Escrita por: Flávia C.
Betada por: Flávia C.




Nova York não é como pensava, mas é exatamente do que ela precisava.
A cidade é grande e cheia de rostos desconhecidos, às vezes ela se vê surpresa com sua própria insignificância no mundo. Ela pode ser quem quiser e ninguém vai se importar, o mundo está infestado de pessoas diferentes. Por mais que tenha um medo ocasional, de ser roubada na rua ou de estar sozinha naquele lugar, se sente mais livre do que nunca.
Ela faz amigas na nova companhia de balé. Até mesmo faz amizade com um homem, Josh, que é assumidamente gay, é claro que aquela é uma companhia de dança, então não é nada de inusitado para a maioria dali. Para , entretanto, aquilo é um sonho se tornando realidade. Ela não conta seu segredo para ninguém, ainda tem medo da reação de todos.
Algumas vezes, não se abrir com ninguém se torna doloroso. Ela queria ter ali com ela, queria ter alguém com quem pudesse conversar qualquer coisa, mas não tem. Agora é só ela, conquistando Nova York, dia por dia. Ela pode estar livre, mas que importância tem se não tem ninguém com quem aproveitar? suspira e deixa isso de lado, ela tem muito trabalho a fazer e não poderia desperdiçar com de qualquer forma, é bom que não tenha nenhuma distração. Ajuda a deixá-la focada, a conseguir papéis melhores nos balés em que participava, a chamar atenção na companhia. Atrair olhares era importante.
Finalmente, ela podia deixar as coreografias só para o palco.

~*~


Alguns meses depois, se muda para o apartamento de Josh e Kimberly, pois a companheira de apartamento deles acabou de se mudar com o namorado e eles estão com uma vaga extra. Eles também trabalham na mesma companhia de e já moram em Nova York há mais tempo do que ela. Eles a levam para sair e conhecer a cidade, e precisa admitir que se diverte bastante na presença deles.
Ainda pensa bastante em , mas tem outras coisas para ocupar sua mente. Elas se falam por telefone às vezes, combinaram de manter contato quando se mudaram e se sente feliz por terem cumprido a promessa. Ela também fala frequentemente com seus pais, que não ficam nem um pouco satisfeitos em saber que ela está se mudando com um homem, o fato de ele não estar interessado em mulheres só os deixa mais insatisfeitos. apenas suspira e sorri, aliviada que ela é maior de idade e está em outra cidade, seus pais não têm mais tanta influência em sua vida assim.
Porque eles ainda têm controle financeiro sobre ela, logo arranja um emprego de meio-período como garçonete. Ela mal consegue juntar forças entre os dois trabalhos, mas sabe que está fazendo a coisa certa ao juntar dinheiro. Logo, não precisará depender dos pais para nada e poderá viver sua vida como quiser. Ela mantém os pensamentos no futuro, pois assim não precisa pensar em como está cansada.
Seus pais e Sienna aparecem em Nova York para passar seu aniversário com ela, mas a surpresa é um desastre. está cansada e já tinha planejado sair com seus amigos. Josh e Kim dizem que entendem, e ela acaba obrigada a jantar com a família. Jantar esse que é cheio de comentários negativos sobre a cidade, seus amigos e seu emprego. Apesar de seus pais se focarem em sua carreira, Sienna não poupa os comentários homofóbicos sobre Josh, que conhecera brevemente ao passar no apartamento de .
não aguenta ouvir tudo aquilo e explode. Ela larga a família no restaurante e volta para casa sozinha. Kimberly não está em casa, mas Josh está no sofá assistindo The X-Files. Ela chega chorando em casa e ele perde o final do episódio para conversar com ela. sabe que precisa confiar em alguém, não está mais lá e ela precisa de amigos de verdade. Ela, então, conta tudo para Josh. Sobre o jantar, sua família, , Liam e Natalie.
Ela se sente bem colocando para fora todas essas emoções confinadas dentro de si por tanto tempo. Josh a escuta e a conforta, ele conta sobre sua própria experiência com seus pais e com os amigos. Ele é a única pessoa que ela conhece que é igual a ela, tirando . Ele diz que as pessoas na companhia e seus amigos são muito compreensivos e ela não tem com o que se preocupar. Ela está segura no meio deles.
Eles conversam a noite inteira e, quando Kimberly chega de madrugada, resolve contar para ela também. Se agora eles vão ser seus melhores amigos, eles devem conhecê-la.

