Nas duas semanas seguintes, null só havia trabalhado. Estava cheia de papeis, de arrumações, pensando em mil e uma ideias que pudessem promover a POISON e sua mãe.
Uma coisa era certa: Se ela continuasse sozinha naquele apartamento, depois da discussão nada saudável com null, provavelmente explodiria. Não conseguia parar de pensar, não conseguia parar de sentir. Ela não se lembrava, mas seu coração sim, ele parecia bater por aquele momento, e ainda estar parado lá. Por isso, dar um jeito de manter sua cabeça ocupada foi o melhor remédio, por mais que seu peito ainda estivesse apertado. Desde então, não viu mais nenhum dos meninos, a não ser null, que há dois dias havia lhe convidado para almoçar, porque estava por perto, ajudando seu pai com algum paciente. A questão não era essa, assim que voltou a sair com null, as coisas pareceram estar voltando ao normal gradualmente. Ver o sorriso de null todos os dias, sentir o cheiro, a risada. null acabou lembrando qual era a sensação, acabou notando que sentia falta, mas mesmo assim, nada a fazia parar de pensar em null, era burrice tentar tirar algo da mente, se não era lá que o problema estava. null estava dentro de seu peito, seu coração batia por ele. Sentia-se até meio culpada por estar rindo em um minuto com null, e no outro suspirar por null, mas o que ela podia fazer?
- Ei, null! – Ela tirou os olhos dos papeis para olhar a mãe, ao seu lado. – Estamos aqui! – A mulher apontou para os papeis, provavelmente notando que a filha tinha se distraído.
- É, eu sei, eu entendi mãe, mas se você desconfia que a Media Scorp já tem essa ideia, vamos descartar! – A menina retomou a linha de pensamentos, se ajeitando na cadeira.
- Se eu fizer isso, fico sem matéria! Nadinha. – Renê murmurou tristonha. – Eu preciso fazer algo de impacto, mas...
- Calma, nós vamos achar um jeito. – null acariciou as mãos da mãe.
- null, você tem visita mas... – Spyler apareceu na porta, fazendo as duas desviarem a atenção para ele. Spyler era o secretario oficial de Renê, que viera do Brasil só pra trabalhar pra ela.
Sua mãe era exigente com os funcionários, e ainda mais em uma revista, ela precisava de pessoas de confiança. null achou graça nele, o rapaz era realmente engraçado, e gay. Não que isso fosse problema, na verdade era o que tornava tudo mais engraçado nos corredores da POISON.
- Oi, Renê. null eu preciso muito falar com você. – Ela notou então, que extremo nervoso de Spy era devido a null, que acabara de entrar na sala de reunião, que era restrita. A menina se assustou ao vê-lo ali, e Renê também, por baixo dos óculos, null pode ver a sobrancelha de Renê se levantar, e então suspirou, voltando a olhar null.
- null, não é hora pra isso. null disse com um tom reprovador, mas, na altura dos acontecimentos, ele realmente precisava falar com ela.
- Tem que ser a hora pra isso, null pelo amor de Deus, um minuto. – Ele implorou, o olhar de null era preocupado, então ela percebeu que a coisa era séria, e, bem, nada sobre eles deveria ser tão importante pra isso.
- Acho melhor à senhora liberar a null, Renê. – Spyler disse, e todos olharam pra ele com dúvida. – Tem mais três rapazes na sala de espera loucos por ela, deve ser sério. – Antes mesmo de Spyler terminar a frase, null estalou os olhos.
- Vai, null, mas te quero te volta aqui pra terminarmos isso. Preciso disso antes que a semana termine! – A mulher falou. null levantou de súbito da cadeira, e seguiu null para fora da sala.
Assim que saíram, null parou de súbito no meio do corredor. E null parou junto, por mais que não estivesse produzida, como sempre, com o olhar cansado, e os cabelos levemente bagunçados, null sentiu-se absurdamente atraído por ela. null usava um óculos, com lentes transparentes, pareciam ser de grau, num estilo newway, quadrado. E ela ficava linda daquele jeito, ainda mais linda. Tudo bem que aquilo estava sendo demais, mas, era talvez a saudade, ele queria tanto tocá-la, queria tanto null, que só percebeu que estava a olhando demais no momento em que a menina pigarreou meio envergonhada. E então ele voltou ao mundo real, um mundo em que null não era mais dele.
- null, eu espero que isso seja sério...
- É,é sério, é muito sério. – Ele respondeu freneticamente.
- Ai meu Deus.
- Seguinte, o null sumiu. null arqueou uma das sobrancelhas, cruzando os braços.
- O null... O quê? – null suspirou pesado.
- Escuta, acho melhor conversamos com os outros caras. - Ele disse, e depois andou até a sala de espera, onde Spyler encarava os três rapazes com malicia, e assim que viu null sair, olhou para ela. A menina rolou os olhos, provavelmente ele deveria estar pensando merda.
null fez um sinal com as mãos para que todos a seguissem, null, null, null e null foram com ela, andaram por um corredor, e então ela abriu a porta de uma sala, um tipo de escritório, só que um pouco mais aconchegante, e detalhe, null e null tiraram de letra: Aquela sala era dela, por causa do perfume.
- Tudo bem... – A menina começou, sentando-se na mesa. – Vocês já tiraram a prova de que ele não está perdido em alguma festa por aí...?
- Por uma semana? Perdido em festas? Impossível. – null a cortou, jogando-se no sofá da sala.
- Uma semana e vocês não me disseram? – null perguntou levantando a voz, e todos ficaram em silencio por alguns segundos.
- Isso não importa agora, acontece que, achamos que é um pouco mais sério do que...Pensávamos. – null chegou até null, entregando um tipo de jornal a ela. A menina notou o circulo vermelho, no nome de Jack Spelman.
- O que é isso? – Ela perguntou e olhou para eles, o olhar de null era sério, ela encarou a pose dele por alguns segundos. encostado na parede, com os braços cruzados e um olhar que lhe causava falta de ar, logo desviou a visão para null.
- Você sabe que o null foi adotado, não sabe? – null perguntou quase que incrédulo, e a menina assentiu positivamente. O fato de null ser adotado não mudava nada, ele era extremamente amado pelos pais adotivos, e até um pouco mimado por eles, mas, nunca foi bem resolvido com o fato de sua mãe verdadeira ter deixado restrita a identidade. Deixando claro que não queria que null tivesse contato com ela. Enfim. null engoliu seco.
- É claro que eu sei. – A menina balançou o jornal com as mãos.
- Nós achamos que, esse Jack Spelman deve ter alguma ligação com adoção dele. – null disse, null suspirou. – null deve saber de algo, e bom, não nos contou nada.
- E vocês pensaram que ele tinha me contado?
- Não. – null falou, e null o olhou. – Nós achamos que você é um gênio, e com certeza vai dar um jeito de encontrar o null. – Ele falou, e a menina suspirou. Ela era boa nisso, realmente, mas só porque tinha mais contatos e porque assistia muito Gossip Girl.
- Ok... – null pronunciou lentamente, desencostou-se da parte frontal de sua escrivaninha, e andou até atrás dela, sentando-se de frente para o computador. Os quatro viram um sorrisinho surgir aos poucos na boca dela. – Eu já ouvi falar de Jack Spelman.
Assim que null falou aquilo, todos riram. Tinham ido até a pessoa certa, quem era mais certa pra resolver um caso como aquele? Ela sentia-se em um tipo de busca ao tesouro – null realmente era um – , como há muito tempo, quando todos eram unidos, no ensino fundamental, e procuravam pelas provas dos professores pra tirar fotos e espalharem pra escola toda... Tempos do ensino fundamental... Foi lá que null começou a notá-la.
- Essa é a minha garota. – null disse, correndo até o lado de null. Dizer que null não ficou mordido com aquela frase, era mentira. null atualmente não era de ninguém, e os planos eram que ela voltasse a ser dele. Por mais que null fosse seu amigo, e tivesse a conseguido primeiro, ele não aceitava que null fosse de mais ninguém a não ser dele.
- Minha mãe e meu pai, foram convidados pra pós-festa dele. – a menina falou, com os olhos fixos no computador, num tipo de lista eletrônica.
- Que safado! – null falou, fazendo todos rirem. – Depois da festa de caridade, ele vai fazer uma festa hard?
- Muito mais hard do que você imagina null. – null trocou olhares com o menino. – Se vocês não sabem, Jack é dono dos maiores prostíbulos clandestinos... Meu pai nunca me contou, até eu ser convidada pra ir pelo próprio Spelman, e bom, meu pai teve que contar a verdade sobre as festas.
- Seu pai vai nas festas de cabaré do Spelman? – null perguntou incrédulo.
- Ele dizia que ia pelas aquisições, sabe? Vários empresários... Mas eu não acho que ele seja santo, então... – null suspirou.
- Perai, ele convidou você pra ir no prostíbulo dele? – null encarou a garota, incrédulo. null voltou o olhar a ele, abaixado ao lado de sua cadeira, seus rostos estavam próximos, fazendo com que ela quase se perdesse nos olhos dele.
- Acho que ele imaginou que eu daria uma boa prostituta, sei lá. – null respondeu aleatoriamente, e novamente todos riram.
- Isso foi quando namorávamos? – A menina novamente o olhou, e fez um gesto positivo com a cabeça, reprimindo o riso. Se fosse possível se apaixonar mais, null com certeza teria o feito naquele instante. – E você não me contou?
- Eu não te contei muitas coisas, null, bem como, você também não me contava. – null disse, o garoto ainda ficou a encarando por um bom tempo. null estava quente, estava quase borbulhando, queria sair daquela sala, queria levar null com ele, queria bater em null, mas enfim, só respirou fundo, e depois trocou olhares com null, que entendeu o olhar do amigo. - Achei!
null tentou dizer algo, abriu a boca algumas vezes, mas não disse nada no final. Apenas abaixou o olhar, porque sabia que era verdade, deveria ter passado mais tempo com ela, deveria ter sido atencioso, porque era simples: Ele a amava. E só por esse motivo, isso deveria ter sido o suficiente. Mas no fim das contas...
A menina discou o numero da secretaria do homem, que demorou um tempo pra atender. Todos os garotos a olhavam com apreensão. Ela trocou olhares com null, null, null, null continuava na mesma posição, a olhando fixamente, null não se sentiu desconfortável ao sustentar o olhar dela, na verdade, seu corpo estava quente, pois não querendo mentir, ele estava desconfortável é com null ao lado da garota, e com as palavras ditas por ele, ecoando na sua mente ’’ Minha garota’’, O menino passou as mãos no queixo ainda a olhando, e só desviou o olhar, quando null atendeu o telefone.
- Oi... – Ela disse. – Sim, aqui é a filha do John null... – uma pausa. – Eu preciso de um horário com o Jack Spelman. – Outra pausa. – Negócios... Põe em nome de null. – null disse, e todos se entreolharam. – Obrigada Silvia. Tenha um bom dia. – Ela desligou o telefone e suspirou fundo.
- E aí? – null perguntou, fechando as mãos em punho, mordendo a parte entre o dedão e o dedo indicador, nervoso.
- Temos um horário, em meia hora com o Jack... – A garota respondeu, se esticando na cadeira e gradativamente, cruzou as pernas, ato que fez os quatro encarar aquilo. – Eu acho que o null está lá, e também acho que de alguma forma o Jack tem a ver com a adoção dele, o que não me surpreende, já que esse cara é sujo... – null fez uma careta, os garotos a acompanharam. – Ele vai agir por impulso porque esse é o único assunto que faz o null perder a cabeça, então, vamos lá... Se ele conseguir entrar pra dentro do condomínio... – ela levantou da cadeira, ajeitando sua saia jeans branca.
- Então vamos... Você sabe onde fica? – null perguntou, andando ao lado de null pelo corredor.
- Eu sei, só que, espera um segundo que eu vou conversar com a minha mãe. – a menina falou, parando em frente ao balcão onde Spyler teclava sem parar, mas assim que o rapaz percebeu o quarteto de homens atrás da menina, direcionou novamente aquele sorrisinho. – Olha só, acho que, O Spyler pode fazer isso por mim, avisa minha mãe que saí pra procurar o null. – Ela piscou para o amigo, que sorriu, assentindo positivamente.
Spyler era obcecado por null, pelo estilo dela, pela personalidade dela. Definitivamente, pessoas como null eram difíceis de achar, pelo menos ao ver de Spyler. Mas naquele momento, em que viu os quatro garotos andarem atrás dela, como se null soubesse exatamente o que fazer, e fosse a direção certa de todos, Spyler abriu um verdadeiro ’’o’’ nos lábios. Ele continuou olhando a ação dela, até o elevador se abrir, ela era a garota dos caras, não de uma maneira ruim, aqueles quatro deuses eram os caras dela, e ela era deles. Spyler teve a certeza naquele momento, de que null era sua inspiração, ele queria ser como ela, estava com inveja... Assim que todos entraram no elevador, a menina ficou na frente – Spy ainda não tinha deixado de olhar aquela cena. – null apertou o botão, e antes que as portas fechassem, piscou para ele. Foi o suficiente para o garoto quase pular e bater palmas para ela, até porque, os quatro garotos lindos, estavam o olhando, e depois alternavam o olhar para as pernas de null. Provavelmente agradecendo por ser verão. – Então ele riu, andando até sala de Renê.
- Ok, e o que vamos dizer pro Jack? – null falou dentre o silencio. Tinha coisa mais desconfortável do que estar entre null e null, apertada, no banco de trás?
- Não vamos falar com o Jack, null, acorda! – null reprovou null, e depois trocou olhares com null, o menino olhava janela a fora, com aquela cara da qual, todos conheciam, null seguiu o olhar, e reparou nas veias do pescoço de null... Era tentador, seu pescoço, e o cheiro de perfume masculino, forte... Estava ficando insuportável lidar com seu desejo.
- Mas marcamos horário pra que então? - null se ajeitou no banco, sem perceber, apertando mais null contra ele, e null.
- Só marcamos pra podermos entrar no condomínio, Mané. - null respondeu.
null percebeu os dois perfumes se fundindo, o perfume de null e null. Era bagunça total na sua mente, no seu coração, assim como aquela situação, ela mal conseguia respirar diante dos dois. Aquela cena refletia fisicamente o que estava acontecendo dentro de si. Estava apertada entre os dois, sendo pressionada, sem saber o que fazer, nem como se mover, e mesmo assim, não podia sair daquilo. null ainda a olhava quando ela por fim, percebeu, ele parecia entender o que os olhos dela diziam.
A menina deu um pulo para fora do carro, respirando fundo, de olhos fechados, assim que chegaram em frente ao condomínio. null não estava lá, então era isso, ela precisava se concentrar em null, e não em null e null bem atrás dela. A garota andou até a vala da segurança, e indiciou seu sobrenome. Os portões se abriram logo depois, e todos entraram juntos pelo caminhado bem feito do condomínio mais luxuoso da cidade. De certa forma, null nunca imaginou que um cara como Spelman, que trabalhava com algo tão sujo, ganhasse tanto dinheiro a ponto de manter uma casa fantasma, afinal, Spelman não morava ali. Mas enfim, ela continuou caminhando com os garotos, até avistar null.
- Ai meu Deus, é o null. – Ela balbuciou, parando de andar por um segundo, todos pararam junto, olhando para direção onde null olhava.
- Graças a Deus. – null falou.
null estava sentado em um dos bancos do gramado, com a cabeça abaixada, parecia pensar muito. Sua feição de lado, parecia triste. null sentiu um alivio no corpo ao ver que null estava lá, mas ao mesmo tempo uma preocupação distinta por pensar no que ele podia ter ouvido, ou qualquer outra coisa que pudesse ter o deixado triste. Quando null os viu, levantou lentamente, e depois suspirou, engolindo seco.
- null! – null gritou chegando até ele. – Puta que pariu, você não pode fazer isso. – A menina chiou, batendo os pés.
- Eu devia saber. – Ele comprimiu os lábios, e depois levou o olhar para o alto, tombando a cabeça para trás.
- null... – A menina chegou mais perto dele, colocando uma das mãos em seu ombro. – O que aconteceu? Você tá bem?
- Bom... – Ele pareceu se irritar. – Bem eu não estou, null. – O menino falou alto, fazendo null dar um passo pra trás, a garota sentiu o coração doer. – Eu sei que a resposta pra tudo tá lá dentro, mas eu sou covarde demais pra ir saber! – O menino deu um giro por si próprio, passando as mãos nos cabelos de fora a fora.
- Você não é covarde. – null disse baixinho, mas assim que fez menção de chegar perto dele outra vez, null se afastou.
- É claro que eu sou, null! – Ele gritou. Todos os garotos os olhavam com pesar, e certamente, aquilo fazia null sentir-se pior, talvez null devesse ter ido sozinha, ela sabia lidar melhor, era o que achava. Sabia que sentir pena, ou passar que sentia pena a null, o deixaria pior.
- Não, não é.
- Eu sou sim. Minha mãe não quer contato comigo, eu posso ir saber o porquê, eu posso acabar com isso, mas não, eu não consegui chegar perto daquela casa! – null falou alto, outra vez. Dessa vez, null ficou calada.
- Ei cara, foi melhor assim. – null chegou até o lado de null, trocando olhares com ela. Naquele momento, null reparou que as coisas estavam feias, porque o olhar dele, se fosse possível, poderia perfurá-la – Agora que você já sabe, é melhor pensar sobre o assunto, e voltar aqui quando estiver preparado. E não por impulso. – null tocou o ombro de null, que pareceu pensar nas palavras do amigo.
- Você tem razão. – null disse algum tempo depois, sendo assim, todos suspiraram.
- Tá, então vamos. – null tomou null pelos ombros. O abraçando.
Todos começaram a seguir rumo para o carro de novo, null deu um suspiro triste por null, e continuou o caminho atrás dos garotos, que conversavam com o amigo, tentando reanimá-lo. null realmente tinha que se acostumar com aquela situação, mas tudo bem que, ela não tinha o direito de dizer aquilo, se não tinha ideia de como era saber que sua mãe verdadeira não queria conhecê-lo. Estava tão avoada, que sem querer, tropeçou na sarjeta, mas logo sentiu duas mãos a segurarem.
Não era brincadeira, ela sabia de quem era o toque. Seu corpo sabia. ele estremeceu de cima a baixo, ouriçando todos os seus poros, seu coração foi parar na boca, e essa, essa era a sensação que o simples toque de null lhe causava. Assim que ele a colocou de pé, a menina virou-se pra ele assustada, porque null ainda tinha uma de suas mãos na cintura dela, procurando por seu olhar. null sabia que não podia encará-lo, mas ia, porque era teimosa, porque era apaixonada, porque odiava lutar contra aquilo. A menina encarou null com os olhos negros e cortantes, ele não estava contente, seu corpo da mesma forma, estremeceu com o olhar, mesmo não sabendo qual era o problema, raras eram as vezes que null ficava daquele jeito.
- Desculpa por desapontar você. – Ele disse, fazendo null o olhar com dúvida.
- Do que você está falando? – A menina questionou, null desceu a calçada, ficando na rua, e na altura de null, já que ela era um pouco mais baixa que ele.
- Me responde uma coisa? – null a cortou, suspirando irritado. Sua expressão era rígida, e null estava começando a ficar irritada com aquilo.
- O que tá acontecendo null? – Ela rebateu, também bufando.
- Você e o null... – Ele engoliu seco, era como se estivesse dado o soco em si próprio, sentiu seu estomago encolher.
- null... – null começou baixo, e viu null rir.
- Não, não começa com suas explicações – Ele suspirou irritado –... Eu sou.. – O menino deu um passo para trás. null pode perceber que o fato de apenas pensar que null e ela estavam juntos, fazia null pirar. Não iria ser hipócrita e dizer que não havia ficado minimamente feliz por ver que ele se importava, mas, novamente lembrou-se da sessão de palavras em que ele disse que tudo tinha sido uma mentira.
- E se estivéssemos? – Ela perguntou, dando um passo até ele. O garoto a olhou, sério.
- Estão nos esperando, vamos. – Ele cortou-a, ríspido, começando a dar passadas largas até o carro.
- Me responde, null! – A garota começou a andar rapidamente atrás dele. O corpo de null se esquentava cada vez mais, de uma maneira rápida e devastadora. Só de imaginar ambos juntos de novo, e imaginar que teria que conviver com aquilo. Queria acabar com null! – E SE ESTIVESSEMOS? – Ela gritou em seu encalço.
O impulso foi tanto, com a mistura de seu coração meio dolorido, e seu corpo quente. A falta de sanidade que só aquela incerteza lhe causou. null estava fora de si, seu rosto deveria estar vermelho, e null pode notar as veias saltadas no pescoço. O menino virou subitamente para ela, voltando seus passos, tão rápidos, como os que estava dando, e a puxou pelo braço, fazendo com que null batesse contra seu peito, e aquele impacto fez ambos entrarem em tipo de choque, o de null por sentir seu corpo de novo, o cheiro de novo, a força dele de novo. E ele, por sentir que null estava em seus braços, mesmo naquela situação.
- Vocês não estão. – Ele falou perto dela, num sussurro ríspido, mas bem delineado.
- E se estivéssemos? – null sussurrou de volta. Seu coração podia sair da boca naquele momento. ela respirava forte, assim como ele.
- Se estivessem, eu seria obrigado a fazer tudo outra vez. – O tom de voz dele foi abaixando gradualmente, e assim, ela pode ver os olhos dele pararem em sua boca. E como ela queria beijá-lo. Matar sua sede, aquela sensação de adrenalina correndo por seu corpo foi como um remédio pra toda sensação ruim que ela estava tendo. Queria mais daquilo, seu coração batia a milésimos de segundos, mas sabia que null não podia dar sempre, porque ela não podia aceitar a condição.
- Mentir também? – null questionou. O fraquejar de null, foi claro para ela ver que ele havia ficado afetado com o comentário. As mãos dele foram se soltando de seus braços, e ele engoliu seco.
- Eu não sei como você consegue sustentar a tese de que eu nunca fui apaixonado de verdade por você. – null falou triste. null sentiu um soco no estomago ao ouvir aquilo. Ah, ótimo, tudo outra vez? null maldito null!
- Que droga null! – Ela gritou se afastando dele. – QUE DROGA! – O menino suspirou pesado, dando alguns passos para trás também – Você não pode fazer isso! – null abaixou o tom, mas ainda falava alto, ela estava irritada, e fazia vários gestos com as mãos. null queria explicar, por Deus como queria, mas não podia.
- O que eu não posso fazer? Estar apaixonado por você? – Ele gritou de volta, e ela parou para olhá-lo fixamente, soltou um riso irônico, passando a língua nos lábios logo depois.
- Você não pode me confundir assim! – null gritou, andando até ele, a menina deu um murro no peito dele, e grunhiu logo depois, exalando raiva. null ficou em silencio. – Não pode acabar com tudo, e depois dizer que está apaixonado, null, você não pode me controlar desse jeito! Isso dói! – Ela gritou a última frase.
- E você acha que eu também não sinto? – null gritou. – Acha que não dói em mim? - Ele chegou perto dela, null tinha os olhos fechados.
- Por que você fez isso? – null perguntou, calmamente. Ainda de olhos fechados. Mas null não respondeu, e ela entendeu que ele não diria nada. Aquele maldito gosto amargo se juntou em sua garganta, foi como se toda sua adrenalina de segundos antes tivesse evaporado. Ela definitivamente precisava de mais. Porque voltar a estaca zero, sentindo-se como naquele exato momento, era devastador.
Assim que abriu os olhos, mesmo que aquilo fosse o que havia sonhando a muito tempo. Afastou-se dos braços de null com calma, porque não poderia ceder tão fácil assim, e não iria. Não podia. null sabia que era muito mais que isso. Muito mais que seu desejo, e sua paixão, ela tinha que ser porque se não, o que sobraria dela outra vez? Nada. Ela já não tinha nada, se null a fizesse sofrer de novo, ela iria pro buraco, então precisava de certeza, precisava de um motivo, e se ele não desse, seu amor por ele não seria suficiente, porque seu coração não suportaria de novo.
- Para de me perguntar isso toda hora, null. – null pediu, engolindo seco, ela pode ver a saliva fazendo caminho em sua garganta, fazendo-a acreditar por segundos que null parecia se machucar a cada pergunta como aquela, feita por ela.
- Eu não entendo você, null. – null bufou. – Uma hora é apaixonado por mim, e outra não pode simplesmente dizer, porque diabos você acabou com tudo?
- Você deveria entender.
- Não, eu não deveria entender. Eu não vou entender. – null viu nitidamente, a menina se avermelhar, e ao mesmo tempo, perceber que a reação de null era desesperada por uma resposta. Isso era tudo que ele tinha que dar.
- E eu não posso fazer nada em relação a isso. – Ele murmurou baixo. Um silencio ensurdecedor pairou entre eles por segundos torturantes, null mal conseguia respirar, seu peito estava apertado, e o dele mais ainda. Enfim ela suspirou, o que fez null desviar a atenção a ela.
- Quando... – null hesitou. – Quando você descobrir o motivo, null, me procura. – A garota acariciou os ombros dele, lutando com todas as suas forças para não beijá-lo. – Só cuidado pra não ser tarde demais.
Aquelas palavras botaram fim nos argumentos de null, o deixaram sem fala. O menino olhou null andar, rebolando daquele modo que o deixava caindo pelos joelhos, e implorando por ela, naquela saia, e meu Deus, o que ele estava pensando? Respirou fundo. Não podia mentir mais, e não podia contar a verdade, então, era uma prova de fogo. Quem iria ganhar o coração da trouble? null não tinha plano, mas já a havia feito se apaixonar uma vez, então uma segunda, não haveria problemas. Ele só tinha que começar de novo.
Só que, null não era o único. Quando null viu null sair de dentro do condomínio com null atrás, com as mãos no bolso, e o mesmo olhar de quando pegou ambos na mesma sala, com a desculpa do trabalho, ele sabia que teria que fazer o melhor, descobrir o erro, se superar. null não tinha dúvidas de que a amava. Tudo bem que ninguém nunca havia o feito sentir tanta dor quanto null, mas, talvez por isso, ele gostasse ainda mais, era um tipo de ciclo idiota, ele tinha que conquistá-la de novo. Tinha achar o ponto exato de quando a perdeu, pra recuperá-la. Ele engoliu seco quando novamente, null se punha entre ele e null. Não deixou de notar o olhar dele sobre ela, e depois, ambos trocaram olhares, como se já travassem uma luta interna por aquela garota.
Mas agora, null não estava mais tão desconfortável com a situação. null estava respirando normalmente porque, estava cansada de sentir aquilo, tinha que dar um basta, precisava desligar aquilo, praticar outra “ela”, precisava acabar com aquilo, antes que aquilo acabasse com ela.
***
- [...] Festa, null, eu estou falando de Camping Candence. – null ouviu, antes de entrar em uma das salas da POISON.
- Então quer dizer que a trouble, realmente está de volta? – null e null olharam de susto para a porta, e viram null parado, o menino sorriu de lado. Ela conseguiu sentir todos os seus músculos se reprimirem com a presença dele. Como isso era possível?
- É o que eu estou deduzindo, null. – null soltou num abafo, e bateu uma das mãos na mesa, fazendo a cadeira girar em direção a null.
- Qual é! – null protestou, também girando a cadeira na direção de null. – É só uma festa. – A menina balançou a cabeça de um jeito sexy, null não conseguiu segurar seu olhar para o modo sexy que null estava sentada. E ela, percebendo isso, retribuiu o olhar, arqueando uma das sobrancelhas.
- Festa? – Renê entrou na sala, com uma pasta de papeis em mãos.
- Ah, ótimo. Mais uma. – Eles ouviram null murmurar.
- Vai e arrasa filha, desde que você chegue as oito da manha, e sem moleza no meu escritório. – A mulher piscou para a filha, que sorriu de canto, e depois trocou olhares com os garotos.
- É que você não imagina...
- Cala a boca, null. Você vai ser meu parceiro, ou eu vou ter que te manipular, daquele jeitinho? – null encarou null seriamente, debruçando-se sob a mesa em direção a ela, e null fez o mesmo. Assim, ambos ficaram por pelo menos dez segundos, antes que Renê percebesse.
- Ok, chega. – Ela bateu as papeladas em meio aos dois. – Vai ter que ser a moda vintage, não temos outra opção.
- Mãe, você vai se arriscar? – Renê olhou pesarosa para a filha, mas realmente, a POISON não havia outro repertorio, e não poderia fugir tanto do tema do verão. Mesmo que não fosse impactar, pelo menos uma matéria iria sair.
- Não temos opção. É Vintage e acabou. – null encarou a mesa de madeira por longos segundos. Realmente ela não tinha ideia alguma.
- Desculpa a intromissão... – null começou num suspiro, e caminhou até Renê. Todos os olhares da sala foram parar nele, o garoto parecia meio receoso, mas ainda assim, certo do que iria falar. – Minha mãe lê essa revista, compra diretamente das bancas que vendem coisas do Brasil, porque ela ama, e minha prima ama a moda Vintage que a revista dispõe, porem, acha um saco o a forma, como dispõe. – Ele disse. null arqueou uma das sobrancelhas, se endireitando na cadeira, enquanto Renê fez o mesmo, vendo o garoto pegar uma revista da POISON, e outra da TEEN VOGUE.
- E o que você sugere? - Renê apoiou seu dedo indicador na parte lateral do rosto, com um olhar desafiador, null respirou fundo.
- Acho que misturar as coisas seria uma ótima maneira de sair da monotonia. – Ele falou. null e Renê se entreolharam. A menina não conseguia tirar os olhos da forma como null apresentava tudo aquilo. Ela estava encantada, e se a vontade de null era com que null o olhasse com outros olhos, havia conseguido.
- Como?
- Simples. O que mais atrai leitores? – Ele olhou para null, e depois para Renê, e null. – Escândalo! Ou, seus ídolos. misture uma coisa com a outra: Adolescentes pop, melhores modelos bombásticas, e sua moda Vintage para vesti-los. – O menino mostrou uma das modelos na capa da revista TEEN VOGUE, e a moda Vintage da POISON.
Renê parecia boquiaberta com a ideia de última hora. null tinha um sorriso fofo no rosto, porque no fundo, ninguém esperava que null tivesse tanta criatividade para criar aquilo só batendo os olhos nas revistas. null não conseguiu dizer nada, só olhar para ele, seu olhar pretensioso, e sacana. Sentiu falta daquele olhar, a muito tempo null não a olhava como sua conquista, e não que ela quisesse ser a sua conquista, mas, seus olhos, últimamente, a tinham olhado com um ar de culpa, como se houvesse conseguido o que queria, mas com a culpa. Enquanto null paquerava null, jogava os olhares, e queria tirá-la de si, nunca imaginou que realmente, uma garota como ela, iria dar bola, por isso aquilo havia sido um devaneio louco, e incrível, que ele só se deu conta de que era louco, quando teve null em suas mãos, e da mesma forma, só viu que era loucura deixá-la ir, quando viu a falta que ela fazia.
- null null. – Renê levantou da cadeira, abraçando o garoto com todo o apreço do mundo. null e null riram com a ação, e null se assustou um pouco pela surpresa, mas abraçou a mulher de volta. – Você é meu anjo.
- É um honra. – O garoto fez reverencia, e Renê riu.
- Se você tinha a intenção de me conquistar pela null, conseguiu.
- Mãe! – null olhou null corar em segundos, e depois riu.
- Então acho que eu to no caminho certo. – Ele piscou para a mulher, ela trocou olhares com null, que escondia o rosto nas mãos.
- Tudo bem! – null levantou, esfregando uma palma na outra. – Hora de ir! – O menino ajeitou a calça na bunda, Renê fez careta. – E, eu te pego as oito. – O menino piscou para null.
Foi o suficiente para que a menina começasse a gritar mais do que devia, o que fez novamente, Renê fazer cara feia, null olhou serio para null, e depois tornou o olhar pro chão. Pelo que bem entendia, a garota que null se transformava ao ir nessas festas, não era a mais santinha de todas, e mesmo que quisesse lutar contra aquele sentimento ridiculamente possessivo, já não bastava null, ele teria que ir contra um Camping inteiro? As festas de verão da Candence eram uma atrás da outra, então...
- Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. – null pulou no colo de null, beijando seu rosto. De um modo em que null não conseguiu sentir menos do que inveja, seu corpo estremeceu de um jeito ruim olhando a cena, e então foi obrigado a desviar o olhar novamente.
- Ok. Ok. – O menino disse, assim que ela desceu de seu colo.
null virou-se para a mãe e null, no mesmo momento em que null saiu da sala. Encarou os dois a olhando, como se fossem seus pais. Nunca imaginou que veria null e sua mãe lado a lado com um olhar quase que matador. Renê não iria proibir null, mas também não era como se a apoiasse a sair e beber, sabia qual era o tipo de filha que tinha, null era um anjo, mas sabe-se lá o que fazia quando bebia. A mulher suspirou fundo, e pegou os papeis da mesa, enquanto null ainda mantinha os braços cruzados, olhando para o chão.
- null – Renê botou uma das mãos, nos ombros de null, fazendo-o olhá-la instantaneamente. – Quero você junto nessa matéria. – null e null arregalaram os olhos na mesma hora.
- É...Claro. – O menino gaguejou um pouco, trocando olhares com null.
- Quero um titulo para a matéria até o fim da semana... – Ela andou até o lado de null, e parou no mesmo, suspirando. – Eu quero que vocês dois me deem um titulo até o final da semana. – null sentiu o coração bater forte do peito, mais tempo com null, era só isso que conseguia pensar.
Ele não conseguiu deixar de sorrir, era como se Renê estivesse dando uma chance, uma oportunidade, a oportunidade que ele iria fazer valer a pena. null conhecia cada centímetro do corpo de null, e de quem era ela. E ia se aproveitar disso. Sabia que ainda causava nela vários tipos de calafrios, mas que ela era teimosa demais pra ceder. Ele tinha errado, mas não perderia tempo tentando consertar, então, null que se cuidasse. Ele queria rir e gargalhar naquele momento, um misto de alegria e esperança tomou conta do seu corpo, querendo naquele mesmo momento agarrar null e deixar claro que, se as pessoas não conspiravam ao ser favor, o universo conspirava. Mas isso não importava, porque, ele poderia mudar tudo.
Mais uma vez, a sala era deles, somente deles. null cruzou os braços e sorriu como se já esperasse receber aquele olhar de null. O menino levantou os olhos lentamente até ela, dando passos da mesma forma, tentando fazer uma ligação telepática com ela. null soltou o riso, fazendo um gesto negativo com a cabeça. Aquilo era demais pra ela, não conseguiu fugir, seu corpo não conseguia. Eu já disse que ela, não era ela, quando se tratava dele? null tinha controle sobre si, e naquele exato momento, sentiu raiva por deixar tão explicito a ele isso. O olhar, que descia por seu corpo e subia, null arfava só de imaginar seu beijo novamente, não seria difícil ceder a um beijo dele, era tentador. Os lábios dele atraiam seus instintos mais sacanas. Mas antes que null pudesse chegar a uma distancia que ela sabia que não teria realmente o controle, a menina o parou, colocando uma das mãos em seu peito.
- O que você acha que eu vou fazer? – null perguntou baixinho, perto de seu rosto, eles estavam numa distancia pequena, mas ainda não se roçavam.
- Eu não faço ideia, mas é melhor se prevenir. – A menina respondeu, encarando as esferas de seus olhos maliciando-a. Era como se null soubesse que null a imaginava de mil e uma maneiras maliciosas na sua mente, só olhando em seus olhos.
- Você se acha demais, null. – null sussurrou perto do ouvido dela. Seu coração parecia ter parado de bater, e pra descontrair, ela riu baixinho. Dessa vez, quem sentiu o coração sair do lugar foi null.
- Eu não acho, eu sou. – null piscou, sorrindo com todos os dentes.
null se imaginou, fechando a porta com um impacto, e jogando null por cima daquela mesa. Imaginou como seria tirá-la daquele maldito shorts branco, imaginou como seria beijá-la com fervor novamente, ter sensação de suas mãos passeando sobre suas pernas, sobre seu corpo, e em como ele iria morrer de excitação, quando ela beijasse seu pescoço com seus lábios delicados. Novamente, null sentiu o corpo estremecer por ver aquilo em seus olhos. null tinha fome neles, era como se ele estivesse passando todas as sensações pra ela, por eles. A garota sentiu o corpo esquentar em segundos, naquele instante em que ficaram em silencio.
- Nos vemos mais tarde. – Ela ouviu ao longe, enquanto vagava os olhos pelo pescoço e metade do peito de null, quase desnudo pela camisa social aberta até a metade.
null riu, vendo-a daquela forma, e então a beijou no canto da boca. Não era ali que ele queria parar, por isso o beijo foi longo, fazendo seus perfumes e halitos se misturarem. null fechou os olhos, e quando os abriu, null não estava mais lá, como se tudo não tivesse passado de um sonho. Aquela sensação de adrenalina que ela havia começado a adorar, novamente foi esvaindo gradativamente. E só então null notou na vulnerabilidade que seu corpo estava. Se qualquer um lhe tocasse naquele momento, ela se arrepiaria. A garota ficou em choque com a tamanha manha de null, em deixá-la daquela forma sem tocá-la direito, sem um beijo, ou algo que, como uma pessoa normal, fosse quente o suficiente para lhe deixar de pernas bambas, quente, com vontade de explodir de... Algo que pulsava. Ela estava irreversivelmente e perdidamente louca por ele. E por esse motivo, precisava de mais adrenalina, precisava esquecer, ou se não, sairia correndo para os braços dele sem pensar duas vezes.
Pediria que null a jogasse na mesa, pediria para que null a beijasse e a possuísse de maneiras inimagináveis aos seus olhos, diria que seria dele, null não iria se negar a ser dele desde que ele fizesse aquilo toda vez, que a fizesse sentir o peito bater, o ofegar... Seu corpo ainda estava em choque, e ela ainda estava parada ao meio da sala, pensando nele, até sentir uma respiração delicada perto de seu pescoço, por trás.
- O que você esta fazendo, exatamente? – Suas costelas pareceram travar com o ar, estava ficando absurdamente difícil lidar com seus sentimentos. Ela virou-se em lentamente, e encarou null mais perto do que imaginava, até ele se assustou com a aproximação, trocando olhares involuntários com a boca da garota.
- Eu não sei. – null sussurrou para ele. Pediu ajuda pelo olhar, e ele percebeu isso.
null chegou bem perto de null, ato que fez seus narizes se roçarem, e mais uma vez, ela achou errado o que estava fazendo, ou, nem tanto, parando pra pensar. Estava se aproveitando do estado em que null a deixou, desabando tudo em null, ele não achou ruim, mas também nem desconfiava que o causador da guarda baixa dela, era null. a garota fechou os olhos por instinto, esperando pelo beijo.
Mas null não fez nada.
Ele ficou encarando null daquela maneira, de perto, quase dele, como antes. null era bonzinho demais pra se aproveitar daquilo, ele sabia que null não estava normal, porque ela nunca o deixaria fazer qualquer coisa com ela com tamanha facilidade como aquela. Ele a puxou num gesto rápido, mas sutil, pela cintura, espalmando uma de suas mãos pelas suas costas, e começou a acariciar. null estava entorpecida com algo, queria chorar, e ao mesmo tempo continuar ali, seu corpo estava se lembrando aos poucos do toque dele, e de como era apaixonada por aquilo, mas ao mesmo tempo, sua mente trabalhava no perfume de null, que mesmo não estando ali, ela conseguia sentir. Sentia-se tão confusa que poderia desmaiar, ela queria desmaiar, talvez aquela bagunça passasse. null sentiu seu nariz roçar-se com o null, de um lado par ao outro, deduziu que ele também estivesse de olhos fechados, sentindo o momento, reconhecendo um ao outro novamente. Logo, ele juntou seu corpo ao dela, beijando a testa da garota, e depois sua bochecha, e antes que tomasse corajem para beijá-la, null abriu os olhos, encarando os de null, assustados, com medo. Ela também estava, por isso, só o que fizeram por um tempo indefinido, foi se olharem, digerindo cada onda elétrica que percorria seus corpos pelo contato físico.
- Me desculpa. – Ela sussurrou. Fechando os olhos. null entortou a cabeça para olhá-la.
- Pelo o quê? – O garoto deslizou uma de suas mãos pelo rosto dela, descendo pela lateral de seu braço, até chegar a ponta dos dedos. null hesitou, olhando nos olhos dele, eram um tipo de perdição, seu estomago revirou-se, e na ação instintiva de seu corpo, ela se afastou com brutalidade de null, dando uma volta para sala, procurando ar puro, recuperando sua sanidade. – Ei, você tá bem?
- Eu to. – null assentiu de imediato, passando as mãos nos longos cabelos, os jogando para trás. – Vamos almoçar?
- São três da tarde, null. – null comentou, rindo de leve. E ela sorriu junto pelo modo fofo de null.
- Pra mim não importa, já que não almocei ainda. – Ela chegou perto de null, o puxando pela mão.
No fim, null não conseguiu achar um restaurante próximo que ainda servisse o almoço as três da tarde. null andou com ela pelas ruas de Londres por um bom tempo, até que ela decidisse parar em uma padaria qualquer, pra comer. Eles ficaram um bom tempo nela, revivendo os momentos. Por pouco tempo, na rua, enquanto ela fazia caminho para casa com ele, null arriscou abraçá-la, null sentiu o corpo esquentar com a atitude dele, o cheiro de null não era nada parecido com o de null, mas a fazia entrar em um tipo de nostalgia, como se aquela paixão que a deixava sem ar, só de olhar null e seu sorriso, voltasse, borbulhassem dentro de seu estomago. null respirou fundo quando pensou em null,algo que causou desconforto, talvez por notar que os braços de null não eram tão mais aconchegantes, depois de ter experimentado os de null. Era ridículo, sim. Era horrível e detestável. null se odiava quando pensava assim, mas não era algo que vinha pensado, seu corpo não queria ninguém mais, porque se pudesse querer alguma coisa, com certeza escolheria um relacionamento, nem que fosse monótono, mas que não a fizesse sofrer como null fez.
Quase ao anoitecer, null quis passar na casa do pai, não o via a quase um mês, a não ser por ligações bem básicas, do tipo ‘’ você está bem? ‘’ Mas, havia sido criada por ele, e não podia simplesmente deixar seu pai daquele jeito, por causa de Paris, apesar do que ele tinha se tornado.
Ela entrou na casa, sentindo o cheiro de tulipas, sentiu o nojo percorrer suas veias. A cautela que entrou na casa dava a entender que null nunca havia posto os pés nela. O ar era mais sério, e tudo estava em um completo silencio, tudo parecia ser executivo demais, e certo demais, não era mais confortável, não era mais a sua casa. Estava diferente. Entre as passadas que deu em silencio, com null ao seu encalço, quase chorou, seu peito apertou de tristeza por tudo que havia passado ali. Era como se um filme rebobinasse na sua mente, os momentos em que desceu as escadas num vulto, para encontrar null na porta. Olhou para o balcão da cozinha o vendo impecavelmente limpo, conseguindo projetar a imagem denulle ela sentadas, comendo uma panelada de chocolate com panquecas, e Bertram rindo ao lado. Seus olhos se encheram de lágrimas, e por fim a sala. O sofá. Ela e null, sozinhos na casa, e o flagra de seu pai.
Flashback On.
- Não é possível. – Ela entrou na casa, jogando seu casaco em cima do criado mudo do Hall.
- É claro que é possível, null. – null disse, indignado. null virou-se para trás encarando o menino de braços abertos e uma carranca desafiadora, a camisa preta delineando claramente a estrutura de peito, e abdômen fez null suspirar, voltando a olhar nos olhos dele.
- null, não discuta comigo. – Ela deu um passo até ele, apontando seu dedo indicador para seu rosto.
- Eu não sou um cara que aceita uma garota apontando o dedo pra mim, e ainda pior, me dando ordens. – null agarrou a mão que apontava para ele, num movimento rápido, prendendo null nele pelos pulsos, ela engoliu seco, começando a sentir o peito bater rápido.
- Eu não te dei ordens, te dei um aviso. – Ela sussurrou, bem perto dos lábios de null.
- Não quero nem um, nem outro. – Ele chegou mais perto dela, como se aquilo fosse um jogo, e ela adorava aquele tipo de provocação.
- E o que você quer então, posso saber? – null aumentou um pouco a voz; O sorriso que null deu ao ouvir aquilo foi o suficiente para que ela sentisse a respiração descompassar, seu corpo se arrepiou, mas ainda assim, tentou não transpassar aquilo a ele.
- Eu não sei... – null se fez de bobo, empurrando null para dentro da sala. A garota começou a rir pela ação idiota dele. Seu corpo se esquentou em segundos, assim como o dele. – Pode ser... – Ele entortou a boca, soltando os pulsos dela.
- Isso? – null beijou o pescoço dele, de um jeito molhado e lento. E ele foi a loucura depois disso, fechando os olhos com a sensação, null sorriu pretensiosa, cruzando os braços.
- Você não presta. – Ele murmurou, ainda de olhos fechados, e assim que foi os abrindo, viu null mordendo os lábios. – E felizmente, eu também não.
null empurrou null para o sofá, jogando seu corpo todo em cima dela num tempo recorde; null não sabia como, mas a mão dele fez um caminho muito rápido para dentro de sua camiseta, descendo das costelas, até um pouco dentro de sua calça, no osso de sua cintura. Os arrepios eram contínuos em ambos, querendo acabar logo com aquilo. null mordeu o lábio dela, rindo em seguida, enquanto sentia as mãos de null fazerem um trabalho incrível nas suas costas, e abdômen; Ambos retornaram o beijo, pressionando suas bocas, uma contra a outra, fazendo com que os estalos fossem ficando mais altos, e mais ofegantes, as arfadas já não estavam sendo suficientes para extrair todo aquele calor de seus corpos, e o suor começava a brotar em suas testas, precisavam acabar com aquilo.
- Eu espero que... – null arregalou os olhos no mesmo momento ao ouvir a voz do pai, muito perto, e assim que levantou a cabeça, percebeu que John havia acabado de entrar na sala, e estava com o celular na orelha, paralisado, olhando para ambos quase nos finalmente, ali na sua sala.
- Merda. – null murmurou, null comprimiu os lábios se ajeitando mais rápido do que chegara ali, e logo foi se recompondo, estava meio difícil, mas conseguiu.
- É... – John balbuciou, fechando e abrindo os olhos várias vezes. null cerrou os dentes e olhou para null, não havia como ficar mais envergonhada como naquele momento. – Mark, te ligo mais tarde... – Ele finalizou a chamada, ainda olhando para os dois adolescentes a sua frente.
- Acho que eu vou indo. – null falou, cortando o clima, John o olhou sério. null fechou os olhos, querendo rir. – Foi bom te ver de novo, senhor null.
- Igualmente, null. – A voz rígida de John, fez com que null voasse dali, null pode ver ele sorrindo a ela, e então comprimiu os lábios para não soltar a risada em frente ao seu pai. Se despediu com o olhar de null, e voltou a encarar John.
- Que bom que chegou, pai. – Ela falou com um sorriso, queria rir, mas aproveitou a vontade que estava, para sorrir mais abertamente possível.
null andou rápido até a cozinha, e antes que cruzasse o hall para chegar até ela, beijou o rosto do pai. John ainda ficou estático, na sala por minutos, null ouviu o homem subir as escadas, e depois descer, mas o olhar ainda era o mesmo, um choque. Ela queria rir, porque John nunca havia visto nada parecido, e talvez nem imaginasse, null sempre foi a princesinha, ela entendia que aquela havia sido uma cena forte pra ele, mas ao mesmo tempo hilária, para ela. null caçou mais uma colher de dentro do pote de sorvete, debruçada na bancada, e viu John se escorar do outro lado, começando a fazer o mesmo que ela, e assim eles ficaram por longos segundos, apenas saboreando o sorvete de avelã.
- E... Como foi seu dia? – John começou, trocando olhares com null, e logo depois colocando uma colherada de sorvete na boca.
- Foi,ótimo. – Ela respondeu breve. – E como foi a viajem? – Era nítido o clima meio tenso naquele assunto, porque, ambos sabiam que não era naquilo que John queria chegar; null por sua vez, tentava agir com a maior naturalidade do mundo, até porque, o que fazia com null, era totalmente natural aos seus olhos.
- Foi cansativa. – Ele por fim respondeu, depois de segundos... Se sucedendo mais outros segundos em silêncio. – null, a gente tem que conversar sobre... – John hesitou, fazendo null espremer os olhos. Por esse tempo, a menina se ajeitou no balcão, debruçando-se ainda mais nele, em direção ao pai, deixou a colher de lado, e o olhou como se quisesse saber onde aquilo iria dar.
- Sobre?
- Sobre... Isso que fazemos... Sabe.
- Sexo? – John levantou o olhar para null, vendo-a apoiar a cabeça nas mãos, com um ar bem relaxado e divertido; Mesmo assim, ele não pareceu perceber que null estava quase gargalhando com aquilo, seu pai era uma figura.
- É, exatamente sobre isso. – Ele deixou a colher de lado, e suspirou fundo.
- Ok, o que você quer saber? – John suspirou fundo, e depois olhou para a menina, entrelaçando uma mão na outra.
- Você usa camisinha? Porque isso é extremamente importante, na sua idade, uma gravidez...
- Pai, eu sei sobre isso. Eu uso camisinha. – Ela respondeu com naturalidade, e John a olhou, meio receoso, parecendo estar ainda assustado com o fato. Alias, ele estava.
- Posso saber, desde quando você anda fazendo isso? – O homem arqueou uma sobrancelha para ela, null suspirou ao lembrar-se de null, e hesitou por um tempo.
- Não sei quanto tempo exato, acho que, um ano. – John arregalou os olhos, e null reprimiu o riso, reparando na feição assustada de John; Havia estragado qualquer ideia de pureza que seu pai tinha sobre ela.
- Um ano, e você não me disse nada?
- Pai, o que você queria? Que eu dissesse que fiz algo com o null, e... Olha, tá tudo bem, eu não vou engravidar aos dezessete. Eu sei o que eu to fazendo, e com quem. Não se preocupa. É normal.
- Foi com o null? – null bufou ao perceber que John não havia escutado mais nada depois da frase “null tirou minha virgindade”.
- Foi. – A garota se desencostou do balcão e balançou a cabeça, começando a caminhar para seu quarto.
- Ai meu Deus. – Ela ouviu o Pai murmurar, passando as mãos nos cabelos de várias formas diferentes, e soltou um riso frouxo enquanto subia as escadas.
Flashback off.
- Ei. – null abriu os olhos, parecendo ver as coisas gradativamente, voltarem a uma estranha escuridão, sem vida. E depois virou o rosto para null.
- null! – Ela ouviu a voz de John. – Meu Deus filha, quanto tempo. – Ele chegou até ela, a abraçando por inteiro.
- Poisé. – John olhou a garota dos pés a cabeça, e em instantes, null conseguiu ver algumas lágrimas brotarem em seus olhos.
- Nunca passei tanto tempo longe de você... – O homem comentou, ainda a olhando. – Você mudou... – Ele riu triste, e null retribuiu na mesma medida, suspirando.
- E então... null? – O garoto sorriu, e depois voltou a olhar null.
- Fomos almoçar, e resolvi passar aqui. – Ela respondeu pelo garoto.
- Foi ótimo. Quero te pedir uma coisa. – null continuou olhando para o pai, e assim, não fez menção de falar nada, para ele continuar. – Eu gostaria que você fosse no meu evento de negócios.
- Eu sempre fui, Pai... – A menina respondeu pesarosa, ao se lembrar do saco que era.
- É, mas esse ano é algo diferente. – suspirou. – Terá um tema, e eu preciso de alguém pra me representar. – null abriu a boca para respondê-lo, mas antes, ele a parou, levantando o dedo indicador. – Anos 20. Época do jazz, fúria feminina... Era época de um dos empresários que eu quero conquistar, e enfim.
- Não estou entendendo. – null abraçou o corpo, e null olhou a cena, a achando completamente linda naquela pose pensativa.
- Eu não terminei. – John sorriu um pouco. – Você precisa ter um par, e fazer a dança convencional com o casal, é o marco da festa, não é nada que vá ser tão importante para o resto das pessoas, mas será pra mim. A família null precisa ser bem representada. Cada empresário terá seu próprio casal, representando a família, e... – O home respirou outra fez. – Eu queria que você e null fossem o meu casal.
A garota paralisou por um segundo, processando todos os dados, sobre dançar e... Com null, era como se seu pai adorasse null de uma maneira que null nunca conseguiria tal aprovação. Ela não sabia por que diabos havia pensado daquela forma, mas era desse jeito, null sempre estava em seus pensamentos de alguma maneira, sendo boa ou ruim. null havia se infiltrado nela, como um cavalo de Tróia, invadido todos os cantos possíveis de seu corpo, de maneira que, todas as suas ações, de alguma forma, o ligava a ele. Suspirou mais uma vez, tentando apagar aquilo por pelo menos um minuto, percebendo na sua demora pra responder, e a feição meio assustada e ansiosa tanto do pai, como null. Não tinha como negar, aquilo era importante pra ele, mesmo que nas circunstâncias com Paris, longe dela, ele parecia voltar ao normal.
- Eu não sei, o que você acha null? - Ela voltou-se para o menino, que sorriu de leve.
- Por mim tudo bem. Só que, eu não faço ideia de como dançar. – Ele falou, o que fez John e null rirem.
- Muito menos eu. – null comentou. – Esse tipo de dança é uma negação, anos vinte pai?
- É o ano dele!
- Tudo bem, daremos um jeito. – null sorriu, apertando a mão de John.
- Isso significa que vai passar mais tempo com minha princesa, então, cuide dela. – null e John ainda apertavam a mão um do outro. null engoliu seco ao olhar diretamente para a cena. Ela se sentiu no meio de um fechamento de contrato, onde, a mercadoria, era ela. Seu corpo estremeceu, não sabia porque encarar as coisas da forma mais ridícula possível, mas... null. Chacoalhou a cabeça assim que ele veio em sua mente, de novo.
- Eu sempre fiz isso. – null piscou, e depois sorriu para null.
- Eu tenho que ir terminar de ver sobre isso, lá... – John hesitou novamente, era como se medisse palavras. O homem chegou ate null, a abraçando lentamente, o amor que John sentiu naquele momento, foi compartilhado por ela, e durante os cinco segundos, ele fez aquilo de olhos fechados. – Eu te amo filha. – John sorriu, segurou a cabeça de null, e depositou um beijo longo nos cabelos dela. –
null não respondeu nada, só suspirou. Não que não amasse seu pai, só não queria estragar o momento com qualquer palavra. Mesmo que fossem elas um, “eu te amo”.
No tempo seguinte, em que ela e null andavam para The West Wend, null não disse nada, estava perdida em pensamentos, e provavelmente, null também. O eu te amo, vinha e voltava na sua mente, e ela tentava entender, porque apenas três palavrinhas pequenas, aparentemente inofensivas, faziam tanto estrago, ou tanta diferença na vida de alguém. Todos no mundo, pareciam ter a necessidade de ouvi-la. Mesmo que parecendo pequena, era sensível, era impactante, mas era só uma palavra. Foi então que ela chegou a conclusão de que: Não era a palavra, era a pessoa. Se qualquer um chegasse a ela e dissesse, ‘’ eu te amo’’, não faria efeito, tinha que ser A pessoa. A Pessoa que os momentos do, eu te amo, fossem valer a pena. Só se tornava importante, quando alguém importante a proferisse. Ao mesmo tempo, sentiu medo, ela também queria ouvir, mas não sabia de quem, não sabia exatamente o que queria. A indecisão, a falta de certeza das coisas depois do que null havia feito com ela, a fazia o odiar, mas depender dele ao mesmo tempo. null tinha feridas não cicatrizadas, e, não conseguia consertar aquilo. O queria, e não o queria, queria seguir em frente, e não queria ao mesmo tempo. A indecisão a irritava ao extremo. E era por isso que a sensação de adrenalina, a fazia esquecer de tudo, só viver o momento. Por mais que fosse taxada de impulsiva, também era extremamente intensa. Tudo que a atingia, era mil vezes maior. Imagina o estrago que isso não fazia?
- Então... - null finalmente voltou seu olhar a null, que havia acabado de começar a falar.
- Então? - Ela riu, e ele fez o mesmo, enfiando as duas mãos nos bolsos.
- Então eu vou embora.
- Ah, ok, não que entrar? tomar um café... Qualquer coisa. - null sugeriu, apontando para dentro do hotel com uma das mãos, null negou algumas vezes com a cabeça e depois, voltou a encarar os pés, o que deixou null extremamente desconfortável. - null? Tá tudo bem?
- É que, eu não to sabendo lidar com isso. - O menino falou, ainda encarando os pés.
- Isso o quê? - null perguntou, mas logo depois se arrependeu, ao deduzir o que seria.
- Isso de... - null respirou fundo, tombando a cabeça para trás. null viu o garoto passar a língua nos lábios lentamente, e bom, aquilo foi sexy, porque ela não conseguia tirar os olhos.
- Termina a frase. - Ela o encorajou, ainda olhando null daquela maneira. Aos poucos, o garoto voltou seu olhar para ela, e a forma como ele fez aquilo, fez null perder o ar. Seus olhos pareciam de vidro naquele momento.
- Isso de... Eu estar morrendo de vontade te beijar.
Ambos ficaram quietos, se olhando por um tempo. Quando null viu que null não faria nada, e não diria nada, desviou o mesmo para os pés novamente, começando a pensar. Estava impaciente com aquilo, com sua vontade. E por mais que, realmente quisesse beijá-la, em sua mente, a única pergunta que rolava era: E se fosse null? null hesitaria tanto assim?
null sabia que aquilo não o fazia bem, e não fazia as coisas caminharem pra frente. talvez ele devesse ser um pouco mais homem, e puxá-la para o beijo sem pensar, mas, não era seu jeito. null provavelmente deveria estar pensando em uma maneira sutil, e em palavras que não o magoassem ao dizer “não, null, eu não estou apaixonada por você, mas eu te amo como amigo.” Só de pensar na frase, o machucava, e com isso, ele fez uma careta, e respirou fundo, novamente, olhando para null com a boca entreaberta, o olhando.
- Eu acho que... - null começou, mas parou, assim que ouviu um risinho frouxo de null, meio envergonhado e triste.
- Eu entendi. - Ele fez um gesto com a cabeça, assentindo positivamente, e depois chegou perto de null, para se despedir com um abraço.
Antes que null pudesse efetuar o trajeto, null o parou, botando uma de suas mãos no peito dele. Ele sentiu o coração bater forte no peito, pensando ter sido rejeitado por ela até nisso, tantas coisas passaram na sua cabeça, tanta merda, do tipo de, não deveria ter falado aquilo, devia ter guardado pra si. Mas ao mesmo tempo, sentiu-a agarrar sua camisa, e depois puxá-lo para ela.
E ele paralisou. Literalmente parou de pensar. Seus olhar só se concentrou por talvez dois segundos, em câmera lenta, nos seus olhos. Ele havia esquecido de como era encará-la de pertinho, o olhando fixamente, querendo-o da mesma forma que ele a queria. null sentiu o peito inflamar, e null fazer um caminho lento até seus lábios. A menina mordeu de leve os próprios lábios, antes de encostar os mesmos nos de null. Assim que ele se acostumou com a ideia, foi relaxando. O garoto entortou a cabeça de leve para poder fazer o encaixe perfeito de suas bocas e, literalmente, assim que sentiu o gosto dela de novo, foi como entrar em um tipo de sensação indescritível. null soltou camisa dele assim que percebeu que null tomaria o controle, e então, subiu suas mãos para a nuca dele, as entrelaçando lá trás. null a puxou para si, enfiando uma de suas mãos, bem pouco, para dentro da camisa de null, tendo contato com aquela parte exposta da pele dela. null se controlava para não perder o fôlego, porque não queria que aquilo acabasse, queria sentir que null continuava sendo dele o tempo todo, era um conforto para seu coração.
Mesmo assim, o beijo não durou mais que dez segundos. A garota se afastou um pouco rápido dele, e o encarou, comprimiu os lábios e sorriu estranho, fazendo um caminho rápido para dentro do elevador.
null ainda ficou a olhando, meio atordoado com o que havia acabado de acontecer, lembrando-se da sensação, e do sorriso antes de deixá-lo. Sem dizer absolutamente nada. Não queria pensar assim, mas, ela parecia ter se arrependido, ou, ficado extremamente confusa, assim como ele. null não conseguia pensar, ele só sentia, seu cérebro estava embaralhado, de forma que chacoalhava a cabeça varias vezes, para tentar colocá-la no lugar.
null acordou na manhã seguinte com o coração acelerado. Seus olhos se abriram de súbito na claridade do quarto, pois não havia fechado as cortinas na noite anterior, e no mesmo instante, prometeu que nunca mais iria esquecer de fechá-las. Na verdade, na noite passada, null não havia pensado em nada. Preferiu ficar quieta, só lembrando do beijo e tentando cravá-lo na em seu peito, tentando substituí-lo pelo de null, mesmo não sabendo onde ela guardava aquela sensação que só null lhe dava. Naquela manhã ela se deu conta, de que cada vez mais, tudo que estava fazendo para tentar diminuir o que sentia, se tornava inútil. Só aumentava. Seu corpo estava implorando pelo toque dele. Ela mesma não conseguia raciocinar direito sobre isso porque, não era sua racionalidade que gritava, e sim, sua necessidade por ele.
O pulsar gelado de seu coração talvez também fosse devido a que, ela precisava de um título para o dia seguinte, e precisava criar com null, mas não o havia visto em nenhum dia da semana, ele andava diferentemente misterioso, só que, aquele ar de mistério, ela não conhecia. E isso a assustava um bocado.
De todas as vezes que se sentiu nervosa na vida, aquela deveria estar sendo a pior. Seu coração estava disparado sem nem mesmo ter o visto. null havia decidido que iria até a casa de null resolver tudo sobre a POISON, e bom, o fato de ter beijado null e nada ter mudado, deixava as coisas ainda piores. null só queria gritar, achar alguma coisa que a fizesse parar de ficar zonza de tão confusa. Seu corpo não estava aguentando mais.
Três batidas na porta, foram suficientes para null abrir a porta. Ele estava genuinamente... Uma literal perdição daquela forma. null travou a respiração assim que o viu. O menino estava vestindo apenas uma calça de moletom cinza, os cabelos estavam bagunçados, e bom, o peitoral, que ela tanto imaginou, estava ali, a mercê dela. null estava com uma cara de sono, mas parecia ter acordado um pouco ante de null chegar lá, o que explicava a rapidez para atendê-la. A verdade era que, null não sabia que era null, então sua cara estava explicitamente assustada, sem perceber, eles ficaram se encarando por pelo menos um minuto, até que notassem o que estavam fazendo.
- Foi ótimo te encontrar acordado. – null disse, cortando o clima. null ainda a olhava sem processar direito a informação de que ela estava ali. afinal, a última vez que null esteve naquele mesmo lugar, estava chorando.
- Até porque, dormindo, você não ia conseguir me encontrar. – Ele respondeu uns segundos depois, e depois riu, levando um tapa da menina.
- Talvez encontrasse sim, você conhece meus dotes. – Ela piscou, e null riu, dando espaço para que a garota entrasse no apartamento.
null deu um passo em falso para dentro dele, segurando seu corpo na tentativa falha de não se abalar. O apartamento era composto de memórias, pelo menos da parte dela, então, era inútil tentar fazer sua mente não se afetar lá dentro. Até porque, o cheiro de null estava impregnado lá. null havia o mobiliado de uma maneira aconchegante, e do jeito que ela imaginou, do jeito que ele falou que faria. Finalmente ele havia posto os sofás, e os colchões não estavam mais jogados na sala, e nem as cobertas. Havia uma fileira de jogos embaixo da estante da TV. Um quadro enorme tomava uma de suas paredes, com uma figura abstrata, e bom, era só aquilo que a primeira visão havia lhe dado. Ela virou o corpo, olhando tudo, e dando de cara com null, que a observava curiosidade, e um pequeno sorriso.
- Ficou bom? – null perguntou, em um tom suave, que a fez perder o fôlego.
- Ótimo. – null assentiu positivamente, virando-se para olhar de novo. E só então, reparou em uma fileira de retratos, posicionados em cima da lareira.
- E então, a que lhe devo a honra? – null virou o corpo novamente para olhá-lo. Ele havia posto uma das mãos no bolso, e com a outra, estava apoiando-se no sofá.
- A Poison. – Ela falou, e null continuou a olhando, sem dizer nada. – O título null, é pra amanhã! Precisamos criar isso, juntos. A não ser que você me diga que concorda com tudo que eu criar, e aí eu digo que você ajudou. – null cruzou os braços. null continuou a encarando em silencio. O ar de mistério nos olhos dele, a fizeram ficar com raiva, não era mais fácil dizer logo algo? Era como se null quisesse a provocar.
- Renê deu esse trabalho pra nós dois. – Ele comentou lentamente, e depois passou a língua nos lábios. – Vamos criar juntos, a não ser que você tenha algum motivo pra não conseguir ficar comigo, trancada, num apartamento, ou melhor, no meu apartamento. – null reprimiu o riso, e espremeu os olhos, agora, começando a entender o joguinho de null. Era aquilo mesmo, ele queria provocá-la. null queria testar null, saber até onde ela aguentaria, e se fosse assim, ela também iria testá-lo. Mas uma coisa era certeza, ele não iria muito longe.
- null, se eu tivesse motivo pra não criar com você, eu já teria feito isso e entregado hoje mesmo, em nosso nome. – A garota piscou.
- Que ótimo, porque acho que temos muito trabalho. – null comentou.
O olhar que ele lançou naquele instante, foi o suficiente para null entender que o jogo havia começado. Ela sentia-se em um tipo de tabuleiro da morte, quem iria ceder primeiro? Mesmo que ela soubesse que aquilo era ridículo, e que, acabaria com sua sanidade cada vez mais, ela adorava jogos, e por isso, se apaixonou por null. null não gostava de ser desafiada, e muito menos, gostava de perder, por isso, o intuito daquela brincadeira havia se tornado muito mais profundo do que deveria.
Ela sentiu o peitoral de null se arrastar por ela, e então ele se direcionar para o sofá. null virou lentamente, acompanhando o movimento com o corpo, foi só assim que null viu que nada seria mais difícil do que aquele dia. Sim, a intenção dele, era mesmo testá-la, mas foi burrice pensar que null null não sacaria, e sairia se vitima na historia. A forma como ela tirou a blusa que vestia, deixando explicito seu corpo, a blusinha regata que delineava cada parte de sua cintura, demarcando bem seu busto, que não era grande demais, nem pequeno, mas na medida certa, null piscou lentamente, involuntariamente jogando o corpo para trás e suspirando pesado. null jogou a blusa no sofá, e sentou-se ao lado de dele, pegando um caderno e uma caneta, e assim, ele observou a garota começar a escrever variadas opções.
À medida que as horas se passavam, a coisa ficava mais insuportável. No momento, null encarava diretamente os seios de null na blusinha, pela quarentésima vez, sem saber o que ela falava. Encarava tanto que seus olhos estavam até semicerrados, olhando naquela direção. Ele não conseguia deixar de imaginar como seria se null esquecesse tudo por um segundo e que então, ele pudesse pular nela, ou então, convencê-la a beijá-lo, e a deixá-lo fazer o que sabia fazer, e mudar totalmente a opinião dela sobre ele. Talvez daquela maneira, null lembrasse que, quando estavam juntos, tudo que faziam, era o melhor possível, e quando null pensava em tudo, ele pensava primeiramente no...
- null? – null estalou os dedos na direção dele, o vendo se ajeitar de uma maneira assustada no sofá, e só depois olhar para seu rosto.
- Sim? – O garoto passou as mãos no rosto, apoiando os cotovelos nos joelhos, ficando perto do rosto de null.
- Você escutou alguma merda do que eu disse? – A menina perguntou, jogando a caneta na mesa.
- É claro que sim.
- Então qual foi a última opção. – null perguntou cruzando os braços. E puta que pariu, aqueles peitos se espremeram, e null fechou os olhos, respirando fundo e depois olhou para o caderno, mas null tirou-os da vista de null.
- Assim não vale, null, nem você lembra, se não olhar. – Ele contestou, jogando seu corpo para cima dela, na tentativa de pegar o caderno.
- É claro que não, eu lembro perfeitamente bem! – null jogou ainda mais o corpo para trás, e null, gradativamente, foi mais pra cima dela, tentando alcançar o caderno. – E você acabou de confessar que não presta atenção.
- Eu não confessei nada, e me dá esse negocio logo! – null deu um pulo para cima de null, ficando de quatro em cima dela, mas o impulso foi tanto, que o caderno caiu no chão, e a única coisa que havia sobrado fora, ele em cima de null, e a mesma, com uma feição indecifrável no rosto.
Ele não sabia dizer o que era, se tinha malicia ou medo. Ou se era só surpresa porque a muito tempo ela não o encarava daquele jeito, ou vise e versa. Só o que null passou a pensar naquele maravilhoso instante, é que mais uma vez, ela estava sendo encurralada por ele, e não estava fazendo esforço nenhum para sair daquilo, o que ele encarava como um ponto a mais para seu lado. null se ajeitou em cima dela, ainda de quatro, e sorriu de lado, encarando-a morder os lábios.se pudesse e se estivesse no seu normal estado, com toda certeza já teria feito caminho para a boca dela, e estaria provavelmente, sem roupas. Na verdade era o que mais queria: Beijá-la. Seu peito estava palpitando de tanto desejo, mas ele não conseguiu se mover, precisava tirar a prova antes.
- Sai de cima. – null pediu baixo, encarando null fixamente nos olhos.
- Me tira de cima. – Ele desafiou, chegando mais perto do rosto dela. null se esquentou e depois suspirou, fechando os olhos. Poderia ficar parada e esperar pelo beijo que tanto ansiava, mas não podia, sua mente estava atordoada com aquilo.
- Vai null, temos trabalho. – Ela falou baixo, abrindo os olhos e encarando os de null mais perto do que deveria.
- Só me tira de cima, e prova que não tá querendo, e a gente volta a fazer o trabalho, null. – null provocou, jogando seu halito quente nos lábios de null. Se fosse possível salivar com aquilo, ela havia feito, seu peito batia descompassado, assim como sua respiração.
- Para com isso. – Ela pediu, de olhos fechados. E mesmo assim, pode sentir null sorrir, muito perto, seus narizes estavam se roçando.
- Vamos lá, é fácil. – null sussurrou, sorrindo de lado. – Me tira daqui. – Ela ouviu perto do seu ouvido, e a respiração quente dele ali, fez seu corpo todo estremecer, a fazendo soltar o ar pela boca. null estava no controle, e sabia disso.
- Sai null. – null apoiou as duas mãos na área do peitoral e abdômen dele. O toque dela ali foi tão inesperado que fez null arfar, o que fez null achar o ponto fraco dele. null fechou os olhos, cedendo nos braços, iria cair em cima dela se null continuasse com as mãos ali.
A menina continuou a acariciar aquela parte, subindo e descendo as mãos, arranhando de leve. Estava gostando da sensação, e da reação que ele tinha sobre aquilo. null começou a encará-la maliciosamente desde então, bem de pertinho, a vontade de beijá-la era impossível de ser descrita em palavras, ele estava se segurando o Maximo para não perder a aposta, mas porra, como era difícil com aquelas mãos quase tirando sua calça.
- É só me empurrar. – null abaixou um pouco mais perto dela, e sem saber como aquilo era possível, ainda não a beijando.
A ação dela havia sido rápida demais. null virou com velocidade seu corpo pra cima de null, sentando-se no colo dele, e sem mais demoras, o beijou. Na mesma velocidade, null acompanhou o movimento, grudando suas duas mãos nas coxas expostas dela, a saia subiu, deixando a maior parte dela para fora. null segurou o rosto de null, como uma necessidade, o puxando mais e mais pra si, sem pedir licença, a língua de ambos brincou, e travou uma luta deliciosa. Não havia gosto nenhum, a não ser deles mesmos, e era disso que sentiam falta, a forma como null se jogava para cima dele, e de como passava a língua nos seus lábios. null estava perdido e mergulhado naquele beijo, nada mais passava na sua mente a não ser a textura do corpo dela. null puxou null de uma maneira brusca para perto dele, pelas coxas, fato que fez a garota arfar, e depois, subiu uma das mãos que estavam lá, para dentro da blusa dela, dando de encontro com suas costelas, e então começou a acariciar aquela parte com a maior delicadeza do universo.
Foi só então, naquele instante, que null se deu por si, a medida, ela foi parando beijo, ainda no colo dele, foi soltando seu rosto, foi diminuindo a intensidade, até que por fim, suas bocas se desgrudaram, e a única coisa que ambos fizeram naquele um minuto, ofegante, foi tentar se recuperar. Ainda de olhos fechados, null podia sentir o peito de null subir e descer diante do seu corpo, e estremeceu ao perceber isso. Uma de suas mãos ainda estava dentro da blusa dela, mas a medida, foi descendo lentamente, mas firme pela silhueta de null, causando arrepios na menina, seguido disso, null jogou a cabeça para trás, e logo colocou as mãos no rosto, como se tivesse feito a burrada do século, e talvez, tivesse feito mesmo.
- E você ainda consegue pensar que eu não fui apaixonado por você. – null falou baixinho. Aquilo a fez sentir uma onda de coisas ruins no estomago, e então ela o encarou, ele ainda estava de olhos fechados, mas gradativamente foi os abrindo.
-Se não queria que eu acreditasse, porque disse? – null respondeu, sentindo o peito começar a doer novamente.
- Minhas atitudes mostravam...
- É, sim, elas mostraram mesmo, e sabe null? – Ela o cortou. – Isso me matou por dentro, eu não posso esquecer. Eu não consigo.
- null, eu tive motivos! – null se irritou, jogando a cabeça para trás. null se remexeu, com o corpo ainda em cima dele, mas, parecia não ter percebido isso ainda.
- Que porra de motivos são esses? – Ela aumentou o tom de voz. – Eu não aguento mais incógnitas, null! Eu não posso me jogar de novo em você, eu não consigo passar por isso de novo, porque... – null voltou a olhá-la, seus olhos marejaram, assim como os dela, e por segundos eles ficaram em silencio.
- Eu estou completamente apaixonado por você. – null ouviu, de olhos fechados. Ela podia jurar, que aquilo lhe causou mais dor do que suas costelas quando fraturadas. null arriscou sentir falta de ar por pelo menos cinco segundos, já começando a entalar o choro na garganta. Sua reação deveria ser: Pular de alegria, beijá-lo, e esquecer tudo.Ela não sabia dizer o porque, mas seu coração doeu muito mais do que poderia. – Isso é o que você precisa saber. – null pronunciou no final.
null pressionou os olhos e ele percebeu aquilo, engolindo seco por isso. Ela comprimiu os lábios, fazendo a deixa de que iria chorar a qualquer instante, ali no colo dele. Aquele beijo havia mexido com ela de uma maneira que, só por ele, sua dependência tinha se tornado maior, e só por isso, null queria chorar de raiva. Porque porra, ela não conseguia se controlar, queria ser mais forte, mas sentia raiva de si mesma por gostar tanto dele, por... null fazer aquilo, deixá-la confusa, por ele piorar as coisas, deixar ainda mais difícil a fazer esquecer-se dele. Queria socá-lo, e beijá-lo. Só queria saber o que tinha que fazer. Porque cacete ela havia derrubado aquela bebida vermelha justo nele? A garota suspirou fundo, mais uma vez, comprimindo os lábios. Lembrou-se de null, e do eu te amo, do beijo, de tudo. Seu coração parecia estar diminuindo mais e mais, e os flashes virem com mais intensidade, sobre tudo que tinha acontecido. Ela iria gritar. Se fosse fisicamente possível, até explodir, seria até melhor do que estar tão louca daquela maneira.
- Eu beijei o null.
Nada, e nenhuma palavra poderia explicar a sensação que null sentiu no corpo ao ouvir aquilo. Ele amoleceu ali, naquele instante, o fazendo vacilar por vários segundos. null engoliu seco, e respirou fundo, passando a língua nos lábios, e só quando tomou coragem suficiente, olhou para null. O encarou com a boca entreaberta, os olhos parados, a respiração pesada. Seu corpo começou a doer ao vê-lo daquela maneira, e seu estomago parecia não aguentar tanto desespero pelo silêncio. null sentiu a respiração falhar mais do que o normal, seu coração parecia ter sido arrancado do corpo. Ele não deveria sentir tanto, sabia disso, mas, não podia evitar, não conseguiu. Aquela frase foi como ter a sensação nítida de perdê-la, de tudo já não mais fazer sentido e, por isso, tinha quase certeza que o sentimento que tinha por null já não cabia mais a ele decidir se queria ou não, porque, não tinha mais controle, era muito maior que ele.
null sentiu raiva, enjoo, inveja, magoa, tudo que podia ser sentido junto. Ele quis levantar no mesmo momento e ir bater em null, quis ligar, socar qualquer coisa na sua frente, era o que ele pensava. Mas não levantou dali, só ficou quieto, olhando fixamente dessa vez, para o nada.
null conseguiu ver o engolir seco dele, e ainda mais sentiu vontade de soltar o choro, mas se segurou. null levou uma das mãos na boca e começou a delinear a parte de seu queixo, ignorando a presença dela, e seu desespero nítido no olhar. null ainda estava no colo dele, e não iria sair. Estava perfeitamente encaixada nele. Com as pernas uma de cada lado do corpo dele. Era tão bom, mas ao mesmo tempo tão destrutivo, que só queria explicar. Mesmo sabendo de tudo que null havia feito, de toda a sucessão de fatos, de tudo que sentia, ela não queria perdê-lo. E aquela reação silenciosa de null fez com que null ficasse a beira de um colapso.
- Diz alguma coisa. - A menina choramingou, mordendo os lábios na tentativa falha de segurar ao máximo seu choro. null não a olhou, só suspirou, remexendo-se impaciente com a menina em cima dele.
- O que quer que eu diga? - O garoto perguntou baixo, e logo direcionou seu olhar cortante a ela.
- Eu não sei. - null suspirou, dando dois soluços, e depois dele, soltou o choro, botando em seguida as duas mãos no rosto. - Eu não deveria me sentir culpada, mas... Eu... - A garota tremulou entre as frases.
- Você? - Ele continuou, porem, seu tom de voz ainda era imponente.
- Não foi algo planejado, só aconteceu. - null se explicou, limpando as lágrimas debaixo dos olhos.
- E o que você sentiu? - null perguntou, entortando a cabeça para o lado. null encarou a pose dele da maneira mais profunda. Os olhos escuros, cheios de preocupação, mas ao mesmo tempo, uma raiva absurda. Ela o conhecia. Não queria admitir que não foi nada comparado aquilo, porque quis realmente esquecê-lo, e ainda queria, mas... Era apaixonada por ele.
- Eu não sei. - Ela piscou rapidamente, comprimindo os lábios.
- Se você está cansada de incógnitas, talvez deva parar de ser uma, null. - null falou duro, depois de alguns segundos, respirando fundo.
Ela ficou quieta por um bom tempo, ambos ficaram, porque o clima havia ficado extremamente tenso e pesado de uma hora pra outra. Mesmo assim, a sensação da paixão e do corpo quente ainda oscilava em suas peles, até porque, null não teve coragem e nem força pra sair do colo dele, e null, mesmo que estivesse possesso de raiva, nunca mais iria deixar null ir tão fácil, ele estava ao mesmo tempo, adorando a sensação de tê-la ali.
- E o que você me diz? - Ele ouviu-a cortar o silêncio. Ele ficou pensando, passou as mãos nos cabelos, e depois a olhou por baixo dos olhos, vendo os olhos vermelhos de null.
- Vamos começar de novo. - null disse baixinho. E lentamente endireitou a coluna, abraçando null pela cintura, ato que fez seus corpos se colorem de uma maneira imprevisível.
- Como? - Ela perguntou baixinho, de olhos fechados, seu coração ardeu.
- Esquece de tudo. Eu fiz a pior burrada da minha vida null, e posso estar fazendo de novo - null deu um longo suspiro. - Só esquece, me da outra chance.
A menina contraiu o peito da forma mais dolorosa possível. Suas lágrimas começaram a rolar em seu rosto sem que ela percebesse, null não sabia direito o porque, se era de alívio, dor, ou felicidade. Só tinha certeza que no momento em que concordasse, estaria assinando um outro tratado, só que, dessa vez, diretamente com null. Ela sabia que não iria ser um jogo limpo com null, já que null já a tinha sob controle. Mesmo assim, null por sua vez, tinha a total e plena razão de sua vida, tinha tudo que ela precisava, menos, seu coração. null espremeu os olhos, e logo franziu a boca, e abraçou null mais forte, sendo retribuída por ele. O garoto apoiou seu rosto na cova do pescoço dela, e começou a dar beijinhos carinhosos e demorados ali. null estava saciando null, tentando cravar sua marca, nem que não fosse explicita, ela saberia que aquilo só null poderia fazer. A abraçou ainda mais pela cintura, dando uma volta completa por ela, inalando seu cheiro, guardando cada parte. Ali, havia sido criado um momento físico da saudade. null acariciava os cabelos da nuca dele, de vez enquanto os puxando. Eles poderiam ficar ali pra sempre, só, não iriam, porque nada podia ser simples daquele jeito.
- Eu não consigo esquecer. - Ela sussurrou. - Estaria mentindo, se dissesse isso null. - Logo, ambos se posicionaram de maneira que conseguissem se olhar.
- A gente vai fazer outras memórias, null. - null ficou estática, sentindo de leve, a mão de null acariciar uma de suas bochechas. - E logo, essas não vão mais existir. - O sorriso que null deu, a fez novamente perder o sentido da vida, a sanidade. O menino chegou mais perto, fazendo seu narizes se roçarem propositalmente. - Eu vou apagar tudo isso.
Uma lágrima rolou pelo rosto dela ao ouvir aquilo, seu coração não podia mais aguentar, ele estava batendo a milhão. Aquilo fez com que o beijo que null iniciou, fosse molhado e quente. null retribuiu sem contestar, lentamente cedendo aos toques de null, que segurou com uma de suas mãos seu rosto, e com a outra, fez caminho para mais dentro de sua saia, subindo e descendo por aquela região, dando leves e pequenos apertos naquela região.
No fim das contas, eles não continuaram o trabalho, mas também não fizeram nada alem daquilo. null sentou-se no sofá, junto com null sem dizer uma única palavra. E ali, eles ficaram assistindo um filme qualquer que passou na TV. O cheiro, e a pele dele em contato com a sua, a fizeram se aliviar e esquecer-se de tudo a sua volta. E por isso, aquilo tudo se tornava sadicamente cômico.
null o tempo todo, procurou remédios e formas de apaziguar a situação em que estava, tentar juntas seus pedaços, e seguir em frente. Ela procurou no tempo em que não teve null, algo pra curá-lo, dela. Mas, nos braços dele, literalmente, sentindo seu cheiro, sentindo-o ser dele, a única coisa que lhe vinha na mente era que: null era seu remédio, era o remédio pra própria devastação que tinha causado.
Ferrada. Ferrada era a palavra certa para definir o quanto null estava fodida naquela manhã.
O primeiro fato ocorreu quando ela acordou atrasada. O segundo, quando ela se esqueceu de preparar as roupas paras as modelos que iriam começar a fotografar e terceiro e mais importante: o título que ela não havia criado, devido a estar ocupada demais sentada no colo de null e chorando por toda a saudade que sentira dele o tempo todo.
Sua cabeça estava à milhão naquela manhã. Enquanto comia, ligava para Spyler correr até o set onde iriam fotografar e finalmente brilhar, é claro, em nome dela. Mesmo que quisesse dar toda a credibilidade a Spyler não podia, porque aí sua mãe iria urrar e enlouquecer, porque null nem mesmo tinha ido a uma festa no dia anterior então o que estaria fazendo? Esse era o medo dela: as perguntas que iriam se suceder depois de todo o ocorrido. Ainda tinha tempo com null. Uma divisão bem delineada, como uma linha demarcando metade do seu coração, uma metade de null e outra de null - mentira -. A divisão não era justa, mas ela tinha que pensar assim, talvez para poder acreditar mais naquilo mesmo que tivesse aceitado a condição de que, sem suas imploradas explicações, null a fizesse realmente esquecer-se delas... Estava esperando ansiosamente pelo dia que tudo voltaria ao normal na sua mente e, finalmente, ela poderia botar a cabeça no travesseiro sem sentir o coração vacilar e sua cabeça doer.
