Escrita por: Saáh Dias | Betada por: Heloïse


UM.

Abril de 2012

- Ah! Qual é! Vocês não podem estar falando sério! - gritou assim que escutou o que os amigos estavam pensando. - Isso é loucura!
- Você perdeu a aposta cara, vai ter que fazer! - rebateu com um enorme sorriso de satisfação no rosto. - Não vai ser tão ruim assim. - Deu de ombros, mas o ato só fez ficar com mais raiva.
- Foi você que sempre disse que não queria ser pai, então nós vimos que essa é a única forma de você ser e não ser ao mesmo tempo. - completou e os amigos concordaram. - Você nunca vai precisar ter contato com o bebê.
- Eu não vou doar o meu espermatozoide! - gritou mais uma vez, só que agora era de frustração. Ele sabia que não tiraria da cabeça dos amigos aquela ideia maluca.
E ele havia perdido a maldita aposta!
- Você vai, e vai ser agora mesmo! - agarrou o amigo pelos ombros e sorriu. - Nós já olhamos até a clínica!
- Pensa pelo lado positivo cara, talvez eles nem escolham o seu espermatozoide e ele fique lá por anos e anos. - deu dois tapinhas no ombro do amigo, como se quisesse consolá-lo. Mas sabia que aquilo era só parte da zoação.
Ele respirou fundo.
- Merda! Vamos fazer isso de uma vez! - Os outros quatro gritaram depois da confirmação de .

Agosto de 2012

- Aqui estão as características físicas dos doadores do nosso banco de dados. - pegou das mãos da médica duas pastas pretas. - Você pode escolher a que lhe agradar, eu vou estar lá fora para te dar um pouco de privacidade. - Ela sorriu ao concordar com a médica e observou ela sair da pequena sala, anexa ao seu consultório.
Seus olhos voltaram para as pastas em suas mãos. Mordeu seu lábio inferior por puro nervosismo enquanto abria a primeira pasta. Estava nervosa, como se estivesse indo em algum encontro com um rapaz que lhe agradasse muito.
Sorriu de sua comparação, afinal não havia necessariamente rapazes, mas sim, suas características físicas onde ela escolheria o futuro pai de seu filho.
Era muito estranho ainda para ela pensar daquela maneira. Pensar que ela estava escolhendo e pagando para ter o filho que sempre quis. Ela não queria ter que se lembrar do motivo de ter chegado àquele ponto, mas não estava arrependida. Ficaria mais feliz sim, se as coisas tivessem dado certo com o Nick e se ele tivesse aceitado o pedido de ser o pai do filho dela.
Ele apenas não entendia a necessidade de de ter um filho naquele momento.
Ninguém entedia.
O fato de ela ter apenas vinte e dois anos complicava tudo. Ela perdeu as contas de quantas vezes escutou de sua médica, sua melhor amiga Gio e sua tia Maggie que aquela decisão era precipitada.
nunca se importou com a opinião de nenhum deles.
Estava pronta pra ser mãe. E teria seu filho sozinha. Ele seria todo seu e os dois viveriam um para o outro. A inseminação artificial era o melhor meio de ela conseguir realizar seu sonho imediatamente.

Balançou sua cabeça e voltou sua concentração para as características de mais um doador. Já havia olhado uns dez, mas sempre tinha essa ou aquela característica que não lhe agradava.
Baixo demais, alto demais, olhos azuis... Já bastava seus olhos serem azuis, ela queria que o doador tivesse olhos diferentes para que a natureza tivesse a opção de escolher qual era a melhor cor de olhos para seu filho.
No fim, ela sabia que estava procurando características contrárias as suas. A única coisa que eles poderiam ter em comum seria o tom da pele e o tipo de cabelo.
Já era a vigésima página de características que ela observava. Começava a se sentir frustrada por não ter conseguido achar o tipo perfeito.
imaginava que teria dificuldade em escolher entre um monte de doadores que lhe agradariam, ela jamais pensou que o tipo que procurava seria escasso na hora de escolher.
Ela parou imediatamente de ler e retornou desde o começo daquela página. Ali dizia:

Idade: anos
Cabelo: Ondulado, .
Olhos:
Altura: 1,75
Cor de pele: Branco
Tipo de nariz: Mediano
Tipo de lábio: Mediano
Profissão: Cantor, músico.
Doenças genéticas: Não contém, não especificado na família.
Doenças cardíacas: Não contém, não especificado na família.
Teste de HIV, DSTs: Negativo.


sorriu largamente. Aquele era perfeito! Mesmo sendo mais novo que ela, não via problema algum com a idade, já que todas as outras características eram exatamente o que ela procurava. Ela ainda deu uma olhada em mais algumas páginas, mas logo desistiu. Sabia que não encontraria nenhum melhor que aquele. Encontrou finalmente o doador!

Setembro de 2012

- Olá senhor ! Queira se sentar, por favor. - A médica apontou a cadeira após trocarem um aperto de mão e se sentou.
- Qual o motivo da senhora ter me chamado aqui? - Perguntou, mexendo-se desconfortável na cadeira do consultório. nem ao menos suportava a lembrança do que fizera ali meses antes, não queria mais nenhum contato com aquele lugar.
- Então, é apenas um procedimento padrão da clínica. - Ela sorriu simpática. - Tenho que avisá-lo que há um mês, seu espermatozoide foi escolhido para um procedimento de inseminação artificial. O senhor agora pode fazer uma nova doação se estiver interessado. - estava paralisado.
Ele jamais imaginaria que escutaria aquelas palavras da médica.
- Espera! - Ele interrompeu a fala dela. - Quer dizer que meu espermatozoide agora é um... - Travou, sem conseguir completar a frase. A médica sorriu.
- Um bebê em crescimento? Sim! - O ar sumiu dos pulmões dele.
- Mas como isso é possível! Eu doei há cinco meses! Como ele já foi escolhido? - A médica ficou confusa, mas logo se recompôs. Alguns homens simplesmente esquecem como o sistema de inseminação artificial funciona.
- Bem, suas características agradaram e foram escolhidas para a inseminação. Não importa há quanto tempo o espermatozoide está no banco de dados. A partir do momento que ele está disponível, pode ser escolhido.
- Ok. Entendi. - Ele fez muito esforço para dizer algo. Estava completamente paralisado.
- Então, o senhor se interessa em fazer uma nova doação? - negou fervorosamente com a cabeça. - Tem certeza? - Ele concordou com a cabeça. Não estava com nenhuma condição de falar. - Certo! Então, muito obrigada por ter vindo! - A médica começou a se levantar e fez o mesmo, mas parou antes de despedir-se da médica.
- A senhora não teria alguma informação da mulher que escolheu meu espermatozoide? - A médica ergueu a sobrancelha e analisou com atenção antes de suspirar.
- Posso apenas te mostrar as características dela. As mesmas informações que ela pôde ter de você. - Ele concordou com a cabeça. Aquilo era melhor que nada. - Sente-se. Eu vou buscar no arquivo.
obedeceu e aguardou. Um longo minuto se passou até a médica retornar com uma pasta na mão. Ela entregou a pasta e se sentou em sua cadeira, observando-o atentamente.
Com a mão tremendo um pouco, abriu a pasta e leu o que havia ali:

Idade: Vinte e dois
Cabelo: Ondulado, loiro.
Olhos: Azuis
Altura: 1,62
Cor de pele: Branca
Tipo de nariz: Pequeno
Tipo de lábio: Mediano
Profissão: Digitadora, secretária.
Doenças genéticas: Não contém, não especificado na família.
Doenças cardíacas: Não contém, pai apresentou problemas de Arritmia cardíaca.
Teste de HIV, DSTs: Negativo.


