~~Esta Fic é baseada na música ‘’Sakura’’ de Yui Horie~~
Chapter One
Debaixo da cerejeira, onde as flores caem como o ar invisível...
Lá estava uma bela garota, cabelos curtos e castanhos que balançavam de acordo com a brisa fria do inverno. Ela escutava música, a qual a fazia ter seu próprio mundo onde não existia mais ninguém além dela mesma.
Todos os dias eram a mesma coisa, em sua escola ela não conversava com ninguém e ficava ansiosa, esperando que a aula acabasse logo para ir ao seu lugar secreto e, até mesmo no inverno, belo.
Então ela se sentou novamente debaixo da cerejeira. Por ela, ficaria todo o tempo ali, afinal era um lugar calmo... silencioso, que muitas vezes acalmava seu desesperado coração que apenas buscava conforto e a descoberta dela mesma. Mas naquele dia era diferente.
A garota levantou o olhar quando percebeu que alguém a observava, era um menino alto, branco de cabelos loiros e logo ela percebeu que ele devia ser de alguma excursão por aparentar uns 18 anos, a mesma idade dela. Ele deu um sorriso doce.
- Por que está aqui sozinha? – ele perguntou em inglês.
- Eu gosto de ficar aqui. – ela respondeu na mesma língua.
Mesmo estando curiosa sobre o garoto, ela se manteve quieta escutando a sua música, logo tirou os olhos dele e se concentrou nas outras cerejeiras a sua frente.
- Como você se chama? – o garoto tentou puxar conversa. Ela se virou novamente para ele, o encarando delicadamente e, na sua resposta, a pronúncia de suas palavras era como uma melodia:
- Utau Yume.
Depois disso, ela continuou observando a paisagem a sua frente.
O garoto sorriu e sussurrou:
- O meu nome é Adam Douceur.
Ela se levantou devagar e ele a fitou curioso.
- Tenho que ir. – sussurrou.
Ele pegou seu braço, parando-a.
- Prazer em te conhecer.
- O mesmo. – ela sorriu rapidamente e andou rápido. Seu coração martelava apressadamente como nunca antes. ‘’O que foi aquilo?’’ pensou enquanto caminhava para a sua casa. Ninguém nunca havia a tocado antes, ninguém nunca tinha sido gentil com ela. Em sua escola, por ela ser quieta, todos a achavam esquisita, então ela não tinha amigos, mas também não sabia quando isso havia começado. Por que ela não conseguia fazer amigos? Talvez porque nem ela se conhecia, então ela não podia deixar que alguém a conhecesse, mas como ela se conheceria? Ela queria se tornar alguém, ela queria ser como uma flor de cerejeira, que brota no fim do inverno marcando o inicio da primavera, ela queria florescer e ser tão bela quanto aquela flor. Ela queria marcar o inicio ou fim de algo. Ela queria viver o presente sem medo.
Chapter Two
- Utau? – alguém a chamou. A menina ergueu os olhos para a porta de seu quarto e rapidamente parou de tocar seu violino, pondo-o em cima de sua cama com cuidado.
- Sim? – respondeu.
- Pode descer um instantinho? – pediu sua mãe sorrindo.
A garota, como sempre, obedeceu sua mãe de bom grado, desceu da cama devagar e seguiu sua mãe das escadas até a sala de estar.
Quando chegaram lá, a mãe entregou uma caixa enorme para ela, fazendo gestos com a cabeça para que a filha abrisse.
Utau abriu a caixa delicadamente e teve uma surpresa ao ver o que tinha dentro. Era uma boneca de porcelana com cabelos loiros e um belo vestido bordado branco.
- Parece com a boneca que papai me deu. –ela sorriu e deu um forte abraço em sua mãe, algumas lágrimas de felicidade escorreram por suas bochechas.
Quando Utau tinha oito anos, ela e seu pai estavam voltando de uma lojinha de bonecas próximo a sua casa para comprar seu presente de natal quando sofreram um acidente. Ela apenas quebrou uma perna, mas seu pai, depois de ter ficado preso às ferragens, morreu a caminho do hospital. Desde então ela se trancou em seu próprio mundo, esperando se tornar mais forte aos poucos. Ela nunca vira a boneca novamente.
Até agora.