Por fim, ela chegou à Poison, entrando de supetão pelo corredor. Recebeu um olhar preocupado de Spyler e não, não era um olhar do qual costumava pedir explicações, ele tinha mais um ar preocupado e desesperado. Mesmo assim, seja lá o que fosse null estava preparada para lidar, saberia levar um sermão da sua mãe porque estava atrasada, estava errada mesmo, só o que iria fazer é ficar calada e pedir desculpas. Só que, no momento em que chegou até sua sala para deixar tudo e ir falar com Renê, torturou-se mentalmente por não ter parado e conversado com Spyler.
null estava lá, sentado na sua mesa, olhando um tipo de revista que geralmente ela usava pra passar o tempo ou usar como modelo de algo. Assim que ele a viu, levantou os olhos e permaneceu calado. null sentiu o coração gelar, provavelmente null deveria ter percebido seu espanto. Ela arregalou os olhos e, depois de três segundos, foi relaxando a estatura, respirou fundo e fechou a porta atrás de si, fazendo ambos ficarem completamente sozinhos na sala.
null não sabia no que null poderia estar pensando, não sabia se ele havia considerado o beijo algo do tipo que desencadeasse a volta deles ou se ele havia visto ou ouvido que null e ela estiveram juntos na noite passada. Mesmo que aquilo não fosse da conta dele, null teve medo de magoá-lo de novo, queria que o que fizesse individualmente com os dois ficasse em segredo até que ela decidisse o que seria realmente melhor pra ela, mas, até lá, sem criar expectativas, tanto ruins como boas. Não queria que null pensasse que tudo estava acabado ou que pensasse estar com ela de novo. O fato de null tê-la feito passar pela sensação horrível da noite anterior, de pensar ter acabado com tudo tinha deixado claro que null não estava preparada a perder nenhum dos dois naquela altura do campeonato.
- Bom dia! - null sorriu, botando a revista de lado e cruzando os braços na altura do peito. null sorriu da mesma forma e colocou suas coisas no sofá de camurça ao lado da janela, depois deu um longo suspiro.
- Bom dia... Só se for pra você - ela respondeu pesarosa e null arqueou uma das sobrancelhas. - Desde que horas você tá aqui? - null chegou até ele, apoiando-se ao lado do garoto na mesa.
- Não faz muito tempo, na verdade eu esperava te levar pra almoçar - null virou o rosto para olhá-la. - Mas pelo que eu vi você está meio... - o menino fez um gesto com a boca.
- Meio? - null passou as mãos nos cabelos, exasperada. - Eu estou toda ferrada, null.
Por alguns segundos ele ficou olhando para o nada, mordendo o lábio inferior, enquanto null suspirava de uma maneira cansada.
- E o que você fez ontem pra acordar tão tarde assim? - o coração dela congelou. null deveria saber disfarçar melhor, já que a ação instintiva dela foi andar para o meio da sala rapidamente.
- Só não consegui achar um título - falou aleatoriamente, botando as mãos nos bolsos traseiros da sua calça skinny despojadamente rasgada.
null ficou calado por um tempo.
- Fiquei sabendo que você foi até a casa do null ontem - null engoliu seco ao ouvir aquilo, mas continuou olhando diretamente para null. Por isso pode perceber uma ligeira mudança na expressão dele.
- É, fui resolver o assunto do título - ela respondeu e depois inalou uma grande leva de ar, dando passos incertos até null. O garoto acompanhou os pés dela, calçados por um par de botas ugg cor caramelo, chegarem perto de si e pararem juntinhos.
- E então? – o garoto levou o olhar até ela, com um suspiro, ajeitando seu corpo na mesa. null transpareceu irritado com a situação.
Seu rosto estava mais corado e seus lábios formavam um tipo de desenho que em um ano null sabia que era porque estava desgostoso com a situação. null sempre foi muito controlado naquele quesito, nunca foi de iniciar uma briga sem antes escutá-la. Mas esse era o fato: null não era nada dele e nem por aquele beijo havia tornado a ser, porque se fosse pra levar em conta o que os dois beijos fizeram com ela, todo mundo sabia o veredito.
- Como eu disse, não saiu nada - null respondeu com mais segurança de si, por perceber o estado de null. Ele engoliu saliva e franziu os lábios, voltando a olhar para o chão.
- E como você vai resolver isso agora? - null perguntou aleatoriamente. Ele não estava querendo uma resposta, sua cabeça girava em torno do fato de null e null estarem na mesma casa, pra fazer um trabalho e ele não ser realizado. null não era burro e muito menos hipócrita. Tudo tinha uma explicação e, naquele caso, ele arriscava quase que com certeza qual era.
- null... - ele viu a garota se ajeitar mais a sua frente e voltou a olhá-la. Como o esperado, ela havia notado. Na verdade, null não sabia fingir muito bem sua intolerância sobre o assunto. - Eu não sei o que você deve estar pensando, mas, sabe, nem sempre acontecem coisas...
E ele soltou um riso, apertando seus braços cruzados contra o peito na tentativa de não se irritar mais com a situação.
- Você não me deve nada, null - ele abanou a cabeça algumas vezes e depois olhou garota. Mas era nítida a expressão de indignação em seu rosto.
- Isso só cabe a mim decidir - null rebateu grosseiramente. null fitou-a no mesmo momento com olhos de águia, procurando ali aonde null queria chegar com aquilo.
- E cabe a mim também, decidir se quero saber ou não! - null respondeu no mesmo tom, mas um pouco mais alto, soltando os braços e indo até o meio da sala levando as mãos na cabeça.
- O quê? Saber o quê? - null virou-se pra ele bruscamente, com os braços abertos. Viu null mexer os ombros como se estivesse rindo da situação. Ele estava de costas e uma delícia, mas, enfim, ela continuou o olhando com irritação.
- O que você fez com ele naquela merda de apartamento, null, isso não me interessa, o que me interessa é saber se eu devo estar aqui ou não - null aumentou o tom de voz e assim que notou, suspirou fundo, fechando os olhos de arrependimento.
- Sobre você dever estar aqui ou não... - null falou delicada e depois passou a língua nos lábios. - Eu não vou decidir isso por você, eu não posso.
- Claro que pode. Pode ser sincera e me avisar sobre ser trouxa, porque nada vai ser maior do que seu amor pelo null.
- Não diga amor.
- Então é o quê?
- Eu não sei - null respirou fundo novamente e depois deu um giro por si, soltando o ar.
- Você não sabe quem quer, não é isso? – ele a viu ficar estática, olhando fixamente para si, sustentando o olhar estonteante e ao mesmo tempo triste dele. - É, era o que eu imaginava.
- Isso não tem nada a ver com...
- Com o quê? – null à parou atônito e irritado e ela deu um suspiro, dando passos lentos até ele.
- Escuta. Eu jamais quero te magoar de novo, ok? – ele passou a língua nos lábios, ainda a encarando com as mãos no bolso. – O fato de eu não saber sobre... – null continuou a olhando hesitar.
- Sabe o que eu não consigo entender? – ele fez uma pausa, encarando os olhos dela. – Como você conseguiu deixar de me amar tão rápido – null ficou estática assim que ouviu a frase, por segundos com o ar travado nos pulmões.
- Nós nunca paramos de amar as pessoas null, só deixamos de...
- null - Spyler entrou na sala, o que fez ela e null desviarem a atenção bruscamente para ele. - Sua mãe... Sala de reunião um, agora!
Um longo suspiro sucedeu a frase. null seguiu null com os olhos. Ela pegou uma pasta preta com vários papéis dentro, botou uma jaqueta da mesma cor, de couro e ajeitou sua calça jeans - um jeans branco, com rasgos grandes na parte dos joelhos e coxas - de forma que fez as mesmas, torneadas, se avantajarem ainda mais, contrastando com a leve cor de sua pele bronzeada, que era possível notar por causa dos rasgos. – Assim, null desviou a atenção para a blusinha regata azul marinho, só então percebendo no decote e... Perdeu-se ali por meros segundos. Viu-a abrir a porta e encarou a estrutura dela de costas. null só conseguia pensar no quanto ela era linda e gostosa. No quanto havia dado uma sorte do cão por tê-la e que não poderia deixar null estragar tudo outra vez.
Botou uma coisa em mente: ela não era propriedade dele, não ainda pelo menos. Por isso, devia pegar mais leve. Seria hipocrisia pensar que ela já não nutria mais nada por seu melhor amigo e pensar isso o irritava mais ainda, só que sentir aquilo não iria ajudá-lo. null tinha plena convicção de que null era o amor da sua vida, tudo bem que era novo demais pra pensar naquilo, mas tinha certeza de que a amava e, por algum motivo, deduzia que esse não era o caso de null, senão ele não teria chances. O ponto chave de null era que, ele conhecia muito bem seu melhor amigo, sabia que null era cético no amor, um fofo ao tratar as garotas que queria pegar, mas frio no fato de dispensá-las, como fez com null. null não sabia amar.
O outro lado da moeda era que, ao mesmo tempo, null também o conhecia ao pé da letra, então era uma briga de foice.
null chegou em frente a porta da sala, suspirou e tentou apagar da sua mente toda a discussão com null. Abriu a porta de supetão e deu de cara com a sua mãe. Na sua cara estava a escrita “cadê a merda do meu título?” e, bom, null não o tinha e não iria poder dizer a sua mãe que simplesmente gastou o tempo e criatividade beijando null da forma mais selvagem possível.
- Oi... Mãe... - null vacilou, dando alguns passos em falso até a mesa de vidro da mulher. Colocou, cautelosa, a pasta e depois se endireitou, ajeitando os cabelos.
- Me deixa adivinhar... - Renê levantou as sobrancelhas, com um ar imponente e rígido, ela parecia pior que John quando se tratava de negócios. - Vocês não criaram meu título - null engoliu seco.
- Mas eu prometo que...
- Não, null. Eu tenho que mandar pra gráfica hoje! - Renê a cortou, decepcionada. - Você tem noção do que é responsabilidade?
- Mãe! - null choramingou, entortando a cabeça.
- Foi um erro eu ter confiado esse trabalho a vocês dois, eu sabia que isso não iria dar em nada, mas eu... Eu acreditava de verdade.
Assim, elas ouviram um barulho achatado invadir a sala e, de costas, null pode sentir a presença de mais alguém nela, o cheiro masculino, e... Virou-se bruscamente para tornar como certeza sua dedução, e, bom, seu senso não falhava. null estava ali, com uma folha em mãos, todo arrumado e sedutor, como sempre. Estava vestindo uma calça Jeans preta um tanto apertada, a camisa era da mesma cor, mas um pouco mais desbotada e, por cima, ele havia colocado um tipo de blazer, o que deixou o figurino mais sexy ainda. A parte do tronco de null era indiscutivelmente deliciosa e máscula. null se perdia em maus pensamentos toda vez que parava para olhar aquela parte e ali, naquele blazer, foi algo que ela não conseguiu deixar de olhar.
- Temperatura da moda - null estendeu com uma das mãos o papel e entregou pra Renê. - Vamos medir em escalas cada look: adolescente, jovial, adulto, velho... A moda e sua temperatura, se preferir - ele terminou e depois olhou cúmplice para null que, no momento, queria pular nele por ter a livrado daquela.
- Mas null disse que não tinham conseguido - Renê olhou para o papel e, por cima dos óculos, voltou a olhá-los.
- Não conseguimos finalizar, realmente... - null mentiu, null comprimiu os lábios para não rir. - Mas já havíamos levantado hipóteses boas, estávamos no final quando perdemos o rumo... E aí, hoje eu mandei uma mensagem pra null, mas acho que ela não viu. Deve ter sido o remédio pra dor de cabeça que eu te dei ontem, né? - Renê trocou olhares com os dois e viu null assentir positivamente. null parecia bem convincente dizendo aquilo, enquanto null cada vez mais segurava o riso.
- É, ela acordou atrasada - Renê botou as mãos na cintura, desconfiada e depois olhou para os dois como se procurasse algum vestígio de hesitação.
- Então deve ser por isso que não vi a mensagem, saí voando de casa! - null comentou, fazendo dessa vez null segurar a risada.
- Por isso, eu decidi sozinho com as opções que já tínhamos formulado e... Deu nisso - ele finalizou e depois apoiou-se na parede com uma das mãos.
Renê ficou em silêncio por dez segundos contados, só olhando para a expressão dos dois. null estava relaxado e parecendo consentir que realmente aquilo era verdade. null tinha um olhar brincalhão no rosto, mas Renê não pensou em nada parecido com a mentira deles. Na verdade, arriscava dizer que null estava daquele jeitinho só porque null estava perto dela e achou fofo.
- Tudo bem! - ela bateu uma palma e suspirou aliviada. - Adorei a ideia - a mulher sorriu e chegou até eles.
- Que ótimo - null falou e recebeu um beijo no rosto da mulher.
- Me desculpa por ter falado aquilo filha - ela direcionou o olhar para null e lhe deu um beijo na bochecha também.
- Está cheiroso, null - a mulher concluiu, fazendo null rir e depois piscou para null, saindo eufórica da sala com os papéis em mão.
Assim que ela o fez, null começou a rir baixo, mas rir muito. Riu de se contorcer sob as pernas e depois se jogou em null, o abraçando com vontade, quase que por impulso, jogou suas pernas por volta dele, quase... Porque não havia dado tempo de efetuar de verdade o trajeto. O menino levantou o corpo de null, beijando seu pescoço involuntariamente, ato que a fez arrepiar-se. Mas, ainda sim, por ter se safado daquela, riu e beijou o rosto de null várias e várias vezes até que ele a pusesse no chão de novo.
- Você é...
- Incrível?
- Menos, null - ele riu, fazendo-a encarar seu sorriso branco e bonito.
- Tudo bem, basta você saber - null comentou por trás de null, enquanto ela tomava um caminho estreito por um corredor que daria até o estúdio fotográfico.
null ignorou a fala, mas não conseguiu fazer o mesmo com a sensação da respiração dele ter tomado conta da região lombar e de suas pernas fraquejarem tão vulneráveis com aquilo. Ela respirou fundo e continuou o caminho com null em seu encalço.
- E então, como fez isso?
- Eu não consegui dormir a noite - a menina engoliu seco, notando seu coração bater rapidamente de novo e depois foi parada por null. - E você? Conseguiu? - ela suspirou.
- Se tivesse, não teria acordado atrasada - a menina franziu os lábios e logo fitou os olhos dele da maneira mais profunda que poderia. Uma filmagem rápida da noite anterior tomou conta de sua cabeça e novamente quis beijá-lo.
- Eu lembrei que não conseguimos fazer nada e sabia que estaríamos ferrados - null comentou. - Almoça comigo, hoje? - ele perguntou entortando a cabeça.
- Opa, desculpa... - null, como ação natural de seu corpo, revirou os olhos e depois sentiu null parar do seu lado. Ele era seu melhor amigo, deveria parar com aquela palhaçada, mas, porra, sua irritação o tomava de uma maneira absurda!
- E aí! - null fez um toque com ele, tentando agir naturalmente. null encarou a cena e depois fechou os olhos, de novo entrando naquela de pisar em ovos. Odiava aquilo, parecia uma mercadoria.
- E então? - null voltou-se para null, a menina trocou olhares entre os dois, lembrando-se de que null havia comentando sobre o almoço primeiro e de como null tinha vantagem. No fim, odiou entrar naquele jogo, era chato ao cúmulo ficar naquela.
- Vamos almoçar hoje ou... - null pronunciou o que fez null o olhar com os olhos cerrados e depois voltar o olhar a null. A vontade dela era sair dali e os deixar sozinhos.
- Na verdade... Eu marquei um almoço com o null e null daqui... - null olhou no relógio. - Meia hora - null e null se entreolharam sem entender. Era mentira, claro, mas ela não iria escolher entre os dois, não conseguia.
- null e null? - null perguntou, um pouco desconfiado.
- É, quer dizer, null está meio mal pela null e o null estava junto no viva voz, combinamos tudo hoje de manhã quando null me ligou perguntando se podíamos conversar - null mentiu mais uma vez, começando a sentir o gosto de adrenalina em suas veias. Não costumava mentir, mas naquela situação havia sido obrigada. - Me desculpem - ela franziu os lábios e trocou olhares com os dois.
- null, vem aqui já! - Renê a chamou até o outro lado da sala.
null e null ficaram na mesma posição por um grande período de tempo, olhando sem entender para null. Na verdade suas mentes vagavam no fato de que: ela havia os dispensado ao mesmo tempo? Como era possível alguém dispensar dois caras ao mesmo tempo? null levantou a hipótese de que ela deveria ter ficado confusa, a conhecia, null não seria capaz de escolher na cara dura com qual dos dois iria sair, isso seria uma deixa para que o outro desistisse e ela havia deixado claro a sua indecisão. Ao mesmo tempo em que ele sabia que ela era apaixonada por ele, também tinha a má sorte de null ser o príncipe encantado e esse era um problema, porque toda garota quer um e null era.
null não tinha que ficar por lá, mas resolveu dar a desculpa de que iria porque Renê o queria com ela. Ao mesmo tempo em que notou no que estava fazendo, empacou em meio a um corredor vazio. Ele estava ficando maluco por causa dela. null havia o tornado uma pessoa obsessiva para tê-la. Nunca na vida null imaginou que faria algo do tipo só pra espionar e tirar a prova de que a garota com a qual está apaixonado está mentindo ou não. null deu um longo suspiro de olhos fechados, já mudando de ideia, fazendo caminho para ir embora. Se null não havia aceitado seu convite, ele deveria aceitar sem ter essa coisa louca de “por que ela fez isso”. Ele nunca foi assim, se não queria, não queria, mas... Mesmo assim, sua mente doía com aquela merda de preocupação.
- null! – ele ouviu ao longe, no fim do corredor, null gritar para ele. Então era realmente verdade.
- E aí, bro - null fez um toque com o amigo, dando um pseudoabraço rápido nele. Logo viu null ir em direção a eles e, assim, fez o mesmo toque com ele.
- Acordado há essa hora? - null comentou. null conseguiu ver o pequeno sorriso em deboche que null escondia no canto dos lábios.
- Eu tive que livrar a null de um pepino... - ele respondeu, começando a dar passadas lentas de volta para o estúdio.
- Só se for o pepino do null, né? - null falou, fazendo null soltar o riso. Assim, null entortou a cabeça para olhá-lo, juntando as sobrancelhas. - Não se faça de idiota, null, eu encontrei o null, quando estávamos chegando... E pela cara dele...
null ficou calado. null e null trocaram olhares entre si e depois olharam para o amigo, que olhava em outra direção. Provavelmente null havia escutado o que eles haviam dito, mas, por estar entre as opções de null e não ser a concreta, ficou pensando quieto. null não era muito de falar, mas seu olhar direto olhando null do outro lado disse tudo.
Assim que ela os viu, sorriu largo e depois foi de encontro com null. O menino tomou passos rápidos até ela e logo a abraçou de forma apertada, levantando seus pés do chão. null cruzou os braços no mesmo momento em que null, na altura do peito e depois o olhou, null retribuiu, remexendo o corpo.
- E aí? - null fez um gesto com a cabeça, vendo null morder o lábio inferior ainda olhando null e null conversarem animados.
- Não sei - ele respondeu vagarosamente e voltou seu olhar null. O garoto arqueou a sobrancelha e ficou em silêncio por alguns segundos.
- Como não sabe? Ela foi ontem pra sua casa! null... Pelo amor de Cristo - null pestanejou, dando um passo para trás.
- Como vocês ficaram sabendo disso? - null ignorou a pergunta de null, fazendo um biquinho desconfiado com os lábios.
- null – o amigo respondeu direto, null revirou os olhos. - Mas isso não importa.
Eles ficaram mais um tempo em silêncio.
- Ela não sabe o que quer. Tá confusa. Quer que eu responda por que terminei com tudo - null ouviu null cuspir tudo. Realmente aquilo estava o sufocando e, no momento, null parecia ser ótimo para contar aquilo.
- E porque terminou com ela? - null perguntou, juntando a sobrancelha. No fundo ele sabia a resposta, mas queria que null dissesse em alto em bom tom, talvez aquilo o ajudasse a contar pra null. Mas null não disse nada, só o olhou com os lábios franzidos em uma linha. - Olha cara, se você a quer de volta precisa fazer isso.
- Eu não vou, null. Eu vou reconquistá-la, eu já fiz isso uma vez, vou fazer de novo - null rebateu irritado, o que fez o amigo ficar calado com uma expressão indefinida.
- null, nada acontece duas vezes da mesma maneira - null falou depois, olhando fundo nos olhos do amigo. null sentiu o corpo estremecer.
Ele acreditava tão piamente que era só fazer tudo outra vez que não se dava conta de que nada estava como antes, ele ainda não havia percebido que null não era mesma e que ele não era o mesmo. null iria lutar por ela como não fez da outra vez e, bom, ele não iria ter o privilégio de outra vez se deparar com null derrubando uma bebida vermelha na sua calça branca. Era ainda mais desesperador pensar que as coisas se tornaram muito mais difíceis, mas, por outro lado, null abriu os olhos dele para esse lado. Se null era realmente apaixonado por null teria que fazer coisas absurdas por ela.
null pegou a bolsa e veio caminhando em sua direção com null ao lado. Em menos de cinco minutos, os três tinham saído de lá. null se despediu dele com um beijo longo no rosto e os outros dois meninos lhe lançaram um aceno com a cabeça.
Assim que null entrou no elevador, relaxou o corpo da maneira mais desajeitada possível e depois puxou null e null para ela, beijando a lateral do rosto dos dois. Eles riram, null cruzou os braços e null a segurou de forma amigável pela cintura.
- Obrigada mesmo! - null trocou olhares com eles. - Eu não sei o que seria de mim se vocês não atendessem o celular - suspirou.
- Sua sorte é que eu e null moramos quase um ao lado do outro, se não... Impossível chegar em meia hora aqui. - null falou, vendo null ainda o olhar. -
- Que ideia foi essa null? - null perguntou, enquanto eles andavam para o estacionamento.
- Eu to perdida - ela respondeu com angústia, fazendo gestos circulares com o dedo indicador no meio de sua testa, como uma massagem. - Eu não posso fazer isso. Não sei como sair dessa sem me magoar, sem magoar os dois... - null deu um longo suspiro e abraçou null, beijando-a na testa, antes de abrir a porta do carro.
- Relaxa - ele a olhou nos olhos. null sorriu de leve, sentindo a calma de null sobre ela.
- Tuuuudo bem - null prolongou a palavra, batendo as mãos no volante. - Pra onde vamos?
***
No fim, todos concordaram em ir para o Outback, que era o restaurante mais próximo nas localidades.
Os três perderam a noção de quanto tempo haviam ficado lá, mas isso realmente não importava para null, porque estar ali, bebendo e conversando com pessoas que estavam fora do seu ciclo vicioso, do seu triângulo amoroso, era ótimo. Usualmente, null ou estava almoçando com null ou pensando em null, trabalhando com ele na Poison e, enfim, null e null estavam sendo mais importantes e especiais do que imaginavam assim que aceitaram irem resgatá-la na sede da revista.
null não conseguiu evitar só comer ali. Entre idas e vindas bebeu algumas bebidas das quais ambos diziam ser boas, mas não por influencia e sim porque, cada vez mais, estava tendo uma vontade súbita de esquecer o mundo real. De repente, a garota se viu rindo de qualquer coisa que null havia dito e só então pegou o celular para checar as horas... 15:30... Havia passado exatamente duas horas que eles estavam ali e ela se quer percebeu.
- Meu Deus... São três e meia da tarde! – a garota exclamou e voltou a olhar os dois meninos a sua frente.
- Jura? – null perguntou surpreso, também indo checar o celular.
- Será que eu volto pra Poison? – a pergunta foi direcionada mais para si mesma, mas ambos ficaram a olhando apreensivos. Sabiam do certo receio de null e por tudo que conversaram, a decisão só cabia a ela.
- Eu vou pagar a conta – null comentou, se arrastando pela poltrona e indo em direção ao balcão.
Assim, null e null ficaram sozinhos na mesa por boa parte do tempo em silêncio, olhando diretamente para o cardápio que se punha entre os dois. Logo, o suspiro de null fez a garota desviar os olhos para ele e assim null fez o mesmo, como se aquela suspirada fosse proposital para que null o olhasse sem dizer nada. Deu certo.
- Você tem falado com ela? – o menino perguntou com a voz vacilante, olhando diretamente para null.
- Falei há uns dois dias... Você sabe, o avô dela... – ela respondeu e logo soltou um suspiro tentando jogar fora o clima triste e tenso que se condensou em cima deles.
- Ela não me atende – null entortou a cabeça no mesmo momento, notando o olhar de null cair sobre a mesa novamente. Seu coração apertou ao vê-lo daquela maneira. – Você sabe o quanto eu relutei pra não gostar dessa garota? – ele soltou um riso frouxo e voltou a olhar null com os olhos murchos.
- null, ela só não quer sofrer – ela disse pesarosa, apoiando os braços na mesa. null continuou a olhando.
- E eu? Isso tem a ver comigo também! – null contestou e depois engoliu seco, sentindo a mão da garota aos poucos, fazer carinhos delicados nas costas da sua mão. O coração dele ficou pequeno com o ato, null estava realmente mal por null. Aos poucos ele retribuiu, pegando a mão de null.
- Tem horas que precisamos pensar em nós, em primeiro lugar – null disse lentamente e logo suspirou quando viu null voltar a olhá-la. – Eu não tenho dúvidas de que ela é completamente apaixonada por você null, mas, sabe... Eu sou a prova viva de que, isso machuca! – ela sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas, conseguiu segurá-las, foi então que null apertou ainda mais suas mãos as dela.
- null... Excluindo todo o meu lado nessa conversa. Isso só machuca se você deixar – null passou a língua nos lábios, comprimindo os mesmos com o intuito de não se afetar muito e depois sorriu e voltou a olhá-lo.
- Eu queria que fosse tão fácil como é falar.
- Eu te conheço, null. Eu sei que aí dentro você sabe quem é que manda e desmanda em você, só que prefere lutar contra isso porque... Eu realmente não sei o porquê – null riu e null riu junto. – E além do mais, você tem a nós, eu, null, null... Estamos aqui! – e ele viu o sorriso de null aparecer mais uma vez, mas muito mais brilhante e bonito.
- Eu sei que tenho vocês – a garota acariciou a mão dele novamente, respirando todo o ar possível.
null não precisou responder nada, ambos foram interrompidos por null que chegou de supetão rindo de alguma cena acontecida no balcão, o que fez os dois saírem da tensão, mas, ainda sim, guardarem o mais bonito da conversa na mente.
Não demorou muito para que null levantasse da mesa e percebesse o quanto aquelas bebidas que havia tomado haviam a acertado em cheio. De alguma forma, sua cabeça girou por alguns segundos, ação que fez null e null perceberem e rirem depois, abraçando a garota de lado. Até a porta, null foi com eles, mas logo alegou que tinha outro compromisso, por isso null levou a garota até o carro, abraçados lado a lado. O clima estava descontraído demais. Os olhos de null ardiam pela claridade súbita do céu ensolarado e inusitado de Londres – ela estava acostumada com a meia luz do Outback. – Mas mesmo assim, com a ajuda de null, tudo estava andando extremamente bem.
- Você se lembra da vez em que tivemos que encobrir você e o null porque... – null não parava de rir, de modo com que até se retorcia, dando alguns tapas involuntários em null. O garoto estava se divertindo com a reação dela. null não sabia se estava rindo tanto por estar levemente alterada ou porque realmente a cara de null e null assim que ela e null saíram da sala foi uma das melhores caras engraçadas que null viu na vida.
- Bons tempos... – a garota falou entre o riso, se escorando no carro a espera de null procurar as chaves no bolso.
- É engraçado como tudo acabou do nada... Uma hora estávamos rindo, nós quatro, e daqui a pouco eu te vi com o null andando de um lado para o outro – null foi diminuindo o sorriso à medida que a frase foi sendo solta e logo cruzou os braços, esquisita com a sensação que percorreu seu corpo.
- Não foi do nada, null – null olhou para os olhos de null, perdidos em algum lugar de suas mãos. – Foi recorrente, sabe? As várias coisas... Não era sempre que estávamos juntos, não era sempre que eu tinha o privilegio de conseguir um horário com o meu namorado e... – A garota parou de falar e voltou a olhar null de novo.
Ela entrou no carro logo depois dele e os minutos que se sucederam em silêncio a fizeram pensar que todo aquele clima harmonioso e ameno de minutos atrás foi totalmente esquecido e tomado pelos seus turbilhões de pensamentos problemáticos. E null ainda teve a ousadia de pensar que, pelo menos em algum dia, iria conseguir apagar. Mas, bom, vai e volta, tudo sempre acabava ali, no clima tenso envolvendo null, null, ela e seus sentimentos conturbados por eles. Bem que null queria ter uma resposta conveniente para dar a null e null, mas não tinha e a avalanche de lembranças que ambos a traziam só dificultava as coisas ainda mais.
null parou em um determinado sinal vermelho e depois virou-se para null. Ela notou o garoto abaixar o volume do rádio e o suspiro – que estava ficando cada vez mais natural das pessoas, com ela – se suceder, parecendo que null estava escolhendo as palavras certas para iniciar uma conversa.
- Você tem que se decidir null – ele falou baixinho e depois trocou olhares com a menina.
- Oi?
- null e null... – o menino fez um gesto com a cabeça e logo tirou uma das mãos do volante.
- Eu gostaria muito que...
- Você já notou que, só o que você consegue dizer é “eu gostaria muito que fosse fácil” mas, null, se põe no lugar deles... – null fez um gesto com as mãos. – É muito mais difícil pra eles.
- Não acho que seja – ela balbuciou não tirando os olhos das mãos.
- null, você tem a decisão nas mãos. Eles estão em uma mina. Se pisarem na bola, perdem você. Só imagina como seria se, no caso, a decisão estivesse nas mãos deles... – o coração dela palpitou. – Imagina como é estar perdidamente apaixonada pelo null ou pelo null e não saber se no outro dia ele vai dizer que está tudo acabado, que prefere outra... – null quis vomitar. Realmente, pensando daquele jeito, não estava sendo justo e juntando aquele fato a mais um milhão de outros, só a deixou mais confusa.
- null, null já me deixou de uma hora pra outra, sem se importar se eu estava perdidamente apaixonada por ele ou não... – a menina falou, magoada. null a olhou sério.
- Eles gostam mesmo de você, null – o menino falou numa sinceridade incomum que até fez null sentir-se mal. – Então, cuidado pra não perder isso. To dizendo como amigo, porque eu amo você e eu sei o quanto é difícil perder alguém que a gente é... – null olhou o menino perdido nas palavras, já deduzindo ser null. – Infelizmente eu não tenho a sorte de estar entre as opções dela, mas, em todo caso, eu gostaria que ela desse um basta o mais rápido possível, porque não é justo os deixar empacados em você, quer dizer, uma hora quem você deixar ir vai conhecer outra garota, ele vai precisar...
A menina sentiu coisas ruins embrulharem-se em seu estomago só com o fato de imaginar que null ou null andando com outra garota, sorrindo para outra garota. Foi assim que ela tirou a conclusão de que era a pessoa mais egoísta do mundo. null não queria que deixá-los ir, se um a magoasse, o outro seria seu porto seguro e vice versa e ,bom, ela sabia que era errado. Mas como iria dar um basta assim? Sem saber direito? Talvez fosse se arrepender pro resto da vida. null definitivamente não estava preparada pra deixar algum dos dois ir, mesmo tendo a decisão na mão e aquilo estar parecendo ótimo, na visão de null, ela não desejava isso pra ninguém. A coisa mais horrível que alguma pessoa pode passar na vida, é escolher entre duas pessoas que é extremamente apaixonada, é escolher deixar alguém ir, mesmo a amando, porque não pode prendê-la, tudo bem que, no caso dela, sua escolha iria deixá-la com outra pessoa, mas... Era horrível, tão egoísta, tão... Difícil. Não se tratava de nada mais que amor, a coisa mais frágil e procurada do mundo. Como poderia ela, quebrar o coração de um dos dois? Porque, isso era inevitável, ela iria e talvez, quebrando a si própria... Era isso: Um tornado gigante e devastador, que sugava cada vez mais, cada ponto de sanidade e paciência dela.
null estava tão perdida em seus próprios pensamentos que não notou o momento em que null estacionou em frente ao prédio de sua mãe. null a observou por pelo menos um minuto. A garota mexia nos lábios de forma que, qualquer cara imaginaria mil coisas vendo aquela cena. null travou os pensamentos não muito saudáveis, porque, de caras querendo aquela garota, sendo melhores amigos, já havia bastante e, por fim, null era sua amiga, quase irmã. Tudo bem que não deixava de ser estonteante e ele até entendia a armadilha que null caiu, mas, enfim, se ele conseguia deixar tudo isso de lado, null deveria ter conseguido, ou era fraco demais.
- null, chegamos – ela virou-se lentamente para olhar null e depois voltou o olhar para o prédio.
- Pois é... – murmurou dando um suspiro.
- Vou te levar lá dentro, antes que você dê problemas maiores – o menino riu, saindo do carro e em segundos, pegou null do outro lado, já que a mesma estava um pouco bêbada. Aquilo a assustava um pouco, eram quatro horas da tarde e ela já estava bêbada. O que estava acontecendo com ela?
- Problemas maiores? – null demorou um pouco pra raciocinar e só se pronunciou sobre quando ambos entraram no elevador.
- Imagina o que os seus “dois romeus” vão pensar, quando souberem que você está bêbada e eu estou te levando direto pro seu quarto... – null riu só de imaginar a cara dos dois amigos quando soubessem do fato. null piscou algumas vezes e depois sorriu lentamente.
- Vou contar todos os detalhes... – null a olhou de cima a baixo sorrindo, adorava irritar null nas épocas em ele a namorava. Apesar de ser calmo, ele era ciumento e, pelo que sabia, null também. O que tornava aquilo tudo mais legal era que null era o palhaço do grupo, ele e null, mas ele era mais e adorava tirar uma com a cara dos amigos. Por isso, null sempre se tornava sua cúmplice.
- Que detalhes? – o menino perguntou, abrindo a porta do apartamento, vendo o semblante de null encostada na parede ao lado, as pernas cruzadas, a posição e o sorriso brincalhão.
- De como você me colocou pra dormir, bêbada... De como conversamos... – ela falou lentamente. E Por dois segundos, ambos só ficaram se olhando, até explodirem em risadas novamente.
null entrou em casa rindo tanto, de até se enroscar em um dos móveis da sala, fazendo com que null entrasse em ação e a guiasse para o quarto. O garoto continuou rindo, achando extremamente engraçado voltar ao tempo em que null era alegre e sem jeito daquela forma. Ela era divertida e meio louca, antes de namorar null, depois foi ficando mais séria, perdendo o brilho todo, parecendo que null roubava tudo dela. Mesmo assim, o amor que null pensou que eles sentiam era resposta para ele, por isso nunca levou tão a mal o fato de null ter mudado depois do namoro.
- Eu juro que não perderia tempo com você aqui... – null a colocou na cama, vendo null se espreguiçar na mesma. – Só que eu não quero morrer – null soltou um riso.
- Cuidado null, eu posso pegar todos do grupo – a menina disse, com certa arrogância, null apertou os lábios, porque sabia que era isso que as pessoas pensavam dela depois do vexame na festa de outono.
- Você pode pegar quem quiser, trouble. Saiba conviver com sua gostosura – ele falou, inclinando-se para beijá-la na testa. null sorriu e o abraçou pelo pescoço, retribuindo-o com um beijo longo no rosto.
null levantou, vendo null virar-se de costas para ele, logo desviando o olhar de seu corpo. O menino suspirou, dando leves passos para trás, rindo com a situação e então saiu da casa a deixando lá, dormindo. null sentia-se bem porque, em vista do quanto null estava nervosa no momento em que encontrou com ela, comparando com agora, null parecia ter se descontraído de tudo e bom, deveria realmente ser um saco ter que lidar com null e null e não saber o que sente. Pra ele já era difícil saber que amava null, mas que ela não tinha olhos pra mais ninguém a não ser null, imagina para null, que não sabia o que estava acontecendo com si própria? Tendo em vista os inúmeros acontecimentos em conjunção: Paris, John, Renê, Poison e um acidente de carro. É, se null enlouquecesse, ela daria motivos suficientes para isso.
***
Era uma sexta feira quente. null iria pegá-la as oito e, bom, já eram sete horas. null havia dormido demais! O fato de que, pela primeira vez em um ano, depois de todo o acontecido, ela iria ir a uma festa da Candence novamente, null estava ansiosa. A menina entrou no banheiro com rapidez. Sua mãe ainda não tinha chegado da POISON, na verdade, Renê vinha trabalhando muito desde que eles descolaram a matéria a ela, procurando modelos bons e renomados, revendo os investimentos e afins. A garota estava mergulhada no seu mar de problemas – vulgo, banheira – Seu corpo estava rígido, parecendo estar em abstinência. Sua pouca falta de ar não estava interferindo tanto porque, null precisava de null. Era isso. Sua boca estava seca, como quando você quer muito comer algo, mas não pode naquele momento. Era algo surreal. Sua mente parecia girar em torno daquilo sempre quando parava pra pensar e disso, ela não conseguia fugir.
null vestiu um macacão preto, simples, colado ao seu corpo. nos pés colocou um salto da mesma cor, em pregas até um pouco acima do tornozelo. Deixou os cabelos soltos, fazendo com a chapinha pequenos cachos nas pontas. Passou uma maquiagem não muito forte nos olhos e nos lábios, um batom vermelho vinho, fosco. No mesmo momento em que notou ter terminado de se arrumar, ouviu a voz de null na sala, alguns passos e...
- Meu Deus do céu! – o garoto abriu a porta escancaradamente, olhando null dos pés a cabeça. – Você sempre teve bunda assim ou é porque essa roupa é justa de mais?
- Cala a boca, null – null soltou o riso enquanto sentiu null ir até a cama e se jogar por lá, talvez esperando que ela terminasse de se arrumar.
- Então... A trouble voltou pra arrasar mesmo? – ele perguntou com um sorrisinho de lado. null o olhou por cima dos ombros.
- Como assim “pra arrasar mesmo”? – ela ponderou as palavras, observando-o com um olhar divertido.
- Você sabe do que eu estou falando... – null disse com o mesmo tom, encarando fixamente a garota por cinco segundos. – E meu Deus, como você está gostosa nessa roupa.
- Para de falar assim, null! Até parece que já não me viu com menos roupa – null riu, fazendo null morder o lábio inferior da mesma forma. Renê havia parado na porta no mesmo momento em que frase fora dita e então arqueou a sobrancelha, surpresa.
- Gostaria de ter visto com muito menos – o menino bufou indo até ela e depois trocou olhares com Renê. null estava achando graça daquilo, pela face da mãe, então riu mais ainda. – Mas é uma pena que sua dádiva só tenha sido dada e mostrada, apenas para dois rapazes vulgo nomes são... null null e null null – null olhou para Renê, que pareceu suspirar aliviada.
- null...
- Mãe, já fomos ao lago juntos, piscina... Enfim, era disso que eu estava falando. Relaxa – null falou, indo ate a mãe e lhe dando um beijo longo no rosto.
- Olha, eu quis muito, Renê, mas null é difícil como uma porta – null falou, o que fez a mulher rir e logo um tapa atingir seu peito. O menino fez uma falsa cara de afetado e voltou a caminhar ao lado de null até a sala.
- Não beba muito, null, não quero você chegando aqui com cheiro de cachaça, ouviu? – a mãe gritou antes que eles abrissem a porta e viu a filha bater continência.
- Cuide da Trouble, null – Renê piscou para o menino, que riu surpreso pela mulher saber o apelido de null. Por sua vez, a menina ria estupefata com a cena, mas não deu muito ibope, já que null estava praticamente jogando ela dentro do carro para chegar mais rápido até a festa que, segundo ele, já tinha começado.
O caminho todo, ambos foram rindo e tentando descobrir como Renê havia descoberto sobre o apelido de null. Quando null entrou em um dos portões da fraternidade de Roxe, a menina parou a conversa apenas para prestar mais atenção no lugar. Tudo parecia quieto. Era como um condomínio. Tinham por volta de cinco casas, com uma distancia considerável uma da outra e jardins grandes e que, pelo menos nas primeiras casas, estavam vazios e calmos. null continuou seguindo o trajeto até o final da rua que se estendeu por pelo menos, mais dois minutos e foi só então que null conseguiu ouvir o som abafado de uma música eletrônica forte, quase que estrondosa, a casa parecia pulsar. Havia luzes coloridas, mas a casa estava escura e agora sim, null conseguiu notar algumas pessoas bêbadas dançando no jardim. Há quanto tempo ela não se deparava com uma cena daquela?
null a puxou pela mão em direção ao local. E então, sem contestar, null o seguiu. Ele parou, cumprimentou algumas garotas no jardim e entrou na casa onde, na porta, havia também, alguns garotos pedindo pedágio. Por sorte, null estava com ela, então a deixaram passar por eles, mesmo assim, null ainda conseguiu sentir os olhos deles cravados em suas costas.
- null, onde estamos indo? – a garota gritou no ouvido do amigo, já que o som estava mais alto do que se podia imaginar.
- Você se lembra do Ryan? – null gritou de volta para ela, a puxando com mais força, mas gentileza, para que null fosse a frente dele.
- Connor? – a menina virou-se para null, notando que ele havia a levado para o bar.
- Exatamente o Connor – o tom de voz dele engrossou. – O que você vai querer?
- Uma Pinã. O que tem o Connor? – null se ajeitou na cadeira, recebendo sua cerveja logo depois.
- Tome cuidado null. Eu não vou conseguir estar com você o tempo todo, mas pretendo – p menino chegou perto do ouvido dela, o que fez null arrepiar-se. Mas ainda assim, ela não havia entendido o recado.
- null, eu sempre soube me cuidar nessas festas. – a garota piscou a ele. null riu de leve. vnull só conseguiu ver a imagem por causa do som, mas com toda certeza, null havia esboçado um som engraçado.
- Ryan tinha namorada – o menino tomou um gole de sua cerveja. – E agora, Leslie e ele terminaram...
- Ok e onde eu entro nessa história? – a bebida dela chegou nesse momento, fato com que fez null desviar o olhar por segundos de null, para olhar sua Pinã colada.
- Você nunca soube? – null arqueou a sobrancelha, percebendo o olhar óbvio de null. Mas realmente, não havia caído sua fixa e assim, ela continuou o olhando com cara de desentendimento, pedindo para que null explicasse, mas, ele não o fez.
- Saber de que null? Eu não sei do que...
- Troublemaker!
null deu de cara com Ryan e seus olhos verdes. A menina ainda não havia entendido o que null estava querendo dizer sobre ele, mas qualquer coisa que fosse seria difícil de resistir. Ela não tinha como negar, Ryan era um cara bonito. Já veterano na universidade e famoso pelas festas mais bombadas da Roxe. Ryan era dono de um corpo escultural – Com direito a gominhos, mas não exagerados e sim, do tipo que você consegue sentir ao passar a mão. – A pele levemente bronzeada, o olhar cerrado sempre, envolto por dois globos oculares de uma cor verde escura. Seu cabelo tinha um corte definido e pequeno, em forma de um moicano, na cor loira escura. O cara era uma obra de arte. Mas no fim, null nunca teve mais do que um interesse amigável nele, Ryan era fofo e carismático, porem o maior galinha dali e além disso, null não queria se envolver com veteranos. Não tinha nada contra, só nunca foi perdidamente atraída por Ryan, como todas as garotas da Roxe. E talvez por isso, todas a olhavam de canto, se perguntando: Como uma estudante do colegial pode ignorar Ryan Connor dessa maneira? E, bom, não era muito difícil.
- Connor! – a menina disse no mesmo tom, se levantando da cadeira para cumprimentá-lo. Logo ela sentiu Ryan a envolver com seus braços musculosos e cheirar seu cangote. Não havia sensação mais estranha que aquela.
- Você sabe que nunca foi o “Connor” pra você, Trouble – ele piscou. Sim, aquilo foi sexy, com a mistura do sorriso perfeitamente alinhado e de um jeito sacana. null coçou a nuca e olhou para null de soslaio, o menino se remexeu impaciente, mas sinceramente, null não sabia por que, ainda não tinha entendido.
- Eu não venho há tempos aqui... – a menina cortou o assunto, voltando a sentar-se, Ryan a acompanhou com os olhos. – Está bombando, como sempre...
- É, todo verão as coisas ficam loucas, você sabe disso... Costumava ficar louca junto – o menino sorriu de novo, vendo null tornar a olhar suas pernas.
- Eu dei uma sossegada.
- Por causa do null? – era nocivo o tom de voz de Ryan ao referir-se a null. null ficou calada por um bom tempo até null tossir de maneira forçada, pedindo outra cerveja. Ryan o encarou fixamente.
- Como vai, null? – o menino perguntou sarcástico. null sentiu um calafrio na boca do estômago.
- Ótimo, Ryan – null sorriu e depois se levantou, pegando nas mãos de null. De súbito e sem entender nada, a garota levantou junto e começou a caminhar com null, olhou para Ryan uma última vez e o viu sorrir, dando um giro lento para a direção contrária a ela.
A noite seria longa. Muito longa.
A última vez que null havia visto null, ela estava no terceiro shot de tequila e, por esse motivo, seu desespero estava começando a aumentar. Uma null bêbada com Ryan Connor na mesma festa. Isso preocupava null. Nas trombadas que ela deu nas pessoas, da piscina, onde estava dançando com Ryan e mais alguns outros amigos dele, até o DJ, ela esbarrou sem querer em alguém, era um garoto, suas mãos eram conhecidas, assim que null olhou para cima, encarou null. Ele parecia surpreso com sua presença ali, tanto que o copo que null deduzira ser dele caiu de sua mão no momento em que ele as usou para firmar null no chão. As mãos dele estavam pressionadas contra a cintura dela, seu corpo pareceu paralisar com aquela ação.
- null? – null perguntou meio tonta, levando suas mãos até os ombros do menino, apoiando-se nele.
- Você está bêbada? – null voltou à pergunta, perplexo. Um de seus olhos se abriu mais do que outro e a boca dele fez um desenho estranho, mas ele continuava lindo, na visão turva de null. A menina riu com o pensamento.
- Eu deveria? – null voltou a rir, apoiando-se no peito de null. O menino suspirou, segurando com mais força o corpo mole dela, vendo-a tornar a olhá-lo bem de perto. null estava maravilhosa naquela pose, mordendo os lábios, rindo. Sóbria ou em si, null já era linda, mas bêbada, uma figura ainda mais gostosa nela surgia e ele tinha um pouco de medo disso.
- Ai meu Deus – null disse num sussurro. – Com quem você veio?
- null! – ela falou alto. Logo Va va voom, da Nick Minaj, começou a tocar ensurdecedora no local. null deu um giro por si, dando um grito – EU AMO ESSA MÚSICA! VAMOS DANÇAR! – A garota puxou null pelas mãos.
E ele foi, sentindo todos os olhares, como sempre, caírem na garota em que ele estava perdidamente apaixonado. null passou a rebolar da forma mais provocativa que alguém podia rebolar e isso era de praxe, ela sempre fazia isso e ele ficava louco. Ele estava louco de ciúmes daquilo. Todos os caras estavam olhando, como urubus, querendo null para eles. Ela mexia o corpo de um lado para o outro, dando giros. Agarrou a barra de seu macacão, de forma com que o subia, à medida que se mexia, deixando a cada movimento, suas coxas a mostra. null apareceu no exato momento em que a Trouble estava dando seu show. Sua entrada triunfal. Se ela não fizesse isso, não seria a Troublemaker. O garoto olhou em volta, vendo que todos os olhares estavam fixados nela, as cervejas estavam escorregando da mão de cada cara que olhava a cena. E null parecia não estar vendo. null estava parado, só secando as coxas dela cada vez mais aparecerem. null encarou a expressão de null enrubescer e, com isso, um biquinho de irritação se formou em seus lábios. null queria arrancá-la dali e ele iria naquele momento se seu olhar não tivesse cruzado com Ryan.
Se null pudesse, voaria nele ali, mas sabia que Ryan era bom demais e tinha uma trupe com ele. Não seria tão burro a ponto de brigar dentro de sua fraternidade, por mais que aquela festa em si, tenha sido dada por outro garoto veterano, Ryan se achava o rei, alias, todos o achavam o rei. Mesmo assim, null sabia que Ryan não gostava dele e o motivo era bem óbvio.
- Vamos curtir, null! Você sabe fazer melhor que isso! – null voltou a dançar com null, dizendo isso em seu ouvido. Por mais que fosse bem provocativo, null continuou parado, só que puxou null com força para ele, a fazendo parar de dançar e, logo, encarar sua expressão nada feliz.
- Abaixa esse macacão, null – null falou duro, grudando null ao seu corpo, notando que, aos poucos, ela fazia uma pequena pressão para sair de seus braços.
- Não é nada demais, null, e, além do mais, você não é meu namorado – ela arqueou uma das sobrancelhas. A presunção que ela usou feriu null, seu corpo latejou com a frase. O garoto suspirou com a feição dura.
- É, eu não sou. Mas não é por isso que eu vou deixar você perder o pudor.
- Que pudor?
null sorriu mordendo os lábios e voltou a dançar, voltou a mostrar as coxas. null soltou um bufo irritado, mas não saiu dali. A encarou ir até a pista, no meio dela precisamente, e começar a dançar com mais duas meninas. Ele não sabia se era só com ele, mas a única que conseguia enxergar era a de macacão preto colado no corpo. A forma como ela remexia os cabelos e eles caiam por seu rosto, deixando o pescoço a vela. Convidativo. O coração dele palpitou só de imaginar como seria beijá-la e, ao mesmo tempo, sua cabeça esquentou a quarenta graus por levantar a hipótese quase que certa de que ela deveria estar causando esse tipo de pensamento em todos os caras ali. E ele era só mais um naquela situação.
Passadas meia hora, null estava no mesmo local e ela voltou até ele. Sem esperar nem um vacilo vindo dele, ou dela própria, null puxou null consigo até a saída e fez um sinal para null de que estava com ela. Estava na cara demais, ele sabia que seria assim quando null voltasse a frequentar as festas da Candence. Isso, porque só era a primeira festa dela, ou ele estaria sendo possessivo demais? Sinceramente, null não se importava com nada. se estava sendo egoísta ou prepotente. O que ele queria é que ela ficasse longe de todos aqueles caras. No momento em que chegou a rua, soltou o braço dela e viu seu rosto assustado o encarar.
- São quatro da manhã. Vamos embora, eu te levo – o garoto falou rígido. null abraçou o corpo. Ela estava mais bêbada do que antes, nitidamente.
- Mas eu vim com o null – a garota se enrolou nas palavras e nos pés também. null deu um passo gigante até ela para que conseguisse segurá-la. null riu e null suspirou pesado. Ela bêbada associava a sua traição com null e por isso sua reação não era das melhores desde então.
- O null está ocupado, portanto, eu vou te levar – null pode sentir o peito de null subir e descer. Suas mãos estavam apoiadas ali, suas duas mãos. Aos poucos ela levantou o olhar a ele, dando de cara com seus lábios, rosados, um hálito gostoso e quente, era ridículo demais querer absurdamente beijar null?
- Deus, me ajude – ela balbuciou, fechando os olhos logo em seguida. null sentiu null vacilar em seus braços, apertando-a mais contra si. null sentiu novamente o peitoral dele subir e descer contra seu corpo, abriu os olhos novamente, só que desse vez null sentiu qual era sua intenção.
- O quê? – ele perguntou. null o olhou diretamente nos olhos. A perdição total se encontrava ali, assim como os de null, os olhos de null eram profundos e instigantes.
- Eu já disse que seus olhos são... – null fechou os olhos novamente. Conseguia sentir sua língua se enrolar a cada palavra. Quando os abriu, viu null sorrir aos poucos e logo seus dentes brancos aparecerem e a expressão fofa e ao mesmo tempo sacana tomar conta dele.
- São? – ele perguntou num sussurro, achando divertido vê-la daquele jeito, com vontade de beijá-lo. A menina sorriu da mesma forma que ele, fechando os olhos novamente e logo acertando um tapa bem fraco em seu peito. null riu um pouco mais alto.
- Pare de se aproveitar mim, null! – ela contestou, encostando sua cabeça no peito dele. – Eu estou bêbada e você não ajuda – null murmurou baixinho, ainda encostada em seu peito, como uma criança birrenta. null riu de novo, abraçado a ela.
- Eu não ajudo? O que você quer dizer? – null perguntou e viu null voltar à postura normal. Porém, dessa vez mais perto, seus lábios se roçaram de leve, fazendo com que se tornasse mais irresistível não beijá-la.
- É. Você não ajuda – a garota sussurrou entre seus lábios, dando um selinho molhado e longo nele. null a puxou mais para ele. Aquela era uma situação que, na sua mente, estava imaginando mil e uma coisas possíveis de se fazer com ela. Com intenções perversas ou não, null havia o deixado louco. Mas ele tinha que se controlar. Ela estava bêbada.
null engoliu a sede e a pegou no colo, esperando que null tirasse os saltos. Assim que ela o fez, relaxou o corpo em null, jogando seus braços em torno de seu pescoço e afundando seu rosto no pescoço dele. o cheiro dele se instalou por seu corpo inteiro, de dentro pra fora. null não conseguia pensar direito, era a bebida. Não conseguia ver direito, mas tinha ideia do que aconteceu. null a colocou no banco ao lado do seu, ajeitou o corpo dela no banco e arrancou com o carro dali. Durante o trajeto, nas paradas aos sinais, fitava uma null desacordada ao seu lado. Temia que ela não se lembrasse da conversa de minutos atrás. Ela só agia assim quando sua falta de sanidade pulsava, era impulsivo, tudo que null fazia em relação a ele, era impulsivo e null sabia disso. Ela não pensava se ele a deixava sem ar, ou fazia seu coração bater rápido, se sua respiração quente a deixava da mesma forma, null só sentia quando tinha que sentir. Era instantâneo. Quando não estavam naquele tipo de situação, suas pernas não tremiam, seu corpo não se esquentava. O que null causava nela era totalmente o oposto do que null causava nela. E listando tudo que foi dito e virando ao contrário, já dá pra ter uma ideia do que null fazia dentro de seu corpo.
***
- Quem é o cara com quem a null está saindo? – Renê perguntou desconfiada, abrindo o mínimo da cortina para olhar a filha entrando em um carro preto. Não conseguiu ver o rosto do rapaz, mas sabia que não era nenhum de seus preferidos.
- Do que você está falando? – null arqueou a sobrancelha. Mesmo que Renê não pudesse ver, se não era null, quem era? Algo dentro dele pareceu incomodar naquele exato momento. null parou no meio do corredor, com o celular na orelha.
- Há três semanas, essa menina tem saído pra festas pelo menos duas vezes na semana, null. Eu achei que você soubesse – ele apertou o celular nas mãos. Sempre que via null, realmente, sua expressão era cansada, ela parecia estar desligada do mundo e agora, pensando melhor, de ressaca.
- Ela não me contou nada – prolongou a voz e logo fez uma pausa. – Tem problema se o Spyler fechar a Poison hoje? – O garoto perguntou, dando meia volta, deu de cara com uma das modelos. Ela o olhava com tesão. Sim, era exatamente essa expressão, mas por mais que ela fosse gostosa, null forçou um sorriso e passou direto e reto.
- Não, claro que não – Renê suspirou. – Obrigada por acertar com a gráfica. Devia pensar em trabalhar pra mim todo verão... Seu emprego está garantido – null riu.
- Tchau, senhora Montez.
O garoto começou a dar passadas largas até o carro, certo do que faria. Na sua lista de razões, que provavelmente null pediria, ele já foi pensando em numerações. Fato numero um: Ele não era seu namorado,mas foda-se. Fato número dois: Ele estava puto com a aquela palhaçada. Fato número três: Não existia. E null desconsiderou os três no mesmo momento, porque não iria explicar nada a ela, ele só iria até o local e saber o que diabos null estava fazendo e com quem.
A notícia boa é que null sabia que null a acompanhava nas festas e, se não acompanhava, sabia onde elas estavam acontecendo. Simples, isso já o ajudava, iria pegá-la no flagra. Seu corpo estava duro só de pensar em alguém indo além com ela, passando as mãos, dançando, sorrindo. Sabia que uma null null bêbada, não era uma boa ideia. Aliás, todo mundo bêbado é vulnerável, mas no caso. Ela era uma garota incrível, cobiçada e um problema. Um problemasso. Ele que o diga.
O menino dirigiu rápido até onde null morava, subiu sem nem avisar, notando na surpresa dele com sua chegada de supetão no local. Provavelmente sua expressão não era das melhores, null soava bastante ameaçador bravo e eles todos sabiam disso. null e null estavam com null.
- null? – null deu passagem para o amigo entrar. Os olhares de null e null pararam nele, null os cumprimentou com o olhar e voltou o mesmo a null.
- Onde a null está? – sua voz engrossou sem que ele percebesse. Ele mesmo percebeu que não estava sendo agradável com aquele tom de voz, estava nervoso. null arqueou a sobrancelha no mesmo momento e null o olhou com duvida.
- Como assim? Como eu vou saber? – null perguntou num tom obvio. -
- null, a null saiu hoje com um cara e provavelmente foi para uma festa, já que são nove da noite. Então é melhor você me dizer. Isso é sério, a Renê me ligou.
Houve um breve silencio entre todos e uma troca de olhares intensa. null já deduzia quem era e, bom, null estava boiando, mas ainda sim, preocupado. Ele sabia melhor do que todos que null não estava no seu melhor estado de sanidade, ele sabia o que era sentir o que ela estava sentindo. Pelo menos metade do que ela estava sentindo. Faltava uma semana até que o verão acabasse e as aulas começassem, null chegaria em um dia e null não estava nem aí pra isso, pelo que parecia, as festas estavam ocupando todo o seu tempo. Literalmente, aquela não era ela e sim a tão falada troublemaker. Isso deixava null nervoso, seu coração parecia estar preso e pressionado dentro do peito. Seu olhar era de súplica a null e tendo em vista o olhar em que ele lançou para null. null teve absoluta certeza que a coisa que estava por vir, não era boa.
- Eu acho que deve ser a Hellbuzz – null falou, tornando a cabeça para o amigo com um olhar preocupado. – Eu ouvi dizer que haveria uma festa lá, geralmente a galera da universidade faz uma serie de festas em todas as fraternidades no verão. A semana é da Hellbuzz. Ela sempre é a última – null coçou a cabeça e deu um longo suspiro, olhando para seus amigos.
- Só vou colocar uma jaqueta – null levantou do sofá, caminhando até o quarto de null. O mesmo o acompanhou, indo a procura de seus tênis e assim, só ficaram null e null na sala.
null viu null levantar lentamente, pressionando as mãos no joelho como impulso. O menino ajeitou as calças e passou as mãos nos cabelos, só então, olhando para null. Ele com certeza era mais impulsivo, null era mesmo. E se soubesse que quem estava levando null para de certa forma ‘’ mau caminho’’ era Ryan Connor, null iria ter um colapso. Ambos eram rivais e isso era até inacreditável já que null era um estudante do colegial e Ryan, um veterano na faculdade. Por sorte, as coisas não tinham nada a ver com null.
null era bonito, simpático e tinha Sexy Appel. Sabia como conquistar uma garota e enrola-la só na lábia. O principal rival de Ryan por essa futilidade que todo macho tem. Ryan só não gostava de null, porque ele havia conquistado null e sinceramente, essa sempre fora a meta dele. null. Então, a grande bola de neve surgia, quando Ryan Connor e null null já tinham um problema grande de ‘’santo não se bater’’ e ainda por cima, envolver uma garota da qual ambos eram absurdamente obcecados. O bônus é que, Ryan não sabia que null havia a conquistado, não sabia que o motivo da volta dela era ele, não sabia que null faria tudo por ela. Seria uma surpresa realmente e esse era medo.
- Você sabe, não sabe? – null botou as mãos na cintura, pressionando um lábio contra o outro, depois da pergunta.
- Sobre o quê? – ele bufou. null deu alguns passos em direção ao amigo, botando as mãos na cintura também
- Connor – a reação foi a esperada. null levantou os olhos para null no mesmo segundo, seguido de um tipo de olhar matador, aquele que viu null usar, apenas quando se tratava de Ryan. Só que era muito pior.
- Ryan Connor? – o menino pareceu incrédulo, mexendo seu corpo impaciente.
null fez que sim com a cabeça.
- Sem confusão, null. – null apareceu com null logo atrás. – Iremos lá pegar a null e só. Entendeu?
null e null riram com a facilidade que null passou ao dizer aquilo. Eles conheciam aquela garota, mais do que null, mais do qualquer um. Sendo assim, trocaram um olhar quase que debochado um para o outro, sobre o amigo. null e ele os olharam sem entender.
- Eu espero que seja fácil como você está deduzindo, null – null soltou o riso, sendo o primeiro a sair da casa.
Era possível notar o tempo ruim que estava se sucedendo durante o trajeto. Tanto no sentido de que: Só de saber que Connor estava com ela, null não estava em seu juízo perfeito. E Segundo: Pelas nuvens estranhas e carregadas, tendo um conjunto um vento gelado, o que previa uma chuva forte pela frente.
Todos foram calados dentro do carro, só falando o que era necessário. null se preparava para o pior, enquanto null trabalhava a mente a se acostumar com a cena de que, null, seu melhor amigo, teria um ataque de ciúmes com sua ex, cujo, ele era apaixonado. E null, só preparava os músculos para entrar numa briga gigante, pensando em que parte do corpo ele iria acertar, de quem quer que viesse pra cima dele. Era o jeito.
null deixou o carro pra fora do condomínio da fraternidade Hellbuzz e com o olhar, orientou os outros três, que o seguissem. Vendo de longe, pareciam uma gangue. null na frente, null e null de um lado e null atrás, parecendo vistoriar tudo e estava. O garoto olhava de um lado para o outro, procurando algum flagra, mas nada. A casa onde a festa rolava, era a segunda, bem perto da saída. O espanto foi nítido, quando as garotas os viram. Os quatro, contando com null, também frequentavam as festas, mas geralmente, só as do Hellbuzz, que null só foi descobrir que eram feitas por essa fraternidade, naquele dia. Geralmente ele só aparecia, assim como os outros, porque era verão e como estava sempre junto da galera, sendo convidado ali e aqui, ele sempre aparecia com null – Ele andava mais com ele no verão. null ajudava o pai, null geralmente viajava e null sempre estava ocupado com outras festas, mas aparecia de vez em quando.
Só que aquilo não importava naquele momento. Seu olhar se perdeu no tanto de garotas quase nuas ali, o olhando, cumprimentando pelo primeiro nome, enquanto os quatro mal sabiam os nomes delas, aliás, eles não sabiam. Então só sorriam para não causar uma má impressão. Provavelmente, eles já tinham transado e beijado metade daquelas veteranas. Iria parecer meio mal educado da parte deles, se nem se quer fingissem que sabiam quem eram elas. null trocou olhares com os três, dando a entender que era preciso que se separassem para encontrá-la. Tinha muita gente. Seu corpo só se esquentava mais a cada segundo, a busca por null naquele meio, pedindo para que não visse nada, era quase que desesperadora. null foi atrás dele, olhando tudo, enquanto null mantinha o olhar fixo e sério em cada uma das pessoas e meninas ali.
Realmente, ele havia tirado a prova. Nenhuma delas brilhava tanto como a sua garota. Ele tinha que a chamar assim, porque havia se tornado uma necessidade, assim que ele a viu. null parou de andar no mesmo momento, olhando cada ação dela. Seus olhos não se desviavam daquilo. null teve a ajuda de dois caras para subir em cima do balcão, ela ria, pervertida e brilhante, mordendo os lábios. null parou de respirar no segundo em que ouviu uma serie de rugidos e gritos em direção aquilo, em conjunto, o DJ pareceu se inspirar com a cena, botando uma musica de fundo, ajudando-a a continuar com aquela palhaçada, na opinião de null, mesmo não deixando de estar extremamente gostosa, fazendo aquilo, EXTREMAMENTE. null só sentia-se mais irritado e chocado com a cena.
null passou a dançar de um lado para o outro, soltando seus cabelos ainda sorrindo, dentro daquela saia justa branca, cós alto, com um top cropped na cor preta, deixando clara sua facilidade em dançar em cima de um balcão com um salto daquele tamanho. null jogava os cabelos de um lado para o outro, null respirou irritado, cada vez mais, cerrou os punhos ao vê-la descer em direção ao chão, mais do que devia e todos gritarem. Engoliu seco a talvez terceira rebolada certeira que fazia os gritos aparecerem. O garoto estava tão paralisado com a cena de nunca tê-la visto naquela situação, que mesmo querendo e urrando de raiva, não conseguia sair do lugar.
null olhou para trás, notando null começar a se por ao seu lado, com a mesma feição, paralisado, assim como todos os outros caras, ela havia os hipnotizado e isso o deixava fora de si. Logo viu null de um lado, um pouco mais distante e null, que trocou um olhar incrédulo com ele, do tipo “cara, olha o que essa garota está fazendo!” e sim, era inacreditável. null não tinha carinha de santa e muito menos era santa. Mas ninguém que a conhecia em seu estado normal, imaginava que ela dançava tão sexy daquele jeito. Não diria vulgar, porque null não dançava vulgar, ela não dançava pra ninguém. Talvez por isso, ela prendia cada olhar a ela, ela dançava só pra se divertir com ela mesma, porque gostava e por isso não se tornava vulgar, null não queria impressionar ninguém, mas acabava impressionando. null nunca havia se deparado com uma garota dessas na vida, até aquele momento. Ele estava apaixonado pelo sorriso que ela lançava, mesmo que meio pervertido, mas, que indicava o quanto, naquele exato momento, ela estava apaixonada pela sensação.
Assim que aquela musica em si, que dava todo o toque ao conto de fadas acabou. null a viu olhar para baixo. E só então, ele teve certeza que sairia si. Ryan a olhava, diretamente em suas pernas, como se quisesse comê-la, como se null fosse um pedaço de carne, um troféu que ele tinha o prazer naquele momento, de dizer que tinha posse. Engano dele, pobre Connor. null se remexeu, cruzando os braços ao lado de null, desgostoso com a cena, enquanto null contava até três – Provavelmente mais – Pra não se exaltar e pensar num argumento calmo, de ir abordá-la e tirá-la de lá.
Nos três segundos que se sucederam, tudo foi bem: até Ryan segurar uma das coxas de null. Como se não bastasse o ciúmes incontrolável que null sentiu naquele momento, a expressão desconfortável de null deixou as coisas subirem em seu cérebro e borbulharem. null passou a odiar da maneira mais raivosa, o sorriso canalha de Ryan, mostrando para os amigos o quanto podia. Talvez não fosse só culpa dele, mas ela estava bêbada. E mais ainda, a falta de caráter dele, em se aproveitar daquilo, isso era algo que null não admitia e por isso odiava Ryan com tanta força.
- Ele faz isso sempre? – null perguntou entre dentes. Seu peito inflou, o fazendo dar uma respirada longa para oxigenar seu cérebro e ele se aguentar. null balançou a cabeça, irritado.
- Creio que não, mas ela anda sempre com ele, sempre que esta bêbada... Você conhece o Connor – null falou. Desviando os olhos da cena, para null. Conseguiu ver suas veias estraladas no pescoço.
- E você não fez nada? – null soltou os braços, juntando as sobrancelhas. A raiva que reprimia nos punhos enquanto ele os cerrava, pareceu se espalhar pelo corpo todo. null sentia o corpo tremer de vontade de ir até lá e arrebentá-lo.
- O que eu podia fazer null? É escolha dela! – null respondeu, respirando fundo, logo voltando a olhá-los.
- Eu vou te mostrar o que você poderia fazer.
null viu null balbuciar em negação a Ryan, que sorria bêbado e inconveniente a ela. A Garota ainda estava em cima do balcão, mas nitidamente arrependida de ter subido lá. null não sabia se era instintivo, não sabia o que havia feito correr tão maluco até lá. Talvez sua raiva toda reprimida, das cenas anteriores, dos flashes do sorriso idiota de Ryan, da expressão dela. null arriscou ter empurrado umas dez pessoas no trajeto, para chegar mais rápido. Assim que chegou bem perto de null, quis tirar suas calças e dar a ela no mesmo instante. De perto, suas pernas estavam mais a vela. Mas a troca de olhares com elas foi rápida, já que ao lado, Ryan cruzou os braços no mesmo momento, sorrindo como um babaca. null estava contando carneirinhos para não dar na cara dele.
- null null – Ryan riu, passando a língua nos lábios. – Gostou da minha garota? – null riu e depois olhou para null.
Seu olhar era assustado, mas ao mesmo tempo apavorado. Assim como null, null o conhecia muito bem e não queria que nada o machucasse, por isso, queria dar um jeito de dizer para que ele saísse dali, prevendo que se: null tocasse em Ryan, a legião dele montaria em null e ela não suportaria vê-lo machucado por sua culpa, por culpa da sua merda de escolha. Mesmo querendo ir com null, querendo que ele a salvasse, como estava pretendendo, era como pisar em um fogo cruzado. Ao longe, a menina conseguiu ver null vindo lentamente em sua direção e um pouco ao lado, null e null. Seu corpo passou a tremular.
- null... – null pediu, abaixando um tanto o corpo até ele. O menino cruzou os braços a ignorando.
- Todas são suas garotas... Né, Connor? – disse, vendo de dois em dois, garotos se apossarem ao lado de Ryan.
- É você quem está dizendo... – null abanou a cabeça negativamente.
- Você é uma piada, Ryan. Devia parar com isso, já está grandinho o suficiente pra mentir que pega garotas que você... Nunca pegou – o olhar foi parar em null de novo.
- Não vamos começar algo que você não vai conseguir terminar, null. – Ryan deu um passo à frente, segurando novamente nas pernas de null. null viu-a estremecer e fechar os olhos em desaprovação, seu sangue ferveu.
- Já ouviu falar que, cão que ladra, não morde? – a posição dele era a mesma desde que havia chegado ali. Ryan era um merda sem os amigos, então, pelo menos, bater nele ele iria, quanto aos amigos, seria um caso a parte.
- É o que vamos ver... – Ryan riu e voltou seu olhar a null. – Vaza, null, e deixa a gatinha aqui comigo.
Foi impulsivo, null mal conseguiu ver como havia o acertado tão em cheio. Talvez fosse porque estava esperando isso há muito tempo. Quando viu que Ryan iria subir ainda mais as mãos em null, lançou um soco em seu maxilar que o fez cair no chão como um merda. Foi tão surpreso, que todos os seguidores dele não conseguiram fazer nada para revidar. Ryan ficou espatifado no chão talvez por minutos e null não queria espera-lo levantar e dar as ordens de morte aos seus fantoches. O menino olhou para cima, vendo a feição de espanto de null e logo virou-se para ela, grudando em seus tornozelos.
- Vamos embora. – ele ordenou, tentando puxá-la para ele, mas null travou os pés.
- Se não o quê? – null perguntou brava. Ela realmente estava puta com ele, puta de preocupada porque Ryan iria mandar caçar null no inferno depois daquilo, tudo por causa dela. null estava com raiva de si mesma por isso.
- Vai ser por mal, né? – ele bufou.
- O quê?
Mal deu tempo de null pensar. Ela já estava nos ombros de null, sem nenhuma reação, sentindo as mãos dele taparem parte de sua bunda que provavelmente estava à mostra e o mesmo, passar dentre as pessoas com raiva, as empurrando para conseguir passar mais rápido. Sendo assim, null, null e null o seguiram com o olhar, null lançou um olhar a eles indicando que iria para o carro, enquanto os três iriam dar uma checada no lugar. Ao contrário de null e null, null era amigo de Ryan, não tão amigo, mas Ryan gostava dele, por incrível que pareça. Então ele tentaria apaziguar as coisas.
Quando null deu-se por si, só fora da casa, começou a se debater no ombro de null, socando suas costas, que pareciam ser de ferro, estavam duras. null não obtinha nenhuma reação sobre aquilo, só continuava andando com ela, como um robô, vez ou outra ajeitando-a nos ombros. Um pouco antes de chegar ao portão de saída, num movimento brusco, null a pôs no chão, ato que fez a garota cambalear algumas vezes para trás assim que seus pés tocaram na superfície.
- Queria eu te soltasse não queria? Ótimo. E agora? – null vociferou, null travou os olhos assustados para ele, logo abraçando seu próprio corpo, tanto pelo susto, mas porque um vento gelado a acertou em cheio naquele instante.
- E agora? – null repetiu, instantes depois de recuperar a linha de pensamento. – Agora você tá fodido! Ouviu? Totalmente ferrado, null. Eu... – null cerrou os punhos, girando nos calcanhares.
- Você o quê? – ele botou as mãos na cintura, com o olhar bruto sobre ela.
- Depois dessa merda de cena ridícula, null, você sabe que o Ryan vai te caçar no inferno, não sabe? – ela fez um gesto bruto com os braços e viu null rir sarcástico, passando a língua nos dentes.
- A única pessoa que fez uma cena ridícula aqui, é você, null – ele deu um passo até ela. Seu coração pareceu parar. null tinha um olhar pesado e decepcionado sobre ela, em conjunto com seu dedo indicador, apontando diretamente pro seu nariz.
- Dançar? Me divertir? Isso é ridículo pra você? – null riu, jogando os cabelos para trás.
- Você chama aquilo de dança, null? – null alterou a voz novamente, jogando os braços num sorriso irônico. – Eu estou impressionado! – debochou batendo palmas, vendo null cerrar os dentes.
- Eu não tenho culpa se você não consegue controlar seu ciúme null, desculpa, mas eu tenho uma vida longe de você – ela cuspiu em null, agora, também apontando seu dedo indicador na direção dele.
- Que vida? A de vagabundinha do Connor?
null travou o ar nos pulmões ao ouvir aquilo, assim como null. Ele sabia que naquele exato momento tinha pegado pesado demais só pela expressão extremamente indecifrável que ela tinha no rosto. Mesmo assim, null continuou firme, com os olhos cerrados para ela e um olhar fulminante, enquanto a mesma, o olhava séria. Era possível perceber sua respiração pesada.
- Vagabundinha do Connor? – null repetiu lentamente, fazendo um estalo com a língua enquanto a passava nos dentes. – É assim que você me vê? – null olhou nos olhos do garoto. null achou ridículo, se pudesse, sairia andando dali, porque era ridículo demais.
- Para de bancar a idiota que você não é, null.
- O que você quer dizer com isso? – null conseguiu sentir seus dentes trincarem.
- Quer que eu desenhe? document.write(Gabriela) fez um biquinho com os lábios e rapidamente, foi dando passos para trás, ainda sustentando o olhar de null. Tão duro, rígido, sério. null não sabia se era só porque ele estava extremamente fora de si, ou se era porque ele queria mesmo, mas, a sensação que ela sentiu foi a que ele descreveu: Foi como se ela fosse uma vadia.
A fez sentir nojo de si própria. null queria correr dali, por não aguentar o olhar dele daquela forma, sobre ela. Suas pernas passaram a dar passadas longas, assim que virou de costas para ele, tirando os saltos no caminho. assim que null o fez, passou a correr devagar, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas em segundos. O vento gelado que batia contra seu corpo, a fazia querer ainda mais correr contra aquilo. Ela saiu do condomínio e correu, correu com vontade. Houve um momento em que ela só via borrões, por causa das lágrimas, seu choro foi espontâneo e ela tentava o engolir sempre que podia, sempre que os trovoes pareciam ficar mais altos. Logo, pingos começaram a cair sobre seus cabelos e assim, ela foi diminuindo os passos. Até sentir num baque e numa dor brusca, alguém segurar seu braço e virá-la com brutalidade.
null pode ver os olhos assustados de null o olhando, seus cabelos já molhados pela chuva, grudaram em parte de seu pescoço e sua saia branca, estava delineando detalhadamente cada parte de seu corpo.
- O que você quer? – null disse, tentando se soltar de null. O menino também tinha seus cabelos molhados, em conjunto com suas roupas, seu olhar estava mais escuro, mas ainda sim, brilhante. null sentiu o corpo tremular ao reparar naquilo.
- Chega disso, vem comigo – ele falou e logo depois engoliu seco, vendo null ainda tentar se soltar da mão que a segurava.
- Me solta, null.
- Eu não vou deixar você ir – ele falou firme, olhando fixamente nos olhos da garota. null riu. No mesmo momento, a chuva passou a ficar mais forte, mas mesmo assim, null continuou segurando null, que queria tomar rumo diferente do carro.
- Para de fingir que se importa comigo, tudo bem? – ela gritou e com a forma bruta do ato, o braço dela deslizou pelas mãos de null, de modo com que ela se soltou dele. – Eu não quero null. Eu não quero que você se importe comigo, eu não quero que você venha atrás de mim, eu quero que você me deixe em paz! Ouviu? – a menina gritou, abrindo os braços bruscamente, logo, botando os cabelos para trás, enquanto null via isso acontecer em câmera lenta, com o peito a mil.
- Tem certeza? – ele deu um passo até ela, também passando as mãos nos cabelos de maneira nervosa. – Tem certeza que quer que eu te deixe em paz? – null deu outro passo até ela, null quis chorar mais do que nunca naquele momento. queria dizer que sim, mas a dor que sentiu ao apenas ouvir aquilo deixou bem claro que não conseguiria ficar sem ele, não conseguiria mentir, nem que quisesse pela razão. – Diz que tem certeza e eu dou meia volta e deixo você ir pra onde você quiser null.
Ela ficou o olhando, dentre os pingos fortes de chuva que faziam sua visão ficar turva por vezes e null parecer ser apenas uma alucinação. Uma maravilhosa alucinação. O garoto tinha o maxilar trincado e seus olhos pareciam faiscar, mesmo na chuva. Ela conseguia sentir a tensão e a temperatura de seus corpos quentes, naquela chuva fria e forte que estava cada vez mais os deixando em sopa, totalmente encharcados. Aquilo não estava importando na verdade, a chuva parecia não estar caindo, era como se a conexão que seus olhos estavam, fosse uma força maior que eles e de fato, era. Aquela era a única opção plausível para null e null não estarem tremendo de frio, seus corpos quentes por dentro de algo pulsante e incandescente, se ligando um ao outro em mil e uma sensações, apenas com um olhar.
- Eu não quero ser uma obrigação sua – ela balbuciou. – Não quero que você sinta que deve cuidar de mim porque me machucou null e eu tenho certeza que você sabe disso, porque querendo ou não, me conhece como a palma da sua mão – null conseguiu sentir a voz tremula dela, mesmo não vendo lágrimas, por causa da chuva, ele tinha certeza que ela estava chorando e aquilo doeu nele. – Eu não quero que você se importe porque acha que se algo acontecer comigo, vai ser culpa sua, porque no fim, foi isso que aconteceu no hospital não foi? Era culpa. Não era paixão, não era amor, não era nada além disso – ela fechou os olhos. null continuou parado.
- Não importa o que você pense, ou o que diga. Eu sempre vou me importar com você – falou logo, no mesmo tom que ela, olhando menina tremula a sua frente, null deu um passo grande e a segurou pelos braços, procurando seu olhar, mas, null chorava, ela não o retribuía e aquilo o deixou desesperado.
- Para de fingir! Me deixa ir! Eu... – ela parou de falar, engolindo o choro e logo abriu os olhos, o encontrando com os dele. – Eu não consigo deixar você ir, mas, null, então é você quem tem que fazer isso! – seu choro ficou mais alto, assim como os olhos de null se encheram de lágrimas no mesmo segundo, o garoto apertou com mais força seus braços, ato que fez a menina voltar a chorar de olhos fechados e pressionados.
- Você não entende! – ele a apertou mais ainda, null sentiu um leve chacoalhar no corpo. mole, tremulo já pelo frio e vento da chuva, pela dor... Aos poucos abriu os olhos encharcados para olhar-nos de null, ele parecia louco, null pressionou os lábios, tentando guardar aquele olhar em si, para ela. cheio de desespero e paixão. – null, EU NÃO POSSO TE PERDER! – os dedos dele apertaram mais sua pele, enquanto seus olhos ainda queriam se encontrar com os dela.
null sentiu o corpo estremecer e assim como ele, seu pulmão não drenava o ar de maneira certa, estava ficando obvio, ela mal conseguia respirar. Um misto quente e frio tomou seu coração, dando a sensação de que uma corda estava prestes a enforcá-la. E, assim como ela, null não sabia como ainda conseguia falar. Só de pensar ser deixado por ela, ficou louco. null podia sentir seu sangue quente escorrer por suas veias.
– EU NÃO POSSO TE PERDER OUTRA VEZ! OUVIU? – ele aumentou o tom de voz, percebendo assim que ela não diria nada em resposta, apertando mais seus braços. null tombou a cabeça para o lado, ainda chorando baixinho. – Se isso significa ter que aguentar ver null com você, ou, não te beijar, ou não te tocar, o que é uma luta pra mim todo o santo dia, eu faço null, eu só quero estar por perto, porque eu não consigo nem pensar em te ver de novo numa cama de hospital. null, eu sou completamente apaixonado você e eu não me importo se você não acredita, porque isso não diminui o que eu sinto. E meu Deus, como eu queria que diminuísse... – null finalmente a soltou, percebendo seu surto.
Ela se jogou nos braços de null sem ter nem um segundo de intervalo. Passou os seus braços por toda região dos ombros e nuca dele, agarrando ali. null retribuiu o ato a agarrando pela cintura e puxando-a para si, colando seus corpos molhados, sentindo que ambos estavam quentes, sentindo a pele dela quente sobre sua camisa molhada. null estava na ponta dos pés, sentindo o cheiro dele se misturar cada vez mais com o cheiro de corpo, seu cheiro natural, não havia outro mais gostoso que aquele, era relaxante. A menina foi ficando cada vez mais mole em seus braços, como se tudo estivesse vindo numa big ressaca, tanto a conversa, como o frio e a bebida. null percebendo isso, a carregou de novo, sentindo-a afundar a cabeça na cova de seu pescoço, null depositou um beijo longo naquela parte, o que fez o menino respirar fundo, logo, passou os braços com mais precisão, para se segurar certo em volta do pescoço dele e ali, ela ficou quietinha, apenas com a respiração quente em seu pescoço.
Ele parou de andar no segundo em que viu um carro preto se aproximar, identificando que era o carro de null. null parou no meio da rua, em meio aquela chuva forte que caia e assim, null e null saíram feito bala pra fora do carro, provavelmente achando que algo tinha acontecido com ela, em instantes, também ficando totalmente em sopa.
- O que aconteceu, cara? – null olhou assustado para null nos braços do amigo e viu a menina virar a cabeça lentamente para olhá-lo, dando a entender que estava tudo bem.
- Sem perguntas agora – null desatou a andar, sentindo o olhar de null cravado em suas costas e assim, o acompanhar até o carro.
- E o Ryan? – ele perguntou assim que entrou no carro, deitando null no banco traseiro e assim, as pernas dela ficaram por cima do colo de null também. null tentou ignorar aquilo, já havia passado sua cota de ciúmes por ela naquele dia.
- Ele ficou atordoado por um tempo – null virou-se para olhar null no banco traseiro e logo depois passou seu dedão no queixo.
- Eu não sabia que o Connor era tão... Merdinha assim. – null comentou rindo de lado.
- Ele pode até ser, null, mas quando ele tomar por si, sobre o que aconteceu, eu garanto que não vai ser nada bom – null disse, fazendo com que o carro ficasse em silencio, apenas com o barulho de chuva nos vidros, uma chuva que ficava cada vez mais forte.
Logicamente, em primeiro lugar, null parou na casa de null e aí foi aquela: quem vai levá-la até o apartamento? Quem vai dar explicações a Renê sobre sua filha em sopa e bêbada? Quem vai cuidar dela?
