Prazer, Primavera
História por Bruh Fernandes | Revisão por That

Significado de primavera: Adotado no século XVII, do latim primo vere, quer dizer princípio da boa vontade. 1. Estado em que precede o verão; 2. {Figurado} Tempo primaveril; 3. Juventude; 4. Ano da idade, geralmente em pessoas jovens; 5. Época primeira; tempo primordial; princípio; 6. {Botânica} Planta primulácea; 7. {Botânica} Planta convolvulácea.


Primavera. Ah, a beleza das plantas florescendo! A natureza, com toda a sua formosura, engrandecendo os olhos dos espectadores, pouco a pouco conquistando os corações mais gélidos. O frio, às vezes tão perspicaz em nossas veias, se esvai lentamente, junto a cada lindo nascer de sol. Os dias e noites dividem à metade às vinte e quatro horas de cada rotação de nosso planeta sobre si mesmo, sem favorecer um ou outro.
Ah, essa estação tão doce que precede o calor infernal do verão e acalenta os apaixonados depois de um congelante inverno. Fornece-nos uma paisagem tão magnífica, então porque não seria um dos combustíveis do amor?
Primavera. A mais linda das quatro estações. Também o pior dos nomes. O meu.
*
Sim. Meu nome é Primavera. Sim. Eu espero você parar de rir de mim. Comece a fase da negação: “não pode ser isso...”. E então se dê conta de que, sim, tudo nessa vida é possível. Vá então para a clássica pergunta: “você está brincando comigo, não?” Quem dera, querida, quem dera. A partir daqui, tome partido. O que eu fiz quando descobri que eu tinha um nome horrível foi xingar minha mãe e, consequentemente, minha família até a sexta geração, correr até meu quarto e bater a porta com tanta força que a vi estremecer.
Minha mãe diz que eu sou a pessoa mais importante do mundo para ela. É meio difícil de acreditar com tamanha declaração, o meu nome. Mas, ela insiste em dizer que meu nome é lindo. Acho que já sei o que dar de presente a ela no próximo Natal: um dicionário. Ela precisa rever o significado de algumas palavras.

*
“Primavera, você pode me informar qual é a próxima estação?”
Talvez seja complicado de entender o porquê de meu alarde. Pode ser demais para vocês, posso até estar passando uma imagem de garota exagerada. Bem, diferente de Cazuza, eu nego qualquer exagero vindo de minha pessoa. É simplesmente péssimo escutar piadas com seu nome. Brincadeiras de bom ou mau gosto com o fato de meu nome ser uma estação do ano. Ou, até mesmo, ignorar perguntas de como está minha prima Vera.
Uma. Duas. Três vezes. Até tudo bem. Sempre, é insuportável. E durante toda a minha infância, eu chorava quando chegava da escola ou da natação. Chorava por não entender o porquê das pessoas me sacanearem tanto, usarem tanto o meu nome, simplesmente para me deixar mal. E então, eu descobri o porquê. O simples e assombroso por que: as pessoas são más. E elas se sentem bem vendo a tristeza, a amargura e a desilusão dos outros.

