Remembering Sunday Night


Escrita por: Maria Fernanda
Betada por: xGabs Andriani




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Capítulo 1


's POV
Quando minha mãe resolveu ir pra búzios no Carnaval, eu xinguei ela com todas as forças. Internamente, claro. Eu amava o Carnaval do meu Rio de Janeiro (ah, os blocos!), assim como todas as minhas amigas, por isso quase não consegui nenhuma amiga para me acompanhar. Quase.
Búzios sozinha era o fim. Nada pra fazer, a não ser falar com os mesmos amigos velhos e bêbados dos seus pais e brincar com as crianças de um deles.
De última hora, acabei chamando , uma das minhas amigas da escola. era aquelas garotas tipo camarão, mesmo. Tinha cabelos volumosos e cacheados e a pele branca, os olhos de uma oriental. Seu corpo era voluptuoso e ela era daquelas meninas que ficam com vários, só por ficar. Mas naquela semana eu estava ganhando. Tinha ficado com três, um na primeira sexta, outro na segunda e um ontem, no sábado. E ela, nada. Eu geralmente não ficava beijando aleatórios assim, mas era Búzios e carnaval. No carnaval, tudo pode, certo?
Até que a semana estava divertida, exceto quando dava aquelas tiradas estúpidas.
Resolvi ajudar minha amiga na questão garotos, mesmo sendo o último dia. A gente só tinha a praia e iríamos de volta para o Rio quando anoitecesse.
, eu quero um garoto pelo menos.
– Já vai, . Peraê. - Falei, enquanto caminhávamos na areia da praia de Geribá, a praia mais badalada de Búzios, onde os gatos ficavam. - Hm, porquê você não escolhe um e a gente vai lá e conversa?
– Eu não sei se tenho coragem, está louca? Mas pensando bem... – disse , observando uns garotos que estavam jogando altinha junto à beira do mar. - Aquele de bermuda vermelha e branca é uma graça. É ele.
– É mesmo? Vai lá falar com ele.
– Porra , - falava muito palavrão e me influenciava às vezes. - Ele está jogando futebol com os amigos dele, vou me meter lá e falar com ele?
– Verdade... - murmurei, pensando em alguma coisa rápido - Acho que aquele garoto, - apontei discretamente para um menino levemente bronzeado e sarado que estava sentado na areia. - Está com eles. Faz assim, vai lá comprar um açaí e eu falo com ele.
Ela assentiu e andou até a barraca de açaí. Eu dei uma ajeitada no biquíni e andei até o que estava sentado.
– Oi, e aí? – falei, e ele sorriu. Gatinho. – Hm, posso sentar do seu lado?
– Oi! Pode sim – ele sinalizou um lugar ao seu lado e eu sentei.
– É... Vou falar na lata mesmo... O teu amigo de bermuda vermelha ali tem namorada? – perguntei, olhando pro tal garoto.
– Não.
– Você acha que ele ficaria com a minha amiga ali? – apontei pra , que estava de costas, comprando acaí.
Ele analisou de cima a baixo e fez uma careta.
– Acho que não.
De repente tive a ideia mais bizarra da minha vida:
– E com nós duas?
– Orra, claro que sim! – exclamou com um sotaque diferente e eu sorri.
Eu daria um selinho no garoto de bermuda vermelha e branca e ficaria conversando com esse do meu lado pelo resto do tempo. Ele parecia bem simpático.
– Ótimo – respondi, voltando a olhar pro garoto ao meu lado. - Qual o seu nome?
– Bruno, e o teu?
.
Ele sorriu e eu perguntei:
– Você não é daqui, né?
– Não - disse Bruno, um pouco sem graça. – Como descobriu?
– Você fala apressado.
– Pois é. São Paulo. – esclareceu Bruno.
chegou e me deu o açaí. Logo depois sentou ao meu lado.
– Oi – sorriu pra Bruno.
– Ah, me desculpa! – murmurei, batendo na testa. -Bruno, , , Bruno.
– Oi – o garoto sorriu educadamente e continuou: - Vocês são de onde?
– Somos do Rio.- apressou-se em responder. – A tem casa aqui, ela me chamou.
Bruno olhou pra mim e eu sorri.
– E vocês? – eu perguntei e Bruno me olhou confuso. - Quer dizer, de São Paulo eu sei que você é, mas tem casa aqui ou o quê?
– Ah, alugamos só pro Carnaval. Búzios era mais barato do que Floripa. – disse, rindo.
Rimos com ele e continuamos conversando até que Bruno lembrou da existência de seu amigo.
– Vocês não querem saber o nome dele, não?
– Claro - respondemos juntas, eu e a .
– É Diego.
– Diego - suspirou ao meu lado e eu quase revirei os olhos.
Franzi os olhos tentando enxergar alguma coisa do garoto.
Seu cabelo era castanho e curto, bagunçado e sujo de areia, ainda molhado pela água do mar.
Não era magro, mas não era gordo assim. Fofo, vamos dizer.
Pena que eu não ia conseguir ver seu rosto de tão longe. Bruno percebeu meu esforço e falou:
– Vou trazer ele aqui pra vocês. - levantou-se e suspirou. - Senão agente fica conversando a tarde toda.
Fiquei meio triste por ele ter de ir embora. Simpatizei com ele, posso? Talvez eu ficasse mesmo conversando com ele enquanto o garoto de bermuda vermelha... OPS! Diego e ficavam.
– Eu gostei do Bruno – sussurrei pra enquanto Bruno explicava alguma coisa pra Diego. – Você não sossega mesmo...
Quem era ela pra me julgar?
– Ah, eu disse pro Bruno que nos duas ficaríamos com o Diego… -murmurei baixo pra ela, que ja ia reclamar, mas parou quando viu que os dois se aproximavam.
Facilmente identifiquei as feições de Bruno, que dava um soco amigo em Diego. Ainda não conseguia enxergar o amigo fofinho de Bruno. Forcei a vista.
Olhei novamente o corpo do garoto que ficaria comigo e com . Meio fofinho, mas ainda assim tinha pernas fortes, torneadas pelo futebol…
Tinha olhos castanho-mel, clareados no sol, um sorriso bonito e um nariz fino meio torto.
Tive que desviar os olhos quando percebi que ele me encarava e tive certeza que já estava corando, o que não acontecia com muita freqüência.
– Pronto! – Bruno disse com um largo sorriso – E eu... vou... Ali! – ele falou, rapidamente e caminhou até os outros garotos, com uma súbita vontade de jogar altinha.
Ele quebrou o silêncio.
– Bom,eu sou o Diego. - falou, passando as mãos no cabelo, envergonhado.
! – sorri. Que voz aquele garoto tinha, céus! – E essa é a .
– Prazer - ele disse, sentando na nossa frente. – Vocês são daqui?
– Do Rio. E você de São Paulo, certo?
– Certo – respondeu Diego à minha pergunta.
estava muito calada, surpreendentemente.
– Quantos anos vocês têm? – perguntou Diego.
– 16! – gritou . Estava demorando... – E você?
– 18, e você? - perguntou olhando nos meus olhos.
Eita.
– Também. Já está na faculdade? - perguntei.
– Não, - respondeu ele, meio envergonhado. - Não vou fazer faculdade, quero seguir carreira de músico.
– Sempre sonhei em namorar um vocalista. - Quando eu vi já tinha saído. Por que eu sempre pagava mico na frente de garotos bonitos? Sorri com aquela cara de idiota já corando novamente. Eu estava corando muito hoje.
– Eu sou um. - Disse rindo. Depois ele ficou meio quieto e eu pensei em deixar eles sozinhos por um momento.
Comecei a pensar no que eu deveria fazer enquanto eles se beijavam, já era noite então não poderia ir perambular muito longe sozinha e na verdade nem seria necessário. Eu ainda estava no meio do pensamento quando ouvi um “ai” envolvido num suspiro na voz de .
Já estava me virando rindo, pronta para perguntar que tipo de pessoa fala “ai” depois de beijar, mas não tive tempo. Ele estava bem ali, atrás de mim, e eu tinha virado tão rápido que quase bati no peito dele. Achei que pudesse perder o equilíbrio com a quase-batida, mas ele envolveu a minha cintura com os braços e eu me senti completamente segura.
Diego tocou meus lábios levemente com os dele, deslizou na verdade, me deixando completamente arrepiada. Então me beijou, devagar, seus lábios macios apertados contra os meus, coloquei minhas mãos em sua nuca, afundando os dedos em seu cabelo. Percebi então que apesar de ter jogado alinha com os amigos durante a tarde toda, ele cheirava muito bem. Eu vi o suor dele, sabia que ele tinha jogado, mas ele cheirava como se tivesse acabado de sair do banho.
O beijo se aprofundou, eu fiquei na ponta dos pés para um melhor alcance, as mãos dele percorriam minhas costas e eu ficava mais arrepiada a cada toque.
Nos afastamos brevemente para recuperar o fôlego, e quando eu abri os olhos, ele já estava me olhando. fez um barulho com a garganta e então Diego se afastou de mim.

Sentamos novamente pra conversar e o tempo passou tão rápido que nem reparamos quando os amigos de Diego foram embora. Conseguimos enrolar até quando escureceu totalmente, mas já estava ventando tanto que estava impossível ficar lá só de biquíni. Então eu me sentei na mesma situação de antes. Me afastei novamente e poucos minutos depois ouvi correr para onde ficava minha casa com um breve “Tchau”.
Ri suavemente, mas nem tive tempo de me virar. Lá estava Diego com as mãos na minha cintura novamente.
Começamos a nos beijar urgentemente. As mãos dele subiam e desciam pela curva da minha cintura, meus dedos corriam por seu cabelo.
Senti os primeiros pingos de chuva batendo nos meus ombros e ele se afastou. Senti meu rosto cair, droga de chuva! Ia fazer ele ir embora.
Mas pra me surpreender ainda mais do que já havia feito a noite inteira, ele olhou pra cima e sorriu, me puxando ainda mais perto, me colando no corpo dele, voltando a me beijar. Ele mordeu meu lábio e um arrepio percorreu minha espinha. Diego não só percebeu como sorriu com isso, aquele sorriso me deixou louca e eu fiquei na ponta dos pés, puxei o rosto dele pro meu.
Ficamos nos beijando pelo que pareceu horas, estávamos completamente sem fôlego, mas parecia impossível parar. Diego se afastou mais uma vez, agora para me olhar, eu viajei naqueles olhos que me espiavam. Ele me beijou de novo e eu soltei um gemido baixinho fechando os olhos.
Não sei o que me fez abrir os olhos, mas quando o fiz, encontrei os dele, também abertos, olhando de volta pra mim. Sorrimos no meio do beijo.
Continuamos com aqueles beijos perfeitos, ora doces, ora urgentes, de olhos abertos, assistindo a reação um do outro. Nunca imaginei que encontraria alguém que me faria querer beijar de olho aberto para não perder nem um detalhe de seu rosto.
Mais uma vez nos afastamos, mas só nossas bocas, ficamos com os rostos colados, a água da chuva corria por minha bochechas e ele começou a fazer o mesmo caminho, me acariciando com o próprio rosto. Deslizou o nariz pela minha bochecha, até a base do meu pescoço me fazendo arrepiar de novo, aspirei o perfume delicioso que emanava dele, enquanto sentia o nariz dele passando de leve pela minha bochecha.
A chuva começou a aumentar e ele me puxou para baixo de uma arquibancada pequena que estava atrás da gente. Sorrimos um para o outro por alguns instantes que antes que a pegação começasse novamente. Pegação... Parece uma coisa ruim? Suja? Não era... Estávamos só deslizando os dedos pela pele um do outro, como se quiséssemos memorizar cada detalhe enquanto nos perdíamos em beijos.
Infelizmente mais cedo ou mais tarde teríamos que nos separar. Se me perguntar, acho que essa hora chegou cedo demais.
Quando a chuva começou a ceder, saímos debaixo da arquibancada e nos olhamos.
. Faça. Uma. Boa. Viagem. – ele pontuou todas as palavras com beijos, sendo que o último foi intenso.
Ele começou a se afastar e eu não pude deixar. O puxei pela mão e dei um último beijo, o mais intenso de todos, fiquei mais uma vez na ponta dos pés para alcança-lo melhor, mas acho que devo ter exagerado só um pouquinho na intensidade, porque o jeito que ele correspondeu foi tão... enlouquecedor.
Diego me apertou contra ele com tanta força, que estávamos mais unidos do que nunca, se ele somente pensasse em me soltar eu cairia mole no chão.
Se ele tivesse tentado qualquer outra coisa comigo naquele momento, eu o impediria, na verdade eu o encorajaria. Mas como um perfeito cavalheiro ele não fez nada.
Nos afastamos sem fôlego por uma última vez e encaramos os olhos um do outro. Ele acariciou meu rosto com as costas da mão. Sua mão livre segurava a minha com força.
– Tchau... – ele murmurou, fazendo parecer que ir embora era tão difícil para ele quanto era para mim.
– Tchau...
Nós íamos para lados opostos, mas nossas mãos se seguraram até que a distância ficasse grande demais.
Eu quase morri, mas não olhei para trás.

No caminho para casa, refleti o quão absurda a situação era. Eu mal conhecia esse garoto, mas ja não conseguia tira-lo da minha mente. Ele era o melhor beijo que eu ja tive. E agora eu provavelmente nunca mais o viria, já que nem pensamos em trocar telefones.
Quando cheguei em casa minha mãe estava com as malas prontas na frente de casa.
– Anda , porque ficou caminhando até tão tarde? - quase sorri. Mesmo sem o garoto, me acobertou do jeito certo. - Vá tomar banho rápido, quero chegar em casa antes de meia-noite.
Meia-Noite? Então eu tinha ficado tanto tempo assim com aquele paulista fofo?
, que já estava pronta,piscou pra mim.
– Você, hein, nem pra deixar ele pra mim, . Quer pegar todos.
– Por favor... Fala sério, . - bufei. - Na próxima vez você pega todos. E não precisamos contar pra ninguém que você não pegou ninguém. Invente a história que quiser, eu vou concordar.
Ela sorriu e ficou satisfeita.
Coitada, ia mentir pra si mesma. E não ia ter próxima vez.
Me arrumei e fomos embora.
Naquela noite, eu sonhei com mais beijos embaixo da chuva na praia de Geribá. E em muitas noites depois daquela o Diego permaneceu em meus sonhos.


Capítulo 2


Diego's POV

TRÊS ANOS DEPOIS.
Mais um show. Nós estávamos crescendo muito rápido. Já tínhamos algumas fãs rebolativas que gritavam nossos nomes ao fim de cada show. Eu estava cantando “Dance e não se canse”, Brunera rebolava no palco e eu ria descontroladamente. Como ele podia ser um imbecil e tão divertido? E conseguir tantos berros desesperados?
“Com seu jeito posso tornar real,o sonho que guardei somente pra você...”
Foi quando eu a encontrei. Novamente.
Não é possível. Será que era ela? Eu já havia fantasiado encontra-la tantas vezes, alucinado até.
Mas dessa vez, eu tinha certeza. Era a Nanda.
Ela estava me olhando curiosamente e eu me pergunto se ela me reconheceu.
É claro que ela estava diferente. Seu cabelo, que antes caía em uma cascata de ondas jogadas em seus ombros agora estava preso em um rabo-de-cavalo no topo da cabeça, e agora estava mais liso também. Seu corpo estava mais esguio e ela estava com um jeito mais mulher.
Ela virou pra trás, pra falar com o garçom que já estava tentando conseguir a atenção dela há tempos. Pediu alguma coisa que o cara atrás do balcão a serviu rapidamente e eles trocaram sorrisos. No caminho de volta pra seu lugar, olhou pra mim mais uma vez, deu um tapa na testa e continuou a andar.
Bruno veio rebolar mais perto de mim, acho que pra chamar minha atenção já que eu havia parado de cantar um pedaço da letra e ele havia completado. Ele olhou pra mim com uma cara pensativa e eu dancei um pouco com ele. Na pausa entre as músicas olhei pra ela novamente e talvez ele tenha entendido, o ponto de interrogação parecia ter saído da cabeça dele.
Era a novamente. Eu mal podia acreditar que finalmente a encontraria.
Nos primeiros dias após a nossa ficada, eu havia ficado pensando só nela. Mas os meses foram passando e eu não pensava nela tanto como antes. Mal me lembrava de seu jeito e daquele dia.
O show acabou, eu tentei me despedir decentemente, mas tudo o que eu consegui foi um “Obrigado, galera!”.
Eu ainda estava meio chocado. Saí correndo pra me trocar e falar com ela.
– Pra quê a pressa? - Perguntou-me Dave.
Olhei pra Bruno de um jeito cúmplice.
– Lembra daquela menina de Búzios? - perguntei a todos, enquanto trocava a blusa suada por uma limpa, branca.
– Ah! - quase pude ouvir as lâmpadas se acendendo na cabeça de alguns.
– Qual delas? – perguntou Rogerinho rindo, e eu dei uma porrada no ombro dele.
Os meninos estavam lá em Buzios e me zoaram por muito tempo por conseguir pegar não uma, mas duas garotas na praia. E também por eu ter me apaixonado por uma delas. Sério, ela foi tudo que eu falei por uns bons três meses depois da viagem. Era ridículo.
Finalmente eu estava pronto, com minha calça coral e o mesmo Nike SB do show.
– Fui. – murmurei enquanto saía do camarim.
Por sorte, ainda estavam quase todas lá.
Escondi-me embaixo do capuz do casaco e passei pela fila de meninas que esperavam pra entrar no camarim, prestando atenção em cada rosto que passava. Por que será que ela não estava ali?
Quando eu a achei, ela estava conversando, de costas com duas amigas. A da esquerda apontou pra mim, a da direita abriu a boca em um “O”. Eu ri baixo da reação da segunda garota.
? - perguntei.
Ela parou por um momento, depois virou devagar.
– Sim, e você é o vocalista da banda... – Ela encarava-me com curiosidade. - Como sabe o meu nome?
Como assim ela não lembrava?
– Não sou só o vocalista. Sou o Diego. De Búzios, lembra? - falei, meio sem graça por ela não se lembrar de mim. – Do teu último dia, eu fiquei com você e com a tua outra amiga... ? - Eu sempre falava demais quando estava nervoso. – Eu estava diferente, com o cabelo curto, moreno... - Tentei pela última vez, derrotado. - Você não lembra, tudo bem. Desculpa.
Já ia me virando quando senti uma mão em meu braço. Foi como se uma corrente tivesse passado por minha pele.
– Eu lembro de você, - confessou , sorrindo. Ela tinha tirado o aparelho e seu sorriso estava ainda mais bonito. - Só não acreditei que... encontraria você depois de tanto tempo. Também achei que fosse uma alucinação. - Ela sorriu e corou fortemente.
Então ela tambem tinha alucinações comigo?
– Pois é. Eu não sei se você lembra, mas eu disse que eu ia ser músico. - Eu falei nervoso, passando a mão em meu cabelo.
– E eu disse que queria namorar com um vocalista... – Ela completou, rindo, ainda corada. Deu um tapa na testa e eu ri.
– Então, a está por aí? - perguntei, olhando pra suas amigas e tentando lembrar da tal amiga dela.
Por mais que eu tentasse, nada que eu lembrava daquele dia incluía a . Mal conseguia lembrar de nada da garota, exceto seu nome.
– De jeito nenhum. – Ela sorriu. - Eu vim fazer faculdade aqui em Sampa ano passado e ela ficou lá no Rio. – falou, subitamente olhando pras amigas.- Aliás, Diego, essas são a e a , , - ela apontou pra garota do “O”, que deu uns pulinhos animados. - Minhas colegas da faculdade e de apê. Nunca pensei que fosse dizer isso mas não agüento mais ouvir a sua voz lá em casa, parece que só tem o CD de vocês. –ela riu. - Elas me arrastaram pra cá hoje, sempre vêem nos shows, eu que nunca vim.
Quase disse um sonoro “OBRIGADO” pras duas.
– Oi, e aí? – sorri pra , uma garota de cabelos quase loiros e olhos verdes e pra , uma morena baixinha de olhos azuis. – Será que vocês não querem ficar lá pelo camarim? Aí a gente conversa e elas conhecem os outros.
- Claro. - Elas gritaram em uníssono, enquanto girava os olhos.
- E aí a gente, - eu falei, gesticulando pra nós dois. - conversa.
Ela corou imediatamente e assentiu.
Peguei-a pela mão e a arrastei pro camarim, as duas amigas atrás de nós. Chegando por lá, todos os meninos ficaram surpresos com a chegada de três garotas, comigo.
– Três, Diego? Está melhor que lá em Buzios. – Falou Dan, rindo.
A riu, enquanto as duas amigas cochichavam entre si e soltavam risadinhas.
– Cala a boca, Danilo. – bufei e contive um suspiro de insatisfação quando Nanda largou minha mão. – Então essa é a , a e a , amigas dela. Esses são os meus garotões: Dan, Bruno, Dash, Dave, Pin e Rogerinho.
– Bruno? – virou pra ele com surpresa no rosto.
– Eu - respondeu Brunebs rindo. Ela foi em direção a ele e o abraçou.- É...OI?
De onde ela tirou tanta intimidade? Eu não ganhei nem um beijo no rosto e o Bruno, que nem ficar com ela ficou, ganha um abraço apertado?
Já estava ficando azul de ciúmes quando falou:
– Ele é lindo mesmo, está super aprovada a tua paixonite, .
Bruno ficou sem graça, a amiga dela mais ainda,a tal da .
–Er, , você pode me soltar? – riu Bruno.- O DH vai me espancar daqui a pouco.
Ela o soltou e olhou pra ele, com uma ruguinha entre as sobrancelhas.
– DH?
– Eu aqui,ó. - Eu disse, sorrindo.
Ela riu baixinho e foi cumprimentando todos os garotos.
– A gente vai ter mais um show aqui no sábado que vem. Apareçam.
– Claro, elas iam vir de qualquer jeito. – ela disse notando alguma coisa em suas amigas. - Eita, suas mal educadas. Falem com os garotos aí, porra.- falou.
A saiu correndo e agarrou o Brunera, derrubando ele no sofá.
Bruno riu.
– Tudo bom? – Ele já estava acostumado com o assédio, por ser considerado o mais bonito da banda, e colírio da Capricho. Ele ia dar um beijo na bochecha dela, mas ela roubou um selinho dele, que ficou meio chocado.
– Era uma aposta,- falou rindo. - Eu sabia que ela ia acabar fazendo.
falou normalmente com os garotos, inclusive comigo.
voltou pro meu lado, foi como se não estivesse saído de lá por um segundo sequer.
– Vamos sentar ali? – falei apontando pro sofá preto, o mais distante.
Ela assentiu e fomos pra lá.
Eu achei melhor começar o questionário.
– E aí, como está a vida?
– Bah, essa pergunta dá margem a tanta coisa. Está normal, a sua que deve estar mó agitada. Conta aí, como é a vida de cantor?
– Ainda está tranqüilo. Acho que vai demorar pra agitar. Alguns shows aqui na Tribe, no Hangar , tivemos o primeiro no rio semana passada. - Ela sorriu. – E a faculdade? Você está fazendo que curso mesmo?
– Medicina – respondeu.
– Hm, você deve ser muito inteligente... - Ela corou quase instantaneamente. - Você está namorando? – fiz a pergunta que tanto me assombrava.
– Aham. - Ela apontou a aliança prateada que carregava no dedo anular da mão direita.
Mas. Que. Porra.
– Ele é do Rio, chama Thiago, é namoro a distância. - Ela riu e corou novamente. Ela sempre corava quando eu estava olhando nos olhos dela, como agora.
– Isso é bom? - Perguntei. Se ela estivesse feliz eu não iria me meter.
– Nada bom. – Ela fez uma careta. – Eu preciso de contato, sou muito carente e a gente só se vê uma vez por mês.
– Sinto muito.
– Tudo bem. - ela sorriu, girando a aliança. - E você? – perguntou corando novamente.
! – gritou a amiga mais saltitante,que estava agarrada em Bruno. – Teu celular.
Ela foi até lá, quase correndo, deixando-me sozinho.
– Não morre mais, - ela falou olhando no visor do celular e piscando pra mim. – Oi... Tudo bem, meu amor? ... Estou Ótima- conversava com o namorado, os olhos brilhando. - Mentira? FO-DA.... Mas nesse fim de semana?.... Ah, Thi ,tem show dos meninos da Cine... Não gosto, mas eu tenho uns amigos na banda, descobri agora... Sim, estou com e . está dando a louca com o guitarrista. Vai com a gente então? ... Vou comprar pra ti. ... Já? Está bem, meu amor, espero que chegue sábado logo. Te amo... Não,eu amo mais, bobo. – ela riu. - Beijo nessa tua boca. - riu novamente, fechando o celular. - Parem de olhar pra mim. – ela disse pra todos que a olhavam, quase todos já que a estava realmente hipnotizada por Bruno e corando.
Graças. Aquela conversa estava me matando.
Encontrar com a me fez lembrar a paixão por ela. Será que ela sentia o mesmo por mim?
E por último, mas não menos importante. Eu ainda teria que ver os dois juntos no show. Por que eu a convidei mesmo?


Capítulo 3


's POV
– O Thiago vem para o show com a gente, meninas. Espero que não se importem. Ele vem pra cá. – eu disse para as meninas, sorridente.
estava ainda enrolada em Bruno, e sentada ao lado de Dan, que conversava com ela.
Quando eu falei, girou os olhos e deu de ombros.
Nenhuma delas gostava muito do Thi. Bobas, nem deram uma chance pra ele.
Os outros garotos da banda, sozinhos, conversavam entre si, ora rindo, ora olhando para o relógio. Acho que eles estavam meio desconfortáveis com os vários casais da sala. Não que eu e o Diego fossemos um casal, nós só conversávamos, assim como Dan e . Definitivamente não como e Bruno. Esses dois se olhavam, ela apaixonadamente, ele nervoso, mas com um brilho a mais. Não a tratava apenas como uma fã, eu tinha certeza.
vivia me falando do tal do Bruno, da banda Cine, que ela e tanto gostavam. Elas colocavam no rádio o CD e era tudo que eu tinha pra ouvir quando fazíamos festinhas em casa. E elas também falavam do loirinho vocalista, do baterista ruivo e do DJ.
E eu nunca mesmo, imaginei que o tal do DH pudesse ser o Diego, meu Diego, de Búzios.
Nem mesmo quando eu olhava pra ele enquanto ele cantava e ele me olhava de volta, achei que fosse alguma coisa da minha cabeça. Nunca, em um milhão de anos, pensei que o viria de novo. Claro que já havia fantasiado (e sonhado) com isso varias vezes.
Então quando ele veio e me chamou de , com aquela voz, eu tive certeza. Mas agora já estava certa de que não era nada da minha cabeça. E mesmo se fosse, estava tão bom que não precisava mudar.
Não que eu pensasse em ter alguma coisa com ele, eu sempre odiei traições, e eu amava o Thiago. Mesmo, desde pequena, ele foi minha primeira paixão, com 12 anos, e alguns dizem que a primeira paixão fica pra sempre. Mas isso não vem ao caso, até porque eu só comecei a ter algo com ele pouco antes de vir pra São Paulo, em uma viagem que fizemos juntos.
Voltei para o lado de Diego e foi como se eu nunca tivesse saído de lá. Ele estava com uma expressão estranha no rosto.
– Onde estávamos? – ele perguntou.
– Eu tinha te perguntado... - Eu disse, provavelmente corando. – Se você tinha namorada.
–Não, não tenho. – Diego disse fazendo uma careta e passando a mão no cabelo.
– Hm... - Não me permiti pensar nada a respeito. Pensaria depois.
– Aê caras, está ficando meio tarde, amanhã tem ensaio , temos que ir. - falou Pin.
– Mas já? – perguntou .
– Sim, desculpe. - disse Bruno, olhando pra ela.
– Operação s2 em vocês. se deu bem. - eu sorri.
Minha amiga riu, sem graça.
Diego levantou e saiu andando pelo camarim, pra catar as coisas dele.
– Ei. - eu disse atrás dele. – Não vai se despedir? - Olhei os outros se despedindo de suas amigas.
– Claro - ele disse sorrindo.
Diego me abraçou com ternura por um momento e eu o dei um beijo no rosto.
Quando nos afastamos, meu rosto estava queimando.
Que saudade eu senti do cheiro dele, de seus braços em volta de mim.
Em casa , em casa você pensa nisso.
– Então a gente se vê no show daqui há... - disse, contando os dias em minha cabeça. - 6 dias, no sábado?
– Sim – ele riu, e piscou pra mim.
Fui me despedir do Dan primeiro e falei no ouvido dele, rindo:
– Vai que é tua.
Ele me olhou meio assustado e eu fui falar com o Bruno logo.
– Tchau Bruno, até mais.
Ele sorriu, e voltou a falar com Bruna, acho que anotou o telefone dela.
– Dave, Dash, Pin, Rogério... foi um prazer conhecer vocês, até o sábado, então? - Eu disse sorrindo.
– Claro, até. - falou Pin e os outros ficaram quietos.
. – Eu não mordo não, tá? - todos riram e me cumprimentaram corretamente.
Já estávamos indo para casa, eu e as meninas entrando no meu carro.
– Eu não acredito, - falou suspirando. - que você conhece eles e nunca nos contou.
– VERDADE! – gritou ligando o rádio que estava tocando o CD deles, na faixa dezembro. Ô vício, eu realmente não aguentava mais.
– Bobas, eu nem sabia que eram eles! – falei, suspirando. – Mas eu já contei do Diego pra vocês sim.
– Nem pra você dar mais detalhes! – disse passando a mão pelo cabelo.
Eu amava as meninas, de verdade. Eram as melhores amigas que eu podia encontrar e já em nosso primeiro dia de calouras na USP nos encontramos e grudamos. Quando vi, já estávamos planejando morar juntas e tem sido tudo perfeito desde então.
– Vamos esquecer disso, sim? - Tirei o CD do rádio e ouvi alguns suspiros de frustração. – A gente precisa arrumar uma roupa pro show!
bateu palmas e quicou no banco.
– CLARO,AMIGA! – disse e minha outra amiga falou SH!, para ela abaixar o tom da voz. - Hm, alguma ideia?
– Eu acho que... Não sei, , faça o que quiser comigo, vou ser sua modelo. Mas eu vou opinar, tá? - disse ,encostando os cotovelos na minha cadeira e na de .
Eu ri baixinho, e sussurrei, pra :
–Está fodida.
– Ei, eu ouvi isso. - bufou e deu um tapa sonoro no meu braço. – E você, qual vai ser?
– O Thi vem, e ele odeia blusas justas. Acho que vou de bata.
. – Isso é absurdo! – falou . – Você não pode deixar de usar blusa justa só porque ele não gosta, .
– Mas o que custa fazer a vontade dele, já que eu o vejo tão pouco?
– Eu concordo com a . – disse séria. – Mas de qualquer jeito, vamos ao shopping depois da Faculdade.
–Ótimo. – murmurei.
E fomos conversando até em casa, ora sobre o Diego, ora sobre Thiago, ora sobre roupas e assuntos quaisquer.