A primeira alternativa para null e null, era null. Não porque eles sabiam que havia um motivo muito maior para null estar no colo dele, no meio da chuva e não no carro, onde deveriam estar. Mas sim porque Renê tinha mais afinidade com ele e com certeza, null era o rei da embolação e saberia exatamente o que dizer pra mulher. Só que, ainda tinha null. Obviamente ele também queria cuidar dela, null por outro lado tinha um ar mais responsável do que null e talvez, Renê acreditasse mais nele do que no Mrs. Sexy Appel.
No fim, não houve tempo de qualquer discussão, null abriu a porta do carro quase que de imediato, tendo null o acompanhando logo depois, null sentou-se no banco no mesmo momento, sentindo seu corpo ser puxado de maneira sutil e logo, null a pegar no colo. null botou a jaqueta do mesmo por cima de null e depois voltou pro carro. O intuito era que fosse levar null e null embora e depois voltar e pegar null. Ele não gostava daquela situação, literalmente. No momento em que null bateu os olhos em null e em null, ambos estavam olhando na mesma direção, null se afastando com null e o mesmo modo de olhar. Era exatamente o mesmo olhar, só que, null não conseguia definir o que ele significava, só soube na hora que: O que null e null sentiam por ela era exatamente igual e se era – Quase tendo certeza. – Isso era um big problema.
null entrou no elevador com mais um casal, já sendo olhado por eles com maus olhos. Mesmo que não fosse um cara que se importava com olhares, ou com que pouca merda pensavam dele com suas atitudes, aquilo não deixava de ser desconfortável. null podia sentir as costas quentes, por conta dos olhares, então, pra tentar relaxar, começou a pensar e repensar em desculpas boas o suficiente para Renê, mesmo sabendo que qualquer farrapo que ele falasse a levaria sempre a mesma pergunta, assim como na cabeça dele, Renê pensaria: Porque ela está desacordada e molhada?
Assim que chegou no quinto andar, que era o dela, deu uma olhadela para trás, jogando um tipo de sensação sarcástica de ‘’não estou abusando dessa garota.’’ E no fim, recebeu algo parecido deles. Andou três portas adiante até chegar a frente ao de null, onde não hesitou em abrir, dando de cara primeiramente, com uma escuridão imensa. null deu um passo cauteloso a frente e aí, uma meia luz se acendeu, vulgo, de um abajur ao lado da TV, deixando seu coração a beira de um ataque cardíaco.
null estava parada ao lado dele, com um pijama lilás e cabelos presos. assim que bateu os olhos em null, seu peito palpitou, tanto por vê-lo, mas por null estar nos braços dele naquela situação.
- null! – ela exclamou baixinho, dando passos rápidos até os dois para olhar null de perto, enquanto ele não conseguia tirar os olhos dela. – O que aconteceu? – null tentou ignorar o fato de null estar a olhando com certa raiva e duvida.
- Ela... – o menino gaguejou assim que reparou estar fixado demais nela. – Pra falar a verdade eu não sei. – null riu de leve e viu null o encarar com raiva.
- Como assim não sabe, null? Minha amiga está desacordada nos seus braços e você não... Ela está molhada? null null, porque ela está molhada? – null tocou nas roupas de null, atônita com a situação.
- Porque você não me ligou? – o garoto jogou na lata. null levou o olhar até ele no mesmo momento, com a boca entreaberta e assim ficou por cinco segundos, engolindo seco.
- Você realmente acha que esse é um momento apropriado pra falarmos disso? – null arrastou a frase, dando um suspiro.
- Ok. Onde fica o quarto dela? Temos que tirar essas roupas – o garoto disse ríspido, deixando nítida a sua reação com null. No mesmo momento, ela o olhou com uma duvida obvia, reparando na indiferença de null sobre ela.
- Põe ela no quarto dela e eu cuido do resto.
A garota passou a andar rápida e dura, escancarando a porta do quarto de null. Era obvio que não iria deixar null trocar null, ou vê-la seminua. Só de pensar no fato, seu rosto queimou de uma forma estranha. Não que pensasse que null faria algo, ou que null seria tão doente a ponto, mas, ele a veria e em sua concepção, a única que null podia ver era ela. Apesar de tudo, null era completamente apaixonada por null, vendo-o ali em sua frente, sua vontade era de beijá-lo e de dizer o quanto esteve com saudades, mas nada era tão simples. Não a partir daquele momento.
null botou null lá com carinho, olhando por segundos com preocupação para ela, mesmo sabendo que null cuidaria dela, null estava lhe deixando nos nervos naquela situação. Ele virou-se para null no mesmo momento, travando seu olhar com o dela de maneira duvidosa e ao mesmo tempo cheia de raiva. Naquele segundo, tudo que ele mais queria era não gostar dela, não sofrer por ela, mas era difícil quando a garota ainda é extremamente bonita e atraente.
- Eu volto pra saber se ela está bem – ele disse comprimindo os lábios com raiva e rispidez jogando seus cabelos molhados param trás, null sentiu uma pontada atravessar seu peito naquele instante.
- null, eu quis te...
- Guarda isso pra você agora – o menino a cortou, virando se súbito para trás, já que já havia feito caminho para fora do quarto de null. null engoliu seco. – Quando eu te pedi uma explicação, você disse que não era o momento, então, agora não é o MEU momento, null, eu cansei disso.
Antes que ela pudesse responder, null saiu como um furacão pela casa e só o que null ouviu sucedendo a isso, foi o barulho da porta bater, deixando um vácuo de minutos, um vácuo sufocante para ela. Ela tentou ignorar a situação, voltando a prestar atenção em null, que agora começava a se remexer na cama, provavelmente havia escutado tudo, null só não sabia se ela iria se lembrar...
- O que você tem, ein? – ela sussurrou perto da amiga, ajudando-a a sentar-se na cama, jogando seus cabelos para trás. null não disse nada, só a olhou, com todo o pedido de ajuda que seu corpo poderia expelir e como toda melhor amiga null entendeu exatamente o recado, iniciando os cuidados com null.
- Você sabe que uma hora vai ter que me contar, não sabe?
null falou pela quarentésima vez em três dias, pra facilitar, desde que null havia acordado, a única coisa que null questionava era sobre o que tinha acontecido, mas ouvia sempre mesma resposta: eu não me lembro. eu não estou a fim de contar. vamos falar de outra coisa?
- Tente a sorte, já faz quatro dias que você não consegue tirar a verdade dela – Renê comentou, sem tirar os olhos de uma revista que pegara como modelo de trabalho. null revirou os olhos.
- Que verdade? Eu nem se quer me lembro! – a menina protestou, fingindo estar mais concentrada no pão a sua frente.
- Como assim não se lembra? Não é possível null. Me desculpa mas você não estava a ponto de estar tão bêbada, pra não saber por que estava nos braços de null e totalmente encharcada quando chegou. – null argumentou um pouco alterada. Viu null virar o rosto lentamente para encarar seus olhos.
- Seja sincera null – ela ouviu a amiga proferir lentamente. – Você não está interessada em mim, ou em porque eu estava bêbada. Não tem haver comigo. Tem haver com o null. – null riu, levantando-se bruscamente.
- O quê? – null acompanhou null até a porta, indignada.
- Se que tanto saber, pergunta pra ele droga! – Ela engoliu seco. – Tá se remoendo porque acha que podemos ter feito algo, né? Então pergunta pra ele se a gente fez. – null piscou, apontando o dedo indicador para null, no mesmo segundo Renê olhou assustada para a briga das duas. null levantou-se ligeiramente da cadeira, com um olhar de raiva indecifrável.
- Qual é o seu problema? – null afastou a cadeira, direcionando minimamente o corpo até null.
- Me poupe, eu não vou discutir com você null. – null se afastou, mas null foi a seu encalço, até parar em seu quarto, e lá, fechou a porta com força, ato que fez null virar-se bruscamente par olhá-la.
- Você acha que pode falar o que quer e sair andando? – null disparou dando um passo até null, seu corpo se esquentou de raiva ao ver null cruzar os braços.
- Eu não quero discutir com você.
- Não quer, mas começou. Então seja mulher null – a menina rolou os olhos, bufando em seguida.
- Qual é o problema, null? Não era isso que você queria ouvir? – null aumentou o tom. – Queria que eu te dissesse e te jurasse que eu não fiz nada com o rebateu.
- Para de ser hipócrita! – null gritou, passando as mãos nos cabelos. – Está na cara, então para! Isso é só porque ele não prestou tanta atenção em você, porque eu estava nos braços dele molhada, e ele não ligou tanto pro amor dele que não havia há muito tempo. Não era isso que você esperava, era?
null conseguiu ver null se avermelhar à sua frente, temendo que ela explodisse. Algumas vezes na vida ela conseguiu ver null tão puta como naquele momento, mas mesmo assim, nunca foi com ela. Sinceramente, null não conseguia entender como tinha feito aquilo, disse de forma tão normal, que, notando a afronta e facada que aquilo foi em null, aos poucos sua cabeça passou a doer de arrependimento, porem, não houve nem tempo de reconsideração de sua parte, já que null disparou a falar.
- Eu não sei o que aconteceu pra te fazer ficar assim, tão deplorável – null comentou baixo, cuspindo aquilo como uma bola de fogo, acertando null diretamente no estomago, ele começou a queimar no mesmo momento. – Só tenta parar de agir como criança mimada e enfrenta o que você tá passando, seja mulher o suficiente pra isso, já que é em outras circunstâncias. Não foge dos problemas ou usa essa merda de mascara nojenta pra afugentar a menina frágil que todo mundo sabe que tá aí, chega a ser humilhante pra você mesma, e, apesar de eu não estar acreditando no que você acabou de me dizer, eu ainda acredito no seu melhor, porque esse é o meu trabalho, mas mesmo assim, eu não sou obrigada a fazer isso sempre. Então fica com esse seu lixo interno,e toma cuidado pra ele não te consumir null, porque ninguém mais pode lutar contra tudo isso que tá acontecendo, a não ser você. Eu não vou ficar aqui sentada esperando que você entenda, ou tente melhorar, mas meu aviso tá dado, e você faz o que quiser com ele.
null saiu do mesmo modo que entrou, batendo a porta e deixando null no seu mar de palavras cortantes, ela mal conseguia andar em seu quarto, tudo ali parecia a ferir, as palavras estavam lá, a queimando, a fazendo querer sumir de tanta raiva e arrependimento, se era possível que ela sentisse isso ainda.
Pelo resto do dia ela ouviu as movimentações por fora de seu quarto, não saiu de lá, e ninguém entrou pra saber se estava tudo bem, ela não esperava isso depois de tudo. Seu corpo começou a se esquentar rapidamente durante a noite, assim como uma sensação ruim e devastadora se aflorou em seu corpo naquele tempo, o tempo em que ficou parada. Tentando entender, ela não sabia se isso era um efeito colateral de todo o seu arrependimento, ou se tinha realmente algo errado com ela, digo, fisicamente. Talvez fosse isso, tudo aquilo fora tão forte, que lhe causou um efeito colateral físico e emocional, coisa que não estava sendo novidade nos últimos tempos.
Na madrugada da sexta feira, null acordou com pequenas vozes alteradas, eram mais como sussurros alterados, na verdade. Seu corpo estava dolorido e sua cabeça parecia que iria explodir, mais uma vez ela ignorou aquilo, caminhando meio sem jeito até a porta, e lá ela sentou-se, grudando os ouvidos na mesma.
-... Não faz diferença, nada explica isso. – null pode identificar a voz de null.
- Você pode parar um segundo, e me ouvir? Entender o meu lado? – A menina suplicou, null ficou calado por alguns segundos.
- Como ela está? – A vez foi de null ficar calada. null estava se referindo a?...
- Bem. No quarto. – Sim. Referia-se a ela. E a forma como null descreveu o seu estado, foi suficiente para null sentir o coração efetuar batidas geladas dentro do peito, iniciando uma serie de sensações osciladas de falta de ar.
- Você comentou sobre a viajem para Brighton Beach que combinamos amanhã?
Houve um silêncio hesitante durante um tempo. Aquilo fez null adicionar mais uma sensação ruim junto às outras. Seu corpo dessa vez se ajeitou ainda mais desleixado no carpete, com cada vez mais, um aperto incomodo no peito. null sentia-se levemente afogada, só então, tentando respirar fundo para acalmar as batidas de seu coração, ela percebeu que seu nariz estava entupido, e por isso, tinha também a sensação de estar afogada.
- Qual é problema? – null perguntou novamente. Outro silencio, só que um pouco menor.
- É melhor assim, estamos em outro patamar agora. – null comentou.
- Me diz que não é por que... – Houve um suspiro, provavelmente eles já haviam tido uma conversa antes daquela. – null, você sabe que na situação é inaceitável você pensar que isso poderia ter acontecido.
Outra pontada. Ela realmente perguntou, realmente desconfiou dela.
- Eu não pensei em nada, e nem acreditei, eu queria apenas conversar, null. Você nunca entenderia porque não sabe o que passamos. – Ela disparou logo depois. – Eu nunca brigaria com null por ninguém, por nenhuma pessoa, e muito menos por homem. Não foi nada relacionado a outra pessoa, e sim, só a ela mesma.
Outro silêncio.
- Pessoas erram o tempo todo, e ela é uma pessoa, uma menina que tá sozinha, confusa, e sem você, a melhor amiga dela. Então dá um desconto. – null proferiu.
Logo, ouviu-se um baque da porta de entrada se bater, e depois a do quarto ao lado, dando a entender que null e null haviam terminado a conversa.
null voltou a se deitar engolindo seco. Seu estado era febril e ela podia sentir isso, em pleno verão, seu corpo tremia de frio, e a única coisa que ela conseguia era ficar na mesma posição, encolhida e tentando respirar ao máximo em baixo do cobertor. Seu sono prolongava-se de meia em meia hora, tempo em que ela acordava mole, e logo voltava a dormir por causa da fraqueza do corpo, e assim se sucedeu a sua noite. Ela arriscava dizer que nunca passou tão mal como naquela noite. Não tinha forças para pegar outra coberta, e por isso, sentia suar frio só com uma.
Ela só se deu conta de que havia dormido um tempo, quando acordou com null gritando na porta de seu quarto, seus olhos se abriram melados e inchados, e viram de maneira turva, null caminhar até o meio do dele, sem se dar ao trabalho de olhar direito para ela.
- Você tem meia hora pra se arrumar. Vamos a Brighton hoje.
Ela ouviu a porta fechar-se, e sem ter muito que fazer, porque mal conseguia falar e responder de volta, voltou a fechar os olhos, caindo no cochilo prazeroso que fora interrompido há minutos atrás.
Quando todos perceberam que null havia entrado sozinha no carro, sem haver indícios de que alguém mais viria todos a olharam de canto, com um gigante ponto de pergunta instalado bem ao meio de cada testa. null ainda ficou parado, não sabia se ligava o carro ou se perguntava uma coisa obvia: null iria sem null sem dar nenhuma explicação?
A divisão dos carros não fora organizada, o que fazia todos pensarem que o universo sempre conspirava a favor de null quando as coisas não estavam bem para null, ele sempre estava lá, de algum jeito, o mundo girava para deixá-los juntos quando ambos mais precisavam, e aquilo não poderia deixar de ser menos que surreal. Antes que ele mesmo pudesse iniciar uma pergunta, null prevendo, já direcionou seu olhar diretamente para ele, e deu um longo suspiro sucedendo a resposta:
- Ela não vai vir. - Todos se entreolharam. Até null virou-se para trás para encarar null.
- Como não vai vir? Você à chamou? – null perguntou.
- Chamei. Dei a ela a meia hora que eu tive pra me arrumar, só que ela não levantou da cama e muito menos respondeu, então... Podemos ir? – null tombou a cabeça fazendo gestos negativos, null o olhou arqueando a sobrancelha, já notando que ele sabia o motivo, e depois voltou a olhar null.
Houve um silêncio apreensivo entre todos no carro, e como o esperado, null saiu do mesmo e assim que fechou a porta, debruçou-se na janela, olhando para null, que também se abaixou um pouco para ter a visão nítida de null.
- Eu vou subir e ver o que está acontecendo... Me dá quinze minutos? – O menino perguntou à null, e o mesmo assentiu, de relance viu null revirar os olhos.
- null tem muita paciência. – Ela comentou se ajeitando melhor no banco, null a olhou com peso, pescando palavras.
- E você também deveria ter.
Seguido a isso, nada mais foi dito no carro. O que sobrou foi apenas a resposta de null sobre null.
Assim que entrou na casa, notou um silencio incomum lá dentro, provavelmente Renê tinha ido trabalhar, era uma sexta feira quente e ensolarada – Rara em Londres – Super propícia para passar o tempo na praia, mas Renê ainda preferia trabalhar. null espantou os pensamentos assim que abriu cautelosamente a porta de null. Seu quarto estava escuro o suficiente para que ele não conseguisse distinguir onde ela estava. um cobertor grosso a cobria, em plenos vinte e sete graus, um tipo de desespero se passou por null só de imaginar o calor que ela estaria sentindo. Essa menina era louca? O quarto já estava um forno!
- null? – Ele chamou baixinho, sem obter resposta, tateando a cama para achá-la. – null, você tem quinze minutos, não faça essa birra pelo amor de Deus.
Ele parou ao lado da cama, conseguindo ver um pedaço do cabelo dela encobrindo os travesseiros, ela se movimentou bem pouco, null fez um bico, imaginando que ela estivesse fazendo graça.
- null, isso é ridículo, vamos lá. – Sua voz de irritação era nítida.
null estava acordada, só não estava a fim de respondê-lo, sua meta era poupar o máximo de esforço, já que mal aguentava sentar-se a cama. Seu corpo todo estava dolorido e fraco. Um calafrio brotou em seu corpo de súbito, só que dessa vez, era devido à coberta que null havia tirado dela, seus olhos se abriram lentamente em desaprovação, seus pelos se ouriçaram por completo, era possível que começasse a tremular de tantos calafrios contínuos que passou a sentir assim que fora descoberta.
Provavelmente sua aparência também não deveria estar das melhores, levantando o olhar por segundos para tirar a prova de que era null e não um delírio, null notou um ar assustado. Ele reparou na pele opaca, e sua boca sem vida, seu corpo não tinha boas reações quando ele não via null bem, ainda mais quando se lembrava do acidente, algo amargo foi e voltou tão rápido que de súbito, ele levou a mão até perto de null, ela não havia feito nada contra isso, então era óbvio que não estava bem, juntando com a aparência e a temperatura quente que ele sentiu antes mesmo de tocá-la.
- Puta que Pariu null, você está ardendo de febre! – null berrou, percebendo null se encolher mais ainda. Ele levou as duas mãos na cabeça. – Desde quando? – Ela não respondeu. – null, precisamos ir ao médico agora! Eu to sentindo você... – Ele levou mais uma vez sua mão até ela, percebendo na feição desaprovadora que ela lançou.
- Não, eu não quero ir pro médico. – null sentiu sua voz se arrastar pela garganta e arranhá-la de uma maneira incomoda. null notou sua rouquidão, deu um suspiro preocupado.
- Não tem que querer, você está doente. – null alisou o rosto de null, nervoso, cobrindo-a novamente. – O null está ai embaixo com o carro, ele te leva, você só precisa...
- null, por favor! – Ela suplicou, fazendo um esforço para virar o rosto e olhá-lo, assim que achou seus olhos, tentou passar o máximo de dor que sentia naquele momento, ela não queria sair dali e ponto!
- Mas null...
- Por favor!
Novamente seus olhos voltaram a entrar naquela onda elétrica paralisante, dessa vez um pouco mais suplicada, ele podia sentir dor olhando em seus olhos, estava ligado a ela quanto isso. Por mais nervoso que estivesse, e que não soubesse o que fazer com ela naquele estado, não iria forçá-la a ir. Ele iria cuidar dela. Nunca havia feito isso na vida, mas para tudo sempre há uma primeira vez, portanto, null levantou ainda receoso, tirando o celular do bolso tornando-se de costas para null. De inicio, ela já estava se preparando para ser levada, então só precisava da confirmação... Que não veio.
- null pode ir. – Ele disse, um alívio percorreu seu corpo. – Nós vamos ficar... Sim, eu explico mais tarde. Eu sei null. Eu também estou. Pode deixar. Obrigada, bro – ele desligou o telefone e virou-se novamente para null.
Ela o encarou com um brilho ao fundo dos olhos, quase imperceptível se ele não a conhecesse tão bem, se ele não soubesse cada detalhe, agradecendo mentalmente por ele não ter ido contra sua vontade.
- Se essa febre não baixar, a gente vai ao médico, entendeu? – Ela assentiu positivamente, null respirou fundo, abrindo as cortinas do quarto dela, null sentiu de leve uma brisa mais fresca invadi-lo.
null foi até a cozinha e novamente suspirou: O que faria? Não tinha nenhuma ideia. Sabia que, para uma febre baixar, geralmente sua mãe lhe dava banho gelado, e mais alguns remédios... Sua consciência iria agir da forma mais protetora e instintiva para cuidar de null, ele sentia que seu subconsciente faria isso, mas mesmo assim, não sabia direito por onde começar. Sua mente vagou por meros segundos, ali encostado no balcão da cozinha, pensando, por mais inacreditável que parecesse, em null. A associação era obvia: null saberia exatamente o que fazer. Tanto por ter experiência, mas também por ser mais concentrado devido aquilo. E aí, as circunstancias levavam null a pensar em mil possibilidades. null parecia o certo, era certo, se encaixava perfeitamente nos requisitos, adorado pelo pai, um príncipe, e conhecia mais sobre sentimentos do que null, que estava nisso de primeira viagem, nunca havia passado por tanta coisa, e tanta inundação de incertezas com si mesmo, como passou com null. Só que, se null era tão bom e tão certo pra ela, porque sempre, era ele quem a sustentava? Porque null sempre estava lá quando null precisava? Mesmo não sabendo o que fazer? Não podia ser menos do que o destino, algo maior que eles os queriam juntos, e pra tudo, essa era a resposta mais fácil que ele já havia concluído desde que se apaixonou por ela.
Assim que pegou um dos medicamentos que tinha conhecimento, foi até o quarto. null estava na mesma posição, só que descoberta, seu corpo todo estava ouriçado e por segundos, null parou para observar a serenidade da qual ela transpassava. Sua respiração estava tão calma que ele teve pena de ter que tirá-la de lá. null a tocou desde as pernas e foi deslizando os dedos com ternura até a parte de seus ombros, null contraiu os lábios e deu um suspiro longo, a onda elétrica que acompanhou o toque fez sua respiração se descompassar de novo, então de súbito ela abriu os olhos, vendo aos poucos ele abaixar bem a sua frente.
- Toma isso e... Me diz onde ficam as toalhas. – null sentou-se na cama com a ajuda dele, null estendeu um copo de água até ela.
- Toalhas? Pra quê? – A menina entortou a cabeça, e lentamente null só a olhou, sem expressão alguma. Daquele exato jeitinho, ela não conseguia explicar como, mas amou aquele olhar, amou a expressão. E da maneira mais doentia, ela não sabia por quê.
- Você não vai se espernear, vai?
- null... – Sua voz rouca se arrastou, a fazendo tossir três vezes seguidas, e assim sentir aquela fraqueza e tontura de sempre.
- Me desculpa – Ela ouviu antes de senti-lo puxá-la para os seus braços com uma sutileza quase impossível.
A intenção ela entendeu na hora. No momento em que null ligou aquele chuveiro gelado, seu corpo estremeceu só de imaginar. ela já estava trêmula por estar num ambiente de vinte e sete graus, imagina num chuveiro com água gelada. O jeito ruim foi tanto, que ela fechou os olhos com força, tentando travar a tremedeira que se iniciou. null suava frio. null franziu os lábios, vendo-a virar-se lentamente para ele.
- Eu não consigo.
- Eu te ajudo.
- null isso tá gelado pra cacete! – Outra crise de tosse, null precisou sentar na privada, null acompanhou com o olhar. - Não pode ser quente? – ela murmurou, o menino negou com a cabeça.
- Eu vou procurar as toalhas.
Após vinte minutos, null voltou com uma toalha em mãos, mas sinceramente, havia parado sentir qualquer outra coisa no momento em que olhou para dentro do Box. Ele não era doente, e sabia que aquilo era sério demais pra pensar em como ela era... Mas, lá estava null, embaixo da água, tremula, abraçando o próprio corpo. Das roupas, ela só vestia uma calcinha de renda e mais nada. Apesar disso, seus seios estavam tapados pela forma como ela abraçava o corpo, deixando com que água bateasse diretamente em seu pescoço. A cena em si fora paralisante, não só porque null sentiu falta de tudo aquilo, tudo aquilo que foi dele, e da maneira como ele tinha posse daquele corpo quando ambos estavam juntos. Mas pela forma majestosa que a água escorria por seu corpo, por um segundo, ele queria ser a água, e como...
Depois de um longo suspiro, null deu passos lentos até mais perto dela, percebendo seu olhar se levantar com ar que, no momento ele não conseguiu decifrar, só fez seu coração bater rápido. null da mesma forma o queria tanto naquele momento, não era apropriado, mas queria. Queria novamente que null a tocasse, e aquilo só deixava as coisas ainda mais doentias. Logo um tipo de mal estar fez seu corpo começar a tremular ainda mais, uma coisa era fato: Ela não queria ficar sozinha.
- Eu trouxe... – null falou, botando a toalha com vagarosidade em um tipo de gabinete.
- null.
- Oi?
- Fica aqui comigo.
null ficou parado por alguns instantes.
- Claro. – Fez caminho para a privada.
- Não. Entra aqui comigo, eu não quero ficar sozinha.
Seus olhos foram de encontro aos dela quase como instinto, procurando realmente uma resposta para aquela proposta tão tentadora. Ele queria muito, mesmo sabendo que aquilo era loucura demais pra ele, e que em outras circunstâncias, sua tentação seria impossível de ser controlada. Apesar disso, havia outro lado dele, um lado que pulsava e que não era tentação, e nada comparado à tensão sexual. Era quente de uma forma consumista. O fazia querer cuidar dela, mais do que qualquer outra coisa. era a preocupação por null estar fraca e pedindo sua ajuda. Em outras palavras, o que null estava sentindo naquele exato momento, e o que vinha sentindo... Era amor.
- Tem certeza?
- Tem como não ter?
null sorriu de lado e começou a tirar as roupas. null não acompanhou passo a passo, mesmo que seu coração batesse como se estivesse. Ela não levantou os olhos nem quando sentiu null entrar no Box com ela, e logo fechar a porta dele. O importante era senti-lo, como muitas vezes imaginou, o melhor calmamente para o seu corpo estava sendo sempre ele, era vicioso. null não sentiu frio, mas acompanhou o corpo de null quente. passou os braços pela cintura dela, e de uma maneira delirante seus corpos se juntaram, naquela onda elétrica, seus corpos pareciam se conhecer, estar acostumados um com o outro. null afundou sua cabeça na cova do pescoço de null, ainda sem deixar de abraçar o próprio corpo, e ali ela ficou. Em um silencio bom, sem sentir aquela obrigação de ter que falar algo. e o melhor é que null parecia ter aceitado bem a situação, ele também estava bem com o silencio, porque na verdade, só o que importava era a infinidade que seus corpos se tornaram naquela posição.
- Eu acho que vou ter que vestir minhas calças sem cueca... – null comentou, acariciando os cabelos de null. O sorriso dela iluminou seu olhar logo que ela levantou a cabeça para olhá-lo.
- Meu Deus, null! Tanta coisa pra pensar e você pensa logo nisso? – null abanou a cabeça negativamente, null riu um pouco mais.
- E no que eu poderia estar pensando? Se você não sabe, andar sem cueca e de calça jeans, machuca o meu grande amigo. – Ela riu mais alto, o coração dele relaxou ao perceber que seu humor estava voltando.
- Eu podia ser má e deixar você ficar assado, mas você esqueceu uma cueca na antiga casa...
- Você tem uma cueca minha guardada? – null fingiu um espanto incomum, vendo null rir ainda mais, e depois mudar ligeiramente a expressão. – Isso é estranho.
- Se você soubesse guardar suas coisas direito, talvez eu não tivesse. – null voltou a se apoiar no ombro dele, novamente sentindo as mãos dele acariciarem desde os cabelos até parte de suas costas.
- Você quer dizer: “Se a gente andasse de roupas naquela época’’ porque né... – O corpo dela se esquentou ao lembrar-se do dia, e novamente seus olhos cravaram-se nos dele.
- Meu pai nem imagina... – null riu, beijando a testa de null de maneira demorada, fazendo carinho com o nariz. null e null mantinham seus olhos fechados, enquanto por instinto, ele segurava o rosto dela.
- O que a gente fazia não era errado... – O garoto desceu um pouco mais o beijo, na ponta do nariz de null.
- Então porque você fez parecer como se fosse? – null sentiu um longo suspiro vindo de null, enquanto a água transbordava pelo meio de seus corpos. Só o que ela sentiu após isso fora os lábios dele grudarem nos seus com a mais pura delicadeza, ela mal sentiu, era como se fosse uma alucinação. Ela tinha medo de abrir os olhos e ele não estar mais lá.
- Isso parece errado pra você? – null ainda observou null, segurando seu rosto como se ela fosse sua vida. Observando a água escorrer por seus lábios, os deixando ainda mais saborosos, e sabendo que null não tinha resposta praquilo, ele voltou a beijá-la, só com um pouco mais de intimidade do que antes.
O primeiro selinho havia sido um teste, e por mais que parecesse o mais prepotente possível, ele sabia que null se rendia a ele, o que lhe causava reações boas em ambos, então, como aquilo poderia parecer errado? Não tinha nada de errado. O seu único erro foi achar que havia um. De certa forma, sempre que voltava a beijar null, era como uma nova química para que seu corpo delirasse. Nunca havia beijado ninguém embaixo da água, então, o gosto de seus lábios com a mistura dela fora a melhor experiência que já havia feito. Houve pequenos aproveitamentos, antes que null pedisse passagem para null deixar sua língua fazer o trabalho de sempre.Quando o fez, eles entraram em outro universo, por mais que null ainda abraçasse o corpo, null não deixou barato, já que suas mãos subiam e desciam, deslizando por sua cintura e costelas, sem que ela precisasse fazer nada. O gosto doce de ambos, com a junção de seus lábios macios – Tanto de um para o outro – Fez com que o beijo durasse por pelo menos três minutos seguidos, estava tudo na calmaria, até null perceber que null já tinha estabilizado sua temperatura, e que se ficasse por muito tempo na água gelada, as coisas poderiam piorar, apesar de estarem aproveitando aquilo muito mais do que imaginaram.
- Eu estou doente, mas não burra null – A menina sussurrou durante o beijo, recebendo outro selinho dele. null sorriu, abraçando null por inteiro.
- O que você quer dizer?
- Você sabe.
- Eu não farei nada que você não queira.
null riu, o beijando mais uma vez, seus lábios fizeram um estalo antes de se separarem novamente.
- Você é um idiota.
***
Nas duas horas seguidas a viajem, a única coisa que os deixava mais acomodados era o céu incrivelmente azul e o sol que estralava naquele dia em Brighton Beach. null sabia que havia algo errado, sempre quando null falava com aquele tom, ele sabia que havia algo errado. Apesar disso, sua mente vagava nas possíveis feições que null faria ao ver que nem null ou null estavam no carro – Onde deveriam –. null não sabia lidar. Seu senso de amigo diria para null sair dessa porque qualquer bobo na rua saberia que a quem null pertencia agora era null. Mas como dizer isso à um cara extremamente apaixonado? E mais: Um cara do qual null alimentava esperanças?
Assim que parou o carro em frente à casa da praia de uma das meninas que null dizia serem amigas, o garoto deu um longo suspiro, não poupando seu esforço para sair do carro. null o acompanhou e null engoliu seco ao ver uma garota de cabelos bastante cacheados e de pele morena, bronzeada, sair do carro de null, e logo depois null. Sinceramente ela não sabia se estava pronta para ver null com outra garota, mas tinha em sua cabeça que precisava deixá-lo ir. O que não acontecia com null, e por isso, sua raiva só aumentava por ela. null era tão bom para null o prender daquela forma.
Pensando nele, os três – null, null e null – Viram o menino caminhar com aqueles cabelos desgrenhados e o olhar já desentendido em suas direções. Já prevendo o que viria, null bufou, acenando negativamente.
- É... Onde eles...? – null não terminou a frase, só coçou a cabeça de maneira ingênua.
- Eles ficaram – null falou direto, botando uma das mãos na cintura. Seus olhares se travaram por um longo momento, e aos poucos eles conseguiram até ver null engolir seco. null sentiu mais pena.
- Ficaram? – O menino sorriu desconcertado.
- Ninguém sabe por que, null – null se intrometeu. – Então não nos pergunte.
Ao dizer isso, null e null saíram andando em direção a null e a outra garota. null deu duas passadas, parando ao lado de null. Seus olhos caídos no horizonte brilhante daquele dia, apesar disso, fez parecer com que o mesmo fosse sido acabado para ele. null estava cansado daquele velho amor, mas mesmo assim, parecia ainda errado deixar de lado, porque ele gostava dela, e muito. null não conseguia admitir que seu erro, sua brecha, foi o momento em que null se enfiou entre eles, e por isso se recusava a deixar isso acontecer de novo, mesmo agora, tendo a impressão de que, quem estava esperando a brecha era ele, mas null não estava deixando nenhuma.
- Nós temos um dia inteiro e ensolarado pela frente... – null começou, botando uma de suas mãos nos ombros do menino, null não olhou para ela, apenas engoliu seco, passando a língua nos lábios de maneira frustrada. – Por favor null, não existe só a null no mundo...
- Você faz parecer como eu já estivesse perdido o jogo. – null riu, dando um giro de 180 graus. null observou mais uma vez a cara de dor que null fez.
- Isso não é um jogo! – Ela protestou aumentando minimamente a voz. – Vocês estão tratando de sentimentos! E já que ela está escondendo o óbvio, não faça isso também. – O olhar dele caiu nela, duro e frio.
- O que você que dizer?
- Eu só quero que você não pare sua vida por isso, null – As palavras dela pareceram acariciar seu coração. null voltou a olhar para o horizonte, cruzando os braços.
null beijou o rosto de null e começou a caminhar para a casinha, o deixando lá. Durante o trajeto voltou a olhar para trás, o vendo agora chutar algumas pedrinhas da praia. Aquilo era triste, a cena era triste. Ela não queria desencorajar null ou pintar sua melhor amiga como uma destruidora de corações, mas também como melhor amiga, não iria ser hipócrita e também tapar a verdade com uma peneira. null estava lá por um motivo, e sendo estranho ou não, aqueles dois não eram mais crianças e o que quer que estivesse feito ambos ficar, já era um motivo para que null repensasse. Se null, nem por um segundo ponderou sobre ele, então a “luta” por seu coração não estava sendo justa.
***
Sentada na bancada da cozinha, null encarava as costas largas de null sem nem saber o que ele estava preparando como almoço. Francamente, ela não se importava. null estava ali a sua frente, cozinhando e não querendo parecer o mais obcecado possível, só queria aproveitar aquele momento em que eles não estavam em conflito, tendo como única preocupação, se a comida ficaria boa. O ar estava tão leve – Apesar de seu nariz entupido. – Que os suspiros eram contínuos da sua parte, seu coração palpitava por medo de acabar, e ela sabia que acabaria. Até o fim da noite aquele momento não passaria de uma lembrança, como sempre. null não sabia por que se martirizava tanto assim. Estar longe dele era ruim, e aquilo era fato, mas como poderia acabar com isso tão fácil? Havia null, e uma duvida instalada bem ao meio do triangulo amoroso dos três. Nada era tão fácil como parecia e por mais que essa frase fosse sido dita mais do que o normal, ela queria que as pessoas entendessem que ela não podia simplesmente dizer que null não importava, ou acabar com tudo porque não era capaz de destruir um sentimento assim. Colocava-se no lugar dele nessa circunstância, e ela não queria magoá-lo.
- null, eu já disse que quando você para pra pensar, eu tenho medo? – null falou, e null dirigiu seu olhar a ele, null foi movimentando-se lentamente até ela no balcão.
- Isso porque você não sabe o que eu penso. – null riu, sentindo null abraçá-la pela cintura, a menina afagou os cabelos dele, o abraçando pelo pescoço.
- É por isso que me dá medo.
Eles ficaram um tempo em silêncio.
- Será que null e null se resolveram? – null murmurou, vendo null se distanciar dela para olhar seu rosto.
- Bom, pelo que eu vi, sim.
- Isso parece ser tão fácil pra eles, né? – null comentou, null entortou a cabeça, indo se encostar ao lado dela no balcão.
- É fácil porque null e null sabem o que sentem um pelo outro.
- null não foi atrás dela, null. null teria ficado confusa se ele fosse declarar amor eterno. – null arqueou a sobrancelha: null havia declarado amor eterno à ela?
- Bom, não foi isso que ele nos contou. – O menino disse em falso, rindo discretamente da cara que null havia feito.
- O quê?
- Ele foi atrás dela – null debruçou-se no balcão, ao lado da menina, null olhou null se apoiar nos cotovelos e com o olhar, brincar com seus sentidos. – Disse que à queria de volta, acho que no dia em que... – Ele hesitou, null vagou pela lembrança do dia em que null havia terminado com ela, e de null à esperando. Foi tudo armado? – Provavelmente antes da null ir viajar.
- Não é possível, eu estava lá, a deixei no portão de embarque. – Ela falou, e depois tornou o olhar a null. Seus olhos queriam dizer algo, mas null não sabia o que, só sentiu uma estranha onda de calafrio a tomar desde o estomago ao encará-lo.
- Eu não sei. Ele disse.
- Isso foi dito na reunião dos caras? – null arqueou a sobrancelha, null assentiu positivamente. – Então eu não podia saber disso?
- Eu achei que você soubesse. null sempre conta tudo pra você. – É, ela contava... null olhou para o nada, sentindo um pequeno vazio em todos os sentidos porque, será que era tão fácil assim? Ou ela era egocêntrica?
- A questão é que ele foi. – O menino finalizou, dando um suspiro. – Mas como eu disse, eles sabem que se gostam.
- Acho que a facilidade se liga ao fato de que: O null não terminou com ela de uma hora para outra, null. – A menina virou-se bruscamente para ele, o fitando intensamente, em resposta, ele adquiriu uma expressão de duvida, juntando as sobrancelhas.
- Isso é sobre eles ou sobre nós?
- O que você acha?
O olhar que ambos travaram fora cortante, desde o inicio em que começou. null não desviou o olhar dos olhos dela nem por um segundo, pensando seriamente se iria contar ou não o porquê daquilo. Isso o irritava muito, e tudo bem que, ele poderia acabar com essa neurose dela e por fim a fazer ser dele, mas não era justo! null não havia pedido que ele fizesse isso por ele, ou qualquer outra coisa, no fim, isso só cabia a ele, só tinha haver com ele, mesmo que o motivo fosse null, ele não tinha culpa por null também se sentir culpado por tudo. E Foram esses segundos suficientes que null pensou em tudo isso, olhando de modo matador para ela, e ao mesmo tempo sadicamente desejável.
- Se você esquecesse por um segundo sobre isso quando está comigo...
- Eu não consigo! – Ela o cortou, exasperada.
- Esse é o problema, null! – null aumentou um pouco o tom, null pode ver suas veias saltarem levemente. – Você diz que vai dar uma chance, mas não dá! Você vive com medo, na defensiva, e sabe que o null só está no nosso meio ainda porque caso algo dê errado, você tem ele, e isso é errado null. – A menina ficou calada o observando murchar gradativamente, soltando o ar dos pulmões.
- Eu gosto dele.
- Gostar é diferente de precisar.
- null, eu preciso dele tanto quanto preciso de você.
- Então me diz o que você sente por mim nesse exato momento, porque eu me nego a acreditar que você só “precise’’ de mim. – null chegou um pouco mais perto, franzindo os lábios. Sua expressão caiu dura por ela, de modo que por segundos ela hesitou a resposta.
- Eu não sei, não sei mesmo.
- Você sabe sim.
- null não dificulta as coisas.
- A única que está dificultando o nosso relacionamento aqui é você, porque eu já deixei bem clara minhas intenções.
- Sim, intenções que um dia você também já deixou claras, e as quebrou. – null o parou, antes mesmo que null tomasse conta de sua mente. O garoto estava a poucos metros dela, então com as mãos, ela o parou pelo peito. – null, isso tudo é muito recente.
- Eu sei que é. – De alguma maneira, ele conseguiu quebrar a barreira que null havia instalado e quando ela viu, null já estava entre suas pernas, roçando seus narizes com um carinho delicioso. – A gente tá perdendo tempo com coisa desnecessária null. Eu sou apaixonado por você, isso não é o suficiente?
- Onde você é apaixonado por mim? – null perguntou, o olhando nos olhos, eles estavam tão perto que ela podia ver as pintinhas mais escuras que havia na cor dos olhos dele.
- O quê?
- Onde tá essa paixão? Isso são só palavras! O que eu faço com elas null? Eu preciso de mais que isso, por mais que em estado normal eu já estivesse aceito e por Deus, eu estaria com você, mas... null eu não posso me arriscar outra vez, porque eu não tenho nada pra por em jogo! – null deu um suspiro doloroso, encostando suas testas, null conseguiu sentir sua respiração quente e pesada se misturar com a dela. – Tudo que eu tinha eu te dei.
- Isso responde minha resposta numero um sobre ser sua primeira opção. – null murmurou, beijando o cantinho dos lábios dela, por instinto, null o abraçou pela nuca, passando seus braços de maneira suave por seus ombros, enquanto null a segurava firmemente na cintura, subindo aos poucos uma de suas mãos por sua pele, o coração dela saltou violentamente dentro do peito.
- Isso é prepotência demais, null. – null também murmurou, fechando os olhos para sentir seus lábios se roçarem.
- Bom. Quem mais se arriscaria a pegar gripe te beijando, se não eu? – A menina soltou um riso fofo, jogando a cabeça para trás por impulso. null acompanhou o movimento dela também rindo, mas a fez voltar rapidamente para seus braços, para sua boca. Era aquela exata sensação que ele queria ter todos os dias: ter total controle sobre sua garota, sem medo nenhum de perde-la.
- Preciso responder? – null voltou a olhar null de pertinho, e lentamente sem esperar qualquer resposta voltou a beijá-lo sem rapidez, só apreciando o gosto e o fato de que ele estava ali.
Com suas pernas, null enganchou na cintura de null, o puxando por impulso para mais perto dela, colando totalmente seus corpos, null desceu uma de suas mãos – a que não estava dentro da blusa dela – Até suas coxas, apertando-as com vontade. null não se importou, só o puxou mais para ela, arfando algumas vezes para recuperar o ar e o tanto significativo de sua sanidade. Seu corpo estava vibrando com os estalos que suas bocas faziam, da mesma forma, elas se encaixavam perfeitamente. null passou a puxar os cabelos dele com mais força, após um determinado momento, seu corpo estava quente, cada vez mais ambos queriam se fundir, seus corpos já não tinham mais possibilidades de se juntarem, era impossível pela física, mas null e null queriam ignorar tudo aquilo. null estava completamente possesso, havia um outro ele ali fora de controle por causa dela. À medida que o beijo ia aumentando, mais ele queria puxá-la para si, e mais esforço ele precisava fazer para não machucá-la, já uma de suas mãos que estava nas coxas dela, apertavam aquele lugar por puro impulso, ele se segurava para não deixar marcas, mas estava ficando impossível. Já a mão que explorava cada centímetro de pele que null havia da cintura as costelas, delineava cada vez mais aquela região, deixando null entorpecida, enquanto ele brincava com a renda de seu sutiã.
Para piorar – ou não – A situação, null deixou os lábios dela, deixando um rastro quente e excitante de sua respiração pelo seu pescoço, null fechou os olhos jogando a cabeça para trás, como se pedisse por mais, e foi aí que null começou a tortura, dando leve chupões em seu pescoço. A garota já não tinha mais ar para aguentar aquilo, seu corpo a qualquer hora iria levitar de tanta insanidade, em conjunto, as mãos dele foram adentrando ainda mais por seu short. E aí ele abriu os olhos, olhando com malicia seu trabalho provocativo feito com êxito, voltando a beijá-la nos lábios.
- O que é... – null de súbito abriu os olhos, assim como null se afastou o mínimo, mas não tirou as mãos dela. E logo, viram a figura dos pais de null, Renê e John, os olhando da porta da cozinha.
- Se o final da pergunta for “isso”, a resposta é óbvia não é, John? – Renê virou-se discretamente para John, null sabia que o choque havia acertado-a também, mas Renê era mais sensata do que John sobre null não ser mais virgem.
- Renê, ela só tem 17 anos! – John protestou e voltou a olhar null, como se ele fosse um estuprador. o cara responsável por acabar com a inocência de sua filha.
- E com 17 eu estava grávida dela. – Aos poucos John virou-se para Renê, dando a entender que havia recordado da gravidez precoce de Renê.
- Eu amo a minha garotinha, e eu nunca me arrependi de ter tido você, mas nós dois sabemos que um filho na nossa idade foi precoce demais. – null e null se olharam sem entender. Aquilo parecia estar sendo uma briga mais pessoal deles, do que sobre pegar null e null quase transando.
- Eu não vou engravidar, pai – null se intrometeu, e null assentiu, recebendo um olhar deteriorante de John.
- Ok! O que vocês fazem aqui e não em Brighton Beach? – A mulher bateu uma palma para dispersar o assunto, e foi até null, o cumprimentar com um beijo no rosto.
- null está doente. – null respondeu, se afastando de null com um olhar de insatisfação. Renê encarou os dois, e o modo como null o olhava. Desde quando sua filha havia começado a amar aquele rapaz?
- E você ficou cuidando dela? – Renê olhou para dentro da panela fervendo, logo fez uma cara feia, desligando o fogo.
- É isso que os jovens chamam de “cuidar” hoje? – John soltou sarcástico. null o olhou diretamente naquele momento, e assim, ambos travaram um olhar sério.
- Você não consegue acreditar em amor sem benefícios maiores hoje em dia John?
Tudo que veio após aquilo foi como um zumbido para null e null. O coração dela entrou em um choque térmico diferente, como se ele fosse parar de bater, seu rosto petrificou, e assim como ela, quando null ouviu a palavra “amor’’, seu corpo recebeu uma onda gelada dos pés a cabeça, e aí eles se olharam. perguntando-se pelo olhar se eles se amavam. Se o que o mantinha juntos até agora era amor, porque, não era possível. Tudo os fazia pensar que sim, mas, amor? null era tão cético sobre e isso, e pronto, ele havia passado a amar a garota do seu melhor amigo. Sua mente projetou um flashback atordoante desde a festa na praia, de sua primeira vez com ela, e de tudo que vinha sentindo desde que havia se envolvido com ela, e a resposta o fez engolir seco, encarando os olhos de null procurando por resposta: Era bem possível que fosse amor, era mais do que possível. Era amor. null estava tão assustado com isso, que não foi capaz de sustentar o olhar dela por muito tempo, então voltou a olhar Renê, o olhando fixamente.
- null?
- Desculpa, pode repetir? – null chacoalhou a cabeça. null deu um longo suspiro tentando normalizar sua respiração.
- Vamos almoçar em algum lugar pra fora? – Renê trocou olhares com null e null.
- Claro... – Ele concordou, e depois olhou para null. Ele quis beijá-la. Depois da frase, algo neles parecia ter mudado de cor.
- Estou convidado? – John se remexeu no balcão, voltando à posição normal, null fitou os pais.
- E Paris?
- Vamos deixar ela pra lá. Só por hoje.
***
Meia hora depois de discutirem sobre qual restaurante iriam, digo, Renê e John, que pareciam duas crianças perto de null e null. Por fim, ambos escolheram um perto das duas casas, Sketch. John relutou em ir até lá, essa era uma tradição que Michael e ele faziam sempre todas as quintas, sempre com null e null, e ir sem Michael lá, parecia abrir uma ferida que no fim, nunca havia cicatrizado nele. Mesmo assim, Renê e null o convenceram, já que era o restaurante favorito das duas, enquanto ele e null ficaram calados só as acompanhando falar e falar sobre roupas.
- Não, eu to falando sério, eu realmente acho uma perda de tempo vir em um restaurante pra comer. – null comentou trocando olhares com todos, vendo null e Renê bufarem.
- Estão vendo? Eu não sou o único. – John falou sorrindo para null. Aquilo foi ótimo porque, John nunca havia feito aquilo ou se quer olhado null direito, mas as coisas pareciam estar andando.
- Todo homem acha uma perda de tempo gastar dinheiro com mulher. – Foi a vez de Renê pronunciar, bebendo um gole de vinho de sua taça na maior elegância possível. – E se esse não for o motivo, me digam algo que me convença ao contrário. – null apoiou-se na mesa com os cotovelos, e logo a cabeça nas mãos, fazendo uma pose vitoriosa para null. O garoto riu, querendo por mais que tudo beijá-la, mas segurou-se ao máximo, olhando para John.
- Não é nada relacionado a isso, Renê – John comentou fazendo gestos com a cabeça e voltando a beber sua cerveja.
- Pensem comigo. – null se ajeitou na cadeira, e olhou null novamente. Meu Deus ele queria muito beijá-la. – Porque gastar tanto dinheiro aqui se podemos fazer algo mais romântico como: Cozinhar em casa, à dois, e fazer nosso próprio jantar?
No mesmo segundo Renê sorriu doce e pretensiosa, olhou para null e viu como seus olhos brilharam ao ouvir aquilo. Ela e null não paravam de se olhar e era exatamente daquilo que Renê tinha uma duvida que a corroia todo santo dia, e ao mesmo tempo, a fazia arfar por sua filha. null estava completamente apaixonada por null e Renê, depois daquele momento, deu razões suficientes para ela. Assim, John correu seus olhos por todos eles ali. Pelo sorriso encantado de Renê, o olhar sedutor de null para sua filha e null, hipnotizada por aquele garoto. Ele deu um longo suspiro ainda a vendo sorrir, e depois voltar a encarar Renê e ele com um sorriso tímido, enquanto null fazia o mesmo, entrelaçando suas mãos uma na outra em cima da mesa.
- Bem, todos poderiam pensar como você null. – Renê sorriu apontando a taça para ele, e depois olhou John de soslaio ao seu lado.
- Ele é só um garoto de dezessete anos, quando crescer mais um pouquinho a gente poderá conversar sobre o que agrada mulheres, e não meninas, como é o caso. – O homem defendeu-se fazendo null abrir a boca, mas logo cerrar os olhos, sentindo null rir ao seu lado.
- Obrigada Pai, eu adorei ouvir que sou uma criança. – Ela ironizou tomando também seu vinho, dando um tapa em null que ria ao seu lado.
- Você sempre será minha princesinha null, isso não vai mudar e pra mim, isso tudo – Ele apontou para null e null – É demais. – null e ela sorriram ao mesmo tempo ao notarem John os colocar na mesma frase.
- Sim, e falando em princesinhas... – Renê cortou tudo os fazendo olhar para eles. – Suzana, Alissa e Claire estão vindo pra cá na semana que vem.
- O quê? – null arregalou os olhos, engolindo em seco o seu vinho, null encarou a garota e depois olhou para John, que mantinha um olhar inexpressivo sobre aquilo.
- Elas vão dar uma passadinha aqui. Acho que você sabe... Suzana teve o bebe na frança e agora vai voltar para o Brasil com Anthony. - Renê explicou. null abriu um sorriso de orelha a orelha.
Há tempos não via sua tia Suzana, e bom, a ultima vez foi quando Alissa ainda era um bebe de quatro meses. Ou seja, para se ter ideia, null se quer conhecia null na época. Alissa estava com seis anos enquanto Claire, pelo que foi informada, havia acabado de completar seis meses. null era apaixonada por bebes, mesmo que nunca tivesse experiência com um, suas primas à adoravam. Por incrível que pareça, Anthony era conhecido de John na época em que Suzana e ele se conheceram e bom, tia Suzana era o máximo. Mesmo que fosse postiça, só por criação junto com sua mãe, elas continuavam sendo melhores amigas, e por isso null à considerava tia.
- E aí? Elas vão ficar em casa?
- Eu queria, mas você sabe, nosso apartamento é pequeno. – Renê entrelaçou as mãos em cima da mesa assim como null. – Estou pensando em alugar algum lugar, um reservar algum restaurante... Sem falar no hotel, não quero que Suzana fique longe, mas...
- null pode ficar em casa. – John ofereceu fazendo todos olharem-no na mesa. Afinal, todos sabiam da explosão caustica que se formava entre null e Paris, e em como John foi ridículo um pouco antes do acidente. Apesar de null ter perdoado o pai, ainda havia um receio por ele, vendo a hesitação, John continuou. – Filha, você morava lá...
- Sim, eu morava e você nunca me perguntou se eu suportava viver com sua Barbie. – No mesmo instante null fechou os olhos, já prevendo uma briga. Realmente ele estava gostando do clima descontraído de não ver uma vez aqueles dois brigando por Paris, mas no fim, tudo sempre acabava nela.
- Mas era algo que você tinha que se acostumar afinal, Paris é sua madrasta agora.
- Não diga mais isso, por favor. – null fez cara de nojo, fazendo John bufar.
- Eu tenho um apartamento... Se for possível a null pode ficar comigo. – null se intrometeu. Sentiu o olhar de John parar bem no meio de seu rosto, com uma feição meio vermelha e fechada, null pensou que aquele havia sido o momento do qual ele havia estourado o balão que os sustentava naquela conversa, null o olhou da mesma forma e Renê sorriu, pigarreando um tempinho depois.
- Isso é ela quem tem que decidir.
- Eu vou ficar com o null, sem discussão. – null disse rápida, se ajeitando na cadeira.
- null!
- Pai, eu não vou discutir com você sobre isso. Você sabe meus motivos.
- Não ponha a culpa em Paris, quando a única verdade é que você quer ficar sozinha com esse garoto. – John falou alto, fazendo todos ficarem calados à mesa. null engoliu seco, mas não mudou sua expressão. Ele à conhecia. Se null tivesse outra opção que não fosse sua casa, ela não o escolheria, por mais triste que parecesse.
- Pai, você pode tirar qualquer conclusão sobre isso, mas já sabe minha resposta. – null delineou suas palavras, voltando a encostar-se à cadeira. John passou as mãos no rosto aparentando estar nervoso, mas assim que as tirou de lá, debruçou-se sobre a mesa, em direção a null novamente.
- Suzana fica na minha casa, vocês não se mexem e, podemos fazer um jantar em casa, bem descontraído com direito a churrasco. – O homem propôs, Renê arqueou a sobrancelha, também apoiando-se na mesa e o encarando diretamente – Minha casa é grande e tem um espaço bom para as crianças.
- O que você quer?
- Eu gosto da Suzana, da Claire, e Anthony é meu amigo.
- E Paris? – null o desafiou com o olhar.
- Prometo que vou colocá-las a metros de distancia. – John olhou diretamente nos olhos da filha. Era nítido que John queria que null o perdoasse por inteiro. No fim não era ela quem o culpava, e sim, só ele mesmo. – Eu não consigo mandá-la pra outro país em uma semana null. – Ele se explicou ao ver a demora da filha. null se ajeitou na cadeira.
- Não tem nada ver com a noite em que vou passar com null? – Renê conseguiu ver os dois jovens reprimirem o riso.
- Bom, vem com o bônus de te livrar de uma gravidez precoce.
- Pai!
- Ok. Já deu por hoje, vamos embora. – Renê riu, abanando a cabeça de um lado para o outro, mas antes que pudesse se levantar, John a parou. – Sim John. Negocio fechado. Mas se ela decidir ficar com null, não faça nada sobre isso.
Só depois de ver os pais levantarem, e acompanhá-los com o olhar, null percebeu que lá fora uma chuva fina caia em conjunto com um tempo escuro que começava a se formar, prevendo uma chuva forte. Seus olhos acompanharam as mãos de John contornarem Renê com leveza e ao mesmo tempo percebeu que o caso dos dois não era diferente do seu. Renê olhou por meio segundo impossível de ser contado, mas null percebeu, olhou daquela forma que você pode sentir. consegue porque havia algo a mais saindo do corpo dela ao receber o toque do John, e assim como ela, com ele era a mesma coisa.
null percebeu aquilo e sorriu olhando a situação, ele se divertiu. talvez fosse assim que John e Renê os olhavam. null, por mais que isso fosse parecer puxa-saquismo, não queria que Renê sofresse nas mãos de John, como deixado oculto em algumas conversas que ele teve com null. Assim como ele, John também não queria que null sofresse. Ver a situação por fora o fazia enxergar o que estava sendo esfregado na sua cara: Não havia mais pra onde fugir ou como negar, um pertencia ao outro, e parecia que nada podia quebrar aquilo. null pode sentir que mesmo depois de anos, assim como aqueles dois que agiam como jovens, eles ainda se pertenciam, e por poucos minutos ficou imaginando como teria sido a historia deles quando jovens. Por um segundo quis ir perguntar para John como ele lidou com a paixão tão surpresa que sentiu por Renê. Como agir com sua própria filha, que era a copia da mãe.
- null? – ele olhou para null já de pé ao seu lado. Subiu os olhos por toda a extensão do corpo da menina e sentiu seu sangue escorrer quente. Era como se seu corpo avisasse que aquela sensação, só null tinha controle. – Tá pensando em que aí? – Ela sorriu enquanto o via levantar.
- Estou pensando que... Seus pais e nós somos iguais. – null sentiu de leve a mão de null encaixar em sua cintura enquanto ambos andavam até a porta, pra esperar pelo guarda-chuva. Seu corpo estremeceu e ela ficou calada por aquele tempo. Aquilo parecia ruim, ou deveria, mas null gostava de sentir que null transpassava posse por ela, e ela por ele, naquela posição, como um casal. Algo dentro dela pulava insistentemente.
- O que você quer dizer?
- Bem, assim como nós, eles negam algo que está sendo jogado na cara deles. – null falou, sorrindo para o homem que havia acabado de entregar o guarda-chuva, agradecendo apenas de forma silábica, e depois voltou a olhar null. A menina parecia hipnotizada, porque queria beijá-lo.
- Talvez demore um tempo pra se acostumar. Meu pai vai se casar null, é impossível. – A menina comentou.
- Nada é impossível meu amor. – null roubou um selinho rápido de null, como um anjo, sussurrando as palavras logo depois de fazer isso.
Após isso, ela ficou sem fala. Ultimamente estava sendo difícil negar, e até meio monótono. Era chato pra ela mesma ouvir sempre a mesma coisa: “Eu quero negar. null e null estão no mesmo lugar.’’
Ela estava se cansando de si mesma, mas não sabia por que sustentava tudo isso ainda. null e o mundo sabiam a verdade. Ela deveria acabar com aquilo, mas não tinha coragem. A única coisa que ela precisava era de vinte segundos dela e tudo estaria feito. Mas infelizmente a coragem não chegava. null era como um aconchego para seu coração, enquanto null era aquilo que o fazia bater como se ela estivesse viva, como se null estivesse vivendo a vida, e não só ali no mundo. Apesar de isso ser nítido, talvez essa coisa fosse engano próprio dela. null tinha um medo absurdo disso, de magoar null por nada, já havia feito o bastante, mesmo que soubesse lá no fundinho da sua alma que o jogo desigual entre os dois o magoaria muito mais, ela simplesmente não conseguia.
As coisas só começaram a girar novamente quando o carro engatou com seu pai no volante. Perai, seu pai no volante? Aquele era o carro de Renê! Ela abriu a boca em um “o’’ reparando na mãe quieta e pensativa, como ela... Por um segundo null viu a si mesma naquele banco. Seu coração deu um pulo. Ainda havia esperança. Os olhos dela pararam nas mãos de null que haviam acabado de tomarem posse de metade das suas coxas, mas não de maneira maliciosa. Fora tão carinhoso que seu coração, que já estava fora de controle, bateu pra pior, quase a deixando sem fôlego. Naquele minuto ela se apaixonou tanto por ele que mal conseguia respirar, porque null sorria, sorria como um anjo – Ela já havia dito isso? – mas o olhar era aquele que ela sempre amou. null sorria com os olhos, null nunca viu alguém conseguir tal façanha, mas ele o fazia perfeitamente bem, de maneira apaixonante. E da mesma forma, ela conseguiu traduzir naquele olhar sorridente que null dizia “Eu disse, não disse?” então sorriu em resposta e entrelaçou suas mãos às dele.
Ao olhar para trás, assim que desceu do carro, null viu que seus pais não tinham feito o mesmo, e mais uma vez seu coração palpitou, só que era de felicidade, porque quando seu pai estava com sua mãe, John era só John, e Renê era só Renê. null estava torcendo por aquilo, porque afinal, quem não quer que os pais fiquem juntos?
- Eu vou levar seu pai até a casa dele tudo bem? – Renê disse, e logo olhou para o céu, notando que a chuva havia começado a aumentar. Logo null puxou null para ele tentando protegê-la. null ainda estava doente, e o que ele menos queria é que isso se agravasse.
- É... – A menina hesitou, sendo puxada por null. – Tudo bem...
Mal deu tempo de null ver, o carro já havia ido e ela já estava sendo puxada para dentro do prédio. null agarrou-a pela cintura de certa forma que null não podia revidar, e assim que entrou, o garoto ofegou e depois sorriu fofamente. Ela virou a cabeça sorrindo de canto.
- Que foi? – E aquelas malditas três palavrinhas queriam sair como um vomito pela boca dele. null queria dizer. Olhando nos olhos dela, que se aproximava cada vez mais... Queria muito dizer, mas, ele mesmo não acreditava no que estava acontecendo. null null, com vontade súbita de dizer eu te amo?
- Nada. – O menino sorriu, e dentre esse sorriso, null saciou sua vontade desde o restaurante, e o beijou demoradamente, também sorrindo. Ela não sabia por que, mas estar ali sem preocupação alguma, notando que nada pra ela importava a não os seus lábios que começavam a se mover com mais rapidez, em conjunto com a pele pouco molhada dele. Foi como se sua alma levitasse.
- Você está cheio de meias palavras hoje null. – Ela falou quebrando o beijo, logo entrelaçou as mãos nas de null, satisfeita com a ação.
- Eu nunca fui de falar muito. – Ele respondeu, sentindo o elevador se movimentar com ele e ela dentro.
- Vai dizer aquela sua frase? – null sorriu perto do ouvido dele. null quis rasgar a roupa dela ali, naquele exato momento. A voz rouca de null, pelo resfriado, fez o menino sentir arrepios em lugares inimagináveis.
- Oi? – null se fez de desentendido. null conhecia exatamente aquele sorriso, e aquele olhar. Seu ar faltou só de pensar... Seu corpo esquentou, mas seu cérebro ainda funcionava. Era como se todo o seu corpo estivesse ansioso pelo próximo toque de null.
- Você vai me fazer dizer mesmo, null? – null brincou, abrindo a porta de vagar. Como o esperado, e questão de segundos sentiu null agarrado ela, não de maneira bruta, mas as mãos dele tinham posse sobre seu corpo, tanto que só pela forma como ele a segurava na cintura e costelas, a fez arfar, e ainda mais, quando ela sentiu os lábios dele tocarem de leve o lóbulo de sua orelha.
- Sobre eu ser o cara que mais faz, do que fala? – Ele sussurrou, beijando bem abaixo da orelha de null, e com o pé ele fechou a porta, fazendo null fechar os olhos naquela meia luz, no meio da sua sala, tendo suas pernas que eram seu único sustento, bambas.
- Isso é o que vamos ver. – null tirou forças do nada, agarrando a nuca de null e com as unhas arranhou. null não conseguiu controlar a arfada, e a puta vontade que estava de beijar null, enlouquecido. Ele só precisava de uma cama. Mesmo que soubesse no subconsciente que Renê voltaria a qualquer momento, ele estava possesso de desejo por ela.
Sem pensar mais, null puxou null para ele, tentando encontrar a melhor opção e mais viável para que nada os atrapalhasse daquela vez. O corpo de null estava tão colado ao seu, que ele mal podia acreditar, em conjunto com a trilha de caminhos que null fazia da sua boca, até o pescoço, da forma como ela arranhava sua nuca e puxava seu cabelo. Ela não sabia o que estava fazendo mas seu corpo parecia saber muito bem.
No momento em que null colocou null na cama, ficando entre as pernas dela, seu corpo caiu por cima do dela quase que por impulso, e do mesmo jeito, a camisa dele já tinha ido pra qualquer lugar do quarto, mas ele só notou isso quando as mãos dela passearam por toda extensão de suas costas, o arranhando com prazer. Sem esperar nem um segundo, null finalmente tirou aquela saia branca, aquela saia que ele teve devaneios doentios, finalmente null estava finalmente ali a mercê dele.
null sentiu as mãos de null deslizaram por suas coxas de uma forma que ela nunca havia sentido igual, as mãos estavam pesadas e delineavam exatamente a lateral de suas coxas, mas mesmo assim, não a machucavam só a deixava mais fora de si. Os lábios dele então voltaram a beijá-la com mais intensidade. null sugou o lábio inferior da garota, e depois passou a língua, sentindo null se mexer por baixo de seu corpo, ele tirou a camisa dela ao perceber que a mesma o deixava a um passo a menos de sentir mais a pele dela. E assim, a garota se ajeitou na cama, e voltou a beija-lo, esquecendo sua falta de ar e seu nariz entupido.
null estava a enlouquecendo tanto que só o que null queria era ele mais perto, nas suas tentativas de colar ainda mais seus corpos, null percebeu o quanto um sentiu falta do outro. Não era só necessidade mental, era física, corporal. Todos os seus sentidos motores e emocionais sentiam falta de null, e nela, todos os seus átomos entraram em choque quando null a beijou com ainda mais intensidade.
Suas línguas e suas bocas estalavam alto, no eco, em conjunto com a chuva. Ela havia aumentado muito mais, e por mais que parecesse loucura, seus estalos e afagos ainda estavam fazendo um barulho alto. null deslizou suas mãos, ainda sem acreditar, por toda a extensão do corpo dela novamente, se apaixonando cada vez mais. null não sabia o que era ter vontade de fazer aquilo, até aquele momento. Seu corpo estava extasiado com ela. Ele a amava. Quantas vezes ele precisaria tirar essa conclusão? Quantas vezes ele iria lutar contra aquilo? Seu corpo clamava por null beijando seu pescoço daquele jeito. Não havia escapatória: null null definitivamente era de null null, sem discussão sobre isso após a posse que seu corpo tomou dela naquela tarde.
***
null estalou os olhos na escuridão do quarto, sentindo seu coração pular no peito brutalmente. Um trovão alto ecoou por todo o seu quarto, sendo acompanhado por um longo clarão, e foi aí que ela tomou consciência de null ao seu lado. De imediato seu coração congelou, lhe fazendo ficar sem ar. Ela tinha dormido com null. Ela tinha feito aquilo sem nem pensar... E o pior: Não estava arrependida daquilo. Como ia conseguir lidar com null depois do que fez com null? Logo a menina levou as mãos no rosto, fechando os olhos por trás das mãos. Ela era idiota demais pra pensar que ficando com null, iria conseguir esquecer null. O que estava pensando? Ela estava realmente apaixonada, e sendo burra por fugir disso. null podia ser o pior cafajeste da historia, mas ela estava sendo muito pior, tendo em vista do que omitia de null toda vez que fingia estar em duvida entre os dois. A realidade não era essa. null não estava em duvida entre os dois, ela sabia exatamente quem queria, só tinha medo de magoar null. Ela o amava, como seu primeiro amor, alguém que ela nunca iria esquecer, mas não era apaixonada por ele.
Afinal, o que ela iria fazer? Sua alma estava leve depois daquela tarde, após fazer aquilo com null, tudo parecia ter se resolvido dentro de si. Seu corpo havia relaxado gradualmente.
Outro trovão a fez estremecer, e novamente, ela aproveitou o clarão para olhar null, só que dessa vez, mais detalhadamente.
Era a cena mais entorpecente que null já havia visto desde que tudo começara a dar errado, à fazendo entender porque estava apaixonada por aquele rapaz desnudo em sua cama. null estava de bruços, com metade das costas descobertas, deixando bem aparente o formato másculo das mesmas. Ela era apaixonada pelo formato delas. O rosto dele estava virado para o lado oposto, deixando apenas os cabelos de null a vista. E assim que desceu os olhos, viu apenas um pé de null pra fora da coberta, de resto, tudo estava coberto.
Ela sorriu de canto ao perceber uma pequena vermelhidão nas costas do garoto, e com isso, tomou impulso para sair da cama, vestindo a primeira camiseta que viu na frente à procura de seu celular. Eles haviam perdido a noção do tempo, provavelmente já era noite. null olhou no visor, que por fim, agora só carregava uma foto sua, de null e null a abraçados juntos num jogo de alguns meses atrás. Eram quase oito horas, e sua mãe ainda não havia chegado. Ao passear pela casa escura, e cheia de medo, tentou acender a luz, mas percebeu que a energia faltava, então voltou correndo para o quarto, onde null estava na mesma posição, totalmente apagado. null se aninhou na cama mordendo as unhas, queria acordá-lo porque estava com medo, mas ao mesmo tempo teve pena de interromper um sono aparentemente gostoso.
A garota fechou os olhos assim que ouviu outro trovão, apertando o celular em mãos. Ótimo. Sem internet, na escuridão. Ela odiava ficar no escuro, não era um tipo de fobia, mas sua mente era fértil, e bom, null parecia uma garotinha de cinco anos. Todo clarão que se sucedia, ela apertava os olhos, engolindo seco, sua mente vagava em tanta coisa, em todos em Brighton Beach, e nos seus pais, seu celular sem sinal, e aquela maldita tempestade, ela ouvia os assovios do vento. Aquilo só a deixava mais apavorada. Dentre esses pensamentos, ela sentiu uma mão pousar sobre sua coxa, sua reação foi involuntária, null soltou um grito alto, encolhendo ainda mais o corpo.
- Meu Deus null, o que tá acontecendo? – null sentou na cama, vendo uma luz forte vinda do celular de null, bem na sua cara. null semicerrou os olhos, ainda sem entender muito o que estava acontecendo, mas ainda sim, preocupado.
- Cacete null, você me assustou!
- Como assim eu te assustei? Quem você achou que era garota? – O menino perguntou perplexo, fazendo um gesto com as mãos, e só então, depois de forçar bastante a vista, viu null por trás daquele celular, com os olhos brilhando de medo.
- Não sei, eu só me assustei! Tá tudo escuro! – Ela choramingou. null ainda ficou quieto por pouco tempo. –
- Acende a luz meu docinho. – Ele usou o tom óbvio, e conhecendo bem null, logo a garota entortou a cabeça.
- Você acha que se estivéssemos energia eu estaria no escuro? – null esbravejou, o encarando séria.
- Perai, você tem medo de escuro? – Ela o viu sorrir um pouco, apontando o dedo indicador para ela. null bufou irritada.
- Há há há! Muito engraçado tirar sarro do meu medo. – null revirou os olhos, voltando a morder a pelinha do dedão.
- Ei, desculpa é só que... – null riu, mas logo puxou null para ele, agora já sentado, a fazendo se aninhar sobre ele. – Eu estou aqui, ok? Não precisa ter medo. – null beijou o topo da cabeça dela, e com isso, null jogou as duas pernas por cima do colo dele, null as agarrou, começando a fazer um carinho leve desde as panturrilhas até as coxas.
- Para de rir! Não tem graça. – null protestou, sentindo null rir ainda mais.
- É que isso me lembra do null. Ele tem medo também, vira uma bixa quando está escuro.
- Jura? – null riu, se aninhando a null.
- É inacreditável. Cadê sua mãe?
- Ela não chegou ainda. – Houve um silencio pequeno, e logo um murmúrio malicioso de null.
- Eu sinto cheiro de tensão sexual null. – A menina riu.
- Só se for a nossa, né – null sorriu, só que dessa vez, lembrando-se do que havia acontecido horas atrás, ele procurou a boca dela e a beijou de leve, passando a língua carinhosamente na dela, sem mais intuito de aprofundar. Só de relembrar brevemente o que tinha acontecido.
- Essa é a minha camiseta? – Ela sentiu o garoto puxar um pouco o pano do qual ela vestia, null sentiu o cheiro de null impregnado naquela camiseta, e provavelmente, ela também ficaria com aquele cheiro.
- Foi a primeira coisa que eu achei. – A menina murmurou, ouvindo outro trovão. null sentiu-a apertar-se contra si.
- Nenhum sinal deles em Brighton Beach?
- Pelo que aparenta, estamos no meio de uma tempestade null. Sem sinal de celular, sem energia... Odeio isso. – Ela fechou os olhos.
null ficou em silencio por alguns minutos, também passando a ouvir os assovios do lado de fora. Sustentar null em seus braços estava sendo o paraíso. null sentia-se segura aninhada nos braços de null. Sua confiança nele, mesmo que tenha vacilado algumas vezes, era imutável. null confiava naquele cara mesmo não querendo confiar.
- Me conta como era a banda de vocês no primeiro colegial... – a menina falou. null hesitou um pouco.
- Bom, nós sempre fomos meio... Sem limites, e dentre as detenções que tomávamos, a professora de teatro e canto, quis que fizéssemos uma apresentação, pra pagar mico mesmo. – null riu de leve, null fez um caminho lento das coxas dela até a panturrilha novamente. – No fim, descobrimos que null tocava violão, e que todos nos tínhamos um negócinho com a musica sabe?
- Como assim?
- Nós gostamos do que fizemos. Cantar praquela plateia foi maravilhoso null. E por mais que seja bem gay o que eu vou dizer agora, a sintonia das nossas vozes em conjunto com null tocando violão, foi bem bonita. – null contou num tom doce, que fez null sorrir de leve, mas logo juntar as sobrancelhas.
- E porque vocês não continuaram então?
- É complicado. – O menino suspirou.
- É tão complicado que eu não seria capaz de entender?
- Não, é só que... É intimo demais. – Naquela hora, ela pode perceber que o problema era com ele.
- Se não quiser falar tudo bem. – A menina suspirou, fechando os olhos e se afundando na cova do pescoço dele. Não era do tipo de pessoa que forçava a barra, e por isso null quis contar ainda mais o motivo. null não queria saber por saber, e por entender sua hesitação, deixou claro que ela era perfeita pra ele. – Meu pai não quer isso. – Ele disse baixo, suspirando.
- Como?
- Ele acha isso uma perda de tempo. Não importa se tenho uma voz bonita, ou se isso é importante pra mim. Tudo que ele pensa é que no futebol eu sou bom, e ele ama futebol... – null contou num tom cansado. null levantou a cabeça para tentar olhá-lo melhor.
- null, ninguém pode viver a vida por você. Se vocês gostam de cantar, você tem que fazer isso. – A menina disse perplexa.
- Eu sei, mas como eu disse, é complicado. – Ele suspirou outra vez. – Eu amo jogar da mesma forma que gostei de cantar com os caras, então... Tá tudo bem.
Outro silencio se formou por longos minutos.
- Cante pra mim. – null pediu, depositando um beijo calmo e carinhoso no pescoço dele. null sorriu com o ato, apertando as coxas dela.
- Talvez um dia.
- null! – implorou. – Eu fiquei curiosa, quero ver você cantando.
- null, faz muito tempo que eu não faço isso...
- Vamos lá, null!!
- Eu esqueci as letras.
- Cante uma musica que você goste! Eu só quero ouvir sua voz. – null acariciou o peitoral dele.
Um minuto depois, null deu um longo suspiro e fechou os olhos. Ele não cantava desde o primeiro colegial, há muito tempo. Mas, pior que isso, era que nunca havia cantado pra alguém. null tinha vergonha de fazer aquilo até pra ele mesmo, só que com null pedindo daquele jeito, ele não teve escolha. então começou baixinho, ainda com receio:
I'm gonna pick up the pieces
And build a lego house
If things go wrong we can knock it down
A voz baixinha, mas ao mesmo tempo melodiosa, de null fez a garota fechar os olhos assim como ele, entrando em sintonia com a longa respirada que ele deu para continuar.
And three words have
Two meanings
There's one thing on my mind
It's all for you.
null sorriu com o final da frase, acariciando null novamente, e por fim, deu um beijo no rosto dele, respirando fundo. Ela estava encantada com voz dele, encantada era pouco. a voz de null era doce e forte ao mesmo tempo.
And it's dark in the cold December
But I've got you to keep me warm
If you're broke then I will mend ya
And keep you sheltered from the storm
That's raging on now.
null não demorou muito pra continuar, mas apertou null em seus braços, e começou a cantar ainda mais baixo no ouvido da garota, trazendo arrepios pelo corpo dela. null agarrou o pescoço dele e o abraçou daquele jeito. null sentiu-a sorrir, colada ao seu rosto. null já não sentia mais o coração bater, estava num estado de leveza estranho, parecia ter entrado em outra dimensão, em que a chuva e seu medo não importavam mais porque só a voz de null ecoava dentro de si mesma.
I'm out of touch
I'm out of love
I'll pick you up
When you're getting down
And out of all these things I've done
I think I love you better now.
null terminou de cantar baixinho, se afastando de null com carinho, e assim, beijou-a da mesma forma nos lábios, de forma que os mesmos fizeram um estalo gostoso e prazeroso para ambos. null segurou o rosto da garota e então beijou os cabelos dela, voltando à posição normal, do qual ele tinha posses de suas pernas, e fazia carinhos extras nelas.
- Diga que vai continuar cantando. – null sussurrou, ainda de olhos fechados. null sorriu.
- Pra você?
- Pro mundo, null. Sua voz é maravilhosa. – A garota o acariciou no rosto, tentando projetar a imagem dele naquele escuro em que ambos não se viam. Querendo ver aqueles lindos olhos e saber de verdade, quem era ele naquele momento, porque aquele null null ela nunca havia conhecido, mas se apaixonou por mais uma parte dele.
- Eu... – null gaguejou. Ele iria realmente falar aquilo que a musica disse, iria dizer mesmo, se as luzes não tivessem voltado.
null ainda estava olhando para ele, esperando que ele terminasse o que iria dizer, seu coração palpitava pelo termino. A menina finalmente o olhou no fundo dos olhos, com as mãos apoiadas na lateral do rosto dele, o segurando, e o viu passar a língua nos lábios. null comprimiu os mesmos logo depois e abaixou a cabeça. Ali olhando pra ela, ficou com medo. Ele não tinha duvidas de que a amava, mas e se a magoasse? O que ele iria dizer era forte demais, era forte até pra ele. e se ele não conseguisse lidar com aquilo de amá-la tanto? Havia probabilidades, null nunca havia sentido isso, era uma puta pressão na sua cabeça, porque parecia que no escuro, estava mais fácil, ele não via os olhos dela, e não tinha noção de que se algo de errado acontecesse, ela iria se machucar de novo. null a amava, mas não iria conseguir sustentar as expectativas que seriam jogadas nele após isso. Se um “estou apaixonado” já havia feito o que fez, imagina um “eu te amo”?
- Você? – Ela piscou, ainda esperando pela resposta. null sorriu.
- Eu acho que estou com fome. – null riu com a resposta. Não se afetou por não ter ouvido o que achou que ouviria, na verdade, até relaxou, porque se null dissesse, ela sem duvidas seria dele no mesmo instante.
- null, você comeu há menos de três horas. – null sentou-se na cama, o vendo jogar-se na mesma.
- Você acabou comigo nessa cama garota, quer o quê? – null olhou por cima dos ombros com os olhos espremidos. Fora a cena mais linda que null havia visto. os cabelos bagunçados dela, e aquele olhar faiscante. Ele a amava mesmo.
- Fica desse jeito. – O garoto fez um sinal com as mãos, pegando o celular o mais rápido possível. null ficou realmente na mesma posição.
- O que você está fazendo? – Ela riu, e no mesmo segundo viu a câmera do celular dele mirada em sua direção, com um clique vindo junto.
- null! – Ela esbravejou, já subindo na cama atrás dele. – Eu estou horrorosa e descabelada, apaga isso! – Ela gritou, tentando pegar o celular do menino, que o escondeu dela.
null ficou por cima de null, e fingiu uma feição brava que fez null rir, roubando um selinho dela. Ela ficou sem reação.
- Você precisa saber que é linda até desse jeito. – null sorriu involuntariamente, o beijando de novo. E logo as mãos dele subiram pelas suas costas, e coxas. null a virou com rapidez, ficando por cima, começando a beijá-la de novo, e de novo, dando intervalos pequenos, com estalos carinhosos junto.
- Você não estava com fome? – Ela sussurrou durante o beijo, ele riu a beijando mais uma vez, dessa vez descendo os beijos pelo pescoço da garota.
- Sim, com fome de você. – null sentiu o rosto pegar fogo, então riu, tapando o rosto, null vendo aquilo riu junto com ela, tirando as mãos da garota do rosto.
- Eu amo quando você se faz de inocente e fica toda vermelha... – Ele fez caminho para o lóbulo de sua orelha.
- Eu sou inocente. – Respondeu de olhos fechados, mordendo os lábios. null levantou a cabeça, roçando seus narizes, a vendo fazer aquilo.
- Talvez você fosse...
- Até um null null aparecer. – null continuou a frase do menino. null riu com gosto, voltando a beijá-la com calma, jogando finalmente seu corpo por cima do dela, e a puxando pela cintura com mais força para ele.
- Suzana! – Renê gritou (ela gritou mesmo) Quando viu sua melhor amiga na porta da casa dos null.
- Ai meu Deus, Renê!! – a mulher disse no mesmo tom.
null havia passado o tempo todo naquela casa, que estava sem vida, diga-se de passagem; tentando deixá-la com um ar mais convidativo. Paris havia mudado tudo, até Bertram. A garota matou saudades de seu antigo melhor amigo e companheiro, tendo assim, revelado dele, que logo Bertram pediria demissão. null teve que se acostumar com o choque, mas não tão choque assim porque, tudo havia mudado tão intensamente na sua vida que aquilo sobre Bertram não havia espantado, só a deixado triste. Ele trabalhava lá desde que null nascera; desde que seus pais se conheceram; A casa dos null era herança de Bill para John, que por fim resolveu morar numa fazenda nas proximidades pra poder viver em paz com Mary.
Enfim, null fez enfeites com bexigas na parte de fora do quintal em algumas mesas, a piscina estava limpa e o clima quente; há tempos Londres não fazia um calor daqueles, não era tão quente , mas já era alguma coisa, mesmo ela sabendo que dali uma semana aquele clima seria quase inacreditável de acreditar que um dia existiu, era fim de ano, então, um milagre estar quente, naquela época era mais propicia a neve. Ela sentiu falta de null lá, desde que voltaram de Brighton Beach, as coisas não haviam mudado, mas por ambas as partes, ela sabia que null queria falar com ela, e vise versa, mas nenhuma estava pronta ainda.
Mas o ápice não era realmente esse.
null viu null na manha seguinte da noite que passara com null, após a chuva. Ela não sabia se null desconfiou sobre algo e por esse motivo, null também desconfiaria, mas, o olhar dele era tão pra baixo, que a fez esquecer por segundos da noite maravilhosa que passou com null. null sorriu e acenou triste quando a viu, isso cortou seu coração; Realmente lidar com isso a matava cada vez mais, não podia fazer isso, null queria explodir quando via null daquele jeito, doía em si mesma. Ela se odiava por isso. Queria saber o que sentia por aquele menino, tinha que resolver consigo mesma; era uma confusão tão grande dentro dela e de seu pensamentos que às vezes null, quando parava pra pensar, tinha dificuldade ao respirar, porque seu coração estava cheio.
- Essa é a minha garotinha? – ela ouviu Suzana gritar, e virou-se bruscamente.
- Tia Suzana! – A mulher veio de encontro, logo se sentando na cadeira ao lado de null, à beira da piscina.
- O que aconteceu com você? null, você está... Sem palavras. – Suzana sorriu doce, assim como Renê fazia, e depois olhou a mesma entrar na casa, e John a acompanhar, Suzana o cumprimentou com um aceno e voltou a olhar a garota.
- Obrigada tia. – Ela sorriu, levantando uma das pernas na cadeira.
- Ei, o que aconteceu? – O peito de null gelou; ela não sabia exatamente porque, mas era tudo uma conjunção: null, null, null... null queria todos, mas ao mesmo tempo estava confusa demais pra estar perto de alguém, então preferia manter-se afastada e sozinha.
- Nada de mais... – Sorriu. – Você sabe como somos quando estamos na puberdade. – A mulher soltou um riso elegante.
