A desligou o despertador com raiva. Tinha se esquecido como era difícil acordar cedo, mas também, pudera, quase dois meses de férias e o máximo que ela já acordou fora às onze horas da manhã. Isso era acordar cedo em seu vocabulário e não às oito horas, para comprar o bendito vestido para a festa de despedida das férias no dia seguinte. Só que, como a era a , um dia só talvez não fosse o suficiente para achar o vestido perfeito; Não que a festa fosse “chique” ou algo do gênero, mas ela estaria recheada de garotos lindos daquela república.
Levantou praticamente arrastada e foi até seu banheiro, começou a se despir bem lentamente sentindo o frio do tempo dando pequenos choques em seu corpo quente pelas roupas e o enorme edredom que dormia. Só tinha seis meses que morava em Londres e era bem difícil acostumar com aquele clima quando se morava na Austrália. Tinha que escolher logo um dos lugares onde o calor nunca tem a boa vontade de aparecer.
Mas Londres era incrível, só tinha um detalhe que lhe deixava irritada naquele lugar: a frieza dos ingleses. Foi muito difícil ela se segurar para não comprar uma passagem de volta pra Sidney na primeira semana. Por sorte, encontrou uma garota legal na escola. Seu nome era , mas ela só gostava de ser chamada por . achava aquilo desnecessário, o nome dela era lindo e muito nobre; já dizia sempre que ela tinha nome de gente velha e que quando fosse realmente velha deixaria os outros chamá-la por .
Dá pra imaginar quantas gargalhadas já proporcionou a . Ela dizia que era de uma família de comediantes, pessoas que não tinham a mínima vergonha na cara de fazer palhaçada com Londrinos enjoados. Na verdade, de fazer palhaçada com qualquer um. era a única que adorava as brincadeiras e palhaçadas da pequena e por isso deram tão certo.
entrou embaixo do chuveiro assim que teve certeza que a água do mesmo estava bem quente. Àquela hora da manhã, se estivesse morna ela desmaiaria congelada com tanto frio que sentia. Também, no inverno Londrino... Deixou seu corpo relaxar enquanto pensava em como compraria aquele vestido sem a ajuda da . A mesma a abandonou no meio das férias, tinha viajado com o pai para os Estados Unidos e só voltaria na semana passada. Bem, isso foi antes de ela ligar e dizer que se atrasaria um pouco pra voltar, mas estaria aqui para a festa de despedida das férias da escola e da faculdade London University.
Saiu do banheiro contrariada, por causa do frio que começara a sentir. Correu até seu guarda-roupa e catou uma calça jeans azul claro, sua blusa de frio preferida branca com a estampa do Mickey e Minnie babys de quando ela fora à Disney, sua jaqueta de couro – aquele dia estava realmente frio – preta sem detalhes e sua bota preta de cano baixo e salto baixo. Prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo por já imaginar a ventania que se encontrava fora de sua casa - ela odiava ter que ficar consertando seu cabelo a todo segundo.
Tomou seu café da manhã com sua mãe e saiu de carro com a mesma pegando uma carona até o shopping, aproveitando que era caminho do trabalho dela. O caminho não demoraria, mas, para não perder o costume, colocou seus fones de ouvido e apertou play na música Hotel Califórnia. Ela adorava clássicos dos anos 80 e 90, e amava aquela música. Ficava completamente envolvida com sua melodia.
Sua mãe soltava pequenas gargalhadas discretas, rindo de cantando a música com empolgação e sem perceber do quão alto cantava por causa do volume dos fones. Assim que o shopping fora avistado ela deu stop em More Than Words e guardou seu Ipod na bolsa. Deu um beijo estalado no rosto de sua mãe.
- Queria poder escolher o vestido com você, querida, mas você sabe como é... – Sua mãe deu de ombros e concordou com a cabeça e um meio sorriso. – Não gaste demais e boas compras! – Completou sua fala e acenou para a filha, que já havia descido do carro. retribuiu o aceno e viu o carro de sua mãe se perder no meio dos muitos outros naquela rua movimentada.
Capítulo Dois.
- Chega! – Murmurou em voz alta depois de passar pela quarta loja e não encontrar nenhum vestido que lhe agradasse. Olhou ao redor e avistou um banco vazio em frente a uma livraria. Caminhou em passos largos até lá e se sentou no banco. Sentiu seus pés latejarem dentro da bota e soltou um bufo irritado. Se alguém estivesse escolhendo com ela, com certeza não estaria tão irritada. Normalmente, ela e passavam por umas seis lojas para conseguir achar a roupa perfeita.
Consertou sua franja, jogando a mesma para trás, e olhou em seu relógio: já se passavam das 11 horas. Se demorasse muito, perderia a carona de volta com sua mãe, que saía do trabalho ao meio dia e meia. Contra sua vontade, ela se levantou e foi em busca de outra loja que lhe chamasse a atenção.
Depois de olhar três vitrines que não tinham nada que lhe interessasse, ela parou em frente a uma que continha um vestido curto vermelho um pouco rodado e com umas pregas estilo balonê que fez com que ela ficasse parada em frente à vitrine por uns bons cinco minutos.
Entrou na loja com um sorriso no rosto e rezando mentalmente para que o vestido ficasse tão perfeito quanto aparentava, procurou com os olhos uma vendedora, mas nem precisou esperar muito, pois logo uma moça loira que aparentava ser um pouco mais velha que ela veio lhe receber.
- Bom dia. Posso ajudar? – Disse a garota com um sorriso amigável em seu rosto. balançou sua cabeça em afirmação e apontou em direção ao vestido.
- Eu gostaria de experimentar aquele vestido vermelho. – A moça sorriu e começou a se encaminhar até a vitrine.
- Qual é seu nome? – Perguntou franzindo a testa.
- .
- Prazer, , eu sou a . – sorriu. – Qual é o seu tamanho?
- Acho que me enquadro no extremamente pequeno, já que não sou muito bem provida nas partes altas e baixas. – A funcionária soltou uma pequena gargalhada. – Se é que você me entende. – deu de ombros, sorrindo.
- É que este vestido é o único da loja. E... – Ela encarou a etiqueta pendurada no vestido e deu um sorriso, voltando a encarar . – Pelo que parece, é o seu número! – agradeceu a Deus mentalmente por finalmente ter encontrado o vestido perfeito. E, com certeza, acabaria as compras a tempo de pegar a carona de sua mãe.
- Ótimo! Já estava cansada de procurar um. – Soltou um pequeno bufo.
- Então, vamos ao trocador pra você experimentar? – concordou com a cabeça e seguiu a moça assim que ela tirou o vestido da vitrine e pediu a uma amiga que colocasse outro no lugar.
Depois de colocar o vestido com o máximo de cuidado, se encarou no espelho do trocador e ficou completamente apaixonada com o que viu. O vestido lhe caía perfeitamente bem, de modo que ela até se achou com um corpo mais avantajado por causa do bojo bem contornado em seus seios e sua cintura muito bem marcada pelo contorno do vestido. Sem contar que, com o volume das pequenas pregas em balonê, seu bumbum ficou bem mais aparente.
Deu um sorriso ao se imaginar maquiada e com o cabelo muito bem escovado, deixando evidente seu corte repicado de forma irregular. Uma pequena loucura cometida naquelas férias: depois de anos com seu cabelo na cintura, resolvera que embaixo do ombro poderia ser um tamanho interessante para uma mudança não tão radical de seu cabelo.
Imaginou também como os garotos da escola reagiriam àquela transformação. Não que ela fosse popular, mas era bonita e fazia parte do clube de teatro e de dança, chamando a atenção mesmo não sendo de forma intencional. E era muito elogiada pelo cabelo que possuía já que poucas garotas daquele colégio tinham um cabelo tão grande e, principalmente, liso natural.
- E então? Como ficou? – Os pensamentos de foram cortados pela a voz da , que batera de leve na pequena porta do trocador. Ela então parou de encarar o espelho e destrancou a porta do mesmo, abrindo-a em seguida. deu um largo sorriso e não lhe parecera àqueles falsos que normalmente os vendedores davam para poder lhe convencer de que aquela roupa cara havia ficado perfeita em você, quando na verdade estava horrível.
