Um fatídico acidente leva uma família a loucura. O marido se vê sozinho para cuidar dos três filhos, dois pequenos, quando a esposa entra em coma. Mas ela acorda. E quando ela acorda, parece que tudo mudou. O seu homem havia encontrado outra pessoa e embora no fundo ela soubesse que não era nada para ele, ela se sente rejeitada e isola ele de seu mundo. Retira todos aqueles sentimentos do seu coração e abre ele para uma outra pessoa, uma pessoa que sempre a quis tanto quanto o ex-marido. Só que os filhos dela estavam muito dispostos a fazerem ela voltar com o pai deles, o que causa vários acidentes um tanto quanto cômicos. Será que aqueles pestinhas vão conseguir o que querem? Crianças podem ser muito persuasivas, que dirá os filhos daqueles dois...
Quando acordou, o primeiro som que escutou foi o do chuveiro de seu quarto. Ele pensou seriamente em entrar lá e juntar-se a Nancy, mas escutou o som de um desenho animado na televisão do quarto ao lado ao seu e foi impossível ignorar.
Levantou-se e calçou os chinelos, caminhando até o quarto das crianças.
— Televisão já a essa hora? – sua voz rouca soou calma e divertida, enquanto ele encostava-se ao batente da porta.
— Bom dia. – os dois disseram juntos, abrindo espaço para o pai na cama de Dylan.
— Bom dia. – sorriu, sentando-se entre eles. – Por que os dois estão na mesma cama?
— Porque ontem estava chovendo muito forte, aí eu fiquei com medo e o Dylan também, e eu vim deitar com ele. – James falou, sem tirar os olhos da televisão.
sorriu grande, fazendo carinho nos cabelos lisos dos garotos.
— E o que estamos assistindo?
— Phineas e Ferb.
Ele assentiu, olhando a televisão. Mas não durou muito tempo até que os meninos desligassem a televisão e encarassem o pai.
— Hoje é sábado.
— Eu sei disso. – riu.
— A gente quer ir ver a mamãe. Na semana passada a gente não foi. Você se esqueceu? Você não gosta mais dela?
— Hey, não. Claro que não! Não é nada disso, mas no final de semana o papai tinha prometido ir com a Nancy para a casa dos pais dela, e promessa é dívida. Eu amo a mãe de vocês mais do que qualquer coisa. Eu amo vocês quatro mais do que qualquer coisa. Nós vamos visitar ela hoje, eu prometo.
— Eu quero levar uma coisa para ela. – Dylan falou.
— O quê? – o pai perguntou, ajeitando-se na cama e encarando os dois.
— Um desenho. A Phoebe falou que quarta-feira é aniversário de casamento de vocês.
— É verdade. Posso ver o desenho?
— Pode. Pega lá, James.
Jamie levantou, esticando-se para alcançar a cômoda com os pequenos braços.
— Aqui, ó.
Era uma "cópia" da foto do casamento de e . Só que com os filhos junto. Os meninos ainda desenhavam pessoas como palitinhos, mas era um desenho muito bonito.
— Ela vai adorar, Dylan.
Ele assentiu, sorrindo.
escutou o telefone da casa tocar e, por motivos de força maior, não quis levantar da cama com os gêmeos.
— Phoebe, atenda o telefone!
— Atende você. – a resposta veio imediata.
Phoebe tinha doze anos, e estava começando a fase da revolta. E, ainda por cima, estava querendo sair com um garoto da turma dela, mas não deixou e desde o outro fim de semana, a garota olhava torto para ele.
Ele rolou os olhos, não querendo entrar em outra discussão, e se levantou, correndo escada a baixo para pegar o telefone.
— .
— Senhor , aqui é do Mary-Grace's Hospital.
A coluna do músico se formou em postura numa fração de segundo. O hospital nunca ligava. Nunca, exceto quando...
— Ela piorou? – sua voz quase não saiu.
— A Doutora Mitchell gostaria de te dar a notícia, um momento.
Ah, Deus. Não podia ser, não agora. A doutora havia jurado que ela não corria mais riscos de morte. Holly Mitchell era uma amiga há anos, mas ela nunca quis falar com ele por telefone quando piorava.
— ? – uma voz feminina foi ouvida, e ele pigarreou.
— Sim?
— Por que a voz de velório, homem? – ele ouviu a risada da mulher e franziu o cenho. – O que está esperando? Corra para esse hospital, sua esposa está ansiosa esperando por você!
Ele arregalou os olhos.
— Holly...
— Ela acordou, . Eu estava sem esperanças, e creio que você também. Mas na madrugada de ontem ela simplesmente acordou. Eu disse que ela não iria mais piorar, mas nunca imaginei que fosse acordar...
— Ah, meu Deus. Ela... Ela está bem? Ela se lembra de mim? Você disse que ela poderia não se lembrar, e...
— Ela está bem, . Sua esposa acordou.
Ela havia acordado. havia acordado.
— Papai, está tudo bem? – Phoebe surgiu no pé da escada.
Quando ele a olhou, com lágrimas nos olhos, ela correu até ele, preocupada.
— Vá se vestir, Phoebe. A sua mãe acordou.
A doutora a sua frente dizia algumas coisas, mas ela pouco entendia.
— Está tudo bem, ? – ela perguntou.
— Eu não... Eu quero minha família. Onde é que eles estão?
— Eles estão vindo. Enquanto isso, quero te atualizar sobre algumas coisas. Tem alguma pergunta? – a mulher assentiu.
— O que aconteceu?
— O seu marido e seus filhos estavam com você em um carro, voltando de uma viagem de fim de ano. A tempestade de neve estava forte demais e perdeu o controle do carro. Você era a única sem cinto e sofreu um grande trauma cerebral. Passou por três cirurgias e entrou em coma. Pensávamos que você era um caso perdido, mas veja só! Depois de quatro anos você acordou.
Ela arregalou os olhos.
— Quatro anos? Mas...
— Doutora, o marido dela já está aqui.
Ela assentiu, olhando para .
— Quer vê-lo agora?
— Claro. Claro que sim.
— Eu vou trocar algumas palavras com , mas logo ele estará aqui.
não sabia o que pensar. Ficou desacordada por quatro anos, isso significava que ela não tinha trinta anos, mas sim trinta e quatro.
Isso também significava que enquanto sua família estava precisando dela, ela estava dormindo em um hospital. Significava que perdeu aniversários, noites sem dormir para cuidar de Dylan e James, apresentações de balé de Phoebe, momentos com .
Fechou os olhos pensando em todos os momentos que perdeu. Acordar e dar de cara com os olhos dele a encarando enquanto sorria; assistir TV abraçada ao corpo quente dele; pular em seu colo assim que o mesmo chegar de viagem e distribuir um festival de beijos por seu rosto...
Abriu os olhos e suspirou. O que ela mais queria no momento era repor todo o tempo perdido.
entrou apressadamente no hospital, indo direto para o elevador e, assim que o mesmo chegou ao sexto andar, seguiu o caminho que sabia de cor e salteado. Parou em frente à porta do quarto 623 e esperou alguns segundos para se recuperar, mas foi em vão. Sua respiração estava falha, mas não só pelo fato de estar quase correndo segundos atrás. Bateu na porta e um baixo, mas audível “entre” se foi ouvido. Sentiu a garganta fechar.
Era a voz dela.
Sem esperar mais, abriu a porta e entrou no quarto. Ela, que estava de costas olhando para a janela, virou-se em sua cadeira de rodas. Um sorriso brotou nos lábios de e o mesmo levou as mãos à boca. sorriu e estendeu a mão para ele, que se aproximou dela, agachando em sua frente e segurando sua mão.
— É um milagre! – sussurrou, sentindo os olhos marejarem. Passou as mãos pelo rosto dela e riu, não acreditando que aquilo estava realmente acontecendo. – Eu senti tanto a sua falta.
acariciou o rosto do marido, analisando o pouco que ele envelheceu durante os quatro anos. Os cachos haviam sido aparados e haviam algumas ruguinhas, que ao invés de deixá-lo menos bonito, o deixou ainda mais charmoso.
Ela imaginava como deveria estar. Seus cabelos deveriam estar tão nojentos e oleosos que ela sentiria vontade de arrancá-los caso se olhasse no espelho. Ela deveria estar com rugas no rosto e seu corpo deveria estar terrível. Ela tinha medo de se olhar no espelho. Mas, ao olhar sorrindo daquele jeito tão cheio de amor, como ele sempre lhe sorriu, não pôde evitar sorrir largamente.
Ela desceu os olhos para os lábios de , que pareciam tão rosados quanto ela se lembrava. passou o polegar pelo desenho da boca dele e se aproximou dele, fazendo com que os lábios roçassem nos dele. Ele levou a mão, que antes estava apoiado na cadeira de rodas, até o pescoço dela e a trouxe para ainda mais perto, fazendo com que o beijo que ambos imaginavam se tornasse real.
Ela entrelaçou as mãos na nuca dele e o trazia para o que podia ser considerado uma fundição de corpos. sentiu o ar faltar e foi parando o beijo com vários selinhos, para que sua respiração se normalizasse.
encostou sua testa na dela, sem que o sorriso bobo saísse de seu rosto, e tocou seus narizes.
— Como você está se sentindo?
— Bem. Confusa, mas bem. – Ela sorriu.
— Quando você acha que recebe alta?
— Provavelmente dentro de uma semana, pelo que ouvi da Doutora. Mas isso depende. Como eu fiquei muito tempo apenas à base de soro, eu quase não tenho nutrientes dentro se mim. Quer dizer, não o suficiente. Eu não consigo nem me manter em pé! – Ela riu fraco.
— Vai passar rápido. Meu Deus, eu não consigo acreditar que depois de quatro anos você está aqui. – Ele colocou as mãos no rosto dela mais uma vez. Ela soltou uma pequena gargalhada com o desespero do homem, o contagiando levemente.
— Onde eles estão?
— Eu não os trouxe. – Falou, passando o polegar pela bochecha da mulher. Ele ainda olhava fixamente para os olhos dela, que já não aguentava vê-los fechados. Sentia falta de olhar aquele verde vivo que lhe trazia paz sempre que de encontro com seus olhos . — A princípio, eu traria eles. Mas depois de pensar um pouco, eu imaginei o quão terrível seria se eu os trouxesse e você não se lembrasse deles. Eu falei que era melhor vir sozinho, ver se você se lembrava de tudo o que passou antes do acidente...
— O acidente! Eu não consigo me lembrar o que aconteceu exatamente. – Ela disse. – Eu lembro de tudo que aconteceu antes, mas a minha última lembrança somos nós todos colocando as malas no carro, para voltar para casa. Você pode me contar como foi que aconteceu?
assentiu, fazendo carinho na mão dela, que estava entrelaçada a dele.
— Foi horrível. Nós cinco estávamos voltando da casa do Lago e eu estava obrigando vocês a escutarem Bruce já tinha três horas. – Ela riu. Isso nunca ia mudar, ia? – Estava nevando, a Phoebe estava dormindo e os pequenos estavam tomando suco na mamadeira, mas o Dylan jogou o dele no James, aqueles dois sempre gostaram de bagunçar, até mesmo antes de nascer. – ele riu, sendo acompanhado por ela. A gravidez fora a coisa mais impressionante, mas quando começavam a se mexer, não paravam mais. – Você tirou o cinto pra limpar ele e se esticou para conseguir alcançá-lo direito. Estava escuro por causa da tempestade de neve e eu não vi quando um outro carro vinha na curva. Os carros bateram e derraparam, foi forte. Você era a única sem cinto e acabou indo parar a uns três metros do carro. Eu fiquei desacordado por dois dias, e quando acordei, os médicos me disseram que você podia não acordar.
— Meu Deus! – Ela arregalou os olhos, levando uma mão à boca. – E as crianças? Ficou tudo bem, não ficou?
— James ganhou uma cicatriz no ombro, porque sofreu uma fratura externa. Às vezes eu brinco que é isso que me faz não confundi-los. Eles odeiam quando alguém os confunde. Dylan diz que é muito mais bonito que o irmão, já James diz que é mais inteligente. – Os dois riram. – Phoebe e Dylan saíram apenas com arranhões. Foi muita sorte, eu não sei o que faria se acontecesse alguma coisa com eles.
— Nem diga uma coisa dessas. – Ela franziu o cenho, abanando a mão. – E como eles são? Continuam ruivos? E Phoebe? Ela ainda faz balé? E...
— Calma, calma! – ele riu. se sentou na poltrona que ficava ao lado da cama e ela foi até ele quando o mesmo a chamou com a mão. Droga, odiava aquela cadeira de rodas! Não via a hora de andar, por Deus! Ficou quatro anos sem tocar o pé no chão.
— Olha – ele mostrou um álbum no celular, que era bem diferente dos celulares de quatro anos atrás. O álbum tinha as iniciais das crianças, e tinha tantas fotos que a confundiu.
Ela começou a passar para o lado, sorrindo bobamente quando via os sorrisos dos filhos.
— Eles estão tão grandes! – Ela sentiu os olhos marejarem ao ver fotos dos gêmeos com a irmã do lado.
Phoebe já era uma pré adolescente agora. Quanto ela havia perdido?
— Ele se queimou! – Ela gargalhou olhando uma foto de Dylan (ela só sabia que era ele por causa da pintinha de nascença que ele adquiriu no pescoço, exatamente igual a dela) no celular.
— Foi no ano passado. A primeira vez que a gente viajou juntos depois do acidente. – Ele disse, olhando também a foto. – James não queria ir sem você, então eu expliquei que você não podia acordar pra ir para a praia. Sabe o que ele fez? – sorriu de canto. – Ele pegou o balde de areia e colocou várias coisas que tinham na praia: conchinhas, um pouco de areia, um folheto do restaurante que eu levei eles... – Ela gargalhou. – Uma bolacha do mar e uma estrela. Quando eu vi todas aquelas coisas, eu perguntei o que ele iria fazer, mas ele não me dizia de jeito nenhum. Então quando voltamos para Londres, ele deixou o balde dentro do carro, e disse que eu não podia tirar. Eu não tirei, é claro. Você ainda não viu aqueles pestinhas irritados. – arregalou os olhos, como se fosse algo terrível, causando uma gargalhada gostosa na mulher. – No dia seguinte, nós viemos para o hospital, e ele trouxe o balde até seu quarto. Ele colocou aqui. – apontou para a mesinha que tinha ao lado da janela. - Sentou do seu lado. – Apontou para a cama. – E contou a história de cada uma das coisas que tinha no balde.
Ela sorriu, emocionada.
— Eu quero muito vê-los. – falou, secando uma lágrima na sua bochecha.
— E você vai, não só eles como sua mãe e os caras. Pelo amor de Deus, o ainda não sabe que você acordou! - arregalou os olhos. – Ele vai me matar.
Ela sorriu ao ouvir o nome do melhor amigo.
— Me conta como a banda está!
— Nós estamos aqui pra sempre. – sorriu. – A pior fase que tivemos foi na época do acidente. Você tinha acabado de entrar em coma e eu não saía do hospital, nunca. Os repórteres começaram a invadir aqui para perguntar sobre o acidente, o que me deixava muito mais puto. Até hoje eles não respeitam os momentos das pessoas!
— Você é uma pessoa pública, , é normal. – Ela disse.
— Ah! Falando em pessoa pública... Assim que saiu a notícia que você estava em coma, muitos fãs da banda e do seu primeiro livro da trilogia se amontoaram na lateral do hospital, cheios de cartazes. Até hoje pessoas perguntam sobre a continuação dos livros - sorriu. A ajudou a se levantar da cadeira e passar para o sofá, se sentando em seu colo.
— Eu... Nossa! Eu tenho fãs? – Ela fez careta e riu.
— Por que essa cara? Sabe que é uma escritora incrível!
— Sei? – sorriu. Aproximou seu rosto do dele, roçando a ponta de seu nariz na ponta do nariz dele. Os olhos se encaravam, os lábios se sorriam. foi quem deu o primeiro passo, raspando de leve seus lábios contra os dela. Ela imitou seu gesto e, quando a língua de pediu passagem, ela esquivou. Ficaram nessa provocação por alguns minutos, até que perdeu a paciência e grudou seus lábios aos dela, que deu passagem para sua língua, iniciando um beijo calmo, mas urgente e cheio de paixão.
A porta do quarto foi aberta, fazendo com que o casal interrompesse o beijo e olhasse para o culpado. A doutora riu envergonhada.
— Desculpem-me, eu não sabia que estavam...
— Tudo bem – sorriu.
— Doutora, quando vou poder levar minha mulher para casa? Não vejo a hora de matar a saudade! – disse, mordendo a bochecha de , que riu e lhe deu um tapinha no braço.
A doutora riu.
— Precisamos fazer alguns – muitos – exames nela, mas dentro de uma semana ela já estará em casa.
— Não disse? – apertou o nariz de , que lhe mostrou a língua.
As crianças estavam elétricas e isso aumentava a ansiedade de . Phoebe, que deveria ser a mais madura ali, estava mais ansiosa que os gêmeos. Quando estacionou o carro e destravou as portas, os três saíram antes que ele pensasse em tirar o cinto de segurança.
Mas ele não os culpava. Se sentira da mesma forma no dia anterior, quando viera visitar a esposa. Ele não teria saído do hospital se a doutora não tivesse o obrigado. Dylan e James sequer dormiram, ficaram com a madrugada toda na sala, perguntando se demoraria para que vissem a mãe. Phoebe, por sua vez, dormiu cedo demais, em comparação aos outros dias. Ela disse que queria estar desperta o suficiente para não perder nada que a mãe fizesse ou dissesse.
pegou os crachás na recepção do hospital e guiou os filhos até o elevador.
— Crianças, vocês não podem, de jeito nenhum, gritar ou fazer escândalo lá dentro, tudo bem? – pediu, abaixando-se para ficar com a mesma altura que os meninos, já que Phoebe era grande o bastante para saber que hospital não era um lugar de bagunça.
— Tá.
— Vocês vão ter tempo o suficiente para contar tudo o que aconteceu, então falem um de cada vez. Ela ainda não está totalmente bem, a cabeça dela está bem confusa. Só... Falem devagar, okay?
— Tá bom, pai. – Dylan rolou os olhos, exatamente igual Phoebe fazia.
— Olha só! Aprendendo essas coisas com sua irmã?
— Eu não faço isso! – Phoebe se defendeu, rindo.
E então o elevador abriu. E os quatro respiraram fundo antes de saírem e fazerem o caminho já decorado por seus pés. , ao chegar em frente à porta, olhou para os filhos.
— Anda logo, pai! – Phoebe reclamou, apressando-o.
girou a maçaneta e abriu a porta. Os quatro olharam a mulher, que estava dormindo, aparentemente. Também pudera! Eram sete da manhã e eles já estavam ali, prontos para revê-la depois de um longo tempo de espera.
— Mãe! – Phoebe exclamou, com a mão na boca.
Ela estava exatamente igual era antes do acidente, exceto a perda de peso que era visível, mas nem por isso estava menos bonita. Phoebe a tinha como um modelo tanto de beleza física como a beleza interior. Nunca encontrara ninguém mais lindo por dentro do que sua mãe.
acordou, assustada. E quando seus olhos pousaram na dona da voz, eles se arregalaram, marejando.
— Phoebe? – sua voz não passou de um sussurro. Deus, só quem passava por aquela situação sabia o quão agonizante e reconfortante era, ao mesmo tempo. Não desejaria a ninguém ficar o tempo que ficou longe de sua família, mas ao mesmo tempo, queria que todo o mundo soubesse o quão bom era ter eles de volta depois de todo aquele tempo.
Phoebe largou a mão do pai, que até agora segurava firmemente, e correu até a mãe, sentando-se na cama e a abraçando com tanta vontade que a fazia ter medo de quebrar os ossos da mulher.
sentiu as lágrimas escorrendo pelo seu rosto ao que o cheiro de morango do cabelo da filha a penetrou. Era o shampoo que ela usava antes do acidente.
Ela sentiu o ombro molhar e afastou a garota, para limpar suas bochechas.
— Você está tão linda. – sorriu em meio as lágrimas, olhando cada detalhe da garota.
— Eu senti tanto a sua falta. – Phoebe disse, a abraçando mais uma vez.
— Me perdoa. – sussurrou, a apertando no abraço.
E foi quando Phoebe se afastou, depois de distribuir um festival de beijos pelo rosto da mãe, que percebeu os outros três que estavam no quarto.
lhe sorriu, também emocionado pela cena que havia acabado de presenciar, e então deu dois tapinhas, um com cada mão, nos gêmeos, que olharam para o pai e depois sorriram, correndo até a mãe. Phoebe os ajudou a subir na cama, e cada um agarrou um lado de , que gargalhou, os abraçando.
— Vocês tomaram fermento? – ela riu, apertando as bochechas dos dois. – Quando foi que cresceram tanto?
Eles riram, brigando para ver quem é que a abraçaria, até que ela gargalhou, abraçando cada um com um braço.
— Tem bastante mãe pra cada um de vocês. – ela sorriu, beijando a testa de Dylan e depois de James.
— Sabia que nosso aniversário tá chegando? – James perguntou, piscando os olhos na direção dela.
— Acho que seu pai esqueceu de me dar um calendário. – ela riu.
— Vai ser muito legal com você aqui. – Dylan sorriu, beijando a bochecha da mãe.
— E então, o que vocês três têm pra me contar? Aposto que muitas coisas legais aconteceram enquanto eu estava aqui.
— Nós conhecemos o mar! – James disse, com os olhos brilhando.
— Eu vi as fotos. Vocês gostaram? – falou, mexendo nos cachinhos ruivos de James.
— Sim. Foi muito legal. A Phoebe se afogou. – Dylan riu.
— E desde quando isso é legal? – a garota semicerrou os olhos, com as mãos na cintura.
— Ei! Não vão brigar, certo? – finalmente se pronunciou, sentando-se na poltrona ao lado de . – A mamãe acabou de acordar, ela não quer ver vocês brigando.
— Desculpa. – Dylan e Phoebe disseram, juntos.
— Mamãe! – James chamou sua atenção, cutucando-a. – Você precisa conhecer a namorada do papai, ela é muito chata.
O quê? Namorada?
arregalou os olhos, querendo dar uns tapas no filho.
— A Nancy é a pessoa mais chata do mundo todo. – Dylan disse, fazendo careta. – Até o nome dela é chato. Nancy. A única pessoa que acha ela legal é o papai. Até a vovó detesta a Nancy.
— A Nancy não é minha namorada, ela é minha amiga. – procurou sair do assunto. Não queria machucar , logo agora que ela parecia tão feliz ao rever as crianças.
E tanto ele quanto Nancy tinham plena ciência que agora, com acordada, as coisas mudavam completamente. Nancy amava , mas ele sempre deixou claro que não sentia tal coisa por ela. Ele sempre foi e sempre seria de , independente dos anos que ela havia ficado em coma. O amor dele só tinha espaço e chamava por ela. Era apenas ela.
— Não é não. – Phoebe o desmentiu, com a sobrancelha arqueada.
Ele não quis deixar ela ir para o churrasco de Kevin, então ela não encobriria suas mentiras.
— Amigas não dormem todos os dias na casa de amigos. E nem andam com uma camisola daquele tamanho pela casa que os filhos dele moram.
parecia mais espantada a cada frase. Quem diabos era Nancy?
— O papai deveria largar aquela chata e ficar com a mamãe, agora. – Dylan disse, brincando com as pontas ressecadas do longo cabelo de .
— Claro que não, meu amor. – sorriu fraco para o filho, finalmente encontrando sua voz.
Não? pensou. Como assim, não?
Ela estava se desfazendo de ? Ele havia perdido alguma coisa, ou havia escutado bem?
— Seu pai teve que seguir em frente, querido. Ele ficou quatro anos longe da mamãe, não podia esperar todo esse tempo.
— Mas agora que você tá bem, ele não pode ficar com você? – pediu, com uma carinha confusa.
— Não é tão simples assim, meu anjo. Quando você crescer, você vai entender. – ela lhe sorriu, intrigando ainda mais .
Ela não estava ligando? Ah, ele não estava gostando nem um pouco daquela reação. Cadê o ciúme possessivo que ele tanto provocava nela? Que fora motivo de várias brigas, mas também de várias reconciliações? Inclusive, uma dessas fora a que a fez engravidar de Phoebe. O primeiro bebê deles. Uma das melhores noites de todas. Sua mente se desligou de tudo o que estava vendo, e da confusão pelo ciúme inexistente da esposa, e vagou até aquela noite.
— Você nunca tem culpa! – os gritos da mulher eram ouvidos até pelos moradores da cidade vizinha, provavelmente. – Você sempre tem razão, não é? Eu sou a errada desse relacionamento, eu que não entendo as coisas direito, eu que faço tudo do jeito errado. Você é o certo, você é Deus no nosso casamento, não é? Você é o imaculado, que nunca faz porra nenhuma. Seu bastardo desgraçado!
desconhecia aquela raiva que ela tinha. Claro que já tiveram várias brigas por causa de ciúmes, tanto da parte dela quanto dele, mas dessa vez era diferente.
Ela estava realmente irritada. Mais do que todas as outras vezes. Talvez porque agora, com eles casados e a fama da banda aumentando cada vez mais, a insegurança dela ficasse ainda maior.
— Eu não te traí! – gritou ele, pele enésima vez.
— Eu sei que não, caralho. Se tivesse traído eu já tinha saído dessa casa. Depois de te machucar fisicamente, é claro.
Ele riu. Ela ficava bastante engraçada fazendo ameaças. Talvez fosse o rosto delicado que ela tinha, ou o fato de ela ser baixinha. Mas que ela estava engraçada, estava.
— Se você não parar de rir, , eu vou sair por essa porta e só volto quando me der na telha. – ela ameaçou, apontando para a porta do quarto dos dois.
Mas é claro que ele não conseguiu parar. Ela pegou o perfume dele, que estava em cima da estante, e tentou acertá-lo no rosto, mas acabou acertando a parede atrás ele.
— !
— Nem quase morrendo você para de rir, filho da puta? – ela semicerrou os olhos.
Deus, ele nem precisava assistir um filme de comédia. Tinha um show em casa mesmo.
— Você é inacreditável, . – ela falou, negando com a cabeça enquanto saía do quarto.
Ela tentou descer as escadas, é claro. E teria o feito, se não tivesse se desesperado ao ver que ela não brincava e ido até ela, puxando seu braço e a impedindo de cumprir seu objetivo.
E foi ao virá-la para ele, que viu as lágrimas no rosto da esposa.
— Olha pra mim. – ele pediu, puxando o queixo dela para que ela o olhasse.
Contra sua vontade, direcionou os olhos até os dele.
— Eu nunca trairia você, amor. Você é a única na minha vida, você sabe disso, não sabe? – ele sussurrou, limpando o rosto dela.
— Eu odeio essas mulheres. – ela reclamou, abraçando-o pelo pescoço e enterrando o rosto ali. – Elas são todas gostosas e loiras, e sempre usam essas roupas vulgares. Eu tenho tanto medo de perder você.
— Você nunca vai me perder, . Nunca mesmo. – ele falou, segurando as bochechas dela entre as mãos.
— Mas e se...
— Nunca. – ele colocou o indicador nos lábios dela, a impedindo de falar. – Entendeu?
Ela assentiu, fungando mais uma vez.
— Mas, , elas são melhores que eu, e você pode querer me trocar por uma delas. Eu só... Tô com medo.
— Mulher, você não escutou uma palavra que eu disse? – ele riu, beijando a testa dela. – Você quer parar de ser insegura? Você pode não ser a mulher mais gostosa do mundo, mas é a mais gostosa pra mim. E não é você que me fala que só se ama uma vez? É você quem eu amo. Isso não vai mudar. Nem quando nós morrermos, nem quando tivermos nossos doze filhos e você ficar tão gorda que eu não vou mais conseguir ficar duro.
Ele gargalhou ao receber um tapa da mulher.
— Para com isso. – ela riu, se escondendo no pescoço dele.
— Eu te amo. – ele sussurrou.
— Eu também. – ela disse, no mesmo tom de voz.
desceu as mãos até o bumbum dela, coberto pelo vestido floral que ela usava por causa do calor do verão. Ela sentiu a pressão dos dedos dele e pulou, cruzando as pernas no quadril do marido.
Tomou os lábios dele em um beijo intenso, enquanto ele andava cambaleante até o quarto dos dois.
se sentou na cama, tirando os sapatos com os pés e depois as meias, sem desgrudar os lábios dos de por um só segundo. Ele mordeu o lábio inferior e depois o superior da mulher, que gemeu baixinho, embrenhando os dedos nos cabelos ruivos dele. O homem levou suas mãos grandes até a barra do vestido dela e o trouxe para cima, tão rápido como as batidas dos corações deles. E ele precisou romper o beijo e olhar aquele corpo apenas com a lingerie, porque era irresistível até demais.
Ela sorriu ao ver que ele tinha o olhar vidrado em seus seios e decidiu deixá-lo se divertir um pouco, tirando o seu sutiã. Quando ele olhou-a, quase totalmente nua, sorriu, segurando os seios redondinhos dela entre as mãos. E foi apenas sentir o toque dele que seus mamilos se eriçaram, sinal de que ela já estava pronta para ele. Desceu suas mãos até o abdômen dele e o arranhou, puxando a camisa dele para cima em seguida.
deitou na cama, com as mãos na cintura dela. rebolou em cima da ereção dele, ainda coberta pela calça, o fazendo apertar os olhos. Ele levou as mãos até seus jeans e desabotoou-os. , como estava por cima, o ajudou a tirar as calças, jogando-a em qualquer canto do quarto em seguida.
Quando ela virou-se para ele novamente, ele já estava totalmente nu. Havia tirado a boxer enquanto ela jogava a calça dele. Sorriu para ele, voltando a se sentar no colo dele. Quando sentiu a intimidade dela, molhada, se esfregar em seu membro, ele não segurou o gemido rouco. Puxou-a para que se sentasse direito, e então a penetrou. Sem delicadeza, ou cuidado. Do jeito deles.
Ela mordeu os lábios, espalmando as mãos no peito dele.
Ele empurrava a cintura dela para cima e para baixo, rápida e lentamente, conforme os corpos deles pediam. Cada olhar, cada momento, cada suspiro ou gemido. Tudo era gravado na cabeça deles, e ficaria na memória para sempre.
Principalmente depois que gozou dentro dela. Não era nada planejado, mas aquela fora uma das melhores transas. O esquecimento da camisinha fora o melhor de todos os detalhes.
Phoebe encarou o pai, com os olhos semicerrados. Ela desceu da cama, a mãe sequer notou, já que estava ocupada demais escutando Dylan contar um de seus causos. Sentou-se no braço do sofá e olhou para o pai, que percebendo a movimentação, acordou de seus pensamentos e voltou seu olhar para a filha.
— Você está encrencada, mocinha. – ele semicerrou os olhos.
— Se tivesse me deixado ir à casa do Kevin, eu até te ajudaria. – ela sorriu, irônica, e mandou um beijo no ar para o pai.
— Chantagem não funciona comigo, Phoebe. A única pessoa que... – sua voz morreu. Só de pensar em , seu coração ardeu. Ela estava se desfazendo dele. Ela não era assim, onde estava o amor?
— Que consegue chantagear você é a mamãe. – Phoebe terminou a frase quando viu o semblante do pai mudar de irritado para chateado. – Eu sei, eu me lembro disso. Ela vivia te chantageando, e você nunca conseguia ganhar.
assentiu, mordendo o lábio inferior. Mesmo magoado e sem entender nada sobre a reação de , o que ele tinha em mente não seria apagado. Ele devia isso à ela.
— Eu quero que me ajude com uma surpresa para a sua mãe. – ele sussurrou, mas mesmo se tivesse gritado aos quatro ventos, ela não ouviria. Estava tão compenetrada em seus pequenos que conversavam atenciosamente com ela, que não ouviria nem se uma bomba explodisse do lado de fora do hospital.
já não aguentava segurar tantas sacolas. Phoebe o havia arrastado para o shopping, porque, segundo ela, as roupas da mãe dela não eram mais tão bonitas e ela precisava ganhar pelo menos um presente depois de quatro anos em coma. Mas havia vários presentes lá.
— Filha, você não acha que já está bom? – ele perguntou, antes que ela entrasse em mais uma loja.
— É claro que não! Ela tem um guarda-roupa inteiro para refazer, e...
— Sua mãe vai ficar muito contente com essas roupas que nós já compramos. Vamos para casa, você pode fazer compras com ela essa semana. – implorou, quase derrubando uma sacola no chão.
— Está bem. – ela rolou os olhos. – Quer ajuda?
bufou, indignado.
— Você deveria ter me ajudado há uma hora!
Ela riu, pegando algumas sacolas e indo com o pai até o elevador.
— Ela vai adorar a pulseira. – Phoebe falou, apertando o botão que levava ao estacionamento.
— É você quem vai dar para ela.
— Pai, você parece uma criança. – ela rolou os olhos. – O que há de errado em dar uma pulseira para sua esposa?
— Há de errado que você me desmentiu na frente dela, e agora ela provavelmente me odeia e vai odiar mais ainda se eu agir como o marido preocupado com a felicidade dela. Você vai dar.
— Tudo bem, eu entrego. Mas, pai? – ela chamou, saindo do elevador quando este abriu.
— Hm? – disse, acionando o alarme.
— Não finja que não ama a mamãe. Nem você acredita nisso. – ela piscou para o homem, entrando no carro.
abriu a boca, indignado. Essa garota tinha algum problema, não era possível. Ela sempre entendia as coisas. Será que era coisa de adolescente? Ele não era assim quando adolescente... Na verdade, ele era bem tapado. Bom, de certa forma, isso nunca mudou.
— O que você quer dizer com isso? Eu amo a Nancy agora, as coisas mudaram. – ele falou, dando partida com o carro.
— Ama mesmo? – ela arqueou as sobrancelhas. – Para com isso pai! Eu não entendo o que você ‘tá tentando fazer, mas eu sei que tem a ver com ter a mamãe de volta. Só não machuca ela, tudo bem? Eu fiquei tempo demais sem ver minha mãe sorrir, não quero ficar mais ainda.
suspirou, tendo a certeza de que aquela não era sua filha.
— Vem cá, quantos anos você tem?
Ela riu, ligando o som do carro e cantando alguma música atual que sequer prestou atenção.
Ela tinha razão. Se ele fazia o que fazia, era porque queria ela de volta. Ele iria continuar com Nancy, porque queria causar ciúmes em . Ele tinha que provar pra ela, mesmo sendo mentira, que não a amava mais. E talvez assim, ela demonstrasse o ciúme que ela sentia e ele voltaria com ela.
Parecia simples na cabeça dele. Mas não era tão simples assim.
Ele não sabia que, no dia em que Dylan contou para ela sobre Nancy, logo depois que eles foram embora, ela chorou. Chorou como jamais havia chorado. Chorou por ter tirado o cinto de segurança, chorou por não ter pedido para esperar a tempestade passar, chorou por não ter dado o suco dos meninos quando o carro estivesse parado. Chorou por ter entrado em coma e entregado outra mulher de bandeja para . Chorou por saber que outra mulher dormia na cama deles, outra mulher tocava ele, outra mulher era tocada por ele. Tocada do jeito que sempre foi tão deles, mas agora ela não estava mais naquela equação.
E o pior era saber que ela moraria na casa dele. Ela moraria com e veria todos os dias a pessoa que havia tomado o seu lugar enquanto ela estava em coma, lutando pela vida sem ao menos saber disso.
E ela sabia que se fosse ele, ela não conseguiria seguir em frente. E ela também tinha a certeza de que ninguém jamais sentira a dor que ela sentia agora. Só em saber que ele pertencia a outra, seu coração sangrava.
Mas ela não abriria mão de morar na casa que antes fora a dela e de . Ela havia ficado tempo demais longe dos seus filhos, e sabia que jamais permitiria que ela se mudasse e levasse as crianças juntos. Agora, era tudo por eles. Pelos três.
Ela lutaria contra o seu coração e seguiria com sua cabeça. Ela não demonstraria o ciúme, e nem a dor apenas de saber que ele tinha outra. Ela queria conhecer a tal Nancy. Queria apenas ter a certeza de que era uma boa pessoa, porque era o mínimo que poderia desejar a ele. Que fosse feliz ao lado de quem ama. E para ela, estava mais do que claro que ele amava Nancy. Toda a semana que havia passado, sempre que eles conversavam, ele fazia questão de comentar algo sobre a incrível namorada dele.
Ela teria que focar em sua família, sua carreira. Ela precisava voltar a escrever a trilogia que escrevia antes, a história que mesmo antes de acontecer o acidente, estava quase no topo dos Best Sellers, e que depois que , a guerreira, entrou em coma, vendeu mais que o triplo de exemplares, ficando no topo das vendas por quase dois anos.
Phoebe havia lhe levado um notebook.
A filha também reativou a conta de no twitter, que se surpreendeu ao ver que agora a conta era verificada.
— Parece que só valorizam os autores quando estão quase mortos. – Phoebe deu de ombros.
E as visitas diárias que e as crianças fizeram naquela semana saíram em vários jornais, junto com a notícia que havia dado em seu twitter de que estava bem e viva. E, embora os caras quisessem visitá-la, os impediu. seria surpreendida com um jantar onde todos os amigos e familiares iriam, na casa deles. Ela não fazia ideia.
Isso tudo aconteceria naquela noite. Mais precisamente, daqui duas horas.
estava tomando banho no banheiro do quarto de hospital e sorriu fraco ao se olhar no espelho. Ela estava gradativamente ficando mais parecida com o que era antes do acidente. Seguindo a dieta que a nutricionista indicada ao caso dela havia lhe dado, ela voltaria a ter seu corpo em pouco tempo, claro que com exercícios físicos e musculação, porque ela estava fraca demais.
E agora ela não tinha um namorado, ou marido. Ela tinha que se cuidar, nem que fosse para si mesma. E Phoebe também queria isso, mas suas intenções eram completamente diferentes. Ela queria juntar os pais, e para isso, contava com a ajuda dos irmãos.
se encarou no espelho mais uma vez. Ao contrário do que imaginava, seu cabelo ainda não demonstrava envelhecimento, e se fosse de genética, demoraria ainda mais. Sua mãe começou a ter cabelos brancos aos quarenta e três, quando algumas de suas amigas já tinham aos vinte e oito. Mas isso não queria dizer que ela estava bem. Seu cabelo estava tão ressecado que parecia uma vassoura de palha, e tinha pontas duplas até a nuca, quase. Suas unhas estavam fortes, por incrível que pareça, mas tão doloridas a ponto de fazê-la reclamar. E ela não era uma mulher que reclamava muito. Nunca teve a sobrancelha muito grossa, mas os excessos eram visíveis.
Se ela fosse , também teria procurado outra pessoa. Mas o seu corpo, graças aos comprimidos de vitaminas, e a boa alimentação que tivera durante a semana, já mostrava o pequeno ganho de peso, que era ótimo, no caso dela.
Enquanto se secava no banheiro, escutou três batidas na porta do quarto, e mandou entrar. Era Phoebe, ela sabia. Ela vestiu novamente a roupa do hospital e saiu, com uma toalha em mãos.
Viu a filha sentada na poltrona, com umas duas ou três sacolas de lojas em mãos.
— O que é isso? – pediu, secando o cabelo com a toalha.
— Papai e eu compramos umas roupas pra você, as suas não são boas pra usar agora.
— O que há de errado com as minhas roupas? – perguntou, rindo, e sentando-se na ponta da cama.
— Ah, mãe. A moda muda, sabia? – Phoebe riu, estendendo as sacolas para ela. – Daqui a pouco papai vem nos buscar, ele só vai passar na casa do tio para buscar os pestinhas.
— Não fale assim deles! – riu, pegando as sacolas. – Hope? Isso é uma loja de... Phoebe! Você levou seu pai para uma loja de lingerie?
— Eu não sabia o seu tamanho! – Phoebe riu. – E ele tem bom gosto.
olhou incrédula para a filha.
— Isso que você tá fazendo, não vai dar certo, sabia? – Cerrou os olhos e colocou as mãos na cintura.
— O quê? – Se fez de sonsa.
— Querida, venha cá – sentou-se no sofá de dois lugares que havia no quarto e deu dois tapinhas ao seu lado, Phoebe se sentou ali e olhou confusa para a mãe. – Seu pai agora tem outra mulher e – suspirou. Não imaginava que seria tão doloroso dizer isso – você não pode tentar nos juntar, isso não vai acontecer.
— Por que não? Mesmo que ele esteja com a Nancy, está escrito na testa dele que é você quem ele ama!
sorriu e levou a mão ao rosto da filha, acariciando sua bochecha.
— Eu fiquei desacordada por quatro anos, meu amor. Eu ainda amo o seu pai, amo muito. Mas ele tem outra pessoa. É feliz e a faz feliz. Eu não posso destruir isso, querida. E imagina se, por ironia do destino, eu também encontre alguém?
— É claro que você vai encontrar alguém, mãe. Você é maravilhosa. – Phoebe suspirou. – Mas eu quero que você e o papai fiquem juntos.
— É claro que quer. Os filhos sempre querem o que acham melhor para os pais, mas talvez isso não seja o melhor, querida. No momento, eu quero mais do que tudo nesse mundo aproveitar vocês três. Lembra como nos divertíamos antes do acidente? Lembra quando seu pai saía para turnê e eu e você ficávamos cuidando dos gêmeos?
Ela assentiu, cabisbaixa.
— Ei. Não fica tristinha assim, por favor. A médica já me deu alta, nós vamos embora hoje... Fique feliz, Phoebe.
— Eu estou feliz, mas... Mãe. Você não conhece ela. Ela detesta os garotos e é nojenta. Ela tem dezenove anos, mãe! Ela fica no salão o dia todo, e usa umas roupas que... Meu Deus! Juro que não é implicância, mas... Ela não é boa o suficiente para o papai.
— Ela... Ela é ruim para seus irmãos?
Phoebe assentiu e sentiu seu sangue esquentar subitamente.
— E pra mim também. Ela fez o papai mudar o dia das minhas aulas de natação para sábado porque ela tinha coisas a fazer nas quintas e não podia ficar esperando ele me buscar no clube. Só que eu brigo com ela direto! E o papai diz que eu perco a razão assim, mas...
— Isso é verdade. Mas, querida. Ninguém mexe com meus filhos enquanto eu estou por perto. Acredite em mim. Ninguém.
Phoebe sorriu. Parte um, completa. Agora era com seus irmãos.
Escutaram uma batida na porta e um homem com cabelos loiros colocou o rosto para dentro.
— Mario!
— Pequena Phoebe! Essa é sua mãe? Oh, Deus.
— O que foi? Quem é você? – o olhou, desconfiada.
— Ele é um cabeleireiro. A madrinha Charlotte concordou que você precisava de um tratamento especial, então ela chamou o Mario para te arrumar.
— Seu pai sabe disso?
Ela negou com a cabeça.
— Essa é a melhor parte.
riu, rolando os olhos.
— O que é tudo isso? – apontou para as maletas do homem.
— O que eu preciso para deixar você mais irresistível do que uma princesa. Agora sente-se aqui e o resto é por minha conta. – ele falou, puxando a poltrona para o meio do quarto do hospital.
— Phoebe, os médicos não vão gostar disso...
— Eu conheço eles há quatro anos. Eles deixaram, porque sou amiga deles.
riu, assentindo.
— Seja o que Deus quiser.
Já era noite, estava arrumando os gêmeos enquanto encarava o relógio.
— Cadê o seu padrinho, Jamie? – ele bufou, colocando os sapatos nas crianças.
Quase imediatamente, a campainha soou.
— Ah, graças a Deus.
Com James em seu colo e Dylan segurando sua mão, desceu as escadas. Nancy já havia atendido a porta, e estava no meio da sala.
— Por que demorou tanto?
— Olha, cara. Você passou por duas gravidezes, eu e a Amber estamos na primeira. Eu tive que levar ela na casa do porque ela e a Molly tinham assuntos a tratar. Aquieta um pouco essa bunda que você ainda tem uma hora.
— Certo, cuide dos pirralhos enquanto eu vou buscar as duas.
— Eu mando mensagem assim que todos estiverem aqui.
assentiu e colocou James no chão, ao lado do irmão.
— Se comportem, ajudem o tio e não comam nada até eu chegar, porque vocês vão se sujar.
— 'Tá. – Dylan disse, arrastado.
— E não fale desse jeito comigo. Amo vocês.
– Também. – os dois disseram, correndo até , querendo atenção do homem.
— Você quer que eu vá junto, querido? – Nancy pediu, passando a mão no peito do homem.
— Não. Ela ainda não te conhece e... É melhor não.
Ela bufou, assentindo, e foi até as escadas.
suspirou, pegando a chave. Seria muito estranho para ela morar com ele em uma casa, sem que eles se tocassem? Ou conversassem como antes faziam?
A verdade é que ele tinha medo dela não ligar, porque ele ligava. Ele queria tanto dizer a Nancy que não podia ficar com ela, que pertencia a outra. Queria acordar num domingo de manhã e ver a esposa fazendo panquecas para os filhos, e queria ir até ela e beijar seu ombro enquanto roubava um morango, e queria escutar ela brigar com ele por isso, e tantas outras coisas. Ele queria deixar ela rouca de tanto gritar depois do sexo, queria atiçar ela até não aguentar mais, queria acordar com ela nua em seus braços.
E se ela não quisesse mais? E se ela desistisse deles? E se ela já tivesse desistido?
Perguntas e mais perguntas rondaram sua cabeça no caminho do hospital, ele parecia estar no piloto automático. Pareceu acordar somente quando já estava na frente da porta do quarto de . Ele deu três leves batidas e escutou uma risada coletiva, e então a voz da sua esposa pedindo para ele entrar.
— Vocês estão... – ele quase perdeu a fala quando a viu. – Prontas? Uau.
— Eu não sei por que tinha que me arrumar tanto assim, mas a Phoebe disse que você vai levar a gente para um jantar.
Phoebe piscou para o pai, divertida.
não conseguiu tirar os olhos de por algum tempo. Ela estava maravilhosa. Usava um vestido que ia quatro dedos acima do joelho, não sendo nem curto e nem comprido. Era preto e branco, e nos pés ela calçava um salto pequeno, nada muito significativo. Mas ela estava deslumbrante, do jeitinho simples dela.
— Você cortou o cabelo?
— Pois é. A Phoebe que pediu. – deu de ombros, pegando as sacolas que Phoebe havia trazido mais cedo. – Vamos? Onde estão os meninos? Eu pensei que fôssemos direto...
— Você está ansiosa? – ele riu. Ela já era tagarela por si só, mas quando ficava ansiosa...
— É que... Eu não aguento mais ficar nesse hospital. E passar um tempo com todos vocês é o que eu mais quero. – ela sorriu. – Você não me respondeu, onde estão os meninos?
— Eles estão em casa.
— Sozinhos? – ela arregalou os olhos.
— Com a Nancy.
Ela assentiu, desviando o olhar.
— Vamos? – ele pediu, fingindo que nada havia acontecido.
— Claro. – ela sorriu fraco, saindo pela porta.
Ele era um otário. Sabia que aquilo machucava ela, e dizia mesmo assim. Ela suspirou, olhando tudo a sua volta assim que saiu do hospital. Quando passaram para a porta dos fundos, ela olhou confusa para o marido.
— Paparazzi. – explicou ele.
Ela assentiu, seguindo e a filha até o carro.
— Hey. – ele falou, chamando a atenção dela. – Você está linda.
— Obrigada. – seu sorriso era contido.
Phoebe entrou no carro e ia fazer o mesmo, mas seu olhar pairou na mulher que estava uns passos atrás, olhando para o carro.
— Você não vai entrar?
— Eu... , eu não sei se...
— ... O que foi?
Ele caminhou até ela, que tremia levemente.
— Você sabe o que aconteceu na última vez que eu estive dentro de um carro.
Ele viu os olhos dela se encherem de lágrima e a puxou, involuntariamente, para um abraço.
— Aquilo foi diferente, . Você nunca mais vai se machucar.
— Desculpa, ...
— Ei, pelo quê? – ele se afastou dela, enxugando o rosto da mulher.
— Foi culpa minha aquele acidente, se eu não...
— Não diga isso! Não foi sua culpa, não foi, .
— Mas eu...
— Não. Não fala isso. Você não precisa ter medo de entrar no carro, aquilo não vai acontecer de novo.
Ela assentiu, saindo dos braços dele e caminhando até a porta do carro. Antes de entrar, ela secou o rosto e fixou o olhar na maçaneta por alguns segundos, até abrir a porta e entrar.
Deus, ela estava apavorada. sentiu o medo e a tremedeira dela de longe. Ele segurou o impulso de apertar a mão dela e dizer que ia ficar tudo bem. Quando ele estacionou na frente da casa deles, ela sequer notou o acúmulo de carros por ali. Era sempre daquele jeito. O condomínio era o mesmo que os outros garotos moravam e muitos famosos e socialites viviam ali. Tinha festa todos os dias, ela só não imaginava ser na casa dela.
— Eu tenho que descer? – ela franziu o nariz, daquele jeito que fazia quando estava morrendo de preguiça.
— Claro que tem, tenho certeza que sente falta da nossa casa. E você não quer arrumar os meninos?
Ele sabia que era só falar isso e ela sairia do carro imediatamente. E foi exatamente o que ela fez.
Ela ficou ao lado de Phoebe, esperando abrir a porta.
— Entra primeiro, . Já faz tanto tempo desde que estivemos juntos nessa casa.
Ela percebeu a ambiguidade da frase, mas não se importou nem um pouco. A casa, que antes era marrom, agora era branca. Ela queria ver como estava do lado de dentro.
— Que cara é essa, ? Eu te conheço desde os meus dezesseis anos. Sei muito bem quando você está aprontando. – ela cerrou os olhos para ele, antes de abrir a porta.
E quase imediatamente, a luz se acendeu e todos que estavam dentro da casa, gritaram "Surpresa!", e foi só o tempo de colocar as mãos na boca, muito surpreendida.
— Ai meu Deus. – ela sussurrou.
Todos estavam ali. , , . As esposas dos dois últimos, as filhas de . Seus amigos da editora, até seu antigo chefe.
Ela viu sorrindo ao seu lado.
A primeira pessoa que a abraçou foi, é claro, seu melhor amigo.
— ...
— Ah, Deus. Eu senti tanto a sua falta. – ele sussurrou e a soltou somente quando sentiu seu ombro molhar. – Não chora! – ele a repreendeu, secando seu rosto.
— Meu Deus, você está tão bonito. – ela sorriu, com as mãos nos ombros dele.
— Olha quem fala. – fez charme, ganhando um tapa de leve dela.
— Hey, seu panaca. Tem muita gente aqui que sentiu a falta dela, desgruda. – falou, arrancando ela dos braços de e a abraçando.
Sentiu a risada dela e mesmo assim não a soltou. Como ela fazia falta.
— , quero conhecer suas meninas. A Molly estava grávida da primeira quando entrei em coma e o me contou que vocês tiveram outra um ano atrás.
— Isso é verdade, vem aqui. – ele falou, puxando-a até onde Molly estava cuidando da menina menor enquanto a mais velha corria pela casa com os gêmeos.
— Ah, ! – ela se levantou, abraçando-a assim que pegou sua filha.
— Vocês sabem que pra mim não parece muito tempo, não é? Mas mesmo assim, eu senti muito a falta de vocês. Principalmente quando não foram me ver no hospital.
— Ideia do , não nos culpe.
— E quem é essa menina linda? – ela perguntou, aproximando-se do homem para pegá-la no colo, que felizmente, aceitou de imediato.
— Essa é a Sunny. A mais velha se chama Rosalinda.
— Hey, Sunny. Nossa, como ela se parece com você, Molly.
Molly sorriu, assentindo. Era mesmo a fotocópia dela.
— Posso roubar ela por um segundo? Quero falar com , mas faz tanto tempo que eu não seguro uma criança desse tamanho.
— Claro que pode. Meus braços já estão doloridos. – Molly riu, se colocando entre os braços do marido.
sorriu e se afastou, indo até . Ela não tinha percebido a mulher que tinha a mão de em sua cintura até chegar perto deles.
— , foi você quem fez isso tudo? – ela evitou olhar a garota, e até conseguiu com um pouco da sua força de vontade.
Ele assentiu, sorrindo, e ficou muito surpreso quando ela enlaçou seu pescoço com a mão livre e o abraçou.
Ele soltou Nancy e a abraçou também. Nunca pensou que teria um abraço vindo dela, não depois dela descobrir sobre Nancy.
— Muito obrigada por isso, . É sério. – ela sussurrou em seu ouvido, se afastando depois.
a observou quase todo momento depois disso, exceto quando a mulher ao seu lado pedia por atenção.
— Ela me ignorou, ou o quê? – Nancy bufou, irritada.
— Ela nem te viu, Nancy.
— Claro que viu.
— Se ela tivesse te visto, teria te cumprimentado. Ela não é estúpida. – ele suspirou. – Eu vou pegar alguma coisa para beber.
Ele soltou a loira de seus braços e caminhou até a cozinha. Acompanhava, involuntariamente, os passos de a cada instante. Ela parecia querer chorar a cada pessoa que a abraçava e enquanto afagava o braço de numa segunda conversa entre eles, ele olhou para o anel no dedo dela.
Involuntariamente, seu olhar desceu para sua própria mão. Havia tirado a aliança no dia que descobriu sobre Nancy. Ele usava a aliança mesmo namorando outra, porque sabia que ela ia acordar e eles iam ficar juntos. Usava porque não tinha superado. E quando Nancy viu que ele usava, mesmo depois dela ter acordado, e que não havia terminado com ela, exigiu que ele retirasse aquele anel, porque agora ela não seria a outra.
E ela tinha razão. Mas se havia superado tanto assim, por que ela ainda usava aquele objeto que lembrava uma época distante e feliz?
Deus, ele estava tão confuso.
percebeu o olhar do homem e o olhou também, sorrindo radiante para ele.
Ela estava tão linda. As roupas que Phoebe e ele a compraram caíram como uma luva, os cabelos, agora não no fim, mas na metade das costas, pareciam sedosos e ele queria tanto embrenhar as mãos neles.
— Já estão percebendo seus olhares, . E tenho certeza absoluta que Nancy não está gostando nem um pouco. – disse, dando leves tapinhas nas costas do amigo. – E eu posso saber por que diabos continua com essa garota? Nós dois sabemos que não é ela quem você ama.
— Tenho meus motivos.
— E são eles bons? Porque perder a vai ser algo que eu tenho certeza que você não vai superar.
— Sei o que estou fazendo.
— Claro que sabe. – deu um leve tapa no braço do amigo antes de sair da cozinha.
, com sua bebida em mãos, voltou para o lado da namorada, antes cumprimentando alguns parentes.
Agora, quem estava agarrada a era sua mãe, a Senhora . precisou rir. Elas se amavam como se fosse filha dela, e não . Podia até imaginar sua mãe falando o quanto sentiu falta de quando fazia algo errado. Riu sozinho, bebendo alguns goles de álcool. Precisaria de muito se fosse passar a noite toda olhando o corpo de num vestido tão comportado como o que ela usava. Na quarta-feira que se passou, o dia que fariam quinze anos que eles se casaram, ele não foi ao hospital. Não poderia, sem se lembrar daquele dia tão feliz. Sem pedir desculpas por ter arrumado outra mulher, sem agarrar e nunca mais a soltar. O desespero de seus desejos o estava deixando louco. Ele não podia mais. Só... Não podia.
Phoebe ficou observando tudo, quieta, durante toda a noite. Quando viu seu pai mencionar em subir as escadas, correu até ele.
— Onde você vai?
— Eu mandei a Elza arrumar as roupas da sua mãe no quarto de hóspedes, mas esqueci de pedir para ela arrumar o banheiro para a sua mãe. A gente comprou uns sabonetes e essas coisas todas, lembra? Só não sei onde tudo ficou e sua mãe vai querer tomar outro banho antes de dormir.
— Mas você tem que falar com a mamãe! Vocês nem estão se olhando mais! Deixe que eu arrumo.
— Então peça para seus irmãos te ajudarem.
— 'Ta. Mas vai falar com ela.
— 'Ta. – ele rolou os olhos. Parecia que ele era o filho ali, e não o contrário.
Observou a filha subir as escadas e então se virou, quando sentiu uma mão em sua cintura.
— Eu posso dormir aqui hoje? – sua namorada pediu, fazendo bico.
— Acho que é melhor não, Nancy.
— Vem cá, precisamos conversar. – ela o puxou.
Uh-oh. Essa frase nunca acabava em algo bom.
Ela o levou até a sacada e fechou a porta de vidro, virando-se para ele.
— O que eu fiz?
— O que você não fez, não é? Poxa, . Eu estive aqui a noite toda e você só deu atenção para aquela... Coisa.
— Não fale assim dela. Ela é uma pessoa extraordinária, você não a conhece.
— Ah, eu não posso xingá-la? Mas ela querer roubar você de mim está certo?
Pobre Nancy... Como roubar se ele já pertencia toda e completamente à ? — Nancy...
— Não, . Eu posso viver com você sem me amar. Deus sabe que eu posso. Mas não vai dar certo se você ama a outra mulher que mora nessa casa. E quando eu vier dormir aqui?
— Então, sobre isso...
— Agora eu nem dormir aqui posso mais?!
Oh, ela estava irritada.
— É melhor não, Nancy. Você sabe o quanto pode ser estranho para ela, até se acostumar que existe outra pessoa ocupando o lugar dela...
— Eu não vou deixar essa mulher atrapalhar a minha vida. Estou falando sério. – ela abriu a porta, mas a segurou.
— Onde é que você vai?
— Para casa. Agora, pense no que eu te falei, . Ela não vai conseguir me tirar da sua vida. Eu só saio dela quando você disser com todas as palavras que me quer longe. E se ela tentar fazer qualquer coisa para te tirar de mim, eu faço da vida dela um inferno. Escute o que eu te digo. Um inferno. E, com aquilo, ela se foi. E os olhos de encontraram os de , que junto com e Jacob, o seu antigo chefe, o olhavam com olhos arregalados.
Eles ouviram cada palavra da mulher.
