Escrita por: Ray Alves
Betada por: Natacha Mendes




Our Love Is Not A Lie


Eu estava em um barzinho, tentando afogar minhas mágoas junto com a . Na noite anterior, e eu tínhamos brigado por causa dos meus pais, era inacreditável como ele sempre os apoiava e ficava contra mim. Claro que ele sempre dizia ‘’Eu não estou contra você, e nem a favor dos seus pais. Só estou do lado do que é melhor pra você, ’’. Só de lembrar-me disso ficando com mais raiva ainda dele. Será que ninguém me via como uma pessoa? era sempre o gênio, nada mais fora isso.
- ! Eu estou falando com você! – falou um pouco incomodada com minha falta de atenção.
- Desculpa, , eu disse que não seria uma boa ideia vir aqui, não estou no clima. – falei, tentando parecer mais desanimada do que realmente estava, talvez assim ela me deixasse ir.
- Sempre sendo a rainha do drama, por que você... – foi atrapalhada por um cara alto, musculoso, - não daqueles que parecem que vai explodir, devo acrescentar. Seus músculos eram na medida certa - com um cabelo bem preto que formava um lindo topete bem na frente.
- Desculpe incomodar, mas será que você – ele se virou pra mim – não gostaria de dançar?
- Não sei se é uma boa ideia. – falei, sendo sincera – Não estou nos meus melhores dias.
- Também não estou, olha aí que bom. – ele até tentou me deixar animada, mas eu apenas dei um sorriso forçado – Vai, é só uma dança. Se não gostar, você senta.
- Tudo bem. – falei, depois de um suspiro.
Ele me levou até o meio do lugar e começamos a dançar uma música que não lembro o nome. A beleza dele estava me tirando dos eixos.
- Posso saber o que deixou uma garota linda como você pra baixo?
- Que tal começarmos por você? Conta o que te fez colocar esse dia na lista dos ruins.
- Acabei com minha namorada.
- Sinto muito.
- Não sinta, embora não seja uma das melhores coisas que podiam me acontecer, foi bom. Éramos muito diferentes, eu queria curtir, e ela queria fazer de mim o príncipe que eu não sou.
- Você quase contou minha história. – dei um suspiro – Estou brigada com meu namorado. Parece que todo mundo me acha perfeita, e ele está no grupo. Acontece que cansa ser tão perfeita assim.
- Essas pessoas me enchem o saco. Cada um faz da sua vida o que quer. Qual a graça de viver pra agradar os outros?
A pergunta dele me fez refletir por um momento. Eu não sentia que vivia para agradar os outros, afinal, tudo que conquistei eu também almejava.
Fizeram-se alguns minutos de silêncio entre nós.
- Vem comigo. – ele falou, já me puxando e me levando diretamente ao bar - O que você vai beber?
- Não sou fã de bebidas alcoólicas, só bebo em ocasiões especiais.
- Bebe um pouco, vai te fazer bem. – ele insistiu, já me dando um copo com caipirinha.
- Não. – eu afastei o copo de mim – Já disse que não gosto muito.
- Por favor. – ele tornou a colocar o copo perto do meu rosto.
- Por favor, para. Eu já disse que não. – falei, tentando manter a paciência. Estava cheia de pessoas querendo mandar em mim.
- Achei que estivesse cansada de ser a princesa perfeita.
- E eu estou.
- Então toma isso, começa a mudar hoje. – fiquei em silêncio – Vai tomar ou a sua perfeição não deixa?
- Você venceu.
Peguei o copo da mão dele e bebi toda a caipirinha quase que de uma vez só. Ele, ao ver isso, começou a rir.
- O que foi? – perguntei, tentando colocar os pensamentos no lugar. Como não era de beber, só aquilo misturado a rapidez que tomei já estava mexendo com minha cabeça.
- Você aí. Isso tudo é pra mostrar que não é perfeita?
- Sim. – fui sincera.
- Então, sinto em lhe informar, uma bebida só aqui é dito como obrigação, qualquer um toma.
- Então pode mandar mais outra. – aquelas provocações dele estavam me irritando, eu ia mostrar que conseguia sair do eixo – E dessa vez algo mais forte.
- Tudo bem – ele falou, rindo de leve e logo se virou para pedir algo mais forte para mim.
Quando o barman colocou a bebida na nossa frente, logo tomei e cuidei de pedir outra. Não sei se era a bebida ou a forma dele me provocar, mas eu estava louca para beber mais.
- Vai com calma, garota, ou sua amiga vai ter que levar a princesa no colo.
- Eu sei me virar sozinha. – falei, entredentes.
- Qual o seu nome? – só naquele momento ele se lembrou de perguntar.
- . E o seu?
- . Ao seu dispor. – ele fez uma leve reverência.
- Você vai parar com essa coisa chata de me chamar de princesa? – perguntei, já irritada, e virei mais um copo de bebida – Isso tá me irritando.
- Você não gosta de dançar e quando dança parece que está em uma valsa, disse que sempre te acham perfeita, praticamente não bebe nada com álcool. Como quer que eu te chame?
- De . Eu já estou bebendo e, se o problema é que eu dancei pouco ou certinha demais, vem cá que a gente dança mais. – virei mais um copo de bebida e o puxei para a pista de dança.
- Você não precisa querer provar nada pra mim, garota.
- Eu sei. Só quero dançar, posso? – ele fez que sim e começamos a nos mexer.
Conforme o tempo foi passando, o álcool foi tomando conta de mim e eu fui me soltando mais e mais. Com o tocar da música, foi parecendo ainda mais perfeito na minha frente e, do nada, me deu uma vontade súbita de dançar ainda mais perto dele.
Dei as costas para ele, encostando nossos corpos e comecei a dançar.
- Calma, garota – ele falou no meu ouvido. – Assim vou achar que a quase ex princesa está me dando mole.
Ai, como aquele ‘’quase ex princesa’’ me irritou. Vi um garoto passar com um copo cheio de bebida na minha frente e, sem nenhuma cerimônia, tomei da mão dele. Ele nada fez, apenas sorriu do meu entusiasmo e foi embora. Eu virei o copo e tomei tudo. Com toda certeza aquela bebida era mais forte do que as que eu tomei. Fiquei zonza na hora e acabei dando um passo para traz, como se fosse cair.
- Cuidado. – ele começou a rir – Não vá pagar o mico de cair aqui no meio de todo mundo só por que não aguenta beber e não sabe dançar.
- Cala a boca. – falei, e por um motivo ainda desconhecido, eu dei um selinho nele – Vou indo nessa.
- Ei, – ele me puxou pelo braço – Não vai me passar seu celular?
- Você não é tão esperto? Me acha. – falei e fui embora meio cambaleante. O que tinha me dado afinal?
- Para de charme e me passa seu número – ele falou, segurando meu braço com força. E acabei passando.
No outro dia, apesar da ressaca, eu estava me sentindo ótima. Nem a dor de cabeça, nem a vontade de vomitar me tiraram aquela sensação, na verdade, só melhoraram ela. EU ME SENTIA VIVA.
Mas nem todo mundo estava gostando disso. surtou.
- O que te deu pra beber dessa maneira? Você está louca?
- Dá pra você falar mais baixo? Estou com a cabeça explodindo. – falei o mais baixo que pude para evitar mais dor.
- É claro que você está com a cabeça doendo. Você está de ressaca. Meu Deus, , seus pais vão pirar. – ele pareceu não entender meu último pedido, o que me deixou nervosa, e falar sobre meus pais me deixou ainda mais irritada.
- Por favor, não fale dos meus pais agora. Pare dessa sua chatice. Não estrague a melhor noite da minha vida.
- Ah, sua melhor noite foi essa? Achei que sua melhor noite tivesse sido nossa primeira vez, mas vejo que sua bebedeira tomou o posto.
- Eu não quis dizer isso, . – falei, sem paciência – Essa foi minha melhor noite sozinha. Acredite, eu precisava dela.
- Agora você precisa de uma noite sem mim pra ela ser agradável? , você não é assim.
- Ah, e como sou? – gritei, logo senti a cabeça latejar – Ninguém nunca me perguntou como eu quero ser. Você não sabe se eu quero ser a perfeita de sempre? Alguma vez perguntou se eu queria isso?
