Quando meus olhos conseguiram permissão do escuro para enxergar a minha volta e eu finalmente tomei coragem para isto, vi-me deitada por sobre um grande altar de pedra. Era algo extremamente desconfortável, mas naquele momento conforto não era prioridade.
Eu estava amarrada por algum tipo de corda, de forma que eu sequer podia hesitar sair. O frio tomava conta de meu corpo nu e eu via cada parte minha tremer, pedindo incansavelmente pelas roupas de couro que, antes de fechar meus olhos, eu vestia.
Num olhar mais perceptível a minha volta, vi algumas pessoas e suas respectivas velas, todas trajando uma capa preta que cobria seus rostos.
Estava encurralada contra o meu medo, a cada instante mais presa. Sabia, eu era a vítima.
Uma luz surgiu no canto oposto da sala, não era uma luz forte, mas para olhos acostumados com aquela iluminação, sim. Tive uma cegueira momentânea. E quando finalmente pude voltar a enxergar algo, vi um trono com algumas pedras brilhantes de acolchoado vermelho.
O homem ali sentado, assim como os outros ao redor, usava um capuz preto, mas era o único a deixar a mostra sua inconfundível marca na testa: o sinal da cruz ao contrário. Que tinha um brilho esverdeado, de ferida nova.
Ao se levantar, esse mesmo homem fez com que todo o resto se ajoelhasse, o que me fez entender que ele era algum tipo de líder. Em passos lentos, ele veio em minha direção.
Senti sua mão tocar levemente meu rosto, começando do queixo e indo até a testa repetidas vezes. Um toque tão frio quanto o que eu sentia ali.
Seus olhos pareciam vidrados aos meus, num reflexo eu pude vê-los brilharem em vermelho. E como se soubesse o que eu por dentro pedia, ele tirou aquele maldito capuz.
Cabelos rebeldes e , camiseta de banda e uma calça de couro tão apertada quanto era a minha, o que o meu estava fazendo ali?
- Boa noite, querida. - sussurrou em meu ouvido, afastando um pouco seu rosto em seguida, de forma que eu pudesse ver sua transformação. E de pouco em pouco, fui descobrindo quem realmente era .
Seus olhos vermelhos e presas já não eram um segredo. Mas o que mais me assustava era como eu ainda estava fascinada por tão grotesco ser.
Então ele sorriu para mim, dando uma breve olhada para trás e fazendo um gesto de afirmação com a cabeça. Seus súditos ergueram suas velas para o alto e em coro clamaram algo numa língua desconhecida, que fazia querer sangrar os meus ouvidos. Eu sabia o que eles queriam, mesmo não entendendo suas palavras, eles clamavam por eliminação e eu era o sacrifício.
voltou a se aproximar e tocou seus dentes em meu pescoço, enquanto eu revirava meu corpo inquieto em busca de uma saída. Suas presas afundaram em mim e quando encontraram o que procuravam, eu entrei num sono profundo do qual jamais sairia viva.
| FIM |
N/A: Estava louca para me aventurar nesse tema vampiresco outra vez. Sou apaixonada por esses seres frios, egoístas e famintos. E aqui está o resultado! O título da fic é de um trecho da canção “Children Surrender” do Black Veil Brides. Espero que tenham gostado... XOXO