PASSAGEM DE TEMPO , SÁBADO, ANTES DE SAIR PRO SHOW.
Thiago já tinha chegado, mais ou menos às quatro, e não nos soltamos desde então. Era sempre assim, muitos beijos e abraços, e eu já sentia saudades, mas ele voltaria pro Rio só no dia seguinte.
Estávamos na sala, esperando Vinicius, o namorado de , que faria companhia pra Thiago enquanto nos arrumávamos na sala. Já eram 6 e meia e já estava impaciente.
– Que droga, Vinicius não chega pra fazer sala pra esse pé no saco. - ela disse em voz alta, e Thi ficou desconfortável ao meu lado.
! – eu a repreendi. - Esse pé no saco é o meu namorado, e se você quiser se arrumar pode ir, eu fico aqui com o Thi.
–Não, , vamos nos arrumar juntas, como o combinado... Senão quem vai fazer a minha escova? – sorriu .
– Não quero ser problema pra vocês, - falou o meu amor, soltando a minha mão. – Vão se arrumando, eu fico aqui esperando o Vinicius.
– Isso! Venham vocês duas. - bateu palminhas e puxou nós duas para o quarto dela.
Só deu tempo de soltar um beijo e um ‘obrigada’ pro Thiago.
– Que bom que ele se tocou. Agora eu só tenho uma hora pra deixar vocês perfeitas.
foi pro banho e eu comecei a discutir com minha outra colega de apê.
– Por que você fala assim com ele? O que ele te fez? Porra, pega leve, ele é meu namorado. Eu o amo.
– Eu não gosto dele. – ela respondeu.
– Eu não ligo, eu também não gosto do Vinicius, do porteiro, da professora de anatomia e do pedreiro que me canta na rua. Mas mesmo assim, eu não trato eles mal.
–Tudo bem, vou tentar medir as palavras. Mas agora temos que correr, perdemos quase 15 minutos. Ande, . – Falou ela, batendo na porta do banheiro.
– Melhor mesmo. E aí, já escolheu a roupa? – sorri pra ela, que deu pulinhos animados.
– Sim, você vai usar aquele meu brinco de pérola e o teu relógio prateado com a bata verde que agente comprou e o seu short jeans com um all star.
– Caramba. – soltei um suspiro de alívio. – E você?
– Eu vou de blusa branca com uma calça roxa e Nike Sb... E acho que vou roubar aquele teu perfume Givenchy, posso?
– Claro, gata. Tudo isso pro Bruno?
– Aham – respondeu corando, coisa que eu nunca a vi fazer. – Quer dizer, você sabe que eu sempre fui fã, mas agora é diferente. Antes era tietagem, agora é paixão. Ou amor, eu não sei.
– Que linda! – sorri pra minha amiga. –Vai dar tudo certo, você vai ver.
Enquanto isso, saia do banho e eu não pude deixar passar:
– E o Dan, gostosa?
– Que Mané Dan? Muito legal ele. Aliás, todos eles, eu só não consegui conversar direito com o Dh ,tu agarrou e não deixou passar, mas não rola nada não, delícia.
– AAAH, ele estava amarradão em ti. – disse cutucando nossa amiga, já indo entrar no banheiro para tomar banho.
– E daí? Parece que vocês esquecem do Vini.
– Sou mais o Dan. – falei, enquanto começava a secar o cabelo de .
– E eu sou mais o DH, mas quem liga?
– Amiga, é sério, o Thiago não pode nem desconfiar que eu tive alguma coisa com o Diego, senão ele não me deixa mais ir aos shows.
– Tudo bem – ela disse, suspirando.
O tempo passou voando, e logo saia do banho e eu entrava. Depois do banho, eu dei uma rápida secada na minha franja e no resto do cabelo, deixando algumas partes molhadas, e fomos nos vestir.
também estava linda, com um jeans e uma blusa justa de manga três quartos e decote em V.
A maquiagem foi meio leve, só com lápis e rímel nas meninas, mas eu saí do comum. Passei um delineador, que ressaltava o castanho dos meus olhos.

(Música pro próximo post: http://www.youtube.com/watch?v=GuWBp9CKpG4 )

Faltando cinco pras sete terminamos de nos arrumar e fomos pra sala encontrar com os meninos que eram amigos, sempre que Thiago vinha, Vinicius vinha pra sair conosco e sempre levava um garoto diferente que nunca voltava. Ela era o tipo de garota que teve poucos namorados, muitos ficantes sérios.
Vinicius olhou pra nós e assentiu em aprovação.
Já Thiago teve uma reação bem diferente.
– Você não vai sair com esse short.
– Como é que é? – gritou revoltada.
– Por que não? – eu perguntei assustada.
– É, por quê? – perguntou Vinicius também.
– Porque ele é curto demais. – falou Thiago, simplesmente, dando de ombros.
– Mas é muito abusado mesmo ... – disse cruzando os braços. – Você está proibida de mudar de roupa.
– Nenhum dos dois manda em mim. – disse, já ficando irritada pela briga dos dois. – Lembre-se do que prometeu, amiga. – ela bufou exasperada e revirou os olhos. – Eu vou com a roupa que eu quiser.
– Se você não for de calça eu não saio de casa. – falou Thiago, mandão.
– Eu vou, mas só porque você pediu com [u]muito[/u] carinho. – eu falei tentando deixar o clima mais leve.
– Obrigado, amor. –Thiago veio pra perto de mim e me beijou com paixão, passando a mão de leve na minha perna. – Essas pernas são minhas.
– Não, são dela. – disse Vinicius inconformado. – O coração que é seu. Um pouco exagerado esse ataque, a mina está linda.
– Você está certo, Vini – disse pegando a mão dele. – Mas não se meta.
– Daqui a pouco ela está andando de coleira por aí. - falou e eu quase vi a fumacinha saindo da cabeça dela.
, cala. – murmurei, soltando um beijinho pra minha querida amiga. – Vou lá me trocar, volto em dois minutos, vão abrindo a porta.
Então eu me troquei e fomos direto pro carro, o elevador chegou rápido, sentaram-se todos no carro de Vinicius, Vini ia dirigir. ficou ao lado dele e atrás , eu e o Thi, nessa ordem. Eu quase pude ver os raiozinhos saindo deles.
Pff, tão crianças. Iam ter que se conformar.
Inesperadamente, Thiago perguntou:
– Vocês têm uns amigos na banda, certo?
Eu gelei e respondeu por mim.
– Aham, nós já gostávamos deles como banda antes, mas conhecemos e ficamos bem amigos.
– Como conheceram? – perguntou Thi curioso.
– A est-tá ficando com o guitarrista. Ou algo assim.
Thiago se conformou com minha simples resposta, ainda bem.
Chegamos ao show e faltavam quase 30 minutos pro início. Fomos achar lugares e ficamos eu, Thiago e Vinícius no bar, e minhas amigas foram pra grade, como sempre faziam, pra tietar.
Thiago, quando sentiu que o show estava pra começar, pôs as mãos na minha cintura e as luzes apagaram e logo Diego aparecia no palco.
Era agora.


Capítulo 4


DH's POV
As luzes se acenderam e meus olhos varreram a pista. Muitas fãs animadas gritavam.
Comecei a cantar “O Meu orgulho”, e algumas garotas nos olhavam com olhos brilhando. Era realmente uma música emocionante.
“Às vezes não penso, só quero acabar”
Desviei os olhos da luz, por um instante, pensando onde estaria ela.
É claro que não parei de pensar nela por toda a semana e agora me perguntava se ela realmente viria.
Eu não fui o único, Bruno só falava da a semana inteira e mal se conheciam.
Não que eu conhecesse a há tanto tempo, mas mesmo assim... Paixão de carnaval, sabe como é...
Olhei para o mesmo lugar onde eu havia visto no último sábado e lá estava ela, fantástica em uma blusa larga,verde. Fui descendo o olhar, não consegui evitar e lá estavam um par de mãos ao redor sua cintura.
Eu havia esquecido desse fato,obviamente. Fiquei tão abismado com a ideia de vê-la novamente que quase esquecia.Então, esse era o Thiago.
Não consegui reprimir uma careta.
Ele era bem mais alto que eu e encostava seu queixo no topo da cabeça dela. Eu era só um pouco maior que ela. Ele era moreno, com bochechas grandes e parecia estar preocupado com alguma coisa.
Ela o contara alguma coisa?
Eu teria que descobrir depois.Tentei fazer contato com Brunera, mas ele estava olhando fixo para algum lugar.Segui seu olhar e encontrei uma morena baixinha de olhos azuis, que pulava como ninguém.
Era , aquela pulguinha que já havia enlaçado meu amigo. E a outra amiga de , estava ao lado dela,também pulando.
jogou alguma coisa na direção de Bruno, que aproveitou a pausa entre as músicas para ver o que era.
Era uma calcinha, com um número de celular.
Eu quase caí no chão de tanto rir, e as duas faziam a mesma coisa. Pude notar que , do outro lado da pista, também gargalhava.
O show tinha que continuar e assim ocorreu.
Percebi que fazia o mesmo que no outro show,rebolando timidamente ,talvez para provocar Thiago, que sorria malicioso.
Ugh,quem ele pensava que era?
O ciúme tomou meu corpo, eu via vermelho e minha voz se alterava pela fúria, até que eu notei que ela olhava diretamente pra mim quase sempre, e isso decepou a raiva. Tudo em que eu conseguia pensar era naquele último beijo.
Mesmo.
Ela então olhou para o lado,para um outro garoto, que olhava em direção a pista e ria levemente.
Virou o rosto novamente pra mim, mas foi distraída por um beijo no pescoço. Ela então virou para o namorado e o agarrou pelo pescoço, falando alguma coisa em seu ouvido.
Ele foi atrás de alguma coisa, apertando de leve a cintura dela antes de ir. Então cá estava eu,encarando novamente aqueles olhos castanhos, sensacionais, diferente de todos os tons de castanhos existentes. A cor dos olhos dela era fascinante. Eu poderia ficar um mês inteiro encarando aqueles olhos.
E isso queria dizer alguma coisa que, no fundo, eu já sabia,claro.
Eu a amava com todas as partes do meu corpo, dependia dela e somente dela para ser feliz por hora. Amava não só os seus olhos, mas todas as curvas de seu corpo com todas as células e neurônios em minha cabeça/coração.
Logo o namorado dela voltou com um copo de alguma bebida na mão, eles trocaram beijos e eu já não tinha como pular.
Isso porque estávamos na música mais animada.
A epifania que eu tivera me chocara e não parei de pensar nisso a noite inteira.
Teria que decidir sobre o que faria com ela, é claro. Jogaria meu charme e certamente a conseguiria. Ou não. Ela sempre fora uma garota bem imprevisível e eu não podia obrigá-la a gostar de mim.
Eu conversaria com ela mais tarde e se ela estivesse feliz, nós talvez pudéssemos ser amigos. Tudo que eu queria era vê-la feliz e se ela quisesse isso, eu me acostumaria em tê-la como amiga, de fato.
O show passou . Eu não diria que voando, mas tudo termina, por mais doloroso que possa ser. Ela amava o namorado e ele não a deixaria pra mim. Eu já podia ver o sofrimento e a falta de esperança que emanava de meu corpo.
Novamente suspirei um “Obrigado” ao fim do show, ainda mais desanimado. Encontrá-la no camarim era a última coisa que eu queria fazer de fato. Mas eu a encontraria.
Demorei um pouco mais que o esperado para trocar de roupa, enquanto os outros já estavam no camarim.
Quando eu cheguei, lá estavam as três garotas, as mesmas do último show. A diferença é que tinham dois garotos com elas. O namorado da e mais um que eu vira perto deles no show.
Entrei na sala quieto e ouvi as pessoas que estavam nela pararem de falar de repente. Abri o notebook, procurando por alguma coisa pra fazer, ainda sem falar nada.
– Mas é muito viciado mesmo... Nem fala mais, Dieguinho? – falou Brunera, que estava enrolado na Pulga, como no outro dia. - Desse jeito eu vou ficar carente, meu amor.
Todos riram, menos eu da atitude de Bruno.
– Me deixa quieto, seu gay. Não estou bem hoje não. – Bruno assentiu pra mim compreensivo. – Fala aí, galera. Desculpa, mas vou ficar na minha aqui, não precisam ficar quietos.
Era com ele que eu falava dela quase todos os dias. Ele já não aguentava mais, mas era meu amigo e sempre me aconselhava. Se tinha uma coisa que eu admirava em Bruno era a capacidade de estar feliz a cada minuto e compartilhar essa felicidade com os outros.
– Tudo bem, loiro. – disse e veio quicando até mim, pulando como uma pulga e sentou ao meu lado. – Atualiza o fotolog? – ela pediu, suplicante. – Parece que vocês esqueceram de lá.
Eu quase ri da atitude dela, mas não estava em humor pra risadas.
– Claro, pulguinha.
– Como é? – perguntou ela, olhando pra mim.
– Você parece uma pulga... de tanto que quica.
Ela olhou pra mim furiosa e todos riram.
– Como somos mal educadas! – disse olhando pra mim. – Esse aqui é o Thiago, namorado da e esse... – ela deu um beijo na bochecha do cara que estava abraçando-a por trás. – É o Vini.
– E aí? – eu disse sem nenhuma vontade, voltando minha atenção pro computador.
Aos poucos voltavam as conversas banais de sempre e eu tentei me desligar do assunto que estavam falando, mas de um não dava pra desligar.
– Não gostei do jeito que esse cara olhou pra você.
– Porra Thiago, eu não me importo. Você não manda na minha vida, pelo amor de deus! – respondeu,exasperada. – Só troquei de calça pra te agradar e vim de bata pra te agradar, mas é impossível deixar você feliz. Você sabe que eu te amo e se tem uma coisa que eu odeio é ciúmes. Um pouco é bonitinho, mas demais é chato, amor. Com o namoro à distância tem que ter confiança, se não é melhor terminar. – Eu podia ver com quanta dor ela dizia isso.
– Eu não quero terminar com você, sabe disso. – ele disse concentrado, e eu percebi que só eu me preocupava com aquela bolha particular deles.
– Então para com isso. Eu odeio traição e nunca te trairia. Se eu quisesse te trair terminaria com você antes, Thi.
– Isso é reconfortante. – disse ele, irônico. – Tudo bem, meu amor. Esqueça, sim ?
Eu perdi a conversa a partir daí, só me concentrei em meus pensamentos.
Eu teria que desistir de uma forma ou outra. Eu não ligaria de ser capacho dela se ela quisesse o trair, mas o pior de tudo é que ela não queria. Eu podia ver a sinceridade em seu olhar enquanto ela falava. Era tarde demais. Eu amaldiçoei então o bastardo que a pegara antes de mim.
Eu não era o tipo de pessoa que desistia, só havia feito aquilo porque alguma coisa dentro de mim me dizia que era a coisa certa a fazer por hora.
É claro que eu sentia seus olhos repousando em mim e ninguém resistia ao Diego aqui. Ninguém nunca me vetara, mas ela tinha dono e eu não roubava as namoradas dos outros, mesmo que esse cara fosse um idiota possessivo que tinha ciúmes com razão.

A semana se passara e... SURPRESA! Eu tinha pensado no que fazer de domingo à sexta. Foi uma semana sem muitos compromissos da banda, e eu aproveitei para encontrar com a minha mãe.
Ela sempre fora minha melhor conselheira e daria uma força.
Toquei à campainha, sem nem avisar que apareceria por lá, e minha mãe estava na cozinha, preparando alguma coisa que iria ficar deliciosa. A comida da minha mãe era quase a melhor do mundo, só não era melhor do que a da minha avó.
Ela logo veio me atender, abraçou-me e me levou pra cozinha.
– Posso ajudar com alguma coisa? – perguntei. Não que eu estivesse no humor pra cozinhar, mas não custava ser gentil.
– Não Di, sente-se. – Minha mãe falou carinhosa. – Então, como está a banda? Há um tempo você não aparece por aqui.
– Desculpa, vou tentar aparecer mais. A banda está ótima, mãe. – ela sempre me apoiou quando eu disse que queria ser músico. – Mas não é disso que eu vim falar. Estou com alguns problemas.
– Que bobagem você fez dessa vez, Diego?
–Hm, não fiz bobagem. Lembra que eu e os caras viajávamos todos os Carnavais? – eu disse e ela assentiu enquanto cortava um tomate. – Nós fomos uma vez pra Búzios, lá no Rio. E eu fiquei com uma garota por lá, de lá mesmo, e... nós tínhamos tanta química. Eu acho que me senti atraído por ela.
– Você quer dizer que se apaixonou por ela?
– Não... Er, apaixonado é uma palavra forte demais, mãe.
– Você se apaixonou por ela Diego, confesse. – Minha mãe dizia com um sorriso na boca.
– Sim,mãe, eu não parei de pensar nela. – Bufei exasperado. – Satisfeita? – Ela já ia começar a falar de alguma coisa, mas eu a cortei. – Deixe-me continuar. Então, passaram-se uns 3 anos e ela apareceu em um dos shows da Cine, com umas amigas que gostam da banda, e...
– Você ainda está apaixonado.
– Sim, mas tem um problema... – eu disse.
– Ela ainda mora no Rio? Mas você pode ir pra lá, Di. Não precisa ficar triste.
– Deixe-me terminar! Ela está aqui em São Paulo sim, fazendo faculdade aqui.O problema é que... – Suspirei nervoso e enfim falei pra minha mãe o meu maior problema. – Ela está namorando sério com um cara lá do Rio.
– Ahm, isso é um problema. – ela disse pensativa. – Mas se ela está namorando você não pode se meter. Ela o ama?
– Sim, e disse no sábado que não o chifraria.
– COMO ASSIM?VOCÊ PERGUNTOU PRA ELA? PERDEU O JUÍZO? – ela elevou a voz, olhando-me.
– Não mãe, eu ouvi uma conversa deles. – falei, cogitando ir embora sem terminar de contar. – Mas eu sei que ela não vai terminar com ele. E eu simplesmente não sei o que eu faço.
– Deixe a poeira baixar, Diego. – Ela disse. – Às vezes ela gosta de você também. Ou talvez ela termine com ele e você ponha seu plano em pratica ou esqueça.
– Não vou esquecer, mãe. – Eu falei subitamente feliz pela onda de esperança que veio assim que minha mãe falou que talvez ela gostasse de mim. Mas eu não podia ter esperanças que podiam me machucar mais depois. – Mas talvez... De qualquer jeito, obrigado. – E de repente um plano veio pra minha cabeça. – Tenho que ir, tenho hm... Ensaio.
–Tudo bem, meu filho. – ela disse, vindo me abraçar. – Faça a coisa certa e apareça por aqui logo! Não se esqueça de sua mãe.
– Vou fazer, mãe. Amo você. – eu gritei já saindo daquela casa, na qual eu morei em minha infância e turbulenta adolescência.
Saindo da casa da Dona Silvia, fui direto pro meu gol preto, o que deu pra comprar com a herança que meu pai deixara pra mim anos atrás quando morrera e eu tinha apenas 14 anos. O dinheiro ficou em uma poupança e assim que eu fiz 18 anos comprei o carro, que já estava velhinho, mas ainda era meu.
Ele morrera de ataque cardíaco, aos 50 anos. Minha mãe dizia que ele trabalhava demais e não aproveitava a família e que eu nunca devia seguir o exemplo. Pensei no conselho que a minha mãe me dera. Esperar o tempo passar seria útil. Útil e muito doloroso.
Liguei o carro e me direcionei ao apartamento que eu dividia com os meninos da banda. Não era grande, tinha dois quartos, uma sala razoável e uma cozinha pequena no estilo americano.O terraço era o motivo real pelo qual compramos naquele prédio.O terraço é de fácil acesso e lá que nós ensaiamos e dávamos festas. Muitas, por acaso. Somos festeiros.
Entrei no apartamento que vivia aberto, porque tínhamos diferentes horas pra chegar e encontrei Bruno estirado no sofá e vendo TV.
– Fala aê, Brunera. – Cumprimentei. –Você quieto em casa, o que houve?
– A foi ver os pais dela lá em Curitiba. – ele disse dando de ombros.
– E você está mesmo gostando dela, huh?
– Sim. Mesmo. Já não tem graça sem ela. – Ele disse.
– Você a ama? – perguntei surpreso. Bruno não era o tipo de garoto que se apaixonava e ficava de cara por uma garota. Pegava e não se apegava.
– Claro. O que já pra não amar? – suspirou olhando pra qualquer ponto na parede. – Ela é alegre, bonita, sociável, divertida...
– Igual a você . – Eu disse tentando deixar o clima mais leve. – Estão namorando?
– Não. Acho que vou pedir quando ela voltar, no Domingo mais ou menos umas 7 da noite. – ele riu nervoso.
– Quem diria, Brunebs. Está afim de tocar?
– Sempre – disse o palhaço. – O que quer tocar? – Bruno colocou a cadela no sofá ao seu lado e pegou a guitarra, que estava encostada em um canto da sala.
– Forever the sickest kids. Hey Brittany.
– Profunda. – ele disse porque sabia da letra e como isso servia na minha vida ultimamente.
Ele tocou os primeiros acordes e eu logo comecei a cantar. Forever the Sickest kids era nossa maior inspiração para a banda.

“Hey Brittany
Why are you messing with me
Is your boy on your mind
Is your boy in the car
Or are you alone
So why
Does everything I say just
Make you upset
I'm not here to bring you down
But lift you up
Lift you up
So yeah yeah yeah
Go ahead and lower it down
Lower it down
Just a little bit
Just a little bit
Lower it down

So where do we go
Where do we go
You cannot know
You will not know
When you just have to fight to be alone”


Nessa parte eu comecei a mudar a música.

“Hey
Where is your engagement ring
Did it mean anything
Does the boy with the ring
Know you bounce bounce
Bounce around

So how
Am I supposed to act when you're around him
When everything he says
Brings you down
Brings you down
Brings you down
So yeah yeah yeah
Go ahead and lower it down
Lower it down
Just a little bit
Just a little bit
Lower it down

So where do we go
Where do we go
You cannot know
You will not know
When you just have to fight to be alone

So where do we go
When everybody knows
When everybody starts to bounce bounce bounce around

So yeah yeah yeah
Go ahead and lower it down
Lower it down
Just a little bit
Just a little bit

So where do we go
Where do we go
You cannot know
You will not know
When you just have to fight to be alone”


– Bela música. – falou Dave chegando em casa. – Foi só eu que notei a mudança? – E riu.
– Babaca. – eu disse contrariado. – Vai querer ensaiar? Liga aí pro Valba e pro Dash.
– O Dan está no quarto. – Disse Bruno quando eu ouvi meu celular começar a tocar.
– Alô.
- D-Diego? –Eu conhecia aquela voz.
– Aham. Quem fala?
. E-Eu peguei teu celular com a , que pegou do Bruno e...
– Ah, claro. Não esquenta. E aí? – Eu murmurei olhando no relógio. Já eram umas 6 e meia.
Hm, E aí? Vai fazer alguma coisa hoje? – Não, não pretendo fazer nada. – falei surpreso pela ligação, quando Bruno me olhava com aquela cara de palhaço. Ele já devia saber quem era. – E você?
É pra isso que eu estou ligando. - falou e eu ouvi um suspiro. - A está em Curitiba visitando os pais e a está na casa do Vini. Eu estou entediada. Está afim de fazer alguma coisa?
– Mas e o... – Eu comecei, mas Bruno fez um sinal negativo pra mim com o dedo. – Claro, claro. Pra onde?
Sei lá. Eu não saí muito aqui e quando saí nunca dirigi. - Ela murmurou pensativa. – Indica alguma coisa?
Eu pensei rapidamente e logo tinha uma resposta.
– Já sei onde eu vou te levar.
Onde?
– Surpresa! – Eu disse e ela emitiu um som de frustração. – O que foi?
Odeio surpresas!
– Vou te fazer gostar.
Tudo bem então. Vem me buscar ou eu te pego?
– Eu te levo, senão vai estragar a surpresa.
Tudo bem. Eu moro na Joaquim Antunes com a Av. Rebouças. Liga quando estiver chegando que eu desço.Mais ou menos que horas?
– Hm, nove e meia?
Fechado então. Beijo, até daqui a pouco.
– Beijo. – Eu desliguei o telefone quase quicando de ansiedade. – Caralho.
– Está parecendo uma garotinha que foi chamada pra sair. – falou Brunebs.
– E eu fui! Mas não sou uma garotinha. Está com ciúmes, é? – provoquei.
– Estou. – Ele sorriu.
– Você já sabia disso. Quando você deu o meu celular pra pulguinha?
– Há uma semana. A estava enrolando pra te ligar. – Ele disse e Danilo e Dave chegaram na sala.
– O que está havendo com vocês, casal gay? – falou Dave olhando pra Bruno de esguelha.
– A nossa Joelma tem um encontro! – falou Bruno dançando e jogando o cabelo pra lá e pra cá, imitando a Joelma do Calypso de onde veio o meu apelido.
– Jura? – Falou o Dan, outro gay safado. –Vamos arrumar ele pra ele ir bem bonito, amigas!
E riram, os idiotas. Não perceberam o meu estado de tensão.
– Cadê a porra do Dash? – Eu disse de saco cheio.
– UI, tenso. – Bruno disse.
– Chegando. Ele mandou a gente começar. – falou Dave.
– Vamos lá, cambada.
Ensaiamos sério, finalmente, todas as músicas até que eram quinze pras nove e eu já estava atrasado quando Bruno me lembrou.
– Vai lá se arrumar, mané. São as garotas que se atrasam.
Então eu corri, tomei um banho rápido, dei uma ajeitada no meu cabelo e mudei de roupa rápido. Uma blusa “I Wish You On My Playlist” roxa e jeans com meu Nike SB mais colorido.
Nisso já eram nove e dez. Eu teria que torcer para não ter trânsito ou eu não chegaria na hora.
Logo eu estava lá, cinco minutos atrasado, e quando eu liguei ela dissera que já estava lá embaixo.
Ela estava na calçada em frente a um prédio luxuoso,com uma calça colorida e uma blusa lisa e de Converse. Ela estava com uma garrafa de Ice aberta na mão, e não se tocou que era eu até que eu abaixei o vidro e a chamei pelo nome.
!
– Ah,oi ! Desculpa, eu estava meio distraída... – ela disse dando-me um beijo na bochecha e eu tive a sensação de choque de novo. Ela corou suavemente e sorriu.
– Claro. – Eu sibilei olhando pra mão dela. – Já começou sem mim, huh?
– Hm, é. Eu estava meio nervosa. – Disse dando um gole na garrafa de Ice e me passando. – Pra onde está me levando?
Eu bebi um gole da Ice e passei de volta, fazendo uma careta.
– Surpresa.
Ela deu um baixo gemido de frustração e eu apertei as mãos no volante.
– Então, eu posso ouvir alguma coisa que não seja a sua voz? – ela disse rindo. – Já não aguento mais.
– Vai se acostumando. – Eu sorri e peguei o porta CDs que estava em baixo do rádio.
– Sugestão? – Ela perguntou animada.
– Tem um aí que o New gravou pra mim que é ótimo. Procura aí?
Ela me deu o CD, que eu botei no rádio e logo começou a tocar.
– Gostei. – Ela disse balançando a cabeça quando reparou que paramos. – Já?
– Sim. É um pub meio reservado que eu gosto de ir com os caras da banda.
– Hm.
Entramos no lugar pouco iluminado e eu sorri para o segurança da porta indicando onde ficaríamos no bar. Ele assentiu e pra lá fomos.
– Aqui é demais! – Ela soltou um gritinho animado.
– Você está andando demais com a pulguinha.
Ela riu e estava meio alegre já. Perguntei-me quando ela havia começado a beber aquelas Ices.< br> – O que vão querer? – o barman perguntou pra nós, ele estava na nossa frente.
– Whisky Scotch, 18 anos. – Falei olhando-a. –Você?
– Caipivodka de morango. – Ela falou sorrindo. – É a minha preferida.
Ela corou levemente e prosseguiu:
– Eu posso ficar muito bêbada com essas bebidas. Elas viciam. Não dá pra beber uma só.
– Não se preocupe. – Eu disse suave. – Eu vou cuidar de você.

