So I Drive III - Iris
Fic by: Nara Prestes | Beta: Flávia C.

Sim, meus anos passaram novamente. Mas desta vez senti e aproveitei cada dia vivido. No início, o desespero e a dor tomaram conta de mim e eu achei que não conseguiria passar por isso. Bobagem.
O tempo foi passando e quando dei por mim eu tinha uma nova vida, eu era uma nova pessoa.
Outra sem o . Sem o melhor amigo, sem o amante. Hoje, três anos após sua partida, eu já consigo voltar às memórias daquele dia sem me desfazer em lágrimas. Ainda causa em mim pequenas fisgadas da antiga dor, mas não é nada. Já posso me lembrar de como doeu ver a casa vazia, apenas um bilhete curto e subliminar. Da dor em meu peito eu jamais esqueceria ou de como eu levei horas pra conseguir sair de lá para nunca mais voltar.
Sacudi a cabeça no intento de me livrar desses pensamentos. Com o celular na mão e os fones nos ouvidos me dei conta do motivo dessas lembranças terem me invadido neste momento. Era a nossa música que os foninhos gritavam para mim.
A mesma que ele usou para se despedir de mim naquele maldito bilhete.
Bilhete esse que continua guardado junto a mim, dentro da carteira. Uma lembrança de algo a se esquecer.
Sem pensar duas vezes mudei de música, apertando o botão várias vezes até encontrar uma música animada que em nada me lembrasse DELE. Coloquei o celular novamente no bolso e segui meu caminho até em casa.
Agora eu sou uma mulher formada. Uma advogada com muito trabalho pela frente. Por comodidade, preferi sair da casa dos meus pais e aluguei um apartamento próximo ao escritório onde trabalho, de onde eu sempre voltava, ou ia, caminhando pelas ruas nem tão tranqüilas do centro da cidade.
É uma boa técnica para esvaziar a mente. Quando a música errada não aparecia para me fazer pensar em coisas que não devo.
Com mais alguns poucos minutos de caminhada, cheguei ao meu prédio. Enfim a semana de trabalho havia acabado e eu teria um fim de semana para relaxar antes de voltar à correria do trabalho. Eu ainda não tinha planos, mas faria algo. Sem chance de ficar em casa pensando no que não posso.
Larguei a bolsa na cama assim que alcancei meu quarto e tirei os sapatos.
Ser uma advogada não era tão legal quanto eu imaginei quando comecei a faculdade. Não pelo trabalho em si, mas pelas malditas roupas sociais. Nunca fui muito de usar saltos ou camisas. Mas por sorte ainda consigo fugir das saias sociais horrorosas.
Mas depois de uma semana inteira usando esses instrumentos de tortura, vulgo saltos e roupas sociais, eu queria a máxima distancia possível disso tudo.
Deixei um rastro de roupas no caminho até o banheiro, onde enfim pude me deliciar com um longo, quente e relaxante banho. Outra grande vantagem de morar sozinha é isso de não ter ninguém gritando por causa das roupas jogadas pela casa ou reclamando por eu andar apenas de toalha até o quarto, como fiz agora.
Sentei em minha cama ainda de toalha pensando no que fazer nessa sexta à noite.
Acabei perdendo muito tempo pensando nisso e afinal não decidi nada. Vestiria-me com alguma roupa que eu gosto e sairia por aí. Apenas adiei a decisão porque eu precisava sair dali logo. Eu sempre odiei ficar parada.
Abri meu guarda roupa e não demorei nada pra me decidir quanto à roupa. Era óbvio.
Uma calça jeans preta justa, uma blusa cinza com um decote razoável e mangas ¾, uma bota baixa preta no estilo coturno e minha ainda inseparável jaqueta de couro.
Quando me olhei no espelho eu vi a mesma imagem que eu sempre via anos atrás, quando tudo era diferente. Sorri de forma sarcástica para a imagem refletida. Já que me vesti como a antiga , vamos fazer a coisa completa, pensei comigo mesma.
E com esse pensamento passei o lápis negro nos olhos, o rímel alongando ainda mais os cílios e nos lábios o indefectível batom vermelho sangue. Sorri novamente para a garota no espelho.
Passei um pouco de perfume, coloquei o celular e a carteira no bolso da jaqueta e peguei as chaves em cima da mesinha da sala.
O meu segredo, que às vezes é segredo até de mim mesma, é que eu nunca pude deixá-lo ir totalmente, eu não poderia viver num mundo onde não estivesse próximo a mim, mesmo que apenas de algumas formas bobas. Então eu fiz com que eu fosse mais como ele.
Ou como se ele fizesse parte de mim, o que era verdade.
Na minha vaga da garagem estava estacionada uma Harley Davidson exatamente igual à de .
Subi na moto e dei a partida. Aquele som sempre me lembraria dele. Mesmo que nessa moto já tenham andado vários homens. Mesmo que pela minha vida tenham passado amigos, amores, desamores.
Senti o vento bater em meu rosto quando ganhei as ruas da cidade. Estas já estavam bem mais vazias do que quando eu estava a caminho de casa. Sorri e acelerei. Quanto mais rápido melhor. Meus pensamentos voavam junto com meus cabelos, e por um momento eu vi os últimos três anos da minha vida passar diante de mim.
Depois que me curei o suficiente da partida dele, voltei a sair e a viver. Afastei-me, pouco a pouco, dos amigos que tínhamos em comum, já que estes tinham a irritante mania de me perguntar sobre ele. Eu não sabia nada, assim como eles. Mas eles insistiam.
Conheci novas pessoas, novos lugares. Aproximei-me de pessoas da faculdade e logo eu tinha um novo romance, complicado e perfeito pra mim. Durou pouco, mas era a prova de que eu podia viver e me apaixonar. Claro que aos poucos notei que eu jamais me entregaria a ninguém com a intensidade com a qual me entreguei ao meu melhor amigo, mas ainda assim eu podia viver.
Jamais pense que eu não vivi depois dele. Não sou esse tipo de mulher. Eu vivi e vivo cada dia, sem ele. Parei num semáforo e me lembrei de ver que dia era hoje.
Eu tinha uma vaga noção do motivo de estar me permitindo pensar tanto nele.
Puxei rapidamente o celular do bolso e olhei a data. Sim, eu estava certa. Hoje faz três anos exatamente que aquele idiota me deixou aquele maldito bilhete grudado na porta de sua casa vazia. Três anos que ele sumiu e nunca mais me deu noticias.
Ele desativou o celular, procurei pela mãe dele, mas nunca encontrei, tentei até mesmo os outros caras da banda, que eu soube dias depois que também tinham se mudado, mas nenhum deles atendia ao celular. Maldição. Coloquei o celular novamente no bolso e então eu sabia para onde ir.
Desde que ele se fora eu não me permitia pensar muito nele ou nas nossas coisas. Apenas uma vez por ano, no aniversário de sua partida, eu me deixava ser aquela novamente. E dessa vez não seria diferente.
Senti o asfalto passar cada vez mais rápido sob as rodas da moto e logo me vi parando a moto em frente ao bar que costumava ir com aqueles antigos amigos. Me julguem, mas ainda tento evitar pensar que eu vinha aqui com .
Estacionei praticamente em frente à entrada do bar, onde era seguro o suficiente para que eu não ficasse pensando nisso enquanto bebia lá dentro. É, sou o exemplo de responsabilidade, bebendo e pilotando. Mas e daí? Eu poderia me defender sozinha. Ou subornar o policial, de todas as formas possíveis, se é que me entendem.
Desliguei a moto, desci e tirei o capacete. Permiti-me um momento de garota, me abaixando à altura do espelho retrovisor da moto, arrumei o cabelo, que estava ao sabor do vento enquanto eu corria loucamente pelas ruas até aqui. Quando me dei por satisfeita e tudo estava no lugar, cabelo e maquiagem, levantei e me virei, pela primeira vez, para a entrada do bar.
“Wow” foi o que pensei, estava bem mais cheio do que eu imaginava. Mas a verdade é que eu nem havia me dado ao trabalho de pensar ou imaginar como estaria esse maldito lugar.
Mesmo depois de tantos anos esse bar continua exatamente igual, é incrível isso. A mesma decoração simples que eu adoro e praticamente as mesmas pessoas trabalhando ali. Sem contar que muitos dos freqüentadores que estavam ao alcance de meu olhar eram os mesmos de antes.
Paguei a entrada, depois de ser calorosamente recebida pelo garoto que me atendeu. Ele era bem mais jovem que eu, mas trabalhava lá desde que eu conseguia me lembrar. Entrei e havia algumas pessoas ali dentro já, mas a grande maioria estava ainda concentrada do lado de fora do local. Ainda era cedo.
Acenei brevemente para a garota do bar, que era minha amiga desde antes de toda essa minha história louca de vida começar, e sentei em uma mesa com uma excelente visão do palco. Não é como se eu realmente ligasse para a banda que tocaria, que, aliás, eu nem sabia qual era, mas ocupei essa mesa em específico porque era sempre nela que nos sentávamos antigamente.
Tirei minha jaqueta e deixei-a no banco para enfim me dirigir ao balcão do bar, alguns passos para trás da minha mesa.
- Hey Lara! - Chamei a garota que estava arrumando algumas garrafas nas prateleiras no fundo do bar.
- !? - Ela virou, parecendo absolutamente surpresa por me encontrar ali, mesmo que eu já tivesse acenado para ela antes - Achei que não veria mais você por aqui.
Ela largou o que fazia e curvou-se sobre o balcão para me abraçar da forma mais desajeitada do mundo, mas ainda de uma forma maravilhosamente calorosa.