- Ela está bem? - Perguntou duvidoso. não tinha noção do por que estava tão interessado naquela estranha. A médica sorriu de leve, pegando a pasta que devolveu.
- Sim, ela está! Com um mês de gravidez ainda não se sente muitas mudanças. - concordou com a cabeça. A médica o observou mais atentamente. - Porque o interesse? - Perguntou inclinando a cabeça de lado.
- Na verdade eu não sei. É estranho imaginar que ela está gerando um filho meu na barriga e eu nem ao menos a conheço. - A médica acenou a cabeça como se entendesse. - Acho melhor eu ir. - se levantou determinado a sair daquele lugar.
Precisava pensar.
- Se mudar de ideia sobre fazer uma nova doação é só me procurar. - Ele concordou distraidamente com a cabeça, enquanto eles saíam do consultório da médica.
A sala de espera tinha uma moça ruiva, grávida de uns cinco meses e outra moça de longos cabelos ondulados conversando com a recepcionista. observou a primeira imaginando a estranha com aquela barriga enorme com seu filho lá dentro. Esfregou as têmporas para se livrar do pensamento.
- Doutora Rachel! - A moça que conversava com a recepcionista viu os dois saindo do consultório e foi para perto cumprimentar a médica. Seus olhos pousaram em por um segundo, distraidamente, mas retornaram mais fixamente, acompanhados de um franzir de sua testa.
também a observou melhor e achou que estava ficando maluco.
A moça tinha longos cabelos ondulados e loiros, os olhos eram azuis, como a imensidão do céu e sua pele era branca. Tinha também um nariz pequeno e lábios normais, bem rosados e contornados. Sua visão desceu automaticamente para a barriga dela e ele percebeu que não havia nenhuma saliência ali, mas a moça repousava uma mão no ventre como se o protegesse.
Estava grávida, com certeza.
Seu olhar subiu e encontrou com os olhos azuis dela que também o observavam. A situação era mais do que estranha.
- Oi ! O que faz aqui? Nossa consulta não é na quinta? - A fala da doutora Rachel cortou a ligação hipnótica entre e . A moça desviou o olhar para a médica. Ela sorriu e ficou automaticamente encantado com seu sorriso.
- Pois é, eu estava por perto e resolvi que era melhor vir aqui logo e remarcar! Eu vou ter que cobrir as férias de uma amiga minha lá na empresa e vou ter que digitar o testamento de um senhor na quinta. - estava boquiaberto. Digitar não era a profissão da moça que escolheu seu espermatozoide?
- E você já remarcou com a Liz? - Rachel apontou a recepcionista e concordou com a cabeça.
- Terça que vem ás 13h. - Sem saber por que, gravou aquele dado em sua memória.
- E está tudo bem com vocês? - Automaticamente, alisou a barriga com um enorme sorriso.
- Estamos sim! - Ela olhou o relógio na parede e mordeu o lábio inferir. - E eu preciso ir! Minha amiga já está querendo ver roupinhas e enxoval, acredita? - As duas gargalharam e ela começou a se afastar.
Seus olhares se cruzaram de novo e mais uma vez, tanto quanto , analisaram as características físicas um do outro.
- Até terça-feira! - Dizendo isso, deu meia volta e saiu.

DOIS.

Setembro de 2012

- É ela, não é? - disse ainda com os olhos cravados no local onde saiu. Rachel não respondeu. - Não é? - perguntou mais uma vez, agora encarando a médica. Rachel apenas respirou fundo e desviou o olhar.
Era a confirmação que precisava.
- Ela é muito bonita. - Ele pensou alto. Rachel levou sua mão ao ombro dele, chamando sua atenção.
- Não faça isso, . - Disse como um aviso. Ele franziu a testa sem entender. - Não vá atrás dela.
- Eu não pensei em fazer isso. - Não era totalmente mentira. Ele ainda não havia chegado naquela parte do pensamento. Rachel apenas negou com a cabeça como se não acreditasse.
- Existem motivos para ela ter preferido uma inseminação ao processo natural para engravidar. E existem milhões de razões para as identidades dos doadores e das mães em potencial, serem desconhecidas. - Ela apertou o ombro de . - Então eu repito: Não vá atrás dela.
concordou com a cabeça e Rachel se afastou.

No caminho pra casa, continuou a pensar em tudo o que tinha acontecido naquele dia e quanto mais pensava, mais tinha certeza que não iria atrás daquela garota desconhecida. Ele não tinha nada a ver com ela, muito menos com o bebê. Os dois eram apenas uma consequência de uma maldita aposta. Não devia obrigações com nenhum dos dois e iria tirá-los da cabeça.
Respirou fundo e apertou ainda mais o volante.
Mesmo que ela fosse tão bonita, mesmo que ele estivesse louco para saber mais sobre ela e sobre o bebê, ele não iria atrás. Ele não iria se envolver.
Tinha sua carreira com que se preocupar. Tinha fãs, entrevistas, shows e mais shows com o que lidar. Não tinha tempo para mais um problema em sua vida. Aquela história iria ser apagada.

Setembro de 2012

- Como vai a mamãe mais linda do mundo hoje? - gargalhou, abraçando sua melhor amiga, Giovanna. - E como vai o meu afilhado lindo? - Gio se abaixou um pouco para ficar com o rosto na mesma direção que o ventre da . - Hoje nós vamos fazer muitas compras, titia! - Ela bateu palmas e negou com a cabeça, apreciando tanta animação.
- Como está o Tom? - Gio sorriu, como sempre acontecia quando falavam do marido dela.
- Está bem, só trabalhando muito. - Ela deu de ombros. - Ele disse que quer ir visitar vocês semana que vem! - concordou com a cabeça.
- Só me avisa que dia vai ser pra eu poder preparar as guloseimas! - Giovanna gargalhou e elas começaram a andar até a primeira loja de bebê.
- Você e o Tom vão engordar demais com essa gravidez. Vai acabar com o corpinho musculoso do meu marido dona . - ergueu as mãos, como que se defendesse, e sorriu.
- Hey! Ele é que disse que iria me acompanhar na parte “gorda como uma grávida”, não tenho culpa! - As duas pararam um pouco de conversar ao serem atendidas por uma funcionária da loja. Começaram a olhar o básico: Berço, cômoda, guarda-roupa.
- Gio? - cochichou assim que as duas ficaram sozinhas novamente. - Aconteceu uma coisa meio louca no consultório hoje. - A amiga ergueu uma sobrancelha e deu um aceno com a cabeça pra que ela continuasse. - Eu vi a doutora Rachel com um rapaz lá.
- Hum. Namorado da doutora é? - Giovanna falou de forma safada e levou a mão à boca, dando um tapa de leve no braço dela.
- Não boba! Quer dizer... Não sei! - Gio gargalhou da confusão da amiga. - Mas o caso não é esse!
- Então o que tem a ver? - Gio pegou uma revista do mostruário de quartos e começou a folheá-lo.
- O caso é que esse rapaz, ele tinha todas as características físicas do doador do espermatozoide. - Isso fez Giovanna olhar fixamente para a amiga, esquecendo a revista em sua mão. - O mesmo cabelo, os mesmos olhos, o mesmo tipo de nariz e boca, o mesmo tom de pele e a mesma altura. E eu podia jurar que ele tinha a mesma idade e uma cara de cantor de boy-band!
- E o nome dele? - Perguntou à amiga, interessada. deu de ombros.
- Não sei. Não cheguei a conversar com ele. Mas ele me encarou de um jeito... Como se tivesse me reconhecido, sabe? Acho que ele me olhou da mesma maneira que eu estava olhando ele, reconhecendo as características.
- Então pergunta para a Rachel. Eu sei que é contra as regras ela te dizer, mas se for ele mesmo você vai perceber uma reação diferente dela. - concordou com a cabeça, pensativa.
- Se for ele mesmo, meu filho vai ser lindo demais, sério! - Gio soltou uma risada. - Ele é muito bonito, Gio.
- Mais bonito que o meu Fletcher? - fingiu que estava pensando antes de responder.
- É! Mais bonito que o seu Fletcher, mas menos bonito que o Jones! - Gio rolou os olhos e apontou em direção à amiga.
- E quem é mais bonito que o Jones pra você? Senhora sou mega fã do McFLY? - A outra apenas se limitou a sorrir e dar de ombros, porque pra ela não existia mesmo ninguém mais bonito que o Danny Jones do McFLY.
Era uma pena que ele estivesse comprometido quando se conheceram. Se dependesse dela, os dois já estariam casados há muito tempo e ele seria o pai do filho dela, não um cara desconhecido. Não era à toa que ela achou muito perfeito o doador do espermatozoide ser cantor como o Jones. Mas aquilo era apenas um sonho de fã.
A vida real era bem diferente das coisas que ela sonhava. Principalmente porque nos sonhos dela, ela sempre estava rodeada de pessoas que a amavam, uma família grande e feliz. Não era como a sua vida de verdade, sozinha e cercada de pessoas queridas mortas.
A pura, difícil e complicada realidade sempre queria tirar o pouco que ela tinha.

