Sou a , , tenho 23 anos e sou a gerente da mais prestigiada empresa de advocacia de Londres. ETAL- Empresa Thompson de Advocacia Londrina. Sim, o nome é horrível. Mais um assunto para a minha agenda.
Sei o que estão a pensar…”Ah, só com 23 anos, já com esse cargo?” e blá blá blá…Mas acreditem, se eu estou nesta posição, devo-a a mim, só a mim.
Com o passar do tempo fui aprendendo a contar apenas comigo, se contares com os outros tens uma grande probabilidade de saíres magoada, por isso é que eu sempre digo: “Conta, obsessivamente só contigo.”
Para se localizarem melhor, eu era uma simples advogada, quando o chefe da ETAL, Mathew Thompson, um homem frio e calculista, teve um acidente rodoviário trágico, acabando por morrer. Com isto, eu, com o consentimento da fundadora da ETAL, Cara Thompson, mãe de Mathew, tornei-me gerente da empresa.
Sei o que devem estar a pensar: “E porque é que a fundadora da empresa não passou a mandar?” Bem, a Sra. Cara, depois de algum tempo da morte do filho, ficou com um distúrbio mental, sendo assim, internada num hospício.
Estava no meu escritório a escrever alguns relatórios no computador, quando a Joanne interrompe a minha concentração.
- Doutora ? – diz batendo duas vezes na porta e abrindo-a devagar.
- O que é?! – Joanne era a minha secretária.
- Estão aqui alguns papeis para a doutora assinar.
- Deixa aí em cima.
- Com certeza, doutora. – diz pousando os papeis na minha secretária. – O está lá fora, doutora, posso mandar-lhe entrar? – O é o meu namorado, a única pessoa por quem eu ainda tinha algum tipo se sentimento.
- “”? – digo desviando a minha atenção do computador- Mas que intimidades são essas, Joanne? Para ti é “Sr. ”! - digo bastante indignada- Mas que ousadia!
- Peço desculpa, doutora, mas foi o próprio Sr. que me pediu para que eu o tratasse apenas por “”.
- Espera aí que eu não estou a perceber, mas afinal quem é a tua patroa?!
- Peço imensas desculpas, doutora. Não volta a acontecer.
- Para teu bem, espero que não!
- Com certeza, doutora… - diz saindo do meu escritório.
*Rapidamente, aparece*
- AMOR! – exclama aproximando-se.
- Olá, .
- Então, como vai esse trabalho? – pergunta dando-me um pequeno beijo.
- Estressante.
- , tens que descansar. Desde que te tornaste gerente da ETAL nunca mais tivemos tempo para nós.
- Normal… tenho mais que fazer, por amor de Deus…
- Amor… - não o deixo terminar a frase.
- ! Tu sabes que depois da tragédia que aconteceu com o Thompson, EU passei a ser a gerente, logo a ter mais responsabilidade, mais responsabilidades, menos tempo para a minha vida pessoal. Se tu não estás nem aí para isso, AZAR!
“Tu sabes que além dos problemas que tenho que resolver com o tribunal, dos relatórios incompletos, dos clientes que chegam a cada segundo e dos milhares de processos que tenho que terminar ou até mesmo começar, ainda tenho que começar a organizar a festa em memória do Mathew. Nem sabes o estresse em que estou!”
- Eu sei disso tudo, . Sei que tens tido muito trabalho. Mas, por exemplo, para que é que foste inventar essa festa para o Thompson? Ninguém gostava dele…
- Vê-se logo que não percebes nada de negócios… Isto vai ser um salto enorme para a ETAL. Sem falar no dinheiro que vamos lucrar, ficaria mal não fazermos nada.
- Sem comentários…
- Mas o que é que vieste cá fazer?
- Daqui a dois dias é Natal.
- Ah… já nem me lembrava disso… - digo não desviando a minha atenção do computador.
- De qualquer maneira… A minha mãe convidou-nos para ir jantar a casa dela.
- Hoje? – pergunto distraída.
- No dia de Natal, amor.
- Ah… ok…
- Vamos, certo?
- Sim, pode ser…. – Nem tinha ouvido a pergunta.
- Boa! – diz animado - Olha, amor, eu vou fazer plantão lá no hospital.
- Mas que novidade, né …
- Vemo-nos amanhã?
- Até amanhã.
- Amo-te.
- Eu também… - digo vagamente.
* sai do meu escritório*
Pego no telefone fixo da empresa e chamo a Joanne ao meu escritório.
- Diga, doutora… - diz entrando.
