CAPÍTULOS: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27] [28] [29] [30] [31] [32] [33] [34] [35] [36] [37] [38] [39] [40]


Escrita por: Gabriela Martin
Betada por: Maria Eduarda Bittencourt







Trailer da fic <




Era Cancun, o último dia do ano, o último dia da viajem tão implorada de null, e então ela teria que voltar para Londres, teria que voltar para null, teria que voltar para sua vida perfeita. Eu sei que soa estranho ter receio de voltar para uma vida que, aos seus olhos, é perfeita, mas talvez fosse isso, null se cansava às vezes de tanta perfeição, de tantas coisas no lugar, de ter dia e data marcada para ver seu próprio namorado. Das viagens de todos os anos, a única coisa que ela procurava, era um pouco de confusão, um pouco de adrenalina, um pouco de insanidade.
null olhava pela varanda do hotel, a praia se enchendo em milésimos de segundos, de jovens, de pessoas gritando e vibrando, de talvez amantes, talvez só solteiros querendo curtir, e então se perguntou, o que ela queria nesse último dia do ano? Deu um suspiro longo e pesado ao pensar isso, e então ouviu o barulho da porta se abrir, e null entrar com seu vestido branco, o olhar faiscando e um sorriso cúmplice, porque null sabia que null queria exatamente a mesma coisa que ela. null deu um giro por si própria, sentindo seu vestido rodar, e caminhou até a porta onde null estava, mas que por algum motivo, saiu correndo para o banheiro, e se trancou lá, gritando que havia se esquecido de dar uma ultima passada de lápis e rímel, null esperou, esperou mais meia hora. Ela olhou para o relógio do celular, sua foto e de null estava ali, ela o abraçando pelo pescoço, e ele tirando uma selfie, a beijando no rosto. Pra quem visse de longe, eles eram a meta desejada de uma relação, e não era como se não fossem, ele era perfeito, e ela o amava, mas... 23:00. E null ainda não havia saído do banheiro.

- null, vamos logo, não dá tempo de ficar se arrumando, vamos nos descabelar!
null gritou da porta do quarto para a amiga que saiu correndo, já arrumada.
- Pronto, garota – Ela disse afofando seu cabelo, assim null fechou a porta e ambas foram andando em direção ao elevador, onde elas e mais alguns outros jovens o lotaram.

Foi dito, e feito. Elas descabelaram-se a festa toda, beberam com um grupo de amigos que por acaso conheceram na cidade e que moravam na cidade de Londres assim como elas, conversaram e riram durante um bom tempo até perceberem que aos poucos o grupo de pessoas ia se dispersando. De repente null perdeu-se de null em uma ida para busca bebida e, numa tentativa estranha, foi procurar a amiga no meio de todas aquelas pessoas.
null estava mais perdida do que cego em tiroteio, andava cambaleando pelo meio das pessoas e, assim como null, queria achar a mesma e, já que tinha bebido um pouco, isso dificultou o trabalho. Durante o trajeto esbarrou em alguém fazendo com que a bebida vermelha que ela não sabia muito bem o nome, caísse sob um rapaz alto, cabelos levemente bagunçados e olhos marcantes que fitaram a garota e logo depois voltaram para sua calça branca, que agora, havia uma mancha vermelha, mas, null não havia ainda notado, porque o olhava com tanta curiosidade, que ainda não havia notado. Ela só notou quando o menino disparou a falar.
- Olha por onde anda garota! - disse olhando para sua calça, aparentemente irritado. E só então ela voltou seu olhar a ele.
- Ai meu Deus, me desculpa! - null disse olhando para a mancha. – Eu vou dar um jeito nisso, fique calmo - a menina disse andando puxando o menino pela mão para fora da multidão de pessoas avistando um chafariz de longe e correndo até lá puxando o garoto.
- O que você está fazendo? – Ele perguntou assustado, vendo null molhar a barra de seu vestido, que também era branco na água do chafariz, e passar sobre a mancha – Não, não, para com isso, não se preocupe - ele segurou suas mãos que limpavam rapidamente a mancha fazendo a mesma se espalhar um pouco mais.
- Me desculpe, mesmo!... - null falou com a voz um pouco enrolada, não queria passar essa primeira impressão, e estava começando a se arrepender de ter bebido aquela maldita coisa vermelha.
- Você tá bem? Parece meio bêbada. - o garoto sorriu fofamente, vendo que null assentiu positivamente, ele continuou - Meu nome é null null - estendeu a mão para null que apertou em seguida.
null null - null respondeu.
- null onde você se meteu? Você simplesmente some e não me avisa? Pelo amor de Deus! Eu estou te procurando há meia hora! - null apareceu pisando duro sobre a areia em direção de null e null. - Fugir de mim para ficar com um carinha? Desde quando? - null perguntou colocando a mão na cintura e suspirando pesado.
- Am... null na verdade... - null ia começar quando ouviram um garoto gritar de longe xingamentos de vários tipos.
- Puta que pariu, null, você não sabe o que aconteceu! - um menino muito bonito, diga-se de passagem, chegou ofegante com sua calça bege engruvinhada no joelho. Quando chegou perto olhou para null e os dois bufaram quando se viram.
- Ah não garoto! - null virou-se indignada. - Você está me seguindo? Porque eu já disse que foi um engano! - a menina disse alterada enquanto null e null olhavam a cena sem entender.
- Porque eu estaria seguindo você? - o menino falou rápido.
- Vocês se conhecem? - null perguntou alternando seu dedo indicador de null para null.
- Sim.
- Não.
Os dois disseram ao mesmo tempo, mas contrariadamente.
- Que foi? Vai negar que não me conhece agora? Me beija no meio de todos e depois diz que não me conhece? - o garoto disse cruzando os braços e olhando diretamente para null.
- Peraí... - null abriu os braços fechando os olhos. - Vocês ficaram? - ela disse com a voz enrolada.
- Basicamente se eu não tivesse errado de pessoa é claro, achei que era... Bom e ele acha que eu quis realmente beija-lo, mas foi totalmente engano - null explicou-se.
- Aham, tá - null disse cruzando os braços enquanto null soltou um riso abafado.
- Não parecia ser por engano, você continuou me beijando mesmo não sabendo quem eu era - o menino olhou para null com um meio sorriso.
- Idiota - null falou.
- Babaca.
- Você é maluca. - ele retrucou.
- Parem - null falou olhando para os dois. - Ok, você estava me procurando null?- null olhou para null.
- A propósito... - o menino caminhou até null, ignorando por alguns segundos a pergunta de null. - null null – sorriu, estendendo a mão.
null null - a menina respondeu, e depois, como se quisesse irritar ainda mais, o garoto foi até null e se apresentou a ela,que bufou, mas apertou sua mão.
- null null - revirou os olhos.
- Vamos null, faltam alguns minutos para o Ano novo, e eu ouvi dizer que as vodkas daquele bar, são um arraso. - null falou enrolada tirando os saltos que a atrapalhavam e null fez o mesmo a seguindo.
- Não acham que já beberam demais? - null gritou, parado cruzando os braços ao lado de null ás olhando, as mesmas viraram repentinamente os fitando.
- Há quanto tempo nos conhecemos mesmo? - null gritou.
- Acho que menos de 10 minutos. - null respondeu, franzindo o cenho.
-E você acha que vamos escutar estranhos que conhecemos a menos de 10 minutos? - a menina gritou, botando uma das mãos na cintura, mas só o que viu, foi os passos lentos de ambos em direção a elas, sorrindo de lado, no que ela diria, ser um daqueles destruidor, porque sentiu seu coração palpitar, mesmo sabendo que não deveria sentir nada.
- Não exatamente. – null, disse entortando a cabeça e olhando para null, a menina revirou os olhos. – Já que uma de vocês já me beijou.
- Que tal esquecer isso? – null disse num bufo, o olhando com ignorância.
- Isso é sério? – null riu, incrédula, olhando para null.
- Que tal um refrigerante daqui pra frente?

***

Mas era claro, e obvio, que aquela proposta não havia sido levada a sério. Eles andaram lentamente um ao lado do outro, iniciando um tipo de perguntas e respostas para se conhecerem com mais rapidez. Assim que chegaram à tenda principal, tentaram se esgueirar pelo meio da multidão, até o bar, null sentiu as mãos de null se enlaçarem as dela, e a puxar até o bar, entendeu o gesto dele, no objetivo de não se perderem um do outro. Mas de alguma forma, seu coração foi parar na boca, e ela queria insistentemente saber por quê. Se era porque estava com outro garoto, e seu coração palpitava por ele, ou por que: Estava com outro garoto, seu coração palpitava por ele, e ela tinha namorado.
Na sua concepção, mesmo que tentasse brigar com sua mente, e como se soubesse, null ficava a cada minuto perto dela, mais e mais atraente, legal, atencioso, e, há quanto tempo alguém não lhe dava aquele tipo de atenção, de se dispor a ouvir o que ela tinha pra dizer, de sorrir quando ela sorria, ou de querer realmente saber, olhando no fundo dos seus olhos, quem Era null null? E afinal, quem era?
null havia desaparecido novamente, e metade de null, e de null pensavam que havia sido de propósito, pois tanto ela quanto null desapareceram no mesmo momento, e afinal, quem eles queriam enganar. Sinceramente, null não entendia como null conseguia fazer aquilo, como conseguia ficar com null, tudo bem que ela não sabia se ela realmente havia sumido pra fazer isso, e conhecendo bem null, ela era feita de tudo que é mais justo, não faria isso com null tão fácil, e se fez, foi porque as coisas não estavam andando do jeito certo.

Quando null tinha dois anos de idade, a mãe dela morreu. Estava com uma doença que nunca comunicou a ninguém então a morte foi súbita. Sendo assim Michael null, pai de null, cuidou da mesma mesmo sofrendo com a morte da esposa, quando null e null tinham cinco anos, se conheceram numa reunião onde John e Michael assinavam um contrato juntando suas empresas fazendo assim, que seus encontros se tornassem frequentes e como null e null quase sempre precisavam acompanhar os pais mesmo com cinco anos, por medo de deixarem com as babás, foram ficando mais próximas, crescendo juntas, estudando juntas e virando melhores amigas desde os cinco anos.
Quando null completou seus doze anos, Michael morreu durante um voo para Atlanta. É claro que isso havia acabado com ela, null achou que null não suportaria mais essa perda, apesar de lembrar-se de pouca coisa da mãe, o pai era a única coisa que ela tinha, a única família, tirando os avós que ela via de meses em meses, e que moravam na flórida. Foi então que John entrou em ação, Pai de null, e a adotou, como sua filha, não em papéis passados, mas null não saiu de perto de null dês de então. John a considerava filha, tanto quanto null, e foi assim, que ambas eram quase irmãs, ou até mais que irmãs.

Assim que null e null passaram a ouvir a gritaria e a muvuca que virou os dez segundos finais, daquele ano. Começaram a rir, e, instintivamente, para se esquivar das mãos, e do bolo de pessoas que se juntavam, ficaram colados um ao outro, null botou as duas mãos no ouvido, ainda rindo, e tornou a olhar para cima, onde null, também havia tornado o olhar a ela, seus olhos sorriam. E eu sei que é impossível olhos sorrirem, mas os dele...
- DEZ!
- Você ainda não me respondeu o que estava procurando nesta viagem! – null gritou no ouvido da garota.
- NOVE!
- Eu não sei, null! – null gritou de volta.
- OITO!
- Você tem sete segundos para tentar!
-SETE!
- Eu não sei se consigo explicar em sete segundos!
- SEIS!
- Vou fazer isso por você. – null puxou null pela cintura, e ela sentiu uma puta falta de ar quando ele fez, como se tudo em seu corpo tivesse sido paralisado.
- CINCO.
- Adrenalina.
- QUATRO.
- Emoção.
- TRÊS.
- Diversão.
- DOIS.
- E uma dose a mais de insanidade. – Ela sentiu um arrepio ao ouvir a voz dele tão perto de seu pescoço na orelha. Sua perna fraquejou por aquele meio tempo, e então a mão dele se firmou em sua cintura, e aos poucos, ela pode ver seus olhos, e sua boca, e seu halito, perto do seu rosto, como imã, ela não conseguia sair daquilo, sua mente só trabalhava naquilo: Boca, olhos, halito, e em como aquilo havia mexido com ela.
- UM.
null deu um selinho em null, pedindo permissão para que prosseguisse, e sem nem repensar direito na duvida em que ele deixou de primeira, null levou suas duas mãos até a nuca dele, agarrando os cabelos, colando ainda mais seus corpos. O beijo havia tomado conta dos dois, de tal maneira que seus corpos se moviam por vontade própria, aquilo consumia null, e, ela não sabia se o que pensou na varanda, havia sido levado como um pedido para o universo, mas era exatamente aquela sensação que ela procurava. Os lábios dele fizeram um estalo com o dela, fazendo com que ela tivesse que arcar um pouco para trás, sendo sustentada pelas duas mãos grandes dele, a segurando. Seu corpo tremulava sentindo aquilo. null havia atingindo as quatro marcas: A adrenalina, emoção, diversão e um tanto, quase muito, de insanidade.



***

No outro dia no meio da madrugada, null e null acordaram quase que ao mesmo tempo tentando recordar a memória, estavam deitadas no peito dos dois garotos que conheceram na noite passada. null levantou com dificuldade, tirando a areia de seu vestido e tentando não acordar null, com medo que ele estivesse levado a sério a noite passada. Por mais que ele tivesse sido seu devaneio da ultima noite do ano, aquilo não passara de uma noite. Era o que ela preferia pensar.
As duas deram uma última olhada nos garotos que dormiam profundamente na areia e seguiram um caminho rápido para o hotel onde estavam hospedadas. o voo de volta para Londres era logo de manhã então se pouparam de dormir para tomarem analgésicos e um banho bem gelado, havia areia em quase todas as partes do corpo das garotas, e quando digo todas as partes, era literalmente falando.
O caminho foi rápido do hotel para o aeroporto.
null estava apoiada no balcão, fazendo o check in do seu voo, ao lado de null. Havia algo errado com null, e com null, mas ela estava preferindo não pensar naquilo no momento, para evitar a enxaqueca, rezando para não ter uma, mas seu coração não parava quieto. A todo o instante ela se lembrava do beijo, lembrava-se das quatro marcas, lembrava-se da sensação, e novamente suspirava, e parecia que com null, não era diferente.
- Eu sinto um enorme peso na minhas costas. – null falou finalmente, fazendo um bico, e apoiando a cabeça nas mãos. – Eu nunca imaginei fazer isso na face da terra e de repente... – Ela soltou um suspiro, null e encarou, sentia a mesma coisa.
- Se isso serve de consolo, null era lindo, maravilhoso! É difícil alguém não ceder a ele. – null comentou, fazendo a mesma pose da amiga.
- E o peso? O que eu faço com o negão que eu to sentindo pendurado nas minhas costas? – null disparou, null soltou um riso, mas null não, ela realmente estava chateada consigo mesma, e não era pra menos, null se arrumou, e segurou uma das mãos de null.
- null, você ama o null, o null ama você, quanto menos ele souber, mais chance de você esquecer isso, entendeu? – null sentiu a amiga afrouxar as mãos, e depois respirar fundo, não era assim, null sabia, mas estava dizendo aquilo em voz alta, talvez até para colocar em sua própria mente que seria mais fácil daquela forma.
- Eu não sei se o amo.
Aquilo foi o suficiente para ambas ficarem em silencio, mas não num silencio incomodo. Era mais como, apreensivo. null absorveu aquilo, imaginando que null havia feito isso no momento em que falou em voz alta e admitiu. Se ela o amava, por que faria aquilo? Por que se entregaria pra outra pessoa, por que não pensaria nele antes de beijar aquele cara, por quê?
O caminho todo foi envolto de silencio, null em um momento segurou as mãos de null, como se quisesse dar a resposta a ela sobre a declaração anterior. Um aperto compreensivo. Porque sabia que era exatamente assim. Foi tão apaixonada por null, dês de sempre, sempre o quis de formas que ele não queria, por vezes. E de repente ele se apaixonou e ela só agarrou na primeira oportunidade, mas no fim, sempre foi alertada por null, que era seu melhor amigo, que, obsessão não era amor, e ela tinha que saber o que sentia direito. E agora sabia o que null quis dizer com “Saber o que sentia, direito’’ .
Se ela não soubesse, iria acontecer exatamente o que aconteceu na noite anterior.

Assim que acordaram, doze horas depois, suas cabeças doíam como se tivessem levado uma pedrada dos dois lados dela. Seus corpos, suas mentes, seu coração, null sentia enjoo e havia se arrependido de ter caído no sono. Instintivamente, recebeu um óculos de null, seu óculos aviador, e começou a caminhar pelo aeroporto, a procura de John, seu lindo e maravilhoso pai, que odiava saber que null bebia, e a mataria se soubesse que ela estava de porre. John tinha regras expressas para isso, e a lei da Inglaterra também, mas enfim, que mal tinha, ela não estava na Inglaterra e sim em Cancun, então não era como se houvesse cometido um crime de estado. Só havia cometido o crime da família null, de “Não beber antes dos 22’’ Porque a sua avó, sim, sua avó, havia morrido de cirrose, e John morria de pavor de bebidas, de ressaca, de cirrose, e enfim.
Sua mãe morava no Brasil, e a visitava quando podia, e era por isso que não haviam segredos entre ela e sua mãe, e era uma chatice não poder compartilhar seus porres. Tirando null, mas null não se lembrava de metade da noite que ela tivera, então...

- Oi Garotas! - John abraçou null e null de lado ao mesmo tempo. – Senti falta das minhas troublemakers!
- Sentimos sua falta também, pai - null recebeu um beijo na testa do pai e null recebeu outro.
- Mas espera aí, tem algo errado com vocês, estão muito desanimadas para duas semanas passadas em Cancun que vocês tanto imploraram... - John analisou as duas garotos de óculos escuros o fitando.
- Que nada pai, é cansaço da viagem... - null tentou disfarçar.
- É tio John... – null disfarçou rindo. – ARIBA, ABARRO, A CENTRO, A DENTRO! – Ela falou, e null acenou negativamente, ok, disfarce não era com null, ela tinha mesmo que fazer o hino da tequila mexicana na frente do seu pai?
- Ah não... - John suspirou abanando a cabeça para o lado e voltou seu olhar nada amistoso novamente para as meninas colocando sua mão na cintura. ''Merda'' pensaram, John sempre colocava a mão na cintura quando já sabia a merda que tinham feito. - Vamos, tirem esses óculos...
- Pai, por favor... - null começou.
- Agora null, eu não vou ter que arrancar de vocês, vou? - John falou num suspiro sério e autoritário, aos poucos null levantou a mão lentamente até seus óculos escuros e tirou na mesma velocidade, seus olhos inchados encararam os de John que a olhou num suspiro de decepção, a menina entregou os óculos na mão estendida de John e null seguiu o mesmo ato, também entregando os óculos.
- Eu não vou... - John suspirou pesado. - Dar sermão aqui, mas vão ver em casa - e então o homem pegou a mala das duas garotas e saiu andando rapidamente para o carro, as duas seguiram-no de cabeça baixa sem dizer uma palavra, sabiam que ouviriam muito quando chegassem.

O caminho até em casa foi silencioso, até de mais, o que seria contar como foi divertido as duas semanas em Cancun foi um clima tenso de culpa por terem quebrado a confiança do Pai e dos namorados. Merda. No fim, tudo resultou em castigo de um mês, um sermão em como ''beber faz muito mal aos 17 anos' e que eram muito novas para fazer essas coisas, que precisavam se concentrar nos estudos e, blá,blá,blá. Não que ela não soubesse que isso era errado, errado era mesmo, mas, enfim.
Ela subiu correndo para o quarto, com a regra explicita de que Bertram não poderia lhe dar remédios, a ressaca teria que se curar sozinha, e por mais que ficasse desgostosa com aquilo, a sua única opção foi deixar seu quarto o mais escuro possível, e se afundar nas cobertas, na culpa e no frio de Londres. Sim, culpa porque null já havia ligado duas vezes pra ela, e por mais que houvesse trabalhado sua mente para que aquilo fosse extinto de sua mente, ela ainda se lembrava do garoto, e ela ainda não sabia como reagiria ao ver seu namorado. Porque aquilo não era da sua índole, ela nunca havia feito algo parecido, null era explicitamente certa nesses sentidos, ela gostava de festejar sim, e de curtir, mas nunca de trair alguém, nunca na sua vida, e de repente...

A campainha tocou às seis da tarde da sexta feira, a última sexta feira de férias, sem terem aproveitado nada, null não dava noticias há quase um mês.
- Mr. null!
- Ei Bertram – Sorriu. – A null está?

***

null dormia calmamente, tinha feito isso o maior tempo que lhe restou na semana, não podia sair, não tinha nada mais interessante na internet a não ser assistir suas series, o que fazia na sua TV a cabo então, só lhe restará dormir.
null entrou no quarto na ponta dos pés deitando ao lado a menina e depositando pequenos selinhos que desciam da bochecha ao pescoço da menina, null foi se espreguiçando e virando de lado, abriu os olhos de deu de cara com aqueles grandes olhos cheios de fofura de null.

- null... - null balbuciou sonolenta.
- Não acha que dormiu demais não? – null perguntou, se deitando ao lado de null, a espera que ela acordasse por completo.
- Foi só o que eu fiz a semana toda, eu amo dormir - null riu e null arrancou um selinho rápido dela.
- Andou ignorando minhas ligações, mensagens, e até está de castigo... – null começou, null sentiu lhe faltar ar. – O que aconteceu em Cancun null?
- Um deslize idiota - a voz da garota estava baixa, mas null conseguiu ouvir. – Sabe como meu pai pira quando o assunto é bebida, eu misturei Pina colada ali e Tequila aqui e, foi isso. – Ela tentou aumentar a voz, depois de ter fraquejado na primeira frase.
- Isso não explica ignorar minhas ligações, e mensagens... – null começou.
- Eu não podia usar o telefone null, C-A-S-T-I-G-O. – A menina soletrou, olhando séria para null, que fez uma expressão diferente. null sentiu um cansaço percorrer o seu corpo, não podia brigar com ele porque null não tinha culpa.
Ela se esgueirou pela cama e sentou no colo dele, sentindo as mãos do mesmo tomarem conta de sua cintura, e mesmo sabendo que era ridículo o que ela acabara de pensar: Aquilo não a afetou em nada, em comparação as mãos de null em sem corpo, naquela mesma região. Logo ela suspirou fundo tentando tirar aquilo da mente, era ridículo demais, então ela se apertou em null, sentindo de leve, os lábios dele beijarem seu pescoço.
- Esquece isso, amor. – Ela sussurrou de olhos fechados.

Sentiu-se suja. Quem era ela pra fazer aquilo com null? Ele podia não lhe dar a atenção que queria, e nem estar presente o tempo todo e talvez também ter culpa no cartório por ela sentir-se tão mais especial com outro, mas, contudo, ela não tinha poder e direito algum de mentir tão descaradamente para ele, sabendo que pensava em outro quando sentia os beijos de null em seu pescoço, mesmo que não quisesse, ainda estava mentindo, e ele não merecia aquilo.

***

null acordou atrasada assim como null, ambas tinham dormido juntas e bem tarde, pois ficaram assistindo várias temporadas de Sobrenatural. Não haviam conseguido dormir direito, conversaram sobre talvez um término de namoro, não rolava mais química em suas relações, e sobre a mulher nojentinha que John havia arrumado. Paris Jackson, e null não sabia porque, mas sentia que ela lhe daria dores de cabeça.
- null, você viu minha bolsa? - null gritou de seu banheiro, eram sete e meia da manhã e a casa estava uma loucura.
- Não! você viu a minha? - null falou encontrando null no corredor, a mesma já estava vestida e null também, elas desceram as escadas velozmente e correram até a cozinha onde Bertram despejava o café em duas xícaras indicando que tinha preparado a mesa e dois lugares para ambas.
- Vocês já pararam para olhar no cabide ao lado da porta de entrada? - Bertram falou sem olhar as meninas despreocupadamente.
- E por que não disse antes, Bertram!? E eu me matando de procurar lá em cima - null disse nervosa, sentando-se na mesa.
- Vocês deixaram suas bolsas ali desde o fim das aulas do ano passado - Bertram falou e null e null atacaram as panquecas que o mesmo tinha feito, já estavam atrasadas, mas comer era algo essencial.
De repente ouviram um estrondo e a porta da frente se abrindo, ouviram passos no hall de entrada da casa, e logo após John passar correndo subindo as escadas. A casa dos Martin era bem complexa e luxuosa, logo na entrada havia um Hall com um grande lustre, o lustre que Bertram idolatrava, e uma escada bem ao meio de frente com a porta, ao lado esquerdo havia uma porta para onde entravam para a cozinha, e do lado direito uma porta por onde encontrava a sala, que era incrivelmente gigante. null e null levantaram de supetão quando viram que agora, estavam realmente atrasadas. correram até o Hall e pegaram suas mochilas, olharam para cima e viram John descendo com algumas pastas, engravatado e de terno com uma expressão cansada.

- Boa aula, sem palhaçada. Amo vocês. – Ele passou correndo, dando um beijo na testa de cada uma.
- Amamos você também! – Elas gritaram de volta, abrindo a porta do carro que ele lhes dera. E John só havia lhes dado esse privilegio porque, não poderia deixa-las ir de a pé até a escola, e não poderia leva-las, porque era ocupado demais.

Assim que estacionaram o carro, olharam uma para outra, sentindo um frio na espinha paralisante, tanto como o frio de Londres, como com o fato de que começariam o fingimento. Era tão sujo, era tão nojento que null queria mudar de nome, numero e identidade, porque, não era fácil de nenhuma maneira, nenhuma das opções que pensou eram plausíveis, se contasse, seria horrível, se fingisse, seria muito pior, e apesar de tudo, não queria perder null, porque o amava, e podia até ser que não estivesse apaixonada, mas o amava, estava acostumada com ele e jamais, jamais ousaria quebrar o coração de um garoto como ele, um garoto como null , que com todos os seus defeitos, era talvez, a pessoa que ela conhecia como dono do coração mais bondoso de Prada. O garoto que a fazia rir quando estavam junto, e que sem duvida alguma, gostava dela.
E lá estava ela, encurralada entre uma situação da qual sabia que não poderia escapar: Fazer o que era bom para ela, ou que era bom pra null?
Assim que ela e null sentaram-se nas escadas, viram null, null, null, e mais dois garotos junto a eles. null apertou os olhos, e como se nada pudesse piorar, encarou aqueles olhos, que não confundiria, eram dele, caminhando ao lado do seu namorado. Seu coração parou na boca, e seu estomago parecia ter congelado.
- null? - null tirou os olhos do celular para olhar a amiga em choque, que tirou os olhos do grupo e olhou assustada. - O que foi? – null arqueou a sobrancelha olhando para o grupo quando avistou o maravilhoso sorriso de null, seus olhos se encontraram diretamente com os dele, que sorria de uma forma estranha.
- null, o que esses garotos estão fazendo aqui? - null sussurrou perplexa vendo uma sombra se formar e null parar a sua frente.
- Hey - a menina disse sem graça.
- Oi, princesa - null levantou null e lhe deu um selinho. null fez de tudo para mostrar que ainda sentia algo, mas não conseguia mais, não podia fingir. - Você tá uma gata hoje - o garoto falou sorrindo malicioso, no começo do relacionamento os dois costumavam se pegar nos banheiros ou em algum canto do colégio, não era de se duvidar que a menina não era mais virgem e tinha perdido com null, mas depois de um tempo como já falado, tudo foi esfriando.
- Bom, então eu você já conhece o peste do Ano passado - null apontou para null com cara de dó e null riu abraçando null pelo pescoço que pegou a menina pela cintura lhe levantando um pouco do ar.
- Esses são null e null - null apresentou os dois garotos que estavam com um meio sorriso e um olhar desafiador as garotas, null soltou-se de null e foi obrigada a olhar nos olhos de null, como se ele estivesse chamando-a, um imã. A troca de olhares foi intensa por um grande tempo até null se aproximar de null e lhe dar um beijo no rosto, a menina não se moveu, sentiu o cheiro novamente do garoto que beijou na noite de ano novo, ele era mais bonito a luz do dia.
- Prazer - null falou, null tinha uma grande vontade de lhe dar um murro na cara e fazer o sorriso extremamente branco e sedutor desaparecer.
- Então, eles foram transferidos da Wedish pra cá, pro nosso time de futebol de Prada... - null olhou para os garotos com um sorriso sacana no rosto e ambos riram, todos os garotos riram menos null e null.
- Huhm...- null balbuciou. - Bem-vindos - ela sorriu amarelo.
- Obrigada - os dois disseram em uníssono, mas em tons diferentes.

Enquanto subiam as escadas e faziam o caminho para entrar sobre a grande porta de ferro do colégio null e null se sentiram a maior parte do caminho inseguras e desconfortáveis, já null e null pareciam terem se tornados amigos de infância de seus namorados e super à vontade com a situação. Durante o caminho, null foi de mãos dadas com null, mas parecia que seu corpo não estava lá, sua mente viajava por varias milhões de situações que teria que passar com null e null no mesmo recinto, todos os dias, eles eram amigos! Como ela nunca soube de null? Ela ainda estava extasiada com o que acabara de descobrir: Como assim, null e null null eram melhores amigos e ela não sabia disso, em um ano de namoro? É claro, ela já tinha ouvido falar desse nome, mas nunca, na face da terra, em mil anos, iria desconfiar que beijou o melhor amigo do seu namorado.
- Hey, null, você foi para Cancun no natal e ano novo, não? Aliás, vocês. - todos pararam ao meio do corredor e null perguntou, alternando seu indicador entre null e null.
- É, duas semanas.- null respondeu, meio avulsa da conversa.
- null e null também! Olha que coincidência... - null falou e o coração de null parecia que iria parar a qualquer instante se aquela conversa continuasse. - Mas vocês foram apenas para o ano novo não é? -null voltou-se para null e null.
- Isso mesmo - null respondeu.
- Nossa que loucura vocês não terem se encontrado por lá - null disse despreocupado.
- Loucura mesmo... - null falou metralhando null com o olhar.
- Se bem que sua cara não me é estranha, talvez tenhamos nos esbarrado por lá não é mesmo? - null desafiou null com o olhar.
- Deve estar se confundindo... - null deu ênfase na frase. - Garanto que não lhe vi, tenho absoluta certeza. - null trocava olhares intensos com null até a voz de null tira-los do transe.
- Houve uma garota que derrubou uma bebida vermelha na minha calça - null começou e null virou-se com uma expressão distinta para ele. – Maluca... Mas, beijava bem.
O coração dela faltava parar, seus olhos semicerram para null e o mesmo sorriu de lado para null e voltou a olhar null fazer comentários do tipo, “mais uma da noite do null.“ null sentiu um embrulho no estomago ao notar que null se referia a ela. Meu Deus, onde ela havia se metido.
- null - a menina não havia tirado os olhos de null por um segundo, desafiando-o com o olhar se ele realmente teria a audácia de contar. - Acho que eu te vi por lá perto da fonte, talvez...
- Haviam tantas pessoas, null, você deve estar se confundindo - null respondeu com certa ironia na voz.
A conversa acabou quando ouviram o som ardido do sinal tocar, mas a troca de olhares entre os quatro ainda era intensa até null e null tomarem caminho de mãos dadas com null e null para seus armários. null e null se entreolharam com o mesmo pensamento, pareciam estar interligadas, e logo depois se ajeitaram na cadeira enquanto os mesmos, só pra provocar, sentaram-se logo atrás das mesmas.

- Bom, alunos, esses são null e null novos alunos transferidos da Wedish High School - professor Sparks começou apontando para os dois garotos que sorriram dando uma leve acenada para a sala toda, null olhava com nojo Samantha sorrir maliciosa para ambos e logo depois voltar-se para suas amigas, como podia ser tão vadia? - Bem vindos, garotos.



*** O sinal bateu, fazendo null agradecer mentalmente por poder sair dali de perto das provocações de null, já que o fizera a aula toda, queria apenas sair daquela, ficar com null e esquecer-se da existência de null, e que o tivera traído com o mesmo. Talvez não fosse tão difícil esconder isso. Levantou-se rapidamente caminhando até a porta, a maioria das pessoas já tinha saído, até que sentiu uma mão a segurar, olhou para trás por um breve segundo encarando null a olhar fixamente. null só ficou porque queria esclarecer as coisas de uma vez, e então, bateu suas coisas na mesa mais próxima e cruzou os braços.
- null eu já disse, me deixa em paz, por favor – null pediu nervosa para o garoto. null passou por ela e fechou a porta, deixando os ambos sozinhos na sala. -Qual é o motivo da sua implicância comigo, null? – null perguntou encostando-se a porta com os braços cruzados.
- Olha null, eu já esqueci aquela noite, eu te disse que foi apenas um momento e aquele não significou nada pra mim, porque simplesmente se foi, acabou, entendeu? – null chegou perto de null se segurando ao máximo para não gritar. Ela dizia pra si mesma, tentando se convencer que se esqueceu, tinha que tentar, tinha que tentar por sua dignidade.
- Eu também esqueci aquela noite, null... – null se desencostou da porta e foi até null que por impulso, dava passos para trás, até não ter mais para onde ir, estava encostada na parede, num ponto de estar encurralada por null.
- Então porque não me deixa em paz? É só primeiro dia null, vamos fingir que nada aconteceu! – Ele pode sentir o tom de pavor na voz dela, sentiu pena, por alguns segundos, mas, tanto ela quanto ele haviam sentido a mesma coisa naquela noite, como uma ligação, e ele não sabia como explicar porque não havia deixado essa história de lado ainda.
– É que gosto de mexer com o psicológico das pessoas... – null disse bem perto de null. –E eu não sei você, mas eu to louco pra relembrar aquela noite. – null disse, sorrindo de lado.
- Escuta bem o que eu vou lhe dizer – null falou se aproximando de null fazendo com que seus narizes se roçassem. – Eu sei o que aconteceu, eu sei o que nós sentimos, null, mas não faço questão nenhuma de relembrar – Ela falou ríspida, esperando que null abaixasse a guarda, estava tão perto dele, que ainda não sabia como ainda conseguia controlar sua respiração.
- Tem certeza?
Em segundos, quando null sentiu a aproximação lenta de null sobre ela, a garota soltou-se dele, correndo o mais rápido possível para longe daquele antro da perdição que tinha nome e sobrenome, e que, provavelmente, tornaria sua vida um inferno. Queria pensar assim, porque ela estava prestes a beija-lo, e queria muito, não iria mentir, parte dela estava correndo para seus lábios, estava morrendo de vontade de sentir tudo outra vez, mas, por sorte, a quarta marca, não foi atingida naquele dia. null a esperava na porta, a garota parou com os olhos surpresos para ele e logo, null apareceu atrás dela, fazendo o menino desviar o olhar de null, para o amigo.
- null? – null levantou uma das sobrancelhas e alternou seu olhar para null.
- É... Eu fiquei ajudando null numa matéria, fizemos uma dupla e bom, se ele não terminasse, nós não saíamos – null inventou qualquer coisa, mas null parecia não acreditar plenamente.
- Matéria em dupla? – null olhou para null que concordou com a cabeça com os lábios franzidos olhando diretamente nos olhos de null. – Okay – ele disse lentamente a palavra e entrelaçando suas mãos nas de null. – Nos vemos mais tarde, bro. – fez um toque com null e saiu caminhando.
Por algum motivo, sem nem notar, null ficou olhando aquela cena, null ficou na ponta dos pés para dar um selinho em null, e logo depois, voltou à postura normal. Ele observou atentamente a expressão de null, séria, diferente, ele arriscaria dizer triste, e depois olhou para as mãos dela, frouxas nas dele. null ria para um dos jogadores do time, parecendo não notar que null estava ali, e null não sabia como null conseguia fazer aquilo, qual é, aquela menina, aquela menina do beijo incrível, da personalidade forte e da risada mais contagiante que ele já havia ouvido na vida, estava do lado dele, era dele, e, ele parecia a segurar como um dono segura seu cão. Por um instante ele ficou perplexo com null, por ele não reparar que null estava desgostosa com aquilo, então era por isso, era por isso que ela havia o beijado naquela noite, era por isso que sentiu que ela era totalmente dele naquela virada de ano. Porque null parecia cansada de tudo, daquilo, de ser tratada como um troféu nas mãos dele, porque era o que parecia, e se não era isso, null estava realmente passando a pior impressão de seu relacionamento naquele momento.
null deu meia volta no corredor e correu para a garagem, encontrando-se com null no caminho. Eles trocaram meias palavras, porque null não conseguia tirar da mente a cena de null e null da sua mente, ela não merecia isso, pelo pouco que conhecia daquela garota. Aquela não era null null, não era a null null que se apresentou a ele naquela virada de ano. E saber que o que a tornava amarga, que a fazia perder todo seu brilho incandescente, era seu melhor amigo, o deixava perplexo.

- null... – null disse, assim que parou em frente à casa do amigo. – Eu... – O menino pareceu pensar, passando as mãos no queixo. – Eu não sei se é paranoia minha mas, aquela não era a garota que eu conheci na praia. – null voltou a olhar o amigo, sério.
- null também? – Ele disse, cerrando o cenho.
- null me contou da sala, depois da aula... – null começou, null ficou calado por longos segundos, ele não era assim. Era conhecido por pegar muitas mas ainda assim ser sossegado, null null não corre atrás de ninguém, elas que correm atrás dele.
- Eu sei, null. – Ele olhou para o amigo com culpa. – Mas, eu olhei nos olhos dela hoje, e eu... Você não faz ideia de como null não sabe o que tem em mãos, cara! – O menino disse perplexo. – null, aquela menina não merece não ser notada!
null ficou encarando a expressão de null em silencio, enquanto ele sorria de forma estranha. Ele conhecia bem demais null para não notar que null havia mexido com ele, null sempre quer o melhor para as pessoas, e era, com todas as palavras, a pessoa melhor e mais sincera que ele conhecia, sempre estava disposto a ajudar os amigos e quem estivesse a sua volta e odiava ver algum próximo seu, mau. Mas, mesmo que fosse errado, que tudo aquilo fosse virar uma gigante bola de neve, ele se importava com null, porque sentiu naquele beijo que ele era o que ela precisava, pela forma como ela queria, pela forma como ela agarrou seus cabelos e o beijou, como se ele tivesse atingindo suas quatro marcas desejadas. Era errado, mas null não deixou de pensar no riso dela dês de que acordou naquela praia, sozinho, e não parou de pensar naquele sorriso nem quando descobriu que quem a namorava era null , seu melhor amigo dês de o primeiro ano. E tudo isso sem saber porque.
- Esquece isso, null. – null suspirou. – Você sabe que o que nós fizemos não foi legal, mesmo não sabendo quem essas garotas eram.
- Eu sei, eu sei. – O menino assentiu, e abriu a porta do carro.
Ele tinha que se afastar.



***

Nos dias passados, null evitava ao máximo encontrar null, em suas idas para a quadra, e banheiro, e enfim, era praticamente impossível não vê-la, lá, sorrindo de vez em quando ou sendo a marionete do null, mesmo que aquilo não fosse da sua conta, o irritava, a sua vontade era chegar em null e dizer que, aquela garota merecia muito mais do que sua mão ser segurada em publico. Mas como não era da sua conta, se contentava em esquecer o assunto, passando mais tempo com as cheerladers, e as garotas que o procuravam nessas semanas. Mesmo sem querer, null procurava pelo olhar de null quando o via, mas não recebia nada como resposta, ela deveria estar agradecida, sim, ele finalmente havia a deixado em paz, mas, que merda, o que ela estava pensando?
Seu corpo não se interessava se null estava no lugar, ou se, ele a beijava, porque a todo instante, ela pensava em null e isso era muito pior do que uma traição, pra ela. Isso era ridículo. A quem era queria enganar? Estava tão nervosa com aquilo nos últimos dias, entre querer e não poder, que seu corpo não aguentava mais tanta indecisão, o que ela faria? null só precisava de uma resposta, e sua mente já relaxaria. Ela parou de pensar nisso, quando viu null chegar até ela e olhar em seus olhos, ela entendeu o recado assim que Carter e Leslie passaram por ela, as olhando e rindo. E, ah, como ela odiava quando isso acontecia, e se é preciso deixar mais claro: Quando isso acontecia era porque algum boato havia sido solto, e claramente as envolvia.
- O que tá acontecendo? – null perguntou para null.
- Eu também queria saber – null disse tentando achar uma alma viva que pudesse perguntar, avistou Jane, que estava sempre por dentro dos escândalos da escola, então resolveu pará-la. – Jane, o que tá acontecendo? – perguntou simpática, e Jane ás olhou sem dizer nada por longos segundos. – Jane? – null chamou a atenção da garota.
- Talvez devessem olhar no Bob’s Bilter – Jane respondeu.
Bob Bilter é um dos meninos do time e ele era sempre o encarregado de ter vídeos escandalosos, até porque ele vivia gravando tudo, tudo mesmo e ele postava tudo que gravava em sua página, incluindo os vídeos escandalosos, porém não era como se fosse um “Gossip Girl”ele filmava por acaso algumas coisas e o site dele era exclusivamente lotado por besteiras e coisas de futebol, e coisas que ele fazia durante o dia a dia.
- O que tem o Bob, Jane? – null perguntou nervosa, mas Jane não a respondeu.
null pegou seu celular rapidamente digitando o nome do site de Bob, o último vídeo postado havia várias curtidas, e comentários, e visualizações. null por um lado tinha um medo súbito de ver o conteúdo do vídeo. A legenda dizia “Uma festinha polêmica, com pessoas polêmicas” .
null viu nitidamente null, sentado em um sofá, sorrindo de lado com varias cervejas a sua volta, e null ao seu lado. Seu corpo estremeceu, assim que Samantha, se aproximou dele, e uma musica sexy, começou a tocar alto, a menina subiu no colo de null e começou a dançar em cima dele. null sentiu seu coração parar. Era por esse cara que ela estava segurando toda aquela sensação ruim dentro de si? Era por esse cara que ela sentia-se completamente culpada e suja? Era por ele que ela sentia uma compaixão descomunal e o medo de magoar? Seu coração estava batendo tão rápido, e sua adrenalina estava tão alta, que nem notou, null quase quebrar o celular em mãos, a um ponto que ela parou o vídeo, por não aguentar mais vê-lo.
Jane se afastou olhando com pena para null, que havia suspirado tentando fazer seu coração parar de bater. Ela avistou no final do corredor, null, null, null e os outros garotos caminhando até elas, como se nada tivesse acontecido. null não conseguiu dizer nada, null foi mais rápida com isso.
- Então é assim, null? – null gritou enquanto null agia como se não entendesse o que estava acontecendo. – VOCÊ CHEGA NA PORRA FESTA E DEIXA UMA VADIA REBOLAR EM CIMA DO SEU.... – null segurou seu celular com força fechando os olhos.
-null, vamos conversar em outro lugar sobre isso...– null disse calmo colocando as mãos em volta dos braços de null.
- EU NÃO VOU PRA NENHUM LUGAR COM VOCÊ, SEU.... ACABOU! – null gritava. – Não me toque, null. – null se desvencilhou do garoto, raivosa, null sentiu a cabeça latejar, odiava ver null assim, porem só observava por ainda estar digerindo toda a informação.
- Hey, calma aí, a escola inteira está olhando... – null disse olhando sério para null, a menina riu sarcástica olhando e voltou seu olhar para null.
- E quando ela dançou em cima de você, você não pensou que a escola inteira saberia e eu seria a idiota não é mesmo? – null disse com raiva nas palavras, literalmente entre dentes.
- NÃO EU NÃO PENSEI, PORQUE EU TE PEDI PRA ME ACOMPANHAR!– Eles ouviram o berro de null ao se alterar gritando com a menina, aos poucos, pessoas iam se juntando para olhar a cena.
- EU NÃO FUI PORQUE CONFIEI EM VOCÊ, MAS VOCÊ VAI SER ASSIM E NUNCA VAI MUDAR, O MESMO... – null fechou os olhos com raiva e levantou o braço para um tapa, mas, não sabe-se como, null a segurou.
- Ei, vem comigo. Vê se acalma, null – null disse levando null para outro lugar enquanto null respirava fundo, muito fundo, tapando os olhos.
Tudo já havia saído das estribeiras mesmo, o melhor que era poderia fazer naquele momento era ir atrás de null, e tentar acalma-la. Ela também estava mal com tudo aquilo, mas era seu dever de melhor amiga acalmar null em primeiro lugar. Porém, antes que tomasse rumo, sentiu um braço a segurar, sentiu nojo, e raiva, se desvencilhou com raiva da mão que a segurava.
- Conversa comigo – null pediu com uma voz calma.null já estava indo atrás de null, quando viu que a conversa de null poderia piorar, ficou. - Você tem a coragem de pedir pra conversar null?– null perguntou com raiva, mas logo retomou a fala – Você é um idiota, um babaca, igual a todos os outros – ela cuspiu as palavras em null. – Aliás, idiota fui eu de achar que você mudaria depois de um ano.
Ela viu a expressão de null mudar em segundos, de uma maneira que sentiu medo. Mas não iria sair dali, se ele queria conversar, iria conversar.
- É null, você é idiota mesmo, uma idiota por me namorar esse tempo todo não é? É isso que você pensa? Mas, escuta uma coisa, quando uma coisa se ausenta, naturalmente outras tendem a preencher o lugar. – null ficou séria, e por um momento seu coração pareceu latejar, latejar de raiva misturada com angustia, lágrimas começaram a se formar em seus olhos e null mesmo vendo aquilo não se comoveu nem um pouco, mas null, sim. - ótimo saber disso, null. – null disse franzindo os lábios, uma lágrima escorreu, mas a menina limpou rapidamente e em dois segundos null não estava mais ali, null só conseguiu sentir o perfume doce, e gostoso que a mesma estava.
null não contestou em ir atrás dela, seguiu-a, pensou que null daria conta de null onde eles estivessem. null andava como um vulto até a porta da garagem da escola, onde seria mais fácil sua saída, mas antes mesmo de a menina chegar ao portão de saída, null conseguiu a segurar, segurar seu braço a fazendo parar num baque.
- null... – null disse calmo e a menina olhou pra ele, seus olhos estavam um tanto vermelhos.
- O que você quer, null? – null disse com raiva, null abanou a cabeça em um gesto negativo.
- Eu posso te levar embora, quer companhia? – null falou olhando nos olhos da menina, que por incrível que pareça, sentiu que null parecia realmente se importar.
- Desde quando você se importa? – null perguntou com uma voz quase estável, mas ainda raivosa.
- E isso interessa agora? Eu não vou te deixar sozinha assim. – null falou sério.
E quando viu que null ameaçava fraquejar novamente, a puxou para um abraço, abraçou-a por inteiro, fazendo carinho em seus cabelos, abraçou com toda a força. null chorava, mas não alto, só chorava. Ela chorava por tudo que havia acontecido, se lamentava naquele choro, tudo que havia feito, todo o segredo, tentando pedir desculpas pelas suas lágrimas, para null, por ter o beijado enquanto ainda namorava null. Ele a apertou ainda mais sobre seu corpo, aquilo a aliviou de um jeito libertador, e só ficou ali, calado, fazendo carinhos em seus cabelos. O perfume dele era delicioso, seu coração batia rápido, tão rápido que null podia senti-lo, e foi então que o garoto a olhou de perto, indicando com um gesto, que era para null repetir o mesmo ato que ele, e respirar fundo.
Depois de longos minutos ali abraçados. null foi atrás de null e viu o momento em que null parecia totalmente afetivo a sua “namorada’’ viu como null limpou as lágrimas olhando para null, viu como ele a fez sorrir e logo depois ambos caminharam para o carro dela e arrancaram dali, juntos, com null dirigindo. Também viu que enquanto o carro arrancava null o olhava fixamente para ele com os olhos pesados, seu olhar ela profundo e pesado. O garoto caminhou para seu carro rapidamente, ele não estava no seu estado normal, null nunca tocou em alguma namorada dele, geralmente dividiam “peguetes’’, mas nunca uma garota de respeito como null, como os dois tiveram uma aproximação tão grande a ponto de ter aquela média liberdade? Pelo que sabia, os dois se conheciam a apenas um mês e algumas semanas.

null e null estavam sentados na frente da casa da menina, esperando null chegar com null e null dar carona para null e sendo assim, se conhecendo melhor. null era um bom garoto, distraiu null de uma maneira inexplicável, os dois tinham mais assunto do que imaginavam.
- E foi assim que eu vim para Prada. – null terminou fazendo null o olhar segurando o riso e o mesmo a olhou, como ela estava fofa fazendo aquilo, – Que foi? – null riu.
- Você – null levantou o dedo indicador enumerando os fatos. – Botou fogo no lixo da sua sala – null levantou um segundo dedo. – Transou com uma Garota no campo de futebol – null riu abaixando a cabeça e negando com a cabeça. – E por fim pegou a chave da área da piscina para fazer uma festa – null levantou um último dedo. – Garoto, como eles não te expulsaram? De cara assim... –null o olhou, sorrindo.
- Eu era um bom jogador, então a última que eu aprontei eles me transferiram pro time de Prada porque não me aguentavam mais lá, eu e null sempre aprontávamos juntos, por isso transferiram duas pragas juntas –null disse e null riu abafado.
- Por um lado foi bom você ter vindo pra cá – null disse olhando para o nada e null a fitou e quando null se deu conta que o mesmo a estava olhando continuou a frase – pois se não você não estaria aqui agora – a menina disse séria. Ambos ficaram trocando olhares intensos depois do comentário, e null arriscava achar que poderia beijar null de novo, se null e null não tivessem chegado.
null trocou um olhar compreensivo para ele, e assim que levantou, olhou a menina sentada, de cima. Ela era uma perdição ao seus olhos, null se perguntou seriamente naquele instante, como conseguiria ignora-la, como conseguiria fugir da tentação que era null null. O sorriso dela, ele lutou tantos dias para tenta-lo tirar da cabeça, e agora, ela estava ali, sorrindo pra ele. Soava muito gay para um cara como ele, que só pegava garotas para leva-las para algum motel, a fim de ser aquilo, e SÓ, aquilo. Mas, não era assim, ele estava lutando contra a tensão sexual que rolava por uma garota, uma garota linda, gentil, cheia de personalidade e extremamente cativante, e ainda com aquele bônus de beijar bem. Ela era sim, o caminho errado pra ele, mas, de que importava? Metade dele fraquejava para não deixar aquela garota escapar, e a outra suplicava para que ele mantivesse distancia, porque, querendo ou não, null não era burro, e sabia onde e o que isso iria causar.



A semana na escola foi turbulenta, null deixou de ir alguns dias na aula e quando ia sempre aparecia com marcas vermelhas, cabelos desgrenhados, ou coisas do tipo.
null sentia repugnância, mas preferia não olhar, não olhar o que null estava se tornando em tão pouco tempo, porque porra! Há três dias null era outra pessoa e descobrir que ele não mudou nada e quantas meninas davam mole a ele sem nem contestar deixava null assustada, será que nesse tempo todo ele a traiu? foi interrompida por null a cutucando, o professor estava a chamando.
- Mrs. Martin? – Daves chamou pela milésima vez.
– Oi? – null disse se ajeitando na cadeira.
- Minha aula é tão desinteressante assim? – o homem perguntou e null jurava que iria responder “Sim” para sair daquele lugar, fitou o homem que logo depois daquela jogada de olhares virou para o quadro novamente iniciando mais um texto.
- Tudo bem, null? – null perguntou virando-se para a amiga e a mesma olhou null, é claro que já se entendiam pelo olhar.

O intervalo de aulas estava sendo um inferno para null, mesmo que sua relação estivesse esfriado com null, ela sentia que merecia ao menos respeito por ele, mas logo depois repensou e talvez tudo isso estivesse acontecendo por causa do que fez com ele. Ok, ela não merecia respeito vindo de null mesmo ele não sabendo, ela não merecia. null estava atarefada demais para pensar em seu término com null, como sempre ela organizava a primeira festa no lago, null sempre era encarregada disso, apesar de ser um pouco longe da escola, todos concordavam em ir, todos adoravam a festa pelo nível que ela chegava a certos pontos, meninas bêbadas, dando pra todos, bebida de graça, lago... Portanto null não conversava tanto com ela, a não ser alguns dias antes da festa que realizou o pedido de null em fazer a Playlist e contratar o DJ, sendo assim ficou o resto dos outros dias se preocupando se iria ou não, talvez isso apenas por consideração a null, mas com vontade mesmo, não estava.
- Você vai comigo? – null perguntou descendo as escadas e olhando para null.
- Vou daqui a pouco, vou esperar dar o esquenta. – null disse rindo e null acompanhou.
- Você sabe como é, eu tenho que chegar cedo... – a amiga disse e se sentou ao lado de null – Não está sendo fácil pra mim também – a menina disse olhando nos olhos de null. – Mas, eu confesso que achei que seria muito pior, mas eu até que estou sabendo lidar com isso. – null olhou para o nada, e depois voltou a olhar null, que a encarava seria. – E eu sei que o null não foi diferente, e que quando você estava com o null naquela sala, não estava o ajudando em uma matéria – null não conseguiu conter o mínimo sorriso no canto dos lábios que surgiu ao ouvir aquilo. – Mas bom, acho que não preciso de mais detalhes, vou indo, nos encontramos lá, e, por favor, vá e não me deixe sozinha – null levantou, deu um beijo no rosto de null e saiu porta a fora.
null riu involuntariamente enquanto ouvia null arrancar com o carro, levantando-se do sofá para começar a se arrumar, e foi só então que lembrou que o carro que seu pai sempre deixava com Bertram, para as compras, e que ela pretendia usar, estava no mecânico. Só faltava essa, null iria mata-la e não iria voltar busca-la, já que o lago era no fim de mundo, null bateu na cabeça se xingando mentalmente, quando sentiu o celular vibrar, olhou no visor e encarou o nome de null, piscando. Seu corpo estremeceu, ela tinha que parar de sentir essa merda de sensação toda hora.
- Hey – null disse subindo até seu quarto e fechando a porta.
- nullnull, e sua voz grossa – Eaí? – disse e riu um pouco, null acompanhou.
- Tudo bem por aqui, e aí? – a menina perguntou olhando seu reflexo no espelho.
- Ótimo, vai à festa? Que pergunta óbvia é claro que vai, null organizounull disse, ele parecia nervoso.
- Na verdade... – a menina virou e encostou-se a sua cômoda passando a mão nos cabelos – Provavelmente não, null foi com o carro, o lago é longe, não estava a fim de ir mesmo, null não vai atender o celular na puta que pariu – null respondeu.
- Isso não é pretexto, null. Eu posso pegar você é só você querer, você não pode ficar evitando null pra sempre, pode? null perguntou sério, null podia imaginar a feição do garoto do outro lado da linha, andou para o meio do quarto, parecendo pensar no que ele havia dito.
- Okay, passa me pegar daqui uma hora. – a menina respondeu e null concordou logo depois desligando o telefone.

Uma hora depois null já estava arrumada, tomou banho e se arrumou com rapidez, colocou uma saia Jeans com alguns detalhes desfiados, uma blusinha azul e seu vans cinza, seu cabelo estava natural, não iria pentear para uma festa no lago, e sua maquiagem era tão fraca que ninguém desconfiaria que ela havia passado, logo ouviu o carro de null parando a frente de sua casa, desceu as escadas pegou seu celular em cima da mesa de centro e viu null a olhando do vidro do motorista, null estava bonito, mesmo não o vendo por inteiro, sabia que null estava bonito, detalhe que ela já havia notado: null era bonito de qualquer jeito.
- Caprichou pra causar remorso no null? – null disse rindo debochado e null sorriu entrando no carro. – Eu já vou avisando que ele não vai querer nem assim.
- Cala a boca, null – null disse e null riu mais alto arrancando com o carro.

***

A festa estava bombando literalmente, haviam várias pessoas lá, e o assustador para null era que a maioria ela não conhecia e essa maioria estava causando grande reboliço na festa. null chegou e logo se perdeu de null, estava muito cheio, tentou encontrar null passou por algumas meninas que a olharam de canto, chegou no bar e sem sucesso em encontrar sua amiga, decidiu pedir uma bebida, ou pegar uma já que o garçom estava se pegando com uma morena.
Passou os olhos por toda aquela multidão, calmamente, viu null sussurrando no ouvido de uma ruiva, e também viu null dançando animadamente com uma garota, lê-se, se esfregando nela e a menina mantinha sua cara de puta, literalmente, pois se ela se chamava Carter, e passando ao seu lado, a cena que mais a marcou dês de que chegara a festa, foi: null passando a sua frente com Samantha, a beijando de lado e passando a mão no corpo dela, null sentiu um enjoo tão forte que poderia vomitar o pouquinho da bebida que havia tomado, sentiu raiva, muita raiva, pois realmente parecia que null queria provoca-la de alguma maneira, e estava tendo sucesso. null tratou de zanzar por aquelas pessoas saindo da li rapidamente e se envolveu por todos aqueles adolescentes até que encontrou null tirando um garoto de perto do lago, pois ela estava quase vomitando lá, e ela não queria que ele vomitasse no lago, seria nojento.
- null – null chegou e null a olhou – quem são todas essas pessoas?– passou o olhar por todos.
- Eu realmente não sei! – ela respondeu raivosa. – Merda, null, vai até lá em cima e tenta encontrar a Jane.
null assentiu subindo algumas pedras, haviam algumas pessoas se comendo ali, estava noite, tudo escuro e null podia ter uma visão ampla da festa, a música alta tocando, talvez de longe ela fosse animadora, mesmo que gostasse de uma folia, ver adolescentes vomitando, se beijando e seu ex namorado pegando a garota que você mais odeia, não era tão animador de perto. Seu copo já estava vazio, fazia cinco minutos que ela estava ali, tentando achar Jane.
- Ele parece estar se divertindo – null ouviu uma voz conhecida, olhou para o lado e viu null olhando fixamente para alguém lá embaixo, sabia quem era, mas preferiu não olhar, o garoto estava com uma das mãos no bolso de sua calça Jeans preta, e a outra segurando um copo de plástico vermelho.
- Mais do que o normal – null respondeu olhando para os pés e voltou seu olhar para null, agora ele a olhava – Eu o libertei – riu de uma forma dolorosa.
- Você pode dar... O troco se quiser...– null disse e null o olhou com um meio sorriso.
- null, ELE está dando o troco em mim – ambos riram. null basicamente gargalhou fazendo a garota a sua frente se sentir um pouquinho melhor com a situação.
- Você sabe do que eu to falando – dessa vez ele virou totalmente para null chegando um pouco mais perto e ela seguiu o mesmo ato, olhou diretamente em sua boca,da qual parecia a chamar.
- null... – null sussurrou, ainda hipnotizada com todo aquela conjunção de perfume, lábios, e olhos.
- Você se importa? – ele perguntou colocando suas duas mãos grandes sobre a cintura de null e a puxando para si com um sorriso de lado. E tinha como dizer que sim?
- Não – null riu fechando os olhos e indo em direção aos lábios do menino.
O impacto de seus lábios se juntando foi intenso, não estavam bêbados, e o mais importante, não iriam ter que explicar por aquilo, não que pretendessem... null iniciou dando o beijo com um pequeno selinho, sorrindo safado, e puxou mais null contra seu corpo,ela podia sentir a temperatura do corpo do menino sobre si, e estava adorando aquilo. Toda aquela sensação de volta, tudo aquilo que era não conseguiu esquecer, como um ciclo vicioso. A mesma passou os braços pelo ombro de null e logo suas mãos encontraram a nuca do mesmo dando leve puxões, as suas línguas se moviam com facilidade, só queriam explorar mais um do outro, null sentia um gosto doce quando beijava null, o mesmo apertava a cintura de null com um tanto de intensidade, ambos estavam adorando aquilo, adorando tanto que poderiam ficar ali por um bom tempo se pegando se null não aparecesse.
- null... – null pigarreou e null e null pararam de se beijar instantaneamente null abaixou a cabeça enquanto null virava-se para a amiga passando as mãos nos lábios, totalmente envergonhada. – Eu ia perguntar se você tinha achado a Jane... – disse um pouco constrangida.
- Jane foi até a cidade comprar mais bebidas – null pronunciou-se sem olhá-la levantando seu dedo indicador, não sabia onde estava seu copo, tinha perdido todos os sentidos e a única coisa que se passava por sua mente era o quanto ele precisava de mais doses de null.
null assentiu positivamente e desceu novamente a cadeia de pedras.
null voltou a olha-la com um meio sorriso, a menina olhou em volta, eles estavam sozinhos ali, não que isso importasse, mas, só de olhar para ele, uma onda de calafrios percorreu seu corpo. E ela ficou em silencio, jogando o copo que estava em suas mãos, pedreira a baixo, deu dois passos rápidos em direção a ele, sem querer perder tempo, grudando seus lábios nos dele de imediato. null grudou na cintura de null, e desceu as mãos até o cóccix dela, a fazendo sair do chão por um meio tempo, null havia se agarrado em null naquele beijo, de uma maneira que não queria mais parar.
null o beijava com safadeza, e ele estava adorando aquilo. A menina mordeu seu lábio inferior, sorrindo um pouco, e foi então que null sentiu a intimidade de subir suas mãos por dentro da blusa dela, null levantou aos poucos a regata azul de null, e logo sua mão se esgueirou nas costas dela, passeando por ali, null sentiu um calafrio, mas mesmo assim, continuou o beijando, até lhe faltar ar. Aos poucos ela foi parando beijo com vários selinhos, e então o encarou nos olhos, seus lábios estavam vermelhos e ele sorria, sorria pedindo para que ela continuasse.
- Tem carona pra ir embora? – null perguntou, bem perto dela, fazendo desenhos abstratos dentro da blusa da garota, nas costas, ela sorriu com o calafrio.
- Eu tenho a null, mas acho que ela...
- Você vai comigo, vem. – Ele disse, a cortando, puxou-a pelas mãos, e desceu a cadeia de pedras.



***

- E aí, você vai para o treino de futebol hoje? – null perguntou com um sorriso malicioso no rosto. Ela tinha tido a noite toda para especular sua ficada com null, mas não, decidiu fazer isso naquele momento, na escola, onde todos escutariam.
- Não. – null virou-se para null com um olhar mortal. – Por que eu iria? – rebateu sarcástica.
- Porque eu acho que depois de uma ficada, pode haver uma conversa, ou sei lá, foi tudo muito físico? – ela viu a amiga se remexer na cadeira de curiosidade.
- Foi físico. – null disse direto. – Foi totalmente físico. Eu e ele fomos breves, não conversamos e não vamos conversar. – disse séria. – Acho até que foi loucura.
- Não vão conversar, porque você segue o manual das garotas que diz “Meninas não chamam garotos para uma conversa, são eles que chamam você”. – null falou sorrindo de canto, null a olhou incrédula.
- Não é nada disso. – falou. – Só foi físico, não tenho a mínima vontade de conversar com ele. – null começou, não encarando null. – Ele é bonito, atraente, e aqueles olhos... mas enfim, eu acho que foi só isso. – null falou tentando parecer convincente, mas dentro de si, lembrar do que aconteceu fazia seu peito pular. - A quem você quer enganar com isso, null? Sou sua melhor amiga, não vou condenar você por estar... – null começou, mas viu null se remexer impaciente. - Não! – a menina a cortou. – É sério, null. Não quero falar disso agora.
- Tudo bem. – a amiga respondeu vagarosamente e voltou a sua posição normal.

As aulas estavam demorando mais tempo do que costumavam levar. null se sentia entediada, null dormia na carteira ao lado e bom, os pensamentos vinham como um tsunami na mente da garota. Ficar com null não tinha lá sido tão importante – era isso que preferia pensar –, mas ao mesmo tempo queria sentir aquela mesma mistura de emoções novamente, era como se tivesse virado um vício, e como ela não conseguia se controlar na presença dele. null havia perdido a prática de sentir-se daquela maneira, e esqueceu o quanto era bom sentir aquilo, no bom sentido.

Quando finalmente o sinal tocou para a troca de aulas, null decidiu que não iria ficar nas duas últimas, porque segundo ela, às carteiras eram de muita má qualidade e a deixaram com dor nas costas; null sem contestar seguiu a amiga. Todos já entravam para suas salas e por incrível que pareça, null e null estavam pouco se lixando se alguém as veria.

- null, eu vou ao banheiro. – null disse, parando em frente ao banheiro feminino.
- Tudo bem, te espero ali na frente. – null assentiu positivamente.

A menina continuou o trajeto em passos lentos, totalmente avoada com a situação, já pensando no que falaria se encontrasse um inspetor por ali. Prada era realmente rígida com isso, mas ela não queria realmente ficar , seus pensamentos estavam desordenados e ela precisava respirar, pensar. Nem null estava sendo útil naquele momento, não que fosse culpa dela, só que, se null não conseguia entender ela mesma, imagina null? Ou talvez ela a entendesse melhor ainda; Só parou de pensar, quando deu de cara com Samantha na sua frente, por sorte havia conseguido parar um pouco antes de colidir com ela. Aos poucos sua vista foi ficando mais ampla, e ela pôde ver null, chegando em passos lentos atrás da menina. Ambos trocaram olhares por segundos e sem querer, ela passou a sentir um pouco de raiva dele naquele momento.

- null... – Samantha pronunciou quando a viu.
- Samantha. – null devolveu com um sorrisinho irônico.
– Indo encontrar seu namorado? – Perguntou. null a olhou sem entender e minutos depois a garota consertou. – Ah, esqueci que vocês terminaram há um mês, me desculpe. – a ação foi involuntária, null revirou os olhos, e riu.
- Não, na verdade Sam, isso realmente não lhe interessa. – sorriu sem mostrar os dentes.
- É, vejo que temos um coração partido aqui... – Samantha riu, e null riu mais ainda, negando com a cabeça. Aquela garota era ridícula.
- Sam... – null se aproximou da menina, ainda rindo levemente. – Você é uma piada.
- O que você quer dizer? – Samantha chiou ofendida.
- Olha, eu não vou gastar meu tempo aqui, ainda mais com você. – null respondeu, sorrindo de lado. – E a propósito, oi, null. – ela disse, desviando seu olhar a null. O menino não respondeu, só ficou a olhando como se quisesse conversar, quisesse muito conversar, seus olhos gritavam por isso. Mas null ignorou aquilo, dando dois passos para trás, acenou pequeno para os dois, e voltou seu trajeto até o banheiro.

A menina voltou apertando o passo para tentar ignorar null. Ela sabia que ele viria, era óbvio. Não ver null por dois motivos. Primeiro que: ele estava com Sam, e algo no seu corpo formigava com vontade de socá-lo – ela não sabia por quê. – E segundo que: tinha medo do que null poderia falar, tinha medo dela mesma. Mas naquele momento, quando sentiu os passos dele atrás de si, percebeu que só querer não era a solução.

- Ei, null. – null chamou uma vez, mas ela não se virou, esperando talvez que ele desistisse. – null! – ele chamou uma segunda vez parando a menina. Assim que ela virou, deu de encontro com os olhos dele, não queria abaixar a guarda, mas era impossível combater contra aquilo.
-null, eu estou... Ocupada agora, eu tenho que procurar a null e... – null passou a falar freneticamente e só parou quando viu a expressão perplexa de null.
- Qual é o seu problema, null? – o menino perguntou, trocando o peso de uma perna para outra.
- Como assim? – se fez desentendida, respirando fundo. Queria sair dali.
- Eu estou tentando conversar direito com você... Mas acho que é impossível, não é? – o menino falou irritado, e null suspirou pesado.
- Olha, null, eu estou... Confusa e... Eu não sei, eu não estou num bom dia.
- Ok. – null suspirou, olhando para o chão. O clima começou a ficar estranho e tenso, o silêncio estava sendo perturbador. – Sobre ontem... – ele começou a dizer em voz baixa.
- Não... Esquece ontem, não foi nada de mais, não aconteceu nada demais. – null começou balançando a cabeça e depois voltou seu olhar a null.
- Então, porque agimos como se tivesse acontecido? – null perguntou, dando um passo para frente, ficando perigosamente perto de null.

O cheiro de null tinha se instalado no ar, ou talvez só null percebesse o quanto aquele perfume tinha se sobressaltado, e estava a hipnotizando de uma maneira indescritível.
null lentamente colocou o braço na maçaneta que estava bem atrás de null. A maçaneta da sala de produtos de Limpeza. E depois de abrir uma fresta da porta, empurrou a garota para dentro do armário e lá dentro, tudo aconteceu tão rápido que null só sentiu os seus lábios encostando-se aos de null. Involuntariamente levou suas mãos até os cabelos do mesmo o fazendo pegar com firmeza em sua cintura.
null sentia que estava ficando louco, nunca foi do tipo de cara que fica atrás de uma garota frequentemente, e se sentia vitorioso. null havia fraquejado, sentia-se vitorioso porque pode beijar ela e dessa vez, sentiu mais vontade do que antes.
Assustadoramente pensando, null não estava mais conseguindo lidar com essa situação, não sabia por que se apegou a null, e pensava nela em algumas partes do dia. A situação estava saindo fora seu controle. Depois de algum tempo se beijando, dando intervalos de tempo para poderem respirar, pararam lentamente, dando leves selinhos e abrindo os olhos lentamente.

- Podíamos fazer isso o tempo todo... – null sorriu malicioso.
- Nos seus sonhos... – null foi se afastando lentamente de null até chegar à porta e então abriu de supetão, saindo da sala com um sorriso nos lábios. null saiu atrás com o mesmo sorriso, porém mais perverso.
- Eróticos! – null terminou a frase de null, que riu, mas fez uma expressão ofendida e quando se virou para frente para continuar seu caminho, viu null no final do corredor os olhando perplexa.

null não se deu nem o trabalho de tentar disfarçar, apenas recolheu o sorriso – que ainda permanecia em seu interior – e continuou andando ao lado da amiga. null não perguntou, não achou totalmente estranho, nem julgou null por aquilo; Era como se já soubesse que desde a viagem, null estivesse estranha, e ela conhecia sua amiga, sabia que ela sentia uma gigante culpa por tudo que havia acontecido, e por isso, era difícil sustentar tudo aquilo.
Ainda no carro e ainda entre o silêncio, null várias vezes trocou de rádio, como se estivesse nervosa com alguma coisa e pra quebrar o clima, null a olhou, segurando a mão da garota.

- Adivinha quem está em casa? – falou finalmente desde a escola.
- Quem? – null virou seu olhar para null.
– Paris. – falou com nojo na voz. null quase desistiu de continuar o caminho até em casa, mas agora já era tarde demais, sua casa era no final da rua.
Quando chegou a casa, sentiu um cheiro estranho de tulipas do qual Bertram odiava. Estranhou. Subiu e não viu ninguém. null se pôs no quarto conversando com alguém que null deduzia ser null. null estava... Íntima dele. E sem ter nada pra fazer, desceu até a cozinha. Até estava feliz, agradecendo aos deuses por não ter encontrado Paris, mas isso foi em vão. Um pouquinho antes de entrar na cozinha, ouviu uma voz de mulher soando.

- Eu disse que queria ao ponto Bertram, não mal passado! Quero esse caviar bem feito, o vinho servido nas taças de cristais novas que eu comprei e bom... Vê se faz direito ou eu terei motivos para reclamar de você ao John. – falou rude para Bertram, que mantinha a cabeça abaixada. null ficou extremamente... Nervosa. Ninguém tinha o direito de falar assim com Bertram, muito menos ela.
- Sim, mister Jackson. – Bertram respondeu baixo, virando se para o fogão. Paris saiu e deu de cara com null. Uma feição esnobe preenchia seu rosto, uma palavra: repugnância. Aquela sujeitinha estava começando a deixá-la nos nervos. Entrou na cozinha praticamente esbarrando em Paris e olhando fixamente para Bertram. - Qual é, Bertram! Você vai deixar essa... Essa mulher falar assim com você? – null disse pondo suas duas mãos no balcão, histérica. - E o que eu posso fazer, Mrs. Martin? – Bertram virou-se com uma panela em mãos, colocando-as na mesma bancada em que null antes estava apoiada, pois agora mantinha seus braços cruzados.
- Xingá-la? Enxotá-la da cozinha? Como sempre fez com nós? – mexeu a cabeça com certa ironia.
- É diferente, Mrs. Martin. John deu ordem explicitas, a partir de agora, Paris comanda essa casa também, e acho melhor você começar a se preparar para se render a Mrs. Jackson. – o mordomo tinha a voz aflita. A menina tomou uma expressão de dúvida, e soltou seus braços os colocando novamente a bancada. - E porque a partir de agora – deu ênfase. – Paris comanda a casa também, Bertram?

Antes mesmo de o mordomo responder, foi interrompido por John entrando na cozinha, totalmente alegre, nem parecia John o homem cheio de negócios.
Ele passou por null e lhe deu um longo beijo na testa. Bertram logo se virou para o fogão novamente sem nem se quer olhar John. null, por sua vez, virou-se para o pai com uma cara não muito convidativa.

- O que foi, minha princesa? – John virou a cabeça, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha da filha.
- O que está acontecendo, pai? – cruzou os braços.
- Han... Conversamos mais tarde, querida. – o homem se afastou e começou a andar em direção ao andar de cima, e é claro, null foi atrás.
- Não, pai. Não vamos conversar mais tarde, porque como sempre, você vai inventar algum empecilho para não termos uma conversa civilizada, e eu vou ter que descobrir de última hora, então ou você me fala ou... – null parou ao meio do escritório do pai.
- Eu vou me casar com a Paris. – o homem falou na lata. Fitou os olhos arregalados e cheios de indignação da filha que descruzou os braços pela milésima vez, só que um pouco mais forte.
- Como assim você vai se casar a Paris? Quando você pretendia me dizer?! Você não pode se casar com a Paris! – a menina esbravejava para o pai que sentado em sua mesa, massageava suas têmporas.
- E porque eu não posso me casar com a Paris? Eu realmente gosto dela, ela é uma ótima mulher pra mim, me sinto feliz com ela. Eu não sei realmente, null, porque você tem essa coisa contra ela! – John falou rígido e null o olhou novamente indignada, perplexa, com um ar sínico e óbvio.
- Por que? – mudou seu tom de voz. – Você não sabe o que ela é longe de você, pai. E eu não estou nem um pouco feliz com esse casamento. – a menina disse num tom estressado, quase gritando. viu John se levantar de sua mesa com um ar nada amistoso e parou em frente à filha. John era alto e fazendo justamente aquela cara que null quase nunca via a fez estremecer.
- Não é você quem tem que ficar feliz com esse casamento, null. Sou eu - John delineou cada uma de suas palavras. – Então, aceite esse casamento. Aceite que eu estou feliz com ela e sei o que estou fazendo, pois pela primeira vez, estou seguindo em frente sem colocar você em primeiro plano, como sempre fiz. – null sentiu seu coração dar um solavanco, mas continuou olhando fixamente seu pai. – Eu quero que você respeite a Paris.
- Tudo bem, pai. – John sentiu o tom de voz de null, decepcionado. Ele não gostava daquele tom de voz. A menina deu meia volta e saiu da sala batendo a porta. John jogou-se em seu sofá novamente com um olhar cansado.

A semana se passou lenta, pelo menos os três primeiros dias, então sexta chegou rapidamente. A casa estava infestada com um cheiro de tulipas – que deduzia ser o que Paris gostava – e havia mais dois cozinheiros ajudando Bertram na cozinha.
Novamente, null estava organizando um baile de outono para escola, totalmente atarefada e talvez um pouco distante de null. A mesma sentia falta da amiga.


- Está me evitando ou é impressão minha? – null colocou sua cabeça para dentro do quarto de null. A mesma voltou seu olhar de súbito para null, mas depois relaxou os músculos e sorriu chamando, acenando para a garota com as mãos.
- É claro que não. – null se jogou na cama e deitou-se no colo de null. – Tudo isso está me deixando louca!
- null? – null revirou os olhos para olhar null. A mesma riu de uma maneira fofa e fez um gesto negativo com a cabeça.
- O baile de outono, Paris, e bom... null. – null riu e se levantou olhando para null.
- Paris também me deixa extremamente fora de mim e null... Você não me contou nada sobre ele. – falou.
- Eu... E null. – null mexeu as mãos. – Ficamos. Estamos nos conhecendo e eu não faço ideia de onde isso vai dar. Isso me deixa louca, ficar perto dele me deixa louca, mas ficar longe dele causa o mesmo efeito! Não é como se fosse null. Com null, tudo é muito mais intenso do que com null. Não caímos na rotina, cada dia a mais ele tem uma surpresa e...
– Uou. – null disse com estranha surpresa, sorrindo. null falava tudo rápido demais.
- É muita informação? – null arqueou a sobrancelha.
- Nada que me deixe surpresa, mas... O modo como você fala dele me deixa... null e null são exatamente iguais. – null abaixou a cabeça sorrindo, sem encarar null.– Não te contei sobre ele.
- E nem precisa. Fala sério, armário de Liampeza? – null disse e null soltou uma gargalhada estranha que fez null rir também.
- É disso que eu estou falando. – cessaram o riso juntas.
- Eu realmente estou gostando dele. – null baixou a voz. – Quer dizer, não é tão rápido, é? Nos conhecemos há quatro meses, tudo bem que só estamos nessa a dois meses e que null null é uma incógnita, mas ele me ajudou no lance com o null. – novamente null falava suas últimas frases com rapidez, fazendo a amiga rir.
- Cai dentro, null. – null falou fazendo null cessar o falatório. – Eu não sei qual é a relação de vocês, mas seja o que for, se te faz bem... Não posso dizer o mesmo do papai e Paris... – elas riram e null sentou na cama novamente, abraçando null com ternura.
- Obrigada. – null se desfez do abraço. – null disse que null quer falar com você. – falou receosa.
- Não tenho nada pra falar com ele. – null levantou ríspida. – Vou me arrumar para o noivado. – disse a última palavra com nojo e null riu concordando.


null entrou no seu quarto ainda sentindo a tensão no ar ao falar de null. Ainda sentia uma leve raiva do mesmo, mas mesmo assim não o julgava tanto pelo que fez.
Não estava querendo dizer que aceitava uma merda de uma traição, ainda mais com Samantha Hather, mas que não o crucificava por isso. Não iria perdoá-lo de maneira alguma, mas fez o mesmo, portando não podia simplesmente julgar null. Estava imersa em pensamentos com todo seu corpo em baixo d’água, pedindo com todas as suas forças que toda aquela ruindade matinal que entrava em seu corpo quando Paris estava em casa, desaparecesse. Nesse momento, pensou em null, de uma forma ou outra, ele era o único que a fazia esquecer de todos os seus problemas em um segundo, e de uma maneira realmente boa. null era um bom amigo, todo o tempo que se aproximaram fez com que null conhecesse o verdadeiro null. O garoto engraçado e muitas vezes fofo – que beija bem –, mas que não é só aquele cara que transa com todas líderes da escola, e sim um amigo. Voltou ao mundo real ofegante. Ouviu seu celular tocar, e rapidamente saiu da banheira, enrolando-se na toalha para atender.


- A princesa está tomando banho? – sentiu seu corpo enrijecer ao ouvir a voz de null do outro lado da linha, e involuntariamente sorriu.
- Me espionando no banho, null? – null ouviu uma risada gostosa do outro lado da linha.
- null estava falando com null. Ele perguntou onde você estava, então eu descobri que você estava no banho e acabei tendo pensamentos eróticos e precisei te ligar. – null falou e null começou a rir freneticamente.
- Que nojo, null. – ela respondeu. – Qual é o motivo da honra de sua ligação?
- Tá livre hoje à noite? Pensei em assistirmos a um filme ou até ir numa balada, porque filme é muito formal para mim. – null falou de uma maneira engraçada e fofa e null riu da mesma maneira. Não era possível, mesmo sem vê-lo, null imaginava null gostosamente gostoso em sua mente.
- Eu juro que hoje iria com você para qualquer lugar que fosse. – a menina falou, mas não soou no tom que ela esperava. – Mas eu tenho um jantar de noivado do meu pai hoje, não posso sair.
- Fala sério, seu pai vai se casar com a Paris? – null soltou em um tom alto e surpreso, e null resmungou um “uhum”, alisando seu vestido no cabide que estava pendurado em seu closet. – Por tudo que você me contou, achei que ele iria cair em si.
- Mas não caiu. – falou raivosa. Ouviu o suspirar de null do outro lado da linha. – Vem para o jantar, chama o null, não passe a noite sozinho se pode passar ela inteiramente com a garota sexy dos seus sonhos eróticos. – null falou e null riu.
- Eu vou... ver com null. Tem certeza que seu pai não liga? – disse sério.
- Ele não tem que ligar. – a menina falou também séria. – Espero que venha.
- Beijos, null. – null falou com sua voz sexy e rouca e desligou o telefone.




