CAPÍTULO ÚNICO.
I WILL LOVE YOU TILL THE END OF TIME.
Em um lugar não muito distante da Terra uma estrela começa a apresentar sinais de morte e explode numa supernova, deixando atrás de si um dos fenômenos mais bizarros e medonhos do Universo: o Buraco Negro.
A galáxia pode estar repleta deles, mas hoje em dia há evidências de algo ainda mais assustador, perigoso e ameaçador: buracos negros de tamanho e poder imensuráveis.
Desde que provara cientificamente que os Buracos Negros eram reais, a preocupação entre os cientistas a respeito do fim do mundo aumentou. Uns acreditavam, outros não. Alguns tinham o pensamento de Einstein de que a natureza não seria capaz de criar algo tão monstruoso e assustador como o Buraco Negro. Mas ele era real. Fora provado. Com os novos equipamentos fora possível enxergar o centro da galáxia, fora possível ver o quão real e assustador o Buraco Negro realmente era.
acreditava com todas suas forças que aquilo era real, sabia que um dia, quando todos menos esperassem, surgiria um buraco negro no nosso Sistema Solar. O Universo estava uma loucura, por mais avançada que a ciência estivesse, não sabia como lidar com todas aquelas mudanças e explosões de novidades.
— ? — um rapaz de cabelos loiros e olhos claros chamou, enquanto ajeitava seus óculos no rosto. — Está ocupado?
— Não, não. Só estava pensando — sorriu. — Diga, Richard.
O rapaz suspirou e bagunçou os cabelos.
— Estávamos dando uma olhada nas coisas para dar continuidade à sua pesquisa e observando essas imagens — o rapaz jogou alguns papéis sobre a mesa —, podemos ver que há algo... Estranho — ele mordeu o lábio inferior antes de continuar. — Precisamos que você olhe tudo de novo. Foi uma coisa de... Horas, . Observamos e estava tudo bem, nos dias seguintes estava tudo bem também. Observamos tudo pela última vez há nove horas... E quando voltamos... — o rapaz deixou a frase no ar e apontou para as imagens recentes.
uniu as sobrancelhas sem entender o que o rapaz queria dizer. Richard estava claramente assustado e confuso, estava explícito em sua voz e em seus olhos. O rapaz nunca fora assim, pelo contrário, sempre fora seguro de si e destemido.
— O que as imagens querem dizer? — perguntou baixo, piscando os olhos rapidamente. Não entendia ou não queria entender o que as imagens diziam.
— Por favor, — Richard murmurou. — Observe. Você sabe o que realmente significa.
sentiu o coração acelerar e um sorriso mínimo brincou em seus lábios. Não que estivesse feliz com aquele problema. Mas era... Automático. Ele sempre soube que aquilo aconteceria, sabia também que não teria como pará-lo. Era o fim da humanidade, fim do mundo. Era o fim de tudo o que existia.
— Está me dizendo, ou melhor, mostrando nessas imagens que há riscos de haver um buraco negro se aproximando do nosso sistema solar? — perguntou, engolindo a seco.
— Sim. E não demorará muito até ele conseguir invadir isso aqui de verdade — Richard murmurou. — Preciso que você entre em contato com Pierre para observarmos isso juntos. Precisamos de uma confirmação, precisamos saber se isso é realmente o que pensamos! Por mais que não tenha como vermos o ato do buraco negro, precisamos observar tudo o que tivermos e pudermos.
— Não se desespere. Se for um buraco negro, nós saberemos, sentiremos — tentou fazer com que sua voz soasse calma e sem empolgação, mas era praticamente impossível controlar a excitação e o medo que sentia. Poderia até soar engraçado ou completamente louco, mas ele sentia a excitação por saber daquilo em cada parte de seu corpo. Não que ele quisesse o fim do mundo, mas... Era impossível não sentir-se pelo menos curioso e empolgado com toda aquela situação.
Talvez a teoria que dizia que grande parte dos cientistas eram retardados fosse verdade.
— Ficarei aqui essa noite para observar tudo com vocês e fazermos mais imagens — murmurou, largando as imagens sobre a mesa novamente. — Não se desespere, Richard. Muito menos comente com Pierre. Deixe-o por fora até anoitecer.
— Sabe que se isso realmente estiver por aqui não dará tempo de nada, não sabe? — Richard perguntou, encarando-o seriamente.
— Sei. Se acalme, por favor! — revirou os olhos. — Ainda não temos certeza de nada.
— Por Deus! — Richard exclamou, bufando em seguida. — Acredito neles tanto quanto você, ! Olhe para essas malditas imagens! A luz está totalmente distorcida! — o rapaz exclamou novamente, espalhando as imagens sobre a mesa e colocando-as em ordem. — Luz distorcida em uma maldita linha reta. Um buraco negro vagante, . Não seja idiota. Não queira fingir que isso não está acontecendo. Não temos tempo para esconder isso de Pierre ou do mundo. As pessoas precisam saber o que está por vir, precisam se preparar e...
— Se preparar para o fim? — o cortou. — Por favor, Richard. Quem vai acreditar na história de buraco negro vagante? Não estou duvidando de nada disso. Só estou pedindo alguns minutos para poder observar também.
— Nós não temos esses minutos, — Richard disse firme. — Não temos. Se esse maldito buraco negro decidir nos devorar agora, acredite, ele não irá nem arrotar durante o processo. Acabará tudo em minutos, . Os malditos minutos que você quer para analisá-lo!
— Talvez tenhamos alguns dias e...
