3 anos juntos, dá para acreditar? Nunca pensei que iríamos conseguir todo esse tempo, logo duas pessoas tão diferentes. Mas não existe um velho ditado? “Os opostos se atraem”. E foi exatamente isso o que aconteceu. Agora eu espero que ele lembre, porque aquela criatura esquece quase tudo.
Estava andando pelas ruas de Manhattan, tentando achar um certo vinil para a minha pequena coleção, quando avistei uma loja simplesmente incrível. Entrei lá e, fui procurar algumas o vinil que estava procurando e algo para o . Enquanto vasculhava algumas estantes, um cara se aproximou de mim e me perguntou:
-Em que posso ajudá-la?
-Ah, eu estou a procura de um vinil, que falta para a minha coleção e é um do Pink Floyd... Vocês tem aqui?
-Temos sim! Mais alguma coisa?
-Sim -sorri sem graça. - Estou à procura de algo para dar de presente ao meu namorado. Estamos fazendo 3 anos hoje, mas não sei o que dar a ele...
-Bem, eu posso te ajudar. O que ele cursa na faculdade?
-Ele faz física... Seria tão mais fácil se ele cursasse história ou arte como eu. Simplesmente não entendo nada de física - falei sorrindo.
-Eu vou dar uma procurada aqui, já já volto com o seu vinil e com o presente - ele falou sorrindo encantadoramente.
-Obrigada.
Ele sorriu novamente e foi em algum lugar da loja. Fiquei olhando o que tinha ao meu redor e a loja era simplesmente incrível mesmo. “Como eu nunca vim aqui?” pensei.
-Então... Eu achei o seu e aqui está - me entregou o vinil. - Porém eu não sei exatamente o que ele gosta ou se já tem... Então eu trouxe esse porta retrato e esse livro aqui. E eu concordo com você, se ele cursasse história ou arte seria bem mais fácil para escolher algo. Também não sei quase nada de física.
Sorrimos e começamos a conversar sobre história e arte. Tinha descoberto que ele também ama Van Gogh, Matisse e Monet, que seu nome Geramy e já cursou história da arte. “Deus, diga-me o porquê do não ser assim? Por quê?” pensei.
-É ótimo, porém, dá um pequeno trabalho.
-Concordo.
-Bem, Geramy, obrigada pela ajuda e pela conversa – sorri. - Até outro dia.
Já estava quase entrando em meu apartamento, quando ouvi meu telefone tocar lá de dentro. Abri rapidamente a porta e fui correndo até a mesinha perto do sofá, onde o telefone tocava estrondosamente.
-Calminha - falei jogando minha bolsa no sofá e pegando o telefone logo em seguida, atendendo-o.
-?
-Oi, .
-Você vai poder vir até aqui agora?
-Acabei de chegar em casa... Então vai demorar um pouco.
-Ah sim, claro. Cerca de 2 horas para ser exato, certo?
-É- sorri. - Deixa de ser agoniado, logo logo estarei chegando.
-Ta bom... Tenho uma surpresa e algumas novidades...
-Não acredito que você lembrou que hoje fazemos 3 anos - o interrompi.
-É claro!- sorriu. - Por que eu não lembraria?
-Você é a maior cabeça-de-vento, ! Já até quase esqueceu a sua carteira em cima da mesa de um restaurante, porque não iria esquecer de hoje?! - falei sorrindo.
-Tá bom... Eu tinha anotado no meu mural, okay? Agora vai se arrumar, não quero que você demore muito .
-Tudo bem... Até daqui a pouco.
Desliguei o telefone, levantei do sofá e fui tomar um banho.
Depois de um banho rápido e quentinho, me vesti, guardei um par de roupa para amanhã dentro da bolsa – na verdade mochila – e saí de casa, em caminho para o prédio que o mora, que é duas ruas depois da minha.
Já estava tocando a campainha pela segunda vez, quando finalmente a porta abriu, mas não era o que estava lá atrás da mesma. Era o melhor amigo dele, o . Ele olhou com uma cara de pouco amigos e de cima abaixo, chamou pelo – que saiu do quarto esbaforido – e abriu mais a porta, me deixando entrar. Entrei, dei um sorriso sem graça para o como um “oi” e fui ao encontro do , o abraçando logo depois e dando um beijo rápido no mesmo.
-Feliz 3 anos de namoro - falei entregando o livro que eu tinha comprado.
-Obrigado, amor, para você também... Vem aqui comigo? - ele falou me puxando pela mão indo em direção ao seu quarto.
Entramos em seu quarto e eu sentei em sua cama, enquanto ele procurava por algo no closet. Ele pegou algo lá e sentou na cama ao meu lado.
-Desculpa não ter embrulhado, não tive muito tempo. Acho que você vai gostar - ele falou me entregando um livro que a capa era meio verde.
Quando o livro estava em minhas mãos, vi que o título era: “A história verdadeira história da Monalisa”.
-Então, vamos jantar? - ele falou sorrindo, com aquele sorriso meigo que me encantava.
Assenti e então saímos do quarto e fomos até a cozinha. Era raro o cozinhar algo, mas quando ele cozinhava a comida dele era simplesmente muito boa. Ele adorava comida italiana e sempre fazia um macarrão com almôndegas caseiras maravilhoso. Porém o jantar de hoje não era macarrão com almôndegas. Ele viu a minha cara de “decepção” e sorriu sem graça.
-Queria mudar um pouco hoje - falou dando de ombros e se sentando a mesa comigo.
-Humhum... Mas está ótimo, amor.
-Obrigado.
-Era essa então a surpresa? - falei sorrindo.
-Vamos dizer que sim... Está curiosa para saber a novidade e a surpresa?
-Sim!
-Não vou contar agora - o olhei com cara feia e ele sorriu. - Estou brincando, não precisa me olhar assim, okay? - gargalhou.
-Okay! Agora conta logo, deixa de fazer mistério!
-Tudo bem... A novidade é: o vai morar aqui de hoje em diante - ele falou com sorriso que me deu pena de destruir.
-Sério? - falei abismada.
-O que foi?
-O não gosta de mim, , tem certeza que isso vai dar certo?
-É claro que vai dar certo, , e não tem isso dele não gostar de você, é claro que ele gosta de você.
-Tudo bem então - falei meio receosa... É claro que o não gosta de mim. Só pelo olhar dele quando está em minha direção, é como se ele quisesse me perfurar com várias laminas ou até mesmo me fazer explodir.
-E a surpresa é o seu livro, o jantar e algo que eu fiz pra você... Na verdade para nós dois. Está na geladeira a primeira parte, mas só depois de comermos isso aqui e a outra está lá no meu quarto.
-Eu fiquei ainda mais curiosa, sabia?
