CAPÍTULOS: [01][02][03][04][05][06][07][08][09][10][11][Epílogo]









Última atualização: 05/09/2017

Capítulo 1


Alguns duvidam que eu tenha um coração, aqui, dentro do peito .
Mamãe diz que eu não o uso para economiza-lo
Mas a verdade, é que, só fui ter a certeza de que tinha um quando ele quase parou de bater. Irônico, não?


10 de Novembro,2013

Um quarto comum, como o de qualquer garota. Paredes pintadas de azul claro, guarda-roupas bagunçado, livros espalhados, um computador e uma adolescente jogada na cama dormindo até tarde em um sábado.
- , levanta pelo amor de Deus! Temos muita coisa para fazer hoje! Temos o vestido, as unhas, o cabelo! Oh, céus, deve estar pior que um ninho de pássaros! - A mulher loira e alta gritou entrando no quarto. Lisa listava afobada os planos que tinha em mente.
As garotas da idade dela, ou como prefere dizer, as “garotas normais” geralmente faziam isso com as amigas, mas não possuía nenhuma. Garotas são fúteis e falsas, por isso prefere Jerry, que é a junção de um melhor amigo homem com a diversão de um amigo gay.Com Jerry ao seu lado ela não precisa de mais nada. Eles se entendem com olhares, sem precisar de palavras ou gestos. Mas ele não podia ir, disse que tinha compromissos.
A garota já estava acordada porém ficou jogada na cama pensando no sonho que havia tido e tentando tomar coragem para se levantar da cama.
- Para que tudo isso, mãe?! Dessa vez você até deu sorte, eu ainda não me revoltei e joguei tudo para o alto. Não ligaria nem um pouco em aparecer lá de pijama. - Resmungou a garota.
- Só se quisesse me matar do coração. – Disse, rindo e saindo do quarto, bufou e levantou.
- Ah, pare de me chamar cama. Eu não posso ficar o dia todo com você. - Virou fitando a cama ainda bagunçada – Infelizmente. - Murmurou indo para o banheiro.
Horrível.
Essa palavra definia bem o estado de refletido no espelho. Seus cabelos, que antes estavam amarrados em um coque, se encontravam desgrenhados. checou as olheiras, que ficavam em evidência sob sua pele pálida, sempre, quando ela não tinha uma noite descente de sono.
A adolescente estava passando pela fase difícil, aquela entre os 12 e 18 anos, que você se achava feia, gorda e blá, blá, blá... Lisa sempre lhe dizia o quanto era linda, porém, para ela isso é coisa de mãe.
Uma das poucas coisas que ela gosta em si mesma é seu sorriso, ela adora as covinhas que aparecem em suas bochechas a cada vez que sorri.
Despiu-se e entrou no box. Durante o banho, a garota lembrava de seu sonho. Zac Efron corria atrás dela na areia da praia quando, sem querer, caiu. Deitada sob a areia, observou Zac se inclinar sobre ela dando aquele maravilhoso sorriso Colgate. Estava hipnotizada por aqueles olhos azul piscina e quando o Deus grego ia se aproximar para enfim beijá-la, Lisa interrompeu!
Deveria ser crime atrapalhar sonhos.
Depois de passar um dia inteiro sendo maquiada, arrumando o cabelo e fazendo as unhas, ela estava pronta. Vestiu o vestido com cuidado para não desarrumar nada e foi em direção ao objeto mais temido por ela. Respirou fundo se sentando na cama.
- Olha aqui, eu também não gosto de você, mas teremos que nos ajudar, só por hoje. – Falou olhando para o par de salto-altos, preferia mil vezes as sapatilhas confortáveis, as quais estava acostumada a usar.
Riu ao perceber a idiotice que estava cometendo ao falar com os sapatos e andou com cuidado até o espelho.
- Uau, que gata! - Foi a primeira vez que ela deu razão à mãe. Ela era linda, ou pelo menos estava naquela roupa.
Desceu as escadas um pouco ofegante. tentava se recuperar dos tropeços que levou quando estava indo em direção as escadas e xingava Jerry mentalmente por falar que andar de saltos era fácil, ele mentiu descaradamente para ela. Lisa sorriu com os olhos marejados ao ver a filha tão linda. O vestido preto havia combinado perfeitamente com a pele branca da garota. O amigo sorriu abertamente batendo palminhas ao vê-la tão perfeita.
- Mãe, não chora. - Sorriu - Sua manteiga derretida.
- Sou mesmo. - Riram - Você está uma princesa.
- Uh, está uma loucura amiga! - Ela riu com o comentário do amigo - Só vim ver se você iria mesmo colocar os saltos - Revirou seus olhos - Já vou indo. Irei com a minha mãe.
Jerry e o pai não se falavam, ele nunca aceitou o fato do filho ser gay, sempre o amparava após as discussões dele com o pai. Ele estava lindo naquele terno, parecia um príncipe só que meio... afeminado por culpa da gravata cor de rosa.
Lisa e foram para o carro animadas. A mulher dirigia tranquilamente até o local onde seria a festa de formatura, que era longe, estava preocupada, elas chegariam atrasadas e o trânsito estava horrível, virou-se para o lado fitando o céu estrelado de Londres. Pensou no pai e em como seria a vida dela se ele estivesse com elas. Não, ele não morreu. Lisa pediu o divórcio logo após uma burrada que ele fez, uma traição. nunca viu o rosto do pai, nem por fotos. A garota bufou ao olhar no relógio.
- Eu sei, estamos atrasadas. - Liza disse prevendo que iria reclamar. Acelerou o veículo quando chegaram em uma estrada onde não haviam muitos carros - Maldito trânsito, nos atrasou! - bufou a mãe batendo uma das mãos no volante.
- Acelera mais!
A garota estava uma pilha de nervos por conta da formatura, ela esperou o ano todo por esse dia e não poderia chegar atrasada, de jeito nenhum.
- Ah, vamos chegar lá no final! – Bufou, cruzando os braços - Dylan já deve estar lá. - A mãe se desesperou ao ver a hora no celular e acelerou mais, não gostava quando ela dirigia assim, mas era preciso. Segurou-se no banco com medo, sentindo um frio na barriga. Uma placa de trânsito avisava: “Cuidado! Curva perigosa!”. Tarde demais. Ela estava indo rápido demais e não pode ver o caminhão que vinha na pista contrária, um clarão invadiu os olhos de ambas, só se pode ouvir uma buzina alta e ensurdecedora. E logo depois, veio a escuridão.

(...)

O hospital todo branco estava calmo. Dylan estava lá. O garoto recebeu uma ligação, o celular de ainda estava intacto e o loiro era o primeiro número dentre os contatos da garota. Ele correu para o hospital e telefonou para a única pessoa da família que havia conhecido. Olivia, a mãe de Lisa. O hospital entrou em contato com ela, a única familiar que morava em Londres, Olivia já estava a caminho.
O loiro, muito bem vestido com um terno preto e gravata azul, estava sentado com a cabeça baixa, preocupado com elas quando o médico finalmente chegou.

- Responsáveis por Chiesa? - Dylan levantou rapidamente.
- Sim, e Lisa Chiesa. - Acrescentou o garoto. - Como elas estão? - A expressão no rosto do garoto demonstrava sua preocupação.
- O acidente foi grave. Um caminhão estraçalhou o carro em que elas estavam. É um milagre ela ter sobrevivido. - O médico disse sério.
O coração dele apertou, como assim ela? O medo lhe fez tremer...
- Ela? - Disse com os olhos marejados
- Lisa Chiesa... Ela infelizmente não resistiu. O banco do motorista foi o mais atingido. - Dylan abaixou a cabeça. - Sinto muito.
- E ? - Sua voz saiu trêmula.
- O estado dela é grave.
- Posso vê-la? - Disse ainda abalado com a notícia que acabara de receber, ele realmente não imaginava que o acidente havia sido tão grave assim.
- Tem certeza? - O médico perguntou receoso.
- Como assim tem certeza?! O que ela tem?! - Dylan se desesperou.
- Ela está em coma. - O loiro assentiu segurando as lágrimas.
O homem fez um sinal para que ele o seguisse, a porta branca se abriu fazendo Dylan cobrir a boca com uma das mãos, ele não podia acreditar no que estava acontecendo.
- Só uns minutinhos. - O médico saiu fechando a porta em seguida.
Uma lágrima caiu dos olhos castanhos do garoto. estava imóvel sob a cama, com alguns machucados pelo rosto, haviam, também, vários tubos ligados à ela, nem respirar conseguia sozinha. Ela parecia tão frágil, coisa que nunca deixou transparecer a ninguém.
O garoto tratou de secar as lágrimas, imaginou o xingando, ela odiava quando sentiam pena dela.
- Eu não vou deixar você e espero que não me deixe também – Inclinou-se beijando a testa da garota.

Capítulo 2


andava um pouco desorientada. Haviam várias pessoas no corredor branco cheio de bancos e portas. Ela varreu o lugar com os olhos avistando uma mulher, muito bem vestida, sentada, fitando o próprio celular pensativa. Sem esperar muito foi em sua direção.
- Desculpe incomodar, mas...Onde estou? - Perguntou cordialmente, mas a mulher nada fez, nem ao menos demonstrou alguma reação.
- Ignorante - disse rude, levantando-se e indo atrás de um rapaz vestido com uma espécie de uniforme azul que passava pelo local, em uma de suas mãos havia uma prancheta onde ele fazia algumas anotações – Moço, eu... - parou de falar ao perceber que fora ignorada novamente - Mas o que há com vocês? Por acaso estão cegos! - Berrou tentando chamar atenção de alguém. Mas ela parecia estar invisível.

De repente, ouviu uma risada atrás de si e virou para olhar, logo percebeu que aquele homem risonho era a única pessoa que a enxergava.
- Está rindo do que? - Perguntou irritada.

- Desculpe, é que você é engraçada . - O homem de barba e cabelos longos deu de ombros, ao se recuperar do riso.

- Olha, para essa conversa realmente ir para frente eu preciso saber quem é você. – Responde em um tom sarcástico. - Sabe, é aquela velha história do “não fale com estranhos”? - Ele riu novamente. bufou irritada, ela adorava fazer as pessoas rirem, mas naquelee momento ela não estava gostando nem um pouco do bom-humor do homem. Ela queria respostas.
- Lisa estava certa, você é hilária! - Exclamou.

Uma senhora adentrou uma das salas do extenso corredor chamando a atenção de ,que a seguiu com o olhar curiosa para saber o que havia dentro da sala.

- Não faz ideia de onde está, não é? - Ela apenas negou com a cabeça. Um homem vestido com um jaleco banco passou pelos dois ,ele parecia cabisbaixo ,seus olhos escuros estavam marejados - Siga-o e descobrirá.

foi atrás do homem que andava lentamente, parecia estar com um peso enorme sob as costas. Logo chegou em uma espécie de sala de espera, foi cercado por um grupo de pessoas, seus olhares eram apreensivos e preocupados.
- Doutor, pelo amor de Deus! Como está o meu marido? Como foi a cirurgia?! - Uma mulher que chorava copiosamente perguntou.
- Espera... Estamos em um hospital? - A garota se virou encontrando o homem ao seu lado. Forçou um pouco a memória e de repente tudo veio à tona. A noite do baile. Sua mãe indo cada vez mais depressa com o carro. E por fim, o clarão que invadiu seus olhos.
- O acidente... - Sussurrou para si mesma.

O homem apenas assentiu e indicou com a cabeça para que voltasse a prestar atenção na conversa.

O médico explicava como havia sido a tal cirurgia, usava termos médicos desconhecidos por , enquanto a família só assentia, fingindo estar entendendo tudo, mas o que realmente todos ali queriam saber viria a seguir.

- A cirurgia foi complicada, a probabilidade de algo dar errado era muito alta... Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas, infelizmente, ele se foi - Choros e gritos ecoaram pela recepção do hospital. então se deu conta do que estava acontecendo ali. Por mais que ela suspeitasse que tudo aquilo não passasse de um sonho ruim, começou a pensar o pior.

- E-eu também morri?
- Não, , você não morreu – Observou-a respirar aliviada. - Venha comigo. - Ela o seguiu entrando em um dos quartos.

Levou um choque ao ver a mãe deitada e imóvel, correu até a cama e se debruçou sobre o corpo gélido dela a abraçando. Seu desespero era indescritível.

- O que está fazendo aí parado? Ajude-a! - berrou levantando a cabeça, com o rosto completamente molhado pelas lágrimas. Ele apenas olhou para o chão, fazendo-a cair em um choro contínuo.
- Por favor, eu só tenho a ela! - Suplicou.
- Você sabe que isso é mentira; - Ela encarou-o confusa - , sabe que não está sozinha... - Acariciou seus cabelos - Mas não consegue esquecer tudo o que ouviu de sua mãe. Você o odeia não é mesmo? - Ela se levantou o olhando intrigada - Uns o consideram um herói, um exemplo, aquele que coloca medo nos aspirantes a namorado, aquele que ensina a andar de bicicleta, sempre o protetor. Você cresceu escutando isso de tantas pessoas, mas nunca soube bem o que é sentir admiração por ele. O homem que foi embora sem dar nenhum sinal de que se importava com você. Sua mãe não é mais a mesma depois que ele se foi e a deixou sozinha com uma bebe recém-nascida nos braços. E então, todos os anos, no dia dos pais, você se trancava no quarto e se permitia chorar por um desconhecido. Apesar de ele não merecer aquelas lágrimas.
- M- meu pai... - Falou chocada. - Como sabe de tudo isso?
- Eu simplesmente te observei. - Suas respostas instigaram a fazer mais perguntas, isso já estava irritando-a, mas ela apenas bufou.
- Vem cá, você é um admirador secreto ou algo do tipo? -arqueou as sobrancelhas e ele apenas negou com a cabeça, sorrindo.
- Aposto que vai querer dar uma espiadinha no quarto ao lado. - Deu uma piscadela.

pegou na mão da mãe, depositou um beijo e saiu em disparada para o quarto ao lado. Girou a maçaneta receosa, a porta branca do quarto revelou uma garota desacordada em uma cama de hospital cheia de tubos e fios ligados ela.

- Não! Não pode ser eu. Eu estou aqui e não naquela cama! Não pode ser! – O desespero tomou conta de sua voz, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto e seu coração parecia que iria sair pela boca.
- Por que você não me diz logo quem você é? Você é Deus? Por que está fazendo isso comigo?
- Porque seu coração ainda possui ódio. Você é muito rancorosa. - Explicou ignorando as primeiras perguntas. Quem ele era não importava, ele só queria ajudar. - E isso me impede de tomar minha decisão.
- Não, deixe-me viver! - Exclamou já sabendo qual era a outra opção.
- Isso só depende de você.
- O que eu posso fazer?
- Você deve me mostrar que é capaz de amar, realmente, alguém. Um amor tão intenso que supere todo esse ódio. - ficou extremamente confusa, mais do que já estava.
- Mas eu já amo alguém incondicionalmente, minha mãe! E também... Tem o Dylan - Argumentou.
- , sua mãe vai comigo. - O homem misterioso disse.

A garota sentiu uma dor enorme, o choro e o desespero vieram em conjunto, deixando a garota totalmente sem ação. Já não sabia mais se realmente queria viver.
- Não. – Soluçou. - Espera... Você pode me levar no lugar dela. - Propôs a menina em desespero.
- Não, não posso. Entenda , já está na hora dela, falei com Lisa e ela concordou em vir comigo. – Respondeu. E, como se estivesse sentindo a dor dela, abraçou-a forte. sentiu uma paz enorme naquele abraço, as lágrimas desciam aos montes. Ele parecia saber exatamente do que ela precisava.

- E sobre o Dylan... Você e eu sabemos que você não o ama de verdade. – Separou-se do abraço encarando-a, ela assentiu, tentando se recompor.

No fundo, já sabia disso, nunca o amou, desde o começo ela sabia que aquilo que sentia não era ou seria amor. Quando Dylan a pediu em namoro, ela simplesmente aceitou. Nunca disse as famosas três palavras para o namorado, na verdade nem para a própria mãe.

- Tudo bem, e como eu vou fazer isso? – Questionou em um fio de voz, enquanto secava o rosto - Quero dizer, como eu vou achar essa pessoa se ninguém me vê?
- Você vai saber quando acha-lo. - Sorriu sereno.
- Mas como...
- ...No momento certo, eu te mostrarei. – Interrompeu-a, sorrindo tranquilamente.
- Esse mistério todo já está me dando nos nervos. - Bufou cruzando os braços.

O homem dos olhos claros como o céu riu, ele simplesmente adorava irritar .


12 de Fevereiro,2014

perambulava pela casa, quando ouviu a porta se abrir. Era quarta-feira Leonardo iria levar mais um interessado em comprar a casa.

Ela se distraia como podia, saía as vezes para observar as pessoas, vez ou outra colocava vídeos antigos só para escutar mais uma vez a voz da mãe. Ah, como sentia a sua falta. Sentou-se no sofá cruzando as pernas despreocupada, enquanto os dois "invadiam" sua casa.

- Será que eles ainda não perceberam que esta casa já tem uma dona! - Bufou.
- Podemos fechar o negócio hoje mesmo! - Leonardo, o homem baixo e um tanto gordinho conversava com o garoto que o acompanhava.

Ele falava dos cômodos que havia na casa enquanto o garoto, muito bonito por sinal, observava cada detalhe da sala.
- Ele não vai gostar da casa. Parece ter dinheiro, vai querer algo melhor - riu, mas o todo o deboche dela desapareceu quando viu o tal garoto abrir um sorriso.
- Ah, não! Pode ir tirando o cavalinho da chuva! Essa casa é minha!

levantou e deu a volta no sofá, ela berrava palavras de baixo calão no ouvido do garoto, que nem ao menos a notava. já sabia que não podiam vê-la, mas ela não estava raciocinando direito naquele momento.

- É perfeita! - O garoto alto e de olhos verdes exclamou.
- Perfeita para mim! - Ela esbravejou.
- Diz isso porque ainda não viu os quartos. - Leonardo sorriu entusiasmado. Há muito tempo ele vinha tentando vender a casa, mas por algum motivo nunca conseguia fechar a venda. As pessoas ficavam um tempo com a casa, mas dias depois saíam, alegando barulhos estranhos na casa. Ele subiu as escadas e o menino o acompanhou.
- É , hora de colocar o plano em prática. – Suspirou e sorriu em seguida.

Os dois estavam em um dos quartos, grande e amplo. Harry havia adorado a casa. Podia ser simples, e é claro que ele tinha dinheiro para comprar uma mansão mil vezes maior e melhor. Mas algo dizia a ele que tinha que ser essa.
- Vou ficar com a casa. - Ele disse decidido.
- Ótima escolha! Vamos até a sala para acertarmos as coisas. - Leonardo disse sorridente.

estava na cozinha, decidiu que iria reproduzir uma cena que viu em um filme de terror. Abriu todas as portas dos armários e logo depois bateu todas elas, provocando um barulho estrondoso e distraindo Harry justo na hora em que ele iria assinar e fechar a compra.

- O que foi isso? - Harry perguntou assustado.
- Não sei, veio da cozinha. - Eles se levantaram indo até lá.

O cômodo estava normal. A menina se divertia os observando sentada no balcão, Leornado estava pálido de medo.

- Olha, todos que já tentaram morar aqui se queixaram de alguns barulhos, vai ver o bairro é barulhento. Isso é um problema para o senhor? - O homem perguntou receoso. Ele já havia se decidido, aquela seria a última vez que insistia em vender aquela casa.
- Claro que não. - Deu de ombros. - O que mais poderia ser? Um fantasma? - Harry fez uma piada da situação. Leonardo não achou a mínima graça, mas como tinha que agradar o cliente, fingiu rir.
- Sínico - cruzou os braços o fitando incrédula.

Leonardo guiou Harry até a sala novamente, deixando sozinha com seus planos para espantar Harry de sua casa.

(...)


A mudança já havia sido feita, era tarde quando o garoto terminou de arrumar suas roupas no closet, como já ia dormir, Harry decidiu tomar um banho.

chegou no quarto se sentando na cama. Um tempo depois Harry saiu do banheiro com apenas uma toalha envolta da cintura, de repente ele soltou um grito de susto arregalando os olhos.

- Ih... Voce tem essa borboleta tatuada e ainda tem medo de barata? - gargalhou alto - Essa Coca é Fanta! – Continuou, entre uma crise de risos e outra, vermelha e sem ar. Quando se recuperou viu o garoto ali, imóvel. – Ah, meu Deus, você está olhando em minha direção! - Exclamou logo depois de perceber.
- Deve ser uma fã. - Murmurou para si mesmo tentando se recuperar do susto – Olha, se estivesse querendo um autógrafo, era só pedir, não precisava invadir minha casa. – Riu de nervoso - Aliás, por onde você entrou?
- Espera, você pode me ver? - Levantou caminhando até ele, que recuou.
- Você não é uma daquelas fãs loucas, não é? - Perguntou dando passos para longe da garota.
- Fãs? - Riu irônica. – Olha, eu já vi de tudo aqui nesta casa, desde casais gays, bandidos, macumbeiros... Agora, idiotas metidos à pop star, você é o primeiro.
- Você não é uma fã. - Concluiu Harry - Quer dinheiro? - Arqueou as sobrancelhas analisando-a - Não, não você está bem vestida demais para uma mendiga.
- Er... Obrigado? - Fez careta.
- É, gostei do vestido. - Comentou analisando a roupa de . A garota voltou a desconfiar da masculinidade de Harry, novamente, afinal, ele estava interessado no vestido dela! Quando se tocou de que estava conversando normalmente com uma estranha que invadira sua casa, tratou de parar de olhar para as curvas da garota - O que eu estou fazendo! Quero saber o que você faz na minha casa?! - Perguntou irritado.Com toda a correria da mudança ele estava cansado e só queria dormir. O que era impossível com ela ali.
- Não. Você quis dizer MINHA casa! - Exclamou apontando para si mesma.
- Não mesmo! Eu já me mudei e já estou pagando, ela é minha. E você vai sair daqui!
- Nunca! - Ela cruzou os braços - Sabia que eu tenho coisas aqui? Eu posso provar! Conheço cada detalhe dessa casa. - Disse saindo do quarto e descendo as escadas.
Harry foi atrás dela, afinal ela poderia ser uma ladra.
- Esta gaveta! - Ela apontou para primeira gaveta do balcão, cheia de confiança.
- Garota, você é louca?
- Não, e eu vou provar. - Falou convicta - Tente abri-la. - Harry olhou-a confuso, mas tentou abrir em vão, a bendita gaveta simplesmente não abria! , então, bateu com força na parte de cima do balcão, enquanto Harry ainda a encarava sem entender.
- Tente de novo. - Ele bufou e tentou novamente, dessa vez ela abriu.
- E então? - Sorriu vitoriosa.
- E então nada! Anda, vai embora da minha casa. - Ele a puxou pelo pulso. A loira se assustou com seu toque.
- Espera! Você pode me tocar! - Disse impressionada. estava acostumada a ser invisível para os outros, não podiam ouvi-la e muito menos tocá-la. A garota se perguntava porque Harry conseguia.
- Hã? Eu acho melhor você ir a um médico, será que não bateu a cabeça? - A olhava atentamente procurando algum ferimento.
- Bem que eu queria que alguém resolvesse. - Suspirou triste. Harry, que estava quase dormindo em pé de tão cansado, perdeu a cabeça e a puxou com força. Os dois saíram da cozinha e passaram pela sala, se debatia, tentando evitar ser carregada.
- Espera eu ainda não te mostrei o porão! - Tarde demais. Harry já tinha fechado a porta na cara dela. O garoto trancou todas as portas e janelas e se jogou na cama adormecendo rapidamente.

No dia seguinte Harry acordou lembrando do sonho estranho que tivera, que parecia muito real. Levantou e foi até o banheiro, inclinou-se para lavar o rosto e quando se levantou viu pelo espelho a mesma garota do sonho, atrás de si, e ela não estava nada feliz.

- Ah! Que susto! - Gritou - O quê?! Por onde você entrou? Ah, me esqueci de fechar o vaso sanitário. - Riu da própria piada feito um idiota.
- Nossa, você sempre faz essas piadinhas sem-graça logo de manhã? - revirou seus olhos .
- Não te interessa. - Ele deu de ombros e foi escovar os dentes, quando terminou, ela já não estava lá. Desceu indo até a cozinha preparando algo.

Estava tomando o café da manhã normalmente.
- Ah, te achei! - passou pela parede que dividia a sala e a cozinha. Harry se engasgou com a comida ficando vermelho - Está tudo bem? - Ela se aproximou da mesa preocupada, mas Harry se levantou rápido recuando.
- O que foi garoto! - exclamou ela ao vê-lo com os olhos arregalados - Não me diga que é um rato! - arregalou os olhos e subiu rapidamente em uma cadeira.

De repente a campainha tocou. Harry passou as mãos pelos cabelos tentando organizar as ideias, indo atender a porta. No trajeto ele tentava convencer a si mesmo de que estava vendo tudo errado.

- Aquela garota não. Atravessou. Uma. Parede. - Murmurou baixo antes de abrir a porta.
- E aí, cara?! - Louis passou por ele, adentrando na casa – Uau, essa casa é a sua cara! - Exclamou olhando em volta.
- É - Harry murmurou coçando a nuca.
- Harry, você está bem? - Ele olhou-o atentamente - Tá pálido, parece até que viu um fantasma. - Disse o garoto rindo.
- Quase isso. - O garoto dos olhos verdes disse ainda atônito.

Será que ele contava para Louis? Ou era só uma alucinação? Ele nunca acreditou nessa coisa de fantasmas, espíritos ou coisas do tipo, e também, se ele contasse o que viu, Louis o chamaria de louco. Harry decidiu, por fim, levar o amigo até a cozinha e deixar Louis tirar suas próprias conclusões.

- Vem cá. - Louis assentiu seguindo-o até a cozinha. ainda estava em cima da cadeira.
- Cadê o rato? - Ela perguntou com as mãos na cintura.

Harry olhou para ela e em seguida para Louis, que continuava agindo como se os dois estivessem sozinhos no cômodo.

- Louis, você não está vendo ela? - ele apontou para a cadeira. ,que agora estava sentada, lhe lançou um olhar sarcástico.
- Ela quem? - Louis exclamou confuso, vendo a cadeira vazia.

Capítulo 3


- Desiste, garoto. Ele não pode me ver. - falou cruzando os braços, nitidamente entediada.
- Você pelo menos pode ouvi-la? - Harry perguntou a Louis com uma expressão desesperada no rosto.
- Ouvir quem? – Encarou-o estranhando - Cara, eu acho melhor você procurar um médico. - O garoto colocou a mão no ombro de Harry olhando-o preocupado. A assistia a tudo, chorando de rir. Era tão patético.
- Estou falando sério, Louis! Sei que está vendo ela, eu a vejo! - Louis olhou em volta procurando por alguém. Voltou a encarar Styles, completamente confuso. - Ela apareceu aqui ontem anoite, no meu quarto me falando que...
- Então eu acho melhor você ir procurá-la na sua cama - Louis o interrompeu com um sorriso malicioso nos lábios.
- Não seu idiota, eu não dormi com ela! - Exclamou irritado, enquanto puxava os próprios cabelos.
- Melhor eu ir embora, volto outro dia. Tome um banho, deve estar de ressaca. Você bebeu ontem? - Refez o caminho até a sala.
- Eu. Não. Bebi! - Esbravejou seguindo-o.
- Ok. Não quer falar, não fala. - Ergueu as mãos em forma de rendição. - Mas já sabe o que eu acho dessa sua mania de beber para esquecer a Erin. Até mais Hazz. - Saiu porta afora, rindo da careta que Harry fazia. - Olha o que a bebida faz com as pessoas. - Murmurou entrando no carro, indo embora em seguida.
- Argh! Agora ele acha que eu sou louco! Satisfeita?
- E eu acho que ele está certo - sorriu sarcástica.
- Cansei! - ele subiu para o quarto e trocou de roupa, quando desceu as escadas a casa estava silenciosa e vazia. Harry procurou a garota misteriosa em todos os cantos, de um jeito até paranoico, mas não a encontrou. Ele queria sair para se distrair um pouco, mas não poderia deixar uma estranha sozinha na casa dele. - Já deve ter ido embora - murmurou aliviado se virando para abrir a porta.
- Não vou ir embora até fazer da sua vida um inferno. - disse aparecendo subitamente atrás dele. Harry girou os calcanhares, a olhando assustado.
- De onde você surgiu? Brotou do chão? - Exclamou incrédulo.
- Não interessa. - Ela cruzou os braços o encarando.
- Tem razão, não interessa mesmo. Vou sair e adoraria poder trancar a minha casa sem que tenha uma garota desconhecida dentro dela. - Sorriu irônico.
- Ah, vai sair? - Arqueou as sobrancelhas. - Adeus, espero que encontre outra casa rápido! - sorriu entusiasmada.
- Não vou mesmo. E acho melhor você sair antes que eu chame a polícia. Sabe, isso já está me irritando. - Harry se virou novamente para abrir a porta, e quando olhou para onde ela estava, simplesmente havia desaparecido. O que o fez pensar no que ele próprio havia falado mais cedo.

