, mas você não tem a ela.
Não tem ela porque você é mal.
Mal porque a vida lhe jogou pedras.
Pedras porque você não foi forte.
Não foi forte, porque é fraco.
Fraco, porque não soube amar e nem ser amado.
Ela chorava baixinho, agarrada com uma almofada, enquanto eu bebericava meu café quente. Perguntei algumas vezes se ela queria e ela apenas negou. Os dias passavam rápido, e nenhuma vontade ou coragem se passava por meu coração. Três dias que estávamos ali. Três dias que eu podia ter simplesmente agilizado o processo e a matado. Apesar de suas conversas serem divergentes, e ela quase nunca entender o que fala, por talvez estar ficando louca de medo, eu gostava de ouvi-la. E aquilo estava me corroendo por dentro, como se alguém tivesse injetado um veneno asqueroso dentro de mim, que engole todos os meus órgãos aos poucos. Pisquei atordoado ao ouvi-la soluçar. Ela não se desesperava, nunca, apenas chorava baixinho consigo mesma, talvez com saudade da vida monótona que estava levando.
Me levantei, decidido que aquilo mudaria. Meu coração batia forte, e minhas pernas cambalearam até o sofá, no qual joguei meu corpo com força por cima, fazendo-a pular e me encarar incrédula.
— O que está fazendo?
— Quero saber mais sobre você.
Sua boca se moveu um tico para o lado num sorriso torto e ela secou as lágrimas de seus olhos.
— Por que quer saber mais sobre mim? Você vai me matar mesmo! – Ela disse, se ajeitando no sofá, virando-se para mim.
— Vamos, diga-me.
"Deixe-me junto com o lixo, não é isto que eu faço, é um lugar inadequado para estar te traindo. É a hora errada pra ela estar me puxando. É um pequeno crime, e eu não tenho desculpas... Está tudo bem?"
Ela passou a língua nos lábios e olhou para baixo, buscando em sua mente desfocada algo que pudesse me dizer; eu gostaria, naquele momento, de poder ler sua mente, ou entrar lá dentro e buscar na memória dela suas melhores lembranças e, quem sabe assim, eu pudesse sentir algo. Pois ela era tão bonita, por fora, e, incrivelmente, por dentro também. Suas mãos trêmulas estavam cruzadas em volta de sua perna e seus cabelos estavam desgrenhados e levemente levantados. Ela sorriu.
— Eu não sei nada sobre mim. Vivo sozinha num apartamento, saio de noite para me encontrar, mas só me perco. Não tenho muitos amigos, quase não visito minha família. E... trabalho como secretária para uma empresa de advocacia, servindo cafezinho e separando documentos, não é o melhor trabalho do mundo, mas me sustenta.
— Você tem namorado?
— Não, não tenho namorado, nunca quis ter.
— Por que não visita sua família? – Perguntei, curioso, e ela pareceu recuar por um momento, deixando-me pensar que aquela era uma pergunta que temia que eu fizesse. Ela piscou, como sempre atordoada, e me encarou.
— Depois que minha mãe morreu, eu me afastei por um tempo, e me esqueci de voltar. Eles me procuraram por um tempo, tentando me trazer de volta, mas... eu já estava com minha vida, minhas coisas, e eles me faziam lembrar dela. Meu pai, às vezes, me liga chorando dizendo que sente minha falta e eu... eu nem mesmo consigo olhar para ele. E agora eu estou aqui prestes a morrer, e ele não vai saber o quanto eu o amo. –Ela encostou a cabeça nos joelhos e deixou que as lágrimas caíssem de seus olhos como uma cachoeira, cheia de dor. Por um segundo, pensei ter sentido meu coração aumentar até ficar apertado e encolhido dentro do meu peito, mas depois, não me deixei ser enganado por seu pedido de misericórdia indireto. Mesmo que uma parte de mim, uma parte indecisa e sensível que eu por muito tempo ignorava e evitava, piscasse no fundo de minhas entranhas, chamando minha atenção.
— Você pode escrever uma carta. Se quiser.
Família
Ela estava sentada na cadeira com as mãos sobre a mesa, encarava o papel em sua frente como se ele fosse o último do planeta, e de novo, ela estava chorando. A caneta tremia em sua mão enquanto ela levava a ponta até o papel. Me questionei contra minha vontade, se eu teria mesmo coragem de matá-la. E, se eu fizesse, teria de ser depois que ela escrevesse, sem mais delongas, eu pedi que ela andasse mais rápido e ela o fez, escrevendo com sua letra meiga e pequena.
