Olhou-se no espelho e pensou que se ele ainda estivesse na sua vida estaria reclamando dos seus saltos altos. Ele detestava quando ela os colocava, mas sapatos altos sempre fora uma paixão para ela. Não importava se eram de saltos finos ou aqueles modelos estilo Anabela, ela adorava estar em cima de um deles, se achava mais bonita, confiante e sexy, mas ele nunca entenderá e desde que começaram a namorar ela passou a usá-los apenas em ocasiões “especiais” e passou a se contentar com sapatilhas ou rasteirinhas, quando o sol resolvia aparecer em Londres, e até seu bom e velho all star, tudo para não deixá-lo chateado, afinal ela o amava, ah, e como o amava. E sem perceber lá estava novamente pensando em e em como ele fazia falta. Há oito meses tentava entender o porquê de o ter feito aquilo para ela, tudo estava tão bem e de repente se perdeu.
Já se passavam das 23 horas e se perguntava a onde estava o namorado. já tinha ligado mais de três vezes perguntando aonde a e , estavam que ainda não haviam chegado à festa dos ex-alunos que estava acontecendo em um pub não muito longe do apartamento que dividia com ele. A , para não preocupar a amiga, disse que estava atrasa, pois ocorrerá um “acidente feminino”, mais que logo chegaria, no entanto ela ainda estava em casa, e cansada de esperar o , que estava sumido desde a manhã e que não atendia nenhuma de suas ligações, resolveu sair sem ele.
Logo que desceu do táxi em frente ao pub desejado, reparou que um pouco mais a frente, parado no estacionamento de outro pub, estava um carro branco exatamente igual ao do . Poderia ser mais um dos tantos que andam pela cidade, ela pensou, mais aquele carro lhe intrigou tanto que ela resolver verificar e quando chegou mais perto teve certeza que aquele era o carro de seu namorado, pois nenhum outro teria a seta da direita quebrada como o dele teria, já que foi ela mesma a autora de tal feito.
Perguntou-se o que o namorado estaria fazendo ali, com uma festa não muito longe e SEM ela. Resolveu entrar e esclarecer isso com o próprio, mas logo que adentrou o recinto teve vontade de sair correndo. No meio da pista, beijava e apertava uma morena enquanto dançavam de maneira mais sensual possível. teve vontade de vomitar com a cena. , o seu , o cara com quem fazia planos para o futuro e que há dois anos divida tudo desde a comida até a cama, estava a traindo com uma vagabunda qualquer enquanto ela, inocentemente, o esperava em casa.
Com os olhos marejados, a virava as costas para sair quando escutou quem menos ela esperava escutar aquele momento.
‘’ – gritou assim que avistou a namorada saindo do pub onde estava agarrando , uma morena que ele conhecerá a um mês e que há duas semanas estava tendo um caso. Não imaginava que poderia aparecer ali, não naquele dia muito menos naquele horário. Normalmente, não saia de casa sem ele, principalmente para ir a pubs, a menos é claro que naquela noite fosse à festa e... É claro, ele havia esquecido – ‘ me escuta, não é nada disso... ’
‘Não precisa usar essa frase clichê , eu sei muito bem o que eu vi’ - Ela disse olhando pra ele e se virando de volta para a porta de saída.
‘, por favor, me deixa explicar, eu não queria, ela me agarrou’ - ele tentou agarrando o braço dela, impedindo a de sair. Aquela ultima frase foi a gota da água pra ela.
‘pelo amor de deus, Harry, você acha que eu sou alguma trouxa?! Eu posso até ter cara, mas eu não sou, eu vi o quanto você estava sendo ‘agarrado’. - a explodiu, chorando, sem se importar que todos pararam para assistir a briga do casal, inclusive que se divertia em ser o motivo de tal discussão –‘Se você queria se livrar de mim, deveria ter terminado logo de uma vez’ - disse, se livrando dos braços do e tentando sair daquele lugar.