- Obrigada. – ela sorriu tanto por fora quanto por dentro. Fazia anos que não ganhava um abraço tão forte assim, já que sua mãe vivia trabalhando para sustentar o que sobrou da família e pagar as contas que o pai deixou para trás e, mesmo que não parecesse, a mulher ainda tinha que lidar com a dor da perda que, mesmo não parecendo, ela sofria mais que sua filha e por isso queria fazê-la feliz, achando que, se tirasse um sorriso de Utau, seu coração ficaria completo.
Ele acordou de manhã cedo e andou depressa até o pequeno bosque de cerejeiras onde a havia encontrado no dia anterior. Seus olhos azuis observaram o bosque inteiro até encontrar a imensa cerejeira do dia anterior. Encostou-se na árvore e fechou os olhos, na esperança de conseguir sentir a presença dela. Ele ainda podia lembrar da pequena e breve conversa que teve, e tinha vagas lembranças dos olhos dela que, por um tempo, o fez perceber que ela se sentia como ele. Solitária.
Estar sozinho é diferente de se sentir solitário. Ao contrário de Utau, Adam tinha vários amigos na França e alguns vieram com ele em sua viagem, mas poucos eram os que o entendiam. Havia muitas coisas que ele queria compartilhar, mas não podia porque ninguém o escutava. Às vezes ele mentia para si mesmo, tentando convencer-se de que não precisava de amigos, já que quando era mais novo nunca ligou muito para isso, mas, ao aprender violão, começou a ter sucesso com as meninas e, sendo assim, é claro, os outros meninos queriam saber qual era o segredo. A partir daí, ele conheceu novas pessoas e fez amizades, mas com tudo isso ele ainda se sentia como antes. Até conhecê-la.
A garota misteriosa debaixo da cerejeira cujos cabelos curtos e castanhos balançavam de acordo com a brisa fria de fim do inverno. ‘’Utau Yume’’ foi como ela se apresentou. Esse nome... Ele nunca iria esquecer.
Chapter Three
Ela caminhava calmamente em direção ao seu lugar secreto quando reparou que alguém estava lá. Quanto mais chegava perto, mais podia perceber quem era... ‘’O menino de ontem? O que ele faz aqui? ‘’ pensou, mas continuou andando.
- Bom dia. – ele sorriu para ela, que olhou para baixo envergonhada.
-Bom dia. – retribuiu ela subindo o olhar para ele. – O que faz aqui?
Ele a observou, tentando desvendar qual seria sua reação se ele ficasse por mais cinco minutos em silêncio apenas a fitando.
- Você sempre vem aqui? –perguntou ele, ignorando a pergunta dela. Já que ele a havia ignorado, ela não via o porquê de responder a pergunta dele.
Ela se sentou debaixo da sombra da árvore e colocou os seus fones, demonstrando que não gostaria que ele a interrompesse de forma alguma e que talvez, talvez ela não gostasse de sua presença (foi o que ele fingiu interpretar).
- Parece que sim. – ele sorriu e sentou-se ao lado dela. Ela continuou concentrada em seus fones e fechou os olhos. – Utau, é? ‘’Utau’’... Seria o significado para música em japonês, não é?
A pergunta a fez virar-se para ele. Ela assentiu e virou-se novamente para o lado onde estava antes.
- Agora eu posso entender porque gosta tanto de música. –ele sussurrou para si mesmo e experimentou fechar os olhos assim como a garota ao seu lado.
Então ambos sentiram a brisa vinda das árvores. Mas esta brisa não era mais tão fria como a do dia anterior, ela era mais calma e mais quente. Era a brisa que silenciosamente anunciava o início da primavera.
Quando ele abriu os olhos, percebeu que ela não estava mais lá e, é claro, reparou que havia tirado um cochilo. ‘’Droga’’, pensou ao olhar o relógio e ver que eram 4:30 da tarde. Adam correu feito um louco para a casa onde estava hospedado, ao chegar lá, quem o recebeu foi a dona da casa, Hina Miyako, a mãe de seu amigo mais próximo e às vezes considerado o melhor amigo, James Miyako.
- Chegou atrasado, hein, Adam? Os garotos estão assistindo filme. – ela sorriu e fez um gesto para ele entrar.