- Eu gostei. – disse, colocando sua mão na cintura e voltando a se encarar no espelho.
- Só gostou? Ficou incrível! – a encarou. – Sério, , só havia três exemplares desse vestido e as donas dos outros dois não ficaram tão perfeitas vestidas com ele como você está! – soltou um suspiro de satisfação. Por mais que estivesse ainda chateada por ter que escolher aquela perfeição de vestido sozinha, estava feliz por ter sido atendida por uma funcionária aparentemente sincera. – Vai levá-lo?
- Vou sim! – soltou três palminhas com animação e pediu para que se trocasse que ela a aguardaria no caixa com seu pedido já pronto. A mesma concordou e trancou novamente a porta, começando a se despir.
Capítulo Três.
- Será que eu não vou achar um maldito tênis que fique bom? – Murmurou assim que o vendedor lhe deixou mais uma vez, indo buscar outro par de tênis. – Que saudade de casa, mano. – Disse pra si mesmo, bagunçando um pouco os fios de seu cabelo.
Viu o funcionário chegar com mais quatro pares e tratou de logo calçá-los. Precisava de um tênis novo naquele mesmo dia. Não que o seu estivesse velho, mas ele estava em outro país agora. Se o país era novo, suas roupas também tinham que ser. Uma mudança radical.
Não gostou de nenhum, por mais que o funcionário insistisse em dizer o quanto ficaram bons e blá, blá, blá. Ele não ia na onda de vendedores. Se não gostava, não comprava e ponto.
- Tem certeza que não deseja olhar nenhum outro par? – O funcionário insistiu ao ver se levantar em meio a tantos pares de tênis.
- Tenho sim, obrigado. – O funcionário voltou a insistir, deixando impaciente. Precisava sair logo dali e ir atrás de outra loja.
começou a negar com a cabeça as investidas do funcionário para que ele olhasse mais tênis ali, tirando completamente a atenção que antes ele tinha de todos aqueles tênis ao seu redor. Dessa forma, ele tropeçou em um dos pares espalhados pelo chão, indo se apoiar na primeira pessoa que passara ao seu lado no momento da queda. Os dois caíram no chão e a outra pessoa começou a gemer. Procurou o rosto e então viu que era uma garota.
- Me desculpe! Me desculpe, por favor! – Disse , enquanto era ajudado pelo funcionário que causara tudo aquilo a sair de cima da garota.
- Não, tudo bem. Eu... AI, MEU DEUS! – Ela gritou assim que olhou para sua mão; seu vestido estava com um pedaço rasgado. – Você rasgou o vestido que eu ia comprar! – disse, acusando o rapaz já erguido em sua frente.
- Desculpa, foi sem querer. – começava a se desculpar quando a chegou ao meio dos dois.
- Alguém terá que pagar pelo vestido. – Ela tinha uma voz sentida ao dizer, e seu rosto demonstrava como estava com pena de . Ela tinha amado aquele vestido.
- Eu é que não vou pagar! Ele que rasgou o meu vestido! – disse com raiva, apontando o dedo na direção do . Começara a chorar com todo o ódio que sentia naquele momento. Como ela acharia outro vestido agora?
- Será que não teria como consertar o vestido? Eu pago o conserto. – Ele perguntou a , que pegou o vestido rasgado das mãos de , a qual tentava enxugar suas lágrimas e fazê-las pararem de cair, inutilmente. Olhou o estrago por um momento e negou com a cabeça.
- Aqui não tem como consertar, iria ficar horrível. O vestido está perdido.
- Mas que merda. – sibilou alto, fazendo sorrir pelo palavrão citado. O problema é que ela viu o sorriso dele. – Você acha engraçado? Eu tenho uma festa pra ir e não tenho a merda do vestido por sua culpa! – Ele levantou as mãos como se quisesse se proteger da fúria dela. – E você vai pagar por ele! – Disse , pegando o vestido das mãos de e jogando em cima do garoto.
- Tudo bem, vamos lá ao caixa! – disse ainda sorrindo, deixando ainda mais irritada com ele. sorriu, apontando a direção do caixa para que eles a seguissem.
Capítulo Quatro.
A balançava seu pé rapidamente, demonstrando o quanto estava nervosa com toda aquela situação. Em sua mente ela martelava apenas uma coisa: “Com que vestido eu vou agora? Maldito seja esse garoto!” todas as vezes que encarava o caixa e via pagando o vestido que agora já não era mais perfeito.
Viu o garoto desaparecer dentro da loja com em seu encalço e soltou um bufo. Além de ele ter estragado seu vestido, agora sequestrava sua atendente. Pediria à que olhasse na loja, talvez houvesse algum vestido parecido com aquele. Tinha que haver.
Estava tão perdida com suas lamentações mentais que não reparou quando retornara e sentara na cadeira ao seu lado. estava em pé, na sua frente com um pequeno sorriso.
- Isso é seu. – Ele lhe estendeu o vestido vermelho, deixando com uma enorme vontade de chorar ao ver o grande rasgado no mesmo. – Eu queria compensar o estrago e te ajudar a escolher outro vestido.
- Não acho que você tenha a capacidade de ter um bom gosto, então eu dispenso. – Disse com um enorme bico e cruzando seus braços. se limitou a sorrir de sua atitude infantil.
- Você está enganada. Eu tenho bastante experiência com isso, culpa da minha irmã mais nova que sempre que pode me carrega ao shopping para ajudá-la a comprar zilhões de estilos de roupas diferentes. – se sentiu um pouco amolecida ao ver a insistência do garoto em lhe ajudar. E ela precisava realmente de ajuda. – Vamos lá! Eu sou quase um profissional. Você vai ver!
ficou de pé e lhe estendeu a mão. começou a reparar o rapaz. Seus cabelos levemente bagunçados, o olho claro que destacava em seu rosto de pele clara. Vestia um moletom da Hurley preto com o nome “Hurley” escrito em branco, uma calça jeans azul escuro parecendo ser um numero maior do que ele realmente veste e seu tênis All Star vermelho e preto. Ele era lindo.
- Não custa nada tentar. – Deu de ombros, fingindo não se importar com a certa empolgação que surgiu dentro de si. deu um largo sorriso quando ela pegou sua mão e viu a mesma se levantar. Olharam suas mãos unidas por um momento e depois, como se tivessem levado um choque, largaram as mãos completamente sem graça.
- Então... – começou, percebendo o clima que havia pairado entre os dois à sua frente. e a encararam com certa vergonha e limitou-se a apenas sorrir. – Ele até já olhou alguns vestidos ali. Vamos ver? – Confirmaram com a cabeça e pareceu voltar a si e recuperar toda a sua empolgação de antes enquanto caminhavam até a ala onde os vestidos estavam.
Pararam em frente ao local e começou a murmurar coisas baixas ao começar a analisar os vestidos. pareceu perceber o momento em que deu a entender que também iria olhar alguns vestidos e a parou, afastando-a de perto dos mesmos. ergueu sua sobrancelha, sem entender a atitude dela.
- Deixa ele lá. Ele tem um dom. Você vai ver! – Cochichou para , que cruzou os braços e ficou encarando o rapaz que já tinha uns três vestidos pendurados em seu braço direito.
Pouco tempo depois, foi para perto das garotas com os vestidos nos braços e um largo sorriso no rosto. Passou por elas e parou perto de um balcão onde depositou os mesmos, um do lado do outro. e foram ver os vestidos escolhidos.
- Tenho certeza que todos eles vão ficar incríveis em você. – Se referiu á que por pouco não escondeu sua surpresa ao ver os vestidos incríveis que ele havia escolhido. – Só que eu tenho a impressão de que o vestido rosa é o que melhor se encaixa em você. – Ele começou a analisá-la discretamente e, depois, abriu um sorriso sem graça ao ver que ela havia percebido.
- E por que não o verde? Os dois são muito parecidos e ele também é lindo! – sugeriu e concordou de leve com a cabeça, curiosa pela a explicação.
- Exatamente por causa da cor. Ela tem uma pele clara que vai ficar linda com esse tom de rosa, principalmente porque o cabelo dela é preto. – Colocou suas mãos no bolso de seu jeans e deu de ombros. – Não sei, só acho que ela vá gostar mais deste.