Quando o último convidado saiu, se deixou cair no sofá, exausta. Ela fechou os olhos por alguns segundos, mas não durou nada, porque ouviu os filhos correndo pela casa, procurando por ela e, quando acharam, os três pularam em cima de seu corpo jogado no sofá.
— Ai ai.
— Mãe, mãe, mãe. A gente arrumou seu quarto. – Dylan lhe cutucava as costelas, sorrindo.
— Meu quarto? Eu pensei que fosse ficar no quarto de hóspedes.
— E vai. Mas agora é seu quarto. – Phoebe falou. – A gente ficou quase toda a festa arrumando suas roupas novas no guarda-roupa, porque o papai disse que estava arrumado só que eu não achei, aí arrumei direito e pedi pra eles me ajudarem com o banheiro, mas tudo bem porque essas festas são chatas e a gente não tinha nada para fazer.
— Vocês arrumaram para mim? – eles assentiram. – Muito obrigada. – sorriu. – Sabe o que eu acho? Que seria muito legal se os três dormissem comigo essa noite. A cama do quarto de hospedes é imensa, não é? Ou seu pai mudou alguma coisa lá em cima?
— Ele não mudou nada, só a cor da casa.
assentiu, suspirando.
— Vocês querem dormir comigo?
— Sim. – os três disseram juntos e ela os puxou para um abraço.
— Vocês me perdoam? Eu não queria ter ficado tanto tempo longe de vocês.
— O papai falou que a culpa foi da neve, não sua. – Dylan falou, beijando a bochecha da mãe.
— Mas eu sinto como se fosse minha culpa.
— Mãe, não fala isso. – Phoebe a repreendeu.
— Crianças, para o banho. – uma voz grossa soou no corredor e os três se levantaram. – Phoebe, ajude seus irmãos.
Ela assentiu e pegou os irmãos pelas mãos, conversando baixinho com eles.
Quando eles saíram da sala de estar, o encarou.
— Eu estava falando com eles.
— Mas eu preciso conversar com você.
— Sobre o quê? – ela suspirou. – É sobre a Nancy, não é? Olha, . Eu entendo perfeitamente o medo que ela está sentindo em perder você, eu senti isso muitas vezes. Mas ela não tem com o que se preocupar. Eu não sou uma ameaça.
— ...
— Não, . Eu não quero falar sobre isso agora. Eu estou tão feliz, será que você poderia respeitar isso? Essa foi uma noite maravilhosa, eu até... O Jacob me convidou para voltar para a editora. Ele disse que sabia que era tudo recente, que eu acabei de voltar... Mas você sabe que aquela editora era tudo para mim. Que escrever é tudo para mim. Ele não precisou nem pedir duas vezes.
— Parabéns, de verdade. – ele suspirou. – Eu só queria que você soubesse que a Nancy não é má pessoa, ela só está...
— Defendendo o que é dela. – assentiu, levantando-se do sofá. – Eu fazia isso quando te amava, e como eu disse... Ela não tem com o que se preocupar. – deu de ombros. – Você deveria se permitir amar ela, . Não tem nada que te impeça, nenhuma esposa em coma, seu subconsciente não vai te julgar. Não mais. E falando isso, ela subiu as escadas, em direção ao seu quarto.
Limpou o rosto ao perceber que havia chorado e caminhou até o guarda-roupa. Procurou por um pijama e encontrou uma antiga camisola de seda branca. Pegou uma calcinha e uma toalha, e trancou-se no banheiro.
Ela precisava superar, precisava esquecer. Precisava parar de sentir aquela dor no peito que sentiu quando viu beijar Nancy algumas vezes durante a festa. Ela precisava esquecer o sorriso que ele deu a Nancy. Foi um sorriso pequeno por algo que ela havia falado, mas era o sorriso deles. Ela não conseguia ver ele direcionar aquele gesto a outra pessoa. Doía demais. E agora eles já não existia mais. Era um pra cada lado. E se ela desse sorte, talvez fosse feliz como ele era.
Phoebe saiu do banho e foi até o quarto dos irmãos, onde os dois, já vestidos, brincavam com os soldadinhos em cima da cama.
— Eu mal falei com vocês hoje. – suspirou. – Conseguiram?
— Você sabia que o shampoo dela é roxo? – Dylan falou. – Ela nem vai perceber.
— É roxo porque o cabelo dela tem luzes, e usando aquele shampoo ele não fica amarelo. – explicou. – Não que vocês se importem.
Dylan deu de ombros, olhando o irmão.
— Ele não vai ficar amarelo, vai ficar azul. – James riu. – O que eu faço com isso? – pediu, tirando alguns tubos de caneta debaixo do colchão.
— Deixa aí! – falou, alarmada. – Depois a gente dá um jeito nisso.
— Vamos no quarto da mamãe? – Dylan pediu, pegando seu travesseiro. James fez o mesmo e eles encararam Phoebe, que segurou na mão dos dois e os levou até o último quarto do corredor.
— Mãe? – Phoebe chamou, assim que ajeitou os irmãos na cama.
— Querida, onde tem uma escova de dentes? – ela pediu, saindo do banheiro. Quando viu os pequenos em cima da cama, seu sorriso quase não coube no rosto. – Já tomaram conta da minha cama? – ela pôs as mãos na cintura.
— Tem algumas no meu quarto. O papai sempre compra porque o dentista manda mudar todo mês, eu tenho umas sobrando, vou buscar. – Phoebe a respondeu.
— Obrigada.
Phoebe saiu do quarto e sentou na beira da cama, o que atraiu os filhos até ela quase imediatamente.
— Vocês são tão lindos. Eu não acredito que perdi tanta coisa...
— Mas você não perdeu. – Dylan disse.
— O papai filmou quase tudo de importante que aconteceu. É só pedir para ele.
— Ele fez mesmo isso? – arqueou as sobrancelhas.
— Sim. Ele e a Phoebe.
— Um dia nós todos vamos ver isso juntos, o que acham?
Eles assentiram, sorrindo.
Phoebe apareceu logo em seguida e ficou conversando baixinho sobre seus planos com os irmãos enquanto a mãe escovava os dentes.
— Vocês não podem estar acordados ainda. Cadê o sono de vocês? Eu estou exausta! – disse, assim que saiu do banheiro.
— A gente quer ficar acordado com você. – James falou.
riu e deitou entre os gêmeos, Phoebe havia ficado ao lado de Dylan, mas ela não ligava. Sabia que os pequenos passaram muito pouco tempo de suas vidas com a mãe, e ela não tinha ciúmes. Era até gostoso deitar ao lado do irmão, estando na mesma cama que a mãe.
Dylan começou a contar sobre o último natal, quando , acidentalmente, derrubou a lasanha toda no colo de sua namorada na época. E o pior era que Phoebe havia confirmado a história.
podia ouvir a gargalhada de todos eles da cozinha, onde ele havia ido para pegar um copo de água.
Ele subiu as escadas e se encostou na porta do quarto de , observando tudo. Não demorou muito até James o enxergar.
— Papai! Vem aqui, a mamãe ia contar pra gente como vocês se conheceram.
— Eu ia? – cerrou os olhos.
— Por favor. – Dylan fez bico.
— Tudo bem, eu conto.
sentou no pé da cama, já que não havia espaço do outro lado.
— Eu tinha dezesseis anos e o pai de vocês quase dezoito. Ele era um dos melhores amigos do Tio James.
— O tio Jamie? – Dylan pediu e viu a mãe assentir.
estava tentando estudar biologia, mas a cantoria e o som de violão que vinha do quarto do irmão não estavam ajudando. James nunca havia trazido os amigos para sua casa, e agora que trouxe, só queria que eles fossem embora.
Ela esperou um tempo para ver se o som diminuía, mas quando percebeu que isso não ia acontecer, levantou-se da cama e atravessou o corredor. Ela deu algumas batidas na porta e escutou um "entre" seguido de gargalhadas.
— Jamie, você pode abaixar um pouco o volume? – ela perguntou, colocando-se para dentro do quarto e sorrindo fraquinho como cumprimento para os amigos dele.
— Vai vestir uma roupa, . – James se levantou, ficando na frente da irmã e cobrindo seu corpo dos amigos.
— Mas eu só vim pedir...
— Tudo bem, agora vai colocar uma roupa. – James falou, antes de colocar ela para fora do quarto.
— Espera! A mamãe usava roupas curtas e eu não posso?
— Sua mãe tinha dezesseis anos e não era minha filha. – arqueou as sobrancelhas, achando graça na reação da filha.
— E aí? Vocês se beijaram? – Dylan pediu.
— Não. – negou com a cabeça e olhou para , que o olhava também. – Aí eu falei pro James o quanto a irmã dele era bonita.
— Sério? – Jamie arregalou os olhos.
Quando James colocou a irmã dele para fora, se pronunciou imediatamente.
— Cara, por que só a conhecemos agora?
— Por isso. – James apontou para as bocas abertas de e .
— Cacete... Sua irmã é gostosa pra caralho!
— ! Não fale palavrões na frente das crianças. – o repreendeu e ele rolou os olhos.
— Eu quis dizer muito bonita, pra caramba. – se corrigiu. – Posso continuar ou vocês vão me interromper? – fingiu irritação, fazendo os gêmeos rirem.
James e os garotos ficaram conversando mais algum tempo, ele respondia de mal gosto algumas perguntas sobre a irmã.
— Podem parar de falar dela? Vocês não vão ficar com ela, nenhum de vocês.
Os outros quatro se entreolharam, meio acanhados com a reação do amigo.
Mais uma batida na porta e James correu para abrir antes que entrasse com mais um de seus minúsculos shorts.
— , não é para ficar aparecendo aqui quando meus amigos estão comigo.
— Me desculpa, eu troquei de roupa, olha.
percebeu quão carinhosa ela era com o irmão e isso o fez sorrir momentaneamente.
— 'Tá. O que você quer?
— As chaves do carro.
— Você não vai sair, .
— Eu sei, eu vou lavar o carro. É meu dia, lembra?
— Ah, tá. Entra. – ele pediu, abrindo a porta. – Não encarem. – olhou para os amigos, com os olhos cerrados.
— Oi. – a garota acenou, sorrindo levemente.
— Oi. – os meninos disseram, juntos.
— Por que eu ainda não fui apresentado a você? – um deles falou, levantando-se. – , ao seu dispor.
Fez uma minúscula reverência, arrancando risadas de cada um ali, exceto James, que parecia apressado demais para encontrar as chaves.
— Pronto. Aqui, pode ir. – Entregou o molho a ela, que assentiu.
— Ei, espera. Qual o nome de vocês?
— , e . Pronto, descobriu. Sai.
Ela riu, segurando o rosto do irmão e beijou sua bochecha.
— Para de ser ciumento. Não vou roubar seus amigos de você.
— Eles é que são capazes de te tirar de mim.
Ela rolou os olhos, olhando os amigos do irmão.
— Bom, eu sou a . Espero que vocês não liguem para o James, daqui a pouco ele para com isso.
— Ah, a gente não liga, não. – O que deveria ser o , disse, sorrindo.
— Ei! – James protestou.
— 'Tá, tô indo. Legal conhecer vocês, garotos.
Quando ela saiu do quarto, os garotos zoaram James pelo ciúme excessivo e ele começou a pronunciar palavrões que os amigos nunca haviam escutado.
O celular de James começou a tocar justo quando ele ia começar a tocar seu violão, e quando ele atendeu dizendo "Oi, mamãe." Os garotos gargalharam alto, fazendo ele ficar emburrado.
— Claro, vou sim. – ele esperou alguns segundos. – Também te amo.
— Aaaaaaaaawn. – fez bico, o que causou gargalhadas ainda mais altas.
— Vão se foder. Eu preciso comprar açúcar antes dela chegar aqui, ou seja, agora. , vem comigo?
— Claro, a gente já compra algumas bebidas para estender a noite.
— Boa. – disse. – Também vou.
— Podem ir com meu carro. – falou, entregando a chave para os amigos.
— Vocês vão ficar? – James pediu, ligando o vídeo game. – Joguem aí, a gente já volta.
e assentiram, pegando os controles em cima da estante.
Eles passaram quase cinco minutos jogando, até reclamar do calor e se levantar para abrir a janela. E ao olhar lá embaixo, viu lavando o carro e era uma visão e tanto.
— Ei, já volto.
— Traz uma cerveja! – gritou, assim que saiu do quarto.
desceu as escadas e caminhou até a porta dos fundos da casa, que ficava na cozinha, e foi até onde lavava o carro, cantarolando alguma música.
— Então o James é um pouco ciumento em relação a você? – ela se sobressaltou e olhou para trás, assustada.
— Puta merda... Que susto.
— Desculpe. – riu, se aproximando dela. – Quer ajuda?
— Por que não? Está começando a ficar frio. – deu de ombros, entregando uma esponja a ele. – Ele sempre foi assim. – respondeu a pergunta que ele havia feito minutos atrás. – O James.
assentiu, como se entendesse. Mas a verdade é que não entendia. James era possessivo, pelo o que ele tinha visto. Tinha medo só de pensar no que aconteceria se algum dos meninos ficassem com ela.
— Você não liga?
— Nem um pouco. É o jeito dele me proteger, acho que tem a ver com a morte do papai. Ele é o homem da casa faz tanto tempo, que acaba exagerando na hora de cuidar de mim. – deu de ombros.
— Se eu tivesse uma irmã linda desse jeito, também teria ciúmes.
Ela o encarou, com as sobrancelhas arqueadas, e ele riu.
— Certo, desculpe.
— Não, tudo bem. – deu de ombros. – Você parece ser o mais sem vergonha dali, estou certa?
Ele assentiu, rindo com ela. Os minutos passaram como horas e eles estavam se divertindo enquanto conheciam um ao outro.
— Ei, olha ali! – apontou, de olhos arregalados.
Ela se virou e naquele momento, pegou o balde e o despejou sobre a cabeça de , que soltou um gritinho.
— Ah, meu Deus! – ela grunhiu, pegando a mangueira. Ele arregalou os olhos e negou com a cabeça, mas foi tarde demais. O jato de água o acertou e ele correu até a garota, tentando, entre gargalhadas, pegar a mangueira dela.
Quando finalmente conseguiu, ela correu dele, em vão, e guinchou quando ele a acertou com um jato.
— ! – os dois ouviram alguém chamando ela e viraram-se, vendo James na porta que levava aos fundos da casa. – Entra. Agora.
— Jamie...
— Eu não tô brincando. – sua voz era rude, áspera.
Ela largou a mangueira, que ainda segurava junto com , e correu para dentro da casa, sem se preocupar em molhar a casa toda.
— Cara... – , que não havia visto ali, falou. – Não fala desse jeito com a tua irmã.
— Cala a boca. É minha irmã, não sua. E você, ... Não aparece aqui de novo. Eu tô falando sério.
arqueou as sobrancelhas.
— James...
— É melhor a gente ir, . – puxou o amigo pelo braço.
assentiu e tomou as chaves do seu carro das mãos de . Que filho da puta, gritar com a irmã dele desse jeito. Mas havia adorado a companhia dela, não ia deixar essa potencial amizade de lado. Não ia mesmo.
— Ah, meu Deus. Vocês não se beijaram no mesmo dia? – Phoebe parecia decepcionada.
— Você que costuma beijar os garotos no primeiro dia que os conhece. – Jamie falou.
— É o quê? – arregalou os olhos.
— É mentira pai. – ela bateu na cabeça do irmão, que reclamou, agarrando a cintura da mãe.
Phoebe e trocaram um olhar, sorrindo. já teve a idade da filha, sabia como era com os garotos. Phoebe estava tão feliz em ter alguma mulher em casa. Agora ela podia perguntar à mãe coisas que não saberia perguntar para a madrinha ou as avós. Ela podia pedir ajuda quando algum problema feminino ocorresse, podia pedir conselho sobre garotos... Ela não via a hora de falar sobre tudo com a mãe. Durante o último ano, ela teve Nancy. Mas a mulher a detestava e era totalmente reciproco.
— ... e eu realmente acho bom que você mantenha distância dos garotos até ter vinte anos. – Phoebe acordou de seus pensamentos quando ouviu o pai falando sobre garotos.
— Pai... – resmungou.
— Shh, fiquem quietos, vocês todos. O Dylan tá dormindo. – os interrompeu, observando a pequena miniatura do marido dormindo em seus braços.
e conversaram (baixo) um pouco sobre os filhos e sobre tudo o que havia acontecido enquanto ela esteve em coma. Quando todos já dormiam, bocejou graciosamente e viu que era a sua hora.
— Eu vou deixar vocês dormirem, então. – falou, sorrindo e se afastando.
— ? – o chamou e ele virou automaticamente.
Um pedacinho dele queria que ela lhe pedisse para passar a noite com eles, nem que fosse para dormir no chão.
— Sim?
— Você apaga a luz? Eu não quero levantar porque vou acabar acordando eles, e... – apontou para os filhos, que dormiam lindamente.
— Ah... Claro. Boa noite, .
— Boa noite, .
Ele rolou os olhos quando ouviu seu nome sair da boca dela.
— Não me chama assim. – resmungou, caminhando até o interruptor. – ... Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo... Eu estou no quarto do lado. O nosso... O que era nosso.
Ela assentiu, ajeitando-se na cama de forma que os gêmeos se aconchegassem ao seu corpo e ela ficasse ainda mais confortável.
Só que foi impossível dormir. Ela havia ficado tanto tempo sem seus bebês, que agora queria ficar só observando. E ela ficou. Quando não os encarava, mexia no novo celular que havia lhe comprado, trocando e-mails com Jacob. Até seus olhos implorarem por descanso, mas nisso já tinha amanhecido.
acordou com seu celular vibrando loucamente. Procurou por ele, de olhos fechados, em cima da escrivaninha. Abriu minimamente um olho e clicou em 'atender chamada', sem ver ao menos quem era.
— Alô?
— ! Eu te liguei onze vezes! Qual o seu problema? — Eu 'tava dormindo. – resmungou. – Vem aqui.
— Eu iria, mas meu carro está com a minha irmã. – ela bufou.
— Chama um táxi. Eu pago quando você chegar. – ele falou, sentando-se na cama.
Ainda eram nove horas. Ah, céus. Ele só queria dormir.
— Eu vou ficar aí o dia todo, está bem? Ou a outra vai se incomodar? Ele rolou os olhos, caminhando até o banheiro.
— Pode ficar, Nancy.
— Ótimo. Vou passar numa loja antes, tenho que comprar o vestido para a festa do meu irmão na semana que vem. Mas eu não demoro. — Tá, até depois.
— Te amo. Ele desligou, ligando o chuveiro. Começou a tirar a boxer enquanto ajustava a temperatura da água, e então se enfiou embaixo dele. Escutou uma risada da filha e percebeu que as crianças já tinham acordado. Ele precisava apurar, porque sabia que não era boa cozinheira, e ela deveria estar faminta.
acordou com beijinhos na testa e risadas ecoando pelo quarto todo.
— Dormiu bem, mãe? – Phoebe perguntou, já sentada na cama, assim como os gêmeos.
— Tem como não dormir bem com vocês três do meu lado? – sorriu, beijando a bochecha de Dylan, que estava agarrado ao braço dela desde que acordara.
— Mas, mãe... Você estava tremendo e suando quando eu acordei. – Phoebe falou.
— Eu venho tendo pesadelos desde que saí do coma, mas vai passar. Minha médica disse que é estresse pós traumático. – deu de ombros.
— O papai sabe disso?
— Não, mas não é nada sério. – ela sorriu fraco. – Então, seus pirralhos. Me contem tudo sobre a escola de vocês.
— Eu quero que você conheça a nossa professora. Ela é gata. – Dylan falou, rindo.
— Ei! – a mãe reclamou.
— JESUS! Era .
— Pai? – Phoebe perguntou, já se levantando da cama.
— QUE MERDA É ESSA? levantou, assustada, e correu até o quarto do homem. Ela bateu na porta do banheiro, olhando o quarto em volta.
Estava tudo igual. As mesmas cortinas, o mesmo cheiro do perfume de . A mesma cama. Mas não eram dela aquelas roupas femininas jogadas no meio do quarto. Não era dela o travesseiro que ficava ao lado do de , nem os saltos amontoados numa cadeirinha.
— ? – a voz dela tremeu um pouco, enquanto ela segurava o choro. Era horrível entrar naquele quarto cheio de memórias e nem poder chamar de seu mais uma vez. – O que aconteceu?
— ! – ele abriu a porta, e ela arregalou os olhos. E o pior era que nem foi por ele estar nu.
— O que aconteceu?
— Boa pergunta! – ele gritou, assustando-a. – Droga, . Me ajuda com isso.
— Espera um pouco. – ela disse, saindo do quarto.
Ele aproveitou a ausência dela para vestir uma samba-canção, porque viu o quão tensa ela havia ficado quando o viu nu.
Pouco tempo depois, ela voltou. Trazia uma cadeira em suas mãos.
— As crianças estão curiosas. Posso mostrar seu cabelo? – ela pediu, rindo.
Ele negou com a cabeça, com um sorriso nos lábios.
— Senta aqui. – ela disse, quando colocou a cadeira um pouco a frente do chuveiro. – O que aconteceu para ficar azul?
— Não sei. Acho que foi o shampoo. Eu sempre uso o meu, mas acabou e eu não fui comprar. Aí eu passei o da Nancy, e ele é roxo por causa das luzes dela, não sei como isso funciona direito. Mas quando eu me olhei no espelho, meu cabelo estava assim. Azul.
— Foi o shampoo? Então eu já volto, de novo. Vou pegar o que você me comprou, no meu banheiro.
Ele assentiu e viu enquanto ela se retirava do quarto. Três segundos depois, três furacões apareceram.
— Pai, pai, pai! O que acon... – Phoebe vinha falando, quando olhou para ele. – Meu Deus!
— Eu sei. – ele falou, passando a mão na nuca e olhando-a em seguida. Seus dedos estavam azulados.
— Pai! Não era pra você usar o shampoo da... – Dylan ia dizendo, quando Phoebe chutou de leve sua perna.
— Por que não? – olhou desconfiado para o menino.
James mordia o lábio, como quem se segurava para não falar nada.
— Desembuchem.
— Era pra Nancy. – Jamie falou, olhando para o chão.
— James Peter ! – Phoebe disse, sua voz ficando aguda a cada milésimo.
— Foi ideia de quem? – pediu, mas dessa vez nenhum deles respondeu. – Muito maduro, colocar tinta no shampoo da madrasta de vocês.
— Ela não é minha madrasta. – Phoebe rosnou.
— Phoebe...
— Ela não é! Vocês não se casaram, e você não vai casar com ela! Se você casar, eu vou embora dessa casa.
— Ah, vai! – se levantou, irritado. – E vai pra onde?
— Eu prefiro morar no meio da rua do que ver você e ela casados.
— Phoebe, você precisa entender que...
— Que você é um covarde e não admite que ama a minha mãe?
— Vai para o seu quarto.
— Eu não vou para... — Vai para o seu quarto, agora! – a voz dele estava rouca e alta, ele havia se irritado.
— Papai, ela não... – Dylan deu um passo a frente, afim de defender a irmã.
— Vocês dois também. Agora.
Phoebe já havia saído, e trombou com os gêmeos que, cabisbaixos, se retiravam do banheiro.
— O que houve? – perguntou a .
— Não foi nada. – suspirou.
Ela colocou o shampoo que estava nas suas mãos no suporte e ligou o chuveiro.
— Você vai se molhar. – ele reclamou quando ela o puxou para se sentar.
— Não tem problema. Senta logo, ou quer ficar o resto do dia com essa cor maravilhosa no meio dos seus cabelos?
Ele riu, negando com a cabeça. Se sentou e sentiu a água molhar levemente sua nuca.
— Inclina a cabeça para trás. – ela pediu, com uma mão segurando sua nuca e a outra na sua testa.
Ele obedeceu, fechando os olhos para que a água não os atingisse. Sentiu quando sua cabeça se encharcou totalmente, e quando ela colocou o shampoo no seu couro cabeludo.
Os dedos dela esfregavam devagar, ele se lembrou de quando os dois tomavam banho de banheira e ela insistia em lavar o cabelo dele porque sentia falta de uma criança. Foi mais ou menos numa dessas vezes que decidiram ter outro bebê. Mas, por um acaso, vieram dois. Eles se assustaram um pouco, mas ele tinha ela e ela tinha ele. E os dois tinham Phoebe. Ter os gêmeos foi a coisa mais gostosa que acontecera com eles.
— Que foi? – escutou a voz dela e abriu levemente um olho.
— Nada.
— Você ‘tá sorrindo.
Ele deu de ombros, sem dizer o motivo, e tornou a fechar os olhos.
— Você ainda tem meus livros? – ela perguntou, ainda massageando o couro cabeludo dele.
— Eu não tirei nada seu daqui, . – abriu os olhos mais uma vez, encarando-a.
— Obrigada por isso. – ela sussurrou.
— Por que você quer os livros?
— Eu vou continuar a escrever. Lembra que eu falei do Jacob? Então... Eu acho que se eu ler meus livros de novo, posso voltar a ter as ideias ótimas que tinha antes.
— Tenho certeza que você vai conseguir.
— Sabe... Ele e eu estamos conversando por e-mails. Fiquei até tarde da noite ontem mexendo no meu novo celular. Ele disse que querem me ver.
— Quem quer te ver?
— Várias revistas. Eles não me viram ainda, nós saímos escondidos do hospital, lembra? Mas graças às fotos que nossos amigos postaram na internet ontem, eles descobriram que eu acordei.
— Ah, droga! Eu estava tão distraído ontem que nem me lembrei de pedir para não tirarem fotos. Você pode marcar uma entrevista coletiva. Eu falei que você tinha ficado famosa.
Ela deu um tapa leve no ombro dele, rindo.
— Por que coletiva?
— Não sei se você vai gostar de responder as mesmas perguntas vinte vezes. Uma só está ótimo.
— É, você tem razão. – ela suspirou. – Pronto, . Pode tomar banho.
— Obrigado, .
Ela assentiu, sorrindo, e saiu do banheiro em seguida.
Quando passou pelo quarto da filha, ela estava deitada na cama com os irmãos, conversando e rindo alto.
— Qual é a graça? – pediu, sorrindo.
Os três a olharam e sentaram na cama imediatamente, fazendo a mulher rir fraquinho.
— Mãe, olha o que a gente ‘tava olhando. – Phoebe levantou uma caixa, que reconheceu na hora.
— Onde é que vocês encontraram isso?
— Fica no armário da sala, desde sempre. – Dylan deu de ombros, fuçando nas fotos. – Mas a Phoebe precisava de algumas pro colégio e ela deixou aqui no quarto dela.
Phoebe chamou a mãe com a mão e ela se sentou ao lado dos filhos, pegando um álbum de fotos.
— Ah! Olha, Pheebs. Foi quando você nasceu. – sorriu, mostrando uma foto à garota.
— Nossa, o papai estava tão novinho.
— Eu também. – disse, se olhando na foto.
— Você ainda ‘tá igual, mãe. – James sorriu pra ela, que beijou sua testa.
— Obrigada, mas eu estou bem acabada.
— ‘Tá nada! – Dylan engatinhou pela cama, até ela. – Você é a mulher mais linda do mundo inteiro!
— Vocês são os gêmeos mais fofos do mundo inteiro, isso sim. – ela fez cócegas neles, que se encolheram enquanto riam.
se dedicou a outro álbum e de repente o sorriso sumiu de seu rosto.
Seus olhos se encheram de lágrimas e ela passou o indicador sobre a foto do irmão, que sorria para ela na foto.
— Você sente saudades dele? – Phoebe perguntou, segurando na mão da mãe.
— Muita. – ela suspirou, enxugando os olhos. – Mas se não fosse por ele, eu e seu pai não teríamos tido você. Provavelmente seu pai teria morrido.
— Mãe? – James chamou. – Não chora, não.
Ela sorriu pra ele, assentindo.
— Não vou chorar.
De repente, entrou no quarto, já vestido. Phoebe desviou o olhar, mas os gêmeos já não tinham rancor e chamaram o pai para se juntar a eles.
— O que estão fazendo?
— Eles encontraram essas fotos. – sorriu. – Olha isso! Acho que foi logo que começamos a namorar, não foi? – mostrou a ele.
Eles eram jovens e o amor era visto de longe. No fundo, se via um James irritadiço. Mas não importava, não pra eles.
— Foi, olha só a cara do James. – riu.
Demorou um tempo até que James aceitasse o namoro deles. Mas não havia nada que ele pudesse fazer que tiraria do coração daqueles dois aquela paixão ardente.
— Papai, o que aconteceu com ele?
suspirou e olhou para , como se pedisse autorização para contar a história. Com um sorriso fraco, ela assentiu.
Deveria passar das duas da manhã. A turma toda estava lá, naquele lago gelado e escuro. e Isis, sua namorada, estavam abraçados para espantar um pouco o frio.
— Porra, ‘tá muito frio! – reclamou, e pôde ver uma fumaça branca sair de sua boca.
— Você perdeu a aposta, mané. Vai entrar no lago, sim. Não interessa se está frio. – James falou, presunçoso. – Eu falei que seu time de merda ia perder.
— Ah, cale a boca. – reclamou, franzindo o cenho. – Seu time ganhou por pura sorte.
— Jamie... ‘Tá frio demais, deixa ele vir outro dia.
— , você sabe muito bem que aposta é aposta.
A menina suspirou e apertou o gorro na cabeça. Era inverno, mas ainda não nevava. O lago não estava congelado, mas era como se tivesse. ia pegar uma bela pneumonia, isso sim.
— Deixa ele entrar de roupa, pelo menos.
— ‘Tá. – bufou. – Mas só de cueca.
estava estressado. Maldita aposta. Não bastasse seu time ter perdido, ele ainda precisava entrar quase nu num lago praticamente congelado.
deixou a bolsa no chão, onde havia trazido duas toalhas para o namorado, e pegou as roupas que começava a tirar.
— Não fica bicudo. – ela falou, segurando a mão dele. – Entra de uma vez só que o frio passa mais rápido.
— Eu vou ficar sem bolas!
— Vou te amar igual. – ela beijou a ponta do nariz dele.
— É o quê? – James começou com a histeria. – Vocês já... Já... Ah, droga. Não quero nem pensar.
Os dois riram e suspirou, passando a mão na cintura da menina a sua frente.
A namorada depositou um beijo de leve na boca dele e, encolhido, o garoto se afastou, caminhando sobre a ponte.
Era uma ponte bem velha, que atravessava o lago. Mas a aposta era que ele parasse no meio e pulasse, e ele teria feito exatamente isso, se não fosse por um acidente.
Foi extremamente rápido. Num segundo, atingiu o meio da ponte. No outro, seu peso fez a madeira podre daquela tábua ceder, e ele caiu de forma despreparada no lago.
— ! – gritou, assustada.
— O que aconteceu? – perguntou, esticando o pescoço. A única luz que iluminava o lugar era a da lua. Estava quase impossível ver o que tinha acontecido.
— Acho que a ponte quebrou, eu não tenho certeza. – disse.
— James, por que ele não subiu? – a namorada de perguntou, um minuto depois, apertando contra si as roupas do rapaz.
— Vamos, . – James sussurrou, cerrando os olhos como se fosse enxergar melhor se o amigo emergisse.
— Ele já deveria ter voltado pra cima. – falou, soltando-se da namorada e correndo até a beira do lago.
James, porém, foi mais adiante. Ele subiu a pequena escada que levava à ponte e correu por ela, ignorando o ranger das tábuas.
— Jamie! – soltou as roupas que segurava e tentou correr, mas a segurou pela cintura, impedindo-a.
Os garotos olhavam, assustados, tudo. James já havia pulado, mas também não havia emergido.
— Me solta, me solta! – gritava a menina, aterrorizada.
estava em cima da ponte, também. Logo onde havia quebrado uma tábua, mas ele não havia pulado como os amigos. Estava esperando qualquer sinal de vida, para que pudesse puxar os garotos pra cima. Mas o único som que ouviu foi o de uma tosse, e então seus olhos se apuraram em cima da água.
— ? – o reconheceu, ainda que escuro. Estendeu a mão e o amigo, que estava agarrado à uma madeira que sustentava a ponte, aceitou-a, fazendo força para subir. – Você ‘tá legal? – perguntou.
continuou tossindo por alguns segundos, eliminando a água que havia bebido, e então assentiu, abraçando o corpo e se protegendo do frio congelante.
— É muito fundo, eu não consegui... Estava muito frio, mas alguma coisa me puxou pra cima.
— Foi o James. Onde ele está?
— Eu não sei... Eu só segurei o tronco que mantém a ponte e aí comecei a tossir.
Os garotos observaram os outros amigos que continuavam no início da ponte, mal vendo o que acontecia.
— É o , gente! – gritou, chamando a atenção de todos os outros.
Os outros quatro vieram correndo, as duas garotas na frente.
— ? – era a voz de . Ela soluçou forte ao ver que o namorado estava bem e correu até ele, sentando-se ao seu lado e o afogando em um abraço. – Que susto você me deu!
O rapaz começou a chorar, caindo sua ficha de que ele poderia ter morrido. O frio não importava mais, só o que ele queria era ir embora dali. Passaram alguns minutos abraçados, até acordar.
— Cadê o James? – perguntou, olhando para os lados. – Cadê meu irmão?
Isis, percebendo o que havia acontecido, abraçou , chocada. O namorado fez carinho em sua cabeça e segurou o choro, também.
— ! Cadê o meu irmão? – a menina se levantou, dando um soco no peito do amigo.
— Eu não... Não sei, . Ele ainda não apareceu.
— Como... Como assim? – ela pediu, a voz falha.
se apoiou no cercado da ponte e tentou olhar a água, mas nada era visto.
— Eu vou ligar para alguém. – Isis avisou, se afastando.
entregou a toalha a , que se enrolou.
— ? – o menino chamou, segurando sua mão.
— Ele não morreu, né? – ela pediu, se aconchegando no abraço que o namorado lhe ofereceu. – ?
Suspirando, o garoto apoiou o queixo na cabeça dela, sentindo a sua garota chorando copiosamente contra seu peito. Mas em poucos segundos ela tratou de se soltar, assustada demais. Apavorada demais.
— Ninguém vai buscar ele? – a irmã gritou, chorando. – Alguém pula nessa merda!
— , . – a puxou. – Não dá pra ninguém pular. Já passou muito tempo.
Seus olhos também ardiam, mas ele já não tinha forças pra isso.
Encontraram o corpo dois dias depois, no fim do lago.
Tudo o que queria era poder voltar no tempo e não ter pulado. Ter xingado James e dito que amarelava, que não cumpriria a aposta. O que quer que fosse. Tudo para trazer o amigo de volta e impedir que a namorada ficasse depressiva. Qualquer coisa.
Phoebe arregalou os olhos.
— Você ficou depressiva? – pediu, assustada.
A mãe assentiu, suspirando.
— O que é isso? – Dylan perguntou, subindo no colo da mãe e a abraçando pelo pescoço.
— É quando uma pessoa fica muito, muito triste.
— Que horrível. – James franziu o cenho. – Ele morreu pra salvar você, papai?
— Foi. – assentiu.
— Mas se ele conseguiu levar você até a ponte, por que ele morreu?
— Os legistas disseram que ele não conseguiu se mexer mais por causa do frio, e então o ar acabou e ele morreu.
— Ele era legal? – Dylan pediu.
— Ele era incrível. – sorriu para o filho. – Vocês teriam amado ele. Ele ia adorar ter vocês três como sobrinhos, com certeza.
— Ele foi o cara mais espetacular que eu já conheci. – falou. – Ele iria roubar vocês três de nós.
— Ele parece ter sido um cara legal.
— Ele era. – sorriu. – Alguém quer ir comigo ao cemitério?
— Eu vou. – Dylan falou, ainda abraçado a mãe.
— Eu também. – James sorriu pra ela.
— Tenho natação. – Phoebe levantou um ombro.
— Tudo bem. – sorriu. – Eu preciso passar no escritório do Jacob.
— O cara que gosta de você? – Phoebe perguntou.
— Ele não gosta de mim. – riu baixo.
— Ele olhou pro seu bumbum na festa. – James falou.
— James! – e o repreenderam, juntos.
— Isso é verdade. – Phoebe notou o que o irmão estava fazendo e o incentivou. – Mas isso é desde sempre. Antes do acidente ele dava em cima de você, mãe. O papai vivia reclamando disso.
— Pheebs, já conversamos sobre isso. Eu não quero arrumar um namorado. Agora não. Eu só quero curtir meus filhotes, pode ser?
— Não falei que você quer, falei que ele quer.
Agora não. Isso significava que ela abriria o coração para outra pessoa no futuro.
— ! - ouviram uma voz feminina chamar.
— Ih, é a Nancy. – Dylan fez bico.
— Pai, eu preciso ir para a natação.
— Hm... ‘Tá, se apronta que eu levo você. – falou, se levantando. – , você quer uma carona? Eu posso te deixar na editora, se você quiser.
— Claro, seria ótimo. – sorriu, se levantando com Dylan no colo.
Phoebe esperou sair e olhou para a mãe.
— Mãe, eu quero conversar com você.
—Sobre o quê? – pediu, curiosa.
— Depois eu falo. Tem que ser só nós duas.
— Hoje à noite eu passo no seu quarto, antes de dormir, pode ser?
— Pode. Eu não quero mesmo dormir com vocês de novo. O baixinho aí quase me matou ontem. – apontou o irmão, rindo.
— Eles pulam bastante, mesmo. – sorriu a mãe. – E então, seus arteiros. Querem ir comigo na editora? O Jacob adora vocês.
— Pode ser. – James deu de ombros. – Acho que nunca fui lá.
— Levei bastante vocês quando eram pequenos, a Phoebe principalmente.
— É verdade. – Phoebe sorriu. – Bom, vou me arrumar.
— Tudo bem, nós também vamos. – disse, estendendo a mão para James, que sorriu antes de pegar.
Fazia tanto tempo que ela não brincava de boneca com os filhos, que não saberia dizer se conseguia fazer aquilo de novo. Mas foi entrar no quarto dos gêmeos que ela se lembrou de como era antes, dos dias felizes.
Os dois se soltaram dela e correram para a cama. Os olhinhos dos dois a observavam tirar algumas roupas do armário deles e as colocar em cima da estante.
resolveu trocar os dois, como fazia quando eram bebês. Era o que ela mais amava fazer. Sentou-se na cama e colocou os dois, em pé, a sua frente. Eles se encararam, cúmplices, vendo ela se demorar em vestir cada um.
Eles não usavam roupas idênticas, não tinha graça nenhuma. Mas ficaram até parecidos com as roupas que havia escolhido. Não de um jeito brega, é claro. De um jeito muito fofo.
— E aí? Estão prontos? – ela pediu, insegura.
— Sim! Ficou legal, mãe. – Dylan lhe sorriu.
James assentiu, olhando a si mesmo e ao irmão.
— Bom, como ainda estou com o meu pijama, vou me trocar. Não façam bagunça, e peçam para Phoebe não demorar. Não quero irritar o pai de vocês. – falou, erguendo um ombro.
mal saiu do quarto deles, os dois correram até o quarto da irmã, que colocava algumas coisas da natação na bolsa.
— E aí, pentelhos. – sorriu pra eles. – Que foi?
— Nós pensamos numa coisa. – James começou.
— O quê? – ela pediu, interessada.
Já sabia que era algo contra Nancy, e isso por si só já a animava.
Escutou o plano deles calada, prestando atenção em tudo.
— É... É perfeito! – sorriu. – Vocês são ótimos!
Eles sorriram para ela, contentes ao ver que ela havia gostado.
Após escutarem a mãe chamar, correram os três para fora do quarto.
estava no corredor, segurando uma bolsa. Usava uma saia longa preta e uma blusa florida, que apesar de não ser vulgar, realçavam os belos seios da mulher. Ela ainda estava magra, mas não de um jeito doentio. Era do jeito que aquelas mulheres se matavam em academias e dietas, só para conseguir o corpo que tinha sem esforço algum.
O cabelo dela estava preso numa trança lateral, e Phoebe poderia jurar que ela havia saído de uma revista.
— O que foi? – pediu, sorrindo.
— Você ‘tá maravilhosa, mãe. – Phoebe a olhou, admirada.
— Obrigada, amor. – sorriu. – Vamos?
Os gêmeos agarraram as mãos dela, fazendo-a não ter outra saída a não ser segurá-las.
Quando os quatro desceram as escadas, , que estava cercado por Nancy, abriu a boca.
Ele sabia o quanto era linda, mas... Mas olhar assim, de pertinho, depois de quatro anos... Era uma coisa surreal.
— ! – Nancy sussurrou, irritada com a reação dele.
— ... – ele se recuperou, chamando a atenção da mulher que conversava com a filha. – Essa é a Nancy. Não tiveram a oportunidade de conversarem ontem, não é?
sorriu fraco para a mulher, acenando com a cabeça.
— É um prazer, Nancy. me falou bastante de você.
— Falou, é? – ela subitamente pareceu interessada.
— Acho melhor irmos, né pai? – Phoebe chamou a atenção do homem, que não conseguia de jeito nenhum tirar os olhos de .
Ele assentiu, acordando, e chamou os gêmeos com a mão.
— Onde nós vamos? – Nancy pediu.
— Você não vai, Nancy. Não cabe no carro. – lhe sorriu baixo, como um pedido de desculpas.
— Nossa, que fora. – Phoebe tossiu, rindo.
Dylan riu também, dizendo um “o pai é o melhor!” que arrancou um olhar enviesado da madrasta.
— Que é que você está rindo, pirralho? – ela sussurrou, se abaixando e deixando seu rosto a centímetros do menor. Ele engoliu em seco, assustado.
— Algum problema, Nancy? – perguntou, puxando Dylan e se colocando de frente para a mulher.
— Nenhum. – sorriu, maldosa, encarando a mais velha.
— Vem, . – a puxou pela mão, não sem antes trocar um olhar irritado com a namorada.
ajudou a colocar os meninos na camionete, onde tinham cadeirinhas especiais para crianças de cinco anos.
Phoebe entrou por último e fechou a porta, assistindo a mãe entrar no carro.
Quando ia entrando, Phoebe cutucou James, que assentiu, olhando para a frente.
— Mãe. – o menino sussurrou, apontando para o pai, quando ela o olhou.
assentiu e olhou para , que tirava o carro da garagem.
— , os meninos podem ter um animal de estimação?
— Eu quis comprar um cachorro no último natal, mas acho que eles ficaram com medo de que morresse como a Minnie. – ele falou. – Eu não vejo problema algum.
— Posso levar eles para comprar um, então?
— Claro, pega a minha carteira ali. – apontou com o queixo para o porta-luvas.
Ela não tinha um tostão na sua carteira, e precisava urgentemente pedir para a ajudar com a liberação de suas contas. Ele havia bloqueado tudo depois do acidente.
— Pode usar o cartão e de noite você me devolve. – ele falou, dando de ombros.
— Pronto, James. – ela sorriu para o filho. – Te falei que ele deixava.
Ele sorriu, dando de ombros.
— Que animal vocês vão comprar? – quis saber, sem tirar os olhos da estrada.
olhou para trás, também curiosa.
— A gente ainda não sabe. – Dylan falou.
— Hã... , a senha ainda é a mesma? – pediu, apontando o cartão.
— É sim. – assentiu.
A editora ficava extremamente perto da casa deles, então não demorou muito – apesar do pequeno trânsito – até que chegassem lá.
Era sábado, mas Jacob trabalhava até domingo, se precisasse, então nem se preocupou em avisá-lo que iria.
tirou os gêmeos do carro e se enfiou no banco de trás, para dar um beijo no rosto da filha.
— Até depois.
— Até, mãe.
— , se você quiser que eu venha buscar vocês pode me ligar, ‘tá? – falou, abrindo o vidro do carro para que ela ouvisse.
Ela assentiu, sorrindo, e acenou. Mas não demorou nada até que os dois meninos a puxassem até o lado de dentro daquele prédio imenso.
Quando eles passaram pela portaria, o olhar de Billy, o porteiro, era aterrorizado.
— ? – arregalou ainda mais os olhos.
— Bill! Quanto tempo. – sorriu, indo abraçar o velho.
— Quando eu soube o que aconteceu... – ele suspirou, olhando bem a mulher. – Você não deve gostar de falar sobre isso, não é?
— Acho que não. – ergueu um ombro. – Mas tenho que falar, não é? Uma hora ou outra, vou ter que falar.
— E o que é que faz aqui? Não deveria estar em casa, com o seu marido e...
— Ele tem uma namorada, Bill. – ela suspirou. – Mas ‘tá tudo bem. Eu vim ver o Jake, posso subir?
— Claro que pode! – sorriu. – Quer que eu o avise?
— Não, não. Eu quero fazer uma surpresa. – sorriu, chamando os filhos que estavam no canto da sala, sussurrando um com o outro. – Ei, seus fofoqueiros. Que é que falam tão baixinho assim?
— Nada. – disseram em uníssono, correndo até a mãe.
— A sala dele é no mesmo lugar, Dona .
— Credo, não sou mais sua chefe. Não me chame assim, não. – abanou com a mão. – Até depois, Billy.
Ele acenou com a cabeça, olhando a mulher entrar no elevador com os filhos.
apertou o botão do penúltimo andar e esperou as portas se fecharem.
— Já decidiram que bichinho vocês querem? – pediu, acariciando a cabeleira ruiva dos meninos.
— Não. – disseram juntos.
— Então é melhor irem pensando, ‘tá? Vou perguntar pro Jake onde posso deixar vocês. O que gostam de fazer? – perguntou, saindo do elevador e puxando os dois pela mão, como se fossem fugir dela.
— Pintar. – Dylan falou.
— Tudo bem, vamos falar com o tio Jacob.
— Ele não é nosso tio. – James falou, arregalando um pouco os olhos .
— Não, mas é quase. – ela respondeu.
olhou para o corredor longo e suspirou. Sentia tanta falta dali que não fazia ideia até entrar no prédio. Seus pés a levaram automaticamente até a sala de Jacob, onde deu três batidinhas na porta.
— Pode entrar, Billy. – ouviu a voz do homem, rouca de cansaço, provavelmente, responder.
Ela sorriu ao abrir a porta e sorriu mais ainda quando ele a viu.
— ? Pensei que fosse o Bill... – o sorriso quase nem cabia em seu rosto.
Eles eram amigos há tanto tempo, veio o acidente e ele passou quatro anos sem ver o sorriso dela. Os meninos soltaram a mãe quando reparam que o homem se levantara para abraçá-la.
— Você não devia estar em casa, descansando?
— Devia. Mas acontece que eu não aguentava mais de saudade de você, e desse lugar. E por mais que tenha ficado quatro anos sem a minha casa, eu precisava sair um pouco.
— E como sabia que eu ia trabalhar hoje? É sábado.
Ela olhou para ele e ele soube que ela ainda o conhecia bem demais.
— Velhos hábitos custam a morrer. – ela deu de ombros.
— E vocês dois, uh? – olhou os gêmeos, que lhe sorriram.
— Jake, você pode arrumar uns papéis e umas canetas pra eles?
— Claro, venham aqui. – chamou os dois, que o seguiram em fila indiana. – Peguem o que vocês quiserem. – abriu a gaveta e mostrou a eles uma coleção imensa de lápis de cores e gizes.
— Você ainda desenha? – sorriu, sentando-se na cadeira posta em frente à mesa dele.
Jacob sorriu para ela, assentindo.
— Depois que fiquei sem minha melhor desenhista...
— Ah, cale a boca. Você sempre foi melhor do que eu. Cedia capas para eu desenhar só quando achava que eu ia ficar triste.
— Isso não é verdade! – ele rebateu, rindo. – , deixa eu te mostrar uma coisa. – a chamou com a mão até a parte de trás da mesa dele, onde ele a sentou e a colocou de frente para o computador.
Por cima dela, ele digitou algumas coisas e ela pôde sentir o perfume que o homem usava. Jacob sempre fora cheiroso, mas agora estava diferente...
Sentiu o rosto corar só de pensar nisso e abaixou a cabeça.
— Aqui, olha. – ele apontou.
Era um número crescente, que a cada segundo aumentava e aumentava.
— O que é isso?
— O número de exemplares do seu livro vendido pelo mundo todo.
— Isso é em tempo real? – ela arregalou os olhos.
— Claro que quando lançou era ainda mais vendido, mas olha, . Você é uma das escritoras mais requisitadas. Nessa semana, o número triplicou desde o último ano. Só porque você acordou.
— Isso é sério? – ela exclamou.
— É sim. Você precisa continuar, . Os fãs estão indo à loucura.
— Mamãe? – Dylan chamou, fazendo os dois adultos olharem-no.
— Oi, amor. – passou a mão pela bochecha rosada dele.
— Que horas a gente vai lá?
— Comprar seu bichinho?
— É.
— Não sei... Jack – virou-se para o amigo. – Sabe se tem um pet shop aqui por perto?
— Aqui perto não tem. – falou. – Vocês vão comprar um animal?
— Eles querem porque querem. – ela sorriu para os meninos. – O não viu problemas, então... – ergueu um ombro.
— Ele trouxe vocês? – perguntou.
— Foi. Ele precisava levar a Pheebs na natação e aproveitou para me trazer.
— Quer que eu os leve? – pediu.
— Comprar o bichinho? – ela perguntou.
— É. Já é quase hora do almoço, nós poderíamos sair.
— Mas você está trabalhando e...
— Leva a gente, tio! – James pediu, pulando ao redor de Jake.
— Jamie. – a mãe o repreendeu. – Nós não vamos atrapalhar o tio Jake.
— Não vão, mesmo. Vem. – chamou ele, já com as chaves na mão. – , tá tudo bem. Eu sinto sua falta e quero conversar com você. É só isso. E os meninos estão loucos por um animalzinho, olha só.
Ela olhou os filhos, que a encaravam. Os olhos cheios de brilho. Ela sorriu para eles e assentiu.
— Jake... – chamou. – Eu também sinto sua falta. – sussurrou.
Ele sorriu um sorriso tão lindo, tão grande. E ela não se aguentou e colocou seus braços envoltos no pescoço dele. As mãos dele encontraram sua cintura rapidamente e ficaram um tempo assim, abraçados.
— Mãe, vamos! – Dylan choramingou, atrapalhando propositalmente o momento deles.
— Vamos, vamos. – riu ela, segurando na mão do menino. James se aprontou em segurar a outra, antes que o homem decidisse pegá-la.
Os quatro entraram no elevador, os adultos conversando animadamente sobre o que fariam. Jake tinha tanta coisa pra contar que a mulher se via doida, tentando acompanhá-lo.
— Calma, calma... A Rebecah foi demitida? – ela arregalou os olhos. – Ela era uma menina tão boa... O que aconteceu?
— Ela namorava o chefe.
— Desde quando? – os olhos quase saltaram de sua cabeça.
— Desde que entrou aqui.
— Mas por isso ela foi demitida?
— Não. O Pompo pegou ela no ato com um segurança.
— Deus! Perdi tanta coisa... E desde quando você é um fofoqueiro?
— Desde que não te tenho aqui para me manter informado. – deu de ombros, sorrindo.
Ela deu um tapa nele, rindo.
— Cala a boca.
— O papai briga comigo quando eu falo isso. – Dylan falou, encarando a mãe com seus lindos olhos.
— Ele está certo. – se abaixou, ficando na altura dele. – Eu falei sem querer. Não vou fazer mais isso.
— Mãe, o que é no ato? – James pediu, curioso.
Jacob segurou a risada, esperando a amiga explicar para o garoto.
— Nada que uma criaturinha de cinco anos deva saber. – apertou o nariz dele, que riu.
As portas do elevador se abriram e ela se levantou, voltando a agarrar as mãos dos filhos. Os quatro se despediram do porteiro
— Você planejou alguma outra coisa para fazer hoje?
— Vou com os meninos ao cemitério, mais tarde. Vem com a gente?
O homem deu de ombros, assentindo. A ajudou a colocar as crianças no carro, este sem os assentos para crianças, e então abriu a porta para ela, que sorriu, agradecida.
— Ainda não sabem que bicho vão querer?
— Não, mãe. – Dylan resmungou.
— ‘Tá bom, resmungão. Não te pergunto mais nada.
O menino riu, mandando um beijo para a mãe.
— Safado. – a mulher sorriu, se segurando para não pular para o banco de trás e agarrar o filho.
Deus, como ela havia gerado crianças tão lindas?
— Querem ir primeiro ao petshop ou almoçar?
— Petshop. – os dois disseram juntos.
— Vocês sempre falam juntos? – pediu, curiosa.
— A Phoebe falou que é coisa de gêmeos. – James disse.
Jacob olhou os dois pelo retrovisor, sorrindo.
— Vocês já pensaram em comprar um gatinho? Acho que nos domingos tem doação no petshop que vou levar vocês.
— Você tem gato? – James pediu, olhando o homem que quebrara o contato visual para se concentrar no trânsito.
— Tenho dois. Um foi sua mãe que me deu. – Jake encarou , que o olhou, indignada.
— O Bombinha ainda tá vivo?
— Eu sou um ótimo dono! Claro que ‘tá vivo.
Ela riu, olhando para a estrada.
— Faz uns oito anos que te dei ele, não faz?
— Gato vive um tempão assim? – Dylan perguntou, curioso.
— Vive. – Jacob assentiu. – Vocês deveriam escolher um, se gostarem. E se não forem alérgicos, também. É um saco ter alergia a gatos.
— Dylan, Dylan. – James o chamou. Sussurrou algo no ouvido do irmão, que sorriu, assentindo.
— Que é que vocês dois estão tramando, hã? – olhou para trás, curiosa.
— Nada. – James ergueu um ombro.
— Coloca uma música, mãe. – Dylan pediu, mudando propositalmente o foco da conversa.
— Não precisa de música, Dylan. A gente já chegou.
Os dois olharam imediatamente para o lado de fora do carro, onde um grande petshop se encontrava, com várias pessoas rodeando cachorrinhos e gatinhos.
leu a palavra “Doação de animais” numa placa e sorriu, olhando os filhos.
Quando os tirou do carro, não teve Cristo que os segurasse.
— Deus, eu vou morrer. Não tenho energia pra correr atrás deles, não. – arregalou os olhos, olhando para o amigo que acionava o alarme do carro.
— Para de frescura que você é mais ativa que os dois juntos. – o homem riu, passando o braço pelos ombros dela. – Vamos ver que bichinho que eles gostam.
Ela assentiu, caminhando com ele até os filhos, que já tinham entrado na loja e se colocaram em frente a um pote de vidro, onde um animal que ela ainda não havia identificado estava.
— Eu quero esse, mamãe. – Dylan sorriu, apontando.
Ela se aproximou do vidro e deu um pulo para trás quando a aranha pulou para a frente, a assustando.
— Meninos...
— Por favor, mãe. – Dylan juntou as mãozinhas, fazendo um bico irresistível.
— Eu quero um gato. – James disse.
suspirou, olhando os dois.
— Se decidam de uma vez.
— Gato.
— Aranha.
Ela olhou, desesperada, para Jacob.
O homem riu, se abaixando para ficar na altura dos dois e os olhando, um sorriso em seu lábio.
— Que tal levarem os dois?
acordou e tateou a cama ao seu lado, encontrando-a vazia. Abriu os olhos imediatamente e olhou em volta no quarto.
— Amor? – chamou, a voz alta e rouca.
— Na cozinha. – ouviu a voz dela.
Eles estavam na casa do lago. Era dia 23 de dezembro e eles tinham chegado às quatro da manhã, e então dormiram o dia todo. Ele olhou pela janela e viu que o sol começara a se por.
Uma corrente de ar passou por ele e seu corpo se arrepiou todo, reagindo contra o frio. Vestiu o moletom que estava jogado no quarto, junto às malas. Ouviu uma gargalhada e decidiu se apressar e juntar-se à família.
Quando ele entrou na cozinha, seu rosto se iluminou num sorriso.
Phoebe estava sentada em cima da mesa, brincando com a varinha de condão que fazia par com a coroa que tinha na cabeça. estava com um pijama de frio, toda abarrotada. Tinha Dylan em um braço e tentava dar a sopa para James, que tinha aprendido a cuspir recentemente e achava aquilo muito divertido.
— Amor! Come direitinho. – implorou, tentando com toda a força de vontade alimentar o menino.
— Vem cá, deixa que eu te ajudo. – ele disse, deixando-se notar.
— Graças a Deus! – ela sorriu. – Não queria acordar você, mas esses dois estão impossíveis hoje. – ela estava com um olhar cansado, provavelmente dormiu algumas horas a menos que ele.
— Vocês precisam dar uma trégua pra mamãe. Ela é uma só. – disse, se sentando e tirando James da cadeirinha para colocá-lo em seu colo.
— Phoebe, você ‘tá com fome, querida? – passou a mão no cabelo da filha, que sorriu para ela, negando.
— ‘Tô não, mãe. – olhou para o irmão, que lhe sorria com seus poucos dentinhos. – Vem comigo, Dylan. A mamãe tem que fazer a janta. – a menina pediu, estendendo os braços.
O irmão era grandinho, mas ela já estava acostumada a cuidar dos dois com a mãe. Principalmente quando não estava.
— Phoebe, já que você está com seu irmão, dá sopa pra ele? – colocou o pote com o liquido e os legumes em cima da mesa.
— Dou. – a menina sorriu, colocando o irmão na cadeirinha.
começou a fazer a janta, sorrindo sempre que olhava para a família.
Dylan e James tinham um ano e dois meses. Eles eram a maior alegria da casa, todos os dias. Ela se via maluca para cuidar deles, é verdade. Quando parou de amamentar foi ainda pior. Os dois viviam mal humorados, chorando o dia todo. a ajudou com tudo, e continuava o fazendo. Ela nunca encontraria pai melhor para os filhos. Sorriu, vendo o marido levar uma colherada na cara.
— James! Olha o respeito, sou seu pai! – brincou, rindo. O menino, ao escutar a palavra pai, gargalhou.
— Papai, papai!
— Oi, filho. Fala.
O menino riu, com o rosto cheio de sopa. riu junto, se levantando com ele.
— Você já terminou, Pheebs?