***


Já vestida, null dava os últimos retoques na maquiagem. null entrou em seu quarto despreocupada, se apossando de seu espelho, passando seu tão marcado batom vermelho, e em menos de segundos, o celular de ambas apitou.

“Estamos indo. Cinco minutos. Beijos. xx null.”

Sem querer, null sorriu ao ler e fechou a janela da mensagem, enquanto null a observou sorrindo, é claro que tinha lido a mensagem, e é claro que viu a reação de null, mas sem ter que dizer nada.

- Então, vamos lá. – null abriu a porta e deu passagem para null.


O jantar sucedeu como todos imaginavam – pelo menos para null e null – cheio de mimimi, amigos de John e outras granfinas de Paris. null e null pareciam estar até que se divertindo na festa, John achou estranha toda aquela aproximação de ambas com os dois garotos e reconheceu null de algum lugar; null ainda não tinha contado que terminara o namoro com null. Ele foi o único que conseguiu domar John de certa maneira e nem ela mesma estava preparada para contar ao pai que já não estava mais com null, mas aí teria que dar explicações e essa era a última coisa que queria ainda mais “brigada” com o pai; ela nunca brigava com John, mas quando as coisas ficavam feias...
Tudo estava saindo relativamente bem, se Paris não estivesse sentada ao meio de null e null no sofá em altos papos. Convenhamos, null e null são garotos bonitos, atraentes, bons de papo e sem querer admitir para si mesma, null estava se sentindo incomodada com aquela cena. Olhou para seu copo de vinho em suas mãos e foi pegar mais, já que teria que aguentar mais e mais aquela cena, então, deu de cara com null. Sua cara não era a melhor de todas, fazendo o mesmo caminho que ela.

- O que deu naquela cachorra? – null falou nervosa, enchendo sua taça com ferocidade.
- Boa pergunta. – null ergueu o copo e depois tomou um golaço do vinho, saindo da cozinha, indo direto para a sala de jantar onde quase todos já estavam sentados e John agora, estava segurando firmemente a cintura de Paris que sorria audaciosa para os empresários.
- Você queria provocar alguém com esse vestido? – ouviu null sussurrar em seu ouvido, posto bem atrás da mesma. Aquilo lhe dava nos nervos, ele não podia ficar fazendo isso a todo o momento.
- Eu não preciso “querer provocar”. – null respondeu sem olhá-lo. – Eu já provoco você sem fazer nada. – ela sorriu tomando mais uma vez um gole de seu vinho. null riu da mesma maneira passando ao seu lado e a puxando pela mão para sentarem-se a mesa que agora estava lotada de executivos.

Todos estavam na mesa comemorando o noivado de John, batendo palmas e tudo que o “casal tinha direito”. null continuou comendo, sem dar muita importância, mas quando olhou, viu Paris sorrindo para null e logo depois voltar seu olhar a null sorrindo, e não era um sorriso bondoso, disso ela tinha certeza. Suas veias começaram a pulsar de raiva, não sabia por que a raiva foi tão grande, mas preferia pensar que era por seu pai e não por null. Paris ainda sorria de uma forma estranha, seu olhar sempre fazia o mesmo caminho, até que Paris parou seu olhar em null que mantinha uma conversa aleatória com null.

- null, querida, diga algumas palavras... – Paris incitou irônica, olhando para a mesma que fez a pior das expressões. Queria voar ali no cabelo daquela loira oxigenada, mas apenas se recompôs da conversa, endireitou a coluna e olhou fixamente para a mulher.
- Tipo? – null entortou a cabeça. –
- Tipo um... Parabéns, queremos te ouvir.
- Parabéns pelo o quê, Paris? – null juntou as sobrancelhas. Sentiu todos os olhares voltados para ela, seguido á isso, viu a mulher fazer sua melhor cara de chocada e sussurrar algo como “está vendo John, duas adolescentes juntas são dupla rebeldia para você lidar e null nem...”.
– O quê? – null interrompeu antes de Paris terminar de falar, agora tinha levantado à voz, aquilo era o cúmulo dos cúmulos. Falar algo sobre null? Sua melhor amiga? Por sorte null parecia não ter escutado e apenas olhava a situação absorta, mas null escutou. – Quem é você...
- Chega! – John não exatamente gritou, mas fez todos estremecerem a mesa, viu a filha levantar de súbito da mesa e dizer “perdi a fome” e sair andando da li pisando duro.

null levantou segundos depois. Depois foi a vez de null e null; Todos foram para onde null havia ido. A mesma pegou seu casaco preto com detalhes rosa e o vestiu saindo de casa. O frio estava de lascar, mas não conseguia ficar nem se quer mais um minuto naquela casa, a convivência estava ficando insuportável com Paris vivendo lá e não, não era ciúmes do Pai, null sempre foi a favor de John se relacionar novamente, mas não com uma vadia loira.

Mesmo ouvindo null chamando-a ao longe, só parou quando ele á puxou pelo braço.

- O que deu em você? – perguntou atônito, olhando seriamente para a menina a sua frente.
- Ela é um nojo. – null respondeu, olhando para o lado, tentando reprimir sua raiva.
- E também é noiva do seu pai, você não podia fazer isso. – ele respondeu. Então a menina lembrou-se de null conversando com Paris. Sentiu tanta raiva, tanta raiva que podia esmurrar null, não era boa em reprimir sentimentos.
- Defendendo sua mais nova amiga? – null perguntou com ironia na voz, cruzando os braços. – Olha, eu não preciso de lição de moral agora.
- Você está com ciúmes da sua madrasta? – null inclinou seu corpo com um sorriso surpreso e idiota no rosto. null bufou soltando os braços.
- Ciúmes? Madrasta? – null parecia ter cutucado a onça com vara curta, pois null foi a sua direção com raiva nos olhos. – Vá se ferrar, null! – ela disse recuando totalmente perplexa, parecendo desistir de enfrentar null. – Eu vi o sorriso dela pra você no jantar, para você e null! – deu ênfase. – E eu nunca teria ciúmes de você, acha mesmo que eu teria ciúmes de você, não temos nada! Não tem nem motivo pra ter ciúmes de voc....

null falava tudo tão rápido que null chegou a achar seu surto fofo demais, e então a beijou, puxando-a para si com certa brutalidade. Por alguns segundos, ela ainda parecia em choque com aquele beijo repentino, mas depois foi cedendo, deixando com que a língua de null tomasse passagem, mas por poucos segundos, pois ela parou o beijo antes mesmo de começar a viciar nele, como sempre acontecia.

- Você é um gigantenorme idiota. – xingou ainda de olhos fechados, e ele sorriu, já avistando null e null virem rapidamente em direção aos dois. null era muito mais calma que null em vários sentidos e totalmente grata por John tê-la assumido, por isso null se estourou de vez. Paris podia falar tudo que quisesse dela mesma, mas não de null.
- John está putasso. – null disse ao olhar para null, parando em frente à amiga com um olhar preocupado.
- Jura? Eu também estou. – null respondeu sínica, cruzando os braços.
- null, isso é sério, Paris está fazendo um escândalo lá dentro dizendo o quanto ela é desrespeitada na casa. – null disse aflita, olhando para cada um na rodinha formada.
- Eu não sei o que Paris quer. Ela tem personalidade dupla e eu sinto em dizer que não vou com a cara de pessoas assim. Eu não sei onde diabos meu pai achou essa galinha de encruzilhada.
null falou, fazendo todos soltarem um riso abafado, pois John estava a poucos metros de distância da mesma, mas mesmo assim, ela não se arrependeu em dizer aquilo. Ela estava cheia com Paris e bom, ela tinha que aprender que há dias que não se mexe com null null.
A partir de quando entrou na casa, percebeu que o cLiama não estava bom, nem um pouco bom. John estava na sala conversando com Paris, dizendo coisas que a confortavam, enquanto a rainha do drama estava se fazendo de pobre coitada, isto é, quem acreditava naquele teatro super bem ensaiado? Paris parecia ter tudo em mente, e pelo visto tudo tinha dado certo para ela. null subiu sem nem olhar para os lados até o seu quarto onde esperava ter um sono mais do que bom e esquecer toda aquela noite, pelo menos era seu quarto do qual ninguém podia entrar, dar ordens ou colocar um cheiro enjoativo de tulipas fedorento. E quando a gritaria lá em baixo cessou, null pensou que teria um pouco mais de paz. Depois de passadas meia hora, desceu para comer algo, já que estava morrendo de fome. Não havia comido no jantar e se deparou com John. Parecia que foi de caso pensado, ele estava com uma carranca de dar medo. null parou na porta e ia dar meia volta para o seu quarto, sem querer mais discutir com o pai.
- Volte aqui. – John ordenou sério. A menina revirou os olhos e voltou se encostando ao batente da porta. – Você tem noção da gravidade do que fez? – a mesma suspirou cansada, fechando os olhos por segundos e voltou seu olhar a John. – Eu pedi apenas para se comportar nesse jantar. Que merda, null. Você não é mais uma garotinha de dez anos, você tem 17 anos e para certas coisas age como uma garota de 17 anos. Tem um namorado e sabe como é querer o bem da pessoa que está ao seu lado. – John terminou, falando realmente sério. Sua carranca estava ainda pior. Será que aquele seria o momento certo de contar que não estava mais com null... – Não vai dizer nada?
- Eu não vou discutir com você, pai. Se você quer ficar com Paris, fique com Paris, mas espero que um dia você enxergue a realidade. – John fitou os olhos da filha com extremo nervoso, estava explodindo de raiva.
- EU JÁ DISSE PRA NÃO FALAR ASSIM DA PARIS! – John se alterou, batendo uma de suas mãos na bancada. null se assustou ao ouvir o baque e a voz grossa de John soar, mas mesmo assim tentou passar calma, pois em seu pensamento não estava errada em expor seus sentimentos e opiniões como sempre fazia com John. Ao ver que John não falaria nada, tomou a frente.
-Fala sério, Pai... Você tem quarenta anos, não é possível que você não tenha visto o jeito como ela lançava olhares ao null... – null disse rindo sinicamente para o pai. John estava com raiva, muita raiva, e isso era nítido em sua feição. Automaticamente a garota arrependeu-se de ter dito aquilo.
- O que você quer dizer com isso? – o homem se aproximou de null de uma maneira raivosa. – E além do mais, quem é esse garoto e porque ele veio a esse jantar se o seu namorado é null?
- Acho que você devia se preocupar mais com os olhares que ela lançava para null do que com quem é ele ou não. – falou, mas dessa vez falou com vontade. John se alterou instantaneamente, suas veias da testa pularam, sua expressão era realmente assustadora e ela podia jurar que se não conhecesse seu pai tão bem, ele lhe daria um tapa bem dado.
- EU DISSE CHEGA! – esbravejou. – Meça bem suas palavras, null, pois eu posso ser seu pai, mas não sou obrigado a ouvir e aturar insinuações de que a minha noiva é uma vadia. Porém me causa muita tristeza em começar a duvidar de você com seus atos, pois não trazer null e sim ele, e além de tudo, ser olhada da forma como ele te olhou... Parecendo comer você com os olhos, como se você sim fosse uma vadia.

null sentiu seu coração ir parar no chão, era isso? Seu pai havia acabado de chamá-la de vadia por causa de Paris?
Não queria chorar e sim, nunca mais ver John em sua frente. Não conseguia acreditar ainda que aquelas palavras haviam sido ditas em defesa de Paris Jackson. Ela olhou indignada para o pai durante alguns segundos, já sentindo seus olhos arderem de raiva. Cambaleou alguns passos para o Hall de entrada, e então saiu da cozinha de súbito. Ainda estava com seu vestido de festa, deduziu que null já estaria dormindo, então saiu por conta própria. Pegou seu casaco novamente e juntou suas botas ugg que estavam guardadas bem abaixo do cabide de seu casaco, porém agora em sua mente, a ideia era outra: Sairia de casa naquele instante, pois não conseguia nem mais por um segundo continuar por lá, mas dessa vez não voltaria. Não suportaria ficar mais um segundo perto de John, sentia uma extrema raiva de dele e de Paris. A única coisa que queria era ficar sozinha, e se fosse preciso, chorar sozinha em qualquer banco de praça. Antes de sair de casa, John a seguiu até o meio do Hall de entrada, onde null ainda colocava seu casaco com certa dificuldade por conta da rapidez da qual queria sair dali.


- Onde você pensa que vai, null null? – parou a poucos metros dela com um semblante ainda fechado, sério. Não parecia ser seu pai, O mesmo a viu abrir a porta e antes de sair, parou, o olhando fixamente com olhos cheios de fúria.
- A propósito, null não é mais meu namorado. Terminamos há dois meses. – e então ela fechou a porta atrás de si, caminhando pelas ruas gélidas de Londres.


John sentiu um enorme peso em seu coração após ouvir aquelas palavras. Abaixou o olhar lentamente, lembrando-se de cada palavra final que disse a null. Seu arrependimento era tanto que mal conseguia falar. Viu Paris descer as escadas e olhá-lo, triste – fingindo muito bem – John foi até a sala e se sentou por lá. Paris sentou ao seu lado e lhe abraçou pelos ombros, lhe acariciando.
null, por sua vez, ainda andava pelas ruas de sua vizinhança tremendo de frio, reprimindo as lágrimas e assustada; tudo estava tão calmo por ali, não poderia ficar na rua o tempo todo e também, não queria em hipótese alguma voltar pra casa. Vagou pelo maior tempo que conseguiu, pensando, pensando tanto! Cogitou ir até a casa de null, mas não podia nem em mil anos ir até a casa dele. É claro que ele a aceitaria por lá, mas ela não o aceitaria. De repente, se viu sentada em um banco no parque perto do seu bairro, aquele do qual ia com null tomar sorvete, no mesmo banco. Sentiu seu coração doer por um segundo pensando em como sua vida era “perfeita” naquela época, não havia Paris, nem null e nem toda sua confusão com seus sentimentos. Sabia que gostava de null, tinha um namorado perfeito, seu pai parecia ser o melhor de todos, ela e sua melhor amiga estavam felizes e a única coisa da qual tinha que se preocupar era pra qual cidade iria nas próximas férias.

Porém seus pensamentos se voltaram a null e tudo pareceu fazer realmente um melhor sentido. Se tudo isso não houvesse acontecido, não o conheceria, e null era adepta de que tudo tinha uma razão para acontecer, e tinha absoluta certeza que null estava envolvido nessa.


- null? – perguntou receosa e ouviu um resmungar do outro lado da linha. Eram por voltas de uma da manhã. É claro que ele estaria dormindo.
- null? – respondeu com voz rouca. – O que deu em você para me ligar uma hora dessas? – disse levemente irritado, se remexendo na cama.
- Vem me buscar? – os olhos de null se abriram rápido, e o menino fez uma força mínima para se sentar na cama, mas mesmo assim ainda estava sonolento e irritado.
- Onde você está? – null perguntou.
- No parque, há umas cinco quadras de casa e bom, eu não sei onde é sua casa. – disse com uma voz baixa, olhando para os lados. Era uma da manhã, ela estava sozinha na rua apenas com um casaco e congelando de frio. null levantou de sua cama passando as mãos no rosto cansado e procurando a sua calça de moletom cinza jogada na poltrona de seu quarto.
- Você é maluca ou coisa do tipo? É uma da manhã e está um frio de lascar lá fora, você só pode ter merda na cabeça. – disse vestindo suas calças e colocando uma blusa gigante por cima. – Por sorte, eu moro no mesmo bairro que você e o Parque daqui é a uma quadra da minha casa. Em menos de cinco minutos estou ai e pelo amor de Deus, não saia de onde está. – e então null desligou o telefone.

Dito e feito, em menos de cinco minutos lá estava um garoto andando em passos largos indo em direção a null. null estava com os cabelos um tanto desgrenhados e uma cara de sono que ela teve pena de olhar. realmente não deveria ter ligado a ele, mas por incrível que pareça, a reação de null foi como ela esperou, então ele parou em sua frente totalmente perplexo.

- Eu briguei com meu pai. – null disse em uma voz baixa e null a olhou sério.
- Bem típico de null null. Sempre fugindo dos problemas. – null falou a olhando com um sorriso no canto dos lábios.
- Está insinuando que você é um problema, null? – a mesma disse num tom de voz humorado. null apenas a puxou levantando-a. null sentiu o roçar de seus corpos naquele instante.
- Você está insinuando que anda fugindo de mim, null? – sussurrou perto de seu ouvido com o mesmo tom de voz humorado, fazendo-a revirar os olhos e rir de uma maneira sarcástica.

O mesmo a abraçou de lado tentando, numa tentativa falha, esquentá-la. E foi indo assim até sua casa, que não ficava longe do parque. Era tão perto que tudo aquilo parecia uma coincidência. A casa estava vazia quando chegaram, tudo estava apagado, mas em perfeita ordem. A menina achou estranho, olhou por toda a sala e viu pequenos quadros onde continham fotos de null criança, nunca imaginou que um garanhão daqueles tinha fotos meigas na sala de sua casa. Riu do seu próprio pensamento, fazendo null virar-se para ela.
- Que foi? – null disse e null riu.
- É que eu nunca achei que um cara como você tinha fotos meigas em casa. – ela falou fofamente e null passou o olhar por null, observando seu sorriso meigo ao olhar sua foto quando mais novo. Sentiu uma coisa diferente percorrer seu corpo ao ver aquilo.
- Vou acender a lareira, talvez ela te esquente mais rápido. – o menino caminhou até a lareira e a ligou, fazendo null sentar-se a frente dele e depois, repetiu o mesmo ato.
- Onde estão seus pais? – ela perguntou.
- Eles viajaram esse final de semana, só voltam na segunda. – ele respondeu fechando os olhos, sentindo o calor da lareira começar a aquecê-lo. – Que história é essa do seu pai...
- Ele insinuou que eu era vadia por eu ter falado algo do tipo sobre Paris. – null disse rápida e null a olhou atentamente. – Eu não iria contar agora sobre meu término com null. Ele foi o garoto que conseguiu contornar meu Pai, que antes era bem difícil de lidar, mas agora... Ele anda diferente. – ela abaixou o olhar. - Qual foi o motivo? – ele viu a menina hesitar, e depois suspirar.
- Meu pai é... Certo demais... – ela começou. – Disse que seu olhar pra mim no jantar era, vamos dizer que indecente... – null riu, quebrando contato visual com null. E era mesmo, ela ficava muito gostosa naquele vestido. – Ainda mais por estar namorando null. – null voltou a olha-la no mesmo momento.
- Mas você não o namora mais! – null contestou, franzindo o cenho.
- É. Eu finalmente contei quando estava saindo de casa, não vi sua reação. – a menina respondeu, se arrumando no tapete, esticando suas pernas desnudas pelo mesmo.

Seus pés quase se encostaram a null, o fazendo entrar em transe. O vestido já era curto e parecia que todo aquele ambiente estava a favorecendo naquele momento. A única luz que os iluminava era a da lareira. null abriu o casaco e jogou a cabeça para trás fechando os olhos. null subiu o olhar desde os pés delicados da garota e passou por suas coxas que... Que coxas! E depois para seu busto, e logo depois para sua expressão relaxada. Era muito para ele, como ela estava linda naquela pose. Todo aquele transe parecia ter durado anos, mas ela o interrompeu voltando sua cabeça ao normal e o olhando. null pigarreou, levantando-se do tapete tentando disfarçar que estava literalmente hipnotizado com a cena.


- Hm... Você não se importa de dormir no meu quarto? É que o quarto de hóspedes está em reforma. – ele falou embaraçoso, fazendo null rir. null ficando embaraçoso era novidade.
- Claro. – ela sorriu novamente, o hipnotizando. Por quê? Por que ela estava tão linda e gostosa naquele dia? Puta que pariu, null era homem, null era uma menina excepcionalmente linda, estava sendo difícil lidar com seus instintos.
Ele subiu correndo até seu quarto e null o seguiu com lentidão, olhando quadro por quadro em sua parede da escada, foi até o quarto de null no final do corredor, onde o mesmo pegava as cobertas no seu guarda roupa e colocava gentilmente em um colchão ao lado de sua cama.
null ficou olhando como null tirava aquele casaco, seu colar e os longos brincos de uma maneira elegante e sexy. Não aguentaria aquela tentação nem por mais um minuto se ela continuasse fazendo quase de tudo para provocá-lo. Ou ela teria razão? Sem fazer absolutamente nada, ainda conseguia provocá-lo.
- Me diz como você estava me olhando durante o jantar de hoje, porque não deveria ser o melhor dos olhares do jeito que meu pai descreveu... – null virou-se para null, que caminhou até a frente da mesma, abrindo a gaveta atrás de suas costas e colocando seu relógio lentamente dentro da mesma.

null sentiu a respiração de null em seu rosto, mas não olhou. Naquele momento, sentiu desejo, um desejo imenso e malicioso por null, mas não se atreveu a fazer nada. A medida que null ia fechando a gaveta, ia empurrando a menina junto e quando viram, estavam colados um ao outro. null estava sendo posta contra a cômoda por ele, e então finalmente o olhou.


- Eu te olhei do mesmo jeito que estou te olhando agora. – null falou num sussurro beijando o rosto de null de uma maneira sexy. – Porque desde o começo da noite, esse vestido tem me deixado louco. – ele falou beijando o outro lado do rosto da mesma, a fazendo sorrir levemente, já de olhos fechados. – E eu pensei em uma maneira bem melhor e mais eficiente de te esquentar do que a lareira – null se afastou poucos centímetros de null, a fazendo abrir os olhos por algum tempo para fitá-lo, colocando suas mãos na cintura da garota de uma forma sutil.
- E qual é? – null mordeu os lábios se aproximando de null. Ela não sabia o que estava pensando quando fez aquilo, só queria null, queria seu beijo de novo e não estava se importando para mais nada a não ser seu desejo.

O menino não se deu ao trabalho de responder, apenas iniciou um beijo calmo e quente com null. Lentamente, null ia explorando o corpo da garota; ele a puxou contra si mesmo fazendo seus corpos colarem instantaneamente, sua língua pediu passagem logo depois, fazendo com que o beijo tomasse proporções maiores, eles nem se quer paravam para respirar, os deixando cada vez mais ofegantes e quentes.

O garoto foi empurrando null para a cama em passos largos a fazendo rir, já tirando sua camisa com rapidez, e logo depois null fez o favor de desabotoar suas calças sem dificuldade. Depois retomaram o beijo intenso e gostoso. Suas línguas se moviam em um mesmo ritmo, um acompanhando o outro. O ritmo mudava cada vez mais, null e null pareciam ter o mesmo desejo intenso um do outro, queriam se livrar de todas aquelas roupas o mais rápido possível. Já deitados na cama, null dava leves chupões no pescoço de null a fazendo ofegar. Ele riu satisfeito descendo suas mãos que antes estavam na cintura da garota, até suas coxas, as puxando para si, dando leves apertões. Depois retomaram o beijo novamente com intensidade e vontade, na verdade o que não faltava em ambos era vontade.

null passava suas unhas em null com força, não se importara se deixaria marcas no outro dia, nem pensou nisso, null estava a deixando tão louca que não estava pensando em nada, só em tê-lo inteiramente para ela. O menino levou suas mãos até as costas de null, puxando o zíper de seu vestido até o último, o deixando solto. A menina em menos de segundos já tinha se livrado dele e voltou a beijar null com a intensidade anterior, agora estando apenas de roupas intimas.
Os dois sentiam seus corpos se roçarem, pele com pele. null sentia a pele macia de null o deixar louco, louco mesmo! E ela já não podia mais negar que null era deliciosamente delicioso de todas as maneiras que ela pôde imaginar. Enroscando seu corpo ao dela, sentindo ele, sentindo seu cheiro tão perto, seu beijo e suas provocações, null alternava os beijos com chupões no pescoço que não cessavam enquanto a mesma também alternava dar leves puxões de cabelo em null, a arranhar suas costas. Ambos se ajeitaram na cama, já esquecendo o frio que estava entrando por alguma fresta do quarto. null sentia que não havia outra pessoa que pudesse satisfazê-la inteiramente se não fosse null, e null, sentia que precisava dela a muito mais tempo do que imaginava.




***



O menino acordou sonolento, xingando mentalmente a si mesmo por ter deixado uma fresta da cortina de seu quarto aberta, já que agora a mesma lhe causava uma claridade irritante aos olhos. O ar estava gelado e incomodo. O menino precisou piscar algumas vezes para tomar total consciência sobre a noite anterior, sua mente começara a ser tomada aos poucos a partir de quando viu um par de pés delicados quando olhou ao seu lado, e logo subindo o olhar, se deparou com coxas desnudas e torneadas, uma sensação estranha percorreu sua espinha ao lembrar-se de suas mãos passeando por aquela mesma região.

E então percebeu que null mantinha apenas o seu tronco coberto. Estava relativamente encolhida sobre o edredom e a outra parte dele cobria null, mas o mesmo esqueceu-se de tudo que estava a sua volta quando parou para velar o sono de null. Involuntariamente, é claro. Ele não era do tipo de cara que se leva por uma transa, sabia que tudo aquilo havia sido um sexo casual, não por null ser qualquer uma, mas por ela ser ex namorada de seu amigo – seu quase melhor amigo – mesmo assim não se sentiu culpado por aquela noite. Estranhamente, null sentiu-se unicamente satisfeito com null, sentiu como se esperasse por aquilo, por tê-la, por sentir o que sentiu por muito tempo. E então a cobriu totalmente, e se levantou correndo para o banheiro. Tomou um banho rápido e bem quente, colocou apenas uma calça de moletom preta e se preparou para sair do quarto em silêncio, não queria que null acordasse, ela estava tão linda dormindo... E então um som alto e irritante soou no ar, era o seu celular tocando. O menino correu até o celular pedindo a Deus que a menina adormecida não acordasse e atendeu rapidamente, saindo do quarto e fechando a porta logo em seguida.
- null. – o menino ouviu uma voz feminina soar do outro lado da linha. null tinha uma voz preocupada e desalinhada, sem obter resposta, apenas ouviu o som de null dizer “h-hu?” e continuou rapidamente. –null está com você?
- Serve uma garota totalmente apagada na minha cama? – null respondeu fazendo caminho até a escada com um sorriso interior, era claro que null pensaria merda, e tinha motivos, mas não iria revelar nada sem conversar com null.
- Graças a Deus! – null suspirou aliviada e logo depois retomou um tom mais sério. – Apagada na sua cama? null, não me diga que...
- Não null, eu só encontrei ela a uma quadra da minha casa e a trouxe pra cá. Ela estava nervosa e não queria voltar pra casa, foi só isso. – null respondeu vasculhando os armários, a procura de seu cereal.
- Me sinto melhor sabendo que ela está bem. – null respondeu aparentemente calma. – Mas John não está bem null, ele está nervoso e preocupado.
- Diga que ela está bem. – null deu de ombros encostando-se à bancada, prestando mais atenção na conversa.
- Isso eu vou dizer. – null respondeu em um tom óbvio. – Só não sei como irei explicar que ela está bem e na sua casa! – a menina deu ênfase nas ultimas frases. De repente null viu null escorar-se no batente da porta da cozinha, apenas com uma camisa. Ficava um tanto grande para ela, a mesma da noite anterior, da qual ela fez questão de tirar de null.
- Ajeite as coisas por aí, okay? Beijos. – o menino desligou o celular e o colocou na bancada, olhando fixamente para null.


A mesma sorriu fofamente sem mostrar os dentes, cruzando as pernas de uma maneira sexy que null não deixou de notar. Mesmo assim o silêncio se instalou por alguns minutos, deixando null totalmente constrangida, afinal null era o segundo cara com qual havia transado. E sentia-se como na primeira vez, porém mais intensa.


- H-hm... Quem era? – pigarreou, arqueando uma das sobrancelhas. null por sua vez sentou-se em uma das cadeiras almofadadas da mesa e à olhou, despejando leite em uma tigela e cereal logo depois.
- null. – respondeu. – Perguntou sobre você. Eu disse que estava bem e desmaiada na minha cama. – o mesmo sorriu enfiando uma colher cheia em sua boca.
- Ela deve estar em mil pensamentos agora. – null riu caminhando até a bancada e ficando um pouco mais perto de null.
– E pensamentos maliciosos. – null riu olhando para null que mantinha sua expressão tímida, não parecia à mesma garota da noite anterior, cheia de si e desinibida. Novamente o silencio por lá ficou por vários minutos.
- null, eu vou embora. – a mesma falou por fim, cortando o silêncio e desencosta-se da bancada. O mesmo estalou os olhos e passou a olha-la fixamente, quase fazendo menção de se levantar. – Meu pai deve estar louco e bom...
- Tem certeza que é só por isso? – ele a questionou, fazendo uma sensação distinta se alastrar em seu estomago. Ela não respondeu. – Sobre ontem...
- Eu sei, foi sexo casual, eu sei como você é, eu entendo. – null falou rapidamente gesticulando suas mãos. Seu tom de voz, mesmo que parecesse ser sensata em relação aquilo, parecia desiludido e afetado.
- Para por aí. – null a interrompeu afastando seu cereal para encará-la. – Pode ter sido o famoso sexo casual, mas não pense que você foi como qualquer uma para mim null, porque você não foi. – falou com palavras sérias, tão sérias que o coração da menina parecia ter levado um choque. – Geralmente eu nunca, nunca mesmo, trago garotas pra minha casa, então...
- É mesmo? – null sorriu superior olhando para null que sorriu da mesma forma. – Me sinto lisonjeada de ser a única garota a ter ido pra cama do null e não para cama de um hotel. – a mesma o olhou sugestivamente. – Eu vou embora, null.
- Faz o seguinte. – null puxou null pela cintura no meio do caminho dela até a porta, a fazendo sentar em seu colo por impulso do ato. – Fica aqui comigo, e quando você pensar em uma desculpa boa pro seu pai, você vai embora.

null sentiu o ofegar de null em seu pescoço e então, todo o seu corpo se arrepiou novamente com o seu toque, deslizando suas mãos por suas pernas. null havia tido a mesma reação. Ao tocar a pele da garota pela primeira vez depois daquela noite, sentiu todas as sensações da noite anterior voltarem como um tsunami, rápido e devastador. Ambos pareceram ficar desnorteados por um bom tempo, apenas sendo inundados por sensações deliciosas e distintas de apenas um toque.

- Não é bem assim, null... – null disse, tentando manter sua mente sustentada, não caindo novamente em pensamentos.
- Podemos apenas ficar calados ou se preferir, nos pegando. – o garoto riu, e null repetiu o ato negando com a cabeça. Mas mesmo que quisesse negar, seu corpo consentia com aquilo.

Logo sentiu as mãos grandes do menino subirem por dentro da camisa dele que ela vestia, fazendo-a contrair o abdômen com o toque inesperado dele. null foi subindo os beijos que estavam ainda no pescoço, para a lateral do rosto de null, para as bochechas, para o canto da boca, era como se ele quisesse que null suplicasse por seu beijo e não foi menos que o esperado. Por todas as provocações que null estava causando em null, a menina sentiu que realmente estava precisando que null finalizasse o ato, mesmo que não quisesse dar o braço a torcer. Mordiscou os lábios do menino antes de iniciar o beijo, o fazendo rir de uma maneira fofa.
O beijo se iniciou com desejo, calma, intensidade, como sempre havia entre os dois, vontade, necessidade. Sempre que sentia o beijo de null, sentia que precisava daquilo sempre. Era viciante, explicitamente delicado e gostoso. null sem esperar pediu passagem para que sua língua brincasse com a de null, tornando o beijo cada vez mais prazeroso, porém o garoto não cessou as carícias nas coxas de null, sempre dando leves apertos e deslizes sobre ela, até que aos poucos foram parando, como se quisessem aproveitar o momento, como se quisessem aproveitar a presença só de ambos ali, sozinhos. Pois sabiam que lá fora as coisas não seriam fáceis, e aquele momento em particular, estava sendo maravilhoso por não haver nenhuma preocupação ou dúvidas sobre aquilo.

Duas horas se passaram livremente, e sem nenhum dos dois perceberem que havia passado. null conseguiu distrair null. De repente, se dispersaram do clima tenso que estavam, na verdade se distraíram com qualquer coisa que estava passando na TV a cabo. O frio estava rondando Londres e a neve dava indícios de que cairia em breve.

Por incrível que pareça, null não havia pensado em um plano melhor para passar seu começo de manhã a não ser ao lado de null, achou aquilo tão bom, arrancando alguns beijos, alguns amassos. Pegou-se observando o sorriso dela, um sorriso bonitinho e angelical brotava em seus lábios toda vez que alternava o olhar da TV para ele. Isso estava lhe dando nos nervos, não queria reparar em nada do que ela fazia, mas de alguma forma, toda vez que aquele sorriso se abria para ele, ao mesmo tempo tinha vontade de sorrir.

Algum tempo depois, quando perceberam que realmente havia se passado um bom tempo e que tinham enrolado demais – no caso, null – null resolveu que a levaria embora, é claro.
null sentia-se levemente revigorada com tudo que tinha acontecido de certa forma. Ficar na casa de null foi a melhor coisa que aconteceu naquela noite. O garoto dirigia olhando fixamente para o caminho, e null o observava de vez em quando, tentando disfarçar que estava o achando totalmente atraente com os cabelos bagunçados e sem pentear. null era o estereótipo de beleza, mesmo desarrumado, continuava atraente.

- Se apaixonou? – null perguntou rápido, alternando seu olhar do caminho para olhar a menina ao seu lado. null corou no mesmo instante, mas é lógico que não se deixaria abater por aquele comentário.
- Você anda muito iludido, sabia? – null respondeu, contorcendo os lábios de uma maneira engraçada. null soltou um riso fofo, fazendo a garota observar todos os seus dentes brancos e alinhados perfeitamente bem.
- Está entregue. – null comunicou assim que o carro estacionou a frente da casa dos null. Um calafrio brotou do estomago de null, passando por sua espinha, a fazendo estremecer só de imaginar o caos que iria ser a partir de quando colocasse os pés dentro daquela casa. Estava a ponto de pedir a null que a levasse novamente pra sua casa.
- É... Eu vou indo. – null suspirou pesado, colocando a mão na maçaneta do carro, mas antes que abrisse, sentiu o toque de null e logo se virou bruscamente. Ele à olhava da mesma forma como olhou no quarto, e como certamente a olhou no jantar. – Sobre o que aconteceu ontem... Que isso fique entre nós, não quero que null saiba disso. Eu sei que ele é um idiota, mas... É tudo muito recente. – null fechou os olhos forçadamente.
- Faz dois meses, null. – null balbuciou. – Tudo bem. – concordou.
Novamente aquele silêncio constrangedor os tomou pela segunda vez no dia. null por sua vez, se aproximou lentamente de null, beijando-a com um selinho demorado e quente. Aquilo foi reconfortante. O beijo dele realmente a confortou, pedindo sem mais delongas permissão para que sua língua intensificasse o beijo. null levantou suas mãos até a nuca de null, subindo por seus ombros largos e se postando sobre a nuca, agarrando ali. O menino sentiu um arrepio estranho passar por ele quando viu que null queria aquilo, que não era mais como antes, agora ela retribuía.

- Acho melhor eu... Eu ir. – null sussurrou durante o beijo. null deu dois últimos selinhos na garota, não queria que ela fosse, e não queria sentir isso, mas também não ia negar para si próprio. Ela saiu do carro rapidamente num pulo, acenou pequeno para ele, andando na ponta dos pés e com uma última olhada, null deu partida no carro.






null deu um último suspiro antes de entrar para o abate, estava morrendo de frio, por isso não demorou tanto tempo. Finalmente girou a maçaneta e adentrou na casa, logo se lembrou das palavras de John, elas ecoaram em sua cabeça como se sua mente estivesse apagado tudo de bom que acontecerá naquela mesma casa e só sobrassem aquelas últimas palavras. Também, estava sendo difícil de lembrar depois de tantas coisas ruins que sucederam nos últimos meses. Deu de cara com null saindo da cozinha, a mesma estalou os olhos quando a viu e sem pestanejar correu até a amiga dando um abraço apertado que logo foi se relaxando, como se null estivesse colocando todo sua preocupação para fora.

- Me avise antes de dar sua crise de loucura! – null sussurrou durante o abraço, e quando se dispersou dele, olhou nos olhos da amiga de uma maneira profunda. – Estou mais calma por você estar bem – Suspirou.
- Mas eu não. – uma voz rouca e autoritária soou pelas costas de null. A menina sentiu que uma bomba estava prestes a explodir ao ouvir a voz de John daquela maneira. Primeiramente porque ela não estava nem um pouco feliz com ele, e ele vise e versa. null virou-se para ele com sarcasmo, John abaixou o olhar triste, suas olheiras estavam aparentes, como se estivesse ficado acordado a noite inteira.
– Preciso de explicações, null. Você nunca fez isso, eu não sei o que está acontecendo com você. – John disse, logo Paris passou por null dando um leve beijo no rosto de John e saindo pela porta, enquanto null subiu as escadas. null deu uma última olhada para amiga, e o que recebeu em resposta foi um olhar recíproco de “boa sorte”, da qual ela realmente teria que ter para encarar John.
- Comigo, pai? – questionou irritada. – Você me chamou de vadia e queria o quê? Que eu olhasse para sua cara e concordasse com isso? Você nem se quer tinha se perguntado por que null não estava mais vindo em casa. Não achou nada de errado? Você... – a garota parou ao olhar a expressão de John, aflita e totalmente arrependida, porém John era um null e nunca daria o braço a torcer.
- Você me deu motivos! – respondeu. – E foi além! Passar a noite fora de casa sem dar notícia alguma não justifica nada. – o homem deu um passo a frente e instintivamente null deu outro para trás. – Eu me arrependo de ter dito daquela maneira, eu realmente devia ter percebido, mas você me deu motivos ao falar de Paris. – null sentiu um enjoo quando ouviu novamente aquele nome na boca de John, mas permaneceu calada. – Eu estou feliz, null, não quero mais que você faça isso, realmente eu queria você me apoiando nisso, mas em todos os sentidos você não coopera – disse.
- Fico feliz que exista alguém feliz nesta casa, John. – aquelas palavras tornaram o local ensurdecedor.


Era como se tivessem destruído cada resíduo de felicidade que havia na casa. Ao ouvir null falar John e não “pai”, fez o mundo de John perder a cor. Nunca em suas vidas a mesma teve atitudes e palavras tão duras como aquelas. Ela realmente havia sido magoada e machucada, não era para menos, e John sabia disso. Nunca em hipótese alguma tinha a intenção de ferir null daquela maneira. A menina não saiu andando, não deixou John falando sozinho e muito menos prolongou qualquer outra palavra, apenas ficou o olhando com olhos pesados e lágrimas já formadas. Depois de um tempo vendo um vazio se formar em John, em seus olhos tristes, pegou seu salto jogado ao chão e subiu as escadas de uma forma calma, passando pela cozinha e dando um “oi” a Bertram, que havia escutado tudo. Subiu para o seu quarto tomar um banho demorado e revigorante, era o que mais precisava naquele momento.



- [...] Acho que quero um café do Starbucks depois de tudo isso. – null comentou ainda deitada sobre a cama de null. A mesma havia contado tudo que acontecera na noite passada, menos sobre null. Sobre ele, null tentou evitar até mesmo o nome.
- Então vamos, a última coisa que eu quero é me deparar com Paris. – null levantou-se, indo até seu closet e colocando uma blusa grande de moletom preta. Arrumou os cabelos, jogando-os por cima do ombro.
- Você vai ficar assim... Com John por causa dela? – null também havia se levantado e foi roubar uma das blusas de null de seu closet, colocando-a. Uma blusa vermelha com as escritas “Think 1” na parte da frente. – É isso que ela quer, null.
- Não importa o que ela quer, null. Ela já conseguiu o que queria e bom... Depois de tudo o que ele me disse ontem eu preciso de um tempo pra respirar. – null abriu a porta do quarto e deu passagem para null. – Mas... E o baile de sexta?

***


Finalmente sexta feira já estava chegando, null precisou da ajuda de null a semana toda, com a decoração e principalmente a playlist; null adorava quando havia concursos para reis e rainhas do baile, sempre havia na verdade, mas adorava ver a cara de conquista das líderes e as brigas que rolavam depois da decisão na escola.
A semana toda null parecia estar olhando estranho para null, talvez porque null toda vez que passava por ela, sem disfarçar, lhe dava um beijo no rosto, e é claro que todos percebiam o quão estranho era. Olhar para null com Sam era doloroso, null ainda gostava dele, não com a mesma intensidade, mas como um amigo, um companheiro de um ano, só esperava um pouco mais dele... Era pedir demais? Talvez fosse exigir demais, mesmo que null não soubesse de nada.

- E aí! – foi o que null ouviu, assim que abriu a porta dando de cara com null.
- E aí! – null respondeu rindo. – Entra. – o menino entrou em passos lentos. Nunca tinha entrado na casa de null; A menina notou null um pouco envergonhado por isso, e riu novamente, porque isso era novidade.
- É, então... – o menino começou, assim que notou null o encarando com o riso reprimido. – O que tá olhando?
- É engraçado te ver envergonhado. – a menina comentou e null arqueou uma sobrancelha, agora, também sorrindo.
- Olha só, pra sua informação, eu sou super bem educado e tímido. – ele disse num tom humorado. null riu alto, lhe dando um tapa no peito e então o abraçou de lado, levando-o para a cozinha.
- Comigo não cola, null.


A razão de null estar ali, naquela tarde de sexta feira que sucedia o baile, era o mais simples e chato possível: Trabalho de historia; que por sorte ambos caíram juntos na seleção do professor, e enfim.

null ficou entretida com ele numa conversa bem interessante sobre o palácio de Buckinham e de contar sua vida meio resumida, os apelidos que ele tinha no primário. Agora ela conseguia entender porque null estava perdidamente apaixonada por ele; null era divertido, mas ao mesmo tempo sexy, seu olhar era cativante e sua voz sempre oscilava de modo com que todas as suas palavras soassem de forma agradável. Em duas horas, ele havia feito null rir mais do que ela tinha rido em um único mês. Mas é claro, era só isso. Ela o respeitava, ainda mais porque agora o tinha como um amigo mais próximo, eles já eram, mas depois daquela tarde, tinham fixado o laço.

Depois de terem feito o trabalho, null o levou para cozinha onde Bertram havia preparado deliciosos biscoitos de chocolate e assim, ambos ficaram lá. No momento, null estava sentada na bancada como de costume, e null estava apoiado nos cotovelos, ao lado dela.

- Posso te fazer uma pergunta? – null questionou, aleatoriamente.
- Claro.
- Você e null... – a menina começou, o que foi o suficiente para null rir de lado. null parou de falar no mesmo momento, o olhando com duvida.
- Eu e null, o quê? – ele perguntou, quando percebeu que ela havia parado de falar.
- O que “vocês” significa para você? – null parou de fazer os movimentos com as mãos que estava fazendo antes, e ficou quieto por um tempo, pensando.
- Significa: problema. – null respondeu num suspiro. null o encarou séria. – Um problema porque eu gosto muito dela, e não deveria.
- Como se fosse possível controlar nossas emoções. null seja mais claro. – ele viu a menina gesticular meio nervosa.
- Por esse motivo mesmo de não conseguir controlar. Isso se torna um problema pra mim, porque ela é ex do meu melhor amigo null e eu sei no meu subconsciente que isso é ridiculamente errado, mas ao mesmo tempo que eu sei disso e quero fazer algo a respeito, eu também não quero, porque estou completamente caído por ela, e isso não acontece sempre. – novamente null o encarou sem expressão alguma. Só o olhou fixamente, espantada com o tanto de palavras que ele havia soltado, realmente botando tudo pra fora. A menina parou para pensar naquele meio segundo, olhando pros olhos dele nos seus, e sentindo tudo que ele sentia. Então era isso que null provavelmente sentia, que ela era um problema.

- Uau. – respondeu lentamente, e null riu de leve, abaixando o olhar para a bancada. – De verdade? – ela começou depois de algum tempo. – Não acho que você deveria se preocupar com isso.
- Como não? Ele é meu melhor amigo, null, não posso ignorar isso.
- É, mas eles não estão mais juntos, e muito antes de começarem a sair e se interessar de verdade um pelo outro, também não estavam, null! – null gesticulou. – Isso não é um erro, porque null a traiu, e depois disso, ela não é propriedade de ninguém. Se ela está afim de você, e você dela, acho que você tem que ser um pouco egoísta ou nunca vai viver um amor. – ela terminou, agora quem a olhava fixo era null, mas em seus olhos ela podia ver a surpresa, então riu.
- Ok, agora eu te digo que... Te amo, null null! – ele disse, indo abraçar null pela cintura, já que a garota ainda estava sentada na bancada.
- Releva, null. Só quero que vocês sejam felizes, e não tenho duvida de que serão, mas pra isso você precisa dar uma chance para si mesmo, além de tudo. – null fez leves carinhos nos cabelos de null, então o menino se afastou.
- null? Você por aqui? – ambos se assustaram com a presença inusitada de John ali na porta da cozinha, olhando pra eles, e foi então que null se perguntou, desde quando?
- Oi senhor null. – o menino se afastou de null para ir cumprimentar John.
- Como vai seu pai?
- Nos negócios, como sempre. – null arqueou a sobrancelha. John conhecia a família de null?
- Ah, claro... Desculpe-me não ter tido tempo pra você no jantar, sabe como é...
- Sem problemas.
- Mande abraços pro senhor null por mim, diga a ele que nos veremos em breve.
- Darei. – null sorriu, e depois olhou para null. – Então eu acho melhor eu ir indo. – null fez um biquinho de tristeza, e ele riu meio envergonhado.
- Te levo até a porta. – ela desceu da bancada para acompanhar null.

John seguiu ambos com o olhar, cruzando o mesmo com null por um segundo ou dois, porém ela desviou os olhos dele. Seu coração doeu, ele tinha errado sim, mas nada que fosse tão grave pra ela estar daquela forma, ou... Não. Ele nunca havia nem cogitado em chamar a filha de vadia, na verdade foi bem impulsivo, porque nunca teve a intenção, mas se ao menos conseguisse explicar a ela.

- null. – null parou na porta, assim, null parou junto. – Obrigada por tudo. – ela sorriu, o abraçando pelos ombros.
- Sou sua amiga, to aqui pra isso. – disse no abraço.
- E, se isso servir pra alguma coisa... – null quebrou o abraço, dando alguns passos para trás. – null está no ginásio, cumprindo horários... Talvez você devesse ir lá, dá uma olhada na decoração da festa. – O menino sorriu malicioso e null gargalhou, fechando a porta logo em seguida.


Ela não deixou de sorrir. Sorrir porque tinha entendido o recado. Era tão óbvio assim? Sua mente estava martelando severamente sobre ela em relação a null, sua mente queria porque queria null por perto, com suas provocações, seu cheiro, chegava a ser assustador. Toda vez que ela o via, parecia que algo lá no fundo estava sendo congelado de uma forma estranha, ruim ou boa. A sensação que lhe causava era boa, como se sentia com null há muito tempo, não poderia mentir para si mesma, null mexia com todos os seus sentidos, ele à enlouquecia exatamente como null não fazia. Ele era surpreendedor, sempre havia algo com que null a fazia pirar novamente, sempre havia as provocações, que mesmo sendo explicitamente chatas, eram também explicitamente boas. Pensar nisso a enlouquecia.

Nesses quatro meses em que null havia entrado em sua vida, sabia que nada seria normal. Já sentia isso quando viu seu olhar encontrar-se ao dele no primeiro dia de aula, em meio a seu namorado – ou ex –, sempre provocativo. E logo os três meses dos quais se aproximaram estranhamente rápido. Tudo que envolvia null era sutil, sexy e assustador.
A garota em menos de minutos havia se arrumado, pegado sua bolsa e estava dirigindo para o colégio de Prada. Quando chegou lá, podia ouvir vozes e alguns sons que pareciam ser testes de músicas. Passou pelo corredor branco, que no momento permanecia vazio, e quando entrou no ginásio, haviam por volta de dez pessoas levando coisas para lá e pra cá, porém a decoração parecia estar em perfeita ordem. O palco estava impecavelmente arrumado, a mesa do ponche e das bebidas também, alguns freezers, as mesinhas de madeira branca postas nas extremidades do ginásio, menos os balões pendurados na parte da sessão de fotos da festa, estes estavam faltando e involuntariamente null riu do seu próprio pensamento perverso. null estava em cima do palco perto da cabine do DJ falando com o mesmo, estava dando um ataque de loucura.


- null, o que você faz aqui? – null perguntou, descendo as escadinhas e encontrando-se com null.
- Eu vim... Dar uma olhada no local. – passou os olhos por todo o ginásio de uma maneira totalmente mentirosa e difícil de acreditar. null revirou os olhos.
- Ele está lá dentro. – null apontou com a cabeça para a grande porta de madeira que lhe encaminharia para dentro da escola. null adquiriu uma expressão ofendida. – Pedi pra ele levar algumas caixas que sobraram, talvez você possa ajudá-lo. – e então saiu andando novamente para a cabine de som.

null riu com a atitude de null e pôs-se a andar para a porta de madeira. A abriu e viu alguns jogadores do time lá dentro. Uns lhe deram oi e a olharam de uma maneira maliciosa e nojenta. Ela revirou os olhos ao se encontrar com null no final do corredor, seus olhos se encontraram com os dele como há muito tempo não acontecia. O garoto não hesitou em olhá-la, mas isso durou segundos, pois null continuou seguindo seu caminho para o ginásio. A menina deu o trabalho de se virar para olhá-lo. Um peso tomou seu coração e de repente sentiu um baque fazendo-a cambalear para trás e quase perder o equilíbrio.

- Opa, olha por onde anda. – null firmou suas mãos na cintura de null, a colocando de pé novamente, mas de uma forma que ficaram próximos demais. Lentamente levou sua boca perto da orelha da mesma, fazendo-a se arrepiar. – null.
- Claro, null. – sorriu. null estava ficando acostumado a gostar de provocar, e ver o sorriso formando nos lábios da menina. Ele adorava aquilo, meu Deus, o que null estava fazendo com ele? – Am... Eu acho que você está ocupado demais... – ela inclinou o corpo para o lado, olhando para algumas caixas que ainda precisavam ser postas no armário.
- Acho que consigo encaixar você na minha agenda. – null riu envergonhada da forma como null pronunciou.
- Não acho uma boa ideia, não aqui. – ela respondeu o parando, colocando umas de suas mãos em seu peitoril. O garoto suspirou e se afastou um tanto de null, o bastante para ela conseguir estabilizar sua respiração novamente.
- Tem par para o baile de amanhã? – perguntou.
– Não, estava pensando em vir...
– Venha comigo. – o garoto pediu sem delongas, o que soou mais como afirmação. null parou, o observando por longos segundos. Milhões de pensamentos atordoaram sua mente, mas de repente resolveu parar com tudo aquilo. Até quando iria se preocupar com null, e com o que iria afetá-lo ou não, se não estava ganhando nada com aquilo?
- Tudo bem. – respondeu demoradamente. null sorriu satisfeito e se aproximou de null rapidamente, lhe arrancando um selinho surpreso, mas logo depois a puxou para si mesmo, lhe abraçando com todo o conforto do mundo – pois era isso que ela sentia – e lhe dando um beijo demorado no rosto.
- Ás sete? – perguntou, vendo-a se afastar. Por que ela rebolava tanto enquanto andava? Pelo amor de Cristo, null tinha um incrível dom de impressionar null sem fazer nada, e não era de agora, mas com o tempo a intensidade de como ela causava isso em null estava realmente o assustando. Ela assentiu positivamente com a cabeça e sumiu de vista.


Depois de toda aquela arrumação, null havia dispensado todos. As bebidas estavam gelando e tudo estava no seu devido lugar. Finalmente a garota tinha se esquecido de como era cansativo organizar um baile de outono. null havia ajudado null até o final, a maior parte com o DJ e alguns sabores de bebidas. Chegaram em casa totalmente cansadas e acabadas, o resto da noite passaram juntas, escolhendo vestidos, mas não podia se esquecer, por mais que quisesse – sobre John –, ficar brigada com ele realmente estava deixando seu coração pesado, ainda mais por John estar na cidade e sempre em casa. Provavelmente pros preparativos do casamento. E novamente a raiva lhe tomava, lhe inundava, fazia com que tudo de bom que estivesse pensando se afundasse, sumisse em segundos.






- null? – null disse, girando no calcanhar antes de sair do quarto. null não tinha prestado a menor atenção no final da conversa, a menina a olhou, fazendo com que null continuasse. – Estava me escutando?
- Desculpa. – null balbuciou e null suspirou cansada.
- Vamos ao shopping comigo amanhã? – null disse antes de fechar a porta totalmente, null assentiu positivamente, então a porta se fechou totalmente. A garota se jogou para trás passando a mão sobre seu rosto, se arrastou até onde os travesseiros estavam e se enfiou embaixo das cobertas em poucos segundos. Seus pensamentos logo foram parar em null antes de dormir, sentiu um calafrio ao lembrar dos olhos dele, de seu cheiro tão perto, e do beijo, nem se fala. Queria que tudo fosse mais fácil em relação a ele. Deveria admitir pra si mesma que estava gostando de null? Não, não deveria. Não deveria nem estar gostando dele, null era o canalha mais legal que null havia conhecido.

“- Eu sei, foi sexo casual. Eu sei como você é, eu entendo. – null falou rapidamente, gesticulando suas mãos. Seu tom de voz, mesmo que parecesse ser sensata em relação aquilo, parecia desiludido e afetado.
- Para por aí. – null à interrompeu. – Pode ter sido o famoso sexo casual, mas não pense que você foi como qualquer uma pra mim null, porque você não foi.”



A garota colocou um travesseiro em seu rosto, seu coração palpitou ao se lembrar do timbre que null usou ao dizer aquilo olhando para seus olhos. Novamente lembrou se suas mãos passeando sobre ela. Oh meu Deus, ela estava se apaixonando e aquilo era totalmente errado. Sabia que aquilo não acontecia com null null em hipótese alguma, ele deixou claro uma vez e foi o suficiente para que ela entendesse, null null nunca se apaixona. Levou um susto ao ouvir seu celular vibrar em cima do criado mudo. Tateou o mesmo até encontrá-lo ainda com o travesseiro sobre o rosto. O retirou num suspiro impaciente e deitou por cima do mesmo, desbloqueando sua tela onde indicavam duas mensagens.

“Que tal tomarmos um café juntos amanhã? Uma coisa bem casual sabe. xx null.”

‘’ Meu Deus, isso soou tão gay’’ xx null.

E logo riu, checando a ultima que havia chegado:

“A propósito, nada de vestidos provocativos na festa de amanhã. null vai estar lá e eu não quero fazer uma besteira na frente dele, a não ser que encontremos uma sala de Limpeza. xx null.”

null riu ao ler a última mensagem, como null era ousado e... null. Sentiu toda sua ruindade se esvair ao ler o último nome. null. Seu simples nome acalmava o coração da menina, e ela não gostava daquilo, não mesmo. Em tudo que pensava, a maior parte do que predominava era isso, não gostava de sentir necessidade daquele garoto! Como sentia de null, até mesmo muito pior, tinha medo das consequências e não queria se decepcionar novamente e sabia que com null sempre surpreendente, poderia esperar de tudo.

“Adoraria tomar um café com você, querido null. mas minha amiga precisa de mim amanhã e eu não posso deixá-la em plena véspera do baile, mas a tarde estarei livre. Xx null.”

null sentiu o celular vibrar de volta, e logo seu coração vibrou junto. Aquilo lhe intrigou por alguns minutos antes que ele pusesse seus dedos para respondê-la. Seu corpo estremeceu em pensar na possibilidade de estar realmente apaixonado por null, não porque era algo horrível, ou o problema fosse ela, na verdade não era ela em si, eram os sentimentos que null carregava, os sentimentos que ele carregava por ela, que não eram poucos, quase impossíveis de serem ignorados, quase impossível de serem controlados. null havia virado um tipo de marionete naquilo, não tinha jogo, e a intenção dela não era manipula-lo, disso ele tinha certeza. Só o sorriso dela dava conta disso, sem ela nem perceber, e talvez também por isso aquilo a tornava cada vez mais desejável e impressionante. Aquela garota o tirava do sério, arrancava sua sanidade, e por isso quando só era ele e ela, a coisa rolava em outro patamar. Agora, se ele colocasse null na conversa...
O menino suspirou quando percebeu que ficaria mais uma vez louco de tanto pensar.


“Sabe que no fundo eu não acho que ela vá ligar. Xx null.”

“Quer experimentar o risco? Xx null.”

“Acho que não, a não ser que você queira haha. Xx null.“

“Já tem minha resposta... Nos encontramos a tarde, se tudo ocorrer bem. Beijos. Xx null.”

“Mal posso esperar. Xx null. ‘’

‘’ Essa frase foi ridícula. Sonhe comigo nu. Com amor null. Xx null.”


null riu novamente já imaginando o sorriso pervertido do garoto e... Que sorriso. Aquele sorriso persuasivo e sexy, ela havia descoberto a arma dele: seu sorriso incrivelmente sexy que fazia com que qualquer garota pedisse para ir pra cama com ele. E essa é a total verdade, null sabia que null fazia um bom trabalho. A menina se assustou com o seu próprio pensamento, achou melhor concentrar-se em dormir, porque se continuasse daquela maneira, não à reconheceria. Maldito null.




null acordou cedo, se trocou e reparou no que menos queria aquele dia: um frio de lascar. Tinha separado um vestido magnífico para aquela noite e o frio, pela primeira vez em sua vida, estava prestes a estragar isso. Então, caminhou para o outro lado do corredor, abrindo a grande porta com duas separações de madeira branca de supetão, fez o mesmo com as cortinas reparando no murmúrio de null ao perceber o ato. Ela ainda estava enfiada em baixo das cobertas onde tirou o mínimo de sua cabeça para fora com os olhos semicerrados para a amiga.

- Que merda está acontecendo aqui? – null disse pausadamente com a voz rouca. Aquela de quem acaba de acordar, mas não estava nem um pouco sexy, e sim raivosa e abafada.
- Você prometeu ir comigo ao shopping, querida amiga. – a garota de pé falou ironicamente, arrancando os cobertores de null que se encolheu sentindo o frio tocar sua pele. Queria matar null naquele momento, arrancar cada fio de cabelo delineado e brilhante dela.

- Não me lembro de ter prometido, cara amiga. – null sentou-se na cama, coçando os olhos e viu null cruzar os braços totalmente insatisfeita com a resposta. – Me dê meia hora e eu já desço, okay? – balbuciou levantando-se, pegou seu celular em cima do criado mudo e correu na ponta dos pés por conta da pedra de gelo mais conhecida como chão.
- Meia hora! – null disse fechando a porta atrás de si e suspirou caminhando para a cozinha animada com os Waffles de Bertram. Nada como Waffles do Bertram em um dia como aquele.


null tomou um banho relativamente rápido, apenas para despertar e se livrar do mau humor de ser acordada daquela forma. Se deu conta que ainda eram nove horas da manhã e se perguntou que merda null tinha na cabeça para acordar nove horas da manhã em uma sexta feira da qual não haveria aula. Muito pelo contrário, null odiava acordar cedo, ainda mais quando tinha muito mais tempo pra dormir e então ligou os fatos: null. Só podia ser aquele cara, pois null era amigo de null e bom, ambos deveriam ter os mesmos dotes para fazer qualquer garota ir a loucura. Vestiu uma calça cós alto preto fosco, uma blusa de manga comprida azul não muito grande, da qual colocou por dentro de sua calça e seu tênis vans cinza. Checou se tudo estava em sua bolsa, chacoalhou o cabelo dando-lhe um ar selvagem, deu uma última olhada no espelho, finalmente se sentiu pronta. Desceu as escadas saltitando rapidamente, degrau por degrau, a fim de chegar mais rápido no andar debaixo. Colocou sua bolsa preta em cima do criado mudo no Hall de entrada e adentrou na cozinha avistando null encostada em um balcão com uma xícara roxa em mãos, logo ao lado Bertram, já virando com outra xícara, agora rosa, sendo direcionada à null, que sorriu abertamente para o homem.

- Bom dia, mister null. – Bertram sorriu, acariciando as mãos de null ao entregar a xícara.
- Bom dia, Bertram. – o respondeu, sentindo um ar de harmonia invadir naquela manhã. – Me diga o que há de errado para você não nos obrigar a tomar café na mesa... – foi direto ao ponto. Bertram virou-se subitamente para ela, chegando mais perto. null olhou por cima da xícara onde ainda sugava seu chocolate quente e ouviu os dizeres num sussurro de Bertram.
- John e Paris estão lá, tomando café. – sussurrou. null revirou os olhos e tomou mais um gole de seu chocolate quente olhando para null. Seus olhares eram os mesmos, com o mesmo desdém de sempre.
- Obrigada por avisar Bertram, assim evito o enjoo matinal. – null respondeu e null concordou iminente colocando seu copo acima da bancada de mármore. null seguiu o mesmo ato, deram um beijo em Bertram e se encaminharam para o Hall de entrada, onde iriam finalmente passar um dia juntas e sem cheiro de tulipas. Mas antes fosse tudo como elas planejavam. John estava posto a frente de null e null quando as mesmas viraram com as bolsas em mãos e preparadas para sair.
- Posso saber aonde vão? – o homem indagou. Seu tom de voz era irreconhecível. Era rígido e frio. null sentiu seu coração abrir um novo vazio, um pouco mais profundo, estava perdendo seu pai, perdendo para Paris, isso não era demais, era? John não estava pensando em mais nada, somente em sua felicidade com Paris. Se fosse totalmente bom, null e null apoiariam a ideia, mas não! Aquilo estava acabando com tudo.
- Sair. – a menina respondeu com o mesmo tom de voz do pai, sustentando seu olhar.
- Especificamente... – John começou e null o interrompeu.
– Shopping, vamos null? – a garota assentiu positivamente, sentindo o olhar de John sobre ela. Ela sabia que o mesmo queria se pronunciar, mas não sabia o que dizer, só a viu abrir a porta e sair por ela, sem ao menos olhar para trás. Estava sendo tão, tão difícil se redimir com ela, não era como qualquer outra briga, ela estava machucada e não iria voltar a falar com ele do nada como sempre fazia.

***


Realmente o shopping estava bem cheio, estranho para uma sexta feira, porém isso não impossibilitou null e null de zanzarem por horas nele com um único objetivo: achar um vestido que fosse bom o suficiente para null e para null. Ela tinha mudado de opinião sobre seu vestido anterior, agora precisava de outro e o que não lhe faltava era esperança de achar um. Haviam se passado pelo menos três horas, três horas andando sem parar e sem encontrar absolutamente nada! Estavam saindo da quinta loja no dia, quando null avistou null e sorriu de uma maneira impressionantemente apaixonada, sim, apaixonada!

null no mesmo momento olhou a expressão da amiga iluminar-se ligeiramente e quando null percebeu que null a olhava com um sorriso estranho, com a boca aberta da qual sempre fazia quando sacava tudo que acontecia, seu rosto ruborizou-se no mesmo momento, porém null não estava sozinho – apesar de null só enxergar ele –. Junto a ele estava null e null. O olhar de null se encontrou com o dele e bom, como o esperado, ambos sorriram abertamente um para o outro, com um tom de surpresa, um tom de... Não quero demonstrar, mas eu amei te ver por aqui. Por que as coisas eram tão difíceis entre os dois? Por que não podia ser mais fácil eles se pegarem, namorarem e fossem felizes para sempre? Ah não, isso nunca aconteceria, pois além de totalmente errado, eram de null null e null Martin que estávamos falando e nada, nada é fácil quando se têm esses dois nomes numa mesma frase.


- Hey! – null abraçou null fofamente sem nenhuma vergonha e a beijou no canto da boca, então voltou-se para null e sorriu da maneira mais amigável e fofa. – Trouxe um presente para você. – null sussurrou no ouvido de null, fazendo-a sorrir durante o abraço.
- Então, eu estou com fome e já achei meu vestido, então... Vamos à praça de aLiamentação, null? – null entrelaçou suas mãos as do garoto. null arqueou uma das sobrancelhas e colocou-se ao lado de null. null seguiu o mesmo ato. null apenas concordou e saiu andando com null para onde a mesma indicava.
- Então. – null virou-se para null e null. – Sigam-me os bons.

Ao passar do tempo, mais ou menos em meia hora, null havia experimentado pelo menos 4 vestidos e ainda não havia ficado satisfeita com nenhum deles, o que estava sendo cansativo para os dois meninos que a olhavam sempre dizendo palavras do tipo “esse vestido ficou lindo em você”, mas ela não dava ouvidos, então chegou uma hora em que pararam de simplesmente tentar fazê-la parar de experimentar vestidos.

Quando finalmente null saiu do vestiário em seu quinto vestido, null à olhou dos pés a cabeça, agora ele entendia o que era a expressão “um vestido lhe cair perfeitamente bem”, pois era o havia acontecido com ela. Suas curvas estavam avantajadas naquele vestido. Ele se sentiu meio estranho, pois sentiu que só ele podia imaginá-la daquela maneira, linda e somente pra ele. Então seu olhar se encontrou com o dela, ainda parada em frente ao provador. null estava logo ao lado de null e percebeu tudo, porque null pescava tudo no ar. null tinha uma de suas mãos na boca, passando seu dedo indicador nos próprios lábios de uma maneira sexy, pois era assim que null estava encarando aquela situação, e então ela cortou aquela troca de olhares intensa indo até o pedestal de mármore. Bem a frente havia um espelho amplo para que ela se visse por inteiro, e um foco de luz de LED bem a cima dela.

null se levantou num impulso e caminhou para fora da loja com as mãos no bolso, por algum motivo sabia que era aquele vestido, porque era isso que null queria, provocá-lo. E agora ela sabia que aquele vestido tinha dado inícios de loucura no garoto. null por sua vez foi até a menina, que o viu pelo espelho e então pegou os dois fios que estavam caídos ao lado do vestido e fez menção de finalizar o vestido fazendo um laço em câmera lenta.
- A quem vocês estão tentando enganar? – null disse sem olhar para null. Parecia concentrado no laço que estava fazendo. Um arrepio passou pela espinha da mesma, olhando para o reflexo de null no espelho.


- O quê? – null perguntou desentendida e recebeu em resposta um olhar sínico de null, que agora estava a olhando nos olhos, frente a frente.
- A mim é que não estão conseguindo. Todos esses olhares, e tudo... Isso. – null suspirou. - Por sorte fui eu quem viu você saindo da casa do null de manhã e não null. – novamente os olhos de null se arregalaram e ela olhou fixamente para o garoto, sem conseguir proferir nada. – Eu sei que você esteve muito magoada com ele, mas creio que não vai querer criar uma segunda guerra mundial, vai?
- A segunda guerra mundial já está rolando, e na minha mente. – null desceu do pedestal de mármore caminhando para o provador. Lá no fundo queria que null à apoiasse nessa pseudo-relação que estava tendo com null, mas foi inútil pensar nisso, pois null era muito mais amigo de null do que dela mesma. Depois de um tempo, null ainda estava a esperando. Eles caminharam juntos e em silêncio, comprando o vestido, mas antes que null saísse da loja, null a parou.
- Eu não estou dizendo que não apoio isso, null. Só estou alertando você, prepare sua mente, porque isso não vai ser fácil pra ninguém e muito menos pra você. null te... – antes mesmo que null continuasse, null levantou o dedo indicador. Sua feição tinha mudado, o fazendo ficar calado.
- Isso não é amor, null. Para mim podia até ter sido, mas pra ele... – ela riu abanando a cabeça de um lado para o outro. – Eu sei que nada vai ser fácil, mas eu vou lutar pela minha felicidade e não para o que vai ser mais fácil pra mim.
- Se você está feliz com ele, quem sou eu para estar contra? – null disse a null. Ela sorriu de uma maneira gentil e continuou caminhando em direção a null, que estava de pé olhando uma vitrine qualquer de uma loja qualquer.






null deixou null em casa e logo depois null. null fez o mesmo indo para sua casa tirar um cochilo antes do baile, pois sabia que seria longo e cheio de explicações, olhares e mais tentação por não poder ficar com null. Ele estava sendo um gay por isso, porque null null era o maior pegador, mais pegador que null. null ainda comia quieto, mas null... Esse em nenhum momento negava garotas, mas null... Ele não podia magoá-la e por isso não ia assumir nada, tinha muito medo de fazer uma cagada, já null, ele agia por impulso e isso era a fatalidade de null null.
Ele se sentia completamente estranho naquele smoking, não o usava com muita frequência, mas...
Enquanto olhava seu reflexo no espelho, lembrou-se de null naquele vestido. Por que ela o fascinava tanto? Qual era o motivo? Foi porque ela o evitou tanto no começo? Ou por que ela tinha um sorriso único e aquele jeito de retorcer o nariz quando ficava perplexa com algo? Fechou os olhos no mesmo momento lembrando-se disso e de como ele sorria quando ela fazia isso. Seu coração pareceu apertar, queria que null aparecesse ali naquele momento em sua frente, sorrindo daquela maneira em que ele imaginava e que estivessem totalmente sozinhos. Ele foi invadido por pensamentos não muito bons com ela, seu coração parecia pedi-la, mas isso nunca aconteceu na sua história de vida, nunca, nunca... Nunca achou que em algum momento isso ia acontecer, não achou que um sorriso iria mudar seu dia, não achou que em algum momento ficaria sem ter o que dizer a uma menina. Como agir, se seria o certo ficar com ela e enfrentar tudo, porque não negava que gostava dela, não mais, queria ainda poder negar, mas seu coração dizia que essa era a pior burrada que poderia fazer.

Lá no fundo, realmente não sabia o que fazer em relação a null. Ele queria protegê-la, não a expor. No fim de tudo, terminava sempre nela, sobre ela. Se deu conta de que já estava atrasado para ir buscá-la. Deu uma última olhada no espelho e pois se a caminho da casa de null, girando a chave no dedo indicador.
null por sua vez ainda estava colocando o brinco na orelha, e então, como sempre, null entrou em seu quarto toda desajeitada procurando por seu batom vermelho.


- Você viu onde ele está? – ela perguntou, parando ao lado de null, olhando para o espelho o reflexo da amiga.
- Aqui. – null abriu a primeira gaveta. null pegou o batom e enquanto passava, percebeu que null estava quieta demais.
- Tá, desembucha o que tá acontecendo. – null virou-se para a amiga, se apoiando com o cotovelo no criado mudo.
- Eu queria que tudo fosse mais fácil. – a menina começou. – Eu não queria ter que ver meu pai casar com uma loira oxigenada, e nem ter que pensar em como agir com null. Eu queria só... Sentir o momento...
- Então sinta! – null exclamou, dando uma leve empurradinha na amiga com um sorriso de orelha a orelha. – Para de pensar no que vão pensar ou não null, você não acha que já tem muito que se preocupar? Isso é o pior dos males, se eu fosse pensar no que fazer ou agir com null, eu estaria... Igual a você e null. Eu gosto dele, e sei que quem errou primeiro fui eu, mas não posso deixar de viver por isso, e quer saber? Esconder isso tá sendo um saco. – null balbuciou, virando-se para o espelho novamente. null foi sorrindo aos poucos, a ideia null estava começando a ser aceitável naquela noite.
- Tem razão. Eu vou aproveitar, pelo menos hoje. – null sorriu e olhou para null. – Eu não preciso ficar pensando o tempo todo em null, em consequências, estou cheia disso. – a menina abanou a cabeça em um gesto estranho e null riu com ele, pegando seu casaco jogado na cama da amiga.
- Combinado? – null perguntou para null, levantando uma das mãos para elas que elas realizassem um toque.
- Combinado. – null respondeu tocando na mão de null com um sorriso malicioso em seus lábios e logo ao pé da escada, se encontravam Bertram, null, null e... John.
Logo que desceram as escadas, null jogou seu casaco por cima de seu vestido e olhou diretamente para null, lhe mandando uma piscadinha e null fez o mesmo. Os garotos se afastaram fazendo um gesto com a cabeça para John e saíram da casa. null suspirou e virou-se para Bertram ali parado com um olharzinho brilhante.
- Aproveitem o baile, meninas. – Bertram falou antes de todos, também mandando uma piscadinha e saindo do Hall, enquanto John ainda estava parado.
- Divirtam-se. Eu sei que você deu duro para organizar a festa. – John olhou para null que assentiu positivamente dando lhe dando um beijo no rosto. Ele acenou enquanto ela estava na porta e sorriu fraternalmente para a mesma, e então viu que null seguiria o mesmo ato. – Eu não tinha intenção de te magoar... Filha. – o homem pareceu medir as palavras. – Você sabe que eu nunca diria aquilo por nada, mas... Se você quer saber? Eu fui com a cara desse sujeito e acho que minha briga por ciúmes foi meio que em vão. – John falou e null levantou o olhar para encará-lo.
- Obrigada, pai. – a menina sorriu reprimida dando uma piscadinha para o pai. Sabia que seria um meio caminho andado até ali. Então caminhou e na porta acenou para o pai que retribuiu o gesto vendo null fechar a porta.

Logo que chegaram ao baile, os quatro juntos, olhares já foram jogados para eles, como se tivessem sido jogados para os leões e null começava a se arrepender da ideia de ir com null. null por sua vez sentia-se acuada, pois null era um garoto popular e ela bom... Havia pegado um pouco de fama de null e o pior, namorada de null, o jogador do time, um dos pivôs. E agora? Estava com outro jogador, mas prometeu a si mesma e null que iria aproveitar aquela noite sem pensar em sua imagem, só ia sentir o momento.

O tapete vermelho se iniciava quase na porta do ginásio. Alguns fotógrafos estavam postos por ali. O baile de inverno era um dos eventos principais do ano para a escola que era muito conhecida pelos melhores bailes de veteranos e também pelas arruaças. null e null entraram primeiro. null enganchada em null e parecia estar bem segura do que estava fazendo, pararam para primeira foto fazendo um biquinho digno de null. null apertando sua cintura e a puxando para si com uma linguinha extra espichada para fora. null sorriu ao ver aquilo pois, porra, eles eram fofos juntos, ainda mais que null e null, e então eles entraram para a festa que já estava lotada. null balbuciou um “estou no bar” para null que assentiu positivamente, e então foi envolvida pelo aroma do perfume de null bem perto de si.


- Então, vamos ou vai ficar aí empacada? – null falou perto do ouvido de null que sorriu sem mostrar os dentes andando para perto dos fotógrafos.


null sorriu mordendo os lábios, olhando para null e levantando uma de suas pernas que também puxou a garota para bem perto de si segurando firmemente em sua cintura e dando um de seus melhores sorrisos, de orelha a orelha. null realmente parecia feliz naquela pose.
Quando entraram, a festa realmente parecia uma das maiores festas que já tinham ido. null tinha caprichado mais que o normal, as luzes e toda a decoração estavam impecáveis, as bolas de luz nas extremidades do ginásio causavam um efeito mágico, enquanto null descia os degraus que dariam para a pista balbuciou um “Uau” e depois olhou para null que parecia não ter escutado o que ele disse, apenas sorriu cumprimentando alguma garota e olhou em volta do salão. O sorriso dela irradiava satisfação, e quando ela voltou seu olhar para null, o mesmo viu uma pitada de malícia que só ela conseguia ter quando o olhava. null imaginava se era o único que já tinha visto aquele olhar dela, e querendo ou não pedia para o universo que fosse só pra ele, pois era tão lindo, o sorriso, fazendo conjunto com o olhar... Era demais pra ele, então sorriu não se deixando cair em pensamentos emocionais fofos que não eram de sua índole.


- Eu vou ao bar com null, você vai me acompanhar? – ela perguntou com aquele mesmo olhar.
- Não, eu vou procurar null e os garotos. – null respondeu e então ela assentiu positivamente lançando um beijinho antes de deixá-lo. Agora era concreto. Ela queria provocá-lo. null apenas virou-se para um caminho oposto e riu abanando a cabeça negativamente indo atrás de seus amigos.
Chegando ao bar, null conversava animadamente com o barman, mas não parecia bem, já havia duas pequenas doses de bebidas junto a ela. null sentou-se ao seu lado esperando uma explicação para beber tão rápido logo no começo da festa, mas não, só viu a amiga virar mais uma dose.
- Ei, eu posso te acompanhar nessa? – null falou com humor, pedindo uma bebida para ela também e depois se virou para null.
- Acho que fui tola. – null riu, olhando fixamente para o balcão. – Achei que null poderia ser diferente comigo, mas... Acho que não. – ela pediu outra dose de tequila.
– Foi inútil pensar dessa forma.
- O que ele fez? – null perguntou séria.
- Ele disse que não iria ficar comigo no baile e eu não vi problemas nisso no início, até... Quando ele disse que não podíamos ficar juntos. Não como uma coisa séria, ele gostava de mim, mas ele tem um passado do qual não pode deixar, ou seja, o legado do null. – null riu sarcástica e null suspirou vendo sua bebida chegar. – Ele não é capaz de deixar o legado dele e de todas as meninas por mim, não como null. – null novamente suspirou, tomando um gole de sua bebida.
- Eu não sei por quais razões ele fez isso, null, mas null mostrou que se importa com você e isso já é um começo, mas... Qual é, você tem 17 anos, vamos aproveitar. Você mesma disse, vamos sentir o momento, esse foi o combinado, vem comigo! Ou você acha que eu estou esperando o null vir na minha cola? – null riu e pediu mais duas doses de tequila. – Essa é por nós.
null riu e virou uma dose de tequila que lhe fez fazer cara feia. null fez o mesmo rindo com a cara da amiga, então ambas se levantaram para só então começarem a curtir uma das melhores festas do ano.
Pois o assunto de festa era com elas mesmas. Elas não desperdiçavam uma e já que eles agiriam como se não se importassem com elas, elas iriam não se importar de verdade com eles.






As horas foram se passando quase que como um vulto, null tinha tomado tantas doses que estava toda risonha e alegre parecendo ser melhor amiga de todos os jogadores do time. null fazia o mesmo, mas ela sim estava insana, seu vestido roxo colado ao corpo não estava a favorecendo nesse momento de loucura, as luzes piscavam a todo o momento com músicas eletrônicas soando por todo o ginásio. null ainda estava em si, não estava totalmente bêbada, mas sabia que se bebesse mais uma dose de tequila ficaria. Sua mente não estava trabalhando muito bem e tudo parecia engraçado para ela, inclusive ver null dançando no meio da pista como se ninguém estivesse olhando, porém null de uma hora para outra apareceu na frente dela com uma cara não muito convidativa pedindo para que ela o acompanhasse e bom, ela não fez, fazendo com que null a puxasse do baile. Então ao mesmo momento, a mesma virou-se para o bar onde null olhava a situação com uma das sobrancelhas arqueadas e Carter pendurada em seu pescoço. null queria vomitar ali mesmo vendo Carter, então imaginou que o mesmo cara do qual beijou e namorou durante um ano, agora transava com Samantha Heather.

Queria sair daqueles pensamentos, então a única opção era se jogar na música, a sua música preferida eletrônica, aquilo era tão bom.

null adentrava no salão sendo esbarrado por null e null que se queixava do ato do garoto. null disse algo que null não conseguiu identificar, mas sabia que tinha dito algo pra ele, preferiu deixar esse caso para null resolver e imediatamente seu olhar parou em null ao meio da pista, dançando e requebrando exatamente no ritmo da música. Ela estava sozinha e isso era o menor dos males, mas mesmo assim sentiu uma coisinha subir em suas veias lentamente, pois sua visão ficou mais ampla e podia ver os outros caras do time a olhando e sorrindo. Ele não sentia isso com frequência, mas null não podia dançar daquela maneira em público.

null passou a língua nos lábios ao reparar no que estava pensando. Estava com ciúmes de null? Recusava-se a pensar dessa forma, só queria proteger a dignidade dela, mas mesmo assim deixou com que ela dançasse. Quando a música acabou, ele ainda continuou a olhando sumir de vista entre a multidão e ficou ali parado em uma das vigas do ginásio, bebericando sua garrafa de cerveja. null não sabia o que estava pensando, mas foi para o outro lado do ginásio, queria se sentar, queria colocar sua cabeça no lugar e o mais importante, queria saber onde null estava para lhe deixar sozinha naquela festa. Viu null sair por dentre uma das cortinas que sucediam ao backstage do palco onde era visível ver Samantha e Carter. null por sua vez observou atentamente null ali sentada e sozinha no banco, era uma de suas chances de conversar com ela. Repensou, era tolice, foi em direção atrás das cortinas para falar com Samantha e viu a mesma cochichando algo com Carter que logo se aprumou a guardar um pen drive do qual Samantha havia lhe entregado ao ver null chegar perto delas.


