O Retorno Dela
Fiction por Mari S. | Betagem por Juubs Riboli


Reencontro



“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.” - Albert Einstein

(n/a: coloque para carregar: The One That Got Away)



's
Eu estava deitado no gramado sob a luz do sol, e então criei esperanças. Ela poderia muito bem estar lá, bonita, provavelmente até mais que isso. Ou pior do que o Sméagol, do Senhor dos Anéis. Eu realmente não sabia o que pensar e esperar. Imaginar ela bonita era bem melhor, mas o tempo traz mudanças.
Faz cinco anos que não vejo minha melhor amiga e a veria hoje à noite. Ela sempre foi “a nerd” do grupo, gerava certa insatisfação quando não passava cola para nós em provas e, quando ela faltava, íamos a casa dela ver como estava. Ela era incrível, eu realmente a amava, e talvez até mais do que devia. Admito, fui sim um covarde ao esconder o que eu realmente sentia, mas ela não demonstrava gostar de mim da mesma forma. Era como se ela não me quisesse mais que um mero amigo. Pelo menos eu ainda era amigo.
Ela sempre fora bonita. Não como é a Jennifer Lawrence, longe disso. Mas ela era bonita. Era um pouco acima do peso, sempre fazia o mínimo de reclamação sobre isso e não se importava muito, porque ela não era de querer atrair olhares masculinos para si. Ela se arrumava, claro. Camisetas de banda e short jeans, blusa xadrez, seu inseparável All Star. Vivia de gorro. Por não seguir um padrão, ela era especial. Ela era linda por causa desse jeitinho meio marrento, durão e irritante. E eu adorava isso.

Flashback On

Penúltimo dia de aula do terceiro ano do ensino médio. Eu cheguei atrasado à sala de aula. O despertador não havia tocado e tive que sair correndo. Cheguei cansado, abri a porta violentamente e um “Com licença, professor” saiu da minha boca. Ele pareceu entender, já que acenou com a cabeça e pediu para que eu me sentasse. A sala toda estava me olhando, menos ela. Ela estava com a cabeça baixa, coisa que nunca a vi fazer. Estranho.
Fui até minha carteira, na frente da dela, sentei-me, virei de costas e sussurrei um bom dia, sorrindo em seguida. Ela levantou a cabeça, olhou em meus olhos e apenas sorriu tímida. Encarei-a seriamente, e vi seus olhos brilhando além do habitual. E tive certeza de uma coisa: Ela havia chorado.
Apenas me ergui um pouco e beijei sua testa, e vi seu sorriso se forçar a aumentar. Ela deve pensar que para mim aquele sorriso foi imperceptível. Ouvi um grunhido do professor para que eu me virasse, e assim fiz. Escrevi um bilhete, que me lembro exatamente das palavras: e joguei para trás. E até hoje eu não sei o que ela pensou ao ler aquilo. Naquele dia, voltamos para casa todos juntos, mas em silêncio. Algo estava errado com ela, mas não insistíamos em pedir que falasse, ela se abriria quando bem entendesse. Chegando à frente da casa dela, que era de esquina, todos mudavam de caminho: eu iria seguir reto, um casal virava à direita e dois meninos à esquerda, ela ficava. Quando chegamos ao destino final, a menina que virava à direita, , pigarreou, atraindo a atenção de todos.
- Então, é isso... – ela falou baixinho, abaixando a cabeça e logo reerguendo. Ela olhou para a e soltou uma lágrima. Ela sabia o que a escondia. – Vamos para casa, ? – ela olhou para , e este, mesmo sem compreender, acenou com a cabeça. – Me ligue hoje à tarde, por favor... Eu quero conversar contigo. – Ela tinha um olhar que implorava. sorriu de canto.
- Ligarei logo depois das atividades de casa. Até, gente. – ela falou baixo pela primeira vez na vida. Aquela que sempre empolgava estava triste. Todos deram um abraço nela e na minha vez ela não queria soltar. Senti-a chorando enquanto eu afagava seus cabelos, os dois conectados por algo muito forte, suficiente para não soltar. Ficamos um bom tempo assim, todos já tinham ido para suas casas e senti-a se afastando bruscamente. Abri meus olhos e encarei os seus, mas ela logo abaixou a cabeça, suspirou e deixou um tchau solto no ar.
- Hey, ! – falei alto enquanto ela se encaminhava à porta da casa. Ela parou a trajetória, só não se virou. Aquilo foi um impulso. – Eu te amo! – gritei. Ela, surpresa, se virou levemente, limpou uma lágrima e falou baixo, mas suficiente para que eu ouvisse:
- Eu também te amo, . – ela olhou para mim, sorriu tristemente e deu uma risadinha, abaixando a cabeça e voltando ao seu caminho. Ela entrou na sua casa, e eu olhei para o céu. Estava encoberto e a chuva estava chegando. Não que eu me importasse.
Sentei-me na escada que dava acesso à porta de entrada da casa de . Se seus pais me vissem ali provavelmente me pediriam pra entrar e tomar um chá, mas eu negaria como já aconteceu em várias vezes depois de nossas brigas. Dessa vez, não era uma briga, mas eu sentia que algo ruim estava acontecendo e ela não falaria, por isso decidi esperar que seus pais chegassem, para que lhes questionasse o porquê desse comportamento dela.

