A neve caía constantemente do lado de fora da casa de Leigh-Anne. Dentro dela, John observava a neve pela janela da cozinha, com um copo de whisky na mão, enquanto Leigh guardava a louça recém lavada no armário. Era finalzinho de novembro de 1991. O jovem casal estava em silêncio, movido ao som da música baixa que tocava num pequeno rádio de pilha. A neve batia fina no vidro, como no início do inverno. Aliás, um fenômeno ter neve nessa época do ano. A casa, muito grande para uma moça sozinha, parecia ainda mais solitária em determinadas ocasiões. Ela convidara o namorado para um jantar e, depois de tudo, o silêncio reinava entre os dois. John esvaziou o copo baixo e largo e colocou mais uma dose da bebida lá. Seguindo-o, Leigh colocou um pouco da bebida no fundo de outro copo e voltou a guardar as louças usadas no jantar.
– O Natal está chegando... O que vamos fazer?
– Não sei, querida. O que você quer fazer?
Ela pensou um pouco, largou a louça e sentou-se no colo do namorado, tomando o que restava no próprio copo.
– Tenho que limpar esta bancada... - Disse passando a mão na bancada empoeirada a sua frente.
– Você quer fazer isso? Mesmo?
Sorriu com a distração de Leigh-Anne. Colocou uma das mãos por dentro de sua blusa e acariciou suas costas com os dedos.
– Oi? – Ela riu com seu jeito único quando percebeu o que tinha dito. – Não, eu comentei, mas não quis dizer isso. La pregunta?
– Eu perguntei o que você quer fazer no Natal.
– Ah, claro. Bem, algo pequeno, só pra gente.
– Sem nossas famílias então?!
– Ah, John, meus pais viajam todo ano. Sou filha única, já estou bem grandinha, eles querem curtir um ao outro agora que não precisam mais cuidar de mim. Os seus viajarão também, não?
– Sim, pra casa da tia Meg.
– Pois bem. Já que estaremos a sós...
Ela beijou-o lenta e delicadamente. Pegou o copo da sua mão e colocou-o junto com o seu de volta na bancada. Ergueu-se e foi levando-o pela mão até a sala de estar. Ele sorriu entre o beijo e deu uma leve mordida em seu lábio inferior.
– O que você está pretendendo, Leigh?
Deslizou as mãos pelo tronco dela, colocando-as por dentro da blusa novamente, agora na intenção de retirá-la.
– Ei, nada disso, espertinho.
Sorriram um para o outro. Ela tirou as mãos dele dali, colocando-as por cima da blusa, pouco abaixo do sutiã. Rodeou seu pescoço com os próprios braços e o embalou no ritmo calmo da música. Ficaram apenas num contato visual por algum tempo, até que ela deitou a cabeça em seu ombro. Sua saia longuíssima balançava de um lado pro outro, colocando-se entre as pernas dos dois de vez em quando. Seu cabelo – todo cacheado, muito escuro e curto – pinicava o rosto de John algumas vezes, mas ele não se importava, gostava de tê-la consigo. Ela costumava prender o cabelo com um lenço. Leigh o enrolava até que ficasse com a espessura desejada, dava um nó cego no alto da cabeça e apenas pontas curtas apareciam. Os dois faziam um belo casal. A música que dançavam acabou e outra se iniciou. John passou a mão pelo rosto de Leigh. Ele a amava tanto que seria capaz de dar a vida por ela se fosse preciso. Ela virou a cabeça para encará-lo. Ele começou a observar o cor de mel dos olhos dela. Sorriu cansado, já estava ficando tarde pra ficar dançando.
– Vamos dormir?
Ela o olhou com o mesmo cansaço nos olhos.
– Acho melhor mesmo.
John beijou-lhe a testa e colocou um dos braços em sua cintura; Leigh recostou a cabeça no ombro dele enquanto subiam as escadas. Foram direto para o banheiro se preparar pra dormir. Saíram de lá e se deitaram.