- null, pra ter um olhar tão preocupado como esse, não precisa ter idade e nem época. Diga-me o que está acontecendo. Onde está o null? – null encarou a tia seria e logo Suzana sacou, abrindo a boca. – Vocês terminaram? – Exclamou, fazendo null sorrir para o chão, brincando com seus dedos do pé.
- Há uns... Cinco ou seis meses, eu não sei direito. – A menina murmurou e viu a tia se ajeitar na cadeira acariciando uma das suas mãos que estava apoiada na mesa.
- Como você está querida?
- Por incrível que pareça, eu estou muito bem. – null respondeu, comprimindo os lábios ao olhar Suzana, a mesma se jogou na cadeira de novo, franzindo o cenho.
- Então qual é o problema?
- O problema é que...
Antes de null começar a contar, um estrondo alto vindo da porta da casa fez com que as duas olhassem para a mesma direção, Alissa chegou pulando e gritando pela porta, já mirando na piscina com um biquininho todo cor de rosa, Claire estava nos braços de Renê, com um vestidinho amarelinho, e logo atrás dela, null, null, null, null, null e null a acompanhavam trabalhados também em roupas casuais; null com dois fardos de cerveja, null com alguns aperitivos, null conversava e sorria algumas vezes para John, enquanto null e null conversavam entre si, também sorrindo sobre algo.
Quando o olhar dela bateu neles, e logo todos foram se dispersando, sobrando apenas null e null junto a John, Suzana olhou para null. Os olhos dela, cheios de preocupação, pareciam transbordar de algo que a mulher não conseguia decifrar; null parecia querer ar, seus olhos não estavam normais, assim como a frenética mania de mexer nos dedos do pé, sem conseguir desviar o olhar daqueles dois.
- Me diz alguma coisa, ou eu vou imaginar o pior. – null ouviu e virou-se para a tia de súbito.
- O quê?
- null, quem é esse rapaz lindo ao lado do seu ex-namorado, que agora esta caminhando pra cá e... - Assim que null olhou para o lado, viu null e null, parados em frente à mesa onde ela estava com Suzana.
E na mente, ela respondeu a pergunta da sua tia, encarando os dois na mesma posição, a olhando com a aquela puta vontade de dizer em voz alta: “Esses são os meus problemas tia.”
- Ei, null, como vai? – Suzana cortou a troca de olhares entre eles, vendo null sorrir. De fato, Suzana achava null um príncipe. Sempre carinhoso, atencioso e superfofo, apesar disso, sem querer parecer mala demais, mas, quando ela bateu os olhos naquele homem que null era, desejou saber quem era ele. Seu olhar era intrigante, e isso a chamou atenção; Dentre tudo isso, null se controlou pra não se sentir desconfortável com o fato de todos olharem null como namorado da null.
- Ótimo.
- Que bom saber!
- Alissa está grande demais, nem acredito que ela cresceu tanto assim. – O menino comentou, observando Alissa brincar freneticamente na água.
- Sim. Não dá pra acreditar que essa menina já fez seis aninhos. – Suzana disse com orgulho.
- Então... – Ambos disseram juntos em direção a null; Suzana olhou os três: null de olhos fechados em desaprovação, null com cara de poucos amigos e null com os lábios comprimidos. Aquilo era realmente muito estranho pra ela.
- Tia, esse é o null... – null ignorou aquilo, fazendo um gesto para a mulher que acenou sorrindo. – Vou buscar algo pra tomar...
Os três a encararam sair andando com a cabeça baixa, coçando a mesma por poucos segundos. Ela não estava confortável; null e null se entreolharam porque a conheciam, fazendo a mesma feição um para o outro. Era estranho, mas tinham que aprender a lidar com seus sentimentos quando estavam juntos, e por incrível que pareça, eles sabiam lidar muito melhor do que null quando estava perto dos dois.
A garota correu para a cozinha apoiando-se no balcão, seu coração batia rápido. Ela não sabia por que, mas queria acabar com aquilo, ao mesmo tempo em que queria beijar null, não queria ver null sofrer e pensar nisso, já acabava com ela. Logo um suspiro veio até ela, e junto, um grito de Alissa, null olhou janela a fora; null havia acabado de pular na piscina, Paris estava afastada de todos, apenas olhando tudo e com o olhar, parecia se divertir e pela primeira vez null não viu maldade naquela mulher. Logo, Renê também ria alto com algo que null disse, enquanto null conversava super à vontade com John sobre alguma coisa.
Todo mundo estava bem, null também queria estar; não era só ficar entre null e null e fingir que tudo estava bem, não era assim. Queria só ter paz sem pensar nos dois naquele momento, seu corpo estava exausto por isso.
- Oi. – Uma voz suave invadiu seus ouvidos, null virou-se lentamente e viu null apoiada no balcão, assim como ela, com um olhar espremido.
- Oi. – Ela devolveu, jogando a cabeça para baixo novamente, deu um suspiro depois.
- null eu queria te pedir desculpas por tudo o que aconteceu e pelo que eu disse... – A menina começou, vendo a amiga acenar negativamente.
- Não, me desculpe.
Por impulso, null abraçou null com toda vontade do mundo, sendo retribuída no mesmo momento. Ela quis chorar e desabar; Não era nada demais, não havia acontecido nada demais, mas seu corpo não aguentava mais aquilo. Apesar disso tudo, um alivio tomou seu corpo ao sentir null ao seu lado de novo.
- O que tá acontecendo? – null perguntou assim que quebraram o abraço.
- Eu não sei o que fazer! – null fechou os olhos. – null olha aqueles dois! – Ela apontou para null e null rindo juntos.
- O que tem? – A amiga perguntou de novo, perplexa.
- null, o que eu fiz? – null falou alto. - Porque eu fiz isso? Porque justo o melhor amigo dele! – null virou de costas paro o balcão, encostando-se nele. Deu outra bufada.
- De novo com isso null null? O que fizemos já está feito! – null esbravejou. – Isso nunca vai mudar! null você só tem que deixá-lo ir e você sabe muito bem do que eu estou falando. – null falou, null sentiu o peito doer.
- Eu não consigo!
- Como não? – null perguntou alto. – Você sabe o que está fazendo null. Não é justo com ele.
- Não é justo comigo quando esse garoto me olha como se eu tivesse acabado com a vida dele!
- null, olha pra mim. – null puxou null, a olhando nos olhos, ela sentiu um arrepio no corpo.
- null eu não consigo.
- Diz pra mim por quem você é apaixonada. – null ordenou. null a olhou seria e depois tombou a cabeça nos ombros de um jeito obvio.
- Não faça isso.
- null, quanto mais você prolongar isso, mais vai acabar com ele.
- E se isso não der certo? – null viu null olhar para null.
- A vida não vai acabar null, assim como não acabou quando você e null terminaram.
Ela suspirou de novo, olhando para o nada por mais dois minutos.
- Vamos. – null a puxou, e junto, null levou mais uma leva de salgadinhos para fora.
Era fato, null não iria deixar nenhum dos dois ir, se aquilo precisava acabar um deles precisaria deixá-la e null sabia que isso ia doer, porque já doía imaginar sobre isso. Ambos a completavam de jeito diferente.
Após algum tempo, Anthony chegou para completar a zorra, e bom, null sabia que aquilo não iria acabar tão cedo. Por mais incrível que pareça, aos poucos ela passou a esquecer da tensão desconfortável, dando atenção aos outros amigos; null estava diferente, null a conhecia. Sabendo que null não estava normal, a sua preocupação extra passou para ela, então seu olhar era direcionado a ela quase o tempo todo, vez ou outra null e null iam até ela ou direcionavam olhares complementados com sorrisos, null tentava não se abalar com isso toda vez que acontecia, mas era de praxe, seu coração palpitava,e o único problema, era que ele palpitava pelos dois.
- null, as bebidas acabaram? – Anthony gritou vindo até ela junto com null.
- Na geladeira de dentro deve ter.
- Você está uma gracinha. – O homem disse assim que passou por ela, a fazendo rir, e logo depois olhou para null; Ele só olhava para null. – Com todo respeito. – null riu.
- Nós não namoramos mais, Tonny. – null contou; A expressão dele foi engraçada, null fez um biquinho com os lábios, vendo Anthony trocar olhares entre ela e null.
- Como assim...
- Somos amigos.
- Da parte de quem? . – Tonny sorriu malicioso saindo de perto dos dois.
null riu e parou ao lado de null, só na intenção de fazer companhia.O silencio era continuo entre eles ultimamente, mas ao mesmo tempo era reconfortante. null e null haviam se acostumado a se entender apenas com ele, de forma com que em silencio, eles tinham conflitos de ideias, sabiam exatamente o que o outro pensava.
- Está gostando? – null perguntou virando-se para null.
- Estou me saindo melhor do que esperava. – O menino passou a língua nos lábios, sem olhá-la, e dessa forma ele sabia que o olhar de null era de duvida sem nem mesmo tê-la olhado.
- Eu também estou me saindo melhor do que esperava.
- Você sempre se sai bem.
- Afinal do que estamos falando? – null virou-se para ele que sorria pretensioso.
- De saber lidar com dois caras que estão aos seus pés, na mesma festa.
- Bom, vocês estão se comportando. – null comentou brincalhona, null não tirou aquele sorriso dos lábios.
- E se não nos comportássemos?
null não recebeu resposta no momento seguinte, e por isso acompanhou o olhar de null fixado em null e sua tia Suzana conversando cheios de sorrisos. Ela não tinha expressão, e sabia que era pura loucura, mas null era um estereotipo de homem, não tinha nada de meninão de colegial, então por segundos, null observou diretamente o olhar de sua tia interessada em tudo que saia da boca dele; Parecia normal qualquer uma ficar abalada por ele. Era normal. null sentiu as mãos formigarem não pela sua tia, mas por saber que se ela desse uma brecha e null sorrisse para qualquer uma, a garota seria dele; com ela não foi diferente.
Da mesma forma, Tonny – apelido de Anthonny – Passou por ela e null; O menino encarou mais uma vez null sem tirar os olhos de null. Foi assim, também com um sorriso todo cativante que null desarmou um pseudo ciúmes de Tonny com Suzana. null ainda não entendia como, mas null era daqueles que só sorrindo, encerrava uma guerra. Ela só percebeu que o encarava demais, quando sentiu aquele olhar de null cravado nela, e só então se lembrou que a pergunta dele havia ficado no ar porque ela perdeu a concentração olhando pra quem?
- Quer mais uma? – null apontou para a cerveja, null continuou a encarando.
- Não, eu to bem. – Ele respondeu desviando o olhar dela com um suspiro aparentemente irritado.
Mais um tempo em silêncio.
- Tá a fim de sair daqui? – null levantou o olhar para a menina, vendo uma pequena brisa bater nos cabelos dela; null agiu em slow-motion, sorrindo para ele de forma doce.
- Estamos no meio da festa da sua família null.
- Eu sei, e por isso essa é a deixa perfeita. – null sorriu começando a caminhar para a porta dos fundos, null a olhou dos pés a cabeça, desde aquelas coxas, até os cabelos que caiam pelos ombros...
Era como ela soubesse que ele iria a seguir. A menina andou majestosa à frente dele, sem olhar para trás nem por um segundo. null sorriu a vendo andar de costas, transando as pernas de uma forma totalmente sexy, com os cabelos jogados pelo ombro e o mesmo desnudo; Era impossível não se lembrar de quando seus lábios percorriam aquela região. Seu corpo ficou leve só de imaginar como seria fazer isso outra vez; null sabia que tinha errado; que perdê-la fora mais culpa dele do que dela ou muito mais de null, porque era impossível não se apaixonar por null; só de bater os olhos nos olhos dela, levava qualquer um pro abismo, ele era a prova viva e escarrada de que null tinha controle persuasivo sobre as pessoas só com o olhar, se ela não fosse tão assim, provavelmente ele já teria a esquecido, mas como esquecer aquele sorriso?
No segundo em que ele pensou sobre isso, viu-a virar-se para ele sorrindo, o que mais encantava null é que nessas circunstancias, o único doente ali por isso era ele; null não tinha a intenção de nada, e ele sabia disso, ela só sorria porque era dela, mas isso soava como provocação pra ele. Ele a amava e não fazia nem um esforçinho pra sair dessa; null sabia onde tudo isso iria dar, mas, como todo apaixonado, ele gostava de sofrer. E se ele tentasse e desse certo? Não podia desistir assim.
- Ok, onde você deseja ir moça? – Ele sentiu a voz sair arrastada;null viu o sorriso no canto dos lábios dele.
- O que fazíamos ás dez da noite? – null cruzou os braços, também sorrindo.
- Não me provoque null. – A menina soltou uma gargalhada estendendo a mão para que null viesse até ela, e ele foi; largando a garrafa de cerveja no gramado para agarrar nas mãos de null.
O que eles faziam às dez da noite quando se viam não era segredo pra ninguém: Sorvete. Sim, sorvete.
Num determinado dia, enquanto eles caminhavam naquele horário pelas quadras perto da casa da garota, null implorou para que eles entrassem naquela sorveteria que parecia a mais furreca de todas, mas que no fim, tinha o melhor sorvete já provado por eles na face da terra.
null e null caminharam até lá conversando descontraídos sobre variados assuntos, assuntos do passado. Ambos sabiam que isso não era saudável, porque não iria voltar, mas era quase impossível não sentir aquela nostalgia gostosa quando estavam juntos. null e null eram mais amigos do que namorados, e era isso que os diferenciava. Antes de toda aquela paixão, eles ainda eram amigos, que do viraram nada. null não queria a amizade dela, null queria o amor de null, a paixão dela, e não a amizade, mas como tudo o que começou entre eles veio dela, então ele derrubaria essas barreiras.
***
null olhou para os lados pela primeira vez após entrar numa conversa intrigante com Suzana e Tonny sobre times, seus olhos procuraram por null por todo lugar, ele iria falar com ela. Estava engasgado pra dizer o que sentia, e viu a oportunidade naquela situação. Era um momento em família e null estava adorando fazer parte daquilo, estava adorando como John conseguiu engoli-lo, e de que finalmente estava conseguindo a aceitação deles; o único problema é que seus olhos não encontraram null em nenhum lugar, e muito menos null.
No instante em que null soube daquela ligação de que ambos haviam sumido, involuntariamente seu coração bateu forte dentro do peito, e em conjunto, um calafrio percorreu suas veias, das mãos aos pés e cabeça, o deixando frenético de preocupação. Porque diabos ele não assumia tudo de uma vez? Ou melhor: Porque ele demorou tanto pra fazer isso? Agora, null estava provavelmente com null, e ele estava ali, desesperado pra que estivesse errado.
null tinha a mania irritante de achar que tudo estava aos seus pés, e ele achava que null estava, até null ter um pequeno momento com ela. Não adiantava, ele tinha que lutar.
E decidiu isso melhor após aquela tarde; null não havia voltado ao normal. Nada estava igual pra ele; Seu coração não batia direito e a maioria dos seus pensamentos sempre eram voltados ao fato de que ele havia ficado com ela, e tinha se mostrado mais do que o limite, mais do que todos sabiam dele; Só null sabia. Por se sentir vulnerável com isso, ele sentia ainda mais desespero. Seu coração não estava bem; Uma coisa oscilava dentro dele, com um gosto amargo e uma vontade absurda de que ambos aparecessem e provassem que o que ele estava fantasiando estava errado.
Mas nada.
Durante um bom tempo após ele perceber que eles não estavam ali, mais uma hora se passou. null brincou com Alissa, comeu, bebeu mais cervejas do que o costume em festas de família, e fingiu o máximo que conseguiu não estar abalado.
Como null podia fazer algo com outro cara, depois do que eles passaram juntos?
- null, eu preciso da sua ajuda. – Ele foi desperto de seus pensamentos com null o cutucando forte, o rosto dela estava brilhante, como se estivesse suando frio. No mesmo segundo sua preocupação se voltou a ela.
- O que aconteceu?
- Eu não quero que você fale isso pra ninguém, agora, só me segue. – A menina enganchou em null, que a seguiu meio desentendido pelo quintal.
***
- E agora? Pra onde vamos? – null disse, ainda lambendo os dedos pelo sorvete. – Eles devem estar preocupados.
- Eles, vulgo, null Romeu null. – null disse com sarcasmo. null levantou o rosto para olhá-lo, observando a expressão intolerante que o mesmo havia posto no rosto.
- Não fale sobre ele. – null disse baixinho, jogando seu sorvete fora. null parou no mesmo segundo, a fazendo parar também pelo braço; null o olhou sem entender.
- Porque você está fazendo isso? – O garoto cruzou os braços. null juntou as sobrancelhas.
- Isso o quê?
- Porque está aqui comigo, null. – null respirou irritado. – Quer fazer ciúmes pro null comigo?
– É claro que não! – A menina abriu a boca; Realmente ela não queria, nunca pensou nisso até aquele momento.
- Então por quê?
- Não tem por quê!
- Você tem certeza?
- O quê? – null falou alto, jogando os braços.
- Então não teria problema eu dar um motivo claro pra ele ter ciúmes. – null sentiu a movimentação brusca de null pra cima dela sem poder fazer nada, fora tão rápido que ela já esperava pelo toque dele, então fechou os olhos com força.
null antes de efetuar realmente o que tinha em mente, olhou-a. Foi como se seu coração fosse despedaçado em milhões de partes, seu estomago fora parar no pé. A expressão que null tinha era de medo; nada a ver com vontade, nada a ver com paixão ou como se estivesse esperando ansiosa pelo beijo. null só ia deixá-lo beijá-la pelo motivo obvio, que ecoava em sua mente mas que ele não tinha coragem de assimilar: Ela não gostava dele, mas o deixava tentar porque talvez voltasse a sentir; null sabia disso, e queria acreditar que lá dentro ainda havia uma parte dele nela, mas depois de observá-la com os olhos pressionados o esperando... Lentamente a garota abriu os mesmos de maneira desentendida o olhando; Viu null morder os lábios de uma forma frustrada e então tornar a cabeça para o lado. A respiração dele começou a ficar pesada com base nos segundos, até fazê-lo botar as mãos na cintura. null não estava entendendo nada.
- O que foi null? – Ela disse baixinho, sem sair daquela posição. O menino deu outra respirada, apertando as mãos na cintura; Seu coração batia forte e quente dentro do peito. – null...
- null eu quero ouvir de você... – O menino empacou no meio da frase, passando a língua nos lábios. – Eu quero ouvir que você não me ama mais, que você não sente mais nada por mim. – Foi a vez de ela sentir o corpo tremular.
- Isso não é verdade.
- Por favor, null para com isso. – null fechou os olhos com dor fazendo a menina seguir o ato. – Olha o jeito que você reagiu quando eu fui pra cima de você! – Ele negou com a cabeça.
- Que jeito? Eu não esperava! Alias, eu esperei o que não chegou!
- É claro que não chegou, eu não vou beijar uma pessoa que vai me devolver porque sente pena! – O garoto aumentou a voz. – Eu não quero isso de você null, eu quero que você seja apaixonada por mim e tenha certeza disso.
A garota ficou quieta o olhando murchar e sentindo consigo mesma, acontecer o mesmo. Seu corpo passou a ficar pesado com a expressão triste dele, tentando processar algo que o fizesse não pensar aquilo. null sabia que null sabia o que ela sentia. Não era segredo pra ninguém. Mas era impossível decretar algo tão forte como aquilo. Seu coração ainda reagia sob os toques dele, então ele era alguma coisa, ela só não sabia dizer o que.
- Como eu posso saber? Paixão é algo que se sente null, e eu não sei o que eu estou sentindo.
null olhou ao redor, observando a rua da casa dos null totalmente vazia, apenas com as luzes da casa dela ligadas. Seus pensamentos viajaram por todo o tempo em que ele e null eram felizes, sem qualquer duvida de que havia desejo ou que seja amor, mas havia algo que queimava em ambos quando estavam juntos, e mais que isso, uma confiança imensurável. null sorriu por poucos segundos fazendo null o olhar de maneira intrigada; O que ele estava pensando? null sabia que essa era a pergunta que null fazia na mente.
E com isso, ele imaginou a primeira vez que ambos estiveram juntos. Fugidos de uma festa de família que também havia sido efetuada pela família dela, só que na casa de uma tia que morava a duas quadras dos null. Suas mãos suaram frio ao lembrar-se do nervosismo dele próprio em tentar algo que ele não sabia se ela iria estar preparada; null nunca havia se preocupado tanto com aquilo, como se preocupou com null; Foi lá, naquele momento, em que ele descobriu que à amava; porque ele sentiu que faria coisas por aquela garota, que nunca imaginou fazer por alguém.
- Você se lembra da sua primeira vez? – O garoto disse sorrindo de lado, ainda de olhos fechados. Aos poucos ele abriu, ainda sem receber sua resposta, e arriscou ver um pequeno sorriso no canto dos lábios dela.
- Como eu vou esquecer? – Por vez ela soltou um sorriso, parecendo lembrar.
- Lembra de como você ficou nervosa? – null chegou um pouco mais perto, voltando seu olhar para os olhos dela. null sentiu uma eletricidade estranha dentro do seu corpo, pelo olhar que null tinha fixo nela.
- O que isso tem a ver?
- Só responde.
- Era a minha primeira vez null. – A garota disse num tom agudo, de leve sentiu as mãos dele percorrerem pelos seus braços, deslizando por aquela parte com delicadeza.
- E porque você confiou em mim naquele dia? – Ela demorou um tempo pra responder, fechando os olhos, tentou voltar naquele momento.
- Eu não sei, eu só senti.
- E foi difícil?
- Eu não pensei se seria difícil, só aconteceu. – null disse, abrindo os olhos de súbito. null entendeu que naquele momento ela tinha tirado uma conclusão séria sobre algo, porque seus olhos estavam estalados de uma maneira lógica.
- E?...
- Eu lembro perfeitamente de como você me fez esquecer meu nervosismo tirando minha roupa. – null voltou a olhá-lo, levando suas mãos até a nuca dele. – Mas nesse caso, eu tive que te beijar pra ter certeza.
Sem ter muito que falar, ela puxou null pra ela pela nuca, colando suas bocas sem pensar muito no que estava fazendo; null estava com sede de uma certeza vinda daquilo, por isso se aprofundou o máximo que conseguiu. Ela mesma, com uma pouca ajuda dele, colou seus corpos, já sentindo as mãos de null entrarem por dentro de sua blusa sem pudor algum, passeando as mãos por poucos centímetros acima de sua bunda. Sabendo disso, null agarrou os cabelos dele, levantando mais o corpo e com um giro bem sutil e carinhoso, mudou a posição do seu beijo, sentindo a língua dele invadir sua boca como ele sempre fazia; Parecendo reconhecer o ambiente, pra depois fazer o que tinha fazer. Entre suas pequenas arfadas, null sentiu duas ou três vezes o peito bater forte, mas não foi continuo, apesar de estar sendo mais do que bom, porque ela estava acostumada, estar beijando de novo daquela forma louca, em que ele a segurava forte pela cintura, e delineava todas as partes de seu corpo, enquanto sua única reação era puxar seus cabelos; parecia não ser o "bum". Não eram fogos de artifício. Era só um fogo, um fogo que queria crescer, mas não crescia.
Aquilo esclareceu o bastante pra ela.
Após três minutos se beijando sem paradas, eles se descolaram lentamente, não como da ultima vez.
null olhou cada detalhe dele, e ele dela. Ambos encararam um ao outro, apesar dos pensamentos estarem sendo diferentes; null pensava no que sentia, e no que havia mudado nela com aquilo, enquanto ele tinha a mente confusa, sem saber o que esperar.
null não sabia o que tinha acontecido na tarde de Brighton Beach, não fazia ideia. E foi exatamente naquela tarde, que o beijo que havia acabado de dar a levou: null.
- O que foi isso? – null indagou num tom calmo, entortando a cabeça para o lado.
- Eu preciso ir embora. – Sem olhar nos olhos dele, a menina se desvencilhou de null com a feição confusa, abraçando o próprio corpo.
- Claro.
O que mais null desejou naquele momento, foi saber o que ela estava pensando. Seu coração estava pequeno dentro do peito, ele podia arriscar que do tamanho de um grão de feijão; O que ele estava sentindo estava sendo muito para um coração tão apertado quanto o dele naquele momento. Durante o trajeto, null caminhou em silencio sem olhar nenhum segundo se quer para onde ele estava, aquilo só o deixou mais desconcertado. Porque ela havia o beijado se no fim, arrependeu-se? Em seu corpo, uma trilha de oscilações do beijo ia e voltava; desde a sensação dos lábios e do gosto dela, até a forma como os arrepios na nuca não cessavam, como se null ainda estivesse puxando seus cabelos.
A menina entrou primeiro na casa, pulando os degraus de entrada e só assim, olhou por cima dos ombros para null com os olhos preocupados; Ele entendeu o recado, então só enfiou as mãos no bolso e abaixou a cabeça. A sensação que teve após isso fora horrível. Uma enorme vontade de vomitar, em conjunto com uma dor de cabeça, sua mente pulsava, e bom, sem falar no coração que ele mal sentia direito, havia um vazio ali dentro, que ele achou estar sendo preenchido. Era como se null o tivesse, e toda vez que ela corria de volta para null, ela o arrancasse de novo, e dali em diante não sobrasse nada dele; null não podia oferecer à alguém algo que não estava o pertencendo e isso era o pior que ele podia imaginar.
Seu corpo acompanhou em passadas lentas o trajeto dela, engolindo seco; null queria ir embora. De súbito viu ao longe Tonny gritar por mais cerveja, já bêbado, então sem ter muito que fazer, forçou um sorriso e negou, e só por esse motivo, ele conseguiu ver null abraçada ao corpo, ele acompanhou com os olhos em lentidão o peito dela subir e descer, e então a garota olhar ao redor, certamente procurando null. Ele sentiu uma fisgada desigual no peito. Se amor era impossível de causar a morte fisicamente, ele já não podia afirmar que não aconteceria o mesmo com sua alma. null já não conseguia mais sentir nada. Como ela podia esquecer-se de tudo em poucos minutos, tão rápido?
- null! – Ele virou-se de súbito vendo null vir até ele. – Eu estou indo. – Era tudo que ele queria ouvir.
- Claro, eu vou com você, estou cansado. – O garoto abanou com a cabeça.
- Hey, Suzzy! – null gritou até Suzana fazendo um aceno. – Foi bom te ver! Tonny, vamos marcar de sair e dê um beijo na Alissa e Claire! – Ambos acenaram.
null fez o mesmo, sorrindo apenas com os lábios, e por ultimo, trocou olhares com null. Ela ainda estava abraçada ao corpo, mas inexpressiva; Seus lábios fizeram um biquinho antes de levantar uma das mãos para acenar de maneira calma em sua direção. null apenas acenou com a cabeça e caminhou com o coração nos pés junto a null. A cada passada era como se ele estivesse o chutando; era uma dor diferente, de angustia.
Assim que colocou os pés para fora, null fez o mesmo na direção oposta à ele, ambos quase se bateram; ambos olhavam para o chão. Assim que null botou os olhos em null seu sangue subiu no cérebro, apesar disso, ele ainda conseguiu controlar toda a sua raiva apenas fazendo um biquinho enquanto passava por ele; A reação foi clara: null havia visto.
null captou na hora aquilo, ou se não null também não teria sentido a nuvem pesada que se formara em poucos segundos que eles se cruzaram; null ficou observando o olhar dos dois, travado um no outro; escuro, raivoso e ele podia até arriscar, profundamente magoado, como na escola, quando os dois brigaram. O menino sentiu um arrepio, mesmo sem saber o que tinha acontecido, null não queria acreditar que eles haviam voltado à estaca zero novamente. O garoto chacoalhou a cabeça, engolindo seco, e depois acenou com os olhos para null, que fez o mesmo de volta, passando como um robô por eles, totalmente rígido e pesado.
null não só estava puto com null, mas também não queria se quer esbarrar com null. Seu intuito era de achar suas coisas, conseguir se despedir e logo depois sumir por um tempo. Isso parecia dramático demais para ele, afinal, null não era sua namorada, mesmo que todos os seus esforços fossem medidos para que ela o aceitasse de novo; apesar de tudo isso, e do seu único erro, que fora deixá-la ir, null não era trouxa. Ele sendo ele, nunca iria beijar outra garota sabendo que seu coração batia e só respondia aos comandos de null, mas ali, parecia que pra ela era tudo diferente. null não sabia lidar com a confusão dela e isso o cansava ao extremo, o machucava, estava o machucando.
Ela era imprevisível e subitamente impulsiva e ele sabia disso, mas agora, que merda de erro ele tinha cometido pra null sair no meio de uma festa e beijar null? Isso o corroia por dentro. Ela não era cem por cento dele, e infelizmente, ele não podia ficar dividindo-a com seu melhor amigo. Mesmo que à amasse. null podia ser altruísta o suficiente e deixá-la ir com null, mesmo sofrendo, que isso custasse sua felicidade, mas que null não pulasse mais de galho em galho como estava fazendo e o deixando mal como naquele momento, seu desconforto ao ter visto o que viu era tanto que seu corpo respondia fisicamente. Sua cabeça doía, quase girava, a falta de ar sempre vinha, mesmo que ele respirasse fundo, sem falar na dor estranha que pulsava no seu estomago. Ele nunca havia sentido nada parecido. Porque merda null tinha que ter se apaixonado? Daquele momento em diante, null se odiou por se deixar cair nessa de paixão.
Era doloroso demais pensar aquilo, mas talvez não houvesse volta, talvez null null nunca fosse ser dele outra vez.
- Ei, obrigada. – Antes de pegar suas coisas, null ouviu uma voz delicada soar, viu null sentada ao pé da escada, já corada.
- Não foi nada. – null virou-se com as chaves que havia acabado de tirar do chaveiro, abaixando-se na altura de null.
- É sério, não conta nada pra ninguém. – A menina murmurou. – Eu confiei em você porque sei que isso... – A frase ficou no ar por dois segundos.
- O que precisar é só me ligar eu vou correndo tudo bem? – Ele sorriu, acariciando os joelhos dela, null sorriu da mesma forma, sendo assim, a ação durou por volta de cinco segundos.
- O que tá acontecendo?
Foi inevitável não querer fugir daquela voz ao ouvi-la. null fechou os olhos no mesmo instante ao sentir a presença de null os olhando naquela escada, justamente com aquele tom. Ele queria explodir; ela estava sendo ridícula a ponto de exigir algo dele após tudo que havia feito. E se ele não tivesse visto? O que seria dele naquele momento? Com toda certeza um idiota que explicaria que não era nada demais. null estava puto, muito puto.
Sentindo que iria se descontrolar, o menino fez impulso com as mãos nos próprios joelho se levantando rapidamente , engoliu seco e depois passou a língua nos lábios, não queria dar na cara que estava querendo matá-la, mas mesmo não querendo, seu olhar fulminante foi impossível de não ser notado.
null sentiu o peso do estomago pela primeira vez na vida; Gelado, desconfortável, em conjunto com uma corrente elétrica arrasadora dentro do peito. Algo lhe dizia que null sabia de tudo, e por isso, ela entrou em pânico.
- Nada demais. Eu estou indo embora. – null explicou direto e reto, passou as mãos nos cabelos e olhou pela ultima vez na direção de null; Já prevendo, a mesma começou a subir as escadas lentamente.
- Porque você vai embora?
- Tenho que ter um motivo pra ir embora agora? – perguntou rude, juntando a sobrancelha. null sentiu ainda mais o nó na garganta.
- Você não é assim null.
- Ah sério? É uma honra saber que alguém me conhece tão bem, mas me desculpa você falhou dessa vez. – null engoliu seco; Sem esperar null já estava saindo da casa enquanto a menina continuava parada sem reação, suas mãos começaram a suar frio; Em segundos, ela deu passadas largas atrás dele.
- null, você não pode sair assim! – Ela falou alto, mas só viu null abanar a cabeça negativamente, sem parar seu trajeto. – null! – Ela gritou parando no meio do jardim.
- O que você quer null? – O menino virou-se de súbito, com os braços abertos e um olhar cortante; null travou o ar nos pulmões.
- O que está acontecendo?
- Vai se fazer de idiota agora?- a menina ficou quieta, null sorriu sarcástico. – Você sabe muito bem do que eu estou falando, não sabe?
- Escuta, eu posso explicar.
- Você acha que eu sou idiota? – null esbravejou dando dois passos até ela. – A única coisa que eu pedi é que fosse sincera comigo, e caralho eu nunca te pedi nada alem disso! – Ele disse entre dentes; Por instantes os olhos dela se encheram de lagrimas ao ver null medindo aquelas palavras, ela sabia que se não fosse por isso, null iria machucá-la, mas ele ficou calado, logo botando as mãos na cintura.
- null, me deixa explicar! – Foi a vez de ela dar outro passo em direção a null, mas viu ele se afastar; null estava prestes a chorar. – Você não pode tirar conclusões só pelo que viu.
- Só pelo que eu vi? – Ele perguntou perplexo. – Isso é “só” pra você? – null entortou a cabeça fazendo um desenho estranho com os lábios.
- Foi um teste! – o menino a olhou indignado, e abriu a boca; null contornou os lábios com os dedos, respirando fundo. Ele não tinha ouvido aquilo.
- O que você tá pensando? –null perguntou com raiva, cerrando o cenho. – Que pode brincar com as pessoas? Pelo amor de Deus null! – o menino passou as mãos no rosto. – Eu vou embora.
- null, não! – null choramingou dando mais um passo até ele; null não era assim e todos sabiam disso, ele sabia disso. Só que naquele momento, mais do que ela, null estava machucado, e com isso, ele não sabia lidar, por isso, só ficou a observando; Aquele observar dele, fez o coração dela quebrar-se por inteiro.
- Eu não queria nada além da verdade null, não foi justo você sair da festa pra fazer um “ teste” com o null. – Fez aspas com os dedos. Por fim, null desistiu, cruzando os braços e logo botando as mãos na boca no intuito de segurar as lagrimas. – Você sabe o quão ridículo soa isso, não sabe?
- Por favor, para com isso. – A menina pediu com a voz trêmula. – Não importa o que aconteceu você sabe o que eu sinto por você...
- Eu sei? – null abriu a porta do carro, olhando diretamente para ela.
- null... – Aquele chamado dela o matava por dentro.
- Me dá um tempo pra pensar. – null fechou os olhos, segurando ao máximo seu choro; ela não respondeu nada.
- Você tem certeza disso? – Ele ouviu bem baixinho, e lentamente voltou seu olhar à ela por baixo dos olhos.
- Por quê? Se não você vai fazer outro teste com o null? – null comprimiu os lábios e finalmente se afastou do carro, dando à entender que não iria mais responder. Seu coração doía, e o dele também. Só de relembrar o que havia visto o fazia querer arrebentar cada ser humano que aparecesse em sua frente.
Foi obvio que vê-la quase chorando quase o fez amolecer como sempre acontecia, mas naquela situação, se tratava de sua dignidade. Não importava o que ele estava fazendo ou o quanto significou pra ele tudo o que passaram juntos, null parecia esquecer tudo isso apenas para tirar uma conclusão; era loucura. Ele estava machucado demais. null estava se sentindo vulnerável, desarmado.Ele finalmente havia mostrado tudo o que tinha pra mostrar, porque achou que essa seria a chave que a traria de volta, e ver que tudo foi um fracasso o fez querer sumir de frustração. Ainda mais por saber que pra ela era fácil esquecer. null não sabia a proporção do que havia feito com ela, e tudo bem que, pra null perder o rumo como aconteceu, deveria ser muito mais que aquilo, mas se ela gostava dele como dizia, jamais poderia desejar fazer o mesmo à ele; Esse era o ponto x. Se null soubesse que a machucaria tanto, nunca teria feito, nunca nem teria pensado. Ele nunca quis de verdade deixá-la.
A menina viu o carro se afastar sem ver vacilo algum dele. Após isso seu peito inchado soltou um bufo e com ele veio um alivio doloroso, que a fez chorar baixinho.
Porque ela sempre fazia esse tipo de merda? Porque ela tinha a necessidade de fazer merda?
null correu pra dentro daquela casa numa procura desesperada porque tinha tirado a conclusão sobre null, sobre finalmente saber quem queria. Isso parecia egoísta demais com null, mas ela precisou fazer por ela e isso não significava que não o amasse também; null quis provar pros dois que nada ia voltar a ser como antes, queria dizer à null naquele beijo que não importava o que fizessem, eles iam se amar, mas não ser apaixonados.
E aí, aconteceu toda essa merda.
A menina deu um soco na caixa de correio, se arrependendo logo depois, segurou os pulsos e com raiva, fez um gemido tremulo se jogando nos degraus de entrada.
Sua reação foi como de uma criança: ela se encolheu, escondendo o rosto com as mãos e passou a soltar toda sua frustração em lagrimas, bem na dela. null sabia que ninguém iria pra lá porque todos estavam ocupados demais bebendo, e isso não acabaria tão cedo; Estava ficando natural ela chorar do nada por causa disso, ela arriscava que chegaria um momento em que seu coração aceitaria de bom grado os socos que levava achando que viria alguma noticia boa.
- null você sabe onde está... null? null tudo bem? – A menina ouviu meio abafado, pois estava com o rosto tapado, logo null sentiu duas mãos a segurarem pelo braço. – Ei? – null estava à sua frente, com uma expressão preocupada.
- Porque sempre tem que dar tudo errado null? – null choramingou, voltando a tombar a cabeça para baixo. null deu um longo suspiro, e assim, ela o sentiu sentar-se ao seu lado.
- O que aconteceu? – null apenas o olhou com tristeza, dando um suspiro. – null? null? Qual dos dois?
- Os dois. – null fechou os olhos, passando as mãos no rosto. – Eu odeio isso. Eu odeio essa situação, e o mais importante: Eu me odeio.
- Ei, calma aí! – O menino protestou, virando-se pra ela. – null, isso é uma loucura que você vive por opção!
- Exatamente! – Ela bateu nas pernas, emaranhando as mãos nos próprios cabelos. – Quando eu acho que estou fazendo a coisa certa... – A garota passou a língua nos lábios. – Hoje eu estava pronta pra decidir null, e aí eu fiz merda.
- O que você fez? – O tom dele era confortante, o que fez à menina o encarar por segundos, tentando formular uma forma delicada pra contar.
- Eu... – Ela passou a língua nos lábios. – Eu beijei o null.
null ficou à olhando estático por severos segundos; Uma vez que eles pareceram uma eternidade, null já estava angustiada de não ouvir nada. Provavelmente null estaria pensando o mesmo que null, mas, o que ela poderia fazer agora?
- Você o que? – O garoto mordeu os lábios.
- Eu beijei o null, null. – Um suspiro se sucedeu a frase.
- Me diz que foi sem querer.
- Tem como isso acontecer sem querer? – null fez um gesto com as mãos, e voltou a choramingar.
- E o null viu... – null deduziu, fazendo o mesmo gesto que ela. – Puta que merda <>mesmo.
- Obrigada null. – null sorriu sem humor.
Após mais alguns minutos calados, null se assustou com a movimentação violenta de null, ele se levantou tão rápido que era quase impossível pensar na forma como ele fez aquilo, null só se deparou com a figura dele, em pé a sua frente e assim ficou o encarando com as sobrancelhas arqueadas.
- Vem, vamos sair. – O garoto estendeu uma das mãos em sua direção. null sorriu.
- É tarde demais null, onde você pensa que vai?
- Em nenhum lugar especial, só vamos respirar. – Ele disse, a convidando mais uma vez com as mãos.
- É sério?
- Super sério.
- null...
- Vamos lá, eu não sou nenhum dos seus “romeus”; Pode ser só você, comigo. – null sorriu; Diante daquele sorriso, null não conseguiu evitar a persuasão. Ela levantou com a ajuda de null e assim, caminhou para o carro dele, fazendo o mesmo gesto que null: Não olhou para trás.
A menina abaixou o vidro do carro e deixou com que o vento levasse todo aquele sentimento ruim instalado nela, pelo menos pelos poucos minutos que se deu ao trabalho de fechar os olhos para sentir a brisa batendo, ela quis que tudo fosse um sonho ruim, e que ela pudesse acordar antes de fazer toda aquela besteira.
null não ia mais se culpar porque beijou null, porque traiu null. De certa forma, null foi a melhor coisa que havia acontecido com ela; Não que null fosse sido descartado de primeira quando ele chegou, mas null a fez conhecer outro lado dela; não o chato, não o perfeito, e sim, conhecer a si mesma, com seus defeitos e suas inseguranças. Era como se antes ela só existisse, e com null, ela estivesse aprendendo a viver.
Só de imaginar ficar longe dele, imaginar null desistindo totalmente como pareceu, uma gigante vontade de chorar fez seu peito apertar de uma maneira incomum. null em um segundo se viu desesperada por aquele garoto como nunca havia ficado antes. Não era magoa, não era raiva, nada a impedia de ir até ele; null sentia por ele uma paixão descomunal. Seu coração pulsava de dor, então mais uma vez desde aquela briga, ela sentiu os olhos marejarem com uma imensa vontade de pedir para que null dirigisse até a casa de null, mas é claro que não foi isso que ela fez; null só fechou os olhos e respirou fundo. Apesar de tudo, ela não podia obrigar null a ficar com ela depois da burrada que fez.
Assim que os abriu, também sentiu o carro parar, e então a London Eye brilhar diante dos seus olhos; foi aí que ela voltou-se a null.
- Quem disse que não havia tempo? – O garoto sorriu, saindo do carro; null seguiu o gesto.
- Nada previsível null. – vendo-a abraçar o próprio corpo, null tirou sua jaqueta, colocando em null, que agradeceu com o olhar.
- Foi o que null disse no nosso primeiro encontro. – O garoto sorriu, botando as mãos nos bolsos; null sentiu o amor de null ao vê-lo tocar no nome de null e com isso, também acompanhou a expressão dele mudar.
- Você também queria fugir né? – null disse sem olhá-lo, reparando melhor nas pessoas que enfeitavam a London Eye.
- Ela vai embora null. – O garoto disse num murmúrio doloroso; No mesmo segundo null arqueou a sobrancelhas. – Eu a senti diferente esse final de semana em Brighton. Era como se null nunca mais fosse voltar, foi como uma despedida.
- Do que você está falando? – null parou de súbito; Já não bastava seu coração batendo rápido por null, foi uma conjunção desenfreada de calafrios naquela região. null não sabia de nada.
- null não te contou? – null parou da mesma forma que ela, ainda com os olhos tristes, mas cheios de duvida.
- Sobre o que? – null exclamou. –
- Ir embora! Ela não te contou que vai terminar o colegial na Califórnia por causa dos avós? – null falou no mesmo tom.
- Não! – null passou as mãos nos cabelos, já ofegante; null não podia ir embora. null precisava dela.
- Como... – null balbuciou, mas ao ver o estado de pânico que null ficou, o garoto esqueceu tudo e deu três passos largos até ela, a pegando pelos braços. – Ei, calma, talvez null queira te contar todos os detalhes com mais calma.
- Ela não pode ir embora... – null murmurou já querendo chorar; null a abraçou de lado. – Ela te disse por quê?
- Explicou que era pelos avós. – O menino engoliu seco. – Mas ela estava muito mais abatida enquanto me contava. Deve ser algo bem sério null.
null se aninhou mais à null ao ouvir aquilo; Se fosse realmente pelos avós, null não teria como contestar ou fazer null ficar, eles eram a única família que null tinha, digo, de sangue. Aquilo à matou por dentro, tudo estava desmoronando novamente e naquele mesmo segundo, tudo que ela queria era só sentir o cheiro de null, ela sabia que ele saberia dizer algo. Não que null não estivesse sendo maravilhoso ao fazer companhia, mas que droga, ela estava louca por null; null não conseguia pensar, não conseguia respirar sem pensar nele, não conseguia raciocinar e seu coração não parava quieto; me diz como ela iria conseguir conviver com aquilo? Essa era a reação do seu corpo só nas primeiras horas longe dele, imagina quantos dias ela teria que aguentar se null não voltasse? Ele tinha virado um vírus nela; null estava se sentindo psicótica.
- null... – null falou depois de tempos quietos. – No que precisar eu vou estar aqui. – Ele beijou o topo da cabeça dela, e como resposta ela só se apertou mais no abraço. – Quer dar uma voltinha? – O menino apontou para a roda gigante.
- Quer saber quantas vezes eu andei nesse troço? – A menina desafiou, soltando-se de null, ele sorriu já prevendo a resposta. – Duas vezes null. E essas foram suficientes pra me mostrar que eu morro de medo de altura.
- Ah fala sério, eu vou estar lá.
- Foi isso que você disse à null? – null sorriu.
- Se você quer saber, minha null é autossuficiente demais pra precisar de mim.
null e null não demoraram mais de meia hora lá; Em silencio, ambos rodearam a London Eye e de vez em quando se olhavam compreensivos, não era preciso dizer muito, na realidade, null não queria dizer nada, se dissesse ela transbordaria em lágrimas e não era isso que ela queria. Uma vez ela ouviu que precisava ser mulher e enfrentar seus problemas e sua realidade, então faria isso, doesse o que doer; Que seu coração se corroesse; Ninguém havia dito à ela que amar era fácil mesmo, e muito menos, amar um null null.
Ela já não tinha mais duvidas disso, mas tinha medo. Imaginar amar null era como saber que estava caindo no abismo, e não tinha volta. null tinha a sensação que já estava em queda livre só por admitir isso, e talvez em pouco tempo chegasse o momento em que ela se arrebentaria de novo... Mas o que ela podia fazer?
Entre o caminho de volta pra casa, null observou a garota passando os dedos nos lábios; null não estava naquele mundo, ele podia perceber o olhar perdido dela, e tentava imaginar o que estaria se passando pela cabeça da menina depois de tudo. Deveria ser um colapso, com toda certeza.
null tinha tirado a certeza de que amava alguém, beijando seu antigo amor. Isso parecia ser o mais confuso possível só de escutar, imagina vivenciando?
- Ei, chegamos. – null falou baixinho, não querendo tirar null daquele devaneio tão de súbito; A garota virou-se para ele lentamente, e sorriu de lado.
- Obrigada por tudo. – Foi o que ela disse, inclinando-se para beijar o rosto dele.
- É só me chamar, eu vou estar aqui. – O garoto piscou;
- Sua jaqueta... – null falou assim que saiu do carro.
- Pode ficar. – Ele falou, e com isso acenou, tirando o carro dali.
null olhou o mesmo ir embora, então caminhou lentamente pra dentro da casa. Antes de pisar ali novamente, ela deu um longo suspiro; era só ficar sozinha de novo que tudo vinha com mais força dentro dela, null estava queimando, seus olhos ardiam mesmo fechados, ela sentiu uma tremenda vontade de chorar, mas segurava. Sua pergunta mais desesperada era aquela: O que faria com aquele sentimento dentro dela?
Ela estava tentando se conformar que tinha perdido tudo, e que de alguma forma ela precisava parar de pensar nele, parar de pensar em sentir o cheiro dele, parar de imaginar como seria beijá-lo naquele exato momento, ou só, simplesmente olhá-lo. Quando é que ela tinha perdido o autocontrole? Só que de fato, naquele instante, ela não tinha mais à quem culpar, então tudo parecia ser mais devastador. null não tinha feito nada, ou muito menos null; Era só ela. Era um fardo pesado; Que null carregou durante todo aquele tempo... A garota ofegou mais uma vez, abanando a cabeça e então entrou com mais rapidez na casa.
Sem querer falar com ninguém, null subiu num trote as escadas, com os olhos já molhados e um nó formado na garganta, sendo assim, ao chegar ao corredor, parou de súbito após ver a porta do quarto de hospedes se fechar lentamente, e incrivelmente, seu mundo acompanhou na mesma velocidade o ato. Foi como se null o visse efetuando aquela ação, e jogando o olhar à ela bem lentamente; foi como uma visão. E se ela dizia ter um coração, ele parou de bater naquele exato momento, assim como não mandou sentidos para suas pernas, que pareceram perder a força assim que o olhar dele parou nela.
- null... – A garota murmurou, tentando recuperar a respiração. Ela o viu passar a língua nos lábios; Deus como ela queria beijá-lo.
- Eu vim... Dar boa noite pra Alissa. – null coçou a nuca, apontando para o quarto, e com dois passos, se aproximou mais de null, de modo que ela conseguiu sentir o perfume dele; Seu corpo entrou em êxtase. null estava ficando doente.
- Alissa? – A menina tentou disfarçar, pigarreando. null percebeu que alguma coisa estava errada com null, então entortou a cabeça juntando a sobrancelha; Não podia se importar porque estava bravo, mas... Foi quase que impulsivo.
- É, sua mãe me ligou e disse que pra Alissa dormir ela queria um boa noite. – null sorriu de lado ao ouvir aquilo, mas ainda assim ficou na dela, respirando fundo. E assim eles ficaram por mais cinco segundos até null começar a caminhar para ir embora outra vez.
- null... – Antes de o mesmo efetuar o caminho, null ouviu uma voz calma, e a mão de null o segurar delicadamente na parte do bíceps; por fim ele parou, só não à encarou; null ficou na mesma posição que parou. – A gente precisa conversar...
- Conversar o quê? – Sem se aguentar, null virou bruscamente pra ela e a viu fechar os olhos, passando a língua nos lábios.
- Eu sei que não tem explicação e que eu errei, mas... Me desculpa! – null entortou a cabeça chorosa; null acompanhou o movimento com uma tentação horrível de beijá-la; Porem, se manteve firme.
- Há dois dias estivemos juntos na sua casa e você foi beijar o null, null... – Ele soltou magoado; Mais uma vez null sentiu o nariz arder com vontade de chorar; -
- Eu tinha que fazer isso. – A menina murmurou; null riu sarcástico e dolorido; desviando seu olhar dela.
- Então você não se arrepende? – O garoto perguntou com uma dor incomum na voz, fechando os olhos, sua feição transpassava que algo machucava nele; null fechou os olhos também, e com toda dor do mundo acenou negativamente. Foi como se null tivesse recebido um tapa na cara. – Ótimo. – Ele fechou os punhos com raiva; Começando a andar novamente.
- Você fez o mesmo! – null virou-se bruscamente, com água nos olhos o vendo fazer o mesmo gesto que ela.
- O que eu fiz? – null perguntou cerrando o maxilar, a forma que ele delineou as palavras fez null se arrepiar, o garoto era assustador com aquele olhar irritado; e mais uma vez, null percebeu que perderia o controle.
- Quando terminou comigo menos de uma semana depois de todos aqueles momentos no restaurante! Na minha casa, na sua casa! Então como você pode me julgar tanto assim? – A menina gesticulou dando passos cautelosos até ele, o fazendo rir, e logo bufar jogando a cabeça para o lado; Encarar ela estava sendo difícil demais.
- A diferença entre nós é que eu me arrependi e me arrependo até hoje, null! – O garoto falou baixo, mas firme, deu uma fungada e voltou à olhá-la, null sentiu o coração parar. – Eu to cansado disso.
- null...
- Eu nunca tive duvidas de que eu era completamente apaixonado por você, e, até ontem, eu realmente imaginava que com você não era diferente...
- Não é! – null murmurou, tentando se aproximar, mas null se afastou.
- Eu não sei o que esperar de uma garota que está morrendo de amores por mim num dia, e no outro, beijando meu melhor amigo. – null olhou no fundo dos olhos dela; no mesmo instante, algo dentro se quebrou em seu peito. null sentiu uma dificuldade indescritível de respirar.
- Você sabe que não foi assim. – A menina gaguejou, engolindo o choro; A dor era tanta que ela mal conseguia falar; null fez um gesto indiferente com as mãos em direção à ela, null comprimiu os lábios mais uma vez.
- Não importa, porque de um jeito ou de outro, eu não consigo mais lidar com isso. – null se afastou, ficando agora, na ponta da escada.
- Eu... null, não vai embora. – A menina choramingou, já sentindo as lagrimas se apossarem com mais brutalidade dos seus olhos.
- Liga pro null, e pede pra ele fazer companhia. – null, fazendo caminho para a escada.
- Isso é ridículo! – A menina murmurou; null parou no mesmo momento, virando-se lentamente para olhá-la.
- Sabe o que é ridículo? – Foi a vez de a garota cerrar o maxilar; null sentiu uma lagrima escorrer mas não à limpou, de um jeito indecifrável, ela conseguiu travar toda a sua dor dentro do peito; Penando para não chorar.
- Não meça as palavras null. – null engoliu seco, o desafiando; null à viu fazer um biquinho. null quase voou nele, null percebeu que tanto ele quanto null estavam fora de si, por isso respirou firme, como um búfalo, segurando-se ao máximo para não dar corda. null poderia tirá-lo ainda mais do sério porque também estava irritada, e ele sabia que ela não iria abaixar a cabeça para ele.
- É ridículo nós termos insistido nisso. – null falou. Num vacilo null apertou os lábios numa linha fina, sentindo mais lagrimas rolarem.
- Eu não acredito que você tá fazendo isso. – null cerrou os punhos, null viu a garota segurar toda a sua raiva, chorando. Seu coração palpitou. A garota levou os punhos até a cabeça, fazendo um grunhido irritado. – EU TE... null apertou os lábios com raiva.
- Você o quê? – null cerrou os olhos, usando seu tom arrogante. O garoto sentiu que seu coração ia sair pela boca pela maneira com batia, doía, e se ele ouvisse o que achou que iria ouvir, talvez realmente saísse, mas null não continuou, só o olhou.
- Você é um idiota, null. - a voz dela tremulou enquanto dizia; null viu mais algumas lagrimas rolarem, e sem querer fraquejar, porque vê-la naquela situação o deixava abalado, null deu meia volta e saiu trotando escada a baixo.
null não conseguia descrever a coisa gradual e insuportável que brotou nela depois daquilo. A menina escorreu pela parede tapando o rosto novamente e com isso, começou a chorar baixinho; ela sabia que isso não à iria confortar, mas chorar estava sendo um alivio. De alguma maneira ela sabia que seria julgada. Poderia ter mentido que se arrependeu, poderia ter mentido que null a beijou, poderia ter inventando mil e uma desculpas que o fizessem voltar e abraçá-la; Mas não iria. Ela não iria mais mentir, ela não iria mais alimentar uma null daquela forma, agindo de forma egoísta como se só ela sentisse. null queria a verdade o tempo todo? Então ela iria começar por aquela.
Ela não iria mentir que se arrependeu, porque não tinha se arrependido de descobrir o amava.
***
Um mês havia se passado.
Era nisso que sua mente trabalhava naquele momento; Ela estava completamente sozinha por um mês e dois dias. Após a briga com null, era como se nada mais estivesse fazendo sentido e era por isso que seu corpo estava fazendo tudo no piloto automático. null não conseguia pensar direito, ou se concentrar como deveria estar fazendo naquela aula de educação física. Não era como se ela não estivesse se esforçando; Era final do ano, ela precisava se concentrar nas provas, só que aí null aparecia andando, que fosse à metros de distancia dela, mas null o via sem receber resposta alguma e aí perdia o foco outra vez, seu coração batia dolorosamente dentro do peito a fazendo perder o rumo. Era realmente dramático demais o que estava sentindo, mas não havia nada que ela pudesse fazer contra aquilo, era forte demais, era o amor que ela havia descoberto e estava à sufocando durante aquele um mês inteiro e sem saber o que fazer com aquele sentimento, só a deixava ainda mais desesperada. A neve já caia, as pessoas só sorriam, era seu ultimo ano... Como tudo isso podia ter acontecido? Porque ela não podia estar sorrindo também?
Nem mesmo null ou algum dos outros garotos estava disponível; Eles estavam ocupados demais com alguma coisa que null não sabia o que era, mesmo assim, ela sempre recebia pelo menos quatro mensagens diárias do amigo, perguntando coisas básicas que ela não tinha a menor vontade de responder, e por isso dizia “ está tudo bem” mas não estava tudo bem.
Naquelas quatro semanas e dois dias, null chorou inúmeras vezes enquanto ia dormir. Ela perdeu as contas de quantas vezes pegou o celular na intenção de enviar alguma mensagem para null ou null... Mas sempre desistia. null nunca imaginou que seria tão difícil conviver sem algum dos dois, mas era... Era ainda mais que difícil; null conseguiu medir que, sem null, ela conseguiu se acostumar mesmo que doesse, mas sem null, era praticamente insuportável, e por esse motivo, não havia uma alma viva que pudesse ajudá-la naquilo; A única que poderia entendê-la estava a um oceano de distância. null havia ido de vez para a Califórnia dois dias depois da briga da qual null teve com null, e por mais preocupada que estivesse, não podia ficar.
null deu mais um suspiro, controlando sua respiração e a vontade de chorar, assim que ouviu o apito indicando que mais uma aula havia acabado; a garota correu para o vestiário tentando passar despercebida, seu refugio era a POISON e Spyler, então sua prece de todos os dias era sempre que aquela rotina acabasse para que ela fosse direto até a revista. Como null havia parado de frequentar, por pior que parecesse, lá, null se enfiava na sua sala e tentava fazer o que tinha que fazer sem pensar nele, muitas vezes ficava até a madrugada sem se importar. No entanto, a menina ainda tinha esperanças de que aquela sensação ruim e nojenta iria passar, que ela iria se acostumar com a culpa toda de não tê-lo, com aquele buraco negro dentro dela... Com a dor indistinta na boca do estomago que nem por um dia cessava.
Enquanto a água caia por seu corpo, ela se dispersou dos pensamentos ao ouvir as vozes de Jane e Fox, conversando no box ao lado do seu. A menina apertou os ouvidos ainda mais assim que ouviu o nome de null na conversa, e logo null, ela... null e null.
- [...] É final de ano e quem estava encarregada de organizar a formatura era a null... – Jane comentou.
- Faltam duas semanas e a gente não tem nada pronto. – Fox completou. Silêncio.
- Ninguém comenta nada sobre o sumiço tão repentino da null... É tão estranho não é? – Jane começou dando um suspiro. – Eu estava acostumada a ver todos juntos, null e null... null e null, e depois veio o bafo do baile de outono...
- Eu ouvi dizer que eles estão separados de novo... – Fox falou num eco; null juntou as sobrancelhas.
- Eu não acreditaria tanto no que essas bocas dizem, você sabe como as seguidoras da Samantha são; Elas amam cada status daquele time de futebol. – Jane respondeu num suspiro e com isso, null engoliu seco; Seria possível que null já estivesse saindo com outra garota? null sentiu os olhos se encherem apenas por levantar aquela hipótese.
- null gosta dela Jane. – O coração de null palpitou. – Eu não sei o motivo da null não ficar, mas sei que o único motivo para null não ir embora é ela. – A menina desligou o chuveiro no mesmo momento, e só então as duas repararam que havia alguém nele; do que Fox e Jane estavam dizendo? null iria embora? Ela podia aguentar o fato de não tê-lo com ela ali, mas de ver null ir embora como null, era demais.
- O que você quer dizer? - Jane perguntou.
- Você sabe, todos têm planos... Todos os meninos... Foi isso que eu ouvi.
No mesmo segundo null apertou os olhos, engolindo seco por uma angustia desesperadora ao pensar naquilo. O que estava acontecendo com a sua vida? Tudo estava desmoronando e ela estava em meio aos escombros. null quis gritar ali naquele momento porque não conseguia mais aguentar outra perda, definitivamente, ela não conseguiria, ela o amava! Seu sangue estava fervilhando no corpo de tanto nervosismo, ela mal conseguia respirar, e por esse motivo se enrolou na toalha mais rápido do que poderia imaginar, e começou a caminhar pra fugir dali, a única coisa que Jane e Fox viram, fora um vulto rosa – Que era a cor da toalha dela – e passos rápidos para fora.
null andou freneticamente sem pensar onde estava indo, por segundos ela só viu imagens turvas, como se estivesse atordoada com a dor estranha na boca de seu estomago, até que, ao parar em meio ao corredor dos armários – Que dividiam o vestuário feminino e masculino. – se deu conta de que a única coisa que vestia abaixo daquela toalha, eram suas roupas intimas, em suma, ela se deu conta de que estava apenas de toalha. Enfim ela finalmente parou e ficou cinco segundos de olhos fechados, tentando esvaziar seu corpo da sensação ruim que estava pra poder conseguir tomar o rumo de novo, e finalmente se vestir; Não era de praxe, mas null vinha tendo alguns surtos desse tipo. Do nada um nervosismo fora do normal batia, e então ela precisava andar, precisava respirar e se possível, até correr. Fora isso que ela fez algumas vezes na madrugada em que saia da Poison; null não aguentava o que estava dentro dela, então precisava extravasar de alguma maneira, que fosse a mais louca e improvável, era obvio que ela nunca se imaginou andando sozinha nas ruas de Londres só por sentir uma dor horrível no peito e uma incontrolável vontade de chorar. Como ela poderia imaginar isso se há um ano tinha uma vida considerada perfeita? Ma sim, estava acontecendo com ela e tudo isso porque o amava, e não sabia o que fazer.
null deu um ultima suspirada bem forte outra vez e começou a caminhar lentamente, mas assim que iniciou a caminhada com passos regulares, seu corpo foi puxado brutalmente para algum lugar que, no momento, null não conseguiu distinguir, só sentiu um pânico absurdo ao notar duas mãos fortes à puxando; null só se deu conta de que estava dentro da sala de arquivos, com as costas coladas na porta, quando abriu os olhos e se deparou com null, mesmo sabendo que era ele, a menina travou os punhos no peito do garoto pelo susto, e com isso null segurou os mesmos junto ao seu corpo de maneira firme, tão firme que depois de alguns segundos null parou de se debater.
- VOCÊ TÁ MALUCO? – ela gritou, foi então que null tapou a boca dela de imediato. null bufou brava, tirando a mão dele na mesma hora.
- Fala baixo! – null sussurrou, encurralando a garota entre seus braços.
- Você tem algum tipo de problema mental? – Ele viu null se avermelhar a sua frente e, sem disfarçar fez sua pior cara de desejo para ela; null estava linda, ainda que ele soubesse que tinha algo diferente na sua fisionomia, ela continuava linda, e perceber que ela estava à mercê dele ali, lhe fez sentir uma súbita vontade matar as saudades.
- Dá pra você falar baixo? – O menino repetiu, tornando seu olhar serio novamente para os olhos da garota à vendo finalmente relaxar a postura.
- O que você quer?
- Eu preciso de você. – null falou rápido, e então houve um silencio. Embora null houvesse dito aquilo porque realmente só null poderia ajudá-lo, após receber aquele olhar perdido dela nele, o sentido da frase se tornou ambíguo para os dois; Era como se ele conseguisse ouvir o coração dela batendo junto ao dele depois disso. – Eu preciso que você me ajude. – Ele completou tentando quebrar o transe, passando a língua nos lábios, instantaneamente viu a menina murchar.
- Você me rapta no meio da escola e ainda quer ajuda? – Ela juntou as sobrancelhas, e foi só então que ele percebeu que a null estava de toalha: Porque ela ajeitou a mesma nos peitos, e isso foi o suficiente para null perder o sentido por um segundo.
- Eu não te raptei. – engoliu seco, desviando o olhar daquela área.
- null...
- Eu preciso que você vigie essa porta e não deixe ninguém entrar... – null percebeu o olhar incerto dele.
- O que você aprontou null? – a menina respirou fundo, fazendo um biquinho com os lábios; null abanou negativamente, jogando a cabeça ao lado do ombro esquerdo dela; null sentiu a respiração quente dele ali, e ele sentiu o cheiro da pele dela; Foi como se ambos se ligassem de novo, sem ao menos se tocarem.
- Você confia em mim? – Ele voltou à olhá-la bem de pertinho, passando a língua nos lábios novamente. Naqueles cinco segundos de hesitação, houve uma troca cortante de olhares entre os dois, e apesar de null à deixar um mês pra escanteio, ela ainda teve cara pra dizer com todas as letras:
- Eu confio.
Não havia muito que explicar, portanto, depois de afirmar aquilo, null descolou o corpo da porta, ainda sendo encurralada por null, e com o movimento que ela fez de tentar sair dali foi o momento em null sentiu seu corpo roçar com o dela, e suas respirações se misturarem, seus narizes se juntarem, os fazendo fechar os olhos ao mesmo tempo; O coração dela parou naquele instante, assim como sua respiração e seu cérebro. null estava entorpecida com o fato de null estar ali perto dela daquele jeito depois de quatro semanas e dois dias, só imaginando como seria se ele voltasse. Sem perceber, ele sentiu a garota deslizar por seus braços, como se aquilo fosse só projeção da sua mente. Sabe-se lá como, ela abriu a porta e saiu, o deixando sozinho lá dentro; o deixando louco por ela lá dentro.
null sabia que era impossível lutar contra a tensão sexual, mental e amorosa que rolava entre eles sempre que, por acaso eles cruzavam olhares, ou pior, quase se tocavam. Era inacreditável a ligação que ambos tinham; null não precisava à tocar, porque seu coração já disparava só de sentir o calor do corpo dela que fosse de longe. Eles não precisavam de muito, só um do outro, e a abstinência que isso causava em ambos era devastadora, eles sabiam disso, eles sabiam que era a pior sensação do universo sentir aquilo, era ruim de tal maneira que, null á desejava tanto que chegava a lamentar.
Do lado de fora, null se escorou na parede oposta à porta e ficou. Seu corpo estava todo arrepiado pelo ar gélido daquele corredor, mas não podia ir atrás das suas roupas porque precisava vigiar aquela porta. Apesar de brava com a situação, tentou usar aquele tempo pra respirar e voltar ao normal; tentou fazer seu corpo desenvergar das reações que null trazia à ele e assumir o controle novamente. null tinha se esquecido de como reagia quando null estava por perto. A garota fechou os olhos abraçando o corpo e pedindo à Deus que ele saísse de lá o mais rápido possível, já preparando seus argumentos, porque iria explicar de novo, nem que parecesse estar implorando, null não conseguia ficar sem aquele garoto. Porém, dessa vez seria tudo ou nada.
Ou null ficava com ela, ou ela iria deixá-lo. Aquela espera agonizante à fez ter colapsos e atitudes que nunca pensou que teria; tudo porque o amava. Mas se fosse o caso, preferia aprender a esquecê-lo, do que continuar mais um segundo naquela situação deplorável em que estava vivendo de agir como um zumbi, só pensando nele e no quanto o amava. Seu corpo fisicamente não aguentava mais isso. Durante um ano com ele, isso era tudo que null sentia. Ou ela finalmente cedia, ou ela largava. null sabia que o empate estava sendo só dela o tempo todo, então deixaria tudo claro, e o que fosse pra ser, iria ser. Pensando nisso a garota ofegou nervosa, fazendo o coração bater a mil pelas mil hipóteses de null dizer não e ela conseguir se portar bem, sem crise...
E foi aí que ela ouviu passos irritantes de um salto ecoando pelo corredor.
A garota estalou os olhos já se desencostando da parede ao ver a diretora Morrison andar rapidamente em sua direção, ou melhor: A sala de arquivos.
O desespero à tomou uma vez que null estava lá, agora não podia mais sair, e ela não tinha como avisar. Sabendo disso, novamente em sua cabeça milhões de opções cabíveis lhe passaram em mente para poder travar aquela mulher; null conseguiu ver alguns jogadores saindo do vestiário sem camisa, já de banho tomado e cheirosos, e foi aí que ela teve a ideia mais idiota, mas ao mesmo tempo, unicamente cabível naquele momento:
Ela desenrolou o nó da toalha e a deixou cair pelo corpo, ficando apenas de roupa intima naquele corredor que aos poucos era tomado de jogadores.
- null! – a mulher se assustou, parando de súbito à uma distancia da porta da sala de arquivos. Morrison tinha os olhos petrificados em null, parada da mesma forma que chegara ali; a mulher parecia estar em choque com o que estava vendo.
Embora High Prada School fosse uma escola com seus altos e baixos – E quando digo baixo, me refiro a Samantha vadia Heather – certamente não havia nenhum fato como aquele registrado nas fixas daquela escola, até porque Samantha fazia, mas fazia longe de Morrison. Quem em sã consciência tira a toalha em público na frente da diretora da escola? null não sabia como ainda não havia sumido, seu corpo todo estava formigando de nervosismo e vergonha, e apesar disso, aquilo não seria o bastante, Morrison sairia do transe em segundos se null não falasse algo, então, já que ela já estava seminua ali, iria usar seu melhor dom do improviso, e enrolar aquela mulher. O máximo que poderia carregar era uns pontinhos a mais na sua imagem de vadia, ou uma detenção, isso não importava; A garota cruzou os braços, e assim que o fez, viu mais dois jogadores do time botarem a cabeça pra fora, no corredor, e outros dois, até o mesmo ir se amontoando, só pra vê-la daquele jeito.
- É... – ela gaguejou.
- O que significa isso, null? – Morrison urrou, também cruzando os braços, estupefata com a cena.
- Hãm... Igualdade de gêneros! – null se prontificou, vendo a mulher e mais alguns jogadores juntarem as sobrancelhas; ela estava sentindo o calor daqueles olhos à mirando de cima a baixo, e debaixo à cima, principalmente seus seios.
- Do que você está falando? – A mulher não mudou o tom, ainda nociva e irritada.
- A igualdade dos gêneros, Diretora Morrison, você já ouviu falar?
- Mas é claro que eu já ouvi falar!
- Pois então... – null pigarreou, abaixando-se com toda delicadeza do mundo para pegar a toalha, sendo assim, recebeu alguns comentários dos jogadores, ignorou aquilo e continuou. Em que merda ela havia se metido? – a senhora deve saber da arbitrariedade da mulher na sociedade.
- Isso não explica à senhorita seminua no meu corredor! – Morrison contestou fazendo um gesto com as mãos.
- Bom, é aí que você se engana. – null sentiu o rosto queimar ao perceber lá no fundo que agora, junto aos outros urubus, null, null, null e null à observavam com uma definitiva cara de choque, estáticos. – Esses garotos podem andar sem camisa por aí, e muitas vezes só de cueca por esses corredores porque eu já vi vários! – A menina fez também gestos com as mãos.
- O quê?
- Sim. – null botou as duas mãos na cintura, tentando incrementar seu improviso. – Portanto, porque não, nós, garotas,não podemos exercer os mesmos direitos? Você visa por uma escola justa, eu só estou tentando mostrar o meu ponto de vista sobre algumas situações.
Nesse mesmo instante, null abriu a porta daquela sala dando de cara com a sua null, seminua, com as mãos na cintura e uma pose destruidora, a cabeça erguida e imponente; ela parecia uma modelo, alias, muito mais bonita do que metade daquelas magrelas da POISON; uma pose que por Deus, ele queria só pra ele, ele queria cada pedaço daquele corpo só pra ele, e só depois, paralisado por meio segundo ali olhando cada detalhe dela, ele percebeu que null havia feito aquilo não só com ele, mas um corredor inteiro, um time de futebol inteiro, o fazendo sentir uma coisa incontrolável e quente dentro da sua cabeça. null queria fechar os olhos de todos naquele corredor, seu coração passou a dar batidas violentas ao ver aquele povo todo babando em null. Tudo bem que ele havia decidido dar um tempo; Só que, só vendo aquilo, notou com mais clareza que se null piscasse pra qualquer daqueles caras, eles se apaixonariam; null sentiu um medo absurdo que isso acontecesse; Ele não viu riscos, até aquele momento.
Por mais estranho que parecesse sair daquela sala de arquivos, onde todos deveriam ter notado, ninguém havia os olhos daquele corpo, provavelmente ninguém conseguia, null estava penando para parar de olhar; A todo segundo ele encarava cada jogador olhando as coxas e os seios dela de uma maneira nociva, para que eles parassem, mas nenhum conseguia. Todos sabiam que null havia ficado irritado porque o mesmo passou a olhar por baixo dos olhos, mas o que eles podiam fazer? Tudo que se passava na mente deles, principalmente na de null, null, null e null, era que null era muito, mais muito gostosa.
- Acho que acabamos por aqui! – null bateu palmas, o que fez todos se assustarem e logo, uma null direcionar um olhar nitidamente aliviado para ele.
- Ah! – Todos os caras protestaram e viram null passar a língua nos lábios virando-se bruscamente para eles, extremamente irritado, balbuciando um “ah o cacete” impulsivo; em menos de um segundo null havia tirado sua própria camisa e entregado a null, para que a menina vestisse, ela o fez no mesmo segundo, recebendo aplausos incessantes de todo o time, com direitos a assovios; Seu rosto virou um pimentão.
- Quero mais palestras sobre igualdade de gêneros! – Um deles gritou em meio aos gritos.
- Eu amo essa garota! – null ouviu de longe, dando uma bufada longa.
null se quer virou para trás, quando viu, já estava sendo envolvida por null que andava atrás dela, sentindo ser guiada pela cintura, ela só não se abalou tanto com as mãos dele perfeitamente encaixadas na sua cintura, porque sua dignidade havia acabado de ir para o ralo por causa dele. null foi atrás porque não queria que mais ninguém ousasse olhá-la mais do que já haviam olhado, e sim, não fazia sentido, null agiu impulsivamente e por isso, até virar o corredor, foi atrás de null em silencio, tentando controlar sua respiração impaciente com toda aquela cena. null correu para o seu outro armário, onde provavelmente tinha uma troca de roupa da ultima aula, e null à acompanhou sem dizer um “a”. Se a intenção dele era não demonstrar que estava parecendo um búfalo de irritado, a tentativa foi em vão, porque null conseguia ouvir em seu cangote a respiração pesada dele à seguindo.
- Mas que merda você tem na cabeça? – Ela ouviu de súbito, assim que ambos entraram em um tipo de vestiário, ela não esperava que ele entrasse com ela porque as coisas pareciam ainda estar superficiais entre eles; Mas null entrou, e da mesma forma que entrou como um furacão, fechou a porta num estrondo. null deu um pulo com o barulho, mas logo que olhou pra ele, relaxou a expressão.
- Eu fiz o que você pediu! – Ela respondeu rápida, remexendo as mãos.
- Eu pedi pra você não deixar ninguém entrar, e não ficar pelada! – O garoto disse alto e perplexo, passando a mãos nos cabelos. null entrelaçou as duas atrás da cabeça ao ver null tirar sua camisa, ficando novamente apenas de lingerie.
- Eu fiz o que foi necessário pra não deixar ninguém entrar lá. – Ele ouviu dela, mas não prestou atenção naquilo. null apertou os lábios ainda com as mãos entrelaçadas na cabeça, rendido naquela perdição que era null, sozinha com ele... Seu corpo estava pulsando, o perfume dela agora estava impregnado na sua blusa, era tudo que ele processava.
- Você não devia... – ele não conseguiu terminar a sentença, ainda perdido no corpo dela.
- Você pode parar de olhar desse jeito pra mim? – null pediu irritada, já vestindo sua blusa;
- Me desculpa. – null falou num tom inaudível; Ele não disse mais nada após aquilo porque sabia que nada coerente sairia da sua boca com aquela garota daquele jeito na sua frente, então virou-se de costas.
Silêncio. Ele ainda estava tentando controlar seu amigo contra a arma de excitação que era null. null era orgulhoso demais pra se render, apesar de estar quase a ponto de fazer isso; Antes de tudo, sua maior vontade era abraçá-la, saber se ela estava bem, queria beijá-la. Olhar pra ela era insuportável porque sua saudade estava sendo insuportável. null estava contando carneirinhos, bodes, e o cacete à quatro pra não puxar null pra ele.
- Você vai me contar o motivo de eu ter que ficar “pelada” pra te encobrir? – A voz suave e ao mesmo tempo irônica dela, invadiu seus ouvidos; null deu um suspiro, virando-se lentamente, e com isso, suas mãos que antes ainda estavam na cabeça, abaixaram conforme o ato.
- Você disse que confiava em mim.
- E eu confio. – Ela respondeu séria, seu estomago embrulhou. Seria a hora propicia pra voltar a falar sobre os dois?
- Então prove que confia em mim, e não faça perguntas sobre isso. – null disse, não rude ou grosso, mas calmo demais para null conseguir aceitar; era estranho porque ela o conhecia, e arriscaria receber ao menos uma resposta rude.
- Mas você sabe que eu tenho...
- null. – Ele à cortou fazendo um gesto de “chega” com a mão. A menina suspirou insatisfeita e vendo que não conseguiria nada dele, desistiu até de conversar sobre aquela relação.
Seu peito apertou ao vê-lo abaixar a cabeça enquanto ela finalmente botava suas botas, não levou nem dois minutos para null passar por ele em silencio, voltando à estaca zero. Ela queria chorar. Era tão ruim esperar algo que não vinha. null o queria, mas null não fazia nada, e muito provavelmente iria fazer, ela estava sendo trouxa demais por ainda sustentar algo, e null mais ainda por fazer aquela cena ridícula e depois deixá-la ir como se não fosse nada.
null sentiu uma fisgada tão forte, que fungou ainda na porta, parando por um segundo para respirar, e foi nesse mesmo contratempo que o garoto virou-se de súbito a puxando pela mão.
- Eu... – null começou assim que null virou-se.
- Minha mãe... – E ela o cortou. null não à soltou porem, também não conseguiu continuar o que pretendia falar, ele só sorriu e meu Deus, null estava lutando contra seus demônios; contra a dor ridícula dentro de seu peito.
- Pode falar... – O menino passou a língua nos lábios. – Sua mãe? – A menina pigarreou. Não iria insistir no que null tinha pra dizer, porque tinha medo de ser ruim.
- Ela me pediu pra acertar os detalhes da gráfica, mas só você sabe direito sobre isso...
- Posso te levar pra minha casa? – null levantou os olhos com uma feição indecifrável o vendo abrir um sorriso no canto dos lábios. – Minhas anotações sobre a gráfica estão lá...
- Ah claro. – null fez uma feição engraçada, tentando normalizar a respiração, e os pensamentos também. null riu de novo.
- Eu te levo pra Poison depois. – E essa fora a última frase dita até o apartamento do garoto.
Vez ou outra ela olhava pra ele no carro, e da mesma forma ele fazia. null tinha aquela mania que ele adorava de esfregar as mãos uma na outra quando estava nervosa, ou quando elas estavam geladas, e naquele dia em especial, null não soube decifrar qual dos dois fatores à fazia esfregar as mãos com tanta frequência. O clima estava realmente gelado, o tempo super nublado e o transito até sua casa os fez ficar ainda mais tempo em silencio dentro do carro, portanto, poderia ser pelos dois, e por mais idiota que fosse, ele queria descobrir. null queria pegar nas mãos dela pra saber se estavam geladas, queria entrelaçá-las de novo, queria beijá-la. Ficou fantasiando isso o caminho todo, sobre como ainda estava indeciso em falar com ela sobre os dois; Parte dele à desejava e a outra tinha medo de null continuar naquele meio termo entre ele e null, vai saber se ela não tinha se acertado com o amigo? Vai saber se null não iria atrás assim que null à deixasse em casa, ou que fosse na POISON, e ela cederia por pena? Porque essa era única explicação. null podia ser seu melhor amigo, mas null deixava nítido que null era seu refugio quando nada dava certo, ela só ficava com ele pra não magoá-lo. Por null ser tão coração mole com as pessoas, null ficava irritado.
Passando pelo hall, null recebeu um cumprimento daquela secretaria que sempre lhe dava mole, observando null trocar olhares intolerantes com a garota; aquela cena foi impossível de ser ignorada: A primeira pessoa que entrou no apartamento dele, fora null. E novamente seu coração começou a bater daquele jeito estranho, que o sufocava; daquele jeito que ele já conhecia. Daquele jeito que ele só batia quando null null estava amando null null. Do jeito que vinha batendo desde que à conheceu.
- Eu vou pegar ali e... – O garoto apontou assim que entrou na casa, já indo em direção ao seu quarto. null sentou-se no sofá se lembrando de quando o beijou ali, alisou aquela parte e fechou os olhos.
Entrar no apartamento dele era pedir pra ter seu psicológico abalado. A garota chacoalhou a cabeça, fechando os olhos com força, e assim que os abriu, tentou focar em outra coisa, só então percebendo o pequeno suporte de vidro ao seu lado, do lado do sofá, com três quadrinhos de fotos.
O primeiro ela conseguiu de cara distinguir: os cinco amigos sentados em uma mesa redonda, todos levantando uma cerveja para a foto, no que parecia ser a um tempo, pelo menos dois anos atrás. null voltou seu olhar ao segundo quadro, vendo null, sua mãe e seu pai, pela aparência do garoto, ele deveria ter quinze anos, a época em que se apaixonou pela primeira vez; A garota observou aquele sorriso que nunca mudava; aquele sorriso que era capaz de desarmar uma guerra.
Por fim, na última foto, escondida atrás das outras duas, ela se esticou para olhar aquele pequeno quadro e se surpreendeu a se ver ali; Ela e null. null sorriu involuntariamente ao vê-la: Era a foto do baile de outono.
null estava a agarrando pela cintura dando aquele sorriso de orelha a orelha, enquanto null se viu mordendo os lábios o olhando, com uma de suas pernas levantadas, deixando parte de suas panturrilhas à mostra. null se perguntou como ele havia conseguido aquela foto, e em como ela não se lembrava da existência da mesma. A expressão dos dois nela era tão serena, nada de preocupação, sem se quer imaginar o que estava por vir no decorrer daquela festa... null botou as mãos na boca sem perceber, recebendo uma onda de flashs sobre aquela noite.
“ - Você a julga tanto por tê-lo traído comigo, null, mas você não vê a merda que você fez para ter deixado uma garota como ela escapar!– null esbravejou soltando null que logo se recompôs com olhos cheios magoa, ele estava mergulhado nela, e null sabia que aquilo era uma combustão perigosa.
- O que você sabe sobre nós null? – Ele gritou –
- Eu vi o suficiente null.
- Você se acha bom demais não é? – null riu, dando um giro no calcanhar e eventualmente se afastando de null. – Quem é null null perto de um null null? Não é mesmo? O cara que sabe tratar uma garota! – O menino bateu palmas vendo null se ajeitar de maneira cansada sob as pernas. –
- Eu definitivamente não vou ficar aqui discutindo com você, mas pensa bem porque, se ela fizesse metade do que você fez com ela, eu te garanto que nem na cara dela você olhava mais. – null apontou o dedo para o amigo, de forma imponente, fazendo null rir mais uma vez. –
- É esse o seu conselho pra mim? – null conseguiu ver os olhos de null incharem, cheios de água. – Que a culpa é minha por ela ter me traído? E melhor – O garoto ironizou cheio de dor – COM VOCÊ?”
- null? – Ela se assustou ao ver null à sua frente, sentando-se à mesa de centro. – Tudo bem? – null apertou os olhos, e só então percebeu que null havia notado a foto dos dois; Seu coração deu um solavanco. –
- Onde você conseguiu? – A menina perguntou de imediato, com o olhar surpreso sendo jogado diretamente nos olhos dele. –
- Eu paguei detenção nesse mês. – null começou abaixando o olhar. – Envolvia organizar as coisas do comitê, e eu achei essa foto. – Ele apontou para o quadro, e só então voltou o olhar à menina. –
null estava com a cabeça abaixada, mexendo freneticamente nas unhas; null podia arriscar que ela estava quase chorando, e por isso, sentiu o peito pular no peito. Porque sempre, ela tinha que chorar lá? Era covardia. null não conseguia se controlar quando null chorava, ele odiava vê-la chorar. No entanto, ainda assim ficou quieto esperando-a dizer algo, sem que precisasse ceder, porque era isso que ele faria se null não o olhasse nos próximos segundos.
- Eu sinto sua falta. – Ele ouviu bem baixinho, de maneira que precisou chegar mais perto dela pra ouvir direito; Ao entender perfeitamente a frase, tendo em vista a aproximação com aquele perfume, null sentiu seus dedos formigarem, sendo obrigado a colocar as folhas de anotações que segurava ao seu lado, para apoiar os cotovelos nos joelhos e ter um sustento. –
- null eu acho que...
- Eu sinto todos os dias pra falar a verdade. – A menina mordeu os lábios assim que levantou a cabeça para olhá-lo, ignorando a quase fala de null, os olhos dela estavam marejados. null engoliu seco, a encarando fixamente com a boca fechada. – E eu sei o que eu fiz, eu sei que doeu, e eu sei que eu sou essa droga de incógnita, e que você está cansado... – null desviou o olhar dele, null acompanhou a ação, sentindo cada vez mais forte aquela coisa formigando nele. –
- null eu estava irritado. – A garota fungou. – Eu preciso de um tempo.
