Why'd you only call me when you're high
Autora: Cah. | Beta: xGabs Andriani



Meia noite, e eu já estava sem sapatos. Essas coisas machucam mesmo quando você já está bêbada a ponto de não sentir mais seus lábios e as pontas dos seus dedos. Eu estava bêbada o suficiente para reclamar e relembrar antigos amores com as amigas, mas não bêbada o suficiente para esquecer de tudo o que eu disse ou fiz. Já estávamos no Mamooth há algumas boas horas e eu já devia estar bêbada, porque já havia tomado dois Cowboy From Hell. Na verdade, eu já deveria estar jogada na minha cama quase morta de bêbada depois de ter tomado um drink feito com Cointreau, tequila, tabasco, cerveja e Jack Daniels. Pois é, bem forte mesmo. Pedi mais um como saideira e decidi ir para casa junto com minhas amigas. Peguei meus saltos, paguei a conta e saí.
Foi quando o vi. Ele estava bem próximo a mim, mas eu não queria falar com ele. Não queria que ele me visse, não queria que ele me visse. Eu estava bêbada, mas não bêbada o suficiente para ser simpática e alegre com ele depois de ter decidido que eu não ia me prestar ao papel de ser a amizade colorida dele... Não depois de eu ter me apaixonado e ele ter dito que não queria nada comigo. E eu sabia que se ele falasse comigo... Um “Oi” era o suficiente para me fazer desistir de tudo, do meu orgulho, da minha dignidade, e juntar o útil ao agradável: mais uma noite de sexo descompromissado com . E, bem... Nesse caso, apesar de eu adorar uma amizade colorida e mais ainda um sexo descompromissado, nenhum contato com ele seria saudável para mim. E eu estava decidida a esquecê-lo de qualquer jeito. Por isso, virei o rosto o lado oposto onde ele estava, me juntando à conversa alegre das minhas amigas.
Quando chegamos em casa, –sim, eu moro com minha melhor amiga- veio conversar comigo, ela queria saber o porquê de eu estar agindo estranho desde que deixamos o Mamooth, apesar de ela já saber. Tudo bem, ela sabia, mas ela não sabia da história detalhadamente. E eu não estava muito afim de conversar com ela a respeito disso, mas ela sabe como me colocar contra a parede e me fazer contar algo, mesmo que eu não queira.
- Eu não estou agindo estranho, isso é loucura sua. – Respondi.
- Você está, só você que não percebeu. , pela quantidade de álcool que você ingeriu, você devia estar pentelhando todo mundo, enchendo o saco, querendo tirar a roupa, dar pro primeiro que aparecer. Você sabe como fica quando bebe um Cowboy From Hell, imagine três! ), você estaria flertando até com um poste!
- Eu não consegui ficar bêbada, só isso. – Dei de ombros. – Aliás, ficar bêbada eu fiquei... Mas não fiquei do jeito de sempre. Acontece às vezes.
- É por causa dele? – Ela perguntou sem rodeios. – Aquele que não deve ser nomeado? – Dei uma risadinha com a piada dela.
- Muito bem, , enfie o dedo na ferida sem piedade. – Falei, sarcástica, me levantando para pegar uma dose de vodca para mim. Eu tinha saído do bar e estava meio bêbada, mas isso não significava que eu tinha parado de beber.
- Se eu fosse enrolar, você não me diria nada... – Ela deu de ombros. – Você o viu lá?
- É o seguinte... – Falei, pausando para tomar um gole da minha Grey Goose. – Eu o vi lá sim, mas ele não foi o motivo de eu não ter ficado bêbada. Eu não sei qual foi o motivo, só não consegui. – Bebi mais um gole da minha dose.
- E quando você vai me contar o que realmente aconteceu entre vocês?
- Eu realmente preciso entrar nesse assunto? – Falei, franzindo a testa e olhando-a com esperança que ela fosse esquecer.
- Sim.
- Tudo bem...

Flashback ON:
Eu não sabia exatamente quando tinha me apaixonado por , talvez eu sempre fosse apaixonadinha por ele e não quisesse assumir, ou ver... Ou talvez o sentimento estivesse ali dentro de mim desde sempre e eu nunca tivesse percebido. Mas agora que eu havia percebido, eu tinha que fazer algo a respeito. Por anos, por tantos anos que eu já havia perdido a conta, sempre foi a minha amizade colorida. Meu pirocamiga, como dizem. Era assim desde sempre, desde a época da escola, desde quando ele era meio estranho. Ele sempre foi um bom amigo, do tipo que se afastava quando sabia ser necessário, para que eu ficasse com outros caras, e o que sempre estava de volta quando eu precisava de um amigo, ou de uma noite divertida.