~*~


vai visitá-la nas férias de verão, para passar uma semana em NY. A última vez que elas se viram foi no Natal, quando ambas estavam brevemente na casa dos pais para as celebrações, mas mal tiveram tempo para conversarem.
fica hospedada em um hotel na área turística da cidade e fica chateada quando percebe que não tem muito tempo para passar com ela. tenta arranjar um tempo entre empregos, prometendo diversos favores para seus colegas, mas, mesmo assim, o máximo que consegue são algumas horas, que utiliza para mostrar Nova York para . Elas caminham pelo Central Park e visitam o Empire States Building. Enquanto trabalha, passeia por museus e faz compras pela cidade.
No final de semana, o quarto dia desde que chegou, elas finalmente têm tempo para se sentar e conversar. conta que sua relação com os pais está cada dia pior, apesar de ela não ter se assumido para eles ainda. Apresenta Josh e Kim a ela, conta como eles têm a apoiado, assim como vários outros amigos da companhia. Fala sobre seus empregos e como, apesar de estar cansada, se sente realizada. Ela está conseguindo cada vez mais destaque na companhia e ela é realmente boa no que faz.
conta sobre Stanford, como ela está amando tudo lá. Ela decidiu que vai entrar para a escola de Direito assim que terminar a faculdade. Revela que terminou com Michael, quem vinha namorando há quase um ano já e, quando insiste em saber mais detalhes, confessa que foi por causa delas duas. Ela havia contado a Michael sobre sua história e, apesar do início ele não ter se importado, ele não queria que ela fosse para Nova York encontrar . diz que ele podia ter ido junto, mas estava tão cego de ciúmes que a acusou de ainda ter sentimentos por e terminou tudo.
não sabe muito como reagir a isso. Uma parte de si está satisfeita por estar ali, por ter escolhido elas duas ao invés de Michael, por outro lado, ela vê que , apesar de não admitir, está sofrendo com o fim do namoro. Elas haviam conversado o bastante no último ano para saber que ele era um bom namorado, e o amava. Mas... balança a cabeça, tentando tirar os pensamentos de sua mente. Ela e eram amigas e deveriam continuar assim.
- Michael vai esquecer isso – tenta quebrar o clima estranho – Ele vai perceber que cometeu um erro e querer voltar com você.
apenas ri e balança a cabeça negativamente.
- O problema é que ele não estava errado – ela admite – Eu ainda gosto de você, . Acho que uma parte de mim sempre vai estar um pouco apaixonada por você.
não responde nada, porque não encontra palavras. Ela ama , sabe disso e não consegue se esquecer. Desde que se mudou, é mais fácil lidar com seus próprios sentimentos, sem vê-la pessoalmente podia convencer-se que tinha seguido em frente, que está feliz em Stanford e ela está feliz em Nova York. Mas agora ali estava . Antes que possa concluir seus pensamentos, volta a falar.
- Eu amo Michael – ela suspira – Realmente amo. Mas nós duas... Nós nunca tivemos um encerramento, sabe? E eu entendo que ele não queira ficar comigo, sabendo que eu ainda gosto de você e que nós mantemos contato.
- Isso é loucura – fala, finalmente – Não é como se tivéssemos alguma chance de voltarmos a ficar juntas. Vivemos em lados diferentes do país – ela dispensa a possibilidade – Você devia conversar com ele. Dizer que ele não tem com o que se preocupar – ela aconselha, a frustração na sua voz é quase palpável – Absolutamente nada – murmura.
apenas ergue as sobrancelhas para , nem um pouco convencida de que qualquer uma delas acredite que isso seja verdade.
- É, um relacionamento entre nós duas nunca ia funcionar – completa, um pequeno sorriso se forma no canto de sua boca – Se tivéssemos alguma coisa, ia ter que ser algo de apenas uma vez.
arregala os olhos, surpresa com a sugestão implícita na afirmação de . Ela não tem nem tempo de pensar em alguma resposta, os lábios de estão sobre os seus, agindo rapidamente. Ela não leva muito tempo para começar a corresponder. Sabe muito bem que acabou de fazer um discurso dizendo que isso não aconteceria, mas está feliz em esquecê-lo, mesmo se por pouco tempo.
Ela não havia mentido completamente, tem razão quando diz que não poderiam manter um relacionamento. Honestamente, nem tem tempo para um. De onde está, ela pode ver o futuro claramente: iria embora em três dias, ela falaria com Michael, eles se resolveriam e voltariam. Mas pelo menos elas teriam essa única noite para se lembrar. Encerramento, havia dito, não tinha certeza se ficarem juntas iria encerrar algo, mas estava disposta a descobrir.
A previsão de se realiza sem nenhuma surpresa. Elas passam a noite juntas, passeiam no resto da viagem, divertem-se e até se beijam mais algumas poucas vezes em lugares públicos, apesar de ainda ser estranho quando fazem isso fora de um quarto. É a primeira vez que se deparam com a possibilidade de estarem juntas de verdade, com as pessoas as olhando, julgando. Funciona porque ambas sabem que não vai durar, são apenas três dias. Elas conversam sobre o assunto, não planejam tentar namorar; não fala mais sobre Michael, mas sabe que ela vai ligar para ele assim que estiver de volta à costa oeste.
A noite compartilhada as deixa mais próximas e consegue entender como aquilo pode ser um encerramento. Elas não estão mais apaixonadas, não tanto quanto antes, pelo menos é o que ela repete para si mesma. Amam-se, não há dúvida nenhuma nisso, mas, quando se despede no aeroporto e vai embora, sente que pode finalmente seguir em frente.
volta com Michael duas semanas depois. Elas estão conversando por telefone e conta com naturalidade o que aconteceu. não acha estranho, nem ressente o fato, está feliz pela amiga. Pelo o que relata, Michael parece estar bastante apaixonado por ela. Ela não entra em detalhes sobre o quanto ele sabe sobre a viagem; não pergunta.
sai com Josh um dia para uma boate. Ela beija uma garota desconhecida, é a primeira vez que beija uma menina sem ser . É diferente, mas também é diferente de beijar qualquer um dos garotos com quem ela ficou durante sua adolescência. É melhor. está satisfeita consigo mesma, está feliz com onde está em sua vida. Finalmente está aceitando sua sexualidade, não sente que precisa se esconder. Seus pais continuam ligando para ela, mas as conversas são curtas e eles não têm tempo de brigar.

~*~


Ela vai visitar a cidade para o aniversário de 15 anos de Sienna. Ela começa a achar que existe alguma maldição de aniversários na família, mas talvez seja só o fato de todos eles se encontrarem.
A visita começa bem, ela trouxe um presente para a irmã e conversa com os pais sem nenhuma confusão. Eles não mencionam o seu aniversário, quando ela saiu correndo do restaurante, e ela se sente agradecida por isso. Perguntam-lhe sobre o trabalho, ela menciona que vai participar de um balé famoso em algumas semanas, que eles poderiam aparecer para assistir. Sua mãe diz que teria que verificar sua agenda e seu pai começa a explicar que não podem ficar indo para Nova York o tempo todo. não menciona que eles só foram até lá duas vezes em um ano e até agora não a assistiram nenhuma vez. Sienna aponta que provavelmente vai estar nos fundos e interpretar um papel secundário mesmo, então nem vale apenas eles irem.
consegue desviar o assunto para Sienna e o colégio antes de se irritar. Sua sorte é que a irmã não só gostava de falar bastante, mas gostava ainda mais quando ela era o assunto principal. Ela fala sobre seus amigos, sua turma e sobre a festa que estava planejando no final de semana. Suas amigas iriam na sua casa de tarde e de noite elas sairiam para comemorar. Graças a deus, na noite seguinte já estaria no seu voo de volta para Nova York.
Ela dorme no seu antigo quarto, abre sua cortina para ver o quarto de , vazio. Por pouco elas não se encontraram, havia estado ali quase uma semana antes, aproveitando o fim das férias para visitar os pais. queria que ela estivesse ali, queria pular sua janela e se encontrar às escondidas. Ela sorri pensando em como era estranho que fazia apenas dois anos desde que elas ficaram juntas pela primeira vez. Ela se sentia tão mais velha.

