História por Rylan R. Morgan
Revisão por Giovana


Já se passavam das dez da noite, estava sozinha em casa. Mamãe havia ido passar a noite com Ethan, meu irmão mais novo que tinha câncer, no hospital. Eu gostava disso, de estar só. Me sentia livre, solta.
Estava particularmente quente para aquele verão de 1988, eu vestia apenas uma camiseta branca folgada e uma calcinha de renda preta. Fui até a cozinha e peguei uma das garrafas de tequila da minha mãe. Ela não sabia que eu bebia, me mataria se soubesse, mas em um ano eu faria dezoito e estaria livre para assumir o vício.
A bebida descia quente pela minha garganta ascendendo ainda mais o calor dentro de mim. O suor fazia os fios escuros do meu cabelo que escapavam do coque grudarem na minha nuca.
Pela TV desligada, eu via a minha imagem refletida. Minha pele clara contrastava bem com meu cabelo castanho escuro. Meus olhos eram um pouco grandes, mas combinavam bem com o formato do meu rosto. Eu cruzava as pernas, procurando a posição mais sexy e minhas bochechas começavam a ficar coradas pela bebida quando minha mãe bateu na porta, chamando meu nome.
- Maya! Maya, querida, está acordada?
Com um salto, me levantei do sofá e escondi a garrafa em um canto. Abri a porta e minha mãe entrou. Devíamos nos parecer com o nosso falecido pai, eu e meu irmão, pois minha mãe era completamente diferente de nós. Seus cabelos eram loiros claros, os olhos azuis e apenas a pele clara como a nossa. Ela era alta e tinha o rosto e membros esguios. Como uma daquelas bonecas de modelos.
- Achei que ficaria no hospital a noite toda. - disse tentando disfarçar o cheiro da tequila ao máximo.
- Eu sei.
- Então o que está fazendo aqui? - perguntei incrédula.
- Estou cansada essa noite, minhas costas não aguentariam aquele sofá duro do hospital. - Ela parou de falar enquanto colocava a bolsa e as chaves em cima da mesa.
- E como ele está? - Perguntei com uma dor aguda surgindo no peito. Era sempre assim quando pensava no Ethan. Doía.
- Na mesma - Ela respondeu com a tristeza de uma mãe que estar prestes a perder um filho - Os médicos dizem que ele está resistindo bem as sessões de quimioterapia mas que o tumor não está regredindo. E… eu disse que você passaria a noite com ele hoje. Ele sente sua falta.

Me troquei rapidamente e minha mãe me levou para o hospital. Eu já sabia onde era o quarto de Ethan e quando entrei, o encontrei dormindo.
Apesar de a doença o ter emagrecido e roubado sua cor, ele ainda era igual a mim. A mesma cor de pele, cabelos e olhos, o mesmo jeito de falar e pensar. Era a minha cópia masculina.
Afastei-lhe os ralos cabelos - que caíam por causa do tratamento químico, mas mesmo assim ele recusava-se a cortar - da testa, que estava um pouco febril e lhe dei um beijo naquele rostinho que eu conhecia como se fosse meu.
O ar do quarto estava pesado, trazendo a minha mente pensamentos ruins. Saí para respirar um pouco e fui até a cafeteria tomar um pouco de água.
Segurava o copo com as duas mãos quando esbarrei em um garoto, derramando o conteúdo na sua camisa azul.
- Oh! Meus Deus, me desculpe, eu não…- tentei me desculpar, começando a ficar vermelha.
- Tudo bem, você não teve culpa. - Ele disse com um sorrizinho no rosto. Aliás, que rosto. Ele era apenas uns três centímetros mais alto que eu então pude olhar diretamente para os seus belos olhos esverdeados. Suas sobrancelhas finas e claras deixavam seus olhos mais infantis, seu rosto quadrado e cabelos castanhos loiros lhe davam uma aparência angelical que se firmava com seu sorriso doce. Ele franziu as sobrancelhas.
- Você está me encarando.
Balancei a cabeça, tentando organizar minhas ideias. Não consegui encontrar minha língua e continuei apenas olhando para ele.
- Você está bem? - Ele perguntou um pouco preocupado. Devia achar que eu era louca. Afirmei com a cabeça.
- Tem um nome? - perguntou novamente, o sorriso voltando ao rosto.
- Ma-Maya. - gaguejei.
- Maya… - Ele repetiu pensativo. - Por que não senta aqui e toma um café comigo? Você parece meio… perturbada.
- Não estou perturbada! - disse um pouco irritada, mas o que eu realmente queria dizer era “estou perturbada por não tocar seu peito largo.”
- Ok, desculpe. Vai aceitar o meu convite?
Ele parecia estar se divertindo com a minha expressão.
- Não, eu não quero tomar um café com você. Nem sequer o conheço.
- Bem, é para isso que serve o café, para nos conhecermos. - Ele me olhava de um jeito tão sedutor. Gostaria de saber se ele sabia disso. Provavelmente sim. - a propósito, meu nome é James. Vamos, sente comigo.
James fez um gesto apontando para a mesa mais próxima e eu fui até ela, ele logo atrás.