— Acho que sim. Ele não quer mais. – apontou o irmão, que falava “colo, colo!” repetidas vezes.
— Vamos dar banho neles, então? Eles tem mais sopa na cara do que comeram.
achava a forma como ele tratava a filha maravilhosa. Eles conversaram muito durante a gravidez dos gêmeos sobre o ciúme que a filha podia ter. Incrivelmente, Phoebe se mostrou mais empolgada que qualquer um ao perceber que teria dois irmãos. E quando disseram que eles seriam iguais? Ela ficou maluca! Phoebe era a criança mais compreensiva que eles poderiam ter.
A mulher assistiu a família se retirar da cozinha e sorriu sozinha. Começou a fazer a salada enquanto colocava a lasanha para assar. Ela não era muito boa cozinheira, mas vinha se esforçando dia e noite para melhorar isso.
adorava comer. Não de forma gulosa e nem desesperada, mas ele era um amante da culinária e sempre que tinha um tempo, a levava em restaurantes aleatórios da cidade. Ela estava tentando aprender a cozinhar algumas coisas porque, agora, com as crianças, a babá não tinha tanto tempo para fazer a comida e acabava ficando tudo corrido demais.
Pegou um velho livro de receitas emprestado da casa da sua sogra e enfiou na mala, prometendo a si mesma fazer desse natal o mais delicioso da família toda.
Se entreteve lendo o livro e procurando coisas gostosas para a sobremesa que não escutou quando e Phoebe vinham com os gêmeos.
— Bu! – Phoebe falou, próximo ao ouvido da mãe.
— Ai, Phoebe. Credo. – colocou a mão no coração, emburrada. – ‘Tá doida?
— Foi engraçado. – riu, se escondendo atrás do pai.
— E você fica rindo né, palhaço? – cerrou os olhos para o marido.
Ela passou os olhos pelo colo do marido e observou Dylan, que parecia curioso, não tinha entendido nada.
— Você não achou graça, achou? – pediu, se aproximando para tomar o filho no colo. – Sei que não achou. Não vejo a hora de você crescer e me proteger desses dois. Você e seu irmão. – mordeu a bochecha do garoto, que gargalhou alto.
sorriu, mordendo a boca. Ela era incrível, impossível de ser real.
Viu Phoebe colocar o irmão que se debatia em seu colo, no chão. Ele começou a engatinhar pela cozinha, gritando palavras sem sentido algum.
Passou os olhos pela mesa já posta e viu um livro amarelado e grosso. Pegou na mão e fechou para ver o nome.
— Que isso?
— Um livro de receitas. Desaprendeu a ler, foi? – brincou, segurando na mãozinha do filho.
— Mas o que ‘tá fazendo aqui?
— Eu não sei cozinhar bem, . A gente nunca passou o natal só a gente, foi sempre na casa da minha mãe ou da sua. Queria que fosse legal.
— Vai ser legal, amor. Vamos cozinhar juntos, que tal?
— ‘Tá. – sorriu, passando o nariz no dele. – Mas você lava a louça.
— Hmmm... Não.
— Sim, senhor!
— Sempre sobra pra mim. Te falei pra comprarmos uma máquina pra casa do lago, mas você falou que não tinha necessidade. – imitou a voz dela, que gargalhou.
— Não tinha e não tem! E minha voz não é assim, . Olhe os modos com sua esposa!
— Sabia que vocês dois são esquisitos? – Phoebe se intrometeu, com seus grandes olhos castanhos.
Os pais riram, olhando a menina.
— Esquisitos bom ou esquisitos eca? – pediu, fazendo carinho na bochecha da filha.
— Esquisitos eca? Isso existe? – riu.
— Esquisitos muito legais. – Pheebs sorriu. – É que eu fui na casa da Patty, lembra, mamãe? Aí os pais dela nem se olhavam direito, são tão diferentes de vocês.
— Ah, amor. Os casais são diferentes uns dos outros, mas pode ter certeza que eu e sua mãe nos amamos muito.
— Eu sei. Eu amo vocês, sabia?
— A gente também te ama, linda! – sorriu a mulher, se abaixando para beijar a testa dela. – Você foi uma das coisas mais lindas que já aconteceram pra gente.
— Você e os meninos. – sorriu, assentindo.
— Vocês vão ser assim pra sempre? – perguntou, curiosa. – Ou vão fazer que nem os pais da Patty?
— A gente vai ser assim pra sempre, meu amor. Prometo. – sorriu.
— ‘Tá bom. – a menina assentiu. – ‘Tô com fome.
— Hm... Parece que o jantar vai demorar um pouco. – se afastou para dar uma checada no forno.
— Quer uma laranja?
— Pode ser. – ergueu o ombro, olhando para a mãe.
— Vou descascar, espera só um minutinho. – falou, colocando o bebê na cadeirinha.
— . – sussurrou, olhando um ponto fixo no canto da cozinha.
— Por que você tá sussurrando?
— Olha. – apontou para a direção que olhava.
James estava em pé, se agarrando na parede para caminhar. Mas seus pezinhos estavam fazendo um ótimo trabalho e os olhos da mulher marejaram.
— Jamie! – sorriu, correndo até o menino.
Ele olhou para ela, sorrindo. Viu os braços estendidos da mulher e olhou para a parede. Tirou as mãos de lá e, devagar, andou até a mãe.
— Meu amor! Você ‘tá andando! – gargalhou, enchendo o menino de beijos. – Coisa linda!
— Calma, linda. Desse jeito você vai assustar ele. – riu, pegando o celular. – Faz ele andar de novo, quero filmar.
— Vai com o papai, filho. Anda, vai. – pediu, o apoiando no chão e soltando sua cintura.
A criança permaneceu em pé por alguns instantes e, assim que deu um passo, cedeu. Mas ele não chorou, não. Riu alto, se esforçando para levantar sozinho.
— Vem, filhão. – se abaixou, estendendo a mão, ainda filmando com a outra.
Com passinhos desengonçados, o menino conseguiu caminhar, um passo de cada vez.
Dylan, sentado na cadeirinha, gritou, rindo. Bateu palminhas para o irmão, contente.
— Viu só, lindo? Seu irmão tá andando! – se levantou e andou até o filho, o pegando no colo. – Daqui a pouquinho é você quem faz isso.
— É! Deixa eu ajudar ele, mãe! – Phoebe pediu, empolgada.
A mulher entregou a criança para ela e a viu colocar o irmão no chão, ajudando-o a andar, segurando suas mãos.
— Acho que alguém cansou... – sorriu, pegando o pequeno no colo.
— Ah, Deus... Minha lasanha! – espantada, a mulher correu até o fogão, desligando-o.
— Você andou, filhão! Isso é demais! Olha pro seu irmão, ele tá aprendendo também. É que nem na cadeirinha, mas... Sem ela. – James olhou para o pai, sorrindo.
— , me ajude. Coloque a mesa pra mim?
— Claro, vou sentar o bebê. – avisou, colocando o filho na cadeirinha. O menino fez bico e se aprontou para chorar.
— Colo, colo!
— Papai vai ajudar a mamãe.
O bico não saiu de seu rosto até lhe entregar a chupeta.
— Precisamos parar de dar essas coisas pros dois. Lembra como foi difícil tirar de Phoebe? Não quero sofrer o dobro com eles.
— Ah, amor. – deu de ombros. – Eles gostam. São pequenos, não quero fazê-los sofrer. Vamos esperar um pouco. – pediu, entregando os pratos ao marido.
Ele colocou a mesa e a observou cuidar da lasanha, colocando-a com cuidado na mesa. Ela sentiu o olhar dele e sorriu para ele, mandando um beijo no ar enquanto mandava Phoebe colocar o irmão na outra cadeirinha.
Olhando aquela bagunça de gritos e mãos para todo lado, só pôde sorrir. A felicidade era uma coisa gostosa que nunca o deixou, mesmo nos momentos ruins... Era só abraçar aquela mulher e olhar o fruto dos dois e ver que a felicidade estava sempre ali. Pra sempre.
A manhã de natal chegou um pouco antes dos gritos histéricos de Phoebe.
— Mamãe, papai! É natal, é natal! – ela sorria, pulando em cima dos dois que estavam encolhidos na cama, se protegendo do frio.
— Phoebe... – olhou a menina, coçando seu olho. – Que horas são?
— Não sei, mas é natal!
— Filha. – a chamou. – Por que não tira seus irmãos do berço e os traz aqui? Tenho certeza que o papai Noel vai te recompensar direitinho.
— Tá bom! – sorriu, correndo pra fora do quarto.
— Já colocou os presentes? – se sentou na cama, passando a mão no cabelo desgrenhado do marido.
— Duas horas atrás. – afirmou, olhando o relógio.
— Biscoitos?
— Estão em cima dos presentes.
— Não me chamou pra ajudar por quê? – beliscou a coxa dele, ouvindo-o grunhir.
— Porque você tava dormindo, ué.
Ela riu, beijando o marido.
— Vamos, temos que ajudar os bebês a abrir os presentes.
Ele assentiu e se levantou, andando atrás da esposa até o quarto das crianças.
— Jamie... Me ajuda, não fica se mexendo! – Phoebe disse, tentando colocar a blusa no irmão.
— Vem cá, amor. Deixa que eu coloco. – se ajoelhou na frente dos dois, ajudando o pequeno a se vestir.
arrumou Dylan com a mesma velocidade que arrumava James, e logo os três estavam bem agasalhados e prontos para os presentes de natal.
Correram escadas a baixo ansiosos.
— Prontas, crianças?
— Sim, sim! – Phoebe gritou, pulando feliz.
— Certo. – o homem sorriu. – Todos para o sofá.
acompanhou os filhos e sentou, segurando um menino brincalhão e espoleta no colo.
— Vamos começar do menor para o maior, que tal?
Phoebe fez bico, mas concordou.
— Esse aqui. – pegou uma caixa enorme. – É para Dylan.
Colocou a caixa na frente do sofá e viu os olhos do pequeno brilhando. começou a rasgar o papel que embrulhava o presente e Dylan gritou quando viu uma piscina de bolinhas na foto da caixa.
— Vamos montar depois, huh? – prometeu, largando o filho com a caixa agora aberta.
Menos de dois segundos depois, a caixa estava no chão e bolinhas estavam espalhadas por todo o canto.
— James! – o homem sorriu, trazendo um caixote menor, mas ainda assim grande.
Dessa vez, o ajudou a abrir e o filho gargalhou quando viu o teclado musical.
— Meu Deus, meu amor! Viu só o que o papai Noel comprou pra você? Vai ser músico que nem o papai, vai? – ela beijava o filho, que só queria brincar.
— O meu, o meu! – Phoebe chamou atenção, sorrindo radiante.
— O seu? Hm... Vamos ver o que o papai Noel trouxe... – voltou para a árvore, trazendo uma caixa atrás de si. Uma caixa um pouco furada e com um barulho esquisito,
— O que é... – Pheebs tomou a caixa para si, abrindo-a com facilidade.
Seus olhinhos se encheram de lágrimas.
— Um cachorro!
— Acho que é menina, amor. – sorriu, olhando a pequena labrador. – Ela tem um laço rosa, veja só.
— Que linda! O papai Noel é a melhor pessoa do mundo inteiro! – feliz, a pequena se entreteve com o bicho, correndo pela casa com ele.
— Agora o seu. – sorriu, tirando um pequeno embrulho de seu bolso.
Ela sorriu para ele, pegando o pacotinho. Abriu e sorriu maravilhada quando viu o colar.
Era de ouro branco, um coração todo detalhado e, o abrindo, uma foto de e outra dos três filhos juntos.
— Amor! Eu amei! – sorriu. – Mas... Temo que não possa dar o seu presente agora...
— Essa frase soa tão bem. – sorriu grande, procurando os lábios dela.
— Agora, acho que é bom você ajudar as crianças a montar os brinquedos, e... Phoebe! Não coma os biscoitos sem lavar as mãos! – brigou, tirando o prato das mãos da menina.
A filha fez bico e largou o cachorro só para lavar a mão.
montou a piscina de bolinhas e encheu-a, porque era visivelmente menos complicado do que montar o presente de James, cheio de peças minúsculas e adesivos.
— Não deixa ele colocar nada na boca! – mandou, apontando para o filho que tinha um dedo na boca, olhando atencioso para o pai.
— Eu já acabei! – anunciou, colocando o teclado em cima da base.
Colocou as pilhas na parte de baixo e ligou o aparelho. Era exatamente como um teclado normal, mas num tamanho duas vezes menor. Era para crianças e seria muito bem aproveitado, visto que James já tinha se lançado no brinquedo e começou a apertar as teclas.
— Hm... Parece que eu também. – colocou a piscina inflável no meio da sala. – É... Agora só falta achar todas as bolinhas.
No dia segundo de janeiro, todos na casa acordaram bem cedo. estava arrumando tudo no carro e Phoebe o ajudava, enquanto cuidava dos gêmeos.
— Vamos voltar pra casa! É, vamos sim... Mas antes vocês precisam de um banho, não precisam? – sorriu, puxando os dois pela mão.
Caminhando desajeitados, os dois davam passinhos largos e tortos. Ela caminhou com eles até o banheiro e os soltou, apenas para que pudesse encher a banheira. Estava um dia muito frio, mas ela cuidou para que não esquentasse demais a água.
— Vem, meus bebês. – ela se virou, avistando Dylan. – Cadê seu irmão?
O menino sorriu, com um dedinho na boca.
— James? – saiu do banheiro, passando os olhos pelo quarto.
— Mamãe! – o menininho gritou, erguendo os bracinhos, e ela o viu.
Ao lado da estante, o menino brincava com um de seus brinquedos que estava no chão.
— Vem cá, bebê. Vamos tomar um banho bem gostoso.
Ela os colocou, um ao lado do outro, e começou a despi-los. Dylan foi o primeiro a reclamar do frio, batendo o queixinho, e ela se apressou com as meias de James, para que não tivessem nenhuma gripe.
— Vamos entrar nessa banheira gostosa, hum...
Ela amava dar banho neles. Amava mais do que tudo. Adorava passar shampoo nos cabelos cor de cobre que os dois tinham, adorava a carinha que os dois faziam quando ela limpava a barriga deles, causando cócegas leves. Adorava quando os dois se recusavam a sair da banheira e ficava mais alguns minutos ali, deixando-os se divertirem para que não reinassem muito.
Mas, como sempre, tudo que é bom acaba e ela tirou os dois da banheira. Pegou primeiro James no colo e o enrolou em uma toalha. Dylan andou até as pernas da mãe, mas cambaleou, caindo de bunda no chão.
— Calma aí, grandão. – ouviram uma voz grossa atrás de si e os três se viraram para olhar , que estava encostado na porta. – Alguma ajuda?
— Por favor. – sorriu. – Seca o Dylan?
Ele assentiu e pegou a outra toalha, enrolando o outro filho.
Os dois colocaram as crianças na cama. A cumplicidade era incrível até nessa hora, um colocava as fraldas, o outro as roupas. repreendeu quando ele colocou pouca blusa nos filhos e ele virou os olhos, resmungando.
— Resmungão, nem comece. Sabe que ainda é inverno, está nevando do lado de fora e eu não quero que eles morram congelados!
— O carro tem aquecedor! Para de frescura, mulher! – recebeu um tapa como resposta.
— Cadê minha filha?
— No carro, com a Minnie. – sorriu, passando o braço livre na cintura da mulher. – Tudo pronto?
— Tudo. – ajeitou o filho num braço e a bolsa dele em outro. – Vamos?
— Vamos.
De mãos dadas, e desceram as escadas. Ela o ajudou a colocar as crianças no carro e pegou as chaves da casa.
— Vou devolver para Nora. – avisou.
Nora, a senhora que, junto com o marido, cuidava da casa para eles quando eles não estavam, morava numa casinha ao lado. correu até lá, apertando o gorro em sua cabeça para se proteger do frio.
Tocou a campainha, pulando para afastar o frio e olhou para trás, vendo o esposo rindo de seu jeito. Mandou o dedo para ele que, em resposta, fez um coração com as mãos, e então ouviu a porta ser aberta.
— ?
— Oi, Nora. Vim devolver a chave da casa. – avisou. – E dar tchau.
— Mas... Já vão? – protestou. – Por que não me chamou para ajudar com as malas, eu poderia...
— Está tudo certo, Nora. Voltamos no verão. – prometeu. – Vou sentir sua falta.
— E eu a de vocês. Tomem cuidado na estrada, está uma neve do cão hoje.
— Pode deixar. – sorriu, abraçando a mulher. – Preciso ir, queremos chegar cedo em Londres e são quase quatro horas de viagem.
— Está certo, até o verão! – a velha acenou, olhando a mulher se afastar.
entrou no carro, aliviada com o calor do veículo.
— Tudo pronto?
— Sim! – sorriu, beijando a mão da mulher. – A playlist da volta é minha!
— Ah, não... – resmungou Phoebe, fazendo os adultos rirem. – Bruce a viagem toda?
— Sim, e você não vai reclamar porque eu sou o melhor pai do mundo e vou te emprestar meu iPod. – avisou, entregando o aparelho com fones para ela. – Ainda tem várias músicas que você baixou aí.
— Brigada, pai. – sorriu a menina, se aconchegando no travesseiro encostado na janela.
— Todo mundo com cinto?
— Aham. – afirmou, olhando para trás e checando os três filhos.
deu partida com o carro e ela se encostou no travesseiro que havia trazido no painel, dormindo rapidamente.
viajou tranquilo nas próximas três horas, até que os gêmeos começaram a reclamar de sede.
— Amor? – a cutucou, acordando-a.
— Hum?
— Os meninos estão com sede.
— Ah, sim... – coçou os olhos, se ajeitando. – Eu trouxe uns sucos na mamadeira deles.
Ela procurou dentro da bolsa dos garotos, que estava nos seus pés, e colocou no colo quando as encontrou. Sacudiu as mamadeiras e virou-se para trás, onde os filhos a olhavam.
— Aqui, meus amores. – sorriu, entregando as mamadeiras com sucos de maçã e uva.
Virando-se para o esposo, inclinou-se e beijou a bochecha dele, que sorriu.
— Falta muito?
— Quarenta minutos no máximo. Quer dizer, isso se a neve ajudar. Não consigo ver nada. – admitiu, encarando a estrada.
— Mamãe, Dylan! – Jamie gritou no carro, fazendo a mãe virar para trás.
— Droga, Dylan! Não pode jogar suco no seu irmão. – pegou o paninho do menino e soltou o cinto, colocando meio corpo para trás, para poder limpá-lo. – É isso mesmo, seu sapeca. Não adianta ficar sorrindo pra mim, não.
sorriu, escutando a esposa, e deu uma olhada no retrovisor. Aquela família era maravilhosa. Quando seus olhos voltaram para a estrada, ele viu uma luz vindo na sua faixa e arregalou os olhos, desviando o carro.
— Filho da puta... – exclamou, respirando fundo. O carro morreu.
— O que aconteceu? – arregalou os olhos, assustada com a buzina.
— Um cara entrou na contramão. Eu não vi até que ele estava bem na nossa frente. – respondeu, se virando para a mulher.
— ! – arregalou os olhos quando viu uma luz na frente do carro, mas já era tarde demais.
arregalou os olhos, encarando Jake.
— ‘Tá maluco?
— Deixa, mãe, por favor. – os dois se agarraram a ela, cada um puxando uma mão.
— Crianças...
— Para de ser má, . – Jacob deu um beliscão na cintura dela, rindo.
— Não estou sendo má, eu só não sei se é uma boa ideia. O concordou com um animal, não dois.
— Mãe, por favorzinho. – Dylan fez o bico novamente.
— James, vem comigo. Vamos ver um gatinho ali na doação e sua mãe se resolve com o Dylan.
James aceitou a mão do homem, entusiasmado.
se abaixou, encarando o seu filho bem de perto.
— Amor, você tem certeza que quer uma aranha?
— Tenho.
— Sua irmã não tem medo?
— Não. – sorriu. – Eu juro. Pedi pra ela se ela tinha medo.
— Meu anjo, uma aranha não é um bichinho muito comum de se ter em casa...
— Por favor! Prometo ser muito obediente. Pra sempre! – seus olhos brilhavam, esperançosos.
— Tudo bem, meu amor. Vamos levar essa aranhona. Deus, ela é gigante.
— É uma tarantulantula. – franziu o cenho enquanto lia, confuso. – Que nome estranho.
— Amor! Você já sabe ler? – pediu, empolgada.
Ele assentiu, sorrindo para ela.
— Papai ensinou a gente ano passado, quando entramos na escolinha. – explicou.
— Vocês começaram a ler com três anos? – seus olhos brilhavam, empolgados. – Meu Deus! Isso é tão bom.
— O papai nos ensinou a gostar de livros, sabia? Ele sempre diz que nunca vai negar um livro pra gente. Ele diz que aprendeu isso com você.
— Sabe, seu pai não gostava de ler. Quando a gente namorava, ele vivia reclamando que eu dava mais atenção aos meus livros do que pra ele.
— Sério? O que ele falava?
A mulher sorriu, se recordando de um dos momentos do início do namoro deles.
estava deitada na cama de , com um livro nas mãos e a cabeça apoiada no colo do menino. Ele fazia cafuné nela, que as vezes resmungava, dizendo que aquilo era muito bom.
— Larga esse livro, .
— Agora não, amor. ‘Tô no meio do capítulo.
— Sou mais importante. – ele falou, tentando puxar dela o livro, sem sucesso algum.
— Não é não. – ela se sentou, ainda lendo.
Ele bufou, se afastando da menina e levantando da cama.
— Onde você vai? – ela pediu.
— Lugar nenhum. – respondeu, irritado, enquanto pegava o controle e ligava a TV.
— ... – manhosa, se aproximou dele. O livro já tinha sido deixado de lado.
Ele continuou sem olhar para ela, prestando atenção agora no programa que passava na TV.
— ! – repetiu, nervosa.
— O quê?
— Para de drama. ‘Tô aqui, olha.
— Não sei qual a graça de ficar lendo tanto. – se rendeu, abraçando a namorada pela cintura.
— Eu gosto. Muito. Assim como você gosta de cantar.
— Tanto assim? – brincou, beijando-a no pescoço.
Ela riu, assentindo.
— Acho que tem uma coisa que nós dois gostamos mais do que tudo isso. – ele disse, tirando o short da garota. Sentiu o sorriso da namorada e foi incontrolável o que brotou em seu próprio rosto.
No minuto seguinte, estavam enrolados em cobertas e corpos. As mãos em todos os lugares, os suspiros tomando conta do quarto inteiro. O amor, totalmente palpável. Pelo menos para eles.
— Ele falava que eu gostava mais de ler do que dele, mas não era verdade. – a mulher sorriu, beijando a testa do filho e omitindo certa parte da história. – Vamos procurar seu irmão e o tio Jake, depois nós compramos sua aranha.
— ‘Tá bom. – segurou a mão dela e a puxou até o lado de fora da loja.
Ela sorriu para ele e procurou o outro filho com os olhos assim que se colocaram para fora da loja. James e Jake estavam ao lado de uma cerca, onde vários gatinhos minúsculos se amontoavam.
— Oi, bebê. – sorriu, afagando o cabelo do filho.
James a olhou imediatamente, sorrindo.
— Você vai deixar levar os dois, né? O tio Jake falou que o gatinho é mais barato, por causa da feira.
— Vou deixar, sim. Mas só porque seu irmão me prometeu ser obediente para sempre. E você também vai me prometer isso, não vai?
— Vou! – riu alto, abraçando a mãe pelas pernas. – Quer prometer de dedinho que nem a mana?
— Quero. – a mulher sorriu, estendendo o mindinho que o garoto logo tratou de agarrar com seu próprio. – Pronto. ‘Tô confiando em vocês, viu?
— A Phoebe vai amar! – Dylan sorriu, fazendo carinho em um gatinho.
sorriu ao ver a empolgação do filho com o que a irmã acharia.
— Qual gato vocês vão querer? – Jacob pediu, curioso.
A mulher observou as crianças se agarrando aos bichanos, falando que todos eram lindos e era impossível escolher um só. Quando Jake resolveu entrar no meio dos dois, ele foi corrompido pelos filhotinhos também e se viu como a única madura dali.
Saíram uma hora depois, com dois gatos e a aranha. Jake havia resolvido levar um para ele também, e ainda havia dado o gato dos meninos de presente para eles, fazendo gastar seu dinheiro apenas com a aranha.
— Você é impossível. – riu. – Mais criança que os dois.
— Ah, . Olha só para eles. Estão tão felizes.
Ela olhou para trás e os dois estavam brincando com os animais, rindo alto frequentemente.
— Mas não sei se você ter falado para eles que podiam levar os dois foi uma boa ideia... – voltou a encarar o amigo, que prestava atenção nela, sem tirar os olhos do trânsito. – Pelo menos eles estão felizes.
— Você ficou quatro anos sem eles, . Olha o sorriso deles. Acha que é por causa dos bichos? Eles estavam com saudades suas. Muitas. Se você tivesse dito não, ainda assim eles estariam sorrindo desse jeito. É você, . Eu só quis agradar os garotos.
— Você é uma pessoa maravilhosa, Jake. – sorriu. – E então, onde vamos comer?
— Crianças? – Jacob quis saber a opinião deles.
— Burger King! – falaram juntos, empolgadíssimos.
sorriu para Jake e depois para os filhos.
— Burger King será, então! – Jacob disse, fazendo um caminho diferente para chegar ao fast food. – Eu senti falta desses dois, sabia?
— Você não os viu nenhuma vez desde o acidente? – pediu a mulher, olhando para o amigo.
— Ah, você sabe a história... não gostava de mim, ele não... Ele me proibiu de ir ver você no hospital. Eu nunca nem visitei você, exceto as primeiras vezes.
— Ele não fez isso. – ela sussurrou, horrorizada.
— Está tudo bem, eu sempre soube que você ia voltar. De vez em quando eu encontrava as crianças nos churrascos do ou do . Mas eram raras ocasiões, sabe?
— Mas ele fez isso... Fez mesmo isso?
— Nós brigamos, é uma longa história. – Jake suspirou, entrado no Drive Thru. – Meninos, vou pedir por aqui senão vamos precisar deixar os seus bichinhos no carro.
— ‘Tá bom. – James sorriu, acariciando o gato de Jacob que estava em seu colo.
— Mas eu queria ir no parquinho. – Dylan fez manha.
— Se o tio Jake deixar, podemos ficar aqui no estacionamento cuidando dos peludinhos ali, enquanto os dois brincam, que tal?
Os olhinhos dos dois se viraram para Jake imediatamente.
— Por mim tudo bem. – Jacob sorriu.
— Eba! – os dois bateram as mãozinhas, contentes.
— O que vocês vão querer? – o homem perguntou, visto que eram os próximos.
— Hm... Alguma coisa com frango. Ainda não posso comer nada muito pesado. – sorriu. – E vocês, bebês?
— Aquele de criança que tem nuggets. – James falou, sem tirar os olhos da aranha do irmão, que estava presa ainda.
Jacob olhou para a atendente, que parecia impaciente com a demora deles.
— Dois Chicken Crisp e dois Club, por favor.
— Acompanhamentos?
— Batata e Pepsi, pode ser? – olhou para , deu de ombros. – Isso mesmo.
Ele entregou o cartão para a mulher e digitou sua senha.
— É só aguardar ali na frente. – indicou, entregando uma nota.
Jake seguiu mais para a frente com o carro e o desligou, abrindo a janela.
— Ainda querem ir ao cemitério, não é?
— Eu sempre visitei o James. Uma vez na semana, sem falta. Só... Mesmo não podendo ter feito, me sinto culpada. Tenho que ir.
— Não faz isso com você, linda. Por favor. – ele segurou sua mão. – Só... Só visita ele, que nem você fazia.
— Mãe, a moça. – Dylan chamou, indicando uma mulher na janela de seu banco.
abriu a janela e agradeceu, pegando os lanches e fechando a janela mais uma vez.
Jake estacionou o carro e ajudou com os meninos, para que não se sujassem e acabassem lambuzando o carro.
— Ah, não! – a mulher lembrou antes de entregar os lanches. – Vocês estavam brincando com os gatinhos até agora, não vão comer sem lavar a mão.
— Mas, mãe...
— Não comecem. – ela levantou a mão, pedindo silêncio. – Eu não posso levar vocês no banheiro feminino, então... Jake?
— Ah, claro. Voltamos já. – avisou, saindo do carro.
— Cuida deles, mãe. – Dylan pediu, entregando o gatinho no colo da mulher, que riu e assentiu.
— Tudo bem, vão logo. – mandou, vendo os meninos saírem do carro.
Os observou por cima do ombro, os dois pareceram se entender bem com Jacob. Não podia acreditar no que ouvira, que o havia proibido de ver os meninos e ela no Hospital.
E falando no diabo... O celular na sua bolsa começou a vibrar e ela encarou a foto do esposo, tirada no primeiro dia do hospital justamente para ficar no celular, gravado junto com seu número. Deslizou para atender a ligação.
— Alô?
— ? Oi, é o ... Você sabe disso, né? Ah, então... – ela riu fraquinho com a timidez repentina do homem. – Você quer almoçar aqui em casa, com a gente, ou vai comer alguma coisa com os meninos na rua? — Na verdade, acabei de comprar nosso almoço com o Jacob. Já buscou a Phoebe ou precisa que eu busque?
— Já busquei. Hm... Então tudo bem, a gente se fala mais tarde. — Claro, tchau, . Na verdade, acho que a gente precisa mesmo conversar.
— Os meninos fizeram alguma coisa? Olha, eles estão agitados, eu sei, desde que você acordou não consigo os controlar e... — Não, não é nada disso. De noite a gente conversa.
— Tudo bem, tchau, . — Tchau, . – desligou a ligação e olhou para baixo, pensativa.
Era tudo tão estranho. Quase falou ‘beijo, te amo’ no fim da ligação. Era esquisito não ser mais esposa dele, nem nada parecido. Seria esquisito quando ela visse aquela menina em sua casa, dormindo na sua cama, com seu homem. Mas seria ainda mais esquisito se as crianças gostassem dela, e ela agradeceu a Deus, secretamente, por não gostarem. Tinha alguma coisa errada com aquela garota. Ela não olhava para da mesma forma que o olhava, mas talvez fosse coisa da sua cabeça. Talvez Nancy amasse , ainda mais do que . Talvez... Talvez até mesmo amasse Nancy mais do que um dia amou .
Ela passou a mão no olho, reprimindo as lágrimas e respirou fundo, forçando um sorriso assim que viu os filhos voltando.
— Pronto, mãe. – Dylan estendeu a mão um pouco úmida para provar para a mãe que tinha limpado direitinho.
— Agora sim! – sorriu, entregando um pacote para o menino, depois que ele se ajeitou no banco e o irmão fez o mesmo.
Jake entrou no carro também e pegou seu outro saco, entregando um lanche à .
— Obrigada. – sorriu, abrindo a embalagem e pegando um guardanapo. – E vocês dois, cuidado para não se sujarem nem sujarem o carro do tio de vocês.
— ‘Tá bom. – falaram juntos, abocanhando seus lanches.
— Só cuidado com os gatinhos, senão eles comem toda a comida de vocês. – Jake sorriu, encarando os meninos pelo retrovisor.
— Ah, eles vão ser bem rápidos. – riu.
— O papai ensinou a gente a comer bem rápido, tio Jake. – Dylan falou, de boca cheia.
— Se a gente não comer rápido ele come a nossa comida. – James confirmou, fazendo a mãe rir.
— Mas não se esqueçam de mastigar direitinho, porque vocês podem se afogar.
— Relaxa, . Deixe os meninos comerem, enquanto eu te conto algumas coisas que você perdeu.
A mulher ria alto sempre que Jacob falava alguma coisa, e depois de comerem tudo, os irmãozinhos se sentaram um colado ao outro.
— Papai não vai gostar disso. – James cerrou os olhos.
— Nem a Pheebs. – Dylan negou com a cabeça, sussurrando.
— ... e eu tenho uma surpresa para você, mas isso só se você aceitar trabalhar comigo mais uma vez!
— E eu preciso responder? É claro que eu aceito, Jake! Não seja bobo. – a mulher riu, mas algo em sua risada soara esquisita. O rosto dela estava pálido.
— Ei, . Você está bem? – o homem pediu sorrindo.
Quando a viu largar o lanche em sua mão, dentro do pacote, e apoiar a cabeça em ambas as mãos, percebeu que tinha alguma coisa errada.
— ! Você está passando mal?
— Eu não... Não sei. Acho que... – ela suspirou, antes de abrir a porta do carro e se colocar para fora, vomitando todo o seu almoço.
— Mamãe! – Dylan exclamou, observando o estado da mulher pela janela do carro.
— Droga, ! – Jacob saiu do carro e se colocou ao lado da mulher. – Vem, vamos te levar para casa.
— Mas... Mas e o James? Eu preciso ver meu irmão, eu preciso... – ela murmurou, segurando-o pelos braços e caindo no choro.
— Ei, não! Não chora, . Está tudo bem. Você passou mal, vai ver seu irmão outra hora.
— É tudo culpa minha, Jake. – ela sussurrou. – A morte do meu irmão, o acidente... E se tivesse acontecido alguma coisa com meus filhos?
— Não foi culpa sua! Pare de dizer isso! , ver você naquela cama de hospital... Eu nunca sofri tanto. Você é a melhor pessoa que eu conheço, e ver você se martirizar desse jeito não vai melhorar em nada. Você está bem, está aqui. Seus filhos estão ali no carro, preocupados com você. Não vai chorar na frente deles, vai?
— Eu senti tanto a sua falta, Jake. Sei que não é bem verdade, já que eu estava desacordada, mas... Você me entendeu, não é? – riu, secando as bochechas.
— Entendi. Eu senti muito a sua falta também, . Mais do que você um dia vai entender.
Ela sorriu, abraçando o homem, e fechou os olhos.
— Eu devia ter te dito, não posso comer quase nada. Qualquer coisa pesada, meu estômago fica maluco. Mas meus meninos ficaram tão animados em comer aqui, que eu pensei que... – levantou um ombro. – Eu não devia ter pedido nada para comer.
— Você devia ter me dito, sim. – ele riu, beliscando a cintura dela de leve. – Mas está tudo bem. Eu te entendo. Você sempre colocou seus filhos em primeiro lugar.
Ela assentiu, sorrindo.
— Bom... Acho melhor irmos. Tem quatro olhinhos encarando a gente. – Jake sussurrou, rindo.
Abriu a porta para ela e deu a volta no carro, entrando.
— Tudo bem, mãe? – Jamie a encarou, os olhos arregalados.
— Tudo sim. Lembra que o papai falou que a mamãe não pode comer nada muito pesado? Hambúrgueres são pesados. – ela sorriu, olhando para os filhos, que continuavam com um olhar receoso. – Eu estou bem, mesmo.
— Nós estamos indo embora? – Dylan perguntou.
— Sim, parece que hoje não vai dar para visitarmos o tio de vocês... Mas tudo bem, não é? Outro dia a gente vai, hoje foi bastante divertido, não foi?
— Foi! O tio Jake é legal. – Jamie sorriu, segurando seu gato e o do homem.
Dylan arregalou os olhos para o irmão, como se ele tivesse falado algo muito errado.
— Obrigado, James. Eu acho vocês dois muito legais, também. Se vocês quiserem, sua mãe pode levar vocês lá em casa, para conhecer o Bombinha e o Chuck.
— Chuck? É o nome do namorado da Phoebe... – Dylan falou, batendo os dedinhos no vidro que a aranha ocupava.
— A Phoebe namora? – se virou para os filhos.
— Não! – James negou com a cabeça. – É brincadeira.
— O quê? Mas isso não faz sentido...
— , é melhor você perguntar isso para a Phoebe. – Jake deu de ombros, encarando a amiga antes de entrar no condomínio dela.
— Ela queria conversar comigo, mas não imaginei que ela tivesse um namorado...
— Não conta pra ela que eu te disse, por favor! – Dylan fez bico, juntando as mãozinhas.
— Eu não vou. Mas isso significa que é verdade! – encarou Jacob. – Não acredito nisso. O pai de vocês sabe?
— Não! Se você contar, a Phoebe vai morar com a vovó, e... – James se desesperou.
— Ninguém vai morar com avó nenhuma! Olha, deixa que a mamãe resolve isso com sua irmã. Vocês já tem trabalho demais explicando o motivo de querer uma aranha ao seu pai. E nós chegamos. Ele vai surtar quando ver essa aranha, então... Fiquem calmos.
— A Phoebe vai ajudar a gente. Ela amolece o papai facinho.
— Ah, ela faz isso, é? – sorriu, encarando os filhos. – Vocês não tem jeito.
— Dylan, deixa que eu levo sua aranha, é pesado demais...
— Depois que você passou mal? Sem essa. Você não tem nada nesse estômago e não vai desmaiar, ou...
— Calma, Jake. Respira. – a mulher riu. – Você leva, então.
— Sim, senhora! – saiu do carro.
observou o amigo ajudar os filhos a saírem do carro, sorrindo. Jake tinha um jeitinho maravilhoso para conversar com os gêmeos, e mesmo Dylan, que parecia mais reservado na presença dele, começara a se soltar. Os dois começaram a conversar sobre a aranha, enquanto Jamie estava ocupado demais com os dois gatos, e demorou um tempo para Jacob perceber que ela os observava.
— Que foi? – sorriu, levantando-se.
— Você leva jeito... Com os meninos.
— Tenho quatro irmãos mais novos, lembra?
Ela riu, fechando os olhos.
— Claro! Sua mãe não brinca em trabalho.
— Certo, falar sobre o que ela faz não me agrada muito, então... – ele fez uma careta.
— Ah, qual é! Você também faz! – ela gargalhou, segurando as mãos dos filhos. – Dylan, por que você está segurando o gatinho do Jake?
— Ele vai morrer asfixixi...
— Asfixiado? – sorriu. – Só não vai esquecer de devolver!
— Eu lembro ele, pode deixar! – Jake riu, segurando a caixa de vidro. – Aperta o alarme para mim?
Ela pegou a chave nas mãos ocupadas dele e acionou o alarme.
— Obrigada, viu? – sussurrou. – Por hoje. E por ajudar com os meninos, eu ainda... Ainda não me acostumei a vê-los tão crescidos assim.
— Não foi nada, . Seus filhos são você em miniatura. É impossível não me dar bem com eles. – riu, batendo o ombro no dela de brincadeira. – Mas você pode abrir a porta? A caixa está começando a machucar minhas mãos...
Ela riu, assentindo. Correu até a porta e a abriu, com a chave que havia lhe dado. Os meninos entraram correndo, gritando pela irmã.
segurou a porta para que Jake entrasse e indicou que ele colocasse o animal em cima da mesa de centro.
— Então, qual a surpresa que você queria me dizer? Já aceitei voltar ao trabalho! – ela sorriu, o levando até a cozinha. – Aceita um suco? Meu estômago está me matando!
— Você devia comer alguma coisa, . – a repreendeu. – Beber suco não vai saciar sua fome.
— Está bem, que tal uma maçã? – Arqueou as sobrancelhas, sorrindo.
— É um bom começo. – riu.
— ! – ouviu a voz do marido a chamando e virou o rosto para a porta da cozinha, onde ele ultrapassou dentro de dois segundos.
— Oi, . – sorriu fraco, pegando uma faca. – Hã... Você conhece o Jake.
— O que você está fazendo aqui? – o homem franziu o cenho para o amigo da esposa.
— ! Isso não é jeito de falar com um amigo meu! – ela o defendeu, colocando a fruta e a faca em cima da mesa.
— Bom, então é melhor você tirar ele da nossa casa! – ele respondeu, visivelmente irritado.
— , eu já estava mesmo indo. Tenho que voltar ao trabalho. – Jake segurou a mão dela, a acalmando. – E quanto a sua surpresa... Só vai descobrir quando assinar todos os papéis do seu mais novo-velho-emprego!
Ela sorriu, assentindo. Beijou a bochecha de Jacob e o acompanhou até a porta, deixando um irritado para trás.
— Eu te ligo mais tarde, tudo bem? Eu tenho que resolver umas coisas com as revistas e jornais que querem me entrevistar e... Hoje mesmo eu decido tudo sobre o emprego.
— Só não desiste. – ele suspirou. – Nunca coloquei ninguém em seu lugar, então... Preciso de você. Não dá mais para ser duas pessoas ao mesmo tempo.
— Você assumiu meu trabalho todo esse tempo?
— Tive umas ajudinhas aqui e ali, mas eu sabia que se colocasse alguém lá, seria como aceitar a sua morte e... Aqui está você, .
Ela sorriu, o abraçando com toda a força que tinha.
— Você não existe.
— Existo sim. Acha que te quero de volta pra quê? Vou te encher de trabalho, nunca mais vai sair daquele prédio. – ele gargalhou, beliscando o braço dela. – Vou esperar sua ligação.
Ela assentiu, observando-o entrar em seu carro. E então decidiu que era hora de encarar .
Entrou na cozinha e encarou o homem, que estava de braços cruzados e com a testa franzida.
— , nós precisamos conversar.
— Precisamos mesmo. Você sabe muito bem que eu nunca gostei desse cara, precisava mesmo trazer ele pra dentro da nossa casa?
— Eu já sei de tudo. – ela despejou, cruzando os braços e empinando o nariz.
Oh, ele podia sentir a irritação dela.
— Tudo o quê? – arregalou os olhos.
— Você proibiu o meu amigo de me visitar no hospital enquanto eu estava em coma! – gritou, mal controlando a ira que invadia seu ser.
— Ele te contou a história toda?
— Não, não contou. As crianças estavam junto e eu não queria que eles escutassem. Por que você faria uma coisa dessas?
tinha acabado de receber alta. Aquele quarto de hospital estava uma bagunça só, Dylan chorava de um lado e James do outro, Phoebe perguntava pela mãe e tudo o que conseguia fazer era enfiar a cabeça entre as mãos.
— ? Sou a Doutora Mitchell, estou encarregada do caso da sua esposa, .
— Ela está bem? Acordou?
A doutora suspirou, negando com a cabeça.
— Ela está instável, seu quadro não é dos melhores. Você sabe como funciona o coma, não sabe?
Ele negou com a cabeça, preocupado.
— Se ela tiver morte cerebral, ela não tem chance alguma de voltar. Mas agora ela está em coma e não podemos esperar coisa melhor por ora. O corpo dela irá permanecer em repouso até que ela esteja totalmente curada. Isso significa que ela tem vários traumas internos, principalmente neurológicos. Se o corpo dela decidir que ela só acorda daqui a dez anos, ela só vai acordar lá. Nós fizemos tudo o que tínhamos em nossas mãos durante as cirurgias, e enquanto você esteve no seu coma induzido, cuidamos dos seus filhos e da sua mulher. Não encontramos seus documentos, nada. Tudo foi perdido no acidente. Precisamos ligar para mais alguém? – a médica perguntou, segurando uma prancheta.
— Eu... Eu preciso de um tempo. Com a minha esposa, por favor.
— Eu te levarei até lá, mas um visitante por vez. Tem alguém que eu possa chamar?
— Onde estamos? – perguntou, secando os olhos. – Em que cidade?
— Londres. O seu acidente foi na rodovia que o traria à cidade e esse é o hospital mais próximo.
— Eu preciso que você ligue para algumas pessoas, por favor. – pediu.
Phoebe tinha conseguido acalmar Dylan, mas James continuava chorando e se obrigou a pegá-lo no colo.
— Claro, a mãe e o pai dela? – perguntou, já tirando a caneta do bolso e se aprontando para escrever.
— Não, eles estão mortos.
— Eu te levarei até a recepção, onde te emprestarão um telefone. Você consegue dar as notícias sozinho? Só um minuto... – pediu. – Korey! – chamou um homem, que preenchia alguns formulários numa mesa. – Eu preciso que você fique de olho nos filhos dele enquanto o levo para a recepção.
O homem assentiu, se aproximando de Phoebe e Dylan, tentando conversar com os dois.
seguia a doutora, apreensivo. Estava morrendo por dentro. A sua mulher, seu amor... Ela podia não acordar nunca. Ele não suportaria. Beijou a bochecha rosada do filho, pedindo baixinho que se acalmasse. James havia ganhado um gesso de presente, deveria estar morrendo de dor. nunca soube o que fazer com os filhos quando estavam doentes, era sempre ela.
— Calma, filhão. Vai ficar tudo bem, já vai passar.
— Dodói, papai.
suspirou, segurando firme o filho em seu colo.
— Doutora, meu filho está com dor. Eu sei que é normal e que ele quebrou o osso, mas... Você pode arrumar algum remédio pra ele? – perguntou, assim que a Doutora parou de andar, chegando na recepção.
— Ele tem pouco mais de um ano, não é? – perguntou. – Não posso dar nenhum remédio forte.
— Não precisa ser forte, mas ele não vai parar de chorar até que alivie essa dor, pelo menos.
— Eu vou buscar um analgésico. Rose, – chamou uma enfermeira. – precisa de um telefone, ele vai fazer algumas ligações. O ajude. – pediu, se retirando.
Rose, uma senhora, sorriu para o homem, pegando um telefone.
— É para fora da cidade? – perguntou.
— Não. – balançou o filho, que aos poucos parava de chorar.
— Pode ligar. – entregou o telefone, antes colocando uma senha.
, com as mãos trêmulas, discou o primeiro número que veio a sua mente.
— Alô? — ? Eu... Eu sei que ‘tá tarde, mas eu preciso de você, cara.
— Cara, o que foi? O que aconteceu? — Eu bati o carro. A gente estava voltando no dia dois, mas... Eu fiquei em coma induzido por um tempo, eu não sabia pra quem ligar. – chorou, atraindo um olhar piedoso da senhora que lhe entregara o telefone. – Cuidaram das crianças enquanto eu estava apagado e agora que eu tive alta, e-eu... Eu preciso muito de vocês.
— Calma, calma. Você não tá fazendo sentido. Tenta não chorar, . Eu tô indo aí, só me diz onde que é. — No Mary-Grace's Hospital. Por favor, cara... A , ela...
— Calma, eu estou indo. As crianças estão com você, não estão? — Estão.
— Não fica assim, . Eles vão se assustar. Eu vou chegar aí num minuto, não assusta seus filhos. Eles vão pensar que a morreu. Ela não morreu, não é? – a voz do amigo soava preocupada.
— Ela ‘tá na porra de um coma, ! Eu não sei que merda fazer, eu... Eu nem a vi ainda. A doutora vai me deixar vê-la daqui a pouco, mas...
— Calma, vai dar tudo certo. As crianças estão bem? — O Jim quebrou um osso do braço, tá horrível. Ele não para de chorar, a médica foi atrás de um remédio pra ele. Você foi a primeira pessoa que eu liguei, eu não... Não tenho ideia do que devo fazer.
— Eu vou ligar para os seus pais e para os caras. Não se preocupe. Vou ligar para o trabalho da e explicar tudo. — Obrigado, cara.
— Não se preocupe. Vai ver como sua mulher está e deixa que eu resolvo o resto. O homem desligou, sem cabeça pra mais nada. Devolveu o telefone para a mulher e abraçou o filhinho, que já não chorava.
— Vai dar tudo certo, amigão. Você vai ver só.
— Passa a dor, papai? Passa? – perguntou o menininho, com os olhos cheios de lágrimas.
— Vai passar a dor, não se preocupe. – sussurrou, com o coração na mão.
Faria qualquer coisa para que seu menino parasse de sentir dor.
— ? – ouviu alguém o chamar e olhou para trás, avistando a doutora. – Aqui. – mostrou a caixa de remédios em sua mão. – Não tem um gosto bom, então vou pedir que você segure as bochechas do James e então eu pingo para você.
O homem assentiu, obedecendo-a. Mesmo esperneando, James aceitou o medicamento. O menino continuava choramingando, sem soltar o pai por nada no mundo.
— Você não pode entrar com os filhos, tudo bem? Ainda não. – a Doutora avisou.
— Está certo, vou levar ele para a irmã.
Phoebe estava ninando o irmão e conversando timidamente com o médico que cuidava deles.
— ... E ela vai ficar bem, você não tem que se preocupar. – Korey a tranquilizou.
Pheebs assentiu, olhando para cima. Levantou imediatamente ao ver o pai.
— Papai! Você viu a mamãe? Ela está bem?
— Ainda não, princesa. – se abaixou para ficar da altura dela. – Eu estou indo ver ela agora. Preciso que continue cuidando dos seus irmãos e conversando com esse médico, tudo bem?
— A mamãe morreu? – perguntou, abraçando o irmão mais forte nos braços. – Você pode me contar. Eu aguento. – os olhos da menina se encheram de lágrimas, mas ela não derrubou nenhuma.
— Não, filha. Não. Ela está em coma, você sabe o que isso é?
— Não é que nem você ficou?
— O meu foi por meio de remédios, o da sua mãe é porque o corpo dela está muito machucado e ela precisa se curar antes de acordar.
— E isso vai demorar? Eu tô com saudades. – resmungou, formando um bico involuntário nos lábios. Ela ia chorar a qualquer momento.
— Não precisa ficar assim. Logo, logo você vai poder ver ela. O tio está vindo, meu bem. Ele vai ligar para a vovó e vão cuidar de você e dos seus irmãos enquanto eu converso com a Doutora sobre a sua mãe. Pode ser? Você não sente falta da vovó e do vovô?
— Sim... – limpou os olhinhos, abraçando o pai pelo pescoço com o braço livre. – Promete que ela vai ficar bem?
— Prometo, filha. Agora, eu preciso que você cuide do James pra mim. Pode fazer isso? Cuidar dos dois?
— Posso. – sorriu fraco, deitando Dylan na cama improvisada que fizeram com uns lençóis emprestados do hospital.
deixou Jamie com a filha e assentiu para a Doutora, avisando que estava pronto.
O cheiro de hospital estava o enjoando e o corredor branco que levava ao quarto da esposa o assustava tanto. E se ela morresse, como tanta gente já fez ali mesmo? Não ia suportar.
— Você quer ficar sozinho? – a médica perguntou, parando em frente a uma porta.
— Por favor.
Ela assentiu, girando a maçaneta e abrindo a porta. colocou a mão na boca assim que a viu naquela cama.
Totalmente incapacitada, com tubos por todos os lugares, o coração batendo fraquinho de acordo com o monitor.
— Meu Deus... – sussurrou, caminhando devagar até ela.
Tinha uma poltrona ao lado da cama e ele precisou se sentar porque aquela visão era demais, até mesmo pra ele.
— Oi, meu amor. – segurou a mão dela, tendo calafrios com a temperatura. – Eu preciso que você acorde, tudo bem? Que acorde de uma vez. Porque... Porque você sabe que eu não vou durar muito tempo sem você lá em casa. As crianças... Elas vão ficar malucas. – disse, parando quando os soluços não deixavam as palavras saírem. – Eles sentem a sua falta, você não pode desistir assim. Você tem que voltar, e voltar saudável e cheia de vida, como você sempre foi. Faz isso por mim, . Por favor. – sussurrou, perdido.
Agarrado à mão dela, fez preces e mais preces, implorando por qualquer ser superior que trouxessem ela de volta para ele.
Sentiu uma mão no seu ombro e pulou, assustado. Era a doutora.
— É melhor você vir, . Sua família e seus amigos estão aqui, todos eles. Já disse a situação da , mas estão querendo te ver.
Assentiu, suspirando.
Assim que colocou os pés pra fora, escutou uma gritaria. Dois seguranças seguravam um homem descontrolado, que se debatia.
— O que está acontecendo aqui? – Holly, a médica, perguntou.
— Ele já está sendo retirado. – um segurança disse, apertando o braço do homem.
— Não, não. Soltem ele! – arregalou os olhos.
— Você o conhece? – Holly pediu.
— É o chefe da minha esposa.
Os seguranças o soltaram, fazendo com que Jake esfregasse os braços.
Mas percebeu. Ali no olhar dele, alguma coisa estava errada. E de repente, suas mãos estavam no seu pescoço.
— Seu desgraçado! – gritou, sendo puxado por um segurança. – É culpa sua! Você matou ela. Matou a .
arregalou os olhos, as mãos acariciando o pescoço ardido com os poucos segundos de toque de Jacob.
— Eu vou matar você. Se alguma coisa acontecer com ela, eu vou te matar! – prometeu, sendo arrastados pelos seguranças até o lado de fora.
— Levem ele daqui! – Holly gritava, irritada.
Mas Jake tinha razão. A culpa era toda de . E se ela morresse... Ele nunca ia se perdoar.
fechou os olhos, assimilando a situação. Jake era muito próximo a ela, mas tentar enforcar ? Não era uma das coisas que ela imaginava que ele faria. Não era nem de longe.
— , eu... Eu tenho meus motivos, tá bom? Eu estava no meu pior, já não gostava dele e ele diz aquilo... Não é assim que funciona. Ele precisava de alguém pra culpar, mas...
— Você não tinha culpa. – ela disse. – Eu nunca culpei você, . Nem uma vez. O que ele fez não foi certo, e vocês nunca se gostaram, mas... Você não precisava falar assim com ele.
— Eu estava preocupado com você e quando desço, dou de cara com ele. Não é minha imagem preferida, entende? – suspirou.
— Preocupado por quê? – pediu, curiosa.
— Os meninos chegaram com um gatinho, dizendo que você tinha vomitado o almoço todo, e...
— Já estou bem. – prometeu. – Eu só preciso comer alguma coisa. – olhou para a fruta na mesa. – Os meninos queriam Burger King, não tinha como dizer não.
— Mas eu avisei! Avisei eles que não podiam deixar você comer nada forte.
— Eles tem quase seis anos, . Não tem noção do que significa uma comida forte.
Ele assentiu, colocando a mão na testa.
— Os garotos decidiram por um gato, mesmo?
— Ah, eles ainda não te contaram? – riu. – Me fizeram comprar uma aranha.
— Aranha? – riu, desacreditado. – Foi o Dylan, não foi?
— Como sabe? – perguntou, sorrindo.
— Ele adora animais estranhos. Eu falo sério. Recortou muitas revistas com imagens de sapos coloridos e cobras gigantes. A porta do guarda roupa deles é cheio.
riu, mordendo a maçã. Tinha perdido muita coisa. Mas não ia perder mais nada.
Phoebe ria alto, feliz da vida.
— Papai nem se lembrou que a Nancy tinha alergia. Vocês veem? Ele não está nem aí pra ela!
— E nós conseguimos trazer a aranha também! – Dylan comemorou, feliz. – Quando a gente começa?
— Amanhã. Quando ela aparecer, vocês vão distrair ela com o gato enquanto eu faço o resto.
— Vocês acham que vai dar certo? Eu não quero que o papai brigue comigo. – James murmurou, receoso.
— Bebezão. – Dylan mostrou a língua.
— Eu sou mais velho! – reclamou, batendo o pé.
— Não adianta vocês brigarem. A gente tem que pensar em formas de tirar a Nancy da vida do nosso pai. E fazer a mamãe aceitar ele de volta. – Phoebe decidiu.
Ninguém ia tirar a família dela de sua vida. Ninguém.
N/a: Coloquem essa música para tocar enquanto leem o capítulo.
No domingo, acordou antes que todo mundo na casa e resolveu fazer o café. As panquecas ficaram prontas antes que as crianças acordassem, então resolveu ir chamá-los. se sentia muito cansada, ainda não estava acostumada com a rotina, andar atrás dos filhos por todos os lados, limpar a casa - o que havia feito na noite passada. até tinha brigado com ela quando viu, mas já era tarde. Ela já tinha terminado, e embora estivesse cansada demais, ela não queria nunca mais dormir.
Entrou no quarto dos gêmeos, primeiro. Os dois dormiam iguaizinhos a . De bruços, com uma mão ao lado do corpo e a outra perto do rosto.
Sentou-se ao lado de Dylan e sorriu, passando a mão no cabelo dele. O menino resmungou, abrindo os olhinhos em seguida.
— Bom dia, amor. – beijou a testa do filho.
— Bom dia, mamãe.
— Vai escovar os dentes, Dylan. Irei acordar o seu irmão.
Assentindo, o menino desceu da cama, correndo até o banheiro do quarto.
A mãe sorriu, sentando-se na cama de Jamie e fazendo o mesmo que havia feito com Dylan.
James, no entanto, foi mais teimoso para despertar.
— Deita comigo, mamãe. – pediu, ainda de olhos fechados.
sorriu, maravilhada.
— Acorda, meu anjo. Temos panquecas hoje.
Os olhos se abriram em seguida, procurando foco e lutando contra a luz.
— De verdade? – perguntou, sentando-se.
— Sim. De verdade. – riu, beijando sua testa. – Agora, vá escovar os dentes com seu irmão e depois desçam para a cozinha.
— Tá bom. – assentiu, saindo da cama.
Sorrindo, a mulher saiu do quarto. Espiou dentro do quarto da filha e viu que ela já estava acordada, mexendo no celular.
— Já acordou, mocinha? – sorriu, adentrando o quarto.
Phoebe a olhou, sorrindo.
— Eu senti falta de você vindo me acordar. – admitiu, sentando-se na cama e deixando o celular de lado.
sorriu, mordendo o lábio.
— Lembra quando os meninos nasceram? Você pedia para que eu te acordasse todas as manhãs, porque seu pai estava cansado demais e eu tinha muito trabalho sozinha.
Phoebe assentiu, se levantando.
— Você não veio ontem. – ergueu um ombro. – Eu fiquei te esperando de noite. Mas você não veio.
A mãe arregalou os olhos.
— Filha! Eu esqueci. Ai, amor. Me perdoa, eu esqueci. – colocou a mão na testa. – Eu estava tão exausta ontem…
— Tudo bem. – suspirou.
ofegou, sentando-se na cama e puxando a mão da sua menina, para que fizesse o mesmo.
— Tem a ver com o Chuck?
A menina arregalou os olhos.
— Como você… Como…
— Os meninos deixaram escapar. Mas não tem problema, amor. Não brigue com eles.
Ela bufou, irritada.
— Eles não tinham nada que ter contado!
— Eu sei que não. Mas você sabe que não vou contar ao seu pai, não tem com o que se preocupar.