Ele retribuiu o sorriso e entrou, sentando-se ao lado de James e de mais três colegas de sala: Henry, David e August. James era alto e tinha cabelos pretos e olhos puxados como o de sua mãe, os olhos azuis eram de seu pai, Francês. Henry era de tamanho mediano, moreno e olhos castanhos, ele estudou na mesma escola de música que Adam quando mais jovens. David era pelo menos um cara esperto e estudioso, não era tão retardado quanto August e Henry, ele tinha cabelos cacheados e loiros, olhos verdes esmeralda. E, finalmente, havia August, o mais calmo, menos quando bebia. Tendo cabelos castanhos na altura do ombro e olhos castanhos cor de mel.
- Olha quem chegou! – anunciou Henry animado.
- Na metade do filme. – completou James, passando a pipoca para Adam.
- Obrigado. – ele disse tirando uma mão cheia de pipoca e tentando se concentrar no filme a sua frente, porém ao mesmo tempo pensando no que Utau estaria fazendo.
Chapter Four
- Estou saindo. – a menina avisou à mãe. Com uma bolsa vermelha, ela saiu de casa em rumo ao seu lugar secreto. Era primavera, finalmente. Utau esperava a cada ano para que as flores da cerejeira nascessem, mas, enquanto isso, mesmo assim ela se sentava na mesma árvore e sofria o luto que a árvore devia sentir. Porém, mesmo sem flores, a cerejeira ainda era alegre e tinha cores ao seu redor, isso era uma das coisas que Utau mais gostava naquela planta.
Ela se sentou e encostou-se na árvore e olhou para cima, sorrindo ao ver o que parecia ser o céu, rosado pelas flores que ao som do vento pareciam dançar ao se movimentar.
A primavera era a única época do ano em que Utau deixava de ouvir a sua preciosa música para ouvir o silencioso som daquele bosque intenso. Ela fechou os olhos.
Mas logo foi interrompida por uma voz brevemente conhecida.
- Olá. – Adam sorria ao vê-la abrindo os olhos.
- Oi. – ela sussurrou. E fechou os olhos novamente tentando ter um pouco de paz novamente.
- Então... Você parece gostar mesmo daqui. –ele disse ao se sentar ao lado dela.
- É, você parece gostar também. – Adam sentiu-se surpreso ao ouvir pela primeira vez a menina falando sem sussurrar.
- Talvez. – ele respondeu pensando no dia anterior, em como ele não conseguiu assistir o filme para viajar em seus pensamentos e imaginar o que a garota poderia estar fazendo, então, resolveu perguntar. –O que você faz depois que vai embora? Digo, daqui. Sua mãe não se importa que você passe horas fora de casa?
- Não.
Adam iria refazer a primeira pergunta, já que ela não havia respondido, mas resolveu deixar para lá, talvez ela não quisesse responder, ou talvez aquela pergunta fosse pessoal demais. Ele resolveu fazer assim como ela, fechar os olhos e sentir a brisa. Ela era incrivelmente boa, porém, ela não deixava Adam relaxado como Utau, ele ficava ansioso toda vez que estava sentindo aquela brisa, talvez por estar do lado daquela silenciosa garota. Ele suspirou.
- Você toca algo?
- Violino. E você? – Adam sentiu-se surpreso ao perceber que a menina havia feito a primeira pergunta direcionada a ele.
- Violão. – Utau abriu os olhos rapidamente e virou-se para ele, interessada.
- Eu quero te ouvir tocar. – ela sorriu.
Ele arregalou os olhos, mas não pode deixar de sorrir. Afinal, ele havia conseguido fazer com que ela quisesse conhecê-lo de alguma forma. Algumas pessoas dizem que podem ser conhecidas através da música, e Adam era do tipo que preferia tocar ao invés de falar.
- Amanhã eu trago o violão. – ele disse e ela assentiu ainda com o belo sorriso no rosto. – Mas só se você também tocar o violino para mim.
A menina rapidamente desfez o sorriso, e Adam percebeu que ela havia corado.
- Tudo bem, você não precisa trazer amanhã. Mas tem que me prometer que um dia você vai tocar para mim.
Ela sorriu.
- Então... Até amanhã. – ela disse ao se levantar.
- Vai aonde? – ele perguntou, já que era de manhã.
- Tenho escola. – ela deu um meio sorriso, depois se virou e foi embora.
Utau sentiu seu coração acelerar novamente. Mas por quê? Ela nunca havia sentido algo como aquilo antes. Ela respirou fundo e continuou a andar.