Outubro de 2012

ainda estava se perguntando o que fazia ali, parado do outro lado da rua, em frente ao consultório da doutora Rachel no dia da consulta da tal de . Olhou seu relógio mais uma vez e viu que já era uma e meia da tarde.
Ele havia chegado ali uma e dez, sabendo que ela já estaria dentro do consultório justamente para não se ver tentado a ir encontrá-la se a visse quando estivesse entrando lá. Preferia vê-la sair, pensava ser mais seguro.
Voltou seus olhos para a entrada do consultório e percebeu que um carro acabara de parar em frente. Ele achava aquele carro de algum modo familiar.
estreitou seus olhos e se surpreendeu ao ver Giovanna saindo do veículo pela porta do passageiro. Não tinha dúvidas de quem estava no banco do motorista assim que a janela abaixou: Tom Fletcher.
Mas o que os dois faziam ali? Será que estavam com problemas para ter filhos e vieram fazer inseminação artificial? Imaginem o que a imprensa faria com uma notícia dessas!
sorriu, negando com a cabeça. Teria que fazer uma visita ao Fletcher e perguntar o porquê da sua ida a aquele consultório.
Só que um segundo depois, o sorriso de morreu.
Ele visualizou a moça saindo do consultório – - e ir diretamente para os braços da Giovanna com um cumprimento acalorado. Em seguida, Tom saiu do carro e a abraçou, como se fossem bons amigos. E para piorar ainda mais a surpresa de , ela entrou no carro deles e eles logo saíram dali.
Ele não precisou pensar duas vezes antes de ligar o carro e segui-los. Podia estar agindo como um maluco, mas ficaria muito pior se não soubesse qual era o tipo de ligação que existia entre os Fletchers e aquela mulher.
Talvez pudesse saber mais sobre ela sem se envolver. Talvez o Tom pudesse informá-lo sobre o andamento da gravidez sem que ele precise ter algum contato com ela.
foi palpitando em sua mente todas as possibilidades que poderiam acontecer, até que viu o carro do Fletcher parar em frente a uma casa de tijolos, bem romântica com um pequeno jardim na frente da mesma, cortado por um caminho de pedras que dava até a porta principal. A casa tinha apenas um andar e uma garagem para um carro só. Não era o local de ninguém com muita condição financeira, o que já indicava uma característica nova da mulher.
Os três saíram de dentro do carro e foram até a casa. Ao contrário do que esperava ninguém apareceu para recebê-los, a abriu a porta e eles entraram como se não tivesse ninguém na casa.
Estranho.
decidiu ir embora. Não adiantava de muita coisa ficar parado ali. Anotou o numero da casa dela e o nome da rua em seu celular, caso precisasse ir lá depois, e saiu com seu carro, já pensando em ligar para o Fletcher para combinar uma visita.

Outubro de 2012

- Então, . Perguntou pra Rachel sobre o rapaz? - concordou com a cabeça e tratou de engolir o sorvete que estava em sua boca. - E aí? - Giovanna insistiu curiosa.
- Ela não quis me falar, é claro, mas a reação dela não negava que aquele rapaz era o doador.
- Ela te deu alguma dica para que você conseguisse saber o nome dele? - suspirou, concordando com um aceno de cabeça.
- Ela me disse que era só eu pesquisar no Google Imagens as fotos das bandas mais famosas de Londres. - Tom logo arregalou os olhos, esquecendo a colher de sorvete a caminho de seus lábios.
- O cara é famoso? - deu de ombros.
- Foi o que ela deu a entender.
- E você não o reconheceu? - Tom continuou completamente abismado. apenas negou com a cabeça.
- Você já fez a pesquisa? - Gio perguntou com um tom animado na voz.
- É claro que não! Eu não faço ideia por onde começar! - começou a morder o lábio inferior, como sempre fazia quando ficava nervosa ou ansiosa.
- Vamos começar pelo básico, oras! Eliminação! - Tom concordou com a cabeça. - Cadê seu notebook? - apontou o corredor.
- No quarto. - Gio se levantou em um pulo do sofá e saiu correndo. Voltou em menos de um segundo com o computador da em mãos. Ela voltou a se sentar ao lado do Tom e deixou a sozinha no outro sofá.
- Bom, vamos começar pelas bandas que você conhece. Eliminamos de cara o McFLY, é claro. - Tom soltou uma risada e concordou. - Qual seria outra banda daqui? - Perguntou e pensou um pouco.
- The Wanted. Eu conheço todos os integrantes e não é nenhum deles. - Gio e Tom concordaram com a cabeça. - Tem o Westlife também, mas eles são Irlandeses e muito mais velhos do que o doador.
- Certo. Você disse que ele tem quantos anos? - Tom perguntou pensativo.
- . - Tom ficou mais um segundo pensando e arregalou os olhos. Gio olhou para o marido e pareceu que os dois tinham compartilhado do mesmo pensamento, porque ela logo começou a digitar no computador.
Tom deu uma olhada no que ela estava digitando e concordou com a cabeça. ficou absolutamente nervosa e mordeu o lábio mais uma vez. Tom e Gio ainda demoraram um pouco no computador antes de voltarem seus olhos para .
- Me diz se é algum desses. - Gio disse entregando o notebook para a , que o pegou com as mãos trêmulas.
Na tela do computador havia a foto de cinco rapazes abraçados. Logo de cara, os olhos de pousaram em um deles e ela sentiu seu coração parando de bater. Em baixo da foto a legenda dizia: One Direction no British Awards.
- Não pode ser! - falou assim que conseguiu recuperar a voz. - Não pode ser! - Disse mais uma vez negando com a cabeça.
Ela não conseguia acreditar.
- É um deles? - Gio perguntou com curiosidade, por causa da reação da amiga. apenas a entregou o notebook. - Qual deles?
- O segundo da esquerda. - Disse com a voz trêmula.
- Esse aqui? - Tom perguntou apontando na foto o rapaz que se referia. Ela olhou mais uma vez e concordou com a cabeça, mordendo fortemente o lábio inferior. - É o ! - arregalou os olhos e encarou o Tom e a Gio. - O nome dele é , . Ele é o pai do seu filho.

Outubro de 2012

- ! - Giovanna recebeu o rapaz com um sorriso. O mesmo retribuiu, dando um beijo no rosto dela. - Tudo bem? - Ele concordou com a cabeça e entrou na casa. - O Tom está na cozinha. - seguiu Giovanna até o local que o marido dela se encontrava.
- Fala Fletcher! - cumprimentou o amigo com um abraço e um daqueles toques que apenas rapazes conhecem.
- Fala ! - Tom apontou a mesa da cozinha e arrastou uma cadeira e se sentou. - A que devo a visita? - respirou fundo tentando ver por onde começaria aquela conversa.
- Eu queria saber se vocês tem alguma amiga com o apelido de . - Tom e Giovanna se entreolharam de um jeito desconfiado.
- Sim. É a ! - Tom respondeu com um sorriso de lado. travou. Agora sabia o nome dela.
.
O nome fez seu coração palpitar.
- Ela está grávida? - Ele perguntou para ter confirmação e Tom e Gio se entreolharam mais uma vez.
- Está sim. - Gio respondeu olhando com muita atenção o . - Porque a pergunta ?
- É que... - Ele começou hesitante. - Ela contou como ficou grávida?
- Vá direto ao ponto ! - Gio já sabia onde aquela conversa iria parar, mas precisava saber o que o sabia.
levou as duas mãos à cabeça e puxou os cabelos, respirando fundo.
- Eu perdi uma aposta com os caras há alguns meses atrás e como pagamento eu precisei doar meu espermatozoide pra uma clínica de inseminação artificial. Fui informado que uma mulher havia escolhido o meu espermatozoide para uma inseminação. Eu acabei reconhecendo ela por acaso lá na clínica pelas características que eu recebi da doutora Rachel, mas não sabia nada sobre ela. Acabei vendo vocês pegando ela na terça-feira lá na clínica. E agora estou aqui.

Um silêncio se apossou da cozinha até a Giovanna se levantar e ir até a geladeira, retornando de lá com um pote de sorvete de chocolate e três colheres. Ela entregou um pra cada homem e voltou a se sentar. Deu um sorriso simpático ao .
- Sorvete, um excelente remédio contra problemas. - Deu de ombros e enfiou uma colherada na boca. e Tom acabaram sorrindo e repetindo o gesto da mulher.
- É por isso que eu me casei com você, sabia? - Gio soltou uma gargalhada e negou com a cabeça.
- Por que você se interessou por isso, ? Por que simplesmente não deixou pra lá essa história já que tudo não passou de uma consequência de uma aposta? - Gio perguntou depois de algumas colheradas do sorvete.
- No início era curiosidade, mas agora... Eu realmente não sei! - olhou para o teto. - Eu não consigo tirar ela da minha cabeça! Imaginar que ela está com um bebê que eu sou o pai, mas eu nem ao menos a conheço... Eu sei lá!
- , você não está pensando em se envolver com a ...? - negou fervorosamente com a cabeça, interrompendo a fala do Tom.
- Não, não! Eu só quero saber um pouco mais, talvez vocês possam me informar como anda a gravidez e se ela está precisando de alguma coisa. Eu quero ajudar, mas não quero que ela saiba, entendem?
Tom e Gio se entreolharam mais uma vez, vendo que uma coisa era certa, poderia mentir para si mesmo, mas estava estampado em sua cara que ele iria se envolver. Poderia não ser imediatamente, mas aconteceria.

TRÊS.