Fiz bem em aceitar o convite. Ele era engraçado, inteligente, tinha uma postura metade angelical, metade sedutora. E ele não tinha consciência da segunda parte.
Descobri algumas coisas sobre ele também. Morava na cidade a pouco tempo, com o pai a mãe e uma irmã de colo. Estava no hospital esta noite porque o pai estava em observação depois de ter tido uma crise hipertensa.
Contei a ele sobre meu irmão e James me disse coisas tão bonitas e boas que foi como se um grande peso tivesse sido retirado dos meus ombros.
Toda sua família, inclusive ele, faziam parte de uma religião chamada de “testemunhas de jeová” e o que me chamou a atenção e abalou um pouco minhas esperanças foi saber que até beijos só podiam acontecer depois da maturidade.
Quando ele disse que tinha que ir, lhe dei meu telefone. Ele agradeceu e falou que ligaria em breve para sua nova “amiga”. Não sei se ele percebeu que a palavra fez meu sorriso se desfazer.
Voltei para o quarto. Ethan continuavam dormindo. Deitei-me no duro sofá marrom do qual minha mãe tanto reclamava e dormi rapidamente. Naquela noite sonhei com belos olhos verdes e luminosos me observando no escuro.

Quanto mais o verão se passava, mais eu me apaixonava. James cumpriu sua promessa e me telefonou na tarde do dia seguinte e fui eu que o levei para conhecer a cidade. Lhe mostrei os parques, construções antigas... fui uma espécie de guia. Nossos encontros ocorriam de duas a três vezes por semana mas chegou um ponto em que eu precisava vê-lo todos os dias. Passávamos a tarde conversando e vendo TV juntos ou íamos a alguma lanchonete pela redondeza. Parei de beber e ele se tornou meu novo vício. Era tão fácil amá-lo. Não poder beijá-lo, assanhar seus cabelos ou recostar a cabeça em seu peito se tornara uma dor física e eu, não queria mais viver com essa dor.
Estávamos vendo um programa bobo na TV, minha mãe havia saído e nos deixado sozinhos, era estranho como ela fazia isso com tranquilidade, talvez visse que nós não passávamos de amigos. Foi quando resolvi confrontá-lo. James sentava no mesmo sofá que eu, na extremidade mais distante de mim. Como sempre, ele nunca me tocava.
Sentei-me ao lado dele. Jam me olhou um pouco curioso e então comecei.
- Jam…
- Sim?
- Eu…
- Você…
- Oh, cale a boca e me deixe me concentrar! - minha língua parecia travar quando eu pensava nas palavras.
- O que está te incomodando? - Ele perguntou me olhando nos olhos. Minha garganta começava a apertar.
- Você. - Soltei sem pensar. Ele franziu as sobrancelhas, como se não entendesse.
- Quer que eu vá embora? - Ele perguntou confuso.
- Não! - eu disse um pouco alto de mais. É agora ou nunca, pensei.
- James, eu… estou incomodada porque… desde que te conheci não consigo... dizerqueamovocê. - as últimas palavras não passaram de um sussurro e saíram da minha boca atropelando umas as outras.
- O quê?
- Eu disse que amo você, seu bobo! Será que não percebe? Não vê como olho pra você? Como eu te desejo? - Finalmente consegui dizer, um pouco exaltada. Eu estava de joelhos agora e ele tinha que inclinar a cabeça para cima para me olhar. Vi seu rosto se iluminar e em seguida escurecer, a luz fugindo dos seus olhos.
- Eu vejo isso. - Ele disse abaixando a cabeça - E sinto a mesma coisa, mas sabe que eu não posso, não agora e não seria justo fazê-la esperar.
As palavras dele me encheram de raiva e desejo, eu sabia que na cultura de James, ele devia esperar até os 18 anos para ter qualquer contato com uma garota, mas mesmo assim…
- Por que não? Por que resistir a isso? A algo tão bom - Ele me interrompeu.
- Eu não posso! Sabe que não! O que acha que minha família pensaria de mim se eu contrariasse tudo o que me ensinaram? - Ele estava irritado agora, de um jeito que eu nunca o havia visto.
Mas eu ainda não havia desistido. Eu desejava tanto, desde o dia em que o conheci, desde o dia em que trocamos telefone… Eu devia respeitar seus princípios, devia mas não respeitei.
- Desculpe, senhor castidade, por ser a garota má que tenta roubar sua virtude, mas eu não posso mais viver sem fazer isso.
Ele nem ao menos teve a chance de se mexer antes que a minha boca se encaixasse na dele, provocando calafrios por todas as minhas terminações nervosas. Ao contrário do que eu esperava, James não recuou, apenas ficou imóvel. Meus lábios beijando os seus. Seu gosto era doce, como o mel da primavera. Sem me afastar, o beijei de novo e de novo. Assim, tão próximos, eu podia sentir o cheiro de sua colônia, de amaciante de roupas e o cheiro do próprio James. Finalmente desgrudei dele para ver seu rosto. Ele estava espantado.
- Você me beijou. - Ele disse soltando o ar.
- Beijei e estou esperando que faça o mesmo.
Pude ver a resistência ruir em seus olhos, sua alma cedendo ao meu encanto. Suas mãos seguraram meu rosto e seus lábios se pressionaram aos meus. Meu coração acelerou e joguei meus braços ao redor do seu pescoço.
Seus lábios tinham uma certa urgência, sua língua percorria meu lábio inferior quando a mordi devagar. James soltou o meu rosto, colocando a mão na minha cintura.
O seu toque emanava um calor gostoso, que penetrava minhas roupas e fazia minha pele pinicar. Só nos afastamos quando necessitamos de ar novamente.