- Você sabe que eu apareço quando quero! - respondi me soltando do abraço e voltando a me apoiar normalmente no balcão, depois de olhar por cima do ombro para verificar se minhas coisas continuavam no mesmo lugar que deixei.
Ela riu um pouco comigo e então me perguntou:
- Vai beber o que hoje, meu amor? - sempre adorei o modo carinhoso e íntimo que ela me trata.
Pensei por um momento e então respondi:
- Uma cerveja, por enquanto.
- Já levo pra você, tá? - Ela respondeu rápido, já que havia mais pessoas esperando para serem atendidas e aparentemente ela estava sozinha.
Acenei afirmativamente com a cabeça e voltei para minha mesa. Sentei tranquilamente e fiquei a observar as pessoas ao meu redor, apenas para passar o tempo e ocupar a mente.
O lugar ainda era fortemente freqüentado por adolescentes com suas roupas pretas, muito couro e os cabelos em geral longos e revoltos. É algo que acho absolutamente familiar até hoje.
Eu me sentia particularmente à vontade entre eles. Mesmo quando eu sabia que muitos daqueles olhares deles eram dirigidos a mim. Alguns curiosos pelo fato de eu não ter muito em comum com as outras garotas presentes, mas a grande maioria me olhava com certa... Cobiça?
É, era isso mesmo. Bem, eu tinha que admitir que eu estava chamando muito mais a atenção masculina do que aquelas menininhas com decotes exagerados e roupas vários números menor do que elas.
Mas ainda assim nenhum deles teve coragem de se aproximar. Bem, eu não posso culpá-los, já que eu não estava com a minha expressão mais amigável.
Eu estava absorta nestes pensamentos e quase pulei da cadeira quando alguém colocou uma garrafa e um copo na minha mesa. Levantei os olhos, esperando encontrar Lara ali, provavelmente rindo do meu susto. Mas não era ela, então eu apenas sorri meio desajeitada pelo susto para o garoto a minha frente.
Permiti-me uma análise curta dele. Não era excepcionalmente alto, alguns centímetros a mais que eu apenas, loiro, nas orelhas alargadores e era visível pela gola de sua camisa uma tatuagem no peito. Atraente, realmente atraente. Por milagre da natureza ele parecia ter a mesma idade que eu, talvez até um ou dois anos mais velho.
Ele retribuiu meu olhar e eu fiquei um pouco sem graça. Eu havia sido pega em flagrante. Eu tinha certeza que estava ficando vermelha. Isso é tão constrangedor. Ele sorriu para mim, daquela forma meio torta. Um perfeito sorriso cafajeste.
Quando eu finalmente retribuí o sorriso dele na mesma intensidade ouvi a voz de Lara gritando acima da música que tocava. Ela gritou um nome, e eu percebi que era o garoto que estava comigo que ela estava chamando.
Obrigado, Lara. Agora eu sabia o nome do garoto. E eu pretendia pegar com ela o contato dele. Não poderia perder essa chance. Apenas essa noite.
Depois que essa noite passasse eu voltaria ao normal, sem melancolia nenhuma, e poderia me divertir com o tal Harper.
Com a saída dele eu deixei que os pensamentos saíssem também e peguei o copo cheio que estava em minha frente.
Tomei um grande gole da cerveja e contive uma careta. Nunca foi minha bebida preferida.
Mas era a DELE.
E ao me lembrar dele, como se fosse mais uma ironia do destino, começou a tocar uma das músicas que ele mais tocava com sua banda, uma que ele sempre se vangloriava por saber tocar.
Não senti a mínima vontade de sorrir para essa lembrança. Eram lembranças demais para esta noite. Mentalmente bloqueei o som da música em meus ouvidos e me concentrei unicamente em minha bebida.
Uma hora se passou e o palco já estava arrumado e os instrumentos da banda que tocaria já estavam todos lá. O copo em minha frente não continha mais cerveja e sim minha bebida favorita: Whisky. Eu estava bem menos melancólica agora, resultado da boa bebida em minhas mãos.
Vários conhecidos haviam passado pela minha mesa e tivemos algumas conversas. Mas eu estava novamente sozinha. Eu preferia assim.
Virei o ultimo gole da bebida e me levantei, indo em direção ao bar, esperei até a Lara me dar atenção e trazer a garrafa de Jack Daniel’s para reabastecer meu copo. Ouvi, às minhas costas, o som dos instrumentos sendo ligados e o barulho do teste das cortas e tambores da bateria. A banda enfim estava no palco. Meu copo já estava mais do que cheio e ela parecia não ter notado, então parei sua mão, colocando a garrafa no balcão e perguntei, quando notei que ela estava estática e pálida em minha frente, sem nem ter notado que eu havia tirado a garrafa de suas mãos.
- O que foi? Parece que viu um fantasma - tentei usar a famosa piadinha para tentar fazê-la voltar ao normal, mas ela apenas olhou pra mim e apontou, com a cabeça, o palco.
Eu ainda estava meio sorrindo quando me virei, mas senti o sorriso escorregar dos meus lábios e se quebrar em milhares no chão quando meu cérebro processou quem meus olhos estavam vendo, no mesmo momento que meus ouvidos foram invadidos pela maldita voz:
- Boa noite a todos! - Uma frase simples dita pelo vocalista da banda da noite. Mas o filho da puta no palco não era qualquer vocalista.
Era . O , aquele mesmo que sumiu no mundo e me deixou de coração quebrado, o mesmo que mudou minha vida e se tornou parte de mim, mesmo a sabe deuses quantos kilometros de distância de mim.
O filho da mãe que justo naquela noite fazia três anos que havia partido.
No momento que o vi, eu me tornei uma verdadeira bagunça interna. Vê-lo ali naquele palco onde ele tocava quase todo final de semana quando ainda tínhamos uma vida lado a lado. Mas eu não era mais a mesma garota. Voltei-me para o balcão novamente, peguei meu copo super cheio graças ao estado da Lara ao vê-lo em cima do palco, sorri para minha amiga e voltei calmamente para minha mesa. Eu queria correr, xingar, gritar e mais muitas coisas, mas apenas me sentei e tomei um gole da minha bebida. Eu era a máscara perfeita, claro. Ele havia me ensinado isso também.
Ele não tinha me visto ainda mas logo veria, minha mesa era perigosamente perto do palco e em um lugar de perfeita visibilidade. Estava me amaldiçoando por ter escolhido essa mesa, afinal.
Todos os meus conhecidos que estavam no bar pareciam ter se concentrado próximo a minha mesa. É claro, todos esperavam a minha reação. Provavelmente estavam esperando que eu chorasse ou que corresse para os braços dele.
Grandes tolos, isso sim.
Continuei bebendo calmamente enquanto olhava pra todos eles no palco. Estavam mudados, claro, mais adultos e talvez um pouco melhor vestidos do que nos tempos da nossa adolescência, mas pelo que eu pude perceber ainda eram o bando de idiotas que eu acostumei a conviver e aprendi a amar.
Sei que eu apenas narro a falta que sinto de , mas que fique claro que sinto também uma saudade maldita de todos os outros meninos. E uma raiva absurda também, por eles terem ido embora e nunca me dado nenhuma notícia. Nem mesmo uma sms.
Assim que começaram a realmente tocar o som dos instrumentos deles invadiu meus ouvidos, mas acima dos instrumentos veio a voz de . Malditamente melodiosa, capaz de tocar minha alma com cada palavra que sai de sua boca, mesmo as músicas que nada tem de romantismo. O sentimento que ele canta, eu sinto automaticamente. E ao olhar as pessoas a minha volta eu cheguei à conclusão, a mesma conclusão que cheguei há muitos anos atrás quando o ouvi cantar em publico pela primeira vez, que não era eu a única afetada por sua voz. Todos estavam envoltos naquelas notas.
Foi durante a segunda música que eles tocaram, estava esquadrinhando o local com os olhos, talvez a procura de conhecidos, pois cada vez que ele passava os olhos sobre algum ele fazia algum pequeno gesto de reconhecimento. E então os olhos dele estavam nos meus, assim, de repente.
E quase errou a letra, eu percebi. Mas foi quase. Percebi também o maldito sorriso de lado que por tantos anos eu amei, e secretamente ainda amo, brotar em seus lábios. Esse sorriso era quase sempre destinado a mim. Eu quase sorri de volta da mesma forma, agora que o sorriso dele era meu também, um espelho de em mim. Mas foi um quase também.
E cada música antiga que eles tocavam, ele olhava pra mim. Ele sabia que eu amava as músicas deles. E eu já não estava nem aí, toda minha pose de intocável deixada momentaneamente de lado, cantava a plenos pulmões, pulava e até mesmo sorria em algumas músicas. Era um momento do meu passado no meu presente. Lembranças doces em meio ao meu mar amargo.
Quando terminaram mais uma canção, depois de muito mais de uma hora de show, pegou o microfone e esperou para falar com o público, depois de ter trocado a guitarra por um violão. Violão esse que era maravilhoso, diga-se de passagem.
