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Última atualização: 27/06/2017

Capítulo 31


Agora


“Obrigada por não desistir de mim nunca, ” aquela frase ainda ecoava viva em minha cabeça enquanto encarava a porta de meu apartamento com o cachorro em meu colo. Meus braços provavelmente haviam adormecido e balancei a cabeça, tentando afastar todas as lembranças daquele dia. Abri a porta com certa dificuldade e Andrew não estava mais no sofá, soltei o cachorro e senti meus braços formigarem devido ao peso que ele tinha com apenas três meses de idade.
- Querida, o que... – Andrew começou a dizer, mas as palavras sumiram de sua boca quando encarou o filhote em sua frente e os olhos azuis me fitaram em desespero – , TIRE ISSO DAQUI!
- Ele é apenas um filhote, ganhamos de presente! – Eu retruquei irritada com a maneira que ele havia se referido ao cachorro e o peguei em meu colo novamente.
- Quem poderia ter dado... – Andrew começou a perguntar, mas ficou em silêncio segundos depois e me fitou com raiva – Foi ele, não foi? – Permaneci em silêncio, enquanto a risada sarcástica de Andrew preenchia todo o ambiente.
- Você não vê o que ele está fazendo? – Andrew perguntou se aproximando de mim com o tom de voz mais elevado que o normal – Ele está fazendo de tudo para estragar nossos planos, mas você é inocente demais para perceber isso!
- nunca seria capaz de impedir que eu fosse feliz, a menos que eu não estivesse feliz! – Retruquei irritada e Andrew parou para me encarar por alguns segundos, foi aí que eu parei para pensar no que eu havia falado.
- Você não está feliz, então? – Andrew perguntou com raiva em cada silaba que escapou furiosamente de sua boca e eu fechei meus olhos, ele se aproximou - Você não está feliz, ?
- Eu... Estou, é que... – Eu comecei a dizer e as palavras sumiram de minha boca e senti os dedos macios de Andrew apertarem meu rosto com força, me puxando para mais perto de seu rosto.
- Devo te lembrar tudo que ele já te fez de ruim? – Ele perguntou com ironia e encarei seus olhos azuis, sentindo seus dedos me machucarem e consegui me afastar – Quer mesmo alguém que te lembre o quanto você foi agredida?
- Cala a sua boca. – Eu pedi furiosa, olhando na direção de Andrew e fechei meus olhos, mordendo meu lábio com força, sentindo o gosto de sangue em seguida – Você não o conhece para julgá-lo dessa maneira.
- Se você desistir disso tudo... – Andrew ameaçou com o indicador apontado em minha direção – Menos de algumas semanas para nosso casamento. Eu vou parar imediatamente o tratamento de sua mãe, . Vou te lembrar uma última vez que a melhora dele depende exclusivamente do meu dinheiro.
Fiquei em silêncio e abri meus olhos, agora marejados encarando o monstro em minha frente que eu pensei estar apaixonada. Ele sorriu irônico e se aproximou de mim, tocando meu rosto agora com delicadeza.
- Aposto que seu melhor amigo não sabe disso, não é?


Dezembro de 2012



Chegamos finalmente ao baile, o caminho todo a única coisa que quebrava nosso silêncio eram as músicas terríveis no pen drive do pai de . ao meu lado sorria fraco toda vez que me pegava observando-a.
A entrada do buffet estava enfeitada com bexigas e algumas rosas coloridas, deixou o carro com um manobrista e correu para o lado do passageiro, abrindo a porta para Amber que sorriu de orelha a orelha. Desci primeiro que e a ajudei a sair do carro, ela entrelaçou nossos braços e sorriu delicadamente enquanto andávamos em direção a entrada principal.
- Sejam bem-vindos. – Uma recepcionista loira nos recebeu e amarrou uma pulseira em nossos pulsos antes de nos deixar entrar, as pessoas pararam para ver daquela maneira, tão ela.
Assim que entramos, encontramos o time de futebol reunido no canto do baile e os gritos foram ouvidos pelo ginásio inteiro quando nos viram. Fomos recebidos por abraços e por beijos com cheiro de bebida alcoólica de alguns jogadores do time, eu ia sentir falta daquela alegria.
- Foxes, jura? – Um dos reservas do time perguntou embriagado e eu me forcei a fuzilá-lo pela maneira que ele olhava para minha garota que sorria timidamente me sua direção – Meu deus, eu ainda tenho chances com você na última festa do colégio?
- Ela está acompanhada, imbecil. – Resmunguei, puxando para perto de mim pela cintura e ele ergueu os braços para o alto, rindo em desespero logo em seguida – Vamos dançar, .
- Acho que ele ficou bravo comigo. – Ouvi o reserva sussurrar para um dos companheiros e virei meu rosto para confirmar seu pensamento, ele engoliu em seco, se virando para falar com os outros jogadores.
- Não posso receber mais elogios, ? – perguntou em tom irônico enquanto parávamos em frente à mesa de salgadinhos que havia em um dos lados do ginásio e a ignorei, enfiando um bolinho de carne na boca – Ok, vou perguntar outra coisa então.
Dei de ombros ainda sem responde-la e pude encarar de lado seu sorriso sarcástico no canto da boca, três ruguinhas discretas surgiram nos cantos de seus olhos.
- Está com ciúmes de sua melhor amiga?
- Eu sempre tive. – Retruquei dando de ombros e ela acenou com a cabeça, parecendo surpresa com a resposta que não esperava – Eles só estão vendo agora o que eu sempre vi.
- O que você sempre viu? – Perguntou em um sussurro baixo, os olhos castanhos me fitavam de maneira intensa e eu respirava com certa dificuldade, eu odiava a maneira como ficava nervoso e com o coração acelerado na presença dela.
- O quanto você é linda, .


Dezembro de 2012
A campainha tocou e eu me estiquei no sofá entediado, não estava afim de receber visitas aquele horário e coloquei o programa de culinária no mudo. Abri minha boca para chamar por Mary, mas lembrei amargamente que aquele era seu dia de folga e ela tinha decidido visitar alguns parentes no interior. Levantei meu lindo corpo do sofá e caminhei em direção à porta, tocando a maçaneta gelada antes de abrir a porta e encontrar com o rosto vermelho e o filhote em seus braços.
- Eu não posso aceitar isso. – colocou o filhote no chão que correu para dentro de meu apartamento e começou a cheirar tudo, ignorei o fato de que ele poderia fazer xixi em um dos meus tapetes ou móveis – Você mais do que ninguém sabe que Andrew é alérgico.
- Você sempre quis um cachorro. – Retruquei levemente irritado, batendo a porta com certa força enquanto adentrava minha sala de estar e passava as mãos pelos cabelos castanhos.
- As coisas são diferentes agora, . – respondeu em um tom de voz mais alto e fechou os olhos, os abrindo novamente e encarei seus olhos marejados – O que você está fazendo?
- Tentando mostrar para você que não é feliz nesse relacionamento, droga! – Gritei em resposta e ela mordeu o lábio, levando em seguida a mão direita em sua boca e observei a primeira lágrima cair – Você pelo menos ama o cara que você vai casar?
ficou em silêncio por alguns segundos e eu já não ligava para as lágrimas que brincavam em seu rosto delicado, uma mistura de emoções tomava conta de seus olhos e eu mal conseguia decifrá-las.
- Vai muito além de simplesmente amar alguém, . – respondeu com raiva e balançou a cabeça, parecendo espantar algum pensamento e eu tentei me aproximar dela – Você nunca vai entender.
- Eu quero entender, . – Segurei em seu braço quando ela fez menção de ir embora e afrouxei um pouco o aberto quando ela gemeu baixinho, a puxando para perto de mim – Eu amo você, eu quero o seu bem.
- Agora você quer meu bem, não é? – Perguntou com raiva e eu a encarei sem entender, ela limpou as lagrimas teimosas que insistiam em cair e mordeu o lábio receosa – Você não pensou no meu “bem” quando jogou tudo para o ar.

Dezembro de 2012


Eu havia ficado sem reação por alguns minutos talvez pela confusão e preocupação estampadas na cara de meu melhor amigo. Respirei fundo, tentando inalar a maior quantidade de ar que meus pulmões me permitiam e os soltei quase no mesmo instante. se aproximou e senti a maciez de seus dedos tocarem minha bochecha, causando choques no lugar que ele havia tocado.
- Você é linda, . – Ele murmurou contra minha boca e senti sua respiração quente bater contra minha boca, me causando arrepios – E droga, você é perfeita.
- , eu estou ficando com medo. – Murmurei em resposta, fazendo com que ele risse nasalado e segurasse meu queixo com a ponta de seus dedos, erguendo meu rosto em sua direção e fazendo minha respiração falhar logo em seguida.
- Aceita dançar comigo, senhorita? – Ele perguntou em seguida com um sorriso brincalhão e sem escolhas, eu aceitei e eu havia aceitado mergulhar nas batidas de meu coração quando ele segurou minha mão e me guiou para o centro da pista de dança.
- Eu aceito. – Respondi quase que imediatamente, fazendo o sorrir daquela maneira que eu amava. envolveu minha cintura com um braço e me puxou para perto de si, me fazendo sorrir com nossa aproximação, envolvi seu pescoço com meus braços, fazendo com que nossos corpos colidissem por alguns segundos e nossas respirações falhassem em resposta.
A música lenta nos guiava no ritmo dela, ao nosso lado vários casais dançavam abraçados enquanto éramos apenas um casal de melhores amigos e pensar aquilo, de alguma maneira, doeu em meu peito de maneira desconhecida.
Encarei os olhos azuis de que haviam adquirido um brilho diferente naquela noite e sorri fraco, fazendo um carinho leve em sua nuca, brincando com os fios de seu cabelo macio. Ele fechou os olhos e sorriu doce, me fazendo prender a respiração e controlar a vontade de beijá-lo no meio da pista de dança.
- Você não precisa se controlar. – Ele murmurou baixinho, quebrando o silêncio que havia se instalado entre nós e imediatamente encarei seus olhos abertos refletindo algo desconhecido para mim – Nunca precisou, anjo.
Minha respiração falhou quando ele murmurou aquele apelido e me aproximei mais dele, apoiando minha cabeça em seu peito e fechei meus olhos, ouvindo os batimentos acelerados de seu coração enquanto continuávamos a dançar. Senti a ponta de seu dedo tocar meu queixo e erguer meu rosto em sua direção.
mordeu o lábio e eu suspirei, com os braços ainda em volta de seu pescoço, o puxei para mais perto e sorri fraco ao vê-lo subir sua mão para minha nuca e apertar fraquinho, me puxando para perto de seu rosto. Meu nariz tocou levemente no dele e fechei meus olhos, cedendo a vontade que eu sentia de beijá-lo novamente, eu não resistiria ao que sentia por aquele garoto em minha frente.
Em seguida, senti seus lábios macios tocarem os meus de maneira suave, me fazendo respirar pesadamente. Sua língua pediu passagem e eu cedi sem pensar duas vezes, ao sentir sua língua colidir com a minha tudo se apagou ao nosso redor e não existia mais nada além de nós dois. A sensação que eu sentia quando eu o beijava era inexplicável, uma mistura de felicidade e desespero, havia química em nosso beijo, mas além de tudo havia amor e isso era o que deixava tudo mais gostoso.
Aos poucos, os selinhos foram intercalados em tempos variados e eu ainda mantive meus olhos fechados. Abri meus olhos e encontrei sorrindo doce em minha direção, olhei rapidamente para os lados e as pessoas nos olhavam curiosas e algumas felizes, sorri mais uma vez na direção dele que me beijou mais uma vez, segurando meu rosto entre suas mãos.
- Eu amo você, . – Ele murmurou contra minha boca e eu sorri incrédula – Como é bom finalmente poder tirar isso do meu peito, eu amo você.
- Eu amo você, .

