Foi revigorante sentir uma brisa cálida ao colocar os pés para fora do avião. Respirei fundo e me permiti sentir por alguns segundos o prazer de ter contato com o verão e o calor novamente, depois de quase um mês enfrentando um frio cortante no Canadá. E agora, felizmente, eu estava em um dos lugares que sempre quisera conhecer: Rio de Janeiro, Brasil.
Eu mal havia aproveitado a sensação do calor quando gritaram meu nome. Era hora de voltar ao trabalho.
– Não é bom sentir um pouquinho de suor no corpo novamente? – comentei, alegre, quando cheguei perto de meus colegas, que se ocupavam em separar as bagagens por setor. Automaticamente fui para o lado que ficava por minha conta: as roupas.
– Fale por você! Eu estava adorando aquele friozinho, sem me preocupar com cabelo grudando no suor do rosto – Taylor, minha fiel companheira, comentou. As vans que aguardávamos haviam chegado e não tive tempo de responder seu comentário, então apenas ri.
Terminei de organizar o que era de vestuário e orientei os carregadores para colocarem na van determinada. Talvez eu estivesse começando a sentir um pouquinho de falta do frio: cinco minutos de esforço embaixo do sol e a temperatura parecia ter aumentado uns 10 graus de repente. Desejei ter pensado melhor e colocado uma saia ou um shorts para viajar, em vez das calças jeans que eu havia escolhido.
Os carregadores já estavam terminando de empilhar as bagagens nas vans, então chamei Taylor para irmos para o veículo. Ao menos teríamos ar-condicionado lá dentro.
De repente gritos histéricos foram ouvidos ao longe, e eu já sabia o que veria quando virei o rosto em direção ao avião. descia as escadas ao lado de sua namorada, , e o clima por lá não parecia estar muito bom. Estava se tornando algo frequente: estar mal humorado ao lado de sua namorada, enquanto ela olhava para outro lado com o mesmo semblante mimado de sempre. Não dava para entender porque eles continuavam juntos, mas era claro que aquilo não era da minha conta.
– Parece que tivemos problema no paraíso de novo – Taylor comentou enquanto entrávamos pela porta da van. Ao menos eu não havia sido a única a perceber que aquilo estava ficando rotineiro.
– Está acontecendo quase todos os dias, não é? – respondi, enquanto observava o casal caminhar até o carro de vidros escuros que os aguardava – Acho que a convivência frequente não está fazendo bem para eles. Eu nunca havia visto o ficar mal humorado com tanta facilidade assim, acho que eles não brigavam enquanto estavam distantes. Parece que estas férias da não estão fazendo bem para eles.
No momento em que parei de comentar, percebi que talvez tivesse falado demais. Senti meu rosto corar. Era perceptível que eu andava fazendo uma série de análises sobre aquela situação, que nem era da minha conta, mas eu não podia evitar. era meu amigo, e eu percebia que aquilo não estava fazendo bem a ele. Eu só não havia criado coragem para falar com ele sobre o assunto – afinal, ainda existiam certas barreiras que eu não sabia se seria adequado ultrapassar.
– Sabe que eu pensei a mesma coisa? – Lily, que já estava dentro da van, entrou no assunto. – Parece que os dois só dão certo à distância, né? – a van finalmente partiu, rumo ao hotel. – De qualquer forma, espero que se resolvam logo. O clima desta turnê está ficando pesado.
Ninguém comentou mais nada e quando percebi que o assunto morreria por ali mesmo, coloquei meus fones de ouvido e direcionei minha atenção para o que eu via pela janela da van.
Era quarta-feira e a famosa “cidade maravilhosa” estava movimentada, porém sem trânsito. Durante todo o caminho, admirei o clima brasileiro que era notável nas ruas. Digo “clima brasileiro” porque conclui que aquilo, de fato, existia: as pessoas eram notavelmente muito calorosas. Era perceptível que andavam mais próximas do que os norte americanos, que conversavam mais próximas do que os norte americanos, que sorriam mais do que os norte americanos. Os vendedores ambulantes nas ruas, mesmo embaixo de um sol escaldante, pareciam bem humorados enquanto vendiam seus produtos – mesmo não entendendo bem o que eles diziam. E assim, em menos de meia hora em território brasileiro, eu já gostava daquele país.
Paramos em frente ao hotel e, em vez de olhar para a edificação, minha atenção foi tomada pela praia que ficava em frente a ele. Involuntariamente, desejei que não tivesse nenhum compromisso àquela tarde e que eu pudesse tirá-la de folga, para poder aproveitar uma tarde numa praia brasileira e deixar as preocupações temporariamente de lado enquanto relaxaria, deitada na areia.
Não me entendam mal, eu adoro meu trabalho. Ser personal stylist e vestir dia e noite é tudo o que eu poderia desejar – e eu tinha isso. Mas não sou de ferro, e tenho certeza de que qualquer ser humano adora uma folguinha.
– , me ajuda aqui!
Ouvi Taylor me gritar e, pela segunda vez naquele dia, precisei deixar meus devaneios de lado.
Organizamos em pilhas tudo o que precisava ser levado para o hotel e orientamos aos carregadores o que iria para cada quarto. Pedimos aos staffs que estavam ali para que ficassem por conta do que restou, que seria usado somente nos shows. Terminada a rotina, subimos para o nosso andar.
Como era de costume, e sua equipe (que incluía a mim, graças ao bom Deus) tinham dois andares – às vezes três, dependendo do tamanho do andar de cada hotel – para uso exclusivo durante a estadia. No de cima, hospedavam-se , sua banda e sua equipe mais pessoal, como seu empresário, seu assessor de imprensa e alguns outros funcionários de escalão mais alto. No andar debaixo ficava o restante da equipe – staffs, seguranças, assistentes e, é claro, euzinha.
Eu sempre tinha um quarto somente para mim, enquanto assistentes como Taylor e Lily costumavam dividir entre duas ou três pessoas, dependendo do tamanho do hotel. Eu não me incomodaria se precisasse dividir um quarto, mas insistia em dizer que eu precisava ter privilégios e que inclusive deveria passar para o andar de cima, já que ele precisava de minha ajuda praticamente o tempo todo. Contudo, nunca chegou a realmente me “promover de andar”, e eu até imaginava o porquê. costumava ter ciúmes até das moscas que voavam por perto, e eu sentia que ela não gostava de mim. Mesmo assim, ela precisava me tolerar; não era do tipo que deixava uma namorada interferir em seus assuntos profissionais. E como ele costumava declarar, “não conseguia viver sem mim”, então deduzi que me chutar de sua equipe por causa de sua namorada não era lá muito provável.
Cheguei ao meu quarto e não pensei dois segundos antes de trocar de roupa e ligar o ar-condicionado. Enquanto abria as malas e procurava por uma saia, deixei meus pensamentos voarem para o fato de que eu e estávamos passando menos tempo juntos do que o normal nas últimas semanas. Desde que passou a acompanhá-lo na turnê, só me chamava quando de fato precisava escolher uma roupa, diferente de antes, quando me chamava nas horas livres apenas para conversarmos. Não que as horas livres fossem muitas, é claro; mas ainda assim, seus chamados variavam entre amizade e trabalho. Agora, entretanto, a primeira categoria estava praticamente extinta.
Não pude evitar sentir uma pontinha de chateação ao pensar nisso; milhares de garotas morriam por , o famoso cantor que qualquer mulher gostaria de poder namorar. Eu, por outro lado, tinha como um grande amigo, com quem podia dar boas risadas sem me preocupar com o fato de ele ser meu “chefe”. Ele nunca havia feito com que eu me sentisse somente mais uma funcionária, mas o distanciamento das últimas semanas era bastante notável. Contudo, nos raros momentos em que tínhamos contato, ainda era o mesmo, o que me deixava mais tranquila em relação à situação. Era improvável que eu perdesse o emprego, mas eu queria que também fosse improvável que eu perdesse o amigo.
Eu estava colocando uma saia de tecido levinho quando meu celular tocou. O toque personalizado denunciou que era ligando. Involuntariamente, um sorriso surgiu em meus lábios e eu atendi.
– Deixa eu adivinhar: você não vive sem mim e precisa da minha ajuda para um caso de vida ou morte?
deu uma risada gostosa, e eu ri junto.
– Você pode subir aqui agora? Se não puder, não tem problema, imagino que esteja descansando.
Revirei os olhos e sorri, já acostumada com a frequente preocupação de em não me incomodar. Ele me pagava e mesmo assim agia como se eu só devesse trabalhar quando tivesse vontade.
– Deixa de ser bobo, claro que posso subir aí. Já, já, chego.
Enquanto o elevador subia, fiquei pensando no quanto o tom de ao telefone estava diferente das últimas semanas e, também, bem humorado. Só podia significar uma coisa: provavelmente não estava com ele.
Bati à porta do quarto e não demorou um segundo para abrir. E conforme eu já havia imaginado, não havia ninguém com ele.
– Eu não devia ter te incomodado, né? Você deve estar super cansada – se desculpava, enquanto me puxava para um abraço.
– , olha pra mim – ele obedeceu. – Eu trabalho para você. Você tem a obrigação de me incomodar.