*
Quando eu fiz dezoito anos, eu aleguei a justiça que meu nome levava-me a situações embaraçosas e humilhações. Passaram-se meses de judiação, com toda essa lentidão do Brasil, mas, eu, enfim, tive autorização para trocar meu nome. Agora consta no documento da identidade. Mas, para minha mãe, eu vou ser sempre Primavera.
Ah, e antes que perguntem, não, meu irmão mais novo não se chama Verão. Entretanto, acho que foi por pouco. Por sorte, minha mãe tivera uma menina e seu plano de nomear seus filhos como as estações do ano se deteriorou. Ainda sim, ela deu um jeito: Verana. Pelo menos ninguém a pergunta por que ela é tão quente!
*
Hoje é o equinócio da primavera, ou seja, o início dessa estação magnifica. Sem ironia. Eu vivi em uma cidade pequena que, apesar de urbanizada, preserva grande parte de seu acervo natural. As árvores transbordam por entre as vielas, as flores iluminam cada casa. E na primavera, esse lugar fica mais bonito, colorido.
A prefeitura da cidade sempre organiza uma festa para comemorar, já que a maior característica daqui é a produção de uvas Itália, que começam a germinar depois do fim do inverno. O frio também nos dá adeus e podíamos, com ousadia, usar shorts.
Eu geralmente era escolhida oradora da comemoração. Tudo bem que eu tivera boas notas na escola e eu fazia o curso de agronomia na melhor faculdade do Rio Grande do Sul, mas eu tenho a leve tendência a acreditar que meu nome me forçava a esse mico em público.
Morando fora e vindo obrigada pela minha mãe a participar, eu me tornara a atração principal. Ah, acrescenta-se aí o fato de que meu colega de quarto/melhor amigo/ ser do sexo masculino me acompanhou em minha aventura “de volta a minha terra” e, pronto, temos fofoca para o resto da primavera. Como eu amo cidades pequenas.
*
- Calma, seu nome é Primavera, ? - explodiu em risadas, embora ainda concentrado no trânsito. Aliás, no não trânsito dessa cidade.
- Não. Meu nome é . . Só . – ele me lançou um rápido olhar de escárnio – Ei, está na minha carteira de identidade, quer ver?
- Que diabos! – ele exclamou sua típica expressão, que por si só me fazia rir - Você mesmo me disse que é Primavera tem dois minutos, agora está desmentindo?
- Como é sete meses, você! – ok, essa era a minha expressão usual. E eu dizia para porque ele era apressado. Como os bebês que nascem de sete meses, prematuros. – Eu mudei meu nome quando completei a maioridade. – expliquei-lhe basicamente o processo.
- E por que você nunca me contou isso antes? - ele inquiriu por fim, enquanto já estacionávamos o carro em frente à casa da minha tia.
- Porque a intenção de trocar de nome é que o antigo desapareça o mais rápido possível. – dei de ombros, mostrando o quanto aquilo era óbvio.
- Mas eu sou seu melhor amigo... – ele tentou argumentar. Eu retirei meu cinto e em seguida o dele. Era uma mania minha, apertar o botão dos cintos.
- Você podia ser o pai das minhas filhas, eu não contaria.
- E você, por fim, me contou. Isso me qualifica como o que?
Eu abri a porta e sai do carro preto de , obrigando-o a fazer a mesma coisa. Andei até ele e o puxei pelos braços, arrastando-o até a porta. Somente depois da campainha apertada, eu saciei a curiosidade dele:
- Como o salvador da minha vida.
*
A casa era grande. No papel, ela era da minha tia, mas eu a considerava um pouquinho minha. Na verdade, ela era de toda a família Werth. Meu pai, minha mãe, minha irmã, meus tios e meus primos viviam ali. Vovó e vovô estavam enterrados no quintal, na parte de trás do terreno. Estranho, eu sei. E é só o começo.
Acomodei no quarto de hóspedes e revi meu antigo quarto. A colcha retalhada com tecidos que em nada combinavam. O abajur rosinha que projetava uma estrelinha no teto. Os cabides de princesa. Tudo exatamente do mesmo jeito. Como se eu ainda tivesse oito anos de idade. Animador.
Um almoço de boas-vindas nos esperava. Eu me lavei rapidamente, trocando a calça jeans por um short e fui até . Ele estava vestido com uma blusa quadriculada, a calça e um tênis. E passando perfume. Eu quase ri da cara dele.
- O evento é só amanha, você sabe, não? - ele notou minha presença, suspirando em seguida. – Vamos, o almoço aqui em casa é como as nossas noites de sexta. – eu me aproximei dele, o empurrando levemente pelos ombros, para irritá-lo.
- Pizza e tequila? - ele perguntou retoricamente, rindo em seguida. Colocou um de seus braços em minha cintura, me puxando para seu corpo. – Ou você quis dizer sem roupas?
Abri a boca em surpresa e lhe dei um tapa na barriga.
- Abra dois botões da camisa e coloque um chinelo. – sai de seus braços, andando de volta até o corredor. - Ah, antes que eu me esqueça, vai pra puta que pariu, .
*
Suco de uva. Geleia de uva. Vinho. Uva passa. Gelatina de Uva. Uva e uva e uva. Meu estômago está embrulhado com a quantidade exorbitante de alimentos possíveis preparados com este simples fruto. Eu havia me esquecido de como eram as refeições da minha família. Para meu pai e meu tio, sendo eles chefe de produção e colheita da cidade, qualquer comida teria que envolver a uva.