Tive uma noite ótima. Na noite passada eu não era a toda perfeita, que sempre estudou nas melhores escolas, tirou as melhores notas, entrou pra melhor faculdade e namora o cara perfeito, eu tinha sido apenas , nada mais. E ninguém iria me tirar aquela sensação libertadora, nem mesmo o .
- Você só pode estar louca! – ele falou, gritando – Eu sempre me importei com você e sempre vou me importar, eu não tenho... – eu comecei a sentir uma vontade de vomitar e acho que já estava ficando verde – ! ! O que você tem?
Sai correndo para o banheiro e acho que vomitei até a comida da semana passada.
- , olha o que deu essa sua bebedeira. Você agora tá passando mal.
Eu comecei a rir.
- O que te deu? Por que você tá rindo?
Respirei fundo para não vomitar mais.
- , alguma vez na sua vida você já bebeu até ficar assim? Já vomitou de tanto beber?
- Sim. – ele suspirou – Mas isso foi na formatura da escola. Eu cresci depois disso, .
- É ótimo. – eu ria igual uma criança – Você sente que está viva. Vamos sair pra beber essa noite?
- Definitivamente não dá pra conversar com você. Vim aqui pra fazer as pazes, mas acho melhor eu ir embora. – nem conseguir pedir para ele ficar, continuei a vomitar – Tchau, .
Como o não aceitou o meu convite e a estaria ocupada, eu acabei aceitando sair com depois que ele me ligou para confirmar se o número era meu mesmo. Fomos a uma festa de um amigo dele e aproveitamos muito. Prometi a mim mesma que iria beber menos, já que tinha prova no outro dia. Mesmo com ele pegando no meu pé, eu cumpri a promessa. O mesmo só não reclamou porque eu dancei muito – de acordo com ele, dancei lindamente provocante.
Embora meus pais achassem que eu estava saindo quase toda noite com o , ele e eu estávamos cada dia mais distantes. Já fazia quinze dias desde minha primeira ressaca, e ele mal ia à minha casa. As poucas vezes que tentamos nos falar era sempre uma briga. E quanto mais longe ele ficava de mim, o ia se tornando mais presente.
Chegou uma nova mensagem no meu celular e eu nem precisei ver de quem era para saber que era do .
''Festinha na minha casa hoje à noite. Será que a quase ex princesa poderá largar o castelo perfeito e vir a minha casa cheia de coisas imperfeitas? hahahaha''
''Vai se foder... À noite estarei aí''
A festa estava lotada de gente bonita e quase todas já estavam bêbadas. Avistei de longe e fui até lá.
- Oi, gente. – ele estava com dois amigos – Oi, .
- Oi. – falaram em coro - Quem é essa? – perguntaram ao , juntos.
- Essa é a garota que eu estava falando a vocês. Agora vamos, .
Ele me tirou de lá e me levou para pegar bebida.
- Falando de mim pros seus amigos?
- Não se gabe, eu não falei muito bem de você, não. Disse que era gostosa, porém, meio idiota.
Fiquei calada por um instante. O sempre me chamou de linda e várias coisas boas, mas nunca de gostosa.
- Você disse que eu era gostosa?
- Gostou, né? – ele falou baixinho no meu ouvido rindo com cara de safado. Fiquei toda arrepiada – Mas não esquece que eu disse que você é idiota também.
- Por que eu sou idiota? – perguntei, enquanto virava um copo de vodka. Aquilo já me deixava zonza.
- Porque, embora você tenha mudado algumas coisas, ainda é toda certinha, namora um cara que, só pelo que você fala, sei que é maior pé no saco...
- Não chama ele assim. – o interrompi – Ele é uma ótima pessoa.
- Esquece. Vem dançar ''quase ex princesa''.
- PARA! – gritei com ele o máximo que eu pude por causa da música alta. – Eu odeio que me chame assim. Eu não sou princesa, não sou perfeita e vou te mostrar. – peguei uma garrafa cheia de tequila que estava no bar e comecei a tomar a bebida na garrafa mesmo – Vamos dançar.
Nós começamos a dançar e estávamos dividindo a bebida.
- Por que não pegou uma garrafa pra você? – falei, depois virei garrafa para tomar.
- Não seja louca. Se você tomar isso tudo, somada as vodkas que você tomou, vai ficar louca.
- Tudo bem. – disse e cedi a bebida para ele.
Voltamos a dançar e eu estava cada vez mais solta. Comecei a perceber que ele sempre tentava encostar-se a mim, me tocar. E decidi entrar na brincadeira.
Virei de costas para ele, como da primeira vez que dançamos juntos. Colei meu corpo ao dele e peguei suas mãos e coloquei sobre minha cintura.
- Não provoca, princesa!
- Não aguenta ter uma garota tão perto de você? – virei a garrafa de tequila e tomei vários goles – Hein? – virei de frente para ele e deixei nossas bocas quase coladas - A princesa idiota tá tirando o bad boy dos eixos? – perguntei no ouvido dele, segurando seus cabelos com a mão desocupada.
Quando terminei de falar, segurou forte em meus cabelos e me beijo fervorosamente. Colou ainda mais nossos corpos, – se é que isso era possível – e pude sentir que ele estava bastante animado, se é que me entendem. O desejo e a bebida corriam no meu sangue e eu não pensava em mais nada. Era tão bom se sentir desejada, viva.
- Vem comigo. – ele falou e me puxou pelo braço.
Fui com ele sem dar uma palavra, apenas bebendo a tequila. Chagamos em um quarto, mas a porta estava trancada. começou a procurar a chave no bolso. Quando achou, antes de abrir, me deu outro beijo.
- Gostosa.
Depois disso não sei mais dizer com exatidão nada do que aconteceu. Só lembro-me dele me jogando com toda força na cama logo que entramos, dizendo o quanto me desejava, e de mim falando o quanto aquilo estava sendo bom.
No outro dia, por incrível que pareça, eu não estava com essa ressaca toda. Talvez eu já estivesse me acostumando.
Olhei para o outro lado da cama e vi o , totalmente despido. Procurei meu celular para ver que horas era, mas não estava o encontrando. Na verdade, nem minhas roupas eu estava encontrando.
Levantei enrolada no lençol e fui procurar minhas coisas.
- Já acordou? – ele perguntou, olhando pra mim, sem nenhum um pouco de vergonha por estar nu. E eu tentei manter a compostura diante daquele tentação.
- Tô procurando minhas roupas, quero achar meu celular pra saber que hora são.
- Hum. – ele se levantou e veio em minha direção – Mas não importa que horas são, é cedo demais pra você ir embora, é cedo demais pra não aproveitarmos.
E em um movimento rápido, ele arrancou de mim o lençol que me cobria e me colocou em sua cintura. Em questão de segundos estávamos na cama e eu já não lembrava que pretendia ir para casa.
O barulho do meu celular tocando fez eu o achar e me lembrar que eu tinha que ir para casa. Já eram mais de 11h. Quando sai da casa do , logo liguei para saber o que a queria.
- Onde você está? – ela quase gritou – Fui na sua casa e sua mãe disse que provavelmente você tinha dormido na casa do , mas eu sei que você não está com ele.
- Você falou com o ? – só naquele momento me veio a cabeça tudo que eu tinha feito. Eu trai o , a pessoa que eu menos queria magoar algum dia.
- Logo depois que eu falei com sua mãe, ele me ligou pedindo pra falar com você. Disse que pensou que você tinha mentido pra sua mãe pra poder vir pra cá. – ela suspirou – Ele mesmo tá querendo se enganar, ele sabe que você não precisa mentir pra vir cá. Onde você tá?
- Ai, . – suspirei e cobri meu rosto com uma mão, como se ela pudesse me ver – Eu passei a noite com o .
- Você fez o quê? – ela perguntou, enquanto eu entrava no metrô e procurava um lugar para sentar – , RESPONDE!
- Eu passei a noite com o . – sentir as lágrimas descerem.
- Você traiu o , ? Você trai...