~*~


- , rapaz, o que você está fazendo ai? – disse o Senhor , cutucando-me para que eu acordasse. A Senhora estava lá também, com um olhar preocupado para mim.
- Desculpa ter dormido. – disse, bocejando e me espreguiçando. O pai de deu uma risada e falou:
- Ai é meio duro pra tirar um cochilo, não, ? – e sorriu animado. Dei um sorriso meia boca e pedi: - Por favor, digam-me o que aconteceu com a ! Ela estava mal, não sorria por nada, fazíamos piada e ela, no máximo, sorria de canto. Ela não é assim, ela ri se uma mosca passa na frente dela, ela vive sorridente, ela sorri pra mim, e hoje ela não sorriu! – eu acelerava a cada palavra, ficava mais e mais nervoso e quando terminei as exclamativas, abaixei minha cabeça e a apoiei nas mãos, apoiadas no joelho. Quando reergui a cabeça, vi os pais dela se encarando e depois me olhando. Senhora falou algo no ouvido do seu marido, me deu um sorriso terno e pediu passagem para entrar em casa. Levantei-me e deixei-a passar, voltando logo a sentar. Ele sentou ao meu lado, suspirando e deu uns tapinhas leves no meu ombro.
- Amanhã você vai descobrir, querido . Você pode esperar?

~*~


No dia seguinte, último dia de aula, ela não estava lá. Eu fiquei desesperado. Os minutos pareciam horas e as horas pareciam dias. Com o término da aula, saí correndo para a casa dos . Cheguei lá e parecia tudo normal, fora que o carro estava na garagem. Uma observação: o carro deles nunca estava lá pelo simples motivo que os pais dela trabalhavam até cinco e meia da tarde. Eu estava suando frio, com medo da resposta. Batidas na porta. Uma, duas, três, quatro. Enchi a porta de batidas, se fosse gente estaria roxa e sem ar. Eu batia com força, desesperando-me cada vez mais. O Senhor abriu a porta e me encarou com curiosidade. Ele viu meu nervosismo, deu um leve sorriso e abriu espaço para eu entrar. Tudo estava normal, mas notei algumas malas na porta de trás. Aí eu entendi o que aquilo significava. Eu caí duro no chão, tampei minha boca e as lágrimas começaram a rolar. Eu parecia uma bicha quando acha sua maquiagem detonada no chão da sala. Eu estava desesperado, eu era a maquiagem quebrada. Eu estava com o coração partido.
Ela se mudaria.