Dezembro de 2012

- Cadê o Jones? - perguntou baixo para Giovanna, que sorriu de um jeito safado.
- Antes da meia noite ele chega, . - sorriu.
- Vai vir sem a namorada? - Gio começou a negar com a cabeça, com um sorriso sapeca no rosto.
- Ah , você não vai desistir né? - As duas caíram na risada. - Mas sim! Ele vai vir sem a Georgia! - bateu palmas com empolgação. - Só que eu acho melhor você não pensar muito no Jones, não. - ergueu a sobrancelha e fez sinal pra ela continuar. - O Fletcher convidou o One Direction pra vir também.
- O quê? - Gio deu de ombros, com um sorriso de desculpas. - E só agora você me avisa, Giovanna?
- A gente não quis arriscar que você fosse ficar sem vir, . Desculpa. - A amiga bufou e cruzou os braços com raiva.
- Eu vou embora! - Giovanna agarrou o braço da amiga na mesma hora que uma gritaria se intensificou na sala de estar dos Fletchers.
logo viu Tom e Dougie recebendo os convidados com calorosos abraços. Viu uma pessoa familiar abraçar o Tom e começou a sentir os nervos enlouquecerem. virou seu olhar em direção à cozinha e avistou ali. Os dois se olharam por longos minutos, todas as coisas ao redor desapareceram instantaneamente e a única coisa que queria era desaparecer, fugir daquele olhar.
Ela não estava gostando nem um pouco das reações que aquele olhar causava nela.
- ! Vem aqui conhecer o One Direction! - Tom gritou, cortando a fixação dos olhares de e . Ela se forçou a sorrir e andou até o outro cômodo. - Esses são , , , e . - Por mais que tivesse implorado aos amigos que fingissem que ela não sabia de nada em relação à identidade do doador, Tom ainda conseguiu enfatizar o nome do último com segundas intenções.
deu um olhar bravo em direção ao amigo que apenas deu de ombros, e foi receber os cumprimentos dos outros com beijinhos na bochecha.
- Caras, essa aqui é a , minha amante. - A raiva toda sumiu assim que Tom fez a brincadeira e a soltou uma gargalhada que contagiou a todos.
- Então o bebê é seu? - disse, entrando na brincadeira, o que acabou não agradando por ele se referir ao seu filho como sendo do Fletcher. É claro que os amigos dele de banda ainda não tinham ideia que o espermatozoide dele já tinha sido escolhido e que eles estavam diante da mulher que carregava o filho do amigo no ventre. não teve coragem de contar nada.
- Claro que é! A Giovanna não quis engravidar, então eu achei uma que quisesse. - Ele abraçou a por trás, envolvendo seus braços na barriga dela. Se não soubesse de tudo, juraria que os dois eram realmente um casal. Mesmo assim, a visão estava deixando ele irritado.
- Mentira meninos, o Jones é o pai, mas ele não quis assumir, então o Fletcher aceitou o cargo! - Dessa vez os rapazes gargalharam com a brincadeira dela.
- Mas falando sério agora, você está com quantos meses? - perguntou, assim que as gargalhadas sessaram e enquanto eles se direcionavam para a cozinha, onde o jantar de Ano Novo estava quase pronto. Tom começou a servir as bebidas aos convidados deixando por conta do One Direction.
- Quatro meses de gravidez. - Ela respondeu tentando não olhar para o , encostado na parede bem em frente a ela.
- E já sabe que sexo é? - perguntou e ficou com os olhos e ouvidos atentos. sorriu antes de negar com a cabeça.
- Vou fazer o exame no meio do mês pra saber.
- Mas você já escolheu o nome que você vai colocar? - era o que perguntava agora. via, pela primeira vez, que seus amigos estavam fazendo as perguntas mais úteis que nunca. Já , estava amando de cara daqueles quatro garotos sorridentes e curiosos.
Podia facilmente visualizar seu filho brincando com os tios do One Direction. Mas logo que essa visão veio, ela jogou para longe.
- Ah já! - Disse com uma pontada de dor na voz. - Se for menino vai ter o nome do meu irmão Samuel e se for menina o nome da minha irmã Angeline. - estranhou o fato de ela querer colocar o nome dos irmãos no filho, mas ainda assim, adorou os nomes. Já Giovanna estava de olho na conversa - ainda que estivesse dando atenção aos outros convidados da festa - já prevendo que ela não iria acabar muito bem.
- Own! Seus irmãos devem achar muito legal você colocar o nome deles no seu bebê! - mordeu o lábio inferior para tentar controlar suas emoções e deu de ombros.
- Eu nunca vou poder saber, na verdade. - Já havia um tom de angústia que identificou.
- Por quê? - insistiu e o olhar dela ficou vago. Ela respirou fundo algumas vezes e olhou fixamente para um ponto qualquer da parede, ao lado de .
- Porque eles estão mortos. - O lugar subitamente ficou silencioso. Apenas a música de fundo era escutada.
olhou fixamente para o rosto da e nunca viu tanta tristeza em um olhar. Algumas lágrimas silenciosas desceram pelo rosto dela e ele queria se aproximar e enxugá-las, dizer que estava tudo bem.
Mas a quem ele queria enganar? É claro que não estava!
Não havia nada que ele pudesse dizer que mudaria o fato que os irmãos dela estavam mortos. E como isso tinha acontecido? não teve tempo de se perguntar.
- Ok, . Eu acho que o Jones chegou e ele está doido pra ver você! - Giovanna puxou a amiga pelos ombros e tirou ela da cozinha. deu um meio sorriso aos meninos, como se dissesse que estava tudo bem, mas nenhum deles conseguiu sorrir de volta.

Janeiro de 2013

- TRÊS. DOIS. UM. FELIZ ANO NOVO! - A área de lazer da casa dos Fletchers estava lotada de gente sorrindo e se abraçando. Os fogos de artifício já explodiam no céu, como um show de luzes e formas, mas não estava reparando nisso.
Ele procurava por .
A última vez que ele a havia visto foi conversando com o Danny Jones, do McFLY, há meia hora. Ela não apareceu para a contagem regressiva, nem para ver os fogos. Ele sabia que ela só poderia estar dentro da casa ou ter ido embora e a única coisa que ele pensava era em ir atrás dela.
Saiu de perto dos amigos, sem que estes notassem, e foi até a entrada da cozinha. Viu que ela não estava lá e partiu para a sala de estar, depois o banheiro de hóspedes e quando não a encontrou em lugar algum, resolveu subir as escadas para o segundo andar.
Andando pelo corredor, ele deu uma olhada nos quartos, mas ela não estava em nenhum. Quase havia desistido quando escutou soluços vindos de algum lugar, enquanto ele estava dentro do quarto inspirador do Tom, com todas as coisas relacionadas ao McFLY.
Deu uma olhada ao redor e apurou os ouvidos. A gritaria e os barulhos dos fogos do lado de fora não ajudavam muito, mas os soluços estavam altos demais e ele conseguiu escutar mais uma vez. E descobriu de onde vinha.
se aproximou devagar do guarda-roupa e abriu as portas. Encontrou agachada, com a cabeça entre as pernas e muitos ursos de pelúcia ao seu redor. Ali deveria ser o lugar que o Fletcher guardava os presentes das fãs.
Ela estava tão concentrada em seu choro que não percebeu que ele estava ali a observando. sentiu o peito apertar ao vê-la daquela maneira, tão indefesa e sozinha. Ele se abaixou e colocou a mão nos cabelos dela.
- ? - Ela se sobressaltou, encarando com os olhos esbugalhados e vermelhos. Estranhamente, a achou ainda mais linda naquela maneira tão vulnerável.
- Me deixa em paz! - Ela soluçou alto e voltou para a posição anterior.
a abraçou de lado, ignorando as tentativas frustradas dela de afastá-lo. Quando viu, estava chorando em seu peito e ele a segurava com força em seus braços.
Ficaram assim por bons minutos. O barulho dos fogos já havia cessado há algum tempo e os soluços de também.
- Quer falar sobre isso? - Ele cochichou. apenas soltou um longo suspiro.
- Hoje faz dois anos que eu perdi a minha família. - ficou mudo e seu corpo todo travou. - Meu pai, minha mãe, meu irmão e minha irmã. - Ela continuou, com a voz falha.
- Como foi isso? - A voz de foi um sussurro. fungou o nariz.
- Eles viajaram para o litoral e eu fiquei aqui com a Gio. Ela estava empolgada com o casamento com o Tom e acabou me convencendo a ficar aqui. Eles morreram em um acidente de carro quando voltavam pra Londres. A última vez que eu os vi foi no dia 27 de Dezembro, no dia que eles foram viajar. - O silêncio voltou a preencher o cômodo. não sabia o que dizer. Parecia que o natural “sinto muito” não era suficiente.
- Você mora com quem agora? - Perguntou baixo e começou a tentar se recompor. Afastou-se dele e começou a enxugar o rosto.
- Sozinha. - ficou irritado, muito irritado. Como ela poderia estar morando sozinha e grávida? Era muito perigoso! Mas, por causa dos nervos instáveis dela naquele momento ele resolveu não deixar transparecer suas indagações.
- E não tem um namorado? - Ela negou com a cabeça e desviou o olhar do dele, mordendo o lábio inferior. já havia reparado que aquele gesto era uma mania dela.
- Terminei pouco tempo antes de engravidar. - não queria, mas acabou se sentindo aliviado por saber que não existia outro homem na vida dela, alguém que estaria cuidado de seu filho no lugar dele.
Era estranho pensar assim, mas ele não queria mais ninguém perto daqueles dois. Egoistamente estranho.
Os dois voltaram a se olhar e ficaram assim por bastante tempo até franzir a testa e inclinar a cabeça para o lado direito.
- Não vai perguntar como eu engravidei? - Foi o que ela disse com um tom de suspeita na voz. sustentou seu olhar.
- Não preciso. Eu sei. - Os olhos dela ficaram ligeiramente arregalados com aquela declaração.
Naquele exato momento, e descobriam que não havia mais segredo sobre o que os ligava. Estavam cientes de que iam ter um filho mesmo sem ter ocorrido qualquer contato físico entre os dois. Por uma obra do destino, tiveram conhecimento um sobre o outro e tinham amigos em comum, o que tornava difícil fingir que nada aconteceu.
O problema era que queria exatamente aquilo. Fingir que nada aconteceu.
- Ah! Aqui estão vocês! - A voz da Giovanna cortou o contato visual dos dois que viraram sua atenção ao mesmo tempo para a porta. - O jantar está servido! - Ela sorriu olhando o casal sentado dentro do guarda-roupa.
aproveitou a oportunidade e se levantou, sem nem ao menos olhar para trás, totalmente disposta a esquecer de que conheceu e que ele era o pai do seu filho.
O problema era que não queria esquecer.