- Marca uma reunião para daqui a 15 minutos. Toda a equipe.
- Com certeza, doutora… Com licença.
*Passados 20 minutos já estávamos todos reunidos*
- Acho que já deu para perceber que estamos todos reunidos aqui para falar da festa que vai haver em homenagem ao doutor Thompson. Fomos criticados pela imprensa por praticamente termos “ignorado” a sua morte. Assim, como sua substituta, quero que se concretize rapidamente tal comemoração. Sugestões para um possível dia…?
- Antes de mais, doutora, queria parabenizá-la pela grande ideia que teve. Ainda bem que se tornou nossa gerente, se não fosse a doutora, com a morte do doutor Thompson, não sei o que seria da empresa – diz Edward. Edward era um dos advogados da ETAL, advogado este, ansioso por uma promoção, daí esse amor todo pela sua superior, eu.
- Prossiga, Edward, sem rodeios…
- Bem, acho que, para começar bem uma nova etapa, poderíamos fazer dia 1 de Janeiro do próximo ano.
- Nem pensar, muito tarde. Tem que ser ainda este ano. Se queremos mesmo ganhar o prémio de “A Melhor Empresa de Advocacia do Ano” temos que nos despachar a marcar a diferença.
- E se fosse dia 31 deste mês… - intervém Lucas, outro advogado da empresa – Dezembro…
- Está gozando com a minha cara?! Eu acabei de dizer que precisamos de marcar a diferença este ano, e o senhor propõe-me para dia 31… É que nem uma criança daria essa sugestão!
- Peço imensa desculpa, doutora .
- Pff… sem comentários… Temos que marcar a diferença já… Já sei! Daqui a 2 dias. Começamos hoje, temos amanhã e ainda todo o outro dia, a festa é só à noite.
- Adoro a ideia, doutora! – exclama Edward.
- Eu também. – digo concordando.
- Daqui a dois dias é dia 25 de Dezembro, doutora, Natal… - diz Noah, outro advogado.
- NATAL! Claro… perfeito… Vai ser a melhor festa de Natal de sempre… Como é que eu não pensei nisso antes….
- Doutora, dia 25 eu não tenho muita disponibilidade. – diz Ivanne. Ivanne era a mais velha advogada da empresa.
- Por quê…?
- Bem, é Natal. – responde como se fosse óbvio.
- Não estou a perceber… Qual é o problema? O Natal corta-lhe as perninhas, é? Não pode trabalhar?
- Não é isso doutora… No dia 25, o meu filho, que está trabalhando na Áustria, vem-me visitar. Eu já não o vejo há mais de 2 anos.
- Continuo sem perceber… No seu calendário não há mais dias? Só o Natal? – digo insistindo.
- Não, doutora, mas ele só vem mesmo no dia 25 , depois parte para a Áustria outra vez.
- Com muita pena minha, Ivanne, vai ter que vir trabalhar na mesma. Pede-lhe e de certeza que ele não se importará de vir para o ano que vem…
- Doutora, mas…
- Nem “mas” nem meio “mas” – interrompo-lhe - É que nem lhe passe pela cabeça faltar. Por acaso eu não tenho nada marcado para esse dia, mas mesmo que tivesse desmarcava. Vocês têm que aprender a pôr o trabalho em primeiro lugar. Ok, por voltadas 16h os organizadores da festa e o designer chegam. Até lá, bom trabalho!
O resto do dia foi bastante agitado, cheio de dificuldades mas produtivo…pelo menos no que diz respeito à festa.
No dia seguinte, dia 24, estava mais stressada do que nunca, eram 15h e ainda nem a meio dos preparativos íamos, também, com esta equipa que parece que não sabe que dormir é uma coisa e trabalhar é outra, não podia esperar por grandes resultados.
Estava no meu escritório a falar com o Kiwajh, o designer da festa, quando recebo uma chamada do …
- Com licença, doutora… - diz Kiwajh com uma vozinha ligeiramente irritante.
- Obrigada, Kiwajh.
*Kiwajh sai do escritório*
Chamada on________________________
- Estou? – atendo o telefone.
- Oi, amor, tudo bem?
- Sim. Porque ligaste?
- Mas que delicada que tu és às vezes, – diz ironicamente.
- Estou com muito trabalho, . Agradecia que fosses breve. Não queria que ficasses chateado.
- Não estou, amor. Olha, só te liguei para avisar que vou fazer plantão hoje também.
- O quê?!
- Sim… Lembraste da Beatrice, aquela menina que estava com os dias contados… que gostava muito de mim… que eu me apeguei muito…? – (N/A: Para quem não sabe, ninguém sabe porque eu não disse ^^, O , na fic’, é pediatra).