- Então, vamos deixá-lo por último! Experimenta esse primeiro. – disse, pegando o vestido azul e o entregando a , que sorriu e foi se direcionar para os trocadores.
já havia se trocado quando bateu na porta do trocador com um scarpin preto com tachinhas que deixou apaixonada pelo mesmo. Só teve que aguardar um minuto para que retornasse com o mesmo só que de outro tamanho, para que ela saísse do trocador.
Experimentou todos os vestidos e o último que faltava era o vestido rosa. Ela já havia se apaixonado pelo cor-de-pêssego, mas insistia em dizer que sua intuição não falhava. a acompanhou dessa vez.
Capítulo Cinco.
A abriu seus lábios escandalosamente, enquanto estava de costas para o espelho depois de vestir o vestido. Ficou curiosa pela a reação que teve e virou de uma vez, tendo uma reação que nem ela mesma esperava.
- Meu Deus! Ele só pode ser gay. – Ela sibilou baixo, mas o suficiente para que escutasse.
- O que? Quem? – Perguntou, ainda não entendendo do que se tratava.
- Aquele garoto, o do vestido! – finalmente percebeu e concordou com a cabeça, sorrindo. – Não tem condições um homem saber escolher só de olhar um vestido perfeito para mim! Nem minha melhor amiga conseguiu essa proeza! – Ela disse sorrindo, ainda impressionada, analisando mais uma vez o vestido em seu corpo.
- Não acho que ele é gay. Eu tenho faro para isso. – demonstrou sua descrença para aquela frase com um rolar de olhos depois de uma boa olhada em . – E pra você ver que eu estou certa, vamos lá fora mostrar pra ele. Se ele falar elogiando o vestido de primeira, ele é gay. Se elogiar você de primeira, ele é macho! – reprimiu sua gargalhada e concordou. Deu uma última olhada no espelho e saiu logo atrás de .
viu sair com um sorriso no rosto e lhe dar um “joinha” com o polegar. Encarou a entrada do trocador, já imaginando como estaria quando saísse de lá e se sentiu completamente idiota pensando isso.
apareceu com um sorriso tímido e parou assim que dera poucos passos para perto dos dois. Ficou esperando uma reação de que não viera por alguns segundos. Ele estava admirado com tanta beleza.
- Uau! Você está linda. – Disse quase hipnotizado. Ao ver a cara de como se não tivesse o entendido, logo tratou de consertar, percebendo o que dissera. – Quer... Quer dizer. O vestido ficou incrível em você! Como eu disse! – Falou nervoso, bagunçando seus cabelos e desviando seu olhar do de .
deu um olhar sugestivo à como se dissesse: “Ele não é gay! Eu disse!”. Ela apenas se limitou a sorrir.
- Er... Obrigada! – Falou, sentindo-se nervosa sem nem ao menos ter alguma explicação para sentir-se assim. – Eu gostei realmente dele. Vou levar, ! – A mesma concordou com a cabeça e apontou o caixa, enquanto ia até o trocador retirar o vestido.
Capítulo Seis.
- Espero ver vocês dois em breve! – se pronunciou ao dar adeus a e , que saíam juntos da loja. Eles concordaram com a fala dela e sibilaram um “Nós também!” antes de sair do local.
Os dois andaram alguns passos sem dizer nenhuma palavra. andava com três sacolas, uma com o vestido escolhido por , a outra com o vestido vermelho rasgado e a última com o scarpin que lhe mostrara. Já andava apenas com uma sacola que continha seu tênis novo ajudado por e a escolher.
- Então... Eu ainda nem sei o seu nome. – finalmente se pronunciou com um meio sorriso. se assustou levemente, ao reparar que ele estava certo, não sabiam mesmo o nome um do outro.
- É , mas pode me chamar de . – Disse com um sorriso enquanto os dois paravam de andar. lhe estendeu a mão e ela copiou seu gesto, pegando a mão dele.
- E eu sou o . Ou , se preferir. – Deu de ombros e beijou de leve a palma da mão de , que se sentiu completamente estranha e arrepiada com aquele gesto. – Muito prazer em te conhecer.
- Eu já não posso dizer o mesmo. Você rasgou meu vestido perfeito. – Ela disse, voltando a andar para tentar disfarçar a reação desconhecida que seu corpo sentira.
- Hey, mas eu achei outro pra compensar! – Falou andando também para acompanhar os passos dela. Ela concordou com a cabeça, esboçando um sorriso.
- E eu achei esse tênis pra você. Acho que estamos quites. – concordou com a cabeça. Os dois voltaram a ficar em silêncio.
- Vai pra onde agora? – lhe perguntou assim que tomou coragem para fazê-lo. Estava estranhamente gay naquele dia. Normalmente ele tinha mais atitude com as garotas. Só que lhe fez sentir diferente e estranho.
- Vou pegar o ônibus pra ir para casa, já que você acabou me fazendo perder a carona da minha mãe. – Ela o acusou com um tom de brincadeira.
- Posso te dar uma carona, se quiser. – Ele disse após pegar as chaves do carro de seu pai no bolso, para balançá-las na frente de . – Pra compensar mais esse erro que cometi com você.
pensou sobre o assunto. Não podia pegar carona com desconhecidos, mas não sentia mais que fosse um. Mesmo porque, lhe parecia bem familiar ao ponto de lhe passar uma confiança inesperada quando conversavam. E ela odiava pegar ônibus, eram sempre cheios e apertados.
- Tudo bem, , desde que você não me seqüestre. – se limitou a gargalhar da fala dela, já que se fosse responder a aquela frase com certeza diria que sequestrá-la seria uma tentação.
- Então vamos até o estacionamento. – concordou e começou a segui-lo. – Onde você mora?
Capítulo Sete.
Percorreram todo o trajeto em silêncio, sendo apenas embalados pelo som ligado. Cada um emerso em seus próprios pensamentos dos acontecimentos anteriores.
Em poucos minutos, o carro estacionara em frente à casa da . A mesma encarou o local e depois se virou para , que já estava com um meio sorriso no rosto.
- Então, está entregue agora. – Disse ele com certo tom de desanimação que não chegou a perceber.
- Estou. Obrigada, . – Ela sorriu e se aproximou do rapaz, depositando em seu rosto um beijo um pouco mais demorado do que ela realmente esperava dar. Assim que se afastou percebeu os olhos de fechados, o mesmo que estava apreciando o momento.
retirou seu cinto de segurança e abriu a porta do carro. Saiu de lá soltando um suspiro e sentindo-se muito confusa. O que estava acontecendo com os sentimentos dela, afinal?
- ! – Ela parou em frente à porta de sua casa ao escutar seu nome sendo chamado por ele, virou e viu o rapaz indo até ela com suas mãos no bolso da calça jeans. Seu coração começou a bater forte. – Será que eu posso pegar seu telefone? – sentiu seu coração piorar, batendo descontroladamente ao encarar o rapaz aparentemente nervoso à sua frente. E a demora em sua resposta estava deixando ele ainda mais nervoso.
- Okay. – sibilou baixo, evitando gaguejar. abriu um enorme sorriso de alívio e felicidade.
Depois de terem os números trocados, entrou em sua casa eufórica enquanto voltava praticamente saltitante para seu carro. não via a hora de poder contar aquilo para e estava louco para chegar em casa e contar tudo para sua irmã.
escutou seu celular tocando insistente em cima do criado-mudo e correu até ele, já sabendo quem estava ligando. O toque era de .
- OI, AMIGA! – Atendeu ao telefone gritando e se jogou em sua cama. – Como você tá, piranha? Sobreviveu sem mim? – gargalhou do outro lado da linha.
- Sua cachorra! Eu devia te desertar por me abandonar por tanto tempo!
- Ui, que elogio, fedelha! Amanhã eu vou te contar por que fiquei mais uma semana nos EUA.
- E por que não conta hoje, sua safada? Aposto que tem um americano lindo e gostoso nessa história! – gargalhou. Como sentira falta da amiga.
- Amanhã na festa, sua curiosa! Tenho uma surpresa pra você!