Estava ficando louco.

Já estava entardecendo quando Harry chegou. Tomou um longo banho e se deitou no sofá a fim de assistir um filme. Styles estava querendo aproveitar ao máximo suas tão merecidas e sonhadas férias, ficando jogado no sofá. ficou sentada em um dos degraus da escada, assistindo de longe, no canto dela, estava tão concentrada no filme que não fez barulho algum.

Ao final do filme a foi para um dos quartos sentando-se numa cômoda velha que ali tinha, fitando a janela que estava aberta, deixando à mostra o céu estrelado de Londres. Abraçou os próprios joelhos e ficou lá por um tempo, apenas pensando em sua antiga vida e em como ela faria de tudo para tê-la de volta. Já Harry desligou os aparelhos e subiu indo dormir, apagou a luz e adormeceu rapidamente.

Estava dormindo pesadamente, quando, no meio da noite, pensou ter ouvido um barulho em seu quarto, se remexeu na cama abrindo os olhos devagar. Ali, perto do guarda-roupas, havia uma sombra, parecia alguém o observando. Harry se sentou bruscamente na cama, ascendendo a luz, passou as mãos pelos cabelos nervoso e assustado. Lembrou-se do dia em que a garota misteriosa apareceu por lá, ela dizia toda segura de si que podia provar que realmente morava lá e citou um porão. Harry levantou-se rapidamente e desceu as escadas indo até o tal porão.

A porta estava entreaberta, ao empurrá-la o garoto sentiu um leve arrepio, porém nunca admitiria que estava com medo de uma garota. O cômodo cheirava a mofo, haviam muitas caixas, móveis velhos e empoeirados. O lugar estaria completamente escuro, se não tivesse uma grande janela por onde entrava a luz que vinha da rua, Harry tateou uma das paredes a procura de um interruptor. Ascendeu a luz e abriu uma das primeiras caixas que viu em sua frente, nela haviam mais do que livros e fotos, haviam sorrisos e momentos especiais que ocorreram na vida de .
- Ei! Quem te deixou mexer nas minhas coisas? - exclamou. Só assim, Harry pode perceber sua presença ali.
- Essa é você? - Ele indagou, ignorando a pergunta dela e apontando para uma das fotos em suas mãos, nela havia uma mulher com uma garotinha sorridente no colo, a menina abraçava uma linda boneca de pano. simplesmente assentiu. - Quem é essa mulher?
- Não quero falar sobre ela. - desconversou. Ainda doía falar sobre a mãe. - Está aí a prova de que eu moro aqui.
- E? - Arqueou as sobrancelhas.
- E eu quero que você saia da minha casa, imediatamente. – Disse, cruzando os braços. - Amanhã você pode vir buscar as suas coisas. - Harry riu alto, em completo deboche. Ele, definitivamente, não estava nenhum pouco a fim de sair daquela casa. Depois de tanto procurar, ele finalmente havia encontrado uma que o agradou.
- Isso não muda nada. Não vou sair. - estava começando sentir raiva do sorrisinho irônico de Harry.
- Ah! Quer ajuda com a mudança? - disse sarcástica, saindo do cômodo e indo para a sala. O garoto subiu indo atrás dela, no caminho ele pode ouvir um barulho. Era algo se quebrando.
- Sua maníaca! Larga esse vaso! É da minha mãe! - Harry gritou. Ao ouvir a palavra mãe, sem querer soltou o vaso, fazendo-o se espatifar no chão.
- Desculpa! – Disse, tampando a boca com o susto.
- Desculpas não vão montar o vaso de volta. - Respondeu rudemente, encarando o que restou do vaso preferido da mãe dele, que agora se encontrava em pedaços no chão.
- Qual o seu problema, garota? - Ele exclamou.
- Eu já pedi desculpas, okay?! É... Que você veio colocar mãe no meio e eu... Eu...- Seus olhos estavam marejados.
- Ela...morreu? - Ele perguntou, sentindo culpa. A menina apenas assentiu já sentindo as lágrimas descerem pelo rosto.
- Ela é a mulher da foto. - Disse em um fio de voz.
- Me desculpe, eu não sabia. - Tentou se aproximar, mas recuou.
- Desculpas não irão trazê-la de volta. - Respondeu saindo da sala.

(...)

Antes do dormir, Harry pensava em e em o que havia descoberto sobre a mãe dela.

“O que será que aconteceu com aquela garota? Como ela consegue atravessar paredes e sumir do nada?”. A pergunta principal, que fazia sua cabeça doer, era como ele iria se livrar dela.

Após uma noite, mal, dormida Harry acordou disposto a saber tudo sobre aquela casa. Atravessou a rua indo até a casa vizinha, onde uma senhora de idade se encontrava sentada, relaxando numa cadeira de balanço.
- A senhora poderia me responder algumas perguntas? - A senhora sorriu amigável assentindo. - Eu queria saber quem era o antigo proprietário da casa que eu me mudei dias atrás. - apontou para a casa atrás de si.
- Olha, essa casa já foi quase comprada milhões de vezes. - Disse bem humorada.
- Quase comprada? - Indagou intrigado, sentando-se na pequena escada que havia em frente à casa.
- Todos que tentaram comprá-la desistiram. Já disseram até que tem um espirito morando lá! Dá para acreditar?! - Riu e Harry acompanhou-a assentindo.

É, realmente dava para acreditar.
- Mas quem morou por mais tempo lá foi a Lisa... Lisa Chiesa... Ela morreu em um acidente de carro há alguns meses atrás. - Explicou com o semblante triste.
- Acidente? Como foi esse acidente? - Franziu a testa.
- Ela estava a caminha da formatura da filha, quando um caminhão bateu de frente com o carro. Tadinhas, você precisava ver o estado que ficou o veículo.
- Filha? - Era obvio que Harry já suspeitava que se tratava de , mas se fez de desentendido para que a senhora contasse tudo o que sabia a ele. Viu isso em um filme, estava se sentindo o próprio Sherlock Holmes investigando a vida de . - . - Sorriu amavelmente. - Ela era um amor de pessoa, meio rebelde às vezes, mas uma boa pessoa. Pobrezinha, era tão jovem. - Continuou com o olhar vago. Harry ficou pálido e engasgou com a própria saliva.
- Está tudo bem? Você às conhecia? - Perguntou preocupada.
- Não... – Recuperou-se da tosse - Quero dizer, sim! Minha mãe era amiga de Lisa. - Mentiu.
- Sua mãe perdeu uma grande amiga. - A senhora de cabelos brancos pegou na mão dele.
- É, uma pena. - Levantou – Obrigada, mesmo assim.

O garoto voltou para a casa desorientado, mas não havia como não ficar assustado ao saber que havia uma garota morta, perambulando pela sua casa. Harry estava se sentindo dentro de um filme de terror. Mas nem ele poderia negar que era um espírito muito mais bonito do que os dos filmes.

Quando abriu a porta viu que não havia ninguém na casa, suspirou pesadamente sentando-se no sofá, ainda atento a qualquer barulho, já que costumava aparecer repentinamente. Ouviu batidas na porta dando um pulo do sofá.
- Acho que estou ficando paranoico. - Riu de si mesmo, indo abrir a porta.
- E aí, cara?! - Liam o cumprimentou com um abraço.
- Entra. - Deu espaço para ele passar. O amigo entrou, porém não estava sozinho, estava com Bob.
– Hey, garoto. - Passou a mão no pelo bege do labrador, que latiu em resposta.
- Não vou demorar, só vim ver a casa nova, e saber se você vai viajar nessas férias. - Disse distraidamente sentando no sofá, olhando em volta, e reparando em cada detalhe. Ele também havia gostado da casa.
- Acho que não. - Harry deu de ombros, jogando-se no sofá.
- Você poderia ficar com o Bob? Sabe, eu vou viajar e não sei se vai dar para levar ele. - Harry ficou pensativo, ele adorava o Bob, mas não sabia se iria conseguir dar conta.

Ultimamente ele não estava nem se cuidando direito, imagine cuidar de um cachorro!
- Enquanto você pensa, eu vou ao banheiro. – Disse, indo andar pela casa até achar o cômodo.

Harry ouviu passos na escada e viu descendo sorrateiramente, seus olhos estavam atentos a qualquer movimento. Ela parecia não querer fazer barulho algum, não queria ser vista, o que era inútil já que o único que podia vê-la era Harry.
- Me diz que ele não entrou aqui. - A garota estava pálida.
- Quem? O Liam? Tanto faz, Louis não te viu e com Liam não seria diferente. - Harry deu de ombros.
- Ele não! Aquele bicho que late! - Harry soltou uma risada ao ouvi-la falar aquele jeito. sempre tivera pânico de cachorros, era um trauma de infância.
- Quem? O Bob? - Harry disse confuso. Ao ouvir seu nome, o cachorro se levantou do chão indo até Harry, naquele momento, conseguiu vê-lo e quase subiu correndo. Mas desistiu ao ver o olhar atento do cachorro em si. Se ela corresse, ele iria atrás, o que seria ainda mais aterrorizante para ela.
- Ele é só um cachorro. - Olhou para o cão.
- Não fala essa palavra! - exclamou. - Cachorros... Só de falar já me dá medo. - Ela resmungou, arrepiada. Um sorriso maldoso tomou conta dos lábios de Harry.
- Com quem estava falando? - Liam chegou na sala rindo ao escutar o amigo falando sozinho. Lembrou-se da conversa que havia tido ao telefone com Louis, Harry estava mesmo muito estranho.
- Com Bob. Só estava dando boas-vindas a ele. - Harry lançou um olhar sarcástico para , que cerrava os punhos vermelha de raiva.
- Essas férias vão ser divertidas, não é amigão?! – Disse, fazendo carinho no cachorro, que latiu animado.
- Okay, então, amanhã eu trago Bob e as coisas dele. - Liam foi embora levando Bob junto. Harry fechou a porta e quando se virou, deu de cara com encarando-o raivosa, com os braços cruzados.
- Aquele monstrinho não vai ficar na minha casa. - A garota disse entre dentes.
- Sabe que eu penso o mesmo sobre você? - Riu sarcástico. A garota fuzilou-o com os olhos - MINHA casa, e eu digo que ele fica.

bufou, e quando ia saindo da sala, Harry a puxou pelo braço.
- Me deixa em paz! – Soltou-se indo em direção a cozinha.
- , espera - A garota estremeceu ao ouvi-lo falar seu nome e parou onde estava. - Agora eu sei porque o Liam e o Louis não conseguem te ver.
- C-Como sabe o meu nome? – Virou-se estreitando seus olhos .
- Sei seu nome, sobre o acidente. , alguém precisa te avisar. Você está morta. Não sei o quê ainda faz por aqui, sei lá, tenta seguir a luz. - Harry disse sério, como se fosse dar uma notícia ruim. Mas tudo o que fez foi cair na gargalhada, tendo uma de suas famosas crises de riso.
- Do que você está rindo? - Harry a olhava estranho.
- De você. - Respondeu recuperando-se do riso. - Não estou morta!
- Não? - Fez uma careta.
- Quero dizer, ainda não. - Passou por ele indo se sentar no sofá. Harry sentou ao lado dela e fitou-a confuso.
- Nem vêm! É uma longa história.
- Bom, tenho muito tempo para ouvi-la. - Cruzou os braços.
- Desocupado. – Bufou. – Então, venha comigo - levantou.
- Vamos para aonde? - O garoto franziu a testa.
- Eu disse que era uma longa história. Mas, se eu te contar, você não vai acreditar.
- Como assim? – Harry arqueou as sobrancelhas.
- Só vendo para crer. - Riu nervosa e saiu, puxando-o pela mão até a porta.
- Achei que não podia sair da casa. – Disse a olhando, enquanto eles entravam no carro.
- Eu posso, só não quero. - Deu de ombros.
- Por quê? Deve ser bem legal ser invisível. - Harry disse sorrindo maldoso.
- Já disse o quanto odeio quando sorri assim? - Styles riu - Às vezes é bem engraçado. - Soltou um risinho - Mas não gosto muito de sair, as pessoas são tão patéticas! Umas querem o que não tem, outras tem e querem mais, e mais, pisam nos outros até conseguir o que querem... Não aguento ter que ficar vendo todo esse egoísmo sem poder fazer nada.
- Para onde estamos indo, mesmo?
- Próxima parada: Hospital Saint Peace! – Fez uma voz afetada, rindo em seguida, mas Harry não a acompanhou na risada. Aquilo estava ficando cada vez mais confuso.

Ao chegarem no hospital, foram diretamente para a recepção.
- Fala que veio visitar Chiesa. - Ela instruiu a Harry, que assentiu disfarçadamente.
- Eu poderia ver Chiesa? - Se inclinou sob na bancada.
- Desculpa, mas na situação em que a paciente se encontra, apenas familiares e amigos próximos estão autorizados a entrar. - Informou a moça. abaixou a cabeça tristonha.
- Situação?
- Ela está em coma. Só posso te deixar entrar no quarto se o senhor me disser o que é da paciente.
- Ah, droga! - bufou - Vamos embora, ela não vai te deixar entrar mesmo. – Deu-se por vencida cabisbaixa. - Nem vêm! Já estamos aqui e agora eu fiquei curioso. - Harry praguejou baixo.
- O que disse? - A recepcionista perguntou.
- Eu disse que era uma grande fã e eu gostaria muito de vê-la.
- Desculpa, mas isso não será possível. - cruzou os braços irritada.
- Que olhos lindos - Harry comentou, na lata, com a voz mais rouca que o normal. A morena dos olhos cor de mel corou violentamente.
- O senhor está flertando comigo? - Perguntou receosa.
- Desculpe, é que é difícil me segurar quando se tem uma garota tão linda por perto. - Deu o seu melhor sorriso sedutor. revirou os olhos ao entender o que Harry pretendia fazer. A recepcionista soltou uma risada baixa e olhou para os lados, certificando-se de que não havia nenhum funcionário do hospital por perto.
- Certo. Venha comigo. - Levantou e Harry a seguiu, lançando um sorriso vencedor para .
- Tarado. - Xingou.

A recepcionista abriu a porta de um dos quartos do extenso corredor branco. Nele havia um garoto sentado em uma das poltronas do quarto, lendo um livro qualquer. Sob cama estava , na mesma situação de sempre, desacordada, pálida e cheia de tubos ligados a ela. Harry chegou atraindo a atenção do loiro, que levantou surpreso ao ver quem havia entrado.
- Harry Styles? - O garoto arregalou os olhos.

Capítulo 4


- Este é Dylan, meu namorado. - disse a Harry, que olhou-a surpreso. – Anda! Inventa uma desculpa! - Apressou o garoto, que ainda parecia atônito com a novidade. O cantor assentiu, ele já esperava por essa reação.
- O que faz aqui? - Perguntou levantando. Harry demorou um pouco para responder, pensando na história inventaria dessa vez. - Ah claro, aquela recepcionista oferecida deve ter errado de quarto. - Dylan concluiu.
- Não, ela não errou. Vim visitar - disse -, nossas mães eram amigas.
- Ah, nunca me contou que era amiga de um cantor famoso, ainda mais de uma boyband. odeia boybands. - Explicou Dylan, rindo levemente da cara de ofendido de Styles. - Bom, eu já estava de saída. - Foi até a cama e depositou um beijo demorado na testa de , que sorriu com o gesto e o acompanhou com o olhar até a porta.
- Odeia boybands? - Harry a olhou incrédulo.
- Desculpa. - ergueu as mãos em sinal de rendição e Harry riu, balançando a cabeça cabeça.
- Não dá para acreditar que isso seja possível. - Ele disse fintando a garota imóvel na cama. - Quero dizer, você está lá, e aqui. Como você se sente no meio de tudo isso? Porque, sério, no seu lugar, eu já teria enlouquecido.
- Acho que eu já enlouqueci há muito tempo. - Sorriu sem emoção. - No primeiro dia que Dylan veio me visitar foi horrível, vê-lo chorando e não poder fazer nada. Mas depois, com o tempo, eu acho que me acostumei. - Deu de ombros.
- Só Dylan te visita? - Harry estava se sentindo incomodado com o namorado de . Sabia que era errado, pois nem o conhecia direito, mas não gostava dele.
- Sim. - Ela murmurou. - Também tinha Jerry, mas ele teve que ir morar com a mãe após a separação dos pais dele. Eu venho aqui quase todos os dias e fico vendo Dylan conversar comigo. - comentou, virando e apreciando a vista da janela. De lá de cima, podia ver praticamente a cidade inteira e sentia uma estranha vontade de pular. Só para testar se aquilo tudo era real, coisa que ela ainda não tinha certeza, já que sua curiosidade não havia sido sanada.

Harry chegou mais perto da cama, olhando curioso para todos aqueles aparelhos piscando freneticamente, por impulso, pegou a mão gélida de . A garota estremeceu ao sentir seu toque novamente. Era diferente dessa vez, mais intenso. Era como dar o primeiro beijo. Um turbilhão de sensações a preenchia, fazendo-a se arrepiar.

Calor humano... É, sentia falta disso.
- Ei, eu senti isso! - Ela exclamou surpresa virando-se.
- Desculpe. - Styles falou rápido, soltando a mão da garota constrangido.
- Não! É que Dylan sempre me beija, ou passa a mão em meu cabelo, esperando alguma resposta minha, mas nunca sinto nada. - Suspirou frustrada.
- Sente isso? - Perguntou acariciando levemente o rosto de .
- Sinto! - exclamou, sorrindo e colocando a mão sob a bochecha, onde recebera o carinho. – Uau! Isso é bem estranho. - Comentou sorrindo. Harry sorriu de volta e eles perceberam que aquilo estava ficando, digamos assim, estranho. Então, Styles retirou a mão do rosto da garota.
- Eu não entendo. - Sussurrou para si mesma intrigada.
- Não entende o quê? - Franziu a testa, olhando-a.
- Por que só você pode me ver, ouvir e tocar?
- Não sei - deu de ombros -, mas adoraria descobrir. - Ambos ficaram, por um tempo, só encarando a garota deitada. ria da cara de Harry a cada vez que um dos aparelhos apitava de forma rápida e ele se desesperava.
- Isso é tão agoniante. Não saber o que vai acontecer e viver nessa incerteza. - A franziu o cenho. - Sabe, amanhã eu posso estar morta. Se é que já não estou...
- Calma! Vai dar tudo certo, você vai sair dessa. - Ele falou para , que assentiu forçando um sorriso. Uma enfermeira abriu a porta de repente, assustando os dois.
- Olhe só! Visita nova! - Exclamou sorridente. logo a reconheceu, era Mary, sua enfermeira preferida de todo o hospital. - Quem bom que ela tem amigos como você e Dylan. Porque se dependesse da família que ela tem... - Comentou. Harry olhou para , mas a garota desviou o olhar. Ela nunca gostou de falar sobre isso. Sobre a falta de preocupação de sua família, sobre a ausência deles.
- Não adianta muito falar com ela. está em coma, não pode te ouvir – Continuou, enquanto trocava o soro da menina.
- Precisa lembrar disso de cinco em cinco minutos? - revirou os olhos e Harry riu baixo.
- Sei que ela pode me ouvir. - Harry sorriu, deixando à mostra suas covinhas.
- Bom, o horário de visitas acabou. Desculpa, mas o senhor terá que se retirar. - Ele assentiu, dando uma última olhada para a cama. Saiu porta a fora, mas parou quando percebeu que ficou para trás.
- Pode ir, preciso ficar um pouco sozinha comigo mesma. - Sorriu sarcástica e Harry riu baixo, indo embora em seguida. Viu um filme e jantou. Essa havia sido a primeira noite “normal” dele na casa, sem , simplesmente sozinho.

caminhava pelo hospital, como sempre fazia. Ao passar por um dos diversos corredores do hospital, avistou uma garota. Ela chamava a atenção dos homens que haviam por ali com sua roupa curta e seus saltos irritantes. A ruiva passou por , e ela não tinha mais dúvidas, nunca poderia esquecer as coisas que ela havia lhe feito.
- Lindsay. - Disse entre dentes, cerrando os punhos.

Lindsay Adams. O ser mais irritante e fútil da face da terra. que o diga, foi obrigada a conviver com ela durante três anos. Só Deus sabe o autocontrole que tinha para não voar em seus cabelos ruivos em plena sala de aula. Popular, ou na opinião de : “Mais rodada que prato de micro-ondas”.

Lindsay transformou a vida de em um verdadeiro inferno. A atrapalhava nas aulas, jogando bolinhas de papel. Humilhava-a na frente dos garotos e inventava apelidos maldosos. Certa vez, a escola toda aderiu a um desses apelidos, fazendo pensar em desistir da escola. Ela não aguentava mais aquela humilhação todos os dias.

As implicâncias só tiveram um fim quando conheceu Dylan, que se apaixonou rapidamente. Sempre tentava protegê-la das maldades da ruiva e motivou a namorada a terminar os estudos e sair daquela prisão, que os outros insistem em chamar de escola, de cabeça erguida.

Jerry foi outra motivação para continuar, passou pelas mesmas coisas que ela por ser gay. Se conheceram durante uma das aulas de Ed. Física, quando Chiesa lhe tirou de dentro de um dos armários do vestiário. Ambos riram por horas ao notar a ironia do destino, já que Jerry é gay.

(...)

Harry acordou indo direto para o banheiro, escovou os dentes, tomou um banho e desceu para tomar café. Começou a preparar panquecas, quando se virou para o armário, deu um grito. Convivendo com alguém como , levar sustos vira rotina.
- Você me assustou! - Exclamou.
- Que seja! - Deu de ombros, rude, saindo de cima do balcão. Styles encarou-a incrédulo, cogitou a possibilidade de ser bipolar, essa era a única justificativa para a mudança de comportamento da garota.
- O que deu em você hoje? - Harry franziu o cenho a analisando. - Espíritos tem TPM?
- TPM! - Riu nervosa - Quem aqui está de TPM? Eu não estou! - Aumentou o tom de voz. - E não me chame assim! - Esbravejou.
- Ah, não? - Harry fitou-a com os braços cruzados. – Então, por que está gritando? - Arqueou as sobrancelhas, chegando mais perto da garota.
- Quem é que está gritando aqui?! - Exclamou, chegando perto também.
- VOCÊ PORRA! - Gritou. se assustou com seu tom de voz. Mas não se deixou intimidar.
- Está incomodado querido? Simples, saia da MINHA casa! - afrontou-o, que estava bem próximo à ela e muito bravo.
- Sua casa. - Riu debochado, se afastando da garota. Os olhos da garota o deixava nervoso. Nem ele sabia o porquê disso.
- Não, você não entendeu. Isso não foi uma sugestão, mas sim uma ordem.
- Não vou sair. - Disse convicto. - Eu comprei essa casa, agora ela é minha. - Apontando pra si mesmo - Quantas vezes vou ter que te explicar isso?
- Seu dinheiro pode comprar tudo, menos a minha casa seu imbecil.
- Para que você quer essa casa? Hein? Para que?! Não vai usá-la. Não vai mais precisar dela já que está parada naquela cama de hospital, está... - Harry começou a falar enfurecido, mas se calou ao ver os olhos de encherem de lágrimas. Quando percebeu a besteira que estava prestes a falar, ele suspirou e se virou pretendendo sair da cozinha. Estava se sentindo um monstro por jogar na cara de que ela estava quase morta.
- Fala. Anda, termine a frase! - As lágrimas já desciam pelo rosto da garota enquanto ela berrava com Harry, ainda virado de costas para ela, sem sequer conseguir encará-la - Vamos lá! Diga em alto e bom som que eu estou morrendo! - Ele se virou, fitando-a arrependido. - O que foi? Não tem coragem de dizer, não é? Eu sei por que... Porque você - chegou ainda mais perto apontando o dedo na cara dele - é um covarde! – Em um movimento rápido, Harry a puxou pelo braço, apertando seu pulso com força - Me solta! - Ordenou.

Mesmo estando quase morta, ficou com medo do que Harry poderia fazer contra ela, já que o garoto estava provando sua força, machucando seu pulso. Ele olhava no fundo dos olhos dela. Seus olhos verdes estavam cheios de mágoa.

Algo chamou atenção dele, era o celular tocando e vibrando em cima da mesa. Harry soltou , que verificou incrédula a marca vermelha que havia ficado ali. Ao olhar no visor a raiva o tomou, o aparelho foi arremessado conta a parede se quebrando. Harry saiu rápido da cozinha. Era ela ligando, de novo.

(...)

Depois de um tempo parada na cozinha, fitando o celular quebrado no chão, foi para o porão, precisava pensar. Ficou lá sentada, olhando pela janela, como sempre fazia. Todas aquelas coisas guardadas ali lhe traziam lembranças boas de um tempo que nunca iria voltar.

A garota desceu de cima da cômoda velha e remexeu em uma das caixas fechadas encontrando um urso de pelúcia, ele segurava uma coração escrito "eu te amo", ela havia ganhado de Dylan no primeiro encontro. Ouviu passos atrás de si e guardou-o rapidamente na caixa.
- O que faz aqui? - disse seca. Ela queria ficar sozinha, mas desde que Harry chegou naquela casa, parecia impossível.
- Eu queria te pedir desculpas. Não devia ter falado aquilo. Te procurei na cozinha, mas você não estava, então vim para cá. Percebi que você gosta daqui.
- Você realmente acha que me conhece, não é mesmo? - Riu irônica, voltando a sentar na cômoda.
- Não conheço, mas queria conhecer. - Sentou ao lado de , que se arrastou para o lado em um gesto infantil.
- Pois vai ficar querendo. Não vou te falar nada sobre mim. - Cruzou os braços emburrada.
- Vamos fazer um acordo. Se me contar sobre você, eu te conto sobre mim. - Cutucou-a levemente com o cotovelo.
- Se eu quiser saber alguma coisa sobre você, vou ali na banca de jornal e pego uma dessas revistas de adolescentes. - falou com desdém, e Harry a fitou com as sobrancelhas arqueadas.
- Ei! Nem tudo o que eles dizem é verdade. - Protestou. o ignorou, continuando o que estava fazendo, olhando para a janela. Ele se levantou, indo até a caixa e pegando o urso.
- Porque não me contou que tinha um namorado?
- Deve ser porque isso não te interessa? - Tomou o bicho de pelúcia das mãos de Harry.
- , dá para parar? Vamos tentar conversar civilizadamente. - Ele propôs e pela primeira vez pronunciou o apelido dela.
- ? Que intimidade é essa? - Ela disse incrédula e Harry bufou, levantando para ir embora. – Ok. - suspirou derrotada puxando-o de volta. - Não contei porque não tive tempo, porque não achei que fosse algo relevante.
- Namoram há quanto tempo? - estranhou o interesse dele, mas resolveu cooperar.
- Um ano.
- Hum... - Harry murmurou baixo - Você ama ele? - Nem ele mesmo sabia porque perguntou aquilo, por alguma razão estava curioso demais para saber a reposta.

sabia que não o amava. Afinal, aquela era uma das razões pela qual ela estava naquela situação, mas ela não podia negar que sempre sentiu algo especial por ele. E após vê-lo ali, ao seu lado, naquele momento tão complicado o sentimento havia crescido.
- Não. - Respondeu rápido e constrangida. Se tinha uma coisa que odiava era mentira, então decidiu falar a verdade na lata.
- Como não? , ele vai ao hospital todos os dias só para ficar com você - Harry disse confuso.
- Obrigada por me fazer sentir pior ainda. - Revirou os olhos sarcástica. - Se pudesse falar com ele terminaria tudo, ele é muito especial e não merece ficar preso à uma garota “morta” em uma cama - abaixou a cabeça fitando as próprias mãos - que nem ao menos ama-o. - Os olhos dela marejaram e lhe bateu a culpa. -Harry, eu não mereço tudo isso. - Falou com a voz falha. Uma lágrima solitária caiu e Harry ficou estático. Nunca soube o que fazer quando via uma garota chorar na sua frente.
- Sinto muito. – Murmurou, desconfortável com os soluços baixos de .
- Sinto muito pelo seu celular. - Falou secando as lágrimas, fazendo-o rir. - Quem estava ligando?
- Erin, minha ex-namorada
- Ex-namoradas? - Fez careta - Elas podem se tornar suas piores inimigas quando querem. - Ambos gargalharam. – Por que acabou?
- Ela recebeu uma proposta de trabalho em Paris, foi embora e se despediu com uma mensagem de texto. E agora que está de volta, provavelmente sozinha, querendo me ver.
- Ela não sabe o que perdeu - disse sincera.
- Espera... Isso foi um elogio? - Harry a encarou com as sobrancelhas arqueadas.
- Não se acostume. - Disse saindo de cima da cômoda e guardando o urso no lugar.

A campainha tocou e ele levantou, indo atender. Era Liam junto a Bob, que abanava o rabo animado. O soltou pela casa e ficou conversando por um tempo com Liam. Uns minutos depois, o amigo de Harry se despediu com um abraço dizendo que viajaria pela manhã.
- Harry! - Ouviu um grito agudo, vindo do andar de cima, logo em seguida, latidos.
- Ah, droga Bob!