QUATRO.

Abril de 2013

- Não Gio! De novo não! - A amiga sorriu para , estendendo o envelope mais uma vez.
- É um presente, você não vai recusar, vai? - Soltou uma voz melosa e fez uma careta.
- Você já me deu esses seus presentes desde Outubro! Eu não posso aceitar o seu dinheiro de novo amiga! - Dessa vez foi Giovanna que fez uma careta.
Era sempre muito difícil convencer a receber o dinheiro.
- Para com isso! Você precisa desse dinheiro! - bufou, negando com a cabeça. - Você tá colocando na poupança do Samuel não tá? - A amiga concordou. - Então! Deposita esse dinheiro lá! Caso aconteça alguma emergência, você já vai estar preparada.
- Giovanna, eu não posso aceitar! Parece que você e o Tom não conseguem ver que estão me pagando o mesmo valor do meu salário! É um absurdo isso!
- É um presente, . Presentes você não contesta. - negou fervorosamente com a cabeça. Não iria aceitar mais aquele dinheiro.
Por mais que ela soubesse que as intenções do Tom e da Gio eram boas, ela não queria que ninguém a ajudasse. Ela tinha seu emprego, tinha sua casa, mesmo com a hipoteca. Ela ainda conseguia pagar as mensalidades, ainda que ás vezes tivesse que atrasar uma ou duas parcelas. Ela sempre dava um jeito e trabalhava dobrado no escritório pra ganhar um extra.
O problema era que ela estava de licença maternidade. Só voltaria a trabalhar quando seu filho tivesse três meses de idade.
Mas aquele dinheiro que ganhou ela estava guardando para Samuel. Queria ter um dinheiro para emergências com seu filho, porque nunca se sabia o que a vida poderia reservar no futuro. Talvez contratasse uma babá pra cuidar dele por um tempo se a proposta da Giovanna de cuidar dele não desse certo. Até lá, o dinheiro ficaria muito bem guardado.
- Você vai continuar com essa história de não aceitar o dinheiro ? - Gio perguntou, observando a amiga calada em sua frente. apenas se limitou a concordar com um aceno de cabeça. - Ah, amiga! Você é muito teimosa! - As duas sorriram. Giovanna ficou nervosa subitamente. Ela não podia mais mentir para a amiga. - , eu vou te contar a verdade sobre esse dinheiro, talvez assim você aceite. - ergueu a sobrancelha.
- Verdade sobre o dinheiro? Como assim Gio? - não estava gostando nem um pouco daquilo. Giovanna não era de mentir pra ela.
- Quem tá mandando o dinheiro... - Gio hesitou já prevendo a reação da amiga. - É o . - Os olhos de se esbugalharam e sua boca se abriu em um perfeito 'o'. - Quando ele descobriu sobre você e que você era nossa amiga, veio nos procurar. Ele queria ajudar você, mas não queria se envolver diretamente. Por isso pediu pra mim e o Tom te dar esse dinheiro como se fosse nosso.
- E vocês aceitaram numa boa ajudar ele? - Gio apertou os lábios e concordou com a cabeça, esperando os gritos. - Perdeu o juízo, Giovanna Fletcher? - Ela fechou os olhos por um momento, relembrando que só a chamava pelo nome completo quando estava com muita raiva.
A última vez que isso aconteceu foi quando a família dela morreu e gritou com ela um “Eu deveria ter morrido com eles! A culpa é sua, Giovanna Falcone”.
Gio teve que ficar na cola dela por um bom tempo, pra tentar impedir que ela fizesse qualquer burrada contra a própria vida. ficou bem perto da depressão naqueles dias. Se não fosse pelo Nick e o McFly... Gio não queria nem pensar na possibilidade.
- Não custa nada você aceitar o dinheiro. Pensa no Samuel, é para o bem dele! - bufou e se levantou, pegando sua bolsa no sofá e arrancando das mãos da Gio o envelope com o dinheiro. - Aonde você vai? - não respondeu. Saiu rapidamente em direção à porta da casa dos Fletchers e bateu ela com força.
Giovanna estava preocupada, mas sabia que não poderia se intrometer no que a estava planejando. Quando ela ficava naquele estado de raiva, ninguém podia segurá-la até que ela jogasse tudo pra fora.
E ela tinha uma leve impressão de que sabia quem iria sofrer com a raiva da naquele momento.