- Valeu, pessoal! Não tem coisa melhor do que voltar a tocar aqui depois de tanto tempo fora de casa - houve gritos dos idiotas presentes no bar. Eu sempre os classificaria como idiotas, claro. No meu mundinho pessoal, eram quase todos idiotas. esperou calmamente que parassem com a gritaria para que ele pudesse continuar - E mesmo estando apenas de passagem nós estamos em casa, mesmo. - E ao falar isso ele olhou pra mim, e eu apenas observei, levemente curiosa com o rumo que esse falatório tomaria - Agora vamos tocar a última música da noite - Mais barulho do público, e desta vez até eu quis fazer um “Ahh” desanimado, mas obviamente não fiz. Lembre: Fria e inalcançável. - A gente programou tocar uma música que diz muito sobre meu passado com uma pessoa - Olhou fixamente pra mim, e a essa altura eu sabia que estava sem graça. Eu tinha toda a atenção da banda e do público. Eles sabiam quem eu era. - Mas eu não contava que ela estaria aqui, e é provável que ela realmente me mate se eu tocar essa música - Ele sorriu, meio sem graça. Ainda bem que mesmo depois de tanto tempo ele ainda sabia o risco que corria comigo. Eu sorri de lado, sozinha - Então tocarei outra, uma que eu escrevi pra ela.
Um segundo de silêncio se fez no local. Ele respirou fundo e, me olhando, falou:
- Querida - naquele maldito tom irônico que ele sempre usou pra me chamar. Era comigo mesmo, não tinha erro. - espero que com essa você compreenda um pouco de tudo.
Ao fim da frase, ele não me olhava mais, olhava para o violão. Estava claro que ele não conseguiu sustentar o meu olhar. Eu o olhava com todos os meus sentimentos revoltos expostos. Eu deixei que ele visse o que ele fez, por meros instantes. Mas quando ele começou a tocar as primeiras notas no violão, meus olhos já estavam inexpressivos novamente, eu não sabia por quanto tempo. Era uma música que eu não conhecia. Deixei-me embalar pela letra e pela voz de que estava carregada de sentimento.
Cada palavra trazia pra mim os sentimentos daquele bastardo. Eu sabia que iria chorar no momento em que a letra fez sentido em meus ouvidos.
Muitas partes da música ele tocou olhando pra mim, no fundo dos meus olhos, que eu lutava para manter secos e inexpressivos. Mas acho que falhei miseravelmente várias vezes.
Eu me permiti envolver pela música, mas quando as últimas notas da música morreram no vazio eu já havia voltado ao normal. Sequei as poucas lágrimas que escorreram de meus olhos e levante, virando o restante do conteúdo do meu copo rapidamente em minha boca. Peguei minha jaqueta e o copo e me virei. Eu não o perdoaria apenas porque ele fez uma música bonita. Não que ele tivesse exatamente pedido perdão.
Deixei meu copo, agora vazio, no balcão, acenei rapidamente para Lara e fui em direção a saída, ignorando solenemente todas as pessoas em meu caminho.
Quando eu estava quase na porta, quase livre de toda aquela maldição, uma mão segurou meu braço, nem tão delicadamente quanto eu gostaria, me impedindo de concluir meu plano de fuga rápida.
“Maldito”. Eu nem precisei me virar para saber de quem era a mão que segurava meu braço daquela forma rude. Sua presença era única e inconfundível. A mão em meu braço era de...
- ... - Deixei que o final de meu pensamento saísse em voz alta, dizendo o nome dele. Nome que eu tentei por tanto tempo não dizer. Eu ainda não o olhava diretamente.
- , temos que conver... - Eu deixei que meus olhos subissem para encarar os dele, e sem deixar que ele terminasse de falar essa asneira, o interrompi.
- Conversar? Não há nada para conversar - eu queria fingir que não sentia nada por tê-lo tão perto, mas não poderia. Nem mesmo se eu tivesse mil anos pra aprender a esconder isso. Portanto eu não queria conversar. E se eu não poderia fugir dele, coisa que estava bem nítida com a mão dele ainda me segurando, eu iria apenas agir. Eu não precisava e, definitivamente, não queria as palavras inúteis de .
- Você precisa entender porque eu fui embora... - Ele estava quase suplicante agora, ali na minha frente falando com uma voz que deveria, supostamente, me convencer a fazer tudo que ele quer.
- Nada mais importa, . - Eu disse, sorrindo, a mesma frase no bilhete. Aquele bilhete.
Ele estava prestes a protestar e tentar ter a conversa que eu decididamente não queria ter, então deixei que meus impulsos tomassem as rédeas e o calei.
Cobrindo os malditos lábios inquietos dele com os meus.
Beijar depois de anos, por impulso, foi como voltar para casa. Poderia ter sido mágico se a partida dele e os anos sem noticias não tivessem me feito mais dura e indiferente. Mas ainda foi incrível, como era de se esperar.
As mãos dele em minha cintura, enquanto eu apenas passei uma de minhas mãos em seu ombro provavam que ele havia amolecido naquele momento. E talvez durante os anos que esteve longe, enquanto eu endureci pelo sofrimento, ele amoleceu. Pela primeira vez era ele que estava em minhas mãos e não o contrário.
Senti uma parte minha se agitar, fazendo um sorriso malvado passar pela minha mente junto com um pensamento agradável onde eu mataria a saudade daquele maldito e me vingaria ao mesmo tempo.
Eu já não tinha apenas bons sentimentos para ele. Os anos me deram muitos motivos para isso.
E tudo isso aconteceu enquanto nos beijávamos no meio do bar. Espalmei a mão no peito dele, interrompendo o beiro e empurrei-o levemente. Abri os olhos e vi ele me dirigir um olhar assustado, era claro o medo que ele tinha de que eu o rejeitasse, ele parecia ter medo de que eu tivesse acordado e agora fosse o momento em que eu daria um belo tapa em seu rosto. Isso fez meu coração falhar um pouco e um cantinho dele pulsou, quente em meio ao gelo que eu deixei envolver os meus sentimentos. Ele estava com medo de perder. Então era assim que ele via os meus olhos quando eu sentia esse medo?
Afastei esses pensamentos quando o peguei pela mão, começando a puxá-lo para fora do bar. Ele me acompanhou em silencio e senti seus dedos apertando levemente os meus, segurando com certa firmeza minha mão na dele.
O ar frio do lado de fora causou um pequeno choque em meu corpo, assim que parei ao lado de moto, onde o vento estava mais forte.
Só então eu me virei para . Ele olhava praticamente encantado para a moto.
Eu sabia que ele não usava mais a dele, principalmente em viagens com a banda. Ele nunca me deu noticias, mas eu sempre dei um jeito de descobrir as coisas, e de forma quase sobrenatural as noticias sobre ele e a banda sempre chegavam até mim. Mesmo quando eu não queria mais.
Vendo o olhar dele eu me permiti dizer a verdade.
- Eu sempre amei a sua moto - okay, talvez eu tenha dito apenas parte da verdade. Porque, por mais que eu amasse a moto dele, eu poderia ter comprado outro modelo mais novo ou até mesmo mais bonito, mas não. Comprei exatamente igual à dele, pois isso me fazia sentir mais perto dele. Ridículo, novamente.
Ele sorriu. Aquele maldito sorriso que mostrava que ele sabia da parte que eu não havia verbalizado. A outra metade da verdade. Ele sempre sabia, claro. Da mesma forma que eu sempre sabia quando ele escondia uma parte da história. Era nossa sina.
Mas como ele ainda tinha receio que eu fosse embora do nada ou acordasse de algum tipo de transe maluco, ele ficou quieto.
Sorte minha que o segundo capacete, raramente usado, estava na moto naquela noite. Tirei-o da moto e estendi para ele. Quando ele demorou pra pegar, eu o olhei. E o idiota estava me encarando praticamente com um ponto de interrogação no lugar da cara. Patético, , por favor. Eu tive que girar os olhos diante disso.
- Pegue logo essa bosta de capacete, .
E então ele era novamente o de antes.
- Estúpida. - E pegou o capacete da minha mão, mas foi apenas para colocá-lo novamente em cima da moto. Então se virou para mim e abriu a boca para falar algo.
Será que ele não entendeu que eu não estou interessada em suas desculpas? Eu não quero ter essa conversa. Nem antes, nem agora e nem nunca, se possível.
Eu sabia que estava sendo teimosa e ridiculamente infantil ao empurrar isso pra longe, mas eu não queria me permitir ter ilusões com a volta dele. Eu não poderia me enganar agora. Ele não deveria ter mais nenhum poder. E eu só conseguiria isso, eu achei, deixando as conversas pra nunca mais.
Como a melhor forma de fazê-lo calar a boca no momento era beijando-o, foi o que eu fiz.
Não que isso tenha sido qualquer tipo de sacrifício.
Eu queria beijá-lo. E o fiz sem reservas. Eu sabia que ele iria embora pela manhã e eu ficaria, provavelmente, sofrendo. Mas se fosse para alguém sair magoado pela manhã, que não fosse apenas eu. Eu queria aproveitar o que eu tinha agora. Enquanto eu o beijava para calar suas explicações eu me perdi em pensamentos e enfim me dei conta e me permiti pensar que eu nunca, nem por um dia nesses três anos, eu deixei de amar o idiota a minha frente. Eu não o odiei realmente nem por um segundo. Eu não havia esquecido nada dele, nenhum detalhe. Nem mesmo os detalhes pequenos como as pequenas marquinhas em seu rosto ou como o sorriso dele era sempre tão brilhante.
Eu sou uma completa idiota a beira de fazer algo terrível, mas eu estava decidida. Fui eu a interromper o beijo, novamente. Dei meu melhor sorriso de lado, treinado ao longo dos anos para ser exatamente igual ao dele e peguei o capacete sob moto e estendi para ele novamente. Desta vez ele pegou sem reclamar, mas me olhava com curiosidade. Estava provavelmente se perguntando pra onde eu o levaria.
- Não me venha com perguntas, - eu disse enquanto colocava o capacete.
- Eu não perguntei nada, .