Com ele sempre foi tudo muito claro, tudo preto no branco. Aliás, não só com ele, mas com todos os outros. Eu nunca quis compromisso, porque apesar de dizerem que isso não é para mulheres, eu sempre fiquei meio confusa quando colocavam sentimentos demais nas coisas e sempre ficava irritada demais quando colocavam muito drama nos relacionamentos. Simplesmente não era para mim e eu sabia disso. Por isso eu não me aventuro em águas desconhecidas, porque eu já sei que não vai dar certo. Então eu sempre saí com os caras, ficava com eles por algum tempo, para satisfazer minhas necessidades físicas, sejam sexuais ou sejam meio românticas do estilo “dormir de conchinha”, ou “ficar olhando para o céu à noite”, ou receber flores, ou qualquer besteirol romântico implantado nas mentes das jovens por meio das comédias românticas hollywoodianas. Mas quando eu via que ele estava se envolvendo demais, eu dava meu jeito de cortar o mal pela raiz. Um comentário desnecessário, fora de hora, um deslize nas regras da etiqueta, uma parte do corpo não depilada... Qualquer método simples e que não causasse muito estrago estava valendo.
Então era isso, eu saía com o bofe, passava algum pouco tempo com ele, e depois dava um jeito de me livrar, para que ele se apaixonasse por outra pessoa que não fosse eu. Mas com era diferente... Ele já me conhecia desde que tínhamos cinco anos, e apesar dos anos passando, apesar da fama que chegou, ele nunca saiu do meu lado, ele conhece todos os meus gostos, minhas preferências, meus nojos, meus costumes... Tudo. E talvez por ele ser diferente, eu tenha confundido tudo. E isso tinha que acontecer logo comigo, a garota decidida e que sabe o que quer, que nunca fica confusa com os sentimentos, que nunca quer um relacionamento. Levou um tapa na cara do maior clichê do mundo: me apaixonar pelo cara com quem eu cresci, meu melhor amigo, meu pirocamiga. E agora eu queria tudo, queria me entregar ao sentimento, queria estar com ele, eu queria ser só de . E esse foi o problema. Ou talvez o problema tenha sido decidir contar tudo a ele.
- )... ... – notei que ele estava meio desnorteado depois de tudo o que eu disse a ele – eu não sei como dizer isso, mas... Eu gosto de você. Eu realmente gosto. Mas não gosto de você do jeito que você precisa que eu goste de você agora. Você precisa de alguém que goste tanto de você quanto você gosta dessa pessoa, que te trate do modo que uma pessoa incrível quanto você deve ser tratada... Mas essa pessoa não sou eu, . – Acho que percebi um toque de tristeza em seu olhar, mas eu nunca fui muito boa com essa coisa de entender olhares, então é provável que eu tenha me enganado. - Eu sei que você vai encontrá-lo... Cedo ou tarde, e talvez eu me arrependa disso. – Ele segurou minhas mãos. – Mas nós somos pólos iguais... Eu sou muito parecido com você para darmos certo. Então eu preciso que você me perdoe por não poder dar a você o que você precisa, porque a única coisa que eu posso te dar é o que eu sempre te dei: minha amizade... E meus favores sexuais. – Se esse comentário foi uma tentativa de piada, não foi engraçado, e apenas mantive minha expressão facial em branco. – , diga alguma coisa! – Ele pediu, apertando mais ainda a minha mão.
- Não há nada a dizer, ... Eu não posso te obrigar a ficar comigo, eu sempre disse que quando...
- “Um não quer, dois não ficam.” – ele completou comigo a frase.
- Isso mesmo... Eu só vou precisar de um tempo para me adaptar e esquecer essa ideia... – Falei, me levantando.
- Você vai conseguir, você sempre esquece quando quer. – Ele disse.
- Eu sei. – Respondi, abrindo a porta.
Saí da casa de de ego e orgulho feridos e, mais ainda, de coração ferido. Mas eu prometi a mim mesma que eu ia esquecê-lo, eu já havia feito isso antes, quando eu me envolvia demais com um cara e precisava esquecer depois. Não chorei, não esperneei, não fiz nada. Nada além de chegar em casa, abrir a minha melhor vodca e beber o litro inteiro, mas não sem antes me livrar do celular ou qualquer mecanismo de comunicação que pudesse me fazer trair minha decisão. Esquecê-lo não ia ser tão difícil, né? Não podia ser tão difícil.

