A null desligou o despertador com raiva. Tinha se esquecido como era difícil acordar cedo, mas também, pudera, quase dois meses de férias e o máximo que ela já acordou fora às onze horas da manhã. Isso era acordar cedo em seu vocabulário e não às oito horas, para comprar o bendito vestido para a festa de despedida das férias no dia seguinte. Só que, como a null era a null, um dia só talvez não fosse o suficiente para achar o vestido perfeito; Não que a festa fosse “chique” ou algo do gênero, mas ela estaria recheada de garotos lindos daquela república.
Levantou praticamente arrastada e foi até seu banheiro, começou a se despir bem lentamente sentindo o frio do tempo dando pequenos choques em seu corpo quente pelas roupas e o enorme edredom que dormia. Só tinha seis meses que morava em Londres e era bem difícil acostumar com aquele clima quando se morava na Austrália. Tinha que escolher logo um dos lugares onde o calor nunca tem a boa vontade de aparecer.
Mas Londres era incrível, só tinha um detalhe que lhe deixava irritada naquele lugar: a frieza dos ingleses. Foi muito difícil ela se segurar para não comprar uma passagem de volta pra Sidney na primeira semana. Por sorte, encontrou uma garota legal na escola. Seu nome era null, mas ela só gostava de ser chamada por null. null achava aquilo desnecessário, o nome dela era lindo e muito nobre; já null dizia sempre que ela tinha nome de gente velha e que quando fosse realmente velha deixaria os outros chamá-la por null.
Dá pra imaginar quantas gargalhadas null já proporcionou a null. Ela dizia que era de uma família de comediantes, pessoas que não tinham a mínima vergonha na cara de fazer palhaçada com Londrinos enjoados. Na verdade, de fazer palhaçada com qualquer um. null era a única que adorava as brincadeiras e palhaçadas da pequena null e por isso deram tão certo.
null entrou embaixo do chuveiro assim que teve certeza que a água do mesmo estava bem quente. Àquela hora da manhã, se estivesse morna ela desmaiaria congelada com tanto frio que sentia. Também, no inverno Londrino... Deixou seu corpo relaxar enquanto pensava em como compraria aquele vestido sem a ajuda da null. A mesma a abandonou no meio das férias, tinha viajado com o pai para os Estados Unidos e só voltaria na semana passada. Bem, isso foi antes de ela ligar e dizer que se atrasaria um pouco pra voltar, mas estaria aqui para a festa de despedida das férias da escola e da faculdade London University.
Saiu do banheiro contrariada, por causa do frio que começara a sentir. Correu até seu guarda-roupa e catou uma calça jeans azul claro, sua blusa de frio preferida branca com a estampa do Mickey e Minnie babys de quando ela fora à Disney, sua jaqueta de couro – aquele dia estava realmente frio – preta sem detalhes e sua bota preta de cano baixo e salto baixo. Prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo por já imaginar a ventania que se encontrava fora de sua casa - ela odiava ter que ficar consertando seu cabelo a todo segundo.
Tomou seu café da manhã com sua mãe e saiu de carro com a mesma pegando uma carona até o shopping, aproveitando que era caminho do trabalho dela. O caminho não demoraria, mas, para não perder o costume, colocou seus fones de ouvido e apertou play na música Hotel Califórnia. Ela adorava clássicos dos anos 80 e 90, e amava aquela música. Ficava completamente envolvida com sua melodia.
Sua mãe soltava pequenas gargalhadas discretas, rindo de null cantando a música com empolgação e sem perceber do quão alto cantava por causa do volume dos fones. Assim que o shopping fora avistado ela deu stop em More Than Words e guardou seu Ipod na bolsa. Deu um beijo estalado no rosto de sua mãe.
- Queria poder escolher o vestido com você, querida, mas você sabe como é... – Sua mãe deu de ombros e null concordou com a cabeça e um meio sorriso. – Não gaste demais e boas compras! – Completou sua fala e acenou para a filha, que já havia descido do carro. null retribuiu o aceno e viu o carro de sua mãe se perder no meio dos muitos outros naquela rua movimentada.
Capítulo Dois.
- Chega! – Murmurou null em voz alta depois de passar pela quarta loja e não encontrar nenhum vestido que lhe agradasse. Olhou ao redor e avistou um banco vazio em frente a uma livraria. Caminhou em passos largos até lá e se sentou no banco. Sentiu seus pés latejarem dentro da bota e soltou um bufo irritado. Se alguém estivesse escolhendo com ela, com certeza não estaria tão irritada. Normalmente, ela e null passavam por umas seis lojas para conseguir achar a roupa perfeita.
Consertou sua franja, jogando a mesma para trás, e olhou em seu relógio: já se passavam das 11 horas. Se demorasse muito, perderia a carona de volta com sua mãe, que saía do trabalho ao meio dia e meia. Contra sua vontade, ela se levantou e foi em busca de outra loja que lhe chamasse a atenção.
Depois de olhar três vitrines que não tinham nada que lhe interessasse, ela parou em frente a uma que continha um vestido curto vermelho um pouco rodado e com umas pregas estilo balonê que fez com que ela ficasse parada em frente à vitrine por uns bons cinco minutos.
Entrou na loja com um sorriso no rosto e rezando mentalmente para que o vestido ficasse tão perfeito quanto aparentava, procurou com os olhos uma vendedora, mas nem precisou esperar muito, pois logo uma moça loira que aparentava ser um pouco mais velha que ela veio lhe receber.
- Bom dia. Posso ajudar? – Disse a garota com um sorriso amigável em seu rosto. null balançou sua cabeça em afirmação e apontou em direção ao vestido.
- Eu gostaria de experimentar aquele vestido vermelho. – A moça sorriu e começou a se encaminhar até a vitrine.
- Qual é seu nome? – Perguntou franzindo a testa.
- null.
- Prazer, null, eu sou a null. – null sorriu. – Qual é o seu tamanho?
- Acho que me enquadro no extremamente pequeno, já que não sou muito bem provida nas partes altas e baixas. – A funcionária soltou uma pequena gargalhada. – Se é que você me entende. – null deu de ombros, sorrindo.
- É que este vestido é o único da loja. E... – Ela encarou a etiqueta pendurada no vestido e deu um sorriso, voltando a encarar null. – Pelo que parece, é o seu número! – null agradeceu a Deus mentalmente por finalmente ter encontrado o vestido perfeito. E, com certeza, acabaria as compras a tempo de pegar a carona de sua mãe.
- Ótimo! Já estava cansada de procurar um. – Soltou um pequeno bufo.
- Então, vamos ao trocador pra você experimentar? – null concordou com a cabeça e seguiu a moça assim que ela tirou o vestido da vitrine e pediu a uma amiga que colocasse outro no lugar.
Depois de colocar o vestido com o máximo de cuidado, null se encarou no espelho do trocador e ficou completamente apaixonada com o que viu. O vestido lhe caía perfeitamente bem, de modo que ela até se achou com um corpo mais avantajado por causa do bojo bem contornado em seus seios e sua cintura muito bem marcada pelo contorno do vestido. Sem contar que, com o volume das pequenas pregas em balonê, seu bumbum ficou bem mais aparente.
Deu um sorriso ao se imaginar maquiada e com o cabelo muito bem escovado, deixando evidente seu corte repicado de forma irregular. Uma pequena loucura cometida naquelas férias: depois de anos com seu cabelo na cintura, resolvera que embaixo do ombro poderia ser um tamanho interessante para uma mudança não tão radical de seu cabelo.
Imaginou também como os garotos da escola reagiriam àquela transformação. Não que ela fosse popular, mas era bonita e fazia parte do clube de teatro e de dança, chamando a atenção mesmo não sendo de forma intencional. E era muito elogiada pelo cabelo que possuía já que poucas garotas daquele colégio tinham um cabelo tão grande e, principalmente, liso natural.
- E então? Como ficou? – Os pensamentos de null foram cortados pela a voz da null, que batera de leve na pequena porta do trocador. Ela então parou de encarar o espelho e destrancou a porta do mesmo, abrindo-a em seguida. null deu um largo sorriso e não lhe parecera àqueles falsos que normalmente os vendedores davam para poder lhe convencer de que aquela roupa cara havia ficado perfeita em você, quando na verdade estava horrível.
