Sabe quando sua vida é tudo que você espera? Você adora seu emprego, tem os melhores amigos do mundo, mora em um lugar que você ama e tudo vai bem? Pois é, assim era minha vida, eu morava no centro de Los Angeles, próximo a Beverly Hills. Trabalhava na redação do jornal local como jornalista esportiva ao lado da minha melhor amiga, null, com quem eu também dividia um apartamento. null tinha um namorado, o null, surfista profissional que estava começando sua carreira. null era do tipo muito gato, deixava as mulheres babando, mas ele só tinha olhos para null, os dois eram extremamente apaixonados. Eles se conheceram surfando, porque null e eu também surfávamos, mas apenas por diversão, claro. Todo final de semana pegávamos o carro, enfiávamos as pranchas na traseira do automóvel e íamos para Malibu. Passávamos o final de semana todo surfando, comendo, bebendo e nos divertindo muito. Eu não tinha um namorado no momento, mas isso não era realmente um problema para mim, eu gostava da minha liberdade e estava realmente feliz com a minha vida. Mas é bem o que dizem, quando tudo parece muito perfeito, é porque algo vai dar errado. Um dia cheguei ao trabalho, parecia mais um dia normal, até o momento que Jonathan Mark, meu chefe e da null, nos chamou na sala dele.
- Bom dia, gente! - eu disse para o pessoal do departamento enquanto me sentava em minha mesa com meu inseparável copo de frappuccino do Starbucks e entregando outro copo para null.
- Bom dia, pessoas! - null disse enquanto ligava o computador dela e me passava uns muffins de chocolate.
Enquanto nós nos ajeitávamos, Lucky, que trabalhava no departamento de celebridades, passou por nós e nos cumprimentou, olhando para mim por um tempo mais que desnecessário.
- Uh, acho que alguém quer ter um replay com você. - disse null divertida.
- Pois é, pena que eu não estou interessada. Você mesma diz, null, figurinha repetida não completa álbum.
- Ah eu sei, mas ele é bonito e legal. Você não quer ter um namorado não, null?
- Eu quero, um dia. Ainda não encontrei meu null null, null.
- Hey, vocês duas. - disse Ashton, o office boy da redação.
- Bom dia pra você também, Ashton! - eu disse.
- Bom dia, meninas. O Jonathan tá chamando vocês na sala dele.
- Nos chamando logo cedo? - disse null.
- Sim, ele disse pra vocês irem lá imediatamente.
null e eu nos olhamos confusas, em seguida levantamos e seguimos para sala do Jonathan.
- O que será que ele quer hein? - null perguntou preocupada.
- Não faço a mínima ideia.
Chegamos à sala e eu bati na porta.
- Pode entrar. - Jonathan falou de dentro da sala.
- Bom dia, chefe. Tudo bem? - eu disse tentando quebrar o gelo.
- Olha só, bom dia para minhas duas melhores jornalistas esportivas!
Senti null relaxar ao meu lado, Jonathan estava de bom humor.
- E então, chefe, o que tem para nós hoje? - disse null.
- Tenho ótimas notícias. Ontem o diretor geral do jornal solicitou que eu indicasse dois jornalistas esportivos para serem correspondentes no Hawaii. E bom, eu indiquei vocês.
Ok, foi nesse momento que meu mundo caiu.
- O quê? Você quer dizer que nós vamos morar no Hawaii e trabalhar por lá? - perguntou null animada.
- Exatamente. Vocês são as melhores, meninas, merecem essa promoção. E como ratas de praia que são, acho que é o local perfeito para vocês.
Como assim? O local perfeito pra mim era LA! Eu tinha Malibu, era lá que eu queria comprar uma casa um dia, Malibu, não Hawaii, lá além do oceano, naquelas ilhas.
- Meu Deus isso é fantástico! O null vai surtar quando eu contar pra ele, já faz tempo que ele quer me levar pra lá.
- Pois é, null, imagine só, vamos preparar uma casa na beira da praia pra vocês duas dividirem.
null estava em êxtase e eu continuava em choque.
- null? - meu chefe me chamou, me trazendo de volta para realidade
- Oi?
- Você não vai dizer nada?
Tentei encontrar as palavras.
- Eu tenho escolha?
- O quê?
- Eu posso escolher se quero ir ou não?
null me olhou como se eu fosse louca.
- Bom, acho que sim, mas eu pensei que você ia amar a ideia.
- Não é uma ideia ruim, é só que eu gosto tanto daqui e...
- null, mudanças podem ser muito positivas, principalmente profissionalmente falando. - Jonathan disse com paciência.
- Eu sei.
- Você pode pensar se quiser.
- Pensar? Não, ela não precisa pensar não, ela só precisa se acostumar com a ideia. - disse null quase que desesperada.
- Bom, então é bom ela se acostumar rápido. Vocês partem semana que vem, na segunda de manhã.
- Ok, em uma semana tenho certeza que vamos aprontar tudo e a null vai parar com essa bobagem.
- Tudo bem então. Podem voltar ao trabalho agora, meninas.
null saiu quase que me arrastando da sala de Jonathan.
- null, você ficou maluca? - ela disse assim que saímos da sala.
- Por que, null? Talvez eu não queira ir pro Hawaii.
- Meu você sempre falou que queria comprar uma casa em Malibu pra ficar perto da praia, que íamos nos mudar pra lá assim que possível. Agora nós vamos morar na beira da praia! Vamos surfar nas melhores ondas do mundo!
- Mas eu queria a praia de Malibu, não Hawaii! Eu posso surfar em Malibu!
null colocou a mão na cabeça, tentando se acalmar.
- Ok, por que você não quer ir?
- Porque eu adoro LA. Eu nunca quis morar em outro lugar do mundo.
- Vamos fazer um acordo? Nós vamos pro Hawaii, você experimenta, tenta, pelo menos, se não tiver jeito, você volta. Por favor, por mim e pelo null vai?
- Tudo bem, o que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo né.
- Obrigada! - null disse me abraçando.
- Não sei que tanta graça vocês veem no Hawaii, além da ondas ótimas pra surfar, claro.
- Ah vamos, dê uma chance. Vai que você acha um havaiano gato por lá.
- null, pelo amor, você só pensa nisso? Em arrumar um namorado pra mim?
- Claro que não! Não o tempo todo, pelo menos. - null disse rindo.
Eu queria poder compartilhar só metade da animação da null para essa viagem. E ela não foi a única a ficar extremamente animada. À noite, quando saímos para jantar e encontramos com null, ele quase explodiu de tanta felicidade.
- Hawaii? Meu Deus, isso é sério mesmo? Não tô acreditando! - disse null com os olhos brilhando.
- É, amor, Hawaii, você finalmente vai ter a chance de surfar nas melhores ondas do mundo e dar um up na sua carreira.
- Meu, vai ser perfeito, aquele lugar maravilhoso, ondas perfeitas e a mulher mais linda do mundo ao meu lado. Estarei no paraíso. - disse null e começou a cobrir o rosto da null de beijos.
- Hey vocês dois, por favor, eu ainda estou aqui! - eu disse jogando um guardanapo neles.
- Garota, nós vamos pro Hawaii, por que este mau humor? - perguntou null.
- O humor dela é exatamente pelo Hawaii, ela não quer ir.
- Como assim? null, você tá doida?
- Tô começando a achar que tô doida mesmo, porque passei o dia todo ouvindo as pessoas falarem que eu tô maluca por não querer ir pro Hawaii.
- Ah, null, vai ser legal, você vai ver. Nós vamos nos divertir muito lá. - disse null carinhoso.
- É, vamos ver. Pelo menos vocês vão estar comigo, isso já é um consolo.
A semana passou rápido, muito rápido, por sinal, e logo estávamos de malas prontas para o Hawaii. No domingo, antes da nossa partida, o pessoal da redação organizou uma super festa de despedida para nós.
- Atenção, atenção! - disse Jonathan batendo com um talher em seu copo. - Quero um grande viva e muitas palmas para nossa queridas nulle null, que estão embarcando nessa nova jornada, como correspondentes do jornal lá no Hawaii. Meninas, desejo a vocês toda sorte do mundo, que vocês continuem fazendo um trabalho incrível e aproveitem o Hawaii, porque, afinal, vocês vão trabalhar no paraíso.
- Obrigada, chefe, pela oportunidade. Não vamos te decepcionar. - disse null.
- Com certeza, daremos nosso melhor. - eu disse sem muita emoção.
- Tenho certeza disso. - Jonathan disse e nos abraçou. - E um viva pra elas!
Todo mundo gritou e aplaudiu, a festa continuou pelo resto da noite. null e null estavam muito animados, meu chefe estava animado, meus colegas de trabalho, todos pareciam estar muito felizes, menos eu. No dia seguinte, levantamos cedo e nos preparamos para ir para o aeroporto. null terminava de por nossas malas no carro enquanto null foi deixar a chave com o porteiro do prédio, para que ele entregasse ao proprietário do apartamento. Eu estava na calçada olhando desolada para fachada do edifício.
- null? - null chamou.
- Oi?
- Está pronta?
- Na verdade, não, mas se temos que ir, é melhor que seja logo.
null veio até mim e me abraçou apertado.
- Vai dar tudo certo, tenho certeza que no final você vai amar essa mudança.
- Tomara. - eu disse sorrindo fraco.
Seguimos para o aeroporto, eu permaneci em silêncio a maior parte do caminho, enquanto null e null falavam animados sobre tudo que fariam no Hawaii. Chegando lá fizemos o check-in, despachamos nossas malas e fomos rumo a um longo voo, seriam algumas horas dentro do avião. Eu passei a maior parte com os fones do ipod enfiados na orelha, ouvindo música, dormindo ou lendo livro. null e null decidiram me deixar quietinha no meu canto, eles sabiam que estava sendo difícil para mim. Depois de quase 06 horas dentro do avião, pousamos no aeroporto internacional de Honolulu, no Hawaii. Um funcionário do jornal foi nos buscar no aeroporto e nos levou até o hotel que ficaríamos. Como nossa mudança foi muito rápida, a casa onde iríamos morar só ficaria pronta dali um mês, então nesse tempo ficaríamos hospedados em um hotel. Era um hotel cinco estrelas, bem luxuoso, que ficava a beira mar. Eu não podia negar que a paisagem era linda, de perder o fôlego, aquela água cristalina, o céu extremamente azul, a areia branquinha. Meu quarto era gigante, com uma cama king size de casal, apesar de eu dormir sozinha. O quarto da null e do null ficava logo ao lado do meu. Depois que o funcionário do hotel deixou minhas malas no quarto e saiu, abri a janela deixando a luz entrar, a vista do meu quarto dava para o mar e era tão linda que parecia uma pintura. Fui até a cama e me joguei nela, esperava ficar jogada ali o resto do dia, já que só íamos para a redação no dia seguinte. Doce ilusão, meus amigos jamais me deixariam dentro do quarto. Me levantei assim que ouvi as batidas na porta.
- Sabia que eram vocês. - eu disse ao abrir a porta.
- Você ainda está de roupa? Anda, vai pôr um biquíni e pega sua prancha. - disse null.
- Pra quê?
- Ih, null, acho que tantas horas de voo afetaram nossa null. - disse null divertido. - Pra surfar né, pessoa.
- Vocês não vão me deixar ficar o dia todo trancada no quarto?
- Nunca! - os dois responderam ao mesmo tempo e nós caímos na gargalhada.
Eu pedi alguns minutos para me trocar, peguei meu biquíni azul e branco estilo marinheiro na mala e uma das minhas camisetas de surf preta. Coloquei um vestido azul claro soltinho por cima do biquíni e saí do quarto com a camiseta na mão e minha prancha debaixo do braço, ela era verde com desenhos de flores brancas. Seguimos para a praia e logo caímos no mar. Realmente aquelas eram as melhores ondas do mundo. Paramos para almoçar, o restaurante do hotel dava vista para o mar também e a comida estava maravilhosa. Depois do almoço descansamos um pouco e voltamos para o mar novamente e só saímos de lá quando o sol se pôs. O recepcionista do hotel nos informou que à noite, logo após o jantar, ia ter uma apresentação de dança e é claro que meus amigos iam me arrastar para ela. Era pedir muito jantar e dormir? Tomei um banho demorado e coloquei um vestido lilás rodado sem mangas. Coloquei um cintinho preto logo abaixo da marca do busto e pus uma sapatilha lilás. Sequei o cabelo e deixei ele solto com as pontas levemente enroladas. Quando saí do quarto, null e null já me esperavam. O restaurante estava lotado e eu imaginei que fosse por causa do show. Comemos e bebemos muito bem e assim que terminei minha sobremesa anunciaram que o show ia começar. Havia um espaço grande sem mesas onde aconteciam as apresentações. Primeiro houve um show com dançarinas havaianos, aquela coisa que sempre vemos em filmes. Eu já estava começando a ficar entediada quando as dançarinas saíram e as luzes se apagaram. Um único foco de luz surgiu no centro do espaço vazio e um casal estava posicionado lá. Logo eles começaram a dançar, um mambo sensual e de encher os olhos. Conforme eles dançavam, puder ver melhor o homem. Ele era diferente, cabelos null, null e null, uma barba bem feita e seus traços não pareciam havaianos, muito menos americanos. De alguma forma achei ele muito bonito.
- Quem é ele? - perguntei.
- Deve ser o professor de dança do hotel. Quando chegamos vi um panfleto na recepção falando sobre as aulas de mambo que eles tem aqui. - null disse.
- Gente, e precisa se pegar desse jeito pra dançar? - eu disse quando o homem passou a mão pelas pernas de sua parceira.
- null, é mambo, é basicamente pegação nessa dança. - null disse divertida.
Fiquei olhando aquela dança, os dois continuaram com muita sensualidade até o fim da coreografia. Pensei que se aquele cara podia tocar uma mulher daquele jeito em uma dança, imaginei o que ele fazia em outras situações. Logo afastei esse pensamento quando a dança acabou e todos bateram palmas. O casal de dançarinos se dirigiu às mesas para tirar os hóspedes para dançar. O tal professor passou por mim, me olhou e por um instante achei que ele fosse me tirar para dançar, mas ele passou reto e suspirei aliviada.
- Vocês vão ficar por aqui? - perguntei.