Eu ri e ele me acompanhou. Fechou a porta do quarto e eu já me encaminhei para a porção de bagagens que estavam empilhadas em um canto. E eu precisava perguntar...
– Ué, onde está a ?
Eu não vi a expressão no rosto de , mas ao julgar por seu tom de voz, ele não gostou de pensar no assunto.
– Ela não quis descer aqui no hotel. Disse que iria fazer umas compras e que voltava mais tarde. Para ser sincero, não lamentei por isso.
Eu tinha alguns segundos para decidir como agir. parecia estar se abrindo comigo. De duas, uma: ou eu levava em conta nossa amizade e tentava ajudá-lo, ou deixava de lado considerando meu profissionalismo.
Eu nem tinha começado a decidir quando decidiu por mim.
– Está sendo tão cansativo, – ele sentou na cama. Olhei para ele e vi que passava as mãos nos olhos, realmente ilustrando o cansaço. – Não me leve a mal. Eu gosto da , gosto mesmo. Mas ela... meu Deus, ela está impossível! Dávamo-nos tão bem à distância, eu sempre desejava poder tê-la por perto. E agora que tenho, é praticamente involuntário desejar que ela vá embora. Me diz, , eu estou sendo um babaca? Estou sendo cafajeste por desejar que minha namorada vá embora? – ele passou as mãos nos olhos de novo e, ao retirá-las, respondeu sua própria pergunta. – É claro que estou, né. Que pergunta estou te fazendo. Aliás, eu nem devia estar te incomodando com meus problemas...
– Ei, ei, ei! Calminha aí, senhor ! – eu o interrompi, indo para perto dele. Na dúvida entre ser adequado ou não sentar ao seu lado, optei por ficar de pé a sua frente. – Primeiro: você não me incomoda com seus problemas, . Eu sou sua amiga, não sou? – ele assentiu, sem tirar os olhos de mim. – Justamente, e por isso mesmo você deve me incomodar com seus problemas. E segundo... bom, na verdade, antes de falar o segundo, eu devo perguntar se eu posso falar abertamente sobre o que percebo no seu relacionamento. Posso?
– Claro que pode. Aliás, não foi você mesma que acabou de lembrar que você é minha amiga? Amigos são para isso – pegou em minha mão, em um gesto tão carinhoso que me deu vontade de apertá-lo. Em vez disso, apenas sorri. – Senta aqui – ele me puxou pela mão e fez com que eu sentasse ao seu lado, ainda com sua mão entrelaçada na minha. Não pude evitar pensar que não seria agradável se chegasse ali agora.
– Tudo bem, então – respirei fundo e destampei a falar sem pensar, ou eu certamente não teria coragem suficiente. Olhei nos olhos dele e as palavras simplesmente saíram. – , milhões de mulheres gostariam de poder ter você como namorado. E você sabe que isso não é mentira, então não adianta rebater – eu me adiantei em dizer, quando percebi que ele iria argumentar. – Dessas milhões, somente uma tem o privilégio de poder dizer que tem você como namorado, e essa uma é a . Mas, , ela não parece valorizar isso. Vocês não passam um único dia sem brigar, e acredite em mim quando digo que eu sei que você tenta evitar essas brigas, mas parece que ela procura problemas e motivos para brigar o tempo todo! Um relacionamento não deveria ser assim. E é como você disse, à distância vocês se davam bem, então por que esses desentendimentos agora? Não é certo, . Você não merece isso. E tem mais, eu acho que ela só fica procurando problemas porque se sente incomodada em ter a atenção dividida na maior parte do tempo. Antes, quando você falava com ela ao telefone, aquele momento era só dela, a tinha você exclusivamente por alguns minutos. Agora, o tempo todo você tem algum compromisso, as pessoas precisam de você a todo momento, fãs gritam seu nome de maneira histérica só de verem sua sombra... Antes, a tinha a falsa impressão de que toda sua atenção era somente para ela, e agora ela está percebendo que não é assim.
me fitou por alguns segundos em silêncio, com olhar indecifrável. Senti meu coração gelar; eu devia ter passado dos limites. O momento em que ele abriu a boca para falar novamente passou em câmera lenta aos meus olhos, e eu demorei alguns momentos para assimilar o que ele havia dito.
– , você já pensou em deixar de ser personal stylist e abrir um consultório de psicologia?
Depois de assimilar a brincadeira e perceber que ele não estava bravo, fingi certa indignação ao respondê-lo.
– Você está dizendo que não sou boa no que faço, ?
– Olha só, e você ainda disse que a fica procurando problema onde não existe!
Encaramo-nos por alguns segundos e depois caímos na gargalhada juntos. Rimos por bastante tempo, e eu não conseguia deixar de perceber que nossas mãos não haviam se soltado nem por um segundo desde que havia as unido.
– Realmente, você sabe como melhorar meu humor – ele enxugou os olhos, parando de rir. – E, meu Deus, você está certa em tudo o que disse, principalmente sobre a chateação de por precisar dividir minha atenção. E eu não entendo, normalmente ela também tem fãs e pessoas que a rodeiam o tempo todo, ela deveria ser mais compreensiva.
– Já ouviu falar que “o inferno são os outros”? Aplica-se perfeitamente aqui.
– Você tem razão – abaixou a cabeça e passou a olhar para nossas mãos entrelaçadas. Passado um tempo de observação em silêncio, acariciou meu polegar com sua mão que estava livre. Acho que, involuntariamente, prendi minha respiração neste momento. – Vou falar com . Sei que estas brigas estão afetando não só o nosso relacionamento, mas também toda equipe. Dá para sentir que o clima anda pesado... – levou minha mão aos seus lábios, deu um carinhoso beijo nela e, em seguida, agradeceu, olhando nos meus olhos: - Obrigado por ser uma ótima amiga, . E me desculpe, mais uma vez, por te incomodar com meus problemas.
Eu sorri.
– Já disse que não precisa agradecer, .
O silêncio, novamente, apareceu por alguns segundos. Então, decidi levantar e caminhar, novamente, para as bagagens. Nossas mãos finalmente se separaram.
– E então, senhor , qual o compromisso para que devo te vestir?
também levantou e ficou de pé ao meu lado, enquanto eu abria as malas e examinava o conteúdo delas.
– Bom, tenho uma entrevista em uma rádio às 3 horas. E como é uma coisa pequena, pensei em te chamar aqui apenas para me ajudar e depois te dar a tarde de folga, você não precisa ir comigo. Aquela praia é uma tentação, não é? A famosa Copacabana.
Não pude evitar sorrir e pensar que eu, certamente, tinha o melhor chefe do mundo.
– Você já pensou em deixar de ser cantor e passar a ler a mente das pessoas, ?
– Ei, não roube a minha piada! – ele riu, e eu percebi que poderia, sem o menor problema, ouvir só o som daquela risada todos os dias.
– Tá ok, não roubo mais – levantei as mãos, em gesto de rendição. – Mas não é injusto eu estar aproveitando a praia enquanto você está respondendo a um monte de perguntas que já cansou de responder, neste calor imensurável, em uma sala provavelmente claustrofóbica? Posso ir com você, e depois aproveitamos o restinho da tarde na praia.
– Na-na-ni-na-não! – agachou ao meu lado, fazendo sinal de negação com o indicador, aproximando-o do meu rosto até apertar meu nariz. Eu ri alto do gesto infantil e extremamente fofo. – Minha personal stylist vai tirar a tarde de folga, afinal, temos uma festa importante à noite e você precisa estar com as baterias recarregadas para poder pensar em todas as combinações perfeitas de vestuário, para que eu fique lindo.
– Qual é, , você não precisa de mim para ficar lindo. Todas as revistas do mundo afirmam que você deve ser lindo até quando acaba de acordar, cheio de olheiras e remelas.
– Essas revistas... mal sabem que por trás de toda a beleza está , uma mulher que faz milagres por um pobre coitado.
Dei um tapa em seu ombro e nós dois rimos, e eu voltei minha atenção para as peças de roupa à minha frente. Escolhi uma bermuda jeans de lavagem clara, uma camiseta polo branca e um tênis também branco para finalizar.
– Olha só isso. Você fala de mim como se eu fosse, sei lá, o mago do guarda-roupas, quando, na verdade, eu só escolhi a roupa mais tradicional do mundo para você vestir: jeans e branco.
– E aí está o diferencial: você poderia ter escolhido amarelo de bolinhas roxas, mas não! Você escolheu jeans e branco e acertou de novo!
Olhei para e ele tinha um sorriso lindo nos lábios. Era tão fácil rir e sorrir estando perto dele...
– Como você é bobo! Gostou da escolha, então?
– Eu adorei, como sempre. E agora, minha querida , preciso te dispensar, pois não posso mais te privar do dia lindo que está fazendo lá fora. Agora você já pode pegar um bronze em terras brasileiras!
- Está me chamando de branquela, ?
Agora foi ele quem ergueu as mãos em sinal de rendição, rindo da minha falsa indignação.
– Não está mais aqui quem falou! – me deu um abraço apertado, despedindo-se. – Muito obrigado, . Não sei o que eu faria sem você.