Ele assentiu sorrindo, terminou de comer e ficou me esperando para poder pegar algo que seria da surpresa dentro da geladeira. Terminei de comer logo, ele foi até a geladeira e voltou com uma pequena vasilha com uma torta, com a nossa torta preferida e a que comemos no nosso 2° encontro.
Flash Back
-Você prefere café ou chocolate quente?
-Acho que um cappucino cairia bem, mas com chantilly.
-Exigente, huh? - ele falou sorrindo e indo até a fila que fazia os pedidos.
Fiquei lendo um pouco no novo livro de romance que tinha ganhado do meu pai há alguns dias atrás, enquanto o esperava chegar com os pedidos. Dei uma olhada para a fila e o vi limpando seus óculos. Sorri e voltei para a minha leitura. Depois de um certo tempo, senti um forte olhar sobre mim e larguei o livro, encontrando um par de olhos escondidos pela armação um pouco grossa de seu óculos.
-Desculpe-me - falei guardando o livro em minha mochila.
-Não precisa se desculpar... Eu trouxe além dos cappucinos, peguei dois pedaços dessa torta - apontou para o cardápio. - Se você não quiser tudo bem.
-Ela tem uma cara boa, porque eu iria recusar?
Ele sorriu e então falou:
-Não sei... Pensei que você iria reclamar feito as outras garotas lá da escola, dizendo que isso engorda e você não queria engordar.
-Eu adoro doce e não tenho problema com isso - falei sorrindo.
-Okay então... Vamos comer? Acho que não vou aguentar ficar olhando a torta por muito tempo.
Sorri, dei uma garfada do meu pedaço da torta e falei:
-Essa é a melhor torta que já comi em toda a minha vida até agora
-Faço das suas palavras as minhas... Ela supera até a torta da minha mãe - falou sorrindo
Fim de Flash Back
-Preparada para a segunda parte e ultima da surpresa?
-Sim - falei sorrindo, enquanto o fingia estar mexendo em seu notebook, sentado no sofá e com uma cara feia.
-Então fecha os olhos - ele falou pondo suas mãos em meus olhos e foi andando devagarinho atrás de mim, provavelmente até seu quarto.
Esbarramos em algo, escutei o seu riso e ri também.
-Chegamos até o quarto?
-Falta só um pouquinho - ele falou perto do meu ouvido, me causando arrepios.
Esbarramos na porta e então entramos. Ele tirou suas mãos dos meus olhos, porém mandou ficar com os olhos fechados ainda e saiu de perto de mim.
-Pode abrir agora.
Abri meus olhos e olhei em sua direção. Havia algo diferente na parede que estava atrás dele. Estava verde, como se fosse um daqueles quadros-negros. Vi que ele segurava um giz azul e o olhei com uma certa desconfiança.
-O que você fez?
Ele saiu de perto da parede e vi que lá tinha algo escrito. Aproximei-me dele e fui ler o que tinha na parede. “Lembra quando eu falei que ainda me casaria com você? ”.
-Lembro-respondi sorrindo e o olhei.
-Então...
-Você está me pedindo em casamento, ?
-Ainda não – sorriu. - Mas você lembra dessa promessa. Você quer que ela seja cumprida?
-É claro... Mas eu não sei se estou pronta.
-Tudo tem o seu tempo...
-Eu sei, mas você sabe, não sabe?
-Sei... - olhou para o chão. - Tudo bem, não quero esse clima entre nós dois agora... O que você achou da parede? - falou apagando o que tinha escrito.
-Eu adorei.
-Vai dormir aqui hoje? - ele falou se sentando em sua cama.
-Vou.
-Hum hum – murmurou. - Eu vou tomar um banho e daqui a pouco volto.
-Ok.
Acordei quase sufocada pelos braços do ao meu redor e com a claridade me incomodando.
-, amor, você está quase me sufocando.
Ele resmungou algo que não entendi e me soltou um pouco. Olhei para o relógio que ficava no criado-mudo dele e vi que era 6:30 da manhã, se não nos levantássemos agora iríamos nos atrasar para a faculdade.
-, acorda, são seis e meia, vamos nos atrasar - falei me levantando da cama e o balançando.
Ele resmungou, se levantou com a maior cara de sono e voltou a se deitar na cama.
- - o reprimi e ele sorriu.
-Tá bom, vai você primeiro... Quando voltar, eu vou.
Assenti, peguei a roupa que eu iria usar e fui até o banheiro. Tomei um banho rápido, me vesti rapidamente, dei um jeitinho em meu cabelo e saí do banheiro, voltando para o quarto do .
-Já acordou?
-Você é uma chata, hein?
-Uma chata que você ama muito, agora vai tomar banho.
-Chata.
Ele saiu do quarto e eu fui até a cozinha, fazer o café da manhã. Fritei ovos e bacon, fiz algumas torradas, coei o café e separei o suco de laranja que estava na geladeira.
-Bom dia, - falei um tanto surpresa por ainda vê-lo em casa às 7 da matina.
-Bom dia.
-E ai, cara - falou entrando na cozinha e se sentando à mesa, ao meu lado.
Tomei um pouco do suco e mordi um pedaço da minha torrada, quando o roubou um pedaço do meu banco.
-Ah, qual é! - resmunguei e ele sorriu
-Vamos? Desse jeito vamos nos atrasar. , você vai com a gente?
-Não não, cara, tenho que resolver algumas coisas aqui ainda, te encontro na segunda aula.
-Ok.
Tomei o ultimo gole do meu suco e coloquei a louça que sujamos dentro da pia. Peguei a minha bolsa e o sua mochila, e então fomos.
-Me desculpe por não ter lavado a louça hoje.
-Você sabe que não tem problema, não é? Quando eu chegar, eu lavo.
Assim que chegamos à faculdade, nos despedimos e fui até ao auditório, onde minha turma iria ter uma palestra extremamente importante sobre o estilo gótico na idade média e por nada eu queria chegar atrasada nessa palestra. Durante o caminho encontrei a – uma das minhas amigas da faculdade – e começamos a conversar sobre o professor de fora que iria apresentar a palestra, até arranjarmos um lugar bom para nós dois no auditório. Todos já haviam chegado e só estávamos esperando o professor Ryan se organizar, e começar.
Prof. Ryan explicava tão bem e detalhadamente sobre cada parte da Europa, e se pudesse ele explicava até o grão de areia que existia naquela época. Mesmo que a palestra durasse quase 4 horas, não foi tão cansativa quanto todos pensavam, foi até divertida.
-Hey, , você ficou sabendo que vão selecionar algumas pessoas para intercâmbio?
-Não, não fiquei sabendo não.
-Mas é, ainda não sei para onde vai ser, mas vai ser por um ano e se o aluno que foi selecionado quiser ficar por mais tempo lá, vai poder.