Adam, durante o caminho para a casa, não conseguia deixar de sorrir. Finalmente, depois de dois pequenos dias de poucas trocas de palavras, ele conseguira ter uma conversa que ele chamava de decente com aquela garota. Bem, agora só faltava ele escolher uma música para tocar. Mas isso era o de menos, afinal, ele tinha conseguido uma grande vitória naquele dia.
Chapter Five
Eram seis e meia de uma manhã ensolarada, os únicos acordados na casa eram Adam, James e Henry, que assistia à televisão, enquanto os outros dois se distraíam jogando xadrez. Bem, pelo menos James, já que seu melhor amigo já estava distraído com outra coisa.
- Hey, Adam, é a sua vez. – disse James impaciente enquanto esperava que Adam movesse uma peça do tabuleiro.
Henry riu enquanto, lentamente, Adam movia a peça.
- Realmente, Adam, onde é que você está? –James perguntou.
- Onde eu poderia estar? Eu estou na sua casa. Agora, você já pode mexer uma peça. – ele sorriu como se estivesse tudo bem. E na verdade, não estava. Ele tinha uma preocupação: escolher uma música para tocar em cinco horas, que desculpa ele daria para James?
James moveu uma peça, devorando a peça de Adam que ao perceber o olhou assustado.
- Tudo bem, vamos encerrar aqui. Não quero ganhar de lavada. –James revirou os olhos e foi guardando as peças junto com o tabuleiro na mais alta prateleira de sua casa, que ficava em cima da televisão.
-Ei! – reclamou Henry.
-Já to saindo. Escola, lembra? Eu, pelo menos, estudo.
- Estamos de folga. – Henry retrucou.
James riu secamente e pegou sua mochila azul, caneta, parou na porta e gritou:
- Estou saindo, mãe!
Henry tapou os ouvidos.
- Já ouvi, já ouvi! – Hina falou, andando até a sala e, ao chegar, dando um beijo de despedida no filho, que saiu às pressas, como se fosse o fim do mundo. Às vezes, Adam ficava pensando o que deixava seu amigo tão estressado daquele jeito. Talvez as notas estejam abaixando? Já que da última vez que James ficou tão estressado foi quando havia tirado nota baixa. Mas até que Adam havia se acostumado com esses estresses que logo passavam.
- Adam? Posso falar com você? – Hina pediu para que Adam entrasse na cozinha, onde poderiam conversar sem interrupções de algum dos meninos que ainda estavam na casa. Ao chegar lá, ela pediu para que ele se sentasse com um estranho sorriso alegre no rosto.
- Então... Sobre o que gostaria de falar Sra. Miyako?
Ela suspirou.
- Onde tem passado a sua tarde? Quero dizer, eu nunca vi você passando mais tardes aqui desde essa semana. O que tem acontecido?
Ele ficou alguns minutos se perguntando se poderia contar a Hina onde ele passava as tardes, mas achou que não deveria falar, já que parecia que Utau guardava aquele lugar para si e por isso não chamava ninguém para ir.
- Tenho passeado por aí, conhecendo coisas novas, você sabe. – ele sorriu deixando estampado em sua cara que estava mentindo, ainda mais Hina que conhecia muito bem uma mentira de garoto.
- Conhecendo coisas novas eu tenho certeza. Mas, passeando? – Hina sorriu maliciosamente como se soubesse de tudo. –Adam, não tem porque me esconder, está na cara que você esta passando a tarde com uma menina. Sabe que eu te conheço desde pequeno.
Ele deu um meio sorriso.
- Não conte para eles.
- Não conto, se você me contar quem é a garota. – ela sorriu curiosa, até apoiou a cabeça nas mãos em um gesto de ouvinte.
Adam fechou os olhos pensando em como descreveria Utau.
Então os abriu.
- O nome dela é Utau Yume, tem cabelos castanhos, olhos de mesma cor, no início ela era bem quieta, ainda é, mas me pediu para tocar uma música no violão para ela hoje.
- Utau... Yume? Eu a vi quando era pequena, ela tocava violino perfeitamente. –Hina sorriu ao se lembrar da pequena menina que antigamente possuía longos cabelos e que, mesmo sendo tímida no início, conseguia fazer com que todos sorrissem. –Nunca mais a vi desde o incidente com o pai.
Adam tirou o sorriso do rosto.
- O que aconteceu?
- Sofreram um acidente, ele morreu. A última vez que a vi, ela estava com um rosto tão triste...