Revirei os olhos, tornando a encará-lo.
– Você, provavelmente, escolheria a mesma roupa que eu escolhi. A diferença é que eu possuo um diploma para fazer isso.
Sorri, bem humorada, e sorriu de volta. Dei um beijo em sua bochecha e caminhei até a porta. Eu já estava quase a fechando quando o ouvi gritar meu nome. Dei meia volta, tornando a olhar para . O que eu não esperava era dar de cara com ele tirando sua camiseta, pronto para vestir a que eu havia separado. E sim, essa era uma cena rotineira para mim, mas não tão repentinamente. Não consegui evitar a permanência de meu olhar em seu abdômen por mais segundos do que o recomendável, mas finalmente me recuperei do transe e perguntei, como uma perfeita idiota:
– Me chamou, ?
Ele tinha um sorriso esperto nos lábios quando respondeu, com tom inocente:
– Chamei – ele agora vestia a camiseta que eu havia separado, enquanto falava comigo usando um tom mais casual impossível. – Acho que você nunca acordou ao meu lado e me viu cheio de remelas e olheiras. Mas quem sabe um dia, né? Assim você pode me dizer se eu realmente sou lindo em tais condições.
piscou, de um jeito claramente sedutor, e eu estava paralisada. Como uma perfeita idiota, novamente, não consegui ter reação alguma e me limitei a assentir e fechar a porta bruscamente.
Meu. Deus. Eu estava imaginando ou havia acabado de dar em cima de mim? , meu amigo de três anos, que há alguns minutos havia desabafado sobre a namorada comigo... Não, eu estava imaginando.
Eu devia estar em modo automático quando chamei o elevador e desci nele, porque só me dei conta de que havia feito isso quando a porta abriu no meu andar. Eu ainda estava entorpecida, e precisava distrair a cabeça.
Sem pensar duas vezes, vesti um biquíni, um shorts e uma blusinha leve, organizei uma bolsa e desci até o saguão do hotel, em direção à praia. Fiz tudo na maior velocidade que consegui, para evitar qualquer possibilidade de encontrar enquanto ele saía para sua entrevista.
A entrada do hotel estava lotada de fãs, que cantavam em um coro não tão sincronizado o novo single de . Coloquei meus óculos escuros e meu chapéu a tempo de evitar que alguém me reconhecesse; não era raro que algum fã me gritasse, já que diversas vezes eu aparecia ao lado de em alguma foto de algum paparazzi. Já haviam soltado uma vez, inclusive, que eu era sua amante.
Lembrar desse fato só fez a lembrança do que acabara de acontecer no quarto voltar com tudo, então tratei de colocar meus fones de ouvido e tentar esquecer, ao menos por enquanto, daquele assunto. Eu refletiria com calma sobre o que havia acontecido quando estivesse deitada na areia, sentindo o sol na pele e ouvindo as ondas do mar quebrando.
Escolhi um lugar menos movimentado da praia e estendi minha toalha. Passei uma camada de protetor solar no rosto, uma camada de um protetor mais fraco no corpo e uma camada de bronzeador por cima, esperando que pudesse pegar ao menos uma corzinha. Meu limitado português me permitiu entender quando um vendedor ambulante me ofereceu água, e eu aceitei de bom grado. Agora, pronta para relaxar, deitei e deixei que meus pensamentos passeassem livres. E mesmo assim, eles só chegavam ao mesmo ponto: o que acabara de acontecer com .
Desde que eu havia começado a trabalhar com ele havia três anos, nunca havia feito uma piada daquele teor, o que fazia com que eu questionasse minha interpretação do que havia sido dito. Ora, ele podia estar brincando, não é? Ele podia estar querendo dizer outra coisa... ”Acho que você nunca acordou ao meu lado (...). Mas quem sabe um dia, né?”.
Ah, não. Não havia outro significado que pudesse ser atribuído àquela frase senão “quem sabe um dia a gente dorme juntos, né?”. E, consequentemente, o significado passava a ser “quem sabe um dia a gente transa, né?”, e então não havia mais saída.
E agora só restavam duas opções: ou estava brincando, ou quis dizer o que teve vontade, usando tom de brincadeira para amenizar as coisas.
Entre mergulhos no mar e momentos de exposição ao sol, a tarde passou voando e já eram 17h quando olhei no relógio. Saí correndo para o hotel, já que ainda precisava me arrumar e estar pronta para arrumar o às 19h. Tínhamos um coquetel na sede da gravadora no Brasil às 20h30min, que seria feito especialmente para o .
Tomei um banho caprichado e parti para a escolha de um vestido. Neste meio tempo, liguei para a Taylor e pedi encarecidamente para que me maquiasse – afinal, essa era a vantagem de ter uma amiga/colega de trabalho maquiadora.
Entre as três opções que eu havia trazido, optei por um vestido curto coral frente-única, que deixava minhas costas à mostra. Um peep toe nude foi o escolhido para acompanhar, com uma bolsa-carteira da mesma cor.
Com timing mais que perfeito, Taylor bateu à porta assim que terminei a escolha da roupa. Optamos por uma maquiagem com tons de champagne e marrom e batom rosinha, sem muito tempo para conversa, já que Taylor também precisava se arrumar para o evento. Assim que terminou minha maquiagem, ela foi embora.
Eu estava distraída mexendo em meu celular quando uma batida à porta me sobressaltou.
– ? Sou eu, o . Você pode abrir para mim?
Senti meu coração acelerar e meu corpo todo gelar. Respirei fundo, respondi um “claro” e fui prontamente abrir a porta.
– Oi – ele saudou. Seu tom era tímido e sua postura também.
– Oi, . Aconteceu alguma coisa?
– Eu posso entrar? – perguntou, timidamente.
– É claro que pode – fiz menção para ele entrar e fechei a porta atrás de nós. – O que aconteceu? Você está me assustando.
– Desculpe, não foi minha intenção. É só que... eu percebi que você ficou assustada com minha brincadeira mais cedo, então vim pedir desculpas. Eu só estava brincando, em momento algum eu quis te constranger ou ultrapassar algum limite, afinal eu, inclusive, tenho namorada, e nós somos amigos e foi totalmente inadequado e você...
– ! – chamei sua atenção e então ele olhou para mim, já que havia passado o tempo todo olhando para o chão e falando em disparada. – Calma, não precisa se preocupar assim. Devo confessar... Realmente, me assustou um pouco. Mas está tudo bem, você já disse que foi uma brincadeira, não tem problema.
me lançou um olhar estranho, como se estivesse se segurando para não dizer alguma coisa. O que poderia ser, eu não sabia, mas achei melhor ignorar, pelo bem da situação.
– Tem certeza, ?
Eu sorri para ele.
– Tenho, seu bobo. E a propósito, preciso te arrumar. Podemos subir para o seu quarto?
– Claro – sua expressão era mais aliviada agora, mas ainda havia algo diferente que eu não sabia bem como decifrar. – Mas antes, posso dizer uma coisa sem sentir culpa, já que esclarecemos as coisas?
– Sempre pode me dizer qualquer coisa, – respondi, enquanto terminava de arrumar minha bolsa.
– Você está muito linda.
Senti meu rosto corar com o elogio e um friozinho na barriga ao refletir rapidamente sobre aquilo. sempre me elogiava como um amigo, descontraidamente, mas parecia que agora havia alguma coisa diferente. Respirei fundo e me virei para ele, sorrindo e tentando esconder o quanto eu havia ficado tímida.
– Sempre gentil esse ! – ele riu e balançou a cabeça, como se eu estivesse exagerando. – Vamos subir? Está na hora de eu te deixar lindo também.
– Mas você não disse mais cedo que eu sou lindo até com remelas? – retrucou, brincalhão, e eu revirei os olhos enquanto o empurrava para fora do quarto. Parecia que o clima de amizade havia se reestabelecido.
Ainda estávamos rindo quando as portas do elevador que havia chamado abriram, revelando a última coisa que eu poderia desejar naquele momento.
– Oi, – arregalou os olhos e saudou, claramente ignorando a minha presença.
– Oi, . Como foram as compras?
Era perceptível que o humor dele havia mudado subitamente. Pelo canto do olho, vi me medir de cima a baixo, sem qualquer intenção de ser discreta. Após sua inspeção, fez uma cara de desdenha e respondeu à pergunta do namorado.
– Foram ótimas. E sua tarde, como foi? Vejo que você resolveu descer o nível, quero dizer, o andar.
Não consegui continuar agindo como se não estivesse ali. Olhei para a cena e vi que tinha um sorriso irônico nos lábios, enquanto lhe lançava um olhar que mesclava raiva e incredulidade.
As portas do elevador abriram, quebrando o silêncio tenso que havia se instaurado. caminhou para fora, mas não se mexeu.
– Peça desculpas à , .
Sua voz era séria e autoritária. lentamente virou para trás e deu um passo para frente para evitar que a porta do elevador se fechasse. Eu ainda estava congelada no mesmo lugar.
– Desculpas? Eu apenas me enganei com um termo, . Não tenho nada para me desculpar.