Os pijamas eram de inverno – calças longas e quentes; blusas de manga comprida e tão quentes quanto às calças. Estavam deitados de conchinha. Leigh se via numa situação normal, mas John tinha outros planos... Começou a beijar o pescoço dela, fazer carinhos e pequenas provocações. Ela entendeu o que se passava na cabeça do namorado, mas estava cansada, com sono, não estava nem sequer no clima pra uma noite agitada.
– John...
– Humm... O que foi? - Respondeu-a entre beijos no seu pescoço.
– Não.
Ela falou calma, mas firme. Queria mesmo que ele parasse.
– Por que não?
Ele dava mais e mais beijos na tentativa falha de conseguir o que queria.
– Porque faz quase seis meses que eu perdi o bebê, não posso ter nada por pelo menos mais algumas semanas.
– Isso é muito tempo pra quem já esperou quase meio ano!
Ele se sentou bruscamente.
– Você me ama?
– Claro, Leigh-Anne, mas eu também tenho necessidades!
– E eu tenho que ficar em repouso. Se você me ama, saberá me esperar mais um pouco, não me trocará por ninguém. Por mim, espere. Boa noite, John. Eu te amo. - Ela falou calma e serena, acalmando o namorado como só ela conseguia fazer.
– Tudo bem, por você eu posso esperar.
– Obrigada.
Deu um beijinho nele.
– Boa noite, amo você.
Leigh e John quase se tornaram pais. Por não terem tomado os devidos cuidados, ela engravidou, mas teve aborto espontâneo antes de completar dois meses. Ambos ficaram muito tristes. Apesar de não serem casados, eles viam seu futuro um no outro, sabiam que o outro era a pessoa certa para passar o resto da vida. O médico ordenou repouso absoluto por cerca de seis meses pra Leigh-Anne. O período de repouso dela acabaria em menos de cinco dias, mas Leigh estava com medo e preferiu dizer pra John que ainda tinha algumas semanas pela frente. Ele ficou desconfiado, tinha uma vaga lembrança das recomendações que Leigh-Anne recebera. Fez as contas e se deu conta da mentira, para o azar dela.
Mais uma semana se passou. Dezembro entrou e John venceu, conseguiu o que tanto desejava. Na última quarta-feira, Leigh cedeu, sabia que não precisava mais esperar e ela também queria isso.
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– É Natal, acorde!
John pulava na cama com uma alegria inacreditável. Leigh-Anne acordou assustada com ele, nunca vira o namorado alegre desse jeito.
– John, que diabos você está fazendo?
– Te acordando, oras.
Ele continuava a pular e a pular. Ela estava tão horrorizada com a energia que ele tinha que nem conseguia pensar direito.
– Tá, mas para de pular, você está me deixando maluca!
Ela gesticulava enquanto gritava para que John parasse quieto por um minuto. Ele parou e ficou olhando pra ela com um sorriso lindo desenhado nos lábios. Seu cabelo – também cacheado – estava todo bagunçado. Leigh o observava surpresa e indignada por ele não tê-la deixado dormir mais um pouco.
– Ok, seu maníaco, o que aconteceu pra você ter ficado tão feliz?
Ambos estavam mais calmos.
– Quer se casar comigo?
A expressão dela passou de assustada a surpresa. Quem, em sã consciência, faria um pedido dessa importância de uma forma dessas? Ela demorou um pouco pra se localizar no tempo e espaço e, quando foi responder, gaguejou um pouco.
– Se-se eu quero o que?
Ele não perdeu o sorriso divertido que tinha no rosto.
– Se você quer se casar comigo!
Ela parecia não acreditar. Nem sequer fechar a boca conseguia.
– E... Eu acho que sim, é... Sim, eu quero.
– Aêêêêê!!!
Aí que ele pulava de verdade. John parecia ter ganhado na loteria, era impossível pará-lo.