- Não, acho que já deu, vamos subir. Amanhã temos que ir pra redação. - disse null.
- E eu vou me informar a respeito das competições de surf. Quero começar a treinar também. - disse null.
Nós subimos de volta aos nossos quartos, me despedi dos meus amigos e fui dormir. A cama era muito macia, espaçosa, quase podia me perder no meio de tantos travesseiros. No dia seguinte acordei com o despertador do meu celular tocando loucamente. Levantei e já me enfiei debaixo do chuveiro para tentar mandar meu sono embora. Coloquei uma blusinha salmon com alça de renda, uma saia de cintura alta rodada branca e uma sandália salmon com saltinho de madeira. Era cedo, mas parecia que já estava quente lá fora, comecei a ter uma noção de que teria que me livrar de metade das minhas roupas de inverno e substitui-las por roupas de verão. Desci para o café da manhã e encontrei null e null já sentados em uma mesa.
- Bom dia, pessoas.
- Bom dia, null! Que cara de sono hein. - disse null.
- Bom dia. Você não dormiu não? - null perguntou.
- Dormi, muito bem, por sinal, mas eu queria dormir mais.
Tomamos nosso café da manhã e depois subimos para terminar de nos arrumar e pegar nossas coisas. Um cara da redação viria nos buscar. null desceu com null e eu disse que encontraria com ela lá embaixo. Terminei de me arrumar, peguei minha bolsa e desci. Antes de chegar ao hall de entrada, ouvi barulho de música em uma sala próxima. Fui até onde vinha o som, a porta estava aberta e um casal girava pela sala sendo observados por outras pessoas. Era o casal da noite anterior e aquelas pessoas deviam ser hóspedes inscritos nas aulas. A música acabou e o casal se separou, indo até os alunos. Foi então que aquele par de olhos null me encontraram, droga, ele me viu! Já estava pronta para correr, mas ele foi mais rápido.
- Com licença? Posso ajudá-la?
Ele tinha o sotaque extremamente carregado, sotaque de alguém que não nasceu e cresceu falando inglês.
- Eu? Não, eu só estava de passagem. E você não é americano é? - perguntei por curiosidade.
- Não, sou mexicano. Mas você não está interessada nas aulas?
- Nas aulas de dança? Ah não, imagina, eu sou mais da turma da areia.
- Uh, uma surfista.
- Sim, mas apenas nas horas vagas.
- E nas horas não vagas, o que você faz que não pode dançar?
- Sou jornalista esportiva. Não estou aqui no Hawaii de férias, vim a trabalho, para morar aqui e ser correspondente local.
- Eu não quis dizer que você é uma desocupada ok?!
- Não importa. Aliás, por que mesmo que tô falando com você? Eu nem te conheço.
- Não seja por isso. Prazer, null null, professor de mambo do hotel. - ele disse e estendeu a mão para mim, que eu recusei.
- Bom, Mr. null, me desculpe, mas tenho que trabalhar.
- Você não vai nem me dizer seu nome?
- Não, por que eu deveria?
- Porque eu disse o meu.
- Você disse porque quis. - falei, virando as costas e saindo.
Parei no meio do caminho, porém.
- Hey, Mr. null. - eu disse olhando para trás.
Ele parou e olhou para mim também.
- É null. nullnull. - eu disse e saí novamente, dessa vez sem olhar para trás, mas tive certeza que ele ainda me encarava.
Saí pelo hall de entrada do hotel onde null já me esperava.
- Aí está você, achei que tinha se perdido.
- Não, desculpe. O cara da redação já chegou?
- Sim, está ali nos esperando. Eu disse que você estava vindo. - null disse apontando para um cara loiro que estava apoiado em um carro.
Descemos as escadas da entrada do hotel e fomos até ele.
- Bom dia! - o cara disse sorridente. - Você é a null certo?
- Sim, sou, mas pode me chamar de null.
- Claro, como quiser. Eu sou o Alex, trabalho como revisor na redação, muito prazer. - ele estendeu a mão para me cumprimentar.
- Prazer conhecê-lo.
- Bom, meninas, este carro aqui vai ficar com vocês. Vou levá-las hoje à redação para que vocês conheçam o caminho. Na volta, o carro é todos de vocês.
Entramos no carro e seguimos para a redação.
- null, no que você está pensando? - perguntou null vendo que eu estava em silêncio.
- Tô aqui pensando que eu preciso desesperadamente de um frappuccino do Starbucks.
- Você acabou de tomar café da manhã, criatura!
- Eu sei, não tô com fome. Mas quando eu começar a trabalhar vai me dar fome e, poxa, é Star, sou movida a Star no trabalho.
- Meninas, desculpe me intrometer. - disse Alex nos olhando pelo retrovisor. - Se vocês quiserem podemos passar no shopping que fica perto daqui antes de ir pra redação. Lá tem Starbucks.
- Tem Starbucks no Hawaii? - eu disse arregalando os olhos.
- Claro que sim. null, é só o Hawaii, não é o fim do mundo. - Alex disse e null riu.
- Então, por favor, vamos passar lá. - eu disse cruzando os braços.
Nós paramos rapidamente no shopping e fomos ao Starbucks. Comprei meu amado frappuccino e troquei meus muffins por uma salada de frutas, combinava mais com o Hawaii. Voltamos para o carro e logo estávamos estacionando em frente ao jornal. A redação se parecia muito com a de LA, mas com um ar mais praiano. Alex nos mostrou nossas mesas, onde deixamos nossas coisas e depois nos levou até a sala do nosso chefe.
- Com licença, Simon? - disse Alex batendo na porta. - Eu trouxe as meninas.
- Ah, pode deixar elas entraram.
Alex abriu a porta e indicou que devíamos entrar.
- Olha só, então vocês são null e null. Jonathan falou maravilhas de vocês. Sou Simon, chefe desta redação e é um prazer conhecê-las. - disse Simon levantando de sua mesa para nos cumprimentar.
Ele era mais velho que Jonathan, mas parecia tão simpático quanto nosso antigo chefe.
- O prazer é todo nosso. - null disse sorrindo.
- Prazer, Simon. - eu disse.
- Bom, meninas, não tem nenhum segredo ou novidade a respeito do trabalho, vocês já estão acostumadas com a rotina de uma redação. A diferença é que aqui provavelmente vocês vão cobrir mais competições de surf ao invés de basquete ou futebol.
- Sem problemas, nós adoramos surf. - disse null.
- Sim, Jonathan comentou comigo também que vocês surfam. Enfim, sejam muito bem-vindas e vamos ao trabalho!
Fomos para nossas mesas e logo estávamos inseridas na rotina da redação. O dia terminou rápido e nós voltamos para o hotel. null foi dirigindo enquanto eu respondia alguns e-mails pelo iPad. Quando chegamos ao hotel, null estava na recepção esperando por nós. null correu e se jogou nos braços dele. Fiquei olhando aquela cena e me perguntei se talvez não estava na hora de ter alguém para me esperar. Mas eu gostava tanto da minha liberdade, que não sabia se aguentaria um compromisso tão sério.
- E aí, null, teve um bom dia? - null perguntou, soltando null.
- Sim, até que foi legal. E você, muito treino?
- Aham, treinei a tarde toda. E já me inscrevi pra próxima competição de surf, vai ser daqui três semanas.
- Uh, então é bom você pegar pesado nos treinos. - brinquei.
Nós subimos para tomar um banho e depois descemos para jantar. Naquela noite não teve nenhuma apresentação de dança. Ficamos um tempo batendo papo no bar do hotel e depois fomos dormir. Mas ao contrário da noite anterior, eu não conseguia dormir, rolava de um lado para o outro e o sono não vinha. Levantei e fui até o banheiro, fiquei me olhando no espelho e pensando o que fazer com aquela insônia. Decidi então dar uma volta na praia. Tirei meu pijama e coloquei um short jeans, uma blusinha de manguinha verde e uma sandália rasteira. Fiz uma trança no meu cabelo, porque ele estava todo bagunçado, e pus uma blusa de frio fininha branca, pra me proteger da brisa do mar, que devia estar fria a essa hora. Desci até o hall de entrada e antes que eu chegasse a saída do hotel comecei a ouvir uma música. Fiquei pensando que estava ficando louca, mas o som continuou e percebi que vinha da sala de dança. Será que alguém tinha aula de dança àquela hora? Fui até a sala, a porta estava entreaberta. Espiei lá dentro e vi várias pessoas, reconheci alguns sendo funcionários do hotel, eles dançavam animados.
- Aloha! - alguém disse atrás de mim, me fazendo pular e gritar.
Virei para trás e vi que era ele, o tal do null, professor de dança.
- Meu Deus, você quer me matar do coração?
- Se você se assustou é porque estava fazendo algo errado.
- Eu não estava fazendo nada de errado. Só estava observando.
- Você observa muito hein.
Reparei que ele segurava uma caixa com bebidas dentro.
- O que está acontecendo aqui? - eu disse apontando para sala.
- Uma festa oras.
- Uma festa? Na sala de dança? Em plena terça-feira?
- Sim, uma festa de funcionários. Nós costumamos nos reunir sempre que possível aqui.
- Gente, que pique vocês tem.
- Mas e você, o que está fazendo aqui?
- Eu estava indo pra saída do hotel, ia dar uma caminhada na praia, estou sem sono.
- Bom, se está sem sono, vem pra festa. Você não é funcionária do hotel, mas eu sou, posso te convidar.
- Não, obrigada, melhor não. Acho que vou voltar para o meu quarto. - eu disse e já começava a me retirar quando null apoiou a caixa que segurava num braço só e me segurou pelo pulso.
- Ah, para com isso, vem dançar.
- Mas eu não danço!
Tentei protestar, mas era tarde demais, null já estava me puxando pelo braço para dentro da festa. A sala estava lotada e as pessoas dançavam o tal do mambo. Eu nunca havia parado para pensar o quão sensual aquela dança era, fiquei olhando os casais dançando, eles pareciam quase uma coisa só.
- null, você está ai? - disse null, passando a mão na frente dos meus olhos.
Olhei para ele e vi que já não segurava mais a caixa de bebidas.
- Estou, eu só estava olhando as pessoas dançarem.
- Dançar é mágico. Vem, vamos dançar também. - ele disse me arrastando para o centro da sala.
- Hey, você não está me ouvindo? Quantas vezes vou ter que dizer que não sei dançar?!
- Pode falar mil vezes, eu não acredito. Se você consegue ficar em pé em cima de uma prancha, certamente consegui mexer seus quadris.
Eu bufei irritada.
- Vai, se solta, não é difícil. - ele disse e colocou as mãos no meu quadril.
- O que você pensa que está fazendo! - eu disse indo para trás.
- Te ajudando a dançar. Não se preocupe, sou um profissional tá.
Ele se aproximou e pôs a mão no meu quadril novamente. Dessa vez não protestei, embora ainda olhasse feio para ele.
- Agora solta esse quadril e rebola.
- Eu não posso fazer isso, as pessoas estão olhando.
- Não estão não, elas estão se divertindo, não estão preocupadas com a gente.
Respirei fundo e comecei a rebolar, eu me sentia ridícula, mas null parecia satisfeito.
- Viu só, você consegue. Na verdade você é bem mole, daria uma ótima dançarina.
- Por favor, eu só estou rebolando, isso não pode ser considerado uma dança.
- Tudo bem, mantenha esse ritmo.
null soltou meu quadril e me puxou pela cintura com uma mão, ficamos muito perto, nossos rostos a centímetros um do outro. Com a outra mão, ele pegou meu braço direito e passou por cima da cabeça dele, deixando minha mão pousada em seu pescoço. Ele começou a dançar no mesmo ritmo que eu e logo estávamos dançando juntos, não era nenhuma coreografia que nem os outros estavam dançando, mas já era alguma coisa para alguém como eu que não costumava me aventurar na dança.
- Eu disse que você podia dançar. Se treinasse, tenho certeza que logo estaria dançando o mambo muito bem. - ele disse e pude sentir seu hálito de hortelã em meu rosto.
Eu não conseguia falar com alguém tão perto de mim. Meu coração já começava a pular que nem louco dentro do peito quando eu parei de dançar e me afastei.
- O que foi? - null perguntou confuso.
- Nada, é que... Eu preciso voltar pro meu quarto.
- Mas já?
- Já, na verdade, eu já devia tá dormindo, amanhã levanto cedo pra trabalhar.
- Ok, então. - null disse dando de ombros.
- De qualquer forma, obrigada pela dança.
null pegou minha mão e beijou.
- De nada, as portas da sala de dança estão sempre abertas. Me procure quando quiser dançar de novo. Boa noite, null.
- Boa noite, null.
Saí da sala com a certeza de que estava extremamente corada, eu podia sentir minhas bochechas ardendo. Subi correndo para o meu quarto, chegando lá coloquei meu pijama de volta e desfiz a trança. Se antes já estava difícil dormir, agora parecia quase impossível. Rolei muito na cama até conseguir pegar no sono e quando consegui, sonhei com null dançando. Acordei no dia seguinte e senti como se eu não tivesse dormido nada. Me arrumei para o trabalho e desci para tomar café da manhã.
- Bom dia. - eu disse sentando na mesa que null e null estavam.
- Bom dia, que cara péssima. - disse null.
- Sua cara tá pior que ontem, null. - disse null.
- É porque dessa vez eu não dormi direito, fiquei rolando na cama um bom tempo. Acho que vou pegar um café pra ver se ajuda.
Levantei da mesa e fui até o buffet me servir. Quando voltei pra a mesa, vi null entrando pelo salão. Ele é funcionário, não deveria fazer as refeições em outro local? Talvez ele tivesse alguns privilégios por ser professor de dança no hotel. Senti minhas bochechas esquentarem e estava começando a pensar em sair dali, quando ele olhou para nossa mesa e me viu. Ele sorriu e começou a caminhar até nós. Droga, será que ainda dava tempo de me esconder debaixo da mesa?
- Bom dia, null! - null disse ao chegar até nós.
- Bom dia. - respondi e pude sentir os olhares confusos da null e do null sobre mim.
- Você conseguiu dormir ontem?
- Claro, demorou um pouco, mas no fim acabei pegando no sono.