Flashback OFF

- Quando foi isso? – quis saber. – Por um acaso isso foi no dia que você estava dando uma de Bridget Jones e ouvindo umas músicas fossas de dar pena, estilo “I Will Survive”? – Assenti com a cabeça. – Há quase dois meses?
- Isso.
- Por isso que eu nunca mais o vi por aqui... – Ela refletiu. - E como você está? – Ela perguntou, num tom preocupado.
- Estou bem... Melhorando. O pior de tudo foi ter meu ego ferido. – Dei uma risadinha.
- Ninguém samba na cara do seu ego e sai vivo para contar a história. – Ela brincou, e ri junto com ela.
- Bem... sambou. E até agora está vivo, no Mamooth. – Então vi meu telefone tocar, e o nome dele aparecer na tela. – E provavelmente bêbado, me ligando. – Falei, mostrando a ela a tela do telefone.
- Ele tem feito muito isso?
- Quase todos os fins de semana desde aquele fatídico dia... E atendi umas duas vezes, e das duas vezes, ele estava bêbado, falando que queria me ver, que queria passar a noite comigo, que não esquecia meu cheiro, que só de lembrar de mim, ele tinha más ideias... E ele usou essas “más ideias” num sentido sexual, mesmo. – Falei, deixando o telefone que havia parado de tocar no sofá onde estávamos conversando e indo buscar mais duas doses de vodca, uma para mim, e outra para ela.
- Ele foi totalmente sem limites com esses comentários. – Ela comentou e eu bufei em resposta.
- Normalmente ele sabe quando ficar fora e se afastar, você sabe disso... Mas dessa vez ele não quer. E ainda me vem com essa conversinha de homem que quer conquistar a menina, que ele fala pra qualquer uma, como se eu não soubesse que é tudo mentira. E como se ele não soubesse que eu odeio esse tipo de coisa. – Me afobei.
- Mas talvez ele realmente esteja com saudades.
- Não é meu problema, . Já tenho problemas demais quando o encontro pelos cantos que costumávamos ir juntos e ter que lutar contra o impulso de pular no pescoço dele.
- Você é uma pessoa estranha, . – Ela riu.
- Nem me fale... Normalmente, meu negócio é só físico. Na verdade, com ele também era. Eu adorava o sexo com ele. Ainda adoro. Mas aí essa coisa de sentimentos vem confundir tudo e eu fico perdida...
- Eu sei.
- Foda. – Disse, entregando a dose dela.
- Você vai atender? – Ela perguntou, olhando o telefone que voltou a tocar.
Olhei para a tela do telefone, mordendo o lábio, ansiosa e em dúvida do que fazer. Por fim, murmurei um “não” e afastei o telefone da minha vista e o coloquei no silencioso.

Bebemos e conversamos outras coisas aleatórias até umas três horas da manhã, e decidimos que estava na hora de dormir. Quando peguei meu telefone, vi que ele havia me ligado 25 vezes e mandado algumas mensagens do tipo: “Eu te vi no Mamootg, ou eu tsva sonhandp?”, “, por favpr me responds”, “Não aguentp mais as coisas assim”, “Querp te ver”. A raiva e o alcool subiram a minha cabeça e eu respondi: “Por que você só me liga quando está bêbado agora?”, e quando tive um “Por favor” de resposta, mandei de volta: , não torne isso mais difícil do que já é. Pare de me ligar quando você estiver bêbado.”, desliguei o telefone sem querer maiores explicações da parte dele e tentei dormir. Mas não consegui, obviamente.
Eu não queria saber se ele havia se arrependido da decisão dele, ou se ele só queria mais uma noite de despedida antes de me dar o pé na bunda oficial, eu não queria saber por qual motivo ele estava me ligando. Eu queria esquecê-lo, e esquecê-lo é o que eu ia fazer ou ao menos tentar. E, se fosse preciso perder todo o contato com ele, que assim fosse. Não apaguei seu número dos meus contatos, porque eu já habia decorado. Mas ignorei todas as ligações e mensagens que ele me enviou em todas as madrugadas que se passaram depois de eu ter aberto meu coração para ele.