– Aê, acabou. – Disse ela após virar o último gole da última caipivodka. Ela já devia estar na quinta ou sexta. – Mais, mano, manda mais.
O Barman olhou pra mim como se pedisse permissão e eu assenti.Vê-la bêbada era interessante. Ela ficava bem mais alegre e sorridente e menos envergonhada. Uma hora e meia depois de chegarmos ao pub, ela já estava bem alegre mesmo.Quase bêbada.
E quem disse que eu ligava? Nós já estávamos mais perto um do outro, o suficiente para eu sentir seu hálito de morango e ela pedia por mais bebida. Certamente ela teria um problema com bebida no futuro.
– Wow. – eu disse suspirando. – Pelo visto você não mentiu quando disse que bebe muito dessas.
Ela gargalhou suavemente e voltou a beber. Secava o copo rapidamente.
– E eu acho que sei por quê...
Parei de prestar atenção no que ela falava quando vi um cara alto, a barba malfeita e óculos Wayfarer de grau, iguais aos meus, passando pelo balcão. Percebi que era um conhecido e não me contive.
– Grande Tavares!
olhou pra ele com um brilho diferente de excitação nos olhos.
–Fala aí DH – Disse ele chegando perto de nós. – Está bem acompanhado, né veado?
– Sempre. – Eu disse sorrindo pra que sorriu de volta. - , Rodrigo Tavares. Tavares, .
– TAVAREEEEES! Você é maluco. – Ela riu escandalosamente e continuou: - Te ouço no Privê toda segunda, é um vício!
– Privê? – perguntei pro Tavares, já que não estava em estado pra responder. Estava quicando na cadeira, como a pulguinha.
– Meu programa com o Vasco e a Dani Taranha na 89.
– Nunca ouviu, Di? – Ela sorriu e eu percebi que era a primeira vez que ela me chamava assim. – Vamos ouvir juntos semana que vem. Tavares, estava afim de um chilli dog*, rola?
– Mesmo? – Falou Rodrigo, como uma criança que havia acabado de ganhar um presente.
– Não - riu alto e Tavares Fez bico.Quase ri também. Conversa de bêbado era demais. Se bem que eu acho que nunca vi o Rodrigo sóbrio. – Mas um bukake até vai, se o Thi deixar.
– Marca aí, porra! – disse ruidosamente.
Eu fingi que não ouvi o nome tão odiado por mim esses dias.
– Caralho, que conversa de doido! – Eu exclamei. – Estou entendendo nada.
– Chilli Dog é...
– Shiu! – o cortou e os dois riram cúmplices. – Tavares! – Ela disse fazendo bico.
– Eu.
– Eu tenho uma amiga que é tua fã. – Ela sorriu. Agora estava explicada toda a simpatia. – Vamos passar um trote?
– Vamos. –Rodrigo respondeu travesso.
Ela pegou o celular na bolsa e piscou pra Tavares.
Eu estava começando a ficar com ciúmes, mas ele não ia furar o meu olho.
– Maitê?...Oi amor, estou bem e você?... Orra, tu sabe que eu estou com saudade... Sossega, tem uma pessoa aqui que quer falar com você, se você adivinhar quem é eu te dou um doce. – Ela riu passando o celular pro Tavares.
– Oi Maitê, tudo bom?
Tavares teve que tirar o celular do ouvido por causa dos gritos que mesmo com a música do pub, eu conseguia ouvir.
– Acho que você não gostou da minha voz, linda. Vou passar pra . Beijo.
pegou o celular de volta.
– Ela está chorando! – Ela disse rindo. – Valeu mesmo, Tavas! – Ela beijou a bochecha do Tavares, mesmo? – Oi amiga, morreu, foi? ... Pode dizer que me ama agora. ... Ah, ele é amigo de um amigo meu.
– Amigo? –Tavares perguntou.
– Não é porque eu quero. – Eu falei, dando de ombros.
– É o Diego. Depois eu conto como o conheci, estou pagando interurbano... Eu disse que tinha que vir pra Sampa, Tetê. Aqui é o paraíso... Posso contar um segredo? Ele cheira a cigarro mesmo.
Ela riu e fez um gesto de desculpas pro Tavares que fez uma careta indignada, mas depois riu.
– Não briga comigo!... Eu não estou bêbada, louca, vai se ferrar! Bah, ta... Beijo, te amo, tchaaau.
Ela desligou e sorriu.
– Desculpem por isso. É que ela é tua fã há um tempo, e bom...
– Relaxa, gata. – Fiquei tenso por um momento, mas logo Rodrigo colocou o braço nos meus ombros e falou: - Estou indo, cambada. Boa noite aí.
Dito isso ele saiu, deixando uma contente e bêbada a minha frente.
– Uau, você é amigo dele? Deve ser demais! – Ela comentou.
– Ele está ajudando com a banda e tal... Ele é fera.
Rimos juntos e eu decidi que era hora de ir.
– Vamos, gata? Acho que você deu de morango pra você.
– Como é? Odeio homem controlador, puta que me pariu... – Ela disse, revirando os olhos.
– Por favor? – Eu falei lançando o melhor sorriso cafajeste.
– Espera Di... – Eu arrepiei novamente. Era tão boa a sensação de ser apelidado por ela. –Vamos dançar? Só um pouquinho? – Ela falou e diante da negativa,tentou mais uma vez. – Duas músicas?
– Tudo bem. Duas, hein.
Dito isso, ela sorriu e pegou a minha mão, me puxando para uma pista escondida no fundo do pub com um DJ tocando. Outras pessoas dançavam à nossa volta, e ela agia como se não ligasse.
Ela não rebolava timidamente como fazia antes. Rebolava pra valer, e chamava a atenção de muitas outras pessoas. E a minha... Meus olhos estavam grudados no rosto dela, que virava de um lado pro outro, com o ritmo da música.
Então ela pôs as mãos em volta de meu pescoço e eu fiquei estático. Não sabia se fazia o mesmo com ela ou só ficava olhando.
Ela começou a descer numa música eletrônica, passando as mãos por meu peito até o meu umbigo. Ela se conteve em ficar por ali. Eu senti a calça apertando em baixo. Aquela mulher era a tentação em forma de gente. Parecia que ela queria fazer isso só pra me provocar.
Ela chegou perto do meu ouvido e falou:
– Dança, Di. – E mordeu o lóbulo da minha orelha.
Que tipo de bicho a tinha mordido?
Eu percebi que devia ser um estranho parado na pista, então comecei a dançar. Ela me olhava nos olhos e eu fazia o mesmo. Ela começou a chegar perto de mim e enfiou os dedos nos meus cabelos, bagunçando-os.
Roçou o nariz no meu, como um beijo de esquimó, e me beijou.
Isso mesmo, com tudo.
No início eu não correspondi, culpa do choque. Mas passou um tempo e algo se estalou em minha cabeça. A saudade que eu estava daquele beijo dela, dessa vez com um gosto de vodka e morango, diferente do gosto de sal da última vez.
E então eu não resisti. Demonstrei naquele beijo toda a minha paixão e afeto, e o desespero no qual eu estava. Foi um beijo cheio de afeto, que durou muito. Mesmo. As mãos dela iam do meu cabelo ao meu pescoço e aos meus ombros. E minhas mãos não ficaram paradas. Se ela estava me dando direito àquele beijo eu teria que aproveitar. Sabe-se lá quando eu teria outro. Se eu tivesse.
Minhas mãos começaram em seu pescoço e iam descendo devagar, rumo a sua cintura e talvez mais embaixo dela. Um pouco só. Sempre que eu abaixava demais, suas mãos puxavam as minhas pra cima e eu quase sorria durante o beijo.
Algumas pessoas em volta falavam:
–Vão procurar um quarto!
E eu riria se não estivesse tão concentrado. Eu tentava pensar pouco, mas era quase impossível.
A peguei pela mão e a levei para o mesmo lugar no qual estávamos antes e pedi mais bebida pra nós dois, pra acalmar o meu Diego de baixo, enquanto ela arfava.
– Da onde veio isso? – Eu perguntei chocado.
– Deu vontade... Algum problema? – ela sorria, como se nada mais importasse.
– Nenhum, na verdade, se você não se importar...
Dessa vez, eu tomei a iniciativa e ela logo correspondeu.
Ela me beijava suavemente, com desejo. Mordia meus lábios ora ou outra, até que eu avancei até seu pescoço.
Ela gemeu. E lá estava eu,”animado” novamente.
Dei um último selinho e virei o copo de whisky.
– Pronta pra ir?
– Acho que sim. – Ela tentou me imitar com sua caipivodka, mas não conseguiu.Tossiu e corou, disfarçadamente, pegando a bolsa e levantando.
Eu levantei e peguei a mão dela, indo pro carro e ela me seguiu. Não soltei sua mão por todo o trajeto, no qual ficamos quietos.
Quando chegamos, peguei sua mão ainda enlaçada na minha e a levei a minha boca, dei um suave beijo ali.
Pude ver os pelos do braço dela se eriçando. Era bom ver o efeito que ela exercia em mim.
– Então, depois você me liga? – perguntei, sem ter o que falar.
– Na verdade, não quer subir? – Ela disse, sorrindo. Diante de minha careta, ela continuou: - Por favor, Di?
Eu parei um pouco pra pensar nas possibilidades.
Eu podia ir e aproveitar e me virar depois, com toda a dor, afinal, ela estava bêbada e se arrependeria.
Ou eu podia deixá-la ir. E depois eu é que me arrependeria.
– Eu não vou aceitar não como resposta. – Ela falou ainda mais sorridente. –Pode parar na garagem, tem vaga de visitante.
Agora eu tinha a minha resposta.
– Onde é? – suspirei derrotado e ela deu uma risadinha meiga.
Ela me deu as direções e logo estávamos ao lado de seu Tucson. Um carro bem mais caro e arrumado do que o meu e eu quase podia imaginar o apartamento dela.Com certeza dividia por opção.
Ela me conduziu até um elevador espelhado e me beijou novamente no percurso.Quanto fogo!
Eu ri suavemente.
– Que foi? – Ela perguntou abrindo os olhos e me olhando.
– A porta. – Um selinho. – Do elevador. – Outro. – Abriu. – Mais um.
Ela riu e me puxou novamente, procurando uma chave na bolsa. Finalmente a achou e abriu a porta.
E eu estava certo. A sala tinha móveis decorados de luxo, e uma grande televisão de plasma.
– Quer assistir TV? – Ela perguntou,vendo pra onde eu olhava, meio triste.
– Eu faço o que você quiser. – Eu falei, sorrindo.
– Ótimo. – Ela disse, pegando meus ombros e me empurrando pra trás, em um sofá, onde ela me jogou e me beijou, deitada por cima de mim.
Minhas mãos agora passeavam livremente por todo o seu corpo e nesse momento estavam em sua cintura, por debaixo da blusa. As mãos dela também não eram nada puras.
Eu decidi que estava na hora de tomar o controle.
Virei-a e fiquei por cima,tirando minha blusa e voltando a beijá-la. Ela me beijava com ferocidade e passava uma mão pelo meu peito, despreocupadamente, enquanto a outra estava me apertando no ombro.
Eu fui tirando sua blusa de leve e ela me ajudava até que eu voltei aos meus sensos, saindo de cima dela.
Ela levantou atrás de mim e pôs a mão no meu pescoço.
Era golpe baixo.
– Não. – Eu disse, e seus olhos ficaram marejados. – Você está bêbada. Não posso fazer isso.
– Eu não estou bêbada. – Ela falou, e eu pus uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. – Eu só estou meio... Alegre. Isso não é nada que eu não faria se eu não tivesse bebido.
Eu ponderava as opções novamente enquanto ela beijava meu pescoço. Não resisti e a ataquei como antes, mas dessa vez a peguei no colo, e continuamos nos beijando enquanto eu tentava me guiar por aquela casa gigante.
Quando eu dei duas voltas pela sala, nervoso e completamente distraído, ela riu e apontou na direção de seu quarto. Eu teria mais tempo pra observar o que tinha no quarto, mas estava mesmo distraído.
Coloquei-a na cama com cuidado e a beijei, voltando a trabalhar na blusa dela, gemidos baixinhos dela ecoando pelo quarto.
Digamos que isso me animava mais ainda.
Consegui tirar sua blusa e massageava seus seios, que cabiam perfeitamente na minha mão.
Ela então conseguiu tirar minha calça e eu estava só de boxer agora.
–Você está muito vestida. – Eu ri baixinho junto com ela.
– Não seja por isso. – Ela falou, tirando o sutiã e foi a minha vez de gemer.
Dei atenção extra à área dos seios dela, chupando e dando mordidas leves enquanto massageava o outro e era incentivado por gemidos, cada vez mais altos, enquanto ela puxava o meu cabelo de leve.
Fui descendo devagar, dando beijos e chupões pela extensão de sua barriga. Cheguei logo à sua calça e abri o botão, escorregando-a rapidamente por suas pernas grossas.
Agora estávamos iguais. Ela só tinha vantagem em suas meias brancas.
Foquei na calcinha de algodão dela, ensopada e passei um dedo pela região.
Ela gemeu alto, novamente, e aquilo foi mais que uma permissão pra continuar.
Acariciei seu sexo por cima do pano e ouvi um grito sufocado. Reprimi um gemido.
– P-por favor, Diego... – Ela murmurou, totalmente à mercê.
Não resisti, escorreguei um dedo pra dentro dela, que estava encharcada .
já soltava suspiros e gemidos frequentemente.
Comecei um movimento de “Vai-e-vem” e aos poucos tentei com o outro dedo,cada vez mais fundo.
– Preciso de v-você. – Ela disse e foi a deixa.
Penetrei-a profundamente e dei a ela um tempo pra se acostumar com o meu tamanho, e juntos, soltamos um suspiro.
Ela começou a se movimentar e eu movimentei junto a ela, gemidos tomando o quarto.
Beijei-a com vontade, entrando e saindo de dentro dela.
Ela deixava alguns chupões em meu pescoço, enquanto eu moldava seus seios às minhas mãos e fundíamos na mais antiga dança existente.
Minha mão fazendo carícias em sua perna e por todo o seu corpo, enquanto ela puxava os meus cabelos com cada vez mais intensidade, e os gritos ficavam mais altos.
Estoquei o mais fundo que pude para dentro dela, que soltou um gemido alto em seguida ,senti seu corpo começando a ter espasmos fortes .Sinal de que seu orgasmo ja estava chegando ,ela se movimentava junto comigo ,nossos corpos unidos estavam sincronizados. Perfeito. Ela começou a tremer sob mim, ao mesmo tempo em que meu corpo começou a tremer junto. Chegamos ao clímax juntos, em perfeita sincronia.
Deitei ao lado dela e ela logo aconchegou-se ao meu peito.
– Durma bem. – Eu disse dando um beijo em sua testa e ela suspirou caindo na inconsciência.
E eu também, com aquele perfume delicioso.

Obs: Chilli Dog: o homem faz fezes nos seios da mulher antes do coito/sexo.
Bukake: uma rodinha de homens ejacula na cara de uma só mulher.
Eu não sei se os nomes estão certos, porque eu ouvi o Tavas falando na rádio, entonces...



Capítulo 5


narrando
Acordei de manhã com uma sensação de que estavam construindo alguma coisa na minha cabeça. Era tanta dor de cabeça e tontura que eu mal conseguia abrir os olhos.
Fui em direção ao banheiro, esbarrando em alguma coisa na minha mesa de cabeceira.
Nem me dei ao trabalho de ver o que era. Fui direto ao armarinho que guardava a caixa de primeiros socorros e catei um paracetamol ali dentro. Tomei puro, não ia conseguir ir até a cozinha buscar água e foi quando eu percebi que estava totalmente nua.
Corei até o último fio de cabelo. Eu devia ter ficado tão bêbada ontem! Estava triste porque havia brigado com o Thiago e descontei na bebida. E o pior, com o ex-ficante do meu lado.
Eu realmente tentei lembrar alguma coisa da noite. O máximo que eu consegui foi do Tavares falando com a Maitê; eu teria que cobrar por aquilo depois. Mas eu estava com a impressão de que estava esquecendo algo importante.
Resolvi ligar para o Diego e perguntar como eu chegara em casa e, pedir desculpas claro.
Após colocar um pijama, procurei a minha bolsa e a encontrei no sofá da sala que estava todo bagunçado. Sabe-se lá o que bêbados fazem.
Achei o celular e quando eu o abri, as cores fizeram minha cabeça rodar. Dei send e liguei pro último número ligado. Caí na Maitê, pedi desculpas e tentei denovo.
– Disse uma voz ansiosa.
– Acho que eu acertei dessa vez, - eu falei rindo. Diego tentou falar alguma coisa, mas eu o cortei. -Diego, eu preciso de luz. Eu não lembro nem de como eu cheguei em casa.
C-como é? - Ele disse, meio decepcionado.
– Sim, a última coisa que eu me lembro é do Tavares. Meu deus, como eu falei merda.- Eu ri fraquinho.- E depois eu acordei aqui - totalmente nua, pensei em acrescentar, mas não o fiz. - Com uma puta dor de cabeça.
Ah sim. Se preocupa não, eu te deixei aí direitinho, você não fez nada demais não - Ele disse, forçando uma risada, a voz completamente decepcionada.
– Problemas?
Aham, estou em uma reunião com os caras da banda, tenho que ir. - A decepção ainda não saíra de sua voz.- Melhoras, a gente se vê.
– Beijo.
Restava-me nada para fazer a não ser tentar curar essa ressaca infernal. Dei uma ligada pra e ela disse que já estava vindo pra casa, ia cuidar de mim. Eu tinha as melhores amigas do mundo. Resolvi fazer minha higiene bucal e tomar um banho pra fazer ora.
Deitei na cama após fazer isso e cochilei. Tive um sonho estranho, mas bem excitante. Mesmo.
“- P-por favor, Diego... - Murmurei, eu precisava dele agora, sem mais delongas.
Senti ele me penetrar com um dedo e gemi, como ele mexia tanto comigo? A ponto de me entregar assim para ele.
Seu dedos ficaram fazendo movimento de vai e vem dentro de mim e de repente ele inseriu outro dedo me fazendo arfar.
– Preciso de v-você - supliquei e felizmente dessa vez ele me atendeu.
No outro segundo ele já estava dentro de mim e eu arfei com o seu tamanho, ele quase não cabia dentro de mim, suspirei e me mexi ao encontro dele em busca de um contato maior. Gemi alto quando senti ele atingir meu ponto "G" e do nada seus lábios estavam se mexendo em cima dos meus, ele estocava devagar em mim, senti amor e carinho em seu gesto.
Desci meus lábios até seu pescoço e dei alguns chupões, alternando entre lambidas e mordidas. As mãos dele estavam em meus seios e nos movíamos em sincronia. Suas mãos passeavam por todo o meu corpo, apertando, arranhando, acariciando. Todos os tipos de sensações. Puxei seus cabelos com força enquanto ele estocava cada vez mais forte.
Gemi alto, acho. Senti meu corpo inteiro tremer quando ele deu uma forte estocada e seu corpo tremeu junto ao meu, e então... tudo ficou em silêncio.
Deitei em seu peito, sentindo seu corpo quente junto ao meu.
– Durma bem. - Suspirei quando ele deu um beijo casto em minha testa. Foi a última coisa que eu senti e caí na inconsciência.”

Aquele sonho não saía da minha cabeça. Impressionante como o que você quer esquecer você nunca consegue. Aquele sonho vívido mais parecia um Flashback. Já havia passado uma semana e ainda assim não esqueci. Até falava com ele às vezes, mas só por telefone e aquele tom decepcionado nunca mudava.
Uma vez pensei que talvez ele pudesse estar magoado comigo, mas não. Não havia feito nada pra ele. Nada consciente pelo menos.
Um mês se passou e eu quase nem percebi. Estava há 4 semanas com aquele sonho excitante na cabeça e não esqueceria ele por nada.
Eu reatei com o Thiago. A briga havia sido boba e por causa de ciúmes dele, como sempre. Só brigávamos por causa disso, pelo menos uma vez por mês.
E cada vez eu o via menos. A última vez que ele viera fora a vez do show, e não dera muito certo. Eu estava indo pra lá hoje, passar o aniversário dele com ele. Claro que ele pagara a passagem e ia dar a festa mais badalada da cidade. Eu nunca mais beberia caipivodka. Margaritas, por outro lado...
Malas prontas, já tinha me despedido das meninas e estava a caminho do aeroporto. Fiz as coisas de sempre, check in e tal, fiz um pequeno lanche e entrei no avião o mais cedo possível, dormiria pela meia hora de vôo.
Eu logo caí no sono, não tinha problemas pra dormir.
“Envolvi seu pescoço com meus braços, ele enrijeceu. Começou a tocar música eletrônica, foi a minha deixa.
Comecei a dançar na sua frente até o chão, passando a mão pelo seu peitoral inteiro - que por sinal era bem malhado - e fiquei parada apenas apreciando aquela visão dos deuses.
Vi um volume se formar em suas calças e sorri, pelo menos eu consegui fazê-lo ficar excitado, já era um grande passo, pois alguém tinha que tomar uma atitude e pelo que eu estava vendo, aquele alguém tinha que ser eu.
Subi novamente e sussurrei em seu ouvido.
– Dança, Di. - Minha voz saiu rouca, deixando-a provocante. Mordi o lóbulo de sua orelha apenas para lhe provocar.
Acho que ele percebeu que estava parecendo uma estátua parado lá e começou a dançar. Movi o corpo junto com ele, olhando-o nos olhos.
Juntei nossos corpos e não resisti, coloquei minhas mãos naqueles fios de cabelos loiros. Aproximei nossos rostos e lhe dei um beijinho de esquimó.
Certo, estávamos perto demais, muito perigoso, até quando meu auto controle iria funcionar? Não mais. Beijei-lhe com uma fome que nem eu mesma sabia que existia.”

Acordei suada no avião e a aeromoça logo me ofereceu água ou alguma coisa. Aquele era um sonho um pouco menos provocante do que o outro, mas não menos excitante.
Eu podia sentir que já estava molhada.
Eu tinha que dar um jeito de parar de ter esses sonhos que tanto me excitavam e essa era a parte que eu não entendia.
Se eu sentia alguma coisa pelo Diego, eu ia escolher não dar nome àquilo, por Thiago.
Logo cheguei e no aeroporto encontrei Thiago e minha mãe juntos, sorrindo pra mim. Não pude deixar de esquecer tudo e correr pros braços dele.
Eu estava com tanta saudade, não tinha percebido antes. Ele me beijou suavemente, mas não por muito tempo, porque logo a minha mãe estava limpando a garganta.
– Senti sua falta. – Thi disse, sorrindo.
– Eu também. Muito. - Dei mais um selinho e fui falar com minha mãe que eu não via há uns 4 meses.
– Meu bebê. - Ela disse enquanto me abraçava. - Se eu soubesse que você ia ficar tanto tempo sem vir eu não te deixava ir.
– Deixava sim. – Eu disse rindo enquanto Thiago arrastava o carrinho com a minha mala.
– Tem certeza que vai passar um só fim-de-semana? – Ela perguntou passando o braço por meus ombros e me levando para o carro.
– Sim. Mas foi que arrumou minha mala, sabe como é. - Minha mãe não a conhecia, elas só haviam se falado por telefone e ela percebera seu... Hm, desequilíbrio não era a palavra certa, mas é a única na qual posso pensar.
Thiago riu suavemente enquanto entrávamos no carro dele, eu não soltei sua mão.
– Como está na faculdade? - Minha mãe perguntou.
– É boa. E estar com as meninas é a melhor parte. Adoro gente nova. Não vejo a hora de você conhecê-las, mãe.
– Eu também.
– Ela vai ficar aonde? – Perguntou Thiago a minha mãe.
– Lá em casa, né ?
– Aham. - Eu disse sorrindo. - Mas eu vou dormir lá no Thi depois da festa, tudo bem?
– Claro. Só não esqueça que tem mãe.
Eu ri olhando para a janela. Que saudade da minha cidade natal.
– Se importa em desligar o ar, amor? – Eu perguntei e ele prontamente desligou. Estava muito quieto, provavelmente por causa da minha mãe. Parecia nervoso.
Logo estávamos em Ipanema, onde eu morava, e deixei minhas malas lá em cima.
– Vamos à praia? – Pedi a minha mãe assim que entrei em casa.
– O que você quiser.
– Posso chamar as amigas daqui? – Perguntei animada.
– Quais?
– Maitê, Luiza e Stephanie.
– Elas são uns amores, tudo bem.
Eu logo liguei pras meninas e todas poderiam ir.
Maitê levaria Caio, como sempre, e Luiza levaria Léo, que era amigo de Thiago. Sempre saíamos juntos. O ruim seria Stephanie lá sozinha. Então mandei Thiago levar um amigo qualquer e ele acabou levando seu primo Tomás, que morava perto do Leblon, onde íamos.
Foi um dia pra lá de engraçado e ver minhas amigas antigas fora tão bom. Eu sentia falta do Rio, mas não iria embora de São Paulo.
Todos foram convidados pra casa de Thiago na festa, mais tarde, e era lá onde eu estava, ajudando a arrumar o terraço e o Buffet pra festa que seria igual a de todos os anos. Nada diferente. Exceto as novas bebidas que surgiram assim que fizemos 18 anos.
Margaritas maravilhosamente bem preparadas e caipivodkas alucinantes.
Eu tinha que me controlar, não podia passar por outro vexame, pensei enquanto falava pro barman pra não me dar mais de cinco bebidas contendo álcool.
Fui me arrumar, colocando um tomara que caia peplum azul e um peep toe preto com um grande salto, e ainda assim eu batia no nariz do Thi.
Eu era ridiculamente baixa. E ele ridiculamente alto.
Ele já estava pronto e todos começaram a chegar. Após receber todos, fui sentar-me com os meus amigos.
– Tudo bem por aí? – perguntei.
– Ih gata, relaxa. Senta por aí, vamos conversar. Há quanto tempo a gente não tem essas baladas, hein? – Disse Maitê, sorridente, no colo de Caio.
– Posso só pegar mais uma bebida?
– Vai lá. – Falou Luiza.
Logo sentei ao lado deles.
– Maitê contou que você conheceu o Tavares. – Disse Caio.
– Pois é, . – Luiza falou, tomando um gole de algo. – Ele é tão legal assim?
– Eu lembro pouco dele. – Eu ri. – Estava um pouquinho bêbada. Desculpa Têtê.
– Sem problemas. Ele me chamou de linda!
– Maitê deve ter sonhado com ele! – Disse Léo rindo com Stephanie.
– Com certeza!
Alguns minutos depois aparece Thiago e pega minha mão.
– Eu estava te procurando. Vamos dançar?
– Claro, amor.
Estávamos na pista e eu dançava olhando diretamente nos olhos dele.
Um Diego apareceu do meu lado e ficou olhando, balançando a cabeça.
–Você dança melhor que isso comigo.
Eu fiquei em choque, a boca aberta.
– É mesmo? – Disse, extasiada.
– Ahm? – Falou Thi me olhando.
– Nada. – Eu olhei pro lado e Diego não estava mais ali.
Alucinações? Já estava ficando clichê.
, tenho uma coisa pra te pedir. –Disse Thiago, sorrindo nervoso, até que enfiou as mãos nos bolsos das calças e ajoelhando-se com uma caixinha nas mãos.
Aquilo não estava acontecendo.
– Casa comigo?
Minha boca se abriu e eu ficava em choque.
Será que ele pediria isso, se soubesse que eu estava tendo alucinações e sonhos eróticos com outros?
Se eu aceitasse, teria que voltar pro Rio e largar São Paulo, minhas amigas e Diego.
Eu tinha 19 anos. Não estava na idade de casar.
Não tinha nem terminado a faculdade, por deus!
Todos à nossa volta ficaram olhando, assobiando e batendo palmas, inclusive os meus amigos.
Peguei então a mão de Thiago e o levantei. O levei para um canto iluminado e vazio do terraço e com o coração partido parti o dele. O coração de quem mais me amava.
– Não dá. – Eu disse, e seu rosto estava estático. – Eu não estou dizendo não, só estou dizendo não agora.
Eu passava minha mão por suas bochechas, fazendo carinho
. – Espere um pouco, Thiago. Isso é loucura. Eu tenho 19 anos e você 20. Somos novos demais. Temos a vida pela frente. – Eu dizia, e ele permaneceu quieto. – Fale alguma coisa, você está me matando aqui.
Ele teve uma reação. E foi a que eu menos esperava.
Tirou minhas mãos do seu rosto e negou com a cabeça.
– Mas nós estamos prontos.
– Não estamos Thiago. Vamos viver ss custas de nossos pais?
– Ano que vem eu termino a faculdade e vou trabalhar com meu pai, . – Ele falou, a caixinha ainda nas mãos, o diamante do anel brilhando pra mim.
– E eu? Não quero depender de marido. Entenda-me. Espere mais um pouco. Talvez 3, 5 anos e aí nos casaremos.
– 5 anos?! ! – Ele disse exasperado.
Fechei a caixinha em sua mão e a botei no bolso de Thiago. Enlacei nossos dedos e lhe dei um selinho.
– Agora não.
– Tudo bem – Ele falou abaixando a cabeça.
Eu o beijei, levantando sua cabeça com a minha testa.
– Eu amo você. – Eu falei abraçando-o.
– Eu também.
Ficamos um tempo lá, quietos. Logo tivemos que voltar a socializar, afinal, era uma festa.
Voltei a meu ciclo de amigos. Stephanie estava dançando com Tomás.
– Posso ver o anel? – perguntou Luiza, já que todos haviam visto o pedido.
– Eu n-não aceitei. – Uma lágrima escorreu e eu saí correndo ,entrei no quarto de Thiago e tranquei a porta, deixando que a enxurrada de lágrimas viessem.
Ele era tão perfeito. E eu não o merecia.
Deitei na cama abraçando um travesseiro. E lá estava seu cheiro hipnotizante, de colônia com creme de barbear.
Alguém bateu na porta e eu ignorei. A pessoa desistiu, depois de algum tempo e, eu, como uma bela covarde, fugi para o único lugar onde encontraria o melhor colo de todos. Colo de mãe.


Capítulo 6


Diego narrando
Minha vida estava miserável desde aquele dia. Era de casa pra um bar, do bar pra casa. Já não estava sóbrio há dias.
Ouvir ela falar que não lembrava de nada foi péssimo. Senti-me usado pelo fogo do momento e me arrependi,extremamente. Se ela não fosse tão tentadora,isso certamente não teria acontecido.
Eu tentei, juro que tentei me convencer de que a culpa era dela. Mas simplesmente não era. E para poupá-la, eu não contei.
Cheguei em casa e olhei de relance para o sofá onde estavam a pulguinha e Bruno. Eles estavam namorando oficialmente há um tempo agora, mas tinha alguém ao lado deles. Alguém chorando convulsivamente, em pleno domingo de manhã.
Eram 10 horas, e eu estava chegando de uma boate e podia muito bem ser um sonho de bêbado, mas não era. Era a no sofá. E vê-la tinha sido muito pior do que falar com ela no telefone, por quase todas as semanas.
Instintivamente fui pra perto dela, sentando a seu lado, só preocupado em consolá-la. Eu quase não lembrei daquele sábado.
– O que houve? – Eu perguntei passando a mão em seus cabelos sedosos. Estava quase me esquecendo daquela sensação.
E ela chorou e chorou ainda mais.
E eu fiquei confuso. Será que ela descobrira?
– O Thiago a pediu em casamento. – Disse , a mão no ombro da amiga como que pra consolá-la. – E ela recusou.
– Mesmo? – Eu quis ter certeza. Por que ela recusaria?
A esperança começou a nascer dentro de mim, mas era melhor não fazê-lo. Eu já havia decidido, deixaria-a vir até mim quando quisesse.
– Sim. Ele ficou tão chateado que eu me arrependi. E não tive mais coragem de olhar na cara dele. – Ela dizia, fungando. – Adiantei o meu voo, aqui estou eu. Será que eu fiz a coisa certa?
– Por que você recusou? – Eu perguntei, a curiosidade me matando.
– Por Deus, nós somos muito novos, Diego. – A voz fria soluçava, dolorida. – Eu não tenho como me manter e nós dois nem terminamos a faculdade. Sou muito nova pra me casar, quando eu tiver uns 24, 27... Tá muito cedo, mesmo. Quero aproveitar o fim da minha adolescência.
É claro que eu entendia. Eu queria o mesmo.
De repente ela pareceu lembrar-se de alguma coisa. Eu gelei.
– Você parece cansado, onde estava? – Ela ainda conseguia ser altruísta.
– No Milo. Mas não se importe comigo. Eu tenho que cuidar de você.
– Ugh. Aquele lugar é nojento. – Ela disse e Bruno riu. – Não tem que cuidar de mim não, aliás , eu tenho que ir pra casa. Vou tirar meu visto amanhã. – Fiquei tenso novamente.
– Visto pra quê?! – Perguntamos eu e a pulguinha.
– Vou pra Londres na próxima semana. Preciso de um tempo pra mim. Mas antes preciso confrontar o Thi. Há essa hora ele está desesperado atrás de mim, ninguém me viu indo embora, só a minha mãe sabe.
– Huh. – Eu disse extasiado. Gente rica era um problema. Qualquer coisa que acontecia se exilava. Queria eu poder me mudar.
E então ela foi embora, deixando seu cheiro doce no ar.
E eu me tranquei no quarto. Deitei na parte de cima da beliche e olhei pro teto. Fiquei mais tempo olhando pra lá. Devo ter dormido, não sei. Estava em transe e não sabia o que fazer. E se ela mudasse de ideia e casasse com ele? Eu podia me matar. Mas e a minha mãe? Não podia fazer isso por causa de uma garota que ao entrar na minha vida, pelas duas vezes, mexeu em tudo.
Não é como se eu tivesse pedido por isso. Cantado em alto e bom tom :” Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura...”, e tivesse sido “abençoado”. Não mesmo.
A parte boa é que eu estava produtivo. Havia escrito umas duas músicas em um período de um mês e meio e ensaiava sempre, mesmo que sem falar com os garotos.
Quando a vida perde a graça, o que você faz? Se mata.
“Give and Take” – Forever the Sickest kids começou a tocar em algum lugar e então eu percebi que era o meu celular.
Quando eu havia mudado o toque? Eu não fazia ideia.
Era ela. Eu sempre ficava apreensivo quando ela ligava, e tentava não atender. Mas algo dentro de mim era mais forte.
– Alô?
Diego, você pode vir pra cá? Quero conversar com você. É sério. - falou nervosa ao telefone.
Meu deus, nós nem namorávamos e ela já queria discutir a relação? Eu mereço, mesmo!
– Tô passando aí. – Eu falei, desligando.
Quando saí do quarto, reparei que já estava escuro. E eu já estava com uma dor de cabeça fraca. Era a primeira vez que eu estava sóbrio em uma semana. Isso era incomum.
Já não tinha ninguém na sala, ninguém pra avisar onde eu estava indo. Entrei no carro, preocupado e tenso. O que iria acontecer a seguir?
Mas eu logo descobri. Entrei no corredor dela, e algumas lembranças passaram por minha cabeça.
Ela abriu a porta, um papel branco, rasgado, na mão. Então eu já sabia do que se tratava.
Eu já era um zumbi sem sentimentos, pouco nervoso fiquei quando vi que era isso. Ela estava com os olhos marejados. E falou, simplesmente:
– Entre.
E deixou a porta aberta. Eu a fechei e a segui até a sala. Seus movimentos eram calculados, duros. Sentou no sofá. Eu fiquei em pé, há um metro de distância. Era mais seguro.
– “Bom dia, amor. Tive que sair pra uma reunião qualquer, não consegui te acordar. Eu devo ter te cansado bastante ontem, HÁ. Tudo bem, ignore. Eu só estou feliz. Me ligue quando acordar. Beijo, Seu Diego” – Ela deixou uma lágrima escapar, mas a pegou e olhou, os olhos mais escuros de raiva amassando o papel em uma bola e tacando longe. – Eu o encontrei de manhã, enquanto procurava meu antigo passaporte. Quando você pretendia me contar sobre isso? – Falou num fio de voz e levantando-se indo até mim. –Hein? – Agora as lágrimas escorriam de seus olhos sem parar. Ela agarrou a gola de minha camisa.
– Desculpa? – Eu falei e ela ficou com ainda mais raiva.
– Não era essa a resposta que eu queria. – disse, os dedos soltando com esforço a gola de minha camisa. – Eu queria que você tivesse me contado. – Murmurou derrotada.
– Sinto muito. Eu achei que fosse a coisa certa.
– Tudo bem. – Suspirou e bateu no sofá ao lado dela. – Eu vou me sentir uma puta de um jeito ou de outro.
Eu me sentei a seu lado.
– Não fale assim de você. Quer que eu te conte o que aconteceu? – Ela assentiu.
Com que palavras eu contaria? Jogaria a culpa pra mim, ou pra ela?
– Você lembra do Tavares? Então, depois disso eu sugeri que fôssemos embora, mas você pediu que dançássemos duas músicas e você dançava sensualmente... Até que me beijou. Primeiro no nariz, depois nos lábios. – Eu disse e ela passou as mãos nos lábios. – E durou um tempo até que fomos pagamos a conta e fomos embora. Eu cheguei até aqui, mas você insistiu que eu subisse e eu não resisti. Ficamos nos amassos no elevador e depois no sofá. Eu tentei impedir, mas alguém já te disse que você é uma tentação? E fizemos amor.
–Você quis dizer sexo. – me corrigiu, as lágrimas escapando enquanto ela cruzava os braços e negava com a cabeça. – Não acredito, eu sou realmente uma puta.
– Ei, não é assim, está tudo bem.
– Obrigada pelos esclarecimentos. Agora se você me der licença, tenho que terminar com o Thiago.
– Como é? – Eu perguntei, a onda de esperança quase sorrindo.
– Sim, eu prometi que terminaria antes de traí-lo. Eu acho que me atrasei nessa parte. Mas ele tem o direito de saber. – Ela disse, o coração partido.
– Sinto muito. – E não sentia, mesmo, mas fui embora sem esperar que ela abrisse a porta pra mim.
Eu sentia que daí pra frente, tudo iria melhorar.