- Que bom. Ah, me desculpe, eu nem me apresentei. - null disse se dirigindo a null e null. - Meu nome é null null, sou professor de mambo do hotel.
- Muito prazer, null. - disse null estendendo a mão para ele.
- Prazer em conhecê-lo. - disse null.
- Bom, se vocês me dão licença, tenho que tomar café rápido, tenho uma aula pra dar daqui a pouco. null, continuo esperando você se inscrever nas minhas aulas ok?! - ele disse piscando para mim.
Assim que null saiu, null me olhou querendo saber o que foi que ela perdeu.
- O que é que a gente não tá sabendo hein, null? - disse null.
- Nada de importante. - eu disse dando de ombros e fazendo null rir.
- null, desembucha vai.
Dei um suspiro e contei toda a história para eles enquanto tentava comer alguma coisa.
- Você tá toda amiguinha do professor de mambo e nem pra contar pra nós? - null disse indignada.
- Eu não tô amiguinha dele! Nós apenas nos esbarramos por acaso.
- Não foi tão por acaso assim vai, você anda espiando o cara. - disse null divertido.
- Eu não estava espiando ninguém, palhaço. - eu disse jogando um guardanapo em null.
- Mas você dançou com ele. - disse null.
- Dancei por alguns minutos, não foi nada demais. Vamos esquecer isso ok? Já tá na nossa hora de ir pro trabalho. - eu disse e me levantei da mesa, encerrando o assunto.
Mas é claro que a null não ia se dar por satisfeita. No caminho para a redação, ela voltou a falar sobre essa história.
- null, fala sério, o que tá rolando entre você e esse professor?
- null, pelo amor, não tá rolando nada, eu mal o conheço!
- Mas você gostaria de conhecê-lo?
- Não, nem começa a querer dar uma de cupido ok?! Não tá acontecendo nada.
- Tudo bem. Mas você tem que admitir que ele é gracinha, ele tem um rosto diferente.
- Ele é mexicano.
- Jura? Nossa, que exótico. Vai, fala sério, você achou ele gracinha não? - ela disse me cutucando.
- Garota, eu tô dirigindo, para de me cutucar ou você vai causar um acidente.
- Tá, eu paro, mas admita!
- Ok, eu admito, ele é bonito. Satisfeita? - eu disse olhando para ela e nós duas explodimos em gargalhadas.
- Ai, null, você devia fazer aulas com ele, vai que rola alguma coisa.
- Olha o conselho que você tá me dando. Fazer aulas de dança pra pegar o professor. Bonito, dona null!
- Só estou querendo te ajudar. - disse null e nós rimos mais ainda.
Aquela situação me deixava nervosa, mas a null conseguiu torná-la divertida. Quando chegamos à redação, Simon nos informou que iríamos cobrir a competição de surf, a mesma que o null ia participar e null ficou muito feliz. Assim que encontramos null na volta do trabalho, foi a primeira coisa que ela disse para ele e ele também pareceu muito animado. Subi para o meu quarto para tomar banho e depois desci para jantar com a null e o null. Nós havíamos acabado de começar a comer quando vi null chegando para jantar. Sério, isso ia virar rotina? Mas não foi apenas eu que o vi, null também viu.
- Olha só quem está ali, se não é o professor de dança! - null disse e null olhou para a direção que null estava olhando.
null estava indo para uma mesa vazia do lado oposto do salão.
- Será que ele vai jantar sozinho? Ah não, que coisa triste, vamos chamá-lo pra jantar com a gente. - disse null.
- null, não faz isso! Não, por favor, não...
Mas antes que eu pudesse completar a frase, ela já estava acenando com o braço e chamando null. Ele olhou e sorriu, então se levantou da mesa e foi até nós.
- Boa noite, pessoal. Como estão?
- Muito bem, obrigada. - disse null. - Vimos você chegar e ficamos pensando se você vai jantar sozinho.
- Sim, vou sim. Por quê?
- Ah então senta com a gente. Vai ser um prazer ter sua companhia.
- Verdade, não faça cerimônia, senta ai, cara. - disse null.
- Será que devo mesmo? - perguntou null olhando diretamente para mim e vi que null e null também me olhavam, esperando que eu falasse algo.
- Claro, null, senta com a gente, vai ser ótimo jantarmos com você. - eu disse sorrindo fraco.
null abriu um lindo sorriso, tipo muito lindo, por sinal, e sentou na mesa com a gente. E no fim acabou sendo um jantar muito agradável, null nos contou um pouco sobre as aulas dele no hotel e quis saber mais sobre o meu trabalho e da null e também sobre o null, o surfista profissional da turma. null ficou feliz em contar sobre a competição que havia se inscrito e convidou null para assistir. Não que precisasse, porque provavelmente todo mundo do hotel e dos arredores iria parar para ver essa competição.
- Gente, foi um enorme prazer jantar com vocês. - null disse quando saímos do salão depois do jantar.
- Foi ótimo mesmo, você devia se juntar a nós mais vezes. - disse null e eu pensei em dar um pisão no pé dela, mas me contive.
- Seria ótimo, quem sabe depois de conversar bastante eu convença a amiga de vocês a fazer minhas aulas. - null disse me olhando.
- Ah pode esquecer! Eu não danço, você precisa entender isso.
- E você precisa entender que eu não desisto tão fácil assim.
null se despediu de nós e seguiu para seu quarto, enquanto nós pegamos o elevador e fomos pros nossos.
- Fala sério, null, você devia fazer essas aulas. Viu como ele tá sendo insistente? - disse null quando estávamos no elevador.
- Eu acho que ele tá a fim de você. - disse null.
- E eu acho que você devia ficar quietinho, null. - eu disse sorrindo irônica para null. – Gente, vocês sabem que não gosto de dançar na frente dos outros, eu tenho vergonha.
- Mas quem sabe se você fizer as aulas, você perde essa vergonha de vez. - disse null.
Eu não respondi, mas fiquei pensando no assunto. Quando já estava no meu quarto e deitei na minha cama pronta para dormir, fiquei pensando se eu teria coragem de fazer as aulas e também por que null estava sendo tão insistente. Acabei pegando no sono com esse pensamento. No dia seguinte acordei e tomei uma decisão: eu ia fazer as aulas, mas teria que ser do meu jeito. Me arrumei para trabalhar e desci apressada para tomar café. Mal prestei atenção no que null e null falaram. Quando estávamos saindo para o trabalho, eu decidi que deveria resolver aquilo logo.
- null, vai indo na frente, te encontro na redação.
- Como assim? Se eu for com o carro, como você vai depois?
- Não se preocupe, eu pego um táxi.
- null, o que você tá aprontando hein?
- Nada, quando eu chegar à redação te explico.
Fui até a sala de música, ainda não havia alunos, apenas null e sua parceira de dança.
- Com licença. - eu disse batendo na porta que estava aberta.
- null, bom dia! - null disse e vi seu rosto se iluminar.
- Bom dia. - eu disse me aproximando dele. - Eu queria conversar com você.
- Claro, pode falar. A propósito, esta é Sally, minha parceira. - null disse apontando a moça loira ao seu lado.
- Prazer, Sally, sou a null.
- Prazer, null. Bom, eu vou deixar vocês à vontade conversando. - Sally disse saindo da sala e eu agradeci mentalmente.
- Então, vocês dois, é... - eu tentei perguntar assim que Sally saiu, mas não encontrava as palavras.
- O quê? Você quer saber se eu e a Sally somos mais que parceiros de dança? Imagine, claro que não! - null disse rindo. - A Sally é minha amiga há anos, nos conhecemos em Miami, ela é de lá. Quando eu consegui o emprego aqui precisava de uma parceira pra me ajudar com as aulas e a chamei. Além disso, ela namora um havaiano que conheceu aqui.
- Ah sim, entendi.
- Mas, então, você não veio aqui pra saber de mim né?
- Não, eu vim aqui pra dizer que eu vou fazer as aulas de dança.
- Jura?
- Sim, mas com uma condição
- Sabia que não seria assim tão fácil. O que é?
- Quero que você me dê aulas particulares.
- Aulas particulares? Mas por quê?
- Porque eu tenho vergonha de dançar na frente dos outros, eu nunca vou conseguir aprender em uma aula com vários alunos.
- Uh a senhorita null está querendo aulas particulares comigo hein? - null disse divertido.
- Não é nada disso, Mr. null. Mas essa é a única forma de eu aceitar fazer as aulas.
- Tudo bem, eu te dou aula particular, durante a semana, à noite, às nove da noite ok?!
- Ok, está ótimo pra mim.
- Sabe, essas aulas de dança vão de ajudar muito. Você é muito insegura, null.
- Eu, insegura? Como assim?
- Vem cá. - null disse tirando minha bolsa do meu ombro e colocando sobre uma cadeira e depois me puxando pela mão até o espelho que havia na sala.
Ele me colocou de frente para o espelho e se posicionou atrás de mim.
- Me diz o que você vê olhando pra você.
Eu pensei um pouco antes de responder.
- Vejo uma garota de LA, que ama surfar, que ama o seu trabalho, que adora ficar com seus amigos e que deveria voltar pra academia. - eu disse olhando para minha barriga.
- Viu só, você não se percebe como você realmente é.
- E como eu realmente sou? O que você vê, Mr. null?
- Vejo uma garota linda, sensível, que ama surfar, que deve ser muito competente no seu trabalho, que está sempre disponível para os seus amigos, que sente muita falta de LA, mas que apesar de todas suas qualidades, é insegura e morre de medo do que é novo. Ah e você não precisa voltar pra academia, seu corpo está perfeito.
Me virei de frente para ele e de costas para o espelho.
- Você vê muita coisa em mim.
- Vejo, acredito no seu potencial.
- Só você mesmo. - eu disse e sorri para ele.
- Tenho certeza que a dança vai te ajudar a ver mais suas qualidades.
- Espero que sim. Bom, agora eu tenho que ir antes que eu me atrase pro trabalho. - eu disse pegando minha bolsa na cadeira.
- Ok, te vejo hoje à noite tá? Pra começar nossas aulas.
- Tá, até a noite então, null. - eu disse indo para a saída da sala
- Até, null.
Eu parei perto da porta.
- null.
- Que foi?
- Pode me chamar de null, todo mundo me chama assim. E quando me chamam de null, parece que a pessoa tá brava comigo ou falando algo muito sério.
- Como quiser, null. - ele disse piscando para mim.
Eu sorri novamente e saí da sala. Fui até a recepção do hotel e pedi um táxi para ir para a redação. Mal podia esperar para chegar no trabalho e contar tudo para null, com certeza ela ia pirar. Eu ainda estava um pouco incerta da minha decisão, mas agora não havia mais como voltar atrás, eu ia encarar essas aulas. Segui para o trabalho e quando cheguei na redação, null já estava quase doida de curiosidade. Eu mal sentei na minha mesa e ela já me arrastou para a copa.
- Vai, null, fala logo, o que você ficou fazendo no hotel?
- Eu tomei uma decisão e fui resolvê-la.
- E que decisão foi essa?
- Eu vou fazer as aulas de dança.
- VOCÊ O QUÊ? - null falou um pouco mais alto que o necessário, chamando a atenção do departamento.
- Shiu, menina, fala baixo. É isso mesmo que você ouviu, eu vou fazer as aulas de dança com o null.
- Não acredito! Mas por que você mudou de ideia?
- Ah sei lá, você ficou falando tanto, talvez você e o null tenham razão, essas aulas possam me ajudar a ser menos insegura, ter menos vergonha.
- Isso é o máximo, null.
- É, mas não pense que vou sair dançando na frente dos outros, ele vai me dar aulas particulares.
- Jura? Isso vai ser mais interessante do que eu imaginava. - null disse maliciosa.
- null, nem vem, são apenas aulas de dança, não começa a fantasiar na sua cabecinha coisas que não existem.
- É, você tem razão, são coisas que não existem mesmo...ainda. - null disse e caiu na risada.
- Ai chega vai, vamos trabalhar, criatura. - eu disse empurrando ela para fora da copa.
O dia se arrastou, o expediente parecia que não ia acabar nunca mais ou talvez eu que tivesse muito ansiosa. Quando finalmente deu a hora de ir embora, null e eu voltamos rapidamente para o hotel. Tomei um banho e coloquei uma roupa mais apropriada para dançar, uma legging preta e uma regata azul marinho. Fiquei em dúvida em que sapato por, mas no fim optei por uma sapatilha, certamente eu ainda não teria capacidade para dançar em cima de um salto. Desci para jantar com null e null, que já me esperavam na mesa.
- Olha só quem chegou, nossa mais nova dançarina de mambo. - disse null divertido.
- Sem piadas, null, antes que eu desista dessa loucura.
- Ah, null, relaxa, vai dar tudo certo. - null disse solidária.
Sorri fraco e tentei me concentrar no jantar. Quando terminamos, null e null foram dar uma volta e eu subi para o meu quarto, para descansar um pouco antes da aula. Quando finalmente deu 21h, desci para a sala da dança, a ansiedade me dominando. Cheguei à sala e null já estava lá, de costas para a porta, arrumando alguns cds próximos ao rádio.
- Boa noite. - eu disse.
null se virou e sorriu ao me ver.
- Hey, boa noite, muito pontual, começamos bem.
- Atrasos não são comigo mesmo.
- Ótimo, então vamos começar!
A aula não foi um desastre total, mas eu ia ter que treinar muito se quisesse ficar boa naquela dança. null estava basicamente tentando me ensinar a soltar meus quadris, ele disse que isso era a base para dançar um bom mambo. Pisei no pé dele várias vezes, joguei meu cabelo outras tantas vezes no rosto dele enquanto tentava soltar o pescoço e empurrei ele algumas vezes também. Poxa, era minha primeira aula, eu não estava preparada para ele me juntar pela cintura e ficar tão colado, além de passar a mão pelas minhas pernas ou outra parte do meu corpo. Aliás eu tinha certeza que aquela seria a parte mais difícil para mim. Ao final da aula, eu estava esgotada e suada, acho que dançar era melhor que academia, porque eu sentia cada músculo do meu corpo dolorido.
- Acho que chega por hoje né? - null disse parando a música.
- Sim, por favor, estou exausta.
- Ok, nós continuamos amanhã.