- Eu gostei. – null disse, colocando sua mão na cintura e voltando a se encarar no espelho.
- Só gostou? Ficou incrível! – null a encarou. – Sério, null, só havia três exemplares desse vestido e as donas dos outros dois não ficaram tão perfeitas vestidas com ele como você está! – null soltou um suspiro de satisfação. Por mais que estivesse ainda chateada por ter que escolher aquela perfeição de vestido sozinha, estava feliz por ter sido atendida por uma funcionária aparentemente sincera. – Vai levá-lo?
- Vou sim! – null soltou três palminhas com animação e pediu para que null se trocasse que ela a aguardaria no caixa com seu pedido já pronto. A mesma concordou e trancou novamente a porta, começando a se despir.
Capítulo Três.
- Será que eu não vou achar um maldito tênis que fique bom? – Murmurou null assim que o vendedor lhe deixou mais uma vez, indo buscar outro par de tênis. – Que saudade de casa, mano. – Disse pra si mesmo, bagunçando um pouco os fios de seu cabelo.
Viu o funcionário chegar com mais quatro pares e tratou de logo calçá-los. Precisava de um tênis novo naquele mesmo dia. Não que o seu estivesse velho, mas ele estava em outro país agora. Se o país era novo, suas roupas também tinham que ser. Uma mudança radical.
Não gostou de nenhum, por mais que o funcionário insistisse em dizer o quanto ficaram bons e blá, blá, blá. Ele não ia na onda de vendedores. Se não gostava, não comprava e ponto.
- Tem certeza que não deseja olhar nenhum outro par? – O funcionário insistiu ao ver null se levantar em meio a tantos pares de tênis.
- Tenho sim, obrigado. – O funcionário voltou a insistir, deixando null impaciente. Precisava sair logo dali e ir atrás de outra loja.
null começou a negar com a cabeça as investidas do funcionário para que ele olhasse mais tênis ali, tirando completamente a atenção que antes ele tinha de todos aqueles tênis ao seu redor. Dessa forma, ele tropeçou em um dos pares espalhados pelo chão, indo se apoiar na primeira pessoa que passara ao seu lado no momento da queda. Os dois caíram no chão e a outra pessoa começou a gemer. Procurou o rosto e então viu que era uma garota.
- Me desculpe! Me desculpe, por favor! – Disse null, enquanto era ajudado pelo funcionário que causara tudo aquilo a sair de cima da garota.
- Não, tudo bem. Eu... AI, MEU DEUS! – Ela gritou assim que olhou para sua mão; seu vestido estava com um pedaço rasgado. – Você rasgou o vestido que eu ia comprar! – null disse, acusando o rapaz já erguido em sua frente.
- Desculpa, foi sem querer. – null começava a se desculpar quando a null chegou ao meio dos dois.
- Alguém terá que pagar pelo vestido. – Ela tinha uma voz sentida ao dizer, e seu rosto demonstrava como estava com pena de null. Ela tinha amado aquele vestido.
- Eu é que não vou pagar! Ele que rasgou o meu vestido! – null disse com raiva, apontando o dedo na direção do null. Começara a chorar com todo o ódio que sentia naquele momento. Como ela acharia outro vestido agora?
- Será que não teria como consertar o vestido? Eu pago o conserto. – Ele perguntou a null, que pegou o vestido rasgado das mãos de null, a qual tentava enxugar suas lágrimas e fazê-las pararem de cair, inutilmente. Olhou o estrago por um momento e negou com a cabeça.
- Aqui não tem como consertar, iria ficar horrível. O vestido está perdido.
- Mas que merda. – null sibilou alto, fazendo null sorrir pelo palavrão citado. O problema é que ela viu o sorriso dele. – Você acha engraçado? Eu tenho uma festa pra ir e não tenho a merda do vestido por sua culpa! – Ele levantou as mãos como se quisesse se proteger da fúria dela. – E você vai pagar por ele! – Disse null, pegando o vestido das mãos de null e jogando em cima do garoto.
- Tudo bem, vamos lá ao caixa! – null disse ainda sorrindo, deixando null ainda mais irritada com ele. null sorriu, apontando a direção do caixa para que eles a seguissem.
Capítulo Quatro.
A null balançava seu pé rapidamente, demonstrando o quanto estava nervosa com toda aquela situação. Em sua mente ela martelava apenas uma coisa: “Com que vestido eu vou agora? Maldito seja esse garoto!” todas as vezes que encarava o caixa e via null pagando o vestido que agora já não era mais perfeito.
Viu o garoto desaparecer dentro da loja com null em seu encalço e soltou um bufo. Além de ele ter estragado seu vestido, agora sequestrava sua atendente. Pediria à null que olhasse na loja, talvez houvesse algum vestido parecido com aquele. Tinha que haver.
Estava tão perdida com suas lamentações mentais que não reparou quando null retornara e sentara na cadeira ao seu lado. null estava em pé, na sua frente com um pequeno sorriso.
- Isso é seu. – Ele lhe estendeu o vestido vermelho, deixando null com uma enorme vontade de chorar ao ver o grande rasgado no mesmo. – Eu queria compensar o estrago e te ajudar a escolher outro vestido.
- Não acho que você tenha a capacidade de ter um bom gosto, então eu dispenso. – Disse null com um enorme bico e cruzando seus braços. null se limitou a sorrir de sua atitude infantil.
- Você está enganada. Eu tenho bastante experiência com isso, culpa da minha irmã mais nova que sempre que pode me carrega ao shopping para ajudá-la a comprar zilhões de estilos de roupas diferentes. – null se sentiu um pouco amolecida ao ver a insistência do garoto em lhe ajudar. E ela precisava realmente de ajuda. – Vamos lá! Eu sou quase um profissional. Você vai ver!
null ficou de pé e lhe estendeu a mão. null começou a reparar o rapaz. Seus cabelos levemente bagunçados, o olho claro que destacava em seu rosto de pele clara. Vestia um moletom da Hurley preto com o nome “Hurley” escrito em branco, uma calça jeans azul escuro parecendo ser um numero maior do que ele realmente veste e seu tênis All Star vermelho e preto. Ele era lindo.
- Não custa nada tentar. – Deu de ombros, fingindo não se importar com a certa empolgação que surgiu dentro de si. null deu um largo sorriso quando ela pegou sua mão e viu a mesma se levantar. Olharam suas mãos unidas por um momento e depois, como se tivessem levado um choque, largaram as mãos completamente sem graça.
- Então... – null começou, percebendo o clima que havia pairado entre os dois à sua frente. null e null a encararam com certa vergonha e null limitou-se a apenas sorrir. – Ele até já olhou alguns vestidos ali. Vamos ver? – Confirmaram com a cabeça e null pareceu voltar a si e recuperar toda a sua empolgação de antes enquanto caminhavam até a ala onde os vestidos estavam.
Pararam em frente ao local e null começou a murmurar coisas baixas ao começar a analisar os vestidos. null pareceu perceber o momento em que null deu a entender que também iria olhar alguns vestidos e a parou, afastando-a de perto dos mesmos. null ergueu sua sobrancelha, sem entender a atitude dela.
- Deixa ele lá. Ele tem um dom. Você vai ver! – Cochichou para null, que cruzou os braços e ficou encarando o rapaz que já tinha uns três vestidos pendurados em seu braço direito.
Pouco tempo depois, null foi para perto das garotas com os vestidos nos braços e um largo sorriso no rosto. Passou por elas e parou perto de um balcão onde depositou os mesmos, um do lado do outro. null e null foram ver os vestidos escolhidos.
- Tenho certeza que todos eles vão ficar incríveis em você. – Se referiu á null que por pouco não escondeu sua surpresa ao ver os vestidos incríveis que ele havia escolhido. – Só que eu tenho a impressão de que o vestido rosa é o que melhor se encaixa em você. – Ele começou a analisá-la discretamente e, depois, abriu um sorriso sem graça ao ver que ela havia percebido.
- E por que não o verde? Os dois são muito parecidos e ele também é lindo! – null sugeriu e null concordou de leve com a cabeça, curiosa pela a explicação.
- Exatamente por causa da cor. Ela tem uma pele clara que vai ficar linda com esse tom de rosa, principalmente porque o cabelo dela é preto. – Colocou suas mãos no bolso de seu jeans e deu de ombros. – Não sei, só acho que ela vá gostar mais deste.