Capítulo 32



Parte I



Minha cabeça rodava com ferocidade, eu mal conseguia ficar em pé. A parede era meu apoio em todos os momentos, meus dedos se mantiveram firmes em volta do copo com alguma bebida alcóolica. Respirei com dificuldade quando duas garotas passaram por mim, eu sabia que tinha que me controlar, provar para ela que eu poderia ser diferente quando se tratava de 'nós'. Olhei para o conteúdo em meu copo e o virei com tudo, sem pensar duas vezes antes de engolir o conteúdo ardente e fechar meus olhos em reflexo.
Eu sabia que ela estava viajando e acreditava que eu estava em casa enquanto rolava a maior festa, na casa do goleiro do time de futebol da época do colégio, que eu já havia vivenciado em minha vida. Algumas garotas insistiam em me provocar, enquanto eu procurava o caminho mais rápido para o sofá de couro que ficava na sala de estar. Senti uma mão macia tocar meu braço e eu me virei, encarando a garota de rosto fino e olhos castanhos, seus cabelos castanhos estavam soltos e ela usava um vestido que provavelmente havia comprado na sessão infantil. - Está sozinho? - Ela perguntou com um sorriso malicioso no rosto, cocei meus olhos e olhei ao meu redor, encarando-a em seguida.
- Estou acompanhado. - Respondi com a voz falha, eu havia enrolado nas duas palavras, fazendo com que ela soltasse um riso incrédulo.
- Não estou vendo ninguém com você. - Retrucou com os braços cruzados na altura do peito, o sorriso ainda vivo em seu rosto, me deixando maluco - Vamos, só uma bebida.
Respirei fundo, olhando ao meu redor e sentindo um alívio ao ver que ninguém ali me conhecia além de meus próprios amigos. Deixei que a garota pegasse minha mão e me guiasse para algum lugar da casa, tropeçando algumas vezes, fazendo com que eu segurasse em sua cintura para que ela não caísse.
Finalmente, chegamos a cozinha que estava vazia e ela abriu a geladeira, pegando alguma bebida e misturando com outra que já estava aberta em cima da bancada em que eu estava apoiado. Ela sorriu para mim enquanto preparava a bebida e eu sorri de volta, uma parte de mim gritava para eu sair dali e não deixar que aquilo acontecesse. A outra implorava para que eu sentisse o corpo magro da garota contra o meu, era uma necessidade desconhecida e intensa. A garota me entregou um copo com uma bebida colorida e fez um brinde, seu corpo estava a menos de um palmo de distância do meu. Experimentei a bebida que desceu cortando minha garganta e senti uma leve tontura, era a sensação da bebida e da pele dela contra a minha. Eu sentia que ela estava cada vez mais próxima de mim, depositei o copo em cima da bancada e apoiei minhas mãos em sua cintura. Empurre. Era tudo que se passava em minha cabeça, eu sabia que em algum lugar, estava pensando e confiando em mim.
Puxei seu corpo para perto do meu, sentindo o choque entre eles e ela sorriu ao ver que estava conseguindo o que queria. Seus lábios roçaram nos meus, fazendo com que meus dedos se enroscassem em seus cabelos castanhos, suas mãos estavam espalmadas em minha barriga debaixo da minha blusa, fazendo um carinho enlouquecedor. Nossos lábios finalmente se encontraram, fazendo com que um turbilhão de coisas surgisse em minha cabeça, senti a presença de uma pessoa e me afastei da garota.
Quando meus olhos finalmente encararam a terceira pessoa presente no cômodo, senti meu estômago revirar. Aqueles olhos castanhos doces, agora me encaravam com tristeza, seus dedos estavam em sua boca enquanto ela encarava a cena em sua frente.
apareceu bêbado e desesperado, segurando que se manteve imóvel. Eu sabia que estava literalmente fodido, mas eu não poderia ficar parado vendo a minha garota ali. Empurrei a garota que estava em minha frente, contente pelo que estava acontecendo, andei na direção de que se afastava a cada passo que eu dava em sua direção.
- Me solta, . - Foi tudo que eu ouvi dizer, tentando escapar das mãos fortes de meu melhor amigo - ME SOLTA, SEU IMBECIL!
Foram as últimas palavras que ouvi de aquela noite, ela saiu correndo, disparada em direção à saída. Meus passos eram rápidos, mas a embriaguez me impedia de correr de forma certeira em sua direção, pessoas paravam para assistir a cena que acontecia ali.
- , ESPERA! - Gritei com toda minha força, mas ela não obedeceu, disparou para fora da casa de . Senti mãos fortes me segurarem e me impedirem de ir atrás dela - Me deixe ir, .
- Você vai piorar as coisas. - retrucou sério, toda a embriaguez que ele estava parecia ter sido sugada por algum buraco negro - Fique aqui, amanhã te levo para sua casa e vocês poderão conversar. Fiquei sentado no sofá de , aos poucos a dor de cabeça vinha surgindo lentamente e eu sentia a confusão em minha cabeça. Eu havia estragado tudo que havíamos construído juntos, todo meu esforço para tê-la foi em vão por uma necessidade idiota de pegar várias mulheres. Observei as pessoas indo embora, deixando a casa menos cheia, mas não totalmente vazia. O telefone tocou fazendo com que as pessoas ficassem em silêncio, observei atender enquanto a música cessava. Seus olhos azuis me fitaram de maneira séria enquanto ele respondia algo em tom baixo, deixando todos ali curiosos e aflitos. Assim que o telefone foi colocado de volta no gancho, eu senti o olhar pesado de sobre mim, enquanto eu me levantava e sentia tudo girar.
- Precisamos ir. - Foi tudo que ele disse enquanto me levava em direção à porta, deixando todos os olhares fixos em nós - Não pergunte nada, .
Concordei sem entender e uma sensação ruim me invadiu enquanto eu andava em direção ao seu mustang antigo estacionado em frente à sua casa. Entrei no passageiro e coloquei o cinto, ainda totalmente atordoado com tudo. fez o mesmo e eu percebi que suas mãos tremiam, ele parecia tenso e preocupado.
- Vai me contar agora? - Perguntei impaciente com a situação em que eu me encontrava e ele respirou fundo, antes de me direcionar um olhar rápido.
- Estamos indo para o hospital. - Respondeu em tom sério, o maxilar estava travado e os dedos apertavam o volante com força, mas eu ainda o encarava sem entender - sofreu um acidente, .

Agora


- Eu sou um idiota. – Murmurei baixo ao me lembrar do que havia acontecido seis anos atrás e fechei meus olhos, passando minhas mãos em meus cabelos, os bagunçando – Eu mereço perder você.
me olhou com os olhos marejados e abaixou a cabeça sem dizer mais nada, fechando os olhos em seguida e soltando um soluço alto. Eu e havíamos assumido um namoro desde o último baile do colégio, um ano e alguns meses depois, eu fiz a pior coisa que poderia ter feito com a garota que eu amava, eu quase havia traído por conta da bebida e de uma vontade idiota que eu sentia de poder ter todas as garotas que eu quisesse.
- Eu quase perdi você. – Murmurei mais baixo do que a primeira vez e ela abriu os olhos novamente, me encarando de maneira triste e eu gritei, socando a parede ao meu lado e fechando meus olhos devido a dor que eu havia sentido.