O mês havia se passado sem telefonemas da parte dela.
É claro que eu ligava, sempre. Mas quem disse que eu era atendido?
Alguns dias depois eu descobrira pela namorada de Bruno que ela fora realmente pra Londres. Mas não pra ficar, apenas por uns dias.
E depois, enquanto fuçava a internet, meu passatempo favorito esses dias, recebi um tweet dela.
@: @himynameisdh oioioi, saudades. Como estão todos? Haha beijo Eu só vi porque lia todos os replys e o dela estava lá embaixo. Por instinto dei follow e respondi:
@Himynameisdh: @ também, amor. Todos bem, e London city? Ahaha, manda teu MSN?
E logo ela mandava e conversávamos todas as noites de assuntos banais, idiotas.
E de vez em quando sobre coisas sérias.Como o assunto a seguir:

Diego diz:
*mas meu amor, algum dia eu vou ter uma chance contigo? :(
diz:
*talvez quando eu voltar podemos tentar... levando em consideração que eu terminei com o Thi e nós dois demos certo. Sabe, eu nunca te contei, mas eu sonhei com aquela noite.
Diego diz:
*sério? Como assim, gata?
diz:
*tive sonhos, hm.... picantes? (6) AHAHAH, sério.
Diego diz:
*eu quase não acredito, mas vindo de você...
*te quero muito, sabia?
diz:
*e se eu disser que eu também? Resolvi esquecer tudo, porque não começamos direito?
*to voltando daqui a três dias, aí a gente conversa.
Diego diz:
*vou te buscar no aeroporto, só me diz que horas.
diz: Diego diz:
*eu sempre to acordado de madrugada, não é problema nenhum.
diz:
*eu tenho escolha?
Diego diz:
*não, AHAHA
diz:
*tudo bem, eu te twitto a hora. Mas agora tenho que ir, minha vizinha de hotel vai sair comigo hoje.
Diego diz:
*se cuida, ta? Haha.
diz:
*sempre.
está offline.

E isso explicava onde eu estava agora. No aeroporto internacional de Congonhas, sozinho, na frente do portão de desembarque que eu recebera algumas horas atrás.
. Era estranho pensar que depois de tanto tempo planejando aquele reencontro de filme, eu não conseguiria agir, dar um beijo pra valer que fosse.
E era tarde demais pra relaxar. Os portões já se abriram e alguns brasileiros e gringos saiam, misturados, os idiomas mistos em abraços e beijos com saudade.
. Quando eu vi quem eu tanto esperava, o que fazer veio direto à minha mente. Ela se aproximou, um sorriso no rosto e o carrinho de malas na mão. Sua pele já clara estava ainda mais pálida e o cabelo em uma tonalidade diferente, mas escura do mesmo jeito daquele carnaval, em Búzios.
. Ela chegou perto de mim, sorrindo e levantou os braços, como que para um abraço.
. Mas eu não resisti. Ela já não tinha mais namorado e estava aqui pra mim, só pra mim.
A beijei com saudade, somente eu expressando alguma coisa. Alguns minutos depois ela começou a retribuir o beijo sorrindo enquanto ouvíamos comentários ao fundo.
– Oi. – disse rindo.
– Oi – Eu sorri de volta. – Seu cabelo está diferente.
– Uhum – Ela sorriu, corando. – Eu voltei pra cor original antes de ir pra Londres. Ia ser muito difícil cuidar das mechas loiras de lá, ia ressecar à toa.
–Hm, claro. – Eu falei irônico, levando um tapa leve no braço. – Eu estava com saudades.
–Também. Vamos embora? Eu preciso de um banho...
–Eu também, talvez possamos economizar água, já que nós dois... – Outro tapa. Eu ri suavemente.
– Eu disse que podíamos tentar. Agora pegue leve. - dizia enquanto arrastava o carrinho de malas pelo saguão do aeroporto e eu logo tomei o carrinho da mão dela.
– Tudo bem. E ?
– Diga , Di.
– Obrigado. – Eu sorri agradecido e ela corava novamente.
– Como é? Pelo que? – Ela perguntava, um vinco na testa.
– Por existir.
– Quando quiser. – Ela ria, lisonjeada.

***

Decidimos passar no Drive-thru do Mc Donalds para comer alguma coisa antes de ir pra casa dela, às 3 da manhã.Vínhamos mantendo uma conversa sobre a viagem no carro.
– Eu estava num albergue comum de estudantes por lá. Fiz vários amigos, e to quase uma nativa no que se trata de inglês.
– Você gosta? Eu nunca gostei de inglês na escola. – Eu disse fazendo uma careta.
– Tá brincando? Eu amo inglês. Se eu pudesse seria professora de inglês por aqui ou mudaria pra lá. Mas a Mamis sempre me diz que eu ia morrer de fome e tinha que arranjar um jeito de sustentar meus filhos, e ter uma profissão decente, como ela.
– Mas você tem que escolher o que te faz feliz
– Eu sei. – Disse franzindo a testa. – Mas eu não tenho nada contra medicina. Só não é a minha paixão, mas dá pra empurrar com a barriga. E talvez eu trabalhe lá pra Inglaterra, ou Estados Unidos mesmo.
– Não vai não. – Eu falei e ela riu. – O que vai comer?
– Promoção média do cheddar. Eu só consigo comer isso.
– Interessante. – Eu amava aprender qualquer coisa sobre ela. – Uma promoção média de cheddar, uma grande do big Mac e 2 chicken bacon jr. –Eu disse à atendente que assentiu e me apontou a cabine seguinte.
– Uau. Cabe toda essa comida aí dentro? - disse me provocando.
– Cabe muito mais.
– Você é pequenininho, devia comer pouco. – Ela disse rindo.
– Eu sou bem mais alto que você, fique quieta. – Eu falei puto.
– BEM? – Ela riu alto. –Você é 2 centímetros, NO MÁXIMO, mais alto que eu.
– M-mas...Tudo bem,você ganhou essa.
–YES! – Ela ria levada enquanto eu pagava a comida e a colocava no carro e ela tentava roubar uma batata.
– Ei! Não coma.
Ela pulou como uma criança pega em flagrante. Eu ri suavemente e voltei a dirigir.
– Por quê? – Ela disse com a maior cara de inocente.
– Porque se você pode eu posso também.
– E quem disse que você não pode? - pegou uma batata e levou a minha boca. Eu mordi um pedaço, e ela comeu o resto da batata.
Eu sorri extasiado com a ideia de finalmente ser feliz,depois de tanto tempo miserável.
Estávamos chegando e dessa vez eu parei no lado de fora do prédio, só por garantia.Não queria que acontecesse aquilo novamente.
Passamos pela portaria e pelo corredor em silêncio e eu percebi que ela sempre cantarolava quando estávamos quietos. Ela não convivia bem com silêncio.
abriu a porta e colocou um dedo na frente da boca.
– Silêncio!
Eu ri baixinho e fomos andando discretamente até a varanda onde iríamos comer.
Eu sentei na mesa com quatro cadeiras da varanda e fui tirando os sanduíches do pacote pardo, enquanto ela fechava as portas.
– Sabe, a sua tentativa de fazer silêncio é inútil. – Eu apontei pra janela que dava pra varanda. – Alguém vai nos ouvir.
– Não. Esse é o meu quarto, RÁ. – Ela riu e piscou pra mim sentando na cadeira. – E a banda?
– Hm... Estamos bem, na verdade. Vamos fechar um contrato com a Universal Music logo. – Eu falei olhando-a. – E vamos lançar um álbum novo.
– Que isso! Vou ter músicas novas pra ouvir! Graças. – fazia graça.
Ela riu e continuou:
– Brinks. Mas isso é demais! Mesmo... É uma oportunidade incrível pra vocês.
– Pois é, eu nem acredito... – Eu disse suspirando e desviando o olhar pro céu estrelado.
– O que houve? – perguntou. – Parece que alguma coisa está errada.
Ela realmente me conhecia como ninguém.
– Alguma coisa parece errada. – Eu falei. – Sabe quando você tem tudo o que quer ,mas parece que dá tudo errado? Tipo sorte no jogo, azar no amor... Pra mim tá dando tudo tão certo.Você me deu uma chance e esse contrato e eu não consigo acreditar.
– Se está dando tudo certo é porque você merece, Diego.
– Eu sei, eu trabalhei duro pra tudo isso, mas ainda assim não parece certo.
– Olha pra mim. – Ela pegou o meu rosto nas mãos e virou pra ela. – Vai dar tudo certo, ta? Sempre dá, não importa como,s empre dá. E eu estou aqui.
– Obrigado. – Eu sorri pra ela. – Vamos comer.
Comemos nosso sanduíche conversando sobre a viagem dela. me contou que voltaria pra lá logo pra ver seus amigos e me chamou pra ir com ela.
Se eu tivesse dinheiro eu iria para vigiá-la. Mas como eu não tinha, eu somente assenti. – Está meio frio aqui fora... Você devia dormir, eu vou embora... – Eu falei olhando pra minha garota.
– Não vai não, ainda é cedo. – Ela falou me encarando. – Que horas são?
– 4 da manhã...
– Ei, é cedo. Eu não tenho hora amanhã... – disse suplicante. – Fique, por favor... Vamos ver TV!
Eu virei a cabeça pro lado esquerdo e encostei no ombro. Ela piscou pra mim.
–Tudo bem, só um pouco...
Sentamos no sofá, o mesmo sofá daquele dia... Se controla, Diego. Eu sentei e pus as minhas pernas em uma prolongação do sofá, que era em forma de L e ela deitou, a cabeça no meu colo, os cabelos castanhos nas minhas pernas e não resisti a colocar minha mão quase imediatamente neles.
pegou os controles da TV e ligou. Estava no canal multishow e como eram 4 da manhã, estava passando um filme pornô, típico do canal.
Ela imediatamente trocou de canal e me olhou corando. Eu quase ri da reação dela, como uma criança pega em flagrante, novamente.Tão imatura em certas horas e madura em outras.
Estava na MTV Hits, passando a música do Cobra Starship com uma menina qualquer loira. Falava basicamente de um cara ‘perigoso’ que fazia a garota perder o controle. A garota que era a ‘garotinha do papai’.
E percebi que era uma tola comparação a mim e a ela. Eu sempre relacionava tudo a ela. Só que no caso, ela era a “garotinha do Thiago”, e eu a desvirtuei, a tirei de seu caminho. E eu devia ser mesmo um perigo.
Quer dizer, um vocalista de banda sem futuro, com uma vida noturna e badalada não era um poço de segurança para uma mulher como . Não mesmo.
Mas eu a queria e ela me queria de volta aparentemente.
Quando dei por mi , a música já tinha terminado. Agora era Blame It,do Jamie Foxx ,uma das minhas favoritas. Meu subconsciente continuou a fazer cafuné no cabelo dela e ela já tinha dormido.
Eu não iria embora, não dessa vez. E se ela acordasse e não lembrasse?
“Dessa vez ela lembraria” ,pensei, enquanto me acomodava pra dormir no sofá.




narrando
Acordei com uma puta dor no pescoço e nem abri os olhos. Como eu odiava dormir naquele sofá! Mas até que o meu travesseiro estava bom. Eu quase sorri ao sentir suas mãos ainda em meu cabelo e então lembrei do motivo do meu despertar.
Tinha alguém quicando em cima de mim. E é claro que eu sabia exatamente quem era.
– Vamos, acorde! Estou com tanta saudade! – Dizia o ser pulante em cima de mim. Um ser que tinha acordado Diego também, grunhindo. – Poxa, você fica um mês fora e ainda chega sem avisar...
Se tinha uma coisa que eu odiava era ser acordada antes de ter 8 horas, pelo menos, de sono. Agora eu tinha tido de 2 a 4 horas de sono. Minha amiga acordava muito cedo.
– Pare de quicar nela... Vai acordar a fera! – Disse olhando pra .
Eu abri os meus olhos, lançando um olhar mortal pras duas. imediatamente desceu e começou a murmurar:
– Desculpa, desculpa, desculpa? Não me come viva, eu tenho um namorado firme agora!
– Ahn? – Eu falei franzindo a sobrancelha. – Que isso tem a ver? E namorando firme com quem, Dona ?
– Bruno. – Diego se manifestou e eu olhei pra ele e não pude deixar de sorrir. Seus olhos estavam inchados e o cabelo todo embolado, despenteado pelo meu sofá, causando um grande contraste entre o loiro e o preto do couro.
– Tudo de bom pra vocês, ! – Eu quase gritei, correndo pra abraçar minha amiga. – Vocês combinam tanto! Meu deus! Eu sou tão demais por unir vocês...
– Ei, cale a boca, sim? – disse e eu não tinha ideia de como ela conseguia ficar tão acesa a essa hora da manhã. – E vocês dois? – Ela me perguntou, gesticulando pra mim e para Diego.
– Puxa... – Eu suspirei... – Eu realmente não sei como responder. Desculpe, vai ficar pra depois...
– Nananinanão. – disse, finalmente, depois de bocejar. – Eu quero saber também. DH?
– Nós vamos tentar... – O meu loiro disse, coçando o olho e bocejando. Era contagiante, meio segundo depois eu já estava bocejando também. – Tentar fazer dar certo, nós dois.
– Com compromisso? – Perguntou .
– Isso agente ainda não conversou. – Diego disse e eu gelei. – Dêem um tempo. A gente mal acordou, fomos dormir tarde.
– Dormir tarde, é? – Falou , um sorrisinho de canto nos lábios. Eu senti o meu sangue esquentar.
– ISSO NÃO É DA SUA CONTA.
– Ih, tá mal humorada. - continuou a provocação.
– Estou mesmo. Quer saber porquê? – Eu falei, enquanto andava pela sala procurando o meu celular, checando o visor. – Porque são 9 da manhã e eu cheguei EXAUSTA de uma viagem de horas e fui dormir às 4 da manhã e não me deixaram ter as minhas 8 horas. PORRA, É MUITO TEMPO, ? VAI CAÇAR QUALQUER COISA PRA FAZER , ME DEIXA DORMIR, DEPOIS AGENTE CONVERSA,CARALHO. – Eu já tinha gastado todo o meu fôlego em uma resposta que calou minhas duas fofas amigas e Diego, que me olhava assustado. – VEM DIEGO.
Ele levantou rápido, assustado, e eu o puxei pela gola da camisa até o meu quarto e o joguei na cama.
Ele continuou me olhando assustado e eu ri da situação enquanto tirava os sapatos que me incomodavam e me deitava ao lado dele, encostando minha cabeça no peito musculoso dele. Diego relaxou. Passou os braços à minha volta e eu dormi serenamente, em poucos minutos, o que era raro.
Abri meus olhos para o quarto e reparei que aqueles braços ainda estavam à minha volta. Não fora muito legal dormir na mesma posição a noite toda, mas ainda assim.
O sol batia de um jeito diferente na janela e eu achei melhor nem me preocupar com as horas. Olhei pra cima e vi Diego, dormindo serenamente, um leve sorriso esboçado.
Ficar observando os outros dormirem não era o meu forte. Eu acabava acordando a pessoa de tanto rir sozinha, então fui ao banheiro fazer minha higiene bucal e as necessidades matinais.
Quando voltei, Diego estava na mesma posição. Eu sorri novamente e fechei a porta do quarto, indo pra cozinha procurar o café da manhã, mesmo que já estivesse na hora do almoço. Toda hora era hora de café-da-manhã.
Vasculhei pela geladeira atrás de comida e o máximo que eu encontrei foram umas torradas e requeijão. Maravilha, eu esqueci que só eu fazia compras nessa casa. Eu fico fora e elas morrem de fome.
Coloquei a torrada e o requeijão em uma bandeja e comecei a procurar por laranjas. Quem disse que tinha? O máximo que eu encontrei de beber foi um suco tang de tangerina, aquele pozinho que fedia. Aquilo era horrível, mas era tudo o que eu tinha.
Fiz o suco com o tal um litro de água e provei. Não estava tão ruim. Terminei de montar a bandeja e levei pro quarto, não encontrando nenhuma das minhas colegas de apê no caminho.
Talvez eu estivesse estressada demais pela manhã. Eu não era uma pessoa matinal.
Diego se mexeu dessa vez, para meu alívio. Tinha girado e agora estava de bruços, um pé no meu travesseiro.
Tive que rir e ele murmurou alguma coisa. Sentei ao lado dele e comecei a mexer no cabelo loiro.
– Di, acorda...
– Agora não. – Diego disse, virando pro outro lado.
– O Thiago chegou, você tem que ir! – Eu falei para assustá-lo.
Ele pulou e me olhou e eu comecei a rir descontroladamente da cara dele.
–Isso não se faz, ... – Ele fungou e olhou para a bandeja. – O que temos pra comer?
– O que essas dragas não comeram... Elas não repõe, Di! Eu mal cheguei e já tenho que me meter em um mercado. – Eu falei botando a bandeja na frente dele e sentando em posição de índio na cama. – Nem café tem!
Ele riu e me olhou novamente.
– Não se preocupe... Torradas com requeijão está perfeito. Eu como requeijão com qualquer coisa. E eu vou ao mercado com você, sem problemas.
Meus olhos marejaram.
– Sério?
– Por que não? – Ele me olhou, levando uma torrada a sua boca.
– Ninguém nunca fez isso por mim. E eu estou parecendo uma criança. – Eu comentei deixando o clima mais leve. –Você é tão perfeito.
–Você que é. – Ele disse, sorrindo.

***


– Carne? – Falou Diego apontando pro balcão.
– Deixa os gelados por último! Nunca fez compras?
– Er... Não. – Ele falou meio nervoso.
– Own, sempre tem a primeira vez. – Eu disse sorrindo. – Primeiro os enlatados, pra ficar no fundo.
Fomos pegando os ingredientes, e colocando no carrinho que Diego trazia. Um telefone tocou.
– Alô? – Disse Diego abrindo o celular. – Fala! Ensaio? Não, estou com a . As 5 eu acho que dá. – Ele me olhou como se esperasse resposta e eu assenti. – Minha mãe? Ah, valeu cara. Vou ligar, porra! Falou, tchau. – Di fechou o flip, guardando o celular no bolso. – Minha mãe está sentindo a minha falta. Se importa...?
– Pode ir pra lá,eu pego um taxi. – Eu falei, um bico se formando.
– Não, eu queria que você fosse lá comigo, depois daqui.
Eu gelei. Já iria conhecer a mãe dele? Estava ferrada. Eu nunca fui boa com mãe de namorados, e nós nem estávamos namorando. Lá se vai o Diego. Droga. Eu realmente queria alguma coisa com ele.
Eu estava em pânico. Pirando.
– Tá tudo bem? Você está pálida. – Ele disse passando a mão na minha testa. – Não precisa ir comigo se não quiser.
– Eu ‘to bem. Eu acho. Mas vou com você, sim. – Eu sorri amarelo, tentando não fazer desfeita.
– A minha mãe vai amar você, não se preocupe.
– Impossível. – Eu disse dando uma risadinha nervosa. – Nenhuma mãe de... de namorado gosta de mim. Eu tenho tipo um imã anti-mães.
Diego riu.
– Eu duvido que a minha mãe não goste de você. Ela nunca não vai gostar de uma coisa que eu gosto. E... nós somos namorados? – Ele disse pegando minha mão.
– Se você quiser. – Eu dei de ombros.
Diego sorriu, pegou meu pescoço nas mãos e me aproximou dele. Eu senti seu hálito e já entendi o que viria a seguir. Ele me beijou com tanta paixão e afeto que eu tentei demonstrar a mesma coisa, correspondendo a seu beijo.
Eu já estava ofegante quando ele me soltou, eu ri baixinho, fraca.
– Estamos em um supermercado. – Eu falei.
– Sim – Ele riu. – Não tinha lugar melhor pra isso.
E continuamos com nossas compras naquele pequeno pedaço de felicidade.

Após uma imensidão de compras de roupa até produtos de limpeza, enviamos pra casa pela entrega especial e certamente haveria alguém pra receber.
Entrei no carro de Diego e ele partiu pra casa de sua mãe. Provavelmente minha mão já estava tremendo, mas Diego continuava com o braço no meu ombro, cantando Kings Of Leon com sua voz um pouco rouca no meu ouvido. E nem isso conseguia me acalmar.
Quando percebi que entrávamos num vilarejo calmo, com casinhas e sobrados, coisa impossível para São Paulo, foi que percebi que havíamos andado bastante. Diego saiu do carro e veio abrir a porta pra mim, hesitante.
– Você está quieta. – Ele falou, a porta aberta, a mão me esperando sair. – , vamos!
– Eu não quero. – Eu disse como uma perfeita filha única mimada.
– Por favor, já estamos aqui! – Ele disse suspirando.
Eu assenti com uma careta no rosto, olhando pra pequena casa de dois andares, na cor azul.
–Foi aqui que eu cresci e tal... Saí daqui naquele ano da viagem, mudei pra aquele apê no centro com os caras da banda. Minha mãe sempre foi minha melhor amiga, quem me deu conselhos pra tudo.
– Hm... - Eu murmurei suspirando. – Eu queria uma mãe assim. Minha mãe só briga comigo na maioria das vezes. Geralmente ela é autoritária. Mas quando ela quer ser legal, ela é demais.
– Pronta pra entrar? – Ele disse pegando a minha mão.
– Não. – Eu sorri . – Mas eu não vou ficar tão cedo, então vamos logo.
Ele sorriu e foi puxando a minha mão até a porta, e então tocou a campainha. Uma senhora morena de uns 38, 40 anos e uma franja reta nos cabelos morenos com uns traços de índia abriu a porta. Eu pude ver de onde Diego herdara seu sorriso.
– Di! Esquece que tem mãe, né? – Disse ela puxando Diego e abraçando-o. –Quem é essa, meu amor?
– Oi, mãe. Essa é a . , essa é a minha mãe, Silvia. – Diego disse constrangido.
– Então essa é a famosa ? – Ela disse e eu virei para o Diego, nervosa.
– Famosa? –Dei um riso nervoso. – Não sei, Dona Silvia.
– Sim, o moleque vive falando de você, está tão apaixonado... E pode parar com esse Dona, pode chamar de você, Silvia ou Sil.
Ele abaixou a cabeça, constrangido.
– Tudo bem, Silvia. – Eu sorri.
– Entrem, crianças! O Carlos quer te ver também, Di! – Silvia falou me puxando pela mão para dentro e esquecendo Diego ali. – Carlos é o meu namorado, padrasto do Diego.
Eu assenti nervosa novamente sem a mão dele envolvendo a minha.
– E vocês dois, estão namorando há quanto tempo?
– Há uma hora,pra ser exata. – Eu sorri. – É que eu desmanchei o meu namoro há pouco tempo, e..
– Eu entendo, querida. – Disse Silvia maternal. Ela era uma fofa. – Quer tomar um chá? Suco, água, cafezinho?
– Aceito um suco, obrigada.
– Vou lá buscar. – Silvia disse, sorrindo.
– Eu vou com a senhora! – Eu disse querendo ser prestativa.
– Senhora?
– Desculpe, você. – E ela riu novamente.
– Sinto que vamos nos dar bem, Norinha. – Ela disse, enquanto íamos pra cozinha.
Chegando lá, longe de qualquer ouvido do Diego, veio o que não esperava.
, eu entendo que terminou há pouco tempo, mas eu sou mãe, e não quero ver o meu Diego sofrendo. – Ela dizia, montando o lanche. – Sério.
– Eu sei, Silvia. Não vou fazer isso.
– Eu confio em você, mesmo. Mas se acontecer alguma coisa...
– Não vai acontecer! – Disse Diego entrando na cozinha. – Deixa de ser boba, mãe.
– Estou sendo boba. Desculpa . – Silvia falou olhando pra baixo, envergonhada.
–Tudo bem. Eu queria alguém pra zelar por mim como você zela pelo Di.
– Você tem. – Ele falou me dando selinho, enquanto Silvia saia de fininho, um movimento que eu peguei pela visão periférica e eu sorri.
– Ela fugiu.
– Vamos atrás dela, quero te apresentar meu padrasto,Carlos. – Diego disse sorrindo pra mim, animado.
– Eu gostei da sua mãe, sabe? – Eu falei, pra descontrair.
– Mesmo com a crise de agora pouco?
– Mesmo. Ela é fofa e só quer cuidar de você. – Eu sorri.
– Obrigado. Significa muito pra mim que você goste dela, sabe?
Eu mandei um beijinho pra ele e ele sorriu, me levando pra sala.
Entramos na sala branca novamente e dessa vez havia um cara grisalho, forte sentado no sofá.
– Olá. – Ele disse com Silvia embaixo do braço. – , né? Meu nome é Carlos. Carlinhos pra você. – Silvia riu e piscou pra mim.
– Oi – Eu sorri. Estava indo bem, sem contar com o que houve na cozinha. –, ... Pode me chamar do que quiser, mesmo.Todo mundo vive inventando apelido pra mim, eu fico até meio confusa e tonta. – Eu parei pra pegar ar. – Bonita a casa de vocês, com todos esses móveis gatos.
, fica calma. – Diego riu, passando a mão no meu cabelo.
– Eu estou falando demais? Eu sempre falo demais. Droga. – Eu disse, olhando pras pontas duplas dos meus cabelos, já sentindo o meu rosto em chamas.
– E aí, Diego, o que há de novo? – Perguntou Carlinhos, tentando suavizar o clima.
- Nada de mais, não. – Diego respondeu olhando pra mim.
– Como nada demais? – Silvia disse. – E a banda? Como estão os meninos?
– Todos bem mãe, está tudo a mesma coisa.
– Claro que não está a mesma coisa, Di. E a Universal? – Eu falei desviando o olhar dos meus cabelos pra Diego que deu de ombros.
– Não está certo ainda, eu estou tentando não criar esperanças. – Ele disse ainda olhando pra mim.
Aquele olhar era tão suave e demonstrava tanto afeto que era difícil encarar por muito tempo. Era devoção o que aquele olhar mais carregava. E eu certamente sentia o mesmo.
– Que universal? – Exigiu a mãe de Diego e nós finalmente desviamos os olhos um do outro. Diego encarou sua mãe.
– É que talvez, muito talvez, a banda consiga um contrato com a Universal Music, logo.
– Mas isso é demais! – Disse Silvia levantando. – Merece uma comemoração.
– Não pode esconder essas coisas de nós, Diego. – Falou Carlos olhando pra sua namorada.
– Vamos dar uma festa! – Disse Sil sorrindo e correndo pro telefone.
– Era disso que eu tinha medo. – Diego sorriu. – Não, mãe, não tem nada certo, nada de festas.
– Tudo bem, nada de festas – Ela disse largando o telefone, desapontada. A cara dela parecia com a de quando alguém recusa alguma coisa. – Mas conte isso direito.
***


E ficamos lá, conversando com a mãe e o padrasto de Diego até escurecer, quando tivemos que nos despedir. Eu tinha que sair com as meninas, o que desapontou Di.
Ele agora estava no carro, as mãos apertando com força o volante, sem me encarar. Ele não me olhava desde que eu dei a notícia de que ia ter uma noite de garotas agitada com minhas amigas.
Primeiro ficou inconformado com o fato de não poder invadir a nossa saída e não conseguia compreender que eu já passara mais tempo com ele do que com elas desde que cheguei.
E depois veio o ciúme. Por que eu sempre conhecia garotos tão ciumentos? É tão difícil assim confiar em mim?
E foi a resposta dele pra minha pergunta que me chateou tanto. Como ele podia ser tão frio, calculista, depois de todas as palavras bonitas que me dissera?
–É tão difícil confiar em mim? Eu nunca traí ninguém. – Eu disse, instantaneamente me arrependendo. Eu havia traído o Thiago. Mordi meus lábios e suguei o ar mais forte por um segundo. É claro que Diego não deixou isso passar.
–Você traiu o Thiago, quem garante que não vai me trair?
E me deu tanto ódio ouvir isso. Mal começamos a namorar e já tínhamos uma briga por ciúmes. Aonde esse namoro ia parar?
Se algo começa mal, como é que vai terminar? – A culpa não é minha. Eu estava bêbada e você abusou de mim. – Escolha de palavras errada, mas tudo em que eu pensava era fazê-lo sentir a mesma dor que eu senti quando ele me respondera antes.
– É, deve ter sido isso. – Ele falou com escárnio e estávamos quietos desde então.
E aquele silêncio no carro não era bom, me incomodava.
Eu tinha vontade de pedir desculpas por cada palavra que falei, mas não sujeitaria o meu orgulho a isso.
Eu era orgulhosa demais e nem sempre isso servia para o bem.
Finalmente chegamos em minha casa e eu olhei pra ele, esperando.
– Está entregue.
– Obrigada. E, hm... se você não confia em mim, não devemos fazer isso. – Eu disse unindo minhas mãos, enquanto ele dava uma parada na calçada do meu prédio, o que devia ser ilegal.
– Não devemos fazer o que? – Ele perguntou e finalmente me olhou, alguns traços de ressentimento ainda no olhar. Ah, por favor! Se alguém devia se sentir magoada devia ser eu, ele havia me chamado de vadia, alguém em quem você não pode confiar.
– Namorar. – Eu disse simplesmente e ele voltou a fitar o volante.
– Você está terminando comigo? – Diego voltou a dizer após uns 30 segundos. Sim, eu contei.
– Uhum. – Eu falei simplesmente, levando meu polegar a boca e roendo a unha, um hábito que eu adquiri recentemente.
– Eu disse que não ia dar certo. Nunca dá certo. Sorte no jogo, azar no amor. –Diego dizia como se fosse o certo.
Que teimosia.
– O que você disser... Vejo você por aí. – Eu falei e era vago o suficiente, o que eu sempre falo em fim de namoros. Não que eu tivesse tido muitos e não que o que tivemos essas últimas 3 horas pudesse ser considerada namoro.
Diego ficou calado e eu abri a porta e saí, deixando enfim as lágrimas escorrerem.