- Hey, meu jogador, o que faz aqui? – Samantha caminhou até null, o levando para fora da cortina que dividia o palco.
- Eu só estava dando uma passada e vi você por aqui. – null respondeu desconfiado.
- Tudo bem, eu já desço, só vou anunciar o rei e rainha do baile. – ela olhou para Carter com um meio sorriso. – Me espere lá embaixo.

null estava tão lindo de smoking. Ele sempre caiu bem em smokings, pensou null ao vê-lo passar por si. Ele deu uma olhadinha básica e então passou reto com as mãos no bolso, mas logo um enjoo a tomou; ele tinha ido ver Sam atrás das cortinas. Era só falar no demônio que ele incrivelmente aparecia. null ouviu a voz de Samantha ecoar por todo o ginásio e a mesma caminhar para o centro do palco com duas coroas em mãos.

- Então pessoal de Prada, animados para a entrega do rei e rainha do baile? – Samantha riu. null ficou a observando, aquilo era estranho. Samantha desistir de ser rainha para apresentadora?
- null? – a menina olhou para o lado, e conseguiu ver null parado ao seu lado. Seu coração parou, mas antes Samantha voltou a falar.
- Eu já tenho os resultado e... – ela abriu o envelope. Em sua face era possível notar uma expressão diabólica. null por sua vez, só estranhava cada vez mais a situação. – Meu Deus! Um empate galera! – todos gritaram.
- null, eu gostaria de... – null foi cortado novamente por Samantha.
- Só há um jeito de desempatar isso. – a menina falou sorrindo, talvez procurando alguém. – Vamos ver quem se sair melhor no teste da química do beijo! – a menina falou, e todos gritaram. Ok, que porra era aquela? – Pra isso... Solta o vídeo Carter.
- null eu quero você de volta! – null disse; Porém, naquele mesmo instante, ela não se importou com o que ele dissera, e muito menos ele ouvira a resposta, porque null estava naquele telão, e o pior, beijando null.

Se em algum dia na terra, algum ser humano sentiu como se seu coração houvesse sido arrancado do corpo, mas ainda o sentia batendo, null poderia ser a primeira a relatar a sensação. Seu corpo fraquejou de maneira tão bruta, que imaginou que não conseguiria ficar em pé. null não conseguia respirar, não conseguia se mover. Sua imagem estava ali, estampada nos telões em volta do ginásio, beijando null, e sorrindo durante o ato para ele.

Era nítido que o vídeo havia sido gravado no ano novo, os fogos e as pessoas gritando denunciavam a entrada de mais um ano, o ano em que ela traiu null, o momento exato. Seu corpo se recusava a respirar. A menina fez uma força súbita para não cair no chão, não havia direito como descrever, mas teve vontade de sumir pra sempre, e só piorou, quando olhou para o lado, e assistiu os olhos de null se encherem de lágrimas numa vermelhidão escura, a boca entre aberta como se não soubesse o que fazer. Seu peito latejou. Naquele momento, a única coisa que passou pela cabeça dela foi fugir, foi sair correndo dele, por mais covarde que pudesse parecer. Se null a encarasse com aqueles olhos, ela sabia que iria desfalecer, e pelo mínimo de sanidade que lhe sobrou, a única coisa que ela precisava era de mais e mais oxigênio.


Seu nervosismo fora aumentando a medida que seus passos estavam se tornando mais rápidos para sair daquele lugar; null travava tanto aquela sensação ruim dentro de seu peito, onde subia e descia por sua garganta, que em um certo momento, a mesma doía por tanta tensão. Seu corpo estava mole, ela ainda não conseguia distinguir o oco que ela sentia dentro de si mesma. De repente um barulho ecoou pelo corredor vazio – Que agora já não estava mais vazio – A fazendo virar subitamente para trás, e infelizmente, encarar quem ela menos queria ver. Seu coração parou no mesmo segundo, e por instinto, ela continuou dando passos pequenos para trás, logo seus olhos se encheram de lágrimas.




- O que foi aquilo? – null ouviu o garoto cuspir com raiva e caminhar até ela com lentidão. – - null... – a menina pendeu sua cabeça para o lado tentando se explicar, ele riu. – - COM O MEU AMIGO? – null gritou fazendo-a estremecer e se recuar; uma lágrima grossa escorreu finalmente por seu rosto; Ela viu o garoto passar as mãos nervoso nos cabelos, extremamente insano. – Que caralho eu fiz pra você fazer isso comigo null? Eu esperava de tudo vindo por você, mas isso?– ele suspirou alto e irritado.
- null eu não, eu não sabia...
- O que importa agora se você sabia ou não null? VOCÊ ME TRAIU! – Ele gritou mais uma vez, null recuou mais um pouco, vendo a força súbita de raiva que null expelia de seus olhos. –
- EU NÃO QUIS TE TRAIR! – A menina gritou de volta, num súbito choro de dor, que não fez null sentir menos que nojo. –
- ISSO NÃO É QUERER OU NÃO QUERER, É UMA ESCOLHA! –


null fechou os olhos ao ouvir aquilo e sentiu lágrimas pesadas escorrem por todo seu rosto. null não estava nem um pouco comovido em vê-la chorando, sentiu só mais raiva, mais ódio por ela. Porque ainda era apaixonado por aquela garota, e a odiava por isso. Sua mente estava conturbada não só pelo fato de null ter o traído, mas sim por ser com null. A merda de seu melhor amigo. null não sabia como ainda estava pensando direito, porque seu coração parecia estar explodindo a cada minuto a mais do qual ele a olhava, o corroia de forma bruta. Eles ficaram num silencio perturbador por cinco segundos, até null voltar a olhá-la, assustada, com os olhos inchados e aparentemente arrependidos, ele não acreditava, não queria acreditar, estava com raiva, ele sentia seu sangue borbulhar.

- Você transou com ele não transou? – A voz dele saiu baixa, mas cortante. null fechou os olhos, pressionando-os, seu corpo passou a tremer. – Me responde. – null levantou os olhos mais escuros que o normal. Era nocivo e assustador, ela sentiu um medo absurdo o vendo daquele jeito. –
- O que você quer que eu diga?
– ME RESPONDE! – ele se aproximou com brutalidade de null a encurralando entre seus braços.
null tinha as costas totalmente coladas com um dos armários, ela não havia ficado tão perto de null desde o término, a mais ou menos três meses. Sentiu seu coração pesar novamente, uma dor louca se passou por ele, pois não podia responder aquilo com tanta naturalidade, não era tão fácil dizer que transou com o melhor amigo do ex-namorado.

– Você transou com ele. – null afirmou com raiva, esmurrando o armário ao lado de null, que por instinto se esquivou daquilo, gemendo baixinho.


Podia ser o cúmulo, mas nada á machucava mais, do que ver null naquele estado; ele estava mal e ela se sentia totalmente culpada, porque porra, ela era a culpada, queria poder explicar o que tinha acontecido, mas as palavras não saíam, elas não queriam sair, e em vez de palavras, apenas lágrimas escorriam por seu rosto. Queria se desculpar, mas não conseguia. Só sentiu nojo e mais nojo de si mesma naquele exato instante em que por fim, null á olhou direito, como sempre olhava, com seus olhos perdidamente brilhantes, mas desta vez, ela não viu nada alem de ódio. O ódio que null sentiu dele por ela foi tão cortante que sem querer, ela soltou um soluço dolorido bem perto do rosto do garoto; ela queria quebrar aquilo, se pudesse, deixar null lá; Já tinha deixado claro que não se importava se fosse parecer covarde, porque ninguém saberia distinguir a revolução que acontecia em seu peito ao vê-lo á olhar de maneira tão indiferente. Nada doía mais nela do que saber que aquele coração não iria mais amá-la ou vê-la com bons olhos como antes. Porque mesmo que não soubesse seus sentimentos por null, e que null estivesse sendo apaziguado por todo seu mar de sensações por ele; null ainda o amava, talvez não como antes, mas o amava.


– Eu nunca esperei... – O garoto disse com lentidão, emaranhando suas mãos nos próprios cabelos, deixando nítido que estava possesso de raiva, null pode ver que seus olhos estavam molhados; Daquele momento em diante, o ar pareceu ficar rarefeito, só por vê-lo daquela forma, da qual ela estava morrendo de medo todo esse tempo, null sentiu o coração despedaçar. E então ele continuou no mesmo tom. – Que por todo esse tempo eu amei uma vadia. Mas que droga, EU DISSE QUE TE QUERIA DE VOLTA, MEU DEUS EU SOU TÃO IDIOTA!



Imediatamente, null soltou um choro abafado que fez null abanar a cabeça negativamente dando outro soco no mesmo armário, fora tão forte que o mesmo amassou de leve; ela não podia respondê-lo, não tinha o que dizer porque, tinha feito em sã consciência e não iria mais mentir para ele.

- Eu realmente fiz isso, null – disse tremula e viu null rir sarcasticamente abaixando a cabeça ao lado de seu ombro. – Eu não vou mais mentir pra você. - Agora eu não preciso mais dessa consideração sua, null, eu não preciso de mais nada vindo de você.



null cuspiu as palavras em null fazendo-a soltar mais algumas lágrimas que não haviam cessado ainda. De supetão eles ouviram mais alguém entrando, com passos duros até eles, null virou-se com um sorriso irônico no rosto ao ver que era null, totalmente fora de si e preocupado vindo em sua direção dessa maneira se afastou de null á esperar por ele.


- Ele te machucou? – null olhou para null com olhos cheios de fúria e ela negou com a cabeça. – Ótimo, o seu assunto é comigo, null – ato que fez o amigo rir de uma maneira irônica. - E por que seria? Alias, que belo amigo filho da puta eu tenho. – null falou se aproximando de null que mantinha a cabeça levantada. - Por quê? Porque eu dei conta do que você não deu? – null ironizou com estupidez. –



Enquanto null ouvia tudo aquilo com os olhos pressionados, uma guerra estava rolando dentro de si mesma, como null avisou que aconteceria, uma bagunça, como um furacão, ela queria sair correndo, mas não conseguia, então só ficou ali parada. Tentando fazer seu peito parar quieto e por fim apaziguar a situação, mesmo que não fosse sua melhor escolha.

- Você não tem vergonha na cara? Eu sempre fui teu amigo pra você pegar minha namorada?! Caralho, null, que tipo de cara você se tornou? – aquelas palavras feriram null; mesmo que ele não tivesse deixado explicito, realmente, que tipo de cara ele havia se tornado para fazer aquilo? – Você merece um belo de um soco na cara.

null se aproximou de null lhe acertando um soco de esquerda que fez null dar um pulo, mas para sua sorte null apareceu correndo, entrando pelo corredor sem nem mesmo ser notado; antes fosse necessário null separar os dois, já que havia entrado em pânico ao ver null e null se pegando, null pediu apenas com um gesto com a cabeça para ele levar null para fora da escola, ela chorava mantida em uma expressão de choque porque por mais que quisesse, as lágrimas continuavam rolando. Por esse motivo, null assentiu sem contestar, afinal, null também era sua melhor amiga, e estava louca por deixar ambos para trás, pelo tanto de esforço que null fez para tirá-la de lá, ele percebeu que era melhor ter ficado e separado os dois. null não parava de chorar e a todo o momento fazia forças pra voltar até a escola, até que em momento ela parou, entrou no carro e finalmente ficou calada, apenas com seus soluços.

null fez o mesmo, e sabia que aquele era o exato momento para dizer algo confortante, só que não disse nada. null estava com os olhos tão caídos e inchados que null preferiu não tocar no assunto, só o que ele fez foi á abraçar; Ele definitivamente não era bom com palavras, e também estava em pânico, por isso ficou quieto.

null conseguiu parar a briga antes que alguém saísse mais machucado, não queria machucar null, sabia que já tinha feito o bastante com ele então apenas o grudou no armário fazendo ficar imobilizado. null não queria bater de verdade em null, ele só estava frustrado e null percebeu isso a partir do momento em que apartou aquele acesso de fúria de null e ele pareceu cair em si. Estava doendo nele, doendo muito, mais do que uma dor física, era psicológica. Seu peito ardia de dentro pra fora e ele não estava conseguindo pensar direito.

- Você a julga tanto por tê-lo traído comigo null, mas você não vê a merda que você fez para ter deixado uma garota como ela escapar!– null esbravejou soltando null que logo se recompôs com olhos cheios magoa, ele estava mergulhado nela, e null sabia que aquilo era uma combustão perigosa. - O que você sabe sobre nós null? – Ele gritou –
- Eu vi o suficiente null.
- Você se acha bom demais não é? – null riu, dando um giro no calcanhar e eventualmente se afastando de null. – Quem é null null perto de um null null? Não é mesmo? O cara que sabe tratar uma garota! – O menino bateu palmas vendo null se ajeitar de maneira cansada sob as pernas. –
- Eu definitivamente não vou ficar aqui discutindo com você mas pensa bem porque, se ela fizesse metade do que você fez com ela, eu te garanto que nem na cara dela você olhava mais. – null apontou o dedo para o amigo, de forma imponente, fazendo null rir mais uma vez. –
- É esse o seu conselho pra mim? – null conseguiu ver os olhos de null incharem, cheios de água. – Que a culpa é minha por ela ter me traído? E melhor – O garoto ironizou cheio de dor – COM VOCÊ?


null observou null e sua raiva transcenderem por meros cinco segundos, que pareceram uma eternidade pra ele; Era obvio que ver seu melhor amigo naquele estado por sua causa estava o matando, mas a raiva com qual null estava lidando naquele instante não o cabia. Ele não deveria sustentar algo que ele não podia aguentar. null sentiu uma angustia tão deplorável pelo corpo que por aqueles segundos, desejou nunca ter conhecido null ou, não estar sentindo aquilo, aquilo de mesmo errado na situação, não querer deixá-la ir, mesmo com seu amigo daquela forma. Talvez esse viesse a ser seu caminho mais rápido para uma devastação, mas, sinceramente ele não estava se importando. Seu pensamento vago foi parar nela, e em como null estaria se sentindo ao perceber que por Samantha e seu maldito reinado, sua fama de vadia havia se aflorado no baile mais escandaloso de Prada. E por mais um motivo colocado a sua lista, tendo mil e outras chances de pensar em outras coisas para confortar null, ele não pensou em mais nada que não fosse ela, e era por isso que assim que voltou a raciocinar e olhar null nitidamente, não se importou com mais nada.



- Você quem disse isso uma vez, null, e eu vou repetir: Quando uma coisa se ausenta, outras tendem a preencher o lugar.


null suspirou dolorido olhando para o amigo com desprezo e sem dizer nada, apenas com o olhar deixou caminhando para a porta de onde tinha saído, null passou as mãos no cabelo sentindo todo o peso de seu erro cair sobre seus ombros, quase o fazendo ajoelhar-se no meio do corredor. Foi como se seu corpo fosse sido solto de um tipo de pressão e agora estivesse voltando ao normal gradualmente, mas da maneira mais dolorida possível; Como quando te abraçam apertado e seus ossos parecem sair do lugar, e quando o soltam, fica ainda uma coisa dolorida até que finalmente o corpo se acostume de volta. null sentiu isso, só que com muito mais dor. Seu corpo antes parecia estar sendo pressionado, e assim que ouviu a porta bater no final do corredor, algo o fez soltar tudo da maneira mais bruta, e aí, seu corpo latejou por inteiro, deixando o ar rarefeito por segundos. Ele preferia pensar que isso seria como um abraço: Aos poucos tudo ia voltar ao normal, mesmo com a dor incessante no cérebro e em todo o seu ser, ele preferia pensar em tudo que fosse bom, porque sabia que depois daquilo, null não teria mais ninguém, e sua intenção não era a deixar sozinha.

Em sua casa, null percebeu o quanto a situação tinha saído das estribeiras; null havia de repente recuperado a consciência, depois de encontrar a amiga totalmente insana saindo da escola com null. Ela mantinha-se abraçada com null, escondendo seu rosto no pescoço do mesmo enquanto null estava apoiada com os cotovelos em seus joelhos, seus cabelos estavam desgrenhados e um copo de água tremia em suas mãos, null mantinha a calma por, por sorte não ter presenciado a cena. null não foi atrás dela e ela não ouviu desaforos sobre seu ato além de que, null estava ali com ela.
null não pensava em mais nada a não ser em null. As palavras dele vinham a todo o momento como uma pontada no coração junto, e a cada vez que elas vinham mais uma tonelada de lágrimas vinha junto, porque ela não sabia o que fazer depois disso. Não queria ser odiada por null, não queria que null odiasse null, não queria causar discórdia, mas parecia que ultimamente só havia conseguido fazer isso em sua vida. Ela estava em pânico, e sempre pedia a Deus para que aquilo fosse um pesadelo, um pesadelo ruim, que iria passar assim que botasse a cabeça no travesseiro, e então logo depois de pensar isso começava a chorar de novo.


null viu null entrar silencioso na casa de null com os cabelos também desgrenhados e uma feição ruim. Ambos trocaram olhares de dor um para o outro; não tinham mais ninguém, logo null fungou alto sentindo mais algumas lágrimas escorrem por sua face só de pensar no mal que havia causado naquela amizade; seu lápis estava borrado e ela sabia que estava horrível, mas não se importava. null foi até ela e se sentou ao seu lado apoiando também, seus cotovelos nos joelhos, e olhando para ela com compreensão.



- Me desculpa, me desculpa mesmo... – null suspirou triste, passando as mãos nos cabelos – Era pra ser uma noite divertida e...eu me odeio por isso, null. – Ela vacilou nas ultimas palavras; null comprimiu os lábios de dor ao ver aquilo. – - Não foi culpa sua. Eu te beijei. null tem que odiar a mim e não a você – null balbuciou e então a menina abaixou o olhar engolindo seco. - Eu quis beijar você.– ela respondeu com a voz tremula e esganiçada. –

null sentiu dor ao ver a dor de null, olhando-a nos olhos, olhos pesados que já não tinham mais aquele mesmo brilho do qual ele era totalmente enfeitiçado. Seu coração pesou ao vê-la daquela maneira, ele sentiu uma súbita raiva de Samantha e de si mesmo por deixá-la daquela maneira. Sentia-se culpado, não queria que ela sofresse em hipótese alguma. E foi então, naquele mesmo momento que descobriu, estava na cara: ele gostava dela. Não tinha mais pra onde correr, não tinha outro lugar que ele quisesse estar se não fosse aos braços dela.

E foi isso que ele fez sem pensar, passou seus braços a envolvendo e puxando para si mesmo, null desatou a chorar novamente escondendo seu rosto ao pescoço perfumado de null, aquele cheiro a acalmava, agora entendia porque null não estava louca, devia estar sentindo o mesmo que agora null sentia com null. Ele acariciou os braços da mesma, desde os ombros até parte do antebraço, sempre fazendo mesmo caminho por um bom tempo até que seu choro cessasse.


- Então, vamos subir... – null disse se levantando e puxando null consigo. – Você conhece minha casa, meus pais não estão... Escolha o quarto que preferir – null falou com null e antes de subir as escadas beijou null no rosto e null abraçou a amiga com força, toda sua força que não era muita e subiu com null. - Você quer subir agora? – null perguntou se afastando um pouco de null para olha-la no rosto e então ela o olhou, parecia mais calma e isso o deixou um pouco melhor. - Preciso avisar meu pai que estou na casa do null – a menina falou procurando seu celular e rapidamente discou o numero do pai. - Ele não vai surtar por você estar na casa do null? – ele deu ênfase no “null” fazendo null virar-se para olhá-lo com seu olhar espremido. - Ele conhece a família do null... Isso facilita as coisas – null disse até ouvir a voz do pai.

null observou atentamente os dez minutos dela, explicando porque precisaria ficar por lá e prometeu que não faria nada errado, bláblá coisas de pai e depois desligou a chamada, novamente olhando para null, ele tornou a cabeça para baixo com brutalidade, parecendo estar cansado, vendo isso, null levou suas mãos até a nuca exposta dele, e começou a fazer carinhos tão leves quanto uma pluma, que fizeram null estremecer por inteiro, logo levantando o rosto por precaução, recebendo um beijo longo e doce de null em sua bochecha, mais perto do cantinho de sua boca.

- Obrigada – ela disse com um meio sorriso. null virou o rosto para olhá-la, quase roçando seus narizes. Ele não disse nada, apenas encostou sua testa á dela e ficou ali de olhos fechados sentindo suas respirações se fundirem.

Após dez segundos, sentiu os lábios dela tocarem os seus com delicadeza, e se emaranharem ali, sem contato de línguas, foi a maneira mais inocente que null já havia recebido um beijo na vida. Ele não conseguiu dizer nada por mais dez segundos, seu peito bateu violentamente dentro do corpo como nunca antes, ele nunca havia sentido aquilo então demorou para se acostumar, o que ela estava fazendo com ele? null deu um longo suspiro, acariciando as bochechas dela ainda de olhos fechados.
- Vem, vamos subir – Ele disse beijando sua testa, e com um impulso, levantando-a junto consigo. – Pena que não posso fazer nada com você aqui – null sussurrou no ouvido da garota, que mesmo com todo o peso das palavras de null sobre isso que acontecera, não ligou, sorriu ao ouvir aquilo, mas um sorriso afetado.
- null! – reprovou-o, que sorriu, fechando a porta do quarto de onde iam dormir.



Ele acordou sonolento no dia seguinte, sentiu seu corpo todo gelado, pois estava sem coberta, virou-se para o outro lado da cama e viu que ninguém estava ali, null já havia ido embora, ou não, tinha esperanças de que ela estivesse no andar de baixo conversando com null e null. Era estranho null estar sozinho numa cama onde uma garota havia passado a noite com ele, geralmente era ele quem ia embora enquanto ela dormia.

Ele ficou ainda por um tempo na cama, mas não muito, fora o suficiente para digerir tudo que havia acontecido na noite passada, e então levantou, vestiu suas roupas da noite anterior, e desceu encontrando null sentado na bancada de sua cozinha devorando uma tigela de cereal. null o olhou pesarosamente como se não pudesse evitar a conversa que estava prestes a surgir; agora null, null e todos, sabiam o que eles haviam feito, mas o pior, era pensar em ambas as garotas que iriam sofrer com aquilo, para null e null por mais nojento que fosse, era normal ter fama de pegar todas, mas no momento não estavam nem aí, sinceramente suas preocupações estavam sendo rodeadas nelas.
- E aí cara – null cortou o clima jogando o cereal em direção a null que logo fez uma tigela para si mesmo. - Estou atordoado. – null disse direto encostando-se ao balcão da frente olhando diretamente para null. - Essa ressaca foi a pior da história – Ele ouviu o amigo responder de boca cheia, soltando um risinho triste no final. null soltou um abafo irônico junto. –

Nada poderia piorar a situação, então, aquele risinho sarcástico foi um meio de alivio para ambos; Até que ouviram um baque e a porta de entrada se abrir; em segundos null estava parado bem ao meio da porta da cozinha os olhando seriamente, null parou com a colher na boca enquanto null mantinha uma feição de “esperando bronca”. Porque sabia exatamente o que null pensava desde o inicio e quem dera ter o escutado, mas isso já não estava importando mais, então espantou todo aquele pensamento.

- Onde estão as meninas? – null perguntou calmo, depois de um tempo encarando os amigos, mas o pavor de levar um murro na cara, fez null e null travarem. null olhou sugestivamente para os dois esperando uma resposta enquanto colocava o cereal em um pote para ele também. Aquilo estava estranho demais. - Saíram de manhãzinha – null respondeu incerto. –null se quer me deu tchau... Não sei o que fazer, eu não quero que ela se envolva nisso. Fiz de tudo pra não irmos longe demais, isso porque fui mais cauteloso que você, null. - O que? – null olhou para null de súbito e chocado. – Ah cara, fala sério você estava com null muito antes de eu ter um... Um beijinho com a null – null contestou irritado. – - Beijinho? Se beijinho requer tirar as roupas no seu quarto eu não sei o que é “Beijinho” – null falou injuriado. - Calem a boca, seus infantis – null se pronunciou em meio à discussãozinha. – A questão agora não é quem errou primeiro ou não, vocês erraram e pegaram as namoradas dos seus melhores amigos. Estão preparados para as consequências? – null disse colocando a colher cheia de cereal em sua boca. - Consequências? Você diz isso como se tivéssemos feito a burrada do século – null falou quase irritado, mas para seu tom, era mais para indignado. - E não fizeram? – null arqueou a sobrancelha, totalmente irônico e sarcástico. - Não. – null suspirou fundo olhando com irritação para null. O mesmo pareceu se irritar muito mais com a resposta de null, colocou o pote de cereal na bancada, alternando seu olhar raivoso para ambos. – - Você já parou pra pensar na tamanha merda que fez seu idiota? – null urrou para null, que fez um feição cansada. – Não pensem de uma maneira egoísta pelo menos uma vez na vida! – falou. – Que merda vocês tem na cabeça? Tinha que ser justamente minhas melhores amigas? Tinha que ser justamente as namoradas dos seus melhores amigos? – Foi possível ver null envergar de desaprovação, como um gato irritado. –

null engoliu seco sendo acompanhado por null, pois realmente null as conhecia há muito tempo. Há muito mais tempo que eles, assim como null e null, e pensar nas tais consequências que ambas iriam levar estava os deixando arrependidos por tudo que haviam feito. Apesar disso, eles nunca imaginaram que as coisas chegariam naquele nível. Na real verdade, nunca imaginaram a situação porque pra eles isso tinha que ter acabado há tempos. Não estava nos planos de null se apaixonar por null, se apegar á ela; Quando ele viu, já estava naquilo, envolvido demais pra sair, ele importava-se muito com ela para vê-la cair em bocas sujas como o nome de Samantha Heather caía. E por isso tinha nojo daquela vadia com toda a vontade do mundo.

Em meio aquele silencio, null se remexeu impaciente, parecendo voltar de seus pensamentos, e depois olhou para null que permaneceu na mesma posição.


- Certo null. Agora você veio até a minha casa, pra jogar a porra da culpa em cima de nós, mesmo que tudo esteja cagado? – null aumentou seu tom de voz, não muito, olhando irritado para null que riu passando a língua nos dentes. - Não null. – null suspirou botando as mãos na cintura. – Eu vim aqui porque mesmo sendo o filha da puta que você é, vocês continuam sendo meus amigos e eu nunca vi duas meninas tão enfeitiçadas como aquelas duas com vocês. – null disse, null e null o olharam sem entender. – Porém, eu avisei. - Isso não vai adiantar agora null! – null pronunciou-se depois de um período calado. – O que rolar é consequência meu caro, você mesmo deixou claro isso, e nós já sabíamos desde o início, mas ficar dizendo que avisou não resolve, se isso serve de consolo pra você. Ferramos tudo, ótimo! – null fitou null por longos segundos e assentiu positivamente logo depois, lentamente com o olhar furioso. – - Só espero que você tenha consciência do que fez null, porque se você magoar essa garota depois de tudo isso, eu realmente... – null alternou seu olhar para null. – Arrebento a cara de vocês.




O que null deixou depois disso foi seu vulto, saindo pela porta da mesma forma que entrou.



null e null foram embora em silêncio, e assim permaneceram quase o dia todo, trocaram apenas palavras necessárias pois realmente não tinham o que dizer uma à outra; não havia nada pra contar e nem nada que resolvesse aquela situação. null tinha seu coração martelando em seu peito ao pensar em tudo que aconteceria na segunda feira, quando visse null novamente, quando todos à vissem como uma vadia.

Era uma sensação distinta, de preocupação mista com pavor. Ela não havia conseguido respirar direito desde o dia anterior, porque toda vez o que vinha e voltava na sua mente era null, e em como iria enfrentá-lo de novo, ela não tinha forças pra isso. O único momento em que conseguiu relaxar, foi com null. Apesar de ter saído correndo de seus braços pela gigante culpa, ainda tinha a necessidade estampada em cada poro dela por ele. E com isso, só aumentava. Ela não queria querer null, mas sabia que isso não cabia mais á ela, então teria que aprender a conviver.


- Eu acho que vou pro meu quarto – null proferiu antes de levantar-se toda descabelada da cama de null, que à olhou como se implorasse por uma solução depois de todo o dia caladas. - Eu acho que vou dormir, e não quero acordar mais. – null falou no mesmo tom, se jogando na cama e apertando o travesseiro contra seu rosto. null se sentou na cama novamente, cansada e tirou o travesseiro do rosto da amiga. – Você tem uma solução pra isso? – Ela ouviu assim que tirou o travesseiro do rosto de null. – - Não eu não tenho! – null respondeu nervosa, queria dizer algo, mas não sabia o que, estava irritada e tinha vontade de matar alguém por tudo que tinha acontecido. – Eu não faço ideia do que fazer e estou irritada por isso! - Eu não consigo respirar! Eu sou uma vadia! – null jogou a cabeça para trás, fingindo um choro, decepcionada. - Não tanto quanto Samantha. – null defendeu-a abaixando o olhar num murmúrio. – - Samantha não trai o namorado. Samantha não namora. Ela apenas dá pra todos os caras. Nós traímos os nossos namorados com os melhores amigos deles. Isso dá ou não dá o legado a nós? – null ironizou irritada consigo mesma, null engoliu seco não sabendo o que dizer enquanto null mantinha o olhar irritado, e por fim ela terminou. – Eu queria nunca ter feito isso.

No mesmo instante seu celular começou a vibrar loucamente em cima de seu criado mudo, null o pegou, irritada, e então olhou no visor. Só podia ser coincidência null null ser o nome de sua chamada. null a olhou sabendo que era ele só pelo olhar da amiga, e se pôs a sair do quarto de fininho. null queria atender, mas ao mesmo tempo não queria, porque havia tecnicamente dito que não queria ter conhecido null, não queria ter o beijado e no final de tudo. Era mentira. Mas atendeu.

- Desculpa a demora – Ele ouviu a voz receosa dela.–
- Tudo bem – null respondeu, ambos pareciam desconfortáveis com a conversa. – - Você... Tem uma solução pra tudo isso? – null riu estranha fazendo null rir também, por poucos segundos. - null, não tem solução pra isso – Ele respondeu lentamente. null quis loucamente que ele estivesse ali para que pudesse parar de falar e só o abraçar. – - null, pra você é fácil falar. Mas eu... - Você não acha melhor conversarmos sobre isso pessoalmente? – Ele a cortou sério, fazendo null levantar uma ruga de dúvida. -Am?...Hoje? Quando? - Estou na frente da sua casa. Com null –

E aquilo foi o suficiente para que seu coração saísse do lugar como se fosse arrancado do peito da melhor maneira imaginável. null sentiu tanto, que poderia tatuar aquela frase em alguma parte do seu corpo. Era essa a sensação, a sensação que null amava sentir.

A menina desligou o telefone e saiu do quarto dando dois toques na porta de null. Desceu as escadas calmamente e andou toda nervosa até a porta. Não sabia por que estava tendo aquela reação, parecia uma garotinha de 15, não que fosse tão velha, mas já tinha tido experiências maduras para estar agindo daquela forma. null a transformava em outra pessoa, e era sobre essa pessoa que null ponderava se conseguia dizer não, sua outra ‘’eu’’.

Ela abriu a porta dando de cara com ele e null, o mesmo à olhou apertando os olhos e sorriu aparentemente forçado para ela lhe dando um beijo no rosto, null já estava parada ao seu lado mas também não parecia saber o que fazer com null. Nas trocas de olhares incessantes entre os quatro, Gabriel sabia que tinha que fazer algo, então deu um longo suspiro antes de falar algo.

- Am... Eu vou dar uma volta com o null. –null disse, piscando para null e dando dois tapinhas nas costas de null antes de deixar sua casa com null. –


Houve um silencio continuo por bastante tempo.


- Sua casa me traz problemas. – null tentou cortar o cLiama assim que haviam saído da porta de entrada, iniciando uma caminhada pelo quarteirão. - Você não foi o problema daquela vez. Fui eu – null respondeu o comentário de null ainda sem olhá-lo.
- Nós dois formamos um problema juntos. – null falou. null sentiu um buraco se formar em seu estomago depois disso. –

Ambos caminharam em silêncio por mais alguns minutos até encontrarem um parquinho entre duas quadras, ele estava vazio e talvez um pouco macabro, mas foi ali que null decidiu parar, não aguentava mais ficar perto de null sem dizer nada, sem fazer nada, estava angustiada. Seu peito batia estranho dentro do peito, e bom, não estava sendo fácil lidar com o perfume de null tão ali, perto dela. Todo esse misto de raiva, pavor e paixão por ele foram se acumulando o caminho inteiro, então, na sua súbita parada ela abriu os braços, antes de falar.

- Está indeciso se quer continuar ou não, não é? – null perguntou, viu null continuar de costas para ela e virar-se lentamente. - Eu não sei. – Ela o viu virar-se por completo, a olhando nos olhos. – Você quer isso? Você acha que devemos continuar? – ele se aproximou um pouco mais. – - Eu não sei. – null respondeu no mesmo tom, o fazendo suspirar novamente. null queria deixar null e parar com aquilo, mas ao mesmo tempo não queria. null era a única coisa que à estava deixando bem nos últimos tempos e não era fácil deixa-lo. Havia se apegado. Gostava dele. - Então não temos uma solução realmente pra isso – null respondeu sério, olhando para null.

Naquele instante, ele queria beijá-la, e ela queria beijá-lo. E só então eles perceberam que não havia outro jeito, eles queriam um ao outro e mesmo num momento como aquele, a única coisa que pensavam era naquilo. Pensavam em se beijar, porque sabiam que aquela era a solução. null era apaixonada por aquele garoto e havia admitido naquele momento para si mesma porque não conseguia pensar em consequências com ele. Não sabia e nem queria saber que rumo iriam tomar porque nada mais importava quando null estava em jogo. E null... null já havia admitido há muito tempo que estava apaixonado por null null, e a única coisa que passava por sua mente era sua resposta. Que no fundo, o amedrontava de maneira surreal.

- Tudo já aconteceu null, então que se dane. – a menina falou num súbito surto de recuperação de pensamentos jogados em sua mente; ele à olhou com os olhos arregalados, mas havia uma pequena ruguinha denunciando que null reprimia o sorriso. – Não vai fazer diferença agora se vamos ficar juntos ou não, eu só sei que não consigo enfrentar isso sozinha. - Então não vai. – null falou em seguida fazendo o coração da garota a sua frente relaxar e quase sorrir. – Eu estava esperando você dizer que precisava de mim, mas eu entendi o recado pelas entrelinhas – null gargalhou ao ouvir aquilo e null acompanhou.
- Você é um saco. – Ela rolou os olhos –

Ele a puxou envolvendo suas mãos à cintura dela, num gesto carinhoso, colando seus corpos novamente. A descrição perfeita para eles naquele momento era alivio, eles sentiram naquele momento a mais pura leveza do mundo. Era como se houvessem quebrado um vidro ou qualquer outra coisa que estava se pondo entre eles. Sentindo null perto de si novamente, era bom sentir que alguém estaria com ela naquilo além de null.

Seus olhos se fitaram intensamente, sem desviar o olhar nenhuma vez, ambos abriram um sorriso quase que no mesmo momento, levando null á aproximar sua boca na dele sentindo novamente o halito de null perto, não haviam palavras para explicar o que estava acontecendo com ela naquele momento, sentia-se onipotente, sentia que podia enfrentar tudo com null, ela estava apaixonada, estava realmente apaixonada.
Seu sorriso deu espaço para um beijo, que iniciou em poucos segundos. Eles sentiram aquilo mais do que qualquer outro beijo por que... Sabiam que estavam apaixonados e aquilo era o suficiente naquele momento. null subiu uma de suas mãos para as costas de null à fazendo arrepiar-se por inteira e sorrir durante o beijo enquanto ela para tentar revidar, levou suas mãos até a nuca do rapaz e arranhou aquela parte o fazendo ofegar e parar de beija-la apenas para olha-la de uma maneira fofa. E então retomaram o beijo, juntando suas línguas numa mesma sintonia, seu corpos estavam quase se fundindo, null arcou um tantinho para trás, mas null ainda lhe dava sustento, a mesma foi parando beijo segurando o rosto de null e com poucos centímetros um do outro, abriram os olhos.

- Vamos voltar – null sussurrou sabendo que sua respiração estava falha e seu estomago todo congelado, tentou recuperar aquilo. - Vamos – null sussurrou de volta lhe arrancando um selinho.

No caminho null pôs-se sem nenhuma vergonha a entrelaçar suas mãos ás de null, que achou totalmente estranho o ato de andar de mãos dadas com alguém. Ele alternou seu olhar de null a suas mãos entrelaçadas e ali viu que de alguma forma ele tinha simplesmente deixado se apaixonar pelo seu sorriso, null poderia de perto ser a garota da qual menos o faria importância pela forma de como tudo começou. null achava que se apaixonar era simples: Era o ato de se deixar se apaixonar por alguém; mas naquele momento descobriu exatamente o contrário. Ele não decidiu se apaixonar por ela em momento nenhum.

- Que gritaria é essa? – a menina ao seu lado sussurrou, mas foi o suficiente para que ele ouvisse, e alternasse seu olhar perdido nela, para a sua casa onde haviam acabado de chegar. - Eu nunca estaria com você por pena, cacete! – a voz de null parecia ser bem definida, null olhou para null de uma forma estranha, e ele parecia ter entendido o olhar. Eles caminharam para as escadinhas de entrada, mas não obtiveram tempo de subi-las, pois a porta de entrada foi aberta de súbito por null. - Vai embora! – null berrou da porta, null estalou os olhos, acompanhada por null, mas ambos não fizeram nada. - Então é isso que você quer? – ele gritou de volta para ela, null não chorava, mas parecia estar se segurando. – Por que eu não vou voltar pra você quando você estalar os dedos, null! Eu não sou idiota! – null se afastou dando alguns passos para trás, agora reparando que seus amigos estavam vendo tudo. - Eu conheço você null, e eu não quero que tudo isso passe e você simplesmente me deixe na porra da uma fossa só porque foi você quem provocou tudo isso – ela fez aspas e null riu de uma forma debochada realmente dando as costas para null que ainda mantinha um olhar triste. – - Escuta – null falou antes virando-se para null lentamente. – Você precisa parar de ser insegura e acreditar quando um homem prova que quer ficar com você, porque isso nunca acontece! – O menino fez uma pausa. – e se me conhecesse tão bem, saberia que eu nunca fiz isso pra garota nenhuma, mas se é isso que você quer, eu vou embora, e eu não prometo que estarei lá quando você mudar de ideia – ele terminou caminhando em passos duros para seu carro.



null sentiu null soltar suas mãos com delicadeza, fazendo um carinho quase imperceptível nela com a ponta dos dedos que se soltaram por ultimo. null observou aquilo como se tudo estivesse rolando em câmera lenta, e depois encarou null nos olhos, cheios de um cansaço psicológico. Ela podia sentir aquilo. E só então voltou a olhar null parada na porta da casa com uma das mãos na boca, seus olhos estavam nitidamente cheios de água, e com isso, assim que null tirou o carro, null viu null correr para dentro da casa, e sem pensar direito foi atrás dela, parando no meio do corredor tentando pensar direito no que falaria para a amiga.

- O que aconteceu aqui? – uma voz soou por trás de null, logo ela soube que era seu pai, então virou-se lentamente para olhá-lo. –
- Uma briga. – null respondeu tristonha, botando uma das mãos na cabeça. John arqueou a sobrancelha. –
- O que?
- null e null brigaram. – Ela deu outro suspiro. – Só que você conhece a null, sabe que ela é teimosa. – John abriu um meio sorriso. –
- Bom, quando se trata de amor, ninguém sabe o que realmente acontece. É uma incógnita. Mas eu acredito que o que quer que tenha acontecido não seja motivo suficiente pra eles deixarem isso acabar. Nada vale uma desistência. A não ser que não seja realmente importante. –


null analisou a feição calma do pai, processando suas palavras, e depois assentiu positivamente o agradecendo com o olhar. Ainda não estava falando direito com ele, mas aquela parecia ser uma boa reconciliação.


- E o que você sugere? – Ela cruzou os braços, vendo o pai a olhar. –
- Eu não sei. O que você faria?

null apenas andou até a cozinha se deparando com null, colocando sorvete em uma taça com toda brutalidade do mundo, ela observou aquilo por alguns segundos, talvez tendo esperança de que null soltasse aquela maldita colher e começasse a soltar todos os insultos e tudo para fora. Mas ela apenas suspirava de segundo em segundo, sem dizer absolutamente nada.

- Para com isso, para! – null se irritou e caminhou até null tirando a colher de sua mão. A amiga a olhou com os olhos vermelhos, todos cheios de água. – - Me deixa, eu quero tomar a porra desse sorvete. – null disse com a voz tremula tentando pegar a colher de null, mas a menina se esquivou e parou a uma distância considerável cruzando os braços. - Por que você fez isso? Por que você o mandou embora? – null perguntou com um ar severo encarando null; ela se apoiou no balcão com as duas mãos, e jogou seu olhar para baixo olhando para os pés, só então null pode perceber que null havia começado a chorar, seu peito apertou. - - Porque era isso que ele queria! Eu não queria que ele tivesse a obrigação de estar comigo só porque ele acha que causou isso, null!– a voz da menina estava tremula e totalmente desestabilizada. null suspirou, fundo, andando para perto de null que agora chorava baixo, fechando os olhos com força. - Ele nunca faria isso; - null passou a acariciar as costas da amiga, tentando conforta-la – ele é um pegador null, e você sabe quando é que um pegador, que tem todas as seus pés, declara que quer estar ao seu lado? – indagou calma, olhando diretamente nos olhos de null, a amiga encarou-a com os olhos molhados. – Quando ele realmente se importa. – null respondeu a própria pergunta, suspirando fundo no final. –

null desatou a chorar no mesmo momento, mas não alto e nem exagerado; Sentindo null acariciar seus cabelos, tentando passar todo o conforto, como sempre fazia, mas nem assim, aquela coisa ruim que estava sentindo, passava. Ela ficou por um tempo, ainda curvada sobre o balcão, chorando baixinho, até que tomou fôlego para falar algo.

- Eu sei que fui totalmente insegura e idiota, mas você acha mesmo que ele iria me aguentar ao lado dele? – soltou, em meio ao choro. – - Ele disse, não disse? – null perguntou e null apenas à olhou séria. – E se ele disse, ele vai cumprir; conhecendo o null a cinco meses dá pra ter uma ideia de como ele é fechado. Fala sério que você deixou esse oitavo pecado capital escapar! – null riu abafado, pelo nariz, o que fez null sorrir junto. – Você precisa falar com ele. - Ele não é tão fácil de lidar quanto você pensa. – null respondeu Liampando os olhos. - Mas você sabe exatamente como domá-lo – null piscou para null ajudando-a a Liampar as lágrimas.


***


null acordou de súbito, abrindo os olhos com brutalidade, e logo depois ao perceber que já era hora de levantar e ter que ir a luta, virou-se mal humorada, escondendo-se entre suas cobertas e travesseiros. Seus dias estavam sendo tão cansativos! Aquelas duas semanas haviam sugado sua energia vital; Porque não aguentava mais aqueles olhares, cada um deles a tirava do sério, e mesmo que null estivesse lá, era sempre a mesma coisa, era chato. Isso realmente a irritava ao extremo, mas bem, o que foi feito, foi feito, e ela tinha que enfrentar isso. Cinco minutos depois ela levantou, jogando todas as cobertas de cima de seu corpo, e entrou no banho por mais cinco minutos, só pra acordar. Colocou seu Jeans skinny que iam até um pouco a cima de seu tornozelo, uma blusa de plush de mangas longas e sua blusa de moletom cinza, por fim um par de tênis vans preto, totalmente simples, e foi. Ainda afofando os cabelos durante o trajeto. Passou pelo quarto de null, a porta estava entreaberta; achou estranho, então desceu as escadas rapidamente num trote, se esgueirou para a cozinha onde também não havia ninguém, mas estava com cheirinho de waffles do Bertram, que de certa forma à confortava um pouco toda manhã, ouviu algumas vozes e risadas, já sentindo seu corpo tremer e então se deparou com null e null tomando café, rindo de alguma coisa.

null parou com as duas mãos no batente da porta, e encarou diretamente null com a boca entreaberta. Os olhos dele sorriram para ela, a deixando completamente avulsa do tempo por alguns segundos, e só então depois de null estalar os dedos, ela voltou a realidade.

- Bom dia, cinderela – A amiga olhou para null, enfiando um big waffle de Bertram na boca.- - Tão cedo acordados? – null disse por fim, indo sentar-se ao lado de null, mas antes que ela pudesse sentar o menino à puxou lhe dando um selinho inesperado e ela sem nem hesitar lhe devolveu um beijo carinhoso em troca. - Resolvi passar aqui pra irmos à escola juntos – null respondeu deixando-a sentar-se ao seu lado. Bertram os olhou de soslaio e encarou com seriedade aquele beijinho totalmente afetuoso de ambos. Porém não disse nada, apenas serviu null. - Onde meu pai está? – null perguntou sem encarar Bertram, enfiando igualmente a null, um Big Waffle na boca. - Saiu para ver alianças com Mrs. Jackson – O homem respondeu apertando os olhos para null como se dissesse “É, eu sei, que nojo”, mas ela apenas desviou o olhar e respirou fundo levantando-se da cadeira. - Ugh. - null soltou, levando seu café na boca. –
- Você tá linda hoje. – null ouviu null sussurrar em seu ouvido; Todo seu corpo se arrepiou com a frase. A menina envolveu o rosto de null em suas mãos e voltou a beijá-lo com uma serie de selinhos e pequenos sorrisos. Seu coração parecia estar soltando rojões dentro do peito. –
- Pessoal, eu to aqui, por favor, não façam isso na minha frente. – null chamou a atenção deles. –
- null, você tem sérios problemas mentais. – null soltou de null, voltando a tomar seu café, e viu a amiga espichar a língua para ela. –
- Quem tem sérios problemas é o tio John.
- Eu tenho permissão pra concordar com isso? – Bertram disse baixinho, fazendo null e null soltarem um riso e acenarem positivamente á ele. – Vocês têm dez minutos pra chegarem á escola, melhor irem indo.
- Só dez minutos? – null perguntou atônito, já levantando-se da cadeira; Ambas seguiram a ação dele. –
- Agora vocês têm nove.


Aquilo fora suficiente para os três saírem em disparada da casa, enquanto as duas fizeram uma pausa em Bertram para lhe darem um beijo de despedida. Ambas correram até o carro junto com null e assim que o fizeram, assim que o carro ligou, um silencio tenso pairou no ar.
Os olhares eram os mesmos. Pânico. Por mais que null não quisesse admitir que estava quase cagando na calça ao pisar novamente naquela escola, seria diferente, agora iria com null e ia acabar socando todo mundo por olharem de cara feia pra ele. Ele odiava isso.
O caminho até a escola foi tomado pelo silencio. A música baixinha soava no carro, mas não surtia efeito em um nervosismo compartilhado por três pessoas. Vez ou outra para aliviar, o garoto trocava olhares com null mexendo na unha como se nada mais fosse importante, era possível notar seu desconforto ao ter que ir, mas pra piorar, com null.

Ele estacionou o carro e suspirou todo o ar que mantivera preso em seu peito durante o trajeto todo, logo depois seu olhar encontrou o de null no banco ao lado, e então virou-se para trás vendo null comprimir os lábios e abrir a porta do carro pondo-se para sair. Os olhares pararam neles. Todos os jogadores, cheers e grupos que estavam por perto passaram a acompanhar os três parados no carro de null. O menino parou para olhar tudo aquilo em segundos; não queria que olhassem daquela maneira para ela, não queria que à olhassem como olhavam Sam, todo aquele misto de sensações ruins que sentia por ver aquilo foi tomado rapidamente em sua mente.
null estufou o peito e caminhou para o outro lado do carro se pondo ao lado de null para andar, ele notou que ela andava de cabeça baixa sem encarar ninguém, sua raiva apenas aumentava por aquelas pessoas. O que elas tinham a ver mesmo com suas vidas? Por que olhavam daquela maneira nojenta para eles? Bandos de filhos da puta. Era isso que eles eram, um bando de filhos da puta. null sem hesitar agarrou a mão de null e ás entrelaçou, a menina suspirou fundo e retribuiu o aperto de mão, ele via o quanto ela estava nervosa, suas mãos estava suadas.
null se punha atrás de ambos também andando de cabeça baixa, encontraram null parado de braços cruzados em um lugar isolado sentado como se fosse totalmente invisível. null teve pena dele e null queria correr e abraçá-lo, mas sabia que isso não era nem um pouco fácil. Ele caminhou para onde eles estavam e sorriu de uma forma triste para todos ali, encarou null por longos segundos e juntos caminharam em silêncio para dentro do colégio.
Tudo estava sendo tão estranho. As portas se abriram e única coisa que sentiam era repulsa de toda aquela gente, nenhum daqueles olhares era bom, e se não havia deboche, havia inveja. null olhou pela milésima vez no dia para null e viu o quanto seus olhos transpassavam vergonha, talvez não vergonha mas algo que ele não sabia decifrar; E a única coisa que passava por sua mente quando a via daquela forma era que queria mostrar que estava ali com ela, se soubesse que ela havia ficado assim todos os dias da semana com toda certeza teria ido antes para acompanha-la até a escola.

- Minha aula não é com você hoje. Nenhuma delas. – Ela a ouviu dizer, quando pararam em frente ao seu armário. - Nos encontramos no intervalo. – null a olhou com cumplicidade beijando o topo de sua cabeça. – Relaxa.
- Bem, o que mais eu poderia fazer? – null sorriu olhando null de baixo pra cima; Sem dizer nada ele lentamente fez caminho para os lábios dela. Estava pouco se lixando sobre os olhares que brotaram quando aquilo aconteceu; Só a beijou. E queria que naquilo, ela soubesse que não estava sozinha, que ele estava ali. –
- Você vai se atrasar. – null sussurrou durante o beijo dos dois, null deu outro selinho nela. null sentiu o rosto sumir ao notar o tanto de pessoas os olhando. –
- Tudo bem. – Ele assentiu, soltando-a delicadamente. – E qualquer coisa é só... – Ele gritou no corredor, fazendo um gesto de ‘’ me liga’’ enquanto a via fazer caminho para sua sala. Logo passou o olhar em cada um que ainda o encarava, cheio de ignorância, e voltou a olhar null. –
- Ela realmente não está nem aí pra mim. – null falou para null tentando não ligar para tanta gente o olhando com cara feia. null realmente fingia muito bem, pois não estava nem aí pelo que parecia. - Não mate, ela pensa que você não está nem aí. – null se pôs a andar, com o peito estufado até pararem em frente à sala onde seria a aula de ambos; quando olhou para null reparou quem sua expressão formava um ponto de interrogação. - Cê tá falando sério? Só pode ser brincadeira né! – null ralhou. – Eu estava lá dizendo que á queria, e o que ela fez foi me expulsar da casa dela!
- Você sabe que não é muito bom com palavras null. – null comentou vendo null contorcer o rosto em desaprovação. –
- O que mais ela queria eu fizesse? Eu aguento todo santo dia a cara de bunda fedida do null porque nós supostamente o traímos mesmo que eu não soubesse quem era ela. E ainda assim, correndo risco de nunca mais ter meu melhor amigo de volta, eu quero aquela garota mais do que tudo! O que pode ser mais que isso?


null viu null tornar o olhar por cima dos ombros dele, já deduzindo que havia alguém atrás dele; por isso null virou lentamente para checar, e viu null e sua cara de ‘’bunda fedida’’ os olhando. Mesmo que sem querer, uma tensão brutal se formou entre eles. Uma nuvem nebulosa e quente fez com que os quatro (Porque null estava bem atrás de null) travassem um tipo de luta ocular. Se null pudesse soltar raio laser, com toda certeza, null estaria morto.
Mesmo assim aquilo não durou mais do que cinco segundos, em vista de que null passou esbarrando por null para entrar na sala, o fazendo querer socá-lo, e null passar por null sem ao menos o olhar na cara.
null podia ter levado aquilo como uma boa reação. null não havia o enfrentado. Mas no fim, seu coração se partiu ao meio ao reparar no olhar triste e quebrado ao reparar nele.






Naquelas duas semanas anteriores, em que eles haviam finalmente descoberto sobre a traição, null e null não haviam dado noticias. A preocupação de null era tanta, que, como eles eram um grupo e amigos, null e null eventualmente ficavam sabendo também. null não deveria se importar e sabia disso, estava bem ao lado de null, por incrível que pareça, ela estava o conquistando tão aos poucos que há um tempo, era impossível imaginar que null estivesse tão apegado e confortável com aquele sentimento gradual que crescia nele. Ele queria, queria muito que isso fosse o suficiente, não tinha aversão a amor, ou paixão, sempre pensou que algum dia isso iria acontecer, mas, o que o deixava encafifado, era com quem. Justo por ela. Só de pensar nela, já vinha todo o resto das consequências depois. Todo o cansaço por null, e a culpa por vê-lo ruim. Aquilo não deixava as coisas irem pra frente. Era disso que ele falava. null queria com todas as forças que seu bem estar com null fosse o suficiente, mas não era. Olhar null todo o santo dia, e saber que ele estava sofrendo mais do que o normal por ninguém mais que ele, o deixava muito pior ainda.



- [...] Mesmo não achando que isso vá fazer alguma diferença para vocês, vou dar um terceiro aviso sobre o trabalho oral sobre sexualidade – Megan, a professora de anatomia humana gritou antes de todos os alunos saírem da sala.


null sentia cada vez mais vontade de sumir. Provavelmente não existiam mais cores em seu rosto. Era a quarta aula que enfrentava com Estacy e Samantha; Seu corpo já não aguentava mais tanta sensação desgastante de, ouviu ambas zombando seu nome, e ter que ignorar aquilo. As risadinhas, as caretas, as piadinhas. null já não aguentava tudo aquilo. E não, não era o tipo de brincadeira saudável, que dá pra aguentar. Não era nada agradável vê-las perguntando para pessoas que não tinham nada a ver com ela, se por um acaso, null já tinha os pegado. Era o cumulo. Era uma puta falta de respeito, mas o que ela podia fazer? null aguentou calada todas as aulas, sempre respirando fundo, mesmo que aquele mal estar a sufocasse.


- Aposto que null e null vão tirar dez! – Estacy debochou em resposta olhando com um sorriso de puta para as duas meninas, null parou na porta e olhou com toda a raiva do mundo para Estacy. E como dizia null, se tivesse uma metralhadora faria milhões de furinhos na cara dela. - Não seja inconveniente, Estacy – Megan reprovou a menina passando por null e lhe lançando um olhar tão compreensível que no momento null queria abraçar Megan por ser a única a não olhar para ela como uma puta. – Não se esqueça do trabalho. – Megan sussurrou para null fazendo sinal para que saíssem da sala. - Eu podia jurar que socaria a cara daquela... – null aspirou todo o ar que conseguiu tentando realmente não explodir, voltar lá, e amassar a cara de Estacy. - Foi por um triz. – null respondeu assim que entraram no refeitório.
De imediato avistaram uma mesa onde havia apenas um garoto vestido com o uniforme do time, um wide receiver sozinho numa mesa? Só podia ser quem realmente estavam procurando. Sentiam-se culpadas por tê-los afastado de tudo que ambos mais gostavam, null adorava jogar, e jogava muito bem, null também, se sentiam piores ainda por terem separado melhores amigos. Há quanto tempo null e null se conheciam? Dois Anos? Segundo null, se conheceram numa festa de uma fraternidade e desde então se tornaram amigos por jogarem futebol, mas ela acabou com aquilo; no momento em que passaram pela mesa dos jogadores, todos ás acompanharam com o canto de olho e seguiram olhando a até ambas chegarem a mesa onde null estava sentado.


- Então? – null acompanhou null sentar-se ao seu lado e null sentar-se a sua frente. - Vou ser expulsa qualquer hora se não mudar meus horários. – null disse com raiva encarando o celular em sua mão. - Samantha? – Ele perguntou com uma voz calma. – - Estacy. – null respondeu sem delongas fazendo null suspirar. É claro, o bando de vadias iria entrar na jogada. O que elas mais gostavam era humilhar alguém. – Mas onde está null? - Ele e eu nos separamos na terceira aula, mas acho que ele deve estar chegando. – null comentou virando-se para null.

Seus lábios reprimidos e sua feição meio para baixo pediam para que ele fizesse alguma coisa. Era até meio gay a forma como ele queria pelo menos arrancar um pequeno sorriso dela, por isso em um gesto rápido ele colocou seus lábios nos dela sem nenhum contato de línguas, sentiu necessidade daquilo. Em segundos ela sorriu de uma maneira singela olhando diretamente em seus olhos, aquilo o levou à um universo paralelo onde ele sentia que poderia olhar para aquele sorriso por horas. null fez o mesmo, voltando a dar outro selinho nela, e outro, e outro, e poderiam continuar ali se afagando, se não fosse por null, que deu um tapa na mesa fazendo os dois a olharem de súbito, com os olhos arregalados.

- Ai. Meu. Deus. – null gaguejou olhando em direção ao centro do refeitório.


De imediato eles olharam para a mesma direção, demorando um pouco para reparar que null estava parado bem ao meio, e quem estava parado a sua frente era null. null sem nem pensar direito já havia se levantando e com isso, null e null o acompanharam em pânico. null sentia seu peito bater brutalmente no corpo. Suas pernas estavam ficando moles a medida que elas chegavam mais perto da pseudo confusão.

- Você quer briga, null? – null olhou sinicamente para null que sem querer – Ou pelo querer de null – Havia esbarrado nele. –
- Eu não vou brigar com você, null. – null soltou um riso debochado e balançou a cabeça negativamente caminhando para longe de null, em direção à mesa onde null, null e null deveriam estar. - Agora o traidor quer se passar de bom samaritano, é isso? – null ouviu por suas costas null rir batendo palmas. – Isso te faz sentir melhor null? – o menino fez uma pausa – Sinto em dizer que isso não muda o quão filho da puta você é! – O tom dele havia mudado completamente de uma frase para outra, dessa vez ele disse com raiva. null voltou seus passos e encarou null de perto, sem medo nenhum e até com um ar de arrogância. – Mas acho que eu não perdi nada tendo em vista da vadia que era minha ex-namorada.

null parou imediatamente de andar, estava bem atrás de null, porém não sabia o que fazer. null parou junto com a amiga encarando null com raiva, muita raiva; ela conhecia null, e conhecia todos os seus trejeitos, mas se referir a null daquela maneira? Ele mesmo sabia que ela não era. Porque se fosse, que diabos ele estava fazendo come ela aquele tempo todo? O que haviam se tornado os ‘’eu te amo’’? null mais do que ninguém deveria conhecer null dos pés a cabeça, cada detalhe. Aquilo fez null sentir seu coração cair e se esborrachar no chão, seu nariz formigou, tornando seus olhos cheios de lagrimas. null quis matá-lo.

-Cala a porra da sua boca! – null disse forte para null, não muito alto, mas assustador, suas veias do pescoço estavam totalmente saltadas e, isso não acontecia com muita frequência. null se pôs ao lado de null para segurá-lo, antes que ele fizesse uma merda total e também olhou null com todo o desprezo que conseguiu. - Já que é parceiro por parceiro... – eles ouviram uma voz conhecida, e logo null aparecer ao lado de null, pela primeira vez, null deu o ar da graça em frente a todos dizendo alguma coisa, seu rosto estava pálido e suas olheiras aparentes, null se sentiu mal vendo aquilo. – Oi null. – Ele disse sério. null o olhou com seriedade matutando: que merda null queria com aquilo? - null... – null murmurou para o menino que não deu ouvido a ele. - Usando muito meu ex-brinquedinho? – null sentiu o sangue pulsar, e seu coração começar a bombea-lo para matar alguém. null era calmo, por isso usou todo o seu bom senso para bloquear aquela raiva destrutiva que estava sentindo por null porque se não, provavelmente acabaria com ele. –
- Para com isso tudo bem? Nos deixem em paz. Vem null. – null respirou fundo, tentando puxar null, null começou a rir, e com isso, chamou a atenção de todos no refeitório. –
- É isso? – Ele arqueou a sobrancelha com os olhos vermelhos. – É isso que você faz? – Pausa. – Você pega minha ex-namorada pelas minhas costas, e aí quer ser o bom amigo?
- Eu não quero ser ninguém null. Quero ficar na minha e sugiro que você fique na sua. – null sentiu o sangue esquentar da mesma forma que null, travando o maxilar e punhos com raiva de null, por um segundo todos puderam ver uma quase fumaça sair dos ouvidos dele. –
- Você foi tão homem pra pegar minha namorada, mas foge de uma conversa tão simples como essa? Vamos lá! Nos conte como foi ter transado com ela nas minhas costas!





null abriu a boca, logo levando as mãos até a mesma, vendo null cerrar os punhos de raiva, muita raiva. null não considerou mais nada depois daquele momento, o resto de sanidade que seu corpo tinha em relação a null havia se esgotado em um por cento. Era possível ver suas veias saltadas nos pulsos e antebraços, por segurar toda sua raiva, para se segurar. null respirava rápido e pesado, null conseguiu sentir a tensão de suas costas subirem e descerem com rapidez, seu coração começou a palpitar de segundo em segundo, já prevendo o inevitável se null não ficasse quieto.

- Cala a boca, null, antes que eu faça isso por você. – null disse a null, entredentes, o mesmo riu abanando a cabeça negativamente, deixando aparentemente claro que, não estava nem aí.
- null, vamos sair daqui, por favor. – null tentou puxar null, apavorada com a situação.
- Ah que bonitinho! – null sorriu com raiva. – Você devia me agradecer por ter feito o trabalho pesado... – null olhou o garoto sem entender, null apertou as mãos em nos braços de null que no momento pareciam duros como pedra. null tinha que calar a boca. – Sabe o que eu quero dizer... – Ele riu de forma nojenta – Imagina como seria chato se eu não tivesse a desvirginado e ensinado tudo que ela sabe e fez com você?


Antes mesmo de null conseguir terminar a sua frase, null voou nele, ninguém sabia como, mas em segundos o menino foi parar com as mãos no colarinho de null; Todos ouviram um grande estrondo, e várias pessoas se afastarem, fazendo ruídos como de surpresa e ao mesmo tempo incredulidade, e null, na tentativa de tentar ajudar, acabou sendo esmurrado por null também.
null, por sua vez, continuou parada na mesma posição. Ótimo, mais uma pro seu visto de vadia da escola; não que isso fosse demais, mas, qual era, qual era o direito de null ao dizer aquilo sobre ela, a expor de maneira tão íntima, tão intima de ambos! Seu corpo estremeceu de raiva e angustia sobre ele, o buraco que havia em seu peito parecia ter sido aprofundado com aquela cena. Seu corpo por dentro parecia ter virado um imenso vazio oco, que por sinal, nem lagrimas haviam se formavam. Não havia mais nada lá, só uma sensação ruim impossível de ser descrita. Por três segundos ela paralisou, e logo voltou a encarar null e null se socando, e null e null sendo já separados.
Em pânico null começou a dar passos largos, quase correndo, até null e null, seu corpo ficou mole e suas pernas pareciam fraquejar a todo segundo, mas aquilo tinha que parar, null ouvia os gemidos de ambos e aquilo só a machucava mais, seu coração estava a mil, ela não conseguia respirar, queria gritar.

- PAREM! PARA COM ISSO! – null gritou, dando mais passos rápidos até eles. – VOCÊS VÃO SE MACHUCAR, PAREM COM ISSO PELO AMOR DE DEUS! – A segunda frase foi seguida de um choro compulsivo, e logo, uma dor horrível em seu abdômen. –


Suas pernas saíram do chão e por segundos, null não viu mais nada, ela se debateu por dois segundos no ar pelo impulso em que pessoa dera para impedi-la de chegar até os dois brigando, foram dois segundos que pareceram ser uma eternidade, tudo começou a rodar em slowmotion, e só o que ela viu nítido após aquilo, fora o rosto de null a segurando com os olhos indecifráveis, assustado assim como ela, null apertou null contra seu corpo pedindo calma, mas ela não ouvia. Sua voz transpassava a de null, chorando um tanto alto. null sentiu null a abraçar por inteiro enquanto seus soluços não cessavam. null fechou os olhos acariciando seus cabelos e pedindo calma, só a soltando quando o tumulto tinha passado, quando os quatro foram levados para a direção.
Após aquilo, ela procurou null desesperada. A amiga estava sentada em um dos bancos, com o rosto afundado nas mãos. null correu até lá com null em seu encalço e sentou-se ao lado da amiga acariciando suas costas por longos segundos. null ficou ao lado dela fazendo o mesmo, e por aquele tempo, eles continuaram em silencio, recuperando-se daquela loucura.

- null null e null null? – A senhorinha, com cabelo chanel e uma roupa até que despojada para uma velha de 50 anos, as chamou, era a diretora Morrison, mas conhecida como Olivia Palito. – Me acompanhem. – Ela virou as costas olhando de canto para ter certeza de que as duas a seguiam.


null, null, null e null já haviam sido levados pelos monitores para a sala da diretora a algum tempo quando null e null chegaram por lá. null sentou-se sozinho em um dos bancos do lado de fora, e antes que null entrasse na sala, ela o olhou, seu nervosismo era nítido. null havia avisado, e o olhar dele ali, a fez querer se bater, por isso null andou até ele vendo o garoto levantar novamente pela sua chegada.
- Me desculpa. – null disse segurando o braço dele. – Você me avisou. E obrigada por tudo.

Ele girou o olhar para null que no momento não sabia distingui-lo, mas não disse nada, ele olhou no fundo de seus olhos por pelo menos cinco segundos, e com um gesto lento beijou a testa da mesma lhe causando um arrepio interior. Novamente seu coração resolveu bater lentamente. Mesmo que o beijo de null – Na testa – Sempre fosse confortante, aquele não passava nada disso, e ela se sentiu muito pior.
Os garotos saíram da sala logo em seguida, null estava todo machucado e passou a encarando sem nem disfarçar, null tinha o canto da boca sangrando e null parecia estar um pouco pior já que null era bem forte; o canto de seu olho estava cortado, e o canto da boca havia também um machucado visível. null não encarou null por muito tempo, enquanto ela ainda o olhava, sentia raiva, tanta raiva que poderia até descontar nela, então resolveu tentar relaxar e se acalmar.

null e null entraram na sala da diretora já sabendo que iriam ouvir sermões e mais sermões, então estavam na cabeça que não iriam dizer absolutamente nada, apenas escutar Morrison falar e falar sem parar. Quando entraram na sala repararam que a feição dela não era nem um pouco animadora, ela tinha as mãos entrelaçadas em cima da mesa com a boca formando um biquinho irritante, diga-se de passagem.

- Sentem-se – Morrison pediu com uma voz nada amigável. Assim que as meninas o fizeram, a mulher ainda ficou um tempo em silêncio. – Vocês estão cientes de que causaram tudo isso, certo? – Ela perguntou. null e null apenas abaixaram os olhares, não a encarando. – Eu realmente não esperava isso vindo de vocês duas, vindas de uma índole familiar tão ótima como a dos null. - É parece que surpreendemos a todos. – null pronunciou-se. Sentiu-se afetada com aquele comentário, ele saiu involuntariamente, realmente elas haviam feito algo errado, mas Morrison não sabia de metade da história, só dos comentários. - Isso não é motivo de orgulho null. – A mulher esbravejou para cima de null que logo sorriu passando a língua entre os dentes. Mas é claro que não era. – A imagem de vocês nesse colégio está com certeza muito suja, e consequentemente sujaram a imagem do meu colégio, por um mero capricho adolescente. – Aquilo realmente fora a gota d’água para null continuar ouvindo toda aquela baboseira, como se ela realmente entendesse o que aconteceu. - Capricho, Sra. Morrison? – null se ajeitou na cadeira, passando todo o seu ar de irritação a mulher, que como ela, se ajeitou na cadeira também. – Você fala isso como se realmente soubesse do que aconteceu,mas como uma boa diretora, você deveria estudar muito mais os boatos que rolam por aí, e sobre as verdadeiras histórias.– A menina ralhou realmente irritada com Morrison, que tratou aquilo como um desacato à ela, e arqueou uma das sobrancelhas ironicamente. - Escute null, eu não digo que nessa escola não existem meninas ‘’sem vergonha’’ – Ela fez aspas com os dedos. – Mas nenhuma delas causou tanto como vocês em tão pouco tempo. – A mulher suspirou,null abanou a cabeça negativamente sorrindo totalmente sarcástica enquanto null seguia seu ato. – Uma coisa da qual eu prezo nessa escola é sempre ser a melhor, mas com isso... – a mulher suspirou – - Então veja isso pelo lado bom senhora Morisson... – null levantou da mesa totalmente fula da vida com a velha, sem querer nem mesmo escuta-la. – Você saiu no lucro! Toda escola tem uma vadia, no seu caso, você tem duas. – Ela falou irritada, e antes de sair, parou na porta – O colégio continua no topo em alguma coisa.

O queixo de Morrison parecia ter ido parar no chão ao ouvir aquela frase, seus olhos se arregalaram em completo desentendimento; null ainda não havia acreditado que havia falado aquilo, mas falou. null não conseguiu segurar o riso antes de sair da sala, detenção pelo resto do ano? Talvez. Mas não se arrependia de ter dito aquilo, sabia que era pura rebeldia e que se seu pai soubesse talvez à mandasse para o Brasil, uma das coisas da qual John null sempre prezava era a educação, mas dessa vez, Morrison pediu para ela ser mal educada.

null abriu a porta com rapidez se esgueirando para fora daquela sala e null fez questão de dar um tchau irônico e, de brinde um sorrisinho sem mostrar os dentes. Ao fechar a porta deu de cara com null encostado em uma das vigas do corredor e null, sentado em um dos bancos estofados, com uma cara de dor de dar pena.
null pela segunda vez abaixou o olhar ao vê-la, ainda não estava tão recuperado; Aos poucos, o perfume que ele já conhecia se instalou no ar, e ele viu uma sombra a sua frente, mas ainda assim, não á encarou de primeiro instante, aos poucos, ele foi lutando contra si próprio, para olha-la.
- Porque você fez isso, null?– Ela perguntou, assim que seu olhar encontrou-o com os dela, e sem ter tempo de responder ela continuou – Você não precisava fazer isso! – A menina suspirou irritada – Adiantou alguma coisa? Não. Só talvez, um mês inteiro de detenção pra você. – null disse brava para null, o mesmo se remexeu irritado, sua boca estava dolorida, e uma parte de seu rosto também, e das mãos. Só agora começava a sentir os efeitos colaterais da briga, e ela percebeu isso. – Olha pra você, tá todo machucado por nada! – O tom da voz dela se tornou penoso, e preocupado; Por isso, null ficou com raiva, se controlou novamente, não havia sido por nada, e por mais idiota que a resposta fosse, havia sido por ela! – - Por nada? – O menino questionou totalmente perplexo, enquanto null tentava tocar seu machucado, ele afastou as mãos dela, totalmente irritado. – Você ouviu o que ele disse sobre você? Ele merecia meus socos e muito mais! Aquele filho da puta do caralho, eu podia... – null levou novamente as mãos fechadas em punho até a boca; A garota de imediato levou seu olhar para os machucados que ele tinha, e logo depois tentou tocar, null se esquivou denovo. – - null... – Ela falou o nome dele calmamente, tentando toca-lo novamente, ele desviou de sua investida outra vez, null voltou a olhar em seus olhos; – Eu não preciso que você faça isso por mim! – ele sorriu de lado todo sarcástico sentindo mais uma vez, uma fisgada dolorida em seus lábios – Eu só preciso que você fique comigo, do meu lado, entende? – Ele ficou a encarando fixamente, sem tornar o olhar para nada.


null sentiu o olhar de preocupação que ela emitia, e, aos poucos, foi amolecendo, porque queria beija-la, tudo que ela fazia era motivo para querer beija-la, era um tipo de vício; assim que abaixou a guarda, sentiu as mãos delicadas da menina lhe tocarem, tocarem seus machucados nas mãos, analisando com paciência aquela parte, fazendo pequenos tipos de carinho naquela parte.

- null... – Ele chamou a atenção dela, e novamente, ela voltou a olha-lo com aquele olhar preocupado, ainda segurando suas mãos. – - É o suficiente. – null o cortou. O Olhando no fundo dos olhos; Ela subiu uma das mãos para o machucado de seus lábios, e passou a ponta dos dedos ali, também com total delicadeza, e voltou o olhar para seus olhos. –
Em poucos segundos, null aproximou seus rostos a uma velocidade mínima, não sabendo se null realmente iria deixa-la beija-lo, mas era lógico que ele não iria negar null null, e ela deveria saber disso! Seus olhos foram instantaneamente parar nos lábios da menina, ele queria chegar logo até lá, talvez os lábios dela fossem o calmamente dele o tempo todo.

As mãos dela ainda não haviam saído de seu rosto, ela segurava o segurava com firmeza, porem, sutil. null levou uma de suas mãos machucadas para a cintura da menina acariciando aquela parte, entrando pela fresta que a camisa dela deixava, null arrepiou-se com as mãos geladas dele; era uma pegada diferente, null não era bruto, e nem precisava, a forma como ele à tocava era diferente.
E quando finalmente seus lábios se encontraram em um beijo calmo, sem contato de línguas ainda, null sentiu a merda da dor lhe incomodar, não era insuportável é claro, mas o fez fazer cara feia e fazer um barulhinho estranho de reprovação.

- Tá doendo? – Ela perguntou ainda com seus lábios nos dele, de olhos fechados. – - Um pouco. – null respondeu, também de olhos fechados. Ele sentiu ela lhe dar um último selinho, e logo se afastar, fazendo que as mãos dele, que haviam se apossado de sua cintura por dentro da blusa, se arrastassem por ela

– Eu não quero mais ficar aqui. Vamos embora? – null sugeriu finalmente abrindo os olhos, então reparou que ela não prestava atenção nele, e sim, em null e null, se beijando, no que parecia ser uma reconciliação, e então viu null sorrir, e voltar o olhar para ele. - Eu sabia! – null suspirou e depois voltou à olhar null. – O que você disse? -Que eu quero ir embora.– null repetiu. –
- Claro. – null voltou até ele, o abraçando pela cintura. – Temos uma sessão cinema hoje, na minha casa. – null olhou para cima, encarando null. –

Ambos tornaram a andar juntos e abraçados em passos lentos pelo corredor enquanto esperavam null e null os alcançarem, nesse tempo eles se curtiram em silencio. O cheiro de null a fez relaxar e por aquele instante, esquecer-se das milhares sensações ruins que havia tido naquele dia. null só ficou quietinha pensando e pensando enquanto null a abraçava com ternura; Se pudesse ela eternizaria aquele um minuto de paz que estavam tendo.


- Sabe que... – null começou, parando no meio do corredor, null espremeu os olhos já esperando a gracinha, só pelo olhar que ela lançou. –
- Lá vem... – null disse e null riu. –
- Escuta... – Ela disse de novo, brincando com o olhar de null. – null se machucou mais do que você certo?
- Bom, eu acho que sim? – null disse incerto, cruzando os braços em seguida. null mordeu os lábios. –
- Então eu estou me perguntando: como ele conseguiu beijar null sem nenhum empecilho. – null começou a rir não muito alto, mas riu gostoso, fazendo null o acompanhar, e de susto, a puxar para ele, que começou mordendo o lóbulo de sua orelha. –
- Você está descontando a culpa em mim por estar machucado e não conseguir te beijar null? – Ele sussurrou no ouvido dela. null sorriu mais uma vez, apertando a nuca de null com aquilo. –
- Eu só senti inveja alheia. – null brincou. null voltou a olhá-la, dando dois selinhos demorados, mais parecidos com chupões em seus lábios, e depois beijou o rosto dela, e pescoço. –
- Fique sabendo que isso não é necessário. Eu já vou voltar à ativa. – ela sentiu o nariz dele roçar em seu pescoço – E eu realmente espero que essa inveja seja ligada a mim, e não a null. – O menino falou, percebendo que os amigos haviam chegado até eles. null gargalhou e se aninhou á ele outra vez. –
- Olha, o null não é de se jogar fora. – Ela brincou. null sabia que era uma brincadeira, mas só de imaginar, uma sensação ruim fez com que ele fizesse cara feia, a fazendo rir mais alto. –
- O que está acontecendo?
- Espero que nada null. – null falou serio. null entortou a feição em desentendimento vendo null rir ainda mais, e logo, deu um tapa no peito de null que ainda não havia desmanchado aquela feição. –
- Você sabe que é brincadeira. – Ela o parou, puxando seu rosto a milímetros do dela. –
- É bom que seja null. – null disse, roubando outro selinho dela vendo-a voltar a rir. –






Os dias em Londres costumavam estar sendo bem frios nos dias anteriores, mas naquele dia em especial o tempo estava ameno o suficiente para poder andar sem pelo menos uma blusa, mas como costume de todo Londrino, ela sempre ficava no banco de trás do carro, caso esfriasse. null pensava nisso enquanto tratava de seu machucado, talvez, por um motivo totalmente hipotético, o tempo parecia contribuir com seu estado interior. Assim como o tempo ameno em Londres, dentro de si o ar era o mesmo. Sua alma naquele dia estava totalmente leve e sinceramente ele não sabia dizer por que. Por mais que turbilhões de coisas estivessem rolando por fora, ele ainda não estava sendo atingido, não como antes. Talvez a resposta fosse autocontrole, ou porque finalmente havia descontado a raiva de tudo em murros, ou talvez na pior das hipóteses a resposta fosse ela . Sentiu todo seu corpo se contorcer de uma maneira estranha, encarou seu reflexo no espelho relaxado. Pela última vez se olhou no nele, era só um filme na casa dela... Claro que null null nunca fazia esse tipo de programa se não obtivesse finalidades mais profundas depois, mas sinceramente falando, ele não estava pensando em finalidades profundas.

Desceu as escadas rapidamente girando a chave no dedo indicador avistando seu pai jogado no sofá assistindo um programa sobre culinária, era raro ver cenas como aquela já que ele nunca parava em casa, mas ao contrário de muito jovens que se sentem abandonados, null sentia total orgulho de seus pais, mesmo não podendo ficar 24 horas por dia com eles.