E colocou o capacete também.
Eu estava com a habitual dificuldade com a trava do capacete. Eu nunca criei essa habilidade, é incrível.
Como se não tivesse passado nenhum dia desde a ultima vez que ele fechou a trava do meu capacete, antes de sairmos de sua casa anos atrás, ele estendeu a mão e fechou para mim exatamente da mesma forma que antes. Seus dedos roçando levemente em meu pescoço, enviando choques pelo meu corpo com esse simples toque. Até mesmo meu corpo sentia falta dele.
Como se nenhuma dessas sensações tivesse me atingido eu subi na moto e esperei que ele fizesse o mesmo.
Em poucos segundos estávamos nas ruas, as mãos dele em volta da minha cintura, acariciando maliciosamente a pele de minha barriga, por baixo da jaqueta, ameaçando subir até meus seios ou então descer até o meio das minhas pernas. Esse filho da mãe estava realmente me desconcentrando. Eu já nem sabia mais pra onde eu estava indo, eu pilotava automaticamente enquanto me permiti aproveitar o toque das mãos geladas dele em minha pele quente. Os dedos dele roçando abaixo de meu sutiã e logo em seguida brincando com a beirada da minha calça. Acho que até ele percebeu que eu não sabia mais pra onde estava nos levando.
- Vire a direita aqui. - Ele disse alto o suficiente para que eu o escutasse acima do vento. Eu nem tive vontade de pensar, estava concentrada demais, portanto apenas obedeci.
Ele foi me dando coordenadas até que me mandou parar em frente a um hotel.
Não era dos melhores, mas pelo menos não parecia nenhum pulgueiro.
Desliguei a moto e no momento que as mãos dele me deixaram eu me senti abandonada, mas ao mesmo tempo minha consciência pareceu voltar ao lugar e eu queria saber o que diabos eu estava fazendo ali.
A minha intenção era me manter no controle da situação, mas eu não sabia mais nem onde estava. E se for falar bem a verdade eu não me lembrava nem do caminho que fizemos, eu estava mais concentrada nas sensações que ele me causava.
Ele já havia descido da moto e tirava o capacete e eu nem se quer havia me movido para fazer o mesmo.
- O que estamos fazendo aqui?
Não que eu não tivesse uma breve idéia, mas porque AQUI?
- Estou hospedado aqui. Vamos subir.
Oh, claro. Será que poderia ser mais lerda? Com esse pensamento e me chutando mentalmente eu tirei a chave da moto e sai de cima desta. Sem que eu precisasse pedir, e não é como se eu fosse realmente fazer isso, ele esticou a mão e abriu a trava no meu capacete, ele mesmo o tirando de mim, com uma mão, enquanto a outra estava me puxando pela cintura. Assim que me vi livre daquela porcaria que eu sempre odiei, vulgo capacete, senti seus lábios chocando-se contra os meus com um desejo e voracidade que eu não esperava. Não que eu tivesse esquecido a maneira que ele me beijava, não. Eu sonhava com isso todas as noites, mesmo quando não me permitia admitir isso nem para mim mesma.
Se eu desse um pouco mais de corda àquele beijo, logo estaríamos os dois fazendo sexo em cima da moto, no meio da rua mesmo. Mas como eu prefiro conservar minha imagem e, como advogada, eu sei que isso é crime, mesmo que agora não me recorde exatamente qual, eu não me deixei empolgar tanto. Ele mesmo interrompeu o beijo desta vez. Parece que não fui só eu a perceber onde acabaríamos caso continuássemos naquele beijo. Ele me pegou pela mão e entramos. Ele nem se deu ao trabalho de parar ou mesmo olhar para a garota no balcão da recepção, e passou direto para as escadas.
Escadas. Sem elevador. Malditos hotéis de beira de estrada. Não que estivéssemos realmente em uma beira de estrada, mas a qualidade era parecida. Subimos as escadas em silencio. Talvez ele tenha enfim aceitado o fato de que eu não queria conversas, e eu agradeço muito isso.
Até porque nunca foi muito de insistir. Ele perguntava algo, se você queria deveria dizer “sim” direto. Ele não era muito bom com gente que fazia drama ou charminho. Ele não considerava isso.
Chegamos à porta do que eu tinha certeza ser o quarto dele, no segundo andar. Graças a todos os Deuses que conheço, minha jornada pelas escadas foi apenas até ali. Se fosse mais longe, eu com certeza mataria .
Quarto numero 206, eu me lembraria disso para sempre, eu tenho certeza. Esperei ele abrir a porta com pouquíssima paciência. Se eu começar a pensar e deixar que as sensações em meu corpo passem é provável que eu perca a coragem de ir até o final nisso. Já que, provavelmente, essa é uma das piores idéias que já tive.
E olha que eu sou recordista nessa modalidade.
não parecia estar com pressa, já que estava entrando vagarosamente no quarto. Por favor, minha paciência tem limites. E meus hormônios parecem não ter. Com essa combinação eu simplesmente empurrei-o para dentro, fechando a porta com o meu corpo enquanto o puxava, sentindo o corpo dele se chocar com o meu, beijando-o com toda a minha vontade. Eu o senti sorrir daquela forma torta, mesmo com os lábios colados aos meus. Eu quase podia ouvi-lo pensar “Apressada!”.
Pelo menos ele não parecia disposto a se fazer de santo. Algo que não havia mudado, e provavelmente nunca mudaria nele. As mãos dele rapidamente abriram minha jaqueta e a jogaram longe. Acho que ele queria fazer isso desde que me viu com ela hoje mais cedo. Minhas próprias mãos fizeram o mesmo com a jaqueta dele, e então eu conseguia sentir, mesmo que por cima do tecido da camisa dele, o calor de seu corpo, as curvas do peitoral e abdômen que eu sempre admirei por ser naturalmente definido. Aproveitei pra passar as mãos pelas costas dele, pelas quais eu sempre tive um amor especial, correndo pelos braços sempre magros mas fortes e deixando que elas parassem na barra da camisa dele.
Estava escuro no quarto, não nos demos ao trabalho de acender a luz. A única luz era a que vinha da janela. Não, não era da lua, como um clichê pediria. Era a luz do poste da rua. O que não era importante.
Mesmo à meia luz, eu podia vê-lo. Mesmo que ele estivesse grudado em meu corpo, suas mãos subindo e descendo, brigando com a minha blusa, eu podia ver seus cabelos, agora mais longos do que quando ele foi embora, eu podia ver, mesmo que mais pela memória do que pela visão realmente, as marcas em seu rosto, seus cílios longos e que eu sempre achei incrivelmente lindos. E meu peito se aquecia com isso. E eu deveria parar de pensar assim.
Deixei esses pensamentos de lado e me permiti apenas concentrar nas sensações que as mãos de , agora embaixo de minha blusa, estavam me causando.
Em instantes ele cansou da minha blusa e foi levantando-a lentamente, como se estivesse me dando a opção de dizer não. Eu não queria essa opção. Deixei que ele tirasse a blusa, passando por minha cabeça e logo eu estava em frente a ele, ainda em pé no meio do quarto, apenas com o sutiã. Resolvi deixar os sorrisos e todo o resto para fora do quarto. Sem cerimônia alguma eu puxei a camiseta dele e logo a joguei longe. Por apenas um segundo eu apreciei a visão do corpo que eu a pouco havia tocado. Mas eu não queria romantismo nem olhares apaixonados.
Eu queria sexo.
Quando eu o puxei comigo para a cama, ele pareceu meio relutante. Será que ele esperava que eu fosse a mesma menina insegura de antes? Tolo. Mas não era burro, logo estava com o corpo sobre o meu, os lábios correndo pela pele do meu pescoço e colo, as mãos deslizando pela lateral do meu corpo com um desejo cuidadoso, enquanto eu aproveitava a sensação de seus lábios e mãos em contato com a minha pele e seguia arranhando levemente suas costas, que era o que minhas mãos alcançavam naquele momento. Aos poucos os beijos dele foram se concentrando mais em meus seios, que ainda estavam cobertos pelo sutiã, mesmo que este já estivesse meio torto por ele ter puxado um dos lados para baixo a fim de lamber maravilhosamente meu mamilo. Eu estava em êxtase com o contato quente e úmido da língua dele na minha pele sempre fria. Senti sua mão deslizar por minhas costas, abrindo o sutiã e então ajudei a remover a peça e logo ela estava perdida no chão. Agora que ele tinha livre acesso aos meus seios, ele não hesitou nem por um segundo, e logo sua boca estava em meu seio direito, enquanto uma de suas mãos acariciava de forma calma e deliciosa o esquerdo. Eu suspirava alto já, ele realmente sabia como me fazer sentir. Alguns momentos depois eu decidi que era hora de inverter as coisas. Joguei-o para o lado e antes mesmo que ele pudesse protestar, coisa que estava prestes a fazer, coloquei uma perna de cada lado de seu corpo e fiquei sobre ele, sem realmente me sentar, apenas próxima. Abaixei-me e beijei-o na boca, enquanto ele já estava novamente com as mãos no meu corpo, apertando e tentando me puxar pra mais perto. Eu apenas ri mentalmente das tentativas dele, e lentamente fui descendo meus beijos, passei para o pescoço, com leves mordidas ali e no ombro dele, onde eu sabia que ele adorava que eu mordesse, passei com os lábios apenas tocando levemente a pele do peito dele, e não tão rapidamente assim cheguei à beirada de sua calça jeans. Ao levantar os olhos vi que ele estava vidrado em mim, respirando um pouco acelerado por conta do caminho que eu havia feito até então. Meus dedos já brincavam lentamente com o botão da calça, e eu não quis demorar muito nisso. Eu estava com vontade tanto quanto ele. Abri a calça e tirei-a rapidamente, ela era totalmente sem importância pra mim, deixei-a cair ao lado da cama, e voltei a me concentrar no corpo de embaixo do meu, esperando o meu próximo passo.