‘, por favor... Eu amo você’ – entrou na sua frente, impedindo, novamente, que a namorada saísse do lugar.
‘Nunca mais repita isso, eu não acredito em você’ - disse firme, olhando nos olhos que ela tanto amava – ‘Não se preocupe mais comigo, afinal você não deve fazer isso há bastante tempo’.
não sabia mais o que argumentar. Ele sabia da besteira que estava fazendo quando aceitou sair com a primeira vez, só não sabia que iria descobrir. A estratégia era curtir com a morena, pra sair um pouco da rotina, e depois se livrar dela, mas agora estava tudo arruinado e a garota que ele realmente amava se retira do pub e da sua vida.
‘Ah, e na segunda eu vou ficar fora o dia todo, você pode ir ao apartamento para pegar suas coisa e quando sair pode deixar a chave com o Steven!’ – ressaltou, virando novamente para o agora ex-namorado, assim que colocou os pés na calçada – Até nunca mais, ! – ela disse e saiu.
Pegou o resto das coisas que estavam em cima da cama, jogou tudo dentro de uma bolsa transversal e virou a fechadura do apartamento grande demais pra uma pessoa. Colocou os fones de ouvido, um pouco antes de o elevador chegar, tentando se livrar de qualquer lembrança que remetesse a , mas parecia impossível, como sempre, pois os primeiro acordes de You've Got A Friend do James Taylor a fizeram lembrar-se dele novamente e de como ele não cansava de dizer que não entendia as músicas do cantor, principalmente aquela, mas ela entendia e como entendia. Resolveu reprimir esses pensamentos e se focar em quem estava prestes a reencontrar. Sem querer um singelo sorriso surgiu em seus lados e pela primeira vez, depois de alguns tempos, ela estava contente com as lembranças que agora seus pensamentos reviviam.
tinha 15 anos e estava sentada debaixo da árvore de um parque perto da casa onde morava. Estava triste, pois tinha acabado de ver , seu melhor amigo desde os 11 anos, agarrando . No entanto, o que lhe intrigava aquela tarde não era só o simples fato de quem beijava, afinal a menina era sua namorada há um pouco mais de um mês. Na realidade, o que a estava atormentando era o sentimento que vinha desenvolvendo por ele desde que ele se declarou comprometido e o ver beijando carinhosamente a morena na saída do colégio só intensificou o que ela já desconfiava: estava se apaixonando por , seu melhor amigo.
E como se ele soubesse no que ela pensava, se aproximou da amiga e se sentou ao seu lado. Ficaram em silêncio por um por bom tempo, até que o resolveu quebrá-lo.
‘Hey’ – disse e se virou de frente pra olhando-a intensamente, o que há deixou um pouco corada – ‘Não te vi na saída do colégio. O que houve?’
‘Nada... Só sai mais cedo e resolvi vir pra casa a pé mesmo. Estava com fome’ – Ela respondeu tentando ao máximo não reviver a cena que insistia em não sair da sua cabeça.
‘, já te disseram que você mente muito mal?! Se você realmente estivesse com tanta fome, já teria ido pra sua casa e não estaria aqui agora.’ – Ele disse rindo com a mentira descarada que a amiga lhe contava.
‘E quem disse que eu não fui? Eu posso ter ido e ter vindo pra cá!’ – respondeu, achando que realmente era muito idiota. Ele só gargalhou.
‘Se você estivesse ido realmente pra sua casa, , seu material não estaria servindo de assento e você, no mínimo, estaria de roupa trocada, pois se eu conheço o Sr. , ela não teria deixado você sair com o uniforme de casa’ – Ele concluiu se achando o Sherlock Homes e só bufou por não ter pensado em uma desculpa mais bonita por não ter esperado pra ir embora – ‘Vamos, , me conte o que esta acontecendo?’ – Ele quis saber, pois se preocupava realmente com a amiga.
‘Eu já falei que não é nada, , caramba’.
