Prólogo
Eu estava cagado, não com todo o sentido da palavra é claro, porque eu sei muito bem da existência de uma coisa onde fazemos nossas necessidades chamada banheiro. Eu estava cagado de outra forma. Eu estava cagado de infelicidade, de raiva de mim mesmo de ser quem eu sou. Eu estava cagado por ter perdido uma pessoa maravilhosa, o motivo dos meus sorrisos e a causa da minha depressão. Eu simplesmente estava cagado porque eu sou um merda sem consciência. Okay, okay, não ofendemos os coliformes fecais, eles não tem culpa da minha desgraça. Acredite, não estou me fazendo de vitima, longe disso, aqui é apenas um relato de uma pessoa que fez uma grande merda – desculpe coliformes – e está bem arrependida disso, arrependida demais. Mas quem disse que arrependimento nos leva a algum lugar? Ele em nenhum momento apaga o que fizemos, nossos erros, nossas escolhas que vieram a machucar alguém. Arrependimento é apenas um peso na consciência, uma coisa horrorosa que nos faz sentir extremamente culpados, não que eu nunca tenha me sentido culpado pelo o que fiz e falando desse jeito até parece que eu matei alguém, não, eu não matei necessariamente uma pessoa, mas matei uma coisa muito importante, a confiança. Sabe aquele lance que diz que um espelho quando quebrado, se cola não fica como antes? Então, o espelho é tipo a confiança, uma vez quebrado, não tem como consertar.
As pessoas são muito injustas, jogam fora amor por diversão, eu necessariamente não fiz isso, ou melhor,será que eu fiz? Porque até eu estava confuso diante da situação toda.
Eu descobri o preço da traição e acredite, meu amigo ou amiga, ninguém, absolutamente ninguém, gostaria de pagar esse preço se ele for perder a pessoa que ama.
Parte 1
Olá, sou , tenho 17 anos e traí minha namorada. Eu sei, eu sei, péssima maneira de começar uma história, mas comigo é assim rapá, o papo é reto, nada de enrolação, nada de fazer cú doce – perdoe-me moças – e falando assim parece até que eu tenho orgulho do que eu fiz, mas acredite, eu não tenho nem um pouco de orgulho.
Sabe aquele lance que dizem que homens são safados por natureza? Pois bem, eles são. Não vou dizer que eu não sabia o que eu estava fazendo, qual é, eu já tenho dezessete anos e sei muito bem quais são as consequências dos meus atos, também não vou dizer que a culpa foi da bebida apesar de eu estar apenas 26% lúcido e também não vou deixar a culpa recair somente na menina, ela não fez sozinha. Ela se atirou pra cima de mim mesmo sabendo que eu namorava? Sim, se atirou. Ela sabia quem era minha namorada? Ó sim, sabia muito bem, porque aliás, ninguém esquece da pessoa que espalhou para a escola inteira que você abriu as pernas para o professor de matemática para ganhar uma nota mais alta, acho que isso era um segredo porque ela não gostou nem um pouco quando a minha garota espalhou para a escola inteira o que ela fez, não que fosse mentira.
A carne é fraca e idiota, sei que parece papo pra boi dormir e sei que tem aquelas que dizem “quem ama não trai” blá, blá, blá, concordo plenamente com vocês, mas eu amo minha namorada, sou louco por ela, me jogo na frente de uma bicicleta se ela me pedir, sim, bicicleta, pensou que eu ia falar carro, né? Mas eu não sou nem louco, só faço isso se o carro estiver parado e se eu me assegurar que não tenha ninguém dentro dele e... Onde eu parei mesmo? Ahh, é. Ela deu em cima e eu peguei, mas acredite, eu nunca, durante esses dois anos de relacionamento, traí a minha namorada, sério, não desconfie de mim, eu fiquei tão encantado por – minha deusa – que não existiam outras meninas na minha vida. Mas aí nós brigamos por ciúmes, da minha parte é claro, fiquei revoltado, fui para uma festa, deram em cima de mim, eu peguei, minha namorada descobriu da pior forma possível, eu a perdi e aqui estou eu parecendo merda no sol, secando cada vez mais.
Agora acho bom eu começar bem do comecinho, sem eu me esquecer de absolutamente nada, quanto mais tempo eu poupar vocês de ler uma briga feia e alguém tomando um pé na bunda – com razão – melhor.
Era um dia normal na escola onde eu frequentava – quase – diariamente, eu e meus escudeiros féis desde o jardim, e . Estávamos sentados de baixo de uma grande árvore que nos proporcionava uma bela sombra falando sobre um assunto extremamente importante para a sociedade... Quem era a mais gostosa da escola era a Meg, uma loirinha peituda do segundo ano, estava ganhando de lavada na nossa escala mental.
Enquanto e mudavam de assunto e discutiam quem havia ganhado na competição de arroto mais alto, eu morgava legal. Foi então que eu a vi e eu te juro, eu pensei que eu enfartaria no auge dos meus 15 anos.
era exuberante, a definição deusa era perfeita para ela. Ela tinha o andar meio desleixado, mas firme, sua saia ia até o meio das coxas e era bem apertada, sua blusa branca era comportada e estava para dentro da saia e ela resolveu ignorar as sapatilhas pretas que todas as garotas usavam e optou por um vans azul turquesa. Seus olhos estavam com uma camada de lápis e um pouco de rímel – sim, eu sei o que é rímel, pasmem – e seus lábios eram vermelhos por natureza. Seus cabelos voavam com o vento e seu sorriso era o sorriso mais lindo que os meus olhos já tiveram o prazer de ver, e falando em olhos, os dela eram sem explicação. era aquele tipo de garota independente e você sabia aquilo só de olhar para ela. Ela era segura de si e tinha aquele olhar de sabe tudo. Ela parecia não temer nada e o que comprovava isso muito bem era o fato dela ser nova na escola e ter chegado no segundo semestre e parecer tão confiante. Os garotos já haviam a notado, também, quem é que não notaria aquela maravilha? Mas eles que tirassem seus burrinhos da chuva porque aquela garota seria minha.
~*~
Já fazia uma semana desde a chegada de na escola. Eu parecia um psicopata, não tirava os olhos de cima dela, tinha descoberto que ela havia mudado de escola porque não gostava da antiga, que ela morava com o pai e a mãe e tinha um irmão mais velho já casado, que ela tinha 15 anos e gostava bastante de festas. Gostava de sair todo sábado porque na sexta ela sentia-se cansada e no domingo preferia ficar com a família. Bebia, mas não era nenhuma alcoólatra, não fumava, gostava de Beatles, Nirvana, McFly, John Mayer, Kings of Leon e muitos outros cantores e banda fodões. Era voluntária toda quinta de tarde em um orfanato e gostava muito de criança. Gostava de preto e da natureza, tocava violão e cantava, mas não fazia shows e o mais importante, era solteira. Sei que agora você deve estar com os olhos esbugalhados e com medo da minha pessoa, mas relaxa, eu tenho minhas fontes e também morava na mesma rua que eu, sua casa ficava de frente para minha. Nem tenho que falar que quando descobri isso fiquei mais feliz que pinto no lixo, né? E como assim eu nunca tinha a visto pela rua? Eu sou desligado, mas não é pra tanto, mas pensando bem, não sou muito de ficar na rua, na verdade só sei o nome de três vizinhos, o senhor e a senhora Smith, os vizinhos da esquerda. Ela se chama Emma e ele Matt e eu só sabia disso porque as vezes eles faziam coisinhas, sabe, corpo a corpo, suor, gemido, penetra... Tá, vocês entenderam. E eu sabia o nome deles por causa disso, acredite, eles pareciam atores de filme pornô. E também tem a vizinha da direita, dona Marta, uma senhorinha de setenta anos que vivia sozinha porque quis a independência, e ela tá inteirona hein, mas seus filhos a visitam pelo menos três vezes por semana e eu só conheço dona Marta porque ela e minha mãe faziam aula de culinária juntas. Aí um dia ela e minha mãe assaram biscoitos na minha casa e eu a conheci, fiquei encantado, ela me conquistou com seus biscoitos com gotas de chocolate. Acredite, quer me conquistar? Me alimente. Em fim, to perdendo o foco aqui, vamos parar.
Eu sabia quase tudo sobre , mas nunca havia chegado perto dela. Infelizmente não tínhamos nenhuma aula juntos, ao contrário de que tinha praticamente todas as aulas com , por isso eu vivia plantado nas aulas dele para ver vocês sabe quem. Ele me dizia que ela é extremamente esperta e que todos a adoravam, mas que ela falava muito por isso levava algumas broncas dos professores.
Bom, agora que tal irmos a um dos dias mais importantes da minha vida? Era educação física e como a preguiça em forma de gente – lê-se eu – não estava afim de fazer aula, eu cabulei. Durante a minha “vigia” para não ser pego esbarrei em alguém, e foi tão forte que a pessoa caiu, eu consegui me equilibrar, quando eu vi quem era meu coração deu um mortal tipo de ginasta olímpico medalhista de ouro.
- Droga idiota, não olha por onde anda, não?!
- Eu... Sinto muito,estava distraído – Tentei ajudá-la a levantar, mas ela recusou qualquer tipo de ajuda. Ela ainda não tinha me visto, limpou a saia e finalmente ergueu o olhar pra mim e eu te juro que minha respiração travou quando olhei em seus olhos, ali, tão de perto. Agora vou contar uma coisa que ninguém sabe. Quando eu olhei nos olhos dela eu imaginei namorando aquela garota, casando, tendo filhos e envelhecendo ao seu lado, isso é totalmente clichê para as meninas, é só ver um gostosinho que já imagina até a cara do filho, mas para menino não é bem assim, não quando você olha para os olhos da pessoa pela primeira vez, aquilo não era nada normal por isso desconfiei seriamente da minha sexualidade.
As bochechas de estavam coradas e eu pedi a todos os céus que eu não estivesse com um olhar maníaco pra cima dela, porque eu sentia que estava. Ela baixou o olhar demonstrando toda sua falta de jeito e eu me soquei mentalmente.
- Você está bem? – Perguntei e pensei seriamente em ajoelhar e agradecer á Deus por não ter gaguejado.
- Claro, foi uma trombadinha de nada não é mesmo? – Ri e ela me olhou – Você deveria olhar por onde anda.
- Eu realmente estava distraído – E ai o silêncio recaiu sobre nós. Estávamos parado no meio do corredor, eu olhava para todos os lugares, menos pra ela e quando finalmente a olhava ela desviava o olhar e mirava seus tênis. , onde você tinha ido parar? – Bom, eu... Tenho que ir, se me pegarem estou ferrado – Passei por ela sem ao menos a olhar, eu sei, eu sei, estava extremamente idiota, uma porra de uma mariquinha, a menina que eu gostava estava na minha frente e eu não tomei merda de atitude nenhuma.
- Hey – Ela me chamou e olhei pra trás, se aproximou de mim rapidamente e me olhou com uma confiança invejável – Será que eu posso, sei lá, ir junto pra qualquer lugar que você vá? Matemática realmente não é meu forte – Sabe o lance da respiração? Então, aconteceu de novo e daquela vez eu pensava que cairia estatelado naquele chão frio.
- Claro, claro – Começamos a andar.
- A propósito, meu nome é , – Quase que eu disse “eu sei”, mas consegui segurar minha língua.
- .
- Ahh eu sei, escuto bastante seu nome.
- É mesmo? – A olhei surpreso.
- É sim principalmente vindo do , ele é seu amigo certo? – Foi uma pergunta, mas nem deu tempo de responder – Ele mexe no celular e diz “o é mesmo um viadinho” – gargalhou, mas eu não acompanhei. Será que eu seria preso se matasse mesmo se o crime fosse perfeito? – E você também sempre aparece nas nossas aulas, fora algumas meninas que ficam suspirando por você – Ergui uma sobrancelha e ela me olhou – Você é bem famoso entre elas – Se eu me gabasse pegaria mal, né? Então apenas dei de ombros. Continuamos a andar em silêncio porque minha bela voz resolveu dar um passeio sem previsão de volta.
- Hum, você está meio desconfortável, né? – perguntou meio receosa.
Estávamos sentados encostados no muro da parte de trás da escola no lado de fora, isso mesmo, lado, de, fora. Os alunos eram tão vândalos que quebraram uma parte do muro e só quem sabia daquilo conseguia sair, porque o buraco era escondido por um arbusto tanto do lado de dentro quanto do lado de fora.
Sabe por que havia me feito aquela pergunta? PORQUE O BABACÃO NÃO HAVIA DITO NENHUMA PALAVRA! Eu apenas ficava puxando a grama como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo. Ela com certeza estava me achando gay, ou alienado. Qual é, eu tinha que reagir porra! Eu era o gostosão, o cara que perdeu o BV aos 10 anos com uma menina de 15 anos, o cara que perdeu a virgindade no aniversário de 14 anos com uma menina de 18 anos, o garanhão. Tá, eu não transava com tanta menina assim, eu me valorizava. O quê? Não pode? Eu só havia transado com três meninas, e eu tinha 15 anos, não queria me tornar um prostituto, á coisa era boa, tipo, B-O-A, mas qual é, comer qualquer uma não era comigo.
- Não, de forma alguma.
- É que você está aí, quieto...
- É que eu sou tímido.
- Sério?
- Não – Sorri e a olhei, ela estava me olhando e também sorrindo. Cara, como eu queria ficar com aquela garota.
- Bem, você mora na mesma rua que eu, não é?
- Não sei, é? – Isso garoto, não deixe transparecer que você é um maníaco que a persegue.
- É, eu te vejo às vezes...
- Ahhh – Ahhh??? Fala alguma coisa, alguma coisa, alguma coisa – Alguma coisa.
- Quê? – Arregalei os olhos.
- Nada e então você vem sempre aqui? Claro que não você conheceu esse lugar agora! – gargalhou.
- Você é engraçado – Cocei a nuca.
- Humm, obrigado? Sou meio estranho às vezes.
- Imagine, eu me acostumo – Opa, pause aí. Ela se acostuma? Cof, cof, quando me gabo as pessoas ainda dizem que eu me sinto o último pedaço de pizza do mundo. Era impressão minha, ou estava insinuando que queria minha presença?
- Então , o que te trouxe até essa escola?
- A vontade de aprender? – Gargalhei e ela me olhou. Desde aquela época eu adorava quando sua atenção voltava-se para mim.
- Não, digo, você mora na mesma rua que eu, certamente estudava em outra escola. Por que você mudou?
- Ahh, tá. Então... – Aí começamos uma longa conversa, uma conversa que rimos, falamos sobre o outro, descobrimos que tínhamos várias coisas em comum, rolou até cosquinhas, isso mesmo, não precisa entrar em desespero achando que precisa de óculos, ou que eu falei errado, fizemos COSQUINHAS um no outro. Chupa você que disse que não tenho atitude. Ficamos tão entretidos no nosso papo que perdemos todas as aulas, íamos nos ferrar, mas quem se importa? Meu boletim, certamente, mas enfim...
Eu e viramos amigos, não Best friends, apenas friends. Eu falava com ela todos os dias e não era tão idiota, ela às vezes passava o intervalo comigo e com os caras que haviam também gostado muito dela. já era meio famosinha na escola, mas isso não se devia ao número de garotos que ela pegava, que era nulo, mas sim pela sua simpatia e cumplicidade. Ela ajudava quem precisava e até se disponibilizou a ficar além do horário para fazer monitoria. havia conhecido minha mãe e as duas se deram muito bem, ela também havia conhecido minha irmãzinha Hannah - com um ano na época – e a adorou, quase que não desgrudou da criança, o único que ela não havia conhecido era meu pai, mas aquilo pouco me importou ele já não era presente de qualquer forma.
Às vezes ia à minha casa para estudarmos e às vezes eu ia à casa dela, os pais dela me recebiam sempre muito bem. Não pense que eu só estudava para ficar perto dela, podemos dividir ao meio, 50% era para estar perto dela e os outros 50% era para eu ser uma pessoa provinda de inteligência, se eu quisesse ser um bom arquiteto e não colocar um prédio a baixo, eu tinha que estudar bastante, isso mesmo caro amigo, arquiteto. Eu balanceava bem as coisas. De segunda à sexta me concentrava na escola, às vezes dava uma cabuladinha, outras vezes usava a internet e o vídeo game para fins nada lucrativos, mas quem é o adolescente que não faz isso? Aí chegava sexta de noite e eu gostava de sair, porque hello, era sexta de noite. No sábado eu também saía e no domingo também, mas só de manhã porque eu aproveitava o resto do tempo para ficar com a minha irmã e mãe e não, eu não saía para pegar todas, eu pegava algumas, mas não passava de beijos porque minha cabeça estava sempre em outra pessoa de lindos olhos mel esverdeados. Fora que eu era de menor e se eu demorasse a chegar em casa minha mãe chamava a polícia. Sim, ela já fez isso e não, não foi nada legal. Enfim. Gosto das coisas detalhadamente por isso que enrolo um pouco, mas é apenas na minha história, porque nas minhas atitudes o papo é reto, já disse.
Bom, eu estava lá na minha paixão infinita por – é, eu estava apaixonado – quando aparece um novo protagonista na história, e tipo, eu sou macho com M maiúsculo e cheio de músculo, mas eu tinha que confessar que o cara era bonito e tinha presença, muita presença, mais presença do que eu. Ele e pareciam se dar muito bem, extremamente bem pra falar a verdade porque eles cochichavam no ouvido um do outro, gargalhavam e se abraçavam e vocês não tem noção da vontade que eu sentia de ser aquele cara. Ele também vivia colocando uma mecha do cabelo dela para trás da orelha e às vezes se aproximava demais, mas ela sempre desviava o que me deixava com a esperança de que não rolaria nada entre eles. Mas só deixava mesmo. Com a aparição de Bernardo na história, a coisa ficou mais complicada pro meu lado, ele tinha algumas aulas com e parecia carrapato. Rapaz nunca vi uma pessoa andar tão grudada na outra como ele andava grudado na . As semanas se passaram e ele sempre lá com ela, andavam de mãos dadas e eu já vi até ele dando comida na boca dela. É, caro amigo, eu nem preciso dizer em que situação eu fiquei, a raiva que eu sentia era monstruosa, mas também sentia uma tristeza profunda, eu ficava até calado na sala o que era uma coisa muito estranha, vários professores estavam praticamente me pegando no colo e me levando no médico pra saber o que é que eu tinha. Pra vocês verem como a situação estava grave.