Ao chegar em casa, me deparei com duas meninas quicantes já arrumadas pra sair, elas ficaram em choque quando eu entrei em casa. Não disseram nada, apenas me aninharam em seus colos e mexeram no meu cabelo, dizendo que estava tudo bem.
Após um tempo as lágrimas cessaram e as meninas me perguntaram o que tinha acontecido. Eu contei chorando mais um pouco enquanto as duas assentiam e xingavam Diego de todos os nomes possíveis.
E então eu resolvi sair. De que adiantaria ficar em casa, me afogando nas lágrimas e mais tarde nos sorvetes?
– Vou me arrumar, esperem um pouco. – Eu disse levantando tão bruscamente que fiquei tonta por um segundo.
– Arrumar pra quê? – Elas me olharam, achando que eu estava louca. Eu devia estar, mas quem liga? Não tinha mais ninguém pra cuidar da minha sanidade.
– A gente não ia sair pra lembrar os velhos tempos? – Eu falei notando a roupa delas. – Vocês deviam trocar de roupa, eu arruinei a roupa de vocês.
– Quer mesmo sair? – Perguntou .
– Aham. Vamos logo, já são 8 horas e até eu ficar pronta...

– Eu dirijo hoje. – Disse . – A precisa relaxar.
Bebida. Isso me lembrava de péssimas coisas, que eu instintivamente bloqueei da minha mente.
Entramos no elevador e eu sorri pra minha amiga em forma de agradecimento. Logo estávamos em uma das boates mais conhecidas de São Paulo, a Royal, jogando as bolsas num canto afastado, escondidas por nossos casacos.
Passei a minha pulseirinha pro barman, pra que esse anotasse a quantidade de bebidas.
Graças a Deus havia trazido seu Amex Black sem limites. Eu beberia bastante as custas da minha querida amiga.
Pedi algo mais forte que uma Caipivodka, pra ter a energia pra dançar.
Virei umas duas doses de tequila, sentindo aquilo queimar a minha garganta e sorri com a sensação de dor. Eu sempre fora um pouco masoquista. O barman olhou pra mim assustado e eu sorri ainda mais e pisquei pra ele.
– Mais uma? – Perguntei ainda sorrindo. Ele era sensual e tinhas braços bem fortes. Eu sempre amei isso nos homens desde que eu tinha 15 anos e ia naquelas festas nas quais tinham barmans extremamente gostosos. O Diego não tinha braços fortes.
Ele logo me serviu e sorriu de volta ainda meio assustado. Virei mais uma dose e me senti pronta. Ainda mais com a música que começou a tocar, Hot Mess - Cobra Starship.
Eu nem procurei por minhas amigas na pista, apenas sorria e fechava os olhos dançando como se o mundo fosse acabar amanhã. Logo senti algumas pessoas se juntando a mim, mas nem percebi quem era, continuei a dançar.
A música terminou e algumas vieram depois dessa.
Logo comecei a sentir um suor pegajoso na minha testa e resolvi retocar a maquiagem. Fui ao banheiro e encontrei com uma cara estranha, olhando pro espelho.
– O que houve, gata? – Eu perguntei abrindo o pó compacto pra disfarçar o suor.
– Nada não, amor. Precisa de alguma coisa? – Ela continuou olhando pro espelho e eu conhecia aquela expressão. estava arrependida.
– Nada, valeu. – Eu falei e ela saiu do banheiro e eu retoquei o batom, pensando no que ela teria feito daquela vez. – Ah, esquece, . Hoje você vai curtir.
Outra pessoa entrou no banheiro com a cara verde e me ignorou completamente. Mais tarde ouvi uns barulhos de vômito. Resolvi sair antes que eu copiasse a ideia dela. Eu não tinha comido nada.
Mais uma vez fui ao bar precisando me hidratar. A quem eu estava enganando? Preciso mesmo é de uma boa dose de qualquer outra coisa.
Dessa vez peguei outro garçom, que não se surpreendeu com a minha pedida de 3 doses de tequila. Talvez eu entrasse em coma alcoólico, mas eu não dava a mínima.
Virei as doses e não sorri dessa vez. Em compensação consegui um sorriso sexy e um guardanapo com um telefone do outro barman. Eu quase ri do guardanapo em minha mão.Talvez eu usasse. Seria legal sair com um cara de braços fortes, pra variar.
Voltei a rebolar na pista de dança e vi dançando com cara moreno, desconhecido. Quero que ela não cometa a mesma besteira que eu fiz e se arrependa como eu.
Então eu senti duas mãos firmes na minha cintura, possessivas e me puxando pra perto.
E foi uma sensação boa de ser desejada. A pessoa atrás de mim começou a beijar meu pescoço e eu virei pra pessoa, de olhos fechados.
Não queria que a imagem da pessoa estragasse a minha imaginação. Na minha cabeça, ele me beijava, com a mão no meu pescoço enquanto eu afundava minhas mãos nos cabelos macios. O que me lembrava Diego. Por mais que tivéssemos terminados, eu não podia fazer aquilo com ele.
Interrompi o beijo, chegando a pessoa na minha frente um pouco pra trás, só o suficiente pra tomar uma respiração e dizer:
– Eu tenho namorado.
– Eu ouvi dizer que ele é ciumento demais. – Falou aquela voz tão conhecida. Eu fiquei em choque e empurrei Diego pra longe de mim.
– Qual a sua? – Eu perguntei ainda ofegando. – Primeiro você me diz tudo aquilo e agora chega me beijando.Você é bipolar?
– Acho que não. – Ele riu e continuou tentando colocar as mãos em mim, mas eu as afastava assim que ele obtinha algum sucesso. – Me desculpa. Por favor. Eu não devia ter dito aquilo, é passado.
– Não parecia. – Eu disse olhando pro chão.
Ele encostou nossas testas e levantou a minha cabeça novamente.
– Deixa de ser teimosa, vai? Me perdoa.
– Hm, eu estou deixando passar fácil demais. – Eu disse e ele logo começou a falar alguma coisa, mas eu ergui um dedo e pedi que ele parasse de falar. –Tudo bem. Mas vai ter que me prometer que nunca mais vai duvidar de mim. E vai ter que me dizer se entende que essa é a tua última chance.
– Eu prometo. Agora por favor, um beijo? – Meu Diego disse já se aproximando.
– Espera. Quem é aquele com ? – Eu perguntei, a curiosidade me matando.
– Dan.
– Hm. – Eu tentei dizer, mas senti meus lábios sendo capturados por outros. Era tão bom que eu esqueci o que houve, temporariamente. E esqueci todo o resto.
Não faço ideia de quanto tempo durou, mas logo chegaram no meu ouvido.
– Achei que era pra ser uma saída de garotas. – Disse com a mão puxando que por sua vez puxava Bruno e Dan seguia que estava visivelmente irritada.
– É, e era. Só não sei quem contou pra esses coloridos idiotas que a gente estava aqui. – Eu disse interrompendo o beijo, a voz sarcástica.
– Culpada. – Admitiu . – Eu achei que você gostasse deles, .
– E eu gosto. Só não consigo gostar do baixista.
Eu quase ri da atitude de , ela sempre foi assim, brigava com um garoto e então se dava conta que estava apaixonada por ele.
– O que eu fiz pra você não gostar de mim? – Perguntou Bruno, um sorrisinho torto no rosto.
– Eu não gosto é dele. - Disse apontando pra Dan.
– Eu sou guitarrista. – Dan falou.
– Tanto faz, é tudo instrumento de corda. – Ela disse fazendo todos rirem.
– Dá uma chance, gata. – Tentou Dan.
– Não força, vai Danilo. – Falou Diego do meu lado.
– Uma palavra: Vinicius. – Eu disse lançando um olhar de aviso pra . Não queria que ela passasse pelo mesmo que eu passei.
Não é que eu não goste de ter uma relação com o Diego, mas eu simplesmente joguei fora um quase-noivo por causa do Diego. Eu não me arrependo, mas se pudesse escolher, não ter bebido demais na noite que eu e o Diego nos envolvemos pra valer. Ver a cara derrotada de Thiago na hora que eu contei a verdade me destruiu. Logo ele que sempre foi fiel a mim, isso que conseguiu.
Diego suavizou o aperto em minha cintura, pressentindo minha hostilidade.
– Vai ter um show da Fresno daqui a meia-hora no hangar. – Disse Dave, saindo de lugar nenhum. Eu quase me assustei com a voz, do nada. – Acabei de falar com o Bell, vai ter alguém na porta nos esperando.
– Eu só vou se a for. – Diego disse olhando pra mim com olhos calorosos.
– Claro. Eu realmente gosto do Tavares. – Eu falei sorrindo. – Vamos, meninas?
fechou a cara e deu seus pulinhos. Típico.
– Por favor, amiga? Eu tenho que te apresentar o Tavares do Prive, poxa. – Eu quase implorei.
Eu sempre fazia todos ouvirem prive comigo. Todas as segundas nós sentávamos na sala com muita pipoca e guloseimas e um telefone na mão pra tentar falar com eles.
–Tudo bem. Só pelo Tavares. – disse.
– Dele você gosta, né? – Dan falou me fazendo rir. Eu e todos na roda, menos Dave, que ficou com cara de quem perdeu a piada.
– David, tem como pedir credencial pras Gatinhas presentes? – Bruno perguntou agarrado em . Eles dois agarrados chegava a ser bizarro. Ele podia ser acusado de pedofilia, com seu metro e noventa comparado com o metro e sessenta de .
– Qual foi, quero credencial não, legal é ficar no povão. – Eu disse sorrindo pras minhas amigas que assentiram com um sorriso igual ao meu no rosto.
– Nada feito. Tem muita gente, ainda mais... – Diego começou, mas eu lancei aquele olhar matador e posso jurar que ele se assustou. – Tudo bem, vocês queriam uma noite de garotas mesmo.
Bruno tentou fazer cara de raiva, mas essa foi logo silenciada com um beijo suave de . Como eles gostavam de se pegar em público.
Dan tentou, mas logo impediu.
– Quem é você pra me dizer isso, me diz? Num fode. – Ela falou, lançando um olhar pedinte pra mim.
Diego sussurrou alguma coisa a respeito da grosseria de , mas eu ignorei, dando um selinho e me despedindo.
Por mais que tivesse bebido, estava sóbria. Por enquanto.
Fomos para o carro e voltamos a nos encontrar na porta do hangar, que já nem estava tão lotada, faltava muito pouco pro show começar.
Eles pegaram os crachás com uma mulher loira que chamava Luka. Não fui nem um pouco com a cara dela, mas fazer o quê? Depois de todo o sermão por causa de ciúme, eu não brigaria com Diego por causa do meu. Eu confiava nele. Até que ele me desse uma prova de que eu não podia confiar.
Entramos no lugar lotado por fãs histéricas de Tavares, Bell, Lucas e Vavo. Arrumamos um lugar mais afastado, o suficiente para que pudéssemos respirar sem ser empurradas. Sorrimos bobamente umas pras outras, antes do show ser aberto pelos 4 caras, que tocavam Pólo.
Eu nunca saberia cantar direito essa música. Sempre trocava o desistir pelo insistir, mas ainda assim cantei e pulei com minhas amigas e vi uma cabeça loira já conhecida na grade.
Eu sabia que ele não resistiria. Me vigiaria mesmo de longe.
E eu não sei porquê, isso não me incomodou. Era uma sensação boa de ser cuidada, coisa que eu nunca tinham feito antes.




DH’s POV
Logo que consegui entrar na área especial do Hangar, fui direto para a grade só para ver se estava tudo bem com ela. Não podíamos falar com os caras da banda e eu não queria ficar no camarim a toa. Bruno logo arrumou um motivo pra ir comigo “assistir ao show”.
Entre a grade e o palco, tinha um espaço grande, de mais ou menos 1 metro e meio, onde ficavam os seguranças e os fotógrafos. Rogério também aproveitou pra tirar umas fotos da banda, apenas por diversão. Nós 3 encontramos Luringa, fotógrafo da Fresno, que ajudava bastante a Cine.
– E ae, Luris? – Eu disse estendendo a mão e procurando em volta algum lugar para subir, já que como o show estava cheio, eu nunca acharia .
–Dh McNights, belê? – Falou Luringa tocando as mãos com Bruno e com Rogério. – Fala aê, parceiro.
Os dois focaram no trabalho e Bruno começou a encarar o público do show. A casa estava lotada, era o primeiro show do ano em São Paulo. Brunera jogou o cabelo e sorriu, ele havia achado as meninas.
Eu subi numa espécie de degrau de metal, que eu não tinha certeza se ia aguentar e apoiei um braço no palco. O Lucas, que estava cantando, olhou pra mim com uma cara estranha.
Logo achei , sorrindo e pulando com suas amigas, em um círculo. Ela ria e parecia estar numa cena de filme, como sempre. Talvez isso explicasse suas pernas torneadas. Ela não parava de pular, jogava os cabelos e bebia algo que eu não sabia o quê.
olhou pro palco, mas precisamente para o Tavares, que também as encarava. Eu desci e me abaixei, pra que ela não me visse e saí de fininho da grade, voltando pro backstage.

___


O show já havia acabado, e eu estava impaciente ligando pra . Elas iriam nos encontrar aqui atrás e iríamos pra casa. Eu já estava cansado o suficiente pela outra noite, na qual fui buscá-la no aeroporto. Ela também devia estar cansada. Já eram por volta de duas da manhã e os caras desceram do palco.
atendeu, a voz um pouco enrolada. Eu conhecia essa enrolação. Ah, de novo não. Eu esperava que ela não estivesse desenvolvendo um vício por bebida.
– Aaaaaaaaaaalô meu amor! – Ela disse no telefone, as amigas rindo ao fundo.
, fica aí no bar que eu estou indo te buscar.
– Mas que homem mandão eu fui arrumar! – Ela riu e continuou. – Tudo bem. Beijo. – disse e desligou na minha cara.
Que educada. Os caras da Fresno estavam em um sofá no camarim juntos com meus companheiros e Luringa.
– Bruno, vamos buscar as meninas? – Eu perguntei.
– Fala mais com a gente não, né? – Falou Lucas, bufando.
– Mal caras, mas é que eu acho que a minha namorada está bem bêbada lá fora e ela tende a fazer coisas idiotas quando está bêbada.
–Fica aí, cara. O que ela vai fazer, me agarrar? – Disse Tavares.
– Eu vou ficar quieto sobre isso. – Eu ri e Bruno se juntou a mim.
–Vamos pegar as bebuns? – Disse ele nervoso. – Já voltamos, não sintam saudades! Ele jogou um beijo pra Rogério.
Fomos atrás delas e já não tinha ninguém no Hangar. Apenas elas, conversando com um Bartender que lançava olhares para . Eu quase corri até elas, mas tentei me controlar.
. Mas pode chamar de . – Ela sorria, estendendo a mão pro cara.
– Pode nada. O nome dela é . – Eu disse, agarrando sua cintura de forma possessiva e dei um beijo nela, só pra demarcar território.
Algumas vezes eu era um babaca, mas dessa vez eu estava certo.
– Oi Dieeeeeeeeeeeguito! – Ela disse animada logo que paramos de nos beijar. –Vamos falar com os caras da Fresno?
– Não sei não... O que você andou bebendo?
– Ah,nada. –Ela disse,dando um riso sapeca.
– Ela tomou tequila na boate. E aqui foram caipivodkas de morango. – Disse , um pouco alegre também.
–Típico. – Eu falei e riu.
Bruno e ainda se agarravam. Que vício, mano.
– Orra, arranjem um quarto! – disse encarando os dois.
–Estamos matando as saudades, suas bêbadas! – disse enquanto Bruno dava língua pra nós.
– Bêbada não, a gente está alegrinha. – Ela disse agarrando o meu pescoço e batendo as pestanas, pra fazer charme.
– Como eu AMO ser vela! – bufou. –Só eu respeito as regras da “Noite de garotas”?
– Não, eu respeito. O Di que não respeita! – disse rindo alto. – Eu queeeeeeeeeeero o Tavaaaares!
– Quer quem? – Eu grunhi. Como assim ela queria o Tavares?
–O Ta... Ops, VOCÊ DIEGO, SÓ VOCÊ! – Ela gritou e piscou pra que riu também. nos encarava com cara de tédio. Bruno ria, mas era delas e não com elas.
– É bom mesmo. Vamos encontrar com os outros. – Eu falei rebocando-a junto de mim pro camarim.
Agora, o camarim, que antes tinha 10 homens e 1 mulher, agora tinha várias mulheres, como um cardápio atraente para as estrelas da noite. E para Dash, que estava com uma garota morena e esbelta.
– Tavaaares! – gritou enquanto as outras duas pulavam. E não é que essa mania de pular pegava? Logo eu e Brunera estaríamos fazendo a mesma coisa.
– Oi,gata! – Disse Tavares meio tonto e olhando pras garotas. – Quem são essas aí atrás?
Bruno instintivamente agarrou a cintura. HÁ, eu não era o único ciumento!
– Essa é a minha namorada, e esta é a , amigas da também.
– Elas também escutam o privê! – disse animada.
– Era pra ela que você tava olhando, Dh? – Lucas perguntou me encarando.
Merda!
– Olhando? Não, eu não estava olhando pra ninguém. Eu fiquei aqui o show todo... – Eu disse tentando lançar um olhar pra ele sacar.
– Você estava na grade com o Luringa. – Ele disse parecendo não entender. Luringa abaixou a cabeça fingindo não estar ouvindo.
– Não estava não! – Eu tentei de novo.
– Estava sim, Di, eu vi você. Não me deixa em paz, nem curtir eu consigo, mas está tudo bem, eu não vou me livrar de você tão cedo. – Ela disse sentando do lado de Dave no sofá da Fresno.
–Acho que está na hora de ir pra casa, né ? – Eu falei tentando dar bronca.
– Está sim, PAPAI! – Ela sorriu e os outros em volta dela riram. – Mas vamos, after party lá em casa.
–Boa, ! – Disse animada.

__


Em casa, estava com o triplo da animação. Deixou a porta escancarada às 3 da manhã, e a sorte era que era um apê por andar.
Ela abriu o armário de bebidas que tinha muita coisa, já que as meninas costumavam dar festas. Tinha desde red label a cachaça barata lá.
pegou a vodka e se meteu na cozinha, enquanto as meninas e Bruno ficavam na sala. Eu e Bruno viemos com elas e os outros vieram de Van e estavam procurando vaga.
Eu a segui até a cozinha e ela estava com um pacote de Ruffles no colo, uma batata em uma mão e a garrafa de vodka em outra.
– Vou ver se fica bom. – Ela disse séria como se fosse caso de vida ou morte, pegando a vodka e jogando na batata, deixando um pouco cair no chão.
Eu não pude me segurar, tive que rir com suas caretas de criança ao provar a batata.
– É, está mais ou menos.-Nanda sorriu. – Prova, ! – Ela falou pra amiga que tinha acabado de entrar na cozinha.
ficou de quatro na cozinha e eu tive que virar o rosto pra ser educado. Comeu o que restava da batata.
– Hm... – disse mastigando. – Muito bom, poooorra! Faz mais pra todo mundo.
assentiu e pegou um pote de plástico. O que tinha na cabeça? Ficar encorajando a bêbada.
No pote ela jogou todo o saco de ruffles e banhou a batata com vodka. Ela ia jogando como se fosse ketchup e fosse a coisa mais natural do mundo.
saiu da cozinha e eu era o único espiando, mas ela nem reparou.
Os garotos foram entrando pela casa e correu atrás deles, a garrafa numa mão e os petiscos em outra.
– Prova aí, Vavinho! – Ela disse estendendo o pote pra cobaia.
– Perfeito, ! – Vavo disse já virado,chamando a atenção de todos.
O curioso em era que ela ficava alegre de repente. Num minuto ela estava bem e no outro levantava e se agitava, e não dava pra segurar.
Enquanto isso, ajeitava a playlist e colocou Tik Tok,da Ke$ha pra tocar.
Jesus, pra quê?!
jogou os petiscos em Vavo e subiu na mesa, dançando.
Detalhe: dançando sensualmente, sempre com a garrafa de vodka na mão. Puta merda!
Não, eu podia pedir por um show particular qualquer dia desses.
. – Eu falei autoritário, pegando a mão dela e puxando-a pra baixo.
– Shh! – Ela disse se jogando nos meus braços, com as mãos em meus lábios. riu e encostou a testa na minha. –Você já me beijou antes?
– Como é? – Eu inquiri.
– Ela está mal, cara. – Disse Bruno rindo e tomando a garrafa de , enquanto dava suaves tapinhas nas minhas costas.
– Ei, isso é meu! – Ela falou com os olhos na garrafa.
–Você já bebeu demais, . – Eu falei envolvendo a cintura dela. – Eu acho que é hora de dormir.
– Mmm. Pode ir lá pro meu quarto. Boa noite. – Ela disse com a cara mais lavada.
– Não, você.
– Eu o quê? – Ela franziu as sobrancelhas.
– Você está indo pra cama. – Eu respondi simplesmente.
– Nua?
– Uh. Costuma dormir sem roupa? – Disse engasgando.
– Você está me seduzindo? – disse deslizando as mãos pro meu pescoço.
– Você está tão bêbada. – Eu falei levando-a em meus braços e deitando a na cama.
– Vamos fazer sexo agora?
– Hm, não esta noite.
– Ah. – Ela murmurou sentando na cama, pensativa.
– Vai dormir, .
– Não quero, eu quero o sexo.
– Por favor, durma. – Eu disse exasperado.
– Você não me quer? – Ela disse absurda.
– Não é assim. Eu estou saindo agora. Durma um pouco. – Eu disse saindo do quarto.
– Ei, volte aqui, Thiago.
“Eu não merecia isso” – Eu pensei fechando a porta.




's POV
Ugh, quem abriu as cortinas?
Provavelmente é o mesmo idiota que está pulando em você nesse minuto, minha mente respondeu.
– Vamos, acorde! – Quem mais podia ser?
– Deixe-me em paz, . Minha cabeça está me matando.
– Como eu sou uma melhor amiga perfeita, eu trouxe o teu coquetel de remédios para você se sentir bem. – Ela disse me dando os comprimidos e sorrindo.
Engoli as duas aspirinas com um grande copo de água.
– Noite agitada, né? – Eu perguntei pra minha amiga sorridente, que imediatamente fez uma careta. – O que foi que eu fiz?
– Hm, eu prefiro não contar... - disse, se esquivando e saindo correndo do quarto.
Eu, é claro, fui atrás dela enrolada na colcha.
Só que tinha alguém que eu não vira no meu caminho e eu esbarrei nele no percurso atrás da pulguinha. Diego passou os braços em torno de minha cintura.
– Oi! – Eu disse tentando esconder meu rosto corado. – Tenho que ir ali rapidinho, já volto. – Saí correndo deixando um Diego totalmente curioso atrás de mim. – Volte aqui, filha de uma égua!
Cheguei à porta do quarto de antes dela trancar a porta e consegui segurar. Quem não era mais forte que ela?
– Pode abrindo o bico. – Eu disse entrando ao quarto e me deparando com um Bruno seminu deitado na cama. Ainda bem que lençóis existem. – Ooops. Tudo bem, eu não estou olhando. Contem, o que eu fiz ontem?
– Hm, você sabe que tende a ficar... pervertida quando bebe, né? – Disse .
– Você se atirou em cima do DH. Com tudo. E fez uma dança sensual e petiscos temperados com vodka pra todos. – Falou Bruno puxando o lençol pra cima.
– Como me atirei?
– Não sabemos direito, isso foi tudo que ele disse. Vocês estavam sozinhos no quarto.
– Puta merda! É pior que eu pensei.
– Né? – Disse Bruno e em seguida levou um tapa de .
, não é tão mal assim, vai? A culpa foi dele de você ter bebido, então... – Ela falou tentando me consolar.
– Eu não posso culpá-lo, ! Mas eu vou ter que me desculpar, fui eu que fiz a merda. Obrigada por me contar.Vou lá.
– Boa sorte. – Minha amiga disse, sorrindo.
Fui andando pelo corredor. Eu tinha que parar de beber ou limitar a bebida, porque eu sempre fazia merda. Dei uma volta pela casa e nada de Diego. Eu estava gritando o nome dele, enquanto Dash e New faziam piada, quando descobri que ele estava tirando uma soneca no meu quarto.
Ele era tão lindo dormindo, seu rosto era tão sereno que eu quase não tinha coragem pra acordá-lo. Não resisti e sentei ao lado dele na cama, distribuindo beijinhos por seu rosto. Ele sorriu e abriu os olhos sonolentos e eu não resisti, sorrindo também.
Ele pendurou as mãos no meu pescoço e me beijou e eu desfrutei do momento, sentindo nossas línguas em perfeita sincronia. Nem vi quanto tempo ficamos ali, ora de olhos abertos um encarando o outro, ora de olhos fechados apenas curtindo o momento.
Era tão bom só ficar ali namorando que eu esqueci, por um momento, do assunto da noite passada.Terminei o beijo com um selinho e Diego abriu os olhos.
– Temos que conversar. – Eu disse mordendo os lábios. – O que foi que eu fiz ontem?
– Nada de mais, não importa. – Ele disse tentando me beijar de novo.
– Me conta, Di. Por favor? – Eu pedi dando um sorriso de canto.
– Tudo bem, mas você não vai gostar de ouvir. – Diego falou hesitate e eu assenti para encorajá-lo. – Depois do showzinho com Tik Tok e a batata com vodka, eu te levei pro quarto e você implorou pra transar. Eu aprendi da outra vez, só vamos fazer isso quando você estiver sóbria.
– Desculpa. – Eu disse abaixando a cabeça.
– Ei, não precisa corar. Está tudo bem. A culpa não é sua.
– É sim! Para de tirar a culpa de mim, eu tenho que parar de beber. – Eu me lamentei colocando as mãos na cabeça.
– Eu nem liguei pra isso. Na verdade, o que mais importou pra mim foi quando você me chamou de Thiago. – Diego disse ressentido.
– Eu fiz isso? – Eu disse e ele assentiu. – Eu sou um monstro, desculpa, desculpa.
–Tudo bem, . Eu sempre vou te desculpar. Sabe por quê? – Ele disse com uma emoção diferente no olhar. – Eu amo você, .
Wow. Um pouco cedo pra isso.
– E-eu também... gosto muito de você, Diego. – Eu disse simplesmente.
– Rebobina. Eu vou falar que te amo e você vai falar: eu também te amo, Diego. – Ele suspirou. – Eu amo você, .
– Eu... não posso fazer isso. – Eu disse afagando o cabelo dele. – Mas você é muito especial, eu não me vejo sem você.
– Posso conviver com isso. – Ele disse. - , lembra da reunião com a Universal? – Ele disse, mencionando a reunião que eles teriam pra apresentar as músicas e resolver se iam ou não fechar contrato.
– Uhum.
– É hoje. E eu to meio nervoso. – Diego falou de um jeito fofo.
– Ah Di, fica calmo. Está fácil essa reunião, vocês vão conseguir. – Eu disse abraçando-o e afagando a cabeça dele.
– E se não conseguirmos?
– Não vai ser a Universal, pode ser até uma melhor! – Eu disse ouvindo o meu celular tocar. – Esboce um sorriso, Diego. Vocês são muito bons e estão tendo a oportunidade! Vai dar tudo certo, você vai ver. – Eu peguei o meu celular e chequei o visor. – É a minha mãe.
– Manda um beijo, mesmo que ela não saiba quem eu sou. – Ele sorriu.
– Alô? – Eu disse.
– Oi filha, tudo bem?
–Tudo ótimo, mãe, e aí?
– Tudo ótimo? Você está bem depois de ter terminado com o Thiago? – Ela inquiriu.
– É mãe, mas quem te contou?
– O Thiago. Ele ligou pra cá desesperado, tadinho. - “Babaca, nunca ligou pra minha mãe antes”, eu pensei em meio a um suspiro.
– Ah, o Thiago ligou, né? Hunf.
– O que houve, ?
– Nada, mãe. Você não ligou pra perguntar disso, né?
– Não. Eu liguei pra te contar... , o seu pai está com uns problemas no pulmão.
– O que ele tem?
– Não sei, isso foi tudo que o seu irmão me disse.
– Eu estou meio ocupada aqui, mas vou dar uma ligada pro Diego. Obrigada por avisar. – Diego me olhou com uma cara curiosa e eu neguei com a cabeça.
– Você não vem cuidar dele?
– Mas ele nunca ligou pra mim! Eu não tenho que bajular ele. E outra coisa, eu estou brigada com ele há anos. Ele nunca me procurou.
– É o seu pai, . Eu te contei pra não ficar com consciência pesada depois. E se eu fosse você eu viria pra cá.
– Então tá, mãe. Mas eu posso ficar na casa de Buzios, né? – Era lá que meu pai morava.
– Pode, passa aqui pra pegar a chave.
– Sabe se alguém vai pra lá? – Perguntei tendo em vista que a casa era da família.
– Não. Por quê? Vai trazer alguém?
– Acho que sim.
– Quem?
– Chegar aí eu te apresento.
– Não é outro garoto, não né?
– Talvez? Beijo, mãe, te amo. – Eu disse desligando sem resposta.
– Que houve? – Perguntou Diego colocando uma mecha de cabelo que tinha caído atrás da minha orelha. – E quem é Diego?
– Minha mãe ligou dizendo que o Diego, meu irmão, ligou pra ela pra dizer que o meu pai está com algum problema no pulmão. – Eu disse esgotando o meu fôlego e me tacando na cama, me enroscando em seus braços.
– Hm. Teu irmão chama Diego, então? – Ele perguntou.
– Aham. Di, eu vou ter que ir pra lá. Mesmo que brigada com ele... É o meu pai. Tenho que cuidar dele. – Eu falei suspirando de novo.
– E “lá” é aonde? – Diego quis saber. – E por que vocês brigaram?
– Búzios é onde ele mora. – Eu sorri ao pensar na recordação e ele também. – E eu nem lembro mais, já tem tanto tempo... O negócio é que eu não recebo ordens quieta. E meu pai gosta de dar ordens. A gente não funciona, então eu me afastei. Nós somos muito parecidos, esse meu gênio é dele.
– Hm. – Ele disse. – Tua mãe está certa. Você deve ir.
– Eu sei, eu vou. Mas eu não queria ir sozinha... – Eu disse fazendo charme e Diego sorriu.
– Quando você vai?
– O mais cedo possível. Que tal depois dessa sua reunião? – Eu disse olhando em seus olhos, que estavam hesitantes.
– Não sei, tem que ver se os meninos vão poder. Porque se eles fecharem contrato vamos ter que ficar pra gravar.
– Ah. – Eu falei triste, mas conformada.
– Mas vamos ver, ok? – Ele disse.
– Vou arrumar as malas. E ver se e querem ir. Pode continuar o seu cochilo.
– Eu tenho que me arrumar. Acho que vou para casa. – Diego disse e eu fiquei ainda mais triste.
– Tudo bem. Você passa aqui pra se despedir antes que eu vá? – Com certeza. – Ele falou capturando meus lábios em outro beijo devastador.
Ele não sairia daqui tão cedo se dependesse de mim.