Maio de 2014
Parte II

Desci do carro como um louco assim que parou na frente do hospital. Meus pés pareciam ter vida própria enquanto eu corria em direção à recepção, uma mulher mais velha me encarou confusa e eu sentia o desespero correr vivo em minhas veias.
- . - Foi tudo que consegui dizer, havia uma bola em minha garganta me impedindo de falar o sobrenome dela.
- Terceiro andar, ela está em emergên... EI, ESPERE! - Ela gritou desesperada ao me ver correr em direção ao elevador, apertei o botão várias vezes e bufei quando vi que teria que ir de escada.
Abri a porta de emergência e subi com a mesma velocidade, pensando nela e que aquilo tudo havia sido por minha causa. Assim que cheguei ao andar, observei os enfermeiros me encararem confusos, eu sabia que a entrada era proibida para visitantes naquele andar, mas eu precisava vê-la. - , eu preciso vê-la. - Choraminguei para o enfermeiro ruivo que se aproximou de onde eu estava, sua expressão era séria e ele manteve a postura robusta.
- Senhor, você não pode...
- Mais uma vez! - Uma voz desconhecida gritou de uma sala próxima aonde eu estava, me fazendo correr em direção à mesma, encontrando deitada em uma maca cirúrgica enquanto posicionavam o aparelho de choque contra seu peito. Sua blusa havia sido rasgada para facilitar os médicos e enfermeiros.
Eles não pareceram notar minha presença, somente quando senti dois pares de mãos contra mim, tentando me tirar daquela sala. Eu gritei, implorando para ficar ao lado dela, eu não podia perder aquela garota.
O aparelho soou novamente, aquele som assustador que eu só ouvia em filmes, invadiu meus
pensamentos, me fazendo gritar desesperado.
- FICA COMIGO, ! - Gritei desesperadamente, os seguranças me soltaram, me deixando correr até ela e tocar seu rosto com vários arranhões e hematomas.
- Não desista de nós. - Implorei baixo para somente ela ouvir.
- Vamos mais uma vez. - Uma das médicas implorou para o médico que me encarava com pena, ele concordou e tentou mais uma vez. Fazendo com que o corpo de pulasse e seus olhos se abrissem, eles me fitaram e eu senti seus dedos se entrelaçarem nos meus com força. Em seguida, ela adormeceu novamente e os batimentos voltaram ao normal, os médicos se olharam e pareciam aliviados por ver que ela era forte, minha menina era forte.
Meus olhos percorreram todo seu corpo machucado e frágil, olhei para a cena que acontecia em minha frente e soltei a mão de , vendo a mesma ser levada para o centro cirúrgico em seguida. Ela quase morreu por minha causa, eu havia causado tudo aquilo, eu quase havia sido o culpado pela morte de .
me encontrou ainda imóvel em frente a porta da sala onde haviam levado , seus olhos azuis pareciam confusos ao ver o tumulto que ao pouco se desfazia. Os seguranças me encaravam com pena e aliviados, mas suas expressões se tornaram confusas quando saí de perto deles e de tudo, quando decidi que sairia de perto de ... Para sempre.

Capítulo 33


Agora ) havia entrado em estado de choque em minha frente, me deixando sem reação ao ver a dor em seus olhos e não poder fazer nada. Tínhamos tantos assuntos mal resolvidos que foram deixados de lado por cinco anos por medo e raiva. Ele socou a parede pela terceira vez e quando iria fazer novamente, eu estava segurando sua mão e dando beijos nos nós de seus dedos machucados. - , saía. – Ele rosnou baixinho com os olhos fechados, eu sabia o quanto ele era péssimo para descontar sua raiva e extrapolava, eu não o deixaria se machucar, nunca. - Eu não vou sair, você sabe disso. – Sussurrei próximo ao rosto dele e o toquei com cuidado, como se ele pudesse se desmanchar em minha frente e nada passaria de um sonho – Não adianta mais pedir para que eu saía da sua vida, . Você tentou isso há cinco anos atrás e eu continuo aqui. Os olhos azuis dele me fitaram logo em seguida de maneira intensa, fazendo com que minha respiração falhasse e eu a prendi por alguns segundos quando senti minhas costas baterem contra a parede gelada e as mãos de ficarem apoiadas ao redor de minha cabeça, me deixando levemente zonza com aquela proximidade. Julho de 2014
Parte III Dois meses depois do acidente
Desde aquele dia eu não tive mais contato com . Eu recebia notícias do estado de saúde dela graças aos meus amigos que mantinham contato com fontes que eram próximas dela. Inúmeras noites eu parava em frente sua casa e ficava encarando sua janela, segurando a vontade de pedir desculpas e enchê-la de beijos. Agradecer por ter ficado e não partido, me deixando sem ela para sempre, mas agora eu havia decidido isso por mim mesmo. Eu havia sido o culpado pela quase morte da garota que eu amava e eu não conseguia conviver com ela depois disso, de ter feito com que ela sofresse e confiasse em mim mesmo sabendo que eu não tinha conserto. - Você precisa sair. - disse após me entregar uma cerveja gelada enquanto assistíamos um jogo de basquete qualquer - Não pode se culpar para sempre do que aconteceu com ela, cara. - Eu não deveria ter ido para aquela maldita festa, não deveria ter mentido para ela. - Retruquei para mim mesmo, fazendo-o suspirar ao meu lado antes de beber um longo gole de sua cerveja. - Por que se afastou dela sabendo que isso te faria mal? - perguntou impaciente, enquanto me encarava com irritação - Vá atrás dela, tenta recomeçar. - Não quero mais fazer mal para ela, . - Respondi com certa frieza, meus dedos estavam gelados ao redor da cerveja e eu suspirei - Eu quero ela feliz. - Vamos. - Ele disse desligando a televisão e se levantando em seguida - Vamos para a festinha que Maggie está dando, vamos animar. Assim que o mustang foi estacionado, encarei a casa branca em minha frente com algumas pessoas sentadas no jardim conversando. Desci do carro e fechei a porta, ainda com o olhar perdido em algum ponto da festa. foi na frente e eu o segui para dentro da casa, enquanto ele cumprimentava algumas pessoas e eu apenas acenava rapidamente com a cabeça. Ele parou para conversar com uma garota de altura mediana e cabelos loiros, ela sorriu amigavelmente quando me viu e veio em minha direção. - É um prazer conhecê-lo. - Ela me cumprimentou com um beijo rápido na bochecha e se posicionou ao lado de , percebi que alguma coisa estava rolando entre eles - Fique à vontade. Obedeci a garota e caminhei em direção a área da piscina que por incrível que pareça, estava com apenas algumas pessoas desconhecidas se pegando. Peguei uma cerveja do cooler que e me sentei em uma das espreguiçadeiras que havia ali. Suspirei enquanto abria a latinha e tomava um longo gole. Uma mão macia tocou meu ombro e eu fechei meus olhos, não queria que aquele pesadelo voltasse à tona novamente. Assim que abri meus olhos, o vento trouxe o perfume que eu tanto gostava, que me fazia ficar horas cheirando o pescoço macio ao qual ele pertencia. Virei-me e encontrei com um sorriso fraco em seu rosto, algumas cicatrizes permaneceram em seus braços que estavam à mostra. Ela usava um vestido amarelo mais relaxado e sapatilhas bege com um laço preto discreto, os cabelos estavam presos em um coque mal feito, deixando que algumas mechas brincassem em seu rosto assim como sua franja de lado. - Vai continuar fugindo de mim? - Sua voz saiu firme, porém eu sabia o quanto ela lutou para perguntar aquilo, o quanto engoliu seu orgulho e sua timidez para ir até onde eu estava e me intimar. Seus olhos castanhos estavam fixos em mim, me deixando sem ar por algum tempo. Bati minha mão contra a espreguiçadeira, fazendo sinal para ela se sentar ao meu lado e ela obedeceu sem dizer nada. - Não quero que você se machuque mais por minha causa. - As palavras saíram com sinceridade de minha boca e ela relaxou os ombros antes tensos ao meu lado, as mãos brincavam inseguras sobre as pernas, fazendo desenhos no vestido amarelo. - Vai me machucar se decidir ficar fugindo de mim. - retrucou em tom sério, havia mágoa em sua voz, mas ela se manteve firme - Tratando como se fossemos dois desconhecidos, não somos isso, . - Você se machucou por minha causa, ! - Minha voz saiu alterada, aumentando o tom e a mesma não pareceu se incomodar ao meu lado - Eu vi você voltar a vida e como acha que me senti naquele momento? - Está estampado na nossa cara, . - pareceu fria enquanto seus olhos me fitavam com tristeza - Somente nós não queremos ver isso. - Do que você está falando? - Perguntei um pouco confuso e ela pegou em minha mão, fazendo um carinho fraco e eu encarei as cicatrizes em seu braço direito. - Pare de encará-las. - pediu em um sussurro, passou os dedos sobre as cicatrizes e eu engoli em seco - São parte de mim agora. - Como tudo aconteceu? - Perguntei contra minha vontade e ela suspirou, soltando minha mão e fitando a grama verde embaixo de nossos pés. - Eu saí correndo e entrei em meu carro, não percebi o quanto eu estava correndo e passei no farol vermelho. - respondeu com voz de choro e eu toquei sua mão com delicadeza, fazendo a mesma relaxar com meu toque - A colisão foi de frente e por pouco, eu sobrevivi. - Sinto muito. - Não sinta. - sorriu fraco para mim e sua mão tocou meu rosto, fazendo com que eu fechasse meus olhos - Isso tudo mostrou o que eu precisava saber. Olhei para ela confuso, uma maneira para que ela continuasse onde estava querendo chegar. - Nós não nascemos para ficar juntos, . - Aquilo doeu como um murro na cara e um chute no estômago, talvez eu nem consiga achar uma explicação para mostrar o quanto aquilo havia doido. - Podemos tentar quantas vezes formos capazes, mas nunca daremos certo. Eu e você... - fez uma pausa e sua mão ainda estava firme em meu rosto, seu polegar fazia um carinho gostoso em minha bochecha - Somos tão diferentes e certas coisas não mudam, certas coisas nunca vão mudar. A não ser que a mudança venha da outra parte também, eu sinto muito, nunca deveríamos ter tentado isso e isso foi o nosso maior erro, o último de todos. - O que quer dizer com isso? - Perguntei com a voz falha e ela sorriu sem vontade, sua mão caiu em seu colo e meu rosto formigou pedindo o toque dela novamente. - Que todas as chances de ficarmos juntos, termina aqui. - respondeu de maneira séria, uma maneira que eu nunca havia visto antes nela - E que seremos o que deveríamos ter sido há muito tempo e nada mais além disso, seremos apenas amigos, melhores amigos.