Encarei e pedi desculpas com o olhar. Eu estou aqui reclamando, mas ele estava sofrendo mais que eu. Primeiro, foi a pergunta geral: “vocês estão namorando?”, repetidas vezes. Depois de muita insistência, quando eles descobriram que não, começaram a jogar minhas primas para cima dele, como pedaços de carne. Ah, nada melhor que voltar a família!
*
Cada pessoa que passava por mim falava comigo, exibindo um terno sorriso. Às vezes não tão verdadeiro. Ah, o pior eu ainda não contei. Todos da minha família e da minha cidade me chamam de Primavera. Segundo minha mãe, ela teria um ataque do coração se me chamassem de ou qualquer coisa que não fosse a estação do ano. Por isso eu contei ao , ele iria saber de uma hora ou outra. Mas, mesmo depois de escutar diversas vezes, ele ainda ria a cada vez.
Eu também me esquecera de como cidades pequenas são ruins nesse ponto. Todo mundo te conhece, então você não pode fazer nada de errado. E é tão ruim seguir as regras. Quer dizer, lá estava eu com no único barzinho da cidade, escutando uma banda underground bem bacana. Eu já havia mostrado ao meu amigo todos os pontos turísticos da cidade: a praça com o chafariz, a Igreja – era um dos lugares mais badalados, acredite -, e as uvas.
E, agora, tudo que eu queria era beber umas tequilas, puxá-lo para a mini pista de dança e beijá-lo. Só que, claro, eu deveria ficar agradecida pelas garrafas de cerveja e o sorriso sem dentes do dono do bar, um velho tarado. E os antigos colegas de escola me espremendo em abraços falsos de saudade e me chamando de Primavera. Ah, os amigos!
*
Nós entramos em casa na ponta dos pés. Demoramos séculos para subir a escada e apoiamo-nos na parede do corredor, como se o mundo estivesse girando ao nosso redor. Não estávamos bêbados, mas era hilário fingir uma invasão, exagerando na cautela.
Chegamos ao meu quarto e eu logo o puxei para dentro pelo tecido de sua camisa. Nós queríamos rir escandalosamente, mas o risco de acordar algum familiar meu e causar uma estranha abordagem nos esforçou a manter o silêncio.
enlaçou minha cintura, encostando perigosamente seus lábios em meu pescoço gelado. Eu soltei um pequeno suspiro de exaltação, sabendo bem o que iria acontecer ali nos próximos minutos. Joguei-o na minha cama, vendo seu corpo desabar sobre ela. Encostei a porta cuidadosamente e voltei-me para meu amigo, sorrindo.
Logo, a distância acabara. Eu deitara ao seu lado e ele prendeu-me entre suas pernas. Eu dei-lhe um pequeno beijo, sussurrei seu nome e rocei meus lábios por todo o seu rosto. Pude sentir o volume aumentando perto de meu sexo. Ri, lançando minha cabeça levemente para trás. aproveitou-se deste gesto para atacar meu pescoço. Eu segurei-lhe pelo pescoço e permiti-me somente aproveitar o momento.
- Primavera... – gemeu, sua boca junto a minha pele. Eu me arrepiei.
O encarei descrente. E pude ver em seus olhos que ele fizera aquilo de propósito, só para me provocar. Afastei suas mãos de mim em um instante e o empurrei com toda a força para o lado oposto ao meu que, consequentemente, era o chão. Eu queria que ele caísse. Dane-se o ruído estrondo que se produziria, eu queria escutar o baque surdo de seus ossos batendo no chão duro e frio.
Só que ele percebeu a minha intenção. E, no último segundo, antes de sua queda, me puxou junto.
*
Por sorte de , já que eu pouparia sua vida, seu corpo amorteceu minha queda. Eu o encarei, seu rosto a milímetros de distância do meu. Cada mínima parte de meu corpo tocando nas dele. Aproximei-me minha boca de seu rosto e mordi sua bochecha. Ele, em resposta, deslizou atrevidamente suas mãos por minhas costas até minha bunda.
Levei minha mão até seus cabelos e os puxei fortemente, vendo meu amigo gemer num misto de dor com tesão. Sorri. Se aquilo ia até o fim, que fosse do meu jeito. O agressivo.
*
Lembram quando eu disse que não se podia quebrar as regras por aqui? Bem, eu devia ter me lembrado desse pequeno detalhe ontem à noite. Porque, não sei se já comentei, mas eu não sou uma pessoa sortuda. Aliás, isso deve ter ficado meio claro só pelo meu nome de batismo!
Quando os ruídos invadiram meu ouvido, eu deveria ter pulado da cama e ficado alerta. Pois eu simplesmente o ignorei. Poucos segundos depois, era tarde demais. Metade da minha família estava em meu quarto, cada um com um alimento do café da manhã em mãos. Eu gelei na hora, rezando para que de alguma maneira eu obtivesse um controle parador do tempo.
Todavia, demorou instantes até que minha prima de somente cinco anos – é incrível como são sempre as crianças – reparou que eu não estava sozinha em minha cama. Claro que sua mente era pura, então ela não pressupôs o que um homem faz com uma mulher numa cama. E ela sorriu enquanto subia na cama, aproximando-se de mim e de .
- Julie, querida... – eu comecei, tentando pegá-la no colo e tirá-la de lá. Tarde demais.
- Está na hora de vocês levantarem, primos. – mania de cidade pequena. Praticamente todas as pessoas tem um parentesco entre si, então, para facilitar, chamam-se todos de tios – se são bem mais velhos -, ou primos, se a idade se aproxima.
Eu fico me perguntando às vezes se, não sei, eu represento toda a liga de vilões contra a Liga da Justiça, porque minha falta de sorte é incrível. Minha família em peso no meu quarto, checado. Segundos para escutar chatices sobre responsabilidade, checado. Vergonha alheia inundando meu rosto até este ficar vermelho, checado. Mas, claro, isso não é suficiente. O mico nunca é suficiente.