-Nossa, acho que quase todo mundo vai participar, certo? Você tá interessada?
-Vamos dizer que sim, se eu for selecionada, só irei aceitar se for para Londres ou se for na Alemanha. Seria ótimo voltar para Londres.
-Entendo...
-Você quer almoçar comigo hoje?
-Claro e já que vamos almoçar juntas, já podemos começar a pensar como vamos começar a fazer o nosso trabalho.
-Olá, meninas - Andrew falou se metendo no meio de nós duas e segurando nossas mãos.
-Oi, Andrew! - falou e deu um beijo na bochecha do Andrew.
-Oi, Andrew!
-Vão almoçar agora? Aceitam comer pizza comigo?
-Só se você for pagar - falou rindo.
-Tudo bem eu pago - Andrew falou sorrindo também.
Enquanto conversávamos sobre a palestra, fomos andando até o estacionamento e entramos no carro do Andrew. Por mais que o Andrew fosse rico, ele não era como os outros e esbanjava dinheiro, para ser sincera ele não gostava de ser rico. Durante toda a vida dele todos se aproximavam por causa do dinheiro dele, mas depois que ele entrou na faculdade e conheceu a Gio e eu, soube quem realmente era seus amigos.
Quando finalmente chegamos à pizzaria que o Andrew tanto queria, nos sentamos e já fomos escolhendo sabor da pizza que queríamos, porém estava uma confusão. Senti algo vibrar e vi que era meu celular, e era o me ligando.
-Gente, eu vou lá fora atender meu celular, okay? Não quero incomodar vocês.
-Tudo bem, amore - Andrew falou.
Levantei-me e saí do restaurante para atender o .
-Me desculpe a demora para atender.
-Amor, onde você está? Pensei que iriamos almoçar juntos hoje.
-Eu vim almoçar com o Andrew e...
-Não acredito que você tá com o Andrew, eu odeio esse cara, ! Ele está sempre dando em cima de você e sempre te olha como se fosse te sugar - me interrompeu.
-, não venha com essas crises de ciúmes logo hoje. O Andrew é apenas meu amigo e você sabe disso.
-Mas, ...
-“Mas ” nada, . Você sabe que eu odeio quando você faz isso, ele é apenas meu amigo e ponto. Não tem nada disso dele estar sempre estar dando em cima de mim, até porque ele tem uma namorada. Esse só é o jeito dele e você tem que se acostumar.
-Me desculpe... Mas é que sei lá... Eu não sei me controlar em relação a isso. Sempre penso que não sou o suficiente para você.
-Deixa isso pra lá, ok? Você sabe que eu te amo e que é o suficiente pra mim. Eu vou almoçar agora, nos falamos depois.
-Tudo bem... Até depois.
Desliguei e voltei para o restaurante, me sentando onde estava antes.
-O que houve dessa vez? - perguntou com olhar estranho.
-Nada demais... Que pizza vocês escolheram?
-Acabamos decidindo pela de Frango mesmo - Andrew falou rindo.
~*~*Uma semana se passou*~*~
-Amor, você pode me dizer se o meu trabalho com a ficou bom? Eu preciso que você leia.
-Você sabe que eu não vou entender nada, não é?
-Eu sei, mas eu preciso que você leia... Por favozinho! - falei fazendo bico.
-Tudo bem... Vou dar uma lida... Mas você sabe que eu vou ficar reclamando, né?
-Eu sei, ! Eu sei que você não acredita em nada que não esteja provado pela ciência que aquilo realmente existe ou está certo, agora lê, por favor!
-Tudo bem, tudo bem - ele falou sorrindo.
-Eu vou ali tomar banho e quando eu voltar quero que você me diga se está bom, okay seu chato?
-Tá bom.
Deixei-o na sala e fui até meu banheiro. Estava tão cansada e ainda precisava revisar o trabalho e o slide para a apresentação que eu e a teríamos amanhã. Despi-me e entrei no banheiro, de cabeça e tudo. Estava agoniada e essa agonia só iria amenizar se eu começasse a me tranquilizar, porque daria tudo certo na apresentação.
Vesti meu moletom preferido, penteei o cabelo e voltei para a sala.
-Você leu?
-Li, li sim... Mesmo não entendendo quase nada quando começa a falar sobre as tais pinturas e tal, achei ótimo.
-Obrigada... Vamos jantar? Eu ainda tenho que revisar o slide.
-Vamos, vamos sim.
Depois de passar quase a noite toda em branco revisando e ajeitando todo o slide, lá estava eu quase arrancando meus cabelos minutos antes da apresentação.
-Puta que pariu, esse treco não tá pegando?
-Calma, Gio! Mas esse negócio tem que funcionar, nem que eu faça uma macumba.
-Você sabe fazer macumba? - Andrew falou entrando na sala em eu e a que estávamos.
-É claro que não, só é modo de falar.
-Ah, sim! – exclamou. - O professor está perguntando se vocês duas já estão prontas.
-Estamos sim, só que essa coisa aqui não tá pegando - falou apontando para o aparelho que estava ao lado do notebook e que eu não sabia o nome.
-É só encaixar esse cabo e pronto, agora vamos? - Andrew falou com a maior tranquilidade.
-Okay então - falei.
-Hey ho, let's go! - cantou sorrindo nervosa.
E então fomos.
Depois de trinta minutos, terminamos de apresentar e deu tudo certo. Mais tarde iríamos comemorar, até porque esse trabalho quase nos causou um ataque cardíaco.
Estávamos indo até a cantina da faculdade para terminar de resolver onde iríamos comemorar, quando ouvimos o reitor chamar a atenção dos estudantes de hisa da arte nos alto-falantes.
-Queridos alunos de história da arte, como os boatos sobre o intercambio estavam fortes durante a semana passada, vim dizê-los que é verdade. Mas para não sermos injustos e sei que a grande maioria dos alunos irá querer participar – pois é uma oportunidade e tanto –, iremos fazer um sorteio para selecionar 10 alunos. Iremos fazer o sorteio ainda hoje e amanhã no mural, irá haver uma lista com os nomes das pessoas que ganharam. Depois que você verem a lista amanhã, deverão vir até aqui, na reia, e resolvemos. Tenham um bom dia.
-Ansiosas para amanhã? - Andrew falou
-Vamos dizer que sim... Não sou tão sortuda, então acho que amanhã não estarei entre os dez. E também a minha situação com o iria complicar.
-Não pensa assim amiga, imagina se você estivesse entre os dez? O teria que aceitar de qualquer jeito, se ele te ama mesmo, ele quer o seu melhor, certo?
-Eu concordo com a Gio, - Andrew falou.