Assim ela terminou, ela a fechou e entregou para mim, alegando que iria dormir.
— Se quiser me matar enquanto eu durmo, vai ser melhor para mim.
Ela sugeriu enquanto se deitava no sofá.
— Mas não vai ter diversão para mim.
Assim que ela dormiu, sentei-me na cadeira ao lado da janela e vi a as estrelas tão brilhantes lá em cima. Lembrei-me, por um momento, nas vezes que eu deitava sobre a grama do jardim e ficava assistindo-as, enquanto minha mãe e meu pai faziam churrasco, felizes com a vida. Sentia falta disso, sentia falta deles. Mas jamais me cansaria de matar as pessoas pelo prazer que eu sentia, assim como aquele homem não hesitou na hora de matar meus pais.
Olhei para a carta em minhas mãos e abri, mas não por curiosidade, por querer sentir algo diferente além de um vazio enorme e uma vontade quase incontrolável de ver alguém sofrer.
"Querido pai,", ela dizia, "Esses dias a morte me pegou, me sequestrou, e me prendeu. Eu jamais pedi que isso acontecesse, mas sabe, eu já vivi muito tentando encontrar o meu caminho, já senti muita dor para continuar aqui sem ganhar nada de bom. Peço perdão a ti, papai, por ter sido tão ausente a você desde que mamãe se foi. Eu quis voltar, mas eu não conseguia. Sou fraca, e falhei com o senhor. Te abandonei no momento em que você mais precisava de mim. Mas saiba que eu te amei, e te amo, como nunca amei ninguém na vida. E vou para sempre amar-te, com muita força e muita fé. Você foi meu herói e continua sendo. Mas chegou a minha hora, pai, e eu sinto muito. Eu quero ir, eu quero ir, já não vejo motivos para estar aqui. Você, viva sua vida feliz sem mim, viva sua vida como sempre quis, vou ser a estrela no céu a te observar e te guiar. Não se sinta triste por mim, a morte vai me acolher como uma amiga que eu nunca tive. E vou estar melhor assim. Amo-te, papai, adeus!"
Uma lágrima teimosa caiu de meus olhos, fazendo-me pigarrear. Me levantei, rapidamente, e me ajoelhei em frente a ela. Ela dormia levemente, com um pequeno sorriso nos lábios e uma lágrima seca nas bochechas. Ela queria isso. Geralmente, quando eu mato, mato aquelas pessoas que imploram para continuar a viver, mas ela não tinha problemas nenhum com a morte. Isso me assustava.
O dia seguinte pode ser ainda mais triste.
— Eu até gosto de você, . – Ela dizia enquanto passava a mão delicada pelos meus cabelos. Estávamos sentados no sofá, como sempre, esperando minha angústia passar. E ela insistia em ser amigável. Olhei para ela, não acreditando naquilo, e ela soltou uma risada gostosa de se ouvir.
— Não devia.
— Você quer mesmo me matar? Achei que se quisesse, já teria.
— Nunca demorei tanto...
— ...Você nem ao menos tentou.
A encarei, nossos olhos se encontraram, senti meu estômago revirar. Que merda estava acontecendo, afinal? Eu jamais senti pena ou compaixão pelas minhas vítimas antes, e não seria agora. Mas, de repente, ela se afastou para perto de mim, ela estava tão perto que eu podia sentir sua respiração, descontrolada, em meu rosto. Ela passava seus dedos leves, carinhosamente, pelos fios desgrenhados de meu cabelo.
— Posso? – Ela aproximou seu rosto do meu.
— O que?
— Se vai me matar, não posso morrer sem antes beijar alguém pela primeira vez.
— Você nunca beijou?
— Não.
