When He Was My Man
Fic by: Clara | Beta: Flávia C.

- ... - Eu disse chorando sem acreditar que isso estava acontecendo - Eu não acredito...
- Casa comigo?
- Sim, sim, sim!
Ele pôs o anel no meu dedo e se levantou.
- Eu queria te dizer que... Eu sou o cara mais feliz do mundo, que... Eu não poderia ter encontrado pessoa melhor.
- , eu queria que esse momento durasse pra sempre...
Depois disso fomos pra casa, estávamos exaustos. Nos dias seguintes, estávamos numa espécie de rotina, acordávamos, fazíamos nosso café da manhã rindo juntos, íamos trabalhar e ao chegar em casa conversávamos, nos divertíamos.

Fim de semana, eu tinha saído com algumas amigas. Às seis em ponto, cheguei em casa, o não estava lá. Tentei ligar, mas ele não atendeu. Eu esperei e próximo às uma da manhã ouvi a porta abrir lentamente. Me levantei para ver o que era e me surpreendi com o se encostando na parede para não cair, com o rosto todo surrado.
- O que aconteceu?
- O que...? Aconteceu alguma coisa?
Ele estava bêbado! E drogado, tinha certeza! As pontas dos dedos queimadas, totalmente desnorteado... E ele caiu.
- Meu Deus, !
Sai do estado de choque indo ajudá-lo a se levantar.
- Me larga! – Ele se soltou bruscamente - Quem é você?
- ... Sou eu, !
- Você é uma idiota!
- , você não está bem!—Tentei segurá-lo mas ele me deu um tapa e eu caí.
- Sai daqui!— Ele gritou me afastando e foi para o quarto.
Eu fiquei espantada, sem chão! Terminei dormindo num canto perto do sofá abraçando as minhas pernas.
- ... !— Eu acordei com o me chamando— O que houve? Por que você está aqui?
Eu senti a confusão na sua voz e as lágrimas rolaram enquanto ele tentava contê-las.
-V ocê não lembra... Não é?—Olhei em seus olhos e o via cada vez mais confuso—V-v-ocê não lembra de nada...—Ele segurou minhas mãos.
- O que houve?
- Ontem à noite... Você estava bêbado. Você chegou drogado ontem! Você nem me reconheceu!
- Desculpe, eu...—Ele deixou algumas lágrimas rolarem—Eu estava fora de mim, eu...
- Você não entende, ?! Isso te transforma! Você sempre sai de si! ... Larga isso... Para de se drogar!
Ele me interrompeu.
- Você está louca? Claro que não! Aquilo é muito importante pra mim! É quase minha vida!
- Se aquilo é quase sua vida, ... O que eu sou? Se eu sou totalmente o oposto dessa vida que você quer levar? ... Ou você continua com... Aquilo... Ou comigo.
- ... Não me faça essa pergunta...
- Por quê, ? Por que eu já sei a resposta?!
- ... Eu não quero te deixar, mas...
- Mas você "não consegue" largar aquilo. , você já me contou essa história mil e uma vezes, eu estou cansada de saber! Eu não quero essa vida pra mim!
Eu tirei suas mãos do meu rosto e tentava me levantar me apoiando na parede.
- , você não me entende! Eu estou nessa desde os meus treze anos! Tem uma hora que você não consegue mais parar...
- Bem... Eu vou pegar algumas das minhas coisas. Amanhã alguém passa pra pegar o resto.
Peguei uma bolsa e uma mala média, coloquei roupas e algumas coisas importantes. Quando estava saindo ele estava do lado da porta.
- , não vai... Por favor.
- Aquilo ou Eu.
Ele se calou e abaixou a cabeça. Eu fui pra casa, passei os últimos dias me acostumando à mudança de quase casada com um dos melhores homens desse mundo á solteira recém-separada de um homem tomado pelas drogas e bebidas.
A campainha tocou, como minha irmã estava fora fui atender.
- O que você quer?
- Falar com você.
- Já não falou o suficiente?
- Por favor, é sério.
- Entra.
Ele entrou.
- Desculpe.
- Palavras não mudam nada, nem diminuem suas atitudes.
- Eu... Queria que você voltasse.
- Voltar para ver você chegar quase toda noite do fim de semana bêbado, drogado, me xingando e me menosprezando? Não, obrigada.
- Eu vou parar, você não vai mais me ver assim.
- Duas coisas, . Primeira: Eu não vou te ver assim? Então o que planeja? Ir pra casa de alguns dos seus amigos drogados depois de me fazer esperar até a madrugada? Segunda: Não basta você dizer ou estalar os dedos e acabou tudo. Isso leva tempo, .
- Por favor... , eu não quero te perder.
- Ninguém pode ter tudo sem abrir mão de nada, .
- Então eu abro mão.
- Eu já sabia, por isso que não entendo por que ainda está aqui.
- Eu quero você, ! Eu abro mão de todo o resto.
Eu sorri, eu sei que... Ainda não aconteceu, mas ele quer, então já é um passo... Não é? Eu o abracei.
- ! Eu senti tanto a sua falta...
- Também senti, ... Eu te amo.
- Também te amo, muito.
Sim, ele me fez de novo o pedido de casamento. Seria em um mês. Tinha me mudado de novo para o nosso apartamento, ele estava se tratando e duas semanas com tudo quase pronto para o casamento, ele iria em Vancouver, no Canadá, para resolver alguns assuntos com a igreja e os convites dos parentes dele que havia tido um problema na entrega.