O garoto subiu correndo as escadas, indo em direção aos latidos. Ao chegar no quarto, encontrou de pé, em cima da cama, segurando uma vassoura amedrontada, ameaçando bater no pobre cachorro, que latia sem parar e pulava, tentando subir em cima da cama.
- Tira ele daqui! - Berrou. - Tira! Agora! - A garota apontava freneticamente em direção à porta.
- Calma! Vem Bob. – Puxou-o pela coleira azul, conduzindo o animal para fora do quarto. Harry entrou de volta no quarto, fechando a porta atrás de si. estava sentada na ponta da cama, abraçando os próprios joelhos, chorando e soluçando muito.
- Está chorando? Eu não sabia que seu medo era tão grande assim. – Aproximou-se receoso.
- Quando eu era criança, o cachorro enorme de uma das vizinhas se soltou e me atacou. Não quero nem pensar no que teria acontecido se minha mãe não tivesse me salvado. - Disse, tentando se acalmar. Estendeu o braço, mostrando uma pequena cicatriz, ele passou o dedo sob a marca analisando-a.
– Ei, você está tremendo. - Percebeu ao tocá-la. E, de repente, Harry puxou-a para um abraço. Chiesa estranhou a atitude no começo, mas logo deu o braço a torcer e correspondeu ao abraço. Ela sentia falta disso, nem se lembrava de como era receber um abraço verdadeiro. Encaixou a cabeça na curva do pescoço dele sentindo seu perfume.

É, não havia como negar, seu cheiro era viciante.

(...)

Harry havia acordado tarde, na ponta da cama estava Bob dormindo em um sono pesado. Ele desceu para tomar café e, logo depois, apareceu.
- Bom dia, vou sair, mas não demoro. - Harry disse, pegando as chaves do carro.
- Ok. Vou dar um pulo no hospital. Sabe, só para saber das últimas fofocas. - Ele sorriu de lado olhando-a com as sobrancelhas arqueadas. – O que foi? Ser invisível tem lá suas vantagens. - Harry riu, negando com a cabeça.
Era sexta-feira, adorava sextas, todos pareciam animados, ou, no caso de alguns funcionários do grandioso Saint Peace, aliviados por não trabalhar em pleno sábado. Passou pelo guarda das rosquinhas, pela recepcionista preguiçosa e pela enfermeira fofoqueira, indo direto para o quarto onde estava Dylan. Ele conversava com o médico, com uma expressão indecifrável no rosto. A garota, então, chegou mais perto e pôde ouvir a conversa. Dylan perguntava sobre o resultado de alguns exames que foram realizados. O médico informou completamente desanimado que não teve melhora alguma, ou seja, continuava na mesma. O loiro disse que estava atrasado para a faculdade, mas que passaria lá mais tarde. Deu um beijo rápido na namorada e os dois saíram do quarto. passou os dedos pelos lábios esperando sentir algo, mas não aconteceu nada. Não sentiu nada .


Capítulo 5


Assim que percebeu que não teria companhia, decidiu ir ver os recém-nascidos. Ela simplesmente adorava saber que, assim como Harry e Bob, eles também podiam vê-la. Não se sentia tão solitária ali. A garota caminhava em direção ao berçário, tendo que passar pela recepção, mas parou quando ouviu a tão conhecida e odiada voz.
- Então, Dylan, está livre hoje à noite? - Lindsay sorriu sedutora.

tratou de ir para o lado do namorado, cruzando os braços, completamente enfurecida. Queria ver qual seria a resposta dele. Era uma espécie de “teste de fidelidade maluco”.
- Não posso, quando sair da faculdade vou vir para cá, ficar com a . – Disse coçando a nuca. - Mas foi bom te reencontrar! Ainda mantém contato com a nossa antiga turma?
- Não. - Respondeu rápido, constrangida. Lindsay nunca havia levado um fora e sabia disso, por isso não hesitou na hora de rir da cara dela. – Bom, vou indo. Se mudar de ideia. Me liga. - A ruiva estendeu-lhe um papel. Viu o olhar receoso do garoto ao fitar o número, ele não sabia se era certo sair com outras garotas, enquanto estava naquela situação, ainda mais, quando essa garota é Lindsay. Chiesa levantaria daquela cama só para matá-lo - Dylan, você não pode ficar esperando ela para sempre. - Lindsay sorriu fraco, deixando o loiro pensativo.
- É como dizem, não é? Uma vez vadia, sempre vadia. - comentou, cruzando os braços e sorrindo orgulhosa para o namorado.

Observou o loiro ir em direção a porta de saída, mas, por algum motivo desconhecido por , Dylan virou-se observando Lindsay ir embora. Seus olhos castanhos focaram no bumbum da ruiva, que andava, como sempre, rebolando.
- Cafajeste! -Exclamou boquiaberta. Respirou fundo várias vezes, antes de ir para o berçário. Todos aqueles olhinhos fitando-a e aquele cheirinho maravilhoso de bebê, de certa forma, a acalmava. Ficou lá, olhando para os vários bebês que acabaram de vir ao mundo, pensando em como seria bom se ela pudesse voltar à essa época e começar tudo de novo.
- Hey, gracinhas, querem um conselho? Nunca namorem, é treta. - Resmungou baixinho, rindo em seguida. Um dos bebês lhe chamou a atenção. Um menininho, vestido de azul, ele possuía um par de esmeraldas verdes, que combinavam perfeitamente com a sua pele pálida.
- Esses olhinhos hipnotizantes vão fazer sucesso entre as garotas. - O bebê, um tanto gordinho, olhava-a sorrindo.

Sim, ele podia enxergá-la.

Logo, uma pequena lembrança dos olhos de Harry veio em sua mente. acordou do pequeno transe com um choro estridente.
- Desculpe, docinho. Não te comparo mais com ele - Com o tempo, o choro cessou. A garota ficou tão encantada com os pequenos, que ficou por lá o dia todo.

(...)

Ao chegar em casa, subiu as escadas devagar, com medo de Bob estar solto e como não ouviu nada, seguiu para o quarto. Já no corredor, sentiu um cheiro muito bom, entrou no quarto e viu Harry, todo arrumado, se olhando no espelho.
- Vai sair, é? - indagou, encostando-se no batente da porta.
- Vou. - Respondeu simplesmente, terminando de arrumar o cabelo, que já estava irritantemente arrumado e mesmo assim ele teimava em ajeitá-lo. A campainha tocou e Harry desceu, indo atender a porta. Quando voltou, Bob subiu atrás dele entrando no quarto junto.
- Ah, não vai não.
- Porque você acha que vai me impedir? - Harry arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços.
- Harry! vamos logo! - Uma voz, extremamente enjoativa, berrou da sala. , por algum motivo desconhecido, se sentiu desconfortável ao saber que ele iria sair com uma garota.
- Eu não vou ficar sozinha com esse monstrinho para você ir se divertir por aí. Está me ouvindo?! - Apontou para o cachorro, parado, quieto, na porta.
- Relaxa, , ele não vai te morder. Bob só gosta de brincar, vem chega perto. - Segurou o cão pela coleira e fez menção de se aproximar.
- Harry! - gritou, irritada.
- Tudo bem, tudo bem. Vou deixar ele preso. - Puxou o cachorro até o banheiro e fechou a porta em seguida.
- Tchau, . - Saiu do quarto. A menina ficou por um tempo encarando a porta, com os braços cruzados e a cara emburrada. Ela estava com raiva de Harry por tê-la deixado sozinha para sair com outra, mas não iria discutir, logo agora que eles estavam se dando bem, não iria pedi-lo para não ir.

desceu as escadas e saindo pela porta da frente. Decidiu sentar no meio-fio para ver o movimento da rua, distraiu-se um pouco com a partida de futebol das crianças que brincavam ali, mas logo entrou de novo. Caminhou até a TV e zapeou os canais, não passava nada de interessante naquela televisão, até que ouviu um barulho, vinha do andar de cima.

Curiosa, a menina subiu até o quarto, constando que o som vinha do banheiro. Era Bob arranhando a porta, ela ia saindo do quarto, mas deu meia volta sentido dó do animal. Ela, mais do que ninguém, sabia o que era ficar presa e querer sair para ver o mundo.

Girou maçaneta receosa, libertando Bob, que saiu de dentro do banheiro devagar e caminhou até , latiu para ela e a cheirou. A garota levou isso como um agradecimento e se abaixou, passando a mão receosa no pelo macio do cachorro, sorrindo.
- Ei, até que você não é tão ruim assim. - Levou o cão para a sala junto de si, colocou um filme e ficou assistindo. Bob logo adormeceu em seu colo. subiu para o quarto e ficou lá, sentada, a noite toda.

Harry não dormiu em casa naquela noite.

O dia já estava amanhecendo, quando a garota ouviu barulhos no andar de baixo, desceu até a cozinha. Encontrando Harry, com a mesma roupa da noite anterior, encostado no balcão e tomando um remédio para dor de cabeça.
- Quem era a garota de ontem? - Sentou no balcão.
- Para que quer saber?
- Para saber, ué? - Deu de ombros despreocupada - Você não queria me conhecer melhor? Então! Eu também quero saber mais sobre você.
- Não vai fazer muita diferença, já que eu só sei o primeiro nome dela... - Disse, terminando de beber um copo de água.
- Ela foi só diversão, não é? Você a usou para não lembrar da Erin? Me diz, quantas você já usou, hein? - Harry estava estressado desde que deixou o apartamento da garota com quem saiu, a ressaca fazia sua cabeça doer a cada palavra dita por .
- Erin me magoou! Por que eu não posso fazer isso com os outros? - Arqueou as sobrancelhas - Ah! Mas olha quem fala?! Vai me dizer que não está enganando Dylan? Sabe, eu até queria te conhecer melhor, mas não sei bem se é bom ficar perto de uma pessoa tão cruel e egoísta como você! - Gritou bravo.
- Eu não tenho escolha! Você sabe disso! - sentiu os olhos marejarem, mas segurou as lágrimas. Não iria chorar, não ali, na frente dele.

Bob entrou correndo na cozinha e Harry entrou na frente de , na intenção de protege-la, porém o cão desviou dele, indo até os pés da garota e dando pulinhos. se abaixou, secando as lágrimas e o puxou pela coleira indo para a sala, deixando um Harry confuso na cozinha.

Depois de tomar um banho, ele decidiu ir falar com ela. estava sentada no sofá com o cachorro, que tinha a cabeça apoiada no colo dela. A garota tinha um olhar vago, enquanto fazia carinho no pelo macio do animal. Pensando no que o Styles havia dito, tão distraída que nem percebeu a aproximação do garoto.
- Desculpa pelo o que eu disse lá na cozinha, falei sem pensar. - Disse baixo se aproximando do sofá com as mãos nos bolsos da calça.
- De novo. - Ela suspirou, olhando para o nada. não tinha escolha, tinha que perdoa-lo. Ela tinha essa mania idiota de perdoar tudo e a todos, mas agora era diferente, afinal, querendo ou não, ela só tinha ele. Harry assentiu sentando-se ao lado dela e fitando suas próprias mãos sem saber o que dizer, ficaram em silêncio por um tempo.
- Sempre detestei ursos de pelúcia. - Harry encarou-a, confuso.
- O quê?
- Não queria me conhecer? - Ele assentiu lentamente. - Então cala a boca e... Só escuta. - Harry levantou as mãos, em sinal de rendição, rindo.
- Dylan me deu o dele, porque achou que eu gostava. Em um de nossos primeiros encontros decidimos ir a um parque de diversões, que havia acabado de chegar na cidade. Resolvemos jogar em um daqueles jogos de acertar a bola no alvo, eu tentei muitas vezes e sai de lá com raiva por não ter conseguido. Dylan pensou que o motivo da minha raiva era não ter conseguido ganhar o urso e dias depois me deu aquele de presente. - A riu fraco – Ah, mais uma coisa sobre mim: sou muito competitiva. Morro de medo do escuro, sou dessas que apaga a luz e saí correndo pela casa, cantando músicas sobre Deus. - O garoto gargalhou - Uma vez, eu até bati em uma parede e acabei com um olho roxo, minha mãe brigou muito comigo. - Harry riu mais alto. - Isso! Fica rindo da desgraça dos outros! - lhe deu um tapa no braço - Ah! E você pode não acreditar... - inclinou-se, falando baixo, como se estivesse prestes a contar um segredo. - Eu morria de medo de cachorros.
- Sério? - Ele arregalou seus olhos verdes, fingindo estar surpreso: - Nem tinha percebido isso. - Sorriu enquanto ela revirava os olhos. - Como vocês dois se entenderam?
- Sabe aquela coisa de: Se não se pode vencer o inimigo, junte-se a ele? - Harry assentiu. - Então. Se bem que as vezes você é insuportável Styles. - O garoto arqueou as sobrancelhas a fitando.
- Eu estava falando do Bob.
- Eu sei, só gosto de te irritar. - deu de ombros rindo.

(...)


20 de Fevereiro, 2013

Um longo mês havia se passado. e Harry brigavam por qualquer coisa! Um dia, Harry disse queria pintar uma das paredes da casa, mas a garota fez um tremendo barraco, dizendo que a casa era dela e que não iriam pintá-la de jeito nenhum. A casa era o principal motivo das brigas, mas era também o que os mantinham juntos, querendo eles ou não. Apesar do orgulho de ambos, aqueles dois não ficavam sem se falar um dia sequer, não admitiriam nem sob tortura, mas eles estavam começando a se apegar um ao outro.

Erin já não era mais um problema para Harry, ele finalmente estava seguindo em frente, trocava mensagens com uma garota, saia ás vezes para jantar. Esse era outro assunto que motivava as brigas entre eles. simplesmente não conseguia ir com a cara de Lia.
- Quem é a garota da vez? - Fez uma voz afetada, como se estivesse anunciando uma promoção em uma loja. Ele revirou os olhos verdes com a implicância da menina. Harry estava dentro daquele quarto há um tempão, parecia que iria casar.
- Você sabe, a Lia. - fechou a cara, virando para sair do quarto, quando ele segurou seu braço impedindo-a de ir embora - O que você tem contra ela? - Tudo. - Ela se soltou - Eu tenho tudo contra ela, e ainda nem a conheci pessoalmente! - Disse sarcástica - E pelo que vi, eu não sou a única.
- Não se pode confiar em tudo o que lê na internet. - Ele murmurou, olhando-se no espelho.
- Pode sim! Suas fãs são 100% confiáveis, melhores que o FBI! - Harry ignorou o comentário dela e olhou no relógio.
- Estou indo, cuida do Bob! - Harry saiu apressado pelo corredor.
- Ainda dá tempo de desistir! - seguiu-se, Harry viro e a encarou sério. - Ok, eu tentei. - Ergueu as mãos em sinal de rendição, vendo-o descer as escadas e ir em direção a porta. - Tchau, poste ambulante!

(...)

Após ver dois filmes seguidos, já estava ficando entediada, até que a campainha tocou. achou estranho, já que estava cedo para Harry estar voltando. Foi em direção a porta com um sorriso sarcástico no rosto, preparando o famoso discurso do “eu te avisei”, mas quando abriu não era ninguém.

Ela caminhou até a calçada e conseguiu ver um grupo pequeno de crianças, correndo para o fundo da rua gargalhando alto. Foram brincar de apertar a campainha dos vizinhos e sair correndo, provavelmente se assustaram ao verem que a porta se abriu sozinha. A garota cruzou os braços e negando com a cabeça.
- No meu tempo, a gente disfarçava melhor! - Ela berrou rindo, mesmo sabendo que não seria ouvida. De repente, sentiu um vento passar rapidamente pelo seu tornozelo. - Bob! - Exclamou ao ver o cachorro correr livre pela rua.

Correu atrás do cão até que de repente um clarão invadiu sua visão. O condutor do carro prata freou bruscamente ao ver que havia acertado algo. levou as mãos até cabeça, desesperada, ao ver o cachorro labrador caído no asfalto, respirando lentamente. Correu até ele fazendo um carinho leve em sua barriga, tentando acama-lo. Afinal, ele deve estar mais assustado do que ela.
- Calma garoto. - Sussurrou para o animal, preocupada. Viu um homem, de aproximadamente quarenta anos, descer do carro e com a ajuda de um vizinho, colocando o animal com cuidado no veículo mencionando o nome de uma clínica veterinária famosa em Londres. - Tenho que avisar o Harry! - correu, pegando um ônibus que ia até o centro, onde ficava localizado o restaurante. A garota logo reconheceu o nome “esquisito” que Harry havia comentado, escrito na fachada, e entrou no local rápido.

Caminhava desesperada procurando por ele entre as mesas. Ao avistar uma mesa meio que escondida ao fundo encontrou-o. Harry segurava uma das mãos de Lia, prestes a mandar mais uma de suas infalíveis cantadas, quando se calou, de repente, reconhecendo o vestido preto de .
- Você dizia? - A morena de olhos castanhos arqueou as sobrancelhas. - Harry? – Ela se virou para trás para ver o que distraia ele, mas não via nada. foi até a mesa e comunicou Harry do atropelamento.
- Lia, er... Eu preciso ir, é urgente. – Styles não esperou uma resposta de Lia, levantou deixando o dinheiro sob a mesa e saiu às pressas do restaurante, entrando no carro acompanhado de . A foi o caminho todo roendo as unhas, enquanto Harry batia freneticamente os dedos no volante, visivelmente nervoso, afinal, ele sabia que Liam nunca iria perdoa-lo caso algo acontecesse algo com Bob. Chegaram na clínica veterinária e logo foram atendidos. Bob estava bem, só havia quebrado uma das patas da frente, mas passaria a noite lá, em observação.
- Eu posso vê-lo? - Harry perguntou ao veterinário.
- Claro, aguarde aqui. - O veterinário saiu da pequena sala, deixando Harry sentando em uma das cadeiras que haviam ali.
- , o que aconteceu?
- A campainha tocou e eu fui atender. Pensei que era você, queria te zoar, porque achei que ela tinha dado um belo de um pé na sua bunda. Seria muito hilário ver a sua cara de trouxa e... - A garota riu fraco, enquanto falava, fazendo-o revirar os olhos.
- , o acidente! - Ele disse entre dentes, interrompendo-a. A garota assentiu rapidamente, nervosa.
- Aí, quando abri a porta e saí não tinha ninguém. Algumas crianças correram e então eu percebi que eles estavam zoando com a minha cara. Quando eu saí na calçada, Bob passou por mim e... Ah, você já sabe! - Disse frustrada, com os olhos marejados, abaixando a cabeça. - Harry, eu juro que não foi por querer!
- Eu não estou te culpando de nada. - Falou calmamente.
- Mas eu estou me culpando. Eu deveria tomar mais cuidado! Você me pediu para cuidar dele! - As lágrimas desceram pelo rosto angelical de .
- Calma, ele está bem. - Harry levantou indo até ela, mas desviou dele.
- Harry, ele quebrou a pata! Isso é estar bem para você? Isso sempre acontece comigo, sempre onde eu estou acontece algo e alguém que eu amo saí ferido!
- ... - Ele tentou fazê-la parar de falar, mas o que ele não sabia é que, quando ela começa a falar, não para nunca mais.
- É verdade! Eu tenho o dom de destruir tudo! Primeiro a minha mãe e agora ... - O garoto puxou-a pelo braço selando seus lábios. Era para ser só um simples selinho, ele sabia que iria deixar sem fala, mas, por uma razão desconhecida por ele, retribuiu o beijo lhe dando passagem. Agora ele não iria parar, porque simplesmente não queria. Ela não sabia bem o que estava fazendo. Como assim!? Há um mês atrás ela o odiava por entrar em sua casa e agora eles estão aos beijos?

Harry já tinha uma das mãos envolta da fina cintura da , colando seus corpos. mantinha a mão no pescoço dele, ambos tentavam acabar com a distância que tinham um do outro. Não queriam acabar aquele beijo, estranhamente, bom. Escutaram vozes do lado de fora da sala e se separaram indo cada um para um lado, ofegantes, atordoados e, principalmente, confusos.

O veterinário chegou com Bob deitado sob uma maca, o cão estava calmo, apesar do susto que levou. se aproximou de Bob sorrindo, aliviada, ela se perguntava como podia ser possível essa aproximação deles, já que ela sempre odiou cachorros. Balançou a cabeça rindo ao comparar essa situação com a relação dela e de Harry.

Harry conversava com o veterinário, tão distraído que nem percebeu quando foi embora. Quando chegou em casa e avistou a garota sentada no sofá, olhando para o vazio.
- Porque não me esperou?
- Porque fez aquilo? – Perguntou de volta, com as sobrancelhas arqueadas.
- Porque era a forma mais delicada que encontrei de te fazer calar a boca. - Harry disse e, logo após, subiu para o quarto, indo tomar um banho. Deixando sozinha com seus pensamentos.

Ela estava radiante. Era como se, depois de muito tempo, seu coração tivesse voltado a bater. Mas, também, estava confusa, isso não quer dizer que ela não tenha gostado do beijo, pelo contrário, ela adorara! E isso a fazia querer se matar.

Ele saiu do banho e vestiu uma regata branca, acompanhada por uma calça de moletom cinza, deitou-se na cama e virou para o lado fechando os olhos, esperando dormir profundamente e só acordar no outro dia. Mas não conseguiu, já que a imagem de não saia da sua cabeça. Aquele par de olhos , confusos, fitando-o após o beijo... O pior de tudo, é que nem ele sabia porque fez aquilo, só sentiu vontade e fez. Tentou colocar em sua própria cabeça que a culpa era da bebida, já que ele e Lia haviam tomado algumas taças de vinho. Saiu da cama, vendo que não iria conseguir dormir, e desceu até a cozinha para beber água. Ao passar pela sala avistou sentada no sofá, deu meia volta e sentou-se ao lado dela.
- Sem sono? - Harry assentiu. - E o Liam? Não vai contar a ele o que aconteceu?
- Amanhã. E vou fazer de tudo para não deixá-lo preocupado. - Respondeu.
- Desculpa pelo jantar, eu estraguei tudo, não é? - Franziu a testa. não se sentia culpada por ter feito aquilo, pelo contrário, achava que estava fazendo um favor a Harry. Mas estava curiosa demais para saber o que rolou naquele restaurante.
- Não foi nada. - Sorriu sem mostrar os dentes.
- Foi bom?
- Quer mesmo saber? - Harry estranhou o interesse repentino dela, naquele último mês ele já havia saído com várias garotas. E nunca implicou com elas, mas também nunca se interessou em saber sobre elas.

Até a Lia aparecer.
- Não, eu não quero. Mas não tenho nada para fazer mesmo... - A deu de ombros e ele riu da cara de pau dela. - Vamos lá, me conte tudo. - Sorriu. Harry assentiu, perplexo, e começou a contar.
- Você a chamou para sair de novo?

Já se passavam das duas da manhã e eles ainda estavam ali. Harry agora estava deitado no sofá, com a cabeça no colo de , a garota mexia em seu cabelo impressionada com sua macieis, o dela não chegava nem perto daquilo.
- Não. Quero dizer, eu até ia, mas você apareceu e... Ah, deixa quieto, amanhã eu ligo para ela.
- Nossa! Já foram mais de três semanas! Apegando-se, Styles?
- É muito cedo para se dizer isso. - gargalhou. - Estamos só... Nos conhecendo.
- Você não tem jeito mesmo. - Debochou. esperou por uma resposta mais a casa ficou em um profundo silêncio. - Harry...? - Ela chamou-o chacoalhando seu corpo, mas, logo percebeu que ele estava dormindo. - Folgado, eu lá tenho cara de travesseiro? - Murmurou rindo.

Ficou ali, observando-o dormir à noite toda. Quando amanheceu, tentou sair do sofá sem acordá-lo, mas não deu muito certo. Harry sentiu algo se movimentando perto de si e abriu seus olhos verdes, dando de cara com .
- Bom dia – Sentou-se passando as mãos pelo cabelo e lhe deu um beijo na testa subindo para o quarto. Tomou um banho rápido e foi para a cozinha.
- O que vai fazer hoje? - Harry indagou, enquanto preparava o café da manhã.
- Vou no hospital. E você? Vai ir buscar o Bob?
- Mais tarde. Isso me lembrou de uma coisa, tenho que ligar para o Liam. - se despediu, indo para o hospital. Ia passando pela recepção quando ouviu uma voz familiar.

Já, Harry, tentou ligar para o amigo, sem sucesso. E decidiu ir até o hospital, atrás de .

- Vim visitar Chiesa. - O garoto alto e magro, com o cabelo arrumado em um topete rosa algodão doce, que destacava ainda mais seus olhos , estava debruçado sob a bancada.

Era Jerry! E ele estava lindo. Sempre foi, dizia que era um desperdício ele ser gay.

A recepcionista abriu um sorriso sedutor, tadinha, é lerda. Não percebeu que ele sequer olhava direito para ela. Quem não perceberia que ele é gay!
- Ual, essa garota faz sucesso, hein?! - A recepcionista lhe lançou um olhar sarcástico e Jerry a olhou confuso - É que você já é o terceiro garoto bonito que vem visitá-la.
- Terceiro? - Jerry havia passado um ano fora, não tinha outros amigos, não que ele se lembre. A não ser que ela tenha feito novos amigos. - Espera... Ela acordou?! – Exclamou a pergunta, sorrindo.
- Não, está do mesmo jeito. - Após a resposta da mulher, seu grande sorriso murchou.
- Então, quem veio visitá-la? – Indagou, completamente confuso.
- O garoto loiro, vem aqui quase todos os dias. E, há um mês atrás, Harry Styles veio visitá-la, ela é uma fã de sorte!
-Fã? Mas não... - Jerry começou a falar, mas desistiu. Já sabendo que isso não teria muita importância. – Ah, deixa quieto, onde é o quarto da minha amiga?
- Está vendo aquela mulher ali? - Apontou para uma moça vestida de branco, uma das enfermeiras. Jerry assentiu. - Ela está indo para lá, trocar o soro. É só segui-la.

seguia o amigo, sorrindo boba. Quando a enfermeira abriu a porta, foi a vez de Jerry sorrir. A saudade já estava o matando. Logo a enfermeira saiu do quarto, deixando a porta aberta.
- Hey, sweetie. – Sussurrou, chegando perto da cama, já pegando a mão de . - Você ainda não saiu dessa? Já faz um ano . Você é mais forte do que eu pensava. - O garoto apertou a mão dela, de leve, com os olhos marejados. sentiu lágrimas descendo pelo rosto, mas, ainda assim, estava feliz por ter o melhor amigo de volta. - E que história é essa de Harry Styles te visitar?! Está podendo, hein?! - riu, negando com a cabeça. - Nossa, ele deve ser um gato! - Ouviu alguém pigarrear atrás si.
- Bom, é o que a minha mãe diz. - Harry sorriu, irônico, e Jerry riu, sem graça.
- Esse é o Jerry, meu melhor amigo. – Explicou, ainda rindo. - Ele brigou com o pai, e teve que ir morar com a mãe. - explicou, secando as lágrimas. - Pergunte onde ele está morando agora.
- Er... me falava muito sobre você. Vai voltar a morar aqui?
- Pois é, ela nunca me falou que te conhecia. - Comentou. - Mas se você sabe da minha mudança é porque eram amigos. - Harry assentiu. Ele odiava mentir, não sabia fazê-lo direito, mas era preciso. - Sim, consegui um apartamento por aqui. Voltei porque adoro esse lugar, voltei pela - Jerry sorriu para a menina deitada na cama.
- Eu já vou indo, vou deixá-los sozinhos. - Harry queria dar privacidade para os dois. Jerry, com certeza, devia ter muitas novidades para contar. E Harry tinha a plena certeza de que estaria ouvindo.

Jerry assentiu, vendo Harry ir até e depositar um beijo em sua testa. Sorriu instantaneamente ao ver o quanto a amiga estava sendo bem cuidada em sua ausência. , que estava sentada em uma cadeira ao lado da cama sorriu agradecida.

O garoto de olhos verdes saiu do quarto, indo reto pelo corredor. Até que escutou um grito, vindo do quarto de . Assustado, Harry correu de volta para o quarto, vendo Jerry chorando e batendo palminhas, sorrindo abertamente.
- Olhe! - O amigo de disse, entre soluços, saindo da frente para que Harry pudesse olhar para . O garoto simplesmente não conseguiu segurar um sorriso. Os olhos de estavam abertos!
- Como isso aconteceu? - Harry perguntou, atônito.
- Não sei! Você beijou a testa dela e saiu. Quando me virei, dei de cara com esse par de olhos lindos! - Jerry sorriu, entusiasmado.
- O que está acontecendo? - O Doutor Pattinson adentrou a sala e viu a novidade.
- Nós é que perguntamos. O que está acontecendo? - Jerry perguntou, olhando para Harry e depois para o doutor de cabelos grisalhos.
- Ela abriu os olhos. Isso é bom? - Harry indagou, ansioso pela resposta.
- Acho melhor não criarem expectativas. só abriu os olhos, não quer dizer que ela os veja. Na verdade, só vamos ter mais informações, fazendo uma ressonância magnética para ver se está tudo OK com o cérebro dela.

suspirou, frustrada. Não seria tão fácil assim sair do coma.

(...)