Eu nunca havia visto e Bernardo se beijando, as especulações sobre um possível romance deles já circulavam toda a escola. parecia ter se esquecido um pouco de mim, quer dizer, nos víamos todos os dias de manhã, às vezes ela ficava comigo e com os caras no intervalo, mas quem vinha junto? Isso mesmo. Bernardo.
Toda vez que eu engolia saliva, parecia que tinha um bolo na minha garganta. Nossas tardes de estudos não existiam mais, nossas conversas eram raras e eu dava a entender que eu não ligava porque comigo era assim, a pessoa se afastava sem nenhum motivo aparente, sem me dizer nada, eu não ia atrás, ela que foi embora que volte, eu não faço muito bem o papel de trouxa.
Eu estava no meu quarto, havia acabado de sair do banho, não estava me sentindo muito bem porque no dia anterior eu havia pegado uma chuva daquelas. Parecia que tinha levantado trezentos quilos com as pernas e os braços em uma academia, minha cabeça girava, minha garganta estava em brasa e meus olhos miúdos. Eu estava olhando o movimento da rua pela minha janela – sim, minha vida era bem interessante – quando de repente eu vi um carro parando de frente para casa da , não demorou para ela sair da casa mais linda do que nunca e o dono do carro também saiu dele e era nada mais nada menos do que o Bernardo. Ele pegou sua mão e depositou um beijo na mesma, sorriu. Ele abriu a porta do carro pra ela e ela entrou, ele entrou logo em seguida e o carro rapidamente partiu. Eu senti um embrulho no estomago e não era ânsia. Eu senti um bolo na garganta e não era culpa da ardência. Será que homem tem TPM? Porque eu desconfiava que eu estava com essa parada aí.
Bem, já que eu havia perdido antes mesmo de tê-la, eu resolvi seguir com a minha vida, eu sei, eu sei, você deve estar me chamando de trouxa, covarde, retardado e várias outras coisas, mas é que eu vi que ela não estava interessada em mim, ela estava interessada em outro e eu não sou o tipo de cara que atrapalha o lance dos outros. Nunca faça com as pessoas aquilo que você não quer que façam com você. Esse era meu lema e eu procurava segui-lo à risca.
Resolvi deitar, eu realmente não estava bem, e eu estava falando da gripe, só pra deixar claro. O que pareceu ser uma eternidade depois eu acordei, na verdade minha mãe me acordou.
- E aí mãe, qual é?
- Levanta , tem visita.
- Diz que eu to dormindo né!
- Mas você não está dormindo.
- Mas eu estava antes da senhora me acordar, e pretendo voltar a dormir – Virei a cabeça para o outro lado e puxei o edredom até a cabeça.
- Só pra deixar claro, é a que está lá em baixo – Abri os olhos rapidamente, mas não me mexi.
Eu poderia ter levantado em um pulo, esquecido que estava doente e ter corrido para vê-la, mas não, homem também tem orgulho ferido e o meu estava bem... Bem ferido. Aliás, o que é que ela queria comigo? Ela não tinha saído com o namoradinho dela? Só me faltava ele ter pedido ela em casamento e ela ter ido à minha casa para me convidar pra ser padrinho.
- Já disse pra senhora falar que eu to dormindo.
- , levanta dessa cama agora!
- Ahh mãe, qual é cara, eu não to bem – Sentei na cama e puxei o edredom junto, e eu realmente deveria estar parecendo um zumbi do Resident Evil porque minha mãe arregalou os olhos e aproximou-se colocando a mão sobre minha testa.
- Ô querido, você realmente não está bem – Fiz bico. O quê? Sou muito manhoso quando tô dodói – Vamos fazer assim, você desce pra ver a e aproveita e toma um remédio – Revirei os olhos.
- Tudo bem – Levantei e do jeito que eu estava eu desci. Cabelo desgrenhado, moletom cinza, pele mais branca que papel e com o edredom em volta de mim, fora o bafo, certeza que eu tava com bafo, mas eu estava me fodendo pra isso.
Entrei na sala e vi sentada no sofá, suas mãos estavam sobre seu colo, ela parecia meio nervosa. Será que aquela minha brincadeira dela ter sido pedida em casamento e ter ido à minha casa para me chamar pra ser padrinho era verdade?! Tentei sair dali, mas minha adorável mãe não me permitiu. Me aproximei e sentei-me na poltrona que havia em outra extremidade da sala, ela me olhou e sorriu, e eu juro que tentei não sorrir de volta, mas falhei nessa missão.
- Boa – Olhei para a janela e vi que do lado de fora já estava escuro – Noite.
- Boa noite – Me respondeu quase sussurrando. Então ficamos em silêncio até minha mãe quebrá-lo entrando na sala com um comprimido e um copo de água.
- daqui a quatro horas você vai ter que tomar de novo, não se esquece, eu não vou estar aqui pra te lembrar, vou levar a Hannah pra casa da sua tia e irei ficar por lá mesmo.
- E eu não vou também por quê?
- Porque eu sei que você acha um porre ficar no meio de um monte de mulher.
- Tá certa.
- Bem, eu vou indo.
- Deixa eu dar um beijo na Hannah antes.
- Nada disso, você está doente, não quero que ela pegue gripe – Revirei os olhos – Bom, boa noite pra vocês.
- Boa noite Joanne – levantou-se e beijou o rosto da minha mãe, ela saiu da sala deixando eu e sozinhos novamente.
- Você está bem? – me olhou franzindo o cenho.
- Estou sim, é apenas uma gripe boba – Ótimo, minha voz estava ficando nasalada.
- Não parece boba.
- Bom... Você veio me falar alguma coisa?
- Ahh, eu... – colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Naquele momento ela parecia mais uma garotinha tímida, e não uma garota determinada como ela sempre me pareceu ser – Ahh, sei lá, eu... Queria saber se você queria fazer alguma coisa – Ergui uma sobrancelha.
- E, o Bernardo não vai ficar chateado porque você está aqui não?
- E por que ele ficaria?
- Ué, vocês não estão juntos? – Isso ai garoto finja que não liga.
- Não, somos apenas amigos, os boatos que corre pela escola não procedem.
- Sério? Por que ao ver de todos, vocês parecem mais que amigos – Bocejei despreocupadamente e me acomodei melhor na poltrona. Johnny Depp que me aguarde.
- Como eu disse, é tudo mentira.
- Sei – Joguei minhas pernas em cima de um puff e cruzei os braços.
parecia ainda mais desconfortável. Ela usava um vestidinho delicado creme com algumas flores vermelhas e brancas espalhadas por todo ele e em sua cintura havia uma fita de cetim na cor vermelha. Seu cabelo estava preso de lado deixando alguns fios soltos na frente e sua maquiagem estava leve. Ela estava perfeita e eu fiz uma inspeção completa e ela só não percebeu porque estava olhando para um ponto qualquer da sala.
- Bem ,eu... Acho que vou indo – levantou-se e eu permaneci no mesmo lugar. O quê? Só menina que pode fazer bumbum doce, é? Eu sei que é outra palavra, mas mantemos a compostura – Então... É... tchau.
- Espera aí, – Okay, chega de cú doce, falei mesmo. Ela finalmente me olhou firmemente nos olhos e sorriu e droga, aquele sorriso... Levantei-me e me aproximei um pouco dela - Você quer assistir um filme, sei lá?
- Não sei, você não me parece muito bem – Eu não sabia se eu estava vendo coisa onde não tinha, mas ela me pareceu feliz pelo convite.
- Imagina, como eu disse é apenas uma gripe, não estou tossindo nem nada. E então, você aceita meu convite?
- Tudo bem – Eu nunca havia me controlado tanto para não abrir um sorriso de orelha á orelha.
- Se importa de ser no meu quarto? É que os filmes estão lá.
- Claro que não.
- Então vamos – Me aproximei dela e virou, coloquei a mão em suas costas para guiá-la até a escada e eu senti choques percorrendo minha mão. É, eu sei, eu era tão mariquinha.
Eu e estávamos deitados em minha cama, nossa cabeça e o começo das costas estavam levemente inclinados devido à quantidade de almofadas que colocamos ali para podermos assistir melhor. Estávamos um ao lado do outro, minha cama era de solteiro, mas não era aquelas pequenininhas, um palmo praticamente separava meu corpo do de . Estávamos assistindo um filme de terror, mas nem vem com essas ideias de que eu escolhi o filme para a poder se assustar e me agarrar, foi a própria que o escolheu e já era o segundo que assistíamos, mas o primeiro havia sido de comédia. O que eu achei bem contraditório porque ao meu ver a pessoa tinha que assistir primeiro o de terror, depois o de comedida. Mas enfim, quem é mesmo que entende as mulheres?
estava se cagando de medo, ela mal olhava pra tela e eu ainda não havia entendido porque é que ela tinha escolhido aquele filme, segundo ela, ela gostava de filmes de terror por causa daquela adrenalina, mas não gostava nem um pouco dos bichos e do suspense, e porra! Filme de terror é exatamente isso! Como eu disse, vai entender as mulheres.
Bom, estava eu lá, assistindo de boa porque eu sou macho e não tenho medo, quando de repente aparece aquelas musiquinhas sinistras, aí todos nós já sabemos que vem merda né? Vem aquele suspense, monstro, morte, sangue, tripa, cérebro, rim, blá, blá, blá, ou... A pessoa é trolada e não aparece porra nenhuma. Enfim. Teve uma cena dessa aí e a deu um grito tão alto que eu jurava que ficaria surdo. Mas essa não foi a única coisa que aconteceu, ela praticamente se jogou em cima de mim, isso mesmo meu amigo, agradeci a Deus por ela ser magrinha, senão eu tinha morrido esmagado. afundou o rosto no meu pescoço e passou o braço pela minha cintura apertando a mesma e eu fiz aquela cara do tipo “que porra é essa?”, mas eu estava gostando é claro, ela só me pegou de surpresa. Mas pelo que eu saiba quando a pessoa se assusta e agarra a outra, ela logo solta, certo? Certo, mas não fez isso e gente, ela estava cafungando meu pescoço, isso mesmo cara, cafungando! Eu sentia, ela respirava profundamente e logo em seguida soltava o ar, respirava e soltava, a sorte era que eu estava cheirosinho.
Bom, meu corpo começou a reagir a essas cafungadas, mas eu não queria que ela percebesse o efeito que causava em mim.
- Humm, ?
- Oi.
- Então, a cena já passou.
- Ahh me desculpe – Ela afastou o rosto – Eu realmente me assustei.
Você, que pensa que ela voltou ao seu lugar e se sentou toda bonitinha, está muito enganado. Ela repousou a cabeça em meu ombro e apertou mais minha cintura, isso mesmo, ficamos abraçadinhos e eu não ia deixar essa oportunidade passar de forma alguma. Fui lá, coloquei meu braço nos ombros dela e minha mão em seu braço. Minha mão bobinha começou a fazer um carinho ali, subia e desci e a safada foi subindo mais do que devia e embrenhou-se no cabelo da nuca de , logo depois em seu pescoço e descia novamente para seu braço e depois subia de novo. E leia bem, eu a escutava suspirar e isso me fazia sorrir e eu sei que não era nenhuma ilusão da minha cabeça.
Eu mal prestava atenção no filme, o carinho que eu estava fazendo nela e os leves apertos que eu recebia na cintura, estavam mais interessantes. Minha gripe resolveu que estava muito quietinha e se manifestou, virei minha cabeça para o lado e soltei uns quatro espirros. ergueu sua cabeça e me olhou.
- Você está bem?
- Estou.
- Acho que já está na hora de você tomar o seu remédio.
- Não precisa, eu já estou bom – colocou a mão na minha testa.
- Você não está tão quente, mas a febre pode voltar. Vou lá pegar seu remédio.
- não preci... – Mas quem disse que ela me ouviu? Ela passou por cima de mim e saiu do quarto. Bufei e abri a primeira gaveta do meu criado mudo, tirei de lá uma balinha mastigável de menta e a comi rapidamente, vai que eu estava com bafo né, eu não ia falar bem na cara da menina e matá-la intoxicada.
adentrou o quarto com um copo de água e o comprimido, me entregou e eu o tomei logo em seguida.
- Obrigado.
- Não há de quê.
levantou o edredom e passou por cima de mim esfregando suas pernas nas minhas, sim, ela fez isso. Quem era o safado mesmo? Ela me abraçou de novo sem pedir permissão, mas é claro que ela não precisava pedir. Eu a abracei também e resolvemos voltar a assistir o filme, ou não. Eu pouco me cagava para aquele troço que passava na TV, eu queria aquela garota que estava ali nos meus braços e eu ia tomar a atitude certa para tê-la.
Vamos lá, macho modd on.
Afundei meu rosto em seu cabelo e respirei o cheiro floral de seu shampoo, intensifiquei as carícias em sua nuca e abaixei um pouco meu rosto.
- ... – Ela não disse nada, apenas ergueu o rosto fazendo com que nossos narizes se tocassem. Ela arregalou um pouco os olhos e eu já estava esperando por uma bofetada e um “Nunca mais chegue perto da minha pessoa seu ser desprezível”, mas não foi isso que aconteceu, ela relaxou e fechou os olhos aos poucos quando eu comecei a passar meu nariz carinhosamente no dela. Sua respiração falhou e a minha tomou o mesmo rumo. Então aproximei mais minha boca dela e...
Você está pensando que eu vou falar que algum celular tocou, alguém tocou a campainha, jogaram pedra na minha janela ou o povo resolveu fazer a terceira guerra mundial, né? Tudo para atrapalhar o beijo, mas não, eu finalmente encostei meus lábios nos lábios que eu tanto ansiava.
Contornei seus lábios com a minha língua quente e sedenta e ela entreabriu a boca, permitindo que minha língua fosse de encontro à dela e rapaz, quando eu comecei a beijar aquela garota pra valer, eu perdi totalmente o controle. Eu puxei e ela ficou parcialmente por cima de mim, embrenhei meus dedos nos cabelos de sua nuca, os puxei levemente e logo depois empurrei seu rosto contra o meu. levou uma de suas mãos até minha nuca e passou suas unhas por ela fazendo-me arrepiar. Vez ou outra virávamos a cabeça para aprofundar o beijo e acredite, ele realmente estava profundo e apresado, eu estava sedento. Senti um arrepio subir por todo meu corpo até alcançar minha nuca onde mais uma vez cravou suas unhas, dessa vez com mais força. Minha língua explorava toda sua boca e ela não ficava atrás não, parecia tão sedenta quanto eu.
Parti o beijo de repente e logo depois aproximei minha boca da dela novamente, lhe dei um selinho e puxei seu lábio inferior com o dente mordiscando-o e logo em seguida o soltando. Aquilo só podia ser um sonho. Era um sonho, né? Eu sei que era, eu sou tão azarado... MÃE PELO AMOR DE DEUS NÃO ME ACORDA, FINJA QUE EU MORRI! Vamos lá , vamos partir para os finalmentes antes que eu caia na vida real!
Encostei minha testa na dela, ambos arfantes.
- Finalmente – Eu disse abrindo os olhos e percebendo que os de já estavam abertos e ela sorriu.
- Finalmente – Repetiu e eu franzi o cenho. Como assim finalmente pra ela? – Sabe... – continuou parcialmente em cima do meu corpo, mas desencostou nossas testas – Eu tenho que confessar uma coisa.
- O que é?
- Eu sou... Tipo, muito afim de você – Mordeu o lábio inferior e meu coração... Bem, o que é isso? É de comer? Para os canibais sim, mas vocês entenderam.
- Sério?
- Totalmente, desde que te via antes mesmo de entrar na escola. Às vezes eu via você no jardim da sua casa, ou dando uma volta com sua irmãzinha no parquinho aqui perto e eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos de você e... Okay, não acredito que estou me declarando – Suas bochechas coraram e eu gargalhei. Acariciei delicadamente seu rosto e olhei em seus olhos.
- Achei que você era uma pessoa que falava a verdade e já era, uma pessoa bem decidida.
- E eu sou, mas isso não me impede de sentir vergonha.
- Se for servir de consolo, eu sou afim de você desde que bati meus olhos em você pela primeira vez – sorriu.
- Então por isso você se enrolava tanto na hora de falar comigo?
- Ó, pode ter certeza.
- Pensei que você era , o gostosão.
- Em parte sou, mas você é diferente. Pode parecer clichê, eu sei, mas é a verdade.
- Sabe, quando eu entrei para a escola e te vi, eu fiquei extremamente feliz, por isso que naquele dia que você esbarrou comigo eu levei numa boa. Mas se fosse qualquer outro ficaria sem o instrumento de fazer filho.
- Uau, sorte que você gosta da minha pessoa.
- Gosto mesmo, gosto muito – Ela sorriu – Ahh e tem mais – Dessa vez ela parecia bem envergonhada, fez desenhos abstratos com a ponta de seu dedo no meu peitoral e suas bochechas coraram violentamente – Eu e o Bernardo somos apenas amigos mesmo, eu sei que ele gosta de mim de verdade, mais que amigo e usei isso ao meu favor para te fazer ciúmes...