- Então, vamos deixá-lo por último! Experimenta esse primeiro. – null disse, pegando o vestido azul e o entregando a null, que sorriu e foi se direcionar para os trocadores.
null já havia se trocado quando null bateu na porta do trocador com um scarpin preto com tachinhas que deixou null apaixonada pelo mesmo. Só teve que aguardar um minuto para que null retornasse com o mesmo só que de outro tamanho, para que ela saísse do trocador.
Experimentou todos os vestidos e o último que faltava era o vestido rosa. Ela já havia se apaixonado pelo cor-de-pêssego, mas null insistia em dizer que sua intuição não falhava. null a acompanhou dessa vez.
Capítulo Cinco.
A null abriu seus lábios escandalosamente, enquanto null estava de costas para o espelho depois de vestir o vestido. Ficou curiosa pela a reação que null teve e virou de uma vez, tendo uma reação que nem ela mesma esperava.
- Meu Deus! Ele só pode ser gay. – Ela sibilou baixo, mas o suficiente para que null escutasse.
- O que? Quem? – Perguntou, ainda não entendendo do que se tratava.
- Aquele garoto, o do vestido! – null finalmente percebeu e concordou com a cabeça, sorrindo. – Não tem condições um homem saber escolher só de olhar um vestido perfeito para mim! Nem minha melhor amiga conseguiu essa proeza! – Ela disse sorrindo, ainda impressionada, analisando mais uma vez o vestido em seu corpo.
- Não acho que ele é gay. Eu tenho faro para isso. – null demonstrou sua descrença para aquela frase com um rolar de olhos depois de uma boa olhada em null. – E pra você ver que eu estou certa, vamos lá fora mostrar pra ele. Se ele falar elogiando o vestido de primeira, ele é gay. Se elogiar você de primeira, ele é macho! – null reprimiu sua gargalhada e concordou. Deu uma última olhada no espelho e saiu logo atrás de null.
null viu null sair com um sorriso no rosto e lhe dar um “joinha” com o polegar. Encarou a entrada do trocador, já imaginando como null estaria quando saísse de lá e se sentiu completamente idiota pensando isso.
null apareceu com um sorriso tímido e parou assim que dera poucos passos para perto dos dois. Ficou esperando uma reação de null que não viera por alguns segundos. Ele estava admirado com tanta beleza.
- Uau! Você está linda. – Disse quase hipnotizado. Ao ver a cara de null como se não tivesse o entendido, logo tratou de consertar, percebendo o que dissera. – Quer... Quer dizer. O vestido ficou incrível em você! Como eu disse! – Falou nervoso, bagunçando seus cabelos e desviando seu olhar do de null.
null deu um olhar sugestivo à null como se dissesse: “Ele não é gay! Eu disse!”. Ela apenas se limitou a sorrir.
- Er... Obrigada! – Falou, sentindo-se nervosa sem nem ao menos ter alguma explicação para sentir-se assim. – Eu gostei realmente dele. Vou levar, null! – A mesma concordou com a cabeça e apontou o caixa, enquanto null ia até o trocador retirar o vestido.
Capítulo Seis.
- Espero ver vocês dois em breve! – null se pronunciou ao dar adeus a null e null, que saíam juntos da loja. Eles concordaram com a fala dela e sibilaram um “Nós também!” antes de sair do local.
Os dois andaram alguns passos sem dizer nenhuma palavra. null andava com três sacolas, uma com o vestido escolhido por null, a outra com o vestido vermelho rasgado e a última com o scarpin que null lhe mostrara. Já null andava apenas com uma sacola que continha seu tênis novo ajudado por null e null a escolher.
- Então... Eu ainda nem sei o seu nome. – null finalmente se pronunciou com um meio sorriso. null se assustou levemente, ao reparar que ele estava certo, não sabiam mesmo o nome um do outro.
- É null, mas pode me chamar de null. – Disse com um sorriso enquanto os dois paravam de andar. null lhe estendeu a mão e ela copiou seu gesto, pegando a mão dele.
- E eu sou o null. Ou null, se preferir. – Deu de ombros e beijou de leve a palma da mão de null, que se sentiu completamente estranha e arrepiada com aquele gesto. – Muito prazer em te conhecer.
- Eu já não posso dizer o mesmo. Você rasgou meu vestido perfeito. – Ela disse, voltando a andar para tentar disfarçar a reação desconhecida que seu corpo sentira.
- Hey, mas eu achei outro pra compensar! – Falou andando também para acompanhar os passos dela. Ela concordou com a cabeça, esboçando um sorriso.
- E eu achei esse tênis pra você. Acho que estamos quites. – null concordou com a cabeça. Os dois voltaram a ficar em silêncio.
- Vai pra onde agora? – null lhe perguntou assim que tomou coragem para fazê-lo. Estava estranhamente gay naquele dia. Normalmente ele tinha mais atitude com as garotas. Só que null lhe fez sentir diferente e estranho.
- Vou pegar o ônibus pra ir para casa, já que você acabou me fazendo perder a carona da minha mãe. – Ela o acusou com um tom de brincadeira.
- Posso te dar uma carona, se quiser. – Ele disse após pegar as chaves do carro de seu pai no bolso, para balançá-las na frente de null. – Pra compensar mais esse erro que cometi com você.
null pensou sobre o assunto. Não podia pegar carona com desconhecidos, mas não sentia mais que null fosse um. Mesmo porque, null lhe parecia bem familiar ao ponto de lhe passar uma confiança inesperada quando conversavam. E ela odiava pegar ônibus, eram sempre cheios e apertados.
- Tudo bem, null, desde que você não me seqüestre. – null se limitou a gargalhar da fala dela, já que se fosse responder a aquela frase com certeza diria que sequestrá-la seria uma tentação.
- Então vamos até o estacionamento. – null concordou e começou a segui-lo. – Onde você mora?
Capítulo Sete.
Percorreram todo o trajeto em silêncio, sendo apenas embalados pelo som ligado. Cada um emerso em seus próprios pensamentos dos acontecimentos anteriores.
Em poucos minutos, o carro estacionara em frente à casa da null. A mesma encarou o local e depois se virou para null, que já estava com um meio sorriso no rosto.
- Então, está entregue agora. – Disse ele com certo tom de desanimação que null não chegou a perceber.
- Estou. Obrigada, null. – Ela sorriu e se aproximou do rapaz, depositando em seu rosto um beijo um pouco mais demorado do que ela realmente esperava dar. Assim que se afastou percebeu os olhos de null fechados, o mesmo que estava apreciando o momento.
null retirou seu cinto de segurança e abriu a porta do carro. Saiu de lá soltando um suspiro e sentindo-se muito confusa. O que estava acontecendo com os sentimentos dela, afinal?
- null! – Ela parou em frente à porta de sua casa ao escutar seu nome sendo chamado por ele, virou e viu o rapaz indo até ela com suas mãos no bolso da calça jeans. Seu coração começou a bater forte. – Será que eu posso pegar seu telefone? – null sentiu seu coração piorar, batendo descontroladamente ao encarar o rapaz aparentemente nervoso à sua frente. E a demora em sua resposta estava deixando ele ainda mais nervoso.
- Okay. – null sibilou baixo, evitando gaguejar. null abriu um enorme sorriso de alívio e felicidade.
Depois de terem os números trocados, null entrou em sua casa eufórica enquanto null voltava praticamente saltitante para seu carro. null não via a hora de poder contar aquilo para null e null estava louco para chegar em casa e contar tudo para sua irmã.
null escutou seu celular tocando insistente em cima do criado-mudo e correu até ele, já sabendo quem estava ligando. O toque era de null.
- OI, AMIGA! – Atendeu ao telefone gritando e se jogou em sua cama. – Como você tá, piranha? Sobreviveu sem mim? – null gargalhou do outro lado da linha.
- Sua cachorra! Eu devia te desertar por me abandonar por tanto tempo!
- Ui, que elogio, fedelha! Amanhã eu vou te contar por que fiquei mais uma semana nos EUA.
- E por que não conta hoje, sua safada? Aposto que tem um americano lindo e gostoso nessa história! – null gargalhou. Como sentira falta da amiga.
- Amanhã na festa, sua curiosa! Tenho uma surpresa pra você!