Eles saem para almoçar fora no dia seguinte. Sienna quase não quer ir, dizendo que precisava arrumar a casa para receber os convidados, mas acaba aceitando quando os pais a lembram que vai embora em poucas horas e não se sabe quando a encontrarão novamente. É um restaurante popular e, considerando que aquela era uma cidade pequena, não foi nenhuma surpresa encontrar diversos conhecidos ali. Ela avista Matthew, um garoto com quem costumava estudar e andava com Michael e Liam, almoçando com os pais e o irmão mais novo. Uma amiga de Sienna também está ali, avisando que vai para seu aniversário depois.
Ela ouve risinhos vindo da mesa de Matthew, assim que ela passa. Apesar de estranhar, não comenta nada. Senta-se com a família e tenta se concentrar no cardápio, mas não consegue ignorar que eles continuam encarando-a. Talvez estejam encarando Sienna, talvez seu irmão a conheça, ela tenta se convencer. Seus pais parecem alheios a qualquer perturbação, mas Sienna também percebe a atenção, ela franze a testa e olha para , como se perguntasse se ela sabia o que estava acontecendo.
Seus pedidos acabam de chegar quando a outra mesa paga a conta e se levanta. sente o alívio percorrer seu corpo, sabendo que eles logo vão embora, mas, para seu descontentamento, Matthew apenas vai até sua mesa, com um sorriso no rosto. Ela ergue as sobrancelhas.
- Olá, Matthew – ela cumprimenta. Eles nunca foram muito amigos.
- Hey, , como vai? Faz bastante tempo que não te vejo por aqui – ele diz educadamente, mas parece se divertir com a pergunta – Mas sabe quem eu vi outro dia? ! Vocês continuam mantendo contato? – ele pergunta e seu irmão, atrás dele, solta uma risada. sente empalidecer na hora – Imagino que sim, afinal vocês são tão próximas, não é?
não responde, ela desvia o olhar para seu próprio prato, tentando lembrar como respirar. Seus pais e Sienna estão agora encarando o garoto, sem entender nada. Algumas outras mesas também notam certa agitação e prestam atenção, apesar de tentarem disfarçar.
- É claro que elas mantêm contato, elas são melhores amigas – Sienna diz, finalmente, tentando cortar o clima desagradável. Isso só parece divertir ainda mais os dois garotos.
- Aaah, eles não sabem ainda? – o irmão de Matthew diz, satisfeito em colaborar com a tortura.
- Estou surpreso por Michael continuar com ela, sabendo o que vocês duas fizeram... Ou será que ele gosta disso, vocês fazem ménages de vez em quando ou algo assim? Ou ele só gosta de ver vocês duas se pegando? – ele tira o sorriso do rosto por um momento para fazer uma cara de reprovação – Talvez eu pergunte para ele da próxima vez que o encontrar.
- Cala a boca! – reúne energias suficientes para gritar – Me deixa em paz!
Matthew coloca as mãos para cima, como se fosse inocente. Ele passa os olhos pelo resto do restaurante, confirmando que todo o restaurante parara de comer para assistir à discussão.
- É, tenho mais o que fazer do que ficar falando com lésbicas mesmo. Bom almoço – ele se vira, puxando o irmão pelo braço, e sai do restaurante, como se nada tivesse acontecido.
O ambiente inteiro fica em silêncio por alguns segundos e então explode em burburinhos. Todas as outras mesas comentam ao mesmo tempo sobre o que acabou de acontecer. está presa demais em seus pensamentos para ouvir o que eles dizem, suas mãos estão tremendo e ela sente que vai vomitar. Seu prato está bem na sua frente, mas ela não tem mais apetite nenhum. Sua vontade é sair correndo por aquela porta, pegar o primeiro voo para Nova York e nunca mais voltar, mas isso só chamará mais atenção para ela. Continua olhando para baixo, tentando prender as lágrimas e se acalmar.
- O que foi isso?! – seu pai é o primeiro a se pronunciar – ?
- Não foi nada – ela responde rapidamente, a voz sai mais alarmada do que ela pretendia.
- Esse garoto claramente estava maluco – sua mãe diz, ainda atordoada – É óbvio que ele está mentindo, não é, ?
Uma mentira quase escapole. Ela quer dizer que a mãe está certa, que Matthew inventou aquilo tudo por vingança, ela ainda não consegue imaginar um motivo para ele querer se vingar, mas com certeza ela conseguiria pensar um facilmente. Mas ela não pode fazer isso, não pode continuar vivendo uma mentira pelo resto de sua vida. Esse momento iria acontecer eventualmente, ela sempre soube disso. É claro que esse não era o jeito ela imaginava, e assim que o choque passasse, ela iria odiar Matthew com todas suas forças, mas, mesmo assim, ela não podia fugir agora.
Ela tenta formular uma frase, mas não consegue. Uma lágrima escorre pelo seu rosto e se xinga mentalmente, por que ela está chorando? Ela não tem por que ter medo ou vergonha de ser ela mesma. Matthew era um babaca por ter contado à sua família algo que não era da sua conta, mas isso não era o fim do mundo.
- É verdade – ela murmura e seus pais empalidecem.
- Meu deus! – Sienna diz – Qual é seu problema?!
- , querida – sua mãe começa a falar, usando um tom de desdém – Você não está pensando direito. Talvez você e tenham confundido as coisas, isso pode acontecer na sua idade...
- Isso não tem nada a ver com ! – fala mais alto do que pretendia e alguns olhares se voltam para a mesa, ela suspira e abaixa a voz – Nós nem ao menos estamos mais juntas. Ela está com Michael e mora na Califórnia, não importa.
Ela pausa por um momento, pensando em quais palavras vai usar. Ela fecha os olhos, tentando se concentrar, assumir o controle de sua própria vida.
– Eu sou lésbica – sente um alívio em seu peito por pronunciar as palavras – Eu não disse antes porque sabia que vocês iam reagir mal, mas agora todos sabem, então lidem com isso. Eu gosto de garotas, eu amo garotas.
- Isso é inaceitável! – seu pai grita, enquanto sua mãe repete “não” para si mesma, ainda envergonhada por todos a encararem.
- Ótimo, obrigada por arruinar meu aniversário! – Sienna grita indignada.
É claro, tudo tinha que sempre ser sobre ela, pensa, revirando os olhos. Os pais estão divididos entre fazer uma cena no meio do restaurante ou esperar chegar até em casa.
- Como? O que eu fiz de errado? – sua mãe murmura, mais para si mesma do que para , enquanto algumas lágrimas silenciosas caíam por seu rosto. Para quem visse de fora, parecia que tinha acabado de ser diagnosticada com câncer.
Um silêncio constrangedor se estabelece na mesa novamente. Aos poucos, o resto do restaurante parece esquecer o que aconteceu e se concentra no próprio almoço. Sienna volta a reclamar sobre sua própria festa e como sua amiga tinha visto toda confusão, agora todos só vão ficar comentando sobre isso. não pensou no que iria acontecer com ela quando todos soubessem? Iria virar motivo de piada, tendo uma aberração como irmã. precisa se controlar para não estapear a irmã, tenta se concentrar em sua comida, que já está ficando fria. Seus pais não dizem mais uma palavra durante o almoço inteiro, nem ao menos olham para seu rosto.
Eles caminham de volta para a casa em uma velocidade acima da média. Seu pai bate a porta com força ao entrar. Sienna vai para o quarto e, antes que possa fazer o mesmo, seus pais dizem que eles precisam conversar e a mandam sentar no sofá. tem quase vinte anos, mas naquele momento sente-se como uma pequena criança, prestes a ficar de castigo.
- O seu comportamento hoje foi inaceitável – seu pai repete e quase revira os olhos – Nós temos uma reputação nessa cidade, , e você nos humilhou na frente de nossos vizinhos.
Ela os humilhara? Como se tivesse sido sua ideia! não responde, porque sabe que só vai piorar sua situação.
- Mas não vamos nos desesperar. Tenho certeza que todos vão se esquecer disso em breve, vai ser só uma história. Assim que você começar a namorar um homem decente... – sua mãe sugere, tentando sorrir, mas não conseguindo muito.
- O quê?! Que parte de lésbica vocês não entenderam? Eu não vou namorar homem nenhum. Nunca – para sua surpresa, sua voz sai calma e controlada.
- E que parte de inaceitável você não entendeu? – seu pai levanta a voz, fechando os punhos – Não quero que se esqueça quem é que está pagando pela sua vida em Nova York. Como acha que vai ser quando parar de receber sua mesada?
- Por que você acha que eu tenho um emprego? – ela responde, dando de ombros. Ela sabia que os pais iriam chantageá-la – Eu não preciso do dinheiro de vocês. Não preciso de nada – afirma com desprezo na voz.
O tapa que recebe é uma surpresa. Tirando por algumas palmadas durante a infância, seus pais nunca tinham a batido até o momento. Ela sente o coração parar, por um momento quase perde sua calma. Não consegue mais estabelecer o controle da situação.
- Não me responda – ele diz, borbulhando de raiva – Peça desculpas e faça como sua mãe mandou. Você vai voltar para casa, arranjar um namorado e vamos mandar você para uma universidade. Claramente foi um erro te mandar para Nova York. Morando com aquele garoto... – ele murmura, dando voltas para a casa.
- Eu sou adulta, eu não preciso obedecer vocês! – ela grita e se levanta, recebe mais um tapa, fazendo com que ela caia no sofá novamente.
- Ah é? Se é tão adulta, por que não se vira sozinha? Vá embora então! – ela franze as sobrancelhas, confusa com o que o pai está sugerindo, mas se levanta – Estou te dando uma escolha aqui, . Se você tiver qualquer respeito pela sua família, se você se importar com qualquer um de nós, você vai ficar aqui e obedecer nossas regras.
respira lentamente, ciente que ele está tentando manipulá-la. Ela liga para sua família, são seus pais, afinal, eles a criaram. Eles às vezes eram carinhosos com ela, a educaram, se divertiram. Eles a amavam. O problema era, é claro, que eles só amavam a versão falsa dela. E não podia voltar a prisão que seria aceitar esse acordo, não agora que tinha tido o gosto da liberdade. Sem dizer nada, ela vai até seu quarto e pega sua pequena mala.
Sienna está na porta do quarto, parecendo chocada com tudo o que via, mas, pela primeira vez, não tem nada a dizer. Sua mãe chora, mas não a impede quando ela abre a porta da frente. Seu pai está com a cara fechada, disposto a matar qualquer um que aparecesse na sua frente.
- Então vai ser assim? – ele diz, por fim – Se você sair por essa porta, nem se dê ao trabalho de voltar ou falar com a gente de novo. Você vai ter tomado sua decisão.
- Adeus.
Ela sai pela porta, mas não antes de escutar seu pai gritar:
- Você está morta para a gente, morta! É melhor do que ter uma filha sapatão.
O insulto é suficiente para deixá-la certa de sua decisão. A raiva toma conta do corpo de e ela bate a porta com força, saindo da casa. Ela olha para trás apenas uma vez, mas não para sua própria casa, para a de . Talvez seus pais se arrependam, talvez ela volte a pisar ali alguma vez. Ela, porém, duvida muito que isso aconteça.