Capítulo 34


Agora
estava imóvel na parede entre meus braços, o peito descia e subia lentamente de maneira pesada, fazendo com que minha respiração seguisse exatamente o mesmo ritmo. Seus olhos castanhos me fitaram por alguns segundos antes de se fecharem e a primeira lágrima escorrer, as lembranças doíam tanto nela quanto em mim. Éramos vítimas do nosso próprio passado, mas que de alguma maneira, sempre nos encontraríamos para provar que o que sentíamos era mais forte do que qualquer dor. - Não posso acreditar que você vai pertencer a outro homem, . – Aquelas palavras doeram quando saíram de meu peito e foram em direção a minha boca, ela suspirou em minha frente e abriu os olhos, me encarando intensamente – Eu simplesmente não consigo aceitar te perder. - Nem tudo na vida a gente ganha, . – Murmurou com a voz chorosa e eu quis esmurrar mais ainda a parede ao seu lado, a dor nas juntas dos meus dedos não era nada comparada a dor que sentia dentro do peito – Existem outras coisas além do que sinto por Andrew. - Que outras coisas, ? – Perguntei suplicante e fitei seus olhos castanhos que pareciam distantes e ela mordeu o lábio nervosa – Você está... - Não. – Ela respondeu imediatamente, soltando um riso nervoso em seguida, sem sair do meio dos meus braços, se mantendo naquela posição como se eu a estivesse prendendo – Eu não posso desistir de tudo, . Eu não aguentaria mais ouvir que ela não poderia ser minha, palavras não iriam mudar o que eu pensava. Encostei meu corpo no dela e ouvi fungar baixinho, fechei meus olhos e instintivamente meus lábios procuraram pelos dela, os achando em questão de segundos. Senti seus lábios macios e doces tocarem os meus e logo pedi permissão para um beijo, ela negou por alguns segundos, mas quando sua boca se abriu levemente, tirei as mãos da parede e a puxei para mais perto de mim. - Não adianta continuar negando o que o seu corpo implora. – Sussurrei em seu ouvido e ela me empurrou contra a vontade, limpando a boca em seguida enquanto as lágrimas brincavam em seu rosto – ... - Quer saber a verdade? – Gritei em sua direção e isso a fez parar no meio do caminho e me olhar com o rosto vermelho por causa das lágrimas e eu respirei fundo antes de continuar – Eu tenho muito medo de que você descubra que me ama e que seja tarde demais para isso. Ela não disse nada antes de pegar a bolsa jogada em cima do sofá e olhar uma última vez em direção ao filhote deitado em meu tapete, dormindo de maneira tranquila enquanto um furacão acontecia ao seu redor. me olhou uma última vez antes de abrir a porta e a fechar com força, fazendo o estrondo ecoar pelo apartamento inteiro e fazer com que o filhote erguesse a cabeça para ver o que estava acontecendo. Gritei e mais uma vez esmurrei a parede, sentindo os nós de meus dedos doerem de maneira gostosa comparado a tudo que se passava em minha cabeça, não havia mais pelo o que lutar. Eu tenho muito medo de que você descubra que me ama e que seja tarde demais para isso. As palavras de ecoavam em minha cabeça enquanto eu entrava dentro do carro e colocava o cinto, minha visão estava completamente embaçada e eu sabia que seria perigoso sair dirigindo naquele estado. - Eu já te amava, . – Murmurei sozinha olhando meu reflexo distorcido no retrovisor e com as costas de minha mão direita limpei meu rosto, sentindo o gosto salgado das lágrimas me minha boca antes de pisar na embreagem e ligar o carro – Você que percebeu isso tarde demais. Acelerei o carro após engatar a primeira e cantei pneus, fazendo alguns carros buzinarem tamanha a minha pressa. Em questão de poucos minutos eu estava estacionando na garagem e indo em direção ao meu apartamento, minha cabeça estava prestes a explodir a qualquer momento. Abri a porta do apartamento e encarei Andrew sentado no sofá, parecendo entediado com a televisão. Ao me ver, se levantou rapidamente e veio em minha direção, limpando as lágrimas que ainda brincavam em meu rosto e me dando um beijo demorado na testa. - Eu fiz isso para o nosso bem, você sabe. – Ele murmurou contra minha testa e eu fechei meus olhos, tentando me agarrar a isso sabendo que eu estava vivendo uma farsa após o furacão que havia dentro de mim – Ele sabe que sou alérgico e... - O filhote foi devolvido, Andrew. – Eu o cortei rapidamente, eu queria a todo custo evitar aquele assunto e finalmente encarei seus olhos tensos sobre mim – Eu não quero mais falar disso, está bem? - Desculpe, querida. – Andrew respondeu contra a sua vontade e ergueu meu queixo, me roubando um beijo e sorriu em minha direção – Amo você. Eu sorri sem responder o que ele havia dito e fui em direção ao quarto, fechando a porta e me jogando na cama. Eu não tinha a quem recorrer, a única pessoa que eu tinha nesse momento me odiava por ser fraca demais para deixar o passado de lado. Dezembro de 2012 - Para onde você está me levando, ? – Perguntei desesperada e sem conseguir parar de rir, por causa dos tropeços que eu dava sem ao menos enxergar o que estava fazendo com que eu quase caísse – Você está me sequestrando ou algo do tipo? Toquei o pano macio que ele estava usando como venda em mim, mas recebi um beliscão em minha mão esquerda, me fazendo rir quando ele pensou que eu estragaria seu plano maligno. Meus pés afundavam em algo e um cheiro típico de terra úmida invadiu meus pulmões, me fazendo ficar mais curiosa de onde eu poderia estar sendo levada. Finalmente, senti suas mãos sobre minha cintura, indicando que eu deveria parar e eu obedeci sem pensar duas vezes. Seus dedos macios subiram por minhas costas e tocaram minha nuca já que eu usava um rabo de cavalo. Fechei meus olhos apesar de estar com a venda ao sentir seus dedos macios sobre minha pele exposta e mordi meu lábio. Senti desamarrar o nó da venda e mantive meus olhos fechados, sentindo uma leve brisa tocar meu rosto. - Pode abrir. Obedeci suas palavras e lentamente abri meus olhos que se acostumaram com a claridade de forma rápida. Encarei o enorme lago em nossa frente e um sorriso brincou em meu rosto ao observar aquele lago em que meus pais me levavam quando eu era criança. Virei-me incrédula para encarar e ele sorria de maneira vitoriosa, eu não me lembrava de falar daquele lago para ele e como ele me fazia bem. - Surpresa. – Ele sussurrou se aproximando de mim e senti o toque macio de seus dedos em minha bochecha e fechei meus olhos, os abrindo lentamente em seguida e fitando seus lábios. Em um impulsivo, encostei meus lábios nos seus e pedi permissão para iniciar um beijo e ele rapidamente concedeu. Senti sua mão firme segurar em minha nuca, nos aproximando mais. - Ainda não acabou. – murmurou no meio do beijo, me fazendo sorrir mais ainda e fitei seus olhos azuis. Ele passou o dedo indicador pela minha boca – Sua boca é tão gostosa, sabia? Ri envergonhada e ele entrelaçou nossos dedos, me levando para a beira do lago e eu gemi baixinho, estava frio aquele dia e eu não estava preparada para entrar em um lago gelado, mas meu coração se acalmou quando observei o pequeno barquinho que havia ali e mordi meu lábio. esticou a mão e me ajudou a entrar no banco que balançou um pouco com meu peso, me sentei de maneira que eu ficasse de frente para a paisagem e ele ficou de costas, ajeitando os remos enquanto me encarava com um sorriso bobo no rosto.

Capítulo 35


Agora

Estacionei em frente a clínica de reabilitação e respirei fundo antes de desligar o carro. Retirei a chave do contato e abri a porta com pressa, fechando-a em seguida e ligando o alarme. Caminhei em passos rápidos em direção a recepção e uma enfermeira de cabelos pretos e olhos castanhos me atendeu com um sorriso forçado aquele horário da manhã.
Eu realmente esperava que Gregory estivesse acordado, senão eu teria que esperar até o momento que ele acordasse e estivesse apto para receber uma visita.

- Bom dia, em que posso ajudá-lo? – Perguntou a enfermeira talvez pela segunda vez somente pelo tédio em sua voz e balancei a cabeça, afastando meus pensamentos.
- Quero falar com Gregory. – Eu respondi rapidamente e ela me encarou confusa, acenando em seguida – Sou um conhecido dele.
- Seu nome, por favor. – Ela pediu enquanto apoiava o telefone no ouvido e me olhava de maneira séria.
- .

Alguns minutos depois ela finalmente me encaminhou para um quarto mais afastado da recepção e bati na porta três vezes, antes da mesma se abrir e uma enfermeira me receber com um sorriso simpático.

- Fico feliz que alguém tenha vindo visitá-lo. – Ela murmurou somente para eu ouvir e saiu sem dizer mais nada, olhei para dentro do pequeno e aconchegante quarto, encontrando Gregory sentado em sua cama, tomando o café da manhã.
- Você é a última pessoa que eu pensaria que viesse me visitar um dia. – Gregory disse com a voz ainda sonolenta e eu sorri fraco, fechando a porta atrás de mim e me aproximando de onde ele estava, ergueu seus olhos para me encarar e sorriu de bom humor – Bom dia, .
- Bom dia, Gregory. – Eu respondi, me sentando na cadeira de balanço que havia ali e mordi meu lábio, não sabendo por onde começar.
- Deixe-me adivinhar. – Gregory começou a falar, depositando a xicara com alguma bebida quente dentro na mesinha de apoio que havia em sua frente e me lançando um olhar sério – Você não conseguiu, não é?

Apenas balancei a cabeça, confirmando sua resposta e ele massageou as têmporas, respirando profundamente em seguida.

- Ela está cometendo um grande erro, meu filho. – Gregory completou em tom sério e me lançou um olhar acolhedor, olhei para qualquer ponto fixo em seu quarto que não fosse seus olhos.
- Eu sei. – Respondi em tom baixo e olhei rapidamente em sua direção – Mas parece que nada vai mudar a cabeça dela.
- Existe uma pessoa que pode mudar a cabeça dela. – Gregory avisou em tom sério e eu o encarei por alguns segundos antes dele continuar – Violet, ela sempre aconselha .
- O que houve com Violet? – Perguntei em seguida, não havia falado de sua mãe para mim em nenhum momento, ao menos citado.
- Eu sou a última pessoa que vai ter notícias da ex-esposa, meu filho. – Gregory respondeu de maneira amargurada e eu concordei, massageando meu queixo tentando pensar – Provavelmente sua mãe deve ter notícias dela.

Levantei-me rapidamente e Gregory me lançou um olhar curioso, retribui o olhar e ele tomou um gole de sua bebida antes de continuar.

- Eu não gosto daquele Andrew. – Gregory admitiu em tom sério e seus olhos me fitaram novamente, dessa vez com uma intensidade diferente, ele estava sendo sincero pela primeira vez – Eu me vejo naquele garoto, . O antigo Gregory que era um monstro.

O silêncio reinou por alguns segundos até que sua respiração falha interrompesse o silêncio e ele tomava mais um gole antes de voltar a falar.