- Sim, eu o trai. – a interrompi – , eu estou tão confusa. – nesse momento já soluçava sem me preocupar com os olhares – Eu acho que estou gostando do . Já não sei o que sinto.
- Você o quê? , eu nem sei o que dizer. – ela parecia decepcionada –Você transou com ele?
- Sim. – cada vez mais as lágrimas caiam, eu não sabia o que fazer – Ontem e hoje.
- Meu Deus! - ela fez um pausa – .
- Oi. - falei entre um soluço e lágrimas.
- Seja sincera com o , não o deixe enganado em meio a suas dúvidas. Não é justo. – eu sempre achei que antes do começar a namorar comigo, tinha uma queda por ele, mas quando a perguntei uma vez, ela negou com todas as letras – Tchau.
E antes que eu respondesse, ela desligou o telefone. Chorei, chorei e chorei mais, minha amiga estava decepcionada comigo, o ficaria ainda mais. Eu trai a pessoa que jamais faria isso comigo. Não fazia a mínima ideia do que estava sentindo. Não sabia como contar e terminar com o , mas desejava ter o mais vezes. Estava com nojo de mim.
Cheguei em casa e fui logo para o meu quarto, não dando muita atenção as perguntas da minha mãe sobre “por que seu namorado ligou pra cá se você estava com ele ?“. Tomei um banho e ao sair vi que no meu celular tinha duas mensagens. Uma era do e a outra era do .
''Acho que chega de brigar, não é mesmo? Sinto sua falta. Te amo – Do seu Eterno namorado''
Aquilo me quebrou por dentro, quase esqueci da mensagem do .
''A noite foi deliciosa e o início da manhã também. Será que podemos repetir? Gostosa.''
Aquela mensagem me fez lembrar da noite anterior e da minha manhã. Um sorriso brotou em meu rosto. Eu queria o . Eu estava gostando dele. E isso queria dizer que eu tinha que acabar com , embora também sentisse algo por ele.
Depois de olhar as mensagem e pensar sobre eles, coloquei um vestido florido, que era azul com algumas flores vermelhas, uma sapatilha creme com um lacinho vermelho na ponta, meu óculos escuros e peguei minha bolsa. Era a hora de arrumar isso tudo. Pude sentir uma lágrima escorrer no meu rosto. Iria doer muito.
Ao chegar na casa do , Luck me recebeu com muita empolgação, ao menos alguém estaria feliz lá. Luck era o cachorro do , eu amava sair com ele para passear, mesmo ele sendo enorme e capaz de me arrastar para onde quisesse. Dei um beijo no cachorro e me virei para .
- Ele e eu sentimos falta de você.
- Será que podemos subir pra o seu quarto? – não queria falar disso na sala, podendo ser interrompida pela mãe dele.
- Claro. – respondeu, apreensivo.
Logo que subimos e entramos no quarto, me beijou.
- Eu estava com tanta saudade sua. – falou, voltando a me beijar, e eu não conseguia dizer que não. Seria difícil abrir mão disso.
- Para um pouco. – procurei forças para dizer isso – , as coisas entre nós não estão bem.
- Mas vão ficar. Sempre fica, não é mesmo?
- Acho que não agora. – procurava achar as palavras para falar do – Acho melhor a gente dar um tempo, talvez acabar. – eu já estava chorando. – Vai ser melhor.
- , essa não é a nossa primeira briga. Estamos juntos desde os seus 17, você já está com 19. É normal termos crises no namoro, não precisamos acabar.
- , não é só isso. Tem...
- Eu não quero saber. – ele se aproximou e mordeu meus lábios – Não vamos acabar. – ele enrolou meus cabelos em sua mão – Não quero saber de mais nada.
E em poucos segundos, me vi nos braços dele e indo em direção à cama. Não me pareceu errado o que estávamos fazendo, ele ainda era meu namorado. beijava-me com tanta vontade que mal podia respirar, minutos depois já estávamos despidos.
- Linda. – ele falou, e eu não pude deixar de comparar o elogio dele com o do , mas esqueci desse pensamento ao sentir ele me penetrar, que sensação maravilhosa. me conhecia muito bem, sabia como me agradar.
- Sua mãe tá aí em baixo? – perguntei com medo de ela estar e escutar meus gemidos.
- Não, relaxa.
E assim aproveitamos, até os dois ficarem satisfeitos, e eu vi cair no sono. E foi ao ver dormindo, com aquela cara de garoto amável, que uma onda de culpa me envolveu. Eu fui até lá para acabar tudo e acabei indo para a cama com ele. E uma culpa maior ainda veio ao receber uma mensagem do me chamando para ir a casa dele e perceber que eu queria demais o ver e provavelmente repetir o que rolou na noite de ontem.
Vesti minha roupa tentando fazer o mínimo de barulho possível. E com lágrimas escorrendo dos olhos dei uma ultima olhada em e fechei a porta atrás de mim, indo embora para os braços de outro.
Durante o percurso até a casa do , eu ensaiei maneiras de pedir a ele que esperasse eu resolver tudo com o para poder ficar com ele, mas tudo falhou na hora que ele abriu a porta e me beijou inesperadamente.
- Você demorou.
- Eu estava tentando resolver as coisas com o . – falei entre os beijos.
- Resolveu? – ele perguntou, enquanto fazia um caminho de beijos pelo meu pescoço.
- Não, ainda tenho namorado. – falei, dessa vez interrompendo os beijos dele em meu pescoço e o fitando.
- Eu não me importo. – ele deu de ombros – Isso é problema seu. – sorriu de um jeito safado, voltando a me beijar.
- Mas... – protestei.
- Você não veio aqui pra falar dele, tenho certeza que você sabia o que ia rolar. – olhei para ele incrédula com seu jeito de jogar as coisas na minha cara.
- Você é um estúpido. – falei um pouco irritada.
Ele enrolou a mão nos meus cabelos e puxou com força. Meu pescoço se inclinou para trás o máximo possível.
- Você adora isso. – falou e mordeu meus lábios.
Cheguei em casa frustrada, mais uma vez com nojo de mim. Eu não tinha conseguido terminar de vez com o no dia anterior, não consegui lhe dizer o porquê de tudo e mesmo assim passei mais uma noite com o . Fui procurar algo para escutar no meu computador. Encontrei a pasta da minha banda preferida e coloquei para tocar. Desde que conheci o que não escutava, estava com saudade de escutar aquelas vozes, aquelas músicas me faziam bem. Na verdade, eu tinha mudado tanta coisa desde que o conheci.
Peguei meu celular e comecei a olhar as últimas fotos. Algumas eu estava ao lado do , mas a maioria era apenas eu, ele tinha as tirado. Eu parecia a mesma de antes, ainda tinha aquele ar de “princesa”, como ele chamava. Mas algo tinha mudado, talvez o meu sorriso mais aberto, na verdade, quase todos pareciam gargalhadas. Também poderia ser meu jeito alcoolizado, dava para perceber que eu estava bêbada, uma bêbada claramente alegre. Fiquei perdida naquelas fotos por muito tempo, até que escutei a porta do meu quarto abrir, era o .
- Você me assustou. - falei, jogando o celular longe.
- O que você estava fazendo? Interrompi algo?
- Não. - menti na esperança dele acreditar.
- Eu sei que estava. - ele me conhecia tão bem - O que tem no seu celular?
Tentei pegar o celular antes dele, mas ele foi mais rápido. E pude ver seu rosto mudar ao olhar as fotos. Mas ele não perguntou nada.
- Bom, eu vim aqui perguntar se você quer sair hoje comigo.
- , - sentir as lágrimas brotarem não meus olhos e eu insisti em não querer as deixar sair - não rola. - sentia meus lábios tremerem - Não dificulte as coisas. - nessa hora as lágrimas já estavam caindo sobre meu rosto - A gente precisa terminar, e dessa vez é sério.
- Me diz que isso não tem a ver com ele. Por favor, me diz que a culpa é minha, mas não tem a ver com ele. – falou, apontando para a foto do no meu celular.
- , - eu estava tremendo - me desculpe, mas...
Ele me interrompeu e começou cantar a música que tocava. Ela nunca tinha feito tanto sentido como agora.