— Eu sei, mas… Ai, mãe. Eu queria ter te contado. Eu queria que você conversasse comigo sobre isso, e aqueles pestinhas…
— Não fale assim deles! – brigou. – Foi sem querer. E isso não importa, agora. Eu quero saber dessa história direito.
Pheebs riu, encolhendo os ombros.
— Ele foi meu primeiro beijo. – sussurrou. – E eu gosto dele. Ele é melhor amigo do meu melhor amigo. A gente sempre anda junto e ele disse que também gosta de mim.
— Você sabe que, na sua idade, só pode ficar nos beijos, não sabe? – colocou as mãos nos ombros dela.
— Sei! Ai, mãe. – riu, envergonhada. – Claro que sei.
— Ótimo!
— Ele me chamou para ir ao parque hoje. – olhou para a mãe. – Mas o papai não me deixa ir sozinha, e se ele me levar… Eu não quero que ele veja o Chuck.
— Eu te levo. – sorriu, adivinhando a pergunta da menina.
— Sério? – seus olhos brilharam, satisfeitos. – Obrigada, mãe! Eu te amo. – a abraçou, animada.
— Mas eu te busco em meia hora! Não vai sair de lá! – mandou. – Vou ficar olhando vocês. E nada de deixar esse menino ficar te apertando.
— Mãe! – resmungou.
— Tudo bem. – riu. – Chama o seu pai? – perguntou, dessa vez com a voz mais miúda. – Acho que a Nancy dormiu aqui ontem, não dormiu?
— Ela teve alergia ao gato dos meninos. – Pheebs sorriu.
— Meu Deus! Eu não sabia! Não ia deixar os meninos comprarem, se… – encarou a filha. – Você! Você e seus irmãos fizeram de propósito, não foi?
— Ai, mãe. A gente só queria que ela parasse de vir aqui! – grunhiu. – E eu chamo o papai, sim. Mas só se você prometer não contar pra ele sobre o gato.
cerrou os olhos.
— Combinado. Mas eu quero que peçam desculpas à Nancy.
— Mãe! – protestou.
— É assim mesmo que funciona, menininha. Vai pedir desculpas.
— ‘Tá. – rolou os olhos, saindo do quarto.
riu, negando com a cabeça. Não queria que a filha odiasse a mulher. Não tinha feito nada de errado. Precisava conversar com Nancy, agradecer por ela ter cuidado de no último ano. Precisava fazer tanta coisa.
Olhou o mural da filha, curiosa. Passou a mão sobre a foto de seu casamento, sorrindo involuntariamente. tinha vinte anos, quando ela tinha quase dezenove. Foi uma loucura e eles não tinham tanto dinheiro, mas conseguiram uma cerimônia simples, como presente dos pais do garoto. Foi um dia maravilhoso, ela ainda se lembrava de muitos convidados virem, na festa, lhe perguntar de quantos meses era a gravidez. Ela e se divertiam, achando uma bobeira.
Ao lado, a primeira foto dos dois com Phoebe fez seus olhos se encherem de lágrimas. Eles pareciam...
— Mamãe? – ouviu a voz de Pheebs e a olhou, secando os olhos. – Você ‘tá bem?
— ‘Tô sim. – sorriu. – Vamos tomar café?
A menina assentiu, abraçando a cintura da mãe e descendo com ela até a cozinha. Jamie estava sentado em cima da mesa, balançando os pezinhos enquanto arremessava morangos picados para a boca do irmão, que conseguia pegar alguns, mas estavam fazendo uma bagunça linda.
— Meninos! Vamos comer os morangos, não jogar eles no chão. – sorriu, beijando a testa de James.
— Obrigado. – riu, servindo o suco em um copo. – Acha que eles me escutam agora?
— O papai é chato. – Dylan brincou, mostrando a língua para o patriarca.
— Ah, eu sou? – cerrou os olhos, se aproximando do filho.
Dylan correu até a mãe, pedindo por socorro, enquanto Pheebs e Dylan riam alto, comendo suas panquecas.
— Mãe, me salva. – gritou o menino, abraçando suas pernas.
riu, segurando os braços do filho.
tentou passar pela mulher, mas ela negou com a cabeça, abrindo os braços, o bloqueando.
— É assim agora? Até você, ? – sussurrou, rindo.
Fingiu que passaria por um lado e a enganou, como sempre fazia nessas brincadeiras. Pegou Dylan no colo e o jogou sobre o ombro, escutando as gargalhadas do filho.
— Me solta, papai! – riu, batendo as mãos nas costas de .
— Eu sou chato, não vou fazer o que você quer! – o segurou pelos pés, o deixando de ponta cabeça.
— Não! Socorro, mamãe! – ele ria, tentando se levantar.
riu, sentando-se também e assistindo os dois brincando.
— Fala que eu sou o melhor pai do mundo!
— Você é o melhor pai do mundo, papai! Agora me solta. – pediu, ainda rindo. Adorava quando o pai brincava com ele desse jeito.
— E o mais lindo!
— E o mais lindo! – repetiu o menino.
o soltou, colocando devagar o filho no chão. se levantou e pegou nas mãos do filho, o levantando.
— Que tal comer sua panqueca agora, seu sapeca? – o sentou na cadeira.
Ouviu gemer, com os olhos fechados, enquanto mastigava sua panqueca.
— Ah, ‘tá como eu me lembrava. – disse, com a boca cheia.
— Eu não me lembrava, mas ‘tá mais gostosa que a do papai. – Jamie provocou, mordendo mais um pedaço.
— Quer ficar de ponta cabeça também?
O menino negou, rindo.
sorriu, observando a família. Tinha perdido muito, mas o sorriso dos filhos, e até mesmo de , recompensavam.
Enquanto a mãe tomava banho, Phoebe ligou para o namorado, contando que ele iria conhecê-la. Um tempo atrás, logo quando começou a sair com Chuck, imaginava sua vida futura. Mostrando ao marido e aos filhos sua mãe, apagada em um hospital. E então ela acordou e Phoebe nunca se sentiu mais feliz. E agora ela ia dividir isso com o garoto que ela gostava, estava tão contente.
— Pheebs, a mamãe mandou avisar que está esfriando lá fora. – Jamie entrou no quarto, chamando a atenção da irmã. O gatinho deles estava em suas mãos, miando.
— Chuck, eu vou desligar. Não, não vou me atrasar. – riu. – Beijo, tchau.
— Beijo, tchau. – James imitou a irmã, a fazendo rolar os olhos.
— Jim, é o seguinte. Se a Nancy aparecer aqui, você deixa o gato perto dela.
— Mas e a aranha? – fez bico, decepcionado. A aranha era tão mais legal de assustar ela.
— A aranha a gente só vai usar quando ela dormir aqui. – sorriu, bagunçando os cachinhos largos do irmão. – Agora some daqui, preciso me arrumar.
deu três batidas na porta do quarto de , antes de entrar. Ela estava na frente do espelho, penteando os cabelos.
— , onde você vai? – perguntou, receoso. Não queria que ela fosse ver o Jake mais uma vez, já o vira dois dias seguidos! E, aliás, ela estava saindo muito. Ela podia passar mal mais uma vez, como aconteceu no dia anterior.
— Vou levar a Phoebe para passear. – se levantou, sorrindo.
Ela só estava com uma calça e uma blusinha normal, mas ele ainda conseguia ficar um pouco vidrado quando a via assim. Estava tão acostumado com a camisola do hospital que, de vez em quando, esquecia como ela era gostosa.
— Eu levei os meninos ontem, e eu preciso ver o James. Ontem eu não consegui.
O homem assentiu, olhando o rosto dela. Ela estava bonita demais pra ir só a um cemitério.
— Você não vai ver o Jacob hoje? – não pôde evitar, queria muito saber.
Ela respirou fundo.
— E se eu for? – arqueou as sobrancelhas. – Tem algum problema com isso?
— Não, tenho um problema com ele, mesmo!
— Você é inacreditável! Fala sério, . Vocês brigaram, e daí? Pelo menos alguém se preocupa comigo. – soltou, sem nem pensar antes.
A expressão de mudou naquele mesmo segundo. deu um passo para trás, assustada. Nunca tinha visto um olhar tão irritado como aquele.
— Você não tem o direito de dizer isso, . Não tem. – rosnou baixo, segurando o braço dela.
— Quer me soltar? ‘Tá machucando, . – sussurrou, amedrontada.
Ele nunca foi assim. Nunca a machucou, nem mesmo sem querer. E agora parecia querer arrancar o braço dela, de tão forte que segurava.
A soltou no momento que viu seus olhos enchendo de água. Que porra ele ‘tava fazendo? Respirou fundo, colocando as mãos no rosto.
— Eu acho melhor você sair daqui. – disse, limpando as bochechas.
— ...
— É sério. Eu preciso terminar de me arrumar. – andou até a porta e a abriu, indicando que ele saísse.
bufou, mas a obedeceu. se sentou na cama e fechou os olhos, soltando as lágrimas que ficaram acumuladas no interior de seus olhos. Estava cansada de ficar ali, naquela casa. E só tinha ficado três dias! Como ia ser daqui uma ou duas semanas? Era horrível acordar de madrugada, com pesadelos terríveis, e sem ninguém ao seu lado. Ela tinha medo de gritar sonhando e assustar os filhos. Estava com medo de tudo. Escutava um barulho de freio e se arrepiava inteira. Não podia viver assim, ia ficar maluca.
— Mãe? – ouviu a filha e olhou para a porta.
— Já estou pronta! – secou as bochechas, forçando um sorriso.
— Mãe, você ‘tava chorando? – preocupada, a garota correu até ela.
— Não é nada demais. Vamos? – se levantou, estendendo a mão para a filha. – Você está linda.
— Obrigada. – sorriu, abraçando a mãe. – Vamos a pé?
— Claro, sua preguiçosa. São duas quadras daqui. – colocou as mãos na cintura, rindo.
— Ah... – resmungou.
A mãe se despediu dos gêmeos antes de ir para a praça, com a filha.
A praça era gigante e ficava realmente a duas quadras do condomínio deles.
— Eu vou dar uma volta enquanto você namora, tudo bem?
— Mas eu queria que você conhecesse ele!
— Vou conhecer depois, pode ser? Onde ele está?
— É aquele ali. – apontou com o queixo para um garoto que estava sentado num banco, olhando para os lados. Ele tinha os cabelos negros e, de longe, até parecia bonitinho.
— Vai lá, filha. Mas é só meia hora, ‘tá bom?
— Só? – fez bico.
— Quando comecei a namorar seu pai, eu não tinha nem dez minutos com ele! Acha que seu tio deixava? – riu, acompanhando a filha.
— Quarenta, então? – pediu, piscando os olhinhos .
— Tudo bem. – rolou os olhos. – Agora vai.
Viu a menina correr até o banco e colocar as mãos sobre os olhos do tal Chuck, o surpreendendo.
Começou a andar, até encontrar mais um banco vazio. Sentou-se lá e olhou uma família, lhe perguntando se caso o coma não tivesse acontecido, eles ainda seriam felizes como eram antes.
Entrou no seu instagram, que a filha havia lhe cadastrado, e resolveu ver como funcionava aquilo.
Ela ainda só seguia os amigos, então a primeira foto que viu foi uma de Molly, mostrando com uma tiara de princesa, ao lado da filha mais velha, sem nem imaginar que a esposa estava tirando fotos. Riu sozinha, lembrando como sofria na mão da filha – e das máquinas fotográficas da esposa. A verdade era que ele ainda comia na mão de Phoebe, e ela sabia que nunca ia ser diferente.
Logo depois vinha uma foto de , com os gêmeos e os novos animaizinhos da família. Não tinha cinco minutos que aquela foto foi tirada e ela imaginava como os filhos deviam amar o pai. Principalmente os gêmeos, já que foram criados apenas por ele. Quando a médica lhe disse que ela havia ficado em coma por quatro anos, imaginou que os meninos não fossem se lembrar dela – ou pior, gostar.
Mas fora fantástico e os criou fazendo-os entender que aquela mulher dormindo era a mãe deles e que um dia ela ia acordar e eles seriam felizes como antes.
Resolveu dar uma olhada no perfil de e clicou em seu nome, vendo várias e várias fotos. Mas a que mais chamou sua atenção foi a terceira. Clicou nela, percebendo que era de uma semana atrás. Era uma foto dela dormindo, com Dylan, James e Phoebe ao lado da cama de hospital, a olhando.
“Há quatro anos, você entrou em coma. Ainda não consigo acreditar que você acordou e está aqui comigo mais uma vez. Prometo nunca mais te deixar ir embora. Vou segurar você pra sempre, pode ter certeza, porque você nunca devia ter saído dos meus braços. Mas agora você está de volta e eu vou cuidar de você mais uma vez” Fungou baixinho, tampando a boca. Como ele podia fazer isso com ela? Dizer uma coisa dessas, publicamente, e em casa ser um filho da puta com uma namorada, que claramente a odeia? E depois machucar ela quando ela diz que ele não se importa, porque isso realmente parece acontecer, e ainda acha que pode ter ciúmes do amigo dela, que é apaixonado por ela há não sei quantos anos!
Negou com a cabeça, respirando fundo. Ele não era nenhum adolescente, não tinha nenhum direito de fazer isso com ela. Machucar ela e confundir sua cabeça, mais do que já estava confusa.
Sentiu o celular tremer em suas mãos e viu que Phoebe a estava ligando.
— Filha? – atendeu, preocupada. Não tinham se passado nem dez minutos ainda.
— Hã... É o Chuck. A Pheebs ‘tá tendo um ataque de asma, você pode... – a voz do menino parecia desesperada.
— Calma, eu ‘tô indo! – arregalou os olhos, correndo todo o caminho até a filha.
Phoebe tinha uma mão no peito e seu rosto estava rosado.
— Filha! Onde você deixou sua bombinha? – perguntou, assustada.
A menina negou com a cabeça e se desesperou ainda mais. Pegou o celular e ligou para o marido, que atendeu no primeiro toque.
— Alô?
— , a Phoebe...
— O que foi? – sua voz parecia preocupada.
— Ela está tendo um ataque de asma, e-eu não...
— Onde vocês estão?
— Na praça. Eu não acho que ela consiga ir andando, por favor... – começou a chorar, abraçando a filha.
Ouviu a ligação ser finalizada e imaginou que ele estivesse vindo. Droga, ele parecia tão bravo.
— Filha, tenta respirar com a boca. – pediu a mãe, a conduzindo.
A menina começou a chorar também, desesperada. Chuck olhava as duas, sem saber bem o que fazer. Num minuto, eles estavam se beijando, e então ela começou a ter o ataque. Sorte a dele que sabia a senha do celular dela para ligar para .
viu o carro do marido estacionar de um jeito qualquer na frente da praça, e então ele saiu, ofegante, procurando pelas duas. Quando as encontrou, correu até elas, com a bombinha nas mãos.
Tirou de perto da filha de maneira bruta, assustando a mulher, e medicou sua menina.
Phoebe respirou fundo uma vez, antes de cair no choro e abraçar o pai, assustada.
— Ei, boneca. Foi só um susto. – sussurrou, mexendo no cabelo dela. – Vamos para casa agora, ‘tá bom? – ergueu o rosto dela, limpando suas bochechas. – Vai pro carro. Seus irmãos estão lá.
Pheebs assentiu, soluçando, e foi abraçar Chuck antes de entrar no carro.
— Quem é aquele? – perguntou, seco.
— É o namoradinho dela.
Ele arregalou os olhos, assustado.
— Você sabia disso, não sabia? – acusou. – Claro que sabia. – riu. – Inacreditável.
— Ela não quis que eu te contasse, ...
— Ela é minha filha! Você não pode ficar acobertando o que ela faz, ainda mais se for um namorado. Ela só tem doze anos!
— Ela não vai engravidar nem nada assim. – protestou, baixinho. – Ela ‘tá apaixonada, é normal.
— Não pra ela. Ela não vai namorar.
— Você sabe que impedir só vai ser pior. – arregalou os olhos. – Ela só...
— E o que você sabe sobre isso? Não é como se você fosse uma mãe presente. – a cortou, marchando até o carro.
engoliu o choro, entrando no carro também. Colocou o cinto de segurança e olhou para os filhos. Dylan e James estavam abraçados à irmã, que tinha o narizinho inchado.
O caminho foi silencioso e ela agradeceu por chegar em casa de uma vez. Ajudou a tirar as crianças do carro e entrou na casa, logo atrás deles.
— Filha, leva os seus irmãos para o quarto enquanto eu converso com a sua mãe? – pediu, fazendo carinho na cabeça dela.
A menina assentiu e subiu as escadas com os dois, não tendo a mínima ideia do que ia acontecer no andar debaixo. Mas ela estava cansada demais para pensar nisso agora, então chamou os irmãos para deitarem com ela e adormeceu.
encarou a esposa, que lutava para não o olhar de volta.
— Que merda você pensou que ‘tava fazendo? – rosnou, baixo.
— Você ‘tá falando do Chuck? Porque...
— Não estou falando do moleque. Estou falando da nossa filha. Como você pôde ser tão irresponsável assim?
— Irresponsável? – pediu, os olhos já se enchendo. – O que foi que eu fiz de errado?
— Você esqueceu a porra da doença da Phoebe. Você sabe que ela poderia ter morrido, não sabe? Se vocês estivessem um pouco mais longe, ela... – suspirou. – Se acontecesse alguma coisa com a minha filha, eu nunca ia me perdoar.
— Me desculpe, , se eu fiquei na porra de um coma por quatros longos anos. E quando acordo, tudo o que quero é passar um tempo com a minha filha e esqueço que ela tem asma. Sim, tivemos sorte de estarmos perto de casa, mas e daí? Ela já está bem! Se algo tivesse acontecido com ela, eu também não me perdoaria. Mas ela está viva, !
— Isso não muda o fato que você é uma merda como mãe! – gritou, e foi aquilo.
Quatro segundos e ele destruiu ela inteira, com uma só frase. A boca dela estava aberta, como se fosse dizer alguma coisa antes que ele dissesse aquilo, e então ela paralisou.
Ele respirou fundo, profundamente arrependido.
— ...
— E-eu tenho que... – apontou para a escada, dando as costas a ele e sumindo em um segundo.
Correu até o seu quarto e trancou a porta, sentando no chão logo em seguida. Abraçou os joelhos e se deixou sofrer por um momento. Ele não quis dizer aquilo, ela viu no olhar dele, logo depois. Mas por que doía tanto? Ouviu batidas na porta, mas ignorou. Ouviu quando ele pediu desculpas, mas ignorou mais uma vez. Ouviu quando ele saiu do outro lado da porta, desistindo, e finalmente se levantou.
Onde estavam? Sabia que ele guardava nesse quarto. Procurou sua cadeira e subiu, olhando a última prateleira do closet. Nada. Desceu e ficou de quatro, colocando a cabeça por baixo da cama. Ali! Puxou a mala, a abrindo. Era enorme, dava para colocar algumas coisas.
Entrou no closet e pegou algumas roupas, sem nem olhar quais eram. Só queria sair dali de uma vez. Não conseguia parar de chorar, seu peito doía. Foi ao banheiro e lavou o rosto, tentando se acalmar. Prendeu o cabelo e jogou uma água na nuca,
Encarou a mala cheia e suspirou, a fechando. Ia fazer aquilo.
Abriu a porta e puxou a mala de rodinhas. Tinha a bolsa no ombro, com seu computador e seu celular. Fechou a porta do quarto e desceu. A casa estava silenciosa e ela lutou para não fazer barulhos com a mala nas escadas. Mas assim que chegou no andar de baixo, apareceu, saindo da cozinha.
— O que você ‘tá fazendo com isso? – pediu, cauteloso.
— Você ‘tava certo. Eu não sei mais como ser uma mãe e... – respirou fundo, tentando não chorar de novo. – E eu não me sinto bem morando aqui.
— Você não pode ir embora. – riu, incrédulo. – Pra onde você vai? Vai sair assim, desse jeito? E as crianças? – soltou uma pergunta atrás da outra quando percebeu que ela estava falando sério.
— Não sei, mas eu... Aqui eu não fico mais, . Preciso ir embora. Não me sinto em casa desde que chegamos, na sexta. Eu não vou sumir da vida das crianças. Apenas... Não vou mais dormir na mesma casa que elas. Eu posso levar eles para a escola. – ergueu um ombro. – Se você deixar. Eu não estou desistindo deles.
Não. Está desistindo de mim, pensou, amargurado. Respirou fundo, assentindo.
— É claro que eu deixo, . Mas eu não quis dizer o que disse, foi...
— Mas você disse, não foi?
— O quê?
— Não quis dizer, mais disse. Isso muda tudo. – ela olhou para baixo. – Eu vou conversar com as crianças.
— Eles vão morrer. Se você for embora, eles vão chorar o tempo todo. Vai ser como se você estivesse em coma de novo.
— Já disse que não vou sumir da vida deles! – gritou. – Eu não quero mais te ver por enquanto, . Mas eu amo meus filhos mais do que tudo. Você sabe muito bem disso.
— E os pais deles brigarem é ótimo pra eles, não é?
— Não vamos brigar! – decidiu. – Eu vou pegar eles na escola, passar um tempo com os três e trazer de volta. Não vou entrar e nem jantar com você.
Ele respirou fundo, assentindo.
— Tudo bem. Você só vai levar isso?
— Na verdade... Eu preciso do meu carro.
— Mas você nem sabe se ainda lembra como se dirige! – protestou.
— Não é como se eu tivesse escolha. Não dá pra pegar táxi todos os dias. Eu só preciso que você me ajude com a liberação das minhas contas e depois eu te deixo em paz.
— ... Você não pode deixar de falar comigo. Não é assim que funciona. Não me tira da sua vida de novo. – pediu, se aproximando dela. – Por favor. Eu sofri tanto quando você me deixou da outra vez, não posso perder você de novo. – os olhos dele estavam se enchendo de lágrimas e o coração dela parecia que ia explodir.
Ela tombou a cabeça para o lado, encarando o olhar dele.
— Quando foi que a gente se perdeu assim? – sussurrou, acariciando a bochecha dele.
Ele não respondeu, mas nem precisava. O que ele fez valia por qualquer resposta.
A beijou, de uma só vez. Se fosse calmo, ela se soltaria imediatamente. Ele sabia disso. Não a beijava desde que ela descobriu sobre Nancy e, pelo amor de Deus, ele amava beijá-la. Viu que ela fraquejou quando a mão que espalmava seu peito escorregou, a deixando à sua mercê.
Mas então ela recobrou a consciência e se afastou, assustada.
— Por que você fez isso? – pediu, arregalando os olhos. – Não pode fazer isso! – brigou. – Não pode brincar comigo desse jeito, ! Não sou uma de suas vadias, você não pode falar o que quiser e depois me beijar, sem mais nem menos! Não pode brincar comigo assim.
— Eu não estou brincando com você, . Eu só quero que você fique.
— Não vou ficar! – gritou, socando o peito dele. – Me leva a sério, pelo menos uma vez! Me deixa pensar. Eu não posso ficar aqui, não posso...
Ele a soltou e se afastou, indo até a cozinha. Apoiou os braços na bancada e deixou a cabeça cair. Tinha que trazer sua esposa de volta. Não ia perder ela mais uma vez, não queria a deixar ir embora – sabe-se lá para onde. Mas sabia que era a única forma de fazê-la perceber que ela era dele, e de mais ninguém.
estava no andar de cima, abrindo a porta do quarto da filha. Ela e os irmãos estavam dormindo, um abraçado ao outro. Seu coração se apertou só de saber que não ia mais estar ali para acordar eles todas as manhãs, como havia planejado assim que chegou nessa casa. Mas ainda ia vê-los – muitas horas por dia, esperava. Ia ficar tudo bem.
— Ei. – sussurrou, sentando no canto da cama. Cutucou as costas de Dylan e o viu abrir os olhinhos sonolentos.
— Oi, mamãe. – coçou os olhos, se levantando.
Phoebe suspirou e virou a cabeça, abrindo os olhos também.
— Jamie, acorda. – pediu, cutucando o irmãozinho. – ‘Tá tudo bem, mãe?
— Preciso conversar com vocês. – sorriu, segurando a mão da filha.
— O papai brigou com você? É por causa do Chuck? O que foi?
— Calma, está tudo bem. Eu andei pensando um pouco... Sabe, desde que voltei pra casa, não me sinto como se fosse meu lar.
— O que quer dizer? – Jamie perguntou, subindo em cima da irmã para ficar mais perto da mãe.
— Que ela vai embora. – Phoebe sussurrou, seus olhos mareando. – Mãe! Não pode fazer isso!
— Ei, ei, filha! Não é assim, calma. – segurou as mãos da menina mais uma vez. – Eu só vou dormir em outro lugar. Eu juro. Vocês três são meus maiores presentes, eu nunca abandonaria vocês assim.
— Onde você vai ficar? – Dylan pediu, abraçando os ombros da mãe.
— Eu ainda não sei, mas... Já combinei com o papai. Vou buscar os três no colégio e vou passar as tardes com vocês.
— O papai deixou? – Phoebe exclamou, irritada. Pulou da cama e saiu correndo pelo corredor, sem que a mãe a segurasse.
A menina entrou na cozinha e viu o pai, mas toda a sua determinação fugiu de seu rosto quando viu que ele chorava.
— Papai?
— Ela vai embora, Pheebs. E eu não posso fazer nada, de novo.
Ela expirou, abraçando os ombros do pai.
— Fala que ama ela, pai. Esse tempo todo, ela só ‘tá esperando você dizer isso.
— Ela está confusa, filha. Ela precisa se resolver antes. Se eu disser agora... Eu beijei ela e ela me olhou como se eu fosse um monstro. Eu não sei o que é pior. O olhar dela, ou ver ela ir embora.
— Você não vai proibir ela de nos ver, vai?
— Filha, é claro que não! – arregalou os olhos. – O que eu mais queria era que ela ficasse aqui, com a gente.
— Sem a Nancy? – pediu, baixinho.
— Sem a Nancy. Só nós, como antes. – revirou os olhos.
— Então termina com ela!
— As coisas não funcionam assim! – se levantou.
— Por que não? – murchou. – Você acha que aquele Jake vai esperar pra conquistar a mamãe?
— Do que é que você está falando? – olhou a filha, franzindo o cenho.
— Ele sempre gostou da mamãe, você sabe disso. – ela sentou-se na mesa, encarando o pai. – Acha que ela vai pra casa do tio Max? – riu. – E aí é assim, ó. – estalou os dedos. – Ele vai estar lá quando você esfregar a Nancy na cara da minha mãe e vai estar lá quando ela publicar mais um livro. O que era pra ser com você, vai ser com ele agora. E você acha que eu vou aceitar aquele cara como padrasto? Nem pensar!
— Sua mãe precisa pensar, tudo bem? Eu vou dar um jeito nisso, não vou perder ela de novo. Mas ela vai pensar, porque ela vai voltar pra mim. E só vou deixar que faça isso quando eu tiver certeza que não pode mais viver sem mim.
observou o marido colocar as malas no carro e esperou que ele entregasse a chave em suas mãos. Os meninos estavam na porta da casa, esperando ela se despedir. James tinha chorado e Dylan feito chantagem, mas nada adiantou. Phoebe apoiou a mãe e explicou aos irmãos que não era para sempre. E pelo tom de sua voz, os dois perceberam que ela não ia deixar barato nem para a Nancy e nem para Jake que, na cabeça dos três, eram os culpados de tudo.
— ? – chamou, de forma que apenas ela escutasse, não os filhos.
Se bem que os três estavam cochichando uns com os outros...
Ela o olhou, piscando os olhos dourados.
— Eu sei que tem que fazer isso. Mas assim que se resolver, volta. Por favor. É tanto tempo sem você, eu e as crianças... A gente nem se acostumou com você aqui. Não faz nem uma semana que voltou pra casa.
— Eu prometo que volto. Não fico sem meus filhos, sabe disso. – sorriu, olhando as crianças. – É só por umas semanas, eu juro. Só até... Eu me resolver. Eu sei que vou voltar num minuto com saudade das crianças, mas... Eu realmente preciso disso, entende?
Ele assentiu e, sem nem pensar, a prendeu num abraço.
— Não se afasta de mim. – implorou, sussurrando contra seus cabelos.
A sentiu retribuir e ouviu o seu suspiro.
— Sabe que não conseguiria.
A soltou e entregou a chave do carro.
— Acha mesmo que vai poder dirigir?
— Tenho certeza. – sorriu. – Crianças, venham aqui. – chamou os filhos, que correram até ela. – Amanhã é segunda, não é? Vou levar vocês pra escola, ‘tá bom? O que vocês acham? – ergueu o queixo dos gêmeos, forçando-os a olhá-la.
— Depois você leva a gente pra passear? – Dylan negociou, fazendo biquinho.
— Levo. – riu. – A aula da Pheebs acaba primeiro, não acaba?
— Três horas. Dos meninos, três e meia. – ela falou, abraçando a mãe pela cintura.
— Ótimo! Trago eles de volta antes do jantar, ‘tá bom? – olhou para , que assentia. – Tchau. – beijou cada filho, no mínimo três vezes.
— Eu te amo, mãe. – Phoebe sussurrou, abraçando-a mais uma vez.
— Também te amo. Amo todos vocês. – segurou nas bochechas dos gêmeos, que sorriram, tristinhos.
— Até amanhã, mamãe.
— Até. – beijou a testa de cada um e entrou no carro.
— Os três precisam estar na escola às oito. – avisou, passando o braço pelos ombros da filha, que o abraçava.
— Não se preocupe. – sorriu.
Viu os filhos pequenos acenarem e riu. Até parecia que ela ia embora pra sempre.
Como tinha dito a , conseguiu sair da garagem com seu carro – novo -, sem maiores dificuldades. tinha trocado os dois carros no último ano, e agora ela tinha um novinho para si, já que esse só era usado quando o outro estava na revisão, ou algo assim.
A casa de Jake era perto, então ela realmente levou cinco minutos para chegar lá.
— Ah, merda. E se ele não estiver em casa? – ralhou, saindo do carro e pegando sua mala.
Ele provavelmente ia se assustar, mas ela sabia que ele ia ajudá-la. Pelo menos até ela ter seu dinheiro de volta e pagar um hotel.
O porteiro abriu a porta de vidro para ela, que tinha estacionado o carro em frente ao prédio.
— Oi, Lukas.
— Bom dia, dona . Soube que acordou, fiquei muito feliz. – sorriu para ela.
— Soube, é? – riu.
— Jake contou para todo mundo, ele estava muito emocionado. Mas parece que ele só soube quando Max o chamou para a comemoração.
— Ah, sim. O não contou a ninguém, ele queria surpreender a mim e a todos. – riu, colocando a franja atrás da orelha. – Eu posso subir?
— Pode, é claro. Quer que eu o avise que está aqui? – perguntou, chamando o elevador.
— Acho melhor não. – ergueu um ombro. – Mas obrigada.
Ele assentiu e se retirou voltando à portaria.
entrou no elevador e apertou o botão que a levaria para o apartamento de Jake.
— Merda, qual a senha? – fechou os olhos, tentando se lembrar.
Ela sempre vinha com Jake, tinha que lembrar.
— Claro. – rolou os olhos, colocando a data do aniversário dele de trás para frente.
Sentiu o elevador se mover e suspirou, sentindo as mãos suarem. E se ele não estivesse em casa? E se ele estivesse com alguém? Arregalou os olhos, apertando o botão do térreo, mas era tarde demais. As portas se abriram e ela deu um passo a frente, direto no apartamento dele.
Ouviu a voz de algum narrador de futebol americano e caminhou até a sala, puxando sua mala consigo.
Ele estava lá, esparramado pelo sofá, comendo um balde cheio de pipoca.
Virou o rosto para o vulto, os olhos arregalados.
— ? O que você... O que...
— Eu preciso de um lugar pra ficar. Desculpa aparecer assim, do nada. – o observou se levantar e caminhar até ela. Seus olhos já estavam se enchendo de lágrimas.
— Sabe que pode ficar aqui. – ele sorriu, carinhoso.
— Eu devia ter te ligado antes, mas realmente...
— Shh, está tudo bem. – abraçou seus ombros, apoiando o queixo na sua cabeça. – Vamos deixar essa mala no quarto de hóspedes e depois você me explica direitinho o que foi que aconteceu.
Ela assentiu, suspirando, e deixou que ele pegasse a mala enquanto caminhavam até o extenso corredor ao lado da sala. Ele abriu a última porta e colocou a mala ali dentro.
— Certeza que posso ficar aqui? – ergueu um ombro.
— É um quarto de visitas! Você é a visita. – Jake sorriu, mordendo o lábio. – Já sei! Vou pedir comida tailandesa, porque eu sei que é a sua favorita, e você me conta o que aconteceu para você vir parar aqui de mala e cuia.
— Sem comidas fortes, lembra? – sorriu fraco, olhando para baixo. – Mas aceito um sorvete, se tiver.
— Tudo bem. Mas sem filmes de mulherzinha!
— Sabe que não gosto muito disso, Jake. – riu, abraçando-o pela cintura. – Você está sendo muito bom pra mim.
O homem retribuiu o abraço, beijando sua testa.
— Eu te disse que ia estar aqui para sempre, .
— Quando disse isso, falou também que era apaixonado por mim. Isso tem alguma coisa a ver com essa bondade toda? – ergueu a cabeça, o encarando sob os cílios.
— Você é minha amiga acima de tudo. Posso aceitar não ser correspondido. Aceitei todo esse tempo. – riu, soltando o abraço e puxando a mão dela até a sala mais uma vez.
— Não sei se posso fazer isso, Jake. Não posso ser o que você espera que seja. Não agora.
— Eu espero. – sorriu, carinhoso, beijando mais uma vez sua testa. – Você vale a pena, .
sentiu o coração se comprimir e sorriu, assentindo.
— Você merece ser feliz, Jake. E eu... Eu sou uma bagunça. – admitiu, o seguindo até a cozinha.
— Você não é bagunça nenhuma. Você só está confusa e, cá entre nós, se fosse eu quem estivesse ficado em um coma por quatro anos, você sabe que eu estaria surtando. Você é muito forte, . – ele apertou a mão dela levemente, a soltando quase de imediato para pegar as taças e o sorvete na geladeira. – O que foi que aconteceu?
— A Phoebe teve um ataque de asma e nós estávamos no parque, o ... Ele ficou maluco, ela podia ter morrido e... E ele falou que era culpa minha, que eu era uma merda como mãe. – soluçou, limpando as bochechas.
— ! Não chora, por favor. – a abraçou. – Você sabe que não é assim que funciona, você só estava... Só estava querendo passar um tempo com a Pheebs, não é mesmo?
Ela assentiu, aceitando o abraço do homem e afundando o rosto em seu pescoço.
— Ele me beijou. – sussurrou.
Jake fechou os olhos, irritado com aquele vagabundo. Não tinha nem terminado com a vadia da namorada e ainda beijava a .
— E... E eu só queria que ele parasse de uma vez. Eu não sei o que está acontecendo, quando eu acordei no hospital, a gente se beijou muitas vezes, até os meninos me contarem que ele tinha outra. E agora, eu só quero ficar longe dele. Eu preciso pensar, preciso ficar perto dos meus filhos.
— E você vai fazer isso. Olha só, vamos fazer assim. – segurou o rosto dela entre as mãos, fazendo carinho em suas bochechas. – A gente fica aqui em casa hoje, você tenta esquecer isso tudo. A gente pode falar sobre seus livros! Você me falou que estava tendo algumas ideias e eu tinha aquela surpresa para te contar, lembra?
— Me conta! – sorriu, empolgada.
Jake suspirou, aliviado só em saber que conseguia fazê-la parar de chorar.
— Eu te falei do sucesso dos seus livros, não falei? – sorriu, entregando a taça para ela e a cobertura de morango, para que ela colocasse o quanto quisesse.
— Sim... – arqueou as sobrancelhas, curiosa.
— Bom, enquanto você estava viajando no final do ano, a gente recebeu uma proposta para adaptar sua trilogia para os cinemas. Como você já tinha escrito dois, a gente recebeu uma oferta irrecusável, e você ainda teria passe-livre para mudar o que quisesse no filme, e ainda ajudar com os roteiros. Eu ia esperar você voltar, ia fazer uma surpresa... Mas então... – ergueu um ombro. – Bom, eu acho que se eu conversar com o pessoal e garantir que você não desistiu do último livro, eles podem oferecer de novo e...
o abraçou, rindo alto.
— Meu Deus! Isso é sério? Quer dizer, é sério mesmo? – olhou nos olhos dele, curiosa.
— Claro que sim, . – beliscou sua bochecha.
— Meu Deus, isso é perfeito! É tudo o que eu queria, você sabia disso! – riu, o abraçando de novo. – Se você conseguir convencer eles a fazerem os filmes mesmo, eu... Ai, Jake. Será que vai dar certo?
— Claro que vai! – beijou sua testa. – Amanhã mesmo eu ligo para eles, que tal?
— Ai, falando nisso... Eu posso voltar a trabalhar amanhã? Por favor? – fez bico. – Não aguento ficar parada. Não aguento mais.
— Claro que pode, . Por que não começa às nove? Eu mando limparem bem a sua sala e já ajeito toda a papelada.
— Mas eu fiquei quatro anos sem trabalhar, e se eu não puder mais? Deve ter alguma lei, alguma coisa que não me deixe voltar.
— Quem é o dono da editora? – arqueou as sobrancelhas.
— Você.
— Exatamente. Eu que mando, você volta a trabalhar, sim. – colocou uma colher de sorvete na boca. – Agora me conte, como você pretende fazer o terceiro livro?
Ela riu, comendo seu sorvete. Adorava conversar sobre livros com Jacob, porque ele entendia bem do assunto.
E ele conseguia tirar todas as preocupações de sua cabeça num piscar de olhos. Quando viu, os dois já estavam deitados no sofá, rindo e conversando sobre tudo o que ela perdeu nos últimos quatro anos. Era tão bom ficar ali com ele, só conversando, esquecendo todo o resto.
Ela sabia que amanhã todas as preocupações e os ressentimentos iam aparecer mais uma vez, mas estando ali, com Jake, ela realmente não se importava. Nem um pouco.
Jake acordou com muita sede pela madrugada. Coçou os olhos enquanto caminhava até a cozinha, mas levou um susto quando chegou lá.
— O que ‘tá fazendo acordada a essa hora?
— Eu tenho pesadelos quando durmo. Estou tentando dormir menos.
— Com o quê? – serviu sua água, sentando-se ao lado dela na bancada.
— O acidente. – deu de ombros. – Às vezes eu sonho com o e as crianças... – cruzou os braços. – Eu já sinto saudades deles.
— Se for sentir sempre falta deles, pode passar os finais de semana lá, o que acha?
— Já ‘tá me expulsando? – ela cerrou os olhos, rindo.
— Sabe que não. – sorriu, batendo o ombro no dela levemente. – Eu só não gosto de ver você triste. E você dormiria aqui o resto da semana, é claro.
— Não sei... – respirou fundo. – Parece bom, mas não quero correr o risco de ficar em casa no mesmo dia que a Nancy estiver lá.
— Conversa com o , então. Mas depois você resolve isso, agora você vai dormir. – estendeu a mão para ela. – Amanhã é o seu primeiro dia no trabalho, não quero você dormindo no seu computador.
Ela sorriu, aceitando sua mão e o deixou guiá-la pela casa.
Ele a deixou na porta de seu quarto e esperou até que ela deitasse para partir.
sorriu sozinha, mas o sorriso logo sumiu, dando lugar a um friozinho na espinha. Ela nunca, em toda sua vida, tivera medo de dormir sozinha. Mas também não tinha dormido sozinha uma única vez desde que acordara, exceto na noite passada – isso se contasse, porque ela deitou com James na caminha dele e só foi para a sua quatro horas da manhã.
Acendeu o abajur e fechou bem os olhos, respirando fundo. Não acreditava que ia fazer isso – mas ia.
Caminhou na pontinha dos pés até o outro lado do corredor, trazendo consigo um travesseiro. Bateu na porta de Jake e enfiou a cabeça pra dentro, sussurrando:
— Jake?
— ? O que foi, ‘tá tudo bem? – pediu, sentando-se na cama e acendendo o abajur.
— ‘Tá... – falou baixinho. – Eu posso deitar aqui? É q-que... – olhou para o chão, envergonhada. – Hm... Acho que eu vou... – apontou para a porta, dando um passo em direção a ela.
— Ah, . É claro que sim, vem aqui. – puxou a coberta, indo mais para o lado em sua cama. – Não tem que ter vergonha, linda. – riu, apagando a luz do quarto.
Ela se acomodou ao lado dele, mas o homem logo a puxou para o seus braços.
— Eu sei que você ‘tá sofrendo, . Mas vai passar. – sussurrou, passando a mão no cabelo dela. – Eu prometo que vou cuidar de você enquanto isso.
acordou assim que o sol bateu em seu rosto. Ela tinha um braço em volta de Jake, e mesmo sabendo que ele estava dormindo, sentiu as bochechas corarem. Se levantou e foi até o quarto de hóspedes, procurando sua escova de dentes na bolsa. Eram seis horas, ela tinha que correr se quisesse deixar as crianças na escola a tempo.
Tirou o celular do carregador e mandou uma mensagem para :
”Manda o endereço das escolas? Não quero me perder! Xx”
Agradeceu por ter arrumado algumas roupas no closet do quarto e separou um vestido comportadinho e branco. Fechou a porta do banheiro e se despiu, amarrando o cabelo em um coque no alto da cabeça. Jake tinha lhe ensinado a ajustar o chuveiro, e como ela adorava uma água geladinha, não foi muito complicado.
gostava da hora do banho porque era onde ela mais pensava. Pensava na vida, nos filhos, no marido. Ela não conseguia parar de pensar no último beijo que trocaram. Em outras circunstâncias, ela teria se entregado totalmente. Mas em todo aquele tempo, ela só conseguia pensar em Nancy, e no que ela sentiria se visse aquela cena.
Tudo isso, entretanto, trazia ótimas ideias para a continuidade de seus livros, e agora com a notícia que poderiam virar filmes... Ela nunca tinha se sentido tão contente quanto aos seus livros como quando ouviu isso. E Jake... Nossa, ele conseguia a deixar tão relaxada e feliz, mesmo com pequenas coisas. Ela sentiu seu coração transbordar na noite passada, quando, dormindo, ele passou os braços ao redor da cintura dela e aconchegou a cabeça no meio de seus cabelos.
Amava . Não tinha dúvidas disso. Mas o sentimento que vinha se apossando de seu coração desde que retornou para a vida de Jake a fazia se sentir trêmula, de dentro pra fora. Ele a amou desde sempre, e ela sabia disso. Isso nunca atrapalhou em nada na amizade deles porque ele a respeitava acima de tudo – e continuava o fazendo. Não queria envolver ele na bagunça de sua vida, mas sabia que estava se tornando impossível. Tinha tanto a pensar e tão pouco tempo.
Apoiou as mãos na parede, sentindo as pernas trêmulas. Ainda não conseguia passar muito tempo em pé, seus músculos ainda eram muito fracos, ela tomava alguns remédios para tensão muscular, que a doutora havia lhe recomendado. Desligou o chuveiro e pegou uma toalha fofinha dentro o armário. Suas coxas e antebraços tinham alguns ferimentos de vidros – os das coxas eram mais aparentes, já que foram largos cacos que penetraram. Ela não ligava para cicatrizes – tinha a das cesarianas logo acima do osso púbico, uma linha fina de sete centímetros. amava aquela. Ele amava cada pedacinho dela, não conseguia imaginar o que havia acontecido. E, para falar a verdade, não queria pensar nisso agora.
Jacob colocava os waffles na mesa quando ela apareceu, já pronta e com a sua bolsa na mão.
— Jake, que delícia! – sorriu, sentando-se à mesa e roubando um waffle já com mel.
— Bom dia. – sentou-se ao seu lado, servindo-se também. – Eu queria ir para o trabalho com você, mas ainda ‘tô de pijama. – apontou para a calça de moletom e o tronco nu.
— Eu vou buscar as crianças no todas as manhãs, você pode ir comigo amanhã. – sorriu para ele, afastando o prato de si e engolindo um pouco do suco de laranja. – Preciso escovar os dentes e correr, te vejo na editora?
— Sim, senhorita! – falou, sorrindo.
Senhorita, ela pensou, sentindo cócegas internas. Não parecia ruim agora.
Enquanto dirigia o caminho até sua antiga casa, não conseguiu tirar essa palavrinha da cabeça.
Mal estacionou em frente à casa e tirou o cinto de segurança, viu duas cabecinhas ruivas correndo porta à fora.
— Mamãe! – Dylan foi o primeiro a alcançá-la, agarrando sua cintura. Jamie não demorou mais que dois segundos para fazer o mesmo.
— Meninos! – gritou da porta, de onde Pheebs havia acabado de sair, trazendo sua mochila em um ombro. – Não estão esquecendo nada?
— Hum... – James olhou para o pai, que mostrou duas lancheiras escondidas atrás do corpo.
Os dois riram, correndo de volta ao patriarca e Phoebe finalmente alcançou a mãe.
— Você ‘tá linda, mãe. – Phoebe sorriu, abraçando a mais velha.
— Obrigada, meu anjo. Entra no carro, já estamos indo.
— Eu acho que é melhor te preparar para o furacão... – a menina disse, olhando o pai de relance.
— Não, Pheebs. É melhor não. – acenou para que entrasse na casa e ela o fez, curiosa.
— ! – ouviu um grito muito familiar e arregalou os olhos ao ver a cunhada ali, no meio da sala. – Meu Deus, eu achei que meu irmão estava delirando. Mas você voltou! – gargalhou alto, abraçando com força , que sentiu os olhos marejarem, abraçando-a com força também.
— Deus, Annelise! Você não estava em Paris?
— Nada como você acordando de um longo coma para me tirar de lá, meu bem. Bom, já estava na hora de eu voltar às minhas origens. – deu de ombros.
Anne era deslumbrante, e viu que ela continuava assim. Sempre fora linda, mas aparentemente Paris lhe fizera muito bem.
— E então, vamos? – perguntou, entrelaçando o braço ao da cunhada.
— Eu já te disse, Anne. Ela vai trabalhar hoje. – soltou um suspiro, cansado.
— Não quero saber. Aquele bonitão do chefe dela vai deixar ela passar um dia comigo.
— Hã... Anne, eu preciso...
— Sei que precisa, já organizei nosso dia todo.
— Mas...
— Não discute, . Deus sabe que eu não faço mais isso. – rolou os olhos. – As crianças conhecem o caminho da escola, mas anotei aqui. – entregou um papel para ela. – É só colocar no GPS. As escolas são uma quadra de distância uma da outra, eu sempre deixo Phoebe com os meninos e ela vai a pé até a sua. Bom, acho que isso é com você. – ergueu um ombro. – Você ‘tá bem? – pediu, de um jeito tímido que não se lembrava de ele ter usado recentemente com ela.
— ‘Tô sim, . – sorriu. – Bem, eu... Eu deixei meu celular em casa, posso usar o telefone? – perguntou, vendo assentir.
Em casa, repetiu inúmeras vezes em sua cabeça. Ele não gostou nem um pouco de ver a naturalidade com que ela dizia isso.
— Você dormiu no ? – pediu, mesmo que tivesse ligado para todos os colegas no dia anterior, perguntando se ela havia ido para a casa de algum deles.
— No Jake. – ela respondeu, baixinho, sem olhar pra ele. Seus dedos digitavam o número de Jacob.
queria sair dali, tinha nojo daquele homem. Mas não conseguia, precisava ver como ela agia com Jacob – se era igual a forma que ela agia com ele.
— Jake? É a . – sorriu, doce.
— Oi, . Aconteceu alguma coisa? – perguntou, ela conseguia sentir a preocupação em sua voz.
— A Anne voltou, e...
—A irmã do ? — É, e eu queria saber se posso começar a trabalhar amanhã? É que...
— Foi você quem insistiu em começar hoje, sua teimosa. – arrancou um riso dela. – Você tem que descansar, . Vamos fazer assim: Vou arrumar todos os papeis hoje e levo pra você assinar hoje à noite, pode ser? Quando chegar eu já vou ter feito o jantar. Conheço bem essa cunhada que você tem. – riu. – Boa sorte, . Qualquer coisa é só me ligar. — Obrigada. – riu. – Mas o jantar sou eu quem faz! Você já fez o café hoje.
—, você é a melhor pessoa que conheço. Mas além das panquecas, você é uma droga na cozinha. — O quê? – fingiu-se de ofendida. – Cale a boca, Jacob! – ela sorria. – Preciso levar as crianças para o colégio, vejo você hoje à noite. Eu levo o jantar, não mexo mais na nossa cozinha.
— Nossa cozinha? ‘Tô gostando de ver, . – ela sentia o sorriso dele. – Tudo bem, até mais tarde. Ela desligou, colocando o telefone no gancho.
— Pronto! – sorriu, virando-se.
Mas só quem estava ali era Annelise.
— Tchau, mamãe, tia Anne. Até mais tarde. – James beijou sua bochecha e depois Dylan.
— Tchau, mãe. – Phoebe a abraçou apertado, saindo do carro e segurando as mãos dos irmãos. – Tchau, madrinha.
— Tchau, meus amores.
— Tchau, suas pestes. – Anne acenou.
— Quer ir dirigindo agora, Annelise? – pediu. – Não sei onde vamos.
— Eu guio você. – prometeu, preguiçosa.
— Temos tanto a falar! Mas preciso que me libere até às três, precisamos buscar meus bebês. – seguiu pela rua, virando na próxima, como Anne havia indicado.
— Já ouvi esse discurso do meu irmão. Relaxa, cunhadinha. – rolou os olhos. – É aqui perto, acho que em três quadras você vira para a esquerda. – mandou, abaixando o volume do som. – Tudo bem, agora eu preciso saber de tudo. O que é que aconteceu quando você acordou e como mantiveram segredo?
— Seu irmão não quis nem que nossos amigos soubessem, nem a família. Descobriram no dia que voltei pra casa, mas a surpresa mesmo fui eu quem levei. Eles souberam antes que eu chegasse, e eu... Nossa, eu fiquei tão feliz. – riu. – Eu sabia que você estava em Paris porque Pheebs havia me dito, então não perguntei nada a . Não é como se conversássemos.
—Isso! Cheguei onde queria. Está claro para todos que ninguém gosta da vaca da Nancy, certo?
— Não gosto quando ela trata meus filhos mal. De resto, tenho nada contra ela.
— Ela ‘tá dando pro meu irmão! Como assim nada “contra”?
encolheu os ombros. Ouvir as palavras era mais difícil.
— Ah, por favor! Você não esperava que ele estivesse só nos beijos com ela, não é? Pelo que sei, estão juntos há um ano. Eu vim quando soube e quase arranquei as orelhas daquele idiota, mas ele já não tinha esperanças que você acordasse, sabe? Então continuei em Paris e você naquele hospital.
— Eu nunca culpei ele por ter outra pessoa, Anne. Eu só... Só queria que ele fosse como antes, mas parece que ele virou outra pessoa.
— Talvez você também não seja a mesma de antes do acidente, já parou pra pensar nisso? – olhou para Anne apenas por um segundo, focando na estrada logo depois.
— Talvez você esteja certa.
— Certo, chegamos. É logo ali. – Annelise apontou, desfivelando o cinto enquanto reduzia a velocidade até estacionar.
— Um SPA? – arqueou as sobrancelhas.
— Sim, senhora! Vamos, estamos em cima do horário.
— Eu pensei que íamos fazer compras. Isso é mais a sua cara. – riu. – E ainda precisamos conversar.
— Vamos conversar lá dentro. Acha que o quê? Só nós duas vamos ser atendidas ali hoje. Falar o nome do meu irmãozinho e o seu foi um incentivo delicioso pra elas.
riu da cara de pau da cunhada.
— Eu quero saber sobre o Jake. – Anne parou a amiga, segurando seu braço. – O chorou tanto hoje de manhã, me explicando a história de vocês. Eu amo ele, mas sei que está errado. Ele é doido por você, só está com aquela piranha por capricho. Mas e você, ? não é de ver coisas onde não tem. O que esse Jake tem a ver com essa história toda? Porque ele ser apaixonado por você não é nenhum segredo, mas isso nunca deixou seu marido mais preocupado do que agora.
— Ele não tem que se preocupar comigo. Eu não sou mais responsabilidade dele. – rosnou. – Eu quero esquecer isso tudo! Eu tô tão confusa, tudo o que aconteceu me deixou maluca, e o Jake... A cada segundo que passa eu quero ficar longe dele menos ainda!
— O que estou dizendo aqui, , é que meu irmão é um idiota, e ele te fez sofrer por esses dias. E eu sempre fui imparcial nesse negócio todo, mas agora não sou mais. Você vai ser feliz com quem tiver que ser. – prometeu. – Vou me certificar disso. – retomou os passos, puxando o braço de até que tocassem a campainha. – E isso nos leva ao primeiro programa do dia.
Uma mulher loira demais abriu a porta, com um sorriso de orelha à orelha.
— Bom dia, Senhorita e Senhora . – a moça parecia curiosa. – Fico contente em saber que a Senhora acordou. – olhou para , que sorriu, constrangida.
— Bom, obrigada. – entrou na clínica.
— Estão prontas? Mary e Jossie as esperam. Por aqui, por favor. – pediu, tomando a frente delas.
— O que vamos fazer mesmo? – sussurrou.
— Depilação. – Anne entrou na grande sala, seguida por .
— Fiquem a vontade. Elas já devem atender as duas. – se retirou, fechando a porta.
viu que Anne dizia a verdade quando ela começou a se despir, e então fez o mesmo, abrindo seu vestido.
— Já que se mudou pra casa daquele gostoso, tem que estar depilada.
— Meu Deus, Anne! – gargalhou, tirando a calcinha e deitando na maca. – Não vamos transar.
— Não vejo por que não! Você é solteira, seus filhos amam o Jake, pelo menos □(2/3) deles.
— É tão complicado. – suspirou. – Eu me sinto bem ao lado dele. É como eu me sentia com , ele me deixa calma e feliz, sem precisar de nenhum motivo pra isso.
— , se você achar que é de sua vontade, fica com ele. Dá uma chance pra você ser feliz.
— Eu dar uma chance? Tudo bem, podemos conversar sobre isso. Mas e você, Anne? O que aconteceu com você e o ?
— Nada aconteceu. – Anne emburrou no mesmo momento em que as duas profissionais da estética entraram no cômodo.
Durante o processo silencioso, pensou em tudo o que Annelise dissera. E concordou com muitas coisas. Sabia que Jake ainda era apaixonado por ela – ela via em seus olhos, era um sentimento tão lindo. Ela sabia que poderia amá-lo fácil demais, e era isso que a assustava. Fazia tão pouco tempo que havia acordado. Uma semana e meia, na realidade. E já tinha tanta coisa pra pensar, já tinha chorado tanto, rido tanto ao lado dos filhos, sentido saudades de seu antigo relacionamento. Mas ela sabia que aquilo era algo distante demais. Anne havia dito para ela ser feliz, e era isso que ia fazer.
Fechou os olhos quando a última passada de cera foi retirada dolorosamente, e então respirou, aliviada em saber que tinha acabado.
Anne já tinha se levantado e começado a se vestir, silenciosamente, mas franziu o cenho pra ela, se levantando também.
— Não tente bancar a espertinha, Anne. Vai me contar tudo.
— ‘Tá. – rolou os olhos. – Agora nós temos massagem. Não quero contar onde alguém possa ouvir.
— Que horas vamos sair daqui?
— Dez horas. – Anne vestiu o roupão por cima da lingerie, fazendo um nó frouxo na cordinha. – Não se preocupe. Vai chegar a tempo de buscar as crianças. – riu.
— Eu não posso falhar com eles, Anne. – ela a olhou, os olhos esbugalhados. – Eles já perderam demais.
— Você é a melhor mãe do mundo. Sabe, o levava eles uma vez por semana lá. Ficavam o dia todo com você. Uma vez eu fui junto, era lindo. O contava alguma história que vocês viveram e os três pareciam anjinhos de tão quietos. Ele os fez crescer sabendo que você era mãe deles, principalmente os meninos. Pheebs já era grande, ela nunca ia se esquecer. Você já viu os vídeos que gravou durante esses quatro anos?
— Não. – cerrou os olhos. – Os meninos comentaram, mas acabei deixando pra lá.
— Quando deixar as crianças em casa, peça a . – mandou, abrindo a porta e chamando com a mão.
pensa nos vídeos, curiosa. O que será que tinham de tão importante assim?
— Estão prontas? – uma moça ruiva pergunta, abrindo a porta de outra sala.
— Estamos.
— Que tipo de massagem vão querer?
— Minha cunhadinha aqui, - Anne sorriu, segurando nos ombros de . – precisa de uma relaxante. Ela deve ter nós em todos os músculos.
— E a senhorita?
— Eu vou querer uma Tântrica, obrigada.
riu fraquinho, negando com a cabeça. Quando a ruiva desapareceu, ela finalmente se pronunciou:
— Sua safada.
— Estou solteira e, mesmo que não tivesse, todo mundo merece uma Tântrica.
— Eu fiz um curso uma vez. – confessou. – Dormir com era um inferno. Ele queria toda hora.
— Você deveria ter obrigado ele a fazer! – Annelise a olhou, indignada.
Dois homens – muito musculosos, por sinal – entraram na sala.
— Uh... – Anne sussurrou. – Não vai mesmo querer uma Tântrica?
riu e negou com a cabeça.
— Como você diz, o que eu realmente preciso é relaxar.
— Se você diz. – Anne deu de ombros, tirando o roupão e induzindo a fazer o mesmo.
Que precisava de uma massagem ela sabia. Mas aquelas mãos de anjo a fizeram dormir em dois minutos, de tão gostosas. Só acordou realmente quando Anne a chamou, rindo alto.
— Sabia que você ia dormir. – deu um tapinha em seu ombro. – Bom, meu amor. São dez horas. Temos outro compromisso agora.
— O que é? – pediu, colocando seu vestido mais uma vez. – Nossa. Aquele cara é bom, viu?