- Opa! Surpresa pra mim? O que é? Me conta, null. – null fez uma voz manhosa que arrancou uma risada de null. Ela adorava atiçar a curiosidade da amiga, mas aquela surpresa não seria mais uma surpresa se dependesse da vontade de null para contar.
- Não, null, e deixa de nojo! – Ela escutou uma reclamação do outro lado da linha e resolveu ignorar. – Então, algum motivo especial para a ligação, pentelha de Sidney? – null soltou um bufo de raiva, primeiro porque odiava ficar curiosa sobre um assunto e segundo que ela também odiava o apelido que recebera da garota popular do colégio. Não que ela ligasse mais, já estava acostumada, mas null fazia questão de falar aquilo às vezes somente para irritá-la.
- Na verdade tenho sim, mas não vou te contar mais! – null soltou um “Ah!” bem exagerado e rolou em sua cama, tendo que consertar seu cabelo em seguida por causa do movimento.
- Para, null! Eu não te chamo mais de pentelha de Sidney, mas me conta, vai?!
- Não conto! Só conto se você me contar o que é a surpresa! – null ficou um minuto escutando o silêncio enquanto null pensava sobre o assunto. Ela havia planejado tudo e só daria certo se null soubesse na festa. Por mais que estivesse curiosa, não poderia falar nada naquele momento.
- Desculpa, amiga, mas eu já disse que só conto amanhã na festa!
- Então eu também só vou contar sobre o garoto lindo e meio idiota que eu conheci só amanhã na festa! – null levantou rapidamente na cama, ficando sentada.
- Sério? E quem é ele? O que aconteceu?
- Ah, agora você quer saber, né? Bom, mas só pra você ver como eu sou boazinha, vou te contar um resumo bem resumido. – null concordou rápido, empolgada para ouvir a história. – Eu fui comprar meu vestido pra festa amanhã e achei um numa loja, aí esse menino caiu em cima de mim e acabou rasgando meu vestido. Um imbecil. Só que no final ele pagou o prejuízo e ainda me ajudou a escolher um vestido perfeito que amanhã você vai ver. E ainda me deu uma carona até em casa e pediu meu telefone! – null pode notar a empolgação visível na voz da amiga.
- Ah, me conta mais, null!
- Não, nem pensar! Te conto amanhã na festa, já que você ta sendo tão mal comigo por não querer me contar nada. Sua cachorra idiota!
- Ok então, sua vadia curiosa! – As duas gargalharam de suas frases por longos segundos.
- Eu vou almoçar, null. Cheguei e nem me lembrei da comida, agora que a barriga tá roncando que deu pra lembrar. – null gargalhou da fala da amiga e atentou o ouvido, escutando alguém lhe chamar em casa.
- Eu também tenho que desligar, alguém tá me chamando aqui. – Disse, vendo que era seu irmão que acabara de chegar em casa.
- Estava com saudade, piriguete.
- Eu também, bruaca.
- Beijo.
- Beijo e até amanhã! – Desligou o telefone sorrindo, vendo seu irmão entrar em seu quarto e se jogar em sua cama.
Capítulo Oito.
- Que elogio, hein? – Ele disse debochado enquanto a null deitava na cama ao seu lado.
- Não é da sua conta, maninho. – null enfatizou o “maninho” e viu null rolar os olhos. – Por que você invadiu a minha casa e o meu quarto, hun? Não tava indo para a república? – Perguntou abraçando ele assim que o mesmo ameaçou ficar bravo.
- Eu tava indo, mas resolvi passar aqui antes. Você não sabe o que me aconteceu hoje. – Ela ergueu sua sobrancelha e fez sinal para que ele continuasse. – Eu fui naquele shopping comprar um tênis novo e acabei conhecendo uma garota lá. Foi bem estranho porque eu tropecei numas caixas de sapato e acabei caindo em cima dela e, pra piorar, rasguei o vestido que ela ia comprar. – null começou a escutar tudo com atenção.
Depois de null lhe explicar todo o ocorrido, null teve que se segurar para não demonstrar como estava surpresa. O mundo era realmente muito pequeno, já que null e null se encontraram sem nem ao menos saberem que eles tinham algo em comum: Ela.
- O que você acha? Eu ligo pra ela? – null pareceu acordar de um breve momento de transe ao escutar a pergunta do irmão.
- Acho melhor não, mano. Amanhã tem a festa na república e você não vai querer sair com a garota hoje pra ficar com outras amanhã, vai? – Ele negou com a cabeça.
- Você tem razão, maninha. Amanhã eu quero pegar todas mesmo. Conhecer bem as londrinas, se é que você me entende. – null rolou os olhos. – Mas essa garota, a null, ela me deixou diferente, sabe? Com ela eu poderia até tentar ter algo sério. – null controlou a gargalhada que se formara em sua garganta e se limitou a sorrir e concordar com a cabeça.
- É assim que se fala, null! – Ela deu um beijo na bochecha dele, que sibilou um “eca” em meio a uma gargalhada.
- Bom, já que eu te contei tudo, eu vou pra casa! Manda um beijo pro velho! – Disse se levantando e dando um beijo leve na testa da irmã. Ela concordou com a cabeça e apenas observou até que seu irmão sumisse de seu quarto.
Voltou a deitar-se em sua cama e agora sem controlar os sorrisos que surgiam, só em imaginar a festa do dia seguinte. null e null. O destino foi muito melhor do que a encomenda! null agora estava louca, mais do que nunca, para que aquela festa da república chegasse logo, principalmente para ver as reações de seu irmão e sua melhor amiga.
Capítulo Nove.
O relógio já marcava nove horas da noite. null esperava null chegar à sua casa e aproveitava o seu pequeno atraso, que não era muito normal, para dar uma última retocada na maquiagem. Não podia evitar um sorriso toda vez que se olhava no espelho e via o quanto estava bonita. null tinha razão, aquele vestido fora feito para ela. E toda vez que ela a olhava com aquele vestido, desejava mesmo sem querer, que null estivesse lá para vê-la daquele jeito.
Suspirou, tentando tirar null de sua cabeça, que por sinal não havia ligado para ela. Pegou seu brilho labial e passou em seus lábios quando escutou a campainha. null havia chegado. Estava na hora de curtir a festa mais esperada das férias!
- Ai, meu Deus! - null soltou essa assim que viu sua amiga descendo as escadas. Não acreditou na perfeição que era o vestido que seu irmão havia escolhido para ela. – Você tá perfeita, amiga! – Saiu ao seu encontro e lhe deu um abraço apertado, em meio a pequenos pulinhos de felicidade por se reencontrarem.
- E você também está, sua boba! – null disse assim que se soltaram.
- E esse vestido perfeito? Como você conseguiu achar sem mim? – null soltou essa, já que quem contara a história fora seu irmão. Queria ouvir a versão da amiga.
null deu uma risada e começou a sair de sua casa dando um “tchau” para seus pais. null fez cara de aborrecida e a seguiu, já que ela não quis contar logo de uma vez.
- Conta, null, sua vaca! E aquela história do menino da loja? – null disse, entrando no carro de seu pai assim que viu null cumprimentando o mesmo e entrando no banco de trás do carro.
- E a minha surpresa? – Ela perguntou, maldosa. null rolou os olhos, pensando “tá na festa nem sabendo que você é você”. Tentou não sorrir com isso.
- Eu já disse, tá lá na festa! – null deu um bufo e cruzou seus braços. – Conta, amiga! Lá vai estar o maior barulhão e eu vou entender apenas metade das suas palavras! Você sabe! – Ela apontou, acusando a mesma, que acabou cedendo. null estava realmente louca pra contar tudo a amiga.
null teve que fazer suas melhores “caras e bocas” para ser bem convincente de que estava surpresa com tudo o que sua amiga lhe contava. Assim que null finalizou, ela deu seus gritinhos animados com a parte que ele havia pegado seu telefone.
- E ele ligou? – null, com uma decepção bem aparente, fez que não com a cabeça. null forçou-se a não sorrir. Tinha que parecer verdadeira e ficar decepcionada.
- Ah, amiga! Nem fica assim! Sabe a minha surpresa? – null ficou completamente vidrada nas palavras de null, com sua total curiosidade. – Bom, é que meu irmão veio para Londres!
- O seu irmão só por parte de pai? – Ela perguntou curiosa. null concordou com um sorriso.