- Pra qual bar você vai hoje? – null ouviu um resmungo e se virou para olhar uma silhueta. - Nenhum. Vou assistir um filme. – null respondeu já virando-se para tomar o seu rumo. - Quem é a garota? – Aquilo fez o coração dele acelerar, porque obviamente pensar em null instantaneamente ao ouvir ‘’garota’’ o assustava. - Não sei do que você está falando.. – null sorriu, virando a maçaneta, e jogando uma piscada para seu pai. –
- Pra quem você quer mentir, null, eu sou seu pai! Te conheço antes mesmo de começar a nascer pelinhos... – O homem gritou fazendo null gargalhar. – E eu vou continuar gritando se você não voltar aqui, e me dizer onde você anda indo esses dias, e quem é que está te domando! – null voltou dois passos para dentro da casa, e viu o pai na mesma posição, sorrindo de lado. –
- Sobre o que você quer saber, exatamente pai? – o menino falou cansado, sentando-se na mesa de centro, em frente ao pai. –
- O que está acontecendo, oras, pra onde você vai, porque sai mais cedo, e... Porque brigou na escola. – Ao ouvir aquilo, null paralisou, não que seu pai fosse linha grossa, e fosse o matar por aquilo, ele já tinha feito coisas piores, mas porque, lembrou-se de null, e de null, e de tudo que sentiu naquele momento. –
- Eu, não quero conversar sobre isso agora, e alias, estou atrasado. – null levantou num salto, caminhando novamente para a porta. –
- Foi por essa garota, null, a Morrison me contou. – Ele ouviu pelas costas, e virou-se lentamente para encarar o pai. –
- Não foi exatamente por isso, tudo bem? – Ele se explicou, um pouco irritado. –
- Então foi porque?
- Foi porque ele merecia!
- E ele merecia por causa dessa garota, não é?
- Ele merecia por ser um idiota, pai.
- null null? Seu melhor amigo, null? – O homem usou um tom indignado. –
- Aonde você quer chegar com isso? – O menino rebateu. –
- Que, pela pior das hipóteses, e eu quero que seja só hipótese mesmo, você está saindo com a garota...
- Ela não é dele. – Por um súbito momento, null sentiu raiva outra vez, então, suspirou pesado, ao perceber que o pai o reprovava com o olhar. – Não é mais, e eu não quero continuar com essa conversa.
- Se isso te incomoda tanto, é porque você sabe que é errado.
- Isso só cabe a mim, agora, eu vou ir, ok? – O menino disse, saindo como um vulto da casa. –


Seu corpo havia tomado novamente aquela sensação distinta de raiva, ele não gostava de sentir aquilo, não gostava de sentir-se irritado daquela maneira, mas de alguma forma, saber que ninguém, absolutamente ninguém, achava certo que ele e null ficassem juntos, estava o deixando irritado, porque, porra, eles não podiam torcer por sua felicidade? Pela primeira vez na vida ele estava afim de uma única garota, ele estava apaixonado, e ninguém podia o apoiar nisso? Nem que fosse pela garota mais errada do universo? Ele nunca teve sorte com isso mesmo, e por isso, nunca pensou numa relação seria, até sentir o que estava sentindo.
null não se deu ao trabalho de escolher uma roupa muito aprimorada naquele dia. É claro, porque ela iria se arrumar só pra assistir um filme? Bem, ela não iria só assistir um filme. null e ela haviam decidido fazer um esquema mais formal, por isso, null escolheu seu melhor par de jeans skinny preto fosco, e uma blusinha colada ao seu corpo deixando um pouco de sua pele a mostra, de camurça na cor de dourado mais para o queimado. Em seus pés vestiu um salto não muito alto, em pregas, preto. E prendeu os cabelos num rabo de cavalo alto e assim, quando estava dando o ultimo retoque, ouviu vozes no andar de baixo da casa. Seu coração palpitou. Depois de que terminou com null, nunca mais havia ido a qualquer lugar publico sério com alguém. Geralmente null a acompanhava em jantares com John, ou eles só iam jantar, porque não tinham tanto tempo pra ficar cozinhando apesar de Bertram fazer isso por eles, null não gostava de tirar todo aquele tempo dele, enfim, fazer isso com null agora, era completamente estranho, de um jeito diferente, ela não queria que aquilo que estava iniciando com ele fosse se igualar à antiga relação. null havia á magoado de maneira seria e profunda, nunca imaginou que o cara do qual ela amou por tanto tempo, um dia fosse a expor daquele jeito.

Então, notando por onde seus pensamentos estavam voando, respirou fundo outra vez. Quando sentiu todo o ar ameno e gostoso que pairava por lá, null junto com null decidiu que era a ocasião perfeita para comer no Sketch. O restaurante favorito das duas desde os oito anos. Michael e John sempre ás levavam para jantar dignamente todas as quintas no Sketch, e elas continuaram a tradição. Após a morte de Michael, John nunca mais apareceu por lá, Michael era seu melhor amigo. Mas null e null continuaram a tradição, mesmo no começo sendo doloroso, sabiam que dali em diante eram apenas elas naquilo, e de um jeito ou outro lhe traziam boas lembranças.
Enquanto null ainda descia as escadas ajeitando seu rabo de cavalo, viu o rabinho de null entrar pela porta que daria à sala, provavelmente ela não havia visto null descê-las. A menina seguiu até lá e se deparou com null sentado no sofá entretido em algo que John falava, enquanto null olhava a situação juntamente com null, lado a lado. null estava de pé com as mãos no bolso e John estava parado, apoiado na lareira com um copo de wisky em mãos. Geralmente não havia lugar que John fosse se Paris não estivesse junto, então aquele momento estava sendo totalmente leve e extrovertido para null.

- Então... Pra onde vocês vão? – John suspirou tomando mais um gole de seu Jack Daniels e lançou um olhar para null. - Am... – Ela abriu a boca olhando para null. Ele ergueu uma das sobrancelhas.
- Nós ainda não sabemos, só queremos sair. – null respondeu prontamente olhando para John. - Mas... – null levantou do sofá olhando null daquela maneira, aquela maneira que lhe causava arrepios em toda parte do corpo. Ela apenas negou com a cabeça, como se quisesse explicar que foi de última hora, ele só sorriu e olhou para John. - Bom... – O homem suspirou. – Então eu vou indo. – Ele disse acabando com o líquido do copo e andou, até parar entre null e null. – E eu quero que saibam que eu amo vocês e é por isso que eu peço que se cuidem. – Ele beijou o topo da cabeça de null e por último, null fechou os olhos involuntariamente no momento que sentiu o beijo de John em sua testa. Há quanto tempo não sentia todo esse carinho vindo de seu pai? - Vamos fazer isso. – null respondeu baixinho e logo andou junto com null, null e null para o hall junto com John, que estava subindo as escadas. - Então... Que história é essa? – null virou-se para null e depois para null. - Confiam em nós? – null perguntou fazendo a mesma troca de olhares. - Sinceramente? – null disse reprimindo o sorriso com a cara de null.
null abriu a porta já caminhando e conversando com null em direção ao carro enquanto null via null sair rebolando a sua frente de uma maneira totalmente provocativa, sinceramente null iria até o fim do mundo com ela se ela andasse sempre daquela maneira.

- E a propósito – Ele disse assim que conseguiu chegar bem perto dela. null ainda esperava null entrar no carro, sentiu o fungar de null perto de seu ombro a fazendo ter um arrepio louco pelo corpo – essa blusa está muito curta. – Ele falou no pé de seu ouvido a fazendo rir.

***
- Mas o que é isso? – null perguntou quando pararam em frente ao restaurante. null tinha o feito dirigir sem dizer pra onde iriam, seria realmente uma surpresa, se não fosse o fato de null achar aquilo uma piada. – - O que vocês estão pensando? – null saiu do carro, e assim foram fazendo os outros. – - Vamos jantar aqui hoje! – null deu um pulinho animado olhando para null e lhe roubando um selinho logo depois. - Nem pensar, eu não vou entrar nesse negócio. – null ralhou olhando para dentro do restaurante. Seu pavor era restaurante. Não porque era um total ogro, mas porque achava tudo aquilo de jantarzinho num restaurante uma balela sem finalidade nenhuma. – - Me tirem dessa. – null falou encostando-se no carro totalmente despreocupado. – Ainda dá tempo de voltarmos e assistirmos o filme. – Ele disse fazendo um gesto com a cabeça. - Qual é null! - null se pendurou no pescoço do garoto. – Nós mendigamos uma reserva nesse restaurante! É o nosso preferido. E eu não sei se você sabe o quanto é difícil arrumar uma vaguinha de última hora... – Ela disse ainda querendo roubar beijos dele, que não negava, mas também não retribuía. - Você perdeu seu tempo. Agora vamos entrar no carro e ir pra outro lugar. – Ele disse totalmente rude fazendo null desgrudar de seu pescoço e juntar-se a null.

Ambas trocaram um olhar tão cúmplice que chegavam à realmente acreditar que tinham criado uma língua ocular.

- Então vamos marcar pra outro dia. Eu não vou dispensar a chance maravilhosa de jantar no meu restaurante favorito. – null disse ajeitando a bolsa em seu antebraço. E a amiga ao lado apenas concordou. - É uma pena. – null fez o mesmo que null, suspirando pesado e dando um selinho em null. – Ei, espera – Ela olhou para dentro do restaurante interrompendo seu quase beijo com null. – Aqueles lá não são Dylan e Mason? - Mas é claro que são Dylan e Mase! – null concordou fazendo null imediatamente desencostar o corpo do carro.
- Bom, pelo menos não vamos perder a reserva. – null comentou com null que assentiu positivamente. –

null trocou olhares com o amigo com olhos cheios de ciúmes? Bom, se fosse ele não iria admitir. Mas null e null sozinhas num local com dois jogadores de seu time era uma coisa que o incomodava. Primeiro: Porque sabia que eles não eram de boas índoles, e segundo: Qualquer um naquele colégio ansiava por um tipo de atenção daquelas garotas. null e null não eram as mais populares, mas eram lindas, e até há algum tempo atrás, eram lindas e de bom caráter. No fim, null teve um resquício dele vacilar por medo de deixá-la lá sozinha e com isso, null captou o que ele estava pensando só na troca de olhares singela deles.

- Bom, acho melhor irmos. – null sorriu meio triste para null, voltando a tentar lhe dar um beijo, mas ele à barrou. – O que foi? – ela o olhou nos olhos. – - Você não precisa ir, fala sério, vamos fazer outra coisa, vamos a outro barzinho, outro lugar... – Ele disse olhando para ela e se fosse arriscar, cheio de desespero. - null eu já disse que vou entrar, não vou perder essa reserva! – A menina respondeu cruzando os braços vendo o menino dar mil e uma voltinhas e respirar fundo. E depois olhar para null. - Se eu disser que vou hoje você nunca mais vai me forçar a fazer isso? – Ele não à encarou, mas null já estava sorrindo – Por que... – Antes mesmo dele terminar a frase, sentiu o peso de null sobre seu corpo, e logo depois seus lábios se tocando. - Que fique claro que isso jamais se repetirá, entendeu null null? – null falou e assim ouviu um gritinho histérico de sua companheira e recebeu um beijo como resposta. –


null entrou de mãos dadas com null, recebendo um olhar duvidoso do maitre que havia os atendido, já apontando para suas mesas. O rapaz ficou os olhando tanto que null ficou incomodado; Ele conhecia null e null então, por um segundo null raciocinou sobre aquilo: Era o restaurante preferido dela, logo, null já deveria ter ido milhões de vezes até lá, porque era seu namorado na época, e por fim, null também deveria ter ido, ou seja, o rapaz deveria estar se perguntando incessantemente o que diabos null estava fazendo com ele. null se incomodou, realmente se incomodou. Depois disso, ele tornou o olhar a null que andava toda feliz, agarrando sua mão com vontade, e depois, ela voltar seu sorriso na direção dele; null entendeu e sentiu que naquele momento, era impossível fugir dela. Não importava se estava incomodado sobre null ou sobre ter entrado num lugar em que ele não gostava. Se null sorrisse pra ele assim, ele seria domado de uma forma tão injusta, que ele nem conseguia notar.
Após uma serie de cervejas, batatas – Que eram realmente as melhores que ele já havia comido – e mais um prato de jantar e sobremesa. Os quatro estavam relaxando e esperando a comida abaixar, conversando aleatoriamente sobre varias coisas. Sobre como null era um ano mais velho que eles, e como ele sabia tocar violão. Sobre a banda da qual eles tinham no primeiro colegial, mas que desandou por causa da falta de comprometimento. Saber que null sabia cantar e tocar era engraçado, null viajou tentando imaginá-lo cantando, e só se deu conta de que estava perdida no assunto quando ele á chamou.
- null null... – Ele falou seu nome lentamente ainda rindo. Rindo com tanta cara de louco que null ficou com medo. - Eu. - Você conseguiu me enganar para entrar nesse restaurante. – Ele disse finalmente a olhando fixamente. Havia parado de rir, e null só arregalou os olhos e logo, foi arqueando as sobrancelhas. null abriu e fechou a boca varias vezes, ainda sem saber o que dizer. - É claro que... – Ela suspirou começando a tentar explicar. Mas null arqueou uma sobrancelha passando a língua sobre os dentes, arqueando a sobrancelhas mais uma vez dando a entender de uma maneira clara que ela estava mentindo e que ele tinha certeza disso. - Não. – Ele a reprovou fazendo-a se calar por poucos segundos. – - null, eu não sei do que você está falando. –
- Eu não estou vendo algum Dylan ou Mason por aqui. – null o encarou por dois segundos quieta, e depois passou a língua nos lábios se ajeitando na cadeira. –
- Então você admite que só entrou aqui porque ficou com ciúmes? – null sorriu de lado e naquele momento null percebeu que ele havia sido pego. Assim, null olhou da mesma forma para null, também se ajeitando na cadeira. –
- Qual é o problema de vocês? – null perguntou perplexo. –
- O nosso nenhum. O De vocês eu já não sei. – null respondeu no mesmo tom. – Se não estão com ciúmes, e não são a favor de restaurante, porque mudaram de ideia tão rápido? – Os dois ficaram quietos as encarando. –
- Isso foi jogo sujo. – null falou olhando para null, um pouco afetado. – Vocês deveriam respeitar o fato de não querermos frequentar isso aqui.
- E porque não? É só um restaurante! – Ela disse atônita. – O meu restaurante favorito! – null viu null acenar negativamente com a cabeça e voltar a beber sua cerveja. Ficou com raiva. Odiava ser ignorada daquele jeito. –
- Ei, eu to falando com você! – Ela virou-se pra ele. – Qual é o problema? Queríamos fazer uma programação diferente.
- Ah sim, igual as que você fazia com o null nesse mesmo restaurante? – A menina travou o olhar em null sem dizer nada e congelou ali. Viu os olhos dele fazerem caminho direto até ela com a boca retorcida indicando sua irritação sobre o assunto, e logo, ele beber outro gole de sua cerveja, totalmente puto. –
-De onde você tirou isso agora? – null abanou a cabeça perplexa, e depois olhou para null. null tinha a mesma expressão que null, mas estava quieto. –
- Escuta. Vamos esquecer isso. – null suspirou mais uma vez, tomando sua cerveja, e assim, eles continuaram conversando aleatoriamente mas, com uma tensão fora do comum no meio. –

null ficou quieta a maior parte do tempo quieta, ela não conseguia fingir que não estava incomodada, isso era dela e mesmo quem não a conhecesse saberia disso, null era péssima em fingir qualquer coisa. Assim, eles saíram da mesma forma que entraram, mas null e muito menos null estavam grudados como antes. null notou a garota andar a sua frente com o olhar sempre parado em qualquer coisa que não fosse ele; mesmo que eles estivessem andando um ao lado do outro até o estacionamento do restaurante, ela ainda não o olhava, nem dizia nada, só prestava atenção na conversa de null e null.

- Vamos passar ali, tudo bem? – null apontou para uma doceria, dizendo á null que iria até lá com null, a menina assentiu positivamente, e continuou a andar, só que em passos mais lentos, deixando null para trás. –

null observando aquilo bufou, ele sabia que tinha sido inconveniente ao tocar no meio de null no meio do suposto encontro que eles tiveram, mas fora inevitável. Ele não conseguiu deixar de pensar naquilo, sua mente borbulhava desde que null havia dito ‘’ tudo que ela sabe, eu que ensinei’’. null sabia que null havia sido dele antes, mas não conseguia aceitar. Era horrível pensar naquilo. null admitiu naquele instante que estava puto de ciúmes por causa disso. Então, não pensou duas vezes; duas passadas largas, foram suficientes para que ele alcançasse null, o menino agarrou o braço dela, a fazendo virar-se para ele, mesmo que null a tivesse puxado com delicadeza, null se assustou.

- Ei. – Ele á soltou, null entortou a cabeça ainda calada. – Vai ficar assim até quando?
- Por favor null. – Ela abanou a cabeça negativamente botando suas mãos na testa, ela estava cansada. – Sem brigas, não quero brigar.
- Eu também não.
- Então que merda você tem na cabeça pra falar sobre ele no jantar null? – null a viu fazer gestos bruscos e perplexos com as mãos. –
- Não deixou de ser verdade.
- Não importa se é verdade ou não null! Eu estava com você lá, isso já não é o suficiente? – null esbravejou juntando as sobrancelhas. null suspirou com a cena. –
-Ok. – Pausa. – Me desculpa. – null puxou null pelos braços. A menina observou as mãos dele sobre aquela parte exposta, e depois tornou o olhar para os olhos dele; Definitivamente ela não conseguia não perdoa-lo, então só deixou ser abraçada, recebendo um beijo longo nos cabelos. –
- Eu não quero ouvir mais o nome dele. É sério. Ele acabou comigo. – null disse enquanto recebia os carinhos de null. Ele sentiu suas mãos formigarem. –
- Restaurantes destroem meu psicológico. – Ele disse, ato que fez null soltar-se para olhá-lo. –
- O que... – Ela foi interrompida pelo suspiro de null. – O que aconteceu?
- Bom... Basicamente quando eu tinha quinze anos, eu me apaixonei perdidamente por uma garota no colégio. – o estomago dela embrulhou brutalmente, null a viu cruzar os braços, mas não tirar os olhos dele. – E, o melhor foi que tudo indicava que ela também era apaixonada por mim. Eu adorava cantar, e eu flertava muito com ela, era todo gay, coisas do tipo... – null riu tristonho, null deduziu que ele estivesse lembrando-se de tudo, seu coração palpitou dentro do peito. – E enfim, nós ficamos e eu como um idiota apaixonado, preparei um jantar maravilhoso em um belo restaurante, e com rosas e tudo que tínhamos direito pra começar com o pé direito em namoro e... – Nesse momento null fez uma pausa longa, parecendo que não ia falar mais, e depois olhou para null seria a sua frente, seus olhos tinham uma coisa diferente, que ele não entendeu. –
- E?
- E apesar de tudo isso, eu a vi beijando outro, no mesmo restaurante do qual eu havia reservado pra nós. E bom, aquilo acabou comigo. Eu acho que fiquei depressivo por uma semana no meu quarto. – null engoliu seco, olhando a expressão sádica dele. –
- Nossa, null eu nem sei o que... – engoliu mais saliva que o normal, vendo null rir. –
- Tudo bem. Eu estou bem null. – Ele riu pela cara triste de null. – Eu apaguei aquela garota da minha vida, literalmente. – abraçou null de lado, e iniciou uma caminhada lenta com ela pela calçada do estacionamento. – E é por isso que não me dou bem com restaurantes. Não porque os odeio, mas acho que é uma perda de tempo. Não é o quanto eu posso pagar por você, entende? É o que eu posso fazer sem tudo isso, e te amar mesmo assim. Acho que posso provar sem toda essa merda clichê. – null deu de ombros. –
- Ela era uma vadia. – null comentou, olhando para seus pés. Mais uma vez ela não conseguiu disfarçar; null tinha o olhar caído e por isso não disse nada; null a conhecia tanto que soube disso naquele momento, parando o trajeto dos dois novamente. –
- null, não sinta pena de mim por isso. – null riu fingindo estar afetado, sentindo null passar a mão por seus ombros e sem hesitar começar a beijá-lo carinhosamente. Aquele fora o beijo mais lento que eles haviam dado, de todos. Ele pode perceber o carinho e o afeto que null sentiu por ele naquele instante, só pelo modo como ela acariciava seus cabelos na nuca, e de como sua língua não tinha desejo ou vontade, só tinha, carinho e suavidade. –
- Vou inventar mais historinhas tristes, se for pra você me beijar assim. – null sussurrou assim que suas bocas se desgrudaram, vendo null roubar outro selinho dele. A menina se afundou em seu pescoço o apertando contra seu corpo sem dizer absolutamente nada. -

null havia ficado realmente triste por ele, e aquele, fora mais um dos motivos adicionados á lista dele sobre estar apaixonado por ela: A compaixão que null sentia por qualquer ser humano.

Enquanto ela ainda andava pela calçada com ele, ouvindo sua voz ao fundo com seus pensamentos e todas aquelas pessoas andando, os pubs cheios de jovens, as luzes de pré-natal enfeitando os telhados da rua mais movimentada da grande Londres e aquele ar ameno que ajudava, pensava seriamente nos dois. Se tudo aquilo, toda aquela loucura, tudo... Havia acontecido em apenas alguns meses, imagina o que aconteceria nos próximos restantes? Tudo tinha acontecido tão rápido na sua vida, null tinha caído de paraquedas e agora era a pessoa da qual ela estava apaixonada e não conseguia pensar nele olhando para outra garota como olhava pra ela. Saiu desses pensamentos ao sentir o toque dele em suas mãos e então o encarou nos olhos, ele não sorriu nem falou nada, mas era como se pedisse permissão para entrelaça-las, já que antes eles estavam apenas abraçados.
- Ainda está pensando naquilo? – Ele indagou voltando seu olhar para ela. – - Não... – Ela disse olhando para os pés. – - E eu posso ter o privilégio de saber no que tanto você pensa? – Perguntou tirando um sorriso fofo de null, não era natural ver null null sendo um cavalheiro. - Não... É só que... Eu não sei. – Ela abanou a cabeça e parou de frente a ele passando os braços por seu pescoço. - null, é a terceira vez que peço pra você esquecer isso. – null dessa vez disse serio, sentindo as mãos dela fraquejarem nas suas. null quis a olhar nos olhos, mas null ainda olhava pro chão, triste. –
- Desculpa é que... – Ela suspirou revirando o corpo, null entortou a cabeça tentando entendê-la. – Eu não consigo pensar em você com outra garota, apaixonado por outra garota, eu não sei se estou sendo ridícula, mas é isso. – null soltou freneticamente, como se fosse um peso a menos em seu corpo. null sorriu satisfeito; Seu coração palpitou ao vê-la soltar tudo aquilo. Ela ficou com ciúmes. –
- Você tá com ciúmes de uma garota que eu fui apaixonado há dois anos atrás? null, isso é loucura. – null falou rindo, e viu-a o olhar com raiva. –
- Isso não é ciúme. – Ela falou fazendo null gargalhar. –
- Tudo bem, não é ciúme. – null riu a puxando para ele mais uma vez, só que dessa vez ela não o retribuiu; continuou de braços cruzados. – Mas por via das duvidas, eu vou deixar claro que a única que esta acabando com a minha sanidade mental aqui é você, e mais ninguém.
Ele aproximou seus rostos com rapidez depositando um selinho bem demorado na região, ele quis mais que tudo naquele momento sentir o gosto de null, sentir a textura de seus lábios, sentir a textura de seu corpo. Suas mãos puxaram-na para si quase colando seus corpos, mas ele não sentiu necessidade de fazer aquilo com mais intensidade, suas mãos já estavam dando conta do recado; desliza-las sobre sua cintura já estava o deixando suficientemente louco. Qualquer coisa nela o levava para o abismo. Ele não iria mais negar isso. Não iria negar nem mais para null, que ela era a garota que o levava ao delírio desde a primeira vez que à viu. Depois de um tempo negando, ela iniciou um pequeno carinho em sua nuca fazendo com que involuntariamente null arcasse para frente, e null fosse sustentada por seus braços, tendo plena certeza de que naquele momento ele não pensava mais em nada que não fosse ela.


- Ah, só pode ser brincadeira! – null gritou apontando para a TV. Ela havia prometido que não perderia mais uma vez para null no Mario Kart, mas... Perdeu! –
- Aceita que dói menos! – null Gargalhou no ouvido da garota. –

Lá estava ela sentada entre as pernas dele em cima do tapete felpudo de seu quarto, era talvez a quinta ou sexta partida que estavam tentando ter uma igualdade nas corridas, mas... null odiava perder! Ela virou-se lentamente para olhar null; sentando-se em cima das batatas de sua perna dando logo um tapa bem forte no garoto o fazendo deitar-se no tapete ainda soltando sua risada mais que idiota para ela.

- Vai ter volta seu... babaca! – Ela disse apoiando suas duas mãos ao lado da cabeça de null, ficando literalmente de quatro em cima dele; Enquanto ele torcia para não estar fazendo cara de bobo encarando-a daquela maneira. –
- Gira a roleta e tenta a sorte, – O menino levantou apenas a cabeça, ficando a mínimos centímetros da boca dela – Bonitinha. – roubou um selinho surpreso de null, rindo da maneira mais sacana que conseguiu. –

null piscou pesado ao perceber que suas ações tinham sido paralisadas no momento em que ele fez aquilo. null lentamente voltou o caminho para a boca da garota, primeiramente beijando seu lábio inferior dando leves chupões até que uma de suas mãos fosse tomando caminho até a nuca dela. null logo sentiu o beijo intenso de null, ainda sem contato de línguas, sentindo que a cada vez mais, as mãos dele entravam por dentro de sua blusa. Aquilo fora tão intenso que ambos esqueceram-se do jogo, e de tudo a sua volta, e começaram a se beijar fervorosamente em cima daquele tapete.
null eventualmente sentou-se novamente sobre a batata de sua perna, ainda entre as pernas dele assim que o beijo foi se intensificando, e null ao perceber isso deslizou suas mãos que antes estavam quase perto de seu sutiã, para a cintura da garota, dando leves apertões, á fazendo arfar entre seus lábios; null subiu suas duas mãos desta vez para as costas da menina, delineando cada parte ato que a fez arrepiar-se toda, e percebendo isso, null continuou o trajeto de suas mãos, que não tinham pudor algum sobre ela, só deslizavam por ali como se ele tivesse total conhecimento de seu corpo, sabendo deixá-la mole só com aquilo. null percebendo aquilo, com seu mínimo de sanidade, segurou o rosto dele parando o beijo com selinhos demorados e cheios de carinho; null percebeu e assim a abraçou pela cintura, encostando a lateral de seu rosto sobre o busto da menina, totalmente ofegante, assim como ela, e depois voltou á olha-la, null lhe deu um último beijo e foi então que ele teve a certeza que a menina que era dona do beijo mais delicioso e delicado era null; Seus lábios se moviam com a precisão necessária para que ele ficasse em êxtase.

- Eu preciso tomar banho. – Ela sussurrou entre seus lábios e lhe deu um último beijinho levantando-se do tapete e deixando um null abobado no mesmo. –

Ele deitou-se no tapete novamente assim que ela entrou no banheiro. Jogou os braços atrás da cabeça fechando os olhos assim que o fez; null tinha um coração acelerado quando notou pensar que ela estava tomando banho e a única coisa que o impedia de fazê-la somente dele era uma porta de marfim branca. Seu corpo estava formigando pelo quase prazer, só aquilo o deixava louco. Só ter contato com a pele dela o deixava fora de controle; E toda vez que ele se lembrava de como era passear suas mãos por tudo aquilo ali, já o tirava do serio. Por fim, aos poucos foi tentando acalmar seu amigo, porque sabia que null, tanto quanto ele, havia ficado mexida com aquilo.
Ele, no entanto, entrou no chuveiro sem demorar nem mais um segundo, sentiu a água escorrer por seu corpo lentamente, respirando fundo a todo o momento. Eles estavam sozinhos naquela casa, totalmente sozinhos, sem null, nem Bertram, e nem papai null. null tinha medo do que podia acontecer quando saísse do banho, quando desse de cara com ele e quando mais uma vez se rendesse aos seu desejo por null. Era isso. Ela tinha medo de se entregar dessa vez totalmente ao garoto. Não era como se null não quisesse fazer aquilo com null só estava com medo; Ambos sabiam que naquele beijo havia tido muito mais do que uma simples sensação de um beijo bom, havia tido carinho, tanto da parte de null quanto de null e era isso que deixava null e null absortos em pensamentos sobre o que tava rolando ali.
A água batia em sua nuca trazendo uma sensação de paz e talvez preparatória. Tinha que parar de pensar naquilo no exato momento! Deixar rolar era a única opção, pensar demais no que poderia acontecer ou não com null á deixava louca, assim como ele a deixava então... Porque toda essa tempestade mesmo?
Ela saiu do banheiro vendo as costas dele, e tendo a impressão de que as mãos de null dedilhavam uma das fotos postas em cima de sua cômoda. Caminhou para lá em silêncio mesmo sabendo que ele havia reparado que ela saíra do banheiro. Quase chegando perto, null virou-se lentamente com um retrato e mãos, ainda o olhando, e por meio segundo ele á encarou novamente.

- Há quanto tempo vocês se conhecem? – O menino perguntou. Nas mãos ele segurava uma foto sua, de null, null, null e null. Ela e null numa pose afetiva, onde null abraçava null pela cintura com força e beijava o rosto dela, e a mesma fazia biquinho; null sentada no colo de null fazendo o sinal da paz, e null no meio dos dois casais com uma cara de mau e uma cerveja em mãos.
- Desde a sexta serie. – Ela respondeu. Aquela foto lhe trazia muitas lembranças, então não teve coragem de tira-la dali; null percebeu isso assim que null sorriu da maneira mais sincera olhando para ela. De alguma maneira aquele sorriso mexeu com ele, null era completamente... Feliz? – Eu e null nos conhecemos desde os quatro anos, mas você já conhece a história.. E eu e null nos conhecemos desde os oito, foi ele quem me apresentou...

null tirou os olhos da foto para encarar null. O menino á olhava com seriedade, realmente estava prestando atenção na história, sabia que dentro daquele olhar havia algum pensamento que ela queria mais que tudo saber qual era. null era enigmático da maneira mais desejável que algum cara poderia ser; Então não teve vontade de continuar a história, era estranho pensar daquela maneira com ele, mas não queria passar a impressão de que null ainda preenchia seus pensamentos.
Apesar de ser exatamente o que ele pensou.
Ambos ficaram em um silêncio estranho, e foi então que null notou e colocou novamente o pequeno retrato na cômoda, cruzando os braços logo depois. null o observou.

- Qual vai ser meu prêmio? – Ele perguntou dispersando-se do assunto e sorrindo de lado fazendo null reprimir um sorriso e fingir estar afetada, também cruzando os braços. –
- Dormir no sofá ou na cama... Como você ganhou eu vou dar o poder de escolha, mas o sofá era a minha primeira opção.
- O que? – null riu abanando a cabeça negativamente. Aquele sorriso fez a menina perder o controle da respiração. Queria agarrar seu pescoço ali mesmo e o encher de beijos; Mas só continuou com os braços cruzados o olhando fixamente. – Tenho chance de reverter sua primeira opção? – Ele deu um passo para frente ainda rindo e null deu dois para trás fazendo-o segui-la. –
- Talvez... – Ela disse assim que sentiu a cama bem atrás de si, sorrindo de lado. –
- Ótimo. Então, primeira tentativa. –



O menino tirou a camisa ali, bem á frente de null a poucos centímetros de seu corpo. Ela observou exatamente cada ato do garoto sem tirar os olhos nem por um segundo; null era em belas palavras... Gostoso. Muito gostoso. Seus olhos percorreram desde o ossinho abaixo do umbigo – A famosa entradinha – e lentamente foi subindo por seu abdômen, não muito definido, mas, ao ponto. Até seu pescoço que... Como um pescoço podia ser tão chamativo? E finalmente sua feição sacana á olhando. O tão destruidor sorriso de lado que null dava estava ali, á deixando sem nenhuma reação fazendo-a engolir seco sem conseguir disfarçar o quanto ele tinha á deixado sem palavras. Seu olhar praticamente cantava vitória para ela, e isso era o que mais irritava. Mas null estava nem aí, se quer saber... Ela só tinha o maldito foco no cara sem camisa bem na sua frente.
Uma coisa era fato: Não importava quantas vezes ela o visse sem camisa ou sem roupa. A reação dela seria a mesma sempre. null literalmente babava e delirava por ele daquele jeito.

- Ok. Agora segunda tentativa. –

null jogou null para trás, fazendo-a cair na cama sem reação alguma, e então ficou de quatro em cima dela assim como ela havia feito horas á trás. Iniciou uma sessão de chupões em seu pescoço dos quais levavam de três a cinco segundos fazendo a garota ofegar. Lentamente subiu seus beijos pelo rosto; null já tinha os olhos fechados, seu corpo todo estava em choque com toda aquela provocação de null, e sendo assim, deixou com que ele continuasse com aquela sensação maravilhosa.
Ele beijou os lábios de null como se ali fosse o ponto mais especial de seu corpo, e pra ele era, e isso era totalmente estranho; jogou os pesos que antes estavam na mão, o apoiando de quatro em cima dela, agora para os cotovelos e então colou seus corpos rapidamente e com um ato involuntário null entrelaçou suas pernas na cintura do menino, levando suas mãos para as costas do mesmo e arranhando de cima á baixo, mas de uma maneira carinhosa, null fazia isso pra tentar se ‘’segurar’’ enquanto null continuava contornando com seus lábios por toda a extensão do pescoço da garota, e depois subia para bem abaixo da orelha dando beijos delicados e descia novamente para a boca.
null não tinha consciência exata do que estava fazendo, até porque seu corpo tinha quase contato direto com o dela e era como se ambos seguissem programados um para o outro, para enlouquecer um ao outro, assim como todos os seus atos.
Ele, que tinha uma das mãos na cintura de null, fez questão de subir com a maior lentidão possível essa mão e junto com ela subia a camisa de null; Ela tirou a camisa logo em seguida deixando o sutiã a mostra e piscou lentamente pela primeira vez olhando para null e depois para a sua boca e o beijou novamente sentindo sua língua fazer contato de imediato com sua.
null até estava estranhando null não fazer nada para ficar no controle, mas era verdade, null estava deixando com que null fizesse tudo e ele encarou aquilo como um desafio.
null voltou uma de suas mãos até o zíper da calça do garoto e tirou-a sem demoras até pela metade, tendo em vista de que ainda o beijava com a maior intensidade, então null fez o trabalho de tirar o resto ficando apenas com sua cueca Box branca, e de bônus também tirar o short do pijama que null vestia, mas esse ato, ela nem deve ter notado. null ofegava em seus lábios grudando cada vez mais seus corpos, arranhando suas costas, enquanto ambos arrumavam uma posição confortável para se ajeitarem.
null soltou suas pernas da cintura do menino o deixando entre suas pernas e foi então que ambos, pela pausa de um segundos para respirar, finalmente olharam um para o outro, totalmente enlouquecidos de prazer mas mesmo assim, sentiram o mesmo sentimento.
Paixão.




Suas veias pulsavam e ferviam de calor dentro de seus corpos. E um pelo o outro. O coração de ambos batia mais forte do que uma marreta, null sentia que poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Era totalmente irracional o sentimento que o tomava naquele momento, era como se quisesse te-la para ele, e só pra ele, seu coração soltava calafrios que faziam conjunto com os calafrios no estomago. Mas isso era novo pra ele e por isso era irracional.

- Trancou a porta? – Ela sussurrou ofegante entre seus lábios. –
- Há muito tempo.

E então ele ergueu um dos braços até o abajur e o desligou.

***


null rolou para o lado ainda de olhos fechados sentindo o aroma de null embaixo das cobertas. Estava bem frio pelo que aparentava. Ambos estavam totalmente cobertos pelo edredom branco onde null se mantinha encolhido de lado e de costas para ela, parecendo ainda estar em um sono profundo.
Ela abriu os olhos notando estar vestida; tinha se levantado para por, pelo menos, suas roupas íntimas, assim como null. Sorriu ao se lembrar, e consequentemente seu coração pareceu bater mais rápido. Suspirou umas três vezes tentando estabiliza-lo, e foi então que abraçou null pelas costas, acariciando seu abdômen com o dedo indicador, e o cheirando sem nem notar de olhos fechados. Ela estava perdidamente apaixonada por ele. Sua pele tinha um cheirinho diferente de desodorante masculino, com seu aroma próprio e aquilo estava a deixando extasiada. Seu corpo entrou em um tipo de leveza momentânea sentindo aquele cheiro.
null sentiu seus carinhos e ficou fingindo dormir por um bom tempo. Sorriu de canto e finalmente virou de barriga pra cima, piscando duro, tentando se acostumar com a pequena fresta de claridade que entrava no quarto. O garoto olhou null com ternura, depositando um beijo em sua testa e logo envolvendo-a entre seus braços. A menina suspirou satisfeita com a ação dele, e aos poucos, foi relaxando seu corpo meio que, em cima do de null, jogando uma de suas pernas, em cima das dele.

- Bom dia! – Ela disse beijando o rosto do garoto.
- Eu não gosto de receber bom dia com bafo. – null disse, e ela pode reparar que ele tinha os olhos fechados, mas assim, abriu uma frestinha deles, totalmente inchados para olha-la em sua pose perplexa. –

null levantou seu corpo para olha-lo com uma cara de indignação, e um sorriso que acompanhava, e foi então que null lembrou que ela ainda estava de roupas íntimas; aquela lingerie preta... Ele passou seus olhos por uma fração de segundos pelos seus seios e depois encarou a face da garota e momentaneamente começou a rir. Notando que ela ainda estava puta.

- Eu estava brincando, meu amor! – Ele gritou, tentando agarra-la. –
- Você não consegue ser romântico né? – null disse voltando a se jogar na cama. –
- Ah null... Eu nunca fui romântico. – null riu, se aproximando da menina, e lhe cheirando o pescoço, dando um leve beijo na lateral dele. – Eu manjo é das paradas mais...
- É, eu sei que é disso que você manja, mas romantismo é bom as vezes. – A menina murmurou; Em seguida, null já estava subindo por cima dela, cheirando seu pescoço, ação que fez a garota gemer baixinho. –
- Me desculpa. – Ele sussurrou e beijou o pescoço dela, null não conseguiu se conter. –

Ela olhou para ele tendo um selinho roubado, null sorriu fofamente puxando á para si, iniciando um beijo bem mais intenso; E assim voltou a deitar-se no peito dele assim que terminaram de se beijar, eles ficaram em silencio por mais um tempo, acordando, e sem ter nada pra fazer, null iniciou uma serie de carinhos e desenhos abstratos no abdômen de null, que foram descendo cada vez mais, até chegarem bem perto da entradinha. Era proposital. Ela queria provoca-lo.
- Área restrita. – null riu, pegando a mão de null, ele á olhou de olhos espremidos e brincalhões e notou a intenção dela no mesmo momento. – A não ser que você queira outra dose... – Assim null foi indo com seu sorriso indutor lentamente até os lábios da menina, mas antes que eles se tocassem; se assustaram ao ouvir o som do celular do menino vibrar e gritar em cima do criado mudo. –

- É melhor você atender.

null bufou atendendo o mesmo na hora, e foi então que começou a ouvir a voz histérica de sua mãe do outro lado da linha. null levantou o corpo ao perceber que null null estava levando bronca da mãe; Não era todo dia que se via uma cena tão hilária, afinal, null era um pegador, e parece que não tinha passado mais do que uma noite fora de casa.

- Tá mãe... – Ele resmungou – É claro que eu tomei... Eu to bem... não... Eu vou!... Já disse Mãe.... Tchau! – Ele desligou o telefone e virou-se para a menina encarando-o com um olhar sapeca. –
- null null tomando sermão por estar fora de casa? Por essa eu não esperava bebezão! – A menina riu e null fez cara feia para ela mostrando o dedo. –
- Ela acha que vou bater o carro de novo e bom...
- Que?
- Eu bati o carro uma vez, há um ano... Estava voltando de uma festa com null e null, bêbado, inconsequente... Por sorte nenhum de nós se machucou. – null disse. null fitou-o por longos segundos. Então era ele que ela havia xingado até a quinta geração por ter batido o carro com seu namorado.
- Am...
- Eu tenho que ir embora. – null levantou deixando todo seu corpo á mostra. null o olhou vestindo sua camisa totalmente sexy e depois suas calças, isso tudo, calada. – O que está esperando?
- Esperando o que?
- Você vai comigo.

Seu coração deu um soco forte que até desconfiou que null pudesse ter visto. Podia ser totalmente idiotice e era; Mas null tremeu na base ao ouvir aquilo. Não porque estava amedrontada ou algo do tipo, era porque sabia muito bem a fama que null tinha. Algum dia alguém já havia comentado sobre alguma garota conhecer os pais de null? Bom, esse era o fato. null nunca fazia isso. null ouviu null comentar sobre esse fato uma vez, um pouco antes de descobrir sobre a traição de null, mas ela já conhecia null. Então isso queria dizer que ela estava sendo importante? O medo de sentir-se especial e quebrar a cara depois era grande. null era aquela incógnita que você nunca sabe onde está se metendo.

Ele á encarou andar até o closet sem dizer nada. Levou seus olhos até suas coxas e foi só então que notou as marcas que havia deixado; três pequenos roxos estavam ali marcando presença. Ele realmente não queria ter feito isso, mas provavelmente null não havia notado, de qualquer forma.. Ela voltou do closet vestindo a sua blusinha de manga comprida colada e parou de andar assim que notou o olhar de null parado em uma parte de seu corpo que não eram seus olhos.

- Que foi garoto? – null desceu o olhar aonde null olhava e deslizou a mão no local. –
- Eu te machuquei? – null perguntou serio, e depois encarou os olhos de null. –
- Eu nem senti isso null. – Ela respondeu novamente analisando aquilo, logo, voltou seu olhar a null. – Como isso pode acontecer? – null a viu parar numa pose pensativa e seria, null não estava brincando e por isso null achou super sexy. Ela de calcinha, uma blusinha colada ao corpo e com aquele olhar: Ela era seu fetiche sexual.
- Bem, dizem que quando isso acontece é porque...
- Eu sei bem o que dizem. – Ela o olhou de soslaio, e null pode notar o tom tímido que ela usou. null voltou ao closet para pegar sua calça. –
- Então, o que me diz? Qual é a sua nota pra mim? – Ela o ouviu gritar e riu no closet sentindo seu rosto formigar. –
- Qual é o seu problema null? – Ela voltou para o quarto, já vestida, e ouviu de imediato uma risada alta de null ecoar. –
- Ok. Isso é uma nota dez, porque eu sou dez. – Ele falou levantando-se. – Não adianta negar, os roxos já contaram. – null sussurrou no ouvido dela. –
- Deixando claro, eu não neguei nada meu amorzinho.
- É disso que eu to falando. – Ele falou dando um tapinha sutil na bunda dela, a fazendo gargalhar, assim que null saiu pela porta do quarto. –

***


Ela afrouxou o casaco no corpo pela segunda vez desde que null havia estacionado o carro. Estava tensa e era nítido, mas sinceramente, null ao olha-la nunca imaginou que ela estaria muito mais tensa que ele numa situação dessa, afinal, null era uma menina e geralmente, garotas ficam excitas com uma situação dessa. Ela não.
Vendo isso, o menino passou ao seu lado apressando os passos e junto entrelaçou as suas mãos tentando esquenta-las. A mão dela estava uma pedra de gelo. Talvez fosse pelo frio intenso que fazia em Londres naquele dia, com a combinação da garoa fina; Ou porque ela realmente estava bem nervosa.
Ele não sabia porque tinha tomado a decisão de leva-la para lá. Nem pensou pra dizer a verdade; aquele ato estava sendo tão natural para ele que o nervosismo de null lhe causava estranheza. Ele apertou as mãos dela entrelaçadas na sua, e sorriu lhe dando um beijo nos cabelos um pouco antes de abrir a porta.

- Ah, mas que bonito não... – A mãe do menino parou de falar assim que viu null ao lado de null. Ela tentou sorrir, tentou agir naturalmente; mas a mãe de null não ajudava; A mulher tinha uma expressão de choque no rosto, os olhos delineavam perfeitamente cada pedaço do corpo de null, e voltava para null, e depois para a mão dos dois, entrelaçada. –
- Mãe...
- Querida, eu não faço ideia de como é que... – Foi a vez do Sr. null parar de falar assim como a esposa e encarar null, e depois null por alguns poucos segundos. – null! – Ele disse sorrindo –
- Pai essa é a null... null, esse é meu Pai. – O menino falou soltando das mãos de null e sorrindo de uma maneira gentil. –
- Filha de John null?
- Em pessoa! – A menina sorriu apertando a mão do homem que tinha um sorriso lindo. Soube na hora de onde null tinha puxado o maravilhoso bem genético. –
- Desculpa a indiscrição querida é que... null não costuma...
- Mãe...
- Tudo bem.. – null sorriu. –
- Bom, vai tomar banho null que, enquanto isso nós cuidamos da ‘’it Girl’’ – O homem falou trazendo null para junto dele. O menino piscou para null, e trocou olhares com o Pai. Provavelmente o homem já sabia de tudo, e sabia que uma hora ou outra iria pedir por explicação, da qual null não queria dar. –
- Então... Como vai a Renê?



null tomou banho rápido. Não queria que sua mãe ou seu Pai deixassem escapar qualquer merda para null. Era engraçado; Ele se importava mesmo com ela, se importava de verdade e isso não estava sendo tão ruim assim como imaginou mas, de alguma forma ainda era estranho porque, ele não tinha experiências assim á dois anos quando foi magoado. Estar apaixonado era realmente novo pra ele e não mais negaria esse fato, justo por ela, justo por null.

- É ela ficou louca! – null comentou sobre null no momento em que virou a garrafa de cerveja –
- Por incrível que pareça, null não. – null disse pros caras na mesa. –
- Isso é um problema meu caro. Quando a garota não diz nada, é porque...
- E você tem muita experiência né null? –
- Eu conheço a null á muito mais tempo que você seu baitola do cacete, e foi eu quem apresentei a Troublemaker pra você.
- Então quando o null diz que a menina tá putassa, ela TÁ putassa, boy.
- Ela sabe muito bem o que rola nas festas no Camping da Candence.
- Ela e null!
- Ela não tem cara de quem frequenta esse tipo de festa null.
- Há meu querido, eu frequentei esses lugares junto e eu tenho moral pra dizer que realmente Troublemaker é sinônimo de null null!
Todos trocaram risos na mesa pela cara de espanto de null ao ouvir aquilo. Como null e null. Que bebiam suas cervejas, avulsos da conversa por não saberem de quais garotas se tratavam.
- Minha Trouble. – null disse sorrindo. –

E null não sabia de nada.
Seu corpo estremeceu ao lembrar da conversa de meses atrás, muitos meses atrás, quando se quer sabia em carne e osso quem era null null. Mas havia descoberto exatamente o porque de ela ter o apelido carinhoso de Troublemaker pelo melhor amigo, vulgo, null.

O tempo em que passou conversando com os pais de null passaram rápido tendo em vista das inúmeras perguntas que recebeu junto com os cockies deliciosos que a mulher preparava e das revelações que fazia sobre null, null só conseguia rir. Eles eram pessoas maravilhosas sem falar na simpatia; tirando o fato de início, mas null entendia a reação que tiveram.
Seu olhar parou no menino entrando na cozinha e foi o seguindo, com sua blusa de moletom vermelha um tanto longa e suas calças pretas apertadas. Ele chacoalhou o cabelo e á olhou dando um sorriso fofo, apoiando-se no balcão ao seu lado logo roubando um coockie da assadeira. null sentia o perfume entrar por suas vias respiratórias e ir direto pro cérebro o embaralhar; Seus sentidos eram feridos toda vez que null chegava perto.


- Eaí? Me depravaram bastante? – Ele sorriu sem mostrar os dentes levantando uma das sobrancelhas. –
- Saber que sua empregada te pegou dançando pelado já é um bônus.
- Mãe, justo isso?
- null, eu tinha que contar. – Ela riu e depois piscou para null. –
- Temos que ir. – Ele falou para null que assentiu se desencostando do balcão. –
- Eu fico feliz que null não esteja em qualquer lugar, bebendo e... Depois que ele sofreu o acidente eu fico com os nervos.. – Ele fez um gesto. –
- Mãe. – O menino á reprovou passando a mão pela cintura de null. –
- Tudo bem. – Ela disse e fitou ambos com um sorrisinho de canto. – Foi um prazer te conhecer null. – Beijou o rosto da garota lhe dando um pequeno cafuné nos cabelos. Ela só conseguiu sorrir fofamente para a mulher. –

O Pai de null os fitava por um bom tempo. Olhava para null, e null devolvia o olhar como se pedisse, ou melhor, implorasse para não conversar naquele momento.

- Foi um Prazer null. – Sr null sorriu, levantando-se da cadeira com uma feição diferente, null havia percebido; Sorriu, e lhe deu um aperto de mão. –
- O prazer foi meu. – Ela sorriu de volta. –

null se apressou para tira-la dali, do olhar afiado do pai que não conseguia disfarçar; Puxando-a pela cintura pra fora de casa enquanto sua mãe acenava com inocência para a menina. De certa forma aquilo tinha sido um alivio para null. Pelo menos sua mãe não saber de nada havia salvado o encontro épico de ambos a um patamar desastroso.
Assim que entraram no carro ambos ficaram em silêncio. null não havia dito nada então, ela também poupou-se de dizer algo; Não sabia se tinha mandado bem com os pais dele. E dês de então, ele também não havia dito aonde estava á levando.
Ela esfregou as mãos uma na outra e colocou-as entre suas pernas.

- Onde está me levando? – perguntou vendo-o tirar os olhos do volante. –
- Você já vai saber.
- Se você ainda não sabe, eu odeio surpresas.
- E quem disse que é surpresa?
- Nossa – ela abriu a boca vendo o garoto soltar um riso á olhando de canto. – Então... Se não é, não custa me dizer.
- Não vai ser necessário.

O menino disse parando carro em frente á um prédio de aparentemente 15 andares de tijolinhos cinza. Era bem sofisticado por fora, mas nada muito exagerado.
null passou as mão pela cintura de null assim que a menina saiu do carro e sem esperar á puxou para dentro do prédio, soltando-a só para falar com a secretária no balcão.

- Sim? – O olhou dos pés a cabeça? –
- Apartamento 509 – Ele disse olhando no celular. –
- null null? – null cruzou os braços levantando a cabeça. Era impressão ou eles já se conheciam? – Camping...
- É... – Ele cortou a moça. null sentiu uma coisinha quente começar a percorrer suas veias. Afrouxou seus braços cruzados olhando para qualquer coisa que não fosse os dois bem á sua frente. Respirou fundo... Expirou. –
- Prazer... – Ela ouviu uma risadinha frouxa de null em resposta. –
- Vamos? – Disse finalmente encarando null. –

E ela foi. Sem dizer uma palavra ainda com os braços cruzados. Seu mantra de respirar expirar parecia não estar fazendo efeito algum naquele momento. Queria realmente mandar null pra puta que pariu se pudesse; Qual é? Ele era seu... ficante barra peguete barra namoradinho, mas... ficar de conversa oculta com uma secretária morena gostosa na sua frente é de dar nos nervos. Autocontrole era disso que ela precisava. Afinal, o que null dela mesmo?

- Você tá muito quieta...
- E você simpático. – null sorriu sem mostrar os dentes sem encara-lo. null retorceu a cabeça para o lado tentando ver o rosto de null. E riu assim que notou sua aparência bravinha. –
- null, ela era..
- Eu definitivamente não quero saber quem ela era ou o que você fez com ela... Já chegamos? – Ela o encarou, assim como null sorriu ao vê-la, com ciúmes? null ia sair do elevador mas null á segurou fazendo-a ficar frente a frente á ele, e como olhar nos olhos de null era seu ponto fraco... –
- Para com isso vai, eu não to afim de...
- Eu também não.
- Para de responder sem eu ter terminado de falar!
- Tá então termina?
- Porque tá agindo assim? Eu to sentindo uma pontada de ciúm...
- Vai aumentar seu ego? Que já é do tamanho do Empire State..
- Não, mas... – Ele passou por ela saindo do elevador e á trazendo junto para frente da porta, que era bem á frente do elevador. – Bem vinda ao meu antro da perdição.
null olhou de um lado para o outro observando lentamente todo a apartamento. Reparou nas duas grandes janelas que tomavam uma parede inteira, separadas unicamente por uma lareira que por sinal continha dois quadrinhos em cima. Ao lado havia um colchão jogado e alguns edredons;
Ela trocou olhares com null sem dizer uma palavra, sentiu a mão do garoto em sua costas empurrando-a com delicadeza para dentro e logo depois fechando a porta com os pés. null teve uma visão mais ampla do lugar, era simples mas confortável, só não estava entendendo o que estava acontecendo. Cruzou os braços e respirou fundo, Mas antes de começar a falar, null tomou a frente.

- É meu. – Ele disse com simplicidade dando um passo a frente e sorrindo com um brilho de orgulho nos olhos. -
- Eu achei que você morava com seus pais. – Ela comentou dando mais uma jogada de olhar no local. –
- Exatamente. Eu morava com meus pais. E agora, minha mãe resolveu me chutar pra cá. – null cruzou os braços suspirando. –
- E você tá muito triste com isso não é mesmo? – null disse num tom sarcástico também cruzando os braços com um sorrisinho de canto. null ficou quieto observando a forma como ela era. Igual a ele. Ou talvez fosse sua imaginação, mas null tinha os mesmos jeitos de voltar em uma conversa ou cLiama sem nem tocar no assunto, só pelo olhar. E ele sabia que seu sarcasmo se referia a uma secretária morena. –
- Não esqueceu a morena da recepção né? – Ela revirou os olhos o vendo chegar mais perto dela. –
- Eu nem toquei no nome da infeliz. Você que deve estar com ela na cabeça.

null soltou uma gargalhada fazendo null o olhar estranho ainda de braços cruzados com aquela carranca que ele conhecia. Por mais que ele quisesse negar que nunca na vida iria saber e decorar cada jeito de uma garota. Mas ele sabia os de null. Então á puxou pela barra do casaco colando seus corpos e beijando seu pescoço com lentidão; Ela não ia se render, ou ia fazer o máximo pra isso não acontecer. Era pura criancisse como null se sentia perto de null, vulnerável, amedrontada. Mas de uma forma boa, se é que existe uma forma boa.

- Sabe que agora temos um lugar só pra nós. Sem regras, aliás; Minhas regras. – null disse baixinho encarando a menina nos olhos, atitude que á deixou de pernas bambas. Puta que merda; pensou ela. –
- Suas regras; Gatinhas de calcinha, cervejas espalhadas por toda a casa, sutiãs espalhados por toda a casa...
- Sério? Você pensa isso de mim? – null perguntou sério tombando a cabeça para o lado. null ficou quieta olhando para qualquer lugar que não fossem seus olhos, e assim ficaram por pelo menos trinta segundos. –

O fato de não serem nada oficialmente um do outro, deixava null louca. Ela não queria apressar nada, nem se passar de possessiva ou algo do tipo; Mas era a primeira vez que ela havia sentido-se insegura em relação á ele, era a primeira vez que realmente aquela pontada de ciúmes bateu e ela não conseguiu controlar. E não poder fazer nada em relação aquilo, porque não tinha o que fazer já que não estavam juntos realmente... á deixava mais maluca ainda.

- Não null. – Ela finalmente disse começando a dedilhar o logo da blusa do garoto. –
- Então vamos lá, vamos ser sinceros. – Ele se desvencilhou dela cruzando os braços. – Eu confio em você, eu te acho uma patricinha mimada com ciúmes da madrasta socialite, o que mais? – null abriu a boca em um completo ‘’o’’ olhando para null que começou a rir de imediato indo abraça-la de novo; enquanto ela tentava se desvencilhar dele. –
- Para de ser idiota null.
- E ainda acho que você só come saladinha ceasar de tão nojentinha que é.
- Vai se ferrar!
- Eu tenho certeza.
- Eu só comi uma vez.
- Garanto que não foi só uma. – null disse rindo entre as palavras tentando agarra-la por trás. –
- Eu estava muito acima do peso.

null começou a rir e a abraçou pelas costas beijando seu pescoço; E lentamente, null foi se virando para beija-lo, o que durou uns cinco segundos até que ela lhe desse um tapinha carinhoso no rosto.

- Au. – Ele protestou ainda agarrado á ela. – Você não estava acima do peso, você estava gostosa. – Arrancou um selinho demorado dela. – Eu sei que naquela época você ainda estava com o null, mas eu sou homem, humano, e não deixo de notar um...
- Não continue... – null colocou uma de suas mãos na boca do menino. –
- Um – Ele tentava falar entre suas mãos. – Par...
- null! – null riu e a beijou novamente, deslizando suas mãos sobre a cintura dela e apertando de vez em quando. –
- Desculpa não ter um sofá pra te dar uns amassos...
- Idiota.
- Quando uma garota te xinga de idiota mais de uma vez no dia é porque ela está perdidamente apaixonada por você. – Ele riu se jogando no colchão, se achando. –
- Onde você viu isso? Numa página do facebook? - A menina debochou –
- Exato.
- Eu tenho que ir, meu pai vai chegar em... – Ela olhou no relógio. – Meia hora.
- Conseguimos fazer mais rápido que isso.
- Para de pensar só naquilo! – Ela lhe deu um tapa deitando-se na barriga do garoto. –
- Tudo bem, os caras vão vir aqui.
- Você... Tem notícias do null ou... null? – null disse olhando para as mãos. Um silêncio se instalou no ar, mais como uma tensão; -
- Não. – Ele engoliu seco – Eu pergunto pro null e... te conto.
- Não, eu só queria saber porque, você sabe... – null disse sentando-se no colchão e depois trocou olhares com null, que estava sério. –
- Tudo bem.
- Eu tenho que ir.
- Nós temos mais vinte e cinco minutos. – null disse sorrindo de canto. –

null riu abanando a cabeça negativamente.
Ele era pra ser dela mesmo. Eles não fizeram nada, só conversaram por mais um tempo e depois ele á levou pra casa; Entre a conversa da confiança ou sobre o que ela achava dele, null queria que null fosse dela e tinha medo de todas as possíveis consequências. Estava apaixonada por ele, e talvez por definitivamente saber a resposta sentia seu coração apertar sempre que pensava no fato de estar apaixonada, mas não ter a certeza se null também sentia o mesmo, ou, estaria com ela no dia seguinte. Afinal, ele era null null. E ela já havia ultrapassado todas as barreiras de ‘’cuidado’’, coladas na testa dele.
Porque ele tinha aquela carinha de "Amor, eu só sirvo pra despedaçar seu coração."

***





- VAI null! – Barth gritou fazendo gestos bruscos em direção ao campo. – Que porra o null esta fazendo? – O homem passou a mão nos cabelos. –

null ouviu os resmungos do treinador enquanto fazia seu aquecimento. Era a quarta ou quinta vez que null havia caído na hora de rebater a bola; E a milésima vez que o treinador resmungava o quanto ele estava ruim.

- DE NOVO! VAI, TERCEIRA JOGADA. VAI! – O homem gritou. null recebeu a bola e saiu correndo e de novo, foi arremessado por um gigante do time branco. – CACETE! null, vem aqui.

null veio correndo, meio manco até o treinador. null observou a cena de longe.

- O que está acontecendo com você? – O homem disse colocando uma das mãos na cintura, sem ouvir nenhuma resposta de null. – Seja lá o que estiver acontecendo, estamos há duas semanas da final null, você é meu Quarterback, vai lá e faz seu trabalho! – O homem falou grudado nas grades do capacete de null.
Ele assentiu positivamente recebendo dois tapinhas do treinador e voltou correndo para o campo. null sentiu uma estranheza no corpo. null sempre foi o mais focado no time, nunca caiu tantas vezes como naquele treino, e bom, era talvez o primeiro treino que ele apareceu após descobrir sobre ele e null.

- null, no ataque. – Barth apontou para null jogando o capacete em sua direção. – Cobre o null.

Em segundos a bola tinha sido lançada a null, que comandava as jogadas, enquanto null corria feito louco para receber a bola e cobrir null ao mesmo tempo. Mas ele nem olhava para o lado. Entre gritos de null e null para que ele passasse a bola antes que fosse parar no chão novamente; Não adiantou, dessa vez null realmente fora arremessado com brutalidade no chão, todos pararam nesse momento vendo o garoto se retorcer apertando suas costelas. null não teve reação, aquilo era totalmente inusitado. null correu até null abaixando ao seu lado balbuciando coisas que ninguém conseguia entender direito. De repente ouviram um bufo e gritos direcionados a eles.

- null, pro chuveiro. – Barth parou no meio do grupo que havia se formado. – null, você é o novo quarterback.

O homem saiu marchando deixando todos boquiabertos com o que acabará de acontecer. null olhou para todos os caras, inclusive null e null, tentando imaginar a raiva que null deveria estar dele naquele momento. Estava se preparando para enfrentar uma briga.
Mas null levantou-se lentamente com a ajuda de null e saiu mancando desvencilhando-se do amigo, todos observaram novamente null naquele estado deplorável, no momento em que o garoto tirou o capacete, null sentiu algo gelado e ruim descer sua garganta e subir novamente lhe causando uma sensação horrível.
Seu melhor amigo tinha olheiras fundas embaixo dos olhos; eles estavam sem nenhum brilho e sua feição era totalmente abatida e caída. null estava um caco; Foi como se null houvesse levado um soco no estômago.

- Todos liberados. Só quero a defesa comigo. – O treinador gritou fazendo gradativamente todos andarem para o vestiário em silêncio. O que não costumava ser normal. O homem puxou null pelo ombro e o levou para dentro do vestiário junto á ele, e é claro, null não tirava os olhos do amigo.


Ele não pensou em nenhum momento que null iria ficar tão mal; E foi nesse instante que null teve a certeza que null realmente amava sua garota. null. Seu coração parecia gelado feito pedra dentro do peito com um misto de culpa e uma dorzinha chata no meio do cérebro que ele não conseguia relaxar. Não conseguia parar de pensar e rebobinar a imagem da feição de null. Tomou banho por meia hora para tentar aliviar, mas o peso que estava sentindo em suas costas era tão grande que ele mal queria olhar para os lados.

null caminhava em passos lentos pelo corredor molhado do banheiro do vestiário, com a toalha enrolada na cintura pensando em mil e uma coisas; Ouviu vozes do final do mesmo, conhecidas, então passou a caminhar mais lentamente até finalmente parar um pouco antes encostando-se na parede para ouvir.

- Ei, o que foi aquilo? – null perguntou sentando-se no banco ao lado de null. –
- Me da um tempo pra digerir as coisas. – null respondeu com uma voz baixa. null respirou fundo e ficou alguns segundos sem dizer nada. –
- null, você tem que reagir. Você não pode ficar desse jeito cara.
- Não é tão fácil quanto parece null.
- É fácil se você quiser que seja.
- Diga isso pra alguém que não foi traído pela garota que ama, junto com seu melhor amigo. – null fechou os olhos assim que ouviu essa frase, e engoliu seco logo depois; Sentiu seu peito pesar mais do que antes. –
- Você sabe que a culpa não foi só deles null, não se faça de coitado. – null levantou do banco pegando suas calças. – Você agiu de má fé com a null e você sabe disso. – null soltou um riso doloroso que null pode sentir, e também levantou da cadeira pegando suas coisas. –
- Você não sabe como é se sentir assim null, você não faz ideia. – O garoto apontou o dedo para null com os lábios trêmulos. null sentiu um pesar também em seus ombros, e null mais ainda. – E eu tenho raiva null, raiva porque eu a amo. E eu não consigo deixar de amar.

Um silêncio se instalou no local por um bom tempo tendo um cLiama mórbido sendo compartilhado por todos. Ele sentiu vontade dizer que não foi por querer,que não queria ter se apaixonado por ela; Que nunca quis causar isso. Mas sabia que era em vão, então só continuou ali encostado na parede.

- null, você é o nosso quarterback, nós precisamos de você mate! Volta a ser o null null, porque beber quinhentos litros de cerveja e se afundar nessa fossa que você e null estão vivendo não vai adiantar cara! – null disse, podia se ouvir o tom de autoajuda em sua voz. –
- null null é composto de null null, null. E infelizmente, eu não to conseguindo lidar com isso. – null jogou a jaqueta nos ombros e deu dois tapinhas no ombro esquerdo de null colocando seus óculos escuros newway. – Mas não se preocupa não, mate.

Então ele deixou null plantado no vestiário e calado. null suspirou fundo dando um passo pra frente, e outro... até tomar coragem para entrar no vestiário; Assim que deu de cara com null, ambos fizeram a mesma feição de pena. null sabia que null havia escutado tudo só pelo olhar triste do qual ele carregava; No fundo, pelo menos ser compreendido por null era um conforto para null, mas mesmo assim naquele momento não havia null que confortasse null. Ele se sentia sujo, null se sentia um lixo porque realmente null era seu melhor amigo, todos os caras eram; E ele ficava naquela culpa de estar perdidamente apaixonado, e ver seu amigo sofrendo por isso.

- Eu não quis causar nada disso, null. – null murmurou chacoalhando o cabelo e colocando suas calças. –
- Depois que tudo acontece, ninguém ‘’ quer causar nada’’ mesmo, null.
- Você fala como se eu estivesse gostando de ver null sofrer.
- Não null. Eu estou falando agora, pra você tomar uma decisão.
- O que você quer dizer com isso?
- Que não é justo null sofrer por uma incógnita de vocês dois, ou vocês ficam juntos, ou... não ficam!
- É muito fácil pra você falar. – null bufou vestindo a camisa. –
- É fácil porque eu avisei que isso tudo aconteceria, e vocês tem que arcar com as consequências.
- Mas eu não sei o que fazer caralho! – null bateu no armário passando as mãos no cabelo nervoso. Realmente não sabia o que fazer, e null ficar de mimimi na sua orelha não ia ajudar, nesse patamar, nem null estava o compreendendo. –
- Faz o que é certo null. – O menino falou juntando suas coisas dentro do armário. –
- E o que é o certo null? – null perguntou, mais como uma prece. Ele queria uma resposta, porque sua mente estava totalmente confusa, se null tivesse uma certeza naquele momento... –
- O que é certo pra você? – null perguntou deixando a dúvida no ar. Então piscou para null saindo do vestiário. –

Ele ficou ali por um bom tempo matutando. Pensando e pensando, tentando achar uma resposta.
Ele era apaixonado por null, isso era certo. Mas null era muito feliz com null antes de ele aparecer; Isso também era certo. Não conseguia pensar mais nisso sem que seus nervos começassem a esquentar... Seu coração parecia uma pedra de gelo, null queria ficar sozinho. Mas sabia que não seria possível.
Como se resolve um sentimento de culpa por gostar de alguém que você não pode gostar? null estava a ponto de pegar um livro de Sócrates e come-lo, para tentar achar em meio a suas frases filosóficas algo que explicasse ou o que respondesse essa pergunta.
null era o pedaço de null, que ele gostaria de não precisar.

***

Não era justo. Não era Justo toda essa palhaçada que John estava fazendo. null andava de um lado para o outro no corredor da diretoria de Prada, passando as mãos no cabelo incessante e com raiva, jurava que se Samantha aparecesse novamente em sua frente ela iria terminar o trabalho; Se não fosse por null... Ele á olhava pelo canto do olho sentado em uma das cadeiras estofadas em frente a porta da diretoria, sem trocar uma palavra, null não sabia se estava neurótica com tudo ou se null realmente estava estranho, não falou com ela, á tirou a força dos braços de Sam – Da qual estava estapeando, sim null entrou no tapa com Samantha Heater e adjacentes; Ela e null. – E não á olhou nos olhos. null não costumava não á olhar nos olhos, ele nunca fez isso mas... Poderia realmente ser coisa de sua cabeça então

- Vem, vamos embora. – John ordenou assim que saiu da sala de Morrison. null no mesmo momento levantou-se sem dizer nada colocando suas mãos na cintura, null o olhou de loslaio; -
- Pai, não foi bem assim...
- Eu não quero te ouvir null, Já chega. – John trocou olhares indiferentes com null e olhou para null, que tinha um olhar assustado. Ela havia batido realmente em Estacy; null podia ser quieta e na dela mas quando á cutucava... Então basicamente, John á fuzilou de uma forma diferente. –
- Tio John, por favor. – null falou antes que o homem começasse a andar, ele respirou fundo antes de responde-la, fechou os olhos e logo depois abriu a fitando por mais dois segundos. –
- Você tem uma viajem marcada pra sexta. – null encarou os olhos vermelhos de null assim que o homem saiu andando as deixando ‘’sozinhas’’ no corredor. –

null abaixou a cabeça fazendo gestos negativos com a cabeça várias vezes, tornou a cabeça para cima e depois suspirou fundo. Era certo que ela não sabia o que dizer, e porque estava errada, perdeu a cabeça assim como perdeu a cabeça no momento em que conheceu null. null olhou a amiga sair andando corredor a fora deixando null e ela sozinhos nele.
Por mais uma vez ela voltou a encarar null, mas olhou diretamente em seus olhos sem receber resposta momentaneamente, porque ele desviou o olhar assim que ela fez o ato. null queria, bater nele, bater em Sam, estava com raiva! O que estava acontecendo?

- Eu acho melhor você ir com seu pai. – Ele disse fazendo um pigarro no final. Seu coração batia forte porque ele queria fugir dela, queria fugir de seu rosto angelical e sua do pedido de conforto feito pelos olhos maravilhosos que ela tinha; null não conseguia fingir que olhar pra ela não lhe dava uma grande sensação ruim, ela estava lhe fazendo ruim naquele momento.

- null, eu não queria te meter nessa.
- Tudo bem.

O menino disse, bem breve, fazendo null sentir-se pior. A menina o encarou chegando perto de si; null passou por ela lhe depositando um beijo rápido nos cabelos. null ficou parado com as mãos nos ombros de null e ela pode notar ele fechar os olhos por poucos segundos e então deixa-la sozinha no corredor. Ela virou o corpo para o olha-lo, sem receber olhar nenhum em resposta.
Por um instante, null duvidou que null iria dizer algo, contar algo, talvez o motivo de estar tão estranho. Não era algo que null fazia sempre, seu pseudo relacionamento com null havia começado a menos de três meses mas, null sabia notar o ar diferente, até porque, o olhar de James Dean que ele tinha, já contava tudo. Porém este, null estava com um medo obscuro de decifrar.
Ela passou as mãos no cabelo, nervosa, e respirando fundo fez caminho para o estacionamento onde seu pai estava á esperando dentro do carro. null não estava lá, mas parecia que John estava pouco preocupado já que não perguntou por ela; E assim null foi se aguentando até em casa, ela já não aguentava mais o olhar rígido de John, o tom rude que ele usava quase sempre que ás via e odiava Paris por isso, ela não devia por culpa em Paris já que seu pai estava assim porque quis ficar assim, mas se a maldita boneca Barbie não tivesse aparecido na vida de John Mcragrayen, provavelmente ele não estaria esse poço de ‘’simpatia’’ e ‘’fofureza’’ que está. Ah, como ela adorava usar seu sarcasmo.

- Pra onde a null vai na sexta, Pai? – null perguntou assim que fechou a porta, vendo John afrouxar a grava impaciente. –
- Ela vai pra Califórnia. – null arqueou uma das sobrancelhas, para não fazer algo pior, sentindo sua cabeça começar a esquentar; o que era indício de que ele havia mexido com o seu ponto de estresse. –
- Como assim ela vai pra Califórnia de uma hora pra outra? Você não pode fazer isso. – Ela respondeu sentindo seu sangue esquentar. Assim, John virou para olha-la com o olhar de águia natural, que infelizmente null já estava acostumada a ver, e sem se render, ela continuou olhando para o homem da mesma forma como ele á olhava. –
- Eu posso fazer o que eu quiser – John deu um passo chegando perto de null. – Porque eu sou seu Pai, null, e eu estou de saco cheio das suas atitudes. - A menina engoliu seco encarando fixamente a expressão imponente de seu pai. –
- Se está de saco cheio das minhas atitudes, deixa a null fora disso, John. – Aquilo foi cortante para John, null pode ver a fumaçinha saindo de seus ouvidos assim que ela o afrontou. Nunca havia brigado tanto com seu pai como agora, mas parecia que havia uma necessidade, porque estava com raiva dele, ou de Paris... Enfim, null não tinha nada a ver com aquilo. –
- Eu vou tomar atitudes drásticas, até você se colocar no seu lugar. – Ele arrancou a gravata com raiva e subiu as escadas num trote. –

Assim que null viu que ele havia sumido da sua vista soltou a respiração, tentando normaliza-la novamente e se perguntando milhares de vezes, o que estava acontecendo? Seu pai, null... Seus olhos começaram a arder assim que lembrou do olhar de John sobre ela, ele definitivamente não era seu pai, seu doce Pai. John null o Homem de terno que mesmo assim era totalmente e infinitamente compreensivo.
Não era ele.
***


- Que horas você pega o voo amanhã? – null perguntou para a amiga, que estava frente a frente com ela em uma das mesas de uma cafeteria, sentada no colo de null, e null no de null. –
- Ás quatro da tarde. – Ela respondeu olhando para o café, assim, fazendo null perceber o quanto ainda estava chateada, e não era pra menos. –
- É só uma semana, vai ser bom você ver seus avós... – null cortou o cLiama bebericando seu café. –

Enquanto isso null abraçava null pela cintura, avulso do assunto, ele só havia pensando em null nos últimos três dias, e em null, sua mente era bombardeada por ela toda noite, a cada vez que ele via seu nome, e não conseguia agir tão naturalmente. O fato de gostar dela deixava tudo mais difícil; Ele tinha que fazer a coisa certa, não era isso? Mesmo que não fosse fazer bem á ele mesmo. Ou a qualquer outra pessoa.
Ele encostou a cabeça nas costas de null fechando os olhos, sentindo o aroma dela entrar por suas vias respiratórias, como ia conseguir fazer aquilo?
Viu ela se levantar lentamente de seu colo e sorrir de uma maneira angelical para todos na mesa, trocando olhares com null e depois com ele; Lhe deu um selinho demorado, fazendo com que null fechasse os olhos para sentir, aquele mínimo toque de seus lábios nos dela, e quando os abriu de novo, ela já estava longe, jogando o casaco por cima de sua blusa de manga comprida vermelha, com os cabelos remexendo na ventania assim que null abriu a porta para que elas saíssem; Ela deu um último tchau num aceno para ele, sorrindo novamente. Seu coração apertou no mesmo momento, ele sorriu de volta devolvendo o aceno, mas logo voltou a olhar seu copo de café; O mundo parecia pesar na sua mente, null nunca teve vontade de chorar na sua vida, por alguma coisa que não fosse dentro de sua família, o que sentia dele estava incomodando. Então ele levantou, e null no susto fez o mesmo pagando o café dos dois e saindo atrás de null.

- Ei cara, o que deu em você? – null falou parando o garoto. null passou as mãos nos cabelos olhando para o nada. – Isso não tem a ver com o que null disse sobre... fazer a coisa certa, e null.. – null fez um gesto com as mãos levantando o olhar para null. –
- Eu tenho que fazer null. – null murmurou suspirando. –
- null, pelo amor de Deus, tira isso da cabeça. – Ele ouviu a voz de null mudar de tom. –
- Eu não posso, null, eu não consigo.
- Escuta – null ajeitou o casaco. – Pensa bem no que vai fazer, porque algumas atitudes não têm volta.



null encarou null com olhos pesarosos, não sabia se aquilo tinha sido dito no sentido ambíguo de que, a situação de null e null não ia voltar a ser a mesma, ou que se ele fizesse o que tinha em mente, provavelmente ela nunca mais olhasse na sua cara. Só de pensar, null sentia algo embrulhar em seu estomago. Ele piscou algumas vezes em um silêncio compartilhado com null, passou a língua nos lábios e sem dizer nada ao amigo, saiu andando em direção oposta a null, deixando-o com cara de nada.

null andava em passos largos pelo aeroporto de Heatrow com null ao seu lado puxando uma big mala vermelha ao seu lado; Ficou primeiramente em pânico quando notou o tamanho da mala, nunca havia ficado tanto tempo longe de null e realmente, ainda queria matar seu pai por aquilo; Não tinha o visto dês de que tirou satisfação sobre o ato.
null já havia feito o checking, e seu voo já havia sido chamado a três minutos; A garota parou em frente ao portão jogando o blusão nos ombros e olhou para null, bem no fundo de seus olhos, como se ela estivesse deixando alguma parte do corpo para trás, e realmente, estava deixando.

- Tenho que correr. – Ela falou fazendo gestos com as mãos, e logo depois, pulou em null para dar um abraço apertado. –
- Juro que não vou perdoar meu pai por isso. – null choramingou no abraço, vendo null desvencilhar-se lentamente. –
- Você sabe que ele não tem culpa... – null respondeu num tom triste, espremendo os olhos. – Tenta não fazer loucura, eu volto em uma semana. – Ela sorriu, levantando o puxador da mala. –
- Eu vou tentar. – A menina acenou abraçando o próprio corpo. –

null desapareceu em segundos em meio a outras mil pessoas, null sentiu-se sozinha pela primeira vez na vida; Nunca ficou sem null, não que se lembrasse direito, e de repente... a garota foi dispersa de seus pensamentos pela vibração de seu celular, logo levantou a tela, que indicava a ligação de null.
Fazia um tempo que null não ligava, vulgo, uma semana, dês de sua briga com Samantha; Só ela ligava para ele mas, ultimamente ele havia atendido apenas nos últimos toques, como se não quisesse atender, ou talvez fosse coisa da sua cabeça e bom, ela preferia acreditar na segunda opção.

- Ei boy... – null atendeu, voltando a caminhar para a porta do aeroporto. –
- Oi null. – ela percebeu de imediato sua voz pesada na linha, e o suspiro que se sucedeu antes da outra frase. – Tá ocupada agora?
- Acabei de deixar null no aeroporto e agora estou indo pra casa... – a menina respondeu receosa. – Porque? – Mais uma vez o silêncio tomou a linha, que fez até null tirar o telefone do ouvido para verificar se ele ainda estava lá. –
- Então... – Suspirou novamente. Tinha algo errado. – Passa aqui no meu apartamento.
- Hãm... Claro. – Ela mordeu os lábios. – Chego aí em... – Ela olhou no relógio do carro. – Dez minutos.
- Te espero. – Ele disse e logo desligou a chamada. –

Ela foi matutando o caminho inteiro sobre o tom de null; Ele podia estar nervoso com alguma coisa, e por isso resolveu chama-la para conversar... null não costumava ficar encanado com alguma coisa por muito tempo, na realidade era a primeira vez que null via null dessa forma, então...


Ele estava jogado no sofá de sua sala passando as mãos nos cabelos sem parar, logo voltando o movimento para seus olhos e rosto, enquanto ouvia batidas delicadas e incessantes em sua porta.
Ele sabia que era ela.
E como cada batida daquela doía. Doía como uma facada em seu peito; null levantou calmo e respirou fundo, decidido do que faria; gostava o bastante dela para fazer isso. Abriu a porta a vendo sorrir com todos os dentes para ele e... Algo dentro si pareceu se partir em pedacinhos vendo aquilo.

- Eu to aqui! – null sorriu de lado, um dos seus melhores sorrisos; Seu olhar era pesaroso sobre ela e não se importava se a garota pode perceber isso. - Algum problema?
- null... Eu... – null abaixou a cabeça olhando para seus pés, ele ainda segurava a porta. Sua voz parecia não querer sair; Ele não sabia como fazer aquilo, não sabia se deveria convidá-la para entrar. Só sabia que aquilo estava o matando por dentro sem nem mesmo ter feito de fato. –
- null, você tá me assustando! – de repente null tornou seu olhar sério, fixando seu olhar no garoto, que era um pouco mais alto que ela, o olhando de baixo para cima. Ele aspirou todo o ar que podia, algo dentro dele estava parecendo se deslocar... Não costumava ser tão difícil assim.
- null, não dá mais. – ele soltou como um cuspe.
- O que não dá mais? – null ficou o observando por dois segundos quieta, piscando varias vezes e lentamente; perguntou com total inocência,desmanchando por completo seu lindo sorriso. null passou as mãos nos olhos freneticamente, notando que eles ardiam após aquela frase, null vendo a reação de null sentiu um tremor gelado em seu peito, vendo que null ainda não havia a respondido. – null, o que não dá mais? –
- Nós dois. – O garoto soltou como um cuspe, como se tudo de bom dele tivesse ido embora com a frase, seu corpo inteiro doeu e se contraiu depois dela. –

null não foi homem o suficiente para encará-la nos olhos, mas percebeu o movimento da garota: tombar a cabeça para o lado, as lágrimas começarem a tomar seus olhos, que provavelmente estavam procurando um entendimento. Como ele ia explicar somente não podiam ficar juntos? Que não havia explicação fácil, e que ele continuaria sendo um canalha mesmo explicando-se pra ela. Seu coração estava queimando mais do que imaginou. Sabia que iria ser difícil, mas não imaginou que seria tão difícil assim.