Pisquei meus olhos, atordoado por um momento, e então, subitamente, seus lábios macios encostaram nos meus. Eu podia agredi-la por ter feito isso, bater nela até ela morrer de dor, mas meu corpo simplesmente não conseguiu se mover. Suas mãos passeavam pelo meu rosto, e então, retribui o beijo com muito esforço. Nossas línguas dançavam e, numa sensação quente, senti meu corpo arder de vontade. A deitei com força no sofá e me deitei por cima dela, sem liberar todo meu peso, beijei-a com mais vontade, suas unhas fincaram em minhas costas, e eu passei minhas mãos por seu corpo. Estava quente e ela me apertava contra ela mesma, com prazer. Abri meus olhos, rapidamente, vendo a situação que estávamos e me afastei dela num pulo. De início, ela me olhou assustada, com seus olhos arregalados, e então, seu semblante ficou triste e arrasado.
— Você não me quer? – Ela me perguntou, como se o que houve fosse totalmente normal.
— Isso não pode acontecer.
— Por que não?
— Eu não te trouxe aqui para isso.
— Então me mate logo de uma vez. Não é mais fácil?
Sua proposta era irresistível, mas, ao mesmo tempo, meu coração me pedia outra coisa.
Dois dias se passaram...
— Estou com fome.
Ela reclamava enquanto deitava-se folgadamente no sofá, com as pernas apoiadas numa pilha de três almofadas. Revirei os olhos.
— Te trouxe aqui para te matar e acabei virando seu empregado. – Cruzei os braços, a olhando com desdém, então ela soltou uma gargalhada alta e escandalosa que me fez rir.
— Prefiro te chamar de mordomo, é mais chique.
— Engraçada.
Bufei, irritado, e fui até a cozinha. Não tínhamos muita opção de comida, já que trouxe poucas coisas. Não imaginava que eu ficaria tanto tempo ali com ela. Podia ouvi-la cantarolar alguma música, enquanto eu colocava queijo no pão de forma. Sorri para mim mesmo. Ela tinha esse jeito descontraído e aberto de ser, não tinha forma alguma de não gostar dela, da pessoa que ela era. Durante os dois dias que se passaram desde que ela enfiou a língua dela na minha boca, tudo havia ido por água abaixo. Nem ao menos me reconhecia. Eu pensava nela a todo minuto, sonhava com ela, não tinha medo que a qualquer momento ela fugisse, pois sabia que ela gostava de mim, não conseguia ficar longe dela apesar de não ter outra escolha.
Terminei o misto quente e levei para ela, que já se encontrava sentada na mesa, pronta para saborear meu talento culinário. Ela sorriu grande e piscou, exageradamente, enquanto eu colocava o prato em sua frente.
— Bom apetite, madame.
— Obrigada! – Ela riu.
Se apaixone pelo inimigo...
Estávamos deitados na cama do pequeno quarto onde eu dormia, ela fitava o teto enquanto seus dedos dançavam pelo meu braço, fazendo uma cosquinha confortante.
— Por que você nunca foge?
Perguntei. Ela me olhou com uma expressão confusa e então abriu um meio sorriso.
—Não quero fugir.
—Digo, você teve tantas oportunidades de ir embora. E você não foi. Por que?
—Porque... – Ela pareceu pensativa e voltou a fitar o teto. — Porque eu gosto da sua companhia.
—Não tem medo de que a qualquer momento eu vá te matar?
—Não.
—Porra, garota! – Brinquei. — Você tem Síndrome de Estocolmo, ou o que?
Ela riu e deu um tapa em meu braço.
— Gostei de você, só isso.
Minha cabeça doía, e algumas lágrimas caiam de meus olhos sem eu deixar. Os braços dele estavam sobre meu corpo, ele tinha uma respiração leve e amigável, a sentia em minhas bochechas. O quarto estava escuro, eu sentia ele ao meu lado, mas também sentia a presença de mais alguém. Eu sentia falta, falta da minha vida na cidade. Falta das festas que eu ia, de ficar em casa, do meu trabalho. Mas não era melhor do que ter uma companhia. Ficar sozinha nunca era bom para mim, e saber que estava do meu lado, mesmo que ele quisesse me ver morta, já era algo bom. Parecia loucura quando você pensava melhor sobre isso, mas para mim não se passava de uma solidão sendo preenchida aos poucos, um espaço vazio sendo invadido por uma alma que no fundo é boa. se mexeu do meu lado, apertando-me em seu corpo, e respirou fundo. Fazia tempo que ele não dormia e eu sabia, ele sempre ficava me vigiando para ver se não ia sair no meio da noite e fugir dele. A questão é que sabia que ele tinha medo que eu fosse embora, não porque ele queria me matar, mas sim porque ele não queria me perder. Um barulho alto ecoou do lado de fora, fazendo-me pular, meu sangue ferveu e meu coração acelerou tanto que achei que fosse pular para fora do meu peito. Toquei , balançando-o e sussurrando seu nome, ele apenas murmurou e virou de barriga para cima, ignorando totalmente meu desespero.
