Para Nossa Alegria






25 de dezembro de 2060

– Vovó! Cadê meus presentes?
– Oooh, Giovanitinha. Papai Noel ainda vai trazer! – olhei diretamente para Harry com meu olhar de assassina.
– Tenho certeza de que ele vai trazer um presente muito interessante para você, minha querida – ele disse, dando batidinhas nas costas de minha neta. – E uma surpresa muito legal para a vovó também. Não é? – e me olhou com aquela sua cara maliciosa, mexendo em seus cachinhos grisalhos.
Dei uma risada e coloquei a mão sobre os lábios, mandando-o ficar quieto. Meus netinhos tinham só seis anos, porra! Harry... Com vinte ou setenta anos, continua safadinho. Ui, ui.
– Quando vocês namoravam, o Papai Noel ainda lhes mandava presentes?
– Trazia, sim. Sempre traz!
– E como vocês se conheceram, vovô? – Godofredo, meu outro neto, chegou, sentando-se no colo de meu marido. – Foi por culpa do Papai Noel?
– Não, não, meu filho. Foi uma coisa bem... Digamos, inesperada.
– Conte, conte, vovó Suelen!
– Bom... Foi mais ou menos... Foi mais ou menos assim...

Flashback ON

Era um dia normal em Londres. Oito da manhã e eu já estava indo para a casa do Caralho. É, meu tio. O Caralho. Ele queria que eu tirasse o “ninho” (se é que posso chamar assim) de borboletas que estava em seu sótão. Tinha medo de borboleta. Isso mesmo. Medo. E era veadinho demais para tirar por si próprio. Nem para chamar um desinfetador! Que caralho, Caralho!
Procurei o lugar por vários cantos da cidade. Não achei porra nenhuma. Se o cara tentava fazer uma pegadinha do malando comigo, estava ferrado. Desgraçado.
Decidi ir para a Iztarbãkquis do bairro para descansar um pouco, até que avistei milhões de flashes e menininhas gritando como se a Barbie Veterinária da coleção nova tivesse sido lançada. Fui até lá para ver o que era e logo avistei cabelos cacheados. Como eu era muito fã de Uan Dairéctiom, rapidamente percebi que era ninguém mais, ninguém menos que Harry Styles.
Como eu era linda e gostosa, decidi tirar uma foto com ele. O rapaz aceitou meu pedido (quem não aceitaria?) e comecei a fazer uma pose bem sexy, mas não podia deixar isso passar em branco. Decidi chamar muita atenção. Tenho certeza de que ele estava todo gamadão em mim, até porque encostou seu dedo ao meu ombro, tirando um fio de seu cabelo que tinha caído. Ah, aí tive que aproveitar a chance, né! Era minha deixa. Estava certa que chamaria muita atenção para ser o destaque no meio de tudo aquilo e no meio do meu Hazza.
– AAAAAHHHHH, EU ESTOU SENDO ESTUPRADA! – gritei o mais alto que pude.
What the hell?! – o menino respondeu com cara de que estava me achando mais uma retardada ali no meio do povão. Tudo bem. Depois eu o conquistaria mesmo.
– PARE! AH, HARRY! PARE, POR FAVOR! ESTÁ MUITO FORTE! – debati-me que nem um peixe fora d’água. Já pude ver alguns seguranças correndo em minha direção.
– QUAL É O SEU PROBLEMA, GAROTA?! – os seguranças me seguraram, assim que ele gritou isso. Tive que fazer algo.
– ESTOU PASSANDO MAL, ESTOU PASSANDO MAL! Quero justiça. Vou processar você! Uma mocinha inocente como eu não pode ser violada desse jeito! – meu curly não sabia o que fazer. Só ficou me xingando ali. Hehehe.
– PROCESSAR?! Quem você pensa que é?
– SIM! AMANHÃ!
– O QUÊ?! Ela pode fazer isso? – o garoto se dirigiu aos seguranças. Não houve resposta. Eles só se olhavam confusos.
– AMANHÃÃÃ! – gritei e empurrei os guarda-costas.
– ESTÁ BOM, ESTÁ BOM! AGORA SAIA DAQUI! – foi saindo para seu carro. – Retardada...
Ai, que fofo. Eu ia para o congresso com Harry Styles. Awn, acho que estou apaixonada. Amanhã vou mostrar para ele meus poderes de sedução. O cara não vai resistir.
No dia seguinte, acordei bem cedo com minha mãe gritando em meu ouvido.
– Filha, estou indo para o puteiro! Vou trabalhar em horário extra hoje! Parabéns. Tenho orgulho de ver você em todos os jornais! Ensinei direitinho! – ela disse, enquanto pegava sua gaveta de lingeries. O que será que faria com isso? Bom, foda-se. Tenho que ir encontrar meu futuro maridinho.
Fui de busão para o tribunal e cheguei lá em meia hora só. Era um prédio muito alto e bonito. Há, combinava comigo. Tinha trezentos milhões de paparazzi e entrevistadores por ali. Assim que eu gosto. Flashes em cima de mim eram o meu prazer. Perfeito. Entrei no lugar e corri até a porta principal. Lá estava ele, meu Harry de terno, me encarando com angústia. Ai, que delícia.
Desfilei até minha mesa, que era ao lado da dele. Sentei-me e mandei uma piscada. O rapaz me chamou de algo, como mother fucker, mas acredito que não tenho sido isso. Estava tão caidinho em mim.
Meu advogado, Autoceno, entrou e foi falar com o do Harry. Eles se cumprimentaram. Voltaram aos seus lugares e tudo começou.
– SILÊNCIO NO TRIBUNAL! – o juiz velho e gordinho gritou, batendo três vezes em sua mesa. – Estamos aqui presentes no Congresso número 789 de 2012. Agora o juramento terá que ser feito – juramento? Que porra é essa?