- Sim, o que tem?
- Lembraste? – pergunta esperançoso, não sei porquê.
- Não. Mas o que é que isso tem a ver?
- Continuando… Ela vai precisar muito de mim, pelo menos na noite de hoje…
- Boa! Quer dizer que não nos vamos ver! Depois sou eu que nunca estou disponível.
- Amor… Vamos passar o dia de Natal TODO juntinhos… Música
- , estás louco?! - pergunto indignada - A festa vai ser no dia de Natal. Vou passar o dia todo cá na empresa para que à noite a festa aconteça realmente.
- O quê?! , nós vamos jantar a casa da minha mãe, lembraste?
- Tu falaste comigo sobre isso?
- SIM! Mas…quem marca uma festa dessas para o dia de Natal? Tu pensas o quê? Que as pessoas não têm vida?! – reparo que começa a ficar alterado.
- , isso é problema meu.
- Eu não acredito que tu não vais ao jantar para ir a uma festa em que o principal, ou até o único objetivo é INTERESSE.
- Como assim “não vou”? Tu também não vais, certo?
- Claro que vou! – diz como se fosse obvio.
- ! Tu és o meu acompanhante!
- “Tu falaste comigo sobre isso”? – repete a frase que eu tinha dito há segundos atrás.
- Não é preciso falar. É óbvio!
- Talvez não seja assim tão óbvio.
- O que queres dizer com isso?
- Estou farto, ! Estou farto que ponhas sempre o trabalho a frente de tudo.
- Tu realmente não percebes, não é?
- É. Por mais que me esforce não consigo mesmo perceber, . Se calhar é melhor procurares alguém que te perceba. – diz triste - Adeus.
- Como assim “adeus”, ? Para com essas coisas.
- Até uma próxima, – diz com voz fraca.
- , estás louco?! ? – pelos vistos já tinha desligado. – !
Chamada off______________________
Eu… não acredito… Eu e o já estamos juntos há tanto tempo e… tudo acabou por causa de uma estupidez destas. Ahhhh! QUE RAIVA!!!
Mas não posso mostrar a parte fraca… Ele é que agiu mal. Se nós voltarmos algum… dia ao que éramos, ELE é que tem que vir falar comigo. Ele é que não tinha razões para falar daquela maneira.
O dia passou rapidamente, tão rapidamente, que nem tive tempo para acabar todo o trabalho no escritório, tive que levar para casa.
Cheguei a casa, fui buscar qualquer coisa para comer e, logo de seguida, fui para o escritório de casa continuar o trabalho que tinha começado na ETAL.
Passadas 2h, ainda estava a trabalhar, mas o computador começou a falhar…
Eu- Não! Não! Não posso perder todo trabalho… Liga…Liga… - dizia enquanto batia no ecrã do computador na esperança de que ele ligasse – PORRA!
Rapidamente vi que todos os eletrodomésticos que eu e o tínhamos em casa estavam a a fazer sons estranhos, a ligar e a desligar…
- Mas…O que se passa? – já estava a ficar assustada – , és tu? – Ai nunca mais tive tanto medo, na verdade, o estava sempre aqui para me proteger…não vou pensar mais no … - Mas…o que se passa?! – dizia tentando desligar o quadro elétrico de casa, nada feito…
- Boa noite. – diz alguém calmamente.
- Boa noite… - digo continuando a tentar desligar o quadro elétrico. Espera, se eu estou sozinha e esta não é a voz do , então… - AHHHHH! - Com isto os eletrodomésticos voltam ao normal.
Viro-me para o corpo de onde vinha a tal voz. Não podia acreditar, era um dos meus melhores amigos da escola…
Mas… como é que ele entrou aqui?
- ? ? És mesmo tu? – digo contente pelo facto de não de não lhe ver há mais de 2 anos. – Oh Meu Deus! – digo dirigindo-me a ele para lhe dar um abraço. Quando, supostamente, o meu corpo chocaria com o dele, este, é rapidamente projetado para o outro lado. – Mas…
- Eu não sou o .
- Claro que és o …
- Eu apenas estou com o aspeto do . Eu sou um anjo de Natal…
- E estás a espera que eu acredite nisso…Vá, , para lá com as tuas brincadeiras… Mas como entraste?
- Eu já disse que sou um anjo de Natal. Vim-te avisar de que vais ser visitada por 3 anjos de Natal: “O Anjo do Natal Passado”, “O Anjo do Natal Presente” e o “Anjo do Natal Futuro”…Quando o relógio marcar a hora certa, eles chegarão, um por um.