E então ela voltou a caminhar para o quarto, como se nada tivesse acontecido. A porta tentou fechar de novo e então me chamou com a mão para sairmos. Mecanicamente, caminhei para fora do elevador, que se fechou atrás de nós com um leve baque. tinha um olhar extremamente constrangido.
– , eu não sei nem o que dizer. Me desculpe por ela, por favor. Ela está ultrapassando os limites cada vez mais.
– , fique tranquilo. Eu juro que estou bem, ela não me atingiu. Mas talvez fosse melhor eu não entrar com você no quarto, acho que ela vai ficar muito incomodada e pode...
– Sem chance. Não vou deixar os mimos da interferirem em minha vida, tanto pessoal quanto profissionalmente, e nesse caso você se encaixa nos dois. Vem, é só fingir que ela não está lá.
Hesitei um momento antes de acompanhar até o quarto. Para nossa sorte, o barulho do chuveiro anunciou que estava ocupada tomando banho. Ótimo.
– Vamos escolher uma roupa rápido, antes que ela saia do chuveiro – constatei, enquanto já remexia nas bagagens de roupa.
– Não, não quero que ela atrapalhe em nada. Finja que nada está acontecendo e trabalhe em seu ritmo normal, , por favor.
Eu pensei em rebater, mas percebi que estava sério e era melhor não discutir.
– Tudo bem. Você está com vontade de vestir alguma cor específica?
soltou o ar enquanto fechava os olhos, tentando se recompor.
– Meu Deus, eu nem sei bem o que pensar agora. Deixo por sua conta. Sei que você nunca erra.
Ele deitou na cama e ficou olhando para o teto, enquanto eu ainda raciocinava lentamente o que ele tinha me orientado, pois minha concentração estava visivelmente alterada. Passado meu momento de torpe, voltei minha atenção às roupas. Enquanto eu decidia entre uma camisa azul e uma verde, ouvi o chuveiro sendo desligado. Foi involuntário eu me apressar em decidir.
– , o que você acha? – Tentei agir normalmente, como eu faria em qualquer outra ocasião. Eu havia separado uma calça branca, uma camisa azul marinho e um sapato cinza – Casual demais? Você prefere um blazer, ou talvez até um terno?
– Não, está ótimo. Está muito quente para colocar alguma coisa por cima – ele levantou e analisou a roupa, com um semblante de satisfação. Ele pareceu hesitar por um momento antes de continuar falando, em tom mais baixo. – , será que posso te pedir para descer para o seu quarto um pouco? Preciso tomar um banho e não gosto da ideia de te deixar sozinha com a . Eu te chamo quando for para você me ajeitar na roupa.
Olhei para ele, compreensiva, e resisti à vontade de pegar na sua mão para tentar transmitir que estava tudo bem.
– É claro, . Obrigada, mais uma vez, por se preocupar comigo – sorri, esperando que o gesto o confortasse ao menos um pouco, e então caminhei para fora do quarto. Eu havia acabado de fechar a porta quando ouvi bufar um “que bom que ela já foi”, provavelmente saindo do banheiro. Sem querer me intrometer e ouvir a conversa alheia, chamei o elevador e, enquanto esperava, ouvi a voz de perceptivelmente alterada de dentro do quarto. Entrei no elevador assim que ele chegou e as vozes sumiram, dando lugar a uma bossa nova instrumental.
Esfreguei os olhos e desejei que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Eu sabia que não havia feito nada, mas estava me sentindo, mesmo que indiretamente, uma destruidora de lares. havia enfrentado sua namorada por minha causa e isso só devia ter piorado a crise de ciúmes dela. Senti uma leve náusea ao lembrar do infeliz comentário que ela havia feito, insinuando claramente que eu estava abaixo do nível dela.
Quando o elevador abriu no meu andar, fui direto para o quarto de Taylor. Eu precisava de uma distração e ficar sozinha não ajudaria em nada.
Bati à porta e Taylor abriu para mim, enrolada em uma toalha.
– Ah, que bom que você está aqui! Vem, me ajuda a escolher uma roupa.
Fui olhar as malas de Taylor enquanto ela secava o cabelo com um secador, mas não conseguia me concentrar em nada direito. Revirava as roupas sem prestar atenção ao que eu exatamente estava fazendo, e meu desconcerto devia estar bastante visível já que Taylor interrompeu a secagem para falar comigo.
– , está tudo bem? Por que você está com essa cara de quem acabou de passar mal? Você passou mal?
Eu ri da constatação da minha amiga, o que aliviou um pouco estresse. Olhei para Taylor e resolvi contar o que havia acontecido, ao menos em partes.
– Bom, na verdade, a realmente resolveu invocar comigo e acho que isso me abalou um pouco.
Contei à Taylor o que acontecera no elevador – omitindo a parte que estava em meu quarto para se desculpar por ter insinuado que queria dormir comigo algum dia – e foi um alívio enorme colocar tudo para fora.
– Aquela vadia! Quem ela pensa que é? Coitadinha, alguém tem que avisar a ela que não adianta nada ser famosa, nadar no dinheiro e ser uma pobre de espírito que ninguém aguenta, nem o próprio namorado. Mas ao menos foi super cavalheiro e te defendeu, né? Eles devem ter discutido muito depois que você saiu.
Senti uma pontada de culpa ao imaginar que eu poderia ter sido motivo de uma briga. Mas por outro lado, eu não havia feito nada e não tinha culpa se era uma ciumenta desequilibrada.
– Pior que devem mesmo. E de alguma forma, eu me sinto culpada por isso – desabafei.
– Culpada? , me ouve, por favor –Taylor deixou as maquiagens que estava usando e sentou ao meu lado. – Se você estivesse errada, o não teria te protegido da forma como protegeu. Pelo amor de Deus, ela que é a descabeçada sem noção, não você, e acredite em mim quando digo que sabe perfeitamente disso.
Ouvir alguém dizer tudo o que eu já estava pensando fez com que se tornasse real. Então, consegui suspirar realmente aliviada pela primeira vez naquela noite.
– Você está certa. Completamente certa – nesse momento, meu celular tocou. – É o . Preciso subir de novo. E nossa, eu nem te ajudei com a roupa! Mas já deve estar atrasado... Você aparece lá assim que ficar pronta?
– Sim, eu já estou quase. E pelo amor de Deus, toma cuidado com aquela mulher, ela é doida. E sobre o vestido, eu me viro aqui. Corre lá!
Eu ri, agradeci Taylor e me pus, novamente, a caminho do quarto de . Mesmo com as palavras tranquilizadoras da minha amiga, era inegável que eu ainda estava me sentindo bastante nervosa.
Cheguei ao andar de e estranhei a porta do quarto aberta. Entrei e dei de cara com sentado na beirada da cama, encarando o chão com um olhar perdido. E o mais esquisito de tudo: não estava ali.
– , o que aconteceu?
– foi embora – ele declarou, simples e direto.
– Foi embora? – Eu mal podia acreditar no que estava ouvindo. – Meu Deus, , eu sou a culpada de tudo isso, nem sei como me desculpar, eu devia...
– Não, você não tem culpa alguma – sua voz não tinha emoção alguma e ele ainda não havia olhado para mim. – Ela foi para outro hotel e pediu para alguém pegar as coisas dela aqui depois. E eu preciso me arrumar, ou vou me atrasar para o evento.
Percebi que realmente não queria falar sobre o assunto, então, quando ele levantou e finalmente me encarou com os olhos inexpressivos e vazios, fui eu quem desviou o olhar e me coloquei prontamente a ajeitar a roupa que já estava em seu corpo. Dobrei as mangas da camisa até a metade do braço, em razão do calor excessivo, e peguei uma pulseira de que gostava para que ele colocasse.
Enquanto eu o arrumava, Taylor chegou ao quarto. Ela deve ter percebido o clima ruim que estava no ambiente, pois pronunciou um “oi” rápido e pôs-se a trabalhar no cabelo dele. Trocamos um olhar apreensivo enquanto trabalhávamos. Aquela situação era muito estranha; aquele momento em que ajeitávamos sempre era descontraído e cheio de brincadeiras e piadinhas, e hoje o incômodo silêncio estava claramente pesando para cada um de nós, de maneiras diferentes.
Terminei minha parte antes de Taylor e sentei em uma poltrona que havia em um canto para esperar que ficasse pronto. Alguns minutos depois, a equipe toda de estava reunida no corredor, conversando animadamente. Quando chegou, alguém que não identifiquei perguntou a ele se só faltava a . Seu olhar continuava inexpressivo e fiquei imaginando o que estava passando por sua cabeça agora. Estava aliviado com o término? Surpreso? Chateado? Eu realmente não saberia dizer.
– não vai conosco hoje. Podemos descer – ele respondeu, simplesmente.
Todos ali pareceram perceber que não era um bom dia para conversa. O clima mudou subitamente e as conversas animadas se transformaram em murmúrios baixos.
– O que aconteceu? – Taylor questionou a mim assim que tivemos a oportunidade, dentro do elevador, já que havia descido em outro com seu empresário e seu assessor.
– resolveu ir embora e foi para outro hotel. Pelo visto, eles realmente terminaram.