O homem nos chamou para a sua mesa e colocamos as mãos sobre um livro velho e mofado.
– Repitam comigo: hoje, dia 23 de agosto, no Congresso número 789 de 2012...
– Hoje, dia 23 de agosto, no Congresso número 789 de 2012...
– Eu juro solenemente... – o juiz continuou.
– Eu juro solenemente não fazer nada de bom – eu e Harry falamos juntos e começamos a rir. O poder da sedução começou. SABIA! Porém, parece que o juiz não curtiu. Bateu com o livro em nossas cabeças e o xinguei. Foi bem legal.
Voltamos aos nossos lugares originais.
– Suelen, comece com suas evidências.
– Então, tio, eu estava indo para a casa do Caralho e...
– O QUÊ?! QUE FALTA DE RESPEITO É ESSA?!
– Respeito? Caralho é meu tio!
– E ISSO É NOME?! – pare de gritar, retardado.
– Sim! Algum problema?
– Esse mundo de hoje em dia... Não tem mais o que se esperar.
– ISSO SE CHAMA PRECONCEITO! – gritei, protestando.
Um segurança forte me segurou e me acalmei. Continuamos com aquele negócio.
– Styles, já que sua acompanhante não colabora, comecemos por você.
– Ótimo. Eu estava de boa na lagoa, indo para o estúdio, e, como sempre, trilhões de garotas vieram tirar foto com o papai aqui. Sabe como é que é, né? Saradão desse jeito... – suspirei só de ouvir aquilo. Harry, espero você na minha humilde residência. – E, de repente, essa louca veio pedir também. Aceitei, é claro – ele se direcionou pra mim com um sorriso malicioso. Puta que pariu. – Só que de repente ela saiu gritando que estava sendo estuprada.
– PROTESTO! Eu estava sendo violada. O menino tinha segundas intenções!
– Segundas intenções?! Estávamos de roupa!
– E isso o impede de ter relações sexuais?!
– Não, não... Mas, se eu fosse querer você, que fizesse direito, né? – piscou para mim.
– E por que não o fez?
– Se você concordar, faço até agora... – o garoto se levantou. Sorri e pisquei de volta.
– SEM SEXO NO TRIBUNAL! – e o velhão/tiozão bateu umas quinze vezes em sua mesa com seu martelinho broxante. – Por Deus...
– Poxa, aí fica difícil, né?! – Hazza revidou, ainda me olhando.
– Contudo, foi esse desgraçado que começou – dei um empurrão nele. Ai, consegui sentir seu peitoral. OH, HARRY STYLES!
– Desgraçado não! Gostoso!
– Ordem no tribunal! Ordem no tribunal! – o gordinho se levantou. – Isso é um tribunal. Não uma casa de relações sexuais!
– Mas a gente pode fazer virar... – Cachinhos disse. Preciso falar que nessa hora eu já estava tirando a minha roupa? E ele saiu correndo, tirando a dele também.
– Ai, ai... Nossa, hoje você tá que tá, né? – eu gritava.
– O que é isso?! Vocês não podem fazer isso aqui! Audição encerrada! Amanhã a gente termina – falou o gordo, balançando suas banhas.
Aparentemente, ninguém se importou com o fato de Harry Styles estar me estuprando supostamente – de novo. Porém, dessa vez, eu estava deixando. Muito safadinho esse moleque. Já estava de mão boba por onde não devia! Ou devia. Sei lá.
– Ai, Harry. Não pare. Está muito bom assim – falei, enquanto mordia seu ombro.
– Pare, Suelen. Não vou aguentar por muito mais tempo! – ele respondeu, pegando-me no colo. Entrelacei minhas pernas em sua cintura e o resto é história.