’s

Eu estava arrumando as minhas coisas tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo e escutei um baque no chão da sala. Alguma das malas deve ter caído, mas ouvi um choro bem fraco, e só podia ser meu pai. Saí correndo e vi minha mãe passando pelo corredor descendo as escadas. Fui junto e parei no meio dela quando vi meu melhor amigo esparramado pelo tapete, com a cabeça entre suas mãos. E só ai eu pude entender o que aquilo significava: ele sabia. Eu estava em estado de choque por encontrá-lo ali, e pior ainda foi quando ele ergueu sua cabeça e olhou para a escada, diretamente para mim. Saí correndo em direção a ele, joguei-me no chão à sua frente e puxei seu rosto para mim.
- Me perdoa, , me perdoa. Só isso que eu peço... – eu olhava nos seus olhos desesperadamente e senti que transpassei meu medo para ele.
- Porque você não me contou antes? Eu iria entender... Eu... – ele cortou a frase no meio e voltou a chorar, perto de soluçar. O desespero dele foi a pior coisa que eu poderia ter presenciado, literalmente. Quando dei por mim, eu estava chorando junto.
- Meu pai recebeu uma proposta, foi rápido demais... Eu não... – abaixei a cabeça. Eu nunca o vi daquele jeito, tão... Vulnerável. Sempre tive um sentimento a mais por ele, não podia deixar daquele modo. – Só me perdoa, , me perdoa.
- Eu sempre vou te perdoar! Eu te amo! – ele puxou meu rosto e fez um quase sorriso. Eu dei uma risada da tentativa frustrada dele de sorrir, e o abracei, apoiando minha cabeça em seu pescoço, deixando-me inebriar pelo seu cheiro. Dei um beijo sutil em seu pescoço e me desatei de seu abraço. – Eu vou estar aqui para tudo, sempre. – ele disse. Nesses dois dias, eu vi meu sorriso sendo verdadeiro pela primeira vez.
- Eu também, , eu também.

Flashback Off

Daqui há duas horas eu irei a um baile à fantasia de ex-alunos de onde cursei meu ensino médio, e eu estava nervosa. Veria a todos novamente, veria minha melhor amiga e seu contínuo namorado, mesmo com suas separações no meio do caminho. Eu veria , e isso me incomodava. Se eu realmente o visse, ele me reconheceria? Ele me trataria bem? Ele me abraçaria? Eu não sabia, e toda a vontade de saber me consumia cada vez mais e mais.
Eu sentia falta das piadas dele, dos seus abraços, do cafuné durante um filme entediante no meio da tarde de domingo. Eu sentia falta dos seus conselhos, dos seus surtos de saudade, das cócegas no meio de uma aula séria. Eu sentia falta dele. E se ele me desprezasse, eu não seria mais eu.
Nos cinco anos que passei fora, eu estava à procura de alguém que me fizesse bem, mas acho que já sabia quem que me fazia realmente bem. Sempre soube, aliás, que não poderia mudar isso. Eu estava nervosa, estava me corroendo de curiosidade, mas segui em frente.
Fui até o banheiro, tirei as minhas roupas e abri o chuveiro. Coloquei-me debaixo dele mesmo com a água ainda fria, começando a aquecer. Eu fui relaxando aos poucos o corpo e a mente começava a desacelerar e relaxar, apenas pensar que tudo daria certo tranquilizou todo o meu estado. Lavei-me aos poucos, cuidei do cabelo e saí do banho. Fui me arrumando aos poucos, deixando cada minuto para algo até estar pronta. Faltavam 15 minutos para chegar até minha casa. Eu estava vestida de Canário Negro, personagem do seriado de tevê, Arrow, e meu cabelo, naquela noite em especial estava ondulado, faziam-me sentir a própria personagem. Senti-me aflita, porque eu veria a todos, e muitos dos meus colegas não me reconheceriam, mas me atrevo a dizer que me reconheceria, nem que estivesse com cascas de banana no lugar da roupa, eu tenho quase certeza.
me despertou para a vida assim que buzinou na frente de casa. Peguei minha bolsa e saí, sentindo uma brisa quente passar. Sorri, tranquei a porta e saí às pressas para o banco de carona, e quando vi sentado lá, fiz bico e fingi estar com raiva. Eles olharam para o lado e riram, e apontou para o banco logo atrás dele. Sentei-me e fomos conversando sobre minha vida atual até chegar ao salão de festas, e aí me dei conta de onde eu estava.