13 de Julho de 2013, Sábado, pouco depois do meio-dia

Ligação on
- Srta. ?
- Sim, sou eu.
- Somos da polícia de Vancouver, Canadá. Se a senhora não se importa, sente-se por favor.
Me sentei. Na verdade, quando ouvi "polícia de Vancouver" eu cai no sofá esperando coisas do tipo " foi pego brigando no meio da rua" ou " estava dirigindo alcoolizado".
- Sim?
- , seu... Noivo, foi encontrado morto.
Morto... Morto...? Morto? Não... Deve ser uma brincadeira de mau gosto. As lágrimas escorriam pelo meu rosto mas tentando acreditar na minha mentira eu sorri temporariamente.
- Quê? Pera, eu... Acho que não ouvi direito...
- foi encontrado morto num quarto do hotel.
Tentei manter o celular na minha mão. Fiquei o mais calma que pude, se é que podia alguma coisa.
- Qu-a-al a causa da... Mor-te?
- As suspeitas são de overdose, a senhora confirma?
Não, ... Você não podia ter feito isso comigo... Você não podia morrer... Você não podia ter deixado aquilo te levar pra tão longe de mim...
- Senhora? Senhora?
- E-eu.
- A senhora confirma?
- S-sim.
- O corpo será velado aqui, a família dele acabou de chegar, pediram para que eu a avisasse.
- Tudo bem.
Ligação off

Eu não acreditei, eu continuava a pensar que alguém queria brincar com a minha cara, então eu liguei para o .
"Hey! Aqui é o , estou planejando meu casamento então deixe sua mensagem! Eu te amo !"
Eu liguei mais algumas 20 vezes, e a ficha começou a cair... ... Por que você fez isso comigo? POR QUÊ?! Eu joguei meu celular na parede sem pensar nenhuma vez. E chorei, eu chorei até acabarem as minhas lágrimas e eu terminar dormindo.

Eu acordei! Então... Tinha sido só um sonho afinal. A campainha tocou, me levantei com uma estranha dor muscular, acho que pela má posição que dormi. Abri a porta e vi o porteiro com flores.
- Oi!
- Mandaram essas flores para a senhora, Sra. .
- Ah, sabe de quem são?
- Não, mas devem ser de alguma das suas amigas já que uma mulher as deixou aqui.
- E por que elas me trariam flores?—Disse sem entender do que ele falava e da forma estranha que ele olhava a forma que eu estava feliz.
- Ninguém lhe contou sobre o Sr. ?
- O ...? O que t-tem o ? – Senti meu estômago embrulhar e tudo girar, não podia ser verdade... Não.
- Ele faleceu, senhora.
Sim, as lágrimas voltaram as meu rosto. Então não era mentira... Não era brincadeira...
Quando ele percebeu minha expressão me entregou as flores e desceu. Eu entrei, as coloquei no sofá e me sentei. Olhando bem a sala, vi meu celular quase aos pedaços no chão, e eu estava só. Ele não ia mais telefonar, ele não ia falar mais, eu não ia mais acordar do lado dele e ver ele olhando pra mim com aqueles olhos brilhantes de quem nunca perdeu a esperança de ser feliz.
Dois dias depois...

16 de Julho de 2013, Terça-feira, onze horas.


Hoje seria o velório... Normalmente o corpo é velado com o caixão aberto mas eu e a mãe dele pedimos para que o deixassem fechado. Havia até muitas pessoas ali, bem mais do que eu pensava que haveria, já que quando morremos, além dos parentes e dos fofoqueiros, os únicos que aparecem são os outros curiosos, principalmente nesse caso, pela causa da morte. Outras pessoas provavelmente estão em suas casas ou falando com alguém sobre como sabiam que esse dia ia chegar.
-Alguém gostaria de falar alguma coisa?
Eu, que ainda estava olhando para o caixão no fundo do buraco, me surpreendi quando alguém se pronunciou, as pessoas que estavam lá, ou pelo menos as que eu já tinha notado, não pareciam em condições de discursar.
- era um bom amigo, uma boa pessoa. Eu não poderia ter tido um amigo melhor da parte dele.
Ele deu um passo para trás e o silêncio voltou. Acho que ele não estava enxergando o resto do texto gravado na lápide... Idiota, estúpido. Deveria imaginar que teria algum palhaço para deixar tudo pior.
As pessoas foram indo embora, ficamos só eu e a família dele até que até sua mãe teve que ir graças ao início da chuva. Eu me sentei no chão e fiquei observando as palavras que eu tinha escrito com sua mãe e que estavam agora, gravadas.

"Ao garoto que se descrevia alto e esquisito, e que fez as pessoas ao seu redor tão feliz quanto ele era, e ninguém poderia ter tido uma pessoa melhor da parte dele."



Nota da Beta: Qualquer erro de português e/ou html/script, me informe pelo e-mail.

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