‘ , eu te conheço melhor que você mesma e sei quando você não está bem. Nem tente mentir pra mim’ – completou disposto a arrancar de o que ele já havia notado. A sem saída e sabendo que o amigo não iria desistir, resolveu abrir o jogo, afinal ele era o seu .
‘Eu só não queria atrapalhar o seu momento com a , . Você está careca de saber que ela não vai com a minha cara’ – tentou contradizer a última afirmação da amiga, mas a própria não deixou – ‘Você sabe que é verdade, , por algum motivo ela não gosta de mim e você resolveu dar atenção a ela e esquecer da sua amiga’ – disse já se arrependendo de ter sido tão clara, pois já sentia seus olhos marejados.
percebeu que realmente tinha se afastado da amiga, mesmo que sem quer, ele não estava tão presente depois que começou a namorar . Mas, o que ele poderia fazer? Realmente a morena não ia com a cara da , vivia falando que não era apenas uma amiga para ele. Várias vezes disse que ela desenvolvia sentimentos pelo , mas este não acreditava afinal ela era praticamente sua irmã, além disso, tinha certeza que jamais olharia pra ele com outros olhos, por mais que ele já tivesse reparado que a amiga se tornava uma mulher cada vez mais bonita, passando a chamar a atenção de vários marmanjos do colégio, o que o deixava com certo ciúme, muitas vezes mais forte do que ele achava necessário, mas na maioria das vezes resolvia o deixar de lado porque era e ele tinha namorada.
‘, para de falar isso. Você sempre vai ter um lugar na minha vida, independentemente de quem esteja do meu lado. Tá, eu tenho vacilado com você, admito, mas poxa, eu amo você... Você é minha irmã’ – Ele disse, mesmo que no fundo ele não tivesse tanta certeza que a era somente uma irmã pra ele.
‘Promete que você nunca vai me esquecer?’ – a perguntou, já derramando uma lágrima que ele fez questão de secar num gesto de carinho.
‘Eu juro!’- Ele disse, tendo que certeza que de algum modo a amiga sempre estaria na sua vida e ele sempre a amaria.
sorriu ao se lembrar daquele dia e de como ele cumpriu sua promessa mesmo que depois de , ainda passaram por ele mais três namoradas fixas e mais alguns casinhos. Lembrava-se do beijo que eles trocaram no ano seguinte em uma festa do colégio e de como fingiu que nada aconteceu no dia seguinte, pois tinha certeza que o garoto estava bêbado demais pra saber que era com ela que ele se amassou atrás da escada, e de quando ele saiu de Londres para cursar direito na Universidade de Cambridge e desde então nunca mais o vira, até aquele fatídico dia, a onde ela, depois de descobrir a galhada que carregava na cabeça, o encontrou saindo da festa dos ex-alunos. Passaram aquela noite bebendo e matando a saudades dos velhos tempos, mas no dia seguinte ele precisou voltar para Cambridge e desde lá trocavam apenas alguns e-mails ou mensagem, até que há dois dias, na segunda, ele a convidou para um café, já que estaria na cidade para acertar uns assuntos ‘delicados’ que , por mais curiosa que estivesse para saber sobre o que era, resolveu deixar quieto, afinal, ela não tinha certeza se as coisas eram como antes.
E naquela quarta-feira, ela estava lá, parada em frente a uma Starbucks no centro da cidade, torcendo para que ele estivesse atrasado, assim ela teria um tempo a mais para assimilar que estava preste a tomar um café com , como se ainda tivesse 17 anos. Mas assim que adentrou a loja, o avistou sentado em uma mesa mais ao fundo acenando pra ela e sorrindo daquele jeito que só ele era capaz de fazer. Um sorriso que contagiava a todos que estavam ao seu lado, e isso não a excluía, pois como se fosse automático ela sorriu. É, parecia que algumas coisas ainda continuavam do mesmo jeito.