—? Tem alguém aqui, , acorde! – Passei minhas mãos por seu rosto a fim de chamar sua atenção, e, aos poucos, seus olhos se abriram, encontrando a escuridão.
Outro barulho alto, semelhante a um tiro, e batidas na porta ecoaram do lado de fora, fazendo se levantar rapidamente e ligar a luz. Seu semblante era assustado e confuso, ele correu até sua mochila e tirou de lá uma arma, meu coração parou.
— Fique aqui, está bem? Não faça... barulho! – Ele disse, antes de depositar um beijo rápido em meus lábios e sair porta a fora.
A cabana estava escura, podia enxergar apenas umas frestas de luz que entravam pela janela. Acendi a luz, clicando rápido na tomada e fui em direção à porta. A pessoa do outro lado parecia forte, ela batia e gritava meu nome. Eu jurava que aquela voz era-me familiar. Alguns buracos estavam na porta, indicando que ele estava armado.
— , abra a porta, porra. Eu sei que você está aí! É o . Abre!! – Ele batia desesperado. .
Abri a porta e vi o homem desengonçado e alerta do outro lado. Ele suspirou, aliviado, e adentrou o local. Andava de um lado para o outro, atordoado.
— O que foi que aconteceu?
— Você sumiu! Foi o que aconteceu...! Você tem ideia do problema que você causou, ? – Ele gritava e suava, desesperadamente.
— Do que você está falando?
— Nós tínhamos um acordo, você sequestraria, conseguiria dinheiro, mataria. Era simples e fácil, . Mas você simplesmente sumiu. Você está com a vítima aí? – Ele perguntou e começou a rolar os olhos por todo o lugar.
— Olha, eu... eu juro que acho outra pessoa e consigo dinheiro...
— Estamos em dívida com os Winers a semanas, esse era o único modo de pegá-los.
— Eu sei, se acalme, ok? – Tentei, em vão, fazê-lo se acalmar, mas isso apenas o estressou mais. – Eu acho outra pessoa.
— O que houve com a pessoa que você pegou?
Meu coração deu um nó assim que pensei na resposta. Não podia simplesmente matá-la.
— Ela ainda está viva?
— Está. – Respondi num sussurro, assim que percebi a burrada em que me meti e no tanto que aquilo me ferraria.
— Você tem que matá-la, ou eles matam a gente. Se ela contar a alguém sobre nós vamos ser presos...
— Eu sei, mas não posso. – Passei a mão pelo cabelo e apertei a arma em meus dedos.
— Não pode? – Ele riu, irônico, e jogou o corpo para trás, fitando o chão. — Como assim não pode? COMO ASSIM NÃO PODE,
? – Ele me jogou na parede e me prensou contra a mesa, apertando meu peito com as mãos. Por um momento, fiquei estupefato por estar sendo agredido por meu melhor amigo, e então, sorri. Apenas porque sabia que tudo que habitava seu corpo era o medo.
— Me solte, .
Ele piscou, atordoado, e frouxou as mãos que agarravam minha blusa.
— Agora, se acalme.
— Eles estão vindo para cá. Se eles encontrarem essa menina, você pode esquecer ela, a mim e você mesmo!
Minha garganta se fechou, minhas mãos tremiam como se eu estivesse numa convulsão, sentia o suor descer por minha testa. Eu poderia simplesmente ir até o quarto e atirar nela, mas só dessa ideia passar por minha cabeça, uma dor horrível invadia meu peito. Meu estômago revirou, sentia-me culpado ao extremo por ter metido ela nisso. Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas sentia que eu devia protegê-la. Não queria mais matá-la, não queria mais fazer o mal a ninguém.
— , eu sou o seu melhor amigo, certo?
— Não. – Ele disse, sério, e apertou a arma — Você é meu irmão!
Sorri.
—Então... Precisa me ajudar.
Você está preparado para lutar? Por ela...?
— Sinto muito por ter te colocado em perigo. – Falei, fitando minhas mãos trêmulas.
