- ... – me chamou baixinho e eu sou soltei um muxoxo, querendo mostrar que estava prestando atenção nela, mas estava mais ocupado sentindo o sol quente bater contra meu rosto e a brisa dor mar passando – ... – ela me balançou e eu soltei um muxoxo mais alto ainda – Abre os olhos, , e fala comigo direito, por favor?
E eu obedeci quase que instantaneamente.
Abri os olhos e me arrependi quando encarei seus olhos chocolates tão expressivos, serem tomados por uma chuva de lágrimas. Os lábios que, normalmente, eram macios, estavam secos. Seu corpo tremia levemente e eu a puxei contra meu corpo, tentando lhe acalmar.
Quando seu corpo encostou-se ao meu, aquela sensação tão estranha e ao mesmo tempo tão natural me preencheu. O cheiro do shampoo de morangos que usava entrou pelas minhas narinas e eu fiquei totalmente embriagado. Suas mãos seguravam fortemente minha camisa e eu podia escutar seu coração batendo em um ritmo descompassado dentro dela. Dei um pequeno beijo no vão de seu pescoço e a ouvi suspirar.
- Por que você tá chorando, meu amor? – perguntei enquanto passava as mãos pelas madeixas loiras e depositava um beijo no topo de sua cabeça, aspirando seu cheiro mais uma vez.
- Não vai embora, não. – ela pediu contra minha camiseta, quase que como uma súplica.
- ... – eu a apertei mais ainda contra meu corpo, não sabendo mais o que falar. Demorei alguns segundos para formular uma resposta e saiu algo parecido com – Eu... Você sabe que não posso... Só no próximo verão. Você sabe que eu queria ficar com você, não sabe? Pra sempre, até a gente ficar velhinho... Mas eu, realmente, não posso, princesa.
- Mas está tão longe. – sussurrou contra o meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse enquanto ela me apertava ainda mais.
- Eu sei. – suspirei pesadamente e a afastei um pouco para poder limpar as suas lágrimas e depositar um leve selinho nos seus lábios. – Mas nós ainda nos falaremos. Todos os dias. Eu vou te ligar tanto, que você vai enjoar de ouvir a minha voz. E quando você menos esperar, eu vou estar de volta, batendo na porta da sua casa, com um buquê de tulipas. – acariciei-lhe as bochechas, vendo-a fechar os olhos e depositar um beijo na palma da minha mão – Não será um adeus, . Só um até logo. Eu te prometo.
- Promete mesmo? – perguntou e eu apenas assenti com a cabeça, sorrindo levemente – Se você não voltar, eu vou lá te buscar! – ela falou, ameaçadora, com um dedo apontando pra mim e eu soltei uma gargalha rouca, arrancando um sorriso dela. – É sério, ! O que você acha que eu vou fazer aqui sem você? Voltar a cuidar da irmã da Sophia, aquela pestinha? Nem que me paguem o dobro! O triplo! – e ela parou um segundo, medindo suas palavras, mas logo se corrigiu com um sorriso de criança que acabou de aprontar uma arte – Mentira, se ela me pagar o triplo, eu vou sim.
- , a menina nem é tão ruim assim. E para de ser interesseira.
- Tão ruim? ELA É PÉSSIMA! – discordou, veemente – Você diz isso porque aquela pivetinha de sete anos de idade tá apaixonada por você... Com você ela é um doce, mas comigo ela é mais azeda que suco de limão sem açúcar! – soltei outra gargalha e fez um bico fofo enquanto cruzava os braços numa atitude totalmente infantil, que me deu uma vontade tremenda de apertar-lhe as bochechas rosadas pelo sol - Sério, não quero, não faça isso comigo.
- Sem bico, .
- Idiota... – ela me empurrou com força e eu acabei caindo pra trás, indo de encontro à areia da praia e fazendo um banquete com tanta terra.
E a próxima coisa que eu me lembro era de sua gargalhada ecoando pela praia, comigo correndo atrás dela enquanto gritava o seu nome.
POV Geral
O menino estava de volta ao aeroporto. Exatos 350 dias depois que deixou a menina. Eles não mantiveram contato como prometido. Nem se falaram todos os dias. Todas as horas. Era como se não passasse de um sonho. Um sonho bom. Mas todo sonho acabava.