Tell me I'm a screwed up mess
That I never listen, listen
Tell me you don't want my kiss
That you need your distance, distance
Tell me anything
But don't you say he's what you're missing, baby
If he's the reason that you're leaving me tonight
Spare me what you think and Tell me a lie

( Me diga que eu sou um desastrado
Que eu nunca te escuto, escuto
Me diga que você não quer o meu beijo
Que você precisa de distância, distância
Me diga qualquer coisa
Mas não diga que é dele que você esta sentindo falta, baby
Se ele é a razão pela qual você está me deixando esta noite
Me poupe do que você pensa e
Me diga uma mentira )


- Por favor, , não dificulte as coisas. Estou tentando fazer as coisas da maneira menos dolorosa.
- Menos dolorosa? - ele foi sarcástico - Menos pra quem? , eu te amo, não tem como não doer. Fica comigo.
me beijou, e eu não consegui recuar, ainda estava ligada a ele.
- Eu te amo, , eu te amo.
Comecei a chorar e ele me olhou assustado.
- Não fala isso.
- Claro que falo, é o que eu sinto.
- Sai do meu quarto, , por favor.
- Por quê? - ele me olhou confuso, magoado.
- Esse beijo não mudou nada, acabou, .
- Você ainda me quer. - ele falou, se aproximando, tentando me beijar.
- Não se aproxima. - coloquei a mão no seu peito para lhe manter longe - Vai embora, por favor.
- Eu não vou, a gente vai se entender. Esse cara idiota com cara de badboy não vai acabar com a gente.
- Eu não te amo mais, . Eu já fui pra cama com ele. - eu sabia que isso ia o magoar, mas eu ia falar tudo - Logo depois de sair da sua casa ontem, eu fui vê-lo.
- Eu não me importo.
- É claro que se importa. - eu gritei - Eu fui pra cama com ele, eu fiquei com ele logo depois te ter lhe dado tchau. Eu te trai. Cada vez que eu e ele estamos juntos...
- Não termina, não fala dele, eu já pedi. Diz que a culpa é minha, mas não fala dele.
- Então vai embora, por favor.
E sem insistir mais, foi embora. Ao ver a porta se fechar, eu me joguei na cama e chorei sem parar. Eu não o merecia.
Havia se passado duas semanas desde que acabei tudo com o , ele me ligou algumas vezes, mas nenhuma eu atendi. Fugi dele de todas as maneiras possíveis. Porém teve um dia que não foi possível evitar.
e eu estávamos em uma festa de rua e, por acaso, esbarramos em três pessoas. Era o , um amigo dele e a .
- Oi. – falou com as mãos no bolso.
- Oi. – respondi, sem graça.
- , que saudades de você, sumida. – falou, tentando quebrar aquele clima horrível. – Oi, , lembra-se de mim? – ela falava, como se toda aquela tensão pudesse ser ignorada.
- Claro que sim. A gata que estava com a no dia que a conheci. Você está ainda mais linda. – ele parecia estar flertando com ela, mas eu resolvi achar que era paranoia minha – Aparece lá em casa qualquer dia desses que tiver uma festa.
- Claro, vou aparecer – respondeu, sem graça.
- Tchau. – eu falei, tentando por fim naquela conversa e louca para fugir do olhar de .
- Tchau. – eles responderam.
Mas antes que eu pudesse virar pra ir embora com , o me puxou.
- Pirou? – falei, enquanto me virei para ver se o havia notado que eu não estava ao seu lado.
- Ele tá olhando pra garota de saia curta, não vai sentir sua falta agora.
Pensei em protestar, mas aparamente ele estava certo.
- Vem comigo. – ele falou e me puxou para trás de alguma ''lanchonete'' improvisada.
- O que você quer, ?
- Ele não te merece, você viu que ele estava dando em cima da ?
- Ele não esta...
- Você não é burra, sabe que ele estava.
- , por favor, eu na...
Eu não terminei a frase, me puxou pra os braços dele, por um segundo eu achei que ele fosse tentar me beijar, mas ele apenas me colou ao seu corpo e me abraçou forte, como se estivesse segurando seu mundo. E começou a cantar em meu ouvido a música que ele cantou semanas atrás.