- Eu estou cansada desse seu tempo, null! – ela aumentou o tom. –
- Ah, agora você consegue entender? – Ele perguntou sarcástico. – E quando eu te esperei esse ano todo? E o melhor, ficando com o meu amigo!
- E o que ele tem a ver com isso tudo? – null apertou os lábios; null soltou um bufo alto, desviando o olhar dela. –
- Se ponha no meu lugar uma vez na vida e imagina como é ver a garota que você é apaixonado, beijando seu melhor amigo. – null observou os lábios do garoto se mexerem com irritação; null deu uma suspirada outra vez e só então abriu os olhos. –
- Se ponha você no meu lugar e imagina como é ter que escolher entre duas pessoas sem se magoar, sem magoar ninguém! – Ela rebateu com os olhos encharcados. – Não é fácil null, eu não consigo.
- Você não sabe o que quer, é diferente! Eu não aguento mais tentar decifrar o que você sente por mim, ou por ele...
- Eu sei sim! – Ela falou alto. –
- Tem certeza? E se você estiver dizendo isso pra nós dois? null eu vi você fazendo o mesmo que faz comigo, com ele. – null passou as mãos no rosto, seu coração passou a bater lentamente, oscilando um misto de angustia com raiva. –
- Me desculpa null! – A garota murmurou tremula, quase chorando. –
- Eu te desculpo, mas eu não consigo esquecer. – null respondeu baixinho, quase que num sussurro; Ele viu uma lágrima escorrer pela bochecha dela, e ao mesmo tempo, null limpar rapidamente, já respirando fundo, isso cortou seu coração. –
- Então você entende também... – Ela disse sem encará-lo, engolindo saliva, e depois comprimiu os lábios. –
- Talvez o universo não nos queira juntos. – null falou sem pensar, só por causa da irritação que sentia de lembrar-se do beijo que viu. null só percebeu o que tinha falado, quando null se levantou do sofá dele. –
A frase foi suficiente para fazê-la sorrir, sarcástica é claro. A garota não esperou nem mais um segundo pra levantar, juntou os papeis que tinha que juntar e sua bolsa; null observou cada ação dela, e apesar de sentir seu peito queimar, ficou na mesma posição. null viu nitidamente o garoto travar os maxilares.
-Eu vou embora. – null sentiu o peito inflamar dessa vez com a frase, engolindo seco, o menino tombou a cabeça como resposta, emaranhando as mãos nos cabelos. –
- Eu vou te levar embora. – Levantou de um jeito brusco. –
- Eu não quero que você me leve embora. – null respondeu com a voz magoada; Os olhos dela percorreram cada centímetro do rosto dele, cada detalhe, guardando a expressão. null a viu fazer isso com o coração bombardeando a mil toda sua caixa torácica; null não sabia o que estava acontecendo lá dentro, mas tinha quase certeza de que seus órgãos iam explodir se aquilo continuasse; aquela sensação lhe causava desespero. –
- Para com isso... – Ele tentou dizer, mas sua voz quase não saiu. null apenas abriu a porta. –
- Eu sei que eu errei. – A garota começou, procurando os olhos dele; null sentiu os mesmos arderem. – Mas apesar de tudo, de tudo que passamos null, eu nunca deixei de acreditar se quer um minuto em nós.
Ela havia entendido tudo, e por pior que fosse não deu crise ou chorou ali na frente dele – Por mais que quisesse – null abriu a porta com lentidão e deu uma última olhada, talvez fosse a última vez. Suas lágrimas estavam borbulhando por serem tão seguradas na borda de seus olhos, ela não via a hora de sair daquele prédio. Era isso? null tinha desistido.
A menina respirou fundo, tentando controlar sua tremedeira... Precisava ir pra POISON primeiro, era tudo que ela pensava; Precisava respirar. Ela queria vomitar. Queria gritar, bater em tudo. Suas mãos tremiam.
Autocontrole. Autocontrole. Ela precisava de autocontrole.
***
No caminho até a Poison, null imaginava como o tempo podia mudar tão bruscamente de um mês para o outro, seus pés mesmo dentro de suas botas ugg estavam gelados. Com o casaco apertado no corpo, a garota caminhava pelas calçadas já brilhosas, enfeitadas por luzinhas coloridas, e objetos natalinos, tentando de uma maneira inútil não pensar na coisa latejante dentro do seu corpo. null não só sentia o coração doer, mas todo o corpo. Ela não sabia até quando iria durar, mesmo assim, pra conseguir se controlar, tentou pensar no tempo, tentou olhar pro céu, tentou procurar algo que a confortasse.
De fato, ela sempre fora apaixonada por essa época do ano, justamente pelo ar leve que ele carregava. Fim de ano, um novo ciclo... Seu coração apertou novamente. null provavelmente estava com a pior cara do mundo naquela semana, mesmo tentando disfarçar, a forma como as pessoas a olhavam era potencialmente triste, e não era pra menos. Ela não estava conseguindo assimilar que não teria mais null e sentia o corpo tremer por isso, seu sangue corria gelado pelas suas veias. Sinceramente, não conseguia entender como ainda não estava chorando, e por isso ela ficou pensando.
Por fim, entrou na Poison beirando a porta, cumprimentou o porteiro, e subiu, logo se deparando com Spyler sentado à mesa, na mesma posição de sempre, era como se os dias estivessem sendo os mesmos, como se o tempo não estivesse passando; null sentia-se parada naquela merda de fossa e saudade dele. Quatro dias pro Natal, e a revista estava fervendo de modelos homens, o que era muito engraçado. Todos eram muito bonitos, dignos de uma beleza de tirar o fôlego, mas aquelas renas no bumbum tiravam totalmente a dignidade daqueles moços.
- null, o estúdio está fervilhando hoje. – Spyler comentou vendo mais um modelo passar, apenas com uma cueca de veludo vermelha e um gorro de natal; null trocou olhares com ele, percebendo uma malicia nítida quando o homem a olhou. –
- E você deve estar supertriste com isso né? – null ironizou, entregando finalmente aquelas anotações que null havia lhe dado uma semana atrás. –
- Bom, eu fico feliz com tudo que envolve gominhos e abdômen. – dito isso, null soltou um riso frouxo, se apoiando no balcão, Spyler analisou aqueles papeis, e voltou o olhar a null sentindo a suspirada dolorosa seguinte dela já lhe revelar tudo em conjunto com a cara de choro da garota. –
- Espero que tenha trabalhos extras pra que eu possa passar o resto da minha vida aqui dentro. – A menina comentou, fazendo um biquinho. –
- Ei, o que aconteceu? Eu achei que você não tivesse pegado esses papéis... – o amigo apoiou-se como ela, engolindo seco por ver seus olhos marejarem de novo, aquela cena realmente lhe cortou o coração. –
- Eu preciso contar? – null fez um desenho abstrato no balcão, sem olhá-lo. Por um segundo ele achou que ela iria chorar, e bom, se ela chorasse, como todo bom amigo gay e sentimental, Spyler choraria junto, e aquilo não estava na programação dos quatro dias antecedentes ao natal. –
- Ah, vamos lá Lady Love! – Spyler bateu palmas, ato que fez null o olhar. – Você é null null! Já faz um mês... Vamos seguir em frente! – O homem suspirou, vendo a garota hesitar. –
- Eu estou tentando, Spyler! – ela aumentou o tom, e logo saiu andando para sua sala, Spyler a seguiu num pulo. –
- E você acha que guardar essa foto do null no seu celular é seguir em frente?- O menino gritou, desviando de alguns modelos, com isso null parou em frente a sua sala com os olhos arregalados de raiva. –
- Você fuçou meu celular? – A menina gaiteou na pergunta. –
- Está na sua tela de bloqueio docinho! – null entrou como um furacão dentro da sala; Spyler entrou pela fresta, fechando a porta num baque. – Chega disso. – null se assustou com o grito histérico e afeminado do amigo, e com isso, ficou estática o olhando. – Ou vai, ou racha! – Ele propôs firme. –
- O que você quer dizer? – A menina entortou a cabeça. –
- É nítido que você não é você sem o Candyman.
- Para de chamá-lo assim! – Spyler ignorou. –
- Definitivamente, virar workaholic, tapando o sol com a peneira não vai adiantar, porque não é overdose de colunas que vai fazer você deitar a cabeça no travesseiro e dormir em paz. – no mesmo segundo os olhos dela se avermelharam, aquilo lhe fez lembrar as inúmeras noites mal dormidas por pensar tanto no que faria. – Vocês têm que se acertar!
- EU TENTEI! – null gritou chorosa; Spyler parou no mesmo segundo observando a menina murchar, como se algo estivesse sendo tirado de dentro dela. – Eu tentei Spyler, eu fiz o que eu tinha que fazer, eu pedi desculpas, mas não deu, ele não me quer mais. – Ela engoliu seco, fechando os olhos por segundos ao lembrar-se disso. –
- null, olha pra mim. – Spyler correu até a amiga pegando-a pelos braços. null abriu os olhos já prevendo que viria, então só suspirou encarando-o – Não há homem que não te queira, e apesar de eu amar aquele Deus grego que é o candyman, ele não é o único na terra. –
- Ele é o único que eu queria na terra, Spy. – um suspiro sucedeu a frase o que fez Spyler fazer o mesmo que ela.-
- null, ou você segue em frente e deixa tudo pra trás, ou você faz algo em relação a isso, se você o ama, precisa lutar... – a menina engoliu seco, escorando-se na escrivaninha; Ela não encarou Spyler porque já arriscava que as lágrimas escapassem. Sabia que se encontrasse os olhos do homem, ela iria soltar tudo, e não queria mais chorar. – Eu não aguento mais te ver assim null. – null comprimiu os lábios, fazendo um esforço pra não chorar ao finalmente olhar para Spyler. –
- O que você sugere?
- Aí estão vocês! – Renê entrou de supetão com uma caixa em mãos, batendo-a contra a mesa de null. – Lembra-se da decoração da sala quatro? Eu preciso dela pra ontem! . – A mulher disse desesperada em direção à filha. –
- Tudo bem. – A menina não entendeu o desespero, mas sabia que em épocas de quase postagem da revista, ainda mais nessa época, sua mãe fervilhava a mil graus. –
- Spyler, tenho quatro modelos esperando pra serem vestidos! – null viu os olhos dele brilharem, e com isso sorriu involuntariamente. –
- Já estou indo pra lá. – Renê assentiu e fechou a porta novamente; Spyler virou subitamente pra amiga com seu olhar sapeca. – É sua chance... – null arqueou as sobrancelhas de maneira duvidosa. – Convide o Tristan pra te acompanhar...
- Sem chance! – null abanou a cabeça freneticamente assim que ouviu. – Spyler eu não quero ninguém! Pra mim já chega desses garotos.
- Qual é, null! – Spyler jogou os braços, perplexo. – Ele é um garoto legal, e você sabe sobre os boatos que rolam pela revista...
- Sim, eu sei, e é exatamente por isso que eu não quero nada com ele. – A menina disse firme e viu o amigo revirar os olhos. –
- Eu não estou dizendo pra você entrar nos pegas com ele null. – Spyler deu uma suspirada. – Estou dizendo que é a chance de você não ficar sozinha só pensando nessa dorzinha aí. – Ele apontou para o coração da menina; null o sentiu o mesmo bater estranho novamente e abaixou a cabeça. – Você só tem estado sozinha nesse mês, se abre pra alguém!
- Eu não sei se é uma boa ideia.
- É uma ótima ideia. Você vai arrumar um amigo, escuta o que eu to dizendo, esse Tristan tem boa fama por aqui, depois do Cadyman. – a menina rolou os olhos, e com isso deixou à deixa para o fim da conversa. –
Spyler saiu assim como entrou, se esgueirando pela porta, e assim null ficou sozinha por pelo menos cinco minutos naquela sala, processando todo o acontecido, respirando fundo pra continuar mais uma etapa daquele dia. Embora estivesse tentando extinguir toda a parte mais dramática da coisa; toda a parte do choro compulsivo, e de assistir filmes que a fizessem comer um pote de vinte litros de sorvete; ainda não parecia estar dando certo. null estava realmente tentando não ser consumida pela devastação de finalmente descobrir quem amava, mas ter estragado tudo, porque apesar de seus esforços, ainda parecia dramático, por isso decidiu que iria pedir para Tristan acompanhá-la, talvez ele realmente a distraísse daquela coisa toda que fosse por pouco tempo.
Por fim ela andou até o escritório ao lado abrindo a porta de súbito, null percebeu que o garoto parecia ter paralisado, por isso se arrependeu de não ter se anunciado, mas bom, ela já estava ali, então nada mais importava.
- Tristan... – chamou lentamente, esperando que o menino se recomposse. –
- null... – Ele gaguejou, se ajeitando na cadeira. Tristan era realmente bonito, não que ela estivesse pensando nisso naquele momento, porque seu coração e sua mente tinham null tatuado, mas ela não conseguiu ignorar aqueles olhos azuis escuro do menino, e seus cabelos bem penteados... Nada a ver com null. null fechou os olhos engolindo seco outra vez. –
- Sabe, eu estou indo até o shopping decidir a decoração da sala quatro e, eu queria que você me acompanhasse. – A menina se enroscou no batente da porta; Tristan não disse nada, ainda estava quieto a observando um tanto surpreso. –
- Am... Tudo bem, vamos agora? – Ele disse um tempo depois, levantando-se da cadeira com uma animação engraçada que fez a menina sorrir. – Eu só vou pegar minha carteira aqui ao lado. – null o seguiu com os olhos, ainda abraçada ao batente da porta; Tristan abriu a porta ao lado, que ligava o escritório dele com o de mais um associado, e por alguns segundos o menino sumiu, foi nesse momento em que ela sentiu um ar quente em seu pescoço, virando-se subitamente pelo susto. –
- Eu nunca desisti de nós.
Ela mal conseguiu respirar, definitivamente seu ar parou de circular, seus olhos petrificaram em null ali, a cena parecia surreal. Ele tinha os olhos desesperados, e seus cabelos estavam levemente bagunçados, o menino tinha a boca entreaberta, parecia também ter dificuldade pra respirar, null arriscou pensar que ele tivesse corrido antes de chegar ali; Mas não era isso que importava. A frase dele ecoou pelo silencio por cinco segundos incontáveis, mas mesmo antes de tentar balbuciar algo, null continuou:
- Você estava certa. – suspirou apoiando uma das mãos no batente da porta, fazendo com que as mesmas transpassassem pelo ombro direito da menina; null conseguiu sentir o cheiro dele com aquele ato, e mais uma vez, seu estomago se retorceu. – Você é uma incógnita, mas é única que eu quero achar a resposta. – os olhos dela marejaram. – E não teve um dia nesse um mês que eu não senti sua falta, eu só não fui atrás...
- Então, estamos pront... – Tristan deixou a frase morrer, assim como seus passos, assim que viu null e null naquela posição; O menino engoliu seco vendo null voltar à posição normal, só que mais rígida, já deixando transpassar um ar irritado. null sentiu novamente aquele desespero.–
- Ela não vai mais precisar de você Tristan. – null retorceu o nariz, o encarando com firmeza, vendo a prepotência de null, Tristan fez o mesmo que ele: estufou o peito e cruzou os braços. –
- null? – A menina sentiu uma palpitação, então se virou lentamente para o garoto dos olhos azuis; seus lábios formavam um biquinho diferente que à fez sentir um pouco de medo. –
- Tristan... Nos dê um tempo. – balbuciou num tom delicado; Tristan a encarou por dois segundos sem desviar o olhar pra nenhum lugar; aquilo incomodou null de tal maneira que ele quase, quase mesmo, tirou aquele cara dali à força. Ela já tinha pedido pra ele fosse, qual era o problema dele? –
- Se você quer assim... – Ele respondeu insatisfeito já dando alguns passos para sair da sala, passou esbarrando por null, que riu debochado, passando a língua nos dentes. Tristan estava pedindo pra apanhar. –
- Na volta me traz um café duplo. – null sorriu com escárnio, tornando-se para null novamente, e o que recebeu foi um olhar reprovador da mesma. – Que foi? O Cara é um babaca!
- Ele não fez nada demais. – null entrou na sala e null a seguiu, fechando a porta assim que entrou. –
- Ah claro que não e alias; Tristan? Sério? – null perguntou num tom indignado. null cruzou os braços e apoiou-se na escrivaninha dando um longo suspiro. –
- Ele só ia me acompanhar na compra dos móveis, null, nada demais...
- Que eu saiba você tem outras companhias, e melhor, pode fazer isso sozinha, você sempre fez! – null protestou cerrando os olhos. –
- Spyler não podia ir comigo, e achou melhor eu não ir sozinha. – null explicou-se, ajeitando-se na mesa. –
- E por quê?
- Porque eu estava péssima. – A menina jogou na lata, o que fez null travar os olhos nela. – Eu estava com uma cara horrível, e não conseguia pensar direito... Ele pensou que se eu ficasse sozinha talvez, sei lá, evaporasse de tanto... – Ela parou no meio da frase, dando um suspiro; null voltou a olhar para os pés. –
- null, me desculpa. – A menina sorriu involuntariamente, logo comprimindo os lábios amarga. –
- O que você quer, null? – o olhou; sua respiração se tornou pesada assim como toda noite quando estava prestes a chorar. –
- Pra falar a verdade, o que me faz querer sair pela porta, é o que também me prende aqui – A garota fechou os olhos. – Você.
- E sempre voltamos nisso... – Ela abanou a cabeça; Seu coração havia palpitado sim, mas, era como se null tivesse aquele um por cento apitando de que eles iriam brigar e no fim ela acabaria sozinha outra vez. –
- É eu sei, mas também sempre voltamos aqui. Juntos. – null se aproximou da menina. – Isso é desistir?
- Qual vai ser a nossa? – A menina riu; null foi chegando mais perto, e mais perto, até parar a poucos centímetros dela, à sua frente, de maneira que ela precisou levantar a cabeça para olhá-lo, fazendo seus narizes quase se roçarem. –
- Eu não sei, mas acho que não teria graça se soubéssemos. – Ele fez um gesto com os ombros e sorriu; Sem pestanejar, null abraçou null pelos ombros, e ela fez o mesmo, passando seus braços pela cintura dele, e ali ela ficou. Fechou os olhos para senti-lo pertinho outra vez. –
- null, me desculpa. – A garota murmurou, sentiu null se desvencilhar dela para segurar seu rosto; A menina ameaçava chorar por tê-lo ali, vendo isso ele roçou seus narizes e deu um beijo em sua testa, abraçando-a de novo. –
- Você acha que eu teria corrido duas quadras todo louco atrás de você, se eu não tivesse te perdoado? – Ele disse com a boca beirando a testa da garota; a frase à fez abraça-lo com mais força, sentindo um alivio incomum no peito. –
- Só duas? – brincou; null riu a puxando para ficar de pé para poder abraçá-la direito. –
- Eu senti tanto sua falta. – Disse com uma sinceridade gostosa, assim que afundou seu rosto na cova do pescoço dela. null levantou os pés para facilitar as coisas, também se afundando em null. – Do seu perfume... – Ele passou o nariz por sua bochecha, aro que à fez fechar os olhos com a formigação deliciosa no corpo, aquela que só null lhe causava. – Dos seus lábios. – Ele deu um selinho molhado e longo nela; talvez fora a melhor sensação em um mês. –
- Então porque não voltou? – null sussurrou; Ambos fecharam os olhos no mesmo momento sentindo aquele bombardeio distinto, mas exatamente igual no peito. – Porque demorou tanto... – null deslizou suas mãos pelas costas dela, misturando suas respirações quentes. –
- Porque eu sou idiota. – sussurrou de volta. – Não notou ainda? – Ela sorriu, tendo um beijo roubado no meio do sorriso, sentindo ali, null começar a beijá-la com mais intensidade. –
Ela arcou mais para trás, sendo sustenta pelo garoto; null tomou conta de toda a costa dela, bem como null também tomou conta de toda a parte da nuca e pescoço dele. O beijo deles parecia o mais cheio de saudade de todos que eles já haviam dado; claro, eles nunca haviam ficado sem o outro por tanto tempo como aconteceu, então por esse motivo, naquele beijo havia muito mais do que um desejo indomável; por fim, cedido pelos dois, havia um amor transcendente. Eles trocavam aquele sentimento à medida que suas línguas se tocavam; à medida que null apertava a cintura dela e a puxava com necessidade pra ele, e null puxava seus cabelos da nuca; A medida de que ambos queriam algo onde se apoiar, sem ter intuito algum de acabar com aquilo, porque se queriam muito, estavam morrendo de saudade, sendo impossível de ser descrita a sensação de alivio que brotava em ambos por estarem juntos, que fosse por aquele segundo, mas que os fazia voltar a respirar novamente. Era tanto físico quanto psicológico, provando mais uma vez que eles não estavam aptos a ficar longe um do outro, nem que fosse uma dependência doentia, mas contra aquilo eles não conseguiam lutar, essa era a prova.
***
Não demorou muito para que eles saíssem de lá – Pelo menos mais dez minutos – eles ficaram abraçados, como se estivessem esvaziando o coração de toda aquela preocupação de se perderem; Mesmo ainda estando ali, firmes e fortes, mais uma vez eles constataram para todos que null null e null null, apesar das brigas, sempre voltaram pro mesmo lugar: Um para o outro.
null saiu daquela sala com um meio sorriso, sem mostrar seus lindos dentes, mas ainda assim aliviado, a expressão era outra de quando entrou, de quando perguntou desesperadamente para Spyler sobre null, e melhor, a expressão da garota que andava caída por aquela agencia como se nada no mundo fosse colorido, era completamente diferente, era como se null colorisse seu mundo, e ok, é muito gay pensar dessa forma e é por isso que esse pensamento era sustentado por Spyler, que encarou os dois se soltarem sem saber disfarçar assim que chegaram à recepção.
- Humm... – null viu Spyler se debruçar no balcão. – Como uns bons pegas não ajudam né? – fez um gesto negativo com a cabeça, reprimindo um sorriso. –
- Ei Spy! – null fez um high five com o homem; Spyler soltou um gritinho frenético ao espalmar sua mão na de null, o mesmo riu, também se debruçando no balcão. –
- A agencia sentiu falta de você.
- Eu senti falta dela. – null apontou com a cabeça para null, passando seus braços pela cintura da menina. –
- Que gracinha! – Spyler vibrou fazendo uma cara de nojo forçada, null riu involuntariamente recebendo um beijo nos cabelos do “candyman” –
- É bom saber que você só está na minha agencia por causa da minha filha. – null olhou a mulher por cima dos ombros até cair a ficha de que era Renê, logo se virando rapidamente para cumprimentá-la; Como o esperado, ele deu aquele melhor sorriso do mundo, já a desarmando. –
- Isso não é segredo pra ninguém. – brincou o que fez também a mulher rir lhe dando um tapa. –
- null... Sala quatro... Sai pra hoje? – Renê direcionou o olhar rígido a filha, que suspirou já se arrumando para andar. –
- Com certeza, querida senhora Montez. – A menina fez reverencia. –
- Ótimo! – Ela saiu andando rapidamente, já xingando três modelos no corredor, com isso null riu e virou-se para null. –
- Vamos?
- Vamos.
Ela só saiu andando avoada em direção ao elevador, e como todo bom rapaz, null ficou e se despediu de Spyler, trocando algumas palavras mínimas até correr atrás de null; Foi em um segundo, a porta se abriu e ela viu Tristan, o menino a olhou dos pés a cabeça, totalmente inexpressivo. Não era como null, null não conseguia entender o que aquele olhar queria lhe passar, portanto apenas ficou parada, lentamente juntando as sobrancelhas, afinal, ele iria ou não sair dali? null sabia que havia sido uma má ideia convidar Tristan para acompanhá-la; não era nada demais, ela não ia se apaixonar por ele e muito menos sentia algo, mas como explicar isso a ele? Pelo que diziam, Tristan era completamente encantado por ela, então, qualquer coisinha significaria o mundo. null só queria um amigo que a acompanhasse, e aí null apareceu, como ela poderia explicar a Tristan que não seria nada, nem que null não tivesse aparecido? “ Porra Tristan, sabe, eu sou apaixonada pelo null e ele aparecendo ou não, eu iria cair aos pés dele de qualquer forma, porque eu o amo. “
Não deu muito tempo de formular alguma coisa, quando null balbuciou algo, ainda sendo encarada por aqueles olhos grandes e azuis, null apareceu atrás dela. Assim que Tristan o viu, pareceu sair do transe com null e finalmente andou pra fora daquele elevador, esbarrando em null, que só então notou a presença daquele garoto, pois ainda olhava para Spyler gritando algo pra ele.
- E o meu expresso? – null provocou passando a língua nos dentes. O menino avermelhou-se, mas não cedeu à provocação de null. –
- null! – null o reprovou entrando no elevador; null deu dois passos longos e entrou junto. –
- O que tem null? – null perguntou ainda sorrindo assim que as portas se fecharam. –
- Deixe ele em paz! – ela o repreendeu. –
- Uh, parece que temos alguém que se importa com o Tristan aqui. – null cerrou os olhos, e no mesmo tempo cruzou os braços. –
- Não comece com isso. – null fez um gesto com as mãos, acenando negativamente; Naquele segundo null parou para observá-la, como sempre fazia; Ele amava aquele beicinho do tamanho do mundo quando ela ficava irritada, ou quando não concordava com algo. Como os olhos dela eram infinitamente profundos quando se tornava séria. null caia de amores sem saber lidar com ele, porque era incrivelmente apaixonante. –
- É verdade, eu tenho que parar. – Ele falou baixo, null virou null bruscamente para ele e com a força do ato, sentiu as mãos dela espalmarem em seu peito ainda não cedendo totalmente; null fechou os olhos involuntariamente ao sentir o nariz do garoto roçar na pele de seu pescoço, subindo e descendo. –Eu não posso culpá-lo, porque é impossível não se apaixonar por você. – ele sussurrou no ouvido dela a fazendo sorrir e amolecer em seus braços. –
- Como você sabe que ele é apaixonado por mim? – a menina passou os braços pelos ombros dele, finalmente o abraçando. null não tinha intenção de beijá-la, ao entrar em contato direto com o cheiro natural de null, seu cérebro queria ficar só ali, não tinha nada mais do que o perfume do corpo dela. Como ele poderia se encantar até por aquilo? null teve noção de que estava literalmente fodido. –
- Eu sou null null, eu sei de tudo. – Ele sussurrou mais uma vez, depositando um selinho rápido em null. –
- Você é bonzão demais né? – A menina brincou com os cabelos dele, dessa vez o beijando também. –
- É bom que você saiba disso. – null riu, e null rolou os olhos, segurando-se para não rir também. – Ele te olha daquele jeito do tipo... “ Eu a faria mais feliz...” e com certeza se imagina andando ao seu lado no meu lugar. – ele observou-a rir baixinho sem tirar os olhos dele, ainda brincando com seus cabelos; o fato de null ser engraçado lhe fazia bem, null lhe fazia bem mesmo brincando com uma coisa tão chata. –
- Isso é ruim. – null franziu o nariz, beijando o canto dos lábios do menino depois de encará-lo por um tempo. –
- Por quê? Toda garota gosta dessa disputinha, eu sei. – ele debochou. –
- Por que... – E ela engoliu aquela voltada súbita de responder “ Porque eu não vejo quem me faria mais feliz do que você”. – Porque você acabaria com ele. – null fez uma cara feia e soltou um riso a apertando em seus braços. –
- E depois sou eu que sou o “bonzão”?
- E eu estou mentindo? – null hesitou o que fez ela se soltar dele para declarar vitoria; aquele ato o fez rir e cruzar os braços. –
- Não, você não está mentindo null. – O menino disse com desgosto. – Eu não consigo me controlar quando se trata de você.
- Então deve ser esse o motivo de ainda estarmos juntos. – A menina entortou a cabeça com um sorriso encantador no rosto, null não queria ver coisas onde não existia, mas ele pode notar um brilho diferente nos olhos dela ao dizer aquilo. –
- Sim, deve ser.
***
null tinha perdido a noção de quantos tipos de salas montadas ele tinha visto em duas horas, como era possível existirem tantas opções? Por sorte, a sala da sua casa foi a primeira que ele viu, bem básica e sem muitos detalhes. null conseguia ver aqueles mínimos do tipo “ a cor da quina de um espelho” como ela conseguia? Aquilo o fazia rir, porque ela pirava quando duas cores se misturavam numa mesma peça, e já desistia e saia da loja. Mais um fato descoberto por null null ao sair com null null: Ela era extremamente intolerante quando se tratava de cores se fundindo.
- Que tal essa? – Ele acompanhou null adentrar em outro lote, parou dentro dele e fez uma pose executiva. –
- Você sabe que sua mãe não gosta de tudo preto e, olha essa mesa... Não. – null comentou a fazendo bufar e cruzar os braços. –
- Bem, essa cadeira parece ser macia. – A menina afofou o estofado, logo olhando para null, sabendo o que viria, ele só cruzou os braços com um sorriso no rosto. –
- Quer testar? - null cerrou os olhos num sorriso. –
- Imagina como seria falar ao telefone dentro dessa sala. – A menina sentou-se na cadeira e apoiou as costas nela, reclinando um pouco, ela queria provocar o garoto; null conseguiu ver uma fresta do abdômen dela aparecer; Apesar de estar frio, quase congelando, dentro daquele ambiente o clima estava controlado, e por esse motivo os casacos não eram precisos; Só aquela fresta o havia ter feito pensamentos impróprios. null 1x0 null. -
- E em como minha mãe pode abordar de maneira sexy os associados... – Ela riu mordendo os lábios, após a isso, soltou um riso que mais do que a pose, à fez ficar sexy, muito sexy. O que era mais sexy nela era o sorriso inocente que soltava sem deixar de ser provocativa. Ela sendo ela já era extremamente gostosa. –
- Ok, saia daí, isso foi nojento. – null andou rápido até ela, a puxando para ele. –
- De quem você acha que eu puxei todo esse sexy appeal? – null riu sem olhá-la. –
- É, sua mãe é uma coroa que da um caldo. – null virou-se para ele com a boca aberta, lhe acertando um tapa. –
- O que? Você que começou sua maluca! – O garoto levantou os braços em defesa, já puxando null para ele. – Me dá um beijo.
- Não. – null se esquivou. –
- Não me provoque!
- Tudo que eu faço te provoca. – Ela piscou e ele sentiu um calor no corpo. –
- Eu já ouvi isso uma vez. – Não foi preciso dizer mais nada para null sorrir; Foi na primeira vez de ambos, só de lembrar o coração deles bateu no mesmo ritmo. – Você sabe onde acabou... – null roubou um beijo da garota. –
- E pelo que eu vejo não mudou nada... – null se desvencilhou dele com uma habilidade incrível e caminhou sensualmente que o fez rir, antes de passar para o outro lote, a garota olhou por cima dos ombros, e, como ele amava quando ela fazia aquilo; null ainda estava paralisado a olhando e tentando se controlar. Por fim, ele soltou um riso sacana e foi atrás dela. null ainda o deixaria louco. –
- Isso quer dizer que você vai acabar na minha cama? – null aumentou a voz; null olhou para trás com os olhos arregalados ao perceber três pessoas direcionarem o olhar a eles, o menino riu satisfeito do pimentão que ela havia virado. –
- Aqui não!
- Não me iluda null null! – Ele murmurou choroso, ainda alto, o que fez novamente as pessoas os olhares; null agarrou-a por trás, dando cheiradas em seu pescoço que, inevitavelmente a faziam rir alto, mesmo que tentasse se controlar. –
- null! – Por fim ele parou, roubando um beijo molhado do pequeno biquinho que ela tinha no rosto. –
- Você fica ainda mais gostosa com esse bico. – null rolou os olhos, começando a caminhar novamente. –
- Há quanto tempo vocês namoram? – null ouviu baixinho e arrastado, ao virar-se para ver de onde vinha à pergunta, deu de encontro com uma senhora de cabelos grisalhos, mas com um porte elegante e simpático. –
- Am... –
- Noivamos há dois meses pra falar a verdade. – null interrompeu null, trocando olhares brincalhões. –
- Isso é tão lindo. – Os olhos dela brilharam, null sorriu ainda mais abertamente para null ao ouvir aquilo, a menina sentia o coração gelado bater contra seu peito. – Vocês me parecem tão apaixonados... Eu aprecio muito o amor jovem.
- Estamos, estamos completamente apaixonados um pelo outro. – null passou a língua nos lábios. –
- Eu lhes desejo todo amor do mundo. – A senhora sorriu generosa para null e null, deu uma última olhada e saiu da loja, os deixando lá; Deixando null e null se olhando. –
Nas idas e vindas, de uma loja para outra, ela sentiu null buscar suas mãos enquanto prestava atenção em um dos lotes de sala. Sem querer parecer abalada demais – Mas já ficando – null sentiu aquele choque das mãos se encaixando perfeitamente bem. Conseguiu sentir a diferença das duas, e a diferença das dele sobre as dela: grande, às tomava por inteiro, e de forma involuntária levou seus olhos até lá. null a segurava com firmeza, segurava suas mãos como se no ato, segurasse seu mundo. O corpo da garota se arrepiou, e por fim, ao null levantar os olhos viu null a observando fazer aquilo.
Sem dizer uma palavra, ele a olhou no fundo dos olhos e sorriu, fora tão mágico e lento que null precisou respirar fundo para aguentar a cena. null inclinou-se e lhe deu um beijo na testa. O garoto fechou os olhos no ato assim como ela e por esses dois segundos, ambos sentiram novamente aquela sensação de amor sendo trocado entre eles; uma mistura de ondas elétricas quentes, com o coração ameaçando bater rápido. Era gostoso naquela faixa de não sentir vontade de saírem daquela posição. Era bem simples, mas eles se amaram novamente, pareciam não estar deixando de fazer isso o tempo todo; era como se após tivessem admitido pro universo, em voz alta, ele estivesse trabalhando a favor deles.
- null... – null o chamou baixinho ao pararem no sinal vermelho.-
- Huh? – Ele só balbuciou sem olhá-la. –
- Você ficou com outra garota... Nesse um mês? – null franziu as sobrancelhas finalmente a olhando; null estava com aquela cara de quem já estava sofrendo por antecedência. –
- Que pergunta é essa agora? – Ele acompanhou null suspirar e botar as mãos no meio das pernas dando a entender que não falaria nada e assim eles ficaram por mais cinco segundos até o carro começar a andar de novo. –
- Olha, eu sei que eu não fui sincera com você, mas... null se você ficou com outra eu gostaria de saber. – a garota virou-se de súbito no banco o fazendo se assustar um pouco; null hesitou por segundos. –
- Se eu disser que sim você vai me odiar? – O coração dela parou na boca ao ouvir aquilo,mesmo que estivesse trabalhando toda aquela coisa de não exigir o que não podia ser exigido, foi inevitável não sentir um desgosto estranho por ele. –
- Então você... Você...
- Eu não fiquei com ninguém, eu nem se quer olhei null, eu estava muito ocupado pra isso. – null foi direto notando que null havia travado; O rosto dela parecia ter mudado de expressão. –
- É sério, null!
- Eu to falando sério! Eu estava ocupado demais com os caras! Se eu estivesse à toa, com toda certeza eu já teria ido falar com você, eu precisava ocupar a mente e a banda ajudou bastante. – Assim que ele terminou a frase, voltou a focar seu olhar em null, ela tinha um quase sorriso no rosto. –
- Banda?
- É, o null reuniu todos nós... – null fez um batuque com os dedos no volante, meio hesitante com o assunto. –
- Na noite dos caras.
- Isso, e aí a gente voltou a praticar, e assim ficamos fazendo o mês todo, era como um escape, apesar de eu estar fervendo por causa do null e você...E eu via o maldito todo santo dia. – Ele sorriu com raiva. – Foi mais uma terapia de autocontrole. – null alternou o olhar para null outra vez. –
- Eu... Tô tão feliz que vocês estão tocando outra vez. – A menina fez um gesto com as mãos; O alivio era tanto que ela estava com vontade de agarrá-lo. –
- Nós estamos bem com isso, null fez algumas composições novas e... – null parou de falar quando notou um silencio estranho no banco; null estava ali, o olhando com um meio sorriso fofo assim que ele a olhou, estacionando o carro em frente ao prédio da Poison. Ele sem mais delongas também sorriu e foi chegando mais perto. – Você me tira do sério, null.
- Eu não fiz nada! – Ela gargalhou segurando o rosto do menino a milímetros do seu. -
- Tudo o que você faz me provoca. – null brincou com a frase, mordiscando os lábios dela; null estava adorando a brincadeira, por isso soltou seu cinto e o dele, dando mais liberdade aos dois. –
- Eu sei disso. – Outro selinho. –
- Eu to ficando maluco. – null foi ainda mais para cima dela, apoiando suas mãos em suas coxas; null sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo a fazendo arfar e fechar os olhos. –
- Para com isso, estamos no carro. – Ela sussurrou com o coração na boca. Era visível sua respiração descompassada, pela mão que subia por suas coxas, mesmo que por cima da calça, e aqueles beijos que subiam do pescoço aos seus lábios. –
- Já tentou algo diferente? – O garoto riu dando um chupão no pescoço dela, com o ato null sentiu null unhar suas costas onde as mãos dela estavam agora, notando que estava no caminho certo. –
- Não me induza null null! – ele ouviu um sussurro em seu ouvido. –
- Tudo bem, eu não irei. – null se afastou aos poucos, roçando seus narizes e dando um beijo rápido, mas que a deixou louca de tesão e assim, saiu do carro num pulo; null ficou lá por mais um minuto até normalizar aquela coisa pulsante nela, até null abrir a porta e assustá-la. –
- Eu te odeio. – null disse ainda de olhos fechados, null sorriu sacana a puxando para fora e abraçando-a por trás enquanto ambos andavam. –
- Não odeia não. – Ela a abraçou presunçoso. –
- Eu deveria. –null sentiu tanta raiva dele, e ao mesmo tempo tanto desejo, como aquilo era possível? -
Eles subiram sem dizer mais nada, apesar de que null ainda sentia aquele calor no corpo e null estava rindo por isso, ele adorava quando se sentia no controle, e ainda mais, quando tinha null sob controle, ele deveria admitir que não era fácil tê-la à mercê dele já que sempre quando acontecia, ela o tinha primeiro, porque null realmente o tirava a sanidade; Aquela garota era tão letal que tinha a capacidade de tê-lo apenas o olhando, então vendo por um ponto pequeno, null conseguir amolecê-la não era nada em comparação ao que o olhar dela, e aquele sorriso, causavam nele.
Por fim ele andou igual ao cachorrinho atrás dela até a sala quatro onde null discutiu brevemente com a mãe sobre os detalhes, mas é claro que null estava lá, só observando cada parâmetro daquela sala.
- E o que você me diz null? – Renê o tirou dos devaneios sórdidos com a própria filha; null se ajeitou dando um pigarro. –
- null sabe o que faz. – Respondeu sério e viu a mulher cerrar os olhos. –
- Quem é você e o que fez com meu estagiário chefe? – null riu o que fez null cruzar os braços com um sorriso pretensioso. –
- Ela manda em tudo...
- O que?! – A garota virou-se de súbito pra ele. – Você disse que aquele conjunto era bom!
- Eu disse que era visualmente! – null deu ênfase cruzando os braços e olhando para null. –
- E isso é o que? – Ela perguntou sarcástica. –
- Que poderíamos ter testado aquela poltrona e aí eu teria certeza! – null falou logo vendo a garota avermelhar-se à sua frente, ele só lembrou-se que Renê estava ali, porque a mulher fez um gemido nojento em desaprovação passando pelos dois. –
- Agradeçam por seu eu aqui, e não John. – Ela disse parando na porta por segundos e travando um olhar fixo nos dois. –
- Desculpa chefe! – null gritou com um sorriso enquanto Renê já se afastava. –
- Você é tão babaca, que fala essas coisas na frente da minha mãe. – null cerrou os olhos para o menino; null foi chegando lentamente, tentando desarmá-la em vista de que provavelmente conseguiria. –
- null, você não é santa. – Ele acusou num tom obvio tentando caçar as mãos da garota, que só se afastava. –
- O que você quer dizer com isso? – null fingiu ficar minimamente brava com a acusação dele. –
- Que sua mãe sabe o que você apronta, então vamos parar de fingir que somos virgens, fechar a porta dessa sala e aproveitar essa mesa nova da sala quatro... – null arrastou a voz ao falar “ quatro” fazendo a garota arrepiar-se. Em segundos o menino já estava ali de novo em seu pescoço, subindo e descendo, querendo logo matar a sede daquela garota da qual o mantinha preso em pensamentos torturantes todo santo dia. null sabia que precisava se controlar, mas era quase impossível, null parecia ser feita milimetricamente para aterrorizá-lo de desejo com movimentos simples. –
- Um: Não conseguiríamos nem fingir sermos virgens. – null falou ao pé do ouvido dele, se da outra vez, null tinha a intenção de provocá-la, dessa ela faria muito pior e por isso procurou alguma fresta naquela blusa dele, que pudesse entrar em contato com sua pele; null quis agarrá-la assim que sentiu suas mãos delicadas arranharem de leve parte de suas costas. – Dois: A porta dessa sala ainda não tem chave. – null sussurrou, beijando o pescoço de null logo depois, o garoto sorriu sem querer, puxando-a bruscamente pela cintura para ele, null bambeou um pouco, mas continuou. – Três: Essa mesa é muito pequena pra nós.
- Você tá me deixando excitado, tá difícil aqui. – null fez uma cara de dor ao sentir mais uma vez null arrastar seus lábios pelo pescoço dele. –
- Desculpa atrapalhar o casal do ano, mas eu preciso de ajuda com os figurinos lá no estúdio. – Spyler entrou de supetão se apoiando no batente da porta, o melhor era que ele não ficava constrangido com a tensão sexual dos dois, apesar de ser bem aparente, então só o que null fez foi rir da situação, soltando-se de null e esfregando todo o seu corpo nele literalmente para provocá-lo. –
- Porra Spyler! – null sibilou fazendo um gesto brusco pelas costas da menina; Spyler abanou a cabeça todo afeminado em resposta e saiu andando novamente os deixando lá de novo apesar de que null já estava porta. –
- Vem, temos muito trabalho. – Ela o chamou com as mãos. O olhar provocante dela havia esvaído e no lugar dele havia uma doçura cativante que por segundos o fez esquecer-se de toda a formigação no corpo. Essa, essa a prova que null o desarmava só com o olhar. –
Por pelo menos mais uma hora eles ficaram lá, o bastante para que presenciassem alguns flocos de neve cair do céu sendo vistos da gigante janela que ocupava uma parede inteira daquela parte do estúdio; null já havia visto neve várias e varias vezes, mas nunca perdia o costume de correr até a janela e ficar observando-a cair, de alguma forma aquilo a acalmava bastante, a forma como caia era tão serena que null perdia-se em si própria a olhando. null que arrumava paciente toda aquelas fantasias vintage de natal, parou por um segundo ao notar que null não estava mais ao seu lado e junto a isso, notar que no estúdio havia apenas ele, null e o fotógrafo revendo algumas fotos, tudo estava se desligando gradualmente e null ainda estava lá, perdida olhando pela janela. Aos poucos o menino chegou perto, sem querer assustá-la e tirá-la daquela pose incrivelmente linda da qual fazia; com carinho, null transpassou suas duas mãos pela cintura da menina, encaixando-as perfeitamente no abdômen dela, e apoiou a cabeça em seus ombros; involuntariamente null sorriu relaxando o corpo e entrelaçou suas mãos nas dele, jogando a cabeça para trás.
- Você é linda fazendo isso. – null depositou um beijo no rosto da menina. –
- E você anda carinhoso demais, o que está acontecendo? – A garota murmurou aconchegada nos braços dele, de certa forma, seus corpos estavam encaixados de um jeito tão gostoso que ela estava achando que era uma alucinação, e por isso ainda mantinha os olhos fechados. –
- Aproveita que não é sempre. – Ele brincou cheirando pescoço dela. – Inclusive já está passando, porque a gente precisa terminar aquela caixa cheia de apetrechos gays ali. – null soltou-se de null a fazendo girar e voltar para seus braços. –
- Que por sinal são a sua cara. – null gargalhou alto assim que terminou a frase; null que antes a abraçava por trás caminhando junto a ela lentamente em direção à caixa, soltou a menina e chegou mais rápido, pegando um cachecol todo pomposo e enrolando no pescoço. –
- Isso é Gay pra você? – null riu ainda mais alto, chamando à atenção do fotografo. –
- Isso é meu fetiche, veste hoje à noite. – A garota piscou pegando uma toca de Noel da caixa e vestindo, mal deu tempo da menina fazer pose, null a puxou com brutalidade pra ele, deixando suas bocas a milímetros e observando o sorriso dela mais perto do que o normal. –
- Eu adoraria, na verdade seria uma honra. – Ele roubou um selinho dela. – Eu fico sexy em tudo, deixando claro.
- Odeio caras desse tipo... – null desviou os olhos dele para a caixa, roubando mais alguns apetrechos e botando em null, ele estava hipnotizado com ela e por isso não ligou. –
- Irresistíveis? – A menina riu de novo, o beijando entre o mesmo. null a segurou pela cintura levantando-a minimamente do chão, deslizou suas mãos por toda a costa dela mergulhado naquele beijo, como se nada mais existisse em volta a não ser seus lábios, fazendo uma pressão deliciosa no seu. null passou a língua neles tentando saciar por pouco sua saudade por ela, e pra terminar sugou seu lábio inferior, dando alguns selinhos molhados enquanto ainda a segurava por inteiro, sentindo-a agarrar seus cabelos por baixo daquela toca natalina. –
- Eu não fui ensaiar com o null... – Ao ouvir aquilo logo após desgrudar suas bocas, null a olhou de uma maneira tão perplexa que à fez arrepiar-se de medo. –
- Sério? – Ele perguntou sarcástico. –
- Não null, é que... Isso é pelo meu pai! Eu prometi que iria dançar com ele, e agora eu não faço ideia... Amanhã é o baile e... – Antes que pudesse continuar, null se desvencilhou dela e deu dois passos para trás; null não sabia o que estava acontecendo, mas seu coração deu duas batidas fortes. –
- Não tem segredo. – Ele esticou a mão fazendo um gesto para que ela segurasse. – Você só tem que ser levada pelo seu parceiro. – Ao dizer isso, ele a puxou sutilmente para ele; com um das mãos segurou a dela na altura dos ombros, ao lado do corpo, e com a outra, fez um caminho lento, descendo pela cova das costas dela, até parar bem em cima do cóccix. – Finja que tem uma musica lenta tocando... Aquelas dos filmes bem antigos... – O menino sussurrou no ouvido dela; null colou suas bochechas e assim fechou os olhos, já sentindo null iniciar passos lentos. –
- Onde você aprendeu isso? – Seu corpo todo estava sendo levado por null, que ainda completava a volta da qual havia iniciado; A menina podia sentir a respiração dele em seu pescoço e ombro. –
- Eu fiz aulas de dança com a minha mãe... – Ambos sorriram ainda de olhos fechados, logo então, null soltou null, lhe fazendo dando um giro e voltar para seus braços de costas, com suas mãos entrelaçando em frente ao abdômen da menina; null continuou fazendo passos lentos, pra lá e pra cá, juntando ainda mais seus corpos. –
- E eu espero que você não deixe o null fazer isso com você. – Ele sussurrou, descendo os lábios por debaixo da orelha dela o que fez a menina arrepiar-se por inteiro e novamente fechar os olhos. –
- Você é um exímio dançarino meu amor. – De fato, a voz dela quase não saiu ao falar aquilo, e por notar aquilo, null riu a soltando outra vez, fez a menina dar mais um giro nos calcanhares e só então fez reverencia em sua direção, a fazendo rir alto. –
- Eu sou bom em muitas coisas. – Ele piscou fazendo caminho para beijá-la; null pegou null pela cintura, tirando os pés da menina do chão, mas antes que pudesse realmente efetuar o beijo, ouviu passos bruscos vindos do corredor. –
- Achei vocês! – Ouvindo o barulho, null bufou botando null no chão novamente, o garoto passou a língua nos lábios enquanto null se ajeitava. –
- E aí cara. – null fez um toque com null bem estalado, e roubou um beijo no rosto de null; null o reprovou com o olhar e ele sorriu. –
- Desculpa atrapalhar, mas é importante.
- Espero que realmente seja. – null deu uma cotovelada em null. –
- Eu preciso que você ligue pra null, meu smoking do baile estava reservado no nome dela e agora eu não consigo pegar. – null passou as mãos nos cabelos; todos ali sabiam que no fundo null queria saber dela, null não atendia as ligações dele e por esse motivo ele estava mais abalado no que o normal, null não entendia o porquê de null, mas preferia não questionar. –
- Você tentou ligar? – A garota perguntou já procurando seu celular. –
- Na verdade sim, mas ela não... Não me atendeu. – null diminuiu a voz, afetado. null deu um suspiro pesado voltando seu olhar a null que já discava o numero da amiga. –
- Ela tem dessas às vezes... – sua ligação caiu na caixa postal, null tirou o telefone do ouvido e mostrou para null. – Tá vendo...
- Não tem outro numero que você possa tentar? – null perguntou tentando cortar a tensão; sem pensar duas vezes ela discou na residência dos Linch; null geralmente não ligava pra lá, mas como null havia evitado suas ligações com frequência, aquele era o meio mais rápido. –
- Deu certo? – A menina ergueu o dedo indicador fazendo null calar a boca, não demorou muito para que uma voz de Hugo, avô de null soar. –
- Alô?
- Hugo? – null se aprontou mordendo a pelinha do dedão. –
- Quem é?
- null, vovô... – O velho hesitou o que fez menina suspirar. – null...
- Ah null! – ela se assustou a mudança de tom repentina do homem. – Querida, quanto tempo! Que saudades da minha menininha! – Hugo dizia sem parar; null, apesar de também sentir falta do pseudoavô, não deixou de notar a voz saudável e animada do velho que, pelos dados de null, estava doente de cama... –
- Sim vovô! Como vão as coisas? Tudo bem por aí? - null cruzou os braços apreensivo,chamando a atenção de null, ele não estava entendo nada, continuando na expectativa. –
- Nunca estiveram melhores! – riu, null forçou um sorriso, olhando diretamente para null, seu coração passou a bater estranhamente como se já previsse algo, null estava mentindo pra ela, null tinha quase certeza. –
- null está cuidando direitinho do senhor? – null fechou os olhos com força, mais uma vez fazendo null o olhar sem perceber. –
- Bem, a minha null sempre cuidou bem de mim, mas agora quem precisa de cuidados é ela! Ô garota teimosa! – o velho riu novamente, tornando tudo aquilo ainda mais macabro, o riso dele ecoava de maneiras ruins no corpo de null, justamente porque ela não sabia que merda ele estava falando, deixando-a atônita. –
- Sim, claro... Entendo. – Mentiu. –
- null está ocupada com os preparativos da festa de natal, você sabe como é aqui... – de novo aquele riso estranhamente saudável. – Vem pra cá comemorar com a gente, e ajuda a cuidar da sua amiga porque olha... – null engoliu seco dando um suspiro nervoso. –
- Pode deixar. Eu vou fazer isso. – Ela disse firme. –
- Estamos esperando! Se cuide minha garota! Feliz Natal!
- O senhor também vovô Hugo! – A chamada foi finalizada. –
Ela deixou o telefone cair dentro da bolsa, e com isso, seu olhar também, respirando fundo e nervosa para não dar um ataque ali. Era incrível como sempre tinha alguma coisinha pra estragar seu ótimo bom momento. null estava irreconhecível e pelo que aparentava, tinha um motivo que não era seu avô, e null iria saber o porquê, o que quer que fosse null não conseguiria esconder. null exalava desespero e nervosismo, sua mente borbulhava com mil e uma opções, tantas que ela se perdeu sem notar que havia dois garotos esperando por sua resposta ali.
- Ei? E aí? – null estalou os dedos na sua cara. –
- Eu vou pra Califórnia. – null arregalou os olhos assim como null, e ambos trocaram olhares confusos um para o outro, sem saber direito que dizer. –
- Você não pode ir pra Califórnia assim null, o baile é amanha e o natal daqui dois dias, você tá maluca? – Ela ouviu a voz de null ao fundo, sua mente trabalhava tanto que ela não conseguia raciocinar direito. –
- null, eu vou pra Califórnia. – null disse pausadamente, olhando diretamente nos olhos do garoto; Ele recebeu um olhar que nunca havia recebido na vida, seu corpo estremeceu pelos olhos negros e preocupados dela quase perfurarem o seu. –
- E vai jogar tudo pro alto assim? Isso é literalmente loucura! – Ele falou alto, dando dois passos até null que já juntava suas coisas, null acompanhava tudo quieto, pensando. –
- Eu joguei tudo pro alto quando conheci você, joguei minha vida pra mergulhar em você, imagina que eu não vou fazer isso com um mero baile de formatura e uma merda de confraternização natalina da Poison? Pela minha melhor amiga?
Certamente ela não notou o tom às pero que usou quando disse aquilo, mas apesar disso, null sabia que null não estava falando só por estar nervosa, talvez isso a tenha impulsionado, mas realmente, null tinha se jogado nele sem pensar no que perderia. Ele travou o ar nos pulmões a acompanhando guardar as coisas freneticamente na bolsa, e logo procurar seu casaco preto. O menino olhou para o relógio marcando 19:30 da noite, e provavelmente, ela pegaria o primeiro voo; null sabia que sua escolha era ir ou ficar, porque ela não ficaria, ele a conhecia muito bem.
- Eu vou com você. – null cortou o silêncio dando um suspiro nervoso. –
- Ótimo, a gente só tem que procurar a primeira passagem pra lá. – Assim que null terminou de pegar tudo, olhou null, ele ainda estava parado sério a olhando. –
- O que você quer que eu faça? – Ela o viu abrir os braços rendendo-se aquele olhar pidonho. null podia não ter dito nada, mas null a entendia, na mente dela, null suplicava pra que não fosse sozinha segurar o baque, mesmo com null, null era seu porto seguro. –
***
Os dois a deixaram em casa, da qual por sorte, Renê estava atarefada demais pra notar que a filha fazia as malas com uma rapidez incomum, colocando tudo meio amassado dentro da bolsa. null sabia que se esqueceria de algo, e que provavelmente iria ter que comprar lá ou emprestar de null, é que o desespero dela era tanto que não conseguia pensar; Se ligasse pra null ela provavelmente inventaria uma desculpa, uma desculpa que enrolara null por quatro meses! Novamente ela fez careta, indo até sua escrivaninha para procurar o carregador do seu celular, dentre as tateadas, null esbarrou em um envelope branco, ele caiu dentre seus pés e só então ela notou seu nome inteiro ali, lentamente e com um receio, null pegou aquele papel, virou e revirou e só então o abriu sem paciência.
“ Cara Gabriela null
É com grande prazer que a equipe Berkeley School solicita sua aprovação no curso de Fashion Merchandising fornecido e renomado da escola mais bem sucedida de Nova Iorque.
Para a finalização da matricula, seguem os seguintes requisitos abaixo: “
null parou de ler no mesmo momento, com as mãos tremulas sem reação alguma. A garota fechou os olhos sentindo o coração bater rápido, quase saindo do peito; Ela havia conseguido. Ela havia sido aprovada no melhor curso de Fashion Merchandising de Nova York! Desde que ela era garotinha sonhava com isso, sonhava com moda. null estava sorrindo sem perceber, lendo e relendo aquele papel, mas aí vinha o inevitável: Seu celular pulou em cima da escrivaninha já deixando clara sua foto e de null brilhando, com o nome dele em letras grandes e aquela musica que marcava sempre seu nome. O sorriso no rosto dela se desmanchou gradativamente, voltando à realidade, a garota estava tão extasiada com a sensação de ser aprovada que se esqueceu dos problemas ao redor; Ela ainda tinha que ir pra Califórnia, ela ainda amava null, ela ainda não estava pronta pra ficar sem ele e foi por esse motivo que sem mais delongas enfiou a carta dentro de sua bolsa, lá no fundo, pegou seu cachecol e foi ao encontro daquela missão às escuras com os dois garotos que já a esperavam, saindo de fininho para que Renê não a ouvisse. null preferia explicar quando já estivesse voando para Califórnia, sem volta.
- Que horas é o voo? – perguntou assim que botaram os pés para dentro do aeroporto. –
- Não foi fácil, mas com a ajuda do sexy appeal do seu namorado a gente conseguiu três passagens para às 22h00min. – null falou e null olhou no relógio, ignorando o fato de que toda maldita secretaria tinha uma queda por null; –
- São 20h30min. – Ela murmurou preocupada passando os olhos por todos naquele aeroporto, aquele tanto de gente correndo de um lado pro outro a fez ficar ainda mais ansiosa; null apertou os lábios e observou null toda perdida naquele casaco preto, enrustida no cachecol pelo frio de Londres de fim de ano, em conjunção com a neve. Olhou null passando as mãos nos cabelos conseguindo ter o olhar mais perdido que o de null; null tinha que fazer algo.
- Vamos comer algo antes de ir. – Sugeriu, atraindo olhares dos dois à sua frente; null o olhou de cima a baixo parecendo agora finalmente notá-lo e então se aproximar grudando na gola de seu casaco, por um instante ele se assustou.
- Tá agasalhado direito? – A menina alisou o casaco dele, parecendo sua mãe quando null saia sem agasalho, o menino sorriu a observando por cima, null estava tão freneticamente preocupada que chegava a ser extremamente fofo.
- Um casaco já está de bom tamanho null, relaxa. – Ela tornou o olhar para cima, null não conseguiu decifrar mas sentiu uma vontade súbita de protegê-la, algo fez seu coração apertar por olhá-la tão nervosa.
- Você tá levando outra blusa? Eu não sei se é frio ou quente, é uma praia então a gente tem que estar preparado pra tudo e falando nisso você tá levando uma...
- null! – null a segurou pelos braços sutilmente, fazendo um pouco de esforço para abraçá-la já que a mesma estava dura e rígida. – Tudo vai dar certo, confia em mim. – null alisou os cabelos da menina, a sentindo murchar em seus braços; Seguido disso, beijou os cabelos dela o que à fez fechar os olhos.
- Eu não sei o que esperar, nunca fiz isso antes. – null murmurou passando os braços pela cintura de null e entrelaçando suas mãos nas costas do mesmo. null apertou-a mais contra seu corpo fraternalmente. – Ela nunca fez isso antes...
- O que quer que seja, eu vou estar aqui com você. – null afastou minimamente seus corpos, procurando os olhos da menina, null engoliu seco sentindo os mesmos arderem de leve e por fim o abraçou de novo, recebendo outro beijo na testa, dessa vez bem demorado.
- Obrigada, null. – agradeceu num sussurro e um segundo após isso, sentiu null se afastar de novo, descendo o beijo pelo seu rosto.
null fechou os olhos se entregando ao outro beijo que sucedeu no canto de sua boca, e depois em seus lábios a fazendo sentir o peito inflar e entrar em um choque de calafrios contínuos. null não fez questão de aprofundar o beijo que deu nos lábios dela porque era mais carinho, ele estava morrendo de vontade de dizer que a amava, mas já que não tinha coragem o suficiente praquele momento, tentava demonstrar em atitudes, e aquela não era a primeira.
Ele desceu as mãos para a cintura de null fazendo o encaixe perfeito e a apertou; beijou seu pescoço, e seu rosto outra vez, enquanto null continuava agarrada a ele dentre todo aquele volume de casaco pela junção dos dois. null sentia a respiração da menina na cova de seu pescoço, quente e pesada, se eles não estivessem de pé, ele arriscaria dizer que null estava dormindo ali, realmente a menina estava viajando no perfume dele, e na segurança em que null transpassava, sem querer se soltar dele.
- Desculpa atrapalhar, mas a gente vai comer? – null perguntou baixinho fazendo null e null abrirem um sorriso e se desgrudarem lentamente.
- Tem um McDonalds aqui não tem? – null entrelaçou suas mãos nas mãos de null de imediato, pegando sua pequena mala e jogando nos ombros para que pudesse pegar as dela também.
- Não quero ninguém vomitando do meu lado! – A menina brincou enganchando-se em null para andar.
- É melhor você não comer então null. – null riu recebendo o dedo do amigo e uma risada gostosa de null. – Você é cheio de viadagem depois que come.
- Vomitar eu vou se continuar vendo essa melação de cueca de vocês dois. – null acusou revoltado.
- Invejoso! – null deu um soquinho no ombro dele. – Em doze horas você terá sua garota, então pare de reclamar!
- É o que eu espero. – null murmurou abraçando por cima dos braços de null a amiga; null cerrou os olhos percebendo que as pessoas olhavam para os três abraçados, andando juntos, null parecia ser escoltada por dois seguranças.
- Sai null. – null empurrou o amigo puxando null mais para ele; A menina riu sem querer ao ver null fingir uma irritação e tentar acertar um tapa na cabeça do amigo, e assim eles entraram numa pequena guerra, ignorando null ao meio.
- Parem com isso! – Ela protestou dessa vez tentando acertar os dois, mas não conseguiu, arrancando risadas.
- Tenta a sorte pequena. – null zuou a menina mordendo os lábios, null cerrou os olhos para ele e o acertou no ombro voltando a entrelaçar suas mãos e ao mesmo tempo em que fez isso, foi trocando uma serie de selinhos enquanto andavam.
Depois de bem alimentados, eles pegaram aquele voo de doze horas torturante. A Última vez que null havia entrado em um avião, fora depois de trair null, pensando e repensando em null e no beijo que havia lhe dado, não podendo imaginar o que viria após aquilo. Ela tentou-se à olhar null durante o voo todo, não havia conseguido pregar os olhos, seu coração não parava quieto; era uma conjunção: Sua aprovação na universidade de Nova York, null, null... Ela tinha em mente, naquele um mês do qual se escreveu que iria ser fácil ir porque nada estava a prendendo, pra ela, null havia acabado com tudo, e aí ela estava lá, de mãos dadas com ele, num voo suicida à procura de null. A cena simbolizava o que null sentia: Estava presa à null. Estava presa ao amor que sentia, estava presa à sensação, ao sorriso dele e não tinha a menor intenção no momento de deixar tudo de uma vez de novo e ir embora, porque ela teria que ir se realmente aceitasse.
O avião sacolejou fazendo os dois garotos ao seu lado acordarem, indicando que haviam chegado finalmente em Santa Monica, cidade praiana da qual os avós de null moravam; null observou null se ajeitar sutilmente na cadeira ao lado, seu coração apertou só de olhá-lo. null sorriu bem pequeno, com os olhos inchados ao ver null e da mesma forma lhe deu um selinho, ela engoliu seco e sem mais esperar, levantou-se da poltrona, tinha que parar de pensar naquilo, null estava ali com ela e era isso que importava. Precisava urgentemente aproveitar o momento, ela sempre sofria por antecedência e isso a matava aos poucos.
Os três seguiram juntos, com null enroscada em null e null ainda sonolento, mas visivelmente nervoso. Sem dizer uma palavra, eles entraram em um táxi qualquer e lá, se entreolharam ainda mais preocupados; null desviou à atenção deles para checar o celular; já eram dez horas da manhã, noite do baile e da confraternização da Poison, e o baile do seu pai: null! Ela havia se esquecido de completamente; Pelas contas de null, Renê deveria estar surtando porque o horário normal era as oito, e ela não estava lá. Assim que iluminou a tela do celular, null viu o esperado: Cinco chamadas perdidas de “Mommy” outras três de “ Daddy”, e mais três de “ null null“. null fez careta ao olhar aquilo, instintivamente indo fazer o mesmo que null.
- Eles vão me matar. – A garota sussurrou levando uma das mãos na testa e acariciou aquela parte, soltando um suspiro continuo.
- a mim também. – null mostrou a tela ainda bloqueada do seu celular, mas que continha três lembretes: Três chamadas perdidas de “ Renê Montez” e mais duas de “ Sr null. “
- Você botou o nome do meu pai de “Sr”? – null olhou para o menino tentando reprimir o sorriso.
- Eu tenho menos intimidade com ele. – null deu de ombros, desbloqueando a tela; null continuou olhando pra lá sem saber por que, sorriu de leve ao ver sua foto toda descabelada e espontânea da qual null havia tirado. Seu coração deu uma leve sacolejada e novamente, ela quis se bater por ter recebido à aprovação.
- Acho que chegamos. – A voz rouca de null fez null e null o olharem preocupados; Não importava quantas vezes null dissesse para null não se preocupar tanto, ou tentar relaxar, ele só ficava daquele jeito, rígido, e de certa forma null o entendia, se estivesse no lugar dele só ficaria relaxada ao ver com os próprios olhos.
- Tudo bem... Vamos lá. – A menina saiu do carro num impulso.
Os dois a seguiram assim que null passou a andar com sua mala no ombro, seus passos eram firmes até a porta e até lá, null estava ensaiando seu discurso autoritário para null; Estava pensando no que abordar, no que dizer, em como rebater às criticas de null sobre ir sem avisar, ou desconfiar dela, porque lá no fundinho, null tinha uma esperança de que não fosse nada, que fosse só uma interpretação errada da sua parte e que null só estivesse cansada de viver pensando e vivendo entre null e null, pressionada... Ou que mesmo o amando, isso não fosse suficiente. null pensava isso o tempo todo, mas não conseguia ser tão radical quanto null, ao ponto de ir embora por esse motivo, null achava que era loucura ir embora “se” fosse por esse motivo e era por isso que a demora pra abrir a porta à fez quase vomitar de tanta ansiedade.
- Meu Deus! – Uma senhora bem arrumada abriu os braços na entrada com um sorriso de orelha a orelha ao dar de cara com null. – É você mesmo? Peraí, null? – Diva, avó de null botou as mãos na boca realmente surpresa.
- Eu disse que viria... – null abriu um sorriso gradativo, soltando sua mala para abraçar a mulher que não via há muito tempo. Diva apertou a menina nos braços naquele típico abraço de avó e assim que a soltou, despejou vários beijos no rosto da menina, fazendo null rir.
- Eu não acredito que você está aqui. – Finalmente Diva a soltou juntando as mãos e só então olhando para a porta onde null e null estavam na mesma posição.
- É... Vovó Diva, esses são null e null. – null apontou para os respectivos nomes.
- Seus...
- Meus amigos. – null assentiu positivamente e olhou para null que fazia o mesmo para ela; Explicar para sua pseudoavó que mantinha uma relação disfuncional com null, de não saber o que eram um do outro mais se amarem, era complicado demais para uma mulher que estava acostumada à idade media compreender. Não que Diva fosse rígida nesse aspecto, mas a historia deles renderia um bom tempo que null não tinha naquele momento, ela precisava ver null.
- Vocês vieram pra festa de Natal também? – A mulher perguntou animada, acompanhando o olhar fixo de null e null um para o outro; Ela já havia sacado o que estava rolando.
- Dizem que é a melhor da Califórnia. – null brincou finalmente arcando um pouco para abraçar aquela mulher baixinha.
- E não estão mentindo garoto, acredite. – Diva acariciou as costas de null, indo até null.
- E então... Onde estão Hugo e null? – null pegou sua mala tentando não aparentar preocupada demais e a colocou no sofá, null acompanhou o ato da menina parando ao seu lado.
- Ah, mas que cabeça a minha! – Diva bateu na própria testa. – Me acompanhem, eles estão lá fora arrumando as tendas no quintal e a decoração pro Natal. – Ela começou a andar e fez um gesto para que todos a seguissem.
null foi primeiro, null atrás dela e null por último. Ambos andaram em um pequeno corredor até chegarem à cozinha; o cheiro de comida estava emanando no ar, um cheiro realmente agradável que foi quase imperceptível para os três, seus corações estavam batendo rapidamente. Diva escancarou uma porta de vidro que dava para o quintal e de costas, null conseguiu ver null, fazendo gestos frenéticos com as mãos e apontando para um vaso de rosas. Ao ver aquela cena, a menina relaxou o corpo dando um suspiro aliviado, queria correr até null e abraçá-la, bater nela por deixá-la tão preocupada, e desculpar-se por achar qualquer coisa que fosse da qual havia pensado, mas foi aí, com um grito frenético de Diva dizendo “ null, olha quem está aqui! “ e uma virada de lado brusca para olhá-los, que null parou imediatamente, como se houvesse batido em uma parede invisível e seu coração o fizesse junto. null travou os olhos quase arregalados para o mais improvável bem abaixo dos peitos de null: Uma bola redonda e parcialmente grande ocupava o lugar de sua barriga.
- Ai.Meu.Deus. – sussurrou para si mesma, levando as mãos na boca. Assim como ela, null arregalou os olhos tirando os mesmos da amiga, para null atrás dela. Ele parecia ter perdido a cor.
null estava branco e null temia que o amigo fosse sumir. Por trinta segundos os três não conseguiram se mexer, tirando null, ele só observava os dois à sua frente e trocava olhares incessantes com null e aquela barriga bem redondinha embaixo da blusa de manga cumprida azul extremamente colada ao seu corpo.
Aos poucos null desceu as escadas e caminhou pelo gramado ainda sem acreditar no que estava vendo, indo em direção à null; meio hesitante ela esperou os amigos. null salivava o tempo todo, estava perdido, seu coração parecia não estar batendo e ele tinha quase certeza disso porque seu cérebro não trabalhava, estava sem oxigênio. null teve aquele problema de superventilação, estava suando frio.
Assim que null chegou bem à frente de null sem conseguir fazer nada, só focou na barriga da amiga, era real, as mãos da menina tremiam e o coração de null estava a mil; lentamente as duas tiraram o olhar de lá para se olharem.
- Você está... – null entortou a cabeça com a boca tremula.
- Grávida. Eu estou grávida. – null respondeu firme, e depois franziu os lábios. – Eu sei o que vocês devem...
- null você está grávida. – ela balbuciou botando as mãos na boca e voltou a olhar a barriga da amiga, um meio sorriso surgiu por entre os dedos de null, que alternava o olhar de null para a barriga. – Meu Deus, Meus Deus... – murmurava.
- Eu sei. – null disse mordendo os lábios.
- Posso tocar? – null interrompeu fazendo todos os olharem; null acompanhou o ato do menino: Ele puxou sua mão junto à dele até a barriga de null. null sentiu a mão de null por cima da sua, quase entrelaçadas encostarem-se à barriga dela,sentindo algo se mexer lá dentro. O menino chegou mais perto, quase abraçando null por trás, talvez já prevendo o que viria; Ela sentiu os olhos se encherem de lágrimas assim como null, que a tapou a boca no mesmo momento, trocando olhares com os dois ali mexendo com seu bebe.
- Você sabia? – null virou bruscamente para null, e depois alternou o olhar para null. Ambos se olharam cúmplices sem dizer uma palavra– Porque você não me contou? – ela perguntou pesarosa e com uma quase raiva, tirando a mão da barriga da amiga e foi lentamente se recompondo.
- Porque você não me contou? – null falou pela primeira vez, após ter observado tudo aquilo. Tentou digerir o máximo e não desmaiar, isso era fraco demais, mas pelo numero de partes do seu corpo que estavam moles, ele não duvidaria.
- null... – null murmurou passando a língua nos lábios.
- Pelo tamanho da sua barriga é quase certeza que esse filho é... – O garoto parou no meio da frase, gaguejando pra falar. null deu um passo para trás, alternando o olhar entre null, null e null dessa vez.
- E o que isso importa? – A menina soltou um pouco alto, abraçando o próprio corpo.
- Como assim “ o que isso importa?” – null fez um gesto com as mãos, suas veias saltaram-se no pescoço fazendo null travar os lábios, denunciando que iria chorar. – Era meu direito saber! É meu direito; É meu... – O menino tremulou com os olhos marejados, soltando a mão desajeitada ao lado do corpo.
- Você tem uma vida pela frente... – Eles ouviram um tempo depois. null quis sair dali, mas era como se seu corpo estivesse pesado demais pra caminhar, era muita informação; quando viu, estava chorando sem saber, só sentiu que estava, quando uma lágrima escorreu lentamente e assim, null a abraçou por trás, apertando seu corpo no dela; Apesar da pequena raiva que sentiu dele, esqueceu-se de tudo naquele abraço gostoso.
- Essa é a desculpa mais ridícula que eu já ouvi. – null voltou a falar chegando mais perto; Sendo assim, null e null se afastaram ainda mais; Mais uma vez, para tentar fazer null relaxar, null beijou os cabelos dela.
- Eu não podia fazer isso com você. – null soltou o choro, fechando os olhos com força.
- Não, você não podia fazer isso com nós! – null respondeu a segurando pelos braços. – null, eu te amo, quanto tempo você vai entender que... Que eu...
- Que você aceitaria esse bebe? – null riu. null fechou os olhos, tombando a cabeça e apertando os antebraços de null, dos quais ela estava segurando enquanto ele a abraçava. – null eu sempre soube que você aceitaria!
- Então qual foi o problema? – O menino a olhou nos olhos.
- Fui eu! Eu quis isso! Eu quis criar essa criança sozinha, eu quis que você vivesse sem uma responsabilidade tão grande, que fosse pra universidade e cantasse como você adora fazer, sem pensar no filho que vai deixar ou, deixar de fazer isso... Eu te vi em Brighton aquele dia, eu vi o meu null cheio de sonhos. – impulsivamente null segurou o rosto do menino. – Como eu ia fazer isso com você?
- Eu te amo. – null falou firme, balançando a cabeça e dessa vez, segurou o rosto de null também. – Eu deixaria tudo isso sem pensar duas vezes por vocês null. Eu te amo, você não entende isso?
Logicamente não era intencional, mas os "eu te amo" repetidos de null e null um para o outro, olhando nos olhos, naquele contexto em si, fizeram null e null sentirem a mesma coisa. Ao mesmo tempo os dois se apertaram mais um contra o outro e fecharam os olhos, se tivessem planejado certamente não sairia tamanha sincronia. null soltou-se de null, deslizando sua mão pelo braço dela até que chegasse às mãos dela, lá ele às entrelaçou, começando a caminhar para dentro da casa novamente e puxando a menina consigo, eles notaram que aquele era mais do que o momento para deixar null e null a sós. Com uma última olhada, null viu null botar as duas mãos na barriga da amiga e depois olhou para o rosto todo molhado de null, sorrindo. Fora à última cena, antes que finalmente encontrassem Diva dentro da cozinha, olhando tudo pela janela.
- Aquele é o garoto? – A mulher perguntou com um meio sorriso, apoiada com as mãos em um dos balcões e null assentiu positivamente sorrindo sem mostrar os dentes; Lentamente, sentiu as mãos de null soltarem-se das suas.
- Ah, não. – Ambos olharam de súbito para Diva. – Não precisam fingir aqui. – Ela se aproximou dos dois. – Vocês são tão fofos juntos, não sei por que ainda estão fingindo. – null sentiu-a apertar seu ombro direito e enfim sair andando para outro lugar da casa.
- Eu também não. – null sussurrou; null virou-se lentamente para ele dando um aperto na mão do garoto e só depois a soltando por inteiro e assim que fez isso deu um suspiro longo, apoiando-se no balcão.
A explicação de tudo levou a tarde inteira. Para dar mais tempo ao casal, null se encarregou dos preparativos da festa de Natal, gritando incessante naquele quintal enquanto null a ajudava, e vez ou outra ia e a agarrava, dizendo quanto ela era chata quando mandava em tudo, e depois lhe arrancava um beijo. O tempo em Santa Monica estava gelado, quase nevando e pelas contas, provavelmente não iria nevar, o inverno era realmente frio por lá, mas não tão rigoroso quanto o de Londres.
Assim que null terminou de dar as últimas coordenadas, sentiu seu celular vibrar enlouquecido dentro do bolso, e só ao ver o nome “ Mommy” estampado na tela, notou que não havia aparecido ou dado noticias até aquele momento. Como iria explicar para Renê aquela tonelada de informações? Aquele era um motivo ótimo para null ter viajado, mas não havia como contar, então ela aguentaria a gritaria dela sem falar nada.
- Mãe... – null atendeu cansada. – Eu posso explicar.
- É bom que possa dona null! E é bom que você apareça aqui em trinta minutos ou eu vou decepar sua cabeça! – Renê esbravejou, sua literal irritação fez null engolir seco e parar o trajeto, no meio da varanda do quintal dos Linch.
- Mãe eu estou na Califórnia, nem se eu quisesse eu estaria ai em trinta minutos.
- VOCÊ O QUE? – Foi preciso tirar o telefone da orelha pelo berro que Renê deu. – null null o que você está fazendo na Califórnia? – Ela gritou de novo.
- Eu estou na casa dos avós da null...
- Ah, ótimo, Ótima explicação. – null ouviu o riso nervoso da mãe. – Eu vou te matar! – Ela disse entre dentes. – É a festa do seu pai null, você tem um baile hoje, e... – Renê deu um suspiro.
- null... – A menina completou baixinho, seu coração doeu só de pensar no que ele estaria imaginando sobre ela.
- Exatamente! – null fechou os olhos de novo. – Pare de ser ridícula e acabe com isso!
- Olha mãe, você já sabe onde eu estou, e eu não vou voltar antes do natal, talvez nem pro ano novo; Me desculpa. – A menina soltou rápida e intolerante. Não fora por querer, ela não faria nada com null para machucá-lo intencionalmente, ridículo era pensar que ela faria.
- É isso que você me diz?
- É isso que eu tenho pra dizer, mãe. – A menina deu outro suspiro. – Eu te amo. Avise o papai; por incrível que pareça ele pode ser pior que você, mas acredite, foi necessário...
- Ah claro, necessário fazer essa loucura irresponsável, que alias é a sua cara! – Renê disse ríspida.
- null? null está te chamando. – null abriu a porta de supetão e só depois viu que null estava no telefone, a menina o reprovou fechando os olhos, pesarosa.
- null está com você? – Ela ouviu a mãe perguntar com o tom grave; null virou-se de costas para null, botando as mãos na cabeça.
- Sim, ele está. – A menina respondeu e deu um suspiro. Houve um silencio continuo na linha até que Renê soltasse um bufo alto e cansado, parecendo não saber o que falar.
- Eu estou realmente... – A mulher ponderou, null pôde ouvir o estalar dos lábios da mãe do outro lado da linha. – Decepcionada.
- Me desculpe. – Respondeu; Mesmo que Renê não pudesse ver, null fechou os olhos por ouvir aquilo; embora no fundo ela soubesse que a reação da mãe iria ser aquela, ouvir na realidade mesmo com a mente preparada, havia a deixado triste. Renê sempre confiou no melhor que null poderia fazer, deixá-la no dia do evento mais importante dela realmente era um motivo bom para ficar decepcionada, apesar disso, null não estava arrependida, só estava triste. – Avise o papai mãe... Eu tenho que desligar. Te amo. - Sem receber resposta, a chamada foi finalizada, fazendo a garota encostar-se no batente da porta triste por alguns segundos, tentando se estabilizar novamente.
- Ei, tudo bem? – null a olhou preocupado; Ao levantar os olhos, null se deparou com os dele e ficou ali os olhando, ela estava presa olhando pra eles, praticamente hipnotizada, a diferença é que null queria olhar, queria se perder ali, queria esvaziar tudo aquilo olhando aquela imensidão dos olhos dele, e de certa forma isso a relaxou. – null?
- Eu acho que sim, eu não sei... É muita coisa. – A menina quebrou o contato visual acenando negativamente e emaranhando uma das mãos nos cabelos, fazendo isso, null a abraçou pela cintura, beijando sua testa. – Parece tudo muito surreal pra digerir. – ela se aninhou nele, encostando a cabeça do peito de null. Por meio minuto eles ficaram daquele jeito.
- Quer sair daqui? – null perguntou baixinho, sem se mexer. – Podemos ir conhecer a cidade, na verdade eu queria ir ver aquele Píer e já que null e null estão se entendendo... – A menina o olhou.
- null... – Ele viu null fechar os olhos logo depois com a cabeça erguida em sua direção porque ele era mais alto que ela. null ainda a segurava pela cintura, dando sustento, bem perto do rosto da menina.
- Oi?
- Me beija. – null sussurrou; null comprimiu os lábios num mínimo sorriso, se aproximando de seu pescoço exposto, e lá deixou um rastro de seu halito, que foi subindo, fazendo null arfar de leve, e só então voltar a deixar a cabeça reta, roçando seus narizes.
- Não precisa pedir duas vezes. – O menino sussurrou apertando-a entre seus braços.
null sorriu e passou os braços pelos ombros dele até que chegassem à nuca e se emaranhassem lá. null iniciou tudo com um selinho bem lento e molhado sentindo null amolecer ainda mais em seus braços. O coração dela foi parar na boca quando ele finalmente pediu passagem para que pudesse a beijar direito, cedendo quase que imediatamente, null ficou na ponta dos pés, o beijando lentamente, mas de maneira torturante; suas bocas começaram a fazer estalos altos, se desgrudando a cada cinco segundos para respirarem, null apertava a cintura dela com vontade e tendo em vista do calorzinho que estava sentindo, preferiu parar antes que tudo saísse do controle.
- Vamos pro Píer? – null roçou seus narizes arrancando um selinho dele; null assentiu positivamente sorrindo e grudou nas mãos de null, recompondo-se outra vez; Antes que saíssem da casa, disfarçando bem para que não recebessem perguntas, null observou o menino sério andando à sua frente e riu sem querer, chamando-o atenção.
- O que foi?
- Tá tudo bem aí? – Perguntou pretensiosa e viu null cerrar os olhos pra ela.
- Eu vou fingir que você não perguntou isso. – null voltou à olhar pra frente abanando a cabeça negativamente e por fim saindo da casa para a calçada.
Eles caminharam por dez minutos até que chegassem à avenida principal de Santa Monica, por sorte, a casa dos avós de null era apenas a dez quadras de lá. Não havia ninguém no parque, ou no Píer; também não havia ninguém na praia e nem no grande calçadão e a resposta era obvia: Era inverno e ninguém era louco o suficiente pra ir pra praia, embora null e null estivessem lá “turistando”; a brisa e o fato de estarem num local onde ninguém os conhecia fez com que ambos sentissem que aquela era a situação perfeita; seus corações estavam livres naquela cidade, as pessoas que os olhavam de fato só imaginavam o quão bonitinhos eram, sem botar aquele fardo cansativo de “serem o casal traidor”. Apesar de Londres ser enorme, só de saber que todo o bairro de Mayfair e todos os adolescentes das escolas da redondeza sabiam sobre a traição dos dois, porque era assim que se rolava no universo adolescente, tornava Santa Monica, onde ninguém os olhava com segundos olhos, um paraíso. Não era segredo pra ninguém que eles se gostavam e não precisarem mentir pra não magoar null era um peso a menos ali.
Por aqueles minutos – pelo menos vinte. – Eles chegaram à parte da areia e ainda com as mãos entrelaçadas e todo aquele vento batendo no rosto deles, ambos se olharam sorrindo com os olhos. A cena fez o coração de null bater a mil; Ela entrou numa nostalgia da primeira vez que o viu, de como encarou aqueles olhos e parecia ter sido encantada no mesmo momento. null lembrava-se perfeitamente de ter pensando que “ era impossível sorrir com os olhos, mas null fazia isso perfeitamente bem. “ E ele ainda fazia, ele estava naquela praia que lembrava Cancun, trazendo todas as sensações daquela noite, há quase um ano atrás, e por incrível que pareça, null sentia exatamente a mesma coisa de quando o viu pela primeira vez.
- No que você está pensando? – null entortou a cabeça com um meio sorriso para null.
- Eu já disse que...
- Eu sempre pergunto isso, eu sei. – Ele riu e null o olhou. – É que eu tenho uma necessidade de te desvendar.
- Desvendar o que?Eu sou um livro aberto! – A menina brincou e null apertou os lábios.
- O que aconteceu com “ eu sou uma incógnita”? – Ele sentiu um tapa atingir seu braço e logo null gargalhar, ao olhar o sorriso aberto dela, era como se seu coração tivesse apertado, mas de uma maneira genuinamente boa. Era gostoso sentir aquilo; Era aquela coisa involuntária que veio na sua mente de: Não querer estar sem ela nem mais um segundo.
- Bom... Você é o único que quer desvendar. – null piscou, brincando com suas mãos entrelaçadas e sentiu uma formigação estranha ao fazer aquilo.