- Acredite, funcionou. E ele sabia disso? Que você estava meio que, humm, o usando?
- Não, ele pensava que eu agia daquela forma porque eu realmente queria ficar com ele. Eu fui uma vaca, eu sei, mas é que eu não... – Suspirou.
- E ele está sabendo disso agora? E que você está aqui? Porque eu vi vocês saindo juntos.
- Não, não sabe. Ele tentou me beijar, mas eu desviei, disse que queria ser apenas sua amiga porque gostava de outra pessoa.
- E essa pessoa seria eu?
- Eu já não deixei isso bem claro?
- Ahhh, é que eu sou meio burro sabe, preciso que você deixe as coisas bem clarinhas.
Virei na cama e deitei apenas meu tronco em cima do dela, ergui suas mãos até o alto de sua cabeça e entrelacei nossos dedos, aproximei-me dela mordendo com gosto seu lábio inferior, sugando-o e logo em seguida começando outro beijo que nos ajudou a perder totalmente o fôlego. Serio, quando desgrudei minha boca da dela, eu achei que morreria, já estava vendo aquela famosinha luz branca e tudo mais... Até descobrir que era apenas um relâmpago.
Era madrugada e eu e estávamos abraçadinhos na minha cama, mas não, não estávamos nus, e nem tínhamos feito algo que as pessoas só deveriam fazer depois do casamento, mas puff! Quem é que só faz essas coisas depois do casamento? Hoje em dia o povo é tão tarado que já vêem pra esse mundo com o pensamento de perder a virgindade.
Bom, eu e nos pegamos bastante, tipo mergulhamos no nosso próprio mundo de saliva e mordidinhas. Cara eu estava tão viciado naquela boca, ela era tão tentadora... Não teve mãos bobas nem nada disso, nossas mãos eram bem castas. Bom pelo menos as dela, porque as minhas já estiveram em cada lugar, que olha... Posso dizer que já toquei um útero. Olha, eu perdendo o foco de novo e falando coisas que não se deve. Se minha mãe ler isso é certeza que eu viro padre.
Eu convenci a ficar na minha casa porque ela disse que os pais dela não estavam na dela, eles haviam ido passar o fim de semana na casa de seu irmão e não quis ir porque sua cunhada tem um irmão que segundo era insuportável e morava com eles. Eu desconfiei que rolava uma paquera ali, mas quando eu disse aquilo, arregalou os olhos de uma forma tão extrema que eu achei realmente que aquelas bolotas pulariam em minhas mãos e ela também fez uma cara de nojo digna de uma grávida enjoada e ahhh, quase me socou. Ela falou que não tinha nada a ver, que nunca suportou o garoto e coisas que não me interessaram. Então... Espera, eu sempre me perco e espera aí... Espera aí... Achei! Eu a convenci a ficar na minha casa e depois dos vários beijos acabamos pegando no sono abraçadinhos e lá estava eu, acordado em plena madrugada admirando-a.
Eu ainda jurava que aquilo só poderia ser um sonho, mas em sonhos os beijos não são tão realistas assim, pelo menos nos sonhos que eu tive com a Kristen Stewart semana passada eu não senti nadica de nada. Tá que acordei um pouco animado, mas isso não vem ao caso.
respirava calmamente, minha mão estava espalmada na pele exposta de suas costas, a pele encontrava-se quente e era extremamente macia. Seu rosto estava sereno, parecia até um anjo em seu descanso merecido. Nunca pensei que alguém dormindo fosse tão lindo, geralmente as pessoas dormindo parecem um E.T. não que eu já tenha visto algum E.T. dormindo, mas só estou dando um exemplo aqui, vamos colaborar. E nesse lance de parecer a mina do exorcista dormindo, ou melhor, um E.T. eu falo por mim, porque um dia eu acordei e meu travesseiro estava com tanta baba que eu pensei que estava me afogando, agora você imagina como eu estava. Bom, eu vou descrever pra vocês, não que eu tenha tido uma experiência sobrenatural e tenha saído do meu corpo e me visto dormir, não, é que eu tenho amigos sabe e amigos servem pra te sacanear. invadiu o meu quarto e tirou uma foto minha. Uns dos meus olhos estavam meio que aberto, eu estava todo torto na cama parecendo uma estrela do mar, minha bunda estava um pouco levantada e se algum gay tivesse me visto naquela situação não pensaria duas vezes antes de me pegar por trás. Meu nariz estava parecendo nariz de porco porque eu estava praticamente com a cara toda no travesseiro e minha boca estava aberta, né, e parecia escorrer uma cachoeira de dentro dela. pendurou aquela foto na porta da sua casa e nunca mais uma mosca entrou ali, nenhuma se quer. DONOS DE MILHARAL, PRECISAMOS BATER UM PAPO AQUI.
O corpo de encontrava-se quentinho, era tão gostoso ficar daquela forma com ela, com a minha garota e saber que ela também gostava de mim só me deixava ainda mais feliz. Eu já disse que aquela situação parecia um sonho? É, acho que sim.
Passei meus lábios delicadamente pelos lábios entreabertos de e depositei um selinho leve no mesmo, juntei nossas testas e sentindo a respiração calma dela misturando-se com a minha, eu apaguei.
Acordei cedo, parecia que eu não havia dormido nada e ao mesmo tempo tinha dormido muito. Vai entender. Dessa vez eu e estávamos dormindo de conchinha, bem agarradinhos, meu braço estava em sua cintura e nossas mãos estavam entrelaçadas, meu rosto estava em seu pescoço e eu respirava seu cheiro maravilhoso. Céus, como eu estava com vontade de dançar a macarena. Dale a tu cuerpo alegria Macarena, que tu cuerpo es pa' darle alegria y cosas buenas, dale a tu cuerpo alegria macarena, hey Macarena, Ru!
Levantei com cuidado para não acordá-la e fui até o banheiro, fiz toda aquela higiene matinal e logo depois desci para preparar algo para comermos, resolvi fazer panquecas porque era mais pratico. Aqui é mestre cuca rapá, ratatui é um desastre perto de mim. MÃE, JURO QUE NÃO FOI EU QUE TACOU FOGO NA COZINHA SEMANA PASSADA.
Depois de tudo pronto e mesa posta, resolvi subir e chamar , ela estava do mesmo jeito que eu havia á deixado quando acordei. Aproximei-me da cama e subi na mesma, deitei novamente ao lado de e levei meus lábios até seu ouvido.
- Hora de acordar, dorminhoca – Pelo que eu pude ver, abriu os olhos preguiçosamente e cara, aquela era a cena mais linda que eu já havia visto na vida. Meu coração deu um bum, que eu pensei que haviam me dopado, arrancado meu coração e colocado um tambor no lugar, porque não era possível.
A garota coçou os olhos e olhou para mim abrindo um sorriso doce, parecia envergonhada.
- Não me olha, vai.
- E por que não?
- Porque quando eu acordo parece que to fazendo cosplay de um dos zumbis do Resident Evil – Gargalhei.
- Meu Deus, como é exagerada, você é a coisa mais linda quando acorda – corou e eu me senti um belo de um gay que dá a bunda pra qualquer um, mas qual é, da um credito ai, eu estava amando!
- Eu ainda não acredito em tudo o que aconteceu entre nós – Ela disse enquanto olhava para o meu lençol azul e mexia em um fiozinho que estava solto. A sorte era que meu lençol do Frajola e Piu-piu estava pra lavar se não eu estava pagando um puta mico na frente da menina pela qual tenho um precipício. E que é? Aquele lençol é ótimo para dormir.
- Muito menos eu, parece um sonho – Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha aproveitando para acariciar seu rosto.
- Um sonho lindo, muito bom.
- E... Estamos muito gay, paremos de viadagem por favOutch! – Sim cara pessoa, ela me bateu.
- Não sabe nem ser romântico , que sem graça você.
- Já estamos nesse nível do relacionamento, é? De bater e tudo mais?
- Você mereceu. Você tem que saber que eu não sou lá muito romântica, então quando eu tiver esses momentos babacas, por favor, valorize.
- Anotado. Agora, eu preparei nosso café da manhã.
- Você cozinha?! – colocou a mão sobre a boca.
- Por que o espanto? E eu tento – Senhor modesto passando, não me toque, autógrafos mais tarde...
- E cadê esse super café?
- Olha eu poderia ter trazido uma bandeja pra cá, todo fofo e cheio de frescuras, mas ainda não sei como me comportar perto de você e achando que eu seria um babaca, resolvi colocar a mesa e vim te chamar.
- Eu iria adorar , não precisa deixar de fazer algo que você queira achando que eu não vou gostar, você nunca vai saber se não tentar – Ela acariciou minha mão. A sorte era que eu já meio que sabia que começaríamos a ficar senão eu nunca mais lavava aquela mão e ahhh, a boca também.
- Mais uma coisa anotada. Vamos descer?
- Posso usar o banheiro antes?
- Claro, vai lá – levantou-se e entrou no banheiro que havia em meu quarto. A sorte era que eu sou bem organizado porque se fosse no banheiro do ... Até hoje eu me pergunto se aquilo na pia dele era chocolate ou um pedaço de merda.
Afundei minha cabeça no travesseiro, o cheiro de me entorpeceu por inteiro e cara, eu não deixaria minha mãe lavar aquela fronha tão cedo. Eu estava tão loucão sentindo o perfume de , que nem notei quando ela saiu do banheiro. Sério, aquele negócio é pior que droga, não que eu já tenha experimentando um gole... Hehehe.
- Podemos ir.
Levantei e me aproximei dela, segurei em sua mão e saímos do quarto.
- Uau, já me impressionou com a arrumação da mesa – Disse assim que chegamos à cozinha.
- Minha mãe me ensinou algumas coisinhas. Sabia que ela pensa em me expulsar de casa quando eu fizer 18 anos?! Inacreditável – Balancei a cabeça em negação e riu.
Nos sentamos e serviu-se com as panquecas enquanto eu colocava suco de uva em seu copo. Ela derramou calda de chocolate sobre a comida e partiu um pedaço levando-o até a boca. E agora era a hora da verdade, a sorte é que moro perto de um hospital, se ela tiver uma intoxicação alimentar é só correr pra lá.
- , isso está muito bom! – Partiu mais um pedaço e o comeu enquanto revirava os olhos e os fechavam logo em seguida.
Suspirei.
Por que tão linda? Tanto dragão solto por aí, podia doar um pouquinho de sua beleza pra elas, né? Mas não, tinha que ser egoísta. Vamos ver isso aí , campanha, seja humilde.
- Sério, superou as da minha mãe, se ela me ouvir falando isso, ela me mata, mas é a verdade, confesse, você as comprou, não foi?
- Comprei, comprei os ovos, a massa, o leite, ahhh, comprei também...
- Não seu idiota, eu estou falando a panqueca já pronta.
- Assim você me ofende.
- Eu estou brincando, lindo – Aproximou seu rosto do meu e depositou um selinho em meus lábios. Seus lábios estavam doces e rapaz, eu estava no céu.
- Acho que gostei do modo que você encontrou para se desculpar – sorriu.
Continuamos a comer e a conversar sobre banalidades até dizer que precisava ir.
- Mas já?
- Já vai dar uma hora e minha mãe disse que eu tinha que almoçar na casa de uma velha amiga dela, na verdade a filha da amiga da minha mãe é minha melhor amiga, aí tenho que almoçar lá.
- Ahhh – Fiz um biquinho. Pai me desculpa, mas tinha alguma coisa errada com o seu espermatozóide. Ou será que um zigoto fêmea travou uma luta com o zigoto macho, aí sem querer eles se fundiram e resultou na minha pessoa? Hum, boa explicação...
- Mas hey, de noite, sei lá, se você quiser podemos nos ver – disse enquanto mexia em um pequeno pedaço de panqueca. Eu sorri e jurei que minha cara estava igual a do Grinch, sabe aquele monstro verde que odeia o natal e mora isolado em uma cidade onde todo mundo tem o nariz ridículo? Não? Aff, cadê sua infância?
- Claro, eu vou adorar. Posso ir à sua casa as oito?
- Pode. Agora eu preciso ir.
- Okay.
Atravessamos a cozinha e seguimos para a sala, abri a porta e saiu, mas virou-se para mim.
- Hum... Então... – Ela estava encabulada e se eu abrisse a boca sairia merda então fui lá e a beijei. Sou foda e o beijo daquela garota é mais foda ainda. Pata que teve um pato! Que beijo delicioso era aquele?
Fui desacelerando o beijo e o finalizei com uma mordida em seu lábio inferior e dois selinhos.
- Tenha um bom dia – Eu disse.
- Você... É... Você também – me deu as costas e atravessou a rua indo até sua casa, entrei na minha e fechei a porta. É, eu costumo mesmo deixar aquele efeito nas garotas sabe? Gagueira, nervoso e essas porras todas.
Tentei sair do lugar que eu estava, mas minhas pernas estavam bambas. Droga! Maldita gripe.
~*~
Lá estava o senhor gostosão em frente à um espelho arrumando a manga de sua camisa preta até os cotovelos. Não, essa história não é do Taylor Lautner, por isso o gostosão em questão sou eu. Como prometido eu irei à casa de e tinha que estar representando, não é verdade? Passei meu perfume tentando não me banhar com ele e saí do quarto, desci as escadas e saí de casa trancando a porta logo em seguida. Andei até o outro lado da rua em direção à casa de e parei em seu jardim e foi aí que me veio um pensamento. Será que eu teria que aparecer com flores em sua porta? E ficaria chato se eu pegasse algumas flores que estavam plantadas ali e desse à ela? Eu acho que sim né, ela deve reconhecer as flores de sua casa. Enfim, fui na cara e na coragem – e de mãos vazia – apertar a campainha da casa e assim que a porta se abriu, eu quase perdi os sentidos. estava simples, mas incrivelmente linda. Ela usava uma saia de cintura alta na cor preta e que batia no meio de suas coxas. A peça era soltinha e parecia ser feito com um pano gostoso de ser tocado. Para combinar com a saia, usava um blusão jeans que tinha suas mangas dobradas até o cotovelo e estava amarrada em sua cintura deixando só um pouco da sua pele clara à mostra. Seus cabelos estavam presos em – como vocês dizem – um coque frouxo e seu rosto tinha pouquíssima maquiagem. Não reparei nos sapatos, porque já tinha reparada na roupa inteira, se eu falasse dos sapatos também soaria meio estranho.
- Você está linda – Ela sorriu tímida e vi suas bochechas corarem. Por que tão perfeita? Olha, meu lado feminino atacando de novo.
- Obrigada, você também está. Entre – Entrei na casa de e não, eu não vou descrever a decoração, é uma casa como outra qualquer com sala, cozinha, sala de jantar, dois quartos, blá, blá, blá e blá, blá, blá.
Olhei para quando a mesma terminou de fechar a porta e não resisti, eu tive que puxá-la pela cintura e colar nossos corpos. Subi minha mão livre por suas costas até chegar em sua nuca onde embrenhei meus dedos e puxei seus cabelos. Ela mordeu o lábio e aquele foi o ato que me impulsionou á beijá-la como se não houvesse amanhã. Minha língua acariciava a sua sem querer largá-la. apertou minha cintura e eu subi minhas mãos segurando seu rosto. Investi mais com minha língua em sua boca e ela jogou sua cabeça levemente para trás, não para partir o beijo apenas para fazer com que eu fosse de vagar porque até eu estava ficando assustado com a minha intensidade. Fui desacelerando o beijo aos pouco até parti-lo totalmente com uma sugada em seu lábio inferior. respirava ruidosamente tentando puxar o máximo de ar que conseguia. Eu ainda segurava seu rosto e ela minha cintura, nossos corpos ainda estavam grudados e nossas testas também.
- Já estava com saudades – Sussurrei.
- Percebi – deu-me um selinho e se afastou – Está com fome? Eu estou, vamos comer – saiu me arrastando até a cozinha. Ela tinha essa mania, não de me arrastar digo, ela tinha essa mania também, mas a mania que estou falando é de perguntar as coisas e não esperar resposta – Eu fiz lasanha.
- Agora você falou minha língua.
Entramos na cozinha, sentamos à mesa e comemos a lasanha que estava mais que maravilhosa. Ajudei com a louça suja – porque sou educado – e logo depois fomos para a sala. Sentei no sofá e sentou ao meu lado colocando as pernas de lado em cima do móvel. Encostou a cabeça em meu ombro e eu a abracei pela cintura aconchegando seu corpo ao meu. Não, não assistimos televisão, apenas ficamos nos agarrando incessantemente, aquilo ainda parecia surreal.
- Acho que já vou , está tarde.
- Fica aqui comigo. Quer dizer, sei que começamos com isso ontem, mas de qualquer forma eu já dormi na sua casa, então dorme aqui comigo? Não me ache atirada e nem nada do tipo, é que gosto tanto da sua companhia e esperei tanto pra te ter perto de mim – Puta merda, tinha como dizer não?
- Tudo bem – Sorri docemente.
Fomos para seu quarto e eu tirei meu tênis e camisa ficando apenas de calça. foi se trocar no banheiro e voltou com um pijama comportado, deitou-se ao meu lado na cama e depois de mais uma seção de amassos, dormimos abraçadinhos.