Acordei no dia seguinte com uma luz muito forte na cara. Abri os olhos com a cabeça latejando e, quando fui ver, estava no meio do tribunal com um homem ao meu lado. Não só um homem. Ele era o meu, M-E-U Stylezinho. Awn. Sempre soube que meu plano daria certo. Afinal, olhe para a guria aqui. Linda e gostosa desse jeito, quem resistiria? Nem eu resisto a mim.
Eu ainda estava no transe, então decidi cantar uma música que desde criança me acalmava. Mamãe sempre cantava pra mim quando voltava do trabalho... Sempre voltava descabelada e com outras roupas. Nunca entendi isso, mas enfim. Era uma música especial. Fazia parte do fundo do meu coração.
Aaaaaaalecrim. Alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado... – virei-me de costas para Harry. Afinal, o garoto estava dormindo mesmo (gastou muita energia ontem. Eu sei). – Foi meu amooor, que me disse assim que a flor do campo era o alecrim! Alecrim, alecrim dourado, que nasc...
– Bom dia – disse um ser com uma voz extremamente sexy, abraçando-me por trás. Levei o maior susto da vida. Aquele gostoso não estava dormindo?
– CACETE! MORRA, DIABO! – gritei, empurrando-o. Ele estranhou por um minuto e depois começou a rir.
– Calma, querida. Sou só eu – e veio se aproximando.
– Ah, Har...
– Ontem foi interessante. Não acha?
-A-aham...
Agora adivinhe o que houve. É, isso mesmo. Minha segunda vez não só com Harry, mas minha segunda vez no tribunal. No meio de tudo aquilo, um homem que era mais conhecido como guarda-costas da Uan Dairéctiom apareceu.
– Harold! Saia daí. Você tem músicas para gravar hoje! – cadê a vergonha alheia?
– Paulão! Oooh, Paulão, que saudades! Só vou me despedir aqui da moça e já estou indo.
– Tudo bem! Eu trouxe escova de dente para você. Ok?
– Paulão, não sou mais uma criança. – protestou Harry bravo.
– Ou você escova os dentes, ou fica sem Toddynho durante uma semana!
– Ah, não, Paulão! Ah, não! Estou indo! – falou ele que nem uma criancinha, batendo os pés e se vestindo correndo.
Trocamo-nos rapidamente e o menino veio se despedir.
– Tchau, Susú. Ontem foi a melhor noite da minha vida – e me abraçou. – Mesmo sendo em um tribunal.
– A minha também...
– Podemos nos encontrar mais vezes?
– Claro que sim – cara, ele estava GAMADÃO em mim.
E, a partir daquele dia, saímos várias vezes. Pela cidade, no bar da esquina, na padaria do tio Paulão, no puteiro da minha mãe... E, claro, no tribunal de novo. Lá era um lugar muito bom para essas coisas... Se é que você me entende. Casamos, tivemos sete filhos (nem todos planejados) e vivemos felizes para sempre (final gay)!

Flashback OFF

Contei a história inteira para os meus netinhos. Eles ficaram paralisados.
– É... Acho que foi isso – ninguém respondeu. – Ahn... Será que dei detalhes demais? – perguntei a Harry.
– Falou merda, Suelen.
– Você FEZ merda, Harry!
– Não é culpa minha que você me deixava louco na juventude e a gente fez filhos sem querer!
– Ai, Hazza. Cale a boca. Nossos netos ainda estão aqui. Esqueceu?
Eles saíram correndo de casa e nunca mais os encontramos. Nem fez tanta diferença. Eram um bando de patifes.
– Bom, Sú... Já que estamos sozinhos...
– Sim, Harold?
– Que tal uma sessão “velhos tempos”? – deu aquele seu sorrisinho malicioso de novo, sentando-se ao meu lado.
– Feliz Natal. Prepare-se, velhinho.
– Feliz Natal.


Fim

-Baseado em fatos reais-






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