- Você gostaria de vê-la de novo? – perguntou ele.
- É claro que sim. Só não sei se ela vai se lembrar de mim, mas ela será bem vinda aqui de novo, Adam, até porque agora você gosta dela, não é?
Desde quando Adam gostava dela? Ele pensou nisso por alguns minutos e quis saber o que sentia pela misteriosa garota que encontrou há quatro dias, sentada debaixo de uma alta cerejeira, ouvindo música e que mal falava com ele. Até o dia anterior, e mesmo assim, todo o dia que ele se sentava ao seu lado e ouvia a sua suave voz, ele sentia algo no peito diferente do que havia sentido antes pelas primeiras garotas que passaram na sua vida.
- É, eu acho que sim. – ele disse. Hina sorriu.
- Ótimo, traga ela aqui o mais rápido possível!
Chapter Six
Ela se sentou no mesmo lugar de sempre: embaixo de sua cerejeira favorita, esperando que ele chegasse. Ele pôde percebê-la de longe, já que era a única menina que ele encontrava todos os dias no mesmo lugar. Ele sorriu e foi andando ao seu encontro, levando consigo seu violão.
Ao sentar-se ao lado dela, ela o ajudou a tirar o violão da capa, então ele se posicionou a frente dela.
- Qual música? – ela perguntou, seus olhos brilhavam de curiosidade.
- É surpresa. – ele retribuiu o sorriso e começou a tocar.
~~ Ed Sheeran – Give Me Love ~~
- Give me love… like her. – Ao começar a cantar, ele olhou nos olhos dela e sorriu, podendo perceber que ela corou, mas não deixou de retribuir o sorriso. - 'cause lately I've been waking up alone. Paint splattered teardrops on my shirt,
‘’Told you I'd let them go,
And that I'll fight my corner,
Maybe tonight I'll call ya,
Adam sorriu novamente para ela, que estava com os olhos atentos, prestando toda a atenção que podia lhe oferecer. Algumas vezes ela olhava para as mãos delicadas dele ao tocar as cordas do violão, talvez até tenha gravado algumas notas.
After my blood turns into alcohol,
No, I just wanna hold ya.
Give a little time to me or burn this out,
We'll play hide and seek to turn this around,
All I want is the taste that your lips allow,’’
- My, my, my, my, oh give me love. –Adam fixou seus olhos em Utau e sorriu novamente, um sorriso belo, que Utau não via fazia muito tempo. - My, my, my, my, oh...give me love.
‘’Give me love like never before,
'cause lately I've been craving more,
And it's been a while but I still feel the same,
Maybe I should let you go, – Ele tirou o sorriso do rosto.
You know I'll fight my corner,
And that tonight I'll call ya,
After my blood is drowning in alcohol,
No I just wanna hold ya.’’
Utau sorriu e, é claro, ele retribuiu mais outro longo sorriso.
‘’Give a little time to me or burn this out,
We'll play hide and seek to turn this around,
All I want is the taste that your lips allow,’’
- My my my my. – Ela cantou sorrindo.
- Oh give me love. – ele finalizou, ambos com os olhos fixos um no outro.
Ele suspirou e se encostou ao lado dela, deixando o violão deitado em cima das flores de cerejeira que haviam caído há tempos atrás.
- Você toca muito bem. – Ela o elogiou.
- Obrigado. – Adam encostou a cabeça na árvore. – Agora eu entendo porque você gosta de ficar aqui, é calmo e você consegue refletir. – disse ele olhando para cima, os galhos que balançavam. Utau resolveu acompanhar seu olhar.
- Às vezes eu quero ser como essa arvore... Mesmo ela perdendo as flores, ela continua colorida e alegre de algum jeito...
Quando ela falou como se sentia, ele percebeu do que ela estava falando... O acidente que tinha acontecido quando ela ainda era pequena. Então era por isso que ela gostava tanto de ficar naquele bosque, porque ela se espelhava naquela árvore e tinha esperanças de que um dia ela seria forte como ela.
- Utau?
- Sim?
- Você vai encontrar a luz, algum dia. Enquanto isso, você só precisa procurar. – ele fechou os olhos.
- Eu sei. – ela sussurrou e fechou os olhos lentamente, sentindo a brisa calorosa e fria ao mesmo tempo.