– Meu Deus, ela não poderia ser menos desnecessária. Coitado do ... Acho que ele realmente gosta dela, ou ao menos gostava, até ela se tornar uma megera ridícula.
Imersa em meus próprios pensamentos, apenas assenti para Taylor. Fomos para a van, onde outras pessoas da equipe já nos esperavam.
Ao longo do caminho, todo mundo questionava o que haveria acontecido entre e . Eu não conseguia e nem queria prestar atenção às indagações, pois só conseguia me sentir extremamente culpada pelo que havia acontecido. não merecia , era mais do que óbvio, mas ele gostava dela, e eu não tinha qualquer direito de interferir naquilo, mesmo que indiretamente.
Só me dei conta de que havíamos chegado ao local do evento quando percebi flashes sendo disparados contra nós. Era sempre engraçado ter uma série de disparos direcionados a você e ver que eles paravam quando percebiam que não se tratava da pessoa que eles queriam.
Quando a limusine de chegou, todos os fotógrafos saíram correndo para lá e então conseguimos descer do veículo. Como de costume, caminhei até a limusine para conferir se o visual de estava ok. Um segurança me escoltou até a porta do carro, praticamente me carregando pelo mar de paparazzis que estavam ali, e já posava para algumas fotos quando cheguei até ele.
Talvez nem todos percebessem o olhar melancólico que ele tinha no rosto, mas para mim era mais do que evidente. Cheguei até ele e tive a impressão de que seu olhar suavizara um pouco quando viu que eu estava ali.
Dei um sorriso inseguro para ele, que respondeu da mesma forma. Aproximei e ajeitei a gola da camisa, em seguida verificando as dobras das mangas.
– Está perfeito, . Pode ir – gritei, tentando fazer com que ele me ouvisse em meio à multidão. assentiu e uma série de seguranças o acompanhou até o tapete vermelho que haviam estendido ali.
O coquetel estava animado, repleto de artistas brasileiros – que eu não conhecia. era o centro das atenções e parecia estar se distraindo um pouco enquanto conversava com as pessoas. Eu estava em uma mesa com Taylor e algumas outras meninas da produção, que já estavam um pouco alteradas com a bebida. Em determinado momento, todas resolveram se levantar para dançar e resolvi animar junto. Eu não bebia, o que me deixava um pouco de fora do clima em que elas estavam, mas dançar iria, ao menos, me distrair um pouco.
Eu me mexia ao som de uma música que não conhecia quando senti alguém me cutucar. Virei para ver quem era e não pude evitar o susto quando percebi que era . Ele tinha um sorriso tímido no rosto.
– Desculpa, eu não queria te assustar – ele falou no meu ouvido, por causa da música alta. – Podemos conversar?
Estranhei o pedido quando o ouvi, mas acabei assentindo e acompanhando . Ele saiu da pista de dança e foi em direção aos fundos do local. Saímos e acabamos em uma varanda, que tinha um banco e uma mesa com frutas. O lugar estava vazio e me perguntei se havia checado isso antes de me chamar.
– , eu precisava conversar com você – ele disse, sentando no banco e fazendo sinal para que eu sentasse ao seu lado. O banco não era tão grande, fazendo com que ficássemos quase colados. – Me desculpe por ter te tirado da festa assim, mas eu precisava me desculpar por hoje. Sei que você não tem culpa alguma e eu fiquei mal humorado depois, mas juro que não fiquei assim por sua causa. Eu só não consegui lidar bem com a situação logo de imediato.
não me encarava e tinha o olhar perdido enquanto falava, mas eu sabia que ele estava sendo muito sincero. Percebi que ainda tinha mais o que falar e por isso fiquei quieta e o deixei prosseguir, segurando sua mão.
– Ainda não consigo entender como tudo acabou assim. Pela primeira vez em dois anos tivemos a oportunidade de realmente passar um tempo juntos e então ela se revelou alguém tão diferente da que eu achava que conhecia... Eu juro, , ela nunca foi assim. Ela sempre foi amável, carinhosa... Eu jamais imaginaria que o ciúme dela era assim, obsessivo. Claro que ela já havia demonstrado algumas vezes, mas de maneira normal, sabe? Como qualquer pessoa sente. Mas agora... Meu Deus, ela até chegou a te ofender. Eu não poderia continuar com ela, não depois de ela ter revelado tão claramente como realmente é. Mas por outro lado... eu me sinto triste por ver tudo indo embora tão de repente. Eu realmente gostava dela... Ou ainda gosto, eu nem sei mais.
Ele soltou um longo suspiro. Pelo jeito, havia se esgotado com seus próprios sentimentos. Puxei para um abraço e ele correspondeu. Eu ainda não sabia o que dizer, então optei por não falar nada, esperando que aquele gesto demonstrasse a ele o quanto eu me importava.
– Obrigado por ser minha amiga, ... – ele agradeceu, ainda me abraçando. – Obrigado mesmo. E amanhã tenho o dia de folga. Poderíamos ir à praia para desvanecer um pouco, o que você acha?
desvencilhou do abraço para olhar em meus olhos e eu sorri.
– Por mim, perfeito – respondi. – E não querendo te despachar, mas já te despachando... Você é o convidado principal da festa, , não pode ficar sumido assim! Vamos voltar para dentro?
Ele riu.
– Vou relevar esse seu despache e apenas concordar com você – levantou e me ofereceu o braço. – Vamos?
Eu hesitei e perguntei de maneira insegura:
– Quer mesmo que as pessoas vejam você de braço dado com outra, ?
Ele sorriu antes de responder.
– Quer saber? Eu não dou a mínima.
Minha insegurança passou e, rindo, levantei e enlacei meu braço no dele. Entramos na festa e os olhares direcionados para nós foram perceptíveis, mas já que ele não dava a mínima, eu também não dei.
E a festa seguiu assim; me levando para todos os cantos e me apresentando a uma série de pessoas, que certamente ficavam intrigadas quando eu dizia que era apenas sua personal stylist. Mas se ele não se importava, eu não tinha porque me importar, então nos divertimos e dançamos juntos até tarde. E o melhor de tudo: sem alguma para ficar olhando.
– Vem logo! Você não consegue ser mais rápida do que isso?
gritou, me provocando já dentro do mar, enquanto eu ainda corria no finalzinho da areia. Fiz uma cara feia e ele riu de mim, mergulhando logo em seguida.
Parecia que havia sido esquecida desde a conversa da noite anterior. não mais aparentava estar chateado, embora eu imaginasse que ele apenas estivesse guardando os sentimentos para si, afinal, ainda era muito recente. Contudo, eu estava feliz em poder ajudá-lo a superar.
Eu estava com a água em minha cintura quando fui surpreendida por alguém pulando em meus ombros.
– ! – ele ria feito uma criança, enquanto eu sentia meu coração acelerado pela surpresa. – Tá louco? Quase me matou de susto!
Ele continuou rindo, e eu não aguentei e acompanhei sua risada. Logo já estávamos parecendo duas crianças brincando, jogando água um no outro. Era incrível como eu e o nos dávamos bem sem o menor esforço; era tudo muito natural.
Havia vários paparazzi em toda a praia, acompanhando cada movimento de . Eu já imaginava que nossa proximidade não daria nada certo em termos de mídia, tendo em vista que, provavelmente, em breve eu me tornaria a nova namorada de sem nem mesmo saber disso. Contudo, como percebi que ele não estava ligando para isso, resolvi não ligar também.
Em certo momento, jogou água em mim e, acidentalmente, espirrou em meus olhos. Ele percebeu na mesma hora e veio para o meu lado, preocupado, e devo admitir que estava ardendo pra caramba.
– Oh meu Deus, , desculpa! Foi sem querer, eu juro, eu não vi que você estava distraída. Está tudo bem?
Consegui abrir os olhos novamente após alguns segundos e percebi que me observava realmente preocupado, muito perto do meu rosto. Assustei um pouco com a proximidade, mas passada a surpresa, consegui responder.
– Imagina, , eu sei que foi sem querer. Também, dois adultos com uma brincadeira de crianças de cinco anos, não poderia dar muito certo, né?
deu uma leve risada e ficou me encarando, e inesperadamente passou seu braço pela minha cintura, me puxando para si. Involuntariamente prendi meu fôlego. Nós já estávamos muito perto antes, e agora estávamos mais ainda.
– ... O que você está fazendo? – indaguei, um pouco assustada com a situação.
– Não fala nada, ou eu não vou ter coragem para fazer.
E foi tudo tão rápido que, quando dei por mim, já estava correspondendo ao seu beijo sem pensar em mais nada. agora tinha os dois braços envolvendo minha cintura, e eu me entreguei, passando os meus por seu pescoço. Aquele momento estava sendo incrível. Mesmo que a possibilidade nunca tivesse sequer passado pela minha cabeça, agora que estava acontecendo parecia que não havia coisa mais certa no mundo do que aquilo. Assim como nossa amizade, aquele momento fluiu tão naturalmente que não parecia ser um primeiro beijo. Eu sentia como se ele conhecesse cada parte de minha boca e que suas mãos sabiam exatamente como me acariciar, como se ele estivesse acostumado com aquilo há anos.