- E como eu fui? Ruim demais? Você já está pensando em desistir de mim?
- Não foi tão ruim assim, acho que você tem salvação. E eu nunca desisto de nada. - null disse se aproximando de mim e me dando um beijo na bochecha. - Boa noite, null.
- Boa noite, null.
Saí da sala com um calor intenso que eu tinha certeza que não era apenas pelo esforço físico da dança. Eu tinha que admitir, toda vez que null me tocava parecia que todos os nervos do meu corpo se acendiam. Subi para o meu quarto e tomei outro banho antes de dormir. Deitar naquela cama macia foi reconfortante e em pouco tempo peguei no sono. No dia seguinte parecia que um trator tinha passado por cima de mim, nunca imaginei que dançar forçasse tanto o corpo. Deixei a água quente cair nas minhas costas durante o banho, o que ajudou a aliviar meus músculos. Quando desci para tomar café, encontrei olhares ansiosos esperando por mim na mesa.
- Bom dia. - eu disse enquanto desvirava minha xícara calmamente.
- Bom dia! - os dois responderam.
- Com licença, vou até o buffet me servir.
Levantei e segurei o riso, enquanto os dois me olhavam com cara de poucos amigos. Depois de me servir, voltei para a mesa e comecei a comer.
- Ok, já chega, pode começar a falar, null. - null disse e eu caí no riso.
- O que é tão engraçado? - null perguntou.
- Vocês se roendo de curiosidade pra saber da minha aula.
- Ha, palhaça, vai, conta tudo agora! - null falou.
- Ok, se acalmem, vou contar.
Eu não achava que tinha nada de especial pra contar, mas relatei tudo sobre a noite anterior.
- Então quer dizer que ele dançou com você daquele jeito sensual? - null perguntou interessada.
- Ele tentou, mas eu não deixei muito. Ainda não consegui me soltar.
- Fico imaginando quando você se soltar, null. Daí ninguém te segura mais. - null disse entre risos.
- Você anda muito engraçadinho, null null.
Eu preferi não entrar em detalhes de como eu me sentia toda vez que null chegava perto de mim, porque, pra ser sincera, nem eu sabia ao certo o que estava acontecendo comigo. null e eu fomos para a redação, o dia estava tranquilo, bem com cara de sexta-feira, boa parte do pessoal marcando happy hour para depois do expediente.
- null, acabei minha parte da matéria sobre a competição de body boarding.
- Ok, null, me manda por e-mail. Vou colocar as fotos e fazer a conclusão pra enviar pra revisão ainda hoje.
- Eu ouvi alguém falar em revisão? - disse Alex se aproximando das nossas mesas.
- Ouviu sim, temos um pouco de trabalho pra vocês. - eu disse.
- Isso é ótimo, revisar é comigo mesmo.
Eu estava com a atenção voltada para o computador enquanto conversava, mas vi pelo canto do olho Alex se aproximar da minha mesa.
- Hey, null, eu estive pensando.
- Pensando no quê?
- Eu sei que você acabou de chegar, então não deve conhecer quase nada por aqui. Se você não tiver nada pra fazer amanhã, nós podíamos sair à noite, o que você acha?
Parei de digitar e voltei minha atenção para Alex. Ele era um cara bonito, loiro, olhos azuis, alto e com um corpo definido, aposto que várias garotas da redação gostariam de sair com ele. Mas por algum motivo eu não era uma delas. Fiquei pensando qual era a melhor maneira de dizer não sem ser mal educada, embora não houvesse um jeito muito delicado de dar o fora em alguém.
- Alex, é muito legal da sua parte me chamar pra sair, mas infelizmente não vai dar.
- Por que, você já está ocupada? Poderíamos marcar outro dia talvez.
- Me desculpe, Alex, o problema é que eu não estou a fim mesmo. - eu falei e vi que null prestava atenção na nossa conversa.
- Ah claro, eu é que peço desculpas.
- Não fica chateado comigo ok? Não é nada com você, é comigo mesmo. - eu disse, me repreendendo mentalmente por usar essa frase tão clichê.
- Tudo bem, sem problemas. Bom, se vocês me dão licença, meninas, vou voltar ao trabalho. - Alex disse e saiu em direção ao seu departamento.
Fiquei em silêncio esperando a enxurrada de perguntas que viria da null.
- null, eu posso saber por que você não quis sair com o Alex?
- Ué, porque não, nada de especial, eu só não tô a fim.
- Mas ele parece ser um cara legal e é bonito.
- null, eu não preciso necessariamente sair com todo cara legal e bonito que me convidar. Além disso, eu não quero mais sair por sair com ninguém, eu não sinto nada pelo Alex, nem atração, não vou ficar dando falsas esperanças.
- Isso significa que você quer arrumar um namorado? Um cara por quem você sinta algo?
- Eu não sei, eu só não quero sair com alguém que não me desperta nada.
- Acho que entendi, ou será que você não quer sair com ele ou com qualquer outro cara porque já tem alguém bagunçando seus sentimentos?
- Do que você tá falando? - eu disse olhando para ela.
- Você sabe bem do que tô falando, ou melhor, de quem eu tô falando.
- Ah não, você não vai começar com essa história de novo né?! Eu já disse que não tenho nada com o null!
- null, eu sei que você não tem nada com ele, o que eu quero saber é se você sente alguma coisa por ele. Meu não é crime nenhum se sentir atraída por alguém e até gostar de alguém.
Dei um longo suspiro antes de responder.
- null, eu não quero falar nada sem ter certeza ok? Eu sempre ajo de forma apressada nos meus relacionamentos e não tem dado certo. Talvez uma vez na vida eu devesse deixar acontecer.
- Tudo bem, acho que você tem razão, vou parar de pressionar você. Mas eu só quero que você saiba que se você estiver sentindo alguma coisa por ele, tem meu total apoio.
Eu sorri para null, me levantei e fui até a mesa dela. Então dei um longo abraço nela e beijei sua bochecha.
- Eu sei que você me apoia, você e null sempre estão do meu lado.
- Sempre, até mesmo quando você dispensa um gatinho que te chamou pra sair. - null disse e nós duas rimos.
- Bobona.
Passei o resto do dia pensando na confusão que estava se formando dentro de mim. Quando voltei para o hotel, me dei conta de que ainda teria aula de dança naquele dia, o que não ajudava muito a clarear meus pensamentos. Fiquei nervosa durante todo o jantar e ainda mais quando chegou a hora da aula.
- Boa noite. - eu disse entrando na sala.
- Boa noite! Se não é a minha aluna favorita. - null disse vindo me cumprimentar.
- Não sabia que eu era sua aluna favorita.
- É sim, a favorita e a que mais me dá trabalho também. Mas não conta pra ninguém tá, os outros alunos podem ficar com ciúmes.
- Os outros alunos ou as outras alunas?
- O que você quer dizer?
- Aposto que você faz sucesso entre a parte feminina que frequenta suas aulas.
- Claro, não te contaram ainda? Sou conhecido como o Don Juan do mambo.
- Espera, mas o Don Juan não é espanhol?
- Vamos parar de graça e dançar, mocinha? Tô achando que você tá me enrolando.
- Nossa, eu só estava tentando descontrair o ambiente. - eu disse rindo e fazendo null rir também.
Começamos nossa aula, mas apesar das brincadeiras de minutos atrás, eu não conseguia relaxar. Estávamos no meio de um passo quando null me soltou e foi até o rádio parar a música.
- Você está bem? - ele disse voltando até onde eu estava.
- Como assim?
- Você está distante e extremamente tensa. - ele disse colocando as mãos nos meus ombros. - Olha só como você está dura.
- Me desculpe, acho que foi um dia agitado no trabalho hoje.
- Tudo bem. Apenas relaxe, vai, solta esses ombros.
Tentei relaxar enquanto ele balançava meus ombros.
- Agora respira fundo.
Obedeci.
- Melhor agora?
- Acho que sim.
null foi até o rádio e colocou a música novamente. Depois voltou até mim, colocou minhas mãos em redor do seu pescoço e me puxou pela cintura.
- Seja o que for que esteja te deixando tensa, esquece agora e dance, ok?
- Ok.
Conseguimos continuar nossa aula e dançar realmente me ajudou a desligar meus pensamentos um pouco. Quando fui dormir, estava tão cansada que desmaiei assim que deitei na cama. Acordei no dia seguinte com aquela sensação de felicidade por ser sábado e lembrei que eu teria o dia todo pra surfar. Só de pensar no mar, em deslizar sobre as ondas, aquilo sim me fazia relaxar totalmente. Levantei da cama e fui me arrumar, coloquei meu biquíni com top tomara que caia branco e a calcinha vermelha. Pus minha camiseta de surfe branca e um shorts vermelho por cima do biquíni. Desci para tomar café e encontrei null e null tão animados quanto eu.
- Bom dia! E aí, quem tá a fim de surfar hoje? - eu disse.
- Bom dia. - os dois responderam.
- Nem acredito que é sábado, finalmente, parece que faz séculos que a gente não surfa. - disse null.
- Acho que essa história de ter a praia como quintal de casa dá a impressão de que a gente trabalha demais e surfa de menos. - eu disse.
- Ainda bem que o meu trabalho é surfar. - null disse divertido.
Terminamos de comer e subimos para pegar nossas pranchas. Logo estávamos caindo no mar, aproveitando cada onda perfeita. Eu estava completamente concentrada no mar até que avistei um ponto na areia, que logo reconheci sendo o null. Minha concentração foi literalmente por água abaixo e eu tomei um belo de um caldo.
- null! - escutei a null gritar.
Subi de volta a superfície tossindo para cuspir a água e me apoiei na minha prancha.
- Calma, eu tô bem!
- Menina, pelo amor, o que aconteceu? - null perguntou remando sob sua prancha para se aproximar de mim com null logo atrás.
- Nada oras, eu só tomei um caldo.
- null, você quase nunca toma um caldo besta como esse. - disse null.
- Ai, gente, acontece, me distrai. Enfim, vou um pouco pra areia, acho que engoli metade do mar quando caí.
Caminhei pela areia com a prancha debaixo do braço em direção ao null e conforme fui me aproximando pude perceber ele medindo cada curva do meu corpo.
- Olha só quem está na praia! Mr. null! - eu disse enterrando minha prancha na areia.
- Olá, senhorita surfista. Por que a surpresa? Você achou que eu vivesse trancado no hotel?
- Na verdade, sim, achei que você vivia enclausurado naquela sala de dança.
- Não, às vezes eu saio pra tomar um sol e tirar o mofo.
Eu sorri enquanto observava o sol iluminar o rosto dele.
- Sabe, você é mesmo muito boa nisso. Queria que você dançasse como você surfa.
- Ah, são muitos anos praticando né, eu surfo desde os meus quinze anos e dançar eu só dança há dois dias.
- E esse tombo que você tomou, foi totalmente calculado então?
- Não, engraçadinho, eu tomei um caldo mesmo. Acontece com os melhores surfistas.
- Bom, eu não conseguiria ficar de pé numa prancha, então você tem crédito.
- Mas e aí, você vai ficar parado só olhando pro mar mesmo?
- É o que pessoas que não nadam muito bem fazem, sabe.
- Ah não, nem vem com essa desculpa. Agora você tá na minha área e eu não vou te deixar em paz enquanto você não entrar no mar.
- Com quem você aprendeu a ser assim tão insistente hein?
- Com o meu professor de dança, o cara é impossível.
- Tá bom, eu entro no mar, mas você vai comigo.
- Sem problemas.
Tirei minha camiseta de surfe e deixei perto da minha prancha. Quando voltei minha atenção para null, ele me encarava com cara de bobo, então lembrei que eu estava só de biquíni, o que me fez corar.
- Algum problema? - perguntei.
- Não, imagina. Vamos logo pra água. - ele disse e começou a tirar a camiseta que vestia.
Dessa vez fui eu que fiquei parada olhando o abdômen dele.
- Alguma problema, null?
- Claro que não. Vem, hora de dar um mergulho.
Saí correndo pela areia com null logo atrás de mim. Entramos no mar e eu aproveitei que ele estava distraído e empurrei ele para baixo. Claro que ele era mais forte do que eu e logo estava voltando a superfície e jogando muita água em mim. Pude ver um pouco mais distante que null e null nos observavam enquanto conversavam sentados sobre suas pranchas, eu bem podia imaginar o que eles estavam falando. Mas sabe, dessa vez eu nem me importei e a ideia de estar com null até me fez sorrir. Nós ficamos o dia todo na praia, paramos apenas para almoçar e null nos acompanhou. À noite null e null resolveram sair para fazer um programa de casal, o que significava que eu ficaria no hotel sozinha. Antes de saírem, null e null passaram no meu quarto.
- Oi! Pensei que vocês já tinham ido. - eu disse abrindo a porta.
- Estamos indo agora. - disse null.
- Tem certeza que você não quer ir, null? - null perguntou.
- E ficar segurando vela? Nem pensar. Vai, vão jantar, se divertir e aproveitar bastante a noite. Quero ver os rostos de vocês lindos amanhã porque tiveram uma noite intensa de muito amor.
- Opa, deixa comigo! - null disse divertido.
- Vocês são dois bobos mesmo. - disse null.
Os dois me deram um beijo antes de sair e foram jantar. Resolvi pedir meu jantar no quarto mesmo, não queria descer para jantar sozinha. Depois de comer, estava jogada na cama vendo TV e já de pijama, quando decidi que não ia ficar no quarto mofando não. Levantei e fui trocar de roupa, coloquei uma saia de pregas preta, uma blusinha de manguinha branca com detalhes em preto e calcei uma sapatilha também preta. Fui até o espelho e prendi meu cabelo num rabo de cavalo. Desci até o hall de entrada e fui para a sala de música. null estava lá, sentado num canto da sala, arrumando uma caixa de cds.
- Tinha certeza que você estaria aqui. - eu disse entrando na sala.
Ele levantou a cabeça quando ouviu minha voz e sorriu.
- Eu sou muito previsível né?
- Não, acho que você só gosta de ficar aqui.
- Acho que sim. Mas o que você está fazendo no hotel em um sábado à noite? - ele disse se levantando.
- A null e o null saíram pra jantar, programa de casal sabe, daí eu fiquei por aqui. E você? Até sua companheira de dança te abandonou?