Julie, minha querida e pequena prima, com um largo sorriso no rosto, acabou com a minha vida num simples gesto. Ela tirou a colcha que cobria o meu corpo e o de . Ah, só pra ressaltar, nós estávamos nus.
*
- Mas que porra é essa?! – gritou meu pai.
Eu rapidamente tirei a colcha da mão de Julie e nos cobri novamente. Dessa vez, eu cobri todo o meu corpo, até a cabeça, morta de vergonha. Eu escutava os burburinhos, mas não queria encará-los. Meu quarto, o mesmo que eles estão agora, ainda tem cabides de princesa, recordam-se? Como eles vão entender que eu transei com um cara que não é meu namorado no mesmo lugar que, anos antes, eu brincava de boneca?
- Eles não vão. – sua voz fraca me assustou. Era somente , abaixo da colcha assim como eu, dando uma de vidente. Eu sorri levemente. Ele me conhecia tão bem que sabia o que eu estava pensando. – Mas você precisa tentar. Você não é mais uma criança e é sua função alertá-los a isso.
Eu assenti. , pra variar, estava certo. Ele sempre fora o cabeça da nossa amizade. Eu fazia as besteiras e ele conversava comigo como se eu fosse a filha rebelde dele. Ele era o centrado, o seguidor das regras, e eu a maluca. Ele era o cara que toda mãe quer ter como genro. Bem, com exceção da minha.
Retirei devagar a cabeça, observando meus pais. Eu tinha de enfrentá-los. Sorri-lhes forçadamente, e não recebi uma resposta.
- Por que eles estão pelados, mamãe? – Julie inquiriu, puxando sua mãe pela calça. A mesma pigarreou e pegou a criança no colo, arrastando-a dali sem dizer mais nada. Ótimo. Ela já havia feito estrago suficiente por um dia.
- Vocês não eram namorados... – minha mãe, encostada no armário segurando uma jarra de suco, exclamou. E embora não fosse uma pergunta, eu fiz questão de responder. Ah, antes, adivinhem o sabor do suco que minha mãe carregava! Isso mesmo, uva.
- Nós não somos namorados.
- Então por que merda vocês... Hum... – meu tio limpou a garganta, envergonhado. Eu o cortei:
- Por que fizemos sexo? Porque nós dois somos maiores de idade, saudáveis, e é realmente gostoso, vocês deviam experimentar... – ousada, eu sei. Se for pra me foder de qualquer maneira, que seja falando tudo que eu penso de uma vez.
- Você faz sexo com qualquer um? – Meu pai inquiriu, seu rosto vermelho de raiva.
- Qualquer um? Você estava vendo um cara qualquer por aqui? – eu olhei rapidamente para os lados, reforçando minha ideia – Você está vendo o meu melhor amigo. Um cara que eu convivo vinte horas por dia, que toma café comigo todas as manhãs, que me leva ao pronto socorro quando tenho minhas crises de rinite, que me ajuda em qualquer dificuldade, que lava a louça, coisa que eu odeio fazer! – riu ao meu lado pela pequena piada, a primeira reação dele depois de todo aquele tempo parado como uma estátua, vendo a discussão rolar – Eu sei que ele nunca me machucaria, nunca me obrigaria a fazer algo que me desagrade; eu sei que ele não tem nenhuma doença; eu sei que ele me ama.
Eu olhei para , ignorando um pouco a minha família. Apesar de ele saber de tudo aquilo, eu nunca havia realmente falado aquelas coisas pra ele. Ele sorriu todo bobo, não se contendo, e apertou minha mão por baixo da colcha.
- Que diabos! - ele sussurrou, baixinho, enquanto minha família ainda processava minhas palavras - Você está totalmente certa, eu te amo. Mas agora eu estou tremendo de medo.
*
Minhas palavras pesaram como uma manada de elefante sobre a produção de uva. Eles não tinham o que falar, não tinham como se defender. Claro que eles não gostaram, nem aceitaram o fato, mas eles ao menos entenderam, contrariados, que faz parte. E que não tem nada de errado ali.
Ainda assim, eles continuavam ali, sem reação. E eu só queria que tudo aquilo acabasse. Olhei para o relógio preso a parede e contentei-me com as dez horas que chegavam. Era desculpa suficiente.
- E o evento hoje, gente? Vocês não vão se vestir? – inquiri, já que as comemorações na cidade começavam cedo, no horário do almoço.
Então, eles foram saindo e, finalmente, o último bateu a porta, deixando-nos sozinhos novamente. Eu virei para e ri dele. Sua cara estava praticamente verde e ele demorava o triplo do tempo para engolir a saliva.
- Mijou nas calças, sete meses? – perguntei, empurrando de leve seus ombros. Ele fez uma careta.
- Porra, , pensei que seu pai ia acabar comigo! Você está me devendo uma das boas. – eu dei de ombros, desvencilhando-me da colcha e correndo até meu armário para me pegar qualquer roupa – Pode ser aquela fantasia de mulher-maravilha... É, é, eu vou adorar tirá-la!
Eu lhe exibi meu lindo dedo do meio.
*
Vai parecer exagero da minha parte, mas, se serve de algo, eu juro que falo sério. Muito sério. Havia pessoas vestidas de uvas gigantes por todo o evento. Sorridentes por representar a cidade, não percebendo o quão ridículas estavam. E eu envergonhada por usar um vestido florido, como Verana me obrigara.
