- Desculpa ter demorado tanto! – entrou em casa, correndo até o sofá em que eu estava deitada. – O que aconteceu dessa vez? – Ela analisou meu rosto, me olhando preocupada.
- Aconteceu de novo, . – não precisei dar mais nenhuma palavra, senti seus braços ao redor do meu corpo. As minhas lágrimas teimavam em cair, é claro que eu estava machucada, só não queria demonstrar.
- Oh meu Deus, ! O que eles fizeram? – ela se deitou ao meu lado, mesmo com o sofá pequeno.
- Fizeram uma montagem e colocaram no jornal da escola... – solucei mais uma vez, minha voz saia embargada e dizia as palavras devagar, não queria repetir, só iria me fazer mal.
- Como era a montagem? – Ela perguntou, agora olhando diretamente para meus olhos. Apontei para o papel branco em cima da mesa e ela dirigiu seu olhar até o mesmo. caminhou até o móvel e pegou a foto, seu rosto teve uma expressão de indignação, minha vista estava, quase, toda embaçada. – Isso é horrível! Você tem que mudar de escola, ! Isso não te faz bem! – Ela aumentou seu tom de voz.
- Mudar de escola? E para onde eu vou? Sabe quantas escolas aqui na Inglaterra custam? São preços que eu não tenho nem metade de toda a quantia! – gritei. Eu não precisava de alguém para me dizer o que eu já sabia. checou o relógio em seu pulso e foi até a cozinha, a acompanhei e parei no batente da porta.
- Tenho que ir para a lanchonete antes que meu horário de almoço termine. Mais tarde terminamos essa conversa. Vai se distrair ou dormir um pouco. Beijos! – Ela saiu pela porta e vi seu carro sumir pela rua. Suspirei, cansada.
Me deitei novamente no sofá e liguei a televisão, passei por vários canais até parar em algum filme, fiz um pouco de pipoca e comecei a assistir, no meio do filme, peguei no sono.
- ? ?! – Senti meu corpo balançar e abri os olhos, com a visão um pouco turva, encarei .
- O que foi? – Levantei do sofá, ainda sonolenta.
- Se arrume, vamos sair. – Ela só me disse isso e saiu em direção a seu quarto. Fui atrás dela e abri a porta.
- Pra onde vamos? – Perguntei, vendo-a pegando algumas roupas em seu guarda-roupa.
- Você não precisa saber. Agora, toma banho, coloca esse vestido e volta pra cá. – Ela mandou, não hesitei em pegar a sacola que estava em cima de sua cama, fui até meu quarto, me despi e entrei no chuveiro. Terminei o banho e coloquei o vestido que ela me deu, fui até seu quarto e vi vários produtos de beleza em cima da sua mesa.
- Você só pode estar brincando comigo... – disse. – Não vai colocar em mim, não é?
- Sem reclamações, senta aqui!
Ela soltou meu cabelo e passou secador por ele todo, depois alisou e os deixou cacheados. me virou para que eu ficasse de frente pra ela, fechei os olhos e senti ela passando vários produtos no meu rosto.
- Não importa o que você diga, você está linda e vai ficar assim até o fim da noite, se prepare. – pegou um espelho pequeno e me deu, mirei no meu rosto e me observei.
- Obrigada! – Abracei-a, feliz. – Eu amo você, !
A boate estava cheia, a música parecia estar mais alta do que nunca, mas é claro que muitos dali não pareciam notar por estarem totalmente bêbados. Eu olhava para todos os lados em busca de , a perdi de vista de novo! Fui na direção das escadas e a vi conversando com um menino que deveria ser da sua idade. Fui até o bar e pedi qualquer drink.
- Uma garota da sua idade, aqui? – Escutei uma voz masculina ao meu lado e levantei o rosto para encara-lo.
- E quantos anos você presume que eu tenho? – Perguntei, arqueei minhas sobrancelhas e o olhei de cima a baixo. Bonito.
- Entre dezesseis e dezessete. – Ele respondeu, fitando meus olhos.
- Talvez você esteja errado.
- Talvez não. – Ele respondeu rápido, sorri pegando minha bebida e sentando na cadeira de frente a ele.
- E como você presumiu isso? – Dirigi meu olhar para sua bebida e depois para a minha.
- Experiência com garotas. – Ele disse, malicioso.
- Acho que sua experiência está errada. – Respondi, bebendo um pouco.