- null... – Seu corpo latejou a vendo o chamar outra vez. null sentiu a ponta de seu nariz arder abriu um sorriso frouxo para ele, arqueando uma das sobrancelhas. – É algum tipo de brincadeira? – E mais uma vez ele quis se bater. –
- Desculpe – ele pediu num sussurro. Foi a única coisa que conseguira dizer. –
- Me olha nos olhos então null! – a voz dela estava embargada; null deixou uma lágrima escapar ao dizer isso e rapidamente á Liampou trincando os dentes em seguida; ele não fez o que ela havia pedido, portanto, a dor que null havia começado a sentir involuntariamente, a fez por um tempo contorcer-se para tentar segurá-la - Você... Você disse que era apaixonado por mim! O que eu fiz, o que aconteceu? – ela soltou depois de alguns segundos suspirando. –
- Eu sei o que eu disse, null, eu...
- Você mentiu! – ela falou alto, levando uma das mãos na boca. – Porque merda você mentiu null?
- null... Me desculpa – null finalmente á olhou nos olhos. Naquele instante, ela percebeu que não era uma brincadeira, que null realmente estava fazendo aquilo com ela; Sua boca ficou tremula assim que, ainda encarava os olhos do menino, e a única coisa que ele conseguia fazer, era fitá-la com os olhos também vermelhos, e ainda por pouco tempo; Ele desviou o olhar logo em seguida.
- É só isso que você tem pra me dizer? – null não á encarou novamente, aquilo estava a deixando irritada, se ela pudesse fazer algo naquele instante, poderia bater nele, porque seu coração doía de uma forma estranha, como se houvesse levado um soco; A coisa era tão inusitada que a única reação dela foi sorrir, sorrir sem conseguir acreditar no que havia acabado de acontecer. – É isso? – ela aumentou tom de voz.
- O que você quer que eu diga? – ele disse olhando para os lados, fungando com o nariz. null por um segundo pareceu ver null afetado, um pouco triste, tanto quanto ela, os olhos dele estavam vermelhos também.
- Pensando bem... Eu não quero que você diga nada. – null fungou alto, já Limpando as lagrimas que ameaçavam escorrer, e depois encarou cada detalhe de um null que não á conseguia olhar nos olhos. – A gente nem tinha algo direito né? – O corpo dele estremeceu, seu coração apertou no peito ao voltar a encará-la. null arriscou dizer que null iria dizer algo, mas ele só suspirou. – Espero que você fique bem.

Ela passou a língua dos lábios sentindo uma lágrima rolar; null viu aquilo acontecer em câmera lenta, sentiu outro soco em seu estomago ao ver aquilo; Era horrível ver null chorando, e o pior, chorando por ele; Seu peito estava tomado de dor, mais parecia uma dor física, como se tivesse levado um chute no local; talvez fosse até melhor levar um chute, ao vê-la chorar daquela forma em sua frente.
null fungou de novo e ainda ficou estática por alguns segundos, o olhou forçando um sorriso triste para ele, e, o quebrando as pernas, null se aproximou dele e lhe deu um beijo longo e molhado no rosto, procurando seus olhos, aquilo não levou nem cinco segundos, mas para null, haviam levado séculos.
Certamente ele sabia que para cada ação, havia uma consequência, mas ele queria fazer a coisa certa desde que a conheceu, e aquilo lhe pareceu certo, só não sabia que o machucaria tanto como machucou naquele momento; Porque era completamente apaixonado por aquela garota, mas mesmo assim tinha que deixá-la ir.
A menina se afastou dando dois passos para trás, vendo sem nenhuma hesitação, null fechar a porta do apartamento. Seu mundo caiu naquele momento; sentindo um nó formar-se em sua garganta como se seu corpo avisasse que ela não iria soltar nada ali. null encostou sua testa na porta do apartamento involuntariamente, enquanto mais outras lágrimas rolaram, só que elas não eram tão eficientes, aquela sensação ruim ainda estava ali; tinha esperanças de que ele abrisse a porta e falasse que era tudo uma brincadeira. Mas pelo meio minuto que ficou ali. Nada foi feito.
Do outro lado da porta null fez o mesmo. Apoiou as duas mãos na porta olhando para os pés suspirando com toda sua alma. Porque estava doendo tanto nele? Nunca sentiu nada parecido. null e null tinham em separação apenas uma porta. Ela com a testa encostada em um lado, e ele com as duas mãos na porta fazendo o mesmo, do outro lado. Era uma daquelas cenas bem sádicas, que não havia exatamente nada plausível que explicasse tanta dor entre eles, a separação era tão pequena que lhes causava mais dor, porque o que mais queriam eram eLiaminar aquela porta e acabarem com aquilo, sabiam que o sofrimento acabaria desse jeito, mas que mesmo assim, aquela coisa invisível e inexplicável ainda estava ali, não os deixando fazer nada sobre aquilo.
Assim que o garoto ouviu o barulho do elevador finalmente descer, se deu conta de que tinha acabado com tudo. Se deu conta de finalmente podia gritar, podia arrebentar tudo porque era tudo que ele podia fazer agora; Queria quebrar tudo porque tinha raiva. Raiva de tudo; Mesmo sabendo que o responsável era apenas ele, a culpa era só dele. null socou o sofá – que tinha a pretensão de mostrá-la - arremessou as almofadas e depois as paredes. Puxou os próprios cabelos, tentando retroceder tudo aquilo, e por fim, ouvir aquele toque tão suave na porta, queria rebobinar e fazer aquela dor parar. Por isso, seus socos no ar se tornavam cada vez mais fortes, mais angustiados, porque por mais infeliz que isso pareça ser, não era possível voltar atrás, o que estava feito, estava feito.



- Pai? – a menina falou quando o pai atendeu no primeiro toque, torcendo para que ele não percebesse o seu tom de voz choroso.
- Sim?
- Você ainda vai pra casa do vovô? – a garota perguntou tentando disfarçar sua voz embargada.
- Hãm, daqui 10 minutos estou saindo, por quê?
- Eu quero ir, me espere – null disse fungando alto, deixando escapar uma tremidinha na voz.
- Claro. Tudo bem? – John perguntou receoso, recebendo de primeira um pequeno silêncio de cinco segundos.
- Eu... – ela suspirou. – Vai ficar.


Ao estacionar o carro, null viu alguém sentado nas escadinhas de entrada da casa. Não estava com saco para ninguém naquele momento. Sentia algo martelar de uma maneira insuportável dentro de seu coração; Algo que ela queria muito poder controlar, mas... Sabia que não iria ser assim, segurar sua dor era a pior coisa que estava fazendo.
null levantou das escadas assim que á viu chegando perto. Ele estava lindo. Aquele casaco preto sempre o favoreceu nos invernos; Imediatamente null se lembrou de sempre reparar nisso quando ainda não estavam juntos. O garoto tinha a feição acabada, seu olhar sem vida, para olhos tão bonitos quanto os dele... Seu coração apertou mais uma vez.

- Poupa seus “elogios” pra mim... Hoje não, null – falou passando pelo garoto e logo sentiu uma das mãos dele segurar seu braço, fazendo-a girar para ele.
- Eu não vim aqui pra isso, null – seu apelido na boca dele lhe causou um arrepio. E então sentiu sua mão a largar lentamente.
- Então foi pra que? – a menina cruzou os braços.
- Foi pra pedir desculpas – ele falou rápido. Os olhos dela se arregalaram; Ela conhecia bem de mais null null, para receber um pedido de desculpas do nada.
- O... O quê? – null balbuciou tombando a cabeça para o lado.
- Eu sinto sua falta, null... – o menino passou a língua nos lábios. – Eu sei de tudo que eu te chamei e eu me arrependo todos os dias por que... Eu sou apaixonado por você e por mais que eu queira deixar isso de lado, você é...
- null... – a menina engoliu seco, já prevendo o que ouviria; novamente sentindo uma sensação ruim subir por sua garganta; Seu peito estava dolorido, não queria tocar em qualquer assunto que fosse delicado demais naquele instante, e ouvir null dizer tudo aquilo para ela parecia estar retorcendo seu peito ainda mais.
- Eu sei que é difícil acreditar, mas... null pelo amor de Deus eu to... Eu to... Eu to mal sem você – null passou a mão nos cabelos soltando um riso doloroso que ela entendia muito bem. Como se pudesse piorar, sentiu-se muito pior ao perceber que null estava dizendo tudo aquilo de coração pra ela. Ela respirou fundo, já começando a reparar nas lágrimas que se formavam na borda de seus próprios olhos. Não era possível.
- null... – Ela disse, tentando fazê-lo parar de falar, porque não queria chorar mais, porém naquela altura da situação, tendo a vista dos olhos azuis de null, vermelhos e inchados, ela deixou uma pequena lágrima escapar.
- Foi difícil te perder, e eu não consigo superar... Eu não consigo superar porque eu te amo eu não tenho medo de dizer isso. Eu sempre te amei e quero que mesmo... Que você não... Não sinta o mesmo – sua voz saiu baixinha ao dizer isso.
- null... – null segurou o soluço pela frase que se sucedeu; Ela sabia que naquele momento seu coração estava uma pedra dentro do peito, ele pesava, ele a estava machucando, ver null daquela maneira acabou com todo o resto de qualquer coisa boa que houvesse nela naquele dia.
- Para de dizer meu nome repetidamente, por favor, isso me faz sentir pior... – Ele pediu. A ação dela foi instantânea.
Ela puxou null para um abraço.
Afagou totalmente seu rosto em seu pescoço deixando com que a maioria das lágrimas saísse; mas ainda parecia não ser o suficiente. null agarrou null pela cintura a apertando com toda força que conseguiu, o ar começava a circular pelos pulmões dele novamente; senti-la perto de si era um alívio para sua mente, para sua alma. Mas pra ela não. null agarrou o casaco do menino com toda força que conseguiu fechando os olhos da mesma forma, lágrimas grossas desceram por seu rosto; Tudo colaborou; ela não sentiu o alivio esperado quando deixou com que elas saíssem e aquilo se tornou um desespero; Queria que sua dor parasse naquele momento; Naquele instante! Era doloroso demais sentir aquilo; e por ironia do destino era: Estar chorando nos braços do ex, que um dia lhe fez chorar nos braços de null. Mas a dor que null causou era fora do normal, nada comparada a qualquer outra coisa que houvesse sentido na vida.

- null – ela disse trêmula se afastando um pouco do garoto e segurando o rosto dele com suas duas mãos, null tinha um completo alívio estampado na cara. – Eu te amo... – ele sorriu, encarando as lágrimas da garota desceram cada vez mais rápido e um soluço acompanhá-la antes de terminar a frase. – Só não gosto mais de você.
Aquilo foi um baque para os dois.
null havia dito em voz alta, finalmente para ele próprio que não sentia mais nada; Ela assumiu pra si mesma e aquilo lhe fez chorar mais ainda, vendo null sorrir olhando para o lado não á encarando. Lhe doeu tanto... Deus como queria parar de sentir aquilo e voltar pra vida perfeita que tinha com ele; O menino voltou seu olhar para ela, depois de segundos só a ouvindo soluçar.
- Eu te amo – foi o que ele disse em resposta. Com convicção, beijando a testa dela demoradamente antes de ir embora. – E eu ainda sou completamente apaixonado por você.

null o encarou dar meia volta e sair andando, colocou as mãos nos bolsos e foi, como se não houvesse acabado de abrir um buraco negro dentro de null, um buraco negro que ela podia sentir naquele instante em que ele foi aberto, que no final do dia, já não restaria mais nada nela; null o viu indo embora sentindo cada vez mais vontade de gritar.

Ela subiu correndo as escadas; Afinal, ainda tinha que arrumar as malas. Ao fechar a porta do quarto passou o olhar por todo ele; Seu coração pareceu bater mais rápido no peito como se pedisse para sair de toda aquela inundação de dor que ela sentia; null se perguntava naquele momento se ele não havia se dizimado lá dentro; Era muita coisa que ele pudesse aguentar num só dia.
Sentou-se na cama respirando fundo e fechando os olhos com firmeza. Aos poucos suas lágrimas que já inundavam seus olhos foram escorrendo pelo rosto com uma intensidade fora do normal... Ela comprimiu os lábios sentindo os soluços virem com mais força e de repente seu choro ficou alto; era algo que ela não conseguia controlar.
null deslizou da cama para o chão se encolhendo; apoiando a cabeça nos joelhos. Ela não sabia como podia chorar tanto daquele jeito, não podia estar se abatendo tanto por aquilo, já havia passado por um término antes, mas... Afinal, o que eles tinham? Nada. Definitivamente nada da qual ela podia se lamuriar; Mas mesmo assim, doía na sua alma pensar que talvez isso não tivesse passado de uma paixão de quatro meses; que foi só isso para ele. Só isso.
Ela sentia falta de ar, queria que algo fizesse aquilo parar, aquela dor horrível; algo lá dentro estava totalmente estilhaçado; Queria se bater por ter sido tão burra em acreditar em tudo que ele disse; em todas as palavras, em todos os beijos, abraços e... Ela era apaixonada por ele de todas as formas possíveis e aquilo á matava por dentro a cada segundo que lembrava. Seus olhos ainda pressionados na tentativa de fazer as lágrimas pararem não fizeram efeito. Elas continuavam molhando todo o seu rosto. Era uma idiota, não podia se abater tanto, era ridículo, o que estava pensando? Mas ainda não deixava de doer, e isso irritava demais;
null chorava de raiva, muito mais de raiva; Por ter caído tão inocentemente na mentira do “eu estou apaixonado”. A garota levantou do chão de súbito, secando o nariz e as lágrimas com a manga de sua blusa azul marinho de seu cardigan indo para o banheiro. null jogou água no rosto e logo depois se encarou no espelho. Ela tinha o mesmo olhar de null. Era isso que ele sentia? Porque se fosse, se sentiu horrível por isso. Com um peso fora do normal em seus ombros; Ela fungou, passando uma base para disfarçar seu nariz vermelho, então correu para o closet calçando suas botas ugg bege e jogou algumas trocas de roupa numa malinha preta.
- null? – ela ouviu seu pai abrir a porta do quarto; e logo virou se deparando com ele. – Estamos saindo – ele disse, por um instante ela achou que John havia sacado seu olhar fundo, ele ficou a encarando por um tempo, mas logo saiu do quarto.

***


Algum tempo depois ela acordou sentindo um frio lascado dentro do carro; olhou pela janela, onde já escurecia tendo um por do sol atrapalhado pelas arvores, era realmente uma cena bonita. A menina apertou o cardigan no corpo percebendo Paris quieta mexendo no celular, e John dirigindo sério; Viajar com Paris não era tão ruim assim, já que ela só ficava calada mexendo no celular, e provavelmente assim o fez no tempo que null dormiu.
O carro adentrou dentro da propriedade de Bill, o avô de null, parando em frente a uma grande casa toda feita de madeira; ela não via a hora de sair dele para se esticar, sem ter motivo algum, seu coração latejou dentro do peito, uma angustia estranha tomou conta do seu corpo a fazendo sentir falta de ar; Assim, do nada. Era como um buraco dentro de si, um vazio horrível.
Um velho, envolto por um casaco preto, e uma calça diferentemente confortável, um pouco gordo e barrigudo caminhou até eles, primeiramente até null, e a abraçou com seus braços gordos, conseguindo abraçá-la por inteiro. O abraço de seu avô sempre fora bom, mas naquele momento parecia ter sido um relaxamento natural, ela sentiu seu coração se soltar em batidas lentamente, e então respirou deixando o ar invadir seus pulmões. Bill beijou os cabelos da menina, acariciando o mesmo até as pontas, delineando, e depois sorriu para null que fez o mesmo. Não seria loucura demais se ela, por ventura, passasse suas verias de verão ali.

- Você cresceu mais do que eu temia – ele comentou; trocou olhares com John, Paris, e depois voltou a olhar null como se quisesse perguntar se era esse o motivo da carranca triste da menina, mas ele no fim, não disse nada. – Onde está null? – ele perguntou, arqueando a sobrancelha e olhando ao redor.
- Pergunta pro Bonzão – a menina respondeu, olhando para os olhos do avô, que obtiveram um tom de duvida.
- John! – o velho gritou, assim que viu o filho.

A menina subiu as escadas em passos lentos, abriu a porta de entrada dando de cara com grande sala principal da casa, a decoração era a exatamente a mesma de quando Mary – Esposa de Bill; vovó Mcgraeyn. – Ainda era viva. null ponderou; Como Bill conseguia viver em uma casa da qual haviam tantas lembranças de Mary? Para ela já estava sendo difícil olhar e não sentir tristeza ao lembrar que sua avó não estava ali... A menina subiu as escadas do mesmo modo calmo, dando de cara com um corredor, dois quartos um ao lado do outro e um banheiro no fim do mesmo; Outro corredor se encontrava ao lado esquerdo, com as mesmas características do outro. A menina seguiu reto e entrou no segundo quarto, perto do banheiro.
Não entrava ali a muito tempo, mas tudo estava definitivamente igual a antes. Ela colocou sua bolsa na poltrona branca de camurça – Da qual ela costumava brincar bastante de rainha ao se sentar, com null. – E andou até o meio do quarto, olhando pela porta da varanda, branca com quadradinhos de vidro entornados por uma madeira branca. Sua colcha branca, e travesseiros rosa, estavam da mesma forma, tudo estava exatamente igual.
Desejou com que null estivesse ali com ela. Geralmente elas não paravam de falar quando chegavam em um quarto juntas mas, ali, null só podia ouvir o próprio som de sua respiração, misturados com o silêncio e a angustia que estava sentindo. O sentimento de solidão, de que não tinha ninguém á tomou, fazendo seus olhos se encherem de lágrimas em segundos. Ela tinha tudo, e de repente viu-se sem nada. Sem ninguém. E por mais que os tempos não estivessem sendo os melhores, alguém, pelo menos uma pessoa estava ao seu lado. Agora, a sua única companhia era o silêncio. Ela ouviu vozes no andar de baixo da casa, e de uma maneira relaxada jogou-se no meio da cama, botando as mãos nos olhos, e se encolhendo lentamente, tirando com os pés sua bota ugg.



Três dias se passaram, três dias extremamente monótonos. Seria cômico se null tivesse jogado golfe algumas vezes com seu avô, mas tendo em vista de nada mudaria seu humor, que de vez em quando ela esquecia a dor, e de repente voltava; Mas na verdade era sádico. Sentia vontade de chorar, mas não saia lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existia nada pior. Acho que você sabe o que eu quero dizer; Todo mundo, volta e meia passa por isso, só que com ela era diferente, estava ficando frequente.
null estava com saco cheio de olhar para Paris todo dia, olhando seu fingimento em frente ao pai, vê-lo sorrindo a forma mais sincera, e ela sorrir de uma maneira simpática demais para seu avô. John estava sendo enganado! Ver aquilo de fora era extremamente triste, mas, convenhamos, isso aconteceu com si própria; Talvez aquilo houvesse se tornado pior aos seus olhos porque ela sabia que, quando todo esse fingimento acabasse, sobraria o mínimo dele; Ele se sentiria exatamente da forma como ela estava se sentindo agora, e ela não desejava isso pra ninguém. Não era melodramático demais, o fato é que, o sentimento de ter se sentindo usada era horrível.
No momento a menina estava afogada em seus edredons, tirando um cochilo com a televisão ligada, totalmente relaxada; Sua atração principal no era dormir demais, era só isso que ela havia feito nos últimos três dias. A menina piscou varias vezes se acostumando com a claridade da TV, tateou a procura de seu celular, que não mexia dês de quando chegara, para olhar as horas; Assim que seu visor de iluminou, null olhou fixamente sua foto e de null ali. Ela sentada em seu colo, sorrindo com todos os dentes, null mostrando a língua com um pequeno sorriso; Suas mãos em volta da cintura de null. A garota fechou os olhos lembrando da sensação de ter suas mãos em volta dela, e de como ele ria no seu ouvido da maneira mais cachorra, a levando para qualquer lugar que quisesse com aquilo. Pensando por esse lado; Não era difícil ser controlada por null, suas ações eram minuciosamente pensadas para levá-la a ser inteiramente dele; A garota suspirou sentindo um nó na garganta se formar; Não podia querer ele ali, mas queria, queria null deitado ao seu lado, respirando em seu pescoço...

***


null estava deitado em seu colo, assistindo qualquer coisa que passava na TV, totalmente concentrado. null alisava os cabelos do garoto fazendo o mesmo; Mas não prestava atenção na TV. O escuro do quarto, tendo como luz apenas a TV, fazia null viajar por seus pensamentos.
Estava frio, e null estava á esquentando. Como John nunca estava em casa, era natural que ele fosse fazer companhia as vezes; O menino começou a gargalhar, fazendo-a se distrair de seus pensamentos; quando ele finalmente a olhou, virando-se de bruços e apoiando suas duas mãos nas coxas dela.
- Ta pensando em que? – null espremeu os olhos, debruçando-se sobre as coxas dela.
- Você e essa sua mania de me perguntar sempre, no que eu estou pensando – ela rebateu, olhando para ele.
- Você me assusta! – ele disse, fazendo-a rir de leve lhe dando um tapa na cabeça.
- Às vezes eu não estou pensando em nada.
- Dou uma opção melhor: Quando você estiver sem fazer nada – o menino ficou de quatro, fazendo null se deitar na cama, ainda sorrindo. – Me chama pra fazer tudo com você – null passou a gargalhar, puxando null pela nuca para um abraço, por força do hábito, entrelaçando suas pernas na cintura do garoto.
- Isso soou tão sexy – ela comentou dando um selinho longo do menino, que sorriu, daquela maneira que lhe dava arrepios em toda parte do corpo. Aquele sorriso que ela não conseguia deixar de lembrar uma vez ao dia.
- Eu...
Antes do menino começar a dizer algo, o celular de null vibrou, indicando uma mensagem de John, que ela não se deu ao trabalho de ler. null pegou o celular dela em mãos, vendo em sua tela de bloqueio uma foto sua e de null na tela. Ele desbloqueou o celular começando a mexer no mesmo e deitou-se ao lado de null.
- Ei, para com isso – null falou rolando para cima de null.
- Qual é o problema?Tá escondendo algo? – ele disse jogando os braços para trás para não deixá-la pegar.
- Não, é só que, é pessoal! – ela protestou, sentando-se no colo do garoto.
- Pessoal demais, ein - ele olhou para uma foto dela e null, depois null, e null. – Porque eu sou a única pessoa da qual você não tem foto? – ele perguntou trocando olhares dela, para o celular.
- Essa é uma ótima pergunta – ela falou, e subitamente null sentou-se, colando seus corpos, ficando a milímetros de sua boca.
- Vamos mudar isso – ele pegou o celular dela, clicando no ícone da câmera e logo apontando para os dois.
null pegou o celular do menino, sentindo os braços dele se entrelaçarem por sua cintura, e só pelo fato de sentir aquilo, sorriu com toda sinceridade que conseguiu. Enquanto null botava a língua para fora com um meio sorriso, de tal maneira que null passou a imaginar, depois de segundos daquela foto ser tirada, como conseguia sentir-se tão verdadeiramente completa com ele, em apenas um ato.
- Agora podemos fazer algo melhor? – ele sussurrou no ouvido dela, mordendo o lóbulo de sua orelha.
- Tipo, comer? – null olhou no fundo dos olhos dele a milímetros de distancia dos seus.
- null... – ele sussurrou o nome dela, levando suas mãos, que antes estavam na cintura da garota, subirem lentamente por dentro de sua blusa, segurando com firmeza e sutileza aquela parte das costelas.
null fechou os olhos sorrindo, sentindo o roçar de seu nariz em suas bochechas, e seu halito quente bater bem perto de seus lábios. Ela sentiu um calafrio na boca do estomago assim que ele desceu uma das mãos que estavam dentro de sua blusa para a barra de sua calça de moletom cinza, ameaçando tirá-las, mas ainda sim, ele tinha um carinho absurdo em cada toque dele.
- Acho que podemos fazer algo melhor, antes de comer – null sorriu, assim que seus olhos se cruzaram novamente, null sorriu de lado, virando-se bruscamente e deixando-a por baixo de si.
- Eu acho que é isso que fazemos melhor – ele riu, beijando null com um selinho longo, e logo iniciando uma sessão de selinhos que foram descendo pelo pescoço e depois voltaram para os lábios dela.

Se não fosse duvidar, null estava na mesma posição á três dias. Sentado no sofá, passando a mão no rosto e ligando e desligando a TV, ouvindo seu celular tocar. Ele não tinha cabeça para mais nada desde que deixou null ir embora, não conseguia esquecer a forma como os olhos dela perderam o brilho maravilhoso que ela tinha. Ele sentia uma enorme vontade de bater em tudo a todo o tempo; Não sentia vontade de sair, ele havia tomado o ultimo estoque de cervejas para os dias que os meninos vinham na sua casa. null estava na fossa, ele nunca achou que ficaria assim, que seria tão difícil se acostumar a ficar sem null, que iria se acostumar a não receber ligações dela e nem de sentir falta dela. Era ruim porque ele sabia que tinha acabado com tudo, e que ela não voltaria a ser dele. A segunda garota que ele foi perdidamente apaixonado, simplesmente esvai porque, ele não foi homem suficiente pra assumi-la ou, pra assumir a culpa de ter acabado com seu melhor amigo.
No quarto toque do seu celular naquele dia, ele finalmente se cansou de ouvir o som irritante soar e pegou o celular, o atendo impaciente.
- Sim? – o menino se ajeitou no sofá, com uma voz cansada.
- Eu cheguei a pensar que você estava morto – ele ouviu a voz de null soar do outro lado da linha, mas só suspirou. – O que tá acontecendo cara? Três dias sem noticias suas, nem da null, onde vocês estão?
- Eu estou em casa, null eu não sei – null respondeu direto, sentindo uma dor no peito ao falar no nome dela.
- Ela não te contou onde ia? – null questionou com um tom de voz duvidoso.
- Não, null, ela não me contou – null suspirou, levantando-se por impulso do sofá, ainda com o tom cansado.
- Qual é o problema?
- Nenhum, null, que saco – null balbuciou procurando algo comestível no armário. Estava sendo extremamente difícil para ele falar sobre ela, ele sentia sempre uma martelada no peito.
- Vocês brigaram... – o menino afirmou. – O que você fez? Ou, o que ela fez?
- O que precisava ser feito – null disse ríspido passando a mão no rosto; Naquele momento seu peito parecia ter começado a queimar novamente, uma dor estranha bem abaixo da caixa torácica fez com que aquilo se tornasse doloroso. – Olha, eu vou desligar, agora já sabe que eu estou bem, tenta ligar pra ela tudo bem? Tchau, mate.
null se apoiou em um dos balcões da cozinha respirando e inspirando profundamente. Aquela sensação horrível estava longe de acabar, ele sentira por três dias e nunca passava. Seu peito dava solavancos a todo o momento, a garganta seca e o coração apertado. null não conseguia fazer nada direito, que não fosse pensando nela, e em como ela deveria estar, se ela estava bem, noticias dela; Mesmo sabendo que não deveria sentir absolutamente nada.
Ele caminhou em passos largos até a sala, desligando a TV, pegou sua blusa azul que estava jogada em cima do sofá e decidiu que naquele dia, ele não ficaria em casa.


null desceu as escadas em passos silenciosos olhando para a escuridão que se sucedia lá embaixo; Não havia conseguido dormir, não havia conseguido pregar os olhos naquela noite, sentia uma angustia fora do normal no corpo, era como se ele mesmo estivesse sentindo falta de uma parte, como se null fosse essa parte, mas isso ela sabia que era completamente insano. Como ela podia não ter sentindo tanta falta de null, do qual conviveu por um ano, e de null, parecer que seu corpo era interligado com o dele no momento em que sentiu seu beijo naquele ano novo. Não era possível.
Assim que chegou a cozinha, ligou uma das luzes do barzinho – Que era fraca. – E andou até a geladeira, tirando de lá uma deliciosa torta de chocolate e creme, a receita era de Mary, mas a cozinheira de seu avô mandava muito bem á fazendo. null sentou-se no balcão, começando a beliscar a torta, sozinha, ouvindo o som do próprio mastigar, distraindo seu cérebro á: Mastigar, saborear de deliciosa massa da torta, voltar a mastigar, pensar em como aquilo era delicioso; ela odiava Paris; null havia mentido; Meu Deus como essa torta é gostosa;
A menina foi surpreendida por seu avô, Bill, entrando com seu roupão preto e calças de moletom na cozinha. Ele parou e olhou a garota sentada na bancada ainda mastigando, agora lentamente, e em passos pequenos caminhou até o lado dela.
- Duas da manha e você comendo a torta da Mary – Bill comentou, acompanhando com o olhar null levar mais um pedaço á boca.
- Não consigo dormir, vovô – null comentou baixinho, engolindo a torta, olhando fixamente para a mesma.
- Conte-me a história do porque está triste – o velho perguntou, encostando-se ao balcão como se esperasse ouvir uma grande história. A menina arqueou a sobrancelha olhando para ele.
- Como sabe que estou triste?
- Seus olhos me disseram – Bill respondeu olhando para null, depois de alguns segundos, calada, ela passou a balbuciar algumas palavras.
- Ele me enganou – ela começou, como um cuspe, sentindo seu peito apertar. – E depois de tanto tempo eu achei que isso não ia acontecer, mas, eu me sinto tão usada! – a menina disse num suspiro, enquanto os olhos começavam a se encher de lágrimas novamente.
- Seja quem for... – ele suspirou, cruzando os braços. – se esse tempo for grande, é muito para um garoto conseguir fingir – Bill trocou olhares com null. – Nenhum garoto consegue mentir, e ficar com uma garota por quatro meses, sem que não sinta nada.
- Eu nunca senti nada parecido, entende? – null olhou para o avô com os olhos molhados. – Nada tão doloroso quanto isso. Eu me sinto horrível, e não passa! – ela protestou, secando novamente embaixo dos olhos para que lágrimas não rolassem.
- Todo grande amor se acha sério, null – Bill começou dando uma colherada na torta, e dando nas mãos de null. – É diferente, ameaça à saúde – ele falou.
- Mas... – null olhou para o avô com duvida. – Não pode ser amor – ela disse, mais para si mesma do que para o avô. – Quer dizer, não pode ser amor, pode?
- Eu não sei, pode? – Bill olhou no fundo dos olhos da garota; Talvez tentando fazê-la lembrar dos momentos mais afetivos que ela teve com null, e lembrar-se de tudo que ele já a fez sentir. Seu coração bateu forte assim que começou a se lembrar, a se perguntar. – Mas de uma coisa eu sei – o homem se desencostou da bancada. – Quando eu olhei pra Mary, eu sabia que era ela, não importava se todos achavam que era loucura demais, eu sabia, e quando a gente sabe... – ele voltou até null e lhe deu um beijo na testa. – Volte a dormir.

***


O dia estava nublado, assim que null botou os olhos para fora da varanda, tendo a vista da imensidão branca e gelada que se estendia pelo gramado da fazenda de Bill, sentiu seu corpo congelar; Ela adorava a paz que aquela vista lhe dava, mas de certa forma, nada consolava tanto seu coração, nem aquela vista. O quarto dia estava sendo mais uma vez monótono, como todos os outros, a não ser pelo fato de que Bill bateu na sua porta as oito da manhã para convidá-la a fazer uma caminhada pelo aras; Ele havia comprado mais dois cavalos, e null sempre ia dar uma checada neles quando ia pra lá, só que dessa vez, ela não tinha vontade nem de sair de quarto.
null colocou suas calças de montaria – Que estavam apertadas, por ela quase nunca usar. – Uma jaqueta branca, com pelos da mesma cor na touca e sua bota ugg preta, saindo correndo do lugar para acompanhar o avô. Na caminhada, sentindo o vento bater contra a pele de seu rosto, pode por alguns instantes, respirar normalmente depois de quatro dias; Não estava sendo fácil não lembrar dele, toda parte de seu corpo já fora exposta a ele, ela inteira fora dele e de repente... Ela olhava para si mesma e notava que, null não estava sendo ela sem seu null null.
Ela sabia de tudo que era dramático demais, e essa parte da sua vida, particularmente estava sendo. Foram seis meses de convivência, um, do qual apenas o conhecia, e os outros cinco , mais puros e intensos do que seu namoro inteiro de um ano com null – Para ela – Não era como se null não houvesse amado null, não tivesse sido loucamente apaixonada por ele, e coisas do tipo mas, nem ela havia uma resposta, com null foi diferente e por mais que pareça o mais clichê possível, ela pode perceber isso no momento em que ele a beijou, ou enquanto ela a tocava. Ela sentia-se única. Não é qualquer pessoa que te faz sentir assim, e vocês sabem muito bem do que eu estou falando. E por fim, não havia sobrado nada dela, porque null havia se doado por inteiro para ele, havia doado cada parte boa sua para ele, nos beijos dele, aos toques dele. Não restou nada de bom para ela mesma; null só estava tentando se regular, se estabilizar de uma dor estranha de perda, como um buraco vazio; Não foi a pior briga do século a que teve com ele, foi até bem breve. Mas sabe como é, foi uma paixão cortada pelo meio. No seu auge, sabe o que é isso?
- Querida? – ela se despertou dos pensamentos virando a cabeça bruscamente para olhar seu avô em outro estábulo, então ela andou até ele, olhando os movimentos carinhosos que o avô fazia no focinho do cavalo.
- Ele é novo? – null perguntou, tornando a acariciar o cavalo, ele era inteiramente branco, do focinho ao seu longo rabo branco.
- Sim, é – o velho respondeu. – Eu olhei para ele e me lembrei de você – pausa para um suspiro. – Lembra? Você vivia me pedindo um cavalo branco, e bom, eu consegui – ele riu, null abraçou o avô pela barriga recebendo um beijo nos cabelos. – O nome é por sua conta.
- Billy Jean – null disse rápida, ainda acariciando o cavalo com um meio sorriso.
- Bem rápida – o velho disse rindo, botando as mãos nos bolsos.
- Eu pensei no nome dele desde os meus dez anos! – Ela riu.
Pela primeira vez em quatro dias.

***


null tinha medo do entardecer, por mais que fosse a vista mais linda que já houvesse visto há muito tempo; Ficar completamente sozinha com sigo mesma toda noite, envolta por seus pensamentos, e suas angustias, null era traída por seus próprios pensamentos.
Seu lado escuro e triste a tomava quando estava sozinha, fazendo toda aquela dor de sentir que não foi nada, que foi usada e que ainda não restava nada nela, voltava. Talvez ter pessoas as seu lado ou melhor, Bill, ao seu lado o dia todo, supria todo esse lado ruim, esse lado bom que ela não tinha em si mesma.
null estava sozinha na cozinha, apoiada em um balcão, lutando para que seus olhos não começassem a se avermelhar, porque ela sentia falta de null, sentia falta do abraço dela, e de null, como ela gostaria de dormir no colo dele como sempre fazia; Era sádica a forma como null sentia-se totalmente só; E o pior é que, null fazendo aquilo, despertou seus sentimentos mais ruins e tristes, e angustiantes de uma vida toda então ela parou e pensou por alguns segundos antes de dar um suspiro longo para tentar fazer seu coração se acalmar: Como palavras podem machucar alguém, numa magnitude maior do que um machucado físico?

Ela suspirou mais uma vez, Liampando o cantinho dos olhos, e virou-se de frente para a porta dando de cara com Paris, a garota arregalou os olhos de espanto, afinal, era estranho ver uma boneca Barbie, montada, te olhando fixamente com os braços cruzados, e além do mais, Paris parecia estar observando null daquela maneira há um bom tempo.
- Que foi? Quer alguma coisa Paris? – a menina perguntou logo depois de retomar a consciência sobre Paris estar á observando.
- Já disse que essa cara de coitadinha de Mayfair que você faz, me irrita? – a mulher falou num tom arrogante e patético fazendo null arquear uma das sobrancelhas;
- O quê?
-Fala sério, garota, você tá querendo empatar á meses meu namoro e do seu lindo pai, se fazendo de coitadinha, mas, por sorte, ele não liga a mínima para o que você pensa ou deixa de pensar sobre nós – Paris descruzou os braços, dando passos lentos até null, aquele maldito salto ecoava pelo chão da cozinha, parecendo medir em uma escala o quanto a irritação de null estava subindo a cada passo dado por ela.
- Eu não to ouvindo isso – null riu sarcástica, passando a língua nos dentes.
- É claro que não – Paris sorriu da maneira mais irritante que alguém poderia rir, chegando em frente a null e cruzando os braços novamente. – A patricinha de Mayfair é muito rainha pra isso, tão importante que levou até um pé na bunda do melhor amigo do ex.

Ela parecia ter levado um soco no estomago. Como é que aquela loira nojenta havia descoberto que null havia... Acabado com ela? Mesmo assim, seu coração latejou naquele momento, Paris parecia ter tocado em algum tipo de ferimento que, faz seu corpo todo ficar dolorido, outra vez... Pensou ela, doeu tanto que seus olhos marejaram.

- Quem você pensa que é pra falar desse jeito comigo? – foi a única resposta rápida que ela conseguiu planejar.
- Eu sou a droga da sua madrasta e aconselho que você se ponha no seu lugar de fracassada daqui pra frente, e fique acomodada com isso até meu casamento, docinho – ela sentiu o dedo indicador da moça bem perto de seu rosto. null ergueu a cabeça, encarando Paris nos olhos. Ninguém aponta o dedo para uma null e muito menos, Paris Jackson. null sentiu o sangue subir para o cérebro, tendo uma súbita vontade de estapear aquela mulher.
- E eu, aconselho você a voltar para o prostíbulo de onde você veio – null delineou suas palavras, sorrindo no final da frase, Paris tentou balbuciar algo, mas seus argumentos pareciam ser falhos para uma resposta descente. null juntou as sobrancelhas no momento em que notou ter atingido Paris, uma feição de medo tomou á mulher, e por segundos sua expressão virou um tremendo ponto de interrogação.
- O que está acontecendo aqui? – John adentrou na cozinha parando ao lado da miss simpatia, que havia recuado dois passos de null.
- Eu realmente não sei, você pode explicar, null? – Paris gaguejou um pouco; Era incrivelmente nojenta a forma como ela manipulava seu pai, e aquilo a irritava no seu ápice, seu sangue ferveu naquele instante; null bateu com os punhos cerrados no balcão dando uma risada sarcástica.
- Você é tão cego pra perceber que essa mulher é uma prostituta te manipuladora atrás dessa pinta de socialite?

A menina fechou os olhos com força vendo a mão do pai se aproximar bruscamente de seu rosto, mas não sentiu o impacto. Assim que abriu os olhos viu John vermelho de raiva a olhando de perto, com os olhos horrivelmente assustadores, null recuou assustada e incrédula, seu coração ficou pequeno naquele momento, um choque pareceu atingir seu cérebro não aceitando direito a ideia de que seu pai havia acabado de a ameaçar, ameaçar lhe bater. Botou a mão no peito, sentindo uma lágrima escorrer pelo susto, ou pela dor que sentiu naquele instante. Porem John não pareceu se comover, ele passou a mão firme e forte no rosto, as botando na cintura, enquanto via null manter uma feição assustada e recuada para ele.
- Some da minha frente – ele disse severo, com uma voz grossa.
- Com muito prazer – ela respondeu de imediato, abrindo os braços num gesto brusco dando alguns passos até a porta.
A raiva que sentia podia a destruir naquele momento; null subiu as escadas tendo seu coração batendo no peito a mil por segundo, suspirou fundo passando as mãos nos cabelos, ela não chorava, mas estava atônita, estava com raiva. Juntou suas coisas novamente na sua mala em menos de cinco minutos, vestiu a primeira jaqueta que viu em sua frente e correu para as escadas, virando-se bruscamente em direção a garagem. A menina jogou a bolsa no chão da mesma correndo até os chaveiros, suas mãos tremiam de raiva, ela queria chorar, queria gritar de raiva, queria puxar seus próprios cabelos, queria sair dali, e faria isso.
Juntou a chave do Peugeot RCZ do avô, abrindo a porta bruscamente e jogando a mala no banco traseiro. Certamente Bill não aprovaria isso, e era por esse motivo que não perguntou se podia pegar o carro, ele iria dar um jeito de querer conversar, e era o que ela menos queria, null queria ficar sozinha, ou até pegar um voo para a Califórnia, voltar para o Brasil, o que fosse, mas não iria ficar ali.
Ouviu o avô gritar para ela, mas apenas abriu o vidro balbuciando que iria explicar depois, e logo depois John ao seu lado dizendo “Deixe ela ir, é melhor que ela suma de vez.”

***


Ela derrubou algumas lágrimas no caminho, e as Liampava rapidamente assim que sentia. Com o coração dando solavancos de cinco em cinco minutos, viu a necessidade de prestar mais atenção na estrada, estava noite, caindo flocos de gelo minúsculos, e a pista estava molhada pela chuva de horas antes; null suspirou fundo dentro do carro sentindo um aperto horrível dentro do peito; Ainda não havia caído a fixa de que tudo aquilo estava realmente acontecendo com ela, sua vida tinha sido virada do avesso de uma hora para outra, em três, quatro dias, ela sentia sentimentos nojentos e sujos dentro de si. Não aguentava mais ficar dentro do próprio corpo porque, superar a dor que null havia lhe causado, ela iria ter que superar, de um jeito ou outro mas, o que mais lhe doía naquele momento era o fato de seu pai, John , que mesmo longe era o mais carinhoso possível com ela e com null, havia mudado da água pro vinho; Havia ameaçado lhe bater.
Novamente outra lágrima rolou, fazendo a garota soltar três soluços contínuos, suspirando fundo em seguida. Uma camada de nuvem se formou em frente aos seus lábios indicando o quão frio estava dentro do carro; Não fazia diferença nenhuma, já que seu coração estava uma pedra de gelo dentro do peito, mas mesmo assim ela foi á procura do aquecedor.
null esticou os braços e tirou a concentração por um segundo da pista, apenas para ligá-lo ou, tentar acha-lo.
E foi nessa tentativa, que havia tirado sua concentração por cinco segundos, que fizeram null ver uma luz forte e branca em sua direção; Sem controle algum e quase de imediato, null sentiu seu corpo ser sacolejado dentro do carro diversas vezes ,de uma maneira brusca e insuportavelmente dolorosa, tão dolorosa que pensou que sua costela houvesse saído do lugar, e provavelmente, null só não havia sido arremessada para fora por ser segurada pelo cinto.
No momento em que o carro parou de se mexer, a menina sentiu uma fisgada indecifrável no tórax, e partindo dali todo o seu corpo latejar como se pesasse 80 quilos. null demorou alguns segundos para retomar a consciência e finalmente perceber que estava de cabeça para baixo, e que tudo ao seu redor cheirava a gasolina; sentindo a dor aumentar, a menina gemeu alto , já sentindo lágrimas rolarem de seus olhos, fechando-os pressionados novamente por impulso da dor. Na tentativa de se recompor, mesmo tremula e mole, null tentou mais uma vez se mover, apoiando as mãos no teto do carro para se apoiar e foi assim que sentiu um caco de vidro a cortar as mãos, novamente ela gemeu baixinho soltando mais algumas lagrimas. Ela estava apavorada, morrendo de dor na cabeça e com medo.
Foi nesse momento que constatou que iria morrer; há pelo menos cinco minutos incontáveis null estava ali, e não aguentaria tanta dor por muito tempo, sua visão estava ficando turva por ela, e mesmo que ela estivesse fazendo o máximo para não ceder, fechou os olhos novamente, instantaneamente sentindo seu corpo amolecer, e sua cabeça latejar; null sentiu um liquido cremoso escorrer por sua testa, passando por todo o seu rosto; Ela tinha quase certeza que era sangue, e muito sangue. Só que, naquela altura sentia-se tão fraca que a única coisa que conseguiu fazer foi suspirar sentindo os lábios tremerem, e de repente, não viu e nem sentiu mais nada. Ela conseguiu o que estava querendo o tempo todo em quatro dias: Alguma coisa que a fizesse apagar.




Foi assim de súbito, com uma ligação ás uma da manhã que null acordou ouvindo do celular de null, não a voz dela, mas de um homem informando que sua amiga havia acabado de destruir o carro dela em uma estrada que ligava Londres á Dartford.
A garota no momento tinha as mãos tremulas, segurando seu celular na mão; sua mala já estava pronta e ela havia gritado para os avós para que dessem um jeito de arrumar um voo para ela dali meia hora. null chorava de desespero, em vista de que discando o numero de John, várias e várias vezes, não obteve resposta em nenhuma delas; Sem conseguir entender ainda como John não havia atendido as ligações do celular de null, que foram feitas pelo resgate.
Tentou pela décima vez mais uma ligação antes de sair de casa, andando de um lado para o outro, sentindo um tipo de calafrio esquisito que lhe causava náuseas, ainda não havia acreditado no que ouvira 20 minutos atrás, a frase que ia e voltava á deixava agonizada: ‘’ Senhorita, ela está inconsciente... Vamos mandá-la para o hospital central de Londres, não sabemos informar o grau do acidente, mas devo dizer que o carro foi destruído pelo capotamento continuo. ‘’

- null... – John atendeu num tom monótono e sonolento, e então o coração dela palpitou.
- John – começou com a voz tremula.
- Sim?
- John... – A menina tentou dizer, mas um nó parecia ter se formado em sua garganta novamente, a fazendo ter que respirar muito mais oxigênio do que seu pulmão aguentava.
- Algum problema? – O homem tornou ao tom sério, dessa vez, sentando-se na cama, onde estava deitado com Paris, coçando os olhos. –
- John, a null... – Ela começou, soltando um abafo tremulo. –
- O que ela aprontou? – Ele perguntou monótono. –
- Ela sofreu um acidente. – soltou um suspiro, acompanhada por sua voz tremula – E está sendo encaminhada para o hospital central de Londres. – O choque na espinha que John sentiu ao ouvir aquilo, fez o que todo o seu corpo paralisasse na cama, trancando suas vias respiratórias. – John, ela estava inconsciente! – null aumentou o tom de voz agudo, soltando o choro de vez, e ele não conseguia dizer nenhuma palavra. – Eu vou chegar em doze horas. – A menina fungou. – John?

Ele desligou o celular virando-se para Paris com um olhar arregalado e desesperado. A mulher estava agora, de joelhos na cama o fitando com duvida, mas, ele não conseguia racionar, seu corpo de alguma maneira sabia que ele precisava sair dali naquele momento, então, ele levantou rapidamente, sem ouvir e nem tentar parar pra pensar no que Paris dizia a ele, John apenas foi juntando tudo em sua mala em um amontoado de roupas, parecendo não sentir seu corpo, suas mãos tremulas, e seu coração quase saindo pelo peito o faziam, por alguns segundos, perder os sentidos, mas por instintos, talvez, ele continuou na rapidez, correndo até Londres para encontrar a filha.

***


null se remexeu na cama com um resmungo, irritado, por ouvir seu celular vibrar sem parar em cima de seu criado mudo; olhou no relógio vendo a hora antes de atender: Uma e meia da manhã, ele só não ignorou a ligação por que, podia ser um dos garotos, bêbados e precisando da sua ajuda.
- null, graças a Deus você atendeu! – Ele ouviu uma voz feminina e um tanto esganiçada do outro lado.
- Am, quem? – Ele perguntou sonolento.
- null, null, é a null quem está falando! – A menina disse rápida.
- null... – Ele murmurou. – Porque me ligou a essa hora? – Ele perguntou passando as mãos nos olhos, ainda morrendo de sono.
- Você tem que me ajudar... – Ela deu um suspiro, ele pode ouvir do outro lado o desespero da garota, pelo suspiro dela, o menino sentou-se na cama, abrindo os olhos fazendo o melhor possível de si, enquanto seu coração começava a bater com um pouco mais de força.
- Você tá me deixando preocupado... Aconteceu alguma coisa? – Era obvio, era obvio que havia acontecido alguma coisa. O garoto fechou os olhos novamente.
- Aconteceu, null – null soluçou, respirando fundo. – Ela bateu o carro! – ele ouviu mais soluços. – Ela bateu o carro null, a null sofreu um acidente! – O menino paralisou dos pés a cabeça assim que ouviu a última frase. Seus olhos se estalaram dando de cara com a escuridão do quarto; Enquanto ainda podia ouvir alguns fungares de null do outro lado da linha.
- Como assim... Como assim ela... – Ele gaguejou sentindo lhe faltar ar. – Onde ela está?
- Ela foi pro hospital central de Londres, segundo o resgate e, já que eu chego ai em doze horas, por favor, vai pra lá! O John chega aí em uma hora e meia mais ou menos... Ai meu Deus. – null suspirou, Liampando as lágrimas. – Vou pegar o voo agora!
- null, o null sabe disso? – Ele perguntou, levantando-se da cama para acender a luz, meio receoso; Sabia que, null não ligaria sem mais nem menos pra ele, até porque null podia dar conta da situação, porém, seu sexto sentido gritava.
- Ele não sabe. – Foi o que ela respondeu, bem baixinho, como se fosse um segredo; Ele não se deu ao trabalho de pensar em qualquer outra coisa que não fosse null naquele momento.– Tchau.
Ela havia desligado.
null colocou suas roupas em um tempo recorde, pegando seus documentos, provavelmente ficaria a noite toda no hospital, tentando não entrar em pânico. Tudo que null queria era que ouvir que null estava bem, ele ainda estava em um choque incomum quando girou a chave de seu carro para dirigir até o hospital central. Ponderou por alguns segundos, respirou fundo e expirou o ar tentando normalizar seu coração; Discou o numero de null, eram duas horas, ele precisava chegar rápido; Foi cortado de seus pensamentos turbulentos pela voz de null, que parecia surpresa, e assustada.
- Alô. – null usou um tom receoso, e sonolento.
- Oi, null – null suspirou, passando por um sinal vermelho. – Escuta, eu vou ser direto cara, então me escuta com atenção – O menino suspirou mais uma vez.
- Há essas horas? – Ouviu o resmungar de null, mas ignorou aquilo.
- null sofreu um acidente de carro na estrada. Vai pro hospital central agora, eu não sei se ela já chegou, não sei o que aconteceu direito, só sei que ela está lá. – O menino disse com um desespero na voz, passando as mãos nos cabelos.
Um silêncio instalou na linha por um breve minuto, onde null só podia ouvir o som do respirar pesado de null.
Ele estava em choque, uma onda elétrica de o que parecia ser algo gelado, um calafrio, percorreu por todas as suas veias sanguíneas o deixando tremulo e mole. Seu peito pareceu ficar pequeno ao imaginar o acidente, sentiu uma onda de sensações ruins percorrerem seu corpo, dos pés, até sua garganta, parecendo lhe causar algum tipo de choque e uma dor estranha. Seu cérebro estava tão embaralhado que se perguntassem seu nome, ele não saberia responder; Mas, por também ser tão surpreso, a reação dele foi apenas, não acreditar naquilo, porque sua fixa ainda não tinha caído.
- Meu Deus – balbuciou passando as mãos no rosto. – Eu vou pra lá, agora. – null ouviu o garoto dizer antes de finalizar a chamada.

***


Ambos chegaram juntos ao hospital, null viu null correndo pela entrada, com os cabelos desgrenhados e o olhar pesado e desesperado, provavelmente ele devia ter sido acordado assim como ele, com a noticia, e por um momento null parou pra pensar: porque ninguém mais próximo a null o avisou, no caso, null, porque ela não havia ligado pra ele? Novamente seu coração parecia querer sair do peito, ele levou o caminho inteiro tentando respirar normalmente,e não pirar.
Seus passos foram largos até onde null havia acabado de parar, na porta do hospital, para espera-lo; Por mais estranho que fosse o fato de que eles ainda estavam brigados um com o outro por toda a situação, tanto null quanto null, agradeceram mentalmente por terem um ao outro ali naquele momento; Estavam no mesmo estado de choque e pavor, andando um ao lado do outro, porque, não sabiam o que havia acontecido com ela, não sabiam se ela estava bem ou qual era a gravidade do acidente, e ainda mais, ambos gostavam dela na mesma intensidade, e pensando de uma forma amigável, sabiam que o que sentiam era sufocador e aterrorizante e que precisavam de um apoio, naquele momento, da melhor forma possível de alinharem uma ponte entre seus sentimentos por null, sem terem ressentimento algum um pelo outro, foi pensar que, eles estavam sentindo a mesma coisa, na mesma intensidade, então soou como um tipo de apoio.
Por uma hora e meia, mais ou menos, eles ficaram apenas com a presença um do outro, sem dizer nada, em um silêncio completo, apenas trocando olhares preocupados um para o outro, tudo parecia ter sido apagado naquele momento, todo o olhar de raiva de dias antes, toda vez que se encontravam, havia acabado, mas, quem ia ser o primeiro a quebrar o orgulho e dizer alguma coisa? Nenhum deles estava a fim de se arriscar a dizer algo, e muito menos naquela situação, não queriam estragar o primeiro passo dado, que era: Não saírem no braço no mesmo estabelecimento. Ambos estavam a uma poltrona de distancia, quando notaram John chegar com Paris ao seu encalço; O homem avistou os dois, e sem hesitar correu até null, sim, null, pra perguntar o que tinha acontecido, enquanto Paris sentou ao lado de null.
null viu null gesticular e explicar tudo para o pai de null, e depois o abraçar de uma maneira terna pedindo para que ele relaxasse, porque tudo ia ficar bem; Não era uma situação apropriada para null ficar com raiva, mas ele ficou, porque, a única coisa que John fez ao passar por ele, foi o cumprimentar com o olhar, e depois sentar-se ao lado da loira; Tá certo que, null namorou com ela por um ano, e devia ter conquistado a confiança de John porque, provavelmente, null havia sido o primeiro namorado serio da menina, pelo que ele ouviu falar dos amigos, antes de trair null; Sentiu um enjoo forte ao imaginar a cena de null e null juntos, sua cabeça passou a doer em segundos, nada estava a favor deles, absolutamente nada estava a favor deles, nem o pai dela, tudo que envolvia null ali, parecia perfeito, e ele parecia ter estragado tudo, o que só o fez sentir-se cada vez pior, o garoto respirou pesado sentindo o peito doer; Apesar de tudo, ele era incabivelmente apaixonado por ela, e sentia que mesmo que tudo parecesse errado, não ia esperar mais tempo e acabar num hospital, morrendo de medo de que algo pior acontecesse, e que não pudesse ficar com ela ou dizer a ela o que sentia.
O que mais machucava nele naquele momento era que ele a tinha, a tinha por completo e sentia isso, a cada dia mais null se fazia dele, e ele acabou com aquilo porque não conseguiu lidar; Talvez fosse o tal ditado “ null null era areia demais para o seu caminhãozinho’’ Ele era um merda, estava se sentindo horrível, e ver que estava sobrando ali, que não era nada perto de um null null, foi como cair em queda livre.
null ficou a algumas cadeiras de distancia deles, foi até a cantina, tentou ligar para null, mas ele não atendeu, e por volta das quatro da manhã conseguiu falar com null; Sentiu-se um pouco mais relaxado sabendo que null iria pra lá, algo ali estava o sufocando, null estava com algo o prendendo dentro do peito, uma angustia horrível que o fazia querer vomitar, e só piorava ao ter sustentado a ideia de que ninguém estava a favor dele ali.
null chegou meia hora depois, e assim ficou por lá, junto à null, Lançou um olhar compreensivo e preocupado para null, que de alguma forma parecia estar indiferente para tudo, jogado em uma das cadeiras da sala de espera com os olhos fechados, e o rosto cansado, null não soube distinguir se essa era a feição de null pelos últimos dias, ou se, ele estava realmente com sono, afinal, a traição acabou com ele de uma forma inimaginável.

- null? – O que deduziram ser o médico, chegou três horas depois, às sete da manhã, olhando para o mais velho dos homens, no caso, John.
- Sou eu. – John levantou ajeitando as calças, e assim, todos se levantaram junto com ele.
- Senhor null; - O homem começou, olhando para uma coisa que parecia ser uma fixa, e depois trocou olhares com todos junto a John, deu um longo suspiro, e continuou a frase. null bateu a cabeça muito forte, causando um tipo de, irei explicar de uma forma menos formal, de hemorragia, ela perdeu muito sangue, e por esse motivo, ela precisou de sangue e passar por uma bateria de exames; - O homem falou, algo naquela frase fez com que os olhos de John perdessem qualquer brilho, seu corpo tremulava sem nem mesmo conseguir talvez raciocinar o que o médico disparava a dizer. – O estado dela é estável, senhor null. –disse com um olhar cúmplice. – Mas isso não quer dizer que ela não esteja com sequelas, quero dizer, ela sente muita dor, então, induzimos um coma, para que ela se recupere sem muito sofrimento.
No momento em todos ouviram aquilo, fecharam os olhos em negação. Na verdade, ninguém sabia direito o que era coma induzido, mas, a palavra “coma’’ já era forte demais para eles, porque null queria vê-la naquele exato momento, seu coração parecia não parar no lugar, de forma que seu peito doía de dentro para fora e de fora para dentro; null passou as mãos nos cabelos sentindo um gosto gelado subir por sua garganta, e depois ouviu o suspiro de null, e null, e logo John dar um giro por si próprio, passando incessante, as mãos nos cabelos.
- Como assim, coma induzido? – null perguntou com a voz atônita, e os olhos um tanto avermelhados.
- O carro capotou cinco vezes antes de se estabilizar, ou seja, ela foi arremessada de formas inimagináveis, varias vezes, e de formas bruscas dentro do carro. – O medico suspirou. – Suas costelas foram fraturadas, seu corpo contem vários hematomas fortes, além da perda de sangue contínua até que a ambulância chegasse ao local; Vocês não imaginam a agonia que foi vê-la acordada. – Ele terminou, null levou as mãos na boca num gesto de espanto, fazendo todos olharem fixamente para o médico, o mesmo franziu os lábios dando dois tapinhas no ombro esquerdo de John.
- Quando vou poder... Vê-la? – John falou antes que o médico se virasse. –
- Não sabemos direito, mas, eu prezo que em breve senhor null.

Cinco vezes? Cinco vezes o carro capotou com null dentro? Foi a única coisa nítida que null conseguiu gravar de toda a fala medica e formal do homem de branco. O medico sorriu, e terminou dizendo que em oito horas, null sairia da UTI, para o quarto. Seus olhos ardiam, e só conseguiu notar aquilo quando olhou fixamente para null, o menino havia sentado novamente e afundado o rosto em suas mãos, e depois suspirou fundo, encarando o chão branco da sala de espera; O silêncio de meia hora foi mórbido, tão mórbido que chegava a ser insuportável, null queria vê-la, ou se é que poderia vê-la, tendo como arqui-inimigo, o genro preferido, não precisaria nem fazer dois ou um pra saber quem iria vê-la primeiro, não é mesmo?
O menino encarou a silhueta de null atravessar o corredor, que era separado da sala de espera por um vidro do teto ao chão, ela corria, provavelmente null deveria estar pior que todos ali, mas, algo fez o garoto tirar os olhos dela, havia uma mulher ao lado, uma mulher que assim como ela, parecia estar terrivelmente desesperada, ela olhava para os lados, com os olhos fundos, e depois encarava com terror o rosto de null, até que null percebeu null o notar, ele se ajeitou na cadeira assim que ela o olhou, tentando travar aquele gosto amargo na garganta, mesmo parecendo que aquilo era como um veneno que fazia seu peito arder; null passou as mãos no rosto.
A moça entrou com ela, apertando o casaco contra o corpo, metade de seu cabelo estava preso, e a outra estava solta em fios um pouco bagunçados, por segundos, aquilo lembrou null quando acordava de manhã e sorria... Os olhos, os olhos lembravam os de null, mesmo que fundos e com preocupação; e... Assim que null foi encarando a mulher com mais curiosidade, notou o mais obvio; E teve certeza no momento em que ela bateu os olhos em John, e John bateu os olhos nela. O mundo do homem parecia ter parado, mas, o dela...

- Onde está minha filha? – Eles ouviram um tom duro e tremulo tomar o local; Todos, todos ali presentes olharam para ambos se encarando lá. Em nenhum segundo John tirou os olhos dela. Assim como null, null engoliu seco, arqueando a sobrancelha;
- Renê... – segundos depois, John balbuciou. Ele não tirava os olhos dele, estava incrédulo, como se estivesse vendo um fantasma; Todos na sala se entreolharam tentando entender a cena, mas, ninguém pareceu entender de fato.
- Onde ela está John? Como ela está? – Renê voltou a falar, sua voz tremula fizeram com que ele passasse as mãos nos cabelos, dando a entender que tinha voltado à realidade.
- Ela está na UTI. – Ele respondeu, com pesar nas palavras. null novamente voltou seu olhar para o chão, e a sensação desconfortável fez com que seu peito começasse a latejar com mais intensidade outra vez.
- Onde você estava? – A mulher perguntou minutos depois, John levantou o olhar, e pôde vê-la chorando, com a cabeça tombada nos ombros; Seus olhos transpassavam algo que ele não conseguiu entender, mas conseguiu sentir: dor, dor de culpa.

Renê respirou fundo, fechando os olhos, e caminhou até os assentos, escolheu um bem ao lado de null. Ela o encarou antes de sentar-se, e ele retribuiu por segundos o olhar da mulher, sorrindo de canto como um cumprimento. Ela sabia. Renê sabia de null, e de null; Mas eles não sabiam dela. O fato de a mãe null estar no local, e null ou null, ou um dos garotos, nunca terem a visto, fez o cLiama ficar muito mais tenso do que já estava, levando em conta o dialogo minúsculo que ela e John tiveram, mas que foi suficiente para deixar claro que a relação de ambos não era boa, ou não estava boa. A pergunta era: Como ela soube?
null suspirou novamente, e esse era seu ponto de quase alivio, como se seu peito se enchesse de um tipo de liquido, e que, quando suspirava, tirava por poucos segundos, o que fazia doer, e depois ia se enchendo de novo. Nunca parava, mas oscilava, e ia crescendo gradativamente, até que ele tivesse que suspirar novamente. Os olhares foram voltados a null, que chegou correndo, e parou na porta, apoiando suas mãos no vidro num baque, e depois olhou por toda a sala. null encarou o menino com o olhar pesado; null voltou-se para olhá-la, tinha até perdido a noção de que null estava na sala, com tanta informação na cabeça, ela parecia ter chorado a noite toda, seus olhos estavam inchados, e seu nariz bastante vermelho, os olhos fundos, assim como os de todos que foram acordados pelo susto da noticia de ter uma null que era: melhor amiga de quase todos, amor da vida de dois deles, num hospital entre a vida e a morte. Ele pôde notar menina segurar o choro ao máximo, e sem relutar, correu até null, que abriu os braços e a agarrou, apertando-a contra seu corpo e fechando seus olhos no abraço.
Mais um suspiro.
null estava completamente sem reação, à única coisa que conseguira pensar em fazer desde que havia chegado era ficar sentado, respirando e inspirando, e, o mais rápido possível, vê-la. Pra ele não importava se null estava o odiando pelo que havia feito, ele só queria vê-la, isso era o suficiente pra ele.
- null, não é? – Ele ouviu uma voz suave o tirar de seu pequeno pensamento sádico. Olhou para o lado, e Renê o olhava, ver as olheiras de preocupação da mulher, fez null engolir seco; o menino passou a língua nos lábios antes de responder.
- Sim. – Respondeu, franzindo os lábios logo depois.
Nada foi dito por longos segundos. Mas a mulher pôde perceber o nervosismo de null exalando pelos seus suspiros. Em todas as ligações que recebeu de null, informando sobre seu primeiro namorado, ou sobre sua primeira vez, a única vez da qual Renê viu a filha descrever um garoto com tanta paixão e obsessão, foi null. E naquele momento notou o pôr que. Ele tinha pinta: Os cabelos desajeitados e seu olhar com toda certeza faria qualquer garota ficar de pernas bambas. Mas é claro, só para garotas jovens, como null, null era bem garotão e não fazia o tipo de Renê, por exemplo, mas a deixou encantada. Essa era a palavra. Ele era extremamente cativante e encantador.

- Você é igualzinho a como null te descreveu. – Renê retomou a fala, o que fez null virar a cabeça lentamente para olhá-la com olhos surpresos.
- Como?... Você... – Ele se ajeitou na cadeira.
- Eu sei de você, sei de null, sei de tudo. Ela me contava. – A mulher disse com um tom de voz leve.
null não sabia o que dizer, mas sorriu por aqueles segundos que se sucederam, e depois olhou para a mulher, ela ainda mantinha o olhar preocupado, mas estava mais calma que ele.
- O que ela disse? – null perguntou, meio receoso, e ela o olhou fixamente por alguns segundos.
- Que nunca havia conhecido alguém como você. – Pelo olhar que Renê lançou a ele, null conseguiu entender que era da melhor das formas, que era porque null havia se apaixonado.
Ele deveria ter sentindo borboletas no estomago e uma súbita felicidade por ouvir aquilo. Mas não. null sentiu uma pancada no estomago, não como antes, e nem com o mesmo sentimento, porque havia sido ele que tinha acabado com tudo. E ouvir que aquela garota que ele dispensou por ser fraco demais, dizer aquilo, o fez se odiar. Provavelmente a expressão dele tinha sido tomada por algo parecido com dor, e indignação, pois Renê o olhava tentando entender, só que, ele não tinha cara pra olhar pra ela.
null estava sentado a duas poltronas de distancia dos dois. Não que estivesse apurando os ouvidos para ouvir a conversa de null com a mãe de null, mas, foi impossível não ouvir, não havia nenhuma voz ou cochicho que não fossem dos dois. Assim que ouviu a mulher proferir aquelas palavras, seu peito apertou. Ele engoliu seco, fechando os olhos por aquele tempo tentando entender o que havia feito de errado. Passou e repassou as mãos nos cabelos de trás para frente nitidamente chateado, incomodado. null era, e sempre foi seu primeiro amor, e durante um ano tudo pareceu perfeito, tudo, todos os beijos, todas as vezes que estiveram juntos, as saídas, cada vez que relembrava de um momento, sentia um choque elétrico gelado percorrer do estomago, até seu peito; Ele fazia cara feia pela sensação.null tinha perdido null sem perceber que ela estava deslizando por suas mãos, por seus beijos. Sentia tanta falta de sua namorada, de ouvir dela que ele era o seu cara, devia ter percebido.
Ambos estavam com aquela perseguição mental de culpa, de não perceberem o quanto aquela burrada doía. A burrada de perdê-la.
***

null foi pra casa com null e null, enquanto null havia ido com null; achou ridículo ter uma escolta pra ir pra casa tomar banho, o que eles achavam que ele faria? Mas mesmo assim, concordou em levar os amigos. Fazia muito tempo que nem se quer olhava para null, ou dirigia qualquer palavra a ele, tinha receio, sabia que null também guardava ressentimento dele, afinal, ele estava lá, e na cabeça de null, ele não fez nada, mas null se quer sabia quem era null quando as conheceram. Ele só se lembrava de como ele ficou maravilhado, de como ainda não havia conhecido aquelas duas meninas, de como nunca havia visto um sorriso tão indecifrável e chamativo como o de null.
Assim que abriu a porta do apartamento, os dois entraram com o olhar desconfiado, null nunca havia ido, e null talvez esperasse por calcinhas, cervejas, bagunça, mas o que encontrou foi um copo no meio da mesinha de centro, um colchão no meio da sala, cobertores e uma, uma só garrafinha de cerveja.
- Meia hora, e eu já volto, temos que voltar. – null disse, e depois olhou para os amigos. – Sintam-se a vontade. – O menino olhou para null, e ele retribuiu o olhar cúmplice.
Um tempinho depois ele voltou, apenas null estava sentado na sala, olhando o local todo, assistindo qualquer coisa na TV, assim, null arrumou a blusa na gola, e olhou para o amigo; null não estava bem, e isso estava estampado na cara dele, sua feição estava para baixo, e seus suspiros contínuos fizeram null amolecer, ele também estava ruim, null era sua amiga há tanto tempo, mas com null, ele tentou entender a situação.

- Vamos então? – null sorriu sem mostrar os dentes, dando um passo, mas null o parou um pouco antes, com a cabeça abaixada, null ficou o encarando;
- null, olha...
- null, eu não quero conversar com você sobre isso agora, eu não tô...
- Me escuta, cara. – null o parou, reprovando o amigo com o olhar, e depois colocou as mãos nos bolsos, dando uma puxada de ar longa. – Eu só queria que você soubesse que eu to aqui. – null entortou a cabeça para olha-lo. – Eu fiquei puto mesmo, e por Deus, você não sabe o quanto eu desejei te quebrar no meio, porque eu estava acabado, mas, null, se...
- Não vai acontecer nada. – null o cortou, abanando a cabeça negativamente, e null assentiu positivamente. – Ela vai sair daquela UTI em oito horas, e eu preciso estar lá.
- null, eu sou seu amigo, e no que precisar eu to aqui. – O amigo retomou a fala, ignorando o medo súbito de null. – Você sempre foi meu melhor amigo, esteve comigo sempre, então... Eu to aqui pra te apoiar, seja agora, depois, porque você sabe, não tivemos as melhores atitudes, mas somos amigos, alem de tudo isso.
- Obrigado, cara. – null falou, depois de segundos fitando null, ele viu o mesmo abrir os braços e o puxar para um abraço que o fez soltar um riso involuntário, sentindo um peso a menos, quis chorar mas sabia que era muito gay, por mais que as circunstancias o fizessem ter motivo; Por fim, ele só o abraçou de volta.
- Senti falta de você. – null disse, e depois quebrou o abraço deles. – Das noites de sexta jogando poker, tomando cerveja e comentando sobre as gatas. – Ele falou e null riu pelo nariz. – Mas como eu devo deduzir, a única que você comentaria era sobre uma garota só. – O tom de humor na voz de null fez null sentir-se aliviado, por isso ele sorriu de lado, por também ser uma verdade.
- Provavelmente. – Ele disse. – Mas eu ouviria vocês. – null sorriu.
- É, pelo jeito, ela te pegou mesmo.
- Ei, vamos? – null abriu a porta do apartamento de súbito, aquilo havia sido armado?.
- É, vamos. – null comentou, tomando a frente, e logo null o seguiu.

null viu os cinco garotos juntos, entrando pela porta da frente do hospital. Até parecia uma visão, null e null lado a lado, com aqueles olhares de preocupação tatuados, e os outros três atrás, conversando coisas entre si. Ela sentiu-se feliz por aquele um segundo, os olhando, e sabia que se null tivesse visto a cena provavelmente também ficaria. O medo delas era absurdo de ter acabado com tudo, com toda aquela amizade, esse fora um dos motivos para null ponderar em ficar com null, mas, ela largou todas as suas morais por ele, tudo que os impedia e todo o falatório, null não se importou, porque ela era assim, null era passional ao extremo. Movida pelo momento, e pela intensidade do que sentia, e, por tudo que havia acontecido, null tinha certeza que o que ela sentia por null era grande, e havia a tomado;
A menina levantou assim que todos chegaram em frente a ela, null a abraçou, e instintivamente, a menina apoiou a cabeça no peito dele. John e Renê não estavam mais lá, e Paris tinha ido pra casa no mesmo momento em que os garotos haviam ido também, para tomar o banho. Estava um frio de lascar lá fora, o tempo em Londres estava ficando louco nos últimos tempos, parecia que tudo corroborava para momento.
- Cadê a Renê? E o John? – null perguntou para null, a menina deu um suspiro soltando-se de null.
- Eles entraram pra ver a null. – Ela respondeu e encarou os dois garotos. null sabia muito bem que os dois estavam morrendo para vê-la.
- Ela não iria sair em oito horas? – null pronunciou-se, com preocupação.
- Eles estão na UTI agora. – null respondeu pesarosa, e por um segundo, a voz dela pareceu vacilar de dor – Mas, a null vai ser transferida daqui a pouco, ela teve uma recuperação boa, então... – Eles a viram fechar os olhos, engolindo seco.
- Você sabe como ela está? – null perguntou, dando um passo até a garota; em segundos, uma lágrima escorreu pelo rosto dela, null franziu os lábios assim como todos os outros garotos. –
- Eu não sei direito. – null disse com a voz tremula, segurando suas lágrimas. – Eles dizem que está estável, mas que não está acordada. – A menina suspirou, engolindo seco mais uma vez. – Por causa dos hematomas... – Ela voltou a chorar, baixo. – Meu Deus. – null a abraçou de novo, enquanto null tapava o rosto.
- Ela está bem, está viva. É isso que importa. – null tentou acalmá-la, e a todos, beijando os cabelos de null. – Ela vai se recuperar, estamos falando de null null, gente. – O menino falou mais uma vez.
- É. – null balbuciou, se recuperando. – Eu vou ir pra casa, tomar um banho, e volto aqui. – Ela disse.
- Eu vou com você. – null se propôs, entrelaçando suas mãos as dela. A menina assentiu positivamente e voltou a caminhar para a saída com null.



***


A espera por null era horrível, a espera por noticias dela era horrível. Era desesperador porque eles nunca sabiam de fato o que havia acontecido ou não, sabiam por intermédios, boatos, mas nada concreto. Para tentar passar o tempo, os quatro tentaram se ajudar de maneiras diferentes, null como era o mais cabeça, os convidou pra tomar um lanche na praça de aLiamentação do hospital; todos ficaram lá conversando aleatoriamente por um bom tempo antes que voltassem á realidade e caminhassem novamente para a sala de espera, por fim, aquilo havia os aproximado e isso era a única coisa que confortava no momento.
Chegando no corredor da sala de espera, eles viram Renê e John vindo de encontro, então pararam gradativamente em frente á eles com os olhares apreensivos.

- E aí? – null perguntou, ele era mais chegado. A expressão de ambos era a pior, todos ficaram estáticos e preocupados olhando aquilo, antes de falar, John deu um longo suspiro.
- Ela está indo pro quarto. – John respondeu, e passou as mãos nos cabelos, e depois nos olhos, os pressionando. Renê parecia ter chorado muito, seus olhos estavam vermelhos, e sua olheira mais funda. Tudo aquilo estava os assustando.
- E como ela está? – null perguntou outra vez, atônito. E então o viram acenar negativamente, parecendo segurar as lágrimas.
- Ela está... Ela está bem, está estável. – O homem respondeu. – Mas... – Ele acenou negativamente. – É horrível vê-la daquele jeito.
O silencio se instalou no local novamente; John encarou o teto para não chorar, e depois botou uma blusa, encarando todos os quatro garotos – Porque null ainda não tinha voltado com null. – Totalmente nervosos.
- Vou pra casa, eu disse que null poderia entrar...
- null e null, John. – Renê o cortou, olhando para null, que havia a agradecido com o olhar.
- Disse que os dois podiam entrar na ala dos quartos, pra esperar a próxima visita. – O homem continuou, e trocou olhares com ambos. – Não acho que seja necessário você e null ficarem aqui, a gente vai revezando para vê-la. – null e null assentiram positivamente. – Eu e Renê temos passe livre, já vocês tem que revezar. Como ambos... – O homem hesitou, não iria dizer, já que ambos pegaram minha filha e são perdidamente apaixonados por ela’’ iria se poupar dessa parte. – Enfim, eu vou pra casa tomar um banho, e Renê?
- Eu vou pra um hotel. – Ela respondeu com prontidão, e depois olhou para os garotos. – E depois eu volto. – Ela suspirou pesarosa. – Cuidem dela por esse tempo. – olhou para null e null, que acenaram com ternura para a mulher, sem dizer nada; John por sua vez, fez uma cara de poucos amigos, se já havia sido difícil aceitar null, imagina null, e pior, imagina dois caras numa mesma tacada?
- Você vai como? – null perguntou, antes que Renê começasse a andar. – Posso te dar uma carona.
- Seria ótimo, null. – A mulher sorriu, gentil, e começou a caminhar com null e null.
John acenou para os dois garotos que ainda estavam parados na mesma posição, lado a lado, encarando todos irem embora. null se oferecendo para carregar as malas de Renê, e um John nitidamente nervoso e sofrido. E depois, eles se entreolharam, franziram os lábios, e caminharam juntos para dentro das alas.
Ambos estavam sentados em frente ao quarto onde null estava; Uma janela ao meio do corredor,indicava que eles poderiam vê-la lá dentro, mas que no momento estava fechada, e por isso a ansiedade se tornou maior, pois a única coisa que os separava de vê-la era uma merda de uma parede, e por eles, já estariam lá dentro a séculos.
null olhou para o lado, encarando o amigo, com a cabeça reclinada para cima, encostada na parede e de olhos fechados, null deveria estar cansado, assim como null. O menino suspirou apertando o corpo por um breve segundo, pelo frio que se sucedia no hospital, o lugar já não era aquelas coisas, e pra ajudar estava um frio de lascar... null procurou dentro de sua blusa seu celular, iluminando a tela assim que o pegou, apenas para ver as horas; Fazia duas horas que eles estavam ali, e uma foto dele e de null tomava a tela. A menina sorria o abraçando pelo pescoço, colando totalmente seus rostos, enquanto null tinha a língua espichada numa careta. O menino sorriu involuntariamente ao ver a foto, e logo desbloqueou o celular, checando mensagens, e tudo que podia, para tentar passar o tempo, já que ele e null não se falavam, a não ser sobre coisas super necessárias, apesar de null encarar o fato de estar num mesmo ambiente que ele, sem todo aquele cLiamão, já ser um meio caminho andado.