— Não é? – sorriu. – É surpresa. Temos que nos apressar, porque depois eu vou te levar ao shopping. Um passarinho me contou que não comprou tudo o que você precisa.
— Isso não é verdade. Eles compraram muitas coisas.
— Bom, Phoebe tem certeza que você precisa de mais. – deu de ombros. – E liberou o cartão dele. Acha mesmo que vou deixar barato? Ele nunca libera!
riu, mordendo o lábio.
— Tudo bem, vamos lá.
Dessa vez, porém, quem dirigiu foi Annelise. Quando percebeu que estavam indo ao cemitério, seus olhos se encheram de lágrimas.
— Vai me levar para ver o James?
— Você ainda não foi, não é? disse que quer ir. – sorriu, entrando no estacionamento do cemitério.
— Obrigada. – sussurrou, desatando o cinto. – Obrigada, mesmo.
— Quer chorar sozinha ou precisa de companhia? – Anne sorriu, segurando o rosto da amiga.
— Prefiro ficar sozinha, meu bem. Obrigada. – beijou a bochecha de Anne e saiu do carro.
Respirou fundo diante do grande portão e entrou. Como sempre, muitas pessoas estavam lá, então ela caminhou com a cabeça baixa porque, por mais que ali fosse um cemitério, podia ser reconhecida agora que seu rosto estavam em todos os jornais e revistas. Graças a Deus não havia saído muito. Não sabia se ir ao shopping era boa ideia, mas precisava descobrir tudo sobre e Anne. Parou em frente ao túmulo de James e se ajoelhou na grama, passando o polegar na foto sorridente do irmão.
— Oi, Jamie. – sorriu. – Eu sei que, provavelmente, te contou, mas eu meio que estive morta nos últimos quatro anos, então não me odeie por não ter vindo te visitar.
Sentou sobre os pés e juntou as mãos no colo.
— Ele está namorando, James. – sussurrou, encostando a cabeça na lápide. – Eu falo pra mim mesma que sou forte, sabe? Mas dói como o inferno ver ele beijando outra, dormindo com ela. É terrível. Sei que não deixaria isso acontecer se estivesse aqui. – riu. – Mas eu acho bom ele ter arrumado alguém para amar. Ele não me tinha aqui, Jamie. Ele não... Não podia se prender a uma quase morta. E se você tivesse aqui, ia me xingar agora. Mas você não está, não é mesmo? Eu sinto tanto a sua falta. – confessou. – Eu te amo, James. Amo com todo o meu coração.
E, se levantando, despediu-se do irmão, saindo dali o mais rápido que pôde.
— Me tira daqui. – implorou, entrando no carro. Um minuto a mais e ia se desfalecer em lágrimas.
Anne obedeceu prontamente. Sabia que James era o maior ponto fraco de . era o seu, então ela entendia completamente o que ela sentia. Completamente.
— Coloca isso. – Annelise mandou, tirando um óculos de sol da bolsa. – Não queremos ser paradas na entrada do shopping, certo?
sorriu, assentindo.
— Ninguém me viu ainda, e eu prefiro que continue assim até a coletiva.
— Ainda assim, como você bem me conhece, já me preveni. – Anne sorriu, pegando o celular. – Oi, Norrie. Já estão aqui? Ah, ótimo. Estamos no terceiro piso do estacionamento. Certo, vamos esperar.
— Quem é Norrie?
— Minha segurança particular. Yuri e Paul estão aqui também?
— Paul? – arregalou os olhos. – Meu Deus, que saudades dele!
— Foi a condição de para virmos. – rolou os olhos. – Meu irmão é um saco. Oh, ali estão eles. – olhou pelo retrovisor os três seguranças.
— Paul! – riu quando ele se aproximou, o abraçando com força.
— Graças a Deus você acordou. – retribuiu o abraço. – O patrão ficou um saco quando você ficou em coma.
— Ah, mas ele sempre foi um saco. – brincou. – Yuri! – virou-se para o coreano, que já tinha os braços abertos.
— Como você ‘tá?
— Bem, na medida do possível. – sorriu. – E você, Norrie, não é?
— Sim, senhora.
assentiu.
— Todos abraçados e apresentados, agora vamos! – Anne os apressou, batendo palmas. – Não temos muito tempo.
Os três seguranças cercaram as duas e Annelise tirou de dentro da bolsa um cartão, que reconheceu como o de .
— Primeiro precisamos te arrumar algumas lingeries.
— Ah, Pheebs já comprou.
— Estou falando do material de verdade, meu amor. – chamou o elevador. – E ela disse que só compraram três pares.
— Vem cá, vocês planejaram meu dia inteiro? – sorriu, curiosa.
— Claro que sim. – deu de ombros, colocando os óculos no rosto.
entrou no elevador e esperou os outros quatro fazerem o mesmo. Anne apertou o botão do segundo piso, onde a maioria das lojas ficava.
— Não deixem que nos reconheçam. – Anne mandou, deixando que Norrie tomasse a frente e os homens ficassem ao lado delas. – Ali. – indicou com o queixo. – Vocês podem esperar aqui fora?
— Claro. – Yuri assentiu, ajeitando seu terno.
— Vamos! – Anne puxou pelo pulso.
Assim que entraram, duas vendedoras se materializaram na frente delas, pedindo se podiam ajudar.
— Podem, sim. – Anne tirou os óculos e ergueu o queixo para que fizesse o mesmo.
As duas arregalaram os olhos e a morena indicou que ia dizer alguma coisa, mas Anne levantou a mão.
— Não façam escândalo, por favor.
— ? – a loira perguntou.
— Sim. – sorriu.
— O-o que vocês desejam?
— Minha cunhada precisa renovar o estoque de lingeries dela, então não economizem nas opções. Nós usamos o mesmo número e eu suponho que saibam o meu, já que quando estou em Londres não deixo de passar aqui.
— Claro que sim. A Senhora pode esperar no provador, eu levo para você. – olhou para , desaparecendo em seguida.
— A Senhorita vai querer alguma peça também? – a vendedora morena pediu a Annelise, que assentiu, sorrindo.
— Lingerie nunca é demais, não é, meu amor? – sorriu. – Vou esperar no provador também.
— Claro, eu entrego em um minuto.
Anne puxou pelo pulso até os fundos da loja.
— Você vai matar seu chefe. – negou com a cabeça, rindo.
— Não quero transar com ele, Anne! – resmungou, sorrindo.
— Não quer agora. – deu de ombros. – Nossa, vocês podiam fazer aquela brincadeira sabe? Você a funcionária incompetente e ele o chefe durão. Eu e fizemos uma ou duas vezes. Era uma delícia. – sorriu, levada.
— Falando em ...
— Ah, não. , nós estamos muito bem assim, ok? Cada um para o seu lado. Eu estou bem e ele também. Os meninos me contaram que ele tinha uma namorada no último natal. Quem sabe eles voltam? Ou ele arruma outra, eu não sei. Nós não damos certo juntos, .
— Por que não? Vocês ficaram por dois anos.
— Ele quer ter filhos. – Anne confessou.
— E o que é que tem? Quando sofri o acidente isso era tudo o que você queria.
— Exatamente. Eu fui ver um médico porque, por mais que não estivéssemos casados, nós não usávamos camisinha fazia meses e eu nunca fui fã de pílula. O médico me disse que sou estéril, . Eu nunca vou ter filho nenhum.
— Ele nunca ia deixar você por isso. – sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. Sentia pela cunhada. Filhos eram tudo na vida de qualquer pessoa.
— Eu escutei uma vez ele e o conversando. Ele estava muito animado porque nós paramos de nos prevenir. Você precisava ouvir. – os olhos dela transbordaram. – Eu nunca poderia dar o que ele mais quer, então dei um jeito na nossa relação.
— E ele terminou com você? – parecia horrorizada.
— Não, ele nunca soube disso. – Anne sorriu fraco, limpando os olhos. – Ele ficaria comigo apesar disso. Ele me amava.
— Então você terminou com ele sem mais nem menos?
— Eu falei que não aguentava mais ele. Que ele me sufocava e nunca conseguiríamos avançar na nossa relação. Dizer isso tudo... – suspirou. – Doeu como o inferno. Mas ver ele acreditando nisso foi pior. Ele... Ele só perguntou se eu o amava. Quando eu disse que não, ele pegou algumas coisas que tinha lá em casa e foi embora. Nunca mais o vi. Eu aceitei o emprego em Paris e, quando estava aqui, ele dava um jeito de sumir.
— Oh, meu amor. – abraçou a cunhada. – Você não devia ter feito isso. Conta a verdade.
— Não posso. Não posso encarar ele depois disso tudo. Ele me odeia.
— Quem ama do jeito que se amaram não consegue odiar. Por mais que tenha feito isso.
— Ainda assim... Não posso destruir a chance dele de ter uma família.
— Você também tem essa chance, Anne. Adoção é um processo complicado, mas vocês teriam um bebê de vocês. Seria sua família, independente de tudo. E existem milhões de tratamentos.
— Ele pode querer apenas uma família do seu sangue. – ergueu um ombro.
— Você só vai descobrir se tentar. Me promete uma coisa, Anne. – segurou os ombros dela. – Conta a verdade. Se resolve com ele.
— Conto. – assentiu. – Mas se ele não me quiser, não vou insistir. Eu sumi da vida dele por dois anos, não posso querer entrar assim.
— Pelo menos você vai ter tentado.
Anne sorriu fraco, assentindo.
— É, quem sabe?
Phoebe leu a mensagem da mãe, que pedia que ela esperasse os meninos saírem e então ela iria buscá-los na escola. Como já estava acostumada, pois o pai sempre fazia isso, colocou a mochila nas costas e atravessou a rua, indo até a escola primária. Ela sentou no chão e abraçou os joelhos, estava exausta.
— Pheebie? – escutou uma voz e levantou a cabeça, coçando os olhos. – Cê tava dormindo? – Dylan sorriu, achando graça.
— É, eu acordei cedo. – resmungou, se levantando e colocando as mãos nos ombros dos irmãos.
— Ali, ali! – James apontou o carro da mãe, que virava a esquina e procurava um lugar para estacionar.
Phoebe pegou na mão de cada um e atravessou a rua, puxando os dois.
— Calma, Pheebs. – James riu, correndo uns passinhos para pegar o ritmo da irmã. Os três chegaram à calçada e a menina abriu a porta, esperando os dois entrarem e sentarem nos assentos para crianças.
— Anda logo, Dylan. – rolou os olhos.
— Oi, meus amores. – sorriu, os olhando pelo retrovisor.
— Oi! – os meninos responderam, animados. – Onde a gente vai, mãe?
— Você pode me levar pra casa se for sair com eles? – Phoebe perguntou, chamando a atenção da tia.
— Ué, por quê? Você sempre gostou de sair com seus irmãos.
— Eu não ‘tô me sentindo bem hoje.
— O que você tem? Tá chata hoje. – Dylan acusou.
— Cale a boca, seu pirralho. – ralhou, assustando o menino.
— Ei, filha. O que é isso?
— Nada. Nada. Só me leva pra casa, ‘tá?
olhou para Anne, que deu de ombros.
— Deve ser TPM. – sussurrou.
riu baixinho, pegando atalho para a casa de .
— Você está ficando na casa do ?
— Até eu conseguir arrumar um apartamento, sim. Eu vou procurar essa semana, porque na próxima eu volto a fotografar, e não vou ter tempo nenhum.
— Mamãe, você vai ficar com a gente até de noite, né? – James perguntou.
sentiu o coração apertar. Sabia que as crianças sentiam falta dela. Ela também sentia, e como sentia.
— Se vocês quiserem, é claro que sim.
— Por favor! – Dylan juntou as mãozinhas, fazendo a mãe sorrir.
— Tudo bem, amor. – riu, estacionando na garagem da casa.
— Pestinhas, nada de correr lá pra cima! Os dois vão me ajudar com as sacolas.
— Ah, tia...
— Que “ah, tia” o que, Dylan. Vai ajudar, sim. – reclamou, puxando os gêmeos até atrás do carro.
abriu o porta malas pelo botão e seguiu a filha, que entrava na casa batendo os pés.
, que estava no sofá, vendo um programa, se virou ao ouvir a porta e sorriu para as duas.
— Oi.
— Oi. – acenou com a cabeça.
— Phoebe? – o pai arqueou as sobrancelhas.
— Que foi?
Ela estava estranha.
— Tá tudo bem?
— Como se você se importasse.
— Phoebe! – olhou a filha.
— Para de gritar comigo! – a menina gritou, assustando os pais.
se levantou do sofá e foi até as duas.
— Ninguém tá gritando aqui, não. Viu, ? É isso que dá deixar a menina namorar. Ela ficou mal-educada agora! – ralhou, fazendo a mulher levantar as sobrancelhas.
— Eu não ‘tô mais namorando, ‘tá bom? – ela gritou, deixando algumas lagrimas escaparem. – Você deve estar muito feliz, não é?
Pheebs subiu correndo as escadas, deixando os pais para trás, abismados.
— Eu acho que devemos falar com ela. – sussurrou.
— Depois eu vou. Acho que agora, o que ela precisa mesmo é a mãe. – mordeu o lábio, deixando passar e subir as escadas.
A mulher deu três batidinhas na porta do quarto de Phoebe, que resmungou um entra quase inaudível.
— O que foi? – Pheebs sussurrou, deixando o rosto livre do travesseiro.
— Ô, meu amor. – sentou na cama dela, deixando que a menina deitasse no seu colo. – O que aconteceu?
— Ai, mãe. – sussurrou, fechando os olhos. – Ele terminou comigo.
— Por quê?
— Eu não sei. Mas tem a Charlotte, a melhor amiga dele. Ela me odeia, mãe. Eu sei que ela fez alguma coisa.
— Você não pode tirar conclusões precipitadas. Se ela fez ou não, uma hora vai vir à tona.
— Mas nós nos gostávamos tanto, mamãe. – resmungou, voltando a soluçar.
— Não chora, querida. Vai ficar tudo bem.
— Eu nunca vou me apaixonar de novo.
riu, fazendo cafuné no cabelo ruivo da filha.
— É claro que vai, meu bem. Vai se apaixonar milhões de vezes, muitas delas pela mesma pessoa. E é aí que você sabe que ama de verdade. Só tem doze anos. Sei que vocês não gostam de ouvir isso, mas tem muito chão pela frente. Você vai chorar e rir muito por amores ainda, pode acreditar. Mas um dia, você vai encontrar alguém que você queira perto mesmo quando não queira. É complicado de entender, mas um dia você vai saber.
— Foi assim com você e o papai?
— Foi exatamente assim.
— Você mudaria alguma coisa, se pudesse?
olhou para os olhos da filha, sorrindo.
— Sei que, depois de tudo o que aconteceu, a resposta devia ser sim. Mas não, eu não mudaria.
— Então por que vocês não ficam juntos?
— Porque as coisas às vezes desandam. É normal, meu bem. Eu nunca vou deixar de amar ele, e sei que ele também não. Mas se o destino quer que fiquemos separados agora, é isso que vai acontecer. Não quero forçar uma relação com seu pai e acabar machucando você e seus irmãos. Entendeu?
— Sim. – secou as bochechas. – Me faz dormir?
sorriu grande, assentindo. Há quanto tempo ela lhe pediu aquilo a última vez?
— Claro que sim, amor. Vai mais pra lá. – indicou com a mão. – Sua cama é de casal, mas tô quase caindo aqui.
Pheebs riu, indo mais para o lado. Quando a menina deitou na barriga da mãe, que começou o carinho, as duas escutaram batidas na porta.
— Pode entrar. – falou, enroscando os dedos no cabelo da filha.
— Oi. – Dylan e James entraram, com as mãos atrás do corpo.
— Desculpa. – o primeiro murmurou. – Eu não sabia, Phoebe. Eu não queria brigar com você.
— ‘Tá tudo bem. – a irmã sorriu, se apertando contra a mãe. – Deitem aqui, os dois.
Os gêmeos sorriram, correndo até a cama e se espremendo nela.
continuou com os carinhos e esperou até que Phoebe dormisse.
— Vamos descer? – sussurrou para os meninos, que assentiram e logo pularam da cama, correndo para fora do quarto.
deixou um beijo na testa de Phoebe e a cobriu, deixando também o quarto.
Annelise e estavam sentados no sofá, brincando com Bingo, o gatinho dos meninos, como duas crianças. deixou um sorriso escapar e os observou por uns segundos, encostada na beira da escada. Os meninos correram até o pai e se colocaram no meio da brincadeira, fazendo uma gargalhada escapar da garganta dele e da tia.
— . – ele ainda sorria quando a viu ali. Deixou o gato de lado, brincando com os garotos e Anne, e se levantou. – Como foi?
— Ela acha que ele terminou com ela porque uma amiga dele pode ter feito intriga.
— Nós dois sabemos que isso acontece. – ele sorriu fraquinho, relembrando quando ela terminou com ele por um mal entendido. – E se for como nós, em uma semana estarão de volta.
— Achei que não queria eles juntos. – arqueou as sobrancelhas.
— Não quero. Mas eu prefiro minha filha namorando e sendo como sempre foi, do que irritada assim.
— Devia dizer isso a ela. Que apoia o namoro, se for o que ela quer. Ela gosta desse menino de verdade, .
— Papai, papai! – James chamou. – Vamos assistir um filme? Por favor? A tia Anne disse que posso escolher!
O homem riu, olhando para .
— Só se sua mãe assistir.
— Claro que assisto, bebês. – ela sorriu, se aproximando do sofá.
A porta da frente se abriu e uma Nancy entrou na casa, furiosa.
— Nancy, o que você ‘tá fazendo aqui?
— Esses pirralhos! – berrou, irritadiça. – Eu quero esganar os dois!
arqueou as sobrancelhas.
— Desculpa? Não vai falar assim dos meus filhos! – exclamou, se levantando.
— Ah, cale a boca. A culpa disso tudo é sua.
— Olha aqui, sua vaca... – Anne se levantou. Nunca engoliu essa Nancy e não ia ser agora. Tudo bem que nem a conhecia direito, mas se tinha algo na vida que ela não era, é obrigada.
— O que aconteceu? – se colocou entre as mulheres e viu os meninos se entreolharem.
Claro que tinham feito alguma coisa.
— Eles dois colocaram pó de mico! – exclamou. – Na minha calcinha.
Anne fechou os lábios, mas não conseguiu segurar a gargalhada. foi um pouco mais discreta que a cunhada, mas Nancy olhou para ela com os olhos cerrados.
— Sua vadia. Não tem graça nenhuma.
— Me perdoe? – se recompôs, arregalando os olhos. – Mas a única vadia aqui...
— , as crianças. – indicou com a cabeça.
— Subam, os dois. – a mãe mandou e os meninos obedeceram em um segundo, morrendo de medo do pai.
— Você não fala assim comigo!
— Falo do jeito que quiser! – decidiu, irritada com a voz da garota. – Não pode chegar na minha casa e falar assim com meus filhos!
— E você não devia falar assim comigo, sua puta. Se soubesse que sou a única razão por estar viva, não faria isso.
prendeu a respiração, sem piscar.
— Do que você ‘tá falando? – perguntou, baixo.
Viu tentar dizer alguma coisa, mas ela levantou a mão, o calando.
— Que seu querido marido aqui ia desligar seus aparelhos, seis meses atrás! Ia deixar você morrer porque até pra ele você é um fardo! – gritou, fazendo se encolher com as palavras.
— ... – tentou, mas ela negou com a cabeça.
— Isso não é verdade, é?
— Claro que é! – Nancy ralhou. – Ele trouxe os papeis pra casa e eu o impedi de assinar porque sabia que ele nunca ia dormir em paz se fizesse isso. Mas era para você continuar naquela merda de hospital, sem atrapalhar a minha vida!
— Nancy! Já chega! – pela primeira vez, ergueu a voz, assustando as três mulheres.
— Se não acredita em mim, olha na segunda gaveta da mesa do escritório. – limpou os olhos, saindo da casa.
soltou a respiração pela primeira vez, levando seus olhos aos de que, aos poucos, se enchiam de lágrimas.
— , meu amor, eu juro...
— Eu quero ver.
— Ver o quê? Os papeis? – ele coçou a nuca. – Não sei se...
— Não me importa o que acha que sabe, . Vai me mostrar a porra dos papeis. E outra coisa.
— O quê?
— Eu quero o divórcio.
N/a: Ouça a música enquanto lê o capítulo, por favor.
Say something, I'm giving up on you Diga algo, estou desistindo de você I'll be the one, if you want me to Eu serei o único, se você me quiser Anywhere, I would've followed you Em qualquer lugar, eu teria te seguido Say something, I'm giving up on you Diga algo, eu estou desistindo de você
— , espera! – correu até ela, segurando seu braço. – Não foi assim! Eu juro, não foi por ela nem por mim. Foi por você.
— Você ia me matar por mim, ? – ralhou, secando os olhos. – E como isso funciona?
— Você precisa se acalmar, eu vou te explicar tudo, eu prometo.
— Quer saber? Não precisa. – ela ergueu o queixo, decidida. – Isso não vai mudar merda nenhuma. Eu ainda quero o divórcio e não há nada que você possa fazer para mudar minha opinião quanto a isso.
— ... – ele sussurrou, libertando algumas lágrimas e ela fechou os punhos.
— Não ouse chorar, . Foi você quem me obrigou a isso! Eu não vou mais continuar casada com você, nunca mais! – gritou, escutando alguns passinhos cessarem no topo da escada e tanto quanto se viraram para olhar os filhos, que estavam com os olhinhos brilhantes olhando os pais.
Os dois correram para cima mais uma vez e suspirou, colocando o rosto entre as mãos.
— Eu posso falar com eles, se vocês quiserem. – Anne se pronunciou, querendo muito fugir daquela briga toda.
And I, am feeling so small E eu, estou me sentindo tão pequeno It was over my head Foi muito pra minha cabeça I know nothing at all Eu não sei absolutamente nada
— Não. A gente tem que contar o que vai acontecer, já está decidido.
— Não está decido. – rosnou. – Foi você quem decidiu. Sozinha. Eu não quero isso.
— Bom, se quer fazer da forma difícil podemos fazer. Mas eu tenho certeza que seria muito menos doloroso para nós dois e para as crianças se você aceitasse isso de uma vez.
— Eu não vou deixar isso acontecer, . Não vou mesmo. Nós podemos conversar com eles, se é o que quer. Mas no final das contas, você vai voltar pra cá. Eu tenho certeza disso.
— É o que veremos.
cerrou os dentes, se segurando para não foder ainda mais com tudo. Na verdade, quando a via gritando dessa forma, ele só conseguia lembrar das inúmeras brigas que começaram assim e terminaram na cama. Não tinha uma que a resolução não fosse sexo. Era assim sempre, e eles amavam. O que aconteceu com aqueles dois? Com aquele casamento lindo, cheio de risos, flores e amor?
Enquanto a observava subir as escadas, se encaminhava para fazer o mesmo, logo atrás dela.
Os meninos estavam quietinhos, os dois na mesma cama, a de James. Quando viram os pais na porta, os dois se encolheram instintivamente.
— , você pode chamar a Phoebe? – , sem conseguir encarar , perguntou o mais baixo possível.
Ele nada respondeu, deixando o quarto em seguida.
— Mamãe, você não vai mais ficar casada com o papai? – Dylan perguntou, grudando na mulher quando ela se sentou ao seu lado.
And I, will stumble and fall E eu, vou tropeçar e cair I'm still learning to love Eu ainda estou aprendendo a amar Just starting to crawl Apenas começando a rastejar
Phoebe entrou no quarto acompanhada pelo pai, e, pela sua expressão pálida, ela já sabia o que estava acontecendo.
Ela se sentou ao lado da mãe, a encarando, como se esperasse que ela dissesse que era mentira. Que não ia se divorciar do pai deles.
— Eu descobri algumas coisas e eu e o pai de vocês... Não dá mais. É complicado, mas eu espero que vocês entendam.
— Você vai morar com o Jake para sempre agora? – Dylan pediu.
— O que 'tá acontecendo? Eu não entendi. – James abriu bem os olhos, curioso, intercalando olhares entre os pais.
— Eu e o pai de vocês vamos nos divorciar.
— O que é isso?
— Nós vamos passar um tempo separados, Jim. – colocou a mão no cabelo do filho, emaranhando-o todo.
— Não é um tempo. – encarou .
— Nós ainda não discutimos isso. – começou, manso.
Não querendo tornar mais difícil para os filhos, se silenciou.
Say something, I'm giving up on you Diga algo, estou desistindo de você I'm sorry that I couldn't get to you Me desculpe por não conseguir te ter Anywhere, I would've followed you Em qualquer lugar, eu teria te seguido Say something, I'm giving up on you Diga algo, eu estou desistindo de você
Ela não estava se sentindo bem e aquela conversa toda, a curiosidade dos filhos, tudo aquilo contribuiu para que sua dor de cabeça aumentasse.
— Mãe, o que aconteceu? – Pheebs pediu, baixinho.
— Não é algo que vocês entendam, nenhum de vocês. É coisa de adulto.
— Mamãe, eu não quero ficar longe de você. – Dylan segurou a mão da mulher.
— Você não vai. – sorriu. – Eu prometo. Por que não passam a noite na minha casa, sábado?
— Aquela não é sua casa e meus filhos não vão ficar perto daquele homem. – ele ficou vermelho e ela sentiu sua visão turva, se era a dor de cabeça ou a raiva, ela não sabia dizer.
— !
And I will swallow my pride E eu vou engolir meu orgulho You're the one, that I love Você é a única, que eu amo And I'm saying goodbye E eu estou dizendo adeus
— Deixa, pai. Eu gosto de dormir perto da mamãe. – James pediu, juntando as mãozinhas.
— James, isso não está em discussão.
— Ah, está sim. – decidiu, se levantando e ficando de frente com o marido. – Você vai me mostrar aqueles papéis e vamos decidir isso. A mamãe vai ter que ir agora, mas por que a gente não faz assim... A Phoebe sabe mexer direitinho com o Skype, ela me ensinou. A gente pode ficar um tempão conversando hoje, até vocês precisarem dormir. O que acham?
Pheebs encarou a mãe, com os olhos tristes. Não acreditava no que estava acontecendo.
— Tudo bem. – ela olhou para os irmãos, que assentiam.
— Eu preciso que vocês entendam que eu amo vocês três mais do que tudo na minha vida. Eu não estou abandonando vocês, sabem disso, certo?
— Claro que sim, mamãe. – Jamie deu um sorriso pequeno, abraçando a cintura da mãe.
— Venham aqui, os três. – abriu o braço, os acolhendo calorosamente. – Amanhã de manhã eu venho buscar vocês, tá?
— Tá bom. – Dylan sussurrou, ainda agarrado no pescoço dela. – Eu te amo.
Say something, I'm giving up on you Diga algo, eu estou desistindo de você And I'm sorry that I couldn't get to you Me desculpe por não conseguir te ter And anywhere, I would've followed you Em qualquer lugar, eu teria te seguido
— Eu também amo todos vocês. – olhou Pheebs, que já não parecia assim tão magoada.
estava quase se sentindo um intruso ali no meio deles. Mordeu o lábio, desviando o olhar quando se levantou.
— Você pode me mostrar agora?
Ele assentiu, com um suspiro pesado, e começou a seguir o caminho até o escritório.
deu uma última olhada para os filhos antes de seguir o marido, que a essa altura já estava no escritório. Quando ela entrou, seu coração quase parou de bater. Ele estava igual. Com os livros dela na estante e as fotos da família na mesa. A única coisa diferente era o computador em cima da mesa. Ao lado dele, a primeira foto pós-casamento dos dois. Se alguém reparasse bem, podia perceber que os dois estavam enrolados no lençol, sem roupa nenhuma por baixo.
"Quando você duvidar do que eu sinto por você, por qualquer coisa que seja," ele disse, logo que viram como a foto havia ficado. "A única coisa que você precisa para mudar sua cabeça é essa foto. Eu nunca vou te amar menos do que amo agora, e nunca amei mais do que amo agora. E se um dia eu olhar para você diferente do que olho aqui, nessa foto, você precisa me lembrar do que te falei hoje.Porque eu vou lembrar você."
Say something, I'm giving up on you Diga algo, eu estou desistindo de você Say something Diga alguma coisa
— ? – chamou, cauteloso.
Os olhos dela estavam transbordando e ela não piscava. Ela parecia destruída.
Ele olhou na direção que ela encarava e viu a foto. Seu coração começou a bater desesperado no peito.
Ela caminhou até ele e pegou a papelada da sua mão.
— Eu vou levar, tá? – perguntou, baixinho.
— , eu...
— Não. Não fala nada, por favor. – sussurrou. – Eu preciso ir. Não dá mais. Eu achei que... – suspirou. – Não dá mais.
Ele tinha a mão levantada, como se fosse tocar o rosto dela, mas desistiu imediatamente quando viu ela se encolher, como se tivesse medo dele.
— Eu deixo. – falou, olhando para baixo. – Eles podem ir lá, eu deixo. No sábado, não é?
Ele não acreditava que estava fazendo aquilo, mas o que mais podia fazer? Ele estava perdendo ela dia após dia. Negar algo que ela queria era um passe livre para nunca mais tê-la ao seu lado.
Ela assentiu, olhando nos olhos dele.
— Obrigada. – enxugou o canto do olho.
Ela segurou os papéis firmes entre os dedos e saiu, a passos largos, do escritório.
Chegou num segundo só até o andar de baixo, onde Anne estava esperando qualquer sinal de vida para subir para o quarto.
— , tá tudo bem?
— Não. – encarou a cunhada. – Mas vai ficar. Tem que ficar.
No segundo andar, se sentou na cadeira, colocando a cabeça entre as mãos. Ele não percebeu realmente o momento que começou a chorar, mas quando Phoebe entrou no escritório e correu até ele, o abraçando, ele soluçava feito criança.
— Eu vou perder a sua mãe, Phoebe.
— Não vai, não. Para com isso! – segurou o rosto do pai, o olhando nos olhos. – Eu vou te ajudar, prometo. Você vai conseguir ela de volta. Mas tem que me prometer que vai fazer o que eu pedir. Por favor.
— Eu só quero ter a família que tinha antes. Você acha que eu consigo isso? Porque eu já não acho...
— Consegue, sim. – sorriu. – E eu já até sei como.
O barulho da porta se abrindo despertou a mulher, que levantou a cabeça do sofá, os olhos pequenininhos de tanto chorar.
— Oi, . – Jake entrou na sala, deixando o blazer de lado. Ele arregalou um pouco os olhos ao ver a situação da mulher. – Aconteceu alguma coisa?
Isso foi o suficiente para que ela caísse no choro mais uma vez, fazendo o amigo correr até ela, a acolhendo em seus braços.
— ! O que foi?
— Acabou, Jake. Eu pedi o divórcio.
Ele a apertou no abraço. Não podia dizer que estava surpreso, ele sabia que isso já aconteceria uma hora ou outra.
— O que te levou a fazer isso? – levou a mão ao cabelo dela, fazendo um carinho manso, com a intenção de acalmá-la.
— Isso aqui. – se soltou dele, pegando os papéis que leu umas dez vezes antes de chorar até cair no sono.
Ele começou a ler, exclamando em desaprovação.
— Ele não podia fazer isso! Ele... – suspirou, deixando em cima da mesa. – Não lê mais isso, . Não fica se torturando desse jeito.
Ela suspirou, assentindo.
— Eu sei que essa casa não é minha, mas eu chamei as crianças para virem aqui. Se não puder, eu levo eles na casa do ...
— Cala a boca. – resmungou, passando o polegar pela bochecha dela. – Eu amo aquelas crianças. Agora você, mocinha, vai me assistir cozinhando porque eu sei que você esqueceu de trazer nosso jantar.
Ela riu, tímida. O primeiro sorriso sincero desde que havia descoberto que não devia mais estar viva. Ele tinha a mão estendida na direção dela e a mulher aceitou, deixando que ele entrelaçasse seus dedos.
Tudo com Jacob era tão natural e, mesmo ele não sendo , mesmo ela não o amando como amava ... Ela ainda tinha aquele sentimento caloroso dentro de si e sabia que, agora, mais do que nunca, ela não só queria – ela precisava seguir em frente. Enquanto caminhavam para a cozinha, a campainha tocou e a mulher sorriu, se soltando de Jake.
— Vai atender, eu vou ver se tem alguma coisa que eu sei fazer. – caminhou até a cozinha, abrindo a geladeira.
Tinha uma pizza congelada no freezer e ela achava que já podia comer essas coisas, nem que fosse pouco. Tirou do pacote e colocou na forma, enquanto ouvia a voz animada de Jake conversando com alguém que ela não sabia quem era.
— ? – Jake chamou. – Vem aqui.
A mulher ligou o forno e colocou a forma com a pizza nele, correndo até a sala em seguida.
estava ali, junto com Amber, sua incrivelmente grávida esposa.
— Oi! – sorriu, cumprimentando os dois. – Como vocês estão?
— Redonda. – Amber sorriu, passando a mão na barriga.
— Nós estávamos com até agora. – falou, percebendo como a mulher se encolheu à menção do marido. – Eu sinto muito por tudo o que está acontecendo, .
— Eu também. – sorriu fraco, se colocando um pouco atrás de Jacob, como uma criança que precisava de proteção.
— Bom, nós ficamos sabendo que você estava morando com o Jake, e como eu já precisava chamar ele, eu uni o útil ao agradável. Nós vamos fazer uma festa na sexta, pro meu aniversário. Eu quero muito que vocês venham, especialmente você, . Nós sentimos muito a sua falta.
A mulher sorriu, assentindo.
— Claro que sim. Você vai também, não é, Jake?
— Claro. – sorriu. – Por que não ficam para o jantar?
— Nós precisamos ir, Jake. – Amber se levantou, segurando na mão do marido. – Vamos na casa da minha mãe, ainda.
— Oh, tudo bem. Eu acompanho vocês até a porta. – levantou, tomando a frente.
pegou o celular de cima da mesa de centro e foi até a cozinha mais uma vez, se sentando em cima do balcão.
Tinha uma nova notificação no celular e arrastou o dedo para desbloquear o telefone.
“Eu vou levar as crianças para o colégio amanhã. De novo, eu sinto muito, . Mas se você quiser continuar com essa ideia maluca sobre divórcio, saiba que não vou aceitar. Demorei tempo demais pra te ter de volta, você não vai embora assim, não de novo.”
— Filho da puta. – sussurrou, largando o celular no mármore ao seu lado.
— Ei, o que foi? – Jake entrou na cozinha, rindo.
— O disse que vai levar as crianças para o colégio amanhã. E se ele começar a fazer isso sempre? Me afastar delas?
— , ele não vai fazer isso! As crianças amam você! – arregalou os olhos. – Não pensa assim.
Ela suspirou, brincando com a barra do shorts do pijama que ela usava.
— Eu posso voltar para o trabalho? Amanhã?
Jacob riu, apoiando as mãos no balcão ao lado dela.
— É claro que sim. – sorriu. – Ah, eu trouxe os papéis que você precisa assinar. Como eu sei que você precisa buscar e levar as crianças, você só trabalha sete horas. Das oito e meia até o meio dia, e da uma até três e meia, que é quando as crianças saem do colégio, não é?
— Isso.
— Se você quiser mudar qualquer coisa, é só me falar. – pediu, abrindo a pasta que estava em cima da mesa de jantar e tirando uma pastinha transparente cheia de papéis. – O seu salário continua o mesmo, mas a gente pode mudar isso, se você quiser.
— Não, não. Tá tudo ótimo, Jake. Obrigada. – sorriu, pegando a pasta da mão dele. – Eu vou ler, depois eu assino. Ah, e eu acho que vou começar a escrever ainda essa semana.
— É bom. Você tira um pouco da cabeça toda essa preocupação.
— Jake, falando nisso... Eu preciso de um advogado.
— Posso conversar com um amigo. – colocou uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha. – Eu vou tomar banho, você está fazendo pizza? – mudou de assunto ao ver o olhar perdido da mulher.
— Estou. Eu conversei um pouco com as crianças no skype durante a tarde, quando cheguei aqui. Eles querem trazer o gatinho no sábado, pode?
— Você sabe que sim. – beijou sua testa. – Eu já volto, qualquer coisa é só gritar.
assistiu o homem sair da cozinha, com um sorrisinho na boca. Ele era tão bom pra ela. Ela precisava de alguém assim.
Quando Jake voltou, a pizza já estava pronta e na mesa. estava arrancando uma calabresa da massa quando o viu, a pegando no flagra.
— Tira a mão da pizza. – ele deu um tapinha na mão dela, a fazendo rir alto.
— Espero que eu não passe mal. – murmurou, servindo o seu prato.
— Está tomando todos os remédios?
— A cada oito horas, sim, senhor, senhor! – bateu continência, o fazendo gargalhar.
— Você começa amanhã mesmo? Tem certeza que não prefere esperar até semana que vem?
— Tenho certeza. – assentiu. – Eu preciso disso, Jake. Ficar parada só vai piorar a situação.
— Tudo bem. Você é quem manda. – riu, bebendo seu refrigerante.
não precisou nem pedir. Quando estavam indo dormir, ele já a puxou até seu quarto, a fazendo agradecer mentalmente por não precisar pedir permissão para dormir com ele mais uma vez.
Ela dormiu rápido, até. Logo depois de observar os filhos dormindo, todos juntos no quarto de Phoebe, pela telinha do celular, ela apagou. Mas Jake passou horas olhando para ela, enroscada nele sem nem perceber, e aquilo era tão natural, tão deles.
Com o indicador, contornou o rosto dela levemente, sorrindo ao passar pela boca. Ela era tão linda, mas estava tão machucada.
Não podia forçar ela a nada, mas tentaria. Por Deus, ele tentaria de tudo para que ela fosse sua. Era só o que queria.
— Pronta? – Jacob perguntou, uma mão na porta.
— Claro que sim. – sorriu, colocando a mão no ombro dele. – Você tá mais nervoso que eu. Já trabalhei aqui antes.
Ele riu, assentindo, e abriu a porta. Estava tudo escuro por um momento e então as luzes se acenderam. arregalou os olhos e sorriu largo ao ver todos os seus amigos do trabalho ali, reunidos para recebê-la.
A sala dupla estava cheia de salgadinhos e docinhos, e até recebeu alguns presentes, como se fosse seu aniversário. E por mais que fosse divertido ficar ali, com os amigos, depois de uma hora, Jake expulsou todo mundo porque precisavam trabalhar.
— Jake! – riu alto, abraçando o amigo. – Você organizou isso?
— Sim. – sorriu, tímido. – Espero que não tenha sido demais.
— Foi perfeito. Eu não sei o que seria de mim sem você, não consigo nem imaginar.
— Então não imagina. – segurou o rosto dela, deixando um beijinho leve e quase imperceptível na testa dela. – Eu não sou sair de perto de você a menos que seja necessário. Eu juro.
Ela sorriu, derretida, e o abraçou mais uma vez. Ele estava tornando sua vida mais fácil e mais colorida. Jake sempre foi assim. Mesmo antes do acidente, ele sempre fazia tudo o que podia para botar um sorriso na cara de , e ela era tão grata por ele não ter mudado nesse tempo todo. Não achava que iria conseguir lidar com tudo o que envolvia sem Jacob, não sabia mesmo. E o melhor de tudo: Ela não precisava. Porque ele não ia a lugar algum. E, bem no fundo, ela sabia disso.
— Tchau, papai! – Dylan deu um beijo na bochecha do pai, e depois James.
— Tchau, bolinhas. Tchau, filha. – deixou um beijo na testa da filha, que estava no banco da frente, quase pronta para sair.
— Tchau. – murmurou, ainda desapontada por não poder ficar em casa.
— Você sabe que vai ficar tudo bem, não sabe? – fez um cafuné na cabeça dela.
Ela era tão parecida com que o assustava. Até quando estava triste, fazia a mesma expressão. Era ridículo o quanto precisava da sua mulher, e mais ridículo ainda o que ele fez com ela. Mas agora, sua filha estava mal e ele tinha que fazê-la se sentir melhor. Não gostava da ideia de que ela estivesse crescendo, mas sabia que era verdade.
— Não quero ver ele. – fez uma carranca.
— Você tem que ir para a escola uma hora ou outra. Mas, se você quer um conselho... Não olhe para ele.
— Por quê? – franziu o cenho.
— Sua mãe sempre fazia isso comigo. – riu. – Me deixava maluco.
Ela riu, assentindo, e deu um abraço no pai ao escutar o sinal.
— Obrigada. – beijou sua bochecha, saindo do carro.
Ele observou ela entrar no colégio e então ligou o carro, fazendo seu caminho para a gravadora. Os garotos já estavam lá e ele sabia que devia estar atrasado para a reunião, então correu para o elevador.
e estavam na recepção do andar deles, conversando, quando chegou.
— Atrasado? – perguntou, um pouco preocupado.
— Nós adiamos. Você tem problemas maiores. – arregalou os olhos e apareceu no corredor, parecia assustado.
— Ela é impossível. Vou atacar uma bomba na cara dela.
— Quem?
— Aquela maluca da sua namorada. Ela quase me bateu porque não quis deixar ela entrar na sua sala. – arregalou os olhos.
— A Nancy tá aqui? – coçou a nuca. – Porra.
— Você precisa ir conversar com ela. – indicou a sala de com o queixo. – Por favor, ela fez o maior escândalo aqui.
— Tudo bem. Eu sinto muito por isso, vou resolver agora. Onde ela está?
— Na sua sala. Espero que ela não tenha destruído suas coisas. – riu, abrindo caminho para o amigo.
— Eu também. – sussurrou, caminhando até a sua sala.
Nancy estava ao lado da mesa dele, olhando para a foto que ele tinha dos filhos e de , uma de quando os meninos eram bebês.
— Nancy? – chamou a atenção dela.
— Oi, amor! – sorriu, caminhando até o homem e roubando um selinho dele, que arqueou as sobrancelhas, surpreso. – Eu precisava te dizer que eu perdoo você. Não quero que ache que estou brava, pois não estou. Seus filhos são crianças, eu entendo. E eu sei que não preciso me preocupar com a , porque ela não é uma ameaça.
riu, mordendo o lábio.
— Me perdoa? Pelo que, exatamente?
— Por ter me expulsado da sua casa. – rolou os olhos. – Está tudo bem.
— Não está tudo bem, Nancy. Quando expulsei você, foi um pedido silencioso para sumir da minha vida. Para sempre.
A loira arregalou os olhos, ultrajada.
— M-mas eu pensei que...
— Você acabou com o meu casamento. Eu nunca realmente gostei de você, Nancy.
— Você continuou comigo quando ela acordou! – os olhos dela começaram a marejar.
— Porque eu a amo e queria que ela sentisse ciúmes porque ela parecia não se importar!
— Seu... Seu doente! – deu um tapa no peito do homem. – Não consigo acreditar que você me usou. Eu te amava, !
— Eu nunca falei que te amava. – sorriu. – Você acabou com o meu casamento, mas eu não vou fazer nada com você. Está tudo bem. Você vai para o seu canto e eu para o meu.
— Seu babaca! Eu odeio você! – dando mais um tapa em seu peito, ela saiu, cobrindo o rosto cheio de lágrimas.
suspirou, se sentando na cadeira e encarou a foto que estava à sua frente. E foi bem ali, olhando o sorriso de cada um da sua família na foto, que ele soube. Podia chover ou fazer sol, mas ele ia conseguir o amor da sua mulher de novo. Nem que para isso ele precisasse se humilhar, ele iria conseguir de volta. Mas, primeiro, ele precisava resolver a situação que envolvia a mídia. Estava recebendo ligações sem parar, querendo saber o paradeiro de . Aliás, ia resolver isso agora.
estava terminando o expediente quando recebeu uma ligação de .
— Oi, . — Oi. – colocou o celular no viva voz para guardar os papéis que estava usando.
— Eu queria te avisar que já marquei a coletiva, tudo bem? Vai ser aqui na gravadora, os meninos vão arrumar tudo e deve durar uma hora. Depende de você. — Eu tinha esquecido disso. – colocou a mão na cabeça. – Quando você marcou?
— Segunda. Quatro horas, tudo bem pra você? — Tudo. Obrigada, . – voltou a colocar o celular na orelha, pegando sua bolsa. – Obrigada mesmo. Eu tinha esquecido.
— Eu já busquei as crianças, tudo bem? Eu saí mais cedo do trabalho, e... — , eu achei que tínhamos um acordo.
— Nós temos! Eu só achei que você não ia querer vir aqui em casa hoje, não depois de ontem. — Você não pode me impedir de ficar com meus filhos, . Não depois de todo esse tempo.
— Eu não vou! Não vou impedir, eu juro. Se você quiser passar o resto do dia com eles, sabe que está tudo bem. Eu tenho trabalho para fazer em casa, não vou atrapalhar. A mulher mordeu o lábio, suspirando. Não queria que fosse assim, mas ia doer menos. Bem menos.
— Seria bom. Eu não vou demorar muito, você pode deixar a porta aberta? Eu deixei minha chave aí.
— Certo, vou avisar as crianças. – sua voz parecia morta. – Tchau.
Na sexta, Phoebe estava jogando vídeo game com os gêmeos quando Anne foi até a sala, procurando desesperadamente alguma coisa.
— Onde está seu pai, Pheebs? – perguntou, procurando sua bolsa pelo sofá.
— Foi ao mercado, você vai sair?
— Você consegue tomar conta dos dois? – abriu a bolsa e tirou a carteira e a chave do seu carro de lá.
— Ela sempre cuida da gente. – Dylan respondeu, socando o ar para tentar ganhar o jogo.
— Tudo bem. Não coloquem fogo na casa, vou sair com a mãe de vocês. – beijou a testa da mais velha e depois a dos baixinhos. – Amo vocês.
— A gente também ama você. – Pheebs sorriu, voltando a jogar.
— Eu falei sério. Não coloquem fogo na casa. – escutando a risada das crianças, deixou a casa.
já estava no estacionamento do shopping quando Anne ligou, pedindo onde a cunhada estava.
— Vou te esperar no elevador. Chamou seus seguranças? — Hoje não. Tem problema? O nem sabe que estamos aqui, não vamos arrumar problema nenhum. – Anne estacionou, saindo do carro com seus óculos já nos olhos.
— Se você diz... – riu e Anne desligou, caminhando até os elevadores, onde a esperava.
— Oi. – Anne sorriu, beijando o rosto da outra. – Você está bem? Parece um pouco pálida.
— Eu não vejo muito o sol faz quatro anos, Anne. – riu. – Nós estamos atrasadas. Deixei as crianças em casa e eles me mandaram voltar até as oito. São seis horas e não temos nem nossas roupas ainda, Anne.
— Eu sei, eu sei. É só que eu decidi agora ir nessa festa, eu sei que posso estar fazendo uma burrada sem limites, mas eu só quero falar com ele. – chamou o elevador.
sorriu, comovida com a situação de Anne.
— Além do mais, eu liguei para a loja e nós já temos alguns modelos reservados.
— Você não leva jeito.
— Eu vou fazer propaganda para eles! Tenho direito. – deu de ombros, puxando a amiga pelo sexto andar.
— Qual loja vamos?
— Dior. – sorriu, encarando a linda vitrine.
Assim que entraram, uma vendedora já veio atendê-las, as reconhecendo.
— Nós temos tudo separado. É claro que se não gostarem, temos muitas opções. – sorriu, piscando os enormes cílios.
— Obrigada. – sorriu, seguindo-a até os provadores.
— Uau, adorei esse preto. – Anne olhou para a sua pilha. – Você pode arrumar alguns sapatos também? – sorriu para a vendedora, que parecia ansiosa por ter duas “celebridades” ali. – Olha esse! Você vai ficar maravilhosa nele, . – apontou para um azul marinho, que já tinha encantado a outra.
— Eu não sei... Não é muito aberto?
— É só um decote de nada nas costas. – Anne abanou a mão. – Não fique fazendo caso sobre isso. Além do mais, sua tatuagem é maravilhosa. Sempre gostei dela.
riu, dando os ombros. Não ia fazer mal nenhum provar, não é mesmo?
Jacob já estava pronto quando chegou.
— Já estou indo. – avisou, ajeitando o blazer no corpo.
Quando chegou até a sala, precisou parar de andar por um momento. Ela estava incrível e ainda sorria para ele, como se ele fosse a melhor pessoa do mundo e ele quase esqueceu que precisava respirar.
— Uau.
— Não me venha com essa. – ela riu, caminhando até ele. – Você está maravilhoso, Jake.
— Eu? – riu em descaso. – Olha só pra isso! – segurou uma mão dela, a fazendo dar uma voltinha.
Ela soltou um risinho, envergonhada.
— Podemos ir? Já está na hora. – apontou para o relógio pendurado na parede.
Ele assentiu, deixando que ela fosse na frente até o elevador. Não conseguia parar de olhar para ela e, quando ela percebeu, o rosto de Jake esquentou enquanto ele amaldiçoava a si mesmo por ficar encarando.
Ela deu um risinho, desviando o olhar para as portas que se abriam. Durante todo o caminho, um pegava o outro se encarando, e não tirou o sorriso do rosto por nenhum momento até chegarem na casa de . Jake, sem poder fazer diferente, abriu a porta para , que o sorria lindamente.
— Obrigada. – aceitou a mão dele.
Jake tocou a campainha, esperando por para atendê-los.
— Vocês chegaram! E as crianças, ?
— Era para estarem aqui... – olhou em volta. – vai trazê-los com Anne.
arregalou os olhos.
— Anne virá? Eu não achei que...
— Qual o problema? Ela disse que você a convidou. – franziu o cenho, confusa.
— Convidei, mas... Esqueça. – abanou a mão.
— Hum... Bom, isso é pra você. – Ainda confusa, entregou o presente que havia comprado para o amigo.
— Obrigado, . Não precisava, mas obrigado. – cumprimentando Jake com um aperto de mão e foi para a porta onde a campainha tinha tocado mais uma vez.
— As festas do nunca deixaram a desejar. – sorriu, indicando o pequeno bar montado especialmente para a festa.
— Quer alguma coisa?
— Qualquer coisa sem álcool, acho que não posso ainda. – riu, dando de ombros.
— Tudo bem, então você volta dirigindo para casa. – ela assentiu, concordando.
Uma ou duas pessoas vieram falar com ela enquanto Jake estava pegando as bebidas. Tentando se desvencilhar de toda aquela conversa sobre o acidente, agradeceu quando , o melhor amigo, apareceu pelo hall de entrada.
— Só um minutinho... – sorriu para as duas mulheres que vieram falar com ela e saiu dali, arregalando os olhos quando o viu melhor. – Puta merda.
Uma garota estava enroscada no braço do amigo e ela se virou, procurando por Jake. Ele já estava vindo ao seu encontro quando ela acenou, indicando e a namorada.
— Porra. Não era hoje que a Anne...?
— Por isso estava daquele jeito... Em pensar que eu a encorajei. Meu Deus, Jake, ela não pode ver isso! – segurou nos ombros do amigo, arregalando os olhos.
— Acho que é tarde demais. – indicou o casal com o queixo e, logo atrás, uma Anne sorridente que acabava de chegar.
— Merda. – entregou seu suco para Jake. – Preciso ir.
, assim que entrou, procurou com os olhos, se arrependendo imediatamente ao vê-la conversando com Jake. Ela saiu em direção ao banheiro e ele percebeu que tinha perdido a irmã.
— Tio tá com outra namorada? – Dylan perguntou, puxando a mão do pai.
— Merda. – colocou a mão na testa. – Por que vocês não vão brincar, enquanto eu converso com o tio de vocês?
— O padrinho só faz merda. – Pheebs rolou os olhos, segurando as mãos dos irmãos e os levando para o quintal atrás da casa, onde tinha um mini campo de futebol.
— E aí, ?
— ! – sorriu amarelo, colocando o braço sobre os ombros da morena. – Essa é Charl...
— Cherry. – a mulher corrigiu, sorrindo.
— É um prazer. Será que eu posso roubar meu amigo por um instante?
— Na verdade, eu... – apontou para o bar, mas a mulher sorriu de novo.
— É claro que sim. Vou te esperar ali. – apontou o banquinho e deixou um beijo na bochecha dele.
passou o braço pelo ombro do amigo, o levando até o corredor que dava para a cozinha.
— , eu...
— Que porra você tá fazendo? Você sabia que ela ia vir.
— E o que é que tem? – franziu o cenho, agora irritado com o amigo. Não podia se meter assim no que não lhe tinha interesse. – Você não tem nada a ver com isso, .
— Ela é minha irmãzinha. – colocou o braço no pescoço do amigo, o forçando a ficar contra a parede. – Ela foi embora por sua causa, quando eu mais precisei dela. Ela não vai embora de novo, .
— Você não tá percebendo o ciclo? Você ficou com a irmã do Jamie e eu com a sua... Você não tem direito nenhum de me cobrar porra nenhuma, . Você viu como a tá? O que o James ia fazer com você se estivesse aqui?
— Ele ‘tá morto, . Ele ia me matar se ele estivesse aqui, mas ele ‘tá morto.
— O que eu sentia pela sua irmã também está morto, . Aquilo acabou faz tempo.
soltou , que ajeitou a gola da camisa.
— Você tem certeza disso, ? Porque me parece que você só trouxe uma garota aqui para machucar ela. Quantos anos você tem?
— Vai se foder, . Cuida da sua vida, da sua mulher. Da minha vida cuido eu, obrigado. – deixou sozinho.
Não estava com cabeça nenhuma para aguentar sermão, ainda mais sabendo que estava errado.
Anne estava abraçando os joelhos em um banheiro quando a encontrou.
— Eu estava aqui pensando se eu passo por essa janela. – Anne confessou, olhando para a janelinha do banheiro.
— Não vamos testar isso. Você vai descer comigo, conversar com o . Ele fez isso de propósito, Anne. Deve significar alguma coisa. Ele nem deve conhecer ela. – se sentou ao lado dela.
— não estava nem aí para a Nancy, mas doeu, não doeu? – Anne limpou o cantinho do olho, antes que borrasse sua maquiagem.
— É diferente, Anne...
— Diferente por quê? Não, não é.
— Você não pode desistir de falar com ele só por isso.
— Não vou desistir, eu só estou tentando pensar no que dizer. Eu tinha ensaiado tanto em casa, só que eu não estava preparada para ver ele com outra.
— Essas coisas não precisam de ensaio. Você só vai e diz o que está sentindo. Pode dar certo, ou pode dar errado. Mas você vai poder dizer que tentou. Se for te fazer se sentir mais confiante, você pode beber alguma coisa antes.
Anne sorriu, assentindo, e as duas saíram do banheiro.
Jake estava conversando com os gêmeos quando elas voltaram e sorriu, emocionada com o jeitinho que os dois olhavam para o mais velho.
— Depois eu jogo, pode ser? Vou arrebentar vocês, vão ver só. – brincou, bagunçando o cabelo de James.
— Oi. – sorriu quando os meninos pularam nela, querendo abraço. – Vocês já estão sujos? O que estavam fazendo?
— Jogando bola. – Pheebs dedou, bebendo o refrigerante.
— Você que levou a gente! – Dylan cruzou os braços. – É culpa dela, mamãe.
riu.
— Não tem problema. Mas não é pra ficar correndo para dentro e para fora. Decidam onde vocês querem ficar. – beijou a testa dos dois. – A mamãe vai com a Anne beber alguma coisa, tudo bem?
— Ela tá triste por causa do tio ? – Dylan pediu.
— Dylan! – Phoebe arregalou os olhos para o irmão.
— Tudo bem, Pheebs. Não é por isso, não. – Anne mentiu. – Não precisa vir comigo, . Quero fazer isso sozinha.
assentiu, sorrindo para a amiga.
— A gente pode brincar de novo? – James perguntou, segurando a mão da mãe. – O tio Jake disse que vem também.
— Claro, podem ir. – soltou a mão do menino, que correu para fora arrastando o gêmeo.
Phoebe já tinha desaparecido também, então se viu sozinha com Jake. estava ali do lado, olhando para ela. Ela desviou o olhar, bebendo o que restava do seu suco. Alguns casais estavam dançando e, quando uma música baixinha e lenta começou a tocar, Jake puxou a mão dela.
— Me concede a honra dessa dança?
— Acho que estou enferrujada. – riu, aceitando.
— Vamos descobrir. – ele colocou as mãos na cintura dela, que apoiou o rosto em seu ombro, os braços entrelaçados atrás do pescoço dele.
— Você está fazendo muito bem pra mim, Jake. – levantou o rosto, sorrindo para ele. – Eu sei que eu só falo isso, toda hora... Mas é porque é verdade.
Ele sorriu, baixando os olhos para os lábios rosados dela.
— Eu não quero estragar tudo entre a gente, mas eu quero muito te beijar. Me avise se isso for mudar alguma coisa na nossa amizade, ou...
— Tudo bem. – sorriu, erguendo um pouquinho o rosto. – A gente pode fazer isso.
Ele sorriu de volta, colando os lábios nos dela. abriu a boca, deixando que ele a beijasse de verdade e não se arrependeu nem um pouquinho. O abraçou mais forte, sentindo calor nos lugares certos e Jake apertou mais sua cintura entre as mãos, sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
E ali, perto do bar, deixando um copo de cerveja cair ao chão, alguém deixou a sala.
cerrou os olhos para a filha.
— Você tem certeza?
— Sim, papai. Prometo que não vou gostar dele. – Pheebs ri, achando graça.
— Você pode gostar dele, meu amor. Mas não pode gostar dele mais do que gosta de mim. – decidiu. – Se gostar, eu vou ficar triste.
Ela riu, abraçando o pai.
— Eu amo você e amo a mamãe. Vocês vão voltar, vou ajudar você. Mas pra isso eu preciso ir com os gêmeos na casa do Jake, senão eles vão estragar tudo. – riu. – Tenho que ir, a mamãe está chegando e os meninos ainda nem arrumaram as coisas.
— Pode ir. – beijou a testa da filha. – A tia Anne está vindo.
— Ela ‘tá bem? – a menina pediu, com o olhar triste. Sentia muito pela madrinha.
— Vai ficar. – o pai sorriu. – Agora vai arrumar seus irmãos.