- A sério…? Isso não te faz lembrar nada? “A Christmas Carol” (Um Conto de Natal) de Charles Dickens? Com o velho Scrooge?
- Isso não importa nada, apenas vim-te avisar…
- Sim…sim… - Ok, isto só pode ser um sonho… é obvio que é um sonho…
- Feliz Natal, menina …
- Ei, espera…
*Ele já tinha saído, ou melhor, evaporado*
Eu estou tão cansada que já tenho sonhos destes, vou dormir… É o melhor que tenho a fazer.
Estava a dormir tranquilamente, quando o meu despertador toca mais alto do que uma orquestra com cerca de 200 instrumentos…
Mas espera… ainda era 00:00h…
Rapidamente surge alguém à minha frente. Como não podia deixar de ser…
Eu – AHHHHHHH!
- Calma… - Não pode ser… era o . Eu vou explicar.
Quando andava na escola, só tinha 5 amigos: , , , e o …
Estávamos sempre juntos. Eu nunca tive amigas, só os rapazes é que não me achavam a “esquisita” da escola
- ? – pergunto animada.
- Não sou o . Sou o anjo do Natal Passado. Nós só estamos com este aspecto para te sentires mais à vontade.
- Ahn?
- Vamos…!
- Vamos onde? Eu não vou a lado nenhum. Amanhã tenho que acordar cedo por causa da festa em homenagem ao Mathew, e se não…
- Agora é a tua vez, amor! Vá, abre a prenda.
Sou interrompida por uma voz muito familiar. De repente estávamos numa sala de estar com efeitos de Natal e com uma senhora e uma rapariga com cerca de 17 anos perto da árvore a abrir as prendas.
Espera…era… eu e a minha mãe. De repente sinto algumas lágrimas invadirem os meus olhos .
- O…o que é isto? – digo olhando para o , quer dizer, anjo - Elas não nos vêm?
- Não… - diz calmamente - Apenas observa…
(N/A: Sempre que aparecer : _______Analepse 1,2, 3… ON___ - É o início de uma interrupção que há na fic’ . É como se fosse um Flashback. E quando aparece ______Analepse 1,2, 3… OFF_____ - É o fim da interrupção, da Analepse, do Flashback).
______Analepse 1 ON_______________
– Mãe, não devias… - digo “eu” quando tinha 17 anos.
- , abre agora… - diz sorridente.
Desde há dois anos, o meu pai nos abandonou. Assim eu e a minha mãe passávamos sempre o Natal juntas.
- Pronto…já estou a abrir… - quando abro, vejo uma bolsa de estudos já toda paga para uma das melhores universidades de Londres. – Mãe! – digo espantada.
- Gostaste, amor? – pergunta a minha mãe com um sorriso lindo nos lábios.
- Mãe, eu não acredito que tu… fizeste isto por mim…
- Fiz isto e faria muito mais, . Tu és a minha razão de viver, filha… Por ti eu faço tudo…
______Analepse 1 OFF________________
- Ai, há quanto tempo não vejo a minha mãe… Como será que ela está?
- Feliz é que não, sabendo que a filha não quer nem saber dela.
- Eu quero saber dela. Apenas não tenho tempo para ir a Liverpool todos os dias. Não consigo, impossível.
- Para o trabalho nada é impossível, já para a família…
- Vê-se logo que tu não percebes. Aliás, eu não vou aceitar que um… um… anjo! Diga o que eu devo ou não fazer. É ridículo o fato de… - sou interrompida pela curiosidade de saber onde estávamos.
Não era racionalmente impossível passar de um sítio para o outro em milésimas de segundo?
Estávamos num centro comercial. De repente vejo um casal a passar rapidamente à nossa frente. Era o e eu… mas…
- ... O que é que….
– Shh… vais gostar disto – diz ironicamente - Ou não...
______Analepse 2 ON______________
- Agora … só falta a prenda da minha mãe. – diz
- Já tens alguma ideia…?
- Não… - responde desanimado.
- A tua mãe adora cozinhar, certo? Então… qualquer coisa para a cozinha…
- Tens razão. A minha mãe vai adorar! – diz abraçando-me e, por consequência chamando a atenção de toda a gente que passava.
- Ela adoraria qualquer presente teu, amor. Nem que fosse uma simples caneta.
- É o que dá ser o filho mais atencioso do Mundo. – diz convencido.
- E o mais convencido também…
- Ahahahah! Já agora, a que horas é que vamos buscar a tua mãe?