- Foi impossível, não foi? – Ele ouviu a voz rouca de null ecoar pelo corredor vazio; Ele virou a cabeça lentamente para encarar o amigo, e sentiu seu corpo estremecer. Há muito tempo não encarava null de verdade, e por isso, provavelmente seu olhar deveria estar surpreso.
- O que foi impossível? – null perguntou de volta, ajeitando-se na cadeira para poder olhar null com mais postura.
- Não se apaixonar por ela. – null respondeu passando a língua nos lábios, e depois olhou profundamente nos olhos de null. Ele não sabia por que, mas parecia que null ainda queria culpa-lo, o tom de voz usado não era como se houvesse realmente entendido que havia sido impossível, e então null acenou negativamente, quebrando o contato visual de ambos.
- Então você sabe que não foi culpa nossa. – Ele rebateu alguns segundos depois, respirando com todo o ar dos pulmões, passou as mãos no rosto, e cabelos, e voltou a olhar null. Ele não tinha expressão, só o olhava, aquilo chegou a ser desconfortável. –
- Como foi null? O que você pensou? – Ele perguntou. null acenou negativamente suspirando mais uma vez, e depois fechou os olhos. – Quis tirar a prova de que ela era realmente incrível, como eu dizia? – O garoto entortou a cabeça, nitidamente chateado.
- Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu não sabia que ela era sua namorada? – null aumentou um pouco o tom de voz irritado, e bufou logo em seguida.
- Você soube assim que eu a beijei na sua frente, null. Você não sabia, mas passou a saber desde o primeiro dia que entrou na porra do colégio. – Ele contestou.
- E você quer me culpar por eu ter me apaixonado? – null praguejou, sentindo seu sangue subir e logo levantou da cadeira, passando as mãos nos cabelos.
- E o que você queria que eu fizesse? Queria que eu te agradecesse por acabar com meu namoro? Queria que eu te apoiasse por ter roubado minha namorada? Por vê-la nos seus braços, por ter transado com ela? – null também havia se levantado, deixando suas veias aparentes, sua voz oscilava de raiva para magoa, fazendo gestos com as mãos. null respirou fundo novamente.
- Primeiramente: Você acabou com seu namoro null. – null deu um passo até o garoto, apontando seu dedo indicador para ele e viu o menino rir irônico. –
- Eu? – Perguntou perplexo. – Você acha mesmo que eu queria isso? – null abanou a cabeça negativamente. –
- Você á traiu! – null praguejou sentindo a cabeça esquentar. – Se você ama uma garota, você não á trai null!
- Ela me traiu com você! Me traiu primeiro! – null riu novamente perplexo. –
- Foda-se! – ele passou a língua nos lábios. – Você não sabia! Soube depois de ter traído!
- Ah ótimo... E aí você se apaixonou por ela e... Acabou com toda a chance de voltarmos. – null olhou no fundo dos olhos do amigo; null botou as mãos na cintura fazendo o mesmo logo dando um suspiro cansado. – Eu não quero que você entenda, mas se põe no meu lugar null. – null franziu os lábios indignado. – Me diz aí, o que você faria?
– Eu vou dizer o que eu não faria, null. – O menino deu um longo suspiro antes de começar. – Eu não culparia meu amigo por ter se apaixonado, eu não o faria se sentir um merda ou diria aquelas coisas horríveis para a null só por isso. Eu não a faria chorar e ser humilhada em frente a escola toda null, porque eu á amo, e em primeiro lugar: eu não a culparia por ter deixado de me amar. – null soltou, freneticamente. E aos poucos passou a encarar a feição de null; ele estava fixado olhando null, sua boca estava ainda mais franzida e seus olhos encheram-se de lagrimas em poucos segundos; -
- E você acha que eu me sinto como? – null balbuciou um minuto depois, dando uma volta lenta por si próprio, com as mãos no rosto, parecendo segurar sua frustração.
- Não importa o que você sentiu naquele momento. – null respondeu um pouco mais calmo. – Quando eu e null... – Ele hesitou, o que fez null entender exatamente o que ele quis dizer,e então uma pontada perfurou seu peito. – Vocês não estavam mais juntos, null, e eu... Eu tentei. – null murmurou cerrando o maxilar. – Eu juro que tentei, mas...
- E eu não posso te culpar por isso. – Finalmente ele conseguiu sentir o tom de sinceridade do amigo, relaxando seu corpo logo em seguida. – Talvez eu realmente não possa null, mas isso não deixa de doer. – Ele voltou a olhar null.
- Não foi minha intenção null. Nunca foi. – O menino respondeu pesaroso, respirando forte. – E eu duvido muito que tenha sido á dela. null te ama, eu sei disso. – null engoliu seco se aproximando minimamente de null. –
- Ela só não é apaixonada por mim. – O menino o olhou sorrindo triste; null abanou a cabeça e saiu andando pelo corredor com a mesma abaixada, entrelaçou as mãos na nuca e assim ficou em passos de um lado para o outro. –

Por mais que null odiasse o fato de que null havia escolhido null, ele não poderia realmente culpa-lo por ela não o amar mais, e mesmo que aquilo doesse na sua alma, ouvir aquilo com tanta clareza e até um pouco de estupidez, fez doer mais ainda.
null desviou o olhar dele para olhar um medico e uma enfermeira fazerem caminho para o quarto de null, assim que passara por eles, fizeram um aceno amistoso com a cabeça e entraram no quarto. Ele não conseguiu ver nada, mas pode notar de relance que null realmente estava deitada lá, seu coração palpitou ao tirar a prova, o fazendo fechar os olhos de ansiedade, e dar pelo menos duas voltas em si próprio para aliviar o nervosismo. null sentou-se no banco, afundando o rosto em suas mãos, parecendo tentar fazer a mesma coisa que null, relaxar.
Em quinze minutos os dois saíram de lá, e de súbito, null levantou a cabeça para encarar o medico, que havia parado com a mão na maçaneta da porta, null deu um passo a frente, se desencostando da parede, e passou a encarar o homem com preocupação.
- Bom... – O homem olhou para uma fixa em mãos, a folheou e depois voltou o olhar aos dois. – Sou o Doutor Fisher, e eu sou o médico da null, vocês vão me ver constantemente, enquanto a null estiver aqui. – null sentiu o ar parar na garganta. – Seguinte: Ela está bem, tudo bem? Porém está se recuperando, e por esse motivo, só pode entrar um de cada vez, por enquanto... Com a melhora dela, a gente vai cedendo mais, e assim vai, sim rapazes? – Fisher fez um gesto com a cabeça. De certa forma ele foi bastante simpático ao explicar as coisas, mas sinceramente nem null, e muito menos null, levaram aquilo em conta, porque queriam vê-la. – Só um. – Ele alertou.
- Tudo bem. – null fez um gesto com a cabeça, ajeitando as calças nas coxas. No mesmo momento null tirou a conclusão obvia de que é claro, o ex-namorado e queridinho, iria entrar, mesmo morrendo por dentro, null bufou, engolindo a saliva.
- Vai null. – null franziu a testa totalmente estupefato com que acabara de ouvir; Ele não sabia se a conversa e o vulcão de palavras que foram cuspidas por ele a null, havia sido levado em conta, mas mesmo assim, null virou para olhar null da forma mais surpresa possível.
- O-oque? – null bufou fazendo um gesto brusco com a cabeça, apontando para a sala.
- Vai logo, null. – Ele disse novamente, engolindo saliva. – Quem ela vai querer ver quando acordar não sou eu. – O menino disse, vendo que null não tinha reação para sua atitude. null suspirou pesado e ainda surpreso com o fato, mas por querer tanto vê-la, começou a dar passos lentos até a sala.
- Eu não tenho tanta certeza. – o menino sussurrou para si mesmo, assim que botou os pés dentro da sala.

Seu coração foi parar na boca assim que fechou a porta atrás de si. O quarto estava completamente escuro, iluminado apenas por um abajur de luz branca, ele pode ver claramente a silhueta dela, deitada, e cada vez mais ele sentia aquele gosto amargo subir por sua garganta, de nervosismo e angustia. Ele bateu os olhos na poltrona de couro ao lado da cama, dela, e algumas revistas, e assim que chegou perto da cama encarou null.
null não sabia como descrever o que havia sentido. Dor, uma dor diferente e devastadora dentro de si. Ela estava bem, estava respirando, mas só então conseguiu entender porque John e Renê haviam ficado daquela forma quando a viram. Era horrível vê-la naquela situação. Seu peito queimava dentro do peito, de súbito, seus olhos começaram a se encher de lágrimas em milésimos de segundos, sentiu sua respiração falhar, seu coração batia tão rápido que talvez não estivesse conseguindo bombear o sangue direito, suas mãos tremiam.
Ele fechou os olhos forçadamente, inclinando a cabeça para o teto. null tinha um curativo grande na testa, na lateral dela; Seus cabelos caiam por um dos ombros, opacos e sem brilho, sua boca estava seca, com algumas casquinhas secas; null precisou forçar seus pulmões a receber o ar, para continuar a olhando. Seu rosto estava pálido, mas ela continuava linda, mesmo naquele estado. Logo seu olhar desceu para os braços, com ligeiros arranhões em um deles, e no outro, roxos visíveis e verdes, que provavelmente sumiriam em dois ou três dias.
Ele puxou o ar com força outra vez, dando mais um passo até ela.
null controlou a respiração para não chorar exageradamente, mas sua vista já estava turva pela angustia de vê-la ali. Seu corpo tremulava, mas ele continuou o trajeto, sentando-se a beira da cama dela. Um aparelho estava preso em seu dedo indicador, contando seus batimentos cardíacos; Lentamente null levou sua mão até a dela, e a acariciou com o polegar, e depois voltou a olhá-la. Naquele momento, vendo que null estava totalmente apagada de verdade, no momento em que a fixa dele caiu totalmente, pois antes, a única palavra para descrevê-lo, era um estado choque. O garoto sentiu o queixo tremer, por não conseguir mais segurar aquele mar de sensações e preocupações, por ela não o retribuir, não o olhar, por ter a deixado ir, por ter feito o que fez; Pela saudade que sentiu, por tudo. Ele respirou novamente e mais puxado, tentando acalmar seu coração, de olhos fechados. E ficou ali ainda, por um bom tempinho, acariciando a mão dela com seu polegar: Ele a amava.
Só essa poderia ser a explicação para o misto de sensações que ele sentiu, de preocupação a alivio por vê-la, de saudade e loucura, de burrice, só por querer o bem dela.
null não sabia muito bem o que era amor, na verdade ele nunca pensou em querer saber o significado, era muito cético, porem muito mais cavalheiro do que muitos caras que diziam saber sobre o amor ou que diziam amar incondicionalmente. Ele realmente não sabia o que era, e nem sabia como fazer isso, mas com certeza, naqueles meses que ficou com null, ela a ensinou da maneira mais doce e improvável. E não era porque null estava numa cama; ele era apaixonado por ela do mesmo jeito, mesmo daquela forma. Mesmo não querendo admitir o que havia acabado de concluir na sua mente, seu coração batia rápido ao pensar nisso: E mesmo que ela o odiasse, ele a amava, e isso era o suficiente.
O garoto levantou calmo da cama, retirando suas mãos das dela, se inclinou e depositou um beijo na testa da garota, sentindo seus lábios beirarem um pouco ao curativo. Acariciou o rosto de null com ternura, e suspirou mais uma vez, de olhos fechados. Novamente aquela sensação ruim lhe tomou; null travou uma luta interna contra aquela coisa ruim, sabia que ela estava bem, porem ainda queria chorar. null Liamitou-se em ainda continuar parado, de costas para a cama, para tentar se acalmar, levou as duas mãos no rosto apertando contra seus olhos, e sentiu novamente a angustia lhe atravessar o peito, null não conseguia fugir daquilo. Engoliu seco e respirou fundo.

- Onde é... – Ele ouviu uma voz baixinha e tremula quase inaudível, ecoar no quarto. Se seu coração já estava acelerado, ele sairia da boca naquele momento, o garoto virou-se de súbito, e pode ver em câmera lenta, a garota piscar os olhos. – Eu... – null estava fraca.
O menino andou rápido até ela, parando ao lado da cama e a encarando; Ele pode ver as lágrimas já tomando os olhos dela, e lembrou-se dos médicos dizendo o quanto era horrível vê-la acordada, pela dor, um desespero passou por null, fazendo que ele ficasse sem reação, sua voz simplesmente travou na garganta. Aos poucos a garota foi virando o rosto, com os dentes trincados no que parecia segurar a dor que sentia, e se deparou com null, mas o jeito que o olhar dela parou nele foi... Indescritível.
null sentia dor, sentia falta de ar, e sentia que todos os seus membros estavam petrificados, a impossibilitando de se mover direito, mas assim que olhou aquele par de olhos que não vira há tanto tempo, assim que notou que não era um sonho, que ele estava realmente ali, o sangue em seu corpo começou a correr mais quente; os membros começaram a se descongelar, isso não significava que não doíam, mas seu coração estava trabalhando de outra forma, a menina engoliu seco, e assim uma lágrima escorreu. Pelo um minuto que se sucedeu de olhares, uma gradativa onda de sensações foi a tomando, foi crescendo, ela não sabia o que era, mas por sustentar o olhar de null, só crescia mais e mais, e aquela sensação, aquela sensação que ela queria cuspir parou na garganta; E como um cuspe, null soltou o choro num som abafado, fechando os olhos pela dor de alivio que a tomou quando o fez, e como se não conseguisse mais controlar, segurou o peso do seu corpo na cama, com as duas mãos ao lado do mesmo, e passou a chorar, ela não tinha controle, mas chorava alto, era súbito, incontrolável, intenso, doía a medida que saia.

- null... – null sentiu seu corpo estremecer; Seus olhos também foram tomados de lágrimas e um choro súbito foi solto pelo garoto, não era alto, mas a sensação era a mesma que a dela. – null não...
O menino correu de súbito até a cama, e com cuidado, mas com toda a necessidade do mundo, e desespero, ele a abraçou.

null sentiu o corpo de null frágil sobre suas mãos. E sem hesitar, a garota o abraçou, fazendo máximo de esforço para elevar suas mãos sobre os ombros dele, e agarrar os cabelos de sua nuca, ela gemeu com o ato, tentando não enroscar os fios do aparelho nele. null podia sentir o choro e o halito quente de null em seu pescoço e nuca, ela chorava alto, mas era abafado por sua blusa, gemendo baixinho, parecendo desesperada e assustada pela situação.
- Eu estava com tanto medo! – Ela disse agarrando a camisa de null e apertando-se contra o corpo dele mesmo sentindo dor ao fazer aquilo. –
- Tudo bem... Já passou. – null acariciou os cabelos da menina de cima a baixo; Sentiu null chorar ainda mais contra seu peito fazendo isso. – Para de chorar, eu estou aqui...
null estava soltando toda a sua dor e desespero que sentiu no acidente; mesmo que estivesse doendo, ela pressionou ainda mais seu corpo no de null, amedrontada. O menino pareceu entender o que ela estava sentindo, e iniciou uma seção de carinhos que desciam e subiam por suas costas, ainda agarrado a ela; null podia sentir a respiração quente dele também.
Sentiu seu rosto lavado pelas lágrimas, seus lábios arderem por estarem ressecados, e seus músculos começarem a reclamar com mais intensidade e assim, foi largando de null, dando soluços contínuos, soltou as mãos lentamente da nuca do garoto, arrastou por seus ombros, e peitoral, e depois abraçou sua costela, fazendo uma cara feia pela fisgada.
- Isso dói. – Ele pôde ver as mãos dela tremularem, em um toque delicado na área das costelas, onde provavelmente doía.
- É melhor você se deitar de novo. – null disse preocupado. null olhou no fundo dos olhos dele; estavam vermelhos.
- null... – A menina gemeu baixo, e engoliu seco, fechando os olhos.
- É, dói, eu sei. - a voz cuidadosa e suave dele a fizeram sentir um tipo de leveza involuntária, e então ela suspirou com cuidado, para não doer mais. – Mas, relaxa, eu vou avisar que você acordou e que...
- null, quem tanto está aqui? – null o cortou, ela ainda estava de olhos fechados, ainda sentindo dor; Engoliu seco outra vez.
- Todos estão aqui, null. – O menino respondeu baixo, acariciando a mão dela. – Sua mãe também. – Ele pode ver instantaneamente os olhos da garota se arregalarem de surpresa, com uma expressão indecifrável no rosto, null levantou a cabeça para focar na imagem de null.
- O-o quê, onde ela esta? – A menina soltou atônita, e depois gemeu baixo.
- Ela deve estar aqui, já deve ter chegado, vou avisa-los que você já acordou. – O menino levantou-se lentamente.
- null, o null está aqui? – Ele pode ouvir baixo, e suspirou.
- Todos estavam, uns foram pra casa, mas já estão voltando, e estão loucos pra te ver. – Ele respondeu, olhando para ela; null não sabia o que dizer ou o que fazer, mas a sensação que o travava na vez que entrou no quarto, já não estava mais com ele.
- null... – Ela o chamou outra vez, e ele virou-se mais uma vez, mas não disse nada, só o encarou com o que ele poderia arriscar dizer, que era ternura. E como um cara apaixonado, o garoto sorriu de maneira confortável e abriu a porta da sala, dando de cara com null, seus olhos pregaram-se em null, deixando claro sua feição preocupada e apreensiva.
- Ela está acordada. – null falou dentre o suspiro. – E perguntou de você. – null arqueou a sobrancelha, mas em segundos relaxou a expressão, franziu os lábios, e abriu a porta da sala.





null ficou desacordada por mais três dias. Ninguém ainda havia entendido como ela não entrou numa crise de dor no momento em que acordou e viu null; Um minuto depois que null entrou para vê-la, ele descreveu nitidamente a insanidade dela por causa da dor; null não gritava, mais gemia alto, como se elas estivessem se quebrando novamente, então só o que conseguiu ouvir dela foi um pedido de desculpas outra vez.
null ficou curioso pra saber o que havia acontecido na sala no tempo em que null ficou lá, pelo menos meia hora; null ficou acordada esse tempo todo sem gemer de dor? A única coisa que null contava era que a menina perguntou por ele, e ele disse que todos estavam lá, e mais nada, mas null não era burro e tinha certeza que mais algo tinha ocorrido, a expressão de null contava; ele não estava mais aliviado que antes, o que deveria, ele estava mais abatido que o normal. Mas continuou lá. Eles continuaram indo lá nos três dias sucedidos, null entrava no quarto por breves minutos, mas em nenhum momento, null acordou de novo, os remédios estavam mais fortes, mas em compensação, ela estava tendo uma melhora significativa.
No quarto dia, null abriu os olhos piscando duro. Tentando se acostumar com a pouca luz que havia no quarto. Remexeu-se meio dolorida, mas suas costelas não doíam mais como antes, só incomodavam; a garota suspirou de alivio por aquilo, seu corpo reclamava talvez pelo tempo que estava deitada, na verdade null queria se esticar, queria colocar os pés no chão, queria sair de lá, e lavar o cabelo. Ao passou as mãos nos cabelos percebendo o quão sujos estavam, fez um rolinho e os jogou nos ombros, suspirando fundo; Olhou para o lado e viu null; No mesmo momento sorriu sem mostrar os dentes, sorriu involuntariamente. O garoto estava dormindo sentado, todo desajeitado, com os braços cruzados no meio do peito. Antes de começar a pensar em qualquer coisa terna sobre ele, null teve a atenção roubada por pequenos sussurros que vinham da porta do seu quarto. Com pouco tempo ela conseguiu distinguir que se tratavam de Renê e John, e foi assim que juntou as sobrancelhas para tentar entender melhor.

- [...] Como você soube, Renê? – John perguntou, colocando as mãos na cintura. A mulher o olhou sério.
- Talvez, se você tivesse atendido seu celular nas ligações que fizeram do celular da null para o seu, você saberia John. – Ela respondeu ríspida. null sentiu um solavanco no peito; Seu pai havia ignorado suas ligações? Ou melhor, as ligações do resgate?
- O que você está insinuando? – O homem voltou a falar segundos depois,parecendo estar afetado.
- Que foi o cúmulo, John. – Renê aumentou o tom de voz, fechando os olhos com força. – Olha, Bill me contou o que aconteceu entre vocês, disse o quanto null saiu nervosa, e... – A mulher segurou as palavras com raiva, cerrando os punhos. – Sinceramente, John? Não importavam as circunstancias, eu ainda não consigo acreditar que você fez isso. – Ela soltou o ar. null ainda estava incrédula, involuntariamente levando uma das mãos a boca.
- Ah, faça meu favor Renê. – John riu de maneira irônica, o que fez Renê entortar a cabeça indignada com sua ação. – Eu criei a null desde os quatro anos!
- É, e veja onde estamos John! – Renê o cortou com um tom agudo e repreensivo.
- Você não pode colocar a culpa em mim por uma fatalidade! – O homem contestou irritado.
- E eu não estou. – Renê pronunciou, dura. – Eu só estou dizendo que não atender a ligação me fez claramente ver que... – A mulher hesitou, lembrou-se de Paris, e sabia que a envolver naquela discussão não iria ser bom, por isso, só respirou fundo, e passou as mãos no osso do nariz, com os olhos fechados.
- Ver o que? – John perguntou autoritário; Renê o olhou com seriedade.
- Ela vai morar comigo John. – Ela respondeu, olhando diretamente nos olhos do homem, vendo sua expressão mudar ligeiramente. null arregalou os olhos, e continuou com as mãos na boca, escutando tudo com o coração a mil.
- Você não pode fazer isso, Renê. Ela se acostumou com essa vida, ela tem vida aqui, você não pode tirá-la do ambiente dela desse jeito. – John chiou com raiva.
- E eu não vou. – Ele arqueou a sobrancelha, e null dentro da sala, também. – uma das filiais da POISON foi aceita aqui, e me convidaram para tomar conta, no decorrer dos fatos, ontem eu aceitei a proposta. – John sentiu o coração parar ao ouvir aquilo, arregalando os olhos de desespero. – E até o final da semana, provavelmente eu já estarei hospedada aqui. John, ela vai comigo. – Renê mudou o tom sério, para também autoritário, como o de John, e viu o homem se avermelhar a sua frente.
- Ela está sob minha guarda Renê, ela fica comigo. – John engrossou a voz dando um passo em direção a Renê, a mulher não se moveu,mas continuou o olhando com desdém.
- Isso é ela quem vai decidir. – Renê rebateu.

***


John estava parado, encostado no beiral da escada, com a cabeça baixa ouvindo o barulho da última mala de null descer escada a baixo. Assim que viu a mãe, a menina explodiu em choro por não vê-la a tanto tempo, e,não quis ver John de imediato, sentiu um peso no coração, mas seu pai estava sendo tão irreconhecível nos últimos tempos que sua mãe mudar para lá foi como uma prece atendida, foi tudo que ela desejou.
Embora null houvesse ficado todos os dias com ela desde que fora internada, no ultimo ela não o viu. null tinha claro, outras milhões de coisas pra pensar com a mudança repentina de casa, mas não, sua mente queria saber onde null havia se metido; traiçoeira, ela rebobinava o ultimo beijo que null dera em sua testa, ainda sentia os lábios macios de null naquele região, depositando demoradamente como se doesse, como se null tivesse algo pra dizer, como se sentisse mais dor que ela mesma. Mesmo não podendo querer, ela procurou por ele com os olhos com aquela mínima esperança, mas null realmente não foi, ele não apareceu.

A menina botou os pés no apartamento, grande, diga-se e passagem da mãe, ele possuía três quartos, um dela, um de Renê e um de hospedes; Uma cozinha grande e confortável, na sala, uma janela tomava tudo, mas como Renê já havia decorado com cortinas, a vista estava tapada no momento, e vagamente aquilo lhe fez lembrar o apartamento de null, null compareceu lá duas vezes, ele ainda estava cru, mas era maravilhoso aos olhos dela; Uma ponta de curiosidade bateu ao lembrar-se dele; será que null já havia decorado? Colocado sofás e uma cama, já havia levado garotas para lá? Ela suspirou fundo, sentando-se na cama de seu novo quarto, olhou janela a fora e pode sentir de leve, um raio de sol gostoso em sua pele; Desde que saíra de Londres, não havia visto vestígios de sol, pela neve. Mas, ali, um tempo depois, aquilo lhe fez ficar leve por alguns minutos de olhos fechados sentindo o calor; Ainda estava frio, mas o céu estava incrivelmente azul, e aquele único fio de sol estava á aquecendo de maneira gostosa, como se o tempo indicasse que aquela seria uma nova etapa da sua vida.
null associou a sensação que o sol deu a ela naquele momento, com null. Como quando tudo estava sem graça e sem vida, monótono e frio, e de repente, null era seu raio de sol; E continuou sendo, talvez ainda fosse, mesmo que não quisesse, null a fazia sentir calor sem a tocar, só com sua presença, seu sorriso, seu perfume. Aquilo parecia obsessão, como droga. Mas, ela não conseguia fugir dele, não queria fugir dele. E sem perceber, notou que estava prestes a chorar porque o queria ali, ela sentiu falta.

- null... – Ela ouviu uma voz suave, a de sua mãe, e abriu os olhos suspirando meio triste.
- Oi mãe.
- Eu vou pra POISON. – Renê informou, sentando-se ao lado da filha. – E eu quero que você seja minha figurinista. – Sorriu terna, acariciando os cabelos dela, null deitou-se no ombro da mãe, e deu um suspiro.
- Hoje?
- Quando você quiser. – A mulher falou, e depois levantou-se da cama. – Se cuida, qualquer coisa me liga, e... É isso.
- Tudo bem. – null assentiu positivamente. - Mãe! – Renê voltou a olhá-la. – Você já sentiu falta do que não podia ter? – a garota perguntou, e viu a mãe sorrir e suspirar depois.
- Por muito tempo. - Ela acenou com a cabeça.
- E o que você fez?
- Me acostumei.

Basicamente, null ficou arrumando seu quarto e dando um toque de null nele até tarde. Entrou em um tipo de tédio depois que terminou, comendo tudo que tinha direito da casa e foi então que resolveu sair e conhecer seu novo bairro.
The West Wend não era tão diferente de Mayfair, a não ser por suas ruas um pouco mais confortáveis e simpáticas, as luzes nos bares e os enfeites fizeram null sentir-se melhor; Ela não era acostumada a andar sozinha, pelo contrário, null estava acostumada a ser rodeada de amigos, mas depois que tudo aconteceu, sua vida virou-se do avesso e nem se quer sua melhor amiga estava com ela, porque diabos null tinha que estar na Califórnia? Ao lembrar-se disso ela sentiu vontade de chorar, porque queria abraçá-la; null queria abraçá-la agora que estava bem, que não sentia dores fortes, que conseguia andar e estava finalmente quase inteira de novo, a não ser pelas suas costelas que ainda doíam, e o enorme corte na sua testa, os roxos, e enfim...
Pegou seu celular do bolso, novamente se deparando com a sua foto de null, não havia conseguido tirar a foto deles ainda, alias, ela ainda não havia se tocado que a foto ainda tomava sua tela; Ignorou o sorriso magnífico de null e a nostalgia, e discou o numero de null, os toques foram contínuos, e depois de um tempinho null atendeu.
- Oii! – null falou arrastado, e um sorriso se formou em seus lábios.
- null! – null falou entusiasmada, porém, sonolenta. – Aconteceu alguma coisa?
- Tem que ter motivo pra eu te ligar?
- Claro que não, é que são... – A menina demorou. – São três horas da manhã! – null falou preguiçosa.
- Meu Deus, sério!? Me desculpa. – null fingiu estar se importando, e depois riu. – Eu não me importo, eu estou sentindo sua falta, e totalmente sozinha! – falou tristonha, bufando no final da frase, null demorou alguns segundos para respondê-la.
- Deus sabe como eu gostaria de estar aí, amiga. – ela disse vagarosamente. – Mas você sabe, meu avô tá doente, e eu...
- Eu entendo null, relaxa. – null respondeu à amiga. – Mande melhoras a ele, e um beijo pra sua avó. – Ela piscou pesado, e logo virou-se para a vidraça de um restaurante, vendo seu rosto iluminar-se de uma luz amarela.
- Tudo bem, eu te ligo amanha. Eu te amo. – null se despediu da amiga com a voz embargada. null sentiu o coração doer.
- Eu também te amo.
Assim que desligou o celular, olhou para ele, estava noite, e era um milagre sua mãe ainda não ter ligado; Fechou os olhos por um momento, e depois abriu, inalando o cheiro do vento que bateu em seu rosto, provavelmente iria chover; Mas o tempo estava ameno por lá, null estava apenas com uma calça jeans clara, e uma blusinha cor vinho, deixando uma listra de pele a mostra, seus cabelos se esvoaçaram e por um segundo, ela sentiu-se calma.




- null? – Ela ouviu e abriu os olhos de súbito, viu null na porta do restaurante, caminhando rápido a até ela, com aquele sorriso.
- null? – Ela devolveu a pergunta assim que ele chegou em frente a ela.
- O que faz aqui? – Ele perguntou surpreso, trocando o peso das sacolas que levava, de uma mão a outra.
- Esqueceu que agora eu moro em The West Wend? – null brincou com entusiasmo e null riu. Era meio estranho estar conversando com ele novamente, depois de tudo que havia acontecido; estranho de uma maneira boa.
- É, eu esqueci que você não é mais a patricinha de Mayfair. – Ele comentou, e a olhou dos pés a cabeça. null botou uma mecha de seus cabelos para trás, percebendo o olhar de null subir por seu corpo sem nem disfarçar e corou.
- Então... – Ela pigarreou. – O que você faz aqui? – Ela perguntou tentando fazer null parar com aquilo.
- Ah, eu vim comprar umas cervejas e algo pra comermos. – Ele comentou, levantando a sacola. – Sexta feira...
- A é, noite dos caras. – null riu batendo na testa, e logo se arrependeu por ter se esquecido do curativo. null olhou a menina resmungar, mordendo os lábios num gesto de preocupação.
- E você, tá melhor? – Ele perguntou, acariciando a área da testa que estava machucada. null se enrijeceu com o toque e ele percebeu; null arqueou a sobrancelha, com uma expressão diferente, comprimindo os lábios. – Ei null, sou eu. – Ele sorriu, tirando as mãos dela.
- É, eu sei, é que... – Ela havia ficado com vergonha, era claro, há muito tempo eles não se tocavam, não que aquele toque fosse especial demais, mas, levando em conta tudo, era sim muito estranho.
- Se esqueceu do meu toque? – null indagou entortando a cabeça pretensioso, e ela podia arriscar ter visto um sorriso no canto de seus lábios, a menina riu abanando a cabeça negativamente e logo lhe deu um tapa.
- Só morrendo. – disse perto dele; null se aproximou da menina, a puxando pela cintura e primeiramente, null se assustou com o ato, mas aos poucos foi relaxando, quando viu que a intenção dele era só abraçá-la.
- Pois eu não esqueceria nem morto. – null sentiu os lábios de null encostarem-se bem perto de sua orelha, e um halito quente a fazer arrepiar-se. O menino abriu um sorriso largo quando percebeu que null havia ficado sem reação; arrastou sua mão que a segurava pela parte que a camiseta não cobria, e depois piscou para ela, dando dois passos lentos para trás.
- Divirta-se. – Ela sorriu, abraçando o corpo.
- Boa noite, null. – Ele acenou de volta, apertando o alarme do carro.

A menina caminhou lentamente para a casa, ainda extasiada com o que havia acabado de acontecer; Achou que havia perdido a habilidade de sentir-se daquela forma com null, talvez estivesse desacostumada, ou, acostumada demais com ele, só que, no momento em que suas peles se tocaram novamente, null percebeu porque null nunca perdia a fama de gostosão do colégio. O jeito dele era incomparável, e a forma como ele sabia falar também. Quando null se apaixonou por ele, null não era diferente, mas infelizmente, esse era o problema, ele nunca mudava e null odiava ficar na mesmice.
Esse era o fato, null e null eram pessoas completamente diferentes, null era totalmente imprevisível, ele era... Misterioso; Seu olhar parecia guardar mil histórias, mil sentimentos, mil desejos, e ela queria decifrar, queria decifrar todos eles. Praguejou alto ao pegar-se novamente desejando null, sentindo seu coração bater daquela forma, sem nem mesmo o tocar, sem vê-lo, só de lembrar-se dele seu corpo esquentava. null não tinha controle quando se tratava disso, ela saia fora de si mesmo não podendo.

***


null acordou assustada assim que percebeu uma porrada abrir seu quarto, e logo uma figura masculina e ogra, diga-se de passagem, acender a luz do quarto, jogou os cobertores em cima dos olhos xingando seja lá quem fosse, de todos os nomes sujos possíveis, fosse quem fosse, ela estava odiando por tê-la acordado.
- Bom dia flor do caribe. – Ela viu a cabeça de null entrar no cobertor dela, e sem querer riu, empurrando a cabeça dele pra fora, e fez um resmungo. – Não, não! – Ele tirou o cobertor da menina, que se encolheu irritada.
- null, seu filho da... – null urrou de raiva, sentindo o peso do garoto sobre seu corpo, ele apoiou a cabeça nas costelas dela, e logo a garota gemeu.
- Desculpa, eu esqueci que você se ferrou toda no acidente. – Ele comentou, e levou um chute de null, o garoto passou a gargalhar, enquanto null fazia um esforço máximo para conseguir se adaptar a luz.
- Obrigada pela parte que me toca, meu amor. – Ela sorriu, sentando-se na cama, e então se espreguiçou. – Que horas são? – Perguntou.
- 19:45. – Ele falou. – Você sabe o que isso significa? – A menina arqueou a sobrancelha. – null, você não pode ficar trancada nesse quarto!
- E eu não fico!
- Ir até a cozinha e sala, não conta. - null bufou, e deitou no colo do amigo, sentindo os carinhos começarem em seus cabelos.
- Eu gosto null, estamos de férias... Eu to me recuperando do acidente. – null disse como uma criança, e o amigo suspirou.
- Faz duas semanas que você parece estar morrendo, é assim que você quer passar suas férias? – Ele indagou, null sentou-se na cama novamente para olha-lo com um beiço. – Se lembra do verão do ano passado? Festas da Candence... – Assim que null começou a falar, uma gargalhada alta dela ecoou no quarto, fazendo garoto rir junto, adorava a gargalhada dela.
- Ok, fica quieto. Minha mãe nem desconfia. – Ela botou as mãos na boca do amigo.
- Vamos até o Pub, se troca que eu te espero. – null falou, levantando-se da cama.
- Não mesmo, null, eu to sem animo gatinho. – null protestou, se jogando para trás e botando as mãos nos olhos.
- Não aceito “nãos’’, Trouble. – A menina arregalou os olhos e o repreendeu com o olhar, sentando-se na cama. – E se não estiver gostosa daquele jeito que você sempre fica, em quinze minutos, eu vou até ali a cozinha e... Opa... – Ele olhou para Renê que passava pelo corredor.
- null! Meu querido... – A mulher o abraçou e null acenou negativamente com a cabeça.
- Veio tirar o urso da caverna? – Eles riram, e null bufou reprimindo o mesmo.
- É o que pretendo. – Ele piscou para a menina, e caminhou com Renê até a cozinha.
null deu um salto da cama, entrando no banheiro e tirando suas roupas rapidamente, encarou o reflexo de seu corpo, meio arroxeado ainda, pelo acidente, e pressionou as mãos contra suas costelas, elas ainda doíam um pouco. Prendeu o cabelo num coque e não demorou mais que quinze minutos no banho, e nem podia, o tempo recorde para que null a esperasse era de meia hora – Mesmo sabendo que para mulheres isso é teste de resistência. – null vestiu sua legue cós alto preta, e uma blusinha de manga cumprida simples, verde, deixando a parte da frente por dentro, e a parte de trás da camisa, para fora, caindo de um jeito bonito por seu bumbum. Calçou suas botas ugg bege, em um tempo recorde, e uma jaqueta preta, também simples, apenas para caso esfriasse mais.
Sua maquiagem era bem leve, só pra tirar aquela cara de morta que ela estava, e suas olheiras de tanto dormir. A última etapa foi soltar os cabelos, eles caíram em seus ombros como o esperado, meio ondulados e soltos, null só prendeu a franja e respirou fundo, pegando sua bolsa e caminhando até a sala onde null a esperava. O menino a olhou de cima abaixo, porque ele não era mentiroso, sua melhor amiga era gostosa, e antes de virar melhor amigo dela, seu intuito sempre foi beijá-la, mesmo assim, não rolou, mas eles viraram bons amigos, e enfim, não tinha como não amar null, ele era apaixonado pela amizade dos dois.
- Não volte muito tarde. – Renê disse, saindo da cozinha com um prato em mãos, provavelmente iria assistir seu seriado favorito, e iria dormir, e cada vez mais, null adorava morar com sua mãe.
- Pode deixar. – null acenou para a mãe.

null batucava os dedos no volante do carro, cantarolando alguma musica da radio, null riu, olhando para ele. De certa forma, desde que o conhecera, null adorava cantar, e até tocava violão, sua voz era melodiosa e bonita, e null sempre lhe falava que se ele levasse a serio, com certeza teria futuro no ramo da musica, mesmo assim, null só ria, e dizia que ela era mentirosa. As vezes ela era, quando ele vestia aquelas botas de cowboy horríveis – Nada contra – Mas definitivamente não ficavam boas nele. Ela desviou o olhar e a atenção que estava dando a null naquele momento, para checar seu celular; Ela não o olhava direito a um bom tempo, e assim que a tela se iluminou, null pode ver a foto dela e de null ali, o garoto engoliu seco, não que não os apoiasse, apoiava a felicidade dos dois, mas sabia que ambos estavam com algo entre si, não estavam juntos, mas se gostavam, e tinha null, que havia comentado sobre null pra ele, dizendo que a queria de volta. null queria que ela ficasse com quem fosse ser feliz, mas também não queria que aquilo virasse uma briga pra ganhar seu coração. De alguma maneira, seu sexto sentido apontou para null, e ainda mais, ao ver que ela ainda não tinha tirado a foto dos dois.
- Você ainda gosta dele, não é? – O menino não conseguiu se segurar, e trocou olhares com null, a menina olhou a foto dela e de null e automaticamente sorriu, suspirando triste logo depois.
- Gostaria que não fosse tão claro assim. – Ela respondeu, passando as mãos nas coxas.
- null, nada impede vocês dois de... – Ele hesitou, tirando uma das mãos do volante.
- Várias coisas nos impedem, null. – Ela riu sem humor.
- Mas isso não parou vocês, até agora. – null falou, trocando olhares. – Ninguém sabe o que aconteceu. – A menina engoliu seco, acariciando a testa e franzindo o cenho. – O null ficou em casa trancando a fio, todos os dias que você ficou fora, sem dar noticia, e um dia, finalmente, atendeu o celular dizendo que não sabia onde você estava, o que deu a entender que não estavam mais juntos. – O menino explicou-se. – E aí veio o acidente e ele ficou... – null suspirou pesado; Se null havia ficado tão abalado com isso, porque o fez? Ela não conseguia entender, e aquilo a irritava muito.
- Eu não sei, null. Eu juro que não sei o que aconteceu. – Ela explicou-se com um pouco de raiva. – Talvez um dia ele explique, eu não sei... Já chegamos? – O menino pode perceber o tom de estresse de null, com uma pitada de magoa, ele conhecia sua amiga, mas por ser tão recente todo o trauma do acidente, e afins, resolveu que não iria continuar aquele assunto.
Assim que null entrou no Pub, conseguiu ver uma mesa redonda e por volta de seis pessoas bebendo e falando alto, ela costumava gostar dessas reuniões que seus amigos faziam; Na época em que ainda namorava null, eles iam a muitas, mas depois se acostumou a sair mais reclusa com null, é lógico, se encontrando com amigos às vezes, mas gostava da pouca privacidade. Tudo parecia estranho e diferente pra ela, e por isso, quando todos gritaram de animação ao vê-la, null não teve reação, alguns deles já estavam bêbados, Lola já estava jogada no colo de null, e null, null sorria pra ela da forma mais aberta, com cerveja em mãos, mas não foi lá que seu olhar parou, mesmo que lutasse contra aquilo, como magnetismo, seus olhos pararam em null, e... Puta que Pariu... Era só isso que ela conseguia pensar, Puta que Pariu. null estava sorrindo, sorrindo de canto, e aquilo fez seu corpo se esquentar de novo, mas chegar a mil graus, de verdade. Ela não conseguiu conter os olhos passearem pela abertura que havia em sua camisa, deixando um pedaço de seu peitoral exposto. Ela queria beija-lo. E é claro, ele retribuía tudo aquilo, ele queria provocá-la, talvez? Se fosse o intuito, estava conseguindo. null não tirou os olhos dela por um segundo, subindo e descendo o olhar. Ele também queria beijá-la.
- Ah não! – null gritou, levantando-se da mesa. – A princesinha de Mayfair veio! – Ele se jogou em cima dela, a abraçando, null já havia passado da conta, tudo bem, mas tirando o fato de que null também era gostoso,bonito e cheiroso, aquilo foi o paraíso para null.
- Eu também senti sua falta, null. – Ela sorriu, beijando com vontade as bochechas do garoto.
- E aí, tá melhor? – null falou, afastando Lola para prestar atenção na garota, a menina não ficou feliz com o ato, e passou a olhar null com desdém, as meninas costumavam ter raiva de null por isso, mas afinal, eles eram seus amigos, e Lola só mais uma peguete da noite, elas tinham que se acostumar com isso.
- Me recuperando. – null fez um gesto com a cabeça, sorrindo de lado. – Só quero um suco de morango, por hoje. – Ela pediu a garçonete, que assentiu.
- Ah, fala sério! – null bateu na mesa e todos começaram a rir. – Troublemaker vai tomar suco? – Ele urrou e null escondeu o rosto nas mãos, rindo.
- Para de ser louco, null. – Ela o repreendeu. – Eu to tomando remédio. Não posso.
- Porque se pudesse né... – null comentou, e todos riram.
Porque se pudesse não se responsabilizaria por seus atos.
O assunto foi e voltou, eles se lembraram de coisas macabras nas festas do camping da Candence, e pra quem ainda não entendeu, lá era onde rolava as maiores festas de universidade da cidade, digo, as mais bárbaras. Candence era conhecida por seus vídeos, bebidas, open Bar, danças e arrastões; os pais é claro, nunca desconfiavam, mas a maioria dos veteranos dos colégios iam pra lá, como na universidade todos praticamente são maiores de idade, não tinha problema, mas não eram só eles que frequentavam. E bom, null fez história lá, por momentos que ela nem se quer lembrava, e não, ela não deu pra vários caras ao mesmo tempo, ela foi desejada por vários caras ao mesmo tempo. Até por null, null pirava quando ia para as festas com null, mas enfim, esse era o apelido dado á ela, a garota problema. Troublemaker. Ela realmente era um problema, porque ela era a mais gostosa na opinião de muitos, mas intocável, e esse meu amigo, esse era o problema. Todos a desejavam de maneiras absurdas; deliravam por ela nas festas, mas os únicos sortudos foram null e null.
null tentou passar o tempo; Comeu todas as batatas que eles pediram, riu um pouco, escutou as fofocas, mas não conseguiu ignorar a sensação que se instalava dentro de seu peito, bem precisamente, o deixando com uma sensação de inchaço, como se estivesse inflado. Pelo numero de respiradas e espiradas que ela deu, já era praquilo ter evaporado; null não conseguia ignorar o fato de null estar na mesma mesa que ela, a olhando, sentindo seu perfume, vendo aquela maldita fresta que só a fazia imagina-lo sem a camisa. null era ridiculamente tentador. E bom, algo na mente dela martelava a fazendo ficar submersa em pensamentos, nem se quer escutando direito o que rolava em volta dela; null sabia que null a olhava, pois toda vez que levava seu olhar até, ele estava a observando, mas logo ria de algo e desviava a atenção... Como se ela fosse idiota. No fundo, ela sentia-se incontrolavelmente irritada, ela foi ficando a medida que a noite se sucedeu. Ele a provocava, ele a cutucava, ele a fazia sentir-se daquele jeito, e mesmo assim, aquilo não parecia ser tão importante pra ele, afinal... Ela queria respostas!
null trocou mais uma olhada com null, e só de raiva, resolveu que já tinha perdido tempo demais ali, não queria falar isso em voz alta porque provavelmente os outros iriam ficar ofendidos, mas, é, o tempo foi ótimo, tirando o fato de que sua mente não trabalhava a favor dela, e seu coração muito menos, e todos os seus sentidos. Ela não sentia que era ela mesma, e aquilo a cada vez mais irritava; null só queria voltar a ser normal, esquecer que algo cochava seu peito, queria jogar tudo pro alto e gritar, queria gritar e renunciar null null, queria não estar apaixonada, vomitar todo aquele sentimento que a consumia, mas a frustração vinha logo na resposta: Não havia nada que ela pudesse fazer.
A menina levantou-se num súbito da mesa, fazendo todos a olharem, e até Lola a olhar com felicidade, certamente deveria estar agradecida por finalmente receber a atenção de todos.
- Então... Eu vou ir embora. – A menina botou uma mecha de cabelo para trás, sorrindo meio sem graça por todos os olhares estarem voltados para ela. – Eu gostei de verdade, obrigada por tudo. – Pegou sua bolsa, que estava depositada no banco.
- Que isso null, fica aqui, é cedo. – null pediu com olhos tristes, e provavelmente null ficaria, se não tivesse cruzado seu olhar null.
- Eu estou cansada, acho que ainda estou meio... Fora do ritmo por causa do acidente. – Ela respondeu, fazendo carinhos em círculos nos cabelos dele. null sorriu.
- Ou porque você nunca mais saiu desde... – null murmurou, null olhou para ele com um ar pesado, mas todos resolveram ignorar aquela insinuação. Era um grande progresso, ele e null estarem dividindo uma mesma mesa, então...
- Então eu vou te levar. – null fez menção de se levantar, mas null o fez sentar-se direitamente de novo, pelo ombro.
- Não, eu vou de táxi, não se preocupe comigo.
- Eu te trouxe null, eu vou te levar, relaxa.
- Não, null, é sério, pode ficar, eu te ligo quando chegar em casa, se sua preocupação é essa. – Por alguns segundos null hesitou, mas depois concordou, relaxando o tronco.
- Eu vou esperar sua ligação, Trouble. – O garoto pronunciou as últimas palavras com um tom brincalhão, o que fez null lhe dar um tapa na cabeça, rindo.
- Para. Eu não sou mais a Trouble. – null interviu, tirando as mãos de null.
- Não, você sempre será a Trouble, gatinha. – Ele falou, e todos riram.
- Ok, vou indo, divirtam-se. – Ela falou; Instantaneamente seu olhar foi levado a null; null não sabia se foi tão explicito assim, mas ela travou uma guerra fria com ele, apenas por contato visual. Seu corpo passou por sensações geladas e estranhas que subiam e desciam do estomago a garganta durante o ato, não demorou menos de cinco segundos, mas devastou sua sanidade.
Ela quis correr dali o mais rápido que pôde, assim que conseguiu quebrar os olhares, sorriu da maneira mais cara de pau, porque obviamente não conseguira enganar ninguém, só pela forma como saiu de lá, respirando fundo, andando dura e desajeitada, tentando acalmar seus nervos que pulsavam, tentando esquecer a ligação que ambos tinham só pelo olhar. Assim que empurrou a porta irritada, bufou em seguida. Ao mesmo tempo uma sensação de culpa a tomou, null estava na mesa, ela deveria ter mais respeito com ele, ou null deveria ser menos gostoso e desejável, para ela conseguir se controlar, tudo bem que, eram só olhares, mas se por um breve momento, eles pudessem ver a devastação que aquilo lhe tinha causado, com certeza saberiam que cada parte do corpo dela era dele, e a chamariam de idiota por relutar contra isso ainda. Mas era aquela coisa, lutar pelo que era certo pra ela, pro que não fosse contra todas as suas morais, e ela estava tentando. Não podia simplesmente voltar com null porque ele a deixava sem ar, ou porque ela sabia que seu corpo, sua mente, e sua alma eram apaixonados por ele... Ela tinha que ver que, aquilo em certo momento havia a levado as alturas, mas também poderia a fazer em queda livre, e no fim, ela iria se machucar mais. Como um avião em queda livre, null iria cair em pedaços, e mesmo que tudo que null fez, tivesse explicação, eram null null e null null numa mesma frase... Não tinha como ser menos complicado.
- null! – Seu coração parou. Ela parou. Sua respiração parou. – null espera aí. – Ela ouviu mais uma vez, e lentamente virou o corpo para olha-lo. Um tremor percorreu seu corpo, dos pés a cabeça, sozinha com ele. Puta que merda. Ela engoliu seco, encolhendo o corpo, só que, com uma expressão imponente.
- Diga. – Ela falou, fazendo um biquinho com os lábios. Ele sentiu seu corpo se aliviar de um jeito diferente, como se a paixão escorresse por suas veias.
- Podemos conversar? – null perguntou, dando passos minúsculos até ela. A menina gelou, mais aproximação? Ela parecia uma garotinha de 14 anos prestes a dar o primeiro beijo. Só que, ela queria ataca-lo então...
- Sobre o que?
- Sobre nós. – Ele rebateu rápido, mas vagamente. E viu a expressão de null murchar, mas ainda assim, ela colocou um sorrisinho irônico no canto dos lábios.
- Achei que você tinha acabado com isso. – Ela respondeu. A menina olhou para qualquer lugar que não fosse os olhos dele; Lembrar-se daquilo lhe causou uma dor desconfortável no peito, na caixa torácica.
- É sobre isso que eu quero conversar. – null disse baixo, meio receoso. Ele já estava perto o suficiente para que ela pudesse ver por baixo dos olhos os pés do menino. É, seria difícil mesmo!
- Tudo bem, o que você quer dizer, null? – De um segundo para o outro, ele parou pra pensar, e null começou a o encarar tão penetrante, que ele arriscava que ela já havia descoberto a resposta antes mesmo dele; Mas, então só depois de levantar os olhos para encará-la, percebeu-os vermelhos e intolerantes, viu raiva e magoa como ele; podia explicar?
- Que eu senti sua falta. Que eu não queria... – Ele hesitou.
- Não queria ter feito aquilo? – O tom dela era magoado,ele conseguiu sentir aquilo como uma flechada no peito. – Se a resposta for sim; Porque fez? – Ela indagou sem esperar null falar, e ele deu um longo suspiro.
- Porque foi necessário, eu achei que era o certo, null. – null comentou, também triste e cansado. A menina riu baixo um tanto indignada.
- null, você deixou bastante claro que tudo tinha sido uma mentira, que... – A menina parecia ter engolido sua dor, e lágrimas, fechando os olhos por um segundo. null se odiou ainda mais naquele momento. – Que não era apaixonado por mim. – Ela terminou, suspirando. Pelo tempo que null ficou com os olhos fechados, e os lábios comprimidos, ele deduziu que ela segurava o choro, e bom, ele queria beijá-la, queria abraçá-la,mas tinha medo da reação.
- E eu... – O garoto passou as mãos nos cabelos, nervoso. – Me enganei! Eu senti sua falta, null! Eu, você não entende, você nunca vai entender. – null finalmente soltou nervoso, e ela entortou a cabeça, como se implorasse uma resposta plausível para que ela corresse para seus braços, porque perdoar... Seu coração já havia feito isso há muito tempo, sem nem se quer pedir sua permissão.
- Se você me disser, talvez eu entenda null! – null murmurou, chegando perto dele. Seu desespero era nítido. – Me diz o que aconteceu null, me dá uma resposta descente, me explica porque você fez aquilo sem nenhuma explicação... – Ela pediu num sussurro, bem perto de null, já chorosa. – Só me fala algo que eu possa acreditar que... eu possa acreditar que todo o tempo que passamos juntos realmente significou algo, que você mentiu. – Ela pediu com dor, e viu o garoto fechar os olhos com força. null sentiu tanto naquele momento. Porque ele tinha que explicar? Ele não podia explicar.
- Eu não posso, null. – Ele falou. – Não tem explicação. – null pode sentir o coração se deslocar, e voltar ao lugar naquele momento, tanto que lhe chegou a faltar ar. – Não tem explicação pro que eu fiz. – O menino terminou, abrindo os olhos lentamente. E assim, conseguiu ver null de olhos marejados, a menina desviou o olhar para o chão, e ele sabia, ela queria chorar, mas não faria isso na frente dele.
- Porque você não consegue mentir outra vez, né? – A garota perguntou quase cedendo as lágrimas. – Não vai se dar ao luxo de perder mais tempo comigo...
- Não, não, não, para null. – null deu um passo até ela, mas null se esquivou, Limpando o resíduo de lágrima que ameaçou escorrer de seus olhos, null suspirou, triste. – Não diz isso.
- Tudo bem... – A garota disse ríspida, fungando e abanando a cabeça em gestos difíceis de entender, talvez querendo parar o choro. – Eu não te culpo por fingir, gostar de verdade da muito trabalho. – Ele a viu sorrir, logo um táxi parou ao seu lado, e null entrou nele como um furacão.
null sentiu o peso das palavras esmagarem-no. Tudo pareceu não fazer mais sentindo pra ele, vê-la cair no choro enquanto o táxi a deixava, deu-lhe a sensação de estar a perdendo pra sempre, e aquilo não podia ter o deixar pior, a sensação o massacrava. Ele levou as mãos para os cabelos, controlando a respiração e o sentimento quebrante que se passou por ele, numa forma de descontar, esmurrou o ar, fazendo um gemido bravo e irritado. O garoto deu uma volta por si próprio, possesso de raiva, e mais uma vez passou as mãos no rosto. Não entraria lá novamente, na verdade, nada mais importava pra ele depois de ouvir aquilo dela, nada mais importava pra ele a não ser ela; null estava quebrado e sabia que o remédio pra ele era null, era uma necessidade louca e depressiva de tê-la. Ele só percebeu o efeito que ela tinha nele, quando a perdeu. E doía, cara, como doía.
- O que você vê nela, null? – null ouviu pelas costas; Virou-se subitamente para garota, encarando Lola, explodindo de raiva.
- O que eu não vejo em você, Lola. – O menino respondeu, totalmente fora de si. – O que a gente não acha em vagabunda. – Lola adquiriu uma cara de bosta perplexa, mas null não se deu ao luxo de ficar olhando-a.
O garoto deu meia volta na calçada, caminhando para longe do bar e foi embora pra casa. Mesmo que ele pensasse que isso iria fazê-lo esquecer, relaxar. null continuou tenso por horas, por dias... O tempo parecia ter passado diante de seus olhos, matutando e pensando, parecendo estar perdido dentro da própria cabeça. null levantava opções, planos, jeitos... E todos eles tinham uma mesma tese: Como iria tê-la de novo?


Assim que entraram de mãos dadas andando pelo restaurante totalmente livre, null sentiu um calafrio em sua espinha porque, não tinha boas lembranças dele. Não que fosse uma fobia, mas realmente aquele lugar era pior do que sentir cheiro de hospital, ele odiava. Por sua vez, não estava tão preocupado com aquilo no momento, null sorria tão abertamente para null de uma forma tão feliz que ele só sorriu porque ela estava sorrindo. Ela tinha o poder de fazê-lo esquecer de que odiava restaurantes. Seus pedidos não demoraram muito para chegar, mas enquanto isso ele e null beberam pelo menos cinco garrafinhas de cerveja de estômago vazio, e isso faz um estrago... Porém enquanto sentia-se totalmente entretido com aquilo percebeu que nenhum Mason, nem Dylan, nem jogador nenhum estavam por ali, nem haviam saído. Não havia nada. E quando percebeu isso riu fazendo todos pararem para olhar seu momento de loucura.
- null null... – Ele falou seu nome lentamente ainda rindo. Rindo com tanta cara de louco que null ficou com medo.
- Eu.
- Você conseguiu me enganar para entrar nesse restaurante. – Ele disse finalmente a olhando fixamente. Havia parado de rir, e null só arregalou os olhos e logo foi arqueando as sobrancelhas, abrindo a boca várias vezes para dizer algo e trocando olhares com null que agora só se preocupava com o olhar de null sobre ela.
- É claro que... – Ela suspirou começando a tentar explicar. Mas null arqueou uma sobrancelha passando a língua sobre os dentes, arqueando a sobrancelhas mais uma vez dando a entender de uma maneira clara que ela estava mentindo e que ele tinha certeza disso.
- Não... – Ele a reprovou fazendo-a se calar por poucos segundos.
- Eu menti mesmo. Disse que eles estavam aqui porque eu sabia que vocês iriam entrar. – Ela soltou olhando para os dois – Jogador por Jogador... Vocês odiariam nos deixar aqui com algum deles mesmo sem se quer sentirem algo, porque orgulho de pivô de time é terrível... – Ela fechou os olhos e quando abriu encarou os de null à olhando como um ponto fixo.
- Eu não acredito que caí. Devia ter tomado provas antes... – Ele se revirou na cadeira tomando mais um gole de sua cerveja.
- Mas fala sério, qual é o problema de restaurantes pra vocês, ein? – null perguntou injuriada para ambos de uma maneira histérica. – Está tão ruim assim? Ou vocês estão atuando tão bem pra fingirem que a noite está ótima e rindo com tanta falsidade que parece até estarem rindo de verdade, porque vocês riram aqui hoje. – A mesa ficou em silêncio fazendo ambos pensarem no fato. Eles nem se quer perceberam que estavam num restaurante, estavam se divertindo e fazer tempestade num copo d’água era bobeira.
- Não é pela noite, nem pelo restaurante. – null começou tomando outro gole de sua cerveja. – Eu odeio restaurantes porque é a pior lembrança do amor que eu tenho. – null arregalou os olhos instantaneamente, com pena de null. Mas não disse nada.
- O que? – null virou-se para eles.
- Seguinte – null começou – null e eu não temos boas histórias com restaurantes. Mas não porque odiamos eles. Só achamos uma puta falta de tempo. – Ele disse e null arqueou a sobrancelha. – Eu fiz tudo por um garota com 16 anos, tudo mesmo, com direito a reservas, velas, flores, porque eu queria impressiona-la e eu posso dizer que ela foi meu primeiro amor, eu era apaixonado por aquela garota. – Ele abanou a cabeça rindo, parecendo lembrar, algo em null pulou, ela sentiu seu coração bater lentamente, ele já se apaixonou por outra... era besteira querer que null se apaixonasse só por ela? Coisa de criança pra ser exata. – E quando eu entrei no restaurante, na hora exata para esperar por ela, eu à vi beijando outro cara do colégio que eu estudava. E eu juro que eu queria botar fogo naquele restaurante porque, nem mesmo fazendo tudo e mais um pouco por ela...
- Ela era uma vadia com toda certeza. – null pronunciou-se vendo que null se identificava com história, pois ele não parava de concordar com a cabeça para tudo que null dizia.
- Vadia foi pouco. – Ele falou batendo a garrafa na mesa. – Mas hoje posso dizer que meu trauma por restaurantes foi superado porque eu finalmente aproveitei uma noite dentro de um então... – Ele olhou para null, que ainda o olhava, e parecia estar pensando em toda aquela história.
- Mas isso não quer dizer que eu ainda goste deles. – null falou e null brindou com o menino fazendo null rir e pegar uma batata. null sorriu forçadamente e pegou uma batata como null e sentindo logo a risada de null invadir a mesa.
A noite pra ela não teve continuidade depois daquela história. Não que não tivesse aproveitado depois dela, mas ficou com aquilo na cabeça e de como null se sentiu ao ver a garota da qual mais gostava ficando com outro. Ficou com raiva dela, e com peso por saber que null já foi apaixonado por outra pessoa... Ele era apaixonado por ela afinal, não era? null percebeu que null já não era mais uma pessoa normal que ela estava tendo relações continuas como... Como alguém... Ela estava apaixonada por ele e sentiu que ele importava mais do que ela imaginara. Aquilo fazia sua mente ir à milhão, à milhões de pensamentos...
Enquanto ainda andava pela calçada com ele, lado a lado ouvindo sua voz ao fundo com seus pensamentos e todas aquelas pessoas andando, os pubs cheios de jovens, as luzes de pré-natal enfeitando os telhados da rua mais movimentada da grande Londres e aquele ar ameno que ajudava, pensava seriamente nos dois. Se tudo aquilo, toda aquela loucura, tudo... Havia acontecido em apenas alguns meses, imagina o que aconteceria nos próximos restantes? Tudo tinha acontecido tão rápido na sua vida, null tinha caído de paraquedas e agora era a pessoa da qual ela estava apaixonada e não conseguia pensar nele olhando para outra garota como olhava pra ela. Saiu desses pensamentos ao sentir o toque dele em suas mãos e então o encarou nos olhos, ele não sorriu nem falou nada, mas era como se pedisse permissão para entrelaça-las ,mas null fez isso antes, sorriu e logo o beijou.
- Porque está tão quieta? – Ele disse voltando seu olhar para ela.
- Eu estava pensando. – Ela disse olhando para os pés. De repente viram que estavam ficando para trás, enquanto null e null se abraçavam de lado, rindo. Aquilo tirou a atenção de ambos por um segundo. Então null voltou à olha-la.
- E eu posso ter o privilégio de saber no que tanto você pensa? – Perguntou tirando um sorriso fofo de null, não era natural ver null null sendo um cavalheiro.
- Não... É só que... Eu não sei. – Ela abanou a cabeça e parou de frente a ele passando os braços por seu pescoço.
- Se for pela história que eu contei, não sinta pena de mim. – O menino riu afetado e ela não disse nada.
Ela aproximou seus rostos com rapidez depositando um selinho bem demorado na região, ele quis mais que tudo naquele momento sentir o gosto de null, sentir a textura de seus lábios, sentir a textura de seu corpo. Suas mãos puxaram-na para si quase colando seus corpos, mas ele não sentiu necessidade de fazer aquilo com mais intensidade, pois suas mãos já estavam dando conta do recado; desliza-las sobre sua cintura já estava o deixando suficientemente louco. Qualquer coisa nela o levava para o abismo. Ele não iria mais negar isso. null era a garota que o levava ao delírio dês de a primeira vez que à viu. Ela iniciou um pequeno carinho em sua nuca fazendo com que involuntariamente null arcasse para frente, e null fosse sustentada pelo seus braços, tendo plena certeza de que naquele momento ele não pensava mais em nada que não fosse ela.



- Ah, só pode ser brincadeira! – null gritou apontando para a TV. Ela havia prometido que não perderia mais uma vez para null no Mario Kart, mas... Perdeu!
- Aceita que dói menos! – null Gargalhou no ouvido da garota.
Lá estava ela sentada entre as pernas dele em cima do tapete felpudo de seu quarto, era talvez a quinta ou sexta partida que estavam tentando ter uma igualdade nas corridas, mas... null odiava perder!
Ela virou-se lentamente para olhar null, sentando-se em cima das batatas de sua perna dando logo um tapa bem forte no garoto o fazendo deitar-se no tapete ainda soltando sua risada mais que idiota para ela.
- Vai ter volta seu... Babaca! – ela disse apoiando suas duas mãos ao lado da cabeça de null, ficando literalmente de quatro em cima dele; Enquanto ele torcia para não estar fazendo cara de bobo encarando-a daquela maneira.
- Gira a roleta e tenta a sorte – o menino levantou apenas a cabeça, ficando a mínimos centímetros da boca de null – Bonitinha – roubou um selinho surpreso de null rindo da maneira mais sacana que conseguiu.
null piscou pesado ao perceber que suas ações tinham sido paralisadas no momento em que ele fez aquilo. null lentamente voltou o caminho para a boca da garota, primeiramente beijando seu lábio inferior dando leves chupões até que uma de suas mãos fosse tomando caminho até a nuca dela. null logo sentiu o beijo intenso de null, à beijando ainda sem contato de línguas sentindo com que cada vez mais as mãos dele fossem à explorando.
null eventualmente sentou-se novamente sobre a batata de sua perna ainda entre as pernas dele assim que o beijo foi se intensificando e null ao perceber isso deslizou suas mãos para a cintura da garota dando leves apertões à fazendo arfar entre seus lábios; Ele subiu suas duas mãos para as costas da menina delineando cada parte à fazendo arrepiar-se toda, com aquelas sensações estranhas que rondavam seu corpo. null segurou o rosto do menino parando o beijo com selinhos demorados e cheios de carinho; null à abraçou pela cintura encostando a lateral de seu rosto sobre o busto da menina e depois voltou à olha-la, ela lhe deu um último beijo e foi então que ele teve a certeza que a menina que era dona do beijo mais delicioso e delicado era null; Seus lábios se moviam com a precisão necessária para que ele ficasse em êxtase.
- Eu preciso tomar banho – a garota sussurrou entre seus lábios e lhe deu um último beijinho levantando-se do tapete e deixando um null abobado no mesmo.
Ele deitou-se no tapete novamente assim que ela entrou no banheiro. Jogou os braços atrás da cabeça fechando os olhos assim que o fez; null tinha um coração acelerado quando notou pensar que ela estava tomando banho e a única coisa que o impedia de fazê-la somente dele era uma porta de marfim branca.
null sentiu a água escorrer por seu corpo lentamente, respirando fundo a todo o momento. Eles estavam sozinhos naquela casa, totalmente sozinhos, sem null, nem Bertram e nem papai null.Tinha medo do que podia acontecer quando saísse do banho, quando desse de cara com ele e quando mais uma vez se rendesse aos seu desejo por null. Era isso. Ela tinha medo de se entregar dessa vez totalmente ao garoto. Não era como se null não quisesse fazer aquilo com null só estava com medo; Ambos sabiam que naquele beijo havia tido muito mais do que uma simples sensação de um beijo bom, havia tido carinho, tanto da parte de null quanto de null e era isso que deixava null e null absortos em pensamentos sobre o que tava rolando ali.
A água batia em sua nuca trazendo uma sensação de paz e talvez preparatória. Tinha que parar de pensar naquilo no exato momento! Deixar rolar era a única opção, pensar demais no que poderia acontecer ou não com null à deixava louca, assim como ele deixava então... Por que toda essa tempestade mesmo?
Saiu do banheiro vendo as costas de e tendo a impressão de que as mãos de null dedilhavam uma das fotos postas em cima de sua cômoda. Caminhou para lá em silêncio mesmo sabendo que ele havia reparado que ela saíra do banheiro.
- Há quanto tempo vocês se conhecem? – o menino perguntou dando de cara com null. Nas mãos ele segurava uma foto sua, de null, null, null e null. Ela e null numa pose afetiva onde null fazia biquinho e null beijava seu rosto; null sentada no colo de null fazendo sinal da paz e null no meio com uma cara de mau.
- Desde a sexta serie – ela respondeu. Aquela foto lhe trazia muitas lembranças e não teve coragem de tira-la dali; null percebeu isso assim que null sorriu da maneira mais sincera olhando para foto. De alguma maneira aquele sorriso mexeu com ele, null era completamente... Feliz? – Eu e null nos conhecemos desde os quatro anos, mas você já conhece a história.. E eu e null nos conhecemos dês de os oito, foi ele quem me apresentou...
null tirou os olhos da foto para encarar null. O menino a olhava com seriedade, realmente estava prestando atenção na história, sabia que dentro daquele olhar havia algum pensamento que ela queria mais que tudo saber qual era. null era enigmático da maneira mais desejável que algum cara poderia ser; Então não teve vontade de continuar a história, era estranho pensar daquela maneira com ele, mas não queria passar a impressão de que null ainda preenchia seus pensamentos.
Mas foi exatamente o que null pensou.
Eles ficaram em um silêncio estranho e foi então que null notou e colocou novamente o pequeno retrato na cômoda cruzando os braços logo depois.
- Qual vai ser meu prêmio? – ele perguntou dispersando-se do assunto e sorrindo de lado fazendo null reprimir um sorriso e fingir estar afetada, também cruzando os braços.
- Dormir no sofá ou na cama... Como você ganhou eu vou dar o poder de escolha, mas o sofá era a minha primeira opção.
- O que? – null riu abanando a cabeça negativamente. Aquele sorriso fez a menina perder o controle da respiração. Queria agarrar seu pescoço ali mesmo e o encher de beijos; Mas só continuou com os braços cruzados o olhando fixamente. – Tenho chance de reverter sua primeira opção? – ele deu um passo para frente ainda rindo e null deu dois para trás fazendo-o segui-la.
- Talvez... – ela disse assim que sentiu a cama bem atrás de si, sorrindo de lado.
- Ótimo. Então, primeira tentativa.



O menino tirou a camisa ali, bem na frente de null a poucos centímetros de seu corpo. Ela observou exatamente cada ato do garoto sem tirar os olhos nem por um segundo; null era em belas palavras... Gostoso. Muito gostoso. Seus olhos percorreram desde o ossinho abaixo do umbigo – A famosa entradinha – e lentamente foi subindo por seu abdômen, não muito definido, mas, ao ponto. Até seu pescoço que... Como um pescoço podia ser tão chamativo? E finalmente sua feição sacana a olhando. O tão destruidor sorriso de lado que null dava estava ali, à deixando sem nenhuma reação fazendo-a engolir seco sem conseguir disfarçar o quanto ele tinha à deixado sem palavras. Seu olhar praticamente cantava vitória para ela e isso era o que mais irritava. Mas null estava nem aí se quer saber... Ela só tinha o maldito foco no cara sem camisa bem na sua frente.
Óbvio, ela já o tinha visto pelado uma vez, mas por mais estranho que fosse... a coisa estava realmente diferente entre os dois dês de a primeira vez. Ela já tinha feito aquilo com ele, porém talvez por medo das proporções de realmente sentir que estava apaixonada por ele durante o ato... null e null sabiam exatamente que aquilo iria ser devastador. E mesmo pensando e repensando; A conclusão era sempre a mesma.
- Ok. Agora segunda tentativa.
null jogou null para trás fazendo-a cair na cama sem reação e então ficar de quatro em cima dela assim como ela havia feito horas à trás. Ele iniciou uma sessão de chupões em seu pescoço dos quais levavam de três a cinco segundos fazendo a garota ofegar. Lentamente subiu seus beijos pelo rosto; null já tinha os olhos fechados, seu corpo todo estava em choque com toda aquela provocação de null, e sendo assim, deixou com que ele continuasse com aquela sensação maravilhosa.
Ele beijou os lábios de null como se ali fosse o ponto mais especial de seu corpo, e pra ele era, e isso era totalmente estranho; jogou os pesos que antes estavam na mão, o apoiando de quatro em cima dela, agora para os cotovelos e então colou seus corpos rapidamente e com um ato involuntário null entrelaçou suas pernas na cintura do menino, levando suas mãos para as costas do mesmo e arranhando de cima à baixo, mas de uma maneira carinhosa, null fazia isso pra tentar se ‘’segurar’’ enquanto null continuava contornando com seus lábios por toda a extensão do pescoço da garota, e depois subia para bem abaixo da orelha dando beijos delicados e descia novamente para a boca.
null não tinha consciência exata do que estava fazendo, até porque seu corpo tinha quase contato direto com o dela e era como se ambos seguissem programados um para o outro, para enlouquecer um ao outro, assim como todos os seus atos.
Ele, que tinha uma das mãos na cintura de null, fez questão de subir com a maior lentidão possível essa mão e junto com ela subia a camisa de null; e como a pele dela era diferente, era macia e doce. Ela tirou a camisa logo em seguida deixando o sutiã a mostra e piscou lentamente pela primeira vez olhando para null e depois para a sua boca e o beijou novamente sentindo sua língua fazer contato de imediato com sua.
null até estava estranhando null não fazer nada para ficar no controle, mas era verdade, null estava deixando com que null fizesse tudo e ele encarou aquilo como um desafio.
null voltou uma de suas mãos até o zíper da calça do garoto e tirou-a sem demoras até pela metade, tendo em vista de que ainda o beijava com a maior intensidade, então null fez o trabalho de tirar o resto ficando apenas com sua cueca Box branca, e de bônus também tirar o short do pijama que null vestia, mas esse ato, ela nem deve ter notado. null ofegava em seus lábios grudando cada vez mais seus corpos, arranhando suas costas, enquanto ambos arrumavam uma posição confortável para se ajeitarem.
null soltou suas pernas da cintura do menino o deixando entre suas pernas e foi então que ambos, pela pausa de um segundos para respirar, finalmente olharam um para o outro, totalmente enlouquecidos de prazer mas mesmo assim, sentiram o mesmo sentimento.
Paixão.
Suas veias pulsavam e ferviam de calor dentro de seus corpos. E um pelo o outro. O coração de ambos batia mais forte do que uma marreta, null sentia que poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Era totalmente irracional o sentimento que o tomava naquele momento, era como se quisesse te-la para ele, e só pra ele, seu coração soltava calafrios que faziam conjunto com os calafrios no estomago. Mas isso era novo pra ele e por isso era irracional.
- Trancou a porta? – ela sussurrou entre seus lábios.
- Há muito tempo.
E então ele ergueu um dos braços até o abajur e o desligou.

***

null rolou para o lado ainda de olhos fechados sentindo o aroma de null embaixo das cobertas. Estava bem frio pelo que aparentava. Ambos estavam totalmente cobertos pelo edredom branco onde null se mantinha encolhido de lado e de costas para ela e parecia estar em um sono profundo.
Ela abriu os olhos notando estar vestida; tinha levantado para por pelo menos suas roupas íntimas, assim como null. Sorriu ao se lembrar, e consequentemente seu coração pareceu bater mais rápido. Suspirou umas três vezes tentando estabiliza-lo, e foi então que abraçou null pelas costas acariciando seu abdômen com o dedo indicador e o cheirando sem nem notar com os olhos fechados. Ela estava perdidamente apaixonada por ele. Sua pele tinha um cheirinho diferente de desodorante masculino com seu aroma próprio e de repente, parecia que tudo nele era apaixonante.
null sentiu seus carinhos e ficou fingindo dormir por um bom tempo. Sorriu de canto e finalmente virou de barriga pra cima piscando duro, tentando se acostumar com a pequena fresta de claridade que entrava no quarto.
O garoto olhou null com ternura a envolveu puxando-a para deitar-se em seu peito. Era loucura, era total loucura o que estava acontecendo ali, pra ele.
- Bom dia! – null disse beijando o rosto do garoto.
- Eu não gosto de receber bom dia com bafo – null disse ainda de olhos fechados.
null levantou seu corpo para olhá-lo com uma cara de indignação e um sorriso que acompanhava e foi então que null lembrou que ela ainda estava de roupas íntimas, aquela lingerie preta... Ele passou seus olhos por uma fração de segundos pelo seu busto e depois encarou a face da garota e momentaneamente começou a rir.
- Você não consegue ser romântico, né!? – null disse voltando a se jogar na cama.
- Ah, null... Eu nunca fui romântico – ele riu se aproximando da menina e lhe cheirando o pescoço dando um leve beijo na lateral dele. – Eu manjo é das paradas mais...
- Eu sei disso, bonitinho.
null virou-se para ele tendo um selinho roubado pelo mesmo, que sorriu fofamente puxando à para si, iniciando um beijo bem mais intenso. null voltou a deitar-se no peito de null assim que terminaram de se beijar, ficaram em silêncio enquanto a menina voltou a fazer os carinhos na barriga dele, que foram descendo, e descendo... Até chegar bem pertinho da entradinha.
- Área restrita – null riu, pegando a mão de null e voltando seu olhar aos olhos dele que espremia os mesmos parecendo reprimir o sorriso. – A não ser que você queira outra dose... – Assim null foi indo com seu sorriso indutor lentamente até os lábios da menina, mas antes que eles se tocassem, assustaram-se ao ouvir o som do celular do menino vibrar e gritar em cima do criado mudo.
- É melhor você atender.
null bufou atendendo o mesmo na hora e foi então que começou a ouvir a voz histérica de sua mãe do outro lado da linha. null levantou o corpo ao perceber que null null estava levando bronca da mãe; Não era todo dia que se via uma cena tão hilária, afinal, null era um pegador, e parece que não tinha passado mais do que uma noite fora de casa.
- Tá mãe... – ele resmungou – É claro que eu tomei... Eu to bem... Não... Eu vou!... Já disse. Mãe... Tchau! – ele desligou o telefone e virou-se para a menina encarando-o com um olhar sapeca.
- null null tomando sermão por estar fora de casa? Por essa eu não esperava bebezão! – a menina riu e null fez cara feia para ela mostrando o dedo.
- Ela acha que vou bater o carro de novo e bom...
- Quê?
- Eu bati o carro uma vez, há um ano... Estava voltando de uma festa com null e null bêbado, inconsequente... Por sorte nenhum de nós se machucou – null disse. null fitou-o por longos segundos. Então era ele que ela havia xingado até a quinta geração por ter batido o carro com seu namorado.
- Am...
- Eu tenho que ir embora – null levantou deixando todo seu corpo à mostra. null o olhou vestindo sua camisa totalmente sexy e depois suas calças, isso tudo, calada. – O que está esperando?
- Esperando o quê?
- Você vai comigo.
Seu coração deu um soco forte que até desconfiou que null pudesse ter visto. Podia ser totalmente idiotice e era! Mas null tremeu na base ao ouvir aquilo. Não porque estava amedrontada ou algo do tipo, mas porque sabia muito bem a fama que null tinha. Algum dia alguém já havia comentado sobre alguma garota conhecer os pais de null? Bom, esse era o fato. null nunca fazia isso. null ouvia null e null comentarem sobre esse fato. Então isso queria dizer que ela estava sendo importante? O medo de sentir-se especial e quebrar a cara depois era grande. null era aquela incógnita que você nunca sabe onde está se metendo.
Ele a encarou andar até o closet sem dizer nada. Levou seus olhos até suas coxas e foi só então que notou as marcas que havia deixado; três pequenos roxos estavam ali marcando presença. Ele realmente não queria ter feito isso, mas provavelmente null não havia notado, mas de qualquer forma...
Ela voltou do closet vestindo a sua blusinha de manga comprida colada e parou de andar assim que notou o olhar de null parado em uma parte de seu corpo que não eram seus olhos.
- Que foi, garoto? – null desceu o olhar aonde null olhava e deslizou a mão no local. – Eu não senti isso – null falou olhando para ele, que finalmente retribuiu o olhar se ajeitando na poltrona.
- Eu pego leve na próxima.
A menina riu abanando a cabeça de um lado para o outro terminando de vestir suas calças.
Ela afrouxou o casaco no corpo pela segunda vez desde que null havia estacionado o carro. Estava tensa e era nítido, mas sinceramente, null ao olhá-la nunca imaginou que ela estaria muito mais tensa que ele numa situação dessa, afinal, null era uma menina e geralmente, garotas ficam excitas com uma situação dessa. Ela não.
Vendo isso, o menino passou ao seu lado apressando os passos e junto entrelaçou as suas mãos tentando esquenta-las. A mão dela estava uma pedra de gelo. Talvez fosse pelo frio intenso que fazia em Londres naquele dia, com a combinação da garoa fina; Ou porque ela realmente estava bem nervosa.
Ele não sabia por que tinha tomado a decisão de levá-la para lá. Nem pensou pra dizer a verdade; aquele ato estava sendo tão natural para ele que o nervosismo de null lhe causava estranheza. Ele apertou as mãos dela entrelaçadas na sua, e sorriu lhe dando um beijo nos cabelos um pouco antes de abrir a porta.
- Ah, mas que bonito não... – a mãe do menino parou de falar assim que viu null ao lado de null. Ela tentou sorrir, tentou agir naturalmente; mas a mãe de null não ajudava; A mulher tinha uma expressão de choque no rosto, os olhos delineavam perfeitamente cada pedaço do corpo de null, e voltava para null, e depois para a mão dos dois, entrelaçada.
- Mãe...
- Querida, eu não faço ideia de como é que... – foi a vez do Sr. null parar de falar assim como a esposa e encarar null, e depois null por alguns poucos segundos. – null! – ele disse sorrindo.
- Pai, essa é a null... null, esse é meu pai – o menino falou soltando das mãos de null e sorrindo de uma maneira gentil.
- Filha de John null?
- Em pessoa! – A menina sorriu apertando a mão do homem que tinha um sorriso lindo. Soube na hora de onde null tinha puxado o maravilhoso bem genético.
- Desculpa a indiscrição querida é que... null não costuma...
- Mãe...
- Tudo bem... – null sorriu.
- Bom, vai tomar banho null que, enquanto isso nós cuidamos da ‘’it Girl’’ – o homem falou trazendo null para junto dele. O menino piscou para null, e trocou olhares com o Pai. Provavelmente o homem já sabia de tudo, e sabia que uma hora ou outra iria pedir por explicação, da qual null não queria dar.
- Então... Como vai a Renê?



null tomou banho rápido. Não queria que sua mãe ou seu pai deixassem escapar qualquer merda para null. Era engraçado; Ele se importava mesmo com ela, se importava de verdade e isso não estava sendo tão ruim assim como imaginou mas, de alguma forma ainda era estranho porque, ele não tinha experiências assim à dois anos quando foi magoado. Estar apaixonado era realmente novo pra ele e não mais negaria esse fato, justo por ela, justo por null.

- É ela ficou louca! – null comentou sobre null no momento em que virou a garrafa de cerveja.
- Por incrível que pareça, null, não – null disse pros caras na mesa.
- Isso é um problema, meu caro. Quando a garota não diz nada, é porque...
- E você tem muita experiência, né null?
- Eu conheço a null há muito mais tempo que você, seu baitola do cacete, e foi eu quem apresentei a Troublemaker pra você.
- Então quando o null diz que a menina tá putassa, ela TÁ putassa, boy.
- Ela sabe muito bem o que rola nas festas no Camping da Candence.
- Ela e null!
- Ela não tem cara de quem frequenta esse tipo de festa, null.
- Ah meu querido, eu frequentei esses lugares junto e eu tenho moral pra dizer que realmente Troublemaker é sinônimo de null null!
Todos trocaram risos na mesa pela cara de espanto de null ao ouvir aquilo. Como null e null. Que bebiam suas cervejas, avulsos da conversa por não saberem de quais garotas se tratavam.
- Minha Trouble – null disse sorrindo.