Chapter Seven
- Adam, você pode me passar aquele prato? – pediu Hina, enquanto estavam arrumando a mesa para o almoço.
Ele passou o prato. James passou por sua frente e Henry se sentou ao lado de David, que estava arrumando os lugares onde cada talher ficava.
- Vamos comer com talher? – estranhou David. – Faz meses que não como com talher...
August riu.
- Temos visitas.
- Namoradinha de Adam. – completou Henry.
Adam revirou os olhos.
- Nem eu entendo porque vamos comer de talher, afinal ela também é daqui.
Hina suspirou e colocou uma panela enorme em cima da mesa.
- Vocês não tem senso de estilo? Estamos tentando algo novo.
James sentou-se perto de August.
- É bem capaz dela nem saber como se come com talher.
Hina se virou para ele e lhe lançou um olhar ameaçador.
- Se você sabe comer de talher, com certeza ela vai saber.
Adam olha o relógio. Eram 11:30.
- Eu vou buscá-la. – disse ele pegando um casaco que estava em cima de sua cadeira e correndo até a porta.
- Cuidado para não ser atropelado. – avisou Hina. – Quando se tem muita pressa, a visão fica turva, como dizia a minha falecida avó.
- Isso mesmo. – riu August fazendo com que os outros três rissem.
Adam andava depressa até onde tinha marcado para encontrar Utau, o lugar onde sempre se encontravam. Ele ficava imaginando como aquele almoço seria, como Utau pensaria dele depois daquele almoço. Aquilo, para ele, significava muito.
Ele parou por um segundo ao ver Utau e prendeu-se aos seus belos olhos castanhos. Ela estava tão... diferente. Tão bonita. Ela estava com um belo e rodado vestido rosa claro, que era bordado nas pontas, e um arco branco em sua cabeça, além de ter passado um batom rosa claro. Ele nunca a vira tão bonita como ela estava naquele dia.
- Uau. – ele disse sorrindo. Ela retribuiu o sorriso e deu uma volta para que ele pudesse ver melhor.
- Bonito, não é? Minha mãe comprou para mim no verão passado.
- Fica ainda mais bonito em você. – ele lançou outro sorriso e percebeu que ambos coraram. – Bem, vamos?
Ela assentiu.
Eles andaram em silêncio até a casa de Hina. Ao chegar lá, Adam bateu na porta e ela mesma atendeu.
- Olá! – disse Hina, com um sorriso enorme no rosto e seu olhar era direcionado totalmente para Utau. –Como você cresceu, está linda.
Utau sorriu.
- Então... vamos entrando. Todos já estão sentados, somente esperando vocês.
Quando entraram na cozinha, Henry estava se preparando para pegar uma torrada. Percebendo o olhar ameaçador de Hina, ele deixou a torrada escapar de suas mãos e voltou ao seu lugar rapidamente, como se nada houvesse acontecido.
Adam puxou a cadeira para que Utau pudesse se sentar. Depois ele se sentou ao seu lado.
- Agora podemos comer? – perguntou Henry, fitando a torrada como se fosse a única comida que houvesse no mundo inteiro.
Hina revirou os olhos.
- Coma logo essa torrada.
August sorriu para Utau.
- Oi, eu sou August!
- Você me lembra aqueles bonecos de desenhos infantis fazendo isso. – riu Henry. – Eu sou Henry!
August olhou sério para Henry.
- E você parece o quê?
- Eu pareço eu.
August revirou os olhos e se serviu.
- Oi. – sorriu Utau.
- E eu sou James. – ele esticou a mão para que pudesse cumprimentá-la.
- E eu sou David. – ele sorriu. – E você deve ser Utau.
Ela retribuiu o sorriso.
- Já pode se servir, Utau. – Hina disse com um sorriso radiante. Utau fitou Adam, que estava se servindo, então ela fez o mesmo.
Hina sentou-se a sua frente.
- Ei, August, você vem sempre aqui? – perguntou Henry com um garfo na boca.
- Sempre que você não esteja aqui.
- Mas agora eu estou.
- Mas amanhã você não vai estar.
David riu.
- É tanta inteligência...
James revirou os olhos e continuou a comer.
- É tanta inteligência que me dá câncer. – Adam riu.
Hina fitou Utau.
- Garotos. – ela balançou a cabeça rindo para Utau, que soltou um risinho.
Depois do almoço foi decidido – por August e Henry - que teria uma queda de braços. August contra Henry, é claro.