Ela estava sentada em minha frente, com seus olhos arregalados após ouvir o que aconteceria. Lágrimas brotaram em seus olhos, e eu senti a dor dela. Me aproximei e a envolvi em um abraço, apertando-a em meu corpo. — Não vou deixar que nada de ruim aconteça com você, eu prometo.
— E se algo de ruim acontecer com você?
— Não vai fazer diferença...
— Vai sim.
— foi tentar resolver as coisas, contar a eles o que houve. Eles vão vim para cá. Preciso te tirar daqui. – Fiz menção de levantar, mas ela agarrou meu braço.
— Só... Por favor, vem cá?
Ela me chamou, se aproximando de meu rosto. Nossos lábios se colaram e eu a deitei na cama. Minha mão passeava livremente por seu corpo enquanto ela se encolhia embaixo de mim e arranhava minhas costas. Um beijo quente e cheio de desejos, ela grunhiu baixinho assim que toquei sua intimidade.
— Você tem certeza?
Perguntei assim que tirei sua blusa e ela sentou em meu colo.
— Tenho.
Beijei seu pescoço, dando leves mordidas enquanto ela sussurrava meu nome em meu ouvido, aquilo me deixou mais louco do que eu podia imaginar. Sua parte roçava na minha fazendo-me estremecer, enquanto ela rebolava em cima de mim. Ela passou seus lábios por meu pescoço, fazendo-me morder o lábio para segurar um gemido.
Ele me deitou na cama de uma forma delicada e beijou meu pescoço, só tive o impulso de botar minhas unhas em suas costas, arrancando sua blusa. Ele mordia meu pescoço e já descendo devagar até meus seios cobertos pelo sutiã, e soltou o mesmo, tirando-o. Suas mãos foram direto no meu peito e seus lábios encontraram os meus, beijando-me ferozmente. Sua mão desceu até a calça que eu usava - que por acaso era dele - e ele a tirou rapidamente, voltando a sua mão para minha intimidade. Nunca havia sentido algo daquele jeito, nunca nem havia chegado perto de fazer algo assim. Ele passava seus dedos levemente e então ia aumentando a velocidade, fazendo-me sentir um prazer incrível invadir todo o meu corpo. Já não me aguentava ali parada enquanto ele rodava dois dedos em minha parte, enquanto mordiscava minha orelha. Soltei um gemido alto fazendo-o sorrir e então ele desceu sua boca pela minha barriga, beijando a mesma. Joguei minha cabeça para trás, sentindo seu toque até que ele chegou lá embaixo. Não sabia bem sua intenção, mas sabia que eu ia gostar. Ele arrancou a minha calcinha e então pousou seus lábios sobre minha parte, fazendo-me tremer. Agarrei seu cabelo, puxando o mesmo, e fazendo-o murmurar sorridente enquanto ele fazia movimentos com a língua. Mas que sensação era aquela tomando conta de meu corpo? Eu tremia como se tivesse tendo uma convulsão. Então, ele subiu novamente e tirou a sua calça e sua cueca, jogando-as em qualquer canto.
— Tudo bem? — Ele disse, entre suspiros. Eu assenti, suando frio, e tentando controlar minha respiração ofegante. Olhei para baixo e vi sua parte totalmente ereta, apontando para mim. Um pingo de nervosismo invadiu meu corpo, mas, assim que os lábios dele encostaram nos meus, eu me senti segura novamente.
— Me avisa se eu te machucar, ok?
Assenti novamente, não encontrando mais a minha voz quando uma dor pequena invadiu minha parte, fazendo-me gemer alto. Ele me olhou, assustado, e eu sorri, envolvendo-o em um beijo quente. Ele me abraçou em seu corpo enquanto eu fincava minhas unhas em seu corpo.
— .
— .
E éramos um só.
O inimigo bate em sua porta.
9 crimes serão contados.