-Tudo bem gente, vamos fazer um lanchinho agora?
-Tá bom, vamos lá então.
Finalmente chegamos à cantina da faculdade e fomos comprar o que queríamos comer. Comprei um sanduíche e me sentei em uma das mesas que estava vaga. Quando já estava começando a comer, senti um perfume bastante conhecido próximo a mim e dois braços me abraçarem.
-Quer um pedaço? – ofereci.
-Não não, amor, obrigado.
-Por nada.
-Como foi a apresentação? Deu tudo certinho?
-Sim, estávamos bem nervosas, mas logo tudo passou e apresentamos tudo direito e sem pressa.
-Que bom, meu amor. Você está ansiosa para amanhã? Eu fiquei sabendo do sorteio para o intercâmbio...
-Estou um pouquinho, acho que não vou estar entre os dez - falei com a boca um pouco cheia.
-Humhum – murmurou. - Vai vir lá pra casa hoje?
-Não sei se vai dar. Lá em casa está uma bagunça – sorriu. - Você quer ir pra a minha casa hoje?
-Pode ser.
-Tudo bem então - falei e dei um selinho nele.
-Nos vemos mais tarde então... Tenho que ir agora.
-Ok.
Nos beijamos e ele foi, provavelmente para uma aula ou falar com o .
Já havia chegado em casa fazia um certo tempo. Mesmo um pouco cansada, fui organizar meu apartamento, pois tava uma verdadeira zona. Estava terminando de lavar a pouca louça que estava na pia, quando ouvi a campainha tocar. Enxuguei as minhas mãos e fui até a porta.
-Me desculpe pela demora, fui à farmácia antes.
-Hum hum - murmurei. - Algum problema? - falei assim que ele entrou .
-Não, só o meu colírio acabou, então fui comprar um novo.
-Ah sim... Eu tinha aqui, porque você não me perguntou?
-Ah sei lá, pensei que você não tinha - ele falou sorrindo e se sentando no sofá, pedindo logo depois com um gesto para me sentar em seu colo.
Sentei-me em seu colo, ele abraçou minha cintura e eu encaixei meu rosto em seu pescoço, sentindo mais de perto o perfume que eu tanto amava. Ele sorriu depois de um tempo e disse:
-Você tá me causando arrepios.
-Eu vou lá terminar de lavar os pratos, daqui a pouco eu volto - falei fazendo menção de me afastar dele.
-Não – resmungou. - Fica aqui mais um pouquinho. Ontem você mal ficou comigo e eu entendo o porquê. Vamos assistir um filme?
-Pode ser... Já jantou? - ele negou. - Vou pedir algo. Yakissoba?
-Yakissoba!
Sorri e saí do colo dele para poder ligar pro restaurante que sempre pedimos comida chinesa.
Depois de um certo tempo escolhendo que filme iríamos ver, a comida finalmente chegou. Antes de começarmos a comer, decidimos o filme que veríamos e seria Esposa de Mentirinha. Estava quase dormindo quando senti algo vibrar. Me levantei um pouco assustada do colo do e vi que meu celular tinha uma mensagem.
“Não acredito que você esqueceu do que tinhamos combinado pra hoje! Sexta-feira resolvemos isso viu? Tenho uma novidade bombástica pra te contar amanhã. Xx Gio.”
-Vamos dormir? - falou desligando a TV.
-Sim, estou morrendo de sono.
Mesmo com uma noite mal dormida cá estou no meio-mundo de alunos para ver o resultado do sorteio, só por causa da . Eu sabia muito bem que não tenho sorte o suficiente para tal. Pela graça, e eu estávamos perto de ver a lista. Quando vimos, meu queixo só faltou cair no chão, não era possível.
-, você está na lista - falou um pouco chocada.
-É, é o que estou vendo.
-Você soube que o intercâmbio será para a França não é? - ela falou quando saímos de perto do mural, dando a oportunidade dos outros alunos verem.
-Sim - falei ainda estática.
-Você vai agora para a secretaria?
-Tenho que ir... Tenho que resolver, certo?
-Você vai aceitar?
-É claro. Isso é uma oportunidade e tanto, não posso deixá-la passar, e você sabe que eu sempre sonhei em ir até a França. Só não estou acreditando nisso, nunca fui tão sortuda assim...
-Para com isso – sorriu. - Vamos lá? Eu vou com você até lá, tenho que resolver algumas coisas também, mas acho que não vou conseguir resolver hoje, porque com toda certeza irão dar a vez pra o povo que está na lista.
Estávamos já chegando à secretaria, quando vi o e ele veio até nós duas.
-E então...?
-Meu nome está na lista.
-O que?
-Eu estou na lista, . Resolvemos isso depois, tenho que resolver isso agora.
Ele me olhou surpreso e me deixou eu ir com a até a secretaria.
Depois de resolver algumas papeladas e saber tudo sobre o intercâmbio, fui para a aula que tinha e mal consegui prestar atenção nela e as que tive em diante. Quem diria que eu a azarenta da conseguiu ser uma dos alunos ganhadores do sorteio.
Como já havia me despedido da e do Andrew, já estava saindo da faculdade quando ouvi me chamarem. Virei-me e vi o correndo em minha direção.
-Podemos almoçar juntos hoje? Eu queria conversar com você - falou arfando um pouco.
-Tudo bem.
Durante o caminho ao restaurante, fomos em silêncio. Nos sentamos em uma mesa vaga, escolhemos o que iríamos pedir e esperamos o garçom vir.
-Você aceitou o intercâmbio?
-Aceitei, não tinha como não aceitar.
-Tinha sim como não aceitar.
-O que?
-Você poderia não ter aceitado... É para onde o intercâmbio?
-França.
-Por que tão longe? Por quanto tempo?
-Um ano, .
-E como vai ficar a nossa situação, ?
-Eu não quero terminar com você, , eu sei que vamos ficar um ano sem estar juntos fisicamente, mas um ano passa rápido.
-Não, não passa.
-Talvez, mas você poderia entender o meu lado? Um intercâmbio desses pra mim é uma oportunidade perfeita, !
-Tudo bem, eu posso tentar a entender o seu lado, mas você pode também tentar entender o meu? Nós dois nunca passamos tanto tempo separados, provavelmente o nosso máximo foi seis meses, . Eu não sei se vamos conseguir passar um ano... E se você quiser ficar mais um ano ou até terminar o curso? E se você acabasse se apaixonando por um francês bonitão e fortão...
-.
-O que foi?
-Você pode parar de suposições? - falei rindo.
-Ah qual é, , você sabe que qualquer coisa pode acontecer e... Para de rir!
-Tá bom - me controlei. - Seu ciumento. Você pode parar de pensar em o que pode acontecer durante esse um ano?