Mamãe acabara de sair quando James finalmente apareceu, uma semana depois de nos beijarmos e ele ir embora em seguida sem dizer uma palavra, ou ligar ou voltar no dia seguinte para me ver.
- Achei que não daria mais as caras. - Disse enquanto ele entrava.
- Tinha que pensar por um tempo.
- E pensou? - Estávamos de pé no centro da sala. Nenhum ousava desviar os olhos um do outro.
- Sim. - ele estava completamente tenso, os lábios em uma linha fina, o olhar pesado.
- Foi só um beijo, James.
- Só um beijo, que foi contra tudo que eu sou, você poderia ter esperado em vez de me atacar.
- Foi pra isso que veio? Para me repreender?
- Não, vim pra te dizer que não podemos mais nos ver. - As mãos dele estavam fechadas em punhos. A tensão em seu corpo só aumentava. Como ele podia se sentir tão culpado? Não há nada de mal em um beijo.
- Sério? Por quê? - perguntei tentando fazer minha voz soar o mais calma possível.
- Porque me beijou, porque somos muito diferentes, foi um erro tentar me aproximar, não temos futuro juntos.
Caminhei em direção a ele, parando a apenas alguns centímetros.
- Eu beijei você, você me beijou também e agora é isso que vai fazer? Me condenar pelos meus pecados? Ou vai me beijar e me tomar em seus braços por te amar mais do que tudo nesse mundo?
Nunca havia visto aquela expressão em seu rosto. Uma mistura de desejo, ódio, raiva, amor. Nem no dia em que o beijei. Então ele cedeu, ignorou tudo e sorrindo para mim, trouxe sua boca a minha e nosso lábios preencheram uns aos outros, seu sabor doce inebriava minha mente. Nem me lembro de como chegamos ao quarto. Agarrei suas mãos suaves e as coloquei sobre meu jeans apertado. Ele não hesitou em abrir os botões com os dedos um pouco trêmulos e começar a abaixar minha calça.
Estávamos praticamente no meio do quarto. Me surpreendi quando ele me empurrou e me pressionou contra a parede fria. Acabei de tirar minha calça que já estava nos joelhos e olhei em seus olhos verdes. Estavam irreconhecíveis, toda a pureza e inocência desaparecera e dera lugar ao desejo e luxúria.
Sua boca percorreu meu pescoço subindo até a orelha e descendo novamente. Seu corpo me prendia e me pressionava forte na parede, podia sentir cada parte do seu corpo contra mim. Agarrei a barra de sua camisa e a levantei, ele ergueu os braços e me ajudou a tirá-la, jogando-a num canto escuro do quarto. A camisa deve ter derrubado alguma garrafa que estava escondida por ali, mas o som de vidro quebrando chegou aos meus ouvidos de uma maneira distante. Todo mundo estava distante, só existia James e eu agora.
O corpo dele era perfeito. Não era muito musculoso, tinha a barriga plana mas sem gomos. Os ombros e costas largos eram revestidos com uma pequena camada de músculos. Ao redor de seus mamilos escuros haviam curtos e claros pelos loiros, que também estavam em um linha que ligava o umbigo até sua calça.
- Eu sei, não sou…- ele começou a dizer mais eu o interrompi.
- Lindo é o que você é. - Lhe disse sorrindo - não percebeu ainda, James, estou louca por você. - Completei passando a mão pelo seu peito, barriga e parando na fivela de seu cinto. - Sou sua. - sussurrei ao seu ouvido.
Abri o cinto e desci sua calça, ele a tirou e empurrou com o pé, ficando apenas com a cueca preta que pressionava contra meu corpo. Podia sentir seu volume aumentar cada vez mais.