~*~


Fazia meia hora que estávamos na festa. e saíram para “caminhar e achar pessoas”, enquanto eu estava sentada em frente ao bar respondendo e-mails de trabalho pelo celular e tomando um Dry Martini. Quando terminei de responder meu último e-mail, tomei um gole da bebida e me virei para trás, encontrando um de nossos amigos na época de colegial. Ele virou ao mesmo tempo para mim e sorriu, falando algo para seus amigos e vindo ao meu encontro. Levantei-me, sorrindo feliz por revê-lo, porém eu estava mais nervosa ainda. poderia estar em qualquer canto e eu não tinha o visto ainda.
- Jared! Que saudade! – Falei quando ele se aproximou, abraçando-me. Ficamos um tempo naquele abraço, até ele me soltar e responder.
, querida, quanto tempo! Veio para ficar agora, não é? só fez o favor de falar que você viria e nenhum detalhe adicional – nós rimos e começamos a conversar. No meio da conversa, chegou uma garota morena, cabelos cacheados e uma cova do lado esquerdo. Abraçou Jared de lado e sorriu para mim. É, eu a conhecia.
- !
-! O que faz aqui?
- Namorada do Jared. – olhei abismada e sorrindo para ele, ele riu da minha cara e comentei algo como “ela é areia demais pro seu caminhãozinho, amigo, agradeça a Deus!” e os dois riram.
Ficamos um tempo num papo agradável e colocando os assuntos em dia. se formou no mesmo campus da universidade que eu, só não o mesmo curso, e ela fez o tecnólogo, portanto saiu da faculdade antes, e incrivelmente veio parar no lugar de onde eu saí. Os dois estavam de Mulher Maravilha e Super Homem. Um casal bonito, eu admito. Olhei para a pista no meio da festa e vi um homem de costas vestido de Arqueiro Verde, minha dupla dinâmica. Ele estava conversando com a , a Mulher Gato e com o , o Batman. Ele tinha ombros largos, tinha cabelo e, oh não, ? olhou para mim no mesmo momento e deu um breve sorriso, como se pedisse para que eu fosse até lá. No mesmo instante a chamou, e ela não o atendeu no mesmo momento, portanto ele verificou o que ela tanto olhava. Cruzou olhares comigo e deu um sorriso enorme, e isso foi o estopim. Dei um pequeno sorriso, e virou-se completamente para minha direção. Ao me ver, ele abriu um pouco a boca e logo depois sorriu. Coloquei meu sorriso de canto e levantei-me. Peguei minha taça e segui até onde o trio de amigos estava, e a cada passo os segundos se arrastavam, minhas pernas fraquejavam e minhas mãos suavam frio. Eu parecia uma adolescente apaixonada, um amor à primeira vista. A frase não está errada, porque eu realmente o amo desde a primeira vista. Chegando lá, abriu a “rodinha” e me deixou ficar entre ela e o . Dei um breve sorriso para ele, e ele se aproximou. Deu-me um beijo fraco no meio da bochecha e sussurrou um “depois conversamos”. Se naquele momento alguém gritasse “IDIOTA!” no meio do salão, eu responderia um “O QUE FOI?!”. Sim, eu me sentia idiota. Eu me sentia tola o suficiente para cair dura no chão a qualquer momento.
Ficamos conversando um pouco sobre a vida, falamos sobre acontecimentos bobos, porque os sérios seriam discutidos depois, obviamente. e Jared vieram até nós e se enturmaram também. Portanto, ficamos em três casais: e , Jared e , e eu. Não que sejamos um casal. Estávamos curtindo o bom som e bebendo um pouco de vinho, até que os dois casais se levantaram e foram para a pista de dança. e eu ficamos.
- Apreciadora de vinhos desde que te conheço. – nós dois rimos e eu confirmei, apontando o copo para ele. – Não, obrigado. Pode deixar a bebida de lado um pouco e ir dançar comigo? – travei um pouco com o convite, e ele afirmou – Só essa, . – ele deu um sorriso de canto que me encantou e eu, por natureza, não negaria. Levantamo-nos juntos, deixei minha bolsa ao lado das bolsas de e , e fomos até a pista, onde estavam todos os casais do local.
Chegamos à pista e uma música romântica já estava na metade. pegou minha mão direita, abaixou a cabeça e dei um beijo nela. Subiu um leve arrepio e dei uma risadinha. Ele olhou nos meus olhos e falou:
- Me concede essa dança e a próxima também? – segurando minha mão e a acariciando, olhos nos olhos e meu sorriso ganhou forma. Eu estava extasiada pelo seu toque, seu cheiro era contagiante, sua íris transportava pequenos choques pelo corpo.
- Por que não, ? – ele deu um sorriso de canto e levantou minha mão. Dei uma volta em torno de mim mesma e passei meus braços por seu pescoço, levando minha cabeça ao seu peito. Ele passou seus braços pela minha cintura me segurando em um abraço forte, que não era só um abraço. Era nosso momento, e eu não perderia por nada. Ficamos daquele jeito até a outra música começar, e era literalmente nossa música.