Abril de 2013

respirou fundo antes de tocar a campainha da casa de . Esperava que o endereço que Tom deu a ela não estivesse errado, mas não gostava nem um pouco de pensar em como o cara era rico por morar numa mansão daquelas.
Pra que ele precisava de tanto espaço? achava um desperdício de dinheiro.
Um minuto depois, a porta se abriu e deu de cara com o outro integrante do One Direction, .
- Hey! - Ele disse surpreso por vê-la ali. - Como você está, ? - Perguntou dando um beijo no rosto dela. sorriu.
- Bem, ! E você? - Ele deu de ombros.
- Bem também! - O garoto ergueu uma sobrancelha. - O que faz aqui em casa? - franziu a testa, com surpresa. Tom tinha realmente lhe dado o endereço errado!
- Hum... Essa não é a casa do ? - Perguntou em dúvida e sentiu um pequeno alívio quando o rapaz concordou com um aceno de cabeça.
- É sim! A gente mora junto. - sorriu automaticamente, imaginando aqueles dois rapazes morando na mesma casa. - Quer que eu o chame? - perguntou apontando pra dentro da casa e ela concordou com a cabeça, ficando nervosa novamente. - ! É pra você! - Gritou, colocando a cabeça pra dentro da casa. Ele voltou a olhar pra . - Você não quer entrar?
- Não, vou esperar aqui mesmo, mas obrigada, ! - Ele sorriu. Os dois aguardaram mais um minuto até aparecer, ficando ao lado de .
O rosto dele demonstrava o quanto estava surpreso com a presença de ali. Ela subitamente transformou seu rosto, mostrando o quanto estava irada. pareceu perceber, e também.
- Eu vou deixar vocês conversarem. - disse com um sorriso de lado, encarando o casal. - Até mais, ! - Ele deu um beijo de despedida nela, que suavizou suas feições, e desapareceu dentro da casa.
- Quem você pensa que é, ? - disparou, sem nem ao menos dar tempo de absorver sua presença ali.
- Do que você está falando? - Perguntou cruzando os braços. se pegou olhando os músculos de seu corpo tonificando com o movimento e ficou ainda mais irritada por ter gostado do que viu.
- Não se finja de desentendido! - Ela apontou um dedo na direção dele. - Que merda é essa de mandar dinheiro pra mim através dos Fletchers? - sentiu seu sangue gelar. Perguntou-se como ela havia descoberto, e soube que a Giovanna provavelmente acabou contando a ela.
- Eu só queria ajudar, não vi problema nisso. - Ela bufou e remexeu em sua bolsa, pegando um envelope pardo. Empurrou o mesmo contra , deixando-o colado ao seu peitoral.
- Pegue! - Ela disse entredentes. não se moveu. Estava paralisado com a proximidade dos dois corpos. - Pegue a merda do seu dinheiro e me esqueça, ! - olhou para o envelope e negou com a cabeça.
- Eu já te dei, é seu. A Giovanna me contou que você fez uma poupança para o Samuel, então deixa o dinheiro lá. - se sentiu ferver de ódio ao ver que ele não aceitaria o dinheiro de volta. Soltou um rosnado com os dentes cerrados e se afastou, deixando o envelope cair no chão.
- Eu não quero o seu dinheiro nem nada que venha de você. - Ela disse com ódio antes de se virar.
deu dois passos firmes, mas parou assim que sentiu um dor muito forte lhe atingir. Levou as mãos à barriga inconscientemente e o gesto chamou a atenção de , principalmente quando ela se encolheu sentindo mais uma dor.
Ela fechou os olhos com força quando as pontadas ficaram mais fortes e frequentes. andou até ela, preocupado.
- ? - Ela não olhou pra ele. Estava concentrada na própria dor se perguntando se aquilo significava o que ela pensava que significava. - Ta tudo bem? - Ela não respondeu, pois no mesmo segundo ela sentiu um líquido escorrendo entre suas pernas. olhou pra baixo e viu a água escorrer e se avolumar no chão, molhando um pouco o seu vestido.
- Não, não, não! - Ela praticamente gritou quando se deu conta do que aquilo significava. Estava em trabalho de parto, no meio da rua, com ao seu lado.
- ! O que tá acontecendo? - a segurou pelos ombros, completamente assustado por culpa do líquido que escorria pelas pernas dela. Ele não entendia nada de gravidez, muito menos dos sinais que indicavam que o bebê estava nascendo.
- Meu bebê, tá nascendo! - Ela disse baixo, como se estivesse falando consigo mesma, e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. - Meu filho tá nascendo.
- O quê? - gritou, agora apavorado. - Você tem que ir para o hospital! - Era a única coisa que ele sabia que tinha que ser feito naquele instante. gritou com a dor da contração que lhe atingiu.
- Liga para a Giovanna ou o Tom. Diz que o Samuel tá nascendo e que eles precisam ir lá em casa pegar a mala que eu preparei para levar ao hospital. - Ele concordou com a cabeça, abraçando ela de lado quando ela gritou mais uma vez. começou a respirar fundo e rapidamente, se lembrando do pequeno treinamento que Rachel tinha lhe dado no mês anterior. - Você vai me levar pra lá agora! - Ela não queria ter que depender dele, mas não tinha outro jeito. Não podia arriscar dirigir sozinha, nem esperar que o Tom fosse buscá-la ali.
- ! - gritou olhando na direção de sua casa. Quando o amigo apareceu ele gritou mais uma vez. - Trás a chave do meu carro, agora!

Alguns minutos depois, e estavam dentro do carro, o último dirigindo como um louco pelas ruas movimentadas de Londres. Ele já havia ligado para o Tom, para a Gio e para a doutora Rachel, que o indicou para onde levar a e o que fazer até chegar lá.
Passou as dicas para ela e tentou se concentrar na rua, mas estava muito difícil com os gritos de cortando sua respiração pesada de vez em quando. Ele estava começando a ficar desesperado e preocupado.
Umas duas vezes ele escutou sussurrando coisas enquanto alisava a barriga enorme. Ele apurava os ouvidos e conseguia pegar algumas frases como “Nós vamos nos ver logo, logo, Sammy”, “Mamãe não vê a hora de te conhecer.” e “Não tenha medo filho, vai dar tudo certo.”. não conseguia acreditar em como ela podia ficar tão tranquila em relação ao parto, mesmo com todos os gritos apavorantes que ela dava e a impressão de que ela estava sentindo muita dor. Foi ali que ele percebeu o quanto ela queria aquele bebê.

Abril de 2013

- ? O que faz aqui! - A doutora Rachel perguntou com surpresa ao ver o rapaz com a . Sabia que os dois já haviam se conhecido, a tinha contado pra ela, mas também sabia que desde então eles não tiveram mais nenhum contato.
- Ironia do destino, Rachel! - respondeu antes de gritar. Rachel resolveu deixar aquelas indagações pra depois.
- A bolsa rompeu? - concordou com a cabeça. - Há quanto tempo você está com contrações?
- Começou um pouco antes de o te ligar. - Rachel concordou com a cabeça.
- Levem-na e façam todos os preparativos. Encontramos-nos no bloco cirúrgico. - Disse para dois enfermeiros que sentaram a em uma cadeira de rodas. - , alguém vai te acompanhar no parto ou você vai estar sozinha? - Automaticamente, e se encararam. Ela, ponderando se poderia fazer aquilo, se poderia deixá-lo participar de um momento tão importante. Ele, implorando com o olhar porque queria presenciar aquele momento, queria ver o filho nascer.
- Era pra ser a Giovanna, mas se você quiser ir... - olhou pra ela por mais alguns segundos enquanto ela tentava controlar mais um grito de dor.
- Eu quero ir. - Ele respondeu. Rachel olhou para a como se pedisse confirmação e ela o fez com um aceno de cabeça.
- Certo. Podem levá-la! - Os enfermeiros desapareceram no corredor, levando a com eles. - Vem comigo .

segurava a mão de , com força o sentindo segurar com a mesma intensidade de volta. Ela escutou Rachel dizer que conseguia ver a cabeça do bebê, que ela precisava fazer um último esforço e empurrar com força. Ela respirou fundo algumas vezes e trocou um breve olhar com antes de fechar os olhos e empurrar.
Um grito agudo escapou de sua garganta ao mesmo tempo em que o choro de um bebê começava a ecoar pelo local. sentiu o seu corpo relaxar com alívio e as lágrimas escorrerem pela lateral de seus olhos. Havia a movimentação dos médicos e enfermeiros, mas ela só conseguia prestar atenção naquele choro.
A voz do seu filho.
Algum tempo depois, nem sabia quanto, o choro cessou e Rachel apareceu ao lado de – que ainda segurava sua mão firmemente – com um bebê enrolado em uma coberta de hospital verde, escondido em seus braços.
- É um lindo garoto! - Rachel sorriu para o casal. - Quer segurá-lo, ? - concordou com a cabeça e soltou a mão de . Estendeu os braços para aninhar pela primeira vez o seu filho.
Ela não conseguiu conter as lágrimas quando o pegou nos braços. Ele estava encolhido, ainda sujo de sangue e um pouco roxinho, mas ela conseguiu reparar que ele já tinha muito cabelo na cabeça e, mesmo que os olhos estivessem fechados, ela sabia que eram como os do pai.
- Oi príncipe! - Cochichou, passando os dedos pela bochechinha vermelha. - Benvindo ao mundo, filho! - Como se tivesse escutado o que ela disse, o bebê abriu seus olhinhos um pouco, uma pequena fenda pra poder conhecer quem estava falando com ele. Depois, eles se arregalaram e ela teve a confirmação da cor dos olhos dele, como previsto, eram .
- Vamos, me devolva ele. Você precisa descansar e ele também! - fez careta, mas entregou o bebê a Rachel depois de depositar um beijo demorado na testa dele. - Quer segurá-lo, ? - estava quase se entregando ao cansaço quando escutou Rachel dizendo isso.
concordou com a cabeça, ficando apavorado mais uma vez.
- Como eu faço...? - Ele mostrou os braços e Rachel sorriu.
- Apenas segure desse jeito que eu estou fazendo. Um braço vai ficar apoiando a cabecinha dele e o corpo, enquanto o outro apoia as perninhas e a coluna. - imitou o movimento dos braços da médica e prendeu a respiração enquanto ela colocava o pequeno bebê em seus braços.
encarou o pequeno ser que embalava naquele momento e se sentiu completamente apaixonado por ele. Os olhos do bebê, que eram idênticos aos seus, estavam bem abertos encarando-o.
- Oi Samuel! - Ele disse, sorrindo largamente para o filho. - Sabia que você tem os meus olhos? - O bebê apenas piscou os olhos, como se entendesse do que ele falava. - E eu acho que essa boquinha é igual a minha também. - Os dois ficaram mais alguns minutos juntos, apenas encarando um ao outro, antes de Rachel pegar Samuel do colo de .
estava em um dilema. Por um lado, havia achado a cena mais linda do mundo ver com Samuel nos braços, pai e filho, tão parecidos. Mas, por outro lado, ela não queria ter que dividir seu filho com ninguém, muito menos com .
Ele ainda era um garoto de anos, muito famoso e rodeado de responsabilidades com o One Direction. E ela só queria paz para ela e seu bebê, não queria o seu filho envolvido com toda aquela mídia. Seria um escândalo se soubessem que tinha um filho fruto de inseminação artificial! Ela jamais teria paz se deixasse que ele se envolvesse com sua família.
Tinha resolvido. Seguiria o seu plano inicial de ser apenas ela e seu filho. Ela seria o pai e a mãe que ele precisaria. nunca mais veria o Samuel.

