Ela o conhecia desde pequena. Ele sempre foi seu melhor amigo. A pessoa que ela mais confiava, o responsável por cada sorriso dela. Ele fazia de tudo por ela, fazia de tudo para colocar um sorriso no rosto de sua menina. Eles cresceram. Ela descobre que sempre foi apaixonada por ele. Ele nem desconfia. Sai para festas e pega quantas consegue. Ela mantém segredo sobre seus sentimentos. Ele não imagina que está a magoando. Ela tenta esquecê-lo. Ele conhece outra garota. Ela diz que está feliz por ele. Ele pede a garota em namoro. Ela lhe deseja felicidades. Ele diz que ama a garota. Ela sente seu peito se despedaçar. Ela se muda para longe dele. Ele não entende o porquê. Ela conhece outro garoto. Ele perde contato com sua pequena.
Eles são adultos. Ela volta para sua antiga casa. Ele descobre por um amigo. Ela ainda o ama. Ele lhe faz uma visita. Ela está feliz. Eles voltam a se falar. Ele sente que tem sua menina de volta. Ela acha que agora tudo pode dar certo. Ele ainda está com a outra garota. Ela desmorona. Ele vai para casa. Ela sente que sua vida não tem sentido sem ele.
Ela fica doente. Ele vai visitá-la no hospital. Ela está inconsciente. Ele nem imagina que é o causador da dor dela. Ele vai para casa. Ela continua no hospital por mais um tempo. Ele está feliz com sua noiva. Ela está em depressão. Ele marca o dia do casamento. Ela piora a cada dia. Ele lhe envia o convite. Ela morre por dentro. É só uma casca do que costumava ser. Ela está em casa. Ele não sabe o que acontece com ela. Ela resolve lhe contar sobre o amor que sente por ele. Ele é tolo e não entende o sentimento dela. Ela diz que o ama com toda a sua vida. Ele a considera uma irmã. Ela fica mal novamente. Ele permanece no quarto dela. Ela não está acordada, mas o ouve. Ele diz as seguintes palavras: “Hey, estou aqui com você. Você nunca vai me perder. Mesmo com outro alguém, sempre vou te amar. Algum dia você irá encontrar alguém para amar. Sinto que tenho que te proteger. Nunca irei te abandonar. Mesmo se eu estiver com outra, sempre estarei com você."
Ele vai embora. Ela vai para casa e chora.
O grande dia chega. Ela está em casa. Ele não entende a recusa dela em comparecer. Está perto da hora da cerimônia. Ele está ansioso. Ela recomeça a chorar. Ele está terminando de se preparar. Ela o escreve um pequeno bilhete. Ele está no altar. Ela toma uma decisão. O padre, prestes a falar as últimas palavras, é interrompido por um amigo dele.
- Ela... Ela... - recomeça a chorar. Os olhos estão vermelhos e inchados. - Eu sinto muito. - diz em um sussurro.
- O que aconteceu? - ele pergunta com um pouco de ira pela interrupção de seu casamento.
- Ela morreu. - os convidados suspiram horrorizados. - Ela cortou os pulsos de novo.
Ele sente seu coração ser arrancado do peito. Sua menina, sua pequena havia ido embora desse mundo. Havia o abandonado. Ele desaba no meio da igreja e chora. Chora como uma criança que perdeu a mãe. A noiva tenta se aproximar. Ele a faz recuar. Ele corre para o primeiro bar que encontrou. Precisava beber. A razão de seu sorriso havia tirado a própria vida. Ele não entendia o motivo. Não se importava com sua noiva ou com qualquer outra coisa. Queria tê-la novamente. Da maneira que eram quando mais novos.
Dois dias haviam se passado. Seria o enterro dela. Ele estava mal. Não comia, não dormia, não sentia nada. Estava em um estado permanente de dormência. Um pequeno grupo de pessoas estava presente no cemitério. Os pais e amigos dela. O amigo que havia lhe dado a trágica notícia estava chorando compulsivamente. Ele estava observando um pouco mais distante de tudo. O último momento dela naquele lugar estava próximo. O caixão foi sendo descido lentamente. Ele correu para tentar impedir. Não havia nada que ele pudesse fazer. Ele descobrira que a amava. Que sempre a amou. Ele se joga ao lado do túmulo dela. O amigo tenta consolá-lo. É inútil. Ele não quer viver em um mundo onde ela não esteja. Ele vai para casa.
Dias se passaram desde o enterro dela. Ele ainda está quebrado. Grandes olheiras se encontravam em seu rosto. A barba por fazer. Os cabelos compridos demais. Se ela estivesse ali com ele, com certeza havia lhe dado uma bronca. "Não gosto do seu cabelo grande. Está mais do que na hora de cortar." Ela diria. Ele está mais magro. Suas roupas quase não ficam no corpo. Seu noivado havia acabado. Ele tinha se isolado do mundo. Nem seus pais o reconheciam. Ele vê que tem correspondência. Observa um único envelope em cima de seus joelhos. Abre e não segura as lágrimas ao ler o conteúdo.
“Hey! Provavelmente não vou estar mais com você quando receber isso. Sei que você deve estar chateado e muito zangado comigo. Eu peço que me perdoe por tudo o que eu lhe causei. Desculpas por todo o trabalho que eu te dei e lhe agradeço muito por sempre estar comigo. Apesar de não ser como eu gostaria. Eu fiz isso pois não suportava a ideia de você amar outra. Eu amo você, sempre amei e sempre vou amar. Fico triste por não ter terminado como eu desejava, mas as coisas nem sempre são como queremos. Espero que você seja feliz. Vou estar sempre com você.
Te amo."
Com sua decisão tomada, se dirige a cozinha. Avista uma faça com a lâmina brilhante e bem afiada. “Eu te amo" sussurra e se senta no chão. O sangue quente já tomava bastante espaço do chão da cozinha. Ele sente uma única lágrima quente e salgada alcançar a boca e depois não há mais nada. Somente a escuridão.
“Somente aprendemos a amar aquilo que temos, quando às perdemos.”.