- Esse mesmo! Por isso nós ficamos lá uma semana a mais. Estávamos ajudando ele com a mudança e tudo o mais! – null sorriu.
- E o que isso tem a ver com a minha surpresa? – null pareceu desentendida e null fez uma cara maliciosa, dando de ombros.
- Eu só acho que você vai virar minha cunhada, só isso. – null deu leves tapinhas na amiga, mas pararam assim que viram as dependências da London University. null e null agradeceram a carona do pai de null e desceram do carro.
Capítulo Dez.
- Tá lotado lá dentro. – null disse, impressionada assim que chegaram à porta da república onde a festa estava acontecendo. null concordou com a cabeça.
- Vamos logo! To com saudade dessa galera doida! – Saiu, puxando a amiga pelo braço que gargalhou.
- Você tá é querendo me jogar pra cima do seu irmão! – null sorriu.
- Com certeza isso também! – null gargalhou, mas logo parou quando as duas adentraram o lugar.
A música alta bombava com The Time do The Black Eyed Peas, já deixando null e null completamente animadas. null analisou todo o lugar que estava muito bem arrumado. Na sala da república eles fizeram uma boate onde prevaleciam os pisca-piscas e os lasers de cor vermelho e verde. Havia também uns puffs coloridos espalhados pelo local, alguns já ocupados por meninas e seus saltos e garotos e suas calças frouxas.
Deu um pequeno puxão em null e apontou para um dos sofás. As duas se entreolharam e começaram a gargalhar. Já tinha um casal “pegando fogo” no local. E olha que a festa nem havia começado direito.
Adentraram um pouco mais, esbarrando de vez em quando em alguém. null teve que se segurar para não rir quando um garoto muito bêbado veio dar em cima de null, que saiu andando sem nem dar atenção para o mesmo. Pra variar, o garoto ainda seguiu as duas até a cozinha da república e quase apanhou de null para que ele as deixasse em paz.
- Arrasando corações, hein, null? – null disse sarcástica assim que o rapaz finalmente desistiu e saiu da cola das garotas. null soltou um bufo de raiva.
- Cala a boca, null. Espera só até eu achar meu irmão! – Nesse ponto null pegou null em cheio, que se encolheu só em imaginar. Ela nem havia visto o irmão da null nem por foto. Só sabia que ele morava nos Estados Unidos. Na verdade, ela viu sim uma foto, mas dos dois bem menores, com uns 10 anos. Ele não deve ser lá aquele homem lindo. Pelo menos era o que null pensava.
As duas foram para a boate com suas bebidas em mãos. null estava com uma mistura de cor verde que null nem quis provar, já imaginando que era a bebida mais forte daquele lugar, do jeito que null era maluca. Já null estava com uma batida de morango com Vodka bem fraca, já que, da última vez que ela exagerou na dose, levou uma terrível bronca e um castigo de seu pai.
Começaram a dançar com algumas amigas de turma que encontraram por ali ao som de Till The Wolrd Ends da Britney Spears. E null ficou tão entretida que nem reparou quando null se afastou sem dizer nada. E a mesma havia feito isso porque tinha avistado uma pessoa que ela procurava desde o principio da festa. Seu irmão, null null.
Capítulo Onze.
- Maninha! Tá linda, garota! – null abraçou sua irmã assim que viu a mesma se aproximar dele, que conversava com alguns de seus novos amigos e colegas de república. – Mas esse vestido tá muito curto, sabia? Como o velho te deixa sair com um vestido minúsculo desses? – Ele fez pose de irmão mais velho e null apenas rolou os olhos, ainda mantendo seu sorriso.
- Deixa de ser bobo, mano! – Ele sorriu. – Então, será que eu posso te roubar dos seus amigos um minutinho? – null disse assim que percebeu que todos os quatro garotos da roda encaravam ela e seu irmão. Um em especial lhe chamou a atenção, talvez depois de arranjar null e null, pediria ao irmão uma ajudazinha com ele, Dereck Motrind.
- Claro que pode! – Ele disse e fez sinal para os outros quatro garotos. – Depois eu encontro vocês! – Os outros concordaram com a cabeça e null abraçou a irmã de lado e começou a acompanhá-la. – Então, o que foi? – Perguntou no ouvido da mesma, que parou de andar.
- Lembra da minha melhor amiga? Aquela que eu lhe falei nos Estados Unidos? – Ele pareceu não se lembrar no primeiro momento, mas depois de alguns segundos se lembrou e concordou com a cabeça. – Bom, eu quero te apresentar pra ela. – null fez um “Ah” com a boca e abriu um sorriso safado. – Mas tem uma coisa, null! – O sorriso dele murchou e o mesmo ficou atento para escutar as palavras de null. – Ela é minha melhor amiga e é uma garota incrível. Se você sacanear com ela eu te mato, tá ouvindo?
null se assustou um pouco com a expressão desafiadora de sua irmã. Nunca imaginou que aquela pequena garotinha que conhecera quando tinha oito anos fosse se tornar uma mulher tão bonita e determinada, por mais que ela ainda tivesse seus dezessete anos. Mesmo assim, concordou com o “termo” da irmã, logo em seguida foi puxado pela mão, atravessando a boate.
null parou a uma certa distância do seu grupo de amigas e sorriu ao ver que null estava bem à mostra no grupo. null ainda não havia olhado naquela direção, então null o cutucou e apontou na direção das meninas.
- É aquela garota ali, null. – Disse em seu ouvido, atenta à sua reação.
null olhou na direção que a irmã apontava e de primeira não focalizou bem. Mas não demorou cinco segundos para reconhecer o vestido e depois, a dona do mesmo. Ficou paralisado sem conseguir expressar nem a felicidade e a surpresa que estava sentindo naquele momento.
Capítulo Doze.
- Vem aqui, null! – null sentiu seu braço sendo puxado e por pouco não bateu na pessoa que estava fazendo isso. Por sorte ela havia focalizado null antes disso ocorrer, pois reconhecer a voz dela naquele barulho todo era impossível.
- Onde é que você tava, sua puta? Você me deixou aqui sozinha, cara! – null estava se sentindo irritada com o pequeno sumiço da amiga. Ela nunca fizera isso antes.
- Deixa de ser chata, sua vaca! Eu estava vendo uma pessoa importante. – null soltou um bufo, ainda sendo praticamente arrastada pela amiga para perto de null. null ainda não havia reparado no rapaz parado de forma estática na frente das duas que discutiam.
- E tem alguém mais importante que eu aqui? Nossa, magoei. – null fez um bico, parando e cruzando os braços, fingindo uma birra. Só que fora nesse momento que ela olhou para a sua frente, dessa maneira focalizando null. Ela paralisou no mesmo segundo, assim como ele fizera instante antes, desfazendo a brincadeira de “estar com birra” e arrancando uma pequena risada da null, que via toda a cena.
- Então, null, essa é a minha melhor amiga, a null. – null, após ver que nenhum dos dois reagiria, decidiu fazer isso por eles. Apontou na direção da null. – E null, esse é o null, meu irmão mais velho. – Apontou para o irmão, que pareceu ter acordado de um transe. Acho que ele só esperava a confirmação da irmã para saber mesmo se era a mesma pessoa.
- Nós já... – null começou sem graça.
- Nos conhecemos. – null completou da mesma forma que ela.
- É verdade, eu fiquei sabendo. A propósito, maninho, lindo o vestido que você escolheu! – null não acreditou no que havia escutado. Como ela havia ficado sabendo e não comentou nada?
- Por que você não me contou que ela era a sua melhor amiga? – null perguntou, finalmente percebendo a armação da irmã. A mesma abriu um sorriso sapeca.
- Eu queria ver a reação de vocês dois. – Ela deu de ombros.
- E você gostou, sua piranha? – null se pronunciou com as mãos na cintura. null gargalhou.
- Na verdade, amei! Foi hilário! – null bateu palmas para os dois. – Opa! Adoro essa música! E eu acho que vocês dois não precisam mais de mim! – Ela deu uma piscadela para os dois e saiu dançando no meio das pessoas ao som de Set Fire To The Rain da Adele, deixando os dois completamente estáticos frente a frente.
Capítulo Treze.