‘’ – Ele disse assim que a se aproximou, o deixando sem nenhuma reação. Ela estava linda, isso o deixou ainda mais encantado e despertou sentimentos que ele jamais havia se esquecido desde que o descobrira, depois do único beijo que trocaram quando ela tinha 16 e ele acabará de completar 17 anos, mas com medo que a amizade se perdesse resolveu fingir que nada aconteceu, já que a mesma não se lembrava de nada. Mas vê-la, depois de tanto tempo, o fez ter certeza que naquele momento ele não iria perdê-la mais – ‘Não me lembrava, desde a última vez que nos vimos, que você havia ficado tão linda, ’.
‘, você nunca vai perder essa mania de galanteador, não é mesmo?’ – Ela quis saber sorrindo, mesmo que por dentro estivesse feliz, como uma adolescente, ao escutar a observação do amigo. apenas riu.
‘Vem senta, pedi dois Frappuccino e dois muffins pra gente. São os seus preferidos ainda, né?’ – Ele perguntou à , enquanto puxava uma cadeira pra ela se sentar. não percebeu, mas aqueles gestos foram tão legais para , que só ela sabia.
‘Sou tão previsível assim?’ – Ela perguntou enquanto via o seu melhor amigo se sentar a sua frente e sorrir encantadoramente pra ela, que devolveu o sorrido, como era de se esperar.
‘Não, é só que tem coisas que nunca mudam!’ – respondeu, sorrindo e recebendo os pedidos que acabavam de chegar. E como se ainda fossem dois adolescentes que se viam todos os dias no colégio, passaram a se divertir ao relembrar de tudo o que viveram juntos.
‘Acho que eu havia me esquecido do quanto você é engraçada, !’ – disse, jogando a cabeça pra traz, rindo da história que a amiga acabará de relembrar sobre uma menina que dizia ser apaixonada por ele e que entrou em depressão logo que ele foi para faculdade, abandonando ela, inclusive , que ainda teria aquele ano para terminar o colégio.
‘É, acho que tem coisas que nunca mudam’ – A respondeu, usando a mesma frase que o amigo usará mais cedo com ela. No entanto, ficou um pouco sem jeito com o que ele falara e sem querer passou a comparar as suas atitudes com a de , que em momento algum, durante todo o tempo de namoro percebeu algo que achou que nunca mais seria: Engraçada. E , além perceber, a fazia se sentir especial, feliz, algo que ela há tempos não sentia. Reparou em como o amigo havia crescido e se tornado um homem lindo e encantador, que arrancava suspiros de qualquer mulher que o visse ali. Seu sorriso passava uma tranqüila e uma segurança que ela achou que nunca sentiria novamente. Reparou que ele a olhava tão intensamente, que era capaz de ler a sua alma. Isso a deixou tímida a ponto de suas bochechas ficarem com um tom um pouco mais vermelho. O contato entre eles só foi quebrado com uma música que passou a ser ouvida cada vez mais alta.
‘Ainda apaixonada por James Taylor, ?’ – Ele perguntou rindo ao reconhecer a voz do cantor como toque de chamada do celular da amiga que tocava dentro da bolsa dela – ‘Ainda tem mais CD’S do cantor do que eu?’.
‘Provavelmente’ - Ela disse rindo da cara que o amigo fez, mas ignorou atendendo logo em seguida – ‘Diga, amorê’
‘Posso saber a onde a senhorita se meteu? Estou pregada na frente do seu apartamento chamando por você há uns 15 minutos, mas ninguém me atende. Aonde você está, , que não me aviso?’ – Ela perguntou gritando, visivelmente brava com a amiga, o que fez gargalhar da cara que fazia ao escuta o histeria da amiga por mais que ela soubesse que só estava preocupada com ela. Desde que terminara com , a menina nunca deixou sozinha com medo de que a amiga fizesse qualquer besteira.
‘Não estou em casa’ – ‘Isso eu sei’ foi o que disse mais resolveu ignorar – ‘Estou em uma Starbucks aqui no centro. me chamou pra tomar um café com ele porque está na cidade’ – Ela disse olhando pra ele e novamente sentindo seu rosto esquentar.