- Opa! Surpresa pra mim? O que é? Me conta, . – fez uma voz manhosa que arrancou uma risada de . Ela adorava atiçar a curiosidade da amiga, mas aquela surpresa não seria mais uma surpresa se dependesse da vontade de para contar.
- Não, , e deixa de nojo! – Ela escutou uma reclamação do outro lado da linha e resolveu ignorar. – Então, algum motivo especial para a ligação, pentelha de Sidney? – soltou um bufo de raiva, primeiro porque odiava ficar curiosa sobre um assunto e segundo que ela também odiava o apelido que recebera da garota popular do colégio. Não que ela ligasse mais, já estava acostumada, mas fazia questão de falar aquilo às vezes somente para irritá-la.
- Na verdade tenho sim, mas não vou te contar mais! – soltou um “Ah!” bem exagerado e rolou em sua cama, tendo que consertar seu cabelo em seguida por causa do movimento.
- Para, ! Eu não te chamo mais de pentelha de Sidney, mas me conta, vai?!
- Não conto! Só conto se você me contar o que é a surpresa! – ficou um minuto escutando o silêncio enquanto pensava sobre o assunto. Ela havia planejado tudo e só daria certo se soubesse na festa. Por mais que estivesse curiosa, não poderia falar nada naquele momento.
- Desculpa, amiga, mas eu já disse que só conto amanhã na festa!
- Então eu também só vou contar sobre o garoto lindo e meio idiota que eu conheci só amanhã na festa! – levantou rapidamente na cama, ficando sentada.
- Sério? E quem é ele? O que aconteceu?
- Ah, agora você quer saber, né? Bom, mas só pra você ver como eu sou boazinha, vou te contar um resumo bem resumido. – concordou rápido, empolgada para ouvir a história. – Eu fui comprar meu vestido pra festa amanhã e achei um numa loja, aí esse menino caiu em cima de mim e acabou rasgando meu vestido. Um imbecil. Só que no final ele pagou o prejuízo e ainda me ajudou a escolher um vestido perfeito que amanhã você vai ver. E ainda me deu uma carona até em casa e pediu meu telefone! – pode notar a empolgação visível na voz da amiga.
- Ah, me conta mais, !
- Não, nem pensar! Te conto amanhã na festa, já que você ta sendo tão mal comigo por não querer me contar nada. Sua cachorra idiota!
- Ok então, sua vadia curiosa! – As duas gargalharam de suas frases por longos segundos.
- Eu vou almoçar, . Cheguei e nem me lembrei da comida, agora que a barriga tá roncando que deu pra lembrar. – gargalhou da fala da amiga e atentou o ouvido, escutando alguém lhe chamar em casa.
- Eu também tenho que desligar, alguém tá me chamando aqui. – Disse, vendo que era seu irmão que acabara de chegar em casa.
- Estava com saudade, piriguete.
- Eu também, bruaca.
- Beijo.
- Beijo e até amanhã! – Desligou o telefone sorrindo, vendo seu irmão entrar em seu quarto e se jogar em sua cama.
Capítulo Oito.
- Que elogio, hein? – Ele disse debochado enquanto a deitava na cama ao seu lado.
- Não é da sua conta, maninho. – enfatizou o “maninho” e viu rolar os olhos. – Por que você invadiu a minha casa e o meu quarto, hun? Não tava indo para a república? – Perguntou abraçando ele assim que o mesmo ameaçou ficar bravo.
- Eu tava indo, mas resolvi passar aqui antes. Você não sabe o que me aconteceu hoje. – Ela ergueu sua sobrancelha e fez sinal para que ele continuasse. – Eu fui naquele shopping comprar um tênis novo e acabei conhecendo uma garota lá. Foi bem estranho porque eu tropecei numas caixas de sapato e acabei caindo em cima dela e, pra piorar, rasguei o vestido que ela ia comprar. – começou a escutar tudo com atenção.
Depois de lhe explicar todo o ocorrido, teve que se segurar para não demonstrar como estava surpresa. O mundo era realmente muito pequeno, já que e se encontraram sem nem ao menos saberem que eles tinham algo em comum: Ela.
- O que você acha? Eu ligo pra ela? – pareceu acordar de um breve momento de transe ao escutar a pergunta do irmão.
- Acho melhor não, mano. Amanhã tem a festa na república e você não vai querer sair com a garota hoje pra ficar com outras amanhã, vai? – Ele negou com a cabeça.
- Você tem razão, maninha. Amanhã eu quero pegar todas mesmo. Conhecer bem as londrinas, se é que você me entende. – rolou os olhos. – Mas essa garota, a , ela me deixou diferente, sabe? Com ela eu poderia até tentar ter algo sério. – controlou a gargalhada que se formara em sua garganta e se limitou a sorrir e concordar com a cabeça.
- É assim que se fala, ! – Ela deu um beijo na bochecha dele, que sibilou um “eca” em meio a uma gargalhada.
- Bom, já que eu te contei tudo, eu vou pra casa! Manda um beijo pro velho! – Disse se levantando e dando um beijo leve na testa da irmã. Ela concordou com a cabeça e apenas observou até que seu irmão sumisse de seu quarto.
Voltou a deitar-se em sua cama e agora sem controlar os sorrisos que surgiam, só em imaginar a festa do dia seguinte. e . O destino foi muito melhor do que a encomenda! agora estava louca, mais do que nunca, para que aquela festa da república chegasse logo, principalmente para ver as reações de seu irmão e sua melhor amiga.
Capítulo Nove.
O relógio já marcava nove horas da noite. esperava chegar à sua casa e aproveitava o seu pequeno atraso, que não era muito normal, para dar uma última retocada na maquiagem. Não podia evitar um sorriso toda vez que se olhava no espelho e via o quanto estava bonita. tinha razão, aquele vestido fora feito para ela. E toda vez que ela a olhava com aquele vestido, desejava mesmo sem querer, que estivesse lá para vê-la daquele jeito.
Suspirou, tentando tirar de sua cabeça, que por sinal não havia ligado para ela. Pegou seu brilho labial e passou em seus lábios quando escutou a campainha. havia chegado. Estava na hora de curtir a festa mais esperada das férias!
- Ai, meu Deus! - soltou essa assim que viu sua amiga descendo as escadas. Não acreditou na perfeição que era o vestido que seu irmão havia escolhido para ela. – Você tá perfeita, amiga! – Saiu ao seu encontro e lhe deu um abraço apertado, em meio a pequenos pulinhos de felicidade por se reencontrarem.
- E você também está, sua boba! – disse assim que se soltaram.
- E esse vestido perfeito? Como você conseguiu achar sem mim? – soltou essa, já que quem contara a história fora seu irmão. Queria ouvir a versão da amiga.
deu uma risada e começou a sair de sua casa dando um “tchau” para seus pais. fez cara de aborrecida e a seguiu, já que ela não quis contar logo de uma vez.
- Conta, , sua vaca! E aquela história do menino da loja? – disse, entrando no carro de seu pai assim que viu cumprimentando o mesmo e entrando no banco de trás do carro.
- E a minha surpresa? – Ela perguntou, maldosa. rolou os olhos, pensando “tá na festa nem sabendo que você é você”. Tentou não sorrir com isso.
- Eu já disse, tá lá na festa! – deu um bufo e cruzou seus braços. – Conta, amiga! Lá vai estar o maior barulhão e eu vou entender apenas metade das suas palavras! Você sabe! – Ela apontou, acusando a mesma, que acabou cedendo. estava realmente louca pra contar tudo a amiga.
teve que fazer suas melhores “caras e bocas” para ser bem convincente de que estava surpresa com tudo o que sua amiga lhe contava. Assim que finalizou, ela deu seus gritinhos animados com a parte que ele havia pegado seu telefone.
- E ele ligou? – , com uma decepção bem aparente, fez que não com a cabeça. forçou-se a não sorrir. Tinha que parecer verdadeira e ficar decepcionada.
- Ah, amiga! Nem fica assim! Sabe a minha surpresa? – ficou completamente vidrada nas palavras de , com sua total curiosidade. – Bom, é que meu irmão veio para Londres!
- O seu irmão só por parte de pai? – Ela perguntou curiosa. concordou com um sorriso.