– John, calma! Desse jeito você vai quebrar... – CREC! Não deu tempo de ela terminar a frase e os dois foram parar no chão. – ... a cama.
Ele parou e ficou olhando pra baixo, surpreso com o que tinha feito.
– Ops.
Eles olharam um para o outro e começaram a rir. John se virou pra ela e a beijou.
– Eu te amo, Leigh-Anne. Quero passar minha vida inteira com você!
Ele a beijava entusiasmado, feliz, radiante.
– Eu também te amo, John. Também quero passar toda a minha vida ao seu lado. Mas e então, para quando devo marcar o casamento?
– Março.
– O que?
Ela tentou se equilibrar da melhor maneira possível na cama quebrada.
– Algum problema, Leigh?
– Mas... Por que tão cedo? Não terei nem tempo de me organizar direito.
– Porque eu não aguento mais esperar. Quero que seja minha e só minha. Eu sei o que você vai dizer: “mas eu já sou”. Eu quero que sejamos um do outro no papel, diante da sociedade. Leigh-Anne, você não quer isso também?
– Quero, mas precisava ser tão cedo?
– Sim, porque eu amo você.
Aquele sorriso moleque estava novamente na face de John. No fundo eles estavam se divertindo com tudo aquilo.
– Quero sim, tudo bem. Março, né? Ok, vou à igreja.
– Feliz Natal, futura senhora John .
Eles sorriram e ele a ajudou a levantar.
O restante do dia foi muito agradável. Os planos mudaram um pouco com a notícia do casamento, as famílias de ambos foram pra casa de Leigh-Anne. A festa foi boa, bonita. O Natal de 1991 entrou para a história da família. Todos estavam muito alegres com o casamento, fizeram brindes e tudo. As mulheres tomavam conta da cozinha enquanto os homens conversavam sobre esportes. O jantar foi maravilhoso. As crianças de ambas as famílias tinham a própria festa. Depois do banquete que lhes foi oferecido, uma tia de Leigh-Anne ligou o rádio e todos foram dançar. Leigh puxou o noivo pela mão, sua felicidade não poderia ser maior. Eles sorriam, dançavam, se beijavam e se sentiam realizados – ou quase. Só poderiam estar verdadeiramente realizados no dia em que dissessem “sim”.
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1992 chegou mais rápido do que o esperado. O ano estava corrido para todos – o casamento se aproximava e ainda tinham alguns assuntos pendentes. Tudo o que Leigh-Anne queria era que fosse o casamento mais bonito do mundo. Claro, não seria o mais caro, pois nenhum dos dois tinha salários absurdamente altos. A família de Leigh assumiu a tradição e bancou a maior parte de tudo, deixando o mínimo para John. Os preparativos iam de vento em poupa. As madrinhas e daminhas da noiva eram uma mais linda que a outra. Os padrinhos do noivo também eram muito elegantes. A tensão tomava conta de John toda vez que ele olhava no calendário e via que o dia de seu casamento se aproximava. Ele tinha plena certeza de que tinha escolhido a pessoa certa, mas não sabia se conseguiria fazê-la feliz. No fundo, ele sabia que sim, mas o medo sempre aparece em ocasiões importantes como essa, não é mesmo?
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Março esquecera de bater na porta e entrara com tudo na vida do futuro casal. Mais alguns dias e eles seriam marido e mulher! A tensão tinha tomado conta dos nervos de todos, inclusive de quem nem sequer estaria no altar, como os priminhos de ambas as partes. A família toda estava mobilizada pra ajudar na organização de tudo. Leigh-Anne estava com algumas amigas em sua casa, para provarem os vestidos recém-chegados. Ela havia comentado com as garotas que suspeitava que pudesse estar grávida. Como sua menstruação não vinha já por três meses, ela tinha feito um exame de sangue em segredo e fora mais cedo pegar o resultado com as amigas. Deixou para abri naquele momento, no quarto. Com todas as amigas sentadas em sua cama, Leigh abriu o envelope e o jogou por cima dos vestidos que estavam estendidos ao lado das garotas. Sua expressão era de surpresa, o que não permitia que as moças tivessem certeza do resultado.