Well, you're the charming type
That little twinkle in your eye
Gets me every time.
And well there must have been a time
I was the reason for that smile.
So keep in mind As you take whats left of you and I

(Bem, você é do tipo encantadora
Aquele pequeno brilho em seus olhos
Me pega toda vez.
E deve ter havido um tempo
Eu era a razão do seu sorriso.
Então mantenha-o em mente
Enquanto você pega o que sobrou de você e eu)

Tell me I'm a screwed up mess
That I never listen, listen
Tell me you don't want my kiss
That you need your distance, distance
Tell me anything

(Me diga que eu sou um desastrado
Que eu nunca te escuto, escuto
Me diga que você não quer o meu beijo
Que você precisa de distância, distância
Me diga qualquer coisa)


- Ai, , me desculpa, por favor. – eu o apertava forte, também precisava daquele abraço.
- Tell me a lie. – ele sussurrou em meu ouvido e senti meu corpo tremer.
Ficamos em silêncio por um tempo. Aquele abraço, embora estivesse cheio de dor, culpa, mágoa, não deixava de ser reconfortante. Mas fomos interrompidos.
- , – a voz do quebrou qualquer conforto. E eu larguei o – eu estava te procurando, vejo que está acompanhada.
- , não é nada do que você possa estar pensando.
- Não estou pensando nada, ou na verdade estou, mas não importa, sei que não é pra cama dele que você vai ao fim da noite.
- Não fala assim com ela – gritou, apontando o dedo no rosto do que apenas sorriu.
- Eu falo da maneira que eu quiser, idiota. Ela é MINHA namorada. – ele me puxou pelo braço – Fala pra ele, , você é o que minha? No fim da noite pra onde você vai?
- , para. – falei com lágrimas nos olhos – Vamos embora. Por favor.
- Agora eu quero que você fale. Fala, – ele me jogou pra perto do , ainda segurando no meu braço.
- Tell me a lie. – pude ouvir sussurrar.
- Eu não preciso falar nada. – falei, transformando as lágrimas em raiva – O sabe o que somos, e não tem porquê eu ficar falando isso a ele. Agora solta meu braço que você está machucando. – puxei o braço e ele o soltou – E caso você fique mais calmo, pode vir comigo pra aproveitar a festa, caso contrário, pode ir pra sua casa, SOZINHO. Tchau, .
Não esperei nenhum falar nada, fui embora com ódio do , com ódio de mim. Ao virar pra trás, pude notar que ele vinha atrás de mim.
- Desculpa. – ele me puxou pelo braço.
- Eu já falei pra você largar o meu braço.
- Tudo bem. – falou, levando as mãos ao alto. – Mas será que podemos curtir a festa em paz?
- Não vai querer dar mais nenhum show?
- Não vai agarrar seu ex?
- Eu já disse que não era nada demais.
- Eu sei, eu sei. – falou, rindo – Vem cá, ''quase ex princesa''.
- Vá se ferrar. – eu também ria.
Ele mordeu meus lábios, segurou em meus cabelos, me beijou. Aproveitamos a festa e o pós-festa.
Fazia poucos mais de dois meses que e eu estávamos juntos. Mas as coisas não eram tão maravilhosas quanto imaginei. Eu realmente estava deixando de ser a princesa, bebia, sorria e tinha noites maravilhosas ao lado dele, mas não é só isso que importa, a companhia é algo que cerveja nenhuma consegue substituir. E com o eu tinha noites tão maravilhosas ou melhores que com o . Andava sentindo falta da minha antiga vida, às vezes sentia falta do , e a cada surto ou estupidez do , isso só aumentava dentro de mim.
- , vem cá.
- O que foi?
- Vamos pro meu quarto, quero você. – falou, me beijando.
- , a festa é na sua casa. Você não pode largar os convidados assim.
- Na primeira noite que passamos juntos você não se preocupou com isso.
- Claro, eu estava muito louca naquele dia. – ri ao lembrar da maneira como dancei.
- Pare de fazer charme, eu sei que você quer.
Mas eu não queria. A festa estava legal, tinha conhecido um garota que estava ficando com um amigo do e ela era adorável, a única pessoa próxima ao que realmente gostei.
- Eu não quero ir.
- Cansei do seu charme, vamos agora. – ele me pegou pelo braço e saiu me puxando.
- Você tá louco? – puxei o braço para que ele soltasse- , você está me machucando.
- Eu sei que você adora quando eu mostro quem manda aqui. – ele abriu a porta do quarto dele e tentou me beijar.
- , eu já disse que não quero. – gritei – Você vai querer ficar comigo à força?
- Qual é a sua, ? Você vem pra essa cama todos os dias e hoje quer ficar de coisinha? Eu não tenho paciência com essas coisas.
- Eu não sou essas garotas que estão lotando a sua casa lá na sala. Não me confunda.
- Ah, – ele riu, sarcástico – e o que você é diferente delas? Me diz? – antes que eu respondesse, ele continuou – Você não é santa, é igual a todas elas ou pior. Você fez de tudo pra ir pra cama comigo. Traiu seu namorado, conseguiu ir pra cama com nós dois no mesmo dia e o principal, largou ele por mim. Você não é melhor que elas.
Não sei se ele ia falar mais alguma coisa, não esperei, dei um tapa no rosto dele com toda a minha força.
- Você é um estúpido, , um estúpido. – mas ele não pareceu abalado com o tapa, até riu.
- Eu sei que você me ama.
Ele me beijou com força, com a certeza que aquele beijo faria eu esquecer a raiva como sempre acontecia, mas eu estava cansada daquilo, não o queria mais.
Quando ele desceu meu vestido que era um sem alça, tive a certeza, não era ao lado dele que eu queria passar todas as minhas noites.
- Para, , para. – me abaixei e subi o meu vestido. – Vou embora.
Ele ainda insistiu.
- Não rola, . Não rola.
- O que você quer dizer com isso?
- Que a gente acaba aqui. Não é você.
- Não sou eu? - ele riu - E quem é? O ? Ele não é tão babaca quanto você pensa, ele não vai te querer, não percebeu que ele não te procura mais?
- Eu não disse nada sobre o .