- Único? ... – Ela o olhou torto e o menino riu. – Posso fazer a lista?
- Não começa null! – null riu e ele se desfez dela, caminhando de costas em frente à null porque ela não havia parado de andar.
- Vamos ver...
- null! – null aumentou os passos, tentando alcançá-lo, mas o menino desviou rindo.
- Primeiramente null null é claro. – Ele gritou e foi aí que null começou a correr ainda mais atrás dele, ambos começaram a gargalhar.
- Vem aqui! – Ela riu ainda correndo atrás dele.
- Depois... Tristan? Ou... Adam? – Após correr e não conseguir pegá-lo, porque null sempre se esgueirava dela, null parou no meio da praia rindo, sendo surpreendida pelo menino à agarrando por trás.
- Você pode parar com isso! – Ela caçou a boca de null, mas ainda presa entre os braços do menino, null virou-se de frente pra ele, travando uma lutinha entre fazê-lo calar a boca, e rir, até que sua barriga doeu e ela parou gradativamente, passando a língua nos lábios.
- null... – null sentiu o coração bater na boca, suas mãos fraquejaram levemente, mas dessa vez não havia nada que pudesse travá-lo, a situação era perfeita, e null estava perfeita, sorrindo com alguns fios de cabelo no rosto pelo vento;
- null null... – Ela sussurrou o imitando de maneira brincalhona; null sorriu mais uma vez puxando-a mais para ele e com o coração a mil, o menino procurou os olhos dela pra dizer o que vinha ensaiando há um tempo.
- Eu te amo..
Eles nunca haviam se olhado com tanto magnetismo como naquele momento. Seus olhos não se desgrudaram por um longo minuto. null tentava manter a respiração normal, embora seu estômago estivesse dando reviravoltas lá dentro; seu coração parecia ter parado, mas a sensação, por mais que descrita em partes parecesse ruim, em um conjunto com todo o corpo, era a melhor que ela já havia sentido na vida.
De momento ela quis rir, e ao mesmo tempo chorar. null conseguiu entender finalmente a expressão “lágrimas de felicidade”, afinal, isso nunca tinha acontecido com ela. Seus olhos marejaram levemente e null pode notar isso, sorrindo abertamente para a menina logo depois; ele não sabia o que esperar, mas ter dito finalmente o fez sentir-se livre pra dizer sem pensar duas vezes que a amava quantas vezes pudesse, ele queria dizer na verdade, mas estava com medo de assustá-la porque null continuava quieta com os olhos avermelhados.
- Meu Deus, me diz alguma coisa. – null riu engolindo seco; ele sentia brutalmente o peito subir e descer de nervoso.
- Como? – Ela perguntou e viu null juntar as sobrancelhas.
- Eu te... – O garoto foi repetir, mas ela o interrompeu.
- Não null... – null fez gestos com as mãos.
- Como assim? Não to entendendo? – null riu com o tamanho do ponto de interrogação na cara dele.
– Por exemplo... – ela começou descendo suas mãos que antes estavam apoiadas nos ombros dele, pelos braços que a seguravam, delineando toda aquela parte do bíceps até os antebraços; null acompanhou as mãos dela fazerem aquele caminho.
– Eu amo quando você me segura firme... Encaixando suas mãos na minha cintura. – A garota deu um aperto sutil nas mãos de null encaixadas realmente em sua cintura.
– Eu amo como você me olha, mas... Só por olhar, como se estivesse lendo meus pensamentos... Eu definitivamente amo isso em você.
– A garota sorriu, null fez o mesmo, seu coração começou a bater violentamente no peito. – Eu amo como você acorda com os cabelos bagunçados, mas continua lindo...
– null o olhou nos olhos, assim que o fez, null fez cara feia, e ambos riram de novo.
– Eu amo como você me beija... Como, eu fico totalmente fora de controle quando você está por perto...
– ela voltou a acariciar o corpo do menino, dessa vez subindo as mãos lentamente pelo peitoral dele.
– Eu amo como você sorri, e ainda mais quando sorri pra mim... – Por fim, null parou, segurando o rosto dele e o puxando-o sutilmente para ela. null pela primeira vez fechou os olhos, e quando null viu, fez o mesmo.
– Eu amo cada parte sua. – Ele sentiu a menina selar seus lábios delicadamente, puxando seu lábio inferior da mesma forma. –Eu te amo também... – Sem mais querer explicações, null sorriu aliviada.
- Eu devia ter formulado melhor minha declaração de amor. – Ele disse abrindo os olhos com piscadas pesadas, tomado pelo momento, o garoto encostou suas testas dando uma respirada longa; Era como se o sorriso não saísse do seu rosto, null ainda tinha os olhos fechados.
- Ah, cala a boca. – A menina reprovou-o rindo e voltando a olha-lo.
- Você tem noção de que acabou com nosso momento fofo? – null arqueou a sobrancelha.
- Tudo bem, me desculpa. - null passou a língua nos lábios. – Onde estávamos?
- Na parte em que eu tenho que te superar... – null fez careta e a garota riu acariciando o peitoral dele de novo.
- Ok. Você pode tentar. – Ela deu de ombros e null riu.
- Tudo bem. – Em um segundo, null se desvencilhou dela e ajoelhou à sua frente; null arregalou os olhos, gargalhando de arcar pra trás, entretanto, ela sabia que aquela era reação do extremo nervoso.
- O que você está fazendo? Levanta daí. – Ela cruzou os braços olhando para os lados, dois casais de velinhos que passeavam lentamente por aquela avenida direcionaram seus olhares para os dois; vendo aquilo null fechou os olhos abanando a cabeça.
- null null... – Ele começou sorrindo, um calafrio gostoso se instalou no estomago da menina naquele segundo. – Você aceita namorar comigo? Oficialmente... – null sussurrou a última frase. – Porque você sabe que namoramos há quase oito meses... – O menino fez um gesto com a cabeça que à fez rir;
- É sério?
- Não poderia ser mais sério que isso. – null tirou a chave que carregava de seu apartamento, girando para a parte do chaveiro em forma oval, que de longe parecia uma aliança e a ofereceu.
- Bem, vamos ver... – Ela fingiu pensar o que fez null bufar e depois continuou, arcando-se para ficar na altura dos olhos do menino. – Tecnicamente eu já sou sua há oito meses...
- null... – null rolou os olhos.
- É sério!
- É sim ou não, meu amor. – null apertou os lábios oferecendo mais uma vez sua “aliança” a ela.
- Você vai assistir filmes de romance comigo? – A garota reprimiu o riso.
- Se você assistir futebol, temos um trato. – null gesticulou com a cabeça.
- E fazer yoga?
- Ok, você está passando dos limites. – Por fim ela gargalhou
- Quanto romantismo null, e sim, eu aceito namorar com você, mesmo que eu já tenha feito isso indiretamente há um tempo. – A garota rolou os olhos, cruzando os braços.
- Porra, não achei que seria tão difícil. – null levantou-se fingindo estar cansado, viu null fazer o mesmo que ele e no segundo seguinte a isso, agarrou-a pela cintura; null entrelaçou as pernas na cintura dele impulso dado e colou suas bocas, sem se importar se tinha um casal de velhinhos os olhando, porque agora eles tinham realmente parado para observá-los, como se aquilo fosse um filme romântico, só que ao vivo.
- Temos plateia. – a menina sussurrou dentre o beijo. – E eles não vão gostar... – Mordeu os lábios dele de olhos fechados.
- Eles que se fodam, null.
null aprofundou o beijo logo passando sua língua na dela, vendo que null não estava hesitando, ele desceu uma das mãos para suas coxas, que por má sorte estavam cobertas pelo jeans, embora ainda desse para aproveitar aquela parte; ele apertou aquela região com força e voltou a passar a língua nos lábios dela. Em resposta null puxou com mais força seus cabelos da nuca apertando suas pernas entrelaçadas na cintura dele sentindo cada vez mais ser apertada nas coxas, sentindo que literalmente eles estavam passando dos limites para uma praia; Sabendo disso, null foi se soltando lentamente do corpo do menino, voltando a botar os pés na areia, mas ainda assim, torturou null por mais alguns segundos, segurando seu rosto e tomando conta de seus cabelos da nuca, sem parar de amaciar sua língua na dele, e de uma maneira nada sutil descolou seus lábios, ou então nunca pararia. Ambos estavam arfando, seus lábios estavam realmente avermelhados e um pouco inchados e por alguns segundos eles ficaram em silencio, tentando normalizar a respiração; e null, seu amigo lá embaixo, já que estava relativamente excitado com aquele inicio de pegação.
- Meu Deus. – Ele sussurrou sorrindo sadicamente desejável, pelo fato de seus lábios estarem inchados, null precisou se controlar pra não voltar a beijá-lo.
- Vamos voltar. – Ela fez um gesto com a cabeça e só assim voltou a olhar aqueles dois casais de velhinhos que ainda os olhava, agora sorrindo; Sem desviar à atenção do lugar null sorriu de volta o que chamou à atenção de null.
- Eles viram esse quase sexo o tempo todo? – null perguntou num sussurro, roçando seu corpo na parte de trás do corpo de null.
- Acho que sim. – Franziu os lábios.
null andou dois passos ao lado de null e fez reverencia, agradecendo à plateia que tiveram e logo então entrelaçou as mãos de null nas dele e puxou-a para andar; antes que começassem a fazer o caminho, ouviram algumas palmas vindas do mesmo lugar. null gargalhou alto com a cena e só então acenou bem pequeno e se enganchou em null que também ria iniciando a caminhada de volta. De alguma forma, o coração dela parecia estar flutuando dentro do peito, seu rosto parecia ter sumido, mas pela primeira vez, ela estava amando sentir isso.
Durante o trajeto de volta, eles não comentaram sobre nada, só ficaram juntos, a não ser pelo fato de que, antes de entrar na casa, null a puxou pelos ombros, beijando seus cabelos antes que eles entrassem em casa. null ainda estava com aquele pseudoanel no dedo anelar, girando aquela parte metálica e oval da chave de um lado para o outro no dedo. null estava sorrindo sem querer sorrir, seu coração não estava parando quieto de felicidade, era isso; Porque finalmente as coisas pareciam estar dando certo, mesmo nas circunstâncias mais erradas, foi lá que ela se encontrou. Era engraçado como sua vida rodava em torno disso. Ela estava lá naquela ação impulsiva onde não havia contado pra ninguém da loucura de viajar pra outro país sem aviso prévio, e com bônus ainda estar brigada com a mãe, ter deixado null, ter deixado o pai, mas mesmo assim, sentir que estava exatamente no lugar certo. Sentindo a coisa certa.
A noite chegou a Santa Monica sem ninguém ter notado, assim como o frio lascado que vinha da praia, com todo aquele vento; E na sala, estavam null, null, null e null sentados no sofá pomposo dos Linch, bem acomodados, assistindo um novo episodio de Supernatural, mesmo que null tivesse insistido para que null não assistisse por causa dos sustos, ela estava lá com um pote de pipocas em cima da barriga.
- Não fizemos formatura. – null comentou, jogando a cabeça para trás, nos ombros de null por estar sentada em seu colo; o menino tomou a cabeça para o lado, tentando enxergar rosto inexpressivo de null, olhando para o nada.
- Ainda não deixamos de estar formados. – null comentou num murmúrio; Todos se entreolharam por segundos, e logo depois soltaram risos altos.
- Cara, estamos oficialmente formados! – null soltou um gemido positivo no final, fazendo null rir.
- Yeah! – null levantou os braços; No momento em que fez isso, null levantou num impulso do sofá, levando-a junto com ele; null passou a gargalhar vendo a amiga agarrada com null comemorando sua formação, aos beijos e estalos com ele; Ambos só pararam de se beijar e se traçar rindo, quando ouviram um click e por fim olharam para null e null rindo com o celular dela apontando em suas direções.
- Vocês são tão fofos! – null afinou a voz, juntando suas mãos, fazendo mais uma vez com que todos rissem.
- Vamos fazer o nosso baile. – null estendeu a mão para que null levantasse do sofá, a menina em fez reverencia apenas com a mão, ainda rindo pela situação e levantou-se, enganchando-se em null, assim que o fez, null pegou null e assim os três foram até o quintal.
As luzes brancas natalinas ainda estavam ligadas para teste, então todo o local estava divinamente arrumado. Haviam algumas mesas distribuídas, e vasos de flores – sem flores ainda – em cima delas, apesar disso, as toalhas douradas já estavam arrumadas nas mesmas, e o pequeno coreto dos Linch, que era o marco da casa, também estava lindamente decorado com apetrechos natalinos, e até um papai Noel no canto dele.
Naquele pequeno corredor que as mesas faziam, null fez sinal para que os três amigos parassem; Eles observaram o garoto trotar os três degraus daquele coreto e fazer uma pose digna, apesar de estar de pijama – Lê-se, moletom –, arrancando gargalhadas altas de null e null; null que estava enganchado com as duas apenas acenou negativamente, reprimindo o riso.
- Caros formandos de 2015... – null começou humorado. – O momento que estamos vivendo agora é com certeza um momento muito importante da nossa vida e é por isso que devemos aproveitar.
Por aquele segundo, null e null tentaram ao máximo conter o riso, focando em null que fazia o mesmo:
– Que possamos aproveitar muito mais as salas de Física... Onde eu até acho que meu filho foi feito...
Ele olhou para null que escondeu o rosto nas mãos, null fez um gemido nojento fazendo null rir alto:
- Nossa jornada até aqui não foi fácil, disso todos sabemos. Encontramos muitas dificuldades e problemas que muitas vezes nos fizeram pensar em desistir.
As risadas cessaram quando o olhar foi movido à null e null, os dois apertaram os lábios vendo null fazer o mesmo, mas em seu olhar, um brilho ainda reluzir neles e então continuou:
– Mas é por isso que estamos aqui, nossa vida é uma “eterna jornada”, e a recompensa... Bom, a recompensa não se sabe bem o que é, mas é isso que nos motiva para seguirmos em frente.
Ele desceu um degrau piscando para os amigos; null sentiu aquela pequena emoção ao ouvir a frase, notando a real seriedade do discurso; Procurou as mãos de null, atrás das costas de null e assim, ambas entrelaçaram as mesmas, se olhando do mesmo jeito:
- Quem sabe logo à frente nos espera o amor da nossa vida. – Ele parou em frente à null; null se emocionou pela amiga, e recebeu um aperto na cintura, do qual ela sabia que era null, e assim que o olhou recebeu aquele sorriso com todos os dentes que ela amava:
– Ou então aquela chance que sempre sonhamos.
Os quatro definitivamente estavam com os olhos marejados sem perceber ao ouvir aquilo vindo de null, por isso eles se entreolharam com aquela sensação perfeita da brisa batendo em seus rostos e uma sensação indescritível; então por fim null terminou sorrindo:
– Então vamos fazer com que essa dança seja a primeira, e não à última, do nosso novo ciclo. Vamos foder literalmente esse quintal com nossos melhores passos de dança!
Os três amigos passaram a aplaudir null com direito a assovios e palmas longas, null riu de se curvar enquanto via seu namorado reverenciar como Morrison fazia; Eles sentiam seus corações baterem na mesma sintonia. Apesar de não estarem vestidos com roupas de gala, e aquele não ser o baile esperado, havia sido completamente melhor. Como literais crianças de oito anos, eles projetaram em volta de si, um baile e uma pista para que pudessem dançar, e entre as mesas, null puxou null pela cintura e escondeu-se em seu pescoço; lentamente a voz dele foi aparecendo dentre a cova do pescoço dela, cantando não tão baixo, mas realmente suave, a letra de Thinking out Loud:
When your legs don't work like they used to before
And I can't sweep you off of your feet
Will your mouth still remember the taste of my love
Will your eyes still smile from your cheeks
null curvou-se, estendendo a mão para que null fosse junto a ele e sem hesitar a menina aceitou, sendo envolvida rapidamente pelas mãos grandes dele tomando conta de toda sua cintura, e uma outra, em parte de suas costas; as mãos estavam subindo e descendo por aquelas regiões, e incrivelmente, sem forçar nada, null e ela haviam colado seus corpos, assim como seus rostos, sentindo a respiração um do outro em seus pescoços. null começou a mexer-se bem lentamente de um lado para o outro, guiando null, e assim como null, acompanhou o amigo na mesma melodia, cantando a segunda estrofe da música:
People fall in love in mysterious ways
Maybe just the touch of a hand
Me, I fall in love with you every single day
I just wanna tell you I am
Com arrepios contínuos, null sorriu também cantando uma parte da musica no ouvido de null. Inesperadamente, null fez um impulso, soltando null, e depois voltou-a da mesma forma para os braços dele, encostando suas testas na volta; os dois sorriram ao fazer isso, e numa melodia invisível, passaram a dançar sem quebrar a troca de olhares intensa que estavam tendo. null sentiu cada vez mais as mãos dele delinearem sua costela e cintura, de cima a baixo. Enquanto ainda cantava baixinho pra ela.
When my hair's all but gone and my memory fades
And the crowds don't remember my name
When my hands don't play the strings the same way (mm)
I know you will still love me the same
- Eu vou dizer o que eu mais amo em você.
null sussurrou, tentando mordiscar os lábios de null, a menina sorriu com o ato, e assim fechou os olhos, passando os braços pelos ombros dele. Eles ainda não haviam parado de dançar:
- Eu amo seu corpo. – null sorriu de olhos fechados; ao fundo ela ainda ouvia null cantar baixinho, a conjunção à fez arrepiar-se:
- Eu amo como minhas mãos tem liberdade e conforto ao passarem por toda essa área... – null desceu mais uma vez das costelas à cintura da menina, dando um aperto no final; null sentiu o peito pular:
- E eu amo ainda mais quando você sorri, me levando a acreditar que eu estou fazendo a coisa certa. – Ela soltou o ar, roçando seus narizes.
People fall in love in mysterious ways
Maybe it's all part of a plan
I'll just keep on making the same mistakes
Hoping that you'll understand
null sorriu para ela e mais uma vez afastou seus corpos, dessa vez fazendo null girar duas vezes o que fez a menina gargalhar e só então trazê-la para ele de novo; Dessa vez ele abraçou-a por trás, continuando a dançar no mesmo ritmo lento, só que agora com suas mãos entrelaçadas nas dela em frente ao seu abdômen. null sem se conter, outra vez fechou os olhos, deixando com que ele a levasse junto com seu perfume e a respiração quente em seu pescoço agora desnudo; null afastou os cabelos dela de lá, pra que assim pudesse depositar pequenos selinhos demorados, enquanto ainda murmurava a canção e a cheirava carinhosamente. null já não estava mais conseguindo controlar seus suspiros e arrepios, o que o fazia rir de satisfação.
Baby now
Take me into your loving arms
Kiss me under the light of a thousand stars (oh darlin')
Place your head on my beating heart
I'm thinking out loud
null passou a acompanhar null novamente na musica, girou null novamente e a colocou para baixo, subindo lentamente o corpo dela junto ao dele, e arrancando um selinho no final. A cena fez null rir alto, e null bater palmas, afinal, apesar de quererem dançar tão bem quanto os amigos, null não tinha flexibilidade o suficiente para tais acrobacias; Mas pra ela o que mais importava naquele momento era a infinidade que sentiu ao ouvir a mistura da voz de null e null numa mesma musica, tendo certeza de que era aquele o rumo que eles precisavam tomar.
- Isso foi maravilhoso. – Os quatro ouviram suavemente, e assim que olharam para a porta, viram Diva e Hugo, meio abraçados e sorrindo com os olhos brilhando.
- Gracias! – null brincou e fez reverencia junto a null, enquanto null e null soltaram uma gargalhada juntas.
- E a propósito: Eu adorei esses macacões de natal de vocês garotas. – Ele apontou para null de rosa e null de vermelho com alguns desenhos de Rena.
- Desde quando vocês tem isso? – null arqueou a sobrancelha ao perguntar isso à null.
- Desde os quatorze anos. – Ela passou a mão na barriga que por sinal, ficava lindamente delineada pelo pano do macacão;
- Como isso ainda serve em vocês? – null abriu a boca fingindo incredulidade; null revirou os olhos para ele e como resposta sentiu null rir mais perto que o normal, abraçando-a por trás e assim, fazendo impulso para que andassem dessa forma, juntos para dentro da casa. – Deve dar um trabalhão pra tirar isso aí né? – Ele sussurrou no ouvido da garota.
- Isso você vai ter que descobrir. – Sem saber como, ela foi carregada por ele rapidamente, e assim null jogou-a nos ombros, caminhando rapidamente para dentro da casa.
Diva e Hugo deram passagem para que ambos passassem também rindo com a situação, e juntos à null e null, foram para cozinha para que null tomasse seu chá antes de dormir.
- Boa noite senhor e senhora Linch! – null falou rindo, enquanto subia as escadas nos ombros de null.
- Se cuidem crianças! – Diva acenou ao vê-los sumir de sua vista.
- Nós iremos! – null falou os fazendo rir.
Assim que chegou à ponta de escada, null botou null no chão, e na mesma intensidade que fez isso a beijou sem aviso prévio, sustentando-a quando viu que null cairia para trás pela força do ato. null foi empurrando-a pelo corredor, procurando de todas as formas aquele maldito zíper do macacão, apesar de que, enquanto não o achava, entre os risos dela e dele, e os beijos contínuos e as chupadas que null dava nos lábios dele o provocando, null se limitava ao máximo, passando as mãos e apertando a cintura da menina, descendo-as sutilmente das costelas para cintura, e costas, até o cóccix.
null entrou no quarto rápido, e da mesma forma fechou a porta com os pés, voltando a procurar os lábios da menina; Sentiu as mãos dela se arrastarem por seu abdômen por dentro da camisa, o menino arfou com o ato, sorrindo e puxando mais uma vez o lábio inferior da garota numa resposta positiva; Só então null forçou para que a camisa dele saísse, sorrindo assim que ele o fez, passeou suas mãos pelo peitoral desnudo de null antes de iniciar outro beijo o jogando na cama. Ele acompanhou o ato dela subir em cima de si, segurando na cintura de null e apertou ali assim que a menina, ao invés de ir para seus lábios, passou a dar pequenos beijos tão suaves como sopros, em seu pescoço; null fechou os olhos, arfando e engolindo seco para não apertar demais a cintura dela, na qual suas mãos estavam depositadas com firmeza.
Por fim, tendo a certeza de que null não estava para brincadeira, observou-a ir lentamente até sua boca, transpassando sua língua pelos seus lábios tão deliciosamente como nunca antes, null se remexeu em cima dele, novamente descendo suas mãos por seu peitoral, e arranhando ali em câmera lenta; null fez ao mesmo tempo, suas mãos subirem pelas costas dela, sentindo-a arfar e amolecer; Aquela fora à deixa para ele. O menino trocou de posição, soltando todo seu peso assim que o fez em cima dela. null ansiava desesperadamente para que null tirasse suas roupas, e ele sabia que era só uma peça que o empacava e por isso o deixava quase entrando em colapso; Ainda procurando, null não deixou de continuar, dando seus chupoes nada sutis no pescoço da garota, que agora havia agarrado seus cabelos, e cada vez mais o puxava para ele por aquela região.
- null o que você tá procurando? – null perguntou, arrastando sua boca por todo o pescoço do menino, entre arfadas.
- A merda do fecho desse macacão! – Ela gargalhou ao ouvir aquilo, o que o fez parar um segundo para observá-la toda descabelada bem abaixo dele; ele realmente precisava tirar aquele macacão.
- Qual é a graça null? Eu to louco de... – O menino fez um gesto para as calcas e ela pode perceber o problema, sorrindo sem querer logo depois; null chamou-o com o dedo indicador, pedindo para que null se aproximasse, hipnotizado com a mordida nos lábios que ela deu, null sentiu os lábios da menina beirarem seu ouvido, ajudando ainda mais na sua excitação.
- O fecho é na frente... – A menina falou como se fosse o maior segredo do mundo; null se apaixonou pela forma inocente, pela voz inocente. null procurou as mãos dele e assim que achou, entrelaçou-as na sua, guiando as mãos de null por toda a extensão de seu abdômen até que ela se encontrasse entre seus seios, às botando onde iniciava o fecho do macacão. – Você ainda não aprendeu? – Ele ouviu assim que olhou null a milímetros de seu rosto, olhando diretamente em seus olhos brincalhões.
- Acho que achei minha professora. – O menino passou a língua nos lábios, descendo lentamente aquele zíper; null ainda sorria quando ele terminou de abrir, tirando dela toda aquela roupa de uma vez só.
Ele não tinha noção de como, mas soube não só naquele momento, que amar null era a melhor coisa que vinha fazendo, não só pelo corpo e pelo jeito inocente de o fazer se apaixonar todos os dias por ela, mas pelo sorriso que o fazia perder o juízo, toda vez que ela botava no rosto, mesmo que sutil, inacreditavelmente desejável. null só depois de olhar bem para sua garota, sua namorada, e sentir aquela coisa pulando nele, voltou a beijá-la, só que dessa vez, com muito mais carinho do que antes, amando-a como ela deveria ser amada.
Acordar naquela manhã não estava sendo uma tarefa fácil, null tinha cochilado duas vezes entre seu despertar, antes que finalmente abrisse os olhos com a certeza de que precisava sair daquela cama, só que, ela não conseguia. null estava ao seu lado jogado, com aqueles cabelos bagunçados e o rosto incrivelmente angelical; null o observava dormir incrédula, pensando meticulosamente em como ele conseguia ser perfeito até dormindo. Sua respiração falhou ao lembrar-se da noite anterior, como sempre acontecia quando os dois dormiam juntos, era de praxe, null sentia seu corpo todo leve, e naquele dia especialmente porque ela tinha certeza do que os dois tinham agora. null poderia intitular e pensar naquele segundo que null, seu namorado, estava deitado ao seu lado. Não era mais algo que ela não sabia distinguir, aquela disfunção, entre estar confusa sobre isso e com medo do que pudesse vier a ser.
Ela girou o corpo para o outro lado, focando na janela e nos barulhos do lado de fora, onde provavelmente os Linch estavam alvoroçados pela festa de Natal da qual quase toda a família que sobrara e amigos vinham, inclusive alguns vizinhos; era realmente uma grande festa, uma festa que null precisava ajudar, ou se não null teria um parto prematuro, porque ela sempre ficava louca em véspera de festas.
Com um impulso, null levantou da cama apenas de lingerie, caminhando toda sonolenta e mole pelo quarto. Ela conseguiu sentir o vento gelado vindo da fresta, já matutando em sua cabeça sobre o que vestiria, até que sentiu duas mãos a puxarem com força de volta pra cama, pressionando parte de suas coxas; null caiu por cima de null, e assim, foi abraçada por trás enquanto sentia os lábios dele, mesmo fechados, se arrastarem por seu pescoço, assim como seu nariz.
- null eu preciso levantar. – A menina murmurou de olhos fechados; o perfume de null já estava em alta no quarto, e em seu corpo; com a aproximação ele ficou ainda mais forte a deixando extasiada.
- Não precisa não. – Ele sussurrou com a voz grossa e sonolenta, aquela de quem acaba de acordar, derretendo null por completo.
- Eu preciso... – A menina se aconchegou em seus braços e null fez o máximo para ajudá-la, iniciando uma linha de carinhos que subiam e desciam pelo lado do corpo de null; null alternava suas mãos das coxas aos braços dela, com também beijos no ombro da garota. null estava sem reação diante daquilo. Ela só suspirava e sorria de leve.
- Então porque você não está fazendo esforço algum pra sair? – null beijou o rosto da menina.
- Porque você é gostoso demais namorado. – Respondeu brincando e enfim, virou-se de frente para null que incrivelmente, mesmo com os olhos inchados, tinha um sorrisinho e um brilho encantador nos olhos. null sem dizer nada, se aproximou lentamente dela, afastando os cabelos do rosto da menina e os colocando atrás da orelha.
- Fala de novo. – null passou o nariz nos dela, quase a beijando.
- Namorado? – null brincou sussurrando e logo depois apertou os olhos; Aquela ação dela foi suficiente para que null fosse atrás de seus lábios, encaixando perfeitamente um no outro, dando a sensação nítida de sempre de que eles eram perfeitos um para o outro. null subiu as mãos para o rosto do menino, acariciando antes que quebrasse o beijo. Sua língua ainda brincava com null, e com a intensidade do beijo null sabia onde iria acabar, por isso o parou com selinhos, pulando da cama pra longe.
- Volte aqui! – null resmungou se jogando para pegá-la; Assim que o fez caiu da cama; null observou o garoto pelado e caído no chão com aquela cara de cachorro que “caiu” da mudança.
- Cobre essa bunda branca, null. – null riu, caminhando para o banheiro, null cerrou os olhos para ela, ficando finalmente de pé e assim fez uma pose.
- Você ama essa bunda branca, não seja hipócrita. – Ele respondeu dando passos suaves e achantes até null, assim que viu o garoto se aproximando ela tapou o rosto se afastando a medida que null chegava perto. - Porque tapar os olhos se você já me viu assim inúmeras vezes? – null fez um gesto confuso com as mãos, parando novamente em frente a null.
- Na cama é diferente. – Ela respondeu com os olhos ainda tapados. null sorriu de lado; Ele sabia que de todas as maneiras, que talvez ele só fosse tão apaixonado assim porque null era infinitamente inocente, por mais que não parecesse, ela era. null a amava por ser assim. Ele não conseguia acreditar em como era sortudo por tê-la.
- Ok. Então não olha pro meu... – null abriu uma fresta dos dedos, mordendo os lábios. null abanou a cabeça negativamente chegando mais perto, e assim, colou seus abdomens desnudos a puxando pela cintura. null riu alto com isso. – Foca em mim...
- Estou tentando. – null tirou as mãos da garota dos olhos dela, e assim null o viu sorrindo, sorrindo tanto que até se esqueceu da graça bem perto de suas pernas.
- Foca nos meus olhos. Ou no meu sorriso... null eu não sou só um pedaço de carne ok? Não é só meu... Amigo que importa. –Ela começou a rir tão alto que null riu junto, roubando um beijo dela entre o riso.
- Desculpa.
- Eu não tenho só um pênis.
- null é impossível não olhar... Quer dizer... – O menino riu safado, empurrando-a sutilmente para o box.
- É um imã não é? - null se avermelhou, e notando isso, null a abraçou.
- Cala a boca. – Ela ligou o chuveiro, deixando com que a água caísse sobre os dois.
Assim que encontrou a família lá embaixo, null não parou um segundo. Foi o tempo de tomar uma xícara de café, e comer aquelas panquecas deliciosas de Diva, e então ela voltou ao trabalho com null, tentando deixar tudo organizado e ajudando a mulher a fazer inúmeros pratos, apesar de alguns seres encomendamos.
Como toda tarde de véspera de Natal, as mulheres não saíram da cozinha, enquanto null, null e Hugo saíram misteriosamente de casa por algumas horas; Era perceptível a felicidade estampada no rosto de null; aliviado, assim como null. Ambas estavam rindo de coisas pequenas, e toda hora se olhavam como se só nesse olhar já contassem que tudo estava dando certo. Era como se Santa Monica tivesse salvado suas vidas.
- Sabe o que eu vi... – null começou baixinho, assim que fechou o forno onde o último bolo havia sido posto pra assar. – null e null comemorando juntos... – A garota sorriu de orelha a orelha; seguindo o ato, null apoiou-se no balcão.
- Ele está tão... Feliz.
- Eles estavam pulando e null dizia “ Eu vou ser papai cara! “ – null viu a amiga sorrir com os olhos marejados. – E eu não sei o que aconteceu comigo, ou com o Ethan, eu só sei que... Ele chutou.
- É UM MENINO? – null gritou botando as mãos na boca e depois alternou o olhar para a barriga da amiga, levando a mão até lá.
- O exame chegou hoje... Eu fiz uma bateria deles, e me perguntaram se eu gostaria de saber. – Ela olhou para null. Ambas se abraçaram pela primeira vez, verdadeiramente após aquele ano todo cheio de confusões.
null se soltou nos braços da amiga, assim como null fez, quase chorando nos ombros dela. Elas ficaram por um tempo indefinido sem dizer nada, apenas abraçadas, como quando pequenas, como costumavam ser; Aquele ano estava tão louco pra elas que aquele estava sendo o único momento normal e antigo que elas sempre haviam mantido. O abraço só se encerrou, porque Ethan chutou e null riu, soltando-se de null com os olhos marejados.
- Ethan?
- Eu e null estávamos conversando... O único nome em concordância foi esse.
- Vocês são complicados.
- Não tanto quanto você e null... – null riu e null fez o mesmo, só que com segundas intenções.
- Ele me pediu em namoro.
- O QUE? – null riu batendo palmas, null fez o mesmo, e assim tapou os olhos.
- Eu me sinto tão aliviada. Agora eu, pelo menos, tenho certeza de uma coisa.
- E qual é?
- Eu o amo.
***
E lá estava null, perdido em null andando de um lado para o outro, só de calcinha e sutiã à procura de vestidos, e depois calcas, e depois voltava para vestidos... Ele mal estava olhando para aquilo naquele momento. null estava perdido em null, em sua namorada andando de um lado para o outro, plenamente satisfeito de finalmente poder chamá-la de namorada, de poder ter seu ciúme no direito certo. Não que ele fosse possessivo, mas que pelo menos pudesse deixar claro que null e ele estavam em um relacionamento. Na verdade não era nada que null pudesse explicar, ele só estava bem, estava realmente bem, porque sabia que não tinha o porquê de esconder ali, ou haver resquícios, mesmo que tivesse posto em sua mente que dali em diante nada, nem null, iria fazê-lo ficar com um pé atrás. null e null estavam num patamar maior do que aquele, de ter medo de mostrar finalmente o que sentiam. Ambos sabiam que fora um tempo cansativo, e tirar toda aquela pressão do corpo, naquela praia, fora a melhor coisa que eles podiam ter feito.
- Que horas são? – A menina saiu do banheiro já vestida.
- Sete horas. – null olhou no celular e viu a garota virar-se de costas para ele.
- Fecha o zíper, estamos atrasados. – Ela afastou os cabelos. null levantou para fazer aquilo, fechou lentamente e depois disso, deu um beijo nos ombros de null a vendo se arrepiar instantaneamente; ele adorava causar isso nela. null era sua fraqueza.
- Esse vestido ficou bom? – null girou nos calcanhares, e depois fez uma pose intrigada. null observou-a bem; Nos pés ela vestia um scarpin preto casual, seu vestido era colado ao corpo na cor vinho, tendo uma só manga longa também colada no braço. Não havia detalhe algum, a não ser por marcar cada detalhe das curvas de null; ele ia até metade das coxas e nas costas, um detalhe em transversal numa faixa, deixava aquela região absurdamente convidativa.
- Maravilhoso. – null assentiu positivamente depois de um tempo.
- Você hesitou. – Ela travou os olhos preocupados nele.
- Não, eu só estava te observando. – Ele a puxou pela cintura. – Na verdade eu estava pensando na cena de nós dois, descendo juntos sem precisar esconder nada. – null roubou um beijo dela; null ainda abraçada a ele, ajeitou a camisa social vinho, da mesma cor que seu vestido, nas golas, e depois se afastou o olhando se cima a baixo.
- Estamos combinando? – null riu e depois entortou a cabeça.
- Eu quis te imitar sabe? – Ela se jogou em cima dele, dessa vez passando os braços pelo pescoço do menino, e ali eles ficaram trocando pequenos beijos carinhosos, e roçando seus narizes, enquanto null se divertia em brincar com suas mãos pela cintura de null, entre subir e descê-las pelas costas dela, até a parte nua, sentindo o corpo da garota; null se contentava em sentir o perfume mais aguçado de null, o beijar estava sendo uma distração muito grande.
- Ei... Vamos descer? – null abriu a porta de supetão arregalando os olhos logo depois. – Wow, desculpa Lads.
- Já estamos descendo. – null virou-se subitamente, por último ela ajeitou os cabelos e estendeu a mão para que null a acompanhasse, e assim os dois foram, já ouvindo o som lá embaixo, um Jazz bem calmo e gostoso para a ocasião.
No mesmo momento em que isso acontecia, quase como previsto, null viu ao longe sua mãe, seu pai, null, null e null entrarem, e irem se apossando daquele pequeno grupo de gente que chegava. Ela não sabia se null havia notado, ou se ele estava sabendo lidar melhor do que ela, mas ela sabia que boa coisa não iria surgir; atrás dela estava null com seu barrigão, e null. Eles pareciam estar sendo esperados para o açoite, já que Renê assim que a viu, parou para esperá-los, assim como John e os amigos, incluindo null com os olhos travados e alternados em direção aos seus olhos, e suas mãos entrelaçadas nas de null. Seu coração que antes estava calmo voltou à preocupação normal de ter que pensar no que iria falar, com isso veio à culpa por null, e todo aquele peso outra vez, null sabia que isso era horrível, mas talvez não fosse à cidade e sim as pessoas que a cercavam, talvez pelo tanto de mentiras, mal entendidos, ela não sabia explicar, o que tinha certeza naquele momento é que, não queria mais sustentar aquilo e não iria, aquela noite seria a última da qual precisaria mentir sobre algo para não magoar alguém.
- Eu juro que eu posso explicar.. – Fora a única coisa que saiu da boca da menina assim que chegou perto daquela turma, null tinha os olhos travados e é claro, sabendo que aquela barriga seria o assunto em questão, null e null se emponderaram, só com suas posturas, fazendo todos tornarem seus olhares brevemente para eles
- Eu sabia. – null arqueou a sobrancelha para a mãe.
- Você também?
- Eu sabia por que o que você fez foi exatamente o que a Suzuna fez, quando eu fiquei grávida de você. – as amigas engoliram seco.
- Grávida? – John deixou um sussurro transpassar no meio da conversa, seu queixo tremulou um pouco antes de abrir um sorriso incrédulo no rosto, porem ainda sim, seus olhos brilhavam; não era nada comparado com decepção como null e todos imaginaram o tempo todo.
- É o que essa coisa redonda indica não é? – null acariciou a barriga
- Nossa... – Ele passou a mão no queixo segurando seu espanto, ninguém soube entender o que John estava sentindo, não faziam ideia, por isso null sorriu e depois sem querer cruzou seus olhos com os de null, se assustando com a fixação de null nela, sem desviar.
- AI MEU DEUS, VOCÊS ESTAO AQUI! – Diva interrompeu tudo, abraçando John e Renê, sem nem esperar resposta, ela puxou os dois de lá, deixando apenas os amigos juntos e olhando um pra cara do outro.
-Quando vocês vão parar com essa mania e fugir? – null perguntou um tempo depois e soltou um bufo entristecido; null trocou o peso das pernas assim que ouviu.
- Foi de última hora. – null falou primeiro fazendo um gesto com a mão.
- Então... – null sorriu aos poucos. – Quantos meses? – Ele chegou perto de null; antes de tocar na barriga da menina ele trocou olhares com null, que logo assentiu positivamente.
- Quase cinco. – A garota sorriu ao sentir null acariciando sua barriga; Aquele já era um alívio a menos, porque por fim, null não tinha mais aquela raiva súbita pelos dois, ou a magoa, talvez ainda estivesse sobrando as lembranças meramente ruins do acontecido; Mas nada em comparação aquela barriga linda e redonda de null.
Em menos de segundos, sem nem notar, eles já estavam rindo entre eles e fazendo piadinhas; Como se tudo estivesse voltando ao normal, afinal, ver null e null brincarem um com o outro novamente era estranho mas, incrível. De fato, depois de tudo, null e null há algum tempo ainda que envolvesse algum assunto com null, se estranhavam, mas naquele momento em si, eles estavam genuinamente bem. Apesar de tudo, de toda aquela confraternização, e dos amigos bebendo, null estava vendo em câmera lenta, ele tentou com toda sua força não se abalar, e até que estava conseguindo, antes de ver null abraçar null ao seu lado e passar as mãos com toda liberdade do mundo por aquela cintura, arrastá-las por aquela parte milímetros acima da bunda dela, e assim, ela sorrir para null e deixá-lo fazer aquilo, o olhando como costumava olhá-lo. Sem conseguir se conter, ele saiu andando até a cozinha sem nem mesmo avisar, seu corpo estava quente, ele poderia arriscar que coçava; definitivamente ele não queria chorar ali, por isso pegou o máximo de cervejas que conseguiu e saiu em direção à praia, era isso, ele precisava digerir, e finalmente entender que null não era mais dele.
Durante aquele tempo de null sumido, pela primeira hora ninguém havia realmente notado, apesar de null perguntar inúmeras vezes pelo amigo, null era adulto o suficiente pra saber o que fazer ou não, todos ali sabiam o motivo do sumiço, mas preferiam não tocar no assunto, todos ali sabiam que null precisava de um tempo sozinho pra pensar. Esse foi o tempo para que também, nos esbarroes, null identificasse o pai. Ela devia explicações pelo ocorrido, havia o deixado na mão, mesmo sabendo que a barriga de null já explicava tudo; tudo que null queria era conversar direito com seu pai. Assim que chegou perto do grupo de pessoas das quais John conversava, o homem virou-se lentamente para olhá-la, acompanhou o olhar da filha até que null chegasse bem perto de si, para só então virar-se.
- Acho que precisamos conversar. – Ela falou baixinho, trocando olhares com as outras pessoas, esse ato foi necessário para que elas saíssem de perto rapidinho.
- Você acha? – null soltou o ar, cansada.
- Eu não sei nem por onde começar pai...
- Comece pelo fato de null e você descerem juntos daquela escada como um...
- Casal? – null apertou os olhos; John e ela se observaram por longos segundos até o homem relaxar a postura e finalmente deixar sua taça de espumante de lado, para puxar null para um abraço, fora um alivio para seu corpo sentir seu pai lhe abraçando outra vez; null quis chorar, não recebia tal carinho do pai com aquele desde que Paris aparecera.
- Eu quero que você seja feliz. – John alisou o cabelo da filha, ambos fecharam os olhos do mesmo jeito, abraçando um ao outro. – Mas que, antes disso, seja sincera com todos ao seu redor. – Ele se afastou para olhar nos olhos da menina; null estava com os mesmos levemente avermelhados.
- null... – A garota bufou cansada.
- Eu entendo que você esteja completamente apaixonada por esse garoto, e incrivelmente, null é um ótimo rapaz, mas leve em consideração o fato de que você namorou o null por um ano null.
- Eu sei, eu sei! – A garota abanou os braços frenética. – Esse é o problema pai, como eu vou dizer que eu...
- Eu preciso falar com você. – null olhou de relance para a porta, conseguindo ver null daquele jeito que ela odiava: Os olhos avermelhados, cabelos desgrenhados, e com certeza, com um rio de palavras e magoas sobre ela.
- Eu vou procurar sua mãe. – John fez um gesto com a cabeça e saiu de cena, deixando null e null naquela mínima cozinha; Apesar de que, havia uma janela imensa com vista para o quintal.
- Estou ouvindo. – Ela se apoiou no balcão e viu aos poucos, null dar passos cautelosos até ela, a cada um dado, seu coração passava a pesar mais, null gostava de null de uma maneira diferente, ela tinha um carinho gigante, então aquilo a quebrava em pedaços, saber que o motivo de null estar daquele jeito era ela.
- Eu fiquei olhando isso em todas as bancas, o dia todo. – null acompanhou as mãos de null erguerem uma revista; estampados na capa, null e null estavam lá com tocas natalinas, os narizes se roçando e sorrindo um para o outro. A reação foi clara: Como eles haviam ido parar lá? –
- O que é isso?
- Isso é você mentindo pra mim outra porra de vez! – O garoto atacou a revista no balcão, perto de null. Com o impacto ela travou os olhos nos dele, prendendo a respiração. –
- null, eu não menti...
- Não mentiu? – Ele entortou a cabeça chegando um pouco mais perto, seus olhos se avermelharam instantaneamente, fazendo com que só então, os de null acompanhassem-no na mesma. – Era demais pra você me dizer que não me amava mais? null era... – null parou no meio da frase, passando as mãos nos cabelos.
- Eu realmente te amo null! – Ela bufou jogando os braços; aquele ato foi o suficiente para null desviasse sua atenção para o local, do quintal, olhando para dentro da cozinha onde ambos estavam. null pode perceber pelos olhares e gestos que null e null estavam discutindo. Instantaneamente seu coração apertou; Não que não confiasse em null, mas da última vez que ambos estiveram juntos, null e ele ficaram um mês brigados.
- Para com isso! – O garoto aumentou o tom, indo ainda mais em direção a null.
- Mas que droga null! – Ela fez o mesmo, se aproximando mais dele, seu ápice de irritação havia subido, mas ainda assim, null se comovia toda vez que olhava em seus olhos. – O que você quer ouvir?
- A verdade null, eu quero a verdade! – null começou em passos lentos em direção aos dois, preocupado cada vez mais com o rumo da conversa de ambos;
- ÓTIMO. – A garota jogou os braços, travando os olhos duros nele. – Eu te amo, essa é a verdade! – null riu raivoso, dando um murro no balcão. – Eu te amo mesmo, com todo meu coração, mas não do jeito que você quer! – null gritou, null fechou os olhos engolindo seco, parando pouco antes da entrada da cozinha.
- Você está sendo ridícula! – null jogou os braços, caminhando de costas para null; Aumentando ainda mais sua irritação.
- Sabe o que é ridículo? – null apontou o dedo em direção a ele, fazendo null virar-se e observá-la como se estivesse a desafiando, aquela fora a deixa. – Eu me sentir ruim por conseguir finalmente ser amada como alguém deve se amado!
- Você está dizendo que eu... – O garoto gaguejou nervoso, enquanto via null crescer mais e mais diante de si.
- Eu estou dizendo que eu o amo e ele me ama, e eu não aguento mais viver me escondendo porque você não consegue aceitar que eu estou feliz! – A garota suspirou cansada, seu coração doeu por um instante de alivio. – Você não consegue entender? Eu o amo null, eu sou completamente apaixonada por ele, independe se ele seja seu melhor amigo ou não, eu não consigo deixar de amá-lo, e é claro, eu também te amo, mas não...
- Não mais que ele. – O garoto completou a sentença; Assim que a olhou, viu null o olhando sem dizer nada, mesmo que seu olhar fosse obvio. null tombou a cabeça acenando negativamente varias vezes.
- Você queria a verdade. Essa é a verdade. – null falou após alguns segundos; null ainda não tinha entrado na cozinha, mas estava prestes disso, com medo do silencio continuo vindo de lá; Embora estivesse quase soltando fogos por ouvir null anunciar seu amor por ele, null ainda era seu melhor amigo, null ainda estava com um pesar sobre como ele iria encarar aquilo tudo. –
- Pelo menos agora, eu vou sofrer por algo que é real. – null passou as mãos nos olhos, null sentiu o peito afundar ao ouvir aquilo, vendo-o logo sair como um furacão de lá; Cansada, a garota se apoiou com as duas mãos no balcão, cedendo ao cansaço, e ao mesmo tempo, ao alivio.
Por um pequeno tempo ela ficou por lá desacelerando sua mente daquela briga; fora cansativo, mas um peso a menos; Agora ela tinha outro problema pra resolver. null puxou aquela revista para perto, dessa vez observando melhor sua foto e de null. Eles estavam estampados na capa da Poison, o que levou null a pensar em como aquilo era loucura, se todas as fotos com os verdadeiros modelos já haviam sido tiradas... Folheando mais algumas folhas, null encontrou mais três páginas de uma matéria com fotos suas lá, logo identificando o dia. Ela bem que podia ter desconfiado do tal fotógrafo enquanto havia só os dois e ele naquele estúdio; No entanto, null não podia deixar de pensar que aquelas fotos estavam lindas. Ele conseguiu tirar a verdade de um momento em que ambos achavam estar sozinhos, em como eles agiam quando não havia nada do que se preocupar. Em uma delas, null a abraçava de costas, rindo, em outra, null brincava com sua toca natalina, e na última, null conseguiu lembrar exatamente do momento, null a ensinando a dançar.
- Você viu... – Ela ouviu por trás uma voz de veludo invadir seus ouvidos e aos poucos virou-se, encarando Renê parada a poucos metros dela.
- É, eu vi. – null levantou a revista, mesmo que fosse bonitinho, Renê se quer havia a comunicado.
- Eu devia ter te avisado sobre isso, mas você fugiu e eu não consegui noticias suas por um dia inteiro. – A mulher apontou para a revista, encostando-se no balcão a frente de null.
- E mesmo assim você nos fez ficar na capa! – null olhou novamente para a foto.
- null, eu queria algo verdadeiro pra Poison. – Renê começou, pegando a revista da mão da filha. – Tem algo mais verdadeiro do que o amor de vocês? – null olhou novamente par a revista; Renê fez o mesmo e sorriu.
- E os modelos? Mãe isso foi loucura, essa foto está sendo distribuída pra Londres inteira! – A mulher riu mais uma vez; se ajeitando.
- Os modelos têm outras páginas. A questão é que, você conhece o Julian. – Ela acompanhou a mãe folhear a revista novamente. – Tudo estava certo pros garanhões estamparem a capa, quando Julian resolveu fotografar vocês no estúdio. Foi tão de repente, ele chegou me dizendo “ Renê, temos uma nova capa. “ E voi a lá! – Ela sorriu; null ainda estava boquiaberta, sem saber direito o que dizer.
- Isso foi ideia do Julian?
- Muito antes dos modelos, Julian tinha conversado comigo sobre vocês; Disse que observava você e null desde o começo, e até me perguntou se vocês não aceitariam uma sessão só pra teste, mas, no outro dia vocês brigaram. – Por fim a mulher desencostou do balcão, botando uma mecha de cabelo da filha para trás. – Eu sei que esse deve ter sido um problema e tanto pra você quanto ao null, mas eu realmente acho que isso caiu como uma luva, eu não aguentava mais te ver fingindo.
- Eu também não. – null fechou os olhos ao sentir a mãe beijar levemente sua testa.
- Vamos pra fora, já é quase meia noite. – A menina assentiu, indo abraçada com a mãe.
Não demorou muito para que null se esquecesse de todo aquele problema, não que tivesse sido fácil, mas era tanta gente dentro da sua cabeça, fazendo milhões de perguntas sobre null, ou sobre sua vida em Londres, que null voltou seus pensamentos a planejar boas respostas e ser simpática, embora ainda assim, olhasse para os lados a cada cinco minutos tentando encontrar null em algum lugar.
Após ouvir toda aquela conversa, e null saindo transtornado da casa, null não pestanejou em ir atrás; null não pensou, ele não sabia o que null poderia fazer, apesar de saber que o amigo não era tão tonto a ponto, ninguém sabia o que alguém podia fazer em poder da bebida. Assim, null seguiu o amigo sem ser notado por pelo menos duas quadras, até que null percebesse. Ele parou de súbito, o que fez null fazer o mesmo; Assim, ouviu um riso estranho vindo de null, e logo o garoto virar-se com os olhos murchos e avermelhados, mas ainda assim, não estava chorando.
- Ah claro! – Ele bateu palmas. – Você ouviu né? - null passou a língua nos lábios.
- Eu queria saber se você ia ficar bem. – null riu outra vez, dando dois passos em direção à null, sem se mover, o garoto ficou lá naquela aproximação perigosa com um null atormentado de raiva, uma raiva que provia provavelmente dele.
- Você quer saber se eu vou ficar bem... – null sentiu as palavras saírem dentre os dentes de null, o garoto trincou os maxilares e os punhos; e null já prevendo a reação, preparou-se para o pior. – Bem sabendo que você tá comendo minha ex? Que alias, eu amo... – Ao ouvir aquilo, null sentiu sua veia da testa pular, mas mesmo assim se controlou, abanando a cabeça. –
- Ama? – O garoto entortou a cabeça, indo ainda mais para cima de null; Ambos soltaram faíscas ao se olharem. – É assim que você se refere à garota que você ama?
- Vai me dizer como eu devo ou não tratar a null? – null sorriu raivoso. – Você não tem o direito de duvidar sobre o quanto eu a amo ou não.
- Isso tá mais do claro que não é amor null. – null fez gestos irritados com a mão, apontando por fim o dedo para null. – Você não à ama. Você simplesmente não quer ficar sozinho, ou talvez ela só tenha sido boa pro seu ego; ela te fazia sentir-se bem com sua vida miserável. Mas você não a amava, porque você não deixa ir quem você ama.
- Ah claro. Eu me esqueci de que estou falando com o cara que sabe como amar alguém... Que por sinal, nunca namorou na vida ou sabe o que é isso. – null cuspiu irritado. Por um segundo null pensou que null iria avançar nele, naquela distancia mínima, ambos conseguiam sentir as respirações pesadas e descontroladas um do outro, de raiva, como dois búfalos. – A única experiência que teve foi à namorada do melhor amigo.
- Quando você vai entender que ela não é mais sua? Que ela não é e nunca foi de ninguém null? – null perguntou indignado; null trincou ainda mais seus maxilares. –
- Você acha mesmo que eu vou escutar um cara que nunca amou na vida? – Ele viu o amigo rir debochado, e mesmo que a intenção de null fosse abalá-lo, null sorriu de leve, finalmente relaxando à estatura. –
- Eu aprendi da melhor forma possível. – disse baixo e calmo. – Eu aprendi a ser amado, amando. Aproveitei a chance, e definitivamente nunca a deixaria ir, eu não deixei, e a prova viva é de que estamos juntos agora e você não pode fazer nada sobre isso. – null apertou os punhos no mesmo segundo, levantando um dos braços para acertar o rosto de null, que nem por um segundo se afastou ou fez algo para revidar, só ficou olhando o amigo quase explodindo à sua frente. –
- Como eu posso ter te considerado meu melhor amigo? – null apertou os lábios e null fez o mesmo dando um suspiro angustiado. –
- Você tem que entender que isso não tem nada a ver com nós dois ou é pessoal. – null finalmente se afastou um passo. – Isso não se trata de nós três, se trata de uma coisa muito maior do que eu ou ela... Mas se te faz bem, ou te conforta pensar isso ou qualquer merda que seja sobre nós, faça isso! Me bata, me odeie, mas não vai mudar nada sobre o que sentimos um pelo outro. No fim do dia, ainda vai se tratar sobre nós dois, só de nós dois e algo que não pudemos controlar.
null abriu os braços, cedendo ao fato de que iria deixar se abater por null; Porque, tudo o que disse era verdade, null iria continuar amando null e o considerando seu melhor amigo, afinal, aquilo não era nada relacionado a ele, não era uma relação a três, era só um amor entre ele e null que null precisava superar. E lá no fim, ele mesmo sabia que tudo aquilo era verdade, tão verdade que null parou, quase chorando, quase chorando junto à null, porque ambos tinham as mesmas expressões. Ambos sentiam falta um do outro; null sabia sobre aquela coisa maior, pelo tempo em que null fora seu melhor amigo, por lhe conhecer tão bem, não conseguia colocar na sua cabeça que null pudesse amar sua garota, mas ele amava, o que deixava claro o que null disse; ele nunca faria nada à null se não fosse tão maior do que ele. null realmente a amava muito melhor do que null poderia amá-la, e ao constatar isso não conseguiu dizer nada, ele só ficou calado, com os olhos inchados de tanto segurar o choro.
- Chega disso. – null falou baixo indo até o amigo. – Vamos voltar, já é quase natal null. – O menino sorriu entristecido.
- Você não entende... Você...
- Você realmente não é obrigado a me ver com ela, mas essa é realidade agora. Ou você fica ou você foge como sempre fez. – null acenou com a cabeça, retrocedendo seus passos. – Eu vou estar aqui quando você voltar ao normal.
Não demorou muito para que null seguisse null, ainda respirando fundo para tentar eliminar aquela respiração descompassada e seus olhos avermelhados. Assim que ambos entraram na casa juntos, quase que lado a lado, todos os olhares foram voltados a eles, todos os olhares que sabiam da história. null tinha os olhos fixos nos de null tentando pedir uma explicação meio desesperada, mas null apenas abanou a cabeça, e logo que a virou para o outro lado, encontrou null parada no meio daquelas pessoas, virada para ele, com um copo de champagne em mãos e também, aquele olhar preocupado. O garoto caminhou para lá lentamente e da mesma forma, enganchou uma de suas mãos na cintura dela, guiando-a para um pouco mais longe de null, já que null sentia as coisas arderem por null olhá-los tanto.
Definitivamente ele não iria ser tão maldoso a ponto de provocar null com null ali, na frente dele, mas também não iria fingir que ele e ela não estavam mais do que bem juntos.
- Me diz que vocês não tiveram aquela... – null botou as duas mãos nos cabelos assim que null e ela tomaram uma distancia considerável do grupo de amigos, na cozinha especificamente.
- Não foi uma briga. – Ele fez um gesto com a cabeça vendo a garota relaxar a estatura, embora null parecesse ainda horrivelmente preocupada com eles.
- Porque você foi atrás dele? Você conhece o null, sabe que isso é demais pra ele.
- Ele tem que entender null! – null aumentou um pouco o tom vendo a garota o olhar séria.
- Você ouviu, não ouviu? – A resposta dele foi passar a língua nos lábios; sendo assim ela fechou os olhos, apoiando suas duas mãos no peito do garoto. – Eu o amo null. – Assim que ela abriu os olhos novamente, null estava a encarando inexpressivo.
- Eu entendi que você o ama. – O garoto proferiu após alguns segundos, parecendo desconfortável. – Eu entendo, eu não quero que você pare de falar com ele, ou te obrigue a não amá-lo null, eu realmente entendo que vocês namoraram por um ano, e eu respeito de todo o coração, mas agora é a vez dele. Somos praticamente adultos, null está agindo como uma criança que não tem o que quer, e que não vai ter. – null deu um suspiro no final; null o olhava prestando atenção em cada palavra, seu coração pareceu bater melhor após aquele momento, o melhor de tudo, era que pelo menos um naquela merda toda era sensato em relação a toda aquela confusão.
- Eu sei de tudo isso. Mesmo assim, vai com calma com ele. – A garota subiu os braços pelo peitoral de null, fazendo um caminho lento com eles até a nuca do garoto; eventualmente seu corpo se juntou mais ao dele nessa ação e assim, null abraçou-a com uma das mãos pela cintura, já que a outra estava ocupada por uma cerveja.
- Com você pedindo desse jeito, eu viro a pessoa mais calma do mundo. – null soltou um riso baixo, roçando seus narizes antes que fizesse o mesmo como os lábios, sentiu a mão de null apertar ainda mais sua cintura, trazendo-a mais para ele.
- Até parece. – null roubou um selinho dela, enquanto ambos sorriam.
- Eu te amo. – null fechou os olhos indo em direção à boca do garoto, seu coração palpitou, em vista de que precisava se acostumar com null dizendo “eu te amo” sem ficar tão fisicamente abalada daquele jeito.
- Eu te amo também. – A garota sussurrou entre seus lábios, null sentiu o halito quente dela, antes que suas bocas colassem uma à outra, e assim eles iniciaram um beijo calmo, mas não muito longo.
No mesmo segundo em que descolaram suas bocas, uma explosão de “Feliz Natal” ecoou pela casa, o que fez ambos desviarem os olhares para a fresta da porta, da qual podia se ver um pouco da sala onde todos se abraçavam animados e emocionados.
Sem pensar, null virou para null a abraçando de tirá-la do chão; soltou sua cerveja na bancada para que pudesse sustentá-la com todo seu corpo, a garota ergueu um dos pés, cheirando o pescoço de null. Ambos ficaram abraçados por pelo menos um minuto, acariciando um ao outro durante o abraço. Seus corações batiam alto, assim como suas respirações. Era mais do que um abraço; null botou todas as suas forças nele, mais certa do que nunca de que não podia deixar null, alguma coisas realmente gigante, uma força gravitacional fez com que ambos não quisessem se soltar, fez null e null sentirem uma necessidade um do outro; Fora como se tudo se tornasse eterno naquele segundo.
- E clique! – John apareceu do nada, o que fez gradativamente os dois se soltarem. null viu os pais parados lado a lado sorrindo com todos os dentes para ela e null, enquanto uma Polaroid saia da maquina velha de Hugo, que era amante de fotografias. – Podemos pendurar no álbum de família? – John fez menção de entregar a foto para null, mas assim que suas mãos se encostaram, o homem puxou a filha para um abraço apertado, e da mesma forma puxou Renê.
- Feliz Natal. – null ouviu Renê sussurrar durante o abraço. Os três estavam emaranhados, e o mais engraçado era que, John e Renê estavam mais abraçados do que ela neles, e por esse motivo, a garota se desvencilhou de maneira imperceptível para olhar os pais; -
- Feliz Natal sogrinhos. – null abriu um sorriso brincalhão; Renê gargalhou ao abraçá-lo, apertando-o entre seus braços enquanto o garoto agia como um verdadeiro príncipe; null teve certeza naquele segundo que precisava se casar com null um dia. –
- Tome cuidado com suas palavras garoto. – John chegou mais próximo assim que Renê se afastou, apertando a mão de null, e depois o puxando para um abraço. null riu junto à Renê da cara que null fez pela ação inesperada, embora parecesse radiante pela aprovação definitiva de John. –
- Eu tenho sua benção pra namorar sua filha, certo? – null arqueou a sobrancelha ao se afastar de John; -
- Vocês não estão fazendo isso há oito meses?– John piscou para null, dando as costas para o menino junto à Renê. null virou-se para null da mesma forma que o pai, e viu o garoto gargalhar e correr até ela para abraçá-la, já direcionando os dois para a sala. –
Eles deram a volta na sala cumprimentando todos sem saírem um do lado do outro, a não ser quando chegaram a null, null, null e null. Apesar de null estar mais pra lá do que pra cá, assim que null chegou nos amigos, não pensou duas vezes, os cinco se olharam entre si e se abraçaram em grupo, pulando e chamando à atenção de todos os presentes da festa. null e null riram e se entreolharam antes se abraçarem, null deu uma passadinha na barriga de null antes de deixar o abraço, dando um beijo no rosto da amiga no final.
Quando eles viram, já era mais de duas da manhã, Diva já tinha servido todos os pratos e praticamente todos haviam engordado quatro quilos naquela noite. Por estarem fartos, null e null saíram para o quintal já vazio, com apenas uma mesa ocupada por John, Renê, e mais dois velhos amigos deles, null, null, null, null e null acompanharam o casal, e por fim todos se sentaram nas escadas daquele coretinho da casa dos Linch.
null, pela primeira vez, esqueceu-se de null naquele grupo de amigos e não sentiu resquício algum ao se sentar entre as pernas de null, aconchegando-se nos braços do garoto no intuito de que ele a esquentasse, já que a brisa estava fria. null abraçou-a logo depois, apoiando sua cabeça no ombro da menina.
- Quem diria que iríamos acabar passando o natal aqui? – null cortou o silencio, virando sua garrafinha de cerveja. –
- Nossa vida nunca foi tão complicada e surpresa como esse ano. – null disse fazendo uma careta, null sorriu e concordou enquanto os outros garotos viravam suas cervejas quase que ao mesmo tempo. –
- Como foi o baile? – null perguntou; Dentre os três amigos que estavam lá, os três riram antes de responder a pergunta. –
- Foi um desastre. – null abanou a cabeça. – null e null concorriam à rainha do baile, junto com a Samantha e a Estacy.
- O que? – As duas se entreolharam de imediato, arregalando os olhos; -
- Você só pode estar brincando. – null disse incrédula. –
- null, você e null ganharam.
- O QUE? – As duas gritaram em uníssono mais uma vez, agora botando as mãos na boca; null riu alto no ouvido da garota, apertando-a entre seus braços, e dentre ele, lhe deu um beijo mais forçado que o normal na bochecha que fez null estapeá-lo de raiva. –
- Isso é impossível! Só existe uma rainha. – null ouviu a amiga acenar negativamente, fazendo um gesto com as mãos. –
- Foi um empate. Você estava ganhando, mas depois que a null tirou a roupa no meio do corredor, tudo mudou.
- Você o que? – null tapou o rosto, só de lembrar-se da cena seu rosto se avermelhou. – null null!?
- Bom, pelo numero de assovios que eu ouvi de quase, todo o time de futebol, não era pra menos. – null comentou arrastado, null tomou a cabeça para trás, fitando null desgostoso por também se lembrar, o garoto levou a garrafa na boca de súbito fazendo null desviar à atenção –
- Até agora eu não entendi o que aconteceu. – null disse baixinho. –
- Acredite. Nem eu. – null respondeu no mesmo tom. –
- É só eu ficar longe que você perde o juízo? – null perguntou indignada, mas não obteve resposta sonora de null, foi só um olhar para ela entender tudo. –
- Os jogadores ficaram fodidos com o null. – null riu alto, null virou bruscamente para ele, arrancando ainda mais risadas dos amigos. –
- Eu quero que eles se fodam, null. – O garoto respondeu irritado enquanto os amigos ainda riam. –
- Meu Deus... Não saiam daqui.
null saiu correndo dos braços de null para dentro da casa, fazendo todos se entreolharem; Mesmo assim, eles iniciaram uma conversa aleatória por dez minutos, até que viram null voltar com embrulhos nas duas mãos, assim que notaram do que se tratava, os primeiros a gritar foram null e null, levantando a cerveja no ato e da mesma forma, arrancaram olhares divertidos da mesa onde Renê, John e seus amigos estavam sentados.
- É por isso que eu te amo troublemaker. – null puxou null para um abraço antes mesmo de a garota lhe entregar o presente. –
- Eu sou demais mesmo, seria loucura não me amar. – null brincou, beijando null no rosto avidamente. –
- Ok. Menos. – Ele soltou da garota; Sendo assim, null entregou o pacote para cada um, incluindo null, que sorriu meio desconcertado, apesar de todos terem-na abraçado, ele foi o único que agradeceu apenas com um sorriso carinhoso e um olhar. null sentiu-se mal porque não seria ridículo a ponto de achar ruim null abraçá-la, no entanto ficou em silencio quando isso aconteceu. –
- O último, mas não menos importante... – A garota estendeu um embrulho brilhante para ele; null puxou-a pela cintura, apenas abraçando null em meio a barulhos de embrulho sendo desfeito, se soltando apenas quando null deu um gritinho afinado. –
- Você é demais! – null piscou para a amiga mandando um beijo para a mesma, enquanto chacoalhava sua bola de cristal, daquelas com água dentro, enfeitada por uma cabine telefônica vermelha, e um boneco de neve. –
- Eu não tinha muitas variedades, comprei no free shop no aeroporto antes de vir pra cá. Foi como se tudo fosse planejado, acabei comprando pra todo mundo, e realmente todos estão aqui. – null voltou a sentar-se entre as pernas de null, mas agora menos jogada nos braços dele. –
- Foi por isso que você demorou tanto no “banheiro’? – null juntou as sobrancelhas e recebeu um joinha de null. –
- É incrível, eu queria muito um desses pra minha coleção. – null desembrulhou seu José Cuervo, o abraçando em seguida, todos riram com o ato. –
- Um caderno de música. – null sussurrou não intencionalmente no ouvido de null o que a fez virar-se para ele rapidamente com um meio sorriso no rosto; null observou o mesmo, e o abriu. Não tinha nada demais, mas null sabia exatamente o que ele significava. –
- Você era o único do qual eu fiquei com dúvida. – null deu um suspiro. – Então eu quis dar algo que eu acho que significa muito pra você, e pra mim também... Não é nada demais, mas...
- null, eu amei. – null a olhou sorrindo, tanto com os olhos como com a boca, sua expressão à fez ficar sem palavras. –
- Tem certeza?
- Claro! Eu, eu te amo. – null disse mais alto que o normal a abraçando novamente, com um pouco mais de força do que da última vez, distribuindo beijos em null que ria enquanto ele fazia aquilo. –
Os quatro viraram-se ao mesmo tempo para os dois assim que ouviram null proferir as três palavrinhas tão esperadas, mais precisamente, null, null, null e null. Era uma surpresa para eles ouvir null falar aquilo. Justo ele que sempre dizia que não amava fácil, que seria difícil cair nessa, que pra ele amor era uma questão de escolha; agora falando alto e em bom tom que amava null, quem eles menos imaginavam. null não queria abater null, mas foi inevitável não sorrir ao ver aquilo, ambos se entreolharam, e assim que o fizeram, brindaram juntos – menos null – tentando não comemorar tanto.
Se null acreditava mesmo que amor fosse uma escolha naquela circunstancia, e depois de tudo que havia passado, só havia uma resposta que chegava quase perto disso: O amor havia escolhido ele.
Não demorou muito para que todos entrassem, inclusive Renê e John. null não deixou de observar a aproximação bruta dos pais, tão íntimos; Algo familiar soava naqueles dois, talvez seu reflexo. Pouco tempo depois de null insistir que null entrasse pela friagem que só aumentava, por causa do bebe, os outros amigos acompanharam. E os últimos foram null e null, ficando totalmente sozinhos naquele quintal. null até queria seguir todo mundo, mas null não à deixou ir, antes que a garota se levantasse, o menino fez pressão com os braços pra que ela ficasse, e aquilo foi o suficiente para que a menina quase cochilasse em seus braços até que null estivesse seguro de que todos tinham entrado, ou que pelo menos, null tivesse pegado no sono.
- null eu estou morrendo de sono. – null murmurou se aninhando ainda mais a ele. –
- Tudo bem, acho que já está tudo limpo. – O garoto falou no mesmo tom; Num impulso, ajudou null a levantar, ainda mole por ter cochilado em seus braços, posicionando-a em frente a ele. –
- Tudo bem senhor mistério, pode acabar com isso pra podermos ir dormir? – null sorriu ajeitando os cabelos, que estavam levemente bagunçados; null sorriu de lado o que deixou null desconcertada. Aquele tipo de sorriso ela conhecia, sua coração falhou por um segundo. –
- Eu não te dei meu presente naquele momento... – O garoto começou; null apertou os olhos pela maneira estranha da qual null falava. –
- Não faz mal...
- Me deixa continuar. – null a reprovou, ele se calou por um segundo e depois passou a língua nos lábios pra continuar. – Eu não te dei seu presente naquele momento porque não era propicio, mas eu queria muito. – Ele revirou os bolsos, tirando uma caixinha de lá. null engoliu seco, trocando olhares com os olhos de null e a mesma. –
- O que é isso? – Ela tentou esconder a estranha animação; null não respondeu de imediato, mas abriu a caixinha em frente à null, revelando um anel prata, nele era possível notar um pingente pequenininho como detalhe. –
- Sei que pra oito meses de namoro, deveríamos realmente ter uma aliança, e realmente iria ser uma aliança... Só que ai eu achei esse anel que é a sua cara. – null sorriu e null fez o mesmo. Por fim o menino retirou o anel de lá, delineando com o dedo aquele pingente; era uma tesoura minúscula também prateada. –
- Uma tesoura? – A garota fez o mesmo que ele, no mesmo momento null puxou a mão de null sutilmente,encaixando o anel em seu dedo anelar. –
- Sei que seu sonho é fazer moda. – null voltou a olhar null, dessa vez se desvencilhando totalmente de garota, por aquele segundo a menina lembrou-se da carta, seu coração latejou no peito com medo de que null soubesse, se perguntando se deveria contar. – Hugo e null me ajudaram nessa... Por isso demoramos.
- Você está se superando hoje null. – null gaguejou, indo até ele para um abraço; null não era besta, naquele abraço ele sentiu o desconforto dela, meio tremula em seus braços, mais para rígida, então assim que entrou em contato com seus olhos novamente, tentou encontrar algo que explicasse seu nervosismo repentino. –
- Gostou? – O garoto juntou as sobrancelhas e viu-a abrir um sorriso, mesmo que fosse lindo; ainda desconfortável. null enganchou seus braços nele, arrancando um selinho rápido e molhado. –
- Você é maravilhoso. – ela disse baixinho, olhando diretamente nos olhos dele. Talvez por conhecer tanto um ao outro, null sabia que aquela era sua uma artimanha para fazê-lo desencanar, e realmente, resolveu fazer isso; ela estava tão irresistível que era uma perda de tempo entrar num questionamento naquele momento. –
- Eu realmente sou. – O garoto brincou, beijando-a novamente por dois segundos; null sorriu durante o mesmo, o quebrando. –
-E agora você está sendo prepotente. – A menina franziu o nariz. null lhe roubou outro beijo longo. –
- E você tem que tratar sua bipolaridade meu amor. – Ambos voltaram a se beijar com sorrisos satisfeitos no rosto. –
***
Na semana que se correu com todos os presentes lá, tudo parecia estar dando parcialmente certo. null não estava cem por cento, sempre estava pensativo, sempre com uma cerveja na mão, mas parecendo aceitar cada vez mais a situação, afinal, não tinha como não aceitar, null estava aprendendo na dor. Seu estomago se revirava quando via null e null juntos naquele mesmo bando, com as mesmas pessoas, ele revivia as cenas em sua mente como calidoscópio; Suas mãos nas dela, os sorrisos dela. null via tudo de longe como se seu coração fosse se partindo cada vez mais, cada pedacinho fosse caindo, e mesmo sabendo que após aquilo, tudo indicasse que ele iria esquecer null não tinha tanta certeza.
Apesar da dor de, naqueles dias seguintes, com os outros tudo rolava na perfeita beleza, a não ser que, naquele dia de ano novo onde tudo estava uma correria, null quase teve um infarto ao ver seu pai e sua mãe sentados na mesa dos Linch, junto à Renê e John.
Assim que os viu, o menino parou de súbito fazendo null que estava atrás parar junto a ele.
- Mãe... – A mulher acenou positivamente com a cabeça, só assim null percebeu do que se tratava, tendo a mesma reação que null, a menina sentiu o pai do garoto quase fuzilá-la com os olhos. Agora null entendia o que null passava com John. – Pai...
- null null. – A voz grossa do Senhor null transpassou pela cozinha; null começou a se aproximar dos pais com cautela. –
- O que vocês estão fazendo aqui? – O garoto engoliu seco. –
- Como “o que estamos fazendo aqui? “– A mãe dele esbravejou, fazendo um gesto com a cabeça, enquanto isso, null ainda estava parada ao batente da porta. – Você some, só me manda uma mensagem me informando que está bem, e vem me perguntar isso garoto?
- Eu sei mãe, me desculpa... Eu só achei que não era necessário. – O menino se explicou passando as mãos nos cabelos. –
- achou que não era necessário avisar direito seus pais? – Foi a vez do pai dele o reprovar, seu olhar era rígido, e mesmo que não direcionado a null, a menina estremeceu, algo nele à amedrontava. –
- Não foi isso que eu quis dizer pai. – null fez um gesto com a mão um tanto irritado com a mão, e null sentiu nitidamente e novamente, o pai do garoto trocar olhares cerrados com ela. –
- Da última vez que você sumiu desse jeito, recebemos um telefonema do hospital null. – Senhora null voltou a falar. – Não nos culpe, e muito menos pense em ficar irritadinho.
- Tudo bem. Vocês viram que eu estou bem certo? Mas se pensam que eu vou voltar...
- Não vamos levar você daqui, vai ser quase impossível pelo jeito. – O pai dele voltou a metralhar null, o estomago da menina congelou; o que ele queria dizer com aquilo? Pelo tom, não era uma coisa muito boa. – Renê nos ligou assim que sua...
- Minha namorada? – null arqueou a sobrancelha, a tensão entre ele e seu pai estava pesada, todos na cozinha podiam sentir, mas ninguém sabia direito o que era, até a mãe do garoto os olhou estranho; Vendo aquilo, John olhou para null como se pedisse uma explicação, e assim a garota finalmente andou alguns passos e se posicionou ao lado de null. –
- Não é o momento certo pra falarmos disso. – null disse trocando olhares com todos; Viu o pai de null tombar a cabeça, insatisfeito; ela realmente queria saber qual era o problema, o desdém do homem estava a deixando irritada. –
- Certo. – Renê limpou a garganta, fazendo um impulso para levantar-se da mesa. – Convidei os null pra passarem o Ano novo aqui, e é isso. Não vamos estender essa conversa para patamares degradantes; É noite de ano novo, sem brigas.
- Pois eu acho que deveríamos resolver logo e acabar o último dia do ano, resolvidos.
- Pai... – null abanou a cabeça. –
- Vamos lá fora.
null acompanhou com os olhos o homem levar null até o quintal, queria saber o que tanto eles falavam, mas pelo fato da mãe dele estar ali ela não conseguiu chegar mais perto. Cansada, a garota sentou-se na mesa, apoiando-se nos cotovelos, em menos de dois segundos, sentiu uma mão delicada acariciar seu antebraço.
- Não ligue pra ele. – A mãe de null sorriu doce. – Meu marido ficou realmente preocupado com null. Não é nada com você querida. – null abriu um sorriso pequeno ao ouvir aquilo, franzindo os lábios. –
- Imagina. É o único filho de vocês, eu entendo, minha mãe veio louca pra cá. – A garota abanou a mão, o que fez a mulher olhar diretamente para seu pingente balançando. null só parou de chacoalhar a mão quando ela segurou a mesma, indo até o anel. –
- Então é verdade? – A menina a olhou, engolindo seco. Sua hesitação durou por pelo menos dez segundos. –
- Estamos juntos Senhora null. – null deu um suspiro. – E seu marido parece não gostar disso. – Ela viu a mulher olhá-la com pesar. – E eu acho que sei por quê.
No mesmo instante null entrou na cozinha deixando seu olhar cair exatamente em null. O garoto parecia assustado e ao mesmo tempo irritado, null engoliu seco antes de chegar até null, puxando-a pela mão, só com um gesto, ele à fez seguir para que ambos subissem para o quarto. Antes de realmente deixar a cozinha para subir as escadas logo ao lado, no corredor, o menino olhou para o pai, null seguiu o ato, vendo o homem cruzar os braços com um bico enorme estampado no rosto.
null bateu a porta assim que entrou, girando nos calcanhares duas vezes. O garoto passou as mãos nos cabelos freneticamente, os bagunçando, sua reação fez null ficar ainda mais irritada, e levemente nervosa.
- Você pode ser sincero e dizer o que está acontecendo? – null cruzou os braços, e da mesma forma, passou a língua nos lábios. –
- Não está acontecendo nada.
- Tem certeza?
- Sim, null.
- Você quer que eu responda por você qual é o problema? – A menina deu um passo até ele, null levantou a cabeça, juntando as duas sobrancelhas ao mesmo tempo. –
- Do que você está falando.
- Eu sei o que seu pai pensa. É o que todo mundo pensa, null. – Ele continuou com a mesma expressão de desentendimento. –
- E o que todo mundo pensa?
- Que você roubou a namorada do melhor amigo. – As palavras de null saíram de uma maneira perceptivelmente enojada, a garota apertou os braços dessa vez, com ainda mais raiva, mordendo os lábios. null não disse nada por alguns segundos. –
- Eu já expliquei pra ele que não é bem assim null. –
- E adiantou? – A menina piscou rapidamente e vendo a cena, null chegou mais perto a segurando pelos braços. –
- Não importa se vai adiantar ou não, ele sabe que eu te amo. Eu realmente não me importo. Nosso problema relativamente era com o null, e isso eu acho que já esta mais do que controlado. – Ele disse firme, null soltou os braços cansados, sendo abraçada pelo menino assim que o fez. –
- Seu pai me odeia porque eu te fiz quebrar a regra dos “ manos antes das minas” – A frase fez null soltar um riso baixo, e logo se afastar de null; O menino segurou seu rosto procurando os olhos dela. –
- Eu não quis fazer isso. – A menina deixou o olhar cair. – Mas se eu tivesse ideia de que eu seria tão feliz assim com você, eu faria outra mil vezes, e por querer. – Ele se aproximou um pouco mais, beijando o canto da boca dela. null fechou os olhos com o toque, engolindo seco logo depois. – Já disse que o que aconteceu foi muito maior do que nos dois. Até hoje eu não consigo entender. Não podem nos culpar, ninguém pode culpar alguém por amar, e muito menos nessas circunstancias.
Ela abriu os olhos e sorriu sem mostrar os dentes, sem ter a intenção de responder alguma coisa. null também beijou o canto da boca de null antes de deixá-lo. A menina retirou as duas mãos dele que seguravam seu rosto delicadamente de lá, caminhando para o banheiro. Por mais que quisesse pensar que o amor dos dois era suficiente, naquele instante ela precisava de um tempo, e um banho. null acompanhou com os olhos a garota fazer caminho até a porta do banheiro sem saber o que fazer, assim que ela chegou até lá, a menina parou no batente, virando-se pra ele.
- Você vem? – Ele apertou os olhos, null não viu nenhuma ponta de malicia em sua pergunta. –
- Já entro. – Ele respondeu fazendo um gesto com a cabeça. –
- Quando vier, traz meu shampoo, por favor.
- Tudo bem. – O menino piscou, e assim null fechou a porta do banheiro o deixando num vácuo desconfortável. –
null se jogou na cama imediatamente colocando as mãos nos olhos. Transpassou-as por todo seu rosto de maneira pesada, tentando tirar todo aquele estresse que seu pai lhe causava. Definitivamente, uma das coisas que null mais odiava, era quando alguém se referia à null como um objeto. Ela não era de null, não era de Brian, muito menos dele. null não era de ninguém, e ele não era dela, não desse jeito, como uma posse da qual todos titulavam. Ambos queriam ser um do outro porque era o poder de escolha deles; seus corações queriam um ao outro, e não era o caso de todos os citados. A irritação partia do ponto em que seu pai queria decidir de quem null deveria ser, ou o que null deveria achar certo. Era decepcionante saber que seu pai não o apoiava por estar finalmente amando alguém. Isso o deixava triste.
Sem querer pensar mais nisso, já ouvindo os chamados de null, o menino pulou na bolsa da menina ao lado, vasculhando todos os bolsos; aquilo era um labirinto pra ele. Tudo na bolsa de null era extremamente separado, aquilo o deixava atordoado. Na sua bagunça ele achava as coisas mais rápido do que naquela tamanha organização.
E foi aí, que lá no fundinho, perto do que parecia ser um carregador de celular, null, tentado de curiosidade, tirou uma folha branca, enrolada como um envelope, com um selo que ele não soube identificar. Ele sabia que não podia fazer isso, que seria passar dos limites, embora não conseguisse conter seus dedos já desenrolando aquele papel, mesmo que lentamente. null não estava sabendo explicar porque suas mãos tremiam levemente, ele sentiu um calor absurdo fazendo aquilo, tentou pensar que fosse pelo fato de estar fazendo algo errado, algo errado que preferiu não ter feito, assim que viu o conteúdo do papel, ou a carta de admissão para uma faculdade em Nova York.
Ele parou pra ler. Seus olhos travaram na mesma, correndo cada linha com os olhos, cada vez mais sentindo seu coração sair lugar. Seu estomago se retorceu ao final: Ela precisava morar em Nova York para estudar na faculdade. Com direito a colegas de quarto, e campus, talvez fraternidades. null praticamente havia sido admitida para a chance de uma nova vida. O menino engoliu seco, sua cabeça já doía, doía muito, assim como sua respiração falhava. null apoiou seus cotovelos no joelho, e com uma das mãos, passou a alisar seu queixo, seu peito parecia ter afundado depois daquilo.
- Eu achei que você viria tomar... – A menina parou ali mesmo, na porta do banheiro, quando analisou null naquela posição rígida, com o papel em mãos. Assim como ele, seu corpo ficou gelado de uma hora para outra. –
- Quando você ia me contar? – Ele perguntou sem encará-la. null olhava para o nada, mordendo os lábios freneticamente. –
- Eu não ia contar. – null deu um passo à frente, e só assim null a olhou sério. –
- Eu achei que iríamos viver sem mentiras daqui pra frente. – Ele disse serio e parcialmente irritado. –
- E não é uma mentira. Eu não ia te contar porque não é necessário contar algo que eu não vou fazer. Iríamos entrar num assunto inútil. – null fez gestos com uma das mãos, enquanto a outra segurava a toalha. null observou a menina falar, ainda acariciando o queixo, seu olhar estava travado em null profundamente, aquilo estava a fazendo ter calafrios ruins. –
- Você acha que isso é um assunto inútil? – O menino levantou lentamente, fazendo força nos joelhos; null acompanhou-o chegar até ela, e parar à sua frente. A garota fechou os lábios num biquinho. – É a sua chance e você me fala que é um assunto inútil?
- Eu vou ter outras chances. Essa não é a minha. – null se explicou, o que fez o menino tombar a cabeça cansado para o lado por alguns segundos. –
- Não, essa é talvez, sua única chance de entrar na melhor faculdade de Fashion Merchandising de NY, null. – Ele abanou o papel em mãos, voltando a olhá-la. –
- Não importa, eu não vou.