- Esse mesmo! Por isso nós ficamos lá uma semana a mais. Estávamos ajudando ele com a mudança e tudo o mais! – sorriu.
- E o que isso tem a ver com a minha surpresa? – pareceu desentendida e fez uma cara maliciosa, dando de ombros.
- Eu só acho que você vai virar minha cunhada, só isso. – deu leves tapinhas na amiga, mas pararam assim que viram as dependências da London University. e agradeceram a carona do pai de e desceram do carro.
Capítulo Dez.
- Tá lotado lá dentro. – disse, impressionada assim que chegaram à porta da república onde a festa estava acontecendo. concordou com a cabeça.
- Vamos logo! To com saudade dessa galera doida! – Saiu, puxando a amiga pelo braço que gargalhou.
- Você tá é querendo me jogar pra cima do seu irmão! – sorriu.
- Com certeza isso também! – gargalhou, mas logo parou quando as duas adentraram o lugar.
A música alta bombava com The Time do The Black Eyed Peas, já deixando e completamente animadas. analisou todo o lugar que estava muito bem arrumado. Na sala da república eles fizeram uma boate onde prevaleciam os pisca-piscas e os lasers de cor vermelho e verde. Havia também uns puffs coloridos espalhados pelo local, alguns já ocupados por meninas e seus saltos e garotos e suas calças frouxas.
Deu um pequeno puxão em e apontou para um dos sofás. As duas se entreolharam e começaram a gargalhar. Já tinha um casal “pegando fogo” no local. E olha que a festa nem havia começado direito.
Adentraram um pouco mais, esbarrando de vez em quando em alguém. teve que se segurar para não rir quando um garoto muito bêbado veio dar em cima de , que saiu andando sem nem dar atenção para o mesmo. Pra variar, o garoto ainda seguiu as duas até a cozinha da república e quase apanhou de para que ele as deixasse em paz.
- Arrasando corações, hein, ? – disse sarcástica assim que o rapaz finalmente desistiu e saiu da cola das garotas. soltou um bufo de raiva.
- Cala a boca, . Espera só até eu achar meu irmão! – Nesse ponto pegou em cheio, que se encolheu só em imaginar. Ela nem havia visto o irmão da nem por foto. Só sabia que ele morava nos Estados Unidos. Na verdade, ela viu sim uma foto, mas dos dois bem menores, com uns 10 anos. Ele não deve ser lá aquele homem lindo. Pelo menos era o que pensava.
As duas foram para a boate com suas bebidas em mãos. estava com uma mistura de cor verde que nem quis provar, já imaginando que era a bebida mais forte daquele lugar, do jeito que era maluca. Já estava com uma batida de morango com Vodka bem fraca, já que, da última vez que ela exagerou na dose, levou uma terrível bronca e um castigo de seu pai.
Começaram a dançar com algumas amigas de turma que encontraram por ali ao som de Till The Wolrd Ends da Britney Spears. E ficou tão entretida que nem reparou quando se afastou sem dizer nada. E a mesma havia feito isso porque tinha avistado uma pessoa que ela procurava desde o principio da festa. Seu irmão, .
Capítulo Onze.
- Maninha! Tá linda, garota! – abraçou sua irmã assim que viu a mesma se aproximar dele, que conversava com alguns de seus novos amigos e colegas de república. – Mas esse vestido tá muito curto, sabia? Como o velho te deixa sair com um vestido minúsculo desses? – Ele fez pose de irmão mais velho e apenas rolou os olhos, ainda mantendo seu sorriso.
- Deixa de ser bobo, mano! – Ele sorriu. – Então, será que eu posso te roubar dos seus amigos um minutinho? – disse assim que percebeu que todos os quatro garotos da roda encaravam ela e seu irmão. Um em especial lhe chamou a atenção, talvez depois de arranjar e , pediria ao irmão uma ajudazinha com ele, Dereck Motrind.
- Claro que pode! – Ele disse e fez sinal para os outros quatro garotos. – Depois eu encontro vocês! – Os outros concordaram com a cabeça e abraçou a irmã de lado e começou a acompanhá-la. – Então, o que foi? – Perguntou no ouvido da mesma, que parou de andar.
- Lembra da minha melhor amiga? Aquela que eu lhe falei nos Estados Unidos? – Ele pareceu não se lembrar no primeiro momento, mas depois de alguns segundos se lembrou e concordou com a cabeça. – Bom, eu quero te apresentar pra ela. – fez um “Ah” com a boca e abriu um sorriso safado. – Mas tem uma coisa, ! – O sorriso dele murchou e o mesmo ficou atento para escutar as palavras de . – Ela é minha melhor amiga e é uma garota incrível. Se você sacanear com ela eu te mato, tá ouvindo?
se assustou um pouco com a expressão desafiadora de sua irmã. Nunca imaginou que aquela pequena garotinha que conhecera quando tinha oito anos fosse se tornar uma mulher tão bonita e determinada, por mais que ela ainda tivesse seus dezessete anos. Mesmo assim, concordou com o “termo” da irmã, logo em seguida foi puxado pela mão, atravessando a boate.
parou a uma certa distância do seu grupo de amigas e sorriu ao ver que estava bem à mostra no grupo. ainda não havia olhado naquela direção, então o cutucou e apontou na direção das meninas.
- É aquela garota ali, . – Disse em seu ouvido, atenta à sua reação.
olhou na direção que a irmã apontava e de primeira não focalizou bem. Mas não demorou cinco segundos para reconhecer o vestido e depois, a dona do mesmo. Ficou paralisado sem conseguir expressar nem a felicidade e a surpresa que estava sentindo naquele momento.
Capítulo Doze.
- Vem aqui, ! – sentiu seu braço sendo puxado e por pouco não bateu na pessoa que estava fazendo isso. Por sorte ela havia focalizado antes disso ocorrer, pois reconhecer a voz dela naquele barulho todo era impossível.
- Onde é que você tava, sua puta? Você me deixou aqui sozinha, cara! – estava se sentindo irritada com o pequeno sumiço da amiga. Ela nunca fizera isso antes.
- Deixa de ser chata, sua vaca! Eu estava vendo uma pessoa importante. – soltou um bufo, ainda sendo praticamente arrastada pela amiga para perto de . ainda não havia reparado no rapaz parado de forma estática na frente das duas que discutiam.
- E tem alguém mais importante que eu aqui? Nossa, magoei. – fez um bico, parando e cruzando os braços, fingindo uma birra. Só que fora nesse momento que ela olhou para a sua frente, dessa maneira focalizando . Ela paralisou no mesmo segundo, assim como ele fizera instante antes, desfazendo a brincadeira de “estar com birra” e arrancando uma pequena risada da , que via toda a cena.
- Então, , essa é a minha melhor amiga, a . – , após ver que nenhum dos dois reagiria, decidiu fazer isso por eles. Apontou na direção da . – E , esse é o , meu irmão mais velho. – Apontou para o irmão, que pareceu ter acordado de um transe. Acho que ele só esperava a confirmação da irmã para saber mesmo se era a mesma pessoa.
- Nós já... – começou sem graça.
- Nos conhecemos. – completou da mesma forma que ela.
- É verdade, eu fiquei sabendo. A propósito, maninho, lindo o vestido que você escolheu! – não acreditou no que havia escutado. Como ela havia ficado sabendo e não comentou nada?
- Por que você não me contou que ela era a sua melhor amiga? – perguntou, finalmente percebendo a armação da irmã. A mesma abriu um sorriso sapeca.
- Eu queria ver a reação de vocês dois. – Ela deu de ombros.
- E você gostou, sua piranha? – se pronunciou com as mãos na cintura. gargalhou.
- Na verdade, amei! Foi hilário! – bateu palmas para os dois. – Opa! Adoro essa música! E eu acho que vocês dois não precisam mais de mim! – Ela deu uma piscadela para os dois e saiu dançando no meio das pessoas ao som de Set Fire To The Rain da Adele, deixando os dois completamente estáticos frente a frente.
Capítulo Treze.
Alguns minutos se passaram e nem ou conseguiram reagir a aquele efeito que os dois sentiam pelo reencontro. Era uma sensação muito estranha, mas incrivelmente agradável para os dois que apenas se encaravam sem nem ao menos se importarem de estar no meio de uma grande festa adolescente.