Estava entorpecida. Cada terminação nervosa de meu corpo sentia seus toques que eram ao mesmo tempo suaves e rigorosos. O calor do corpo de James me preenchia e minhas unhas arranhavam suas costas enquanto sua boca percorria a linha da minha mandíbula.
De repente ele parecia disposto a me despir. As mãos arrancaram minha camiseta e logo se dirigiram ao fecho do meu sutiã. Ele baixou as alças e deixou que o sutiã caísse com um ruído fofo no chão. Meus seios estavam expostos agora, enrijecidos pelo tesão.
James os acariciou, apertando levemente os mamilos e sorrindo para mim. Seu sorriso agora estava cheio de malícia e me enlouquecia. As mãos dele deslizaram pela lateral do meu corpo e pararam na minha calcinha. Onde ele me tocava, o calor parecia aumentar. Meus quadris estavam mais soltos e eu me sentia em chamas.
James introduziu um dedo nas laterais da minha calcinha e a tirou vagarosamente. Deixando-a nos meus pés. A empurrei como ele fez com a calça. Ficando totalmente nua.
Ele voltou para os meus lábios, os beijando suavemente, depois descendo até a minha garganta. E da garganta aos seios, dos seios ao umbigo, do umbigo à…
- Oh, sim! - Um gemido escapou pelos meus lábios, meus dedos percorriam seus cabelos freneticamente. Sua boca, subiu pelo meu corpo e James já estava me beijando de novo, me deixando a ponto de explodir.
Segurei sua cueca com força e comecei a abaixá-la, liberando sua ereção. Ele sorriu contra meus lábios, respirando rapidamente. Enquanto James terminava de tirar a cueca, me apoiei em seu pescoço e cruzei as pernas em sua cintura, sentindo seu membro me cutucar. Ele me pressionou ainda mais na parede, me apoiando. Com uma mão, ele posicionou o membro na minha vagina e começou a forçá-lo a entrar.
Senti uma dor aguda de algo me rasgando, mas fui recompensada pela expressão de Jam, que parecia derreter-se de prazer.
James olhou para mim, com os olhos calorosos. Ele estava totalmente dentro de mim. Nossas respirações e pulsações sanguíneas tinham o mesmo ritmo, nosso calor se misturava e nossos corpos se encaixavam perfeitamente. Foi quando percebi que éramos um agora. Ele era meu e eu era dele.
Jam começou a se movimentar dentro de mim, com movimentos leves e firmes, enquanto sua boca percorria da minha orelha aos seios, diversas vezes, mordendo-os de vez em quando.
O prazer veio devagar, crescendo dentro de nossos corpos, se expandindo para cada extremidade e no momento do orgasmo nos quebrando em milhares de pedacinhos. Como um fogo que queimava nossos ossos, e este fogo, queimava gostoso.
Ele me beijou novamente antes de sair de mim, mas foi um beijo diferente. Não havia mais aquele sentimento de culpa ou a urgência que sempre vinham em seus lábios. Havia apenas amor, carinho e desejo.
Quando ele finalmente saiu de dentro de mim, recolhemos nossas roupas pelo quarto e nos vestimos novamente.
Depois de termos nossa primeira vez, foi como se rompêssemos uma barreira entre nós. Todos os medos, toda a incerteza e a culpa que as vezes sentíamos desapareceu.
Eventualmente, ele deixou sua antiga religião e entrou para a minha, pois James não gostava de saber que descumpria seus princípios sempre que me tocava. Quando passamos a namorar oficialmente, é claro que sua família me acusou de tê-lo desviado do “bom caminho”, mas, mesmo assim, ainda houve noites em que eu levei novamente suas mãos ao meu jeans apertado e sussurrei ao seu ouvido:
- Eu sou sua e você é meu, é só isso que importa.
Gostaria que o tempo tivesse sido gentil conosco.