-Posso... Mas quando é que você vai?
-Semana que vem.
-Já?
-Pois é, essa foi a mesma reação que eu tive quando fiquei sabendo.
-Com licença, qual de vocês dois pediu frango à parmegiana? - o garçom falou chegando com o nosso almoço.
-Fui eu - falei.
-Ok, aqui está - o garçom falou e me entregou o meu almoço e logo depois trouxe o do .
Aeroporto John F. Kennedy, sexta-feira, 6:30 p.m.
A semana logo se passou e aqui estou no aeroporto fazendo o check in. Eu detesto me despedidas, sou péssima me despedindo de alguém, mas quase todos os meus amigos estavam aqui – fazendo o contrário do que eu tinha pedido. Fiz o check in e fui ao encontro do e meus amigos.
-Vocês são uns chatos, huh? Eu já não tinha me despedido de vocês ontem?
-Aquela despedida sem graça? Por favor, , tinhamos que nos despedir direito - resmungou.
-De que horas o voo sai mesmo?
-Daqui a 15 minutos, Andrew.
-Então mocinha, se cuida e fale sempre que puder com a gente, okay? Mesmo que a sua conta telefônica fique cara, eu pago pra você se quiser - Andrew falou me abraçando.
-Tá bom - falei sorrindo.
-, sempre que tiver algum problema ou qualquer coisa... É para sempre falar comigo, tá? Toda noite e até nos finais de semana estarei online no skype - falou e me abraçou.
Andrew e foram embora, e agora só me restava despedir-me do , o que seria uma tarefa bem dificil.
-Quer que eu espere até quando chamarem o voo pela última vez? - ele falou com um sorriso fofo.
-Quero - falei fazendo bico.
Ele entrelaçou nossas mãos e fomos andando até o portal de embarque. Sentamos nos banquinhos que tinha e ficamos curtindo a presença do outro pela última vez até que o intercâmbio acabasse.
Ouvimos o meu voo ser chamado e eu comecei a tentar me despedir.
-Não precisa tentar...
-Mas, ...
-, está tudo bem. Vamos tentar cumprir o que havíamos prometido um pro outro?- assenti. -Mesmo que eu tenha prova ou sei lá o que, eu vou sempre que puder te ligar, mandar e-mail ou até mesmo ficar online no skype.
-Digo o mesmo.
-Eu te amo muito
-Eu também te amo muito, ...
-Vou sentir a sua falta - falou me abraçando mais forte.
-Também.
Nos afastamos e ele me beijou. Parti o beijo olhando-o com certa tristeza e fui andando em direção ao portão de embarque.
Assim que tinha me acomodado no avião, comecei a ler um pouco sobre a França e a ler um pouco do dicionário, já que eu não sabia muito francês – mesmo tendo feito um curso, mas foi há muito tempo então quase não lembrava nada. Como seria onze horas e vinte minutos de vôo, eu teria muito tempo para ler.
-Moça?
-Sim? - falei me despertando.
-Coloque o cinto por favor, vamos pousar daqui a pouco.
Coloquei o cinto de segurança como a aeromoça havia pedido e abri minha janela, dando de cara com uma vista magnífica e a mais conhecida no mundo inteiro.
Finalmente já estava em terra firme, com a minha mala e a procura de um táxi ou alguém que estivesse fazendo o intercâmbio também. Encontrei uma menina chamada Allyssa e nós duas encontramos um táxi vago. Assumo que quando entrei no táxi confirmei o que eu menos queria... Será que todos os parisienses não tomam banho? Porque esse taxista estava com o seu desodorante vencido. Entreguei o endereço que haviam me dado e eu fiquei orando para que a ''viagem'' fosse rápida.
Allyssa e eu chegamos à faculdade, dividimos o que tinha de pagar ao taxista fedorento, e entramos na faculdade.
-Obrigada por dividir o táxi comigo, Allyssa.
-Por nada, - ela falou sorrindo.
-Hey, você sabe onde fica os dormitórios ou com quem vamos dividir?
-Eu fiquei sabendo que teríamos de ir até a reia para saber.
-Tudo bem, vamos lá?
Ela assentiu e então fomos, mesmo com as malas pesando.
Por sorte resolvemos tudo rápido e eu já estava me acomodando no dormitório que eu iria ficar e dividir com uma menina chamada Madeline, que era grossa e mal humorada, típico. Ela tinha dividido o quarto e eu não poderia tocar em nada que fosse dela sem sua permissão, não sei se vou aguentar ficar um ano com essa criatura. E minhas aulas – assim como os dos outros alunos que estão fazendo intercâmbio – irão começar apenas semana que vem. No caso teríamos esse final de semana para conhecer a faculdade e um pouquinho de nada da cidade. Como ainda era de manhã e eu estava super cansada, depois de organizar tudo e guardar minhas roupas no pequeno armário que tinha a minha disposição, me deitei em minha cama – que era próxima a janela que havia no quarto – e dormi.
Acordei-me e quando olhei ao redor do quarto, percebi que estava de madrugada. Fui até o banheiro, passei uma água no rosto e voltei para a cama, mas sem sono algum. Olhei para o meu celular e vi que haviam duas mensagens não lidas. Fui ver então, porque mesmo que fosse 3 horas da manhã a minha curiosidade era enorme.
“Deu tudo certo na viagem? Quando as aulas começam?xx”
“Já estou com saudades... Esqueci de acrescentar na primeira mensagem que te mandei. Te amo. Xx ”
Respondi as mensagens dele e fui tentar dormir, pois afinal era 3 horas da manhã e eu só teria dois dias para conhecer a faculdade e um pouco da cidade.
~*~*~1 mês se passou ~*~*~
Foi duro me acostumar com o fuso-horário, falar francês, novos “amigos” e com a Madeline que um pé no saco.
Estava indo pagar algumas contas, mas estava um pouco atrapalhada com as coisas que estava segurando, quando uma pessoa esbarrou em mim e me fez derrubar minhas coisas no meio da calçada. Abaixei-me para pegar, quando certo alguém esbarrou em mim de novo, mas dessa vez me ajudou com minhas coisas.
-Aqui - um rapaz com um sotaque francês bem carregado e bem familiar entregou-me o que faltava pegar .
-Obrigada - falei o olhando estranho.
-Por nada... Eu te conheço? - ele falou.
-Não, mas eu tenho a impressão de já ter te visto... Você pode me ajudar? Eu estou à procura de algum lugar que eu possa pagar isso aqui - falei mostrando-o os papeis que estava segurando.
-Sei sim, eu posso te levar até lá... Estou indo pra esse lugar também.
-Okay, muito obrigada.
Ele poderia ser francês, mas para minha sorte ele era bem simpático, gentil e cheirava muito bem. Seu perfume me lembrava o do e isso me fez sorrir.