- Não desista de , por você, por mim e principalmente por ela.
- Não vou desistir, Greg.

Nos despedimos rapidamente e eu o abracei com força, era a primeira vez que eu sabia que podia contar com aquele homem e que ele realmente queria o bem de sua única filha. Despedi rapidamente das duas enfermeiras que me receberam e corri em direção ao meu carro, ligando-o e dando ré, rumo a direção à casa de minha mãe.
- Me diga que você não veio trazer o cachorro para morar aqui. – Ashley murmurou sonolenta quando abriu a porta, os cabelos loiros ainda estavam bagunçados e eu neguei, fazendo ela suspirar aliviada e dar espaço para que eu entrasse em casa – Mamãe está na cozinha.

Ashley fechou a porta atrás de mim e como um zumbi domado pelo sono, voltou para a sala de estar e se jogou lá. Caminhei rapidamente em direção a cozinha, encontrando minha mãe terminando de cortar alguns legumes.

- , que surpresa, querido! – Ela exclamou ao me ver e a dei um beijo rápido na testa, ela largou a faca e a cenoura, me olhando de maneira séria em seguida – O que houve?
- Preciso saber sobre Violet, mamãe. – Eu murmurei com os dentes trincados tamanho o nervoso que percorria meu corpo – Eu preciso saber o que houve com ela.

Emma se sentou e me puxou para sentar na cadeira em sua frente, ela mordeu o lábio antes de iniciar o assunto.

- Você sabe que nos afastamos, não sabe? Desde que tudo aconteceu... Mas eu recebi notícias de Violet há alguns meses. – Minha mãe começou em tom sério e segurou em minhas mãos – Violet está com câncer de mama, querido.

Aquilo foi um pequeno choque e eu senti minha respiração pesada e falha logo em seguida, ela me lançou um olhar piedoso.

- Soube que ela não tinha condições de pagar o tratamento e estava cada vez mais doente, mas parece que uma alma boa está ajudando com os pagamentos dela. – Minha mãe completou com um sorriso doce e eu me mantive sem sorrir – A quimioterapia em hospitais bons são caras demais.
- Então alguém está pagando a quimioterapia da mãe dela? – Perguntei em tom sério e minha mãe concordou – Um desconhecido?
- Não sabemos quem é, querido. – Minha mãe respondeu no mesmo tom e olhou para as unhas antes de voltar seu olhar para mim – Por que isso te importa?
- estava quase cedendo, mãe. – Confessei com o olhar tenso e a dor refletida em minha voz, ela suspirou surpresa e eu mordi meu lábio – Mas algo a fez mudar de ideia e simplesmente começar a me odiar.
- Já pararam para pensar que aquele noivo dela pode estar ferrando com tudo? – A voz de Ashley invadiu a cozinha e me virei para encará-la, apoiada no batente da porta com o pijama curto como de costume.
- Ashley, já te ensinei a não ouvir a conversa dos outros! – Emma gritou em tom sério e Ashley deu de ombros, se aproximando e sentando ao meu lado – Mas você pode estar certa.
- Mãe, você sabe onde é o hospital que Violet está?
- Vou confirmar com a vizinha, um minuto. – Minha mãe se levantou e pegou o telefone apoiado na parede, discando um número já conhecido e esperou alguns segundos, olhando em minha direção – Olá, Juliet, como está?

Eu me desliguei da conversa por alguns segundos, sentindo a massagem de Ashley em meu ombro, como se me acalmando e eu a olhei, vendo-a sorrir confortante em seguida.

- Está bem, já está anotado, obrigada. – Minha mãe desligou o telefone e me olhou com um sorriso, erguendo um post-it rosa com o endereço do hospital.
- Vou me trocar e irei com você. – Ashley avisou e saiu correndo, peguei o post-it e abracei minha mãe com força.
- Vai dar tudo certo, querido. – Minha mãe sussurrou em meu ouvido, ainda me abraçando com força e eu sorri – A guerra não está perdida.

Capítulo 36


Estacionei em frente ao enorme hospital que ficava mais afastado da cidade e observei Ashley observar cada detalhe, em seguida seus olhos azuis me fitaram de maneira séria e um sorriso sincero brincou em seu rosto, trazendo uma leve calmaria no que eu sentia dentro do peito.
- Eu só estou te ajudando porque acho que você merece uma chance, assim como ela merece a chance de tentar novamente com você. – Ashley murmurou e me abraçou, eu respirei com dificuldade e concordei com a cabeça, tirando o cinto e ela abriu a porta do carro.
Entramos rapidamente no hospital e demos de cara com uma bela recepção, mal parecia uma recepção de um hospital e sim de um hotel.
- Lembre-se de me internar aqui um dia se precisar. – Ashley sussurrou abobalhada e eu olhei feio em sua direção, ela deu de ombros e continuou analisando a recepção enquanto eu me aproximava das duas mulheres bem arrumadas que pareciam entretidas em alguma fofoca.
- Vim visitar minha sogra, Violet. – Eu disse rapidamente e elas me encararam confusas, uma delas se aproximou do balcão e me olhou atentamente.
- Pensei que você fosse loiro. – Ela murmurou e deu de ombros, pegando o telefone e discando algum número, sem ao menos pedir meu RG o que foi um alivio - Andrew, veio te visitar. Ok.
Ela mexeu na gaveta e me entregou um adesivo, eu o coloquei rapidamente em minha camiseta e seus olhos castanhos pararam em Ashley que me olhou rapidamente.
- Ela pode esperar aqui fora? – Perguntei incerto e as duas recepcionistas concordaram, uma delas perguntou se Ashley gostaria de uma xícara de café e a mesma concordou sorridente.
- Se você ver alguém conhecido, me avise e se esconda. – Disse em tom sério e ela concordou disfarçadamente, um sorriso fraco surgiu em seu rosto.
- Boa sorte.

Janeiro de 2013


Ouvi um resmungo baixo e virei para encarar , ela engatinhou em minha direção com uma expressão mal-humorada, se sentando ao meu lado em seguida no telhado e encarando o céu estrelado sobre nós. Seus olhos castanhos me fitaram e ela não sorria, porque sabia exatamente o motivo que a havia levado até ali, sem dizer nada, se aproximou e apoiou a cabeça em meu ombro, entrelaçando nossos dedos e fazendo um carinho, que me levava para um mundo distante da zona de conflito que eu vivia.
- Eu sinto muito por tudo que ele está fazendo com vocês. – murmurou baixinho e seus olhos me fitaram mais uma vez, eu a puxei para mais perto e mordi meu lábio – Sei que é errado falar isso, mas eu sinto raiva dele por causar isso em você, vocês não merecem.
- Você sabe que é a primeira e última pessoa que eu confio no mundo, né? – Perguntei em tom sério e ela me encarou sem sorrir, não deixando de sair do meu lado e sorrindo de maneira doce logo em seguida.
- Tenho medo de fazer promessas e não conseguir cumpri-las um dia, . – Murmurou baixinho e eu a olhei com sinceridade, dando um beijo demorado em sua testa – Mas quero que saiba que não vou te abandonar, independente do que aconteça, não me vejo mais sem você.
- Você é a única que eu consigo conversar sem saber que vai me julgar, por isso eu amo você.
- Eu te amo, muito. – respondeu e tocou meu rosto com delicadeza – Promete que não vai me esquecer?
- Nunca.

Agora
Eu dei duas batidas na porta e a voz de Violet fez com que meu corpo inteiro tremesse, abri a porta lentamente e observei pela pequena fresta, ela deitada em sua cama lendo um livro e senti um aperto forte em meu peito ao ver os cabelos que antes eram compridos, agora tão curtos e sem vida. Terminei de abrir a porta e seus olhos se ergueram para me ver, seus olhos castanhos se arregalaram e eu encostei a porta.
- , o que você faz aqui? – Ela perguntou atordoada, colocando o livro de lado e se ajeitando na cama, ela parecia mais pálida que o normal e me senti mal por vê-la naquele estado, depois de tudo que ela e passaram com Gregory.
- Eu precisava ver com meus próprios olhos. – Respondi de maneira grosseira e não me arrependi por ver que o tempo todo havia omitido aquilo de mim – me omitiu isso o tempo todo.
- Não a culpe por ter escondido isso de você, não está sendo fácil, . – Violet respondeu em tom mais grosseiro e eu puxei a cadeira da escrivaninha que tinha ali, me sentando ao seu lado na cama e ela suspirou – Eu disse para ela que era um erro convidá-lo para o casamento.
Demorei alguns segundos para processar o que ela havia dito e a encarei com raiva, ela suspirou e passou as mãos pelos cabelos grisalhos curtos.
- Só você não enxerga o quanto você a fez sofrer, não é? – Violet perguntou com raiva e eu a encarei de maneira séria – Você a deixou quando ela mais precisou de você, quando você estava precisando da minha menina, ela ficou o tempo inteiro do seu lado e quando ela precisou, onde você estava, ?
- Eu não vim aqui para ouvir novamente os meus erros, Violet. – Eu retruquei tentando manter a calma e ela riu de maneira amargurada, fazendo com que a raiva preenchesse cada parte de meu corpo – Todos merecem uma chance de consertar os erros que cometemos no passado, você teve essa chance, por que eu não teria?
- Ela está feliz agora, você não vê isso? – Violet perguntou parecendo cansada e me lançou um olhar sereno, como se quisesse mostrar que ela sabia o que era o melhor para a filha.
- Ela não está feliz, porque ela não teria me beijado e sentido minha falta se estivesse feliz com ele.
- Algumas pessoas têm o problema em superar o maior erro que cometeram na vida, e você foi o maior erro que ela cometeu, rapaz. – Violet retrucou irritada e passou a mão direita pelo rosto, eu a encarei com raiva e ela respirou fundo.
- Ele a machuca, Violet. – Eu murmurei cansado e ela se recusou a me encarar – Igual seu ex-marido te machucava e você se mantinha calada, porque algo te prendia a ele e eu aposto que algo prende a esse idiota. – Eu me levantei e a encarei mais uma vez, balançando a cabeça, incrédulo com tudo que ela havia dito.
- Eu prendo a ele.
Parei de caminhar até a porta e me virei para encarar Violet que deixava lágrimas brincarem em seu rosto triste, era aquela Violet que eu conhecia e não a que havia me recebido antes.
- Quando eu descobri a doença, foi Andrew que estava do lado de impedindo que ela caísse porque ela não podia contar com o antigo melhor amigo dela. – Suas palavras foram mais dolorosas do que uma faca acertando em cheio minhas costas - Ela já passava por momentos difíceis por causa da separação complicada que eu e Gregory tivemos, ela só precisava de alguém para se apoiar e foi quando Andrew entrou em sua vida.
Mordi meu lábio e voltei para a cadeira, me sentando e ela parecia estar aliviada, dizendo tudo aquilo. Violet observou cada movimento e voltou a falar em seguida, recuperando o fôlego.
- Então eu comecei o tratamento, eu tinha um pouco de dinheiro guardado e recebia uma pensão baixa de Gregory, porém era tão caro que nos vimos sem saída, não tínhamos dinheiro o suficiente para pagar a quimioterapia e se esperássemos pelo serviço público, talvez eu nem estivesse mais aqui.
- Eu queria poder ter ajudado, eu... – Comecei a falar, mas fui interrompido por Violet que pegou minha mão e fez sinal para que eu continuasse ouvindo-a.
- Foi então que Andrew propôs nos ajudar com o tratamento, o pai dele trabalha nesse hospital e é um dos melhores oncologistas do país. – Violet completou e eu aos poucos, começava a entender tudo – Comigo internada e com Gregory na reabilitação, ela só podia contar com ele e se não fosse por ele, não sei o que seria de .
- Então, ela está com ele por gratidão? – Perguntei em tom sério, escondendo um pouco da incredulidade que eu sentia, apesar de Andrew ser um babaca, ele realmente havia ajudado .
- Ela está com ele porque você não estava, . – Violet retrucou irritada e fechou os olhos em seguida, fazendo uma expressão de dor e abrindo os olhos novamente para me encarar – Ele gostava dela e ela gosta dele, estava tudo indo muito bem até você chegar e estragar tudo como já fez uma vez.
- Ela vai casar com ele por que ele ajudou vocês? – Perguntei impaciente mais uma vez e Violet me olhou com raiva, no final ela relaxou os ombros e concordou com a cabeça – Por que ela está fazendo isso?
- Se ela terminar tudo, não tem mais porquê ele nos ajudar, e ainda não temos dinheiro o suficiente.
Empurrei a cadeira e me levantei, indo rapidamente em direção a porta, mas um choro baixo me impediu.
- Se for para estragar tudo que faça da maneira certa e, por favor, dessa vez não seja egoísta, . – Violet pediu em tom choroso e eu a encarei – Pense em vocês, nela, não só em você, como da última vez.


