Em um dia como outro qualquer - ou até mais tedioso – estava vagando por aí com os meus devaneios de sempre, quando lá no final da rua de mãos dadas com uma mulher, eu o vi. Estava mais bonito e mais sadio que da última vez que nos vimos.
Sorrio de lado, até que esse tempo longe de mim fez bem á ele.
Abaixo minha cabeça e continuo andando, mais devagar que antes para evitar um possível encontro. Mas algo me diz para erguer a cabeça e seguindo meus instintos, o faço.
E me arrependo logo em seguida, pois ainda ao final da rua – porém mais perto que antes – encontro um par de olhos castanhos me encarando e posso jurar que vi uma pontada de tristeza passar por eles.
Não sei quanto tempo ficamos assim, podiam ter se passado três minutos, três horas, três anos. Na verdade, poderia passar toda uma eternidade que eu não me cansaria de olhar aqueles olhos castanhos que conseguiam fazer eu me perder facilmente.
Eu ainda o amava, eu ainda o desejava com toda a força do meu ser, eu ainda precisava dele.
Em momento algum eu quebrei o contato visual, nem mesmo quando uma lágrima involuntária caiu. Eu o observei fechar os olhos e respirar fundo, e ao abri-los notei aquela pontada de tristeza de antes, mas havia algo mais. Saudades? Não, eu não iria me dar o luxo de ter sequer alguma esperança.
Eu sequer piscava ao olhar para ele. Eu queria memorizar cada detalhe – não que eu já não o tenha feito – porque sabia que aquela vez seria a última.
Olhando para aquele rosto angelical, parei meu olhar em seus lábios e tentei lembrar quantas vezes eu os havia ouvido sussurrando palavras de amor eterno para mim. Depois de não sei quanto tempo, notei que seus lábios se moviam e ele dizia uma palavra silenciosa: Desculpe.
E soube que definitivamente estava acabado.