Junho de 2013

- Hey ! Cadê o meu afilhado lindo? - sorriu para a amiga e apontou para o fundo do corredor de sua casa, que dava acesso aos quartos. - Ele tá dormindo? - fechou a porta de casa e negou com a cabeça.
- Não, ele acabou de mamar, mas deve estar com sono. Você quer fazer ele dormir? - Gio saiu dando pulinhos em direção ao quarto da que havia virado o quarto da e do Samuel nos últimos dois meses.
Quando chegou ao quarto, já encontrou Giovanna com seu bebê no colo, ninando ele, balançando de um lado para o outro. se jogou em sua cama e bocejou.
- Não dormiu direito? - Ela negou com a cabeça, de olhos fechados.
- Samuel teve uma pequena crise de dor de barriga. Quando eu consegui fazer ele parar de chorar já eram três e meia da manhã. - voltou a ficar sentada e viu Giovanna franzir a testa. - O que foi Gio?
- O volta hoje da turnê. Conversou com o Tom ontem à noite. - soltou um suspiro e esfregou suas têmporas. - Eu tenho que te avisar que ele não gostou nada de você ter ignorado as ligações dele durante esses dois meses. - Ela mordeu o lábio inferior, se lembrando de algumas mensagens de voz que o deixou nos últimos dias.
“Você não pode me ignorar por muito tempo, . Eu vou estar em Londres no início de Junho e nós vamos resolver isso!”
- Você não deveria ter dado o número do meu telefone pra ele! - Giovanna bufou e revirou os olhos.
- Não coloque a culpa em mim! O cara só queria saber do filho, custava você atender as ligações dele? - se deixou jogar na cama, deitando de braços abertos. Encarou o teto com bastante fixação.
- Gio, você mesma me disse o quão infernal lidar com a imprensa pode ser. Você acha que eu quero isso para o meu filho? Você acha que eles não vão descobrir nada se o aparecer do nada com um bebê? Eu não escolhi isso, Gio! Eu fui a uma clínica de inseminação artificial justamente pra ficar com o meu bebê em paz! Se eu quisesse um filho de um cara famoso eu teria dado um jeito de seduzir o Jones!
No início, as duas estavam sérias, mas com essa última fala da , elas caíram em uma gargalhada baixa para não acordar o bebê. A história do amor platônico da pelo Danny sempre era o motivo de algumas risadas das duas.
Quando ela conheceu o Jones, ele ainda namorava a Olívia. Pouco tempo depois, eles se separaram e quando a resolveu contar a ele como se sentia, ele apareceu com a ex-miss Inglaterra de 2008 e depois com a ex-miss Inglaterra 2007. Sua atual namorada Georgia Horsley.
então resolveu se calar. Não queria estragar a amizade que tinha com ele. E depois de um ano, ela conheceu Nick e se apaixonou. Não foi com a mesma intensidade do que sentia pelo Danny, mas já era algo pra ela.

A campainha da casa tocou. se levantou da cama e caminhou pelo corredor até a porta da frente. Pelo olho mágico, viu quem estava lá fora e seu coração enlouqueceu no peito. Ela associou aquela reação ao nervosismo, ao ódio, a qualquer coisa, menos saudade. Ela não poderia estar com saudades de .
Olhou pra trás e viu Giovanna com os olhos curiosos, segurando um adormecido Samuel nos braços. mexeu os lábios formando um “” sem som e Gio sorriu. Apontou a porta e mexeu com os lábios formando um “abre logo” sem som. respirou fundo e abriu a porta da frente.
estava com a mão esquerda encostada no batente da porta e com a cabeça baixa. logo sentiu o cheiro de seu perfume, algo amadeirado e com alguma coisa a mais, que lembrava a dias de chuva.
Os dois se olharam por breves segundos. não se atreveu a mover um centímetro sequer, com medo da conversa que os dois teriam naquele momento. desviou o olhar do dela e sorriu. seguiu seu olhar e percebeu que ele havia visto a Gio com o Sam.
Giovanna passou pela porta, chegando perto o suficiente pra que pudesse ver o filho que dormia.
- Oi filhão! Você cresceu muito nesses últimos dois meses! - disse com a voz emocionada ao ver o filho. Tinha sentido tantas saudades que chegava a doer. Ele nunca imaginou que pudesse se apegar tanto a alguma coisa em tão pouco tempo. Mas aquele garotinho era uma parte dele, e ele não conseguia mais se imaginar sem ele.
Aqueles dois meses de turnê foram realmente muito difíceis.
- Gio. - disse em tom de aviso e Giovanna entendeu o recado. Ela saiu de lá, entrando na casa, dando um pequeno sorriso de desculpas para . fechou a porta de sua casa assim que Giovanna sumiu no corredor. Ela voltou a encarar o rapaz mais alto em sua frente.
- Por que você não atendeu as minhas ligações? Não respondeu os meus recados? - fuzilou com o seu olhar. - Eu fiquei totalmente preocupado! E acabei sabendo pelo Tom que você não queria mais ter contato comigo! - Ele gesticulava com as mãos, completamente irritado. apenas sustentou seu olhar e respirou fundo.
- Eu quero que você se afaste de mim e do meu filho. - arregalou os olhos castanhos.
- O quê? - Gritou se aproximando mais dela. se afastou à medida que ele se aproximava, começando a ficar amedrontada com a fúria nos olhos dele. - Você quer que eu faça o quê?
- Isso mesmo que você ouviu. - Ela agradeceu mentalmente por ter conseguido ficar com a voz firme, mesmo que seu coração estivesse louco em seu peito por culpa do estar a centímetros do corpo dela. - Essa é a última vez que você se aproxima de mim e do Samuel.
- Você não pode me impedir de ver o meu filho! - Ele gritou mais uma vez.
- Ele não é seu filho! - gritou de volta. - Eu fiz uma inseminação artificial! Você não tem nenhum direito sobre ele! Nenhum! - Os dois respiravam rapidamente. Ficaram apenas respirando por alguns minutos, os olhos cheios de ódio tanto da quanto do .
- Você não pode me impedir de ver o Samuel. - viu um lampejo de dor nos olhos dele, mas ainda assim, não amoleceu.
- Eu posso e eu vou! - Ela viu uma nova fúria nos olhos dele - depois de dizer isso -, os castanhos sumindo completamente e sendo substituído por uma luz sombria. se encolheu um pouco, com medo.
- Então eu vou tomar ele de você. - arregalou os olhos enquanto via se afastar.
- Você, o quê? - Ela perguntou com a voz falhando no final.
- Isso mesmo que você ouviu. Eu vou pedir a guarda do Samuel. - Ele deu uma última olhada nela antes de dar meia volta e sair com passos decididos em direção ao seu carro.
repetia em sua cabeça as palavras de , sentindo seu corpo todo fraquejar.
“Ele não pode fazer isso! Ele não pode fazer isso!”
Ela tentava se convencer, mas no fundo ela sabia. podia fazer isso. Quem tinha dinheiro podia fazer tudo!

CINCO.

Julho de 2013

estava uma pilha de nervos. Andava de um lado para o outro esfregando as mãos, conversando consigo mesma e com Deus. Implorando pra que ele não deixasse que seu filho fosse tirado dela. Ela não conversava com Ele desde que a família morreu, mas teve que abrir mão naquele momento. Samuel era tudo o que ela tinha e ela não conseguiria sobreviver se o perdesse.
Olhou pela milésima vez, o relógio que se encontrava na parede da pequena sala de espera do tribunal. A primeira audiência estava marcada para 15h e ainda faltavam dez minutos para essa hora chegar. Ela respirou fundo mais uma vez.
Tinha que se controlar.
A porta da sala abriu. tentou controlar a fúria quando viu o causador de toda aquela angústia entrar vestido com uma camisa social preta, calça jeans preta e óculos de sol. Um pensamento indesejado preencheu a mente dela e ela o jogou pra longe. Não podia achá-lo bonito, não podia! Ele estava acabando com a vida dela.
passou reto por ela e se sentou no pequeno sofá azul. obrigou seus olhos a ficarem grudados na mesa de escritório do outro lado da sala, lugar oposto a onde estava. Gravou todos os detalhes do local, desde as pastas pretas empilhadas até o porta-lápis abarrotado de canetas.
Alguns minutos depois, a porta se abriu novamente e um homem de terno e gravata disse aos dois que a presença deles estava sendo solicitada. se levantou do sofá e esperou ele sair primeiro, indo logo em seguida. Mordeu o lábio inferior e tentou controlar o tique nervoso de suas mãos assim que se aproximaram da outra porta, onde encontrariam o juiz.