__

Malas prontas e cheias, eu não sabia quanto tempo ficaria por lá. As meninas até iriam em outro carro e eu iria sozinha. Se Diego não fosse.
Eu queria tanto que ele fosse, para que assim pudéssemos recordar os primeiros momentos. E eu queria apresentá-lo pra minha família, levá-lo até onde eu praticamente cresci.
Um bico se formou em meus lábios enquanto eu zapeava os canais da televisão, na sala, sem nem olhar. E então os meninos chegaram. Diego tinha um sorriso enorme no rosto e foi para ele que eu olhei, assim que entrei. Dan parecia preocupado e Bruno estava sorrindo também. Dash e Dave se mantinham neutros, sérios.
3 contra 2? Eu estava ficando preocupada. Enrolei meu cabelo em um nó enquanto eles sentavam na sala e Bruno ia entrando, atrás de Bruna.
– E então, qual é o veredicto? – Perguntei encucada.
– Nós vamos assinar contrato. – Disse Diego, me abraçando. Eu já começava a sorrir e preparar o meu: Eu não disse?, mas Dan estragou.
– Se conseguimos um single de sucesso.
– Que vocês vão conseguir! – Eu falei sorrindo. – Claro que vão, garotos, vocês merecem!
– Não sei, . – Disse Dave, mordendo os lábios. – Pode não dar certo.
– Claro que vai! Então...Vamos pra búzios? – Eu perguntei, com um pingo de esperança.
–Temos 20 dias pra entregar o single, então... – Diego disse e eu já começava a sorrir. – Sim.
– Aêêê! Não vou sozinha no carro! – Eu falei, satisfeita. – Vocês vão, meninos?
– Eu vou. – Dan disse e eu lancei um sorriso entusiasmado pra ele.
– Eu também. – Dash aceitou o convite.
– Eu não posso deixar a Mi aqui. Desculpe, fica pra outra vez. – Dave falou sorrindo, sem graça.
– Que isso, claro que ela está convidada! Vai ser tão bom... – Eu suspirei, olhando pro Diego. – E Rogério? Pin?
– Suruba na casa da ? Claro que eles vão, aqueles ali não tem nada pra fazer. – Falou Dan.
– Levem o violão, vamos fazer luais. Ah, meu deus, tenho que planejar tanta coisa! – Eu disse olhando para o relógio. – Meninos! Vão já arrumar as malas! E avisar os outros, por favor. Em uma hora a gente sai, vamos ter que dar uma paradinha na minha casa no rio, então devem ser umas 9 horas. Puta merda, vamos revezar no volante, ok? Vão, vão... – Eu disse pra eles, eufórica com a viagem de amigos.
Os meninos só arrastaram Bruno e foram fazer as malas. Só quem não estava animada era . Paciência, né?

__

Chegaríamos em Búzios meia-noite, se o trânsito do Rio e da via Lagos cooperasse.
Estávamos indo em três carros. O meu Tucson, com a Mercedes da e o CR-V de . Eu e Diego em meu carro, guiando os outros carros, com David e Jamille, que eu conhecera há uma meia hora e era totalmente fofa e sorridente. Sua personalidade combinava demais com a de Dave. No carro de , ela e Bruno, Rogério e Dash. estava com Dan em seu carro, e Pin dormindo no banco de trás.
Eu soltei uma risada já imaginando as gentilezas que minha amiga devia estar proferindo. Talvez a convivência os fizesse dar certo.
– Dê quê você está rindo? – Disse Diego ao volante, já que o carro estava em silêncio há um tempo. Já estávamos há 3 horas no carro, perto da primeira parada, em Guaratinguetá.
– Estou imaginando o barraco que deve estar rolando lá no carro de . – Eu falei,rindo mais um pouco.
Diego e David riram, e Mi riu também. Em pouco tempo ela já percebera a troca de faíscas.
Eu conhecia , e mais cedo ou mais tarde ela teria que aceitar que estava, aos poucos, se apaixonando por Danilo. Pensar em paixão me lembrou de algo inevitável. Diego falando que me amava.
Eu não podia adiar aquilo pra sempre, né? Um dia ele cansaria de investir em algo que não desse retorno.
E eu amava Diego, sim. Desde aquele carnaval em búzios, mas eu tinha sérios problemas em confessar meus sentimentos. Eu não confessava até que eu tivesse certeza disso, até porque eu odiava machucar as pessoas, odiava me precipitar.
Eu revelaria no próximo momento especial que tivéssemos. Não é uma coisa simples, que eu pudesse dizer simplesmente no carro.
Paramos em um Graal em Guaratinguetá, para uma água e usar o banheiro, pra seguirmos as 3:30 horas que faltavam até o rio.
Estacionaram os três carros, um do lado do outro e desceu, bufando, do lado do motorista.
– Eu exijo uma troca! Não aguento mais esse pé no saco. – Ela disse, rosnando.
E eu tive uma ideia maravilhosa.
– Então vamos trocar. Reuniãozinha de garotas, que tal? – Eu propus e todas ficaram animadas. – Assim a gente conhece melhor a Jami e tal.
– Mulher no volante, perigo constante. – Disse Bruno. Quem mais soltaria uma pérola dessas?
Todas as mulheres deram um “pedala” nele e saíram andando pra praça de alimentação do Mini-shopping de turistas, enquanto os garotos riram.
É claro que foi a maior zona no restaurante, nos únicos quinze minutos que estávamos lá. E era a hora que mais chegavam ônibus, 18:30.
Quando estávamos de volta nos carros, a organização fora trocada. Ficou no volante, com Jami na frente e eu e atrás. Dan dirigia o carro de , com Diego, New e Bruno, e Dash controlava o meu carro, com Pin e Dave fazendo companhia.
Nós seguíamos na frente, porque estávamos com os mapas e tínhamos o verificador de radar, que cuidava pra que não fossemos multados. É claro que houve uma pequena competição de “pega” entre os três carros, mas por pouco tempo, quase no Rio, fora da hora de Rush, lá pras 21 horas.
Chegamos às 22:15 na casa de minha mãe em Ipanema. Nos atrasamos porque o Bexiga-solta do Bruno não conseguiu se segurar e tivemos que parar e ver a cena linda do Brunera mijando no mato.
Lindo mesmo, impagável. ficava brigando:
– Parem de olhar,meninas! E nós ríamos, convulsivamente. Jami já havia se encaixado na família. Ela estava cursando Moda e acho que por isso ela e se deram tão bem. Aliás, eu já mencionei que não sabia porque ela tinha escolhido medicina?
Devia ser algum conflito parecido com o meu. Eu nunca quis fazer medicina, meu sonho era ser professora de inglês. Mas quando eu contei pra minha mãe do meu sonho, a reação dela me fez ficar com medicina mesmo.
– Vai morrer de fome! – Ela falou, rindo.
É claro que eu estava em minha fase rebelde, fiquei com um ódio do cacete e comecei a chorar e apontar meu dedo na cara dela, e não resultou em coisa boa.
O carro parou em uma das vagas que eu indiquei, na porta de casa.
– Wow, a morava bem. Por que foi pra Sampa? – Perguntou Dave, recebendo um beliscão de Jami.
Eu dei de ombros, sem saber o que responder.
– Pra encontrar com vocês e com o Diego, né? – Eu disse rindo.
– Ownn, que linda! – disse, me agarrando.
– Puta merda, me deixa respirar! – Eu falei e Diego fez ela me soltar.
Fomos entrando pela portaria e Serjão, o porteiro simpático, que trabalhava desde minha infância aqui, sorriu pra nós.
– Excursão, ? – Ele franziu as sobrancelhas, contando todos presentes.
– Er...É! São os meus amiguinhos paulistas jecas. – Eu disse sorrindo. – Mas eu os amo demais. – Completei rápido, ao ver alguns olhos semicerrando em desafio.
Logo estávamos no andar de casa e eu toquei a campainha, antes de ligar, pra fazer uma surpresa. Só que acabou que eu que fui surpreendida!
– Hannah?AAAAAAAAAAAAAAA, MEU DEUS! – Eu gritei, abraçando minha melhor amiga desde... sempre?
– Oi amiga!
– Menina, você não tava no Sul? – Eu perguntei enquanto abri a porta, deixando todos entrarem.
– Estava, mas eu vim fazer um curso aqui no RJ, daí a tua mãe ofereceu o teu quarto.
– Ela não me contou!
– É... Surpresa? – Falou Dona Eliana, olhando meus convidados. – Oi, meninos. Tão animados pra Búzios?
– Wow, demais, tia! – Disse Bruno, animado, recebendo olhares de avisos de todos.
– Tia Eliana, pode chamar assim. – Ela riu. – Qual o nome de vocês?
– Ei, deixa eu apresentar. – Eu sorri, puxando Diego pra perto de mim. – Esse é o Diego, meu namorado. – Ela me olhou de repente, séria, mas eu ignorei. – E o Dan, Dash, Dave, Bruno, Pin e Rogério são todos membros da banda que eles tem. E a Jami é a namorada do Dave, a , que você já falou no telefone, namorada do Bruno. E . – Eu falei, apontando pra cada um. – E gente, essa é a Hannah, minha outra melhor amiga, que mora no sul e eu não vejo há um ano! Que saudade, Hanninhah! –Eu falei, abraçando Hannah e deixando eles se enturmarem.
Minha mãe lançou um olhar pra mim e foi pra cozinha. Eu dei um selinho em Diego e fui atrás dela.
, você vai pra cuidar do teu Pai. – Ela disse. –E? Eu não posso me divertir um pouco também? – Eu falei com os hormônios a flor da pele. TPM. – Agora, se você não se importar em me dar a chave, temos que chegar lá antes de amanhã. – Minha voz estava ácida.
– Claro. Chame Hannah, vocês não se falam há tanto tempo.
– Aham. – Eu disse, estendendo a mão, na qual ela botava a chave. –Obrigada, mãe. – Dei um beijo na bochecha dela.
Hannah já estava bem entrosada e todos conversavam.
– H,vamos pra Búzios com a gente? – Eu disse, falando bem mais alto que todos, pra que ela pudesse me escutar.
– Bora! Vou correr lá e pegar a mala, ainda não desfiz. – Ela disse e era isso que eu amava nela, topava tudo. Er, quase tudo.
Eu sentei junto com meus queridos Paulistas e reparei que dois estavam faltando.
Bruno e estavam na varanda, se beijando com a paisagem de Ipanema atrás. Não resisti, peguei a câmera do pescoço de Rogério e tirei uma foto com flash, que fez os dois virarem, irritados.
– Ficou linda! – Eu disse. – Own, olhem!
– Está linda mesmo. Nós somos lindos juntos, Bruninho! – disse, viada. Todos na sala riram, inclusive Hannah que estava voltando com a mala. Vivia zoando as viadices das minhas amigas. E agora aqui estava eu, me vendo na mesma situação de bobona apaixonada, de novo. Eu quase não ficava assim. O que me fazia ter certeza que eu o amava.
Meus olhos foram, inconscientemente, aos olhos de Diego, que também ria do que falara. Eu estiquei minha mão pra ele e o puxei comigo, em direção ao corredor que levava pro meu quarto.
Eeeeeita, já? – Disse Rogério, dando um sorriso sacana.
– Pois é, temos atividade, ao contrário de você. – Respondeu Diego e eu ouvi vários "TOMA!" da sala.
Pisquei pro meu amor e ri um pouquinho enquanto entrávamos no meu quarto.
Estava quase vazio, as únicas coisas que ainda estavam lá eram algumas almofadas e ursinhos de pelúcia que eu tinha desde a infância, algumas fotos e livros.
Di encarava tudo ao mesmo tempo, e eu sorri com isso. Sentei na cama e peguei uma almofada, indicando um lugar ao lado do meu pra que ele sentasse.
– Foi aqui que eu vivi até o início da faculdade. Bom, não é nada de mais, mas eu queria... – Diego pôs um dedo na minha boca e eu fiquei quieta.
– Eu quero saber tudo sobre você. Isso aconteceu muito rápido e a gente quase não se conhece, mas eu quero conhecer cada pedacinho do que você passou.
– Eu também. E olha, sobre o que você me disse hoje cedo...
– Não tem pressão, mesmo. – Ele disse e eu coloquei a mão no pescoço dele, e o puxei pra mais perto.
– Eu sei que não. Mas eu pensei, e me dei conta que não tem como não amar você. Eu te amo, Diego Cunha Silveira, meu DH. – Eu falei, sorrindo.
– Só seu. – Diego sorriu.
– Aham, agora me beija logo! – Exclamei e um segundo depois, seus lábios já estavam colados nos meus.
Nossos lábios brincavam, com amor, acima de tudo. Estávamos calmos, só aproveitando o momento.
Diego separou os nossos lábios, só o suficiente pra dizer:
– Eu te amo.
– Eu também. – Eu falei, olhando intensamente pra ele.
– Você não sabe como é bom dizer e ouvir de volta. – Ele disse.
– Eu sei sim. – Sorri e voltamos a nos beijar, com um pouco mais de pressa.
– Eca, hein! Ainda bem que é aquela vadiazinha que vai dormir aí. – disse, entrando no quarto.
– Quem? – Perguntou Diego.
– Hannah não é vadia, vaca. – Eu defendi a minha amiga.
– Que seja. Vamos embora? Já são quase 23 horas. – falou, cruzando os braços.
– Já? Putz, temos que ir mesmo. – Eu falei, desanimada.
– Ei, fique tranquila. Vamos ter muito tempo em Búzios. – Diego disse.
– Yeah,Yeah. – Eu respondi, ajeitando a cama que havia ficado um pouco bagunçada.
Fomos pra sala, os três juntos.
– Vambora, cambada? – Puxou Di e todos levantaram.
– Bruno, vai no banheiro. – Eu disse e ele negou com a cabeça. – São quase duas horas de estrada. Vai lá, mijão.
Bruno fez cara feia, mas acabou indo junto com Rogério, Jami, Hannah e Danilo, enquanto eu descia com os outros convidados.
Ajeitamos as malas no carro e fizemos uma distribuição diferente. Eu fiquei longe de Diego, mas não é como se eu fosse morrer por causa disso, né?
No meu carro estávamos eu e na frente, e Dan e Hannah atrás. Os dois, que já estavam bem entrosados desde a minha casa, estavam conversando sobre uma banda favorita em comum: Blink 182.
Os dois gostavam das mesmas músicas, o que não alegrou , que revirava os olhos a cada dois minutos.
– Ei, desculpa interromper, Hannah, mas eu não sei se você ouviu que os meninos tem uma banda. O Dan é guitarrista de lá. – Eu disse, me metendo no assunto.
– Sério? Tem um CD por aí? – Ela perguntou enquanto bufava. De novo.
– Não! – Dan falou, envergonhado.
– Deixa de ser tímido, Danilo. Se solta. – Eu disse. – , pega aí nesse porta CD roxo o 80’s, por favor?
pegou, finalmente satisfeita, o EP. O som estava desligado, então ou ela prestava atenção na conversa de Dan ou prestava atenção na conversa de Dan. O CD ia trazer uma distração.
Ela sussurrava audivelmente as letras das músicas e Dan pareceu lembrar-se que ela estava ali, de repente. Eu espiava-o pelo retrovisor, tentando decifrar o olhar brilhante e emotivo que ele lançava pras costas dela. Hannah distraiu-o:
– Hm, gostei. É um som meio pop agitado. Tipo Forever The Sickest Kids.Você toca guitarra e quem são os outros? – Hannah estava mesmo interessada em Dan. Estava até mentindo pra impressionar. Se tinha uma coisa que minha amiga odiava era música pop.
– O namorado de é baixista, Dave toca Bateria, Dash faz as mixagens e Diego canta. – Eu respondi por ele.
– Diego, seu namorado?
– É.
– Ah. – Ela murmurou.
A conversa entre eles prosseguiu e eu fiquei de fora. Os dois já haviam marcado de sair para ver o show de Blink juntos (banda da qual Hannah realmente gostava) e dormia. A única coisa que me restava pra fazer era me meter na conversa, mas eu não faria isso.
Paramos na minha lanchonete preferida de beira de estrada: “O queijão”, E eu fui pedindo vários pães-com-lingüiça, que era o melhor lanche do local. E o meu preferido também.
Todos perguntavam o que estávamos fazendo ali, naquele lugar pequeno, ao invés de irmos pro Graal que ficava há 10 metros dali.
Malditos viciados em Graal.
– Aqui é melhor, vocês já vão ver. – Eu disse, sentando ao lado do meu namorado.
– Senti saudade. – Ele disse, e eu senti meu coração apertar. Eu não mereço esse homem!Own.
– Eu também. – Falei, abraçando-o. – Muita, muita, muita, muita saudade, meu Diego.
Ele me beijou e eu fingi nem ouvir os outros zombando de nós, porque realmente não importava. Mas então eu senti o cheiro dos sanduíches e terminei o beijo com um selinho, já me levantando pra pegá-los no balcão.
A moça me deu alguns pratos e eu peguei, dizendo um suave “obrigada”.
– Aqui está o motivo porque eu venho aqui. Metade pra cada um, ok? Essas coisinhas são deliciosas, mas bem gordurosas e eu não quero ninguém vomitando no caminho.
Eu dei a primeira mordida, soltando um “HUMM” que fez todos criarem coragem pra provar. Ficaram alucinados.
– Isso é tão bom que eu te daria um beijo! – Disse Bruno, mas se calou com os olhares de Diego e .
Eu me limitei a rir, devorando o alimento. Eu não comia há tanto tempo... A única que não quis comer foi Hannah.
– Por que não? – Perguntou Danilo.
– Dieta. – Ela sorriu, entregando sua metade pro Bruno, que já estava implorando. Eu é que não ia parar pro mijão vomitar.
– Pra que dieta? Teu corpo é perfeito. – Dan respondeu, sendo um pouco sincero demais. Hannah sorriu e agradeceu, corada. rolou os olhos, pra variar. – Ei, vamos até ali? – Dan perguntou pra Hannah, que assentiu e eu voltei minha atenção pra , que encarava o sanduíche.
Quando voltei a encarar o mais novo casal, eles já estavam se agarrando.
Sorri comigo mesma e voltei a olhar pra Diego:
– Vamos dar 15 minutos pra eles?
– Não. Você tem que ver o seu pai e cá entre nós, eu estou louco pra ficar só com você. – Ele sussurrou, com um sorriso safado no rosto.
– Aham. – Pisquei e levantei, recolhendo as coisas, enquanto os homens pagavam a conta (maldito machismo).
Quem iria chamar os dois? Eles já estavam bem animadinhos. Por mais que eu fosse a do sexo louco para alguns, eu não queria sexo no banco do meu Tucson. E nem queria que ficasse vendo os dois.
Ela nunca iria confessar, mas estava morrendo por dentro.
– Chama pra trocar de lugar com você, no carro de . – Eu falei baixinho no ouvido de Diego, vendo se aproximar. – Depois eu explico o porquê.
– Hey casal. – Eu chamei Hannah e Danilo. – Estamos indo, vamos pro carro.
Eles se soltaram e assentiram, os dois corados e com os cabelos levemente (levemente é pouco) bagunçados.
– E nada de sexo no meu banco! – Exclamei, entrando no carro. Di já estava lá dentro, mexendo no rádio.
– Ô Dan, você mostrou o CD? Parece que eu não te conheço mais, Danilo. – Ele falou, enquanto seu amigo tímido escorregava pro carro.
– Foi a . Eu queria ouvir... – Hannah disse.
–Vamos brincar de “Fusca”? – Eu sugeri, alegre.
–Sério, ? – Minha amiga disse, irônica.
– Aham. Fuscaaaaaaaaaaaa! – Gritei, dando um tapa na parte de trás da cabeça de Diego.
– Porra, qual é? – Ele reclamou e eu ri, sapeca.
Pena que ele sabia se vingar. E viu outros 5 fuscas até Búzios.

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DH’s POV
Entramos no condomínio de , que chamava “Vila branca”, e só entendi o porquê quando entramos no condomínio. Eram mais ou menos 9 casas, todas brancas. Dava nervoso de ver tudo branco, parecia um hospital.
As luzes estavam todas apagadas, até porque já eram mais ou menos uma e meia da manhã.
A casa era grande e a piscina do condomínio ficava bem na frente da casa de e dava pro mar. Eu podia ver uma porta de madeira no deck que levava pra areia da praia de Manguinhos, segundo .
abriu a porta e todos entramos, malas perto e ficamos esperando instruções.
– A casa tem 3 suítes e os casais ficam nelas. Dave e Jami na primeira à esquerda, Bruno e na segunda à esquerda, e o meu e do Di é no fim do corredor. Tem duas suítes com beliches. Uma pras meninas, segunda porta à esquerda e pros meninos, a direita. – Ela disse, apontando o grande corredor.
Cada um levou as malas pra seus respectivos quartos e voltaram pra sala. Eu fui atrás de , que estava na cozinha, nervosa.
–Precisamos de mercado, urgente! Vamos ter que sair pra comer. – Ela disse suspirando, enquanto Bruno entrava onde nós estávamos, atrás de água. o serviu e continuou: - Já sei, vamos na pizzaria do Diego.
– Dh tem uma pizzaria em búzios? – Bruno perguntou, com uma cara de lesado.
– Do Diego irmão da . – Respondi.
– AAAAAAAAAAH TÁ! – Ele falou.
– Mongol. – provocou.
–Feiosa. – Bruno respondeu.
– Oooow, mentira não vale. – Eu separei a briga, sorrindo. Passei um braço em volta de e empurrei o ombro de Bruno pra sala. – Todos prontos?
– Pra quê? – Perguntou Rogério.
–Vamos comer e eu vou apresentar mais algumas pessoas pra vocês. – disse.

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insistia em chamar esse lugar que nós estávamos de rua Paraíba. Era uma rua normal, de paralelepípedos, com vários restaurantes familiares e muito bem iluminada. Eu, ela, Danilo e Hannah estávamos de mãos dadas, um pouco atrás dos outros.
– Mas é Paraíba! –Insistiu Hannah pra mim e pra Dan. – Só tem “nem” e família aqui.
– Pois é. – suspirou.
– Não é culpa da rua. É culpa da má frequência daqui. – Eu falei, tentando convencê-las do contrário.
– Que seja! – Ela bufou, soltando a minha mão e indo atrás de .
Elas apressaram o passo e entraram em um dos restaurantes maiores. Tinha uma pimenta grande na logomarca e em baixo estava escrito “Mãe Joana”. Bem, o nome era um pouco estranho.
Elas entraram e estava abraçada com um homem com roupas sociais. Ciúmes subiram a minha cabeça. Mas eu fiz questão de me acalmar. Podia ser o irmão dela.
– Não estou sumida, Gustavo. – Ela disse e meus punhos fecharam. Mas ela já ia soltando o abraço. – Ei, tem como arrumar uma mesa pra gente? Eu sei que é bastante gente e eu não avisei, mas...
– Tudo bem. Tudo pra nossa caçula aqui. – O tal do Gustavo sorriu amigavelmente pra ela. E murmurou alguma coisa em um walkie talkie.
Aproveitei a brecha pra ir pra perto dela e passar minha mão pela cintura dela, possessivo. revirou os olhos.
– É quase um irmão, Diego. – Ela disse no meu ouvido.
– Aham. Eu só queria ficar perto de você.
– Sei... - riu, irônica.
Logo vinha um garçom que encaminhou todos pra mesa, mas eu não queria deixá-la sozinha.
– Pode ir, eu tenho que conversar com meu irmão. Eu já encontro com vocês, vão pedindo. – Ela disse, me dando um selinho e andou pra uma porta mais afastada.

’s POV
Entrei no corredor que dava na cozinha da pizzaria. O espaço do restaurante nem mudara tanto desde que eu tinha me mudado. Fiz um coque e coloquei uma redinha no meu cabelo, e vesti um avental, as duas coisas eram totalmente necessárias para que qualquer um entrasse na cozinha.
Avistei Diego, meu irmão, perto do balcão abrindo a massa da pizza. Ele estava de costas, vestido com aquele chapéu de chef. Eu sempre ria quando o via com aquele chapéu.
Tampei os olhos dele com as mãos e tentei mudar a minha voz:
– Quem é?
, você continua péssima em mudar a sua voz. – Ele disse rindo.
– Ah, qual é Diego! Não estraga, né? – Falei, puxando-o pra um abraço. –Senti saudades, bro.
– Também, hermosa. – Meu irmão disse e eu revirei os olhos. Ele sempre me chamava de hermosa porque eu tinha ficado com um argentino que só me chamava assim, e ele havia me visto com o garoto aqui em búzios. –E o velho? – Eu perguntei, mordendo os lábios. Ele ficou tenso de repente, como quem acaba de se lembrar de uma coisa. Eu fiquei com medo pela primeira vez desde que minha mãe me dera a notícia.
– O quanto Lili te contou? – Diego chamava minha mãe de Lili, porque não era a mesma mãe que a dele.
– Disse que era um problema de pulmão.
–Ele está com suspeita de câncer no pulmão. Por causa dos cigarros e tal.
Eu assenti.
– E aí? – Falei, envergonhada.
– E aí o que? - Ele perguntou, confuso.
– Como podemos saber se ele tem ou não?
– Ah ,sim. Ele fez um exame semana passada e o resultado sai quarta, depois de amanhã. Mas não importa se ele tem ou não, vai ter que largar os cigarros. E essa vai ser a parte mais foda pra ele. Ele está naquele hospital em Cabo Frio.
– Eu não sei se vou vê-lo, Diego. Eu não estou falando com ele. – Eu falei, exasperada.
– Eu sei, . Mas ele vai precisar muito de nós três agora. – Diego disse, tentando me convencer. – Natalia também não está falando com ele. Mas ela vem.
– Lá de Miami? – Eu perguntei, surpresa.Minha irmã estava casada com um americano e tinha o Green Card, morava em Miami há alguns anos e desde que ela casou-se eu não a via, isso fazia 3 anos.
– Sim. E o marido também. – Ele falou.
– Tudo bem, Di. Obrigada por avisar, amanhã eu passo lá. Alguma coisa a mais que eu possa te ajudar?
– Na verdade, sim. Alguém tem que ir lá à casa e catar todos os maços de cigarro. E eu estou sem tempo pra isso, você faria esse favor?
– Claro. –Eu sorri e voltei a abraçá-lo.
– Ei hermosa, topa ajudar o seu bro aqui com as pizzas?
– Sempre! – Eu dei um gritinho animado.