-Hey, eu me lembrei de onde eu te vi! - ele falou sorrindo.
-E foi onde?
-Na faculdade... Você está fazendo intercâmbio na área de história da arte, estou certo? A propósito me chamo Adam.
-Sim e você o que cursa? Prazer, Adam, me chamo .
-Estou cursando gastronomia.
-Legal.
Durante o caminho até o banco, fomos conversando e ele era um cara bem legal, apesar de ser francês – sem preconceito algum, é claro. Chegamos e enquanto estávamos na fila continuamos a conversar.
-Você está em algum dormitório ou tem apartamento próprio?
-Tenho um apartamento próprio, mas to pensando seriamente em alugar o outro quarto que tem lá, porque não estou conseguindo pagar - ele falou sorrindo um tanto envergonhado.
-Sério? Eu estou precisando disso, não aguento viver com a minha colega de quarto. E já que estou começando o meu estágio vai dar para procurar algum lugar...
-Você quer?
-Eu adoraria!
Depois do meu expediente no museu que estava trabalhando como estagiária, voltei para o dormitório e como ainda era cedo, eu ficaria sozinha por provavelmente 3 horas. Tomei um banho rápido e liguei o notebook para falar com a e talvez Andrew, e com o . Contei a novidade que eu iria me mudar para o apartamento do Adam e expliquei o motivo. Depois de passar quase 30 minutos falando com o Andrew e a Gio, fui numa cafeteria que tinha perto da faculdade e comi um croissant de frango e tomei um café com leite, e voltei para o dormitório para falar com o , nem que seja ao menos por uma hora. Voltei para minha cama e assim que abri meu notebook, ele me chamou no skype.
-Oi, amor, como você está?
-Estou bem, porém cansada e você?
-Também estou bem... Também estou com muita saudade de você...
-Eu também - sorri.
-Como foi o seu dia hoje?
-Bem cansativo, produtivo e como foi o seu?
-Chato - riu, de certa forma envergonhado. - Alguma novidade? A sua colega de quarto ainda te incomoda?
-Sim ela ainda me incomoda, mas coitada – sorri. - Porém eu vou me mudar. Um colega daqui da faculdade está alugando um quarto do apartamento dele, então eu vou pegar essa chance.
-Esperta – sorriu, - Mas quem é esse? Qual o nome dele?
-Adam. Ele se chama Adam.
-Sei... Eu não gostaria que você morasse com um homem sem ser eu, mas já que é uma oportunidade “única” e você não aguenta ficar aí, tudo bem. Mas se acontecer qualquer coisa, você já sabe, né? Você tem ai um spray de pimenta?
Comecei a rir pelo “desespero” dele e então falei:
-Não, mas vou comprar... Adorei sua dica.
-É sério, .
-Tá bom, tá bom. E as suas novidades?
-Bem dizer, não tenho nenhuma... Só o que fica pegando no meu pé para eu estudar mais e dizendo que não estou tão produtivo como era antes... E que você está me atrapalhando – coisa que eu discordo. Ah, e essa semana é o aniversário dele... Mas não sei o que dar a ele. Pode me ajudar?
-Claro... Já tenho em mente o que você pode dar a ele - falei rindo.
-O que?
-Um cactus... Combina bastante com ele, o que você acha?
Ele gargalhou e disse:
-Vocês dois e suas implicâncias... Mas é uma boa ideia de certa forma – riu. – Me esqueci de te falar, mas você lembra primeira foto em que tiramos juntos? Essa semana eu resolvi transformá-la em um retrato...
-Não acredito! - o interrompi surpresa.
-Sério! Eu falei com meu amigo que tá se formando agora em algo relacionado à fotografia e ele disse que faria - ele falou sorrindo.
-Eu amo aquela foto... ?
-Sim?
-Eu vou ter que ir agora... Nos falamos amanhã.
-Okay. Eu te amo muito, . Até amanhã.
~*~*~ 3 meses depois ~*~*~
Estava andando pelas ruas, tentando procurar algo de interessante ou que eu realmente gostasse, afinal hoje é o meu aniversário e eu mereço dar-me algo. Pensei em algum perfume francês, mas eu já havia comprado um mês passado, então seria melhor comprar algo diferente. Vi uma loja interessante de música, mas eu já havia completado a minha coleção de vinis antes mesmo de vir para Paris, então também teria de ser outra coisa. Olhei melhor para o que tinha do meu lado esquerdo – na calçada – e vi que tinha uma joalheria, e então entrei. Tudo era muito lindo, mas algo me chamou atenção... Uma pequena pulseira de ouro e não era tão cara, iria dar para comprar. Falei com a atendente que estava desocupada, comprei o que queria e saí alegre da loja. Peguei um táxi e fui para o apartamento do Adam – no qual estava morando agora.
Durante o caminho, enquanto observava o céu, percebi que o tempo havia mudado brutalmente. Quando estava já saindo do táxi, começou a chuviscar e como estava sem o meu guarda-chuva, apressei meu passo e logo entrei no prédio. Esperei o elevador – que logo chegou – e saí.
-Feliz aniversário, !! - Adam falou assim que abri a porta do apartamento.
Entrei no apartamento e dei uma olhada em volta. Tinha um bolo em cima da mesa e alguns balões. Mesmo que fosse uma festinha solitária entre nós dois, estava sendo ótimo.
-Muito obrigada, Adam, você não sabe o quanto isso está significando pra mim...
-Você sabe que não precisa agradecer – sorriu. - Vamos comer? Hoje eu fiz o jantar... Espero que goste de Coq au Vin *.
-Sim, vamos sim.
*Galo ao vinho ( tradução aproximada ).
-Espero que tenha gostando... Eu não sabia ao certo de que bolo comprar, mas ai eu lembrei que você adora chocolate, então trouxe esse.
-Obrigada, isso foi muito adorável da sua parte - falei sorrindo e dei uma garfada no pedaço do bolo que estava comendo.
-Eu não posso comer, porque estou de regime então...
-Bom saber, o bolo fica só pra mim haha - falei rindo.
Ele riu e disse:
-O , ligou hoje, então como você não estava em casa, eu disse para ele te ligar agora a noite... Provavelmente daqui a pouco ele irá ligar, meu bem.
-Tudo bem.
-Okay, eu vou descansar agora... Preciso do meu sono da beleza - ele falou rindo.
-Vai lá - falei sorrindo também.
Ele entrou em seu quarto e eu continuei na cozinha, comendo ainda o pedaço do bolo. Ouvi o telefone tocar e fui correndo até o mesmo para atender.
-Alô?
-? Feliz aniversário, amor!
-Obrigada! Eu fiquei sabendo pelo Adam que você havia ligado mais cedo...