– E então, Leigh, o que diz aí? - Kara perguntou, mas ela não respondeu.
Ficou pensativa por um bom tempo. As meninas não aguentaram e começaram a especular. Cada uma dizia uma coisa, com as mais variadas explicações. De súbito, todas foram surpreendidas com a única declaração que Leigh-Anne conseguiu fazer.
– No início de dezembro!
Ela tinha um sorriso singelo, porém astuto, desenhado no canto do rosto. Parecia que tinha mudado algo, pelo menos foi o que todas suas amigas pensaram.
– Erm... Leigh-Anne, seremos tias ou não?
Jade brincou para descontrair a clima tenso que tinha no quarto da amiga. Nenhuma das garotas entendia porque ela não conseguia dizer nada.
– Eu acho que sim. - Ela falou meiga e parecia não acreditar no que lera.
A comemoração foi geral. Elas ficaram pulando em volta de Leigh, mas a grávida em si não conseguia desviar os olhos de um ponto qualquer. Rapidamente, uma ideia lhe veio à mente e ela forçou todas as outras a pararem de pular para que pudesse explicar-lhes o plano.
– Meninas, só tem uma coisa: o John não pode saber de nada!
– Por que não?
Todas ficaram estáticas, sem acreditar no que acabaram de ouvir.
– Leigh, você não pretende esconder um filho do próprio pai, né?
Julie, a mais nova do grupo, estava muito surpresa com o anúncio, assim como todas as outras.
– Gente, sem pânico! Eu só quero fazer surpresa. Sei exatamente a hora que devo dar-lhe a notícia de que ele será papai.
Elas riram aliviadas. É, Leigh conseguiu provocar medo em todas elas.
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Os dias voaram como foguetes. O casamento chegou e tudo estava incrivelmente correto. O medo que estava em Leigh e John passou, ficou apenas a ansiedade e a vontade de que a “hora do sim” chegasse logo. Leigh estava deslumbrante. Seu vestido era todo trabalhado e cheio de pedrinhas brancas e brilhantes. O cabelo estava preso atrás e com fios soltos na frente. O fato de ela ter o cabelo cacheado fez com que seu penteado ficasse simples e elegante, deixando-a serena, mas poderosa. O buquê era de rosas vermelhas, lindas e cheirosas. As damas e madrinhas eram a coisa mais fofa do mundo, pareciam bonecas. Os padrinhos de John estavam excepcionalmente bonitos e elegantes, combinando direitinho com as madrinhas. A igreja, perfeitamente decorada, com diversas flores desenhando seu contorno.
Deu o momento da entrada e Leigh-Anne parou na porta da igreja, de braço dado com seu pai. Ela estava nervosa e murmurava uma prece de última hora. Seu pai e seu irmão – poucos anos mais novo que ela – tentavam acalmá-la, mas parecia que sua ansiedade só aumentava. Do lado de fora, ela pôde ouvir a marcha nupcial tocar – era sua deixa. Olhou para seu pai com um sorriso nervoso na face e ele olhou terno pra ela, sorrindo em consequência. As portas se abriram e o coração dela foi parar na boca. Ela conseguia se manter segura por fora, mas, por dentro, ela estava apreensiva, com medo de que algo pudesse dar errado no último minuto. Imaginou diversas situações enquanto atravessava o corredor da igreja, sempre coisas negativas e que pudessem destruir seu casamento antes mesmo que ele pudesse começar. Chegaram ao altar delicadamente decorado e o pai lhe deu um abraço.
“Fique tranquila, querida, vai da tudo certo. Eu prometo.” – Era o que ela precisava para seguir em frente. Apertou ainda mais o abraço de seu pai e lhe deu um beijo de despedida – a filhinha dele estava partindo e, no lugar dela, estava ficando a mulher que todos tanto admiravam e que ainda não tinha lugar cativo na vida de ninguém.