— Droga, ! — Richard gritou. — É uma droga de um buraco negro! A essa altura já deve ter vulção em erupção ou terremoto acontecendo por aí! Não vai demorar muito para que comecemos a morrer. Pense nisso. Vá se despedir de sua noiva. Falarei com Pierre.
— Você não pode fazer isso sem nem ter certeza do que está acontecendo. Eu só quero poder olhar! Só te peço dois minutos, isso é o suficiente para mim. Eu preciso te dar essa certeza. Eu preciso ter certeza.
— É o fim, , é o fim... — Richard balançou a cabeça negativamente e tirou os óculos. — Se eu fosse você, não ficaria preocupado em ter certeza de nada disso. Apenas pense em , — Richard o fitou. — Você sabe que não há tempo para ficarmos somente aqui dentro esperando que a Terra seja devorada. Faça o que achar melhor. Ligarei para Pierre e informarei o que está acontecendo. Não se esqueça: é realmente o fim. Já tivemos alarmes falsos antes. Mas não como esse e você sabe.
Após dizer isso, Richard saiu da sala sem se importar com . Já o tinha informado de tudo. Não queria acreditar naquilo também, estava quase cedendo para , aliás. Mas sabia que muitas vidas estavam em risco, sabia que quando menos esperassem, Júpiter seria sugado, em seguida Netuno e Urano. Não demoraria para a Terra, Marte, Vênus e Mercúrio serem ainda mais atraídos conforme o buraco negro se infiltra no interior do sistema solar.
Não tinham salvação. Era, definitivamente, o fim de tudo.
"No... Turn off the sun, take down the moon... For I don't need them anymore. Go, switch off the stars and paint the sky black..."
(Não... Desliga o sol, derruba a lua... Porque eu não preciso mais deles. Vai, desliga as estrelas e pinte o céu de negro...)
— Black out the sun, Darren Hayes.
****
pegou o celular e sorriu ao ler a mensagem de .
"Chegarei mais cedo hoje, meu amor."
Raramente lhe enviava aquele tipo de mensagem, era bom vê-lo chegar mais cedo em casa. Era ótimo, fazia bem. Ainda mais para ele que tinha uma vida conturbada dentro daquele mundo científico.
se levantou e espreguiçou-se, ainda com um sorriso nos lábios. Prendeu os cabelos num rabo de cavalo e seguiu para a cozinha. Prepararia um lanche para . Sabia que ele gostava de ficar comendo besteiras e vendo TV quando chegava cedo. Estavam juntos há tanto tempo que era impossível não saber cada mínima coisa que ele gostava ou deixava de gostar. Se conheceram quando eram crianças, no típico clichê cresceram e namoraram. Agora estavam noivos. Noivos. Viveriam juntos para sempre. Às vezes se pegava pensando naquilo tudo, era tudo tão... Surreal que ela achava que fantasiava cada coisinha que passava ao lado de . Mas aí bastava olhá-lo e vê-lo com um grande sorriso nos lábios que ela entendia que era tudo real, tudo verdade.
Talvez aquilo realmente se chamasse amor, afinal.
Alguns minutos se passaram e tinha tudo pronto, não demorou muito para a porta da sala se abrir e ela ouvir barulhos de chaves se chocando contra a pequena mesa de vidro que ficava no centro da sala.
— Olá, meu amor — ela disse sorrindo caminhando até o noivo. — Como foi no trabalho?
— Ei — murmurou enquanto a puxava pela cintura e colava seus lábios em um selinho rápido. — Foi ótimo.
— Tem certeza? — mordeu o lábio. — Você não me parece tão animado.
— Bem... — suspirou e sorriu novamente — Não importa o que houve no trabalho. O que importa é a ideia que eu tive. Se arrume da melhor forma possível o mais rápido que conseguir. Temos que fazer uma coisa.
— Mas eu fiz um lanche tão bom para nós — murmurou revirando os olhos. — O que está pensando em fazer?
— Surpresa — ele respondeu juntando seus lábios novamente. — Por favor. Se arrume logo. Você vai adorar.
suspirou e se soltou do noivo, indo em direção o quarto. soltou uma risada fraca da cara emburrada da mulher e suspirou em seguida.
Era um idiota covarde que não conseguira contar à mulher que mais amava o que diabos estava acontecendo no mundo. Logo tudo começaria a desmoronar, literalmente, e ela não saberia o porquê. Mas já estava feito. Já mandara se arrumar e seguiria com seu plano. Ele tinha tempo. Os efeitos poderiam demorar dias para começarem, assim como poderiam levar horas. Estava contando que demorassem dias.
Alguns minutos se passaram a já estava arrumada, assim como .
caminhou devagar até a sala, onde estava sentado no sofá claramente impaciente com sua demora. Ela riu baixinho e seguiu até o noivo.
— Estou pronta — ela murmurou ainda sorrindo. — Não vai me contar aonde vamos?
não ouviu nada que disse. Apenas se perdeu em pensamentos ao encarar a mulher que estava parada em sua frente. Ela estava linda. Mais linda do que nunca. Seus cabelos estavam soltos, caindo em ondas sobre os ombros, um vestido longo branco com detalhes em prata na cintura moldava seu corpo de uma forma incrível, como ele nunca vira antes. Sua era a mulher mais perfeita do Universo. Era a mulher mais linda que já vira, em todos os sentidos. E era tão dele. Por que diabos o mundo tinha que estar acabando? Era algum tipo de pecado se apaixonar e querer seguir a vida ao lado da pessoa amada? Por que diabos o buraco negro tinha que aparecer e ser confirmado? Céus! não aguentaria, muito menos aceitaria perder para um fenômeno tão bizarro. Não queria! Não podia! Por que o destino tinha que ser tão cruel dessa forma?