Parte 2
Eu a pedi em namoro três dias depois de nosso primeiro beijo, eu não queria esperar para tê-la definitivamente ao meu lado, para ter a certeza que ela era minha e eu era dela e com um imenso sorriso ela aceitou meu pedido. Os caras ficaram me zoando, dando graças a Deus dizendo à que não aguentavam mais me ouvir choramingando feito uma menininha por não tê-la junto a mim. Não tardou para que a notícia de nosso namoro se espalhasse pela escola. continuou amiga de Bernardo. Eu não gostava daquela amizade, o cara não gostava de mim, eu não gostava dele, ele gostava da minha garota e minha garota era parada na minha, mas me disse que não se afastaria dele só porque estava comigo, mas cara, eu queria tanto que ela se afastasse. Eles andavam grudados de mais pro meu gosto, incontáveis vezes eu o vi saindo da casa dela, não que eu não confiasse em , eu confiava cegamente, mas o ciúme era maior do que tudo. Porra, Bernardo tinha presença e segundo minhas amigas, ele era o tipo de cara que toda garota queria ter ao lado. Minha primeira briga com aconteceu exatamente por causa desse garoto, eu tinha que disputar a atenção dela com aquele babaca, eu não gostava nada dos abraços que ele e trocavam, reclamei para ela, começamos a discutir, eu gritei com ela e ela passou dois dias sem olhar na minha cara e depois fui me desculpar com o rabo entre as pernas. Fazer o que, eu amava aquela garota.
Durante uma aula de geografia eu conheci , ou , quer dizer, eu já a conhecia, mas nunca tinha falado com ela porque ela era aquele tipo de menina reservada. Ela tinha se mudado do interior e ainda não tinha feito nenhuma amizade, então enquanto o professor passava uma matéria sobre relevo, eu e começamos a conversar e em poucas horas já éramos grandes amigos. é aquele tipo de garota que te passa uma confiança incrível, em quem você pode se apegar sem medo de se machucar, ela era e ainda é uma verdadeira amiga. foi muito bem aceita por , e , não demonstrava sentir ciúmes de e nem havia porque ela sentir, apesar de eu e passarmos muito tempo juntos, todos percebiam que por ali não rolaria nada mais que amizade. Com o tempo mais pessoas foram se achegando ao nosso pequeno grupo, três garotas incríveis, Sophia, Amanda e minha prima Cora. e Cora não se deram muito bem e eu nem sei ao certo o porquê. dizia que Cora era metida e Cora dizia que eu merecia coisa melhor do que , que ela não me dava valor e era insuportável e para fazer com que eu meu irritasse, Cora sempre colocava Bernardo no meio dizendo que eu tinha que ficar de olho na amizade que tinha com ele. Eu e Cora brigamos muito por conta disso, porque querendo ou não ela fazia com que minha raiva crescesse mais para aquela amizadezinha.
Certa estava minha prima.
Meu aniversário de 16 anos chegou e foi tudo esquematizado pelos caras no jardim da minha casa. Não foi uma festa bombástica até porque minha mãe não permitiu, mas foi o suficiente para fazer o meu dia feliz. Que frase gay, tenho que reformular essa parada, mas emfim, deixa assim, não percamos tempo. O último convidado foi embora lá pelas três da manhã. Minha mãe havia ido para a casa da minha tia às duas porque Hannah não estava conseguindo dormir com aquela barulheira. Meu pai estava viajando sem previsão de volta e com a casa todinha pra mim... permaneceu comigo, nos últimos tempos ela estava extremamente amorosa, não andava mais tão colada assim em Bernardo, eles ainda eram amigos é claro, mas eles mal se viam fora da escola, o que eu achava ótimo. Eu preciso parar de enrolar e chegar logo onde quero. havia me ajudado a guardar algumas coisas, mas o resto ficou para arrumarmos assim que raiasse o dia. Nós dois fomos para meu quarto, fui até o banheiro e tomei um banho rápido, sai de lá vestido apenas em uma bermuda e me juntei à que estava na cama. Começamos a nossa seção de amassos como sempre fazíamos, mas a coisa começou a esquentar de uma hora para outra, quando dei por mim eu já estava com as pernas de em volta de minha cintura e quase arrancando seu vestido. Já fazia uns bons meses que estávamos juntos e nunca havíamos ido até a etapa mais avançada de um relacionamento, já fazia quase um ano que eu não sabia o que era sexo, estava totalmente na seca e quase me suicidando porque eu não queria forçar a nada, ela era virgem e eu tinha que esperar o tempo dela. Então foi ela que começou com tudo, minutos depois vestíamos apenas nossas peças íntimas e quando eu disse “você tem certeza?”, ela me respondeu com um “eu te disse que tinha dois presentes, um eu já te dei, agora vou dar o outro”. Sim, eu também fiquei muito chocado com a frase.
Aquela noite foi maravilhosa, não tem palavras que descrevam tudo o que eu senti, parecia que era minha primeira vez também e de certa forma era, era a primeira vez que eu fazia aquilo com amor e não somente com prazer. Eu não vou detalhar aquela noite, se você quer ler pornô entre em sites de contos desse tipo, ou se você quer ver, entre no redtube.
No dia seguinte acordamos felizes e meia hora depois já estávamos repetindo tudo que havíamos feito na madrugada, só que foi muito mais prazeroso.
Um mês depois do meu aniversário, veio o de . A festa dela foi tão boa quanto a minha, o único problema era que tínhamos a presença de Bernardo por ali. O filho de uma mãe inocente presenteou minha garota com um violão, ela ficou tão feliz que pulou no colo dele e encheu sua bochecha com beijos. Como eu me controlei vendo aquela cena. O resto da noite ele mal desgrudava de , eu já estava pensando seriamente em pagar uns caras para darem uma surra naquele babaca, mas percebi que minha consciência ficaria pesada depois, então desisti do que pretendia.
Eu estava meio chapado, não aguentava mais aquele bando de puxa saco que chamava de amigos, meus verdadeiros amigos haviam ido embora, minha garota não me dava atenção, por isso resolvi que já estava na minha hora e fui para casa sem me despedir de . No dia seguinte ela apareceu na minha casa puta da vida, dizendo que ainda não acreditava que eu havia feito aquilo com ela. Então eu disse que ela estava muito bem na presença de seus amiguinhos, ela bradou dizendo que eu não tinha o direito de falar dos amigos dela usando aquele tom irônico e que foram seus amigos que a ajudaram na bagunça da festa, eu disse a ela que sabia muito bem de que amigo ela estava falando e ela confirmou dizendo que havia sido Bernardo que havia ajudado quando era eu que teria que ter feito aquilo, então dei um de babaca perguntando se Bernardo também a ajudou a ter um orgasmo como eu a ajudava. Recebi um tapa estalado na cara e quando ela insinuou ir embora com os olhos completamente marejados, eu a puxei pelo braço e a beijei. tentou me empurrar, tentou morder meu lábio, mas eu a segurava firmemente, então ela se entregou ao beijo e por fim fizemos amor no tapete felpudo da minha sala. Eu pedi desculpas e disse que a partir daquele momento eu respeitaria sua amizade com Bernardo e deixaria de ser um babaca. E foi exatamente isso que eu fiz nos dias que se seguiram. Tornei-me o namorado que ela merecia que eu fosse.
Os 17 anos rapidamente se aproximaram e junto dele veio o último ano da escola. Eu e meus amigos parecíamos pinto no lixo, último ano, daríamos adeus a tudo aquilo e descobriríamos o maravilhoso – ou não – mundo de um universitário. Com meus atuais 17 anos eu curtia muito, saía o máximo que eu conseguia, bebia até esquecer meu nome, me agarrava com minha namorada até ficarmos nus, e fazia tudo que um inconsequente de 17 anos faz. Não era mais um aluno tão exemplar, meu boletim já não conhecia o que era dez, mas eu ainda estava na média porque meu sonho de ser arquiteto ainda estava de pé...
Consegui enrolar até onde pude, mas agora pretendo narrar o dia mais horrível da minha vida. Aquele sábado era para ser como um sábado qualquer, aconteceria uma festa bombástica dada por um dos riquinhos da escola, eu, e o resto do pessoal iríamos. Era oito da noite e eu estava saindo de casa para ir até a casa de para irmos juntos até a festa. Sua mãe permitiu que eu entrasse e me disse que estava se arrumando em seu quarto, só que ela não me disse que estaria acompanhada, talvez se ela tivesse dito, eu teria me preparado. Subi as escadas e abri a porta do quarto de sem bater, não havia precisão para aquilo e assim que a porta fora totalmente aberta eu vi com uma toalha enrolada na cintura e com o busto a mostra vestindo apenas um sutiã preto, ela ria de algo e na cama deitado esparramado e rindo também, estava Bernardo. Graças a Deus ele estava totalmente vestido, mas aquilo não diminuiu nenhum pouco minha raiva perante aquela cena. Que garota tem namorado e fica somente de sutiã e toalha na frente de um cara que é apaixonado por ela? Porra, meu sangue ferveu e foi ai que toda confusão aconteceu. Eu já comecei gritando dizendo que ela tinha que se dar ao respeito, que ela tinha namorado e não podia ficar daquela forma na frente de outros caras, ai ela veio com aquele papinho de que era a mesma coisa de estar de biquíni e porra! Não era a mesma coisa não, biquíni era biquíni, lingerie era lingerie! Vai experimentar ir a uma praia de lingerie pra ver o que acontece. Eu disse que não aguentava mais aquela amizade de merda, que eu estava cansado de ser taxado como trouxa e ela disse que eu era trouxa porque eu queria. Meu sangue ferveu. disse que jamais escolheria entre meu amor, ou a amizade de Bernardo, eu já entendia a amizade deles, mas cara, tudo tinha limite, já não bastava ela ficar abraçadinha com ele, sentar no colo dele, assistir filminho com ele, ela ainda tinha que desfilar seminua na frente dele! Eu realmente não aguentava mais. Joguei tudo aquilo na cara dela, mas ela agiu naturalmente. Enquanto isso Bernardo nos observava da onde estava, sem falar, sem se mover e eu achava ótimo porque eu estava evitando olhar para ele, sabia que se eu o olhasse, ele não sairia vivo daquele quarto. disse que eu era muito mente fechada, não sabia distinguir o que era amizade e eu disse que amizade mesmo era o que eu tinha com e naquela amizade eu não via ela quase seminua. Ai ela disse que eu teria que aceitar Bernardo definitivamente porque senão nosso namoro não daria certo. Aquilo foi o que bastou. Disse para ela ficar com o amiguinho dela e então saí batendo a porta com força, desci as escadas feito um furação e saó da casa esmurrando a primeira coisa que vi pela frente que foi infelizmente um tronco de árvore.
Eu estava precisando beber, precisando esquecer, então resolvi ir até a festa sem .
A casa já estava lotada, a música era tocada tão alta que os vidros tremiam, pessoas se aglomeravam por todos os cômodos dali. Eu nem me dei ao trabalho de procurar meus amigos, fui logo para o lugar que tinha a maior quantidade de bebidas e comecei minha noite.
Lembro de mais gente, lembro da musica mais alta, lembro de dançar, de rir, lembro de Verônica se aproximando, lembro dela se insinuando, lembro dela me beijando e eu beijando de volta porque achava que merecia aquilo. Lembro da gente subindo para o segundo andar, lembro de ter jogado Verônica na cama e me deitado por cima dela. Lembro de ter tirado sua blusa e ela ter tirado a minha. Lembro de continuar beijando-a imaginando que e Bernardo poderiam estar fazendo o mesmo. Lembro da porta abrindo, de alguém falando comigo e esse alguém ser , lembro dele me arrastando para fora do quarto, tacado água no meu rosto e perguntado se eu tinha enlouquecido de vez. Lembro de ter contado para o que eu havia visto no quarto de então me lembro da culpa que senti por perceber que eu havia traído-a com a garota que ela mais odiava no mundo. Lembro de ter saído do banheiro e de ter pego um litro cheio de vodka. Lembro de beber a vodka e depois não lembro de mais nada.
Eu havia acordado com uma dor de cabeça ensandecida, meu cérebro parecia que estava se contorcendo dentro do meu crânio. Levantei cambaleante sem saber onde estava porque aquele com certeza não era meu quarto. Entrei no banheiro que havia por ali e automaticamente soube que estava na casa de . Saí do banheiro e me sentei na cama, peguei o comprimido e o copo de água que havia ali e o tomei sabendo que aquilo havia sido obra de , ela sempre fazia aquilo. Abaixei a cabeça e entrelacei minhas mãos em minha nuca, fechei os olhos fortemente e as cenas vieram feito enxurrada em minha mente fazendo com que uma dor latejante me pegasse de jeito e junto com ela também veio desespero. Me levantei rapidamente coloquei meus sapatos e com a cara de mendigo que eu sabia que estava, eu sai do quarto sem ao menos me importar com a dor que parecia arrancar minha cabeça.
e estavam na sala, tentaram falar comigo, mas não dei bola. Eu precisava falar com , ela nunca me perdoaria por tê-la traído ainda mais se ela soubesse disso através de alguém que não fosse eu. Corri pelas ruas desertas agradecendo por minha casa ser perto da casa de . Fui até a casa de sem ao menos passar em minha casa. Sua casa estava silenciosa, meu coração batia desesperadamente pela corrida e por aquilo que poderia vim pela frente. Toquei a campainha três vezes e não obtive nenhuma resposta, o desespero já estava quase palpável ali. A porta estava entre aberta e eu a empurrei fazendo com que soasse aquele barulho horripilante que aparecem em filme de terror. Eu estava ferrado. estava de pé em frente à lareira de sua casa, seus braços estavam cruzados e quando ela me olhou senti um arrepio subir pela minha espinha ao fitar seus olhos vermelhos, inchados e com grandes olheiras.
- Me diz que é mentira, – Ela disse em um fio de voz – Me diz que o que aquela vaca frigida da Verônica esfregou na minha cara é mentira, me diz que o que eu vi nas redes sociais é mentira. Por favor, me diz – O que eu sentia ia além de desespero, meus olhos ardiam e havia um bolo em minha garganta, sabia que a conversa não seria agradável e o fim muito menos.
- eu... Eu não... Eu não sabia o que estava fazendo.
- Como não?! – Elevou a voz – Quer dizer que você fica com outra pessoa, quase transa com ela e não sabia o que estava fazendo?!
- Eu estava mal, okay? Resolvi beber pra ver se minha raiva passava, bebi mais do que o recomendado e quando eu vi já tinha acontecido.
- A culpa é sempre da bebida, não é verdade?
- Não somente dela como da raiva também. Eu agi por impulso, por não aguentar mais...
- Não aguentar mais o quê, ?!
- Sua “amizade” – Aham, fiz aspas – Com o Bernardo!
- Então quer dizer que só porque eu namoro você eu não posso ter amigos homens? É isso?
- Claro que não é isso porra! Eu nunca te impedi de nada, nunca cobrei nada de você, nunca fiquei no seu pé, não me importava quando você saía com seus amigos idiotas e você retribui isso como? Se esfregando com aquele babaca!
- EU NÃO ME ESFREGO COM ELE!
- AHH NÃO?! E como você chama as suas atitudes de sentar no colo dele, ficar abraçadinha com ele, sair sozinha com ele, porra! Deixar ele te ver seminua! Isso não é coisa que uma garota que namora faz! E o cara ainda é totalmente apaixonado por você, como é que você quer que eu ature isso ?!
- Então de repente por causa desses motivos babacas você decidiu me trair com a piranha da Verônica?!
- Motivos babacas?! Você ouviu as coisas que eu falei?! E não sou somente eu que penso dessa forma, todos daquela infeliz escola acham o mesmo.
- Você está se deixando levar pelas conversas dos outros, você é muito manipulável, !
- Eu não sei se você se faz de idiota, ou realmente é – Sua expressão era de indignação.
- Você não tem o direito de me insultar dessa forma dentro da minha casa e ainda por cima depois de ter feito o que fez! Porra , você me traiu! Dois anos de relacionamento!
- Eu sei que eu estou muito errado , mas você também está...
- Eu nunca traí você!
- MAS ANDA PRA CIMA E PRA BAIXO COM UM CARA QUE NÃO É SEU NAMORADO! – Soquei a parede sem me importar com a dor latejante que tomou minha mão – Eu pensei que você admitia seus erros , que aquela garota independente e de nariz em pé que eu conheci, vinha com o pacote completo.
- Eu só admito os meus erros quando sei que estou errada e nesse quesito eu não estou. Eu nunca te traí, nunca fiquei com Bernardo ou qualquer outro cara, eu nunca pensei nisso e agora eu acho que já deu. Eu quero que você vá embora daqui e que nunca mais olhe na minha cara! – Grossas lágrimas rolavam por seu rosto. Meus olhos ainda ardiam, mas eu conseguia lidar com as lágrimas perfeitamente, eu só não conseguia lidar com aquele buraco que se abriu no meu peito.
- Você não pode fazer isso com a gente.
- Eu?! Foi você que fez isso com a gente , eu posso perdoar tudo nesse mundo, mas traição não me desce porque eu acredito que quando se ama verdadeiramente, o pensamento de trair não nos assola.
- Mas eu amo você! Isso foi apenas um grande escorregão.
- Eu não quero saber. Nesse momento estou sendo tachada de corna, a vadia da Verônica está rindo da minha cara e você é um babaca! Vai embora da minha casa agora! – Pensei em falar alguma coisa, em retrucar, salvar aquele relacionamento naquele instante, mas eu apenas olhei uma última vez nos olhos que eu tanto amava e sai por aquela porta, sem tempo determinado para voltar.
E era aquilo, lá estava eu na segunda-feira de manhã, com a maior cara de enterro entrando pelos portões do inferno, ops, escola. Meus amigos já sabiam do ocorrido, todos disseram que eu tinha que insistir naquilo, naquele relacionamento e eu bem que tentei. No domingo apareci novamente na casa de , mas ninguém me atendeu, liguei incontáveis vezes, mas sempre caía na caixa postal, mandei inúmeras mensagens obtendo uma resposta rápida e grossa “Quer fazer o favor de fingir que eu não existo?”. Então eu desisti, pelo menos por enquanto porque eu sabia que ela precisava do espaço dela.
Sentei-me em uma mesa que havia pelo gramado e baixei minha cabeça, não demorou para que os guys e as garotas chegassem, todos preferiram manter o silêncio. O sinal soou e todos fomos enfrentar o dia que nos aguardava.