Depois de Only Girl In The World acabar de tocar, levou um pequeno esbarro de um dos bêbados da festa, arrancando uma pequena risada de por causa do susto que ele levou com isso. Os dois estavam mesmo vidrados, encarando um ao outro.
- O pessoal daqui é meio louco. Mal começa a festa e eles já estão bêbados! – Ele disse com o tom de voz normal, o que dificultou o entendimento de .
- O que? Eu não entendi o que você falou! – Ela abriu um pequeno sorriso assim que “gritou” essa frase. sorriu e se aproximou um pouco mais dela, deixando o coração dos dois um pouco mais acelerado.
Com a proximidade, encontrou uma grande dificuldade de se lembrar do que havia dito, vendo tão bonita. Estava ainda melhor do que ele havia imaginado quando escolheu aquele vestido para ela.
- Você está linda. – Ele falou sem nem ao menos perceber e, por mais que estivesse ainda no mesmo tom de voz, entendeu por estar encarando o , completamente vidrada. Ela ainda não acreditava que ele era o irmão da e se achou uma burra, agora notando uma grande semelhança entre os dois.
- Obrigada. – Disse com vergonha e por esse motivo esboçara um sorriso tímido.
- Vem aqui comigo! – disse, já puxando pela mão, sem nem se importar com os arrepios que aquele toque lhe causava. estranhou sua atitude, mas mesmo assim o seguiu, tentando inutilmente não esbarrar em alguém enquanto eles atravessavam a boate em direção à porta da república.
Assim que os dois saíram, soltou sua mão, meio a contra gosto, e a guiou até ao lado direito da república onde uma enorme árvore estava plantada e embaixo dela um banco de madeira se encontrava. Ele sorriu ao ver que o mesmo estava vazio, seguindo os dois até lá.
- Eu acho que aqui fica mais fácil para a gente conversar. – Ele começou a dizer assim que os dois se sentaram, podendo observar por uma janela em sua frente à festa que ocorria dentro da república.
- Quer dizer que você é um ? – disse para quebrar o silêncio que havia pairado sobre os dois. concordou com a cabeça e esboçou um sorriso. – Me conta essa história! – Pediu sorrindo.
- Bem, meu pai e minha mãe foram casados por um tempo, na verdade nem sei ao certo quanto. Só que quando eu tinha quatro anos, eles se separaram. Aí meu pai veio morar em Londres e eu fiquei com a minha mãe em Akron. Ele ainda era novo e acabou cometendo um erro, a mãe da engravidou e ele se casou com ela. nasceu quando eu tinha seis anos.
- Nossa! Você não parece ser tão velho. – comentou, interrompendo . Ele gargalhou.
- Eu não me acho velho, só tenho vinte e três. – Deu de ombros. – E você não me parece ser tão nova. – Ela mostrou um sorriso envergonhado e também deu de ombros.
- Mas eu sou, tenho dezoito e estou no último ano do ensino médio. – Ele sorriu. – Mas voltando à história... – Ela fez um gesto com as mãos e concordou com a cabeça.
- Então, só conheci a quando tinha dez anos. – fez uma cara espantada. – Eu sei, eu sei, ela já tinha quatro anos e demorou muito tempo, mas eu não consegui fazer isso antes por causa do meu relacionamento com meu pai. Eu era pequeno, mas entendi tudo. Principalmente o sofrimento da minha mãe quando ele foi nos visitar e contar sobre seu casamento e a gravidez da Megan. Foram tempos difíceis... Eu tinha cinco anos, só que já entendia tudo, sabe? – concordou com a cabeça, vendo o visível sofrimento que ele tinha ao se lembrar da época. – Eu comecei a culpar meu pai por todas as vezes que via minha mãe chorar pelos cantos - o que não era mentira, já que a culpa era toda dele. Só que eu cheguei a um ponto de não querer mais atender suas ligações e, quando chegava a época de suas férias que normalmente ele ia me visitar, eu dizia que não queria que ele fosse. Eu pedi para que ele me deixasse em paz.
- , você era uma garotinho. Não fica assim. – se desesperou o vendo limpar uma lágrima teimosa que caiu. Ele negou com a cabeça e a encarou.
- Lembrar disso me deixa triste. Eu perdi quase quatro anos com o meu pai. O fiz perder coisas importantes da minha infância porque não consegui entender o lado dele! – Ele limpou mais uma lágrima.
- ... – Ela passou sua mão de leve sobre o braço do rapaz, que esboçou um pequeno sorriso.
- Ok! Então, continuando... – se consertou no banco. – Minha mãe superou toda essa história com meu pai quando ela arranjou um namorado, o Peter. Ele é um cara bem legal e agora os dois estão casados. Com isso minha mãe acabou começando a tentar mudar a minha impressão errada sobre meu pai. Ela teve que se esforçar bastante para que isso acontecesse, mas depois de ela me mostrar que ele não fora o único culpado da separação dos dois e que não havia nos abandonado, apenas tinha seguido com a vida dele, o que foi difícil no começo para ela seguir, eu comecei a amolecer. Principalmente quando ela chegou ao ponto de dizer que, se ele realmente tivesse nos abandonado, não se daria ao trabalho de ir nos visitar em suas férias, ou ter indo pessoalmente nos dar satisfação quando a Megan engravidou e ele resolveu que se casaria com ela. A partir daí, nos dois voltamos a conversar por telefone até que ele foi ao meu aniversário de dez anos, levando a consigo para que eu a conhecesse.
- Então é essa a foto que eu vi de vocês dois, na sua festa de aniversário. Você estava vestido de Batman e ela estava de chapeuzinho vermelho. – soltou uma pequena gargalhada com a expressão no rosto de .
- Ah, não! Não me diga que você viu aquela foto horrível? – Ela concordou com a cabeça, prendendo outra gargalhada que queria sair. – Eu vou matar a , cara! – Disse com um tom revoltado que foi o ponto crucial para que soltasse a gargalhada presa em sua garganta. – E você, pára de rir da desgraça alheia! – Apontou na direção dela, que se colocou em posição de defesa, com os braços levantados na altura dos ombros ainda sem parar de gargalhar.
- Tudo bem, . – Disse praticamente sem ar, tentando se recompor. – Não está mais aqui quem viu aquela foto comprometedora. – acabou achando graça do jeito de ela dizer aquela frase e gargalhou, também o fez.
Capítulo Quatorze.
Os dois ficaram uma boa parte do tempo, assim que suas gargalhadas cessaram, encarando pela janela a festa que ocorria na república. Cada um em seus pensamentos. de repente começou a se sentir nervosa com o silêncio que se instalara entre eles – afinal, os dois ainda tinham coisas para esclarecer. Algo que martelava a cabeça de a cada segundo. O motivo pelo qual fez questão que os dois se encontrassem de surpresa naquela festa. O que ele havia dito para ela?
- Então, ... – Disse meio sem graça por ter sido ela a quebrar aquele silêncio que passara a ser desconfortável. passou a encará-la. – Você não me disse por que resolveu vir para Londres. – Fez uma das observações que lhe enchiam de curiosidade. deu um tapa em sua testa, pensando em como foi idiota de ter se esquecido de contar aquilo.
- Ah sim! Me desculpe. – concordou com um meio sorriso e ligeiramente encantada com sua educação ao falar. – Fui aceito nessa faculdade. – Ele dera de ombros deixando surpresa por um momento.
- A London University? – Ele apenas concordou com a cabeça. – Nossa! Meus parabéns! – Ele sorriu em agradecimento, fez o mesmo. – Em que curso?
- Medicina. – Disse apenas depois de soltar uma pequena risadinha. Dessa vez realmente ficara impressionada.
- Eu nunca lhe imaginaria como Médico. – Ela soltou essa completamente sem pensar e, assim que percebeu o que havia dito, tentou consertar. – Quer dizer, não que eu esteja dizendo que você era incapaz ou algo assim! É só... – fez sinal como se não tivesse se importado com sua declaração e sorriu do nervosismo dela.