__


DH’s POV
veio segurando uma grande bandeja de pizza e um cara, todo de branco vinha rindo, com outras duas bandejas e um chapéu de chef. Devia ser o irmão dela.
Ela olhou pra ele e sorriu. Bingo! O sorriso dos dois era idêntico. Os olhos e narizes eram totalmente diferentes, mas pelo sorriso você veria que eles tinham algum grau de parentesco.
– Ó a , só no Lerê Lerê, né? – Hannah brincou. – Oi Diego. – Ela sorriu pro irmão de , mas eu olhei pra ela, automaticamente. Aquilo seria no mínimo irritante.
– É divertido. – respondeu. – Galera, esse é meu irmão, Diego. E esses são, Danilo, Dash, Dave, Jamilla, , Bruno, Rogério, New, , Hannah, que você já conhece, e meu namorado, Diego também. Eu sorri e ofereci minha mão pra ele, já que ele estava perto. –Vai ser confuso com dois Diegos. – falou. –Vou te chamar de DH, tá amor?
Então ficamos conversando, todos, como uma grande família. Essa era a parte boa de ter um grande número de amigos, você sempre teria alguém com quem conversar. É claro que as vezes alguém chamava o irmão de e eu encarava, mas essa parte não tinha tanta importância assim.
Quando já era tarde o suficiente, lá pelas 2 da manhã e estávamos todos cheios de pizza, pagamos as contas e nos dividimos novamente. Todos foram pra casa, exceto eu e , Danilo e Hannah. Combinamos um horário pra nos encontrar em frente do carro com Dan e Hannah e saímos, pra namorar.
Eu e andávamos pela Rua das Pedras, movimentada demais pra um domingo a noite. Mas lembrou que era feriado no Rio de Janeiro. Estava explicado.
Demos uma volta pela Orla Bardot e no fim da rua, havia um shopping pequeno com uma fonte na entrada. Perto da fonte haviam uns bancos, que estavam ocupados por um grande número de caras, de uns 20 anos, que encostados no muro observavam as garotas que passavam, procurando o próximo alvo.
Entrelacei os dedos das nossas mãos, preocupado. olhou pra mim e sorriu. Depois olhou pra frente e sorriu mais ainda, olhando pros caras que acenavam pra nós. Pra ela, com certeza.
me puxou um pouco animada pra perto da fonte. Fiquei tenso quando três deles, levantaram pra falar com ela.Trocaram 2 beijos nas bochechas, sorrindo.
– Maxx, Mariano e Jonas! Quanto tempo, meninos. Esse é meu namorado, Diego. – Ela disse pros caras. – Estudei com eles quando morava aqui.
– Namorado, hein ? Você mudou mesmo. – Falou o tal do Mariano. olhou pra baixo e deu um sorriso sem graça.
– Olha, envergonhada. Milagres acontecem. – Completou o Jonas.
– Ow Jonas, fica quieto. Você mudou pra caralho também, pirralho.Tá até parecendo homem agora. – Zombou dele, fazendo os outros dois rirem.
– E o que faz você voltar pra essa cidade caipira, hein? Achei que não voltava nunca mais. – Maxx perguntou.
– Vocês sabem que eu amo vir aqui e encher a cara com vocês. Mas estou estudando agora, em Sampa. – Preocupei-me com a ideia de bêbada na frente desses caras. Tiraria satisfação depois.
– Quanta consideração, nem pra avisar. – Respondeu o Maxx, sentido.
– Desculpa? – Ela falou, sem realmente se desculpar. – Como está o irmão de vocês?
– Fred está bem. Casou-se. – Respondeu Jonas.
– Casado?! Com quem? – perguntou.
– Julia Vicente. Babaca de sorte, que mulher gostosa. Ainda tá ajudando o pai dela na empresa dele. Foi o único de nós três que se deu bem. –Mariano suspirou.
– Duvido, Mariano. Você sem garota? – brincou. – Acho que vou indo meninos. Mas a gente ainda se vê por aí, vou ficar por um tempinho. Passem lá em casa.
– Claro, claro. Beijo, . – Despediram-se e eu já estava puto da vida. Saímos andando de volta pra orla.
– Como assim você já morou aqui? – Perguntei imediatamente.
– É,Di. Quando eu tinha uns 14 anos, tive minha fase mais rebelde. E mudei pra cá com o meu pai pra fugir da minha mãe. Cheguei a me matricular em um colégio e foi lá que eu conheci os meninos. Os três. E passamos a sair juntos, pra praia, pra cá. Foi com eles que eu tive a minha primeira bebedeira. E o meu primeiro beijo. – Ela riu da lembrança.
– Conte mais. – Eu pedi. Precisava me distrair, pensando que o primeiro beijo dela podia ter sido com um daqueles garotos. Tinha que ter sido tudo meu.
– Ah, eu lembro que minha mãe disse que eu podia vir, mas ela não ia dar um centavo pra isso. – Ela riu. – Então eu juntei umas economias, comprei a passagem de ônibus com o cartão de crédito que ela que pagava e vim. Ai um dia eu fui sair com os garotos, fomos comprar umas bebidas no posto e eu ia pagar com o meu cartão, mas não passou. Eu fiquei furiosa e liguei para o banco. Eles me disseram que ela tinha bloqueado. – Ela ria escancaradamente agora.
Sentamos em um banco e ela voltou a falar.
– Foi tipo a minha fase ovelha negra. Eu chegava em casa de manhã, completamente bêbada. Ficava com vários meninos numa noite, era toda puta. E Mariano e Maxx odiavam isso. O Maxx odiava mais e depois eu entendi o motivo.
– Qual era? – Eu perguntei, querendo saber cada pedacinho da vida dela.
– Ele foi o meu primeiro beijo. Quando eu contei pros meninos que eu nunca havia beijado, eles riram da minha cara. Mas depois falaram que tinham que mudar essa situação. Me fizeram beijar os dois, o Maxx foi antes. E depois que eu comecei a pegar todos eles, se sentiram culpados. E depois o Maxx falou que gostava de mim. Eu fiquei um tempo ficando com ele, mas ele queria namorar e eu não queria. Odiava me sentir presa.
Ela contou ,parecendo subitamente triste.
– E por que você voltou pro Rio? – Perguntei, tentando mudar de assunto.
– Mamãe ligou toda chorosa e me implorou pra voltar. Eu tinha brigado com os meninos e acabei indo. Eles demoraram a me perdoar, sempre que eu voltava aqui depois eles tentavam me ignorar, mas nunca conseguiam.
– Ah. – Eu falei simplesmente. Meu celular tocou e eu percebi que tínhamos passado da hora. Era Danilo, irritado, falando que estavam há mais de meia hora na frente do carro. Merda.
Fomos andando pro carro e encontramos os dois, putos da vida. Chegamos em casa, e fomos pro nosso quarto.
havia mudado de roupa e estava escovando os dentes, olhando pra seu reflexo no espelho.
Não havia porque ficar com esse clima tenso entre nós. O passado era passado e se ela estava comigo hoje, era porque queria.
– Ei, gata. O que você acha de uma natação noturna? – Eu propus, vendo olhar pra mim sugestivamente e lançar um sorriso malicioso.
– Claro. – Ela disse, pegando minha mão e me levando sorrateiramente pelo corredor escuro. Na porta do quarto de Bruno e , ouvimos barulhos estranhos, mas ignoramos.
Abrimos a porta e fomos pra piscina, iluminada por luzes de baixo d’água.
Fomos um pra cada lado da piscina e ficamos nos encarando. tirou a blusa, eu tirei a blusa. Depois ela tirou o short e eu tirei o meu. Ela me olhava com uma chama de desejo no olhar, mordendo os lábios.
Ela tirara o sutiã e a calcinha e eu também. E entramos, os dois nus, ao mesmo tempo na piscina.
Sem delongas, chegamos perto um do outro e nos beijamos. Um beijo que começou calmo, mas foi esquentando e logo minhas mãos deslizavam por seu peito.
Senti uma mão de passar por minha ereção e a pegou. Soltei um gemido, enquanto ela quebrava o beijo e saia dando pequenas mordidas no meu pescoço.
– Vamos ter de ser silenciosos. – Ela disse com uma voz rouca, sedutora.
Murmurei um “sim” e encostei-a na parede de azulejos da piscina.
Ela tocava meu membro e eu a apalpava, cada detalhe dela. Seus seios fartos, suas pernas e seu bumbum macio.
?
– Hm? – Ela soltou um misto de um gemido com uma pergunta.
– Não aguento mais. – Sussurrei contra a pele de seu pescoço, dando pequenos chupões naquela região.
– Nem eu. – Ela suspirou, enroscando sua perna no meu quadril e encaixando-se em mim.
Como um perfeito quebra cabeças enfim montado, a sensação de estar dentro dela era incrível.
A água da piscina apenas aumentava o prazer que estávamos sentindo.
Começamos, enfim a nos movimentar. Os gemidos dela estavam aumentando de volume, e então eu nos levei pra debaixo da água, beijando-a.
Nossas mãos viajavam pelos corpos e ela mordia meu lábio inferior. Eu apertei o cabelo dela, deliciado com a sensação.
Grudei nossos corpos mais ainda, se é que isso fosse possível e chegamos lá juntos.
Quando saí dela, nós dois ainda estávamos ofegantes, sorrindo um para o outro.
Dei um beijo casto na testa dela e levantamos, pegando as roupas.
Fomos até nosso quarto e eu já ia deitando na cama, quando:
– Não, Seu Diego. Nada de deitar na nossa cama limpinha sujo de cloro.
Eu soltei um gemido de insatisfação, me espreguiçando.
– O que você acha de um banho juntos? – Ela sorriu inocente e jogou suas peças de roupa em cima de mim, entrando no banheiro. – Estou te esperando.
Inesperadamente, fiquei acordado no mesmo segundo. E como não sou bobo, fui atrás dela. Rapidamente.




's POV
Fui caindo devagar na consciência e abri os olhos. Suspirei ao ver Diego na minha frente, o rosto sereno dormindo.
Só de me lembrar de ontem... Digamos que o banho fora bem cansativo e depois, tudo o que conseguimos foi deitar na cama e apagar.
Comecei a afagar os cabelos de Diego, percebendo que já estavam grandes o suficiente para serem cortados. Já estavam começando a atrapalhar a vista.
Senti um leve movimento nos olhos dele, mas quando olhei ainda estavam fechados.
Então ele achava que ia conseguir me enganar?
Comecei a plantar beijinhos molhados em toda a face dele, e ele ainda fingia estar dormindo. Fui descendo minha mão por seu tórax e logo cheguei a seu membro, que já estava ereto. Ele suspirou, enfim abrindo os olhos.
– Acordou com um fogo hoje, né amor? - Perguntei irônica.
– Isso é apelar, . - Ele falou, trocando nossas posições e ficando por cima.
– Você bem que gostou.
– Não tem como resistir a você. - Ele disse e eu sorri. -Vamos pra Geribá hoje?
– Vocês podem ir. Eu tenho que dar uma busca lá na casa do meu pai, encontro com vocês mais tarde.
– Tudo bem, amor.
– Mas olha lá, Diego, nada de ficar olhando pra nenhuma mulher não hein. -Falei, afastando uma mecha de cabelo que havia caído em meus olhos.
– Você sabe que eu só tenho olhos pra você. – Ele disse.
– Owwwn. Agora vamos, coloque uma bermuda e vamos acordar esse povo. -Eu levantei, indo para o banheiro e olhando o estado do meu cabelo: eu dormira com ele molhado.
Fiz um sinal de frustração e procurei um elástico pra prendê-lo em um rabo-de-cavalo, e depois lavei meu rosto.
Fiz a higiene matinal e logo apareceu um Diego vestindo uma bermuda de praia, com uma camisa no ombro e chinelos, me empurrando da pia.
Coloquei um biquíni azul, daqueles tomara que caia, e vesti uma saída branca por cima. Procurei por meus óculos escuros e os pus no topo de minha cabeça, como um arco, enquanto calçava meus chinelos.
Arrumei uma bolsa e vi Diego na frente do espelho, fazendo umas caretas estranhas.
Soltei uma risada alta e vi sua cara de irritação.
– É uma mulher! MEU NAMORADO É UMA MULHER QUE FICA FAZENDO CARETA PRO ESPELHO! AHAHAHAHAHAH. - Continuei rindo e ele vinha pra perto de mim, puto da vida. – Qual é Di, foi engraçado.
Ele permanecia sério, me encarando.
Eu comecei a fazer cócegas nele e ele ria forçadamente.
– Para ! – Murmurava sem ar e continuava tentando me conter.
Finalmente o deixei respirar, porque ele estava começando a ficar vermelho. Levantei-me e fui saindo de fininho do quarto, pegando minha bolsa no processo.
–Ei, onde você pensa que vai? Vingança , meu amor! – E começou a correr atrás de mim, mas inevitavelmente me alcançou e começou com as cócegas, e eu ria alto.
Mas então percebemos a plateia que nos encarava e eu tentei ficar séria, e Diego também.
– Já estávamos achando meio esquisitas essas risadas, mas achamos melhor não interromper. – Falou Danilo, os olhos focados em nós.
Todos os outros estavam ali, todos. E pelo que Dan falara, haviam ouvido aquele nosso showzinho.
– Quer dizer que o DH faz careta pro espelhinho?
– Vá se foder, Bruno. – Diego respondeu, bufando.
Tive que rir com o bico que surgiu na boca de Bruno.
– Ele está de TPM, querido. - disse, sorrindo novamente.
Eu puxei o Di pra perto de mim, já que ele parecia tentado a avançar em minha amiga.
– Então,vamos pra praia? – Rogério falou.
– Geribá! – Disse Hannah, animada.


–-


Exausta, depois de passar 2 horas catando cigarros como quem cata ovos do coelho da páscoa, me dirigi a geribá, com uns 20 maços na bolsa. Eu não fumava, mas não iria jogar no lixo.Talvez os vendesse.
Pisei na areia quente de geribá, tentando localizar meus amigos, que disseram que iam ficar na frente do Fishbone, um bar badalado na praia.
Vi todos juntos, os meninos jogando altinha, e Hannah e com eles. Jamille estava deitada bronzeando-se, com e Bruno estava sentado, afastado em uma canga, só.
Tive uma imensa sensação de Deja vu, flashback, e não pude deixar passar, falando numa voz alta pra que até Diego, um pouco distante ouvisse.
– Oi, e aí? – Falei pra Bruno, lembrando-me exatamente do que eu falara há três anos. Bruno apenas encarou-me, com um ponto de interrogação na testa. –Hm, vou falar na Lata mesmo... Aquele teu amigo ali de... – Olhei pra Diego pra ver a cor da bermuda dele: - verde está namorando?
Bruno enfim se tocara. Os meninos pararam de jogar pra ver o teatro que estava rolando. Alguns entendiam, outros não. Notava-se pela expressão deles.
– Não, por quê?
- Você acha que ele ficaria comigo?
– Orra,claro que sim. - Bruno disse e eu sorri. Até ele se lembrava do que tinha falado.
– Qual o seu nome? – Perguntei, seguindo com minhas falas.
– Bruno, e o seu?
.
– Não quer saber o nome dele? - Ele perguntou e eu assenti. – É Diego. Vou chamar ele pra você.
Bruno levantou-se e deu dois tapinhas no ombro de Diego e logo ele vinha até mim. Eu voltei a encará-lo. Dessa vez, eu conseguia vê-lo, totalmente. Com um sorriso maravilhoso no rosto.
Sentou se ao meu lado, e me olhou.
– Bom, eu sou o Diego.
!
– Quantos anos você tem? - Ele perguntou, exatamente como mandava o script.
– 19 e você?
– 21.
– Então, já está..hm, trabalhando? - Falei, tentando novamente adaptar.
– Mais ou menos. Sou músico.
– Sempre sonhei em namorar um vocalista. - Eu soltei novamente a pérola. Já estragando a atuação e rindo.
– Eu sou um. - Ele dizia, rindo também. E me beijou, calmamente, com paixão.
Ouvimos risadas e até palmas ao fundo. Sorri no meio do beijo e entrelacei nossos dedos, terminando o beijo e encostando a cabeça no ombro dele.
– Você demorou. - Diego constatou.
– É. Acabei achando mais coisa do que imaginava. - Falei, mostrando a minha bolsa.
– Wow.
– Pois é. – Soltei uma risadinha.
– Estou morrendo de fome. – Diego disse.
– Hm, porque não pede um açaí pra nós? - Propus.
– Cara, açaí! Que saudade, açaí! – Ele festejou e eu ri suavemente.
Ele levantou-se e logo voltava com a coisa roxa e um pouco de granola.
Comeu uma colher e me passou, e ficamos fazendo isso até o fim do copo.
– Teus lábios estão roxos.
– Os teus também. – Eu sorri. – E parecem ainda mais deliciosos assim.
Ele me puxou pra perto novamente. Estávamos naquela fase do grude, em que ficar juntos 24 horas por dia, 7 dias na semana era pouco.
Levantei e tirei minha saída de praia, com Diego me observando. Parecia que nunca tinha visto meu corpo antes.
–Vamos dar um mergulho? - Perguntei e ele prontamente levantou-se, passando a mão pela minha cintura.
– Esse biquíni é muito pequeno. – Ele disse.
– Me poupa, né Di? - Eu suspirei, me jogando na imensidão azul transparente ondulada que era geribá. Há quanto tempo eu não mergulhava naquela praia? Eu não fazia ideia.
Diego abraçou-me e eu senti aquele tórax molhado. Dei um beijo em seu pescoço salgado e sorri.
– Eu amo você.
– Pra sempre. – Ele completou o que eu dissera.

–-


O resto da tarde correra tão bem que eu até me esqueci de ir visitar meu pai, como meu irmão tinha pedido. A visita seria no mínimo constrangedora.
Eu tinha acabado de sair do banho e estava na cama, passando hidratante nas pernas, quando entrou afobada no quarto.
Ela estava vestida como eu estava, com um roupão atoalhado branco e uma toalha enrolada na cabeça. Encarei os olhos verde-azulados de minha amiga e vi algo de errado neles. Pareciam angustiados.
– Bater é bom de vez em quando. - Falei, sorrindo. - Você podia ter visto algo proibido para menores rolando.Tua sorte é que o Diego tá no banho . Se bem que eu podia voltar lá, e...
– Eca , ! – fez um som de nojo com a boca. - Eu me certifiquei, pus o ouvido na porta antes.
– Menina esperta! – Dei uma risadinha, e ela revirou os olhos. - Pode falar agora, o que houve?
– Como assim?
– Você não entrou aqui desse jeito só pra me ver com o Diego, né? - Falei, curiosa.
– Ah! Bom, na verdade estou fugindo de outro casal.
– Hã? – Estranhei.
– É, a sua amiga arrastou o Dan lá pro quarto e eles ficaram se esfregando lá. Assim que saí do banho vim correndo pra cá.
– Ah. ?
– Oi.
– O que realmente está acontecendo? – Perguntei, ela abriu a boca pra responder, mas nada saiu. -Você sabe que não tem que esconder nada de mim. Somos melhores amigas ou não?
, preciso que você guarde segredo. É segredo de Estado. Ninguém pode saber. – Ela falou nervosa e eu assenti, esperando. - Tudo bem, confio em você.
– Então conta. – Disse ansiosa.
– Eu estou grávida. - Ela disse e eu fiquei chocada.
Abri a boca e tentei falar alguma coisa como ela fizera minutos antes, mas não disse nada, e muito menos fechei meus lábios.
Como assim grávida? Meu deus! Ela é muito nova. Eu também. É muito cedo pra ter um filho.
Cheguei perto de e abracei-a.
– Tudo bem, eu estou aqui pra tudo.
– Obrigada. – Ela agradeceu e quando voltei a encará-la, algumas lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto.
– O que você vai fazer?
– Primeiro vou contar pro Vini. E vou ter o bebê, não importa o que ele diga. – disse e eu assenti imediatamente.
– Com certeza. - Murmurei,abraçando-a de novo.
Diego apareceu no quarto só de toalha e estranhou o momento que nós estávamos tendo. olhou pra mim e saiu do quarto.
Eu só consegui desabar na cama, extasiada. Di sentou-se ao meu lado, e passou a braço pelas minhas costas.
– O que houve? – Ele perguntou, com uma frustração estranha no olhar.
– Nada.
– Não gosto de te ver chorando. – Diego disse e eu enfim percebi a umidade debaixo dos meus olhos. – Ainda mais por nada.
Enxuguei o rosto e me deitei no ombro dele, buscando por conforto.
– Então, vai me contar?
– Não posso. Mas, você pode me ajudar a me arrumar, o que acha?
– Hm. – Ele grunhiu, passando a língua nos lábios. Não pude conter meu sorriso e dei um beijo estalado na bochecha dele, levantando e fuçando na mala, procurando alguma roupa boa o bastante pra usar hoje a noite.

–-


Dan’s POV (N/a: primeiro pov que não é Diego ou Nanda, então não sei como vou me sair.)
Hannah havia me expulsado do quarto dela pra se arrumar depois de uns 30 minutos de puro amasso.Todos estavam se arrumando para sair a noite, em uma boate que havia dito que era a melhor para feriados. Segundo ela, tinha uma melhor pra cada dia. Feriados era essa Pacha, quintas-feiras era uma que chamava Zapatta e tinha doble drink toda quinta e sábados era a mais conhecida, que até eu já tinha ouvido falar, Privilége.
Hannah estava sendo uma boa companhia, mas ainda assim, ela não era . E eu não estava apaixonado por Hannah.
Saí para dar uma volta pelo condomínio branco e meus pés acabaram me levando pra piscina, onde alguém estava sentado, com só as pernas na água e um roupão branco no corpo.
Eu conheceria aquela pessoa em qualquer lugar: .
Suspirei audivelmente e me sentei ao lado dela, que virou a cabeça sutilmente para o lado, só pra checar quem era, e para minha surpresa, não disse nada, apenas voltou a encarar as águas transparentes da piscina.
– Oi. – Falou baixinho.
– Oi. – Respondi no mesmo tom. – Dia cansativo?
– Você não faz ideia. – Ela bufou. - Quer dizer, aqui é ótimo e relaxante, mas tem uns problemas que não dá pra esquecer.
– Pois é. Posso te ajudar? - Falei tentando ser gentil mas sem forçar a barra, já que ela estava finalmente estava abaixando a guarda.
– Se eu te falasse teria que te matar. Embora isso não seja má ideia. – sorriu, mas não parecia sorrir sinceramente. Alguma coisa realmente estava perturbando-a.
– Eu posso guardar um segredo. Me conta, vai. – Eu falei e ela pareceu considerar as possibilidades.
–Eu estou grávida. – Ela falou após um tempo olhando protetora para sua barriga.
– Descobriu quando? – Perguntei tentando disfarçar a surpresa.
– Quinta passada, estou de 2 meses já. O Vini vai surtar. Nem sei como vou contar pra ele.
– Calma, vai ficar tudo bem. – Eu disse, abraçando-a de lado. – Sempre fica.
– Eu sei que vai. – sorriu fraco. -Obrigada. Vou tomar um banho, até mais. – Ela disse se levantando. Eu segurei o braço dela.
?
– Sim?
– Amigos?
– É. Cansei de fugir de você. – Ela disse, indo embora.
Ela deixou-me sorrindo lá, igual um abestalhado. Um babaca apaixonado.

’s POV
A saída iria ser maravilhosa, eu tinha certeza. A boate regada de gente animada que quer dançar até a manhã chegar.
Experimentei uns 3 vestidos, sob os olhares de Diego. Ele enfim escolheu um tomara que caia preto, grudado no corpo. Era o que eu menos gostava, porque era muito justo e marcava tudo.
Com a maquiagem e cabelo prontos, vestido no corpo, coloquei meu salto altíssimo preto e fui atrás de meu namorado, que estava jogando videogame com Rogério, na sala.
– Que nerds! - Bufei. Nenhum dos dois tinha me visto pronta. Não ia fazer mal uma secada.
Os dois viraram ao mesmo tempo e eu vi os olhos de Diego perderem o foco. Soltei uma risadinha e sentei ao lado dele.
– E aí, estou bonitinha? - Perguntei querendo ouvir a resposta.
– Não, - Diego soltou o controle remoto e me deitou no sofá. –Você está muito gostosa.
Beijou-me com volúpia e logo senti uma mão subindo pela minha coxa.
– Cuidado. – Sussurrei. - Vamos lá pra fora.
Peguei a mão dele e me levantei, passando pela frente de Rogério, que continuava vidrado no videogame.
Quando passamos pela porta, Diego me encostou à parede de casa e voltou a me beijar.
Suspirei, correspondendo ao beijo, que era quase violento pela pressa de nossos lábios e línguas a se encostarem.
Aquela mão voltou a passar pelas minhas pernas e foram subindo mais, até chegar à minha virilha e não sentir nada.
Diego quebrou nosso beijo e me olhou, os olhos surpresos e cheios de luxúria.
– É isso mesmo, baby. Estou sem calcinha. – Dei um sorriso pervertido e me livrei das mãos dele, suspirando. – Agora me dê licença, tenho umas coisas pra fazer antes de sair.
E voltei pra casa totalmente excitada, deixando um Diego na mão lá fora.
É o que dizem, sempre os deixe querendo mais.

–-


A boate estava cheia, o bate estaca ensurdecedor tocava, animando a todos no lugar.
Assim que chegamos, todos foram direto ao bar e foi sozinha na direção das mesas. Avisei a Diego que ia atrás dela e ele assentiu, falando que ia buscar nossas bebidas.
estava sentada numa das mesinhas da boate, olhando para suas unhas bem feitas. Sentei-me ao lado dela e perguntei o que estava errado.
– Ah, não posso beber. Vou ficar na sobriedade cuidando de vocês. Não vai ser muito divertido. - Ela disse de boa.
– Só porque não vai beber, não pode se divertir? Você está muuito errada! Já pra pista, . – Falei, puxando a mão dela em direção dos corpos dançantes.
Dançamos por 3 ou 4 músicas inteiras, nos deixando levar pela batida. puxou minha mão até um bar no canto.
– Uma coca, por favor. ? – Ela falou pro bartender.
– Duas. - Avisei sorrindo.
Eu ia fazer companhia a ela e mostrar que tinha a mais numa boate do que só os drinks. Ela parecia estar bem agradecida por isso, pelo sorriso que me direcionava de volta.
Resolvemos ir atrás de nossos amigos que estavam um pouco afastados, também dançando animados. Exceto Diego. Ele estava preocupado.
Cheguei perto dele, com o copo de coca na mão.
– Isso é rum e coca? – Ele perguntou, dando um gole em seu copo de whisky.
– Só coca. – Respondi e ele pareceu surpreso. Dei um sorriso e senti que ele não perguntaria nada agora.
Diego sorriu também e espalmou as mãos na minha cintura, movendo-se no ritmo da música.



Os primeiros raios de sol da manhã estavam surgindo e eu encarava todos aqueles bêbados na areia do mar e ria muito. Agora que eu nunca mais ia beber. Ia ficar sóbria e embebedar meus amigos, só pra ficar rindo da cara deles.
Cutuquei e Dan, os únicos dois sóbrios do meu lado, e apontei pra e Bruno, que estavam rolando na areia, juntos.
– Puta merda, isso tá impagável! – Exclamou Dan tentando conter as risadas.
– Estou começando a me preocupar com todos esses bêbados aqui. – Falei, dando um ultimo risinho. – Diego, vem cá! – Gritei e logo ele vinha, andando torto pela areia, trocando os pés.
– Oi amor. A água tá muito boa, olha só... - Ele disse me abraçando e me molhando com a água salgada gelada.
– Ugh Diego, me solta! – Eu gemi empurrando ele. – Entra lá, que eu já vou te mostrar uma coisa. Mas NÃO deita na nossa cama, ok? –Tá, mas vem logo, gostosa! - Ele disse me dando um tapa no bumbum.
Contive minhas risadas e fui arrastar Dave e Jami, enquanto tentava resgatar Rogério e Pedro e Dan carregava Pin e Hannah.
Depois de um tempo todos estavam apagados, menos nós três.

– Tá, não foi tão legal embebedar eles. – Confessei.
– Bom, mais ou menos. Foi legal sim. Mas Dan, porque você não bebeu afinal? – perguntou.
– Sou o motorista da rodada. – Ele riu e balançou as chaves do carro de . Mas eu achava que não era só isso.
–Vou lá ver o Diego. Mantenham se afastados. – Avisei, dando um sorriso malicioso.
Caminhei pro quarto e Diego estava sentado na cama, de banho tomado, sorrindo pra mim. É,talvez ele não estivesse tão bêbado assim.
– Você demorou. – Ele disse enquanto eu ia chegando perto.
– Estava cuidando dos seus amigos bêbados. – Eu falei sentando no colo de Diego e bagunçando aquele lindo cabelo loiro.
– E de mim, você não vai cuidar? – Ele perguntou e eu dei uma piscadela, deitando-o na cama.
– Foi isso o que eu vim fazer. – E beijei-o com volúpia.




's POV
Acordei satisfeita no dia seguinte. Sem ressaca. Perfeito.
Os braços de Diego estavam a minha volta e eu estava encostada no peito dele. Ele tinha uma carinha de anjo tão bonitinha que dava vontade de ficar encarando o dia todo. Ah, a quem eu estava enganando? Uma semana inteira! Um ano,talvez.
Mas não hoje. Hoje era um dia tenso. E eu tinha coisas pra fazer.
Mexi-me com cuidado na cama, para não acordá-lo. Mas antes que eu conseguisse me desvencilhar de seus braços, seus olhos abriram e ele me apertou ainda mais.
– Aonde você pensa que vai? – Ele disse, com a voz rouca de sono.
– Bom dia pra você também, meu amor. – Eu disse, doce. –Tenho que ir ver meu pai. – Fiz uma careta.
– Hoje que sai o exame?
– Aham. E eu tenho que estar lá, com meus irmãos. Até minha irmã já deve ter chegado de Miami e eu ainda não fui vê-lo.
– Eu vou com você. – Ele disse, suspirando.
– Não precisa, Di. – Eu falei, me virando pra olhar pra ele.
– Precisa sim. – Ele sorriu. – Preciso conhecer meu sogro.
– Bobo. – Eu soltei uma risada.


–-

Meu pai estava deitado na cama, parecendo muito mais frágil e abatido do que eu lembrava. Ele me olhou, surpreso, mas manteve a expressão séria enquanto eu sorria pra ele. Diego e meu irmão sentiram a tensão a nossa volta.
– Pai. – Eu falei, assentindo para cumprimentá-lo.
. –Ele respondeu, do mesmo modo que eu. – Até você veio me ver? Devo estar morrendo mesmo.
– Ai ,pai, não fale assim. – Eu disse enquanto abraçava meu irmão.
– E quem é esse? – Meu pai perguntou, arqueando a sobrancelha para Diego.
– Meu namorado, Diego. – Eu disse, dando um beijo no rosto de meu pai.
– Olá, senhor. – Diego disse, tentando mostrar respeito.
Meu irmão riu do nervosismo dele.
– Achei que você estivesse com o Thiago. – Meu pai disse e eu lancei-lhe um olhar de reprovação. Ele ignorou. – Mas você é igual a sua mãe.
Meu pai ainda ressentia a minha mãe por tê-lo deixado pra ficar com outro homem. O namoro da minha mãe com esse segundo homem, Gilles, durara bastante. Pelo que eu sabia, tinha terminado há uns 6 meses atrás.
– Olha só, pai, você não sabe nada...
– Hey. – Nathália me cortou, entrando no quarto, com o marido atrás dela.
Ela estava estonteante, como sempre. Os cabelos quase loiros estavam presos em um rabo de cavalo meio desleixado e ela tinha grandes olheiras embaixo dos olhos verdes.
Ela era tão diferente de mim, mas tão igual ao mesmo tempo. Nosso temperamento era praticamente o mesmo. Éramos rebeldes, geniosas, desafiadoras.
– Bom te ver, irmã. – Eu disse, esquecendo o confronto com meu pai. Ela não demorou a vir me dar um abraço.
Logo o marido dela veio me cumprimentar. Seu nome era William e ele tinha nascido em Nova Jersey e mudado pra Flórida aos 10 anos. Ele era bonito, talvez branco demais, mas era moreno, de cabelo jogado e olhos verdes.
Ele só falava inglês e eu estava entretida em conversar com ele quando uma médica entrou no quarto, com um envelope branco em mãos.
– Senhores. O resultado chegou. Posso ler? – A doutora perguntou pra meu pai.
Olhei ansiosa pra ele e o vi assentir meio tenso. Todos nós estávamos. A tensão se estabelecia no ar e todos estavam ansiosos. Diego fazia círculos carinhosos na minha mão e eles pareciam me acalmar.
A médica abriu o envelope com as mãos meio trêmulas e encarou o papel por alguns minutos. Analisou o resultado por alguns momentos. Depois um meio sorriso surgiu em sua face .
– Não há nenhum vestígio de câncer no seu exame. Isso é muito bom, Senhor Fernando. – Ela disse, tranquilizando-nos.
Não contive um suspiro de alívio. Ele estava bem. Graças a Deus!
– Mas como o senhor já sabe, vai ter que parar com os cigarros. – A doutora continuou.
–Certo. – Meu pai disse, durão.
– Muito bem. Então, pelo que eu vejo, o senhor já está de alta. Mas por favor, não esqueça essas recomendações. Mais um cigarro e o câncer pode se desenvolver.
– Claro. Pode deixar, doutora, nem mais um cigarro. Já nos ocupamos disto. –Diego disse, tranquilizando a médica.
A médica continuou conversando conosco, enquanto assinava a papelada da alta.
Meu pai ficou quieto, mas eu sabia que estava aliviado. Mas a parte de largar os cigarros seria preocupante pra ele.
Ele arrumou suas coisas em um silêncio tremendo e trocou de roupa, pronto pra ir pra casa. Diego, meu irmão, o levaria pra casa e ficaria com ele por lá. Encontraríamos-nos a noite, na pizzaria, todos.
Eu e Diego voltamos pra casa e ainda eram 11 horas da manhã. Apenas dois amigos nossos estavam despertos, tomando café da manhã.
Danilo e riam de alguma coisa aleatória enquanto comiam. Eles estavam tendo um momento.
Nós entramos,estragando o momento deles.
– Onde vocês estavam? – Dan perguntou, enquanto tentava parar de rir.
– Fomos no hospital ver o pai da . –Diego respondeu por nós.
– E ele está bem , nenhum câncer. – Completei, sorrindo.
finalmente ficou séria. Fez uma cara de nauseada e saiu correndo dali.
–Os famosos enjôos matutinos. – Falei, fazendo uma careta.
– Já é a segunda vez que ela fica enjoada. Mal comeu . – Dizia Dan, preocupado.
–Vou atrás dela. – Eu falei, deixando os dois lá.