Ao atravessar a porta de casa, foi surpreendida por um abraço por trás, as mãos grandes de Harry envolveram a sua cintura. sorriu triste e se virou para ele, olhando em seus olhos verdes.
- Ei, porque não está sorrindo? - Ele perguntou, com as sobrancelhas arqueadas, ainda segurando sua cintura.
- Você sabe, aquilo não significa nada. Eu continuo lá, presa naquela cama.
- Eu tenho certeza, você vai sair daquela cama. Confia em mim! - Harry segurou-a pelos ombros tentando animá-la.
- Olha, amanhã vamos até o hospital para ver o resultado dos exames. - Ela assentiu. - Cadê as covinhas, hã? - A riu, envergonhada, mostrando as covinhas na bochecha fazendo-o abraçá-la novamente. - Vou ir buscar Bob, você vem? - Estendeu a mão para ela e os dois caminharam até o carro. foi o percurso inteiro fitando suas mãos, ainda entrelaçadas.

Harry dirigiu até a clínica veterinária. Trouxeram o cão para casa e o deitaram no sofá. teve a ideia de assistir a um filme, Harry colocou e no final, já estava no décimo primeiro sono. Seu celular começou a tocar, como ele apenas se remexeu no sofá, , nem um pouco curiosa, leu o nome no visor “Lia”. Bufou, cutucando o garoto.
- Harry...
- Hum... – Resmungou, sonolento.
- A Lia. - Fez uma voz afetada, tão irritante, como a da própria Lia. Ele revirou os olhos e atendeu o celular, ainda com sono, indo para o quarto.
- Porque será que ele foi lá para cima? Eu não ia prestar atenção na conversa deles mesmo. - Deu de ombros, fazendo cara de inocente. - Ou você ia? - Olhou para Bob sorrindo e, como resposta, ouviu um latido. Fez carinho no pelo bege e macio do cachorro rindo.

(...)

Chovia forte, trovões e raios ocupavam o céu nublado de Londres. desceu as escadas, encontrando Harry sentado no sofá, enrolado em um cobertor e assistindo desenhos, comendo cereais. A garota negou com a cabeça, rindo e perguntando a si mesma se ele realmente tinha vinte anos.
- Ah, bom dia. – Disse, levantando do sofá, após perceber a presença de e indo até a cozinha.
- Vamos? - Seguiu Harry. - O micro-ondas apitou fazendo-a ficar confusa.
- Vamos para aonde? - Harry perguntou.
- Para o hospital, oras! Lembra? Exames, resultado...- Falou, sorrindo fraco. Apesar de aparentar estar bem, se sentia irritadiça. Tentava, sem sucesso, não criar nenhuma expectativa. Harry abriu a boca para responde-la, mas fora interrompido com o barulho da porta de entrada sendo aberta.
- Harry! Espero que não se incomode, entrei mesmo. - Riu. A voz feminina vinha da sala de estar. - Nossa! Está chovendo para caramba! - Comentou - Harry?
- Por favor, me diga que isso é uma alucinação horrenda minha e que eu não estou ouvindo a voz irritantemente irritante da Lia. - disse entre dentes, cerrando os punhos.
- Já estou indo! - Berrou – Ontem, quando ela me ligou, nós conversamos e eu expliquei sobre o acidente. Ela entendeu perfeitamente e, então, combinamos de ver um filme. - Explicou, retirando a pipoca do micro-ondas, fazendo o encara-lo incrédula.
- Nossa! Estou super-feliz por vocês! - exclamou, irônica. - Você disse que iria!
- Desculpe, . Vai ter que ir sozinha, Lia já está aqui. - Ignorou completamente a irritação da garota, indo para a sala.

Ao chegar na sala, se deparou com uma cena, no mínimo, grotesca. Lia se encontrava com a blusa branca completamente transparente, porque, segundo ela, havia tomado um banho de chuva após sair do carro. Ela conseguia ser mais oferecida que Lindsay.
- Ih...Essa aí é desesperada mesmo. - comentou e viu Harry bufar com a implicância dela. - Aproveitem o filme. - Passou pelo sofá batendo a mão no balde de pipoca, derrubando tudo no chão.

Saiu rindo da cara de assustada que Lia fez ao ver que a pipoca caiu “sozinha”. Subiu para o quarto batendo a porta com força. Lia se encolheu no sofá com medo.
- Tem certeza de que estamos sozinhos aqui?
- Claro, acho que foi o Bob, vou lá em cima checar se está tudo bem. - Harry disse indo em direção a escada.
- Espera, Bob não é o cachorro que foi atropelado? - Lia indagou com a voz falha e Harry assentiu. - Como é que ele conseguiu fazer esse barulhão todo?
- Não sei, vou dar um jeito nele. - Styles foi até o quarto extremamente bravo. Deixou a morena lhe esperando na sala, ela continuou encolhida no canto do sofá. Se o objetivo de era assustar Lia, ela havia conseguido. - Espero que tenha uma boa explicação para estar agindo desse jeito. - Disse ríspido, entrando no quarto.
- De que jeito? - Franziu a testa, sentada na cama.
- Feito uma criança!
- Ah! Assustei sua namoradinha, foi? Ops! - Cobriu a boca com a mão, debochando.
- Eu realmente quero que meu relacionamento com a Lia dure. Mas você sempre tem que aparecer pra estragar tudo!
- Estragar tudo? - Riu sem humor. Aquilo, de alguma forma, magoou . - Querido, você estragou tudo no momento em que entrou sem permissão em minha vida. Não me culpe se você não consegue ter um “relacionamento” que dure, pelo menos, um mês! - aumentou o tom de voz.
- Quer saber, ? - Harry suspirou. - Não vou mais discutir, sinceramente, cansei de você. Quer ir no hospital? Vá sozinha! Você sempre vai mesmo. - Deu de ombros. Harry sabia que, por mais que quisesse, não poderia ter uma briga “descente” com ela. Não podia deixar Lia esperando e nem falar alto, já que Lia iria pensar que ele estava falando sozinho. E a desculpa de que estava falando com o cachorro não iria colar muito.
- Não posso. - Sussurrou para si mesma.
- O quê?
- Eu não posso, tá bom?! Sozinha eu não consigo. - Falou mais alto - Eu estou com medo do resultado dos exames. Sei que não pode dar em nada, mas... - Respirou fundo - Eu tenho medo. Você disse que ia comigo, isso é importante pra mim. É a minha vida que está em jogo!
- Harry? Morreu foi? - Lia berrou do andar de baixo. Harry caminhou até a porta, mas parou subitamente, indeciso, sem saber o que fazer, tentando decidir qual das duas escolher.
- Ah, quer saber?! Dane-se a ! Vai lá cachorrinho, Lia está te esperando para pôr a coleira. - disse, sarcástica, levantando e enxugando as lágrimas que desceram. Fechou os olhos por um instante, desejando desesperadamente sumir da face da terra, mas quando abriu, Harry não estava mais lá. - Não seja covarde Chiesa. Você vai a esse hospital, com ou sem ele - Disse para si mesma, em um tom autoritário.

(...)

Ficou um tempo sentada no banco que havia em frente ao enorme prédio. Observava pessoas que iam e vinham com seus guarda-chuvas de diversas cores, tomando coragem, para, enfim, saber as respostas para as diversas duvidas que martelavam em sua cabeça durante a noite toda.

Chegou na recepção avistando o Doutor Pattinson, que conversava com a recepcionista, se aproximou a fim de escutar o que diziam.
- Me dê os exames da Srta.Chiesa, o amigo dela está esperando no quarto e me perguntou umas quinhentas vezes sobre o resultado. - Riu sendo acompanhado por .

“Esse Jerry, nunca muda. Pelo menos ele está aqui, ao meu lado.”, pensou a garota.
- Aqui está. - A mesma recepcionista fofoqueira, entregou-lhe o envelope.

Ao chegar no quarto, sorriu, instantaneamente, ao ver o amigo por lá. A porta se abriu novamente e Dylan passou por ela, sorrindo. , então, se deu conta de que o namorado andava ausente.
- Oh, meu Deus! - Exclamou o namorado. - Quando foi que isso aconteceu? - Perguntou sorrindo feito bobo.
- Ontem. - O doutor respondeu. - Até estranhei sua ausência, você sempre vem visitar . - Comentou o homem.

Dylan ficou nervoso e soltou um risinho disfarçando. Jerry o fuzilou com os olhos, tentando adivinhar o que ele tinha aprontado.
- É, eu tinha uns assuntos para resolver. - Desconversou.
- Vamos ao que interessa. - Jerry jogou a indireta para o doutor, que assentiu abrindo o envelope. Leu as informações, e encarou o namorado e o amigo de com uma cara nada boa.
- Sinto muito meninos. – Suspirou. - O fato dela ter aberto os olhos, não muda em nada a situação - O garoto dos cabelos pintados em um rosa algodão-doce abaixou a cabeça, enquanto o fitava cabisbaixa. - Aproveitando que vocês dois estão aqui, tenho uma péssima notícia para dar a vocês. - Pattinson disse, mais sério do que nunca.
- Ela piorou? - Dylan perguntou, receoso.
- Não. está instável. - Os garotos respiraram, aliviados. - Mas ela não pode ficar assim para sempre. Olhem, sei de casos de pacientes que ficaram em coma por anos, acho que merece um descanso.
- C -Como assim um descanso? - Jerry indagou hesitante. - Você não está falando de...
- Sim, desligar os aparelhos. - O Doutor interrompeu a frase. Dylan passou as mãos pelo cabelo, visivelmente nervoso. - Aqui no hospital temos uma política: Se o paciente ficar em coma, sem nenhum progresso ou reação por um ano e meio, reunimos os familiares e eles decidem se desligamos ou não. Além do cansaço e o desgaste emocional dos familiares, que não é o caso de , temos que dar vaga para outras pessoas.
- Falta menos de um mês. – sussurrou, assustada.
- Daqui a alguns dias, entraremos em contato com a familiar responsável pela , Alice Chiesa. - Disse o médico.

A garota assistia a tudo horrorizada, simplesmente não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Era sua sentença de morte e ela não podia fazer nada para impedir.
- Não! Alice não pode decidir! Ela vai deixar que desliguem! -Jerry exclamou.
- Eu acho que cabe a família decidir isso... - Dylan deu sua opinião, fazendo Jerry olhá-lo com um misto de ódio e horror.
- Olha aqui, meu querido. Você pode ficar aí de braços cruzados, mas eu não vou deixar que matem a minha amiga. - Jerry saiu do quarto com os olhos vermelhos e lágrimas escorrendo pelo rosto.
- Dylan, me ajuda. - suplicava, mesmo sabendo que ele não a ouviria.

Nem mesmo Harry, que estava ocupado demais com a nova namoradinha.

Capítulo 6


A garota correu, correu o mais rápido que podia. Queria a casa dela, esquecer tudo aquilo que acabara de escutar, desejava desesperadamente ser acordada pela mãe, ouvindo que aquilo tudo o que estava vivendo era um simples pesadelo.

Abriu a porta em um rompante, encontrando Lia no colo de Harry, que parecia estar perdido em pensamentos, pois não reagia aos beijos quentes que Lia lhe dava no pescoço. O garoto levou um susto ao ver parada na porta.
- Desculpa. - Sussurrou segurando os soluços e subindo, o mais rápido possível, as escadas.

Harry rapidamente tirou Lia de seu colo, dando a desculpa de que precisava fazer uma ligação e subiu atrás de . Chegou no quarto e encontrou-a encolhida na cama, de costas para a porta. Harry deitou ao lado dela em silêncio e, sem saber bem o que fazer para ampara-la, colocou uma das suas mãos envolta de sua cintura puxando-a para mais perto de si. Com o tempo, o choro de foi cessando. Ela se virou, ficando de barriga para cima e encarando os verdes olhos de Harry.
- Se eu sumisse, você sentiria minha falta? - Perguntou com a voz falha devido ao choro.
- Por que isso agora? - Passou as costas da mão pelo rosto angelical da garota, secando as lágrimas. - , você não vai a lugar algum você está na sua casa. E eu te quero aqui comigo na ... minha casa. - Harry fez uma careta fofa, fazendo soltar uma breve risada com a confusão dele, que se atrapalhou todo na hora de falar de quem é a casa. Ela sentou na cama abraçando os próprios joelhos.
- Responda a minha pergunta. - Disse olhando para a janela.
- Claro que sim, vou sentir falta das nossas discussões e risadas. E quem é que vai me lembrar que a gaveta do balcão da cozinha só funciona na base da porrada? - gargalhou fraco, sendo acompanhada por Harry. - Acho que, querendo ou não, me acostumei com você aqui comigo. - Suspirou pesadamente, enquanto seus olhos verdes fitavam o teto branco do quarto. – Por que a pergunta? Os exames deram bons resultados? Você vai sair do coma? - Styles sentou ao lado dela, enchendo-a de perguntas e esperançoso com as respostas. apenas negou com a cabeça, enquanto as lágrimas desciam novamente pelo seu rosto. - Porque está chorando? - Harry perguntou preocupado.
havia perdido a fala por conta do nó enorme que havia se formado em sua garganta. Então, o que ela queria fazer desde que saiu correndo por aquele hospital, mas só Harry poderia tornar possível, ela abraçou-o o mais forte que podia.
- , pelo amor de Deus, me diga o que aconteceu! - Ele retribuiu o abraço, podia sentir as lágrimas molhando sua camisa, o diafragma da menina, que subia e descia rapidamente, devido aos soluços. - , você está me assustando. – Partiu o abraço olhando-a nos olhos.
- Deram o prazo de três meses, se eu não der nenhum sinal de melhora vão desligar os aparelhos - Disse com a voz falha.
- Eles não podem fazer isso! - Exclamou. - E Dylan e Jerry?! Não podemos fazer nada para impedir? !
- Não, minha vó é quem vai decidir... e acho que vocês não vão fazê-la desistir da decisão dela.
- Decisão? Até parece que você já sabe o que ela vai decidir. – Olhou-a intrigado.
- Parece não, eu sei. Harry, aquela mulher me odeia! Ela, no mínimo, deve estar contando os dias para se ver livre de mim, pois se desligarem tudo, eu não vou ser mais um peso na vida dela! E Dylan... Bom, ele concordou com o doutor, acha que é o melhor pra mim. - Suspirou triste.
- Ele é um idiota. - Sussurrou pra si mesmo, mas ouviu e lhe deu um tapa. - Ai! - Ela riu da careta que Harry fez.
- Idiota é você! - Disse risonha.
- Não sou idiota ao ponto de aceitar perder você sem ao menos fazer nada para impedir. - Falou sério, fazendo o sorriso de sumir.

Ela agora o encarava surpresa pelo que havia escutado, realmente não achava que era tão importante assim para ele. Quando se deu conta, já estava tão próxima a Harry que podia sentir sua respiração bater contra seu rosto. Eles estavam tão próximos que os narizes se chocaram, fazendo as covinhas aparecerem nas bochechas de ambos enquanto sorriam. Alguém subindo as escadas atrapalhou tudo. Era Lia.
- Não me importa com quem esteja falando, pode ser até o presidente dos Estados Unidos, mas você já ficou tempo demais no telefone. - A garota, um tanto fútil, abriu a porta, entrando no quarto. - Ei, eu nunca estive aqui! - Comentou olhando em volta - E olha que eu pensei que esse seria primeiro cômodo da casa que você iria me mostrar - Riu irônica. - Eu sou tão burra! - brevemente concordou com a cabeça - Deveria ter percebido antes!
- Percebido o quê? - Styles levantou da cama, franzindo a testa.
- Que você está me evitando, fugindo de mim!
- Lia, eu não... - Harry procurava uma desculpa para dar, mas Lia o interrompeu.
- ... No jantar, você me deixou só. Hoje, me chama pra ver filmes na sua casa, e, adivinhe só?... Sozinha de novo!
- Lia...
- Não adianta vir com suas desculpas esfarrapadas! - Lia estava furiosa. Já , assistia a tudo rindo, como se estivesse assistindo a um filme de comédia.
- Lia! Eu acho que eu tenho o direito de me explicar sem ser interrompido por você. - Harry finalmente falou mais alto que ela.
- E eu, acho que tenho o direto de saber quando o cara está ou não a fim de mim. Mas no seu caso, você já deixou bem claro que não. – E então ela saiu batendo os pés e, logo depois, bateu a porta da frente com tudo.
- Não vai atrás dela? - levantou indo até ele.
- Não - Deu de ombros.
- Como assim “não”? Harry, você não disse que gostava dela?
- , eu fiz de novo. Saí com Lia somente para tentar esquecer a Erin. - O garoto sentou novamente na cama.
- Isso significa que você não a esqueceu. – murmurou cabisbaixa, sentindo um incomodo com o que acabara de ouvir.
- Sim, esqueci. Mas parece que não há nenhuma garota consegue preencher o vazio que Erin deixou. - Suspirou.

O que disse não deixava de ser verdade, porém tinha algo mais. Estava tentando negar para si mesmo que não via o rosto de toda vez que ia beijar Lia. Para ele, isso só poderia ser loucura! Harry tem um motivo muito forte para pensar isso, ele não irá acordar ao lado dela todos os dias, vai chegar a hora de se despedir, desaparecerá, ou indo embora pra sempre, ou para os braços de Dylan.
document.write(Emily) quis dizer Erin.

Essa era a desculpa mais esfarrapada que já ouviu, mas, de certa forma, ela estava feliz por ele ter dado um basta nessa palhaçada que os tabloides do mundo todo chamavam de "romance".
- Eu só não quero ser idiota de cometer o mesmo erro. - Harry suspirou pesadamente. - Vamos mudar de assunto? - Ele apenas sorriu, assentindo e chamando. - Me conte sobre sua banda... - Harry sorriu aliviado por não ter que falar sobre o assunto, sentado na cama junto a ela, contou sobre cada integrante e como é bom fazer o que gosta.

(...)


A porta da sala foi aberta, era Niall, que já subia as escadas sem saber direito em que quarto entrava. Harry saiu na porta, dando um abraço de urso no amigo. A garota fingiu tossir e deixou a palavra “Gays” escapar propositalmente, rindo em seguida.
- Cara que saudades! - Exclamou Niall. – E que casa maneira! - O loiro soltou-se do abraço olhando em volta.
- Valeu. - Harry e responderam em uníssono.
- Vocês não iam ficar com a família até o fim das férias? - Harry perguntou.
- Íamos, mas voltamos pra te fazer companhia. Liam disse que você não ia viajar. - Harry sorriu em agradecimento.
- Então... Cadê os outros?
- Eles marcaram de se encontrar numa boate que acabou de inaugurar no centro. - Niall informou. Harry lançou um olhar sugestivo para , que cruzava os braços o encarando.
- Está mesmo me pedindo permissão? - Ela riu maldosa, jogando a cabeça pra trás. - Vai! Divirta-se com seus amigos. - Sorriu.
- Vamos nos divertir! - Harry exclamou animado, arrancando uma gargalhada gostosa de Niall.
- Beleza, vou ir lá em casa tomar uma ducha e já volto. - Niall disse, indo em direção as escadas. - Ah! E não banque a noiva, passando duas horas se arrumando, é feio – Piscou, rindo da cara de ofendido de Harry, saindo pela porta da frente em seguida.
- Sem garotas. - disse com a voz firme, fazendo o garoto se virar para olhá-la.
- Aí não será diversão! - Harry fez bico.
- Sem garotas ou eu vou junto. - cruzou os braços autoritária.
- ! - Disse suplicante: - Por favor!
- Pensando bem... - Fez uma cara pensativa - Vai ser muito divertido, pra mim, fazer da sua noite um inferno.
- Quem aqui falou em garotas? - Harry fingiu estar confuso, passando por ela e entrando no quarto novamente. - Vou tomar banho. - É mesmo, Styles, hoje é sábado! Dia de tomar banho. - A riu, enquanto ele lhe mostrava o dedo do meio, fechando a porta em seguida.

Depois de muito tempo se arrumando, a noiva... Quer dizer, Harry, desceu. Encontrando jogada no sofá, zapeando os canais da televisão.
- Não tem nada pra fazer nessa casa... - Reclamou.
- , eu vou te apresentar um grande amigo meu. - A garota se endireitou no sofá, olhando-o curiosa. - Vídeo game. - Harry apontou para o aparelho perto da TV. – Bom, já vou indo, divirtam-se vocês dois. - lhe lançou um olhar sarcástico e tratou de responder Styles:
- E você, se comporte. - foi até a estante ligar os aparelhos e algo chamou sua atenção. - Legal, Guitar Hero.

(...)

Ao ver quem estava abrindo a porta pausou o jogo sorrindo animada.
- Há! Aí está você, sua fujona. - Harry exclamou, trancando a porta atrás de si e se encostando nela com um sorriso malicioso nos lábios. Estava sorridente demais, cheio de más intenções.
- O que você aprontou? - estreitou os olhos, analisando-o, tirou a guitarra de volta do pescoço, colocando-a em cima do sofá e foi em direção ao garoto. Foi surpreendida ao ser agarrada por ele, suas mãos apertavam a cintura dela, colando seu corpo ao dele, o cheiro de álcool saiu de sua boca denunciando sua embriaguez.
- Você está bêbado? Me solta! - Se debatia, enquanto os braços de Harry a prendiam.
- Não! Fiquei a noite toda correndo atrás de você, não vai fugir agora. - Respondeu ainda segurando-a. Ela se debateu com mais força e ele cambaleou, enfim soltando-a.
- Seu bêbado tarado! - até iria ajudá-lo devido as condições dele, mas resolveu subir e se trancar no porão, deixando-o se virar sozinho. Ainda estava brava com ele. Subiu os primeiros degraus da escada, mas Harry a impediu de prosseguir. Ali, parado de frente da porta assistiu-a indo embora, ele já tinha visto essa cena. Mas estava embriagado demais para distinguir quem subia as escadas.
- Não vá embora de novo, Erin. - Harry disse com a voz arrastada, devido ao seu grau de embriaguez.
- Do que me chamou? - Sua voz saiu esganiçada, virou-se o encarando incrédula.
- Eu te chamei pelo nome, oras. - Deu de ombros, falou como se fosse óbvio. A garota desceu estreitando seus olhos .
- Nunca mais me chame de Erin, me ouviu bem? Nunca! - Falou sendo o mais claro possível. Harry abaixou a cabeça e foi cambaleando até o sofá, sentado de qualquer jeito. Parecia uma criança de sete anos, quando recebe uma bronca da mãe.
- Então vá. Vai embora novamente, me deixe só outra vez. Eu não passo de uma diversão para você, não é? Um brinquedo que você enjoou, jogou fora e agora o quer de volta.

sabia que aquilo era só mais um drama de um bêbado. Mas o que ele falou não deixava de ser verdade e isso a fazia odiar Erin profundamente. Ela bateu na própria testa se punindo por ser tão mole.
- Vem, você precisa de um banho. - A suspirou derrotada. Estendeu a mão para ele, que a pegou imediatamente e levantou com a ajuda dela, os dois foram cambaleando até a ponta da escada.
- Harry sobe e tira essa roupa – Instruiu, e um sorriso malicioso surgiu nos lábios do garoto, enquanto ela o largava na ponta da escada. - E tome um banho. - Deu ênfase nas últimas palavras. Harry bufou e subiu alguns degraus se segurando no corrimão. - E vista-se! - berrou, indo para a cozinha preparar um café bem forte.

Ao chegar no quarto, se desconcentrou ao vê-lo vestindo somente com uma calça cinza de moletom, enquanto passava a toalha sobre os cabelos molhados tentando secá-los.

simplesmente não conseguia parar de admirar o abdômen definido de Harry, ele se sentou na beira da cama, ainda se sentindo um pouco tonto.
- Tome isso. - Harry olhou para a xícara curioso, querendo saber o que era. - É café. - A garota revirou os olhos.
- Não quero. - Cruzou os braços feito criança.
- Como minha mãe dizia... Você não tem querer.
- Odeio café. - Resmungou ele, pegando a xícara a contra gosto.
- Pensasse nisso antes de sair por aí bebendo todas. – Respondeu, indo até a cabeceira da cama, lá ela deixou uma cartela de comprimidos para dor de cabeça, já prevendo a ressaca no dia seguinte.

Enquanto estava de costas não percebeu a aproximação de Harry, que aproveitou sua distração. logo sentiu duas mãos grandes envolta de sua cintura.
- Ai, Deus. Com tantas pessoas para comprar minha casa, você tem que me mandar justo um ninfomaníaco?! - Se lamentou com a voz afetada. - O que pensa que está fazendo?
- Dorme comigo? - Harry sussurrou ao pé do ouvido, fazendo-a se arrepiar instantaneamente com o ato. deixou um suspiro escapar, mas logo se recompôs virando-se para encará-lo.
- Harry, para. Sabe que eu não preciso dormir. Vai, deita e dorme. - Apontou para a cama. - E outra, você nem sabe o que diz, até esqueceu quem sou eu! - Argumentou. Não tinha para onde fugir, estava encurralada entre a cama e a cômoda.
- Chiesa, fica comigo essa noite? - Harry a olhou no fundo dos olhos. procurava algum sinal de embriaguez, mas, para sua surpresa, não encontrou.
- Tudo bem. - Suspirou derrotada indo em direção ao interruptor e apagando a luz. – Ah, droga, cadê a cama? - caminhou às cegas a procura da cama, até que bateu o pé na quina da mesma. - É, acho que já encontrei. - Murmurou massageando o dedo do pé.

Uma gargalhada sonora ecoou pelo quarto.
- Idiota. – Bateu nele.
- Boa noite para você também, . - Disse se aconchegando na cama, mas não obteve resposta.
- Harry...
- Hm... - Murmurou sonolento, ainda de olhos fechados.
- Você poderia... Sabe... Acender o abajur? - Outra gargalhada e mais um tapa.
- Desculpa! Mas é hilário o fato de uma garota de dezessete anos ainda ter medo de escuro. - Harry sentou na cama fazendo o que pediu. - Seus tapas doem, sabia?! Prefiro quando está carinhosa. – E então foi a vez de rir alto.
- Quando isso? - Arqueou as sobrancelhas sarcástica.
- No dia em que você ficou mexendo no meu cabelo até eu dormir. - Styles disse sério encarando-a. Um sorriso espontâneo surgiu nos lábios de , mas ela logo tratou de desfazê-lo.
- Boa noite, Styles. - desconversou, vendo o garoto voltar a deitar na cama, se virando para o lado oposto. chegou perto e, com um pouco de receio, passou uma das mãos no cabelo macio de Harry, que aproveitava o carinho que recebia. Já ela, pensava no que o médico disse. O medo lhe tomou conta e, por instinto, a abraçou Harry, fazendo-o se arrepiar com o toque dela.

(...)


- Bom dia! - abriu as cortinas, fazendo a luz do dia entrar, sem permissão, no quarto.
- Fecha isso. - Harry murmurou com a voz mais rouca que o normal, apertando o travesseiro sob a própria cabeça, que parecia que iria explodir a qualquer momento.
- Ah, vamos lá, garotão! Levanta! - Exclamou.
- . Eu. Vou. Te. Matar! - Disse bravo.
- Ih...Chegou atrasado! Já estou quase morta. - fez graça com a própria situação, puxando o edredom e descobrindo Harry, que desistiu de tentar dormir e se sentou na cama.
- Nossa, você sempre faz essas piadinhas sem-graça logo pela manhã? - Harry murmurou, passando as mãos por seus cabelos bagunçados. Seus olhos verdes estavam quase se fechando, a cara amassada não o deixava feio, pelo contrário, Harry ficava incrivelmente sexy ao acordar, algo que não pôde deixar de reparar.
- Aprendi com você. - Riu fazendo a cabeça de Harry doer. - Vou fazer um café. - Prendeu o riso quando viu a careta do garoto.

Desceu para a cozinha, colocando a água para ferver. Encostada na bancada, pensou em como as coisas mudaram, meses atrás ela estava por ali sozinha, apenas esperando o tal homem misterioso surgir e levá-la para perto de sua mãe. Mas agora, não sabia se queria ir embora, algo a prendia ali.

Depois de um tempo, o café estava pronto. subiu para o quarto, entrando de supetão.
- Oh, meu Deus! – Exclamou, soltando o copo de que tinha nas mãos, usando-as somente para tampar os próprios olhos.
- Foi mal, , pensei que fosse demorar lá embaixo, por isso não fechei a porta. - Harry disse, enquanto colocava uma toalha envolta da cintura. - Já pode olhar. - retirou as mãos dos olhos, mas continuou olhando para o chão, completamente constrangida. Porém, ela não podia negar que acabara de ter a visão do paraíso. - Ah, qual é ?! Vai dizer que nunca viu um garoto nu! - Harry riu, mas parou ao ver que ela o olhava séria. - , você é virgem? - Indagou incrédulo.
- Mais que tipo de pergunta é essa! É claro que eu... Sou. - Respondeu a garota corada. se abaixou para pegar os cacos do copo, ela ficaria assim o dia todo só para não precisar encarar Harry novamente.
- Nesse um ano de namoro vocês nunca... fizeram nada? - Harry estava curioso demais, torcia para a resposta ser não. Ela ia até o banheiro jogar fora o vidro, quando voltou começou a explicar.
- Não, já tentamos algumas vezes, mas na hora “H”, eu sempre dava pra trás. - Ele suspirou aliviado. - É, acho que vou morrer virgem - Soltou uma risada fraca, sentando na ponta da cama. - Veja pelo lado bom, pelo menos você vai para o céu. – Harry riu.
- Se esses forem os critérios de Deus. Boa sorte no inferno, Styles - Gargalharam sentados na cama.

