Eu tinha chegado ao quarto, arrastando uma escada. Nada fácil e não recomendado para pessoas baixinhas como eu, mas fazer o que, foi necessário. Abri a escada e subi nela para ver se alcançava
a caixa acima do guada-roupa de meu quarto, foi quando sem querer algo voou sobre a minha cabeça e se quebou no chão. Eu nem me dei ao trabalho de olhar, já que se eu desvisse por um segundo
se quer o olhar da grande caixa que estava segurando ao alto da minha cabeça poderia cair também.
Assim que consegui, em um golpe de mestre, me equilibrar descendo aquela caixa enorme pela escada, eu vi o que havia quebrado no chão, e realmente fora como se algo tivesse tirado meu coração fora.
Arrumei aquela zona que havia feito, separei a caixa em cima da cama, e coloquei a escada no lugar, depois voltei ao quarto para juntar as partes quebradas da caixinha em que eu guardava partes
da melhor fase de minha vida. Assim que peguei no primeiro pedaço, não pude conter as lágrimas em meus olhos e aquilo tudo parecia ter voltado á tona em mim novamente.
FLASHBACK ON
- Mas que droga, - briguei com o garoto que insistia em fazer careta nas fotos. - Será que você não consegue sorrir em nenhuma foto? Igual uma pessoa normal? - soltei um riso.
- Mas , pessoas normais não tem graça, é muito melhor rir com as pessoas ao ver nossas fotos do que fingir alegria inexistente em fotos - ele retrucou.
- Você não é feliz, ?
- Você é feliz, ?
- Sou. - respondi
- Então eu também sou.
Logo após essa frase selei nossos lábios em um beijo. sabia como me fazer sorrir, e isso era uma das suas melhores qualidades.
- Ótimo - falei após me afastar. - Agora faz o favor de tirar um foto legal comigo?
O garoto segurou minha cintura por trás e me deu um beijo na bochecha, com a câmera frontal de meu celular tirei uma foto nossa relativamente boa. FLASHBACK OFF
Aquela era uma das inúmeras fotos que havíamos tirados juntos, e depois que aquela caixa caiu, parece que o local aonde meu coração havia sido ferido, voltou a sangrar constantemente. Eu sentia
falta dele todos os dias, sintia falta do que eramos, do que fazíamos, sentia falta do seu cheiro, de sua risada, e do seu toque, eu sentia falta do meu . Peguei outra foto então e meu coração veio a tona mais uma vez. Desta vez, eu estava com o uniforme de líder de torcida e os pompons na mãos que por sua vez, estavam ao redor do pescoço de - vestido com o uniforme
do time de basquete - segurando a minha cintura e se aproximando para um beijo.
FLASHBACK ON
- Eu disse que era bom.- se gabou.
- Sabe o que você é? - ele levantou a sobrancelha direita me estimulando a continuar falando - convencido.
- Mas - ele continuou - sou o convencido que você mais ama, né?
- Por que eu te amaria? - desafiei.
- Porque só eu faço isso. - O menino me puxou para um beijo caloroso e cheio de amor, ele sabia exatamente como me fazer feliz. Assim que nossos olhos se fecharam, percebemos que algo ficou
claro ao nosso lado, abrimos os olhos nos olhamos como cúmplices e logo uma luz brilhou novamente. Era Georgia e sua máquina fotográfica, sorrindo enquanto batia mais algumas fotos. FLASHBACK OFF
Infelizmente, para o meu pesar, o último objeto a ser pego do chão era o recorte de uma reportagem do jornal.
FLASHBACK ON
- Vem amor - peguei na mão de para atravessar a rua, porém em um piscar de olhos, eu senti algo me empurrando e um ônibus passando em cima de algo, o ônibus logo freeiou, eu não aguentei de desespero ao ver aquilo, não conseguia acreditar. Me juntei ao resto do corpo de meu amado implorando para que um suspiro ele desse, que algo ele dissesse, que ele voltasse para mim, mas a única coisa que consegui ver foi seus olhos fracos fechando.
- ! Amor, volta, amor, me escuta, eu te amo, por favor volta, não me deixa aqui, não deixa o Ethan, amor, volta! - Minha voz, era algo misturado com choro, sussuro e a tentativa fracassadade gritar.
Eu sabia que nem em céu nem em terra, voltaria a me ouvir, mas eu não podia perder a esperança, eu não podia achar que tudo tinha acabado ali, ele era o meu sonho, o meu amor, e agora, depois de anos namorando finalmente tinhamos nosso lindo e tão sonhado filho, ele não podia nos deixar. Mas infelizmente foi o que aconteceu. Na manhã do dia 25 de Março de 2011,
fora enterrado ao lado de sua irmã no cemitério de Rosevelt, e de agora em diante, era oficial, o fim para a nossa história de amor havia chegado. FLASHBACK OFF
Percebi que não estava sozinha em meu quarto. Quando olhei para cima pude vê-lo, tênis preto, calças jeans e uma camisa polo branca. Os cabelos , e a cara de preocupação tomava seu rosto.
Ethan era a cara de , seu sorriso, o jeito de fazer as coisas e arrisco dizer que encontrava semelhanças até na voz dos dois. Assim como o pai, Ethan demonstrava o máximo de carinho por mim e sempre estava alegre. Confesso, que um dos motivos para continuar a viver depois do ocorrido com meu recém marido, era saber que eu ainda tinha Ethan e que eu estava ali apenas para educa-lo, acredito
eu que assim que isso terminar, poderei chegar ao encontro do meu amado marido novamente.
- Mamãe, está tudo bem? - ele me perguntava.
Sequei as lágrimas que continuavam a rolar pelo rosto com as costas da mão e sorri, quando fui abrir a boca para falar, o menino se abaixou e me abraçou. Ele ainda não sabia do pai, mas sabia que
algo de errado havia acontecido comigo e assim como pai teria feito, Ethan estava ao meu lado, para que todas as dores fossem embora.
EPÍLOGO
Cemitério de Rosevelt - 10:40 AM
A menina de cabelos escuros sentou ao lado do túmulo e começou a falar sozinha:
- Caso você esteja aqui, nos céus, no inferno, aonde quer que seja... Se você estiver aqui me ouvindo, por favor, obrigada por nossos momentos, por seus toques, por seu cheiro, amor. Obrigada
pelos meus dias felizes e me desculpe pelos meus dias tristes. Me desculpe as vezes ter te trocado para sair com as minhas amigas, ou por algo que eu tenha dito que você simplismente não tenha
gostado, desculpa pelas minhas má criações e pelo meu jeito mandão de ser. Uma vez eu li que nossas histórias reais de amor morrem conosco e eu agradeço, por ter sido a minha real história de amor
por saber que ninguém a compreende a não ser nós mesmos. Eu te amo, e irei te amar até depois do meu fim.
"Como todas as histórias de amor de verdade,
ela vai morrer com a gente, como deve ser. [...]
Você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito.[...]
Você me deu a eternidade dentro de nossos dias numerados,
E eu sou muito grata por isso." John Green - ACEDE