~*~


(n/a: pode colocar para tocar!)

Eu literalmente amava aquela versão da música e amava quem cantava. Amei também quando o colocou sua mão direita no meu quadril, apertando de leve, e trouxe a esquerda para meu ombro, começando a enrolar fios do meu cabelo nos dedos. Soltei uma risada fraca e me desfiz do abraço, colocando uma das mãos na nuca dele e a outra no seu ombro. Paramos por um momento e nos olhamos. Nós dois estávamos com os olhos brilhando excessivamente e os sorrisos não se disfarçavam. Aquilo tudo era realmente nosso, o mundo era nosso, sempre seria.
- Never planned that one day, I’ll be losing you... (Mas nunca planejei que um dia, eu perderia você...) começou a cantar para mim, voltando a se mover conforme a música. – In another life, you would be my girl, we keep all our promisses, be us against the world. (Em uma outra vida, você seria minha garota, nós manteríamos todas as nossas promessas, seriamos nós contra o mundo) – ele respirou fundo e abaixou a cabeça, cortando a conexão visual por um instante. Logo, levantou-a de novo e continuou: - I would make you stay, so I don’t have to say you were, the one that got away... (eu faria você ficar, então, não teria que dizer que você foi aquela que foi embora...) – ele finalizou o trecho deixando um espaço vago, como uma resposta. Ele queria uma resposta, sei que sabia, mas a culpa não era dele, jamais foi.
- Eu não vou embora de novo.
- Eu espero poder ser o motivo para você ficar. – aquilo me pegou de surpresa. Eu imaginei que o sentimento vinha apenas de mim. Sim, eu notei naquele momento, apenas naquele momento. Como eu fui burra, meu Deus! Eu o amo tanto e nem isso fui capaz de dizer, por medo, e agora ele está mandando a indireta mais bem dada de toda a história! Dei uma risada e abracei-o, colocando meu rosto no seu pescoço, e sussurrei como um pensamento alto, mas era para ele ouvir:
– Eu sou a mulher mais feliz do mundo. – ele me abraçou forte como antes ninguém nunca abraçou, mas logo se afastou.
– Como assim, ?
- Você disse que quer ser o motivo para eu ficar. – ele abaixou a cabeça, deu uma risadinha e ergueu-a novamente. Ainda meio rubro, ele acenou com a cabeça para que eu continuasse. – Você foi meu sorriso todo esse tempo, foi pedaço de mim. Você acha realmente que você não era motivo suficiente para que eu fosse a qualquer lugar do mundo contigo? Acha que não foi motivo suficiente para a minha volta? – ele arregalou os olhos e abriu a boca, e eu ri demais. – Vamos para minha casa, precisamos conversar. – ele voltou à expressão normal, deu uma risada e disse:
- Precisamos mesmo. – uma risada – Só você para me arrancar de uma festa boa, hein ? – ele riu de novo e eu respondi.
– Eu sou a parte boa da festa, sempre fui a parte boa, e não negue. – rimos juntos e puxei-o para a mesa. Peguei minha bolsa e peguei um bloco de anotações que tinha dentro dela. Escrevi um “Saí com , não nos liguem, temos assuntos importantes a tratar. Amanhã de manhã, me mandem mensagem. Xx.” e deixei em cima da bolsa da e fomos em direção ao carro de , já que vim de carona. Dentro do carro, ligamos o rádio, onde tocava John Mayer. Comecei a cantar até notar que não era rádio, já que era a terceira música seguida do John que tocava. Olhei para o lado e dei uma risadinha, e quando paramos em uma sinaleira, veio a explicação. – Olha, eu sei que eu não sou um apaixonado por John Mayer, mas certas pessoas nos fazem mudar de concepção. – dei uma risada e concordei. Eu sempre fui apaixonada pelo Mayer, e ele não me suportava cantando alguma música dele, e agora ele tem CD’s do John. Evolução? Chamaria de amor por mim. Ri com meu pensamento idiota e voltei toda a atenção para a música que tocava, até chegar ao meu apartamento atual. Vi o carro estacionado na garagem e deduzi que meu pai já estava em casa me esperando, e iria adorar rever .
Subi as escadas com um reclamão nos meus ouvidos. – Quem pediu para você ter claustrofobia? Estamos no terceiro andar e já estou cansado, , faltam quantos? – fingi não ouvir até chegarmos ao andar do meu apartamento, dois acima do três, ou quinto andar, tanto faz. Ri da expressão de alívio que ele fez quando abri a porta do apartamento. Fomos até a cozinha pegar um copo de água para cada, e ouvi passos de alguém vindo até nós. arregalou os olhos e eu ri.
- Oi, pai! - dei uma risada enorme quando virou espantado e deu um pulinho, aliviando-se logo depois de ver quem era. Meu pai deu risada e veio me abraçar, mesmo estando na frente.
– Como você está filha? – respondi que bem, e ele disse que iria se retirar porque tinha questões pessoais para resolver. Deu um abraço em e disse algo no ouvido dele para que eu não pudesse compreender e se retirou.
- Estão morando juntos agora? – ele perguntou.