A campainha tocou, salvando de responder mais uma das polêmicas perguntas de Harry. O garoto levantou indo para o andar de baixo. Vozes foram ouvidas, eram de quatro garotos, eles gritavam coisas gays como "Senti saudades!" e até "Estava me traindo?". desceu correndo, curiosa. Só podiam ser os outros integrantes da One Direction!

A garota já conhecia Louis, Liam e Niall. O moreno de topete era a novidade do grupo, pelo o que ouviu, deduziu que seria Zayn. Era engraçado como eles eram unidos, parecia que tinham crescido juntos, apesar de só terem se conhecido no reality show. sabia dessa história, já que Harry estava determinado a fazer a garota gostar de sua banda.

Após uma tarde inteira de risos, abraços e viadagem -como descrevia o comportamento dos cinco garotos- ,chegou a hora de ir. Após mais abraços, Harry os acompanhou até a porta, claro que estava em seu lado.
- Gostei deles. - confessou se jogando em um dos sofás. - Parece que é só você quem estraga a banda.
- ! - Exclamou ofendido, atacando uma almofada na garota.
- Me batem por falar a verdade, não é justo! - Bufou cruzando os braços emburrada. Harry sorriu bobo ao ver o bico que ela fazia, quando percebeu o que estava fazendo, apenas negou com a cabeça e subiu para o banheiro, se despindo para um banho quente.

(...)


Logo depois dos garotos irem embora, Harry sugeriu a um filme para assistirem. “Marley & Eu”, estava rodando na televisão, estava passando uma das cenas em que o cachorro aprontava mais uma, quando Harry ouviu um suspiro ao seu lado.
- , tá tudo bem?- Indagou preocupado.
- Sim, eu só sinto falta do Bob. - Deitou a cabeça no ombro do garoto.
- Eu também. - Passou o braço envolta dela. Logo teve uma ideia, mas isso ficaria para outra hora, já havia se passado da meia noite.

(...)

- Caiu da cama foi? - indagou, quando viu Harry entrar na cozinha as sete horas da manhã.
- Temos uma entrevista, os meninos me matam se eu chegar atrasado.
- Mais tão cedo assim? - A garota estranhou.
- Interrogatório, Chiesa? - Arqueou as sobrancelhas, fazendo a garota gargalhar – Tchau! – Deu-lhe um beijo na testa e pegou uma maçã, saindo em seguida.

Após conversar muito e se informar com o melhor advogado de Londres, Harry foi até o hospital. Gerald Pattinson, o médico responsável de cuidar de casos como o de , lhe recebeu em sua sala para uma longa conversa. O homem explicou todos os detalhes do procedimento a ser feito. Ele falava e falava, deixando Harry um pouco tonto com tanta informação.
- Para o caso de , eu recomendaria a Eutanásia passiva, que é simplesmente desligar todo tipo de aparelho que a mantenha viva. - Styles levantou inquieto da cadeira, ele simplesmente não conseguia imaginar a morte de .
- Chega de falar disso, isso é crueldade! - Harry disse atordoado.
- Acalme-se Sr.Styles, quer um calmante? - Harry negou com a cabeça, voltando a se sentar. - Infelizmente temos que falar sobre isso. Acho melhor se acostumar com a ideia de não ver mais , não há como impedir a morte, uma hora vai ter que acontecer.

O garoto de olhos verdes já tinha as mãos sob o rosto. Em sua garganta se formava um enorme nó, que só foi desfeito com os soluços soltos por ele.
- Sei o quanto é difícil dizer adeus. E, acredite, eu também me apeguei a . Mesmo sem ao menos conhecê-la, sei o quanto ela é encantadora. - O homem de jaleco se levantou indo até ele, colocando uma mão em seu ombro em forma de apoio. - Harry, tem que deixa-la ir, é o melhor para . - Harry levantou a cabeça, revelando um rosto vermelho e molhado de lágrimas.
- Não quero deixar a , simplesmente não posso. Conversei com um advogado hoje e ele disse que tem como impedir a Alice. - Harry disse determinado.
- A única pessoa que poderia impedir seria o pai, já que a mãe faleceu. E, pelo que eu sei sobre a família Chiesa, ele nunca quis saber da filha.
- O advogado disse que ele seria de grande ajuda. Mas e se caso ele negar a ajuda, tem outro jeito, não tem? - Perguntou receoso.
- Não. Recomendo a você, passar o tempo que puder ao lado de , porque o pai dela pode não ter direito algum sobre ela. - Harry ficou com medo, medo de não conseguir salvar da morte. - Mas eu lhe prometo uma coisa, vou fazer de tudo para que ela não sofra durante o procedimento. Ela nem vai sentir a morte chegando.

Harry assentiu sentindo seus olhos se encherem de lágrimas novamente. Agradeceu ao doutor e saiu de sua sala preocupado. Se encostou numa das paredes brancas do hospital para se recompor. Antes de sair dali, Styles viu uma coisa no corredor, seus punhos cerrados demonstravam seu autocontrole. Tudo o que Harry queria era ir até aqueles dois e socar a cara de Dylan, até o próprio ir parar numa cama de hospital. Foi embora, antes que pudesse fazer uma besteira, se lembrou que tinha outra coisa a resolver, precisava dele. Ultimamente tudo o que ele fazia estava, de alguma forma, relacionado a ela.

(...)


continuava deitada no sofá, jogando video game, quando se entediou e avistou o notebook em cima da poltrona. Entrou no YouTube.com digitando "One Direction", assistiu a vários vídeos e até decorou o single “You and I”. O telefone tocou diversas vezes, mas caiu na secretaria eletrônica, logo a voz fina e linda de Louis ecoou pela sala.
- Hazz, não esqueça da entrevista de amanhã! O voo para Nova Iorque sai às duas em ponto! Beijo!
- Nova Iorque? Entrevista amanhã? ... Onde foi que o Styles se meteu?! - Disse entre dentes.

Logo o noticiário voltou dos comerciais, nem havia assistido a primeira parte do programa, estava ocupada demais matando Harry mentalmente. Mas algo lhe chamou a atenção. O homem sorridente de cabelos grisalhos anunciou que havia chegado a hora das notícias dos famosos. Depois da vinheta animada, uma bem trajada com seu vestido vermelho começou a tagarelar animada.
- Agora, temos uma notícia que vai deixar as adolescentes do mundo todo arrasadas. - Fingiu estar cabisbaixa.
- Que drama. - disse com a voz monótona.
- Harry Styles, um dos integrantes da One Direction foi visto na boate Sweet Midnight junto com seus companheiros de banda. Mas, ele estava acompanhado de ninguém mais, ninguém menos que Erin Foster. A ex dele! Será que o casal mais odiado pelas directioners está de volta?

pegou controle desligado a televisão nervosa, afinal, ela estava se sentindo arrasada, como as adolescentes do mundo todo.

(...)

Após ficar um tempo vendo TV e xingando Harry de todos os nomes possíveis, resolveu fazer algo para se distrair. Foi até a cozinha e começou a juntar os ingredientes para um bolo de chocolate.
- ... Your secret tattoo, the way you change moods. The songs that you sing when you're all alone... - Preparava o recheio do bolo, enquanto cantava, quando ouviu a porta se abrir. Um tempo depois, Harry apareceu na cozinha. logo tratou de dar pause na música, queria ouvir que história ele inventaria dessa vez.
- Hm... Bolo de chocolate. - O garoto comentou ao sentir o maravilhoso cheiro.
- É, mas esse bolo é só para pessoas que falam a verdade, ou seja, você não toca nele Styles. - esbravejou, enquanto mexia a cobertura. Harry, que digitava no celular, parou o que estava fazendo e fitou estático.
- Como ficou sabendo?
- Louis ligou avisando que o voo sai as duas, entrevista longe, não? - disse com as mãos na cintura, sua voz estava cheia de sarcasmo.
- Do jeito que está brava, nem vou experimentar o bolo, vai que tem veneno? - Harry disse tentando brincar para descontrair o clima, o que não funcionou.
- Se Erin tivesse vindo junto, pode ter certeza que teria. - falou séria.
- Erin? O que ela tem a ver com isso? - Franziu a testa confuso.
- Agora vai se fazer de desentendido? - A cruzou os braços. - Seria menos vergonhoso falar logo que voltou com ela, do que mentir. Eu acho que ela é uma vaca e que não te merece, mas se você quis voltar com ela...
- , está com ciúmes? - Harry a interrompeu, segurando o riso.
- Até parece! Cresce garoto! - A exclamou, indo até a geladeira. Em sua cabeça muitas dúvidas surgiam. Harry estava certo? Estaria ela com ciúmes?
- Não estava com Erin, a última vez que nos vimos, eu estava bêbado e, se isso te deixa feliz, ela me deu um fora. - continuou impassível, é claro que estava feliz com o que ouviu, mas ainda estava brava pela mentira.
- Se não estava com ela, onde se enfiou a tarde inteira? - parou de tirar os morangos da caixa e se apoiou na mesa para encará-lo.
- Não posso contar agora, mas tenho certeza de que vai gostar das minhas novidades. - bufou.
- Não vai mesmo contar? - Harry negou com a cabeça, prendendo o riso. Ele sabia que estava se roendo de curiosidade. - Quer saber? Eu cansei, não quer falar não fala, mas também não quero mais ouvir sua voz. - largou a faca que usava para cortar os morangos e foi até o notebook, dando play na próxima música aumentando o volume.

O garoto de olhos verdes a fitou perplexo por um tempo, não estava acreditando que ela havia ficado brava só por ele querer lhe fazer uma surpresa. Logo o som de um piano preencheu a cozinha, Harry sorriu vitorioso reconhecimento a melodia.

Now you're standing there right in front of me I hold on, it's getting harder to breathe.


- Engraçado você dizer isso... Harry disse indo até , que agora estava de costas para ele, lavando os morangos na pia. Afastou seus cabelos loiros que caiam sob os ombros, deixando-os de lado.

All of the suddenly these lights are blinding me I never noticed how bright they would be.


paralisou tentando imaginar o que se passava na mente maliciosa de Styles.
- Não quer mais ouvir minha voz e coloca justo a música que eu canto sozinho. - Sussurrou ao pé do ouvido, sua voz era lenta e completamente rouca. se encolheu arrepiada.
- Harry, para...- A garota disse com a voz falha. Ele levou as mãos até a cintura fina da , apertando de leve, enquanto se movia lentamente, junto com a música. - Já disse para você parar.
- Não estou fazendo nada... - Harry disse perto de seu ouvido. - Nada que você não goste. - Continuou. Seus lábios tocavam a pele quente do pescoço de . Logo depois ele depositou um beijo ali.

I saw in the corner, there's a photograph.
No doubt in my mind it's a picture of you.


- Quem disse que estou gostando? - murmurou, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos. Harry puxou-a pela cintura, fazendo-a se virar para ele. acordou da espécie de “transe” em que se encontrava, arregalando os olhos. Como, só com simples toques, ele podia tê-la assim, totalmente submissa a ele?
- Seus olhos dizem. - Respondeu, analisando cada detalhe de seu rosto, deixando completamente envergonhada. Num ato totalmente involuntário, escondeu a cabeça na curva do pescoço de Harry, corada, ele soltou uma gargalhada apertando-a ainda mais contra si.

That lies there alone in spattered broken glass.
This bed was never made for two...
I'll keep my eyes wide open.
I'll keep my arms wide open.


Styles cantava baixinho em seu ouvido, acompanhando a letra. sorria a cada palavra, apreciado a linda e excitante voz de Harry, enquanto dançavam pela cozinha.

Don't let me,
Don't let me
Don't let me go
Cause I'm tired of feeling alone...


A música acabou e já estava toda arrepiada, coisa que Dylan, em um ano de namoro, jamais havia conseguido. Seus rostos estavam próximos, dessa vez tomou iniciativa, lhe puxando pela camiseta. Styles aprofundou o beijo, uma das mãos de entraram em contato com a nuca dele, arranhado de leve e fazendo-o soltar um suspiro durante o beijo.
Better than Words tocava agora, as mãos de Harry foram descendo pelo corpo da garota e quando chegou na coxa, deu impulso, sentando sob a mesa. Os lábios, cada vez mais sedentos, os toques, cada vez mais ágeis. Mas algo tinha que atrapalhar o momento.

Algo não, alguém.

Se é que podemos dizer isso da pequena criatura que adentrou a cozinha, fazendo empurrar Harry de leve e descer rapidamente da mesa.
- Que gracinha! - exclamou deslumbrada, se abaixando para pegar delicadamente o pequeno cãozinho, filhote da raça Husky Siberiano. Neste momento, Harry teve uma perfeita visão do bumbum de . Se xingou mentalmente, desviando o olhar.
- Não era exatamente o momento certo para ele aparecer. - Disse coçando a nuca. - Mas... Surpresa! - Sua animação era como a da Lana Del Rey, inexistente.
- Sua alegria me contagia, sério. - Ela fez o garoto rir, enquanto acariciava o pelo macio do filhote. - Oh, meu Deus, ele parece um ursinho de pelúcia! - comentou sorridente. - Temos que dar um nome a ele!
- Ele é seu. - Harry sorriu. - Pode chamá-lo do que quiser, menos de Dylan, é claro. - fechou a cara o encarando.
- Harry também não é um nome muito apropriado, seria uma ofensa ao cachorrinho. - Ele arqueou a sobrancelha, vendo sair da cozinha com o mais novo morador da casa nos braços.

Harry aproveitou que estava sozinho e atacou o bolo, pois estava com raiva. Porque sempre defendia Dylan? Será que ela percebia que ele não merecia ser defendido? - não deveria se sentir culpada por não amá-lo, duvido muito que ele a ame do jeito que ela merece ser amada. - Harry murmurou sozinho na cozinha.

entrou no quarto e ficou assustada com a quantidade de sacolas, cinco, no máximo. Curiosa, a garota largou o cachorro no chão e foi ver o que tinha dentro de cada uma. Coleiras, tigelas, ração, brinquedos e acessórios para o cãozinho.
- E eu aqui me iludindo, achando que ele tinha comprado uma calça nova. Riu sozinha.

Após terminar o bolo, Harry limpou a sujeira que havia feito na cozinha e logo depois foi para a sala. Sem ao menos ligar a televisão, deitou-se no sofá com um braço debaixo da cabeça, encarando o teto branco e tentando arranjar um jeito de contar a o que viu e ouviu durante a sua visita ao hospital. Harry mordeu com força o lábio inferior ao tentar imaginar o que aconteceria se ele falhasse na hora de ajudar , lhe deu uma pequena dor nas costas e ele decidiu tomar um banho e ir dormir, mesmo ainda estando cedo.

Quando chegou no quarto em silêncio, encostado no batente da porta, observou dar ração ao pequeno cachorrinho, ela estendia a mão para ele que comia com uma rapidez incrível.
- Ah, você está aí. - percebeu sua presença.
- Já escolhi um nome para essa fofura. - O cão continuava a comer, e comer, alheio a conversa dos novos donos. Harry se aproximou sentando-se no chão junto a ela.
- Fofura? Ah, não gostei. - Harry disse, querendo implicar com .
- Eu ainda não disse o nome dele seu idiota. – Deu-lhe um tapa no braço, fazendo-o rir. - Harry, conheça Scooby! - falou com animação.
- Scooby, do desenho do Scooby-Doo? - Harry fez uma careta.
- Eu sei que é meio nada a ver, mas olhe só pra ele! É uma máquina de comer! - riu e Harry a acompanhou, fazendo carinho no cachorro.
- Vendo por esse lado, ele tem tudo a ver com o nome. - A garota assentiu sorrindo. Mas seu sorriso se desfez, quando seus olhos se encontraram com os dele.
- Eu queria falar sobre o que aconteceu lá na cozinha eu...
- O que, o nosso beijo? Não é a primeira vez que acontece, , não precisa ficar envergonhada. - Harry falou, a interrompendo.
- Tem razão, essa não é a primeira vez, mas eu não quero que isso se repita. - Harry sentiu um incômodo enorme ao ouvir as palavras de .
- Porque não? não fizemos nada de errado, eu quis, você quis.
- Não tem nada de errado pra você! Harry eu tenho namorado! Não é justo você ficar me provocando desse jeito, com essa sua voz de locutor de loja e...
- Locutor de loja? - Harry fez careta.
- É! Aquela voz que enlouquece qualquer garota apenas anunciando uma liquidação.
- Então quer dizer que eu te enlouqueço? - O garoto chegou mais perto sorrindo, mas se esquivou.
- Harry, para! - Exclamou ela.
- Parar por quê? Vocês não se amam mesmo. - Ele deu de ombros, enquanto o encarava incrédula.
- Se o que ele faz por mim não é amor, então eu não sei o que é. - Harry cerrou os punhos ao ouvir aquilo.

E o que ele faz por ela? Por que nunca reconhece os esforços dele?
- E o que eu faço? Não conta? De que adianta Dylan ir te visitar todos os dias e depois sair do hospital com outra no carro dele? - Harry berrou. Só percebeu o que havia falado, quando viu a expressão de . A agora arregalava seus olhos incrédula.
- Do que você está falando? - estava confusa. Harry só podia estar errado, poderia ser só uma carona para uma amiga, Dylan não podia estar com outra. Ele não seria capaz disso.
- Estou falando do que eu vi. Ele estava conversando com uma garota ruiva e eles falavam sobre um jantar.
- Ruiva? Jantar? Está louco, Harry?! Dylan não seria capaz de me trair, para de inventar história! - gritou com Harry, que a olhava incrédulo. Porque ele inventaria uma coisa dessas?
- Ainda não terminei de falar! - Harry gritou se aproximando da garota, que com medo se sentou na cama calada.
- A garota ainda entregou o relógio dele, que por acaso tinha ido parar na cômoda da casa dela! - Harry disse ironicamente. - E quando o seu lindo namoradinho ia entrar no seu quarto para te ver, ele a beijou!

Algumas lágrimas desciam pelo rosto angelical de . A decepção era nítida nos olhos dela.
- E agora, hã?! Vai continuar defendendo aquele otário? - Harry gritou bravo a encarando friamente.

Capítulo 7


- Desculpa por gritar daquele jeito. - Harry suspirou.
- Foi até bom pra mim, foi como um choque de realidade, sabe? – respondeu, fazendo careta. - Como eu pude ser tão idiota ao ponto de pensar que ele estaria ali, esperando eu acordar pra sempre? - falava com raiva de si mesma.
- Vem, vamos lá para cima, aqui está congelado. - Styles lhe estendeu a mão. Foram até a sala e Harry teve uma ideia para espantar o frio. Acenderam a lareira que tinha na sala. Quando ele voltou do andar de cima com cobertores, foi para o chão sentando perto do fogo, já Harry arrastou uma das poltronas para perto da lareira.
- Fresco. - murmurou, fazendo ele rir.
- Pelo menos eu não passo frio aí, nesse chão gelado. - o garoto deu de ombros.
- Nem estou com frio. - disse com desdém.
- Para de ser boba, vem cá. - Harry abriu os braços, ainda sentado na poltrona com um cobertor vermelho em volta de si. levantou receosa e parou na frente dele.
- Tá, aonde é que eu vou ficar? – disse, vendo que havia pouco espaço. Harry bufou a puxando rapidamente pelos quadris, fazendo-a sentar em seu colo. Na hora, ficou assustada, mas logo se recompôs, virando de lado e esticando as pernas em cima do "braço" da poltrona preta. Harry, então fechou os braços em volta dela cobrindo-a enquanto deitava em seu peito.
- Eu vou estar lá. - a voz rouca do garoto ecoou pela sala, que estava em completo silêncio.
- O quê? - virou, fitando-o confusa.
- Se Dylan não estiver lá, ao seu lado quando você despertar, não se preocupe, pois eu vou estar. - Harry explicou, olhando-a nos olhos. A sentiu um frio na barriga, de repente ela ficou sem fala.

Harry foi chegando mais perto e, como ela não havia se esquivado, selou seus lábios se afastando em seguida. Foi a vez de chegar mais perto, mas não era um simples selinho. O intenso beijo foi ficando cada vez mais quente, fazendo Styles se soltar das cobertas para poder tê-la em seus braços, suas mãos subiam e desciam pelas costas da garota, já simplesmente não conseguia entender o que tinha naqueles lábios para deixá-la cada vez mais sedenta de mais.

Latidos foram ouvidos pela sala, fazendo partir o beijo. Harry, por sua vez, ainda distribuía beijos pelo pescoço da , enquanto o cãozinho os olhava estranho.
- Oi, meu bebê! - a garota disse, sorrindo.
- E, mais uma vez, ele aparece na hora errada. - Harry disse, revirando os olhos e recebendo um tapa de .
- Você tem que dormir, já viu que horas são? - a garota disse, saindo do colo de Harry, que se levantou depois dela. pegou os cobertores e subiu na frente com o cachorro. Já Harry ficou para apagar a lareira, subindo em seguida. Ao chegar no quarto viu sentada na cama, quando a mesma notou Harry, se levantou.
- Não vai dormir comigo hoje? - fez bico, fazendo gargalhar.
- Para quê? Por acaso está com medo dos monstros que tem debaixo da cama? - perguntou rindo. - Não. Pra você me esquentar. - Harry respondeu, colocando as mãos na cintura dela. - Tudo bem. – suspirou, enquanto ambos se deitavam na cama e Harry lembrou de ligar o abajur. se virou na cama fitando o garoto, que pareceria bem acordado apesar da hora que era. - Quantos dias vai ficar fora?
- Três dias, por quê? – respondeu, percebendo o olhar triste de .
- É, que... Não queria ficar sozinha. - Harry sorriu, do jeito manhoso que falava, fazia-a parecer uma criança de cinco anos.
- Prometo voltar logo. - ela assentiu, enquanto Harry a puxava mais para perto, fazendo com o que ela deitasse em seu peito.
- Tarado. Já começou a me agarrar. - comentou, fazendo Styles gargalhar.

Logo depois, o quarto ficou em um completo silêncio. O que estava começando a ficar frequente após essa aproximação dos dois. Esse era um jeito que ambos acharam para não ter que definir o que tinham.
- Sabe, , no dia em que eu te visitei no hospital, pela primeira vez, pensei que você fosse uma espécie de anjo. - fitava o teto branco, enquanto brincava com os cabelos dela. - Acredite, estou bem longe de ser um anjo. - riu fraco, apoiando o queixo sob o peito dele. - Você é como um anjo, pra mim. - Harry disse, apertando-a mais contra si. , mais uma vez, ficou sem palavras, apenas ouvindo as batidas do coração de Harry. - Ele bate tão forte, nem se pode comparar ao meu, que, daqui há alguns dias, vai parar. - a murmurou com a mão no peito do garoto.
- Ei, não fala isso! – repreendeu-a.
- É a verdade! Daqui a um tempo não vou receber mais alimentos pela sonda, não vou mais ser medicada, não terei mais ajuda para respirar, muito menos um aparelho para verificar meus batimentos cardíacos! Eu não quero criar falsas expectativas, não quero acreditar que vou ficar bem, porque sei que estaria mentindo pra mim mesma. - se sentou na cama com lágrimas nos olhos. - E acho melhor você parar de se enganar desse jeito.
- , você tem que acreditar, tem que lutar! - Harry disse, segurando seu rosto.
- Eu estou cansada de lutar, de ser forte. Às vezes, desistir de tudo parece ser tão fácil. - abaixou a cabeça, escondendo o rosto já molhado por conta do choro.
- Desistir? Nem pense nisso! Antes, você podia desistir, mas agora não. Isso seria muito egoísmo seu. Eu estou do seu lado agora e você não pode fazer isso comigo, , me ouviu? Não pode me deixar! - Styles falava com seus olhos verdes marejados.
- Harry, você não pode ficar falando desse jeito, como se sua vida dependesse da minha existência. Eu não quero que sofra por mim. - respirou fundo. - Não quero que sinta nada por mim. - continuou com a voz falha.
- Tarde demais. - Harry disse se deitando novamente, emburrado dessa vez.

deitou virando-se para a janela, olhar para ele, ouvi-lo falar todas aquelas coisas e não poder achar uma solução para aquilo tudo era angustiante.

não sabia, mas Harry tinha a solução, ou pelo menos torcia para que sua ideia funcionasse.

Carter Chiesa.

Fiquei a noite toda repassando a nossa conversa em minha cabeça, pensando em tudo o que foi dito.

Ainda não sei o porquê de Harry reagir assim, eu realmente não queria deixa-lo tão preocupado comigo, e não quero de jeito nenhum que ele sofra com a minha partida. Não deveria ter colocado Harry nessa confusão toda.

Mas o que ainda me intrigava era aquele homem que praticamente brotou do chão lá do hospital. Depois de ter me dado aquela espécie de "missão" maluca, nunca mais apareceu, nem ao menos para me dar instruções sobre a tal pessoa que eu tenho que encontrar.

Como eu vou amar alguém de verdade em apenas alguns dias? Digo, o prazo do hospital está prestes a acabar e acho que se me derem como morta, aquele homem, seja lá quem ele for, não teria como me ressuscitar ou algo do tipo, e assim escolheria a outra opção: me levar junto com ele, seja lá para onde.

Amanheceu rápido, logo a luz do dia invadiu o quarto, já que alguém esqueceu a janela aberta. Levantei em silêncio e Scooby já estava bem acordado, dando pulinhos em minha volta. Desci para a cozinha com o cãozinho ao meu lado. Ao olhar no relógio da parede fiquei em dúvida. Café da manhã ou almoço? Optei pelo mais fácil fazendo um chocolate quente e montando uma bandeja com um café da manhã completo.

Antes de subir, coloquei ração para Scooby, que ficou no andar debaixo enquanto eu ia para o quarto. Coloquei a bandeja na cômoda e vi a hora novamente, meio dia e meia. Achei melhor deixar Harry dormir mais um pouco.

Sentei-me na cama, balançando meus pés, sem nada pra fazer, até que senti meus pés baterem em algo. Me abaixei olhando o que era, uma mala preta. Lembrei que Harry iria viajar e ainda não tinha arrumado nada. Puxei a mala de lá, logo atrás dela havia uma pequena caixa de madeira, olhei curiosa, porém não mexi. Abri o closet e comecei a pegar algumas peças de roupas, só as que julguei necessárias para uma curta viajem.
- Meu Deus, pra que tantas calças se o Harry só usa a mesma? – murmurei, enquanto remexia o closet a procura de mais roupas.
- Ei! Eu ouvi isso. - a voz rouca de Harry disse perto do meu ouvido, arrepiado-me inteira, dei um pulo de susto.
- Você me assustou! - exclamei e o ouvi rir enquanto se afastava.
- Hum... café na cama? - Harry disse, indo até a cômoda. - , quer casar comigo? - disse após provar o chocolate quente.

Me virei, encarando-o. É meio impossível descrever o arrepio que senti depois dessa pergunta, mesmo que tenha sido uma brincadeira.

(...)

Descemos as escadas conversando e, quando dei por mim, já estávamos em frente a porta da sala. Uma sensação estranha preenchia meu corpo.
- Então é isso... Tchau, Harry. – falei, olhando para meus próprios pés, tentando disfarçar.
- Ei, olhe pra mim. – veio, chegando mais perto. Sua mão veio até meu queixo, levantando-o e me fazendo olhar em seus lindos olhos verdes. O que eu escondia? Lágrimas teimosas que insistiam em cair. - Volto logo, não vai dar nem tempo de sentir minha falta. - Harry sorriu secando meu rosto.

Acho que ele deveria parar de sorrir assim. É tão atraente, sexy, é tão... Harry Styles.
- Promete?
- Prometo.

Seus lábios vieram de encontro com os meus, sua língua já pedia passagem para invadir minha boca e me fazer pedir por mais. E foi exatamente isso que aconteceu, quando Harry partiu o beijo em busca de oxigênio, eu comecei outro, mais calmo, queria gravar todas as sensações que aqueles lábios me proporcionavam.

Senti minhas costas baterem contra a porta. Logo, Harry descolou os lábios dos meus, fazendo uma trilha de beijos pelo meu pescoço, fechei os olhos adorando os arrepios que tinha a cada carícia. Mas como tudo o que é bom dura pouco... Um veículo buzinou, fazendo Harry soltar minha cintura e ir até a mala, arrumando sua camiseta preta e seu cabelo.
- Tchau, . - sussurrou ao passar por mim, me roubando um selinho. Me encostei na porta sorrindo com a mão nos lábios.

Não faziam nem dois minutos que Harry havia saído de casa e parecia que ele tinha levado um pedaço de mim naquela mala.

Exagerada? Dramática? É, eu sei.

Narrador pov.

Styles foi o caminho todo conversando com seus amigos, já estava sentindo falta deles. era uma ótima campainha, mas nada se comparava aos companheiros de banda. Harry sentia saudades das brincadeiras e zoeiras entre um show, e outro.