Capítulo 37


- Você tem que falar com ela, . – Ashley murmurou desesperada enquanto eu socava o volante do carro ainda estacionado, ela chorava baixo ao meu lado e tentava parar meus ataques de raiva – Você não teve culpa, vocês se afastaram e as consequências levaram a isso.
- Eu fui estúpido com ela, Ash. – Retruquei com os olhos marejados e ela mordeu o lábio, encostei minha cabeça no banco e fechei meus olhos – Olha tudo que ela passou e por um orgulho idiota eu não estava com ela.
- As pessoas cometem erro, todo mundo. – Ashley segurou em meu rosto e me forçou a encará-la, senti algo quente escorrer por minha bochecha e ela fungou baixo – Ela cometeu ao esconder isso de você, você cometeu ao não responder à mensagem que ela mandou no seu aniversário, porque aquilo teria mudado tudo, entende? A gente acaba sendo direcionada para o que é certo, mesmo que algumas escolhas nos levem para lados contrários, se não fosse para vocês ficarem juntos, não estaríamos aqui agora.

Dezembro de 2016

Eu havia virado mais uma dose de tequila e minha vista já estava mais embaçada que o normal, me apoiei em algo quando senti meu celular vibrar e o tirei do bolso. Encarando o número desconhecido em minha tela, eu havia excluído seu número e ela continuava com aquele sorriso encantador em sua foto de perfil. Um alívio desconhecido invadiu meu peito quando vi que estava sozinha na foto, mas isso não era mais da minha conta... Certo?

Sei que talvez nem tenha mais motivo para eu mandar essa mensagem, mas eu só queria te desejar parabéns. Te desejo tudo de bom, saúde, paz, amor e felicidades sempre. Ass. .

Encarei a mensagem em minha frente petrificado, estava prestes a digitar algo quando um de meus amigos me chamaram para tirar uma foto e eu guardei o celular em meu bolso, esquecendo de responde-la mais tarde. Ou simplesmente, deixando para lá.

Agora

- Eu podia ter mudado tudo, não podia? – Minha voz saiu fraca e Ashley concordou com a cabeça, me puxando para abraça-la mais uma vez – Eu senti a falta dela, eu cheguei a digitar mensagens, a vi online nas poucas redes sociais que ainda a tinha e...
- Agora você não pode mais voltar no passado e consertar as coisas, faça isso agora, . – Ashley disse em tom sério e eu concordei com a cabeça, eu coloquei o cinto e liguei o carro, vendo-a colocar o cinto e me olhar confiante.

Fevereiro de 2017
Estacionei o carro em frente ao supermercado e fechei meus olhos, a discussão com meu pai ainda se mantinha viva em minha cabeça, respirei com força e peguei o celular. Eu havia salvado o nome dela em meus contatos desde meu aniversário, mas ainda não tinha respondido sua mensagem. Eu não conseguia confiar em mais ninguém ao meu redor, eu tinha novos amigos e amigos antigos, tinha novos rolos e garotas, mas nunca eram parecidas com ela.

Eu preciso falar com alguém. Com alguém não, com você.

Assim que terminei de digitar eu apaguei, seria um erro achar que ela merecia alguma coisa depois de ter feito promessas e não ter cumprido nenhuma delas. Até mesmo eu não merecia voltar a ter a amizade dela depois do que passamos, eu não precisava de mais uma pessoa tomando conta da minha vida e foi por isso que nos afastamos e assim deveria permanecer.

Capítulo 38


- Boa sorte, . – Ashley disse rapidamente após me dar um abraço forte de despedida, ela sorriu mais uma vez fraco antes de sair do carro e correr em direção a nossa casa, já que chovia um pouco naquele dia.
Digitei o número que eu sabia de cor e ouvi cinco toques até cair na caixa postal, respirei com dificuldade e bufei, desligando e tentando mais uma vez, sendo atendido novamente pela caixa postal.
- Quem fala é a , por favor, deixe seu recado! – A voz dela parecia animada, mas de uma maneira que soava falso e aquilo me incomodava, aquela falsa felicidade.
- , sou eu . – Eu disse e fiz uma pequena pausa, associando corretamente as palavras em minha cabeça – Precisamos conversar, me encontra em frente a sua cafeteria preferida as 20 horas, está bem?