Diferente do ano anterior, aquele verão estava chuvoso, uma forma perfeita de mostrar o humor de . Os primeiros 15 dias de verão foram só chuva, o que não deixou que sua mente voasse de volta para , que sempre dizia que a chuva vinha quando todo mundo quer um tempo pra pensar e quem sabe se sentir livre. Chorar fazia bem, na opinião dela. Lavava a alma.
POV flashback
- Odeio essa chuva! – reclamei enquanto encarava a chuva pela janela do quarto – Logo hoje que eu ia ver o jogo, a luz acaba... E tudo por quê? POR CAUSA DESSA MALDITA CHUVA!
- Eu gosto da chuva... – disse, se posicionando ao meu lado e imitando meu gesto.
- Como você pode gostar desse tanto de água, ? – perguntei, a olhando, indignado – Essa porcaria só atrapalha pessoas que, como eu, queriam ver um jogo.
- Simplesmente por gostar... – respondeu, indiferente ao meu comentário sobre o jogo – Chuva é liberdade. – e ela abriu a janela e, instantaneamente, algumas gotas de chuva alçaram sua mão cheia de pulseiras – É quando você pode sentir o que quer sentir. Você poder ser feliz na chuva. Correr por aí, sentindo o vento no rosto, a água tocando sua pele... Ou você pode, simplesmente, ficar em casa, pensando enquanto a chuva cai do lado de fora. Organizar pensamentos enquanto chove é ótimo. Escutar as gotas de chuva é o melhor calmante. Pra mim, pelo menos. – encarei a garota com um sorriso se formando nos lábios – Eu acredito que a chuva vem pra quebrar barreiras, romper o que quer que seja que nos impeça de sonhar. A chuva vem quando todo mundo tá cansado de viver de máscaras. Cansado de esconder sentimentos. Ela vem pra limpar. Todo mundo deveria ser o que quer ser. Transparente. Igual à água... Não se esconder em sombras para impedir que qualquer coisa te toque e você se molhe.
- Você é doida - disse enquanto abraçava-a por trás e lhe beijava o pescoço, vendo os pelos de sua nuca se arrepiavam - Mas eu te amo mesmo assim.
- Eu sei - respondeu, rindo levemente e fechando a janela, apenas pra contemplar a chuva do lado de fora, para depois apertar meu braço mais ao seu redor. – E eu também amo você.
POV Geral
pegou um táxi e decidiu ficar rodando a cidade. sentia falta do Rio de Janeiro, da cidade maravilhosa. Sentia falta das pessoas, da alegria que elas passavam enquanto você andava na rua; sentia falta da emoção que os brasileiros passavam. Sentia falta do calor constante, das chuvas sem aviso prévio. Sentia falta de . Sentia falta do corpo dela contra o dele. Sentia falta dos seus beijos, das suas pequenas mãozinhas apertando, timidamente, a nuca. Sentia falta dos carinhos que ela fazia sobre as tatuagens dele. Sentia falta do cheiro de morango que ela emanava. Sentia falta dela.
Há cerca de três anos, ele havia aceitado uma proposta de emprego e, junto com ela, vinha uma vida em Londres. Ele aceitou sem pestanejar, era seu sonho se realizando. Mesmo morando lá, ainda viria pra cá no verão. E foi em uma dessas visitas a seu país de origem que ele conheceu . Uma loira do corpo escultural. Os cabelos lisos caíam como cascatas de água pelas costas. O rosto fino, branquinho e as bochechas rosadas lhe dava um ar de boneca de porcelana. E os olhos... Ah, os olhos. Ele poderia simplesmente se perder nas emoções que lhe passavam. Era intenso. Era real. Era o maior contraste que ele via. Fogo e gelo. Inferno e céu.
Ele se apaixonou. Ela se apaixonou. Eles viveram aqueles amores de filmes, sabe? Com direito a nome escrito na areia e promessas de uma vida juntos. Mas como nada é um conto de fadas, a realidade chegou, bateu na porta e acabou com o sonho dos dois. deveria voltar para Londres e cumprir os 12 meses restantes de contrato, deixando . Foi o fim do mundo, para ambos. Ele, simplesmente, não conseguiria viver sem ela, e nem ela sem ele. Porém eram adultos, formados e deveriam seguir em frente. E também sabia que, se fosse pra eles ficarem juntos, se o destino tinha decidido isso, não seria a distância e nem nada que ia mudar isso.
