Que Seja Eterno Enquanto Vivermos
História por Miss Cherry | Revisão por Cocó
Já estava dentro de um trem que iria para o outro lado de Europa. Umas das coisas que eu mais gosto daqui, é que como a Europa é bem pequena, você pode viajar por todo o continente de trem. Eu ainda não tenho em mente algum lugar para ficar, só estou tentando fugir daqui, de Paris. Não se assuste. Eu não fiz nada de errado, quero dizer... Eu fiz, mas não do jeito que pensam; não foi nenhum crime, nada ilegal, eu só me apaixonei por alguém que não devia: apaixonei-me pelo meu melhor amigo.
Meu nome é , tenho vinte anos e moro sozinha com minha amiga desde os dezessete. Sempre fui o tipo de garota que planejava cada passo que daria, mas as coisas saíram do meu controle há algum tempo atrás; tudo começou a escorregar da minha mão e me vi envolvida em um romance - que não foi pra frente, nós acabamos nos machucando e então, quando tudo já estava destruído, quando toda minha vida já tinha desmoronado, nós terminamos. Mas isso não quer dizer que eu deixei de amá-lo. Eu o amo, mas não consigo mais viver nessa cidade, não depois de tudo que aconteceu. Todos os lugares, aqui, fazem-me me lembrar dele. E isto está, realmente, acabando comigo.
Bom, o trem ainda não partiu, e eu fui informada que ainda demoraria mais dez minutos. Do lado de fora está chovendo bastante, como se o céu compartilha-se da minha dor. Ri amargamente. Sempre gostei de chuva, mas de duas semanas pra cá, dias chuvosos têm sido tristes e infelizes...
#Flashback On#
Duas semanas atrás...
– Ah Gih, não sei não... – disse, enquanto olhava para o telefone, como se minha amiga realmente estivesse ali.
– , deve ser apenas uma fase ruim que logo passa. Nada com que se preocupar, vocês se amam tanto... – sua voz parecia cansada, afinal, não era a primeira vez de que falávamos disso.
– É amiga... Mas o está muito mudado. Não é a mesma coisa de quando a gente começou a namorar, sabe... É estranho, eu sinto como se estivesse andando em um campo minado, como se ele me beijasse por obrigação e não porque quer, sabe? Eu acho que ele quer terminar – revirei-me no sofá, enfiando minha cara em uma almofada.
– Amiga... Olha eu não sou muito boa em relacionamentos... Mas eu acho que em um relacionamento sempre vai existir fases difíceis, e é nelas que vocês têm que permanecer mais unidos do que nunca.
– Não é a mesma coisa... Ele mudou, mudou muito... O que eu faço?
– Eu não sei o que dizer... Eu acho que nenhuns de vocês merecem sofrer, vocês têm que procurar fazer o que vai causar menos sofrimento.
– E o que vai causar menos sofrimento? Você sabe? Porque eu não tenho ideia.
– Essa é uma daquelas perguntas que só você pode responder... Agora eu tenho que desligar, daqui a pouco meu chefe vai reclamar que eu só fico no telefone. 18h eu chego em casa, okay? Beijos e vai dar tudo certo.
– Beijos, amiga. Valeu!
Eu desliguei o telefone e me revirei no sofá. Será que é pedir muito um pouco de paz? Levantei minha cabeça e olhei para as horas no celular. Marcava 17h10. Eu realmente não queria ficar aqui sozinha. Queria minha melhor amiga; a gente poderia assistir filmes juntas, e comer bastante chocolate, e assim, eu conseguiria pelo menos por algumas horas, esquecer-me de tudo que está acontecendo na minha vida. Por que meu chefe resolveu adiantar meu dia de folga justo agora? Aquele filho de uma boa senhora... Tudo bem, então eu vou sair... Andar por aí, espairecer, pensar, acho que eu preciso disso.
Assustei-me ao olhar as horas no relógio, 18h45. Gih deve estar morrendo de preocupação, já que eu não trouxe o celular. Passei mais de uma hora sentada em um galho de uma arvore na praça a dez quadras de minha casa; eu sempre ia lá quando pequena, era um bom lugar para sentar e pensar.
Dava pra ver alguns poucos raios solares se escondendo atrás do horizonte, as luzes da cidade já estavam acendendo e eu, no quarteirão de minha casa. Era só atravessar a rua que chegaria... Quando o avistei, saindo da casa um homem, de cabeça baixa; ele nem se importava com a chuva que havia começado a cair... Foi então que percebi que esse homem era o . Ele tinha uma expressão facial triste. Será que aconteceu alguma coisa? Não me importava se ele estava estranho ultimamente, e sim, com ele. Quando ele me viu, sua expressão continuou triste, o que fez com que eu fosse correndo em sua direção. Não precisei me importar com os carros, pois a rua estava vazia por causa da chuva.
– Amor? – falei, aproximando-me e quando fui abraçá-lo, ele se afastou. – O que foi?
– Eu fui à sua casa, mas a Gih me disse que você ainda não havia chegado. Eu preciso falar com você!
– Fala! – Fala? Fala? Não, não fala! Eu não queria ouvir. Tinha medo do que ele podia falar!
– ... As coisas não são como era antes. Tudo mudou – ele disse, abaixando a cabeça.
– Acho que eu já entendi... Você mudou bastante – soltei um sorriso triste.
– Eu cresci... Tornei-me alguém mais importante!
– E de que isso adiantou? – falei, aumentando o meu tom de voz. Não sabia definir, no momento, se era porque estava magoada ou com raiva - acho que eram os dois. – Você está fazendo as pessoas que se importam com você se afastarem. Da mesma forma que você está me excluído da sua vida! Olha, eu preciso saber se acabou, porque aí vou te deixar sozinho...