Eu cumprimentei todos, forçando sorrisos quando escutava meu antigo nome ser pronunciado e, finalmente, sentei-me na grande mesa do almoço. Tudo na minha cidade começa com comida, muita comida e termina com fofocas no dia seguinte. Encontrei , sentado ao meu lado, que tinha em mãos uma garrafa de vinho e a bebia no próprio gargalo.
- Estou pensando seriamente em me mudar pra cá, . – ele comentou entre goles – Será que sua família me abrigaria?
- Claro, ! – respondi, irônica - “Vamos dar comida e moradia para o cara que transa com o meu bebê!” – tentei, inutilmente, imitar a voz do meu pai.
- Uau, soou pedófilo, garota. – ele riu e, em seguida, estendeu-me a garrafa de vinho – Beba, vai. Você não vai aguentar isso aqui sóbria.
*
- E, oficialmente, declaro aberta a temporada de uvas! – o prefeito falou no microfone, erguendo a taça de vinho. A maioria repetiu o gesto.
Eu me segurava para não rir. Aquela cena parecia de filme. É como se tivessem descoberto a cura do câncer, mas, não, é só uma comemoração por algo que, irrefutavelmente, acontece todo o ano. E eles a celebram como a vida!
Eu, felizmente, já havia improvisado algumas palavras sobre como cresci em meio as uvas e como esse fruto é importante para a economia da cidade. Agora, serviam-se os doces de uva junto a mais vinho. Eu não sei como as pessoas não estavam enjoadas daquilo tudo.
Caminhei até e logo Lisa, uma antiga colega de escola de quem nunca gostei, nos interrompeu:
- Ótimas palavras, Primavera! – sorri forçadamente para a mulher. Sempre falsa! Se eu fosse boa com as palavras, eu estaria fazendo direito, não agronomia. Eu ficara nervosa, gaguejara muitas vezes e não falara nada demais. E ela me chamou de Primavera! Não... Eu continuo a odiando!
- Obrigada, querida. – respondi, repleta de falsidade. Por canto de olho vi se segurando para não rir. Ele sabia que eu odiava a palavra querida e só a usava quando, bom, a pessoa era tudo, menos querida.
- E então, esse é marido? - ela inquiriu, mas não me deixou exclamar uma palavra quanto aquilo: - Oh, não, sem aliança. Mas vão ficar noivos ainda esse ano, não?
Mania de cidade pequena. Se você tem mais de vinte, necessariamente você tem que estar casada. Ou, no mínimo, noiva. É, noiva é aceitável. Namorando eles fazem uma careta, entretanto, forçam um sorriso. Solteira? Eles não tentam nem esconder a feição de pena.
- Somos só amigos. – eu murmurei, vendo-a ficar espantada.
- Você vai encontrar o cara certo, amiga – ela se aproximou de mim, acariciando meu braço como consolo. – Você vai ser feliz, só precisa de um pouco de paciência.
- Eu não estou procurando-o, nem preocupada quanto a isso. – eu dei de ombros – Ah, e estou feliz. Muito. Não preciso de homem algum para isso.
- Ah, tudo bem você se abrir. Não tem problema, não precisa se fingir de forte. – ela sussurrou, sorrindo com compaixão. – Você vai conseguir. – ela se virou para – E já que você é solteiro, venha conhecer a minha irmã... – e o puxou pelo braço.
Eu continuei estatelada no lugar, sem reação, observando-os se afastar. Lisa está tentando arrumar um pretende para a irmã, é isso mesmo? A irmã de Lisa só tem 15 anos!
*
- Não sabia que você curtia novinhas, ! – brinquei, dando-lhe um pequeno empurrão com meu ombro. Ele riu.
- Muito obrigada por não me resgatar. Que amiga você, hein! Eu sofri para sair dali.
- Eu pensei que você estivesse gostando... – comentei, dando de ombros.
- Eu prefiro quando a garota já pode beber, sabe, para eu poder embriagá-la antes de levá-la para a cama. – ele fingiu-se de sério, mas sorriu ao final – E, bem, peitos são legais! – ele acrescentou.
Eu escancarei a boca, dando-lhe um tapa no braço e caindo na risada. A irmã de Lisa por ser nova ainda não tinha todo o corpo formado e, consequentemente, seus seios ainda eram bem pequenos. Mas isso lá é comentário que se faça para uma mulher?
- E eu tenho a minha favorita – ele sorriu e apertou minha cintura. – Eu prefiro você, . Eu sempre vou preferir você. – eliminou a distância de nossos rostos e tentou me beijar, mas por sorte eu virei meu rosto para o lado.
- Eu acho que você devia parar de beber vinho, . – afirmei, vendo-o saidinho demais. Afastei-me levemente, tirando suas mãos de meu corpo.
- E eu acho que você deveria me beijar. – ele se aproximou novamente e eu dei um passo para trás. Ele mordeu o lábio inferior. – Por favor. – ele estendeu o braço, pegando minha mão de forma carinhosa.
- Não aqui, não agora. – neguei, respirando fundo. – Eu acho que vou te levar para casa, .
- Você acha muitas coisas, . – ele entrelaçou nossos dedos. – Por que você não pode somente fazer o que quer? Só por que está aqui na sua cidade, perto de seus pais? Você gosta de algum cara daqui?
- Não, . Só que aqui as coisas não podem ser espontâneas. Aqui qualquer erro é grande demais, você viu o que nos aconteceu mais cedo. – argumentei, suspirando profundamente. Ele encolheu sua mão, afastando-a da minha.
- Quer dizer que nós, eu, sou um erro?
- Não, não é nada disso! – bufei. Porque ele estava tendo são dramático? Nossa relação era tão simples. Beijar quando estava afim, e só. E ali simplesmente não era o lugar. Não com todos que eu convivi durante toda a minha vida presentes.
- Então é o que? Você tem vergonha de mim, do que nós temos?