Na segunda eu não tinha nenhuma aula com , por isso só a vi mesmo na hora do intervalo. Ela fingiu que eu não existia e parecia não se importar com o que havia acontecido entre nós porque ela estava na companhia de seus fieis babacas – lê-se amigos – e ria quando vez ou outra Bernardo cochichava algo em seu ouvido. Ele estava feliz de mais pro meu gosto e estava perto de mais da minha garota para o bem da sua saúde. Mas o que eu poderia fazer afinal? Aquela atitude de não se importar com “nós” estava acabando comigo. olhava de forma repreendedora para onde estava e Cora ficava semicerrando os olhos e balançando a cabeça em negação. Eu não sabia como agir direito, a notícia se espalhou pela escola inteira, a traição que cometi e o termino do meu namoro com eram as coisas mais comentadas durante aquele dia por aquela gente que não tinha o que fazer. Verônica veio falar comigo, mas antes que ela começasse com suas baboseiras eu a cortei, dizendo que eu não sabia o que estava fazendo quando a beijei e que aquilo não voltaria jamais a se repetir. Ela pareceu não ter ficado muito feliz.
Eu tentei uma última vez falar com naquele dia, ela estava sozinha no corredor e quando me viu simplesmente virou as coisas e saiu dali. Fui pra casa derrotado, sofrer por amor realmente dói.
Terça-feira chegou e lembra-se quando eu me referi ao dia da traição sendo como o dia mais horrível da minha vida? Eu comecei a ter dúvidas sobre aquilo no intervalo daquele dia infeliz. Eu estava como sempre na mesa junto com meus amigos, de minuto em minuto eu olhava para mesa onde estava então foi quando vi aquela cena patética. Bernardo estava com os braços ao redor da cintura de , seus rostos estavam extremamente perto um do outro e segundo depois seus lábios se tocaram. Eles beijaram-se ali, na frente de toda a escola e não foi apenas um selinho, o beijo foi muito demorado e quando eles se afastaram, estava sorrindo. Sorrindo. E foi naquele dia que eu percebi que minha vida estava virando uma verdadeira merda. Sim, eu senti meus olhos arderem, minha garganta trancar e uma tristeza tão grande que por um momento eu achei que nunca mais poderia ser feliz. Levantei-me da mesa rapidamente e sai daquele lugar antes que meus amigos viessem atrás de mim com aquela típica expressão de “coitado”. Eu queria sumir e realmente sumi por três dias no meio das cobertas grossas em meu quarto escuro. Fui muito covarde, eu sei, mas eu não sabia como agir, como superar aquilo, eu mal sabia se superaria.
Perdi a garota que eu amava por conta de uma traição minha, então dois dias depois ela estava aos beijos com o cara que ela dizia ser melhor amigo dela. Qual foi a minha importância na vida de afinal? Fui apenas seu namoradinho que tirou sua virgindade? Eu sabia que ela estava magoada e estava fazendo aquilo para que eu me magoasse também. Bem... Ela conseguiu.
Na sexta à noite os caras conseguiram me arrastar para uma festa, eles diziam que não sabiam o que estava acontecendo comigo, que eu estava gay demais, aí eu mandei eles se ferrarem e acabamos rindo. Meu primeiro riso naquela semana.
A festa estava a mesma monotonia de sempre, gente dançando se embebedando e se pegando. Então apareceu na companhia de Bernardo acabando definitivamente com minha noite. O que mais me irritava eram os sorrisinhos que eles davam, a forma que não parecia se importar comigo e os beijos que todo mundo via. No sábado teve mais uma festa, os garotos me arrastaram novamente e novamente e Bernardo estavam lá.
Terça-feira foi definitivamente um dia insuportável, eu tinha três aulas com naquele dia e em duas Bernardo também estava. Eles sentaram-se bem no meio da sala e ficaram o tempo todo com suas mãos entrelaçadas e trocados selinhos. Já comentei que minha autoestima estava em menos zero? Pois é, e baixava cada vez mais. Eu realmente não sabia se suportaria aquilo, ver outra pessoa beijando os lábios que eu amava e tocando o corpo que eu venerava era demais pra mim.
Os dias foram arrastando-se preguiçosamente e a cada manhã e a cada noite, eu estava mais pra baixo, não tinha motivação para absolutamente nada, nem para brincar com minha irmãzinha de príncipe e princesa a brincadeira que ela mais amava e particularmente eu também. mostrava-se cada dia mais a amiga que eu pedi a Deus, incrivelmente ela me fazia rir e toda vez que eu via algo que não queria, ela arrumava um jeito de me desligar da cena, e sempre funcionava. Cora parecia animada com o fim do meu relacionamento e não fazia nem um pouco de questão de esconder isso, de certa forma era engraçado, suas caretas eram hilárias. Sophia e Amanda também mostravam-se boas companhias me fazendo gargalhar em sala de aula e levando bronca por isso. e eram casos à parte, eles diziam que agora eu estava livre para galinhar com eles e sempre que aparecia uma festa eles me arrastavam. Não que eu tenha ficado com alguém, porque eu não fiquei.
E agora vem o meu relato do dia de ontem. Já fazia quase três semanas desde todo o acontecimento, eu estava mais uma vez em uma festa, tinha uma garrafa de cerveja bem gelada em mãos e ria das palhaçadas dos meus amigos. Então avistei Bernardo e e toda minha vontade de rir foi embora. fazia questão de ficar sobre meu campo de visão, não importava pra onde eu olhava, ela estava lá. Quando eu definitivamente estava de saco cheio daquela festa, eu vi e Bernardo subirem as escadas que davam para o segundo andar aos trancos e barrancos, beijando-se desesperadamente. Eu sabia muito bem pra onde eles estavam indo, eu e já havíamos frequentado aquela casa e conhecido praticamente todos os quartos – se é que vocês me entendem – então toda a tristeza que eu sentia nos últimos tempos me abateu e uma certeza que eu não queria se fez presente.
Eu realmente a perdi.
Eu achava que seria o único homem na vida de , que ela jamais conheceria aquele “mundo do prazer” com mais ninguém. Levantei-me, inventei uma desculpa qualquer aos meus amigos, joguei a cerveja fora e caminhei para fora da casa indo de encontro ao jardim dos fundos. Por ali só encontrei duas pessoas caídas evidentemente bêbadas. Não me importei com elas e caminhei até o inicio do jardim. A casa ficava em cima de um morro e dali tínhamos uma vista maravilhosa da cidade. As pequenas luzes tremeluziam sobre o negro da noite, um vento frio chocava-se contra meu corpo enquanto tudo dentro de mim quebrava-se pouco á pouco. Sentei-me na grama, abaixei a cabeça e pela primeira vez, depois que tudo aconteceu, eu chorei feito um bebê.
Eu sempre ouvi as pessoas dizerem sobre o preço da traição, que era um preço muito grande a ser pago e eu sempre desconfiei mesmo que fosse, mas agora eu sabia, eu descobri o preço da traição e acredite meu amigo ou amiga, ninguém, absolutamente ninguém, gostaria de pagar esse preço se ele for perder a pessoa que ama.
Depois de ter chorado e caído na real, caminhei pelas ruas desertas enquanto os pensamentos me perturbavam. Eu tinha a noção de que meus olhos estavam inchados e possivelmente avermelhados por conta do choro, mas não me importava. Meus pés doíam um pouco já que a casa onde eu estava anteriormente ficava consideravelmente longe da minha própria casa. Cheguei à rua em que eu morava e achei estanho o carro do meu pai não estar parado de frente para minha casa, ele sempre o deixava ali porque meu carro e o de minha mãe ocupava toda a garagem. A porta estava escancarada e as luzes da casa estavam acessas. Um desespero me assolou diante da cena, por isso eu corri para dentro de casa encontrando minha mãe ajoelhada no chão da sala chorando copiosamente. Eu rapidamente me aproximei dela, perguntei o que estava acontecendo, mas ela não me respondia, apenas chorava. Então me estendeu um bilhete que estava meio amassado, reconheci a letra de meu pai e li o que no papel dizia.
“Desculpa, mas não dá mais”. Apenas isso, uma curta frase, cinco palavras e vinte letras e eu já sabia o que significava.
Ele havia ido embora.
Durante os últimos tempos eu estava trancado de mais em meu próprio mundo para perceber o que acontecia em minha volta. O casamento dos meus pais nunca foi perfeito e meu pai estava longe de ser um cara presente e atencioso e o que aconteceu foi que ele deixou a família pra trás como se não significássemos nada para ele e eu desconfiava que realmente não significávamos. Meus pais andavam brigando muito ultimamente, não sei a última vez que eu e ele tivemos uma conversa descente, eu mal sabia se ele via Hannah direito. Minha mãe estava inconsolável, chorou por horas em meus braços e quando finalmente dormiu eu a levei até sua cama, a cobri e depositei um beijo em sua testa. Sai de seu quarto deixando a porta entreaberta e fui até o quarto de Hannah. Cobri a garotinha que sempre deixava o edredom cair durante a noite e beijei cariosamente o topo de sua cabeça. Fui para meu quarto, arranquei os tênis de qualquer forma e me atirei em minha cama. Sentia que tempos difíceis aproximavam-se, eu não estava psicologicamente preparado para isso, mas o que eu poderia fazer?
Eram problemas demais para um adolescente de 17 anos.
Passei três dias sem ir para a escola, os caras me atazanavam, ligavam toda hora tanto para minha casa, como para meu celular. Cansados de serem ignorados, resolveram aparecer por minha casa e eu expliquei tudo, expliquei que meu pai tinha ido embora, que minha mãe está entrando em depressão e mal tomava o chá que eu preparava para ela, e que eu não sabia como ficaria tudo. Os caras disseram que eu poderia contar com eles para tudo que eu precisasse, as garotas também foram muito solidárias e o melhor, em suas feições eu não vi nem um pouco de pena.
Os dias foram se passando, humor péssimo, preocupações em alta. Ahh sim, Bernardo e ? O famoso casal vinte espalhava todo seu romance diário pelos pátios e corredores da escola, desfilando abraçadinhos, de mãos dadas e constantemente trocando selinhos. Percebi que se exibia bastante quando eu estava por perto. Eu sempre desconfiei que ela fosse vingativa eu só não achava que seria tanto, mas sinceramente, aquele amargoso romance não era a mais grave das minhas preocupações. Minha mãe ainda não demonstrava sinal de recuperação, muito pelo contrário, estava visivelmente mais magra, abatida, não comia nada além de chá, biscoito ou sopa. Chamei um médico, mas ele deu uma receita qualquer de antidepressivo que não ajudou muito. Meu medo era que ela cometesse algo contra a própria vida, eu não suportaria aquilo. E no meio daquilo tudo ainda tinha Hannah que perguntava diariamente pelo pai e pela mãe. Eu disse que nosso pai havia viajado e ficaria fora por muito tempo e que nossa mãe estava doente e precisaria descansar, eu evitava que Hannah a vise, ela era ainda um bebê, não suportaria aquilo tudo.
Cheguei mais uma vez da escola depois de uma manhã que eu quase não comi, quase não estudei, quase não falei e quase não vivi, nesse quase só não se enquadrava e Bernardo porque esses eu via até demais. Ainda não sabia por quanto tempo eu suportaria aquilo, eu errei, sei que foi um erro muito grave, mas aquele preço estava alto demais, não teria como eu pagá-lo e foi por isso que eu desisti, isso, desisti, pode me xingar, chamar de trouxa, viado, a coisa que for, mas é que o peso já estava insuportável. Ela queria ficar com Bernardo? Que ficasse então. Dizem que quando amamos temos que libertar o nosso amor, agora estava livre e eu procuraria não cruzar mais seu caminho. Encontrei minha mãe sentada no sofá, o que foi uma grande surpresa, diga-se de passagem. Ela estava arrumada e suas mãos estavam entrelaçadas sobre o colo, um sorriso triste emoldurava seu rosto. Meu coração pesou diante a cena.
- Senta aqui meu amor – Bateu no lugar vago ao seu lado. Larguei minha mochila no pé do sofá e sentei olhando-a apreensivo.
- Você está bem?
- Não, mas eu vou ficar, vou ficar bem por você e por Hannah, mas eu preciso de um tempo meu filho. Sua tia veio aqui, disse tudo que eu precisava ouvir e me convenceu a ficar um tempo fora. Eu preciso disso, preciso de um novo lugar, novo ares, um motivo para seguir.
- Vamos viajar? – Franzi o cenho e minha mãe suspirou.
- Não meu amor, eu vou. Eu não quero que você e Hannah se prejudiquem por minha causa, vocês são novos demais, tem amigos que gostam de vocês, estão no meio do ano e seu vestibular está logo ai, sei que você vai precisar se dedicar bastante.
- Você tem certeza que quer ir sozinha, mãe?
- Tenho meu bem e não se preocupe, eu não farei nada contra mim. Eu posso parecer querer parar de viver por aqui, mas eu jamais, jamais deixaria você e Hannah sozinhos. Vocês dois são as melhores coisas que aconteceram em minha vida – Lágrimas escorriam pelo rosto de minha mãe e eu a abracei apertado e como um garotinho medroso, indaguei:
- Você vai voltar, não é mamãe? – Ela afagou meus cabelos e sorriu carinhosamente para mim quando eu me afastei.
- Claro que vou meu amor, vou voltar melhor pra vocês – Sorri fraco – Só serão vocês dois agora, se você quiser pode deixar Hannah aos cuidados de sua tia, você é jovem, precisa aproveitar enquanto pode.
- Não, ela já perdeu o pai e a senhora vai passar um tempo fora, eu quero estar perto dela.
- Tudo bem, mas qualquer coisa que você precisar pode falar com ela.
- Tudo bem.
- Eu não posso demorar muito, já chamei um táxi e ele não demorará a chegar. Hannah ainda está na escolinha porque teria uma festinha hoje lá, aniversário de algum amiguinho dela. Eu queria muito me despedir do meu anjinho, mas se eu fizer isso, vai ser mais duro, para mim e para ela, por isso eu quero que você diga a ela que eu fui viajar por um tempo, pra ela não ficar triste porque volto logo e cheia de presentes. Tudo bem? – Assenti. Nos levantamos e minha mãe me deu um abraço apertado. Senti vontade de chorar, mas me segurei porque eu teria que ser forte, não que lágrimas seja sinal de fraqueza, porque não é, mas minha mãe precisava ver que eu estou bem, mesmo eu não estando. Ela se afastou, pegou sua mala e me olhou mais uma vez – Não precisa me acompanhar até a porta, fique bem querido – Me deu as costas e partiu e a única coisa que me restou fazer foi atirar-me no sofá e chorar mais uma vez por minha vida ter mudado tanto e em um tempo tão curto.
Parte 3
Os dias foram se arrastando com uma preguiça massacrante. Hannah aceitou bem o fato de nossa mãe ter viajado apesar de reclamar de saudades. Minha vida continuava como estava, mas agora eu tinha que me desdobrar com Hannah. Ia para a escola pela manhã e a levava para a dela, me esforçava nas aulas o máximo que eu podia, tentava não prestar muita atenção em e Bernardo apesar de me sentir extremamente triste ainda por tudo. Tentava acompanhar a conversa dos meus amigos e dava sorrisos falsos quando precisava. Eles sabiam de toda a história é claro e até me ajudavam com Hannah, principalmente as meninas.
O sinal anunciando o fim das aulas soou, sem demora arrumei meu material e sai para os corredores abarrotados de alunos. Peguei meu carro e dirigi até a escola de Hannah que não ficava muito longe da minha. Como as crianças ainda eram pequenas demais para esperar seus responsáveis do lado de fora, elas ficavam do lado de dentro os aguardando, por isso sai do carro, atravessei a rua e entrei no prédio. Hannah estava conversando com uma coleguinha e quando me viu despediu-se da garotinha e veio correndo até mim, agachei-me e a recebi em meus braços.
- Como foi a escola hoje, pequena?
- Muito legal, a gente brincou com tinta e fizemos muita bagunça – Disse como se fosse a coisa mais divertida do mundo e talvez para uma criança de três anos realmente fosse.
- Da pra perceber – Olhei para suas unhas que tinham resquícios de tinta.
- E você vai ter que lavar a minha blusinha rosa porque eu sujei ela inteirinha. Está dentro da bolsa – Fiz careta.
- Com certeza sua blusinha não tem mais solução, é melhor jogar ela fora.
- Claro que não! A mamãe sempre consegue tirar as manchas de tinta, e agora você é a mulher da casa e tem que aprender – Abri a boca em uma expressão indignada e a garotinha gargalhou.
- Eu sou o que?!
- A mulher da casa ué, você faz comida, limpa a casa, cuida de mim, então você é a mulher da casa.
- Eu sou só um homem prendado e independente, okay?
- O que é prendado e independente?
- Depois eu te explico. Eu ia fazer batata frita pra você, mas depois dessa eu não faço mais.
- Nãooo , desculpinha – Hannah me abraçou pelo pescoço e depositou beijos em minha bochecha fazendo-me rir.
- Só porque eu sou bonzinho – Levantei-me com ela no colo e rumei até a saída só para me deparar com e Bernardo ali. Não, você não leu errado. O cara estava falando com um garotinho maior que Hannah e estava ao seu lado, rindo. Suspirei e fiz de tudo para que Hannah não a visse, pois a garotinha amava e constantemente me perguntava sobre ela.
No momento que passei pela calçada, olhou para mim, não olhei para ela o bastante, mas virei o rosto a tempo de perceber sua expressão se tornando levemente seria.
- , que tal um sorvete? – Hannah pediu ao ver um cara vendendo a guloseima ali perto.
- Só depois de você comer alguma coisa sustentável.