~*~


As semanas que se passam são as mais difíceis na vida de .
Seus pais não entram em contato com ela, nem uma vez sequer. Ela não chora até chegar em Nova York, e então se desmonta na frente de Josh e Kim. Eles demoram horas só para descobrir o que tinha acontecido. Ela relata tudo, ao mesmo tempo que começa a entender o que aconteceu, a absorver os fatos.
Ela havia brigado com sua família. Eles a odiavam agora, nunca mais os veria. Ela sente seu coração apertar ao pensar que nem ao menos pegou tudo o que tinha deixado no seu quarto. Não tinha quase nenhuma foto com ela. Era isso, ela estava livre, mas isso custara todo seu passado. Ela era praticamente uma órfã agora.
Apesar de todos esses anos ouvindo seus pais fazendo comentários homofóbicos, ela ainda tinha a esperança que eles agiriam diferente com ela. Talvez eles fossem indiferentes, talvez não quisessem conhecer suas namoradas, mas não imaginava que eles fossem realmente expulsá-la de casa. Se pelo menos pudesse ter conversado com sua mãe. Não, ela desvia o pensamento, sua mãe só ia tentar convencê-la de que ela deveria fazer sacrifícios, mesmo que gostasse de garotas, deveria entender que não podia demonstrar isso. não estava disposta a abrir mão de algo tão importante na sua vida.
Ela se isola de todos naquela semana, ela fica esperando alguém ligar. Kim insiste que elas devem sair, que ela devia ver o lado positivo, mas ela ainda está em luto pela sua família.
E então tudo é um caos. As torres gêmeas são atacadas e o país inteiro se desespera. Seu apartamento fica longe do lugar e ninguém que ela conhece sai ferido, mas todos estão preocupados e histéricos. Ligações não param de ser feitas e as linhas telefônicas ficam sobrecarregadas. se pergunta se seus pais tentaram ligar para ela e não conseguiram. Ela se pergunta se eles ao menos se importam em saber se ela está viva ou não. Talvez eles realmente prefiram acreditar que ela morreu.
A única ligação que recebe é de . Ela só queria checar se ela estava bem. Faz semanas desde que elas se falaram pela última vez, as aulas de tinham começado e estava evitando ligar, ela não contara nada sobre o que tinha acontecido, mas tinha certeza que já tinha ouvido falar. Seus pais já deviam ter lhe contado. Duvidava que os pais de se importassem com a notícia, mas achariam relevante o suficiente para mencionar.
dá espaço para que ela conte, pergunta como foi a visita aos pais e, quando não responde, ela apenas diz que ouviu alguns boatos. suspira, lembra-se que também foi afetada pelas mesmas histórias, que ela não poderia voltar à cidade sem receber olhares estranhos. diz que conversou com os pais, eles ficaram tranquilos com a notícia, como esperado, só disseram que ela poderia ter contado para eles antes. tem que se controlar para não dizer que é muito fácil agora, já que está namorando Michael, mas não diz nada.
- Se eu encontrar aquele filho da puta do Matthew de novo – ameaça, pensando na audácia do garoto em revelar seu segredo – Ele ainda ficou falando sobre você e Michael... – ela para por um momento, percebendo a conexão. Estivera chateada demais com sua própria família para pensar em quem começara os boatos, mas agora estava pensando mais claramente – Michael!
- O que tem Michael? – pergunta do outro lado da linha – Seus pais também souberam dos boatos. Foi super constrangedor!
- Matthew é amigo de Michael – completa seu pensamento, começando a ficar com raiva – E aposto que foi ele quem contou! – esquecendo-se de por um momento, ela liga os pontos, percebendo como Matthew tinha todas essas informações para começar – O idiota do seu namorado contou para todo mundo! – ela grita.
- Não foi Michael, ! Ele nunca faria isso.
- Ah não?! Então por que logo depois de você contar a ele sobre nós, a cidade inteira fica sabendo? Você não achou estranho que ele não tivesse problema nenhum com nosso passado? Provavelmente estava rindo de você esse tempo todo.
- , não foi ele. Mike não é assim, ele me ama e jurou não contar para ninguém. Ele até me defendeu dos pais dele, ok? Além disso, ele não era o único que sabia. Só esquece isso.
- Esquece isso?! Esquece? É muito fácil para você esquecer, não é, , quando não tem que se preocupar com nada, mas você é uma idiota se acredita que ele não teve nada a ver com isso. Mas eu não acredito nem por um segundo! Talvez você esteja certa e ele te ame, só quis me tirar do caminho, fodendo com a minha vida! – ela grita no telefone, sentindo sua pele ficar vermelha só de pensar em Michael planejando estragar sua vida – Pode dar meus parabéns, ele conseguiu!
- , se acalme, você está o acusando sem motivo nenhum.
- Você vai ficar do lado dele? Depois de tudo o que ele fez comigo? É claro que vai. Você sempre volta correndo para ele mesmo. Ótimo, fique com ele. Espero que vocês ardam no inferno!
- Você não quer dizer isso. Pare de ser ridícula, , você está exagerando como sempre. Tudo isso só aconteceu porque você não quis assumir antes, podia ter contado para todo mundo nos seus próprios termos e ninguém teria que se preocupar em não contar para os outros.
- É, é tudo muito fácil, não é, ? Contar para tudo mundo. Não é como se eu fosse ser expulsa de casa e deixada sem dinheiro nenhum, não é? Porque isso não acabou de acontecer. Você tem tudo de mão beijada e depois vem tentar dizer que isso é minha culpa? A culpa é sua. Você contou para Michael um segredo que nem era só seu. Você contou para ele e ele contou para Matthew. E você não está nem aí! Você não liga para o que aconteceu comigo, porque você saiu bem. Porque seus pais são ótimos e seu namorado é ótimo e sua vida é ótima. E eu não tenho lugar nessa vida, então pare de fingir que se importa – grita, deixando as lágrimas caírem, uma parte de si sabia que estava sendo injusta, é claro que se importava com ela, mas isso não significava que ela não deveria ter ouvido seu lado.
- Quer saber, , é culpa minha mesmo. É minha culpa ter achado que você era minha amiga. Achar que você confiaria em mim quando eu disse que não era Michael. Foi horrível o que aconteceu com você, mas isso não é desculpa para tratar os outros assim. Se você quer acreditar que é minha culpa e de Michael, o problema é seu, mas eu não sou obrigada a ficar escutando isso – declara, sem paciência para o escândalo de e desliga o telefone.
É a primeira briga de verdade que elas têm desde o término do namoro. Só que dessa vez elas estão longe uma da outra, não vão se encontrar mesmo sem querer. Não vão ser obrigadas a lidar com a situação. tem um namorado, a faculdade, os amigos de Stanford. Ela não precisa de na sua vida.
suspira, sentindo a mão tremer. Ela ainda acha que está certa, Michael contou para Matthew. Apostava que ele havia feito isso por ciúmes, se achava uma boa julgadora de caráter, mas havia se enganado quanto a Michael. Ele era um cretino inconfiável. E se queria acreditar nele, isso não era problema dela. Com raiva, ela joga o telefone do outro lado do quarto.
Ela tem mais o que fazer do que se preocupar com .