John lhe estendeu a mão e ela a segurou. Subiu no altar junto dele e os dois começaram a ouvir o que o reverendo dizia. Leigh agora estava ansiosa para que chegasse logo o momento em que ela contaria para seu amado a boa-nova. A cerimônia seguiu rapidamente e o reverendo chegou na parte que todos temiam – o momento de saber se alguém tem alguma coisa contra. Ela olhou alegre para John, sabendo que seu plano corria como o esperado. Olhou de relance para suas madrinhas no altar e viu que elas também esperavam para o grande momento.
– Sendo assim... – Aí é que o coração dela acelerou mesmo e ela viu que a hora de contar a verdade chegou. – ...se alguém aqui tem algo a dizer que possa impedir este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre.
Mesmo com muito medo da reação de todos, Leigh-Anne levantou a mão.
– Eu tenho, reverendo.
Todos pararam de respirar por alguns segundos. Como assim a noiva tinha algo contra o próprio casamento? Ela olhou em volta e todos pareciam tão assustados quanto John.
– Erm... John, eu tenho uma coisa pra te dizer e isso é o motivo do fim de muitos relacionamentos, então eu sinto que tenho a obrigação de te contar antes que o reverendo termine a cerimônia. - Ela sussurrou.
– Leigh-Anne, pelo amor de Jesus Cristo, o que você está fazendo?
Ele sussurrava como ela, para que os convidados não ouvissem sua conversa.
– Eu disse, preciso te contar uma coisa. Podemos ir até a sua salinha?
Leigh estendeu a pergunta ao reverendo e ele a olhou intrigado. Ela tentou passar-lhe o máximo de confiança pelos olhos e ele gesticulou para que fossem.
Ela puxou o noivo pela mão e o levou até a sala.
– Leigh-Anne, que raios você está fazendo? Você não me ama mais? Eu fiz alguma coisa errada? Tem mais alguém no meio disso, minha mãe talvez? Oh não... Ela te disse alguma coisa? Você se apaixonou por alguém? O problema comig...
– Eu estou grávida.
John parou a enxurrada de perguntas e olhou fixamente nos olhos da noiva. Não fez um movimento sequer, o máximo que conseguia fazer era piscar. Ela sorriu meiga e seus olhos brilhavam.
– Vo-cê o que?
– Estou grávida, John, seremos pais.
– Ma-ma-mas... Quando?
Ela riu da confusão dele e finalmente relaxou. John olhava incrédulo e felicíssimo para a futura esposa.
– Lembra aquela vez... Hum... Semanas antes do Natal? Assim que entrou dezembro, lembra?
Ele buscou na lembrança algo sobre aquele dia.
– Oh, sim. Mas você tinha acabado de sair do repouso e...
– E por isso mesmo nós não nos prevenimos.
Ele fez cara de quem chega a uma solução.
– Ah é, verdade.
Leigh percebeu que seu John estava de volta. O velho e descontraído John.
– Pois bem, nosso pequeno está aqui há quase três meses.
– Acho que é uma pequena.
– Será? Eu tenho minhas dúvidas...
Eles riram e John a abraçou. Ele a ergueu e começou a dar voltas em círculos com ela nos braços.
– Eu te amo, Leigh-Anne. Sou o cara mais sortudo do mundo em casar com você!
Ele a colocou no chão, mas logo seus sorrisos foram embora ao lembrarem de um pequeno detalhe. Olharam-se assustados, gritando sobre o esquecido.
– O casamento!
Foram correndo de mãos dadas até o altar. Pararam de frente para os convidados e John não soube guardar a alegria pra si, gritando a todos que seria pai. Leigh olhou para as amigas e cada uma fez um tipo de sinal positivo pra ela, que piscou em resposta. O reverendo seguiu com a cerimônia, passando para os “finalmente”.