Passei as mãos por suas coxas e senti seu corpo retrair ao meu toque, e me escapou um pequeno sorriso com isso. Enquanto minhas mãos passavam de leve pelas pernas dele, desci meu rosto até a parte de cima de sua boxer branca, segurei entre os dentes a barra da cueca e com a ajuda das minhas mãos, a desci lentamente. Ele apenas suspirava fortemente diante da cena.
Parei por um momento, eu estava sobre seus joelhos naquele momento, apenas com minha calça jeans e as botas, enquanto ele estava nu sob meu corpo. Totalmente a mercê das minhas vontades. Era exatamente disso que eu precisava.
Levei minha boca até seu membro já absolutamente ereto, e sem tocar minhas mãos nele, dei uma lambida na cabecinha enquanto ouvi-o sufocar um gemido. Ele geralmente ficava em silencio, nunca se permitia gemer realmente. Mas nessa noite eu o faria gemer.
Segurei firme o membro dele em minha mão esquerda e o coloquei na boca. Inteiro, sem cerimônias ou qualquer coisa. Novamente ouvi-o segurar um gemido e senti sua mão em meus cabelos, como se me incentivasse a continuar o que eu estava fazendo.
Eu não precisava de incentivo algum. Segui com movimentos de vai e vem, chupando, lambendo e me deliciando cada vez que ouvia o som que escapava pela boca de . Ele parecia a ponto de explodir enquanto eu colocava seu membro todo em minha boca, sem sobrar nem um centímetro para fora.
- Quando foi que você aprendeu a ser assim? - Eu consegui ouvir ele falar isso, entre suspiros e a respiração alterada dele distorceu a pronuncia de algumas palavras, e sorri, parando por um momento o que eu fazia para olhar em seu rosto.
- No tempo em que você esteve ficando enferrujado nisso, . - O veneno em minhas palavras era suave, a provocação nem tanto, e ele pareceu entender isso como um desafio. E então em minha frente não estava mais o homem entregue e submisso, o homem que parecia querer amor. Logo eu estava olhando para um homem que me provaria que “enferrujado” era algo que ele não estava. E era exatamente o que eu queria.
Ele sorriu de forma quase cruel para mim, e quando eu estava prestes a voltar a minha pequena atividade em seu membro senti meu corpo ser jogado na cama, e as mãos de em minha cintura me pressionando contra o colchão, me impedindo de virar novamente nossa posição. Eu tenho certeza que minha expressão de susto foi clara para ele, mesmo a meia luz. Ele continuou sorrindo daquela forma enquanto abria violentamente o botão de minha calça, tirando-a com o mínimo cuidado e jogando longe. Ele deitou sobre mim e disse, em minha orelha com sua maldita voz rouca sussurrada:
- Desafio aceito, . Você vai gritar meu nome essa noite!
Essas palavras foram como brasa em meu corpo e senti minha respiração acelerar instantaneamente. Mas tentei me conter e, quando ele afastou o rosto o suficiente para que eu pudesse olhar para ele, eu apenas sorri de lado, em desafio. Eu estava completamente fodida, eu pensei. Ele nunca gostou que eu, ou ninguém, o desafiasse a algo.
Sem aviso nenhum ele arrancou minha frágil calcinha. Pena, eu gostava dela. E com a delicadeza de um verdadeiro animal ele abriu minhas pernas, me deixando totalmente exposta a ele. Por um momento eu senti vergonha de ter seus olhos passando por cada canto de meu corpo, e principalmente sobre minha intimidade.
Ele parecia sedento ao olhar para o meio de minhas pernas. Mas isso durou apenas alguns segundos, logo minhas pernas foram bruscamente seguras por suas mãos, o mais separadas possível, e seu rosto se aproximou de minha intimidade. Eu senti sua respiração quente se chocar com a parte mais sensível do meu corpo e senti todos os pelos do meu corpo se arrepiar e sufoquei um gemido. Ainda não era hora de gemer, eu sabia que isso apenas faria com que ele acreditasse que me tinha em suas mãos.
Era verdade, mas ele não tinha que ter essa certeza.
Mas no momento que sua língua entrou em contato com a pele sensível de lá eu não pude controlar e de meus lábios escapou um gemido baixo. Eu sabia que ele estava sorrindo, mesmo que não pudesse ver. Esse foi o incentivo que ele estava esperando para começar de verdade a brincadeira.
Sua língua percorria toda a extensão de minha intimidade, lambendo deliciosamente cada canto, me causando arrepios e choques elétricos. Quando senti seus dentes sobre meu clitóris não pude evitar que meu corpo todo se arqueasse e um gemido um pouco mais alto do que os anteriores saísse de minha boca. Maldito.
Eu estava agarrada ao lençol, tentando em vão conter as ondas de prazer que se espalhavam pelo meu corpo a partir de onde sua língua, lábios e dentes tocavam. Eu estava conseguindo conter vários dos meus gemidos com alguma facilidade, mas quando senti sem aviso algum o que eu tinha certeza ser dois de seus dedos invadirem meu corpo, não consegui segurar e quase gritei, pelo prazer e pelo susto. Ele não parou os movimentos da língua em meu clitóris enquanto mexia seus dedos em meu interior. Aquilo era divino demais. Ou talvez amaldiçoadamente prazeroso apenas.
Ele parecia querer me ouvir gritar antes de parar de brincar com seus dedos e língua em mim, e eu tinha quase certeza que ele conseguiria.
Seus movimentos eram rápidos, duros e pouco delicados, da forma que eu sempre gostei. Eu gemia loucamente, palavras sem nexo saindo de meus lábios e meus olhos estavam fortemente fechados. Eu tenho vergonha de ficar olhando. E ele sabia. E estava disposto a usar isso para me excitar ainda mais, eu descobri quando ele parou e eu abri os olhos, curiosa.
- , abra os olhos. - Ele me olhava do meio de minhas pernas e isso era constrangedor. Constrangedor e excitante.
- Estou com eles abertos, . - Respondi insolente.
- Então os mantenha abertos. Olha tudo que eu faço em você!
E com essas palavras ele voltou a boca à minha intimidade, mas agora olhando em meus olhos, que eu queria desesperadamente fechar para poder aproveitar ainda mais as sensações causadas por ele, mas não podia. Ele não permitiria, já que quando os fechei, mesmo que por segundos, ele parou todas as caricias, apenas voltando a fazê-las quando eu estava olhando em seus olhos novamente. Isso estava me enlouquecendo, e eu recomecei a gemer com o movimento de sua língua e dedos.
Ele conseguiu o que queria quando, novamente sem aviso nenhum, ele introduziu mais um dedo em mim enquanto mordia, nem tão levemente, meu clitóris. Deuses, isso é demais pra uma mulher só. Senti seu nome escapar por meus lábios em forma de um gemido bem mais alto do que os outros e ele estava sorrindo para mim, enquanto subia até meu rosto.
- Agora chega de brincar, pequena.
E me beijou de forma sensual e ainda assim carinhosa. Eu sabia o que viria após. Senti seu membro em minha entrada e eu inesperadamente não conseguia me mover. Não conseguia mover meu quadril em direção ao corpo dele e enfim consumar o que eu tanto queria. Faltava-me força, talvez. Eu só conseguia beijá-lo e esperar que ele fizesse o que deveria fazer quando quisesse, era torturante. Mas um torturante gostoso.
Senti aos poucos ele deslizar seu membro para dentro de mim, com calma, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Como se fosse a primeira vez. Ele havia parado de me beijar e seus olhos estavam nos meus, olhando profundamente e eu acreditei que ele podia ver tudo em mim naquele momento. Todos os sentimentos conflitantes que eu tinha a respeito daquela noite e dele próprio. E ao olhar de volta nos olhos dele eu vi o arrependimento, a saudade, a malícia e todas as outras coisas que compõem o meu .
Ele parou quando estava por inteiro dentro de mim e depositou um beijinho em meus lábios, para enfim começar a se movimentar.
Primeiro lentamente e com carinho, mas logo estávamos envolvidos em um beijo quente e nossos movimentos começaram a se acelerar. Logo eu estava pedindo por mais.
- Mais... rápido... por favor... - Eu sentia meu corpo ser empurrado mais e mais conta o colchão a cada investida dele, o suor brotando em minhas costas, barriga e testa. Podia ver o brilho da pele dele e os cabelos grudando em seu pescoço. Quando eu percebi que ele estava ficando cansado, resolvi assumir o controle e rolei por cima dele, ficando assim sentada sob seu membro, sem realmente colocá-lo dentro de mim. E sorri quando ele pareceu desesperado pela falta de contato.
- ... - Ele parecia querer pedir para que eu fizesse logo, mas eu o interrompi, colocando meu dedo em frente aos seus lábios, no mundial sinal de silencio.
Eu estava me sentindo poderosa ali, em cima de , vendo-o quase implorar com os olhos pelo contato.