- Sentem-se, por favor. - O Juiz era um homem mais velho, uns 50 anos, e estava sentado atrás de uma enorme mesa de escritório feita de madeira pura. Muitas pastas e alguns livros de direito estavam em cima da mesma. Ele estava vestido de terno, já que aquela primeira reunião era pra que ele tivesse conhecimento do caso. Algo um pouco mais informal do que os trajes que ele usa em julgamentos.
Em outra mesa, menor que a do juiz, estava uma moça com um computador em mãos. Provavelmente, ela iria registrar tudo o que acontecesse ali.
Assim que os dois estavam sentados, em cadeiras próximas demais para a infelicidade de , o juiz abriu um sorriso antes de voltar seus olhos para uma pasta aberta em sua frente.
- Temos um pedido de guarda que envolve um bebê de três meses de idade, filho da senhorita e do senhor . Está correto? - Ele voltou seus olhos para o casal e viu o rapaz concordar com a cabeça.
- Ele não é o pai dele! - conseguiu controlar o tom de voz, mas não conseguiu controlar o ódio que transbordou naquelas palavras. estava calado. O barulho baixo de teclas sendo digitadas foi o que se ouviu por alguns segundos.
- Por favor, senhorita , explique por que o senhor não é o pai da referida criança. - sentiu suas mãos suarem e as enxugou disfarçadamente na lateral de sua saia alta preta.
- Senhor juiz, eu fiz uma inseminação artificial. Por um imenso azar, acabei escolhendo o espermatozoide do senhor . Ainda assim, ele assinou um contrato onde alegava estar ciente das questões que implicavam em uma doação de espermatozoide. Eu paguei pelo processo para que o meu filho não tivesse um pai e eu quero que permaneça assim.
- A senhorita teria a documentação que comprova o seu relato? - concordou com a cabeça, se sentindo mais tranquila. Sabia que estava dentro do seu direito e tinha como provar. Queria ver como conseguiria superar aquilo. Pegou de dentro da sua bolsa um envelope e o entregou ao juiz. O mesmo analisou os documentos por alguns minutos antes de voltar a olhar o casal. - Gostaria de ficar com eles para que os mesmos fossem parte do processo.
- Tudo bem senhor juiz, eu tenho cópias. - Ela respondeu com um pequeno sorriso nos lábios.
- Agora eu gostaria de saber como os dois tiveram conhecimento um do outro já que o processo de inseminação artificial tende a ser sigiloso em relação à identidade dos envolvidos. Começando por você senhor . - concordou com a cabeça e começou a contar todo o relato de como descobriu a identidade da . Logo que ele finalizou, também explicou ao juiz como descobriu que era o doador do espermatozoide. - Certo, agora me expliquem, por favor, como vocês chegaram a esse ponto, ao ponto de estarem brigando pela guarda do garoto se nenhum dos dois tinha a intenção de se envolver.
começou o relato de quando descobriu que mandava dinheiro pra ela até o ponto que resolveu não deixá-lo chegar perto do filho, e contou sua versão sobre o dinheiro, sobre ter participado do parto do menino e como se apegou ao filho e sobre ter viajado em turnê, ficando sem nenhuma notícia dos dois por dois meses, e que quando retornou, ela havia dito que não queria que ele se aproximasse do filho mais. Foi então que ele tomara a decisão de pedir a guarda da criança.
O juiz ficou calado por alguns minutos assim que os relatos acabaram. Refletia sobre o que escutou e pensava na melhor opção para resolução daquele caso. Por fim, ele disse:
- Senhorita , tenho que dizer que a senhorita está totalmente de acordo com as leis, portanto, tem mais chances de ficar com a guarda do bebê, mas – não gostou nem um pouco daquele 'mas'. - eu tenho que observar que não há motivos válidos para a senhorita proibir o senhor de ver a criança. Compreendo que a senhorita não estava preparada para lidar com o pai da criança, da mesma forma que o senhor não estava preparado para lidar com a senhorita.

O juiz fez uma pausa, colocando óculos de grau no rosto e lendo algo na pasta.
- O senhor trouxe essas informações para mim. A senhorita herdou a casa e o carro de seus pais assim que os mesmos faleceram há dois anos. Perdeu toda a família em um acidente de carro e mora sozinha. Trabalha em um escritório como digitadora e secretária e recebe por mês um salário fixo de 798,13 libras. A casa que herdou foi hipotecada há três anos e, até a morte de seus pais, as parcelas eram pagas corretamente. Depois que a senhorita assumiu a dívida, pediu a redução do valor da parcela de 612,89 libras para 312,50 libras, aumentando assim o número de parcelas que deverão ser pagas. No momento, há três parcelas vencidas que estão acumulando juros por mês.
- Eu tive muitos gastos com a inseminação e a gravidez. - disse quando o juiz voltou seu olhar para ela. As mãos tremiam com o medo que a invadiu. O juiz saber daquelas informações não era nada bom.
- A senhorita recebeu o dinheiro que o senhor estava enviando, o que seria suficiente para pagar a dívida. Por que então, a senhorita devolveu o dinheiro?
- Porque eu não quero nada que venha dele. Eu me viro sozinha há dois anos! Esse problema é passageiro. - O juiz lhe deu um olhar reprovador, retirando seus óculos de graus.
- Senhorita , não tenho dúvidas que a senhorita conseguiu prosseguir bem desde a morte de seus pais, mas o fato é que agora a senhorita não está mais sozinha. Uma criança implica em muita responsabilidade, tempo e dinheiro. E eu vejo que a senhorita só tem a primeira opção. Sua licença maternidade finaliza no fim deste mês e a senhorita terá que retornar para o emprego. Quem então ficaria com seu filho? - estava sentindo seu corpo ficar mole, alguns pontinhos vermelhos piscavam em sua visão e ela sabia que sua pressão estava caindo.
- Minha melhor amiga e prima de terceiro grau ficaria com ele enquanto eu trabalho. - Sua voz estava um pouco trêmula. O juiz concordou com a cabeça.

- Senhor e senhorita , eu não posso resolver a questão da guarda do bebê no presente momento. Ele ainda se encontra em período de amamentação e não pode se distanciar da mãe por lei. A única coisa que vou propor agora é um acordo. O senhor terá direito de visitar o filho uma vez na semana, o dia fica a critério de vocês dois. A senhorita deixou claro que não quer a ajuda financeira dele e eu não vou obrigá-la, mas é imprescindível que a senhorita tenha em mente que ele está disposto a ajudá-la no que for preciso. Concordo com a preocupação da senhorita em relação à fama do senhor e imponho que ele não possa informar, publicar ou expor nem a senhorita nem o bebê a situações que lhe possam ser evitadas. A menos, é claro, que esteja em seu consentimento. Um funcionário que vou especificar posteriormente será responsável de fazer visitas periódicas aos dois para saber se tudo está correndo conforme este acordo. Se qualquer um de vocês quebrarem as imposições que estou lhes dando, tenham certeza que isto irá pesar na minha decisão final. O julgamento onde eu determinarei com quem ficará a guarda da criança será marcado após o aniversário de um ano da mesma. Até lá, o acordo estará valendo. - O juiz deu uma olhada nos dois. - Esta reunião está encerrada.

FIM?


N/a: Oi babes! Minha primeira fanfic do 1D, que lindo *-*
Digam pra mim, quem aí gostou? Não se preocupem, tem parte dois de Our Son chegando em breve. Espero que vocês estejam tão loucas pela fic como eu.
Ela virou meu xodó por tratar de inseminação artificial. Esses dias atrás eu estava louca pra ler uma fanfic assim que os pais brigassem pela guarda do filho e tals, e não achei em nenhum site! A mais próxima que teve era a Love Son que, por sinal, eu super recomendo!
Então eu resolvi escrever do jeito que eu queria e coloquei com o One Direction que nos últimos meses me conquistaram completamente. Acabei achando um espacinho no meu s2 pra eles, mesmo que seja bem pequeno em comparação ao McFLY. Não tem como substituir um amor de anos, né? Mas esse arranjo tá dando certo por enquanto. Quero ver quando tiver os shows deles por aqui, como é que meu dinheiro vai rearranjar! Kkkk
Ok, é isso! Vou parar de teclar por aqui e dar um jeito de escrever Our Son II – Custody.
Espero ver vocês todas comentando por aqui e na parte dois também, ok? A fic vai virar livro e para vocês terem mais informações, aqui está o link do grupo no Facebook com mais informações sobre o livro.
Amo vocês babes!

Minhas outras fanfics:
Who Said It Could Not Be Forever?
Merry Christmas With McFly
Merry Christmas With McFly II – The Kidnapper
Merry Christmas With McFly III – The Wedding
The Power Of Greed
That Dress


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