- Ela nunca falha. – Ele se aproximou um pouco mais de mim.
- Mesmo quando você está bêbado? – Encarei-o nos olhos, ele abriu a boca mas não pronunciou uma palavra sequer. – Eu sabia. – Sorri, vitoriosa.
- . – Ele disse, sorrindo e com uma de suas mãos estendidas para um breve comprimento.
- O que? – Perguntei, atônita.
- . Meu nome, é . – Ele repetiu, o cumprimentei e sorri.
- . Meu nome é . – Beberiquei um pouco da minha bebida e senti o liquido passar, ardendo, por toda minha garganta, era uma ótima sensação.
- Um belo nome para uma bela dama.
- No seu caso, é um nome estranho para um rapaz estranho.
- Já disse meu nome, então não sou mais tão estranho assim, não é? – Ele sorriu e veio até mim.
- Eu conheço apenas seu nome, então, você é um estranho... Até que se prove ao contrário. – Sorri, me levantei e fui em direção a pista de dança. Começou a tocar Here's To Never Growing Up, da Avril. Eu simplesmente amava essa música!
Singing Radiohead at the top of our lungs
Cantando Radiohead com toda força dos nossos pulmões
With the boom box blaring
Com a caixa de som retumbando
As we're falling in love
Enquanto estamos nos apaixonando
Got a bottle of whatever
Temos uma garrafa de sei lá o quê
But it's getting us drunk
Mas está nos deixando bêbados
Singing, here's to never growing up
Cantando, "um brinde para nunca crescermos"
A pista de dança estava cheia, e todos já dançavam acompanhados, observei alguns casais dançando, e vi algumas pessoas encostados na parede nos observando.
- Me concede a essa dança? – Ouvi a voz dele sussurrando em meu ouvido, senti os meus pelos se eriçarem e me virei, para observa-lo.
- Por que eu faria isso? – Arqueei as sobrancelhas.
- Porque se não, você será a única a dançar sozinha. – Ele sorriu, mostrando seus dentes e piscando pra mim. me puxou para mais perto, deixando eu sentir seu corpo tocar no meu, me aproximei de seu rosto e sussurrei:
- Faz sentido.
Call up all our friends
Chame todos os nossos amigos
Go hard this weekend, for no damn reason
Vamos com tudo nesse fim de semana, sem nenhuma razão
I don't think we'll ever change
Eu não acho que vamos mudar
Meet you at the spot, half past ten o'clock
Te encontro no ponto, às 10:30
We don't ever stop, and we're never gonna change
Nunca paramos e nunca vamos mudar
- Por que você foi falar comigo no bar?
Eu estava com minhas duas mãos em seu pescoço e ele com as suas na minha cintura, nossos rostos estavam – perigosamente – perto.
- Porque você é bonita, atraente, e era a única pessoa daquele bar que não deu em cima do barman. – Ele disse, ri com seu último comentário.
- Então... Obrigada.
Say, won’t you say forever, stay
Diga, você não vai ficar para sempre? Fique
If you stay forever, hey
Se você ficar para sempre
We can stay forever young
Hey, podemos ficar jovens para sempre
- Por que você estava sozinha? – Seus olhos observavam cada centímetro do meu rosto.
- Eu vim com minha amiga, e nos perdemos, quando a encontrei... Bem, ela estava se beijando com um garoto. – Ele riu quando eu o contei, mordi o lábio inferior, envergonhada.
- E o que trouxe vocês aqui em plena quarta-feira? – Abri a boca mas não disse nada. O que eu ia dizer? Que fizeram uma montagem minha com roupas curtas e escrito “Me encontra na esquina” bem grande na imagem, espalharam por toda a escola e agora eu estou aqui porque minha amiga quis me distrair? Definitivamente não.
- Curiosidade, conhecer aqui! – Ele pareceu engolir a resposta e sorri, convincente.
Singing Radiohead at the top of our lungs
Cantando Radiohead com toda força dos nossos pulmões
With the boom box blaring
Com a caixa de som retumbando
As we're falling in love
Enquanto estamos nos apaixonando
Got a bottle of whatever
Temos uma garrafa de sei lá o quê
But it's getting us drunk
Mas está nos deixando bêbados
Singing, here's to never growing up
Cantando, "um brinde para nunca crescermos"
We'll be running down the street yelling kiss my ass
Correremos pela rua gritando "beije minha bunda"
I'm like yeah whatever, we're still living like that
Eu estou tipo: "é, dane-se, ainda vivemos assim"
When the sun's going down we'll be raising our cups
Quando o sol se por, levantaremos nossos copos
Singing, here's to never growing up
Cantando "um brinde para nunca crescermos"
- E o que te trouxe aqui? – Perguntei, prestando atenção na letra da música e sorrindo.
