Seu corpo movia-se com tanta facilidade, seus movimentos estavam num ritmo calmo,
mas que em alguns momentos se tornavam agitados. Ela sabia que a atenção de todos os indivíduos do sexo masculino eram direcionados à ela, mas ela fazia pouco caso disso e continuava a dançar como se não houve amanhã. Ela queria se sentir viva. Fora o que decidiu quando acordou na manhã daquele dia em sua casa no centro de Manchester, e enquanto pegava seu porche vermelho, soube para onde queria ir. Londres. Passou o dia todo fazendo compras, que sabia ser desnecessárias, mas o dinheiro era dela e quem poderia impedi-la? Ninguém. Ah, isso ela bem
sabia. Andou, sozinha na London Eye e tirou fotos em frente ao Big Ben, caminhou pela Ponte do Rio Tâmisa. E quem diria que ela teria se sentido tão viva assim? Ela não precisava de ninguém, fora o que pensou enquanto se trocava dentro de uma cabine de um banheiro público, colocou seu vestido justíssimo, curto com decote e preto. A garota de olhos em sua cidade, era a boa moça e recata, nunca se rebelava e jamais colocaria aqueles trajes. Mas, ah, aquela garota fora deixada no passado, aquela mulher que se olhava no espelho, retocando seu batom vermelho, daquele banheiro mau tratado era outra mulher. Ela sorriu satisfeita, andando até a porta de saída, escutando seu saltos vermelhos tocarem no chão, fazendo um barulho, para ela, adorável. O som da liberdade. E agora estava ali dançando, e sozinha. Arrancando sorrisinhos maliciosos, olhares e pensamentos safados de todos ali presentes, as mulheres não entendiam o porquê de todos os homens olharem para ela, justamente a mulher mais sem graça dali. Ela riu.
Riu como nunca havia feito em toda a vida. Ela estava livre. Sentia-se livre. Livre dos pais caretas e manipuladores, da irmã invejosa, do emprego irritante e do chefe arrogante. Estava livre. Quando se sentiu cansada o bastante, caminhou lentamente até o bar da boate, ouvindo as cantadas e assobios exagerados, ela se perguntava se estava tão sedutora assim. Chegou ao seguinte consenso: não estava, mas era a única que dançava sem se importar com nada. Estava sendo imprudente e automaticamente chamando a atenção de todos. Ao encostar-se no balcão, não soube o que pedir. Nunca havia bebido. O barman a olhava curioso, e seus lábios se abriam num sorriso malicioso, ela se sentiu encantada por seus olhos claros, mas por pouco tempo. Logo, estava perdida por uma voz que soou atrás dela, a fazendo se virar e encarar aqueles olhos e o sorriso galanteador nos lábios. Ela havia se sentido perdida. Ela havia se achado no momento em que o viu.
- Bonito show. - foi a primeira coisa que ela o ouviu proferir, e então sorriu se virando de costas para ele.
- O que você tem de mais gostoso aqui? - ela perguntou ao barman, tentando o máximo deixar sua voz sedutora possível e poucos segundos depois sentiu um corpo quente parar ao seu lado, roçando levemente seu braço ao dela.
- Eu diria... Eu - o barman bonito lhe respondeu aproximando seu rosto ao dela, que jogou a cabeça para trás rindo. - O que foi, disse alguma mentira? - ele lhe questionou, tocando suas mãos e ela o olhou sorrindo.
- Na verdade, não. - ela o respondeu, aproximando seus rostos. - Mas eu quero uma bebida, não um homem. - ela disse umedecendo os lábios e se afastou do homem de olhos claros que a olhou enfezado, logo lhe entregando um copo de alguma bebida azul, ela sorriu agradecida.
Ao seu lado, o homem de olhos a olhava encantado. Nunca havia conhecido uma mulher assim, mesmo em todas as suas viagens, nenhuma mulher havia lhe chamado tanto a atenção como ela, ele havia ficado tempo demais a olhando dançar e agora só queria poder dançar com a
mulher que bebia despreocupadamente uma bebida azul, desconhecida por ambos.
- Um whisky, por favor. - a mulher ouviu a mesma voz rouca de momentos antes, e se virou olhando o perfil do homem. Ele era muito bonito para ser real, foi o que pensou. E em mais um ato de imprudência e espontaneidade, ela tocou-lhe a mão.