- Mas eu sei que é isso que você quis dizer. Mas você é quem vai sair perdendo, porque mesmo se ele quiser, sou muito melhor que ele.
- Olha, eu estou com pena de mim, na verdade, muita. Provavelmente perdi quem eu amo. Mas eu tenho mais pena ainda de você. O é muito melhor que você, em tudo, tudo mesmo, se é que me entende.
Arrumei-me, peguei as minhas coisas que estavam no quarto dele e comecei a ir embora, mas não antes de escutar ele ligando pra uma garota.
- Tem como subir aqui no meu quarto, Mari? Estou te esperando.
Como eu fui estúpida. Fechei a porta atrás de mim.
Estava dando adeus ao e torcendo para ainda ter o . Voltei a festa e parei apenas para falar com a Tay, a garota de quem fui com a cara. E pude vê-la parada encarando seu "namorado" dançar com outra.
- Tay, tô indo embora, me manda convite no facebook.
- Tá certo. - ela falou, sem nem me olhar, parecia estar preste a chorar.
- Você merece coisa muito melhor, acredite.
- Você mal me conhece. - ela pareceu ofendida.
- Desculpe, não queria ser intrometida, não me leve a mal. Mas, acredite, pelo pouco que te conheço, você merece coisa melhor.
Não a esperei responder, dei um abraço nela e fui embora.
Ao chegar à rua, percebi que tinha três homens me seguindo. Com medo de ficar sem nenhum dinheiro para voltar para casa, coloquei apenas algumas notas nos seios e o resto deixei na carteira, se fosse assalto, eles iriam querer levar algo. Mas meu medo era que fosse algo mais, nem celular eu tinha mais, tinha perdido eles fazia mais de um mês, não tinha a quem pedir ajuda.
- Ei, mocinha. - ouvi um deles dizer, mas continuei andando.
- Não foge, a gente não vai te fazer mal. - um deles falou, rindo.
- Me deixem em paz. - gritei.
Um deles correu e pegou no meu braço.
– Passa o dinheiro, gatinha, e espero que não seja pouco, caso contrário vai ter que nos recompensar.
Eu tremi com aquela última frase e sem rodeios dei minha carteira a ele.
- Tá tudo aí.
- Você tem muito mais coisas de valor. Passa o relógio.
- É um presente importante, o relógio não. - o segurei com lágrimas escorrendo no rosto, era presente do .
- Tá brincando comigo, garota?
- Por favor. - mas parece que não os comovi. Um deles me deu um empurrão e cai no chão com o salto quebrado.
- Passa o relógio. - o outro gritou.
- Tudo bem, tudo bem. - tirei o relógio do braço e dei a ele.
- Vai embora. Corre antes que a gente queira algo mais.
Sem nem olhar para trás o obedeci. Corri feito um louca até a estação de metrô mais próxima. Entrei no metrô arrasada. Com a meia calça rasgada, sem os sapatos que tive que tirar para não atrapalhar minha correria, roupa suja, braço ralado e o coração apertado com medo de ter perdido o .
Comecei a chorar ali mesmo, atraindo olhares curiosos, mas para minha sorte, ninguém perguntou nada. Talvez achassem que eu fosse uma prostituta humilhada, não sei. E na verdade, gostei de não saber.
No outro dia fui à procura de na faculdade e perdi o chão com o que vi. e estavam rindo de alguma coisa e trocando beijos. Como isso aconteceu?
- ? - não consegui sair fingindo não ter visto nada.
- ? - ela empurrou para trás de si.
- Vocês tão juntos?
- Não, quer dizer, não estamos namorando, estamos apenas ficando.
- Ai, meu Deus.
- , desculpa, eu tentei avisar.
- Não tem porque se desculpar . - interrompeu - Eu e a não temos mais nada, faz um tempo já.
- Faz apenas pouco mais de dois meses, . – falei me sentindo traída.
- Você namorou outro quando ainda estava comigo.
Como aquilo doeu. Nem soube o que dizer.
- Você tá certo.
Virei-me e fui embora. Mas me acompanhou.
- , eu tentei te avisar.
- O tá certo, você não precisa explicar, muito menos mentir.
- Mentir? Eu realmente tentei te dizer, te liguei algumas vezes, mas você não atendeu. Depois o atendeu, falou tudo, achei que fosse melhor nem te procurar mais.
- O atendeu? Por que você tá mentindo, ? Achei que a gente fosse amiga.
- Eu também achei. Até você dar seu celular pro seu namorado atender e falar todas aquelas atrocidades que ele falou. Eu até entendi você ter o mandando fazer isso com o , mas comigo? Eu alguma vez me meti no seu relacionamento?
- Primeiro que ele não é mais meu namorado. Segundo, essa história não tem como ser verdade. Eu perdi meu celular no dia que vi vocês naquela festa na rua.
- Você não o perdeu nada. Falei com o semana passada, quando liguei pra te contar isso. Fora que ele também falou coisas horríveis pra o quando ele te ligou, depois da festa.
- Como assim? , eu não tenho mais celular, eu o perdi. Te juro.
- Pois então, vai procurar o seu ex, ele deve saber onde seu celular está.
- Eu não acredito que ele fez isso. Eu achando que você estava se afastado de mim sem motivos. , me desculpa. – corri para a abraçar.
- Desculpa também. Eu deveria ter te procurado mais, deveria ter percebido que você não era capaz disso.
Continuamos conversando, até que falou no .
- . E agora?
- Agora o quê?
- Eu, você e o . Você vai pedir pra voltar pra ele? - pude ver em seus olhos uma súplica para que a resposta fosse não, embora lutar por ele fosse tudo que eu quisesse, eu sabia que não deveria, não mais.
- , mesmo que eu vá atrás do , ele não vai querer nada comigo, você viu a forma que ele me tratou. Eu não vou atrapalhar vocês.
Pude sentir meu coração quebrar por inteiro, mas ao menos uma vez eu iria fazer a coisa certa. O homem que eu amava merecia ser feliz, mesmo que fosse sem mim.
- Você vai procurar o pra pegar seu celular?
- Provavelmente sim. Não queria mais olhar pra ele, mas será preciso.
E foi isso que fiz, cheguei a casa dele e, embora ele tivesse tentado negar que tinha feito o que a me falou e tivesse tentando ficar comigo, no fim devolveu meu celular.