Phoebe assentiu e subiu as escadas, correndo. Já passava das cinco da tarde e a mãe devia estar vindo. Eles passariam a noite de sábado inteira com a mãe, e só isso já bastava para deixar os três filhos elétricos.
— Vocês estão prontos?
— Sim. Nós já vamos? – Dylan perguntou, curioso.
— Já. Cadê a mochila de vocês?
James apontou para a cama, que tinha uma mochila das tartarugas ninja e outra do batman. A irmã riu fraquinho e começou a conferir se eles estavam levando tudo.
— Vão pegar duas jaquetas, porque tá fazendo frio lá fora. Coloquem elas, a mamãe já está quase chegando. – ela mandou e os dois correram até o guarda-roupa. Cada um vestiu sua jaqueta e então os tênis.
— Pronto. – Dylan sorriu. – Vamos? Quero ver a mamãe.
— Vamos. – ela sorriu, pegando na mão de cada um.
A mãe já tinha chegado quando eles chegaram na sala. Pheebs olhou ao redor, mas nem sinal do pai.
— Vocês já estão prontos? – ela sorriu quando os gêmeos grudaram na sua cintura, a abraçando.
— Sim. Vamos? – James sorriu e a mãe quase derreteu.
— Vamos. Phoebe?
— Vamos. – a menina deu uma última olhada pelo corredor, à espera do pai, mas o entendia completamente.
— E o abóbora? Vão levar ele? – a mãe perguntou antes que saíssem.
— O tio Jake deixou? – Jamie perguntou, mas antes que a mãe o respondesse, ele já tinha seu gato debaixo dos braços.
— É claro que ele deixou. E ele tem uma surpresa para os três hoje, então é melhor nos apressarmos. – abriu a porta do carro e esperou que os gêmeos se sentassem no banco de trás e Phoebe no da frente, para só então se sentar no banco do motorista.
— Vocês não esqueceram nada? – perguntou, ligando o carro e o som.
— Não. – Phoebe respondeu. – Tudo certo. O que vamos fazer hoje?
— O Jake vai colocar o videogame na sala para jogarmos e depois que a pizza chegar, ele vai mostrar o que preparou pra vocês.
Phoebe respirou fundo, torcendo para que Jake não fosse legal. Ela não queria gostar dele, ia sentir uma puta dor na consciência se o fizesse.
Quando chegaram ao prédio de Jake, digitou a senha do apartamento do homem e o elevador se abriu dentro da sala de estar dele.
— Nossa. – Phoebe olhou ao redor, admirada com a decoração.
— Já chegaram? Eu ainda não terminei o lanche de vocês. – Jake entrou no corredor com uma toalha de louças pendurada em seu ombro.
— Lanche? – os gêmeos sorriram, se aproximando do homem.
— Eu falei pro Jake como vocês adoram chocolate e ele quis fazer um bolo enorme para vocês. – sorriu.
— Mas o bolo já está pronto, então não precisam se preocupar. – o homem prometeu. – Você gosta de chocolate, Phoebe?
— Gosto. – deu de ombros, olhando desconfiada para o homem.
Ela amava, na verdade. E isso era ruim, porque ela queria odiá-lo, mas com ele fazendo comida pra ela e seus irmãos, seria um pouco difícil. Ainda mais envolvendo chocolate.
— Eu estou terminando a cobertura. – avisou, ligando o fogo mais uma vez.
— Crianças, deixem as bolsas no quarto da mamãe. – pediu, acariciando os cabelos dos gêmeos.
— Vocês querem jogar PES?
— Tem Resident Evil? – Dylan pediu, abrindo os olhos.
— Tem. Vocês sabem instalar?
— Eles também tem um Play 4, não se preocupe. – riu. – Você vai jogar também, filha?
— Não, vou ficar aqui com vocês. – sorriu.
Nem a pau que ia deixar a mãe e aquele homem sozinhos, não quando podia evitar.
Jake percebeu a desconfiança em relação a ele e continuou mexendo na cobertura, pensando no que fazer para que a garota gostasse dele.
— Você gosta de gatos, Phoebe?
— Sim, nós temos um.
— Eu tenho três. – sorriu, olhando para a menina. – Você pode pegar, se você quiser. Nem precisa sair daqui, eles já vão aparecer.
Ela sorriu, assentindo. Realmente gostava de gatinhos. Ela quase matava o deles, de tanto apertar.
— Tudo bem. – ergueu um ombro e se sentou ao lado da mãe.
— Como foi na escola por esses dias?
— Papai mandou eu não olhar para o Chuck, porque se ele gostasse mesmo de mim, ia ficar irritado.
— E aí? – sorriu, pegando uma mecha do cabelo dela e fazendo uma trancinha. Elas duas faziam tanto isso antes do acidente que foi automático.
— Ele pediu pra falar comigo. – respirou fundo. – Pediu se podíamos ser amigos. Eu falei que sim, mas continuei ignorando ele e ele pediu se tinha alguma coisa errada. Quando eu falei que não, que eu estava bem, ele ficou ainda mais bravo e saiu sem nem falar comigo. Acho que eu estraguei tudo.
— Ah, meu amor. É claro que não.
— Ele provavelmente só ficou com raiva por você estar bem depois que terminaram. Se isso aconteceu, é porque ele não está bem. – Jake falou, se colocando na conversa.
Pheebs não se importou, no entanto. Ficou até mais curiosa.
— Você acha?
— Mas é claro que sim. – Jake sorriu. – Pode acreditar, ele não vai demorar muito pra voltar a ser seu namorado.
— Isso é verdade. – sorriu. – Quando eu fazia isso com seu pai, ele voltava pra mim assim, ó. – estalou os dedos.
— Mas ele ficou muito bravo, mãe.
— Não, meu amor. Não pode pensar assim. Vamos lá pra dentro, enquanto o bolo esfria. Vamos jogar Just Dance.
A menina sorriu e assentiu.
Foi um baile só pra conseguir tirar os meninos do vídeo game, mas depois que conseguiram, eles se animaram mais do que elas e ainda conseguiram puxar o Jake para que dançasse com eles.
Dançaram tanto que nem perceberam o tempo passando, e logo já era noite e não se aguentava mais em pé. Precisava urgentemente voltar a fazer yoga.
— Querida, dá um banho nos seus irmãos? Vamos pedir uma pizza e depois podemos comer aquele bolo delicioso até estourar. – os meninos riram ao ouvir a mãe dizer estourar, como se eles realmente pudessem explodir de tanto comer.
As crianças deixaram o cômodo e Jake se sentou ao lado da mulher.
— Nossa, eu não aguento mais. – ela riu. – Tô exausta.
— É claro que está. O hospital fazia fisioterapia em você quatro vezes por semana, para seus nervos não atrofiarem. Mas ainda assim, foram quatro anos sem exercícios físicos. É normal, .
— Vou voltar a fazer yoga. – decidiu.
— Eu queria te falar uma coisa, mas não podia ser perto das crianças. Eu conversei com um amigo. – ele começou. – Ele é advogado e especializado em divórcios. Ele não é um absurdo de caro, eu juro.
suspirou.
— Uau. Eu nem tinha parado pra pensar nisso ainda. – riu. – Obrigada por pensar nisso por mim. – sorriu, dando um selinho nele.
— Você sabe que eu não me importo. – ele sorriu. – Eu vou pedir a pizza, por que não vai tomar o seu banho? Já coloque pijama, eu tenho uma surpresa pra vocês.
Ela sorriu, beijando a bochecha dele.
— O que eu faço com você?
— Hm... – ele riu. – Você pode me beijar. É uma ótima recompensa.
Ela riu e o beijou, parando apenas ao se lembrar que não estava exatamente cheirosa o bastante para ficar namorando.
— Vou tomar banho.
Phoebe se trocou e trocou os irmãos depois do banho deles, por mais que eles se achassem enormes e autossuficientes, ela sabia que eles não eram.
— Tentem separar ao máximo a mamãe do Jake. – pediu. – Sentem entre eles, atrapalhem as conversas. O que quiserem.
— Sim, Capitã! – Dylan bateu continência, o que arrancou um riso da irmã.
— Pheebs, olha só! – James apontou para a porta, onde dois gatinhos entravam.
— Meu Deus, eles são tão lindos! – a menina se abaixou para pegar um.
Dylan pegou o outro e, James, o deles.
— Estão prontos? – a mãe pediu, entrando no quarto de hóspedes, onde as crianças dormiriam.
Ela também usava pijama, assim como os filhos.
— Sim! A pizza já chegou?
— Vamos ver. – ela sorriu, chamando os filhos com a mão para descerem juntos.
Jake já estava de banho tomado e mexia no celular.
— Jake, a pizza já chegou?
O homem levantou e deixou o celular na escrivaninha.
— Vocês estão com os celulares aqui? – pediu.
Pheebs e mostraram os aparelhos em suas mãos e Jake os tomou, colocando junto ao seu.
— Ei! – a adolescente reclamou.
— Pra onde vamos, não vão precisar disso.
Ele chamou-os com a cabeça e foram todos os cinco até o elevador, que já estava aberto.
— Nós estamos de pijama! Onde vamos? – perguntou.
— Comer a pizza. – sorriu, apertando o último botão do elevador.
Foi um segundo para que o elevador parasse, porque o terraço é logo acima da cobertura.
— Nós podemos estar no terraço? – riu, pegando os gêmeos pela mão e saindo do elevador, logo depois da filha.
Ela sorriu quando olhou pra frente. Uma churrasqueira portátil estava sem a grelha, formando uma fogueira suspensa do chão.
— Claro que sim, eu comprei ele. – Jake sorriu.
Haviam exatamente cinco espreguiçadeiras com sacos de dormir em volta da fogueira e as caixas de pizza estavam na bancada que ficava logo ao lado. O terraço era coberto para que a chuva não entrasse, mas não perdia nunca a beleza. Eles conseguiam ver Londres inteira dali de cima, inclusive o London Eye, que brilhava na noite.
— Que lindo. – Phoebe sorriu.
— É lindo mesmo. – disse, mas ela não olhava para a roda gigante, e sim para Jake, que tinha cada um dos gêmeos debaixo do braço e corria pelo terraço, arrancando gargalhadas dos dois.
Phoebe pegou um dos gatinhos que estava rodeando seus pés e sorriu, fazendo carinho nele.
— Vamos jantar? – Jake pediu, soltando cada um dos meninos em suas espreguiçadeiras.
Os dois se enfiaram no saco de dormir e olharam para a mãe e a irmã, esperançosos.
— Uau, Jake. Você comprou pizza para um batalhão? – riu, achando graça.
— Ah, mamãe. Você ainda não viu aqueles dois comendo. – Phoebe riu, se colocando em um saco de dormir e enfiando o gatinho menor de Jake dentro da coberta, junto com ela.
— O papai falou que tem um dinossauro dentro da nossa barriga, que um dia vai comer a gente se não comermos bastante. – James fala, colocando a mãozinha redonda em cima da barriguinha.
sorri, imaginando aterrorizando os filhos com histórias como essa. Era tão a cara dele fazer aquilo.
— E então, quem quer o primeiro pedaço? – Jake perguntou, abrindo a primeira caixa de pizza.
cobriu Dylan, o único que faltava, e beijou sua testa, assim como fizera com os outros dois. Ele apertava o próprio gato, e isso a fez sorrir. Eles eram crianças tão boas e tão amorosas, era impossível não amá-los.
— Eles são tão incríveis, . – Jake falou, enquanto juntava as caixas – vazias – de pizza.
— Eles são. – sorriu, olhando cada um deles. Estavam exaustos.
A mulher sentiu ele passar a mão pela sua cintura e se virou, ainda sorrindo. Deixou que ele lhe beijasse não só porque parecia ser certo agora. Mas porque queria.
— Nós não temos um saco de casal, mas podemos juntar as espreguiçadeiras. – ele murmura, sorrindo.
— Parece uma boa ideia... – ela lhe dá um selinho. – Eu estou tão feliz por você estar se dando bem com eles. – olhou para as crianças. – Principalmente Phoebe. Eu achei que seria infinitamente mais difícil para vocês se entrosarem, mas durante a noite você conversou com ela quase o mesmo tanto que brincou com os meninos.
— Eles são dois, precisam do dobro de atenção. – ele ri. – Eles te amam tanto.
Ela sorriu.
— Amam. Mas eu os amo mais. Eu fico falando tanto do tempo que não estive aqui, mas não posso mais pensar assim. Eu preciso viver agora. Eu amo eles agora. Nós não podemos saber quando eles vão ser tirados de mim, ou eu deles. Se eu ficar pensando em todos os se, eu nunca vou viver.
— Você não tem ideia de como me deixa orgulhoso. – ele sorriu, dando mais um beijo na mulher. – Mas eu consigo ver que você está quase dormindo em pé. Vou apagar as velas e a fogueira. – a soltou para fazer exatamente o que disse que faria.
Ela juntou as outras duas espreguiçadeiras de forma que a abertura do seu saco de dormir ficasse de frente com a abertura do de Jake, então ele poderia abraçá-la se ela precisasse. Mas, pra falar bem a verdade, ela já tinha dormido antes que ele apagasse a última vela.
O terraço, obviamente, era muito claro. Logo pela manhã, todos eles já tinham acordado e Jake levou Phoebe e os meninos para dentro, para que pudessem dormir mais. arrumou tudo lá em cima enquanto o homem não voltava, e acabou encontrando com ele logo quando foi entrar no elevador.
— Eu já arrumei tudo ali. – bocejou. – Vou fazer panquecas.
— Amém. – Jake riu.
— Alguém disse que a única coisa que eu faço de bom na cozinha é isso, então vou fazer sempre. – deu a língua para ele.
E ela fez. Milhões de panquecas, para sustentar aquelas crianças gulosas. Jake tomou a inciativa de acordar as crianças e em menos de cinco minutos os quatro estavam sentados na mesa, encarando aquelas montanhas de panquecas em sua frente. Os meninos sorriam mais do que já tinha visto em sua vida, o que arrancou uma gargalhada da mulher.
— Melhor panqueca do mundo! – Dylan gritou, enfiando duas de uma vez na boca.
— Filho! – ela riu. – Come direito.
— Selvagem. – a irmã provocou, fazendo o menino abrir a boca e mostrar a comida mastigada para ela.
— Comam direitinho, porque o papai já deve estar chegando e eu não quero ninguém sujo ou engasgando.
Os meninos sorriram, assentindo, e continuaram a comer. esperou todos comerem para retirar os pratos, com a ajuda de Jake.
— Vão se arrumar. Não esqueçam o gatinho de vocês. – ela grita conforme eles vão sumindo pela escada.
— Deixa que eu lavo, linda. – ele pegou os pratos da mão dela. – A lavadora serve para isso.
Ela riu e assentiu, deixando que ele fosse para a cozinha. Com o timing perfeito, a campainha tocou e ela não precisou de muito para saber que era .
correu até a porta, a abrindo antes que ele tocasse mais uma vez. Se tocasse, Jake iria ali e ela não queria ver os dois discutindo.
— , oi. – ele sorriu, e ela quase se esqueceu que o estava odiando no momento.
— Oi. – ela mordeu o lábio. – As crianças estão descendo. Enquanto isso, eu queria falar com você. – ela deu uma olhada para trás para ver se não tinha ninguém ali e então saiu do apartamento.
O elevador parava dentro de um corredor, que fazia parte do apartamento, mas ainda assim existia uma porta e uma campainha, para evitar transtornos.
— O Jake já me conseguiu um advogado, . Nós vamos começar com o processo de divórcio o mais rápido possível, então eu espero que você arrume já o seu. – ela olhou para a mão, porque sabia que ao olhar para ele podia desistir. virou de costas e respirou fundo, porque não queria chorar na frente dele.
Sua mão tocou a maçaneta e ela abriu a porta, mas não entrou.
— Vou chamar nossos filhos. Um minuto. – pediu, tentando entrar na casa em seguida, mas ela sentiu a respiração de atrás de si antes que pudesse sentir sua mão tocando seu braço.
— ? Olha pra mim. – ele murmurou, esperando que ela atendesse seu pedido. E ela o fez, é claro. Ela sempre responderia ao que quer que ele quisesse, porque era assim que eles funcionavam.
Os olhos dele estavam úmidos, mas os dela estavam transbordando.
— Você é meu tudo. Eu posso não ser mais o seu, mas não vou desistir disso. Não vou desistir da gente. Se você achou, por um segundo, que eu aceitaria esse divórcio tão fácil assim, é sinal que precisamos nos conhecer de novo. Eu nunca abri mão de nada que eu quisesse. E você é muito mais do que querer pra mim.
— ... Não faz isso.
— Eu não estou fazendo nada. – ele deu mais um passo à frente e aproximou o rosto do dela por milímetros. – Eu vou lutar pelo que é meu. Eu só estou te avisando. – sorriu, olhando para a boca dela. – Pode chamar as crianças. – e se afastou, como se nada tivesse acontecido.
Segunda-feira bateu três horas e se perguntou se não teriam se passado anos. Ela estava tonta de tanto trabalho na editora. Não parava de receber ligações para entrevistas e já estava exausta de ter que mandar a secretária avisar que isso é com , não com ela.
Ela quase chorou de alívio ao olhar o relógio e perceber que estava na hora de buscar os filhos. Nem se preocupou em desligar o computador, hoje tinha a coletiva e não podia sonhar em se atrasar.
— Jake? Tô indo. – avisou quando passou pela sala dele, só pra se despedir. – Te encontro na gravadora?
— Sim. – deu um selinho na mulher. – Só preciso fechar umas coisas e já vou para lá. Não se atrase.
— Nunca. – sorriu, mandando um beijo no ar e sumiu pelo corredor.
No caminho, mandou uma mensagem para a filha, avisando que estava chegando e, quando estacionou, pôde ver dois chumacinhos ruivos sendo carregados por uma menina com cabelos negros como os dela. Ela sorriu ao ver sua filha, tão parecida com ela. Queria só ver quando ela crescesse.
— Oi, mamãe. – os gêmeos subiram um em cima do outro para disputar a bochecha da mãe, que foi lambuzada de beijos pelos dois.
— Oi. – riu. – Oi, filha.
— Oi, mãe. – a menina se sentou no banco da frente e também beijou a bochecha da mãe, a enchendo ainda mais de amor.
— Vocês querem ir pra casa ou vão assistir a entrevista? Ela vai acontecer em quinze minutos, então decidam rapidinho.
— Eu quero ver a entrevista. – Phoebe falou, e como ela era a estrela dos irmãos, os dois concordaram.
— Ligue para o seu pai e avise que estamos chegando. – pediu, pegando o retorno que levava até a gravadora.
Ela não devia, mas no momento em que estacionou, se surpreendeu com o número de carros e o tanto de paparazzi que bloqueavam o caminho para a entrada da gravadora.
— Não saiam ainda. – pediu para os filhos enquanto procurava pelo celular dentro da bolsa.
Ligou direto para Yuri quando o encontrou, sendo atendida no segundo toque. Yuri e Paul, seus antigos seguranças particulares, estavam ali. Eles ainda eram seguranças de e ele colocou os números dos dois no novo celular de , para que ela ligasse se fosse necessário e, agora, era extremamente preciso que os dois fossem buscá-los. avisou que eles estariam na gravadora.
— Senhora ? — Yuri, oi! Eu acabei de chegar na gravadora, mas tem muita gente aqui na frente.
— Paparazzi? – perguntou, irritado. – Eles não saem do pé. Eu sinto muito, senhora . Nós fomos ver se tinha alguém há uma hora, mas eu deveria ter sabido melhor. — Está tudo bem, não se preocupe. Mas como eles descobriram?
— As equipes principais da Hello e da Sugarscape estão aqui, entre as vinte revistas selecionadas para a entrevista. E você bem sabe que eles gostam de uma fofoca, esses putos. – ouviu Yuri rir e deu um sorriso. Ele era tão zeloso pela integridade dela e da sua família que acabava se irritando muito com quem os incomodava. Por isso ele e Paul eram seus seguranças preferidos.
— Você pode trazer o Paul e mais alguém? As crianças estão comigo e eu não sei se só vocês dois conseguem dar conta desse tanto de gente.
— Sem problemas. Estamos indo. – avisou, antes de desligar.
— Deixem as mochilas no carro. – a mãe pediu. – Já estão vindo nos buscar.
Os meninos tiraram as bolsas dos ombros e Phoebe deixou a sua aos seus pés. colocou o celular no colo e jogou a bolsa no banco de trás, entre os assentos dos meninos, que já estavam com a cara na janela, esperando os seguranças.
— Olha, mamãe. Parece os Homens de Preto. – Dylan falou, o que arrancou uma gargalhada da mulher.
Paul e Yuri estavam vindo com mais três homens.
— Meninos, eu quero que vocês dois vão no colo dos seguranças, tá? – pediu ao ver os cinco homens parados ao lado do carro.
— Eu quero ir com o Paul! – James abriu a porta, correndo até o homem que o recebeu com uma risada e o pegou no colo.
e Phoebe saíram do carro também, mas Dylan ainda não tinha conseguido sair e a mãe foi até a porta de trás para ver o que estava acontecendo.
— Bebê, vamos. – ela estendeu a mão para ele, que tinha dois soldadinhos debaixo do braço.
— O James esqueceu. – ele sorriu e aceitou a mão da mãe, descendo do carro.
— Yuri, você o leva para mim? – entregou o filho para o segurança, que assentiu e o colocou nos braços.
— Vocês se lembram do que o pai de vocês ensinou? – Paul perguntou, olhando para James.
— Sim. – os dois falaram junto e enterraram as cabeças nos ombros dos seguranças, para a própria proteção.
Phoebe abraçou a cintura da mãe e escondeu o rosto com a mão enquanto a mulher arrumava os óculos de sol no rosto. Os outros três seguranças se posicionaram em volta delas, tentando ao máximo impedir que fossem vistas antes do inevitável.
Foi horrível. tinha esquecido de como era terrível essa parte da fama. Mesmo com todos os seguranças, os fotógrafos tentaram avançar ao máximo, e eles levaram cinco minutos para chegar ao portão da gravadora, que era, claro, protegido por seguranças constantemente. Ela mal pôde ouvir as perguntas com tantos gritos, e entrou o mais rápido que pôde, segurando firme a filha nos braços.
A primeira coisa que fez ao estar dentro da gravadora, e completamente segura, foi verificar a integridade de suas três crias. Os mais novos estavam um pouco assustados, mas ela sabia que era normal. Ela mesma estava.
— Vamos achar o papai? – pediu aos gêmeos, que seguraram sua mão, um de cada lado do corpo. – Pheebs, venha. – chamou com a cabeça. – Obrigada, gente. – agradeceu aos seguranças, que estavam arrumando os ternos, um pouco amassados pelos puxões.
— A hora que precisar. – Yuri sorriu e ela assentiu, sorrindo também.
Fazia tanto tempo que não entrava na gravadora que ela quase se esqueceu de como era. Subiu de elevador com os filhos até o último andar, onde as salas dos meninos e o auditório para as coletivas ficava. Sorriu ao sair do elevador e ver que nada tinha mudado. Tudo parecia igual. Tudo, exceto...
— Não me faça quebrar sua cara de novo, filho da puta!
— Tenta a sorte.
arregalou os olhos e deu um enorme suspiro ao perceber que a gritaria ali dentro era provocada por Jake e , respectivamente.
— Phoebe, leva seus irmãos pra sala do papai. – ela pediu, vendo que a porta estava aberta.
Quando os três se afastaram, ela se aproximou dos homens, que estavam quase se batendo.
— Ela não te ama mais, você não entendeu? – Jake segurou no colarinho de , mas foi mais rápida e correu entre eles, impedindo que a briga se concretizasse.
— Ei, os dois! Que porra é essa? – ela berrou, empurrando Jake para que ele se desencostasse de . – Vocês são crianças?
— , ele... – começou, mas ela o impediu de continuar falando.
— Parem com isso. A gente tá aqui para a minha entrevista, não pra discutir. E vocês três? – olhou para , e , que estavam rindo da situação. – Acham engraçado isso?
— Desculpa. – os três falaram em uníssono, assim como os gêmeos faziam quando eram pegos em uma situação errada.
Ela olhou para Jake e , esperando que os dois pedissem desculpas também. Mas os dois pareciam determinados demais em se odiar para abrir mão do orgulho.
— Jake, você pode pegar as crianças e ir pro auditório? Eu preciso falar com o . – coçou a nuca.
— Mas...
— Por favor?
Ele cerrou os olhos para , mas assentiu.
olhou para os amigos, que continuavam parados, feito criancinhas.
— Vocês também.
Os três nem hesitaram, só saíram. assustava um pouco eles, porque ela gritava muito quando eles eram novos, e eles sempre apanhavam dela. Ela era a irmã mais nova e mais velha de todos eles ao mesmo tempo.
— Eu... Eu queria te pedir desculpas pelo que viu na festa do . Foi muita falta de consideração, mas eu não previ aquilo e...
— , não me lembre daquilo. – ele pediu gentilmente. – Eu estou tentando esquecer o que vi.
— Eu sinto muito, só...
— Não precisa. Olha, eu tenho que te mostrar uma coisa. – ele pediu, segurando na mão dela e a puxando até a mesa de recepção, que tinha uma pasta roxa no balcão.
Ele tirou um papel de lá e estendeu pra ela.
— Pode soltar minha mão, . – ele sorriu e ela olhou para as mãos deles, separando-as.
— O que é isso? – olhou para o papel.
— Eu fiz um cronograma para a coletiva. Separei em três partes. Vai durar um tempo então vai ter dois intervalos, entre a primeira e a segunda parte, e a segunda e a terceira. Na primeira parte, você vai falar sobre o acidente. Na segunda, sobre sua vida depois que acordou e na terceira, sobre sua carreira. Espero que esteja tudo bem ser assim. Se quiser mudar...
— Não, está perfeito. Obrigada.
Ele sorriu e assentiu.
— Podemos ir? Já está na hora.
— Claro. – ela aceitou a mão dele mais uma vez e foram, juntos, até o auditório.
Ela precisou fechar os olhos quando entrou, porque a quantidade de fotografias que tiraram foi tanta que seus olhos não suportaram.
a levou até sua cadeira e ela se sentou. A primeira fila estava cheia, com seus amigos e filhos. se sentou entre Phoebe e James, e se arrumou na cadeira. Ainda estavam tirando fotos, e ela sorriu ao ver os meninos fazendo caretas para que ela sorrisse nas fotos.
— Nós podemos começar? – perguntou, ainda sorrindo, porque não acreditava que tinha filhos perfeitos como eles.
As câmeras pararam de fotografar e ela suspirou, olhando para seu cronograma.
— Vamos começar com perguntas sobre o acidente. Levante a mão se tiver alguma pergunta sobre isso.
Praticamente todas as mãos se levantaram, e ela pediu para uma mulher que estava na segunda fila fazer sua pergunta.
— Nós todos sabemos como foi o acidente. Mas queremos saber de você. Como foi a sensação? Você se lembra de tudo?
— Todas as noites... – murmurou, e arregalou os olhos para ela. Disso ele não sabia. – É claro que me lembro. Nós estávamos felizes num segundo e, no outro, só havia desespero. Os gêmeos tinham acabado de aprender a andar e Phoebe estava maluca com a cachorrinha que ganhou. Eu derrubei o suco dos meninos nos meus pés e pernas. – essa parte não era bem verdade, mas se contasse que Dylan jogou o suco em James, eles poderiam não entender e Dylan se acharia culpado, ainda mais sendo a criança inocente que era. – Tirei o cinto para limpar bem e alguém entrou na contramão. desviou, mas tinha outro carro vindo no sentido que tinha parado e aconteceu. Dessa parte não me lembro de muito. É pouco o que consigo recordar, eu me lembro de uma gritaria, mas suponho que seja as pessoas do outro carro porque estava desacordado, e as crianças não sabiam o que estava acontecendo. Eu me lembro de sentir muita dor na cabeça. Me lembro de tentar me mexer e não conseguir, e depois, a única coisa que lembro é acordar no hospital, de madrugada. Esses quatro anos foram um borrão pra mim. É como uma única noite de sono.
A maior parte dos repórteres abaixaram a mão, porque ela provavelmente tinha respondido alguma de suas perguntas na resposta que deu à mulher.
— Próxima pergunta? – olhou para os repórteres, que estavam com a mão levantada, e pediu para um homem que estava numa das fileiras do meio falasse.
— Dois meses antes do final daquele ano, você disse que ia dar um hiato na sua carreira para se dedicar à família, e...
— As perguntas sobre minha carreira acontecerão depois, Senhor. Agora são as do acidente.
— Eu ainda não terminei de falar. – o repórter comentou e ela arqueou a sobrancelha, surpresa com a grosseria dele.
— Continue, então.
— O acidente foi uma farsa? Porque você parece estar recuperada demais para alguém que acordou há, o quê? Dois meses?
— Me desculpe? O que o senhor quer dizer com isso?
— As vendas dos seus livros aumentaram em mais de 100% depois do acidente. O coma foi uma jogada de marketing? – terminou sua pergunta e encarou , que tinha os olhos arregalados em incredulidade.
— Que merda você ‘tá falando? – se levantou, mais do que irritado. – Você acha que ela forjou o coma?
— Eu só estou dizendo que...
— Brian, o tire daqui agora! – pediu ao seu segurança, que o fez em um segundo.
— Mais alguém aqui duvida que ela tenha mesmo ficado desacordada durante os últimos quatro anos? Porque ela ficou. Nossos gêmeos tinham um ano, nós nunca os faríamos acreditar em uma coisa dessas por fama. Se mais alguém vai fazer alguma pergunta idiota como essa, é melhor sair agora.
Ninguém sequer se mexeu. Ele voltou a se sentar e Phoebe segurou a mão do pai, tentando acalmá-lo.
— Ham... – a garganta de estava seca, de tão indignada que ela tinha ficado. – Mais alguma pergunta sobre o acidente?
Nem uma alma levantou a mão e ela suspirou, assentindo. Bebeu metade do seu copo de água e riscou a primeira parte do cronograma.
— Agora, vamos falar sobre minha vida desde que acordei, há dois meses. Levantem a mão, por favor.
Ela escolheu um homem e depois uma mulher, para não precisar ficar pedindo quem quer fazer pergunta a todo momento.
— Como está sua vida com desde que acordou? Porque é de conhecimento geral que ele namorava uma garota chamada Nancy no último ano, e eles terminaram algumas semanas depois que você acordou. Como se sente sobre isso?
— Nós não conversamos muito sobre nossa relação até agora. Eu acordei e, desde aquele dia, tudo o que quero é aproveitar o tempo que tenho com meus filhos. Mas vocês podem ter certeza que quando eu e decidirmos o rumo das nossas vidas, nós comunicaremos isso publicamente.
Jake a encarou com o cenho franzido e ela mordeu o lábio. Sabia que o estava magoando ao fazer aquilo, mas não podia falar sobre o divórcio quando ainda ocupava seus pensamentos, mesmo que não mais completamente.
— Os meninos te reconheceram quando acordou? – a mulher perguntou. – Porque eles eram tão jovens quando aquilo aconteceu que é impossível terem lembranças de você.
— cuidou muito bem dessa parte. – ela sorriu para a mulher e depois para . – Ele criou os dois sozinho e os criou muito bem. Eu não podia estar mais satisfeita. Ele os levava ao hospital e falava: “Aquela é a mamãe”, e os dois cresceram entendendo isso.
James mandou um beijo para ela e ela riu, sorrindo para seu bebê.
escolheu mais uma repórter para fazer uma pergunta e esperou até que ela a fizesse.
— Como você se sente? Fisicamente e Psicologicamente, eu digo. Porque não deve ser nada fácil acordar e perceber que perdeu quatro anos da sua vida e da vida de seu marido e filhos.
suspirou, assentindo. Realmente, fácil não era.
— Fisicamente, eu me sinto bastante cansada. Se eu caminho por muito tempo, preciso parar para descansar. Acho que é totalmente normal, porque meus músculos ficaram muito tempo parados, funcionando apenas com a fisioterapia que obrigou que fizessem em mim, porque ele sabia que eu ia acordar um dia e não queria que eu ficasse atrofiada. E ele tinha razão. Se está difícil assim com a fisioterapia, não imagino como seria sem. Psicologicamente, eu estou conseguindo lidar muito bem com isso, por enquanto. Eu venho tendo pesadelos todas as noites, então eu evito dormir muito, mas isso vai passar uma hora ou outra.
Respondeu mais algumas perguntas e fugiu do olhar de , que com certeza a faria escutar muito depois. Ela tinha que ter contado a ele, mas esqueceu completamente.
Agora, era sua parte preferida. Amava falar sobre sua carreira, e já fez uma filinha com as pessoas que queriam fazer perguntas sobre seus planos com os livros.
Antes que ela começasse, chamou Jake com a mão e pediu se podia falar dos filmes já.
— É melhor esperar. – ele murmurou. – Nós temos uma reunião com a Warner na próxima semana, e aí podemos falar o que decidimos. Pode ser?
Ela assentiu e abriu a entrevista.
— Quais são seus planos para sua trilogia? Falta apenas um livro para acabar e seus fãs estão indo à loucura.
— Eu já tinha começado a escrever antes do acidente. Na verdade, estava na fase final. Durante esse tempo, com todos os pesadelos que venho tendo, eu acordo de madrugada, pego meu computador e começo a escrever. Agora falta, o quê? Cinco capítulos? Eu tenho certeza que no próximo mês vocês já ficarão sabendo da data de lançamento.
— Você acredita em finais felizes, ?
Ela respirou bem fundo e olhou para a sua família. Jake, e seus filhos. Seus amigos. Ela sempre acreditou em finais felizes, ela vivia um. E mesmo que agora não fosse exatamente o final perfeito, ela ainda acreditava que tinha algo bom a esperando. Ela sabia que ia conseguir o seu, mesmo que demorasse anos.
— Sim. Sempre acreditei como pessoa e, como autora, esse sentimento só cresceu. Porque a gente espera até que os vilões consigam seus finais felizes, por que os mocinhos não conseguiriam? Se vocês estão com medo do Caleb e da Liz não terminarem juntos, podem ficar tranquilos. – ela riu e foi acompanhada pelos repórteres.
— Um final feliz para eles não significa um final vivo. Existe alguma chance deles morrerem?
— Sempre existe, né? – riu. – Mas não posso contar meus planos pra eles. Seria falta de respeito com meus fãs que não gostam de spoilers.
Ela continuou respondendo perguntas sobre sua carreira até que dissesse que já deu a hora de irem embora. Era seis horas e as crianças estavam acostumadas a jantar nesse horário.
Ela se despediu dos repórteres e foi até os filhos.
— Eu preciso resolver uma coisa agora. Pego vocês pra escola amanhã, ‘tá?
— Tá bom, mamãe. – Dylan abraçou sua cintura e ela sorriu, puxando James para que ele fizesse o mesmo.
— Quero um beijo. – olhou para Pheebs, que riu e beijou o rosto da mãe.
— Até amanhã.
— Aonde você vai? – perguntou, pegando James no colo porque ele estava sonolento.
— Eu preciso conversar com sobre Anne. – sussurrou. – Eles se amam tanto, não é certo isso que está acontecendo com eles. Ela te contou por que deixou ele?
— Contou na semana passada. – ele assentiu. – Vai lá. Conversa com ele. Eles merecem ficar junto.
Ela assentiu e beijou a bochecha dele, se despedindo. Jake estava encostado na parede e ela foi até ele, para se despedir também. Ele parecia um pouco magoado sobre ela não ter dito nada sobre eles na entrevista, mas quando ela lhe deu um selinho, ele esqueceu tudo.
— Te vejo no jantar?
— Claro. – sorriu, beijando sua boca mais uma vez. – Agora tenho que falar com .
— Ele já foi. – Jake franziu o cenho.
— Não tem problema. Ele foi pra casa dele, eu vou lá. – acenou com a cabeça. – Tchau.
— Tchau.
Ela correu até seu carro e tomou o caminho para a casa de .
Ela costumava ir tanto lá que o porteiro nem precisou anunciar sua chegada.
bateu três vezes na porta antes que ele abrisse.
— Achei que você não ia chegar nunca. – ele sorriu fraco, abrindo a porta pra ela.
— Você sabia que eu ia vir? – arqueou as sobrancelhas.
— Você é minha melhor amiga desde que tenho dezesseis. Eu sempre soube quando você queria falar comigo. Ou me dar uma bronca. E aí, o que vai ser hoje? – ele perguntou e ela franziu o cenho ao sentir o hálito dele.
— Você ‘tava bebendo?
— Só um pouquinho. – mostrou o polegar e o indicador juntos, como se não fosse nada mesmo.
— Sei. Vamos beber um pouco de água, senta nesse sofá. – ela o empurrou para o sofá e foi até a cozinha pegar um pouco de água gelada para .
Quando voltou à sala, ele estava com outro copo de whisky na mão, o que a irritou.
— Para com isso! Parece uma criança. Para de beber. – tomou o copo das mãos dele.
— Você sabe o que ela fez? – ele perguntou baixinho, tentando tomar o copo de sem que ela percebesse.
— Sei. – empurrou a mão dele e colocou o copo numa mesa que ele não alcançaria.
— Então por que você ‘tá aqui? Ela que fez merda. – de repente, ele parecia bem sóbrio. Bravo, até. – Eu sei que você veio para defender ela. Então pode ir embora.
— Cala essa boca. – ela se sentou ao seu lado. – Você não sabe da história toda. Precisa ouvir ela.
— Não é justo, . Você morreu e eu perdi minha melhor amiga. E depois, perdi a mulher da minha vida. Eu não consigo confiar nela de novo. Não consigo olhar pra ela.
— Você é um imbecil. – ela socou seu ombro. – Para de falar assim, caralho.
Ele olhou para ela por um momento e então caiu no choro. Em toda a sua vida, não viu chorar mais que duas vezes. E agora ele parecia um bebê e ela sentiu o coração apertar em seu peito.
— , não chora. Vai ficar tudo bem, eu prometo.
— Ela me deixou, . Eu apendi a viver sem ela, mas... – ele soluçou e ela apertou a mão dele, deixando que ele chorasse um pouco mais antes de continuar. – Mas isso não significa que eu a esqueci.
— Eu sei disso, meu amor.
— Ela quebrou meu coração, , mas eu deixaria que ela o fizesse de novo mil vezes se ela quisesse. Eu só preciso saber o que aconteceu. Eu sou um trouxa por saber que vou perdoar ela pela merda que ela fez, mas não somos todos?
Ela riu, assentindo.
— Não foi merda. – ela contou. – Ela teve um motivo.
— Eu nunca a traí. Eu não entendo.
— Você vai entender, eu prometo. Mas eu não posso te contar, não é meu papel. Meu papel é fazer você entender que a Anne te ama.
— Ela ama? – ele abriu bem os olhos. – Você tem certeza? Faz anos que eu não troco uma palavra sequer com ela, eu não sei se...
— Ama. Você tem que arriscar, . O amor de vocês é tão lindo, foi tudo um mal entendido.
— Nós íamos ter um bebê, . – ele se levantou do sofá.
— Eu sei. Acredite, ela teve seus motivos para desistir de tudo. Mas agora ela te quer de volta, só está com medo da rejeição. Ou do que viu na festa do .
— Deus, eu sou um idiota, não sou? – esfregou o rosto. – Vem aqui. Quero te mostrar uma coisa.
Ela aceitou a mão dele e foram até o segundo andar de sua casa. Ele parou em frente à uma porta e pegou a carteira, abrindo no compartimento de moedas.
— Vai me dar cinquenta centavos? Poxa, obrigada! – ela riu, arrancando um sorriso de .
Ele tirou de lá uma chave e abriu a porta.
sentiu os olhos encherem de lágrimas quando viu o quarto. Estava repleto de coisas para bebê. Tinha um berço branco e uma cama, também branca, na outra extremidade do quarto. Em cima do berço pairava um mobile de estrelinhas e foi até lá e o ligou. Ele ficou minutos olhando para as estrelas girarem e mordeu o lábio.
— ?
— Eu estava tão empolgado. – ele sorriu, mas ela ainda via as lágrimas nos seus olhos. – Nós estávamos tentando há meses e eu sabia que não ia demorar muito. Então fiz essa surpresa pra ela.
— Ela... ela viu isso?
— Não, ninguém sabe. Nem os meninos.
— Você precisa mostrar a ela.
— Vai mudar alguma coisa?
— Vai mudar tudo, . Vocês podem ser felizes, ainda dá tempo. Você só precisa acreditar. Me promete que não vai jogar todo esse amor fora, .
— Isso não depende só de mim.
— Me promete que vai tentar, pelo menos.
— Eu vou, . Eu mereço saber o que aconteceu.
Ela entrou na sua casa e jogou a bolsa no sofá, estava exausta.
— Já chegou, ? – a voz de Jacob veio da cozinha e ela ergueu a cabeça, tentando vê-lo.
— Já, querido. – ela murmurou. – Vou tomar um banho.
— Tudo bem, estou fazendo o jantar.
Ela foi até seu quarto e pegou uma de suas camisolas de seda e uma calcinha, e então foi até o banheiro.
Lavou o cabelo e ficou alguns minutos debaixo do chuveiro, até perceber que estava lá há tempo demais.
Ela chegou na cozinha com uma toalha nas mãos, para secar o cabelo. Mas sua boca se abriu e ela deixou a toalha cair no chão, em cima de um dos gatinhos de Jake.
Ele tinha feito um jantar romântico para os dois, com direito à vinho e velas.
— Uau, Jake. – ela sorriu e se abaixou para juntar a toalha. – Isso tudo é pra mim?
— Eu acho que fui injusto com você quando fiquei bravo por não ter dito que vai se divorciar e nem ter comentado nada sobre nós dois. – ele segurou a mão dela e puxou a cadeira para que ela sentasse. – Então quis recompensar.
Ela sorriu e beijou a mão dele, assistindo-o sentar-se na sua frente.
Ele serviu vinho para os dois enquanto ela servia os dois pratos com a lasanha de frango de Jake.
— Você não precisava fazer isso.
— Precisava, sim. – ele sorriu e bebeu um gole do vinho. – Como foi com ?
— Ele... ele estava destruído, Jake. Espero que eles se resolvam agora.
— Eles vão. – ele sorriu. – E então? Está gostoso?
Ela riu, assentindo. Jake sabia muito bem como cozinhar, ela adorava tudo o que ele fazia.
— Quem vai revisar meu livro? Estou quase acabando. – ela comenta, cortando mais um pedaço do jantar para comer.
— Eu, claro. E já fiz a capa, também.
— Quando?! Eu quero ver!
— Vai ver, daqui a pouco. Vamos terminar o jantar primeiro.
E terminaram. Rapidinho, porque ela estava morrendo de curiosidade. Ele mal tinha terminado de comer a última garfada e ela já tinha enfiado tudo na lavadora de louças.
— Aqui, o original tá na empresa, mas eu tirei uma foto pra te mostrar. – ele abriu a foto no celular e ela sorriu, pegando-o de sua mão.
— Ai, que lindo! Nem acredito que vou acabar O Colecionador de Bonecas, foi uma coisa que durou minha carreira inteira e ‘tá acabando.
— Muitas outras histórias virão, meu amor.
— Eu sei. – ela sorriu. – Espero que dê tudo certo com os filmes.
— Vai dar. Vou tentar adiantar a reunião para essa sexta, o que acha?
— Pode ser. – ela ergueu um ombro. – Obrigada por tudo. – beijou sua boca.
— Você sabe que eu ‘tô aqui pra isso. – ele beijou seu pescoço e ela riu, se encolhendo.
— Vamos para o quarto? Eu tô exausta. – ela murmurou, beijando a pontinha do nariz dele.
— Vamos. Você precisa dormir, ou vai desmaiar aqui. Dá pra perceber o quanto você tá cansada.
Ela sorriu e assentiu, aceitando a mão dele e indo com o homem até o quarto deles.
De tarde no outro dia, quando foi deixar os filhos em casa, os gêmeos a obrigaram a sair do carro porque queriam passar mais tempo com ela. Claro que ela não ia negar, né?
— Já chegaram? – riu quando os gêmeos abraçaram sua cintura. – E aí, campeões? Como foi a aula?
— Bem legal!
— Eles só gostam tanto assim dessa semana porque é a última.
— Já vão entrar em férias?
— Sim! – os dois gritaram, rindo.
— , como a Phoebe tá? Os meninos disseram que ela ‘tava mal.
— Acho que o jantar não fez bem pra ela. Ela tá com dor de barriga o dia inteiro, nem saiu da cama.
— Vou dar uma olhada nela. – ela avisou. – Depois vou passar um tempo com os meninos. Tô sentindo muita saudade deles, era tão gostoso aqueles dias que eles dormiam comigo. – riu e a olhou, pensando em alguma coisa. – ?
— Vou fazer um lanche pros gordinhos, tenta trazer a Phoebe aqui.
— Vou tentar. – sorriu e subiu as escadas.
Deu umas batidinhas na porta antes de entrar e encontrar a filha encolhida na cama.
— Tudo bem, amor?
— Não. Minha barriga tá doendo muito. – chorou.
— Você vomitou?
— Não. Não fiz nada, só tá doendo.
— Vem aqui. – sentou na cama e se cobriu. – Deita no meu colo. Vou fazer carinho até você dormir, quando acordar vai estar boa já. Prometo, meu amor.
A menina, dengosa, deitou no colo da mãe e dormiu em segundos, só de sentir carinho.
entrou no quarto com um sanduíche na mão.
— Ela dormiu. – sorriu, saindo devagar da cama, para não acordá-la. Sabia que Phoebe tinha sono pesado, mas não podia arriscar.
— Eu posso falar com você? – ele deixou o prato na escrivaninha e a esperou até que saísse do quarto.
— Aconteceu alguma coisa?
— Eu... eu quero que você volte a morar aqui. – ele murmurou.
— , nós sabemos que não vai dar certo, ainda mais com o divórcio...
— Não. Não vamos falar disso agora. – ele pediu, franzindo o cenho. – Eu vou sair de casa.
— Você vai o quê? Por quê?
— Porque você sente falta das crianças e eles sentem falta de você. Eu vou morar com a Anne, já está decidido. Vá pra casa e pegue suas coisas.
— Mas por quê? Quando você decidiu isso?
— Dez minutos atrás. – ele confessou. – Eu vou fazer que nem você, daí eu levo e busco eles na escola, e nas férias eu venho passar o dia com eles.
— Obrigada, . Isso significa tanto. – ela o abraçou, o que o deixou um pouco desnorteado.
— Eu sei. – sorriu quando ela o soltou. – Você quer que eu venha mais cedo? Porque você vai precisar fazer o café deles e você só sabe fazer panqueca.
Ela riu, colocando a mão na cintura.
— Você quer dizer alguma coisa com isso?
— Não, imagina. – ele riu.
— Pode vir, se quiser. – ela ergueu um ombro.
— Tudo bem. Eu vou tomar conta dos meninos e explicar pra eles como vai ser enquanto você vai pra casa resolver suas coisas com Jake.
Ela assentiu e beijou sua bochecha, correndo até seu carro, com pressa. Queria voltar ainda hoje com tudo, mas sabia que não ia ser fácil explicar para Jake tudo aquilo, e não foi.
— Você vai voltar pra lá? Por quê? Eu fiz alguma coisa? – pediu, preocupado.
— Claro que não, querido. – ela puxou a mala até o elevador. – Eu preciso ir pelos meus filhos.
— O vai morar lá?
— Não, ele vai morar com a Anne. Eu preciso ir, Jake. A Phoebe não ‘tá muito bem e eu vou dormir com ela hoje.
— Mas nós... Nós ainda estamos juntos?
Ela sorriu e abraçou o ombro dele.
— Jacob, você quer namorar comigo?
Ele riu alto e a beijou, tirando seus pés do chão.
— Seria uma honra, . – ele riu, dando um selinho nela.
— Te vejo na editora – prometeu.
— Vê, sim. – beijou sua testa. – Vou dormir com os gatos, já que não tenho você pra deitar comigo.
Ela riu e mandou um beijo antes que o elevador fechasse.
Sentiu seu celular vibrando e atendeu a ligação no viva voz enquanto tirava o carro da garagem.
— Alô?
— Vai demorar muito? – era .
— Uns cinco minutos, já arrumei minha mala. Por quê? Quer que eu compre alguma coisa?
— Não, é a Pheebie. Ela se trancou no banheiro e quer você. Falou que não vai sair de jeito nenhum. — Vou apressar aqui. – prometeu. – Avisa que eu tô chegando.
Ela foi o mais rápido que pôde, o coração estava apertado no peito. Odiava qualquer de suas crias com dor, preferia que fosse ela a sentir tudo. Nem se preocupou em tirar a mala do carro, só correu até o quarto da filha.
Dylan e James estavam sentados na cama da irmã e estava com a cabeça encostada na porta do banheiro, tentando falar com Phoebe. Ele suspirou ao ver a mulher ali e falou com a filha.
— A mamãe já chegou.
— Só quero ela aqui. Sai. – ela brigou, abrindo um pouquinho a porta.
— Tô aqui, filha. O que foi?
Ela tirou a mão do banheiro e puxou a mãe para dentro, trancando a porta de novo.
— Mãe, eu tô sangrando lá.
riu, aliviada que era só isso que a filha tinha.
— Ah, bebê. É normal. Você não sabe o que é isso? – se preocupou.
— Não, eu nunca tive isso. Dói muito.
— Você não estudou o corpo humano ainda?
— Só no ano que vem. – ela murmurou. – Por quê?
— Quando o corpo da mulher tá pronto pra engravidar, ela começa a menstruar. É todo mês que vai acontecer isso, geralmente a cada 28 dias. Essa dor é normal, mas tem como aliviar. Agora, toma um banho que a mamãe vai buscar uma roupa pra você e um remédio, tudo bem?
— Mas eu vou me sujar de novo.
— Não vai, linda. É só usar absorvente, vou buscar pra você. A mamãe também tem isso, sempre no começo do mês. Por isso eu fico tão irritada uma semana antes. Você também vai ficar, mas tenta se controlar pra não brigar com ninguém. Tudo bem?
Ela assentiu e ligou o chuveiro. saiu do banheiro e deu de cara com .
— Ela tá bem? Tá vomitando ou alguma coisa assim?
— É só o primeiro período menstrual dela. Ela não estudou sobre isso e não tinha ninguém pra ensinar pra ela que isso era normal nos últimos anos.
— Ah, não. Mais uma de TPM? Boa sorte, meninos. – ele fez cafuné nos gêmeos, que não entenderam nada, mas não questionaram.
— Espere até nossos ciclos se alinharem. O meu e de Anne já é junto, você vai ter um problema triplo.
arregalou os olhos, o que arrancou uma risada dela.
— Vocês dois podem tomar banho, né? Já passou da hora do jantar e amanhã vocês tem aula. – ele disse, depois de se recuperar do susto.
— Querem ajuda? – a mãe pediu, mas os dois fecharam a cara.
— A gente toma banho sozinho desde o ano passado!
Ela riu, erguendo as mãos em rendição.
— Sinto muito, é claro que vocês conseguem fazer isso.
Por mais que tentassem, os dois não conseguiam ficar bravos com ela, então os dois riram e mandaram beijinhos para ela antes de saírem correndo do quarto, apostando corrida.
— Eu posso... Posso ficar para o jantar?
— Claro que pode, . – ela sentiu seu coração dar uma volta no peito. – Não precisa fazer essas perguntas.
— Não dá tempo de cozinhar nada, acho que vou pedir comida tailandesa. Você pode já?
— Sim. A Phoebe gosta? Porque os gêmeos devem gostar de tudo. – riu, sendo acompanhada pelo marido.
— Tudo menos abacate.
Ela riu alto, achando graça.
— Então... você pode pedir a comida? Tenho que pegar uma roupa para Phoebe e explicar pra ela mais algumas coisas.
— Claro, vou esperar vocês lá embaixo.
Ela foi até o quarto de hóspedes, que foi seu por alguns dias, e encontrou um pacote de absorventes externos. Ela voltou ao quarto de Phoebe e pegou um pijama de frio, porque não era bom ela ficar com as pernas e braços gelados estando menstruada.
— Querida? Já terminou? – ela colocou minimamente o rosto pra dentro do banheiro.
— Já. O que eu faço? – ela estava enrolada na toalha.
explicou direitinho como colocar o absorvente e, apesar de reclamar do desconforto, ela conseguiu colocar direitinho.
As duas saíram do banheiro e Phoebe tentou se enfiar debaixo das cobertas de novo, mas a mãe a impediu, dizendo que tinham que descer para jantar.
— O jantar chega em dez minutos. Vocês aguentam? – perguntou, erguendo Dylan em seu ombro porque ele queria brincar.
— Sim! – os gêmeos gritaram juntos.
James estava brincando com o gatinho dele no chão, provocando-o com tapas no focinho.
— Ele vai te arranhar. – falou, preocupada.
— Não tem problema. – James mostrou o braço cheio de arranhões e riu, vendo graça no jeitinho do filho.
— Cavalinho! – Dylan bateu os pés no peito do pai, querendo que ele pulasse.
— Eles vão me matar. – riu, fazendo o que o filho pedia.
— Mãe. – Phoebe chamou, sussurrando. – Tira uma foto.
riu, assentindo. Ia se vingar por ele ter postado aquela vez sem falar antes com ela. E ela tirou.
Na foto, estava olhando para cima, para Dylan, que tinha as mãozinhas redondas apoiadas nas bochechas do pai. Os dois riam um para o outro e Phoebe falou que era uma brincadeira comum dos três. E James, claro, ainda com o gatinho, apareceu no cantinho da foto, também rindo, só que por seus próprios motivos.
— Posta no insta, mãe. – Phoebe sorriu, deitando no sofá.
— Tudo bem. – ela fez como a filha mandou. Na legenda, só postou um coraçãozinho, como Phoebe havia pedido, e marcou .
— Pronto, coisinha.
— Ficou linda, né? – Phoebe ria como se não tivesse nenhuma intenção com isso.
Mas é claro que ela tinha. Aquilo ia sair em todos os sites, como “a família perfeita” e ela sabia que Jacob ia ver. Fora que ele tinha a maior cara de stalker.
— Aqui, mãe. Compartilha no twitter, porque aí seus fãs vão ver.
— Assim? – clicou num botão e a filha assentiu.
— Agora você pode me dar um remédio?
— Acho que não tenho remédio, amor. Mas vou comprar amanhã. Eu tenho bolsa de água quente, deita aqui que eu vou arrumar.
Ela foi até a cozinha e colocou a água para ferver.
— ? – gritou da cozinha.
— Oi. – ele gritou de volta e ela rolou os olhos.
— Não grita. – ela foi até a sala. – Onde ‘tá a bolsa de água quente?
— No armário que fica em cima da geladeira. – apontou, tirando o filho de seus ombros.
O menino não se importou, só correu até o irmão e começou a brincar com o gatinho junto com ele.
— Deixa que eu pego, você não vai alcançar. – ele passou por ela e abriu o armário, tirando a bolsa de lá.
— Como assim não vou alcançar? – ela cerrou os olhos, mas estava achando graça.
— Não vem com draminha não, você sabe que não alcança. – ele riu. – Quer ver? Pega aqui. – ergueu o braço com a bolsa na mão.
— Sem problemas. – ela chutou a canela dele, o fazendo se abaixar, não prevendo o movimento, e ela tomou de suas mãos a bolsa. – Obrigada, querido.
Ele riu, negando com a cabeça e ainda agarrando a canela.
— Quando você menos esperar, . – ele prometeu, indo até os filhos novamente.
Ela sentiu o peito se aquecer enquanto enchia a bolsa com a água quente. Era bom saber que não ia perder a amizade dele com tudo isso acontecendo.
Ouviu a campainha e riu alto quando os meninos gritaram, indo atender a porta.
— Vamos comer na sala? Por favor! – eles imploraram para o pai quando entrou na sala, entregando a bolsa para a filha e colocando no ventre da menina.
— Peçam para a mamãe, ela que é dona dessa casa agora. – ele riu, indicando a mulher com o queixo.
— Só hoje. – ela colocou as mãos na cintura. – E quem sujar alguma coisa vai limpar!
— Eba! – os meninos tomaram suas caixinhas das mãos do pai e se sentaram no chão, na mesa de centro.
se sentou ao lado de Phoebe, entre ela e . Ele entregou suas caixinhas e elas pegaram os talheres que vinham junto com a comida.
Eles não disseram nada no jantar inteiro, mas não precisava. Quando olhou para , ele soube. O olho dela ainda brilhava quando o via. Ele não podia desistir agora, não quando ainda tinha tempo de consertar tudo.
escutou o despertador do celular e resmungou, sentando-se na cama. Ela abriu bem os olhos e seu coração se encheu de amor ao ver os gêmeos abraçados na sua cintura, dormindo pesado. Tinha sido assim desde que ela e decidiram que ela devia voltar pra casa.
— Meninos... – ela murmurou, se abaixando para beijar suas cabeças vermelhas. – Vamos levantar?
— Não. – James resmungou, abraçando mais firme a cintura da mãe.
— Sim, senhor! Hoje é o último dia de aula de vocês e daqui a pouquinho o papai chega aí pra alimentar essas barriguinhas. Levantando! – mandou, fazendo cócegas nos dois.
— Para, mamãe! – Dylan gritou, gargalhando.
— Então andem! A roupa de vocês está arrumada, é só trocar. – ela avisou. – E acordem a Pheebs! – gritou, quando eles já não estavam no quarto.
Ela caminhou até o banheiro e ligou o chuveiro, para tomar seu banho matinal. começou a encarar seu corpo debaixo do chuveiro e suspirou, passando as mãos por todas as cicatrizes: as de gravidez, as de infância e as do acidente. Suas coxas e braços tinham pequenos vales, cheios de risquinhos brancos de uma cicatriz que não foi bem tratada. Ela nunca se importou com marcas na pele, mas essas particularmente a deixava zonza. Não era justo o que aconteceu.
Ela saiu do chuveiro enrolada em uma toalha e colocou seu sutiã e calcinha. Ela foi até o espelho e começou a se encarar, tentando procurar mais alguma falha visível.
— Acho que ‘tá tudo no lugar. – ouviu a voz de e arregalou os olhos, pulando para trás e puxando a toalha para cobrir seu corpo.