Apressei meus passos quando observei parado encostado em um carro em frente a cafeteria que ele sabia que eu amava, mas que eu não ia há séculos devido ao fato dela me lembrar tudo que eu vivi com ele. Respirei fundo e andei mais rápido em sua direção, parando em sua frente. Senti seus olhos azuis sobre mim e não hesitei em falar alguma coisa.
- Por que você me chamou para vir aqui? - Perguntei assim que encarei seus olhos azuis intensos vidrados em mim, observei em seguida as unhas cravadas com força contra a palma de suas mãos, aquilo era um sinal clássico de que ele estava irritado.
- Quando iria me contar sobre sua mãe, ? - retrucou em pergunta e eu o encarei sem saber o que responder, olhei ao meu redor e só estava eu e ele ali, sem ninguém para nos interromper ou me salvar daquilo.
- Há muito tempo você decidiu não saber mais da minha vida. - Retruquei em resposta e me segurei para que as lágrimas não brincassem em meu rosto restando apenas cinco dias para o meu casamento - Que você decidiu não saber mais de nós. - Completei com a voz falha e ele me encarou mais uma vez, eu não queria admitir para mim mesma que ele havia mudado e eu também. - Porra, . - Ele murmurou com a mão na boca e eu me sentia mal com a pressão de seus olhos sobre mim - Você deveria ter me contado, você deveria ter vindo falar comigo, eu poderia... - Me ignorar? - Perguntei com a voz chorosa e ele me olhou sem entender - Foi isso que você fez todas as malditas vezes que tentei falar com você, você só pensou em você, . Sempre foi assim, mas eu estava cega demais para ver a verdade.
- Eu estava passando por um momento difícil na minha vida, . - Admitiu com a voz baixa e eu encarei seu rosto tenso, o maxilar estava travado e me apoiei no carro vermelho que havia ali - Você não entende isso até hoje, não é?
- Eu entendo, perfeitamente. - Respondi com os olhos marejados e ele me encarou sem entender - Eu entendi e eu queria você, eu queria ficar do seu lado, mas você me afastou, sendo que você pedia para que eu ficasse e nunca, nunca pensou em mim.
- Se eu tomei qualquer merda de decisão foi pensando em você também, droga. - retrucou em tom mais elevado e eu fechei meus olhos - Eu precisava me afastar, eu não podia continuar. - E até hoje eu não sei o porquê. - Confessei em tom baixo e finalmente abri meus olhos, encarando o menino confuso que aos vinte anos, jogou tudo que sentíamos no lixo e agora estava tentando me ganhar novamente - Eu me acostumei com a sua ausência, . Eu me adaptei a ela como você nunca pensou que eu me adaptaria, eu senti falta todos os dias, eu pensava em você em todos os momentos, só que eu sabia que havia morrido e eu me forçava a enterrar o que a gente teve, porque algumas pessoas simplesmente não merecem o que sentimos por elas.
- Eu não precisava de mais uma pessoa se metendo em minha vida, reclamando das coisas que eu fazia. - Ele murmurou com raiva e eu ri, balançando a cabeça - Você continuou se intrometendo na minha vida.
- Me intrometendo na sua vida? - Perguntei com raiva e ri nasalado, balançando a cabeça não acreditando no que estava se passando em minha frente - Éramos melhores amigos, eu só queria o seu bem!
- Você prometeu que nunca me abandonaria e na primeira oportunidade fez isso, quando eu resolvi que queria permanecer. - murmurou e havia sinceridade em sua voz, no fundo eu sabia que também o havia magoado com falsas promessas.
- Você quem foi embora primeiro, não me julgue por não querer que você permanecesse pela metade comigo. - Respondi com os olhos marejados e senti o gosto salgado em minha boca - Você tomou essa decisão e cinco anos depois estamos aqui, tendo essa maldita conversa que poderia ter sido resolvida quando ainda tínhamos tempo, .
Seus olhos azuis me fitaram intensamente e eu respirei com dificuldade, eu mal conseguia olhar nos olhos do cara que eu ainda amava.
- Você quer saber por que eu me afastei de você? Por que eu fugi de você e na minha cabeça era o melhor para você também? – Perguntou em tom irônico e eu concordei, ele riu e balançou a cabeça – No dia que tudo aconteceu, você me viu em uma festa com outra garota e eu não iria trair você porque eu te amava, sempre amei. Mas você não me deu chances de explicar e quando você fugiu, eu não fui atrás e foi aí que meus erros começaram.
Eu o encarei de maneira confusa, não me lembrava daquele dia, parecia que ele estava inventando mentiras para me convencer de que eu era a errada ali.
- Foi quando recebi uma ligação de que você havia sofrido um acidente, . – Eu senti minha cabeça rodar e lembrei-me dos hematomas que eu não sabia de onde havia adquirido, lembrei como por algum tempo eu tinha que visitar o médico e eles diziam que foi um atropelamento, que eu não estava prestando atenção na rua – Você quase morreu naquele dia! Eu vi você tendo parada cardíaca e eles ressuscitando você NA MINHA FRENTE! O culpado de tudo estava ali, imóvel vendo a garota que ele amava morrendo.
- Eu deveria saber a verdade, não foi justo com você e nem comigo. – As lágrimas brincavam em meu rosto e uma sensação ruim tomava conta de meu peito, fechei meus olhos e deixei as lágrimas brincarem em meu rosto, não fez menção de se aproximar, ele sabia quando eu não queria ser tocada – Eu deveria ter morrido naquele dia.
- Não fale uma besteira dessa, . – respondeu em um tom de voz choroso e eu abri minha boca para falar alguma coisa, mas nada saiu – Podemos recomeçar, não são todos os casais que recebem uma segunda chance como eu e você estamos tendo agora. Eu segui caminhos diferentes, mas eles me trouxeram de volta até você.
- Te trouxeram porque, de alguma maneira, eu fui quem te trouxe de volta, porque se dependesse de você não estaríamos tendo essa conversa. – Eu retruquei com raiva e enxuguei as lágrimas com as costas das minhas mãos.
- Acredite em mim, não desperdice essa chance. – implorou baixinho e eu engoli em seco, olhando-o e tendo uma visão dele totalmente embaçada em minha frente.
- Eu amo você. - Murmurei com voz de choro e ele tentou se aproximar, mas eu dei um passo, me afastando dele - Mas eu não gosto mais de você. Eu tentei, eu juro que eu tentei... - Você está desistindo como eu desisti, não é? - Ele perguntou e observei os olhos marejados, era a primeira vez que eu via agora homem chorando e aquilo havia partido meu coração - Eu mereço isso.
- Você merece alguém que não saiba do seu passado e o que você fez comigo. - Eu respondi em tom sério e enxuguei as lágrimas com as costas da minha mão direita - Eu não vou desistir do meu casamento por alguém que não me deu certeza sobre o que sentia, sobre o porquê partiu um dia e me deixou para trás. Você mudou comigo, , e isso me mudou também, me tornou quem eu sou hoje.
- Eu só espero que você seja feliz com ele e que ele nunca te magoe do jeito que eu magoei um dia. - disse e eu fechei meus olhos, sentindo meu peito apertar a cada palavra.
- Eu sempre vou amar você. - murmurou e segurou meu rosto, me impedindo de fugir, seus lábios quentes e úmidos tocaram minha testa e eu desabei, segurando em seu braço e ficamos um tempo assim - Pena que percebi tarde demais que você era tudo para mim. se afastou e uma parte de mim morreu novamente, abri meus olhos me forçando a vê-lo partir mais uma vez e dessa vez, eu sabia que nossa história havia acabado e eu finalmente havia colocado um ponto final em tudo depois de cinco longos anos. Engoli em seco e mordi meu lábio, vendo-o sumir de minha vista com a mesma rapidez em que nossos caminhos se encontraram. Um soluço alto escapou de meus lábios, me fazendo sentar no chão e cobrir meu rosto com as duas mãos, mais uma vez ele havia saído de minha vida e dessa vez, nunca mais retornaria e talvez ele nunca devesse ter retornado.


A cada passo que eu dava para longe dela era um passo para o precipício, eu sabia que era errado deixar que ela saísse da minha vida dessa maneira e eu me sentia mais moleque por cometer o mesmo erro novamente, permitindo que seguisse sua vida com um cara que ela não amava. Chutei com força uma lata de lixo e a vi ser arremessada para longe, atraindo alguns olhares de reprovação do outro lado de rua e as lágrimas brincavam em meu rosto. Cinco anos se passaram para eu perceber que excluir ela da minha vida não foi uma decisão coerente, não foi o certo e eu deveria ter mantido-a ali, mas do jeito dela e não do meu jeito. Mordi meu lábio e fechei meus olhos, imaginando-a sorrindo em minha frente e se preocupando comigo, todas as noites que passamos juntos e eu a observei dormindo tranquilamente, todas as vezes que ela me acordava e me provocava daquele jeito inocente que só ela fazia. Lembrei-me de suas caras de prazer e quando eu a tinha só para mim, me pertencia e eu me sentia homem por tê-la como o amor da minha vida.

- Você não destruiu tudo, . - Sua voz saiu falha e eu a encarei confuso - Você tem mania de destruir as coisas para torná-las sua.
- Tive a chance de mostrar para você que eu mudei. - Respondi em tom fraco e sorriu, se aproximou com cuidado de mim e sua mão macia tocou meu rosto - .
me fitou quando eu chamei seu nome e sem pensar duas vezes, puxei seu rosto contra o meu, sentindo seus lábios quentes depois de tantos anos. tentou se soltar, mas eu a segurei com mais força.
- Faça isso por mim. - Minha voz saiu falha e ela suspirou.
Senti seus dedos se enrolarem em meus cabelos, fazendo um cafuné gostoso e ela finalmente cedendo ao meu beijo. Era como se tivéssemos voltado para os tempos do colégio, me fazendo querer voltar no passado e realmente mudar tudo.
- Desiste, . - Sussurrei enquanto olhava em seus olhos e ela deixou que a primeira lágrima brincasse em seu rosto - Fica comigo, nos dê uma chance.
- Você não soube usá-la quando tínhamos todas as chances do mundo. - respondeu com amargura e se levantou - Sinto muito, mas não quero mais seguir meu coração.
- Por que? - Perguntei surpreso, me levantando quando ela fez menção de ir embora.
- Porque ele sempre vai me levar até você.


Abri meus olhos e encarei o teto branco do meu quarto, me revirei mais uma vez na cama. Eu já estava exausto de tentar me desligar de e ela invadir até meus sonhos, se tornando um pesadelo. Eu deveria me afastar e dessa vez para sempre, sair de perto de e de tudo que me lembrava ela. Eu iria me mudar, para sempre.


Capítulo 39


Olhei mais uma vez meu reflexo no espelho e engoli em seco, meus cabelos estavam presos em um penteado perfeito que havia sido feito há exatamente meia hora atrás. O vestido branco caía perfeitamente em meu corpo e as mulheres ao meu redor terminavam de colocar o véu, senti minha garganta secar quando a cena que viria a seguir dominou meus pensamentos.

- É um castigo vê-la assim e não poder te fazer minha. – sussurrou somente para eu ouvir, fazendo com que eu o olhasse, tocando de maneira doce seu rosto e dando um beijo demorado em sua bochecha.
- Não piore as coisas, . – Eu pedi em tom baixo, meus lábios tremiam e me surpreendi, quando ele me puxou para um abraço forte. – Senti sua falta.

- Eu pagaria para saber o que está passando na sua cabeça nesse momento. – Ouvi a voz de minha mãe em tom brincalhão e me virei para encará-la, forcei um sorriso fraco e observei ela fazer um sinal para as mulheres saírem por alguns minutos.
- Não deve ser muito difícil de adivinhar, presumo. – Respondi em tom irônico e ajeitei o véu sobre meus ombros, respirando fundo antes de soltar pesadamente o ar preso em meus pulmões.
- Você tem um cara incrível te esperando dentro daquela igreja. – Aquelas palavras doeram mais que qualquer tipo de violência, levar um tiro naquela hora seria menos doloroso. – Que eu aposto que faria de tudo para vê-la feliz...
- Mãe. – Eu me virei com os olhos marejados e ela ergueu a mão, me impedindo de continuar o que eu iria falar.
- Mas ele nunca conseguiria te fazer feliz, . – Ela completou em tom sério e eu a encarei, confusa, ela suspirou e ajeitou a alça do vestido azul que usava. – Porque não é ele quem você realmente ama.
- Eu já desisti de , mamãe. – Respondi no mesmo tom e ela me encarou preocupada, dei de ombros e limpei o canto dos meus olhos, impedindo que as lágrimas borrassem minha maquiagem. – E ele provavelmente desistiu de mim, também.
- , eu não apoio esse casamento. – Ela disse com sinceridade e eu me virei mais uma vez para encará-la, a expressão séria enfeitava o seu rosto doce e ela suspirou, passando as mãos pelos cabelos grisalhos que agora cresciam mais uma vez.
- É um pouco tarde demais para você falar isso. – Respondi grosseiramente e ela suspirou mais alto, mordi meu lábio ao encará-la mais uma vez e ela abaixou o olhar. – Não posso fazer isso com Andrew agora.
- Você não pode, você vai. – Minha mãe respondeu em tom alto e eu me assustei. – Não quero vê-la repetindo o mesmo erro de não escolher a felicidade por um mero orgulho, por acreditar que você está fazendo a escolha certa sabendo que não está. Eu não quero que você se arrependa de ter decidido o que aparenta ser melhor, mas esqueça de que a felicidade vem com momentos difíceis, vem quando menos esperamos e de quem menos esperamos.
- Você vai poupar o sofrimento futuro de ambas as partes, você acha mesmo que Andrew será feliz no futuro com uma esposa que não o ama de verdade? Você vai impedir que ele conheça alguém que realmente o ame, por medo de seguir o seu coração, ?