— Você... Uau — ele sorriu nervoso e mordeu o lábio inferior. — Você está linda, .
corou levemente sob o olhar admirado de e revirou os olhos. Odiava ficar sem jeito. Mas era uma coisa que acontecia sem ela querer.
— Obrigada. Você também não está nada mal com esse terno — ela riu fraco. — Podemos ir?
— Devemos ir — ele respondeu, piscando um dos olhos. Segurou-a pela mão firmemente e puxou-a para fora.
estava inquieta dentro do carro. Não sabia por que estava arrumada, não sabia para onde estava indo, não sabia o que pensava, mas notava que ele sorria o tempo inteiro. Confiava em mais que em qualquer outra pessoa, mas não fazia questão de esconder sua curiosidade. Era um defeito dela, era curiosa demais. Pesquisava demais. E não lhe dera a chance de sequer tentar persuadi-lo para tentar descobrir para onde estavam indo.
— Não fique curiosa demais, meu amor — disse dando uma risadinha. — Já chegamos. Agora vem a sua surpresa de verdade. Se acalme, por favor.
— Você sabe que não gosto dessas coisas, certo? — ela revirou os olhos, mas tinha um sorriso no canto dos lábios. — Odeio ficar curiosa!
— Eu sei, eu sei. Mas só hoje — estacionou o carro e tirou o cinto de segurança. — Prometo que é a última vez que te deixo curiosa.
E não mentira quando dissera que aquela seria a última vez que a deixaria curiosa...
— Tudo bem — abriu um sorriso de verdade e saiu do carro. Não entendeu bem onde estavam ou por que estavam. Não fazia sentido. havia enlouquecido de vez? — Por que diabos estamos em uma igreja, ?
não respondeu, apenas segurou-a pela mão e puxou-a para dentro do local.
— Fique tranquila e não chore agora — sussurou antes de segurá-la pela mão com mais força. Entraram na igreja devagar e, automaticamente, uma música começou a tocar ao fundo, uma melodia calma e bonita. A igreja estava com a mesma decoração de sempre, simples. Da forma que gostava e queria no dia de seu casamento. Não queria nada exagerado, não queria atenção. Queria apenas a igreja do jeito de sempre. era a favor da originalidade, do simples, do bonito de verdade.
tinha seu coração acelerado e os olhos lacrimejantes. Não estava entendendo absolutamente nada, mas sentia que aquele seria o dia mais feliz de sua vida. tinha um enorme sorriso no rosto e aguiava devagar até onde o padre estava parado. No topo do altar.
— O que... O que é tudo isso? — ela perguntou baixo, olhando para o noivo admirada. — Não me diga que...
— Sim, vamos nos casar agora, — respondeu sorrindo e fitou o padre em seguida. — Podemos começar.
sentiu seu queixo cair e seu coração acelerar mais.
Tinha o noivo mais louco do mundo.
Mas o amava com todas as forças.
"I was the one you always dreamed of. You were the one I tried to draw."
(Eu fui aquele com quem você sempre sonhou. Você foi aquela que eu tentei desenhar.)
— Slow Dancing In A Burning Room, John Mayer.
***
— Onde diabos está? — Pierre perguntou revirando os olhos.
— Foi se encontrar com — Richard respondeu. — Deixe-o em paz, Pierre. Pelo menos agora. É o fim do mundo. O rapaz tem o direito de passar com quem ele quiser. Não vamos poder fazer mais nada mesmo.
— Como se fosse adiantar alguma coisa ele passar os últimos minutos com — Pierre revirou os olhos. — Já divulgou as coisas que encontramos?
— Logo tudo estará passando na TV. Não demorará muito para eles divulgarem todas as informações — Richard deu de ombros. — Assim não demorará para sermos engolidos.
— E você? Não vai se despedir de ninguém? — Pierre perguntou, finalmente cedendo ao turbilhão de sentimentos e medos que sentia.
— Não — o rapaz deu de ombros. — Eu não tenho ninguém, Pierre. Já você... — o rapaz deixou a frase no ar e soltou uma risada fraca.
Richard era assim; inteligente, solitário e, acima de qualquer coisa, amigo. Não havia uma só pessoa dentro daquele lugar que ele já não tenha aconselhado ou ajudado. Podia não ser tão velho, mas entendia de bastante coisa. Ficara órfão aos doze. Casara-se aos vinte. Ficara viúvo aos trinta e um. Desde então não se importava com ninguém. Era feliz ao lado da esposa. Não tiveram filhos por causa do trabalho. Ambos cientistas. Pretendiam ter dois filhos e adotar mais dois. Gostavam de crianças mas o trabalho sugava-os demais. Quando pararam para pensar sobre, Jennsa, sua esposa, sofrera um acidente de carro. Desde então afunda-se no trabalho, dá força aos amigos e raramente sai com alguma outra mulher. Parecia que após a morte de Jenna ninguém o agradara mais. E ele não se importava de ser solteito aos trinta e três. Nunca superaria a morte de Jenna, aquilo era um fato. Mas também nunca deixou de cumprir suas necessidades masculinas.