- Quando sairmos daqui podemos passar logo lá…
- E de lá vamos direto para a casa dos meus pais. A essa altura já devem estar todos lá…
- Uhhh… Estou ansiosa para comer o peru da tua mãe…
- Ahahah, prepara-te para comer peru até mais não poder.
- Acho que és a única pessoa que já provou o peru da minha mãe e gostou.
- Ahahah! Que mau, amor.
- Ahahah!
_____Analepse 2 OFF_______________
- É triste ver como as relações que não tinham nada para dar errado acabam… – comenta o anjo.
- A culpa não foi minha.
- Pff… Claro que não… mas alguém disse isso?
- Não disseste mas quiseste dizer. Eu não tenho culpa que o não seja maduro o suficiente para compreender que… - num abrir e fechar de olhos o , ou anjo, desaparece- , onde estás? Anjo?
De repente sinto uma forte brisa de vento despentear os meus cabelos parecia que estava a voar .
Rapidamente estava num sítio completamente diferente, com uma pessoa completamente diferente à minha frente. Era o …!
- ?
- Nop. – responde rapidamente.
- Não precisas de explicar outra vez. Deves ser outro anjo…
- Anjo do Natal Presente.
- Vá, o que me queres mostrar?
- Anda! – diz pegando em minha mão.
Com uma brisa de vento estávamos numa casa que eu nunca tinha visto antes.
- Ah… onde estamos?
- Na casa da tua querida funcionária, a Ivanne. Aquela que te pediu uma folga no dia de Natal e tu não deste por puro egoísmo…
- Não foi egoísmo.
- Claro que não… e eu sou o papa-formigas… - diz ironicamente - Mas agora, vê.
E - Que remédio...
Rapidamente, Ivanne aparece a falar ao telemóvel com alguém.
Por obra de… não sei o quê. Nós também conseguíamos ouvir a pessoa que estava do outro lado da linha. Nos sonhos tudo é possível.
____Analepse 3 ON______________
Chamada on____________________
- Estou? – Ivanne pergunta.
- Quem fala? – responde a voz que estava do outro lado da linha. Era uma voz masculina.
- É a mãe, Christopher.
- Ah! Mãe, chego aí por volta das 16h. Já falei com o Coronel e está tudo combinado. Volto para cá de madrugada por volta das 4h.
*Com isto Ivanne começa a lacrimejar*
- Amor, não vale a pena vires. – diz Ivanne com voz fraca
- O quê? Por quê? – pergunta o rapaz confuso.
- Eu estou a trabalhar hoje. Entro daqui a meia hora.
- Mãe, por que é que não pediste folga?
- Eu pedi, Chris, mas tu sabes como é a doutora . E ainda por cima vai haver uma festa em homenagem ao doutor Thompson…
- Mas explicaste-lhe a situação?
- Claro que sim, filho…
- Essa mulher não tem mesmo coração.
- Não fales assim, Chris, ela é só muito estressada.
- Como queiras. Mas agora que já comprei a passagem e falei com o Coronel, vou na mesma para aí.
- Vem, filho. Pode ser que nos consigamos encontrar.
- Pois…talvez… graças àquela bruxa a quem tu chamas de “patroa”, não é uma coisa certa.
- Filho…
_____Analepse 3 OFF___________________
- Eu nunca pensei que fosse… - sou interrompida pelo , ou anjo, ou qualquer coisa…
- Pensaste sim. Só não te importaste.
Enquanto pensava numa resposta suficientemente boa para o anjo, senti uma outra brisa fazendo-me passar rapidamente da casa da Ivanne para a casa da minha mãe. Ela estava tão abatida…
- Outra vez…? - pergunto.
- A tua mãe está muito mal.
- Ah! Tens razão. Tenho que lhe mandar um postal…
- Pois… Porque o que ela precisa é exatamente de um postal a dizer “Boas Festas” - diz ironicamente - Continuando, a tua mãe está dessa maneira - diz apontando para a minha mãe que estava com um aspecto muito desidratado – porque a própria filha a abandonou. Ela está sozinha, triste, nem sai de casa.
- Como assim? – pergunto preocupada - A minha mãe sempre foi animadíssima, sempre foi a minha heroína.
- Não é isso que parece.
- Mas essa é a realidade. Eu amo a minha mãe, só não tenho tido tempo, mas quando chegar…- rapidamente estávamos noutro sítio completamente diferente - Ahhh! Onde estamos?
- Em casa da tua sogra, quer dizer, ex sogra, mais propriamente, no antigo quarto do .