POV flashback
- E FIM! – disse, teatralmente, assim que o filme acabou – Odeio esses clichês de fim feliz e todo mundo junto – disse enquanto se levantava para desligar a televisão.
- Por quê? Não gosta de finais felizes? – perguntei, confuso, lhe encarando assim que ela voltou para o sofá.
- Não existe esse negócio de finais felizes, .
- E por que não? – indaguei, arqueando as sobrancelhas.
é a primeira garota que eu conheço que não gosta de finais felizes. Esse não deveria ser o sonho de toda mulher? Conhecer alguém, o príncipe encantado de preferência, namorar, casar de véu e grinalda, ter um casal de filhos...
- Porque se teve um final, não foi feliz.
- E você não quer ter um final feliz comigo? – disse, a puxando para os meus braços, e a encarando aquelas duas gomas de chocolate.
- Eu quero ser feliz com você. Sem final. – respondeu e então eu pude encostar meus lábios no dela.
POV Geral
O táxi parou em frente a enorme casa com grandes portões de ferro. Quando tocou a campainha, escutou uma voz do outro lado, permitindo sua entrada. Atravessou o jardim incrivelmente verde, cheio de árvores com copas altas e ninhos de passarinhos em seus galhos, com memórias lhe torturando a mente. não via a hora de encontrar e saber se ela ainda o amava. Se ela ainda o queria. Se ela ainda queria ser feliz com ele, sem final.
POV flashback
- Quero fazer uma coisa bem clichê, posso? – perguntou enquanto se levantava e tirava a areia das roupas com alguns tapinhas.
- Você disse que não gostava de clichês – observei, a encarando
- Mas esse é diferente... – explicou enquanto se afastava um pouco. Observei-a pegar um graveto e voltar pra perto de mim, com um sorriso meigo no rosto – Esse clichê é o único que eu me permito cometer.
E então começou a escrever na areia... "&"
POV Geral
A cada passo que dava o coração batia mais forte. Ele podia jurar que o escutava e que, a qualquer momento, ele sairia pela boca. As mãos estavam suando. A cabeça pulsando. Os músculos rígidos. A boca seca. E a saudade ardendo.
"A saudade é bonita só na poesia. Na vida real ela arde."
Com duas batidas na porta, ele chamou a atenção dos moradores da casa. Segundos depois, uma garota abatida apareceu na porta e assim que o viu, congelou. Os olhos, antes tão expressivos de , agora não esboçavam reação alguma. Estavam opacos. Os cabelos, antes tão sedosos, estavam mortos, sem brilho. A pele rosada estava pálida. E o sorriso permanente, não estava mais presente.
Minutos, horas, dias poderiam ter se passado e ambos apenas se encaravam, até que percebeu um pequeno sorriso se formando no rosto da mulher à sua frente. Com aquele sorriso todos os medos e dúvidas foram respondias. Ela ainda esperava por ele. Ele ainda a queria. ainda era dele.
- É verão – ele murmurou, baixo o suficiente para que só ela escutasse, enquanto aproximava um passo e respirava fundo, sentindo um leve vestígio do aroma de morango.
- Você voltou. – falou enquanto passava os braços em volta do pescoço dele, colando seus corpos e sentindo tudo aquilo que foi impedida de sentir durante o ano que passou longe do calor dos braços do garoto à sua frente.
- Eu prometi – e então os lábios dos dois se chocaram. E aproveitaram, sem pressa. Porque o verão tinha apenas começado.
Fim!
n/a (12/05/2013): Hoje eu mandei Summer para a Taci, que mesmo não tendo tempo disse que betaria essa one pra mim. E MUITO obrigada! Summer é uma one que eu escrevi escutando Summer Paradise, e pf, aquela música é perfeita. One são minhas preferidas, porque são rapidas e não tenho muita facilidade em longs. Enfim, espero mesmo que tenham gostado e comenta ai em baixo! Não vai cair o dedo né? Qualquer coisa, entra em contato comigo pelo @is_dpoynter ou @mah_segura. Marcella xx
N/b: Que coisa mais fofa. Super me apaixonei por essa one! Acho digno uma parte dois <3
Nota da Beta e NÃO da Autora: Encontrou algum erro de script/html/português? Avise-me através deste e-mail ou pelo twitter. Não use a caixa de comentário com essa intenção. Obrigada.
Agradecimentos sobre a fiction? Somente com a autora!