- A Sally saiu com o namorado dela.
- Poxa, parece que ficamos abandonados hoje.
- É o que parece.
- Bom, eu estava pensando em dar uma volta na praia. Você quer ir comigo?
- Claro, null, será um prazer.
Caminhamos conversando pela praia, null me contando mais sobre sua vida, sobre o México e eu falando de LA. Depois de andarmos um pouco, nos sentamos na areia, coloquei minha sapatilha num canto e estiquei minhas pernas com null ao meu lado.
- Você não sente falta do México? - perguntei.
- Claro que sinto, mas acho que já me acostumei. Quando comecei a dançar, fiquei um bom tempo viajando pelo mundo, fazendo apresentações. Então um dia o gerente aqui do hotel me ligou, eu já havia dançado aqui em um verão, ele queria me contratar pra ser funcionário fixo. O salário era excelente e eu estava um pouco cansado de nunca parar em um lugar, então resolvi aceitar e aqui estou eu há dois anos.
- E a sua família?
- Eu falo com eles o tempo todo e quando tiro férias vou pro México visitá-los. Mas e você, sente falta de LA?
- O tempo todo. Sinto falta da agitação da cidade, de fazer compras em Beverly Hills, de passear por West Hollywood, de pegar o carro e ir visitar meus pais em Santa Mônica e de surfar em Malibu.
- Sabe o que eu aprendi esses anos todos que estou longe de casa?
- O quê?
- Que a gente tem que se apaixonar pelo lugar onde moramos. Eu sinto falta do México, mas eu também aprendi a gostar do Hawaii.
- E o que faz a gente se apaixonar pelo lugar onde moramos?
- O lugar em si, as pessoas que conhecemos, as amizades que conquistamos e os momentos que vivemos.
- Acho que tenho vivido bons momentos esta semana.
null olhou pra mim pensativo, depois se levantou, sacudiu a areia da calça e esticou a mão para mim.
- Vem aqui.
- Pra quê?
- Você pergunta demais. Vem logo.
Peguei a mão dele e me levantei.
- Vamos dançar um pouco.
- Aqui no meio da praia?
- Sim, qual problema? A praia está vazia, não tem ninguém pra te olhar.
- Mas estamos na praia, não tem nem música.
- null, a música e a dança vão muito além do som tocando e dos movimentos executados. A música vem daqui, do coração. - null disse e colocou a mão sobre meu peito.
- O que você quer dizer?
- Quero dizer que você precisa sentir a dança. Quando dançamos o mundo externo fica lá fora e só existe aquele momento. Se você compreender isso, conseguirá dançar.
- Será que consigo fazer isso?
- Claro que consegue. Fecha os olhos.
- Por que?
null me olhou com cara feia.
- Ok, não pergunto mais, só obedeço.
Fechei os olhos e o senti me puxar delicadamente pela cintura. Passei os braços pelo pescoço dele e senti que estávamos muito próximos. Começamos a dançar num movimento suave, a areia deslizando sob meus pés. Então a dança foi evoluindo, eu não sabia como, mas eu estava realmente dançando mambo. Senti as mãos de null subirem pelas minhas pernas, mas dessa vez eu não impedi. Ele me virava e me jogava de um lado para o outro, nossos corpos numa sincronia perfeita. Quando paramos de dançar, abri os olhos, nossos rostos estavam a centímetros um do outro.
- Eu sempre soube que você podia dançar assim. - ele disse quase num sussurro.
- Eu nunca imaginei que poderia fazer isso. - respondi no mesmo tom de voz.
Ficamos nos olhando por alguns segundos, minha mão acariciando a nuca dele. E então ele acabou com a pouca distância que ainda existia entre nós, selando nossos lábios num beijo. Um beijo doce, delicado, perfeito, o gosto de hortelã do hálito dele invadindo minha boca. Eu não conseguia pensar em nada, estava completamente perdida naquele beijo quando, de repente, sem nenhum aviso, null partiu nosso beijo e se afastou de mim.
- O que foi? - perguntei confusa.
- Me desculpa, null, eu nunca fiz isso, nunca me envolvi com uma aluna. Não quero que você pense que sou um idiota que sai por ai seduzindo suas alunas...
- null, para!
null parou de falar e me olhou. Me aproximei dele, enlaçando ele pelo pescoço novamente com meus braços.
- Eu não tô pensando nada, ok?! Eu não acho que você é um idiota e nem que seduz todas suas alunas. Assim como você vê muitas qualidades em mim, eu consigo ver a sinceridade em você.
- Mas, null, as pessoas podem falar...
- Não me importo com o que as pessoas falam. Eu também quero, entende? Somos solteiros e donos das nossas próprias vidas, não devemos nada pra ninguém.
null voltou a me abraçar pela cintura.
- Você é uma garota incrível, sabia? - ele falou encostando o nariz dele no meu.
- Se você diz, eu acredito.
Então ele me beijou novamente, dessa vez com uma urgência maior e de forma mais intensa. Eu poderia passar a noite toda beijando ele, na verdade eu fiquei uma boa parte da noite fazendo isso e quando já estava tarde demais para ficarmos na praia, voltamos para o hotel. Nos despedimos em frente ao elevador e eu subi para o meu quarto. Entrei e fiquei imaginando se null e null já haviam voltado, mal podia esperar pelo dia seguinte para contar tudo para null. Eu ainda estava pisando em nuvens quando me deitei, o gosto da boca dele ainda presente nos meus lábios. Dormi com aquele pensamento e eu tive certeza que dormi sorrindo.
Eu esperava conseguir dormir bastante, afinal era domingo, mas os acontecimentos da noite anterior não deixaram. Por volta das dez da manhã eu já estava acordada e querendo pular para fora da cama. Decidi ligar para null, eu tinha certeza que ela ainda estaria dormindo, mas eu não podia mais conter minha ansiedade.
- Alô? - null atendeu com uma voz embargada pelo sono.
- Bom dia, null!
- null? Pelo amor de Deus, tem formiga na sua cama? Por que raios você tá me acordando às dez da madrugada em pleno domingo?
- Desculpe, null, mas eu preciso muito falar com você. Será que você pode vir até o meu quarto?
- É bom que seja algo muito importante ou eu juro que te mato.
- É importante. Obrigada, tô te esperando!
Desliguei o telefone e fui abrir a porta, alguns minutos depois null saiu do quarto dela de roupão, a cara amassada.
- Bom dia! - eu disse e a abracei.
- Seria um bom dia se eu ainda estivesse dormindo.
- Você pode voltar dormir depois, agora vem.
A puxei para dentro do quarto e fechei a porta, depois a arrastei até a minha cama.
- E aí, o que aconteceu?
- Então, é que ontem à noite eu fui caminhar na praia com o null e... Nós nos beijamos.
- O QUÊ? - null disse subitamente desperta.
- Isso mesmo que você ouviu.
- Me conta tudo, quero saber todos os detalhes!
Relatei tudo que aconteceu na noite anterior para null, ela vibrava de entusiasmo.
- Ah, eu sabia, eu sabia! Tô tão feliz por você, null!
- É eu também tô feliz por mim.
- Mas o que você ainda tá fazendo aqui? Vai se arrumar e desce pra ver ele!
- Será que eu não devia deixar ele me procurar?
- Imagina, que bobagem. Vai já pro banho e me diz que roupa você vai vestir que vou separando aqui pra você.
- Nem pensei no que vestir hoje ainda.
- Não seja por isso, eu te ajudo.
Fui tomar banho e null jogou metade das minhas roupas em cima da cama. No fim, optei por uma saia longa florida e uma blusinha verde rendada, de alça. Coloquei uma rasteirinha no pé e deixei o cabelo solto. Quando desci para procurar pelo null, me dei conta de que não sabia onde procurá-lo. Fui até a sala de dança, mas ele não estava lá, quem estava ocupando a sala era Sally.
- Oi, bom dia! - eu disse da entrada da sala.
- Olá, bom dia. null né? - Sally disse se aproximando de mim.
- Isso mesmo.
- Você está procurando pelo null? Ele não está por aqui ainda, deve estar no quarto dele. Geralmente ele dorme até um pouco mais tarde no domingo.
- Ah, sim, entendi.
- Bom você pode ir até lá ver se ele já acordou.
- E onde fica o quarto dele?
- Segue reto aqui neste mesmo corredor e vira a direita. É o último quarto do lado esquerdo.
- Ok então, muito obrigada.
Segui até o corredor, conforme Sally me indicou, meu coração batendo forte. Sabe aquela ansiedade depois que você fica com alguém e você não sabe como a pessoa vai agir? Eu nunca havia sentido isso, geralmente eu nem ligava, mas naquele momento eu estava sentindo aquilo de uma forma avassaladora. Quando virei no corredor onde ficava o quarto de null, trombei com alguém.
- Me desculpe! - eu disse.
- null?
Olhei para cima e vi null, lindo, com os cabelos ainda molhados, o cheiro de sabonete e perfume se misturando no ar de uma forma deliciosa.
- Oi, null, bom dia.
- Bom dia. O que você está fazendo aqui?
- Eu, é... Na verdade, eu fui procurar por você na sala de dança. Sally estava lá e me disse que você ainda devia estar no quarto. Daí ela me indicou o caminho.
- Entendi. E o que você queria comigo?
- Ah só falar com você.
Eu não sabia o que dizer, como agir, um silêncio constrangedor se instalou sobre nós por alguns segundos. Então null se aproximou de mim, ele acariciou de leve meu braço, mas foi o suficiente para me arrepiar. Ele aproximou a boca da minha orelha e sussurrou:
- Sonhei com você a noite toda.
Eu sorri involuntariamente.
- Eu também sonhei com você a noite toda. - respondi.
Então ele me olhou, um sorriso brincava em seus lábios. Ele aproximou o rosto dele do meu, a ponta do nariz dele tocando minha bochecha, até que enfim ele me beijou de maneira calma e demorada. Senti toda a tensão de minutos atrás deixar meu corpo.
- Eu não consegui ficar na cama por muito mais tempo, queria te ver. - confessei quando quebramos o beijo.
- Que bom que você veio. - ele disse enquanto fazia carinho em minha bochecha com o dedo.
- É, mas embora eu não tenha acordado tão tarde, perdi a hora do café.
- Eu também perdi. Mas não se preocupe, conheço um lugar ótimo aqui perto onde podemos tomar café da manhã. Vamos?
- Claro, vai ser ótimo.
Ele me soltou, então entrelaçou nossos dedos e seguimos de mãos dadas pelo corredor. Nós passamos o domingo todo juntos, na hora do almoço nos reunimos com a null e o null e a noite nós quatro saímos juntos. null me olhava o tempo todo com aquela cara de aprovação, de quem estava adorando nos ver juntos. Ela já havia atualizado null dos fatos e ele também pareceu feliz por mim. null se tornou presença constante em nossas vidas, todos os dias quando chegávamos do trabalho, enquanto null corria para os braços de null, eu corria para os braços do null. Nós continuávamos com as nossas aulas, null era extremamente profissional e ele queria mesmo que eu aprendesse a dançar, mas é claro que o fato de estarmos juntos me deixou muito mais relaxada e eu comecei a aprender com muito mais facilidade. O que eu mais gostava na nossa relação era que não havia pressa, eu sempre fui apressada demais com os outros caras e nunca encontrei alguém que realmente gostasse de mim, como a null tinha o null. null não me pressionava, estar comigo já era incrivelmente bom para ele e isso me fazia acreditar que ele podia realmente sentir algo por mim. Não que eu não desejasse ele, pelo contrário, nunca desejei tanto alguém como eu desejava null e tinha certeza que isso era recíproco, mas as coisas não precisavam acontecer tão rápido. Além disso, dormir com um cara para mim significava um compromisso mais sério, compromisso esse que eu ainda não tinha certeza se estava pronta para assumir.
Faltava uma semana para competição de surfe, null andava super ansioso e eu mal podia esperar pela nossa primeira matéria de campo no Hawaii. null e eu estávamos deitados na areia da praia à noite, observando as estrelas, minha cabeça repousada em seu peito enquanto ele acariciava meus cabelos.
- Me diz uma coisa, quando você vai dançar comigo em público hein?
- Acho que nunca.
- null! Você já está dançando tão bem.
- Ok, eu sei que eu evolui muito, mas, null, eu ainda tenho vergonha. Não acho que sou boa o suficiente pra dançar com alguém como você, que é um profissional.
- Que bobagem, você é ótima!
- Olha, eu prometo que se um dia eu me sentir segura o suficiente pra dançar em público, você vai ser o primeiro a saber.
- Tudo bem, vou continuar esperando né.
- Falando em dança, você pode me dizer o que é aquela sua aluna nova, a senhorita Mary Reys?
- O que você quer dizer?
- Ah, por favor, não se faça de desentendido, null, você sabe exatamente o que quero dizer. Ela está dando em cima de você descaradamente, isso porque ela já nos viu juntos várias vezes.
- Você acha mesmo? Eu nem tinha percebido. - null disse rindo.
- Ah tá, palhaço. - eu disse dando um tapinha no peitoral dele.
- Escuta, você está mesmo com ciúmes de mim?
- Eu? Claro que não!
- Está sim, você está morrendo de ciúmes! - ele disse ainda rindo e me fazendo cócegas.
- Para com isso. - eu disse rolando para o lado.
null se inclinou sobre mim, me olhando nos olhos.
- Quer saber, eu estou sim com ciúmes, muito ciúmes! E eu quando fico com ciúmes tenho um instinto assassino.
- Nossa, que medo!
Fiz uma cara feia para ele, fingindo estar muito brava.
- Ok, ok, quando a senhorita Reys der em cima de mim novamente, eu vou dizer pra ela que eu tenho uma namorada.
- Namorada? Quem disse que eu sou sua namorada? Aliás, esse é o seu jeito de pedir uma garota em namoro?
- Foi tão ruim assim?
- Foi péssimo. Eu não sou sua namorada.
- Bom, então se você não é minha namorada, acho que não há problemas em ser cantado pela senhorita Reys.
Dei um tapa no braço dele.
- Nem brinca com isso ok? Eu não sou sua namorada ainda, mas você pode dizer pra ela que você tem alguém que você está conhecendo.
null sorriu de canto enquanto contornava a linha do meu rosto com o dedo.