- Eu sei! Não tenho nenhuma cara de estudar muito para ser médico. – Ele a encarou de modo sugestivo e ela concordou com a cabeça e um pouco de timidez. apenas sorriu, compreendendo. Já escutara aquilo várias vezes em Akron. – Não se preocupe com isso. Já escutei muito essa dedução e até mesmo eu cheguei a pensar que tinha nascido para a música. Até tinha uma banda por lá no colegial. – Dera de ombros novamente. – Mas descobri que queria ser médico quando sofri um acidente de carro com os guys. – arregalou os olhos com curiosidade e surpresa. – Ah! Mas isso é uma longa história! Resumindo... – Ela gargalhou concordando com a cabeça. – Eu fiquei bem ferrado, sabe? E tive um médico muito bom que ajudou a mim e a meus amigos. Como eu já tinha notas muito boas por causa da pressão da minha mãe... – Rolou os olhos com um sorriso no rosto, lembrando-se da mãe naquela época. – Eu só tive que me esforçar mais um pouco e conseguir algumas notas A em Biologia. O resto eu ficava feliz de conseguir A’s de vez em quando.
- Meu Deus! Eu estou conversando com um nerd! – Falou com um tom palhaço que fez lhe bagunçar os cabelos sibilando um “Pára!” – Parabéns, futuro Doutor ! – Ele fez pose como se pensasse na frase, depois fez uma cara convencida que fez rolar os olhos de propósito, como se desprezasse aquela atitude egocêntrica.
- Soa muito bem, sabia?
Ficaram em pequenas provocações de ambos os lados com o assunto da faculdade em meio a muitas gargalhadas. Tiveram também a visão de pela janela conversando com um dos moradores da república e recém amigo de . O mesmo que quase foi correndo para dentro do local quando viu o rapaz, Dereck Motrind, beijar . A sorte dela é que foi impedido por .
- Olha só. Pra piorar, eles ainda deixam o clima romântico lá dentro. – disse com uma aparente raiva de irmão ao escutar que a então música agitada fora substituída pela lenta Paradise do Coldplay. apenas o olhou de relance, negando com a cabeça ao voltar a encarar e o garoto pela janela, balançando seu pé envolto no salto ao som da música.
- Não é uma música romântica, só um pouco mais lenta. – Disse sem encará-lo começando a cochichar a letra da música. até iria contestar, mas resolveu não fazê-lo; observá-la era muito melhor. Percebeu o quanto seus olhos brilhavam em direção à festa e resolveu tomar uma atitude.
- Você quer ir dançar? – Perguntou com a voz um pouco baixa, tímido. voltou a encará-lo e pensou em como ele ficava lindo daquele jeito envergonhado. Voltou a olhar para a janela, o que fez pensar por um segundo que ela não estivesse a fim. , na verdade, só não conseguia responder olhando em seus olhos.
- Eu adoraria. – Disse e depois abriu um pequeno sorriso. fizera o mesmo, se levantando do banco e ficando de frente para ela. Em um gesto de brincadeira, ele abaixou seu tronco e lhe estendeu a mão, como a pose que faziam para a realeza em Londres.
- Me acompanhe até o salão, Duquesa . – Disse com voz galante que fez gargalhar por um momento, para depois entrar na brincadeira. A mesma estendeu sua mão direita até ele e fez uma reverência com o vestido, o que deixou de fato mais encantado com sua beleza.
- Estou muito honrada, querido príncipe. – Os dois voltaram à sua postura normal e caminharam até a entrada da republica ainda de mãos dadas e dando gargalhadas de vez em quando. Nenhum dos dois estava se sentindo incomodado pelo contato que estava acontecendo; pelo contrário.
Assim que chegaram ao meio da boate, muitos casais estavam dançando a música que havia acabado de começar, It Will Rain do Bruno Mars. Alguns rapazes ainda tentavam a sorte com algumas das garotas sozinhas no local, o que causou uma pequena risada de .
Os dois pararam meio tímidos, frente a frente. deu um meio sorriso e colocou suas mãos na cintura de . A mesma retribuiu o sorriso e envolveu o pescoço de com suas mãos. Ele sentiu um arrepio lhe percorrer desde a nuca até a ponta de seus pés.
Começaram a se mover lentamente, ainda um pouco desajeitados. Estavam se conhecendo pouco a pouco e apreciando as sensações que o contato lhes oferecia. Aos poucos os dois pegaram o jeito e começaram a dançar em sincronia, sendo embalados pela música.
e sentiram como se nada mais existisse naquele lugar assim que seus olhares se cruzaram. Era uma conexão muito forte e intensa que causou em uma pequena tremedeira, imperceptível por .
Hipnotizado, levou sua mão direita até o rosto de , acariciando de forma carinhosa sua bochecha. Ela fechou os olhos automaticamente por causa do contato, sentindo um formigamento estranho no local em que ele tocava.
Ao perceberem o que estava prestes a acontecer, sentiram seus corações palpitarem em um ritmo intenso assim que a proximidade de seus lábios se tornou quase nula, apenas porque quis, antes de tocar seus lábios nos dela, encará-la profundamente nos olhos para depois fechá-los e sentir o tão esperado contado de seus lábios.
No começo ficaram apenas em um selinho demorado, o qual apreciou a maciez dos não tão pequenos lábios de . Ela, por sua vez, estava nervosa, motivo para não ter tomado nenhuma atitude quanto à demora para o real beijo acontecer.
E quando isso aconteceu, ela estremeceu completamente.
percorreu toda a extensão de seus lábios com sua língua e pediu passagem com a mesma em seguida, a qual cedeu no mesmo instante. Assim que suas línguas se chocaram, foi possível sentir um arrepio percorrer completamente o corpo dos dois, que não tiveram a mínima intenção de parar com aquilo.
Aos poucos, os dois foram ficando mais soltos, como se já se conhecessem há muito tempo, pois suas bocas se beijavam em uma harmonia invejável para qualquer casal com muito tempo de namoro. , perdendo sua timidez, puxou os cabelos de com um pouco de força enquanto sua mão direita lhe fazia carinho nas costas. Já apertava com força a cintura de enquanto sua mão esquerda lhe fazia carinho na bochecha.
Quando se separaram, por estarem sem ar e precisarem de um pouco de fôlego, os dois se encararam com bobos sorrisos nos rostos. Não havia necessidade de nenhuma palavra, apenas aquele olhar e aquele sorriso traduziam tudo.
Capítulo Dezesseis.
Ano 2076 D.C.
- Depois que isso aconteceu, nós dois fomos procurar algo para beber, acho que para desviar a atenção do que havia acabado de acontecer, e então...
- E então eu vi os dois entrarem de mãos dadas na cozinha e quase tive um ataque cardíaco! – Ela sempre tem que me interromper. É impressionante!
- ! Não fale desse jeito! Eles são novos, podem pensar que você passou mal de verdade! – deu de ombros assim que acabei de cochichar a frase e rolou seus olhos. Bem típico da .
- Vovó! Então foi assim? E depois disso, vocês dois começaram a namorar? – Concordei com a cabeça para confirmar a pergunta de Stella.
- Foi um amor à primeira vista! – Exclamou impressionada minha netinha mais nova, Mary.
- A senhora e o vovô devem ter se gostado muito pra ficarem juntos por tanto tempo! – Lillian disse com sua pose de sonhadora apaixonada. Ela era como eu nessa idade, diga-se de passagem.
Senti meu pequeno coração fraco reclamar de dor com as lembranças que surgiram sem aviso prévio. Não sei se percebeu, só sei que dessa vez, ela abriu a boc apara falar na hora certa.
- Hum, crianças, está na hora de ir para cama! – Elas exclamaram sons raivosos e indignados. – Eu e sua avó não temos mais tanta disposição para ficarmos acordadas como antigamente. – Ela se levantou da poltrona e começou a guiar os meus cinco netos e os seus três netos para a escada que dava acesso aos quartos.
Aos poucos fui recebendo os abraços de “Boa noite vovó” e “Boa noite tia ” de cada um deles o qual retribuía com um sorriso e um beijo em suas testas. Edward, meu neto mais velho, foi o ultimo a ir me dar boa noite.
- A senhora sente muita falta dele né vovó? – Perguntou baixinho alisando meus cabelos que já estavam brancos. Eu já havia desistido de pintá-los.