- Minha banda está de passagem.
- Você tem uma banda?
- Se você acha que alguns caras que tocam alguns instrumentos, que cantam algumas músicas é uma banda. Sim, eu tenho uma banda. – Ele riu.
We live like rock stars
Vivemos como estrelas do rock
Dance on every bar, this is who we are
Dançando em todos os bares, isso é o que somos
I don't think we'll ever change (oh no)
Eu não acho que vamos mudar
They say just grow up, but they don't know us
Eles dizem, apenas cresçam, mas eles não nos conhecem
We don't give a fuck, and we're never gonna change
Não damos a mínima e nunca vamos mudar
aproximou seu rosto do meu e antes de qualquer reação da minha parte, ele me beijou. Não aprofundamos o beijo, apenas ficamos ali, sentindo o toque um do outro. Abri os olhos, me separando dele.
- Desculpe... Efeito da bebida.
- Então... Aproveita que está sob o efeito e tem desculpa e me beija. – O puxei para mais perto e o beijei, dessa vez aprofundando o beijo. Não lembro quantos copos de bebida eu devo ter tomado, mas estava bêbada o suficiente para dizer o que eu disse. – O que acha de irmos a sua casa?
- Ótima ideia. – Senti ele beijando meu pescoço e me arrastar para fora da boate.
Fomos até o estacionamento ainda trocando carícias e ele tirou a chave do carro do bolso. Abri a porta do passageiro e ele foi dirigindo, mesmo bêbado. parou no sinal vermelho e aproveitei para melhorar as coisas. Subi minhas mãos até o cós da sua calça e beijei, levemente, seus lábios, tracei seu pescoço com minha unha e o sentir se arrepiar, empurrei meu corpo um pouco mais para frente e mordi o lóbulo da sua orelha.
– Melhor pararmos e seguirmos em frente, antes que os carros comecem a se irritar. – Ele sorriu, me dando um selinho.
- Eu não me importaria de esperar. – Sorri, cavilosa e ele retribuiu o sorriso.
Vi tirar as chaves do bolso, apressado, para abrir a porta da sua casa. Ele abriu a mesma e me puxou, fazendo nossos corpos se chocarem entre o outro, nos beijávamos enquanto andávamos pela casa a procura de seu quarto. Fomos tateando a parede até chegarmos na primeira porta que vimos, ele a abriu e me jogou na cama, observei-o tirar sua camisa e mordi meus lábios. Eu não era virgem, perdi com meu melhor amigo, que um mês depois, se mudou para Nova York, mas tenho certeza que não precisaria me lembrar disso agora, só tenho de me lembrar como devo fazer.
subiu em cima de mim beijando todo o meu colo e levantando meu vestido, ele tirava devagar e isso já estava me deixando atônita, tirei todo o meu vestido e fiquei apenas de calcinha, já que não tinha vestido o sutiã. Observei seus olhos cheios de luxuria e ignorei, apenas tratei de tirar toda sua roupa e o sentir me penetrar, não demorou muito para acontecer, minutos depois eu estava sendo levada ao desejo, ao paraíso, eu gemia seu nome e implorava por mais. Se eu estivesse agindo como uma vadia, teria de aproveitar porque ainda tenho a desculpa de estar bêbada, se é que eu iria rejeita-lo sóbria, eu não o rejeitaria por uma noite, rejeitaria?
Senti minha cabeça latejar, tentei abrir meus olhos, mas a dor estava insuportável, virei para o outro lado, querendo ficar de costas para a luz do sol que invadia a janela, mas acabei esbarrando em algo. Fiz um esforço e abri meus olhos, devagar.
- Bom dia... – Uma voz masculina disse, o encarei e arregalei os olhos. Levantei as cobertas e olhei para meu corpo, completamente nua.
- Quem... Quem é você? – Minha voz estava rouca e minha garganta doía.
- Parece que sonhou com os anjos essa noite. – Ele sorriu, malicioso. Me lembrei de tudo.
- ?