- Não! – gritei, com raiva. Que droga! – Por que porra você está me cobrando isso? Merda! – ele assentiu brevemente e virou as costas para mim. – Aonde você vai?
Ele virou a cabeça para trás e me encarou. Foram poucos segundos, todavia, parecera uma eternidade. Então ele suspirou brevemente e sacudiu a garrafa de vinho em suas mãos.
- Só... Pegar uma garrafa.
*
Ele fora pegar uma garrafa de vinho. A questão é em que país ele foi buscar. Não, produzi-la. Tanta uva no evento, na cidade, vinho por todo o lugar e mesmo assim sumira há mais de 40 minutos.
Talvez, dei de ombros, talvez ele tenha encontrado alguma garota nessa cidade ainda solteira que se interessou por ele. Não era muito difícil se interessar por ele. Não com aquele olhar brilhante e o sorriso bobo. O cabelo arrumado e o corpo bem esculturado. E, Deus, ele beijava bem! Mas, não importa. Torçamos que a garota seja maior de idade!
- Alô, alô, testando – escutei uma voz familiar no microfone e instantaneamente olhei para o palco. Fechei os olhos, respirando profundamente. .
- Tirem ele daí, ele está bêbado! – gritei, já correndo até lá.
As pessoas, diante do meu grito, ao invés de me ajudarem, somente se aprumaram mais perto de , curiosos para saber o que um bêbado diria. Claro! Como pude esquecer que aquelas pessoas eram as mais fofoqueiras da face da terra? E bêbados são um prato cheio de fofocas, fogosos por contarem todos os segredos sem hesitação alguma.
- Shiu, todo mundo. – ele pediu, colocando o dedo indicador na boca para pedir silêncio. Meu Deus, que vergonha alheia do meu amigo!
Eu finalmente cheguei as escadas para ter acesso ao palco e tirar dali, mas então as pessoas simplesmente fecharam a passagem, me impedindo de fazer o que eu queria!
- Quero dizer... Dizer – sua voz saia enrolada – umas coisas. Coi-sas importantes. – ele falou alguns dialetos desconhecidos por sóbrios. – MEL! MEL! Não, Primavera! É, Primavera. Onde está a Primavera gente? - e todos apontaram para mim. – Ah, você está aí. Minha Primavera. Eu... – ele riu – eu – alongou a palavra. – Você quer casar comigo, minha Primavera?
Eu escondi o rosto entre minhas mãos, sentindo-o esquentar. E quem era o Salvador da minha vida tornou-se o destruidor dela.
*
As pessoas começaram a gritar meu nome, me incentivando a ir até lá. Outras me empurravam para subir as escadas. No fim, eu fui carregada e posta ao lado de , que sorriu como um idiota.
- Você está bêbado, . – eu sussurrei-lhe baixinho.
- Eu estou bêbado, galera! – ele falou ao microfone, arrancando risadas de todos ali. – Vocês querem a resposta, certo? - e todos começaram a me pressionar.
- Resposta! Resposta! Resposta!
- , esquece isso, por favor – toquei-lhe o ombro, tentando arrastá-lo. Ele não deixou.
- A resposta, Primavera.
- Pare de me chamar assim! – reclamei, irritada. Não bastava a situação toda ainda teria que ser chamada pelo meu antigo nome? - É claro que não. Não aceito!
E pulei do palco, correndo e empurrando as pessoas para abrir caminho. E só parei quando me tranquei em meu quarto.
*
Acabei adormecendo. Quando acordei, meus olhos estavam inchados por ter chorado. Todos os meus parentes e já tinham batido na porta, mas eu somente os ignorei. Eu precisava de um tempo só meu, para digerir tudo que acontecera.
Por que raios decidiu beber tanto? O vinho era realmente delicioso, mas e daí? Eu o levei lá para me ajudar porque, afinal, aquilo tudo era difícil para mim. Voltar a cidade que eu fugi assim que pude. Escutar repetidas vezes o nome que tanto odeio. Ver pessoas que falaram mal de mim, me zoaram por toda a vida.
E ele simplesmente faz aquela cena! O quanto às pessoas estariam comentando agora? Estariam me chamando de ridícula? Suspirei. Eu odeio cidades pequenas. Eu odeio muitas daquelas pessoas. E, no momento, odeio mais que tudo.
- , , por favor, me deixa entrar – ele pediu, batendo novamente a porta. Sorri como uma idiota, lembrando que ele era vidente. Eu estava falando dele! – Que diabos, ! – ainda sim, eu não abriria a porta. Não estava pronta para encará-lo.
- Volte depois, . Eu... Não consigo. Não agora.
- Eu estou me matando em culpa, . Você...- sua voz falhou – você quer que eu vá embora? Eu posso passar uns dias na casa do Luís...
- Não! – gritei apressada – Não, por favor, não me deixe aqui. Eu ainda... Ainda preciso de você aqui.
- Você quer me usar? - ele perguntou assanhado, me fazendo rir – Eu deixo.
- Eu quero te bater, . – eu respondi-lhe – Então, para sua segurança, fique longe.
- Me desculpe. – ele suspirou – Me desculpe mesmo por ontem. Eu bebi demais e eu devia ter ido embora quando você sugeriu. Mas eu fiquei chateado com as coisas que você me disse e... Eu fiz besteira. Desculpe-me.
Eu escutei em silêncio. O silêncio preencheu alguns minutos. Eu encarei meu quarto infantil e me lembrei da manhã passada, quando ele me aconselhou com meus pais. Quem agora ia me aconselhar sobre a discussão com ele senão ele?
- , preciso que você me aconselhe sobre o que eu devo fazer. Perdoar ou não esse meu amigo cruel. – pedi e, embora parecesse brincadeira, eu falava sério.
- Bom – ele riu brevemente – ele fez besteira, isso é fato. Mas ele é tão legal, charmoso, inteligente e bom para você. Você precisa dele, você mesmo disse. E eu acho... Acho que ele te ama.