- Oi. - fora o que ela disse, se sentindo boba e inocente novamente. Cadê a femme fatale agora? Ela se questionou.
- Oi. - o homem sorriu, o sorriso mais lindo que ela já pensou ter visto. - Sou o . - ele virou a palma da
mão, segurando a mão da mulher, que ainda estava ali tocando a mão dele. Ela sentiu suas bochechas corarem, oh droga.
- . - ela sorriu, e sentiu quando os lábios quentes e macios dele tocaram sua mão.
- Bonito nome, para uma belíssima dançarina. - disse sorrindo, seu olhar não saiu um minuto sequer dos olhos de , o que ela achou respeitoso, até demais para um homem como ele. - Você não me parece ser daqui... - ele comentou refletindo, e ela arqueou uma sobrancelha rindo.
- Não sou mesmo, sou de Manchester, mas... - ela parou bebendo o restante de sua bebida, sentindo sua garganta se acostumar com o gosto. - Hoje eu sou de qualquer lugar. Eu acho que já te vi em algum lugar. - ela disse franzindo a testa, numa tentativa de lembrar de onde poderia ter visto aquele homem.
- Provavelmente, mas... - ele a respondeu fazendo careta. - Hoje eu sou qualquer pessoa. - ele riu, fazendo graça com o que ela havia dito. o achou encantador. a achou surpreendente. Num pulo, se levantou do
lugar onde estava sentada e olhou para pista de dança, seus olhos brilhavam e seu quadril se movia no ritmo da música, ela se virou para o homem sorrindo, encostando suas mãos no ombro dele, que sorriu junto, sendo invadido por uma sensação gostosa.
- Eu adoro essa música. - ela disse alto, o fazendo rir por ver a mulher tão animada. - Vamos dançar. Por favor, . - ela disse o seu nome e, para ele, era como se o nome dele tivesse sido criado para ser proferido por aqueles lábios, seu nome se tornara muito mais bonito quando falado por ela.
Sem dúvida alguma, o homem se levantou e não se surpreendeu quando a mulher entrelaçou seus dedos aos dela, numa tentativa de guiá-los até o meio da pista de dança. Ele sabia que todos os homens sentiam ódio e inveja dele naquele momento, mas tudo que ele queria era aproveitar a dança deles e foi exatamente o que fez. Não apressou as coisas, deixou que a mulher se aproximasse e colocasse os braços ao redor do seu pescoço, e ele segurou sua cintura, sentindo a maciez do corpo dela, ela sorriu, começando a mexer o quadril freneticamente, seus cabelos se bagunçavam sozinhos e seus corpos
pareciam ser um só, não só pela proximidade, mas por estarem tão sincronizados, o sorriso da mulher iluminava o olhar do homem e ambos tinham certeza de que aquela noite ficaria marcada. se
afastou de , virando-se de costas, e rebolou. Dançou, mexeu os quadris, e rebolou novamente, suas mãos seguravam os próprios cabelos, os levantando, deixando sua nuca livre e exposta ao homem tão perto dela. Ele não pôde se conter, e novamente colocou suas mãos na cintura da mulher, o que não a surpreendeu, e sentiu o quadril dela se mexer com as mãos dele ali, logo o calor do corpo dele aquecia o
corpo dela, ela sentia suas costas encostadas no tronco dele, e se sentiu incrivelmente bem.
- Isso é maldade comigo. - ouviu a voz de falar em seu ouvido e ela mordeu o lábio inferior, abafando um suspiro. - Dança para mim. - ele voltou a falar em seu ouvido, antes de morder o lóbulo da orelha da mulher, a fazendo tremer.
Mais do que rapidamente, a mulher estava de frente para ele, alguns passos mais longe e dançava. Dançava como nunca antes, requebrava, se mexia freneticamente, suas mãos corriam pelo seu próprio corpo, abaixava-se lentamente e voltava a ficar ereta, seu sorriso era libidinoso¹, mostrava tudo que ela sentia naquele momento, quando um garçom passou por ali pegou da bandeja um copo de bebida que era de cor rosa e sorriu, antes de beber todo o conteúdo. E então se aproximou de ,
colocando suas mãos nos ombros dele.
- Eu quero... - ela começou, sentindo as mãos dele apoiarem em sua cintura. - Correr. - ela riu, antes de se desvencilhar dele e correr até a porta de saída.