Com minha mão, eu ajeitei seu membro novamente em minha entrada mas não me senti sobre ele diretamente, coloquei minhas duas mãos em meus seios e percebi ter capturado a atenção dele com isso. Deixei que apenas a cabecinha de seu membro me penetrasse, apenas para garantir que não sairia do lugar enquanto eu fazia o que queria, e quase senti a frustração dele quando não o fiz. Com as mãos em meus seios eu lentamente comecei a acariciá-los, de forma um pouco desajeitada pelo fato de não costumar fazer isso, nem sozinha. Ele parecia deliciado conforme eu ia me soltando mais e fazendo movimentos mais precisos em mim mesma. Seus olhos estavam presos em meus seios e quando ele fez menção de colocar as mãos em mim, eu parei e empurrei a mão dele pra longe, num claro sinal de que ele não deveria me tocar.
Continuei com a brincadeira por vários minutos, onde não me prendi apenas aos meus seios e fui ousada o suficiente para colocar uma das mãos entre minhas pernas e, roçando levemente no membro dele, me tocando ali.
Mas logo eu mesma não podia mais agüentar essa tortura. Colocando uma mão em cada lado de sua cabeça, soltei meu peso lentamente mas com precisão em seu membro, engolindo-o totalmente com meu corpo, e logo eu estava sentada sob suas pernas. Eu mesma tive que me conter para não gemer alto, mas ele não conseguiu e soltou um longo e rouco gemido, ainda baixo. Mas quando comecei a me movimentar nenhum dos dois quis segurar mais nada, sabíamos que era a reta final, já que a luminosidade do quarto estava começando a aumentar devido ao final da noite. Eu não havia percebido que ficamos tanto tempo nisso.
Logo eu nem prestava mais atenção em nada alem do absoluto prazer que eu estava sentindo com . Eu rebolava o máximo possível, e as mãos de firmes em meu quadril ajudando a coordenar os nossos movimentos. Quando eu abaixei meu tronco para perto do corpo dele, ele capturou meus lábios num beijo voraz, aumentando assim a velocidade e intensidade de nossos movimentos. Durante o beijo soltávamos gemidos abafados pela boca do outro. Às vezes eu pedia por mais, às vezes dizíamos o nome um do outro entre gemidos e palavras desconexas. E eu senti que meu corpo estava mais e mais quente, soube que meu orgasmo estava próximo, e fiz com que ele soubesse disso também.
- Não pare. Não... pare... Por fa-favor... - Ele sabia o que isso significava, e com isso intensificou ainda mais as estocadas, mesmo comigo por cima. Naquele momento eu me dei conta de que poderia, sim, ficar ainda melhor. E quando me dei conta disso eu senti todo meu corpo se contrair mais e mais, e deixei que todo e qualquer som possível saísse de minha boca sem controle, enquanto arqueava minhas costas em cima dele, sentindo a sensação maravilhosa do orgasmo.
Algumas estocadas depois eu senti atingir seu próprio orgasmo, quando ele gemeu mais alto algo que parecia com meu nome, enquanto cravava suas curtas unhas em minhas nádegas.
Sem saber exatamente como, instantes depois eu estava deitada com ao meu lado, com sua mão em minha barriga. Estávamos os dois exaustos. Mas ele ainda estava disposto a falar algumas coisas.
- , será que agora você pode me ouvir? - Sua voz soava cansada, e não era apenas por conta do que acabamos de fazer.
- Eu não quero ouvir suas desculpas, . Não quero saber o que fez você ir ou o que fez você nunca voltar. Não quero saber por que você nunca mandou nem uma notícia para mim. Eu realmente não quero saber, isso não importa mais. - Eu estava ofegante ainda e sabia que estava falando coisas que eu não tinha programado falar, mas tudo bem, logo eu faria o que deveria fazer.
Ele ficou mudo por um tempo, parecia estar pesando minhas palavras, pensando se eu estava sendo irônica ou apenas cruelmente verdadeira. Eu quase podia ouvir as engrenagens de seu cérebro funcionando pra compreender. Mas ele não conseguiria me compreender como antes.
De repente ele pareceu tomar coragem pra falar algo, e ficando com seu corpo parcialmente sobre o meu, apoiado nos próprios braços, ele disse:
- Então... Então você quer ouvir pelo menos uma coisa, ? - Eu fiquei em silêncio diante de suas palavras e seu maldito olhar sobre mim, e ele insistiu - Por favor?
Ele não costumava ser assim, não costumava pedir por algo. Esse que estava comigo agora era ainda mais diferente daquele que acabou de ter uma noite de sexo absurdo comigo. Era assustadoramente diferente do que eu conhecia, e ao mesmo tempo tão igual ao do nosso ultimo dia juntos. Aquele brilho nos olhos dele estava de volta, mesmo que um pouco mais escurecido, mais antigo, talvez. Eu acenei levemente com a cabeça em sinal positivo, eu não me arriscaria a falar, já que com certeza por conta de seu olhar e proximidade eu iria gaguejar. Eu estava nervosa, com medo e ao mesmo tempo ansiosa sobre o que ele me diria. Eu sentia meu coração batendo forte em meu peito, e estava torcendo para que ele não pudesse ouvir ou sentir o mesmo, já que ele estava próximo de mim.
Ele respirou profundamente, e vi em seu rosto a hesitação. Pela primeira vez ele parecia nervoso e hesitante quando ao que fazer. Eu aguardei em silencio, sem desviar os olhos dos dele.
- Eu... ... Eu... Inferno, eu senti sua falta todos os dias desses três anos... E - quando ele viu que eu me preparava pra falar algo, fez um pequeno sinal com a cabeça para que eu o deixasse terminar. Ele ainda não havia dito o que queria dizer - Garota, eu amo você.
Ele praticamente vomitou as palavras em cima de mim. Falou super rápido e eu nem se quer esperava que ele dissesse algo assim.
Como assim me ama? O cara que eu sempre amei...
Por uma fração de segundo meu coração parou, pulou uma batida e voltou na incrível velocidade da música mais rápida do mundo. Minha respiração ficou presa pela metade, eu estava um pouco engasgada e eu tenho certeza que meus olhos estavam arregalados. Ele estava pacientemente esperando por uma reação minha em palavras.
Controlei meus pensamentos com o controle adquirido nesses anos todos em que eu não podia chorar sua ausência na presença de outros. Outros estes que insistiam em perguntar de pra mim, quando todos sabiam que ele nunca me mandara se quer uma mensagem. E lembrando de tudo que passei com a distância dele, as noites sem dormir, as muitas horas chorando nos primeiros meses de sua partida. Os meus muitos relacionamentos frustrados porque eu não conseguia me envolver verdadeiramente com mais ninguém, pois ainda o amava. E sentindo toda a dor que conservei por todos esses anos, desde que eu me dei conta que o amava até hoje, tudo que senti. Então me controlei totalmente, mas não deixei que ele soubesse. Era a hora de terminar.
- ... Você me deixou sem saber o que te responder... Você não pode simplesmente... - Ele me calou com um selinho, mas recuou rapidamente.
- Pequena, só me diga se você me ama, e eu prometo que tudo vai ser diferente agora.
Malditos olhos brilhantes e lindos. Maldito garoto que eu amo. Maldito seja meu orgulho. Meus olhos estavam cheios de lágrimas quando eu disse:
- Eu amo... Você sabe que sim. Desde... - Meus olhos estavam tão cheios de lágrimas que eu nem conseguia enxergá-lo direito, pisquei tentando clarear tudo e uma lagrima escorreu por meu rosto, morrendo em meus cabelos.
- Sempre. Desde sempre. Eu sei. - Ele falou isso tão baixo que quase não pude ouvir. Lentamente ele aproximou seu rosto do meu e me beijou. Um beijo com amor e carinho. Era a coisa mais linda do mundo acontecendo. Era o meu sonho se realizando. Era tudo que eu queria. Mas quando não adiantava mais. O mal estava feito, e não seria desfeito. Eu o beijei de volta colocando todo meu sentimento como nunca havia feito antes. Deixei que ele soubesse a verdade. Que sentisse meu amor. Uma vez.
Rompemos o beijo no tempo certo, sem pressa nenhuma. Eu estava reagindo de forma calma e controlada. E até mesmo ele reparou nisso. Depois do beijo ele deitou ao meu lado, e respirou calmamente, parecendo satisfeito consigo mesmo, por ora.
- Podemos resolver tudo depois, se você quiser, pequena. Seus olhos estão se fechando.
Eu estava certa, ele interpretou meu estado como sono. Não que eu não estivesse com sono, mas não era por isso que eu estava agindo daquela forma.
- Claro, . Vamos dormir um pouco e quando acordar, vamos resolver tudo! - Me inclinei e depositei um beijo leve em seus lábios. Ele sorriu e eu sorri de volta. Sem sarcasmo, sem ironias. Apenas um sorriso feliz. Eu o amo tanto que chega a doer.
Ele me abraçou por trás e eu me virei direito na cama, para que ficássemos de conchinha, tive o cuidado de não entrelaçar minhas mãos às dele. Senti-o suspirar às minhas costas, provavelmente de sono.
- Boa noite, pequena.
Sua voz já estava sonolenta, ele logo estaria dormindo.
- Boa noite, . Eu amo você.
Eu imaginei que ele sorriu e fiquei em silencio, apenas concentrada em minha própria respiração por alguns momentos. Logo eu estava focada na respiração dele, que batia em minha nuca.
Eu aproveitei pra gravar cada momento desta noite na memória, passei minha mão pelos braços dele, sentindo o calor de sua pele e a aspereza de suas mãos. Deixei que o sentimento tomasse conta de mim apenas por um momento.
Então eu senti que era o momento certo. Ele estava totalmente adormecido, e como eu conheço tudo deste homem eu sei que não acordará tão cedo.