‘ ?’ – Ela perguntou se surpreendendo com a resposta da amiga, o que fez corar ainda mais. havia visto com ela na festa e de cara se simpatizou com o garoto, ainda mais depois de saber que ele e tinham tido alguma coisa na adolescência, mesmo que a amiga afirmasse que foi por causa da bebida e sem fundamento. Mas era desconfiada demais para acreditar que aquele reencontro foi mera coincidência do destino – ‘Gostei disso, amiga. E como agora eu sei que você está em boas mãos, não vou encher seu saco e brigar com você como eu ia fazer. Me liga assim que chegar em casa, quero saber detalhes desse ‘café’ – Ela disse gargalhando deixando uma vermelha ainda mais vermelha. – ‘Beijos, bicht’ – e desligou.
‘Me deixa adivinhar... Era , aquela menina que apareceu na sua vida logo depois que eu me ausentei dela?’ – perguntou, esboçando um sorriso e concordou com a cabeça – ‘Ela ia fazer um bom par com ’.
‘? Quem é esse?’ – Ela quis saber se interessando no assunto.
‘Oras, eu também precisei de alguém na faculdade’ – o disse gargalhando, contagiando a que não conseguia não sorrir perto dele – ‘Ele fez direito comigo e nos tornamos amigos de dividir apartamento e pelo pouco que vi da sua amiga, ele e ela se dariam muito bem. Ele é bem engraçado e protetor. Fariam um belo casal. Vou apresentá-los assim que ele vier pra cá, é claro se a sua amiga quiser’ – concluiu, piscando para a menina, que achou aquele gesto bem sexy.
‘É, acho que a vai aprovar. Mas ele está vindo pra cá quando?’ – quis saber tentando que indiretamente arrancar o real motivo do amigo estar na cidade. Ela só não achou que seria tão fácil.
‘Na realidade, eu e ele estamos nos mudando pra Londres na próxima semana. Vamos montar um escritório de advocacia não muito longe daqui e só vim hoje pra acertar os últimos detalhes do apartamento que vamos dividir e ver como anda a reforma por lá’ – disse, recebendo como resposta o sorriso que ele sentiu tanta saudade.
‘, isso é ótimo. Eu não acredito que você está de volta. É incrível. Não sei se conseguiria falar com você apenas por e-mail ou mensagem’ – disse, indo abraçar o amigo inesperadamente.
Receber em seus braços novamente fez as pernas de bambearem e fez aquele friozinho na barriga voltar com força total. também não ficava atrás. Havia se esquecido de como era bom abraçar o amigo e se sentir segura com ele. Aquelas famosas borboletas no estômago esquentou todo o interior da menina. Ambos se sentiam como adolescentes novamente.
Assim que se livrou dos braços do amigo, ficou um pouco constrangida com sua atitude e ficou pensando no porque de ter se atirado tão de repente em , mas a verdade era que a já sabia da resposta, só estava com medo de admitir. , percebendo o clima que se instalou entre eles resolveu quebrá-lo relembrado do passado, fazendo a garota rir e se sentindo casa vez mais completo por ter ela de volta. E aquela tarde passou sem que eles percebessem. Já estava escurecendo e já fazia quase duas horas que eles estavam ali conversando e se divertindo como não faziam há anos. Pareciam, realmente, como os dois adolescentes de seis anos atrás, no entanto, com a existência do sentimento que tentava não pensar desde que reencontrara o amigo e que a todo o momento tentava demonstrar que era verdadeiro para , pois sabia de como ela havia sofrido pelo ex-namorado. Tentou ao máximo não fazer pensar no ocorrido e no causador de tal dor, por mais que algumas vezes, durante a tarde ele sabia que a amiga se pegava pensando em , quando ficava quieta de repente ou quando quase chegou a citá-lo, mas ele tratou logo de mudar de assunto relembrando sobre os filmes de Natal que ele e a família assistiam. A percebeu o que o garoto estava fazendo, e o gesto a encantou tanto que ela queria conversar sobre aquilo, queria saber que estava de volta a sua vida, mas ao mesmo tempo estava assustado com o que voltou a crescer dentro de si.