-Sim, eu liguei... Mas não gostei muito dele ter atendido.
-, é a casa dele porque ele não atenderia? Ele tem o direito de atender, mesmo que eu divida o apartamento.
-Eu sei, , que ele tem o direito de atender ou coisa do tipo, mas é que mesmo ele sendo o seu amigo e te dando um bom lugar para ficar, eu não gosto dele.
-Isso não me interessa, . Mas o que houve para você não gostar dele? Quais são os seus motivos?
-Eu sem querer falei algumas coisas que eram importantes e agora não são mais, okay? E ele riu da minha cara, ... Quer saber deixa isso pra lá, ele é um cretino e ridículo.
-Não fale dele assim.
-Ah e então você liga se eu falar qualquer coisa dele? Por favor, ! Ele dá em cima de você, não é? Você está gostando dele?
-Lá vem você com seu ciúme ridículo e chato?
-, você está longe de mim, qualquer um pode fazer o que quiser com você – é claro, se você quiser – e eu não estou por perto! Eu tenho direito de sentir ciúmes!
-, para com isso! Você acha mesmo que eu sou uma vadia? Que sou qualquer uma? Eu não sou assim, meu querido.
-Tudo bem então, já que você pensa desse modo. Eu não te acho uma puta ou algo do tipo, só sinto a sua falta e penso que posso te perder, apenas! E o Adam pode muito bem me substituir.
-Não, não é isso e o Adam é gay, ! Não quero discutir mais, okay? Se quiser continuar com isso que continue sozinho, isso já foi demais - falei e desliguei o telefone.
Assim que desliguei, me sentei no sofá e deixei que a minha frustração tomasse conta de mim. Ele tinha exagerado, para ser sincera o nunca tinha tido uma crise de ciúmes como essa e hoje realmente havia me “machucado”. Até porque ele se importou mais com esse ciúme ridículo do que comigo e eu estar fazendo aniversário hoje. Enxuguei minhas lágrimas e fui tomar um banho frio – vestindo meu pijama favorito logo depois. Fui para a cozinha à procura de algo para beber, porém não tinha nada mais que vinho e refrigerante, nada que eu quisesse.
-Deixa pra beber amanhã, , já que é sexta-feira - falei pra mim mesma.
Peguei então mais um pedaço do meu bolo e fui para o meu quarto, até porque o chocolate ou algo com cacau sempre me acaba me consolando.
-, você tem certeza que quer sair hoje?
-É claro, que tenho, Adam... Você não quer ir?
-Quero, mas pra onde você quer ir?
-Ah sei lá... Um bar.
-Tá bom, eu vou me organizar, okay?
-Tudo bem, só não demora.
E então fiquei sentada no sofá assistindo TV pacientemente. Desde ontem que estava a fim de beber, na verdade me embebedar, apesar de nunca ter feito isso. Ainda estava muito chateada com o e não iria falar com ele nem tão cedo.
-Vamos?
-É claro.
Saímos do apartamento e fomos andando até o bar que o Adam costumava ir, que ficava um pouco perto do prédio. Assim que chegamos no “barzinho” - como o querido Adam estava falando – percebi que não era um barzinho e sim quase um restaurante. Nos sentamos próximos ao balcão e o barmen – gatíssimo por sinal – veio nos atender.
-Boa noite, vocês gostariam de algo?
-Claro, mas não sei realmente o que pedir, então tem algum cardápio? - falei meio insegura
-Ok, aqui está - entregou o cardápio. - E você? Que bebida gostaria? - o barman falou se dirigindo ao Adam.
-Um dry martini por favor.
-Ok, e você, moça? Já se decidiu?
-Sim, uma cuba livre por favor.
-Trago já.
O barmen foi atender mais outra pessoa que estava do outro lado do balcão e o Adam se virou para mim e disse:
-O que houve?
-Nada.
-Eu percebi que aconteceu alguma coisa, você não quer me falar?
-Eu briguei com o ontem a noite... Mas nada demais. E estou ficando gripada, me diz quem gosta?
-Eu percebi que você está ficando gripada, – sorriu. - Porque você brigou com o ?
-Não quero falar sobre isso agora, me desculpe.
-Eu entendo.
-Aqui está - o barmen chegou com as nossas bebidas.
Brindamos e começamos a beber.
Depois de vários drinks - na verdade, várias cubas livre de minha parte -, eu quase já não entendia nada e me sentia de certa forma um pouco tonta. Paguei a minha conta e vi que o Adam estava de papo com um cara. Então para não incomodá-lo, apenas avisei que estava indo embora e saí do "barzinho".
Peguei um táxi e fui para casa. Assim que cheguei – me sentindo mal –, fui diretamente até o banheiro tomar um banho quente. Depois de me trocar e enxugar meu cabelo – que não devia ter molhado –, fui preparar um café amargo e tomar um comprimido, pois a minha cabeça quase faltava explodir. Quando o café ficou pronto, fui para a sala, me sentei no sofá e vi que havia uma mensagem na caixa de recados do telefone. Aproximei-me mais da mesinha em que o telefone ficava e vi que era o número do . "Não vou ouvir... Vou ignorar, ele está merecendo isso" pensei. Dei um gole em meu café, olhei para o aparelho telefônico, olhei para a xícara em minhas mãos e olhei novamente para o telefone.
-Oh curiosidade infeliz...
Apertei o botão para a caixa de recados e ouvi o que ele havia gravado.
-, sei que você não está em casa nesse momento, mas se eu não falar isso agora não sei se vou conseguir aguentar... Desculpe por ontem À noite, eu sou um completo idiota. Não deveria ter dado atenção para besteiras e esse meu ciúme... Estou me sentido péssimo por ter falado tudo aquilo para você. Me desculpe mesmo - ouvi um espirro- e por esse espirro também.- sorriu - Espero que você esteja bem e que não tenha feito nenhuma burrada, mas sei que você não faria nada disso... Sabe, estou com tanta saudade de você e estou sentindo tanto a sua falta. Eu te amo tanto, que tenho medo de te perder, você sabe disso. Tenho que desligar agora, vou encontrar o numa cafeteria para resolver algumas coisas. Era só isso mesmo... Beijo, te amo.
Olhei para o telefone novamente e apertei o botão para escutar a mensagem novamente. Era ótimo ouvir a sua voz e principalmente se desculpando e dizendo que me amava.
Quando terminei de ouvir, apaguei a mensagem e fui para o meu quarto. Peguei minha bolsa e comecei a procurar meu celular para ligar pro . Disquei o número tão conhecido, esperei aproximadamente cinco toques e ele finalmente atendeu, com uma voz meio arrastada.
-? Te acordei?