Com todo o cuidado tirei seu braço de mim e lentamente me levantei. Ele resmungou um pouco dormindo, mas isso é normal. Logo eu estava correndo pelo quarto como um verdadeiro furacão colhendo minhas roupas de todos os cantos. Em alguns minutos eu estava completamente vestida, de cabelos devidamente amarrados com um elástico que encontrei jogado no meio das coisas do quarto.
Peguei um bloco de papel que estava sob o criado mudo e rabisquei algumas palavras. Respirei fundo, para sentir de novo o cheiro dele misturado ao meu. Olhei para o homem na cama, e ele parecia um anjo dormindo. Totalmente relaxado, sem suas caretas de ironia ou sorrisos de escárnio. Apenas um homem lindo, com aparência de anjo. Enrosquei meus dedos em seus cabelos, e mesmo correndo o risco dele acordar agora, eu beijei sua testa e sussurrei, cantando:
- And nothing else matters... - Havia lágrimas em meus olhos e logo elas estavam escorrendo. Uma caiu na bochecha de , mas ele nem se mexeu. Não fazia idéia de que eu estava fazendo com ele exatamente o que ele havia feito comigo anos atrás. Essa era minha vingança, minha idéia desde que ele me abordou na saída do bar. Eu apenas não contava que eu estaria tão destruída por dentro ao fazer isso.
Abri a porta, e por um momento olhei novamente pra ele. Ele tinha um leve sorriso nos lábios, provavelmente acreditando que quando acordasse teria a mulher que ele ama em seus braços. Sonhando com um futuro que ela estava arrancando dele. E então eu quis ficar. Quis tirar minha roupa e rasgar aquele bilhete em milhares de pedaços. Deitar novamente em seus braços e nos permitir viver essa história inacabada.
Mas meu orgulho era enorme. E a dor que eu ainda sentia não me deixaria fazer isso. Eu não poderia deixar que ele chegasse assim, de repente e se instalasse novamente em minha vida, sorrindo como se nunca tivesse me deixado.
Tratei de sair a passos largos dali, segurando meus dois capacetes nas mãos, e meu coração despedaçado batendo lentamente em meu peito. No rosto uma expressão neutra, mas nos olhos os brilhos das lágrimas que eu derrubaria assim que chegasse a minha moto.
Subi na moto, depois de prender o segundo capacete nela e colocar o meu próprio, dei a partida e saí dali com a moto roncando o mais alto que foi possível, provavelmente acordando a todos naquele começo de manhã.
Meus olhos ardiam pelas lágrimas e pelo vento. Meu rosto estava gelado, assim como meu coração, que agora estava dolorido por ter, novamente, perdido ele.
“Não, , você não o perdeu. Você o deixou. Assim como ele fez com você”
Esse pensamento não era exatamente um consolo, mas era ele que me acompanharia daqui pra frente toda vez que eu pensasse nele. E isso aconteceria com a mesma freqüência de sempre.
Avistei meu prédio logo. Entrei e subi rapidamente, me jogando na cama, depois de deixar um rastro de roupas pelo apartamento. Deixei embaixo das minhas cobertas e chorei. Chorei em silencio e chorei pela ultima vez. Por sorte ele estava certo, eu estava com sono. Meu corpo estava exausto e em poucos minutos o barulho de choro no quarto cessou, e logo havia apenas uma garota dormindo não tão tranquilamente na cama.
Sonhando com o que poderia ser. Mas que não seria.

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’s POV

A primeira coisa que pensei foi absolutamente idiota, mas cruelmente real, assim que acordei, sem nem mesmo abrir os olhos. Foi a letra de uma música que eu não gosto tanto assim, mas que eu sabia estar certa:

“Ela dormiu no calor dos meus braços e eu acordei sem saber se era um sonho”

Era exatamente desta forma que eu me sentia nesta manhã. Eu acordei e pensei imediatamente nisso, mas logo que tentei me mover, mesmo que pouco, senti meu corpo dolorido. E isso só podia confirmar que todas as loucuras da noite anterior eram reais. Que tudo que fizemos juntos era real. Eu realmente a tive novamente.
Mas, quando estiquei minha mão sobre a cama, toquei apenas o lençol frio. Ela não estava lá. Abri meus olhos, sem me importar se o sol os fazia arder. Eles já estavam ardendo de qualquer forma.
Olhei ao redor e não havia nenhum sinal de que ela estivesse ali. Nenhuma de suas roupas ou os capacetes. Ela se fora.
Eu devia saber.
Sentei na cama e coloquei as mãos em meu rosto, me permitindo agir ser controle por uma única vez.
Senti lágrimas em meus olhos e mesmo sendo absolutamente orgulho as deixei rolares naturalmente por meu rosto, não havia ninguém pra ver mesmo. Não havia ninguém ali. Nem mesmo ela, que sempre esteve por perto, que nunca me deixou sozinho.
Mesmo que eu sempre a deixasse sozinha, mesmo que eu tenha a abandonado. Não foi por que eu não a amava. Não mesmo. Eu já sentia algo por ela há muito tempo, bem antes de pensar em ir embora.
Na realidade eu não pensei em ir embora, eu apenas soube e fui. E fui um completo covarde com ela, mas eu jamais conseguiria me despedir dela. Justo ela que era parte integral da minha vida, minha melhor amiga, a mulher que eu queria. Ela que sempre cuidou de tudo pra mim, desde o estado das minhas roupas até os horários dos shows da minha banda.
Minha banda, o problema e a solução da minha vida. Por causa disso que eu fui embora, porque havíamos conseguido um contrato com uma boa gravadora, mas para isso teríamos que nos mudar o mais rápido possível para a cidade que eles determinaram. Eu me lembro da felicidade absurda que eu senti quando recebi a notícia, estava doido pra ligar pra ela e contar. Seria perfeito, ela iria conosco. Não existia a banda sem a .
Mas tudo foi por água abaixo quando os produtores nos disseram que seríamos apenas nós. Mais ninguém. Eu ainda tentei argumentar e eu me lembro de querer quebrar a cara daquele engomadinho em vários pedaços, mas eles foram irredutíveis. Era pegar ou largar.
E eu não poderia condenar o resto dos caras aquela vida de shows de garagem. Então eu abri mão dela.
Naquele quarto de hotel, depois de descobrir que eu a perdi novamente, eu me permiti chorar tudo que eu nunca tinha chorado. Por ela, por mim. Por tudo.
Depois de um tempo que eu não me dei ao trabalho de calcular eu fui parando de chorar. Sentia meu rosto molhado e meu nariz estava nojento. Levantei e fui até o banheiro e aproveitei pra tomar um banho. Meu corpo tinha marcas e eu estava dolorido, mas foi a melhor noite da minha vida. Aquela mulher é incrível de todas as maneiras possíveis mesmo.
“E ela disse que me ama”, eu pensei enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, me deixando mais relaxado, mas não menos triste. “E ela não mentiria sobre isso. Ela ainda me ama”
Mas isso não era exatamente um consolo. Eu sabia. Eu a conhecia bem o suficiente pra saber que uma noite não seria suficiente para mantê-la comigo. Ela estava magoada, machucada por três longos anos da minha completa ausência. Eu era totalmente culpado pela nossa situação atual.
Voltei pro quarto com a toalha enrolada em minha cintura e vi um pequeno papel sobre o criado mudo. Acabei sorrindo, mesmo que fosse um sorriso triste.
Peguei o papel e li o que estava escrito, com a letra nada elegante dela:
“Não ouse voltar e tentar fazer as coisas certas. Você estava certo desde o princípio, . Nada mais importa.”
Ela sempre citaria essa maldita frase. Mas pensando bem, era a nossa música. Mesmo sem que ela me falasse eu sabia que ela ouvia essa música pensando em mim, porque sempre que eu ouvia era pensando nela. Sempre que eu tocava essa música era pra ela. E mesmo agora eu não conseguia odiar a música. Ainda é a música mais linda que eu já ouvi e ainda faz total sentido nas nossas vidas.
Dobrei o papel novamente e coloquei dentro da minha carteira. Em meu peito eu sentia que não seria a última vez.
Eu sabia que poderia levar anos mas nós ficaríamos juntos algum dia. Porque eu não desistiria.
O que não quer dizer que eu iria atrás dela. Não. Não agora, pelo menos. Deixe que ela viva como quer, enquanto eu faço o mesmo.
Vesti-me com uma roupa qualquer e dando uma ultima olhada no quarto, depois de ouvir as batidas na porta e a palavra “camareira” ser dita do lado de fora, abri a porta e deixei que a mulher entrasse para arrumar tudo. Gravei a cena do quarto desarrumado na memória, peguei um cigarro no bolso e saí, sem olhar pra trás. Eu tinha certeza que nós seríamos

FIM

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Epílogo

Suspirou nostálgica enquanto olhava o movimento das pessoas na calçada. Mesmo depois de cinco anos aquela noite não sai de minha mente.
A agora totalmente mulher e adulta sentada naquele café é a mesma garota que se apaixonou pelo melhor amigo, mas agora nada mais restou.
Era fim de tarde em Amsterdã, onde ela agora estava terminando mais um curso de especialização. Não era mais a adolescente apaixonada e nem mesmo a jovem garota inconseqüente que voava baixo pelas ruas em sua motocicleta barulhenta. Agora era uma mulher bem sucedida com uma vida confortável, que fazia o que queria e nada a impedia.
Desde aquela noite que passara com ele, ela se foi e nunca mais voltou. Nunca mais procurou saber nada dele, mesmo que aquilo tivesse lhe matado um pouco por dentro.