Dou meia volta e vejo um casal sentado na cama. Pelos vistos o rapaz estava bastante triste e a rapariga consolava-lhe.
Espera… é o e a rapariga que os tios dele tinham adotado. Ela devia ter uns 21 anos.
Aquela miúda sempre gostou do , eu sabia que a qualquer oportunidade aquela estúpida iria-se atirar ao meu namorado ou… ex namorado.
- Mas porque é que essa estúpida está praticamente em cima do ?! – pergunto irritada.
- Bem, ele precisava de alguém para lhe consolar… - responde o calmamente.
- Mas consolar do quê?! O está perfeitamente bem. E aliás, tem-me a mim!
- 1º Não, não tem; 2º O , ao contrário de ti, tem coração, logo, está triste por uma relação de tantos anos, uma relação que ele tinha com a mulher que ama , tenha acabado assim, por uma coisa tão parva.
- Eu tenho coração… Apenas não mostro tanto…
- Pois claro... – responde ironicamente.
- E além disso, eu tenho a certeza de que o não… - sou interrompida pela gravidade da cena que estava a ver. Aquela estúpida da Julie (miúda que estava quase em cima do ) aproximava os seus lábios cada vez mais dos dele, acabando assim por beijá-lo.
- Estava-se mesmo a ver até onde este consolo todo iria dar. – diz com vontade de rir.
- Tira-me daqui. – Aquele beijo era como uma facada para mim.
- Agora? Que as coisas começaram a aquecer? – diz não aguentando e rindo-se como um louco.
- Tira-me daqui! – digo cada vez mais desesperada.
- Mas porquê? Não estás a gostar?
- TIRA-ME DAQUI! – digo tapando o rosto pelo fato de estar a chorar excessivamente.
Música
- Os teus desejos são ordens…- Fico espantada, pois a voz que dira esta frase é completamente diferente da do .
Pela minha grande curiosidade, tiro as mãos do meu rosto e desvio o meu olhar para o corpo de onde vinha a tal voz, reparando também, que estávamos num lugar completamente diferente.
E como não podia deixar de ser, o “” aparece à minha frente.
- ?!
- Não sou o .
- Deixa-me adivinhar, “Anjo do Natal Futuro”?
- Exatamente!
- E o que é que tu me queres mostrar? Estou farta de ver coisas que só me põe triste e… - de repente fica tudo escuro - O… que se passa?
- Observa… - diz quando, subitamente, aparece uma luz à minha frente.
Eu e o , quer dizer, o anjo, estávamos na parte de trás do carro do .
À frente estava o e a Julie, claramente, eles não nos viam.
______Analepse 4 ON_________________
- Só falta comprar a prenda da minha mãe. Ideias…? – pergunta à Julie.
- Bem, tu conheces a tua mãe melhor do que eu…
- Pois… talvez alguma coisa para a cozinha… ela sempre adorou as prendas que eu e a …
-! – interrompe Julie.
- Sim?
- Eu tenho que dizer isto... Quero ter um filho teu, .
- O quê? – pergunta chocado.
- Sim. Para firmar a nossa relação. Nada melhor do que termos um filho, amor…
- Julie, eu acho que é muito cedo para isso. Tu sabes que eu ainda não esqueci completamente a …
- A . Ainda não esqueceste a . – interrompe zangada - Porquê, ? Ela abandonou-te há 2 anos, amor. Não vale a pena sofrer por uma miúda estúpida que te fez sofrer e nem se deve lembrar de ti. Está mais preocupada com a “ETAL”. , eu estou aqui e amo-te.
- Eu sei, Julie. E sei que pode demorar, mas eu vou esquece-la. Um dia sentirei por ti o mesmo amor que tu sentes por mim. – diz beijando-a.
______Analepse 4 OFF_____________________
- Eles estão juntos? – pergunto com lágrimas nos olhos.
- Bem, não pensei que te importasses… na realidade, o trabalho está sempre à frente… - responde bastante tranquilo.
- Deixa-me em paz! – digo sentindo uma tristeza surreal apoderar-se de mim.
Aquela escuridão de há pouco apareceu rapidamente, tão rapidamente quanto desapareceu.
Estávamos num hospital… hospital?
- O que estamos a fazer aqui?
- Já vais ver… - com isto começamos a andar pelos corredores do hospital.
- Importaste de responder?!
- Aqui está a tua resposta. – diz apontando para um quarto.
Abro a aporta e vejo um quarto que, ao contrário dos outros, estava vazio, sem flores, sem ninguém, apenas com a doente que estava com um aspeto horrível.