Ao descer da van e ir até o avião fretado pensava bem no que iria fazer. Tinha grandes chances de dar tudo errado, afinal, Jonathan nunca procurou durante todos esses anos, e é claro que ele poderia rejeitá-la, mas Harry tinha que tentar. Clicou no ícone dos contatos, procurando o número que havia conseguido facilmente.
- Escritório de advocacia, em que posso ajudar? - a voz feminina e a linguagem formal já diziam, era a recepcionista.
- Queria falar com Jonathan.
- Qual o seu nome?
- Harry, Harry Styles.
- Desculpe, Sr.Styles, mas terá que aguardar. Ele está no meio de uma reunião importantíssima. - o garoto respirou fundo controlando a raiva. Desligou o telefone na cara dela, sem ao menos deixá-la terminar de falar.

(...)

Depois de passar o resto da tarde no hotel, a banda iria fazer uma participação ao vivo em um talk show bem conhecido em Nova Iorque.

Após o divertido compromisso e o maravilhoso jantar com os amigos, o garoto voltou para seu quarto cansado, tomou um banho demorado e se jogou na cama, ficou se revirando de um lado para o outro.

Faltava algo.

Harry ajeitou o travesseiro por diversas vezes até se cansar e deitar de barriga pra cima, encarando o teto por um tempo, mas algo lhe fez bufar. Ele já sabia o que faltava naquele quarto. Faltava um closet bagunçado, faltava um cachorro dormindo preguiçosamente na ponta de sua cama, e, ao seu lado, faltava ela. Levantou, pegando o telefone e discando o número de casa. Sabia que atenderia. Queria ouvir a voz dela.
- Alô?
- Oi. - disse envergonhada, fazendo-o sorrir só de imaginá-la corada.
- Sentindo muito a minha falta?
- Nossa! Estou morrendo de saudades! - exclamou sarcástica.

Essa é Chiesa, a garota que está à beira da morte e fazendo piadinhas fúnebres. Harry não pode evitar um sorriso ao perceber o quanto ela é incrível ao ponto de fazê-lo rir, zombando de si mesma, quando, na verdade, está desabando por dentro.
- Sabe que não gosto quando fala assim. - disse calmamente, temendo mais uma das discussões bobas entre eles. O que não aconteceu, já que ficou quieta. Ambos ficaram em um silêncio constrangedor por alguns minutos, que, para Styles, pareciam mais horas. - Posso te contar um segredo?
- Sim. - sussurrou.
- Por que está sussurrando? - indagou confuso.
- Para dar um clima de mistério! - disse como se fosse óbvio. Harry riu se deitando na cama.
- Não consigo mais dormir sem você. – sussurrou, encarando o teto branco do quarto. A ouviu suspirar do outro lado da linha.
- Feche os olhos. - Chiesa disse lentamente.
- O quê?
- Feche logo! - ordenou. Ele gargalhou e continuou a encarar o teto, esperando ela continuar a falar. - Está mesmo de olhos fechados? - perguntou desconfiada.
- Tá bom. - fez o que ela mandou – E agora?
- Imagine que estou aí, do seu lado. - o garoto tentou, em vão, segurar a vontade de rir dela.
- Não ria de mim! – repreendeu-o irritada.
- Se serve de consolo, acabei de te imaginar me batendo. - ouviu uma sonora gargalhada. O som preferido dele em todo o mundo. Poderia ficar por horas e horas ouvindo.
- Harry, para, fica quieto! – disse, fazendo manha.
- Ok, já parei. Seja lá o que você for fazer, faça. – endireitou-se sob o travesseiro. Cobrindo-se com o cobertor e mantendo o celular no ouvido.
- Truly, madly, deeply, I am... - cantarolou baixinho. Sua voz não era a mais perfeita do mundo, meio desafinada para falar a verdade. Mas não havia outra voz que o fizesse ficar daquele jeito, sorrindo feito bobo - ...Foolishly, completely falling. And somehow you kicked all my walls in. So baby, say you’ll always keep me. Truly, madly, crazy, deeply in love with you - relaxado ali, o sono logo veio. Harry fez o que ela pediu, imaginando sussurrando baixinho em seu ouvido. Adormeceu ainda ouvindo a voz dela - In love with you, In love with you...With you.

No dia seguinte, após o café da manhã, a One Direction tinha outro compromisso, uma entrevista na rádio, onde um grupo de fãs os aguardava ansiosamente. Claro que rolou a famosa pergunta dos namoros, Harry simplesmente não entendia esse interesse das pessoas pela sua vida amorosa, afinal, ela era um livro aberto! O garoto conseguia disfarçar bem dizendo que não estava ficando com ninguém no momento.

Depois de várias fotos, os garotos voltaram para o hotel novamente. Era a hora de fazer as malas para, ao anoitecer, voar de volta para Londres. Harry ficou, dando a desculpa de que queria aproveitar os últimos dias de férias que tinha em Nova Iorque, já que não havia viajado. O garoto estava decidido, Jonathan iria ter que ouvi-lo.

Depois de outra noite mal dormida, Harry nem tocou no café da manhã, foi direto para o escritório localizado no centro da cidade. Chegado lá, deu de cara com a mesma recepcionista com quem havia conversado por telefone. A mulher logo o reconheceu.
- O senhor Carter está ocupadíssimo. Para falar com ele, terá que marcar hora.
- Não posso esperar, é um caso de vida ou morte!
- Pois terá que esperar, ele está com um cliente importante em sua sala.
- Um cliente mais importante que a própria filha? - Harry franziu a testa se alterando.
- Baixe seu tom ou terei que chamar o segurança. - a mulher falou imediatamente, com medo de ser demitida por deixar que alguém faça um escândalo.
- Não vou embora até falar com seu chefe. - Harry cruzou os braços.
- Não faça escândalos!
- Por quê? O cliente que está lá dentro com certeza não deve estar tão necessitado quando a filha dele, que vai morrer se Carter não ajudá-la. - Harry continuava a falar alto.

A grande porta de madeira maciça foi aberta de repente. Um homem de terno passou por ela e, logo atrás dele, outro homem vinha com sua cadeira de rodas. Ao olhá-lo bem, Harry teve a certeza de que era ele. Os olhos de Jonathan eram idênticos aos de .
- Veronica, o que está acontecendo aqui? - o chefe perguntou rígido.
- Esse garoto chegou aqui berrando, falando sobre uma filha sua! Mas o senhor não tem filhos, eu estava tentando fazê-lo se retirar.
- . - o homem sussurrou para si mesmo.
- Sr.Carter, ela precisa de você. - Harry disse desesperado.
- Vem, vamos conversar em minha sala. - Jonathan entrou novamente, sendo seguido pelo garoto. Ao chegar na grande sala sofisticada, Harry percebeu o porquê de ter achado Jonathan tão rápido, por ironia do destino, ele é considerado um dos melhores advogados de Nova Iorque! - Conhece minha filha?
- Sou um... amigo. - Harry deu de ombros.
- Bom, seja lá o que queira, eu não posso ajudar, não quero ter que encontrar Lisa, muito menos Alice.
- Bom, a mãe de não é mais um empecilho pra você. - o garoto disse se sentado.
- O que quer dizer com isso? - o careca de olhos indagou, visivelmente confuso.
- Há quanto tempo não faz contato com elas?
- Uns dezessete anos, não sei. - deu de ombros.
- Eu não entendo. - Styles encarava-o intrigado.
- Não entende o quê? - Por que abandoná-las assim, desse jeito? Pedir divórcio tudo bem, é normal, iria aceitar a separação tranquilamente, mas abandonar a própria filha e fingir que nunca teve filhos? Como você pôde seguir sua vida sabendo que deixou um anjinho daqueles pra trás sem um pai?
- Eu não abandonei ninguém! Quando Lisa engravidou, eu prometi que ficaria do lado dela, mas um mês depois Alice a levou para Londres.
- E você não foi atrás? - Harry perguntou.
- Não. Sempre soube o endereço dela, mas nunca procurei ver . Quando me casei, minha mulher me aconselhou a ligar, na época tinha onze anos. Lisa me atendeu e não quis me deixar falar com a menina.
- Não sente remorso?
- Acredite, passei minha vida inteira imaginado o jeitinho dela, fiz combinações minha e da mãe dela em minha própria cabeça, tentando imaginar como é. Já até sonhei com ela! Remorso não chega nem perto do arrependimento que me destrói todos os dias por não ter lutado para, ao menos, conhecê-la. - o homem já chorava, lembrando do sofrimento.
- Como a imaginou? - Harry sorriu.
- Fisicamente, de várias formas, sempre que via um bebê me lembrava dela. Quando pequena, a imaginava correndo pela casa, berrando, rindo e fazendo birra. Você não tem noção do quanto eu queria pegá-la no colo e a chamá-la de minha princesinha. - Jonathan sorria bobo ao imaginar tudo aquilo.
- é a garota mais linda que já vi na vida, tanto por dentro, quanto por fora. Ela tem os seus olhos. - Harry viu Jonathan sorrir ainda mais.
- Tem certeza de que são apenas amigos? - o pai de perguntou desconfiado ao notar o brilho nos olhos verdes de Harry ao falar da garota.
- C-claro. -Jonathan limpou a garganta antes de começar a falar.
- Mas, como eu disse antes Harry, não quero ter que ver Lisa novamente.
- Não se preocupe, não verá. Lisa morreu em um acidente há um ano atrás. - o homem ficou pálido.

- Ah, meu Deus! Deixaram com Alice? Pobrezinha! - Harry não pôde deixar de rir, mas respondeu negando com a cabeça:
- não está com ninguém. Jonathan, também estava no carro.
- Meu Deus! - cobriu a boca com a mão, chocado - Ela...ela...
- Está em coma no Saint Peace, em Londres. - Harry falou, tranquilizando-o. - Como eu disse, ela precisa de você. Tem que ir até lá e tentar impedir que desliguem os aparelhos dela.
- Alice ainda está viva? - o garoto assentiu, achando graça do medo que Jonathan tinha da ex sogra.
- Aquela bruaca não vai me deixar chegar perto de . - lamentou Carter.
- Quem é o pai de , você ou ela? - Harry disse estressado, esperando uma resposta. Mas Jonathan não disse nada, apenas abaixou a cabeça. Ao abandonar , havia perdido o direito de impor algo. - Arrependimento é muito pouco pra você, sei que sofreu muito mais por ter sido abandonada. Então me poupe de todo esse seu drama, tenho muito a fazer em Londres, como tentar ajudar . - caminhou em direção a porta.
- Harry! - Jonathan saiu de onde estava com dificuldade por conta da cadeira de rodas. - Quando ela acordar, diga que eu a amo.
- Não. Diga você, assuma sua responsabilidade de pai e esteja lá quando ela acordar.
- Não posso, não quero ter que olhar nos olhos dela e dizer que sempre soube onde ela estava e, por ser covarde, não fui vê-la. - o homem já tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.
- Isso não é amor. Até eu posso amá-la mais que isso. - Harry olhou para baixo encarando-o com desprezo.

Minutos depois, já no elevador, lembrou-se do que disse a Jonathan. Amar ? Essa possibilidade o fez suar frio. Tudo estava começado a se encaixar, o fato de ele não conseguir dormir sem sentir o cheiro dela, de não conseguir evitar um sorriso ao vê-la sorrir, sentir aquele aperto no coração ao vê-la chorar. Querer protegê-la de tudo e todos. Querer salvar seu coração para, logo depois, rouba-lo para si. Todos esses sintomas o fizeram perceber que estava se apaixonando cada vez mais por ela.

Carter Chiesa

3 dias.

72 horas, três manhãs solitárias, três noites sem ele.

Parece pouca coisa, não?

No primeiro dia, percebi o quanto Harry me faz bem, o quanto Dylan parece ser insignificante ao lado dele. Harry havia feito o que Dylan demorou um ano para fazer, o que todo namorado deve fazer, me amar de verdade e fica ao meu lado, lutando comigo, mesmo quando tudo parecia estar perdido.

Às vezes, paro pra pensar e acabo chegando numa conclusão assustadora: tudo o que Dylan fez por mim desde o acidente foi somente por dó. Não o perdoei pela traição, mas também estou bem longe de ser a donzela indefesa nessa história toda, sei que fiz o mesmo beijando Harry. Mas a pergunta que fica no ar é, ele se sentiu culpado por querer alguém que não fosse eu? Não sei se quero saber a resposta dela.

Magoar-me com pessoas que, de alguma forma, eram tão próximas a mim já estava virando rotina. Pessoas que deveriam me proteger estão me apunhalado pelas costas e eu não posso deixar de me decepcionar ao ver meu próprio namorado, virando um completo desconhecido pra mim, cujo suas ações são imprevisíveis.

Narrador.

O céu de Londres já havia escurecido, enquanto esperava Harry. A curiosidade de parecia chamá-la para abrir a tal caixa que viu debaixo da cama, mas o medo de ser pega mexendo nas coisas dele também falava alto. Porém decidiu correr esse risco, a garota subiu rápido até o quarto e desceu com a pequena caixa nas mãos, a colocando em cima do sofá. Ao abrir e ver o que havia dentro, seus olhos encheram-se de lágrimas.

Fotos e mais fotos de um casal em várias situações, um sorriso estava como sempre estampado no rosto de Harry, já a garota exibia uma carranca, eram raras as imagens em que podíamos ver um sorriso, que aparentava ser falso na maioria das vezes. secou as lágrimas que caiam respirando fundo. Claro, aquela só podia ser Erin Foster, a ex de Harry.

O coração de apertava cada vez que uma pergunta surgia em sua cabeça: Porque ele guardava tudo aquilo? Será que ele ainda sentia algo por ela?

A porta foi aberta revelando o garoto com sua mala preta, a camisa branca, com alguns botões abertos, e, sua marca registrada, o jeans colado preto.

Harry Edward Styles.

Fiquei a viajem toda pensando e algo para reverter a situação de . Estou disposto a tudo para vê-la fora daquele hospital, longe de Dylan e das garras de Alice.

As palavras de Pattinson ecoavam em minha cabeça: "Passar o máximo de tempo junto a ". A ideia de não tê-la por perto me deixava devastado, e isso me assustava um pouco. Aconteceu tudo tão rápido! Se não tivesse comprado aquela casa não teria conhecido ,provavelmente estaria saindo com uma qualquer que me deu mole numa boate. fez com que eu me apaixonasse tão rápido, algo que não acontecia há muito tempo.

Entrei em casa, encontrando a garota sentada no sofá, sorri abertamente e larguei a mala em qualquer canto fechando a porta.
- Ah, é você. - fungou algumas vezes.

Detalhe, ela ficou aonde estava, sentada no sofá! Meu sorriso se desfez instantaneamente, enquanto eu me perguntava o que fizeram com a garota que eu havia beijado há três dias, aquela que iria sentir minha falta.
- Sim, sou eu! Por quê? Estava esperando alguém? - perguntei bem humorado.
- Não. Quem mais pode me ver além de você? - a respondeu ríspida, dando de ombros.
- O que eu fiz dessa vez?
- Nada. - se inclinou para trás no sofá, deitando em cima de algo.
- Ei, o que tem aí embaixo? - fui até ela, puxando-a pela mão e fazendo-a levantar. A caixa que me infernizou nos últimos meses estava ali, aberta, e tudo o que continha nela estava espalhando pelo sofá. Pela primeira vez, não senti um vazio no peito ao ver toda a história que tive com Erin registrada em fotos. Pelo contrário, percebi que já está na hora de me livrar daquilo tudo. - Ah, você achou.
- Por acaso estava escondendo? - a garota cruzou os braços, e me bateu uma vontade enorme de rir daquela cena, tentei segurar em vão. - Está rindo do que, seu idiota? – deu-me um tapa no braço, fazendo-me reclamar.
- Com ciúmes, de novo? – sorri, presunçoso e gargalhou alto.
- Ai, Harry. Me explica, por que eu iria sentir ciúmes de você? – encarou-me sorrindo sarcástica.
- Por que toda vez que o assunto envolve Erin você fica brava? – indaguei, cruzando os braços. abriu a boca várias vezes sem saber direito o que me responder.
- Porque... porque... Espera! Eu não estou brava!
- Ah, que bom saber disso! Estava pensando em ligar pra ela. – comentei, pegando o celular no bolso de trás da calça.
- Mas não vai mesmo! - meu iPhone foi arrancado de minha mão e uma risada escapou de meus lábios, fazendo-a cruzar os braços brava.
- Para de marra e vem cá me dar um abraço. – sorri, esperando recebe-la em meus braços. Mas ao invés disso, continuou lá, parada me encarando com uma cara nada feliz.
- Você ainda a ama? - uma mecha do cabelo dela caiu sob seus olhos, tirei-a de lá, colocando atrás de sua orelha.
- Deixei de amar faz tempo e você sabe muito bem disso. - ela mordeu o lábio inferior, abaixando a cabeça.
- Não tenho tanta certeza depois de ver que você ainda guarda fotos dela.
- Nunca consegui me desfazer das lembranças do nosso namoro, eu assumo. Mas uma pessoa invadiu minha vida me ajudou a esquecer de tudo e a me apaixonar novamente. - sorrimos juntos.
- Invadiu literalmente, né?! - gargalhou.

Logo fui surpreendido por um abraço apertado, pulou em cima de mim, envolvi-a com meus braços assim que caí deitado no estofado do sofá.
- Saudades do seu cheiro. – disse, olhando-a nos olhos.
- ‘Tá romântico... O que aconteceu nessa viagem? - estreitou os olhos, ela não tinha ideia do quanto ficava linda daquele jeito.
- Nada... - Menti. - Digamos que, se algo ruim acontecer, eu quero que saiba o que se passa aqui dentro - coloquei minha mão sobre o meu peito - toda vez que tenho você assim, tão perto de mim. - selei nossos lábios.
- A morte não é algo ruim. A saudade que fica, quando se perde alguém, que é.
- Podemos não falar sobre isso? - pedi e prontamente assentiu me roubando um selinho.
- Cadê o Scooby que ainda não atrapalhou a gente?
- Ele não atrapalha nada! Você que toma iniciativa na hora errada.
- Engraçadinha você. - fingi rir.
- É o que dizem - deu de ombros.
- Linda.
- Olha, não me dizem muito isso, mas acho que posso me acostumar com você me chamando assim. - ela sorriu, mordendo o lábio inferior.
- Você não tem noção do quanto eu quero te agarrar agora. - olhei em seus olhos, que nesse momento tinham um brilho diferente.
- E oque está esperando? - se inclinou sob mim, sussurrando em meu ouvido.

Colei nossos lábios. Estava morto de saudades daquele beijo. colocou suas pernas uma em cada lado de meu quadril, sentando de frente para mim e partindo o beijo. Fitei-a confuso, tentando entender o porquê de ela ter parado.
- O que... – Calei-me respirando com certa dificuldade. agora me enchia de beijos no pescoço, ora mordia ora beijava, me fazendo delirar. Minhas mãos desceram até sua cintura, apertando de leve, quando seus lábios encontraram os meus novamente, num beijo rápido e urgente. Minhas mãos desceram quase que involuntariamente para suas coxas, arranhando de leve com minhas unhas curtas. parecia ter gostado, já que deixou um gemido escapar entre o beijo, fazendo-me soltar uma risadinha.

Não quis tomar iniciativa como sempre faço, queria ver se me desejava tanto quanto eu a desejo. Acho que sou correspondido já que suas mãos começaram a desabotoar minha camisa e, quando terminou, partimos o beijo, ambos ofegantes. Livrei-me da peça de roupa, vendo-a sorrir maliciosamente. Suas unhas entraram em contato com minha pele, arranhado meu abdômen e fazendo-me gemer contra seus lábios, totalmente arrepiado com o toque.

É impressionante como ela me atrai e consegue me deixar louco de saudades só por passar três dias longe dela. Percebi minha desvantagem e minhas mãos tatearam suas costas, à procura do zíper do vestido preto de . Quando finalmente achei-o e comecei a abrir, o telefone tocou fazendo pular de susto.
- Shiiu... Deixa, vai para secretaria eletrônica. – Puxei-a pela nuca, beijando calmamente seus lábios, mas o maldito telefone não parava.
- Pode ser importante. - disse, colando nossas testas.
- Oi, você ligou para Harry Styles. Não estou no momento ou não quero te atender mesmo... Enfim, deixe sua mensagem após o sinal...

Tentei voltar o clima beijando o pescoço de , mas levei um pequeno susto ao ouvir a voz dele.
- Alô, Harry? Aqui é o Jonathan... Bom, eu liguei pra avisar que mudei de ideia, amanhã eu pego o próximo voo para Londres...
- Sr.Carter, tem um cliente te esperando e... Ah! Desculpe, não vi que estava no telefone.
A voz de Veronica, a secretária, podia ser ouvida ao fundo.
- Já estou indo! - respondeu para a moça e, logo depois, voltou a falar ao telefone - Harry, obrigado por falar daquele jeito comigo, me fez ver que tenho que tomar uma atitude. Bem, vou desligar. Boa noite!

Capítulo 8


Narrador.
- Jonathan C-Carter... - sussurrou pra si mesma, encarando o vazio. Harry ficou estático, querendo saber qual seria a reação dela, estava torcendo para abrir um sorriso imenso naqueles lábios. Mas, pela cara da garota aquilo parecia estar fora de cogitação.

A saiu rapidamente do colo de Harry, encolhendo-se no canto do sofá e abraçando os próprios joelhos.
- , eu... - Harry chegou mais perto, passando uma das mãos em seu cabelo.
- Não toque em mim! - Esbravejou com os olhos marejados enquanto se levantava. Harry suspirou, completamente frustrado. – Por que foi atrás dele?
- Lembra daquele dia em que menti pra você falando que ia para a entrevista? - a assentiu ainda transtornada – Eu tinha ido procurar um advogado e fiquei sabendo que seu pai poderia ajudar a impedir Alice, e...
- ...E você foi atrás daquele traste pra pedir ajuda! - berrou, gesticulando com as mãos, exasperada - Só que você se esqueceu de um detalhe Harry, eu não quero a ajuda dele! - a garota estava completamente revoltada, as veias saltavam em sua garganta a cada grito. Gritar era o único jeito de extravasar aquela raiva toda que guardava em seu coração.

Flashs da garotinha loirinha chorando, e soluçando, desejando ter um pai com quem comemorar o dia dos pais, natal e a virada de ano, passavam pela cabeça de como num filme.

As más lembranças a invadiam. Lembrou-se de quando pequena, um dia até chamou um dos namorados da mãe de papai. Lembrou-se, também, de quando finamente tomou coragem para perguntar a Lisa por que todas as crianças tinham um pai que as buscavam na escola, e ela não.

convivia com aquele vazio enorme no peito, vazio esse que nunca fora preenchido, já que Jonathan nunca a procurou. Muitas vezes, se perguntava o que havia feito de errado para ser abandonada assim pelo próprio pai. Anos depois, já crescida, ela foi aprendendo a se acostumar com a ausência do pai, e jurou pra si mesma que nunca iria perdoá-lo por todo sofrimento causado.
- Eu entendo que ele fez muita coisa que te magoou, mas ele quer se redimir! Dê uma chance a ele! Não sabe como Jonathan se arrepende. - Harry levantou do sofá, tentava, em vão, convencer a garota. Mal sabia ele o tamanho da teimosia, e do sofrimento, de .
- Arrependido? Oh, coitadinho - fingiu ter pena. - Eu quero mais é que ele se foda! - Esbravejou.
- A culpa não é toda dele. Sua mãe nunca o deixava se aproximar de você, ele tentou ligar sabia?
- Aquele imbecil não pode culpar minha mãe! – berrou, com lágrimas rolando sem parar pelo seu rosto. - Ela não tem culpa alguma! A única coisa que ela fez, a vida toda, foi me proteger e fazer o papel de pai, coisa que ele não fez, devia estar muito ocupado com a família dele. - cruzou os braços, sorrindo amargamente.
- Ele não tem mais filhos, só você. - Harry, mais uma vez, defendeu Carter.
- Está errado - negou com a cabeça. - Jonathan não tem filhos. Eu não sou nada daquele homem. – Soluçou, secando as lágrimas.
- , não fala assim, ele ainda é seu pai. Ele é sua única chance. - Harry foi até ela, vendo-a se desvencilhar de seus braços.
- Não. Eu não tenho pai. - disse com uma frieza impressionante, todo aquele brilho que existia em seus olhos sumiram, dando lugar a lágrimas, que insistiam em sair. – E, se eu tiver que precisar da ajuda dele, eu prefiro morrer!
- , por favor...
- Chega, Harry! Eu não preciso dele para nada! Quando precisei, ele não estava por perto.
- Ele te ama! Entenda os motivos dele! - Argumentou.
- Pois eu sinto o contrário. Eu o odeio! Odeio com todas as minhas forças! - Harry bufou e sentou no sofá, desistindo.

Ela caminhou até a cozinha, querendo ficar sozinha. Apoiou-se no balcão com a respiração ofegante, seu peito subia e descia freneticamente, e o rosto vermelho de raiva. De repente, sentiu uma pontada no coração. Gemeu de dor, tentando acalmar a respiração, poderia ser o stress. Mas não adiantou, as pontadas foram ficando cada vez mais fortes e intensas.
- Harry... - a garota andou com dificuldade até a sala, apoiando na parede e nos móveis espalhados pela casa. não aguentou e, ao chegar perto do sofá, caiu chamando a atenção de Harry, que prontamente correu até ela a olhando preocupado. - Tá doendo muito... - se contorcia no chão gelado, e ele não conseguia raciocinar direito naquele momento. Harry só queria parar a dor de . O telefone tocou algumas vezes, mas como da última vez, deixaram mensagem na secretaria eletrônica.
- Harry, aqui é o Jerry, quando ouvir essa mensagem vem correndo para o hospital! está tendo uma parada cardíaca, vários enfermeiros entraram no quarto e ainda não dá para saber se ela está bem. - A ligação foi finalizada. O desespero era nítido na voz do pai de . Harry alternava o olhar de para o telefone, completamente confuso sem saber o que fazer.
- Vai... - falou num fio de voz.

Lágrimas caíram dos olhos verdes do garoto, que selou os lábios de e se afastou angustiado, pegou a camisa jogada no chão e correu até a porta com a chave do carro em mãos.

Ao sair do elevador Harry caminhou rapidamente até o quarto de , dispensando a identificação de visitantes na recepção. Chegou no quarto e encontrando Jerry, que estava sentado no pequeno sofá como as mãos no rosto, visivelmente abalado. Então foi até a cama, pegando a mão da garota.

O velho conhecido aparelho estava de volta, um tubo relativamente grande estava em sua boca, ajudando-a a respirar. Seus olhos haviam se fechado. O medo de Harry voltou, medo de nunca mais poder ver aqueles olhos de novo.

Jerry explicou tudo o que havia acontecido, e o atual estado dela. Harry se tranquilizou um pouco e, para ir pra casa ver como estava, mentiu dizendo que precisava ir embora, pois teria uma reunião na gravadora cedo.

Em casa, já se sentia melhor, a dor foi cessando aos poucos, mas ela ainda sentia um certo desconforto no peito toda vez que respirava mais fundo. Ela sabia que sua situação não era lá muito boa, e se dissesse que a parada cardíaca não havia a assustado, estaria mentindo.
Styles chegou e logo viu a garota sentada no sofá, pensativa, acariciando os pelos macios do cachorro. Sentou calmamente ao lado dela, podendo se tranquilizar ao vê-la bem.
- O que houve? Estou à beira da morte? - perguntou distraidamente ainda fazendo carinho em Scooby.
- Vira essa boca pra lá! - Ele deu batidas na madeira da mesinha de centro, fazendo soltar uma gargalhada, mas parou de rir ao ver a cara de poucos amigos de Harry.
- Só porque estou rindo, não quer dizer que ainda não esteja com raiva.
- Nem era pra você estar rindo se soubesse a gravidade da sua situação. A parada cardíaca agravou as coisas. - Ele a repreendeu.
- E eu, que achei que não podia piorar... - disse, brincando com uma das mechas do próprio cabelo.
- Porque é tão cabeça dura? O que custa aceitar a ajuda dele? - Styles franziu a testa.
- Harry, não quero começar outra briga... Podemos, por favor, mudar de assunto? - Ela juntou as mãos, implorando.
- Não! Não podemos! - disse impaciente - , você sabe que dia é depois de amanhã? - Harry a encarou bravo. A abaixou a cabeça, brincando com os próprios dedos.
- Sei. Amanhã completa um ano e meio que estou presa naquela cama. - Respondeu cabisbaixa.
- Se ele não ajudar, Alice vai conseguir o que quer! - a garota deu de ombros. - Por favor... - Passou as mãos pela cintura dela, puxando-a para si. Beijou seu pescoço e subiu para a boca de , lhe dando um selinho. - Olha, cada um tem uma versão da história. Escute a dele! Dê uma chance. - o olhou receosa e, com muito custo, assentiu aceitando ver o pai.

(...)