– Eu não posso fazer nada...
– Admita. Você vendeu a sua alma assim que foi promovido no emprego! – ele se virou, e começou a andar rapidamente enquanto a chuva caia sobre seus cabelos, fazendo com que sua camisa ficasse colada em seu corpo perfeito. Mas isso não me abalou; isso não podia me abalar. Havia muita coisa engasgada na minha garganta, que já estava queimando naquele momento, implorando para serem ditas. Porém, consegui resumi-las em uma única frase. – Ei! – ele se virou pra mim, e eu falei gritando. – Se esse é você, quem era o cara que me pediu em namoro no meio da rua há um ano? Porque é ele que eu amo!
Agora fui eu que dei as costas. Corri para dentro da minha casa, quanto mais rápido possível. Naquele momento, eu apenas queria poder me afundar nas minhas próprias lagrimas.
#Flashback Off#
A chuva estava cada vez mais forte. Era como se o mundo fosse acabar. Uma mulher acabou de avisar que o trem sai daqui a dois minutos e isso me tranquilizou. Por quê? A única pessoa que sabe que eu estou indo embora, é a Gih. Mas, eu a conheço, sei que ela não consegue guardar um segredo por muito tempo, principalmente um em que sua melhor amiga vai embora contra sua vontade. Ela deve contar, daqui a pouco, para alguém que eu vou embora, isso se ela já não o contou... Mas não importa, o trem já vai sair mesmo. Sabe, eu vou sentir falta daqui, afinal é onde eu cresci e onde eu vivi durante toda minha vida. Então, escutei alguém gritando.
O meu nome.
Olhei pra fora e vi gritando desesperadamente por mim. Gih e sua boca grande. Ai, o que eu faço? Ele vai acabar pegando uma pneumonia desse jeito. Quer saber? Eu me importo com o o suficiente para, mesmo depois de tudo, não o deixar ficar doente.
Saí correndo em direção à porta do trem, abri-a e saí em meio aquela tempestade. Ele me viu e suspirou aliviado. E por essa eu não esperava, não entendi muito bem, não.
– , sai agora dessa chuva, você vai se resfriar!
– Não antes de você me escutar.
– Tudo o que tinha para dizer, já foi dito há duas semanas... Você não se lembra? – uma atendente apareceu na porta.
– Senhorita, o trem já vai partir – virei-me para voltar para o trem, e caminhei até ela, mas quando eu fui abrir...
– Eu fui um idiota... – congelei com a mão na porta, e depois me virei para ele. – Eu sou um idiota... Você sempre foi a pessoa mais importante pra mim, e comecei a te deixar de lado, comecei a me importar mais com o meu trabalho do que com você, mas ... Eu te amo tanto, sempre te amei e sempre vou te amar. É com você que eu quero passar os restos dos dias da minha vida, você é a garota dos meus sonhos, a única que me faz sorrir... Por favor, não leve embora o meu sorriso, pois ele é seu. De que adianta todo o dinheiro do mundo, se eu não tiver a minha pequena do meu lado? Eu preciso de você comigo, e se para te ter de volta eu tenha que abrir mão do meu emprego, eu abro. Eu faço qualquer coisa por você, , faço qualquer coisa para que você seja minha de novo. Perdoe-me pelo que te fiz, pelo tanto que eu te fiz sofrer... Quando a Gih me ligou avisando que você ia embora, fiquei desesperado só de pensar na possibilidade de te perder para sempre. Eu não sou nada sem você.
– O trem não pode esperar mais. Por favor, suba para que possamos partir – a atendente disse para mim, tocando na minha mão.
– Não – falei, tirando a minha mão da porta. – Eu vou ficar – falei, sorrindo. Com um pouco de dificuldade, por causa da água que caía, pude ver abrir um sorriso enorme. O meu sorriso, o sorriso que eu tanto amava. Eu não pude evitar pensar em corre para seus braços; aquilo me parecia fictício demais, isso não é um conto de fadas, mesmo que às vezes parecesse um. Essa é a minha vida, minha e do meu amor, a mais verdadeira possível, cheia de erros e acertos, onde os personagens principais não são da realeza. Aqui também não tem nenhuma bruxa, ou madrasta má. Aqui só tem duas pessoas totalmente imperfeitas, que são os verdadeiros culpados por tudo de ruim que aconteceu nessa relação, mas mesmo assim, essas duas pessoas se amam mais do que tudo nesse mundo.
Caminhei até onde estava, e ele me envolveu em seus braços, segurando-me com muita força, como se eu fosse dele - e na verdade, eu era. Pude ouvir aplausos vindos de dentro do trem.
– Nossos fãs estão querendo ver o grande final – ele disse, e nós rimos. Então, ele me beijou. Um beijo com muito mais intensidade do que antes, um beijo desesperado, um beijo de saudade, um beijo de perdão.
– Mas esse não é o final, meu caro, é só o começo – disse, assim que nos separamos. Ele sorriu e me deu um longo selinho. Quando nossas bocas se descolaram, eu sussurrei em seu ouvido a nossa velha promessa feita no dia em que começamos a namorar. – Que enquanto vivermos... – sorriu.
– Nosso amor seja eterno – ele completou, e me beijou.
Eu ainda não sei qual é o meu destino; não sei como será o meu futuro, mas, não me importo com isso, desde que seja junto a ele. O único homem da minha vida. E nós viveremos todos os dias, mantendo essa promessa em mente. Nosso amor será eterno enquanto vivermos.
Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu. Achou algum erro em Que Seja Eterno Enquanto Vivermos? Avise-me via email ou pelo ask.fm. xx