- Pois é... Sente aí, tenho que contar muitas coisas ainda. – ele me olhou apreensivo, mas assentiu. Comecei a falar enquanto me dirigia ao outro lado do balcão e pegava os copos de água – Então... Quando cheguei à cidade, eu não acreditava onde eu realmente estava. Eu ria e chorava ao mesmo tempo, porque ao mesmo tempo em que eu não queria estar lá, eu queria. – ele deu um sorriso leve, enquanto eu suspirei e continuei logo me sentando em frente a ele – Cheguei a Houston, no Texas, mais perdida do que cego em tiroteio. Eu não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, não sabia nada. Eu só queria voltar, entende? Minha melhor amiga tinha ficado, meu melhor amigo tinha ficado, meus irmãos de coração estavam aqui, e eu estava do outro lado do oceano, e isso me decepcionava. Dois meses depois, quando consegui colocar uma operadora decente de telefonia no celular, minha mãe começou a ter crises. Ela não queria que eu ligasse para ninguém daqui. – Eu abaixei a cabeça e segurei as lágrimas que estavam querendo sair. – Eu perguntava para ela o porquê, o motivo, e ela nada. Aquilo me deixava mais e mais nervosa, até que, um mês depois, ela teve uma crise de enjôos nada normal para quem não está grávida. Detalhe é que meu pai não podia ter mais filhos. – acabei soltando uma das lágrimas queridas que estavam por vir e simplesmente a limpou e deu um sorriso de canto, compreensivo. Um impulso para que eu continuasse. – Ela tinha traído meu pai com um cara que ela conheceu um mês antes de viajar e estava grávida. Aquilo foi horrível, meu pai chorava todas as noites, estava ficando depressivo, mas não queria terminar com a minha mãe, até que o convenci de que era o certo. Meu irmão nasceu e meu pai o assumiu e tudo mais, até que meu pai já não aguentava mais ver a diferença entre Henry e ele, e decidiu, por fim, fazer a separação, e isso foi há dois meses, quando cheguei. – eu já estava chorando, mas iria continuar. Eu precisava esclarecer muitas coisas que deixei soltas, o que não era certo. – Semana passada meu pai se divorciou definitivamente, minha mãe voltou para os Estados Unidos com meu meio irmão e eu decidi ficar junto com meu pai. Meu pai alegava que queria me deixar livre, que não precisava de ninguém que cuidasse dele, mas eu conheço meu velho, ele quer companhia, ainda mais agora. Por fim, decidimos morar juntos, aqui. – dei um sorriso fraco e abri meus braços, e o riu. – Toda a noite eu cantava para ele dormir, porque ele não conseguia dormir sem companhia. Ontem ele conheceu uma mulher linda e super inteligente, mas está com medo, . Eu tento ajuda-lo, mas ele ainda tem medo de ser traído como já fora... Mas entre trancos e barrancos, estamos bem, e estamos de volta. – dei uma risada e ele riu novamente, colocando uma mão sobre a minha. Eu olhei para elas juntas e dei um sorriso. – E foi basicamente isso. Tive amigos, tive minha vida e agora retornei para o meu lugar. – olhei nos olhos dele e ele sorriu para mim, abaixando a cabeça e começando seu monólogo.
- Todo esse tempo eu ficava procurando lugares em mapas, perguntando-me se você estaria lá. Já cheguei a achar que você foi para a China, de tão desesperado que eu estava. – nós dois rimos – Meu irmão mais velho teve um filho e está casado há pouco tempo, meus pais estão achando um barato serem avós. – ele sorriu e disse com a voz falhada – meu sobrinho me fez descobrir que eu quero casar. Que eu quero ter os filhos mais lindos do mundo com a mulher mais linda do mundo. Sabe, , eu quero fazer alguém feliz, mas não sei mais se esse alguém quer que eu a faça feliz. – ele olhou nos meus olhos e apertou minha mão, fazendo-me entender a indireta. Eu me ajeitei na cadeira, respirei fundo e quando eu fui falar, ele me cortou – Desde que você foi embora, eu não tiro mais você da cabeça. Sua despedida me machucou, mas não tanto quanto imaginar que você não voltaria. – ele abaixou a cabeça e voltou a falar, agora com a voz levemente embargada pelo choro que estava por vir – Eu te amava, , sempre amei, mas fui um covarde, covarde o suficiente para não dizer. Você me perdoa? Eu te amo tanto, , tanto, nunca deixei de amar... – ele soltou uma lágrima, e eu puxei seu rosto, olhando no fundo de seus olhos. Sua íris transpassava nervosismo, ansiedade, eu senti. Eu também estava assim, afinal. Eu também fui covarde, também me escondi. Ajoelhei-me em cima da banqueta e sussurrei:
- Também aconteceu comigo. Eu te amo, . - E, mesmo estando com a bancada entre nós, eu o puxei para um beijo.
Foi um choque de energias, uma troca de sentimentos que, se fosse sentido por alguém de fora, cairia. Ali tinha saudade, emergência, carinho e amor, muito amor: aquilo tinha um pouco de nós dois. Aquele beijo mostrava nosso estado de conexão, nossa atual situação, e mostrou que, apesar de tudo que já vivemos juntos, tínhamos muita coisa nova para viver. Afastamo-nos, mas logo encostamos nossas testas, ainda sem abrir os olhos. Nós riamos, até porque, quem não ficaria feliz? Ele tomou certa distância e atravessou a bancada, vindo ao meu encontro. Fiquei de pé e nos abraçamos, ele apoiando o queixo na minha cabeça e eu colocando a minha em seu peito, sentindo seus batimentos acelerados.
- , seu coração está acelerado. – ele disse e eu ri.
- Pensei o mesmo agora, mas sobre o seu. – Ele deu um passo para trás e, olhando nos meus olhos, se ajoelhou, pegou minha mão e sussurrou a melhor frase que eu poderia querer ouvir:
- Me concede aquela chance de te fazer feliz?
- Você tem duas horas para me convencer disso. – dei uma risada e ele me olhou com a sobrancelha direita erguida. Sorrindo de canto, ele se levantou, colocando a boca colada com meu ouvido, sussurrou:
- Você nunca vai se arrepender dessa escolha. Vai ser o melhor reencontro da história.
Foi aí que esquecemos de tomar a água.