Alguns minutos se passaram e nem null ou null conseguiram reagir a aquele efeito que os dois sentiam pelo reencontro. Era uma sensação muito estranha, mas incrivelmente agradável para os dois que apenas se encaravam sem nem ao menos se importarem de estar no meio de uma grande festa adolescente.
Depois de Only Girl In The World acabar de tocar, null levou um pequeno esbarro de um dos bêbados da festa, arrancando uma pequena risada de null por causa do susto que ele levou com isso. Os dois estavam mesmo vidrados, encarando um ao outro.
- O pessoal daqui é meio louco. Mal começa a festa e eles já estão bêbados! – Ele disse com o tom de voz normal, o que dificultou o entendimento de null.
- O que? Eu não entendi o que você falou! – Ela abriu um pequeno sorriso assim que “gritou” essa frase. null sorriu e se aproximou um pouco mais dela, deixando o coração dos dois um pouco mais acelerado.
Com a proximidade, null encontrou uma grande dificuldade de se lembrar do que havia dito, vendo null tão bonita. Estava ainda melhor do que ele havia imaginado quando escolheu aquele vestido para ela.
- Você está linda. – Ele falou sem nem ao menos perceber e, por mais que estivesse ainda no mesmo tom de voz, null entendeu por estar encarando o null, completamente vidrada. Ela ainda não acreditava que ele era o irmão da null e se achou uma burra, agora notando uma grande semelhança entre os dois.
- Obrigada. – Disse com vergonha e por esse motivo esboçara um sorriso tímido.
- Vem aqui comigo! – null disse, já puxando null pela mão, sem nem se importar com os arrepios que aquele toque lhe causava. null estranhou sua atitude, mas mesmo assim o seguiu, tentando inutilmente não esbarrar em alguém enquanto eles atravessavam a boate em direção à porta da república.
Assim que os dois saíram, null soltou sua mão, meio a contra gosto, e a guiou até ao lado direito da república onde uma enorme árvore estava plantada e embaixo dela um banco de madeira se encontrava. Ele sorriu ao ver que o mesmo estava vazio, seguindo os dois até lá.
- Eu acho que aqui fica mais fácil para a gente conversar. – Ele começou a dizer assim que os dois se sentaram, podendo observar por uma janela em sua frente à festa que ocorria dentro da república.
- Quer dizer que você é um null? – null disse para quebrar o silêncio que havia pairado sobre os dois. null concordou com a cabeça e esboçou um sorriso. – Me conta essa história! – Pediu sorrindo.
- Bem, meu pai e minha mãe foram casados por um tempo, na verdade nem sei ao certo quanto. Só que quando eu tinha quatro anos, eles se separaram. Aí meu pai veio morar em Londres e eu fiquei com a minha mãe em Akron. Ele ainda era novo e acabou cometendo um erro, a mãe da null engravidou e ele se casou com ela. null nasceu quando eu tinha seis anos.
- Nossa! Você não parece ser tão velho. – null comentou, interrompendo null. Ele gargalhou.
- Eu não me acho velho, só tenho vinte e três. – Deu de ombros. – E você não me parece ser tão nova. – Ela mostrou um sorriso envergonhado e também deu de ombros.
- Mas eu sou, tenho dezoito e estou no último ano do ensino médio. – Ele sorriu. – Mas voltando à história... – Ela fez um gesto com as mãos e null concordou com a cabeça.
- Então, só conheci a null quando tinha dez anos. – null fez uma cara espantada. – Eu sei, eu sei, ela já tinha quatro anos e demorou muito tempo, mas eu não consegui fazer isso antes por causa do meu relacionamento com meu pai. Eu era pequeno, mas entendi tudo. Principalmente o sofrimento da minha mãe quando ele foi nos visitar e contar sobre seu casamento e a gravidez da Megan. Foram tempos difíceis... Eu tinha cinco anos, só que já entendia tudo, sabe? – null concordou com a cabeça, vendo o visível sofrimento que ele tinha ao se lembrar da época. – Eu comecei a culpar meu pai por todas as vezes que via minha mãe chorar pelos cantos - o que não era mentira, já que a culpa era toda dele. Só que eu cheguei a um ponto de não querer mais atender suas ligações e, quando chegava a época de suas férias que normalmente ele ia me visitar, eu dizia que não queria que ele fosse. Eu pedi para que ele me deixasse em paz.
- null, você era uma garotinho. Não fica assim. – null se desesperou o vendo limpar uma lágrima teimosa que caiu. Ele negou com a cabeça e a encarou.
- Lembrar disso me deixa triste. Eu perdi quase quatro anos com o meu pai. O fiz perder coisas importantes da minha infância porque não consegui entender o lado dele! – Ele limpou mais uma lágrima.
- null... – Ela passou sua mão de leve sobre o braço do rapaz, que esboçou um pequeno sorriso.
- Ok! Então, continuando... – null se consertou no banco. – Minha mãe superou toda essa história com meu pai quando ela arranjou um namorado, o Peter. Ele é um cara bem legal e agora os dois estão casados. Com isso minha mãe acabou começando a tentar mudar a minha impressão errada sobre meu pai. Ela teve que se esforçar bastante para que isso acontecesse, mas depois de ela me mostrar que ele não fora o único culpado da separação dos dois e que não havia nos abandonado, apenas tinha seguido com a vida dele, o que foi difícil no começo para ela seguir, eu comecei a amolecer. Principalmente quando ela chegou ao ponto de dizer que, se ele realmente tivesse nos abandonado, não se daria ao trabalho de ir nos visitar em suas férias, ou ter indo pessoalmente nos dar satisfação quando a Megan engravidou e ele resolveu que se casaria com ela. A partir daí, nos dois voltamos a conversar por telefone até que ele foi ao meu aniversário de dez anos, levando a null consigo para que eu a conhecesse.
- Então é essa a foto que eu vi de vocês dois, na sua festa de aniversário. Você estava vestido de Batman e ela estava de chapeuzinho vermelho. – null soltou uma pequena gargalhada com a expressão no rosto de null.
- Ah, não! Não me diga que você viu aquela foto horrível? – Ela concordou com a cabeça, prendendo outra gargalhada que queria sair. – Eu vou matar a null, cara! – Disse com um tom revoltado que foi o ponto crucial para que null soltasse a gargalhada presa em sua garganta. – E você, pára de rir da desgraça alheia! – Apontou na direção dela, que se colocou em posição de defesa, com os braços levantados na altura dos ombros ainda sem parar de gargalhar.
- Tudo bem, null. – Disse praticamente sem ar, tentando se recompor. – Não está mais aqui quem viu aquela foto comprometedora. – null acabou achando graça do jeito de ela dizer aquela frase e gargalhou, null também o fez.
Capítulo Quatorze.
Os dois ficaram uma boa parte do tempo, assim que suas gargalhadas cessaram, encarando pela janela a festa que ocorria na república. Cada um em seus pensamentos. null de repente começou a se sentir nervosa com o silêncio que se instalara entre eles – afinal, os dois ainda tinham coisas para esclarecer. Algo que martelava a cabeça de null a cada segundo. O motivo pelo qual null fez questão que os dois se encontrassem de surpresa naquela festa. O que ele havia dito para ela?
- Então, null... – Disse meio sem graça por ter sido ela a quebrar aquele silêncio que passara a ser desconfortável. null passou a encará-la. – Você não me disse por que resolveu vir para Londres. – Fez uma das observações que lhe enchiam de curiosidade. null deu um tapa em sua testa, pensando em como foi idiota de ter se esquecido de contar aquilo.
- Ah sim! Me desculpe. – null concordou com um meio sorriso e ligeiramente encantada com sua educação ao falar. – Fui aceito nessa faculdade. – Ele dera de ombros deixando null surpresa por um momento.
- A London University? – Ele apenas concordou com a cabeça. – Nossa! Meus parabéns! – Ele sorriu em agradecimento, null fez o mesmo. – Em que curso?
- Medicina. – Disse apenas depois de soltar uma pequena risadinha. Dessa vez null realmente ficara impressionada.
- Eu nunca lhe imaginaria como Médico. – Ela soltou essa completamente sem pensar e, assim que percebeu o que havia dito, tentou consertar. – Quer dizer, não que eu esteja dizendo que você era incapaz ou algo assim! É só... – null fez sinal como se não tivesse se importado com sua declaração e sorriu do nervosismo dela.