- Eu já sei o que vou dizer pra ela. Vou dizer que eu tenho alguém por quem eu estou totalmente apaixonado e que eu espero que essa garota seja minha namorada logo.
Senti minhas bochechas corarem e sorri de volta para ele.
- Você está apaixonado por mim?
- Completamente apaixonado. E eu adoraria saber se eu sou correspondido.
- Você é correspondido. - eu disse tirando os fios de cabelos dele que caíam na testa. - Estou apaixonada por você de uma forma intensa e maravilhosa.
null sorriu ainda mais e me beijou enquanto eu suspirava por dentro.
A semana passou voando e logo o sábado da competição chegou. Acordei totalmente disposta mesmo sabendo que teria que trabalhar em pleno sábado. Eu não me importava de trabalhar em qualquer dia da semana, desde fosse para fazer matéria de campo. E fazer uma matéria sobre surfe era ainda mais empolgante, quando eu poderia imaginar que estaria indo trabalhar de biquíni? Tomei um banho e vesti meu biquíni verde água com desenho de estrelas. Coloquei um short jeans de cintura alta e uma regata branca. Fiz uma trança embutida e coloquei uma rasteirinha branca, peguei meu material de trabalho e desci para tomar café. null estava com null segurando a mão dele.
- Bom dia! Deixa eu adivinhar, null null está uma pilha de nervos. - eu disse me sentando.
- Bom dia, null. - disse null.
- Bom dia! Sim, eu estou uma pilha, acho que vou desistir.
- Tá doido, null? Você é um dos melhores surfistas que conheço, não tem por que ter medo.
- Mas eu nunca surfei no Hawaii, os melhores dos melhores estão aqui.
Dei um tapinha de leve na cabeça de null.
- Hey, por que você fez isso?
- Pra você parar de frescura. Você é muito bom e você vai ganhar essa competição.
- A null tem razão, amor. Você vai se sair muito bem, eu tenho certeza e lembre-se vou estar na areia torcendo por você.
null olhou para null como se ela fosse o mundo dele e, na verdade, ela era mesmo. Toda confiança que ele precisava, ela transmitia por meio daquela troca de olhares. Será que um dia eu seria o mundo de alguém assim?
- Bom dia! - senti alguém sussurrar em meu ouvido e beijar minha bochecha.
Me virei na cadeira e vi null daquele jeito lindo que só ele sabia ser. Percebi que talvez eu não quisesse ser o mundo de alguém, eu queria ser o mundo do null.
- Bom dia. - respondi sorrindo enquanto ele me dava um selinho.
- Bom dia, pessoas, como estão?
- Oi, null, estamos bem. - disse null.
- Pronto pra ganhar essa competição, null? - null perguntou.
- Só se for agora, cara!
Seguimos para a praia depois do café, já estava tudo preparado para a competição e o público já se aglomerava na areia. null foi para a área dos competidores e nós ficamos na área reservada para a imprensa, coloquei uma credencial de convidado no null para que ele pudesse ficar comigo. Eu e null estávamos arrumando nosso material quando Alex chegou para nos cumprimentar.
- Bom dia, meninas!
- E ai, Alex. - null disse dando um beijo no rosto dele.
- Oi, Alex. - eu disse e também o beijei.
- Estão prontas pra cobrir a primeira matéria de vocês?
- Totalmente prontas e muito animadas. - disse null.
null estava um pouco atrás de mim, nos observando.
- Ah, deixa eu te apresentar. - eu disse puxando null para o meu lado. - null, este aqui é o Alex, ele trabalha lá na redação como revisor. Alex este é null...
- O namorado dela. - null disse antes que eu pudesse completar a frase, estendendo a mão para Alex.
Eu havia contado para o null sobre o cara da redação que me chamou para sair e a memória dele era ótima, tive certeza que ele se lembrava do nome e sabia que era aquele o cara. Alex aceitou a mão de null com um sorriso sem graça.
- Namorado? Não sabia que você estava namorando, null.
- Pois é, é que eu não gosto de falar sobre minha vida pessoal no trabalho. - respondi meio sem saber o que dizer
- Entendo. Bom, eu vou deixar vocês trabalharem, a gente se vê.
Assim que Alex saiu, me virei para null e cruzei os braços.
- Gente, eu ouvi certo? Vocês estão oficialmente namorando e eu não tô sabendo? - disse null atrás de mim.
- Pois é, null, é exatamente o que eu estou aqui me perguntando. Mr. null, quando é que o senhor foi promovido a namorado que eu não me lembro?
- Agora mesmo, neste exato momento. Assim, se esse cara, por acaso, ainda pensava em te chamar pra sair novamente, ele já perde as esperanças de vez.
- Espera, você está com ciúmes? - eu disse rindo.
- Estou sim, não quero outro cara rodeando a minha garota.
- Meu Deus, você é meu namorado há cinco minutos e já está possessivo desse jeito?
null me puxou pela cintura.
- Não quero saber, você é minha e não tem mais discussão.
- Ok, sou sua namorada. Satisfeito?
- Muito satisfeito. - ele disse sorrindo e depois me beijou.
- Ah pelo amor de Deus vocês dois, estamos no meio da praia e eu estou bem aqui! - null disse.
- Isso é pra você ver o que eu passo com você e o null. - eu disse rindo e null deu a língua para mim.
Fizemos algumas entrevistas antes da competição começar e depois nos posicionamos em um local com boa visão para assisti-la. Assim que null entrou na água, senti null muito nervosa ao meu lado. Eu também estava tensa, vibrando pelo null. Ele foi incrível, pegou as melhores ondas, teve erros mínimos e no final levou a melhor. Quando ele saiu do mar como o grande campeão, null esqueceu que estava ali também a trabalho e correu para encontrá-lo. Ele abriu os braços e a levantou do chão. Eu e null seguimos logo atrás para falar com ele.
- null, parabéns! Eu disse que você ia ganhar. – falei o abraçando.
- Obrigado, null.
- Hey, cara, parabéns. - null disse cumprimentando null.
- Valeu! Tô tão feliz, disseram que o campeão de hoje vai ganhar um contrato.
- Amor, isso é incrível! Temos que comemorar! - null disse empolgada.
- Também acho. Depois que acabar o evento aqui, vamos sair para comer e comemorar. - eu disse.
null foi para o pódio receber o prêmio dele, que além do troféu também havia uma quantia em dinheiro e depois foi assinar o contrato com um dos patrocinadores que assistia a competição. Quando tudo acabou, seguimos para um restaurante para almoçar e festejar.
- Um brinde ao grande surfista, null null! - eu disse erguendo minha taça e todos brindamos.
- Ao melhor surfista do mundo que, por acaso, é o meu namorado. - null disse.
- Aliás, falando em namoro, tô sabendo de uma certa novidade. - disse null divertido.
- Verdade, isso também merece um brinde. - null disse. – Nossa, null finalmente namorando!
- Ah não, null, não começa. - falei.
- Cara, você deve ser mesmo muito bom, porque essa aí é osso duro de roer. - disse null rindo.
- null, eu sei que você acabou de ganhar a competição, mas isso não me impede de te matar.
- Calma, não precisam brigar. - null disse. - Não sei se sou bom, null, mas a null é adorável.
- Viu só, eu sou adorável! - eu disse dando a língua para null.
- Ok então, um brinde ao novo casal. - disse null.
Nós rimos e brindamos novamente, tudo parecia estar se encaixando aos poucos. À noite, null e null saíram para comemorar a dois e null me chamou para jantar. Eu não sei por que, mas eu estava extremamente nervosa para sair com ele naquela noite, não seria a primeira vez que sairíamos juntos, mas seria a primeira vez como namorados. Coloquei todas minhas roupas em cima da cama e nada parecia bom o suficiente, mas no fim achei algo escondido no fundo do guarda-roupa que parecia perfeito. Optei por um vestido vermelho curto sem mangas com gola boba, ele era colado no corpo e soltava na parte do quadril, ficando rodado. Coloquei uma sandália dourada de salto, deixei o cabelo solto e enrolei as pontas do cabelo com a prancha. Fiz uma maquiagem mais marcada para noite, depois dei um jeito no meu quarto antes de sair, peguei uma echarpe também vermelha, minha bolsa dourada de mão e desci. Quando cheguei ao hall de entrada, null já me esperava na recepção. Ele estava tão lindo que me fez até perder o fôlego. Vestia uma calça de sarja branca e uma camisa azul clara com a manga dobrada até o cotovelo. Os cabelos estavam daquele jeito despreocupado com alguns fios caindo sobre os olhos. Ele me viu e abriu um sorriso perfeito, eu não conseguia me mexer diante daquela visão, então ele veio até mim.
- Você está linda. Ou como diríamos no México, muy hermosa.
- Ah, muchas gracias, é assim que se diz né? - falei e null balançou a cabeça afirmativamente. - Você também está lindo.
null se aproximou de mim e me deu um selinho delicado.
- Então vamos, senhorita? - ele disse me oferecendo o braço.
- Vamos!
Fomos jantar em um restaurante muito gostoso, nossa mesa ficava bem ao lado da janela de onde podíamos ver o mar e a comida estava excelente. Quando voltamos do restaurante, fomos caminhar na praia. Tirei minhas sandálias, as carreguei em uma mão e dei a outra mão para null. Nós caminhamos por alguns quilômetros de mãos dadas, conversando, depois resolvemos sentar. null sentou na areia e eu me sentei entre as pernas dele, com as minhas pernas cruzadas. Me recostei nele e null começou a fazer carinho nos meus braços.
- null?
- Quê?
- Você está feliz? Quero dizer, de estarmos juntos.
- Claro que sim. E você?
- Estou muito feliz.
- Mas por que você tá perguntando isso?
- Porque desde a primeira vez que eu te vi, eu tive uma vontade enorme de estar com você.
- Naquela primeira vez que nos encontramos na sala de dança?
- Não, no primeiro dia, no jantar, quando eu e Sally nos apresentamos.
- Você reparou em mim naquele dia?
- Reparei, achei você linda e misteriosa ao mesmo tempo. Então quando a gente realmente se conheceu no dia seguinte, percebi que você era uma garota difícil, achei que seria quase impossível me aproximar de você.
- Eu sou mesmo difícil. - eu disse rindo. – Mas, espera, então quer dizer que você já era a fim de mim quando começamos nossas aulas!
- É, eu confesso que sim. Mas, por favor, não pense que eu quis te dar aula pra me aproveitar de você!
- Eu sei, null, já te conheço o suficiente pra saber que você não é assim. Mas no fim não foi tão complicado chegar em mim, estamos juntos agora.
- Sim, estamos, mas eu sinto que você pode escapar a qualquer momento.
- Como assim?
- null, você é como a brisa do mar, a mesma doçura, o mesmo frescor. Eu sempre quis saber como seria colocar a brisa do mar num vidrinho e guardar comigo, mas se eu fizesse isso, a brisa simplesmente morreria. E você é igual, eu queria poder prender você nos meus braços pra sempre, mas eu sei que se eu fizesse isso, você perderia toda vida que há em você, porque você é livre como o vento. Eu posso senti-la, mas não posso fazê-la ficar.
Fiquei pensando em tudo aquilo que null estava falando. Eu sabia que ele temia que eu ainda quisesse voltar para LA e eu não sabia o que responder porque não havia parado para pensar se eu queria voltar ou não. Mas naquela noite, a única coisa que eu queria era ficar com null, não queria pensar em mais nada. Me levantei e limpei a areia do meu vestido.
- O que foi? - null perguntou confuso.
- Vem comigo. - eu disse estendendo a mão para ele.
- Pra onde?
- Pro meu quarto.
null ficou me olhando alguns segundos sem reação.
- Vamos, null, vem logo, antes que eu mude de ideia.
Ele pegou minha mão e levantou. Caminhamos de volta para o hotel até chegarmos na entrada onde a areia acabava e a escadaria de mármore do hotel começava.
- Espera, deixa eu por minha sandália.
- Não. - null disse segurando minha mão. - Não precisa.
Ele então se aproximou de mim, passou a mão por trás da minha cintura e me pegou no colo. Sorri e apoiei a cabeça no peito dele. Ele entrou no hotel comigo no colo, a recepção estava deserta exceto pelo recepcionista que fazia o turno da noite, porém ele fingiu não notar nós dois. Subimos pelo elevador, quando chegamos ao meu andar, null me colocou no chão em frente a porta do meu quarto para que eu pudesse abri-la. Tarefa essa que foi um pouco difícil, já que null estava beijando meu pescoço. Finalmente consegui abrir a porta, entrei no quarto e joguei minhas sandálias, minha echarpe e minha bolsa em um canto, ouvi null bater a porta logo atrás de mim. Me virei pra ele e logo ele estava me envolvendo em seus braços. Ele me beijava com uma intensidade, uma urgência, como se a qualquer minuto eu pudesse fugir. Senti suas mãos subirem pelas minhas coxas e depois pelo quadril, levando consigo meu vestido, que logo estava no chão. Abri os botões da camisa dele e a atirei no chão também, passei as mãos pelo peitoral dele, admirando por um segundo, e logo ele voltou a me beijar. Em pouco tempo ele se livrou dos sapatos e da calça também e me levou até minha cama. A pele dele cheirava tão bem, era uma mistura de maresia da noite e o amanhecer de verão. Quando finalmente nos livramos das últimas peças que estavam entre nós, senti null dentro de mim como se fôssemos um só. Foi uma explosão de sentimentos, algo que eu nunca havia sentido antes com nenhum outro cara. Havia o mesmo fogo, a mesma sensação de estar queimando de quando nós dançávamos juntos, uma paixão que parecia tomar conta de cada veia do meu corpo. Mas ao mesmo tempo também havia muito sentimento, uma vontade de ficar com ele para sempre, de ser amada por ele como se não houvesse mundo lá fora. Depois, quando chegamos ao clímax, null desabou ofegante ao meu lado. Não dissemos nada, apenas cheguei perto dele e deitei minha cabeça em seu peito enquanto ele mexia no meu cabelo. Quando ambos estávamos descansados, null voltou a me beijar, dessa vez de maneira mais calma e nós recomeçamos tudo outra vez. Fizemos amor a noite toda e aquela foi sem dúvida a melhor noite da minha vida. No dia seguinte, despertei com a luz do sol entrando pela minha janela, rolei para o lado e vi que estava sozinha na cama. Sentei na cama, confusa, então olhei para o meu criado mudo e vi que havia um bilhete lá. O peguei e logo reconheci a letra de null, o bilhete dizia:
"Me desculpe sair antes de você acordar, mas hoje é domingo, sei que você gosta de dormir até um pouco mais tarde e você estava tão serena dormindo, que não tive coragem de te acordar. Eu desci para o meu quarto, porque logo os hóspedes vão começar a acordar e circular pelo hotel e você sabe, sou funcionário, não quero ninguém comentando a nosso respeito. Só quero que você saiba que a noite passada foi a melhor noite da minha vida, a mais perfeita de todas e você é a mulher mais incrível que já conheci. Espero que você tenha sentido o mesmo e que noites como esta se repitam infinitamente. Quando você acordar, estarei no meu quarto esperando por você, não quero fazer mais nada neste domingo, apenas ficar te amando como se só nós dois existíssemos.