- Você vai. – Ele respondeu logo depois, apertando os lábios. Fora como uma facada no peito dos dois, tanto no dela quanto no dele por ter falado. null sentiu os olhos arderem, assim como null, a menina apertou os olhos, mordendo os lábios para se conter. – Você se inscreveu quando não estávamos juntos, talvez pensando que não tínhamos volta.
- Foi, mas...
- null esse é seu sonho! – Ele aumentou o tom, jogando o papel em cima da cama, null acenou negativamente com a cabeça, mordendo ainda mais os lábios; o desespero começou a tomá-la novamente. –
- Eu não posso fazer isso. – A menina disse rápida, novamente recebendo um olhar pesado dele, no entanto, sem raiva, só havia algo como dor. –
- Você vai fazer isso.
- Eu disse que não. – null trincou os dentes. null engoliu dolorido vendo aquilo, fechando os olhos por longos segundos. –
- você tem noção do que está fazendo?
- Sim. Eu quero ficar com você!
- Você pode me ter a hora que quiser, aquela é sua única chance! Você não pode se dar ao luxo de perdê-la!
- E eu, por acaso, posso me dar ao luxo de perder você? – null esbravejou alto, sua garganta travou assim como sua respiração ao ver null a olhar mais sério do que o normal. –
- Você não tem escolha. - A voz dele quase não saiu. –
- O que você quer dizer? – null fechou os olhos novamente. –
- Eu termino com você, se você não for. – Ao abrir os olhos de novo, null viu, brutalmente os olhos dela se avermelharam, e a borda dos mesmos se encherem de lágrimas. Os dele também ardiam, no entanto ele ainda precisava se conter; A garota mordeu os lábios fortemente, embora sentisse que não ia aguentar. Seu coração estava doendo de novo, quando isso acontecia, ela não conseguia manter seu autocontrole por muito tempo. –
- Não faça isso comigo. – Ela pediu, sua voz saiu tremula, e em conjunto, uma lágrima escorreu por sua bochecha; ela a limpou rapidamente. –
- Não faça isso com você. – null falou baixinho. O garoto deu um suspiro doloroso; null só pegou a parte de vê-lo passar a língua nos lábios, encarando seus olhos vermelhos a encarando. – Eu não posso deixar você fazer isso. – null praticamente sussurrou, vendo mais uma lágrima cair de seus olhos. –
- Entende porque eu não te contei? – A menina engoliu, irritada. – Eu não sei como você consegue me pedir isso. Justo agora null? Mais do que ninguém, você deveria saber por que eu recusei de primeira a hipótese.
- Isso é mentira. – null abano a cabeça, piscando rápido pra tentar falhamente controlar sua respiração e seu estomago dolorido. – Se não tivesse dúvida, esse papel não estaria na sua mala. Eu te conheço.
Ela ficou em silencio por dez segundos olhando pesarosamente para null.
- Eu fiquei em dúvida. – A menina deu um passo até ele, novamente, null sentiu o tom de voz tremulo dela. – Mas eu olhei pra você no avião, e quando chegamos. null, eu não conseguiria deixar isso. Eu não conseguiria deixar você null! Esperamos muito pra isso acontecer! Agora sou eu quem te pergunto: Você tem certeza que vai me pedir isso? – No fim, ela já estava derramando outra lágrima, o que fez ficar ainda mais impossível de null se manter firme. –
- Sim. Você tem que ir, eu disse que iria te apoiar no que fosse null. Eu não quero que você fique por mim! Uma parte de você quer fazer isso! Se você quiser ficar, fique sem dúvida, e eu sei que não é isso que está rolando. Então...
- Pelo amor de Deus null. – null passou uma das mãos nos cabelos, virando-se de costar para ele; assim ela ficou por mais cinco segundos em silencio, onde null só pode ver suas costas subindo e descendo rapidamente. – Porque você está fazendo isso comigo? – A menina virou-se novamente, seus olhos estavam pressionados, ela não queria olhá-lo. Parte dela realmente queria ir, mas deixar null não era uma opção pra ela. –
- Eu te amo. É por isso que eu estou fazendo isso. – null segurou o rosto de null com firmeza, encostando suas testas. A menina segurou o antebraço dele com uma delas, sentindo suas respirações quentes se misturarem; estavam pesadas, mas ainda assim, se tornava um conforto. – Quanto tempo temos? – O menino perguntou num sussurro, descendo as mãos para abraçar null pela cintura, puxando-a para ele. A menina não o abraçou de volta, porque doeu, aquela pergunta doeu mais do que toda a conversa.
- Pro ano novo? – null devolveu logo depois voltando a chorar baixinho, sabia que não era sobre aquilo que ele perguntava; null franziu o nariz, prestes a fazer o mesmo, mas não o fez. – Eu não posso fazer isso null, eu te amo.
- É por amor que fazemos as piores coisas null. – Ele sussurrou, subindo a mão desocupada de null para seu peito, ali ele às entrelaçou, acariciando o dedo anelar da garota onde o anel tomava conta, junto com seu pingente. Seu coração ainda batia descompassado, mas null havia aceitado à ideia, mesmo que doesse. –
- Achei que “ aquela coisa maior do que nós” fosse maior do que isso também. – A menina o abraçou, se escondendo na cova do pescoço de null. –
- É por esse motivo que você tem que ir null. Eu te amo mais do que isso, pra te fazer ficar.
Ela vestiu uma calça jeans inteiramente branca, e um cropped vermelho para o ano novo, sem animo algum para realmente celebrar alguma coisa. Seu corpo todo estava dolorido, null não parava de pensar em deixar null, não parava de sentir vontade chorar, mas fez o melhor que pode para disfarçar. null parecia estar fazendo isso bem, mesmo que o olho de ambos denunciasse que tinha algo errado, null e null estavam muito tristes para um casal que acabara de assumir um relacionamento.
Durante o tempo que se passou, um pouco antes da meia noite, eles fizeram uma média para a família toda; Renê observou de longe a filha caída com as mãos entrelaçadas nas de null; null olhava para o nada, sorria fraco, quase não falava, assim como null. Realmente tinha algo errado, e ela sabia o que era. Renê sempre foi adepta a deixar null fazer o que ela bem entendesse por escolhas próprias, só assim ela aprenderia de fato; Fora ela quem deixou a carta em cima do criado mudo da filha, previsto o que tinha no conteúdo. O selo era de Nova York, então Renê tinha ideia, e pelo rumo do que estava acontecendo, ela também já havia previsto o que tinha acontecido.
- O que acham de irmos pra praia? – null sugeriu sussurrando; todos se entreolharam e concordaram, começando a caminhar para fora. –
- Faltam quantos minutos para a meia noite? – null perguntou, enquanto saiam de casa sem serem notados por aquele monte de gente. –
- Meia hora. – null falou, tomando à frente do grupo. –
Ele, null e null que estavam solteiros, foram na frente cantando e rindo, eles já estavam bêbados o suficiente pra isso, enquanto por sua vez, null e null, junto com null e null, foram um pouco atrás, abraçados. Diferente dos amigos, null e null não conseguiam se quer se falar após aquela conversa, ouvir a voz um do outro os levava a pensar que tudo, dali uma semana, estaria acabado e isso os fazia voltar a sentir as coisas ruins mais intensamente, portanto preferiram ficar por mais tempo em silencio.
Assim que chegaram à praia, por incrível que pareça, havia outros grupos de jovens lá com bebidas, assim como eles; O píer de Santa Monica estava sendo preparado para a queima de fogos, o que deixava todos naquela praia animados; null correu os olhos pelos amigos rindo. null pulando, null dando uma cambalhota enquanto null gargalhava alto; O riso dele à fez sorrir, seu coração relaxou por saber que null estava indo bem naquela de esquecê-la. null e null estavam sentados, visto que null não tirava as mãos da barriga da menina. Então, era só dentro dela, o coração de null estava acabado, seu coração estava dolorido como se estivesse sido jogado milhares de vezes no chão, ela não queria isso, queria que null fosse com ela; De todas as situações ruins que ela passará durante o ano todo, intitulando-as de ruins, e insuportáveis, null tirou o mérito delas naquele momento, porque aquela sim, estava sendo a mais horrível e insuportável da qual já havia passado.
- Eu não quero que você continue assim. – A menina sentiu null a abraçar por trás, sussurrando em seu ouvido; null quis chorar de novo, seu peito apertava, estava doendo antes de acontecer. –
- Vem comigo. – Ela pediu fechando os olhos; os dedos dele se entrelaçaram nos dela no abraço, no abdômen da garota. –
- Você sabe que não posso. – null respondeu fechando os olhos, o menino beijou o ombro dela, apoiando sua cabeça no mesmo logo depois. null apertou os olhos tentando se controlar, mas ela sentia seus olhos quentes de novo. –
- Então você pode me pedir pra ir embora, mas não pode ir comigo? – null passou a língua nos lábios, engolindo seco. –
- Eu não te pedi pra ir embora. – O menino disse vagarosamente, e da mesma forma virou null para ele, segurando seu rosto, a menina ainda tinha os olhos fechados, com os lábios pressionados, prestes a chorar de novo; Aquilo estava o matando. – Eu estou pedindo pra não desistir do seu sonho.
- E isso é o que? – null finalmente abriu os olhos; seu corpo latejou novamente o que levou null a apoiar suas duas mãos nos antebraços de null, então ela suspirou. – É horrível ter que escolher entre você e isso null, eu não consigo, e alias, eu tinha...
- Foi por isso que eu escolhi, eu sabia. – O menino a interrompeu; null procurou os olhos de null, antes de puxá-la para um abraço. Assim que o fez, seus corpos se grudaram de maneira que nem uma folha passaria ao meio deles, e em conjunto, ambos deram um suspiro. –
- Mas você sabe que se isso acontecer nós... – Ela não terminou a frase; null parecia ter engolido uma pedra quando escutou aquilo, seu coração pesou no peito, mas ele sabia, ele sabia de tudo, só não queria tocar no assunto. –
- Eu perguntei quanto tempo temos. – O menino se afastou dela, segurando-a pelos braços. – Não pensa em mais nada enquanto tivermos esse tempo. – null olhou-a nos olhos; null assentiu positivamente e voltou a abraçá-lo com força, agarrando sua camisa; O menino beijou os cabelos dela, acariciando os mesmos logo depois, e só desviou seu foco daquilo, quando todos na praia começaram um corão, chamando o ano novo. –
- DEZ!
Os dois se viraram para os amigos; onde null ajudava null a levantar. –
- NOVE!
null e null gritaram, e voltaram a sorrir para os demais atrás dele. –
- OITO!
- Lembra? – null olhou para null com os olhos espremidos. –
- SETE!
- Adrenalina. – null sorriu sentindo os olhos marejarem. –
- SEIS!
- Emoção. – Ele olhou pra ela, sorrindo também. –
- CINCO!
- Diversão. – null fez uma careta maliciosa que fez a garota rir, passando os dedos debaixo dos olhos para não deixar aquela lágrima escapar. –
- QUATRO!
- Insanidade? – O menino entortou a cabeça, puxando-a para ele com sutileza. –
- TRÊS!
- Obrigada, null. – null passou a língua nos lábios, os mesmos tremularam de leve, mas null não perdeu o foco no que ela falava. –
- DOIS!
- Pelo que? – Ele entortou a cabeça, chegando mais perto de null; foi só então que ela soltou aquela lágrima. –
- UM!
- Por me amar. – null sorriu, o abraçando enquanto os fogos começavam a queimar. –
Ele fez o mesmo logo depois, seu coração batia como uma bomba no peito; null a levantou do chão a abraçando com força, seus braços deram a volta no corpo de null, e mesmo que ele tentasse segurar toda sua dor dentro do peito, naquele momento, seus olhos marejaram brutalmente; Pra acabar com aquilo, ele beijou-a. A menina segurou o rosto dele retribuindo na mesma intensidade, o beijando com desespero. null, que ainda a carregava, botou null no chão aos pouquinhos, e só então, depois de o primeiro momento, eles diminuíram a intensidade do beijo. Ele sentiu mais do que o normal, dor, algo dentro do seu peito doía. Assim como no dela. null acariciou seu rosto, e seus cabelos, fazendo aquele caminho várias vezes diante daqueles clarões na praia, sem se importar com ninguém, muito menos com null.
Assim que descolaram suas bocas com uma lentidão nunca feita, null limpou o rosto pseudo molhado da menina, lhe dando outro beijo no canto da boca, e assim a abraçou de novo; null se perdeu na cova do pescoço dele, junto ao seu perfume.E enfim, o que tinha começado numa praia, estava prestes a terminar do mesmo jeito.
- Feliz Ano Novo meu amor. – null sussurrou só pra ela ouvisse. –
No outro dia, por volta das sete da noite, todos pegaram o voo de volta para Londres, inclusive null. Depois de horas de conversa com Renê, Diva, John e Hugo, null decidiu que iria embora, sua vida estava lá, assim como a vida de null, e é claro, ele não podia ficar na Califórnia pra sempre, null até se propôs, mas isso seria uma parada cardíaca dupla vinda dos pais dele.
Apesar de tudo, os null aceitaram de primeira a ideia, assim que null apareceu com aquela barriga redondinha, e olharam para o sorriso gigante no rosto de null, fora como se tivessem se apaixonado à primeira vista, fato que fez até a mãe de null lhe entregar os sapatinhos de quando null saíra do hospital – Sim, esse foi outro surto de null sobre ser um garoto. –
Dentre aquela semana, null e null esqueceram-se de toda ideia de término, eles não encaravam assim. Embora null tivesse em sua mente que iria passar os dias com null, e voltar pra casa, não fora exatamente isso que ocorreu. No primeiro dia a menina ficou na casa dele, enquanto os pais voltavam pra casa. E no segundo se sucedeu. Pra sorte deles, os dias estavam passando lentamente, assim como as manhãs em que ambos tinham a certeza que estavam um lado do outro.
Exceto naquele dia, eles resolveram ir para a casa dos pais de null, onde estava ocorrendo uma festa de família, então null insistiu em levá-la. null concordou depois de um tempo, sabia o que o pai de null pensava sobre ela, então só estava indo por ele, afinal, null conhecia sua família inteira, porque não conhecer a dele? E alem do mais, lá no fundinho, null tinha uma vontadezinha de conversar com o Sr null. Só então, caminhando pelas ruas de Londres – Eles haviam ido sem carro.- null se lembrou das revistas com o rosto dos dois estampados, só lembrou quando viu uma em uma das bancas.
- Quero comprar uma. – null parou null na rua; o garoto virou-se de súbito, voltando dois passos ao lado dela. –
- Você pode pegar de graça, porque comprar? – Ele perguntou perplexo, mas quando viu, null já estava lá dentro; a vista foi parcialmente assustadora. Tinham mais duas prateleiras daquelas, e se ver tanto em um lugar desconhecido, para ele ainda era muito anormal. –
- Apetrechos gays? – null franziu o nariz apontando para a toca da qual null vestia em uma das páginas, null cerrou os olhos para ela, pegando a revista de suas mãos e entregando ao cara da banca. –
- Eu não sabia que estava sendo fotografado meu amor. – null fez uma voz de deboche. –
- Ok. – Ele ouviu null rir, entrelaçando suas mãos nas dele no ato seguinte. –
- Então vocês são mesmo um casal? – null não sabia de onde tinha vindo à voz, era suave, e de uma criança, por isso quando olhou para baixo junto à null, viu uma garotinha com aparência de pelo menos dez anos, olhar fixamente para os dois. null ficou sem resposta. –
- Hey, mocinha. – Ele abaixou lentamente, ficando na altura da garotinha. - Qual é seu nome?
- Angel.
- Realmente você parece um. – Angel sorriu para null; null viu de cima, null bagunçar seus cabelinhos. –
- Vocês não responderam minha pergunta. – null arqueou a sobrancelha, e depois olhou para null com um meio sorriso. –
- O que você acha?
- Minha irmã diz que são só modelos, mas eu não acho isso. – Angel entortou a cabecinha, seus lindos olhos castanhos brilharam em direção aos dois; null sentiu algo inexplicável ao olhar aquilo. –
- E porque Angel? – null espremeu os olhos. –
- Eu não sei. – Ela deu de ombros. – Acho que são seus olhos.
- Angel! – Uma menina um pouco mais velha que ela apareceu atrás, arregalando os olhos assim que viu null e null. – Ai Meu Deus.
- Eu disse que eles se amavam, Doris. – Angel apontou para null e null, enquanto olhava para irmã, mas a própria, não tirou os olhos dos dois. –
- Ela ama revistas de moda. – Doris se explicou; o casal assentiu positivamente e depois, null abaixou em direção a Angel novamente. –
- Sim, somos um casal. – Ele sussurrou no ouvido dela; Angel sorriu abertamente, fazendo null e Doris juntarem a sobrancelha. – Você é uma garotinha muito inteligente. – O menino acenou, dando um de seus melhores sorrisos. –
- Tchau!! – Eles ouviram antes de deixarem a banca. –
Mesmo um pouco afastados, null conseguiu ouvir a irmã da garotinha pronunciar o que toda garota em sã consciência dizia quando via null no mesmo recinto: Meu Deus, ele não é real. E por incrível que pareça, aquilo divertia null. null era incrível, realmente, praticamente surreal, então a reação de todas a tornava menos louca.
Finalmente, após mais duas quadras, os dois chegaram à casa dos null, que mesmo por fora, já dava pra ouvir uma pequena previa do que viria. null se aninhou mais à null e seu casaco, porque em Londres nevava, e estava muito mais frio do em Santa Monica, já se preparando para botar os pés dentro de casa, mas null a barrou.
- Olha... Meus primos são meio... – null fez um gesto com as mãos, no mesmo segundo null roubou um selinho de null. –
- Eu sei que é difícil resistir à gostosona aqui, mas...
- É disso que eu estou falando. – null rolou os olhos adentrando na casa, guiando null pela cintura. – E o massacre vai começar em três, dois...
- null! – Três tias dele gritaram ao mesmo tempo; null sorriu sem entender muito bem, forçando seu melhor sorriso surpreso, elas eram histéricas e agarraram null de uma vez só, o beijando em todo o rosto. – E quem é essa garota linda?
- Essa é a null, minha namorada. – null encaixou sutilmente sua mão na cintura da menina. –
- Você? Namorando? – Uma delas entortou demais a cabeça, null sorriu forçado mais uma vez. – O que você fez com esse garoto? – Ela apontou para null, trocando olhares com null, e depois puxou-a para um abraço desengonçado. – Sou Betty.
- null null. – A menina disse brevemente, sendo puxada para mais longe, até o quintal do fundo. –
- Você passou pela primeira parte. – null sussurrou no ouvido da menina, beijando o topo de sua cabeça enquanto a guiava. –
- Não posso imaginar como será a segunda. – Ela ironizou, ouvindo mais uma dúzia de tias, ou... Parentes, gritando por null.
Eles passaram por aquela turma mais rápido do que o planejado, com todos arregalando os olhos surpresos por null estar namorando. null realmente queria entender qual era o motivo de todo o espanto; uma hora ele iria arrumar alguém, não iria? Nessa de pensar nos dois e na relação deles, que estava bem estável naquela semana, null engoliu seco lembrando-se dos três dias restantes. Ambos estavam vivendo tão intensamente o momento de estarem juntos, que ela realmente havia se esquecido de tudo isso.
- null? – null a chamou, voltando a entrelaçar suas mãos. – Acho que agora...
- É o esquilo? – null arqueou uma das sobrancelhas e voltou seu olhar à null, o menino por sua vez, parou de andar no mesmo segundo, fechando os olhos em desaprovação. –
- Era só o que me faltava.
- E com null null? – O ar da menina parou ao virar-se para trás; null viu Ryan com uma cerveja em mãos, oi? –
- Machucou muito Ryan? – O menino entortou a cabeça com um sorrisinho; null sentiu o peito apertar, e com isso, apertou as mãos de null. –
- Você bate como uma garotinha, null. – Ryan zuou, virando sua cerveja. –
- O que ele faz aqui? – null se intrometeu perplexa, então Ryan a olhou de cima abaixo, abrindo um sorriso malicioso; o ato fez o sangue de null ferver. –
- Oh... Seu namorado não te contou? – Ryan mordeu os lábios, null não entendeu se aquilo era pra ser sexy ou...? –
- O que? – Ela virou-se para null com duvida e o mesmo bufou. –
- Ryan é meu primo.
- O QUÊ? – A menina aumentou o tom. – Como assim? – null trocou olhares com os dois. – Você bateu no seu primo?
- Eu nem considero esse... – null olhou para Ryan com desdém, o menino devolveu olhar. –
- O sentimento é recíproco docinho. – ironizou. –
- Eu...
- Isso mostra que você gosta do gene da família, não é null? – Ele arqueou a sobrancelha para null, e ela não pode sentir menos do que nojo; null engoliu seco, fechando a cara no mesmo momento. –
- Cala a boca Ryan, e vai caçar uma vadia. – null suspirou pesado, fazendo menção de começar a andar. –
- A melhor delas foi sua namorada. – null sentiu null virar-se bruscamente para o primo, mas do mesmo jeito a menina o puxou com força pelo braço, o que fez null parar, já que pelo menos dois dos seus tios haviam se assustado com o movimento brusco. –
- Não vale a pena, null. – null acenou negativamente, o trazendo pra ela; null voltou a se recompor, mesmo com os nervos a flor da pele, ele se recompôs. –
- Eu prefiro ser uma vadia a ser um pé rapado como você, Ryan. – A menina disse com desgosto, andando para longe com null. –
- Me desculpa, eu não sabia que ele viria. – Ela ouviu null dizer um tempo depois, quando já estavam bem mais afastados. – Na verdade ele nunca aparece. Aquele idiota.
-Ei, tudo bem. – null segurou o rosto de null, o puxando para ela. –
- Não está tudo bem, eu odeio quando... – Ele deu um suspiro irritado, no entanto, ao sentir os lábios de null nos dele, seu corpo relaxou gradativamente. –
- Eu aprendi a lidar com isso null. – A menina o beijou de novo. – De um jeito ou de outro eu ia ser julgada. – Ela abanou a cabeça, acariciando o rosto dele, ambos se olharam nos olhos. – Se não fosse vadia por seguir meu coração, eu seria corna por aceitar null, e sua traição. E quer saber? Eu sou uma vadia feliz! –
- Cala a boca! – null riu a puxando pela nuca.
Ambos pararam de rir apenas quando o beijo tomou proporções maiores. Assim sendo, uma das mãos que a seguravam, desceu pelas costas da menina, e mesmo dentro daquele casaco, null sentiu a mão dele delineá-la, a causando calafrios, talvez pelo frio, ou por só saber como tocá-la. null tinha o jeito. Com isso, null apertou sua nuca, mordiscando os lábios dele a cada encontro de suas línguas, como se fosse um ritual benéfico para os dois.
- Quer ir embora? – null perguntou, abraçando null pelos ombros. –
- O que você decidir.
- Só vou procurar minha mãe, e aí voltamos pra casa.
- Tudo bem.
null parou para conversar com os pais por mais dez minutos, e esses foram o suficiente para null. Quando null olhou para trás, ela não estava mais lá, fora de um segundo para o outro, seus olhos como imas acompanharam a silhueta do que parecia ser ela, virar o corredor praticamente correndo. null deixou um vácuo na conversa que estava tendo com os pais e foi atrás dela; null havia se trancado no banheiro, no fim do corredor. Antes de chegar lá, ele ouviu alguns gemidos, e aquilo o fez sentir um gelo percorrer seu corpo.
- null? – O menino encostou-se à porta, espalmando uma de suas mãos nela. – Tudo bem? – A garota não respondeu, e ele ouviu mais um gemido. null respirou fundo tentando manter a calma. – null abre a porta! – Novamente a menina não respondeu. – Pelo amor de Deus me diz alguma coisa ou eu vou arrombar essa merda!
Um, dois, três... Ele pressionou a fechadura com uma força bruta, nesse momento, seu coração já não estava trabalhando normalmente, null estava imaginando o pior.
- null!
- Eu estou... – Ele ouviu uma voz perto da porta. –
- Abre essa...
- Eu estou bem. – A menina abriu a porta lentamente, seu rosto estava pálido e seus lábios brancos, imediatamente null a agarrou nos braços com os olhos arregalados. –
- O que aconteceu? – null fechou os olhos por alguns segundos, jogando seus cabelos pra trás. – null?
- Eu passei mal... Não sei o que foi. Podemos ir embora? – A garota pediu sem olhá-lo. null assentiu no mesmo segundo, abraçando-a pela cintura. –
- Vou ligar pro null vir nos buscar. A casa dele é aqui do lado. – null trocou olhares com a menina, já tirando o celular do bolso, e em dois toques e duas palavras ditas por ele, null afirmou que estava indo pra lá. –
- O que aconteceu? – null a olhou preocupado, tentando procurar os olhos dela, mas null parecia estar fora de orbita. – O que você tá sentindo?
- Foi uma tontura. Não sei. Dor de cabeça. – Ela passou as mãos nos cabelos novamente. –
null ficou abraçado com ela no corredor, onde quase ninguém passava, até null chegar, o que não demorou muito. Tentando não chamar à atenção, null deu um tchau para sua mãe e seu pai rapidamente, porque era o suficiente, e por fim entrou no carro de null, notando que null estava junto com ele. Por sorte, nenhum dos dois fez perguntas; em vista do estado da menina, que fora aninhada com null o caminho todo, e preferiu ficar na casa dele. null não discutiu, mas null sentia o olhar dela a queimando, era obvio que null estava preocupada, porem não ia interrogá-la e era muito melhor assim. null não estava pra conversa, seu coração estava batendo rápido; Sem pestanejar, assim que a menina viu o sofá se jogou ali e dormiu. Foi quase imediato; null observou-a preocupado, e assim ficou a noite toda, ao lado dela, mesmo que null não tivesse acordado se quer um minuto a noite toda.
***
- Tem certeza que não quer ir ao hospital? – null perguntou pela milésima vez para null, e por mais que aquela preocupação fosse particularmente fofa, também era irritante. –
- Sim, null. Eu já te disse, deve ser o nervosismo. – A menina murmurou o finalzinho. Na manhã seguinte estaria viajando para NY. Embora não estivesse querendo pensar muito nisso, já que seus amigos chegariam a menos de dez minutos pelo combinado. –
- Você tá reclamando de dor de cabeça desde aquele dia. – null chegou mais perto assim que null botou o macarrão com queijo no forno, sem querer chegar muito perto daquela quentura, ele puxou null pela cintura para ele, colando seus corpos. –
- Eu já falei...
- Tudo bem. É nervosismo. – null assentiu positivamente, finalmente cedendo. Deu um suspiro e a olhou nos olhos, null fazia o mesmo; só o olhava, sem dizer nada. Aquele gosto amargo voltou à sua garganta. – Mas tenho certeza que lá vai melhorar... Você vai estudar e... Conhecer pessoas, fazer o que gosta...
- Não vamos falar disso. – null o interrompeu dessa vez encostando sobre seu peito, com isso, null começou a acariciar os cabelos da menina. – Você não me deu escolha.
- Definitivamente, não vamos falar disso. – Ela o olhou. null fez um caminho rápido para os lábios da menina, os colando com delicadeza, já sentindo saudade. Ele sabia que seria horrível ficar sem ela ali, ainda mais por null ter ficado a semana toda no seu apartamento, usando suas camisas, e deixando seu cheiro em tudo. Eles não deviam ter feito isso, mas aconteceu. null e null não queriam se desgrudar, mas precisavam. –
- Você pode ir pra Nova York... – A menina murmurou dentre o beijo, acariciando os cabelos da nuca dele, null lhe deu mais um selinho, ficando em silencio por um segundo. – - Já disse que não vai acontecer. – null bufou, se afastando. –
- E por quê? – null espremeu os lábios e assim eles entraram numa troca de olhares profunda, despertando apenas quando a campainha tocou. –
null se desvencilhou com lentidão, mas ainda assim não tirou os olhos dele até sair da cozinha; o fato de ela não sorrir, não fazer nenhuma expressão com o rosto, o deixou levemente nervoso. No entanto, com uma suspirada longa de ar, o garoto deixou a cozinha na mesma velocidade que ela, e assim viu alem de seus amigos entrarem, Renê e John chegarem com vinhos em mãos, e algo que parecia ser um bolo.
- E aí? – null cumprimentou-o primeiro, e null fez o mesmo, porém não tirou os olhos de John null, que estava na sua casa, no momento abraçando null apertado. Dessa vez quem estava nervoso era ele; Talvez null devesse ter preparado algo mais sofisticado para seu sogro. –
- null! – null acenou, o menino fez o mesmo, acariciando a barriga da menina. Após isso cumprimentou null, null, que já fazia caminho para a cozinha colocar as cervejas na geladeira, como ele deduzira, e por fim, ele chegou em Renê e John. –
- null. – John virou-se na direção do menino, e logo sua mão ergueu-se na direção dele. – Cuidou bem da minha garotinha? – null apertou a mão do homem, e trocou olhares com ela, já sabendo que resposta dar. –
- Faço o isso o tempo todo. – John sorriu e aí foi a vez de Renê. –
- Senti falta de vocês na Poison. – A mulher disse no abraço. –
- Tínhamos que ter esse tempo... – null fez um gesto com a cabeça, sua boca entortou um pouco dando a entender do que se tratava, e então ele viu Renê comprimir os lábios um tanto triste. –
- Eu não sabia que vocês viriam. – null cortou o assunto, levando os olhares dos pais a ela. –
- Bom, é seu ultimo dia aqui. – John vibrou entusiasmado; de fato ele sempre quis que null fizesse isso, era uma realização pra ele, e bom, John sempre andava pelos lados de NY, sempre iria ver null de qualquer jeito; aquilo não era nem um pouco doloroso pra ele, mas pros dois era, e por isso ambos ficaram inexpressivos com a frase. –
- Só queríamos te ver. – Renê consertou. – Queria dizer que a revista está um sucesso com vocês na capa. Recebi muitas ligações de outras revistas me perguntando sobre os modelos... – Os dois se olharam. – Eu deixei suas identidades em sigilo.
- Isso foi loucura mãe. – null comentou, já fazendo caminho para o sofá, onde os amigos haviam se apossado e que null por sua vez, já instalava seu kinect. –
- Quem se importa? – a mulher deu de ombros. – Eu vou ser a primeira! – Renê gritou fazendo todos vibrarem, null abriu a boca num sorriso. – E eu duvido que alguém seja melhor que eu nesse jogo. – Eles fizeram um couro de “uhh” quando ela olhou para null. –
- Então vamos contra. – Mais uma vez todos riram. – Quem vai ser meu par? – null bateu os olhos em null, porque sempre, sem nenhuma exceção, quando os dois jogavam isso, eles ganhavam de todos. O menino espremeu os olhos, receoso. –
- Vamos acabar com vocês! – John se identificou no kinect, fechando um par com Renê; todos olhavam apreensivos e aos risos para aquela pequena batalha. –
- Vem null. Vamos mostrar quem é que manda. – null fez um gesto com a cabeça, o que fez todos olharem para eles, inclusive null, e depois de muita hesitação, e null ver o olhar brincalhão de null para ele, finalmente levantou, fazendo todos vibrarem novamente. –
- Que comecem os jogos. – null piscou para Renê e John fazendo ambos gargalharem. –
A maior parte do tempo eles riram e não executaram direito os passos. null ria de Renê desajeitada junto com John, dando as mãos e fazendo rolinhos, enquanto null fazia o mesmo, embora tentasse manter a concentração.
null só observou, também rindo. Por fim, ele sentiu-se bem ao ver null à vontade novamente. Era isso que ele queria que o amigo entendesse; Não era nada contra null, ou para afetá-lo, o negocio era só entre ele e null. null não se importava se null falasse com ele, ou abraçasse, ou tivesse que conversar, contanto que ela fosse verdadeira com os dois, ou melhor, com ela mesma. O problema todo, o tempo todo, foi gerado por esse fato de null não conseguir distinguir o que sentia; não conseguir administrar seus sentimentos entre eles. Se tudo tivesse sido como naquele momento, ele sabia que todo aquele drama entre os dois não teria acontecido, que talvez tivesse mais tempo com ela, que talvez null não estivesse prestes a voar pra NY.
No fim da daquela jogada, os dois se abraçaram apertado e só então null voltou a se sentar, era possível ver o alivio em seus olhos. null sabia que ele ainda gostava de null, mas o melhor de tudo era que null estava aprendendo a aceitar.
Após isso, foram null e null contra null e Renê. null não podia dançar, então null foi com null e John foi com null. E assim eles ficaram fazendo uma disputinha; null só saiu da brincadeira porque ela e null haviam ganhado três vezes invictos, e todos reclamavam de trapaça, mesmo que o videogame fosse de null.
- Você está certa disso? – Renê perguntou enquanto terminava de juntar as louças, junto à null. A menina parou apoiada na pia e por um momento fechou os olhos. –
- Eu não sei. – null passou a língua nos lábios. – Eu estou completamente apaixonada por ele, mas se eu não for o null me mata. – Renê sorriu de leve ao ouvir aquilo. - Sem falar que tudo já está pronto, e pra ter certeza, ele foi comigo. – Seus olhos já estavam pesados de novo. –
- Eu sempre soube que o null te fazia um bem dnulldo sabe? – Renê direcionou o olhar à null, acariciando a mão da filha. – Mas nunca imaginei que ele seria tão altruísta.
- Isso é ruim? – Ela entortou a cabeça, arrancando um riso estranho da mãe. –
- Isso é amar, null. – Aquela frase fora suficiente para que ela sentisse vontade de chorar. null travou a respiração, sem saber o que falar. – Ele te ama mesmo.
- Renê, vamos? – John chegou perto de null, a puxando para um abraço inesperado. – - Pai, você está me sufocando. – Ela disse, rindo dentre aquele paletó informal do pai. –
- Eu vou ficar sem minha princesinha! – John choramingou, a beijando no rosto inúmeras vezes. – Saiba que eu vou pra lá duas vezes no mês. – Ele segurou o rosto dela, dando um ultimo beijo demorado na testa. –
- Como quiser pai. – null sorriu assim que ele se afastou, logo recebendo um beijo demorado da mãe, também demorado na testa. –
- Venho te buscar pra te levar no aeroporto?
- Não, null vai me levar. – John fez cara feia, fazendo null rir de leve. –
- Ele roubou você de mim.
- Chega John, vamos. – Renê riu, puxando John. Com um ultimo beijo no ar, os pais saíram de casa e a deixaram sozinha no apartamento de null. –
Os meninos haviam subido até o terraço com null, menos null, ele havia levado null embora por ser extremamente cuidadoso com o bebê; portanto, naquele tempo, null ficou sozinha por pelo menos uma hora, tirou um cochilo de leve, a fim de esquecer toda aquela sensação assombrosa de deixar tudo pra trás em horas, mesmo que null não estivesse entre isso; sua mente trabalhava em tentar sustentar suas duas vidas, porque não podia simplesmente deixar tudo. Isso a deixava exausta.
null só acordou porque null a beijou gostoso no rosto, e logo null fez o mesmo, acariciando sua bochecha, e por fim veio null, a fazendo gargalhar pelo abraço de urso, com direito a se jogar em cima dela e beijá-la demoradamente no rosto.
- Boa viagem. – Ele sussurrou, levantando-se; assim que pode, null fez o mesmo, coçando os olhos, sonolenta. –
- Eu amo vocês. – Foi o que ela conseguiu dizer; os três sorriram abertamente, no entanto, visivelmente tristes. –
- Nós te amamos, trouble. – Disseram em uníssono, abrindo a porta logo em seguida. –
- Ei! Cadê o null? – null gritou ao perceber que o menino não se encontrava na sala; null voltou a botar a cabeça para dentro do apartamento, apontando para cima. –
- Ele disse que precisava respirar.
- Obrigada null, boa noite. – Ela mordeu os lábios, dando um suspiro em seguida. – Peraí – A garota correu até a porta, vendo os três se virarem para ela. – null, me desculpa. – Aquela frase fora suficiente para fazer os outros dois seguirem rumo, e então ela só ficou com null naquele corredor, sentindo um calafrio estranho no estomago. –
- Quanto tempo você vai ficar? – Ele perguntou dando passos incertos até ela. –
- Eu não vou voltar. – null disse baixinho com o coração na mão, seus olhos arderam por aqueles segundos em que os dois ficaram em silencio. –
- Desconfiei que null não estava triste só por você “ter” que viajar. – null a olhou. – Porque não contou pra ninguém?
- Já me basta ter que lidar em deixar ele. – null abaixou a cabeça, notando estar livre demais ao falar de null para null; aos poucos ela voltou a olhá-lo. – Mas eu também não podia ir sem falar com você.
null sorriu tombando a cabeça para o chão, seus pés pareciam indecisos entre ir e voltar; pra frente e pra trás.
- Acho que já ouvi o suficiente.
- Eu nunca quis te machucar. – null suspirou triste, ainda sem ser encarada por null, o garoto chutava o chão parecendo estar desconfortável, mesmo assim ela continuou. – Só foi... Incontrolável.
- Eu não consigo imaginar o quanto, sabe? – null tornou a olhá-la um tanto perdido. – Mas eu me acostumei com a situação de ver você com ele null. Se essa é a sua preocupação... Eu não vou atrapalhar...
- Não! Não é essa minha preocupação! – A menina chegou um pouco mais perto. – Eu nunca tive a oportunidade de dizer isso direito, então me desculpa. Eu tentei de todos os jeitos não te magoar null, mas tudo que eu fazia tentando fazer o certo, dava errado! – null ficou ofegante por uns segundos. – Por Deus, eu nunca desejei que você visse aquele vídeo, mesmo que depois de toda a confusão com a Samantha... Porque eu sabia que você iria ficar...
- Acabado? – null interrompeu, logo dando um passo a ela, null acompanhou atentamente a ação do garoto, ele chegou perto o suficiente para que ela sentisse seu perfume. – O que me irritava o tempo todo era que... Dava certo, sempre deu, e de uma hora pra outra isso foi se esvaindo e a gente só falava disso! Nos esquecemos de todo o lado bom do nosso namoro... E aí veio o null e você esqueceu mesmo! Isso me deixava fodido! Nossos momentos caíram no esquecimento pra você, só por que após um tempo as coisas pararam de dar certo! – O garoto entortou a cabeça. –
- Então você sabe que estava acabado muito antes de tudo acontecer, não sabe? – Ela fez o mesmo, o olhando nos olhos, numa ação quase palpável, viu null engolir seco, desviando seu olhar dela. –
- Mas eu ainda te amava.
- E eu também! – null aumentou o tom. – Eu te amo, e isso nunca vai mudar. Os nossos momentos vão ficar comigo, mas... – a frase morreu assim que ela se lembrou de null. –
- Depois de um tempo eu percebi que eu preferia ver você feliz. – O garoto disse procurando os olhos de null; assim que ela se conectou com ele, null continuou. – E sinceramente? Eu já me acostumei com toda essa confusão null. – A menina relaxou a postura ao ouvir seu apelido, sorrindo de leve, quase imperceptivelmente. -
- Eu quero ver você feliz null. – deu um passo largo, agarrando o menino pelo pescoço, seu rosto se afundou ali, e logo ela foi retribuída pelos braços dele a apertando. – E eu também quero que um dia você possa me perdoar por inteiro. – o beijou no rosto demoradamente –
- Eu não tenho espaço pra odiar você null. O amor que eu sinto cobre tudo isso, e um pouco mais. – null beijou a testa dela por pelo menos dez segundos, segurando o rosto de null com uma ternura genuína, que a fez sentir calafrios, como se aquela fosse realmente a última vez que eles se veriam; naquele momento de perdão que lhe causou um alivio indescritível.-
null viu null a deixar no segundo seguinte; com o tchau, um sorriso sincero antes que a porta do elevador fechasse; da mesma forma, ela entrou no apartamento notando seu corpo gelado e ainda extasiada pelo momento, a garota sentou-se no sofá tentando absorver tudo aquilo. Olhou no relógio onde marcavam 2:00 da manhã, e depois passou as mãos no rosto brutalmente, lembrando-se que null ainda não estava lá, sentindo uma falta angustiante daquele olhar quente dele sobre ela, já desesperada pelos minutos que estava perdendo sem estar com ele antes da viagem.
Sem esperar mais um segundo, levantou do sofá se enrolando em uma manta não muito grossa na cor roxa, e seguiu até as escadas de incêndio em direção ao terraço. O andar de null não ficava tão longe de lá, três lances de escadas eram suficientes, mas como a noite estava relativamente bem gelada, apesar de bonita. – Nevando – O caminho foi quase tortuoso.
Ao chegar lá, ela encontrou null apoiado no muro, desenhando algo abstrato nele; seus músculos estavam bem delineados na segunda pele preta que null usava, e mesmo que fosse de manga comprida, null sentiu frio por ele. Em passos lentos, a menina caminhou até ele; null já sabia que era ela pelo cheiro, e se perguntava como havia chegado naquele ponto tão rápido. Conhecia null dos pés à cabeça, cada detalhe, cada jeito, cada tudinho, e cada partícula dela era extremamente apaixonante, cativante. Seu corpo doía só de pensar que em menos de horas, mesmo que soubesse de tudo aquilo, não podia ser egoísta e dizer o que sentia de verdade.
- Tá muito gelado aqui. – Sua voz suave fez null sorrir de leve; null passou a acariciar as costas do menino, já que null não havia virado para ela. – No que você está pensando? – Essa era realmente uma pergunta inútil. –
- Em nada. – Mentiu, finalmente virando-se para ela, no mesmo segundo, null passou a coberta em null, o grudando em si. – Vendo a vista.
- Quando você descobriu? Eu nunca vi. – null ficou na ponta dos pés para olhar por cima dos ombros de null a cidade toda acesa em miniatura. –
- Hoje. – null sorriu desconcertado, mordendo os lábios; da mesma forma null o fez, ela não sabia o que dizer, tinha medo de pisar no em falso, não queria tocar naquela merda de ter que ir embora. –
- Você ficou bastante tempo aqui...
- null... – null suspirou, desviando o olhar dela; Ela sabia que após aquele movimento, viria alguma frase ruim, por isso sua respiração travou no mesmo momento. –
- Não vamos falar sobre...
- Não, não é sobre sua viagem. – null arqueou uma das sobrancelhas. –
- Da última vez que você fez suspense...
- Você me perguntou por que eu terminei com você daquela fez. – null passou a língua nos lábios. –
- null, você mesmo disse pra gente esquecer isso! – null protestou. –
- null, se eu não tivesse feito isso, nós teríamos mais tempo. – O murmúrio doloroso dele fez o coração dela latejar; null passou a língua nos lábios, limpando o nariz, seus olhos estavam focados em algo ao lado, totalmente fora de orbita. –
- Era pra ser. – null sussurrou, virando o rosto dele pra ela; null fechou os olhos, sem querer ter um contato visual, sentindo suas respirações se misturarem, e mesmo relutando contra, segurou a cintura de null. – E se não for, então me diz pra não...
- Eu não vou dizer, eu não vou te pedir pra ficar null. – null engoliu seco. – Você quis isso, e você conseguiu.
- E eu também quero nós! – Ela roçou seus narizes, beijando o canto da boca do menino. –
- Você tem um sério problema com dúvidas, e eu não quero que essa seja uma delas. – null sentiu um calafrio ao ver null abrir os olhos subitamente, para se encontrar com os delas. –
- Então como vai ser? – Os olhos dela brilharam de leve pelas pequenas lágrimas. –
- Vamos aproveitar a última noite. – Ele sorriu, a puxando para ele, mas aquele “última” acabou com ela. –
null agarrou o pescoço dele, não subitamente, iniciando um beijo bem lento, só aproveitando seus lábios com pequenos chupões, sabendo que precisava aproveitar aquilo, que talvez fosse a última vez; seu corpo formigou por isso, sem se importar deixou a coberta cair, pressionando null contra aquele muro, já sentindo as mãos dele subirem por dentro de sua blusa até a parte das costelas, como se ele soubesse que era ali seu ponto fraco. Com mais intensidade, ele pediu passagem para que sua língua saciasse toda aquela saudade que ele já sentia dela, e não como das outras vezes, seu peito apertou por pensar que dali a poucas horas, aquela realidade estaria sendo um mero devaneio de sua mente. Suas mãos descendo e subindo por todo o tronco dela enquanto null arfava entre seus lábios; as mãos dela agarrando seus cabelos da nuca, e seus corpos se roçando; aquilo seria uma lembrança que null já sentia dor por saber que sofreria.
- Vamos descer? – null o parou de beijar, ofegante. null engoliu seco pelo coração latejante. – Acho que é impróprio aqui.
- Já tentou algo diferente? – Brincou, passando a língua nos lábios, mas logo foi puxado por ela pelas mãos, e assim ambos desceram as escadas de incêndio mais rápido do que poderiam. –
null mal tinha aberto a porta, e null já estava a beijando, o garoto empurrou-a para dentro agarrando sua cintura e a puxando para ele, sem dar nem mesmo tempo a ela para fechar a porta, mesmo assim, ele fez isso minutos depois com um dos pés. Finalmente, null foi caminhando com null até o sofá; a garota deslizou as mãos pelo peitoral desenhado dele em cima daquela segunda pele até chegar à barra, fazendo um impulso de leve para que ela saísse, null fez aquilo rápido, voltando a beijá-la, já também subindo a blusa da menina e assim que conseguiu retirá-la, null caiu no sofá, e null foi por cima, engatinhando até chegar onde null havia se arrumado.
Antes de voltar a beijá-la, embora já tivesse feito o caminho, null parou a centímetros de seu rosto, para olhá-la. null não entendeu de primeira, no entanto fez o mesmo, acompanhou o olhar de null correr por todo o seu rosto, e depois seus olhos marejarem; o peito dela bateu violentamente no peito, o que fez seu nariz arder instantaneamente.
- Você está bem? – Ela perguntou um tempinho depois de ser olhada com um amor incomum vindo dele; null caiu por cima dela, abraçando null por inteiro como resposta. –
- Eu não consigo. – Ele murmurou fungando no pescoço da menina e logo sentiu uma das mãos dela acariciarem seus cabelos, e a outra, deslizar por sua costa desnuda. –
- Tudo bem. Eu te amo. – null sussurrou dando um suspiro, null sentiu o corpo dela subir e descer junto com o seu, se aninhando mais a ela e assim, segurou os dois lados do corpo da menina, entre a cintura e as costelas, beijando mais uma vez seu pescoço.–
- Eu nunca broxei na minha vida, me desculpa. – null disse um tempo depois, arrancando uma gargalhada da menina, novamente, ele sentiu todo o corpo dela embaixo de si. –
- Cala a boca. – null deu um tapa na cabeça dele, o que fez null levantá-la para olhá-la. – Não precisamos fazer isso, vamos assistir a um filme... Tomar um chocolate quente... Você sabe que eu sou mestra em fazer um bem caprichado. – null piscou, vendo null roubar um beijo demorado dela. –
- Como quiser, minha rainha.
- Isso foi broxante. – null riu e saiu de cima dela, sentando-se no sofá observando null fazer o mesmo e sem querer, ficou vidrado nos seios da menina, por ela estar apenas de sutiã e uma calça; No entanto null parecia não ter percebido o olhar descarado dele para aquela parte do seu corpo, já fazendo impulso para levantar e ir até a cozinha. –
- Me desculpa mesmo. – null a puxou de volta, trazendo null para seu colo. –
- null, tudo bem. Sério. – Ela acariciou o rosto do menino, e ele fez o mesmo na sua cintura, num movimento circular com os dedões. –
- É que isso parece me machucar. – null cortou o silencio estranho que havia se instalado; null permaneceu quieta, tentando encontrar os olhos dele perdidos em algum lugar, embora os carinhos na sua cintura ainda não tivessem cessado. –
- Não era pra menos. – A menina respondeu num sussurro. – Nós vamos conseguir. – Abraçou null pela nuca, e novamente o garoto afundou-se no pescoço dela, dessa vez subindo uma de suas mãos para as costas dela, espalmando-as lá para sustentar o abraço. –
- Olha pra mim. – null se desvencilhou dela, apesar de null ainda estar em seu colo; assim ela o fez, sendo encarada por ele em câmera lenta. null passou os dedos pela sua bochecha, e depois desceu até a clavícula, observando tudo com muita atenção, parecendo perdido, e após isso voltou a olhar nos olhos dela. – É impossível mesmo.
- O que? – null entortou a cabeça, desentendida; null sorriu lindamente o que fez a garota arrepiar-se inteira. –
- “Foi impossível não se apaixonar por ela, não foi?” – Ele a olhou nos olhos, os de null arderam levemente, assim como seu coração, parecia uma coisa quente no peito. – null me perguntou isso quando você estava no hospital. – O garoto alisou os braços dela. – Estávamos do lado de fora, esperando pra te ver... Ou melhor, agonizando. Foi a primeira vez que ficamos sozinhos desde o que aconteceu, e naquele momento eu fiquei perdido mesmo naquela pergunta, porque eu não sabia o que responder, mas eu estava certo que eu era completamente louco por você. – O coração dela queria pular pela boca. – Eu me perguntei se seria possível eu ter evitado toda essa confusão, mas hoje eu tenho certeza que foi impossível. – Ele sorriu de novo; null continuava quieta, sem palavras. – É impossível não ser apaixonar por você.
null sorriu sem saber o que dizer. Com a brutalidade que seu coração batia parecia impossível formar palavras coerentes praquela situação, não só porque toda aquela declaração a pegou desprevenida, como os toques de null nela, e cada olhar que ele lançava minuciosamente para cada parte do seu corpo, como se cada uma parecesse inacreditavelmente especial, havia a deixado sem fôlego. null não sabia como conseguiria deixa-lo. null estava diferentemente brilhoso naquele instante. Seus olhos faiscavam ao olhá-la, seus toques pareciam mais intensos, o que na verdade sempre foram, mas naquele em si, era como se null estivesse só se despedindo de seu corpo, como se null fosse um sonho e ele estivesse perdido nele. E de fato, era isso o que ele pensava.
- Eu sei que, depois que aprendemos a falar isso, não paramos mais... – null gaguejou um pouco, alisando os ombros do menino até o bíceps, null fechou os olhos sorrindo de leve com a ação. – Mas eu vou dizer de novo, e de novo, porque são as únicas palavras que podem expressar o que eu sinto, e eu até acho que é bem pouco null, mas, Eu te amo. Eu te amo de verdade.
null continuou de olhos fechados ao ouvir tudo, sorriu um pouco mais aberto e deslizou suas mãos até o zíper da calca dela, desabotoando-o logo em seguida, e só depois de fazer isso direcionou o olhar a null; a sala estava escura, e por mais incrível que pudesse parecer, ela teve a nítida impressão de ver labaredas nos olhos dele assim que ambos encontraram os dela.
Sendo assim, null deitou-se com null por cima dele, e voltou a transpassar suas mãos por cada parte de seu corpo; pelas costas e coxas, passou pela bunda e depois tirou toda a sua calca; null não demorou muito pra fazer o mesmo com a calca de moletom dele, embora fosse muito mais fácil do que parecesse, a menina precisou de ar para continuar, porque os chupões que null distribuía por sua clavícula e subia por seu pescoço, estava a deixando paralisada e sem ar; e assim, depois de aproveitar muito, null trocou de posição sem dificuldade, mesmo que fosse no sofá. No escuro daquela sala só era possível ouvir as arfadas continuas e o calor que ambos trocavam era praticamente palpável; E pela primeira vez na história deles, aquela coisa rolou sem luz alguma, ambos só conseguiam sentir um ao outro, os toques, os suspiros, os estalos dos beijos; null pensou que fosse explodir por isso, seu coração estava inchado, seu corpo todo formigando, quente, junto ao dele, naquele pequeno espaço que parecia ainda mais confortável do que todos; Talvez fosse a despedida, eles agiam como um só.
E no fim, null e null terminaram a noite no sofá, adormecidos e grudados um no outro.
***
E lá estavam eles, andando juntos com as mãos mais entrelaçadas do que o normal. null sentia sua respiração pesada a cada passo dado; não queria se soltar de null, não após aquela noite. Não ao acordar e sentir que null ainda estava lá, adormecido e junto a ela, esquentando-a naquele inverno rigoroso de Londres, como sempre quis, como sempre imaginou; ao mesmo tempo não podia deixar de ir, porque sustentava a ideia de que conseguiria segurar a barra, se não fosse o perderia, se fosse, também; porque tinha que ser tão doloroso? Seu coração estava agoniado sem nem mesmo ter se despedido.
null conseguia sentir as mãos da garota geladas e suadas, ele não sabia pra onde ela estava indo, mas null não parava, ou se quer olhava pra ele; A menina caminhava freneticamente e ele conseguia ver o ar sendo solto por ela, o coração dele se partiu; Quando null viu que null não pararia, ele o fez, a parando num impulso com o ato, e foi só então que eles se olharam, seus olhos entraram em contato de imediato onde null pode perceber os olhos cheios de lágrimas da menina; engolindo seco, ele se aproximou lentamente, lutando para não desabar, porque precisava ser forte, não podia fraquejar frente à ela, de fato, antes de saírem da casa dele cheios de malas, em nenhum momento os dois se olharam ou trocaram palavras referentes àquilo. No entanto, no instante em que abriram os olhos naquele mesmo dia, o ar parecia ter ficado rarefeito.
- Seu portão é ali. – Apontou; null limitou-se a olhar para lá; ela botou as malas no chão e tapou o rosto, finalmente soltando das mãos de null. Havia um gosto amargo na sua garganta, algo latejava na sua mente. null queria vomitar. –
- null eu não... – Ela balbuciou tirando as mãos lentamente do rosto; os olhos dela estavam ainda mais encharcados, uma piscada foi suficiente para que a primeira lágrima caísse. – É só você dizer e...
- Eu não vou. – O menino interrompeu-a, logo dando um longo suspiro. Ele conseguia sentir as veias pulsando. – null não faça isso comigo. – null acenou negativamente passando as mãos nos cabelos, seus olhos marejaram levemente. –
- Você fez isso comigo! – null fechou os olhos sentindo seu coração apertar brutalmente no peito; a menina fechou os olhos com força, voltando a botar as mãos no rosto, e com isso sentiu null a envolver. O ar não vinha para ela, null não estava conseguindo respirar direito. –
- Não diz isso, você está fazendo isso por você. – null a abraçou totalmente já sentindo as mãos dela se emaranharam pelas suas costas e agarrem-na com força. –
- Mas você sabe que... – A menina deixou a frase morrer, levantando a cabeça para olhar null, já estava ficando natural não conseguir terminar as frases, ela não tinha força vital pra fazer isso. –
- Não vamos falar disso. – Ele acenou negativamente beijando a testa dela; null e null fecharam os olhos, já os sentindo arderem na mesma intensidade, com os corpos colados, eles eram quase um. null conseguia sentir o coração acelerado dele, e ele, o dela. –
- Eu te amo. Eu te amo muito. – null a sentiu apertar-se mais sobre seu corpo; com o ato, sentiu aquela fisgada insuportável por deixá-la ir; doía nele, doía fisicamente, doía psicologicamente. Ele achou que não iria aguentar, porque seus olhos já estavam turvos pelas lágrimas. –
- Eu também te amo. – a apertou em seus braços. –
Por fim, a menina soltou o choro, null aninhou-se no peito dele, que era mais alto que ela, e chorou baixinho apertando a pele de suas costas com força. Diferente das outras vezes que chorou nos braços dele, aquela em si, não aliviava seu corpo. Ela sentia ainda mais o mesmo pesado; Era até demais, porque ela nunca pensou que fosse ser tão difícil, mas era mais do que difícil. Finalmente quando ambos se encontraram e decidiram ficar juntos, veio isso, e a frustração era muito maior. null não podia pedir que ela ficasse porque seria egoísmo. Ela tinha que ir, nem que fosse sem ele; antes de null se apaixonar ela tinha um sonho que não podia ser deixado por ele; null não podia deixá-la desistir disso. Ele iria amá-la mesmo longe, null sempre seria o amor da sua vida, e isso não mudaria. Por isso ele tinha que deixá-la ir, porque ele a amava muito, muito mais do imaginava, muito mais do que seu corpo podia amar alguém, ele a amava o bastante para viver sem ela.
Eles ficaram pelo menos mais dez minutos naquela posição; null agarrada a ele, tentando sugar todo aquele perfume, tentando guardar cada textura, lembrando-se de cada sorriso e cada momento, cada toque; vinha como um filme em sua mente. Ela sabia que depois dali iria acabar, iria acabar de uma vez. Não era como das outras vezes. Ela iria embora e provavelmente não o veria mais, isso era desesperador porque ela o amava. O carinho do garoto em seus cabelos, em conjunção com os beijos que ele dava de vez em quando, tinham uma parcela de culpa quanto ao seu choro. Como ela iria deixar um garoto daquele? Com aqueles olhos? Com aquela boca, com aquele jeito de ser...
- Para de chorar pelo amor de Deus. – Ele segurou o rosto dela, ainda vendo algumas lágrimas escorrerem, null beijou os dois lados do rosto molhado de null, engolindo seco. – Olha pra mim.
- Eu não consigo... – null abriu os olhos lentamente, dando um meio sorriso tristonho; -
- Vamos deixar as coisas bem claras. – null procurou os olhos da garota. – Eu te amo e isso não vai mudar. Nunca vai mudar. – Ele lhe deu um selinho molhado. – Você mesma disse que nunca paramos de amar alguém.
- Eu sei. –null deu um suspiro, tentando normalizar a respiração. – Eu não estava errada. É só que, dói. – A voz dela vacilou outra vez; null a puxou de novo para um abraço. –
- Porra como dói. – null brincou sadicamente. – Mas a gente aprende a conviver não aprende?
A garota se emaranhou pelo corpo dele de uma maneira indescritível, deslizou suas mãos por toda a extensão das costas do menino, enquanto suas línguas se despediam, lhes causando uma falta de ar incomum, assim como uma onda elétrica gelada e com um gosto de já saudade, os dois lutaram para parar com aquele beijo, o terminando com vários selinhos e ofegadas.
- Vai lá e acaba com Nova York. – Ele sorriu. – Mostra quem é que manda. – null se distanciou um passo. Seu corpo parecia estar flutuando, não de uma maneira boa. Cada vez mais sentia um gosto amargo na garganta subir. –
null não respondeu nada, apenas pegou sua mala e passou a andar para o portão ainda o olhando; a menina deu três passos de costas, olhando diretamente para ele com aqueles olhos inchados e um sorrisinho que null provavelmente não esqueceria tão cedo. Quando ele pensou que ela viraria, null colocou as malas no chão novamente e correu para os braços do garoto, dando um pulo nele e agarrando seu pescoço. null o beijou, beijou no rosto, e nos lábios e nas bochechas, foi frenético; Ele fez o mesmo, apertando os olhos ainda agarrado a ela. Após aquele surto passar, ambos encostaram as testas, não querendo abrir os olhos, sabendo que iriam chorar, e tudo aquilo iria a fazer desistir. null segurou o rosto do garoto enquanto sentia o mesmo apertar sua cintura, e deslizar suas mãos ali, ela tinha certeza que sentiria falta disso.
- Promete pra mim que se você achar alguém, não vai ser um idiota que não te mereça... – null pediu baixinho, sentindo suas respirações se misturarem; Ao dizer aquilo, null sentiu o coração se quebrar, literalmente se partir ao meio assim como o dele, e de novo, as lágrimas se formarem com brutalidade em seus olhos. –
- null... – o reprovou com a voz vacilante; sentiu-o sorrir com o hálito quente, ele estava prestes a chorar. – Para com isso.
- Que ele te faça feliz... – O menino continuou passando língua nos lábios, ignorando null, seus olhos queimavam mesmo fechados; Ele acreditava que pela dor que estava sentindo ao dizer aquilo, algo lá dentro dele estava realmente fora do lugar. – Que te ame exatamente como você é, com toda essa sua neurose e tiques e... Ame a mania que você tem de não parar de falar, sem perceber que estamos quase dormindo. Que ele te abrace nas tempestades, porque você tem medo... – null fez uma pausa comprimindo os lábios, a voz dele vacilou. – Conte pra ele, ou ele vai rir da sua cara como eu fiz.
null soltou uma pequena arfada, sorrindo de leve, mesmo horrivelmente triste, ela não sabia o que fazer, então deu um selinho demorado no garoto com toda a dor do mundo. Dor. Era só isso que ela sentia, não tinha mais nada, seu corpo estava formigando; ela sabia que não iria achar esse cara, e sabia que não iria esquecer null como se fosse fácil – o que ele estava dando entender. – Não passou pela sua cabeça, que seria capaz de amar mais ninguém se não fosse ele.
- E você não se apegue em qualquer vadia. – null sorriu com o rosto todo avermelhado e molhado de novo, a garota fez uma careta só de imaginar. –
- Eu vou tentar. – Ele brincou cruzando os braços após ter se desvencilhado dela; os olhos dele também estavam avermelhados, mas null tentou não focar tanto naquilo, porque aquele sorriso dele estava ali, mesmo triste, era o mais bonito que já havia visto na vida. –
Por fim, null franziu os lábios e passou a caminhar novamente, mas desta vez era sem volta, null abaixou a cabeça por segundos para tentar aliviar seu corpo e não mostrar seu quase choro por ela estar indo; null estava tentando se controlar para não gritar e pedir para ela ficar.
- Eu te amo. – Ela sibilou antes de virar-se totalmente para o portão e dar as costas para ele. –
Não houve tempo de resposta, então null evitou ainda mais aquilo. Foi ver null entrar dentro daquele portão, que seu corpo pesou como se houvessem três toneladas de cimento sobre ele. null não conseguia andar, ou respirar. Sua mente girava e ele salivou pelo menos dez vezes antes de entrar no carro;
Sua cabeça doía a ponto de não conseguir distinguir de onde vinha toda aquela coisa ruim; ela transpassava por todo o seu corpo. Era a falta dela. null entrou em desespero; quando fez menção de ligar o carro, suas mãos tremularam e como um vômito, ele soltou o choro sem se aguentar, suas mãos socaram brutalmente o volante, e finalmente ele cedeu a todo aquele peso, encostando sua cabeça no mesmo. null ficou pelo menos cinco minutos ali, chorando como uma criança. Ele não se limitou a não chorar alto, o fato era que doía mesmo chorando, era horrível. Não tinha alivio, seu corpo todo estava contraído e ele tinha vontade de explodir; seus olhos ardiam, sua cabeça queimava. Aquela literalmente era uma sensação torturante porque, ele sabia que não iria passar rápido. Não havia ódio ou magoa ou qualquer coisa, só havia amor, um amor gigante que tinha nome e sobrenome, e que no momento, estava voando para Nova York construir uma vida da qual ele não iria fazer parte.
- Ei, ei – null ouviu assim que chegou a casa; null levantou de súbito do sofá parando seu jogo ao vê-lo passar como um furacão, mas ainda assim, conseguiu o parar entrando na frente dele. – Tudo bem?
- Como pode estar tudo bem null? – Ele olhou o amigo com os olhos inchados, só então null percebeu que ele havia chorado, ou estava chorando, isso não importava, só o que null sentiu foi seu coração se partir por ver o amigo naquele estado. –
- null... Você tinha escolha.
- NÃO, NÓS NÃO TÍNHAMOS, EU NÃO TINHA. – null fungou alto após a frase, emaranhando as mãos nos cabelos; null acompanhou null dar dois passos para trás, parecendo estar perdido na sua própria sala, com os olhos pressionados e a boca franzida. null exalava desespero. –
- Calma cara! – Ele fez um gesto com as mãos, mas não alterou a voz. –
- O que vai adiantar agora? – null chacoalhou a cabeça, tentando engolir aquela coisa amarga que subiu por sua garganta. – Ela foi embora null, eu não vou vê-la. Eu... Não vou beijá-la, sentir aquele perfume, eu não... Não vou poder tocá-la... – null se perdeu nas palavras sentindo a boca tremular. null se comoveu, fechando os olhos com pesar ao ouvir aquilo, tentando dar passos singelos até ele. –
- null...
- Eu a amo null, eu a amo muito. – null desabou, tapando o rosto para que null não o visse chorar. Aos poucos ele sentou-se ao sofá e jogou a cabeça para o chão, totalmente desolado, vendo aquilo, null se apressou para sentar ao lado dele, botando uma das mãos no ombro do amigo. –
- Como não amar null null, null? – null brincou baixo, sorrindo meio triste; null fez o mesmo, sorrindo baixo e sádico logo depois, limpando o rosto e se voltando para o amigo. –
- Como deixar de amar null null, null? – Ambos se olharam por segundos, até null conseguir captar toda a dor que null sentia, só pelos olhos que pediam para null voltar. –
- É uma tarefa bem difícil, não acho que vá acontecer. – O menino brincou; null sorriu com o canto da boca, apertando uma mão na outra, seu peito ainda doía muito. – Nós nunca paramos de amar alguém null, principalmente ela. – null deu dois tapas nas costas do amigo. – Mas se você quer um conselho: Quebre tudo que você tiver que quebrar, chore o quanto tiver que chorar e beba até cair, até dizer chega; quando voltar em si, vai ser mais fácil de aceitar que ela se foi, e que de um jeito ou de outro a vida vai continuar. – null o olhava com atenção, ele iria fazer aquilo tudo, iria mesmo, só não sabia se seria o suficiente pra acabar com aquela coisa dentro dele. –
- Eu não posso deixar de amá-la null, é a primeira garota na minha vida que me fez ficar... Assim. – null fez gestos frenéticos com as mãos, suspirando depois. – Nem que eu queira, meu Deus... – Ele botou as mãos na nuca, fechando os olhos. –
- Eu não estou dizendo pra parar de amá-la, já falei que isso não vai acontecer. – null argumentou. – Estou dizendo que é mais fácil aceitar quando você extravasar tudo que tem que extravasar. Vai doer, é claro, mas você vai ver que a vida não acabou e que você pode amá-la de longe.
- Isso é o mais difícil.
- Ninguém disse que amar era fácil. – null deu o play no jogo, piscando para null que se jogou mais uma vez no sofá, dando suspiradas longas até tentar acalmar seu coração. –
- Esse é o ponto null. – voltou a falar alguns segundos depois. – Não era difícil amá-la. – O amigo virou-se para ele, encarando null que tinha ainda os olhos fechados. – Amá-la foi à coisa mais fácil que eu já fiz na minha vida. Foi como... Aprender a andar de bicicleta. – sorriu. – Eu fiquei com medo no início, mas depois... Ela me ensinou a amar de um jeito tão... Gostoso. Era viciante, eu não queria parar, eu fiquei com medo quando tive certeza e eu sabia que podia dar errado, mas isso não importava. null; amá-la foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida até hoje.
null ficou sem palavras, por pelo menos dois minutos ambos ficaram em silencio tentando absorver todas aquelas palavras; null finalmente abriu os olhos e viu null na mesma posição que ele, jogado no sofá.
- Você não tá sozinho cara. – Ele fez um toque com o amigo. – Se você tem um pouco de fé na vida, talvez esse amor faça vocês voltarem a ficar juntos. – null engoliu seco. –
- Eu não consigo respirar. – null passou a mão no rosto, no instante seguinte, ele continuou com as mãos lá, voltando a chorar. null apertou os lábios sentindo seus olhos também marejarem, e foi aí que a porta se abriu, e ele viu os outros três caras aparecerem; assim que bateram os olhos em null naquele estado, ambos fizeram a mesma feição que null, indo até o amigo. –
- Viemos ver se você estava bem. – null engoliu seco, mas null não respondeu; o garoto continuou chorando com as mãos no rosto. null respondeu por ele, apenas acenando negativamente com a cabeça. –
- Estamos aqui. – null sentou ao lado de null, dando dois tapinhas no joelho do mesmo. null fez o mesmo, pela primeira vez caminhando até null, o menino sentou-se ao lado dele e deu um longo suspiro, o abraçando em seguida inesperadamente.
Aqueles três meses seguintes foram à base da aceitação.
Na primeira semana, null não saíra de seu apartamento. O garoto subiu inúmeras vezes até o terraço, tendo da primeira vez encontrando a coberta roxa da qual esqueceram na noite anterior a que null viajara, sem falar que, tudo dentro do apartamento dele, insuportavelmente a lembrava. O cheiro, as cenas. null pensou que isso só acontecesse nos filmes, que fosse invenção. Mas não, ele via nitidamente ele e null naquela cozinha, ou em seu quarto, ou no sofá. Ele podia jurar que ouvia os estalos dos seus beijos nele, quando por ventura adormecia sem querer. Apesar da ajuda dos caras que iam quase todos os dias pra lá, null parecia inegociável para qualquer tipo de evento. Tanto como ir até a casa de algum deles, muito menos até um bar.
Resumidamente, o garoto virou um trapo no primeiro mês. Nem ele, ou null havia imposto algo do tipo “ não vamos manter contato”, embora fosse isso o que tivessem feito. Talvez só pelo olhar, ou por se conhecerem tão bem, nenhum dos dois quis manter contato; nenhum dos dois ligou apesar de estarem sofrendo na mesma intensidade toda vez em que passavam em frente a bancas que deixavam expostas as revistas da POISON, embora null estivesse sofrendo um pouco mais, mesmo que não soubesse se tinha alguma ligação com a separação repentina de toda a sua vida em Londres, os enjoos passaram a ser contínuos, junto com uma dor de cabeça, e uma moleza estranha; tudo isso sozinha, mesmo que sua colega de sala Mandy estivesse ajudando muito, não era como null. Não era, porque null sabia que apesar de tudo isso, a única coisa que a confortaria era voltar pra casa, mesmo sabendo que era insanidade trancar o curso no terceiro mês.
Naquele instante em questão, null estava jogada no sofá após um longo dia de curso; seu cansaço estava maior do que o normal, apesar de saber que sempre foi dorminhoca, não era pra tanto, sem falar nas cólicas estranhas que sentia no abdômen. Certamente, null dormiria se seu celular não estivesse apitando estridente, avisando que era null no facetime.
- Ei! – Ela falou animada, null percebeu que a amiga estava na mesma posição que ela, deitada no sofá, talvez da casa de null, porque null não reconheceu o lugar. – Que cara de acabada é essa?
- Dor de cabeça e um dia cheio de croquis... Essa pode ser a explicação. – null suspirou cansada, passando a mão desocupada nos olhos. –
- Você está sem cor null. – null Paula disse um tanto nervosa, null voltou a abrir os olhos para encará-la e logo abriu um sorriso forçado. –
- Como está o nosso bebezinho? – Ela mudou de assunto, sua cabeça estava latejando. –
- Não mude de assunto, me diz o que você tá sentindo? – Ouviu a amiga falar brava, e ela sentar-se com certa dificuldade, já deixando aquela barriga de sete meses enorme, à vista. –
- Dor de cabeça... E... Um cansaço. Talvez leve um tempo pra eu me acostumar com tudo aqui, é muito corrido, e sem vocês... – null deu um suspiro doloroso; Seu estomago se revirou, e mais uma vez ela sabia que iria vomitar. –
- Bem, isso está sendo difícil pra todo mundo. – null falou pesarosa, passando uma das mãos na barriga. –
- E onde está o null?
- Com o null. – O coração da menina palpitou; como era possível sentir isso apenas ao ouvir seu nome? E o pior, depois de três meses? –
- Como ele está? – null perguntou, seu coração estava na boca, já sentindo falta dele com mais brutalidade do que antes. –
- No primeiro mês ele penou. – null começou baixinho. – Eles estão se revezando e estão sempre indo até a casa dele. null não queria sair de casa, apesar de que, há algumas semanas atrás ele ligou pro null, dizendo que tinha alguns projetos pra banda. Foi o que eu ouvi o null dizer. E agora eles estão superempolgados com novas composições. – null escutava tudo com a maior atenção, não sabia ao certo o que dizer, mas só de saber que null tinha melhorado era ótimo; -
- Eu... – O vomito havia parado na sua garganta, null percebeu a boca de null ficar branca. – Te ligo mais tarde.
A menina saiu correndo até o banheiro com as mãos na boca, assim que chegou à privada, despejou tudo que havia comido no café da manhã e almoço – o que não era muita coisa. – null não estava bem, a ponto de não comer nada, portanto, a reação de seu corpo era clara; ela estava fraca, e agora que tinha jogado toda sua refeição pra fora, ficara ainda pior. Assim, ela deitou no chão do banheiro, sentindo o cansaço lhe tomar aos poucos, seu corpo estava pesado demais pra conseguir sair dali, e sabendo que iria vomitar novamente, a garota ficou por ali mesmo, fechando os olhos logo em seguida.
Parecia que ela havia dormido há séculos, seu corpo estava dolorido, e levando leves chacoalhões, junto com uma voz severamente desesperada, aos poucos sua vista turva reconheceu Mandy com os olhos em pânico em sua direção.
- null! Ai meu Deus.
- Mandy... – ela fez uma força súbita pra levantar, sendo ajudada pela colega. – O que você faz aqui?
- Você está desmaiada no chão, e se preocupa justamente em “porque eu estou aqui?”– O tom dela era perplexo; null fechou os olhos, se apoiando na parede gelada do banheiro. – Vamos ao médico agora!
- Eu não tenho tempo pra isso Mandy, eu só preciso de um analgésico e um pouco da minha cama. – A voz de null saiu realmente sonolenta e grogue. –
- Você está só o pó! E vai comigo pro médico do campus, sem discussão. – Mandy se levantou, saiu do banheiro, e após alguns minutos voltou encontrando null na mesma posição. – Você consegue se levantar?
Com muito esforço, null levantou e prendeu os cabelos, como não estava muito frio, uma blusinha de plush na cor cinza, fora suficiente; Mandy ajudou-a a colocar seu tênis, e logo, ambas se encaminharam para o terceiro prédio do campus, bem ao meio, que não era muito longe.
Por volta das nove da noite, null foi chamada. Por sorte, não precisou responder nada a Mandy, já que ela não havia perguntado, e também havia melhorado um tanto sua fisionomia acabada. Assim que passou por frente ao espelho, antes de chegar na sala do médico, null agradeceu a Deus por ter ficado um pouquinho mais corada.
- null null. – O homem de cabelos pretos, e uma barba rala a olhou, parecendo analisá-la já de cara. – Você relatou que está com uma enxaqueca terrível nos últimos dias... – null acenou positivamente. – Não acha que é muito nova pra ter enxaquecas? – Ela arqueou a sobrancelha. –
- Bom, meu estudo é excessivo. Creio que eu não seja o seu primeiro caso de “enxaqueca na juventude”, num campus? – O doutor riu como se aquilo houvesse sido uma piada, null sentiu uma raivinha percorrer suas veias. Ela estava morrendo em frente a um doutor, e ele simplesmente ria? –
- Sim, eu já tive casos com “enxaqueca na juventude”, embora eu saiba que esse não é o seu caso. - E mais uma vez ela arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. –
- A é? – O homem a olhou, fechando o sorriso que era, diga-se de passagem, bem bonito. –
- Sem falar na enxaqueca, null, você disse que sente um cansaço extremo, e sua amiga me disse que você tem tido enjoos frequentemente. - A garota engoliu seco. –
- Como você...
- Ela fez sua ficha, agora pare de querer ser a sabichona e me responda algumas perguntas. – O tom usado por ele não fora rude, mas foi o suficiente para null se calar; O moreno nulllisou alguns papeis, pegou um deles, e sem olhá-la, começou:
- Sente uma pequena dorzinha no abdômen, comparado a uma cólica? – Ela continuou quieta, com um suspiro, ele se debruçou na mesa. – Sim ou não, null. Eu não vou morder você, quero te ajudar, agora me responda.
- Sim.
- Ok.
- Tontura?
- Sim.
- Sente enjoo com cheiro de comida muito forte.
- Só por agora. Mas sim.
- Seu humor anda meio abalado.
- Mandy diz que sim. – O medico abriu um meio sorriso. –
- Seus seios estão doloridos? – null hesitou um pouco. –
- Não é preciso apalpar pra saber, null... Vou reformular a pergunta: Você os sente um tanto inchados e doloridos, mesmo que passe a mão levemente, enquanto toma banho, por exemplo? – null engoliu seco. –
- Sim. – Ele deu um suspiro, encostando-se na cadeira. –
- É gastrite? – null arqueou a sobrancelha, arrancando outro um risinho do doutor. –
- É mais simples do que isso.
null ficou observando aquele teste de gravidez em cima da pia do seu banheiro, enquanto tomava banho. Fazia talvez, meia hora desde que entrara, e deixara Mandy na sala, ela adormecera assim que null entrou no banheiro, e não era pra menos, seus horários eram das dez as oito da manhã, ou seja, Mandy realmente dormia as dez, porque era uma nerd; Aquela de dormir fora do seu quarto, e não estar estudando por causa de null, era talvez a primeira coisa fora da rotina que Mandy estava fazendo na vida.
null voltou a pensar em si, sentindo a água bater no corpo, seus sentidos estavam aguçados, a menina apalpou os seios os sentindo doloridos, e depois alisou a barriga inconscientemente, seu coração estava maior do que o normal naquele instante; seu corpo latejava, não havia como explicar, mas era medo, muito medo. Sabendo que teria que acabar com aquela dúvida, null saiu do box respirando fundo, fez tudo o que as instruções na caixinha pediam, e esperou por cinco minutos sentada no vaso, com o coração na mão.
Os pingos do seu cabelo molhado, ainda escorriam por todo seu corpo e imediatamente ela pensou em null, mais do que tudo, desejou que null estivesse ali com ela; assim que imaginou apenas o olhar dele, completamente compreensível e calmo, null quis chorar. Ela estava desesperada, perdida, talvez porque já soubesse a verdade cuspida na sua cara. E como ela queria um abraço dele, sabendo que não teria, só imaginando ele, seu coração apertava de saudade. De fato, ela ficaria mais calma se por ventura ele estivesse ao seu lado naquele momento.
Foi aí que num segundo para o outro, null abriu os olhos e virou a cabeça lentamente para a pia, sua vista ficou turva no mesmo segundo, e ela sentiu a primeira lágrima quente escorrer: A segunda linha estava ali. null null estava grávida.
No entanto, seu celular apitou quarenta vezes não dando tempo de nem mesmo null chorar com ainda mais desespero, só depois um toque divertido tocou, null já sabia quem era, limpando as lágrimas e tentando normalizar a voz, ela respirou várias vezes; tinha que se controlar, mesmo que não soubesse o que fazer, precisava manter a calma.
- Há essas horas, null? – null sorriu, passando a língua nos lábios. –
- Eu tinha que saber se a minha trouble está bem! – A voz dele estava um tanto preocupada. –
- O que a null Paula te disse? Que eu morri no facetime e ela viu tudinho?
- Mais ou menos isso... – Os dois riram. –
- Eu estou bem... – null gaguejou, null percebeu que ela não estava normal, então deu um suspiro. –
- Você sabe que não precisa mentir pra mim. É só você dizer, e eu apareço aí mais rápido do que você imagina.
- null... – Ela queria que ele fosse, seu coração apertou. – E como você está?
- Não é a mesma coisa sem você. – null começou. – Olha null... Você já contou? Cala a boca!
null ouviu ao fundo, e arqueou a sobrancelha tendo a impressão de que era null.
- null? null o que você não me contou? – null se ajeitou na privada, envergando as costas. –
- Não, não é nada...
-null null!
- null foi detido por você.– null gritou , null conseguiu projetar claramente a feição culpada e raivosa de null! por estar contando. –
- Do que você está falando?
- Descobrimos há pouco tempo... – começou. – Ele brigou no bar. Foi a trupe do Ryan... Mas, ele não se machucou muito, por isso eu não ia contar. – O garoto disse bravo, olhando torto para null ao lado. – null disse que ele falou de você, e como a cabeça dele não está muito boa...
- O... O quê? – A menina gaguejou, e da mesma forma, seu coração palpitou violentamente. –
- É claro que ele acabou como vítima antes que pudessem incriminá-lo, mas eu tirei ele da delegacia na semana passada por isso. – Um silêncio tomou conta da linha, mais uma vez, as lágrimas começaram a descer sem piedade pelos olhos da menina. –
- null... Eu o amo. – O garoto percebeu a voz chorosa e embargada pelas lágrimas, null fechou os olhos, passando as mãos nos cabelos, se xingando mentalmente por ter contado. –
- Ele te ama também. – Falou depois. – Faz três meses, e o null ainda não consegue ser ele mesmo. – Ele a ouviu fungar no telefone. – Ele escreveu uma música. Nós conseguimos uma pequena apresentação, pra abrir o show do Mcfly aqui em Londres.
- Mentira? – null riu, limpando as lágrimas. Ela já não estava mais sentindo seu coração. –
- E nós conseguimos graças a essa música, ele escreveu pra você. – null disse; null riu novamente dentre ao choro, e assim o garoto ficou apenas escutando os fungares dela, tentando acalmar o choro por um minuto. –
- Eu sinto falta de vocês.
- Então volta null. Volta pra nós. Volta pra ele. – null deu um suspiro. –
- É um pedido tentador. – null sorriu de orelha a orelha. –
- null, o casamento do seu pai é daqui duas semanas e você se quer experimentou o vestido. – E tinha mais essa, o casamento. – Usa um final de semana pra vir nos ver. – O coração dela palpitou ao saber que entre o “nos” havia um null no meio. –
- Eu prometo que vou tentar, só preciso resolver algumas coisas. – ela sorriu de lado ao ouvir null gritar um “yeah” muito alto do outro lado. –
- Devo contar para os outros?
- NÃO! – Respondeu rapidamente, null se levantou da privada, ainda se sentindo meio mole, portanto apoiou-se no balcão. – Se eu for, eu quero que seja segredo, depois a gente vê o que faz, então cala essa boca null!
- Tudo bem, como você quiser. Eu te amo pequena, estava morrendo de saudades desse amor louco. – null percebeu um estrondo na outra linha, e logo vozes masculinas tomarem conta, ela ouviu a voz dele, seu corpo todo paralisou, null sem perceber parara de respirar. – Com quem você está falando, dude?
- É melhor eu desligar. – A garota gaguejou – Eu te amo! Mande beijos pra todos.
Ela jogou o celular na pia sem qualquer pena, apoiando-se agora com as duas mãos nela, jogou todo o seu corpo para baixo, e só após alguns segundos naquela posição, null finalmente se olhou no espelho.
Seus olhos estavam fundos, nada que ela não tenha percebido nos outros dias, a única diferença é que ela sabia que tinha um pequeno serzinho tomando conta da sua saúde vital naqueles três meses. Um bebê. null estava com uma vida dentro de si. Novamente seus olhos se encheram de lágrimas, sem saber o que fazer, sem saber como contar, como agir diante daquela situação. As palavras de seu pai ecoavam por sua mente a todo segundo a deixando ainda mais atordoada.
- Renê, ela só tem 17 anos! – John protestou e voltou a olhar null, como se ele fosse um estuprador; o cara responsável por acabar com a inocência de sua filha. –
- E com 17 eu estava grávida dela. – Aos poucos John virou-se para Renê, dando a entender que havia recordado da gravidez precoce de Renê. –
- Eu amo a minha garotinha, e eu nunca me arrependi de ter tido você, mas nós dois sabemos que um filho na nossa idade foi precoce demais. – null e null se olharam sem entender; Aquilo parecia estar sendo uma briga mais pessoal deles, do que sobre pegar null e null quase transando. –
- Eu não vou engravidar, pai.
E como John iria reagir aquilo? null passou as mãos nos cabelos molhados, se arrepiando com a corrente de ar gelada que entrara pela porta. De fato, primeiro ela precisava cuidar da saúde, e depois decidir o que iria fazer. null não iria esconder.
No dia seguinte, junto à Mandy, a menina voltou até o médico moreno; ele sorriu quando a viu, sorriu paternalmente ao perceber os olhos inchados de tanto chorar a noite, sua reação foi um conforto para null. Sem precisar contar nada, ele a encaminhou para uma série de exames, ali no campus mesmo, e assim a consulta se estendeu a tarde toda, até que ele tivesse um resultado completo e bem detalhado.