~*~


Todas as coisas, boas ou ruins, acabam passando. O tempo não para e, eventualmente, tudo fica para trás, tudo se torna mais fácil um dia. A briga com os pais aparece na mente de às vezes, não tão frequentemente quanto ela achava. Seus pertences chegam perto do seu aniversário de vinte anos, sem nenhum cartão ou aviso prévio. Ela pensa em ligar para os pais, só para ver como eles estão, mas sabe que é uma má ideia.
Eles não ligam no seu aniversário, ela não liga nos deles. se pergunta se alguma vez voltarão a se falar. Se pergunta se eles ligarão no leito de morte, pedindo para ver a filha uma última vez, desculpando-se por seus pecados ou talvez esperando que ela se desculpe pelos seus. Sempre depois de uma apresentação, ela olha para a plateia, esperando ver alguém conhecido, mas nunca encontra. Ela acaba se cansando de esperar. Eles não fazem mais parte da sua vida e deixaram isso bem claro.
O fim de sua relação com é menos abrupto. De alguma forma, é mais doloroso. Várias brigas e ligações sucedem a primeira. Elas tentam entrar em um acordo, tentam deixar suas diferenças de lado, mas nada convence que Michael não espalhou os boatos e o fato de não acreditar nela só leva as duas a discussões intermináveis. As duas jogam insultos e mágoas guardadas de anos e, no final, estão tão desgastadas que desistem de brigar. As duas estão machucadas e nenhuma quer pedir desculpas. A frequência das ligações diminui, assim como sua duração.
A última acontece no aniversário de . liga para dar os parabéns, menciona que está com Michael, antes mesmo de perceber o que está fazendo. Mencioná-lo nunca é uma boa ideia. Elas brigam mais uma vez, pela última vez. diz que ela deveria parar de ligar se só sabe falar sobre esse assunto. Ela se arrepende quase imediatamente e diz que não quis dizer isso, que pode ligar de novo, mas é tarde demais. fala que ela tem razão, que nem sabe mais porque elas continuam falando, elas nem têm mais o que falar.
liga de novo depois, mas se recusa a atender. É melhor assim.

~*~


É aniversário de 21 anos de . Ela acaba se receber um papel importante no próximo balé e não poderia ter ganhado um presente melhor. Kimberly a convence a sair para comemorar, ela insiste que é uma idade importante e que ela pode beber legalmente. sabe que Kim só está tentando distrai-la, sabe que, se ficar sozinha em casa, vai acabar triste, pensando em como ninguém da sua família ligara mais uma vez e, nesse ano, nem havia se dado o trabalho de ligar. Há meses que elas não se falam, mas ainda torcia que ela fosse ligar no aniversário, assim como torcera que talvez ela ligasse no natal. É sua culpa, provavelmente, já que fora ela quem rejeitara as ligações de . Isso não a impede de ficar ressentida.
Kim e Josh a arrastam para sair, encontrando os namorados dos dois e mais uns três amigos da companhia ali. se surpreende ao descobrir que é uma boate gay. Ela deveria imaginar que eles fossem fazer isso, estão há um ano insistindo que ela deve arranjar uma namorada e, para falar a verdade, é meio limitado o número de lugares que pode encontrar uma. Kim e o namorado não parecem se incomodar de serem um dos os poucos héteros no local, eles saem para dançar assim que chegam. conversa um pouco com seus colegas de trabalho, mas logo eles também acabam se separando. Josh e Stephen, os únicos que ficaram a acompanhando, estão mais concentrados um no outro do que nela, então acaba indo parar no bar, pronta para estrear sua carteira de identidade verdadeira.
Ela faz seu pedido para o barman e percebe a mulher do seu lado a olhando. Está escuro, mas consegue ver que ela é bonita. Ela tem o cabelo cacheado preto bastante cheio e está usando um vestido justo. Elas sorriem uma para a outra e se aproxima. A música está alta, mas consegue descobrir seu nome: Amber.
Elas trocam telefones e combinam de se falar depois. Não é a primeira vez que ela conhece alguém em uma boate, em geral não dá certo, mas sente que dessa vez será diferente. Quando Amber liga no dia seguinte, e elas se encontram para jantar não uma semana depois, tem certeza disso.
Ao longo dos próximos encontros, elas vão se conhecendo cada vez melhor. Amber é alguns anos mais velha do que , trabalha em um clube como nutricionista, teve alguns relacionamentos no passado, mas está solteira há alguns meses. Assim como , ela também é lésbica, ela tinha contado para os pais quando começar a namorar sua primeira namorada, aos 18 anos. Eles não tinham a apoiado tanto quanto ela gostaria, mas também não fizeram nenhum escândalo. Ela estava na universidade e morava fora de casa já, eles não perguntavam sobre sua vida amorosa, nem nunca convidaram nenhuma de suas namoradas para visitar e ela também não insistia. Estava feliz em manter a relação assim.
demora mais tempo do que Amber para se abrir. Ainda é difícil contar sobre a rejeição da sua família, na maior parte do tempo ela só quer esquecer isso. Mas descobre que se sente melhor falando sobre o assunto. Ela fala sobre também. Diz que ela foi sua única namorada, se é que podem ser chamadas assim, já que nunca namoraram oficialmente. Conta como elas não se falam há quase um ano e confessa que sente falta de sua melhor amiga. Amber a escuta e não dá sinais de ciúmes, elas se entendem bastante e está feliz em encontrar mais uma pessoa em quem ela pode confiar.