********


Com o passar do tempo, as ligações e mensagens da parte de foram diminuindo, até se tornarem muito esporádicas, e eu conheci um cara legal, bonito, inteligente e educado, que trabalhou comigo quando eu fui interpretar Zoey Redbird na adaptação da saga “The House of Night” para o cinema. era exatamente tudo o que eu precisava para esquecer . Ou, pelo menos, o que eu achava que precisava para esquecê-lo.
Estávamos juntos há quase três meses e ele sempre me fazia alguma surpresa em nossos aniversários. No primeiro mês, ele me levou para jantar num restaurante super romântico, à luz de velas, que ele havia fechado só para nós dois, e no segundo mês não pudemos fazer nada do nível, porque estávamos na Comic Con promovendo o filme, então demos um jeito de fugir do hotel e andar por uma San Diego já adormecida, procurando por um lugar onde pudéssemos olhar as estrelas, e onde ele me deu uma pulseira de ouro cravejada de diamantes. Quem poderia dizer o que ele havia preparado para o terceiro mês?
Uma semana antes de nosso aniversário de namoro, ele foi à minha casa com um pequeno embrulho, algo parecido com um CD. Agradeci, incorporando minha criança interna ao rasgar o papel e cedi ao choque quando vi o conteúdo. Realmente era um CD... Mas não era um CD qualquer, era o novo CD do Arctic Monkeys. Todos os sentimentos que eu havia tentado afastar com tanta luta voltaram, e voltaram com tanta força, que me senti meio tonta e procurei pelo sofá, para me sentar.
- Eu sei que você gosta deles e o talvez já tenha até te dado um, mas... Quis te fazer uma surpresa.
- Faz um bom tempo que não falo com , nessa correria de promover o filme... – Menti e forcei um sorriso. “Sorria direito, ! Cadê seu talento de atriz quando se trata em aplicá-lo à sua vida privada?”, pensei. – Obrigada. – Falei, antes de dar um selinho nele.
- Ouça “Arabella”, essa música me faz pensar que ele escreveu para você. – Ele sorriu.
- Ora, não seja bobo! – Dei um tapinha no ombro dele. – Por que ele escreveria uma música inteira para mim?
- Não sei... Você é uma pessoa apaixonante. – Ele sorriu e me beijou.
- Ele não é apaixonado por mim, . Nunca foi. – Falei, analisando a capa do CD.
- Ainda bem, porque se não, eu teria um concorrente. – Ele brincou.
- Deixe de besteira. – Falei, e tratei em mudar de assunto: - Por que você disse que chegou a pensar que “Arabella” foi escrita para mim?
- Porque tem uma frase que diz assim: “E seu beijo, a cor de uma constelação se encaixando”. – Ele respondeu, e me deu um selinho.
- Ah, agora só porque você gosta do meu beijo, ele escreveu a música pra mim? – Ri. – Ele nunca me beijou, se é isso o que você quer saber. – Menti.
- Então ele deve ter ficado com muita vontade... Porque é impossível olhar para você e não querer te beijar. – Ele respondeu e me beijou.

Não tive coragem de ouvir o álbum na presença de , não porque eu achasse que as músicas foram escritas para mim, eu não sou egocêntrica a este ponto, mas porque eu havia passado tanto tempo sem ouvir a voz de , que eu não sabia como ia reagir. Eu passara tanto tempo tentando evitá-lo, passei tanto tempo me esforçando para esquecê-lo que agora que eu o fiz, tinha medo da minha reação. Tinha medo de ter todos os meus esforços destruídos. Mas junto com o medo, tinha a curiosidade... E eu queria ouvir o novo álbum porque esse era o melhor jeito de saber como ele estava se sentindo. E admito que eu queria saber se ele sentia saudades de mim. E ouvir este álbum era a melhor forma de fazer isso, mesmo que eu decidisse deixar todo o meu orgulho de lado e ir atrás dele, porque é por meio da música que ele consegue transmitir e mostrar tudo o que ele sente, sempre foi assim.
Olhei para as faixas do álbum, e meu coração disparou, e senti um frio na barriga ao mesmo tempo que todo o meu corpo esquentava, quando li o nome da nona faixa do álbum: “Why’d You Only Call Me When You’re High”. Eu não podia acreditar... Era tão injusto! Por que ele insistia em mexer com uma pessoa que há muito havia saído da vida dele? Senti vontade de jogar o álbum na parede, depois pisar, tacar fogo e passar com um rolo compressor por cima dele, mas a curiosidade era maior. E logo na primeira faixa, eu tive uma certeza: eu não tinha esquecido tanto quanto eu achava que tinha esquecido.
Esse é o problema com amores antigos que acabam como assuntos inacabados... Você pensa que está tudo bem e que só porque não pensa mais nele com tanta frequência, você acha que está curada dessa doença incurável que é um antigo amor não finalizado. Mas uma música, uma simples música te faz relembrar de tudo. E, bem... Minha história com aparentemente não estava acabada. Então, fui para a sala e fiz a coisa mais sensata a se fazer: deixei as faixas do álbum tocando alto, abri duas garrafas de vodca e bebi. Quando chegou em casa, ficou impressionada por eu estar “agindo como uma garota solteira com dor de corno ao invés de estar saindo com ”, nas próprias palavras dela.