- Três meses e duas semanas, null. – null arregalou os olhos, por sorte Mandy estava com ela, apesar de ser louca com seus estudos, ela estava sendo um grande alicerce para que null não surtasse. –
- Minha menstruação não está atrasada todo esse tempo, Doutor, e, como eu não percebi? – Ele tirou os óculos e botou todos os papeis na mesa novamente. –
- Às vezes você pode estar grávida mesmo que a menstruação não atrase, e na maioria das vezes, quando alguém nem desconfia de uma gravidez, ela demora pra dar indícios. – A menina deu um suspiro cansado, cansado mesmo, seu corpo estava doendo, voltando a se encostar na cadeira. – Mas você relatou que não está todo esse tempo, mas atrasou...
- Tudo bem. E o... Bebê? – gaguejou, ela sentiu algo estranho e gelado ao falar aquilo; sua fixa ainda não tinha caído. –
- Bom, esse aí está ótimo! – O médico sorriu. – A formação está em dia, tudo nos conformes. O Problema agora é você mocinha. – A menina permaneceu quieta. – Vou te dar alguns remédios para o enjoo, em conjunto, a dor de cabeça vai passar, mas você precisa comer direito, ou vai ficar com anemia, e isso vai prejudicar seu bebe. Sua saúde reflete na saúde do seu filho. – A palavra “ seu filho” fez eco na sua mente, percebendo isso, o doutor suspirou. –
- Mandy, pode nos dar licença um minutinho? – Mandy assentiu, trocando um olhar compreensivo com null antes de sair da sala. –
- null, olhe pra mim. – Aos poucos ela o olhou, já sabia o que viria, portanto, seu coração paralisou, assim como seus olhos, e sua respiração. Ela literalmente não estava no seu estado normal. – O pai dessa criança sabe...?
- Eu não sou daqui. – null o cortou segurando com as suas forças suas lágrimas. – Ele também não é... Não era pra ter acontecido, não... – Sem querer a menina tapou os olhos iniciando um choro compulsivo em frente ao moreno, seu coração parecia apertado, oprimido. Sem conseguir se conter, o médico se agachou ao lado da cadeira de null. –
- Ei menina. – Ele disse baixinho, fazendo-a o olhar. – Já ouviu dizer que, quando o amor é grande demais, e não cabe em nós, se torna outra vida? – null prestou atenção naquela frase, limpando com as costas das mãos suas lágrimas. – Esse bebê é o símbolo do amor de vocês. – O homem apontou delicadamente para a barriga dela, null olhou naquela direção, limitando a sorrir e novamente deixou algumas lágrimas escaparem. – Volta pra lá e diz pra ele. Viver a vida na mentira vai te deixar ainda pior e, eu duvido muito que esse garoto não aceite.
- Não se trata disso. Eu não posso fazer isso com ele. – disse tremula, aquilo o fez rir e levantar-se. –
- E você pode fazer isso com você? Pode se culpar tanto assim? Deixe disso.
- Não parece tão simples assim.
- Quer que eu repita minha frase? Um bebe só nasce, porque o amor é grande demais pra ser reprimido em só duas vidas. Ele precisa nascer em outra, e ela está em você. – O médico voltou a se sentar. – Creio que a faculdade permita que você termine há distancia, já que você está grávida. Se quiser, te dou um atestado a partir de hoje, o resto você se encarrega depois.
- Obrigada doutor... – A menina se levantou, botando todos os seus exames na bolsa. –
- Dovan. Me chame de Dovan.
- Obrigada Dovan. – Ela piscou e assim saiu da sala. –
null já estava realmente melhor, embora sempre que insistisse para Mandy ir, ela negasse. Mandy acompanhou em silencio todos os passos de null sem questionar nem por um segundo a procedência daquele bebe. E de certa forma, aquilo foi ótimo. null estava sem resposta naquele momento, mesmo que precisasse acha-las; sua mente vagava no que diria à null, no que faria primeiro ao chegar lá, em como todos reagiriam à sua chegada repentina, e o melhor, com uma bomba.
- Mandy, eu vou ficar bem. – null disse dessa vez, realmente melhor, com os remédios, as coisas haviam melhorado. –
- Eu posso fazer alguma coisa antes de você ir...
- Mandy... Sério. – A menina a olhou com um meio sorriso, chegou perto de null e a abraçou, ambas ficaram assim por uns quinze segundos. –
- null, eu espero que tudo dê certo. – Mandy disse a olhando nos olhos, null deu um suspiro calmo, o primeiro do qual havia dado desde que descobrira tudo, e assentiu positivamente para a colega. –
- Eu também, Mandy.
Com a passagem comprada para a manhã do dia seguinte, não havia mais nada que pudesse fazer. null estava olhando diretamente para suas malas prontas perto da porta, rebobinando seus últimos momentos em Londres. Aquela noite com null; Ela só lembrava-se da sensação, maior do que eles, como sempre diziam, eles experimentaram algo inexplicável naquela noite. Então foi naquela noite em que, o amor dos dois não aguentou ficar só em dois corpos, e brotou dentro dela...
null levantou rapidamente do sofá, indo até o banheiro, virou de lado e levantou a blusa; sua barriga estava enxadinha, ou era o que ela pensava o tempo todo, pensava que fosse gastrite, mas o bebe estava ali o tempo todo.
Ela sorriu e acariciou aquela parte por um minuto sem desviar o olhar, dando as boas-vindas ao seu pequeno serzinho, finalmente aceitando, finalmente acreditando que era verdade, que ele estava ali; null teve a certeza de que não estaria mais sozinha na vida, ela teria um pedacinho de null com ela pra sempre.
***
Com o coração disparado a menina passou a andar em passos largos por aquele mar de gente. null sentia as pernas tremulas, e não era de fome. A cada passo, ela sentia-se ainda mais sem ar.
Assim, ela parou ao meio do aeroporto passando as mãos nos cabelos já sentindo um calafrio típico de Londres, que estava incrivelmente gelada naquele dia, nem seu super casaco preto estava segurando o frio; Ela havia ligado para null um pouco antes de sair, o problema é que, justo com null, ela não conseguia esconder as coisas por muito tempo.
Pensando nele, logo null viu um cara todo alegre, com os olhos brilhando, caminhar até ela, quase saltitando, só que havia algo estranho, junto com null uma garota morena caminhava um tanto receosa, no entanto, um pouco antes de chegar null abriu os braços tirando a concentração de null da garota que vinha com ele, quase correndo em direção a ela.
- Eu não acredito que você está realmente aqui! – Ele a levantou do chão num big abraço de urso, null se apertou no amigo já sentindo uma vontade de chorar estranha; null não só estava abraçando ela, mas sim seu filho, e ela queria contar isso a ele. –
- Como eu senti falta de você! – A menina disse no abraço, beijando o rosto de null demoradamente. –
- Então... – após colocar null no chão, null puxou a garota para seu lado. – Essa é a Brooke. – Ambas se olharam e Brooke se aproximou para cumprimentar null. –
- Hey! – Foi a única reação da menina diante de uma desconhecida que aparentemente era o novo amorzinho de null. –
- null fala muito de você. – Brooke falou em falso, null sorriu tentando ser simpática, afinal, nem a conhecia, embora tivesse sentido um pequeno ciúme do seu melhor amigo. –
- Coisas boas, eu espero. – Os três riram, e null logo entrelaçou suas mãos às de Brooke. –
- As coisas mudaram bastante por aqui. – O menino comentou, enquanto caminhavam; null deu um suspiro sentindo de novo aquele calafrio. –
- Eu também mudei. – null à olhou por longos segundos sem desviar o olhar, e Brooke acompanhou tudo, era como se ele tivesse descoberto tudo só pelas entrelinhas. –
- Do que você está falando? – Assim que chegaram à porta do carro, null a parou enquanto Brooke entrava. –
- Primeiro, me leva pra casa do meu pai. – Sem dizer mais nenhuma palavra, null fez o que null pediu. –
Ele dirigiu em silencio até a casa dos null, ouvindo apenas o respirar de Brooke e null e um pequeno sonzinho que tocava no carro. Sinceramente, null não estava nem notando os dois ali, sua mente girava em torno do fato de que ela precisava contar, precisava dizer que tinha uma criança crescendo na sua barriga, e ao pensar nas possíveis reações sobre aquilo, fazia sua cabeça voar. null percebeu, mas mesmo assim não disse nada, apenas trocava olhares com null de cinco em cinco segundos, recebendo um olhar ciumento de Brooke.
No momento em que chegaram, null saiu rapidamente do carro, já pegando suas malas de rodinha e indo em direção a casa. Não queria explicar nada à null, não queria passar no interrogatório; e agora vem a pergunta: Porque ir primeiro pra casa do seu pai? Ela faria um teste, ouviria com todos os detalhes o que John sentiu ao ouvir que seria pai aos dezessete, antes de contar para null.
- Ei ei ei! – null não virou, continuou andando com suas malas e só parou quando null entrou à sua frente. – O que aconteceu? Não quer que eu te ajude? Entre junto?
- Não. – A menina respondeu fechando os olhos. – null, eu prometo que vou te contar tudo, mas agora eu preciso ir, e sozinha.
null deu espaço para que null continuasse o trajeto um pouco desconcertado, mas deu.
Com o coração na mão, ela fechou a porta atrás de si notando algo muito estranho na casa: A falta do cheiro de tulipas tão característico de Paris. Sem falar que, tudo estava num extremo silencio. Tendo em vista disso, null estacionou suas malas ali na entrada mesmo, e caminhou para escada, subindo os degraus com receio; a sua mente ia e voltava todo o pseudodiálogo criado para o pai, e talvez para finalmente revelar tudo.
No entanto, o que ela encontrou fora outra realidade. No lugar de seu pai, null deveria ter preparado a mente, já que Paris estava fazendo as malas. Duas malas gigantes e cor-de-rosa totalmente cheias, e sendo enchidas rapidamente.
- O que você está fazendo? – Parou no meio da porta, olhando em pânico para Paris. Da mesma forma, a mulher estalou os olhos em direção a ela, muito mais assustada, afinal, null tinha que estar em Nova York. –
- O que você faz aqui? – Paris fechou uma das malas, e null deu mais um passo à frente. –
- Eu perguntei primeiro! – Com a segunda mala fechada, Paris olhou seriamente para a menina, passando as mãos nos seus longos cabelos loiros. –
- Eu vou embora, null.
- Não! Como assim? Meu pai sabe disso? – A garota perguntou atônita, ouvindo um riso sonoro e sarcástico de Paris. –
- Não era isso que você queria o tempo todo docinho? – O olhar das duas travaram raivosos um para o outro, null soube naquele momento o que aquilo significava. –
- Você vai deixar meu pai nas vésperas de casamento!? – Ela gritou –
- Isso passou dos limites. Eu não consigo fazer isso. – Paris disse colocando o casaco;
- Você é uma vadia! Sem coração, você não pode fazer isso com meu pai?– Sem saber o que fazer diante daquilo, null entrou em frente à mulher, parando-a; Paris a olhou seria, dando um suspiro em seguida, e então a trancou e null naquele quarto. –
- Eu sou uma vadia, null. Você tem razão. Sempre teve. – Paris botou as mãos na cintura, como se aquilo fosse obvio, e era! null abriu a boca num “o” ao ouvir aquilo.
- Bem, isso eu sei, mas revelar só agora? – A menina riu irritada, seus nervos estavam à flor da pele, null conseguia senti-los por todo o corpo. –
- Jack Spelman. – Paris começou apoiando-se na cômoda. – Sabe o que é ser uma sobrevivente, null? – A menina ficou calada. – Eu sou uma garota de programa, que teve uma oportunidade, e se aproveitou disso. Só que isso passou dos limites, e por não querer magoar seu pai, eu vou ir embora.
- Como você é boa, estou impressionada! – null passou as mãos nos cabelos, sua mente estava borbulhando após aquilo; como seu pai encararia? E mais, a um neto? Seu corpo todo amoleceu ao lembrar-se disso, e mais uma vez null sentiu vontade de chorar. – Devia ter pensando nisso antes de entrar nas nossas vidas, e destruir tudo! – sua voz saiu entre dentes.–
- Eu tive a oportunidade de ver meu filho outra vez. – Paris passou a língua nos lábios, e pela primeira vez, null viu um pequeno resquício de humanidade nela.–
- Do que você está falando?
- Ele me deu uma chance. Uma única chance de ver meu filho depois de 18 anos! – A mulher cedeu a cabeça para o chão; null sentiu o peito apertar, seu coração batia intensamente desesperado e atônito. –
- DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? – A menina gritou nervosa; Paris finalmente a olhou. –
- Essa é a minha história, null. Uma garota de programa, que engravidou de um cliente, e foi obrigada a doar seu filho por ter essa vida!
- null! ... – sussurrou assim que associou tudo, seu corpo todo recebeu um choque gelado, um calafrio horrível na espinha. –
- E você acha mesmo, que eu ia querer que meu filho soubesse disso? Que seu pai é um... – null encarou Paris cerrar os punhos. – Eu fiz o que eu tinha que fazer, e só voltei pra ver...
- Você voltou pra que? – Dessa vez o tom dela era choroso; Paris sentiu a magoa quase palpável.– Pra acabar com meu pai? Meu Deus... – Ela emaranhou as mãos nos cabelos, sentindo seus olhos brutalmente encherem de lágrimas. – Não tinha outra família pra escolher? Puta que pariu, literalmente!
- Eu não achei que iria ser desse jeito! – Paris disse pesarosa. – John é incrível null, e eu sei disso. Só que, por ser tão assim, eu preciso deixa-lo. John merece muito mais do que uma prostituta!
- E quanto a null! ? – A mulher sorriu amável ao ouvir o nome do garoto, assim como null, seus olhos se avermelharam. –
- Eu vi meu filho esse ano todo... Se tornou um homem maduro... Bonito... Tudo que eu queria pra ele. – null deixou uma lágrima cair. – E com pessoas boas pra ajuda-lo. – olhou-a. –
- Porque está me dizendo isso? Justo agora? – Ela limpou as lágrimas ao ver Paris chegar mais perto. –
- Porque a pessoa que eu mais afetei nesse tempo todo foi você. – Paris a olhou nos olhos. – E você merece uma explicação pra isso. Você é maravilhosa, null, uma menina de ouro.
- Cale a boca! – urrou, observando Paris abrir um sorrisinho e pegar sua bolsa, já juntando as malas; porém, de dentro da bolsa, a mulher retirou um Pen Drive, e entregou a ela. –
- Eu me perguntei o tempo todo, até onde iria o amor de null null por você. – Paris começou fazendo null arquear a sobrancelha. – E olha, eu nunca vi igual.
- Paris! – A menina a chamou irritada, percebendo que null não havia entendido, virou-se antes de sair, com a mão na maçaneta. –
- Fui eu quem deu o vídeo da traição pra Samantha. Fui eu quem a pedi pra te irritar. Fui eu quem te provocou pra sujar sua ficha, afinal, você sabe que nenhum aluno com qualquer advertência pode entrar numa universidade tão renomada quanto à que você estuda hoje. E sabe quem tirou todos os seus arquivos sujos daquela sala? – null não sabia o que dizer, sentiu sua boca tremular ao prever a resposta, sentiu seu corpo todo ainda mais mole, pensou que fosse desmaiar, mas só o que fez foi botar as mãos na boca, derramando mais uma lágrima. –
- Eu te... – ela soltou um sussurro sem conseguir terminar a frase.–
- Eu disse a ele tudo, disse da sala de arquivos, disse que seu sonho estava nas mãos dele. null sabia de todas as consequências em fazer isso; o mês detenção, na verdade, foi o mês em que ele foi barrado dos jogos por fazer isso. null, ele te ama, e a única coisa que eu conseguia pensar quando você foi embora, era o quanto você era burra. Muito burra!
null fechou os olhos não contendo mais as lágrimas, imaginando tudo na sua mente. Tudo que null escondeu, tudo que poderia ter a conquistado outra vez, e em como ele não contou. Involuntariamente ela segurou sua barriga, sem notar que Paris a olhava dentre ao choro, mas embora ela tivesse sacado tudo, apenas sorriu de leve, caminhando pra fora da casa, deixando-a naquele mar de informações gigantes, quase impossíveis de serem digeridas, na verdade, era um baque muito forte. null sentia-se zonza, sua cabeça doía, tanto pelo choro como pelas verdades. Por null ser filho de Paris, por pensar em seu pai acabado e abandonado no altar, e por Paris ter dito aquilo justo a ela. null era filho dela. E John? E null? E o casamento?
Ela ainda chorava, chorava quase alto segurando a boca e a barriga, quando ouviu os passos de alguém nas escadas, rápidos, quase desesperados. null já sabia quem era.
- Você está bem? – null perguntou nervoso, correndo até ela, mas a menina não se moveu, null continuou derrubando lágrimas, retirando a mão da barriga para afastar os cabelos do rosto – O que ela fez com você? – a abraçou preocupado. – Me fala algo, você tá me deixando nervoso!
- Onde o null está? – null perguntou tremula; null engoliu seco, pressionando os lábios ao olhá-la. –
- A resposta sempre vai ser ele? – perguntou cansado.–
- Eu só preciso que você me leve até ele. – Ela limpou as lágrimas com as mangas, dando uma respirada longa para se acalmar. –
- Você vai me explicar tudo depois? – null viu a menina consentir sem dizer nada, já caminhando para fora; null foi respirando fundo, dando alguns soluços pelo choro, deixando o amigo ainda mais preocupado: Porque diabos, Paris havia deixado a casa com duas malas gigantes? –
Como o combinado, o caminho todo null não perguntou nada, mas mesmo assim null conseguia senti-lo olhá-la a cada minuto, tentando talvez achar uma resposta para os olhos inchados da menina, ou para o mais inacreditável: Paris saindo de mala e cunha da casa dos null.
Não demorou muito, ou a garota não percebeu; quando viu eles já estavam parados em frente a um local, enquanto Brooke e null olhavam um para a cara do outro, esperando null acordar do transe.
- Que lugar é esse? – null viu-a apontar sutilmente para prédio de tijolinhos, de praxe de Londres, só que um pouco mais sombrio, já que se encontrava numa rua sem saída. –
- Tivemos um desempenho ótimo na audição... – começou com a voz baixa, sendo assim, fez a menina virar para observá-lo falar. Era a única forma de não gritar. null conseguia sentir suas veias pulsando de tão nervosa, isso só de saber que null estava muito perto dela, o mais perto em três meses. A garota suava frio. –
- Vocês ganharam um estúdio? – null sorriu acenando positivamente. –
- Ganhamos patrocínio. Os caras realmente gostaram da gente.
Por dois longos segundos os três ainda ficaram no carro.
- Chegou a hora, trouble. – null sussurrou e então abriu a porta do carro. -
Com um último suspiro a garota saiu também, esfregando uma mão na outra, e após isso se apertou no casaco.
A cada passada em direção à porta, era um nervo a mais que pulava nela. Era um frio intenso na barriga, era uma coisa estranha, uma vontade de chorar; talvez estivesse sendo ainda mais do que deveria, pelas condições em que ela se encontrava. Grávida. Prestes a ver o pai do seu filho, vulgo, o cara que ela não conseguia tirar da mente há um ano e três meses. Ele só podia mesmo ser o amor da vida dela.
Assim que entrou no estúdio, eles ainda tinham um corredor para percorrer, portanto null foi maquinando o possível enquanto andava por ele; Como sempre, ele era um ser que pensava demais, que projetava demais, e que no fim não acontecia nada como ela planejava. Sua vontade real era pular em null quando o visse, ou beijá-lo, talvez chorar rios só por vê-lo novamente, mesmo que no fim ela soubesse que nada disso provavelmente iria acontecer.
Sua mente só parou, quando null abriu a porta do estúdio que eles ocupavam, e null viu em câmera lenta, a visão de null, ele estava de costas. Ela o viu parado no meio da sala, o riso dele ainda ecoava nela, mesmo após a entrada deles. null ficou paralisada na mesma, desviando seus olhos para os garotos atrás de null por um segundo, todos fizeram o mesmo que ela, entre abrindo a boca na pura surpresa; até null, que era o mais brincalhão ficou estático.
- Meu Deus, vocês viram um... – null virou-se para trás sorrindo, mas null viu o mesmo se desmanchar gradativamente assim que ele botou os olhos nela. null havia parado de respirar. –
No mesmo momento todos se entreolharam; cada um dos meninos se levantou e assim, null fez um gesto para que eles fossem para a sala de vidro, então, da mesma forma em poucos segundos os dois ficaram sozinhos lá.
Por aquele meio segundo, null sentiu-se até meio incomodada com o olhar incrédulo do menino sobre ela. Não era nada parecido com paixão, ou com as cenas que ela tinha projetado, era diferente. Ao notar isso, seu coração apertou. null poderia ter arrumado outra. Poderia ter seguido em frente. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas no segundo em que pensou isso, ao mesmo tempo fazendo-a se arrepender de ter ido pra lá;
- Nossa... – passou as mãos nos cabelos. – Eu to vendo direito? Você está aqui? –
- É o que parece não é?. – Ela tentou sorriu, fechando a porta atrás de si. –
- Eu só posso estar alucinando. – passou a língua nos lábios e tornou a olhar null diretamente; - Como é que... Porque você não me avisou? Isso é realmente real? – Ele gesticulava rapidamente, aquilo à fez rir um pouco mais, assim como ela, null estava nervoso também. –
- null eu estou aqui. – Ambos trocaram olhares por mais quinze segundos, até null se aproximar mais um passo; Olhar para os olhos dele, e para ele, muito pouco mudado, seu mesmo null estava ali, e ela estava morrendo de vontade de beijá-lo, de tocá-lo. –
- Porque você não me avisou? – O garoto perguntou pesaroso, entortando a cabeça de leve, seus olhos caíram duros por null, mas ela não se importou; Só Deus sabia o quanto ela sentiu falta de apenas ser olhada por ele. –
- Não vamos falar disso agora... – abanou a cabeça, voltando a olhá-lo, e com mais um passo, ela havia ficado ainda mais próxima dele, o bastante para sentir seu mesmo perfume, suas respirações pareciam ter parado. –
- Você não mudou nada. – null sorriu de lado, os olhos dela se encheram de lágrimas, fazendo com que sem medir esforços nem pensamentos, null levantasse a mão até ele, perto de seu rosto. –
- Posso? – a viu hesitar antes de encostar nele, com o olhar ele tentou dizer que sim, mas da sua boca não saiu nada, então ela continuou; alisou de leve o rosto dele, procurando seus olhos. null tinha os fechado. –
- Eu esperei tanto por isso.
- E eu mais ainda.
Sem esperar pra saber se era aquilo mesmo, e com medo de que fosse mais outro devaneio seu relacionado a ela, null foi desesperado em direção à menina, agarrando-a pela cintura. null só sentiu dois braços a apertando, com aquele perfume natural que ela conhecia que de cara a fez chorar de alivio; não um choro compulsivo, mas, de emoção. null ficou na ponta dos pés, sentindo null afagar seus cabelos com respiradas pesadas, também como ela, prestes a chorar, talvez um pouco mais controlado. Sentiu-o beijar seus cabelos, e seu rosto e assim ele fez esse caminho de apertá-la entre seus braços sempre, por pelo menos um minuto contado, até soltá-la.
- Eu senti sua falta. – disse durante o abraço, se soltando logo depois.–
- Eu também senti. – null respondeu, espremendo os olhos com um sorrisinho receoso. De primeira, null só voltou a abraça-la, lhe dando um selinho demorado entre isso. –
- Você voltou mesmo? Pra ficar? – ela se afastou dele, para olhá-lo nos olhos. –
- Sim. Nós viemos.– Era o momento, null estava com coragem, mesmo que com medo, não iria esperar nem mais um segundo; diante da situação, null arqueou a sobrancelha cruzando os braços em seguida, a olhando sério. Um calafrio tomou o corpo dela. –
- Nós? – ela engoliu seco. – você... Tá com alguém? – null perguntou apertando ainda mais os braços, seu peito apertou junto. Era de se imaginar. -
- Digamos que sim.– null tombou a cabeça para o chão, sem saber o que responder. – null olha pra mim. – Contra a vontade, ele levantou o olhar para null, observando-a sorrir, era como se ela tivesse o quebrado em duas partes com aquele sorriso.
- Ele te deixa feliz a ponto de te fazer sorrir desse jeito? – os olhos dele estavam caídos, mas seu tom era forte, bem como, null conseguia ver a ponta dos dedos dele brancas, de tanto apertar as mãos em seus bíceps, apertando ainda mais aqueles braços cruzados. –
- Estou me acostumando com a ideia... – mordeu os lábios. –
- E então ele veio com você...? – Porque ele estava fazendo aquilo? null se xingou mentalmente por tentar ficar indiferente, seu peito estava contraído por isso.–
- Sim...
- Porque está dizendo tudo isso pra mim null? – perguntou magoado, null olhou para o lado, dando um longo suspiro;
- Olha pra mim? – pediu novamente e null hesitou abanando negativamente com a cabeça. –
- Quer que eu o conheça? – Ironizou, ainda sem olhá-la. –
- Muito. – A menina apertou os lábios, vendo finalmente null olhá-la pesaroso. –
- Ótimo. Onde ele está? – null sentiu os olhos dele penetrarem em sua pele, engolindo seco antes de continuar. –
- Aqui.
null acompanhou as mãos dela descerem da cintura para a barriga lentamente. Na verdade, ele não sabia direito se fora realmente lentamente, mas foi como ele conseguiu acompanhar. Seu corpo todo ficou mole de repente, null travou o ar no pulmão, e sem perceber, seus olhos iam e voltavam do seu rosto, para a mão na barriga.
null finalmente o olhou, por mais que estivesse receosa, ela sorriu. Sorriu por lembrar-se do pequeno pedacinho dele que estava ali, e por ter deixado null todo nervoso achando que se tratava de outro cara; Ao olhá-lo foi como se ela visse o que poderia virar aquele pequeno serzinho, talvez se fosse menino...
null não disse nada por meio minuto. O menino só ficou a olhando com a boca quase aberta.
- Você... – gaguejou passando as mãos nos lábios. –
- Estou. – null franziu o nariz que havia ardido, prevendo seu quase choro de novo. Seu medo cresceu ainda mais pela feição dele. –
- É sério mesmo? – O menino soltou os braços, incrédulo. –
- É sério. Eu estou grávida, null. Grávida de três meses e duas semanas. – A boca dela tremulou de leve ao falar aquilo; null botou as mãos na cintura, direcionando seu olhar à barriga dela outra vez. –
- Eu vou ser pai? – Num sussurro ele perguntou, olhando diretamente para a barriga da menina. –
- Olha null... Eu não...
- Caraca eu vou ser pai. – O menino deu uma volta por si mesmo, em conjunto passou as mãos no rosto, ignorando a quase fala dela, e só depois voltou a olhá-la. –
- Eu sei que tudo isso é clichê demais, mas eu vou dizer mesmo assim; Se você não...
- Não continue. – Cortou-a, chegando ainda mais perto, suficiente para sentir sua respiração pesada de nervoso. – Nunca mais pense nisso.
- Eu nem terminei de falar! – null protestou o olhando. –
- E eu não quero que termine... – abaixou o tom. - Alguém mais sabe?
- Tecnicamente, sim. – fez um gesto com a mão, null observou cada detalhe com atenção; null ainda usava o anel que ele lhe dera, e vendo aquilo, involuntariamente o menino sorriu. – Daqui, você é o único. Ao todo, Mandy e Dovan também sabem.
- Dovan? – O menino arqueou a sobrancelha, a vendo sorrir de canto. –
- O médico, null. –
- Que intimidade... – Ele fingiu estar afetado, fazendo a menina rir acenando negativamente. –
- Eu senti tanta falta disso. – os olhos dela marejaram; null levou uma das mãos nos olhos para conter as lágrimas. –
- Ei...
Ele puxou null pela ponta dos dedos assim que notou estar avoado demais com a situação, seu coração estava alterado, mas mesmo assim ele conseguiu quebrar aquela paralisia que sentiu no corpo todo, abraçando-a de novo, só que um pouco mais de delicadeza, a cheirando por inteiro, tentando passar segurança pra ela naquele abraço. Um tempo depois de ficarem apenas abraçados, ambos afastaram apenas seus rostos afundados um no outro, para encostarem as testas, fechando os olhos assim que o fizeram.
- Eu te amo. – null sussurrou dando um selinho demorado nela. null sentiu seu corpo todo relaxar, quase escorrendo pelos braços do menino. – Estou aqui agora... Calma...
- Queria que você estivesse lá. – null falou ainda mais baixo que ele entre seus lábios; com uma das mãos ela subiu delineando null, até que chegasse na nuca, puxando os cabelos dele daquela parte. – Eu fiquei com tanto medo. – null murmurou chorosa, engolindo tão seco que pode null ouvi-la. –
- Eu queria estar lá. O tempo todo desde que você foi embora. – Disse no mesmo sussurro, puxando a cintura dela ainda mais para ele, null abriu os olhos só pra ter o momento de vê-lo de olhos fechados. –
- Eu te amo null. Nós te amamos. – Sussurrou. –
No ultimo sussurro ele já estava a beijando. null arcou para trás com a intensidade que o primeiro momento tomou, levando uma das mãos para segurar o lado do rosto dele; acariciando aquela parte à medida que o beijo se intensificava. null apertou sua cintura, mordiscando seus lábios, fazendo uma pressão gostosa, aquela que ela tinha saudade; Fora o mais calmo em todo o tempo juntos, o beijo continuou lento por mais três minutos. Era a saudade do gosto dele, só do gosto. null não tinha provavelmente tomado nada, e ela também não, então era só o gosto deles, um gosto que parecia não saciar, porque era uma saudade que não cabia dentro deles.
- Eu tenho o endereço de um motel. – Eles ouviram a voz de null soar, mas mesmo assim demoraram um tempo pra se soltarem. –
- Três meses se passaram e você ainda não aprendeu a fazer piadinha direito? – null apareceu atrás de null, sorrindo com todos os dentes. –
- E você continua marota. – null entortou a cabeça, logo começando a rir; O menino quase correu até null, apertando-a. null ficou desesperado, não sabia se podia contar. –
- Não aperta muito, cuidado. – disse, fazendo todos olharem pra ele com caras duvidosas. –
- Guarda seu ciúme pra depois. – null acenou para null, voltando a apertar null. –
- Não é ciúme... – A frase morreu quando null o reprovou com o olhar. –
- Eu achei que não me surpreenderia mais com você, trouble. – Foi a vez de null abraça-la. - Posso? – O garoto esbarrou em null, fazendo os outros rirem, e só então a abraçou. –
- Agora já pode contar o que aconteceu? – null cruzou os braços lá no fim da sala; mesmo sem vê-lo, null deixou a expressão cair quase que inevitavelmente; ainda tinha seu pai, e Paris... –
- Contar o que? – null a olhou nos olhos; Ele conseguiu ver o pânico nítido ali, só então tendo a visão ampla das coisas: Eles tinham um bebe agora. Primeiramente null pensou em John, sua feição mudou drasticamente enquanto eles se olhavam, conversando pelo olhar. –
- O casal pode parar de se olhar e contar o que está acontecendo? – null bateu palmas, realmente fazendo os dois olharem para eles. –
- Paris saiu de casa. – null engoliu seco, trocando olhares com todos. –
- Como ela saiu de casa? Falta uma semana pra o casamento do seu pai. – null argumentou também cruzando os braços. –
- Eu não me importo se a Paris saiu de casa, olha, todo mundo torcia pra isso. – null andou lentamente até null com a cara fechada. Acontece que, null falar daquela forma à fez ficar desconfortável afinal, ela era sua mãe. – Eu nunca te vi chorar daquele jeito null. Então seja o que for que essa mulher fez, ela tem que...
- O que ela fez? – null virou-se indignado para a garota, e quando ela viu, os quatro presentes estavam de braços cruzados, a olhando sérios. –
- É isso que eu quero saber! – null disse. –
- Ela vai... – A menina gaguejou, respirando fundo. null estava com o coração apertado de novo. – Ela foi embora. Não tem mais casamento. A Paris deixou meu pai. – os olhos dela se avermelharam. –
- E isso não é pra se comemorar? – null perguntou quase obvio; em resposta null abanou a cabeça varias vezes, botando as mãos nos cabelos, tentando conter o nervosismo. –
- Não! Não é! Meu pai não sabe! Ela o deixou! Ela o largou uma semana antes do casamento null! Você sabe que meu pai vai enfartar, porque ele gosta dela, e adivinha quem vai ter que dar a noticia do fim do casamento? E pra ajudar mais um pouquinho, ainda tem um... – null parou de falar assim que notou o que iria soltar; null franziu os lábios dando um suspiro, enquanto os outros agora, a encaravam com duvida, todos na mesma pose. –
- Tem o quê? – null trincou o maxilar; null trocou olhares com null e depois passou as mãos no rosto de novo; a borda de seus olhos estava cheia, fazendo-a tapar o mesmo sem responder, sem querer ser encarada. Seu corpo todo parecia estar doendo de tanto pensar. –
- null? – null a chamou; a menina só acenou negativamente, e só assim eles perceberam-na chorando de novo, não compulsivamente, mas estava. Imediatamente null foi até ela, abraçando-a por todo o corpo. –
- Calma. A gente vai resolver isso. – Ele beijou os cabelos da menina. null o abraçou de volta. – Dá um tempo. Depois ela nos fala. – null acenou para os meninos. –
Com desgosto os três se sentaram no sofá, desistindo da ideia de interrogar a menina naquele momento, voltando a focar nas letras das músicas; null ouviu algumas palhinhas delas enquanto eles faziam estratégias para melodias, e aquilo à fez relaxar rapidamente, embora null não tirasse os olhos dela e isso à deixasse incomodada. Em certo momento, null achou aquilo tudo tão estranho, de null estar a olhando de longe, na espreita, como se não a conhecesse, que foi até ele, sentou-se em seu colo, e se aconchegou nos braços dele para assistir os outros meninos cantando. De fato, o colo dele parecia um porto seguro pra ela, por isso a garota se aninhou ali perfeitamente, de costas para ele, o beijando no rosto e deitando sua cabeça no ombro do menino.
Em nenhum segundo seguinte a tudo, null proferiu algo. null só escutava sua respiração, e seu corpo que subia junto com o dele e descia conseguinte a isso,em conjunto os beijos calmos dos quais ele distribuía por seu pescoço – A única parte desnuda da roupa que ela estava. – E por incrível que pareça, a sua rigidez que pensou que nunca fosse acabar desde que aquela maior loucura da sua vida acontecera, foi se esvaindo aos poucos junto à null.
Um tempo depois de ficarem ouvindo apenas a conversa alheia, null sentiu vagarosamente a mão dele que estava a abraçando pela cintura em seu colo, se arrastar até sua barriga. A garota fechou os olhos, tentando conter o calafrio continuo que sentiu no corpo inteiro quando ele fez isso, esquecendo-se que todos poderiam notar o que ele estava fazendo, embora sinceramente, ela não estivesse concentrada nisso. null achou um jeito de infiltrar suas duas mãos por baixo da segunda pele dela, segurando a barriga de null com elas. O corpo dela todo estremeceu quando o menino passou a acariciar em movimentos circulares e carinhosos aquela parte. null teve certeza de que contar pra ele fora a melhor escolha que ela podia ter feito, porque nem em mil anos, ela receberia um carinho tão cuidadoso daquele jeito na sua barriga, como recebeu naquele momento. Fora como ela: null naquele instante estava dando as boas-vindas ao seu bebe. E a ajuda vinha na seguinte e melhor hipótese: null iria enfrentar tudo bem ao seu lado, ela conseguia sentir isso.
- Como vamos fazer? – sussurrou de olhos fechados, sentindo novamente o peso nas costas, null se apoiou em seu ombro, fazendo mesmo que ela. –
- Primeiramente: Vamos ficar juntos. – null sentiu os lábios dele se moverem por estarem beirando em sua pele; um arrepio bom subiu por seu corpo todo naquele instante. – Não vamos poder esconder null.
Ela deu um suspiro cansado; sua cabeça girava toda vez que botava seu cérebro pra pensar naquilo. Sem dizer nada, os dois ficaram mais meio minuto quietos, até o celular dela começar a vibrar no bolso, null tomou liberdade de tirá-lo do casaco da menina, então, tanto ele quanto ela se depararam com o nome “Papai” piscando na tela, com uma foto de null e John juntos no visor, sorrindo, enquanto John a beijava no rosto. null sentiu um pânico estranho por suas veias. Sabia sobre o que John pensava na questão de null engravidar; sabia que o que John sempre os alertava era sobre um bebe, embora lá no fundo do seu coração ele sentisse que ele não seria tão radical com a reação assim; era isso que o confortava para também não surtar de medo.
- Atende null. – estendeu o celular para a menina, mas null virou o rosto, os tapando. A chamada caiu logo depois, fazendo null suspirar pesado nas costas dela. –
- Eu não consigo. – Ela murmurou, virando só a cabeça para ele de novo; null nunca tinha se deparado tão frequentemente com aquela feição chorosa dela... – Eu preciso dar o recado de Paris para ele null, e ainda contar sobre um bebe! Um bebe que ele não quer! Um bebe que ele nunca desejou pra mim.
- Ele não quer, mas nós queremos null, ou pelo menos, eu quero. – disse nervoso, tentando não gritar para não chamar a atenção dos amigos. – Querendo ou não, nosso filho está aí! Se seu pai se virar, nós damos um jeito, o dever é nosso, mas da verdade ele tem o direito de saber null, ele é seu pai! – null apertou os lábios olhando para ele; com a palavra “nosso filho”, seu coração praticamente derreteu. –
- Você vai comigo? – null botou uma mecha de cabelo dela pra trás, buscando os lábios da menina. –
- Eu estou contigo pra tudo.Sempre estive.
No segundo em que suas bocas se tocaram, o celular fez o mesmo, tremendo nas mãos de null, que arriscava dizer que suas mãos estavam no mesmo nível de tremedeira do celular, null demorou um pouco para descolar seus lábios dos dela, tentando lhe dar ainda mais incentivo; Com um ultimo olhar lançado a ela, null deslizou o touch receosa, ouvindo antes de iniciar a frase, um pigarro do pai.
- Oi Pai.
- Ei pequena. – John disse. – Como vão as coisas?
- Relativamente bem. – A menina ponderou. –
- E você não tem nada pra me contar? – o coração dela parou; Era claro, a faculdade podia ter ligado; milhões de coisas passaram pela mente dela, seu corpo paralisou naquela posição. – null?
- Am... Pai...
- Se você queria voltar, não precisava ter medo de me dizer. – O homem falou num tom cansado. –
- Como você descobriu? – null perguntou tremula, prevendo, null fechou os olhos com as sobrancelhas franzidas. –
- Suas malas estão no meu hall de entrada. A pergunta é: Onde você está? E porque não ficou pra me cumprimentar, eu estava morrendo de saudades! – John falou animado. –
- Pai, tudo bem pra você... Isso? – Ela perguntou receosa ao perceber John estranhamente feliz. –
- Eu meio que já desconfiava; comentei com sua mãe sobre a pressão em Nova York, longe da família...No começo é difícil mesmo. – Instantaneamente o coração dela relaxou, null trocou olhares com null. – Você não respondeu a minha pergunta!
- Estou indo Pai, você consegue avisar a mamãe?
- Com certeza, vou ligar agora! Até, Honey.
Assim que desligou a chamada, null levantou do colo de null, o olhando seriamente. Com a engolida de saliva aparente, null notou exatamente do que se tratava então só pelo olhar, o menino levantou entrelaçando suas mãos nas dela, tentando não chamar a atenção dos amigos; No caminho, pegou seu casaco na porta, e saiu puxando null pela mão.
Como muitas vezes fantasiou, null sentiu seus passos vagarosos ao lado dela. Sentiu suas mãos fazerem caminho lento pelo corpo dela para simplesmente abraçá-la, tentando confortá-la. null queria gritar pro mundo o quanto estava feliz por null estar ali do seu lado, por ter suas mãos entrelaçadas nas dela; literalmente, só Deus sabia o quanto seu coração queria sair pela boca, por finalmente sentir que aquilo era realidade, e não só fruto de sua mente.
Por seu carro estar um pouco mais afastado – quase na esquina – o tempo andando junto a ela fora maior; parecia simples demais, mas ele adorava a sensação, ele quis sentir isso por todo o tempo em que não há teve. null o abraçou pela cintura, tentando se acalmar, o apertando naquela parte, e junto a isso, ele beijou seus cabelos enquanto andava; Era engraçado como o caminho parecia ter levado muito mais tempo com ela, do que quando ele ia sozinho. Como alguém podia fisicamente fazer o mundo de outra pessoa girar mais lentamente? Os físicos deveriam abrir um estudo sobre isso.
Assim que null estacionou o carro, ambos suspiraram da mesma forma, e se olharam; sem muita hesitação eles desceram do carro, procurando as mãos um do outro rapidamente, aquilo era um conforto no momento, pelo menos não estavam sozinhos.
- null, eu não vou conseguir. – null parou no meio do caminho, abraçando-o com força inusitadamente de volta. –
- Seu pai não é um bicho de sete cabeças... – Ela sentiu o garoto beijar seus cabelos, logo afastou seu rosto para olhá-lo. – Eu sei que é difícil, e eu também estou nervoso, mas já estamos aqui. – sorriu desconcertado, arrancando um selinho dela. –
- Como era de se esperar... O Candyman veio em primeiro plano bebe? – null sentiu o coração gelar, virou-se lentamente para trás vendo a mãe caminhar de braços abertos em sua direção, um sorriso luminoso tomava conta do rosto da mulher. –
- Muito tempo de convivência com o Spy? – null riu, sendo abraçado por ela também. – Quando tempo eu não o vejo mocinho! – Renê deu um soquinho no ombro de null. –
- Precisei dar um tempo. – As duas olharam para ele por breves segundos, até Renê abnullr a cabeça rapidamente, apertando mais uma vez null em seus braços. –
- Tudo bem, o que vocês estão fazendo aqui fora ainda? – Renê trocou olhares com os dois, ambos ficaram calados, sucedendo um suspiro longo da mulher. – Olha, se for sobre o curso, seu pai vai entender filha... Ele mais do que ninguém quis você aqui todo o tempo. – Ela segurou o rosto de null, olhando no fundo de seus olhos. –
Mais uma vez, os dois ficaram quietos, e olhando no fundo dos olhos de null, meio avermelhados, meio inchados... Algo muito notório para qualquer um que a conhecesse muito bem, clareou a mente da mãe para o obvio: O motivo da volta não era aquele. Isso acendeu uma preocupação instantânea em Renê. Aquelas olheiras não eram de um pequeno choro de emoção, e sim de horas de choro, em conjunto com olhar de pânico. O coração da mulher apitou alto, muito alto, Renê quis chacoalhar null de desespero ao notar aquilo.
- O que aconteceu? – null desviou o olhar da mãe, soltando-se dela rapidamente. – null null, o que aconteceu? – Renê aumentou o tom, ao ver a filha virar-se de costas para ela, andando em direção à porta. –
- Vamos entrar mãe. – A menina falou firme, mas sem olhar pra trás. –
Renê trocou olhares com null antes de seguir caminho, meio ressabiada, com medo. null não era tão misteriosa assim com ela, muito pelo contrário, e o fato de ter voltado, e com uma puta cara de choro, fez realmente a mulher surtar.
No momento em que Renê entrou na casa, bateu a porta da frente para chamar a atenção, fazendo todos olharem-na de susto, inclusive John, que apareceu assustado na porta da cozinha.
- O que está acontecendo aqui? – O homem franziu a sobrancelha, estranhando o fato de null também estar ali, sem falar na cara de choro de null, que ele de longe conhecia muito bem. –
- Eu quero saber justamente isso! – Renê cruzou os braços, desgostosa. –
- Que recepção calorosa dos meus pais! – Ironizou, vendo os dois bufarem cansados. –
- Sem gracinhas null. – John a reprovou. –
- Eu posso, pelo menos, ter a honra de me sentar-se à mesa pra termos essa conversa civilizadamente? – Perguntou, enquanto null só olhava tudo. John deu espaço para ela passar, e assim, todos seguiram em silencio, exceto null, que o cumprimentou com um aperto de mãos. –
- Bertram realmente se demitiu? – Ela perguntou. Daquele segundo em diante, tomada pelo nervosismo, null sentiu a cabeça doer, seu sangue parecia estar a quarenta graus dentro de sua cabeça. Qual noticia ela daria primeiro? –
- Três meses atrás. – John sentou-se ao lado da menina. null estava na ponta da mesa, ou seja, todo o foco estava nela. – Um dia depois de você ir; talvez você fosse a esperança dele o tempo todo.
- Não diria isso... – Sussurrou, ainda sendo encarada. –
- Ok. Se você está com medo de receber sermão, não irá. Filha, você tinha o direito de sair, não fique nervosa, e nem precisava chorar. – John falou calmo, Renê percebeu que não era disso que se tratava, quando null franziu os lábios. – Sem falar que você voltou na hora propicia, nem o vestido do casamento você tinha experimentado... – O tom dele era animador, null sentiu o rosto queimar; -
- Pai... – gaguejou. – Pai não vai ser mais necessário. – Ela acenou negativamente, apertando os lábios um no outro; seu pai ainda mantinha a feição de duvida no rosto, com um pequeno sorriso desentendido. –
- Do que você está falando? null, não começa com essa droga de rixa com a Paris, eu quero você no meu casamento! – Ele puxou a mão da filha, acariciando-a em cima da mesa. –
- Você não entendeu. – Ela disse baixinho, engolindo saliva antes de continuar. – Não vai acontecer casamento pai, ela foi embora. Paris foi embora. – null passou a língua nos lábios outra vez, travando o ar nos pulmões. Seu corpo todo estremeceu com o olhar de John, ela jurava que era de duvida, mas algo a mais estava ali junto com ela. –
- Não é possível. – Disse depois de alguns segundos; John acenou negativamente com a cabeça varias vezes, sorrindo de lado. – Eu falei com ela hoje de manha...
- Eu a encontrei hoje quando cheguei. Ela foi embora pai. – Murmurou chorosa, botando uma das mãos na boca. –
John se levantou no mesmo segundo, andando de um lado para o outro, o ato fora tão súbito que assustou todos ali. Algum tempinho depois John parou de andar, botando as mãos na cintura. Soltou um riso estranho, quase monstruoso para eles, e só depois de segundos, meio minuto para ser exata, ele voltou o olhar para null.
- O que você disse a ela?
- O que? Eu não disse nada! – defendeu-se com a voz esganiçada. –
- Você nunca quis esse casamento, agora volta uma semana antes dele, e por pura ventura, Paris vai embora... Coincidência demais não é?
- O que? – A voz dela saiu mais alta que o normal, plenamente perplexa com a acusação. - Você acha mesmo que eu seria capaz de fazer algo contra você? – Dessa vez fora ela quem se levantou, e Renê fez o mesmo. –
- Contra mim não, contra meu casamento! – John falou alto; null soltou um riso nervoso ao ouvir aquilo; null fechou os olhos pesarosos ao prever o que se iniciaria, mas como era briga de família, limitou-se a se intrometer. –
- Que acusação ridícula é essa contra sua própria filha John? – Renê se intrometeu com o mesmo tom, entrando no meio dos dois. –
- Me poupe Renê! Você acha mesmo que se Paris fosse largar tudo, deixaria para que justamente null me desse o recado? Que ironia do destino! – null sentiu o peito cochar ao ouvir aquilo, fora como o de costume, a sua vontade de chorar parou na garganta, deixando apenas seus olhos vermelhos, mas sem soltar uma lágrima. –
- E porque não pode ser? – A mulher argumentou, peitando-o. –
- Porque é inacreditável que null tenha voltado no mesmo dia em que Paris me deixou... É realmente inacreditável! – Sorriu perplexo. –
- Isso é má fé na sua própria filha!
- E que motivo tão superior a qualquer coisa poderia trazer null aqui do nada? – John gritou apontou para a menina ali, acuada atrás da mãe, quase chorando. –
- null? – todos olharam para o menino quase vermelho ao lado de null; Ele soube que era o momento de dizer, quando null o olhou com aquele olhar que só ele conhecia. –
- Nosso filho.
- Eu estou grávida. – Ela sustentou. –
Todos na cozinha paralisaram na mesma posição, até null, que prendeu a respiração ao cogitar o que viria. Renê piscou várias vezes, olhando null tremula e chorosa; ela passou a língua nos lábios, deixando mais outra lágrima rolar, enquanto via a mãe à olhar com olhos indecifráveis.
- O...O que? – Renê perguntou abafado, como se o ar estivesse parado em seus pulmões. –
- Eu estou... Estou grávida. – soltou o choro assim que disse, levando as mãos no rosto. null logo sentiu duas mãos a abraçarem rapidamente, já sentindo um calor conhecido, junto com o perfume: Era null. –
- Não era pra ser contado assim. – ele disse preocupado. – Mas agora vocês já sabem. – a menina se aninhou a ele. –
- Foi por isso que você voltou? – Renê botou as mãos na boca, seus olhos estavam violentamente encharcados. – Oh meu Deus! – null voltou a olhá-la. –
- Mãe... – limpou a garganta, vendo a mãe acenar negativamente, chamando-a para um abraço. –
- Minha menininha está grávida. – Renê disse assim que apertou null nos braços; A menina fez o mesmo, fungando varias vezes antes de se soltar. – Olha aqui. – segurou o rosto dela. – Me diz que suas lágrimas são de felicidade e não de agonia?
- Eu não sei dizer...
- Você... – Foi a primeira vez que eles ouviram a voz de John naquela cozinha, todos estremeceram; null sentiu o peito gelado, mas finalmente parou de chorar, enxugando as lágrimas, assim como null se posicionou melhor.–
- Eu sei que não era isso que você queria pra mim. – começou, limpando os olhos. – Eu irei entender completamente qualquer atitude contrária sua, pai; Mesmo que você não aceite, saiba que seu neto vai te amar do mesmo jeito. – null sorriu de lado no final; Renê fez o mesmo, soltando uma lágrima ao ouvir “neto”, mas não disse nada, só virou-se para encarar John. –
- Meu neto? – O homem gaguejou. John piscou varias vezes no segundo, trocando olhares com null e null; eles arriscaram ver lágrimas nos olhos do homem. –
- De quem mais seria? – null sorriu desconcertada, mordendo os lábios. –
John deu três passos lentos em direção à filha, lhe causando um medo incomum, porem null não desviou o olhar daquela cena; Ele estava sério, sem conseguir tirar os olhos da barriga dela. Seus olhos pareciam molhados, fora a única coisa que null conseguiu notar assim que ele chegou suficientemente perto.
- Meu neto. – olhou para null, soltando o ar logo depois. – Eu vou ser avô tão novo assim?
Ouvindo aquilo, os três riram e sendo assim, John a abraçou por inteiro da maneira mais fraternal não feita em anos. null sorriu abertamente, aliviada com a sensação de finalmente ter tirado o peso da noticia, a sensação fora tão brutal, que de imediato sentiu sua cabeça doer, mas era de alivio, ela sabia que era de alivio, sem falar na exclusão do assunto Paris na conversa. E por mais que todos quisessem continuar daquela maneira, não podiam deixar tão de lado assim.
- Eu não deveria ter dado a noticia nesse momento...
- Foi a segunda melhor coisa que eu já ouvi na minha vida null. – John sorriu orgulhoso, vendo a filha entortar a cabeça sem entender; A mente dela girava. –
- Qual foi a primeira?
- Foi quando eu descobri que eu iria ser pai. – Dessa vez ele tornou o olhar à null. Aquele olhar não fora nada parecido com raiva, ou desgosto. Fora mais um entendimento: John já havia passado por aquilo, e entendia completamente o que null estava sentindo. –
Sem entender muito bem como isso aconteceu, null sentiu-se mole, sua vista ficou turva, mas não por lágrimas. Ela previu que cairia no chão, porque suas pernas fraquejaram de maneira que não conseguiu controlar, ou se quer correr para sentar-se; No entanto decorrente a isso sentiu seu corpo ser carregado rapidamente, não sentindo o impacto, e embora ainda ouvisse tudo o que rolava, não tinha forças para abrir os olhos, ou se mexer; Sentiu um sono tremendo enquanto fora carregada para algum lugar. Ouviu a voz desesperada de Renê, uma grossa de John, e o perfume forte de null.
Aos poucos sua vista foi voltando, mas mesmo muito fraca, porque null sentia seu corpo muito mole, ela abriu os olhos, se deparando com John e null a olhando preocupados.
- Ela acordou! – John gritou, enquanto null sentou-se ao lado da menina, seus olhos estavam dilatados. –
- Você comeu alguma coisa? – perguntou só para que ela ouvisse, e a garota acenou negativamente. A feição desaprovadora do menino respondeu tudo. –
- Querida, vamos chamar um medico.
- Não. – disse fraca, piscando lentamente. –
- Ela não comeu. – null disse, fazendo John trocar olhares com os dois; o bufo dele também respondeu tudo para null. –
- Eu vou fazer aquele sanduiche caprichado. – John se levantou, e só tirou os olhos da menina quando saiu da sala. –
- O que minha mãe está fazendo?
- Ligando pro medico da família. – o menino respondeu. –
- E temos um medico da família? – ele sorriu, arcando para beijar a testa dela; null adorou aquilo. –
- Parece que sim.
- null? – ele a olhou antecioso. – Quando você vai contar pros seus pais?
Ele deu um suspiro.
- Quando você estiver melhor. Eu não quero mais estresse pro nosso bebe. – ele a beijou demoradamente, null sorriu dentre o mesmo. Ouvir null falar deles como um plural era a coisa mais linda que ele já fizera. –
***
null adormeceu meia hora depois, mesmo que sua mãe insistisse para que não fizesse enquanto ligava para o medico. Como o esperado, o tal médico da família não viria, mas deu o veredito por telefone. Se a pergunta é, como ele conseguiu examiná-la só com descrições? Estas foram muito bem claras para ele.
Fisher, o mesmo medico que a atendeu no acidente, havia se tornado o grande amigo de Renê, por esse motivo ele havia se tornado o “medico da família”. A situação da qual null se encontrava era totalmente normal em possíveis gravidezes estressantes, e a dela foi muita.
Enquanto Renê conversava com ele, null ligou para null, foi o tempo de a mensagem chegar, e em menos de vinte minutos, não só null, mas null e todos os outros foram para lá, inclusive null; A campainha tocou e John atendeu vendo aquela cambada de gente entrar na sua casa como uma boiada, como estava acostumado quando null morava na casa.
- Uau, veio o esquadrão inteiro. – John falou enquanto cumprimentava todos da porta. –
- Onde ela está? – null deixou a bolsa no criado mudo, indo diretamente para a sala, viu null deitada de lado, e o mesmo sentado na mesinha de vidro em frente a ela. A menina dormia profundamente, portanto, todos ficaram quietos rapidamente. –
- Apagou. – null apontou para ela, levantando-se, seus passos foram lentos e receosos até os amigos; ele precisaria contar sozinho. –
- O que aconteceu? – null perguntou ansioso; viu o amigo franzir os lábios. –
- Vamos até a cozinha.
Assim, todos caminharam em silencio até ela, quase surtando por tanto mistério. null ate chegou a pensar que era muito exagerada a forma da qual estavam tratando aquela gravidez, mas enfim, ela havia desmaiado, e realmente, aquela era uma noticia que no meio deles, principalmente para null, poderia causar vários tipos de reação.
- Meu Deus null, chega disso, fala logo! – null sentou-se na mesa, e todos fizeram igual. –
- Vocês sabem que ela voltou pra ficar, certo? – Começou com um suspiro. –
- Eu nem sabia que ela tinha voltado! – null protestou nervoso. – O que aconteceu cara, diz logo!
- Olha... – Suspirou; seguinte a isso, null deu um sorrisinho singelo o que fez todos se entreolharem. -
- null... – null o incentivou, o menino tirou os olhos dela por um segundo, caindo a fixa do que estava prestes a falar, algo tão surreal para ele há poucas horas atrás. –
- Porra, o que ela tem?! – null perguntou alto e o amigo o olhou diretamente. –
- Eu vou ser pai. Ela está grávida. - Sorriu de lado. –
Todos ficaram quietos. Todos se entreolharam. null desviou os olhos para o chão ao dizer aquilo, prevendo as possíveis reações. Não queria mais falatório, se é que ele aconteceria, e naquele tempinho pequeno em que tapou o rosto extremamente extasiado com a situação, ninguém disse absolutamente nada. Por um segundo ele se assustou, e por outro ele agradeceu; null só precisava de um momento para digerir a noticia saindo da sua boca. Para encarar que ele seria pai aos dezessete anos, e estava superexcitado por isso.
Tirando as mãos dos olhos lentamente, tomando coragem para olhá-los, o garoto viu todos, sem exceção de nenhum, com os olhos vidrados nele, mas não era nada parecido com indignação, ou qualquer outra coisa que fosse ruim. Todos os seus amigos tinham um pequeno sorrisinho secreto no canto dos lábios, e um olhar indecifrável voltados para ele. Talvez, também sem saber o que dizer.
- Você quase me matou do coração pra dizer isso? – null quebrou o silencio baixinho, entortando por pouco a cabeça. –
- É... Bom, isso é... – Gaguejou, fazendo alguns gestos. –
- Temos dois bebezinhos na família agora! – ela se levantou de súbito, assustando todos; null correu até null o abraçando pelo pescoço, tendo aquela enorme barriga no meio deles, e assim o beijou forte no rosto, segurando-o logo depois. –
- Eu acho que sim! – null sorriu desconcertado; seu coração estava à mil. -
- Não acha que sim. Temos um bebe. O seu filho! – Foi a vez de null se levantar e ir até o amigo. Com uma meio olhada os dois sorriram da mesma forma, sabendo já o que o outro sentia, null o abraçou apertado, dando dois tapas em suas costas antes de se desvencilhar. –
- Isso é tão surreal, não é? – null deu um suspiro sorridente. –
- Vai continuar sendo o resto da sua vida. – null disse. –Acho que a gente não se acostuma nunca com o fato de que seremos ou vamos ser sabe? Eu não consigo acreditar ainda. – o amigo concordou com a cabeça, desviando o seu olhar à null já se levantando também. -
- Eu esperava saber primeiro! – Ele disse assim que chegou perto, fazendo um toque com null para depois o abraçar. – Se eu soubesse jamais a deixaria entrar sozinha e passar toda essa merda com a Paris! – Usou seu tom preocupado. –
- Ela saberia de qualquer jeito null...
- Não desse jeito. – Os dois se olharam, e sorriram brevemente. –
- O que o senhor null achou disso? – null se intrometeu; null desviou os olhos do amigo para null, sentado do outro lado da cozinha sem dizer absolutamente nada, sua mente parecia vagar pelo nada. null sentiu um gelo no peito com aquela reação. – null?
- Am... – Gaguejou, cruzando os braços e voltou a olhar os amigos. – A primeira noticia foi da Paris. null ficou nervosa com as acusações dele, e ai eu tive que me intrometer. – O garoto se explicou, fechando os olhos ao se lembrar do ocorrido. –
- Ele desconfiou da null? – null virou-se bruscamente para null e o viu acenar positivamente; a garota soltou um bufo alto como resposta. –
- Enfim, eu contei, todos se emocionaram, e em segundos ela perdeu o equilíbrio, quase caiu no chão, por sorte eu consegui pegá-la antes que ela chegasse ao chão.
- Isso não é normal null. – null falou com a feição preocupada. – Pode prejudicar o bebe. Ela não pode ficar nervosa.
- Eu sei! – disse alto, passando as mãos nos cabelos. –
null suspirou duas vezes e voltou para a sala, sendo seguido pelos amigos. null ainda dormia, enquanto Renê a olhava sentada no sofá do outro lado da sala. Aos poucos todos foram se acomodando na sala, embora só null tivesse ficado de pé, encostado na parede com as mãos no queixo; seu semblante ficou sério o tempo todo, em nenhum segundo das breves conversas que os amigos tiveram, null disse algo, e isso assustava null cada vez mais. null se quer o olhava, que fosse de ódio ou incredulidade. null não tinha reação!
- O que o medico disse? – null perguntou, dessa vez chegando mais perto de null. O garoto sentou-se ao lado da menina, segurando suas mãos. –
- Excesso de informações. – Renê respondeu aleatoriamente. – null estava guardando tudo pra ela, quase implodindo por dentro. Assim que soltou, foi tanta descarga de energia que sua pressão caiu. – null voltou a olhá-la, dessa vez se mexendo. null arregalou os olhos ao ver todos ali, virando-se completamente para ver os amigos. –
- Eu morri por acaso? – A menina balbuciou esfregando os olhos. –
- Cala a boca! – null correu até ela, ajoelhando-se em frente à amiga. –
A troca de olhares entre as duas durou pelo menos cinco segundos, e neles os olhos delas se encheram de lágrimas na mesma intensidade. null puxou null para um abraço forte e caloroso, apertando-a entre seus braços. Só realmente naquele instante, ambas estavam em plena sintonia. Não que não estivessem, mas assim como null, null sabia agora o que era saber que se tinha um pequeno bebezinho crescendo em você, e que com dezessete anos, isso se tornava ainda mais assustador.
- Não me façam chorar! – Renê tapou os olhos, levantando-se em seguida. – A casa esta cheia, então precisamos de comida! – A mulher bateu palmas, limpando embaixo dos olhos. –
- É disso que eu estava falando! – null espalmou uma mão na outra, jogando uma piscada para Renê. –
- Como você está? – null chegou mais perto da menina, agachando-se também a sua frente, ao lado de null. -
- Eu estou bem! Vocês estão me tratando como eu se estivesse morrendo! – null protestou, sentando-se no sofá, tendo null entre suas pernas. – Eu só estou grávida. – A garota segurou o rosto dele, fazendo um caminho lento até seus lábios. –
- Você desmaiou. – null disse entre os lábios da menina, aquilo à fez abrir os olhos e bufar. –
- Eu estou bem agora. – Sorriu, puxando o rosto dele para ela novamente. –
Seus lábios se encostaram de leve, enquanto ambos fecharam os olhos do mesmo jeito. null e null apenas roçaram seus narizes e lábios num gesto de carinho incomum um, sem intenção de mais nada a não ser mostrar o quanto estavam juntos, e melhor do que isso, se amavam.
Sem ninguém notar, null saiu da sala antes de ver aquilo. Foi até o quintal da casa, sentando-se nas escadinhas. Ele não tinha na verdade nada contra aquilo, ou estava bravo. Mas ainda a amava. O fato de presenciar null grávida, algo que sempre fantasiou com ela, e isso acontecer com seu melhor amigo era assustador para ele. Por um segundo seu coração parou, embora ele soubesse que não havia jeito, e o que ele poderia fazer de melhor, era amar e apoiar ambos naquele momento, como null fez. Ele precisava amadurecer de vez esse amor que ele sustentava por null.
Algum tempo depois, lá fora e sozinho, null ouviu a porta se abrir. Não olhou para trás por saber quem seria, talvez null querendo ouvir algo sobre o assunto ou era só...
- Oi... – A voz suave da menina soou, e em segundos ela sentou ao seu lado com uma coberta enrolada no corpo. –
- Oi. – null deu um mero sorrisinho, voltando a olhar para o chão; eles ficaram mais quinze segundos em silencio. –
- Eu sei que isso é muito pra sua cabeça... – Ela começou, no entanto o olhar que null lançou a fez ficar quieta. Não era cortante, mas era o primeiro do qual ela não havia conseguido entender. –
- Sempre foi algo sobre vocês, certo? – null disse sorrindo de lado, e mesmo que ela soubesse que seu sorriso não era definitivamente de felicidade, ela sorriu também, passando a coberta sobre ele. –
- Sempre foi. – Respondeu. – E eu sei que algum dia você vai se acostumar a ouvir tio null por aí. – null soltou um riso alto, voltando a olhá-la. –
- Tio null? Eu não estou preparado pra isso! – null apoiou sua cabeça no ombro do menino, ainda sorrindo. –
- E eu?
- Você vai ser excelente.
- Como sabe?
- Porque você é perfeita em tudo que faz.
Ela o olhou, seu sorriso sumiu aos poucos, mas seus olhos não fizeram o mesmo. Eles ainda sorriam.
- Eu te amo.
- Eu te amo.
Os dois se abraçaram, enquanto null acompanhava tudo da janela, sorrindo junto como se estivesse entre os dois, porem ele sabia que aquela conversa só cabia ser tida pelos dois, mesmo que null fosse seu melhor amigo.
Naquela noite em si, todos dormiram na casa dos null, incluindo Renê. Um filme na Netflix e vários colchões jogados na sala deram conta do recado. null não exibia um barrigão, mas mesmo assim, sua barriga chamava sempre as mãos de null para lá; Diferentemente de quando descobriu, ela sentiu-se pela primeira vez, livre de qualquer coisa, tanto que poderia levitar.
null deu-se o momento de fechar os olhos e aproveitar o falatório de todos ao seu redor, rindo e comentando entre o filme. Seu peito apertou ao se lembrar da saudade que sentiu de tudo aquilo, de todos, tentando entender como conseguiu deixar aquele antro maravilhoso, com um namorado maravilhoso, para viver infeliz em Nova York.
- Posso fazer aquela pergunta? – ouviu em seu ouvido um sussurro, recebendo um beijo no cangote em seguida. –
Fechou os olhos só pra sentir com mais intensidade o cheiro de null invadir sua área, e o corpo dele tomar totalmente conta do seu enquanto era abraçada pelas costas. Como o esperado, as mãos dele pararam na sua barriga, e se entrelaçaram ali.
- .No que você está pensando? – Imitou a voz de null, rindo em seguida, ele seguiu o ato, a abraçando ainda mais. –
- Pois então...?
- Na música.
- Música? – null arqueou a sobrancelha, girando null para ele. –
- null me contou, eu quero ouvir. – bufou. –
- Que grande filho da mãe!
- null!
- Não é o momento para ser cantada uma música daquela.
- Vocês ganharam um patrocínio por ela!
- Nah. – null quis se soltar dele, mas null a prendeu em seus braços; o bico de braveza que null fez, fez null gargalhar. –
- Eu só quero ouvir! – Murmurou como uma criança; null riu mais uma vez, dessa vez roubando um selinho da menina, que por sinal, não o devolveu porque estava emburrada. –
- Talvez um dia, quem sabe... – Ela deu dois tapas seguidos no ombro dele, e daria mais, se null não tivesse segurado seus pulsos. –
- Minha namorada está perdendo o controle! – Brincou, e sem querer null riu novamente, sendo abraçada por null, mesmo que relutasse, ele conseguiu, encostando seus narizes. – Demoramos tanto tempo pra dizer isso...
- Não seja tão sentimental...– sussurrou de volta, lhe dando um beijo. –
- Eu te amo... – Ele ignorou o pedido de null. – Eu sou louco por você desde o segundo em que eu te vi naquela multidão. Não tirei os olhos de você desde aquele exato momento que você estava toda descabelada e sorridente, com uma bebida vermelha na mão.
- E aí a gente esbarrou por isso. – null completou, seu sorriso se alargou ainda mais, e com o ato, ela depositou um beijo no rosto do menino. –
- Eu quis esbarrar em você. – Naquele instante, ela abriu os olhos completamente para olhar null; Seus olhos estavam espremidos assim como seu sorriso, e por um segundo null ficou de boca aberta com a declaração.
- Foi de propósito? – Indagou alto e o viu consentir lentamente, deixando que seu sorriso lindo aparecesse. –
- Você tá de brincadeira! Esperou tudo isso pra me contar? – null continuou com a boca aberta, levando uma das mãos até lá, para tapá-la. –
- Eu não ia contar. Seria o meu segredo com meus futuros netos sobre como eu me apaixonei primeiro, e a vista, pela digníssima avó deles...
- Você é doente... – Disse tirando as mãos da boca; o sorriso que null carregava era o que null estava acostumado a ver: Totalmente cintilante. O que ele mais adorava, porque isso significava que ele tinha conseguido desarmar a fera. –
- Está certa. Eu sou doente por você. – Respondeu, beijando null demoradamente, a menina fechou os olhos e dentre o beijo, sorriu, segurando o rosto de null ao fazer isso. Com o ato, null sorriu também, dando sustento para null ao segurá-la na cintura, encaixando suas mãos lá. –
- Será que você é o amor da minha vida? – null murmurou brincalhona; novamente abriu os olhos vendo null ainda com os dele fechados, o menino sorriu de canto parecendo saber estar sendo observado, e a puxou mais para ele, pela cintura. –
- Você ainda tem duvidas? – Falou pretensioso. –
null riu alto e voltou a abraçá-lo, jogando-se nos braços dele por mais alguns minutos.
Diferente dos outros, os subiram para o seu antigo quarto, que por incrível que pareça, não parecia ter mudado em nada. null abriu a porta lentamente, evitando ligar a luz só pra continuar sentindo aquela nostalgia gostosa. Ela parou no meio do quarto, lembrando-se da primeira vez da qual não parou de pensar no pai no seu filho, bem ali. Ou nas vezes em que eles ficaram sozinhos, apenas rindo naquele mesmo escuro.
null por si não disse nada. Apenas observou null fazer tudo o que tinha que fazer; o garoto se jogou na cama, tirando todas as suas roupas – Como era de praxe – Ficando apenas de cueca box, ainda observando null. A garota demorou um pouco mais de tempo do que ele no banheiro, o que ele achou muito estranho pela tamanha intimidade que eles tinham, só que, só quando ela saiu do mesmo, ele entendeu o porquê.
null caminhou até ele apenas com uma calcinha do estilo box, quase igual a sua, e um top. null sabia que a intenção dela não era provocar qualquer tipo de coisa nele, mas provocou. Não fora nada sexual, o que ele sentiu foi maior do que isso. Aquele barriguinha ainda estava pequena, mas ao olhar bater os olhos diretamente para aquela região um tanto inchadinha e redondinha, da qual ele sabia que null não tinha, seu peito apertou, mas era de emoção.
- Sabe? Eu não estava a fim de ligar o aquecedor, mas se você... – ela parou de falar ao ver null se ajeitando para sentar na cama novamente, vidrado em seu corpo. –
- Venha aqui. – chamou-a. Ainda sem entender, ela foi o olhando duvidosa, prevendo alguma brincadeira idiota. –
- Ei, sem gracinhas! – null avisou antes que chegasse realmente perto. Um pouco antes de a garota realmente chegar, null a puxou pelas coxas, encaixando-a de pé, dentre suas pernas, já que ele estava sentado. –
- Fica quieta. – Ele sussurrou. null sentiu um arrepio incomum ao ver que null estava cara a cara com sua barriga, enquanto ainda segurava suas coxas. Meio hesitante, arrastou uma de suas mãos até lá, acariciando de leve. –
- Você acha que é menino ou menina? – Perguntou baixo; assim que null levou o olhar para ela, null percebeu seus olhos levemente avermelhados, e naquele mesmo instante, o mesmo aconteceu com ela. –
- É inacreditável. – null sussurrou, ainda acariciando a barriga dela; null sorriu de lado, tentando não chorar. –
- Ela nem está tão grande assim null. – Disse em desaprovação, botando sua mãe em cima da de null que acariciava. –
- Já imaginou quando estiver? – O garoto perguntou; null só sorriu, seguindo as caricias de null. –
- null, o que está acontecendo?
- Eu sou responsável por esse negocinho incrível dentro de você. – trocou olhares com ela. – Isso é inacreditável.
- Você vai ser maravilhoso. – null acariciou os cabelos de null. O menino engoliu em seco. – Você vai ser um pai maravilhoso.
Lentamente, null chegou ainda mais perto, null viu-o fechar os olhos e beirar os lábios na sua barriga. Aquela sensação costumava ser unicamente prazerosa pra ela; porem naquela circunstancia, tudo que null conseguiu sentir foi felicidade. Seu peito queria explodir, seu sorriso se alargou mais, assim como seus olhos se encheram ainda mais de lágrimas.
Assim que null se afastou, null sentou-se em seu colo, passando os braços em volta de sua nuca. Por fim ele a olhou com um meio sorriso, descendo suas mãos para o cóccix; null riu ao sentir a movimentação rápida.
- Você não perde um segundo... – se aproximou, arrastando seus lábios nos lábios dele; null fechou os olhos novamente, levando suas mãos até as coxas de null. –
- A gente pode fazer isso? – Perguntou receoso, tentando não revidar as investidas que null dava, e que de fato estavam o deixando louco. null não conseguia lidar com aqueles beijos e chupões que null distribuía por seu pescoço, e rosto. –
- É claro que podemos. – Sussurrou em seu ouvido; A meninas sentiu as mãos dele quase cravarem na pele de sua coxa naquele momento, e então ela sorriu. –
- E depois o viciado em sexo sou eu.
null deitou-se na cama com null por cima dele, agora já beijando seus lábios. O beijo se tornou urgente. Ela continuou arranhando toda extensão de seu peitoral, sentindo null apertar suas coxas, e deslizar suas mãos como se seu corpo fosse caminho do qual ele tivesse que passar, totalmente litigioso, null fazia vários desenhos em suas costas, o que estava a deixando louca.
Com muito cuidado, ele tomou a redia, virando-a com delicadeza por debaixo de seu corpo, tomando a frente da situação. Em segundos aquele top havia ido pro meio da escuridão do quarto, e seus lábios continuaram o trabalho, se arrastando por todo o pescoço da menina, e clavícula, desceram pelos seus seios até chegar a sua barriga, e foi lá que ele parou por meio minuto, dando um beijo muito mais carinhoso naquela parte.
- Espero que você desculpe o papai. – null sussurrou para a barriga dela sorrindo safado. Assim que ouviu aquilo null começou a gargalhar, então null fez o mesmo, continuando seu trajeto. –
Com mais quatro meses seguidos, uma null de sete meses, e um bebe recém nascido, de exatamente três meses a festa dos null foi a melhor daquele ano.
null estava parada ao meio do quintal, observando aquele mar de gente se movimentar de um lado para o outro na sua casa, trocando olhares incessantes com null que ria sem parar pelo fato de que seu pequeno bebe sorria para todo quanto era tipo de mulher, menos para homens, enquanto null dizia repetidamente “ esse é meu garoto” com aquele sorriso de pai orgulhoso.
Seus olhos vagaram pelas mesas, onde também viu null e Amber aos beijos, mas não os quais costumava ver null, aquele sem si eram apaixonados. Ao lado dele estava null com sua nova namorada, aquela da qual null sempre achou que o amava; a menina sorriu ao ver aquilo porque finalmente null havia entendido seu sentido; Ela sabia que null a amava da mesma forma, só que agora já não era mais apaixonado por ela.
null dançava todo louco no meio da pista com suas primas, suas priminhas, Claire e Alissa, girando as garotinhas de um lado para o outro, gerando gargalhadas gerais naquela festa; E junto a ela, observando tudo aquilo, null bateu os olhos na sua mãe vestida de noiva, seus olhos brilhavam, e o fizeram ainda mais quando se encontraram com o de null. A mulher piscou para ela, sorrindo maternal em seguida.
Do outro lado null avistou null, bem de frente pra ele, seus olhos se encontraram com os dela no mesmo instante, a menina soltou aquele maldito sorriso pra ele, o mesmo da multidão do primeiro dia do ano, o mesmo que o havia feito se apaixonar. null teve a visão nítida da menina toda vestida de branco, com os cabelos bagunçados, sua null de sempre estava ali, o olhando como se fosse a primeira vez. O garoto estava tão hipnotizado que mal percebeu a presença masculina ao seu lado; pelo perfume forte ele deduziu na hora que era, mas preferiu ficar calado, ainda a olhando.
-Você ama a minha filha?
- Amo muito. – Respondeu sorrindo, não havia conseguido evitar; null entortou a cabeça para ele lá de longe. –
- Isso é ótimo. – ouviu de longe, como um eco. – Porque é disso que você terá que se lembrar nos dias ruins.
Com dois tapas nos ombros, null deixou John sem dizer nada, caminhando em linha reta em direção a ela. null estava se perdendo dentre os raios do fim de tarde, era a coisa mais linda que ele já havia visto naquele dia. Chegando bem perto, ela passou imediatamente os braços por seus ombros, o beijando da rapidamente, seus lábios fizeram um estalo antes de se descolarem.
- O que meu pai estava te dizendo?
- Que irá me matar se eu não te pedir em casamento logo. – null abanou a cabeça negativamente, ainda entrelaçada em seu corpo. –
- É sério.
- Estou falando sério. – O garoto fingiu um certo descontentamento; notou que não poderia abraçá-la ainda mais apertado pela barriga grande no meio deles, então ele sorriu, levando uma de suas mãos lá. –
- Ela quase não se mexe. – null murmurou enquanto null fazia aquilo.–
- Ela tem preguiçinha igual à mãe. – null debochou levando um tapa de null na cabeça; inabalável, o garoto arcou um tanto em direção à barriga, espalmando suas mãos ali; null apenas sorriu e observou. – O que você acha de nos casarmos? Isso tudo aqui, só que em nome da mamãe e do papai?
null riu com um null esperançoso por uma resposta. O garoto continuou com a mão ali, e o rosto bem perto sorrindo abertamente. A garotinha dentro de sua barriga nunca havia se quer mexido para null, a barriga de null era bem pequena em comparação com as outras grávidas de sete meses, porem, nada anormal. Sua bebe só era realmente, muito preguiçosa, foram às palavras ditas pelo próprio medico.
- Ei, ajuda o papai! – null sussurrou. –
Dois segundos depois null sentiu o chute mais forte do bebe desde que ela se tinha recordado, alias, a garotinha nunca havia tido uma reação tão forte como aquela.
Bem abaixo da mão de null, ele sentiu um chute, conseguindo delinear certinho um pé mínimo, que não dava sua palma. O garoto começou a gargalhar alto, chamando a atenção de todos na festa, null fez mesmo vendo null beijar inúmeras vezes sua barriga.
- Você tem duvidas de que ela será minha aliada? – null abraçou null, lhe roubando um beijo. –
- Vocês dois... – abanou a cabeça negativamente, ainda rindo. –
- Qual é sua resposta?
- Pra quê?
- Quer casar comigo mesmo que tenhamos apenas dezessete anos?
- Atenção pessoal! – Eles ouviram no microfone a voz de null cortar a conversa, lá do palco improvisado montado no meio do quintal. – Felicidades aos pombinhos! – Ele levantou o copo, e todos o imitaram. – Apesar de eu já desconfiar desde que null resolveu fazer gracinha naquele acidente... – Todos riram, null tapou o rosto. – Bem, eu achei que esse momento nunca iria chegar... E eu quero anunciar aqui e agora, porque talvez esse seja o nosso melhor momento na vida, em todos os sentidos... – null olhou para todos os amigos. – É com grande orgulho que eu e os garotos temos o prazer de convidá-los para o nosso primeiro show oficial no GMA!
A gritaria dos homens foi a mais ouvida, null riu alto ao ver null pular como um garoto ao desvencilhar-se dela e se bater nos outros meninos. Aos poucos os ânimos se acalmaram, e null voltou a falar risonho.
- E só pra deixar a previa... Subam aqui garotos, a apresentação vai ser especial pra esse casamento.
null deixou null com um beijo rápido e correu para o palco, se posicionando majestosamente em seu posto; era como se ele fosse sido feito para aquilo, para estar lá em cima, encantando todos.
- Com vocês eu apresento o nosso grupo: One Direction. – null disse no microfone, causando algumas comoções pequenas, com um gritinho estridente de Renê. –
- Essa música nos trouxe um patrocínio ferrado. – foi a vez de null falar, ouvindo alguns risos. – O nome dela é They dont know about us, e foi basicamente escrita pelo nosso mister Love aqui. – Ele deu dois tapas em null, que lhe tirou o microfone, xingando-o de forma silábica, null riu com a cena. –
- Bem, só pra avisar... – null procurou null na multidão. – Essa música fala de dois jovens julgados por se amarem demais. Só que, o que ninguém entende é que, ninguém sabe sobre eles quando estão sozinhos. Ninguém sabe nada sobre esse amor, portanto ninguém pode julgá-los, e o melhor de tudo, eles não se importam com isso. – null sentiu os olhos arderem naquele momento. – Essa música foi feita pra uma garota perfeita, que eu conheci no ultimo dia do ano, e por ventura, tornou-o o primeiro da minha vida com ela.
Todos se viraram para olhá-la no mesmo segundo, porem, sem se importar com aquilo, e com suas tias, e os pais de null a fuzilando, null continuou o olhando, sentindo a segurança que seus olhos passavam, mesmo de longe.
- Hoje minha filha me incentivou a cantá-la, então, null null, essa música foi feita pra você. Obrigada por me amar, e não desistir desse cara que só é defeitos, mas que está mais do que disposto a te fazer feliz como esposa. – O garoto piscou. – Eu te amo.
Em seguida, as batidas da música se iniciaram, mas embora aquilo devesse ser o mais importante, null só ouviu o coro de palmas e gritos que o depoimento de null gerara. A menina sorriu, tapando os olhos ao perceber que já estava chorando, e que também, todos haviam feito uma roda em volta dela. null só voltou a abrir os olhos e saiu daquele mar de sensações inexplicáveis quando ouviu a voz dele tomar o lugar dos gritos.
Fora o momento em que ela percebeu que tudo se encaixava. Tudo se encaixava quando se tratava dele, mesmo que do jeito mais errado, sempre fora assim, e sempre seria. Porque da mesma forma da qual ela sempre pensou, null acreditava que fora predestinada para null, e que tudo havia uma razão. Por fim, ela descobriu que sua razão estava ali, bem em cima daquele palco, a razão que lhe deu uma filha, a razão da qual era diria sim um milhão de vezes; sua razão que pensara que fosse totalmente errada, a levou a ser amada como todos deveriam ser amados. E que no fim de tudo, não era nada sobre certo ou errado, e sim sobre uma história de amor impossível, que eles fizeram dar certo, só porque se amavam demais. “Só” era engraçado como pequenas coisas se tornavam imensas quando se tratava dos dois.
E mesmo que, sem a aprovação dos pais de null, ambos se casaram assim que completaram dezoito anos.
Porém, os pais dele mudaram de opinião sobre a gravidez da garota, assim que botaram os olhos naquele toco de gente, toda delicadinha, nos braços do pai, todo carinhoso e manhoso, os olhos dele estavam encharcados enquanto segurava a garotinha, fissurado naquela mais nova vidinha. A sua princesinha. O mais novo amor da sua vida. “E se você tem um pouco de fé na vida, o amor os trará de volta um para o outro’’.
Nota da autora: Enfim, finalmente acabamos essa jornada, né? Achei que esse dia nunca chegaria, mas ele chegou. MUITO OBRIGADA por todas as que me acompanharam, pelas amigas/leitoras, que eu conheci nesse ano lá no grupo, vocês foram tudo pra mim, inclusive nas épocas mais difíceis! Eu espero que eu não tenha as decepcionado, embora esse não fosse o final inicial do qual eu pensei, com isso eu tive uma ajuda MASTER da minha melhor amiga, Ana Santos, que inclusive também escreve, sem ela eu tenho certeza que Story não estaria onde está, Bem como, sem minha beta Lara, Story não teria atts tão rápidas! A Lara foi essencial, ajudou a me realizar, então muito obrigada, Lara! Enfim, se você começou a ler agora, sem acompanhar as atts e a agonia, eu também agradeço pela honra, pelo jeito você gostou! É muito difícil falar de amor, muito mais adolescente, mas eu tentei do meu jeito! SEM MAIS DELONGAS, AINDA TEM MUITO PRA VIR! UMA NOVA FIC! Lá no grupo vocês irão saber das novidades, além de ser superconvidativo! Eu darei spoiler da nova fic, você poderá opinar, esse não é o fim. Se você está afim de acompanhar minhas histórias, é só clicar no link abaixo do grupo, e eu estarei disposta pra você! UM BEIJO E UM ABRAÇO BEM APERTADO, OBRIGADA MESMO. AMO VOCÊS! <3
Dica: Chequem o trailer! É tipo uma retrospectiva! Haha
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Nota da beta: cade o "Continua..." no final da fanfic????? Não acredito que já acabou, mas estou super feliz de ter participado de Story e de ter tido a oportunidade de ver a Gabi construir essa fanfic maravilhosa e atrair essas leitoras maravilhosas também, só tenho a agradecer!!! Espero que vocês tenham amado Story tanto quanto eu amei e que continuem lendo as histórias da Gabi, porque ela é a melhor autora do mundooooo (não devia falar isso, mas já falei né hahahah). Um grande beijo para todas e até a próxima xx