Eu sorri. Pulei da minha cama e abri a porta, jogando-me nos braços de . Ele me pegou pela cintura e aconchegou seu queixo em meu ombro, beijando minha bochecha. O apertei contra mim, sentindo seu cheiro. Era incrível o quanto estava com saudades dele. Mas a verdade é que vivendo tanto tempo com ele, dividindo o apartamento, cada minuto contou como hora.
Encarei seu rosto. Suas sobrancelhas bem desenhadas, seus olhos brilhantes, seu sorriso triunfante, seu nariz torto. Segurei seu pescoço e puxei sua boca para a minha. Ele reagiu apertando minha cintura e sua língua brincou com a minha.
*
- Acho que o mais me chateou ontem nem foi o pedido, mas você me chamar de Primavera. – revelei, encarando o teto. Nós estávamos deitados na cama, hoje, com roupa.
- Eu não entendo porque não gosta. É um lindo nome. E você nascendo aqui, fica ainda mais lindo, porque tem um significado real. – eu o olhei, sem entender. – A primavera nessa cidade significa esperança, felicidade. É o fim da tristeza, do frio, é o tempo das uvas, do dinheiro, da prosperidade, da alegria. E acho que sua mãe quis te dar esse nome porque ele simplifica tudo que você é pra ela.
- Sete meses! – o chamei pelo apelido – Eu nunca tinha pensado por esse lado! – eu pulei da cama, o assustando pela minha animação repentina – Eu preciso falar com a minha mãe. – andei até a porta e virei-me para antes dele sair da minha vista. - Como você percebeu isso? - perguntei-lhe.
- Foi fácil. É o que você significa pra mim também.
Eu o encarei, mordendo meu lábio. E sorri-lhe. Um sorriso enorme que esbanjava felicidade.
*
- Filha, eu sempre gostei das estações do ano. E a minha preferida sempre foi a primavera. Ela é a mais bonita, a mais acolhedora, a que faz todos mais felizes. Não é chegada a exageros, como o verão, com seu calor intenso, nem o inverno, com seu frio. Ela é a própria vida. Ela é a esperança. – minha mãe me explicava, segurando minha mão e derrabando lágrimas. – E eu tentei te explicar isso por anos. Anos. Mas você não entendia.
- Eles me chateavam, mãe. Meus colegas. Eles faziam piadas com meu nome e eu não gostava. Nunca gostei. Acabei, por consequência, odiando meu nome. Mas... Eu nunca tentara entendê-lo. Até me dizer. E o significado de Primavera... É lindo. E eu fico feliz por ter esse nome, apesar de tudo.
Ela sorriu em meio ao choro e me abraçou.
- Eu acho... Acho que você devia aceitar o pedido de casamento do , ! – ela exclamou. Eu ri, mas não deixei de reparar como ela havia me chamado.
- Pode me chamar de Primavera, mãe.
*
- Fiquei curiosa com uma coisa, . – falei. Eu estava de volta ao quarto, depois de conversar com a minha mãe, deitada nas pernas dele, pensativa. – Dizem que bêbados não mentem. Eles são corajosos, falam o que sóbrios não conseguem falar.
- Aonde você quer chegar com isso?
- Você sempre quis se casar comigo, só não tinha coragem de pedir! – eu exclamei animada, o fazendo rir.
- Você já pensou no que temos, ? - eu o olhei, disposta a esperar pela resposta – Nós somos amigos. Melhores amigos. Nós nos zoamos, nós falamos mal dos outros, nós vamos a todo lugar junto, nós dividimos nossos segredos e nós nos amamos por tudo isso; E quando estamos afim, nós nos beijamos e transamos e é bom. Muito bom. Realmente bom – eu ri, repleta de vergonha – Se não, não faríamos sempre. Nós somos companheiros de apartamento, nós dividimos as contas, preparamos a comida um para o outro, arrumamos a casa juntos e lavamos roupa; Na teoria, não somos casados; Na prática, nós somos.
Arregalei os olhos, engolindo tudo que ele havia dito. Ele estava certo. Querendo ou não, aquilo parecia um casamento. E era divertido. Eu sorri.
- Pare de me enrolar, marido! – eu brinquei, dando-lhe um tapa na barriga – Eu quero um vestido de noiva e uma lua de mel para...
- Tóquio, eu sei. – ele aprumou sua mão em meu rosto, puxando para mais perto. Sua voz soava rouca e baixa, extremamente sensual – Eu já prometi que vou te levar lá. E eu vou. – deu-me um selinho – E você tem que me prometer uma coisa... – deu-me outro beijo.
- Qualquer coisa. – qualquer coisa quando você está falando desse jeito, benzinho.
- Nós temos que voltar aqui toda a primavera!
*
Primavera. Para alguns, é somente uma das quatro estações do ano. Para uma cidadezinha no Rio Grande do Sul, é a colheita. Para mim, é um nome. Um nome que, antes, eu odiava e que, agora, eu suporto.
Continuo tendo dois nomes: um para todo o mundo, e um para uma cidade pequena, onde eu nasci e fui criada, Primavera. E, depois de tudo que aconteceu, não escondo mais isso. Fico feliz, na verdade. Em saber que eu significo alegria, esperança, beleza, ou o que mais você quiser. Acho que todos têm um pouco de primavera dentro de si, mas somente eu posso gritar que sou realmente uma!
E eu percebi que ele é até bonito de ser falado. Soa angelical, pelo menos na voz de . E eu sei que ele gosta de me chamar assim de vez em quando. Primavera tornou-se um elogio que eu recebo dele, repleto de profundos e lindos significados.
Talvez eu coloque o nome da nossa filha de primavera.
Não, não, brincadeira.