Seis meses depois

Seis meses já tinham se passado desde o meu término com o . Eu mal ouvia falar dele nesse tempo, tirando as postagens dele no facebook que dificilmente aparecia no meu feed, eu não sabia de mais nada sobre ele, ainda que nos dois primeiros meses ele tenha me procurado querendo que a gente mantivesse a melhor parte do que tínhamos.
Também não andava sabendo de muita coisa sobre o , mesmo que minha mãe sempre mandasse eu procurar ele quando o encontrava "por acaso" na casa da família dele. Eu só sabia que ele agora estava morando sozinho em outro bairro da cidade e que ele e não engataram um namoro - não pude deixar de ficar feliz com isso. Eles deixaram de ficar um mês depois que eu terminei com . No começo achei que ele fosse querer conversar comigo, mas depois de dois meses de espera eu deixei de acreditar nessa hipótese.
Minha amizade com a também tinha mudado, e eu não podia culpar ela. Durante os dois meses que passei com o , eu não a procurava para praticamente nada e a distância entre nós ficou ainda maior no período que ela passou com . De vez em quando uma ligava para saber como a outra estava, conversávamos sobre coisas superficiais, nada parecido com as nossas conversas íntimas, e sempre terminávamos a conversa com uma promessa de visita que nunca acontecia. Nossas melhores conversas eram sempre quando nos encontrávamos por acaso em algum lugar, talvez porque assim não desse para fugir. Ela tentava me contar coisas sobre o , - foi com ela que eu fiquei sabendo as poucas coisas sobre ele - mas eu sempre cortava, talvez porque quanto menos eu soubesse dele, menos eu sentiria falta e mais rápido eu me acostumaria com a ausência dele.
Nesses seis também aconteceram coisas boas. Eu me entendi melhor com meus pais, conversamos de uma maneira franca e hoje eles me entendem bem melhor. Tranquei a faculdade e mudei para outra que não tinha nada a ver com a primeira. Voltei a me dedicar às coisas de antes, arrumei um emprego e nunca me senti tão realizada nesses quesitos. O pode ser um completo idiota, mas ele mesmo sem perceber me mostrou uma coisa, EU AMO SER PRINCESA.
-Filha, – minha mãe já foi entrando sem pedir licença, certos hábitos nenhuma conversa muda – você não vai se arrumar? Já estamos em cima da hora.
- Já estou indo, mãe. Calma, não é legal ser a primeira chegar. – falei para ver se ela caía na real que ainda faltava duas horas para a festa.
- Muito menos ser a última – falou, saindo do quarto.
Hoje teria uma festa de quinze anos da prima do . E eu disse que só iria se tivesse certeza que o não estaria lá. Depois de muito insistir, consegui que minha mãe descobrisse isso para mim. Depois do dia da faculdade, eu só vi o uma vez, e ele me tratou tão formalmente que me senti uma delegada ou algo do tipo. Se o visse hoje, certeza que as coisas seriam ainda piores.
Cheguei à festa e já estava indo com minha mãe em direção a uma mesa, quando vi a acenar pedindo para que eu fosse sentar com ela, e assim fiz. Mesmo distantes, ela ainda era uma pessoa que eu queria ter para o resto da minha vida.
- Eu achei que você não fosse vir. – ela falou, demonstrando sinceridade e surpresa – Já estava com medo de ficar sozinha aqui.
- Eu não iria vir mesmo, mas depois de saber que o não estaria aqui, decidir vir. Emily é uma garota adorável. – não menti, Emily podia ser quatro anos mais nova que eu, mas nos entendíamos em praticamente tudo. Depois da , ela era a pessoa com quem conversava sobre meu namoro quando estava com o .
- Ela é mesmo. – ela falou um pouco desatenta enquanto olhava a porta – PERA – ela gritou – Você disse que só veio porque o não vem?
- Sim. – respondi, assustada com sua cara de espanto.
- Ai, . – ela falou com a expressão de dó – O vai vir à festa, daqui a alguns minutos ele vai chegar.
- , me diz que ele não vai ficar nessa mesa. – falei com vontade de chorar.
- Amiga, desculpa, eu só te chamei pra cá porque achei que você vir à festa indicava que as coisas podiam estar melhores. – pude ver sinceridade em seus olhos – Se você quiser, eu posso falar com ele e invento uma desculpa pra ele não sentar aqui.
- , minha mãe me afirmou que ele estaria trabalhando e não viria.
- Ele realmente não viria, mas faz uns dias que ele soube que poderia vir.
Cobri o rosto com as mãos em sinal de total desespero. Eu não queria o ver e ser tratada com tanta indiferença como da última vez. Fiquei inspirando e expirando por minutos. quase derrubou sua bolsa da mesa e me fez sair do transe.
- , responde rápido, você quer que eu invente uma desculpa, ele já tá vindo.
Isso só me deixou mais desesperada.
- Eu posso pedir pra ele não sentar aqui e depois converso com ele.
Eles dois eram amigos, – só amigos mesmo – com toda certeza estavam loucos para conversar, eu não poderia me intrometer nisso.
- Não, não. Relaxa, eu vou pra mesa da minha mãe.
Levantei e dei um abraço nela, que ainda estava sentada com uma expressão triste.
- Desculpa, .
- Relaxa, depois conversamos. Te amo.
Quando virei para ir para a mesa da minha mãe, lá estava ele, na minha frente, nossos corpos quase colados. Dei um pulo para trás e quase derrubo a da cadeira.
- . – falei, olhando para baixo – Tudo bem?
- Tudo bem, sim. E contigo?
- Tudo bem, sim. – falei e virei novamente para – Depois nos falamos.
Ao me virar e dar as costas para os dois, pude sentir uma mão segurar meu braço.
- Ei, – falou, procurando pelos meus olhos, que permaneciam voltados para baixo – não precisa sair da mesa só por que eu cheguei.
- E-eu... nã...
- Eu vi que você estava sentada aqui. Se for te incomodar, eu posso ir pra outra mesa.
- E-Eu... não... não – eu parecia uma idiota, procurei respirar melhor e terminei a frase – Eu não me incomodo.
- Então senta, vamos aproveitar a festa.
Iniciamos uma conversa sobre algo qualquer, logo depois começou a falar sobre estar morando sozinho e outras coisas. Eu pouco falava, parecia encolher a cada olhar dele em minha direção.
- Estou amando morar sozinho, amadureci muito. Esse ano me fez amadurecer muito, na verdade, ele todo.