- Olha, ela se lembra! – Ele se aproximou de mim e me deu um selinho. – Você não tem escola hoje? – Ele perguntou e arregalei os olhos. Olhei para o radio relógio em cima da sua cabeceira, eram exatas 7h45min.
- Oh, meu Deus! Eu não vou chegar a tempo para a primeira aula! – Levantei da cama, enrolada nos lençóis e peguei meu vestido e meus sapatos que estavam espalhados pelo chão.
- Não precisava se enrolar no lençol. – Ele disse, mordendo o lábio, lhe repreendi com o olhar. – O que? Nada que eu não tenha visto e tocado.
Peguei um travesseiro que estava no chão e joguei nele, ele sorriu e correu atrás de mim, saí correndo pela casa. Tropecei em alguma coisa e senti cair em cima de mim, escutei um latido e olhei para o lado.
- Você tem um cachorro? – Ele me deu um selinho antes de responder e saiu de cima de mim.
- Um gato que não é. – Ele sorriu e tentei jogar uma almofada nele, mas ele correu até a cozinha, fui até lá e o abracei por trás enquanto ele preparava sanduíches.
- Eu preciso ir pro colégio e bem... Não tenho dinheiro pra ônibus, você poderia me emprestar? – Perguntei, envergonhada.
- Não. – Arregalei os olhos com a resposta e corei. – Eu te levo.
- O que?! Não! Sem chances!
Não deixaria me levar até o colégio, as pessoas iriam ver e me olhar estranho, mais do que já olham. Sem contar as garotas que dariam em cima dele. Não que eu tenha ciúme, mas... É, sem chance.
- Qual o problema? Namorados levam namoradas para a escola.
- Você não é meu namorado.
- Estou ao seu dispor se quiser um. – Ele piscou pra mim e foi em direção ao quarto.
- , por favor! Eu nem tenho roupas para ir! – implorei, ele me olhou e novamente sorriu.
- Mas eu tenho. – ele me pegou pela mão e me levou até um quarto ao lado do seu, tinha uma cama de solteiro simples e um pequeno guarda-roupa branco. – Aqui tem várias roupas que você precisar. – Ele abriu a porta do guarda-roupa e vi várias peças de roupa.
- De quem é esse quarto? – Perguntei, desconfiada.
- Da minha namorada. – Ele disse, senti o meu coração bater mais rápido. Como ele pôde a trair? Se eu soubesse, não teria feito nada disso.
- Sua quem?! – Gritei e fui para cima dele, batendo-o forte.
- Outch! Eu só estava brincando! – Ele respondeu, segurando minhas duas mãos e gargalhando.
- Isso não foi engraçado! – Sai de cima dele e peguei uma roupa que me deu, fui até o banheiro e me vesti, voltei para o quarto enquanto penteava meu cabelo e o ouvir perguntar:
- E os livros da escola?
- Pego na biblioteca.
- E o caderno para anotar?
- Pego um da ou do Sebastian. – Coloquei a mochila nas costas e vi levantar, rapidamente, o olhar pra mim.
- Quem é Sebastian? – Ele perguntou, grosso.
- Meu parceiro de história. – Respondi, dando de ombros.
- Ah, certo, vamos! – Ele pegou duas chaves e saímos. Fomos até a garagem e entramos no carro.
- .
- Sim?
- Se arrepende de ontem? – Vi ele morder o lábio inferior e fechar os punhos contra o volante.
- Não, e você? – Fitei o chão do carro e fingi mexer na mochila.
- Pra falar a verdade, não. Faria tudo de novo. – Sorri, involuntariamente e senti colar nossos lábios. Ele parou em frente a minha escola, saí do carro e fui até a janela do seu lado.
- Sabe, , mesmo bêbado, você tem razão, sua experiência nunca falha. – ri junto a ele.
- O que quer dizer com isso? – Ele arqueou as sobrancelhas e me lançou um olhar galanteador, olhei ao redor e várias garotas e garotos me encaravam, me encolhi, com medo. – O que foi?
- Tenho dezessete! Parece que você tem um bom conhecimento. – Ele saiu do carro, segurou minha cintura e me beijou.
- Eu disse que eu tinha experiência. – Ele sussurrou no meu ouvido.
- Vamos nos ver de novo? – Perguntei, encarando seus olhos.
- Quando você quiser, bela dama. – me separei dele e falei:
- Adeus, estranho.
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