- Desmarquei a saída com ele. – Respondi com um pouco de dificuldade.
- Por quê?
- Está ouvindo isso? – Falei, com a mão no ouvido. – Ouça. – Andei até atrás dela e a fiz sentar no sofá, enquanto eu fui mudar a música, para que ela pudesse ouvir a nona música. – Ouça esta merda.
- O que é isso? – Ela quis saber.
- É o novo álbum do Arctic Monkeys. – Falei, me jogando no outro sofá, já bebendo da garrafa.
- Essa música é...
- “Why’d You Only Call Me When You’re High”, foi o que eu mandei para ele numa mensagem uma vez. – Falei, tomando minha vodca. – Ele é um merda. Espero que você saiba disso. – Completei, num estágio meio letárgico. – Eu estava muito bem e feliz com , mas não... tinha que vir e acabar com tudo! Como sempre! E eu não posso nem dar uns bons tapas nele como eu quero e como ele merece, porque eu sei que se ficar cara a cara com ele, eu não vou dar uns tapas nele, eu vou querer é dar uns beijos nele. – Falei, bebendo mais ainda da minha vodca.
- O quanto você bebeu, ?
- Muito. – Respondi.
- E cadê seu copo? – Ela quis saber, quando me viu já bebendo da própria garrafa.
- Foi atrás do , dar uma surra nele por mim. – Respondi, dando de ombros.
- Está na hora de parar. – Ela disse, levantando e fazendo menção de tomar a garrafa de mim.
- Me deixe, . Me deixe curtir minha fossa em paz.
- Tudo bem. Então, vou te acompanhar. – Ela disse, se levantando para pegar uma dose de vodca para ela.
No dia seguinte, acordei no sofá com a roupa que eu estava usando quando tinha passado por lá. Obviamente fiquei bêbada demais para conseguir me levantar e preferiu me deixar onde eu estava. Senti cheiro de waffles e agradeci por morar com uma amiga que sabia cozinhar quando eu não podia. Mas antes de qualquer coisa, eu precisava matar não a minha fome, mas a minha sede.
- Três garrafas e meia foi a cotação da noite passada. – comentou, sem tirar os olhos dos waffles.
- Você bebeu tudo isso? – Brinquei, fazendo cara de impressionada, mesmo que ela não pudesse ver.
- Das vodcas de ontem, só sou culpada por meia garrafa... Você devia mandar plastificar seu fígado. – Ela riu.
- Pois é, eu beberia o Tâmisa inteiro de tanta sede. – Comentei.
- Da próxima, se você não beber direto da garrafa, talvez dê para amenizar a sede se você beber junto com um copo d’água... Como você faz normalmente.
- Bah. – Abanei o vento. – Eu queria era ter entrado em coma alcoólico pra não precisar acordar hoje.
- Eu deveria te chamar de Drama Queen a partir de hoje. – Ela riu.
- Sou melodramática, fazer o quê? – Encolhi os ombros.
- Pelo menos você não tem que filmar hoje...
- Nem me fale... Eu não ia ter condições de fazer nada.
- Como você está? – Ela finalmente parou para me observar.
- Fisicamente? Devo estar linda e maravilhosa como sempre, apesar de possíveis olheiras e a cara de ressaca. Sentimentalmente? Uma confusão, uma merda. E moralmente? Bem, moralmente eu estou tranqüila, porque se eu não puder encher a cara em casa, onde mais eu vou poder? – Brinquei, para amenizar a situação com os meus sentimentos.
- Você quis ligar para ele ontem... – Quando abri a boca para interrompê-la, ela completou: - mas eu não deixei, porque sou uma ótima amiga. Mas você finalmente chorou. – Ela ficou me observando por alguns segundos, até que eu percebi que ela esperava algum comentário meu.
- O que você quer que eu diga?
- Sei lá... Alguma coisa.
- Não tenho o que dizer. – Falei, encarando meu waffle.
- Você ainda gosta dele? – Ela perguntou, e eu a olhei encolhendo os ombros com cara de “o que você acha?” – O que você vai fazer? Vai atrás dele? E ?
- ... Calma. – Levantei as mãos, fazendo sinal para ela parar. – Eu vou ficar com . já teve a chance dele. Eu não vou atrás de ninguém. – Decidi, por fim.
- Tudo bem, então. – Ela usou seu tom que eu diria ter sido um tanto quanto reprovador. Mas eu não quis pensar muito nisso e me contentei em encerrar o assunto ao comer meus waffles.

A semana passou tranquila e tentei ao máximo não ouvir mais aquele álbum dos infernos, para organizar meus pensamentos e sentimentos. Deixei tudo que me lembrava de de lado, mais uma vez, e tentei evitar de todas as maneiras ouvir falar em Arctic Monkeys.