- Eu sei! Não tenho nenhuma cara de estudar muito para ser médico. – Ele a encarou de modo sugestivo e ela concordou com a cabeça e um pouco de timidez. null apenas sorriu, compreendendo. Já escutara aquilo várias vezes em Akron. – Não se preocupe com isso. Já escutei muito essa dedução e até mesmo eu cheguei a pensar que tinha nascido para a música. Até tinha uma banda por lá no colegial. – Dera de ombros novamente. – Mas descobri que queria ser médico quando sofri um acidente de carro com os guys. – null arregalou os olhos com curiosidade e surpresa. – Ah! Mas isso é uma longa história! Resumindo... – Ela gargalhou concordando com a cabeça. – Eu fiquei bem ferrado, sabe? E tive um médico muito bom que ajudou a mim e a meus amigos. Como eu já tinha notas muito boas por causa da pressão da minha mãe... – Rolou os olhos com um sorriso no rosto, lembrando-se da mãe naquela época. – Eu só tive que me esforçar mais um pouco e conseguir algumas notas A em Biologia. O resto eu ficava feliz de conseguir A’s de vez em quando.
- Meu Deus! Eu estou conversando com um nerd! – Falou com um tom palhaço que fez null lhe bagunçar os cabelos sibilando um “Pára!” – Parabéns, futuro Doutor null null! – Ele fez pose como se pensasse na frase, depois fez uma cara convencida que fez null rolar os olhos de propósito, como se desprezasse aquela atitude egocêntrica.
- Soa muito bem, sabia?
Ficaram em pequenas provocações de ambos os lados com o assunto da faculdade em meio a muitas gargalhadas. Tiveram também a visão de null pela janela conversando com um dos moradores da república e recém amigo de null. O mesmo que quase foi correndo para dentro do local quando viu o rapaz, Dereck Motrind, beijar null. A sorte dela é que null foi impedido por null.
- Olha só. Pra piorar, eles ainda deixam o clima romântico lá dentro. – null disse com uma aparente raiva de irmão ao escutar que a então música agitada fora substituída pela lenta Paradise do Coldplay. null apenas o olhou de relance, negando com a cabeça ao voltar a encarar null e o garoto pela janela, balançando seu pé envolto no salto ao som da música.
- Não é uma música romântica, só um pouco mais lenta. – Disse sem encará-lo começando a cochichar a letra da música. null até iria contestar, mas resolveu não fazê-lo; observá-la era muito melhor. Percebeu o quanto seus olhos brilhavam em direção à festa e resolveu tomar uma atitude.
- Você quer ir dançar? – Perguntou com a voz um pouco baixa, tímido. null voltou a encará-lo e pensou em como ele ficava lindo daquele jeito envergonhado. Voltou a olhar para a janela, o que fez null pensar por um segundo que ela não estivesse a fim. null, na verdade, só não conseguia responder olhando em seus olhos.
- Eu adoraria. – Disse e depois abriu um pequeno sorriso. null fizera o mesmo, se levantando do banco e ficando de frente para ela. Em um gesto de brincadeira, ele abaixou seu tronco e lhe estendeu a mão, como a pose que faziam para a realeza em Londres.
- Me acompanhe até o salão, Duquesa null. – Disse com voz galante que fez null gargalhar por um momento, para depois entrar na brincadeira. A mesma estendeu sua mão direita até ele e fez uma reverência com o vestido, o que deixou null de fato mais encantado com sua beleza.
- Estou muito honrada, querido príncipe. – Os dois voltaram à sua postura normal e caminharam até a entrada da republica ainda de mãos dadas e dando gargalhadas de vez em quando. Nenhum dos dois estava se sentindo incomodado pelo contato que estava acontecendo; pelo contrário.
Assim que chegaram ao meio da boate, muitos casais estavam dançando a música que havia acabado de começar, It Will Rain do Bruno Mars. Alguns rapazes ainda tentavam a sorte com algumas das garotas sozinhas no local, o que causou uma pequena risada de null.
Os dois pararam meio tímidos, frente a frente. null deu um meio sorriso e colocou suas mãos na cintura de null. A mesma retribuiu o sorriso e envolveu o pescoço de null com suas mãos. Ele sentiu um arrepio lhe percorrer desde a nuca até a ponta de seus pés.
Começaram a se mover lentamente, ainda um pouco desajeitados. Estavam se conhecendo pouco a pouco e apreciando as sensações que o contato lhes oferecia. Aos poucos os dois pegaram o jeito e começaram a dançar em sincronia, sendo embalados pela música.
null e null sentiram como se nada mais existisse naquele lugar assim que seus olhares se cruzaram. Era uma conexão muito forte e intensa que causou em null uma pequena tremedeira, imperceptível por null.
Hipnotizado, null levou sua mão direita até o rosto de null, acariciando de forma carinhosa sua bochecha. Ela fechou os olhos automaticamente por causa do contato, sentindo um formigamento estranho no local em que ele tocava.
Ao perceberem o que estava prestes a acontecer, sentiram seus corações palpitarem em um ritmo intenso assim que a proximidade de seus lábios se tornou quase nula, apenas porque null quis, antes de tocar seus lábios nos dela, encará-la profundamente nos olhos para depois fechá-los e sentir o tão esperado contado de seus lábios.
No começo ficaram apenas em um selinho demorado, o qual null apreciou a maciez dos não tão pequenos lábios de null. Ela, por sua vez, estava nervosa, motivo para não ter tomado nenhuma atitude quanto à demora para o real beijo acontecer.
E quando isso aconteceu, ela estremeceu completamente.
null percorreu toda a extensão de seus lábios com sua língua e pediu passagem com a mesma em seguida, a qual null cedeu no mesmo instante. Assim que suas línguas se chocaram, foi possível sentir um arrepio percorrer completamente o corpo dos dois, que não tiveram a mínima intenção de parar com aquilo.
Aos poucos, os dois foram ficando mais soltos, como se já se conhecessem há muito tempo, pois suas bocas se beijavam em uma harmonia invejável para qualquer casal com muito tempo de namoro. null, perdendo sua timidez, puxou os cabelos de null com um pouco de força enquanto sua mão direita lhe fazia carinho nas costas. Já null apertava com força a cintura de null enquanto sua mão esquerda lhe fazia carinho na bochecha.
Quando se separaram, por estarem sem ar e precisarem de um pouco de fôlego, os dois se encararam com bobos sorrisos nos rostos. Não havia necessidade de nenhuma palavra, apenas aquele olhar e aquele sorriso traduziam tudo.
Capítulo Dezesseis.
Ano 2076 D.C.
- Depois que isso aconteceu, nós dois fomos procurar algo para beber, acho que para desviar a atenção do que havia acabado de acontecer, e então...
- E então eu vi os dois entrarem de mãos dadas na cozinha e quase tive um ataque cardíaco! – Ela sempre tem que me interromper. É impressionante!
- null! Não fale desse jeito! Eles são novos, podem pensar que você passou mal de verdade! – null deu de ombros assim que acabei de cochichar a frase e rolou seus olhos. Bem típico da null.
- Vovó! Então foi assim? E depois disso, vocês dois começaram a namorar? – Concordei com a cabeça para confirmar a pergunta de Stella.
- Foi um amor à primeira vista! – Exclamou impressionada minha netinha mais nova, Mary.
- A senhora e o vovô devem ter se gostado muito pra ficarem juntos por tanto tempo! – Lillian disse com sua pose de sonhadora apaixonada. Ela era como eu nessa idade, diga-se de passagem.
Senti meu pequeno coração fraco reclamar de dor com as lembranças que surgiram sem aviso prévio. Não sei se null percebeu, só sei que dessa vez, ela abriu a boc apara falar na hora certa.
- Hum, crianças, está na hora de ir para cama! – Elas exclamaram sons raivosos e indignados. – Eu e sua avó não temos mais tanta disposição para ficarmos acordadas como antigamente. – Ela se levantou da poltrona e começou a guiar os meus cinco netos e os seus três netos para a escada que dava acesso aos quartos.
Aos poucos fui recebendo os abraços de “Boa noite vovó” e “Boa noite tia null” de cada um deles o qual retribuía com um sorriso e um beijo em suas testas. Edward, meu neto mais velho, foi o ultimo a ir me dar boa noite.