Carta ao amor perdido

14 agosto de 1998

Tucson
E Broadway Blvd, 284

Para James.

Sei que você nunca vai receber esta carta, provavelmente vou rasgá-la assim que eu terminar, como eu sempre faço quando lembro daqueles dias, mas escrever me ajuda a me conformar com o rumo que as coisas tomaram. Foi um bom verão, um verão em que eu vivi intensamente ao seu lado, mas quando Ethan piorou drasticamente e tivemos que nos mudar para o outro lado do país, foi inevitável que perdêssemos o contato com o tempo.
Então, o que tinha que acontecer aconteceu, a doença consumiu meu irmão e eu o perdi. Quando voltei, descobri que você não tinha me esperado. Tinha seguido sua vida e eu não estava mais nela, você já tinha um novo amor. Eu não te culpo por isso, foram dois longos anos. Mas a dor dura até hoje. Doeu mais que ver meu irmão morrer, mais que ver minha mãe sucumbir a loucura e tirar a própria vida, me deixando sozinha. Talvez eu tenha suportado a perda dos dois por saber que eu ainda tinha você. Estava enganada. Quando olhei em seus olhos naquele dia e vi apenas um olhar frio, percebi que estava realmente sozinha.
Achei que éramos para sempre, depois te tudo o que você deixou por mim, tudo o que enfrentamos nunca esperaria que desistisse de nós. Acreditava que ainda poderia dizer em seu ouvido “eu sou sua e você é meu, é só isso que importa”. Lembra-se disso? Lembra-se de quando eu te molhei no hospital, de como eu não tinha palavras para responder suas perguntas? Lembra-se das tardes em que passamos juntos vendo TV? Das loucuras que fizemos a noite no meu quarto, naquela pequena e quente cidadezinha no norte do Arizona? Tínhamos tanto planos... Casamento, lua de mel, filhos, férias, casa própria... mas você os seguiu sem mim. Tudo não passou de um sonho de adolescente. E depois deste sonho, não consigo viver apenas com a realidade.
Tentei seguir minha vida também, estou morando em Tucson agora. Aqui é incrivelmente quente as vezes. Estou casada há cerca de 3 anos, tenho um bom marido, mas, por favor, não me pergunte se eu o amo porque não sei responder. Espero que você esteja feliz com a vida que escolheu, mesmo não sendo mais ao meu lado.
Agora tenho que me despedir. Está na hora de ir buscar o meu filho na escola. Sim, eu tenho um filho! E é ele que me sustenta hoje. Eu o amo, e mesmo ele não sendo sua criança, ainda assim tem o seu nome.

Maya.

Fim.

Nota do autor: Quando termino de escrever algo, é quase impossível não pensar duas vezes. Pensar se devo ou não continuar, se devo ou não divulgar, se devo ou não me orgulhar do que fiz. Sempre que penso duas vezes decido que não. Que não devo continuar, não devo divulgar não há nada para se orgulhar. Mas sempre há, no fundo da minha mente insegura e instável, algo positivo, que me faz querer seguir, mesmo com toda a insegurança, há algo que me faz querer mostrar o que fiz. E claro que quando sigo em frente ignorando meus medos, ouço o que tinha que ouvir. Ouço as críticas e até os xingamentos mas, também ouço os elogios e os pedidos de quero mais e é a isso que agradeço. Agradeço as pessoas que gastam seu tempo lendo meus textos. As que comentam, por ajudar a divulgá-los. Agradeço as que elogiam, por me darem forças e estímulos para continuar. Também agradeço as que criticam por me mostrarem o lado bom e o ruim das coisas. Agradeço ainda, a pessoas que nem sabem que eu existo como minha autoras favoritas, Suzanne Collins e Cassandra Clare, por me introduzirem a este mundo. A Katy Perry, por inspiração e frases como “...levo suas mãos ao meu jeans apertado…”. Agradeço aos amigos por me ajudarem em outras tarefas para que sobre mais tempo para esta. E antes de terminar esta nota, volto para agradecer a quem lê, por fazer tudo isso valer a pena.
Rylan R. Morgan.


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