-Acordou – sorriu. - Mas você sabe que não tem problema, né?
-Mas mesmo assim, me desculpe. Eu liguei para dizer que aceito as suas desculpas...
-Só isso mesmo?
-Não... – sorri. - E para dizer que também estou sentindo muito a sua falta.
-Hum – murmurou. - Me desculpe por não ter dado a atenção do seu aniversário como deveria. Por que você não me falou antes que o Adam é gay? - falou brincalhão.
-Você não me deixou falar.
-Tá bom... Amanhã conversamos? É que eu estou muito cansado.
-Claro... Boa noite, amor. Até amanhã.
~*~*~ 9 meses se passaram ~*~*~
E finalmente já estavam terminando de arrumar minhas malas - de última hora, como sempre. Seria amanhã que eu iria voltar para Manhattan, mas a ansiedade corroia todo o meu corpo e a saudade, que finalmente iria acabar, dilacerava o meu peito. Separei a roupa que iria amanhã e fui me deitar, porém não conseguia fechar meus olhos.
Depois de uma noite mal dormida, levantei-me um pouco atrasada e me organizei apressada. Quando já estava terminando de pentear meu cabelo, o Adam me avisou que o táxi havia chegado. Ele me ajudou a pôr minha mala no porta-malas do táxi e entrou junto comigo. Durante o percurso do táxi até o aeroporto, fiquei observando aquelas ruas e a vista magnífica que a Torre Eiffel proporcionava para a cidade. Iria sentir falta do clima europeu e parisiense. Quando chegamos no aeroporto, fomos diretamente fazer o check in e eu pude ficar um pouco sossegada. Nos sentamos num dos bancos livres e falei assim que ouvi meu voo ser chamado pela primeira vez:
-Sugiro para começarmos a nos despedir, porque sou péssima em despedidas.
-Tudo bem - ele se virou pra mim. - Olha eu não sou daqueles gays melodramáticos, ok? Vou sentir sua falta, mas também não vou sentir – rimos. - Estarei sempre aqui quando quiser visitar Paris novamente ou quando seu namorado brigar ou dar o pé na sua bunda... Agora se você se casar com ele e não me convidar para o seu casamento você vai ser comigo ouviu? Vem cá sua formiga - ele falou e me abraçou.
-Qualquer coisa me liga... Vamos manter o contato e quando quiser visitar NY, vou estar sempre lá - falei sorrindo e pegando minha mochila.
-Ok, tchau tchau - ele falou sorrindo.
Dei um sorriso amarelo e fui andando em direção ao portão que eu iria embarcar. Assim que me acomodei no meu assento, mandei uma mensagem para a avisando que estava voltando para casa e estava com alguns presentinhos para ela, logo depois mandei uma para com as seguintes palavras:
“Estou a caminho.”
Depois de 11 longas horas, finalmente o avião pousou no aeroporto de Manhattan. Meu coração só faltava sair correndo pela minha boca de tão acelerado. Todos os passageiros – incluindo eu mesma – fomos até o portão de desembarque, peguei minha mala – que estava um pleno chumbo – e fui saindo à procura de , Andrew e o . Quando avistei o rosto da Gio, meu coração deu pulos de alegria. Corri arrastando a mala em sua direção e a abracei forte.
-Ai que saudade! - falou um pouco abafada por causa do abraço. - Então, trouxe mesmo presentes? -ela falou assim que se separou do meu abraço de urso.
-É claro!
Abracei o Andrew que estava logo ao lado da e quando nos largamos, senti falta de uma certa pessoa.
-Cadê ele?
-Eu não sei, , a última vez que falei com o foi há três dias - falou.
-Será que ele recebeu a minha mensagem? - falei mexendo no meu celular um tanto desesperada, pois não era possível. Ele estava mais ansioso que eu para a minha chegada e quando chego ele nem está aqui?!
-Então? Vamos? - foi a vez do Andrew se pronunciar depois de um certo tempo.
-Vamos - falei derrotada.
Fomos andando até a saída, quando ouvi alguém me chamar. Pela primeira vez nem dei certa atenção, pois poderia haver várias “s” nesse aeroporto, porém quando ouvi pela terceira vez, olhei para trás e vi o um pouco distante de onde estava com a e o Andrew. Deixei minhas coisas com a e saí andando rapidamente até o . Assim que cheguei perto, nossos corpos se chocaram com tamanha força que foi o nosso abraço.
-Pensei que você não viria...
-Por que eu não iria vir? - ele falou sorrindo de lado e se afastando um pouco de mim.
O beijei um tanto desesperada e o respondi:
-Eu não sei... Talvez você estivesse ocupado ou o fez algo para você não vir...
-Deixa de ser boba – sorri. – Mesmo que o fizesse algo para eu não vir, eu o ignoraria e mesmo se eu estivesse lotado de coisas para fazer, eu deixaria todas de lado só para vir buscar a minha noiva no aeroporto depois de uma longa, quase eterna viagem - ele falou sorrindo.
-Como assim noiva? - falei um pouco assustada e com a minha voz subindo quase 8 oitavas acima.
-Sim... – se ajoelhou e quase todos próximos a nós dois pararam para nos olhar. - , você aceita se casar comigo? - continuou com um sorriso largo em sua face e segurando um anel simples e lindo dentro de uma caixinha preta.
Na mesma hora todo o meu corpo ficou paralisado e provavelmente fiquei pálida. Olhei para os dois lados, vi a cara da de certa forma chocada e o Andrew sorrindo. Olhei para o , seus olhos tinham um brilho incomum e então finalmente consegui falar.
-Sim.
-Sim?
-Sim, , eu aceito!
Ele se levantou na mesma hora, agarrou minha cintura e me deu um beijo. Assim que nos separamos, ele pôs o anel em meu dedo anelar de minha mão direita, me abraçou pela cintura e fomos andando em direção a e o Andrew.
Fim.
Nota da autora: Uhul! Finalmente acabei! Nossa, nunca pensei que uma shortfic iria me dar tanto trabalho, quero dizer, não me deu tanto trabalho assim pois logo as ideias foram surgindo, mas eu demorei um pouquinho para escrever. Duas semanas para ser sincera. Não dá muito certo escrever quando você está com tendinite, em período de provas e a sua mãe quando te ver no computador te dá logo uma bronca. Espero que vocês tenham gostado dessa história, porquê em particular essa foi uma das melhores shortfics que já escrevi. Quero comentários, huh? Essa fic era para entrar como challenge, mas houve alguns problemas e as meninas não conseguiram ler a minha fic, como se eu não tivesse mandado mas eu mandei. Enfim, ee quiserem entrar em contato comigo ou ler mais uma de minhas criações, é só falar comigo no twitter (@povliam). Mil beijos pra vocês!