Em determinado momento, chegou a fitar tantos os lábios que foram sua obsessão durante toda a sua adolescência, que teve uma vontade louca de beijá-los novamente, de descobrir se ainda tinha o mesmo gosto açucarado que se lembrava. O também se segurou pra não agarrar a sua e dizer tudo que estava entalado em sua garganta, mas tinha medo de assustá-la. No entanto, enquanto ele acompanhava a até seu carro, não resistiu e a beijou.
se assustou no começo, não esperava que ele estivesse pensando a mesma coisa que ela durante todo aquele tempo, mas se deixou levar quando ele pediu passagem para a sua língua. Quando sentiu a ceder, só sabia pensar em quanto a amava e no quanto desejava tê-la pra si. não se lembrava de que o beijo do amigo era tão bom. Seus lábios macios, seu jeito carinho de segurá-la pela cintura, lhe davam a sensação que era com ele que deveria ficar e em seus braços o seu lugar. a puxou pra mais perto e intensificou o beijo. , assustada, se afastou.
‘, me desculpa, eu... ’ – a o interrompeu antes que ele completasse a frase.
‘Não precisa se desculpa, , é só que é complicado’ – disse abaixando a cabeça enquanto pensava em tudo o que sofrerá com o ex-namorado e em como aquilo ainda a afetava. Desde o término, a única coisa que passava em sua cabeça era que tudo o que o amor fazia era quebrar, queimar e acabar.
‘, eu sei que eu vou ser precipitado, mas eu preciso falar’ – Ele respirou fundo, mesmo achando a atitude muito inconseqüente, ele não iria agüentar muito mais tempo, não depois daquele beijo. Olhando nos olhos da amiga, disse aquilo que já era pra ter sido dito há algum tempo – ‘Eu amo você, , sempre amei, desde aquele beijo, , sempre foi você. Eu sei que é loucura, afinal faz pouco tempo que nos reencontramos e eu sei o quanto você sofreu com o , quanto ele te decepcionou e quanto isso tá sendo estranho, mas, , se você me deixar, eu prometo curar qualquer feriada que ele tenha deixado em você’ – disse se aproximando de uma chocada com o que acabará de escutar – ‘ , me deixa ficar com você?’
não sabia o que responder, era muita informações pra um dia só. Simplesmente o último cara que ela imaginou estava declarando-se pra ela.
‘, eu não sei o que te falar’ – ela disse totalmente sem jeito, e se amaldiçoando depois por ter sido a única coisa que ela conseguiu verbalizar.
‘Escuta, ’ - disse pegando sua mão, passando-lhe tranquilidade e tentando demonstrar que tudo aquilo que ele dizia sentir era realmente verdade – ‘Eu não estou te pedindo em casamento ou namoro, não agora, eu só quero começar a te fazer feliz. Eu quero ganhar a sua confiança, quero te mostrar o amor de outra forma, o amor sem dor, sem feridas, o amor que só traz felicidade, pra depois poder ser o homem que acorda ao seu lado todos os dias, que diz o quanto você está bonita, que sorri apenas por você sorrir. , eu quero que você me deixe te amar’.
Depois daquilo, a única coisa que conseguiu pensar era que o queria ao seu lado. E acenando a cabeça, como se aceitasse, se deixou ser beijada por ele. , o seu , o adolescente que todas as meninas queriam beijar, o homem que só naquela tarde arrancou pelo menos uns trintas suspiros das mulheres ao seu redor, seu melhor amigo, estava dizendo que a amava, que sempre a amou e por mais que a dor ainda existisse, ela sabia que ele iria curar, pois naquela quarta-feira, naquele café, viu o amor recomeçar.
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