Harry desceu sonolento para a cozinha, encontrando sentada no balcão, a menina balançava as pernas enquanto pensava no que iria fazer em relação ao pai. Iria ter que ouvi-lo, já que Harry estava praticamente a obrigando.
- Tenho mesmo que fazer isso? - Ela franziu a testa.
- Ah, vamos lá, ! Não é um bicho de sete cabeças! - O garoto retirou dois ovos da geladeira e pegou uma panela.
- Ah, não vou poder ver Jonathan. Scooby ainda é um filhotinho, não pode ficar em casa sozinho. - fez um movimento, dando a entender que iria descer, mas Harry se colocou em sua frente impedindo-a.
- Não me venha com essa. Você vai nem que eu tenha que levar o cachorro junto. - Harry apoiou as mãos no móvel, uma de cada lado do corpo de , encarando-a nos olhos. - Pare de tentar fugir! - A garota bufou com os braços cruzados.
- Quando ele chega?
- Jonathan me ligou cedo, disse que estava procurando um hotel e que logo iria para o hospital. - Ela assentiu suspirando.
- Quer que eu faça seu café?
- Você querendo me fazer um favor sem eu pedir? – Encarou-a incrédulo.
- Idiota. – Deu-lhe um tapa na cabeça. Enquanto mexia os ovos, sentiu Harry beijar seu pescoço apertando levemente sua cintura. A garota, totalmente arrepiada, colocou o braço para trás acariciando os cabelos do garoto, que agora mordia o lóbulo da orelha da . Ela se virou beijando-o ferozmente, logo suas mãos passeavam pelas costas de Harry por debaixo da camiseta.
- Isso é muito injusto, por que toda vez você começa com as mãos bobas?
- O que está esperando então? - sorriu maliciosa para ele enquanto guiava sua mão para a parte detrás de seu vestido, o zíper.

Styles o abriu, puxando a parte de cima do vestido para baixo, revelando o sutiã tomara que caia preto, que ficava em evidência sob a pele branca de .

Ao começar outro beijo de tirar o fôlego, as mãos dele finalmente puderam tocá-la de verdade. Seus dedos invadiram o sutiã, massageando os seios de , que não conseguiu segurar um gemido. Ela estava adorando as novas sensações que as macias mãos de Harry lhe proporcionavam. Não perdeu mais tempo e lhe arrancou a camiseta, jogando-a em qualquer lugar da cozinha. Harry foi ágil e sentou sob a mesa, puxando-a pelos quadris e acabando com qualquer distância que poderia existir entre eles. entreabriu as pernas, vendo Harry se encaixar perfeitamente ali.

Pode até parecer um daqueles clichês melosos, mas ele parecia ter sido feito sob medida para ela. O cheiro de queimado se impregnava nas cortinas da cozinha, uma fumaça negra saia da panela já torrada. Logo o sensor de incêndio se ativou, deixando o casal completamente encharcado.
- Sempre tem algo pra atrapalhar. - Harry resmungou ainda em cima de . A garota teve uma crise de risos ainda deitada sobre a mesa, fazendo Styles ficar bravo e sair de perto dela.
- Acho que precisa de um banho frio. - Disse se recuperando do riso e apontando para o volume em sua calça.
- Isso, ri da desgraça alheia. – gargalhou, subindo diretamente para o banheiro.

(...)


A caminhava pelo corredor com vários pensamentos em sua cabeça, um deles era a ideia que teve assim que chegou no hospital. Fugir, correr o mais rápido que podia, mas não o fez. Tomou coragem e entrou no quarto, fitando cabisbaixa o próprio corpo cada vez mais debilitado sob a cama. Porque tudo tinha que ser tão difícil? Sempre que tudo estava bem, acontecia algo de ruim e tudo o que havia melhorado desmoronava.

O homem, que apesar de ser seu pai era um completo estranho para , estava parado na porta. Ao levantar a cabeça, Jonathan encheu seus olhos de lágrimas. examinou cada detalhe do rosto do pai e começou a perceber algumas semelhanças, mas rapidamente desviou o olhar para o chão.
Harry apareceu atrás dele ajudando-o com a cadeira de rodas. Ao colocar pai e filha cara a cara, o garoto olhou para e viu o quanto aquilo a abalou, por um momento até se arrependeu de forçar esse encontro. Mas era para o bem dela.
- Você é tão linda. - A mão do homem agora passeava pelo rosto angelical da menina. - se mantinha séria, para ela, nada do que ele falasse ou fizesse iria mudar seu ódio.
- Vou deixar vocês a sós. - Harry se pronunciou, tocando o ombro do pai de , que assentiu ainda admirando a filha.
Ao sair, o garoto sussurrou um "pega leve" para , que bufou concordando.
- Nem sei por onde começar... - Jonathan suspirou encarando o chão branco do quarto.
- Ah, eu sei! Comece pela parte em que você nos abandona. - A disse ironicamente enquanto andava pelo quarto.
- Não vou dizer que não tive escolha, que fui obrigado a ir embora. Sou homem, e aprendi a assumir meus erros.
- Ufa, pelo menos isso, né? - tinha plena consciência de que falava sozinha, mas, naquela hora, ela desejou que Jonathan a ouvisse, tinha tanto a dizer.
- Mas nem por isso eu deixei de sentir remorso. Te imaginei de todos os jeitos e em todas as situações, chorando, quando pequena brincado no parque, saindo da escola... - Ele sorriu sozinho. E continuava a andar por todos os cantos, visivelmente nervosa.
- Eu também sofri, mas não que você tenha se importado. - Deu de ombros.
- Sei que não fui o único a sofrer. - Ela se assustou com o que ouviu. Achou que, de alguma forma, o pai havia lhe escutado. - Você deve ter sentido falta de um pai. Alguém para te ensinar a andar de bicicleta, e até para espantar seus namorados. - soltou uma breve risada .
- Fala sério, realmente acha que eles teriam medo? Olhe só pra você! Nem cara de bravo tem!
- E se Harry realmente te amar como diz, já estou preparando a espingarda. - Riu fraco. Ela estreitou os olhos para o pai, imaginando que história Harry havia inventado dessa vez. - Sabe, temos mais coisas em comum, além dos olhos, é claro. Como pode ver, também já sofri um acidente. Meu carro capotou e caiu num barranco. - Ela se sentou na cama, interessada no que o homem contava.
- Fiquei preso nas ferragens, e naquela hora de desespero, com tanta gente tentando me tirar de lá, eu só conseguia pensar em uma coisa: Como vou morrer sem conhecer minha filha? - As lágrimas que ela tanto prendia se soltaram, o choro de podia ser ouvido do corredor por Harry, que ficava cada vez mais nervoso querendo ir ver o que estava acontecendo.
- Eu já pensei sobre isso e estava certo de que, sim, iria morrer sem te ver. Mas o que seria do mundo se tudo o que achamos que vai acontecer acontecesse? Às vezes é bom ser surpreendido pela vida. - Ela riu sem humor enquanto Jonathan refletia.
- Sei que não deve gostar de mim, e que não posso te mandar gostar de mim. Mas, vou fazer até o impossível para te ajudar a sair daí querida, só para poder te ver sorrir ou até para ganhar um abraço seu. - Jonathan pegou a mão de , com algumas lágrimas escorrendo pelo rosto, e depositou um beijo ali fazendo-a sorrir.
- Quem é você, e quem te deixou entrar?! - Dylan chegou no quarto, sendo seguido por Harry, que havia tentado impedi-lo em vão.
- Eu sou o pai dela. E você, quem pensa que é? - Carter virou a cadeira para encará-lo, elevando o tom de voz.
- Retiro o que disse, você realmente dá medo. - murmurou, fazendo Harry fitá-la confuso.
- Pai? não tem pai. - O loiro respondeu.
- Meu sobrenome é o dela, meu sangue corre nas veias dela e acho que não preciso te provar nada. - Dylan continuava a olhá-lo feio.
- Sou Dylan, o namorado dela. - e Harry bufaram juntos, cruzando os braços.
- Achei que Harry fosse o namorado dela. - o homem disse confuso.
- Achou errado, agora saia. - Jonathan fitou-o incrédulo.
- Como?
- Isso mesmo Harry. não iria gostar nem um pouco de saber que esse homem esteve aqui, ela sempre quis distância dele. - O pai da menina abaixou a cabeça, já movimentando a cadeira de rodas, mas foi impedido por Harry.
- Não deixa ele ir! - disse desesperada.
- Está louco? Ele é o pai dela, Carter não vai a lugar algum! - Styles esbravejou.
- Louco está você! Todo mundo sabe que ela o odeia! Você deveria saber disso, não era amigo dela? - Dylan confrontou Styles.
- E-ela me odeia mesmo? Harry, ela te dizia isso? - O homem estava quase chorando. Suas suspeitas estavam certas, a própria filha o odiava.
- Não! - respondeu Harry.
- Acho que foi uma péssima ideia vir aqui, nunca vai me perdoar. - Jonathan saiu pela porta arrasado.
- Eu já perdoei! - berrou, indo atrás dele pelo corredor.
- Viu o que fez imbecil! - Dylan o ignorou, indo até a cama e dando um beijo na testa da namorada.
- Quando acordar, vai me agradecer por isso.
- Ah, claro! Do mesmo jeito que vai agradecer pelo par de chifres que colocou nela? - Harry disse sarcástico. O loiro nada disse, apenas acariciava o rosto de . - Quem cala consente.

Capítulo 9


No elevador o silêncio reinava, Harry tentava de todo o jeito justificar o que Dylan havia dito. Claro que era verdade, mas em algumas situações, a mentira é a melhor forma que encontramos para não magoar alguém.
Depois de ajudar Jonathan a pegar um táxi, entrou em seu carro, o trânsito estava caótico. estava calada demais, às vezes Harry a pegava olhando para ele.

- O que foi?
- Nada - respondeu simplesmente. - Só estou me sentindo mais leve, sei lá... Antes eu costumava ter uma sensação de vazio no peito, e agora parece que tudo se preencheu.

Harry assentiu compreensivo.

- Era o certo a se fazer. Não é bom ficar odiando alguém, principalmente quando se trata do próprio pai.
- Ok, ok, eu admito, você estava certo. - ergueu as mãos em forma de rendição.
- Eu sempre estou certo, mas você é tão cabeça dura que nunca reconhece. - A fez careta.
- Sabe, se o pior acontecer, eu vou ir embora tão feliz. Vi meu pai e agora sei o porquê ouvia gente reclamando de ter um "pai coruja". Sério, nunca fui tão elogiada em toda minha vida! - Riu junto ao garoto. - Perdi meu medo de cachorros. E... Conheci você.

Seus olhares se cruzaram, ambos soltaram sorrisos tímidos. desviou sua atenção para a janela, completamente corada. Ultimamente, expor o que sentia havia ficado tão mais fácil para ela, tão natural que nem percebia quando falava.
Harry pegou sua mão depositado um beijo ali.

- Fico feliz por ser incluído nisso tudo, mesmo que Bob tenha sido citado primeiro.

Disse se referindo ao cachorro de Liam. soltou uma de suas gargalhadas sonoras.

- Também não precisa rir tanto assim da minha cara.
- Não é isso. Estou rindo de nós dois.
- O que tem de engraçado em nós? - Harry franziu a testa.
- Parece até loucura! Se, um tempo atrás, te contassem que você iria comprar uma casa onde uma garota em forma de "fantasma" mora, qual seria sua reação?

Harry gargalhou alto tentando prestar atenção na estrada.

- Seria mais loucura ainda se me dissessem que iria me apaixonar novamente. - o encarou atônita, mas Harry não virou o rosto para ver a reação da garota, continuou o caminho chegando na rua onde moram.

Depois de passar um tempo brincando com e Scooby, Harry subiu para tomar banho.

- Está pronta para amanhã? - Harry perguntou enquanto vestia uma camisa.
- Eu nunca estou pronta pra nada. - Deu de ombros. - Acho que mesmo que estivesse pronta, não mudaria em nada o que vai acontecer, principalmente se Alice conseguir o que quer. As coisas ruins sempre me atingem sem que eu perceba.
- Vai dar tudo certo, tem que dar certo. - O garoto disse já deitando ao lado dela.
- Ah, Styles! Assuma logo que não vive sem mim! - brincou, jogando o cabelo, fazendo-o rir.
- Eu não vivo sem você. - A encarou sério.
- Brincadeirinha sem graça essa sua de me deixar sem jeito. - Ela disse envergonhada.
- Falando em brincadeirinha... Íamos mesmo fazer aquilo na cozinha? - Styles sorriu malicioso.
- Para de me olhar desse jeito! - Cobriu o rosto com as mãos.
- De que jeito?
- Do jeito que nenhum garoto jamais me olhou, nem Dylan me olhava assim! - Olhou pra baixo para não ter que encará-lo. Harry bufou ao ouvir aquele nome.
- Sou Dylan, o namorado dela. - Harry fez uma imitação tosca. - É um idiota, isso sim. - Harry bocejou.
- Chega de papo, vai dormir que amanhã tem barraco.

Ele riu com o que ela disse, lhe deu um selinho seguido de um beijo na testa e se virou para dormir com acariciando seu cabelo.


(...)


- Doutor Pattinson esta aí?

Alice chegou à recepção com suas roupas de grife e a famosa cara de poucos amigos.

- Um minuto, senhora. - A recepcionista murmurou com o telefone no ouvido, parecia estar tendo uma conversa importante.
- Um minuto? Querida, eu não tenho um minuto! Quero ver o Doutor Pattinson, agora! -Exclamou a senhora.

Não interessa a importância do telefonema, Alice Chiesa sempre irá se sentir o ser mais importante da face da terra.

- Tudo bem - a recepcionista se conteve respirando fundo. - Falo com o senhor depois? Ok, tenha uma boa tarde. - Falou educadamente para a pessoa do outro lado da linha e bateu o telefone encarando a mulher à sua frente. - Ah! Sra...

A moça forçou a memória, ela já havia visto àquela senhora antes, aquele jeito mal encarado lhe era familiar, mas por alguma razão ela não conseguia se lembrar.

- Chiesa! - Alice completou rude.
- Ah sim, avó de Chiesa! Desculpe, é que passam tantas pessoas por aqui, e a sua presença aqui não é muito frequente também. - Alice assentiu impaciente. - Ali está ele - apontou para o corredor.

A senhora carrancuda foi imediatamente em direção ao homem de branco.

- De nada, Sra. Chiesa. - Sorriu a recepcionista, sarcástica.
- Falta muito para acabar o prazo? Por que me ligaram?
- Boa tarde para você também, Alice. - O doutor sorriu. - Se com “prazo" a senhora está falando da eutanásia em sua neta, não.

O homem alto de cabelos grisalhos andava pelo extenso corredor, obrigando Alice a acompanhá-lo enquanto ele continuava a falar.

- E se você realmente estivesse preocupada com ela, saberia que hoje completa um ano e meio que está conosco.
- Para onde estamos indo? - A senhora arqueou as sobrancelhas.
- Finja que se importa com ela, pelo menos uma vez na vida.

O homem abriu a porta do quarto, revelando imóvel na cama, mas ela não estava só, havia um garoto com o cabelo rosa que parecia conversar com .

- Não tinha se mudado? - Alice indagou fazendo Jerry encará-la.
- Bom te ver também, Alice. - Disse irônico.

Jerry sabia o quanto Alice era má, ambiciosa e todas as maldades que ela havia feito com Lisa e .

- Vamos, vá dar um olá para . - Pattinson incentivou a mulher que olhou para a garota deitada na cama com as sobrancelhas arqueadas.

- Não vou nem perder meu tempo, ela não me ouve.

Fez cara de paisagem enquanto Jerry a olhava com nojo.

- Boa tarde. - Dylan chegou ao quarto sorrindo simpático.

Alice foi rápido abraçá-lo, para ela, Dylan foi a única escolha certa que tinha feito na vida.

- Que saudades! - Sorriu.
- Velha falsa - sussurrou Jerry, fazendo o doutor segurar o riso.
- Bom, já que todo mundo está aqui, vamos ao que interessa a todos.
- Ou quase todos - Jerry murmurou encarando Alice.
- Atrapalho? - Harry apareceu no batente da porta, passou por ele entrando no quarto.
- Harry, conheça a minha tão adorada avó - disse irônica.
- De onde esse garoto saiu? - Alice indagou surpresa.

Ela já havia visto aquele rosto em alguma revista, sabia que ele era famoso, só não se lembrava do nome dele.

- Do pôster que não foi. - Jerry disse rindo.

o acompanhou na risada.

- Eu... E nos conhecemos há um tempo e... - Harry começou a criar uma historia convincente em sua cabeça, quando foi interrompido por Jerry.
- Não importa! O que importa é que Harry esta aqui - Sorriu.

Harry agradeceu mentalmente por isso, ele é péssimo em mentiras.

- Harry?! Então foi você quem entrou em contato com Jonathan? - Alice falou enfurecida.

O pai de telefonou em sua casa avisando que iria impedir o desligamento dos aparelhos, deixando Alice furiosa.

- Quem você pensa que é afinal? Só porque é um cantor, famosinho, acha que pode se meter nos assuntos da minha família?

Harry a encarou com a sobrancelha arqueada.

- Na minha neta, mando eu! - Apontou pra si mesma.
- É mesmo? Não parece, não era isso que me dizia. - Styles respondeu ele cruzando os braços.
- É isso aí, garotão! - sorriu para ele.
- Ela te dizia? - Riu sem humor. - Garoto, deixa de ser intrometido, você nem ao menos a conhecia!

pensava em alguma forma de ajudá-lo, alguma forma de provar que eles “eram" amigos.

- Eu também achei estranho, Harry Styles vim visitar aqui no hospital, mas... Depois de um tempo, eu percebi que ele fazia bem à . Sinto que ela o quer por perto.

Jerry defendeu Harry, Alice o olhou incrédula.

- Isso é loucura! Ela não pode querer algo! Está quase morta! - Berrou Alice. sentiu lágrimas molharem seu rosto com o que ouviu.
- Sr.Chiesa, isso é um hospital, por favor contenha-se! - Doutor Pattinson interviu na discussão.
- Engano seu, Alice, está mais viva do que nunca. - Disse Harry.
- Meu Deus! Olha o que esta dizendo! Olhe para ela! Parece viva pra você? Ela não se mexe! - Apontou para a garota imóvel na cama.
- Concordo com ele. - Jerry falou apoiando Harry.
- Ninguém pediu a opinião de nenhum de vocês, cabe a mim decidir - Alice disse. - Não sei por que Pattinson chamou vocês aqui.
- Eu os chamei porque acho que eles tem o direito de estar aqui, Dylan e Jerry estão sempre com . Acho que se estivesse aqui, iria querer que eles ajudassem a tomar essa decisão - sorriu fraco.
- Mas e ele? Harry não é nada de , aliás, como o deixaram ele entrar?
- Não sei, as regras são claras, só familiares e amigos estão autorizados a visitar pacientes.

Todos encararam Harry, ele estava sem saída agora. Dylan parecia estar se divertindo com a cena.

- O que esta esperando? Trate já de tirá-lo daqui! - Alice mandou.
- Desculpe, Alice, mas não vou a lugar algum. - O garoto cruzou os braços.
- Harry, serei obrigado a chamar os seguranças. - Ddisse o doutor.

Ele suspirou derrotado olhando para que negava com a cabeça freneticamente.

- Não! Você não pode ir! - Foi até ele.
- Ele pode ao menos se despedir? - Jerry perguntou ao doutor com o olhar triste.

O homem que trajava um jaleco branco assentiu.
O garoto dos olhos verdes foi até a cama, se inclinando para dar um beijo em . Pegou a mão direita da garota desacordada.

- Desculpe, eu tentei. - Sussurrou com os olhos marejados.

se baixou ao lado dele segurando a mão esquerda dele, apertando forte, como se o pedisse para ficar.
Harry foi se levantar para ir quando percebeu que algo o prendia, olhou para sua mão direita e sorriu abertamente para a garota ao seu lado chamando atenção de todos no quarto.

- Olhem! Ela está apertando a mão dele! - Jerry exclamou batendo palminhas, feliz.
- É, Jerry realmente está certo, o que por perto. - O doutor disse sorrindo. - tem nos dado sinais de que quer acordar. Está lutando muito, é uma pena que não irá acordar. - Lamentou Pattinson.
- Que bom que já sabe minha decisão, foi tão rápido que poderíamos ter feito isso por telefone. - Alice disse com desdém - Onde eu assino?
- Sua desgraçada! - Jerry partiu pra cima dela, mas foi segurando por Dylan. - Me solta!
- Não vale à pena cara. - Harry o soltou do namorado de .
- Começaram sem mim? - Jonathan chegou ao quarto.
- Chegou atrasado, acabamos de decidir. - Alice sorriu vitoriosa.
- Desculpe, mas quem é você? - Pattinson indagou confuso.
- Ah, Jonathan Carter, o pai da princesinha ali. - Apertou a mão do doutor sorrindo orgulhoso, riu chamando a atenção de Harry, que estava nervoso demais para reparar a corujisse de pai.
- Princesinha? Me poupe, quantos anos acha que ela tem? - A avó disse irritadiça.
- Prazer em conhecê-lo. com certeza pode ser comparada à uma princesa. - O doutor respondeu, ignorado o que ouviu.
- Aham, a Bela adormecida - riu sem humor.
- Com todo respeito - riu o homem, olhando para Dylan.
- Que nada! Minha namorada é linda, já me acostumei com os elogios.
- E eu nunca vou me acostumar com você. - Carter murmurou com a voz monótona fazendo Harry prender o riso.
- Que bom que veio a tempo de vê-la pela última vez com vida. - Pattinson disse. Jerry se sentou no pequeno sofá que tinha ali, inconformado.
- Não. Vim para impedir essa crueldade com a minha filha.
- Sinto muito, Sr.Carter. A avó é quem decide, afinal, é ela que tem a guarda de .
- Que peninha... Mesmo se quisesse brigar na justiça pela guarda dela, não daria tempo, já que o prazo acaba hoje. Se tivesse vindo antes... Tarde demais, Jonathan. - Fingiu ter pena. Doutor, vamos logo assinar a papelada? - Alice disse indo até a porta, Pattinson assentiu a seguindo.

Jerry estava pálido, ainda bem que tinha se sentado. O pai de começou a chorar sem ligar para os outros em sua volta. Se sentia derrotado, um completo idiota. Impotente.
foi até Harry o abraçando o mais forte que podia, não foi correspondida. Styles estava estático, não conseguia nem ao menos se mover. Soluços eram tudo o que se podia ouvir naquele quarto de hospital, cada um lamentava de um jeito, mas era impossível dizer quem sofria mais.
Todo aquele clima mórbido do quarto foi interrompido pelo doutor, que chegou com vários papéis nas mãos.

- Podemos revisar as despedidas? Quero ficar a sós com minha amiga. - Jerry disse num fio de voz. A sorriu amavelmente para ele.
- Calma, sem despedidas por enquanto. - Todos encararam o homem de jaleco. - Tenho aqui comigo os últimos exames de . Como disse antes, ela está dando sinais de que vai acordar. - Explicou.
- Então Alice desistiu? - Carter perguntou.
- Só se um milagre acontecesse - riu sem humor.
- Não. Mas podemos tentar uma última coisa. Estava pensando em tirar a sedação para deixá-la despertar sozinha.
- Será que dá certo? - Os olhos de Jerry brilharam.
- Só tem um probleminha... - Pattinson hesitou em falar.
- Esse probleminha está me parecendo um problemão. - Harry disse.
- E é, isso seria contra as regras do hospital. Posso tirar a sedação, mas, se não acordar, terei que fazer eutanásia como Alice decidiu.
- Quanto tempo ela tem? - Harry perguntou frustrado.
- Só até amanhã.
- Certo, agora precisamos de um milagre. - falou séria.

Capítulo 10


Carter Chiesa

O caminho de volta foi silencioso, Harry não havia dito nada desde que saímos do hospital, mal se despediu de todos.
Sua boca estava calada, mas seus olhos diziam mais do que ele queria demonstrar. As lágrimas que ele segurava foram soltas por mim, caíram pelo seu rosto no momento que eu peguei sua mão e a beijei. Exatamente do jeito que ele fazia para me acalmar quando eu estava desmoronando por dentro, o que não funcionou. Infelizmente nada funcionaria.
Queria parar aquilo tudo, doía vê-lo daquele jeito. Era como se alguém rasgasse a minha pele e arrancasse meu coração, era tão incomum ver Harry chorar, logo ele que tinha sempre aquele sorriso maravilhoso no rosto todos os dias?
Entramos em casa e logo Scooby veio correndo até mim, dando pulinhos em minha volta. Seus olhinhos azuis brilhavam ao me vê, fiz carinho em seu pelo macio, brincando com o cãozinho. Dei um pulo de susto ao ouvir um barulho no andar de cima, corri para a escada entrando no quarto.

- Harry, o que pensa que está fazendo? - Exclamei ao ver o vaso espatifado no chão.
- Descontando minha raiva, não está vendo?
- Pensei que ia me ignorar até eu desaparecer da sua vida.
- Esse era o plano, foi a única forma que encontrei de lidar com tudo isso, eu não suporto a ideia de ter que me despedir! - Chutou a cômoda com força, seus olhos já estavam marejados.
- Por que Deus tem que te levar? Por que ele quer te tirar de mim? - Lamentou ofegante com o rosto vermelho, completamente molhado por lágrimas que pareciam não parar de brotar em seus olhos.

O envolvi em meus braços o apertando com força contra mim. Seus soluços perto do meu ouvido, suas lágrimas molhando meu ombro. Nunca pensei em ser tão importante para alguém assim, nunca imaginei que encontraria um ser tão dependente de mim, que me olhasse do jeito que ele olha, me beijasse como ele me beija. Nunca fui tão amada em toda minha vida.

- Sh...Vai ficar tudo bem... - Sussurrei chorosa, tentando confortá-lo.
- Ficar tudo bem? Nada vai ficar bem! A garota que eu amo está indo embora! - Saiu do abraço me olhando nos olhos. Harry estava revoltado, talvez com Deus, talvez consigo mesmo. - Não está se sentindo culpado, está? - Eu não consegui, juro que tentei te salvar. Mas parece que tudo foi em vão. - Foi até a cama se sentando. - Nada que eu faça vai fazer você ficar. Do que adianta todo esse dinheiro se eu não posso fazer nada para impedir sua morte? Não consigo apenas ficar sentado vendo as luzes dos aparelhos se desligarem! - Harry ainda chorava, bem pouco, mas chorava.
- Espera! Tem uma coisa! - sorri abertamente.
- O que eu posso fazer? - Os olhos verdes do garoto brilharam em esperança.
- Faça amor comigo. - Não sei de onde tirei coragem para dizer isso. Era minha última tentativa, e também, não é segredo nenhum que eu o desejo mais do que tudo nesse mundo.
- O quê? - Styles me fitou incrédulo.

Me sentei em seu colo, de frente para ele e tomei seus lábios, logo fui correspondida e ganhei passagem para invadir sua boca, nossas línguas travavam uma deliciosa batalha num beijo calmo. Harry partiu o beijo me segurando pelos ombros.

- ... - Rebolei sob seu membro beijando seu pescoço, o sentindo se desconcentrar com o que dizia. - , olha, se isso tudo for medo de morrer virgem eu não vou fazer isso, não é certo fazer no desespero...
- O que! Cala a boca! Não é por isso! - O interrompi rindo.

O beijei novamente, dessa vez ele retribuiu as carícias colocando as mãos por debaixo do meu vestido, apertando minhas coxas e dando uma atenção especial para meu bumbum.
Era tudo tão novo e ao mesmo tempo tão familiar, seu toque era único, me causava arrepios maravilhosos.
Puxei sua calça de moletom assustado Harry, que ainda me olhava surpreso com minhas atitudes, acho que nunca fui tão atrevida assim. Mas não se engane, estou tremendo de medo.
Após jogá-la em qualquer canto do quarto, me ajoelhei no colchão imitando Harry, que me agarrou com vontade voltando a me beijar. Seus dedos foram ágeis com o zíper, logo senti o vestido afrouxar em meu corpo, levantei meus braços enquanto Styles o puxava para cima, me deixando apenas de roupas íntimas.
Os olhos dele percorreram meu corpo por inteiro, tinha malícia naquele olhar, disso eu não tinha dúvidas.
Fiz o mesmo com sua camisa, o deixando apenas de boxer preta. Era inevitável não reparar cada detalhe daquele corpo, desde suas coxas gostosas, que dariam inveja em muitas garotas, até suas inúmeras tatuagens que o deixavam extremamente sexy.
Harry veio lentamente até mim, me envolvendo em seus braços fortes, suas mãos agora estavam mais livres, uma passeava pelo meu corpo, outra procurava pelo fecho do meu sutiã. Quando achou, Harry não hesitou em abri-lo, deixando meus seios à mostra. Suas mãos logo os tocaram, massageando devagar.
Nesse momento, a ficha caiu, eu estou perdendo minha virgindade! O ar começou a faltar e minhas mãos começam a tremer levemente. Eu só queria ter um buraco onde eu pudesse enfiar a minha cara.

- Harry... Você poderia, sabe, apagar a luz? - Murmurei sentindo meu rosto queimar. Usei um dos braços para tampar meus seios, que devem parecer com os de uma criança de dez anos comparado aos das mulheres com quem Styles já havia transado.

Ele prontamente correu até o interruptor apagando a luz, o que não adiantou muito, já que as luzes da rua entravam no quarto mesmo com as cortinas devidamente fechadas. Mas, mesmo assim, me senti mais segura.