— Minha mãe não conta, Richard — Pierre riu fracamente. — A mulher sempre me odiou. Mas isso não vem ao caso. Eu posso ser um desgraçado na maioria das vezes, mas não vou ser no meu provável último dia na Terra — ele piscou um dos olhos. — Ficarei aqui com você aguardando tudo acabar.
— Você é tão idiota as vezes que me comove, Pierre — Richard revirou os olhos. — Nenhuma mãe odeia seu filho. Não comece a agir feito um adolescente novamente. Por favor, você manda nisso aqui. Ainda agora estava prestes a xingar o por ele desaparecer e agora está nesse estado. Homem, por favor, vá ver sua mãe e eu cuido de tudo aqui. E não se esqueça: não deixe de ser durão. Seu lado de "homem sensível que entende tudo" não é nada legal. Você fica vomitável.
Pierre soltou uma risada e balançou a cabeça negativamente. Era um desgraçado, sim. Pegava pesado com todo mundo ali dentro, mas via todos como seus irmãos. Principalmente Richard, e estava preocupado com ele. Não acreditava naquela calma que ele tentava passar. Afinal, era o fim do mundo! O quão insano isso soava? Ainda mais para eles que estudaram aquilo a vida inteira! Era desesperador. Assustador. Medonho. Bizarro.
Mas o que diabos poderiam fazer? Talvez o que fez realmente tenha sido o melhor. Já que não havia como parar o buraco negro, por que não aproveitar os últimos momentos?
"A minha alma nem me lembro mais em que esquina se perdeu
ou em que mundo se enfiou... Mas já faz algum tempo, já faz algum tempo, já faz algum tempo..."
— Déjà Vu, Pitty
***
observou a aliança em seu dedo e suspirou, sorrindo para o homem que estava deitado em seu lado abraçando-a pela cintura. Uma hora se passara desde que dissera "sim" ao padre. Estava casada. Era, oficialmente, de . Carregaria o sobrenome dele para o resto da vida sem se arrepender. Estava tão feliz que não conseguiria passar para palavras, a única coisa que conseguia fazer era sorrir abertamente.
— Eu te amo tanto — ela murmurou de repente, fazendo olhá-la. — Desde que te conheci eu sabia que teríamos algo a mais, sabia? Éramos crianças mas eu já sentia minhas pernas bambearem e minhas mãos suarem perto de você. Não importa o que aconteça ou quanto tempo passe, eu vou sempre amar você, .
— Eu te amo bem mais, senhora — sorriu. — Eu sempre soube que você era o que eu precisava e queria. Sempre soube... — ele suspirou e puxou-a para mais um beijo rápido. — Eu te amo demais, . Tanto que sou incapaz de expressar em palavras.
"O mundo acaba hoje e eu estarei dançando, o mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você..."
— Dançando, Agridoce.
O celular de tocou e, lentamente, ele esticou o braço para pegar. Suspirou ao ler o nome do visor e atendeu em seguida.
— Fale, Pierre.
— Começou, , começou. Está tudo descontrolados e, pelo que acabamos de receber, alguns vulcões entraram em erupção — Pierre fez uma pausa para suspirar. — Não sabemos ainda se a Terra está se afastando ou se aproximando do Sol. Mas já está tudo descontrolado. Provavelmente Júpiter já está fora.
— Isso quer dizer que... — engoliu a seco e se sentou na cama — Não vai demorar para nos atingir?
— Se demorar mais uma hora estamos com sorte. Pelas coisas que estão acontecendo a cada segundo... — Pierre suspirou e deixou a frase no ar — Toda hora chega notícia nova. A cada segundo algo estranho acontece no mundo, . Se Saturno for engolido... Não teremos mais tempo para nada. Seremos dilacerados.
— Tem que haver um jeito de parar isso...
— Trabalhamos nisso a vida inteira, , e nunca achamos uma solução para buraco negro. É o fim, meu caro. Conforme-se. Preciso desligar. Recomendo que você e venham para cá para tentarem ter um pouco mais de segurança por mais que não tenha mais jeito.
— Como quiser.
Sem esperar por uma resposta, desligou o celular. Seu coração estava a mil, sua cabeça estava a mil, tudo estava a mil. O tempo estava correndo mais rápido que o normal. A cada segundo que passava uma pessoa morria, não importava a forma.
— O que houve? — perguntou enquanto sentava-se na cama para observar o marido. — Vai precisar voltar para o trabalho?
— Vou. E preciso que você vá comigo — respondeu, tentando não parecer nervoso. — É uma coisa rápida. Talvez Pierre esteja louco de vez e precisa de você.
riu inocentemente e se levantou da cama.
— Tomarei um banho e...
— Não temos tempo, meu amor — a interrompeu. — Apenas se vista.
— O que realmente está acontecendo? — ela perguntou e desvirou o olhar. — Não tente esconder algo de mim, . Você sabe que não funciona...
— Prometo te explicar tudo quando chegarmos à NASA — selou seus lábios. — Agora se vista, por favor.
preferiu não perguntar mais. Vestiu a primeira roupa que viu pela frente o mais rápido que pôde. estava inquieto e claramente desesperado. Parecia tonto. Parecia não saber o que fazer.
— Vamos? — ela perguntou baixo, observando o marido.
Marido. Ainda era estranho aquilo tudo.
Mais estranho era vê-lo daquele jeito no dia que era para ser o melhor de suas vidas.
— Vamos — segurou-a pela mão e puxou-a para fora. — Você dirige? Acho que estou nervoso demais.
— Tudo bem — sorriu e pegou a chave do carro. — Não quer me contar agora o que está acontecendo?