Na noite do meu aniversário de namoro com , eu estava usando um vestido curto roxo, que já tinha usado em uma festa de estréia de algum filme, e fiz um coque donut, porque eu adorava me sentir feito uma cantora de blues. não havia me dito o que iríamos fazer, mas não demorei muito a descobrir: ele me levou a um antigo teatro, que há muito estava desocupado. No palco, vi instrumentos, então alguma banda legal ia fazer um show particular para nós dois. Foi então que ele me surpreendeu:
- Espero que você tenha gostado do novo álbum do Arctic Monkeys... Porque são eles que vão tocar para a gente hoje.
- Gostei sim... Está ótimo! – Forcei um sorriso e xinguei aquela noite mentalmente.
E aí entrou no palco e nos deu boa noite.
- , você está linda. – Ele disse e eu agradeci com um sorriso forçado. E xinguei a noite mentalmente mais uma vez.
Ele também estava lindo, não estava como ele costumava se vestir, acho que como era uma ocasião especial, ele resolveu usar terno e gravata. E eu tive que me controlar para não correr para seus braços. “Ele não te quer do jeito que você o quer, .”, me repreendi mentalmente. “Mas de que jeito eu o quero, finalmente?”, nem eu sabia mais se eu estava disposta a tê-lo só como meu pirocamiga ou se eu só o queria se fosse do meu jeito, para ficar comigo e só comigo. Mal reparei nos outros meninos, afinal, era o que mais importava ali.
Eu estava dividida entre querer que aquela noite acabasse logo e não querer que ela acabasse, porque fazia muito tempo que eu não o via e eu estava feliz por vê-lo. Mas ao mesmo tempo, talvez aquilo não fosse bom para o meu relacionamento com no final das contas. E quando eles começaram a tocar as músicas lentas, me puxou para dançar com ele, mas sempre que eu colocava os olhos no palco, lá estava ele... Olhando-me, sem desviar os olhos por um segundo. E foi quando comecei a desejar que a noite acabasse logo, porque eu não ia aguentar por muito mais tempo.
Mas a Lei de Murphy vale para todos, inclusive para atrizes lindas e talentosas como eu: não há nada que não possa piorar. decidiu que era uma boa ideia parar de cantar para fazer um mini discurso parabenizando o casal. E foi quando meu mundo, que já estava confuso, bagunçado e virado de cabeça para baixo, piorou:
- ... Nunca esqueça a mulher incrível que você tem ao seu lado. Nunca deixe de assistir filmes com ela quando ela te chamar, porque apesar de ela nunca reclamar, ela vai ficar triste se você não fizer isso. Sempre dê valor às coisas que ela faz, principalmente se ela vier te mostrar algo, porque quando ela fizer isso, é porque ela realmente gostou do que fez. Ela gosta de comer pizza com as mãos e prefere Pepsi a Coca. Nunca abra a porta da casa dela quando estiver saindo, porque ela diz que quem faz isso nunca mais volta. Nunca escolha qual o drink ela deve beber, porque isso a irrita. Deixe que ela leia passagens dos livros preferidos dela para você, isso significa que você é importante e é o jeito que ela tem de mostrar que te ama. Ela também gosta quando dizem que o cheiro de tempero nas mãos dela é bom, e gosta mais ainda quando elogiam a comida que ela faz. – O meu choque era tão grande, que eu mal conseguia me mover.
- ... Por favor, pare. – Eu pedi, depois de procurar minha voz.
- Não, ... Ele tem que saber. – disse, sem olhar para mim. Desde que havia começado a falar, ele não tirava os olhos de . – Nunca diga que gatos pretos dão azar, porque ela adora gatos pretos e ela vai começar a falar sobre o preconceito e então vai puxar para o apartheid social e você vai ficar se perguntando como chegaram ali... Acredite, você não quer ouvi-la falando disso. – Ele riu. – Saiba que ela acorda chata e ranzinza, principalmente se estiver de ressaca. E não aceite se ela te desafiar para ver quem bebe mais, porque você certamente vai perder. E não estranhe se você chegar em casa e todas as luzes estiverem apagadas e ela estiver tomando banho de banheira à luz de velas tomando um champagne, ela gosta de fazer isso mesmo. Nunca discuta com ela sobre assuntos polêmicos, porque ela muito provavelmente vai ter argumentos capazes de derrubar qualquer um que você coloque para ela. E principalmente, ... Nunca esqueça de dizer a ela que a ama todos os dias. Quando você acordar e antes de dormir. Deixe que ela saiba que é importante para você. – Nesse ponto, eu já havia desistido de lutar contra as lágrimas e deixei que elas corressem livre, mas silenciosamente.
Então desceu do palco, andou até mim, limpou minhas lágrimas e beijou minha testa.
- Outra coisa, . – Ele disse, olhando para mim. – Ela gosta de beijos na testa... Ela diz que são beijos de proteção e respeito. – E eu, imbecil, não podia fazer nada e também não ia fazer nada além de chorar.
- Você a conhece muito bem. – comentou.
- A conheço desde que tínhamos cinco anos de idade. – sorriu para ele. – Vou cantar a última agora.
E, como era de se esperar, guardou “Why’d You Only Call Me When You’re High” para aquele momento, ele deve ter premeditado tudo, até minhas reações. A música que ele havia escrito para mim. Ele podia ter escrito todas as outras músicas para mil outras mulheres, mas aquela, eu tinha certeza que era para mim. Não importava se ele não queria nada além de uma amizade colorida comigo, o que importava era que tudo o que tivemos juntos significou alguma coisa... E foi o suficiente para resultar em uma música. A música que me deixava feliz, mas ao mesmo tempo triste, por me lembrar que, apesar de tudo, fui eu quem me apaixonei, fui eu quem tornou aquilo tudo um clichê... E eu nunca ia poder tê-lo plenamente, da mesma forma como ele poderia me ter.
Quando chegamos na casa de , tivemos uma noite ótima. E teria sido perfeita, se eu não tivesse me pego pensando em pelo menos quatro vezes. Mas eu estava decidida que não iria estragar meu namoro.