Ambos se sentaram em suas cadeiras e apoiaram seus braços nas mesas.
- Eu sei que você me ama. – Henry jogou beijos para August, que fez uma careta.
- Eu não quero nem ver... - David encostou a cabeça nos ombros de James.
- O que acontece se um deles perderem? – perguntou Utau, já percebendo que ambos não eram normais.
- A única coisa que eles vão perder é um braço. – riu Adam.
Hina ficou na frente da mesa e anunciou:
- Começar!
Henry lançou um olhar malicioso para August.
- Se eu ganhar, você vai lavar todas as minhas cuecas por um mês. E vai me amar, é claro.
- Se eu ganhar, você vai tirar uma foto da sua bunda e postar no facebook.
Henry o encarou.
Depois de cinco minutos foi anunciado empate, já que Hina não queria que nenhum dos dois tirassem fotos de bundas e postassem no facebook.
- AAAAAah! Mas terá revanche! – Anunciou Henry.
- E dá próxima você vai postar a foto da sua bunda no facebook. – disse August se sentando no sofá e ligando a TV.
- Você tem realmente uma quedinha pela minha bunda, não é, August? Quer vê-la? – Henry virou-se a frente de August.
- Eu não, sai pra lá, bundão. – ele empurrou Henry de sua frente.
Utau olhou o relógio dourado que estava na parede a sua frente.
- Acho que eu tenho que ir. – disse ela.
- Já?? – perguntou David fazendo biquinho. James o empurrou.
Ela assentiu.
- Bem, até a próxima então. – falou Henry se sentando ao lado de August. – Hina você pode fazer pipoca?
Ela o encarou.
- Tire a sua bunda do sofá e faça sua própria pipoca. – ela se virou para Utau e Adam, que já estavam na porta. –Adorei rever você, outro dia nós marcamos novamente. – ela sorriu e deu-lhe um abraço.
Utau retribuiu o sorriso.
- Obrigada pelo dia engraçado. – Utau disse para Adam enquanto eles caminhavam até a casa dela.
- Sério? Achei que tivesse se assustado. – ele riu.
Ela negou com a cabeça.
- Foi realmente divertido.
Ambos se olharam nos olhos e sorriram.
- Tchau. – ela sussurrou sorrindo e entrou em sua casa.
Chapter Eight
Ela caminhava em direção ao seu lugar secreto. Incrivelmente, aquele dia estava tão frio quanto o primeiro dia em que o conheceu, ela andava com algo na mão, algo que estava dentro de uma capa. Era delicado e suave, assim como ela, e quando o tocava, nas notas que soavam era o que Utau não tinha coragem de dizer.
Ela se sentou debaixo da cerejeira e o esperou, tentando se acalmar para que não se esquecesse das notas. As notas que falariam por ela.
E então ele chegou e lhe perguntou o que ela tinha trazido. Ela sorriu e tirou o instrumento delicado de sua capa.
- É a minha vez de tocar, não é?
Utau se levantou, lentamente, e pôs o violino em sua posição. E começou a passar suavemente o arco em suas delicadas cordas. E de lá saiu um doce som que acompanhava o remexer das cerejeiras ao vento.
Era uma música que Adam nunca havia escutado antes, mas que o impressionou tanto que ele não conseguia tirar os olhos da delicadeza em que o arco encostava-se às cordas. Era um som confortável mesmo com alguns tons tristes que depois subiam e se transformavam em algo quase que romântico e feliz. Havia esperança naquela música.
E então a música foi ficando mais lenta e mais doce do que já era. E assim acabou como tudo que é bom acaba um dia.
- Você toca perfeitamente. – ele sorriu.
- Não foi o que eu havia dito para você? – ela riu e se sentou ao lado dele.
Ele riu.
- Sabe... é incrível como tudo que não conseguimos dizer, a música consegue dizer... – ele disse.
- Ela diz sem palavras. É por isso que gosto de ouvir todos os tipos de sons possíveis. Cada um demonstra algo. Assim como a cerejeira, o rio demonstra calma, a noite demonstra o silêncio. E nós acabamos ficando atraídos pelo som. Alguns mais belos que os outros, mas, mesmo assim, conseguem completar um coração. – ela olhou para cima em esperança de que pudesse ouvir algo naquela manhã fria, porém, ensolarada. – Eu costumava pensar que eu nunca iria encontrar o meu destino. Mas, depois de vir todos os dias e escutar o som das cerejeiras, eu senti que, um dia, não tão distante, eu iria poder sorrir como eu fazia antes. E esse seria o meu destino.