Oh Deus, não tenha piedade de mim. Você sabe quantos pecados cometi, mas mandou um anjo para me livrar. Eu apenas não tinha motivos para amar, ou sentir, ou ser amado. Eu apenas não via graça nas pessoas em minha volta. Eu apenas sentia fome por sangue e gritos. Me perdoe, eu falhei. Não tenho meus pais, não tenho ninguém. Mas, pela primeira vez, depois de tanto tempo, alguém me acolheu e me amou, mesmo sob ameaça. Nunca acreditei que todos no mundo tinham sua metade, alguém para te completar e te fazer feliz. Percebi, então, que senti que era ela desde o momento que a vi sair da festa. Percebi que, desde aquele momento, eu já havia desistido de machucá-la. Percebi que, no fundo de minha alma, eu tinha sentimentos. Mas os crimes já foram cometidos, pessoas já foram mortas por mim. E eu não tinha uma segunda chance. Sinto muito. Sinto muito. Sinto muito. Eu a amava.
— Eles estão vindo. – falou assim que adentrou o local.
— Preciso te pedir um favor.
Ele assentiu.
— Se algo acontecer comigo, cuide da , por favor.
— Cara, o que você tem com essa menina?
Eu não tinha respostas para aquilo, tinha?
— Acho que a amo.
Se arrependa antes que seja tarde demais.
Deus, talvez eu me arrependa. Eu poderia ser um homem normal, perdido pelas ruas. Eu poderia ter encontrado ela por acaso na porta daquela boate, e a ajudado realmente a chegar em casa. Pegar o telefone dela e chamá-la para sair. Mas eu era um destruído, que gostava de tirar a vida das pessoas. Por quê? Por que um homem fez isso com meus pais? Tirando-me a chance de ser uma criança normal com uma família normal? Deus, por que me deixou virar esse lixo?
Leave me out with the waste
Mas me arrependia por ter sido assim; talvez eu devesse mesmo ir embora. Deixar de lado as diferenças. Talvez aqui não seja mais o meu lugar.
— Você já está indo? – A voz chorosa dela ecoou por toda casa. levantou uma sobrancelha e sorriu gentilmente para ela. Eu assenti, envolvendo-a num abraço. Para ele aquilo era algo estranho, imagine para mim.
— Não fique tão preocupada.
— Posso te dizer uma coisa antes?
Assenti, beijando seus cabelos ruivos.
— Gosto de você, . Promete que vai voltar aqui?
— ... Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Mesmo isso sendo tudo muito estranho. Eu... você me fez ver que... que eu tenho sentimentos. – Me embolando dentro de minhas palavras, tentava formular as frases que eu tanto queria botar para fora. — Prometo tentar voltar, mas se eu não conseguir, quero que saiba que eu vou sempre cuidar de você.
— Está bem. – Depositei um beijo em sua testa e sequei a lágrima que escorria em sua bochecha, e me virei. — !
— Uhm? – Virei-me para ela novamente e ela correu em minha direção, dando-me um abraço.
— Sem querer interromper este momento sensacional e romântico. Um tanto milagroso também. Mas... ELES ESTÃO VINDO! – disse, desesperado, com uma pitada de humor. Já não era sem tempo. Beijei-a como se fosse o último e sai porta afora.
Os Winers, que eram um grupo de homens altos e fortões, vinham em minha direção. Caras fechadas, punhos cerrados, armas na calça. Tentei sorrir e cruzei os braços. O do meio, o líder de todos ali, parou em minha frente, bufando e revirando os olhos.
— .
— Jared.
— Meu dinheiro.
Meu coração acelerou a mil por hora. Eu sabia que, assim que eu dissesse que não o tinha, ele me matéria sem dó nem piedade. O que eu podia fazer até lá, huh? Com certeza já havia colocado no carro, como combinado. Ela não sabia do plano, até então. Ela já estava longe de perigo, eles não alcançariam eles. Eu estava em perigo naquele momento, mas pelo menos eu morreria sabendo que me permiti amar novamente.
— Estou esperando.
— Houve um problema... Se vocês puderem...
— Winers não dão segundas chances, , você devia saber disso. – Ele o interrompeu com a voz dura e sarcástica que tinha. Engoli em seco, a procura das palavras certas para dizer. Apenas podia prever um breve futuro. Eu nunca mais a veria, ela nunca mais veria a mim. Ela seria feliz longe, e meu melhor amigo cuidaria dela. Fora difícil para ele deixar-me sozinho nessa para seguir com uma menina que ele mal conhece. Mas eu tinha plena confiança de que era o certo, além de ter uma confiança quase inabalável em , sabendo, então, que ele não faria mal a alguém que é importante para mim. – , não temos o dia todo!