Agora ela dizia a qualquer um que ousasse perguntar que não amava ninguém, que seu coração estava para sempre congelado. Saía com alguns homens, às vezes, e se divertia. Mas nunca mais deixou que nenhum chegasse se quer próximo de seu coração.
A grande verdade é que o coração desta mulher sempre teve um dono, e sempre teria apenas esse dono. Mesmo que ela mesma tenha se privado da companhia dele.
Hoje, ela deveria considerar sua atitude impensada e absolutamente egoísta, mas ela seguia achando que fizera o melhor para ambos.
Ele deve tê-la esquecido tempos depois e ela deveria ter feito o mesmo. Mas foi impossível.
Ela nunca deixou de amá-lo. Mesmo depois de todos os anos, danos e distância.
Afastou esses pensamentos e memórias, terminou de tomar seu café e deixando o pagamento na mesa, levantou-se e saiu do café onde se encontrava.
Estava atrasada para algo, tinha certeza. A memória nunca fora boa para coisas que ela não gostava.
Enquanto andava apressadamente por entre as pessoas naquele final de tarde ela remexia em sua bolsa a procura de seu celular, para poder descobrir qual compromisso ela esquecera.
Estava tão concentrada em sua procura que ignorou totalmente o fato de estar no meio de uma calçada lotada de pessoas indo em todas as direções. Só se deu conta disto quando sentiu seu corpo se chocar violentamente com alguém que, provavelmente, estava tão distraído quando ela. Sentiu sua bolsa cair de suas mãos e quase derrubou o celular, que acabara de achar no caos que era o interior da bolsa, junto. Por pouco ela mesma não foi ao chão, mas o estranho, que ela já sabia ser um homem, segurou-a rapidamente, estabilizando seu equilíbrio.
Quando levantou a cabeça para desculpar-se e dizer que estava tudo bem com ela, levou um choque.
Só podia ser uma piada. Ou uma maldição. Uma brincadeira dos deuses.
Os olhos que lhe olhavam preocupados e as mãos que seguravam seu corpo eram dele. .
Novamente.
Ele me soltou e, como se não nos conhecêssemos, perguntou:
- Está tudo bem? Você se machucou? Desculpe, eu estava distraído.
Sua voz agora era um pouco mais grossa, mas ainda tinha aquela melodia incrível mesmo quando ele falava apenas. Os cabelos agora eram curtos, não mais longos como eram da ultima vez. E ele estava vestido com uma calça social preta e uma camisa branca. Como pode algo simples ficar tão perfeito em alguém?
Eu perdi alguns segundos analisando o homem a minha frente, e me surpreendendo no processo, e quase perdi sua pergunta.
- Está tudo bem, obrigado.
Eu fui um pouco ríspida talvez, mas não tanto quanto eu gostaria. Seus olhos estavam em mim com uma intensidade que chegava a doer. Eu podia ver que ele nunca esqueceu a manhã que eu o abandonei. Mas eu também nunca esqueci.
Lentamente ele retirou suas mãos dos meus braços e assim eu voltei à realidade rapidamente. Mesmo que o perfume dele, o mesmo de sempre, estivesse no ar me deixando tonta, mesmo que seus olhos estivessem olhando o fundo dos meus, vendo minha alma. Mesmo que sua imagem maravilhosamente amadurecida em frente a mim estivesse mexendo profundamente com minha mente e, principalmente, com meu coração, eu decidi cortar isso logo. Ele não deveria estar aqui.
Coloquei a bolsa no ombro novamente e o celular no bolso, verifiquei se não havia derrubado nada e estava pronta para partir e tentar esquecer que tinha o encontrado. Assim como eu tentava esquecer a partida dele e a minha própria partida há muitos anos. E assim como antes, com esse novo acontecimento, eu falharia miseravelmente. E como sempre, ninguém saberia e tudo estaria perfeito. Claro, se não se tratasse de .
Quando eu virei-lhe as costas, pronta pra sair como se eu não tivesse o reconhecido, ele me impediu. E foi apenas com uma frase.
- Por favor, .
Ouvi-lo dizer meu nome daquela forma gostosa, a maneira que apenas ele pronunciava meu nome, de forma única. A nota de saudade em suas palavras junto com o pedido. Eu não pude ignorar. Não completamente.
- , me deixe ir. Dessa vez não estou indo enquanto você está dormindo. Mas da mesma forma, me deixe ir.
Eu disse ainda de costas para ele. Eu não sei exatamente porque eu não me permito nunca ceder a ele, nem mesmo agora que as feridas são antigas. Eu sei que meu orgulho está superando tudo em mim, e sei que isso pode me fazer mal, mas não consigo refrear isso.
Ouvi suspirar às minhas costas e colocar a mão, levemente, no meu ombro, num pedido mudo para que eu me virasse para ele.
Eu me virei. Sem pensar.
- Tudo bem, , pode ir. Mas por favor, pegue - e me estendeu um pequeno cartão, que eu identifiquei seu nome escrito e um numero de telefone - É meu telefone. Se você ainda sente algo, qualquer coisa, por mim, me ligue. É a única coisa que te peço. Eu vou esperar.
E dito isso ele virou as costas e se foi. Assim, sem mais delongas ou nada, e eu fiquei segurando o cartão, com o braço ainda estendido no ar e, provavelmente, no rosto a expressão mais perdida dos últimos anos.
Eu não conseguia acreditar no que eu tinha acabado de viver. Depois de tantos anos, tantas coisas, tantas voltas em nossas vidas, ele aparecia justo aqui. Justo pra mim.
Sacudi a cabeça e segui para a reunião que eu já estava atrasada e havia esquecido completamente.
Quando finalmente entrei no apartamento que eu havia alugado para minha estadia em Amsterdã eu ainda estava com a cabeça totalmente voltada para o acontecimento de hoje mais cedo, com . Ele não saia da minha mente e eu já havia olhado tantas vezes o cartão que ele me dera que já tinha decorado seu telefone.
Sentei em meu sofá, depois de tomar um banho quente e colocar meus pijamas, com uma caneca de chocolate quente e fiquei encarando o telefone na mesinha ao lado do sofá.
Peguei o telefone e, num impulso de coragem que superou meu orgulho, disquei os números que já estavam gravados em minha mente. Um toque, dois... Eu já havia imposto mentalmente que se tocasse mais de quatro vezes e ele não atendesse, eu desligaria e pronto.
Mas ele atendeu antes do terceiro toque.
- ?
Ele não sabia meu telefone, mas me conhecia como ninguém. Sabia que eu ligaria. Ele sabia que eu ainda o amava como sempre, como se nenhum dia tivesse passado.
- Olá, .
Eu disse, com um sorriso na voz. Ele me fazia tão bem, mesmo por telefone, mesmo com tudo que houve de ruim conosco, ele ainda era o único que podia me fazer sorrir sem dificuldade, sem ressalvas, o único que trazia a felicidade sem esforço. O único que aquecia meu corpo todo com um sorriso e derretia o gelo do meu coração apenas esbarrando em mim num final de tarde nesta cidade incrível, muito longe de casa.
- Achei que nunca ligaria... Achei que...
O que ele queria dizer é que ele achou que estivesse errado e que eu não sentia mais nada por ele. Ele tinha medo, eu senti em suas palavras. E eu vi nos seus olhos mais cedo.
Como eu pude deixar tantos anos se passarem sem nunca procurá-lo novamente?
- Mas eu liguei. Temos muito para conversar antes de qualquer coisa, não acha, meu querido?
“Meu querido” era como eu sempre o chamava, no tempo em que éramos amigos, com a voz carregada de sarcasmo e ironia em apenas duas palavras. Era nossa forma carinhosa de ser.
Oh céus, como eu ainda poderia amar tanto esse maldito?
Isso eu não sei explicar, mas eu o amo. E a verdade é que quando se ama alguém da maneira que eu amo , nada separa. Nem o tempo, nem os problemas e nem mesmo o inferno poderia me fazer esquecer ele.

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N/A: Heey! Depois de séculos, cobranças, faculdade, trabalho e tudo que poderia acontecer, So I Drive chegou ao fim. Muitas meninas me pediram pra terminar logo, postar logo, e eu agradeço a todas e a cada uma de vocês porque se não fosse vocês ali, pedindo, eu jamais teria terminado essa história.
Sobre o final: Fui muito boazinha ainda. Porque no original ela NÃO tinha esse epílogo. Acabava com eles separados mesmo, porque foi assim que a minha história acabou.
Pra quem não sabe, So I Drive é baseada em uma história que eu vivi com meu antigo melhor amigo. Com adaptações e VÁRIAS mudanças, mas o enredo original é verídico.
Não me sinto exatamente feliz em terminar SID, mas me sinto aliviada. Contei a história que eu queria contar. Quanto a ter mais histórias minhas, podem apostar que vão aparecer sim, mas não garanto nada como SID, já que ela é única. Eu queria agradecer a Aline, minha irmã e melhor amiga, que nos primórdios me fez publicar SID. OBRIGADO, AMIGA, sem seu empurrão nunca teria terminado, pois nem teria começado. Agradeço a Dé por me ajudar tanto a terminar SID. E agradeço a SID por ter me trazido vc, amiga.
Agradeço também ao Gabe, que mesmo lendo só metade dessa última parte adorou e me aconselhou a postar, mesmo quando eu reclamei da parte da putaria HAHA.
E agradeço a cada uma que comentou, pediu, falou comigo no twitter e no facebook. Vocês são incríveis!
Eu queria oferecer pra vocês uma história melhor, mas é só isso que eu consigo produzir.
Agora chega, já to quase chorando pra dar tchau.

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