Adam suspirou.
- Há dois anos, eu costumava achar que chorar era coisa que só fracos faziam. Mas você, realmente, muda de ideia quando perde alguém, afinal, quando se perde alguém você, imediatamente, é obrigado a chorar, e assim eu fui obrigado a perceber que, mesmo aos choros, eu havia mudado, eu tinha me transformado em uma pessoa melhor, sabe? Eu costumava não ligar para ninguém, somente para mim mesmo, e então essa pessoa morreu e eu percebi que eu tinha que dar mais valor à minha vida e as pessoas que me acompanhavam nela.
Utau encostou a cabeça no ombro de Adam.
- Pelo menos agora você é bom. Não é? – ela fechou os olhos.
- É. – ele sussurrou.
Ela abriu os olhos e se levantou, ele fez o mesmo. Os corações de ambos estavam acelerados. Eles se entreolharam e Adam, lentamente, foi chegando perto. Eles fecharam os olhos, lentamente, em busca de algo novo, e então ele a beijou.
- Tem algo a dizer? – ela perguntou aos sussurros, se afastando dele.
Ele não respondeu, então ela se virou. Ele se perguntou o que tinha acontecido e por que ele não havia a respondido.
Os dois foram para suas casas e não se viram durante dois dias.
Chapter Nine
Afinal, o que tinha acontecido há dois dias? Por que ela não conseguia procurá-lo novamente para esclarecer? Ela apenas decidiu que ficar dentro de casa seria uma ótima ideia para ignorar o que tinha acontecido. Mas por que ela não poderia tomar uma atitude?
É porque, desde pequena, ela aprendeu com os contos de fadas que era o príncipe que tomava a atitude e talvez por isso ela tenha ficado assustada por ele não ter falado o que ela queria ouvir.
Mas, na vida real, não existiam príncipes. A vida não era como um conto de fadas, só tinha apenas alguns momentos felizes. Então por que ela não poderia ir até ele e lhe falar?
Utau desceu as escadas, correndo, a única coisa que ela pegou foi uma bolsa.
- Onde está indo com tanta pressa? – perguntou sua mãe.
- Tenho algo a dizer para uma pessoa. – ela sorriu e abraçou sua mãe e depois saiu rapidamente pela porta, correndo como se fosse o fim do mundo.
Adam... ele havia a salvado, ele a tinha encontrado e tinha a tirado de um enorme poço escuro e silencioso. Ele tinha iluminado a sua vida, que, antes, era tão nublada até quando não era inverno; e então chegou a doce primavera e junto com ela lhe trouxe ele e a fez enxergar algo que não tinha visto antes. Um destino. Um dia radiante e ensolarado. Uma felicidade depois de tantos anos.
Ela fechou os olhos e tocou a porta. Hina a abriu com um sorriso enorme no rosto.
- Preciso falar com Adam... A senhora pode chamá-lo aqui?
- É claro. Espere um minuto. – Hina entrou na casa e o chamou. Dois minutos depois, ele apareceu na porta.
Utau correu até ele e lhe deu um abraço. Adam arregalou os olhos, surpreso, e com delicadeza cercou os braços em volta dela.
- Eu te amo. – ela sussurrou.
- Eu também te amo. – ele a abraçou mais forte e segurou, delicadamente, seu queixo, puxando-a para mais perto e dando-lhe um beijo intenso e suave.
Chapter Ten
Debaixo da cerejeira, onde as flores caem como o ar invisível...
Estavam uma bela garota e um garoto sorrindo ao observar o movimentar das cerejeiras. Era o termino da primavera e o início do verão. Naquele dia, o sol brilhava e encantava todos que passavam por aquele bosque. Naquele dia, as flores estavam mais rosadas e os apaixonados diriam que era por causa do amor.
Adam colocou uma flor de cerejeira no cabelo de Utau, os dois sorriram. Depois ambos fecharam os olhos, entrelaçaram as mãos e sentiram a última brisa daquela primavera perfeita.
O amor é como uma canção e a canção do amor suave é pura como uma flor de cerejeira.
Desconhecida como uma flor descansando em um sonho. Um doce sonho.