Aproximo-me e vejo que a doente que estava quase num estado terminal era… eu.
- O que é que eu…estou a fazer numa cama de hospital quase a morrer? – pergunto assustada.
- Bem, tu tiveste um esgotamento nervoso gravíssimo. Tudo indica que quando acordares, o teu estado de saúde não será o melhor. Se acordares….
- Esgotamento nervoso?
- Sim. Por tanta importância que dás… ou deste ao trabalho.
- Ah! – digo tapando a minha boca que estava num perfeito “O” – Eu nunca pensei que fosse chegar a este ponto…- E ninguém me veio visitar? Vou morrer…sozinha…? – começo a sentir as lágrimas que estavam nos meus olhos ainda há pouco a cair rapidamente.
- E o pior é que nada podes fazer para mudar o teu futuro…
- Claro que posso! Eu vou mudar a minha atitude, vou voltar ao que era antes!
- Infelizmente, , AQUI não há segundas oportunidades – diz desaparecendo.
- Não - digo caindo de joelhos no chão pela fraqueza que se apoderara de mim e pela escuridão que atingira os meus olhos - NÃO! – chorava desesperadamente - Eu juro que vou mudar! Por favor, só preciso de uma oportunidade! Por favor! Por favor… - digo já perdendo as esperanças e…
- Por favor…
Quando abro os olhos, estava deitada na minha cama com o cabelo todo despenteado e com os pés na almofada.
- Ahh! – uma alegria incontrolável apodera-se do meu corpo - Não acredito…Devem-me ter dado uma segunda oportunidade!- digo olhando para o telemóvel e vendo que era dia 25 de Dezembro, Natal.
Sem pensar em mais nada tomo banho e visto-me rapidamente e vou a correr até à ETAL. Disse que era para estar lá às 9h e já era 12h.
Mal ponho pé na empresa, a Joanne vem a correr atrás de mim a bombardear-me com a organização da festa.
- Doutora! Já estava preocupada. Ainda bem que chegou. Ponto da situação! – diz erguendo o dedo indicador – Bem, os preparativos estão quase concluídos, mas infelizmente o vídeo que fizemos com as dedicatórias ao doutor Mathew…
- Joanne! - Com isto ela olha-me assustada.
- Diga, doutora…
- Relaxa, querida. Estás muito estressada. É Natal… - digo bastante animada.
- … A doutora sente-se bem…? – pergunta calculosa.
- Melhor do que nunca, linda… Tu é que não pareces muito bem. Tive uma ideia! Joanne, estás de folga! Vai para casa, mulher, precisas de descansar…
- De modo algum, doutora. Eu prefiro ficar aqui a ajudar. – diz ainda um pouco chocada.
- Jo, eu insisto. Vai para casa, é Natal!
- Agradeço imenso, doutora. Mas o meu marido não está no país, logo, se eu for para casa vou ficar sozinha. Prefiro ficar aqui.
- Se insistes… Olha, ficas responsável pela festa, pode ser?
- Claro… Mas onde é que a doutora vai?
- Vou a Liverpool, ter com a minha mãe.
- Com certeza. Mande-lhe beijinhos… - diz um pouco envergonhada.
- Claro, Jo. – digo virando costas preparando-me para sair da empresa, quando uma pessoa passa pela minha cabeça – Joanne, sabes da Ivanne?
- A última vez que a vi estava na receção, doutora.
- Brigada, linda. – digo virando costas e dirigindo-me à receção.
*Na receção*
A Ivanne estava a organizar uns papéis.
- Ivanne, querida… - vou até ela e dou-lhe um abraço apertado.
- Doutora…? Sente-se bem?
- Sinto-me maravilhosamente bem, querida.
- A doutora quer alguma coisa?
- Quero. Quero que vás para casa ter com o teu filho, Ivanne.
- Diga…? – pergunta espantada.
- Exatamente, querida.
- Tem a certeza, doutora?
- Absoluta. Vai lá. E desculpa não te ter dado folga assim que pediste. Perdoa uma miúda que ainda não tem noção da vida, Iv…
- Claro que sim, meu amor. – diz abraçando-me. Eu e a Ivanne já nos conhecíamos há muito tempo. Foi ela que me ajudou nos primeiros tempos que vim para a ETAL. Com isso, tornámo-nos mais próximas.
- Vá, agora vai lá ter com o teu filhote. Queres boleia? (N/B: Carona. Acho.)
- Não, amor, estou de carro.
- Então até dia 1. Até lá estaremos de férias.
- Até dia 1, .