Pude perceber que nessa frase tinha algo relacionado a nós. Ao olhar para o rosto de , pude ver que ela também percebeu.
- Gente, venham cá. – Emily chegou interrompendo a conversa, e eu fiz um nota mental de agradecer a ela depois – , , venham cá. Quero tirar algumas fotos com vocês dois. - Pode ir com , depois eu vou, meus saltos estão em matando. – menti na esperança que ela acreditasse e não precisássemos tirar fotos juntos.
- , por favor, é meus quinzes anos, faz isso por mim. – ela colocou as mãos como se fosse rezar – Te imploro, vocês sabem que amo vocês e que sou a pessoa que mais os shippa nesse mundo.
- Emily. – a repreendeu, o que só me fez ficar ainda pior.
- O que foi? - ela falou, fingindo não saber o que fez de errado – Gente, também se shippa amizade. Vocês não falem que eu penso o que na verdade vocês pensam. – falou rindo.
- Vamos, – ele me estendeu a mão – Caso contrário ela vai surtar.
E mesmo sem querer estendi a mão a ele e fomos.
- Qualquer coisa, você tira os sapatos. – ele riu – Lembra que você fez isso na sua formatura logo após a entrada? – e eu acabei rindo junto ao lembrar da minha total falta de feminilidade naquele dia.
- Como não lembrar? – virei para ele ainda rindo e pude sentir ele entrelaçar nossos dedos, deveria estar sendo péssimo para ele - , você não precisa fazer isso.
- Fazer o quê? – me olhou confuso.
- Isso. Aceitar tirar foto juntos, me dar à mão, tentar puxar assunto, entrelaçar nossos dedos. É sério, você não precisa, eu sei que você está se esforçando muito, mas não precisa fingir. Eu no seu lugar não me daria ao trabalho de tentar deixar as coisas agradáveis.
- , – ele me segurou e me virou de frente para ele – eu não estou fazendo tudo isso obrigado. Quando eu disse que amadureci, é porque é verdade, já faz tempo que as coisas aconteceram, meses atrás eu não faria nada disso, te trataria como uma qualquer. – às vezes sua sinceridade me doía tanto – Mas eu não vejo necessidade disso. Passou.
- Passou. – repeti a palavra mais para mim que para ele, toda nossa história era algo que passou na vida dele, passado.
Enquanto tirávamos as fotos com o segurando minha cintura ou mão, eu só conseguia pensar que horas a festa iria terminar para eu poder ir para casa chorar como uma adolescente de filmes clichês. Podia sentir que ia explodir em lágrimas a qualquer momento e estava fazendo o máximo para isso não acontecer.
- , você está bem? – Emily parou as fotos e me encarou – Você parece pálida, seus olhos estão vermelhos.
- Estou bem sim. Só com um pouco de tontura, mas nada demais. – será que alguém ia cair nessa?
- Acho que já deu de fotos Emily, não acha? – ela assentiu – Vou levar a pra mesa.
Ao sairmos de lá, ele segurou na minha cintura.
- Você tá bem? Quer que eu te leve pra casa? – perguntou.
- Acha mesmo que VOCÊ, VOCÊ – coloquei o dedo em seu peito – me levar pra casa vai ajudar em alguma coisa? – forcei um sorriso – Sabemos que não.
- Fiz alguma coisa errada? Não posso ajudar em nada? – ele e sua mania de ser cavalheiro.
- Não, você não pode ajudar em nada. E não, você não fez nada errado. Eu que fiz, , e percebi tarde demais que tinha perdido a única pessoa que podia me fazer feliz.
Embora achasse que já tinha deixado meu arrependimento óbvio desde o dia da faculdade, ele apareceu bem surpreso ao ouvir aquilo.
- Eu queria tanto, tanto ter a mesma certeza que você. – ele falou sem me encarar, e eu o olhei confusa.
- Certeza de quê?
- Que você realmente perdeu essa pessoa. Você não faz ideia de como eu queria ter essa certeza, faz mais de seis meses que eu luto pra ter essa certeza.
Pude sentir uma lágrima escorrer dos meus olhos. Se estava em sã consciência, pude ver que os olhos dele também continham lágrimas.
- Eu queria tanto outra chance com essa pessoa. – não sei de onde criei coragem para falar aquilo.
- E eu queria tanto que essa pessoa se decidisse. Porque, embora ela não consiga te olhar com a mesma confiança e nem te olhar sem lembrar de tudo que passou, ela também não consegue beijar uma garota sequer sem lembrar de como com você poderia ser melhor.
Pulei em seus braços para um abraço, o apertei com tanta força, tinha medo que ele fugisse de mim. Eu já estava em lágrimas, soluçava abraçada a ele. E depois de mais ou menos um minuto, pude sentir seus braços me abraçando também, como eu sentia falta desse abraço, desses braços ao redor de mim.
- Eu te amo, , como eu quero que você não duvide disso.
Ele nada disse, na verdade, eu não esperava que ele dissesse. Eu sabia que aquilo tudo que ele falou não significava que íamos ficar juntos, não significava que ele iria conseguir voltar a confiar em mim como antes. Mas, agora, ao saber que ele não tinha me esquecido, eu iria lutar por ele, eu iria mostrar para ele que eu também amadureci e que meu amor ainda continua aqui, muito maior e mais concreto que antes. Porque de todas as certezas que eu tenho depois de todo esse amadurecimento, a maior é que eu amo o , ele é o homem da minha vida.



FIM



Nota da autora: 11/10/2014 - Oi, amorees, obrigada por chegar até o final. É um prazer imenso saber que você passou por aqui. Espero que tenha gostado da história, a Ray aqui fez com muito amor.
Aqui vou deixar meus agradecimentos para a Gi Castro, que foi quem despertou a minha vontade de escrever essa história. Você é demais, Gi. Também quero agradecer a Mariana, que foi a primeira pessoa que leu essa história e ainda fez essa capa linda. Pirralha, você é demais, te amo. E quero agradecer ao site por estar postando minha história e a beta por ter a corrigido.
Mas o meu maior agradecimento é a você, caro leitor, obrigada mesmo. Ray ama você. Beijos que já falei demais.
PS: Tenho um grupo no facebook (https://www.facebook.com/groups/296824407185680/ ) lá você fica sabendo de novas fics minhas, spoiler e muito mais.
Outras fic da autora: fanficobsession - ffobs/t/thebetterpartofme.html (The Better Parto f Me )


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