~*~


De alguma forma, o destino tenta compensar por todas coisas ruins. Os anos que seguem são, talvez, os melhores de sua vida. Cada dia é mais fácil deixar o passado para trás e se focar no seu futuro.
Ela, Josh e Kimberly têm as melhores experiências em Nova York. Os três estão no auge de suas carreiras profissionais e em relacionamentos sérios. Stephen, Brian e Amber acabam ficando todos amigos e os seis têm uma vida digna de sitcoms, mesmo que por apenas pouco tempo. Entre ensaios e apresentações de balé, eles se divertem, riem e se esquecem do resto do mundo.
Quando Kimberly e Brian se casam no meio de 2005, os quatro são os padrinhos. O clima se torna estranho por um momento, já que eles não só são os primeiros do grupo a se casar, são os únicos que podem, mas eles deixam isso de lado porque estão felizes pelos amigos. Kimberly compartilha seus medos de engravidar e ter que sair da companhia, insiste que isso não seria necessário, mas elas duas sabem o que uma gravidez implicaria nesse ramo. Kim já está com quase trinta anos, ela começa a ver alguns empregos como professora, sabendo que é algo mais estável.
Josh acha uma boa ideia e diz que pensa em fazer a mesma coisa. está perto de fazer 24 anos, sabe que logo só começará a decair, esse era um dos males de profissão. Mas ainda se sente no topo e não consegue entender por que todos seus amigos estão agindo como se fossem idosos.
No final do ano, quando Kim de fato engravida, ela deixa a companhia.
não tivera nem tempo de lamentar o fato quando Josh anuncia que vai se mudar. Stephen recebeu uma oferta de emprego em San Francisco; Josh, é claro, vai acompanhá-lo. O único motivo de eles não estarem casados era a legalização. Eles vão se mudar no início do próximo ano e sente seu coração apertar ao pensar em como tudo vai estar diferente.
Naquela noite, ela volta para seu apartamento sozinha. Josh ainda mora tecnicamente com ela, mas ele passa muito mais tempo na casa de Stephen, ainda mais agora.
Ela pensa em San Francisco. Pensa em Josh, seu melhor amigo, morando lá. O que tinha na Califórnia que parecia atrair todos seus amigos? Ela suspira, chateada por seus pensamentos terem a levado à de novo. Anos sem notícias, mas às vezes sua mente ia parar nela de repente. Dizem que você nunca se esquece do seu primeiro amor, é a prova que isso é verdade. Ela se pergunta se está bem, se ela se formou, se fez Direito, como planejara. Se ainda está com Michael. Michael, ela sente o sangue ferver só de pensar nele. Quase cinco anos não foram o suficiente para perdoá-lo. Sua raiva por Matthew é ainda maior. Ela é confortada pelo pensamento que nunca mais terá que encontrar nenhum dos dois na sua vida.
imagina como sua vida estaria diferente se ela tivesse ido para San Francisco ao invés de Nova York. Se ela tivesse contado à que tinha sido convidada, o que será que ela teria dito? Será que ela teria terminado com Michael e elas teriam ficado juntas? Será que elas estariam juntas até agora ou teriam terminado antes? Elas brigavam tanto, que era difícil acreditar que elas teriam ficado juntas por mais de cinco anos.

Desde que soube das notícias, Amber se torna cada vez pegajosa. Ela menciona bebês e como só vão estar elas duas ali agora. Ela insinua que deveria se mudar para sua casa, não faz sentido ela ficar naquele apartamento para três pessoas sozinha. sabe que essa é a progressão natural dos acontecimentos, elas estão juntas há quase três anos, elas se amam, passam várias noites juntas de qualquer forma. Por que não morar no mesmo apartamento?
Será que ela e estariam dividindo um apartamento?
Pensar em quando sua namorada está bem ali é um indicador que tem algo errado. desvia do tópico com Amber e diz que ela está muito nova para morar com alguém, Amber franze a testa e não entende.
No natal, Amber quer que vá conhecer sua família. As duas sabem que a família de Amber não quer conhecê-la, eles preferem ignorar que a filha é lésbica e o esquema sempre funcionou para todos. O fato de Amber ter mudado de ideia significa que o relacionamento delas é mais sério do que todos os outros. se assusta com a realidade e precisa admitir que talvez não estivesse tão envolvida com Amber assim. Elas têm uma grande briga por causa disso, isso é ainda mais estranho do que qualquer coisa, pois Amber costuma ser uma pessoa sensata e raramente briga.
Ela acaba passando o natal da casa da mãe de Josh, com ele e Stephen. No final da noite, quando Stephen está falando com a sogra, contando sobre os planos para a Califórnia, acaba desabando toda a briga em cima de Josh. Conta como está se sentindo deslocada e pressionada no relacionamento, e como não quer dar o próximo passo com Amber. Por outro lado, ela não quer perder mais nenhum amigo. Josh e Stephen estarão do outro lado do país, Kim e Brian estarão ocupados com o bebê. Ela já perdeu e sua família há muito tempo. Se perder Amber também, quem restará?
A menção à é o suficiente para fazer Josh suspirar e fazer se sentar. Ele sabia que esse momento chegaria. Apesar de Amber ser sua amiga, eles não são nem de perto tão próximos quanto ele e . Ele conhece a amiga e sabe que ela nunca amou Amber tanto quanto amou . Por isso vinha guardando uma proposta para quando viesse o procurar. E ela viria.
Como se oferecesse a solução para todos seus problemas, Josh diz que ela deveria ir com eles para San Francisco. Conta que pretende formar sua própria escola de dança, mas enquanto isso não se concretiza, ele dará aulas e diz que ela pode entrar na Companhia de San Francisco. Ela sabe que será aceita, é uma das melhores bailarinas da cidade e já recebeu diversas propostas durante os anos. diz que não sabe e então Josh joga a última cartada: . Diz que ela deveria procurar , mesmo que elas não fossem voltar a se envolver romanticamente, deveriam pelo menos voltar a ser amigas.
diz que isso é absurdo e que ela e são história passada. Diz que a vida dela é em Nova York.
Os dois sabem que ela estará em San Francisco no ano seguinte, mas Josh finge convencê-la e a prepara para terminar com Amber.