Ele falou, se aproximando ainda mais de mim. Nem sempre fui um cara fraco, eu saberia exatamente o que fazer se eu não tivesse uma certa ruiva encantadora na cabeça. Eu já podia dizer adeus a minha vida àquela altura.
— Se você me der mais um prazo, juro que lhe dou o dinheiro em dobro. Consigo o dinheiro e mais um pouco, apenas me diga a quantia. – Falei, tentando parecer confiante e verdadeiro, apesar de que muito daquilo era uma desculpa para fugir, e algo me dizia que ele sabia disso.
— Você acha que eu sou idiota?
— Acaba logo com isso cara, ele não tem nosso dinheiro. – O do canto da direita disse, impaciente. O do meio, o Winer oficial, fez um gesto com a mão e, então, dois bruta montes vieram me segurar.
— Por favor, eu juro, eu juro que se me derem mais uma chance não vão se arrepender. – Tentei, em vão, suplicar para que me soltassem, eles apenas riram de mim.
— Nunca esteve nesta situação, não é mesmo? Diga-me, , quantas vezes você pegou uma pessoa e a prendeu? Quantas vezes você ouviu uma mulher ou um homem implorarem por sua vida? Quantas vezes você ouviu uma voz entre choros e soluços dizendo "Se você me der uma segunda chance... por favor não" – Ele imitou uma voz fina e chorosa. Meu coração se quebrou em mil pedaços. —Quantas vezes, , você poupou uma vida? Huh? Nenhuma vez! –Ele encostou o rosto perto do meu e cuspiu na minha cara, mostrando o nojo que sentia por mim. E eu também. — Agora você está na mesma situação que eles, implorando por sua vida. Por que eu deveria ouvi-lo? – Lágrimas teimosas desciam por meu rosto sem que eu pudesse controlá-las. Ele riu, ironicamente, e tirou a arma da calça apertando-a firme. — Por que eu deveria sentir pena de você? Compaixão por você? Por que eu deveria desculpá-lo? Você alguma vez, , sentiu pena de alguém que matou?
Neguei com a cabeça, porque era a verdade. Mas eu senti pena de alguém que eu não matei, senti amor por alguém que poupei a vida. Porém, isso não era o bastante.
— Nem ao menos dá para contar nos dedos a quantidade de pessoas que você matou por puro prazer, e aí, você me vem com essa de que quer participar de uma missão. Te dei uma chance, você falhou. Então, eu sinto muitíssimo em te dizer que agora é a sua vez de morrer.
Ele puxou o gatilho e eu fechei meus olhos. Me perdoe Deus, por ter sido assim. Eu a amo com todo o meu pequeno coração, espero que cuide dela... Como cuidou de mim. A última lágrima desceu por minha bochecha, antes que eu me entregasse totalmente para o meu destino. Eu poderia, simplesmente, lutar contra eles e tentar sobreviver, mas valeria mesmo a pena continuar aqui com tamanho peso na consciência? Deixei. Deixei que ele me levasse embora, por puro arrependimento. O disparo foi feito, um estrondo alto soou em meus ouvidos, ouvi sua voz grossa e alta gritar "Seja bem-vindo no inferno, filho da puta", antes de um buraco ser feito na minha barriga, uma dor enorme escorrer por toda a parte de meu corpo e minha pele queimar como se eu estivesse sido jogado no fogo. Não Jared, você seja bem-vindo ao inferno, eu me arrependi. Não abri meus olhos, mas a última imagem que se passou em minha cabeça foi aquele sorriso envergonhado, e aqueles olhos marejados.
E seus longos cabelos ruivos...
O assassino foi assassinado
— ?! – Eu gritava, espalhado os galhos de árvore que entravam em meu caminho. ao meu lado tentava me acalmar, mas naquele momento minha mente só me guiava para o desconhecido. A floresta ficava cada vez maior. Assim que percebi que o plano de era me levar para longe e deixar com o tal de Jared, pulei sem pensar duas vezes, e ele, se vendo obrigado a me ajudar, parou o carro e me seguiu.
— !!!! – Gritava, torcendo para ouvir sua voz doce gritando de volta, mas apenas ouvi os pássaros cantando. Meu coração bateu forte, como se quisesse pular do meu peito.