********


estava viajando para promover um novo filme dele, então fui beber no Mamooth com e as outras meninas. Quando cheguei lá, foi a primeira pessoa que eu vi, falei com ele de longe, mas não passou muito tempo até que ele fosse até a nossa mesa, pedir para falar comigo.
- ... Me desculpe.
Eu queria ter respondido: “Desculpar pelo quê, exatamente? Por ferir meu ego de uma forma quase que irreparável, por me fazer me apaixonar por você, por me fazer sentir um pedaço de carne quando você me ligava só de madrugada, ou por todas as três opções acima?”, mas fiz minha melhor cara de quem não se importava com nada e respondi:
- Você não tem que pedir desculpas por nada, . Talvez eu que tenha... Por ter destruído uma amizade tão boa ao ficar apaixonadinha por você.
- Eu sinto muito.
- Tudo bem, se isso é tão importante para você. – Sorri.
- Tem certeza? Amigos de novo? – Ele perguntou.
- Sim. – Falei, e ele me puxou para um abraço.
Quando ele saiu, as meninas ficaram querendo saber o que tinha sido aquilo, então eu contei a história toda, desde quando eu percebi que estava apaixonada por ele até o aniversário de três meses de namoro com . Elas ficaram me dizendo para acabar com e colocar contra a parede mais uma vez, mas eu não queria isso... Eu estava feliz com .
- Como eu vou fazer isso com um cara tão bom? Gente, isso não é um filme, ou uma comédia romântica hollywoodiana, não... Eu não vou perceber que ele tem algum defeito importante que me faça desistir dele para ficar com . Eu também não vou pegá-lo na cama com outra. Ele é bom demais para mim... E fica meio difícil de escolher entre a segurança de um relacionamento com uma pessoa que realmente está apaixonada por você e faz de tudo para te ver bem e feliz e a instabilidade da montanha russa que é essa história de amizade colorida, principalmente se você é apaixonada pelo seu pirocamiga.
- , siga seu coração. – disse.
- Vou seguir... No momento ele está me mandando pedir mais um Cowboy From Hell.

********


Os dias se passavam, e cada vez mais me colocava contra a parede, me perguntando se eu ia insistir nessa crueldade de ficar com um pensando em outro. Como se não bastasse o clichê de me apaixonar pelo meu pirocamiga, eu ainda tinha que viver um triângulo amoroso? E o pior de tudo... Eu demorei para admitir, mas tinha razão: eu estava fazendo de otário e ele merecia coisa muito melhor que eu. Por isso, o chamei e coloquei as cartas na mesa.
- ... Eu estou confusa a respeito dos meus sentimentos. E você é do tipo de pessoa que merece todas as coisas lindas e maravilhosas que alguém pode dar. Coisas que eu não sou capaz de te dar agora... E a maior injustiça da vida seria se eu ficasse com você estando tão confusa como estou agora. Eu não posso corresponder seus sentimentos sem antes descobrir o que estou sentindo. - Isso tem a ver com ?
- Sim. – Falei sinceramente, depois de um suspiro.
- Você está com ele?
- Não... Nós não estamos juntos há muito tempo. – Se eu estava colocando as cartas na mesa, eu tinha que ser sincera, né?
- Você mentiu para mim? – A decepção no rosto dele era de partir o coração.
- Perdão.
- Então ele realmente escreveu aquelas músicas para você.
- Eu não sei.
- Mas eu sei... E estou dizendo.
- Não sei se quero pensar nisso agora... Quero tirar um tempo para mim, para organizar meus pensamentos.
- Tudo bem então, . Sinto muito por não ter sido o suficiente para você esquecê-lo. – Ele disse, levantando-se.
- A culpa não foi sua, . Se eu pudesse mandar no meu coração, eu o teria dado desde o primeiro momento que nos conhecemos.
- Mas é impossível competir com alguém que te conhece desde seus cinco anos de idade...
- Perdão. – Falei, abrindo a porta para ele.
- Não é culpa sua. Não é de ninguém. – Ele disse, e beijou minha testa.
- Saiba que você era a última pessoa que eu queria machucar.
- Não a última, mas uma das últimas eu sei que era... – Ele me deu um sorriso triste. – Boa sorte, . Espero que você encontre o que procura.
Naquela madrugada, recebi 25 ligações e 07 mensagens de . Com certeza tinha dito a ele que eu acabei com .