E null não sabia de nada.
Seu corpo estremeceu ao se lembrar da conversa de meses atrás, muitos meses atrás, quando se quer sabia em carne e osso quem era null null. Mas havia descoberto exatamente o porquê de ela ter o apelido carinhoso de Troublemaker pelo melhor amigo, vulgo, null.
O tempo em que passou conversando com os pais de null passaram rápido tendo em vista das inúmeras perguntas que recebeu junto com os cockies deliciosos que a mulher preparava e das revelações que fazia sobre null, null só conseguia rir. Eles eram pessoas maravilhosas sem falar na simpatia; tirando o fato de início, mas null entendia a reação que tiveram.
Seu olhar parou no menino entrando na cozinha e foi o seguindo, com sua blusa de moletom vermelha um tanto longa e suas calças pretas apertadas. Ele chacoalhou o cabelo e a olhou dando um sorriso fofo, apoiando-se no balcão ao seu lado logo roubando um coockie da assadeira. null sentia o perfume entrar por suas vias respiratórias e ir direto pro cérebro o embaralhar; Seus sentidos eram feridos toda vez que null chegava perto.
- E aí? Me depravaram bastante? – ele sorriu sem mostrar os dentes levantando uma das sobrancelhas.
- Saber que sua empregada te pegou dançando pelado já é um bônus.
- Mãe, justo isso?
- null, eu tinha que contar – ela riu e depois piscou para null.
- Temos que ir – ele falou para null que assentiu se desencostando do balcão.
- Eu fico feliz que null não esteja em qualquer lugar, bebendo e... Depois que ele sofreu o acidente eu fico com os nervos... – ele fez um gesto.
- Mãe – o menino a reprovou passando a mão pela cintura de null.
- Tudo bem – ela disse e fitou ambos com um sorrisinho de canto. – Foi um prazer te conhecer, null – beijou o rosto da garota lhe dando um pequeno cafuné nos cabelos. Ela só conseguiu sorrir fofamente para a mulher.
O pai de null os fitava por um bom tempo. Olhava para null, e null devolvia o olhar como se pedisse, ou melhor, implorasse para não conversar naquele momento.
- Foi um prazer, null – Sr null sorriu, levantando-se da cadeira com uma feição diferente, null havia percebido; Sorriu, e lhe deu um aperto de mão.
- O prazer foi meu – ela sorriu de volta.
null se apressou para tirá-la dali, do olhar afiado do pai que não conseguia disfarçar; Puxando-a pela cintura pra fora de casa enquanto sua mãe acenava com inocência para a menina. De certa forma aquilo tinha sido um alivio para null. Pelo menos sua mãe não saber de nada havia salvado o encontro épico de ambos a um patamar desastroso.
Assim que entraram no carro ambos ficaram em silêncio. null não havia dito nada então, ela também poupou-se de dizer algo; Não sabia se tinha mandado bem com os pais dele. E desde então, ele também não havia dito onde estava a levando.
Ela esfregou as mãos uma na outra e colocou-as entre suas pernas.
- Onde está me levando? – perguntou, vendo-o tirar os olhos do volante.
- Você já vai saber.
- Se você ainda não sabe, eu odeio surpresas.
- E quem disse que é surpresa?
- Nossa – ela abriu a boca vendo o garoto soltar um riso, olhando-a de canto. – Então... Se não é, não custa me dizer.
- Não vai ser necessário.
O menino disse parando carro em frente a um prédio de aparentemente 15 andares de tijolinhos cinza. Era bem sofisticado por fora, mas nada muito exagerado.
null passou as mão pela cintura de null assim que a menina saiu do carro e sem esperar à puxou para dentro do prédio, soltando-a só para falar com a secretária no balcão.
- Sim? – o olhou dos pés a cabeça?
- Apartamento 509 – ele disse olhando no celular.
- null null? – null cruzou os braços levantando a cabeça. Era impressão ou eles já se conheciam? – Camping...
- É... – ele cortou a moça. null sentiu uma coisinha quente começar a percorrer suas veias. Afrouxou seus braços cruzados olhando para qualquer coisa que não fosse os dois bem à sua frente. Respirou fundo... Expirou.
- Prazer... – ela ouviu uma risadinha frouxa de null em resposta.
- Vamos? – disse finalmente encarando null.
E ela foi. Sem dizer uma palavra ainda com os braços cruzados. Seu mantra de respirar expirar parecia não estar fazendo efeito algum naquele momento. Queria realmente mandar null pra puta que pariu se pudesse; Qual é? Ele era seu... Ficante barra peguete barra namoradinho, mas... Ficar de conversa oculta com uma secretária morena gostosa na sua frente é de dar nos nervos. Autocontrole era disso que ela precisava. Afinal, o que null dela mesmo?
- Você tá muito quieta...
- E você, simpático – null sorriu sem mostrar os dentes sem encara-lo. null retorceu a cabeça para o lado tentando ver o rosto de null. E riu assim que notou sua aparência bravinha.
- null, ela era...
- Eu definitivamente não quero saber quem ela era ou o que você fez com ela... Já chegamos? – ela o encarou, assim como null sorriu ao vê-la, com ciúmes? null ia sair do elevador mas null à segurou fazendo-a ficar frente a frente à ele, e como olhar nos olhos de null era seu ponto fraco... –
- Para com isso, vai, eu não to afim de...
- Eu também não.
- Para de responder sem eu ter terminado de falar!
- Tá então termina?
- Porque tá agindo assim? Eu to sentindo uma pontada de ciúm...
- Vai aumentar seu ego? Que já é do tamanho do Empire State...
- Não, mas... – ele passou por ela saindo do elevador e a trazendo junto para frente da porta, que era bem à frente do elevador. – Bem vinda ao meu antro da perdição.



null olhou de um lado para o outro, observando lentamente todo a apartamento. Reparou nas duas grandes janelas que tomavam uma parede inteira, separadas unicamente por uma lareira que, por sinal, continha dois quadrinhos em cima. Ao lado, havia um colchão jogado e alguns edredons.
Ela trocou olhares com null sem dizer uma palavra. Sentiu a mão do garoto em suas costas, empurrando-a com delicadeza para dentro e logo depois fechando a porta com os pés. null teve uma visão mais ampla do lugar, era simples mas confortável, só não estava entendendo o que estava acontecendo. Cruzou os braços e respirou fundo, Mas antes de começar a falar, null tomou a frente.
- É meu – ele disse com simplicidade dando um passo a frente e sorrindo com um brilho de orgulho nos olhos.
- Eu achei que você morava com seus pais – ela comentou, dando mais uma jogada de olhar no local.
- Exatamente. Eu morava com meus pais. E agora minha mãe resolveu me chutar pra cá – null cruzou os braços, suspirando.
- E você tá muito triste com isso, não é mesmo? – null disse num tom sarcástico, também cruzando os braços e com um sorrisinho de canto. null ficou quieto, observando a forma como ela era. Igual a ele. Ou talvez fosse sua imaginação, mas null tinha os mesmos jeitos de voltar em uma conversa ou clima sem nem tocar no assunto, só pelo olhar. E ele sabia que seu sarcasmo se referia a uma secretária morena.
- Não esqueceu a morena da recepção, né? – ela revirou os olhos o vendo chegar mais perto dela.
- Eu nem toquei no nome da infeliz. Você que deve estar com ela na cabeça.
null soltou uma gargalhada fazendo null o olhar estranho ainda de braços cruzados com aquela carranca que ele conhecia. Por mais que ele quisesse negar que nunca na vida iria saber e decorar cada jeito de uma garota. Mas ele sabia os de null. Então a puxou pela barra do casaco colando seus corpos, cheirando seu pescoço com lentidão. Ela não ia se render, ou ia fazer o máximo pra isso não acontecer. Era pura criancice como null se sentia perto de null, vulnerável, amedrontada. Mas de uma forma boa, se é que existe uma forma boa.
- Sabe que agora temos um lugar só pra nós. Sem regras, aliás, minhas regras – null disse baixinho em seu ouvido, logo depois encarando a menina nos olhos, atitude que a deixou de pernas bambas. Puta que merda, pensou ela.
- Suas regras; Gatinhas de calcinha, cervejas espalhadas por toda a casa, sutiãs espalhados por toda a casa...
- Sério? Você pensa isso de mim? – null perguntou sério, tombando a cabeça para o lado. null ficou quieta olhando para qualquer lugar que não fossem seus olhos, e assim ficaram por pelo menos trinta segundos.
O fato de não serem nada oficialmente um do outro deixava null louca. Ela não queria apressar nada, nem se passar de possessiva ou algo do tipo, mas era a primeira vez que ela havia se sentido insegura em relação a ele, era a primeira vez que aquela pontada de ciúmes realmente bateu e ela não conseguiu controlar. E não poder fazer nada em relação aquilo, porque não tinha o que fazer já que não estavam juntos realmente... A deixava mais maluca ainda.
- Não, null – ela finalmente disse começando a dedilhar o logo da blusa do garoto.
- Então vamos lá, vamos ser sinceros – ele se desvencilhou dela cruzando os braços. – Eu confio em você, por mais que eu te ache uma patricinha louca das festas do camping da candence, que tem ciúmes da madrasta socialite – null abriu a boca em um completo ‘’o’’ olhando para null que começou a rir de imediato, indo abraça-la de novo enquanto ela tentava se desvencilhar dele.
- Para de ser idiota, null.
- Acho também que de tão patricinha nojenta que é, só vive de salada caeser.
- Vai se ferrar!
- Eu tenho certeza.
- Eu só comi uma vez.
- Garanto que não foi só uma – null disse rindo entre as palavras, tentando agarra-la por trás.
- Eu estava muito acima do peso.
null começou a rir e a abraçou pelas costas beijando seu pescoço e, lentamente, null foi se virando para beija-lo, o que durou uns cinco segundos até que ela lhe desse um tapinha carinhoso no rosto.
- Ai – ele protestou, ainda agarrado a ela. – Você não estava acima do peso, você estava gostosa – arrancou um selinho demorado dela. – Eu sei que naquela época você ainda estava com o null, mas eu sou homem, humano, e não deixo de notar um...
- Não continue... – null colocou uma de suas mãos na boca do menino.
- Um – ele tentava falar entre suas mãos. – Par...
- null! – null riu e a beijou novamente, deslizando suas mãos sobre a cintura dela e apertando de vez em quando.
- Desculpa não ter um sofá pra te dar uns amassos...
- Idiota.
- Quando uma garota te xinga de idiota mais de uma vez no dia é porque ela está perdidamente apaixonada por você – ele riu se jogando no colchão, se achando.
- Onde você viu isso? Numa página do facebook? - a menina debochou.
- Exato.
- Eu tenho que ir, meu pai vai chegar em... – ela olhou no relógio. – Meia hora.
- Conseguimos fazer mais rápido que isso.
- Para de pensar só naquilo! – ela lhe deu um tapa, deitando-se na barriga do garoto.
- Tudo bem, os caras vão vir aqui.
- Você... Tem notícias do null ou... null? – null disse, olhando para as mãos. Um silêncio se instalou no ar, mais como uma tensão.
- Não – ele engoliu seco – Eu pergunto pro null e... te conto.
- Não, eu só queria saber por que, você sabe... – null disse sentando-se no colchão e depois trocou olhares com null, que estava sério.
- Tudo bem.
- Eu tenho que ir.
- Nós temos mais vinte e cinco minutos – null disse, sorrindo de canto.
null riu, abanando a cabeça negativamente.
Ele era pra ser dela mesmo. Eles não fizeram nada, só conversaram por mais um tempo e depois ele a levou pra casa. Entre a conversa da confiança ou sobre o que ela achava dele, null queria que null fosse dela e tinha medo de todas as possíveis consequências. Estava apaixonada por ele, e, talvez por definitivamente saber a resposta, sentia seu coração apertar sempre que pensava no fato de estar apaixonada, mas não ter a certeza se null também sentia o mesmo, ou se estaria com ela no dia seguinte. A final, ele era null null. E ela já havia ultrapassado todas as barreiras de ‘’cuidado’’ coladas na testa dele.
Porque ele tinha aquela carinha de “Amor, eu só sirvo pra despedaçar seu coração.”



***

- VAI, ! – Barth gritou, fazendo gestos bruscos em direção ao campo. – Que porra o null está fazendo? – o homem passou a mão nos cabelos.
null ouviu os resmungos do treinador enquanto fazia seu aquecimento. Era a quarta ou quinta vez que null havia caído na hora de rebater a bola. E a milésima vez que o treinador resmungava o quanto ele estava ruim.
- DE NOVO! VAI, TERCEIRA JOGADA. VAI! – o homem gritou. null recebeu a bola e saiu correndo e de novo, foi arremessado por um gigante do time branco. – CACETE! , vem aqui.
null veio correndo, meio manco até o treinador. null observou a cena de longe.
- O que está acontecendo com você, !? – o homem disse colocando uma das mãos na cintura, sem ouvir nenhuma resposta de null. – Seja lá o que estiver acontecendo, estamos a duas semanas da final , você é meu Quarterback, vai lá e faz seu trabalho! – o homem falou grudado nas grades do capacete de null.
Ele assentiu positivamente, recebendo dois tapinhas do treinador, e voltou correndo para o campo. null sentiu uma estranheza no corpo. null sempre foi o mais focado no time, nunca caiu tantas vezes como naquele treino e, bom, era talvez o primeiro treino que ele apareceu após descobrir sobre ele e null.
- null, no ataque – Barth apontou para null jogando o capacete em sua direção. – Cobre o null.
Em segundos a bola tinha sido lançada a null, que comandava as jogadas, enquanto null corria feito louco para receber a bola e cobrir null ao mesmo tempo. Mas ele nem olhava para o lado. Entre gritos de null e null para que ele passasse a bola antes que fosse parar no chão novamente. Não adiantou, dessa vez null realmente fora arremessado com brutalidade no chão, todos pararam nesse momento vendo o garoto se retorcer apertando suas costelas. null não teve reação, aquilo era totalmente inusitado. null correu até null abaixando ao seu lado e balbuciando coisas que ninguém conseguia entender direito. De repente ouviram um bufo e gritos direcionados a eles.
- , pro chuveiro – Barth parou no meio do grupo que havia se formado. – null, você é o novo Quarterback.
O homem saiu marchando deixando todos boquiabertos com o que acabará de acontecer. null olhou para todos os caras, inclusive null e null, tentando imaginar a raiva que null deveria estar dele naquele momento. Estava se preparando para enfrentar uma briga.
Mas null levantou-se lentamente com a ajuda de null e saiu mancando desvencilhando-se do amigo, todos observaram novamente null naquele estado deplorável, no momento em que o garoto tirou o capacete, null sentiu algo gelado e ruim descer sua garganta e subir novamente lhe causando uma sensação horrível.
null tinha olheiras fundas embaixo dos olhos, eles estavam sem nenhum brilho e sua feição era totalmente abatida e caída. null estava um caco. Foi como se null houvesse levado um soco no estômago.
- Todos liberados. Só quero a defesa comigo – o treinador gritou fazendo gradativamente todos andaram para o vestiário em silêncio. O que não costumava ser normal. O homem puxou null pelo ombro e o levou para dentro do vestiário junto a ele, e é claro, null não tirava os olhos do amigo.
Ele não pensou em nenhum momento que null iria ficar tão mal. E foi nesse instante que null teve a certeza de que null realmente amava sua garota. null. Seu coração parecia gelado feito pedra dentro do peito com um misto de culpa e uma dorzinha chata no meio do cérebro que ele não conseguia relaxar. Não conseguia parar de pensar e rebobinar a imagem da feição de null. Tomou banho por meia hora para tentar aliviar, mas o peso que estava sentindo em suas costas era tão grande que ele mal queria olhar para os lados.
null caminhava em passos lentos pelo corredor molhado do banheiro do vestiário, com a toalha enrolada na cintura pensando em mil e uma coisas. Ouviu vozes do final do mesmo, conhecidas, então passou a caminhar mais lentamente até finalmente parar um pouco antes, encostando-se na parede para ouvir.
- Ei, o que foi aquilo? – null perguntou, sentando-se no banco ao lado de null.
- Me da um tempo pra digerir as coisas – null respondeu com uma voz baixa. null respirou fundo e ficou alguns segundos sem dizer nada.
- null, você tem que reagir. Você não pode ficar desse jeito cara.
- Não é tão fácil quanto parece, null.
- É fácil se você quiser que seja.
- Diga isso pra alguém que não foi traído pela garota que ama, junto com seu melhor amigo – null fechou os olhos assim que ouviu essa frase, e engoliu seco logo depois. Sentiu seu peito pesar mais do que antes.
- Você sabe que a culpa não foi só deles, null, não se faça de coitado – null levantou do banco, pegando suas calças. – Você agiu de má fé com a null e você sabe disso – null soltou um riso doloroso e também levantou da cadeira pegando suas coisas.
- Você não sabe como é se sentir assim null, você não faz ideia – o garoto apontou o dedo para null com os lábios trêmulos. O amigo sentiu um pesar também em seus ombros, null sentiu um nó na garganta ao ver o estado do amigo, mas continuou quietinho ali. – E eu tenho raiva, null, raiva porque eu a amo. E eu não consigo deixar de amar.
Um silêncio se instalou no local por um bom tempo tendo um clima mórbido sendo compartilhado por todos.null sentiu vontade dizer que não foi por querer,que não queria ter se apaixonado por ela; Que nunca quis causar isso. Mas sabia que era em vão, nada que falasse ou fizesse mudaria a situação, e null nunca entenderia que null não se apaixonou porque quis. Mesmo que ele se sentisse severamente culpado por isso.
- null, você é o nosso Quarterback, nós precisamos de você, mate! Volta a ser o null , porque beber quinhentos litros de cerveja e se afundar nessa fossa que você e null estão vivendo não vai adiantar, cara! – null disse, e podia se ouvir o tom de autoajuda em sua voz.
- null é composto de null null, null. E infelizmente, eu não to conseguindo lidar com isso – null jogou a jaqueta nos ombros e deu dois tapinhas no ombro esquerdo do amigo colocando seus óculos escuros newway. – Mas não se preocupa não, mate.
Então ele deixou null plantado no vestiário e calado. null suspirou fundo dando um passo pra frente, e outro... Até tomar coragem para entrar no vestiário. Assim que deu de cara com null, ambos fizeram a mesma feição de pena. null sabia que null havia escutado tudo só pelo olhar triste do qual ele carregava. No fundo, pelo menos ser compreendido por null era um conforto para null, mas mesmo assim naquele momento não havia null que o confortasse. Ele se sentia sujo, null se sentia um lixo porque realmente null era seu melhor amigo, todos os caras eram. E ele ficava naquela culpa de estar perdidamente apaixonado, e ver seu amigo sofrendo por isso.
- Eu não quis causar nada disso, null – null murmurou chacoalhando o cabelo e colocando suas calças.
- Depois que tudo acontece ninguém “quer causar nada” mesmo, null.
- Você fala como se eu estivesse gostando de ver null sofrer.
- Não, null. Eu estou falando agora pra você tomar uma decisão.
- O que você quer dizer com isso?
- Que não é justo null sofrer por uma incógnita de vocês dois, ou vocês ficam juntos, ou... Não ficam!
- É muito fácil pra você falar – null bufou, vestindo a camisa.
- Não é fácil ficar entre meus dois melhores amigos, null, eu estou fazendo o que eu posso, e é por isso que eu estou dizendo pra você se decidir.
- Mas eu não sei o que fazer, caralho! – null bateu no armário passando as mãos no cabelo nervoso. Realmente não sabia o que fazer, e null ficar de mimimi na sua orelha não ia ajudar, nesse patamar, nem null estava o compreendendo.
- Faz o que é certo, null – o menino falou juntando suas coisas dentro do armário.
- E o que é o certo, null? – null perguntou, mais como uma prece. Ele queria uma resposta, porque sua mente estava totalmente confusa, se null tivesse uma certeza naquele momento...
- O que é certo pra você? – null perguntou, deixando a dúvida no ar. Então piscou para null saindo do vestiário.
Ele ficou parado olhando para o chão, sentindo seu cérebro começar a esquentar por conta das milhões de opções boas e ruins que ele pensava. Só não sabia qual era a certa. Ele era apaixonado pela garota. Sua atitude era completamente egoísta naquele momento, ele foi egoísta, mesmo sabendo que ela era de null, ele tinha que justamente cair na tentação de null null? O jeitinho de andar nada elegante, mas relativamente sexy pra ele, e a forma como ela passava a língua nos lábios antes de iniciar uma frase. Era impossível. Ela era impossível pra ele.
null era o pedaço de null que ele gostaria de não precisar.



Não era justo. Não era Justo toda essa palhaçada que John estava fazendo. null andava de um lado para o outro no corredor da diretoria de Prada, passando as mãos no cabelo incessantemente e com raiva, jurava que se Samantha aparecesse novamente em sua frente ela iria terminar o trabalho. Se não fosse por null... Ele a olhava pelo canto do olho sentado em uma das cadeiras estofadas em frente à porta da diretoria, sem trocar uma palavra. null não sabia se estava neurótica com tudo ou se null realmente estava estranho, não falou com ela, a tirou a força dos braços de Sam – Da qual estava estapeando, sim null entrou no tapa com Samantha Heater e adjacentes. Ela e null. – E não a olhou nos olhos. null não costumava não a olhar nos olhos, ele nunca fez isso mas... Poderia realmente ser coisa de sua cabeça então.
- Vem, vamos embora – John ordenou assim que saiu da sala de Morrison. null no mesmo momento levantou-se sem dizer nada colocando suas mãos na cintura, null o olhou de soslaio.
- Pai, não foi bem assim...
- Eu não quero te ouvir, null. Já chega – John trocou olhares indiferentes com null e olhou para null, que tinha um olhar assustado. Ela havia batido realmente em Estacy. null podia ser quieta e na dela mas quando a cutucavam... Então basicamente, John a fuzilou de uma forma diferente.
- Tio John, por favor – null falou antes que o homem começasse a andar, ele respirou fundo antes de respondê-la, fechou os olhos e logo depois abriu a fitando por mais dois segundos.
- Você tem uma viagem marcada pra sexta – null encarou os olhos vermelhos de null assim que o homem saiu andando as deixando ‘’sozinhas’’ no corredor.
null abaixou a cabeça fazendo gestos negativos com a cabeça várias vezes, tornou a cabeça para cima e depois suspirou fundo. Era certo que ela não sabia o que dizer, e porque estava errada, perdeu a cabeça assim como perdeu a cabeça no momento em que conheceu null. null olhou a amiga sair andando corredor a fora deixando null e ela sozinhos nele.
Por mais uma vez ela voltou a encarar null, mas olhou diretamente em seus olhos sem receber resposta momentaneamente, porque ele desviou o olhar assim que ela fez o ato. null queria bater nele, bater em Sam, estava com raiva! O que estava acontecendo?
- Eu acho melhor você ir com seu pai – ele disse, fazendo um pigarro no final. Seu coração batia forte porque ele queria fugir dela, queria fugir de seu rosto angelical e do seu pedido de conforto feito pelos olhos. null não conseguia fingir que olhar pra ela não lhe dava uma grande sensação ruim, ela estava lhe fazendo ruim naquele momento, o machucava desejá-la.
- null, eu não queria te meter nessa.
- Tudo bem.
O menino disse, bem breve, fazendo null sentir-se pior. A menina o encarou chegando perto de si. null passou por ela lhe depositando um beijo rápido nos cabelos. null ficou parado com as mãos nos ombros de null e ela pode notar ele fechar os olhos por poucos segundos e então deixá-la sozinha no corredor. Ela virou o corpo para o olhá-lo, sem receber olhar nenhum em resposta.
Por um instante, null duvidou que null iria dizer algo, contar algo, talvez o motivo de estar tão estranho. Não era algo que null fazia sempre, seu pseudo relacionamento com null havia começado a menos de três meses, mas null sabia notar o ar diferente. Porém seu olhar de James Dean estava deixando as coisas muito mais indecifráveis, ou ela só estava com um medo obscuro de fazer isso.
null passou as mãos no cabelo, nervosa, e respirando fundo fez caminho para o estacionamento onde seu pai estava a esperando dentro do carro. null não estava lá, mas parecia que John estava pouco preocupado, já que não perguntou por ela. E assim null foi se aguentando até em casa, ela já não suportava mais o olhar rígido de John, o tom rude que ele usava quase sempre que as via e odiava Paris por isso, ela não devia por culpa em Paris já que seu pai estava assim porque quis ficar assim, mas se a maldita boneca Barbie não tivesse aparecido na vida de John Mcragrayen, provavelmente ele não estaria esse poço de “simpatia” e ‘’fofureza’’ que está. Ah, como ela adorava usar seu sarcasmo.
- Pra onde a null vai na sexta, Pai? – null perguntou assim que fechou a porta, vendo John afrouxar a grava impaciente.
- Ela vai pra Califórnia – null arqueou uma das sobrancelhas, para não fazer algo pior, sentindo sua cabeça começar a esquentar, o que era indício de que ele havia mexido com o seu ponto de estresse.
- Como assim ela vai pra Califórnia de uma hora pra outra? Você não pode fazer isso – ela respondeu, sentindo seu sangue esquentar. Assim, John virou para olhá-la com o olhar de águia natural, que infelizmente null já estava acostumada a ver, e, sem se render, ela continuou olhando para o homem da mesma forma como ele a olhava.
- Eu posso fazer o que eu quiser – John deu um passo chegando perto de null. – Porque eu sou seu Pai, null, e eu estou de saco cheio das suas atitudes - a menina engoliu seco, encarando fixamente a expressão imponente de seu pai.
- Se está de saco cheio das minhas atitudes, deixa a null fora disso, John – aquilo foi cortante para John, null pode ver a fumaçinha saindo de seus ouvidos assim que ela o afrontou. Nunca havia brigado tanto com seu pai como agora, mas parecia que havia uma necessidade, porque estava com raiva dele, ou de Paris... Enfim, null não tinha nada a ver com aquilo.
- Eu vou tomar atitudes drásticas, até você se colocar no seu lugar – ele arrancou a gravata com raiva e subiu as escadas num trote.



- Que horas você pega o voo amanhã? – null perguntou para a amiga, que estava frente a frente com ela em uma das mesas de uma cafeteria, sentada no colo de null, e null no de null.
- Ás quatro da tarde – ela respondeu olhando para o café, assim, fazendo null perceber o quanto ainda estava chateada, e não era pra menos.
- É só uma semana, vai ser bom você ver seus avós... – null cortou o clima bebericando seu café.
Enquanto isso null abraçava null pela cintura, avulso do assunto, ele só havia pensando em null nos último dias, e em null; sua mente era bombardeada por ela toda noite, a cada vez que ele via seu nome, e não conseguia agir tão naturalmente. O fato de gostar dela deixava tudo mais difícil; Ele tinha que fazer a coisa certa, não era isso? Mesmo que não fosse fazer bem á ele mesmo. Ou a qualquer outra pessoa.
Ele encostou a cabeça nas costas de null fechando os olhos, sentindo o aroma dela entrar por suas vias respiratórias, como ia conseguir fazer aquilo?
Viu ela se levantar lentamente de seu colo e sorrir de uma maneira angelical para todos na mesa, trocando olhares com null e depois com ele; Deu-lhe um selinho demorado, fazendo com que null fechasse os olhos para sentir, aquele mínimo toque de seus lábios nos dela, e quando os abriu de novo, ela já estava longe, jogando o casaco por cima de sua blusa de manga comprida vermelha, com os cabelos remexendo na ventania assim que null abriu a porta para que elas saíssem; Ela deu um último tchau num aceno para ele, sorrindo novamente. Seu coração apertou no mesmo momento, ele sorriu de volta devolvendo o aceno, mas logo voltou a olhar seu copo de café; O mundo parecia pesar na sua mente, null nunca teve vontade de chorar na sua vida, por alguma coisa que não fosse dentro de sua família, o que sentia dele estava incomodando. Então ele levantou, e null no susto fez o mesmo pagando o café dos dois e saindo atrás de null.
- Ei cara, o que deu em você? – null falou parando o garoto. null passou as mãos nos cabelos olhando para o nada. – Isso não tem a ver com o que null disse sobre... Fazer a coisa certa, e null... – null fez um gesto com as mãos levantando o olhar para null.
- Eu tenho que fazer, null – null murmurou, suspirando.
- null, pelo amor de Deus, tira isso da cabeça – ele ouviu a voz de null mudar de tom.
- Eu não posso, null, eu não consigo.
- Escuta – null ajeitou o casaco. – Pensa bem no que vai fazer, porque algumas atitudes não têm volta.
null encarou null com olhos pesarosos, não sabia se aquilo tinha sido dito no sentido ambíguo de que, a situação de null e null não ia voltar a ser a mesma, ou que se ele fizesse o que tinha em mente, provavelmente ela nunca mais olhasse na sua cara. Só de pensar, null sentia algo embrulhar em seu estomago. Ele piscou algumas vezes em um silêncio compartilhado com null, passou a língua nos lábios e sem dizer nada ao amigo, saiu andando em direção oposta a null, deixando-o com cara de nada.

null andava em passos largos pelo aeroporto de Heatrow com null ao seu lado puxando uma big mala vermelha ao seu lado; Ficou primeiramente em pânico quando notou o tamanho da mala, nunca havia ficado tanto tempo longe de null e realmente, ainda queria matar seu pai por aquilo; Não tinha o visto dês de que tirou satisfação sobre o ato.
null já havia feito o checking, e seu voo já havia sido chamado a três minutos; A garota parou em frente ao portão jogando o blusão nos ombros e olhou para null, bem no fundo de seus olhos, como se ela estivesse deixando alguma parte do corpo para trás, e realmente, estava deixando.
- Tenho que correr – ela falou fazendo gesto com as mãos, e logo depois, pulou em null para dar um abraço apertado.
- Juro que não vou perdoar meu pai por isso – null choramingou no abraço, vendo null desvencilhar-se lentamente.
- Você sabe que ele não tem culpa... – null respondeu num tom triste, espremendo os olhos. – Tenta não fazer loucura, eu volto em uma semana – ela sorriu, levantando o puxador da mala.
- Eu vou tentar – a menina acenou abraçando o próprio corpo.
null desapareceu em segundos em meio a outras mil pessoas, null sentiu-se sozinha pela primeira vez na vida; Nunca ficou sem null, não que se lembrasse direito, e de repente... A garota foi dispersa de seus pensamentos pela vibração de seu celular, logo levantou a tela, que indicava a ligação de null.
Fazia um tempo que null não ligava, vulgo, uma semana, dês de sua briga com Samantha; Só ela ligava para ele mas, ultimamente ele havia atendido apenas nos últimos toques, como se não quisesse atender, ou talvez fosse coisa da sua cabeça e bom, ela preferia acreditar na segunda opção.
- Ei boy... – null atendeu, voltando a caminhar para a porta do aeroporto.
- Oi, null – ela percebeu de imediato sua voz pesada na linha, e o suspiro que se sucedeu antes da outra frase. – Tá ocupada agora?
- Acabei de deixar null no aeroporto e agora estou indo pra casa... – a menina respondeu receosa. – Por quê? – mais uma vez o silêncio tomou a linha, que fez até null tirar o telefone do ouvido para verificar se ele ainda estava lá.
- Então... – suspirou novamente. Tinha algo errado. – Passa aqui no meu apartamento.
- Hãm... Claro – ela mordeu os lábios. – Chego aí em... – ela olhou no relógio do carro. – Dez minutos.
- Te espero. – Ele disse e logo desligou a chamada.
Ela foi matutando o caminho inteiro sobre o tom de null; Ele podia estar nervoso com alguma coisa, e por isso resolveu chamá-la para conversar... null não costumava ficar encanado com alguma coisa por muito tempo, na realidade era a primeira vez que null via null dessa forma, então...



Ele estava jogado no sofá de sua sala passando as mãos nos cabelos sem parar, logo voltando o movimento para seus olhos e rosto, enquanto ouvia batidas delicadas e incessantes em sua porta.
Ele sabia que era ela.
E como cada batida daquela doía. Doía como uma facada em seu peito; null levantou calmo e respirou fundo, decidido do que faria; gostava o bastante dela para fazer isso. Abriu a porta a vendo sorrir com todos os dentes para ele e... Algo dentro si pareceu se partir em pedacinhos vendo aquilo.
- Eu to aqui! – null sorriu de lado, um dos seus melhores sorrisos; Seu olhar era pesaroso sobre ela e não se importava se a garota pode perceber isso. - Algum problema?
- null... Eu... – null abaixou a cabeça olhando para seus pés, ele ainda segurava a porta. Sua voz parecia não querer sair; um nó se formou em sua garganta naquele instante; Ele tinha que ser direto ou talvez não conseguiria mais fazer aquilo depois, e aquilo era terrivelmente horrível pra ele, fazer tudo daquela forma, tão rápido.
- null, você tá me assustando! – de repente null tornou seu olhar sério, fixando seu olhar no garoto, que era um pouco mais alto que ela, o olhando de baixo para cima. Ele aspirou todo o ar que podia, algo dentro dele estava parecendo se deslocar... Não costumava ser tão difícil assim.
- null, não dá mais. – ele soltou como um cuspe.
- O que não dá mais? – null ficou o observando por dois segundos quieta, piscando varias vezes e lentamente, perguntou com total inocência,desmanchando por completo seu lindo sorriso.
- Nós dois.
null não foi homem o suficiente para encará-la nos olhos, mas percebeu o movimento da garota; tombar a cabeça para o lado, as lágrimas começarem a tomar seus olhos,que provavelmente estavam procurando um entendimento; Como ele ia explicar somente não podiam ficar juntos? Que não havia explicação fácil, e que ele continuaria sendo um canalha mesmo explicando-se pra ela. Seu coração estava queimando mais do que imaginou. Sabia que iria ser difícil, mas não imaginou que seria tão difícil assim.
- null... – a menina começou sentindo a ponta de seu nariz arder abrindo um sorriso frouxo para ele, arqueando uma das sobrancelhas. – É algum tipo de brincadeira? – e como ele queria que fosse. O menino negou com a cabeça sentindo a dor se instalar em seu peito no momento em que fez isso.
- Desculpe – ele pediu num sussurro.
- Me olha nos olhos então, null – a voz dela estava embargada; null deixou uma lágrima escapar ao dizer isso e rapidamente á limpou trincando os dentes em seguida, vendo que ele não fez o que ela havia pedido. - Você... Você disse que era apaixonado por mim, o que eu fiz, o que aconteceu? – ela soltou depois de alguns segundos suspirando.
- Eu sei o que eu disse, null, eu...
- Você mentiu, não é? – ela perguntou entre dentes.
- null... Me desculpa – null finalmente á olhou nos olhos. Naquele instante, ela percebeu que não era uma brincadeira, que null realmente estava fazendo aquilo com ela; Sua boca ficou tremula assim que, ainda encarava os olhos do menino, e a única coisa que ele conseguia fazer, era fitá-la com os olhos vermelhos, e ainda por pouco tempo; Ele desviou o olhar logo em seguida.
- É só isso que você tem pra me dizer? – null não á encarou novamente, e aquilo estava a deixando irritada, se ela pudesse fazer algo naquele instante era bater nele, porque seu coração doía de uma forma tão estranha, como se houvesse levado um soco, que a única reação dela foi sorrir, sorrir sem conseguir acreditar no que havia acabado de acontecer. – É isso? – ela aumentou tom de voz.
- O que você quer que eu diga? – ele disse olhando para os lados, fungando com o nariz. null por um segundo pareceu ver null afetado, um pouco triste, tanto quanto ela, os olhos dele estavam vermelhos também.
Ela passou a língua dos lábios sentindo uma lágrima rolar; null viu aquilo acontecer em câmera lenta, sentiu outro soco em seu estomago ao ver aquilo; Era horrível ver null chorando, e o pior, chorando por ele; Seu peito estava tomado de dor, mais parecia uma dor física, como se tivesse levado um chute no local; talvez fosse até melhor levar um chute, ao vê-la chorar daquela forma em sua frente.
null fungou e ainda ficou estática por alguns segundos;. Ele a olhou de cima a baixo percebendo seu narizinho vermelho o deixando cada vez pior com a situação; Certamente ele sabia que para cada ação, havia uma consequência, mas ele queria fazer a coisa certa dês de que a conheceu, e aquilo lhe pareceu certo, só não sabia que o machucaria tanto como machucou naquele momento; Porque era completamente apaixonado por aquela garota, mas mesmo assim tinha que deixá-la ir.
A menina se afastou dando dois passos para trás vendo, sem nenhuma hesitação, null fechar a porta do apartamento.
Seu mundo caiu naquele momento; sentindo um nó formar-se em sua garganta como se seu corpo avisasse que ela não iria soltar nada ali. null encostou sua testa na porta do apartamento involuntariamente, enquanto mais outras lágrimas rolaram, só que elas não eram tão eficientes, aquela sensação ruim ainda estava ali; tinha esperanças de que ele abrisse a porta e falasse que era tudo uma brincadeira. Mas pelo meio minuto que ficou ali. Nada foi feito.
Do outro lado da porta null fez o mesmo. Apoiou as duas mãos na porta olhando para os pés suspirando com toda sua alma. Porque estava doendo tanto nele? Nunca sentiu nada parecido. null e null tinham em separação apenas uma porta. Ela com a testa encostada em um lado, e ele com as duas mãos na porta fazendo o mesmo, do outro lado.
Assim que o garoto ouviu o barulho do elevador finalmente descer se deu conta de que tinha acabado com tudo. Se deu conta de finalmente podia gritar, podia arrebentar tudo porque era tudo que ele podia fazer agora; Queria quebrar tudo porque tinha raiva. Raiva de tudo; Mesmo sabendo que o responsável era apenas ele, a culpa era só dele.

- Pai? – a menina falou quando o pai atendeu no primeiro toque, torcendo para que ele não percebesse o seu tom de voz choroso.
- Sim?
- Você ainda vai pra casa do vovô? – a garota perguntou tentando disfarçar sua voz embargada.
- Hãm, daqui 10 minutos estou saindo, por quê?
- Eu quero ir, me espere – null disse fungando alto, deixando escapar uma tremidinha na voz.
- Claro. Tudo bem? – John perguntou receoso, recebendo de primeira um pequeno silêncio de cinco segundos.
- Eu... – ela suspirou. – Vai ficar.
Ao estacionar o carro, null viu alguém sentado nas escadinhas de entrada da casa. Não estava com saco para ninguém naquele momento. Sentia algo martelar de uma maneira insuportável dentro de seu coração; Algo que ela queria muito poder controlar, mas... Sabia que não iria ser assim, segurar sua dor era a pior coisa que estava fazendo.
null levantou das escadas assim que á viu chegando perto. Ele estava lindo. Aquele casaco preto sempre o favoreceu nos invernos; Imediatamente null se lembrou de sempre reparar nisso quando ainda não estavam juntos. O garoto tinha a feição acabada, seu olhar sem vida, para olhos tão bonitos quanto os dele... Seu coração apertou mais uma vez.
- Poupa seus “elogios” pra mim... Hoje não, null – falou passando pelo garoto e logo sentiu uma das mãos dele segurar seu braço, fazendo-a girar para ele.
- Eu não vim aqui pra isso, null – seu apelido na boca dele lhe causou um arrepio. E então sentiu sua mão a largar lentamente.
- Então foi pra que? – a menina cruzou os braços.
- Foi pra pedir desculpas – ele falou rápido. Os olhos dela se arregalaram; Ela conhecia bem de mais null , para receber um pedido de desculpas do nada.
- O... O quê? – null balbuciou tombando a cabeça para o lado.
- Eu sinto sua falta, null... – o menino passou a língua nos lábios. – Eu sei de tudo que eu te chamei e eu me arrependo todos os dias por que... Eu sou apaixonado por você e por mais que eu queira deixar isso de lado, você é...
- null... – a menina engoliu seco, já prevendo o que ouviria; novamente sentindo uma sensação ruim subir por sua garganta; Seu peito estava dolorido, não queria tocar em qualquer assunto que fosse delicado demais naquele instante, e ouvir null dizer tudo aquilo para ela parecia estar retorcendo seu peito ainda mais.
- Eu sei que é difícil acreditar, mas... null pelo amor de Deus eu to... Eu to... Eu to mal sem você – null passou a mão nos cabelos soltando um riso doloroso que ela entendia muito bem. Como se pudesse piorar, sentiu-se muito pior ao perceber que null estava dizendo tudo aquilo de coração pra ela. Ela respirou fundo, já começando a reparar nas lágrimas que se formavam na borda de seus próprios olhos, não era possível.
- null... – Ela disse, tentando fazê-lo parar de falar, porque não queria chorar mais, porém naquela altura da situação, tendo a vista dos olhos azuis de null, vermelhos e inchados, ela deixou uma pequena lágrima escapar.
- Foi difícil te perder, e eu não consigo superar... Eu não consigo superar porque eu te amo eu não tenho medo de dizer isso. Eu sempre te amei e quero que mesmo... Que você não... Não sinta o mesmo – sua voz saiu baixinha ao dizer isso.
- null... – null segurou o soluço pela frase que se sucedeu; Ela sabia que naquele momento seu coração estava uma pedra dentro do peito, ele pesava, ele a estava machucando, ver null daquela maneira acabou com todo o resto de qualquer coisa boa que houvesse nela naquele dia.
- Para de dizer meu nome repetidamente, por favor, isso me faz sentir pior... – Ele pediu. A ação dela foi instantânea.
Ela puxou null para um abraço.
Afagando totalmente seu rosto em seu pescoço deixando com que a maioria das lágrimas saísse; mas ainda parecia não ser o suficiente. null agarrou null pela cintura a apertando com toda força que conseguiu, o ar começava a circular pelos pulmões dele novamente; senti-la perto de si era um alívio para sua mente, para sua alma. Mas pra ela não. null agarrou o casaco do menino com toda força que conseguiu fechando os olhos da mesma forma, lágrimas grossas desceram por seu rosto; Tudo colaborou; ela não sentiu o alivio esperado quando deixou com que elas saíssem e aquilo se tornou um desespero; Queria que sua dor parasse naquele momento; Naquele instante! Era doloroso demais sentir aquilo; e por ironia do destino era: Estar chorando nos braços do ex, que um dia lhe fez chorar nos braços de null. Mas a dor que null causou era fora do normal, nada comparada a qualquer outra coisa que houvesse sentido na vida.
- null – ela disse trêmula se afastando um pouco do garoto e segurando o rosto dele com suas duas mãos, null tinha um completo alívio estampado na cara. – Eu te amo... – ele sorriu, encarando as lágrimas da garota desceram cada vez mais rápido e um soluço acompanhá-la antes de terminar a frase. – Só não gosto mais de você.
Aquilo foi um baque para os dois.
null havia dito em voz alta, finalmente para ele próprio que não sentia mais nada; Ela assumiu pra si mesma e aquilo lhe fez chorar mais ainda, vendo null sorrir olhando para o lado não á encarando. Lhe doeu tanto... Deus como queria parar de sentir aquilo e voltar pra vida perfeita que tinha com ele; O menino voltou seu olhar para ela, depois de segundos só a ouvindo soluçar.
- Eu te amo – foi o que ele disse em resposta. Com convicção, beijando a testa dela demoradamente antes de ir embora.
null o encarou sentindo cada vez mais vontade de gritar.



Subiu correndo as escadas; Afinal, ela ainda tinha que arrumar as malas. Ao fechar a porta do quarto passou o olhar por todo ele; Seu coração pareceu bater mais rápido no peito como se pedisse para sair de toda aquela inundação de dor que ela sentia; null se perguntava naquele momento se ele não havia se dizimado lá dentro; Era muita coisa que ele pudesse aguentar num só dia.
Sentou-se na cama respirando fundo e fechando os olhos com firmeza. Aos poucos suas lágrimas que já inundavam seus olhos foram escorrendo pelo rosto com uma intensidade fora do normal... Ela comprimiu os lábios sentindo os soluços virem com mais força e de repente seu choro ficou alto; era algo que ela não conseguia controlar.
null deslizou da cama para o chão se encolhendo; apoiando a cabeça nos joelhos. Ela não sabia como podia chorar tanto daquele jeito, não podia estar se abatendo tanto por aquilo, já havia passado por um término antes, mas... Afinal, o que eles tinham? Nada. Definitivamente nada da qual ela podia se lamuriar; Mas mesmo assim, doía na sua alma pensar que talvez isso não tivesse passado de uma paixão de quatro meses; que foi só isso para ele. Só isso.
Ela sentia falta de ar, queria que algo fizesse aquilo parar, aquela dor horrível e insuportável parar; algo lá dentro estava totalmente estilhaçado; Queria se bater por ter sido tão burra em acreditar em tudo que ele disse; em todas as palavras, em todos os beijos, abraços e... Ela era apaixonada por ele de todas as formas possíveis e aquilo á matava por dentro a cada segundo que lembrava. Seus olhos ainda pressionados na tentativa de fazer as lágrimas pararem não fizeram efeito. Elas continuavam molhando todo o seu rosto. Era uma idiota, não podia se abater tanto, era ridículo, o que estava pensando? Mas ainda não deixava de doer, e isso irritava demais;
null chorava de raiva, muito mais de raiva; Por ter caído tão inocentemente na mentira do “eu estou apaixonado”. A garota levantou do chão de súbito, secando o nariz e as lágrimas com a manga de sua blusa azul marinho de seu cardigan indo para o banheiro. null jogou água no rosto e logo depois se encarou no espelho. Ela tinha o mesmo olhar de null. Era isso que ele sentia? Porque se fosse, se sentiu horrível por isso. Com um peso fora do normal em seus ombros; Ela fungou, passando uma base para disfarçar seu nariz vermelho, então correu para o closet calçando suas botas ugg bege e jogou algumas trocas de roupa numa malinha preta.
- null? – ela ouviu seu pai abrir a porta do quarto; e logo virou se deparando com ele. – Estamos saindo – ele disse, por um instante ela achou que John havia sacado seu olhar fundo, ele ficou a encarando por um tempo, mas logo saiu do quarto.

***

Acordou sentindo um frio lascado dentro do carro olhou pela janela, onde já escurecia tendo um por do sol atrapalhado pelas arvores, era realmente uma cena bonita. A menina apertou o cardigan no corpo percebendo Paris quieta mexendo no celular, e John dirigindo sério; Viajar com Paris não era tão ruim assim, já que ela só ficava calada mexendo no celular, e provavelmente assim o fez no tempo que null dormiu.
O carro adentrou dentro da propriedade de Bill, o avô de null, parando em frente a uma grande casa toda feita de madeira; ela não via a hora de sair do carro para se esticar, sem ter motivo algum, seu coração latejou dentro do peito, uma angustia estranha tomou conta do seu corpo a fazendo sentir falta de ar; Assim, do nada. Era como um buraco dentro de si, um vazio horrível.
Um velho, envolto por um casaco preto, e uma calça diferentemente confortável, um pouco gordo e barrigudo caminhou até eles, primeiramente até null, e a abraçou com seus braços gordos, conseguindo abraçá-la por inteiro. O abraço de seu avô sempre fora bom, mas naquele momento parecia ter sido um relaxamento natural, ela sentiu seu coração se soltar em batidas lentamente, e então respirou lentamente deixando o ar invadir seus pulmões. Bill, beijou os cabelos da menina, acariciando o mesmo até as pontas, delineando, e depois sorriu para null, que fez o mesmo. Não seria loucura demais se ela, por ventura, passasse suas verias de verão ali.
- Você cresceu mais do que eu temia – ele comentou; trocou olhares com John, Paris, e depois voltou a olhar null como se quisesse perguntar se era esse o motivo da carranca triste da menina, mas ele no fim, não disse nada. – Onde está null? – ele perguntou, arqueando a sobrancelha e olhando ao redor.
- Pergunta pro Bonzão – a menina respondeu, olhando para os olhos do avô, que obtiveram um tom de duvida.
- John! – o velho gritou, assim que viu o filho.

A menina subiu as escadas em passos lentos, abriu a porta de entrada dando de cara com grande sala principal da casa, a decoração era a exatamente a mesma de quando Mary – Esposa de Bill; vovó Mcgraeyn. – Ainda era viva. null ponderou; Como Bill conseguia viver em uma casa da qual haviam tantas lembranças de Mary? Para ela já estava sendo difícil olhar e não sentir tristeza ao lembrar que sua avó não estava ali... A menina subiu as escadas do mesmo modo calmo, dando de cara com um corredor, dois quartos um ao lado do outro e um banheiro no fim do mesmo; Outro corredor se encontrava ao lado esquerdo, com as mesmas características do outro. A menina seguiu reto e entrou no segundo quarto, perto do banheiro.
Não entrava ali a muito tempo, mas tudo estava definitivamente igual a antes. Ela colocou sua bolsa na poltrona branca de camurça – Da qual ela costumava brincar bastante de rainha ao se sentar, com null. – E andou até o meio do quarto, olhando pela porta da varanda, branca com quadradinhos de vidro entornados por uma madeira branca. Sua colcha branca, e travesseiros rosa, estavam da mesma forma, tudo estava exatamente igual.
Desejou com que null estivesse ali com ela. Geralmente elas não paravam de falar quando chegavam em um quarto juntas mas, ali, null só podia ouvir o próprio som de sua respiração, misturados com o silêncio e a angustia que estava sentindo. O sentimento de solidão, de que não tinha ninguém á tomou, fazendo seus olhos se encherem de lágrimas em segundos. Ela tinha tudo, e de repente viu-se sem nada. Sem ninguém. E por mais que os tempos não estivessem sendo os melhores, alguém, pelo menos uma pessoa estava ao seu lado. Agora, a sua única companhia era o silêncio. Ela ouviu vozes no andar de baixo da casa, e de uma maneira relaxada jogou-se no meio da cama, botando as mãos nos olhos, e se encolhendo lentamente, tirando com os pés sua bota ugg.



Três dias se passaram, três dias extremamente monótonos. Seria cômico se null tivesse jogado golfe algumas vezes com seu avô, mas tendo em vista de nada mudaria seu humor, que de vez em quando ela esquecia a dor, e de repente voltava; Mas na verdade era sádico. Sentia vontade de chorar, mas não saia lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existia nada pior. Acho que você sabe o que eu quero dizer; Todo mundo, volta e meia passa por isso, só que com ela era diferente, estava ficando frequente.
null estava com saco cheio de olhar para Paris todo dia, olhando seu fingimento em frente ao pai, vê-lo sorrindo a forma mais sincera, e ela sorrir de uma maneira simpática demais para seu avô. John estava sendo enganado! Ver aquilo de fora era extremamente triste, mas, convenhamos, isso aconteceu com si própria; Talvez aquilo houvesse se tornado pior aos seus olhos porque ela sabia que, quando todo esse fingimento acabasse, sobraria o mínimo dele; Ele se sentiria exatamente da forma como ela estava se sentindo agora, e ela não desejava isso pra ninguém. Não era melodramático demais, o fato é que, o sentimento de ter se sentindo usada era horrível.
No momento a menina estava afogada em seus edredons, tirando um cochilo com a televisão ligada, totalmente relaxada; Sua atração principal no era dormir demais, era só isso que ela havia feito nos últimos três dias. A menina piscou varias vezes se acostumando com a claridade da TV, tateou a procura de seu celular, que não mexia dês de quando chegara, para olhar as horas; Assim que seu visor de iluminou, null olhou fixamente sua foto e de null ali. Ela sentada em seu colo, sorrindo com todos os dentes, null mostrando a língua com um pequeno sorriso; Suas mãos em volta da cintura de null. A garota fechou os olhos lembrando da sensação de ter suas mãos em volta dela, e de como ele ria no seu ouvido da maneira mais cachorra, a levando para qualquer lugar que quisesse com aquilo. Pensando por esse lado; Não era difícil ser controlada por null, suas ações eram minuciosamente pensadas para levá-la a ser inteiramente dele; A garota suspirou sentindo um nó na garganta se formar; Não podia querer ele ali, mas queria, queria null deitado ao seu lado, respirando em seu pescoço...

***

null estava deitado em seu colo, assistindo qualquer coisa que passava na TV, totalmente concentrado. null alisava os cabelos do garoto fazendo o mesmo; Mas não prestava atenção na TV. O escuro do quarto, tendo como luz apenas a TV, fazia null viajar por seus pensamentos.
Estava frio, e null estava á esquentando. Como John nunca estava em casa, era natural que ele fosse fazer companhia as vezes; O menino começou a gargalhar, fazendo-a se distrair de seus pensamentos; quando ele finalmente a olhou, virando-se de bruços e apoiando suas duas mãos nas coxas dela.
- Ta pensando em que? – null espremeu os olhos, debruçando-se sobre as coxas dela.
- Você e essa sua mania de me perguntar sempre, no que eu estou pensando – ela rebateu, olhando para ele.
- Você me assusta! – ele disse, fazendo-a rir de leve lhe dando um tapa na cabeça.
- Às vezes eu não estou pensando em nada.
- Dou uma opção melhor: Quando você estiver sem fazer nada – o menino ficou de quatro, fazendo null se deitar na cama, ainda sorrindo. – Me chama pra fazer tudo com você – null passou a gargalhar, puxando null pela nuca para um abraço, por força do hábito, entrelaçando suas pernas na cintura do garoto.
- Isso soou tão sexy – ela comentou dando um selinho longo do menino, que sorriu, daquela maneira que lhe dava arrepios em toda parte do corpo. Aquele sorriso que ela não conseguia deixar de lembrar uma vez ao dia.
- Eu...
Antes do menino começar a dizer algo, o celular de null vibrou, indicando uma mensagem de John, que ela não se deu ao trabalho de ler. null pegou o celular dela em mãos, vendo em sua tela de bloqueio uma foto sua e de null na tela. Ele desbloqueou o celular começando a mexer no mesmo e deitou-se ao lado de null.
- Ei, para com isso – null falou rolando para cima de null.
- Qual é o problema?Tá escondendo algo? – ele disse jogando os braços para trás para não deixá-la pegar.
- Não, é só que, é pessoal! – ela protestou, sentando-se no colo do garoto.
- Pessoal demais, ein - ele olhou para uma foto dela e null, depois null, e null. – Porque eu sou a única pessoa da qual você não tem foto? – ele perguntou trocando olhares dela, para o celular.
- Essa é uma ótima pergunta – ela falou, e subitamente null sentou-se, colando seus corpos, ficando a milímetros de sua boca.
- Vamos mudar isso – ele pegou o celular dela, clicando no ícone da câmera e logo apontando para os dois.
null pegou o celular do menino, sentindo os braços dele se entrelaçarem por sua cintura, e só pelo fato de sentir aquilo, sorriu com toda sinceridade que conseguiu. Enquanto null botava a língua para fora com um meio sorriso, de tal maneira que null passou a imaginar, depois de segundos daquela foto ser tirada, como conseguia sentir-se tão verdadeiramente completa com ele, em apenas um ato.
- Agora podemos fazer algo melhor? – ele sussurrou no ouvido dela, mordendo o lóbulo de sua orelha.
- Tipo, comer? – null olhou no fundo dos olhos dele a milímetros de distancia dos seus.
- null... – ele sussurrou o nome dela, levando suas mãos, que antes estavam na cintura da garota, subirem lentamente por dentro de sua blusa, segurando com firmeza e sutileza aquela parte das costelas.
null fechou os olhos sorrindo, sentindo o roçar de seu nariz em suas bochechas, e seu halito quente bater bem perto de seus lábios. Ela sentiu um calafrio na boca do estomago assim que ele desceu uma das mãos que estavam dentro de sua blusa para a barra de sua calça de moletom cinza, ameaçando tirá-las, mas ainda sim, ele tinha um carinho absurdo em cada toque dele.
- Acho que podemos fazer algo melhor, antes de comer – null sorriu, assim que seus olhos se cruzaram novamente, null sorriu de lado, virando-se bruscamente e deixando-a por baixo de si.
- Eu acho que é isso que fazemos melhor – ele riu, beijando null com um selinho longo, e logo iniciando uma sessão de selinhos que foram descendo pelo pescoço e depois voltaram para os lábios dela.


Se não fosse duvidar, null estava na mesma posição á três dias. Sentado no sofá, passando a mão no rosto e ligando e desligando a TV, ouvindo seu celular tocar. Ele não tinha cabeça para mais nada dês de que deixou null ir embora, não conseguia esquecer a forma como os olhos dela perderam o brilho maravilhoso que ela tinha. Ele sentia uma enorme vontade de bater em tudo a todo o tempo; Não sentia vontade de sair, ele havia tomado o ultimo estoque de cervejas para os dias que os meninos vinham na sua casa. null estava na fossa, ele nunca achou que ficaria assim, que seria tão difícil se acostumar a ficar sem null, que iria se acostumar a não receber ligações dela e nem de sentir falta dela. Era ruim porque ele sabia que tinha acabado com tudo, e que ela não voltaria a ser dele. A segunda garota que ele foi perdidamente apaixonado, simplesmente esvai porque, ele não foi homem suficiente pra assumi-la ou, pra assumir a culpa de ter acabado com seu melhor amigo.
No quarto toque do seu celular naquele dia, ele finalmente se cansou de ouvir o som irritante soar e pegou o celular, o atendo impaciente.
- Sim? – o menino se ajeitou no sofá, com uma voz cansada.
- Eu cheguei a pensar que você estava morto – ele ouviu a voz de null soar do outro lado da linha, mas só suspirou. – O que tá acontecendo cara? Três dias sem noticias suas, nem da null, onde vocês estão?
- Eu estou em casa, null eu não sei – null respondeu direto, sentindo uma dor no peito ao falar no nome dela.
- Ela não te contou onde ia? – null questionou com um tom de voz duvidoso.
- Não, null, ela não me contou – null suspirou, levantando-se por impulso do sofá, ainda com o tom cansado.
- Qual é o problema?
- Nenhum, null, que saco – null balbuciou procurando algo comestível no armário. Estava sendo extremamente difícil para ele falar sobre ela, ele sentia sempre uma martelada no peito.
- Vocês brigaram... – o menino afirmou. – O que você fez? Ou, o que ela fez?
- O que precisava ser feito – null disse ríspido passando a mão no rosto; Naquele momento seu peito parecia ter começado a queimar novamente, uma dor estranha bem abaixo da caixa torácica fez com que aquilo se tornasse doloroso. – Olha, eu vou desligar, agora já sabe que eu estou bem, tenta ligar pra ela tudo bem? Tchau, mate.
null se apoiou em um dos balcões da cozinha respirando e inspirando profundamente. Aquela sensação horrível estava longe de acabar, ele sentira por três dias e nunca passava. Seu peito dava solavancos a todo o momento, a garganta seca e o coração apertado. null não conseguia fazer nada direito, que não fosse pensando nela, e em como ela deveria estar, se ela estava bem, noticias dela; Mesmo sabendo que não deveria sentir absolutamente nada.
Ele caminhou em passos largos até a sala, desligando a TV, pegou sua blusa azul que estava jogada em cima do sofá e decidiu que naquele dia, ele não ficaria em casa.



null desceu as escadas em passos silenciosos olhando para a escuridão que se sucedia lá embaixo; Não havia conseguido dormir, não havia conseguido pregar os olhos naquela noite, sentia uma angustia fora do normal no corpo, era como se ele mesmo estivesse sentindo falta de uma parte, como se null fosse essa parte, mas isso ela sabia que era completamente insano. Como ela podia não ter sentindo tanta falta de null, do qual conviveu por um ano, e de null, parecer que seu corpo era interligado com o dele no momento em que sentiu seu beijo naquele ano novo. Não era possível.
Assim que chegou a cozinha, ligou uma das luzes do barzinho – Que era fraca. – E andou até a geladeira, tirando de lá uma deliciosa torta de chocolate e creme, a receita era de Mary, mas a cozinheira de seu avô mandava muito bem á fazendo. null sentou-se no balcão, começando a beliscar a torta, sozinha, ouvindo o som do próprio mastigar, distraindo seu cérebro á: Mastigar, saborear de deliciosa massa da torta, voltar a mastigar, pensar em como aquilo era delicioso; ela odiava Paris; null havia mentido; Meu Deus como essa torta é gostosa;
A menina foi surpreendida por seu avô, Bill, entrando com seu roupão preto e calças de moletom na cozinha. Ele parou e olhou a garota sentada na bancada ainda mastigando, agora lentamente, e em passos pequenos caminhou até o lado dela.
- Duas da manha e você comendo a torta da Mary – Bill comentou, acompanhando com o olhar null levar mais um pedaço á boca.
- Não consigo dormir, vovô – null comentou baixinho, engolindo a torta, olhando fixamente para torta.
- Conte-me a história do porque está triste – o velho perguntou, encostando-se ao balcão como se esperasse ouvir uma grande história. A menina arqueou a sobrancelha olhando para ele.
- Como sabe que estou triste?
- Seus olhos me disseram – Bill falou olhando para null, depois de alguns segundos, calada, ela passou a balbuciar algumas palavras.
- Ele me enganou – ela falou, como um cuspe, sentindo seu peito apertar. – E depois de quatro meses eu achei que isso não ia acontecer, mas, eu me sinto tão usada! – a menina disse num suspiro, enquanto os olhos começavam a se encher de lágrimas novamente.
- Seja quem for... – ele suspirou, cruzando os braços. – Quatro meses é muito para um garoto conseguir fingir – Bill trocou olhares com null. – Nenhum garoto consegue mentir, e ficar com uma garota por quatro meses, sem que não sinta nada.
- Eu nunca senti nada parecido, entende? – null olhou para o avô com os olhos molhados. – Nada tão doloroso quanto isso. Eu me sinto horrível, e não passa! – ela protestou, secando novamente embaixo dos olhos para que lágrimas não rolassem.
- Todo grande amor se acha sério, null – Bill começou dando uma colherada na torta, e dando nas mãos de null. – É diferente, ameaça à saúde – ele falou.
- Mas... – null olhou para o avô com duvida. – Não pode ser amor – ela disse, mais para si mesma do que para o avô. – Quer dizer, não pode ser amor, pode?
- Eu não sei, pode? – Bill olhou no fundo dos olhos da garota; Talvez tentando fazê-la lembrar dos momentos mais afetivos que ela teve com null, e lembrar de tudo que ele já a fez sentir. Seu coração bateu forte assim que começou a se lembrar, a se perguntar. – Mas de uma coisa eu sei – o homem se desencostou da bancada. – Quando eu olhei pra Mary, eu sabia que era ela, não importava se todos achavam que era loucura demais, eu sabia, e quando a gente sabe... – ele voltou até null e lhe deu um beijo na testa. – Volte a dormir.

***

O dia estava nublado, assim que null botou os olhos para fora da varanda, tendo a vista da imensidão branca e gelada que se estendia pelo gramado da fazenda de Bill, sentiu seu corpo congelar; Ela adorava a paz que aquela vista lhe dava, mas de certa forma, nada consolava tanto seu coração, nem aquela vista. O quarto dia estava sendo mais uma vez monótono, como todos os outros, a não ser pelo fato de que Bill bateu na sua porta as oito da manhã para convidá-la a fazer uma caminhada pelo aras; Ele havia comprado mais dois cavalos, e null sempre ia dar uma checada neles quando ia pra lá, só que dessa vez, ela não tinha vontade nem de sair de quarto.
null colocou suas calças de montaria – Que estavam apertadas, por ela quase nunca usar. – Uma jaqueta branca, com pelos da mesma cor na touca e sua bota ugg preta, saindo correndo do lugar para acompanhar o avô. Na caminhada, sentindo o vento bater contra a pele de seu rosto, pode por alguns instantes, respirar normalmente depois de quatro dias; Não estava sendo fácil não lembrar dele, toda parte de seu corpo já fora exposta a ele, ela inteira fora dele e de repente... Ela olhava para si mesma e notava que, null não estava sendo ela sem seu null null.
Ela sabia de tudo que era dramático demais, e essa parte da sua vida, particularmente estava sendo. Foram cinco meses de convivência, um, do qual apenas o conhecia, e os outros quatro, mais puros e intensos do que seu namoro inteiro de um ano com null – Para ela – Não era como se null não houvesse amado null, não tivesse sido loucamente apaixonada por ele, e coisas do tipo mas, nem ela havia uma resposta, com null foi diferente e por mais que pareça o mais clichê possível, ela pode perceber isso no momento em que ele a beijou, ou enquanto ela a tocava. Ela sentia-se única. Não é qualquer pessoa que te faz sentir assim, e vocês sabem muito bem do que eu estou falando. E por fim, não havia sobrado nada dela, porque null havia se doado por inteiro para ele, havia doado cada parte boa sua para ele, nos beijos dele, aos toques dele. Não restou nada de bom para ela mesma; null só estava tentando se regular, se estabilizar de uma dor estranha de perda, como um buraco vazio; Não foi a pior briga do século a que teve com ele, foi até bem breve. Mas sabe como é, foi uma paixão cortada pelo meio. No seu auge, sabe o que é isso?
- Querida? – ela se despertou dos pensamentos virando a cabeça bruscamente para olhar seu avô em outro estábulo, então ela andou até ele, olhando os movimentos carinhosos que o avô fazia no focinho do cavalo.
- Ele é novo? – null perguntou, tornando a acariciar o cavalo, ele era inteiramente branco, do focinho ao seu longo rabo branco.
- Sim, é – o velho respondeu. – Eu olhei para ele e me lembrei de você – pausa para um suspiro. – Lembra? Você vivia me pedindo um cavalo branco, e bom, eu consegui – ele riu, null abraçou o avô pela barriga recebendo um beijo nos cabelos. – O nome é por sua conta.
- Billy Jean – null disse rápida, ainda acariciando o cavalo com um meio sorriso.
- Bem rápida – o velho disse rindo, botando as mãos nos bolsos.
- Eu pensei no nome dele desde os meus dez anos! – Ela riu.
Pela primeira vez em quatro dias.

***

null tinha medo do entardecer, por mais que fosse a vista mais linda que já houvesse visto a muito tempo; Ficar completamente sozinha com sigo mesma toda noite, envolta por seus pensamentos, e suas angustias, null era traída por seus próprios pensamentos.
Seu lado escuro e triste a tomava quando estava sozinha, fazendo toda aquela dor de sentir que não foi nada, que foi usada e que ainda não restava nada nela, voltava. Talvez ter pessoas as seu lado ou melhor, Bill, ao seu lado o dia todo, supria todo esse lado ruim, esse lado bom que ela não tinha em si mesma.
null estava sozinha na cozinha, apoiada em um balcão, lutando para que seus olhos não começassem a se avermelhar, porque ela sentia falta de null, sentia falta do abraço dela, e de null, como ela gostaria de dormir no colo dele como sempre fazia; Era sádica a forma como null sentia-se totalmente só; E o pior é que, null fazendo aquilo, despertou seus sentimentos mais ruins e tristes, e angustiantes de uma vida toda então ela parou e pensou por alguns segundos antes de dar um suspiro longo para tentar fazer seu coração se acalmar: Como palavras podem machucar alguém, numa magnitude maior do que um machucado físico?



Ela suspirou mais uma vez, limpando o cantinho dos olhos, e virou-se de frente para a porta dando de cara com Paris, a garota arregalou os olhos de espanto, afinal, era estranho ver uma boneca Barbie, montada, te olhando fixamente com os braços cruzados, e além do mais, Paris parecia estar observando null daquela maneira a um bom tempo.
- Que foi? Quer alguma coisa Paris? – a menina disse logo depois de retomar a consciência sobre Paris estar á observando.
- Já disse que essa cara de coitadinha de Mayfair que você faz, me irrita? – a mulher falou num tom arrogante e patético fazendo null arquear uma das sobrancelhas;
- O quê?
-Fala sério, garota, você tá querendo empatar á meses meu namoro e do seu lindo pai, se fazendo de coitadinha, mas, por sorte, ele não liga a mínima para o que você pensa ou deixa de pensar sobre nós – Paris descruzou os braços, dando passos lentos até null, aquele maldito salto ecoava pelo chão da cozinha, parecendo medir em uma escala o quanto a irritação de null estava subindo a cada passo dado por ela.
- Eu não to ouvindo isso – null riu sarcástica, passando a língua nos dentes.
- É claro que não – Paris sorriu da maneira mais irritante que alguém poderia rir, chegando em frente a null e cruzando os braços. – A patricinha de Mayfair é muito rainha pra isso, tão importante que levou até um pé na bunda do melhor amigo do ex.
Ela parecia ter levado um soco no estomago. Como é que aquela loira nojenta havia descoberto que null havia... Acabado com ela? Mesmo assim, seu coração latejou naquele momento, Paris parecia ter tocado em algum tipo de ferimento que, faz seu corpo todo ficar dolorido, outra vez... Pensou ela, doeu tanto que seus olhos marejaram.
- Quem você pensa que é pra falar desse jeito comigo? – foi a única resposta rápida que ela conseguiu planejar.
- Eu sou a porra da sua madrasta e aconselho que você se ponha no seu lugar de fracassada daqui pra frente, e fique acomodada com isso até meu casamento, docinho – ela sentiu o dedo indicador da moça bem perto de seu rosto. null ergueu a cabeça, encarando Paris nos olhos. Ninguém aponta o dedo para uma e muito menos, Paris Jackson. null sentiu o sangue subir para o cérebro, tendo uma súbita vontade de estapear aquela mulher.
- E eu, aconselho você a voltar para o puteiro de onde você veio – null delineou suas palavras, sorrindo no final da frase, Paris tentou balbuciar algo, mas seus argumentos pareciam ser falhos para uma resposta descente. null cruzou os braços ainda olhando a mulher. Um sentimento naquele momento mórbido? Satisfação.
- O que está acontecendo aqui? – John adentrou na cozinha parando ao lado da miss simpatia, que havia recuado dois passos de null.
- Eu realmente não sei, você pode explicar, null? – Paris cruzou os braços; Era incrivelmente nojenta a forma como Paris manipulava seu pai, e aquilo a irritava no seu ápice, seu sangue ferveu naquele instante; null bateu com os punhos cerrados no balcão dando uma risada sarcástica.
- Você é tão cego pra perceber que essa mulher é uma prostituta manipuladora atrás dessa pinta de socialite?
A menina fechou os olhos com força vendo a mão do pai se aproximar bruscamente de seu rosto, mas não sentiu o impacto. Assim que abriu os olhos viu John vermelho de raiva a olhando de perto, com os olhos horrivelmente assustadores, null recuou com os olhos molhados, seu coração ficou pequeno naquele momento, um choque pareceu atingir seu cérebro não aceitando direito a ideia de que seu pai havia acabado de a ameaçar, ameaçar lhe bater! Botou a mão no peito, sentindo uma lágrima escorrer pelo susto, ou pela dor que sentiu naquele instante. Porem John não pareceu se comover, ele passou a mão firme e forte no rosto, as botando na cintura, enquanto via null manter uma feição assustada e recuada para ele.
- Some da minha frente – ele disse severo, com uma voz grossa.
- Com muito prazer – ela respondeu de imediato, abrindo os braços num gesto brusco dando alguns passos até a porta.
A raiva que sentia podia a destruir naquele momento; null subiu as escadas tendo seu coração batendo no peito a mil por segundo, suspirou fundo passando as mãos nos cabelos, ela não chorava mas estava atônita, estava com raiva. Juntou suas coisas novamente na sua mala em menos de cinco minutos, vestiu a primeira jaqueta que viu em sua frente e correu para as escadas, virando-se bruscamente em direção a garagem. A menina jogou a bolsa no chão da mesma correndo até os chaveiros, suas mãos tremiam de raiva, ela queria chorar, queria gritar de raiva, queria puxar seus próprios cabelos, queria sair dali, e faria isso.
Juntou a chave do Peugeot RCZ do avô, abrindo a porta bruscamente e jogando a mala no banco traseiro. Certamente Bill não aprovaria isso, e era por esse motivo que não perguntou se podia pegar o carro, ele iria dar um jeito de querer conversar, e era o que ela menos queria, null queria ficar sozinha, ou até pegar um voo para a Califórnia, voltar para o Brasil, o que fosse, mas não iria ficar ali.
Ouviu o avô gritar para ela, mas apenas abriu o vidro balbuciando que iria explicar depois, e logo depois John ao seu lado dizendo “Deixe ela ir, é melhor que ela suma de vez.”

***

Ela derrubou algumas lágrimas no caminho, e as limpava rapidamente assim que sentia. Com o coração dando solavancos de cinco em cinco minutos, viu a necessidade de prestar mais atenção na estrada, estava noite, caindo flocos de gelo minúsculos, e a pista estava molhada pela chuva de horas antes; null suspirou fundo dentro do carro sentindo um aperto horrível dentro do peito; Ainda não havia caído a fixa de que tudo aquilo estava realmente acontecendo com ela, sua vida tinha sido virada do avesso de uma hora para outra, em três, quatro dias, ela sentia sentimentos nojentos e sujos dentro de si. Não aguentava mais ficar dentro do próprio corpo porque, superar a dor que null havia lhe causado, ela iria ter que superar, de um jeito ou outro mas, o que mais lhe doía naquele momento era o fato de seu pai, John , que mesmo longe era o mais carinhoso possível com ela e com null, havia mudado da água pro vinho; Havia ameaçado lhe bater.
Novamente outra lágrima rolou, fazendo a garota soltar três soluços contínuos, suspirando fundo em seguida. Uma camada de nuvem se formou em frente aos seus lábios indicando o quão frio estava dentro do carro; Não fazia diferença nenhuma, já que seu coração estava uma pedra de gelo dentro do peito.
Ela esticou os braços e tirou a concentração por um segundo da pista, apenas para ligar o aquecedor do carro, ou, tentar acha-lo.
null viu uma luz forte e branca em sua direção e logo depois, seu corpo ser sacolejado dentro do carro diversas vezes de uma maneira brusca e insuportavelmente dolorosa, de forma que pensou que sua costela houvesse saído do lugar, e provavelmente, só não havia sido arremessada para fora por ser segurada pelo cinto. No momento em que o carro parou, a menina sentiu uma dor insuportável no tórax, e em todo o corpo, seu corpo estava de cabeça para baixo, e tudo ao seu redor cheirava a gasolina, a menina gemeu alto, já sentindo lágrimas rolarem de seus olhos, que estavam fechados e pressionados. null conseguiu abrir o mínimo deles suspirando de dor, uma dor horrível, apoiando suas mãos na parte que seria o teto do carro e foi então que se deu conta que o carro estava capotado, de cabeça para baixo. Um caco de vidro a cortou as mãos, null gemia baixinho, ela estava apavorada e morrendo de medo com uma dor insuportável na cabeça.
Ela iria morrer. Não aguentaria tanta dor por muito tempo, sua visão estava ficando turva por ela, então fechou os olhos novamente sentindo seu corpo todo mole, e sua cabeça latejar, um liquido cremoso escorreu por sua testa, passando por todo o seu rosto; Ela tinha quase certeza que era sangue, e muito sangue. Só que, sentia-se tão fraca que a única coisa que conseguiu fazer foi suspirar sentindo os lábios tremerem, e de repente, não viu e nem sentiu mais nada. Ela conseguiu o que estava querendo o tempo todo em quatro dias; Alguma coisa que a fizesse parar de sentir dor.



null tinha as mãos tremulas, segurando seu celular na mão, sua mala já estava pronta e ela havia gritado para os avós para que dessem um jeito de arrumar um voo para ela dali meia hora. A garota chorava de desespero, discando o numero de John, várias e várias vezes, sem nenhuma resposta, ela ainda não entendia como John não havia atendido as ligações do celular de null, que foram feitas pelo resgate.Tentou pela décima vez mais uma ligação antes de sair de casa, andando de um lado para o outro, sentindo um tipo de calafrio que lhe causava náuseas, ainda não havia acreditado no que ouvira 20 minutos atrás, quando ligaram para o seu celular, as 1:00 da manhã, avisando que sua melhor amiga, havia sofrido um acidente de carro e estava inconsciente.
- null... – John atendeu num tom monótono e sonolento, e então o coração dela palpitou.
- John – começou com a voz tremula.
- Sim?
- John... – A menina tentou dizer, mas um nó parecia ter se formado em sua garganta novamente, a fazendo ter que respirar muito mais oxigênio do que seu pulmão aguentava.
- Algum problema? – O homem tornou ao tom sério, dessa vez, sentando-se na cama, onde estava deitado com Paris.
- John, a null... – Ela começou, soltando um abafo tremulo.
- O que tem ela? – Ele perguntou atônito.
- Ela sofreu um acidente. – soltou um suspiro, acompanhada por sua voz tremula – E está sendo encaminhada para o hospital central de Londres. – O choque na espinha que John sentiu ao ouvir aquilo, fez o que todo o seu corpo paralisasse na cama, trancando suas vias respiratórias. – John, ela estava inconsciente! – null aumentou o tom de voz agudo, soltando o choro de vez, e ele não conseguia dizer nenhuma palavra. – Eu vou chegar em seis horas. – A menina fungou. – John?
Ele desligou o celular virando-se para Paris com um olhar arregalado e desesperado. A mulher estava agora, de joelhos na cama o fitando com duvida, mas, ele não conseguia racionar, seu corpo de alguma maneira sabia que ele precisava sair dali naquele momento, então, ele levantou rapidamente, sem ouvir e nem tentar parar pra pensar no que Paris dizia a ele, John apenas foi juntando tudo em sua mala em um amontoado de roupas, parecendo não sentir seu corpo, suas mãos tremulas, e seu coração quase saindo pelo peito o faziam, por alguns segundos, perder os sentidos, mas por instintos, talvez, ele continuou na rapidez, correndo até Londres para encontrar a filha.

***

null se remexeu na cama com um resmungo, irritado, por ouvir seu celular vibrar sem parar em cima de seu criado mudo; Ele olhou no relógio vendo a hora antes de atender: Uma e meia da manhã, ele só não ignorou a ligação por que, podia ser um dos garotos, bêbados e precisando da sua ajuda.
- null, graças a Deus você atendeu! – Ele ouviu uma voz feminina e um tanto esganiçada do outro lado.
- Am, quem? – Ele perguntou sonolento.
- null, null, é a null quem está falando! – A menina disse rápida.
- null... – Ele murmurou. – Porque me ligou a essa hora? – Ele perguntou passando as mãos nos olhos, ainda morrendo de sono.
- Você tem que me ajudar... – Ela deu um suspiro, ele pode ouvir do outro lado o desespero da garota, pelo suspiro dela, o menino sentou-se na cama, abrindo os olhos fazendo o melhor possível de si, enquanto seu coração começava a bater com um pouco mais de força.
- Você tá me deixando preocupado... Aconteceu alguma coisa? – Era obvio, era obvio que havia acontecido alguma coisa. O garoto fechou os olhos novamente.
- Aconteceu, null – null soluçou, respirando fundo. – Ela bateu o carro! – ele ouviu mais soluços. – Ela bateu o carro null, a null sofreu um acidente! – O menino paralisou dos pés a cabeça assim que ouviu a última frase. Seus olhos se estalaram dando de cara com a escuridão do quarto; Enquanto ainda podia ouvir alguns fungares de null do outro lado da linha.
- Como assim... Como assim ela... – Ele gaguejou sentindo lhe faltar ar. – Onde ela está?
- Ela foi pro hospital central de Londres, segundo o resgate e, já que eu chego ai em seis horas, por favor, vai pra lá! O John chega aí em uma hora e meia... Ai meu Deus. – null suspirou, limpando as lágrimas. – Vou pegar o voo agora!
- null, o null sabe disso? – Ele perguntou, levantando-se da cama para acender a luz, meio receoso; Sabia que, null não ligaria sem mais nem menos pra ele, até porque null podia dar conta da situação, porém, seu sexto sentido gritava.
- Ele não sabe. – Foi o que ela respondeu, bem baixinho, como se fosse um segredo; Ele não se deu ao trabalho de pensar em qualquer outra coisa que não fosse null naquele momento.– Tchau.
Ela havia desligado.
null colocou suas roupas em um tempo recorde, pegando seus documentos, provavelmente ficaria a noite toda no hospital, tentando não entrar em pânico. Tudo que null queria era que ouvir que null estava bem, ele ainda estava em um choque incomum quando girou a chave de seu carro para dirigir até o hospital central. Ponderou por alguns segundos, respirou fundo e expirou o ar tentando normalizar seu coração; Discou o numero de null, eram duas horas, ele precisava chegar rápido; Foi cortado de seus pensamentos turbulentos pela voz de null, que parecia surpresa, e assustada.
- Alô. – null usou um tom receoso, e sonolento.
- Oi, null – null suspirou, passando por um sinal vermelho. – Escuta, eu vou ser direto cara, então me escuta com atenção – O menino suspirou mais uma vez.
- Há essas horas? – Ouviu o resmungar de null, mas ignorou aquilo.
- null sofreu um acidente de carro na estrada, null! Vai pro hospital central agora, eu não sei se ela já chegou, não sei o que aconteceu direito, só sei que ela está lá. – O menino disse com um desespero na voz, passando as mãos nos cabelos.
Um silêncio instalou na linha por um breve minuto, onde null só podia ouvir o som do respirar pesado de null.
Ele estava em choque, uma onda elétrica de o que parecia ser algo gelado, um calafrio, percorreu por todas as suas veias sanguíneas o deixando tremulo e mole. Seu peito pareceu ficar pequeno ao imaginar o acidente, sentiu uma onda de sensações ruins percorrer seu corpo, dos pés, até sua garganta, parecendo lhe causar algum tipo de choque e uma dor estranha o fazendo ficar por alguns minutos, estático e duro. Seu cérebro estava tão embaralhado que se perguntassem seu nome, ele não saberia responder; Mas, pelo choque ser tão surpreso, a reação de null foi apenas, não acreditar naquilo, porque sua fixa ainda não tinha caído.
- Meu Deus – balbuciou passando as mãos no rosto. – Eu vou pra lá, agora. – null ouviu o garoto dizer antes de finalizar a chamada.