- Não acredito que está com vergonha do seu corpo! - Abaixei a cabeça mordendo meu lábio inferior. - Olha pra mim - fiz o que ele pediu - Você é a garota mais linda desse mundo. Nem Megan Fox consegue ser melhor! - Envolveu minha cintura fina com suas mãos, colando nossos corpos.
- Garoto, não força - gargalhei lhe dando um tapa.
- Se quiser parar... - O interrompi com um beijo voraz dando a entender o que eu realmente queria.

Harry se inclinou sobre mim, me deitando na cama, ficando por cima sem soltar seu peso sob mim. Suas mãos passaram por minha barriga e pararam em minha calcinha. Minhas pernas tremiam enquanto ele retirava minha última peça de roupa. Logo ele também estava nu, se posicionou entre as minhas pernas e me olhou nos olhos.

- Tem certeza?
- Ei, eu amo você, quer mais certeza do que isso? - Segurei seu rosto fitando aquele par de olhos lindos.

E, mais uma vez, as palavras escaparam da minha boca. Dessa vez não houve timidez, nem desvio de assunto. Só minha testa colada a dele e uma troca de olhares perfeita.
Harry me beijou me invadindo devagar, nem preciso descrever a dor que senti. Ele ficou imóvel, talvez esperando uma reação minha, eu ainda estava com os olhos fechados mordendo fortemente meu lábio inferior.

- Eu te machuquei?
- Não! - respirei fundo - continua.

Sorri confiante para Harry, que se moveu dentro de mim fazendo movimentos de vai e vem. Logo a dor foi diminuindo dando lugar ao prazer, entrelacei minhas pernas em suas costas, o convidando a ir mais fundo, e foi isso o que Styles fez indo cada vez mais fundo e mais rápido.

- Tão gostosa...

Não conseguia mais conter os gemidos e ouvi-lo gemer loucamente em meu ouvido me deixava ainda mais excitada. Minhas unhas arranhavam suas costas o arrepiando todo.
Uma enorme sensação de prazer se apoderou de mim. Chegamos ao ápice praticamente juntos. Harry caiu cansado ao meu lado na cama, tudo o que se podia ouvir eram nossas respirações ofegantes.
Ele nos cobriu com o lençol e eu preferi ficar calada, a insegurança me tomava. Será que consegui satisfazê-lo?

- Você foi perfeita... - Harry sussurrou me abraçando, era como se ele lê-se meu pensamento. Um sorriso bobo se formou em meus lábios. - Não sei se o que acabou de acontecer aqui vai ajudar em algo como você disse. Na verdade, acho que só piorou tudo, só me deixou mais apaixonado por você. - Me virei olhando no fundo daqueles olhos verdes.
- Vamos esquecer esse detalhe, pelo menos por um minuto? - Fiz uma voz dramática fazendo-o rir.
- Tudo bem. - Beijou minha testa me deitando em seu peito, suas pálpebras pesavam, ele dava indícios de que iria dormir. - Eu te amo, Chiesa... - Disse com a voz rouca antes de cair no sono.

Capítulo 11


Narrador

Ela ficou a noite toda o observando dormir. Fazia isso todos os dias, mas naquela noite depois de ter se entregado a ele, sentia algo cada vez mais forte por Harry, o desejo só havia crescido. Ela simplesmente não conseguia deixar de olhar o abdômen de Styles, que só tinha um lençol o cobrindo da cintura pra baixo. Sem contar os lábios macios e convidativos. não se segurou e selou seus lábios nos dele, que continuava sonhando com o que havia acontecido naquela cama.
ouviu um barulho estranho no andar debaixo e cutucou Harry tentando acordá-lo. O que não funcionou, já que o garoto só se mexeu para mudar de posição na cama.
A bufou se levantado, após colocar o vestido, desceu lentamente as escadas estranhando o fato da luz da cozinha estar acesa. Entrou no cômodo atenta a qualquer movimento, até que se virou e o viu.

- Olhe só quem resolveu aparecer!

sorriu irônica com os braços cruzados, encarando o homem de cabelos longos e olhos .

- Bom te ver, . - Sorriu ele.
- Se eu te respondesse que também é bom te ver, ficaria muito na cara a mentira?

Ele soltou uma breve gargalhada negando com a cabeça.

- Sei que não é minha fã número um, mas poderia ao menos disfarçar e fingir estar feliz com minha volta repentina?

O homem entrou no jogo de .

- Não preciso fingir, estou feliz, flutuando por aí...

A saltitou pela cozinha arrancando mais risadas dele.

- Parece que a noite de ontem conseguiu triplicar a sua loucura de antes.

abaixou a cabeça ficando vermelha.

- Acho que não quero falar sobre sexo com alguém como você.
- Alguém como eu?
- Ah... Eu não sei explicar! Seria a mesma coisa que falar com meu pai! Você parece ser tão poderoso, grandioso, confiável, mas às vezes faz coisas que me deixam completamente irritada. Mas é impossível não gostar de você, não me sentir bem na sua presença. Você parece iluminar tudo por onde passa. Sabe tanto de mim, parece me conhecer há anos! E eu nem mesmo sei o seu nome.
- , eu te conheço bem antes de você nascer.

Ela o fitou olhando no fundo dos olhos claros do homem.

- Acho que sei quem você é, sempre soube. Acho que só não consegui assimilar tudo isso, não consigo acreditar que estou falando com você.

Ele nada respondeu, apenas lhe lançou um sorriso.

- Confesso que nunca te imaginei assim e que, mesmo sabendo quem você é, ainda me irrito com esse seu ar misterioso.

Ambos riram.

- Voltando ao assunto da minha volta...

- ...Não tão repentina assim.

o interrompeu. Ele arqueou as sobrancelhas a fitando.

- Ah, qual é! Nós dois sabíamos que esse dia iria ter que chegar. Depois de tanto tempo sumido, suponho que voltou para fazer algo importante.
- Garota esperta! Sim, é algo importante. Mas, antes de tudo, temos que voltar onde tudo começou.

O homem disse indo para a sala, sendo seguido por .

- Espera, tenho que avisar ao Harry que vou sair.

disse indo em direção às escadas, mas parou ao ver o pequeno filhote descer rapidamente, parando aos pés do homem o cheirando.

- Ah! Esse é...
- ...Scooby

O homem a interrompeu sorrindo.

- Anda me espionando de novo?

estreitou seus olhos .

- Espionando não é bem a palavra certa.
- Aham, sei. Vou lá em cima e já volto.
- Temos que ir para o hospital. Vai ser rápido.

A deu de ombros e o seguiu porta afora.

(...)

Harry sentiu algo se mexendo freneticamente ao seu lado na cama, se virou sorrindo, quando abriu os olhos sonolentos deu de cara com Scooby. Após se levantar e tomar um banho, desceu para o andar debaixo estranhando o silêncio na casa. Ao entrar na cozinha, percebeu a ausência de , a procurou em todos os cômodos, já estava começando a ficar desesperado quando uma ideia maluca lhe passou pela cabeça.
Styles subiu correndo e foi trocar de roupa, para ele não importava se ainda era madrugada, ele tinha que saber se havia indo embora. Não dava para entender aquilo tudo, ela iria sem ao menos se despedir?
Entrou no carro afobado, após abrir a porta da garagem saiu cantando pneu no asfalto. As ruas estavam vazias, facilitando para Harry ir o mais rápido possível.
Ao parar num dos semáforos espalhados pelo caminho do hospital, Harry foi fechado por um carro prata. Sem entender direto o que estava acontecendo, o garoto continuou parado onde estava.
Os ocupantes do veículo desceram, eram dois homens, Styles os observou enquanto caminhavam até seu carro. A essa altura, ele já havia percebido o que se passava, bateu as mãos no volante nervoso. Ouviu um barulho vindo do vidro do motorista e pôde ver o homem careca, que aparentava ter seus trinta e cinco anos, os olhos verdes do garoto desceram até o objeto que o desconhecido usou para dar batidas no vidro, um revólver calibre 38.
Levantou as mãos em sinal de rendição e logo após, retirou lentamente o cinto de segurança.
O outro cara, um loiro de olhos verdes, exibia um grande sorriso ao contemplar o carro de Harry, que o encarou raivoso.

- Sai do carro, anda!

Ele desceu ainda cauteloso com os movimentos que fazia, qualquer coisa que oferecesse perigo para os assaltantes, poderia o matar.

- Olha o que temos aqui... Um famoso!

O careca sorriu deixando a mostra a ausência de alguns dentes da frente.

- Olha, eu posso te dar dinheiro, o que você quiser. Mas por favor, me deixa ir com o carro.

Harry tentou negociar enquanto estava sob a mira do bandido.

- Para quem tem tanto dinheiro e tantos carros como diz na TV, você é um pouco egoísta não?
- É, que falta faz uma land rover na sua garagem?

O loiro completou dando de ombros.

- Não ligo para o carro. Estava indo pro hospital, por favor, é um caso de vida ou morte! - Harry exclamou.
- Opa! Abaixa o tom de voz para falar comigo!

O homem disse ficando estressado.

- Por favor, não me deixa na mão numa hora dessas...

O garoto sussurrava repetidamente, como se fizesse uma prece a Deus.

- Chega de enrolação, 'vaza' daí! Sai de perto do carro devagar e sem gritos! Se fizer escândalo, morre!

Harry era muito mais alto e forte do que os dois, mas o revólver atrapalhava tudo. Se os assaltantes não estivessem armados, não teriam chances com Styles.

- Não!

Harry disse ao ver o homem abrir a porta do motorista, num movimento involuntário, tirou a mão do homem de seu carro. O careca perdeu a paciência apertando o gatilho.
O garoto soltou um grito ao cair no chão, uma dor insuportável tomou conta de seu peito. Naquele momento ele só conseguia pensar em .

- E agora pop star? Quem vai te levar pro hospital?

O bandido ironizou enquanto entrava no carro preto.
Logo sua land rover foi acelerada, saindo em disparada seguindo o veículo prata, usado para fechar Harry.

(...)

e o homem misterioso ficaram num dos corredores do hospital conversando. Ela não sabia explicar, mas quando conversava com ele, sentia que podia confiar nele de olhos fechados.

- Temos que voltar pra casa, já está amanhecendo e quero estar na cama quando Harry acordar.
- Ele já despertou.
- Nossa! Ele vai me matar!

arregalou os olhos andando apressada até o elevador.

- Na verdade ele estava vindo pra cá.

A se virou para o homem o olhando confusa.

- Sério? Que estranho, quando sai ele dormia feito uma pedra. Aliás, já era para ele estar aqui, o hospital não é tão longe de Casa.
- Ele acabou chegar, .

A garota sorriu ansiosa virando-se para o elevador.
As grandes portas de metal se abriram revelando um corpo sob uma maca rodeado de enfermeiros e médicos. Pelo cabelo pôde perceber que era um garoto, sua camisa estava rasgada e cheia de sangue. Ao descer o olhar para o abdômen exposto do paciente, viu a famosa tatuagem de borboleta.
Levou as mãos até a boca reprimindo um grito.

- O que você fez com ele?!

Andou apressadamente atrás dos médicos sendo seguida pelo homem. Mas, quando a maca entrou na ala de cirurgia, parou desolada.

- Tira ele dali, agora!

A o confrontou berrando alto, as lágrimas já desciam pelo rosto vermelho da garota.

- Não posso. Não agora. - Disse calmo como sempre.
- Porque você sempre tira as pessoas que amo de mim! Hã? Por acaso me odeia? O que eu fiz pra merecer tudo isso?

Seus soluços não eram ouvidos pelas pessoas que perambulavam no corredor, mas não se importaria se a ouvissem, ela só queria acabar com a dor que sentia.

- ...

A voz rouca vinda do começo do corredor foi como música para os ouvidos da garota, que secou as lágrimas se recompondo. A última coisa que queria era assustá-lo.
Ao correr até Harry, pôde perceber o quanto ele estava abalado e assustado.

- Está acontecendo comigo, não é?

Disse num fio de voz. mordeu os lábios assentindo com a cabeça.

- , estou assustado! O-o que eu devo fazer?
- Vai por mim, ninguém nunca sabe o que fazer numa hora dessas. Calma, já vai passar. Vou te tirar dessa.

Ela respondeu com a voz embargada.

- Como, ?! Você está há um ano e meio nessa.
- Ainda não sei como, mas faço qualquer coisa pra te tirar daqui, qualquer sacrifício, meu amor.

Ele assentiu sem acreditar muito no que dizia, aquilo era impossível.

- Os meninos chegaram.

Harry se virou vendo Liam, Zayn, Niall e Louis correndo até o médico, que havia acabado de entrar no corredor.

- Como ele está?

Liam perguntou afobado com os outros ao lado, ansiosos por uma notícia boa. Seus olhos demonstravam preocupação, agonia e medo.

- O tiro foi no peito. O paciente já está em cirurgia agora, é um procedimento com sérios riscos. - O médico explicou.
- Tudo bem. Vamos ficar esperando aqui.
Zayn disse com a voz baixa e os outros quatro concordaram.

- Volto logo, e trago notícias.

O homem saiu.

- Isso não pode estar acontecendo!

Niall passava as mãos pelo rosto.

- Queria que isso tudo fosse só um terrível pesadelo.

Louis disse enquanto andava em círculos, visivelmente nervoso.
Zayn estava sentado ao lado de Niall, calado e olhando fixamente para o chão. Liam falava ao telefone perto dali.

- Com quem ele deve estar falando?

Harry indagou fazendo desviar o olhar de Zayn para Liam.

- Só ouvindo pra saber.
Ela deu de ombros. Styles assentiu indo até o amigo.

- Ele não te vê não é.
- Não. - respondeu atrás dela.
- Fiz certo em prometer para ele que vou tirá-lo daqui?

perguntou incomodada com o que fez. Não foi certo dizer aquilo sem ter certeza, mas ela não conseguia vê-lo daquele jeito sem fazer algo para animá-lo. Incentivá-lo a ter fé era o melhor a se fazer.

- Sim, porque você pode.
se virou o encarando completamente confusa.

- Posso? C-como?
- , minha escolha já está feita e você sabe disso.
- O que decidiu e o que isso tem a ver com Harry?
- Você me provou o que eu já suspeitava há muito tempo, tem um coração enorme. Me mostrou que tem a dádiva do perdão. Vai ter a sua vida de volta, como queria e ter livre árbitro para fazer o que quiser com ela.

- Então quer dizer que posso salvá-lo.
sorriu abertamente.

- Tem certeza disso?
- Você sabe que sim.
O homem sorriu assentindo.

- , ele estava avisando minha família. Olhe! O doutor está conversando com os meninos.

Harry voltou.

- Vai lá! Ouve o que ele diz! incentivou.
- Você não vem?
- Já estou indo, vai na frente.

Harry sorriu fraco lhe dando um selinho e indo até o grupo.

- Tenho duas notícias para vocês.

O homem de jaleco disse, assim que o viram, os garotos se levantaram rapidamente.

- Se for aquilo de notícia boa e ruim queremos a boa, primeiro. - Louis disse.
- Bom, a cirurgia foi um sucesso.

Os garotos comemoraram do típico jeito escandaloso.

- Calma, ainda tenho a notícia ruim. Harry ficará em coma.
- P-por quanto tempo?

Liam indagou cabisbaixo.

- Não temos como saber.
- O que está esperando para fazê-lo melhorar?

disse entre dentes para o estranho ao seu lado.

- Faça seu pedido...

A respirou fundo sem conter as lágrimas.

- Eu dou tudo o que tenho para ele. O sangue que corre pelas minhas veias, o ar que entra e sai pelos meus pulmões, os batimentos do meu coração. - E sem segurar um soluço, finalizou fechando os olhos. - Eu dou a minha vida para Harry.

Logo os garotos se dividiram, Liam e Louis ficaram sentados esperando enquanto Niall e Zayn seguiram o médico.

- Amor, eu estou em coma!
- Uau, não via alguém estar animado assim por conta de um coma desde que minha vó veio me visitar pela primeira vez. - Riu fraco abaixando a cabeça.

O garoto pegou no queixo de levantando seu rosto, fazendo-a olhar em seus olhos.

- Estava chorando? O que foi?
- Nada. Só... Estou feliz por você.

Ela forçou um sorriso, deixando à mostra suas convinhas.

- Em breve, nós dois ficaremos felizes. Quer apostar quem acorda primeiro?

Harry riu da própria frase. A alegria que ele sentia era indescritível.

- Do que está falando?

A franziu a testa.

- , promete pra mim que vai lutar até o último minuto de hoje para acordar.

Os olhos verdes de Styles focaram-se nos de garota.

- Prometo.

Ela o abraçou o mais forte que podia, molhando o ombro dele de lágrimas.

- Está mentindo para ele?

O homem exclamou.

- É preciso...

sussurrou, ainda nos braços de Harry, que ainda não entendia os soluços dela.
- Vou tentar ganhar essa aposta.

sorriu para ele com o rosto vermelho e molhado. O garoto retribuiu o sorriso aproximando seus rostos e beijando a boca dela.
O beijo calmo fazia a se desligar do mundo, esquecer os problemas e o mais importante: guardar na memória os toques e os lábios de Styles, as sensações, o frio da barriga e os arrepios que aquele garoto lhe fazia sentir. Queria guardar pra sempre a imagem de Harry, o primeiro e único garoto que amou na vida.
Uma mulher linda, que aparentava ter seus quarenta e três anos, saiu do elevador. Seus olhos verdes estavam aflitos. Logo que viu o doutor foi até ele.

- , conheça Anne, sua sogra!

E pela primeira vez, se permitiu sorrir naquela manhã.

- Ela vai te adorar! - exclamou ele. - Faz tempo que não a vejo.

Minutos depois Liam passou com Anne abatida ao lado, ele citou a lanchonete do hospital, dizendo que um pouco de chá a ajudaria se acalmar.

- Pronta para ir?

assentiu discretamente para o homem, que se afastou um pouco para dar privacidade.

- Vai lá matar a saudade.
- Acho que tem alguém aqui querendo me enxotar.

Harry cantarolou colocando as mãos na cintura dela.

- Aliás, você não me disse o que achou da noite de ontem.

Sorriu maliciosamente vendo ruborizar.

- Styles!

Bateu no braço do garoto, que riu da reação dela.

- Foi... legal.
- Só isso? Legal?
- Tá bom, foi perfeito! Você me levou até o paraíso, me fez ver estrelas, foi maravilhoso!

o fez sorrir abertamente selando seus lábios.

- Vou ver minha mãe. Não saia daí.

A soltou se afastando, segurou a mão do garoto o impedindo de ir.

- Não vou a lugar nenhum. - Murmurou com os olhos marejados. - Eu te amo, amo muito. - O beijou.
- E aconteça o que acontecer, não sinta raiva de mim. - Ela sussurrou em seu ouvido.
- O que disse?
- Nada. - O abraçou o mais forte que podia, inalou seu perfume pela última vez.
- Volto logo.

Harry a puxou pela nuca a beijando ferozmente, uma de suas mãos desceram até a bunda de , apertando de leve.

- Eu te amo mais.

A garota o assistiu ir embora, só quando Harry saiu de vista ela pode chorar tudo o que tinha entalado na garganta. Se encostou numa das paredes desabando em lágrimas.

- Porque não disse a verdade a ele? Por que não disse adeus?
- Quero dar meu coração inteiro a Harry, se me despedisse, ele ficaria em pedaços.

O homem assentiu lhe estendendo a mão. a pegou tremendo e foi guiada para o elevador.
Já fora do hospital de Londres, a garota contemplou o grandioso o céu nublado. ficou parada ali por um tempo, olhando para cima e imaginando para onde aquele homem iria levá-la. Sorriu por um segundo ao imaginar que iria ver a mãe novamente.
Dizem que o melhor jeito de morrer é dormindo, é a prova de que isso não é verdade. Harry estava a salvo, não importava para onde ela iria. Morrer por alguém que se ama é, sem sombra de dúvidas, o melhor e o mais maravilhoso jeito de morrer.

Epílogo


A fina garoa caia rapidamente deixando diversas gotas de chuva nas janelas do carro. O silêncio era tão grande ao ponto de Harry poder ouvir a própria respiração.
Que a cada rua cruzada ficava ainda mais descompensada.
Parou o carro na rua vazia, sem movimento algum. Não havia casas por ali, somente árvores enormes espalhadas pelo local. Tirou o cinto de segurança e ficou ali parado, simplesmente não conseguia se mover. A lembrança do pior dia de sua vida invadia sua cabeça.
Harry se lembrava com dor de quando abriu seus olhos verdes enxergando apenas o teto branco do hospital.
Se remexeu desconfortável na cama sentindo uma forte dor no peito. Gemeu de dor chamando a atenção dos garotos que ali estavam.
Louis chamou alguém e logo Pattinson entrou no quarto. Ele estava tão diferente e estranho.
Styles abriu a boca e todos do quarto o olharam atentamente. A única palavra que saiu foi o nome de . O doutor demorou a responder, tentando achar um jeito menos doloroso possível de lhe dar a notícia, mas foi interrompido por uma enfermeira o chamando na emergência. Depois disso, Styles nunca mais o viu por lá. Uma das enfermeiras lhe disse que Gerald havia entrado de férias.
Dois dias depois, ao ter alta, Harry saiu do quarto sendo guiado por Liam e Louis pelos corredores, Zayn e Niall vinham logo atrás. Todos felizes pela recuperação do melhor amigo.
Harry sorria fraco tentando disfarçar a angústia que estava sentindo. Ao passarem pelo corredor tão familiar, Harry avistou a porta do quarto de aberta. Se soltou dos amigos e andou com dificuldade em direção à porta. Todos os dias ele se negava a acreditar na morte de , chegou a ter que ser dopado quando se descontrolou ao perguntar pela garota e não obter uma resposta.
O garoto se encostou ao batente da porta desabando em choro, chamando por , a pedindo para ficar. Mas a cama estava vazia.
Os outros garotos o ampararam se entreolhando confusos, dariam tudo pra saber quem era a garota por quem Harry sofria.
As lágrimas desciam descontroladamente, Harry se debruçava sob o volante soluçando alto.
Após se recompor, Styles desceu do carro. Com as mãos trêmulas apertou o alarme levando consigo um buquê de flores.
Andou pelo grande cemitério procurando pelo nome dela, o lugar era calmo e deserto. Até que por fim, conseguiu encontrar a lápide. Encarou o nome dela sorrindo amargurado. Ele não havia acompanhado o velório, nem se quer viu o enterro já que estava no hospital.
Era sua primeira visita à , mesmo fazendo cerca de um mês da morte dela. Harry não sabia direito o que fazer, estava desnorteado. Com o choro entalado na garganta, se agachou colocando as flores sob a lápide branca. Respirou fundo e se levantou dando as costas, caminhando lentamente para longe.
A chuva havia dado uma trégua, mas o vento ainda era forte, fazendo Styles ter que ajeitar seus cabelos e tirá-los dos olhos, de repente sentiu um arrepio. Ele tinha certeza de que o que sentiu não era por conta do frio. Se virou fitando as rosas vermelhas que havia acabado de deixar ali.
Ele não podia mais fazer isso, ignorar a morte de , levar sua vida normalmente como se não tivesse a conhecido. ainda estava viva, dentro de seu coração e nos pensamentos de Harry.
Refez o caminho parando em frente à lápide.
Harry tinha muito a dizer, mas guardou para si esse tempo todo. Deixava escapar algumas lágrimas em Half a heart durante alguns shows, mas nunca desabafava com os colegas da banda.

- , e-eu.... Me desculpe por não ter vindo antes, esses dias tem sido uma loucura, estamos fazendo vários shows. Não pense que me esqueci de você, acho que isso nunca vai acontecer e eu nem quero que aconteça.

Styles disse olhando pro lado com as mãos nos bolsos da calça. Estava se sentindo um otário falando sozinho. sempre conseguia fazê-lo parecer um bobo.
Mal sabia Harry que não estava sozinho ali. A garota estava sentada bem próxima a ele. Com seus cabelos loiros balançando a cada vez que o vento vinha, sorria triste com seus olhos vidrados no rosto dele.
O garoto suspirou pesadamente antes de recomeçar a falar.

- Vim aqui para conversar com você... Sei que se alguém me vê fazendo isso, vai achar que sou louco, mas eu sei que de alguma forma, você ainda me ouve. E deve estar rindo da minha cara de onde você estiver.

gargalhou desejando desesperadamente que Harry pudesse ouvir.

- Scooby também arranjou uma forma de ficar perto de você apesar de toda essa distância. Quando o céu não está nublado, ele fica a tarde toda no quintal, olhando pra cima. Depois de um tempo, eu entendi, o céu azul faz lembrar a cor dos seus olhos. Ele sente sua falta. Nós dois sentimos - fungou dando indícios de que iria chorar - Sabe, me lembro claramente de quando nos conhecemos. Você e essa sua pose de durona, mas era só pose mesmo, sei que por dentro você era apenas uma garotinha assustada com o que estava acontecendo. Me sinto privilegiado por ter te visto crescer, enfrentar seus medos e se tornar numa mulher forte e confiante. Quando estava tudo desabando, você vinha contando uma piada me fazendo rir, vou sentir tantas saudades disso. Sentirei falta da sua gargalhada, e até de quando brigávamos pela casa. Logo depois um pedia desculpa pro outro e sentávamos no sofá para ver um filme.

Sorriu fraco com os olhos marejados.

- Tive muitas noites de insônia, tento me acostumar com o fato de que você nunca mais vai mexer no meu cabelo para eu dormir. É inexplicável como toda noite parece ser uma eternidade quando me vejo sozinho naquela cama... Os meninos ainda me perguntam a razão dos meus choros repentinos, mas eles não entendem. Eles não sabem sobre nós. Ninguém sabe, e nunca vai saber das noites em claro falando besteira ou da noite em que fizemos amor. Eles não entenderiam nossas piadas sem graça logo de manhã, nem se quer tiveram a sorte que tive de te fazer rir. Nunca vão nos pegar aos beijos na cozinha e nem vão me zoar por estar apaixonado. Queria tanto que minha mãe tivesse te conhecido, estava até imaginando ela te elogiando, te pedindo pra cuidar bem de mim e fazendo piadas sobre netos. Se tivesse cumprido o que me prometeu naquela droga de hospital minha mãe teria conhecido a garota que fez o filho dela se sentir o homem mais feliz do mundo!

Harry gritou com o rosto já completamente molhado pelas lágrimas.
o encrava sem reação alguma, sabia que ele ficaria assim. Mas preferia vê-lo magoado de que morto.

- Porque não cumpriu a promessa? Por que não estava lá quando eu acordei? Por que não me levou com você?

Sua voz saia rouca devido ao choro.

- Nós tínhamos que ter ficando juntos! O que tivemos foi real, você estava lá comigo o tempo todo. Nós dois éramos perfeitos com nossas próprias imperfeições, você era a sem coração e eu o galinha que saia com muitas. Aposto que já houve milhões de casais assim, mas nunca igual a nós. Nada se compara a nós.

Secou as lágrimas com as mangas da blusa.

- Acho que, de alguma forma, nós nos ajudamos. Você parou de sair com uma a cada noite e eu consegui amar você.

chorava o encarando. Harry mantinha a cabeça baixa também chorando.
O celular do garoto vibrou no bolso da calça.

- Alô? - fez uma pausa - Não estou em casa, por quê? - mais uma pausa – Ok, Carter. Já estou indo.

sorriu ao ouvir o sobrenome do pai.
Styles suspirou pesadamente, encarado o nome escrito na lápide.

- Vou indo, . Meu sogro quer me ver. - Ele riu fraco. - Ah, e por falar nele, tenho uma novidade pra você. Jonathan conseguiu tirar o direito de Alice receber o dinheiro da venda da casa. Seu pai me deixou responsável pelo dinheiro. Pretendo doar tudo para uma instituição de cães que foram abandonados na rua.
- Sabe que eu faria o mesmo.
sorriu vendo-o olhar pro céu cabisbaixo.

- Eu te amo, e sempre vou amar.

Sussurrou dando uma última olhada na lápide. O vento bateu levando o cheiro de na direção dele. Harry fechou os olhos ao sentir aquele perfume inconfundível, quando abriu e se viu sozinho naquele cemitério simplesmente negou com a cabeça rindo fraco.

- Acho que estou ficando louco.

Caminhou em direção ao carro e deu partida, sumindo da vista de .

- Também te amo, Styles.

Naquela noite eu acordei com a sensação de que não estava sozinho naquele quarto. Algumas pessoas achariam estranho, talvez até teriam medo e mudariam de endereço. Mas eu não, afinal, é, e sempre será meu anjo.


Fim



Nota da autora: (05/09/2017) Ei, você! Se está lendo isso é porque com certeza terminou minha história. Sinta-se abraçada. Sério, muito, muito obrigada por ler. Pode parecer bobagem, mas você se tornou muito especial pra mim (mesmo sem ter comentado... mas ainda dá tempo, viu!). SYH é algo muito importante pra mim.
Com o fim da história eu gostaria de saber se você gostou dos personagens, das falas e da história. O que mais gostou? O que menos gostou? Bem, me dê a sua opinião! Ela é e sempre será muito importante pra mim.
Amo você, obrigada mais uma vez pelo carinho!
xx' S.




comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa atualização são apenas meus, portanto para avisos e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.