— ! – ela pegou o desodorante da estante e jogou na direção dele, que escapou por pouco.
— Sua louca! Eu estava te elogiando! – ele gargalhou.
— Seu safado! Eu vou te matar. – ela procurou por alguma coisa pra arremessar nele de novo, mas dessa vez ele se escondeu atrás da porta.
— Alguma chance de fazer isso usando essa roupa? Ai! – exclamou quando levou um tapa na cabeça.
— O que você estava fazendo aqui no meu quarto? – ela colocou as mãos na cintura.
— Eu vim te chamar para o café. – ele deu um passo para trás, temendo que fosse acertado com mais alguma coisa.
— Estou indo, engraçadinho. Pode saindo. – mandou, mas agora ela já não estava brava.
Ela esqueceu como gostava de bater nele.
Quando chegou na cozinha, os gêmeos estavam devorando brownies e Phoebe tinha um muffin de blueberry na mão.
— Mãe, isso é muito bom! – ela murmurou, abocanhando metade do bolinho.
— ! São da Liza? – perguntou, tomando a cesta de muffins na mão e pegando dois, gulosa. – Meu Deus, obrigada! – ela pulou em cima dele, o abraçando. – Isso é o paraíso.
riu, retribuindo o abraço.
— Sabia que ia gostar. Ela mandou os muffins com recheio de chocolate, como você gosta. E desejou melhoras.
— Quem é Liza? – Phoebe perguntou, pegando um pedaço de brownie.
— É uma confeiteira. Seu pai a descobriu no centro da cidade quando eu estava grávida de você e cheia de desejos. – a mãe contou. – Eu amo tudo o que ela faz.
— E por que você comprou tudo isso hoje? – Pheebs perguntou para o pai, afastando o prato de si ao perceber que não aguentaria comer mais nada.
— Porque é o último dia de aula de vocês. E porque eu achei que sua mãe fosse gostar de comer isso depois de tanto tempo. – ele deu de ombros, bebendo seu café.
— Eu amei. Obrigada. – sorriu.
As crianças terminaram de comer e Phoebe foi escovar os dentes dos irmãos.
— Como está seu livro, ? – ele perguntou, enchendo sua xícara de café.
— Incrível! – ela sorriu. – Reli os dois essa semana, e comecei a escrever o terceiro. Do jeito que tô indo, vou acabar em um mês! – riu, animada.
Ele sorriu, fazia tempo que não a via tão animada desse jeito.
— ? – ela chamou.
— Oi.
— Eu acho que... Se soubermos lidar com isso, podemos viver sob o mesmo teto. Olhando agora, a carinha dos três ao te olhar... Acho que, por eles, o melhor é ter o pai e a mãe o tempo todo por perto.
— Vamos ver como fica agora, nas férias. – ele começou, manso. – Se der tudo certo, eu fico com o quarto de hóspedes. Não posso negar que sinto falta de ficar com as crianças, mas...
— Pensa nisso. – ela deu de ombros. – Você que sabe.
Ele não teve oportunidade de dizer nada, porque os filhos apareceram e ele notou que estavam quase atrasados.
se despediu dos quatro e subiu para seu quarto, onde terminou de se arrumar para o trabalho. Durante essa semana, ela e foram ao banco resolver a questão das contas dela e ela voltou a receber dinheiro pela venda dos livros. Como não gastava em nada, tinha muito dinheiro guardado e começou a pensar na festa de aniversário dos gêmeos. Quando ela acordou no hospital, eles falaram que estava chegando. Mas, na verdade, faltavam três meses na época e agora faltavam apenas algumas poucas semanas.
entrou na sua sala da gravadora para preencher alguns papéis antes de pegar suas férias, que começariam na segunda. estava lá, o esperando, e ele sorriu para o amigo.
— Vim te lembrar do meu aniversário, daqui duas semanas. Vamos ficar a semana toda na casa de campo.
— Todo mundo vai?
— Sim, inclusive as crianças. Eu estava pensando... Será que você podia chamar a Anne? Eu não consigo falar com ela e queria muito que ela fosse.
— Claro. – riu. – Vocês dois não tem jeito.
— ! – um furacão loiro entrou na sala e ele riu ao ver a irmã ali, totalmente com pressa. – Eu queria dizer que...
O sorriso no seu rosto sumiu quando viu .
— Anne, eu posso falar...
— Agora não, . Eu tenho que ir. Só vim te avisar que não vou estar em casa para o jantar hoje, .
O irmão assentiu e acenou, enquanto ela saía.
— Você está numa saia justa, irmão. – avisou o amigo.
— E eu não sei? – suspirou.
conversou mais um pouco com o amigo e foi até a editora, conversar com . A secretária a avisou que o marido dela estava ali e ela foi até a recepção, preocupada.
— Aconteceu alguma coisa? – perguntou, abrindo a porta para que ele entrasse.
— Não. – riu. – Eu quero pedir sua ajuda. Precisamos fazer alguma coisa para ajudar e Anne. Aqueles dois nunca vão se resolver sozinhos.
— E eu não sei? Não aguento mais ver meu melhor amigo chorando pelos cantos. – rolou os olhos. – O que pretende fazer?
— Dar um jeito de fazer eles conversarem na semana que passaremos na casa do . – deu de ombros. – Mas pra isso...
— Precisamos fazer ela ir. – ela assentiu. – Eu dou um jeito nisso. E falando em aniversário...
— Sim, temos que planejar o dos meninos. – ele riu. – Eles só sabem assistir tartarugas ninja, o que acha de fazermos deles? Os meninos se viciaram.
Ela riu, assentindo.
— Pensei em fazermos no sábado que vem, já que no outro estaremos na casa do .
— Claro. – ele sorriu. – Eu sempre contrato aquela empresa que usávamos, lembra? Os últimos aniversários dos meninos foram eles que fizeram.
— E da Phoebe? – ela franziu o cenho.
— Ah, Phoebe nunca mais fez festas de aniversário ou comemorou a data. Ela disse que só o faria quando você acordasse. Talvez esse ano ela faça. – sorriu.
— Por que não? – perguntou, aborrecida.
— Você entrou em coma bem perto do aniversário dela, que é em janeiro. Ela só... Ela nunca quis comemorar. Precisei colocar ela na terapia no mês que você entrou em coma. Ela não fazia nada, mal comia. Não falava comigo ou com os meninos. E você acordou no momento certo. Ela estava se afastando de novo, os meninos estavam irritados que todos os seus amigos tinham as mães por perto e a deles estava em um hospital... Parece que você soube a hora de acordar.
Ela sorriu.
— Se depender de mim, nenhum dos três vai ficar triste ou precisar de terapia... Agora, vamos planejar a festa deles!
estava ali há uma hora mais ou menos, mas nem percebeu o tempo passar e não sentiu fome. Só viu que tinha passado de sua hora do almoço quando Jake entrou, todo alegre, na sala dela e fechou a cara imediatamente ao ver o, ainda, marido da sua atual namorada.
— O que ele ‘tá fazendo aqui?
— Jake, oi! – ela sorriu. – Nós só estávamos conversando sobre...
— Coisas que não interessam a você. Eu já vou indo, . Nós nos falamos depois. – deu a volta na mesa dela e beijou sua bochecha, o que fez o rosto dela e de Jake ficarem vermelhos, mas por motivos diferentes.
ainda sorriu, totalmente debochado, para Jake, antes de sair do escritório dela.
— E então? Vai me dizer o que estava acontecendo aqui?
— Ele veio decidir umas coisas do aniversário dos gêmeos. Nada demais.
— Ele precisa ficar vindo aqui? O cara já toma café e janta com vocês, por que...
— Jacob! – ela o cortou. – Você pode ser meu namorado, mas isso não lhe dá direito nenhum de interferir na minha vida com o . Ele é o pai dos meus filhos e, querendo você ou não, ele nunca vai deixar de fazer parte da minha vida.
Jake suspirou e assentiu, a puxando para perto.
— Certo, sinto muito. Não quero brigar com você por causa dele.
— Então vamos almoçar, antes que eu te jogue dessa janela. – brincou.
Jake sorriu e a beijou, a levando então para o elevador. Não ia brigar com a namorada por um motivo idiota como . Não ia mesmo.
— Você tem alguma coisa para fazer hoje? – ela perguntou. – Pensei em você ir lá em casa jantar com a gente e passar um tempo com as crianças.
— Eu adoraria, mas vou para a França ainda hoje. Meu voo sai seis horas, e só volto na quarta. Lembra que eu te falei da conferência? Então...
— Ah, tudo bem então. Quarta-feira você dorme lá em casa, pode ser? Assim a gente mata as saudades. – ela sorriu, beijando sua bochecha.
— Pode contar com isso.
chegou em casa às cinco horas, porque ficou resolvendo algumas coisas a mais no escritório, já que também pegaria férias na segunda-feira. Ela e tinham combinado de fazer isso juntos, assim poderiam passar o tempo que tinham livre com as crianças.
— Mamãe! – os gêmeos correram até ela assim que ela chegou em casa, a puxando pelas mãos.
— Que foi? – riu. – Posso pelo menos tirar os sapatos?
— A Phoebe e o Chuck estavam se b-e-i-j-a-n-d-o. – os dois cantaram juntos, o que arrancou um grito de uma menina furiosa vindo da sala.
— Seus idiotas! Eu falei que eu ia contar para a mamãe, não vocês!
— Que história é essa? – a mãe sorriu. – Vocês se acertaram?
— Sim. – a menina deu pulinhos, alegre. – Ele pediu pra voltar comigo hoje, logo no final das aulas.
— Que bom, meu anjo! Já contou pro seu pai?
— Eu estava esperando que você fizesse isso. – ela ergueu um ombro. – Acabamos de chegar. Nós estávamos na vovó até agora. Ela quer que você vá lá, disse que está morrendo de saudades.
— Ah, eu também estou. E eu vou, com certeza. – sorriu. – Onde está seu pai?
— Tomando banho. Você conta pra ele?
— Bom, tenho uma condição. – sorriu e a menina a olhou, esperando que dissesse qual era. – O Chuck vem jantar aqui hoje, para você apresentá-lo como namorado.
A menina riu e assentiu, abraçando a mãe.
subiu as escadas e colocou o ouvido atrás da porta do quarto de hóspedes, tentando ouvir se o chuveiro estava ligado. Quando notou que não, deu três batidinhas na porta.
— Pode entrar.
Ela abriu a porta e encarou , que estava só com uma calça de moletom.
— Apreciando a vista?
— Muito engraçado. – rolou os olhos. – Quero falar com você. Posso? – apontou para a cama.
Ele deu de ombros e ela se sentou.
— A Pheebs e o Chuck voltaram a namorar. – ela falou, com um sorrisinho no canto da boca.
— Graças a Deus. Não aguentava mais ela reclamando. – rolou os olhos.
— Ele vem jantar aqui hoje, então você vai cozinhar já que eu não sei fazer nada. – deu de ombros.
— Wow. Eles não podem namorar sem ele vir aqui? Parece menos real.
— , sua garotinha ‘tá crescendo. É normal ela apresentar o namorado e nós vamos ser ótimos sogros, não vamos? – ergueu as sobrancelhas, como se pedisse que ele ousasse a contrariar.
— Diga por você. Vou fazer esse menino suar.
riu e deu de ombros, saindo do quarto. Logo foi até ela e os dois começaram a fazer o jantar. Ela fez as saladas e ele o arroz de forno e a carne de frango. saiu para comprar uma torta de morango na padaria ali perto e ajudou a terminar de arrumar a mesa. Quando ouviram a campainha, vestiu uma expressão tão brava que não tinha Cristo que mudasse aquilo.
Antes de atender a porta, Phoebe deu uma olhada no espelho da sala e riu. Ela correu até a porta, para abrir para seu namorado. Chuck estava um pouco nervoso e tremia quando entrou na casa.
— Oi, eu sou o Charles. Chuck. – ele estendeu a mão para , que sorriu e a apertou.
— Eu conheço você, lembra? Do dia que a Pheebs teve um ataque de asma.
Ele sorriu e assentiu, se virando para . Ele estendeu a mão para ele e encarou a mão do garoto com o cenho franzido, mas a apertou quando pisou no seu pé. Ele sabia que ela podia fazer pior do que aquilo.
— Vamos jantar? Meninos, venham. – a mãe chamou os gêmeos, que correram para a cozinha com a simples menção em comida.
Os dois cumprimentaram Chuck e sorriu ao ver o jeitinho que Chuck tratava os meninos.
— Então, Charles... O que você quer com a minha filha? – perguntou, se servindo.
— Co-como assim?
— Pai! – Phoebe resmungou, enchendo o prato de salada.
— Tudo bem, vou falar como isso aqui vai funcionar. – falou e reprimiu uma risada. – Nada de namorar depois das sete. Só podem ficar juntos com um adulto por perto e você só pode vir aqui em casa um dia por semana. E ela não vai na sua casa.
— Pai!
— Tu-tudo bem. – Chuck estava com os olhos arregalados e percebeu que ele realmente suava.
— Pode comer agora, Charles. – apontou para a comida e esperou ele se servir.
começou a conversar com o menino, tentando deixa-lo menos nervoso e até o fim do jantar, conseguiu algum progresso. Ele já ria e parou de gaguejar, o que foi um progresso e tanto porque ele estava morrendo de medo de .
— Você já sabe o que quer ser da vida, Charles?
— Não, senhor.
— , eles estão na sétima série. Não seja tão chato.
— Eu só fiz uma pergunta. – deu de ombros.
— Por que você não recolhe os pratos enquanto eu pego a sobremesa? – seu tom era como uma pergunta, mas ela não estava pedindo.
— Mas eu...
— Agora, .
Ele suspirou e se levantou.
— Nós já continuamos nossa conversa, garoto. – cerrou os olhos para o menino, que assentiu.
colocou os pratos na lavadora e riu da sua feição emburrada.
— Não seja tão duro com o menino, . Ele está assustado. – ela sorriu e o mandou levar as taças e as colheres, enquanto ela pegava a torta da geladeira.
— Ah, . Você sabe bem que só sou duro com você.
Ela ficou vermelha, mas não conseguiu não rir.
— Você é um imbecil. – decidiu. – Vamos logo, e para de me embaraçar. Eu não estou mais acostumada com suas piadas sujas. – lhe deu as costas, ainda rindo, e foi até a sala de jantar.
aliviou um pouco para Chuck depois da sobremesa e Phoebe correu até os pais, lhes cutucando.
— A gente pode andar pelo condomínio? – perguntou, olhando mais para a mãe do que para o pai, porque ela sabia que, mesmo depois de quatro anos, quem mandava ali era a mãe.
— Claro que...
— Sim. – cortou , que cerrou os olhos para ela. – São cinco pras oito... quero vocês aqui às nove.
— Tudo bem, obrigada. – ela abraçou a mãe e beijou a bochecha do pai, o derretendo. – Amo vocês.
E então ela e Chuck saíram, deixando os pais sozinhos com os meninos.
— Papai, a gente pode jogar vídeo game? Por favor. – Dylan fez bico.
— Precisam escovar os dentes primeiro, vamos lá. – ele os levou para o andar de cima e foi até a cozinha, abrindo um vinho. não ia embora tão cedo e ela adorava os vinhos que ele comprava, ele tinha um gosto muito bom para esse tipo de coisa.
Levou duas taças em uma mão e com a outra levou a garrafa até a mesa de centro da sala. Sentou-se no sofá e encheu uma das taças.
— Começou sem mim?
Ela riu, olhando para trás e vendo o marido.
— Estava demorando.
Ele se sentou ao lado dela e encheu sua própria taça.
começou a rir e ele a olhou, franzindo o cenho.
— O que foi?
— O Chuck estava tão nervoso, tadinho.
riu também.
— Não podia ser legal, senão ele ia achar que era brincadeira. Não quero a Pheebie chorando por ele ou qualquer outro menino.
Ela sorriu e assentiu, entendendo.
— Lembra como foi quando você conheceu minha mãe?
riu alto, jogando a cabeça pra trás.
— Sua mãe valia por ela e seu pai. Meu Deus, acho que nunca tremi tanto. Eu não conseguia nem responder as perguntas que ela fazia.
riu, assentindo.
— Você era um banana perto da minha mãe. Acho que se o papai tivesse vivo, ela não seria assim tão durona com você. Ela só queria me proteger já que o James tinha dito pra ela que você era um galinha.
— Ele demorou um tempão para me aceitar, né? – riu. – Sinto falta dele.
— Eu sinto falta de todos eles. – ela sorriu, mas seus olhos lacrimejaram. – Às vezes eu me sinto amaldiçoada. Minha família inteira morreu. Eu estou sozinha há tanto tempo.
franziu o cenho e a puxou para um abraço apertado. Ela soluçou e o abraçou de volta, chorando no seu ombro.
— , não chora. – a afastou e segurou seu rosto nas mãos. – Eu estou aqui, seus filhos estão aqui. Nós não vamos a lugar nenhum. Você não está sozinha. Eu amo você, vou amar pra sempre.
Ela fungou e o olhou nos olhos. Tentou ver um rastro de mentira nos olhos dele, mas não encontrou.
— O quê? – ela murmurou.
— Eu te amo. Não precisa ter medo de me perder, porque não vai acontecer.
Ela sorriu e, num ato de impulso, grudou seus lábios nos dele. Sua cabeça mandava ela se afastar imediatamente, mas ela não conseguia.
Na escada, dois pares de olhos estavam encarando a cena. Sorriram um para o outro e deram soquinhos com as mãos, mais que contentes. Agora as coisas estavam começando a andar.
sentiu quando parou o beijo e abriu os olhos, franzindo o cenho.
— O que foi? – ela murmurou. – Eu fiz alguma coisa?
— Não. – ele riu. – Não, . Eu só acho que você vai se arrepender disso amanhã de manhã.
— Eu não vou, . Eu também amo você. – ela segurou o rosto dele entre as mãos. – Eu só... Eu estou um pouco confusa.
— Eu sei que está. Eu quero isso, quero mais do que tudo. Mas eu não quero que você se arrependa depois. Quero que tenha certeza. – ele lhe deu um selinho e depois acariciou sua bochecha. – Eu vou para a casa da Anne agora. Vou deixar você pensar um pouquinho. Você tem o Jake, e não podemos estar juntos enquanto não terminar com ele.
— Foi por isso que terminou com a Nancy? – ela perguntou, encarando os olhos dele.
— Eu terminei com a Nancy porque ela não é a mulher que eu amo. Eu nunca teria sequer olhado para ela se você não estivesse em coma por tanto tempo, e eu sei que fiz errado, mas eu estou tentando consertar tudo. Eu amo você. Vou esperar você se resolver com seus sentimentos.
— Obrigada. – sorriu e o abraçou. – Você já vai?
— Sim. Boa noite. – beijou o topo da sua cabeça e pegou suas chaves. – Fala para a Pheebie que eu mandei um beijo.
Ela observou enquanto ele caminhava até a porta e acenou antes que ele saísse, se despedindo.
Olhou no celular e viu que eram cinco para as nove. Phoebe devia estar chegando, então ela pegou as taças vazias de vinho e levou para a cozinha, as colocando na lavadora.
— Mãe? Cheguei!
— Estou na cozinha. – avisou, abrindo a geladeira.
Ela achou chocolate lá dentro e sorriu, pegando um tablete.
— Quer? – pediu para a filha assim que a mesma entrou na cozinha.
— Sim. – a menina sorriu, pegando um pedaço. – Onde está o papai?
— Ele foi embora. – murmurou. – Mas te mandou um beijo. Quer dormir comigo hoje?
A menina sorriu e assentiu.
— Claro.
— Tudo bem. Vou deitar. – beijou a testa da filha. – Estou cansada.
Phoebe assentiu e subiu também. Foi até o quarto dos irmãos ver se eles ainda dormiam e sorriu ao ver os dois cochichando na cama de Dylan.
— Que foi que você estão resmungando?
— A mamãe beijou o papai. Ela que beijou, não foi ele. – James contou, rindo. – Ela falou que ama o papai, a gente estava escondido, olhando.
— Sério? E então por que ele foi embora?
— Porque o papai falou que ela tem que terminar com o Jake antes deles dois ficarem juntos. – Dylan deu de ombros.
— Hoje é o melhor dia da minha vida! – riu a menina, sentando na beirinha da cama. – Vão dormir na mesma cama hoje?
— Sim. – James assentiu, já se ajeitando para dormir.
Dylan deitou do seu ladinho e Phoebe puxou a coberta para cima, para que os dois não passassem frio.
— Boa noite, pirralhos. – ela sorriu e beijou as bochechas gordinhas dos dois, se despedindo.
Esse dia não tinha como melhorar.
ficou apreensiva durante dias, até que quarta-feira chegasse. Logo de manhã, foi ao aeroporto. não ficou nada feliz, mas não discutiu. Ela não conseguia esquecer aquele beijo, não conseguia tirar de sua cabeça que realmente o amava, e que nunca tinha deixado de amar. Na segunda, ela ligou para o seu advogado. Ela e se amavam e não podiam se divorciar, não agora que as coisas estavam começando a ficar como antes. Ele estava junto com ela quando ela ligou e quase não conteve a felicidade ao ver que ela realmente queria ele de volta. Eles quase se beijaram de novo, mas ela o lembrou que Jake estava voltando e ele se controlou. Por mais difícil que fosse.
Jake foi o caminho todo até sua casa falando sobre a conferência. Ele parecia animado com alguma coisa que ainda não tinha dito o que era. Ela o ajudou a levar as malas até o apartamento dele, e só então ele notou como ela estava quieta.
— O que foi, ? Aconteceu alguma coisa?
— Eu beijei o . – sussurrou.
Ela escutou o barulho de alguma coisa caindo e percebeu que era a mala de mão dele, que tinha sido solta.
— Eu não acredito que ele fez isso. E você ainda confia nele, ?
— Jake... – ela o cortou. – Eu o beijei. Eu.
Ela viu o quão magoado ele ficou e sentiu o coração cortar dentro de si.
— Eu sinto muito, Jake. Mas eu o amo. Eu acho que, no fundo, você sempre soube.
Ele assentiu e ela viu seus olhos lacrimejarem.
— Não chora. – ela murmurou.
— É só que... Eu tinha esperança, sabe? – ele negou com a cabeça. – Eu nunca achei que o que eu sentia por você fosse saudável. É como uma obsessão e eu acho que é bom que você não seja mesmo minha, porque uma hora ou outra a gente ia se separar. Eu só esperava que fosse mais tarde. – ele falou, limpando a bochecha. – Eu quero que você seja feliz, se for com ele eu não posso fazer nada a não ser aceitar.
— Obrigada. – ela sorriu e o abraçou. – Você não sabe o quanto isso significa pra mim.
— Eu recebi uma oferta em Paris. Eles querem que eu vá trabalhar lá. Talvez seja bom eu aceitar.
— Jake...
— Eu não acho que vou conseguir ver você com ele sem me machucar, . Por mais que eu aceite, não é assim tão fácil.
— Se você acha melhor, sabe que eu vou te apoiar. Eu amo você, só não acho que é do jeito que você quer.
Ele assentiu e a abraçou. Não podia forçá-la a ficar com ele, então tinha que aceitar sem questionar. Ele a sentiu soluçar e suspirar, a afastando.
— Não chora, . Eu vou ficar bem.
— Eu sei. Mas vai ser difícil ver você partir.
— Eu vou voltar. Uma hora ou outra, eu vou voltar. – beijou sua testa. – Eu prometo.
saiu da casa de Jake depois de ajudá-lo a separar as roupas sujas das limpas. Ele pediu um último beijo quando ela estava saindo, e ela não soube negar. Ela não sabia que ia se sentir aliviada depois de sair de lá, mas se sentiu. Muito. O coração dela sempre foi de , ela só não tinha certeza.
Ela entrou em casa sorrindo, animada para conversar com . Mas seu sorriso morreu no momento em que o viu conversando com Nancy. O que aquela menina estava fazendo ali?
— , ela só estava... – ergueu as mãos, começando a se explicar.
— , eu posso falar com você? – a loira pediu e assentiu, olhando para e sorriu para ele. Ela sabia que ele não ia fazer nada, mas se assustou ao ver Nancy.
se retirou da sala e sentou no sofá, ao lado de Nancy.
— Eu quero pedir desculpas. Eu não devia ter te contado sobre os aparelhos, não daquele jeito. Eu vim falar com você, mas como só o estava, eu pedi desculpas a ele. Não achei que você fosse chegar a tempo. – suspirou. – Ele tinha motivos para desligar. Eu não vou dizer quais, porque já atrapalhei muito a história de vocês. Pergunte a ele, ele vai te dizer.
— Por que você está fazendo isso? – perguntou, emocionada.
— Porque ele ama você, e você o ama. Não quero que fique nada fora do lugar por minha causa. Eu quero encontrar um amor que nem o de vocês, e não quero deixar nada inacabado.
sorriu e, surpreendendo até a si mesma, abraçou Nancy, que retribuiu imediatamente.
— Obrigada, Nancy. Isso significa muito.
— Não agradeça, eu só não quero que ninguém me odeie sem motivos. Quero consertar o que eu estraguei.
sorriu e se separou da garota.
— Eu preciso ir.
— Quer falar com ?
— Já falei tudo o que precisava falar. – negou com a cabeça.
— Se cuida. – pediu, a acompanhando até a porta.
Nancy assentiu e acenou, saindo da casa. suspirou e se sentiu ainda mais leve. Nancy era só uma menina, não sabia direito o que estava fazendo quando contou sobre os aparelhos.
— ? – chamou, subindo as escadas. O homem saiu do quarto de hóspedes, coçando a nuca.
— Está tudo bem? O que ela falou?
— Ela só pediu desculpas por tudo. Ela é uma boa menina. – sorriu. – E eu estou sem namorado. – anunciou.
Ela riu quando ele gargalhou e correu até ela, a agarrando.
— Tá nada. Eu sou seu namorado agora. – a beijou, entre risos.
— Eu não posso ficar solteira nem por uma horinha?
— Não! – ele beijou seu rosto inteiro e ela sorriu, encostando suas testas.
— Eu te amo. – murmurou.
— Eu também te amo. – lhe deu um selinho. – Eu mandei as crianças para a casa do .
— Está esperando entrar na minha calcinha, é?
— E eu não vou?
Ela riu e negou com a cabeça.
— Claro que não.
— Por quê? – parecia que ela tinha tirado uma parte do corpo dele pela forma como ele falou.
— Porque a expectativa é melhor, vamos esperar uns dias.
— Esperar? Nós esperamos quatro anos, já tá de bom tamanho.
Ela riu e o abraçou.
— Acredita em mim, vai valer a pena.
— Claro que vai valer a pena. Agora, por que você não tira uma foto comigo pra gente contar pro mundo inteiro que estamos juntos?
Ela sorriu e assentiu. Ele sorriu para a câmera e ela beijou seu sorriso, com os olhos fechados. Os dois olharam para a foto e sorriram um para o outro, porque ela havia ficado linda.
decidiu esperar o momento certo para perguntar a sobre os aparelhos, então nem comentou nada.
beijou e ela deixou que ele aprofundasse, mas o som da campainha fez com que se separassem. riu e encostou a testa no peito do homem.
— É o destino mandando a gente esperar.
— Não, é a empresa que vai fazer a festa dos meninos. – ele sorriu. – Eu marquei horário com eles.
— Ah, que maravilha! – ela bateu palminhas. – Amo essa parte.
— Eu sei.
Os dois desceram as escadas e foi abrir a porta. O casal que cuidava das festas, Jackson e Mary-Ann, sorriram ao ver .
— Como é bom ver você! Faz tanto tempo. – Mary riu, a abraçando.
Ela abraçou Mary de volta e depois Jack, e então os chamou para que fossem até o sofá.
— comentou que vocês querem fazer das tartarugas ninja, é isso mesmo?
— Sim. – assentiu.
Ela foi olhando as fotos das decorações disponíveis e ficou super animada ao escolher tudinho, nem tentou ajudar, sabia o quanto ela amava aquilo.
Ela nem acreditava que seus menininhos iam fazer seis anos. Era muita coisa para sua cabeça.
Na hora de escolher os doces e salgados, ela pediu ajuda a porque ele sabia bem do que eles gostavam. Depois de resolver tudo, Mary e Jack foram embora e pediu para fazer pipoca. Ela tinha começado a assistir uma série nova, How To Get Away With Murder, e estava doidinha pelos episódios. já tinha assistido tudo, mas falou que iria a acompanhar.
ouviu a porta da casa abrir de novo e levantou um pouco a cabeça, apenas para ver quem era. Phoebe e os gêmeos correram até ela, rindo.
— É verdade? – Phoebe perguntou, sorrindo tanto que o sorriso mal cabia no rosto.
— O quê? – a mulher se fingiu de boba.
— Que você e o papai estão juntos. – Dylan cutucou a cintura da mãe.
— Sim, é verdade. Por quê? Vocês não querem? – pediu, de brincadeira.
Nenhum dos três respondeu, eles apenas a abraçaram, que riu alto.
— Eles já viram a foto? – perguntou da cozinha, também rindo.
— Sim. – os gêmeos berraram, ainda abraçados na mãe.
foi para a cozinha com dois potes de pipoca e Phoebe mudou de lugar no sofá, para que a mãe ficasse ao lado do pai. deitou a cabeça no peito de e o abraçou pela cintura. Os meninos queriam assistir desenho, então tirou da série e cochilou no peito do marido.
Phoebe olhou para os pais e sorriu, feliz. Finalmente. Agora, só faltavam e Anne.
De noite, depois do jantar, levou os filhos para cima e deu banho nos meninos. Deu um beijo de boa noite em Phoebe e desceu até a cozinha para pegar um copo de água. estava sentado no sofá, mexendo no celular, e não viu quando ela passou por ele. sorriu e se aproximou, beijando a nuca do homem, que se arrepiou todo.
— Vamos dormir?
— Posso mesmo ficar aqui? – ele perguntou, desligando a tela do celular e o deixando de lado.
— Se não ficar me tentando, pode.
Ele riu e pegou o copo da mão dela, o colocando na mesinha de centro. Ela deu a volta no sofá e sentou no colo dele, o abraçando pelo pescoço.
— Estou preocupada com , . Ele está tão calado, de um jeito que nunca foi comigo.
— Anne também está assim. Ela entra na casa, me dá boa noite e dorme. Quando eu saio, ela ainda está na cama.
— O que vamos fazer?
— Phoebe tem um plano. – riu. – Ela sempre tem.
— E qual é dessa vez?
— Ela não me diz. Só disse que temos que levar Anne para a casa de campo de , nem que tenhamos que amarrá-la e jogá-la no porta malas.
— É a cara da Pheebie dizer isso. – riu.
sorriu e beijou , tentando de todo o jeito matar toda a saudade que tinha dela.
— Eu amo você, sabia? – ele murmurou.
— Jura? Você só fala isso. – ela brincou.
— É porque eu amo de verdade. Gosto de te lembrar disso toda hora.
Ela sorriu e o abraçou mais forte, encostando suas testas.
— Eu também te amo, bobo. – beijou a bochecha dele. – Posso te perguntar uma coisa?
— Qualquer coisa. O que foi?
— A Nancy me falou que você tinha motivos para desligar os aparelhos. O que era?
conseguia ver a dor nos olhos dele e se perguntou se não seria melhor ter esperado para perguntar.
Ele estava brincando com os dedos na cintura dela, se perguntando por que não tinha dito isso na hora que ela pediu o divórcio. Talvez ela nunca tivesse pedido.
— Você estava estável já tinha três anos e meio, mas, de repente, começou a ter alguns colapsos. Ninguém sabia o que era, mas você tinha paradas respiratórias, convulsões. Você só estava piorando, cada dia mais. Então a doutora me pediu se eu não queria desligar os aparelhos. Era horrível te ver daquele jeito, toda debilitada e cada vez pior. Eu trouxe os papeis para casa e Nancy viu. Ela falou pra eu não fazer isso, porque eu ia me culpar para sempre. E é verdade. – suspirou. – Como eu ia desligar e contar para os nossos filhos que eles nunca mais iriam te ver, porque eu tinha te matado?
— Não fala assim. – ela murmurou, com os olhos cheios de lágrimas. – Não ia me matar. Só queria me fazer parar de sofrer, e fazer você parar de sofrer também. Eu provavelmente teria feito o mesmo, amor. Não fica com essa cara de culpado.
— Foi por tão pouco. Se eu tivesse desligado, você não ia ‘tá aqui no meu colo agora. – ele sussurrou, passando o nariz pelo pescoço dela e inalando seu cheiro. – Eu te amo. Eu só queria parar de sofrer, não queria fazer por mal.
— Agora você parou, não parou? De sofrer. – ela pediu, limpando as próprias bochechas e então as dele.
— Você não faz ideia. – ele sorriu. – Ter você comigo é a melhor sensação do mundo.
Ela riu e encostou seu nariz com o dele, encarando aqueles olhos .
— Ah! – ele sorriu de novo, se afastando dela só para pegar a carteira, que estava na mesinha de centro. – Aqui.
Ele tirou lá de dentro um anel de ouro. O anel dela, que ela tinha lhe devolvido quando pediu o divórcio. Ela sorriu e seus olhos se encheram de lágrimas de novo, mas agora o sentimento era diferente.
— Posso? – ele pediu.
Ela estendeu a mão para ele e ele encaixou o anel em seu dedo anelar, deixando um beijinho casto em cima dele em seguida.
— Agora tudo está onde nunca deveria ter saído. O anel no seu dedo e você aqui, nos meus braços.
Ela sorriu e ia beijar ele de novo, mas os dois escutaram uma vozinha sonolenta vinda lá de cima.
— Papai?
sorriu para e lhe deu um selinho, falando em seguida:
— Aqui embaixo!
Dylan desceu as escadas em passos moles e, no meio do caminho, acabou errando o degrau e caiu com tudo, rolando até lá embaixo.
— Dylan! – pulou do colo de , que já estava em pé também.
A mãe se ajoelhou ao lado do filho, que tinha a mão na testa e os olhinhos cheios de água.
— Ai, meu amor. Tá doendo?
— Ta. – murmurou.
tirou a mãozinha do menino da testa e se aproximou para ver. Seus olhos arregalaram ao notar que tinha um corte ali, e se desesperou.
— Ai, meu Deus, e agora?
— Calma, . Tá tudo bem. – a acalmou, pegando o filho no colo e o levando até o sofá.
ia tomar conta do machucado quando percebeu que estava fazendo isso. Ela observou, quietinha, ele limpar tudo e passar um remédio. E então, deu um pouco de água para o filho, que queria isso ao chamar o pai do topo da escada. o levou para o quarto dele e do irmão e o colocou na sua cama, beijando sua cabeça em seguida.
deu vários beijinhos no filho e o cobriu, e então chamou para deitar com ela, desde que se comportasse. Ela se aconchegou nos braços dele como há muitos anos não fazia, e então o encarou, plantando um beijo no queixo dele.
— Você perdeu.
— Perdi? O quê? – ele pediu, confuso, enquanto entrelaçava as pernas nas dela.
— Seu medo de sangue. Quando Pheebs e os gêmeos eram pequenos, eu que cuidava dos machucados deles. Você sempre passava mal, lembra? – riu.
— Eu precisei aprender. Por mais elétrica que Phoebe fosse, nunca se machucou tanto quanto os irmãos. Eu vivia fazendo curativos naqueles pestinhas. – ele sorriu.
Ele continuou contando sobre quando os meninos subiam em árvores ou balanços e acabavam cortando os braços ou as pernas. Mas ela já não ouvia, porque tinha caído no sono. Ele beijou a testa dela e apagou o abajur, dormindo também, com o rosto entre os cabelos com cheiro de morango dela.
tinha ido buscar as coisas na casa de Anne e ficou em casa. Por mais que tenha trabalhado por apenas um mês e meio, agradecia as férias. Assim, passava o tempo todo grudada nas suas crias. Ela pediu para ele trazer almoço por mensagem de texto, e foi para debaixo das cobertas com os filhos, no sofá. Eles ficaram assistindo a filmes a manhã toda. Quando escutaram a porta abrindo, os gêmeos correram até lá, porque se declaravam famintos, embora tivessem comido uma hora antes. levantou e foi o ajudar, pedindo para Phoebe arrumar a mesa.
— Oi. – beijou o canto da boca de , pegando as sacolas das mãos dele. – Trouxe tudo?
— Sim, as malas estão no carro. Vou buscar depois. – beijou sua bochecha.
notou que eles estavam muito assim. Falavam uma ou duas palavras, e beijavam alguma parte do rosto um do outro. Ela sabia que era o tempo que estavam compensando. Mal podia esperar para transar com de novo, mas ela estava com medo, não podia negar.
E se ela não soubesse mais o que fazer? E se ele não gostasse do corpo dela como devia gostar do de Nancy? Ela sabia que podiam parecer questões bobas, mas estava nervosa.
Phoebe falou o almoço todo sobre um jantar na casa de Chuck e reclamou mais de mil vezes quando o pai disse que ela não ia na casa do garoto até completar 27 anos. Ela achou um absurdo, mas não defendeu a filha dessa vez porque estava muito ocupada rindo da cara de .
Quando falou em arrumar a cozinha, as crianças evaporam e fez menção em sair, mas ela o puxou pelo colarinho e o obrigou a ajudar.
— Eu preciso te contar uma coisa. É sobre a Anne. – falou, enquanto colocava os pratos na lavadora.
limpou a mesa e o olhou, curiosa.
— Aconteceu alguma coisa?
— Quando eu fui pegar minhas coisas, ela começou a me ajudar. Ela ficou super feliz por estarmos juntos de novo, e ela não parava de tagarelar, então eu comecei a desconfiar. Eu sabia que tinha mais coisa acontecendo. Quando ela foi buscar uma das minhas malas no quarto, eu fui para a cozinha. Ela estava lá quando eu cheguei, pensei que ia descobrir por que ela estava tão animada assim.
o olhou, com os olhos arregalados.
— Não me diga que ela está namorando alguém!
negou com a cabeça. Eles foram para a sala e ele tirou o celular do bolso. Ela se sentou no sofá e pegou o celular para ver a foto. assistiu sua reação e riu quando a viu franzindo o cenho, tendo a mesma reação que ele teve ao ver do que se tratava.
— Mas isso... São todos os números dos orfanatos daqui de Londres.
— Exatamente. E aqui estão alguns horários. – apontou para os números ao lado do telefone de alguns orfanatos. – Acho que ela marcou horário para conhecer os lugares.
— Ela não pode fazer isso, .
— Eu sei que parece errado, sabendo que ela e ainda precisam se resolver, mas e se ela estiver certa? E se ele não quiser nada com ela quando souber que ela não vai poder lhe dar um filho?
— Isso nunca vai acontecer. Ele tem um quarto pro bebê deles, sabia? – ela murmurou.
— O quê? – ele arregalou os olhos.
— Ele mandou fazer um quarto na casa deles, acho que iam lá enquanto ela estava no trabalho, não sei. Só sei que ela nunca viu. Ele a quer, . Não importa se ela vai ou não dar um filho da barriga dela pra ele. Se eles adotarem um, ele vai amar tanto quanto amaria se fosse do sangue deles. – ela sorriu. – Vou conversar com ela. A chame para o jantar.
Ele assentiu e beijou a testa dela. Eles iam conseguir dar um jeito de fazer os amigos ficarem juntos.
Anne chegou cinco da tarde na casa do irmão, trazendo dois potes de sorvete para a sobremesa.
— SORVETE!
— Ei, seus pestinhas, é pra sobremesa. – tomou das mãos dos sobrinhos, que resmungaram.
— Anne? – chamou. – Vem na cozinha!
A loira foi até a cozinha e guardou o sorvete na geladeira, se prontificando a ajudar a cunhada com o jantar, já que sabia que queimava até água, se pudesse.
— Onde está meu irmão?
— Tomando banho. – colocou o macarrão com queijo no forno. – Eu quero falar com você, Anne.
— Pode falar. – Anne sorriu.
viu como ela estava contente e se sentia bem por ela, só que queria que Anne se resolvesse com . Se eles não quisessem mais ficar juntos, ela entenderia. Mas eles precisavam colocar todos os pingos nos is.
— Você vai adotar?
Anne largou a colher que estava mexendo a carne e suspirou, se afastando do fogão.
— Como você sabe?
— viu os papeis.
Anne suspirou de novo e olhou para a amiga, agora com lágrimas nos olhos.
— Eu odeio viver sozinha, . Vivi sozinha por dois anos e não consegui me acostumar. Todos os dias, durante esses dois anos, eu ia dormir na esperança de acordar ao lado de , como se tudo não tivesse passado de um pesadelo. Então eu voltei e eu vi você e vi meu irmão com meus sobrinhos. Eu quero isso, . Eu não preciso de homem nenhum pra ser feliz.
— Não precisa, mesmo. Se quiser adotar, que adote! Mas precisa conversar com você antes. Ele ama você. Ele chorou feito um bebezinho quando fui vê-lo.
Anne abriu bem os olhos.
— Ele chorou? O que ele te disse?
— Ele não consegue entender por que você o deixou. Ele está totalmente disposto a fazer vocês darem certo de novo, ele só precisa que você o escute e se explique também.
— E se ele...
— Ele nunca ia te largar por não poder ter filhos. Tenho certeza que ele mesmo vai falar em adoção quando vocês se resolverem, aposta quanto? – riu.
— Eu fiz tão errado com ele.
— Você só estava assustada. – murmurou, abraçando a cunhada, que agora chorava.
— Eu quero fazer dar certo, mas não tenho coragem nenhuma de chegar na casa dele e exigir que ele converse comigo.
— Eu posso chamar ele pra vir jantar, se você quiser.
Anne se soltou do abraço e limpou as bochechas.
— Você acha que ele viria?
— Se eu disser que você está aqui, e que está disposta a conversar... Eu garanto que ele entra nessa porta em um minuto.
Anne riu e abraçou de novo.
— Tudo bem, o chame. Vou conversar com ele. Vou explicar tudo depois do jantar.
— Sério? – riu, apertando a cunhada no abraço. Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e as deixou cair, não contendo sua felicidade. Ela queria tanto ver os dois felizes, tão felizes como ela estava sendo de novo.
— Só não fale que eu estou aqui. Quero que ele venha sem saber.
assentiu e a abraçou de novo.
— Por que vocês duas estão abraçadas e chorando? – entrou na cozinha. – Não me digam que o ciclo de vocês duas já alinhou!
— Não, seu idiota. – Anne se soltou da cunhada e socou o braço do irmão.
— Ela aceitou conversar com , vamos convidá-lo para o jantar também.
— É sério? – olhou para a irmã e depois para a esposa, que assentiram, juntas. – Que bom, Anne. Finalmente!
— Isso não significa que vamos ficar juntos, ele pode não querer quando souber por que eu fui embora.
— Você sabe que isso não vai acontecer. Consigo até sentir o cheiro do sexo. – riu quando Anne o olhou, indignada.
— Seu porco!
— Falando em sexo, quando você vai parar com essa greve? – olhou para , que rolou os olhos.
— Greve? – Anne gargalhou. – Achei que vocês dois iam estar quebrando as paredes.
— Por mim, já teríamos transado em todo canto dessa casa de novo. Mas ela quer esperar. – fez cara de choro, arrancando uma gargalhada de .
— Para de dengo, seu besta. Se ficar reclamando vai demorar mais.
fechou a boca e Anne riu alto da cara do irmão.
— Vou tomar banho. Ligue para . – deu um selinho em e sumiu da cozinha.
escutou a campainha tocar enquanto tirava o macarrão do forno e olhou para a irmã, que arqueou as sobrancelhas.
— Não.
— Sim. Abre a porta e manda ele vir para a cozinha.
— Mas eu...
— Para de manha. Você deixou a gente chamar ele, vai abrir. – cruzou os braços. – Vou chamar as crianças.
A campainha tocou de novo e Anne suspirou, indo até lá.
deu um passo para trás quando viu Anne, assustado.
— Eu não sabia que você estava aqui.
Ela sorriu, assentindo.
— Pedi pro não falar. Eu não sabia se você iria querer vir se soubesse que eu estava aqui. – abriu bem a porta para ele passar.
— Você que pediu pra ele me chamar?
— Eu acho que a gente já passou da hora de conversar. – ela deu de ombros.
— Eu tentei mil vezes falar com você...
— Eu sei, eu só não estava pronta.
— E está agora?
Ela sabia que ele estava perguntando outra coisa. Ele queria saber se ela estava pronta para ser dele de novo, e ela sabia que estava. Deus, ela conhecia ele tão bem.
— Estou. – sorriu quando o viu sorrir também. – Vamos, as crianças devem estar famintas.
Ele assentiu, ainda sorrindo, e caminhou ao lado dela até a cozinha.
— Finalmente, boneca. Você demora demais pra se arrumar. – reclamou, beijando a bochecha do melhor amigo.
— Oi, padrinho! – Phoebe abraçou , que sorriu.
— Oi, princesa. – ele beijou a testa dela.
— Pronto, mamãe. O titio já chegou, podemos comer? – Dylan pediu, fazendo biquinho.
— Podemos. – riu, ajudando os meninos a se sentarem e serviu para os dois.
Anne e acabaram se sentando um ao lado do outro, mas durante o jantar não falaram muito. A mesa, no entanto, não tinha como ficar silenciosa com aquelas três crianças tagarelas, principalmente os gêmeos que estavam doidos para a festa de aniversário no sábado. Quando falou que já tinha comprado o presente deles, eles ficaram malucos e começaram a perguntar o que era, mesmo que o tio tivesse dito que não falaria nunca.
ficou só observando os amigos, e quando o jantar acabou, chamou para recolher tudo depois que todo mundo terminou de comer a sobremesa.
— Você, me ajuda. – apontou para o marido. – Os três, vão escovar os dentes. – apontou para os filhos, que correram para cima. – E os dois, vão conversar. Agora. Tchau, amo vocês. – mandou um beijo e puxou o marido, que ria, para a cozinha.
— Você é muito mandona.
Ela deu de ombros e o ajudou com a louça. Os dois escutaram a porta da frente se fechando e correu para a janela da frente da casa.
— Os dois saíram, cada um em seus carros, mas acho que foram para a casa do , pelo caminho que pegaram.
— Finalmente. Amanhã os dois se casam, quer ver?
riu.
— Não duvido. Ele guarda o anel de noivado há anos.
arqueou as sobrancelhas.
— Sério?
— Sim, debaixo do travesseiro. – rolou os olhos. - Espero que tudo dê certo. Eles merecem.
— Merecem. – assentiu e sorriu quando a abraçou por trás, beijando seu pescoço.
— Amo você.
Ela sorriu ainda mais e, antes que pudesse responder, ele estava a beijando. Ela queria mandar ele parar de tentar transar com ela, mas ela sabia que não era isso. a beijava sempre que podia, mesmo antes do acidente, mas agora ele parecia querer compensar todo o tempo perdido e ela estava adorando.
nem percebeu, mas tinha tirado a blusa de e ele estava desabotoando a calça dela quando escutaram um barulho vindo da escada.
— Coloca isso! – jogou a camisa de para ele enquanto abotoava de novo sua calça.
— Mamãe, você coloca a gente pra dormir? – James entrou na cozinha um segundo depois de os dois se recomporem.
— Claro que sim. Vamos, vou colocar vocês na cama. – ela pegou Jamie no colo e segurou a mão de Dylan. Antes de sair, ela deu uma olhada para e sorriu, achando graça da expressão dele. – Vai pra cama, amor. Eu já vou.
sabia que ela estava prometendo outra coisa e sorriu daquele jeitinho safado que só ele conseguia. Ela riu antes de desaparecer pelo corredor, levando os filhos juntos.
passou pelo quarto da filha e deu um beijo nela antes de colocar os gêmeos para dormir. Eles queriam porque queriam que ela lesse uma história, mas antes mesmo que ela terminasse a primeira parte do livrinho, os dois estavam roncando.
Ela fechou a porta do quarto com cuidado e foi até o seu. Ela achava que ia pular em cima dela pelo jeito que a olhou na cozinha, mas ele já estava dormindo. Ela sorriu e se trocou, deitando ao seu lado. Desde que começaram a dormir juntos, sempre a abraçava, mesmo se já estivesse dormindo, como se aquilo fosse automático. adorava aquilo, porque ele era maior que ela e ela se sentia muito mais segura quando estava com ele daquele jeito.
Naquela noite, pela primeira vez desde que acordara do acidente, ela não teve pesadelo nenhum.
e Anne subiram no elevador até o apartamento dele e o silêncio que tomava conta deles não era constrangedor, era muito confortável. Nenhum dos dois tinha vontade de quebrar porque era melhor ficar assim do que dizer alguma coisa errada.
Anne o seguiu quando ele entrou na casa e deu uma olhada em volta. Ela sorriu ao ver que nada mudou. Sentia falta de tudo o que viveu ali, não tinha nada melhor do que acordar dando de cara com aqueles olhos verdes a encarando, fazendo cócegas, dando beijos.
— Quer uma bebida? – ele caminhou até a mesa de álcool, como ele chamava.
Fez um duplo e bebeu num gole só antes de olhar para ela, esperando sua resposta que veio em apenas um aceno de cabeça.
— Você me odeia? – ela perguntou finalmente, com os braços cruzados, abraçando o próprio corpo. Ela precisava saber.
— Eu nunca odiei você, doçura. – ela sorriu um pouquinho quando ouviu o apelido que ele lhe dera desde que ela ainda era uma adolescente. – Eu queria tanto odiar, mas nunca consegui. Eu nunca deixei de te amar. – ele confessou.
— Eu também não, . – ela murmurou, sentindo o queixo tremer enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.
— Então por que você me deixou?
— Eu tenho uma doença.
Ele arregalou os olhos e deu um passo à frente, segurando seu rosto entre as mãos.
— O que você tem? – sussurrou.
Anne sentiu o corpo arrepiar quando viu o medo nos olhos de . Ele realmente a amava, senão não teria assim tanto medo de perdê-la.
— Eu tenho óvulos de baixa qualidade, . Eu não fui atrás de cura e nem nada porque quando descobri, dois anos atrás, a médica disse que a chance de eu engravidar era mínima e, mesmo se acontecesse, eu perderia nossos bebês antes mesmo de chegar a metade da gestação. Eu estava com medo, . Não sei se hoje as chances são melhores. Nunca mais fui ao médico, nem mesmo uma vez.
— E o que isso tem a ver com você ter me deixado?
— Essa doença não me permite ter filhos. Eu fui no médico quando percebi que estava demorando demais para nós dois engravidarmos, e então recebi o diagnóstico. Então eu fui embora na mesma hora, disse que não te amava e você nem sequer tentou entender! – agora, ela parecia brava.
— Você disse que não me amava! Queria que eu fizesse o quê? Parecia muito segura de si.
— Queria que você tivesse lutado por mim!
— Você não parecia que queria isso. – murmurou. – Eu saí de casa e, quando voltei, vi que você não estava mais aqui. Fui na casa de e não te encontrei, então fui direto para o aeroporto. Procurei por seu nome em todos os cantos, mas não encontrei. Eu não sabia o que fazer.
— Eu ouvi você falando com algum amigo que estava doido para ter um filho nosso! Eu sabia que se descobrisse que sou infértil, não iria me querer mais.
— Se você acha isso, não devia nem mesmo estar aqui. Eu queria um filho com você, claro que sim. Mas nunca disse que precisava ser de sangue! Se você tivesse me dito, já poderíamos ter ido atrás de várias soluções e provavelmente já teríamos adotado uns três até agora se não encontrássemos nenhum cirurgião especializado nisso.
Ela riu baixinho, libertando as lágrimas.
— Eu fugi porque estava com medo, . Eu achei que seria melhor fazer você acreditar que não me amava, do que esperar até você me chutar.
— Eu nunca largaria você. – ele sussurrou e sua boca agora estava a um milímetro da dela.
— Agora eu sei. – ela sorriu e o beijou, depositando toda a saudade que sentia dele naquele beijo, porque nunca se sabe. Podia ser o último.
Ele se afastou e sorriu, encostando suas testas e fechando os olhos.
— Eu quero te mostrar uma coisa, mas tenho medo que você pire. Posso mostrar?
Ela sorriu e assentiu, o seguindo até o quarto de hóspedes que sempre se manteve trancado naquela casa. Ela queria muito saber o que tinha lá, mas ele nunca deixou que ela entrasse. Quando ele abriu a porta, ela não conseguiu reprimir o choro.
— O que é isso?
— Achei que era questão de tempo até termos um filho, então fiz essa surpresa. Ia te mostrar quando engravidasse.
Ela soluçou e colocou uma mão na boca, caminhando até o pequeno berço. Era tudo tão lindo e tão limpinho, ele devia mandar a diarista limpar lá até hoje, durante esses dois anos.
— Eu não mostrei isso porque não te amo, Anne. Isso é uma prova de que você ainda é dona do meu coração. Você só precisa dizer sim.
Sábado chegou como num piscar de olhos e estava naquele sonho maravilhoso onde ele e estavam debaixo do chuveiro e ela estava...
— Papai! – duas coisinhas redondas gritaram, entrando no quarto do casal.
acordou num susto quando pulou, também assustado.
— É nosso aniversário!
riu, se espreguiçando.
— Parabéns, minhas bolinhas. – riu, abraçando os dois que agora estavam em cima da cama, pulando.
— Eu quero meu presente! – Dylan falou, animado.
riu alto, se levantando e coçando a nuca. levantou também e os dois pegaram as imensas caixas que estavam dentro do closet deles. A mãe entregou o de Dylan e o pai o de James.
Os dois gritaram tão alto quando abriram os pacotes, descobrindo ser dois sabres de luz. Dylan e Jamie vinham pedido há séculos e já tinha até decorado que Dylan era um Sith e James um Jedi.
— Obrigado! – os dois berraram juntos, abraçando os pais.
— Se eu soubesse que eles iam ficar tão felizes, teria filmado. – riu.
— Eles amam Star Wars. Vão brincar com isso até dar o horário da festa.
— Falando nisso, eles devem estar chegando com as coisas para a festa. Faz o café? – perguntou, abraçando o marido pelo pescoço. – Vou tomar banho. – lhe deu um selinho e nem esperou resposta, só entrou no banheiro do quarto.
sorriu sozinho e negou com a cabeça, saindo do quarto. Ele foi acordar Phoebe, mas ela já estava em pé e de banho tomado.
— Vem tomar café, filha.
— Já vou, só vou terminar de secar o cabelo.
Dylan e James já estavam lá embaixo, na sala, brincando com os sabres. adorava ver os dois felizes desse jeito, era tão lindo. Eles não iam parar quietos hoje, ele tinha certeza.
tinha acabado de passar o café quando a empresa de festas chegou. Eles já sabiam o caminho até a parte de trás da casa, onde fazia as festas das crianças e os churrascos com os amigos, então ele só cumprimentou os amigos e deixou que fizessem o trabalho deles. Os gêmeos queriam porque queriam ficar olhando e mexendo nas coisas, mas os proibiu de sair da sala e eles o obedeceram, embora tenham ficado murchinhos. sabia que eles iam querer pular na cama elástica e eles não podiam se sujar antes do início da festa, que seria às dez da manhã.
Phoebe e a mãe desceram e ajudaram o pessoal a arrumar os doces e salgadinhos, logo depois de tomarem o café. estava animada porque era o segundo aniversário dos meninos que presenciava. não parou um minuto de dizer o quanto ela estava linda e teve que o obrigar a ir tomar banho, porque ele não queria soltá-la.
A campainha começou a tocar e depois não parou mais. logo apareceu para ajudá-la a recepcionar os amigos e as crianças, que logo foram fazendo bagunça junto com os gêmeos no quintal da casa.
Os meninos não conseguiam parar de mexer nas coisas das Tartarugas Ninja que estavam ali, e isso fazia sorrir muito. Eles eram tão fáceis de agradar.
— Por que você está sorrindo? – perguntou, abraçando a esposa por trás. Ela sorriu e beijou a bochecha dele.
— Nossos filhos são lindos, não são?
— São hiperativos também. Quando der oito horas da noite, eles vão dormir em qualquer canto da casa que possam se escorar. Mas até lá, eles não vão parar.
riu, porque sabia que era verdade.
A campainha tocou de novo e ela puxou o marido pela mão, indo até a porta.
Anne e queriam tirar uma foto da cara dos amigos quando viram os dois chegando juntos. Foi a melhor reação que eles podiam imaginar.
— Mas o que... por que...
— Estamos noivos! – Anne sorriu, levantando a mão.
— Mas já? Vocês nem sequer contaram que voltaram! – protestou.
— Nós perdemos dois anos, . Você, mais do que ninguém, devia entender. – riu, abraçando a cintura da noiva.
— Eu entendo, e tenho certeza que também. Deve ser o ciúme. – murmurou. – Parabéns! Vocês merecem muito. – ela abraçou os dois e, depois de cair a ficha, fez o mesmo.
— Nós estamos tentando recuperar o tempo perdido, mas não vamos apressar muito. Vamos planejar o casamento com calma, e estamos escolhendo alguns orfanatos para dar uma olhada.
— Que bom, Anne! – sorriu. – Vocês merecem muito serem felizes.
— Obrigado, . – agradeceu e os quatro entraram. – Onde deixamos os presentes?
Como tinha dito, oito horas da noite, Dylan e James estavam deitados um em cima do outro no tapete da sala. A empresa de festas levou tudo e e ficaram arrumando a sujeira toda junto com Phoebe, mas logo a liberaram quando perceberam que ela estava cansada também.
— Eles estão tão sujos, mas não tenho coragem de acordá-los só para tomar banho.
— Amanhã de manhã nós damos banho neles. Vem, vamos leva-los pra cima.
levou James e , Dylan. já tinha tomado banho, então mandou o marido ir tomar o seu enquanto arrumava os meninos na cama.
Ela tinha preparado tudo para aquela noite, estava um pouquinho nervosa, mas estava quase pronta. Ela correu para o quarto e terminou de se arrumar, enquanto ouvia o som do chuveiro ligado. sempre demorou em seus banhos e ela sabia que não seria diferente dessa vez, então se arrumou com calma para que tudo ficasse perfeito como ela queria.
fechou o registro do chuveiro e se secou, enrolando uma toalha na cintura. Ele pegou outra toalha seca e começou a secar os cabelos enquanto saía do banheiro.