— É tudo tão complicado... — murmurou enquanto entrava no carro — Não sei se você entenderia. Coisas do meu trabalho.
— Talvez se você tentasse ex...
teve sua frase interrompida por um estrondo alto assim que saíram da garagem.
— Mas o que...? — sussurrou, estreitando os olhos e observando a grande pedra que caíra bem ao lado do carro. — Droga, droga, droga! — exclamou enquanto puxava o celular e discava os números de Pierre. — Vamos sair do carro. Precisaremos correr, .
— Mas... — tentou rebater, mas já estava do lado de fora do carro e gritando algo que ela não entendia para Pierre.
— Vamos — puxou-a pela mão com pressa. — Não temos muito tempo e, se quisermos nos manter vivos por mais tempo, precisamos ir agora.
— Mas como diabos vamos chegar lá a pé?! — perguntou, tentando acompanhar os passos de . — Pelo amor de Deus! Me explique o que está acontecendo!
engoliu a seco e parou na calçada em frente a uma loja que vendia todos os tipos de produtos eletrônicos.
— Olhe para a TV — ele pediu, baixo. — Preste atenção no que o velho está dizendo.
encarou a televisão e tentou ignorar os gritos das pessoas pela rua que estavam desesperadas. Ela não entendera nada. Tudo o que ouvira da TV fora: "é o fim da Terra, meus caros. Se nem a NASA conseguiu parar esse buraco negro, não será Deus ou qualquer outro ser que vocês acreditem que o fará".
— Mas o que... Como... — tentava formular uma pergunta quando a segurou pela mão novamente.
— É o fim, meu amor, é o fim — ele suspirou. — Encontramos um buraco negro no sistema solar. Júpiter já fora engolido para estar acontecendo essas coisas pelo mundo. Descobrimos o buraco tarde demais.
— E os projetos para evitar esse tipo de coisas? Com a tecnologia que temos isso não podia acontecer! — exclamou. — Estamos em 2067! Deveríamos ter uma preparação maior para esse tipo de coisa.
— Tínhamos um projeto em andamento. Ele estava sendo analisado há dez anos — mordeu o lábio inferior e puxou para atravessarem a rua. — Não temos culpa se não conseguimos terminar. Estávamos mais avançados. Tínhamos planos mais avançados. A tecnologia não conseguira nos acompanhar.
— E por que estão caindo essas pedras ou sei lá o que do céu? — perguntou enquanto a ajudava a desviar das coisas que caíam; grandes, pequenas, não entendia, mas tudo caía daquele maldito céu.
— Provavelmente Saturno já fora destruído pelo buraco negro — respirou fundo. — Vamos ser dilacerados, engolidos, devorados, como quiser falar. Em alguns lugares as marés vão subir, em outros vulcões vão entrar em erupção e transbordar. A Terra pode se afastar ou se aproximar mais do Sol durante esse período. O Sistema Solar está uma loucura a essa hora. A Terra deve estar quase batendo em algum outro planeta, ou sei lá. Não tem como sabermos — mordeu o lábio. — Por isso fiz tudo isso hoje. Eu te amo demais para te perder, .
— Mas não temos escolha — ela murmurou sentindo os olhos marejarem. Seu coração estava a mil. A cada palavra da explicação que lhe dera, sentira seu coração apertar e doer mais. — Enfim — fungou. — Pelo que você explicou... Quer dizer que a Terra ficará brincando de ping-pong no Sistema Solar?
— Provavelmente. Se escurecer do nada, ela se afastou do Sol. Se você sentir um calor insuportável do nada, ela se aproximou — explicou tentando ignorar o vento que cortara o local, jogando seus curtos fios de cabelos em seus olhos. — Pode ser que a Terra vá para lá e para cá assim como os outros planetas. Uma hora ela será atraída para o centro do buraco negro.
teria continuado a responder as dúvidas de se gritos desesperados não fossem ouvidos a cada canto daquele maldito lugar. Crianças, homens, mulheres, bebês, todas as pessoas gritavam, choravam e imploravam por uma explicação. Não entendiam o que diabos estava acontecendo. Com tanta tecnologia, comt antos robôs e outras coisas, como foram capazes de deixar um buraco negro aparecer e invadir todo o Sistema Solar? Como foram capazes de se permitirem a aceitar aquilo em silêncio? Não queriam que o mundo acabasse, não queriam morrer esmagados por pedras ou qualquer coisa que fossem aquelas coisas do céu, não queriam morrer afogadas por tsunamis, não queriam morrer queimadas por conta dos vulcões, não queriam morrer.
e correram por mais alguns minutos, mas ainda estavam longe e as coisas pareciam piorar. A cada minuto Pierre mandava uma mensagem de texto com alguma novidade. Como explicara para , a Terra realmente estava brincando de ping-pong no Sistema. O céu escurecera de repente, o vento ficara mais forte, os gritos mais altos e o desespero maior. Era o fim, definitivamente. Pessoas corriam feito baratas tontas, papéis voavam pela rua e a única coisa que o céu fazia era escurecer mais.
— Eu te amo — murmurou, segurando-o pela mão firmemente. — Não há nada que possamos fazer, meu amor. Acabou.
— Precisamos chegar até onde Pierre está, por favor... — sussurrou. — Temos um pouco de tempo.
— É muito pouco para chegarmos lá sem um carro — suspirou, sentindo seus pés doerem mais. — Não há condição de continuarmos...