As palavras dela eram como tapas certeiros em meu rosto, fazendo com que eu desabasse a cada mínima sílaba que mostrava o quanto eu era egoísta e idiota.

- Eu vou te perguntar mais uma vez, não importa as consequências do que irão vir após a sua resposta, entendeu? – Eu apenas concordei com a cabeça, fechando meus olhos enquanto esperava a pergunta que eu tanto temia: – Quem te faz feliz?
- Eu não posso fazer isso. – As palavras saíram com facilidade de minha boca e finalmente abri os olhos, encarando minha mãe com um sorriso emocionado no rosto e eu corri para abraçá-la, sentindo seus braços delicados ao meu redor, me apoiando naquela loucura.
- Vá ser feliz, minha pequena. – Ela murmurou chorosa em meu ouvido e eu sorri, sentindo as lágrimas brincarem em minhas bochechas e ela me encarou uma última vez antes de tirar o véu preso em meus cabelos e a tiara. – Tivemos um imprevisto, a noiva fugiu.

Demorei alguns minutos para assimilar tudo enquanto eu tirava o vestido e depois escrevia uma carta, pedindo desculpas a Andrew por tudo que havíamos planejados juntos e agradecendo pelos momentos que vivemos.
Atravessei a rua da igreja sem ser notada cobrindo meu rosto com um capuz e chamando o primeiro táxi que passava por ali, entrando nele sem que ninguém percebesse. Segundos depois, eu ouvi a multidão se espalhar à procura da noiva.

- Atende, por favor. – Murmurei contra o aparelho em meu ouvido, ouvindo mais uma vez a caixa postal do celular de Ashley e xinguei baixo. – Por favor, Ash.
- Alô? ?
- Graças a Deus. – Eu murmurei aliviada contra o celular e ouvi um fungo baixo do outro lado da linha. – Ash, não deixe ele ir.
- É tarde demais, . Desculpa.

- Tem certeza que vai fazer isso? – Ashley perguntou mais uma vez enquanto me ajudava a levar as malas até o jardim e eu concordei, lhe dando um beijo demorado na testa em seguida.
- Lembre-se que eu amo você. – Murmurei baixinho contra sua testa e ela concordou, limpei uma lágrima teimosa que escorria por sua bochecha e ajudei o taxista a colocar as malas no porta-malas. – Cuide da mamãe, ok?
- Ok. – Ashley respondeu chorosa e enxugou as lágrimas com a manga da blusa que usava, ela acenou lentamente quando entrei no passageiro e fechei a porta, vendo aos poucos a imagem de Ashley ficar pequena e desaparecer, por um bom tempo.
- Me leve ao aeroporto, por favor. – Eu pedi gentilmente e o taxista concordou, acelerando e trocando a marcha do carro. Me perdi em meus pensamentos, imaginando que naquele momento, dizia sim e sairia totalmente de minha vida, pela última vez.
Peguei as duas malas e as coloquei no carrinho do aeroporto, pagando ao taxista antes de apressar meus passos em direção ao guichê para fazer o check-in. Entreguei os documentos para a simpática moça do balcão e esperei sem vontade, ela sorriu mais uma vez antes de me fazer assinar alguns papeis e colocar os adesivos em minhas malas, sorri forçado de volta em forma de agradecimento quando me entregou a passagem.

- O voo sai em meia hora, senhor. – Ela alertou em tom sério e eu apenas acenei com a cabeça, me retirando e me afastando sem vontade. – Você já pode embarcar.

A cada metro que o carro andava para perto do aeroporto, era um passo que eu sentia que tudo iria desmoronar, que seria tarde demais e que mais uma vez estávamos nos separando e dessa vez, por minha causa.
Assim que o taxista estacionou, eu peguei todo o dinheiro que eu tinha em minha carteira e lhe dei, gritando algo como “pode ficar com o troco” enquanto saía correndo em direção ao saguão principal. Procurei desesperadamente por uma figura conhecida, mas não o encontrei.

- ! – Gritei com todas as forças que meus pulmões permitiam, mas não obtive resposta. – ! – Gritei mais uma vez e comecei a me espremer na multidão que me olhava sem entender, minha visão embaçada atrapalhava minha busca pelo idiota do meu melhor amigo. - Por favor, eu preciso encontrar esse cara. – Eu disse para uma moça que parecia preocupada comigo e lhe mostrei a foto de , ela analisou por alguns segundos parecendo decepcionada.
- Ele passou por aqui, provavelmente o voo dele já saiu. – Ela murmurou em tom decepcionado e me olhou esperançosa. – Venha, eu te levo até o portão.

Ela saiu correndo e eu a segui desesperadamente, olhando para os lados na esperança de que ele havia desistido daquela loucura, que não tenha desistido totalmente de mim.
Corri meus olhos por todos os lugares que eles eram capazes de alcançar e me forcei a não deixar as lágrimas virem, pois sei que elas atrapalhariam minha busca por . Observei a mulher conversar com o segurança e ele fez um sinal para que eu entrasse, eu corri como nunca pensei que seria capaz de correr e encontrei o saguão completamente vazio. A última pessoa que havia embarcado agora já estava longe, observei o avião começar a se movimentar e eu senti a primeira lágrima quente escorrer por minha bochecha.
Era tarde demais.

Janeiro de 2013

Aconcheguei-me no peito de e fechei meus olhos, eu não gostaria de estar em outro lugar naquele momento. Seus dedos faziam um carinho gostoso em minha cabeça e ele cantarolava alguma música, baixinho, enquanto eu ouvia as batidas de seu coração quase no mesmo ritmo da música. Ergui meu olhar e encarei seus lábios se movimentando e ele também estava com os olhos fechados, comecei a prestar atenção na música e um sorriso escapou dos meus lábios.

- Eu tive que fugir, eu tive que correr para não me entregar às loucuras que me levam até você, fazem esquecer que eu não posso chorar. – Cantarolei baixinho e ele lentamente abriu seus olhos, encarei aquela imensidão azul e queria me perder nela toda vez que eu observasse seus olhos me olhando de maneira apaixonada.
- Olhe bem no fundo dos meus olhos e sinta a emoção que nascerá quando você me olhar, o universo conspira a nosso favor, a consequência do destino é o amor. continuou baixinho e tocou em meu queixo, erguendo meu rosto em direção ao seu e aproximando nossos lábios.

Seus olhos azuis fitaram minha boca e eu sorri involuntariamente, fazendo com que ele sorrisse também. Eu amava aqueles momentos que vivíamos juntos, completamente nosso, completamente único.

Agora

- Eu sinto muito. – A moça que havia me ajudado disse em meu ouvido enquanto me abraçava e eu soluçava em alto e em bom som, sem me preocupar com o que as pessoas pensariam de mim.
- Mas talvez, você não entenda, essa coisa de fazer o mundo acreditar, que meu amor, não será passageiro. Te amarei de janeiro a janeiro, até o mundo acabar. – Eu conhecia aquela canção e me afastei da moça que olhava para os lados, tentando ver de onde vinha aquela música.

Engoli em seco e me virei, mas não havia ninguém atrás de mim e observei o avião decolar, deixando com que eu ficasse sem o cara que eu amava, mais uma vez.

- Olhe bem no fundo dos meus olhos e sinta a emoção que nascerá quando você me olhar, o universo conspira a nosso favor, a consequência do destino é o amor. – Eu reconheceria aquela voz até no inferno, eu me virei rapidamente e encontrei parado, há alguns metros de mim com suas bagagens na mão e o rosto vermelho, meu peito subia e descia por causa da minha respiração ofegante. – Para sempre, vou te amar.

Senti as lágrimas brincarem em meu rosto e corri em sua direção, pulando em seu colo, sentindo seus braços envolverem minha cintura com força e minhas pernas envolverem sua cintura. Encostei meu rosto na curva de seu pescoço e respirei fundo, sentindo seu perfume encher meus pulmões enquanto ele fazia o mesmo comigo.

- Não podia te perder de novo. – Eu sussurrei baixo e com a voz chorosa, ele riu baixinho e eu o encarei com a visão ainda turva por causa das lágrimas.

aproximou seu rosto do meu e me beijou com delicadeza, esquecendo qualquer passado que um dia havia nos ferido, qualquer coisa que havia nos impedido de viver juntos até hoje. Ele passou o polegar por meu rosto e sorriu, limpando minhas lágrimas e eu sorri ainda encarando o cara que eu amava, bem ali.

- Eu não consegui partir. – murmurou e encostou nossos narizes. – Eu nunca desisti de você, pequena. – completou e me beijou mais uma vez.
- Eu amo você, . – Eu respondi séria e ele sorriu, me girando e fazendo com que eu o abraçasse com força, gritando e rindo.
- Eu amo você, . – Ele completou em tom sério. – Me desculpe por ter percebido tarde demais.
- Nunca é tarde demais. – Respondi com um sorriso e ele retribuiu, me beijando mais uma vez.

Fim.



Nota da autora: (27/06/2017) Queria primeiramente me desculpar por ter ficado praticamente UM ANO sem uma atualização da história e por ter deixado minhas leitoras esperando. Passei por momentos complicados na minha vida, pessoais e de trabalho que fizeram com que eu me afastasse um tempo do que mais amo que é escrever. O final da steal é clichê, mas é o que mais amamos e ele nos ensina que nunca devemos desistir de quem amamos e que quando duas pessoas estão predestinadas a ficarem juntas, elas ficarão independente do tempo e das dificuldades, o amor no final sempre tem que vencer!
Sobre meus problemas, quero que vocês prometam pra dona Letícia aqui que nunca vão desistir dos seus sonhos, independente dos obstáculos que surgirem, eles servem para te fazer crescer e passar por cima deles, mas nunca para desistir e não enfrentá-los. E nunca se afastem do que amam fazer como eu me afastei das minhas histórias, porque as vezes é a única saída que temos. Espero que tenham gostado e logo mais tem história nova pra vocês e prometo atualizações rápidas! Obrigada por tudo e por entenderem a demora!

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