— Amor, o que você achou do...
Ele abriu a boca e ela riu, um pouco tímida e um pouco achando graça da situação.
estava de salto alto e batom vermelho, e mais nada. Ela sabia muito bem como ele gostava dos saltos dela, então quis surpreender.
— O que é isso? – ele murmurou enquanto ela o puxava pela mão e parava bem pertinho dele.
— Isso é sua esposa te esperando para foder. – ela murmurou no ouvido dele, distribuindo uma onda de arrepios por todo o corpo do esposo.
riu e a segurou pela cintura, a jogando na cama e indo pra cima dela, que ria alto. Ela adorava quando ele fazia isso. Ela ainda estava rindo quando ele começou a beijar seu pescoço e ela precisou interromper a risada para começar a gemer, o abraçando com as pernas. Ela tinha uma mão na nuca dele e a outra estava nas suas costas, e foi descendo até que ela encontrou o bumbum dele e o apertou, o fazendo rir.
— Você lembrou de trancar a porta?
Ela sorriu e o olhou, passando seu nariz no dele.
— Até parece que eu não penso em tudo.
— Sabe a melhor parte de ser músico? – ele perguntou, se ajoelhando na cama e descendo até que seu rosto ficasse de frente com a parte preferida do corpo de para ele.
— Qual?
— Nós concordamos em colocar revestimento acústico em todos os quartos.
Ela sorriu, sabendo o que ele pretendia, e rebolou pertinho do rosto dele.
— E o que isso quer dizer?
— Que eu vou te fazer gritar.
N/a: Quando a letra começar, coloquem play nessa música.
O combinado era todos estarem na casa de campo de até às dez da manhã, mas e se enrolaram um pouco de manhã, enquanto namoravam, e esqueceram completamente que ia cortar os pescoços deles se atrasassem. As malas estavam todas prontas e no carro, deixaram tudo em ordem na noite anterior para não se atrasarem, e, ainda assim, saíram de casa nove e meia. percebeu que, durante a viagem, estava bem nervosa. Ele tentou tranquiliza-la e ela até tomou um remédio para se acalmar. Ele não a culpava por ter tanto medo de andar na rodovia, e ela se sentiu muito tranquila quando ele diminuiu a velocidade e lhe prometeu que se ela quisesse, ele parava no caminho.
— Está tudo bem, amor. Nós estamos quase chegando. – ele prometeu, e era verdade. Em dez minutos eles estavam estacionando no gramado gigante que existia na frente da casa de .
Todo mundo estava lá e a porta estava aberta. Eles conseguiam escutar a gritaria e risadas lá de fora. Dylan e James entraram correndo para brincar com a prima, Rosa, a filha de .
e Amber, que estavam quase sendo pais pela primeira vez, foram os primeiros que viram e e gritaram, saudando os amigos.
— Vish, vocês estão bêbados já?
— Eu não posso beber, engraçadinho. – Amber fez bico para , que riu.
— Você já é chapada por natureza. – riu e levou um beliscão da esposa.
— Finalmente vocês chegaram! – reclamou.
— Onde estão as crianças? – pediu, olhando atrás do casal.
olhou para trás e viu Phoebe pegando sua bolsa, os gêmeos estavam correndo pelo gramado com Rosa.
— Estão brincando. Phoebe está vindo, mas ela está bem cansada. Acho que ela vai dormir antes do almoço. – riu. – Desculpem pela demora, a gente estava...
— Tirando o atraso? – Anne riu, olhando o casal.
abriu a boca para retrucar, mas era verdade.
— Claro que não. – rolou os olhos, mas todo mundo já estava rindo.
— , tá na cara do que vocês estavam transando. – riu.
Ela emburrou e riu, abraçando-a pela cintura.
— O que vocês estão bebendo?
— Cerveja, tem lá na geladeira. – Anne apontou para a cozinha.
— Quer uma? – perguntou para a esposa, que assentiu e foi se sentar com os amigos.
Eles ficaram conversando por tanto tempo que nem reparam quando a tarde chegou. Phoebe foi reclamar da fome e só então foram preparar o almoço. fez alguns sanduíches para as crianças não ficarem com muita fome até tudo estar pronto e os adultos migraram para a cozinha. Anne ajudou e os dois fizeram o almoço juntos.
ficou observando seus amigos, que estavam mais para família, e sorriu. Ela nunca se sentiu tão completa como se sentia ali, com todos eles. É claro que se sua família estivesse viva e ali, ela acharia mil vezes melhor, mas isso não era possível. Isso, no entanto, não significava que ela não era feliz. Muito pelo contrário, ela nunca tinha se sentido mais feliz como estava se sentindo agora.
Quando todas as crianças foram para a cama, já de noite, teve a brilhante ideia de começar uma fogueira. e os amigos foram ajuda-lo a buscar a madeira que tinha no depósito e e as garotas colocaram as cadeiras em um círculo. Colocaram a caixa térmica entre algumas cadeiras, para não ficar muito perto do fogo, e se sentaram. Anne foi buscar alguns pacotes de marshmallows que tinham comprado e colocou tudo numa vasilha. Depois que o fogo estava pronto, os casais se juntaram mais porque a noite estava bem gelada, embora fosse verão. A verdade é que nem é assim tão quente o verão da Inglaterra, então eles estavam acostumados e preparados. Amber e Molly trouxeram quatro mantas e os casais se juntaram para dividi-las.
passou o braço pelo ombro de e a puxou para perto, beijando o topo de sua cabeça.
— Sabe o que eu estava pensando? – ele perguntou. Ela levantou a cabeça e olhou nos olhos dele.
— O que?
— Quando nós casamos, nós concordamos em ter quatro filhos. – ele sorriu quando viu o rosto dela se iluminar com a recordação.
— Você quer ter mais um? – ela não conseguia conter a felicidade na sua voz.
— Se você quiser, por que não?
— Não existe nada que eu queira mais do que isso. – ela o abraçou e beijou aquela boca que tanto amava.
estava pulando por dentro, ele queria há alguns dias abordar esse assunto com ela, mas tinha medo que ela se assustasse. Só agora percebeu como estava enganado. As crianças eram tudo para , ter mais um só ia aumentar o amor daquela família.
— Vamos conversar com as crianças depois, pode ser? – ela perguntou. – Eu quero isso mais do que tudo, mas se eles não quiserem, não vamos nem tentar. Principalmente os gêmeos, que só agora têm minha atenção.
— Você tem toda razão em se preocupar com isso, mas eu tenho certeza que vão querer. Eles só querem a gente feliz, amor.
— Nós já somos felizes. Se tivermos outro filho, vamos ser ainda mais. – ela riu. – Ai, por que foi me falar isso? Fiquei animada agora.
— Justamente por isso. Adoro ver você feliz.
Ela sorriu e passou o nariz no dele.
— Te amo.
— Eu também amo você.
— Vocês não vão comer, não? – Anne perguntou, interrompendo o momento deles.
rolou os olhos para a irmã e pegou um graveto, colocando um marshmallow na ponta e esticando o braço para colocá-lo no fogo.
Todos eles estavam bebendo desde que chegaram, mas não era muito acostumada então foi a primeira a mostrar os efeitos do álcool. Quando viu como ela estava alterada, decidiu parar de beber, senão não iria conseguir cuidar dela.
— Vamos dormir, amor. – ele chamou, se levantando. Ela estava quase cochilando e o olhou, rindo.
— Não ‘tô com sono, .
— Vamos para o quarto mesmo assim, vou te dar um banho.
— Hmmmmm, banho. – ela riu e os amigos também, e não conseguiu ficar sério.
— Tá bom, bebum. Agora vem. – ele viu que ela não ia vir por vontade própria e colocou a esposa sobre ombro, sem muito esforço.
Ela gritou e deu boa noite para os amigos, indo até o quarto que eles tinham escolhido para ficar.
— ! Me coloca no chão!
— Para de gritar, as crianças estão dormindo. – ele riu e abriu a porta do quarto. Ele a jogou na cama e ela sorriu, abrindo os braços.
— Pode vir, tigrão.
Ele não conseguiu ficar sério e riu alto, sentando na cama.
— Por mais irresistível que você seja, não vou transar com você assim. Agora eu vou dar um banho em você, me ajuda. – pediu, tentando tirar a roupa dela. Ela encostou a cabeça no ombro dele e dormiu, como se não tivesse o escutado.
Ele riu e desistiu, deitando ela na cama e a cobrindo. Ela ia se arrepender amanhã de ter bebido tanto.
— Por que você me deixou beber tanto? – reclamou quando saiu do banho, enrolado numa toalha.
Ela tinha acabado de acordar e sua cabeça estava latejando.
— Você não queria parar de jeito nenhum, bêbada.
Ela riu e se sentou na cama, coçando os olhos.
— Eu posso ter bebido muito, mas eu lembro da nossa conversa.
Ele sorriu e se sentou na cama.
— Sobre aumentar nossa família?
— Sim, senhor. – ela riu. – Vamos conversar com as crianças hoje, não vamos?
— Vamos. Tome seu banho, vou chamar os três. – beijou sua testa e começou a se vestir.
Ela fez o que ele tinha pedido e foi correndo para o banheiro.
chamou os filhos e levou os três até a cozinha, James foi no seu colo porque estava com tanto sono que não se aguentava em pé.
Todo mundo estava tomando café e estranharam quando passou reto junto com os filhos, indo para a edícula.
— Pai, a gente não vai comer? – Dylan perguntou, esfregando a barriga. – Tô com fome.
— Sim, o papai só quer conversar com vocês. – ele colocou James no chão e pediu para os três se sentarem no banco de granito.
Ele se ajoelhou na frente dos filhos e colocou a mão no bolso da calça de moletom, tirando de lá uma caixinha de veludo azul marinho.
— Ai, meu Deus. – Phoebe arregalou os olhos. – Você vai...
— Vou. E eu preciso da ajuda de vocês. – ele olhou para os filhos, que sorriam e assentiam, maravilhados com a notícia.
sabia que tinham falado com as pessoas certas. Se tinha alguém no mundo que gostava de ver o sorriso e a felicidade de tanto quanto , eram aqueles três.
terminou de comer e começou a limpar a cozinha junto com Anne, já que todos os outros saíram correndo assim que mencionaram que alguém precisava limpar aquela bagunça.
— Eu estou tão feliz, . – Anne sorriu, colocando os pratos na lavadora. – Por nós duas.
— Eu também. – sorriu. – Como você e estão?
— Nós conhecemos um casal de irmãos num orfanato... , foi amor à primeira vista. Ele tem três anos e ela é apenas um bebê, não tem nem seis meses. Nós não queríamos falar nada porque pode não dar certo de adotarmos eles, mas... , eu não acho que vá dar errado. Do primeiro momento, eu senti que eles iam ser nossos... Você entende?
— Sim. – sorriu. – E vai dar tudo certo. Adoção é muito fácil no nosso país, ao contrário de muitos outros.
— Graças a Deus. – Anne sorriu. – Não vejo a hora de apresentar eles pra vocês. Se tudo der certo, pelo que conversamos com a assistente social, vamos ter a guarda provisória em duas semanas.
— Ah, então já entraram com o processo?
— Sim. – Anne riu. – Estamos muito animados, principalmente . Ele nem queria vir aqui pro final de semana, porque queria passar o aniversário com os dois. Eu o convenci a vir porque tenho medo dele se apegar demais. Eu não quero que ele sofra mais do que já sofreu, .
— E ele não vai. A única coisa que você precisa fazer é ter pensamento positivo. Tudo vai dar certo, nossa família vai ficar gigante!
sorriu mais do que devia e Anne cerrou os olhos para a cunhada, a puxando pela mão para que se sentassem na mesa.
— O que você tem pra me contar?
— Nada. – deu de ombros, rindo.
— Você ‘tá grávida? – Anne quase gritou, fazendo a amiga rir ainda mais.
— Não! Não, mas...
— Mas? – Anne a incentivou, sorrindo.
— Estamos pensando em aumentar a família. Vamos conversar com as crianças, só vamos fazer isso mesmo se os três concordarem. Eu não quero que nenhum deles se sinta triste ou excluído.
— Eles não vão, tenho certeza. Nossa, eu estou muito feliz por vocês. Vocês merecem.
sorriu e agradeceu. Eles mereciam mesmo. Elas foram lá fora, onde todos estavam. As crianças estavam na piscina, porque, ao contrário da noite passada, o dia estava muito quente e eles queriam aproveitar ao máximo.
estava de calção e sem camisa na beira da piscina, bebendo uma cerveja. olhou para ele e sorriu, indo ao seu lado.
— Você notou como e Anne estão felizes? Nem parecem as mesmas pessoas de duas semanas atrás.
— Anne sorri tanto que acho que se um vento bater na cara dela, ela paralisa.
riu alto, concordando.
— Nunca vi tão feliz assim, olha. – indicou os amigos, que estavam se agarrando numa esteira de tomar sol.
colocou os pés para dentro da água e começou a balançar os pés, deitando a cabeça no ombro de .
— Lembrou de colocar o biquíni? – ele perguntou, a puxando para ficar perto dele.
— Sim. – ela se ajoelhou e tirou o vestido. – Não me olha desse jeito. – riu ao ver o olhar safado do marido.
— Não posso evitar, você é linda.
Ela sorriu e abraçou o pescoço dele para beijá-lo, mas se jogou na piscina no exato momento, atrapalhando eles e encharcando os dois.
— Obrigada. – riu, rolando os olhos. – Vou tomar sol.
Ele a olhou se afastar e acenou para os gêmeos, que sorriram e saíram da piscina, junto com a irmã.
e estavam no quarto, um tão enrolado no outro que pareciam um só. Ela estava dormindo, mas ele estava pensando no pedido de casamento. Será que ela ia mesmo aceitar? Mesmo que eles estivessem juntos... tinha sofrido muito nesse período que ficaram separados. Ele mandou uma mensagem para Phoebe e meio segundo depois a porta se escancarou.
— Mãe, eu ‘tô com fome. – Dylan entrou no quarto e berrou, acordando a mãe.
— Eu também! – Phoebe falou, se sentando aos pés da mãe com James no colo.
— O que vocês querem comer? Nós acabamos de almoçar. – ela murmurou,
— Acabamos nada, vocês dormiram um montão! – Dylan falou.
— Que horas são?
— Quatro e pouco. – Phoebe respondeu.
levantou e se espreguiçou, fazendo carinho na cabeça de James, que tinha as mãozinhas na barriga rechonchuda.
— Vou fazer uns sanduíches, pode ser?
— Pode. – os três responderam juntos.
— Quer também, amor?
— Sim. – sorriu que nem uma criança.
Ela riu e rolou os olhos, saindo do quarto.
Os três olharam para o pai, com os olhos bem abertinhos.
— O que precisamos fazer?
levou as crianças lá para baixo e viu que todo mundo estava lá do lado de fora, na piscina de novo. sorriu quando os viu e terminou os lanches, colocando-os em uma vasilha.
— Prontinho, crianças. – ela colocou a vasilha na mesa e se sentou, ao lado do marido.
Como ela não tinha feito um sanduíche para ela, comeu junto com , que não se preocupou em dividir.
Quando terminaram de comer, todos foram para o quarto de e e os gêmeos inventaram que queriam uma moeda para brincar de alguma coisa, e ficaram enchendo o saco de para que ela lhe desse uma.
— , você tem uma moeda? Esses dois não vão parar até eu dar uma pra eles. – riu.
— Não sei se você merece. – ele se levantou da cama e ela também, o seguindo. – Aguentei muito tempo esses dois me azucrinando para brincar. Sua vez agora.
Ela riu e rolou os olhos, estendendo a mão.
— Você sabe que eu não me importo. Agora ande, me dá uma moeda.
Ele tirou uma coisa da carteira e colocou na mão dela. Ela se virou para entregar aos filhos e foi só aí que percebeu que o que tinha lhe dado não era uma moeda, e sim, um anel.
— O que...
Quando ela se virou de novo, ele estava ajoelhado no chão e ela arregalou os olhos.
— , o que você ‘tá fazendo?
— , eu me apaixono por você dia após dia, e eu pediria isso todos os dias porque é a maior forma que temos para mostrar para o mundo todo que nós nos amamos e que nada nem ninguém poderia mudar isso. Então, amor, você aceita se casar comigo de novo?
Ela riu e seus olhos se encheram de lágrimas.
— Do que você ‘tá falando, maluco? Nós já somos casados há catorze anos.
— Eu sei. Mas ano que vem vamos fazer quinze anos e eu pensei que nós poderíamos renovar os votos. Nós passamos por tanta coisa ultimamente, eu acho que precisamos de um recomeço.
Ela sorriu e se sentou na perna que ele tinha levantada, abraçando-o pelo pescoço e beijando sua boca.
— Você não precisava nem me perguntar, seu bobo. – estendeu o anel para ele e o viu colocar em seu dedo.
Os dois sorriam tanto que nem perceberam que as crianças ainda estavam ali, vendo tudo, e agora os aplaudiam com total admiração.
— Vocês sabiam, não é? – se levantou e colocou as mãos na cintura.
— Claro que sim. Quer dizer, quem brinca com moedas? – Phoebe riu, abraçando os irmãos pelos ombros. – Agora vamos descer e deixar vocês sozinhos.
Os três saíram antes que pudesse dizer qualquer coisa e ela olhou para o marido, sorrindo.
— Você é meu melhor presente, .
Ele sorriu e a abraçou, tocando suas testas.
— Eu estava pirando porque não sabia que ia aceitar.
— Você é um bobo. Não existia chance nenhuma de eu dizer não.
Ele a beijou e ela se deixou levar por um momento, mas logo separou suas bocas.
— Nós temos que ir lá na sala. Eu aposto que as crianças já contaram pra todo mundo. E daqui a pouco é hora de ir pra casa.
— Já que ainda não falamos com eles sobre termos outro filho, vamos falar em casa.
Ela assentiu e o beijou.
— Vou levar as malas para o carro. Vamos sair antes de anoitecer, não quero pegar a estrada no escuro. Sei como ainda se sente sobre isso.
sorriu fraco e fez carinho no rosto dele.
— Obrigada, meu amor.
— Agora desça, senão vão todos vir aqui procurar uma explicação.
Ela riu e assentiu, saindo do quarto. E foi exatamente como imaginou.
As crianças tinham contado o que tinha acontecido e assim que a viram, foi uma gritaria só. Ela riu e esperou que todos se calassem para, então, levantar a mão e mostrar o anel.
— Sua vadia! Vai me contar tudo agora mesmo! – Anne a puxou e Molly correu até as duas.
Amber também tentou, mas sua barriga gigante de oito meses não permitia que ela fizesse isso, então as outras três a esperaram.
— E então, como isso foi acontecer?
— Ele quer renovar os votos ano que vem, quando faremos quinze anos de casados.
— Que lindo! – Amber sorriu.
— , nós vamos poder planejar nossos casamentos juntas! – Anne quase gritou, fazendo a cunhada rir.
— Vocês vão fazer festa, né? – Molly perguntou, animada.
— Não sabemos ainda. Ele me pediu faz só cinco minutos. – riu, achando graça da reação das amigas. – E nós já estamos indo embora, vamos conversar sobre isso em casa.
— Você vai contar pra gente na hora como vai ser! Não quero nem saber. – Anne reclamou, fazendo a cunhada sorrir.
— Com certeza. Vou precisar da ajuda das minhas madrinhas, não vou? vai ter três padrinhos, preciso de três madrinhas.
Ela riu alto quando as três a abraçaram. olhou para a porta da casa de e estava escorado ali com um sorriso no rosto, a olhando. Ele não podia ser real, era impossível.
Phoebe já tinha tomado banho e estava secando os irmãos, que tinham acabado de tomar também.
— Crianças? – escutaram a voz do pai e os três olharam para a porta do quarto. – Quer ajuda, Pheebs?
— Não precisa, obrigada.
— Quando terminarem venham até a sala, tudo bem? A pizza chegou e eu e a mamãe queremos conversar com vocês.
Dylan encarou James, se perguntando o que eles deviam ter feito.
— Será que eles acharam nossa aranha?
— Onde vocês colocaram ela? – Pheebs perguntou.
— Na gav...
O grito de os interrompeu e James riu.
— Acho que agora acharam.
— Meninos! – entrou no quarto, com as mãos na cintura e enrolada em uma toalha. Não estava brava, até porque nem conseguia ficar, mas ainda assim os meninos se esconderam atrás de Phoebe. – Por que eu achei ela na minha gaveta de calcinhas?
Pheebs riu e estendeu a mão, pegando a aranha que estava escalando o braço da mãe.
— Vocês dois não tem jeito. – sorriu. – Se arrumem pra gente conversar.
— Aconteceu alguma coisa? – Phoebe perguntou, preocupada.
— Não, só quero ter uma conversa com vocês e . – sorriu.
Phoebe assentiu e colocou as calças de pijama nos irmãos. Quando estavam prontos, os dois apostaram corrida até lá embaixo e Phoebe os seguiu devagar, rindo da bobeira dos pequenos.
— A pizza é minha! – Dylan berrou, pegando um pedaço e pulando no colo do pai.
James se sentou ao lado da mãe e colocou Dylan no sofá para que pudesse comer também. Apesar das perguntas, disse que só iria falar depois que jantassem e, assim que o último pedaço de pizza foi comido, Phoebe chamou os irmãos e eles levaram tudo para a cozinha.
— Você acha que eles vão querer? – perguntou.
— Com certeza. – a tranquilizou.
— Pronto, agora fala! – Phoebe pediu, curiosa, ao chegar na sala de novo com os irmãos no seu encalço.
— Eu conversei com a mãe de vocês... Nós estamos pensando em dar um irmãozinho para vocês.
— E nós queremos ter certeza de que vocês também querem, senão não teremos.
James e Phoebe falaram que sim na hora, super animados, mas Dylan não parecia assim tão animado e pegou sua mãozinha, o puxando para o seu colo.
— Você não quer, amor? – ela perguntou para ele, passando a mão na bochecha rosada do menino.
— Não sei. – ergueu um ombro. – Depende.
— Depende do quê? – perguntou, curioso.
— Vocês vão gostar mais do bebê do que da gente? O Tyler, lá do colégio, estava bem feliz que ia ter um irmão, mas quando nasceu ele falou que os pais dele não gostavam mais dele. Se for assim, não quero não.
sorriu e abraçou o filho bem apertadinho.
— Quando a mamãe engravidou de vocês, a Pheebs me perguntou a mesma coisa alguns dias antes de vocês nascerem. E não foi assim, foi, filha?
Phoebe sorriu e negou com a cabeça.
— Eu adorei vocês quando vi pela primeira vez, eu queria brincar toda hora. Às vezes a mamãe não deixava porque vocês eram muito pequenos, desse tamanho. – mostrou com as mãos. – Mas a mamãe e o papai amam vocês igual eles me amam. E vão amar o bebê novo que nem amam nós três. Nem mais nem menos.
— Nem mais nem menos? – Dylan pediu, sorrindo.
— Isso mesmo. – sorriu e beijou a testa do filho, que parecia muito mais animado.
— Então tá bom! Eu vou poder brincar com ele?
— Claro que sim, você e seu irmão vão cuidar dele como a Phoebe cuidou de vocês. – sorriu.
— Agora a gente só precisa praticar. – sussurrou no ouvido da esposa, a fazendo rir.
8 MESES DEPOIS
sentiu um apertão quando a costureira tentou fechar o vestido atrás e suspirou, reclamando.
— Sinto muito, , mas a medida do seu busto aumentou. – a mulher se defendeu.
— O que está acontecendo? – Anne perguntou, saindo do provador já com seu vestido no corpo.
— O vestido não fecha. – começou a chorar e Anne se desesperou, correndo até a cunhada.
— Como assim não fecha?
— Eu engordei. – soluçou e Rosy se levantou e correu para buscar um copo de água. – E meu casamento é amanhã! Como eu consegui engordar em uma semana?
Quando voltou, estendeu para a cliente, que bebeu num gole só.
— Não engordou, . Todas as medidas estão normais, apenas a do busto que aumentou. Se o vestido fosse estilo espartilho, não teríamos problemas, mas como a renda das costas é fechada por botões, vamos ter que ajustar.
Annelise ergueu as sobrancelhas, já ligando os pontos, e se virou para Rosy.
— Você consegue consertar até amanhã, não consegue?
— Só vou precisar aumentar alguns centímetros, faço isso em quatro horas. Eu só vou precisar aumentar o bojo e dar um jeitinho atrás, consigo, sim. Só preciso tirar as novas medidas.
se acalmou e deixou que Rosy a medisse de novo. Ela ficou triste o tempo todo e quando foram para o carro de Anne, para voltar para casa, ela voltou a chorar.
— , se acalme. – Anne pediu, abraçando a cunhada. – Posso te perguntar uma coisa?
assentiu, limpando as bochechas e saindo do abraço.
— Quando você menstruou pela última vez?
franziu o cenho e deu de ombros.
— Eu não sei, o que isso tem a ver co... – ela ergueu as sobrancelhas. – Ah.
— Ah. – Anne a imitou. – O que você acha? Pode ser?
— Pode, eu não sei... Não tive nenhum outro sintoma...
— Como não? Estava se descabelando de tanto chorar agora. – Anne riu. – Vamos fazer assim... Vou passar numa farmácia e compro uns dois testes. Se for sim, você já marca horário com sua médica.
assentiu e suspirou. Anne reparou que ela estava tremendo e tentou acalmar a cunhada no caminho até a farmácia.
— Quer que eu vá? – Anne pediu. assentiu e continuou no carro, a esperando.
Ela estava muito nervosa, sua mão não parava de tremer. Ela e estavam tentando há oito meses, mas agora parecia muito mais real.
Anne não demorou e voltou com os dois testes, ela sorria tanto que até acharia engraçado se não estivesse nervosa.
— Meu irmão está em casa? – perguntou enquanto estacionava na frente da casa dos .
— Não, está na gravadora.
— Então vamos ver se vou ter outro sobrinho ou não.
tinha feito os dois testes, mas os tinha virado de ponta cabeça para não ver e saiu do banheiro, tremendo.
— E aí? – Phoebe e Anne pediram juntas.
Pheebs estava roendo as unhas, mais nervosa que a mãe. Ela estava cuidando dos irmãos quando elas chegaram, mas logo percebeu que a mãe estava meio estranha e deixou os dois jogando bola no quintal, então seguiu a madrinha e a mãe.
— Não sei, não olhei.
— ! – Anne brigou, se levantando da cama de . – Pode ir lá olhar.
— E se eu estiver grávida?
— Vai ser a melhor coisa do mundo e um presentão pro meu irmão.
Phoebe se levantou e foi até o banheiro, trazendo os testes.
— Mãe? – ela chamou.
a encarou, não escondendo sua curiosidade.
— Você ‘tá grávida! – Phoebe riu, correndo para abraçar a mãe.
Ela não acreditou até ver os palitinhos, e então começou a chorar. Anne foi chamar os meninos e Phoebe mostrou os palitos para os gêmeos, que não estavam entendendo nada.
— O que é isso?
— É um teste de gravidez. A mamãe fez para descobrir se ia ter um bebê, e o teste tá dizendo que sim.
— Sério?! – os dois berraram, indo até a mãe e olhando para a barriga dela.
— Já tá aqui? – James pediu, cutucando-a embaixo do umbigo.
riu, sentindo cócegas.
— Sim, ‘tá aqui. E eu quero que vocês dois me prometam guardar segredo do papai. A mamãe que quer contar, pode ser?
— Pode! – riram, contentes em guardar um segredo tão importante.
Ela ligou para e pediu se ele podia ir mais cedo para casa. Disse que Anne estava ali e ia fazer um jantar para eles, logo viria com as crianças também.
Agora era só esperar.
chegou em casa com uma mão atrás do corpo e gritando pela esposa. ficou toda desconfiada quando foi cumprimentá-lo, totalmente curiosa.
— O que você tem aí atrás? – perguntou, curiosa.
— Uma surpresa para você. – sorriu e tirou um pacote de trás de si.
Ela abriu rapidamente o pacote e riu alto ao ver seu mais novo livro, uma nova série que esteve trabalhando nos últimos seis meses e agora estava publicado, bem ali na sua frente.
— É o primeiro. Você trabalha na editora, mas eu subornei as pessoas certas. Me enviaram hoje.
Ela o abraçou e o beijou, muito contente. Mas logo o deixou de lado para apreciar seu livro. Quando abriu a primeira página, reconheceu as letras tortas do marido e sorriu, lendo a dedicatória.
“Ver suas conquistas de perto vale mais do que eu posso colocar em palavras, mas talvez eu possa te mostrar. Espero que goste do presente de casamento, eu amo você.”
Na outra página, um envelope vermelho a esperava e ela logo o abriu, curiosa.
— São duas...
— Duas passagens para Bahamas! Vamos ter nossa segunda lua de mel lá. Eu queria ter te levado na primeira vez que casamos, mas não tínhamos dinheiro o suficiente. Agora vamos ficar naquela praia maravilhosa durante duas semanas, começando depois de amanhã.
Ela sorriu grande, se aproximando dele de novo. Estava tão feliz que não conseguia segurar o segredo e o abraçou pelo pescoço, tocando suas testas.
— Eu estou grávida.
Ele arregalou os olhos e olhou para a barriga dela, abismado.
— Você...
— Sim. Grávida. De novo. – falou pausadamente, intercalando cada palavra com um beijo.
— Meu Deus, eu te amo tanto. – ele murmurou, a abraçando. – Obrigado.
— Obrigada você. Você não faz ideia de como eu estou feliz. Eu amo muito você. – o beijou de novo, sorrindo vez ou outra.
Eles nem estavam se importando que Anne, Phoebe e os gêmeos estavam assistindo tudo de camarote. Continuaram se amando e expressando a felicidade que estavam sentindo bem ali, no hall da casa. Se separaram apenas quando entrou na casa, com a filhinha no braço e o filho agarrado à sua outra mão. Ele gritou no ouvido de , assustando os dois e os fazendo parar de se beijar.
Depois de dar um murro no cunhado, foi até o amigo e pegou a sobrinha no colo, conversando com ela. Anne e tinham adotado aqueles dois irmãos e era impossível não gostar deles, eram mais do que adoráveis. Arthur tinha três anos e Mia agora tinha sete meses. Eles eram os novos xodós da família e todos os amigos faziam de tudo o possível para fazer as crianças se sentirem acolhidas.
Aquela família não parava de crescer nunca, e queria que fosse sempre assim. Agora já sabia que tinha mais um membro pronto para entrar e bagunçar ainda mais a vida daqueles adultos babões.
sentiu um beijo na bochecha e sorriu, abrindo os olhos vagarosamente. estava o olhando com aqueles olhos enormes e ele sorriu ainda mais, abraçando-a pela cintura e dando um selinho na mulher que tanto amava.
— Eu gostaria muito de ficar o dia todo com você nessa cama, mas está na hora de você ir embora.
Ele arqueou as sobrancelhas e a encarou, perdido.
— Como assim ir embora? Essa casa ainda é minha. – riu.
— Não hoje. – o beijou, rolando na cama até seu corpo ficar em cima do dele.
Eles ainda estavam nus, pois haviam dormido assim na noite passada depois de comemorarem da melhor forma possível a chegada de um novo bebê na família.
— Anne contratou uma equipe para arrumar as madrinhas e a noiva aqui em casa, então você não pode ficar aqui. Ela levou seu terno e sapatos para a casa do , vai se arrumar lá.
— A gente pode pelo menos tomar banho juntos?
— Não, só de noite. – riu quando ele virou eles na cama de novo, dessa vez com ele por cima.
— Tem certeza?
— Absoluta, tentação. Vai logo. – escapou do abraço dele e enrolou o lençol no corpo, se trancando no banheiro. – Não quero te ver aqui quando sair!
Ele riu e a obedeceu, vestindo-se e saindo do quarto. Foi até o quarto dos meninos, os acordar, mas os dois já estavam bem despertos e animados, conversando com Phoebe sobre o bebê. Agora esse ia ser o assunto da casa por um longo tempo.
— Estão animados?
— Sim! A mamãe e você vão se casar de novo! – Dylan sorriu.
— E ter um bebê. – James acrescentou, alegre.
riu, achando graça.
— Bom, eu preciso ir. Mamãe me ameaçou de várias maneiras, preciso me proteger. – exagerou. – Vão ficar aqui?
— Sim, eu vou arrumar eles. – Phoebe o avisou, passando a mão na cabeça de James e de Dylan. – Vai tomar café com a gente?
— Não, vou tomar no . Vejo vocês seis horas. – beijou a testa de cada um dos filhos e partiu, deixando os três com suas conversas conspiratórias.
Quando saiu do banho, Anne, Molly e Amber já estavam lá dentro do quarto dela, arrumando tudo. Os quatro vestidos estavam dentro das capas de proteção e cada um pendurado em um lugar do quarto. A cama dela estava arrumada e ela sorriu, agradecida, para as amigas.
— Finalmente saiu desse banho, desgraça! – Anne falou. – Já comeu?
— Ainda não, acabamos de acordar. – se espreguiçou. Usava um vestido rosa bem clarinho e leve e seus cabelos estavam molhados, assim como das outras mulheres, como pedido dos cabeleireiros.
— Pois vá comer! Eu não quero meu sobrinho faminto. – Molly reclamou, fazendo a amiga rir.
— Ele nem está reclamando de fome. – sorriu, passando a mão na barriga. – Mas vou comer. Depois que tudo estiver pronto, duvido que me deixem tocar em comida alguma.
Anne nem contestou, pois sabia que era verdade.
foi até o quarto dos filhos e os chamou para tomar café. As crianças logo grudaram na barriga dela, os gêmeos ficaram perguntando o que o bebê queria comer e estava achando a coisa mais linda do mundo inteiro.
— Acho que o bebê quer panquecas. – Dylan afirmou. – Com certeza ele quer panquecas, porque as da mamãe são muito gostosas.
Amber riu e acariciou a bochecha do afilhado.
sorriu e assentiu, começando a fazer as panquecas com a ajuda de Anne, que preparou os recheios doces de todos os tipos possíveis. Quando nenhuma panqueca restava e Molly limpou toda a cozinha, com a ajuda das crianças, os cabeleireiros chegaram junto com a equipe do spa. Anne tinha mesmo pensado em tudo, e estava adorando.
Ganhou uma massagem de uma hora, totalmente relaxante, assim como as amigas. Phoebe ficou cuidando dos irmãos. passou para deixar o almoço para todos e depois disso é que começaram de verdade. O casamento seria às seis, então tinham que estar prontas às cinco, pois nenhum atraso seria permitido. O casamento era de , mas quem mandava em tudinho era Anne.
Como o casamento seria de dia, pediu para que a maquiagem fosse leve, exceto pela cor do batom. Ela amava batons escuros e fazia questão de usar o mais escuro que tivesse, porque ela ficava linda e adorava.
Tudo foi feito às cegas, para as quatro mulheres. Nenhuma delas podia se ver antes de estarem prontas, elas mesmas tinham combinado aquilo. Claramente, a mais nervosa era . Quando Anne fechou o vestido dela, estava tremendo.
— , calma. – Anne riu. – O pessoal do spa já foi embora, estamos todas prontas. Não precisa ficar nervosa.
— Tudo bem, vou me acalmar. – prometeu, abanando os olhos para não chorar.
— Se você chorar, vou te matar! Você ‘tá linda, agora que está pronta podemos todas nos ver. – Molly sorriu e tirou o lençol que tinham colocado num dos espelhos do quarto.
As quatro estavam uma do lado da outra e sorriram muito ao ver suas imagens, estavam perfeitas. parecia uma verdadeira princesa, o vestido era simples e maravilhoso, ela o amou desde que o viu e soube que era aquele. Por mais que já tivesse se casado, parecia que era a primeira vez. Parecia que estava, de novo, com dezenove anos e a mãe lhe acalmando.
— Mãe? – Phoebe entrou no quarto e sorriu ao vê-la. – Você ‘tá linda, mãe.
sorriu e olhou para a filha, que também estava maravilhosa. Phoebe era a dama de honra e estava muito nervosa com isso, ainda mais porque dessa vez era ela quem levaria a mãe ao altar.
— Estão prontos? – pediu.
Phoebe assentiu e estendeu a mão para a mãe.
— Vamos?
Quando saiu do quarto, os gêmeos correram até ela todo engomadinhos e ela quase chorou, mas Anne estapeou seu braço e a mulher se controlou.
e foram juntos conhecer os salões de festa e os dois se apaixonaram por um que não ficava longe da casa deles e era maravilhoso. Como ela queria um casamento ao ar livre, ao contrário do primeiro deles, o lugar era perfeito porque além de ser gigante, tinha uma árvore com flores roxas e rosas que era enorme e era lá que se casariam, no fim da tarde e debaixo daquela árvore.
estava suando mais do que quinze anos atrás, quando a viu entrar pela igreja pela primeira vez e ainda era um garoto. Agora era diferente, o amor deles era muito maior e crescia cada dia mais. Dessa vez, os quatro filhos estariam presentes, mesmo que um ainda estivesse dentro dela.
Ele ouviu o som do violino tocando uma música suave e se arrepiou todo quando olhou para o fim do tapete, onde estava com Phoebe. Elas se olharam e sorriram antes de começarem a caminhar na direção de que, nesse momento, tinha os olhos cheios de água. Ela estava incrível, as duas estavam.
Phoebe pegou a mão da mãe e a entregou ao pai, que beijou-a. O juiz de paz começou a cerimônia. Como na primeira vez tinham se casado na igreja, decidiram que dessa vez um juiz faria a cerimônia.
aceitou o beijo na testa que lhe dera e sorriu, começando a prestar atenção na cerimônia. Não era longa como o matrimônio da igreja, mas o sentimento de realização era o mesmo. Logo era hora da troca de alianças e os gêmeos entraram. , que tinha segurado as lágrimas desde o início, não conseguiu mais.
Dylan e James tinham cada um uma aliança na mão. Dylan entregou ao pai uma e James entregou à mãe a outra. beijou a cabeça dos dois e sorriu enquanto os assistia caminhar até a irmã.
Eles trocaram os juramentos e, quando se beijaram, todos os convidados se levantaram para aplaudir. Dylan, James e Phoebe eram os mais animados, é claro.
encostou a testa na da esposa e sorriu, olhando-a.
— Amo você.
Ela sorriu e limpou as lágrimas que ele tinha soltado.
— Eu também amo você. – o beijou de novo. – Agora nós temos uma festa para curtir.
Ele riu e a pegou no colo, o que fez todos rirem porque ela gritou, assustada.
— Nós não devíamos fazer isso na hora que chegássemos em casa?
— Nós não vamos para casa. – ele sorriu e a colocou no chão quando chegaram ao salão de festas, que era ao lado de onde o casamento tinha sido.
— Não? – ela pediu, curiosa.
a levou até a mesa deles e se sentou, puxando-a para seu colo.
— Nós vamos passar a noite num hotel. – beijou o pescoço dela.
— E as crianças? – perguntou, confusa.
— e Amber vão cuidar deles. – sorriu e pediu que se levantasse, para poder levantar também.
— Onde você vai?
— Escrevi uma música para você, porque não sabia como escrever votos... eu fiz a mesma coisa quinze anos atrás, mas dessa vez a música é diferente. Aproveita seu show. – beijou a boca dela e acenou para os amigos, que o seguiram até o palco.
Todos os convidados estavam lá dentro já e começaram a prestar atenção na movimentação.
sorria antes mesmo dele começar a música, que nunca tinha escutado.
Breathe Deep, Breathe Clear Respire fundo, respire claro Know that I'm here Saiba que eu estou aqui Know that I'm here Saiba que eu estou aqui Waiting Esperando Stay strong, stay gold Fique forte, permaneça pura You don't have to fear Você não tem que temer You don't have to fear Você não tem que temer Waiting Esperando
sorria enquanto cantava, Phoebe e os gêmeos estavam em volta de e ela tinha os olhos transbordando. Ele sabia que ela ia chorar.
limpou os olhos e continuou assistindo ao show enquanto o marido dedicava aquela música linda à ela.
I’ll see you soon Eu vou ver você em breve I'll see you soon Eu vou ver você em breve
— O papai pensa em tudo. – Dylan murmurou, achando graça no choro da mãe.
— Claro que sim, ele é nosso pai. – Phoebe riu.
How could a heart like yours Como pode um coração como o seu Ever love a heart like mine Amar um coração como o meu How could I live before Como eu pude viver antes How could I have been so blind Como eu pude ser tão cego You opened up my eyes Você abriu meus olhos You opened up my eyes Você abriu meus olhos
aceitou um lencinho da filha e olhou para , murmurando um “eu vou matar você” que sabia que ele tinha entendido.
Ele sempre fazia essas coisas. De vez em quando, ele escrevia uma música para ela e cantava no quarto deles, ela tinha várias e achava todas tão lindas que nem conseguia escolher só uma como preferida. Algumas ela deixava que ele levasse para a banda e colocasse nos CD’s, mas outras eram só deles e ela sabia que essa ia ser assim. E sabia que ia fazer ele ficar cantando ela até que ela enjoasse.
Ele sabia disso também.
Sleep sound, sleep tight Som do sono, durma bem Here in my mind Aqui na minha mente Here in my mind Aqui na minha mente Waiting Esperando Come close my dear Chegue perto minha querida You don't have to fear Você não tem que temer You don't have to fear Você não tem que temer Waiting Esperando
Anne estava com Mia no colo e Arthur estava sentado ao lado delas, assistindo ao pai tocando junto com os tios.
— Mamãe, posso te contar um segredo? – ele perguntou, cutucando seu braço.
Anne sorriu. Ele tinha começado a chamar eles de mamãe e papai na mesma semana que os adotaram. Ela amava tanto aquelas duas coisinhas que era impossível não se sentir abençoada.
I’ll see you soon Eu vou ver você em breve I'll see you soon Eu vou ver você em breve
— Pode.
— Tem que prometer não contar para o papai.
Ela sorriu e assentiu, cruzando o dedinho com o dele.
— Papai escreveu uma música pra você também. Eu ouvi. – sussurrou, para que mais ninguém ouvisse.
How could a heart like yours Como pode um coração como o seu Ever love a heart like mine Amar um coração como o meu How could I live before Como eu pude viver antes How could I have been so blind Como eu pude ser tão cego You opened up my eyes Você abriu meus olhos You opened up my eyes Você abriu meus olhos
Ele não entendeu quando a mãe também começou a chorar, que nem a madrinha dele, .
Deu de ombros e continuou assistindo a performance do padrinho, deixando de lado o chororô das duas.
Holdfast hope Mantenha firme a esperança All your love is all I've ever known Todo seu amor é tudo o que eu já conheci Hold fast hope Mantenha firme a esperança All your love is all I've ever known Todo seu amor é tudo o que eu já conheci
estava abraçada aos filhos e soluçando um pouquinho, mas achava tudo tão lindo que não ligava nem um pouco. Ela notou que, quando começou a última estrofe, seus olhos também estavam marejados. Daqui a pouco era a vez dela falar seus pequenos votos e sabia que ele ia chorar também.
How could a heart like yours Como pode um coração como o seu Ever love a heart like mine Amar um coração como o meu How could I live before Como eu pude viver antes How could I have been so blind Como eu pude ser tão cego You opened up my eyes Você abriu meus olhos You opened up my eyes Você abriu meus olhos You opened up my eyes Você abriu meus olhos You opened up my eyes Você abriu meus olhos
e os amigos pegaram as taças de champanhe que os garçons lhes ofereceram e propôs um brinde.
— À minha linda mulher. – estendeu a taça.
estendeu a sua em resposta e se levantou, indo até o palco. Os amigos já tinham saído dali, mas ela pediu que ficasse. Quando ele notou o papel na mão dela, riu baixinho.
— Vai me fazer chorar também?
— Você sabe que sim, meu amor.
Ele sorriu e beijou sua testa. pegou o microfone e pediu silêncio a todos.
— Antes de fazer meus votos, eu queria agradecer a todos vocês que estão aqui presentes. Muitos de vocês viram como o último ano foi difícil e, ainda assim, nós conseguimos passar por tudo aquilo juntos e com a ajuda de vocês, então muito obrigada.
Ela sorriu quando eles aplaudiram e esperou que o barulho cessasse para ler seus votos.
— Há quinze anos, eu prometi defender nosso amor acima de tudo. Prometi estar sempre ao seu lado e prometi cuidar de você até o último dia de nossas vidas. Hoje, eu percebo como estive enganada. Foi você quem defendeu nosso amor acima de tudo enquanto eu me negava a acreditar que ainda poderíamos dar certo. Foi você que sempre ficou ao meu lado, mesmo que da sua maneira tortinha. – riu, acompanhada de .
Ele não precisava esconder as lágrimas e o quanto o emocionava com suas palavras, então não teve vergonha nenhuma de chorar na frente daquele salão cheio de gente.
— Foi você quem cuidou de mim e dos nossos filhos quando eu não podia. Você diz que era sua obrigação e talvez tenha mesmo sido, mas isso não impede que eu sinta gratidão por tudo isso. Viver sem você não é algo que eu queira experimentar, nunca. Você é tudo o que faltava na minha vida e eu espero ser o mesmo para você. Sem você, nós não teríamos essa família maravilhosa. Não teríamos esses três pestinhas – indicou os filhos, que riram. – E nem mais um bebê escutando tudinho daqui. – colocou a mão na barriga e riu quando soluçou, achando graça. Então, hoje, eu quero dedicar um brinde a você. Um brinde ao homem que me fez crescer e que me amou apesar de todos os defeitos e que, mesmo quando eu desisti dele, não desistiu de mim. Eu amo você.
Ela riu e se permitiu chorar também quando a abraçou e a acolheu em seu peito. Depois que os convidados pararam com os aplausos, os dois desceram e foram até a mesa deles, onde as crianças estavam os esperando. Logo os dois tiveram que se afastar dos filhos para a primeira dança. o abraçou pelo pescoço e tocou a testa na dele, que estava sorrindo.
— Posso te contar uma coisa? – ele perguntou.
Ela assentiu e beijou sua bochecha, enquanto deixava que ele a guiasse com passos lentos conforme a música.
— Eu nunca acreditei em nada disso, mas agora eu vejo o quanto eu estava errado. Felizes para sempre existe sim, você é o meu.
N/a: Eu sugiro que coloquem essa música e deixem ela repetindo durante o epílogo todo.
All alone in an empty room Sozinho em um quarto vazio Nothing left but the memories Nada sobrou além das lembranças Of when I had my best friend De quando eu tinha a minha melhor amiga I don't know how we ended up here Eu não sei como acabamos aqui I don't know but it's never been so clear Eu não sei, mas nunca foi tão claro We made a mistake, dear Cometemos um erro, querida And I see the broken glass in front of me E eu vejo o vidro quebrado na minha frente I see your shadow hanging over me Eu vejo sua sombra pairar sobre mim And your face, I can see E seu rosto, eu posso ver
tentou, inutilmente, pela quarta vez dar o nó na gravata. A tremedeira na sua mão não ajudava nem um pouco e ele bufou, irritado. Escutou algumas batidas na porta e murmurou um pode entrar, enquanto tentava de novo.
— Papai, está pronto? – Mel entrou no quarto. – Já está na hora.
apontou para a gravata e a filha foi até ele, ajuda-lo.
— Sempre foi ela quem fez isso. – ele deu de ombros e Mel sorriu, dando o nó facilmente. – Sabe de uma coisa? Ela tinha sua idade quando engravidou de você.
Mel sentiu os olhos marejarem e abraçou o pai.
— Vai ficar tudo bem, papai. Trevor está perguntando por você, vamos?
Ao ouvir o nome do neto, o semblante de se iluminou um pouco.
Through the trees Por entre as árvores I will find you Vou encontrá-la I will heal the ruins left inside you Vou curar as ruínas deixadas dentro de você 'Cause I'm still here breathing now Porque eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora Until I'm set free Até que eu me liberte Go quiet through the trees Vá tranquila por entre as árvores
Assim que chegou à sala, viu que a família toda estava ali. Phoebe e o marido estavam com os dois filhos em um sofá e Dylan e James estavam com as esposas. James tinha apenas uma filha e Dylan tinha três. Phoebe e Mel eram as únicas que tinham meninos, um cada uma. Phoebe teve gêmeos, por incrível que pareça, um casal. Mel só tinha Trevor, por enquanto, a alegria da família. Ele era o único por ali que não chorava, até porque tinha apenas três aninhos e não entendia o que estava acontecendo.
— Vovô! – correu até , feliz. – A vovó ‘tá descendo?
A sala toda ficou em silêncio e sorriu fraco para o neto, beijando sua testa quando o pegou no colo.
— Agora não, Trevor. Nós precisamos ir, estamos atrasados.
O menino assentiu e todos saíram da casa. foi no carro de Mel com ela, o esposo e Trevor. Quando chegaram à igreja, ele foi o último a descer do carro e Melanie deu um tempo ao pai.
tirou do bolso um papel e Mel foi até ele, enroscando-se em seu braço.
— Todos estão lá dentro, te esperando.
Ele assentiu e a conduziu até a nave da igreja. O caixão estava ao lado e, perto dele, um quadro lindo com uma foto de .
I remember how we used to talk Lembro-me de como nós costumávamos conversar About the places we would go when we were off Sobre os lugares que íamos, quando estávamos de folga And all that we were gonna find E tudo o que íamos encontrar And I remember our seeds grow E me lembro de nossas sementes crescerem And how you cried when you saw E como você chorou quando viu The first leaves show As primeiras folhas aparecerem The love was pouring from your eyes O amor estava derramando de seus olhos
Antes de começar o discurso, todos os filhos foram até e o abraçaram. Ele não conseguiu mais segurar as emoções e começou a chorar.
— Você consegue mesmo fazer isso? – Phoebe lhe perguntou.
— Sim. – assentiu. – Podem se sentar.
Ele assistiu sua família se afastar e foi até o púlpito.
— era uma escritora, então ela era boa com palavras. Eu nunca fui, então foi muito difícil escrever isso. – ele começou. – Nós vivemos um verão intenso por cinquenta e três anos e menos de um dia depois de sua morte, o inverno já começou. Eu não... – sua garganta fechou. – Eu não consigo...
So can you see Então você pode ver The branches hanging over me? Os ramos que pairam sobre mim? Can you see Você pode ver The love you left inside of me? O amor que você deixou dentro de mim? In my face No meu rosto Can you see? Você pode ver
Mel foi até o pai e o tirou de lá, pegando o papel de sua mão.
— Eu termino, papai. – beijou sua testa e foi até o púlpito, começando a ler o que o pai havia escrito. – Eu me lembro de como vivemos os últimos anos, desde que as crianças deixaram nossa casa. nunca deixava as portas dos quartos deles abertos porque, mesmo depois de anos, chorava quando via que nenhum dos nossos filhos estava em casa. Mesmo assim, os últimos anos foram muito felizes e regados de amor. Ela morreu dormindo e com a mão entrelaçada à minha. – Mel deu uma pausa para se acalmar, pois também chorava. – Eu nunca vou deixar de amá-la. Ela estaria muito feliz se visse que toda a família e amigos estão aqui, então muito obrigado. – Mel finalizou, saindo dali e indo até o pai.
Through the trees Por entre as árvores I will find you Vou encontrá-la I will heal the ruins left inside you Vou curar as ruínas deixadas dentro de você 'Cause I'm still here breathing now Porque eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora Until I'm set free Até que eu me liberte Go quiet through the trees Vá tranquila por entre as árvores Cause' you're not coming back Porque você não vai voltar And you're not coming back E você não vai voltar No... No... No. Não... Não... Não. You're not coming back Você não vai voltar You're not coming back Você não vai voltar
James, Dylan, Jared e Ian, maridos de Melanie e Phoebe, levaram o caixão até o cemitério pelas portas do fundo da igreja. A cova já estava feita e esperou que o caixão estivesse colocado lá totalmente para jogar terra e uma rosa em cima dele.
pediu que os filhos fossem para casa para recepcionar os familiares que iriam até lá prestar condolências. James disse que o levaria para casa e foi com a esposa e a filha até o carro, esperá-lo.
Ele se sentou na grama e passou a mão na terra que cobria o caixão, deixando-se chorar mais uma vez.
— Você sempre disse que iria primeiro, não disse? – ele riu em meio às lágrimas. – Nunca achei que fosse verdade. O que vou fazer sem você, ? – chorou. – Você é tudo o que tenho. Eu sei que tenho as crianças, mas não quero que cuidem de mim por obrigação. Eu quero você de volta.
Ele limpou o rosto e se levantou.
— Não vai demorar muito para nos encontrarmos, eu prometo.
James estava esperando o pai ao lado do carro e quando o viu, abriu a porta para ele. Foram em silêncio até a casa de . notou que estava lotada antes mesmo de entrar.
Alguns parentes e amigos estavam lá e muitos foram até ele prestar suas condolências, mas ele estava muito cansado.
— Eu agradeço a todos, mas preciso me retirar.
Ele entrou em seu quarto e fechou a porta. Phoebe trocou um olhar com Mel, preocupada.
— Ele só precisa de um tempo. – Mel murmurou. – Agradeça a todos pelos pratos.
A cozinha estava cheia de comida, todos trouxeram alguma coisa e Mel chamou os gêmeos para ajudarem ela a esquentar tudo e servir para os convidados.
Take my breath as your own Tome minha respiração como se fosse sua Take my eyes to guide you home Tome meus olhos para guiá-lo para casa 'Cause I'm still here breathing now Porque eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora And I'm still here E eu ainda estou aqui 'Cause I'm still here breathing now Porque eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora And I'm still here E eu ainda estou aqui
Foram horas até todos se retirarem e Dylan e James começarem a limpar a cozinha junto com as esposas.
— Papai está trancado há muito tempo. – Mel comentou. – Ele devia comer alguma coisa.
— Vou chamá-lo, por que não serve alguma coisa para ele? – Phoebe apertou os ombros da irmã e se retirou.
— O papai não vai superar fácil. – Dylan negou com a cabeça. – O acidente já foi difícil, mas isso? Talvez devêssemos passar um tempo aqui. Um filho de cada vez.
James assentiu, achando uma boa ideia.
— Talvez seja melhor deixa-lo sozinho só por um tempo. Depois faremos isso. Ele não gosta de ninguém perto dele quando está triste.
Mel colocou o prato no micro-ondas e se virou, vendo que Phoebe estava na porta da cozinha com os olhos marejados.
— Viu um fantasma, mana? – ela perguntou, curiosa.
— O papai estava deitado do lado que a mamãe gostava de dormir, abraçado ao travesseiro dele. Eu chamei ele, mas ele não... – ela soluçou. – Ele não estava dormindo.
Mel arregalou os olhos assim como os irmãos e os três correram até o quarto.
estava deitado com a mesma roupa que tinha usado no funeral, sem os sapatos e os braços estavam envoltos em um travesseiro.
— Papai? – Mel chamou, se sentando ao lado dele. Ela colocou a mão no rosto dele e percebeu como estava frio. – Ai, meu Deus.
James a acolheu num abraço e trocou um olhar com Dylan, que assentiu.
— Eu vou ligar para alguém.
'Cause I'm still here breathing now Porque eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora I'm still here breathing now Eu ainda estou aqui respirando agora And I'm still here E eu ainda estou aqui But you're not coming back Mas você não vai voltar And you're not coming back E você não vai voltar 'Cause you're not coming back Porque você não vai voltar Until I'm set free Até que eu me liberte Go quiet through the trees Vá tranquilo por entre as árvores
Um ano depois
Mel pegou Trevor no colo e o tirou do carro.
— O que estamos fazendo aqui?
— Hoje faz um ano que o vovô e a vovó morreram, vamos visita-los. – Jared falou para o filho e abraçou a esposa pelos ombros. – Você quer dar as flores? – pediu ao filho, que assentiu.
Mel o colocou no chão quando chegaram ao túmulo. Como morreu apenas um dia depois da esposa, foram enterrados juntos.
Ela sorriu e passou a mão nas letras do túmulo, sentindo os olhos lacrimejarem.
Em memória de e .
Fim!
Nota final da autora (26/06/2016): Eu nem sei o que dizer senão: Obrigada! Obrigada a todas vocês que leram e acompanharam essa fanfic, umas desde o início e outras não, mas isso não importa.
Eu queria agradecer cada uma pessoalmente, mas não dá. Então vou agradecer a quem me apoiou desde sempre:
Lara, obrigada por me suportar estressada quase todos os dias e mesmo assim não desistir da nossa amizade. E obrigada por me forçar a escrever quando eu tenho preguiça hahaahha.
Lari, obrigada por betar minhas fanfics e sempre comentar no email o que você tá achando, isso é muito importante e muito legal <3.
Obrigada às meninas do grupo do whats, em especial à Alana e à Gabriela que me ajudaram a achar uma música para o casamento. Por mais que eu não tenha escolhido nenhuma das que vocês mandaram, vocês ajudaram muitoooo!
E obrigada a você, que leu até aqui. Não esqueçam de comentar o que acharam, isso é muito importante e vai deixar Regress sempre viva, assim mais gente pode ler!
Mwaaaaah, até a próxima! E não esqueçam das minhas outras fanfics!
Meu twitter continua o mesmo (@dougiefuck)
E o grupo no fcebook é esse aqui, ó: Fanfics da Jhu.
E leiam minhas outras fics!
Mwaaaaah!
Outras fics:
O Colecionador de Bonecas - Restritas/Em Andamento
Fruto Proibido - Restritas/Em Andamento
15. Once In A Lifetime - Ficstape #003
02. Shine a Light - Ficstape #011
Nota da Beta: Ai, meu Deus! Nem acredito que acabou ç.ç
Eu nem vou ficar dizendo aqui o quanto eu chorei, porque, aff, já sabe a beta de coração fraco que tem!
Foi um imenso prazer betar essa fanfic maravilhosa e poder acompanhar toda a trajetória desse casal lindo <3 É uma honra ser sua beta, Jhullie, saiba que estarei sempre disponível para você!
Larys
xx