O que estava acontecendo? Foi pouco tempo para assimilar tudo. Eu sei que ele era um cara mal, mas não via isso em seus olhos. Eu via amor. Eu via arrependimento. Eu via um homem que estava preso em uma vida que ele achava ser boa, mas no fundo sabia que não era. Eu vi meu primeiro amor. E foi tudo tão rápido. Eu me apaixonei pelo meu inimigo, e nem ao menos tentei não me apaixonar. Pois eu senti, no fundo do meu peito, que ele precisava de mim. Era eu que poderia fazê-lo viver novamente. E meu coração se partia em pedaços pequenos ao pensar que poderia ser tarde demais. Um barulho alto ecoou por todo o lugar, fazendo os pássaros voarem.
— Droga! – murmurou e acelerou seus passos para longe de mim. Corri atrás dele, seguindo seu caminho. Aquilo não podia estar acontecendo.
Seu corpo jazia no chão, imóvel. Seus olhos estavam fechados, mas seu peito se levantava lentamente. Ele estava vivo. Sentei-me ao seu lado, segurando sua mão, que estava por cima do buraco onde a bala havia entrado, em sua barriga. Ele estava sentido a dor que causara em tantas pessoas. Fechei meus olhos levemente e deixei uma lágrima escapar.
— Vou ligar para a polícia.
disse, despertando , que abria seus olhos forçadamente e piscava atordoado.
— .
Ele olhou em meus olhos e deu um sorriso pequeno e fraco.
— . – Sua voz estava rouca e falha. — Fico feliz que esteja aqui. Amor. – Uma lágrima caiu de seus olhos e ele murmurou algo que eu não pude entender. — Pelo menos vou morrer nos braços da única mulher que amei de verdade. – Ele tossiu, sem fôlego, e fechou os olhos. — Espero que você fique bem...
Ele disse e então, ele se foi.
— Não...
— Temos que ir, . Se a polícia me pegar, eu vou ser preso. E ele me pediu para cuidar de você.
Assenti. Assenti e o deixei ali, depositando o último beijo em seus lábios.
Às vezes, as coisas acontecem. Sabe? Elas simplesmente acontecem. E temos que aprender a viver com essas coisas. Mesmo que elas machuquem. E mesmo que o machucado arda todos os dias e nunca cicatrize. Olhar para a frente sem se importar com os obstáculos. O primeiro era falar com meu pai. Claro que falei com meu pai, antes mesmo de ir até o enterro de , e ele fez questão de me acompanhar. Ninguém foi. Somente eu e meu pai.
Deixei ali uma flor. Uma flor que eu trocaria toda semana quando o visitasse.
— Espero que você esteja bem, querido . – Falei, passando a mão lentamente por sua lápide. — Fico feliz por ter vivido em uma semana mais do que já vivi em toda minha vida, ao seu lado.
Peguei um bilhete que escrevera, na bolsa, esbarrando minha mão num envelope que eu nunca tinha visto. Talvez porque aquela bolsa estava comigo no dia em que fui sequestrada, e só a peguei rapidamente antes de me enfiar dentro do carro. E, depois daquilo, uma tristeza tão enorme invadiu meu peito que não pude perceber mais nada ao meu redor. Abri o envelope branco, encontrando uma folha meio rasgada e dobrada dentro. Meu coração se quebrou em mil pedaços assim que li a primeira letra.
"Querida ," ele começou, "Espero que você esteja sorrindo agora. Escrevo-te esta carta para te agradecer. Acho que não tive muito tempo para isso, não é mesmo? Obrigado por ter sido um anjo em minha vida e me ensinado, finalmente, a amar alguém de verdade. Você descongelou este iceberg que eu tinha no coração. E mesmo eu sendo burro e não percebendo isso antes, me apaixonei por você desde o momento em que a vi saindo daquela boate. Jamais conseguiria matá-la, meu anjo, jamais. Sinto muito por te ter feito passar por isso, espero que possa me perdoar. Serei a estrela te olhando do céu, te protegendo de todo o mal. Se cuida, e viva sua vida, cada dia, como se fosse o último, nunca se sabe o dia de amanhã. Se apaixone, seu coração é mole, merece mais amor e felicidade. Eu te amo! Sinto muito.
-"
Chorava e soluçava, enquanto meu corpo caiu em prantos, abraçando aquela lápide... eu o amava.
"
Um homem que aprendeu a amar. E a ser amado.
1989-2015"