Com amor,
null"
Sorri diante daquele bilhete e percebi que uma lágrima solitária escorria pelo meu rosto. Então senti mais que isso, senti pela primeira vez na vida o que era o amor, aquele amor sem limites de que a null tanto falava. Eu amava null e tinha certeza absoluta que ele também me amava. Porém, além do amor, senti algo mais, senti medo, muito medo de amar, eu nunca havia amado e não sabia como lidar com aquele sentimento. Fiquei um tempo com o bilhete na mão, sem saber o que fazer. Olhei para o relógio e ainda eram dez e meia da manhã, então a null devia estar dormindo e eu não queria acordá-la para conversar sobre algo tão sério, que provavelmente eu ficaria horas desabafando. Decidi que eu ainda não ia pensar sobre aquilo, que o melhor a fazer era aproveitar meu domingo com null. Levantei e fui me trocar, coloquei o primeiro vestido que achei no armário e pus uma sapatilha. Depois escovei os dentes, arrumei meus cabelos e desci. Fui direto para o quarto de null, fui bater na porta, mas percebi que ela estava entreaberta. Entrei e não vi null, então ouvi o barulho do chuveiro, provavelmente ele esperava que eu viesse e por isso deixou a porta aberta. Fechei a porta e fui até o banheiro, entrei e vi o contorno do corpo dele através do vidro do boxe, null estava de costas. Respirei fundo, tentando me concentrar, então tirei as sapatilhas e depois a roupa. Abri o boxe devagar e entrei, null se virou, assustado, mas depois que me reconheceu, ele sorriu. Sem dizer nada, ele me beijou e me encostou na parede do boxe, o frio do azulejo contrastando com o calor de nossos corpos. Não sei por quanto tempo ficamos no banho e nem me lembro como saímos de lá, só sei que depois já estávamos na cama nos amando novamente.
- null? - eu disse depois quando estávamos deitados abraçados.
- Que foi?
- Eu estou com fome. - eu disse e senti o peito dele vibrar quando ele riu.
- Eu também. Vou pedir alguma coisa pra gente comer aqui no quarto.
null se esticou até o telefone e pediu um lanche completo pra gente. Pouco tempo depois um funcionário do hotel bateu na porta e null foi abrir. Ele trouxe o carrinho de refeição até a cama e começamos a comer.
- Escuta, tem uma coisa que eu queria te contar desde ontem, mas acabei esquecendo. - null disse.
- Acho que estávamos um pouco ocupados. - falei.
- Acho que sim. Mas então, eu e a Sally tivemos uma grande ideia e falamos com os funcionários aqui do hotel que adoraram e toparam na hora.
- Que ideia?
- A gente vai fazer um luau na praia sábado que vem.
- Um luau? Nossa acho uma ideia incrível.
- Não é? E a gente que vai organizar tudo.
- Adorei, posso ajudar na organização também. E tenho certeza que a null e o null também vão topar.
- Que ótimo.
Terminamos de comer e null chamou um funcionário para retirar o carrinho. Depois ele voltou para a cama e me abraçou apertado.
- null, você tem certeza que não quer fazer nada hoje? Vamos passar o dia todo trancados no quarto?
- Certeza absoluta, tudo que eu preciso está bem aqui.
- A null e o null vão achar que eu fui sequestrada.
- Mas você foi sequestrada, por mim. - null disse e começou a me beijar.
Percebi que realmente nosso domingo seria daquele jeito, juntos no quarto, curtindo um ao outro, sem se preocupar se existia um mundo lá fora. Quando a noite chegou, decidi que era hora de voltar para o meu quarto, eu ia trabalhar no dia seguinte e precisava de uma boa noite de sono. Me despedi de null e subi para o meu quarto, quando estava no elevador, aproveitei para finalmente verificar meu celular, havia várias ligações da null e muitas mensagens também. Desci no meu andar e quando estava abrindo a porta do meu quarto, alguém me gritou.
- !
Olhei para o lado e vi null vindo até mim.
- Misericórdia, menina, você quer me matar de susto?
- E você quer nos matar de preocupação? Você passou o dia todo sumida! A camareira nos disse que você não estava no quarto e você não atende esse celular.
- Estava no vibra, desculpa.
null me observou por um momento.
- Você estava com o null?
- Claro que sim, com quem mais eu estaria? - falei e null arregalou os olhos.
- Meu Deus, o null tinha razão, vocês estavam juntos! Vocês dormiram juntos?
- Olha, o que a gente menos fez foi dormir. - eu disse rindo.
- Não acredito, sua bandida! Vamos entrar nesse quarto agora, quero saber tudo, todos os detalhes!
- Os detalhes sórdidos também?
- Ai pronto, tá toda palhaça, toda de bom humor. Bem típico de quem teve uma noite e um dia inteiro de sexo. - null disse e nós rimos.
Entramos no quarto, eu fechei a porta e nós fomos até minha cama. Contei tudo para null sobre a noite anterior, sobre o jantar, as coisas que null me disse e como fomos parar na cama. Contei também sobre o bilhete e sobre nosso dia juntos.
- null, não acredito, você está amando, finalmente!
- Estou e isso está me deixando com muito medo.
- Medo por quê?
- null, eu vim pra cá querendo voltar pra LA e agora tem o null, eu já não sei se quero voltar, ele me prende aqui.
- Mas isso não é ótimo?
- Eu não sei, eu não me imagino morando pra sempre no Hawaii.
- null, e quem disse que é pra sempre? A gente tá aqui agora, como já estivemos em LA, mas amanhã ou depois a gente pode ser transferidas pra outro lugar ou voltar pra LA.
- Exatamente, e se isso acontecer, será que ele iria embora comigo?
null pareceu começar a compreender minha insegurança.
- Olha, sinceramente, eu não sei, null. Mas se vocês se amam de verdade, vão querem ficar juntos e vão encontrar uma forma de estarem sempre juntos.
- Eu não sei, tenho tanto medo de entregar meu coração e depois ele ser quebrado.
- Sabe, null, quando eu conheci o null e percebi que o amava, tive as mesmas dúvidas que você.
- Sério? Mas eu sempre achei você tão segura em relação ao null.
- Hoje eu sou, mas no começo eu não era, embora eu não demonstrasse.
- Eu me lembro quando vocês se conheceram, nós tínhamos acabado de sair da faculdade. Foi engraçado.
- Eu também lembro, nós duas surfando em Malibu, daí você cochichou pra mim que tinha um surfista gato parado com cara de idiota me olhando.
- Mas ele estava mesmo com cara de idiota, quase dei um babador pra ele.
- E você lembra quando ele conseguiu se mexer e veio puxar conversa?
- Lembro, você deu um fora nele.
- E mesmo assim, na semana seguinte, ele estava lá na praia novamente.
- Graças a mim, que disse pra ele que a gente ia pra praia todo final de semana.
- Verdade, fiquei te devendo essa na época. Mas pela insistência dele, resolvi conservar com ele.
- E então ele te chamou pra sair. Eu nunca vou esquecer de abrir a porta quando ele chegou lá em casa pra te buscar, ele todo nervoso e com aquele buquê de flores na mão, eu pensei: Esse vai perder a null rapidinho, romântico demais.
- Se fosse qualquer outro cara, teria me perdido, mas o null é tão incrível, ele é romântico de um jeito fofo. Nós estávamos saindo a apenas algumas semanas e eu já estava totalmente apaixonada por ele.
- É, realmente o null fez por merecer. Mas o melhor de tudo foi quando ele te pediu em namoro.
- Nossa, nem fale, fazia exatamente um mês que a gente estava saindo quando ele me pediu em namoro. Eu nunca vou esquecer daquele pedido.
- Nem eu, aquele bando de coisas chegando na redação.
- Foi mesmo, de manhã ele me mandou um frappuccino escrito "Para null, a garota mais linda do mundo", junto com um muffin de chocolate. Na hora do almoço chegou aquele urso de pelúcia escrito amo você na barriga, que aliás eu guardo até hoje. À tarde ele mandou um cartão gigante que quando abria tinha com coração em alto relevo escrito a frase "meu coração é seu" e, finalmente, no fim do expediente, ele mandou aquela caixa de chocolates onde os chocolates formavam a frase "quer namorar comigo?" - null disse com os olhos brilhando.
- Eu lembro que você me disse: null, nunca ninguém fez nada tão brega e tão lindo por mim.
- Foi muito brega mesmo, mas eu já amava o null, não tinha como não aceitar. E veja só, estamos juntos há quatro anos.
- É, vocês se amam muito, tenho certeza que foram feitos um para o outro e que vão se casar um dia.
- E você ama o null, certo?
- Amo, mas não sei o que fazer.
- Sabe sim, e eu sei também. Você o ama, null, como nunca amou ninguém na vida, por isso você tem tanto medo. E eu tenho certeza que ele também te ama, eu vejo como vocês se olham, é a mesma maneira que eu olho para o null e o null pra mim.
- O null é tão incrível, null, tão maravilhoso comigo, tudo é bom com ele, a companhia dele, o jeito como ele me trata, os carinhos e, é claro, o sexo. - eu disse e nós rimos. - Eu nunca senti nada parecido, mas eu tenho tanto medo que isso possa escapar de mim.
null segurou minhas mãos e me olhou.
- null, eu não posso dizer que vai ser sempre fácil e nem que as coisas nunca vão mudar, mas o que eu posso dizer é que não vale a pena deixar um grande amor escapar assim. É como dizem, é melhor a gente se arrepender de algo que fizemos do que de algo que não fizemos. Isso é viver, arriscar, aproveitar, cair e levantar de novo, amar e ser amado.
Soltei minhas mãos das de null e a abracei apertado.
- Muito obrigada, amiga, não sei o que seria da minha vida sem você. Eu vou pensar em cada palavra que você me disse.
- Pense sim e eu vou te apoiar no que você decidir.
null e eu ficamos mais um pouco conversando, contei pra ela sobre o luau e ela amou. Depois descemos para jantar com null, que também ficou muito empolgado com a ideia do luau. null apareceu quando já havíamos começado a comer e se sentou conosco. Ele e null ficaram falando sobre o luau, tendo várias ideias, enquanto eu e null observávamos e ríamos. Quando terminamos de jantar, me despedi de null e subi para o meu quarto, null e null também foram para o quarto deles. Me deitei para dormir e fiquei pensando em tudo que null me disse. Uma nova semana ia começar e eu sentia que o momento de eu tomar uma decisão se aproximava. No dia seguinte, acordei ainda incerta sobre o que fazer da minha vida. Me arrumei para o trabalho e desci para tomar café com null e null. null não tomou café conosco, imaginei que ele já devia estar na sala de dança. Antes de ir para a redação, passei na sala e dei um beijo nele. Quando chegamos à redação, já estava aquele movimento todo de sempre, a agitação que eu tanto gostava.
- Bom dia, meninas! - disse Simon, nosso chefe, parando entre a minha mesa e da null.
- Bom dia, Simon! - respondemos em uníssono.
- Tenho ótimas notícias pra vocês. A casa que o jornal pediu pra preparar pra vocês está praticamente pronta. Semana que vem vocês podem se mudar.
- Jura? - null falou animada. - Isso é ótimo!
Sorri junto com null, mas comecei a ter noção de que o fato da casa onde iríamos morar estar pronta significava nossa permanência no Hawaii por tempo indeterminado. À noite, quando contamos a novidade para o null e para o null, os dois ficaram muito animados também. Eu pude sentir que null se agarrava aquela notícia como se fosse a certeza de que eu ficaria no Hawaii. Passei a semana um pouco distante e pensativa, até que na quinta-feira de manhã mandei um e-mail para o meu antigo chefe, Jonathan, da redação de LA perguntando se eu poderia voltar. Ele me respondeu no mesmo dia, à noite, lamentando muito, mas dizendo que, caso eu quisesse mesmo voltar, seria bem-vinda e ele me esperaria na segunda de manhã. Não vi muito null naqueles dias e ele já começava a sentir meu afastamento. Providenciei minha passagem de volta para sábado de manhã e na sexta, quando voltamos do trabalho, chamei null até o meu quarto, para conversarmos.
- E então, null, o que está acontecendo? Você está esquisita a semana toda, mas desde ontem parece ter piorado.
Respirei fundo tentando encontrar as palavras.
- null, é que ontem eu mandei um e-mail pro Jonathan perguntando se eu poderia voltar. Ele lamentou, mas disse que eu serei bem-vinda.
- Você fez o quê?
- Isso que você ouviu, null.
- Não, você não vai voltar pra LA de verdade vai?
- Vou, já comprei minha passagem pra amanhã de manhã.
- null, pelo amor de Deus, você não pode fazer isso! Você não pode fugir!
- Eu posso sim! Eu posso e eu vou fugir, vou voltar pro meu lar!
- Mas, null, e o null? E eu e o null?
- O null vai ser uma boa lembrança apenas. Quanto a você e o null, vamos nos ver ainda, venho visitar vocês sempre que der e vocês podem me visitar em LA.
- Uma boa lembrança? null, você ama esse cara como nunca amou ninguém na vida!