–-

Dh’s Pov
Deixei passar aqueles vômitos de pela manhã. Havia alguma coisa de muito estranho ali, mas não consegui adivinhar o que era.
Aos poucos, nossos amigos dorminhocos iam descendo, com dor de cabeça, para tomar café. Contamos pra eles que o pai de estava bem e poderíamos partir assim que quiséssemos.
Acabamos decidindo aproveitar a praia do último dia, jantar no restaurante do irmão de e então partir de volta pra São Paulo.
Estávamos todos sentados na praia há um tempo, assistindo ao por do sol bonito de Geribá. Os casais juntos, recém formados ou não, estavam lá, apenas trocando olhares enamorados ou de amizade. E os que estavam solitários, apenas aproveitaram a companhia das estrelas que iam aparecendo aos poucos.
De repente, Bruno e Pulga levantaram.
– Temos algo pra anunciar. – A pulguinha começou.
– Sim? – Eu disse, curioso.
– Vamos morar juntos. – Bruno anunciou, mais sério que de costume. – Vamos começar a procurar um ap pelos Jardins essa semana.
Todos ficamos meio em choque. Já sabíamos que isso ia acontecer, mas não tão cedo assim.
– Que ótimo, lindos! Estou muito feliz por vocês! – disse, ao meu lado.
– Mas aí vamos ficar com um buraco no apê. , você não pode ir. – apelou com sua voz mais manhosa pra pulguinha.
–Vai ser o fim de uma era! – chorou também, se dando conta que perderia a amiga.
– Ela vai pros jardins, não pro Canadá! – Bufou Bruno.
– É muito longe, seu babaca sem coração. – disse e então algumas lágrimas escorreram por seus rosto.
– Ugh, hormônios de gravidez. – Dan falou, passando o braço pelos ombros de . – Calma , vai ficar tudo bem.
–Não, nada vai ficar bem se minha amiga não estiver comigo 24 hrs por dia! – reclamou ainda mais, enquanto todos se davam conta do que Dan tinha dito.
– Hormônios de Gravidez? Desenvolve, Danilo. – reclamou, de repente ficando puta.
E eu também estava. Como ninguém me contara aquilo? Olhei pra , bravo e ela estava com uma expressão de “ Putz! Descobriram!” que me faria rir, se não fosse a situação. Gravidez explicava tudo. Os enjôos, o fato de ela não ter bebido na Pacha, e saber disso e resolver acompanhá-la.
– É que...Hm... – Dan se enrolou, procurando uma resposta.
– Eu estou grávida, gente. – disse, constrangida. Todos olhavam pra ela.
– Estou vendo que você não pode exigir nada de mim, . – Bruno bufou, puta da vida.
– Não é verdade! Eu teria te contado se você não tivesse passado esse tempo todo agarrada nesse lesado. – A outra replicou, furiosa.
, você não pode se estressar. Vocês duas, relaxem,vamos conversar com calma. – tentou, devagar, puxando as duas pra um canto afastado.
Todos nós encaramos Danilo e ele deu de ombros, finalmente relaxando. Ficamos quietos, refletindo na revelação que acabara de acontecer.
Bruno sentou-se novamente, e virou-se pra nós.
–Tudo bem pra vocês? A gente vai escolher um apê meio longe, mas aquela área é melhor e tal... – Ele começou, meio chateado.
– Por mim,ok. Sabe, estamos crescendo. A época de banda junta 24 hrs por dia já passou. A vida anda. – Eu disse, olhando oferecendo minha mão pro Bru dar um aperto.
Todos deram suporte a Bruno e aceitaram a decisão dele, enquanto as meninas se resolviam mais afastadas. Nós tínhamos que entender que já demorara o suficiente. Bruno e pulga se amavam tanto, e esse amor não ia acabar de uma hora pra outra, então eles estavam prontos para o próximo passo.
Após o por do sol, , e cansaram de discutir e aceitaram a decisão também. Foram pra casa juntas, lembrando dos melhores momentos de todas as vezes que saíram juntas, ou alguma lembrança de morarem juntas. Dramáticas, como se nunca mais fossem se ver.
Quando chegamos em casa, cada um foi pra seu devido canto, relaxar após o último dia de sol e arrumar as malas pra voltar pra casa. estava em um canto afastado, dobrando umas roupas pra colocar na mala, algumas lágrimas silenciosas descendo por seu rosto.
Andei até ela e a peguei em meu colo, sentando nós dois na cama. Aconcheguei-a em meu peito e a deixei lá. Aos poucos ela parou de soluçar.
– Diego. – Ela murmurou, a voz fraquinha.
– Oi, meu amor.
– Promete que nunca vai me deixar? – disse, ainda encostada em meu peito.
– Prometo – Eu comecei pegando seu queixo e virando seu rosto pra mim. – nunca te deixar, . – Eu disse, dando um beijo suave em seus lábios.
É, e daí se ela era dramática demais? Ela era a minha , e eu não a deixaria ficar triste por nada.



’s POV
O resto do dia correra bem, assim como a viagem de volta pra São Paulo. Despedi-me de minha família antes de voltarmos, com a promessa de meu pai de parar com os cigarros.
As seis semanas seguintes passaram voando. Provas na faculdade, os meninos correndo pra escrever um single a tempo, Bruno e procurando apartamento e enrolando pra contar a Vinicius de sua Gravidez.
Meu aniversário de um mês com Diego correra bem e nosso relacionamento corria perfeitamente com raras brigas seguidas de sexo de reconciliação. Trocamos presentes, ele me dera um pingente com um M dourado e eu comprara pra ele um boné rosa da Nike que eu havia visto no shopping, e lembrado dele.
Essa próxima semana seria tensa. Hoje, sábado era o dia que finalmente iria contar pra Vinicius da Gravidez. Amanhã, dia 2 de julho seria meu aniversário, eu chegaria finalmente à marca dos 20. E na segunda, se mudaria daqui. Eu estava melancólica, não só pela chegada da idade (eu estava mais ou menos feliz com essa parte), mas em alguns dias eu não teria minha amiga comigo 24 horas. Em compensação, teria meu namorado.
Com a mudança de , eu e decidimos deixar para o bebê o quarto que um dia fora de nossa melhor amiga. E eu, com minha depressão, conseguir atrair Diego pra morar comigo.
Mas, quando ele aceitou, eu me perguntei se não era cedo demais. Havíamos acabado de fazer um mês, no último dia 15! Muitas pessoas achariam que era muito cedo, mas eu cheguei à conclusão que não era. Eu o amava, e ele me amava, e só isso bastava. E não que fosse fazer muita diferença, já que Diego já tinha até uma gaveta no meu armário, e vivia aqui.
Como agora, por exemplo. Eu e Diego estávamos estirados no sofá da sala, ora vendo um programa qualquer, ora conversando, ora namorando. Ele havia acabado de levantar pra ir ao banheiro, quando chegou aos prantos. Sua barriga já estava protuberante e eu não sabia como Vinicius não havia notado.
Ela sentou ao meu lado no sofá, e eu emprestei meu ombro pra ela chorar. Diego voltou e sentou do outro lado dela, e colocou a mão em seu ombro ,pra oferecer conforto. Aos poucos, conseguiu controlar as lágrimas o suficiente pra nos contar o que houve.
– Ele não vai ficar com o bebê. Fez um escândalo, disse que não estava preparado, que um bebê ia estragar tudo. E ainda duvidou da paternidade. –Ela falou, bufando. – Estou com tanta raiva desse infeliz, não acredito que um dia eu amei esse homem. Ele é um babaca. Acabou.
– Ô amiga, eu sinto muito... Mas você é forte, e eu to aqui pra te ajudar com essa criança, sempre. E ele é um babaca, eu sempre soube. – Eu disse com um sorriso, abraçando forte minha amiga.
– Eu sei, obrigada. Eu nem sei mais porque estou chorando, . Sério. Se ele é assim, ele não merece ficar comigo. Pra desistir de nós e de uma criança? Ele me mandou abortar! Você acredita nisso? – Ela disse, parando finalmente de chorar, com ódio transbordando pelos poros.
– Não acredito. – Eu disse, me revoltando também. – Vou matar esse inútil! Mas relaxa ... Vai ficar tudo bem... Sempre fica, certo?
– Sempre. – Diego respondeu. – E se você quiser, eu mato o infeliz, . Se o Danilo não o fizer antes de mim.
sorriu. Ela e Dan estavam bem amigos. E ele estava solteiro de novo, o negócio com Hannah não dera certo, mas graças a Deus os dois terminaram bem. Ele até comprara um par de sapatinhos daqueles de neném, amarelos. Não sabíamos o sexo do bebê ainda, por isso essa cor.
– Obrigada gente... Esse bebê vai ser muito amado, talvez não pelo pai dele, mas por vocês. Eu tenho certeza que ele vai ter uma família perfeita. Afinal, eu tenho. – Ela disse, nos abraçando.
O que me disse me comoveu e fez escorrer uma lágrima pela minha face. Era verdade. Éramos uma família e sempre estaríamos assim uns pros outros. Se eu precisasse de qualquer coisa, eu podia contar com Diego, Bruno, , , Dan, Dash, Dave, Jamilla, Rogério e até mesmo com Pinguin, por mais que ele fosse todo....Chato. E eles comigo, com certeza.
– Vou deitar lá no quarto pra relaxar, não quero agitar mais meu bebê. – Ela disse, enxugando a lágrima. – Vai ficar tudo bem, . Qualquer coisa bate lá.
Como assim ela estava me confortando? Eu é que devia consolar ela! Eu me acomodei em Diego e me senti bem novamente. Tudo ia ficar bem... Mas por que eu estava com essa sensação de que algo ruim vai acontecer bem de repente?
– Vamos pro quarto, ? – Ele perguntou, sorrindo pra mim.
Eu apenas levantei e o segui pro meu quarto, e deitei ao lado dele quando ele deitou na minha -ops, nossa- cama.
– Sabe, eu meio que entendo o Vinicius. – Ele falou depois que eu me aconcheguei no seu peito.
Virei-me para ele no mesmo instante, incapaz de falar alguma coisa, com o choque no meu rosto. Mas Di foi logo se explicando.
–Esse negócio de mandar abortar foi absurdo, sim. Mas pensa só, , se você fica grávida agora, com toda essa loucura na sua faculdade e a banda finalmente deslanchando, não íamos ter tempo pra nada. Um bebê estragaria tudo. – Ele disse.
– Mas é por isso que ele vai abandonar a ? Não mesmo. Ele fez, agora ele se responsabilize. – Eu disse, inflamada. – E eu não acredito que você ia me deixar se eu engravidasse.
– De maneira nenhuma eu te deixaria, . – Ele disse, passando a mão no meu rosto, pra me confortar. – Mas ia ser uma puta confusão.
– Isso não quer dizer nada. Juntos, a gente daria um jeito, Di. Mas sozinha, não vai conseguir... – Eu disse, me lamentando por minha amiga. Deixei a segunda lágrima da manhã escorrer.
– Claro que vai, amor. E se não conseguir, ela não está sozinha, sempre vai ter alguém aqui pra ela. Tudo dá certo, né?
– Espero que sim, Di, espero que sim... – Eu disse, encostando minha cabeça no peito dele e descansando.



Acordei no dia seguinte com um monte de beijos, em todo o meu rosto. Era meu amado namorado, me dando um feliz aniversário. Que amor. Abri meus olhos contente, e sorri pra ele.
– Parabéns, ! – Diego disse, me dando um daqueles beijos desentupidor de pia, que só ele sabia dar.
– Obrigada, obrigada,obrigada... - Eu falei, quando paramos de nos beijar, devolvendo aqueles beijinhos no rosto que ele me dera pra me acordar.
Mas nosso momento não durou muito tempo. Logo, todos os meus amigos entraram no quarto, segurando um bolo gigante e cantando parabéns. Depois de soprar as velinhas, sem fazer pedido (eu sempre esquecia), eu recebi um abraço apertado de cada um deles e começamos a pensar em um lugar para festejar.
Depois de muita discussão, acabamos decidindo por ficar em casa. Bruno, , Dave, Jami, Dash, , Dan, Rogério, Pin, eu, Diego e mais alguns amigos abrimos uma roda na varanda, e ficamos conversando, almoçando e festejando.
Até que chegou uma hora que Dave, Dash, Dan, Diego e Bruno se retiraram e voltaram alguns minutos depois, com os violões na mão.
– Vamos tocar pra vocês nosso novo single. –Di disse, sorrindo e olhando diretamente pra mim. – Nós fizemos pensando nas nossas minas, e...
– Eu acho que elas vão saber quando é a parte delas, né? – Bruno interrompeu, parecendo meio nervoso.
– É. 5,6,7,8... – Dan contou, antes deles começarem uma melodia delicada com os violões.
– Who o ow, who o o o ow, who o oaaaa, ye ye yeah. – Diego começou cantando suavemente, os olhos em mim. – O simples torna ela demais.
– Quinta o shopping, domingo os pais. – Bruno completou, olhando pra .
–Tento entender, porque ainda ligo pra você. – Dan disse e eu olhei pra por um momento,vendo o rosto dela queimar. – Ela só me diz não, pra mim já tornou padrão e faz por querer. Te vejo na minha. Vai ser só minha. Falo tão sério, é sério você vai. Vai ser só minha, vem ser só minha.
– Vai ser, você. – Era a vez de Dave. – Aposto um beijo que você me quer. –Ele cantou e Jami mandou um beijinho pra ele.
– Who o ow, who o o o ow, who o oaaaa. – Dash entoou, sem olhar pra ninguém em especial.
– Eu te completo, baby. – Bruno cantou de novo, os olhos queimando na . – Who o ow,who o o o ow,who o oaaaa.
– Vem que é certo, baby. – Dan sorriu pra de novo. Own.
– Sempre escuta as bandas que eu nunca ouvi. – Dave continuou.
– Sempre de vestido pra sair. – Bruno usou sua voz pra cantar novamente.- Quando ela sai, não importa pra onde vai, sempre com o cartão do Pai, compra tudo e se distrai. Te vejo, Te vejo na minha. Vai ser só minha. Falo tão sério, é sério você vai. Vai ser só minha,vem ser só minha.
– Vai ser, você. – Meu Diego continuou e eu senti meus olhos encherem de lágrimas. – Aposto um beijo que você me quer. Who o ow,who o o o ow,who o oaaaa. Eu te completo, baby.
– Who o ow,who o o o ow,who o oaaaa. Vem que é certo, baby. – Dash cantou novamente, sem olhar pra nada. Hm, estaria ele em um romance com alguém que não fosse do grupo?
– Te ver no sábado e escutar tudo que eu já sei, pude decorar. Não é fácil, eu não me faço. – Diego entoou novamente. – Egoísta sim, eu não nego, por isso insisto em ti e me entrego mais. Maaaaais.
– Who o ow,who o o o ow,who o oaaaa. Vai ser você. – Bruno cantou de novo. – Aposto um beijo que você me quer!
– O simples torna ela demais. – Diego.
– Quinta o shopping, domingo os pais. – Bruno.
– Paguei pra ver, por que ainda ligo pra você? Yeah. – Danilo.
Os quatro meninos cantando pra uma garota em especial só tiveram tempo pra tirar a viola do colo. Eu e minhas quatro companheiras, com as lágrimas transbordando corremos pra dar um beijo.
Sim, quatro. Danilo conseguiu enfim o beijo apostado de . E foi lindo. Não que eu tenha olhado muito, porque eu tava muito ocupada, dando um beijo no amor da minha vida. Mas Rogério assegurou-nos que foi perfeito.
Dash ficou meio cabisbaixo depois de cantar a música, mas não quis dizer porquê.
Depois que nos recompomos, voltamos a sentar na roda, e eu perguntei:
– Qual é o nome da música?
– Garota radical. – Diego disse, dando um sorriso de orelha a orelha.
–COMOASSIM? – surtou. E eu estava rindo muito. e Jami me acompanharam.
– O Dan não gostou, mas a maioria vence. – Dash respondeu por todos.
– Eu gostei. Tá engraçadão. – Eu disse sorrindo de volta.
–Pronto, está decidido, a gostou e é aniversário dela, ela escolhe. – Dave completou.
E assim ficou o nome do single dos meninos e eu tinha certeza, aquela música conseguiria efetivar o contrato deles com a Universal Music. E eles finalmente teriam o álbum tão sonhado.
E eu me sentia bem, por fazer parte disso. Ganhei uma música de aniversário, vi mais um casal dos meus melhores amigos se juntar .Conseguimos até esquecer da mudança no dia seguinte. Tudo isso junto, no mesmo dia. Se minha vida melhorasse, estragava.



Acordei no dia seguinte me sentindo mal, embora não tivesse bebido uma gota de álcool no dia anterior. Era o grande dia da mudança. Diego ainda estava deitado ao meu lado, de bruços, ressonando suavemente, sem blusa. Desci meu olhar por seu corpo e notei que não tínhamos aproveitado a noite do meu aniversário.
20 anos, temos que aproveitar, né. Quando percorri com os olhos a bunda deliciosa dele, imediatamente lembrei da parte do aproveitamento. Comecei a deslizar pelo lençol, suavemente e me montei nas costas dele, botando uma perna de cada lado de seu corpo.
Usei minha língua para acariciar da nuca até o meio das costas dele e depois soprei aonde havia lambido, vendo os pelos de Diego se arrepiarem.
... – Ele murmurou, a voz rouca, eu não sabia se de sono ou tesão.
Eu aproveitei como incentivo e passei minhas unhas suavemente por suas costas, sem deixar marca. Dessa vez eu ouvi um rosnado e soltei uma risadinha, enquanto Di se virava em baixo de mim, de modo que eu podia sentir sua ereção.
– Hm, alguém estava bem animadinho ai em baixo. – Eu murmurei, lambendo os lábios.
– Você provocou, amor. – Ele disse, enquanto me puxava pra um beijo devastador e passava as mãos por meu corpo inteiro.
Eu me esqueci de respirar por um segundo, mas no segundo seguinte eu já estava bagunçando seus cabelos loiros novamente. Puxei de leve seus cabelos, ouvindo mais um arfar dele.
Música pros meus ouvidos.
– Chega de brincar, . – Ele disse, a voz ainda rouca, e inverteu nossas posições, ficando em cima. Puxou-me de volta pra outro beijo selvagem, nossas línguas brincavam entre si enquanto Diego manuseava meus seios como um profissional.
Gemi baixinho e ele deu uma risada.
– Disse alguma coisa, amor? – Ele perguntou, o cinismo tingindo sua voz. – Mais, Diego. Por favor, AGORA. – Eu gemi novamente, sentindo sua mão apertando minha bunda.
– Como quiser, amor. – Ele disse prontamente, tirando minha camisola e escorregando suas boxers pelas pernas. Eram a única coisa que ele estava vestindo.
Eu soltei mais um gemido, dessa vez não tão baixo, quando vi seu membro rijo saltando das boxers. Eu mesma me dei ao trabalho de tirar minha calcinha
– Olha quem está apressadinha hoje. – Diego disse novamente.
– Anda logo, porra. – Eu murmurei, frustrada.
– Eu amo essa tua boca suja. – Ele falou, me puxando pra um beijo e finalmente entrando fundo em mim. Soltei um grito de prazer abafado pelo beijo e Diego grunhiu novamente em meus lábios.
Nossos movimentos se tornaram cada vez mais rápidos e nos misturávamos em um só, em um prazer infinito. Chegamos ao orgasmo juntos e satisfeitos e ele plantou um beijo na minha testa, me acomodando em um abraço.
– Eu amo você. – Ele disse, e eu suspirei.
– Eu também, meu Diego.
Passados alguns minutos para recuperarmos nosso fôlego e levantamos pra tomar um banho juntos. Vestimo-nos adequadamente e saímos do quarto de mãos dadas, já vendo elétrica.
. – Onde vocês estavam? Por que demoraram tanto? – Ela perguntou e reparei que os homens do caminhão de mudanças já recebiam as ordens de .
Eu senti meu rosto corar, mas Diego respondeu por mim.
– Estávamos no quarto, ninguém combinou um horário pra acordar.
– É,desculpe. – Ela disse, e eu fui correndo abraçá-la.
–É hoje, uma era chegando ao fim. –Eu murmurei, já sentindo meus olhos transbordarem.
– Sim, . Mas não vamos pensar nisso agora, ok? – me consolou, sorrindo.
– Onde está ? – Diego perguntou, se jogando no sofá e ligando a televisão. Ele já estava acostumado com a casa, pelo visto. – Foi com o Danilo fazer o ultrassom. – respondeu, encarando os homens levando sua cama para o elevador. – Deve chegar daqui a pouco.
Com o Danilo? Taí uma coisa diferente. Mas eu achava que isso ia fazer muito bem pra minha amiga, ela e Danilo acabaram de engatar no relacionamento, mas ele gostava muito dela e não ia magoá-la assim.
– Ah...Quer alguma ajuda, ? –Perguntei, dando um sorriso pra minha melhor amiga.
– Não, , estou bem. – E eu sabia que ela estava. Se tinha algo que ela fazia como ninguém era dar ordens.
Eu sentei-me ao lado de Diego e após alguns minutos, vimos Danilo desviar de um dos caras da mudança, com embaixo do braço.
– E então? – perguntou, dando pulinhos. – Vou ter um afilhado ou afilhada?
Sim, a filha ou filho de seria afilhada de , por mais que eu estivesse com ciúmes. Havíamos tirado no palitinho e ficaria com o filho de , eu com a de e com o meu.
. – Meninas, digam oi pra Manuella. – disse e eu e saímos correndo pra afagar a barriga dela, aos gritos.
Danilo afastou-se de nós e foi sentar-se com Diego.
– O Dan está sendo um amor com tudo isso. Ele vai assumir a Manu. – Ela disse, olhando pra ele, que não havia ouvido o que ela tinha falado por estar muito interessado em um jogo qualquer.
– Uau. –Eu murmurei. – Manu é bem sortuda, vai ter todos nós.
sendo modesta, pra variar. – bufou e eu soltei uma risada.
– Ela está certa. – disse, nos olhando. – Eu amo vocês. E mesmo que nós não estejamos juntas 24hrs por dia agora, vamos nos ver toda hora.
– Vocês prometem? – Perguntou , com lágrimas nos olhos.
– Sim, pulga. Prometemos. – Eu disse, rindo dela.
Quando os caras da mudança terminaram com os móveis e intermináveis malas da , partimos pra pegar as coisas de Bruno, atrás do caminhão. Assim que pegamos as coisas no apê dos meninos, seguimos rumo à nova casa do meu casal sertanejo favorito.
A casa era linda. Os móveis todos muito bem escolhidos e apenas os do quarto antigos. “Pra quê trocar uma cama que está dando certo?” Bruno disse, quando nós questionamos o motivo da não troca da cama, com um sorriso safado no rosto.
Ficamos lá ajudando à organizar tudo até 00h, quando voltamos pra casa, pra enfim morarmos juntos, de verdade.




's POV

~2 MESES DEPOIS~

15 de setembro tinha tudo pra ser um dos dias mais normais da minha vida. Mas não foi.
Acordei naquele dia com um cansaço imenso por causa de todas as práticas da noite anterior. Eu e Diego havíamos feito uma comemoração adiantada pelo nosso aniversário de quatro (UAU, QUATRO!) meses.
A mão dele estava entrelaçada na minha e estávamos de conchinha, como costumávamos dormir,e foi então que eu vi um risco preto no antebraço dele. Fui olhar de perto pra ver o que era e parecia uma tatuagem. Um , tatuado no antebraço dele.
Wow, definitivamente estávamos indo rápido demais. Mas ficaria tudo bem, certo?
Percorri os contornos da letra delicada e vi os pelos do braço de Diego se eriçarem.
Sorri comigo mesma, e chamei-o.
– Amor? – murmurei, dando um beijinho suave na sua mão.
– Hm? – Ele disse, a voz sonolenta.
. – Que tatuagem é essa? – Eu falei, e ele levantou, agitado.
– Tatuagem? Não tenho tatuagem nenhuma. – Ele respondeu, puxando o braço da minha mão.
Puxei seu braço e indiquei o .
– Não mesmo? – Ok, eu fiz, há 3 semanas. Era uma surpresa pra de noite. Estou escondendo de você há todo esse tempo, e agora, logo hoje, você viu?
– Digamos que não sou a namorada mais observadora, né. – Eu ri baixinho. –Desculpe por estragar a surpresa, mas obrigada.
– Nada, tudo pra você. Nosso jantar de hoje ainda está de pé? – Ele disse, parecendo estar meio nervoso.
– Claro, Di. Só que eu tenho aula hoje, daí quando eu chegar só me arrumo rapidinho e a gente vai... – Dei um sorriso, puxando ele pra um beijinho de bom dia.
Levantei, finalmente, e fui pro banheiro tomar um banho e me arrumar para o dia de faculdade, enquanto Diego voltou a dormir.
O dia passou voando e já eram por volta das seis e meia da noite, já estava na hora de voltar pra casa com , e sua barriga de 6 meses já grande. Manuella nasceria em dezembro.
– Temos que terminar de fazer teu enxoval, . – disse, saltitante.
– Mais coisas? Manuella já tá cheia de coisas. Deu, . – bufou.
– Eu tenho que passar no shopping agora, pra comprar o presente de Diego, se quiserem ir comigo ver alguma coisa... – Eu falei e ficou mais animada ainda.
– Eu estou me sentindo mal... , se importa de me levar em casa? – falou. Era dia de rodízio do carro dela, por isso ela estava de carona comigo.
– Sem problemas, amiga. – Ela falou, abrindo seu carro, que estava estacionado ao lado do meu no estacionamento do campus. – Beijo . Até amanhã, bom jantar hoje.
– Beijo, amigasss! – Gritei, soprando um beijo.
– Beijo, . – disse sorrindo.
. Entrei no carro e dirigi até o shopping. Eu não havia tomado café nem almoçado por falta de tempo, e por isso estava com uma dor de cabeça chata... Mas nada fora do normal.
. Passei em frente há uma loja de lingerie feminina e fiquei na porta, me perguntando se devia entrar ou não e comprar uma surpresinha pra de noite. Eu estava dando o primeiro passo pra entrar quando tudo ficou escuro e eu senti meu corpo caindo.

--


DIEGO NARRANDO.
Era hoje, o grande dia. Eu finalmente pediria em casamento.
Eu estava organizando o quarto pra grande noite. Nós sairíamos pra jantar, eu pediria champanhe e daria um jeito de jogar a aliança na taça dela. Eu havia comprado uma com um diamante bonito, que eu tinha certeza que ela gostaria, era simples e combinava com meu amor.
Após o jantar, nós viríamos pra casa ( não ia estar aqui, por um favor que eu cobrei de Danilo) e faríamos amor a noite toda, como sempre. Era perfeito.
Eu estava jogando pétalas de rosa sobre a cama quando recebi uma ligação no celular, de .

MÚSICA OBRIGATÓRIA PRO POST ( http://www.youtube.com/watch?v=erspkBDsTm0&feature=fvw ) =)

– Oi, amor. – O senhor é parente de ?
– Sim, namorado. O que houve com ela? – Eu falei, desesperado.
– O senhor poderia vir ao hospital Mandaqui?
– Posso. Ela está bem? – Eu disse, já pegando o elevador.
– Quando o senhor chegar, procure pela Doutora Juliana Marques, por favor. O hospital agradece. – A voz da senhora disse, antes de desligar.
Puta merda, o que havia acontecido com a ? Meu cérebro só conseguia focar na minha garota, meu amor, enquanto meus pés apertavam com força o acelerador pra lutar conta o trânsito de São Paulo.
Cada rua que eu virava me deixava mais perto de saber o que aconteceu, e mesmo assim eu não me acalmava. O que teria acontecido com ela? Ela parecia bem de manhã, quando estragou minha surpresa da tatuagem.
Finalmente parei meu carro no lado de fora do hospital, possivelmente em uma vaga proibida, e saí correndo pra procurar a tal doutora Juliana.
Na mesa da frente tinha uma recepcionista, então eu logo falei com ela.
– Senhora, onde está a doutora Juliana Marques? Eu recebi uma ligação e a minha namorada está aqui em algum lugar e eu não sei o que houve... – Eu falei bem rápido e a recepcionista me olhou.
–Sim, o senhor é o namorado da , certo? A Doutora Juliana já vem conversar com o senhor. – Ela disse, chamando a doutora no microfone do hospital.
Não demorou a aparecer uma mulher de cerca de 30 anos de idade, toda de branco com um óculos de grau no rosto e uma prancheta na mão.
– Doutora Juliana? – Perguntei.
– Sim. – Ela disse, sorrindo pra mim. – Em que posso ajudar?
– Sou o namorado da . – Eu disse. Por que eles estavam me enrolando tanto?
– Ah,claro. Sua namorada estava no shopping quando passou mal, desmaiou, e aí trouxeram ela pra cá. Agora ela já está bem.
– Onde ela está? – Eu disse, suspirando em alívio.
– Eu liguei para o senhor para que viesse buscá-la, mas ela insistiu em ir sozinha. Foi há cerca de 15 minutos.
– Obrigado.
Voei pra casa querendo ver logo como estava e saí do hospital com tanta pressa que esqueci de perguntar o motivo do desmaio. Mas provavelmente era por pressão baixa ou pouca glicose no sangue. vivia esquecendo de comer.
Quando cheguei, encontrei a porta aberta, e fui direto pro quarto. A cama continuava com as pétalas que eu tinha jogado, mas agora tinha um bilhete em cima.
“Tive que ir. Ficou muito para mim e não dava mais. Acabou.”


FIM



Nota da Autora (07/10/2014): Meninas, amei escrever a Remembering pra vocês. Queria agradecer por cada up, cada suspiro, cada risada que eu possa ter arrancado de vocês e também por ter me aguentado até o fim.
Eu amo vocês, não me matem por esse post. hahahaha
ps: Sim, vamos ter uma continuação *o* aiuerhaiuehaiuehaiueha Mas eu não sei quando vai sair, mas sempre que bater uma saudadinha vocês deixem reviews, mensagens, fiquem a vontadeee! beijo


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