— E o que sugere? Que sentemos na calçada e esperemos a Terra ser sugada? — perguntou baixo, tentando não soar rude. — Ainda tenho esperanças.
— Pois eu não! — exclamou. — É o fim da Terra, .
abriu a boca para responder, mas não tivera tempo. Um vento muito mais forte que os outros cortou o local, fazendo-o desequilibrar para trás. Segurou no primeiro poste que viu com toda sua força e esticou a mão para automaticamente, mas tudo o que ouvira de sua espoera fora seu grito. Abriu os olhos desesperado e pôde ver sendo arremessada para o outro lado da calçada. Aquilo partira seu coração e o fizera acreditar nas palavras da mulher: era o fim. Não havia chances, não havia esperança, não havia mais nada. Era o fim. Fim.
O fim.
E como num passe de mágica, o vento se acalmou e o céu clareou devagar. Aproveitando essa chance, correu até o corpo frágil de jogado no chão. Abaixou-se ao lado da mulher e ajudou-a a se levantar. Ignorou o calor que começou a sentir e segurou a cintura de firmemente. Tudo aquilo parecia um sonho, mas ele sabia que não era. Parecia loucura, parecia tudo, menos realidade. Onde já se viu de repente um lugar que estava completamente escuro e com ventania clarear e fazer calor?
— Vamos achar um lugar seguro para você — ele murmurou para que tentava acompanhar seus passos.
Ela não respondeu, apenas apertou-o mais. Não tinha mais nada a ser falado. Todos sabiam o que aconteceria.
Caminharam por mais alguns minutos e sabia que estavam longe de ficarem seguros, sabiam que estavam longe de achar uma solução para aquele inferno. Sabia que morreriam.
segurou pela cintura com mais força para apertar o passo, mas parou no mesmo momento em que observou o chão e pôde ver uma pequena rachadura se iniciar. Seus olhos se arregalaram e ele puxou a mulher para trás, tentando sair da direção daquela rachadura. rapidamente entendeu o que estava acontecendo e tentou acompanhar os passos do marido. Ainda sentia seu corpo doer, não conseguiria correr tanto. A pancada que levara por conta do vento fora forte. Chocara-se com a parede de uma das lojas de onde estavam. Mas faria um esforço. Por . Sabia que ele não iria embora. E ela queria viver. Por mais que soubesse que isso não aconteceria, queria viver um pouco mais, guardar o rosto de no fundo de sua memória por mais que suas feições estivessem tristes e preocupadas.
A rachadura no chão parecia acompanhá-los. Por mais que corressem, ela parecia mais proóxima. olhou para trás e se arrependeu de tê-lo feito. A rachadura estava finalmente se abrindo e sugando tudo para seu centro. Crianças, mulheres, homens, todos gritavam enquanto caíam. Aquilo parecia a porta do inferno se abrindo e puxando todas as pessoas para seu centro. Parecia um poço sem fim, uma passagem secreta para um mundo ainda mais assustador.
arregalou os olhos e engoliu um grito enquanto apertava ainda mais os passos com . Não havia mais dúvidas, aquele era o fim de tudo o que existia na Terra. No Sistema Solar.
"Vamos destrancar as portas do hospício e as jaulas do zoológico, tirar das costas esse peso. No corre-corre de doidos e animais ninguém será capaz de apontar quem tava preso."
— Formidável Mundo Cão, Jay Vaquer.
Em questão de segundos, prédios começaram a desabafar lentamente; parte por parte. Enquanto coisas que mal conseguia identificar caíam do céu, passando próximo a eles, arrancando gritos de susto e pavor da garganta de .
— Eu não aguento mais correr, — ela murmurou. — Nós sabemos onde vamos acabar. Para que tentarmos chegar até Pierre?
— Talvez ele tenha pensado em algo. Talvez ele tenha colocado nosso projeto em prática para pelo menos tentar parar isso — respondeu. — Não desista agora. Qualquer minuto, segundo a mais que conseguirmos viver é lucro.
— Nós vamos morrer de qualquer forma — murmurou. — Você sabe... Nós não va...
Um barulho cortou o céu e soltou mais um grito, sentindo algo atingir seu corpo com força. A última coisa que vira antes de se chocar ao chão fora o corpo de sendo arremessado para o outro lado. abriu os olhos devagar, tentando respirar e controlar as lágrimas que queriam sair. Apoiou-se nos joelhos e engatinhou — ou pelo menos tentou — devagar até onde estava. Seu corpo tremia de pavor e de dor, mas ignorou aquilo e continuou, precisava chegar até que se mexia devagar, como se ainda estivesse despertando e processando o que diabos acontecera. Ela não sabia se alguma pedra ou algo maior e pior havia atingido seu corpo, não conhecia aquelas coisas, não entendia droga nenhuma.
, enquanto engatinhava, ouviu um barulho não muito alto escapar do chão e olhou para onde estava apoiando as mãos. Mais uma rachadura. Mais um grito de pavor. Ela cairia se não saísse logo dali. Mas mal sentia suas pernas! Não conseguia levantar! Com o desespero tomando seu corpo, se forçou a levantar. Colocou uma das mãos nas costelas e tentou caminhar arrastando o pé que torcera com o tombo. Os cabelos voavam em seu rosto, chicoteando-a com força, seu corpo inteiro doía e as lágrimas escorriam lentamente. E a rachadura continuava a aumentar. O chão se partiria no meio e ela não conseguiria se salvar. Não conseguiria ver nunca mais. Seria engolida. Destruída. Morta.
abriu os olhos e sentiu a respiração falhar. Mas não tinha tempo, precisava salvar , sua , sua esposa. Olhou em volta e levantou-se o mais rápido que pôde, ignorando as dores que sentia. era mais importante. não sabia o que estava acontecendo em seu cérebro, só sabia que precisava salvar por mais que soubesse que o mundo acabaria e todos morreriam. Se fosse para morrer, morreria ao lado da mulher que amava.