Quando nos faltou fôlego, rompemos o beijo. Eu não sabia qual era a expressão dele, pois não consegui abrir os olhos. Eu ainda estava absorvendo o momento.
– ? Está tudo bem?
Eu devia estar com os olhos fechados há mais tempo do que havia percebido. Quando finalmente os abri, ainda estava com o rosto muito próximo ao meu, e parecia tão preocupado quanto no momento em que havia espirrado água no meu olho – e, estranhamente, parecia que isso havia acontecido há horas, e não minutos.
– Sim... Sim, é claro que está tudo bem. Só foi um pouco... inesperado – percebi que ainda tinha o mesmo olhar preocupado, e senti um breve desespero com a possibilidade de ele pensar que eu não havia gostado. – Mas devo confessar que também foi muito bom...
demorou uns segundos para assimilar o que eu havia dito e então deu um sorriso sem graça. Eu sorri de volta e ele me abraçou, simplesmente. Fechei os olhos e me permiti aproveitar o momento, enquanto fazia um leve carinho em minhas costas. Era tão relaxante que eu poderia ficar ali o dia todo.
– ...
– Oi? – respondi ao seu chamado, ainda de olhos fechados.
– Eu acho que... – seu tom era inseguro. Abri os olhos e tornei a encará-lo. – Eu acho que fotos de nós dois devem estar em todos os lugares do mundo agora.
Senti minha boca se abrir formando um “O” e não consegui responder nada de imediato. Eu havia ficado tão envolvida pelo momento que havia ignorado totalmente o fato de que eu estava beijando o cantor no meio de uma praia repleta de pessoas, dentre elas fãs e inúmeros paparazzi.
– Meu Deus, , a vai surtar. Ela já deve estar fazendo posts em redes sociais, agendando entrevistas para te xingar, pensando em um monte de coisas para...
– , olha para mim - atendi ao seu pedido e me calei. – Você não tem que se preocupar com a , até porque eu mesmo não estou me preocupando. Acho que não te contei exatamente como terminamos, né... – ainda sem dizer nada, apenas movi a cabeça em negação. – , eu não aceito que ninguém desrespeite outra pessoa na minha frente, ainda mais da maneira como a fez. Depois que você saiu, eu a repreendi novamente. Ela deu um ataque histérico percebeu que eu estava te defendendo e eu continuei mesmo assim, então você pode imaginar como ela ficou. E então, ela disse que eu deveria escolher entre te manter na equipe ou manter meu relacionamento com ela. Eu apenas respondi que precisava te ligar para que viesse terminar de me arrumar. E então ela me deu um tapa, vestiu uma roupa e saiu sem dizer mais nada.
Eu devia estar com os olhos arregalados, principalmente pela parte em que havia batido nele.
– Mas, ... Isso piora tudo, ela pode criar uma teoria de que você já estava traindo ela comigo, que eu sempre quis roubar você dela, ou que eu sempre fui sua amante... Qualquer coisa.
Ele acariciou meu rosto lentamente e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.
– Eu não quero que você se preocupe com nada disso. Meu assessor já havia encaminhado uma nota à imprensa sobre o término ontem, para que não pegasse as pessoas de surpresa, não sei se você chegou a ver. O que acontecer a partir de agora... Bom, será a palavra dela contra a minha, e como ela é atriz, acho que eu deveria temer um pouco – eu ri, me sentindo um pouco menos tensa. – Mas eu não quero pensar no que vai acontecer. Só quero aproveitar o que está acontecendo.
tomou meus lábios de novo e novamente eu correspondi. Contudo, ele partiu o beijo para concluir:
– E sinceramente, eu não sei o que está acontecendo. Aliás, imagino que nenhum de nós dois saiba. Mas devo dizer que não me desagrada nem um pouco...
Eu sorri para ele e fui tomada em seus braços de novo. Nosso beijo agora era ainda mais intenso, como se a qualquer momento alguma coisa pudesse nos separar sem que quiséssemos. Eu tinha a impressão de que tentava me aproximar ainda mais de si quando me abraçava, mesmo que nossos corpos já estivessem totalmente colados.
– O que acha de sairmos daqui? – ele sugeriu, enquanto terminava o beijo com selinhos.
– Acho que é uma boa ideia. Meus dedos já estão completamente enrugados.
Ele riu do meu motivo e, segurando a minha mão, nos guiou para fora da água. Percebi que os paparazzi já não faziam mais qualquer questão de serem discretos, já que correram para a direção onde estávamos nadando, gritando o nome de incansavelmente.
Os três seguranças que estavam esperando na areia nos cercaram até o hotel. Passar pelo mar de gente foi estressante, ainda mais pelo teor das perguntas que estavam sendo feitas pelos fotógrafos e jornalistas – “, o que fez você terminar com a ?”, “, essa garota foi o motivo do término?”, “, você traía com essa menina?”, e várias outras. Tentei me concentrar em apenas continuar andando, enquanto seguia na frente e me puxava pela mão.
Foi um alívio chegar ao saguão do hotel.
– Você está bem? – foi a primeira coisa com que se preocupou, olhando para mim e checando meus braços. – Acho que você nunca tinha enfrentado uma multidão assim, né?
– Bom, sendo alvo, não – respondi, pegando sua mão novamente. – Mas já estive no meio do tumulto várias vezes enquanto dava alguns retoques nas suas roupas, não se esqueça disso.
riu e me deu um selinho, nos levando até o elevador e me puxando para dentro quando o mesmo chegou.
– Quero te pedir um favor... – ele disse logo que a porta fechou atrás de nós, passando os dedos em meu rosto, em um carinho gostoso que me fez fechar os olhos.
– Uhum... – murmurei, manhosa.
– Hoje é nosso único dia de folga, pelo menos por um tempo. Amanhã começam os shows, depois entrevistas, depois viagens e mais shows... – enumerava enquanto ainda fazia carinho em meu rosto, o que fazia com que eu precisasse me esforçar para não me distrair com seu toque. – Eu estaria pedindo muito se dissesse para esquecermos qualquer tipo de empecilho do mundo lá fora e só nos concentrássemos no nosso agora?
Ouvir aquele “nosso” na frase fez meu coração palpitar.
Abri os olhos e encarei . Ele tinha uma expressão tranquila no rosto, como há tempos eu não via. E em vez de responder verbalmente o que ele havia me pedido, passei a mão por sua nuca e o puxei para um beijo, tentando fazer com que fosse o mais entregue de toda a minha vida.
correspondeu sem hesitar, passando os braços por minha cintura e me prensando contra a parede. O beijo começou terno, sem pressa, mas logo nossas línguas pareceram pedir por mais e aquele momento passou a ser mais desejoso, mais intenso.
Ouvimos o barulho das portas do elevador abrindo e, relutantes, paramos o beijo.
– Acertei na resposta? – Perguntei ainda contra seus lábios, um pouco ofegante.
não respondeu; apenas me lançou um olhar quase selvagem e me arrastou apressado para fora do elevador. Atrás dele, eu ri daquela reação.
Eu mal vi abrir a porta do quarto e me levar para dentro, já que mal havíamos entrado e ele já estava me beijando novamente, agora de maneira quase desesperada. Suas mãos percorriam todo meu corpo sem pudor, e eu não me incomodei nem um pouco; pelo contrário, eu queria mais.
O fato de termos acabado de voltar da praia e estar sem camisa era ótimo para meu deleite. Minhas mãos passeavam por seu abdômen conhecendo cada parte daquele corpo, que antes eu jamais imaginaria ter em minhas mãos de tal forma.
rompeu o beijo e passou a provocar meu pescoço, alternando entre selinhos e leves mordidas. Fechei os olhos e me permiti gemer baixo, o que certamente o agradou, já que senti um volume ser pressionado contra o meu quadril. Gemi mais alto.
Puxei pela nuca em direção à minha boca novamente. Enquanto me beijava, ainda mais intensamente, ele me guiou até a beirada da cama. Sentei, enlacei seu quadril com as minhas pernas e deitei, puxando-o junto comigo. Ele rompeu o beijo novamente e passou a beijar meu colo dessa vez, ameaçando chegar cada vez mais perto dos meus seios. Mordi os lábios enquanto o observava e um calafrio percorreu todo meu corpo quando nossos olhares se encontraram. Eu nunca imaginaria ter olhando para mim daquela forma, com tanta luxúria.
Ele parou quando chegou ao meio dos meus seios, beijando o espaço que o biquíni não tampava. Ele me olhou novamente, como se pedisse permissão para que fizesse o que queria. Eu apenas sorri, admirada com o quanto se demonstrava preocupado até nessas horas, e ele certamente entendeu como um sinal positivo, já que uma de suas mãos percorreu lentamente o tecido da peça até chegar às minhas costas.
De maneira calma e quase torturante, puxou uma das pontas do laço que amarrava o biquíni tomara-que-caia. Quando finalmente o desfez por completo, puxou a peça lentamente, enquanto ainda me encarava. Eu não me lembrava de ter tido um momento tão erótico quanto aquele em toda minha vida.