- Ahh , por favorzinho, eu juro pra você que como a comida todinha depois. Por favor, por favor – Ela voltou com os beijos em minha bochecha e eu suspirei. Como é que eu ia dizer não?
- Tá, sua bajuladora.
- O que é isso?
- Depois eu te falo – Ela riu porque toda vez que eu dizia algo e ela não sabia o que era, Hannah me perguntava seu significado e eu sempre dizia “depois eu te falo” e eu nunca falava, por pura preguiça confesso.
Comprei um sorvete de morango para ela e atravessei a rua indo em direção a meu carro, abri a porta para colocar Hannah na cadeirinha e ela cutucou meu ombro.
- Hey, aquela é a ! – Ahh que maravilha – Ela tá olhando – Hannah acenou e levantei os olhos vendo que fazia o mesmo e sorria – Podemos ir falar com ela?
- Outra hora, pequena.
- Outra hora que horas?
- Ela mora na frente da nossa casa, depois você fala com ela. Pode ser?
- Então ta – Agradeci por Hannah não ser uma criança birrenta e a coloquei em sua cadeirinha. Dei a volta no carro e entrei no banco do motorista dando a partida no veículo, mas não sem antes olhar para e perceber que ela fitava o meu carro com o semblante entristecido.
~*~
- Agora você me paga ! – soltou um gritinho esganiçado e tentou correr, mas eu a agarrei por trás e coloquei a mangueira sobre sua cabeça deixando a água cair sobre ela.
Era começo de tarde e eu estava lavando meu carro com a ajuda de e Hannah, quer dizer, elas mais atrapalhavam do que ajudavam e a prova disso é que pegou um balde cheio de água e sabão para jogar no carro e ao invés disso jogou em mim porque tem um senso de direção péssimo demais. Vocês podem estar pensando que ela fez de propósito, mas não, eu a conheço o suficiente para saber que aquilo foi muito sem querer. Uma vez ela foi jogar uma maçã para mim na hora do almoço na escola, eu estava praticamente em sua frente e a maçã foi parar do outro lado do gramado na cabeça de um grandalhão, o cara só não ficou nervoso porque achava a gata demais. Sorte a dela. Será que se fosse eu a minha beleza iria me salvar?
- Ahh , seu malvado, foi sem querer – Ela fez bico e eu não resisti e depositei um beijo na ponta de seu nariz.
- Ta calor, é bom que te refresca agora.
Eu e estávamos passando muito tempo juntos, praticamente vinte e quatro horas por dia, ela ficava mais na minha casa do que na dela e eu agradecia aos céus por eu ter aquela garota em minha vida. não parecia muito feliz com aquela amizade toda, mas eu logo tratei de conversar com aquele babaca e abrir seus olhos, dizendo que entre eu e não acontecia nada, mas que qualquer gavião poderia chegar nela enquanto o urubu – no caso o – ficava catando carniça por ai. Não foi muito legal chamá-lo de urubu e nem educado chamar as meninas que ele pegava de carniça, mas não me importei. Ele queria , então tinha que ir a luta, ela era muita areia pro pobre caminhãozinho quebrado dela, mas a esperança é a última que morre.
- Eu quero banho de mangueira também! – Hannah esbravejou. a pegou no colo e a jogou no ar fazendo a garotinha gritar e gargalhar pegando-a logo em seguida – Ela quer banho de mangueira , então vamos dar banho de mangueira na pestinha – Apontei a mangueira para as duas e a água atingiu o corpo delas. Hannah gargalhava como se não existisse preocupação nenhuma no mundo e aquela gargalhada dela era o meu combustível de todos os dias. Larguei a mangueira e abracei as duas porque eu estava precisando muito daquilo e claro que eu tive o abraço retribuído com muito fervor.
- Olha! A ! – Me afastei do abraço e olhei por sobre o ombro vendo que estava sentada nos degraus da varanda de sua casa e olhava para nós, assim que percebeu que eu a olhava, ela desviou o olhar – Eu quero ir lá.
- Pequena, você está toda molhada.
- Ahh , você disse que eu poderia falar com ela depois – Fez bico e eu suspirei.
- Tudo bem – Hannah sorriu e a colocou no chão. A rua que morávamos era grande e sem saída, mesmo assim olhei para os lados para vê se não vinha carro e soltei a mão de Hannah fazendo-a atravessar a rua. Eu preferi não acompanhá-la e dei as costas quando vi que a abraçou - mesmo ela estando molhada - e sentou-a do seu lado.
estava com os braços cruzados encostada no carro e olhava para uma árvore fixamente. Parei em sua frente e toquei seu rosto fazendo-a olhar para mim. Eu já sabia por que ela estava daquele jeito e não apoiava sua atitude.
- Quanto tempo você vai ficar sem falar com ela? – Perguntei.
- Assim que ela parar de ser idiota eu penso se volto a falar.
- , eu fui o primeiro a errar e errei feio.
- Você é tão ingênuo , você não teria errado se ela não tivesse feito tudo o que fez, por favor né, que tipo de amizade era aquela dela com o Bernardo? Ela nem ligava para as suas reclamações e você reclamava com razão não é, porque ela está com quem agora? Você a traiu sim e escolheu uma péssima pessoa para essa traição, mas você nem transou com ela. Para de defender a porque ela não está com razão nenhuma, claro que ela tinha o direito de ficar chateada e tudo mais, mas foi só um beijo cara, já perdoei meu ex por ter feito coisa muito pior e isso não me fez ser idiota ou coisa parecida.
- Tudo bem, vamos encerrar esse assunto, okay?
- É que eu não queria que ela estivesse fazendo nada disso com você.
- Eu acho que estou começando a superá-la, sei lá, ainda dói, mas não como antes e eu também não ando pensando muito nela, há dias que eu mal percebo que ela existe, estuda na mesma escola que eu e é minha vizinha. Isso deve ser bom, não é? – sorriu fraco e assentiu.
- É o melhor pra você – Ela me abraçou e eu depositei um beijo em seus cabelos. Ficamos um tempo assim até eu sentir alguém abraçando minhas pernas. Só poderia ser Hannah.
- Vocês vão dar beijinho? – Ela perguntou e eu e nos entreolhamos e gargalhamos sonoramente.
- Claro que não, pequena.
- Ahh, eu pensei que ia – Deu de ombros – , eu estou com frio.
- Vamos entrar, vou te dar um banho e preparar algo pra você comer.
- Eu também quero comer! – piscou os olhos freneticamente e eu revirei os olhos.
- Esfomeada – Peguei Hannah no colo e nós entramos.
Eu comecei a trabalhar em uma lanchonete que havia perto da escola, minha mãe tinha deixado dinheiro em minha conta, mas ele não duraria para sempre e eu não sabia quando ela voltaria. Meus dias estavam mais puxados e aos finais deles eu sempre estava muito cansado para fazer qualquer coisa a não ser me jogar em minha cama e dormir feito uma pedra. Todos os dias eu saia da escola, buscava Hannah, dava banho nela, fazia algo para ela comer, a deixava na casa da dona Marta - que agora tinha uma das netas morando com ela – e ia para o trabalho. Eu trabalhava fazendo pedidos e servindo mesas, não era muita coisa, mas era um trabalho digno. Eu saía oito da noite, buscava Hannah na casa de dona Marta, dava a janta para ela, a colocava para dormir, estudava para as provas que se aproximavam e para os testes que eu faria em algumas faculdades e logo depois me deitava. Isso se repetia cinco vezes por semana, no sábado eu entrava no trabalho mais cedo e saía mais cedo também e durante o período de tempo que eu ficava lá, Hannah ficava na casa de . Eu não sabia mais o que era uma festa, os garotos tentavam constantemente me arrastar nos fins de semana para curtimos a noite, mas com a responsabilidade que eu havia adquirido, eu resolvi virar a página festa de vez da minha vida. Não que se divertir seja crime, porque não é, mas eu já ficava a semana toda me dividindo com a escola, o trabalho e Hannah, então aos fins de semana eu gostava de ficar com ela e fazer alguns passeios. Fora as tarefas de casa que me consumiam um bom tempo, porque a casa não se arrumava sozinha e os armários e geladeiras não produziam comida magicamente.
Era começo de tarde e a lanchonete não estava com muito movimento. Eu estava sentado em um dos bancos que havia no balcão conversando despreocupadamente com Nora, uma garota morena de olhos extremamente verdes e de cabelos encaracolados que trabalha ali também. Nora é extremamente linda, fora o fato de ser simpática pra caramba.
- , tem cliente – Peguei o bloquinho de papel que estava ali juntamente com a caneta e me levantei só para estacar no lugar assim que eu vi quem estava ali. Isso mesmo pessoal, e Bernardo alguma coisa, uma salva de palmas! Fora uns três seguidores dele, porque aquilo ali não era amigo, era uma segunda sombra. Eu não merecia aquilo, não merecia mesmo. Suspirei e rumei até a mesa que eles escolheram. Eu não tinha vergonha do meu trabalho, juro que não tinha, mas eu não gostaria que eles me vissem ali. Mas eu esperava o que também, a lanchonete como eu já disse fica perto da escola e eu já vi gente da escola por ali.
- Boa tarde, vocês vão querer o que? – O que? Não é desse jeito que se fala? levantou os olhos rapidamente para mim enquanto Bernardo me olhava de uma forma desdenhosa passando o braço pelos ombros de , aproximando-se mais dela e sorrindo cinicamente como se fosse seu dono.
- Cinco x-burguers com batata frita e coca-cola – Bernardo se pronunciou e eu murmurei algo como “trago já” e lhe dei as costas. Coloquei o pedido sobre o balcão e voltei a sentar no banquinho.
- Por que essa cara? – Nora perguntou.
- Nada de mais, gente da escola.
- Sei...
Começamos a conversar sobre qualquer coisa enquanto os pedidos não ficavam pronto. Nora era muito boa de papo e sempre arrumava um jeito de me fazer sorrir, quando conversávamos parecia que só existia nós dois e ninguém mais. Se ela não tivesse namorado eu investia.
Peguei a bandeja com os pedidos e levei até a mesa. me olhou com a expressão emburrada igual quando namorávamos e ela ficava com ciúmes de alguma menina que falava comigo. Franzi o cenho discretamente e dei as costas para eles novamente. Ouvi quando Bernardo disse para “pega seu lanche meu amor”, ou ele gritou, ou meus ouvidos estão sensíveis demais, de qualquer forma aquilo me fez lembrar da época que era o meu amor e não dele.
Eu estava sentado em minha cama estudando como todas as noites eu fazia. A noite estava fria, o vento volta e meia uivava contra as folhas das árvores. A casa estava silenciosa e resolvi dar um basta nos estudos e me deitar. Levantei da cama e me aproximei da janela para fechar as cortinas. A rua estava tranquila e as casas escuras, menos a de . Sua varanda estava com a luz acessa e ela e um garoto que eu tinha certeza que era Bernardo pela sua altura e por seu carro que estava estacionado por ali, estavam conversando na calçada, ou melhor, pareciam discutir. gesticulava rapidamente e a pouca luz que pairava sobre seu rosto mostrava sua expressão raivosa. Já Bernardo estava com os braços cruzados e falava sem parar, parecendo que interrompia diversas vezes e ó, ele estava fodido, odiava quando a interrompiam. Só sai do meu momento “Maria fofoqueira” quando ouvi Hannah me chamar bem baixinho.
- O que foi, minha princesa?
- Tá dodói , aqui – Ela colocou a mão sobre a garganta e tossiu, seu rostinho estava molhado devido a lágrimas e ela parecia tremer mesmo usando moletons grossos.
Coloquei a mão na testa de Hannah me surpreendendo com sua temperatura elevada e naquele momento bateu o desespero de não saber o que fazer. Eu não queria incomodar ou minha tia porque já era tarde e eu não sabia que remédio dar a Hannah já que seu problema não era somente a febre.
- Tá doendo muito, pequena? – Ela assentiu enquanto tossia seco e aumentava a intensidade do choro – Shiii vai ficar tudo bem, vamos resolver isso – Depositei um beijo em sua testa, peguei um moletom que havia ali e o vesti, calcei meus tênis e sai do quarto com Hannah nos braços. Fui até seu quarto e vesti nela mais uma blusa de frio juntamente com suas botas. Desci as escadas rapidamente e peguei as chaves do carro que estava no aparador. Fechei a porta de casa e fui até meu carro que estava estacionado no meio fio. Hannah continuava a chorar e a tossir enquanto eu afagava suas costas.
- Está tudo bem? – Sobressaltei-me e olhei rapidamente para a rua percebendo que caminhava em minha direção. O carro de Bernardo não estava mais ali o que indicava que ele havia ido embora.
- Hannah não está muito bem. Vou levá-la ao hospital.
- Você quer ajuda?
- Não precisa, obrigado – Abri a porta do carro.
- Você não vai conseguir dirigir com ela no colo e pela cara dela, ela não vai aceitar ir na cadeirinha. Pode deixar que eu levo ela.
- , está tarde, amanhã tem aula e tenho certeza que seus pais nem sabem que você está acordada.
- Isso não é problema – praticamente arrancou Hannah de meus braços e como eu fui vencido, entrei no carro e entrou também sentando no banco de trás. Dei a partida no veículo e não demoramos a chegar ao local, como outrora eu citei, o hospital não ficava longe da minha casa.
Não demorou para que Hannah fosse atendida, o médico passou dois tipos de remédio para ela já que sua garganta estava inflamada e me deu algumas recomendações. Saímos do hospital e era começo de madrugada. Eu e não conversamos nem na hora de ir e nem na hora de voltar, não tínhamos sobre o que conversar por isso preferimos o silêncio, mas no hospital ela me perguntou onde estava minha mãe que não pôde trazer Hannah para o hospital e eu disse apenas que ela havia viajado encerrando o assunto por ali.
- Obrigado – Agradeci assim que peguei Hannah – que estava adormecida – do colo de .
- Imagina.
- Boa noite – Sorri fraco e lhe dei as costas. Não me dei ao trabalho de colocar o carro na garagem porque estava bêbado de sono e a rua é bem segura. Entrei em casa e subi as escadas entrando no quarto de Hannah. Coloquei-a com cuidado na cama e quando fui me afastar, a garotinha segurou em minha mão.
- Dorme comigo, ursinho – Sorri ternamente lembrando-me de quando ela aprendeu a falar e só me chamada daquela forma porque todos os dias eu pegava seu urso de pelúcia preferido e dava “vida” a ele.
Tirei os tênis e afastei o cobertor de princesa dela. Gente eu juro que não tenho chulé porque se eu tivesse eu nunca contaminaria a cama e o edredom da minha irmãzinha. Juro.
Hannah deitou com a cabeça em meu peito e eu joguei o edredom por cima de nossos corpos. Depois disso caímos no sono instantaneamente.
Eu já estava acordado há algum tempo, mas minha cara de sono ainda estava presente. Preferi não ir para a escola já que estava cansado demais e ainda estava preocupado com Hannah. Eu vestia uma calça de moletom cinza, mas era o tipo de moletom que era mais apertado das canelas até o começo da coxa e depois folgava. Eu estava sem blusa, já que a calefação não me permitia sentir frio. Ouvi a campainha tocar e sequei minhas mãos em um pano de prato, fui até a porta e a abri apenas para me surpreender com ali. Ela abriu a boca levemente e observei seu olhar sobre meu tórax e peitoral. Não era por nada não, mas nos últimos tempos eu estava gostoso demais. Melhorei minha alimentação e estava praticando exercício e os efeitos já era muito bem notáveis, obrigado.
- Oi – disse com a voz levemente baixa.
- Olá.
- Passei aqui para ver como Hannah está.
- Ela está bem, ainda está dormindo.
- Ela reclamou de dor?
- Graças a Deus não.
- Isso é bom. Você vai trabalhar não é? Ela vai ficar com quem?
- Eu sempre deixo-a com a dona Marta, mas como hoje ela teve médico, eu vou ligar para a .
- Não precisa, eu fico com ela.
- Ahh não, eu não quero incomodar, já estava até ligando para .
- De forma alguma. Eu só vou trocar de roupa e já venho pra cá – me deu as costas e claro que eu não perdi a oportunidade de dar uma bela secada em sua comissão traseira. Ela estava com o uniforme da escola e eu já havia esquecido como aquela saia caia bem nela.
Tomei um banho rápido e assim que estava colocando a calça, ouvi a campainha tocar. Subi o zíper e fechei a calça rapidamente, calcei minhas meias e coloquei os tênis deixando para amarrá-los depois, peguei a blusa que estava em cima da cama, a jaqueta e a touca e desci. Joguei tudo sobre o sofá e corri para abrir a porta assim que o barulho da campainha soou pela terceira vez. já estava com uma roupa diferença e com certeza ela retocou seu perfume já que assim que um vento frio passou por ali eu senti a fragrância deliciosa invadindo minhas narinas. Um arrepio tomou meu corpo, tanto pela fragrância como pelo fato de eu estava sem blusa e meu peitoral estar um pouco molhado ainda devido ao banho. É, aquilo não é legal.
- Entra – entrou na casa e eu fechei a porta lhe dando as costas logo em seguida. Vesti minha blusa e coloquei a jaqueta por cima, enfiei a touca de qualquer jeito na cabeça e me sentei para amarrar meus tênis. estava parada perto do sofá olhando-me e quando meus olhos entraram em contato com os seus, ela desviou parecendo encabulada. Voltei o olhar para meus tênis e os amarrei – Eu estou indo cedo para o trabalho para voltar mais cedo e você não ter tanto trabalho com Hannah.
- Tudo bem, ela é boazinha – Coloquei minha mochila com a roupa do trabalho nas costas.