Caminhou mancando um bocado até onde havia parado.
— Fique aí! — gritou. — Eu te amo.
— Não... ! Não! — gritou e correu na direção da mulher, mas sabia que talvez fosse tarde. O chão atrás de estava se abrindo e ele sabia que não daria tempo de pegá-la. Mas arriscaria. Não jogara futebol durante todo o ensino médio e faculdade à toa.
E como se tudo ficasse em câmera lenta, o chão se abrira onde estava, fazendo-a cair devagar. , num movimento mais rápido que imaginava, jogou-se no chão e esticou a mão para . Num ato automático e sentindo que cairia naquele buraco, segurou a mão do marido, soltando um grito de dor em seguida. Todo seu corpo doía. Ela seria incapaz de fazer força para segurar a mão do marido.
" Oh, people help the people. And if you're homesick, give me your hand and I'll hold it. People help the people... Nothing will drag you down."
(Oh, pessoas ajudam as pessoas. E se você tem saudades de casa, me dê a mão e eu vou segurá-la. Pessoas ajudam as pessoas... Nada vai te deixar pra baixo)
— People Help The People, Birdy.
— , me solte — ela murmurou. — Eu não vou aguentar. Você não vai conseguir. Não há tempo. Me deixe e vá.
— Nunca. — disse firme, segurando-a com mais força.
Ele tentava não olhar o que havia lá embaixo. Mas era impossível. Aquilo era assustador. Era como se realmente fosse um inferno, o jogo de cores em laranja, vermelho e amarelo lembrando a lava do vulcão era medonho. Assustador. Realmente assustador. Não deixaria sua amada cair ali. Nunca.
— Eu amo você — murmurou novamente. — Me perdoe ser tão fraca.
— Não... Droga, , não me solte! — ele gritou, tentando segurá-la com mais força. — Por favor, meu amor, não...
— Desculpe — ela sussurrou antes de soltar a mão de . Ele ainda resistiu. Mas sentia tantas dores quanto ela, sentia tanto medo quanto ela, tanto desespero quanto ela. Suas mãos tremeram automaticamente e, em um descuido, soltara . No mesmo momento sentiu como se tudo tivesse parado; seu coração, os desastres, tudo. Ele ainda pôde observar fechar os olhos para cair. Logo não havia mais nada, nem sinal de . Apenas a lava. Sua amada, sua , seu amor, seu tudo, sua esposa... Havia... Caído. Destruída.
sentiu seu coração voltar a bater rapidamente e as lágrimas automaticamente inundaram seus olhos. Não havia mais nada a ser feito. não tinha mais forças, mais motivação, os gritos das pessoas já não o apavorava mais. As criaças desesperadas e chorando não machucava mais seu coração. Aliás, era impossível seu coração se machucar mais. estava morta. Tudo havia acabado. Seu coração doía de uma forma indescritível. Era o fim. Ele merecia a morte também. Falhara sendo que prometera que cuidaria de pelo resto da vida, falhara porque não tivera forças o suficiente para segurá-la e evitar todo esse sofrimento. Nada o afetava mais.
Pegou o celular e discou o número de Pierre. Sabia que ele ainda estava vivo. Assim que ouviu a voz do homem, murmurou:
— Coloque o projeto em prática por mais que eu não esteja por perto — fungou. — Não há mais jeito, mas tente. Não sei se conseguirei chegar.
— E ? — Pierre perguntou.
riu fracamente.
— Está morta. Vá em frente, Pierre.
Sem dizer mais nada, desligou o celular e enfiou-o no bolso novamente. Estava arrasado, acabado, magoado, desesperado... Com medo. Não tentaria mais nada. Ficaria ali deitado no chão, observando o céu ficar claro e escuro o tempo todo. Esperaria a chuva de pedras novamente. Esperaria o chão se abrir. Qualquer coisa. Apenas não lutaria mais. Não valeria mais a pena. Sua já havia ido. Não tinha mais motivo. Sabia que gostaria que ele lutasse, mas ela sabia que ele não teria forças sem ela. Seria impossível lutar sem ao seu lado. Seria impossível parar aquele buraco negro. Impossível. Era, definitivamente, o fim. E ele assistiria de camarote.
I will love you 'till the end of time. I would wait a milion years, promise you'll remember that you're mine. Baby, can you see through the tears? Love you more than those bitches before! Say you'll remember... Oh baby, say you'll remember. I will love you 'till the end of time.
(Eu vou te amar até o fim dos tempos. Eu esperaria um milhão de anos, prometa que se lembrará de que você é meu. Querido, você consegue ver através das lágrimas? Eu amo você mais do que aquelas vadias de antes! Diga que você se lembrará... Oh, querido, diga que você se lembrará. Eu amarei você até o fim dos tempos)
— Blue Jeans, Lana Del Rey.
continuou ali deitadoo, observando tudo se destruir. O desespero das pessoas parecia aumentar a cada segundo passava, arrancando uma risada fraca do rapaz. Pobres seres humanos ignorantes que não entendiam o significado da palavra "fim".