- null, pode me chamar de covarde, porque eu estou sendo mesmo, mas eu não vou ficar, eu não vou correr o risco de me machucar, mesmo que eu me arrependa depois! - eu disse e desabei em lágrimas.
null se aproximou de mim e me abraçou.
- null, por que você tá fazendo isso com você mesma?
- Porque eu sou uma idiota! E, pensando bem, o null é bom demais pra mim, ele não merece uma garota idiota como eu, que não tem coragem de enfrentar a vida.
- Você não é idiota! - null disse suspirando. - Você já falou com ele?
- Não, e nem vou, não quero me despedir.
null me soltou e segurou minhas mãos.
- null, como vai ser nossa vida sem você?
- Ah, null, um dia nós não iríamos morar mais juntas mesmo, você vai casar com o null, estamos apenas adiantando as coisas.
- Mas eu esperava ser sua vizinha pro resto da vida. - ela disse e me fez sorrir entre lágrimas.
- Quem sabe um dia a gente volte a ficar perto uma da outra.
- Eu vou contar pro null, ele vai ficar arrasado.
- Eu sei, ele é sentimental. Amanhã quero que vocês me levem ao aeroporto.
- Nós vamos levar sim, com certeza. Mas tem certeza que você não pode nem esperar o luau passar?
- Não, é melhor não. Vou amanhã, assim que o dia nascer.
Pouco tempo depois, null me deixou sozinha e foi comunicar a null minha decisão. Tomei um longo banho, a água escorrendo pelo meu rosto junto com as minhas lágrimas. Não desci para jantar naquela noite, preferi comer no quarto. Quando voltaram do jantar, null e null passaram no meu quarto, null me abraçou forte, ele estava tão triste quanto eu.
- null. - null disse enquanto null me soltava.
- Que foi?
- Ele perguntou por você no jantar. - null disse e eu sabia de quem ela falava.
- E o que você disse?
- Eu disse que você estava indisposta. Ele queria subir aqui pra te ver, mas eu consegui convencê-lo que era melhor vocês se falarem amanhã.
- Ótimo, meu voo é bem cedo mesmo, estarei longe antes que ele perceba.
null e null se entreolharam, mas não disseram nada. Fui pra cama cedo naquela noite, mas demorei para dormir. null me mandou uma mensagem dizendo que estava preocupado, mas eu não respondi. Depois de muito rolar na cama peguei no sono, mas tive uma noite inquieta, cheia de pesadelos. Acordei bem cedo no dia seguinte e arrumei minhas coisas para ir embora. Desci com null e null para tomar café e depois eles subiram comigo para me ajudar com as malas, por sorte não encontramos com null. Olhei uma última vez para o hotel enquanto null terminava de pôr as malas no carro, parecia que eu estava revivendo um filme.
- null, tá pronta? - null perguntou.
- Estou, vamos.
Em pouco tempo chegamos ao aeroporto, fiz meu check-in e null e null ficaram comigo até dar a hora de eu ir para o portão de embarque.
- Bom, se cuidem vocês dois. Não esqueçam de me ligar todos os dias e aproveitem as melhores ondas do mundo. - eu disse com lágrimas nos olhos.
- Você também se cuida, menina. Nunca se esqueça que você sempre terá um lar ao nosso lado. - null disse.
- É, e vê se liga quando chegar. E por favor não quebre muito a cara sem a gente. - null disse chorando.
Então ela e null me abraçaram muito apertado como se pudessem me prender ali. Nós três choramos, era a primeira vez que eu me separava de null desde que éramos bebês, e null, apesar de ter entrado na nossa vida há quatro anos, parecia que havia estado lá a vida toda. Soltei os dois antes que ficasse impossível ir embora.
- Tchau, meus amores. Amo vocês!
- Tchau, null, nós também te amamos. - eles disseram.
Me virei e segui pelo portão de embarque. Quando cheguei à sala onde esperávamos a saída do voo, me sentei em uma cadeira e então de repente tomei consciência de tudo que estava fazendo e de tudo que estava deixando para trás. A dor da perda me atingiu de forma intensa e violenta, senti todo o ar dos meus pulmões saírem e a dificuldade de respirar parecia terrível. Me curvei sobre mim mesma colocando as mãos em volta da barriga, as lágrimas brotaram como uma cachoeira, de forma descontrolada. Como eu podia deixar meu novo emprego, meus melhores amigos para trás? Mas, principalmente, como eu podia deixar null, o homem que eu amava? Como eu podia ser covarde daquele jeito e jogar fora a chance mais clara que eu tive na vida de ser feliz com alguém? A dor só piorou, parecia me consumir e eu só queria gritar.
null's POV On
Dormi muito mal naquela noite, fiquei preocupado quando null me disse que null estava indisposta, eu queria ter ido vê-la, até mandei uma mensagem, mas ela não respondeu. Acordei no outro dia antes das nove, primeiro porque queria ver null logo e segundo porque o luau seria naquele sábado, então tínhamos muita coisa para fazer. Me arrumei e fui tomar café, porém não encontrei nem null, nem null e nem null no restaurante. Pensei em ir até o quarto de null, mas esbarrei com Sally e ela logo me arrastou para praia para começarmos os preparativos do luau. Eu estava carregando umas caixas quando avistei null e null se aproximando de mim.
- Bom dia! Até que enfim vocês apareceram, eu já estava preocupado.
- Bom dia. - eles responderam desanimados.
- Aconteceu alguma coisa? Cadê a null?
Eles se entreolharam tentando decidir quem falaria algo que não era uma notícia agradável.
- null... - null disse por fim, suspirando. - A null foi embora.
Levei um tempo para processar as palavras de null.
- O quê? Como assim foi embora?
- Ela voltou pra LA. - null disse.
- Mas ela não pode ter voltado, não, ela não pode ter feito isso. Ela nem se despediu de mim.
- Ela não queria se despedir de você. - null disse pesarosa.
- Claro, eu que fui um idiota de achar que ela ficaria.
null e null pareciam não saber o que fazer.
- Sinto muito, null. - null disse, tocando meu braço por fim. - Eu vou procurar a Sally, ver no que a gente pode ajudar.
null saiu em seguida, mas null ficou para trás.
- Cara, lamento muito que ela tenha ido embora.
- Relaxa, null, eu vou superar.
- null, me diz uma coisa, você a ama de verdade?
- Por que você tá perguntando isso?
- Responde, você ama a null?
Demorei alguns segundos antes de responder.
- Amo, como nunca amei outra mulher na vida. E não consigo acreditar que ela jogou tudo isso no lixo.
- Ela também te ama, eu e null temos certeza disso, porque ela disse isso, mas ela tem medo.
- Medo de quê?
- Medo de amar, porque ela nunca sentiu isso, então ela achou mais fácil fugir.
- Ela devia ter falado comigo, eu mandaria embora todos os medos dela.
- Se você quer minha opinião, acho que você devia ir atrás dela.
- Como assim?
- Amanhã pega o primeiro avião pra LA e vai atrás dela, traz ela de volta.
- null, se ela quisesse ficar comigo, ela teria ficado.
- null, quando a gente ama, fazemos qualquer coisa pra ficar com a pessoa. Eu iria atrás da null até o fim do mundo, mesmo que ela fugisse de mim. Pensa nisso, cara, e saiba que você terá o total apoio meu e da null.
null deu um tapa de leve nas minhas costas e foi encontrar a null. Passei o dia todo pensando no que null me disse. A verdade era que eu queria pegar um avião imediatamente e ir atrás dela, mesmo que fosse pra levar um fora, mas como eu já havia me comprometido com o pessoal a respeito do luau, eu sabia que não poderia deixá-los na mão. Decidi que ia seguir o conselho de null e no dia seguinte iria atrás de null em LA, e eu não ia voltar sem ela. Quando a noite chegou, funcionários e hóspedes do hotel se prepararam para ir ao luau. Eu não estava com a mínima vontade de participar da festa, mas tanto Sally quanto null e null insistiram que eu tinha que ir. Tomei um banho, vesti uma bermuda jeans e uma camisa xadrez vermelha de manga curta. Quando fui fechar meu guarda-roupa, a camisa azul que eu usara pra jantar com null no sábado passado caiu, peguei a camisa do chão e senti o perfume. Eu já havia a lavado, mas parecia que o cheiro de null permanecia ali ou talvez fosse apenas minha imaginação me traindo. Guardei a camiseta e terminei de me arrumar para ir para a praia. Quando cheguei lá, já estava lotada, a música tocando e as pessoas se divertindo. null e null vieram falar comigo e tentaram me animar um pouco, embora nem eles estivessem muito animados. Quando eles foram dançar, fiquei sozinho em cima de um banco de areia, observando a festa de longe.
- Hey, null, você não vai dançar? - Sally disse passando por mim.
- Não, Sally, agora não.
- Ok então.
Eu amava tanto dançar, nunca perdia uma oportunidade, mas naquele instante eu não sentia vontade nenhuma de dançar. Faltava algo, faltava ela, o meu par perfeito, a única garota que eu gostaria que estivesse ali naquela noite para dançar comigo.
null's POV Off
Coloquei meu vestido rosa bebê marcado na cintura e rodado, pus uma sapatilha também rosa para combinar, deixei os cabelos soltos e segui para a praia. Quando cheguei lá, tirei as sapatilhas para poder pisar na areia e procurei por ele. Não foi difícil achá-lo, ele estava parado em um banco de areia com os braços cruzados, olhando a festa acontecer. Me aproximei silenciosamente dele.
- Sabe, uma vez alguém me disse que eu era como a brisa do mar. - eu disse e null se virou, assustado com som da minha voz. - Acho que nunca ninguém me descreveu tão bem. Mas eu acho que já está na hora dessa brisa deixar alguém prendê-la num frasquinho pra sempre, porque agora eu percebi que isso não vai me matar, pelo contrário, não há vida pra mim longe desse alguém, longe de você. - falei e olhei para null.
Ele ainda me olhava, incrédulo.
- Você está mesmo aqui ou é apenas minha imaginação?
- Eu estou aqui.
- Mas você não tinha voltado pra LA?
- Eu ia, mas não consegui, não tive coragem. Eu não podia deixar meus melhores amigos, meu emprego, mas, principalmente, eu não podia deixar você. Eu nunca seria feliz em LA novamente, sem você, o nosso lar é onde nosso coração está e o meu coração está aqui. Como você disse, devemos nos apaixonar pelo lugar onde moramos. Eu me apaixonei pelo Hawaii, porque me apaixonei por você.
- Eu ia atrás de você, null.
- Sério? Bom não vai ser preciso, porque eu estou bem aqui e não pretendo ir a lugar nenhum.
null deu um longo suspiro, como se não acreditasse que tudo aquilo era verdade.
- Então, null, por que você ficou?
Deixei minhas sapatilhas na areia e me aproximei de null, passei a mão pelo seu peitoral e depois envolvi seu pescoço com meus braços.
- Porque eu te amo infinitamente e se você puder me perdoar por eu ter sido tão idiota, acho que podemos ficar juntos.
null sorriu e finalmente me envolveu pela cintura, me puxando pra perto de si.
- Eu também te amo muito, mais do que eu podia imaginar ser possível e não há nada pra perdoar, o importante é que você está aqui e eu não vou deixar você partir. Não importa pra onde esse vento sopre, a sua direção é a minha direção, null.
Sorri e acariciei os cabelos de null. Então ele se aproximou mais e me beijou suave e delicadamente como só ele sabia fazer. Depois de um tempo, ele parou de me beijar, mas permanecemos colados, nossos narizes se tocando.
- E então você quer aproveitar o luau?
- Na verdade, eu quero mais que isso, eu quero dançar com você.
- Aqui, na frente de todo mundo? - null disse espantado.
- Aham, na frente do mundo todo.
null me soltou e me puxou pela mão até o centro do luau. Ele foi até o D.J. e enquanto ele conversava com o cara, avistei null e null. Seus olhares me encontraram passando do espanto para a alegria extrema. Sorri para os dois e fiz um sinal que depois conversaríamos.
- Atenção! - o D.J. anunciou, parando a música. - Agora vamos ter uma apresentação especial do nosso querido null null, professor de mambo do hotel.
Vi Sally olhar sem entender para null, mas logo ela me viu também e compreendeu tudo. Eu estava parada no meio da pista que haviam montado para o luau. null se aproximou de mim enquanto a introdução da música começava a tocar. Nós dançamos juntos de maneira perfeita, numa sincronia única enquanto todos assistiam admirados. Eu não consegui pensar em ninguém, só havia null na minha frente e o sentimento incrível de estar dançando. Quando a música acabou, todos aplaudiram freneticamente e depois tomaram a pista de dança novamente. Nós seguimos de mãos dadas até onde null e null estavam.
- null, você está aqui, não acredito! - null disse se jogando em cima de mim para me abraçar.
- A senhorita pode nos explicar como de repente apareceu aqui, se nós te deixamos no aeroporto, na sala de embarque? - null disse divertido.
- Eu não consegui embarcar, fiquei lá vendo o avião partir sem mim. Eu não podia deixá-los, nenhum de vocês. - eu disse olhando para null.
- Mas onde você estava até essa hora? - null perguntou.
- No hotel oras. Peguei um táxi de volta pro hotel e no caminho liguei reativando minha reserva. Aproveitei e mandei um e-mail também para o Jonathan dizendo que não ia mais voltar, ele pareceu muito satisfeito.
- Mas nós não vimos você o dia todo. - null disse.
- Claro, vocês passaram o dia todo na praia preparando o luau e eu passei o dia todo no meu quarto.
- Essa é a nossa, null. Estava só esperando pra fazer sua entrada triunfal né? - null disse gargalhando.
- Sempre engraçadinho, né, null null? - eu disse dando um tapinha no braço dele.
- Estamos muito felizes que você tenha ficado, null. - null disse.
Ela e null me deram um grande abraço de urso.
- Também estou feliz por ficar. Mas agora vamos aproveitar a festa né? - eu disse quando eles me soltaram.
Seguimos para a pista de dança. null me abraçou e dançamos lentamente, de rosto colado, aproveitando um ao outro. Naquele instante eu me sentia completa, feliz, como jamais pensei que pudesse ser. Percebi que finalmente eu era o mundo de alguém, eu era o mundo de null e ele era o meu mundo, e que as melhores coisas acontecem quando a gente menos espera.