~*~


Um pouco depois do seu aniversário, ela se muda para San Francisco. Ela recebe uma boa proposta da companhia de lá e já aluga um apartamento. Josh e Stephen mudaram-se há mais de um mês, mas ela fica um pouco mais para terminar de organizar as pontas soltas. Ela se despede de Kim e Brian e promete voltar em alguns meses para visitar o bebê. Ela termina com Amber, que não parece nem um pouco surpresa. Pelo contrário, ela surpreende ao perguntar se ainda é por causa de . achava que não tinha mencionado tantas vezes assim nos últimos três anos, mas parece que mencionara o suficiente.
Nos seus primeiros meses, ela não tem coragem de entrar em contato com . Ela pesquisa seu perfil no MySpace e fica encarando, sem nunca falar nada. Ela disca o telefone de celular de várias vezes, mas nunca tem coragem de completar a ligação. É possível que já tenha até mesmo mudado de número, mas não quer correr o risco de descobrir. Ela se concentra em arrumar sua vida. Ela precisa organizar seu apartamento, descobrir novos locais para visitar na cidade, conhecer seus novos colegas de trabalho. Ela consegue destaque bastante rápido na companhia, muitos deles já tinham a visto em Nova York e admiram seu trabalho.
Josh continua planejando montar a escola de dança dos seus sonhos e às vezes se junta para ajudar. O plano está longe de ser concretizado, mas pensa que talvez em uns cinco anos eles consigam começar.
Ela consegue um dos papéis principais para o balé que estreia no verão. Ela passa semanas se preparando, é sua primeira posição de destaque desde que se mudou. No início, fica nervosa. Já teve solos em Nova York, mas agora é diferente, ela sente-se com dezoito anos novamente, prestes a ser testada para as companhias. Ela se dedica mais do que nunca e, pela primeira vez desde que chegara na Califórnia, ela se sente feliz por não ter nenhuma distração. Em Nova York, Amber estava sempre querendo sair ou passar tempo com ela, não conseguia entender por que ela tinha que estar ensaiando o tempo todo.
Ela já começa a se enturmar com os bailarinos da companhia. Ainda não são tão próximos quanto ela era de seus antigos amigos, mas ela acredita que chegarão lá. Josh fica com ciúmes no início, mas assim que ela o apresenta a Christopher, que tem um diploma em administração e também está interessado em montar uma escola, ele esquece todas as mágoas. faz amizade com uma garota cinco anos mais nova, seu nome é Sam, ela saiu há pouco tempo do colégio e tem uma atração inegável por garotas. Elas conversam, Sam pede conselhos sobre como contar para a família sobre sua orientação sexual, ri para não chorar, porque sua própria experiência foi péssima. Ela debate se deve contar para Sam ou isso só vai assustá-la mais. Acaba decidindo que honestidade é sempre a melhor escolha, mas acrescenta a história de Amber, Josh, Stephen e , cada um teve uma experiência diferente, alguns melhores do que outros. acaba se tornando uma espécie de mentora para Sam e isso a faz se sentir muito satisfeita consigo mesma.
Na noite de estreia, Josh e Stephen vão assisti-la, levando flores. Kimberly liga para parabenizá-la e diz que queria estar lá, mas não pôde com o bebê tendo acabado de nascer. sente por não poder visitar a amiga e promete que irá assim que a temporada acabar.
A apresentação é maravilhosa. Alguns erros acontecem, como sempre, e o camarim ainda está um pouco confuso, as pessoas ainda correndo e nervosas, normal para um primeiro dia. sente-se orgulhosa de estar ali naquele palco, ela dá sua alma na apresentação, conecta-se com o personagem e acredita que consegue interpretar o papel muito bem. O diretor reúne todos ao final para parabenizá-los e diz que eles ainda têm muitos dias de trabalho, todos devem ir para casa e descansar. Alguns bailarinos chamam para um jantar de comemoração, mas ela está exausta e diz que vai direto para seu apartamento.
vai para seu próprio camarim, trocar de roupa e se arrumar para ir embora. Apesar de ainda estar com o resquício de euforia pela apresentação, ela quer mesmo tomar um banho relaxante e se jogar na cama. Ela está tirando as sapatilhas quando alguém bate na porta do camarim. Ela imagina que seja Josh, quem combinara de encontrar após a apresentação e diz para a pessoa entrar. Quando ele não diz nada, estranha e se vira. Ela para de respirar por um segundo.
está na sua frente. O cabelo está mais curto e os anos a deixaram com mais cara de adulta, ela parece mais madura. Ela não diz nada, imóvel, encarando de cima para baixo, fazendo os mesmos julgamentos que eram feitos sobre ela.
- fala em um sussurro, não conseguindo esconder a surpresa – O que você está fazendo aqui?
- O que você está fazendo aqui? – rebate – Sou eu quem moro nessa parte do país!
- Eu me mudei – dá de ombros, não querendo entrar no assunto – Mas o que eu quis dizer é: o que você está fazendo aqui no meu camarim?
- Ah – parecendo perceber onde estava, olha em sua volta, notando o ambiente pequeno e entulhado de figurinos – Eu vim assistir ao balé – começa e fica vermelha, como se estivesse contando um segredo. se pergunta se adquiriu gosto por balés por sua causa, mas apenas ergue as sobrancelhas, esperando que conclua o pensamento – Eu te reconheci no palco. Não consegui acreditar que era você, achei que estava vendo coisas, eu procurei os nomes no folheto e vi o seu. Mas eu tinha que vir até aqui confirmar.
não diz nada por um momento. Por meses, ela queria encontrar , queria ligar e fazer as pazes, agora ela estava bem a sua frente e ela não conseguia dizer nada. tinha uma boa desculpa para estar ali, enquanto ela dera uma explicação genérica sobre ter se mudado de Nova York. tenta pensar no que falar, quer pedir desculpas por ter ignorado suas ligações por tanto tempo, quer esquecer tudo sobre Michael, Matthew e sua família. Quer correr para abraçar e dizer que sentiu sua falta. Mas tudo o que consegue fazer é encará-la, perplexa, parecendo ter avistado um fantasma. fica sem graça com o silêncio, corre os olhos pelo local novamente, encontrando as flores que Josh tinha deixado ali.
- Eu teria trazido alguma, se eu soubesse... – aponta para o buquê, a implicação que deveria ter contado que estava ali fica implícita.
- Você quer comer alguma coisa? – pergunta de repente, tomando coragem – Eu estava indo jantar, e...
- Claro! – responde antes mesmo de terminar de falar, sorri – Eu só preciso falar com Mike, ele está me esperando lá fora – ela avisa e sorri de volta – É bom ver você de novo, .
não se abala pela menção de Michael, ela já tinha se preparado para a possibilidade dos dois ainda estarem juntos. Seis anos, uau, eles realmente haviam dado certo. Elas combinam de se encontrar do lado de fora em meia hora. termina de se arrumar e sai para procurar Josh e Stephen, não quer dizer que vai encontrar , então apenas avisa que está cansada e vai para casa. Apesar de ser verdade, agora já sabe que não conseguirá dormir tão cedo, pensará em a noite inteira.
Ela encontra e Michael na entrada do San Francisco Opera. se surpreende ao encontrar Michael, não o havia visto desde sua formatura e ele tinha ficado muito mais bonito desde então. Ela se pergunta se Michael ainda tem alguma coisa contra ela, se ele se satisfez com o estrago feito. Tira essas questões da mente, reatar sua amizade com é mais importante do que qualquer desafeto que tenha por Michael.
- Foi uma linda apresentação – Michael a cumprimenta, sorrindo e tentando ser simpático.
agradece, um pouco sem graça por estar o reencontrando. Não faz ideia de quanto ele sabe dela, provavelmente o contara sobre suas suspeitas. Ele provavelmente odeia que ela esteja de volta e que tenha aceitado jantar com ela. Alheio aos pensamentos de , Michael se despede de com um beijo, de com um aceno e vai embora, deixando-as sozinhas. suspira e elas caminham até um restaurante próximo sem trocar uma palavra.
- Então vocês ainda estão juntos – quebra o silêncio, ficando vermelha ao falar, sabendo como vai soar – Michael não deve ter gostado nada de eu ter aparecido assim.
a encara como se não acreditasse que ela tivesse realmente dito aquilo e suspira, não respondendo nada. Elas entram no restaurante em silêncio, se arrepende de ter falado sobre Michael, deveria ter ficado quieta.
- Não foi ele – diz, surpreendendo . As duas estão sentadas à mesa, lendo o cardápio sem trocar uma palavra – Não foi Michael quem contou sobre a gente – ela começa.
- Não vamos falar sobre isso – a interrompe – Eu não devia ter trazido o assunto, me desculpa. Faz tantos anos, eu já superei, ok?
- Nós temos que falar – afirma – Foi por isso que nós brigamos. E você merece saber a verdade. Foi Natalie – revela. fica paralisada por alguns segundos e aproveita o choque para explicar – Ela contou para Liam, ele ficou bêbado e revelou para um grupo de pessoas, incluindo Matthew.
É claro que foi Natalie. A verdade é que a hipótese havia aparecido em sua mente algumas vezes ao longo dos últimos anos, além das duas e de seus amigos em Nova York, haviam apenas duas pessoas que sabiam de seu segredo: Michael e Natalie. Se não fora Michael, tinha sido Natalie. Ela tinha preferido acreditar na primeira possibilidade, porque não fazia sentido Natalie demorar tanto tempo para revelar a verdade. Ou era o que dizia para si mesma. No fundo, ela sabia que preferira culpar Michael porque ainda estava com ciúmes de .
O garçom passa para pegar o pedido delas.
- C-Como você descobriu? – Pergunta, envergonhada por não ter feito mais esforço para descobrir sozinha.
- Mike descobriu, na verdade – ela confessa e arregala os olhos – Você o julgou precipitadamente, . E eu também, para falar a verdade. Eu sei que eu neguei que tinha sido ele, eu não queria acreditar que meu namorado faria algo assim, mas fiquei com um pouco de dúvida. Depois de uma de nossas brigas, eu acabei confrontando Michael, querendo saber se tinha sido ele mesmo. Ele negou e ficou bravo por eu ter pensado isso, mas depois fizemos as pazes e ele resolveu descobrir quem tinha contado por conta própria. Isso foi quando nós paramos de nos falar. Ele ligou para Matthew e descobriu a verdade, eu tentei ligar para você, mas você não atendeu mais meus telefonemas e eu desisti – suspira e encara à sua frente, ela está visivelmente cansada e parece ainda mais envelhecida, mas ainda é sua amiga ali – Talvez eu devesse ter insistido mais, mas eu estava irritada com você.
- Porque eu devia ter acreditado em você – completa, entendendo a causa de todas suas brigas – Eu queria que você acreditasse em mim e não ficasse do lado de Michael. Mas eu também não acreditei em você, quando você disse que confiava nele.
- Nós duas fomos idiotas – conclui, concordando com e ri – Eu senti sua falta, , não quero que percamos o contato de novo.
- Que bom, porque eu não pretendo ir a lugar algum – sorri.
Nesse momento, tem a certeza que elas vão ficar bem. Foram anos sem se ver, mas ainda têm uma forte conexão. Elas não são mais adolescentes, as duas estão em épocas diferentes da vida agora e podem voltar a ser amigas, as antigas mágoas já não se aplicam ao momento.
pergunta como, afinal, tinha ido parar na Califórnia e isso a levar contar todos os acontecimentos dos últimos anos. Fala sobre Kimberly, Brian e o bebê; sobre sua ascensão na carreira e a possibilidade de mudança; sobre Stephen indo para lá e Josh montando a escola; sobre seus pais e como não lhe restava muito mais pessoas; e, por fim, conta sobre Amber e seu relacionamento. Tirando Josh e Kim, é a única pessoa para quem ela pode se abrir assim. E, na visão de , a entende ainda melhor do que os dois amigos.
E vice-versa. conta sobre sua vida, está fazendo direito em Stanford agora e se forma em menos de um ano. Ela diz que se manteve à sua decisão, apesar de ter ficado em dúvida se direito era a profissão certa para ela, afinal sempre fora bastante introvertida, mas isso era algo que tinha aprendido a lidar e conseguia se impor o suficiente no trabalho. Seu relacionamento com Michael era bastante estável, a única vez que terminaram foi no ano de sua viagem a NY. Eles brigavam com uma certa frequência, mas sempre faziam as pazes alguns dias depois. Estavam dividindo um apartamento em San Francisco, onde Michael trabalhava, a cidade ficava a apenas 40 minutos de Stanford.
Ela vai até a cidade dos pais todas as férias. A família de Michael não gosta muito dela, ainda mais depois dos boatos, mas fingem que não se importam com nada disso e que ela é bem-vinda. Seus pais continuam morando no mesmo lugar e estão mais carinhosos do que nunca, os dois estão aposentados agora e estão pensando em se mudar para perto da filha. Eles dizem que só querem passar mais tempo com ela, mas desconfia que os boatos e as fofocas sobre ela os incomodam. Apesar de terem se passado anos e a maioria das pessoas já terem esquecido qualquer coisa sobre e , alguns insistem em lembrar nos momentos mais inoportunos. Em uma cidade pequena, escândalos assim aconteciam uma vez a cada década.
não resiste e acaba perguntando da própria família. Faz anos desde a última notícia que teve deles e, apesar de tentar pensar neles como os grandes vilões da história, que a expulsaram e abandonaram, são sua família e ela gostaria de saber se eles estão bem, mesmo que eles não liguem para ela. diz que seus pais estão bem até onde ela sabe e sua irmã tinha ido para a universidade, mas ela não saberia dizer onde. Os pais de haviam se mudado para o outro lado da cidade depois da briga, provavelmente para ficar longe dos de . Eles ainda se encontravam às vezes na rua e fingiam que nada tinha acontecido, mas todos sabiam a verdade.
confessa que uma vez esbarrara com Sienna na rua, e a garota lhe perguntara como estava. Apesar de estar sem falar com há bastante tempo na época, não teve coragem de dizer isso, falou apenas que ela estava bem, em Nova York, mas que sentia falta da família. Não era exatamente seu direito dizer isso, mas pensou que talvez tivesse uma chance de Sienna procurar a irmã. Pelo visto, isso não tinha acontecido.
nota que algumas lágrimas brotam nos olhos de ao falar da família, mas prefere não mencionar. Muda de assunto para como estava a vida dela em San Francisco, onde tinha visitado e onde estava morando.
Elas conversam a noite inteira, ficam ali até o restaurante fechar e o garçom pedir para elas se retirarem. dá carona para em seu carro e comenta como estaria morta no dia seguinte. Elas trocam os telefones e combinam de se encontrar de novo logo. diz que talvez fosse ver o balé mais uma vez.
A amizade delas não é a mesma de anos antes. Ainda há um grande buraco deixado pelo tempo, pequenas coisas que não sabiam mais sobre a outra. Há um estranhamento, as duas tentando se acertar, tomando cuidado demais com o que falavam. É uma amizade ainda frágil, mas é um começo. Um recomeço. Elas logo voltariam a ser amigas, consegue ver isso, e dessa vez não cometeriam os mesmos erros.