THE END!




Nota da Autora: SE VOCÊ LEU ATÉ AQUI NÃO CUSTA NADA LER A NOTA, BJS
Obrigada a quem leu e quem não leu (que conscequentemente não está lendo e tanto faz ninguém vai ler mesmo fjkdsbgk) obrigada Leticia e Geovana por serem a pequena inspiração para serem as "amigas", perdão colocar coisas que talvez não seja muito você como personagem principal, minha leitora, mas obrigada por ler. O meu final ficou um cu mas tudo bem heheheheheh eu gostei do desenvolvimento, e espero que tenham gostado. Caso contrário, peço que deixem coisas CONSTRUTIVAS aqui, obrigada de nada hahahha por favor, dêem sugestões! Amo John Mayer, sim, ele é meu mozão, Arrow é meu esporte (principalmente o Sthephen hehehhehe) e ok tudo bem e OBRIGADA BETA LINDA MARAVILHOSA 22K QUE SE CHAMA JUJU FJDSABFDSGHK TE AMO BEBE obrigada vocês beijo no ombro pras recalcadas e pro resto o melhor abraço que puderem imaginar <3 That's all, folks!

Nota da Beta: Eu ri da N/A KKKKK De nada, flor!
ALGUÉM ME DÁ ESSE PP, SOCORRO s2 s2
Qualquer erro, contate-me pelo e-mail. Não use a caixinha de comentários para reclamações, por favor! Xx Juubs Riboli


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