– John , você aceita Leigh-Anne como sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, sendo-lhe fiel até os últimos dias de sua vida?
Eles se entreolharam e o sorriso de John mostrava quão feliz e satisfeito ele estava.
– Sim.
– Leigh-Anne, você aceita John como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, sendo-lhe fiel até os últimos dias de sua vida?
– Sim.
– Feitos os votos por livre e espontânea vontade, eu vos declaro marido e mulher. Coloquem as alianças.
Uma das daminhas trouxe uma almofada com uma caixinha transparente em cima. John pegou uma das alianças e colocou no dedo de Leigh-Anne. Ela repetiu o gesto, dando um beijo na mão dele.
– Pode beijar a noiva?
– Pode, né.
John e Leigh olharam para o reverendo e riram da cara que ele fez. “Esses jovens de hoje...” – ele murmurou. John a beijou delicadamente, como deve ser o beijo de casamento.
A cerimônia terminou e os convidados e padrinhos saíram da igreja. O mais novo – e oficial – casal foi para o lado de fora receber os cumprimentos de todos. Assim que passaram pela porta, uma chuva de arroz começou. Eles riram da brincadeira e foram cumprimentando um por um. Alguns diziam: “que susto, hein!” na hora de abraçar Leigh-Anne, outros parabenizavam e ainda teve os que deram de ombros em reprovação, porém nada estragou aquele dia. A felicidade estava no coração dos noivos e era isso o que importava.
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Pouco mais de cinco meses se passaram desde que o casamento ocorreu. A vida em conjunto começou boa, depois teve seus dias ruins, mas o amor que tinha naquela casa conseguia superar qualquer coisa. Eles decidiram não saber o sexo do bebê; preferiram a surpresa. Dentro de si, Leigh acreditava que era um menino. Ao contrário dela, John tinha certeza de que sua garotinha estava a caminho. Ambos, em segredo, escolheram nomes para os dois, já que a criança era um mistério.
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Completaram-se os nove meses! Leigh acordou de madrugada com fortes dores e chamou pelo marido. John acordou assustado, mas até que parecia preparado. Eles correram para o hospital e ela logo foi atendida. John ligou para seus pais e em seguida para os pais de Leigh-Anne, dando a eles as informações sobre o local onde estavam e pediu que eles avisassem o restante de suas famílias. Em poucos minutos, todo o ambiente em que ele estava foi preenchido pela família de ambas as partes. John chegou a se assustar com a quantidade de pessoas que foram receber sua menininha. As crianças, ainda meio sonolentas, perguntavam onde sua esposa estava e ele prontamente as respondia. Apesar de internamente nervoso, ele até que conseguiu ficar razoável. O tempo passou mais devagar do que esperavam, mas então um médico chegou.
– Onde está o Sr. ?
– Aqui, senhor.
John parecia muito nervoso na presença do médico, mas poucos notaram a diferença.
– Por favor, me acompanhe.
– A-aconteceu alguma coisa?
Ele ficou preocupado com a resposta que recebeu.
– Claro que sim, sua filha nasceu! Pensei que quisesse vê-la.
A expressão do médico passou de séria a divertida, o que fez John soltar um suspiro aliviado.
– Puxa, você me assustou.
– Perdão, meu rapaz.
Eles riram e o médico brincalhão lhe deu um tapa no ombro.
– Vamos logo, sua mulher e sua filha estão te esperando.
Todos respiravam felizes e aliviados, estava tudo bem.
John o seguiu até a sala de cirurgia e pôde ver sua esposa deitada e toda coberta por lençóis.
– Ela está bem?
– Sim, por quê?
Eles pararam em frente à porta e o médico começou a revirar uma estante ao lado.
– Por que tantos panos e tanto sangue em volta dela?
– Foi uma cesariana, esperava lençóis limpos? Vamos, coloque logo essas roupas, você só poderá entrar na sala se estiver vestido como a equipe.