Depois de ter jogado o biquíni em algum lugar qualquer, ele não hesitou em acariciar cada um dos meus seios, sem tirar os olhos dos meus. E então, ainda me encarando, desceu seus lábios lentamente até um de meus mamilos, e o toque quente de sua língua fez com que eu gemesse e agarrasse seus cabelos, pedindo por mais. Em dado momento fechei os olhos, mas fui repreendida:
– Quero que você olhe para mim, .
Seu tom de voz autoritário era tão excitante que eu poderia ter tido um orgasmo só com aquela frase. O inabitual “” deixou bem claro quem mandava ali, e eu não me importei nem um pouco com isso; pelo contrário, só contribuiu para o meu tesão, que naquele momento já era imensurável.
Obedeci ao seu comando prontamente e sussurrou um “boa menina” antes de voltar a sugar meu seio, sem quebrar nosso contato visual. Com uma trilha de mordidas que me fizeram gemer e me esforçar para não fechar os olhos, ele passou para o outro seio, dando a mesma atenção que havia proporcionado ao outro.
Sua língua fazia movimentos circulares e percebendo que eu queria mais, arriscou morder a pontinha do meu mamilo com um pouco de força. Gemi alto e agarrei seus cabelos. Involuntariamente fechei os olhos, e fui surpreendida ao sentir os lábios de se afastarem de onde estavam.
– O que eu havia pedido a você, ?
Assustada, abri os olhos e o encarei novamente, tão entorpecida de excitação que não consegui responder.
– Responda, : o que eu havia pedido a você? – ele reforçou, ainda mais autoritário. Senti um arrepio percorrer meu corpo, surpresa e excitada com aquele lado de que eu não conhecia – e que estava adorando.
– Que eu olhasse para você – respondi, com a voz um pouco trêmula não só pela excitação, mas também por incerteza do que estava por vir.
– Então quando eu pedir... – tirou uma das mãos dos meus seios e levou até minha cabeça. Gemi por excitação, por surpresa e por um pouco de dor quando senti meus cabelos sendo puxados com força, de maneira incrivelmente deliciosa. – ...você deve me obedecer. Fui claro?
– Sim – consegui responder, ofegante.
Conhecendo como eu conhecia, devia estar escancarado o quanto eu estava gostando daquilo, ou ele jamais se atreveria a ser ousado de tal forma. E eu certamente trataria de continuar deixando bem claro que estava adorando, porque eu com certeza não queria que aquilo acabasse.
– Ótimo – ele finalizou, sério, e quase gritei de prazer quando ele mordeu meu mamilo novamente, com um pouco mais de força do que antes – mas sem qualquer intenção de me machucar. Era como se estivesse me punindo pela desobediência, e eu estava surpresa por estar gostando tanto de estar naquela posição submissa.
se demorou mais um pouco em meus seios, enquanto eu me esforçava para não desobedecê-lo e continuar admirando-o, e então desceu seus beijos para minha barriga, intercalando com algumas mordidas, sem parar de me olhar por nenhum segundo. Depois de um tempo, passou sua língua desde o meio dos meus seios até depois de meu umbigo, e precisei agarrar o lençol com força para não me descontrolar quando ele mordeu bem abaixo do meu ventre, empurrando minha canga um pouco para baixo. Rapidamente, desfez o laço que a prendia em meu corpo, revelando a calcinha do biquíni.
– Você comprou esse biquíni aqui no Brasil, ? – seu tom de voz era curioso, e muito sexy. Era como se cada palavra sua, por mais normal que fosse, carregasse uma dose de tesão implícita.
– Sim. Comprei ontem – respondi, curiosa com sua pergunta.
– Eu gostei dele... Mas só para os meus olhos. Ele é tão pequeno... – passava seus dedos por baixo das laterais da calcinha, como se ameaçasse tirá-la. – Acho que foi uma compra muito ousada de sua parte – concluiu, com um tom de voz perverso. Senti que tremi, mas só consegui continuar imóvel, apoiada em meus cotovelos. – O que você acha que eu deveria fazer sobre isso?
Percebendo que ele esperava mesmo por uma resposta, quase gaguejei ao dizer, de maneira débil:
– Eu... não sei.
Ele sorriu perversamente, antes de concluir:
– Eu sei.
Eu mal tive tempo de assimilar o que estava acontecendo quando me segurou pela cintura e me virou de bruços na cama, e muito menos quando ouvi um tapa estalar em um dos lados da minha bunda. Só consegui gemer alto, estranhamente excitada com o ardor que senti.
– Parece que você gostou disso... – havia se deitado sobre mim e sussurrado em meu ouvido, enquanto fazia carinho no mesmo lugar em que havia batido. – Você gostou? Sim, eu adorei e quero mais, era o que eu tinha vontade de responder, mas senti meu rosto corar e não consegui dizer nada. Fiquei calada e fechei os olhos, esperando o que estava por vir.
voltou a se ajoelhar na cama e gemi novamente, ainda mais alto, quando senti um segundo tapa no mesmo lugar.
– Bom, como você não respondeu, vou considerar que sim – ele constatou, voltando a se deitar sobre mim.
Senti necessidade de mais contato, então levei uma de minhas mãos até o cós de sua bermuda. Inesperadamente, se inclinou para o lado, desvencilhando de minha mão e pegando alguma coisa no chão que eu não consegui ver. Quando tornou a se deitar sobre mim, segurou meus dois pulsos ao lado do meu corpo.
– Você me desobedeceu quando não me respondeu – ele sussurrou em meu ouvido, e eu senti um arrepio percorrer meu corpo novamente. – E desobediências tem consequências, . Achei que já tivesse percebido isso.
levou meus dois braços até o alto da minha cabeça. Minha respiração acelerou com a ansiedade e senti meu coração acelerar quando vi que ele juntava meus dois pulsos, deixando uma das grades da cabeceira da cama no centro. Ofeguei de surpresa quando percebi que havia pegado a parte de cima do meu biquíni no chão e agora a usava para amarrar meus pulsos à cama.
Quando terminou de me imobilizar, percorreu suas mãos pelas laterais do meu corpo enquanto beijava meu pescoço e mordiscava minha orelha. Quando chegou ao meu quadril, apertou com força e eu ofeguei. Puta que pariu, eu estava muito excitada.
Ele levou uma das mãos até o meu cabelo e puxou minha cabeça para trás, com força suficiente para ser indelicado, mas não a ponto de me machucar. Com os lábios em meu ouvido, murmurou:
– Você está ciente de que estou em total controle agora? Que eu posso fazer o que quiser com você?
Sentindo-me incapaz de produzir qualquer som coerente naquele momento, apenas assenti.
– E como você se sente sobre isso?
Sua voz era tão sensual que precisei me controlar para responder o que ele estava perguntando e não gritar pedindo para que ele me fodesse naquele exato momento.
– Eu me sinto excitada... e segura, porque confio em você.
Percebi pelo canto do olho que sorriu de maneira sincera ao me ouvir, e quebrando um pouco do autoritarismo, depositou um beijo carinhoso em minha bochecha. Contudo, tratou de voltar ao papel assim que afastou seus lábios, puxando meu cabelo de maneira firme.
– Já está excitada, ? Você ainda não viu nada...
tomou meus lábios com voracidade, como se estivesse com fome de mim. E eu respondi da mesma maneira, claramente faminta por ele.
– Mas é melhor confirmarmos se seu corpo está condizente com suas palavras, não é...
Eu fiquei sem entender o que ele queria dizer até sentir dois de seus dedos em minha intimidade, passeando deliciosamente por meu clitóris. Suspirei alto ao sentir seu toque e rebolei por instinto, querendo mais.
– Hum, posso ver que você está muito molhada aqui embaixo... Tudo isso é por minha causa?
– Sim, tudo isso é por sua causa – respondi, suspirando logo em seguida, quando senti seus dedos prenderem meu clitóris entre eles e iniciarem o que parecia uma deliciosa massagem.
– Que delícia ouvir isso... Então me diz, o que você quer agora?
Tentando me concentrar ao máximo, respondi entre suspiros:
– Eu quero você dentro de mim.
– Ah, ... Eu também quero estar dentro de você. Quero muito – massageava lentamente meu clitóris enquanto falava, e seu tom de voz era tão obsceno que me dava vontade de gemer só de ouvir. – Mas você se esqueceu de uma coisa... O que vale aqui é o que eu quero. E sabe o que eu quero agora? – se aproximou de meu ouvido novamente, mordendo meu lóbulo antes de concluir: – Quero sentir teu gosto e te chupar todinha.
Não resisti e literalmente gemi só por ouvi-lo. Era impossível manter o controle ouvindo aquilo.
Senti se afastar e foi um pouco agoniante não conseguir me virar para ver o que ele estava fazendo. Pelo canto do olho, percebi que ele estava de pé e se abaixando, então deduzi que ele estava tirando o shorts. Mordi o lábio ao imaginar inteiramente nu, pronto para me satisfazer.
– Acho melhor eu te virar de novo, né? – ele ponderou, ainda de pé. – Mas acho que quero que você continue não podendo me ver... Gostei disso.