Dias depois de acabar o namoro com , estava sentada no Hyde Park, depois de dar uma caminhada para aproveitar o clima do dia, que estava ótimo, quando alguém sentou ao meu lado:
- Belo dia, não? – disse.
- Sim... Agradável. – Falei.
- Eu soube que você acabou com ...
- Posso saber quem foi que te disse isso? – Finalmente olhei para ele.
- Na verdade, não. – Ele respondeu.
- Ele era um cara legal, mas era legal demais para mim. Ele merece coisa melhor... Uma que saiba bem o que quer e que esteja emocionalmente disponível. – Dei de ombros.
- Você ainda está apaixonada por aquele imbecil? , o nome do mal elemento? – Ele disse, me fazendo rir.
- Acho que nunca deixei de ser apaixonada por ele, e quanto mais tentei afastá-lo dos meus pensamentos, quanto mais eu achei que havia conseguido esquecê-lo, os meus sentimentos por ele ficaram mais fortes. – Não havia pra quê mentir para ele, mas eu não tinha coragem de olhar nos olhos dele enquanto falava, talvez estivesse com medo de ser rejeitada mais uma vez.
- Eu soube que ele escreveu um álbum inteiro só para você.
- Só vi uma música que ele escreveu pra mim, que foi de uma mensagem que mandei para ele um dia, quando ele estava me enchendo o saco bêbado.
- Ah, sim... Ele me disse como escreveu a música. Ele achou que tinha te visto saindo do Mamooth quando estava chegando, e não resistiu à tentação de te ligar... Você não ter atendido o telefone o deixou frustrado, então quando ele chegou em casa bêbado, foi escrever aquela música... Mas todas as outras são para você também. Ele disse que seus lábios são como os limites da galáxia. – Ri do comentário, e completei:
- Ele nunca me disse isso, pode ter certeza! Nosso negócio era mais... Físico. Nada de trocas de declarações de amor nem nada do tipo.
- Esse está me decepcionando mais e mais. – Ele deu uma risadinha.
- É, ele é meio louco e me confunde... Uma hora diz que não me quer, outra hora está escrevendo músicas para mim. – Suspirei.
- Acho que depois de escrever tanto para você, ele tentou se redimir...
- Também acho... – Pensei em voz alta.
- Ele conseguiu? – Ele me olhou.
- Nós já voltamos a ser amigos. – Respondi.
- O que eu quero saber é: você o perdoou completamente?
- Eu não sei. – Falei, sinceramente. – Digo, eu gosto dele. Mas não sei se ele gosta de mim também e ele é todo cheio dos mistérios, e ainda tem essa história de sermos muito parecidos... Como foi a expressão que ele usou mesmo? – Parei alguns segundos olhando pro céu, tentando lembrar – Ah! Lembrei! “Pólos iguais”, foi isso o que ele disse que somos. – Olhei nos olhos dele: - E pólos iguais não são um ímã.
- E não são... Mas eu percebi que podemos desafiar as leis da física se quisermos, mas não podemos contrariar essas leis se não tentarmos fazer isso... Juntos. Eu e você.
- , você vai ser a minha ruína. – Eu falei, cedendo ao sentimento contra o qual eu havia lutado com garras e dentes nesses últimos meses.
- Então você também será a minha. – Ele disse e me beijou.
Estávamos na cama depois do sexo de reconciliação, abraçados, ele mexendo em meu cabelo, quando ele disse:
- Eu estava bêbado, mas lembro que mandei várias mensagens dizendo que sentia saudade do seu cheiro... E era verdade.
- Eu acredito. Acredito que você sentiu saudade de mim de todos os modos que se pode sentir saudade de uma pessoa. – Falei e dei um selinho nele.
- Sei que você não sentiu saudade de mim, já que você estava com outro... Que, por sinal, era louco por você.
- Era? – Perguntei, me levantando um pouco para poder olhar para ele.
- Foi ele quem me disse que vocês tinham acabado o namoro...
- Não me surpreende. Ele era uma pessoa boa demais. Ele merece alguém muito melhor... Ele também te disse onde me encontrar?
- , eu te conheço desde sempre, você acha mesmo que eu não sei o que você gosta de fazer quando não está gravando alguma coisa e o dia está tão lindo? – Ele arqueou a sobrancelha. – Liguei para e perguntei se você estava trabalhando. Quando ela disse que não, eu sabia onde te encontrar...
- E como você sabe dessas coisas que eu nunca te disse? Naquela noite... Você falou várias coisas que eu nunca te disse. Que eu nunca disse a ninguém, na verdade.
- Quando você falou que queria ficar comigo de um jeito a mais porque estava apaixonada por mim, quando você saiu daqui e eu percebi que tinha te perdido... Não sei... Eu percebi que sabia de todas essas coisas sobre você. E com o tempo eu percebi que eu fui burro de não ter ficado com você, porque eu também estava apaixonado... Só não tinha percebido isso ainda. – Ele disse e me puxou para mais um beijo.
~ Fim.



Nota da Beta: Qualquer erro encontrado, não use a caixa de comentários para reclamações. Entre em contato comigo pelo email.


comments powered by Disqus