Saio rapidamente da ETAL, indo com o carro em direção a Liverpool em busca da minha mãe.
Quando chego- Dilng Dolng – toco à campainha.
Passados 2 minutos a minha mãe abre a porta.
- Feliz Natal! – digo abraçando-a.
- Filha? – pergunta espantada.
*Já dentro de casa*
- Uou! A casa está tão diferente – digo observando atentamente – A árvore de Natal?
- Ah…não fiz este ano, amor…Mas, o que fazes aqui? Estás tão diferente…tão animada.
- Mãe, eu peço desculpa por te ter praticamente abandonado aqui…e aliás, vamos comprar uma casa para ti em Londres.
- Boa ideia, . E… não faz mal, querida, não falemos mais disso…
- Tens razão. Mas agora vai-te vestir. Vamos passar a noite de Natal na casa dos pais do .
- Sério?
- Sim! Vai lá, já se está a fazer tarde, mãe – digo contente.
- Tá…
*Passadas 3h já estávamos à porta de casa dos pais do *
- Dling- Dlong – Toco à campainha – A mãe do abre rapidamente a porta.
- ! – diz a mãe do abraçando-me – Vieste…
- Vim sim! E trouxe a minha mãe…
- ! Há quanto tempo… Entra. – diz a mãe do quase aos pulos.
*A mãe do e a minha ficaram a falar, elas sempre se deram muito bem*
Enquanto eu procurava o …
A casa estava bastante cheia. Ao contrário da minha, a família do era enorme.
- ! – viro-me e vejo a avó do .
- Vó! – digo abraçando-a. A avó do sempre gostou muito de mim e eu dela. – Vó, sabes onde está o ?
- Bem, amor, a última vez que o vi acho que ele estava a ir para o quarto…
- Brigada, vó…
Até chegar ao quarto do cumprimentei umas 6 pessoas. Adoro esta família, são todos muito queridos.
Quando abro a porta do quarto do , vejo uma cena que me fez ter um déjà-vu.
A estúpida da Julie estava prestes a beijar o enquanto ele estava triste, tal como no sonho, naquela cena que o , quer dizer, anjo, me mostrou.
- … - digo com a voz trémula.
vira rapidamente o rosto para mim levantando-se logo de seguida, surpreso por me ver ali.
- ? O que fazes aqui?
- Bem… fui convidada, certo?
- Sim, mas… - ele parecia confuso.
– , eu quero-te pedir desculpas por tudo o que eu fiz, por não ter sido a companheira que tu merecias. Mas eu amo-te e juro que a partir de hoje nunca mais vou por o trabalho à frente de nós, nunca mais vou trabalhar em casa, nunca mais vou ser estúpida contigo, nunca mais…
interrompe-me com um beijo intenso.
- Eu te amo. Perdoas-me? – pergunto depois do beijo. Tinha tantas saudades destes beijos.
- Claro que te perdoo. Eu também te amo, .
Desvio o olhar para trás dele e vejo a Julie chocada a olhar para nós.
- Perdeste alguma coisa, Julie? – pergunto com raiva.
- Não… - diz triste.
- Então com licença, querida… - ela sai do quarto chateada - Amor, eu quero muito ver o , o , o e o …
- Por que amor? – pergunta animado.
- Longa história… Tive um sonho com eles tão mau e tão bom ao mesmo tempo… Depois conto-te melhor.
- Vou ligar para eles já amanhã! – diz abraçando-me e pegando-me ao colo para mais um beijo.
Passados cerca de 45 minutos, estávamos todos à mesa a jantar.
- Queres mais peru, ? – pergunta a mãe de .
- Sim! - digo causando a gargalhada de todos.
- Para o próximo ano é lá em casa!
- Exatamente! Ah… para que todos saibam a minha mãe vai passar a morar cá em Londres.
- Acho uma ótima ideia… Depois vão lá à agencia. – (N/A: Na fic, o pai do é agente imobiliário)
- Com certeza… O que achas mãe? Uma casa assim bem grande para os teus netos andarem por lá a correr, com um quintal enorme…
- Netos?! – perguntam todos chocados.
- Não gostarias, amor? - digo olhando para o .
- Adoraria… - diz com um sorriso encantador e com os olhos a brilhar.
- E o casamento? – pergunta a avó do .
- Outro assunto a resolver… - responde o animado e eu concordo. Todos começam a falar sobre isso.
- Isto merece um brinde! - Rapidamente estávamos todos de pé – À nossa felicidade, amor, saúde e… Feliz Natal!
– Feliz Natal! – dizemos todos.