- A senhora sente muita falta dele né vovó? – Perguntou baixinho alisando meus cabelos que já estavam brancos. Eu já havia desistido de pintá-los.
- Sim querido. Sinto muita. – Soltei um suspiro pesado ao vê-lo dar um meio sorriso e beijar minha bochecha.
- Eu também vovó. Queria que ele estivesse aqui. – Disse antes de me virar as costas e se direcionar ás escadas, onde null já o chamava.
- Está tudo bem? – null me fez essa pergunta assim que retornou, me assustando um pouco por eu estar distraída, mergulhada em lembranças. Concordei com a cabeça, concertando meus óculos de grau. – Continua com problemas para dormir? – Perguntou de uma forma preocupada analisando minha expressão.
- É muito difícil. – Ela concordou com a cabeça. – São sete dias sem senti-lo. Sete dias dormindo naquela cama vazia. Não vai ser algo com que eu possa me acostumar com facilidade. – Ela pegou em minha mão com delicadeza e depois se levantou.
- Tenho certeza que ele deita lá com você todas as noites. Ele prometeu nunca te abandonar, se lembra? – Concordei com a cabeça me levantando também.
- E eu prometi o mesmo. – null sorriu brevemente, me dando um abraço.
- Eu vou dormir. Boa noite null. – Saiu acenando indo até o seu quarto em minha casa. Não sei o que teria sido de mim se ela não tivesse ficado aqui comigo nesse momento difícil. Desde o dia que null morreu, ela não desgrudou de mim nem por um segundo, e mesmo sendo também muito difícil para ela ter perdido o irmão, ela não demonstrava nunca perto de mim, apenas me dava apoio.
Mesmo eu dizendo a ela, protestando para que ela não ficasse lá em casa, não havia tido jeito, e nem Richard me ajudara com isso, acabou concordando que o melhor seria mesmo que ela ficasse aqui. Que seria bom já que ele tinha muitos afazeres na empresa e que aqui null teria distrações maiores. E nesse sábado nós realmente tivemos distrações com os nossos netos praticamente explodindo a casa a cada minuto.
Sorri, sacudindo minha cabeça enquanto andava até as escadas e subia para o meu quarto. Fiz o processo bem devagar, já que as minhas pernas já não estavam com sua força e firmeza suficientes para fazê-lo ás pressas. Concluído o trajeto, dei passos também lentos até a porta do meu quarto, abrindo a porta do mesmo bem devagar.
Capítulo Dezessete.
Era muito difícil entrar ali e ver todas as lembranças. Ver que tudo ali tinha um pedacinho dele, do meu null. Encarei cada parede, cada porta-retrato, cada mínimo centímetro dentro daquele local. E o cheiro... Ah, sim! O cheiro de seu perfume que impregnava o ar parecia ainda mais forte naquela noite, como se ele estivesse acabado de borrifá-lo em seu pescoço e pulsos. Ah, como eu adorava aquele perfume!
Andei até a cama e me deitei na mesma, mergulhando meu nariz no travesseiro que costumava ser de null. Hoje ele é quem me faz companhia nessas longas noites mal dormidas. Ele e as lembranças.
Levantei meu olhar e vi o porta-retrato no criado-mudo. Eu e null no dia de nosso casamento, juntos, sorrindo felizes. Peguei-o com minha mão tremula e encarei bem o rosto de meu amado naquela época. Fazia um ano que ele havia se formado em Medicina, e eu tinha acabado de me formar em Ciências Biológicas.
Abracei o objeto com força e senti algumas lágrimas rolarem por meus olhos enrugados. Encolhi minhas pernas, ficando de conchinha na cama, me sentindo ridícula já que eu nunca mais dormiria daquela forma. Não sem null comigo.
- Você prometeu não me abandonar, mas acabou fazendo isso. – Minha voz saiu em um sussurro embargado pelo choro. Senti um vento forte passar pela janela do quarto e me deixar arrepiada por causa do frio que causara em minha pele. Abri meus olhos num salto, assustada. Olhei ao redor do quarto, mas não vi nada, nem ninguém.
Puxei meu edredom e voltei a me deitar, ainda abraçada com força à nossa foto. Fechei meus olhos com força, mentalizando seu rosto alegre. O rosto pelo qual eu me apaixonei quando tinha dezoito anos.
- Eu não sei se aguento viver mais um dia sem você! É torturante demais, null. – Desabafei para o rosto em minha mente, o mesmo que fizera uma cara brava em minha cabeça, como ele fazia quando se chateava com alguma besteira que eu havia feito ou dito. “Não quero que você diga isso. Eu sempre vou estar com você, te ajudando a ser forte.”
Abri meus olhos rapidamente e levantei meu tronco de leve, procurando algo que eu nem sabia realmente se iria encontrar. Esfreguei meus olhos e olhei novamente. Nada.
- Ótimo! Além de velha, estou ficando maluca! – Neguei com a cabeça, voltando a me deitar, com o coração palpitando por causa da pequena alucinação que tive.
Escutei uma gargalhada. Não uma qualquer, era a gargalhada dele. “Seu senso de humor continua intacto como sempre!”
Dessa vez me levantei, ficando sentada, com meu coração quase saindo pela boca. Percorri o quarto com os olhos e quase desmaiei quando vi uma figura embaçada próxima à janela do quarto. Era difícil de ver, mas eu consegui enxergá-lo. Sorrindo para mim como um anjo. “Olá, meu amor.” Sua voz um pouco estranha ecoou por meus ouvidos, me causando um arrepio. “Eu não tenho muito tempo.” Parecendo flutuar, ele veio até mim, sentando-se na beirada da nossa cama de casal. “Vim pedir para que você acabe com essas bobagens. Eu quero que você fique bem, que curta o resto da sua vida.” Não sei se era medo ou surpresa por ele estar ali, mas nenhuma palavra que eu tentava dizer saia da minha boca. “Não é porque a minha vida acabou que a sua também deve acabar!” O vulto de seu braço se estendeu em minha direção e sua mão tentou tocar meu rosto, mas eu não consegui sentir seu toque quente como antes, senti apenas um arrepio gélido percorrer aquele local.
Ele sorriu para mim de forma triste, como se tivesse esperança de que poderia me tocar estando daquela maneira. “Eu preciso ir.” Entrei em desespero e comecei a negar com a cabeça, ainda sem conseguir falar nada. “Eu vou esperar por você.” Sua imagem se afastou, começando a desaparecer pelo quarto. “Eu te amo, null. Para sempre.” Assim que a ultima palavra ecoou em meus ouvidos, pisquei meus olhos e sua imagem já havia desaparecido.
Deitei na cama novamente, sentindo um cansaço me abater. Acho que todas as noites mal dormidas nessa semana vieram com força agora. Antes de fechar os olhos, sabendo que eu iria adormecer se o fizesse, peguei o porta-retrato mais uma vez e encarei null na foto. Sorri, passando meu polegar por seu rosto na imagem.
- Eu também te amo, null, para sempre. – Abracei o porta-retrato e fechei meus olhos, sentindo como se ele estivesse me abraçando, formando a conchinha com a qual dormíamos juntos há 56 anos, escutando sua voz ecoar em meu ouvido como ele sempre dizia para mim antes de dormir: “E pensar que aquele vestido me fez encontrar a mulher da minha existência...”
Fim.
nota da autora:Queridas leitoras! Como estão? O que acharam da fanfic? Ficou bonitinha? Hun? Ah, me contem tudo, quero saber todas as opiniões ok? Mais uma fanfic da Saáh Diaas! Aêe o/
Quem aí quer que um garoto idiota e lindo rasgue seu vestido perfeito agora hein?HAHA
Se for pra acabar casando com ele, quem sabe né? Principalmente se for o seu guy preferido! Ok, chega de falar! :D
Espero que vocês chucas tenham gostado de That Dress, principalmente a Marcella Souza já que essa fic foi do Amigo Secreto do POP, meu presentinho para ela! :D
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Beijos e Abraços flores lindas desse jardim! Kkkkk’
Qualquer coisa estou aqui sempre ->
@SahDiias
SaahDias.tumblr.com
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nota da beta: Adorei a fanfic, super fofa e boa de se ler!
Enfim, viram erros na fanfic? Por favor, me avisem por aqui ou pelo twitter e eu corrijo rapidinho, pode ser?
Uma beijoca para todos. Paah Souza.