Spring, summer, winter and fall
Aphrodite's Child


Spring, summer, winter and fall
keep the world in time
spinning around like a ball
Never to unwind

Spring, summer, winter and fall
are in everything
I know in love we had them all
now our love is gone

This last thing
is passing now
like summer to spring
it takes me
and wakes me now
like seasons i'll change
and then re-arrange some how

Spring, summer, winter and fall
keep the world in time
spinning around like a ball
Never to unwind [interlude]

this last thing
is passing now
like summer to spring
it takes me
and wakes me now
like seasons i'll change
and then re-arrange some how

Spring, summer, winter and fall
keep the world in time
spinning around like a ball
Never, never to unwind

Spring, summer, winter and fall
are in everything
I know in love we had them all
now our love is gone



Nota da autora: Ei! Espero que vocês tenham gostado!
Eu preciso agradecer a algumas – muitas – pessoas por aqui. Eu fui maluca de, do nada, querer escrever uma fic pro especial, uma semana antes do prazo para entregar. Eu não tinha ideia alguma, eu só queria participar. Aos poucos, elas (as ideias) foram surgindo. E, no fim, eu gostei. Mas talvez nada disso teria saído se não fossem algumas pessoas para ler e me apoiar enquanto eu ia escrevendo. Por isso, um agradecimento especial a elas: a Bih, a Vic, a Luciana (linda que escreveu pra mim a melhor fic que eu já li <3), a Breenda e a Fê, minha magrela querida <3 Ah, e também a That, que aceitou betar isso aqui! Obrigada, garotas!
Ok. Se vocês quiserem ler alguma outra fic minha, entrem no meu grupo: https://www.facebook.com/groups/392061090888737/
Tenho Factory Girl, Quebrando Meus Princípios, Immortal, Two Sides of The Law, Uma Linda Mulher e muitas outras...
Dito isso, só resta-me desejar a vocês uma Ótima Primavera!
XX
Bruh Fernandes


Qualquer erro nessa atualização é meu, só meu. Reclamações por e-mail ou pelo twitter.

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