- Se você for dar banho nela, coloque na água levemente quente porque ela não gosta da temperatura morna, mas não aumenta muito senão a pele dela fica vermelha e acho melhor não molhar os cabelos dela. Tem comida no forno e os horários e a dosagem dos remédios dela estão colados na porta da geladeira - riu e balançou a cabeça em negação – O que foi?
- Você parece um pai babão e zeloso – Sorri levemente.
- Hannah é tudo pra mim e eu quero vê-la bem. Bom eu já me despedi dela e agora já vou – Passei por , mas voltei e me aproximei dela. Depositei um beijo suave em sua bochecha e ela pareceu surpresa com a minha atitude – Obrigado – Peguei a chave do carro e sai de casa.
Eram seis horas quando estacionei o carro na frente de casa. Desci e assim que me aproximei da porta de entrada ouvi algumas gargalhadas sendo elas de e Hannah. Entrei em casa e percebi que elas assistiam ao filme Valente.
- Hey.
- ! – Hannah ficou em pé no sofá e estendeu os braços para mim, aproximei-me dela e a peguei espalhando beijos por seu rosto.
- Como você está?
- Bem.
- Sua garganta ficou dodói de novo? – Ela balançou a cabeça em negação e eu sorri. Olhei para e ela me olhava sorrindo – Hannah se comportou?
- Claro, ela é uma boa menina, não é amor? – A garotinha assentiu. sempre gostou muito de Hannah e a mimava mais do que eu.
- Bom, vou tomar banho, você pode ficar com ela mais um pouco? – Olhei para e ela assentiu. Coloquei Hannah no sofá e subi as escadas. Tomei um banho rápido e vesti a calça que eu usava pela manhã colocando também uma camiseta branca. Desci as escadas logo em seguida.
- Eu esquentei sua comida e coloquei em cima da mesa, achei que você talvez estivesse com fome – disse suavemente.
- Ahh, obrigado – Sorri agradecido. Bom, eu não estava com tanta fome assim já que passo o dia todo comendo algumas coisas na lanchonete, mas não faria desfeita.
- Eu só vou terminar de assistir esse filme com Hannah e depois vou embora.
- Não precisa ter pressa.
- Ahh não , você disse que ia assistir Alice no país das maravilhas comigo.
- Outro dia eu volto aqui e a gente assisti, meu amor.
- Por favor, você disse – Hannah fez um bico adorável.
- É , você disse, agora tem que cumprir – Disse enquanto balançava a cabeça.
- Tudo bem então – Sorriu timidamente.
- Oba! – Hannah estendeu os braços e eu ri enquanto ia até a cozinha. Sentei-me na mesa e cutuquei a comida que estava no prato, será que havia colocado veneno ali? Ri com meu pensamento e comecei a comer.
Quando voltei para a sala Valente já havia acabado, Hannah me puxou para o sofá e aconchegou-se em meu colo enquanto o outro filme começava. Eu estava tão cansado que dormi antes de ver a cena da Alice caindo no buraco.
Senti minhas pernas sendo colocadas sobre o sofá, minha cabeça estava sobre as almofadas e eu me sentia muito confortável na posição que eu estava. Uma manta foi jogada sobre meu corpo e eu me senti uma largada presa em seu casulo. Abri os olhos levemente só para encontrar parada em minha frente, mas ela não pareceu notar meu movimento. Voltei a fechar os olhos e instantes depois senti a respiração de se mesclar com a minha. Logo depois seus dedos acariciavam meu rosto e as pontinhas deles tocavam meus lábios. Meu coração gay deu um solavanco e eu lutei para minha respiração não se alterar. Senti um beijo sendo plantado demoradamente no canto dos meus lábios e senti algo molhar meu rosto. parecia chorar. Ela passou o braço por minha cintura e encostou seu rosto ao meu, disse algo inaudível para mim e ficou ali por alguns minutos, parada. Não consegui conter um suspiro, mas isso não pareceu abalá-la. se afastou e eu tive vontade de pedir para que ela ficasse. Ouvi a porta fechando-se levemente e depois um barulho quase imperceptível, havia jogado a chave por baixo da porta como várias vezes ela já fez. Abri os olhos e fitei o teto, eu ainda sentia o local onde havia beijado levemente quente. Eu achei que estava esquecendo-a, superando-a, mas aquilo era uma doce ilusão.
~*~
Dia dos pais... Quem se importa com esse dia? Porque eu nunca me importei, quer dizer, quando eu era um pirralho eu ficava chateado por meu pai não comparecer as festinhas da escola e nem dá muita atenção aos presentes que eu fazia para ele, mas com o tempo acabei me acostumando e dia dos pais tornou-se uma data qualquer para mim, para mim e não para Hannah. Hoje haveria uma festinha em sua escola comemorando a data, pais que amavam seus filhos chegavam à escolinha, radiantes, loucos para receber os presentes que suas crianças mesmo fizeram e assistir ao pequeno showzinho deles. Hannah não teria o privilégio de ter o pai ali, ele não estaria na primeira fileira aplaudindo-a e nem ficaria feliz com o presente que ela entregaria a ele. Mas eu não desapontaria minha pequena, eu não sou o pai dela, mas chego perto disso porque eu a vi nascer, vi ela sorrir enquanto dormia, acordava na madrugada com seu choro, trocava suas fraudas, estava presente quando ela comeu um alimento sólido pela primeira vez e disse a primeira palavra. Eu fui seu apoio quando ela tentou dar os primeiros passos, eu fui sua segurança quando ela finalmente começou a andar. Eu presenciei seu dengo quando os primeiros dentinhos começaram a aparecer, eu estava com ela no seu primeiro dia na escolinha e sempre dizia “vai ficar tudo bem” quando ela caía e se machucava. Ou seja, eu dava pro gasto.
Estacionei meu carro na frente do pequeno prédio e vi o quão cheio ali estava. Eu estava consideravelmente atrasado porque não consegui sair mais cedo do trabalho. Entrei correndo pelas portas e procurei Hannah pelo pátio e aquilo só podia ser um carma na minha vida, porque ao invés de Hannah eu encontrei e Bernardo juntamente com a garotinha que dias atrás eu vi ele conversando e um casal que não parecia tão velhos. Eu sabia que aqueles eram os pais de Bernardo então aquele garotinho só poderia ser irmão dele. estava ao lado de Bernardo sendo abraçada por ele e sorria enquanto ouvia a mulher tagarelar. Não sei se era impressão minha, mas aquele sorriso não parecia ser muito verdadeiro. Desviando meu olhar daquela cena lastimável, tive a capacidade de avistar Hannah sentada em um banquinho, sozinha. Ela tinha alguma coisa em mãos e olhava para seus coleguinhas e seus pais. A cena pesou em meu coração, sua expressão tristonha me derrubou e eu senti vontade de socar a cara do homem que colocou a sementinha em nossa mãe. Aproximei-me da garotinha por trás e ela sobressaltou-se quando eu a abracei.
- !
- Hey minha pequena – A peguei no colo e depositei um beijo estalado em sua bochecha fazendo-a rir – Como tá essa festinha? Tem comida? Mim necessita de muita coisa – Modifiquei a voz e arregalei os olhos fazendo Hannah gargalhar.
- Tem um montão de comida. Eu já me apresentei, você não viu.
- Desculpa pequena, não consegui vim antes.
- Eu fiz esse desenho pra você – Ela abriu a folha que carregava na frente do meu rosto e eu visualizei alguns rabiscos e um boneco de palito.
- Mentira que esse sou eu! Eu to o maior gatão nesse desenho!
- Você gostou? – Seu rostinho se iluminou.
- Você está brincando não é? Eu adorei! Vou até colocar na geladeira e deixar lá pra todo o sempre.
- Todo o sempre?
- Claro, todo mundo precisa ver como eu sou bonito – Hannah gargalhou - Que tal a gente tomar um monte de sorvete até nossa barriga explodir? Sua garganta já está boa mesmo.
- Oba! Eu quero! – Mordi o pescoço de Hannah suavemente fazendo-a se encolher e gargalhar enquanto tentava me empurrar. Não consegui conter meu riso diante de suas gargalhadas. Me afastei dela e parecia que meus olhos tinham algum tipo de radar que eram puxados para , porque eu olhei para ela e ela estava olhando para nós com um sorriso suave no canto dos lábios. Bernardo puxou o rosto dela e lhe beijou, revirei os olhos e ajeitei Hannah em meus braços saindo da escola com ela logo em seguida. Eu não queria que ela ficasse ali e se sentisse inferior ou triste por vê seus coleguinhas com seus pais, por isso fui com ela até o parquinho mais próximo onde comemos sorvetes até não aguentar mais.
Abracei fortemente na porta da minha casa erguendo-a do chão e fazendo-a rir. Era noite e fazia pouco tempo que , , Sophia, Amanda e Cora haviam saído da minha casa, passamos a tarde toda assistindo filmes, comendo besteira e conversando sobre assuntos nada interessantes para a humanidade, eles diziam que eu não passava mais nenhum tempo com eles, que eu havia abandonado-os, que eu não os amava mais e essas coisas de gay, então resolveram me atormentar.
Afastei-me um pouco de mantendo meus braços em sua cintura e ela mantendo os dela em meus ombros.
- Sabe, acho que você deveria dar uma chance para o – fez careta.
- Ele não me pediu uma chance.
- Ahh , por favor, nem precisa né, o cara praticamente se joga em cima de você todo dia, quando você está por perto ele não tira os olhos de você, você sabe de tudo isso e fica agindo dessa forma malvada com o pobre garoto – A sem coração deu risada.
- Ahh é legal dá aquelas cortadas nele e fingir que não é comigo.
- Sua sem coração! – Ela jogou a cabeça pra trás e gargalhou.
- ele não toma nenhuma atitude, como é que eu vou dá uma chance pra ele?
- Você gosta dele?
- Ahh sei lá, ele é agradável.
- Uma pessoa não se envolve com outra só porque ela é agradável.
- Okay, ele é bonito, me faz rir, é gentil, pelo visto faz tudo por mim... Acho que me envolveria com ele numa boa, mas ao invés dele chegar em mim ele prefere ficar agarrando essas putas por ai tentando me fazer algum tipo de ciúmes, tipo, muito sem fundamento isso – Revirou os olhos.
- Concordo, ele é um babaca, mas é que ele tem medo de ser rejeitado por você, se ele souber que eu te disse isso, ele me castra, mas ele já me confidenciou que você é muita areia pro caminhãozinho dele, que pra ele você é um sonho impossível.
- Que idiota! – Sua expressão estava indignada.
- Concordo.
- Amanhã vou chamar ele pra sair – Disse com determinação.
- Ahhh mais essa eu vou querer ver de camarote.
- Amanhã, na hora do intervalo, não falta – Sorriu marota.
- Mas nem que me obrigassem.
- Agora eu vou ter que ir, pequeno - Aproximei meu rosto do dela. Eu tinha certeza que quem visse a cena de fora acharia que éramos namorados. Depositei um beijo carinhoso em sua testa e me afastei.
- Boa noite – Ela sorriu e caminhou até seu carro. Captei uma movimentação nas cortinas da casa da frente e visualizei na janela, ela me olhou por alguns segundos e se afastou.
Suspirei e entrei em casa.
~*~
Hora do intervalo, hora da diversão. Eu estava sentado na frente de na mesa que sempre sentávamos, todos já estavam ali e conversavam aleatoriamente. Olhei para á garota em minha frente sugestivamente e ela piscou.
- – Ele olhou para enquanto mastigava lentamente seu cachorro-quente, era uma cena nojenta de se vê, não recomendo – Hoje está lançando um filme muito bacana e eu queria muito ir ver, vamos comigo? – cuspiu seu refrigerante longe enquanto as meninas riam e se engasgava.
- A gente também?
- Na verdade , eu quero apenas a companhia do – A situação do garoto ficou mais crítica ainda porque de branco ele passou pra vermelho e agora estava roxo segurando a garganta com as duas mãos e ao invés de eu tomar vergonha na cara e ajudá-lo, eu ria feito uma hiena. Cora teve pena do pobre ser humano e lhe ofereceu um copo de suco – E então, o que você me diz?
- Tu-tudo, bem.
- Você me pega as cinco, pode ser?
- Pode, claro, certo... É.
- Aê , se deu bem – Bati em sua cabeça e ele me mostrou o dedo enquanto todos na mesa riam.
Olhei de relance para a mesa onde sentava agora – ai me julguem – e ela estava totalmente excluída lá, Bernardo conversava com seus amigos enquanto ela olhava para nós com o olhar entristecido. Voltei meu olhar para meu lanche e suspirei. Aquilo tudo havia sido escolha dela, agora ela que arcasse com as consequências.
- Vem aqui sua pestinha – Eu corria atrás de Hannah pela sala enquanto ela gargalhada. Ela estava apenas de calcinha e já fazia algum tempo que eu tentava vesti-la, sem sucesso, é claro.
- Você não me pega! – Eu ri enquanto Hannah dava a volta no sofá e eu me esticava tentando pegá-la. A campainha tocou e eu desisti de Hannah encaminhando-me até a porta.
- Ahh, oi – sorriu e eu franzi o cenho porque não esperava ela ali.
- Oi.
- Minha mãe pediu que eu trouxesse isso para vocês – Ela puxou o pano que estava sobre a bandeja que ela tinha em mãos revelando uma pilha de brownies. Ouvi o gritinho esganiçado de Hannah e olhei pra trás vendo que ela pulava sobre o sofá.
- Eu quero!
-Só vai comer se me deixar colocar a roupa em você – Ela revirou os olhos e cruzou os braços emburrando.
- Tá – Ri juntamente com e fui vestir Hannah. entrou e colocou o prato sobre a mesinha de centro.
- Posso ficar aqui um pouco com vocês? – perguntou com a voz fraca. Franzi o cenho porque meses atrás ela não queria nem olhar na minha cara e de uns tempos pra cá ela andava... Diferente.
- Claro – Sentou-se no sofá e observou Hannah atacando os brownies. Peguei um e o mordi apreciando-o se desmanchar em minha boca.
- Agradeça sua mãe, ela faz os brownies mais deliciosos que já comi! – Ela sorriu.
- Ela fica honrada por já saber disso.
Ficamos em silêncio. Hannah começou a brincar com suas bonecas que estavam ali e depois foi para o andar de cima brincar com sua casinha. Peguei o prato quase vazio e me dirigi até a cozinha. Okay, estava sendo difícil ficar ali com naquele silêncio, sem tocá-la, sem senti-la realmente perto de mim.
- ... - Ouvi sua voz baixinha e virei dando de cara com atrás de mim.
Nos olhamos realmente pela primeira vez desde que ela entrou em casa, ambos sustentamos o olhar. Pelo meu olhar eu procurava expressar toda a saudade que sentia dela – apesar dela estar fazendo tudo aquilo comigo - todo o meu arrependimento, já o de expressava mágoa e talvez, só talvez, amor.
Os olhos da minha garota encheram-se de água e eu á fitei com atenção.
- Hey, o que foi? – Perguntei de uma forma carinhosa.
- Você está tão diferente – Eu suspirei e sorri tristemente.
- Uma parte disso eu devo a você, depois daquela burrada que eu fiz, depois de perceber que eu havia te perdido, nada pra mim fez mais sentido.
- Você já havia me traído antes? – Sustentei seu olhar e tentei expressar toda sinceridade nas palavras que saiam de minha boca.
- Não, eu juro que não. Desde que minha boca tocou a sua pela primeira vez, eu juro que não havia ficado com mais ninguém desde então, até eu dar uma de idiota e fazer aquela burrada.
- Por que você fez aquilo ?– Lágrimas pesadas puseram-se a cair dos olhos da garota.
- Porque eu sou um tremendo de um idiota, – Eu senti aquele já conhecido bolo em minha garganta e engolir minha própria saliva tornou-se algo doloroso. Eu senti meus olhos arderem, mas sustentei as lágrimas – Eu sou um tremendo de um idiota, eu tinha tudo, eu tinha você e não precisava de mais nada. Você não sabe como eu me crucifico todos os dias por ter sido um babaca com você. Você não tem noção da quantidade de vezes que eu senti vontade de me socar, que eu senti vontade de não existir. Você não tem noção da quantidade de vezes que eu desejei que nossos caminhos nunca tivessem se cruzado para eu não te ver sofrer daquela forma por minha culpa. Eu me senti um lixo, me senti um nada... ... Eu. Te. Amo. Eu te amo desde o primeiro momento que bati meus olhos em você – Eu aproximei-me de e mesmo com receio segurei o rosto dela, nossos rostos estavam tão perto que ambos os narizes quase se tocavam. Meus olhos ainda continuavam vidrados nos seus – Foi tudo tão de repente, tudo tão bom e a partir daquele momento eu já sabia que queria levar você para sempre em minha vida.
- Você não sabe como me doeu saber da sua traição e o pior de tudo foi saber com quem você me traiu e essa pessoa ainda jogar isso na minha cara. Mas eu tenho minha parcela de culpa nisso, sei muito bem que sim, você não gostava de como minha amizade com o Bernardo era, ainda mais porque ele sempre foi apaixonado por mim e eu não me importava com sua opinião, eu deveria ter dado atenção a ela, deveria ter respeitado você e sinto muito por não ter feito isso. Eu realmente deveria ter me importado mais com você, porque olhando para toda situação eu percebi verdadeiramente que fui uma tremenda de uma vadia egoísta – Eu sentia que aquela era a hora da nossa conversa decisiva, porque a conversa que outrora tivemos se restringiu mais a briga, mas agora estávamos falando de forma passiva, querendo colocar tudo em seu lugar.