Fim.



Nota da autora: (08/09/2014) Olá! A segunda parte demorou, mas saiu! A verdade é que eu já tinha ela pronta há MUITO tempo, mas estava tentando terminar a terceira antes de enviar a segunda. Só que estou com um bloqueio enorme para conseguir escrever qualquer coisa, então resolvi enviar antes de acabar a tereira parte mesmo.
Essa parte 2 é meio que um intermediário, nada acontece de verdade nela, mas eu achei que era necessário contar o que acontecia. Ela é bem mais voltada na primeira principal, sobre ela como pessoa, crescendo, sua relação com a família e tudo mais. Meu objetivo na terceira parte seria focar mais na segunda principal, que até agora está sendo deixada um pouco de lado, já que vemos tudo no POV da outra. O que vocês acham? Preferem continuar focando na primeira pp ou dar uma chance para a segunda?
Não faço a mínima ideia de quando vou enviar a terceira - e última! - parte, já que minha escrita anda muito imprevisível, mas prometo que desse ano não passa haha Quem quiser notícias sobre a última parte, é só entrar no grupo no facebook das minhas fics, me mandar um e-mail ou só deixar um comentário aqui dizendo que quer ser avisada!
Eu espero que não tenha deixado as coisas tristes demais, eu pretendia fazer algo mais light e evitar cenas de homofobia, mas acho que todos sabemos que isso é uma realidade e, considerando o jeito que retratei a família dela na primeira parte, não achei que fosse ser verdadeiro não ter nenhum conflito. Eu sinto muito por ter colocado, mas acho que a história pedia.
Por favor, me digam o que acharam da fic, a opinião de vocês é muito importante para mim!
Beijos,
Flávia

Minhas outras fics:
Laços de Sangue (Outros/Finalizadas)
Little Star (Restritas/Finalizadas)
Escolhas (Restritas/Finalizadas)
Petrichor (Especial Equinócio)
Puzzled Mind (Outros/Em Andamento)
Tiptoe (Slash/Finalizadas)




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