Correu como uma criança corre ao ver um parque de diversões, correu como uma adolescente ao ver o show do seu ídolo, correu querendo que ele fosse atrás dela, correu porque se sentiu viva e feliz para o fazer. Ao ultrapassar as portas negras da boate, inspirou o ar puro e em seguida, sentiu gotas finas de chuva tocar seu rosto e sorriu. Sorriu mais ainda quando sentiu braços fortes a abraçarem por trás, sussurrando:
- Eu posso correr com você. – a voz rouca dele adentrou os ouvidos dela, a fazendo se perguntar o que ele tinha de tão bom. - Mas prefiro que seja ao seu lado. - ele continuou a virando de frente, e tocando seu rosto.
Seus dedos gelados, mas macios, passaram desde a testa onde delicadamente afastou a franja dela até seu queixo, um sorriso encantador surgiu nos lábios de , e ao mesmo tempo em que a distância
entre os corpos dos dois ia se findando a chuva ia aumentando, molhando seus corpos. passou seus braços ao redor do pescoço dele, fazendo um carinho na nuca dele, que sentiu um arrepio bom ali, enquanto que a puxava delicadamente pela cintura e com a outra mão segurava a nuca dela, ele sentira medo. Medo de que ela corresse dele, e foi ela mesma que acabou com o medo do rapaz, quando puxou pela nuca acabando com toda a distância existente entre eles. Os lábios se tocavam com tanta volúpia, e explosões de sensações aconteciam dentro dos dois, os corpos pareciam estar se
transformando em um, as mãos estavam inquietas e a chuva não parava de molhá-los. Aos poucos os dois se afastaram, se olhando nos olhos e logo o homem segurava a mão dela, levando-a até seu carro, que sem reclamar ou impedi-lo, foi junto. Ela ainda não tinha total certeza se ele era real ou fruto da sua imaginação. Só teve essa certeza, quando se sentou no chão do apartamento dele, naquela noite, vendo pelo vidro toda a cidade de Londres soube que ele era real. Quando sentiu o corpo quente de sentar e lhe abraçar por trás, ela soube que ele era melhor do que pensou. Encostou a
cabeça no peito dele, sentindo o perfume masculino dele e sorriu. Ela se sentia livre e feliz. Ele acariciou sua bochecha, seus cabelos até deixar suas mãos descansando sobre a barriga da , ela virou o rosto dando-lhe um beijo cheio de ternura e calma no pescoço dele e entrelaçou seus dedos aos dele, os dois sorriram.
- Obrigada, . - a mulher sussurrou, de olhos fechados, sentindo o carinho calmo que fazia em
suas mãos.
- Obrigada, . - ele disse feliz por estar com ela, uma estranha que estava fazendo-o se
sentir normal, ela realmente era mais especial do que ele imaginara ser quando a viu no início daquela noite.
Passaram o resto da noite juntos, mas diferentemente do que as pessoas pensariam, não tiveram nada. Conversaram, se conheceram, se descobriram e se beijaram, como dois adolescentes que acabaram de conhecer o sabor doce que tem o beijo, dormiram abraçados e tiveram a certeza de que haviam encontrado a pessoa certa, no lugar errado e no momento mais inesperado.
libidinoso¹: Que se refere aos prazeres sexuais; lascivo, voluptuoso.
Fim
Ou não...
16.10.2013 - Nota da Autora: Olá, como estão? Essa foi a minha segunda shortfic, realmente estou amando cada vez mais escrever. Essa história foi bem inesperada, eu a escrevi em uma madrugada qualquer, em duas horas. Escrevi direto, no bloco de notas do meu celular, ouvindo a música que me deu inspiração para essa história: Best Song Ever. Não sei o motivo de ter me dado essa inspiração, só sei que veio a história e eu a escrevi. Talvez seja a música animada que me dá vontade de dançar ou a necessidade que eu senti de ter o Zayn ao meu lado.
Ai recorri as histórias para me sentir perto dele. E aqui está a shortfic, que como sempre fica grandinha,
por eu não saber escrever algo pequeno demais. E esse "ou não", significa segunda parte? Sim,
significa e ainda por esses dias ela irá aparecer aqui, e aliás se chama "Black Dress, Miss"; Caso vejam na atualização. Já vou indo, e claro me façam feliz e comentem aqui, no meu
twitter @naaathymalik ou também no meu tumblr, fiquem a vontade.