John colocou um tipo de roupão azul claro que os cirurgiões e outros médicos que ajudaram no parto da criança estavam usando. Em seguida, colocou uma toquinha, máscara, luvas e um tipo de proteção para os pés da mesma cor que a roupa. Eles entraram e Leigh olhou para eles, sorrindo como podia.
– Você já a viu? - Leigh perguntou a John com voz fraca.
– Não, onde ela está?
– Levaram-na para tomar banho, em seguida ela será levada para o berçário. Você não pode entrar lá, né?
– Acho que não. Tudo bem, posso vê-la pelo vidro, por enquanto. Pego-a no colo quando vocês forem para o quarto, combinado?
– Combinado.
Ele deu um beijo na testa dela e saiu.
Não demorou muito – pelo menos na contagem de John – e logo sua princesinha estava no quarto com sua princesona. O médico o chamou e juntos foram para o quarto 302. John entrou com cuidado, tentando não incomodar o sono de certa pessoinha.
– Olá! - Falou baixo.
– Oi, querido. Venha cá, veja como é linda nossa menina.
Ele caminhou de encontro à cama onde Leigh segurava a pequena nos braços.
– Pegue-a!
Ele olhou receoso pra ela, tinha medo de machucar aquela coisinha tão pequenininha.
– Mas... Eu não sei como segurá-la, vou acabar desmontando a menina inteirinha.
Ela riu baixinho para não acordar a filha. Como um pai podia ser tão inseguro?
– John, você não vai conseguir matar nossa filha só de segurá-la no colo. Ela é forte, precisa muito mais do que isso para derrubá-la.
– Ela será forte como você, né?
Ele olhava encantado para o ser tão frágil que sua esposa embalava.
– Como nós.
Sorrisos singelos se formavam naqueles rostos felizes. Eles estavam orgulhosos pela filha que agora tinham.
John tomou coragem e pegou a criança no colo. Olhou pra ela e em seguida para a mãe.
– Welcome to our world, my little angel.
Leigh-Anne sorriu aberto, quase chorando. Conteve-se quando lembrou de um detalhe essencial.
– John! Mas e o nome dela? Eu acreditava tanto que era um menino que nem pensei num nome de menina.
Ela parecia decepcionada consigo mesma.
– Mas, – ele sorria sarcástico, mas dócil – como eu já sabia que era uma menina, pensei em tudo. Ela se chamará , . Fica lindo, não?
Leigh parecia surpresa com o fato de John estar mais preparado do que ela.
– É, gostei. , futura presidente dos Estados Unidos... Verdade, é um nome lindo!
– Ah, Leigh-Anne, não viaja, vai!
Eles riram das bobagens um do outro.
– Vocês são tudo pra mim. Não importa se é dia ou noite, mas vocês são a luz da minha vida. Minhas garotas... Até mesmo quando a lua está no mais alto dos céus, vocês são meu sol, meu tudo. Meu sol da meia-noite.
Estavam todos contentes pela chegada da pequena , mas principalmente o Sr. e Sra. . A vida era mais bela e florida depois daquele dia. era forte, saudável. Apesar de pequena, era alegre. Acabou por transformar tudo em festa. Seu par de olhos castanhos contagiava qualquer um que os olhasse, dando-lhes paz.
04 de setembro de 1992, o dia em que a vida de todos mudou com a chegada da mais bela moradora do mundo.
FIM!
Nota da autora: Então é isso, meninas. Essa foi a fic mais mel com açúcar e leite moça que já fiz na minha vida, mas enfim. Deixem seus comentários, ok? Beijitos. <33
Nota da Beta: Hey, pessoa! Só pra avisar que se você encontrar qualquer erro na fic pode entrar em contato comigo por e-mail ou pelo twitter. E não custa nada deixar um comentário pra fazer uma autora feliz, porque ela merece.
Letii