Pelos passos, percebi que andou para o canto do quarto. Quando voltou, ajoelhou em cima de mim e senti seu membro rijo roçar minha bunda. Gemi e demorei um pouco para raciocinar o que estava acontecendo quando percebi que um tecido cinza se aproximava de meus olhos. posicionou uma espécie de faixa sob meu rosto e amarrou atrás de minha cabeça, cegando-me completamente. Era uma sensação estranha em todos os sentidos, em especial no quanto me excitava.
– Sabe aquela gravata cinza que você adora? Escolhi justamente ela...
E tendo dito isso, senti seus braços me segurarem firmemente pela cintura e me virou na cama, fazendo com que o biquíni que me prendia à cabeceira retorcesse, apertando um pouco mais meus pulsos.
Por alguns segundos, só houve o silêncio. Minha respiração era ruidosa e eu involuntariamente mexia minha cabeça de um lado para o outro, como se tentasse instigar o restante de meus sentidos, já que eu havia perdido a visão e parte do tato.
Gemi muito alto quando senti a língua de percorrer toda a extensão de minha intimidade, deliciosa e lentamente.
– Acho que temos sorte pelos quartos terem isolação acústica, né? Caso contrário, eu precisaria te amordaçar também. E só não faço isso de qualquer forma porque adoro te ouvir gemendo.
A maneira perversa como ele disse e sua respiração quente contra minha intimidade me fizeram gemer novamente, e mais uma vez quando ele passou a fazer lentos movimentos circulares com a língua em meu clitóris. Era demais para mim. Mais dois segundos daquilo e eu iria gozar.
Como se tivesse lido meus pensamentos, advertiu, extremamente autoritário:
– Você não está autorizada a gozar agora. Só vai fazer isso quando eu deixar.
Sem pensar, bufei ao ouvir a ordem, e senti um tapa em minha coxa.
– Não quero protestos – ele ordenou, e tornou a dar atenção ao oral maravilhoso que estava me proporcionando. Propositalmente, seus movimentos estavam ainda mais lentos e torturantes, que somados à minha vontade de olhar para ele me fizeram gemer de maneira agoniada.
desceu sua língua e me penetrou com ela inesperadamente, passando a massagear meu clitóris com os dedos. Praticamente gritei ao sentir sua língua tentando penetrar mais fundo, faminta, e tentei me desvencilhar das amarras em meus pulsos por instinto, sem sucesso. Eu queria poder pressionar seu rosto contra minha intimidade, para senti-lo ainda mais.
Involuntariamente, apertei sua cabeça com minhas pernas e as abriu ainda mais em resposta, claramente querendo me torturar e não me dar o contato de que eu tanto precisava. Protestei com um gemido e recebi mais um tapa na coxa, dessa vez um pouco mais forte, e senti sua língua me penetrar mais intensamente ao mesmo tempo.
Dessa vez, gemi por puro prazer.
A dor, se me permitirem um pleonasmo absurdo, não era mais dolorida; era apenas muito gostosa de sentir. Era como uma alavanca que, quando acionada, aumentava ainda mais o meu tesão, e me fazia querer mais. Mais prazer, mais tapas, mais .
continuou aquele oral maravilhoso por vários minutos, enquanto eu tentava me concentrar na tarefa impossível de não gozar. Contudo, parecia que aquela restrição, em vez de me deixar com raiva, só me dava prazer e intensificava ainda mais o quanto eu estava excitada.
– Sabe, ... Acho que vou atender ao seu pedido – disse em determinado momento, e a sensação de seu hálito quente contra minha intimidade era indescritível. – Estou com uma vontade louca de estar dentro de você.
Eu mal havia raciocinado o que ele havia falado quando senti que se deitou sobre mim, grudou seus lábios nos meus e me invadiu com força, sem qualquer intenção de ser delicado – mas também sem qualquer intenção de me machucar. Gemi alto contra sua boca e tentei novamente me livrar das amarras enquanto se movia deliciosamente dentro de mim, em um ritmo constante e consideravelmente rápido.
realmente podia fazer comigo o que quisesse, e eu não estava reclamando. Embora a vontade de tocar seu corpo fosse enorme, estar imobilizada me deixava em uma experiência totalmente nova; estar a mercê do outro era estranhamente excitante, me trazendo uma série de sensações diferentes de tudo o que eu já havia sentido. Prazer, exasperação, vontade, impotência... tudo ao mesmo tempo, e que estranhamente resultavam em uma experiência incrível.
– Meu Deus, , como você é gostosa.
Por um momento eu tive a certeza de que o havia deixado o papel de lado, e sorri – mentalmente, porque não eu não tinha qualquer certeza do que estava acontecendo fisicamente entre meus gemidos praticamente gritados. Eu estava totalmente entregue ao prazer, e não queria que aquele momento acabasse nunca. Era gostoso demais.
levou suas mãos até minha cintura e fez um pouco de pressão enquanto se movimentava, o que foi indescritivelmente delicioso. Meu gemido deve ter sido mais intenso do que qualquer outro, porque o -versão-autoritária indagou:
– Você quer gozar, é?
– Quero... muito – consegui dizer, ofegante.
deitou sobre mim e, ainda pressionando minha cintura, sussurrou:
– Então goza gostoso para mim. Eu deixo.
Mais algumas estocadas e eu estava gritando, sentindo um prazer que eu jamais imaginara ser possível. Meu corpo todo tremia e a sensação era de como se eu estivesse indo cada vez mais alto, cada vez mais intenso. E eu não queria descer.
Passada a onda de prazer, percebi que eu estava gritando muito, e que estava gemendo ao meu lado, percebendo a intensidade do meu orgasmo. Ofeguei, sentindo meu corpo amolecer, mas ansiosa por sentir tendo o mesmo prazer que eu. Com isso, passei a rebolar acompanhando seu ritmo, tentando retribuir o que ele havia me feito sentir à mesma altura.
– Eu vou gozar assim – ele disse, extremamente ofegante.
– Então goza gostoso para mim.
Ele gemeu mais alto e passou a estocar com mais força ainda, e logo senti que ele estremecia um pouco ao chegar ao seu ápice. Era uma sensação deliciosa perceber que ele estava satisfeito.
Por fim, se movimentou uma última vez e, exausto, deitou sob meu peito. Lenta e cuidadosamente, desfez o laço da gravata, fazendo com que eu piscasse várias vezes até acostumar meus olhos com a claridade. Em seguida, fez o mesmo com meus pulsos, e a primeira coisa que fiz quando retomei minha autonomia foi acariciar sua cabeça, depositando um beijo no alto dela. se virou para mim com um sorriso nos lábios, me beijando delicadamente.
O contraste entre o beijo de agora e os beijos de minutos atrás era gritante, mas um gesto carinhoso era exatamente o que eu queria naquele momento. Foi impressionante como conseguiu me fazer um tesão inexplicável em um momento e poucos minutos depois me trouxe uma calma imensurável.
– Sabe o que eu acabei de perceber... – interrompeu o beijo, mordendo meu lábio inferior de leve. – Você roubou o que eu disse de novo, igual aquele dia em que roubou minha piada.
Fingi indignação, arregalando meus olhos.
– E isso não é permitido?
– Não, não é permitido... – sussurrou contra meu pescoço, enquanto depositava alguns selinhos na região.
– Então isso significa que eu te desobedeci de novo?
riu, já que meu tom de voz deve ter denunciado que mal havíamos terminado nosso “momento” e eu já estava ansiosa por mais.
– Sim, isso significa que você me desobedeceu de novo... – sua voz agora era sexy, e ele tornou a me olhar. – Mas você me deixou tão exausto que só quero dormir bem gostoso ao seu lado agora. Só que pode ter certeza de que vou me lembrar disso da próxima vez...
Eu ri e depositei um selinho em seus lábios.
– Teremos uma próxima vez, então? – perguntei, curiosa em saber em que ele estava pensando.
– Ah, com certeza teremos – respondeu prontamente, o que me fez sorrir. – Mas nesse momento, só quero que você se preocupe em me responder uma coisa...
Ele fez uma pausa misteriosa antes de concluir e eu fiz um sinal para que continuasse.
– Será que eu realmente estarei lindo quando você me vir acordando daqui a algumas horas?
Eu ri alto e me acompanhou. Em seguida trocamos um beijo carinhoso entre risadas e, de repente, eu percebi que nada, além do doce gosto de seus lábios nos meus e do delicioso carinho que suas mãos me proporcionavam, importava naquele momento.
E então, fechei os olhos e permiti ser tomada pela calma que me trazia, enquanto ele deitava ao meu lado e depositava um beijo carinhoso em minhas costas, me fazendo perceber que, naquele momento, eu não precisava de mais nada.
FIM
Nota da autora: Olá! Caso você não me conheça, meu nome é Lê Oliveira, e essa é minha segunda fanfic aqui no FFOBS (a primeira é Prometida, que você pode encontrar em Restritas/Em Andamento/+P). Gostei muito de ter escrito essa shortfic para o Especial de Verão, e espero que você tenha gostado dela também! Se quiser fazer contato, sinta-se à vontade para falar comigo pelo Facebook, eu adoro fazer amigos! hihi E por favor, me conta o que achou da short aqui nos comentários! Quem sabe eu faço uma continuação? ;)
Acho que por ora, é isso :) Um beijinho e até a próxima! xx