Coitados. Morreriam e não queriam aceitar aquilo. Era o fim da humanidade, fim da Terra, do Sistema Solar. Fim de tudo! Qual a dificuldade das pessoas de perceberem aquilo? Não havia mais jeito. O mundo acabaria naquele dia. Tudo estava rápido demais. Da mesma forma que buraco negro poderia levar dias para acabar com todos os planetas, ele poderia acabar naquele momento. Naquele minuto. Naquele segundo. E ele acabaria. Estava faminto, pelo jeito.
"I can feel the pressure, it's getting closer now. We're better off without you."
(Eu posso sentir a pressão, está chegando mais perto agora. Nós estamos melhor sem você)
— Pressure, Paramore.
***
Richard e Pierre guardaram as últimas coisas e suspiraram.
— Não adiantou nada — Pierre murmurou. — O projeto estava incompleto. Vamos fazer o que deve estar fazendo agora: assistir e esperar.
Richard não disse nada, apenas sentou-se em uma cadeira qualquer e ficou olhando para o nada. Era o fim de tudo.
Pessoas estavam desesperadas, o mundo estava desesperado. Não havia nada a ser feito. Era o fim de tudo. Não demoraria muito para tudo começar a explodir e diminuir. Logo a humanidade estaria acabada. Tudo seria engolido pelo buraco negro.
Não demorou muito para os barulhos ficarem ainda mais altos e insuportáveis. O buraco negro estava agresssivo e, agora, a Terra estava mais próxima do Sol. A cada segundo que passava, o calor aumentava. Aos poucos as pessoas foram morrendo. Não lutavam mais, não tentavam mais. Não havia nada a ser feito. Pouco a pouco a Terra ia se destruindo, desaparecendo, tendo o mesmo destino que os outros planetas.
Boom! Boom!
Bastou alguns minutos para que tudo realmente acabasse. A Terra já não tinha mais vida, estava destruída, bastava o buraco negro sugá-la com toda a vontade que tinha. Aos poucos os pedaços da Terra fora sendo consumidos. Enquanto isso, o gás do Sol estava sendo despojado e puxado para o ralo cósmico, ficando, assim, mais fraco e menor. Não demorou muito para ele ser totalmente devorado como tudo do Sistema Solar.
Boom!
Mais destruição. Era o fim. Tentaram por anos evistar o fim daquilo tudo, tentaram evitar qualquer erro, falha, ameaça no Universo, mas não conseguiram. A cada ano que passava os cientistas ficavam mais inteligentes. Nunca se contentavam com a tecnologia de sua época, precisava avançar, pensar mais alto. De que adiantara, afinal? Nada. Absolutamente nada. Nunca conseguiriam parar um buraco negro, nunca conseguiriam inventar algo que pudesse ao menos tentar fazê-lo ou evitá-lo por mais algumas horas. Ninguém nunca imaginara que tudo terminaria por culpa de um buraco negro. Mas fora assim que aconteceu. Não adianta tentar Não adianta tentar adivinhar, evitar ou qualquer coisa do tipo, se tiver que acontecer, acontecerá. O fim do mundo não é uma coisa premeditada, não é algo que humanos sejam capazes de descobrir. Tudo depende da natureza, do humor do espaço. Se uma estrela morrer e surgir um buraco negro, cabe a ele, e somente a ele, o que vai acontecer depois. Matá-lo é impossível, evitá-lo é mais impossível ainda, detê-lo após formado é algo que nem sequer passa pelo cérebro humano.
Não há um Deus, um cientista por melhor que seja ou um vidente para dizer quando o mundo acaba. Como narrado aqui, é uma fatalidade que uma hora vai acontecer, de fato. Não importa quando e nem como. Quando tiver que ser o fim, será.
Fim.
N/A: OLÁ! Bem, primeiro de tudo eu gostaria de agradecer por lerem. Obrigada, amores. Espero que tenham gostado e não me achem uma louca completa. Tive a ideia pra fic no meio de uma aula de física sobre buracos negros e comecei a escrever porque é um assunto que eu gosto muito. Até então eu não sabia do especial HAHAH daí eu cheguei em casa e vi e fiquei toda boba. Demorei mais do que deveria pra finalizar, mas finalizei a tempo! Anyway. Segundo: gostaria de frisar o que escrevi nas restrições da fic, nada disso aqui é real! HAHA por favor! Não levem isso a sério. Até por que para um buraco negro surgir no nosso Sistema Solar é necessário que tenha um colapso de uma estrela com massa de pelo menos 10 vezes maior que a do Sol! Não há a mínima chance de isso acontecer de verdade, não fiquem assustadinhas ou sei lá, ok? Hahahaha a fic é pura ficção mesmo, tanto que cês podem ver pelas coisas que acontecem e tal. Nem tudo eu segui o padrão de filmes, textos, documentários, etc. Simplesmente escrevi o que veio na minha cabecinha louca. E eu gostei. Não gostei no final, confesso. Esperava mais das minhas ideias, mas foi o que saiu e não tinha mais tempo para reescrever. Ficou meio sem noção HUAHUAHUA but anyway. Espero que realmente tenham gostado! Terceiro: não me matem por ter matado todo mundo, inclusive as crianças hahahaha. Juro que não sou tão malvada assim ): mentira, sou sim. Mas fiquei com muito dó dos principais e das criancinhas que morreram. hahahah enfim! Comentem porque isso deixa a autora muito feliz! Beijinhos! Xx
Outras fics:
Pull Me In (Restritas/Andamento)
No Light (Restritas/Andamento)