***

Ambos chegaram juntos ao hospital, null viu null correndo pela entrada, com os cabelos desgrenhados e o olhar pesado e desesperado, provavelmente null devia ter sido acordado assim como ele, com a noticia, e por um momento null parou pra pensar, porque ninguém mais próximo a null o avisou, no caso, null, porque ela não havia ligado pra ele? Novamente seu coração parecia querer sair do peito, ele levou o caminho inteiro tentando respirar normalmente, e não pirar.
Seus passos foram largos até onde null havia acabado de parar, na porta do hospital, para espera-lo; Por mais estranho que fosse o fato de que eles ainda estavam brigados um com o outro por toda a situação, tanto null quanto null, agradeceram mentalmente por terem um ao outro ali naquele momento; Estavam no mesmo estado de choque e pavor, andando um ao lado do outro, porque, não sabiam o que havia acontecido com ela, não sabiam se ela estava bem ou qual era a gravidade do acidente, e ainda mais, ambos gostavam dela na mesma intensidade, e pensando de uma forma amigável, sabiam que o que sentiam era sufocador e aterrorizante e que precisavam de um apoio, naquele momento, da melhor forma possível de alinharem uma ponte entre seus sentimentos por null, sem terem ressentimento algum um pelo outro, foi pensar que, eles estavam sentindo a mesma coisa, na mesma intensidade, então soou como um tipo de apoio.
Por uma hora e meia, mais ou menos, eles ficaram apenas com a presença um do outro, sem dizer nada, em um silêncio completo, apenas trocando olhares preocupados um para o outro, tudo parecia ter sido apagado naquele momento, todo o olhar de raiva de dias antes, toda vez que se encontravam, havia acabado, mas, quem ia ser o primeiro a quebrar o orgulho e dizer alguma coisa? Nenhum deles estava a fim de se arriscar a dizer algo, e muito menos naquela situação, não queriam estragar o primeiro passo dado, que era: Não saírem no braço no mesmo estabelecimento. Ambos estavam a uma poltrona de distancia, quando notaram John chegar com Paris ao seu encalço; O homem avistou os dois, e sem hesitar correu até null, sim, null, pra perguntar o que tinha acontecido, enquanto Paris sentou ao lado de null.
null viu null gesticular e explicar tudo para o pai de null, e depois o abraçar de uma maneira terna pedindo para que ele relaxasse, porque tudo ia ficar bem; Não era uma situação apropriada para null ficar com raiva, mas ele ficou, porque, a única coisa que John fez ao passar por ele, foi o cumprimentar com o olhar, e depois sentar-se ao lado da loira; Tá certo que, null namorou com ela por um ano, e devia ter conquistado a confiança de John porque, provavelmente, null havia sido o primeiro namorado serio da menina, pelo que ele ouviu falar dos amigos, antes de trair null; Sentiu um enjoo forte ao imaginar a cena de null e null juntos, sua cabeça passou a doer em segundos, nada estava a favor deles, absolutamente nada estava a favor deles, nem o pai dela, tudo que envolvia null ali, parecia perfeito, e ele parecia ter estragado tudo, o que só o fez sentir-se cada vez pior, o garoto respirou pesado sentindo o peito doer; Apesar de tudo, ele era incabivelmente apaixonado por ela, e sentia que mesmo que tudo parecesse errado, não ia esperar mais tempo e acabar num hospital, morrendo de medo de que algo pior acontecesse, e que não pudesse ficar com ela ou dizer a ela o que sentia.
O que mais machucava nele naquele momento era que ele a tinha, a tinha por completo e sentia isso, a cada dia mais null se fazia dele, e ele acabou com aquilo porque não conseguiu lidar; Talvez fosse o tal ditado “ null null era areia demais para o seu caminhãozinho’’ Ele era um merda, estava se sentindo horrível, e ver que estava sobrando ali, que não era nada perto de um null , foi como cair em queda livre.
null ficou a algumas cadeiras de distancia deles, foi até a cantina, tentou ligar para null, mas ele não atendeu, e por volta das quatro da manhã conseguiu falar com null; Sentiu-se um pouco mais relaxado sabendo que null iria pra lá, algo ali estava o sufocando, null estava com algo o prendendo dentro do peito, uma angustia horrível que o fazia querer vomitar, e só piorava ao ter sustentado a ideia de que ninguém estava a favor dele ali.
null chegou meia hora depois, e assim ficou por lá, junto à null, Lançou um olhar compreensivo e preocupado para null, que de alguma forma parecia estar indiferente para tudo, jogado em uma das cadeiras da sala de espera com os olhos fechados, e o rosto cansado, null não soube distinguir se essa era a feição de null pelos últimos dias, ou se, ele estava realmente com sono, afinal, a traição acabou com ele de uma forma inimaginável.

- null? – O que deduziram ser o médico, chegou três horas depois, às sete da manhã, olhando para o mais velho dos homens, no caso, John.
- Sou eu. – John levantou ajeitando as calças, e assim, todos se levantaram junto com ele.
- Senhor null; - O homem começou, olhando para uma coisa que parecia ser uma fixa, e depois trocou olhares com todos junto a John, deu um longo suspiro, e continuou a frase. null bateu a cabeça muito forte, causando um tipo de, irei explicar de uma forma menos formal, de hemorragia, ela perdeu muito sangue, e por esse motivo, ela precisou de sangue e passar por uma bateria de exames; - O homem falou, algo naquela frase fez com que os olhos de John perdessem qualquer brilho, seu corpo tremulava sem nem mesmo conseguir talvez raciocinar o que o médico disparava a dizer. – O estado dela é estável, senhor null. –disse com um olhar cúmplice. – Mas isso não quer dizer que ela não esteja com sequelas, quero dizer, ela sente muita dor, então, induzimos um coma, para que ela se recupere sem muito sofrimento.
No momento em todos ouviram aquilo, fecharam os olhos em negação. Na verdade, ninguém sabia direito o que era coma induzido, mas, a palavra “coma’’ já era forte demais para eles, porque null queria vê-la naquele exato momento, seu coração parecia não parar no lugar, de forma que seu peito doía de dentro para fora e de fora para dentro; null passou as mãos nos cabelos sentindo um gosto gelado subir por sua garganta, e depois ouviu o suspiro de null, e null, e logo John dar um giro por si próprio, passando incessante, as mãos nos cabelos.
- Como assim, coma induzido? – null perguntou com a voz atônita, e os olhos um tanto avermelhados.
- O carro capotou cinco vezes antes de se estabilizar, ou seja, ela foi arremessada de formas inimagináveis, varias vezes, e de formas bruscas dentro do carro. – O medico suspirou. – Suas costelas foram fraturadas, seu corpo contem vários hematomas fortes, além da perda de sangue contínua até que a ambulância chegasse ao local; Vocês não imaginam a agonia que foi vê-la acordada. – Ele terminou, null levou as mãos na boca num gesto de espanto, fazendo todos olharem fixamente para o médico, o mesmo franziu os lábios dando dois tapinhas no ombro esquerdo de John.
- Quando vou poder... – John falou antes que o médico se virasse, mas não terminou a frase.
- Não sabemos direito, mas, eu prezo que em breve senhor null.
Cinco vezes? Cinco vezes o carro capotou com null dentro? Foi a única coisa nítida que null conseguiu gravar de toda a fala medica e formal do homem de branco. O medico sorriu, e terminou dizendo que em oito horas, null sairia da UTI, para o quarto. Seus olhos ardiam, e só conseguiu notar aquilo quando olhou fixamente para null, o menino havia sentado novamente e afundado o rosto em suas mãos, e depois suspirou fundo, encarando o chão branco da sala de espera; O silêncio de meia hora foi mórbido, tão mórbido que chegava a ser insuportável, null queria vê-la, ou se é que poderia vê-la, tendo como arqui-inimigo, o genro preferido, não precisaria nem fazer dois ou um pra saber quem iria vê-la primeiro, não é mesmo?
O menino encarou a silhueta de null atravessar o corredor, que era separado da sala de espera por um vidro do teto ao chão, ela corria, provavelmente null deveria estar pior que todos ali, mas, algo fez o garoto tirar os olhos dela, havia uma mulher ao lado, uma mulher que assim como ela, parecia estar terrivelmente desesperada, ela olhava para os lados, com os olhos fundos, e depois encarava com terror o rosto de null, até que null percebeu null o notar, ele se ajeitou na cadeira assim que ela o olhou, tentando travar aquele gosto amargo na garganta, mesmo parecendo que aquilo era como um veneno que fazia seu peito arder; null passou as mãos no rosto. A moça entrou com ela, apertando o casaco contra o corpo, metade de seu cabelo estava preso, e a outra estava solta em fios um pouco bagunçados, por segundos, aquilo lembrou null quando acordava de manhã, e sorria... Os olhos, os olhos lembravam os de null, mesmo que fundos e com preocupação; e... Assim que null foi encarando a mulher com mais curiosidade, notou o mais obvio; E teve certeza no momento em que ela bateu os olhos em John, e John bateu os olhos nela. O mundo do homem parecia ter parado, mas, o dela...
- Onde está minha filha? – Eles ouviram um tom duro e tremulo tomar o local; Todos, todos ali presentes olharam para ambos se encarando lá. Em nenhum segundo John tirou os olhos dela. Assim como null, null engoliu seco, arqueando a sobrancelha;
- Renê... – segundos depois, John balbuciou. Ele não tirava os olhos dele, estava incrédulo, como se estivesse vendo um fantasma; Todos na sala se entreolharam tentando entender a cena, mas, ninguém pareceu entender de fato.
- Onde ela está John? Como ela está? – Renê voltou a falar, sua voz tremula fizeram com que ele passasse as mãos nos cabelos, dando a entender que tinha voltado à realidade.
- Ela está na UTI. – Ele respondeu, com pesar nas palavras. null novamente voltou seu olhar para o chão, e a sensação desconfortável fez com que seu peito começasse a latejar com mais intensidade outra vez.
- Onde você estava? – A mulher perguntou minutos depois, John levantou o olhar, e pôde vê-la chorando, com a cabeça tombada nos ombros; Seus olhos transpassavam algo que ele não conseguiu entender, mas conseguiu sentir, dor, dor de culpa. O homem engoliu seco, sem parar de olhá-la.
Renê respirou fundo, fechando os olhos, e caminhou até os assentos, escolheu um bem ao lado de null. Ela o encarou antes de sentar-se, e ele retribuiu por segundos o olhar da mulher, sorrindo de canto como um cumprimento. Ela sabia. Renê sabia de null, e de null; Mas eles não sabiam dela. O fato de a mãe null estar no local, e null ou null, ou um dos garotos, nunca terem a visto, fez o clima ficar muito mais tenso do que já estava, levando em conta o dialogo minúsculo que ela e John tiveram, mas que foi suficiente para deixar claro que a relação de ambos não era boa, ou não estava boa. A pergunta era: Como ela soube?
null suspirou novamente, e esse era seu ponto de quase alivio, como se seu peito se enchesse de um tipo de liquido, e que, quando suspirava, tirava por poucos segundos, o que fazia doer, e depois ia se enchendo de novo. Nunca parava, mas oscilava, e ia crescendo gradativamente, até que ele tivesse que suspirar novamente. Os olhares foram voltados a null, que chegou correndo, e parou na porta, apoiando suas mãos no vidro num baque, e depois olhou por toda a sala. null encarou o menino com o olhar pesado; null voltou-se para olhá-la, tinha até perdido a noção de que null estava na sala, com tanta informação na cabeça, ela parecia ter chorado a noite toda, seus olhos estavam inchados, e seu nariz bastante vermelho, os olhos fundos, assim como os de todos que foram acordados pelo susto da noticia de ter uma null que era: melhor amiga de quase todos, amor da vida de dois deles, num hospital entre a vida e a morte. Ele pôde notar menina segurar o choro ao máximo, e sem relutar, correu até null, que abriu os braços e a agarrou, apertando-a contra seu corpo e fechando seus olhos no abraço.
Mais um suspiro.
null fechou os olhos engolindo novamente o gosto amargo da boca. Não estava sendo fácil, algo pressionava seu peito, e sua mente, e a boca de seu estomago. Ele não sabia como agir, se deveria ligar para os pais, se deveria dizer algo confortador, ou abraçar null. null estava completamente sem reação, à única coisa que conseguira pensar em fazer desde que havia chegado era ficar sentado, respirando e inspirando, e, o mais rápido possível, vê-la. Pra ele não importava se null estava o odiando pelo que havia feito, ele só queria vê-la, isso era o suficiente pra ele. Ver que null estava bem, vê-la de novo, porque sentia falta dela, sentia falta do perfume, sentia falta do sorriso e do olhar espremido quando ela o via, sentia falta dos beijos, da respiração, sentia falta só de ter ela ao lado. Sentiu o tempo todo.
- null, não é? – Ele ouviu uma voz suave o tirar de seu pequeno pensamento sádico. Olhou para o lado, e Renê o olhava, ver as olheiras de preocupação da mulher, fez null engolir seco; o menino passou a língua nos lábios antes de responder.
- Sim. – Respondeu, franzindo os lábios logo depois.
Nada foi dito por longos segundos. Mas a mulher pôde perceber o nervosismo de null exalando pelos seus suspiros. Em todas as ligações que recebeu de null, informando sobre seu primeiro namorado, ou sobre sua primeira vez, a única vez da qual Renê viu a filha descrever um garoto com tanta paixão e obsessão, foi null. E naquele momento notou o pôr que. Ele tinha pinta; Os cabelos desajeitados e seu olhar com toda certeza faria qualquer garota ficar de pernas bambas. Mas é claro, só para garotas jovens, como null, null era bem garotão e não fazia o tipo de Renê, por exemplo, mas a deixou encantada. Essa era a palavra. Ele era extremamente cativante e encantador.
- Você é igualzinho a como null te descreveu. – Renê retomou a fala, o que fez null virar a cabeça lentamente para olhá-la com olhos surpresos.
- Como?... Você... – Ele se ajeitou na cadeira.
- Eu sei de você, sei de null, sei de tudo. Ela me contava. – A mulher disse com um tom de voz leve.
null não sabia o que dizer, mas sorriu por aqueles segundos que se sucederam, e depois olhou para a mulher, ela ainda mantinha o olhar preocupado, mas estava mais calma que ele.
- O que ela disse? – null perguntou, meio receoso, e ela o olhou fixamente por alguns segundos.
- Que nunca havia conhecido alguém como você. – Pelo olhar que Renê lançou a ele, null conseguiu entender que era da melhor das formas, que era porque null havia se apaixonado.
Ele deveria ter sentindo borboletas no estomago e uma súbita felicidade por ouvir aquilo. Mas não. null sentiu uma pancada no estomago, não como antes, e nem com o mesmo sentimento, porque havia sido ele que tinha acabado com tudo. E ouvir que aquela garota que ele dispensou por ser fraco demais, dizer aquilo, o fez se odiar. Provavelmente a expressão dele tinha sido tomada por algo parecido com dor, e indignação, pois Renê o olhava tentando entender, só que, ele não tinha cara pra olhar pra ela.
null estava sentado a duas poltronas de distancia dos dois. Não que estivesse apurando os ouvidos para ouvir a conversa de null com a mãe de null, mas, foi impossível não ouvir, não havia nenhuma voz ou cochicho que não fossem dos dois. Assim que ouviu a mulher proferir aquelas palavras, seu peito apertou. Ele engoliu seco, fechando os olhos por aquele tempo tentando entender o que havia feito de errado. Passou e repassou as mãos nos cabelos de trás para frente nitidamente chateado, incomodado. null era, e sempre foi seu primeiro amor, e durante um ano tudo pareceu perfeito, tudo, todos os beijos, todas as vezes que estiveram juntos, as saídas, cada vez que relembrava de um momento, sentia um choque elétrico gelado percorrer do estomago, até seu peito; Ele fazia cara feia pela sensação.null tinha perdido null sem perceber que ela estava deslizando por suas mãos, por seus beijos. Sentia tanta falta de sua namorada, de ouvir dela que ele era o seu cara, devia ter percebido.
Ambos estavam com aquela perseguição mental de culpa, de não perceberem o quanto aquela burrada doía. A burrada de perdê-la.
null foi pra casa com null e null, enquanto null havia ido com null; null achou ridículo ter uma escolta pra ir pra casa tomar banho, o que eles achavam que ele faria? Mas mesmo assim, concordou em levar os amigos. Fazia muito tempo que nem se quer olhava para null, ou dirigia qualquer palavra a ele, tinha receio, sabia que null também guardava ressentimento dele, afinal, ele estava lá, e na cabeça de null, ele não fez nada, mas null se quer sabia quem era null quando as conheceram. Ele só se lembrava de como ele ficou maravilhado, de como ainda não havia conhecido aquelas duas meninas, de como nunca havia visto um sorriso tão indecifrável e chamativo como o de null.
Assim que abriu a porta do apartamento, os dois entraram com o olhar desconfiado, null nunca havia ido, e null talvez esperasse por calcinhas, cervejas, bagunça, mas o que encontrou foi um copo no meio da mesinha de centro, um colchão no meio da sala, cobertores e uma, uma só garrafinha de cerveja.
- Meia hora, e eu já volto, temos que voltar. – null disse, e depois olhou para os amigos. – Sintam-se a vontade. – O menino olhou para null, e ele retribuiu o olhar cúmplice.
Um tempinho depois ele voltou, apenas null estava sentado na sala, olhando o local todo, assistindo qualquer coisa na TV, assim, null arrumou a blusa na gola, e olhou para o amigo; null não estava bem, e isso estava estampado na cara dele, sua feição estava para baixo, e seus suspiros contínuos fizeram null amolecer, ele também estava ruim, null era sua amiga a tanto tempo, mas com null, ele tentou entender a situação.
- Vamos então? – null sorriu sem mostrar os dentes, dando um passo, mas null o parou um pouco antes, com a cabeça abaixada, null ficou o encarando;
- null, olha...
- null, eu não quero conversar com você sobre isso agora, eu não tô...
- Me escuta, cara. – null o parou, reprovando o amigo com o olhar, e depois colocou as mãos nos bolsos, dando uma puxada de ar longa. – Eu só queria que você soubesse que eu to aqui. – null entortou a cabeça para olha-lo. – Eu fiquei puto mesmo, e por Deus, você não sabe o quanto eu desejei te quebrar no meio, porque eu estava acabado, mas, null, se...
- Não vai acontecer nada. – null o cortou, abanando a cabeça negativamente, e null assentiu positivamente. – Ela vai sair daquela UTI em oito horas, e eu preciso estar lá.
- null, eu sou seu amigo, e no que precisar eu to aqui. – O amigo retomou a fala, ignorando o medo súbito de null. – Você sempre foi meu melhor amigo, esteve comigo sempre, então... Eu to aqui pra te apoiar, seja agora, depois, porque você sabe, não tivemos as melhores atitudes, mas somos amigos, alem de tudo isso.
- Obrigado, cara. – null falou, depois de segundos fitando null, ele viu o mesmo abrir os braços e o puxar para um abraço, que o fez soltar um riso involuntário, sentindo um peso a menos, quis chorar mas sabia que era muito gay, por mais que as circunstancias o fizessem ter motivo; Porem ele só o abraçou de volta.
- Senti falta de você. – null disse, e depois quebrou o abraço deles. – Das noites de sexta jogando poker, tomando cerveja e comentando sobre as gatas. – Ele falou e null riu pelo nariz. – Mas como eu devo deduzir, a única que você comentaria era sobre uma garota só. – O tom de humor na voz de null fez null sentir-se aliviado, por isso ele sorriu de lado, por também ser uma verdade.
- Provavelmente. – Ele disse. – Mas eu ouviria vocês. – null sorriu.
- É, pelo jeito, ela te pegou de jeito.
- Ei, vamos? – null abriu a porta do apartamento de súbito, aquilo havia sido armado?.
- É, vamos. – null comentou, tomando a frente, e logo null o seguiu.
null viu os cinco garotos juntos, entrando pela porta da frente do hospital. Até parecia uma visão, null e null lado a lado, com aqueles olhares de preocupação tatuados, e os outros três atrás, conversando coisas entre si. Ela sentiu-se feliz por aquele um segundo, os olhando, e sabia que se null tivesse visto a cena, provavelmente também ficaria. O medo delas era absurdo de ter acabado com tudo, com toda aquela amizade, esse fora um dos motivos para null ponderar em ficar com null, mas, ela largou todas as suas morais por ele, tudo que os impedia e todo o falatório, null não se importou, porque ela era assim, null era passional ao extremo. Movida pelo momento, e pela intensidade do que sentia, e, por tudo que havia acontecido, null tinha certeza que o que ela sentia por null era grande, e havia a tomado;
A menina levantou assim que todos chegaram em frente a ela, null a abraçou, e instintivamente, a menina apoiou a cabeça no peito dele. John e Renê não estavam mais lá, e Paris tinha ido pra casa no mesmo momento em que os garotos haviam ido também, para tomar o banho. Estava um frio de lascar lá fora, o tempo em Londres estava ficando louco nos últimos tempos, parecia que tudo corroborava para momento.
- Cadê a Renê? E o John? – null perguntou para null, a menina deu um suspiro soltando-se de null.
- Eles entraram pra ver a null. – Ela respondeu, e encarou os dois garotos. null sabia muito bem que os dois estavam morrendo para vê-la.
- Ela não iria sair em oito horas? – null pronunciou-se, com preocupação.
- Eles estão na UTI agora. – null respondeu pesarosa, e por um segundo, a voz dela pareceu vacilar de dor – Mas, a null vai ser transferida daqui a pouco, ela teve uma recuperação boa, então... – Eles a viram fechar os olhos, engolindo seco.
- Você sabe como ela está? – null perguntou, dando um passo até a garota; em segundos, uma lágrima escorreu pelo rosto dela, null franziu os lábios assim como todos os outros garotos, todos estavam preocupados com null.
- Eu não sei direito. – null disse com a voz tremula, segurando suas lágrimas. – Eles dizem que está estável, mas que não está acordada. – A menina suspirou, engolindo seco mais uma vez. – Por causa dos hematomas... – Ela voltou a chorar, baixo. – Meu Deus. – null a abraçou de novo, enquanto null tapava o rosto.
- Ela está bem, está viva. É isso que importa. – null tentou acalmá-la, e a todos, beijando os cabelos de null. – Ela vai se recuperar, estamos falando de null null, gente. – O menino falou mais uma vez.
- É. – null balbuciou, se recuperando. – Eu vou ir pra casa, tomar um banho, e volto aqui. – Ela disse.
- Eu vou com você. – null se propôs, entrelaçando suas mãos as dela. A menina assentiu positivamente e voltou a caminhar para a saída com null.



A espera por null era horrível, a espera por noticias dela era horrível. Era desesperador porque eles nunca sabiam de fato o que havia acontecido ou não, sabiam por intermédios, boatos, mas nada concreto. Eles voltaram a se sentar na sala de espera, e começaram a conversar para tentar passar o tempo; Foram até a praça de alimentação, comeram, comentaram sobre coisas aleatórias, por mais que todos estivessem no ápice do nervosismo, null tentava. Ele era o melhor amigo dela, null estava ainda em choque com tudo que tinha acontecido, sua mente parecia ainda não aceitar, ele só queria ver sua amiga bem. O momento de comunhão entre amigos, mesmo não estando totalmente acertados, fez aquela espera insuportável passar um pouco mais rápido, e assim que chegaram na sala de espera novamente, viram Renê e John saírem de lá, lado a lado, mas sem se olharem, só de botar os olhos neles, era possível ver a tensão que se instalava, deixando ainda mais uma curiosidade por saber.
- E aí? – null perguntou, ele era mais chegado. A expressão de ambos era a pior, todos ficaram estáticos e preocupados olhando aquilo, antes de falar, John deu um longo suspiro.
- Ela está indo pro quarto. – John respondeu, e passou as mãos nos cabelos, e depois nos olhos, os pressionando. Renê parecia ter chorado muito, seus olhos estavam vermelhos, e sua olheira mais funda. Tudo aquilo estava os assustando.
- E como ela está? – null perguntou outra vez, atônito. E então o viram acenar negativamente, parecendo segurar as lágrimas.
- Ela está... Ela está bem, está estável. – O homem respondeu. – Mas... – Ele acenou negativamente. – É horrível vê-la daquele jeito.
O silencio se instalou no local novamente; John encarou o teto para não chorar, e depois botou uma blusa, encarando todos os quatro garotos – Porque null ainda não tinha voltado com null. – Totalmente nervosos.
- Vou pra casa, eu disse que null poderia entrar...
- null e null, John. – Renê o cortou, olhando para null, que havia a agradecido com o olhar.
- Disse que os dois podiam entrar na ala dos quartos, pra esperar a próxima visita. – O homem continuou, e trocou olhares com ambos. – Não acho que seja necessário você, e null ficarem aqui, a gente vai revezando para vê-la. – null e null assentiram positivamente. – Eu e Renê temos passe livre, já vocês tem que revezar. Como ambos... – O homem hesitou, não iria dizer, já que ambos pegaram minha filha e são perdidamente apaixonados por ela’’ iria se poupar dessa parte. – Enfim, eu vou pra casa tomar um banho, e Renê tam..
- Eu vou pra um hotel, John. – Ela cortou o homem, e depois olhou para os garotos. – E depois eu volto. – Ela suspirou pesarosa. – Cuidem dela por esse tempo. – Ela olhou para null e null, que acenaram com ternura para a mulher, sem dizer nada; John por sua vez, fez uma cara de poucos amigos, se já havia sido difícil aceitar null, imagina null, e pior, imagina dois caras numa mesma tacada?
- Você vai como? – null perguntou, antes que Renê começasse a andar. – Posso te dar uma carona.
- Seria ótimo, null. – A mulher sorriu, gentil, e começou a caminhar com null e null.
John acenou para os dois garotos que ainda estavam parados na mesma posição, lado a lado, encarando todos irem embora. null se oferecendo para carregar as malas de Renê, e um John nitidamente nervoso e sofrido. E depois, eles se entreolharam, franziram os lábios, e caminharam juntos para dentro das alas.
Ambos estavam sentados em frente ao quarto onde null estava; Uma janela ao meio do corredor,indicava que eles poderiam ver null lá dentro, mas no momento, ela estava fechada, por isso a ansiedade era maior, pois a única coisa que os separava de vê-la era uma merda de uma parede, e por eles, os dois já estariam lá dentro a séculos. null olhou para o lado, encarando o amigo, com a cabeça reclinada para cima, encostada na parede e de olhos fechados, null deveria estar cansado, assim como null. O menino suspirou apertando o corpo por um breve segundo, pelo frio que se sucedia no hospital, o lugar já não era aquelas coisas, e pra ajudar estava um frio de lascar... null procurou dentro de sua blusa seu celular, iluminando a tela assim que o pegou, apenas para ver as horas; Faziam duas horas que eles estavam ali, e uma foto dele e de null tomava a tela. A menina sorria o abraçando pelo pescoço, colando totalmente seus rostos, enquanto null tinha a língua espichada numa careta. O menino sorriu involuntariamente ao ver a foto, e logo desbloqueou o celular, checando mensagens, e tudo que podia, para tentar passar o tempo, já que ele e null não se falavam, a não ser sobre coisas super necessárias, mas null encarava o fato de estar num mesmo ambiente que ele, sem todo aquele climão, um meio caminho andado.
- Foi impossível, não foi? – Ele ouviu a voz rouca de null ecoar pelo corredor vazio; Ele virou a cabeça lentamente para encarar o amigo, e sentiu seu corpo estremecer. Há muito tempo não encarava null de verdade, e por isso, provavelmente seu olhar deveria estar surpreso.
- O que foi impossível? – null perguntou de volta, ajeitando-se na cadeira para poder olhar null com mais postura.
- Não se apaixonar por ela. – null respondeu passando a língua nos lábios, e depois olhou profundamente nos olhos de null. Ele não sabia por que, mas parecia que null ainda queria culpa-lo, o tom de voz usado não era como se houvesse realmente entendido que havia sido possível, e então null acenou negativamente, quebrando o contato visual de ambos.
- Então você sabe que não foi culpa nossa. – Ele rebateu alguns segundos depois, respirando com todo o ar dos pulmões, passou as mãos no rosto, e cabelos, e voltou a olhar null. Ele não tinha expressão, só o olhava, aquilo chegou a ser desconfortável, porque de alguma maneira, null não queria brigar com ele justo ali.
- Como foi null? O que você pensou? – Ele perguntou. null acenou negativamente suspirando mais uma vez, e depois fechou os olhos. – Quis tirar a prova de que ela era realmente incrível, como eu dizia? – O garoto entortou a cabeça, nitidamente chateado.
- Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu não sabia que ela era sua namorada? – null aumentou um pouco o tom de voz irritado, e bufou logo em seguida.
- Você soube assim que eu a beijei na sua frente, null. Você não sabia, mas passou a saber desde o primeiro dia que entrou na porra do colégio. – Ele contestou.
- E você quer me culpar por eu ter me apaixonado? – null praguejou, sentindo seu sangue subir e logo levantou da cadeira, passando as mãos nos cabelos.
- E o que você queria que eu fizesse null? Queria que eu te agradecesse por acabar com meu namoro? Queria que eu te apoiasse por ter roubado minha namorada? Por vê-la nos seus braços, por ter transado com ela? – null também havia se levantado, deixando suas veias aparentes, sua voz oscilava de raiva para magoa, fazendo gestos com as mãos. null respirou fundo novamente.
- Sabe o que eu não faria null? – null deu um passo até o garoto, apontando seu dedo indicador para ele. null cresceu naquele momento para null, não aguentava mais ouvir que era o traidor, estava cansado de só ouvir, e aquela frustração súbita, guardada desde de então, veio a tona. – Eu não culparia meu amigo por ter se apaixonado, eu não o faria se sentir um merda ou diria aquelas coisas horríveis para a null. Eu não a faria chorar e ser humilhada em frente a escola toda null, e em primeiro lugar, eu não a culparia por ter deixado de me amar. – null soltou, freneticamente. E aos poucos passou a encarar a feição de null, ele não tinha resposta, e talvez estivesse pensando, mas com toda certeza, aquilo havia o acertado em cheio.
- E você acha que eu me sinto como? – null balbuciou um minuto depois, dando uma volta lenta por si próprio, com as mãos no rosto, parecendo segurar sua frustração.
- Não importa o que você sentiu naquele momento. – null respondeu um pouco mais calmo. – Quando eu e null... – Ele hesitou, o que fez null entender exatamente o que ele quis dizer,e então uma pontada perfurou seu peito. – Vocês não estavam mais juntos, null, e eu... Eu tentei. – null falou cerrando o maxilar. – Eu juro que tentei, mas...
- E eu não posso te culpar por isso. – Finalmente null conseguiu sentir o tom de sinceridade do amigo, relaxando seu corpo logo em seguida. – Talvez eu realmente não possa null, mas isso não deixa de doer. – Ele voltou a olhar null.
- Não foi minha intenção null. Nunca foi. – O menino respondeu pesaroso, respirando forte.
Eles continuaram travando o olhar por pelo menos cinco segundos, olhares cheios de emoções, pedidos de desculpas, e até certo entendimento. Por mais que null odiasse o fato de que null havia escolhido null, ele não poderia realmente culpa-lo por ela não o amar mais, e mesmo que aquilo doesse na sua alma, ouvir aquilo com tanta clareza e até um pouco de estupidez, fez doer mais ainda.
null desviou o olhar para olhar um medico, e uma enfermeira, fazerem caminho para o quarto de null, assim que passara por eles, fizeram um aceno amistoso com a cabeça e entraram no quarto. Ele não conseguiu ver nada, mas pode notar de relance que null realmente estava deitada lá, seu coração palpitou ao tirar a prova, o fazendo fechar os olhos de ansiedade, e dar pelo menos duas voltas em si próprio para aliviar o nervosismo. null sentou-se no banco, afundando o rosto em suas mãos, parecendo tentar fazer a mesma coisa que null, relaxar. Em quinze minutos os dois saíram de lá, e de súbito, null levantou a cabeça para encarar o medico, que havia parado com a mão na maçaneta da porta, null deu um passo a frente, se desencostando da parede, e passou a encarar o homem com preocupação.
- Bom... – O homem olhou para uma fixa em mãos, a folheou e depois voltou o olhar aos dois. – Sou o Doutor Fisher, e eu sou o médico da null, vocês vão me ver constantemente, enquanto a null estiver aqui. – null sentiu o ar parar na garganta. – Seguinte: Ela está bem, tudo bem? Porém está se recuperando, e por esse motivo, só pode entrar um de cada vez, por enquanto... Com a melhora dela, a gente vai cedendo mais, e assim vai, sim rapazes? – Fisher fez um gesto com a cabeça. De certa forma ele foi bastante simpático ao explicar as coisas, mas sinceramente nem null, e muito menos null, levaram aquilo em conta, porque queriam vê-la. – Só um. – Ele alertou.
- Tudo bem. – null fez um gesto com a cabeça, ajeitando as calças nas coxas. No mesmo momento null tirou a conclusão obvia de que é claro, o ex-namorado e queridinho, iria entrar, mesmo morrendo por dentro, null bufou, engolindo a saliva.
- Vai null. – null franziu a testa totalmente estupefato com que acabara de ouvir; Ele não sabia se a conversa e o vulcão de palavras que foram cuspidas por ele a null, havia sido levado em conta, mas mesmo assim, null virou para olhar null da forma mais surpresa possível.
- O-oque? – null bufou fazendo um gesto brusco com a cabeça, apontando para a sala.
- Vai logo, null. – Ele disse novamente, engolindo saliva. – Quem ela vai querer ver quando acordar não sou eu. – O menino disse, vendo que null não tinha reação para sua atitude. null suspirou pesado e ainda surpreso com o fato, mas por querer tanto vê-la, começou a dar passos lentos até a sala.
- Eu não tenho tanta certeza. – o menino sussurrou para si mesmo, assim que botou os pés dentro da sala.
Seu coração foi parar na boca assim que fechou a porta atrás de si. O quarto estava completamente escuro, iluminado apenas por um abajur de luz branca, ele pode ver claramente a silhueta dela, deitada, e cada vez mais ele sentia aquele gosto amargo subir por sua garganta, de nervosismo e angustia. Ele bateu os olhos na poltrona de couro ao lado da cama, dela, e algumas revistas, e assim que chegou perto da cama encarou null.
Ele não sabia como descrever o que havia sentido. Dor, uma dor diferente e devastadora dentro de si. Ela estava bem, estava respirando, mas só então conseguiu entender porque John e Renê haviam ficado daquela forma quando a viram. Era horrível vê-la naquela situação. Seu peito queimava dentro do peito, de súbito, seus olhos começaram a se encher de lágrimas em milésimos de segundos, sentiu sua respiração falhar, seu coração batia tão rápido que talvez não estivesse conseguindo bombear o sangue direito, suas mãos tremiam.
Ele fechou os olhos forçadamente, inclinando a cabeça para o teto. null tinha um curativo grande na testa, na lateral dela; Seus cabelos caiam por um dos ombros, opacos e sem brilho, sua boca estava seca, com algumas casquinhas secas; null precisou forçar seus pulmões a receber o ar, para continuar a olhando. Seu rosto estava pálido, mas ela continuava linda, mesmo naquele estado. Logo seu olhar desceu para os braços, com ligeiros arranhões em um deles, e no outro, roxos visíveis e verdes, que provavelmente sumiriam em dois ou três dias.
Ele puxou o ar com força outra vez, dando mais um passo até ela.
null controlou a respiração para não chorar exageradamente, mas sua vista já estava turva pela angustia de vê-la ali. Seu corpo tremulava, mas ele continuou o trajeto, sentando-se a beira da cama dela. Um aparelho estava preso em seu dedo indicador, contando seus batimentos cardíacos; Lentamente null levou sua mão até a dela, e a acariciou com o polegar, e depois voltou a olhá-la. Naquele momento, vendo que null estava totalmente apagada de verdade, no momento em que a fixa dele caiu totalmente, pois antes, a única palavra para descrevê-lo, era um estado choque. O garoto sentiu o queixo tremer, por não conseguir mais segurar aquele mar de sensações e preocupações, por ela não o retribuir, não o olhar, por ter a deixado ir, por ter feito o que fez; Pela saudade que sentiu, por tudo. Ele respirou novamente e mais puxado, tentando acalmar seu coração, de olhos fechados. E ficou ali ainda, por um bom tempinho, acariciando a mão dela com seu polegar: Ele a amava.
Só essa poderia ser a explicação para o misto de sensações que ele sentiu, de preocupação a alivio por vê-la, de saudade e loucura, de burrice, só por querer o bem dela.
null não sabia muito bem o que era amor, na verdade ele nunca pensou em querer saber o significado, era muito cético, porem muito mais cavalheiro do que muitos caras que diziam saber sobre o amor ou que diziam amar incondicionalmente. Ele realmente não sabia o que era, e nem sabia como fazer isso, mas com certeza, naqueles meses que ficou com null, ela a ensinou da maneira mais doce e improvável. E não era porque null estava numa cama; ele era apaixonado por ela do mesmo jeito, mesmo daquela forma. Mesmo não querendo admitir o que havia acabado de concluir na sua mente, seu coração batia rápido ao pensar nisso: E mesmo que ela o odiasse, ele a amava, e isso era o suficiente.
O garoto levantou calmo da cama, retirando suas mãos das dela, se inclinou e depositou um beijo na testa da garota, sentindo seus lábios beirarem um pouco ao curativo. Acariciou o rosto de null com ternura, e suspirou mais uma vez, de olhos fechados. Novamente aquela sensação ruim lhe tomou; null travou uma luta interna contra aquela coisa ruim, sabia que ela estava bem, porem ainda queria chorar. null limitou-se em ainda continuar parado, de costas para a cama, para tentar se acalmar, levou as duas mãos no rosto apertando contra seus olhos, e sentiu novamente a angustia lhe atravessar o peito, null não conseguia fugir daquilo. Engoliu seco e respirou fundo.
- Onde é... – Ele ouviu uma voz baixinha e tremula quase inaudível, ecoar no quarto. Se seu coração já estava acelerado, ele sairia da boca naquele momento, o garoto virou-se de súbito, e pode ver em câmera lenta, a garota piscar os olhos. – Eu... – null estava fraca.
O menino andou rápido até ela, parando ao lado da cama e a encarando; Ele pode ver as lágrimas já tomando os olhos dela, e lembrou-se dos médicos dizendo o quanto era horrível vê-la acordada, pela dor, um desespero passou por null, fazendo que ele ficasse sem reação, sua voz simplesmente travou na garganta. Aos poucos a garota foi virando o rosto, com os dentes trincados no que parecia segurar a dor que sentia, e se deparou com null, mas o jeito que o olhar dela parou nele foi... Indescritível.
null sentia dor, sentia falta de ar, e sentia que todos os seus membros estavam petrificados, a impossibilitando de se mover direito, mas assim que olhou aquele par de olhos que não vira a tanto tempo, assim que notou que não era um sonho, que ele estava realmente ali, o sangue em seu corpo começou a correr mais quente, os membros começaram a se descongelar, isso não significava que não doíam, mas seu coração estava trabalhando de outra forma, a menina engoliu seco, e assim uma lágrima escorreu. Pelo um minuto que se sucedeu de olhares, uma gradativa onda de sensações foi a tomando, foi crescendo, ela não sabia o que era, mas por sustentar o olhar de null, só crescia mais e mais, e aquela sensação, aquela sensação que ela queria cuspir parou na garganta; E como um cuspe, null soltou o choro num som abafado, fechando os olhos pela dor de alivio que a tomou quando o fez, e como se não conseguisse mais controlar, segurou o peso do seu corpo na cama, com as duas mãos ao lado do mesmo, e passou a chorar, ela não tinha controle, mas chorava alto, era súbito, incontrolável, intenso, doía a medida que saia.
- null... – null sentiu seu corpo estremecer; Seus olhos também foram tomados de lágrimas e um choro súbito foi solto pelo garoto, não era alto, mas a sensação era a mesma que a dela. – null não...
O menino correu de súbito até a cama, e com cuidado, mas com toda a necessidade do mundo, e desespero, ele a abraçou.
null sentiu o corpo de null frágil sobre suas mãos. E sem hesitar, a garota o abraçou, fazendo máximo de esforço para elevar suas mãos sobre os ombros dele, e agarrar os cabelos de sua nuca, ela gemeu com o ato, tentando não enroscar os fios do aparelho nele. null podia sentir o choro e o halito quente de null em seu pescoço e nuca, ela chorava alto, mas era abafado por sua blusa, gemendo baixinho, parecendo desesperada e assustada pela situação.
E estava. Estava soltando toda a sua dor e desespero que sentiu no acidente; mesmo que estivesse doendo, ela pressionou ainda mais seu corpo no de null, amedrontada. O menino pareceu entender o que ela estava sentindo, e iniciou uma seção de carinhos que desciam e subiam por suas costas, ainda agarrado a ela; null podia sentir a respiração quente dele também, ele havia chorado? Ela não pensou naquilo por muito tempo; Sentiu seu rosto lavado pelas lágrimas, eu lábios arderem por estarem ressecados, e seu músculos começarem a reclamar com mais intensidade e assim, null foi largando de null, dando soluços contínuos. null foi soltando as mãos lentamente da nuca do garoto, arrastou por seus ombros, e peitoral, e depois abraçou sua costela, fazendo uma cara feia, pela fisgada.
- Isso dói. – Ele pôde ver as mãos dela tremularem, em um toque delicado na área das costelas, onde provavelmente doía.
- É melhor você se deitar de novo. – null disse preocupado. null olhou no fundo dos olhos dele; estavam vermelhos.
- null... – A menina gemeu baixo, e engoliu seco, fechando os olhos.
- É, dói, eu sei. - a voz cuidadosa e suave dele a fizeram sentir um tipo de leveza involuntária, e então ela suspirou com cuidado, para não doer mais. – Mas, relaxa, eu vou...
- null, quem tanto está aqui? – null o cortou, ela ainda estava de olhos fechados, ainda sentindo dor; Engoliu seco outra vez.
- Todos estão aqui, null. – O menino respondeu baixo, acariciando a mão dela. – Sua mãe também. – Ele pode ver instantaneamente os olhos da garota se arregalarem de surpresa, com uma expressão indecifrável no rosto, a garota levantou a cabeça para focar na imagem de null.
- O-o quê, onde ela esta? – A menina soltou atônita, e depois gemeu baixo.
- Ela deve estar aqui, já deve ter chegado, vou avisa-los que você já acordou. – O menino levantou-se lentamente.
- null, o null está aqui? – Ele pode ouvir baixo, e suspirou.
- Todos estavam, uns foram pra casa, mas já estão voltando, e estão loucos pra te ver. – Ele respondeu, olhando para ela; null não sabia o que dizer ou o que fazer, mas a sensação que o travava na vez que entrou no quarto, já não estava mais com ele, então o garoto suspirou.
- null... – Ela o chamou outra vez, e ele virou-se mais uma vez, mas não disse nada, só o encarou com o que ele poderia arriscar dizer, que era ternura. E como um cara apaixonado, o garoto sorriu de maneira confortável e abriu a porta da sala, dando de cara com null, seus olhos pregaram-se em null, deixando claro sua feição preocupada e apreensiva.
- Ela está acordada. – null falou dentre o suspiro. – E perguntou de você. – null arqueou a sobrancelha, mas em segundos relaxou a expressão, franziu os lábios, e abriu a porta da sala.



null ficou desacordada por mais três dias. Ninguém ainda havia entendido como ela não entrou numa crise de dor no momento em que acordou e viu null; Um minuto depois que null entrou para vê-la, ele descreveu nitidamente a insanidade de null, por causa da dor, ela não gritava, mais gemia alto, como se elas estivessem se quebrando novamente, então, só o que conseguiu ouvir dela, foi um pedido de desculpas, outra vez.
null ficou curioso pra saber o que havia acontecido na sala no tempo em que null ficou lá, pelo menos meia hora; null ficou acordada esse tempo todo sem gemer de dor? A única coisa que null contava era que a menina perguntou por ele, e ele disse que todos estavam lá, e mais nada, mas null não era burro, e tinha certeza que mais algo tinha ocorrido, a expressão de null contava, e ele não estava mais aliviado que antes, o que deveria, ele estava mais abatido que o normal. Mas continuou lá. Eles continuaram indo lá nos três dias sucedidos, null entrava no quarto por breves minutos, mas em nenhum momento, null acordou de novo, os remédios estava mais fortes, mas em compensação, ela estava tendo uma melhora ótima.
No quarto dia, null abriu os olhos piscando duro. Tentando se acostumar com a pouca luz que havia no quarto. Remexeu-se meio dolorida, mas suas costelas não doíam mais como antes, só incomodavam, e ela suspirou de alivio por aquilo, seu corpo reclamava talvez pelo tempo que estava deitada, ela queria se esticar, queria colocar os pés no chão, queria sair de lá, e lavar o cabelo. null passou as mãos nos cabelos percebendo o quão sujos estavam, fez um rolinho e os jogou nos ombros, suspirando fundo; Olhou para o lado e viu null. No mesmo momento sorriu sem mostrar os dentes, sorriu involuntariamente. O garoto estava dormindo sentado, todo desajeitado, com os braços cruzados no meio do peito. A atenção de null foi desviada por vozes um pouco altas, perto da sua parte, eram como sussurros, mas ela conseguia ouvir. A garota arqueou uma das sobrancelhas e entortou a cabeça, sentando-se na cama.
- [...] Como você soube, Renê? – John perguntou, colocando as mãos na cintura. A mulher o olhou séria.
- Talvez, se você tivesse atendido seu celular nas ligações que fizeram do celular da null para o seu você saberia John. – Ela respondeu ríspida. null sentiu um solavanco no peito; Seu pai havia ignorado suas ligações? Ou melhor, as ligações do resgate?
- O que você está insinuando? – O homem voltou a falar, segundos depois, parecendo estar afetado.
- Que foi o cúmulo, John. – Renê aumentou o tom de voz, fechando os olhos com força. – Olha, Bill me contou o que aconteceu entre vocês, disse o quanto null saiu nervosa, e... – A mulher segurou as palavras com raiva, cerrando os punhos. – Sinceramente, John? Não importavam as circunstancias, eu ainda não consigo acreditar que você fez isso. – Ela soltou o ar. null ainda estava incrédula, então ela levou uma das mãos a boca.
- Ah, faça meu favor Renê. – John riu de maneira irônica, o que fez Renê entortar a cabeça indignada com sua ação. – Eu criei a null desde os quatro anos!
- É, e veja onde estamos, John! – Renê o cortou com um tom agudo e repreensivo.
- Você não pode colocar a culpa em mim por uma fatalidade! – O homem contestou irritado.
- E eu não estou. – Renê pronunciou, dura. – Eu só estou dizendo que não atender a ligação me fez claramente ver que... – A mulher hesitou, lembrou-se de Paris, e sabia que a envolver naquela discussão não iria ser bom, por isso, só respirou fundo, e passou as mãos no osso do nariz, com os olhos fechados.
- Ver o que? – John perguntou autoritário; Renê o olhou com seriedade.
- Ela vai morar comigo John. – Ela respondeu, olhando diretamente nos olhos do homem, vendo sua expressão mudar ligeiramente. null arregalou os olhos, e continuou com as mãos na boca, escutando tudo com o coração a mil.
- Você não pode fazer isso, Renê. Ela se acostumou com essa vida, ela tem vida aqui, você não pode tirá-la do ambiente dela desse jeito. – John chiou com raiva.
- E eu não vou. – Ele arqueou a sobrancelha, e null também. – uma das filiais da POISON foi aceita aqui, e me convidaram para tomar conta, no decorrer dos fatos, ontem eu aceitei a proposta. – John sentiu o coração parar ao ouvir aquilo, arregalando os olhos de desespero. – E até o final da semana, provavelmente, eu já estarei hospedada aqui. John, ela vai comigo. – Renê mudou o tom sério, para também autoritário, como o de John, e viu o homem se avermelhar a sua frente.
- Ela está sob minha guarda Renê, ela fica comigo. – John engrossou a voz dando um passo em direção a Renê, a mulher não se moveu,mas continuou o olhando com desdém.
- Isso é ela quem vai decidir. – Renê rebateu.

***

John estava parado, encostado no beiral da escada, com a cabeça baixa ouvindo o barulho da última mala de null descer escada a baixo. É, null escolheu Renê. Assim que viu a mãe, a menina explodiu em choro, e emoção, por não vê-la a tanto tempo, e,não quis ver John de imediato, sentiu um peso no coração, mas, seu pai estava sendo tão irreconhecível nos últimos tempos que sua mãe mudar para lá foi como uma prece atendida, foi tudo que ela desejou.
null viu null na porta do hospital antes de sair de lá, e depois, ele sumiu. O viu todos os dias desde que ficou completamente acordada, mas, ele não proferiu sequer uma palavra, só ficava a olhando, e mesmo que fosse idiotisse, ela sentia-se bem só por ele estar ali ao lado dela, e quando ia embora, lhe dava um beijo terno na testa; null ficava louca com isso, mesmo que estivesse brava e magoada, queria que pelo menos null dissesse o que havia acontecido, afinal, se não estava apaixonado, o que estava fazendo ali? Porque havia passado noites em claro pra ficar com ela, saber dela? null sentia uma necessidade absurda de vê-lo e toca-lo novamente, e ia contra tudo que achava certo, mas, desde o inicio, null e ela nunca foram certos um para o outro, e por isso, só por aquela sensação lhe parecer errada, fazia se passar ligeiramente certa. null e null não eram certos, e por isso as decisões erradas eram as que lhe tornava quem eram.
A menina botou os pés no apartamento, grande, diga-se e passagem, possuía três quartos, um dela, um da mãe e um de hospedes; Uma cozinha grande e confortável, na sala, uma janela tomava tudo, mas como Renê já havia decorado com cortinas, a vista estava tapada no momento, e aquilo lhe fez lembrar o apartamento de null, null compareceu lá, duas vezes, ele ainda estava cru, mas era maravilhoso aos olhos dela; Uma ponta de curiosidade bateu ao lembrar-se dele, será que null já havia decorado? Colocado sofás e uma cama, já havia levado garotas para lá? Ela suspirou fundo, sentando-se na cama de seu novo quarto, olhou janela a fora e pode sentir de leve, um raio de sol gostoso em sua pele; Desde que saíra de Londres, não havia visto vestígios de sol, pela neve. Mas, ali, um tempo depois, aquilo lhe fez ficar leve por alguns minutos, de olhos fechados, sentindo o calor; Ainda estava frio, mas o céu estava incrivelmente azul e o raio de sol a esquentava, como se o tempo indicasse que aquela seria uma nova etapa da sua vida.
null associou a sensação que o sol deu a ela naquele momento, com null. Como quando tudo estava sem graça e sem vida, monótono e frio, e de repente, null era seu raio de sol; E continuou sendo, talvez ainda fosse, mesmo que não quisesse, null a fazia sentir calor sem a tocar, só com sua presença, seu sorriso, seu perfume. Aquilo parecia obsessão, como droga. Mas, não conseguia fugir dele, não queria fugir dele. E sem perceber, sentiu falta.
- null... – Ela ouviu uma voz suave, a de sua mãe, e abriu os olhos, suspirando meio triste.
- Oi mãe. – Ela respondeu, sentando-se na cama.
- Eu vou pra POISON. – Ela informou, sentando-se ao lado da filha. – E eu quero que você seja minha figurinista. – Sorriu terna, acariciando os cabelos dela, null deitou-se no ombro da mãe, e deu um suspiro.
- Hoje?
- Quando você quiser. – A mulher falou, e depois levantou-se da cama. – Se cuida, qualquer coisa me liga, e... É isso.
- Tudo bem. – null assentiu positivamente. - Mãe! – Renê voltou a olhá-la. – Você já sentiu falta do que não podia ter? – a garota perguntou, e viu a mãe sorrir e suspirar depois.
- Por muito tempo. - Ela acenou com a cabeça.
- E o que você fez?
- Me acostumei.
Basicamente, null ficou arrumando seu quarto e dando um toque de null nele até tarde. Entrou em um tipo de tédio depois que terminou, comendo tudo que tinha direito da casa, então, resolveu sair e conhecer seu novo bairro; The West Wend não era tão diferente de Mayfair, a não ser por suas ruas um pouco mais confortáveis e simpáticas, as luzes nos bares e os enfeites fizeram null sentir-se melhor; Ela não era acostumada a andar sozinha, pelo contrário, null estava acostumada a ser rodeada de amigos, mas depois que tudo aconteceu, sua vida virou-se do avesso e nem se quer sua melhor amiga estava com ela, porque diabos null tinha que estar na Flórida? Sentiu vontade de chorar, porque queria abraçá-la; null queria abraçá-la agora, que estava bem, que não sentia dores fortes, que conseguia andar e estava finalmente quase inteira de novo, a não ser pelas suas costelas que ainda doíam, e o enorme corte na sua testa, os roxos, e enfim... Pegou seu celular do bolso, novamente se deparando com a sua foto de null, não havia conseguido tirar a foto deles ainda, alias, ela ainda não havia se tocado que a foto ainda tomava sua tela; Ignorou o sorriso magnífico de null e a nostalgia, e discou o numero de null, os toques foram contínuos, e depois de um tempinho, null atendeu.
- Oii! – null falou arrastado, e um sorriso se formou em seus lábios.
- null! – null falou entusiasmada, porém, sonolenta. – Aconteceu alguma coisa?
- Tem que ter motivo pra eu te ligar?
- Claro que não, é que são... – A menina demorou. – São três horas da manhã! – null falou preguiçosa.
- Meu Deus, sério!? Me desculpa. – null fingiu estar se importando, e depois riu. – Eu não me importo, eu estou sentindo sua falta, e totalmente sozinha! – falou tristonha, bufando no final da frase, null demorou alguns segundos para respondê-la.
- Deus sabe como eu gostaria de estar aí, amiga. – ela disse vagarosamente. – Mas você sabe, meu avô tá doente, e eu...
- Eu entendo null, relaxa. – null respondeu à amiga. – Mande melhoras a ele, e um beijo pra sua avó. – Ela piscou pesado, e logo virou-se para a vidraça de um restaurante, vendo seu rosto iluminar-se de uma luz amarela.
- Tudo bem, eu te ligo amanha. Eu te amo. – null se despediu da amiga com a voz embargada. null sentiu o coração doer.
- Eu também te amo.
Assim que desligou o celular, olhou para ele, estava noite, e era um milagre sua mãe ainda não ter ligado; Fechou os olhos por um momento, e depois abriu, inalando o cheiro do vento que bateu em seu rosto, provavelmente iria chover; Mas o tempo estava ameno por lá, null estava apenas com uma calça jeans clara, e uma blusinha cor vinho, deixando uma listra de pele a mostra, seus cabelos se esvoaçaram e por um segundo, ela sentiu-se calma.



- null? – Ela ouviu e abriu os olhos de súbito, viu null na porta do restaurante, caminhando rápido a até ela, com aquele sorriso.
- null? – Ela devolveu a pergunta assim que ele chegou em frente a ela.
- O que faz aqui? – Ele perguntou, surpreso, trocando o peso das sacolas que levava, de uma mão a outra.
- Esqueceu que agora eu moro em The West Wend? – null falou com entusiasmo e null riu, a menina riu junto. Era meio estranho estar conversando com ele novamente, depois de tudo que havia acontecido; estranho de uma maneira boa.
- É, eu esqueci que você não é mais a patricinha de Mayfair. – Ele comentou, e a olhou dos pés a cabeça. null botou uma mecha de seus cabelos para trás, percebendo o olhar de null subir por seu corpo sem nem disfarçar, e corou.
- Então... – Ela pigarreou. – O que você faz aqui? – Ela perguntou tentando fazer null parar com aquilo.
- Ah, eu vim comprar umas cervejas e algo pra comermos. – Ele comentou, levantando a sacola. – Sexta feira...
- A é, noite dos caras. – null riu batendo na testa, e logo se arrependeu por ter se esquecido do curativo. null olhou a menina resmungar, mordendo os lábios num gesto de preocupação.
- E você, tá melhor? – Ele perguntou, acariciando a área da testa que estava machucada. null se enrijeceu com o toque e ele percebeu; null arqueou a sobrancelha, com uma expressão diferente, comprimindo os lábios. – Ei null, sou eu. – Ele sorriu, tirando as mãos dela.
- É, eu sei, é que... – Ela havia ficado com vergonha, era claro, há muito tempo eles não se tocavam, não que aquele toque fosse especial demais, mas, levando em conta tudo, era sim muito estranho.
- Se esqueceu do meu toque? – null indagou entortando a cabeça, pretensioso. e ela podia arriscar ter visto um sorriso no canto de seus lábios, null riu, abanando a cabeça negativamente e logo lhe deu um tapa.
- Só morrendo. – disse perto dele, rindo, ele riu junto; null se aproximou da menina, a puxando pela cintura e primeiramente, null se assustou com o ato, mas aos poucos foi relaxando, quando viu que a intenção dele era só abraçá-la.
- Pois eu não esqueceria nem morto. – null sentiu os lábios de null encostarem bem perto de sua orelha, e um halito quente a fazer arrepiar-se. O menino abriu um sorriso largo quando percebeu que null havia ficado sem reação; arrastou sua mão que a segurava pela parte que a camiseta não cobria, e depois piscou para ela, dando dois passos lentos para trás.
- Divirta-se. – Ela sorriu, abraçando o corpo.
- Boa noite, null. – Ele acenou de volta, apertando o alarme do carro.

Ela caminhou lentamente para a casa, ainda extasiada com o que havia acabado de acontecer; Achou que havia perdido a habilidade de sentir-se daquela forma com null, talvez estivesse desacostumada, ou, acostumada demais com ele, mas no momento em que suas peles se tocaram novamente, ela percebeu porque null nunca perdia a fama de gostosão do colégio. O jeito dele era incomparável, e a forma como ele sabia falar, também era. Quando null se apaixonou por ele, ele não era diferente, mas infelizmente, esse era o mau de null, ele nunca mudava, e null odiava ficar na mesmice. Esse era o fato, null e null eram pessoas completamente diferentes, null era totalmente imprevisível, ele era, misterioso; Seu olhar parecia guardar mil histórias, mil sentimentos, mil desejos, e ela queria decifrar, queria decifrar todos eles. Praguejou alto ao pegar-se novamente desejando null, sentindo seu coração bater daquela forma, sem nem mesmo o tocar, sem vê-lo, só de lembrar dele, seu corpo esquentava, null não tinha controle quando se tratava disso, ela saia fora de si, mesmo não podendo. null havia lhe dado um pé na bunda sem explicação, e aquilo ainda latejava em seu peito; Ela tinha que se acostumar que null null era tão imprevisível a ponto de fazer aquilo, esse era o único problema dele;

***

null acordou assustada assim que percebeu uma porrada abrir seu quarto, e logo uma figura masculina e ogra, diga-se de passagem, acender a luz do quarto, jogou os cobertores em cima dos olhos xingando seja lá quem fosse, de todos os nomes sujos possíveis, fosse quem fosse, ela estava odiando por tê-la acordado.
- Bom dia flor do caribe. – Ela viu a cabeça de null entrar no cobertor dela, e sem querer riu, empurrando a cabeça dele pra fora, e fez um resmungo. – Não, não! – Ele tirou o cobertor da menina, que se encolheu irritada.
- null, seu filho da... – null urrou de raiva, sentindo o peso do garoto sobre seu corpo, ele apoiou a cabeça nas costelas dela, e logo a garota gemeu.
- Desculpa, eu esqueci que você se ferrou toda no acidente. – Ele comentou, e levou um chute de null, o garoto passou a gargalhar, enquanto null fazia um esforço máximo para conseguir se adaptar a luz.
- Obrigada pela parte que me toca, meu amor. – Ela sorriu, sentando-se na cama, e então se espreguiçou. – Que horas são? – Perguntou.
- 19:45. – Ele falou. – Você sabe o que isso significa? – A menina arqueou a sobrancelha. – null, você não pode ficar trancada nesse quarto!
- E eu não fico!
- Ir até a cozinha e sala, não conta. - null bufou, e deitou no colo do amigo, sentindo os carinhos começarem em seus cabelos.
- Eu gosto null, estamos de férias... Eu to me recuperando do acidente. – null disse como uma criança, e o amigo suspirou.
- Faz duas semanas que você parece estar morrendo, é assim que você quer passar suas férias? – Ele indagou, null sentou-se na cama novamente para olha-lo com um beiço. – Se lembra do verão do ano passado? Festas da Candence... – Assim que null começou a falar, uma gargalhada alta dela ecoou no quarto, fazendo garoto rir junto, adorava a gargalhada dela.
- Ok, fica quieto. Minha mãe nem desconfia. – Ela botou as mãos na boca do amigo.
- Vamos até o Pub, se troca que eu te espero. – null falou, levantando-se da cama.
- Não mesmo, null, eu to sem animo gatinho. – null protestou, se jogando para trás e botando as mãos nos olhos.
- Não aceito “nãos’’, Trouble. – A menina arregalou os olhos e o repreendeu com o olhar, sentando-se na cama. – E se não estiver gostosa daquele jeito que você sempre fica, em quinze minutos, eu vou até ali a cozinha e... Opa... – Ele olhou para Renê que passava pelo corredor.
- null! Meu querido... – A mulher o abraçou e null acenou negativamente com a cabeça.
- Veio tirar o urso da caverna? – Eles riram, e null bufou reprimindo o mesmo.
- É o que pretendo. – Ele piscou para a menina, e caminhou com Renê até a cozinha.
null deu um salto da cama, entrando no banheiro e tirando suas roupas rapidamente, encarou o reflexo de seu corpo, meio arroxeado ainda, pelo acidente, e pressionou as mãos contra suas costelas, elas ainda doíam um pouco. Prendeu o cabelo num coque e não demorou mais que quinze minutos no banho, e nem podia, o tempo recorde para que null a esperasse era de meia hora – Mesmo sabendo que para mulheres isso é teste de resistência. – null vestiu sua legue cós alto preta, e uma blusinha de manga cumprida simples, verde, deixando a parte da frente por dentro, e a parte de trás da camisa, para fora, caindo de um jeito bonito por seu bumbum. Calçou suas botas ugg bege, em um tempo recorde, e uma jaqueta preta, também simples, apenas para caso esfriasse mais.
Sua maquiagem era bem leve, só pra tirar aquela cara de morta que ela estava, e suas olheiras de tanto dormir. A última etapa foi soltar os cabelos, eles caíram em seus ombros como o esperado, meio ondulados e soltos, null só prendeu a franja e respirou fundo, pegando sua bolsa e caminhando até a sala onde null a esperava. O menino a olhou de cima abaixo, porque ele não era mentiroso, sua melhor amiga era gostosa, e antes de virar melhor amigo dela, seu intuito sempre foi beijá-la, mesmo assim, não rolou, mas eles viraram bons amigos, e enfim, não tinha como não amar null, ele era apaixonado pela amizade dos dois.
- Não volte muito tarde. – Renê disse, saindo da cozinha com um prato em mãos, provavelmente iria assistir seu seriado favorito, e iria dormir, e cada vez mais, null adorava morar com sua mãe.
- Pode deixar. – null acenou para a mãe.

null batucava os dedos no volante do carro, cantarolando alguma musica da radio, null riu, olhando para ele. De certa forma, desde que o conhecera, null adorava cantar, e até tocava violão, sua voz era melodiosa e bonita, e null sempre lhe falava que se ele levasse a serio, com certeza teria futuro no ramo da musica, mesmo assim, null só ria, e dizia que ela era mentirosa. As vezes ela era, quando ele vestia aquelas botas de cowboy horríveis – Nada contra – Mas definitivamente não ficavam boas nele. Ela desviou o olhar e a atenção que estava dando a null naquele momento, para checar seu celular; Ela não o olhava direito a um bom tempo, e assim que a tela se iluminou, null pode ver a foto dela e de null ali, o garoto engoliu seco, não que não os apoiasse, apoiava a felicidade dos dois, mas sabia que ambos estavam com algo entre si, não estavam juntos, mas se gostavam, e tinha null, que havia comentado sobre null pra ele, dizendo que a queria de volta. null queria que ela ficasse com quem fosse ser feliz, mas também não queria que aquilo virasse uma briga pra ganhar seu coração. De alguma maneira, seu sexto sentido apontou para null, e ainda mais, ao ver que ela ainda não tinha tirado a foto dos dois.
- Você ainda gosta dele, não é? – O menino não conseguiu se segurar, e trocou olhares com null, a menina olhou a foto dela e de null e automaticamente sorriu, suspirando triste logo depois.
- Gostaria que não fosse tão claro assim. – Ela respondeu, passando as mãos nas coxas.
- null, nada impede vocês dois de... – Ele hesitou, tirando uma das mãos do volante.
- Várias coisas nos impedem, null. – Ela riu sem humor.
- Mas isso não parou vocês, até agora. – null falou, trocando olhares. – Ninguém sabe o que aconteceu. – A menina engoliu seco, acariciando a testa e franzindo o cenho. – O null ficou em casa trancando a fio, todos os dias que você ficou fora, sem dar noticia, e um dia, finalmente, atendeu o celular dizendo que não sabia onde você estava, o que deu a entender que não estavam mais juntos. – O menino explicou-se. – E aí veio o acidente e ele ficou... – null suspirou pesado; Se null havia ficado tão abalado com isso, porque o fez? Ela não conseguia entender, e aquilo a irritava muito.
- Eu não sei, null. Eu juro que não sei o que aconteceu. – Ela explicou-se com um pouco de raiva. – Talvez um dia ele explique, eu não sei... Já chegamos? – O menino pode perceber o tom de estresse de null, com uma pitada de magoa, ele conhecia sua amiga, mas por ser tão recente todo o trauma do acidente, e afins, resolveu que não iria continuar aquele assunto.
Assim que null entrou no Pub, conseguiu ver uma mesa redonda e por volta de seis pessoas bebendo e falando alto, ela costumava gostar dessas reuniões que seus amigos faziam; Na época em que ainda namorava null, eles iam a muitas, mas depois se acostumou a sair mais reclusa com null, é lógico, se encontrando com amigos às vezes, mas gostava da pouca privacidade. Tudo parecia estranho e diferente pra ela, e por isso, quando todos gritaram de animação ao vê-la, null não teve reação, alguns deles já estavam bêbados, Lola já estava jogada no colo de null, e null, null sorria pra ela da forma mais aberta, com cerveja em mãos, mas não foi lá que seu olhar parou, mesmo que lutasse contra aquilo, como magnetismo, seus olhos pararam em null, e... Puta que Pariu... Era só isso que ela conseguia pensar, Puta que Pariu. null estava sorrindo, sorrindo de canto, e aquilo fez seu corpo se esquentar de novo, mas chegar a mil graus, de verdade. Ela não conseguiu conter os olhos passearem pela abertura que havia em sua camisa, deixando um pedaço de seu peitoral exposto. Ela queria beija-lo. E é claro, ele retribuía tudo aquilo, ele queria provocá-la, talvez? Se fosse o intuito, estava conseguindo. null não tirou os olhos dela por um segundo, subindo e descendo o olhar. Ele também queria beijá-la.
- Ah não! – null gritou, levantando-se da mesa. – A princesinha de Mayfair veio! – Ele se jogou em cima dela, a abraçando, null já havia passado da conta, tudo bem, mas tirando o fato de que null também era gostoso,bonito e cheiroso, aquilo foi o paraíso para null.
- Eu também senti sua falta, null. – Ela sorriu, beijando com vontade as bochechas do garoto.
- E aí, tá melhor? – null falou, afastando Lola para prestar atenção na garota, a menina não ficou feliz com o ato, e passou a olhar null com desdém, as meninas costumavam ter raiva de null por isso, mas afinal, eles eram seus amigos, e Lola só mais uma peguete da noite, elas tinham que se acostumar com isso.
- Me recuperando. – null fez um gesto com a cabeça, sorrindo de lado. – Só quero um suco de morango, por hoje. – Ela pediu a garçonete, que assentiu.
- Ah, fala sério! – null bateu na mesa e todos começaram a rir. – Troublemaker vai tomar suco? – Ele urrou e null escondeu o rosto nas mãos, rindo.
- Para de ser louco, null. – Ela o repreendeu. – Eu to tomando remédio. Não posso.
- Porque se pudesse né... – null comentou, e todos riram.
Porque se pudesse não se responsabilizaria por seus atos.
O assunto foi e voltou, eles se lembraram de coisas macabras nas festas do camping da Candence, e pra quem ainda não entendeu, lá era onde rolava as maiores festas de universidade da cidade, digo, as mais bárbaras. Candence era conhecida por seus vídeos, bebidas, open Bar, danças e arrastões; os pais é claro, nunca desconfiavam, mas a maioria dos veteranos dos colégios iam pra lá, como na universidade todos praticamente são maiores de idade, não tinha problema, mas não eram só eles que frequentavam. E bom, null fez história lá, por momentos que ela nem se quer lembrava, e não, ela não deu pra vários caras ao mesmo tempo, ela foi desejada por vários caras ao mesmo tempo. Até por null, null pirava quando ia para as festas com null, mas enfim, esse era o apelido dado á ela, a garota problema. Troublemaker. Ela realmente era um problema, porque ela era a mais gostosa na opinião de muitos, mas intocável, e esse meu amigo, esse era o problema. Todos a desejavam de maneiras absurdas; deliravam por ela nas festas, mas os únicos sortudos foram null e null.
null tentou passar o tempo; Comeu todas as batatas que eles pediram, riu um pouco, escutou as fofocas, mas não conseguiu ignorar a sensação que se instalava dentro de seu peito, bem precisamente, o deixando com uma sensação de inchaço, como se estivesse inflado. Pelo numero de respiradas e espiradas que ela deu, já era praquilo ter evaporado; null não conseguia ignorar o fato de null estar na mesma mesa que ela, a olhando, sentindo seu perfume, vendo aquela maldita fresta que só a fazia imagina-lo sem a camisa. null era ridiculamente tentador. E bom, algo na mente dela martelava a fazendo ficar submersa em pensamentos, nem se quer escutando direito o que rolava em volta dela; null sabia que null a olhava, pois toda vez que levava seu olhar até, ele estava a observando, mas logo ria de algo e desviava a atenção... Como se ela fosse idiota. No fundo, ela sentia-se incontrolavelmente irritada, ela foi ficando a medida que a noite se sucedeu. Ele a provocava, ele a cutucava, ele a fazia sentir-se daquele jeito, e mesmo assim, aquilo não parecia ser tão importante pra ele, afinal... Ela queria respostas!
null trocou mais uma olhada com null, e só de raiva, resolveu que já tinha perdido tempo demais ali, não queria falar isso em voz alta porque provavelmente os outros iriam ficar ofendidos, mas, é, o tempo foi ótimo, tirando o fato de que sua mente não trabalhava a favor dela, e seu coração muito menos, e todos os seus sentidos. Ela não sentia que era ela mesma, e aquilo a cada vez mais irritava; null só queria voltar a ser normal, esquecer que algo cochava seu peito, queria jogar tudo pro alto e gritar, queria gritar e renunciar null null, queria não estar apaixonada, vomitar todo aquele sentimento que a consumia, mas a frustração vinha logo na resposta: Não havia nada que ela pudesse fazer.
A menina levantou-se num súbito da mesa, fazendo todos a olharem, e até Lola a olhar com felicidade, certamente deveria estar agradecida por finalmente receber a atenção de todos.
- Então... Eu vou ir embora. – A menina botou uma mecha de cabelo para trás, sorrindo meio sem graça por todos os olhares estarem voltados para ela. – Eu gostei de verdade, obrigada por tudo. – Pegou sua bolsa, que estava depositada no banco.
- Que isso null, fica aqui, é cedo. – null pediu com olhos tristes, e provavelmente null ficaria, se não tivesse cruzado seu olhar null.
- Eu estou cansada, acho que ainda estou meio... Fora do ritmo por causa do acidente. – Ela respondeu, fazendo carinhos em círculos nos cabelos dele. null sorriu.
- Ou porque você nunca mais saiu desde... – null murmurou, null olhou para ele com um ar pesado, mas todos resolveram ignorar aquela insinuação. Era um grande progresso, ele e null estarem dividindo uma mesma mesa, então...
- Então eu vou te levar. – null fez menção de se levantar, mas null o fez sentar-se direitamente de novo, pelo ombro.
- Não, eu vou de táxi, não se preocupe comigo.
- Eu te trouxe null, eu vou te levar, relaxa.
- Não, null, é sério, pode ficar, eu te ligo quando chegar em casa, se sua preocupação é essa. – Por alguns segundos null hesitou, mas depois concordou, relaxando o tronco.
- Eu vou esperar sua ligação, Trouble. – O garoto pronunciou as últimas palavras com um tom brincalhão, o que fez null lhe dar um tapa na cabeça, rindo.
- Para. Eu não sou mais a Trouble. – null interviu, tirando as mãos de null.
- Não, você sempre será a Trouble, gatinha. – Ele falou, e todos riram.
- Ok, vou indo, divirtam-se. – Ela falou; Instantaneamente seu olhar foi levado a null; null não sabia se foi tão explicito assim, mas ela travou uma guerra fria com ele, apenas por contato visual. Seu corpo passou por sensações geladas e estranhas que subiam e desciam do estomago a garganta durante o ato, não demorou menos de cinco segundos, mas devastou sua sanidade.
Ela quis correr dali o mais rápido que pôde, assim que conseguiu quebrar os olhares, sorriu da maneira mais cara de pau, porque obviamente não conseguira enganar ninguém, só pela forma como saiu de lá, respirando fundo, andando dura e desajeitada, tentando acalmar seus nervos que pulsavam, tentando esquecer a ligação que ambos tinham só pelo olhar. Assim que empurrou a porta irritada, bufou em seguida. Ao mesmo tempo uma sensação de culpa a tomou, null estava na mesa, ela deveria ter mais respeito com ele, ou null deveria ser menos gostoso e desejável, para ela conseguir se controlar, tudo bem que, eram só olhares, mas se por um breve momento, eles pudessem ver a devastação que aquilo lhe tinha causado, com certeza saberiam que cada parte do corpo dela era dele, e a chamariam de idiota por relutar contra isso ainda. Mas era aquela coisa, lutar pelo que era certo pra ela, pro que não fosse contra todas as suas morais, e ela estava tentando. Não podia simplesmente voltar com null porque ele a deixava sem ar, ou porque ela sabia que seu corpo, sua mente, e sua alma eram apaixonados por ele... Ela tinha que ver que, aquilo em certo momento havia a levado as alturas, mas também poderia a fazer em queda livre, e no fim, ela iria se machucar mais. Como um avião em queda livre, null iria cair em pedaços, e mesmo que tudo que null fez, tivesse explicação, eram null null e null null numa mesma frase... Não tinha como ser menos complicado.
- null! – Seu coração parou. Ela parou. Sua respiração parou. – null espera aí. – Ela ouviu mais uma vez, e lentamente virou o corpo para olha-lo. Um tremor percorreu seu corpo, dos pés a cabeça, sozinha com ele. Puta que merda. Ela engoliu seco, encolhendo o corpo, só que, com uma expressão imponente.
- Diga. – Ela falou, fazendo um biquinho com os lábios. Ele sentiu seu corpo se aliviar de um jeito diferente, como se a paixão escorresse por suas veias.
- Podemos conversar? – null perguntou, dando passos minúsculos até ela. A menina gelou, mais aproximação? Ela parecia uma garotinha de 14 anos prestes a dar o primeiro beijo. Só que, ela queria ataca-lo então...
- Sobre o que?
- Sobre nós. – Ele rebateu rápido, mas vagamente. E viu a expressão de null murchar, mas ainda assim, ela colocou um sorrisinho irônico no canto dos lábios.
- Achei que você tinha acabado com isso. – Ela respondeu. A menina olhou para qualquer lugar que não fosse os olhos dele; Lembrar-se daquilo lhe causou uma dor desconfortável no peito, na caixa torácica.
- É sobre isso que eu quero conversar. – null disse baixo, meio receoso. Ele já estava perto o suficiente para que ela pudesse ver, por baixo dos olhos, os pés do menino. É, seria difícil mesmo!
- Tudo bem, o que você quer dizer, null? – De um segundo para o outro, ele parou pra pensar, e null começou a o encarar tão penetrante, que ele arriscava que ela já havia descoberto a resposta antes mesmo dele; Mas, então só depois de levantar os olhos para encará-la, percebeu-os vermelhos e intolerantes, viu raiva e magoa, como ele podia explicar?
- Que eu senti sua falta. Que eu não queria... – Ele hesitou.
- Não queria ter feito aquilo? – O tom dela era magoado,ele conseguiu sentir aquilo como uma flechada no peito. – Se a resposta for sim; Porque fez? – Ela indagou sem esperar null falar, e ele deu um longo suspiro.
- Porque foi necessário, eu achei que era o certo, null. – null comentou, também triste e cansado. A menina riu baixo um tanto indignada.
- null, você deixou bastante claro que tudo tinha sido uma mentira, que... – A menina parecia ter engolido sua dor, e lágrimas, fechando os olhos por um segundo. null se odiou ainda mais naquele momento. – Que não era apaixonado por mim. – Ela terminou, suspirando. Pelo tempo que null ficou com os olhos fechados, e os lábios comprimidos, ele deduziu que ela segurava o choro, e bom, ele queria beijá-la, queria abraçá-la,mas tinha medo da reação.
- E eu... – O garoto passou as mãos nos cabelos, nervoso. – Me enganei! Eu senti sua falta, null! Eu, você não entende, você nunca vai entender. – null finalmente soltou nervoso, e ela entortou a cabeça, como se implorasse uma resposta plausível para que ela corresse para seus braços, porque perdoar... Seu coração já havia feito isso a muito tempo, sem nem se quer pedir sua permissão.
- Se você me disser, talvez eu entenda null! – null murmurou, chegando perto dele. Seu desespero era nítido. – Me diz o que aconteceu null, me dá uma resposta descente, me explica porque você fez aquilo sem nenhuma explicação... – Ela pediu num sussurro, bem perto de null, já chorosa. – Só me fala algo que eu possa acreditar que... eu possa acreditar que todo o tempo que passamos juntos realmente significou algo, que você mentiu. – Ela pediu com dor, e viu o garoto fechar os olhos com força. null sentiu tanto naquele momento. Porque ele tinha que explicar? Ele não podia explicar.
- Eu não posso, null. – Ele falou. – Não tem explicação. – null pode sentir o coração se deslocar, e voltar ao lugar naquele momento, tanto que lhe chegou a faltar ar. – Não tem explicação pro que eu fiz. – O menino terminou, abrindo os olhos lentamente. E assim, conseguiu ver null de olhos marejados, a menina desviou o olhar para o chão, e ele sabia, ela queria chorar, mas não faria isso na frente dele.
- Porque você não consegue mentir outra vez, né? – A garota perguntou quase cedendo as lágrimas. – Não vai se dar ao luxo de perder mais tempo comigo...
- Não, não, não, para null. – null deu um passo até ela, mas null se esquivou, limpando o resíduo de lágrima que ameaçou escorrer de seus olhos, null suspirou, triste. – Não diz isso.
- Tudo bem... – A garota disse ríspida, fungando e abanando a cabeça em gestos difíceis de entender, talvez querendo parar o choro. – Eu não te culpo por fingir, gostar de verdade da muito trabalho. – Ele a viu sorrir, logo um táxi parou ao seu lado, e null entrou nele como um furacão.
null sentiu o peso das palavras esmagarem-no. Tudo pareceu não fazer mais sentindo pra ele, vê-la cair no choro enquanto o táxi a deixava, deu-lhe a sensação de estar a perdendo pra sempre, e aquilo não podia ter o deixar pior, a sensação o massacrava. Ele levou as mãos para os cabelos, controlando a respiração e o sentimento quebrante que se passou por ele, numa forma de descontar, esmurrou o ar, fazendo um gemido bravo e irritado. O garoto deu uma volta por si próprio, possesso de raiva, e mais uma vez passou as mãos no rosto. Não entraria lá novamente, na verdade, nada mais importava pra ele depois de ouvir aquilo dela, nada mais importava pra ele a não ser ela; null estava quebrado e sabia que o remédio pra ele era null, era uma necessidade louca e depressiva de tê-la. Ele só percebeu o efeito que ela tinha nele, quando a perdeu. E doía, cara, como doía.
- O que você vê nela, null? – null ouviu pelas costas; Virou-se subitamente para garota, encarando Lola, explodindo de raiva.
- O que eu não vejo em você, Lola. – O menino respondeu, totalmente fora de si. – O que a gente não acha em vagabunda. – Lola adquiriu uma cara de bosta perplexa, mas null não se deu ao luxo de ficar olhando-a.
O garoto deu meia volta na calçada, caminhando para longe do bar e foi embora pra casa. Mesmo que ele pensasse que isso iria fazê-lo esquecer, relaxar. null continuou tenso por horas, por dias... O tempo parecia ter passado diante de seus olhos, matutando e pensando, parecendo estar perdido dentro da própria cabeça. null levantava opções, planos, jeitos... E todos eles tinham uma mesma tese: Como iria tê-la de novo?
Clique aqui para continuar a ler a fic.





comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.