- , eu sei que você nunca teve algo com Bernardo enquanto estávamos juntos e nada justifica a minha traição, nem a raiva que eu sentia no momento, eu estava de cabeça quente e deveria ter tomado outra decisão que não fosse ir aquela festa e encher a cara. Desde o momento que eu e você começamos a ficar, eu te entreguei o meu coração, ele não pertencia mais a mim. Você não sabe como eu me sinto um gay ao dizer isso, mas é a verdade e quando você me devolveu o meu coração, ele retornou a mim com um grande defeito, você já estava por todo ele. Ele já era seu e não poderia ser de mais ninguém. Confesso que eu tentei te esquecer, tentei te tirar de mim ainda mais depois de ver que você está com aquele cara, mas eu não consegui – Ela suspirou e passou os polegares de baixo dos meus olhos secando os vestígios de lágrimas que haviam ali.
- Estava... – Franzi o cenho - , a confiança é como o espelho, uma vez quebrada é impossível consertar, você pode até colar peça por peça, caquinho por caquinho, mas ele nunca voltará a ser o mesmo, você sempre verá sua imagem retorcida nele, algo que não se encaixa. Algumas pessoas têm o incrível dom de transformar seu coração em algo concreto, eles têm o dom de não deixar sentimento nenhum entrar ali, pessoa nenhuma se aproximar, mas tem aqueles que têm o coração de vidro e eu sou uma dessas pessoas. Meu coração destroçou-se a partir do momento que eu soube daquilo que você fez, ele quebrou-se por inteiro, eu tentei concertá-lo, todas as peças estavam ali, mas foi impossível, a grande cicatriz permaneceu nele. E eu passava todos os meus dias tentando não te odiar, ou eu te odiava por um momento e então eu lembrava de todos os momentos que vivemos e o ódio sumia restando a dor e o amor. Nós dois fomos errantes nessa história, eu com o meu egoísmo e você com sua atitude impensada, porque eu te dei motivos para me trair, mesmo que você não reconheça, e eu errei mais ainda ficando com Bernardo para me vingar de você, eu queria que você sofresse, ficasse com ódio, mas eu fui tão idiota, tão babaca, por isso se você estiver disposto eu quero tentar de novo, quero fazer isso por você e por mim, porque eu não aguento mais! – esbravejou enquanto as lágrimas retornavam aos seus olhos – Eu não aguento mais ficar longe de você, eu preciso ter sua boca na minha, seus braços em volta da minha cintura, seu corpo rente ao meu. Eu preciso do seu carinho, dos seus sorrisos, das suas palavras sussurradas no meu ouvido. Eu preciso das nossas noites de amor, das nossas brincadeiras, das nossas bobeiras. Mas o mais importante de tudo, eu preciso ter de volta o motivo do meu sorriso.
- Você… O que? – Meu coração parecia uma britadeira e eu estava ligeiramente tonto. Juro que se eu desmaiar, na hora que eu acordar eu mesmo faço questão de meter um murro na minha cara.
- Estou dando uma chance para nós dois, meu amor – Sorriu e eu não precisava de mais nada, ou melhor precisava dos seus lábios junto aos meus por isso antes que ela mudança de ideia grudei minha boca na dela rapidamente voltando a sentir todas aquelas coisas de gay que só ela proporcionava a mim.
Apesar de ter sido pega de surpresa ela retribuiu o beijo. Logo minha língua procurava pela sua, logo eu explorava sua boca, logo senti suas mãos apertando minha cintura enquanto as minhas estavam em seu rosto, logo começamos a batalha de línguas que sempre gostamos de fazer, logo nossas salivas se mesclavam, nossas respirações se misturavam e nosso coração batia no mesmo ritmo, logo éramos e , e aquele casal estranhamente apaixonado que revivia tudo novamente.
Separei nossas bocas com um sorriso imenso nos lábios e olhei em seus olhos.
- Você não vai mudar de ideia, não é?
- Mas nem que me torturassem – Me deu alguns selinhos.
- E seu relacionamento com o Bernardo? – Não consegui conter uma careta.
- Acho que nunca tivemos um relacionamento de verdade, eu nunca amei o Bernardo dessa forma e ele percebeu que eu nunca deixei de amar você, por isso como eu disse, não existe mais nada entre nós – Sorri – Eu preciso que você saiba de uma coisa. Naquela festa, que você me viu subindo as escadas com ele...
- Prefiro não saber – A interrompi em um tom sério.
- Hey, deixa eu falar – Segurou em meu rosto e olhou com firmeza em meus olhos – Eu realmente ia transar com ele, achei que você merecia que eu fizesse aquilo, mas então quando estávamos no quarto eu vi você no jardim e vi que você chorava e aquilo destroçou meu coração e eu me senti uma idiota porque pensava que você merecia todo aquele sofrimento, mas eu não consegui fazer nada com Bernardo, inventei uma desculpa qualquer e desci rapidamente e depois disso todas as vezes que ele tentava avançar o sinal eu inventava uma desculpa – Olhei desacreditado para ela – Foi só você meu amor, só você que me teve verdadeiramente e sempre terá.
- Eu amo você, amo você – Depositei alguns selinhos em seus lábios macios e sorridentes.
- Oba! Vocês voltaram a dar beijinho – Olhei sobre o ombro de para Hannah que estava na porta da cozinha com uma boneca em mãos. Eu e rimos e a mesma virou-se fazendo com que eu a abraçasse por trás.
- Hannah meu amor, o andou dando beijinhos em alguma garota por ai?
- Não, eu pensei que ele ia dá beijinho na Melzinha, mas quando perguntei eles começaram a rir – Deu de ombros.
- Que isso? Investigando minha vida agora? – riu.
- Apenas checando.
- Sabe o que eu vou checar mais tarde? – Sussurrei em seu ouvido – Se você continua fazendo aquelas coisas maravilhosas na cama – Vi os pelos da nuca de se arrepiarem e sorri satisfeito com aquilo.
Coloquei Hannah com cuidado sobre sua cama e a cobri, depositei um beijo suave em sua testa e sai do quarto encostando a porta. me esperava no corredor, ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu a empurrei contra a parede e a beijei. Minha língua partiu em busca da sua e deslizou por ela suavemente em um beijo sensual. Segurei uma de suas pernas e entendendo o recado as cruzou em mina cintura. Prensei meu corpo contra o dela apertando-a entre eu e a parede e aprofundei mais o beijo, soltou um suspiro e eu ainda custava a acreditar que ela estava ali, novamente em meus braços e seria minha de todas as formas possíveis.
estava deitada sobre meu peito, nossos corpos nus ainda estavam com vestígio de suor. Eu acariciava sua nuca e seu braço que estava sobre minha cintura. O silêncio reinava ali, estávamos presos em nosso próprio mundinho onde só se fala de nós, onde só existia nós. Meu corpo ainda estava sobre o efeito de nosso ato maravilhoso e cheio de amor.
- ?
- Hum?
- Eu sei de tudo o que aconteceu com você.
- Como assim?
- Quando eu cuidei de Hannah, eu resolvi perguntar o que estava acontecendo porque eu vi que era você que estava cuidando dela e nunca mais havia visto os seus pais, então ela me contou.
- Contou o que exatamente?
- Disse que o pai de vocês havia ido embora porque não amava mais vocês, e que a Joanne havia ficado muito triste e foi viajar para sarar o dodói – Suspirei – Foi isso mesmo o que aconteceu?
- Sim, meu pai foi embora apenas deixando um bilhete pra trás, minha mãe ficou arrasada, estava com começo de depressão, não comia, não saia, praticamente não vivia, então minha tia lhe convenceu que uma viajem faria bem a ela.
- Quando ela volta? E você tem notícias do seu pai?
- Ainda não sei, ela não me disse. E não, não tenho notícia dele e nem quero ter.
- Me desculpa por não ter estado do seu lado nesse momento tão turbulento.
- Está tudo bem, você está aqui agora – Voltamos a ficar em silêncio.
- ?
- Oi?
- Você se envolveu com alguém enquanto estávamos separados?
- Não.
- Nem com a ? Vocês estavam tão grudados – Ri.
- Eu olho para a como olho para a Hannah – levantou a cabeça e me olhou.
- E como é que você olha pra mim?
- Eu olho pra você como a mulher da minha vida, meu amor – Acariciei seu rosto.
- Eu amo tanto você – E então ela me beijou e começamos mais uma vez a nos amar da forma que sempre deveria ter sido.
Eu estava sentado no sofá com ao meu lado e Hannah em seu colo, assistíamos a um filme infantil escolhido pela pequena. Umas boas semanas haviam se passado, eu e estávamos muito bem obrigado, ela só não estava sendo muito bem falada na escola, porque namorava comigo, então namorou Bernardo e mal terminou com ele e voltou para mim, mas quem disse que ela se importava com o que falavam sobre ela? E segundo , ela só estava na boca das garotas porque elas eram vadias e queriam me pegar, mas como eu não estava mais no mercado e a sortuda continuava sendo ela por me ter, as outras garotas resolveram meter o pau nela. Claro que eu gargalhei muito.
e estavam em um relacionamento relativamente sério e muito engraçado, era hilário ver aqueles dois juntos e as brigas então, uma comédia em prato cheio, sempre saia com o rabinho entre as pernas.
Faltavam poucos dias para que nos formássemos e as cartas de aceitação para as faculdades já estavam começando a chegar. Eu já havia recebido duas, uma ficava em Nova York e a outra em Los Angeles, mas eu não me interessei, eu queria cursar em uma faculdade aqui na cidade mesmo para ficar perto de Hannah e da minha mãe.
- Eu vou pra onde você for, já disse – proferiu enquanto acariciava meus cabelos. Não prestávamos mais atenção na TV.
- , você recebeu tantas cartas de aceitação de ótimas faculdades, não quero que você perca isso por mim.
- Com você eu só ganho, meu amor. Eu não vou conseguir ficar quatro anos longe de você, eu jamais aguentaria e com certeza sofreria mais do que eu sofri quando nos separamos, você não quer que eu sofra, não é? – Ó a chantagem emocional, quem nunca?
- Depois não venha me culpar...
- ! – Ela me cortou – Meu Deus até parece que não me quer por perto, pois fique você sabendo que eu não desgrudarei de você, fiz prova nas faculdades daqui e na que você entrar eu entro também – Ri. Ouvimos a campainha tocar e fui até a porta abrindo-a e não acreditando em quem estava ali.
- Mãe!
- Oi meu bebê – Aproxime-me dela e a abracei fortemente tirando-a do chão e entrando com ela em casa. Sua gargalhada tomou o lugar e eu senti meu coração se aquecer devido ao som, fazia tanto tempo que eu não ouvia aquela gargalhada – Meu Deus, quanto tempo eu fiquei fora? Você está forte!
- Mais tempo que o necessário.
- Mamãe! – Hannah correu ao seu encontro e minha mãe abaixou-se pegando-a no colo.
- Awn minha princesinha, senti tanto a sua falta.
- E eu senti mais ainda! Nunca mais vai embora, mamãe.
- Nunca mais, eu te prometo meu amor – Ela olhou para e sorriu – E o que é que minha ex nora linda faz aqui?
- Não é mais ex – Sorri.
- Ó, vocês voltaram?
- Sim.
- Fico tão feliz por isso – Ela abraçou ainda com Hannah no colo. Fitei minha mãe atentamente percebendo sua mudança. Seus cabelos estavam curtos e escuros combinando com sua pele bronzeada, ela havia engordado um pouco, não engordado propriamente dito, mas parecia ter retornado ao seu peso normal. E seus olhos brilhavam formando um conjunto incrível com seu sorriso.
- Pelo visto essa viagem foi milagrosa – Eu disse depois de ter pego suas malas e colocado na sala.
- Milagrosa é apelido. Me sinto nova.
- Você está incrível! Maravilhosa para falar a verdade – disse arrancando um sorriso de minha mãe.
- Obrigada, meu bem.
- O que será de mim agora tendo três mulheres lindas desse jeito na minha vida? Como eu tomarei conta disso tudo? – Disse arrancando risada delas.
- Acho que nós que vamos ter que tomar conta de você meu amor – Sorri porque sabia que aquilo era a mais pura verdade. As olhei contendo todo o orgulho que eu sentia por ter três “deusas” tão excepcionais em mina vida, três mulheres que eram apenas minha. Eu era um merda de um sortudo mesmo.
E o que seria de mim sem aquelas três mulheres?
Epílogo
Entrei em casa sem me importar se estava fazendo barulho ou não e fechei a porta.
- Onde você estava? – indagou levantando-se da poltrona.
- Por aí.
- Por aí onde? – E lá vamos nós de novo.
- Por aí, – Ela aproximou-se de mim e olhou-me enraivecida – Eu não bebi se você quer saber, e se você não acredita… – Soprei suavemente contra seu rosto. Gente eu escovo os dentes três vezes por dia, passo fio dental e uso enxaguante bucal, então minha intenção não era matar minha esposa, e não, você não leu errado. Eu já explico.
-Você não pode sair dessa forma enquanto discutimos !
- Mas é claro que eu posso, eu já estou cansado de ouvir essas suas baboseiras, de ouvir as merdas que saem da sua boca! – Vi a mágoa transpassando por seu olhar – Dez anos de relacionamento, , quatro anos de casados e você ainda age como uma adolescente idiota! – Okay eu estava me exaltando e aquilo não era bom. encolheu os ombros e baixou o olhar.
- Eu só… Tenho medo de perder você – Ela disse de uma forma sussurrada e deixou as lágrimas caírem. Suspirei porque eu sabia que era o causador daquela insegurança.
Quando estávamos no último ano da faculdade, eu conheci uma garota e fiquei encantado por ela. Lizzy era linda, tão linda que eu não conseguiria descrever sua beleza nem se eu quisesse. Ela era divertida, alto astral, tempo feio pra ela não existia e eu fui um babaca com , não que eu tenha a traído porque eu aprendi muito bem minha lição, mas eu não conseguia mais esconder a atração que eu sentia por Lizzy. Veja bem, em nenhum momento eu realmente pensei em largar , porque eu a amava demais, mas Lizzy me proporcionava tantas sensações maravilhosas, quando eu estava ao seu lado eu me tornava uma pessoa completamente diferente. ficou grandemente abalada e todos os dias lutava para manter nosso relacionamento de pé, ela procurava nela os erros que EU cometia e quando tudo parecia perdido, ela me deu a notícia de que estava grávida, mas ela não engravidou de propósito e nem me deu a notícia da gravidez com o intuito de que eu ficasse com ela, mas eu percebi que minha felicidade estava ali, por isso como um baque eu caí na real e senti vontade de me socar pela besteira que eu estava cometendo. Eu estava quase trocando uma coisa concreta por incertezas e para deixar de ser idiota e tomar um real rumo na vida, eu pedi em casamento, não por causa do bebê, mas porque eu queria aquela mulher pelo resto da minha vida, e foi com um sorriso glorioso que ela disse aceito ao meu pedido. Nos casamos, compramos uma casa perto da casa dos nossos pais, então Rebecca nasceu e faz quatro anos que ela enche nossos dias de alegria.
Aproximei-me de e toquei em seu rosto fazendo-a olhar-me sentindo-me profundamente culpado por ser o causador de suas lágrimas.
- Meu amor, você jamais irá me perder, tente colocar isso em sua cabeça, eu jamais deixarei de ser seu. Estamos unidos da forma mais certa que poderíamos estar e temos uma filha linda, nada e nem ninguém irá apagar o amor que sinto por vocês, a felicidade que sinto por você ser minha é imensurável e eu te amo tanto, mais tanto que esse amor mal cabe dentro de mim. Eu sou louco por você meu amor, é tudo sobre você e somente você – Consegui arrancar um sorriso de e suas lágrimas foram sumindo aos poucos. Acariciei seu rosto enquanto eu a olhava com ternura – Eu amo muito você, viu? – Ela assentiu.
- Eu também amo você – Grudei minha boca na dela e a beijei com todo o amor que eu sentia e era impressionante como depois de dez anos nossas bocas ainda se encaixavam perfeitamente e como eu ainda sentia todas as sensações do nosso primeiro beijo.
Nos deitamos sobre o sofá, deitou de lado com o corpo parcialmente por cima do meu e eu acariciei seus cabelos, já não nos beijávamos mais, mas seu gosto persistia em minha boca.
- Papai – Ouvi a voz suave de Rebecca e logo depois ela entrou em meu campo de visão.
- Hey minha princesa, o que você faz acordada?
- Eu ouvi você e a mamãe, vocês estavam brigando?
- Não meu amor, apenas conversando – respondeu.
- Cabe eu aí? – Eu ri.
- Claro que cabe, minha pequenininha – puxei Rebecca e deitei-a sobre meu peito. passou o braço pelas costas dela puxando-a mais pra perto e lhe deu um beijinho terno na ponta do nariz fazendo a garotinha sorrir, eu sorri também enquanto as observava.
Hannah e minha mãe estavam no andar de cima porque todo fim de semana elas gostam de ficar em minha casa apesar de morarmos perto. Minha mãe estava cem por cento recuperada e Hannah estava mais linda do que nunca e é com pesar que digo que irei ter muito trabalho quando ela entrar na adolescência.
Agora serei obrigado a reformular uma frase que soltei á algum tempo.
Eu era um merda de um sortudo mesmo e o que seria de mim sem aquelas quatro mulheres?
~*~
Olá, sou , tenho 25 anos e essa foi a minha história.
FIM
N/A: Ahhhhhh!!! Friozinho na barriga! Essa foi a primeira estória que resolvi postar aqui no ffobs, antes eu vivia apenas no tumblr espalhando minhas espalhafatosas fantasias por lá, mas como uma tal de Letícia Carvalhal me encheu o saco, resolvi compartilhar as estórias por aqui. Espero que vocês tenham curtido O preço da traição, a PP era meio vadia, mas ela tem um bom coração, eu garanto. Obrigada a Letícia <3 e Obrigada Carolina por betar essa fic pra mim. É isso negada, continuem a me acompanhar porque acho que vou permanecer por aqui. Beijinhos!
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