- Sim querido. Sinto muita. – Soltei um suspiro pesado ao vê-lo dar um meio sorriso e beijar minha bochecha.
- Eu também vovó. Queria que ele estivesse aqui. – Disse antes de me virar as costas e se direcionar ás escadas, onde já o chamava.
- Está tudo bem? – me fez essa pergunta assim que retornou, me assustando um pouco por eu estar distraída, mergulhada em lembranças. Concordei com a cabeça, concertando meus óculos de grau. – Continua com problemas para dormir? – Perguntou de uma forma preocupada analisando minha expressão.
- É muito difícil. – Ela concordou com a cabeça. – São sete dias sem senti-lo. Sete dias dormindo naquela cama vazia. Não vai ser algo com que eu possa me acostumar com facilidade. – Ela pegou em minha mão com delicadeza e depois se levantou.
- Tenho certeza que ele deita lá com você todas as noites. Ele prometeu nunca te abandonar, se lembra? – Concordei com a cabeça me levantando também.
- E eu prometi o mesmo. – sorriu brevemente, me dando um abraço.
- Eu vou dormir. Boa noite . – Saiu acenando indo até o seu quarto em minha casa. Não sei o que teria sido de mim se ela não tivesse ficado aqui comigo nesse momento difícil. Desde o dia que morreu, ela não desgrudou de mim nem por um segundo, e mesmo sendo também muito difícil para ela ter perdido o irmão, ela não demonstrava nunca perto de mim, apenas me dava apoio.
Mesmo eu dizendo a ela, protestando para que ela não ficasse lá em casa, não havia tido jeito, e nem Richard me ajudara com isso, acabou concordando que o melhor seria mesmo que ela ficasse aqui. Que seria bom já que ele tinha muitos afazeres na empresa e que aqui teria distrações maiores. E nesse sábado nós realmente tivemos distrações com os nossos netos praticamente explodindo a casa a cada minuto.
Sorri, sacudindo minha cabeça enquanto andava até as escadas e subia para o meu quarto. Fiz o processo bem devagar, já que as minhas pernas já não estavam com sua força e firmeza suficientes para fazê-lo ás pressas. Concluído o trajeto, dei passos também lentos até a porta do meu quarto, abrindo a porta do mesmo bem devagar.
Capítulo Dezessete.
Era muito difícil entrar ali e ver todas as lembranças. Ver que tudo ali tinha um pedacinho dele, do meu . Encarei cada parede, cada porta-retrato, cada mínimo centímetro dentro daquele local. E o cheiro... Ah, sim! O cheiro de seu perfume que impregnava o ar parecia ainda mais forte naquela noite, como se ele estivesse acabado de borrifá-lo em seu pescoço e pulsos. Ah, como eu adorava aquele perfume!
Andei até a cama e me deitei na mesma, mergulhando meu nariz no travesseiro que costumava ser de . Hoje ele é quem me faz companhia nessas longas noites mal dormidas. Ele e as lembranças.
Levantei meu olhar e vi o porta-retrato no criado-mudo. Eu e no dia de nosso casamento, juntos, sorrindo felizes. Peguei-o com minha mão tremula e encarei bem o rosto de meu amado naquela época. Fazia um ano que ele havia se formado em Medicina, e eu tinha acabado de me formar em Ciências Biológicas.
Abracei o objeto com força e senti algumas lágrimas rolarem por meus olhos enrugados. Encolhi minhas pernas, ficando de conchinha na cama, me sentindo ridícula já que eu nunca mais dormiria daquela forma. Não sem comigo.
- Você prometeu não me abandonar, mas acabou fazendo isso. – Minha voz saiu em um sussurro embargado pelo choro. Senti um vento forte passar pela janela do quarto e me deixar arrepiada por causa do frio que causara em minha pele. Abri meus olhos num salto, assustada. Olhei ao redor do quarto, mas não vi nada, nem ninguém.
Puxei meu edredom e voltei a me deitar, ainda abraçada com força à nossa foto. Fechei meus olhos com força, mentalizando seu rosto alegre. O rosto pelo qual eu me apaixonei quando tinha dezoito anos.
- Eu não sei se aguento viver mais um dia sem você! É torturante demais, . – Desabafei para o rosto em minha mente, o mesmo que fizera uma cara brava em minha cabeça, como ele fazia quando se chateava com alguma besteira que eu havia feito ou dito. “Não quero que você diga isso. Eu sempre vou estar com você, te ajudando a ser forte.”
Abri meus olhos rapidamente e levantei meu tronco de leve, procurando algo que eu nem sabia realmente se iria encontrar. Esfreguei meus olhos e olhei novamente. Nada.
- Ótimo! Além de velha, estou ficando maluca! – Neguei com a cabeça, voltando a me deitar, com o coração palpitando por causa da pequena alucinação que tive.
Escutei uma gargalhada. Não uma qualquer, era a gargalhada dele. “Seu senso de humor continua intacto como sempre!”
Dessa vez me levantei, ficando sentada, com meu coração quase saindo pela boca. Percorri o quarto com os olhos e quase desmaiei quando vi uma figura embaçada próxima à janela do quarto. Era difícil de ver, mas eu consegui enxergá-lo. Sorrindo para mim como um anjo. “Olá, meu amor.” Sua voz um pouco estranha ecoou por meus ouvidos, me causando um arrepio. “Eu não tenho muito tempo.” Parecendo flutuar, ele veio até mim, sentando-se na beirada da nossa cama de casal. “Vim pedir para que você acabe com essas bobagens. Eu quero que você fique bem, que curta o resto da sua vida.” Não sei se era medo ou surpresa por ele estar ali, mas nenhuma palavra que eu tentava dizer saia da minha boca. “Não é porque a minha vida acabou que a sua também deve acabar!” O vulto de seu braço se estendeu em minha direção e sua mão tentou tocar meu rosto, mas eu não consegui sentir seu toque quente como antes, senti apenas um arrepio gélido percorrer aquele local.
Ele sorriu para mim de forma triste, como se tivesse esperança de que poderia me tocar estando daquela maneira. “Eu preciso ir.” Entrei em desespero e comecei a negar com a cabeça, ainda sem conseguir falar nada. “Eu vou esperar por você.” Sua imagem se afastou, começando a desaparecer pelo quarto. “Eu te amo, . Para sempre.” Assim que a ultima palavra ecoou em meus ouvidos, pisquei meus olhos e sua imagem já havia desaparecido.
Deitei na cama novamente, sentindo um cansaço me abater. Acho que todas as noites mal dormidas nessa semana vieram com força agora. Antes de fechar os olhos, sabendo que eu iria adormecer se o fizesse, peguei o porta-retrato mais uma vez e encarei na foto. Sorri, passando meu polegar por seu rosto na imagem.
- Eu também te amo, , para sempre. – Abracei o porta-retrato e fechei meus olhos, sentindo como se ele estivesse me abraçando, formando a conchinha com a qual dormíamos juntos há 56 anos, escutando sua voz ecoar em meu ouvido como ele sempre dizia para mim antes de dormir: “E pensar que aquele vestido me fez encontrar a mulher da minha existência...”
Fim.
nota da autora:Queridas leitoras! Como estão? O que acharam da fanfic? Ficou bonitinha? Hun? Ah, me contem tudo, quero saber todas as opiniões ok? Mais uma fanfic da Saáh Diaas! Aêe o/
Quem aí quer que um garoto idiota e lindo rasgue seu vestido perfeito agora hein?HAHA
Se for pra acabar casando com ele, quem sabe né? Principalmente se for o seu guy preferido! Ok, chega de falar! :D
Espero que vocês chucas tenham gostado de That Dress, principalmente a Marcella Souza já que essa fic foi do Amigo Secreto do POP, meu presentinho para ela! :D
*-----*
Beijos e Abraços flores lindas desse jardim! Kkkkk’
Qualquer coisa estou aqui sempre ->
@SahDiias
SaahDias.tumblr.com
dannyjones-InMyPants.tumblr.com
nota da beta: Adorei a fanfic, super fofa e boa de se ler!
Enfim, viram erros na fanfic? Por favor, me avisem por aqui ou pelo twitter e eu corrijo rapidinho, pode ser?
Uma beijoca para todos. Paah Souza.